UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ (UVA) PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO (PRPG) CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS (CCH) MESTRADO ACADÊMICO EM GEOGRAFIA (MAG)

ANA JÉSSICA DE SOUSA DOS SANTOS

ANÁLISE DOS SISTEMAS AMBIENTAIS DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAIBARAS,

SOBRAL-2020

ANA JÉSSICA DE SOUSA DOS SANTOS

ANÁLISE DOS SISTEMAS AMBIENTAIS DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAIBARAS, CEARÁ

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação – Mestrado Acadêmico em Geografia da Universidade Estadual Vale do Acaraú – MAG/UVA como requisito para obtenção do título de mestre. Linha de pesquisa: análise ambiental e estudos integrados da natureza. Orientadora: Dra. Simone Ferreira Diniz.

SOBRAL-2020

Dedico a minha filha, Letícia, com todo meu amor sincero.

AGRADECIMENTOS

A Deus, por sua infinita bondade pela caminhada e por confirmar que tudo passa.

A mim, por ter passado pela tempestade e alcançado a vitória.

Ao meu marido, David, pelo apoio e companheirismo em entender a necessidade da etapa percorrida.

A minha filha, Letícia, por sua inocência e expressão genuína de amor. Amarei-te além de mim.

A minha orientadora, Dra. Simone, por acreditar que eu poderia finalizar o mestrado, no momento nebuloso do primeiro ano cursado. Não saberei recompensar tudo que a senhora fez por mim. Gratidão é o mais simples que poderei sentir pela senhora. Obrigada por não ter desistido de mim!

A minha banca, Dra. Cleire, e Dr. Falcão, pelo complemento que faltava no enlace da pesquisa.

Ao amigo doutorando, Bruno Gomes, por sua humildade, apoio e credibilidade depositados. Parceria feita no primeiro ano do mestrado que está firmada para vida.

Ao SAAE, em nome do amigo Simão Albuquerque, pelas conversas trocadas, pelas dúvidas tiradas e pelo incentivo em continuar além do mestrado. Sua inteligência me inspira.

Aos amigos do mestrado da turma de 2018, pelas descontrações proferidas que aliviavam as frustrações vividas.

RESUMO

A sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras, sendo afluente do rio principal, rio Acaraú, apresenta relevância nos múltiplos usos d’água para os municípios que dependem dela. Por isso, estudamos a sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras por meio de uma análise geoambiental para identificar os pontos vulneráveis, apresentar propostas mitigadoras que possam prolongar a qualidade do sistema degradado, e garantir a utilização dos recursos naturais existentes. A pesquisa iniciou em 2018, com revisão bibliográfica associada à prática de atividade de campo para reconhecimento da área. Com a realização do trabalho de campo, foi delimitado 12 pontos de análises que compreenderam toda a área estudada. As visitas de campo foram no período chuvoso (2018 e 2019) e o seco (2019) onde relacionarmos a diferenciação da paisagem. A sub-bacia do rio Jaibaras apresenta dois altos cursos que são formados por materiais distintos. O alto curso, localizado no Maciço residual da Meruoca e Serra do Rosário, de origem na orogênese brasiliana, com formação cristalina. O alto curso, no Glint da Ibiapaba, com material sedimentar. Foi observado no Glint da Ibiapaba, a prática de atividade de turismo por aventura nas áreas da nascente da cachoeira da Mata Fresca, e no acesso das nascentes da Cachoeira do Pinga e riacho da Cigarra, a maior interferência envolve a prática do lazer. Na Serra do Rosário, no açude do Jordão, o agente de maior contribuição com o desgaste da dinâmica dos sistemas ambientais foi á inserção de esgoto doméstico diretamente no corpo hídrico. Com isso, podemos constatar que os pontos de maiores vulnerabilidades concentram-se nos altos cursos do rio. Entretanto, no médio curso e no baixo curso, apresentam estado moderado de interferência humana podendo ser considerados como pontos de estabilidade ambiental. Contudo, a sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras apresenta necessidade de uma melhor atuação de planejamento e gestão dos mananciais, tanto para evitar o estágio de eutrofização avançado como para garantir acesso adequado ao corpo hídrico. Desse modo, foi proposto que nas áreas de maior desgaste ambiental pelo turismo tenha uma delimitação de acesso para garantir a segurança dos praticantes e uma conservação da área. Na área de contaminação do corpo hídrico por desgaste de esgoto doméstico (açude do Jordão), é necessária uma instalação sanitária adequada nessas casas para evitar poluição hídrica. E na área de maior conversação dos sistemas ambientais (confluência) sugerimos uma revitalização da área para garantir a manutenção dos sistemas ambientais conservados.

Palavras-chave: Sub-bacia. Geoambeintal. Sistemas ambientais.

ABSTRACT

The hydrographic sub-basin of the Jaibaras River, being a tributary of the main river, Acaraú River, has relevance in the multiple uses of water for the municipalities that depend on it. For this reason, we studied the hydrographic sub-basin of the Jaibaras River by means of a geoenvironmental analysis to identify the vulnerable points, present mitigating proposals that can prolong the quality of the degraded system, and guarantee the use of the existing natural resources. The research started in 2018, with a bibliographic review associated with the practice of field activity to recognize the area. With the realization of the fieldwork, 12 points of analysis were defined that comprised the entire area studied. The field visits were during the rainy season (2018 and 2019) and the dry season (2019) where we relate the differentiation of the landscape. The Jaibaras River sub-basin has two high streams that are formed by different materials. The high course, located in the residual massif of Meruoca and Serra do Rosário, originated in Brasilian orogenesis, with crystalline formation. The high course, at the Glint of Ibiapaba, with sedimentary material. It was observed in the Glint of Ibiapaba, the practice of adventure tourism activity in the areas of the source of the Mata Fresca waterfall, and in the access of the sources of Cachoeira do Pinga and Cigarra stream, the greatest interference involves the practice of leisure. In Serra do Rosário, in the Jordão reservoir, the agent of greatest contribution to the erosion of the dynamics of environmental systems was the insertion of domestic sewage directly into the water body. With that, we can see that the points of greatest vulnerabilities are concentrated in the high courses of the river. However, in the medium and low courses, they present a moderate state of human interference and can be considered as points of environmental stability. However, the Jaibaras River hydrographic sub-basin is in need of better planning and management of water sources, both to avoid the advanced eutrophication stage and to ensure adequate access to the water body. Thus, it was proposed that in the areas of greatest environmental stress by tourism, there should be an access limit to ensure the safety of practitioners and a conservation of the area. In the area of contamination of the water body by wear and tear of domestic sewage (açude do Jordão), an adequate sanitary installation in these houses is necessary to avoid water pollution. And in the area where the environmental systems are most talked about (confluence), we suggest revitalizing the area to ensure the maintenance of conserved environmental systems.

Keyword: Sub-basin. Geo-environmental. Environmental Systems.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Estrutura proposta por Bertrand. Figura 2: Registro dos pontos 1, 2 e 3 na sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras. Figura 3: Mosaico dos pontos pesquisados 4,5,6 e 7 da sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras. Figura 4: Visão da parede do açude Aires de Sousa e do ponto de confluência do açude ao rio Jaibaras, sob a base da adutora de abastecimento da cidade de Sobral-CE. Figura 5: Nascentes localizadas no Planalto de Ibiapaba. Figura 6: Área de nascente do riacho Jordão, na Serra do Rosário. Figura 7: Formação Aprazível na margem da BR 403. Figura 8: Demonstração de alguns pontos de análise da área de estudo. Figura 9: Registro de monoculturas encontrados no alto curso da sub-bacia do rio Jaibaras. Figura 10: Listagem de algumas espécies encontradas na sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras. Figura 11: Dique marginal converso localizado ao lado esquerdo do rio Jaibaras, antes da confluência com o rio Acaraú. Figura 12: Dique marginal côncavo localizado do lado esquerdo do rio Jaibaras, antes da confluência com o rio Acaraú. Figura 13: Tipos de solos encontrados na margem esquerda do rio Jaibaras. Figura 14: Lavadeiras ás margens do rio Jaibaras, no bairro Sumaré, Sobral-CE. Figura 15: Indicadores de degradação Figura 16: Poluição por esgoto doméstico no açude do Jordão. Figura 17: Animais no perímetro do açude Jordão. Figura 18: Granito Meruoca com canelura. Figura 19: Trecho do riacho Logradouro com presença da mata ciliar Figura 20: Paisagem do rio Poços dos Cavalos sob a ponte. Figura 21: Trecho sob a ponte do rio Jaibaras, em Pacujá. Figura 22: Mata ciliar no trecho do rio Jaibaras, na cidade de Pacujá.

Figura 23: Ponto de distribuição do açude Taquara para o açude Jaibaras. Figura 24: Espécies da caatinga arbustiva esparsa. Figura 25: Visão da parede do açude Taquara pela CE-253. Figura 26: Processo erosivo em ravina na margem da CE-253. Figura 27: Encosta erodida na CE-253, após o açude Taquara.

Figura 28: Canal de drenagem do açude Taquara para o açude Aires de Sousa Figura 29: Riacho Papoco visualizado sobre sua ponte, na BR 403. Figura 30: Paisagem com parede e vertedouro do açude Aires de Sousa. Figura 31: Lixo doméstico no leito do rio Jaibaras. Figura 32: Cachoeira do Pinga em , Ceará. Figura 33: Vestígios da ação humana. Figura 34: Cachoeira da Mata Fresca. Figura 35: Área de nascente do riacho da Cigarra. Figura 36: Barramento na área da nascente do riacho da Cigarra. Figura 37: Área da nascente do riacho do Jordão. Figura 38: Mapa de localização do município de Cariré. Figura 39: Mapa do limite territorial de Graça. Figura 40: Mapa de localização do município de Sobral. Figura 41: Degradação com despejo de água residual no leito do corpo hídrico. Figura 42: Ação da interferência direta no leito do corpo hídrico com a prática da piscicultura. Figura 43: Serra da Meruoca vista na CE- 440 no sentido Sobral-Meruoca. Figura 44: Ângulos das feições da Serra do Rosário. Figura 45: Visão do Glint da Ibiapaba, na rodovia Graça- São Benedito.

LISTA DE MAPAS

Mapa 01- Localização da sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras.

Mapa 02- Geomorfologia da sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras.

Mapa 03- Geologia da sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras.

Mapa 04- Climático da sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras.

Mapa 05- Setorização da sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras.

Mapa 06- Microbacias da sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras.

Mapa 07- Hierarquia de Canais da sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras.

Mapa 08- Pedologia da sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras.

Mapa 09- Fitogeografia da sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras.

LISTA DE SIGLAS

CONAMA- Conselho Nacional de Meio Ambiente.

COGERH- Companhia de Gestão de Recursos Hídricos.

DNOCS - Departamento Nacional de Obras Contra Secas.

EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias.

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

IDEB- Índice de Desenvolvimento de Educação Básica.

INEP- Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.

ONU- Organização das Nações Unidas.

OMS- Organização Mundial da Saúde.

SUDENE- Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste.

UNESCO- Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura.

LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Municípios banhados pela sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras.

Tabela 02: Disposição geral litológico da sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras.

Tabela 03: Situação da pluviometria nos período de 2009-2017, nos açudes Aires de Sousa e Taquara.

Tabela 04: Microbacias da sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras. Tabela 05: Descrição dos tipos de solos encontrados na sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...... 14 1.1 Objetivos da pesquisa...... 16 1.1.1 Objetivo geral...... 16 1.1.2 Objetivos específicos...... 16 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLÓGICA...... 17 2.1 Paisagem na compreensão do meio ambiente...... 17 2.2 Análise histórica sobre Geossistema...... 18 2.3 Análises dos sistemas ambientais...... 22 2.4 Bacia hidrográfica como unidade de planejamento ambiental...... 24 2.5 Estudo de sub-bacia e microbacia hidrográfica ...... 29 2.6 Estudo das unidades geoambientais do Ceará...... 30 2.7 Gestão ambiental dos recursos hídricos ...... 32 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...... 33 3.1 Procedimentos de campo...... 33

3.2 Análise socioambiental...... 35

3.3 Levantamento Bibliográfico...... 36

4. ANÁLISE DOS SISTEMAS GEOAMBIENTAIS DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAIBARAS...... 38 4.1 Área de estudo...... 38 4.2 Aspectos geológicos e geomorfológicos...... 45 4.3 Condições Climato-hidrológicas...... 54 4.4 Recurso hídrico...... 58 4.4.1 Microbacias da sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras...... 61 4.4.2 Hierarquia de canais...... 64 4.5 Aspectos pedológicos e fitogeográficos...... 66 4.6 Análise Integrada dos sistemas...... 76 5. CARACTERIZAÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAIBARAS...... 99 5.1 Histórico de uso e ocupação do solo...... 99 5.1.1 Cariré...... 99

5.1.2 Graça...... 102 5.1.3 Sobral...... 103 6. LEVANTAMENTO GEOAMBIENTAL: POTENCIALIDADES E SUCETIBILIDADES A PARTIR DAS COMPARTIMENTAÇÕES GEOMORFOLÓGICAS...... 106 6.1 Planície ribeirinha...... 106 6.2 Maciço residual da Meruoca...... 108 6.3 Serra do Rosário...... 110 6.4 Glint da Ibiapaba...... 111 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS...... 113 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...... 115

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1 INTRODUÇÃO

A região do semiárido foi delimitada pela SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste) por apresentar características naturais que culminavam para aspectos de semiaridez em virtude da ausência pluviométrica, taxas elevadas de evaporação hídrica, dificuldade ao acesso d’água (IBGE, 2019). Com estas condições ambientais hostis, o homem conseguiu desenvolver e ocupar essa região. A área do semiárido foi reformulada pelas Resoluções do Conselho Deliberativo da SUDENE de nº 107, de 27/07/2017 e de nº 115, de 23/11/2017, que incluem os Estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Apesar de, predominantemente, a superfície do semiárido está inserida no aplainamento sertanejo (FALCÃO, 2006), existem enclaves úmidos que apresentam condições climáticas divergentes da superfície aplainada devido à interferência direta da morfologia presente. Mas, apesar de diferenças, o contexto de dificuldade hídrica e distribuição d’água uniformiza os lugares. A problemática d’água tanto pelo acesso, distribuição e acúmulo é de caráter mundial. Em critério político, a água é fonte de conflitos porque a sua quantidade não equivale ao acesso e distribuição (RIBEIRO, 2008) e tampouco, a sua qualidade é mantida pelos anos. De acordo com dados da ONU (Organização das Nações Unidas), a disponibilidade de água no planeta corresponde a 97%, destes 3% são água para consumo humano dos quais 0,5% são de água superficial e de fácil acesso. Diante dos dados alarmantes, a UNESCO, enfatiza que com o processo de urbanização e de irrigação na agricultura, o consumo de água superficial tende a ser subtraído e também, contaminado com despejo de esgoto doméstico e industrial, e, por substâncias tóxicas utilizada na produção agrícola. E, a situação da água no Brasil tende a seguir o nível mundial. Apesar das reservas das águas superficiais, há uma maior concentração de água subterrânea, os chamados aquíferos. O Brasil detém uma reserva satisfatória de vazão e acúmulo, o aquífero Guarani que se destaca pela sua extensão e poder de reter água. Porém, o acesso a esse manancial não é disponível para a população. No Nordeste, o déficit hídrico é histórico e não apenas natural, mas de cunho político. As medidas mitigadoras para sanar a situação hídrica envolveram, principalmente, o

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processo de açudagem. O principal objetivo de realizar essa iniciativa foi de armazenar água para enfrentar os longos períodos de estiagem. Em contrapartida, havia-se armazenagem, mas a dinâmica de acesso e distribuição continuou irrisória. Hoje, porém, a rede de distribuição d’água aprimorou-se para atingir mais parcelas da população. Apesar das melhorias na infraestrutura do saneamento, o Nordeste apresenta situação precária, em especial, a coleta e tratamento de esgoto adequado. Conforme Tucci (2001), a deterioração dos rios que perpassam cidades urbanizadas recebe esgoto in natura pela falta ou ausência de coleta e tratamento de esgoto doméstico ou industrial. Conforme OMS (Organização Mundial da Saúde) emite Diretrizes sobre o saneamento (2018), onde aponta que o saneamento seguro evita contaminação do meio ambiente e preserva a saúde humana. A relação direta entre o meio ambiente e o homem é pontuada pelas as consequências sofridas em sociedade evidenciando cada vez mais a necessidade de respeitar os sistemas naturais na obtenção do equilíbrio na manutenção da vida humana. Diante disso, faz-se necessário compreender a dinâmica dos sistemas ambientais, que atuam de modo interno e externo, para promover um melhor aproveitamento dos recursos naturais disponíveis e atenuar os seus desgastes, adaptando para as necessidades locais e respeitando as limitações do próprio sistema. A sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras está localizada a noroeste do estado do Ceará, abrangendo nove municípios, tais como: Alcântaras, Cariré, Graça, , Meruoca, , Pacujá, e Sobral. Situa-se nas cartas matriciais do Geoportal Exército de - SA-24-Y-C-VI, IPÚ- SB-24-V-A-III e SOBRAL - SA-24- Y-D-IV, sendo um importante afluente da margem esquerda da bacia hidrográfica do rio Acaraú. Essa sub-bacia hidrográfica, por drenar nove municípios, apresenta comportamentos geoambientais distintos nesses municípios seja pela localização da área drenada possibilitando maior adensamento de ocupação ou por exploração direta do meio com o dispositivo destinado ao lazer. Outro ponto relevante, a sub-bacia em estudo pertence à bacia do rio Acaraú, sendo afluente de maior expressividade da margem esquerda, seja pela predominância aos múltiplos usos d’água como pela sua abrangência territorial. A gestão e conservação dos recursos hídricos, em especial, na região do semiárido deve ter maior presteza na fluidez do acesso e na dinâmica de distribuição desse recurso às comunidades. Com isso, trabalhar bacias hidrográficas a partir do conceito de unidade de planejamento territorial compactua com uma melhor estratégia de manejo e uso desse recurso

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para o desenvolvimento da região e, que sejam mitigados os efeitos nocivos que o homem realiza na tentativa de extrair do meio as potencialidades evidentes, deixando empobrecida uma área em virtude do mau uso (RODRIGUES, 2016). Desse modo, a análise de bacia hidrográfica como unidade territorial possibilita uma interpretação integrada dos elementos sociais, econômicos, culturais e físico-naturais que formam e são formados nesse ciclo contínuo. Com o uso e ocupação dos solos, as fragilidades desses sistemas são acentuadas historicamente acarretando um maior desgaste das áreas de mais adensamento populacional. Contudo, neste trabalho foi proposto realizar uma análise geossistêmica dos sistemas ambientais disponíveis na sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras, sob uma ótica geoambiental, tendo o intuito de contribuir com uma possível conservação ambiental, e dispor de soluções plausíveis para obtenção de melhores condições de uso e ocupação do solo em benefício da melhoria de vida das comunidades dependentes desse recurso.

1.1 Objetivos da pesquisa 1.1.1 Objetivo geral

Analisar os sistemas ambientais da sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras para compreensão da dinâmica natural e social.

1.1.2 Objetivos específicos

• Caracterizar o aspecto físico-ambiental da sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras, com base nos levantamentos de dados pré-existentes e da compreensão dos sistemas ambientais. • Estabelecer a integração das informações geoambientais, obtidas nas análises do meio físico e social com o método geossitêmico. • Propor ações mitigadoras plausíveis com as condições vulnerabilidades dos sistemas ambientais.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLÓGICA

Alguns conceitos são essenciais para uma melhor discussão da temática proposta nesta pesquisa, principalmente no que concerne a relação sociedade e natureza. Sob a ótica geossistêmica é possível pontuar situação entre a interferência humana e a importância vital em manter o equilíbrio ambiental. Dessa forma, as questões ambientais na geografia física tem caráter de planejamento ao serem direcionadas para um melhor uso e ocupação do solo.

2.1 A Paisagem na compreensão do meio ambiente

Historicamente, o estudo da paisagem no âmbito da Geografia foi iniciado no século XV, com o Renascimento, o homem passou a se projetar fora do meio ambiente e perceber que suas ações influenciavam diretamente a dinâmica da natureza ao seu entorno. Para Vitte (2007), a paisagem poderia ser estudada por duas facetas: a primeira, dependendo do olhar do pesquisador, a paisagem se apresentaria conforme o que seria apreendido por meios de pensamentos prévios do autor, e a segunda, a paisagem seria captada pela vivência em comunidade. Essas duas diferentes concepções demonstravam que o entendimento de paisagem resultada da dinâmica dos elementos formadores, mas que dependeria de uma breve percepção ou vivência na paisagem. Desse modo, a inserção da categoria paisagem na Geografia começou no século XIX, mas foi com o Francês George Bertrand (1972), que a conceituação dessa categoria de análise veio aproximar-se do meio ambiente além do descritivo, mas relacionando com o social, cultural, simbólico e dinâmico. Além de Bertrand, outros autores também se dispuseram em estudar a paisagem (SAUER (1963), TUAN (1980), CLAVAL (1999). O estudo da paisagem em busca de entender o meio ambiente propõe romper barreiras cognitivas do real ao abstrato, do simbólico ao lúdico, do físico ao humano. Segundo Bertrand (1972), ao tentar estudar a paisagem é necessário estabelecer um enfoque, delimitar os elementos envolvidos, a escala a ser considerada e a temporalidade. Desse modo, a paisagem não pode ser definida como uma simples adição de elementos naturais e sociais (BERTRAND, 1972), mas é compreendida como dinâmica e diversificada. Na vigência dos estudos ambientais, a paisagem teve maior notoriedade para os fenômenos sociais e naturais. A percepção ambiental deixou a visão naturalista e reformulou- se para uma visão integrada (TELES, 2016). Com isso, a relação da sociedade-natureza

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extrapola a associação de uso e propõem uma análise integrada de todos os elementos que compõem a paisagem. Segundo Bertrand (1972), ao definir a paisagem, reflete:

A paisagem não é a simples adição de elementos geográficos disparatados. É, em uma determinada porção do espaço, o resultado da combinação dinâmica, portanto instável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos que, reagindo dialeticamente uns sobre os outros, fazem da paisagem um conjunto único e indissociável, em perpétua evolução (BERTRND, 1972).

Desse modo, a paisagem é o resultado da união dos elementos, sem acoplá-los, mas os elementos presentes são fundamentalmente necessários para a formação de determinada paisagem. Tendo em vista que a paisagem não é estática, é adaptável conforme aos fatores de formação. Diante da premissa de Bertrand (1972), ao frisar que a paisagem não pode ser retida apenas para a natural, acrescenta que, embora não muito aprofundado, a paisagem é o componente máximo do homem em sociedade, passando para o meio ambiente as interferências antrópicas. Ainda com esse entendimento, Teles (2016), afirma que, os sistemas ambientais podem ser estudados a partir da percepção do pesquisador sobre as mudanças socioeconômicas e, podemos acrescentar as modificações da própria natureza. Todavia, a paisagem que procuraremos retratar neste trabalho será a partir da nossa percepção e juntamente com a teoria bertraniana. Portanto, ela será estudada como resultado das alterações do homem no meio ambiente.

2.2 Análise Histórica Sobre o Geossistema

Em princípio, surge a Teoria Geral do Sistema em 1937, por Ludwig Von Bertalanffy (1975), para fazer contrapartida ao pensamento mecanicista e separatista da época. O pensamento sistêmico foi revolucionário (CAPRA, 2000), ao ponto de proporcionar o entendimento que conforme as particularidades das partes podem estabelecer conexões com o todo. Para Bertalanffy (1975), em sua teoria, a ênfase é dada à inter-relação e interpendência entre os componentes que formam um sistema que é visto como uma totalidade integrada, sendo impossível estudar seus elementos isoladamente. Tendo em vista a

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necessidade de uma visão holística dos fatos para a ciência. O pesquisador faria parte da pesquisa. Porém, há registro de escrito por Alexander Alexandrovich Malinovsky – Alexander Bogdanov (1928), sobre tectologia. Essa teoria trouxe pela primeira vez uma ideia sistêmica ao tentar explicar o universo. Não pode ser considerada uma teoria sistêmica, pois é bem arcaica, mas na época, foi um passo inicial para uma nova direção. Para Bogdanov (1928), o universo é complexo e os elementos estariam estritamente unidos (Mattos, 2013). E, Rodrigues (2016), o pensamento sistêmico alcançou aplicabilidade no campo científico após associar a troca de energia em sistemas abertos e que os sistemas fechados poderiam evoluir e formar um novo sistema. Dessa forma, a TGS (Teoria Geral dos Sistemas) deu bases para o desenvolvimento da Teoria dos Geossistemas. O primeiro pesquisador a propor a Teoria dos Geossistemas foi Victor Sotchava (GUERRA et al. 2012) ao tentar associar com a concepção da Teoria das Paisagens (Landschaft) (GUERRA et al. 2012), resultou que a paisagem seria sinônimo de geossistema. Em 1960, George Bertrand, inicia um novo paradigma geossistêmico para a Geografia física. A concepção de Bertrand (1999) veio reformular os direcionamentos na Geografia que até então eram baseados pela Teoria Geral dos Sistemas apoiada nos critérios de potencial ecológico, exploração biológica e ação antrópica (Figura 1).

Figura 1: Estrutura proposta por Bertrand (1972).

Potencial Ecológico Exploração Biológica

(geomorfológico, clima e (vegetação, solo e fauna) hidrologia)

Geossistema

Ação Antrópica

Figura 1: Esboço da estruturação do Geossistema por Bertrand, 1972.

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Embora houvesse diferença entre as concepções de Sochatva (1963) e Bertrand (1972), era possível destacar uma similaridade ideológica ao enfatizar o pensamento holístico que movia as modificações dos sistemas, sobretudo em manifestar o resultado no meio ambiente e o entendimento que a paisagem era dinâmica e moldada conforme a escala temporo-espacial. Como cita Rosolém (2010), o geossistema associa os territórios naturais num contexto geográfico. Conforme Guerra et al. (2012), para Sotchava, o geossistema englobaria três ordens dimensionais planetária, regional e topológica. E, Bertrand discutiu a existência de seis níveis taxonômicos de acordo com o tempo e espaço, tais como: zona, domínio, região (unidades superiores), geosistema, geofácies e géotopo (unidades inferiores). Porém, a divergência entre esses dois autores está por meio da classificação das paisagens, onde Sotchava utiliza como atributo as formações biogeográficas e Bertrand utiliza a Geomorfologia para a delimitação e formação das paisagens (GUERRA et al. 2012). Diante disso, no Brasil, a influência maior no desenvolvimento da Geografia física, foi embasada na concepção de Bertrand. E, no Ceará, a teoria geossistêmica teve como maior nome o prof. Dr. Marcos José Nogueira de Souza (GUERRA et al. 2012). Segundo Bertrand (1999), ao discorrer sobre a relação de geossistema e o meio ambiente enfatiza:

Entre o geossistema e o meio ambiente, assim como entre o ecossistema e o meio ambiente, há um patamar epistemológico e metodológico (...) Por outro lado, o geossistema constitui um verbete, entre outros, na problemática do meio ambiente. O tempo do geossitema é aquele da natureza antropizada, é o tempo da fonte, das características bio-fisico-quimicas de sua água e de seus ritmos hidrológicos (BERTRAND, 1999).

Dessa forma, o método geossistêmico não tem por si, a grandeza de compreender o meio ambiente conforme sua complexidade. O meio ambiente é complexo e indefinível para ser apreendido a partir de um único conceito e método (Bertrand,1999). Embora haja essa complexidade no meio ambiente, Bertrand (1972) destaca a importância da visão holística da paisagem em contrapartida aos conceitos compartimentados na Geografia. Porém, Bertrand (1972), frisa que o conhecimento sistêmico só seria possível se houvesse um diálogo com os elementos que formavam o sistema (paisagem) e a leitura setorizada dos componentes geoambientais isolados gerariam uma discrepância no método sistêmico.

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Bertrand (1972), categorizou o geossistema em seis níveis taxonômicos de acordo com o tempo e espaço, tais como: zona, domínio, região (unidades superiores), geosistema, geofácies e géotopo (unidades inferiores). A denominação de unidades superiores e inferiores fazem-se necessária para que houvesse um estudo sistemático completo (Bertrand, 1972). Para estudar os níveis taxonômicos da paisagem Bertrand (1971), enfatiza que o geossistema por si não é capaz de obter um sistema que respeitasse os limites dos fenômenos. Diante da complexidade das paisagens e sua dinâmica conforme o tempo e espaço, Bertrand (2004), cita três pontos relevantes. O primeiro refere-se a delimitação. A delimitação é necessária na pesquisa não como objeto fixo, mas como um meio de aproximar a realidade geográfica do pesquisador. O segundo é a síntese. Por meio da síntese seria possível identificar não apenas com um único método das relações elementares da paisagem, mas representa-la como está na realidade. E o terceiro, é a escala. Ao trabalharmos com um objeto sem considerar a escala espacial e temporal não poderemos desenvolver pesquisa alguma. O modelo de geossistêmico bertraniano desmiuça três subsistemas (Passos, 2016): potencial ecológico/abiótico, exploração biológica/biótico e ação antrópica. Desse modo, Betrand inseriu o fator antrópico no pensamento sistêmico levando em consideração que a natureza não é natural, pois não encontra-se separada das ações da sociedade (antrópica) (Passos, 2016), tendo como premissa a necessidade de correlacionar os elementos naturais com as interferências humanas na base de formação das paisagens. O intuito de Bertrand não seria de desmiuçar eventos naturais e sociais com o mesmo método, mas para enfatizar que todos os táxons estão numa paisagem e a sua leitura e interpretação nos leva a entender, de acordo com a escala, a conjuntura holística que forma aquele ambiente. Segundo Passinati (2009), o geossistema engloba elementos sistêmicos e geográficos. Os elementos geográficos assumem caráter biótico, abiótico e antrópicos. E os sistêmicos, podem ser desmiuçados entre: natural, social e histórico (Passos (2016), Passinati (2009)), para formar a paisagem. Porém, a paisagem (clímax do estudo Bertraniano), nos informa que a partir da relação do homem, através do olhar e percepção, que é possível transformar aquela imagem vista, em paisagem. Do contrário, não se forma paisagem. A paisagem compõe um retrato dos eventos ocorridos em um determinado local e deixa registrado, no tempo e na história, toda a exuberância e grandiosidade do meio ambiente e as ações antrópicas. Contudo, a degradação da natureza impactada pela sociedade não impõe

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no modelo sistêmico o compromisso de estudar a sociedade e, sim, o funcionamento do território modificado pelas ações sociais (Passos, 2016). Segundo Nascimento (2003), o meio ambiente não representa um fragmento mecânico, mas um grande sistema interconectado em rede e em dinâmica. Portanto, como cita Lima (2004), a abordagem holística é definida como concepção de que o todo possui propriedades que não podem ser explicadas individualmente, ou seja, assumem papéis de correlação. O ambiente é parte integrante que compõe o processo de construção social (Randolph e Bessa 1993), mas não esquecendo que ele também é físico, químico e biológico (Nascimento, 2006). E, por intermédio das relações o território se consolida diante das funções concretas que se formam (Haesbaert, 2009), e o funcionamento do território modificado pela sociedade (Passos, 2016) influencia na dinâmica natural do meio ambiente num dado estrato temporo-espacial concretizada na fisionomia da paisagem. Conforme Passos (2016), uma paisagem que permanece em silêncio não é uma paisagem, pois as ações que compõem uma paisagem estão em constante modificação e não sendo possível ser estática no seu posicionamento social. Com isso, a relação sociedade e natureza é indissociável e totalmente dependente na manutenção do equilíbrio entre os sistemas.

2.3 Análises dos sistemas ambientais

Para Bertalanfy (1950), os sistemas poderiam ser definidos como conjuntos de elementos que se relacionam entre si. E, segundo Christofolletti (1999), um sistema constitui- se de um conjunto organizado de elementos. Essas concepções foram reformuladas para poderem abranger a complexidade dos elementos formadores e formados por esses sistemas. Com isso, Chorley e Kennedy (1971), faz referências aos atributos dos elementos no sistema. Os atributos podem ser definidos como as funções realizadas por cada elemento num dado espaço possibilitando o desenvolvimento na dinâmica evolutiva do espaço.

De acordo com Rodrigues (2016),

Os fenômenos analisados dentro de um sistema podem ser analisados em si mesmo, denominando-se de subsistema, não existindo limites para a subdivisão em

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subsistemas inferiores, o limite superior é o universo, o que segundo o autor supracitado, torna o conceito de sistema um conceito de aplicação universal (RODRIGUES, 2016).

De acordo com Christofoletti (1979), os elementos que compõem um sistema exercem relações através dos fluxos de energia e matéria dentro do sistema com entradas (input) e saídas (output) de energia e matéria. Essa dinâmica nos sistemas geram outros sistemas, sendo que um sistema nunca deixa de existir, mas pode ser dependente de outros sistemas para continuar a fluidez de energia e matéria. Entretanto, as relações nos sistemas são complexas e não lineares (SOUZA, 2013), fazendo com que cada mudança gere uma ação para a mudança de todo o processo. A mudança pode afetar não apenas os elementos e suas relações, mas também a perspectiva de equilíbrio (HUGGETT, 2007). O sistema está sempre em busca de equilíbrio. Com a lógica geossistêmica, as ações antrópicas são amplamente definidas e influentes na transformação do sistema. Para Bertrand (1972), a análise do geossistema relaciona os elementos naturais com a ação do homem num dado espaço que resulta produto do meio social sendo plausível de interpretação de sistema aberto (CLAUDINO-SALES, 2004). Com isso, o geossistema tem dado suporte para planejamento e gestão sobre os usos ambientais (ROSS, 1990).

Corroborando com Rodrigues (2016),

(...) o uso do método sistêmico, definido como um grupo de ferramentas, que por meio de representações gráficas, matemática e software, propõem modelos que representem e tornem compreensíveis os sistemas apresentados condicionam metodologias e procedimentos técnicos que operacionalizam as pesquisas, potencializando a análise integrada dos elementos ambientais (RODRIGUES, 2016).

Desse modo, análise sistêmica impulsiona uma compreensão da realidade e do meio ambiente. Para Kiche (2008), “compreender o ambiente é entrar num universo complexo”, pois ele se estrutura em dois pilares: um ecológico e outro social, sendo indissociável estudar um sem também, o outro. Concordando com a ideia de Mendonça (2002), ao afirmar a necessidade de se avaliar a participação da sociedade enquanto sujeito ativo diante dos problemas ambientais contemporâneos reforça a dinâmica sociedade e natureza no meio ambiente.

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Segundo Kiche (2008), ao discutir sobre a relação sociedade e natureza, enfatiza:

Os problemas sociais e da natureza são indissociáveis, estudá-los fragmentados não apontarão resultados expressivos e explicativos para resolver os problemas ambientais. Do lado social existe uma cultura que precisa ser substituída; do outro as relações sociais e a acessibilidade aos recursos ambientais precisam ser normatizadas, reguladas de acordo com a definição de critérios para a utilização dos benefícios (ou prejuízos) das riquezas geradas por esse acesso e uso dos produtos e serviços ambientais (KICHE, 2008).

Concomitantemente, Mendonça (1999), ressalta que a o conceito de natureza interage com o de ambiente/meio ambiente, na medida em que busca uma interação homem x meio, compreendendo esse meio como sinônimo de natural, e o homem externo a ele, depois, ao longo do tempo a geografia vai transformando a sua compreensão e passa a inserir o homem dentro desta natureza, pensando o ambiente como um todo: homem/sociedade e seu entorno. A complexidade da relação social com o natural define o modelado da estruturação do espaço num dado tempo e escala. A continuidade das relações (sempre existirá) exprime a necessidade de constantes mudanças para que o sistema obtenha equilíbrio e se mantenha alinhado as necessidades tanto da sociedade como do meio ambiente. Contudo, compreender que um sistema ambiental é composto por meio natural, físico e social não é o suficiente no sentido de mitigar as ações degradantes. A relação de análise integrada pode ser considerada uma melhor opção ao estudar o sistema na totalidade e propor soluções direcionadas.

2.4 Bacia hidrográfica como unidade de planejamento ambiental

A bacia hidrográfica é uma boa proposta para as questões estratégicas que são necessárias para promover um planejamento e gestão dos recursos naturais que visem à melhoria das condições das comunidades dependentes e a sobrevida do meio ambiente. Desse modo, Chistofoletti (1999), atribui:

As atividades humanas estão interferindo sobre as características do ciclo hidrológico em muitos locais da bacia de drenagem. Os impactos são de diferentes categorias, ocasionados por ações deliberadas (mas nem sempre com previsão das consequências) ou inadvertidas, afetando a quantidade e a qualidade das águas e biotas aquáticas.

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Por outro viés, Rodrigues (2016), afirma que a diante do contexto de planejamento e gestão:

(...) a bacia hidrográfica, onde há constante fluxo de energia e matéria entre os elementos, de certo modo, em equilíbrio dinâmico, afetados pelos efeitos da ação socioeconômica, circundadas por setores de maior elevação, visualmente delimitáveis, com características gerais e singulares passivas de mensuração e análise. Portanto, adequadas para planejamento e gestão ambiental.

Desse modo, para Christofoletti (1999), uma bacia hidrográfica pode ser considerada como sistema aberto. Diante disso Mendonça (1999), afirma que num sistema aberto a dinâmica de troca de matéria e energia é necessária para manter a um equilíbrio. Então, a interação dos elementos naturais e sociais influenciam nas limitações e potencialidades existentes na bacia hidrográfica, por exemplo. Segundo Botelho (1999), entende-se por bacia hidrográfica, a área drenada por um rio principal e seus afluentes, que pode ser delimitada a partir das cotas altimétricas estabelecidas pelos divisores de água. E, Albuquerque (2012), reforça ao configura-se espacialmente por meio de uma hierarquia fluvial ou rede de drenagem, que envolve um conjunto de canais desde as nascentes até o ponto de saída ou outlet representados sobre uma base cartográfica. Segundo Coelho Netto (1994), “uma bacia hidrográfica é uma área da superfície terrestre que drena água, sedimentos e materiais dissolvidos para uma saída comum, num determinado ponto de um canal fluvial.” E, para o entendimento de Suguio e Bigarella (1990), é uma área abrangida por um sistema fluvial constituída por um curso principal e seus tributários (afluentes). Para tentar definir uma bacia hidrográfica Christofoletti (1979), propôs alguns critérios no intuito de facilitar a abordagem sistêmica. a. Hierarquia fluvial, que consiste em estabelecer a classificação de determinado curso de água, ou área drenada que lhe pertença, no conjunto total da bacia na qual se encontra; b. A análise linear da rede hidrográfica onde são englobados os índices e relações a propósito da rede hidrográfica, com medições efetuadas ao longo das linhas do escoamento;

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c. A análise real das bacias, com vários parâmetros como as medições planimétricas e medições lineares, onde se incluem a forma da bacia, a densidade hidrográfica, que é a relação existente entre o número de rios e a área da bacia hidrográfica, a densidade da drenagem que correlaciona o comprimento dos canais com a área da bacia, a relação entre as áreas da bacias, que relaciona as bacias de ordens distintas com cada segmento de determinada ordem responsável pela drenagem de uma área, e finalmente o coeficiente de manutenção, proposto por Schumm em 1956, tendo por finalidade fornecer a área mínima para a manutenção de um metro de canal de escoamento; d. A análise hipsométrica procurando estudar as inter-relações entre uma determinada unidade de espaço em relação às faixas altimétricas. Para Tucci (1993), a bacia hidrográfica é uma área de captação natural da água da precipitação que faz convergir os escoamentos para um único ponto de saída, seu exutório. De acordo com Lencastre e Franco (1984), a bacia hidrográfica é uma área definida topograficamente, drenada por um curso de água ou por um sistema interligado de cursos de água tal que todos os efluentes sejam descarregados através de uma única saída. E, Araújo, et al. (2005), afirmam que a bacia hidrográfica se caracteriza por ser constituída por um rio principal e seus afluentes, que transportam água e sedimentos, ao longo de seus canais formando um sistema fluvial. Com a notória importância d’água para o homem, foi sancionada a lei nº 9.433 de janeiro de 8 de Janeiro de 1997, institui a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SNGRH), que regulamenta o inciso XIX do artigo 21 da Constituição e no Título I que trata da Política Nacional de Recursos, afirma em seus fundamentos do Art. 1º que: I - a água é um bem de domínio público; II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais; IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.

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No inciso V do Art. 1º, a bacia hidrográfica tem a possibilidade de ser analisada como unidade territorial, cabendo assim ao poder público o papel de atuar como gestor no planejamento e intervir quando necessário, na área delimitada correspondente à bacia. Reforçado a ideia Albuquerque (2012), afirma ser necessária a delimitação de uma bacia hidrográfica para a gestão desse recurso, proporcionando um recorte espacial sistêmico (CHRISTOFOLETTI, 1999), tendo em vista, que somente através da delimitação da área fluvial, o governo e a sociedade civil podem fazer um reconhecimento dos diversos níveis de usos específicos, formular políticas na área de recursos hídricos, além de apoiar a operacionalização dos comitês de bacias hidrográficas, dentre outros (ALBUQUERQUE, 2012). Todavia, o estudo da bacia hidrográfica constitui um exemplo de recorte espacial utilizado, sobretudo na disciplina de geomorfologia, onde a visão sistêmica é bastante difundida (KICHE, 2008). Com isso, uma bacia hidrográfica torna delimitável espacialmente, onde se pode identificar, caracterizar e analisar os elementos e/ou atributos, sejam físicos ou socioambientais, suas relações e correlações, sua entrada e saída de matéria e energia (RODRIGUES, 2016). A importância da concepção de bacia hidrografica como uma unidade do planejamento territorial engloba além do entendimento físico de conservação ambiental, o de caráter socioeconômico, quando a gestão entra na contramão da legislação e não respeita-se área de delimitação da bacia e causa degradação do recurso (LOURENÇO, 2013), gerando uma degradação aceitável. Todavia, um ponto justificável para utilização da bacia hidrográfica como uma unidade ambiental é a praticidade que este elemento natural oferece para que se possa ter um melhor entendimento dos componentes naturais e da ação humana sobre o processo de renovação/manutenção dessa dinâmica (TORRES, 2016). Ainda, para esse autor, o estudo da bacia hidrográfica pela ótica de unidade ambiental:

(...) pode ser associada sua importância como parte de um sistema ambiental, que num processo de inter-relação entre causa a e efeito participa da totalidade deste sistema. A unidade que se constrói na figura da bacia hidrográfica possui referência na área de captação da água, área drenada por um determinado rio ou por um sistema fluvial (conjunto de terras drenadas entre outros aspectos). Isso impulsiona pensá-la dentro da totalidade na qual está inserida, e não somente em relação a determinados aspectos isolados, como por exemplo, em sua hidrografia, e em todo seu contexto, em seu sistema e em seu complexo (TORRES, 2016).

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Contudo, Nascimento (2014), enfatiza que a medida que a bacia hidrográfica torna-se uma unidade de gerenciamento:

(...) integrado dos recursos naturais, sobretudo dos mananciais com fins de seu aproveitamento -, coloca os recursos hídricos na condição de elemento indispensável à vida e como insumo às atividades produtivas, pois o uso pelas populações para irrigação, indústrias, atividades de lazer, dentre os outros múltiplos empregos, requer fontes em qualidade e quantidade saudáveis e seguras ao mercado (NASCIMENTO, 2014).

No contexto dos múltiplos usos d’água é essencial observação das interferências diretas e indiretas do homem no meio ambiente. Segundo Vicente e Perez Filho (2003) afirma que a interferência do homem no meio pode ser de forma variada fornecendo elementos para uma nova realidade ambiental. E, Christofoletti (1999), afirma que a mensuração da interferência somente pode ser analisada com a delimitação da escala ao estudo da bacia. O fator escala foi elemento evidenciado por Bertrand (1972), ao dimensionar o estudo geossistêmico na fisionomia da paisagem. Como estamos afirmando a necessidade da delimitação (definição de escala) da área da bacia hidrografica no entendimento como unidade de planejamento, reforçamos que para a obtenção mais precisa de análise sobre o sistema de uma bacia hidrográfica é indispensável para o pesquisador definir a escala de estudo, pois somente a partir da escala que podemos quantificar o nível de degradação, pontuar as culturas desenvolvidas, diagnosticar o tipo de subsistência, dentre outros parâmetros a serem analisados. Para Kiche (2008), o estudo de bacias hidrográficas podem ser efetuados em diferentes escalas. No entanto não há uma definição quanto ao tamanho atribuído para cada um dos termos, microbacia, sub-bacia e bacia hidrográfica, ficando a critério do pesquisador. Sendo assim, Segundo Botelho (1999), o conceito de sub-bacia está intimamente subordinado ao conceito de bacia hidrográfica, estando fortemente relacionado aos projetos de planejamento e conservação ambiental. Dessa maneira, entende-se que a possibilidade em gerenciar um recurso hídrico relaciona-se com a eficiência de estimar o uso desse recurso natural de uma maneira que tenham aproveitamento do potencial disponível para seu desenvolvimento e sua produtividade, determinando as melhores maneiras de aproveitamento dos recursos naturais com o mínimo de impactos (PIRES; SANTOS; DEL PRETE, 2008).

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Corroborando com Rodrigues (2016), o entendimento de bacia como unidade de planejamento incide em estabelecer os limites de um espaço físico, onde podem ser desenvolvidos mecanismos voltados para o gerenciamento ambiental com desígnio para o desenvolvimento sustentável e que a comunidade possa ser beneficiada gradualmente para que o recurso explorado seja de maneira atenuada. Portanto, a abordagem sistêmica no estudo de bacias hidrográficas viabiliza uma melhor análise da delimitação espacial, de tal maneira que possa estabelecer, informações necessárias para a identificação da vulnerabilidade ambiental frente às atividades socioeconômicas desenvolvidas ao longo do processo de uso e ocupação.

2.5 Estudo de sub-bacia e microbacia hidrográfica

Ao estudar uma sub-bacia hidrográfica estamos concentrando o campo de estudo hidrológico em um recorte menor do que uma bacia hidrográfica principal. A definição de sub-bacia hidrográfica pode ser descrita como de uma bacia principal, porém com uma escala reduzida. Com isso, uma sub-bacia hidrográfica pode ser compreendida por áreas de drenagens com os tributários (afluentes) do curso d’água principal. Para delimitar sua área de ocupação alguns autores utilizam-se de diferentes dimensões. Para Faustino (1996), as sub-bacias ocupam áreas entre 100 km² a 700 km². Segundo Santana (2003), as bacias podem ser desmembradas de acordo com o ponto de confluência, o comportamento do seu canal coletor, e da faixa de interflúvios (sinuosidade do relevo) que determinam o comportamento de drenagem das nascentes ao leito principal. Com isso, uma bacia hidrográfica interliga-se com outra de hierarquia superior, estabelecendo uma relação de sub-bacia (bacia hidrografia de menor ordem). Portanto, os termos bacia e sub-bacia são relativos aos comportamentos e ligações hidrológicas consideradas e estudadas. Outro termo das subdivisões de uma bacia, é o de microbacia. Nessa definição podemos recorrer além de critérios hidrológicos mais como também, os ecológicos. Segundo Faustino (1996), uma microbacia possui sua área drenagem ligada ao curso principal de uma sub-bacia. Com isso, o conjunto de várias microbacias forma uma sub-bacia, sendo a área de uma microbacia é inferior a 100 km². E para Santana (2003), o termo microbacia foi incorporado no meio cientifico para substituir o termo de sub-bacia hidrográfica.

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Corroborando com a visão de Teodoro et al. (2007), ao apresentar a classificação de uma bacia hidrográfica sob a ótica da hidrologia, pontua:

Do ponto de vista da hidrologia, a classificação de bacias hidrográficas em grandes e pequenas não é vista somente na sua superfície total, mas considerando os efeitos de certos fatores dominantes na geração do deflúvio, tendo as microbacias como características distintas uma grande sensibilidade tanto às chuvas de alta intensidade (curta duração), como também ao fator uso do solo (cobertura vegetal), sendo assim, as alterações na quantidade e qualidade da água do deflúvio, em função de chuvas intensas e ou em função de mudanças no solo, são detectadas com mais sensibilidade nas microbacias do que nas grandes bacias. Portanto, essa explicação contribui na distinção, definição e delimitação espacial de microbacias e bacias hidrográficas, sendo sua compreensão, crucial para a estruturação de programas de monitoramento ambiental, por meio de medições de variáveis hidrológicas, liminológicas, da topografia e cartografia e com o auxílio de sistemas de informações geográficas (TEODORO et al. 2007).

Portanto, na nossa pesquisa optamos por adotar os termos das hierarquias fluviais, tendo como estudo principal a sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras, sendo um afluente de grande potencial ambiental, na margem direita do rio Acaraú (bacia hidrográfica principal).

2.6 Análise das unidades geoambientais do Ceará

O Estado do Ceará está situado na região Nordeste e tem por limites o Oceano Atlântico a norte e nordeste, Rio Grande do Norte e Paraíba a leste, Pernambuco a sul e Piauí a oeste. De acordo com o IBGE (2010), Ceará possui uma área de 148887,633 km², ocupando a 17ª posição em relação extensão territorial. A paisagem cearense apresenta fisionomia bastante diversificada, possuindo terrenos cristalinos encravados na depressão sertaneja, que bordejam as serras úmidas e secas (MEDEIROS et al., 2012), tendo em vista, que a localização no Ceará está na predominância do clima semiárido com presença de alguns enclaves úmidos como glint da Ibiapaba, maciço residual da Meruoca, serra das Matas, planalto da Borborema, por exemplo. Segundo Magalhaes (2010), o território cearense apresenta diferentes paisagens, fruto da dinâmica entre os componentes da natureza e também desses com o homem, revelando a inter-relação do social com o natural no modelado físico-natural do espaço. Desse modo, é possível entender que as unidades geoambientais servem pra direcionar medidas de planejamento dos recursos naturais tendo em vista mitigar a degradação desordenada.

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Para Souza (2005), pelo estudo geossitêmico é possível identificar nos sistemas ambientais as múltiplas relações entre os fatores do potencial ecológico, os fatores de exploração biológica e as condições socioeconômicas do solo. Esse segmento integrado dos elementos possibilita equidade ao entendimento de Tricart (1977), onde este autor divide os ambientes de acordo com três categorias: meios instáveis, meios intergrades e meios fortemente instáveis. Nessa classificação de Tricart (1977), é possível associar o comportamento ambiental à vulnerabilidade das condições geoambientais em função da degradação. O estudo de unidades geoambientais teremos os apontamentos de Souza (2005), por ser considerado um dos trabalhos mais completos em relação a compartimentação das unidades geoambientais do estado. No trabalho deste autor foi apresentado oito unidades geoambientais, por delimitação geomorfologica, sintetizar o conjunto dos componentes geoambientais. Conforme Souza (2005), a análise geoambiental é uma concepção integrativa, sendo que sistemas ambientais são formados por vários elementos que mantêm dependentes mútuos e continuamente submetidos a troca de matéria e energia em busca de equilíbrio. Os componentes geoambientais constituem a estrutura físico-natural-social determinado pelas feições do modelado geomorfológico o seu potencial dinâmico no âmbito do ecossistema, que por meio de suas características peculiares, geram fisionomias paisagísticas singulares dando-nos suporte para a análise integradora do meio ambiente (MAGALHAES, 2010). Assim, corroborando com Medeiros et al. (2015), as unidades geoambientais correspondem com um sistema que representa uma unidade de organização do ambiente natural, ou seja, para existência dos componentes é necessário que cada unidade possa desempenhar suas funções ao ponto de transmitir as potencialidades e limitações dos recursos ambientais. Portanto, o entendimento de unidades geoambientais está estreitamente ligado com a concepção de geossistema. Conforme Souza et al. (2009), o conjunto dos componentes, processos e sistemas de meio físico-geográfico, são expressos através da concepção de unidade geoambiental ou pelo próprio geossistema por entender que todos os elementos são concretizados nas feições da paisagem.

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2.7 Gestão ambiental de recurso hídrico

O conceito de gestão ambiental veio ganhar notoriedade com a necessidade de preservar o meio ambiente para que pudesse manter o mínimo de qualidade dos sistemas ambientais para um possível melhoramento da dinâmica entre os sistemas. De acordo com a Agenda 21, gestão ambiental estaria relacionada com medidas de preservação do meio para prolongar o fluxo natural da natureza junto na sociedade. Diante das diretrizes discutidas na Agenda 21, em 1989, as preocupações ainda permanecem atuais. Direcionar o gerenciamento dos sistemas ambientais promove não apenas mecanismos de defesa, como também, de precaução aos danos antrópicos. Dentre os sistemas ambientais críticos, os recursos hídricos são destaques tanto por nossa dependência direta como por ser um recurso não renovável e de disponibilidade deficitária. Outro ponto agravante além da disponibilidade é a qualidade das águas superficiais que, sofrem com inclusão de resíduos domésticos e industriais em seus leitos. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), as águas superficiais sofrem constantes poluições, em especial, nos centros urbanos, que por sua vez, apresentam saneamento básico deficiente. Mas, além da contaminação das águas superficiais, há também poluição do lençol freático intensificado com construção inadequada de cemitérios, formação irregular de lixões, e ligação clandestina de esgoto doméstico a rede pluvial (boca de lobo). Um avanço na proteção dos recursos hídricos deu-se com a constituição de 1988, onde a água adquire caráter de uso comum. Para garantir o acesso as gerações futuras, foi criado a Lei 9.433, de 8.1.1997, a qual instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Estas leis atribuem a água valores econômicos, usos prioritários e diferentes de manejos.

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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste capítulo, procuramos detalhar todo o processo desenvolvido na pesquisa para o alcance dos objetivos traçados. Como proposta, de campo foi analisada toda a extensão da sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras do período seco (2018), e período chuvoso (2019) e seco de 2019, por meio de definições de doze pontos representativos do potencial morfológico e florístico do semiárido nordestino da área pesquisada.

3.1 Procedimentos de campo

Foram estudadas todas as áreas representativas da sub-bacia, para melhor entendimento das análises dos sistemas ambientais presentes foram analisados doze pontos distribuídos em diferentes feições geomorfológicas. Os doze pontos foram definidos tanto pela representatividade como pelo fácil acesso, onde foram setorizados, abrangendo a sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras (os dois altos cursos, o médio curso e o baixo curso). No alto curso, localizado no Glint da Ibiapaba, definimos áreas de nascentes no total de três pontos. No médio curso, alguns pontos foram escolhidos pela sua relevância hídrica, por apresentar drenagem perene e significativa como, por exemplo, os dois açudes de maior expressividade, como o açude Taquara e o açude Aires de Sousa. Além destes, escolhemos dois pontos em Pacujá, por representar um potencial hídrico perene e intermitente, respectivamente. Outro ponto analisado, na BR 403, com acesso a Cariré, compreende um canal hierárquico de 3ª ordem, sendo fator representativo para região analisada, totalizando seis pontos estudados no médio curso da sub-bacia pesquisada. No alto curso da Serra do Rosário/ Meruoca, o ponto foi escolhido devido a proximidade com o perímetro urbano de Sobral, foi verificado que tanto a Meruoca como a Serra do Rosário possui o mesmo material litológico, motivo de investigação da pesquisa. O distrito do Jordão foi escolhido para análise devido ao tipo de manejo inadequado existente na área investigada (açude do Jordão). O baixo curso em Sobral foi analisado devido ser área de confluência da sub-bacia hidrográfica do Rio Jaibaras com o rio principal, Rio Acaraú, área de grande importância para a região.

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Diante dos doze pontos investigados, foram realizados levantamentos de campo no período de 2018 (estiagem), e no ano de 2019 (chuvoso e seco) para observação da dinâmica dos sistemas ambientais da área. As visitas de campos foram realizadas em três momentos para verificação das diferentes paisagens associadas com as condições ambientais. No trajeto da atividade realizada em agosto de 2018 (primeiro momento de visita de campo), na confluência do afluente rio Jaibaras com a bacia principal, rio Acaraú, no Bairro Sumaré, em Sobral. No momento, averiguamos os elementos geoambientais (flora, fauna, litologia, solos, drenagem e uso), juntamente com associação dos fatores socioeconômicos da comunidade possibilitando uma melhor compreensão do objeto analisado. Essas duas facetas (social e natural) estão intrinsicamente relacionadas e indissociáveis. Foram realizados registros fotográficos de todos os pontos investigados, possibilitando um diagnóstico integrado com as informações obtidas nos produtos geocartográficos gerados. Em agosto de 2018, com ajuda do mapa de localização da área de estudo e caderneta de campo, pontuamos a segunda área analisada no açude do Jordão. No momento foi feita uma observação inicial e identificação de agentes degradantes. O terceiro ponto investigado foi o riacho Logradouro, na Fazenda Cimbaúba, por ser um canal de 3ª ordem e ser um afluente do açude Aires de Sousa. O quarto ponto analisado foi no rio Poços dos Cavalos, em Pacujá. Este rio possui drenagem expressiva sendo de 4ª ordem. O quinto ponto avaliado foi no trecho do rio Jaibaras também em Pacujá. Este trecho do rio apresentava intermitente embora a sua drenagem representa 4ª ordem. O sexto ponto explorado foi no açude Taquara, no distrito de Ararius, em Cariré. Este açude contribui para o fluxo hídrico do açude Aires de Sousa como também para o abastecimento de cidades vizinhas (Pacujá, Mucambo, Ararius). O sétimo ponto explorado localizado na BR 403 que liga Cariré ao distrito de Jaibaras, no riacho Papocu. O oitavo ponto foi no açude Aires de Sousa, no distrito de Jaibaras, Sobral. Este açude contribui para os múltiplos usos d’água para o município de Sobral e de acordo com sua drenagem, possui canal de 5ª ordem. No segundo momento (2019), foram visitadas e identificadas algumas áreas de nascentes localizadas na Cachoeira do Pinga, em São Benedito. O décimo ponto, também em São Benedito (Cachoeira da Mata Fresca). O décimo primeiro ponto fica em Guaraciaba do Norte, no Riacho da Cigarra. Todos os pontos mencionados fazem parte do Glint da Ibiapaba. No terceiro campo realizado no período seco de 2019, foi direcionado ao estudo do alto curso localizado na Serra do Rosário. Com isso, o décimo segundo ponto analisado foi no riacho do Jordão.

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Além das observações locais, associamos os dados com as cartas de curvas de níveis, GPS e mapas geológicos do Ceará (CPRM, 2013). Nas áreas de difíceis acessos tivemos auxílio de trilheiros que foram essenciais para identificação dos locais pesquisados e dos registros fotográficos. Contudo, para a execução desta etapa foi necessário locomoção de veículos com ajuda de “guias” nos trechos que correspondem aos dois altos cursos da sub-bacia em estudo que se localizam nas compartimentações do Glint da Ibiapaba e na Serra do Rosário, por serem áreas de nascentes e de difícil acesso.

3.2 Análise socioambiental

Para análise socioambiental, definimos três municípios que são drenados pela sub- bacia hidrográfica do rio Jaibaras. A escolha dos municípios pautou-se nos critérios: devido a área ser drenada pela sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras com grande expressividade para o município e seus usuários; possuir áreas de nascentes acentuadas que devem ser preservadas; e ter reservatórios relevantes para a região, como também fazer parte da Região Metropolitana de Sobral. Com estabelecimento destes critérios definimos Cariré, Graça e Sobral como os três municípios representativos da área estudada. Nos municípios escolhidos foi realizada uma breve contextualização histórica do processo de emancipação do município, aliado a situação econômica, educacional e saúde. Os dados foram retirados no IBGE, no censo demográfico (2010), e também, do relatório do comitê da Bacia do rio Acaraú para contextualização da composição hídrica dos municípios escolhidos. As relações dos fatores sociais foram necessárias para associar juntamente com os elementos naturais o comportamento do município tanto pelas ligações comerciais definidas como pelo ramo de atuação econômico consolidado na área.

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3.3 Levantamento Bibliográfico

O levantamento de materiais bibliográficos e cartográficos para auxílio durante atividade de campo foi realizado antes da visita de campo para obtermos uma base de identificação da área, como após para contextualizar os elementos encontrados. A visitação em campo aconteceu no período chuvoso de 2018 e 2019, e no período seco de 2019. Percorremos toda a extensão indicada pelos doze pontos e caracterizamos os locais associado com a teoria geossistêmica. Desse modo, compreendemos que o trabalho de campo pode captar, em primeiro momento, empiricamente, os dados foram consolidados conforme o método geossistêmico. Na análise ambiental, juntamente com o método geossistêmico, associamos autores que foram responsáveis pelos elementos naturais para podemos estabelecer conexões do local com o regional. As informações pedológicas tiveram o suporte do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS) disponível pela EMBRAPA Solos, na 5ª edição, de 2018, onde foi possível a identificação dos tipos de solos, como a análise das culturas desenvolvidas na área e detalhamento das formas de manejo. Além disso, usamos os estudos de Diniz (2010) e Costa Falcão (2009), como fonte sobre composição, perda e desgaste do solo. Para os dados geológicos usamos os mapas disponíveis na CPRM (2013) e dados quantitativos e qualificativos (além dos mapas) no IPECE (2017), juntamente com a classificação de rochas e minerais. Em geomorfologia, usamos a taxonomia do relevo de Ross (1992). Na compreensão das feições geomorfológicas, buscamos autores que foram precursores ao contextualizar a região semiárida e os domínios de morfológicos, como Ab’ Saber (2003), Ross (1980), Falcão (2006) e Claudino Sales (2011), onde todos estes desempenharam estudos no ambiente semiárido nordestino. Para a realização do contexto fitogeográfico, associamos na atividade de campo a identificação de algumas espécies de ambientes semiáridos. Após a caracterização empírica, procuramos os nomes científicos das espécies. E, para a contextualização da presença dos tipos fitogeográficos da sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras, embasado por Fernandes (1999).

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Para a realização do contexto da situação climática da área de estudo procuramos os conceitos mencionados de Monteiro (2016), onde tal autor descreve os principais fenômenos climáticos de maior influência para incidência ou não de pluviometria na região Nordeste. Com isso, análise hidrológica, trabalhamos com a geomorfologia fluvial (CHRISTOFOLETTI, 1980), juntando com a hierarquia de canais (STRAHLER, 1952), onde foi possível identificar o comportamento da drenagem no perímetro da sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras. A produção dos mapas dos elementos naturais foi realizada após estudo de campo, com ajuda das informações obtidas na revisão bibliográfica. Utilizamos o softwares ArcGis versão 10.1, licença cedida pela UFC (Universidade Federal do Ceará).

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4 ANÁLISE DOS SISTEMAS GEOAMBIENTAIS DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAIBARAS

Nesse capítulo realizamos uma análise e caracterização dos elementos físicos naturais existentes na área estudada, como geologia, geomorfologia, hidrologia, clima, solos e a vegetação para compreender a dinâmica dos sistemas ambientais por meio dos doze pontos de análise.

4.1 Área de estudo

A sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras localiza-se na porção norte do Estado do Ceará a cerca de 257 km de , ocupa uma área de 1.567 km², situada entre as coordenadas 4°08’50,13’’ e 3°35’41,96’’ de latitude Sul e 40°51’40,51’’ e 40°21’09,92’’ de longitude Oeste. Essa sub-bacia de grande relevância para a bacia hidrográfica do rio Acaraú por suas potencialidades e particularidades paisagísticas (Figura 1). A sub-bacia do rio Jaibaras banha nove municípios do Estado do Ceará conforme mostra a tabela 01. Dentre os municípios que essa sub-bacia drena, destacamos o município de Sobral por utilizar uma boa parcela dos recursos hídricos dessa sub-bacia para o abastecimento.

Tabela 01- Municípios banhados pela sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras1 Total da área banhada pela Município Área total do município sub-bacia do rio Jaibaras (km²) (%)

Alcântaras 138,605 20 Cariré 756,875 58 Graça 281,872 99 Ibiapina 414,938 2 Meruoca 149,845 15 Mucambo 190,602 71 Pacujá 76,128 100 Reriutaba 383,319 22 Sobral 2.122,897 23 Fonte: IBGE, 2017 e Gomes (2011).

1 Os municípios de Guaraciaba do Norte e São Beneditos não foram mencionados aos municípios que são drenados pela sub-bacia do rio Jaibaras, pois a representação na drenagem chega a ser menos de 0,5% e também, o local das áreas de nascentes encontrados ficam no limites com o município do Graça.

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Segundo Christofoletti (1980) a bacia hidrográfica é uma excelente opção de investigação, pois este ambiente é reconhecido como um sistema aberto, onde ocorrem trocas de energias e matéria, sendo um local que abrange todos os organismos funcionando em conjunto com os demais elementos da paisagem. Dessa forma, é importante considerar as características naturais da bacia hidrográfica de modo sistêmico para podermos entender essas características que são heranças que transformam a paisagem (Ab’ Saber, 2003), e são também modificadas com o modo de uso pelo homem. Segundo Bertrand (1972) considera a paisagem como o “resultado da combinação dinâmica de elementos físicos, biológicos e antrópicos, que se relaciona de forma dialética, formando a paisagem um conjunto único e indissociável em evolução.” Ao observar a paisagem compreendemos a importância que os elementos naturais que a compõe são relevantes no processo de formação. Dentre os elementos naturais ressaltamos os geomorfológicos e geológicos por serem os que representam grande influência na definição hidrográfica. Para uma melhor compreensão da área pesquisada sobre a situação dos sistemas naturais em conjunto de uma adequada análise integrada do sistema, definimos doze pontos que contemplam toda a extensão da sub-bacia hidrografica do rio Jaibaras. O primeiro ponto visitado foi na confluência do afluente ao rio principal, rio Acaraú. A confluência localiza-se no bairro do Sumaré, em Sobral, sendo relevante analisar esta área para compreender o sistema ambiental do afluente (rio Jaibaras) com o rio principal, rio Acaraú. O segundo ponto foi no açude que barra o riacho Jordão, na localidade com o mesmo nome. Embora este açude está barrando um riacho de 3ª ordem, o volume superficial hídrico é pequeno. Com isso, nomeamos de ponto dois no nosso roteiro de campo. O riacho Logradouro (terceiro ponto), localizado na Fazenda Cimbaúba, foi escolhido por também ser de 3ª ordem, e ser de fácil acesso. Na Figura 2, estão representados os pontos 1, 2 e 3.

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Figura 2: Registro dos pontos 1, 2 e 3 analisados na sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras.

A B

C D

Foto: O primeiro ponto corresponde com a imagem de “A”, o segundo ponto analisado está exposto na imagem “B” e ponto três está representado nas fotos “C e D”. Fonte: A.J.S.S. 2019.

Seguindo sequência do trajeto, o quarto ponto foi registrado no riacho Poço dos Cavalos, na zona urbana de Pacujá. O quinto, trecho do rio Jaibaras, no município de Pacujá. Estes pontos foram escolhidos por representar drenagem de 4ª ordem de acordo com a hierarquia de canais ( STRAHLER, 1952), e também por drenar toda a cidade de Pacujá , no seu perímetro urbano. E o quinto ponto, definimos por ser um trecho do nosso rio principal da sub-bacia estudada. O sexto, na área de contensão e distribuição das águas do açude Taquara, (para o açude Aires de Sousa, em Jaibaras), na localidade de Ararius, Cariré. A relevância deste ponto foi evidenciado pela construção do próprio açude que serviria como suporte para a manutenção do nível do açude Aires de Sousa, que indiretamente vem abastecer Sobral (em pequena expressividade). O sétimo ponto foi definido por ser de 4ª ordem, e ser inserido em material da formação do Massapê, o riacho Papocu, na rodovia Cariré-Sobral, nas margens da BR 403, conforme figura 3.

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Figura 3: Mosaico dos pontos pesquisados 4,5,6 e 7 da sub-bacia hidrografica do rio Jaibaras.

A B

C D Foto: A: ponte sobre o rio Poço dos Cavalos, em Pacujá. B: trecho do rio Jaibaras que drena a sede urbana de Pacujá. C: ponte sobre o riacho do Papocu com trecho seco, mas com presença de vegetação nas margens. D: ponto de distruibuição d’água do açude Taquara para o açude Aires de Sousa. Fonte: A.J.S.S. 2019..

O oitavo ponto pesquisado compreende ao vertedouro do açude Aires de Sousa, na localidade de Jaibaras, Sobral. Esse ponto foi escolhido tanto pelo açude representar um forte exemplo de desenvolvimento local através dos múltiplos usos d’água como pela sua estrutura geológica e geomorfológica de significância e relevância no arcabouço estrutural e histórico do Nordeste brasileiro (Figura 4).

Figura 4: Visão da parede do açude Aires de Sousa e do ponto de confluência do açude ao rio Jaibaras, sob a base da adutora de abastecimento da cidade de Sobral-CE.

A B

Foto: Em A, temos a visão da parede do açude e da adutora que transfere água para municipio de Sobral. Em B, temos uma visão espacial do ponto. Fonte: A.J.S.S., 2019 e Google Earth (2019), respectivamente, A e B.

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No segundo momento de atividade de campo no período chuvoso de 2019, percorremos os altos cursos para abranger os sistemas que faltava . O nono ponto, corresponde a nascente da Cachoeira do Pinga, e o décimo, nascente da cachoeira da Mata Fresca, localizadas em São Benedito. Estes areas de nascentes foram escolhidas pelo frequente uso de sua área na prática de turismo por aventura. Além de fatores como turismos, procuramos elementos ambientais fossem utilizados pela comunidade seja pelo fornecimento hídrico ou pelo lazer. Com isso , o décimo primeiro ponto, em Guaraciaba do Norte, está localizado na nascente do rio da Cigarra. Este riacho vem proporcionar lazer para a comunidade, não oferencendo abastecimento. Conforme as figuras 5, podemos visualizar as áreas de nacentes localizadas no glinte da Ibiapaba, representando alto curso. Essas nascentes tem expressividade no contexto da movimentação turística

Figura 5: Nascentes localizadas no Planalto de Ibiapaba.

A B

C D

Foto: A e B estão correspondendo a nascente da Cachoeira do Pinga. C representa a nascente da Cachoeira da Mata Fresca e D a nascente do riacho da Cigarra. Fonte: A. J. S. S., 2019.

E por fim, o décimo segundo ponto, na Serra do Rosário, a nascente do riacho do Jordão por ser um riacho de 3ª ordem, onde pensamos que iriamos compreender a dinâmica

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pelo uso deste riacho e encontrar algum agente agressivo em perimetro, além do barramento feito pelo açude do Jordão. Na figura 6, indicamos a area de nascente de inespressivo volume hidrico. A visita do local foi feita em 2019, no mês de março.

Figura 6: Área de nascente do riacho Jordão, na Serra do Rosário.

A B

Foto: Na foto A, e, na B, visão espacial da area de nascente do richo do Jordão. Fonte: A. J. S. S. 2019 e Google Earth (2018), respectivamente.

Para uma melhor compreensão, no mapa 1 podemos espacializar os pontos de análises para um melhor entendimento da extensão da sub-bacia hidrográfica em estudo como também, das diferentes paisagens que foram analisadas e discutidas ao longo deste capítulo.

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4.2 Aspectos geológicos e geomorfológicos

Segundo Bertrand (1972) considera a paisagem como o “resultado da combinação dinâmica dos elementos físicos, biológicos e antrópicos”, que se relacionam de forma dialética, formando a paisagem um conjunto único e indissociável em evolução. Ao observar a paisagem compreendemos a importância que os elementos naturais que a compõe são relevantes no processo de formação. Dentre os elementos naturais ressaltamos os geomorfológicos e geológicos por serem os que representam grande influência na definição hidrográfica. Dessa forma, os aspectos geomorfológicos e geológicos são elementos importantes quando estamos analisando uma bacia hidrográfica. Ao conhecer esses elementos nos permitem compreender a área de estudo levando em consideração a sua estrutura, os fatores de formação endógenos e os exógenos, determinando assim a conjuntura do atual desdobramento geomorfológico. A geomorfologia desde a origem do homem influenciou diretamente na vida do mesmo. Com a evolução do homem, a cerca do entendimento que seria o mundo que o cercava, surgia também, à dependência do homem ao meio. Segundo Casseti (1995) o relevo é um componente do estrato geográfico no qual o homem vive como suporte das interações naturais e sociais. A existência de uma bacia hidrográfica está relacionada com o modelado do relevo (geomorfologia fluvial) sob um tipo de litologia. A geomorfologia Fluvial estuda os processos e as formas de escoamentos dos rios (Christofoletti, 1981). Os rios, por sua vez, são agentes importantes no transporte de material intemperizado das áreas mais elevadas para as mais baixas (Christofoletti, 1981). A dinâmica cíclica de um rio contribui para alimentação das águas subterrâneas e superficiais. Segundo Ross (2001), as formas do relevo ao encontrarem na interface entre litosfera/atmosfera/hidrosfera e sendo produto dela, possibilita uma boa compreensão nas pesquisas de cunho socioambiental. A compreensão dos processos geradores do relevo (endógenos e exógenos) nos permite apreender a funcionalidade dos sistemas ambientais, tendo em vista que a partir da percepção das feições do relevo na paisagem é possível, em primeiro momento, identificar os tipos de feições e a implicação desta na área circunscrita. Para Souza (2000), as unidades geomorfológicas para o Estado do Ceará são fatores que colaboraram para a sua formação, como a estrutura geológica, as diferenciações

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petrográficas (quanto à origem e transformações das rochas), a evolução paleogeográfica, além das derivações locais de clima e vegetação que incidem na evolução morfogenética.. A litologia da sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras apresenta uma diversidade correspondendo com as formações do Aprazível, Massapê, Pacujá e Parapuí, denominando de Grupo Jaibaras, Formação Coreaú, Frecheirinha e Trapiá compondo o Grupo , Complexo Tamboril Santa Quitéria, suíte granitóide Meruoca, Unidade Canindé, Unidade Independência, Grupo Serra Grande. Todas as formações estão compondo arcabouço geomorfológico do Glint sedimentar, maciço residual, depressões sertanejas e planície fluvial. O levantamento das compartimentações geomorfológicas foram elaboradas de acordo com as definições de Souza (2000) e Ab’Saber (2003), analisando as formas do relevo da escala macro ao micro. Com isso, as feições presentes na área de estudo podem revelar junto aos aspectos naturais, como está atuação da dinamicidade antrópica ao longo da sub- bacia hidrográfica do rio Jaibaras. No mapa 02, é possível visualização da diversidade litológica da sub-bacia do rio Jaibaras. De acordo com as definições estabelecidas por Souza (2000), as unidades morfoestruturais: Domínio dos Depósitos Sedimentares Cenozoicos (Planícies Fluviais, Litorâneas e Tabuleiros); Domínios das Bacias Paleomesozóicas (Chapada do , Chapada do Apodi e Planalto da Ibiapaba); Domínios dos Escudos e Maciços Antigos (Planaltos Residuais e a Depressão Sertaneja). Por sua vez, a sub-bacia hidrografica do rio Jaibaras abrange o Domínio Dos Depósitos Sedimentares (Planície Fluvial), Domínio das Bacias Paleomesozoicas (Planalto De Ibiapaba) e o Domínio do Escudo Cristalino e os Maciços antigos (Maciço Residual da Meruoca e a Depressão Sertaneja). De acordo com as definições estabelecidas por Souza (2000), as unidades morfoestruturais: Domínio dos Depósitos Sedimentares Cenozoicos (Planícies Fluviais, Litorâneas e Tabuleiros); Domínios das Bacias Paleomesozóicas (Chapada do Araripe, Chapada do Apodi e Planalto da Ibiapaba); Domínios dos Escudos e Maciços Antigos (Planaltos Residuais e a Depressão Sertaneja). Por sua vez, a sub-bacia hidrografica do rio Jaibaras abrange o Domínio Dos Depósitos Sedimentares (Planície Fluvial), Domínio das Bacias Paleomesozoicas (Planalto De Ibiapaba) e o Domínio do Escudo Cristalino e os Maciços antigos (Maciço Residual da Meruoca e a Depressão Sertaneja).

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Conforme definição do IBGE (2002),

Depósito sedimentar quaternário é constituído pelas áreas de acumulação representadas pelas planícies e terraços de baixa declividade e, eventualmente, depressões modeladas sobre depósitos de sedimentos horizontais a sub-horizontais de ambientes fluviais, marinhos, fluviomarinhos, lagunares e/ou eólicos, dispostos na zona costeira ou no interior do continente (IBGE, 2002).

Essa compartimentação compreende com a divisa do CE com o PI, de norte a sul através de um escapamento continuo. Segundo Lima et al., (2000), corresponde com um relevo dissimétrico, cujo front escapado contrasta com uma vertente de suave declive topográfico. Apresenta também, uma cornija de material arenítico que faz reborda por todo planalto. Com base na área pesquisada, os municípios que influenciam na drenagem fluvial da sub-bacia hidrografica do rio Jaibaras correspondem as cidades de Guaraciaba do Norte e São Benedito com altimetria de 930m. De acordo com o seu material de origem, em Guaraciaba do norte e São Benedito, evidenciamos a formação Serra Grande com presença de arenitos conglomerados, com seixos quartzosos arrendondados ou subangulosos, com intercalações de siltitos e de folhelhos (LIMA et al., 2000). Os Domínios dos escudos cristalinos e maciços residuais tem maior abrangência no território cearense. Segundo Ab’ Saber (1999), a depressão sertaneja é considerada como herança dos eventos passados e que, continuam em constantes modificações.

A depressão sertaneja é a unidade geomorfológica de maior representatividade no semiárido Cearense. Segundo Ab’Sáber (1999), essas áreas são resquícios de uma longa história fisiográfica, comportando-se como remanescentes de uma vasta rede de planícies de erosão, sendo regiões de aplainamento desenvolvidas entre as chapadas e os maciços residuais, em material cristalino. Os aplainamentos se fizeram por mecanismos de arrasamento de solos e plainações laterais (AB’SABER, 1999). Desse modo, na sub-bacia hidrografica do rio Jaibaras está cerca de 80% com altimetria de 58-300m caracterizando uma superfície aplainada (depressão sertaneja) (MEIRELES, 2005). As aplainações dos fins do Terciário pouparam massas de rochas resistentes, dando origem a inselbergs (AB’SABER, 2003). Na abrangência desse domínio na sub-bacia hidrografica do rio Jaibaras, a litologia pode ser representada pelas formações Suíte Granitoide Meruoca, presente no maciço residual

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da Meruoca e da Serra do Rosário. E, para a composição da depressão sertaneja tem-se a Formação Aprazível, Formação Pacujá, Formação Parapui, Formação Frecheirinha, Formação Coreaú, Unidade Canindé, Formação Massapê e Complexo Tamboril Santa Quitéria. Segundo Lima et al (2000), a planície fluvial constitui uma “compartimentação formada por existência de interflúvio e, são formadores de ambientes diferenciados no semiárido por abrigarem variedade solo, vegetação e estrato litográfico.” Apesar de ser uma compartimentação com pouca expressividade, as planícies fluviais, expressam ambientes de exceção no clima semiárido do Ceará (LIMA et al., 2000). Dessa forma, a diversidade geológica nessa compartimentação na sub-bacia hidrografica abrigam rochas sedimentares (folhelhos, arenitos, micáceos), metamórficas (gnaisse, quartizitos, filitos, basalto), e ígnea (granito). A distribuição das rochas encontradas apresentavam, na grande maioria, concentradas, com ressalva da formação Aprazível e Parapui que constituíam enclaves na formação Pacujá. Com isso, a sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras apresenta uma diversificada amostragem litológica, conforme mapa 03. Dentre os grupos de grande expressividade na área de estudo, tem-se o Grupo Jaibaras. Esse grupo, da sequência do paleozóico, foi caracterizado por Small (1914), justificado pela presença de grábens, os quais foram formados durante a tectônica Brasiliana. Segundo Soares (2017), ao definir o Grupo Jaibaras, afirma:

O Grupo Jaibaras constitui uma sequência de sedimentos continentais e vulcânicas toleiticas e alcalinas, formadas durante o fim do ciclo Brasiliano. Estas rochas são encontradas em uma série de grabens e meio-grabens, gerados por falhas normais e por reativações de zonas de fraqueza do lineamento Sobral-Pedro II (SOARES, 2017).

Segundo Quadros (2014), ao descrever o Grupo Jaibaras afirma que:

O modelo proposto para o Grupo Jaibaras encontra-se representado em dois estágios: Estágio I - formação de leques aluviais (Formação Massapê), com passagens gradacionais na sua porção distal para um sistema deposicional lacustre ou marinho plataformal (Formação Pacujá); Estágio II - extensão da sedimentação lacustre em uma área de deposição mais ampla (Formação Pacujá), interagindo com um sistema de leques aluviais nas bordas da bacia (Formação Massapê). Esses sistemas foram formados em uma bacia de assoalho do tipo horts e grabens , onde o maior dos grabens encontra-se representado pela Bacia de Jaibaras (QUADROS, 2014).

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O Grupo Jaibaras é composto pelo conjunto de quatro formações: Aprazível, Massapê, Pacujá e Parapuí. A formação Aprazível foi introduzida por Kegel et al.(1958), para os conglomerados que ocorrem às margens rodovia BR-222. Essa formação ocorre a leste do granito Mucambo e segue a direção NE pela falha Sobral-Pedro II que a colocou em contato com o granito ortoconglomerados grossos e polimíticos, com matriz arcoseana e, normalmente, sem acamamento caracterizando um ambiente fluvial. Na figura 7, a formação Aprazível está dessecada com a presença de ortoconglomerados junto com linhas e falhas na direção NE-SW. Esse ponto foi registrado na BR 403, na margem da rodovia que liga Sobral- Cariré.

Figura 7: Formação Aprazível na margem da BR 403.

Foto: Formação Aprazível com direção das falhas NE-SW conforme exemplificado pela seta indicativa. Fonte: A.J.S.S. 2019 e Google Earth 2018.

Os elementos litológicos encontrados na sub-bacia do rio Jaibaras estão dispostos na Tabela 02. Na tabela 02, encontramos além da formação das litologias a compartimentação em que é presente. Desse modo, estabelecemos a união de dados básicos da morfoestrutura da sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras. Com isso, no mapa 03 sintetizamos os dados das composições litológicas e identificamos com os doze pontos de análise para uma melhor observação da área de estudo.

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Tabela 02: Disposição geral litológico da sub-bcia hidrográfica do rio Jaibaras. Litoestratigrafia da sub-bacia do rio Jaibaras Unidade Litologia Compartimentação

Ortoconglomerados brechóides, de matriz arenoarcoseana cinzenta, Formação com seixos de gnaisses, granitóides, Depressão sertaneja Aprazível quartzitos, filitos e arenitos.

Granito ortoconglomerados grossos e polimíticos, com matriz arcoseana, Formação Pacujá Planície fluvial, com coloração avermelhada e depressão sertaneja. cinzenta.

Basaltos (em parte amigdaloidais/ vesiculares e/ou espilitizados/queratofirizados), andesitos, riolitos (com fases Formação Parapuí porfiríticas e ignimbríticas), gabros, Depressão sertaneja diabásios e dacitos, somando-se Grupo Jaibaras seções marcadas por associações vulcano-vulcanoclástica e piroclástica.

Arenitos líticos e arcoseanos, micáceos e de granulometria variável, folhelhos e siltitos Depressão sertaneja e Formação vermelhos, micáceos, leitos planície fluvial Massapê conglomeráticos; cores escura, roxo-avermelhada

São subarcóseos e arcóseos, Formação Coreaú grauvacas e grauvacas Depressão sertaneja e conglomeráticas. planície fluvial

Metacalcários, metassiltitos e Formação metaquartzitos escuros; formada Depressão sertaneja Frecheirinha também por Hornfels, que são termometamorfitos derivados de litotipos das formações Trapiá e Grupo Ubajara Coreaú. Quartzitos conglomeráticos, Depressão sertaneja Formação Trapiá arenitos grossos, metarenitos finos a médios com matriz síltico-argilosa

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- Formação Ipu é composta de arenitos, conglomerados, arenitos conglomeráticos e diamictitos. - Formação Tianguá é composta de três membros: (1) folhelho preto a Planalto sedimentar e Grupo Serra Grande cinza escuro, siderítico, bioturbado depressão sertaneja ou laminado, síltico; (2) arenito fino a médio, com intercalações de folhelho, feldspático, cinza esbranquiçado e (3) folhelho e siltito intercalados, cinza escuros a verdes, micáceos, sideríticos.

-Migmatitos de estruturas variadas e Complexo Tamboril gnaisses. Depressão sertaneja Santa Quitéria

- Gnaisses e gnaisses migmátitos. Depressão sertaneja e Unidade Canindé planície fluvial - Xistos, quartzitos, gnaisses, calcários cristalinos (mármores) e Depressão sertaneja Unidade Independência rochas calcissilicáticas.

- Granitos Suíte Granitóide de Maciço residual Meruoca cristalino Fonte: Adaptação Cavalcante et al. (2003), Cavalcante; Padilha (2005), Caputo (1984). Elaboração: A. J. S. S. (2019).

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4.3 Condições Climato-hidrológicas

No contexto do semiárido cearense, o clima é quente, apresentando alguns enclaves com temperaturas brandas devido altimetria acentuada como do planalto da Ibiapaba, maciço residual da Meruoca e a serra do Rosário que compreendem destaques na sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras. Desse modo, a sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras pode ser considerada de regime intermitente por ter influência direta da pluviometria insuficiente apresentada no Nordeste (AB’ SABER, 2000). A incidência da quadra chuvosa é concentrada em, aproximadamente, no primeiro trimestre do ano. Além da concentração pluviométrica, também ocorre a irregularidade hídrica no tempo e no espaço cearense. Como a composição geológica do Ceará é oriunda de rochas cristalinas que, por sua vez, dificultam a infiltração d’água no subsolo (MONTEIRO, 2016), e com o favorecimento de uma percentual maior evaporação que tende a diminuir a retenção hídrica dos corpos d’água. A diminuição da capacidade do acúmulo nos reservatórios favorece ao desencadeamento de medidas mitigadoras ao uso racional d’água. Contudo, a irregularidade pluviométrica é ocasionada por fenômenos climáticos que refletem diretamente no âmbito social, cultural, econômico e natural de todo o ambiente (DINIZ, 2010). Com isso, as relações físico-naturais são mais intensificadas. Conforme Diniz (2010), ao mencionar a relação dos elementos que compõem a paisagem semiárida, diz:

A exposição de unidades litoestratigraficas predominantemente com rochas cristalofilianas, com propriedades geomorfológicas peculiares e com clima megatérmico, favorecedor de altas temperaturas e balanço hídrico deficitário, associado a escassez de chuvas, colaboram para aumentos das perdas por evaporação, provocando diminuição hídrica substancial das coleções hídricas, principalmente durante as secas (DINIZ, 2010).

Segundo Ferreira et al. (2005) o clima da região Nordeste, em especial, no Ceará pode ser resultado das alterações climáticas naturais como também pela atuação do homem na quebra do ciclo natural. Os fenômenos climáticos que resultam na condição semiárida do Ceará podem ser descritos como a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis (VCAN), Linhas de Instabilidade (LI), Frentes Frias, Complexos

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Convectivos de Mesoescala (CCM), Sistemas de Brisas e Temperatura da superfície do mar (TSM). Além destes fenômenos, Monteiro (2016), acrescenta o El Niño, a La Niña. Esses fenômenos climáticos, também, explicam o período chuvoso ou a evidência da seca no Ceará. O clima influencia diretamente na vida do sertanejo. Por meio do clima, as práticas econômicas, culturais e místicas são mais intensificadas. O período de seca no Nordeste carrega a significância de resistência. Com isso, para que haja ou não chuva no Nordeste é necessário que os eventos climáticos tenham expressividade e dependendo do fenômeno atuante, a probabilidade pluviométrica seja maior ou não. Os fenômenos mais expressivos para incidência de chuvas no Ceará são o El Ninõ e Temperatura da Superfície do Mar (TSM) (MONTEIRO, 2016). A ocorrência do El Niño ou La Niña é resultado de uma desordem na alteração da temperatura da superfície marítima (TSM) (MONTEIRO, 2016). O El Niño implica na elevação da temperatura e a La Niña, oposto. Esses fenômenos atuam diretamente na ocorrência de chuvas ou ausência no Nordeste

A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) caracteriza-se por uma faixa de nebulosidade descontínua, pois é composta de aglomerados distintos de nuvens, os quais são separados por regiões de céu claro (Mendonça e Danni-Oliveira, 2011). A ZCIT é formada, principalmente, pela confluência dos ventos alísios do hemisfério norte com os ventos alísios do hemisfério sul, em baixos níveis (o choque entre eles faz com que o ar quente e úmido acenda e provoque a formação das nuvens), baixas pressões, altas temperaturas da superfície do mar, intensa atividade convectiva e precipitação (FERREIRA et al. 2005). A ZCIT é representada como uma faixa móvel e em constante deslocamento (MONTEIRO, 2016).

As Frentes Frias são bandas de nuvens organizadas que se formam na região de confluência entre uma massa de ar frio (mais densa) com uma massa de ar quente (menos densa) (FERREIRA et al. 2005). O mecanismo de formação de nuvens nessa confluência funciona com a massa de ar frio penetra sob a massa de ar quente, forçando que a massa de ar quente suba encontre umidade formando nuvens e precipite.

Os Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis (VCAN) são um conjunto de nuvens que têm a forma aproximada de um círculo girando no sentido horário (FERREIRA et al. 2005). A formação dessas nuvens causadoras de chuva e no centro há movimentos de ar de cima para baixo (subsidência), aumentando a pressão e inibindo a formação de nuvens. O sistema vórtice forma um arranjo ordenado que impulsiona as chuvas para a periferia do sistema.

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As Linhas de Instabilidade (LI) são bandas de nuvens causadoras de chuva, normalmente do tipo cumulus, organizadas em forma de linha (FERREIRA et al. 2005). A formação dessas nuvens se dá pelo fato de que com a grande quantidade de radiação solar incidente sobre a região tropical ocorre o desenvolvimento das nuvens cumulus. Outro fator que contribui para o incremento das LI é a proximidade da ZCIT (Mendonça e Danni- Oliveira, 2011).

Os Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM) são aglomerados de nuvens que se formam devido às condições locais favoráveis como temperatura, relevo, pressão, etc., e “provocam chuvas fortes e de curta duração, normalmente acompanhadas de fortes rajadas de vento (FERREIRA et al. 2005).”

Diante disso, os sistemas climáticos são mecanismos dispostos que, se obterem alguma alteração no dimensionamento, o resultado pode ser com incidência de chuvas ou ausência para o Nordeste. No mapa 04, observamos a distribuição climática na sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras.

Com dependência direta da pluviometria, o nível dos principais reservatórios é que garantem a continuidade de sobrevivência no período de estiagem. Com evidência a tal fenômeno, desde 2009, que no Nordeste não apresentava um regime pluviométrico expressivo. Não saindo dessa restrição pluviométrica, a sub-bacia do rio Jaibaras apresentou nos seus dois principais reservatórios públicos (Aires de Sousa e Taquara) déficits e ganhos gradativos. Com base os dados da COGERH (2019), fizemos a tabela 04 para melhor entendimento.

Tabela 03: Situação da pluviometria nos período de 2009-2017, nos açudes Aires de Sousa e Taquara.

Observação de precipitação anual em mm

Açude 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Aires de 1581.7 487.2 1185.1 419.9 616.6 526.0 634.9 768.2 855.3 Sousa

Taquara2 0 0 0 0 516.1 512.7 569.0 748.9 861.2

Fonte: FUNCEME, 2019.

2 O açude Taquara foi concluído em 2012.

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4.4 Recurso hídrico

A existência de uma bacia hidrográfica está relacionada com o modelado do relevo (geomorfologia fluvial). A geomorfologia Fluvial estuda os processos e as formas de escoamentos dos rios (CHRISTOFOLETTI, 1981). Os rios, por sua vez, são agentes importantes no transporte de material intemperizado das áreas mais elevadas para as mais baixas (CHRISTOFOLETTI, 1981). A dinâmica cíclica de um rio contribui para alimentação das águas subterrâneas e superficiais. O processo natural representado pelo fluxo de águas provenientes das áreas mais elevadas de drenagem para a foz de um sistema fluvial irreversível, no qual a energia é transformada com o aumento da entropia (degradação), e esta então pode ser considerada como medida da energia disponível em um sistema para realizar trabalho. Quanto maior a entropia, menor a quantidade de energia disponível para o trabalho mecânico (erosão, transporte, deposição) (CHRISTOFOLETTI, 1981). A Sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras possui em seu perímetro de drenagem, dois pontos de Alto Curso (AC), um localizado, no Glint da Ibiapaba, e o outro, no maciço residual da Meruoca. Essas áreas de maiores amplitudes facilitam o escoamento do rio Jaibaras até o rio principal, Acaraú. Na sua morfologia fluvial, apresenta na maior parte de sua drenagem, no médio curso (MC). No médio curso desta sub-bacia é o mais representativo no sentido do desenvolvimento das comunidades fluviais que dependem desse corpo hídrico, pois os investimentos na açudagem nessa sub-bacia concentram-se nessa superfície mais aplainada, tendo como principais reservatórios os açudes Aires de Sousa e Taquara. E, o baixo curso (BC) sendo na intersecção ao rio principal (rio Acaraú), se faz no perímetro urbano da cidade de Sobral (mapa 05).

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Ao analisarmos a morfologia fluvial dessa sub-bacia hidrográfica, as características de tipologia de leito, tipologia dos canais, tipologia de padrões de drenagens, analisadas em conjunto, promovem uma dinâmica peculiar das águas correntes que, associada a uma geometria e hidráulica, culmina em processos específicos fluviais de erosão, transporte e deposição (CUNHA 2001). Contudo, Coelho (2008), afirma que:

Os processos de erosão, transporte e deposição de um sistema fluvial variam no decorrer do tempo e espaço sendo sistemas dinâmicos e interdependentes, resultando não apenas das mudanças do fluxo, como também da carga existente. O estudo desses fatores não ser analisados separadamente (CUNHA, 2001).

A drenagem da sub-bacia hidrografica do rio Jaibaras é exorréica, sendo que o rio Jaibaras é afluente do rio Acaraú (na margem esquerda), apresenta escoamento dendrítico, com interrupções da drenagem do rio em alguns trechos e coadunando com o regime intermitente pluviométrico do Nordeste brasileiro. A sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras possui dois principais reservatórios que são destinados principalmente para o abastecimento humano. Os açudes são Aires de Sousa e Taquara. O primeiro, construído em 1936, destinado ao múltiplo uso d’água e o segundo, construído em 2012, primordialmente, ao abastecimento humano. Esses dois reservatórios foram construídos com investimentos distintos. O açude Ayres de Sousa, localizado no distrito de Jaibaras, foi construído em 1936 para promover o desenvolvimento econômico e social da comunidade que a barragem foi construída, como para a cidade de Sobral. “A proposta inicial pela construção do açude foi a implantação do Perímetro Irrigado Ayres de Souza- PIAS, mas com o passar do tempo foi-se consolidada a ideia de reservatório abastecer Sobral (sede e alguns distritos) (PORTELA, 2006).” O açude Taquara, localizado no distrito de Ararius- Cariré, foi construído por meio de investimento do governo federal que por meio do Programa Sustentável de Recursos Hídricos da Região do Semiárido Brasileiro – PROÁGUA iniciou-se sua construção. Em 2009, os investimentos para sua construção foi da iniciativa Programa de Aceleração do Crescimento-PAC até 2010 (DNOCS, 2008).

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Segundo DNOCS (2008), no relatório de tal ano, cita:

A barragem de Taquara localiza-se no rio Jaibaras, afluente pela margem esquerda do rio Acaraú, a cerca de 1,5 km do distrito de Arariús, no município de Cariré-CE. A barragem do tipo maciço de terra com 31m de altura, 2.547m de extensão de coroamento de 7 metros largura, terá capacidade para acumular 274 milhões de m³ de água. O reservatório se destina ao abastecimento urbano de Cariré, Mucambo, Graça, Pacujá, distrito de Rafael Arruda e o povoado de Cacimbas, beneficiando uma população de cerca de 26.000 habitantes, irrigação, piscicultura e perenização do rio Jaibaras à montante do açude Ayres de Souza. A barragem Taquara pertence ao sistema hidrográfico do rio Acaraú e, juntamente com os açudes Ayres de Souza e Jaibaras, contribuem para ampliar a capacidade de armazenamento de água destinada ao abastecimento de Sobral e ao perímetro irrigado do Baixo Acaraú (DNOCS, 2008).

Desse modo, é evidente a importância da sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras para a manutenção da vida (humana e animal) nos noves munícipios que dela dependem. Segundo Fontes (2010), uma bacia hidrográfica é a área da superfície terrestre drenada por um rio principal e seus afluentes. Representa a área de captação natural da água da precipitação que faz convergir o escoamento para um único ponto de saída, o exutório. O perímetro de drenagem é delimitada pelos divisores de água (interflúvios), que marcam o limite topográfico da zona de abastecimento. (CHRISTOFOLETTI, 1981). Em um rio, “a velocidade das águas depende de fatores importantes como a declividade do perfil longitudinal” (CHRISTOFOLETTI, 1981), “o volume das águas, a forma da seção transversal, o coeficiente de rugosidade do leito e viscosidade da água, fazendo com que a velocidade das águas tenha variações nos diversos setores do canal no qual ele flui (BIGARELLA, 2009).”

4.4.1 Microbacias do rio Jaibaras

A sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras é afluente do rio Acaraú, pela margem esquerda. Mas, a formação territorial hídrica nos apresentou com um rio principal (rio Jaibaras) e outros que inserem no canal principal. Com isso, o rio Jaibaras possui 13 microbacias (mapa 06), que podemos separá-las pelas margens direitas e esquerdas (tabela 05)

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Tabela 05: Microbacias da sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras. Compartimentação Microbacia Comprimento do canal (Km) geomorfológica Rio Jaibaras Glint da Ibiapaba, superfície 90 de aplainamento, planície fluvial. Riachão Superfície de aplainamento, 30 planície fluvial. Riacho Seco Superfície de aplainamento, 42 planície fluvial. Riacho Papocu Superfície de aplainamento, 20 planície fluvial. Poço Cercado 12 Serra de Carnutim, planície fluvial Forminha 8 Serra de Carnutim, planície fluvial Riacho Montaninha 10 Serra de Carnutim, planície fluvial Riacho Pitomba 5 Superfície de aplainamento, planície fluvial. Riacho Urubu 6 Superfície de aplainamento, planície fluvial. Riacho Logradouro 15 Superfície de aplainamento, planície fluvial. Riacho Santa Luzia Superfície de aplainamento, 7 planície fluvial. Riacho Jordão Serra do Rosário, superfície de 6 aplainamento, planície fluvial. Riacho Boqueirão Maciço residual da Meruoca, 25 superfície de aplainamento, planície fluvial. Elaboração: A.J.S.S., 2019.

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4.4.2 Hierarquias de canais

A drenagem de um corpo hídrico está inteiramente relacionada com a declividade do relevo. Com isso, para Christofoletti (1980), “a hierarquia fluvial consiste numa classificação dos cursos d’água no conjunto total da bacia hidrográfica (ou sub-bacia).” Desse modo, a hierarquia foi evidenciada por Strahler (1952), ao estabelecer ordens nos canais hídricos. As ordens estavam voltadas pela para os tributos que seriam desaguados em seu leito, ou seja, quanto menor a ordem menor os canais que recebe sua drenagem. A sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras “possui canal de 5ª ordem, ou seja, os canais a partir da confluência de dois canais de quarta ordem, podendo receber tributário de primeira, segunda, terceira e quarta ordem (CHRISTOFOLLETTI, 1979).” Nas microbacias do rio Jaibaras, apenas uma (microbacia do Rio Jaibaras) apresenta hierarquia fluvial de 5ª ordem, com a 4ª ordem tem quatro (micro bacia do rio Jaibaras, microbacia do Riachão, microbacia Montaninha e microbacia do riacho Logradouro), com 3ª ordem tem onze (microbacia do rio Jaibaras, microbacia do Riachão, microbacia do Riacho Seco, Microbacia do Riacho do Papoco, microbacia do Poço dos Cercados, microbacia Forminha, microbacia do Riacho da Montaninha, microbacia Riacho da Pitomba, microbacia do Riacho do Urubu, microbacia Riacho Logradouro, microbacia Riacho do Jordão, microbacia Riacho do Boqueirão), com 2ª e 1ª ordem tem as trezes microbacias, conforme o mapa 07.

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4.5 Caracterização pedológica e fitogeográfica

O solo é “resultado da interação de vários processos pedogenéticos (MESQUITA, 2016).” Deste modo, Lepsch (2011), apresenta a definição de solo expressa pelo Soil Suevey Manual como:

A coleção de corpos naturais que ocupam partes da superfície terrestre, os quais constituem um meio para o desenvolvimento das plantas e que possuem propriedades resultantes do efeito integrador do clima e dos organismos vivos, agindo sobre o material de origem e condicionado pelo relevo durante certo período de tempo (LEPSCH, 2011).

Os solos são elementos que sofrem danos do meio externo caso não haja uma proteção. A vegetação, além de outros benefícios naturais, desempenha o papel de atenuar os efeitos da erosão, por exemplo. Na sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras observamos a predominância dos Neossolos Litolicos com associação da caatinga arbustiva. Conforme a figura 08, podemos identificar os solos citados como também a presença de material volátil que caracteriza material de fundo do rio.

Figura 08: Demonstração de alguns pontos de análise da área de estudo.

A B

C D

Foto: a imagem A representa o P1(confluência), a B sendo P3 (Riacho Logradouro), a C refere-se ao P2 (Riacho Jordão) e a D trata-se do P5 (Rio Jaibaras). Fonte: A.J.S.S, 2019.

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Em conformidade com as imagens anteriores, os solos apresentados são Neossolos Litólicos. A composição da paisagem é divergente, pois além da falta de vegetação expressiva (como exemplo na imagem D) há a predominância de caatinga arbustiva. Outro elemento relevante, na imagem A, o dique marginal artificial recoberto por gramíneas representa suporte para tal estrutura que, pela inclinação tem maior facilidade de sofrer carreamento em direção ao leito do rio Jaibaras. Contudo, o solo nas diferentes paisagens implica não apenas como suporte físico para as plantas, “mas sua funcionalidade ambiental representa uma interação dos elementos formadores que posteriormente, vem até nós em forma de nutrientes” (MOTTA e BARCELLOS, 2007). Com isso, o solo representa um elemento natural na manutenção da vida. Os solos identificados na sub-bacia hidrografica do rio Jaibaras tendo maior quantidade os Neossolos Flúvicos, apesar dos enclaves presente na extensão da sub-bacia do rio Jaibaras, os neossolos apresentam maior expressividade na área em estudo (Mapa 08). Na tabela 05, podemos visualizar as definições dos solos presentes na sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras em conformidade ao Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS) disponível pela EMBRAPA Solos, na 5ª edição, de 2018.

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Tabela 05: Descrição dos tipos de solos encontrados na sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras. Solo Descrição São solos constituídos por material mineral, apresentando Argissolo horizonte B textural imediatamente abaixo do A ou E, com argila de atividade baixa ou com argila de atividade alta desde que conjugada com saturação por bases baixa ou com caráter alumínico na maior parte do horizonte B. Solos constituídos por material mineral com horizonte A ou E Planossolo seguido de horizonte B plânico. Horizonte plânico sem caráter sódico perde em precedência taxonômica para o horizonte plíntico. Solos constituídos por material mineral ou por material orgânico pouco espesso que não apresenta alterações expressivas em relação ao material originário devido à baixa intensidade de Neossolo atuação dos processos pedogenéticos, seja em razão de características inerentes ao próprio material de origem (como maior resistência ao intemperismo ou composição químico mineralógica), seja em razão da influência dos demais fatores de formação (clima, relevo ou tempo), que podem impedir ou limitar a evolução dos solos. Solos constituídos por material mineral, apresentando horizonte Latossolo B latossólico precedido de qualquer tipo de horizonte A dentro de 200 cm a partir da superfície do solo ou dentro de 300 cm se o horizonte A apresenta mais que 150 cm de espessura. São solos constituídos por material mineral, apresentando horizonte B textural com argila de atividade alta e saturação por Luvissolo bases alta na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive BA), imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizonte A (exceto A chernozêmico) ou sob horizonte E. Fonte: EMPRAPA (2018). Elaborado: A. J. S. S. (2019).

Os solos presentem na sub-bacia hidrografica do rio Jaibaras representam, na grande maioria, solos pouco evoluídos. Um agravamento para tal situação relaciona ao uso intensivo da agricultura, pecuária e da retirada de areia das margens do rio para o beneficiamento da construção civil. Essas atividades (embora que seja para sobrevivência como para adquirir renda) contribuem para a contaminação do solo com o uso de agrotóxico, pela monocultura, com o sistema radicular uniforme ajuda com o desgaste de uma camada quase homogênea do solo, retirada da mata ciliar para utilizar o local tanto para retirada da areia como para o plantio. No alto curso da sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras, na cidade de Ibiapina, encontramos exemplos de monoculturas praticados nas margens da rodovia CE -187, conforme a figura 09.

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Figura 09: Registro de monoculturas encontrados no alto curso da sub-bacia do rio Jaibaras.

Fonte: A.J.S.S. 2019.

Contudo, podemos observar que a vegetação que acompanha o leito da sub-bacia hidrografica do rio Jaibaras “compreende como caatinga arbustiva aberta (FERNANDES, 1999)”, com exceções das nascentes, que podemos classificar com caatinga arbórea (FERNANDES, 1999). Ao analisarmos a fitogeografia da sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras podemos perceber que a ação humana ganha maior destaque em alguns trechos da sub-bacia. Com a realização das atividades de campo, registramos a predominância de vários cenários (de maior degradação ao de menos atuação humana) inseridos nos “domínios das Caatingas” (FERNANDES, 1999). Segundo Ab’ Saber (2003), “no domínio morfoclimático das Caatingas, apresenta uma heterogeneidade florista que, juntamente com o clima semiárido, propicia uma harmonização paisagística.” Os elementos fitogeográficos, associados com o climatológico e pedológico, são fundamentais para compor o substrato vegetativo da área de estudo. Para melhor compreensão fitogeográfica, utilizamos a classificação de Fernandes (1999), para tentar associar os sistemas naturais desta sub-bacia hidrografica do rio Jaibaras.

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Desse modo (Figura 15) as unidades fitogeográficas correspondem relevância para a manutenção e proteção do geossistema (sub-bacia hidrografica do rio Jaibaras. Na área de estudo foi possível analisar a diversidade fitogeográfica está diretamente relacionada com o tipo de solo e o clima. Na Tabela 06, apresentamos uma pequena amostragem dos tipos de vegetação presente na sub-bacia hidrográfica do rio Jaiabaras, sendo que em alguns pontos são inexistentes tendo em vista a sua predominância e adaptação ao ambiente, por exemplo, temos a carnaúba, encontrada na superfície aplainada, mas no glint da Ibiapaba a espécie não era evidente, mas tinha vegetação da mesma família, que é o coco- babaçu (Attalea ssp). A Attalea ssp corresponde um agente invasor de potencial efeito degradante. Nos doze pontos de análises, a presença deste invasor ambiental apenas no glint da Ibiapaba.

Figura 10: Listagem de algumas espécies encontradas na sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras.

Nome Nome Localização Imagem popular científico

Marmeleiro Croton Distrito de sonderianus Ararius, Müll. Arg. Cariré.

Jucazeiro Libidibia Distrito de ferrea Jaibaras. (Mart. ex Tul.) L.P.

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Carnaúba Copernicia BR 403 que prunifera liga Cariré a (Mill.) H.E. Jaiabaras. Moore

Jurema preta Mimosa Cidade do tenuiflora Graça. (Willd.) Poir

Cereus Br 222, no Mandaracú jamacaru trecho entre (DC.) Sobral ao Taylor & distrito do Zappi .

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Pau-branco. Cordia Distrito de oncocalyx Jaibaras. Allemão

Fonte: Lista de Espécies da Flora do Brasil (2015). Elaboração: A.J.S.S. 2019.

De acordo com a classificação de Fernandes (1990), “a vegetação é o recurso natural que retrata os fatores naturais de onde está submetida, sendo assim, uma inter-relação geossistêmica dos componentes formadores do ambiente.” Conforme a classificação de Fernandes (1990), “a Caatinga Arbustiva Aberta compreende vegetação formada por arbustos distanciados com raras árvores de altura que varia entre 2-3m.” Esse tipo de caatinga encontra-se na maior parte da área pesquisada e, apresenta maiores índices de degradação. A área que compreende esse tipo de vegetação também está totalmente inserida em território da depressão sertaneja. Os solos presentes na área são do tipo Neossolos Litolicos, Luvissolos e o Planossolos, solos com restrições de uso devido ao elevado índice de pedregosidade além de outras limitações de uso. A Floresta Caducifólia Espinhosa (Caatingaarbórea) é tipo de vegetação encontrada na encosta de serras ou em formação de altitudes moderadas a altas. Na área de estudo podemos encontrar esse tipo de vegetação concentrada em solo do tipo argissolo e neossolo. E, nos climas, tropical quente semiárido, tropical quente semiárido brando e tropical quente sub- úmido. A situação desse estrato vegetacional mostra que o uso do território pelas práticas de agricultura modelou essa fitogeográfica sendo possível encontrarmos alta concentração de jurema-preta, pau-branco e juazeiro nessa área descrita. A Floresta Mista Dicotilio-Palmácea (mata ciliar com carnaúba) pode ser encontrada, na área de pesquisa, em poucos trechos da planície fluvial. A mata ciliar apresenta grande degradação, pois a retirada dessa mata, o rio Jaibaras, em especial, nos trechos intermitentes, o rio Jaibaras apresentava acentuado processo erosivo. De acordo com o mapa 09, essa vegetação está referenciada no ponto de análise P1, sendo a confluência do rio Jaibaras na bacia hidrografica do rio Acaraú.

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A Floresta Subcaducifolia Tropical (Mata seca) recobre encostas de serras úmidas e secas (FERNANDES, 1990). Na sub-bacia do rio Jaibaras esse tipo de vegetação pode ser encontrado tanto do maciço residual da Meruoca como no sopé do planalto da Ibiapaba. A situação da mata seca apresenta bioindicadores de degradação como o babaçu, no caso da Meruoca. No ponto de análise P2, no distrito do Jordão, na serra do Rosário, essa vegetação não está presente, mas a prática de agricultura nas encostas representa uma atividade de agressão ao meio ambiente, por ter limitações de uso devido a declividade e exigir práticas de manejo sustentáveis. Por fim, a Floresta Subperenifolia Tropical Pluvionebular (Mata úmida) tem por formação em altas altitudes (acima de 500m). Segundo Fernades (1990), essa unidade vegetacional representa resquícios de Mata Atlântica. Os fatores que contribuem para sua existência no semiárido além da altitude do relevo, podendo citar o clima, por um fator que mantém essa floresta. Em contrapartida, encontramos características pedológicas, litológicas e hidrológicas que funcionam em equilíbrio na manutenção da mata úmida.

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4.6 Análise integrada dos sistemas ambientais na sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras

Na disposição de análise integrada dos sistemas tem-se a premissa de realizar, de modo sistêmico, a relação estabelecida entre os componentes ambientais para a formação estrutural da paisagem apresentada na sub-bacia do rio Jaibaras. Neste trabalho, propomos seguir com o método geossistêmico por meio das classes geossistema, geofacies e geotopo, pois acreditarmos que os sistemas estão interligados e são dependentes, sejam das ações externas ou internas. Com isso, em cada ponto de análise foi definido a geofácie e o geotopo de cada ponto, de acordo com o método geossistêmico. E, por entender a dinâmica da sub-bacia, como um sistema complexo e aberto decidiu considerar a sub-bacia em estudo como sendo o geossistema que contempla as variadas. Para um melhor detalhamento dos sistemas ambientais, iremos estudar a partir dos pontos de análise, pois as escolhas dos pontos deram-se de modo a contemplar toda a extensão da sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras. Os pontos serão nomeados em P1, até o P12 para uma melhor compreensão. O P1 localizado no bairro do Sumaré, no perímetro urbano de Sobral, tratando-se do local de confluência, pode ser analisado esse ambiente como tendo ação de degradação direta humana. Desse modo, ao analisar a paisagem podemos constatar que os diques marginais artificializados apresentavam grande expressividade no local, juntamente com a vegetação (Figura 11 e Figura 12). A vegetação, sob os diques, é de grande utilidade tanto para a conservação sobre o impacto da erosão como para a manutenção da biodiversidade ecológica. A classificação da vegetação pode ser considerada caatinga arbustiva com presença de trepadeiras e gramíneas, na margem esquerda do rio Jaibaras (Figura 12) Na Figura 11, o dique marginal é converso pela atuação direta da erosão, que podemos mencionar erosão pluvial. Outro ponto relevante é a falta da vegetação na vertente erodida, ou seja, pela ausência da vegetação propiciou a arraste de material pedológico que foi depositado na base e arrastado até o leito no rio.

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Figura 11: Dique marginal converso localizado ao lado esquerdo do rio Jaibaras, antes da confluência com o rio Acaraú.

Fonte: A.J.S.S., 2019.

Outro exemplo de dique marginal presente na margem esquerda do rio Jaibaras é o dique côncavo (Figura 12). O inverso do dique anterior, o dique côncavo, está mais preservado pela presença de gramíneas que ajudam a manter as propriedades do solo por mais tempo. A erosão não deixa de gerar impacto, mas com a presença da vegetação as ações externas são atenuadas.

Figura 12: Dique marginal côncavo localizado do lado esquerdo do rio Jaibaras, antes da confluência com o rio Acaraú.

Fonte: A.J.S.S., 2019.

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Os solos identificados nesse ponto foram os Neossolos Flúvicos e os Luvissolos. Os Neossolos Flúvicos concentravam-se mais as margens do rio Jaibaras, e caracterizam-se por serem solos formados por derivados de sedimentos aluviais. E, os Luvissolos tem por características (na área estudada) ser bem drenados e pouco profundos (Figura 13).

Figura 13: Tipos de solos encontrados na margem esquerda do rio Jaibaras.

A B

Figura: A: Luvissolo, B: Neossolo Flúvico. Fonte: A.J.S.S. 2019.

Na visita de campo presenciamos momentos bem rotineiros da comunidade que vivem próximas, utilizavam água do rio Jaibaras para lavar roupa (lavadeiras). (Figura 14). A prática é comum, e contribui também para a poluição da água, pois os resíduos do sabão tornam a água mais alcalina onde contribui no déficit de oxigenação para os organismos aquáticos. Além disso, outro indicador de degradação encontrado nesse ponto foi a grande quantidade de aguapés recobrindo parte do espelho d’água. A presença de carnaúbas tanto na margem esquerda como direita do rio mantém parte da vegetação nativa do canal fluvial, porém, os resíduos plásticos de uso doméstico estão presente poluindo o manancial, conforme indicado na Figura 15.

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Figura 14: Lavadeiras ás margens do rio Jaibaras, no bairro Sumaré, Sobral-CE.

Fonte: A.J.S.S., 2019.

Ao mencionarmos a contribuição das lavadeiras com a poluição do rio, não estamos evidenciando apenas lavagens pontuais, mas a prática, a continuidade e a quantidade. Outro ponto que verificamos, sem considerar a prática de lavar roupa como o principal fator poluidor, mas ressaltando que, nesse ponto de confluência, além de trazer desde as nascentes possíveis contaminadores, neste local específico, encontra-se a pratica como rotineira para a população envolvida.

Figura 15: Indicadores de degradação

Carnaúbas

Aguapé

Resíduos domésticos

Fonte: A.J.S.S. 2019.

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Ao destacarmos a litologia e geomorfologia da área podemos classificar pertencente ao Grupo Canindé, na planície fluvial, respectivamente. A vegetação desse ponto é mata ciliar e apresenta característica de caatinga agrupada. Esses três indicadores (litologia, geomorfologia e vegetação) representam tanto modificações naturais e pela atuação do homem no meio. Desse modo, o geotopo, podemos indicar como sendo o Bairro Sumaré, pois a comunidade povoa as margens do rio local (algumas ruas) e o geofacie, como sendo a utilização do rio pela comunidade que gera possíveis poluidores para a drenagem hídrica. No ponto 2, localizado no distrito do Jordão, (o açude Jordão), barra o rio do Jordão, foi estudado por ser um afluente do rio Jaibaras, área de grande importância para as comunidades locais, com presença de material rochoso residual, bastante moldado pelo intemperismo físico. Área representativa do alto curso (Norte) do maciço residual Serra do Rosário. Em campo, observamos que a água do açude apresentava uma cor barrenta e o perímetro de vazão reduzido, indicativo de alto teor de ferro oxidado próprio de área granítica em processo de dissolução e oxidação. O principal impacto antrópico de maior efeito nocivo ao meio ambiente é derivado de esgoto doméstico. Na figura 16, podemos identificar tubos de PVC’s descartando dejetos domésticos diretamente no açude do Jordão.

Figura 16: Poluição por esgoto doméstico no açude do Jordão.

Foto: Os círculos indicam o ponto de saída do esgoto doméstico sendo lançados no açude do Jordão. Fonte: A.J.S.S. 2019.

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Contudo, a cor d’água barrenta pode ser explicada tanto no período da visita, pois coincidiu ser o período chuvoso como também, pela alta concentração de agentes poluidores. De acordo com a CONAMA, a cor de água bruta é um parâmetro que esclarece, embora que superficialmente, a concentração das partículas na água. Nesse ponto, encontramos também, animais dentro do perímetro do açude, que de certo modo, influenciam para que a qualidade desse corpo hídrico seja comprometida (Figura 17). Ao perguntar aos populares, o açude do Jordão não beneficia a localidade com os múltiplos usos d’água, ou seja, a localidade não utiliza esse reservatório para nenhuma prática doméstica, produtiva (piscicultura) e nem para a prática do lazer.

Figura 17: Animais no perímetro do açude Jordão.

Fonte: A.J.S.S. 2019.

Ao analisar o açude, foi verificado que a vegetação no entorno não apresenta indicadores de degradação como, por exemplo, o babaçu. O açude do Jordão por está localizado numa área de altitude de 519m, o clima e a geomorfologia influencia para que a vegetação seja mais arbórea e densa. A classificação fitogeográfica é de floresta úmida, ou mata úmida. A litologia dessa área corresponde aos granitoides da suíte Meruoca (Figura 18). No perímetro do açude há blocos rochosos dispersos que, devido a ação do intemperismo,

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apresentam caneluras (quebra da rocha no sentido vertical). O solo presente que identificamos foi o Luvissolo. Esse solo, por ser bem drenando, tem uma coloração acinzentada, com granulometria pequena, pois as partículas são de argila e silte. A geomorfologia do açude do Jordão tem a planície fluvial, inserido na morfometria da serra do Rosário. Seguindo as unidades isomórficas do método geossistema, o geofacie será o próprio açude do Jordão, e o geotopo pode ser caracterizado pelo descarte inadequado dos resíduos doméstico que desencadeiam possíveis fontes de poluição que inviabiliza o uso do açude até para o lazer.

Figura 18: Granito Meruoca com canelura.

Fonte: A.J.S.S. 2019.

No P3, localizado na fazenda Cibaúba, pertencendo ao distrito Pedra de Fogo, Sobral- CE. Na fazenda passa o riacho Logradouro que, também, é um afluente do rio Jaibaras, da margem esquerda. A paisagem do riacho Logradouro apresentava uma vegetação de mata ciliar densa e de porte pequeno (Figura 19). A hidrologia do riacho é característica intermitente, sendo em alguns trechos não apresenta água superficial. Em consequência da não perenidade do riacho, em um trecho do riacho foram feitos “estradas”, mas segundo o morador da fazenda Cibaúba, quando a concentração de precipitação for com grande volume, o trecho indicado na figura 19, fica intransitável.

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Figura 19: Trecho do riacho Logradouro com presença da mata ciliar.

A B

Fonte: A.J.S.S 2019.

Apesar de o riacho Logradouro ser de pequeno porte, e em alguns trechos ser intermitente, não foi encontrado agentes poluidores de grandes proporções como esgoto doméstico, por exemplo. Mas, também, não podemos classificar este riacho como conservado, pois sabemos que, por haver trânsito de pessoas e ter localidades ribeirinhas, esse recurso hídrico receba interferências em seu curso. Seguindo a análise, a litologia do ponto de análise pertence a formação Coreaú, apesar que, o riacho drena outras formações como, formação Frecheirinha, Massapé, Pacujá e Parapuí. A geomorfologia pode ser contemplada pela planície fluvial, na unidade geomorfológica de depressão sertaneja, pois o ponto possui altitude de 106m. A vegetação da área pode ser caracterizada como caatinga arbustiva (Fernandes, 1999), sob o extrato pedológico de Neossolo Litólico. As espécies fitogeográficas encontradas no P3 foram jurema (Mimosa hostilis, mofumbo (Combretum leprosum). Desse modo, ao enquadrar esse ponto no método geossistêmico, tem-se o geofacie como sendo o próprio açude, e o geotopo, as atividades de pecuária praticada na fazenda. No P4, seguindo na superfície de aplainamento, fomos para o rio Poços dos Cavalos, no perímetro urbano da cidade de Pacujá. Esse rio atravessa a cidade, e quando o período chuvoso apresentar grande quantidade pluviométrica, esse rio, transbordava alagando a cidade. Com a construção do açude Taquara, em 2012, interligaram esse rio no açude que, consequentemente, fornece água ao açude Jaibaras que desagua no rio do mesmo nome. Na figura 20, sobre a ponte do Rio Poços dos Cavalos, percebemos que o espelho d’água está recoberto por aguapés e no entorno do rio há grande concentração de carnaúbas.

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Esses dois indicadores, como vimos no P1, são de presença de agentes poluidores e degradação.

Figura 20: Paisagem do rio Poços dos Cavalos sob a ponte.

Fonte: A.J.S.S. 2019.

Outro ponto que observamos foi ausência da mata ciliar e diques marginais. Uma possível ausência pode ser pela degradação acentuada do homem nesse meio por ser um rio que drena a sede municipal. A escolha desse rio foi principalmente por ser exemplo de sub- afluente do rio Jaibaras que contribui na manutenção hídrica dos açudes Taquara e consequentemente, do Jaibaras. A litologia do ponto de análise está inserida na formação Pacujá compreendendo no domínio da planície fluvial. A vegetação pode ser classificada como caatinga arbustiva aberta sobre uma composição pedológica de Neossolos Litólicos. Com isso, podemos destacar que o geofacie será a cidade de Pacujá, e o geotopo, como sendo o bairro do Centro que é drenado pelo rio Poços dos Cavalos. No P5, corresponde ao trecho do rio Jaibaras, antes da zona urbana de Pacujá. Esse trecho do rio Jaibaras é intermitente. Na figura 21 é possível vermos todo o leito do rio, solo com presença de cascalhos e materiais voláteis.

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Figura 21: Trecho sob a ponte do rio Jaibaras, em Pacujá.

Fonte: A.J.S.S.2019.

Nesse trecho, os diques marginais existentes estavam cobertos por vegetação de porte pequeno (capineas), dando impressão de estarem nesse local em virtude do período chuvoso que foi o momento da visita de campo. A formação da mata ciliar, em outro trecho do mesmo rio, nos mostra ser composta caatinga agrupada, por ter espécies de cactáceas e arbustos, e umas exceções de árvores, com porte pequeno. Na figura 22, é possível identificarmos essas características e, percebemos que, estende-se no trecho até as proximidades do açude Taquara. A interferência do homem nesse sistema pode ser considerada acentuada, pois esse trecho do rio Jaibaras está muito assoreado. Outro indicador de degradação está na inexistência dos diques marginais. Os diques marginais têm a função de receber deposição de areia e sedimentos grosseiros e, consequentemente, favorece a existência da mata ciliar. Nesse sistema, podemos definir como o geofacie a cidade de Pacujá e o geotopo como o Bairro Barro Branco por compreender a margem direita nesse trecho descontinuo da drenagem do rio Jaibaras no perímetro municipal de Pacujá.

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Figura 22: Mata ciliar no trecho do rio Jaibaras, na cidade de Pacujá.

Fonte: A.J.S.S.2019.

No P6, localizado no distrito de Ararius- Cariré, o ponto de análise escolhido foi no local de distribuição d’água do açude Taquara para o açude Jaibaras. Esse ponto foi selecionado por representar a conexão entre os dois açudes, fortalecendo os múltiplos usos d’água, em especial, o fornecimento d’água para o consumo humano. Conforme a figura 23, o canal de drenagem do açude Taquara é monitorado pela COGERH (Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos) para tanto que o açude Taquara não perca grande volume fluvial como o açude Jaibaras não tenha pouco fornecimento fluvial para manter as múltiplas atividades de uso d’água. A principal diferença entre os dois açudes correspondem aos usos d’água. O açude Taquara tem por principal atividade o abastecimento humano e animal. E, o açude Jaibaras, além do consumo humano e animal, há também, o uso pela piscicultura e o lazer. Com isso, a sub-bacia do rio Jaibaras tem grande representatividade como afluente da Bacia do rio Acaraú.

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Figura 23: Ponto de distribuição do açude Taquara para o açude Jaibaras.

A B

Foto: Na foto A, é possível visualizar o registro (indicado pelo circulo) das comportas do canal de drenagem. Na foto B, visualização do canal de distribuição com escada de acesso e medição de nível d’água (indicado pelo circulo) liberada ao açude Jaibaras. Fonte: A.J.S.S.2019.

Ao analisarmos os sistemas no ponto de análise P6, observamos a existência de vegetação do tipo caatinga arbustiva esparsa, pois é composta de arbusto, quase sem árvore, cactáceas e suculentas. Na figura 24, apresenta algumas espécies da caatinga arbustiva.

Figura 24: Espécies da caatinga arbustiva esparsa.

A B

Foto: Na foto A, identificamos uma espécie de suculenta chamada de popularmente, ciúme de velho. Na foto B, vemos uma jurema preta e salsa recobrindo a parede do canal de drenagem. Fonte: A.J.S.S.2019.

Os solos desse ponto de análise são Neossolos Litolicos com grande concentração de fragmentos rochosos por todo entorno da parede do açude, onde podemos visualizar na figura 25. A litologia da área é classificada como formação Pacujá por apresentar granito ortoconglomerado grosso inserido em um modelado depressivo do sertão cearense.

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Figura 25: Visão da parede do açude Taquara pela CE-253.

Fonte: A.J.S.S.2019 e Google Earth, 2018, respectivamente.

Em campo, foi observado que na rodovia da CE-253, o solo por está exposto apresenta pontos de erosão acentuada. Esses pontos erodidos ficam nas margens da rodovia, antes e após o acesso do açude. Na Figura 26, observamos que ocorrência desse fenômeno dar-se nas vertentes e associado a falta de vegetação e com incidência pluviométrica. Segundo Costa Falcão (2009), quando o solo apresenta proteção vegetacional e dispondo de um sistema radicular significativo, o solo fica mais resistente aos processos erosivos e, que a degradação erosiva pode ser atenuada. Conforme Costa Falcão (2009), os processos erosivos, como sulcos, ravinas e voçorocas, acontecem:

A relação para tais eventos está evidenciada diretamente com alteração do regime hidrológico. A concentração das chuvas, associadas aos fortes declives, aos espessos mantos de intemperismo e ao desmatamento, pode criar áreas potenciais de erosão e de movimento de massa. (Costa Falcão, 2009).

Diante disso, podemos constatar que, no período das atividades de campo (fevereiro/março 2019), no ponto do açude Taquara, o índice pluviométrico da região alcançou 880mm, no período de fevereiro a março de 2019 (FUNCEME, 2019), e, juntamente com a ausência de vegetação, a área desprotegida veio sofrer agressões.

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Figura 26: Processo erosivo em ravina na margem da CE-253.

A B

Foto: Imagem A e B foram registros antes do acesso do açude Taquara. Fonte: A.J.S.S. 2019.

Todavia, além da cobertura por vegetação (viva), a cobertura morta contribui também na retenção dos sedimentos. Os solos do semiárido são mais propícios a erosão pela concentração pluviometrica ser somente direcionada num período do ano (primeiro semestre). Na figura 27, a encosta está erodida, mas no topo do declive encontramos vegetação. Com isso, a cobertura vegetativa só apresentaria solução se recobrisse a extensão do declive da encosta.

Figura 27: Encosta com processo de ravinamento na CE-253, após o açude Taquara.

Fonte: A.J.S.S.2019.

Ainda seguindo pela rodovia CE-253, na localidade de Ararius, Cariré, podemos encontrar o canal de drenagem que interliga o açude Taquara ao Ayres de Sousa, em Jaibaras, Sobral. Na Figura 28 é possível observar o sentido da drenagem S-N.

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Figura 28: Canal de drenagem do açude Taquara para o açude Aires de Sousa.

Fonte: A.J.S.S.2019.

Contudo, o uso e ocupação dessa área ainda concentra-se na própria comunidade Ararius sem haver tantas interferências, pois o açude foi construído cerca de 1 km da sede do distrito Ararius que, apesar de ter rodovia de acesso porém, alguns trechos não são pavimentadas. Esse ponto pode desfavorecer visitas constantes. Não vimos nas visitas nenhum ponto de poluição como, lixo doméstico, por exemplo. Mas, não iremos classificar essa área de conservada, pois embora tenham ocorrido quatro visitas por entorno do açude, não podemos garantir que seja um reservatório isento de poluição. Desse modo, definiremos o geossistema como a sub-bacia hidrografica do rio Jaibaras, o geofacie como o distrito Ararius, e o geotopo como o açude Taquara. Dando sequência aos pontos de análise, o P7 está localizado na BR 403, rodovia que liga Cariré à Jaibaras, no rio Papocu. Esse rio é um afluente da sub-bacia hidrografica do rio Jaibaras. Na Figura 29, podemos ver que esse rio é intermitente que, embora estejamos no período chuvoso, não conseguiu reter água superficial. Com o trecho do rio Papocu seco, o leito do rio está muito assoreado, com presença de material cascalhento típico de fundo de rio. As margens do rio estavam com presença de mata ciliar, mas com ausência de diques marginais. Pela análise geoambiental, a litologia desse trecho do rio Papocu corresponde com a formação aprazível apresentando ortoconglomerados com seixos de gnaisses, granitóides, quartzitos, filitos e arenitos. A geomorfologia corresponde com planície fluvial. A vegetação é do tipo caatinga arbustiva esparsa.

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Figura 29: Riacho Papocu visualizado sobre sua ponte, na BR 403.

Fonte: A.J.S.S.2019.

Na geomorfologia, o riacho Papoco está inserido no Domínio Depósito Sedimentar, que compreende a planície fluvial e a depressão sertaneja. A planície fluvial corresponde por depósito de sedimentos que, começam no alto curso até o alcance da foz. Os solos são do tipo Neossolo Litólico e Luvissolo. As unidades isomórficas identificadas foram: o geossistema sendo a sub-bacia hidrografica do rio Jaibaras, o geofacie como cidade de Cariré e o geotopo, o rio Papocu. O ponto de análise P8, localizado no distrito de Jaibaras, em especial, no açude Ayres de Souza. Esse açude possuem características litológicas riquíssimas pois, está inserido no arcabouço estrutural do Graben de Jaibaras. Com minerais de origem vulcânica, a paisagem do vertedouro do açude faz contraste com a vegetação da caatinga arbustiva e o próprio reservatório. Na figura 30, visualmente impactante, o vertedouro, ressalta a riqueza deixada por eras passadas. A litologia da área é classificada pela formação Pacujá apresentando rochas vulcânicas e sub-vulcânicas.

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Figura 30: Paisagem com parede e vertedouro do açude Aires de Sousa.

Ponte e Parede do açude Vertedouro

Fonte: A.J.S.S.2019.

Em contrapartida dos aspectos naturais, o uso e ocupação desse reservatório foi estimulado para os múltiplos usos. Nas visitas de campo foram observados que a comunidade utilizava do reservatório em diversos segmentos, desde a higiene pessoal ao lazer, o açude Ayres de Souza, dinamiza social e economicamente a comunidade de Jaibaras. No açude Aires de Sousa é desenvolvido a prática de piscicultura que, os moradores locais têm esse estímulo econômico para promover renda e tornar atrativo esse mercado pesqueiro para melhoria de vida do distrito de Jaibaras. Outro estímulo econômico foi à implantação do perímetro irrigado, identificado como PIAS (Perímetro Irrigado Ayres de Souza). Esse perímetro irrigado é advindo desde as políticas de combate à seca implementada pelo DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca). Contudo, nas visitas de campo, encontramos igualmente no P1, lavadeiras que, praticavam essa atividade no reverso da parede do açude. Outra fonte de poluição encontrada foi descarte de lixo doméstico no leito do açude. Com a atividade do lazer que, embora seja moderada e concentrada aos finais de semana, podemos classificar como ponto de poluição direta nas águas fluviais do rio Jaibaras. Na figura 31, registramos os lixos domésticos no leito do rio Jaibaras, próximo ao ponto de confluência entre o rio e açude Aires de Sousa.

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Figura 31: Lixo doméstico no leito do rio Jaibaras.

Fonte: A.J.S.S.2019.

De acordo com o método geossistêmico, o geossistema definimos como a sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras, o geofacie será o distrito de Jaibaras, e o geotopo sendo o açude Aires de Souza. No nono ponto, na nascente da cachoeira do Pinga, localizada na cidade de São Benedito, no Planalto da Ibiapaba. Nesse sistema observamos a vegetação mais densa, podendo ser classificada como floresta pluvio-nebular, sob um estrato litológico do Grupo Serra Grande, com formação pedológica de Latossolos. Na figura 32, percebemos que a nascente da Cachoeira do Pinga eclode de dentro da rocha, e pelo auxílio de um bambu, faz-se uma extensão facilitando a queda d’água.

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Figura 32: Cachoeira do Pinga em Guaraciaba do Norte, Ceará.

Fonte: A.J.S.S.2019

A região da nascente da Cachoeira do Pinga representa área de encosta, com acesso difícil. No percurso, encontramos descarte de lixo e, no local da nascente, encontramos objetos de higiene pessoal, conforme exposto na figura 33.

Figura 33: Resíduos sólidos descartados na área analisada.

Fonte: A.J.S.S.2019

Desse modo, o geossistema será a sub-bacia do rio Jaibaras, o geofacie compreende a cidade de Guaraciaba do Norte e o geotopo é a área da nascente da Cachoeira do Pinga. O décimo ponto (P10), corresponde com a área da nascente da Cachoeira da Mata Fresca, localizada na cidade de São Benedito. Esta cachoeira representa um grande potencial

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turístico e atrativo na região do planalto da Ibiapaba. Nesta área, faz-se muito a prática de rapel pela exuberância desse elemento natural. A cachoeira da Mata Fresca está inserida na formação rochosa do Grupo Serra Grande, com uma vegetação do tipo floresta pluvio-nebular (figura 33). Esse tipo de vegetação apresenta árvores de grande porte, densa e com umidade elevada por influencia da altitude (897m, no ponto da queda d’água). Na figura 34, visualizamos a cachoeira antes da queda d’água.

Figura 33: Área de nascente da cachoeira Mata Fresca.

Fonte: A.J.S.S.2019

Figura 34: Cachoeira da Mata Fresca

Fonte: A.J.S.S.2019

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Em concordância ao método geossistêmico, o geofácie será cidade de Guaraciaba do Norte, e o geotopo, a cachoeira da Mata Fresca. O décimo primeiro ponto está localizado na cidade de Guaraciaba do Norte, no riacho da Cigarra. Esse riacho, assim como nos pontos anteriores (P9 e P10), apresenta características parecidas como clima tropical úmido, vegetação floresta pluvio-nebular, com solos Neossolos Litolicos, Latossolos e Argissolos. O perímetro do riacho da Cigarra é muito utilizado para prática de caça e do lazer. O acesso até a área da nascente do riacho, encontramos dificuldades pela vegetação densa e o percurso íngreme. Ao longo do percurso percebemos descartes de lixo doméstico. Na figura 35, representação da área de nascente do riacho da Cigarra.

Figura 35: Área de nascente do riacho da Cigarra.

Fonte: A.J.S.S.2019

Outro elemento relevante, ainda na área de nascente, foi verificada uma espécie de barragem que funciona como atrativo de lazer. Na figura 36, visualizamos essa estrutura. Essa construção fica numa distância de, aproximadamente da nascente, 1km.

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Figura 36: Barramento na área da nascente do riacho da Cigarra.

Fonte: A.J.S.S.2019

Todavia, nesse ponto, podemos identificar o geofacie como sendo a cidade de Guaraciaba e o geotopo seria a localidade de Pelado, Guaraciaba do Norte. O décimo segundo ponto, localizado na Serra do Rosário, área da nascente do riacho do Jordão. A serra do Rosário compreende formação litológica de Suíte Granitoide da Meruoca, com predominância da uma vegetação de Mata seca (Floresta Subcaducifolia Tropical Pluvial), em relevo de inselberg. O riacho do Jordão, localizado e barrado na localidade de mesmo nome, representa um afluente na margem esquerda da sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras. Conforme a figura 37, a área da nascente do riacho do Jordão, caracteriza área de veredas e sendo visitada pelos moradores para a prática de caça predatória.3. Segundo os populares, esse recurso hídrico é utilizado com maior frequência para a área e as outras atividades como lazer, por exemplo, não é frequente. Esse fato pode ser evidenciado pelo volume pluviométrico como pelo acesso a área.

3 Informação adquirida em conversa com a população circunvizinha em março de 2019.

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Figura 37: Área da nascente do riacho do Jordão.

Fonte: A.J.S.S.2019

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5 CARACTERIZAÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAIBARAS

A paisagem atual do meio com alteração da qualidade do ambiente é determina em alguns aspectos pelo processo de povoamento acentuado e desordenado. A interação do homem com o meio foi primordial para o processo de adaptação e sobrevivência em ambientes hostis, como no caso do semiárido Nordestino. Desse modo, a sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras vem sendo modificada além do seu processo natural como também, pela ação antrópica seja de cunho pequeno (agricultor de subsistência) como de grande porte (indústria de minério). Esse capítulo, apresenta um breve resgate do processo de povoamento da área de estudo, com ênfase nas cidades de Sobral, Cariré e Graça por caracterizarem áreas representativas na área de estudo. Em Sobral, encontra-se o ponto de junção da sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras com o rio principal. Em Cariré, encontramos açude Taquara que dá suporte ao açude Aires de Sousa (em Jaibaras, Sobral), e no Graça, pela seu material de formação compreender cristalino e sedimentar presentando um campo de estudo relevante.

5.1 Breve contextualização de uso e ocupação do solo na área de estudo 5.1.1 Cariré

Para Ab’ Saber (1999), no semiárido nordestino é compreendido na grande parte por depressões interplanalticos. Nesse contexto, Cariré, podemos identificar o planalto da Ibiapaba como ponto mais próximo de expressiva altitude. Inicialmente, o povoamento do semiárido foi feito através dos caminhos das águas existentes (AB’ SABER, 1999), e que posteriormente, foram criadas pela atual DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas) açudes para aliviar a população do período de escassez hídrica. Em virtude disto, Cariré, inserida na depressão sertaneja, compreende a sua morfologia com solos deprimidos e rasos. Segundo Costa Falcão (2009), a ausência da cobertura vegetal no solo compromete a sua durabilidade, fertilidade e uma perda potencial econômica. Contudo, o processo de ocupação da localidade estava estritamente ligado com a localidade de Sobral, sendo chamada de Arraial, em 1909. Em períodos remotos, Cariré veio

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ter um impulso em seu povoamento com a construção da linha férrea Sobral--Ipu que possibilitou o maior fluxo de pessoas, mercadorias e serviços na Vila Arraial de Cariré. Pela Lei nº 2.704 de 16 de setembro de 1929, cria-se o município de Cariré. Mas, somente após o decreto de nº 448, de 20 de dezembro de 1938 que a divisão territorial de Cariré com a determinação dos municípios atuais (Arariús, Cacimbas, Jucá e Tapuio). Na figura 38, observamos que o território de Cariré limita-se com os municípios Groairas, Mucambo, Pacujá, Santa Quiteria, Sobral, Reriutaba e .

Figura 38: Mapa de localização do município de Cariré

Fonte: IPECE,2019.

Espacialmente, Cariré possui uma área de 756,875 km² inserida totalmente na depressão sertaneja (Ab’ Saber, 1999), com população estimada de 18.448 (IBGE, 2019), onde a maioria da população sobrevive do setor primário. Inicialmente, a atividade de renda da população, na década de 30, com o extrativismo da carnaúba tanto para fins do artesanato (chapéu, cestas, adornos no geral) como para fins

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medicinais. “Mas, também, pela extração da oiticica, mamona, paco-pacco e lenha (ELISIO, 2006).” A carnaúba no Nordeste foi considerada uma planta de infinitas utilidades. O aproveitamento de toda a planta foi ressaltado por D’Alva (2004), quando enfatizou:

A raiz destaca-se pela sua qualidade medicinal como depurativo. O tronco é bastante utilizado desde o período colonial como madeira para construção civil e marcenaria. O fruto pode ser utilizado para alimento humano e ração de animal, e especial, suíno. As folhas servem para confecção de chapéu, bolsas, urus (sacos), vassouras e ainda para recobrir casas e barracas (D’ALVA, 2004).

Com isso, a relação dos habitantes com o meio vem através da agricultura e pecuária. Apesar do breve, o crescimento do setor terciário iniciou-se, em 1916, com a criação da fabrica de beneficiamento de algodão, arroz, milho e sal de posse de João José de Sá (ELISIO, 2006). Atualmente, a economia é voltada, principalmente, ao setor primário ainda exerce grande influência na economia local. A educação do município corresponde com a taxa de alfabetização, entre a idade de 6 a 14 anos, 97,9 conforme IBGE (2017). Na saúde, a taxa de mortalidade infantil do município é 15,79 por mil/habitantes. Os recursos hídricos do município estão vinculados, o seu início, com a Comissão Precursora para a construção da linha ferroviária que constatou a necessidade do local ter um reservatório para o abastecimento que viria instalar em Cariré. O primeiro açude construído foi o “açude velho”, em 1880, antes da construção efetiva da linha férrea. De acordo com Elisio (2006), a quantidade de açudes cresceu em associativo ao evento de progresso da localidade e como também, os açudes, assumiram o caráter de clientelismo no processo de açudagem, pois a maioria dos reservatórios foram construídos nas propriedades particulares com o pretexto de fornecer água a população durante as secas e para suprir as necessidades. Todavia, além dos açudes, estimulou-se a instalação de poços no município. Os poços, não sendo divergente aos açudes, foram instalados em propriedades particulares, mas sempre mantendo o pretexto de favorecer a população com acesso água.

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5.1.2 Graça

O município do Graça está inserido no material cristalino de origem da formação orogênese brasiliana. De acordo com IBGE (2017), o município era subordinado ao município de São Benedito e mantido durante anos do trabalho artesanal em que figuram redes, fiandagem e outros artefatos de algodão. A atividade de extração de algodão, na área de estudo deu-se na década de 40, onde o até então o povoado pertencia a São Benedito. O cultivo do algodão iniciava no mês de fevereiro, pois pela localização do município (sopé do glint da Ibiapaba) favorecia a presença de maior umidade e do índice pluviométrico. Segundo Andrade (2005), a extração do algodão foi uma das atividades econômicas de maior intensidade, em todo o nordeste no século XIX, devido o alto consumo na indústria de tecidos na Europa. Desse modo, o ciclo desta cultura, não sendo isolado, mas em concomitância com outros ciclos extrativistas, promoviam a dinâmica econômica do Brasil com um todo. Atualmente, a renda do município esta voltada para agricultura e pecuária, não havendo intervenção do setor industrial na área. Segundo IBGE (2010), a população estava estimada em 15mil habitantes, sendo uma densidade demográfica de 54%. Segundo IBGE (2019), a formação administrativa do município seria:

Distrito criado com a denominação de Graça, pela lei provincial nº 1491, de 16-12- 1872 e por ato provincial de 25-06-1873. Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o distrito de Graça figura no município de São Benedito. Assim permanecendo em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII-1937. No quadro fixado para vigorar no período de 1944-1948, o distrito de Graça permanece no município de São Benedito. Em divisão territorial datada de 1-VII-1960 o município de Graça permanece no município de São Benedito. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 18-VIII-1988. Elevado à categoria de município com a denominação de Graça, pela lei estadual nº 11307, de 15-04-1987, desmembrado de São Benedito. Sede no antigo distrito de Graça. Constituído do distrito sede. Instalado em 01-01-1989. Em divisão territorial datada 17-VII-1991, o município é constituído do distrito sede. Pela lei municipal nº 033, de 01-08-1991, é criado o distrito de Lapa e anexado ao município de Graça. Em divisão territorial datada de 1-VI-1995, o município é constituído de 2 distritos: Graça e Lapa. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2005 (IBGE, 2019).

Na figura 39, identificamos por meio dos limites territoriais, as cidades vizinhas Mucambo, Ibiapina, Reriutaba, Guaraciaba do Norte, Pacujá, e São Benedito. Conforme Moraes (2018), a interação do município do Graça com as cidades vizinhas está:

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Algumas das relações entre esses municípios ocorrem por meio de linhas de “topics” e de ônibus; feiras dos finais de semanas; comércio; internet; educação básica; bancos, e entre outros. Quanto à Ibiapina, Guaraciaba e Reriutaba, apesar de fazerem divisas, não há estradas que interliguem diretamente a Graça, mas também se desenvolvem relações mediante esses aspectos citados ou mesmo por interesses políticos em época de eleições (MORAES,2018).

Figura 39: Mapa do limite territorial de Graça

Fonte: IPECE, 2019.

5.1.3 Sobral

A cidade de Sobral, atualmente, tem destaque no estado do Ceará. Cidade que, desde a seu surgimento, pautou-se em requintes arquitetônicos e culturais. A sua origem, em 1728, como ainda Fazenda Caiçara, tinha participação ativa no ciclo bovino. Com a lei provincial nº 244, de 25-10-1842, o município de Januária de Acaraú, passou a denominar-se Sobral. Segundo Santos (2019), Sobral, cidade ribeirinha, está intimamente ligada com o rio Acaraú que possibilitou o acesso da cidade para desenvolver os ciclos econômicos e produtivos por meio da disponibilidade hídrica. Por isso, ao constatar os ciclos econômicos, não isolados e

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tampouco, fixados, percebemos que cronologicamente, Sobral desenvolveu os ciclos de gado, comércio, algodão e indústria (CARACRISTI, 1999). Na figura 40, podemos visualizar as cidades vizinhas e que de algum modo (educação, saúde, por exemplo), dependem de Sobral. Conforme Holanda (2007), Sobral vem:

Priorizando a construção de objetos técnicos, tornando-se das mais expressivas frações de produção de calçados de plástico do Brasil. Destaca-se também pelo seu dinamismo nas atividades comerciais e de serviços, tendo as mais elevadas taxas de arrecadação do estado, apresenta uma demanda crescente por moradia, por parte da classe média, originando até mesmo os condomínios fechados (HOLANDA, 2007).

Figura 40: Mapa de localização do município de Sobral

Fonte: IPECE, 2019.

Com o crescimento de Sobral e a relação desempenhada com as cidades vizinhas foi criado com a lei nº 168 de27 de dezembro de 2016, com a proposta de criar a região metropolitana de Sobral, onde abrangeria 18 municípios (Alcântaras, Cariré, Coreaú,

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Forquilha, Frecheirinha, Graça, Groaíras, Massapê, Meruoca, Moraújo, Mucambo, Pacujá, , Reriutaba, Santana do Acaraú, Senador Sá, Sobral, Varjota). Desse modo, a criação de regiões metropolitanas têm significado para o planejamento territorial. Segundo Pinheiro (2017), as RM (regiões metropolitanas) favorecem não apenas uma estratégia de planejamento e gestão territorial, mas uma iniciativa necessária para arrecadar financiamentos públicos. Contudo, Sobral é destaque nacional pelo IDEB (Índice de Desenvolvimento Educação Básica) acima da média. O IDEB corresponde com o desenvolvimento do aluno nas disciplinas de português e matemática, e a taxa de aprovação do aluno. Segundo Cardoso (2011), a qualidade da educação pode ser legitimada pela competitividade viabilizada pelos rankings dos resultados das avaliações externas. No ano de 2017, o IDEB de Sobral atingiu índice de 6.0 e o nacional registrou 5.5(INEP,2017).

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6 LEVANTAMENTO GEOAMBIENTAL: POTENCIALIDADES E SUCETIBILIDADES A PARTIR DAS COMPARTIMENTAÇÕES GEOMORFOLÓGICAS

Neste capítulo, buscamos associar as compartimentações geomorfológicas juntamente com o contexto social. Como tentativa de alusão à conservação do meio, tem-se o interesse de enfatizar com o método geossitema os elementos físicos e a dinâmica social. Diante da dinamicidade geoambiental, a conjuntura da geomorfologia atual da sub- bacia hidrográfica do rio Jaibaras contribui no entendimento dos movimentos internos e externos para sua formação, onde podemos destacar a fragilidade dos ambientes.

6.1 Planície fluvial

Segundo Ab’ Saber (1999), o semiárido veio ser povoado pela existência do caminho das águas. No território cearense pela dificuldade hídrica pelo fenômeno da seca, a disposição de um corpo d’água no semiárido não abrange totalmente seu território e nem, sua disponibilidade é de fácil acesso. Em ambiente hostil, o homem do sertão encontra motivos para resistir. Na morfologia cearense, a planície fluvial, por ser um meio de proteção ambiental, vem ser a compartimentação de maior alvo de agressões diretas pelo homem. As degradações dos vales fluviais podem ser de caráter macro e micro. Nas ações macros, podemos determinar as contaminações nas margens (despejo de água residual, uso de agrotóxico próximo ao leito, assoreamento das margens com a retirada de areia para construção, edificações nas margens do corpo hídrico) e a micro, compreende em danificar a paisagem local (piscicultura, lazer). Na figura 41 e 42, podemos identificar os processos de atuação macro e micro de degradações dos corpos hídricos inseridos na nossa área de estudo. Na figura 43, no açude do Jordão, a margem do açude, do lado esquerdo, compreende com barramento de residências. Na figura 44, representa o açude Aires de Sousa, no distrito de Jaibaras. A prática de piscicultura é uma fonte de renda da localidade e representa o fluxo econômico para a localidade.

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Figura 41: Degradação com despejo de água residual no leito do corpo hídrico.

Fonte: A.J.S.SANTOS, 2019.

Figura 42: Ação da interferência direta no leito do corpo hídrico com a prática da piscicultura.

A B Foto: Na foto A, podemos visualizar no açude Aires de Sousa, presença de gaiolas de piscicultura. E, em B, nas margens do açude, tem canoas que os piscicultores utilizam para executar suas funções. Fonte: A.J.S.SANTOS, 2019.

De acordo com o processo evolutivo da geomorfologia do Nordeste, os seus percussores, tem como destaque Ab’ Saber (1956) e Bigarella (1964), por contextualizarem o modelo de King (1956), com a situação climática e morfológica do Nordeste. O modelo de King (1956) descrevia que o relevo poderia assumir forma cilíndrica pelo processo de aplainamento e formação de estrutura jovem resultante da flexura continental. Desse modo, Ab’ Saber (1956), pode observar que com os processos climáticos

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que na sua grande maioria é quente, mas com ocorrência esporádica de quadras chuvosas e outro quadro, de sua ausência (seca), entendeu que a pedogênese seria o principal elemento afetado. Diante do contexto dos movimentos de formação atual da geomorfologia do Nordeste, a disposição dos vales fluviais seguem os critérios do tipo de carga transportada, regime de fluxo, topografia, substrato e atividade tectônica associada (MAIA et al., 2008). A área de estudo compreende por formação de cisalhamento de Sobral-Pedro II juntamente com a flexura continental. Segundo Torquato e Neto (1996), o Grupo Jaibaras é composto por:

Sistema de grabens condicionados pela falha de Sobral a sudeste e de Jaguarapi a noroeste. Geotectonicamente é um exemplo clássico de sedimentação molássica, fundamentalmente imatura e continental, com forte vulcanismo fissural associado. O estágio de transição está presente através das Formações Massapê e Pacujá que representam o desmantelamento e erosão dos relevos jovens recém criados. O vulcanismo Parapui foi o resultado da maximização dos esforços tracionais e nele predominam os tipos básicos e intermediários (TORQUATO NETO, 1996).

Dentro deste contexto, a geomorfologia fluvial da sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras apresenta uma geodiversidade de compartimentações, que ao longo das eras, formaram a estrutura atual. No âmbito ecodinâmico, a predominância da pedogênese sobressai sobre a morfogênese.

6.2 Maciço residual da Meruoca

No ambiente semiárido do Ceará, a existências dos maciços residuais funcionam como barreiras topográficas que propiciam ocorrência de manchas nos setores expostos as massas de ar, como é no caso da serra da Meruoca (FALCÃO, 2006). Segundo Souza et al. (1979), define que os maciços residuais compreendem os relevos resultantes por meio dos processos erosivos que ocorreram na era Cenozóica, fase em que se deu a maior modificação e modelação do relevo nordestino, sendo o pediplano desgastado até tornar-se uma superfície mais aplainada em seu entorno. O material de origem do maciço residual da Meruoca compreende as rochas graníticas, do grupo Suíte Granitoide Meruoca que, tem sua formação no período pré-

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cambriano. No arcabouço estrutural, Serra da Meruoca, compõem por gnaisse, migmaticos, quartzitos, xistos, calcários cristalinos e granitos (FALCÃO, 2006). No maciço da Meruoca encontramos altitude de 1000m, com declividade acentuada e com solos que necessitam de técnicas agricultáveis para propiciar um melhor desenvolvimento da cultura e também, de minimizar os danos de carreamento de sedimentos. Segundo Costa Falcão (2009), na área encontra-se a presença de solos mais desenvolvidos (argissolo vermelho-amarelo), mas que são enclaves presentes em algumas áreas no maciço Meruoca. Segundo Costa Falcão (2009), os maciços úmidos podem ser enquadrados como:

Os ambientes de maciços úmidos por apresentarem um clima ameno de altitude, com elevados índices orográficos d precipitação pluviométrica, com solos de média a alta fertilidade natural, formam um ambiente favorável à exploração agrícola. As práticas agrícolas exercidas nessas áreas são realizadas com técnicas inadequadas, prejudicando os recursos pedológicos destes ambientes (COSTA FALCÃO, 2009).

Para Diniz (2010), no maciço Meruoca, a predominância do intemperismo químico é o agente que, em virtude de índice pluviométrico mais acentuado na vertente barlavento, modela o relevo. Na figura 43, é possível vermos o modelado da Serra da Meruoca com a vertente sotavento dissecada, com presença de matacões e com formas convexas. Essas características podem ser compreendidas pela condição de ser o reverso das massas de ar úmidas, com o índice pluviométrico reduzido, em consequente, a altura da vegetação sendo menos desenvolvida.

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Figura 43: Serra da Meruoca vista na CE- 440 no sentido Sobral-Meruoca.

Fonte: A.J.S.S., 2019.

Neste maciço, além dos agentes naturais (erosão, intemperismo, movimentos de massas) e das interferências por meio da agricultura, na base do maciço, encontram-se dois condomínios residenciais fechados. As construções foram iniciadas em 2013, mas estiveram algumas vezes barradas por estarem inseridas em área de proteção ambiental (APA).

6.3 Serra do Rosário

A condição estrutural da Serra do Rosário está vinculada pela existência do Vale do Riacho do Bouqueirão, que por sua vez, dividiu o maciço residual da Meruoca em duas porções: Meruoca Norte e Serra do Rosário (EVANGELISTA; LIMA, 2007). Apesar da estrutura da serra do Rosário ser a mesma do maciço da Meruoca, encontramos divergências no uso e degradação do local. Na serra do Rosário, não encontramos presença de agentes invasores biogeográficos (coco-babaçu). Segundo Falcão (2006), a presença do babaçu está relacionada com a forma de uso do solo para fins de subsistência, assim como o plantio do milho e feijão. Segundo Diniz (2010), as feições do maciço Meruoca-Rosário, podem ser definidas como:

O relevo e dissecado em feições convexas aguçadas, onde os Argissolos e Neossolos tem predomínio. A drenagem varia de dendritica a sub-dendritica e as vertentes são

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ingremes com declives pronunciados. Do ponto de vista ecodinâmico, a morfogênese predomina sobre a pedogenese, sendo que em áreas de vertentes e platôs dos maciços mais elevados, Meruoca, Matas e Machado, verifica-se o inverso, com desenvolvimento dos solos sendo favorecidos. Esses maciços distinguem-se entre si pela altimetria, em composição litológica, feições de dissecação e abrangência espacial, denominadas serras úmidas (DINIZ, 2010).

Na figura 44, podemos visualizar as feições da Serra do rosário por dois ângulos. O primeiro (A), na CE 440, ao oeste, no sentido Sobral-Meruoca, a feição dissecada, com presença de erosão linear, formando vales. Na segunda (B), temos um modelado mais tabular.

Figura 44: Ângulos das feições da Serra do Rosário.

A B Fonte: A.J.S.S.,2019.

6.4 Glint da Ibiapaba

A formação do Glint da Ibiapaba está relacionado com a tectônica de placas da Orogênese Brasiliana (CLAUDINO SALES, 2017). Conforme Diniz (2010), o material de formação da Ibiapaba, confronta-se pelo aparecimento de:

espraiamentos fluvio marinhos, dos materiais desagregados, das espessas -lateritas, que se desenvolveram durante, o terciario inferior/medio, sobre os metassedimentos em especial os metaconglomerados, plínticos e que passam a ser denominados, pavimentos do deserto (DINIZ, 2010).

“A Orogênese Brasiliana foi o principal elemento estruturador da cadeia de montanhas do tipo Hymalaiana entre o Brasil e a África, (CLAUDINO SALES, 2017).” Com a fixação dessa cadeia de montanhas, no intervalo de mais de 100 milhões de anos, essa cadeia veio ser erodida e o material depositado no seu pediplano veio formar a bacia

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sedimentar do rio Parnaíba. Com isso, conforme Claudino Sales (2017), a camada sedimentar mais antiga da Bacia do Parnaíba - a Formação Serra grande - aflora em superfície fazendo contato com esses terrenos dobrados, metarmofizados e plutonizados. Na área da sub-bacia hidrográfica do rio Jaiabaras, a sua abrangência no glint da Ibiapaba não corresponde a 1%, e está relacionada com a associação territorial entre Graça- São Benedito e, que tem seu papel ativo por compor o alto curso e, consequentemente, áreas de nascentes da sub-bacia em estudo. Na figura 45, podemos visualizar a escapar da Ibaiapaba.

Figura 45: Visão do Glint da Ibiapaba, na rodovia Graça- São Benedito.

Fonte: A.J.S.S. 2019.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa pautou-se em analisar a sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras por meio do método geossitêmico de Bertrand (1999), para atribuir as conexões entre os elementos naturais e o homem, em ciclo contínuo e de dependência. Ao analisar e sistematizar os elementos geoambientais presentes na sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras compreendermos que a natureza, embora agredida, ainda desempenha função intrínseca no desenvolvimento e man6utenção da vida humana. Com a caracterização e análise dos sistemas foi possível destacar as características naturais, as potencialidade e limitações e os principais impactos ambientais sofridos nos sistemas que foram analisados para salientar uma melhor compreensão do todo (sistema). A pesquisa possibilitou associar, por meio dos dozes pontos, uma análise que contemplou a extensão da sub-bacia, onde foi possível identificar os principais impactos ambientais no sistema e propor ações que fossem possíveis de execução. Com isso, a área da sub- bacia hidrográfica do rio Jaibaras, compreende uma diversidade estrutural que nos proporcionou um achado geográfico no semiárido. Desde a tectônica para a paisagem resultante, a sub-bacia apresentou condições naturais semiárida (com maior predominância na área de estudo), onde foi possível encontrarmos singularidades e exceções de potencial florístico e faunístico essenciais ao desenvolvimento dos ecossistemas da área investigada. Como o nosso elemento protagonista foi a água, como recurso essencial a vida, num modo geral, a sub-bacia, ainda pode ser caracterizada pelo geossistema, como sistema aberto pois a interferência no fluxo natural do corpo hídrico influência diretamente a dinâmica da drenagem, distribuição e podendo limitar o seu acesso, consequentemente, a população sofre os reflexos dos desequilíbrio ambiental. De acordo com as vulnerabilidades apresentadas nos sistemas, propomos medidas que atenuem as degradações. Podemos ressaltar que embora haja medidas de preservação não se evita de modo algum o processo natural de descarte dos elementos, em especial, o geomorfológico. Nos pontos de alto curso, no Glint da Ibiapaba e da Serra da Meruoca, encontramos nas áreas de nascentes intervenções diretas por meio da ação do homem. No primeiro, a influência mais acentuada na área da cachoeira da Mata Fresca, em São Benedito, está relacionada com as práticas de turismo por aventura e por uso indevido para o plantio em monocultura. Uma possível alternativa mitigadora seria delimitar um acesso fixo para a

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prática do turismo e, principalmente, podendo viabilizar segurança e ao recurso ambiental da área. E, na Serra do Rosário, açude do Jordão, na Serra do Rosário, para eliminar o despejo direto de esgoto doméstico no açude que causam poluição tanto d’água superficial como do lençol freático, tornando a água imprópria ao consumo humano e animal, juntamente com a dispersão de gases que geram fedentina (enxofre, por exemplo), seria necessário a implantação de saneamento adequado nestas casas, que poderia ser a instalação condominial com destino único, facilitando e economizando os custos da obra. No médio curso, o maior agente degradativo encontrado foi o processo erosivo acentuado no perímetro do açude Taquara. Para tardar o processo e recuperar as áreas afetadas, propomos associar com o plantio de espécies fitográficas de pequeno porte e fazer escoramento para tardar o processo de carreamento. E, no modo geral, a planície fluvial encontra-se associada pela retirada de areia para a construção e fabricação de utensílios com a extração de argila. No Baixo curso, o ponto de maior conservação ambiental que localizamos na sub- bacia, apesar de ter interferência humana, o meio físico (vegetação, solo) vimos uma preservação considerável da mata ciliar fazendo daquele ecossistema habitat da fauna local e como na proteção do leito do rio. O que necessita ser revitalizado para não prejudicar a qualidade do solo e também, do corpo hídrico, retirada do resíduo sólido que é depositado na entrada da rodovia que dar acesso ao ponto de confluência do rio Jaibaras com o rio Acaraú. Portanto, a pesquisa alcançou os objetivos esperados propostos e, deve servir como base para estudos futuros no gerenciamento do recurso hídrico da sub-bacia hidrográfica do rio Jaibaras. Embora entendemos que seriam necessárias outras abordagens para abranger mais aspectos que de certo modo, nesta pesquisa, não abrangeu por não compor o intuito do que se pretendia pesquisar. Todavia, a natureza participa do arranjo indissociável dos elementos naturais e sociais, e que de modo nenhum, o natural será mais relevante que o social, mas de equivalência valor. Por fim, é pela água que nos move, e nos dá vida.

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