Caderno Lab. Xeolóxico de Laxe Coruña. 2004. Vol. 29, pp. 79-96

Ocorrência de aragonite em mármores da região de Alvito-Viana do (Zona de Ossa-Morena): significado geodinâmico Aragonite bearing marbles of the Alvito-Viana do (Ossa-Morena Zone): geodynamic consequences

FONSECA, P. E.1; FONSECA, M. M.2 & MUNHÁ, J. M.3

Abstract The main goal of this work is to present detailed data concerning mineralogical and structural studies carried out on the marble unit in Alvito-Viana do Alentejo structural domain (Ossa-Morena Zone, Iberian Variscides, SW Portu- gal). In addition, we discuss tectonic features of black metapelitic-graphitic outcrops representing structural imbrications related to ‘Água de Peixes - Série Negra’, and other Ossa-Morena Zone lithologies, in Ossa-Morena Zone, geological as well as litho- and tectonostratigraphic boundaries, are usually coincident with major thrusts and overthrusts. The preservation of aragonite in marbles and kyanite in metapelitic associations, indicate that High-Pressure metamorphism also affected some of these metasedimentary lithologies during Variscan times. Key words: aragonite marbles, high-pressure metamorphic event, tectonic imbrications, subduction, SW Iberian Variscides. 80 Fonseca CAD. LAB. XEOL. LAXE 29 (2004)

(1) Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências de Lisboa de Lisboa e Laboratório de Tectonofísica e Tectónica Experimental (LATTEX), Edifício C6, 2º Piso Campo Grande 1748-016 Lisboa, . ([email protected])

(2) Centro de Estudos de Pedologia do Instituto de Investigação Científico Tropical (IICT), Tapada da Ajuda, 1399 Lisboa Codex, Portugal.

(3) Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências de Lisboa e Centro de Geologia da Universidade de Lisboa, Edifício C2, 5º Piso Campo Grande 1748-016 Lisboa, Portugal. CAD. LAB. XEOL. LAXE 29 (2004) Ocorrência de aragonite 81

INTRODUÇÃO de Alvito-Viana do Alentejo, circunscrito na ZOM, cujo substrato é atribuído ao As litologias do Paleozóico inferior, afec- Proterozóico e incluído na Unidade de Água tadas pela orogenia Varisca, no Terreno de Peixes (CARVALHOSA, 1972, 1983a,b; Autóctone Ibérico [TAI] (Zona de Ossa- TEIXEIRA, 1981; TEIXEIRA e Morena, ZOM) encontram-se assentes em GONÇALVES, 1980; GONÇALVES, discordância sobre um substrato atribuído 1971). ao Proterozóico superior. A ZOM evidencia uma história geológica extremamente com- TRABALHOS PRÉVIOS plexa, tanto do ponto de vista estratigráfico como tectonometamórfico. Envolve, em Trabalhos anteriores sobre a ZOM traços largos, o crescimento de um arco referem a existência de um metamorfismo de idade precâmbrica pelo menos em três magmático, numa crusta continental, e áreas, a saber: subsequente deformação, durante os even- • no domínio de Obejo-Valsequillo- tos de acreção sobre um antigo TAI Puebla de la Reina, o mais setentrional da (Precâmbrico superior (?), orogenia ZOM (CRESPO-BLANC, 1989) e onde o Cadomiana) (e.g., QUESADA, 1991; grau metamórfico varia desde a fácies dos QUESADA et al., 1994; FONSECA,1997; xistos verdes até à fácies anfibolítica. FONSECA et al., 1999). No que respeita ao • ao longo da faixa metamórfica de metamorfismo, desde sempre a ZOM foi Abrantes-Portalegre-Badajoz-Córdova, em considerada como possuindo uma alternância que os metamorfitos do Precâmbrico foram muito vincada de cinturas de baixo grau e de intensamente cisalhados, assim como as médio a alto grau, que se desenvolveram rochas intrusivas do Paleozóico inferior durante os ciclos tectonotérmicos do (Câmbrico superior a Ordovícico superior Proterozóico superior e Varisco. segundo PRIEM et al., 1970). A petrofábrica No início dos anos noventa, do Século metamórfica e a paragénese são do XX, ocorrências de alta pressão (“High- Precâmbrico, o que prova a existência de um Pressure”, HP) foram assinaladas e estudadas metamorfismo de alto grau (QUESADA e no sector mais meridional da parte portu- MUNHÁ, 1990) e de pressão intermédia do guesa da ZOM, intimamente relacionadas tipo Barroviano (BURG et al., 1981), com com imbricações tectónicas de Complexos essa idade. Ofiolíticos (FONSECA et al., 1993; FON- • finalmente, no núcleo do antiforma SECA, 1995; 1997; FONSECA et al., 1999). de Olivenza-Monasterio constituído por Neste trabalho vamo-nos reportar apenas rochas precâmbricas que foram aos sectores meridionais da ZOM, já que a metamorfizadas em alto grau, reflectindo, problemática dos sectores a Norte — faixa segundo QUESADA (1991) e QUESADA e de cisalhamento de Porto–Coimbra–Tomar MUNHÁ (1990), os efeitos de um grande — terão de ser abordados separadamente doma térmico. Estes autores atribuem este devido à sua complexidade estrutural e tec- acontecimento térmico ao ciclo precâmbrico tonoestratigráfica (e.g., CHAMINÉ, 2000; superior, se bem que, como em muitos CHAMINÉ et al., 2000, 2003). Deste modo outros sectores da ZOM, não existam nesta apresentação vamos abordar o sector datações radiométricas. 82 Fonseca CAD. LAB. XEOL. LAXE 29 (2004)

Relacionado com o metamorfismo varisco ROSAS, 1996; MOITA, 1997; FONSECA podem observar-se pelo menos quatro áreas et al., 1999; LEAL, 2001) (Fig. 1). Trata-se, distintas, de génese e constituição muito nesta região de um empilhamento de várias diversa; três delas já referidas em trabalhos unidades tectonometamórficas. Dela fazem anteriores a 1993: parte, xistos carbonosos por vezes com abun- • em primeiro lugar, referencia-se o dante grafite (nestes materiais referem-se doma térmico da Serra Albarrana (CRES- ainda ocorrência esporádicas de PO-BLANC, 1989), no domínio do mesmo hidrocarbonetos; MOÇO et al., 2002; FON- nome, e em que trabalhos recentes SECA et al., 2002), micaxistos biotíticos (SIMANCAS et al., 2003) indicam que o granatíferos (atribuídos por muitos autores metamorfismo foi produzido durante a à “Série Negra”, i.e., Série de Água de Pei- orogenia varisca. O metamorfismo referido xes; e.g., FONSECA, 1995), gnaisses félsicos enquadra-se entre a fácies dos xistos verdes —com evidências de alto grau metamórfi- à fácies anfibolítica de alta temperatura. co, ou seja, granulitos félsicos— • ao longo da faixa setentrional da ZOM, extremamente deformados (atribuídos por a grande maioria das rochas paleozóica foram enquadramento ao topo do Proterozóico metamorfizadas na fácies dos xistos verdes (CARVALHOSA, 1983b; TEIXEIRA, de baixa temperatura (QUESADA, 1991). 1981; LIÑÁN e PALÁCIOS, 1983; • por fim, no Maciço de Évora-Beja- PALÁCIOS, 1983); rochas carbonatadas Aracena (CRESPO-BLANC, 1989), desen- puras, impuras e calcossilicatadas (Unidade volveu-se um metamorfismo térmico de grau dos Mármores, atribuída por correlação à médio, a muito alto. Este metamorfismo, na base do Câmbrico ou pelo menos ao Serra de Aracena, foi estudado por BARD Paleozóico inferior; (CARVALHOSA, (1969) e, posteriormente, por CRESPO- 1972), com filões e/ou intercalações de rochas BLANC (1989). No sector do Vale do máficas, intermédias e mesmo félsicas e, , , Ventosa, Beja e Ferreira do finalmente, filonitos e xistos sericíticos, com Alentejo vários dados e suas respectivas intercalações de liditos e/ou quartzitos ne- interpretações podem ser encontrados em gros (atribuídos aos Xistos de Moura; QUESADA et al. (1994), FONSECA (1995), ARAÚJO et al., 1998). Todo o conjunto, e/ FONSECA et al. (1999), MATEUS et al. ou partes significativas dele, esteve sujeito a (1999), FIGUEIRAS et al. (2002), entre um evento tectonometamórfico de alta outras. pressão (FONSECA, 1995; MOITA,1997; Porém, até 1992 nunca se tinha FONSECA et al., 1999; LEAL, 2001). referenciado, no bordo S e SW, qualquer Posteriormente a esta descoberta, a existência de fenómenos variscos de alta ocorrência de litofácies de alta pressão tem pressão (HP) para a ZOM. Contrastando vindo a ser referenciada em muitos outros com o descrito por CARVALHOSA (1972; sectores da ZOM, alargando-se já a uma área 1983a, 1986), foi encontrado e estudado um considerável, como seja a delimitada pelos episódio de alta pressão, inicialmente ape- sectores de Moura (xistos azuis de Moinho nas localizado numa área circundante de de Vilares), Évora e Safira (Montemor-o- Alvito-Água de Peixes-Viana do Alentejo Novo) (FONSECA, 1995; PEDRO et al., (FONSECA et al., 1993; FONSECA, 1995; 1995); e, até mesmo, na região de Évora. CAD. LAB. XEOL. LAXE 29 (2004) Ocorrência de aragonite 83

Figura 1. Mapa geológico esquemático do sector meridional da ZOM (Maciço de Évora-Beja) e domínios envolventes. Mostra preferencialmente a distribuição das litologias máficas em fácies eclogítica e/ou xistos azuis das zonas de: A-Alvito; B-Viana do Alentejo; C-Safira e D-localização do sector da Unidade dos Mármores com Aragonite (Cachopos) (adaptado e modificado de QUESADA et al., 1994; FONSECA, 1995). 1 - Cobertura Cenozóica. 2 - Complexo vulcânico da Toca da Moura-S. Cristóvão. 3 - Complexo vulcânico/sub-vulcânico de Odivelas. 4+5 - Rochas plutónicas máficas e intermédias (CIB - Complexo Ígneo de Beja). 6 - COBA - Complexo Ofiolítico de Beja-Acebuches. 7 - Terreno Acrecionário do Pulo do Lobo. 8 - Terreno Autóctone Ibérico / Zona de Ossa Morena indiferenciada.

ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO Serra Morena Ocidental (Espanha, BARD, 1969, 1970), tomando vários nomes locais Passamos a descrever algumas das uni- (e.g., Série de Mares). Encontra-se muito dades mais importantes e relevantes para bem representada na estrutura de Alvito- este estudo no sector de Alvito-Viana do Viana do Alentejo e, localmente, toma o Alentejo. A unidade dos metassedimentos nome de “Série Negra de Água de Peixes” de Alvito-Águas de Peixes (correlacionável (CARVALHOSA, 1972; FONSECA, 1995; com a “Série Negra” de Águas de Peixes; 1997; FONSECA et al., 1999; ROSAS, CARVALHOSA, 1972) pode ser identifi- 1996, 2003). Esta unidade enquadra-se cada ao longo da ZOM em variadíssimos cartograficamente e, de um modo grosseiro, locais, tanto do Alto Alentejo, como da entre a estrutura definida pelos mármores 84 Fonseca CAD. LAB. XEOL. LAXE 29 (2004) de Alvito-Viana do Alentejo, a W e uma te métricas. Em alguns locais, porém, a extensa mancha de “Xistos de Moura”, que componente grafitosa é muito forte, se desenvolve para Leste. É, essencialmente, ocorrendo localmente impregnações constituída por micaxistos (por vezes muito vestigiais de hidrocarbonetos. A grafite grafitosos, ou seja, com uma quantidade de apresenta um aspecto negro a cinzento escu- matéria orgânica muito elevada já anterior- ro; observação fácil de referenciar no campo mente referida por PALÁCIOS, 1983; e, mesmo, em amostra de mão. LIÑÁN e PALÁCIOS, 1983; GONÇALVES Na “Série Negra de Água de Peixes” os e PALÁCIOS, 1984; POUS et al., 2004), metavulcanitos ácidos apresentam frequen- pelitos, rochas calcossilicatadas e liditos e/ temente, em lâmina delgada, blastos de ou chertes negros (FONSECA, 1995). Possui, albite, muito desenvolvidos, para além do por vezes, intercalações (muitas menores), quartzo e do feldspato alcalino. Também de rochas félsicas e máficas. Intimamente podem apresentar abundantes porfiroblastos associada a esta unidade podem observar-se, de granada, com texturas helicíticas, como localmente, mas em grandes manchas de acontece a Oeste da Capela de Santa Luzia. afloramento, gnaisses félsicos ortoderivados, Análises químicas, referidas por podendo até observar-se em alguns locais CARVALHOSA (1983a), indicam que es- restitos dos granitos originais. tas litologias são alcalinas, sódicas, e que, A unidade dos metassedimentos de nos níveis mais altos da sequência, revelam Alvito-Águas de Peixes compreende, fun- texturas piroclásticas residuais. As granadas damentalmente, metassedimentos pelítico- helicíticas ou, como é mais comum nas siliciosos e metavulcanitos félsicos e máficos. imediações de Alvito e Águas de Peixes, os Os metassedimentos pelíticos são constituí- vazios correspondentes ao possível dos por xistos negros (s.l.), localmente desaparecimento por alteração da granada micaxistos granatíferos, filitos sericíticos e apresentam vesículas com vestígios de óxi- grafitosos. A associação mineralógica mais dos de Fe. O zircão e o rútilo são minerais comum, observada nos metassedimentos, é secundários, também abundantes. A grana- constituída por moscovite, biotite verde da, quando ainda visível, mostra inclusões acastanhada, quartzo, clorite, porfiroblastos com estruturas “em bola de neve”, sendo de albite, e grafite numa poalha fina e muito esta blastese pós-fase D1, a sin-fase D2. Para dispersa. Como habitualmente acontece nas Leste, as rochas desta unidade desaparecem unidades correlacionáveis com a “Série Ne- por um biselamento tectónico, passando aos gra”, os metaliditos e/ou metachertes ne- “Xistos de Moura”. Por sua vez, estes xistos, gros são comuns e, por vezes, até abundan- assentam, por acidente, em todos os locais tes. O quartzo é xenomórfico, disposto em observados, sobre as litologias correlacio- mosaico granoblástico (CARVALHOSA, náveis com a “Série Negra” sendo a natureza 1972). Esta unidade exibe um bandado com- da passagem entre estes dois grupos muito posicional característico, proveniente da polémica entre os autores (e.g., ROSAS, alternância de bandas ricas em sílica, de 2003; ARAÚJO, 1995; FONSECA, 1995). granularidades diferentes, e da intercalação Destas observações pode concluir-se que da poalha de grafite. Estes níveis apresentam, esta unidade favorece em grande medida a no geral, espessuras decimétricas, raramen- ocorrência de acidentes tectónicos, de gran- CAD. LAB. XEOL. LAXE 29 (2004) Ocorrência de aragonite 85

Figura 2a. Perfil bidimensional de resistividade eléctrica (obtido através de inversão MT, adaptado de ALMEIDA et al., 2001). CFF – Cavalgamento de Ferreira-Ficalho; CIB – Complexo Ígneo de Beja; EAVA – estrutura de Alvito-Viana do Alentejo; ZCTBC – zona de cisalhamento de Tomar-Badajoz- Córdova.

Figura 2b. Corte geológico interpretativo do sector da EAVA (adaptado de FONSECA, 1995). 1- acidentes tectónicos (cavalgamentos e carreamentos) condicionadores da estruturação imbrica- da do sector; 2- Rochas máficas em fácies eclogítica e/ou dos xistos azuis, por vezes contidas e boudinadas no interior da unidade dos mármores; 3- unidade dos mármores localmente com aragonite; 4- unidade de gnaisses félsicos – granulitos félsicos; 5- “Série Negra” de Água de Peixes; 6- Unidades imbricadas indiferenciadas (e.g., ‘mélanges’ tectónicas e/ou Xistos de Moura); 7- outras sequências parautóctones da Zona de Ossa-Morena. 86 Fonseca CAD. LAB. XEOL. LAXE 29 (2004) de extensão, devido às suas características origem. Enquanto alguns dos dados mostram reológicas. Alguns dos acidentes tectónicos uma origem orgânica do tipo algal não (carreamentos) de maior flecha, que estruturado e, finamente disseminado imbricam diversas unidades aflorantes na (MOÇO et al., 2002); outros dados apontam região, ocorrem, precisamente, tendo como para uma natureza inorgânica evoluída “unidade lubrificante” a unidade de me- termicamente, evidenciando uma alta tassedimentos de Água de Peixes. Estudos organização estrutural (FONSECA et al., recentes mostram uma grande importância 2002). desta unidade ao desenvolverem condutores Tectonicamente, imbricadas na “Série geoeléctricos e térmicos em profundidade Negra de Água de Peixes”, podem encon- (ALMEIDA et al., 2001). Trabalhos trar-se rochas básicas, metamorfizadas, sob desenvolvidos no âmbito da geofísica condições de alta pressão, como acontece no mostram a importância destes afloramentos Monte da Condessa. No actual contexto da de rochas grafitosas que afloram com ZOM, a unidade metabásica de alta pressão espessuras verticais na ordem dos 2 a 8 é, sem dúvida, a mais importante de todo o metros. Do ponto de vista da estrutura sector de Alvito-Viana do Alentejo. Estudos mostram um bom condutor em profundida- de pormenor realizados nestas litologias de e na vertical da zona de Albergaria dos descrevem um percurso inicial metamórfico Fusos, com uma forte inclinação para o — Pressão-Temperatura-Tempo (Fig. 3) — sector sul (Fig. 2). Análises preliminares prógrado característico (FONSECA et al., evidenciam 10 a 15% de Carbono, não 1993; FONSECA, 1995; MOITA, 1997; havendo ainda dados concretos sobre a sua FONSECA et al., 1999), atingindo a fácies

Figura 3. Diagrama de Pressão-Temperatura-tempo (PTt) elaborado a partir dos dados geotermobarométricos obtidos em rochas máficas polimetamórficas do sector de Alvito-Viana do Alentejo (FONSECA et al., 1993; FONSECA, 1995). CAD. LAB. XEOL. LAXE 29 (2004) Ocorrência de aragonite 87 eclogítica; segue-se-lhe o retorno a gradientes cleos brancos (porfiroblastos) de albite. A termobarométricos normais em condições restante matriz é constituída por anfíbola de retrogradação na fácies anfibolítica/xistos verde, epídoto e clorite. No entanto, o mais verdes. característico é o forte pontuado branco da De um modo grosseiro (em amostra de plagioclase. No contexto polimetamórfico mão), podem reconhecer-se três estádios de destas litologias, este estádio corresponde ao metamorfismo nas litologias xistentas da reequilíbrio final (blastese de albite) e total “Série Negra”: substituição da granada preexistente. • um estádio inicial característico e Sem dúvida que um dos aspectos mais muito típico da região de Águas de Peixes importantes da “Série Negra de Água de (Monte da Condessa), da Capela de Sta Luzia Peixes” é o facto de se encontrar tecto- e do Monte dos Luzios. Observa-se uma nicamente imbricada em quase todas as rocha muitíssimo densa, de cor esverdeada outras unidades geológicas. Apresenta, clara (quando a onfacite é abundante) ou invariavelmente, cisalhamentos muito im- escura (quando o glaucófano é abundante). portantes, associados. Deste modo, é comum Esta rocha tem intensas pontuações de gra- encontrarem-se rochas máficas eclogitizadas nada, vermelho muito vivo. A granada nes- (ou os seus estádios retrogradados), no inte- tas condições poderá ter uma dimensão des- rior de mármores, imbricados na “Série Negra de o milímetro a 0.5 centímetro. Esta rocha, de Água de Peixes”, entre os gnaisses félsicos extremamente dura, aflora geralmente bem, ortoderivados e também intercalados nos no topo dos montes. Ao microscópio, esta “Xistos de Moura”. Estes factos indicam a rocha corresponde ao eclogito bem pre- forte complexidade tectónica deste sector. servado. Como já se referiu, a unidade metabásica • um estádio intermédio, mais abun- envolvida no episódio tectono-metamórfico dante que o anterior. É constituído por uma de alta pressão, desenvolve-se quer para W rocha de cor verde escuro (característica dos (Santiago do Escoural, Safira), quer para E anfibolitos), onde, em alguns casos, ainda é (Alqueva, Pedrogão, Moura) do sector de possível observar relíquias de granada; o Alvito-Viana do Alentejo. verde claro da piroxena sódica nunca é visível. A unidade dos mármores impuros é, de Neste estádio observa-se, numa matriz todas as unidades presentes no sector de anfibolítica de aspecto simplectítica, o Alvito-Viana do Alentejo, a que pode ser crescimento de mica branca (paragonite) e mais facilmente observada e estudada. O clinozoisite, muito abundantes que facto deve-se à grande quantidade de acompanham a anfíbola verde (horneblen- pedreiras. Esta rocha ornamental é intensa- daÆactinolite). Em alguns locais, constata- mente explorada na região, desde há muitos se ainda o aparecimento (incipiente) de anos. Por isso, algumas pedreiras encontram- plagioclase (albite), envolvendo as relíquias se em laboração, estando outras já abando- de granada. nadas. Esta exploração é de grande • um estádio final ainda mais abundan- importância económica local, principalmen- te e muito generalizado em todo este sector te a extracção da variedade de mármore da ZOM. Em amostra de mão trata-se de “Verde Viana” (típica desta região), assim anfibolitos, fortemente pontuados por nú- como a variedade “Branca”. As pedreiras 88 Fonseca CAD. LAB. XEOL. LAXE 29 (2004) mais importantes, onde se efectuaram os geoquímica dos eclogitos que lhes estão principais trabalhos de campo, são de S para associados. Um outro alinhamento, menos N: Santa Luzia, Cachopos (onde foram importante, entre Vila Nova da Baronia e colhidas as amostras com aragonite objecto Água de Peixes, parece-nos possuir uma deste estudo), Mascarra, Sesmarias, génese, marcadamente, mais dolomítica. Berruchos, Algozim, Covão, S. Vicente e CARVALHOSA (1972) designa sob o nome Forno das Perdizes. Tal como nos sectores de de cipolinos os mármores esverdeados com Serpa e Trigaches, estes mármores derivam serpentina (ou olivina). Outros autores de sedimentos calcários, calcário-dolomíticos chamaram a este tipo litológico de rochas e dolomíticos (por vezes com intercalações calcossilicatadas. CARVALHOSA (1972) margosas e/ou pelíticas), que foram intensa- fez uma descrição exaustiva dos minerais mente, recortados por denso cortejo filoniano presentes nestes mármores, assim como das (intrusivo s.l.). Actualmente, apresentam- suas texturas. Macroscopicamente, estas se como rochas cristalinas (mármores, s.l.), rochas apresentam-se, no geral, maciças, de às quais se encontram associadas rochas cal- grão muito grosseiro a fino de aspecto cossilicatadas e, localmente, eclogitos e xistos sacaróide. Mostram aspectos listrados ou azuis (ROSAS, 2003). O grande alinhamento bandados —podendo o bandado ser compo- dominante, Alvito-Viana do Alentejo, pa- sicional ou de natureza metamórfica, rece-nos ter uma proveniência calcária de transpondo a estratificação inicial — e, como plataforma carbonatada, consistente com a observámos, em alguns casos, evidenciam

Figura 4. Secção, aproximadamente N-S, de uma parede de pedreira em mármores. No interior dos mármores bandados observam-se ‘boudins’ fracturados, e localmente rodados, de rochas máficas (presumivelmente diques). Observe-se os ‘boudins’ rodados e fracturados por mecanismos de “bookshelf” ou dominó. Notar, de igual modo, a diferença dramática de reologia entre a superplasticidade dos mármores e o carácter frágil dos ‘boudins’ máficos (adaptado de FONSECA, 1995) CAD. LAB. XEOL. LAXE 29 (2004) Ocorrência de aragonite 89 intensa carsificação (algares e grutas com (FONSECA, 1995). A presença de minerais concreções). Em lâmina delgada, a unidade como a flogopite, plagioclase, escapolite dos mármores, apresenta uma textura (entre outros) mostram que esta unidade granoblástica, a lepidoblástica, algumas contém impurezas de natureza argilosa vezes com cataclase. Nas proximidades de (CARVALHOSA, 1972). litologias com reologia muito diferente, O metamorfismo, que afecta a unidade como os eclogitos, em que os contrastes dos mármores é muitíssimo heterogéneo. entre a plasticidade é flagrante os aspectos Tal como já tinha sido constatado por FON- de deformação são espectaculares (Fig. 4), SECA (1995) nos mármores de Serpa- tendo sido objecto de alguns trabalhos de Brinches, as litologias carbonatadas da região natureza analógica experimental (e.g., RO- de Alvito-Viana do Alentejo podem SAS et al., 2001). Podem apresentar, local- apresentar (Fig. 5) —longe das zonas mente e na dependência dos principais tectonometamorficamente actuadas — des- acidentes tectónicos, aspectos de de alguns vestígios fósseis (segundo GOMES, milonitização e mesmo ultramilonitização. 2000), evidenciando deste modo um inci- As associações mineralógicas mais comuns piente metamorfismo e uma fruste recrista- são: calcite, dolomite, quartzo, flogopite, lização, até um mosaico de recristalização tremolite-actinolite, diópsido, forsterite, tectonometamórfico muitíssimo evoluído. grossulária e wolastonite (por vezes em gran- Deste modo, é importante, desde já, referir des agregados). A moscovite, a plagioclase, que o metamorfismo desta unidade é muito e o talco aparecem por vezes vestigialmente diverso de local para local estando na

Figura 5. Fotomicrografia em nicóis cruzados de um vestígio de molusco fóssil (em mármores atribuídos ao Câmbrico [?]) na Unidade dos Mármores de Alvito, num sector muitíssimo preservado dos eventos tectonometamórficos que ocorreram na EAVA. O material mais escuro (fóssil com 300µ) é calcite e o enquadrante é dolomite (segundo GOMES, 2000). 90 Fonseca CAD. LAB. XEOL. LAXE 29 (2004) dependência de intrusões ígneas (tardias) e de mais um mineral de grande importância da proximidade de acidentes tectónicos e de para a modelação cinemática e tectonometa- ter estado ou não, sujeito ao envolvimento mórfica, i.e., a aragonite. Este mineral foi do metamorfismo de alta pressão. Em Alvito, encontrado em duas amostras colhidas na na região da Capela de Santa Luzia é óbvio o região de Água de Peixes (v.g. Cachopos e envolvimento e a imbricação, entre as rochas Sesmarias). Os estudos de pormenor que, metabásicas em fácies eclogítica e a unidade seguidamente, se descrevem foram efectua- dos mármores. Neste local o mosaico dos no Centro de Estudos de Pedologia apresentado pelo mármore (Fig. 6) não deixa (CEP) do Instituto de Investigação Científi- qualquer dúvida de que, ambas as litologias ca Tropical (IICT), a funcionar nas instalações estiveram sujeitas a condições de alta pressão do Instituto Superior de Agronomia (Lis- (FONSECA, 1995). boa). A primeira alusão à presença de aragonite, A OCORRÊNCIA DE ARAGONITE NA nas amostras da unidade dos mármores im- UNIDADE DOS MÁRMORES puros de Alvito-Viana do Alentejo, foi de- nunciada pela reacção de Meigen Para além dos minerais já referidos, estu- (PARFENOFF et al., 1970; DEER et al., dos de maior detalhe mostraram a existência 1981), e referida em FONSECA (1995). A

Figura 6. Pormenor da amostra VA–32a, apresentando uma zona de contacto entre os mármores e as rochas máficas em fácies eclogítica – Capela de Sta Luzia-Alvito. No contacto (com alguns milímetros), os mármores apresentam-se muito mais deformados, devido à grande diferença de reologia entre as duas litologias. Enquanto o mármore se apresenta com uma deformação dúctil (superplástica), no eclogito observam-se fendas (de características frágeis), preenchidas por carbonatos (segundo FON- SECA, 1995). CAD. LAB. XEOL. LAXE 29 (2004) Ocorrência de aragonite 91 amostra depois de moída finamente foi dos carbonatos pelo ácido clorídrico, fosterite, mergulhada numa solução diluída de talco, clorite e flogopite. Este diagrama foi

Co(NO3)2 que foi, de seguida, aquecida até efectuado com o objectivo de se assegurar a à ebulição, durante alguns minutos. não coincidência das reflexões fundamentais Verificou-se o aparecimento rápido de uma da aragonite com as de outros minerais que cor lilás ou violácea sobre algumas partícu- eventualmente se encontrassem na amostra. las do material. Este facto é indicativo da Quanto à espectroscopia de infravermel- presença de aragonite (PARFENOFF et al., hos, também efectuada nas instalações do 1970; DEER et al., 1981). Instituto de Investigação Científico Tropi- Para confirmar a existência daquele mi- cal (IICT), o espectro de absorção de infra- neral analisámos a amostra, por difracção de vermelhos foi obtido num espectofotómetro raios-X e por espectroscopia de infraver- ‘Pye-Unicam SP300’ de duplo feixe, utili- melhos. A difracção de raios-X (DRX), foi zando como célula uma pastilha constituída efectuada num difractómetro Philips por 200 mg de KBr e 2-3 mg de amostra. O PW1710, comandado a partir de um com- espectro mostra, para além das bandas a putador pelo programa informático PC- 1830, 1435, 880, 730, 360 e 315 cm-1 APD, Versão 3.6 (Philips Scientific). O correspondentes à dolomite, pequenos programa PC-APD, além de permitir a “ombros” a 1100, 860, 720 e 700 cm-1, aquisição dos dados de difracção, relativos à presença da aragonite. digitalizando os registos obtidos, também A importância da presença de aragonite, nos permite analisá-los e manipulá-los, ten- nas amostras da unidade dos mármores de do sido utilizada a função ‘peak search’ para Alvito-Viana do Alentejo, prende-se com o detectar os ângulos 2θ das reflexões, e as facto deste mineral ser considerado um respectivas intensidades, através da função polimorfo da calcite, mas atribuído a ‘Minimum of 2nd Derivate of Peak’. Foi usada condições de equilíbrio de alta pressão (e uma ampola de Cu (20 mA e 40 kV) como relativa baixa temperatura), possíveis de fonte de radiação. Os registos foram efectua- ocorrer associadas a fácies dos xistos azuis dos utilizando um ‘scan’ contínuo, entre os (PUTNIS, 1995). É o produto da 2º e os 65º 2θ e uma velocidade de varrimento transformação de carbonatos (essencialmen- de 0,02º θs-1. Os difractogramas obtidos te, calcite e dolomite), em condições foram analisados com o apoio do programa metamórficas de alta pressão e denuncia MacDiff, versão 4.25, escrito por R. Petschic. estruturas de maior densidade cristalina. O diagrama de raios-X obtido (Fig. 7) Por outro lado, o crescimento e ocorrência apresenta para além dos picos, com forte de aragonite estão também associados a uma intensidade, da dolomite (D), outros, com cinética de reacções químicas que favorecem menor intensidade a 3.39, 3.27, 2.70, 2.37, o seu aparecimento, em detrimento da 1.97, 1.88 e 1.74Å, atribuíveis à presença da nucleação da calcite. A aragonite gerada em aragonite (A). Para além destes dois minerais condições estáveis de alta pressão e parcial- observou-se também a presença de quartzo mente transformada em calcite, por (Qz) e calcite (C). Para além destes minerais, retrometamorfismo, durante as fases de foram ainda identificados na amostra, num exumação, possui sempre relações diagrama do resíduo obtido após a destruição cristalográficas muito específicas em que os 92 Fonseca CAD. LAB. XEOL. LAXE 29 (2004)

Figura 7. Diagrama de RX da amostra VA-31f (Cachopos), no qual se assinalaram as reflexões dos diferentes minerais identificados pelas seguintes letras: A-aragonite, C-calcite, D-dolomite e Qz-quartzo (modificado de FONSECA, 1995). núcleos de aragonite ficam preser- CONCLUSÕES vados e envolvidos pela calcite em crescimento. Parece-nos evidente que, com os dados As mudanças polimórficas referidas ora apresentados se pode esquematizar um encontram-se bem estudadas para o caso da novo cenário para a estrutura de Alvito- aragonite-calcite, quartzo-coesite-stishovite Viana do Alentejo. Os dados evidenciam e diamante-grafite. São muito semelhantes que não só as rochas máficas e a “Série às transformações que incluem a entrada de Negra” de Água de Peixes estiveram sujeitas Mg nas granadas e do Na nas piroxenas e as condições de alta pressão (distena, anfíbolas — jadeite, onfacite e glaucófano glaucófano, granada, onfacite, etc.; FON- — (MIYASHIRO, 1994; SPRY, 1969). Os SECA, 1995) como, pelo menos fenómenos relacionados com piroxenas e sectorialmente, partes significativas da anfibolas foram encontrados e analisados nas sequência carbonatada, atribuída ao litologias básicas desta região. Encontram- Câmbrico inferior, também foram afectadas se, em curso, a caracterização dos fenómenos por este evento tectonometamórfico varisco. relacionados com a “Série Negra” grafitosa, A importância deste fenómeno regional, bem como a interpretação pormenorizada e associado aos novos dados de natureza cruzada dos dados sobre o estudo da matéria geofísica (ALMEIDA et al., 2001) evidencia orgânica e dos dados da cristalinidade das uma imbricação tectónica até grandes pro- argilas que serão, oportunamente, referidos fundidades, desenhando um conjunto de e tratados num trabalho de maior fôlego (cf. rampas tectónicas, em traços gerais, incli- MOÇO et al. 2002; ROCHA et al. 2002; nada para S-SSW, e com acidentes de FONSECA et al., 2002). escamamento de cinemática para N-NNE CAD. LAB. XEOL. LAXE 29 (2004) Ocorrência de aragonite 93

Figura 8. Corte geológico esquemático e interpretativo para o sector de Alvito-Viana do Alentejo

(adaptado ARAÚJO et al., 1998) das estruturas de primeira fase de deformação Varisca - D1. 1 – Soco cristalino atribuído ao Proterozóico superior; 2 – Sequências autóctones atribuídas ao Câmbrico a Devónico inferior; 3 – Complexo dos Xistos de Moura (zona de ‘mélange’); a – fragmentos do autóc- tone; b – fragmentos de complexos Ofiolíticos; c – rochas em fácies de alta pressão HP; 4 – ‘Nappes’ Ofiolíticas.

(Fig. 8). Esta geometria poderá até sugerir AGRADECIMENTOS uma possível zona de subducção para Sul, Este trabalho recebeu apoio do projecto nunca antes referida, mas intimamente rela- MODELIB/FCT (POCTI/35630/CTA/ cionada com a exumação deste cortejo de 2000-FEDER) e uma contribuição do alta pressão e também, possivelmente, LATTEX – Laboratório de Tectonofísica e responsável pelo aparecimento de retalhos Tectónica Experimental (GeoFCUL). São de ofiolito — Ofiolitos Internos da Zona de devidos agradecimentos ao Prof. Fernando Ossa-Morena-OIZOM (FONSECA et al., T. Rocha (Universidade de Aveiro) pela 1999). leitura crítica ao manuscrito original.

Recibido: 20-1-2004 Aceptado: 15-7-2004 94 Fonseca CAD. LAB. XEOL. LAXE 29 (2004)

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