• Aniversário De Sorocaba • 365 Anos
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•ANIVERSÁRIO DE SOROCABA • Introdução Toda cidade tem sua história, feita de pessoas, ruas, casas, monumentos e fatos marcantes para o conjunto de seus habitantes e para cada um de nós. Ela tem vida. Cresce, modifica-se, transforma-se, fica feia ou bonita conforme nosso olhar. Reflete e dialoga com seus moradores. Como entidade viva, precisa também de atenção, de cuidados, de carinho. Afinal, nossa cidade é a extensão da nossa rua, da nossa casa, da nossa alma. Do que somos ou desejamos ser. Caminhos tantas vezes vistos e, de repente, não vistos. Detalhes: uma nova pintura ou algo tão antigo que se nos depara tão novo. A cidade abre-se como uma janela. A cada dia um novo tom. A cada instante uma cor. A cada segundo uma esperança. Pessoas que vão e vêm como catadores de sonhos. Novos rostos, novos sorrisos, algumas mágoas, novos vizinhos, pessoas que se ausentam no para sempre e que, para sempre estão indeléveis em nossa memória. Um sol mais forte, uma tarde preguiçosa ou repleta de incontornáveis compromissos. A lua que surge acima das nossas cotidianas correrias, a rir-se de nós, postada tranquila como ficava nas noites calmas da juventude e dos namoros. CITY TOUR CULTURAL • ANIVERSÁRIO DE SOROCABA • 365 ANOS A cidade mostra-se em plenitude para aqueles que sabem olhar. Tudo se repete e nada se repete. As mesmas crianças ou outras crianças brincam nos espaços que deixamos da largueza dos nossos caminhos. Adultos correm como sempre correram. Velhos passam tranquilos, sabedores de que tudo muda, mas as histórias se repetem. A cidade mostra-se através das ruas, das calçadas, prédios, pessoas, gatos vadios, pássaros, cores, sons, cheiros e, aos poucos (para os mais atentos) descobrimos: todas as Sorocabas, de Baltazar aos nossos dias estão aí encobertas, diáfanas, sutis. Descanse o olhar. Olhe de novo. Vá descobrindo. Vá se reencontrando. Tudo está aí. Resumo Histórico de Sorocaba Muito antes do descobrimento do Brasil, a região do rio Sorocaba era habitada por índios Tupiniquins. As atuais ruas do centro faziam parte do Peabiru, caminho indígena que atravessava a América do Sul e, posteriormente, foi utilizado por bandeirantes e missionários. Afonso Sardinha e seu filho do mesmo nome, por volta de 1589, procuram ouro no morro do Araçoiaba. Encontraram minério de ferro e comunicaram o fato ao governador-geral do Brasil, Dom Francisco de Souza que, em 1599, esteve na região, quando foi erigido um pelourinho - símbolo do poder real. Neste período, bandeirantes percorriam o Peabiru, entre eles, o capitão Baltazar Fernandes, fundador de Sorocaba. Recebendo da mãe e do irmão, grande propriedade de terra, Baltazar mudou-se então para a região, em 1654, com familiares e escravos indígenas e fundou um povoado, ao qual deu o nome de Sorocaba que na linguagem Tupi-Guarani significa “Terra Rasgada”. Além disso, Baltazar doou, em 1661, uma grande gleba de terras aos monges beneditinos de Santana do Parnaíba, onde morava anteriormente, com a condição de que estes construíssem um convento e uma escola. A iniciativa incentivou o povoamento de Sorocaba, atraindo moradores da região para se estabelecerem aqui. A partir do século XVII, o comércio de escravos índios deixou de ser a principal fonte de renda local e acabou substituída por outra atividade de comércio: as Feiras de Muares. A primeira tropa de mulas passou pelas ruas de Sorocaba em 1733, conduzida pelo português Cristóvão Pereira de Abreu, um dos fundadores do Rio Grande do Sul, iniciando um novo ciclo histórico: o Tropeirismo. A localização geográfica favoreceu Sorocaba no comércio das tropas. Sua posição estratégica a tornou parada obrigatória para os tropeiros, no eixo CITY TOUR CULTURAL • ANIVERSÁRIO DE SOROCABA • 365ANOS econômico do entre o Sul, o Norte e o Nordeste. A cidade, com o fluxo de tropeiros, formou uma Feira de Muares, onde brasileiros de todos os estados reuniam-se para comprar e vender animais. Elevação de Sorocaba à Categoria de Vila Tela de Ettore Marangoni – 1954 Acervo Museu Histórico Sorocabano A grande movimentação econômica e o intenso fluxo de pessoas proporcionou desenvolvimento ao comércio e à indústria caseira, com base na confecção de facas, facões, redes, doces e objetos de couro para montaria. A partir daí, novos ciclos de desenvolvimento marcaram a história de Sorocaba, em especial, o do cultivo de algodão, atraindo investimentos ingleses, com a implantação de indústrias têxteis, que tornaram a cidade conhecida como a Manchester Paulista e, posteriormente, a Ferrovia, inaugurada em 1875. A partir da década de 1970, a cidade diversificou seu parque industrial, que abriga hoje milhares de empresas, incluindo algumas das principais do Brasil e da América do Sul. Agora, Sorocaba se prepara para entrar em uma nova etapa do seu desenvolvimento, com a implantação de um Parque Tecnológico. Em 2014, com a criação da Região Metropolitana de Sorocaba, nossa cidade passa a congregar 27 municípios, possibilitando um desenvolvimento planejado em termos de qualidade de vida e identidade cultural. CITY TOUR CULTURAL • ANIVERSÁRIO DE SOROCABA • 365 ANOS Locais a serem visitados O RIO SOROCABA O Rio Sorocaba nasce na Serra do Mar, próximo a Ibiúna, SP. É formado por três pequenos rios: Sorocamirim, Sorocabuçu e Una. Ao longo de seu curso ele recebe água de vários afluentes. Na região de Sorocaba destacam-se os córregos do Lageado e Supiriri e os rios Ipanema, Sarapuí, Tatuí e Piragibu. Na região de Laranjal Paulista, o rio Sorocaba vai unir-se ao grande rio paulista, o Tietê. Havia muitos peixes no rio e em suas margens viviam diferentes espécies de animais. Próximo habitavam os índios, que se alimentavam de seus peixes, bebiam suas águas e nelas se banhavam. O rio serviu de caminho para os bandeirantes que iam para longe em grandes canoas, também chamadas de batelões. Com o crescimento da cidade foi ficando sujo. Hoje está sendo limpo da poluição, recuperando em plenitude sua vida e da população. Rio Sorocaba – foto Zaqueu Proença O PEABIRU Os primeiros habitantes de Sorocaba foram os índios que aqui viviam da coleta e cultivo de alimentos, caça e pesca. Eram nômades, isto é, permaneciam no local por um determinado tempo e, depois, mudavam-se em busca de melhores condições. Pesquisadores estimam o aparecimento desses índios entre 10 e 6 mil anos atrás. Graças a vestígios deixados pelos índios, como pontas de flechas, objetos de cerâmica e urnas funerárias, estuda-se seus costumes e os locais onde CITY TOUR CULTURAL • ANIVERSÁRIO DE SOROCABA • 365ANOS permaneceram ou utilizavam como campo de caça. Através desses vestígios hoje sabemos que o Centro da cidade, os bairros do São Bento, Caguaçu, Éden, Jardim Iguatemi, Parque das Laranjeiras, Mineirão e Cerrado foram locais de aldeamentos indígenas. Dos índios herdamos a alimentação à base de mandioca e milho, a rede de dormir, o banho diário e a toponímia - denominação em língua tupi-guarani de diversos acidentes geográficos da região. A começar pelo nome da cidade Sorocaba (terra-rasgada), Supiriri (rio dos couros), Ipanema (água ruim), Ipatinga (lagoa branca), Votorantim (morro da água branca), Itavuvu (pedra chata grande), Araçoiaba (esconderijo do sol), Caguaçu (mato grande), Itupararanga (salto barulhento), entre outros. Por Sorocaba passava o legendário Peabiru, conjunto de trilhas indígenas anteriores ao descobrimento do Brasil, que partiam de pontos próximos às cidades de São Vicente, Cananéia e Paranaguá, uniam-se no interior do Estado do Paraná, atravessavam o Paraguai e atingiam o Peru. A trilha principal do Peabiru cortava (e ainda hoje corta) o bairro de Aparecidinha, seguindo pela margem do Rio Sorocaba, passando pela Rua Padre Madureira, Avenida São Paulo, Quinze de Novembro, São Bento, Praça Carlos de Campos, Rua 13 de Maio, Rua da Penha, Moreira César, Praça 9 de Julho, General Carneiro e daí em diante seguindo pela estrada do Ipatinga em direção a Araçoiaba da Serra. FÁBRICA NOSSA SENHORA DA PONTE Inaugurada em 1882, pelo português Manoel José da Fonseca, que enriquecera no comerciante de algodão, na antiga propriedade de Maria Joaquina do Nascimento Ferreira Prestes, que se estendia do Largo do Mercado até a atual Vila Carvalho. O projeto de construção segue o modelo das fábricas inglesas, sendo todo o madeiramento e tijolos trazidos de Itapeva, atual bairro de Votorantim. Foi o inglês Alexandre Marchisio o responsável pela aquisição do maquinário e gerenciamento técnico da mesma. Funcionava de sol a sol em longas jornadas. Com o tempo, a fábrica passa para as mãos de Nicolau Scarpa (1919), também comerciante que fizera fortuna com o algodão. Em 1981 o grupo Cianê, de Sorocaba adquire a empresa, mas, devido a dificuldades financeiras, a fábrica é fechada definitivamente em 1981. O conjunto enfrenta longo período de abandono. Em 1991, a Prefeitura desapropria parte do terreno para a construção do Terminal Urbano. Em 1993 o conjunto é tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico de CITY TOUR CULTURAL • ANIVERSÁRIO DE SOROCABA • 365 ANOS Sorocaba. Em 2013 é inaugurado no local o Shopping Cianê. Fábrica Nossa Senhora da Ponte Foto de Pedro Neves dos Santos – 1923 Vida Operária Com o advento das indústrias, surge uma nova classe em Sorocaba: a dos operários. As condições de trabalho com longas jornadas, a utilização de mão de obra de mulheres e crianças vão gerar a criação de Sociedades Operárias de Mútuo Auxílio e a adesão contínua destes operários em greves e lutas buscando melhores condições, transformando, aos poucos, a realidade do município. Funcionários da Fábrica Nossa Senhora da Ponte – 1904 Foto de Florentino Hansted Acervo Museu Histórico Sorocabano CITY TOUR CULTURAL • ANIVERSÁRIO DE SOROCABA • 365ANOS ESTAÇÃO Onde atualmente se encontra a estação da Estrada de Ferro Sorocabana existia uma grande paineira e próximo a ela, realizavam exibições de touradas. Luiz Matheus Maylasky, um dos fundadores da Sorocabana, mantinha no local seu depósito e máquina de beneficiar algodão.