Universidade Federal Fluminense

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Universidade Federal Fluminense UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE HISTÓRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA RAFAEL PETRY TRAPP O ELEFANTE NEGRO: EDUARDO DE OLIVEIRA E OLIVEIRA, RAÇA E PENSAMENTO SOCIAL NO BRASIL (SÃO PAULO, DÉCADA DE 1970) Niterói, março de 2018 RAFAEL PETRY TRAPP O ELEFANTE NEGRO: EDUARDO DE OLIVEIRA E OLIVEIRA, RAÇA E PENSAMENTO SOCIAL NO BRASIL (SÃO PAULO, DÉCADA DE 1970) Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense – UFF, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em História Social. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Hebe Mattos Niterói, março de 2018 Ficha catalográfica automática - SDC/BCG T774e Trapp, Rafael Petry O Elefante Negro: Eduardo de Oliveira e Oliveira, raça e pensamento social no Brasil (São Paulo, década de 1970) / Rafael Petry Trapp; Hebe Mattos, orientadora. Niterói, 2018. Tese (doutorado) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2018. 1. Pensamento Social. 2. Epistemologia. 3. Raça. 4. Subjetividade. 5. Produção intelectual. I. Título II. Mattos, Hebe, orientadora. III. Universidade Federal Fluminense. Instituto de História. CDD - Bibliotecária responsável: Angela Albuquerque de Insfrán - CRB7/2318 RAFAEL PETRY TRAPP O ELEFANTE NEGRO: EDUARDO DE OLIVEIRA E OLIVEIRA, RAÇA E PENSAMENTO SOCIAL NO BRASIL (SÃO PAULO, DÉCADA DE 1970) Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense – UFF, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em História Social. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Hebe Mattos Aprovada em: 02 de março de 2018 BANCA EXAMINADORA _______________________________________ Hebe Mattos – UFF Orientadora _______________________________________ Amílcar Araújo Pereira – UFRJ _______________________________________ Flávia Mateus Rios – UFF _______________________________________ Giovana Xavier da Conceição Côrtes – UFRJ _______________________________________ Mário Augusto Medeiros da Silva – UNICAMP Niterói, março de 2018 A Rejane Petry e Vladimir Trapp, por terem me dado, mais do que a vida, a fome de viver. AGRADECIMENTOS Agradeço, em primeiro lugar, ao Programa de Pós-graduação em História da UFF, por ter acolhido meu projeto de pesquisa em um processo democrático de seleção, o que permitiu que eu tivesse a oportunidade de ingressar em uma universidade pública. Na UFF, Hebe Mattos foi uma orientadora atenta, compreensiva e ciosa da construção da autonomia intelectual. A ela manifesto admiração e sincera gratidão pela presença em minha trajetória e por todo o aprendizado advindo do diálogo. A Biblioteca Nacional foi a primeira instituição, em novembro de 2014, a alcançar aquilo que de mais importante um pesquisador precisa para tocar seu trabalho: apoio financeiro. No mês seguinte, a Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro concedeu uma bolsa de estudos – e depois de Doutorado Sanduíche – que ensejou, ainda que em meio à intermitência nos pagamentos, o efetivo desenrolar do Doutorado. Aos membros da Banca de Qualificação, Amílcar Pereira e Monica Grin, ambos da UFRJ, pelas contribuições feitas na ocasião. Monica acreditou na tese desde sua concepção e foi solidária em uma fase inicial de dificuldade em terras fluminenses. A todos os professores e funcionários das instituições que construíram meu caminho educacional até chegar à Universidade, que são a Escola Estadual Luiz Dourado e o SENAI Carlos Tannhauser, ambos em Santa Cruz do Sul (RS). O Curso de Marcenaria do SENAI possibilitou que eu me tornasse posteriormente instrutor desta profissão no Centro Municipal de Cultura Beatriz Jungblut de Santa Cruz do Sul, posição que ofereceu condições de realizar a Graduação em História na UNISC – a base de minha formação intelectual. Nesta universidade, agradeço aos professores Mozart Linhares da Silva e Rosana Jardim Candeloro, pelo incentivo decisivo no início desse percurso. Ainda, ao Programa de Pós-graduação da PUCRS, onde realizei o Mestrado, especialmente o professor Marçal Paredes. Em quatro anos de Doutorado vividos entre os estados do Rio de Janeiro e São Paulo, tive a felicidade de conhecer Natália Rodrigues, Edvaldo Nascimento, Maycon Ferreira, Adriana Guimarães, Giselle Parno, Flávia Souza, Paulo Roberto Almeida, Cláudia Freire Vaz e Jasilaine Passos. Agradeço ao apoio dos amigos José Augusto, Priscila Weber e Louisiana Meirelles, e também dos meus familiares, particularmente o tio Clairton Petry, que me auxiliou em uma etapa crucial dos preparativos para o Doutorado Sanduíche. No estágio doutoral nos Estados Unidos, sou grato a David Scott e Gustavo Azenha, por me receberem como pesquisador visitante no Institute of Latin American Studies da Columbia University, em Nova York. Aos participantes do “Brazil Brown Bag Seminar Series”, do ILAS-Columbia, pelas sugestões e críticas ao meu projeto, e da disciplina “Introduction to African-American Studies”, do Institute for Research in African-American Studies da Columbia, na pessoa do professor Steven Gregory. A Anani Dzidzienyo, da Brown University, e Ralph Della-Cava e Laura Randall, do City College. À Nerenda Eid, por todo o carinho, apoio e compreensão, enfim, pelo tempo bonito que dividimos. A todos os profissionais dos museus, bibliotecas e arquivos visitados no transcorrer do Doutorado, particularmente Ricardo Biscalchin, arquivista responsável pela Unidade Especial de Informação e Memória da Universidade Federal de São Carlos, instituição que zelosamente guarda a maior parte dos documentos utilizados neste trabalho. Muitas foram as pessoas que colaboraram no processo da pesquisa, de diferentes maneiras. Agradeço a Ely e Elbe de Oliveira, Bárbara Marruecos, Tasso Gadzanis, Antonio Candido (in memoriam), Guaraciaba Perides, Albertina Costa, Fernando Mourão (in memoriam), João Baptista Borges Pereira, José de Souza Martins, Liana Trindade, Dilma de Melo e Silva, Paulo Sérgio Pinheiro, Oswaldo de Camargo, José Cláudio Berghella, Estevão Maya-Maya, Lúcia Coelho, Peter Fry, Teda Ferreira Pellegrini, Gilcéria de Oliveira, Irene Barbosa, Milton Barbosa, Rafael Pinto, Ivair Augusto Alves dos Santos, João Baptista de Jesus Félix, Henrique Cunha Jr., Maria Stella Bresciani, Flávio Carrança, Gabriel Priolli Neto, Raquel Gerber, Carlos Alberto Medeiros, Ari Candido Fernandes, Casemiro Paschoal, Joan Dassin, Sheila Walker, Mary Karasch, Roseli de Oliveira, Cecília Calaça, Wilson Mandela, Cristina Hayashi, Vera Guimarães, Nina Ferreira, Sílvia Lara, Luiz Mott, Flávio Gomes, Glauco Mattoso, Alessandro Oliveira dos Santos, Lourdes Santos, Joana Schossler, Taís Campelo, Marina de Mello e Souza, Maria Lúcia Pallares-Burke, Ana Valente, João Alípio Cunha, Mário Augusto Medeiros da Silva, Karin Kössling, Ricardo Alexino, Paula Eugênia Sampaio, Lou Deutsch, Elizabeth Raptis, Paulina Alberto, Alex Ratts, Sandra Martins, Raphaella Reis, Luana e Sueli Nascimento, Érika Rocha, Kizzy Bianchi e Flávio Santiago. Finalmente, agradeço aos meus avós, Elenor e Vilma Petry, cujos braços lavraram por décadas o solo pedregoso que fez nascer minha curiosidade pelo passado humano. RESUMO O presente trabalho consiste em uma biografia intelectual do sociólogo negro Eduardo de Oliveira e Oliveira (1924-80). Procuramos relacionar sua trajetória de vida e pensamento aos processos históricos nos quais sua presença se fez sentir, a exemplo da dinâmica da Sociologia de Relações Raciais brasileira dos anos 1960-70, da formação do ativismo negro em São Paulo na década de 1970 e da circulação de ideias entre Brasil e Estados Unidos no mesmo período. Por meio de conceitos da obra tardia de Michel Foucault, queremos entender os modos pelos quais a questão da subjetividade negra se estabeleceu como um problema para o pensamento social no Brasil na segunda metade do século XX, problematização que Eduardo articulou com seus gestos sociológicos. Nossa tese é a de que sua proposta de uma Sociologia Negra ajudou a constituir os fundamentos intelectuais das lutas políticas afro- brasileiras nos anos 1970 através de um projeto epistemológico, composto, por um lado, de uma discussão acerca do lugar epistêmico do negro como sujeito do conhecimento, e, por outro, de um diálogo crítico com a Escola Sociológica Paulista, o Movimento Negro brasileiro e referenciais dos African American Studies dos Estados Unidos. Palavras-chave: Pensamento Social. Sociologia Negra. Epistemologia. Raça. Subjetividade. ABSTRACT This work consists of an intellectual biography of the Black sociologist Eduardo de Oliveira e Oliveira (1924-80). We seek to connect his life and thought to the historical processes in which his presence was identified, such as the dynamics of Brazilian Sociology of Race Relations in the 1960-70s, the formation of Black activism in São Paulo in the 1970s and the circulation of ideas between Brazil and the United States in the same period. Based on concepts of the late work of Michel Foucault, we want to understand the ways by which the question of Black subjectivity was established as a problem for Social Thought in Brazil in the second half of the 20th Century, a problematization that Eduardo articulated with his sociological actions. Our thesis is that his proposal for a Black Sociology helped to constitute the intellectual foundations of Afro-Brazilian political struggles in the 1970s through an epistemological project, composed, on the one hand, of a discussion about the epistemic place of Blacks as subjects of knowledge, and, on the other hand, a critical dialogue with the Paulista Sociological School, the Brazilian Black Movement and references from the area of African
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