Ousadia-Criacao RI.Pdf
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Aousadia da criação universidade e cultura A-ousadia-da-criacao-miolo.indd 1 10/08/2016 10:58:34 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Reitor João Carlos Salles Pires da Silva Vice-reitor Paulo César Miguez de Oliveira Assessor do Reitor Paulo Costa Lima EDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Diretora Flávia Goulart Mota Garcia Rosa Conselho Editorial Alberto Brum Novaes Angelo Szaniecki Perret Serpa Caiuby Álves da Costa Charbel Niño El Hani Cleise Furtado Mendes Dante Eustachio Lucchesi Ramacciotti Evelina de Carvalho Sá Hoisel José Teixeira Cavalcante Filho Maria Vidal de Negreiros Camargo A-ousadia-da-criacao-miolo.indd 2 10/08/2016 10:58:34 antonio albino canelas rubim (coord.) coleção ufba 70 anos Aousadia da criação universidade e cultura 2ª edição Salvador EDUFBA 2016 A-ousadia-da-criacao-miolo.indd 3 10/08/2016 10:58:35 2016, Autores Direitos para esta edição cedidos à Edufba. Feito o Depósito Legal. Grafia atualizada conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, em vigor no Brasil desde 2009. 1ª edição: 1999, Edições Feito à Facom, UFBA 2ª edição: 2016, EDUFBA Capa e Projeto Gráfico Gabriel Cayres Editoração Aléxia Corujas Revisão Letícia Rodrigues Normalização Francimar Dias Pereira de Carvalho Sistema de Bibliotecas - UFBA A ousadia da criação - universidade e cultura / Coordenador: Antonio Albino Canelas Rubim. – 2. ed. – Salvador : EDUFBA, 2016. Vários autores. 166 p. ISBN 978-85-232-1493-7 1. Universidade Federal da Bahia - Comunicação. 2. Universidade Federal da Bahia - Cultura. 3. Bahia - Vida intelectual, 1950-1960. I. Rubim, Antonio Albino Canelas, coord. II. Universidade Federal da Bahia. CDU 378: 007(813.8) 378: 008(813.8) 981.38mmmmn Editora filiada À Editora da UFBA Rua Barão de Jeremoabo, s/n - Campus de Ondina, 40170-115 - Salvador - Bahia Tel.: +55 71 3283-6164 / Fax: +55 71 3283-6160 www.edufba.ufba.br / [email protected] A-ousadia-da-criacao-miolo.indd 4 10/08/2016 10:58:35 Agradecimentos Especiais Ao colega Antonio Fernando Guerreiro de Freitas, amigo historiador e interlocutor, crítico e constante, em todos os momentos desta pesquisa. Aos entrevistados pela gentileza e presteza das informações. Aos professores, pensadores e ativistas políticos Carlos Nelson Coutinho e Milton Santos por suas reflexões político- culturais e por seus compromissos com a transformação do Brasil e a construção de um mundo mais democrático, humano e justo. A-ousadia-da-criacao-miolo.indd 5 10/08/2016 10:58:36 A-ousadia-da-criacao-miolo.indd 6 10/08/2016 10:58:36 sumário 9 Introdução - A ousadia da invenção Antonio Albino Canelas Rubin 13 Itinerários da universidade no Brasil Rit a de Cássia Aragão 45 O contexto de gest ação da Universidade da Bahia Rit a de Cássia Aragão 79 Fragmentos da cultura na Bahia nos anos 1950/1960 Antonio Albino Canelas Rubim 89 Modernismo e modernidade na Universidade da Bahia Tatt iana Teixeira 107 A Universidade da Bahia e a descoberta cultural da Bahia Marcos Uzel 123 O cosmopolit ismo e o projeto cultural da Universidade da Bahia Paulo Henrique Alcântara 135 Os primórdios da Universidade e a cultura na Bahia Antonio Albino Canelas Rubim 147 Dilemas culturais da universidade na atualidade Antonio Albino Canelas Rubim 165 Sobre os Autores A-ousadia-da-criacao-miolo.indd 7 10/08/2016 10:58:36 A-ousadia-da-criacao-miolo.indd 8 10/08/2016 10:58:36 introdução A ousadia da invenção 9 Antonio Albino Canelas Rubim O livro A ousadia da criação: universidade e cultura tem agora sua segunda edição em momento muito oportuno: na comemoração dos 70 anos da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O livro, pu- blicado originalmente em 1999, derivou da pesquisa Comunicação e Cultura na Bahia dos anos 50/60, apoiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) nos anos de 1990 a 1994. A temática mais ampla da investigação permitiu desve- lar e visitar a então Universidade da Bahia em seus primórdios e ins- crevê-la no turbilhão modernista vivenciado no estado a partir da descoberta do petróleo, da implantação da Petrobras, do surgimen- to dos Cadernos da Bahia, da vibrante passagem de Anísio Teixeira pela educação e cultura da Bahia e de diversos movimentos que aba- laram a tranquilidade da “Boa Terra”. Naqueles anos, de modo singular, a UFBA ousou no campo da cultura. Ela se destacou entre as universidades públicas federais por seu investimento no campo cultural. Basta rememorar alguns exemplos para perceber a extensão dos enlaces tecidos entre cul- tura e universidade. Do pioneirismo das escolas de artes (Dança, Música e Teatro) e do Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO) aos inovadores Laboratório de Geomorfologia, de Milton Santos, A-ousadia-da-criacao-miolo.indd 9 10/08/2016 10:58:37 antonio albino canelas rubim e Laboratório de Linguística, dirigido por Nelson Rossi, com seu Atlas Prévio dos Falares Baianos. A ousadia produziu espaços institucionais criativos e, sobretu- do, estimulou diálogos interculturais entre eles. Tal atitude, que hoje pode ser nomeada de mit (multi, inter e trans) disciplinar possibili- tou a construção de um singular ambiente criativo, que inibiu guetos culturais e conectou a Bahia com o país e com o mundo. Diferente do universo nacional-popular, que predominava no país entre os se- tores culturais de esquerda, ou das afinidades cosmopolitas de van- guarda, por exemplo, das Bienais de São Paulo, na Bahia floresceu 10 uma cultura que buscava diálogos entre global e local, universal e nacional, erudito e popular. A convivência nessa ambiência cultural singular pode elucidar o papel inaugurador e inovador dos baianos nos anos 1960 em marcantes movimentos renovadores da cultura brasileira, a exemplo do Cinema Novo e da Tropicália. A constituição desse horizonte criativo demandou o aciona- mento de muitos artistas e intelectuais estrangeiros e brasileiros. Nomes como Hans Koellreutter, Yanka Rudzka, Agostinho da Silva, Ernst Widmer, Pierre Verger, Smetak, Martin Gonçalves, Walter da Silveira, Hansen Bahia, Rolf Gelewski, Lina Bo Bardi, Jean Tricart, Gianni Rato, Adam Firnekes, Etienne Juillard, Eduardo Lourenço, dentre outros, fizeram parte ativa dessa aventura baiana. Aquela Universidade da Bahia acolheu e deu régua e compas- so a nomes expressivos da cultura brasileira como: Glauber Rocha, Gilberto Gil, Carlos Nelson Coutinho, Caetano Veloso, Sonia Couti- nho, Othon Bastos, Ruben Valentim, Luiz Carlos Maciel, Tomzé, José Carlos Capinam, Muniz Sodré, Guido Araújo, João Ubaldo Ribeiro, Paulo Gil Soares, Geraldo Sarno, Juarez Paraíso, entre inúmeros ou- tros impossíveis de serem listados neste curto espaço introdutório. O livro trata desse rico instante da Universidade da Bahia, mas pretende ir além dele. Reivindicar a tradição da ousadia retém sen- tido profundo, apenas quando se busca tecer inovações, que sinto- nizem a UFBA com a contemporaneidade. A proposição, desenha- da no livro, de elaboração de uma pioneira política cultural para a universidade só ganha significado em uma interlocução que retome o passado inspirador, estimule potencialidades do presente e ante- veja um futuro promissor. A construção coletiva da política cultu- ral da UFBA deve mobilizar comunidades culturais da universidade e extra universitárias. Ela busca articular e potencializar a atuação A-ousadia-da-criacao-miolo.indd 10 10/08/2016 10:58:37 introdução da instituição no campo cultural, hoje dispersa em diversas iniciati- vas, que pouco dialogam. Assim, a UFBA pode honrar a ousadia da invenção, retomando o protagonismo cultural (local, nacional e in- ternacional), que faz parte dos melhores momentos de seus 70 anos de história. Por fim, cabe anotar um dado alvissareiro em torno do livro. Seus outros autores eram pesquisadores de iniciação científica à época da escritura do livro. Hoje todos eles são doutores e exercem a função de professores universitários, sendo três em universidades federais: UFBA e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Demonstração nítida do acerto das políticas brasileiras de Ciência e 11 Tecnologia e de Educação, que viabilizaram a formação qualificada de pessoal e a expansão das universidades públicas federais, agora sob graves e insensatas ameaças em decorrência das atitudes hostis do ilegítimo e tacanho governo interino. A-ousadia-da-criacao-miolo.indd 11 10/08/2016 10:58:37 A-ousadia-da-criacao-miolo.indd 12 10/08/2016 10:58:37 Itinerários da universidade no Brasil Rita de Cássia Aragão Indust rialização incipiente, movimentos civis e milit ares insur- gi ndo-se contra a ordem social vigente, irreverência no coração da intelect ualidade que implode em movimentos como o da Semana de Arte Moderna em São Paulo, Cangaço, fundação do primeiro par- tido comunist a brasileiro. É em meio a est e turbilhão de aconteci- mentos que intelect uais disp ost os a fundar as primeiras universida- des brasileiras ensaiam dar início a uma difícil jornada. A hist ória do Brasil, até então, não insp irava otimismo com rela- ção à fundação dest as inst it uições, ao contrário, os efeit os do passa- do colonial e a dependência econômica em relação ao exterior, a es- cassez de recursos – materiais, humanos ou fi nanceiros –, criaram difi culdades ao avanço político, econômico, sociocultural e, portan- to, ao desenvolvimento de um projeto universit ário. As resist ências nasceram desde o período colonial, quando Portugal recusava-se a conceder a autorização para o funcionamen- to de uma universidade brasileira. Assim é que Pedro I e Pedro II, ao longo do século XIX, mantiveram resist ências quanto à expan- são do ensino superior no Brasil, uma vez que a universidade era A-ousadia-da-criacao-miolo.indd 13 10/08/2016 10:58:37 rita de cássia aragão considerada pelos portugueses um ambiente fértil para a “fermen- tação de idéias liberarais ou sociologizantes vindas da Europa”.1 Apesar das limitações impostas pela Corte, as primeiras insti- tuições de ensino superior no Brasil, organizadas enquanto “esco- las”, “faculdades”, “seminários” ou mesmo com o nome de “univer- sidades”, são inauguradas antes da República e nascem, sobretudo, de necessidades militares, quando foram criados, por exemplo, os cursos de medicina, e ainda atender aos interesses da igreja como requisito para a carreira sacerdotal.