Bragançahistoriabragança.Pdf

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Bragançahistoriabragança.Pdf Coordenação de Armando Fernandes Textos Alexandre Rodrigues I Ana Marques Pereira I António Mourinho Armando Fernandes I Fernando de Sousa I Filipe Pinheiro de Campos Francisco Sande Lemos I Francisco Terroso Cepeda Henrique da Costa Ferreira I Isabel Vaz Freitas Luís Amaral I João Salvador Fernandes I José Manuel Garcia José Rodrigues Monteiro I Manuel J. Gandra Maria Alcina R. Correia Afonso dos Santos Maria João Guardado Moreira I Maria do Loreto Monteiro Maria Olinda Rodrigues Santana Tomás d' Aquino Freitas Rosa de Figueiredo Geografia Terra sulcada de rios e inundada de cores Maria do Lareto Monteiro · Tomás de Figueiredo ** o solo é um recurso natural , não renovável à escala da tros. cuja « ... dorsal escura. des pida de vegetação, fecha vida humana. desenvolvido à superfície da Terra por in ­ com a sua linha regular o horizonte (a Nascente) a quem Ouência de vários factores de fo rmação: clima. material olh a de Bragança». origin ári o. relevo, organismos (em especial a vegetação) Estas descrições do ilustre geógrafo transmontano, data· e te mpo. das de já há mai s de 70 anos. ;'lssinalavam o fundamental O relevo é um dos factores de formação do solo mais da fi siografia da região. para o mais restrito espaço da expressivos no concelho de Bragnnça. Na paisagem da Terra I Fria Transmontana, como país de planaltos, sul· Terra Fria Transmontana. é saliente o contr<l ste entre os cados profundamente pelos vales dos rios que drenam re levos vigorosos das serranias e as suaves ondulações para o Douro, colhcndo a sombra das serras que dele se planálticas cortadas por uma rede hidrográ r1c a C0111 cur­ erguem. sos de ág uH encaixados entre vertentes declivosas. A dis­ O relevo da Terra Fria é sobretudo caracterizado pela posição dos terrenos é , assim, favorável aos mecanismos dominância de planaltos ex tensos, sul cados por vales de de erosão. que, aliás, modelaram c modelam ainda hoje meandros profundamcnte entalh ados nos xistos. transfor­ esta s superfícies, explicando, grandemente a distribu ição mando-se as superfícies altas num mar de cabeços sepa­ e características dos solos. rados por uma rcde hidrográfica muito densa. Região de materiais geológicos antigos. alguns cios mai s Entre os 400 e os 700 mctros, desenvolvem-se as áreas de an ti gos do território português. o seu relevo espelha. to~ transição mai s expressivas. onde a mai or parte do curso davia , notável actividade morfogenética. sinal de uma dos rios da zona e dos va les que os envol ve m apresentam sempre renovada Illudança na terra que hoje pi samos. fundo estrcito e perfil em V agudo, separados uns dos É. pois. sobre velhos materiais expostos pela erosão que outros por in terflú vios de feição aplanada ou arredonda­ outro ciclo crosivo desenhou formas, por sua vez dcsgas· da. Continuados para altitudes mais b~li x a s, na s linhas dc tadas em novo ciclo na continuada acção do tempo e das água principais. os vales mantêm-se , porém, aci ma dos águas, encontrando caminho ao rasgar a rocha. 400 metros nos seus afluentes. Nesta faixa. destaca-se em Bragança enquadra-se na vasta superfície planáltica do especial a fértil superfície abatida da Baixa Lombada, nas Nordeste Transmontano. parte integrante da Mescta Ibé· imcdiações de Bragança, tanto mais cxpressiva quanto ri ca Norte. COIll altitudes médias da ordem dos 750 aos se opõe ao planalto elevado da Alta Lombada. que lhe é 900 metros. As serras de Montesinho C Nogueira erguem· sobranceiro a nasccntc, mais agreste e desabrigado. se da superfície planáltica como acidentes notüveis do re· A cota 1000 abre os domínios da Montanha c da Alta levo (Agroeonsultores c Coba, 1991 ). Em 1932, Taborda Montanha quc sucedem aos planaltos. Esta curva de nível rcferiu: «O Alto Trás-os·Molltcs é formado por lima su· envolve, com o seu contorno. O!oi acidentes mais notáveis cessão de planaltos que se mantêm sensive lmente quase da região e. por isso. o domínio serrano, identificado pelos por toda a parte a uma altitude de 700 metros. Aeima de­ maciços das serras de Nogueirn (13 18 metros) e de Mon­ les erguem·se montanhas caracterizadas por idênti cos as· tes inho (148 1 metros). Apell as eshl s serras ultrapassam pectos topográ fi cos. Os planaltos são carradas pela rede os 1300 metros, cala que defi ne os exíguos domínios da de vales profundos do Douro e afluentes»). Alta Montanha. Os seus cimos enquadram·se no que ti­ Continuando, pode dizer-se que este território se re p<lrtia . pifica os coroamentos das montanh as de Trás-os-Montes: fundamenwlmente, por dois domínios ahimétricos defi­ superfíc ies apla nadas, pequenos retalhos testemunhando nidos entre os 400 e os 1000 mctros. A fai xa dos 700 aos uma antiga plataforma de erosão. «Em Montesinho, ao 1000 metros, espacialmente mais imponmlle. desenhava cabo de dois quilóIl1CtroS de subida, quase se esq uecerá as superfícies planálticas feitas de pequena s plataformas. quc se caminha numa montanha: alé ao ponto culminante De maior altitude, destaca-se ainda, neste domínio, a Alta sucedem· se as esplanadas cada vez mais altas , sulcadas Lombada - extensão erguida entre os 800 e os 900 me- de picos e morros arredondados» (Taborda, 1932: 44). '" Professo ra coordenadora da Escola Superior Agníria de Bragança do Instituto Politécnico de Bragança ** Professor d<l Escola Superior Agrária de Bragança do Instituto Politéc nico de Bragança 13 Na parte oriental do concelho desenvolve-se largamente Gimonde), podem observar-se diferenças na temperatura a peneplanície onde o planalto de Deilão atinge quase média anual superiores a 4°C, e que nos 50 quilometros 1000 l11elros. que distam do topo de Montesinho ao encontro Maçãs• No que especificamente aos solos diz respeito, é nítido. Sabor a temperatura do ar sobe em média mais de 6uC. no concelho, o efeito da temperatura e da precipitação na A altitude é, no caso, o principal responsável por estas espessura do solo e na sua pedregosidade, predominan­ variações espaciais (Montesinho - 1481 metros; Gimonde do os solos incipientes, em panicular os leptossolos (do - 530 metros; Foz do Maçãs - abaixo dos 300 metros). grego leptos, delgado), assentando sobre rocha dura, en­ Seguindo o ri tmo das estações, a temperatura atinge, na contrada a menos de 50 centímetros de profundidade. Os maior parte do território, valores médios em torno dos cambissolos ocupam mais de metade da área não afecta :2.0uC em Julho e Agosto. Apenas nas cotas mais elevadas a Leptossolos, em declives quase sempre inferiores a 1:2. as temperaturas de Verão são substancialmente menores por cento. São estes últimos solos pouco evoluídos, onde (Montesi nho. 16 ,S OC); pelo cOlllrário, a média do mês o Horizonte B dá o nome à Unidade Pedológica - Hori­ mais quente pode superar os 2:2."C no encaixe do sistema zonte Cámbico (do latim call1biare, a significar mudança Maçãs-Sabor. No mês mais frio (Janeiro), a temperatura de material simplesmente meteorizado para zona de ac­ média no território não ultrapassa os 4_5°C, sendo bem tuação de processos pedogenéticos) . menor nas áre as de serra (Montesinho, 1's°C) (INMG, Os solos evoluídos - luvissolos (de ilu viação, processo 1991; Gonçalves, 199 1). Esta distribuição estacionai de transporte vertical de colóides no perfil do solo ) e evidencia contrastes térmicos mu ilO marcados, porventura alissolos (de alumínio, pela natureza mais aluminosa da os mais expressivos do País, com amplitudes térmicas fracção coloidal) - cobrem apenas cerca de dois e quatro anuais da ordem dos 16"C (Bragança, 16,2"C). por cento do território do concelho. onde os luvissolo s Os rigores invernais são mais marcados em altitude, com são mais frequentes que os alissolos. Ambas as unidades Montesinho a registar temperaturas mínimas em média pedológicas se confinam aos decl ives mais suaves dos negativas em Janeiro e Fevereiro (-12"C em Janciro), relevos ondulados de planalto. onde constituem a parca um extenso período de ocorrência de geadas (a que reserva de solo s férteis da região. sendo. por isso. sujeitos praticamente só escapam os meses de Verão) e extremos a utilização mais intensiva. absolutos muito expressivos (algo infe riores aos - 1:2. Os nuvissolos (cio latimfll/I'ills, rio) desenvolvem-se nas "C de Bragança) (lNMG. 1991 ; Gonçalves, 199 1). No manchas aluviais, bordejando as linhas de água, resumi­ período estival as temperaturas máximas diárias são das na região a faixas estreitas c descontínuas. Detendo frequentemente superiores a :2.5°C, somando 45 a 50 dias elevado potencial para uso agrícola, por via de espessura, nos meses de Julho e Agosto, do total de 75 a 85 que sc disponibilidades hídricas e topografia bvonívcis, estão registam em média no ano com essas condições (valores ocupados pelas culturas mai s intensivas de regadio. Ao que se referem à faixa de altitudes dominal1lc na região redor de Bragança situam-se manchas signifi cativas des­ - os planaltos). tes solos. A amplitude térmica diúria média no ano situa-se em torno Naturalmente que outras unidades pedológicas ocorrem dos 10°C, o que é por si revelador do carácter continental também, ocupando pequenas manchas, embora frequen­ também sali ente no território. O efeito da cOl1linentalidade tes na região , como é o caso dos regossolos (de rególito (da ibcricidade, no dizer dos fitogeógrafos) é ainda mais - do grego rhegos. manto, e /irhos, rocha - a significar notório no Verão, estação em que a amplitude diária material grosseiro com fragmentos de rocha). São solos da temperatura cio ar excecle os 15"e na zona oriental desenvolvidos de espessura supcrior a I metro, tendo ge­ da Terra Fria. no mês mais quente, embora na zona ralmente ocupação agrícola e também hortícola em torno central (concelho de Bragança) , e muito especialm ente das povoações.
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