LEVANTAMENTO DO MEIO FÍSICO DAS ESTAÇÕES ECOLÓGICA E EXPERIMENTAL DE , , BRASIL*

Dimas Antônio da SILVA**

RESUMO ABSTRACT

Este trabalho teve como objetivos realizar This study aimed to carry on a physical o levantamento do meio físico das Estações environment survey of both Itirapina Ecological Ecológica e Experimental de Itirapina, apresentar and Experimental Stations (São Paulo State, mapas temáticos e propor recomendações de uso da ), presenting thematic maps and suggesting terra, visando à elaboração do plano de manejo. soil use, with the purpose of designing the Foi efetuado com base em pesquisas bibliográficas management planning. The research was e cartográficas, fotointerpretação de fotografias developed based on literature and cartographic aéreas e trabalhos de campo. A área de estudo reviews, interpretation of aerial photographs and apresenta temperatura do ar e precipitação médias field works. The study area bears a year average air anuais, respectivamente, de 21,9ºC e 1.458,9 mm. temperature and precipitation of 21.9ºC and Destacam-se dois compartimentos morfológicos: 1,458.9 mm, respectively Two morphological colinas amplas e planícies fluviais. O primeiro, groups are presented: wide hills and alluvial fans. coberto por cerrado e reflorestamentos homogêneos Wide hills, covered by cerrado and plantation of de Pinus spp. e Eucalyptus spp. é sustentado, Pinus spp. and Eucalyptus spp., consist of predominantemente, por arenitos da Formação sandstones from Formation over which Botucatu sobre os quais se desenvolvem Neossolos Quartzarenics Neosoils are primarily developed. Quartzarênicos. Os setores das encostas pouco Most sharp coastal cliffs are fragile to erosion mais íngremes são frágeis à erosão por sulcos, processes. Alluvial fans are characterized by plain ravinas e voçorocas. O segundo caracteriza-se por land formed by recent sediments, originating terrenos planos, formados por sedimentos recentes, Gleisoils and Organosoils. Its original vegetation que dão origem aos Gleissolos e Organossolos. is the wetland. Drainage ways are subject to flood, Sua vegetação original é o banhado. As várzeas and rivers aggradations. Drainage ways are formed estão sujeitas a inundações, recalques, solapamento by two rivers (Itaqueri and Lobo), which target the das margens dos rios e assoreamento. A rede de Lobo dam. It was concluded that hills and alluvial drenagem é formada pelos ribeirões Itaqueri e do fans’ sections bearing higher degree of vegetation Lobo, principalmente, que deságuam na represa conservation, and particularly susceptible to linear do Lobo. Concluiu-se que os setores das colinas e erosion and alluvial dynamics, should integrate the planícies fluviais com maior grau de conservação zones of more restricted use. However, more da vegetação e susceptíveis, respectivamente, modified areas may compose recovering zones or à erosão linear e à dinâmica fluvial devem integrar zones of higher use intensity, considering soil as zonas de uso mais restritivo. Por outro lado, conservation measures. as áreas alteradas podem compor as zonas de recuperação ou as zonas de maior intensidade de uso, observando-se as medidas de conservação dos solos.

Palavras-chave: clima; geologia; geomorfologia; Key words: climate; geology; geomorphology; soils; solos; hidrografia; unidade de hidrography; conservation areas. conservação.

1 INTRODUÇÃO Enquanto a Estação Ecológica tem como objetivos a preservação da natureza e a realização de pesquisas As Estações Ecológica e Experimental de científicas, a Estação Experimental está destinada, Itirapina possuem amostras significativas da sobretudo, ao desenvolvimento de atividades vegetação de cerrado e campo cerrado, ecossistemas silviculturais e visitação pública (Delgado et al., 2004). que foram quase que totalmente dizimados no Estado Segundo Silva (2000), as unidades de de São Paulo, pela atividade agrícola. Abrigam espécies conservação são pouco conhecidas em seus aspectos características e ameaçadas de extinção, como físico-bióticos, o que dificulta o manejo e a implantação por exemplo, o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus). de programas voltados para a preservação ambiental.

______(*) Trabalho apresentado no II Congresso Brasileiro de Unidades Conservação, realizado em Campo Grande, MS, no período de 5 a 9 de novembro de 2000. Aceito para publicação em junho de 2005. (**) Instituto Florestal, Caixa Postal 1322, 01059-970, São Paulo, SP, Brasil.

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SILVA, D. A. da. Levantamento do meio físico das Estações Ecológica e Experimental de Itirapina, São Paulo, Brasil.

Os levantamentos básicos, expressos através 2 MATERIAIS E MÉTODOS de cartogramas e textos, constituem-se numa importante etapa do planejamento físico-territorial (Ross, 1991). As Estações Ecológica e Experimental de A elaboração do banco de dados de uma unidade Itirapina, com área de 2.300,00 ha e 3.212,81 ha, de conservação possibilita a caracterização ambiental respectivamente, estão localizadas nos municípios da área e subsidia o desenvolvimento de pesquisas de Itirapina e , Estado de São Paulo, entre as com informações georeferenciadas (Pires, 1999). seguintes coordenadas geográficas: 22º10’ a 22o15’ O conhecimento sistematizado dos de latitude Sul e 47o45’ a 48º00’ de longitude sistemas naturais deve envolver questões relativas Oeste Grw (FIGURA 1). à atmosfera, hidrosfera, litosfera e biosfera, tendo o A área é recoberta por campo e campo homem como agente responsável pela organização cerrado, cerrado e cerradão, mata, banhado e do espaço produtivo social (Casseti, 1995). A geologia, reflorestamentos homogêneos de Pinus spp. e geomorfologia e pedologia são ciências dependentes, Eucalyptus spp. (FIGURA 2). Conforme Christofoletti pois estudam a mesma componente da natureza, & Queiroz Neto (1962) ocorre uma variação ou seja, a litosfera. Por outro lado, a climatologia contínua da vegetação entre os topos das colinas, subsidia o conhecimento sobre os solos, a dinâmica cobertas por cerrados, e as baixadas com campos do relevo, a distribuição da cobertura vegetal e o limpos, havendo uma passagem gradativa pelos comportamento do regime hídrico dos rios (Ross, 1995). O estudo dos componentes do meio físico- tipos intermediários nas encostas e patamares. biótico e de suas interações possibilita compreender Essa distribuição é devida ao lençol freático, a dinâmica da paisagem. Desta forma, é possível isto é, fora das baixadas, a grande profundidade do estabelecer diretrizes de uso dos recursos naturais e nível freático permite o desenvolvimento de a adoção de práticas conservacionistas, evitando-se arbustos de sistema radicular profundo, enquanto a deterioração da qualidade ambiental (Ross, 1991). nas baixadas a sua posição mais próxima à Neste contexto, é importante destacar que as pesquisas superfície possibilita o domínio das espécies integradas se constituem em suportes técnico-científicos rasteiras e gramíneas. para a elaboração dos zoneamentos ambientais e Para a realização deste trabalho, foram socioeconômicos, que por sua vez, norteiam o utilizadas fotos aéreas pancromáticas da TerraFoto planejamento e a gestão territorial, quer seja de um S. A., escala aproximada de 1:35.000, ano de 1987. município, bacia hidrográfica, área metropolitana, Quanto à documentação cartográfica foram unidade de conservação, entre outros (Ross, 1995). consultadas: cartas topográficas do Instituto Na década de 60 do século passado, Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, escala Ventura et al. (1965/66) cientes desses fatos, 1:50.000, anos de 1971 e 1969, (folhas de São levantaram as características edafo-climáticas das Carlos e Itirapina) e cartas topográficas do Plano dependências do então Serviço Florestal do Cartográfico do Estado de São Paulo, escala Estado de São Paulo, que serviram de “subsídio à 1:10.000, ano de 1979 (folhas de Fazenda Mutuca interpretação dos resultados de pesquisas e II, córrego do Geraldo, Itirapina II, Fazenda São experimentação florestais (...... ), assim como ao José, ribeirão do Lobo e represa do Lobo). planejamento de futuros trabalhos”. A caracterização climática foi realizada Com a finalidade de subsidiar a elaboração com base no balanço hídrico mensal, segundo do plano de manejo integrado das unidades de Thornthwaite & Mather (1955). Os dados de conservação de Itirapina foram realizados levantamentos do meio físico, contribuindo para temperatura do ar e precipitação, para o período de a avaliação das potencialidades e das limitações de 1982 a 2003, foram obtidos no posto meteorológico uso dos ambientes naturais. da Ripasa S. A., situado no município de Itirapina, Este trabalho teve, portanto, como objetivos ao lado da Estação Ecológica, nas coordenadas caracterizar a área de estudo quanto ao clima, 22º15’ de latitude Sul e 47º52’ de longitude Oeste geologia, geomorfologia, solos e hidrografia; Grw, a uma altitude de 765 metros. apresentar mapas temáticos georreferenciados, Após seleção e análise dos materiais adaptando-se mapeamentos pré-existentes para a bibliográfico e cartográfico, realizou-se a escala de trabalho e propor recomendações de uso fotointerpretação de fotografias aéreas, com controle da terra, visando à conservação da biodiversidade. de campo da área de estudo.

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SILVA, D. A. da. Levantamento do meio físico das Estações Ecológica e Experimental de Itirapina, São Paulo, Brasil.

O mapeamento geomorfológico foi feito associados com aqueles conhecidos como valores valendo-se de metodologia utilizada por Domingues de limites críticos da geotecnia...”. Desta forma, & Silva (1988) e Ross (1991). Das fotos aéreas foram estabelecidas as seguintes classes: inferior a identificou-se, inicialmente, as unidades morfológicas 2%, de 2% a 6%, de 6% a 12% e acima de 12%. da área de estudo. Posteriormente, se extraíram Com base nos levantamentos efetuados e dados relativos à hidrografia; formas de topo, nas considerações dos autores Ross (1991 e 1995) vertentes e fundos de vale; formações superficiais; e Casseti (1995) efetuou-se a avaliação integrada morfodinâmica e ações antrópicas. Esses dados foram dos componentes do meio físico, que contribui selecionados em função de sua representatividade para a elaboração de sugestões ao zoneamento e de na escala de mapeamento adotada e importância recomendações de uso da terra das unidades de para auxiliar a elaboração do plano de manejo. conservação de Itirapina e seu entorno. As informações obtidas nas fotos aéreas e trabalhos de campo foram transferidas para as bases topográficas, na escala 1:10.000. De modo a não sobrecarregar 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO de informações, o mapa final apresentou apenas os compartimentos: colinas amplas, patamares coluviais Nas TABELA 1 e FIGURA 3 são e planícies fluviais, sendo que a caracterização apresentados os dados referentes ao balanço hídrico geomorfológica dos mesmos foi feita ao longo do texto. médio da área para o período de 1982 a 2003. Os mapas de geologia e solos foram A precipitação média anual é de 1.458,9 mm. confeccionados com base em fontes secundárias O período chuvoso (outubro a março) concentra e por meio de observação de fotos aéreas e 1.128,4 mm, ou 77% do total de precipitação trabalhos de campo. Os dados, assim obtidos, anual, e o seco (abril a setembro) 330,5 mm, foram adaptados para a escala de trabalho. ou 23% do total. Os meses com maior índice Para a execução do mapa geológico foram pluviométrico, janeiro e fevereiro, recebem, utilizados o “Mapa Geológico do Estado de São respectivamente, 214,6 mm e 275,4 mm de chuva e Paulo”, do Instituto de Pesquisa Tecnológicas - IPT os mais secos, julho e agosto, 23,8 e 42,2 mm. (1981a), escala 1:500.000, e o “Mapa Geológico da A temperatura média anual é de 21,9oC. Região Administrativa de ”, do Departamento Os meses mais quentes são janeiro (24,9oC) e de Águas e Energia Elétrica - DAEE/Universidade fevereiro (24,8oC), e os mais frios junho (17,8oC) e Estadual Paulista - UNESP (1981), escala 1:500.000. julho (17,9oC). O mapa de solos foi confeccionado segundo Os dados de precipitação e temperatura o “Levantamento Pedológico Semidetalhado do Estado permitem identificar, segundo o sistema de Köppen, de São Paulo: quadrícula de São Carlos” (Oliveira & um clima Cwa, ou seja, mesotérmico com inverno Prado, 1984), escala 1:50.000, atualizando-se a seco em que a temperatura média do mês mais frio respectiva legenda conforme Empresa Brasileira de é inferior a 18ºC e a do mês mais quente é superior Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA (1999). a 22oC e o total das chuvas do mês mais seco não As planícies fluviais mapeadas por ultrapassa 30 mm, o que concorda com Ventura et fotointerpretação foram transferidas para os mapas al. (1965/66). geológicos e de solos, detalhando-se, respectivamente, O balanço hídrico destaca que o excedente as áreas ocupadas por Sedimentos Aluvionares, hídrico ocorre de dezembro a março. Entre junho e por Gleissolos e Organossolos. e setembro observa-se déficit de 12,7 mm e, Visando complementar a caracterização das conseqüentemente, ressecamento do solo. A reposição unidades de Itirapina e subsidiar os estudos foram d’água ocorre, então, de setembro a novembro. confeccionadas as cartas hipsométrica e clinográfica. Conforme Monteiro (1973), as unidades O mapa de classes hipsométricas foi de Itirapina se situam na feição climática denominada elaborado a partir de cinco classes de altitude, “O Centro-Norte”, caracterizada pela existência de com intervalos de 40 metros, são elas: abaixo de um período seco muito nítido, onde a freqüência da 700 metros, de 700 a 740 metros, de 740 a 780 metros, chuva diminui no sentido dos paralelos. Trata-se de de 780 a 820 metros e acima de 820 metros. área de acentuada participação da Massa de Ar O mapa clinográfico adotou as classes Tropical Atlântica. Entre os municípios de São definidas por Ross (1994) e “já consagradas Carlos e Brotas, destaca o autor, há um ligeiro nos estudos de capacidade de uso/aptidão agrícola aumento na pluviosidade.

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TABELA 1 – Balanço hídrico segundo Thornthwaite & Mather (1955).

T P ETP P-ETP ARM ALT ETR DEF EXC Meses I a NEG-AC (ºC) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) Jan. 24,9 275,4 11,4 2,5 103,81 171,6 0,0 300,00 0,00 103,8 0,0 171,6 Fev. 24,8 207,9 11,3 2,5 98,86 109,0 0,0 300,00 0,00 98,9 0,0 109,0 Mar. 24,4 161,2 11,0 2,5 110,10 51,1 0,0 300,00 0,00 110,1 0,0 51,1 Abr. 22,6 75,4 9,8 2,5 93,04 -17,6 -17,6 282,87 -17,13 92,5 0,5 0,0 Maio 19,7 67,6 8,0 2,5 71,57 -4,0 -21,6 279,15 -3,71 71,3 0,3 0,0 Jun. 17,8 46,9 6,8 2,5 55,57 -8,7 -30,3 271,20 -7,95 54,9 0,7 0,0 Jul. 17,9 23,8 6,9 2,5 58,60 -34,8 -65,1 241,50 -29,70 53,5 5,1 0,0 Ago. 19,0 42,2 7,5 2,5 66,45 -24,2 -89,3 222,75 -18,75 60,9 5,5 0,0 Set. 20,8 74,6 8,7 2,5 77,09 -2,5 -91,8 220,91 -1,84 76,4 0,6 0,0 Out. 22,9 120,3 10,0 2,5 96,08 24,2 -60,6 245,13 24,22 96,1 0,0 0,0 Nov. 23,5 149,0 10,4 2,5 93,90 55,1 0,0 300,00 54,87 93,9 0,0 0,2 Dez. 24,2 214,6 10,9 2,5 100,50 114,1 0,0 300,00 0,00 100,5 0,0 114,1 TOTAIS 262,5 1458,9 112,7 30,1 1025,55 433,3 – 3264 0,00 1012,8 12,7 446,1 MÉDIAS 21,9 121,6 9,4 2,5 85,46 36,1 – 272,0 – 84,4 1,1 37,2

Local: Itirapina, SP. Latitude: 22º15’S. Longitude 47º52’W. Altitude: 765 m. Fonte e Período: Ripasa S. A./1982-2003.

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FIGURA 3 – Gráfico do balanço hídrico médio mensal segundo Thornthwaite & Mather (1955), da região de Itirapina, SP.

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Nos meses de inverno, com a diminuição A fotointerpretação permitiu verificar dos níveis pluviométricos e possibilidade de que as vertentes são longas, de baixa declividade e ocorrência de geadas, devem ser intensificadas as apresentam perfis retilíneos a convexos. Conforme medidas de prevenção dos incêndios florestais. observações de Christofoletti & Queiroz (1961a), A área de estudo é constituída por as formas suaves das colinas são conseqüência da arenitos das formações Botucatu e Pirambóia e friabilidade do arenito e da ação pluvial. IPT basaltos da formação da Serra Geral, do Grupo São (1981b) acrescenta que há uma forte relação entre Bento (FIGURA 4). O córrego Água Branca corre as formas de relevo e as litologias subjacentes. adaptado a um extenso falhamento de gravidade, A FIGURA 8 mostra que predominam os e apresenta um vale marcadamente dissimétrico. Neossolos Quartzarênicos, recobrindo as colinas e A margem direita, mais íngreme, corresponde às os patamares. Ocorrem, também, os Latossolos encostas das colinas, formadas a partir dos arenitos Vermelho-Amarelos e Latossolos Vermelhos. e basalto, enquanto a margem esquerda se destaca Os primeiros são solos profundos, com seqüência como um expressivo patamar arenoso. Esse falhamento de horizontes A-C, não hidromórficos e fortemente separa, portanto, os sedimentos das formações ácidos, com pH entre 4,3 e 5,3, formados a partir de Pirambóia e Botucatu. arenitos da Formação Botucatu (Oliveira & Prado, O mapa de classes hipsométricas permite 1984). Conforme Lepsch et al. (1983), esses solos visualizar a distribuição das classes de altitude e a apresentam fertilidade baixa, pequena capacidade configuração geral do relevo (FIGURA 5). As altitudes de retenção de água e nutrientes, e alta susceptibilidade variam de aproximadamente 700 metros, junto às à erosão. Originalmente eram recobertos, em grande margens da represa do Lobo, a 827 metros, próximo à parte, pelo cerrado em suas diferentes fisionomias. sede da Estação Experimental. Predominam, todavia, Os Latossolos Vermelho-Amarelos são as altitudes entre 700 metros a 740 metros. encontrados na Estação Experimental, em relevo Predominam as declividades inferiores a plano e suave ondulado, com declividades 2%, enquanto as declividades superiores a 12% inferiores a 12%. Estão desenvolvidos, notadamente, ocorrem junto ao fundo de vale dos córregos da em sedimentos arenosos da Formação Botucatu. Água Branca, do Limoeiro e do Geraldo, onde a Conforme Oliveira & Prado (1984), estão associados drenagem entalha mais profundamente as camadas às areias quartzosas e apresentam sérias limitações sedimentares. O relevo é, portanto, pouco dissecado, quanto à fertilidade e retenção de umidade. De por isso não foi possível detalhar as classes superiores acordo com Queiroz Neto & Christofoletti (1968), a 12%. A Estação Experimental apresenta maiores são solos profundos, bem drenados, arenosos e amplitudes altimétricas e declividades quando areno-barrentos, e ácidos. Distribuem-se de maneira comparada à Estação Ecológica (FIGURA 6). constante em função da topografia, isto é, nas colinas As unidades de conservação de Itirapina são vermelho-amarelados, mais argilosos, enquanto localizam-se no reverso das Cuestas Basálticas, nas baixadas apresentam tonalidade amarelada e em planalto estrutural denominado Campo Alegre textura mais arenosa. (Almeida, 1964). Essas apresentam dois compartimentos Os Latossolos Vermelhos ocupam morfológicos distintos: um relevo de denudação pequena porção da Estação Experimental, entre os formado por colinas amplas e baixas com topos córregos do Limoeiro e Água Branca. O relevo é, aplanados (Ross & Moroz, 1997) e um relevo de em geral, suave ondulado, com declives superiores agradação constituído por planícies fluviais a 6%. São solos ácidos e provenientes de produtos (FIGURA 7). Entre as colinas amplas e baixas e as de alteração dos sedimentos finos das Formações planícies fluviais ocorre, muitas vezes, um nível Pirambóia e Botucatu, com variada contribuição de intermediário de patamares coluviais. O contato rochas básicas. Camadas de cascalhos são encontradas, entre as colinas e os patamares é marcado por em geral, a aproximadamente 2,0 metros de uma nítida ruptura de declive. De acordo com profundidade e possuem espessura de até 1,0 metro. Christofoletti & Queiroz Neto (1962), os patamares Concordando com Queiroz Neto (1960), as se comportam como verdadeiros terraços, localizados cascalheiras são constituídas principalmente por a 5-10 metros acima do nível das várzeas. quartzo, e podem conter seixos e blocos de canga São recobertos, aparentemente, pelo mesmo material areno-conglomerática. Esses blocos ocorrem na das colinas, embora possuam uma cor mais superfície dos solos, como observado em um corte amarelada e são um pouco mais argilosos. próximo à Estação Experimental.

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SILVA, D. A. da. Levantamento do meio físico das Estações Ecológica e Experimental de Itirapina, São Paulo, Brasil.

O campo cerrado e o campo não As planícies fluviais são formadas por revestem totalmente os Neossolos arenosos e terrenos planos, gerados por processos de pouco estruturados, favorecendo a ação erosiva das agradação. Apresentam declividades inferiores a águas pluviais. No topo das colinas ocorre de forma 2% e estendem-se ao longo dos ribeirões do Lobo disseminada o escoamento superficial difuso, por entre e Itaqueri. Ocorrem aí, os Gleissolos e as gramíneas que recobrem o solo. Esse processo Organossolos, desenvolvidos sobre Sedimentos também pode ocorrer nas áreas onde o reflorestamento Aluvionares. A vegetação natural é caracterizada se apresenta em estágio inicial de crescimento. por banhado e alguns capões de mata, que De acordo com Christofoletti & Queiroz Neto correspondem aos tipos de vegetação: campos (1961b), essa é a principal ação escultora das hidrófilos de várzea e floresta tropical higrófila de formas de detalhe das colinas. Nas encostas das várzea, respectivamente (EMBRAPA, 1999). colinas ocorrem sulcos e ravinas, resultado da Conforme Christofoletti & Queiroz Neto (1961b), concentração do escoamento superficial, que podem essas planícies foram elaboradas em função do evoluir e originar voçorocas. Estes processos nível da soleira basáltica. Nos vales fluviais erosivos foram observados principalmente na destacam-se pequenas colinas sustentadas pelo Estação Ecológica, ao longo de caminhos e aceiros arenito Botucatu, formando um nível de 30 a 50 m mal conservados. acima das várzeas, que estão evoluindo devido à Entre a Estação Ecológica e a represa do ação pluvial. Lobo há uma grande faixa de terreno desmatada, A rede de drenagem apresenta baixa que seria utilizada para a construção de uma pista densidade, devido à natureza e propriedade dos de pouso. Nos solos, expostos diretamente à ação solos; à litologia da área composta basicamente por pluvial, ocorrem de forma generalizada, escoamento arenitos eólicos da Formação Botucatu, e ao relevo superficial difuso e sulcos. plano e suave ondulado, portanto, todos estes Na Estação Experimental observaram-se fatores são responsáveis pela alta infiltração alguns locais de onde foram retirados cascalhos, da água no solo, em detrimento ao deflúvio. utilizados na conservação de estradas e caminhos. O padrão de drenagem é subparalelo (FIGURA 9). Hoje abandonadas, essas áreas não foram Os córregos do Geraldo, Limoeiro e recuperadas, apresentando graves problemas de conservação dos solos. No maior movimento de Água Branca, afluentes do ribeirão Itaqueri, são solo, localizado na margem direita do córrego formados por cursos d’água perenes, longos e pouco Água Branca, desenvolveu-se uma voçoroca de ramificados e por pequenos canais secundários aproximadamente 150 metros de comprimento, temporários. Os vales desses córregos são abertos e 6 metros de largura e 2 metros de profundidade. se formam áreas restritas de sedimentação de As colinas e os patamares formados por material arenoso. Os córregos do Geraldo e do solos arenosos, susceptíveis aos fenômenos de Limoeiro apresentam nascentes na Estação erosão hídrica e cobertos por vegetação natural, Experimental. Nas planícies há um maior deverão integrar as zonas de maior grau de número de cursos d’água secundários perenes, proteção (intangível e primitiva). Destinam-se à em conseqüência do lençol freático mais superficial. preservação do ambiente natural e à realização de Concordando com Nakazawa et al. atividades de pesquisa e educação ambiental. (1994), as várzeas apresentam alta susceptibilidade As áreas reflorestadas ou muito alteradas pelo à inundação, recalques, assoreamento e solapamento homem poderão compor as zonas de uso menos das margens dos rios. As limitações impostas pelo restritivo (uso extensivo, uso intensivo, manejo meio físico inviabilizam, por exemplo, construções florestal ou uso especial), obedecendo-se, todavia, e aberturas de caminhos, e o desenvolvimento de as medidas de conservação dos solos. Serão destinadas, atividades recreativas intensivas nesses locais. por exemplo, para a exploração sustentável dos recursos naturais, recreação, educação ambiental Devem, portanto, integrar, em geral, as zonas de e implantação da estrutura administrativa das uso mais restritivo (intangível e primitiva). unidades de Itirapina. Os terrenos consideravelmente Salienta-se que, as margens de rios e antropizados, com solos erodidos e vegetação reservatórios e o entorno de nascentes são áreas degradada, deverão ser recuperados, e incorporados de preservação permanente e, portanto, a uma das zonas previstas no plano de manejo. legalmente protegidas.

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SILVA, D. A. da. Levantamento do meio físico das Estações Ecológica e Experimental de Itirapina, São Paulo, Brasil.

O uso inadequado dos solos arenosos da São formadas por sedimentos aluvionares recentes região, sem práticas conservacionistas, acelerou a que dão origem aos Gleissolos e Organossolos, erosão e acentuou a carga dos sedimentos transportada cobertos por vegetação de banhado e mata ciliar. pelos rios, provocando o assoreamento dos vales. Apresentam lençol freático pouco profundo e Pela observação das fotografias aéreas, nota-se que estão sujeitas a inundações periódicas, recalques na foz do rio Itaqueri, a água apresenta uma tonalidade e assoreamento. de cinza claro, evidenciando a grande quantidade As características do meio físico-biótico de sedimentos em suspensão, que é levada para a indicam que os setores das colinas e das planícies represa do Lobo. com maior grau de conservação da vegetação e Christofoletti & Queiroz Neto (1961a) susceptíveis, respectivamente, à erosão linear e à acrescentam que as várzeas aumentam progressivamente, dinâmica fluvial, devem integrar as zonas de uso tornando-se mais amplas e mais elevadas, a custo mais restritivo. Por outro lado, as áreas alteradas do material fornecido pelos cursos d’água provenientes podem compor as zonas de recuperação ou as da Serra do Itaqueri e pelo escoamento superficial zonas de maior intensidade de uso, observando-se das colinas. Conforme Queiroz Neto & Christofoletti as medidas de conservação dos solos. (1968), o perfil transversal dessas baixadas em “U” As informações do meio físico-biótico muito aberto, seria uma conseqüência desse fato. obtidas neste estudo são fundamentais para a Do exposto, denota-se que os solos execução do plano de manejo. Contribuem para a Neossolos Quartzarênicos são muito susceptíveis elaboração do zoneamento, dos programas de ao desenvolvimento dos processos erosivos, apesar manejo e das recomendações de uso dos recursos da pequena declividade das vertentes. Recomenda-se naturais das unidades de conservação de Itirapina. evitar a exposição direta desses solos à ação das A sistematização dessas informações e a águas pluviais, principalmente nas atividades de produção de mapas temáticos georreferenciados reflorestamento. É fundamental o controle de suprimem a carência de levantamentos básicos, erosão ao longo dos caminhos e aceiros, evitando-se a constituindo-se uma primeira etapa para elaboração concentração do escoamento superficial pluvial. de um banco de dados digitais. É importante o manejo conservacionista das bacias hidrográficas dos ribeirões Itaqueri e do Lobo, que drenam a área de estudo, visando REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS garantir a qualidade das águas superficiais, hoje ALMEIDA, F. F. M. de. Os fundamentos geológicos comprometidas pelo esgoto doméstico da cidade de do relevo paulista. Bol. Inst. Geogr. e Geol., São Itirapina, agrotóxicos utilizadas na agricultura e Paulo, v. 41, p. 169-263, 1964. assoreamento das planícies aluviais. CASSETI, V. Ambiente e apropriação do relevo. 2. ed. São Paulo: Contexto, 1995. p. 147. (Coleção 4 CONCLUSÕES Caminhos da Geografia).

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SILVA, D. A. da. Levantamento do meio físico das Estações Ecológica e Experimental de Itirapina, São Paulo, Brasil.

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