A luta contra a homofobia: das condições de constituição dos movimentos homossexual e LGBTTT em Sergipe

Patrícia Rosalba Salvador Moura Costa1 Marcos Ribeiro de Melo2.

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LGBTTTEste artigo no objetivaEstado de pontuar Sergipe, algumas buscando-se características estabelecer que um mar elo caram a institucionalização dos movimentos Homossexual e- cas públicas no combate a homofobia. A metodologia usada está baseadaentre as pautasna análise de lutateórica do movimentono campo de e aestudos construção dos gênerosde políti e sexualidades, os dados foram aferidos através de pesquisa docu- mental e entrevistas. Os resultados mostram que os movimentos homossexuais e LGBTTT desenvolveram importantes mobiliza- ções no Estado sergipano em torno das causas homossexuais.

AIDS,Os pontos e a luta fortes incessante de luta emincluíam prol do o respeitocombate à à diversidade. violência contra Palavras-homossexuais, Chave a :exigência movimento de políticashomossexual, públicas homofobia, de prevenção violên à- cias, sexualidades.

Sergipe, IFS. E-mail: [email protected]; 1 Doutora em Ciências Humanas, professora do Campus Aracaju– Instituto Federal de 2 Doutor em Sociologia, professor adjunto do Departamento de Educação (UFS/Campus Itabaiana). E-mail: [email protected]

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A LUTA CONTRA A HOMOFOBIA

The struggle against : constitution of the conditions of and lgbttt movements in sergipe

Abstract: - tionalization of Gay and LGBTTT movements in Sergipe This article aims to expose some features that marked the institu construction of public policies against homophobia. The, seeking methodo to- logyestablish used ais link based between on the the theoretical movement analysis fight inin guidethe field lines of andstudies the of and sexuality, the data - search and interviews. The results show that the homosexual move- ment and LGBTTT developed importantwere measured mobilizations through in the desk Sergi re- pe State around gay causes. Strengths included the struggle against violence against homosexuals, the requirement of public policies for the prevention of AIDS and incessant struggle for respect to the diversity. Key-words: Gay movement, homophobia, violence, sexualities.

Introdução

3 e Nasuas mídia, atuais nas derivações redes sociais, são recorrentes nas diferentes e geram esferas muitos políticas, debates nas universidadessobre os vários e tipos nos deeventos violência científicos, aos quais o atermo população homofobia LGBTTT tem sido submetida. O frequente uso da categoria, contudo, na- turaliza e obscurece sua própria invenção e toda trama política, 3 Por se tratar de um artigo cujo principal objetivo é o de entender o processo histórico- -social de constituição do combate à homofobia, privilegia-se este termo em detrimento - de outros mais recentemente constituídos como lesbofobia, transfobia e bifobia, que ex pressam as lutas políticas e as TOMO.idiossincrasias N. 25 JUL/DEZ. dos segmentos | 2014 da população LGBT. 269

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forjar e institucionalizar esta terminologia. dos movimentos sociais e do Estado, a partir da qual foi possível Assim como nem sempre o personagem homossexual existiu, - temente, há cerca de vinte anos, a homofobia tem feito parte, depode-se forma afirmar mais consistente, que, do ponto dos dediscursos vista histórico, e da gramática apenas da recen mo- bilização LGBTTT brasileira. Diante do exposto, este artigo in- tenta compreender as condições de constituição do combate à homofobia em Sergipe, a partir das seguintes questões: como foi forjada esta bandeira? Que agentes estiveram envolvidos neste processo? Como o Estado participou da construção desta luta? movimento envolvidas com o combate à homofobia e análises documentaisPara este fim que foram possibilitaram realizadas entrevistasa construção com de liderançasuma cronolo do- gia espaço-temporal do movimento (CASTRO, 2008) e das redes

LGBTTT. O leitor encontrará o artigo dividido basicamente em doisque configurammomentos. oNo surgimento primeiro há de um lutas levantamento em defesa dossobre direitos o es- tado da arte e, no segundo instante, o debate se verticaliza em torno da realidade sergipana.

Contribuições dos Movimentos Homossexual e LGBTTT para a luta contra homofobia

- TT4 Entenderrequer que a importânciaseja feito, inicialmente, que o Movimento um percurso Homossexual sobre ose LGBT estu- dos tiveramteóricos parano campo a constituição das sexualidades. da categoria Nesta política parte homofobia do artigo - vés dos estudos de Foucault (1977; 1988), especialmente, com faz-se uso da reflexão teórica em torno das sexualidades atra

4 Usa-se em todo o texto os termos movimento homossexual e movimento LGBTTT, pois retratam períodos históricos distintosTOMO. N. a 25que JUL/DEZ. este artigo | 2014 faz referência. 270

A LUTA CONTRA A HOMOFOBIA o objetivo de compreender como as sexualidades são postas em discursos.

Técnicas disciplinares que visavam o efetivo controle da sexu- alidade se desenvolveram a partir do século XIX, traduzidas por uma “vontade de saber” cujo objetivo era construir uma - alidade passou a regular e disciplinar o comportamento dos linguagem específica. O surgimento de uma ciência da sexu- mal”. Foucault, em sua clássica obra sobre a História da Sexu- alidadeindivíduos I, argumenta a partir da que definição a partir do do que final é “normal”do século eXVIII, “anor o sexo começou a ser colocado em discurso, sendo submetido a um processo de intensa incitação, ao mesmo tempo em que as e implantação das sexualidades polimorfas, contribuindo para umatécnicas vontade de poder de saber obedeceram que se obstinou a um princípio em construir de disseminação uma ciência da sexualidade. sexo, é evidente também que a explosão discursiva em torno desse,Apesar nos de últimos instituída séculos, uma economiaaumentou restritivaconsideravelmente. em relação Essa ao multiplicação dos discursos teve seu ápice no próprio campo falar e ouvir cada vez mais institucionalmente sobre o sexo, criando-sede exercício um de poder,dispositivo ou seja, “completo houve uma e de maior efeitos incitação variados” a se (FOUCAULT, 1988, p. 29), contribuindo para o surgimento no baseséculo em XVIII pressupostos de uma vontade racionais. política, econômica, estatística, contabilista, classificatória e analítica para falar do sexo com A disseminação de múltiplos discursos úteis e públicos cumpre o objetivo de policiar, explicar, esconder e racionalizar o sexo. Falar, ouvir, observar, interrogar, registrar e acumular boas quantidades de discursos e explicações sobre o sexo faz parte de um projeto de controle da sexualidade pensado e praticado de forma mais intensa pela sociedade ocidental moderna.

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O controle das sexualidades “periféricas”, no século XIX, provo- cou o surgimento de novas nomenclaturas cujo objetivo era o de

“homossexual5” do século XIX merece destaque, pois o mesmo foimarcar, considerado estigmatizar como os uma indivíduos. “espécie” O esurgimento suas preferências da figura por do/a re- lações com o mesmo sexo, como uma doença e, como toda enfer-

Amidade, segregação passível imposta de tratamento. por uma ideia de sexualidade fora do pa- drão social forçou a uma organização lenta dos grupos homosse- xuais, sendo que a clandestinidade foi até a década de 1970, es- pecialmente, no Brasil6, a forma encontrada pelas pessoas com preferência homossexuais para efetivar reuniões, encontros e associações. As expressões culturais, representadas, sobretudo por artigos, revistas, obras de arte, poemas, músicas e jornais foram fundamentais na disseminação e na maior publicização da homossexualidade no âmbito internacional e nacional7. A for- mação do movimento político em defesa da homossexualidade momento,no Brasil começa surgem a osflorescer primeiros efetivamente grupos articulando no fim da décadahomens de e mulheres1970, com homossexuais o fim do regime que militar deram e oa suporteabertura para política. o delinea Nesse- mento futuro das lutas e conquistas na esfera pública. O debate e a constituição do movimento homossexual no Brasil acompa-

5 Foucault (1988) chama atenção para o fato de que “a categoria psicológica, psiquiátrica e médica da homossexualidade constituiu-se no dia em que foi caracterizada – o famoso artigo de Westphal em 1870, sobre as “ sensações sexuais contrárias” pode servir de data natalícia” (FOUCAULT, 1988, p. 50). sexualidade, no qual o sexo começou e ser pensado também como fonte de prazer, des- 6virtuando-se Segundo Grossi da ideia (1998), de reprodução os anos 60 humana. foram um período de grande questionamento da - so, , dentre outros foram fundamentais na disseminação de novos papéis sócio-sexuais,7 Retornando naao períodomedida emdos queanos misturaram, 1970, verifica-se brincaram, que artistas interconectaram como Ney eMatogros protago- nizaram o feminino com o masculino, gerando polêmicas e confusões no imaginário da sociedade. As encenações performáticas de suas apresentações trouxeram elementos importantes para reflexão da sexualidadeTOMO. N. 25 no JUL/DEZ. Brasil. | 2014 272

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- nharamte, os Estados as influências Unidos e dasa França. ideias e das inquietações culturais e políticas que constituíam o cenário internacional, principalmen Essas concepções foram trazidas por intelectuais, principalmen- suas experiências com o questionamento acerca de problemas comote os que o feminismo, se encontravam a sexualidade, exilados equestões que contribuíam étnico-raciais através e am das- - RA, 2006), o movimento homossexual brasileiro começou a se fortalecerbientais. De a partiracordo do com surgimento (FACCHINI, do 2005),Grupo (RAMOSSomos, bem e CARRA como, do jornal O Lampião da Esquina. Ambos no final da década de- minação1970 tiveram e o fortalecimento a presença marcante do movimento de intelectuais homossexual e figuras (ALBU de- QUERQUEdestaque da JUNIOR; sociedade CEBALLOS, brasileira 2005) que contribuíram. para a disse

O movimento homossexual se fortaleceu e sua agenda de luta também incorporou novas dimensões que abarcam desde a de- fesa de uma integração à sociedade compreendendo esta como múltipla e diversa, a uma separação radical da sociedade, com a delimitação de uma comunidade e de uma cultura homosse- xual própria. Foi nesse momento que a percepção da importân- cia de assumir a homossexualidade8 O reconhecimento a partir dessa forma de identidade é crucial nesse momento histórico para a luta contratornou-se violências imprescindível. e contra - mossexual tornando-se, consequentemente, uma questão não só as maneiras com que foram/são estereotipadas a figura do ho- de cunho político, mas também pessoal, “Para fazer parte da co - ce8 (FRY, entre 1982) a classe e (GUIMARÃES, média do Rio 2004)de Janeiro destacam e passa que a ser por denominado volta do final de da “entendido”, década de 1960,a dis- surge um novo sistema de classificação das identidades sexuais masculinas. Esse apare da orientação sexual. “O mundo masculino deixa de se dividir entre homens másculos e homenscriminação/distinção efeminados (...) entre e se os divide “homens” entre e “heterossexuais” “entendidos” passa e “homossexuais”, a ser classificada entre a partir “ho- mens” e “entendidos.” (GUIMARÃES, 2004, p. 94).

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‘assumisse’, isto é, revelasse seu ‘segredo’, tornando pública sua condiçãomunidade (LOURO, homossexual, 2001, p.seria 543). indispensável que o indivíduo se

- va um momento marcado pela ditadura e por reivindicações em tornoNos fim da dos redemocratização. anos 1960 e na Odécada regime de militar 1970, noo Brasil Brasil vivencia iniciou- -se em 1964, através de um golpe contra o então presidente da República João Goulart, assumindo logo, em seguida, o Marechal Castelo Branco. Tal regime durou entre 1964 e 1985 e foi pre- sidido por cinco presidentes, que impuseram vários atos insti- tucionais, inclusive o AI-5, o qual determinava a supressão das liberdades individuais.

Foi nesse contexto que alguns movimentos sociais começaram a se estruturar politicamente, organizar-se em grupos e a reivindi- movimentos feminista, negro e homossexual, sendo que o movi- mentocar pautas feminista específicas antecedeu de seus o movimento sujeitos. Assim homossexual, aconteceu e exerceucom os bastante influência sobre este último, segundo (PEDRO, 2005). tange às pré-condições de institucionalização do movimento ho- mossexualOs anos 1960 no Brasil,e 1970 marcando são períodos a mobilização bastante significativos organizada da no busca que de garantias de direitos por grupos homossexuais. O marco desse momento histórico ligou-se às mobilizações de maio de 1968, na França, e ao episódio de Stonewall9, que aconteceu nos Estados Unidos. No Brasil, o movimento iniciou-se sob a nomenclatura - gem dos anos, principalmente, porque se estabelecem pautas de de “Movimento Homossexual”. Essa definição muda com a passa direito a voz, dentro do próprio movimento homossexual, sendo reivindicações específicas dos múltiplos sujeitos que brigam por

9 Segundo (FERNANDES, 2011), os acontecimentos que marcaram a “revolução de Sto- newall” no ano de 1969, são considerados como os pontos que demarcam a entrada e definição do homossexual, enquantoTOMO. sujeitoN. 25 JUL/DEZ. político | no2014 cenário contemporâneo. 274

A LUTA CONTRA A HOMOFOBIA nos dias atuais, designado como LGBT/LGBTTT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) (FERNANDES,

Sendo2011; FROESassim, DAao SILVA,longo 2010,dos anos, FRY, 1982,a sigla FACCHINI, LGBT foi 2005).incorporada pelo movimento, e passou a substituir a denominação “Movi- 10, mas o debate não se encerra, pois se- gundo Fernandes, “Não há ponto de unidade, nem na literatura nemmento no Homossexual” movimento sobre uma sigla que consiga encerrá-lo por completo, sendo que alguns grupos usam TTT (travestis, transe- xuais e transgênero)” (FERNANDES, 2011. p. 45). O autor ainda destaca que há grupos que propõem a inserção da sigla I (inter- sex) ou Q (Queer ou Questioning).

Homofobia: um tema em evidência, uma categoria teórica recente

conceitoO uso analítico está vinculada da categoria ao diálogo homofobia permanente requer entrea compreensão academia, de que é algo recente na literatura científica, a construção de tal entendimento da homofobia exige o percurso sobre os estudos demovimento sexualidade social com e políticas evidência públicas. ao importante A incursão papel teórica desempe para o- nhado pelo movimento homossexual na luta por reconhecimen- to de direitos ao longo da história.

- rico nos estudos de (BORRILLO, 2001), que o entende como um fenômenoPara a definição complexo do conceito e variado de homofobia,que pode ser buscou-se percebido apoio através teó

10 Devido à maior visibilidade do movimento de mulheres lésbicas dentro do movimen- ano de 2008, a alteração do termo GLBT para LGBT. O objetivo reivindicado pelas mu- lheresto homossexual, era dar maior foi aprovada visibilidade na 1ª às Conferência causas que Nacional envolvem GLBT, as mulheres, ocorrida emespecialmente Brasília no as violências de gênero no contexto da diversidade sexual. A antecipação da letrinha “L” aconteceu em meio a grandes discussões.

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Patrícia Rosalba Salvador Moura Costa; Marcos Ribeiro de Melo de piadas vulgares atingindo pessoas com preferências homo- vidaeróticas cotidiana ou assumir através formas de injúrias, mais brutais insultos, como violências, a violência produ física- ou o extermínio de homossexuais. A homofobia se exprime na

ções artísticas, científicas e nos debates públicos, instituições e Os/asprincipalmente pesquisadores/as na família. (FERNANDES, GROSSI e PEDRO 2009), realizaram uma pesquisa junto à Plataforma Lattes11 no ano de 2008, com o objetivo de analisar a ocorrência da categoria ho- mofobia em pesquisas acadêmicas brasileiras. Segundo os/as autores/as, essa categoria apresenta-se no cenário teórico atual como um tema emergente. Os campos de produção teórica sobre teóricos sobre a homofobia com o objetivo de subsidiar, seja as pesquisasa temática acadêmicas ainda não produziram sobre estas questõessuficientemente e sua atuação “argumentos dentro - cias LGBTTT” (FERNANDES; GROSSI; PEDRO, 2009, p. 1). da conjuntura sócio-histórica-política, seja os movimentos só Outro dado relevante apontado pelos/as pesquisadores/as mos- tra que a entrada do termo homofobia nas pesquisas brasileiras se estabelece, sobretudo, através do movimento homossexual e - dêmicas para o movimento. Esse fato demonstra a importância das políticas públicas da última década, e não das pesquisas aca consolidação do campo de estudos da homofobia. Por outro lado, (FERNANDES,que o movimento 2011) e a chamaformulação atenção de políticaspara o fato públicas de que têm a homofo para a-

- tudosbia se deapresenta gênero nae estudos atualidade gays como e lésbicos uma categoriacomposto híbrida por uma entre co- alizãoo teórico movimentos e o político, Sociais-Estado-Universidade, “é usada no campo interdisciplinar cada segmento dos es com papéis definidos” (FERNANDES, 2011, p. 66). 11 De acordo com os/as autores/as, a Plataforma Lattes é uma experiência do Conselho

Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para integração de bases de dados de currículos e de instituiçõesTOMO. N. 25acadêmicas JUL/DEZ. |brasileiras. 2014 276

A LUTA CONTRA A HOMOFOBIA

A construção do conceito de homofobia esteve, portanto, ligada - to homossexual. A problematização do conceito foi fundamental paraà teoria conquistas e às práticas de alguns políticas, direitos sobretudo, nas últimas através décadas, do movimen princi- palmente no campo do reconhecimento das múltiplas identida- 12 e contra todas as formas de violências que acometem homossexuais. (FER- des,NANDES, na luta 2011) por políticasargumenta de que,prevenção nos anos da 2000,AIDS houve uma “ex- plosão discursiva” em torno do conceito “homofobia” em curso

FERNANDES; GROSSI; PEDRO, 2009). nas agendas políticas e teóricas LGBTTT” (FERNANDES, 2011; Em virtude do surgimento recente desse conceito, o debate so- se constituindo. Além disso, destaca que os usos dessa categoria nosbre homofobiaestudos acadêmicos, enquanto emcategoria sua maioria, teórica está analítica ligado ainda à analise está sociais, à escola e aos materiais didáticos, às representações de pontos referentes às políticas públicas e aos movimentos legislação protetiva para homossexuais e sobre as violências e crimessociais desobre ódio, homofobia, e em áreas aos como aspectos Educação, jurídicos Psicologia, relacionados Antropo à- - NANDES, 2011, p. 68) propõe uma historicização do conceito de homofobia,logia e História destacando (FERNANDES, que existem 2011, p.ao 66).Nesse menos “cinquenta sentido, (FER anos geração de Stonewall” (FERNANDES, 2011, p. 68). de investimento político-teórico (1970-2010) que se inicia pela que são utilizadas pela sociedade e instituições sociais contra aA populaçãohomofobia homossexual. se define como Termo formas pensado de preconceito inicialmente e violências a partir - da por pensamentos e atitudes negativos em relação aos homos- de uma perspectiva clínica e vinculado à ideia de doença motiva

- 12Termo que se refere à justaposição das siglas em inglês do vírus causador e da própria síndrome da imunodeficiência adquirida. Essa enfermidade destrói o sistema imunológi co expondo o corpo a doenças TOMO.oportunistas, N. 25 JUL/DEZ. conforme | 2014 (SIMÕES e FACCHINI, 2009). 277

Patrícia Rosalba Salvador Moura Costa; Marcos Ribeiro de Melo sexuais. A partir dessa perspectiva, sentimentos como desprezo, - mas de homofobia, e vinculadas também à repulsa relacionada àsódio, relações aversão, afetivas nojo, emedo sexuais eram entre associados pessoas doa indícios mesmo sexo.ou sinto

Em função dos debates atuais e com o argumento contra a homo- geneização das identidades gays, lésbicas e transexuais as discus- sões abarcam também os conceitos de lesbofobia e transfobia. A partir dessas explicações, postula-se a transferência da ideia de “fobia” associada até então a aspectos individuais, para a cons- cultural que abrange os preconceitos e o comportamento social etrução os movimentos de categorias sociais teóricas têm papel e políticas fundamental relacionadas nesse processo.à vertente

- Portanto,co, o antropológico. alarga-se aNessa crítica perspectiva, a outros campos a homofobia como passao cultural, a ser ocompreendida educacional, ocomo político, forma o institucional,de restrição de o direitosjurídico, que o sociológi abrange a educação, a saúde, o trabalho, a segurança e que envolve um jogo de relações de poder, na medida em que a construção de preconceitos e discriminações homofóbicas também está ligada - tões de masculinidades e feminilidades. (PRADO e JUNQUEIRA, 2011)ao campo destacam de disputas que, emembora que são existam definidas na atualidade, socialmente bastantes as ques discussões sobre o uso do termo homofobia, ainda persistem - bia a emoções negativas de cunho psicopatológico. vestígios dos discursos médico e clínicos, associando a homofo hostilidade para com os homossexuais”. A homofobia se apresen- ta,(BORRILLO, principalmente, 2001, a p.15) partir define da falta a homofobia de reconhecimento, como “atitude de com de- preensão, de respeito e tolerância em relação à manifestação do desejo erótico e do amor de uma pessoa por outra do mesmo sexo. Os códigos culturais e as estruturas sociais têm papel importante na consolidação de práticas homofóbicas, na medida em que re- forçam a discriminação em relação às homossexualidades. (TEI-

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estabeleceXEIRA FILHO a partir et al., da 2007) manifestação seguem a do mesma ódio, repulsa, linha de aversão, (BORRILLO, des- crédito2001) e ou definem desprezo a homofobia à pessoa com como preferência qualquer porsentimento práticas homoque se- eróticas, manifestando-se através de violências variadas.

Borrillo (2001) chama atenção para o fato que a homofobia é uma maneira de inferiorização, consequência direta da hierarquização das sexualidades, que atribui à heterossexualidade um status supe- rior, natural e normativo. A diferença heterossexual/homossexual se coloca de várias maneiras e tem a função de ordenar os mode- los de sexualidades, nos quais os comportamentos relacionados ao padrão heterossexual são considerados os socialmente aceitáveis.

Uma das manifestações da homofobia se apresenta principal- mente pelo receio de se ver ruir as fronteiras que delimitam a hierarquia da heterossexualidade. O sexismo, além de implicar na subordinação do feminino ao masculino, atua ainda na hie- rarquização da sexualidade, que é o fundamento da homofobia. O sexismo, portanto, pode ser compreendido como crença dis- pensada à ideia de uma hierarquia sexual, na qual a heterossexu- alidade é apresentada como o modelo social a ser seguido.

- rossexismo e a homofobia têm ligações com a dominação masculi- naWelzer-Lang e parecem (2001)ser um produtofaz uma de reflexão um duplo considerando modelo naturalista que o hete que heterossexuada do mundo. A ideia de uma natureza superior dos homenstem raízes remete na pseudo diretamente natureza ao sexismosuperior edos também homens às “fronteirase na visão

- rígidas e intransponíveis entre os gêneros masculino e feminino”- te(WELZER-LANG, forma “a discriminação 2001, p. 460). contra Dessa as pessoas maneira, que a definição mostram, de ou ho a mofobia para (WELZER-LANG, 2001, p. 465) se traduz da seguin outro gênero. A homofobia engessa as fronteiras do gênero”. quem se atribui algumas qualidades (ou defeitos) atribuídos ao

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Patrícia Rosalba Salvador Moura Costa; Marcos Ribeiro de Melo

Mott (2000), em um texto intitulado Por que os homossexuais são os mais odiados dentre todas as minorias, aponta dez razões para explicar os processos de discriminação que os gays, lésbicas, travestis e transexuais sofrem em nossa sociedade. Argumenta o autor que os homossexuais foram os mais odiados por que o história foi considerado como pecado, crime, doenças e por cau- saamor disso, entre muitas pessoas vezes do escondido.mesmo sexo Esse em édiferentes um fato que períodos também da contribuiu para o desenvolvimento do que denomina de homo- fobia internalizada por parte da sociedade, com manifestação e bastante repressão através de variados setores sociais e institu- vezes,cionais por como contaminar a família, aas escola, pessoas o ambiente mais interessadas de trabalho, como a igreja, os gays,partidos as lésbicas, políticos. travestis, A homofobia transexuais internalizada e transgêneros, termina, muitasque se

- gemescondem de expor com socialmente vergonha dos os própriosseus desejos desejos, sexuais. adoecem vítimas de uma autoestima baixa, cometem suicídio por não terem cora Outro ponto levantado pelo autor diz respeito à repressão fa- miliar, que se constitui em um dos maiores fatores de exclusão terminamda população por homossexual. reproduzir graves Em muitos constrangimentos, casos, quando asviolências famílias descobrem ter um/a filho/ gay, lésbica, travesti ou transexual a judiciarização do relacionamento vivenciado por jovens meno- psíquicas e físicas, insultos, tratamentos destinados à cura e até que a heterossexualidade é a melhor e mais correta norma a ser seguida,res de idade, conforme a fim destacade que aestudos justiça deestabeleça (COSTA, 2013).e os convença Apesar de maior tolerância com as diversas manifestações da sexualidade, os/as jovens que mantêm relações homoeróticas são frequente- mente coagidos/as e constrangidos/as em relação à sua autono- as constituem-se como os menos tolerantes com as experiências mia sexual. A família, o ambiente profissional e os/as amigos/ homoeróticas (SCHULMAN, 2010; PAIVA, 2009; NUNAN, 2007). TOMO. N. 25 JUL/DEZ. | 2014 280

A LUTA CONTRA A HOMOFOBIA

Outro destaque a que o autor chama atenção é que as lutas em torno da homossexualidade durante muito tempo foram encara- - lectuais. Fato esse que prejudicou muito o avanço em relação à conquistadas como algode direitos menor sociais por partidos fundamentais políticos para de esquerdao/a homossexu e inte-

Aal, homofobia essa luta só acadêmica ganhou força e a ahomofobia partir do finalpresente da década nos discursos de 1970 deno liderançasBrasil, fim quedo contextose voltam de para ditadura a defesa militar dos direitos (GRENN, humanos 2000). também são fatores graves que corroboram a tese de que os ho- mossexuais são os mais excluídos dentre as minorias. Combate à homofobia em Sergipe: a constituição de uma luta

Como observado anteriormente, as condições de constituição da luta contra a homofobia se atrelaram ao reconhecimento das - cas de prevenção da AIDS e contra todas as formas de violências quemúltiplas acometem identidades homossexuais. da população Em Sergipe, LGBTTT, essa as bandeira lutas por do políti mo- vimento se constituiu de modo semelhante.

DialogayÉ possível13, identificarsendo reconhecido o surgimento como doum movimento dos mais antigos homossexual do Bra- sil.em Institucionalizou-seSergipe no início da décadalogo após de 1980o surgimento com a fundação do Grupo do Gay Grupo da

OutrosBahia, e grupos teve desde só começaram o seu princípio a surgir apoio no do Estado professor a partir Luiz do Mott. ano de 1998, Conforme destaca o Jornal Cinform:

13 A constituição do movimento homossexual de Aracaju iniciou efetivamente a partir do ano de 1981, quando foi fundado por Wellington Andrade, o Grupo Dialogay, que permane- ceu ativo até 2001. Atualmente, Wellington é servidor público federal e mora no Estado da

Bahia onde continua exercendoTOMO. atividades N. 25 políticas JUL/DEZ. em | 2014 defesa das questões homossexuais. 281

Patrícia Rosalba Salvador Moura Costa; Marcos Ribeiro de Melo

O grupo foi fundado em 1981 pelo auxiliar de escritório Wellington Andrade, 46, homossexual assumido desde os “20 e poucos anos”. Seu objetivo era transformar em or- gulho o que o status quo – muitas vezes hipocritamente – encarava como vergonha. As palavras-chave eram enga- jamento e militância. Wellington já começara a caminhar nesta direção no ano anterior – 1980 – quando trouxe para lançar em Aracaju o jornal baiano “Lampião da Esquina”, di- recionado ao público homossexual. O sociólogo , presidente e fundador do então recém-nascido Grupo Gay da , obteve o endereço de Wellington na sede da pu- blicação, veio a Aracaju e estimulou-o a agregar, também em Sergipe, os que praticavam amor entre iguais. Nascia o Dialogay, inicialmente com três mulheres e quatro homens (VITÓRIA..., 2001, p. 6).

Durante os anos 1980 e 1990, o Dialogay desenvolveu importan- tes mobilizações na cidade de Aracaju e no Estado sergipano em detorno prevenção das causas à AIDS, homossexuais. o debate sobre Os pontos união fortes civil e de luta luta incessante incluíam ema violência prol do contrarespeito homossexuais, à diversidade, a oexigência que levou de o políticas grupo a diversospúblicas posicionamentos públicos que fortaleceram a luta na cidade.

Conforme Wellington Andrade destacou em entrevista concedi- da, a criação do grupo faz parte de um projeto pessoal e subjeti- vo, pois a sua concepção esteve vinculada também aos precon- ceitos que sofreu por causa da sua sexualidade,

Quando eu fundei o grupo Dialogay em Aracaju em 1981, por

aí (...) essa palavra “homofobia” não existia. (...) Eu apenas- fundei, porque sou filho de famílias evangélicas (...) Nasci gay. Houve preconceitos com religião, com colégio, com a facul discriminaçãodade, com a família, que havia, com aque vizinhança está havendo e com e a sempre sociedade. haverá (...) comAí, a homossexuaisgente estava tentando (..). Então, acabar naquela com época, o preconceito, não se usava com a

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palavra gay, lésbica, apenas homossexuais. Do meu trabalho humano e voluntário fundei este grupo e após a fundação deste grupo, foi quando sugiram a campanha de combate da AIDS. Onde nós lançamos o programa de combate a AIDS, pelo Dialogay, em 1983 (ANDRADE, 2010, Entrevista)14.

Na entrevista, Wellington destaca a inexistência da palavra ho- - pormofobia (FERNANDES, na época de2011), fundação ao mesmo do grupo, tempo, o que enfatiza ratifica o esta uso cada palavrategoria teóricahomossexual e política para como referenciar recente, pessoas conforme com preferênciasjá apontado afetivo-sexuais homoeróticas, demonstrando que a fragmenta- - nal. Ressalta também que a fundação do grupo esteve vinculada àsção experiências das identidades pessoais é algo que recente viveu, no sobretudo movimento às político relacionadas nacio ao preconceito familiar, religioso e na escola. muitas ações como conferências, eventos culturais, ciclo de pa- Mesmo com dificuldades no início, o grupo conseguiu articular- lidade, AIDS/DST’s, campanhas contra assassinatos de gays, vio- lêncialestras de com gênero. temáticas Ao realizarem diversificadas um balanço que incluíam sobre homossexuaas atividades desenvolvidas pelo grupo desde sua criação até o ano de 1983, numa carta direcionada “aos grupos, revistas, jornais e ativistas”, contabilizou-se como realizações do grupo: um ciclo de confe- rências com o fundador do Grupo Gay da Bahia, um piquenique, cinco palestras e debates, cinco shows, o lançamento de um livro de poesias (de uma ativista baiana), seis peças de teatro e a par- ticipação no I Encontro Cultural de Aracaju (ANDRADE, 1983).

Os eixos de lutas travados pelo Dialogay estavam em consonância - muitocom o presentes momento durante político vivenciadoos anos 1980 pelo e movimento1990, de acordo homosse com xual no Brasil. As denúncias de violências contra gays se fizeram

14 Entrevista concedida por Wellington Andrade em outubro de 2010 (ANDRADE, 2010).

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(RAMOS e CARRARA, 2006), desde o início tal temática pautou as mobilizações dos movimentos homossexuais por todo país. - - Alidade princípio de dar preocupados visibilidade àcom militância. a questão “Assumir-se” da afirmação era homosse a palavra xual, as bandeiras de luta do movimento se firmavam na possibi-

Emde ordem Aracaju no isso início não da era década diferente, de 1980, a utilização na mobilização do “escândalo” homosse e xual no Brasil e em países do hemisfério norte (MACRAE, 1982). sloganda “desmunhecação” “É legal ser homossexual” comportamentos pelo Dialogay é confirmada como por estratégia (ROSA, de2005) valorização que aponta, da “prática no início homossexual”, da década de com 1980, a “perspectiva a utilização dode assumir-se em público, através de trejeitos, roupas e adereços, ou o simples ato de colocar um brinco na orelha, como uma es- maneira, cunhava-se aquilo que deveria ser a “militância gay” empécie Aracaju de transgressão e seus objetivos e/ou ato naquele de auto-afirmação” momento. (p. 23). Dessa

Entretanto, a segunda metade da década de 1980 apresentou mudanças nos cenários mundial e brasileiro da mobilização ho- - mossexual, não só baseadas em reconfigurações políticas e ide- breológicas, o sexo mas saudável, principalmente, seu orgulho em identitário função da e epidemiasuas organizações do HIV/ AIDS que modificou as vidas dos homens gays, suas crenças so políticas e culturais (ARMSTRONG, 2002). - xual. Muito pelo contrário, a epidemia exigiu que o movimento se reestruturasseHoje se sabe que para o HIV/AIDS sobreviver não às destruiumudanças o movimentosuscitadas pelahomosse nova realidade. Em parte por causa dos estigmas relacionados à epidemia no que tange à produção, ao reforçamento e à visibilidade das iden- do HIV/AIDS e a todo o sofrimento causado, a epidemia foi profícua- tidades políticas homossexuais. (BOZON, 2004) afirma que o apare- cimento do HIV/AIDS possibilitou que a preocupação médica com a sexualidade ultrapassasseTOMO. “oN. 25 campo JUL/DEZ. da | 2014 prática clínica para se ex 284

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p. 148). Deste modo, as respostas brasileiras à epidemia apenas po- dempressar ser no compreendidas plano político, levando-se nacional e eminternacional” conta as relações (BOZON, interna 2004,- cionais com diferentes interlocutores “sejam conferências interna- institutos de pesquisa, entre outros” (GALVÃO, 2000, p. 36). cionais, publicações, universidades, agências de financiamentos ou O cenário empolgante da “primeira onda do movimento homosse- xual”, caracterizado pelo surgimento e o crescimento de institui- ções pelo Brasil, logo cedeu espaço a uma dispersão da mobiliza-

Dialogay de Sergipe foi um deles e, em parte, sua manutenção se ção. Dos poucos grupos “sobreviventes” daquele período, o Grupo deve, naquele período, a um estreitamento das relações do grupo com o Estado em virtude do combate ao HIV/AIDS. 198715, e a criação de um Programa Estadual DST/AIDS, no Amesmo primeira ano, notificaçãotornaram estreitas de soropositividade as relações do em Dialogay Sergipe, com em a Secretaria de Saúde do Estado. No mesmo ano, a associação em conjunto com o Grupo Gay da Bahia, o BEMFAM (Bem-estar realizaram o “1º Seminário sobre DST e AIDS no Estado de Ser- Familiar no Brasil) e o Movimento de Libertação Homossexual, gipe” durante dois dias (GRUPO DIALOGAY DE SERGIPE, 1987).- nou cada vez mais estreito através do médico sanitarista Almir Santana,O vínculo que do grupose tornou com Coordenadora Secretaria de Estadual Saúde do do Estado Programa se tor de bairrosCombate periféricos ao HIV/AIDS, em Aracajue que começara em 1985 a erealizar se notabilizou, trabalhos com de reconhecimentoprevenção de Doenças nacional, Sexualmente como um dos Transmissíveis principais personagens (DSTs) em no combate à AIDS.

15 Tratava-se de um auxiliar de enfermagem que havia migrado para São Paulo e retor- nara a sua cidade natal, Santa LuziaTOMO. do N. Itanhy 25 JUL/DEZ. (Sergipe) | 2014 (REZENDE JUNIOR, s.d.). 285

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- ções nas “categorizações epidemiológicas” que, na década de É possível notar também, na luta contra o HIV/AIDS, modifica

1980, classificavam os homossexuais como “grupo de risco”, para nauma percepção ideia de “vulnerabilidade de que a disseminação social” noda final epidemia dos anos se baseiade 1980 em e fatoresinício de como 1990. desigualdade, A vulnerabilidade, injustiça, neste preconceito, caso, está fundamentadadiscriminação, pela doença (PARKER, 2000). Contudo, a concepção de “vulnera- bilidadeopressão, social” exploração se estende e violência também dirigidas a outras às “lutas”, vítimas a exemploacometidas do combate à “homofobia”, onde se percebe a “vulnerabilidade so- cial”, aponta (SEFFNER, 2011, p. 44), como uma falta de proteção “diante de potenciais danos de saúde e ameaças à satisfação de suas necessidades básicas e seus direitos humanos”.

- Alterações também são perceptíveis nos “modelos interventivos de prevenção”“transformação ao HIV/AIDS, e justiça social”,inicialmente que enfatizam baseados a em “defesa informa dos direitosções e mudanças humanos” comportamentais, e o “enfrentamento modificados das condições para de modelos opres- são sexual e social” (PARKER, 1997; 2000; TERTO JR., 2002).

Deste modo, observa-se uma nova gramática que se estabeleceu entre o movimento e o Estado que, de certo modo, estreia um novo estatuto ontológico para a população homossexual, que passou a ser percebida como de sujeito de direitos. Este cami- nho abriu, inequivocamente, espaço para a construção, consoli- dação e institucionalização da bandeira contra a homofobia.

Embrionariamente, em Sergipe, durante a década de 1990 e sob - ros passos em relação ao combate da “violência anti-gay”, com a influênciadivulgação do de Grupo um número Gay da anualBahia, de o Dialogay “homossexuais dava seus assassina primei- dos” no Estado, como pode ser averiguado na constatação de (MELO, 2011):

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Em 1991, ao comemorar 10 anos de existência, o grupo realizou uma campanha acerca da existência de uma “Vio- lência Anti-Gay” que permeava a sociedade sergipana. Assassinatos, espancamentos, agressões morais e até es- tupros, foram denunciados como recorrentes na capital do estado, principalmente durante a “vida noturna” dos “ho- mossexuais”, ou ainda, por seus “parceiros” (...)Um even- to semelhante, denominado de “Dia de protesto contra a violência aos homossexuais”, promovido pelo “Dialogay” e pelo “Grupo Gay da Bahia”, parceria existente desde a criação da associação, viria a se repetir em 1992, com a inauguração da “Rua 28 de junho” (“Dia Internacional do Orgulho Gay”) num bairro da zona sul da cidade. O fato, - tidade (MELO, 2011, p. 6). por si só, denota uma inserção política significativa da en

A década de 1990 foi muito representativa na capital sergipana no que se refere à quantidade expressiva de assassinatos cometidos contra homossexuais. Os casos ganharam repercussão em todo o - lias tradicionais, na medida em que expôs a situação de homosse- Estado, e puseram em evidência as mudanças que afetam as famí- mantinhamxuais “bem casados”,relações homossexuaisprofissionalmente fora dobem casamento, sucedidos na e maioriacom fa dasmílias vezes, estruturadas, indo ao encontro mas que de escondiam garotos de as programa.preferências Casos sexuais, como e esses ao tempo em que foram expostos pelos jornais fomentando o debate sobre a sexualidade, também revelaram os aspectos conser- vadores que permeavam as matérias, na medida em que os meios de comunicação impressos apelavam para o sensacionalismo, con- as práticas sexuais que fogem à regra heterossexual. tribuíram para despertar culturalmente a ideia de perigo que ronda As denúncias de violação aos direitos dos homossexuais, con- tudo, não se limitavam aos assassinatos, mas faziam referência também à proibição de doação de sangue por gays a partir da - logay de participar de um bloco de carnaval da cidade por ser homossexualPortaria 1376/93 (ANDRADE, ou a proibição 1999), de participação do líder do Dia

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Na década seguinte, e com a participação de uma nova geração de local às reivindicações em torno do combate à homofobia: 1) a criaçãomilitantes, de alguns“Centro eventos de Atendimento apontam aa aceitação Grupos Vulneráveis” e o apoio político16, em 2003, com atendimento exclusivo a mulheres, crianças, adoles- centes, e grupos vulneráveis (homossexuais, idosos, negros e in-

Municipal de Aracaju, de um projeto de lei que institui o dia “17 dedígenas) maio” (DIREITOS...,como “Dia municipal 2011); 2) de a aprovação, combate á emhomofobia” 2007, na Câmara(APRO- VADO..., 2007; ARACAJU..., 2007); 3) a criação em 2008, numa ar- ticulação entre a Secretaria de Segurança Pública do Estado e a militância local, de um “Centro de Combate à Homofobia”. - lhimentoA criação destepessoal centro e promoção foi um marco dos Direitos para as políticasda Cidadania públicas da comue para- nidade.os LGBTTT. A iniciativa O centro é resultanteé responsável de um pelo convênio atendimento entre ojurídico, governo aco do Estado de Sergipe e o governo federal, por meio da Secretaria Nacio- multidisciplinar composta por psicólogos, pedagogos e advogados orientadosnal de Direitos para Humanos. dar apoio Ae assistênciaunidade que aos disponibiliza usuários, também uma equipe conta com a parceria do Ministério Público, Defensoria Pública, Tribunal de Justiça, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), das universidades e outras secretarias envolvidas com o projeto.

Não obstante a importância do centro como resultante de uma arti- culação entre as demandas da mobilização e uma resposta do Esta- instituição é um ponto melindroso na relação entre estas duas es- do como fomentador de políticas públicas, o funcionamento desta - lência”feras políticas. experimentado Se por um pelos lado LGBTTT, o Estado por atendeu outro lado, às solicitações o mesmo mo da- vimentomobilização não ao reconhece constituir a umlegitimidade espaço de dacombate instituição ao “flagelo por esta da vionão ter à sua frente os agentes da mobilização. Segundo (MELO, 2013),

16 Transformado em “departamento” em 2010.

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A LUTA CONTRA A HOMOFOBIA em vários momentos da pesquisa que realizou, através de escuta atenta em eventos, reuniões ordinárias e debates informais, foi pos- o fato da militância ter sido preterida na gestão do centro e de esta- remsível àperceber sua frente a insatisfação pessoas com de cargos algumas comissionados lideranças que que apontavam não eram LGBTTT e desconheciam os problemas existentes. das pressões dos movimentos sociais e também do posicionamen- É evidente que tais investimentos públicos foram possíveis por causa- mossexual e investiram na criação de instituições que atenuassem as violênciasto de alguns sofridas atores pelospolíticos homossexuais, importantes entre que defendemeles destacamos a causa o hode- agentelegado deno políciacombate Mário à homofobia Leony, um reforça dos protagonistas a percepção dana existênciaimplantação de umdo Centro imbricamento de Combate entre à Homofobiaa mobilização em e Sergipe. o Estado. A participação deste

Ressalta-se que há uma tendência teórica, ao menos na seara - cos distintos movimentos sociais e Estados, fato que impossibi- doslita reconhecerdebates sobre o entrecruzamentoas mobilizações políticas, das fronteiras em separar dos campos. em blo Contudo, algumas pesquisas conduzidas no Brasil de (SEIDL, 2009), (OLIVEIRA, 2007a; 2007b) e (REIS, 2007) não negligen- ciaram este aspecto em suas análises. Seus estudos observaram este tipo de imbricamento em distintos movimentos no Brasil,

2000. As trajetórias dos agentes engajados nos movimentos ne- em períodos históricos que variam entre as décadas de 1960 e- ticos e às esferas legislativas e administrativas do governo. gro, ambiental e estudantil, entrelaçam-se com os partidos polí Em comparação ao movimento negro em Sergipe, as análises de das mobilizações, a existência de semelhanças com o movimento LGBTTT(SOUZA, no 2012) que tange apresentam, as articulações guardadas com aso Estado diferenças e a prefeitura e alcances de Aracaju que lhes possibilitaram o atendimento de suas agendas po- líticas, “a emergência deTOMO. órgãos N. 25 públicosJUL/DEZ. | 2014 de combate ao racismo e 289

Patrícia Rosalba Salvador Moura Costa; Marcos Ribeiro de Melo a reconversão de recursos oriundos dos itinerários individuais em públicascargos públicos criados, nestes desde órgãos a década e outros” de 1980, (SOUZA, para 2012,o atendimento p. 113). Isso de se torna mais evidente ao serem observados os órgãos e políticas “combate à homofobia”, dispostos na tabela abaixo: homossexuais e LGBTTT nos setores de “combate ao HIV/AIDS” e pata a população homossexual e LGBTTT Tabela 1 - Órgãos/Programas voltados para a criação e execução de políticas públicas Ano de Esfera de Órgão Governo Atividade criação atuação

Departamento Nacional 1986 Federal PMDB públicas de DST, Aids e hepa- de DST/AIDS Formula e fomenta políticas Fomenta e executa ações de Gerência Estadual DST/ tites virais em nível federal 1987 Estadual PFL AIDS - tadualpolíticas públicas de DST, Aids e hepatites virais em nível es- Delegacia Especial de 1996 Estadual PSDB vestigação de crimes contra Proteção à Mulher osAtendimento LGBTTT. às vítimas e in Fomenta e executa ações de Coordenação Municipal Municipal - 1999 PMDB (Aracaju) tites Virais políticas públicas de DST, Aids de DST/AIDS e Hepa municipal Delegacia Especial de e hepatites virais em nível- Atendimento a Grupos 2004 Estadual PFL vestigação de crimes contra Vulneráveis (DAGV) osAtendimento LGBTTT. às vítimas e in Apoio a projetos, formação e Programa Brasil Sem 2004 Federal PT temática de direitos humanos capacitação profissional na Homofobia (Secretaria da população LGBTTT. Acolhimento e atendimento Centrode Direitos de Humanos)Referência 2008 Estadual PT de promover os Direitos da jurídico e psicossocial, além em Direitos Humanos e Cidadania do público LGBTTT. Combate à Homofobia Desenvolve ações sociais de Núcleo de Atendimento Municipal inclusão e proteção à cidada- 2013 DEM à Diversidade Sexual (Estância) nia e contra a discriminação e violência aosLGBTTT. Fonte: (MELO, 2013, p. 128-129)

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- mo do Grupo Dialogay de Sergipe foi importante e necessário, Peranteem função este do quadro, trabalho é inequívocodesenvolvido, reconhecer de suas relaçõesque o pioneiris com as instâncias estatais, das repercussões midiáticas com assuntos variados, opiniões esclarecedoras e progressistas, e certamente contribuiu para o surgimento de outros grupos e fortalecimen- to dos movimentos homossexual e LGBTTT em todo o Estado sergipano. Conforme (MELO, 2008, p. 77), em levantamento re- alizado junto ao Centro de Referência de Prevenção e Combate - ais, Travestis e Transgêneros (ABGLT) e ao Grupo Gay da Bahia à Homofobia, à Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexu Aracaju, dedicando-se quatro delas ao trabalho exclusivo com a(GGB), população foram homossexual identificadas masculino oito associações (Grupo LGBTTTAdhons, naGrupo capital Di-

Kizomba), uma com travestis (Associação de Travestis Unidas), duasversidade com delésbicas Sergipe, (Grupo Grupo Athena Homossexual de Sergipe do Bugio e Movimento e Grupo Axé de Lésbicas de Sergipe (MOLS) e apenas uma instituição que traba- lha com todos os segmentos (Grupo ASTRA).

O movimento também ganhou espaço no interior sergipano onde foram registrados mais doze grupos: Gatho (Lagarto), Associação de Transgêneros de Lagarto (ASTRAL), Associação Sergipana de Transgêneros Estanciana (ASTRAES), Associação Gay Simãodiense (Simão Dias), Grupo Arco Íris (Salgado), Grupo

Velha Casa GLBT (São Cristóvão), Associação Comunitária Igual- Flor De Lís (Lagarto), Grupo Juventude Sempre Alerta (Boquim), Lésbico de Lagarto (Lagarto) e a Associação GLBT Flor do Sertão (Poçodade (Tobias Verde) Barreto),(MELO, 2008, Grupo p. Homo-Cidadã 77). O aumento (Itaporanga), da quantidade Grupo de grupos nos últimos vinte anos é bem representativo e o proces- so de interiorização desses grupos também chama a atenção. em seu livro, sobre a produção das identidades coletivas no mo- vimentoTalvez isso homossexual, esteja vinculado pois se ao percebe que (FACCHINI, a variação 2005) dos objetivospontuou propostos pelas associações de acordo com o segmento que re-

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Patrícia Rosalba Salvador Moura Costa; Marcos Ribeiro de Melo presenta (homossexuais masculinos, travestis, transgêneros e lésbicas) e a disseminação do debate pelo interior do Estado.

Conclusões

O debate em torno da homofobia esteve presente durante todo o processo de constituição do movimento homossexual em Sergi- pe. Evidentemente, as ações do movimento colocavam em pauta as diversas violências que atingiam a população LGBTTT, desde a década de 1980. A institucionalização do Dialogay e sua pre- - namentos sobre direitos dos homossexuais, informações sobre sença constante na mídia e nos espaços públicos com posicio - tandoAIDS, lutaum posicionamentopor políticas públicas do Estado e contra frente violências aos debates. colocaram em evidência a fluidez das relações sexuais e da família, solici Um fato que chama atenção no Estado de Sergipe é a impor- tância da ação individual de algumas pessoas para a formação aconteceu no campo da saúde, especialmente da luta contra a AIDS,de uma no mentalidade campo da segurança coletiva e pública, de políticas com públicas.o estabelecimento Esse fato de órgãos voltados ao combate à homofobia, e na esfera da mi- litância, através da institucionalização do Dialogay. Foi através de tais ações que a população sergipana contou com um grupo

AIDS e segurança pública e propiciou o debate intenso sobre se- xualidadehomossexual e preconceito. forte nos anos 1990, destacou-se nas políticas de

Vale lembrar que a década de 1990 se constituiu nacionalmen- - sexual, na busca das garantias de direitos, onde a parceria com ote Estadocomo um contribuiu período parade fortalecimento a multiplicação do demovimento grupos ativistas, homos manifestação dos diversos sujeitos do movimento, através do fortalecimento dos encontros nacionais de gays e lésbicas, e a consolidação de festas e espaços destinados ao segmento ho-

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A LUTA CONTRA A HOMOFOBIA mossexual, ações que tinham, inicialmente, o propósito de con- solidar momentos de reivindicação e de lutas.

A efervescência das discussões envolvendo a homossexualida- - lecimento do movimento homossexual sergipano. Este teve um papelde fazia fundamental parte do contexto de atuação da época,em várias e contribuía frentes. Uma para delas o forta foi - sassinatos de gays, e levantar a bandeira contra a homofobia. chamar a atenção da população para os elevados índices de as -

àAs AIDS, formulações foi um divisor de políticas de águas públicas para noa compreensão campo das doenças da homos se- xualmente transmissíveis, principalmente no que diz respeito entidades estatais, ONG’s e militância. O debate sobre AIDS ultra- passousexualidade as fronteiras no Estado, da esaúde estabeleceu pública, um e proporcionoudiálogo profícuo a neces entre- sidade da discussão sobre sexualidade, provocando o questiona- relações sexuais, familiares e identitárias, ocasionando também mento sobre as “certezas”, e colocando em evidência a fluidez das levante de outras pautas que dialogam com o contexto atual. a diversificação do movimento LGBTTT no interior do estado e o

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Data de Recebimento: 12 de dezembro de 2014 Data de Aprovação: 30 de dezembro de 2014

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