Santos, Jorge Viana
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JORGE VIANA SANTOS LIBERDADE NA ESCRAVIDÃO: UMA ABORDAGEM SEMÂNTICA DO CONCEITO DE LIBERDADE EM CARTAS DE ALFORRIA UNICAMP IEL – INSTITUTO DE ESTUDOS DA LINGUAGEM 2008 JORGE VIANA SANTOS LIBERDADE NA ESCRAVIDÃO: UMA ABORDAGEM SEMÂNTICA DO CONCEITO DE LIBERDADE EM CARTAS DE ALFORRIA Tese apresentada ao Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas, como requisito para obtenção do título de Doutor em Lingüística. Orientadora: Profa. Dra. Mónica Graciela Zoppi-Fontana CAMPINAS 2008 iii Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca do IEL - Unicamp Santos, Jorge Viana. Sa59L Liberdade na escravidão: uma abordagem semântica do conceito de liberdade em cartas de alforria / Jorge Viana Santos. -- Campinas, SP : [s.n.], 2008. Orientador : Mónica Graciela Zoppi-Fontana. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem. 1. Semântica. 2. Liberdade. 3. Escravidão. 4. Libertos (Escravos). 5. Carta de alforria. I. Zoppi-Fontana, Mónica Graciela. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Estudos da Linguagem. III. Título. tjj/iel Título em inglês: Freedom in slavery: a semantic approach to concept of freedom in prospects of manumission. Palavras-chave em inglês (Keywords): Semantics; Freedom; Prospect of manumission; Slavery; Freedman. Área de concentração: Lingüística. Titulação: Doutor em Lingüística. Banca examinadora: Profa. Dra. Mónica Graciela Zoppi-Fontana (orientadora), Prof. Dr. Eduardo Roberto Junqueira Guimarães, Profa. Dra. Ana Josefina Ferrari, Profa. Dra. Maria da Conceição Fonseca-Silva e Profa. Dra. Ana Lúcia Tinoco Cabral. Data da defesa: 19/12/2008. Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Lingüística. iv v À Raça Negra que, no Brasil Escravocrata, sentiu, literalmente, na própria pele quantos significados tem a palavra Liberdade . À minha irmã Jane que me ensinou muito sobre Liberdade. vii AGRADECIMENTOS Serei sempre grato: À Profa. Dra. Mónica Zoppi, não só pela competente orientação com valiosos comentários sempre pertinentes e fundamentais na elaboração deste trabalho, como também pela sua inestimável compreensão e paciência durante todo o percurso. Aos meus professores no IEL, que muito contribuíram para minha formação. Ao Prof. Dr. Sirio Possenti, e à Profa. Carolina Rodriguez, pela orientação nas minhas qualificações de área, em Análise do Discurso e em História das Idéias Lingüísticas. Aos Professores Dr. Jonas Romualdo, Dra. Suzy Lagazzi, Dra. Cláudia Pfeiffer, pela participação nas bancas de qualificação de área. Ao Prof. Dr. Eduardo Guimarães, e à Profa. Dra. Ana Josefina Ferrari, pelos comentários e pertinentes sugestões no exame de qualificação de tese. Aos Professores Dr. Eduardo Guimarães, Dra. Ana Josefina Ferrari, Dra. Ana Lúcia Tinoco Cabral, Dra. Maria da Conceição Fonseca, Dra. Soeli Schreiber, Dra. Carolina Rodríguez e Dra. Neuza Zattar, pela participação na Banca Examinadora. À minha mãe, meu pai, meus irmãos, porto seguro nas tormentas; a Mauro, e em especial à minha irmã Jane, hoje in ausentia , por tudo que foi para mim in praesentia . A Conceição, inefável amiga sine qua non que, dentre outras coisas, me fez acreditar (de novo) em mim. ix A Nirvana, Adriana, Vera e Marian, meninas que foram meu 192 nas horas de aperto. A Edvânia, pelas leituras pacientes de um texto em formação. A Gorette e Cândida, pelo apoio em vários momentos. A Flor, Helena e Mr. George, pelas lições de vida. A Glória e Sr. Nélson, pelo apoio em momentos dos mais difíceis. A Júnior e ao MM. Dr. Juiz do Fórum de Vitória da Conquista, os quais me permitiram o acesso aos documentos do corpus . Aos funcionários do IEL: do Departamento de Lingüística, da Secretaria de Pós, da Biblioteca – enfim a todos que, a exemplo de Cláudio, Émerson e Rose, sempre me atenderam com atenção e solicitude. Aos meus colegas do Departamento de Estudos Lingüísticos e Literários, pelo apoio. À UESB, pela liberação para o doutorado com bolsa de estudos. A todos que, de um modo ou de outro, me ajudaram na caminhada. x Liberdade , essa palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique, nem ninguém que não entenda. (Cecília Meirelles) xi RESUMO Este trabalho investiga os conceitos de liberdade circulantes em cartas de alforria no Brasil durante o período de 1830 a 1888. Procura-se responder à questão O que significa liberdade no contexto histórico da escravidão . Para tanto, mobilizando pressupostos da Semântica Argumentativa, aliados a alguns princípios da Semântica do Acontecimento, analisa-se um corpus de cartas de alforria originais de Vitória da Conquista – Bahia, complementado por leis abolicionistas, visando comprovar três hipóteses: a) as cartas de alforria, historicamente consideradas instrumentos legais de libertação, funcionavam, paradoxalmente, como instrumentos lingüístico-históricos de “libertação-dominação”; b) nas cartas de liberdade circulava um conceito específico de liberdade aplicável apenas ao negro escravo liberto e que, por contraste, revelava um segundo conceito de liberdade aplicável apenas ao branco senhor livre; c) as cartas, enquanto documentos costumeiros, tinham sua eficácia complementada por leis positivas, também elas materializadoras de dois conceitos específicos de liberdade: um para o liberto, outro para o senhor. Demonstra-se que havia funcionando no período investigado dois tipos de liberdade : uma transitiva , a do liberto; outra, intransitiva , a do senhor de escravos. Palavras-chave: Semântica; Liberdade; Escravidão; Libertos; Carta de Alforria. xiii ABSTRACT This work examines concepts of freedom materialized in cartas de alforria (a kind of prospect of manumission ) in Brazil from 1830 until 1888. We try to answer the question: What means freedom in historical context of slavery? Thus, based on postulates of Argumentative Semantics and some principles of the Semantics of Event, we analyse a corpus constituted by Cartas de alforria from Vitória da Conquista – Bahia (Brazil), complemented with abolitionist laws, to substantiate three hypotheses: a) the cartas de alforria , historically labeled as legal certificates of freedom, operate paradoxaly like linguistic-historical certificates of “liberation-domination; b) the Cartas de alforria carried a specific concept of freedom exclusive for manumitted black slaves (freedmen) and, in contrast, carried other concept uniquely applicable to free white masters (slave owners); c) the Cartas de alforria , as consuetudinary legal documents, had its efficacy supplemented by positive laws, that equally materialized two concepts of freedom: one to the manumitted; another to the master. The results reveal that, during the mentioned period, it had two kinds of freedom: Transitive Freedom , belonging to the manumitted slaves; and Intransitive Freedom , belonging to the masters. Key words: Semantics; Freedom; Slavery; Freedman; Prospect of manumission. xv SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 21 PARTE I: Escravidão, alforria, libertação: palavras e memórias ........................... 27 1 CARTA DE LIBERDADE: INSTRUMENTO E MEMÓRIA DA ALFORRIA ...................................................................................................... 29 1.1 Caracterização ................................................................................... 31 1.2 Finalidades ......................................................................................... 42 1.3 Antagonismo, contradição e paradoxo: o liberto cativo ................ 49 1.4 Considerações finais .......................................................................... 51 2 DISCURSOS EM TORNO DA EXTINÇÃO DA ESCRAVIDÃO .............. 53 2.1 Abolicionismo ou abolicionismos? .................................................. 54 2.2 Considerações finais .......................................................................... 61 3 OS DIREITOS E O DIREITO NO BRASIL ESCRAVAGISTA DO SÉCULO XIX ................................................................................................ 63 3.1 Direito Formal e escravidão ............................................................. 63 3.1.1 Legislação abolicionista/emancipacionista...................................... 67 3.1.2 Liberdade e Liberto para o Direito Formal no Brasil escravista...... 84 3.2 Cartas de liberdade: o Direito Costumeiro “formalizado” .......... 85 3.2.1 Liberdade e Liberto para o Direito Consuetudinário....................... 87 3.3 Alforria, Abolição e Liberdade: que Direito as explica? .............. 88 PARTE II: Pressupostos teórico-metodológicos ......................................................... 91 4 SEMÂNTICA ARGUMENTATIVA: DA TEORIA-PADRÃO À TEORIA DOS BLOCOS SEMÂNTICOS .................................................. 93 4.1 Preliminares ....................................................................................... 93 4.2 A Teoria da Argumentação na Língua ........................................... 94 4.2.1 Forma Padrão: 1ª. Fase da TADL.................................................... 95 4.2.2 Teoria Polifônica da Enunciação: 2ª. Fase da TADL...................... 98 xvii 4.2.3 Teoria dos Topoi : 3ª. Fase da TADL............................................... 102 4.2.4 Teoria dos Blocos Semânticos: Fase atual da TADL...................... 105 4.3 Considerações finais .......................................................................... 133 5 SEMÂNTICA DO ACONTECIMENTO......................................................