Uma Década Emblemática Na Consolidação
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18 EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNAS Revista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007 UMA DÉCADA EMBLEMÁTICA NA CONSOLIDAÇÃO DA excelênciaexcelência Arquivo FURNAS Revista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007 EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNAS 19 Arquivo FURNAS Técnicos observam montagem de unidade geradora da Usina de Porto Colômbia, na casa de força; na página ao lado, a Usina de Marimbondo, em fase de construção período que se estende de 1968 a 1977 ficará lembrado, entre tantos acontecimentos, pela eclosão do movimento hippie, os protestos estudantis na França, o endurecimento da ditadura política brasilei- ra (com a promulgação do Ato Institucional no 5), os protestos contra a Guerra do Vietnã, a crise econômica provocada pela alta do petróleo, a invasão da antiga Tchecoslováquia pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), a chegada do homem à Lua, o milagre econômico brasileiro, o tricampeonato mundial de futebol e as grandes obras da engenharia nacional, como a Usina de Itaipu e a Ponte Rio-Niterói. Foi também nessa época que FURNAS se consolidou como uma das maiores empresas de geração e transmissão de energia elétrica do país. A vocação para o crescimento demonstrada pela Companhia fez, até mesmo, com que alterasse o seu nome, em 1971, de Central Elétrica de Furnas S.A. para FURNAS Centrais Elétricas S.A. Nos anos que se seguiram a Empresa ampliou consideravelmente o seu parque gerador, sobretudo na bacia do rio Grande, entre os estados de Minas Gerais e São Paulo, onde construiu as usinas Luiz Carlos Barreto de Carvalho, Porto Colômbia e Marimbondo. Entre Minas Gerais e Goiás, no rio Paranaíba, ergueu a Usina de Itumbiara, até hoje a de maior capaci- dade instalada entre os seus 13 empreendimentos de geração, com 2.082 MW. No estado do Rio de Janeiro, expandiu a Usina de Santa Cruz (RJ) e assumiu as usinas de Campos e São Gonçalo (RJ), ao mesmo tempo em que iniciava as obras das usinas nucleares Angra I e II. 20 EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNAS Revista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007 ntre 1968 e 1974, o país alcançou Dois fatores contribuíram de forma de- Etaxas anuais de crescimento em torno cisiva para a configuração de um cenário de 11%. Era o chamado milagre econô- econômico de prosperidade: a oferta de mico, na busca de tornar o Brasil uma capitais no mercado internacional e a de- potência emergente. No plano político, terminação do governo federal de investir assistíamos à suspensão das garantias maciçamente na industrialização do país e constitucionais pelo Ato Institucional na melhoria da infra-estrutura. no 5 (AI-5), à repressão violenta a estu- No setor elétrico, a atuação das empre- O presidente Ernesto dantes e organizações de esquerda que sas estatais teve caráter determinante para Geisel, com os presidentes da Eletrobrás, Antônio adotaram a luta armada como estratégia que o Brasil garantisse o suprimento de Carlos Magalhães (dir.), e de enfrentamento, e ao exílio de cente- energia para indústria, comércio e residên- de FURNAS, Luiz Cláudio de nas de políticos e intelectuais que faziam cias, fazendo frente a um aumento da Almeida Magalhães (esq.), na inauguração da Usina oposição ao regime. demanda de cerca de 10% ao ano entre de Marimbondo 1970 e 1980. Isso foi possível graças à entrada em operação de novas centrais hidrelétricas e termelétricas, ao mesmo tempo em que avançávamos em direção à geração térmica nuclear. FURNAS obteve, ao longo dos anos 70, destaque na exploração de todas essas Arquivo FURNAS matrizes energéticas. Projetou, construiu e vem operando empreendimentos que lhe propiciaram um conceito de excelência no Setor Elétrico Brasileiro. A consolidação da Empresa fez, inclusive, com que revisse o seu nome, passando a se denominar, a partir de 1971, FURNAS Centrais Elétricas S.A. Nesse mesmo ano, a sede foi trans- ferida do município de Passos (MG) para o LINHA DO TEMPO 1968 • O estudante Edson • Autoridades fecham a • A Passeata dos Luís é assassinado Universidade de Sorbone, Cem Mil toma as pela polícia em frente ao em Paris, como represália ruas do Centro do Rio restaurante Calabouço, aos protestos estudantis. de Janeiro, exigindo Folha Imagem no Rio de Janeiro. As manifestações espalham-se abrandamento da O episódio recrudesceu pela França repressão, o fim o movimento da da censura e a • O médico Euryclides de Jesus sociedade civil contra redemocratização Zerbini realiza o primeiro a ditadura militar do país transplante de coração do Brasil Revista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007 EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNAS 21 Rio de Janeiro, onde, em 1972, inaugurou 1968-1977 no bairro de Botafogo, na zona Sul, seu Escritório Central. “Os anos 60 e 70 foram Arquivo FURNAS a época da consolidação do conhecimento técnico de FURNAS, da união de todos em torno dos projetos da Empresa”, afirma Jarbas Novaes, engenheiro detentor da matrícula 65 e assistente da Diretoria de Engenharia até 1983. Empreendimentos Depois de colocar em operação a Usina de Furnas, entre 1963 e 1965, a Empresa se lançou à exploração do potencial energético do rio Grande, que atravessa os estados de Minas Gerais e São Paulo. A possibilidade de otimizar e controlar o regime hidrográfico da bacia do rio Gran- de pela gestão integrada dos reservatórios que seriam criados – ou mesmo que já existiam – a jusante da Usina de Furnas, bem como o know-how adquirido durante a construção desta central hidrelétrica, credenciaram a Empresa a capitanear ou- tros aproveitamentos ao longo do rio, cujos estudos haviam sido efetuados pelo con- sórcio canadense-americano Canambra Engineering Consultants Ltd., no início dos anos 60. Construção da Usina Luiz Carlos Barreto de Carvalho • A baiana Martha • O presidente Costa • Entram em Vasconcelos é eleita, e Silva decreta o operação a nos Estados Unidos, Ato Institucional Usina Termelétrica Miss Universo no 5 (AI-5), de Santa Cruz que fechou o Geraldo Kosinski (à esq.) e a Arquivo FURNAS • Tropas soviéticas invadem Congresso Nacional Subestação de a Tchecoslováquia, pondo e suprimiu as Jacarepaguá fim à Primavera de Praga - liberdades civis que (à dir.) movimento que propunha ainda restavam a democratização do país 22 EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNAS Revista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007 O primeiro desses empreendimentos inicial da usina era funcionar no primeiro foi Luiz Carlos Barreto de Carvalho (antes semestre de 1969, e ela entrou em opera- denominado Estreito), entre os estados de ção em março daquele ano, dentro do Minas Gerais e São Paulo, que iniciou a programado”, lembra. geração em 1969 e foi inaugurado oficial- Em Porto Colômbia (MG/SP), cuja capa- mente no ano seguinte. O trabalho realiza- cidade instalada é de 320 MW, as obras do nesta usina assentou, de certa forma, as civis se iniciaram no primeiro semestre de bases do modus operandi para a constru- 1969. Uma curiosidade sobre a construção ção de outras centrais hidrelétricas: Porto desta usina diz respeito à localização de Colômbia, Marimbondo e Itumbiara. seu reservatório. Como conta Andrade, o “Estreito foi a primeira grande usina lago ficaria a jusante da foz do rio Pardo, do Sudeste feita com planejamento rigo- que corta terras do estado de São Paulo roso. Sua construção só se iniciou após um com plantações de cana-de-açúcar, e a pres- cuidadoso planejamento de engenharia, são dos canavieiros paulistas contra a inun- administração e obtenção de materiais”, dação de suas propriedades fez com que o Panorâmica da Usina afirma o engenheiro Rubens Vianna de governo federal determinasse a mudança do Luiz Carlos Barreto de Carvalho Andrade, primeiro superintendente das lago para montante do rio Pardo. obras do rio Grande, cargo que ocupou até Entre os meses de junho e novembro de 1974. Ele ressalta ainda que o projeto de 1973, entraram em operação três das qua- Estreito inovou ao estabelecer um tro unidades geradoras de Porto Colôm- cronograma, seguido à risca. “O programa bia. Já a última máquina foi energizada em 31 de janeiro de 1974, com quase dois meses de antecedência em relação ao cronograma inicial do empreendimento. Victor Andrade Enquanto isso, as obras de Marim- bondo (MG/SP), iniciadas em 1971, segui- am em ritmo intenso. Como a construção da ombreira da barragem tornaria inviável a operação de uma pequena central elétri- ca que existia no local, FURNAS comprou da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), em fevereiro de 1973, a antiga Usina de LINHA DO TEMPO 1969 • Yasser Arafat •• Inaugurada Inaugurada • Lançada a primeira • Com transmissão torna-se líder da aa UsinaUsina dede edição do semanário AFP ao vivo pelas Organização para Funil,Funil, emem O Pasquim, que TVs de todo a Libertação da Resende (RJ) capitalizou, durante o mundo, o Palestina (OLP). Arquivo FURNAS o período mais homem chega Menos de um mês conturbado da à Lua depois, israelenses ditadura militar, a e egípcios travam crítica à política intensos combates e à sociedade no Canal de Suez brasileiras Revista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007 EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNAS 23 1968-1977 Arquivo FURNAS Marimbondo (apelidada de Marimbon- de, a maior da Empresa até então. Além Vista da barragem e dinho), com apenas 8 MW de potência. disso, Marimbondo se destacou por ser dos condutos forçados da Usina Marechal de Desativada a usina, as dependências de pioneira, no Brasil, em transmissão de Mascarenhas de Moraes Marimbondinho passaram a ser utilizadas energia elétrica em 500 kV. A Subestação como centro de treinamento de emprega- de Marimbondo se interliga com as dos. Ainda no final de 1973, foi realizado subestações de Araraquara (SP) e Poços o desvio do rio Grande. de Caldas (MG), onde se integra ao sis- A primeira unidade geradora de tema da região Sudeste.