miolo cimarrones.pmd 1 15/10/2019, 16:30 CONSELHO EDITORIAL Otávio Velho – PPGAS-MN/UFRJ, Brasil Dina Picotti – Universidade Nacional de General Sarmiento, Argentina Henri Acserald – IPPUR – UFRJ, Brasil Charles Hale – University of Texas at Austin, Estados Unidos João Pacheco de Oliveira – PPGAS-MN/UFRJ, Brasil Rosa Elizabeth Acevedo Marin – NAEA/UFPA, Brasil José Sérgio Leite Lopes – PPGA-MNU/UFRJ, Brasil Aurélio Vianna – Fundação Ford, Brasil Sérgio Costa – LAI FU, Berlim, Alemanha Alfredo Wagner Berno de Almeida – CESTU/UEA, Brasil

CONSELHO CIENTÍFICO Ana Pizarro – Professora do Doutorado em Estudos Americanos Instituto de Estudios Avanzados – Universidad de Santiago de Chile Claudia Patricia Puerta Silva – Professora Associada – Departamento de Antropologia – Faculdad de Ciências Sociales y Humanas – Universidadde Antioquia Zulay Poggi – Professora do Centro de Estudios de Desarrollo – CENDES– Universidad Central de Venezuela Maria Backhouse – Professora de Sociologia – Institut für Soziologie – FriedrichSchiller-Universitätjena Germán Palacios – Professor Titular – Universidad Nacional de Colombia, Sede Amazonia – Honorary fellow, University of Wisconsin-Madison Roberto Malighetti – Professor de Antropologia Cultural – Departamento de Ciências Humanas e Educação “R. Massa” – Università degli Studi de Milano-Bicocca

miolo cimarrones.pmd 2 15/10/2019, 16:30 Rosa Elizabeth Acevedo Marin Cynthia Martins Carvalho Alfredo Wagner Berno de Almeida Organizadores

CIMARRONES, MARRONS, , BONI, RAIZALES, e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS

Manaus - Amazonas 2019

miolo cimarrones.pmd 3 15/10/2019, 16:30 Copyright © Rosa E. Acevedo Marin et al., 2019

Organizadores do evento Equipo de Entrevistadores Aniceto Cantanhede – Centro de Cultura Negra Alfredo Wagner Berno de Almeida do Maranhão Rosa Elizabeth Acevedo Marin Mauricio Paixão - Centro de Cultura Negra do Bárbara Oliveira Maranhão Helciane de Fátima Abreu de Araújo Alfredo Wagner Berno de Almeida - Projeto David Pereira Nova Cartografia Social da Amazônia Cynthia Carvalho Martins Daniel Brasil Equipe de Relatoria - Novembro de 2013 Helen Catalina Ubinger (PPGCSA-UFAM) Financiamento: Fundação Ford Raphaelle Servius-Harmois (INTERRMUN’A) Rita Pereira da Costa (UNIFESSPA) Editor Janaina Campos Lobo (UFRGS) Alfredo Wagner Berno de Almeida UEA, pesquisador CNPq Equipe de Tradução Helen Catalina Ubinger Foto da capa: Sheilla Borges Dourado Rosa Acevedo Marin (Matanzas, setembro, 2015) Rosa Acevedo Marin Escultura anónima. La señora Georgia Lérida de Raphaelle Servius-Harmois Armas Torres, cubana en Misión por Salud Pública (1988-1990) en Angola adquirió esta estatua y la donó Equipe de Transcrição a su madre. Ahora se encuentra en la pared de la casa de Berta Rosa Vento de Armas, en Matanzas, Enoc Moisés Merino Santi (Ecuador - Cuba. PPGCSPA/UEMA) Yulimar Sugey Millán Coy (Venezuela - PPG/ Projeto Gráfico (diagramação) UFPR) Marcela Costa de Souza Raphaelle Servius-Harmois (Guiana Francesa INTERRMUN’A) Yulimar Millán (Venezuela/UFPr)

Ficha catalográfica

C573 Cimarrones, Marrons, Quilombolas, Boni, Raizales, Garifunas e Palenqueros nas Américas / Rosa Elizabeth Acevedo Marin, Cynthia Carvalho Martins & Alfredo Wagner Berno de Almeida (Orgs.) - 1. Ed. - Manaus: UEA Edições/ PNCSA, 2019.

126 p.: il.

ISBN 978-85-7883-521-7

1. Antropologia. 2. Quilombolas. 3. Movimentos sociais. I. Título.

CDU 39+304

(Bibliotecária Responsável: Rosiane Pereira Lima - CRB 11/963)

UEA - Edifício Professor E-mails: UEMA- Endereço: Largo Samuel Benchimol [email protected] Cidade Universitária Paulo Rua Leonardo Malcher, 1728 [email protected] VI, 3801 - Tirirical, São Centro - Manaus, AM www.novacartografiasocial.com Luís - MA, 65055-000 Cep.: 69010-170 Fone: (92) 3878-4412 Fone:(98) 3244-0915 (92) 3232-8423

miolo cimarrones.pmd 4 15/10/2019, 16:30 SUMÁRIO

7 Siglas e abreviaturas

9 Prefácio Porque o Colóquio

15 Apresentação

21 Cerimônia de abertura do Colóquio Cimarrones, Marrons, Quilombolas, Boni, Raizales, Garifunas e Palenqueros nas Américas Centro de Cultura Negra - CCN

24 Intervenções de Cimarrones, Marrons, Quilombolas, Boni, Garifunas e Palenqueros: exercícios de relatoria

69 Primitivo Pérez Herazo Palenque São Basílio - Colômbia

79 Clemente Edilcer Ajovi Arroyo Afroecuatoriano

81 Ximena Ajovi Vernaza Afroecuatoriana

86 Kelvin Donovan Velázquez Lewis Nicaragua

93 Seefiann Deie Boni Guiana Colonia Francesa

98 Carlos Alberto González Escobar Afrocolombiano

miolo cimarrones.pmd 5 15/10/2019, 16:30 6 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 6 15/10/2019, 16:30 Siglas e Abreviaturas

ACONERUQ - Associação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas do Maranhão AFRODES - Asociación Nacional de Afrocolombianos Desplazados CCN - Centro de Cultura Negra do Maranhão CECN - Comisión Especial de Comunidades Negras COCOMACIA - Consejo Comunitario Mayor de la Asociación Campesina Integral de Atrato CESTU - Centro de Estudos Superiores do Trópico Úmido CNA - Conferencia Nacional Afrocolombiana CNOA - Conferencia Nacional de Organizaciones Afrocolombianas CONAIE - Confederación Nacional Indigena del Ecuador CONAQ - Coordenação Nacional das Comunidades Quilombolas CEDENPA - Centro de Estudos e Defesa do Negro no Pará CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CPI - Comissão Pró-Indio FADCANIC - Fundación para la Autonomia y el Desarrollo de la Cosa Atlantica de Nicaragua FF - Fundação Ford FCP - Fundação Cultural Palmares IBGE - Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INEGI - Instituto Nacional de Estadística y Geografía IPPUR - Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional, MAGAP - Ministerio de Agricultura, Ganaderia y Pesca - Ecuador MALUNGU - Comissão Estadual das Comunidades de Quilombo MAST - Museu de Astronomia e Ciências Afins

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 7

miolo cimarrones.pmd 7 15/10/2019, 16:30 MN - Museu Nacional MNC - Movimiento Nacional Cimarrón MNU - Movimento Negro Unificado NAEA - Núcleo de Altos Estudos Amazônicos LAI - FU Instituto de Estudos Latino Americanos - Freie Universität OIT - Organização Internacional do Trabalho PCN - Processo de Comunidades Negras PNCSA - Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente PPGCSPA - Programa de Pós-Graduação em Cartografia Social e Política na Amazônia RAAS - Región Autónoma del Atlántico Sur - Nicaragua SEPPIR - Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial SOCPINDA - Organización para el Desarrollo Social y Productivo de los Pueblos Indígenas y Comunidades Afrodescendientes A.C UEA - Universidade do Estado do Amazonas UEMA - Universidade Estadual do Maranhão UFPA - Universidade Federal do Pará UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro UFPR - Universidade Federal do Paraná UNIFESSPA - Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará UNESCO - Organização para a Educação, a Ciência e a Cultura das Nações Unidas

8 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 8 15/10/2019, 16:30 PREFÁCIO: POR QUE O COLÓQUIO?

A proposição de realizar este COLÓQUIO INTERNACIONAL DE QUILOMBOLAS, PALENQUEROS, CIMARRONES, CUMBES, , BONI, DJUKA e GARIFUNAS foi elaborada a partir de um intenso processo de discussão entre pesquisadores do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia -PNCSA e militantes do Centro de Cultura Negra - CCN. Participaram também destas discussões, ainda incipientes, de maneira eventual, membros da Coordenação Nacional das Comunidades Quilombolas CONAQ e representantes de comunidades quilombolas, de Alcântara, de Cajari e de Penalva. Todos, de certo modo, companheiros de viagens, marcados pela impetuosidade do cosmopolitismo, que haviam participado de eventos internacionais sobre temas de cartografia social, em Cartagena, Medellin, Quibdó e Bogotá (Colômbia), em Buenos Aires e Rosário (Argentina), em Caracas e San José de Barlovento (Venezuela), em Caiena e St. Laurent (Guiana), em Paramaribo () e que mantinham contatos tanto com organizações de luta, por direitos territoriais e identitários, da Nicarágua, do México, da Bolívia e do Equador, quanto com pesquisadores de universidades e institutos de pesquisa de Milão (Itália), de Austin e Gainesville (Estados Unidos), de Berlim (Alemanha), de Havana (Cuba) e de Lima (Perú). No decorrer deste processo e de pelo menos três “Jornadas do Amazonas ao Rio de La Plata”, em Manaus e em Buenos Aires, e outros tantos “Simpósios sobre conhecimentos tradicionais na Panamazônia”, organizados pelo PNCSA em Manaus e Tabatinga – na fronteira tríplice Brasil, Colômbia e Perú -, foram sendo consolidados argumentos que apontavam para a possibilidade de articulações continentais e para novas formas

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 9

miolo cimarrones.pmd 9 15/10/2019, 16:30 político-organizativas a partir de uma mobilização em rede, com contatos permanentes e troca regular de informações e experiências de mobilização. Nesta primeira década do século XXI, assiste-se, em todas as Américas, à aplicação de políticas de reorganização de espaços e territórios que não são um produto mecânico da expansão gradual das trocas econômicas, mas sim ações de Estado voltadas para a reestruturação de mercados, disciplinando de um lado a comercialização das terras, dos recursos florestais, hídricos e do subsolo e de outro a circulação dos chamados conhecimentos tradicionais. Assiste-se de maneira concomitante à emergência de unidades sociais que constroem politicamente identidades coletivas, descortinando um novo capítulo de lutas contra atos de Estado e iniciativas neocolonialistas de concentração fundiária, baseadas em modelos renovados de plantations, eufemizados pela expressão “agronegócios” ou pelas explorações das empresas mineradoras, e contra as modalidades igualmente renovadas de usurpação das terras tradicionalmente ocupadas dos povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e extrativistas. Desse ponto de vista dos antagonismos sociais e do intercambio de formas de resistência é que foi ganhando corpo a proposta de se reunir representantes de comunidades quilombolas, palenques, cimarrones, saramakas, djuka, boni, cumbes, garifunas, raizales, marrons e outras denominações correlatas para fortalecer relações entre movimentos quilombolas de distintas regiões e países das Américas do Sul, do Norte e Central. O propósito último consiste na montagem de uma rede de relações informais e diretas, sem mediadores e tutelas, entre representantes destes diferentes movimentos; articulada com pesquisadores de diferentes formações acadêmicas (antropólogos, geógrafos, advogados, historiadores, engenheiros de sistemas, agrônomos, biólogos, sociólogos e economistas) e seus critérios de competência e saber, fundamentando questões relativas aos direitos territoriais de povos e comunidades tradicionais. A proposta do Colóquio, trabalhada a partir destes laços de solidariedade, expressa o potencial desta conjunção de identidades coletivas e de autodefinições, em que os povos e comunidades explicitam uma consciência de si mesmos, objetivadas em movimentos sociais, que se distribuem hoje por toda a América do Sul, a América Central e a América do Norte, criando condições de possibilidades para se pensar as novas formas político-organizativas e seus efeitos sobre as estruturas e os centros de poder. Da Argentina aos Estados Unidos, ou

10 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 10 15/10/2019, 16:30 seja, dos cumbes, dos “candombes” e dos caboverdeanos em Buenos Aires aos “black farmers” dos campos norte-americanos, tem-se uma diversidade pouco compreendida sociologicamente, bem como uma heterogeneidade de agentes sociais e formas associativas com laços de solidariedade esparsos e pouco conhecidos. Objetivando suprir as lacunas desta incompreensão, a proposta do Colóquio foi sendo trabalhada, nas sucessivas discussões dos militantes do CCN com os pesquisadores do PNCSA, buscando resgatar os fundamentos de uma presencialidade do passado e de uma perspectiva reflexiva, livre de todos os historicismos e de todos os trabalhos memorialísticos, que inadvertidamente incorrem em “ilusões biográficas” e em determinadas narrativas míticas produzidas pelo ideário colonialista. Livre ainda dos dualismos e das oposições simétricas, que traçam uma inflexível linha divisória entre o político e o pré-político, apoiada no arbitrário de classificações estigmatizantes e de um a noção rígida de partido político. Em verdade, como temos constatado em inúmeras publicações do PNCSA, neste início do século XXI, tem-se uma redefinição do significado de política e uma profunda transformação no padrão de relações políticas, conjugando pautas reivindicatórias e reorganizando consignas em que lutas identitárias e lutas econômicas se mostram indissociáveis. A agenda do Colóquio1 foi paulatinamente concretizada, propugnando uma reflexão aberta, uma discussão sem fronteiras pré-estabelecidas, sem os limites do mundo colonial, sem as barreiras antepostas à noção de política, dispondo frente a frente agentes sociais que jamais tiveram condições de se ver, de se sentir mutuamente e discutir face a face, lado a lado, seus pontos de vista, suas lutas, seus sofrimentos, suas alegrias e seus desafios, seus temores e seus acertos, suas reivindicações e a afirmação de suas identidades coletivas. As reciprocidades positivas tendem a se acentuar, consolidando os laços entre estes diferentes povos e comunidades, com suas distintas identidades, línguas e critérios político-organizativos, referidos a diferentes países e continentes.

1 No início das discussões e operacionalidades relativas ao Colóquio a gestão do CCN estava a cargo do antropólogo Aniceto Cantanhede, doutorando do PPGAS-UFAM, e posteriormente a cargo de Mauricio Paixão, mestre pelo PPGCSPA-UEMA, ambos assessorados pelo médico e militante Doutor Luis Alves, mais conhecido como "Doutor Luisão".

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 11

miolo cimarrones.pmd 11 15/10/2019, 16:30 A iniciativa do Colóquio, nesta ordem, visa reforçar condições de possibilidades, abrindo as discussões e os meios de intercâmbio, que facilitem novas modalidades de cooperação e de solidariedade e, sobretudo, a troca de experiências relativas a novas formas político-organizativas seja dos boni, dos garifunas, dos quilombolas, dos palenqueros, dos saramakas, dos djuka, dos marrons, dos cumbes, dos raizales e dos cimarrones de todas as Américas face aos desafios do futuro próximo. Com este livro está-se diante não exatamente das páginas dos anais do evento ou das transcrições integrais das intervenções em cada mesa redonda, mas da reprodução parcial de algumas exposições e respectivos debates e, sobretudo, de manifestações discursivas, pronunciadas livremente, nos intervalos das atividades programadas, nos momentos considerados de lazer, em que cada um se sentiu à vontade para falar de si e de sua comunidade ou povo, de sua trajetória coletiva e de suas dificuldades. Sem converter seu dado biográfico numa hagiografia, isto é, mantendo um senso crítico constante e uma reflexividade detida. A ordem das falas não revela hierarquia ou favoritismos, mas uma sequência livre, afeta às próprias condições intrínsecas ao desdobramento das intervenções realizadas no decorrer dos debates. A sala de conversas inteiramente aberta à quem quisesse falar foi acolhendo os interessados, como se fosse uma ampla conversa de corredor, afastada das atividades previstas e antes realizadas no grande salão do hotel que abrigou o evento. A câmera de filmar fixada num tripé frente a uma poltrona ia registrando as falas e quem passava e se detinha por si só já estava habilitado a sentar e a se colocar numa narrativa direta, sem o crivo dos mediadores convencionais. Militantes do CCN por ali circulavam, conversando com Miriam, representante dos “caboverdeanos de Buenos Aires” ou com Mr. Sidney do movimento negro da Nicarágua ou com Aurelia, dos garifunas de Honduras. e pesquisadores do PNCSA procediam aos registros videográficos e de áudio. Todos se arriscavam nas perguntas, abrindo ao debate e mantendo a conversa acesa. Os eventuais entrevistados informalmente se autoapresentaram como palenquero, como no caso do Sr, Primitivo, ou , ou boni, ou cimarron, ou raizales ou ainda como afroecuatoriano e afromexicano. Eles foram se colocando explicitamente, traduzindo parcialmente a extensão da mencionada diversidade e seus efeitos sociais hoje. As diferenças linguísticas não constituíram dificuldade maior. Os trabalhos de tradução, quando existentes, foram precários

miolo cimarrones.pmd 12 15/10/2019, 16:30 e realizados generosamente por estudantes e professores voluntários. Não inibiram todavia, os debates e o confronto de distintos pontos de vista, que às vezes colocavam em questão o próprio significado de “tradicional” que idealmente a todos agrupava. Viver este processo de interação, compreendendo suas vicissitudes traduz uma solidariedade política maior, que não se apoia numa visão genérica, mas nas especificidades de cada um dos agentes sociais em pauta. Cada fala consistia numa modalidade de ação. O discurso não se dissociava das práticas solidárias que iam sendo pacientemente construídas. Mediante estas relações sociais, de extrema afetividade, foram se descerrando as portas para uma compreensão política mais abrangente dos processos reais e das possibilidades de uma análise concreta de situações concretas do que se passa atualmente nas Américas. Eis enfim o livro!

Os Organizadores

miolo cimarrones.pmd 13 15/10/2019, 16:30 14 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 14 15/10/2019, 16:30 APRESENTAÇÃO

No Coloquio Cimarrones, Marrons, Quilombolas, Boni, Raizales, Garifunas e Palenques nas Américas foi produzida uma interrelação dinâmica de participantes motivadas pelo interesse de obter e trocar informações sobre realidades sociais que parecem incompreensíveis, desconectadas e terrivelmente distantes umas das outras. Contrariamente, das vozes dos expositores ouvimos a informação circunscrita, detalhada que rompe com o silêncio sobre esses povos. De viva voz temos o conhecimento das formas de existência e conflitos sociais que atingem os Raizales, de San Andrés; os Garifunas, de Pear Lagoon; os Palenqueros, de San Basílio; os afroecuatorianos, da Playa del Sol; os Boni, da Guiana – última colônia francesa das Américas -; dos quilombolas de Cachoeira Porteira; dos quilombolas de São Domingos do Capim(PA) e de Penalva e Camaputiua (MA). Essa rica interlocução apresenta diversos fluxos, conexões e sentidos, tais como os processos que os aproximam: seja a expropriação e luta pelo território, sejam os projetos de educação e saúde, sejam as mobilizações pelo reconhecimento dos territórios étnicos. Nas anotações do evento destacamos parte da memória dos Grupos de Trabalho, que se seguiram às palestras a cada manhã. Nela se indica os delineamentos e a direção que o coletivo propõe para a formação de uma rede. Estas abrem com a compreensão do que pode ser uma rede e as perspectivas que contém, como bem foi pontuado por um dos participantes:

“Establecer una red a partir de un directorio. La red se hace para compartir lo que hacemos en cada país, ayudarnos mutuamente y poder hacer incidencia para los problemas que

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 15

miolo cimarrones.pmd 15 15/10/2019, 16:30 vivimos en cada país. Un principio de esta red es la autonomía de las organizaciones de cada país. Pensar en parcerías e intercambios entre los países”.

Desde um plano de organização e de funcionamento os participantes visualizaram atividades e possibilidades de tarefas compartilhadas.

“Que los actores lleven tareas específicas a sus países. Significa que alguien debe asumir establecer la coordinación (donde no hay internet hay teléfono). Implica compromisos, por ejemplo pueden hacerse dos coordinaciones. Se envía a una parte, procesa la información y de ahí se distribuye.”

Assim, nas discussões, objetivou-se: “Definir comisiones específicas. Grupos de trabajo específicos. Se van a ir trabajando los temas. 1. Grupo de tradición oral, cosmovisión 2. Temas de inclusión social como las mujeres, los jóvenes, los ancianos. 3. Territorio.”

No terceiro item se elaborou o proposito e as estratégias para aumentar e aprofundar os intercâmbios em jogo: “Intercambio entre las experiencias de los países, para asumir nuestra ancestralidad que privilegia la oralidad. Pensarnos en el intercambio bilateral desde las experiencias o fortalezas de las organizaciones. Incidencia de cada organización que haya una visita, desde las experiencias de reconocimiento de los derechos, que se visite a otro país para que se sepa que no estamos solos”. Várias análises convergiram para as dificuldades de comunicação, apontando- se estratégias discursivas de uma ruptura profunda com os preceitos colonialistas no mundo da informática e para se organizar novos Colóquios, a saber:

“Construcción de una página web de la red. CENTRO DE CULTURA NEGRA. Donde se pueda subir información concreta de todos de los países, para socializar el conocimiento. Mantienen una comunicación viva, permanente. Para el siguiente Coloquio nos gustaría: Hacer un informativo con los distintos idiomas. El periódico debe ser online.

16 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 16 15/10/2019, 16:30 Cuando algún país hace una declaración los demás deben apoyar. Mapa de las organizaciones por países. Portales geográficos, cartográficos desde lo étnico, geopolítico de acceso a todos. Pensarse en capacitación para formar una red. Utilizar herramientas, software libre, sin licenciamiento. Intercambiar cartografía como posibilidad Pensarnos en la gente que no tenemos la red; las comunidades locales hacemos trabajo impreso. Revalorar los mitos, las tradiciones y compartirlas en las comunidades”.

“Si el material impreso es básico, pensemos que antes del próximo Coloquio tengamos un impreso sobre tradiciones orales (por ejemplo) y que cada año tengamos comunicaciones que nos sirvan para hacer trabajo en las cuatro o cinco lenguas más representativas en este Coloquio”.

Os agentes sociais reunidos nos Grupos fizeram diversas observações sobre recursos financeiros para as atividades propostas. A esse respeito delinearam também possibilidades

“Pregunta sobre los recursos económicos para el funcionamento de la red, por ejemplo para la edición de material impreso y/o audiovisual. Elaboración de proyectos que abarquen los distintos países. Cuando se den intercambios entre países, de la delegación que viaja asume los costos económicos y quien recibe asume los gastos de estadía y transportes internos. Fondo Común para apoyo mutuo. Fuentes de financiación: se plantea que organizaciones están financiando este evento. Y organismos multilaterales.

La realización de un Segundo Coloquio Internacional. Propuesta de que se realice en México por la situación tan compleja. Realizar el coloquio cada dos años, hacer reuniones de países previamente atendiendo las particularidades. Hacer encuentros específicos por temas amplios o binacionales. Pensar y participar en eventos internacionales y encontrarnos allí…”

Estas falas soltas, de dificil recuperação de autoria, mas que circularam intensamente pelas dependências por onde estiveram os participantes do Colóquio

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 17

miolo cimarrones.pmd 17 15/10/2019, 16:30 finalizam com uma manifestação de solidariedade dirigida a todos os “afrodescendentes” de todas as regiões e países ali representados: “La propuesta de sacar una declaración de apoyo a los afrobrasileros del Coloquio, se complementa que la declaración sea para todos los países”.

No tempo curto e intenso do evento os debates se adensaram mais durante os Grupos de Trabalho e nessas sessões foram definidos propósitos que também dizem respeito aos organizadores. O Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia (PNCSA) e o Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN) passaram a ter a responsabilidade pela documentação do Colóquio, tais como: fichas de inscrição, endereços, fotos, gravações, filmagens, relatorias e notas de imprensa. Com um propósito de organização da rede e de pesquisa esses materiais constituem uma sorte de arquivo vivo da rede. Com este livro agora apresentado pode-se dizer que esses compromissos ganham corpo e forma palpável e apontam para novas formas politico- organizativas, mais autônomas e livres de tutelas, quaisquer que sejam. Podíamos ter feito melhor, mas nos limitamos a dizer que o fizemos nas condições de possibilidade de nosso tempo e dedicação, de nosso empenho e certeza de que estamos dando um passo rumo ao futuro, numa luta renhida por um mundo melhor e mais justo em que a diversidade seja o elemento propulsor da igualdade e porque não da felicidade de todos aqueles povos e comunidades tradicionais aqui representados neste Colóquio.

18 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 18 15/10/2019, 16:30 CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 19

miolo cimarrones.pmd 19 15/10/2019, 16:30 20 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 20 15/10/2019, 16:30 CERIMÔNIA DE ABERTURA DO COLÓQUIO CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS

CENTRO DE CULTURA NEGRA - CCN

A referência histórica mais marcante sobre a organização autônoma de africanos que, escravizados, haviam sido trazidos à força para o Brasil, foi o quilombo de Palmares. Quilombo, no Brasil tem, portanto, o sentido de organização social vinculada à resistência, a um território que controla, que marca a luta contra a imobilização da força de trabalho. A luta contra a escravidão representou uma luta por autonomia produtiva, sempre cerceada pelas tentativas de subordinação dessa força de trabalho e de seus descendentes, através, principalmente, do artifício da privação do acesso ao principal bem produtivo dessas comunidades rurais que é a terra. O Quilombo de Palmares, localizado onde hoje é o Estado de Alagoas, durou de 1580 a 1695. Seu principal líder foi Zumbi dos Palmares. Levando em consideração o tempo de duração, historiadores do século XIX consideram o quilombo do Turiaçu, no Estado do Maranhão, o segundo maior quilombo do Brasil. Teria tido uma existência por 40 anos, iniciada por volta do ano 1731. No Maranhão também ocorreu a Balaiada, revolta popular que liberou da escravidão grande parte da Província entre os anos 1838 a 1842. Os anos finais dessa revolta popular foram sustentados pelos quilombolas liderados por Cosme das Chagas, que formara o Quilombo Lagoa Amarela, em região que hoje corresponderia aos Municípios de Vargem Grande e Nina Rodrigues.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 21

miolo cimarrones.pmd 21 15/10/2019, 16:30 No Brasil inteiro foram inúmeras as situações de organizações de negros que se revoltando contra o regime escravista, organizavam formas próprias de resistência, os chamados quilombos. Mesmo após a declaração formal de extinção da escravidão no Brasil, em 1888, a luta por autonomia produtiva fez com que a resistência tivesse que ser logo reorganizada. Várias comunidades quilombolas resistem a tentativas de desapossamento desde a década de 30 do século XX, a manobras cartoriais e a ameaças de pistoleiros perpetradas por famílias detentoras do poder local. Diversas tentativas de cercamento ilegal de territórios de comunidades quilombolas foram rechaçadas. Em 1984, em reconhecimento ao direito de propriedade, o governo do Estado de Goiás entregou 200 títulos de terra a integrantes do Quilombo Kalunga. O CCN – Centro de Cultura Negra do Maranhão, organização do Movimento Negro fundada em 1979, além da luta contra o racismo, como outras organizações do Movimento Negro, notabilizou-se pelo pioneirismo na articulação do movimento quilombola no Brasil. Em 1986 organizou o primeiro encontro de “comunidades negras rurais”, reunindo quilombolas do Maranhão. Juntamente com o Centro de Estudos e Defesa do Negro no Pará - CEDENPA (organização do Movimento Negro do Estado do Pará) e com o apoio de organizações do Movimento Negro do Rio de Janeiro, promoveu uma forte articulação e, na 1ª Convenção Nacional “O Negro e a Constituinte” (Brasília- DF, 26 e 27 de agosto de 1986), convocada pelo Movimento Negro Unificado- MNU, apresentaram a proposta de uma norma que garantisse os direitos das comunidades negras rurais. Tal proposta foi encaminhada à deputada federal constituinte Benedita da Silva, que a apresentou ao Congresso Nacional Constituinte. A proposta foi aprovada, conheceu modificações no decorrer das discussões, e resultou na origem do Artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal. Em 1995, o Movimento Negro brasileiro organizou a Marcha 300 anos de Zumbi, em Brasília-DF. Nos dias que antecederam à Marcha foi realizado o I Encontro Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas e aprovada a criação de uma coordenação nacional das lutas. Os quilombolas participaram da Marcha e, em conjunto com outras lideranças do Movimento Negro entregaram uma pauta de reivindicações ao presidente da República. Em 1996 foi criada a

22 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 22 15/10/2019, 16:30 Coordenação Nacional de Quilombos – CONAQ, composta por lideranças quilombolas de todo o Brasil. A luta pela aplicação do artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias se faz sentir em vista do aparecimento no cenário nacional de um grande número de comunidades rurais, que reivindicam reconhecimento e titulação como comunidades quilombolas. As primeiras estimativas oficiais do governo brasileiro dão conta de 2.200 comunidades quilombolas no Brasil. Dados oficiais dão conta de apenas 111 territórios titulados até junho de 2012. Lutas por território com fundamento na Convenção 169 da OIT, ratificada pelo governo brasileiro em 2012, buscam ampliar as possibilidades de respeito a seus direitos territoriais atingidos por medidas governamentais ditas de “crescimento econômico” traduzidas pela implementação de grandes obras como hidrelétricas, rodovias, portos, bases de lançamento de foguetes, hidrovias, ferrovias, linhas de transmissão de energia e congêneres. Em eventos internacionais e contatos com organizações de países vizinhos, designadas como cimarrones, garifunas, marrons, boni, palenqueros e inúmeras outras identitades coletivas, não foi difícil perceber que viviam desafios semelhantes. Ampliamos as discussões sobre estes desafios, juntamente com professores universitários e pesquisadores do PNCSA, cujas análises convergiam para os mesmos temas, e fomos produzindo a proposta deste Colóquio internacional, que hoje abrimos aqui em São Luis, Maranhão, com a esperança de alicerçarmos novas formas de articulação e novas plataformas de luta e resistência às usurpações das terras de quilombos em todas as Américas. Sejam muito benvindos!

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 23

miolo cimarrones.pmd 23 15/10/2019, 16:30 Danilo Serejo coordenador da Mesa I - “Direitos Territoriais, Legislação e Pau- tas Reivindicatórias”.

Intervenções de CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, GARIFUNAS e PALENQUES: exercícios de relatoria

MESA I DIREITOS TERRITORIAIS, LEGISLAÇÃO E PAU- TAS REIVINDICATÓRIAS COORDENAÇÃO DE DANILO SEREJO

Primitivo Pérez Herazo

Mi nombre es Primitivo Herazo y soy de San Basilio de Palenque, el primer territorio libre de América. Hablare sobre las comunidades negras en Colombia y las distintas formas organizativas que tienen y a través de las cuales se gestionan nuestros derechos. Estas formas son de dos tipos: unas históricas, ancestrales que funcionan a nivel local y están representadas por cabildos (consejos)

24 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 24 15/10/2019, 16:30 y Kuagros (Ma-Kuagros en lengua palenquera). Los cabildos fueron las formas organizativas de la cultura africana de los Conga, Ararat. Ellas cumplen funciones culturales y de solidaridad. Esas formas culturales se mantuvieron. Los Kuagros que el palenque agrupa son jóvenes y mujeres de la misma generación y cumplen funciones de solidaridad, culturales y de formas organizativas. Las otras se derivan de las formas de organización que surgen a partir de la ley 70 de 1993 y actúan como organizativas nacionales, estas organizaciones son Movimiento Nacional de Cimarrón, Associación Nacional de Afrocolombianos Desplazados, Conferencia Nacional Afrocolombiana - CNA y el Proceso de Comunidades Negras - PCN al cual pertenezco. Existen otras pero estas son las cuatro más importantes son estas y se diferencian en la interpretación de la situación de las problemáticas, en la forma que funcionan y operan y las reglas y mecanismos para tomar decisiones, en el caso del PCN nos orientamos por los siguientes principios políticos organizativos: afirmación del SER, la conservación para el ser, un espacio donde ejercemos de la cultura… el territorio; el principio de la Autonomía; el principio del desarrollo propio o etnodesarrollo y esos principios soportan nuestro accionar, y tenemos palenkes regionales. Es decir, el PCN cuenta con un palenque en el caribe, un palenque, en Buenaventura, Tumaco, Magdalena medio, en el norte del Cauca, estos son espacios de confluencia de las organizaciones regionales. Es importante anotar que producto de la complejización de la situación de Colombia, estas organizaciones han entendido la necesidad de articularse y por eso en el marco de la conmemoración de la ley 70 20 años organizamos el primer Congreso de comunidades negras, Palenqueras y Raizales. Este congreso tomo decisiones importantes sobre nuestros derechos territoriales, consulta previa, participación de mujeres, jóvenes, desplazados. Y a nivel nacional se conformó la Autoridad Nacional Afrocolombiana que cumple una función la coordinación nacional y estas organizaciones que confluyen tienen la tarea de superar las dificultades de las dinámicas organizativas y de interlocutar con el gobierno nacional.

Felix Alfredo Vitely Gualinga (Ecuador)

Sou do Território Kichwa. Somos todos um povo com 138 comunidades dispersas. Temos grandes comunidades. Nos últimos oito anos temos trabalhado

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 25

miolo cimarrones.pmd 25 15/10/2019, 16:30 com cartografia para conhecer nosso território. Para conhecer e gerir. Esse é um trabalho que tem muitos impactos. A gente tem um marco jurídico constitucional e a partir de 2008 o Ecuador se declara como plurinacional. Existe um código orgânico de centralização, que estabelece as circunscrições territoriais do governo como um todo correspondente. Esse é um caminho longo e não é apenas para os povos indígenas, mas para os povos afros e montubios. Uma coisa é o que está escrito na Constituição, não basta, estar na lei, isso é mais complexo. Temos que conhecer nosso território. Precisamos de um plano de vida. Porque como exercer nosso governo. Isso é uma tarefa de muitas gerações. Estamos trabalhando na capacitação para que possamos governar. A primeira tarefa é elaborar nossa própria constituição: estatuto nacional Kichwa de Pastaza. Para exercer o direito coletivo de acordo com constituição. Principalmente com a Organização Internacional do Trabalho - OIT. E o principal desafio é executar esse trabalho. A respeito da participação de afros na Constituição. Somos seis nacionalidades distintas e estamos elaborando para compor uma pluralidade de nacionalidades. Por essa razão cada nacionalidade elabora seu estatuto. Cada povo tem que tomar decisão de avançar nesse processo.

Kenly Velázquez (Nicarágua)

Eu pertenço ao povo Garifuna, mas eu vivo numa comunidade Kriol. Cada comunidade do governo tem um representante, temos um presidente e um vice-presidente. As pessoas trabalham voluntariamente, mas sempre tem tempo para a comunidade. E nós próximos dias, me sinto em casa. A nossa distância é o espanhol. Podemos falar em qualquer idioma. A lei do território foi lacunar. Não dá acesso para criar lei comunitária. O governo nacional nos dá o direito de administrar nossa comunidade e nossos costumes. Temos um juiz. A primeira vez que uma comunidade tem um jovem, porque tradicionalmente são maiores, mas ultimamente temos muitos jovens. Como chegaram os garifunas? Anteriormente viviam de frente da Venezuela. Os africanos foram em direção aos Estados Unidos para serem escravizados e disseram que esses negros eram da Nigéria. E somos hoje mistura de indígenas, caribenhos e africanos. Pessoas valentes que decidiram que nunca seriam escravos. Dizemos que nosso povo precisava dessa terra. E quando os ingleses perceberam que não podia mais

26 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 26 15/10/2019, 16:30 chamar por soldados, ficamos nessas ilhas e nos mesclamos. Entraram pela barra e chegaram os Miskitos em Lacune. É preciso respeitar os Miskitos porque e respeitar os Miskitos porque eles quem deram lugar para onde vivemos. Temos entendido que constituem distintos povos e a matéria é de preservar os direitos ancestrais desses distintos povos. Cada povo tem sua própria lei interna; suas leis próprias.

Debates, questões e comentários Mesa I

Luiz Alves Ferreira (CCN)

A Acadêmia continua preconceituosa e racista. Precisamos colocar o jovem nisso. A discussão é central e passa pelo território. A grande parte da academia vai lá e pesquisa e não volta lá. Isso é a lei.

Manoel Clauderi Coutinho da Luz (Quilombola, Povos do Aproaga, Município de Capim, Pará):

Nós conseguimos perceber as lutas e os desafios. Hoje temos lutas que são parecidas. Podemos perceber que os colonizadores se unificam cada vez mais. Unificam suas estratégias. Para tomar conta de seus territórios várias pessoas vão passar pela luta, muito perdem sua vida porque as pessoas que estão no poder matam. E decidimos com a ocupação da estrada, de uma P.A. e chegaram a autoridade do Estado para desobstruir a P.A. As pessoas que nos escravizaram no passado e no presente continuam se unificando.

Maria Amélia (Quilombola do Rio Pindaré):

No Maranhão foi na luta para sermos reconhecido como quilombola. Hoje no Brasil as leis nos deixaram de ser escravizados.

MESA III ESTRATÉGIAS DE ORGANIZAÇÃO E CONFLITO FOI COORDENADA POR ANICETO CANTANHEDE.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 27

miolo cimarrones.pmd 27 15/10/2019, 16:30 Jairo Obregon (Colômbia)

De uma forma muito rápida, apresentarei uma coisa relacionada com o tema da mesa que é: Estratégias de organização e conflitos. Vou apresentar o território negro no Vale do Cauca, en el municipio Jamundí, em Colômbia. Basicamente vou mostrar as raízes da comunidade negra de origem Cimarrona que conserva as raízes africanas; dizemos que somos de origem Cimarrona e essa é nossa visão política. Nesse momento nós vamos falar basicamente das nossas estratégias específicas. A cartografia social é uma ferramenta que nos ajuda a esquematizar nosso território, é uma radiografia feita pelas próprias pessoas para trabalhar situações sobre as práticas produtivas e que possui uma lógica para os membros da própria comunidade já que são eles mesmos que a elaboram, assim temos um grande sistema de água, e a gente vê muito claro na cartografia a importância que tem esses ecossistemas. Estamos buscando que os jovens possam participar para dinamizar esses processos nos quais eles estão envolvidos. A gente faz um trabalho com a parte educativa, porque esses processos são de continuidade; a gente fortalece esses processos com os jovens e pode ter mudanças significativas, um território de negros e um território ambiental e saudável. Ainda como estratégia vemos esses espaços de poder, é isso que a gente precisa que os jovens saibam o que está acontecendo, é muito importante que os jovens comecem a pensar na parte política porque é exatamente onde se tomam as decisões e os jovens comummente tem sido marginalizados nesses espaços. Uma estratégia é a produção de alimentos agroecológicos, mas é muito pouco por que não temos terras coletivas. No vale andino onde há conselhos comunitários e não são muitos é diferente. Ainda, se faz presente nesses territórios forças que estão acima da lei 70, empresas grandes, e então, para valorizar a vida, para produzir alimentos que são mais limpos, que dependem o mínimo de produtos agrotóxicos, é um processo lento porque os produtos de fora chegam com mais facilidade. É muito importante a parte produtiva, frutas produtivas, mamão, mandioca, feijão que são produtos de consumo dos negros de nossa região. E assim queremos produzir excedentes para a comercialização, e aí temos

28 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 28 15/10/2019, 16:30 umas estratégias de produção onde os jovens podem chegar e existe um comercio muito forte nesse sentido. Outra estratégia está relacionada à localização geográfica e igualmente o objetivo é proteger as áreas onde temos água, o problema na verdade é o projeto de privatizar essa água e esses projetos não preveem a consulta previa e a Constituição nos concede o direito a consulta previa. Cada dia os produtores estão limitados a uma parcela de terra muito pequena, restrita apenas a produção de sua família e as empresas tomam decisões, isolam os negros. O grande interesse é ter água para os grandes capitais. O garimpo ilegal é tema de grandes conflitos, ouro, bauxita que impactam o território, e não há nenhuma política de retorno para a população. Também os grupos armados, numa situação muito irregular, guerrilhas e paramilitares, e às vezes, setores do próprio Estado, o que gerou situações muito adversas. Essa região sempre foi vista pelas administrações municipais como um lugar em que se poderia colocar todo o lixo, e estamos lutando para que esses postos sanitários não sejam colocados lá em razão da contaminação; ela tem crescido demasiadamente e esse crescimento vai tirar algumas coisas do nosso território. Estabelecer os planos básicos territoriais, onde o crescimento do município, ainda esses planos atendem situações muito particulares e não atendem às questões participativas. Sobre a educação, essa região é conhecida como etnoeducadora. Temos problemas com a juventude que saí do território e nós buscamos sempre a permanência dos jovens no território garantindo para ele educação. Aplicação e acesso a normativa e temos dois exemplos claros é o que acontece com a lei da negritude e não tem lei da terra produtiva e as terras estão nas mãos de narcotraficantes e grandes empresas. Então, quando saem das mãos dos narcotraficantes, essas terras vão para outras mãos e as roças que eram deles, pertenciam antes à pessoas que morreram e então estão passando por uma situação preocupante. Portanto, é entender que o Estado tem dificuldade de retomar essa terra. Então, é uma série de conflitos e isso reflete na região e em outras partes da Colômbia.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 29

miolo cimarrones.pmd 29 15/10/2019, 16:30 Miriam Victória Gómez (Argentina)

Nasci em Buenos Aires Argentina. Eu gostaria de agradecer ao CCN e Alfredo Wagner por me convidar. Os negros argentinos são muito abundantes, e nessa forma podemos falar sobre a presença africana na Argentina. A população negra já data do período colonial e a partir disso, pode-se perceber três períodos históricos: o primeiro, do tráfico escravo que deixou mulheres e homens africanos na Argentina. O segundo no final do século XIX com a entrada de pessoas de Cabo Verde, trabalhando com tráfico marítimo. O terceiro século XX é mais complexo, é um panorama muito diferente dos outros que estamos falando. No passado é muito maior o número de negros, a produção agrícola era maior. A população afrodescendente na Argentina é de 4%. Na região andina a população negra é menor. Todas essas porcentagens eram tão altos e por que se fala na academia que a população afro tem sido invisibilizada e por que tem sido excluída? A invisibilidade tem sido uma política. Nesse sentido, quando a Argentina começa a sua formação, observa-se que a população que antes se declarava negra, começa a se declarar como mulata, parda, “trigueña” e isso, contribuiu muito para a invisibilidade do negro na Argentina. A partir desse momento esses dados já não refletem a população da Argentina. Essa questão e o território não tem sido estudado no país, não existia essa problemática nos estudos realizados sobre as comunidades no interior da Argentina, em Santa Fé ou em lugares rurais, Santiago, São José que são remanescentes e reclamam seus territórios. Muitos afrodescendentes desconhecem sua origem. A Casa da Cultura da província de Santa Fé serve para isso. Assim há grande grau de discriminação racial e são quase dois milhões de pessoas. Sobre o alto grau de preconceito racial, muitas pessoas se recusavam a responder em pesquisas censitárias: “Você ou alguma pessoa é afrodescendente ou tem alguém, pai, mãe? E as pesquisas são importantes. E o que os argentinos pretenderam fazer para eliminação do preconceito racial? Em 2011 foi o Ano Internacional dos Afrodescendentes onde a população Afroargentina tem colaborado com esse processo de invisibilidade. Sem dúvidas existem alguns avanços, políticas públicas que incluem essas temáticas. Temos o Comitê contra o racismo em toda América do Sul e buscamos um diálogo com o governo.

30 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 30 15/10/2019, 16:30 Gostaria de fazer uma referência ao professor Wagner, já estamos trabalhando a cartografia social desde 2008 e elaboramos o primeiro fascículo de Caboverdeanos em Buenos Aires e claro houve a participação de todos os setores da comunidade. Sobre a pergunta sobre as formas inclusivas e participativas. Eu acredito que é fundamental a participação não só dos jovens, mas dos mais velhos e claro as mulheres e, nesse sentido, fundar a formação de líderes. Nós temos um aspecto que é a falta de organização das cabeças e movimentos. Seus líderes por muito tempo estão nessas organizações e não se preocupam com outras pessoas que poderiam ocupar seus lugares. Durante muitas décadas foram silenciadas e ter a oportunidade de debater com outros grupos é uma necessidade desses líderes ocuparem esses espaços. Mas é preciso ter certeza que outras pessoas podem ocupar esses espaços. Sobre a participação das mulheres no caso da Argentina, as mais antigas lideranças foram dirigidas por mulheres. A mais antiga que eu presido tem 81 anos e há outra de 86 anos que é presidida por uma mulher e isso é um correlato da sua história e são também chefes de família. Há uma gradual diminuição da população negra na Argentina como querem muitos e a mídia e a sociedade geral. Muitos homens negros foram cooptados, eles eram chamados de pardos e morenos e em 1875 quando o Brasil e Argentina se uniram para aniquilar a vizinha uruguaia, eles estavam lá nos campos de batalha. Para nós todos é preciso seguir a luta

Aurélia Martina Azru Rochez (Honduras)

Vou referir-me ao tema sobre organizações e conflitos. Honduras não é diferente, há um grupo de mulheres que estão na causa do reflorestamento, há mudanças climáticas que estão afetando o meu país, e as mulheres sempre estão presente para todos. Nós fizemos um trabalho de campo em tudo que se refere ao cultivo. O povo Garifuna está há mais de 200 anos e ainda somos vistos como estranhos. Ao povo Garífuna matrilocal foi negado muitos direitos em Honduras. Não temos direito a educação, saúde e sofremos em Honduras por terras e territórios. Tudo isso nos afeta, se a gente quer alguma coisa, temos que fazer muitas marchas até a capital, para chegar à casa do governo. Em nossa última

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 31

miolo cimarrones.pmd 31 15/10/2019, 16:30 marcha tivemos que mover muita gente para chegar até o Congresso. Em Honduras tem que se mobilizar para conseguir alguma coisa e se faz necessário realizar isso na capital para chegar até o governo e para isso tem que ter dinheiro e assim chegar até o congresso na casa do presidente. Essa foi outra mobilização que tivemos que fazer. A manifestação com 214 tambores. Vocês podem imaginar como soaram os 214 tambores, mas foi uma coisa que fizemos para chamar atenção do governo. Caminhamos até a capital de Honduras e eramos mais de 800 pessoas, chegamos a capital salvos e sempre com força com respeito ao povo Garífuna. Todos usavamos um uniforme de Garifuna e todos os povos Garifunas cantavam em sua língua. E só assim foram escutados. São os megaprojetos turísticos, o petróleo que agora tem uma concessão dos rios e é lamentável e acontece grande desastre que afetam a fauna da comunidade. O peixe não pode mais ser consumido e essas pessoas conseguiram mudar o curso do rio. O estado de Honduras é falido e a violência e o narcotráfico são um problema de todo país. O narcotráfico acaba com a juventude é um problema. O narcotráfico acaba com as terras e acaba com eles. E é importante a união para poder ser mais forte e se não há organização não se consegue nada.

Raphaelle Servius-Hamois Hartemann (Guiana Francesa)

Agradecemos pelo convite, é uma honra vir participar de um colóquio internacional, sendo que a Guiana não é tão visível, sou tradutora e trabalho muito sobre culturas negras e indígenas. Trabalho muito com o povo Boni na Guiana, dos conflitos existentes nessa terra. Aí vemos uma imagem do guerreiro Boni, o território da Guiana é da América do sul, que pertence aos blocos das Guianas. A Guiana foi conquistada pelos franceses no século XVII, La Ravardière e De La Touche, foi uma colonização europeia e depois estes trouxeram da África a mão de obra africana. Depois os negros do Suriname, que fugiram das plantações. A situação posterior a abolição da escravidão que aconteceu 1848 e a situação da Guiana atual é que até 1946, a situação de colonialidade continuou na Guiana. O status é de cidadãos franceses regida pela França que dá uma igualdade aos cidadãos que vivem na França. Todas as leis aplicadas são redigidas na França, ou servem para a Guiana também.

32 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 32 15/10/2019, 16:30 Os Bushinengue, igual que os indígenas são povos para os quais não existiam fronteiras, os estados colonizadores da época tinham interesses para deslocar e desviar a fronteira. O caso de Apatou, ele era um chefe boni que ajudou no século XIX a um pesquisador francês que veio pesquisar sobre a biodiversidade, esse território foi tomado pelo governo francês, dando lhe um título: Apatou agora é uma aldeia, tem um título oficial dado por uma administração francesa, o que na verdade nem era necessário porque eles já habitavam lá. O Estado francês mostra isso como uma recompensa: um território, que era natural para eles, e instituem uma jurisdição municipal. Esse é o caso da aldeia de Apatou que agora é um município. Temos que debater a existência dos povos tradicionais no esquema colonial. A França não reconhece os povos tradicionais, o anonimato do que o Seefian Deie falava, está condicionado a essa Constituição francesa. Depois da Revolução Francesa, a França se prevalece de ser a dona das terras, a Convenção 169 não foi ratificada, portanto, não há reconhecimento dos povos tradicionais. O Conselho Consultivo dos Povos e Bushinengue, como o administrador não reconhece as comunidades, nem os povos, aí ela usa um artifício para reconhecer apenas as associações que trabalham por estes povos. Assim é um reconhecimento regional, não é um conhecimento nacional, internacional. O reconhecimento é apenas do lugar. A situação atual é conflituosa em consequência de uma territorialidade fronteiriça, zonas de direito de uso coletivo, existe um conflito entre o presidente da associação e a chefia tradicional da aldeia. Ainda eles tem que pagar as taxas e impostos, isto é todos os membros das comunidades tem que pagar taxas e impostos, indígenas e bushinengue. Os povos bushinengue pagam taxas, mas não tem titulação, nem cadastro. A criação do Parque Nacional Amazônico na Guiana é interesse do governo francês para ter o maior parque amazônico da Europa, enquanto para o povo Boni é uma área que não podem mais acessar. Novos conflitos são gerados pela criação do Parque Amazônico pois foi colocada uma legislação pela biodiversidade, os moradores já tinham o uso coletivo dessa área, os direitos que eles tinham antes foi cancelado, a França sobrepõe a legislação a favor dela e não dos povos. Houve um parecer desfavorável às decisões do parque, o que gerou um conflito entre a administração e o conselho do parque, e se criaram estratégias de como eles iriam se mobilizar contra a administração

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 33

miolo cimarrones.pmd 33 15/10/2019, 16:30 do parque. A carta que foi colocada pelo Parque foi elaborada em francês e os chefes não puderam dar resposta em função disso. Foi criado um movimento social contra essa carta, falavam contra essa carta. Os povos bushinengues rejeitam a carta, eles têm várias dificuldades de se organizar; entre os boni eles pensam que é lei e não interpuseram recurso jurídico.

Seefian Deie (Guiana Francesa)

Eu sou Seefian Deie, estou muito feliz de estar com vocês aqui a agradeço o convite do CCN Maranhão. O convite que eu recebi me mostrou a importância do combate da luta numa continuidade que os nossos ancestrais já começaram ha muitos anos. Alguem falou para mim que esse era um encontro de lideres e de mulheres que vivem nessa condição. Eu acho que minha escolha foi clara. Quando tem um encontro com uma mulher não se pode falar tudo da primeira vez se não tem nada para amanhã, por isso não vou falar muito hoje. A Guiana tem uma situação especifica, é uma situação colonial. Apesar da condição administrativa há limitações territoriais e fica isolada de outros lugares. Estão em uma situação de atraso com relação ao Brasil e até na expressão identitária é difícil na Guiana dada a situação específica do país. Não que tudo seja negativo, mas temos uma segurança física e social seria importante ter. Mas o preço que pagamos pelo anonimato, eles não aparecem. A Guiana é regida pela constituição francesa e a última fala quem diz é ela; é única e indivisível dizendo que quer proteger o povo e todo mundo é como anônimo é como se chama o jacobinismo. Quem são os Bonis? Eles vivem na situação atual em um território da America do Sul que pertence ao território das Guianas de 90mil km. A França colonizou, mas não conquistaram todas as terras e trouxeram da África a mão de obra negra. Em 1773 começam a aparecem os negros de Suriname que foram para Guiana e na época os Boni conquistaram algumas terras. Depois da abolição em 1843 chegaram os orientais chineses, indianos .... Guiana tem sido colônia da França desde o século XVII. A situação de colonialidade que existe desde 1946 é regida de outra forma. Todas as leis da França servem para a Guiana também. Os povos Buschinengue conquistaram suas terras com luta. Para eles não tinha fronteira a partir do rio.

34 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 34 15/10/2019, 16:30 Sobre o direito natural de ter o território, o estado francês mostra que é uma recompensa, ou seja, o estado francês concedeu um território que já pertencia a alguém. Sem contrapartida, pois era uma coisa doada que eles pegaram de volta já que agora é do município. Houve uma política de afrancesação. A faixa litoral tem 20 km de largura. A constituição Francesa fala que a França é indivisível e não reconhece os povos tradicionais em termos de cultura, de tradição, de história e religião distinta. Como legislador não reconhecia a legalidade das comunidades tradicionais. Então apenas as associações são reconhecidas. Eles reconhecem regionalmente, não é nacional. Os povos estavam radicados em torno da fronteira do rio Maroni, essa área continua sendo uma área de contestação. Existe um conflito de interesse entre a França e o Suriname. Fazendo referência ao ZDUC – Zonas de Direito de Uso Coletivo essas zonas foram dadas a comunidades, não como comunidades étnicas, mas como associações representando essas comunidades. A associação que é reconhecida e não o chefe. Então, existe um conflito entre esse chefe que é reconhecido pelo povo e pela associação. Isso gera conflitos de poder dentro da aldeia. Outra coisa: as taxas de impostos: Bushinenge apesar de não ter titulação, pagam impostos e quem não paga imposto é o estado francês, os indígenas e Bushinenge tem que pagar. Os povos Bushinenge não tem cadastro, mas pagam impostos. O Parque Amazônico da Guiana foi criado pela França para os povos Boni e divide o território entre as áreas que não podem mais ser acessadas pelas comunidades, vão ser regidas pelas autoridades do parque. Isso gerou conflitos. No município de Camopi o parque colocou por terra um princípio de diversidade os direitos que tinham antes. Agora os boni não tem direitos e precisam ficar em outras áreas que não mais dentro do parque. Em 2012 deram um parecer desfavorável a decisão do Parque, então as comunidades deram uma opinião contra o parque. O conflito entre o Conselho e a administração do Parque gerou estratégias de organização. A situação é a seguinte 9 de cada 10 pessoas não tem diplomas então foi fácil para administração do parque apresentar a carta do parque que pode ser assinado por cada um, eles dizem que o contrato, é uma lei que se impõe. Mas no contrato é preciso ser aceito por duas partes e como é lei, os boni não reagem. Nesse contrato, eles substituíram a palavra consentimento por concertação. Os povos têm dificuldades em se organizar porque eles pensam

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 35

miolo cimarrones.pmd 35 15/10/2019, 16:30 que a carta do parque é lei e não tem dinheiro também para se mobilizarem. Mas quando se diz que é lei, as pessoas aceitam, eles substituíram a palavra consentimento por concertação. A linhagem materna é a linhagem hereditária. A linha é de herança. Então por questão de referências históricas e de herança. Só que a mulher não está sendo valorizada de forma material e de forma espiritual. Então a mulher reúne essa força material e espiritual. E a mulher que representa essa comunidade reúne essas forças. O altar dos ancestrais tem como fiscal uma mulher, a guardiã. A pessoa que vai guardar o lugar é a mulher. Então é forçosamente uma ancestral. Precisam organizar a luta das mulheres. O lugar da mulher na sociedade. A minha aldeia é um foco da demografia de jovens, ou seja, a população jovem é expressiva atualmente. A natalidade supera a dos chineses, daqui a 2030 a população vai ser multiplicada por três ou quatro. No que diz respeito ao território, não se fala disso normalmente, porque na história são alvos dos interesses coloniais. Inclusive quando Suriname se tornou independente, o novo sistema político que se instalou não regularizou a situação dos . Recentemente no Suriname, os Saramaka processaram o Estado e Suriname teve resultado positivo. Mais uma vez que esse documento foi dado em favor dos Saramaka a efetivação definitiva permanece uma luta. Sugere que daqui a outra oportunidade, gostaria que os povos Saramaka pudessem participar desse colóquio. Para responder o professor Luís Alves Ferreira não existem representantes do Bushinenge que seja francês, no esquema nativo Frances. É uma representação paliativa, através de uma associação. É por acaso que eu possa ser representante do conselho. É difícil a França reconhecer seus direitos e o que eles são. Eu agradeço pela atenção sabemos que essa luta tem que continuar. Essa é a única forma de agradecer aos ancestrais o que eles fizeram. Que essa união continue!

Ivanildo de Sousa (Cachoeira Porteira, Quilombo do rio Trombetas, Brasil)

Agradeço a todos os países da América Latina, que já colocaram seus anseios, não é fácil pra nenhum dos países lutarem pra defender os interesses coletivos de seus povos. Essa luta cada vez mais tem que conquistar guerreiros

36 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 36 15/10/2019, 16:30 para ela, precisamos ter uma formação para montar um exército, parece que a luta dos outros irmãos é muito forte. Vocês estão querendo, assim como nós termos o domínio da terra nas mãos, isso dói mais quando é colocado em nível internacional que o governo não dá condições para que a lei seja cumprida. Todos nós viemos trazidos nos porões dos navios de vários lugares e hoje nós estamos reunidos para lutar por nossos direitos. Não é simples e não é fácil reunir esse povo pra falar sobre o nosso direito. Já foi colocado aqui que o negro ele tem o mínimo de oportunidade, no mercado de trabalho, nos melhores cargos para fazer a administração, e isso é porque nós não temos acesso ao nosso território. Na minha visão, nós ainda somos escravos, você tem que ter o título da terra, o que de direito é teu; você vai continuar sendo escravo. Uso coletivo, mas na hora que o governo precisar você vai ter que devolver. Os encontros conseguem alavancar muito pouco as demandas dos irmãos, vamos pensar juntos na coletividade, pois pensando assim, lutaremos por nosso território que é teu de fato e de direito. é preciso pensar na coletividade, ela supera as barreiras, os desafios que todos temos e que tem uma história de antepassados. Luta que você vai conseguir. Os conflitos de nosso território vieram de um momento histórico há muitos anos tiveram laços de sangue e tiveram acordos que foram firmados com órgãos do governo das quais foram definidas que etnias seriam reconhecidas e tiveram seus limites pré-definidos e como vizinhos atendiam os anseios deles. Eles sempre atendiam os quilombolas de Cachoeira. Eles foram para campo fazer o levantamento da área e em seguida o interprete foi fazer o georeferenciamento da área e a consulta a qual foi feita uma publicação nos outros órgãos. Resumindo a consulta, a comunidade finalizando com a comunidade, eles finalizaram o processo chegando a mesa do governador e firmaram dia 20 de Novembro seria feita a reintegração do título do território de Cachoeira. Com isso, no próximo dia a CPI (Comissão Pró-Indio) reuniu outras comunidades e tiveram reuniões do qual ele ajudou a conduzir a proposta realizando remoção de agentes. Eles diziam que o conflito estava aumentando e não se reconhecia território que estava em conflito, isso seria uma questão mais institucional que interna. Para a instituição foi preocupante e no dia da Consciência Negra foi planejado uma atividade e nada se realizou. Eles não estão indo para as vias de fato, ainda é uma questão pacífica. Não chegaram ainda em fase conclusiva.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 37

miolo cimarrones.pmd 37 15/10/2019, 16:30 Não está acontecendo o que foi parar na mesa do governador do Pará. Internamente há indígenas casados com quilombolas e continuavam sem ter conhecimento sobre a CPI. Vivemos um único país. A luta é a mesma. A união vai fazer a diferença para todos nós. O caminho é longo, mas se unirmos vai se tornar próximo. Isso faz a diferença.

Debate, questões e comentários à Mesa III

Luiz Alves Ferreira (Luizão) CCN

Sem mulher não tem revolução. Lembro da minha avó que era parteira e que era um quilombola. Diz que 37% das mulheres são mães solteiras. Os negros e as negras estão sendo violentados, apesar das leis que existem, somos todos mutilados. Existe uma matança de jovens negros. O CCN e mesmo o conselho e estão colocando questões do Brasil e da América. Na sua condição política afirma que ainda tem colônia na America latina. Essas comunidades Boni, Saramaka tem representatividade no governo francês? ONU, UEA e EU (União Europeia)?

Débora Cristina Bush Bush

Sou da Associação dos negros da Nicarágua, que apresenta problemas diferentes e isso a faz cada dia mais forte. Miriam diz que na Argentina se ocultam os afrodescendentes e Aurélia falou que todas as reivindicações históricas de Honduras se conseguem através de manifestações e marchas. O colega de Guiana diz que grande parte da população é analfabeta. Isso é preocupante, então isso faz a população afrodescendente reclamar os direitos históricos. O que faz a população afrodescendente para que essa cifra de população analfabeta possa demandar educação, pois entendem que apenas através da educação que se constrói algo. As comunidades afrodescendentes se sustentam em um sistema matrilocal e mostra como são fortes as mulheres para realizarem desenvolvimento e isso traz a fortaleza e a força para seguir adiante. Na Nicarágua quando se quer um casal de negros, muitas vezes se prefere uma que não seja negra, pois as mulheres negras são dominadoras. O mesmo acontece quando se pergunta quem manda na casa que seja composto por negros, geralmente quem manda é a mulher. Daí

38 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 38 15/10/2019, 16:30 a importância de pedir ao governo mais educação e diminuir essa taxa de analfabetismo.

Primitivo Pérez Herazo

Quais são os mecanismos para transformação da produção no seu departamento? Enquanto a população negra, somos um só povo, deve haver união. Em Honduras há um movimento e todos precisam saber desse movimento e vice-versa é a única forma que podemos ser escutados. A Europa formou a União Europeia e parecem um só país.

Gomes dos Santos (CONAQ - norte da Bahia)

Parabeniza pelo trabalho, pois está sendo dado continuidade e isso está em alguns dados sobre a regulação fundiária. Existe aqui uma diferença com a Guiana francesa. Aqui terra é poder e hoje esse poder está na mão dos políticos e ex- donos de senzala dos passado. O decreto 4887 de novembro de 2003 certifica comunidades e agora está sendo derrubado por uma bancada ruralista. O processo de regularização fundiária é discutido em outros países, como é um processo coletivo, essa terra fica nas mãos dos quilombolas. Na Guiana o território foi dado em mãos e depois com a emancipação do seu território. Aqui no Brasil aconteceu em função do artigo 68 das disposições constitucionais transitória. O poder não será dado e sim conquistado e para isso é preciso muita luta.

MESA IV PERSPECTIVAS POLÍTICAS DOS MOVIMENTOS QUILOMBOLAS COORDENADA POR GARDÊNIA AYRES

Ruben Dário Hernández Cassiani (Colômbia)

Meus agradecimentos aos organizadores desse evento e ao Projeto Nova Cartografia Social pela oportunidade de participar desse evento sobre perspectivas sociais e políticas dos Palenqueros, Cimarrones, Quilombolas, Boni. Eu pretendo dividir com todos as experiências que geraram os Palenques, essas experiências

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 39

miolo cimarrones.pmd 39 15/10/2019, 16:30 deixaram uma mensagem no que diz respeito à busca pelo território como exercício livre da sua cultura e nesse grande espaço que é o território. O Estado tem cortado sistematicamente o território que tem o povo Palenque, essa reflexão se alimenta também sobre o que se deve fazer para viabilizar a luta Palenque. Desse ponto de vista, no âmbito das práticas agrícolas, da recuperação da memória e no fortalecimento dos territórios tradicionais é que se constitui o suporte e sustento. Muitas comunidades palenqueras tem conseguido uma compreensão de mundo tripartite e o mundo mitológico. O segundo articular dois mundos e os três se articulam em um ir e vir dessa concessão de mundo, uma de suas raízes. A cosmovisão compreende a existência do homem, dos espíritos, dos animais. Os irmãos de lua têm a mente e a alma e tudo isso está presente nas comunidades palenqueras. Isso caracteriza essas comunidades. Essas referentes identidades culturais apresentam uma lógica própria e representam transformações importantes. Na Colômbia quem melhor interpreta isso é o movimento social afrocolombiano. Esse movimento tem consolidado esse sentimento de pertencimento. Por isso definem movimento social como conjunto de ações representativas do tipo social, produtivo, econômico dirigidos para uma coletividade. Os palenques apoiam-se na identidade que pressupõe direitos e deveres e eles tem um papel político definido e isso só se consegue enquanto sujeitos coletivos. Eles como sujeitos são produtos das circunstâncias históricas, no entanto se mobilizam para transformar essa realidade e isso gera transformação de um sistema escravista e colonial que constrói uma lógica perversa. Essa política de transformação se combina com uma lógica de poder. O poder é a autoridade, a capacidade de controle que se tem sobe o território pois eles tem sua ancestralidade. Essa identidade com esse papel político está ligada à ideologia que configura toda uma práxis cultural. Assim, falando de identidade estamos falando de consciência. E precisamos usar isso para transformar a realidade. Uma primeira condição para o desenvolvimento real é o reconhecimento do território e aqui se constatou que muitos irmãos em outros países têm dado passos importantes para a definição dessa unidade política administrativa própria e os colombianos tem avançado no reconhecimento da titulação coletiva. Acreditamos que a grande mensagem é a Lei do 70 e é a ela

40 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 40 15/10/2019, 16:30 que se quer dar um saldo qualificativo e querem também o reconhecimento como povo e acreditar que os irmãos devem passar para um novo passo. E isso supõe um reconhecimento de comunidades autônomas e outra reivindicação é a restrição de terra via titulação definitiva. Como é sabido a estratégia de paramilitarismo conduziu o deslocamento de 4 milhões de cidadãos e na maioria de afrodescentes e isso tem a ver com o reconhecimento de suas línguas como as línguas oficiais. Não pode deixar de mencionar que o direito consuetudinário. Nos necessitamos dos direitos próprios que regulam as relações sociais e com a natureza. Inclui os aspectos comuns e os serviços no âmbito do artesanato. Não é possível pensar em desenvolvimento sem pensar em uma educação. Quero ressaltar tres aspectos pedagógicos :1) De que educação para que sociedade? 2) Esse modelo tem que estar ligado à pedagogia própria e 3) Esse modelo precisa responder ao modelo de explicação própria. E finalmente de políticas públicas como condição de desenvolvimento, o que configura a agenda política própria que precisamos construir e dar o passo para construir seu próprio movimento político. É preciso sair para a criação de movimento político com rosto próprio. É um movimento político. Esse cenário querer um parâmetro político.

P. Solicitação da plenária para que Ruben fale sobre a relação da juventude nesse processo de identidade (masculino e feminino) e falasse também sobre as mulheres negras nas políticas atuais no México. Nossa cultura é integrante e nossa identidade também tem esse caráter, nossa luta não se reduz a isso. São também manifestações do mundo material e esse ponto de vista usamos para fortalecer nosso território. A identidade dos recursos naturais. Para nós é vital a participação das mulheres e que são encantadoras da comunidade e sustentam os rituais que são iguais no Pacífico e são as mais importantes intérpretes de nossa música. Como a rede de mulheres do Pacifico. Essa concepção de jovens, mulheres e adultos na vida política recupera o sentido da política. E a política em favor de uns poucos e em contexto do diálogo com os círculos acadêmicos incorpora novos paradigmas sociais. Acreditamos na ampliação dos nossos direitos e desejamos ter maiores êxitos onde realmente se pratique de forma efetiva e não mesquinha e a pluraridade etnorracial.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 41

miolo cimarrones.pmd 41 15/10/2019, 16:30 Célia Cristina da Silva (CONAQ)

Eu falo desde as organizações dos quilombos no Brasil e o que queremos com esse movimento quilombolas aqui no Brasil. Ontem falaram muito sobre a Constituição de 1988 e falaram do artigo 68 e surgiram muitas perguntas sobre esse artigo: ele diz que os aos remanescentes que ocupam sua terra e reconhecida propriedade definitiva a titulação devida. O decreto 4887/03 considera remanescentes de quilombos grupos que apresentam ancestralidade negra e resistência a opressão sofrida. A história de luta e resistência no Brasil começa com a escravidão. Aqui no Brasil o processo de escravidão foi o mais perverso da América latina e a partir dessas lutas temos como marco de luta o quilombo dos Palmares, Lagoa Amarela, Turiaçu e outros que foram surgindo como forma de resistência e as pessoas não aceitavam e se refugiavam e essa luta continuou e continua hoje. Os quilombolas brigam por esse espaço político e os territórios titulados nesse país. Na década de 60 surgem os movimentos negros que darão visibilidade a esses povos que estavam nos quilombos e lá eles estavam e não sabiam quem eles eram e a partir dessa data ganharam visibilidade e até hoje há comunidade de difícil acesso. Um dos movimentos que se constituíram nessa década foram o CCN, o CEDENPA e o MNU. Esses grupos se articularam dando visibilidade a essas comunidades. Em 1986 ocorreu o primeiro encontro de Comunidades Negras Rurais; em 1993 encontro nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas. Em 1997 criaram primeira organização, a ACONERUQ aglomerando comunidades que estavam dispersas e foi criada para dar visibilidade para essas comunidades. Em 1996 criaram a CONAQ que surge de uma discussão no Maranhão. Somente no Estado do Acre, Distrito Federal que não foram identificadas comunidades negras quilombolas. O Amazonas não tem representação na CONAQ. As comunidades quilombolas se organizam por Associação comunitárias, estaduais, conselho, federação e comissão e nacional/ coordenação nacional que é uma articulação das comunidades negras rurais quilombolas. A estrutura da CONAQ define um Encontro nacional de três em três anos e há regionais que compõem a CONAQ. A coordenação é composta por dois representantes e onde há mais comunidades como no Estado do Maranhão temos três representações. Como resultados legais obtidos temos a

42 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 42 15/10/2019, 16:30 Constituição de 1988, no qual consta o artigo Nº. 68; depois o Decreto 4887. O decreto 6040 é uma conquista recente que diz respeito a povos e comunidades tradicionais e bem como povos de terreiro. Temos as leis estaduais e ainda os Tratados e Convênios Internacionais – como a Convenção 169 da OIT. Sobre as perspectivas políticas do movimentos temos que apontar as estratégias de enfrentamento a Ação Direta de Inconstitucionalidade do Decreto 4887; esse decreto está sendo ameaçado pela inconstitucionalidade e se isso acontecer, mais difícil vai ser a titulação dos territórios, a garantia de autonomia do movimento quilombola no Brasil. Temos essa organização, mas precisamos que ele seja mais forte, precisamos assumir isso de verdade e garantir nossos direitos e fortalecê-los. A efetivação da titulação dos territórios quilombolas precisa que busquemos mecanismos para avançar e concretizar. Aqui no Maranhão não tem uma terra titulada e vários processos estão acumulados, mas nenhum com o título definitivo. O fortalecimento da mobilização nacional dos quilombos tem avançado, mesmo com tantos direitos ameaçados e por isso precisamos ir a luta. Há necessidade de criação de uma rede latino-americana. Se nós não temos o nosso território, como fazer o desenvolvimento? Não temos estrada, não temos energia nem água tratada. Essa efetivação do território como expectativa de vida. Terra é saúde! É preciso estar juntos e se não for assim vamos lutar por mais 500 anos. Temos um desafio muito maior. P. Como é o funcionamento da estrutura da CONAQ e sobre o artigo 68 e sobre o decreto 4887 que o regulamenta. A questão sobre os jovens e sua participação dos jovens, nós já tem uma coordenação de jovens na CONAQ está prevista para o final desse ano o encontro de jovens Conaquianos. A juventude está presente na CONAQ e não é só a coordenação, são todas as comunidades negras rurais quilombolas, são homens, mulheres, jovens e crianças. O funcionamento da CONAQ. Primeiro há um escritório em Brasília e que fica recebendo as demandas e reuniões constantes na CONAQ e há sempre um coordenador de Brasília. Com relação ao comentário do senhor Primitivo, somos na maioria que estamos excluídos e que não tem educação de qualidade e a educação que faz a diferença. A maioria que está marginalizada. Isso dificulta o nível de consciência. Temos que intensificar a educação que é primordial. A SEPPIR foi um marco para esse desenvolvimento. Nesse momento que mostra que não

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 43

miolo cimarrones.pmd 43 15/10/2019, 16:30 é um pais que há igualdade racial e que quando assume essa secretaria, ele assume que há diferença. O grande desafio do Brasil é uma população gigantesca e que tem ainda sua população a maioria a margem das políticas públicas. O Programa Brasil Quilombola garante moradia, saúde, mas para alcançar isso é muito difícil.

Hilda Margarita Guillén Serrano (México)

No México as artesãs e produtoras e lutam para que se apliquem os seus direitos. São elas que estão no trabalho no estado Oaxaca e se pode compartilhar com os índios e povos negros. Para situar nos contextos históricos das mulheres que foram escravizadas farei uma síntese dessa história e depois de muito percorrer os negros chegaram na América com os europeus e foram obrigados a acompanhar seus senhores. Nosso estado é multicultural e a maioria é indígena. A morte reduziu o número de índios e então trouxeram os escravos e trabalhavam nas minas e nas fazendas. Esses trabalhadores foram arrancados de seus povos e assim os negros foram espalhados pelo México e não são numerosos e no estado de Guerrero, Oaxaca, Michoacán, Campeche, Veracruz e Acapulco no golfo do México. Os negros permaneceram ai preservando seus costumes, na costa os negros trabalhavam como criados e como vaqueiros. Os outros negros no estado de Oaxaca foram os negros cimarrones. Parte desse mosaico tem um rosto próprio que se manifesta nos fandangos. Com o reconhecimento do povo americano há bases para uma cultura afromexicana. Nós temos realizado três encontros de mulheres indígenas e afromexicanas em Oaxaca e esse encontro aconteceram nesse ano. Esse espaço de articulação de mulheres que desde 2011 começaram a articular-se, correspondem a interesses de intercambio e lições apreendidas e fatores por parte das instituições e outros autores. Esse é um espaço de mulheres das comunidades e das organizações indígenas e constitui o grupo de trabalho de mulheres do Conselho e Secretaria dos Grupos Indígenas. Nós lutamos entre os povos afromexicanos e povos indígenas e nós encontramos nas filas do governo estatal; temos uma história de luta e aspirações mas sentidas em torno do desenvolvimento. Nos três encontros realizados tem sido constante a afirmação dos povos pelo cumprimento de seus direitos. Nós trabalhamos ativamente na vida dos povos no âmbito político e comunitário. A perspectiva de gênero é transversal, mas está ligado aos direitos dos povos. As demandas

44 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 44 15/10/2019, 16:30 apresentadas são grandes e em diferentes âmbitos da vida política, pois existe um espaço limitado para a honra das mulheres que tem defendido seus direitos. Atualmente, temos trabalhado organização e no reconhecimento de uma aplicação dos direitos humanos e agora muitas mulheres exercem ações políticas. Elas querem ter segurança e querem que se confiem na sua palavra e ação. Estamos pedindo para os que tomam as decisões nossos direitos. Queremos ser deputadas, governadoras, senadores, investigadoras e juízas e participar dos espaços de comunicação e preciso dizer que radio televisão de maneira livre e temos companheiras que foram assassinadas por disserem o que querem. Existe uma secretaria que trabalha com assuntos indígenas, mas querem também ampliar isso para os afromexicanos. Então impulsionamos a inserção da mulher em diferentes níveis, o reconhecimento do seu valor. Estamos recusando as diversas formas de violência de que somos vítimas. E enquanto governo não incluir isso nas políticas públicas, não se pode mudar muito. Desde 2011, 400 mortes que são entendidas como feminicídio. É necessário que se transversa este assunto das mulheres indígenas e afromexicanas. No México falar das mulheres é falar das mulheres indígenas e afromexicanas nas áreas rurais e urbanas. Com frequência dizem homens e mulheres, mas desde o governo federal o povo afromexicano é invisível, mas agora existe em Oaxaca. Não existe povo negro e então estão impulsionando algo sobre esse tema. Os governantes não sabem quantos povos negros existem no país, mas participam como defensoras dos direitos humanos. Algumas vezes disfarçam suas atividades. Os direitos humanos se exigem e também nessas oficinas impulsionam as mulheres para que elas sejam agentes comunitárias. Estão fortalecendo as mulheres para serem líderes. Antes a mulher não tinha participação política e hoje tem, foram exigidos dos partidos 40% das vagas para mulheres. Nós fazemos política desde que levantamos da nossa cama. Há muita migração no México e algumas mulheres vivem sozinhas. P. Vive o México um conflito com o narcotráfico? Sobre o crime organizado podemos transitar livremente porque não os mencionamos e sabemos quem eles são. Não nos metemos com eles por segurança. Comunicamos a marinha, polícia federal. Estamos trabalhando para o município e para o estado e estamos tentando organizar um evento. Primitivo Pérez pergunta: no México e na Argentina não tinha população negra? A maior população do Brasil é negra. Na política o que passa se ela é a

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 45

miolo cimarrones.pmd 45 15/10/2019, 16:30 maioria negra? Por que não tem um presidente na câmara, no Senado. Então o que acontece?

Sidney Orlington Francis Martin

Aprendemos informações que há uma liderança centro americana e latino americana para alcançar autonomia e não é uma luta fácil. Nesse salão não estamos iniciando nada, só continuando uma luta. Nossa luta é muito antes de chegar aos portos da América. Só queria mencionar que é interessante e importante tomar conta da participação política afrodescendente. Isso não é assunto de homens e mulheres indígenas e afrodescendentes. É parte do sistema dizer que, som os descendentes de escravos isso para que uma minoria governe uma maioria. É reconhecido que temos uma raiz rica. A relação tripartite é fundamental e isso é fundamental. E estou aqui para apoiar a mulher, mas temos que avançar na luta com homens, mulheres e jovens, pois é um assunto da família.

MESA V CONSTRUÇÕES DE ESTRATÉGIAS COORDENADA POR DINA PICOTTI

Ivo Fonseca da Silva

Qual é estratégia da aplicação das leis? Nós temos a Convenção 169 que unifica os direitos dos povos. Dentro de nossas normas e nossos costumes. O decreto e o direito natural é nosso sentimento, nossa permanência. Eu nasci aqui, e aqui me criei e eu não saio daqui, só quando em morrer, é daqui para o cemitério. Em toda comunidade tem um pé de árvore que é abençoada. Quando eu nasci esse pé de árvore já estava. Tem comunidade que tem pessoa que nunca foi na comunidade. Nós temos comunidade que não consegue a legislação. Nós temos alguns segredos que o Estado não percebe que é a forma da gente viver. Pelas nossas estratégias de permanência nós ficamos. A pergunta mais batida é de que vocês vivem? Ontem foram apresentados os quilombos brasileiros. Eu sou de uma comunidade chamada Frechal. Quando se trata dos direitos para o povo brasileiro, nós não tínhamos direitos. Se nós tínhamos direito era o direito natural. Por

46 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 46 15/10/2019, 16:30 exemplo, o quilombo de Palmares tudo foi conquista natural. A questão do território foi adquirido naturalmente 1530 até essa data de hoje. Nós estamos trabalhando com direito natural para conquistar o nosso direito. De 1530 nós só fomos aparecer na legislação em 1888. Todo direito era natural. Eu nasci sem direito constitucional nesse país. Esse país é cruel com esse povo africano. O projeto de colonização é cruel. O povo afrodescendente não tinha direito. Todos eram iguais perante a lei na constituição de 1824. Há uma disparidade com o povo que construiu esse país. O estado brasileiro dizia para nós que ele não tinha aplicabilidade. O CCN, MNU, CEDENPA começaram a fazer seus encontros. Em 2003 nós conseguimos o decreto 4887 no governo, é o decreto que dava condições para trabalharmos e o direito de nossas terras. O governo não conhece os territórios que nós vive. Os grupos racistas desse país entram com uma inconstitucionalidade desse decreto. O racismo constitucional não é só no Brasil. Nós temos que ter cuidado com as normas constitucionais. O projeto de escravidão foi planejado e planejado para enriquecer a Europa e ainda está enriquecendo e isso gera dificuldade em intervir com o Estado e o Estado é uma teia de aranha.

Ilama Graybern Livingston Forbes. Raizales. San Andrés Colômbia.

Sou do povo . Nós vivemos no Arquipélago de San Andrés, Providencia y Santa Catalina. Raizal é diferente de afrocolombiano, de palenquero, temos raizes culturais afro-anglo e antilhana. Falamos o Criol uma língua própria. De 1822 até 1912, os Raizales vivíamos independente e de forma autosuficiente em relação a Colômbia. Em 1912, o Arquipelago foi transformado em uma intendência e executou uma política de colonização para povoar as ilhas, impus a cultura, a língua e a religião do Estado. Em 1912 um grande líder iniciou um movimento de resistência. Em 1953 San Andrés foi declarado porto livre, com abertura econômica que a fez centro turístico internacional. Houve uma onda de migração gigantesca na costa, formada por uma população muito pobre por causa dos grandes hotéis. Em 1953 aos anos 60 muitos jovens que eram da igreja batista foram estudar nos Estados Unidos e voltaram com a ideia de autonomia e pensaram que a ilha poderia ser independente. Isso foi um momento importante. Quando os anos 60 chegaram o movimento surgiu e reivindicaram e viram a

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 47

miolo cimarrones.pmd 47 15/10/2019, 16:30 necessidade de fazer um documento que garantisse uma sustentabilidade. Começam então a trabalhar um estatuto. Em 1991 o Estado colombiano reconhece a existência e identidade dos Raizales. A ilha tem muitos problemas provocados pela super população, a falta de recursos que nos Raizales precisamos. Assim, vivemos com muitas dificuldades e conflitos, pois não temos direitos territoriais reconhecidos, a nossa cultura e organização é abalada.

Déborah Cristina Bush Bush

O motivo da minha intervenção é para abordar quais são os mecanismos estratégicos para construir alianças de distintos movimentos. Nesse caminho eu percorro a América Látina e nos constituímos a terceira parte da população e somos muitos a viver em condições péssimas. Já existiram vários formas de ver e falar sobre os movimentos sociais, sobre esses paradigmas e na atualidade tratam de fazer acreditar em harmonia com o meio ambiente e nem sempre estão sendo efetivos. Os povos afrodescendentes estão cobertos de marcos jurídicos e estão lutando por séculos. Todo esse processo é para reconhecer os seus direitos humanos por diferentes instrumentos jurídicos e tem que ver com a declaração universal da ONU. Essa declaração tem como instrumento a justiça e a paz e os direitos humanos, e é inalienável. Esse conhecimento tem isso como base, como preâmbulo e há uma serie de direitos e agora nos perguntamos se essa declaração foi feita para que eles possam ser vistos como iguais? E que todas essas civilizações possam viver em paz? Desde o afrodescendente minha experiência me permite afirmar que os textos testemunham que é preciso ter uma luta continua e preciso que haja ligação. Tudo está sendo usado para fins comerciais: fauna, água, flora. Isso vem criando políticas e ações que permitem que as decisões sejam tomadas sem que nos saibamos. Sistematicamente vem mostrando desprezo pelo capital humano que nós representamos. Como organizações etnosociais elas têm a função de fortalecer o povo. Alguns elementos: perderam valores familiares/ confere-se debilidade da identidade coletiva; há limitações financeiras. A organização tem como objetivo é juntar vozes de todos os lugares que podem ser levadas a todo lugar e tudo será encaminhado para esforços gerais e assegurando sua articulação ao movimento da diáspora. Desenvolvendo situações de forma sistemática. Tem

48 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 48 15/10/2019, 16:30 que se seguir com encontros, fóruns, conferências, colóquios buscando articular e procurar respostas. Eu acredito que é importante agilizar os direitos dos afrodescendentes do mundo, penso também que é relevante criar um fundo afrodescendente e a habilitação técnica para impulsionar processos de identidade cultural e com a função de melhora da condição de vida dos povos. É preciso facilitar o acesso dos jovens e mulheres ao crédito e melhorar as condições das famílias. No sociocultural é importante impulsionar programas de educação que possibilitem falar sobre a cultura afrodescendente e desenvolver a espiritualidade. É necessário criar museus onde se visibilizem as diferentes artes e é sumamente fundamental a criação e promoção das disciplinas afrodescendentes nos estados nacionais. Finalmente, acredito que é necessário parabenizar a todos e que há palavras de ânimo para que se possa seguir fazendo o que se está fazendo. Isso exige muito de todos, mas tem que ser feito para que possamos alcançar nossos sonhos e juntar nossos esforços. Esse legado dos ancestrais tem que permanecer vivo em cada um de nós. Como os seus valores e propostas positivas onde não se existe estereótipo e não há processo de exclusão que estigmatiza os afrodescendentes. Todo ser humano tem um motor que é seu impulso na vida e assim sigamos fazendo o que estamos fazendo e seguir desenvolvendo o que queremos para nóis.

Jimena Ajovi Vernaza (Equador)

Quero agradecer o convite em nome do Equador. Comprimento a toda a família que encontra aqui. Em termos gerais falarei dos afroequatorianos. No pais calcula-se que 7.2% é formada por afroequatorianos e indígenas são igualmente 7 %. A população afroequatoriana tem sido influente no país e tem uma história de luta. Eu tenho o compromisso de sair daqui e trabalhar e tem muitas organizações que não são articuladas no Equador. É preciso então estabelecer contatos dentro do país e replicar o que se está vivendo aqui no Brasil. Como o caso do México, Nicarágua e Brasil. Os brasileiros são muitos mais e eles não estão no poder; eu acho necessário que se organizem na política. No Equador há representação política. Um evento como esse foi financiado pelo governo e eu apoio a menção. Mas eu proponho que nós mesmos sejamos provedores desses recursos. Há também no Equador problemas de território.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 49

miolo cimarrones.pmd 49 15/10/2019, 16:30 No Equador existe muita corrupção, lá se diz se tem dinheiro tem poder. Para os próximos eventos é necessário que sejam enviadas todas essas informações. Temos que buscar estratégias e é importante considerar, quando o documento sair do Colóquio é preciso ter essas estratégias. É preciso fortalecer uma rede de base. Finalmente que criemos as condições para se reunir; é necessário que se crie uma comissão de três pessoas para tratar esses problemas do território. Espera que seja o primeiro, mas que não seja o último colóquio.

Yves Deie

Penso que essa organização não teve anteriormente e ela está do jeito que eu gostaria para tentar inverter um sistema que foi construído há muito tempo atrás: a redução da demografia e espiritual. Foi demonstrado aí que tem pessoas que tiveram força e se pode agradecer aos ancestrais. Homens e mulheres que foram nossos ancestrais e é a primeira vez que estamos reunidos desde aquela época, mas de forma autêntica e não estamos reunidos em qualquer lugar, estamos reunidos em São Luís no Maranhão. A situação facilita, entretanto, não temos um tempo para sermos informados e de permitir contar com um tempo para refletir sobre nós mesmos. Isso compromete as novas gerações. Eu me sinto abençoado por estar entre todos entre mulheres e homens, diz mulheres primeiro porque a ordem é importante. Se quer entender uma coisa é preciso revisitar, se questionar sobre tudo que foi construído. Existem várias verdades sobre nossa história, nosso patrimônio. Na Guiana poucas são as pessoas que poderão entender as coisas como foram ditas neste Colóquio. O trabalho que as mulheres podem fazer é como guerreiras. Esse trabalho que se faz aqui só se tem sentido com as mulheres porque elas têm a espiritualidade que permite acreditar nessa luta. Que leva a concretização dessa realização. Aliança é uma palavra forte para nós da afro descendência e ainda a palavra inteligência. A língua oficial é dada por ele como uma segunda proposta. Propõe a existência de uma comissão para fazer a tradução em outros idiomas pois é importante. Porque a família precisa vir e precisa entender e não se pode negar a língua a qualquer pessoa.

50 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 50 15/10/2019, 16:30 Isidro Ramírez López:

Eu considero o Brasil de maneira especial é uma terra bendita por um deus especial, e um lugar dos ancestrais africanos. Com essa presença internacional se sonha com maior força. Em Oaxaca é uma comunidade multicultural com predominância indígena e hoje se celebra o Congresso negro mexicano em Oaxaca. É preciso buscar articulações. Isso nos tem levado a conquistar a inclusão nas leis do estado. O sistema quer controlar nossas ações e não se estabelecem coletivos para isso. É a partir dessas experiências podemos ter a possibilidade de conquistar nossos direitos. Temos buscado articular com grupos de trabalhos no México onde foi criado mecanismos: Aliança Civil da Costa de Oaxaca. Essas articulações trazem encontros de povo negro, fóruns, celebrações sobre a infância e os primeiros trabalhos com jovens mexicanos. Na segunda feira na comunidade de José Maria Morelos estarão reunidas celebrando o Dia Internacional da Não violência contra a Mulher e hoje a mulher afromexicana tem levantado a voz para isso. Hoje se está potencializando isso. No próximo ano estará Argentina. No México que antes era nova Espanha, essas mulheres foram que viveram um exemplo de vida. Mulheres em condição de pensar na liberdade e ainda com o abuso das senhoras dona de casa dos senhores, ainda depositavam esperanças em ver essa linhagem livre. E suportar a crítica de ter filhos bastados e hoje se tem a liberdade graças ao sacrifício dessas mulheres. E com muito orgulho que minha mãe é negra afromexicana e é um pilar que o motiva a seguir esse movimento. Se tem caminhado junto para somar outros companheiros e continuaremos. É preciso trabalhar o tema identitário. A história no México não fala dos atores negros do país e depois de Miguel Hidalgo, a segunda cabeça nesse processo foi de Vicente Guerrero, um negro e no México existiram dois presidentes negros. No processo histórico no México não há muitas menções sobre eles e conclui dizendo que a diferença da língua não é limitante e isso nos faz mais interessante. Eu peço apoio para estabelecer uma base de aproximação que vai ser histórica também. Essa aproximação histórica ajudaria o México a ter mais visibilidade na América latina.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 51

miolo cimarrones.pmd 51 15/10/2019, 16:30 Ivo Fonseca da Silva (Brasil)

Essa pauta de estratégias nacionais já está submetida em todas as falas e eu pensava uma frase de um tio quando ele falou que iria parar seu trabalho no movimento. Meu tio comentou: “Tua missão não terminou” e eu digo para todos que estão aqui, a nossa missão ainda não terminou. Tem-se um compromisso em trabalhar a todos os irmãos que não sabem ler, temos que ter um sonho que é um sonho de Mandela. Todos aqui somos Mandela, Dandara. O nosso sentimento com a África está todo dia conosco, toda hora. Todas as falas aqui dizem quais os pontos que se devem seguir para continuar com esse trabalho. A companheira da Nicarágua pontuou – isto é ponto por ponto qual a estratégia para libertar nosso povo.

Debate, questões e comentários à Mesa III

Luiz Alves Ferreira (Luizão) CCN

Ivo fala que é jovem e ele disse que tem 63 anos. Então é esse o trabalho, o Mandela tem mais de 80 anos e lutou muito. A unidade dos povos tradicionais para enfrentar tudo que foi falado. O presidente da república do Brasil de origem cigana ninguém sabe, Juscelino Kubitschek não falava. Ele conta que passou pela esquerda brasileira, com os negros e com os indígenas. Ele continua sendo um homem de esquerda. Tudo existia, discriminação do negro e o racismo é central no sistema capitalista. Como isso é refletido na juventude? Eu parabenizo a todos e por esse nosso debate. Mandela é o símbolo, mas há um pensador africano Amílcar Cabral, ele era marxista, estudou em Moscou, mas pensava no povo. Ele foi assassinado pelo sistema. Na República tem poucos, quase todos tem origem europeia. Essa é a nossa unidade brasileira. Tem um pensador Franz Fanon que poucos sabem falar sobre ele.

Jozanira Rosa Santos da Luz (Grupo de Mulheres Negras Mãe Andresa)

Eu sou militante do CCN e é do grupo de mulheres e sinto a necessidade de ter uma discussão sobre gênero. Nós temos um legado histórico, considerando

52 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 52 15/10/2019, 16:30 a importância das línguas e aqui se trata então de uma articulação. Nós fomos violados a partir da língua e pensar em estratégias para inserção do idioma africano nas escolas é fundamental. Todos falamos a língua do colonizador. Como é possível depois de tantos anos de escravidão ter esperança e a educação é um caminho que liberta! Eu proponho pensar em um estudo de um dos dialetos que possa fortalecer o povo afrodescendente.

Isidro Ramírez López

Esse é o dia do negro mexicano em Oaxaca. Porque é o dia que se comemora a abolição da escravidão no México e contra a escravidão. Por isso se celebra o povo negro de Oaxaca.

Antônio Henrique França Costa

Eu sou bailarino no CCN. Aprendo a dançar com meus mestres e com meu povo e faço parte também de um terreiro a casa Fanti Ashanti. Esse ano faz 10 anos da lei no ensino brasileiro da inserção da história africana no Brasil e houve vários negros na história do Maranhão que foram importantes para o Maranhão, mas são totalmente desconhecidos. A educação é uma arma para combater o racismo e outras questões também como a posse da terra, das territorialidades. Devemos propor a educação como tema transversal nessa pauta do Colóquio. Eu pergunto como isso é trabalhado em outros países, combate ao racismo tendo como arma a educação. Existe uma lei também para falar do povo negro na escola?

Débora Cristina Bush Busch

Os homens disseram que estavam conspirando, mas vamos construir uma rede de mulheres e que isso se anexe no documento final desse congresso. Sobre a educação não conhecemos o tema da etnoeducação nas escolas ou universidades. Estão trabalhando fortemente com relação a isso.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 53

miolo cimarrones.pmd 53 15/10/2019, 16:30 Jimena Ajovi Vernaza

Eu sou a favor a essa rede de mulheres. Sobre a questão em Nicarágua, a educação na costa do caribe se dá ao redor do modelo pedagógico de que falava Ruben Hernández. Esse sistema educativo regional é o que tem o poder de educar os nossos filhos e de populações afrodescendentes em sua língua materna e isso vem há 25 anos na costa do Caribe e tem avanços e retrocessos em vários municípios. Nos casos particulares dos crioulos no Norte e isso não está sendo aplicado e no entanto se tem avançado com os povos indígenas e na zona do norte. Esse sistema tem vários componentes, não só na língua materna.

Dina Picotti

Esse tema é muito importante e é necessário que o negro seja incluído nessa educação não apenas para lugares onde a maioria seja de negros ou índios, mas para todos. Isso não pode ser reduzido, por mais importante que seja.

Yves Deie

Companheiros e colegas na Guiana não se está nesse nível, tudo passa pela aquela visão jacobinista da França. O povo da Bretanha tem uma visão centrada em Paris e tudo está centrado nesse sistema. Foi colocado um sistema de mediação local. Os contratos que eram dados aos professores eram de seis anos e eles não poderiam continuar e teve uma briga. A preocupação é o reconhecimento dos idiomas maternais no sistema educativo francês. Apesar da literatura que tem, que descreveram os idiomas, eles não conseguiram ir além disso. Toda força jurídica é dada a língua creole, a língua dos afro da faixa litoral. A língua dos outros são reconhecidas como afro regionais. Hoje se fala professores de língua maternal e de permitir a criança entender o Frances, a língua francesa.

54 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 54 15/10/2019, 16:30 RESUMOS DE DEBATES DOS GRUPOS DE TRABALHO

GT 1: DIREITOS TERRITORIAIS E LEGISLAÇÃO.

Carlos Alberto González Escobar Proponho que trabalhemos com 4 perguntas: 1.Qual o estado da propriedade? Os relatos coincidem que as ameaças aos territórios são os megaprojetos, os monocultivos do agronegócio, o narcotráfico, os grupos a margem da lei. Para a Colômbia a mineração gera também forte ameaça para o território. Outras ameaças estão relacionadas ao turismo, extrativismo. Isso afetam em grande medida o desenvolvimento e permanência dos povos em seus territórios e, por último, a legislação que não é participativa para os povos. Por último, para a Colômbia as propostas seriam para gerar decisões a nível local e regional e nacional e até internacional. Isso deve ser um exercício que articule com outros povos. Elaborar mecanismos de rede para os povos negros para que os direitos estejam sempre a luz deles. Junto com as universidades a população negra e incorporar as universidades nisso. 2. Quais são as principais normas de legislação. Quanto a legislação há casos muitos limitados. Na Colômbia a legislação é ampla, mas para os povos é complicado. A norma para o conhecimento popular é preciso que a linguagem seja clara para que possam usar esses mecanismos que existem. No Brasil o território constitui elemento de identidade e de titulação coletiva. Mas há impedimentos que dificultam os processos, no entanto os quilombolas estão conseguindo titulação em função das leis que existem. A territorialidade no Brasil é importante, aqui se defende a igualdade racial, mas a realidade é outra. O Congresso Nacional tem a bancada ruralista e isso gera um cenário desfavorável para os povos exercerem seus direitos. Para o Equador há conflitos que param os processos de titulação e os conflitos interetnicos; os conflitos devem ser diminuídos. Eles estão trabalhando fortemente para converter as ameaças em potencialidades. Não basta reclamar e querer o título, é preciso saber o que fazer. Uma coisa é obter o título outra coisa é administrar o território. A aliança com outros povos ajuda. Então, a administrar melhor o território e isso se diz ao Equador e nos demais países. Para finalizar, faltava Nicarágua. Para lá eles têm uma legislação que opera para uma determinada área do país, não é para todo o

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 55

miolo cimarrones.pmd 55 15/10/2019, 16:30 país, para as zonas onde há povos negros. Eles estão tratando que se reconheçam seus direitos de registro, mas não tem registro oficial e trabalham para ter esse registro. Logo, irão realizar as eleições e a tarefa clara que terão que retomar a discussão sobre os direitos territoriais e que determina a lei 445. Há um êxito de pessoas desse território, mas quando eles obtiverem os títulos. Uma das propostas é conseguir desenvolver processos internacionais, como o exercício que estamos fazendo nesse colóquio. Isso é um grande resumo de todos esses feitos e é preciso que seja sistematizada.

Danilo Serejo Todos esses não cumprimentos da lei ferem a Convenção 169. Essas leis não foram efetivadas e há a necessidade desses povos se organizarem em espaços como esses.

Carlos Alberto González Escobar Na Colômbia o tema da titulação dos territórios vincula a titulação dos territórios coletivos, no resto do território onde não há como fazer isso, o governo nacional está titulando sob a pressão dos povos os territórios pertencentes ao narcotráfico e isso gera risco para a população negra de grande parte do território nacional. É tão difícil que o governo entrega a responsabilidade da vida dos colombianos frente ao narcotráfico. Essa condição viola os direitos humanos e em lugar de ser reconhecido os direitos, o Estado nos coloca a mercê dessas pessoas. E a qual nós nos vemos enforcados. Deixa isso para que fique na memória do colóquio. Esse conflito é muito grave. 3. Quais as principais alianças? 4. Quais são as soluções para aplicar e melhorar as condições atuais?

GT 2: CONFLITOS SOCIAIS, POLÍTICAS GOVERNAMENTAIS E GRANDES PROJETOS

O Grupo de trabalho reunido no I Colóquio Internacional de Quilombolas, Palenqueiros, Cimarones, Cumbes, Saramaka, Boni, Djuka e Garifunas discutiu a partir de relatos de experiências sociais e de pesquisa, diferentes situações de conflitos gerados por intervenções de grandes projetos, de ordem privada ou

56 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 56 15/10/2019, 16:30 estatal e, debateu ainda sobre políticas governamentais em diferentes países e, quais incidem, impactam e infligem os direitos dos grupos sociais representados neste colóquio. Os conflitos sociais e as políticas guardam especificidades pelas realidades e identidades onde se apresentam, mas, também se mostram em certos aspectos similares. Por isso, requerem ações conjuntas que visam o enfretamento das situações de conflito decorrente do avanço do grande capital e suas estratégias que incidem em intervenções e exigem políticas públicas, direitos sociais, territoriais e humanos. Das Propostas e estratégias 1. Que o Colóquio saia com uma declaração que contenha uma solidariedade com o trabalho que realizam cada uma das organizações que participam do colóquio, especialmente Guiana Francesa e Argentina. Uma declaração com rechaço às políticas de governos e estados que vão contra os processos organizativos dos grupos e povos tradicionais. 2. Continuidade e constituição de uma rede em âmbito nacional e internacional, com as diferentes identidades representadas no Colóquio, da América Latina e Caribe. 2.1. A rede deve propiciar a articulações entre entidades e movimentos locais e nacionais e, a partir daí uma integração dos países. Com a constituição de uma agenda entre Caribe e América Latina. 2.2. A rede necessita incorporar as articulações especificidades de gênero, geração e experiências que apontem para um modo de viver das comunidades e povos, com foco a educação e práticas agroecológicas. Em articulação com a academia a partir de práticas que revisem o próprio modelo ensino dominante. 2.3. Constituição de uma equipe técnica para definir o alcance e atuação da rede. Que não seja conjuntural, mas, continua. E, assim, é proposto outro Colóquio. Com sugestão de que seja realizado na Nicarágua, devido as experiências importantes apontadas. 2.4. Que em torno da rede se crie uma página de internet, boletins e prontamente uma articulação virtual como e-mail e redes sociais para encaminhar as ações da própria rede. 3. Que a rede realize articulações e aliança com organismos nacionais e internacionais para promover os direitos e financiar ações como da própria rede, a exemplo do Colóquio.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 57

miolo cimarrones.pmd 57 15/10/2019, 16:30 4. Promover a elaboração de cartilhas com dispositivos jurídicos locais, nacionais e internacionais a fim de dá visibilidade para os direitos e troca de experiências relativos estes direitos dos povos e comunidade tradicionais e negros. 5. Que a rede se articule a organismos nacionais e internacionais que pressione sobre os direitos e a titulação dos territórios. 6. Revisar experiências de articulações e redes, nos últimos com foco nas experiências positivas. 7. Pressionar os governos e instituições (no Brasil, exemplo de INCRA) que reflita e incorpore em suas ações a noção de território e não somente de titulações de parceladas e da propriedade individual. 8. Buscar espaço de participação em organismo como MERCOSUL, OEA, ONU, ALA, entre outras. E, que responda a sociedade civil. 9. Aprofundar sobre estudos das diásporas e povos negros. Sobretudo, para questionar os problemas das estatísticas oficiais que negam a existência dos negros em países como México, Argentina, Brasil, por exemplo. E contribua a conhecer a história e em processos de afirmação da identidade dos diferentes povos negros. 10. Participação real na política para tomada de decisão em ações políticas, econômicas, sociais e ambientais em âmbito local, regional e em cada país.

Sugestões Quilombolas e outras identidades não olvidar a perspectiva diaspórica para américa. Educação novos epistemologia, incorporar aquelas que foram deixadas de fora Reforçar a participação Escola de formação de jovens pós diasporica Brasil, Colômbia, Nicarágua começam a pensar essa escola e entrar na experiência pela que está disponível. Possibilidade de participar no Congresso Americanistas em San Salvador que se realize uma mesa. A estratégia é impactar no acadêmico.

GT3: FORMAS ORGANIZATIVAS: PROBLEMAS E PERSPECTIVAS

Abordaram-se os temas: problemas organizativos e sociais; perspectivas sobre esse evento. Pensou-se em uma dinâmica participativa e como se trabalhar em

58 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 58 15/10/2019, 16:30 cada país. É comum que se trabalhe sobre o fortalecimento ocupacional e o relacionamento com o governo, que delimita essas dinâmicas organizativas. Outro tema é sobre a colonização e isso passa a ser um problema. É um trabalho contínuo para buscar conhecer e apresentar em cada país. Em segundo momento entender os problemas e recorrer ao que se conversou sobre as problemáticas sociais e se falou muito sobre saúde, segurança social e temáticas organizativas. Mas, faltou mais dinâmica e articulação com outros grupos. A presença africana das Américas e em mais de 200 países. E não somente como sujeitos pacíficos. Na outra perspectiva está o tema sobre a liderança que se plantou em vários sentidos em nível geral e ligados ao tema da participação da mulher. Faltam recursos econômicos e isso limita o desenvolvimento das ações. É igualmente interessante a relação entre o conhecimento ancestral e o acadêmico, pois tem que se avançar nesse sentido. Entre as organizações e o acesso a recursos. Um ponto forte é a perspectiva no cenário nacional pensando que isso continue. Para que se construa a rede. Esse é um compartilhamento que fazemos em cada país e algumas são compartilhadas. Liderança política é um tema geral para que possam avançar em seus direitos com seus povos. Um princípio básico é sobre a autonomia como povo negro e como povo negro em cada país. Basicamente tem funções que foram expostas onde há quatro elementos: 1. Funcionamento (como funciona a organização em cada país). 2. Intercambio (contato entre os pais) é preciso que haja coordenação com a participação de cada país. A coordenação deveria ser no Brasil e aqui há muitas informações. A partir dos países que tem mais territórios teriam mais condições de ter mais informações. É importante esperar esses eventos para realizar intercâmbios. segunda forma é divulgar esse tipo de experiência. 3. Tema da comunicação. Aqui entra a incorporação da tecnologia, mencionado pela professora Dina Picotti onde teria informação sobre todos os países em colocá-los nessa rede. Fazer um informativo sobre os eventos realizados onde as experiências podem ser relatadas. Nesse pensamento é importante pensar sobre a questão geográfica e pensar sobre a cartografia que se está fazendo e utilizar ferramentas para isso. Para as comunidades que não tem acesso a internet isso é pensando, mas o recurso é pouco. Então, é importante pensar nos recursos. O diretório precisa ser montado também. 4. Recursos. Estudar quais são os recursos para elaboração de projetos e buscar

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 59

miolo cimarrones.pmd 59 15/10/2019, 16:30 financiamento. Pensar na autonomia e gestão onde tem elementos de construção política. É preciso ter fonte de financiamento como a UNESCO e multinacionais. Outro tema: perspectivas para outros eventos, propõe que seja no México, onde está sendo iniciado um processo de reconhecimento. Em 2015 teria encontros bilaterais e encontros pequenos onde seria lançado quem somos outra coisa interessante é o reconhecimento. Visualizar eventos internacionais para realizar redes e relações. Uma pessoa tem uma tarefa onde irá fazer uma declaração sobre a população afrolatina americana, onde se está trabalhando, há resistência. O que estão sendo apresentado aqui, espera-se que se aprove. Yves Deie. Precisamos pois é é importante ter esse resumo. Todos aqui são irmãos e se pretende construir uma rede de contatos. O CCN tem dado exemplo de um trabalho de pesquisadores e há também uma presença de uma universidade expressiva no Colóquio. Na Guiana Francesa eles lutam para ter uma universidade e a universidade que havia lá não funcionava, não estava bem. Isso e uma oportunidade para ampliar e para que cada país coloque o que está sendo discutido e se pode começar com os materiais que estão sendo reunidos. Ele registra tudo e isso pode servir como material a ser apresentado em programas radiofônicos.

1. PRESENTACIÓN DE LAS ORGANIZACIONES

MÉXICO La señora Hilda Margarita Guillén Serrano de México hizo la presentación de su organización en la cual trabajan desde 1997 con mujeres, jóvenes niños y niñas indígenas y afrocolombianos.

BRASIL Existen varios modelos de organización. Unos son virtuales y no queremos el modelo de dominador. Nuestro modelo es afecto, respeto, se trabaja desde la mística, la tradición, el saber ancestral. La formación y pensar mucho en la juventud como protagonista. Lo otro es el fortalecimiento de nuestra cultura. Debe ser apropiado. Combate la política de superioridad de un conocimiento. Nuestra mística es propia, ella dialoga con esos saberes.

60 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 60 15/10/2019, 16:30 GUYANA La situación precisa de una respuesta rápida, lógica. Ha acontecido con los ancestros de aquí. Contraste de choque, de sorpresa. Responder a una situación rápidamente. Con continuidad, de manera natural, con respeto. La idea sería poner toda la imaginación. El sistema que otro coloco para deshumanizar, la religiosidad, el poder en la educación, en la economía y otras áreas. Encontramos una situación de guerra contra los indígenas. Foco de violencia y de deshumanización fue feroz. Ya vivian personas en la selva. Bushinenges con su estructura organizativa propia, saben entender y resolver problemas. Elementos propios, lenguas propias. El gobierno francés no hace nada para respetar la diversidad etnica y cultural. Otro problema mixturado de las bebidas y la salud de más de 30 personas. No consiguieron ayudarle y llamaron los curanderos. Otro factor es la responsabilidad de la organización francesa. Eso es para mostrar cómo opera por dentro. Los Indígenas y bushinengue hacen parte de la misma situación ante el Estado frances.

COLOMBIA Como ya hablé en la Mesa las comunidades negras en Colombia tienen distintas formas organizativas a través de los cuales se gestionan nuestros derechos. La organización de los afrocolombianos, Palenqueros, Raizales fue fundamental para la articulación que llevo la Ley 70 a la Constitución Nacional. Las nuevas organizaciones surgen para la interlocución y reclamación de derechos junto al Estado colombiano; ellas son diferentes de las organizaciones locales, como los Kuagros de los Palenqueros de San Basilio. En noviembre de 2002 se organizó la primera Conferencia Afrocolombiana con delegados de todo el país y analizamos las problemáticas del pueblo afro. Uno de los temas discutidos es la violencia que provoca la muerte de líderes afrocolombianos, las pérdidas de territorios, los desplazamientos forzados. En las regiones surgen organizaciones como la COCOMACIA. En 2005 fue realizada la Conferencia Nacional de las Organizaciones Afrocolombianas CNOA. También fue montada la Mesa Nacional de Organizaciones Afrocolombianas. Nosotros pensamos que son muy importantes los consejos comunitarios y las organizaciones de base que se articulan para fortalecer el proceso. La pregunta que queda es como vamos a organizarnos y como daríamos un salto

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 61

miolo cimarrones.pmd 61 15/10/2019, 16:30 NICARAGUA La organización tiene más de 10 años y surge por la necesidad de ser visibilizado en los escenarios económico, político, social. Las políticas del gobierno se estaban orientando a otros grupos especialmente a los indígenas. Surge entonces Caribian Black Asociation. Tiene desde sus mandatos promover la identidad cultural. Este proceso ha sido difícil porque la percepción generalizada cuando las organizaciones negras se organizan es que vienen a quitar derechos a otros grupos, sin embargo, esa no es la pretensión, solo estamos haciendo demandas que están en la constitución política, en la ley de autonomía. Coincido plenamente con la doctora Dina Picotti cuando dice que estos esfuerzos tiene que llevarse a la academia, porque esta lesionando a las comunidades Negras. No estamos llevando nuestro proceso, nuestra valía con la fuerza que debemos tener. Debemos cambiar currículos, hemos estado elevando nuestros esfuerzos para fortalecer nuestros grupos. Eso requiere una transformación de la lógica de pensamiento, sino queda metido en la cabeza la lógica de colonización. En el pais se están dando dos procesos: uno de reformulación de la ley de Autonomía, tienen 45 concejales, y la reforma a esta ley pasa por una consulta nacional. En ese sentido la organización NBPA… proponemos que las organizaciones negras tengamos mayor representación, desde ahí se inicia el racismo institucionalizado. Ahí también estamos peleando por llamarnos Pueblo Afrodescendiente y de comunidades negras sino de Pueblo Afrodescendiente. El otro proceso grande es la reforma de la constitución política donde todas estas transformaciones deben quedar en la constitución.

2. PROBLEMAS

ECUADOR Afros e indígenas de la Amazonia. Problemáticas. Falta más coordinación entre pueblos afros indígenas y montubios. Al interior existe debilidad en el fortalecimiento institucional, no capacitaciones, encuentros, diálogos. Por ejemplo, este tipo de eventos en las bases comunitarias no se dan. También a nivel organizativo en los liderazgos en jóvenes y mujeres. Por último, existe falta de recursos económicos o que limita la autonomía y el funcionamiento, el desarrollo de acciones político- organizativas.

62 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 62 15/10/2019, 16:30 Perspectivas. Participación y coordinación interna. Generar dialogo equitativo: conocimiento ancestral y académico. Necesidad de nuevos liderazgos ¿Desconfianzas, quien representa a quién? Aun cuesta reconocer la diversidad al interior de las organizaciones y promover la participación en ese sentido.

COLOMBIA Un problema es de las perspectivas como se entiende y se asumen la situación del pueblo negro tanto al interior como al exterior de nuestros países. En ese sentido entender que hay por lo menos dos perspectivas, de un lado quienes estamos pensando en la transformación de la sociedad, de las relaciones sociales dominantes, y que a partir de allí nos asumimos como sujetos colectivos de derecho. La otra es la perspectiva de entender la situación de las comunidades negras como coyuntural, y desde allí se piensa en la asimilación y no cuestiona de fondo la realidad estructural, y desde allí se plantea a las comunidades negras como beneficiarias de las acciones del gobierno, de los Estados. Es central reconocer la diferencia al interior de las organizaciones y del movimiento social, participación activa de mujeres y jóvenes. Lo segundo es la financiación, se necesitan recursos para funcionar organizativamente. El tema de los liderazgos, las desconfianzas el discutir sobre quien representa a quien, si no estoy yo no estoy representada, por ejemplo, también constituye un problema.

GUYANA Nuestra situación es muy distinta a las otras. Nuestro territorio se queda en dos países al mismo tiempo. Uno independiente y otro sigue siendo una colonia… es una consecuencia audible de la colonización que sigue. Cuando esta Guyana no es preciso ir para entender. Ustedes tienen mucho avance en comparación y no saben si van a conseguir los mismos avances. Los representantes de nuestras naciones no tienen la lengua o nación para representar nuestra nación y afirmar lo que ellos son. Tiene un documento que une la nación Boni al estado francés. Un documento muy importante afirma que la concertación es lo mismo que consentimiento.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 63

miolo cimarrones.pmd 63 15/10/2019, 16:30 BRASIL Nuestro territorio es necesario para la supervivencia. Los proyectos financiados por el Estado favorecen la explotación de los recursos hídricos, forestales, madereros, minerales. Por otro lado, el conocimiento tradicional como conocimiento marginal, menor e imponen el conocimiento y las técnicas de empresas, retirando la posibilidad de los pueblos utilizar esos recursos. Tenemos problemas de acceso al territorio y las titulaciones no ocurren. En la Paraíba (Nordeste) la titulación demoro 40 años. Cuanto tiempo demoraría si existen 30 zonas se demoraría un siglo más. Cuál es la supervivencia de nuestro pueblo. Ivanildo Costa Vivo en una comunidad pequeña. La comunidad de Cachoeira Porteira. Hay unas diferencias grandes de movilidad. Es más económico salir de Belém a Brasilia que de Belém a la comunidad de ella. Nuestro problema es que los hijos no tienen acceso a la educación y cuando llegan a la ciudad no se acostumbran. Los que no se acostumbran regresan y hacen cosas malas… para tener acceso a la salud tienen que viajar 3 horas y es un gran problema. No queremos que nuestros hijos pierdan la conexión con los padres, abuelos, porque es la tradición con los quilombolas, pues tienen jóvenes que no quieren ser llamados quilombolas, entonces hace una exigencia importante para la familia. Desde el 2004 estamos luchando para la titulación, tenemos una etnia indígena que tienen titulado, ellos tienen el título, pero no quieren que los quilombolas, los indígenas dicen que ellos tienen poca tierra y los quilombos tienen mucho. No existe conflicto, es una cosa de la cabeza, del pensamiento.

MÉXICO El caso de México creemos que hay problemáticas ligadas, pero es diferente a lo de América Latina. El acceso a la salud es muy limitado, no hay medicamentos, no hay médicos. Otro problema es el nivel educativo y el acceso a la educación superior es muy limitado. En México existe o hemos vuelto a la diferenciación de clases, los ricos demasiado ricos y los pobres muy pobres y carecemos de nuestros derechos de pueblos negros, por eso somos discriminados, reina la xenofobia,

64 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 64 15/10/2019, 16:30 lamentablemente. Una cosa positiva es que hay organizaciones que trabajan el tema negro, tenemos foros, encuentros y problemáticas negras, lo negativo en la parte de las organizaciones hay una fractura de quien llega primero para el reconocimiento primero y existe un protagonismo que refiero algunos actores sociales que se dicen los amos, expertos del movimiento negro. Se han generado redes por el reconocimiento de representaciones afromexicanos. Estamos en la estructuración de una tercera vertiente donde intentamos crear un trabajo transparente, de base y esto coloquio viene a reforzarlo. la idea de conocer el centro cultural y conocerlos a ustedes para fortalecer el trabajo en México. Concluyo diciendo: los últimos problemas es que no estamos en el censo, no hay políticas públicas y estamos en pañales en la visibilización en el contexto nacional.

HONDURAS Los garifunas tenemos problemas como todos aquí, problemas de salud, de educación, narcotráfico, pérdida de valores, de identidad, de cultura. Y eso que en Honduras a donde están 56 pueblos garifunas. La profesora Picotti dijo algo muy importante ahora que había que llevar esto a los más altos niveles de educación pero la educación empieza por casa, desde los más pequeños, porque si yo no le enseño garifuna de pequeño no va a saber, si no le enseño mi cultura, va a aprender de otras cosas porque nunca va a aprender, me da tristeza que hay garifonas que no hablan garifona, pero no los culpo porque fue la educación del mundo colonial. Solo pido de todo corazón que nos organizamos.

TEMA DE PERSPECTIVAS

1. Establecer una red a partir de un directorio. La red se hace para compartir lo que hacemos en cada país, ayudarnos mutuamente y poder hacer incidencia para los problemas que vivimos en cada país. Un principio de esta red es la autonomía de las organizaciones de cada país. Pensar en parcerías e intercambios entre los países.

FUNCIONAMIENTO Que los actores lleven tareas específicas a sus países. Significa que alguien debe asumir establecer la coordinación (donde no hay internet hay teléfono). Implica

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 65

miolo cimarrones.pmd 65 15/10/2019, 16:30 compromisos, por ejemplo, pueden hacerse dos coordinaciones. Se envía a una parte, procesa la información y de ahí se distribuye. Definir comisiones específicas. Grupos de trabajo específico. Se van a ir trabajando los temas. 1. Grupo de tradición oral, cosmovisión 2. Temas de inclusión social como las mujeres, las mujeres, etc. 3. Territorio.

INTERCAMBIO • Intercambio entre las experiencias de los países, para asumir nuestra ancestralidad que privilegia la oralidad. Pensarnos en el intercambio bilateral desde las experiencias o fortalezas de las organizaciones. • Incidencia de cada organización que haya una visita desde las experiencias de reconocimiento de los derechos, que se visite a otro país para que se sepa que no estamos solos.

COMUNICACIÓN Construcción de una página web de la red. CENTRO DE CULTURA NEGRA. Donde se pueda subir información concreta de todos de los países, para socializar el conocimiento. Mantienen una comunicación viva, permanente. Para el siguiente coloquio no gustaría Hacer un informativo con los distintos idiomas. El periódico debe ser online.

Cuando algún país hace una declaración los demás debe apoyar.

Mapa de las organizaciones por países. Portales geográficos, cartográficos desde lo étnico, geopolítico de acceso a todos. Pensarse en capacitación para formar una red. Utilizar herramientas, software sin licenciamiento. Intercambiar cartografía como posibilidad

Pensarnos en la gente que no tenemos la red. Tenemos las comunidades locales hacemos trabajo impreso. Revalorar los mitos, las tradiciones y compartirlas en las comunidades.

66 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 66 15/10/2019, 16:30 Si el material impreso es básico, pensemos que antes del próximo coloquio tengamos un impreso sobre tradiciones orales (por ejemplo) y que cada año tengamos comunicaciones que nos sirvan para hacer trabajo en las cuatro lenguas más representativas en este coloquio.

RECURSOS Pregunta sobre los recursos económicos para el funcionamiento de la red, por ejemplo para la edición de material impreso y/o audiovisual. Elaboración de proyectos que abarquen los distintos países. Cuando se den intercambios entre países, de la delegación que viaja asume los costos económicos y quien recibe asume los gastos de estadía y transportes internos. Fondo Común para apoyo mutuo. Fuentes de financiación: se plantea que organizaciones están financiando este evento. Y organismos multilaterales.

2. La realización de un Segundo Coloquio Internacional. Propuesta de que se realice en México por la situación tan compleja. Realizar el coloquio cada dos años, hacer reuniones de países previamente atendiendo las particularidades. Hacer encuentros específicos por temas amplios o binacionales. Pensar y participar en eventos internacionales y encontrarnos allí

3. Propuesta de sacar una declaración de apoyo a los afrobrasileros del coloquio. Se complementa que la declaración sea para todos los países.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 67

miolo cimarrones.pmd 67 15/10/2019, 16:30 Valmir e Ivo Fonseca da CONAQ com Danilo Serejo e Leonardo dos Anjos do MABE.

68 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 68 15/10/2019, 16:30 Primitivo Pérez Herazo Voz de San Basilio de Palenque (COLOMBIA)

¿Que es el San Basilio de Palenque como primera tierra libre y como era el San Basilio de su infancia y cómo la ve hoy, en que se transformó San Basilio y como es el territorio?

Soy Primitivo Pérez Herazo de San Basilio de Palenque y soy representante legal de la junta del Consejo Comunitario Macacamana de San Basilio y hago parte de la Mesa Departamental de Víctimas,– de la población desplazada, representó a las victimas afro en el departamento de Bolívar. Palenque en mi infancia era una población que no gozaba de ninguno de los servicios, cuando yo nací en Palenque no había luz, no había agua potable, no había centros de salud, solo había 2 maestros para atender toda la población de

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 69

miolo cimarrones.pmd 69 15/10/2019, 16:30 primero a quinto. La población se dedicaba exclusivamente a la producción agrícola, las mujeres vendían las cosechas que los maridos traían del campo y las vendían en las poblaciones vecinas, como Cartagena, Arjona, Turupaco, Mahates, Malagana. A pesar de que en la época no se gozaban de los servicios con los que hoy cuenta, la población vivía muy cómoda, todas las familias tenían en los patios de sus casas una cría de gallinas, cerdos, pavos, aves de corral. Se dice que ahora es una población libre de pobreza, pero consideramos que hoy el pueblo es más pobre, porque lo que ganamos no alcanza para pagar tantos servicios. Antiguamente los recursos no se utilizaban para esas cosas (pagos de servicios).

¿Por favor explique esa expresión “Palenque la primera tierra libre de América”?

Palenque es el primer pueblo libre de América, sabemos que como país fue Haití, pero como pueblo en América fue San Basilio de Palenque, eso fue en los años 1700 por la lucha que libraron los Palanqueros ante los españoles, ya que todos los que se fugaban de la ciudad amurallada se reunían y buscaban estrategias para defenderse del hombre blanco. Dicen los abuelos, que el Palanquero decía, no descansaré hasta no acabar con el hombre blanco, porque ese hombre blanco solo quería tomarlo para someterlo a la esclavitud, a una vida infrahumana y esclavizarlo. En vista de esa lucha tan fuerte que dieron los Palenqueros, el gobierno español se vio obligado a declararlo pueblo libre de América y le fue dado un título, un título que se ganaron por su lucha donde se reconocía a Palenque como primer pueblo libre de América. Hoy el territorio está conformado por cinco municipios, dentro de esos municipios están María Navajas, parte del municipio de Mahates, parte de los municipios de San Juan, Carmen de Bolívar hasta Oveja. Ese título que le dio la corona española donde reconocen a Palenque como pueblo libre, tiene copias en el municipio del Carmen de Bolívar.

¿Cual es hoy la situación del territorio, como ustedes viven en ese territorio y cuál es el grado de libertad que tienen?

El Palenquero siempre ha sido una persona libre, que no le gusta estar sometido a nadie como trabajador. Las mujeres, sobre todo las que no son estudiadas, prefieren vender dulces y platanitos en la calle, para no tener que ir a

70 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 70 15/10/2019, 16:30 trabajar en casas de familias, porque consideran que es someterlas de nuevo a la esclavitud. En cuanto a el hombre, siempre ha sido agricultor, con la intención de educar a sus hijos, por eso en cualquier familia de Palenque hay 2 y 3 profesionales, la gran mayoría han estudiado las carreras educativas, pero también tenemos Médicos, Ingenieros, Abogados, Antropólogos y un sin número de profesionales en la población.

¿Que problemas tiene hoy Palenque? ¿Hay algún proyecto que afecte la vida de los Palenqueros?

En Palenque hay un proyecto que se llama Palenque 20-15, es un proyecto de la gobernación de Bolívar en compañía de algunas organizaciones, como la Fundación Semana, Fundación Carvajal y la Fundación Saldarriaga Concha, en donde ya se cuenta con gas por tuberías, se está terminando el trabajo de alcantarillado, se están construyendo 120 viviendas y unos 70 proyectos de mejoramientos de viviendas, todo esto se está haciendo con el proyecto 20-15. Con la Fundación Saldarriaga Concha se vienen trabajando unos proyectos pilotos con los campesinos de tercera edad, dentro de esos estoy yo. Entre los problemas que se presentan está que la gobernación de Bolívar que inicio estos trabajos con la Junta del Consejo comunitario anterior, donde luego se eligió una nueva junta, pero la gobernación no ha querido dejar de trabajar o parece que ya está cediendo para comenzar a trabajar con la nueva junta de la cual yo soy el representante legal. Esa junta fue elegida el 14 de diciembre del 2012 y hasta hoy la alcaldía de Mahates escribe mi nombre en los libros del consejo comunitarios y los envía al ministerio, lleva casi un año esperando solventar esta situación.

¿Como se compone políticamente San Basilio de Palenque ?

Palenque es patrimonio inmaterial de la humanidad en reconocimiento dado por la UNESCO, además de eso hay una junta de Consejo Comunitario que está conformada por un representante legal que es mi persona Primitivo Pérez, un presidente y 12 consejeros con sus respectivos suplentes. Esa junta es elegida por un periodo de cada 3 años.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 71

miolo cimarrones.pmd 71 15/10/2019, 16:30 ¿Como esa junta como realiza el gobierno del territorio?

Su función de la junta es administrar el territorio, donde se incluye la población, el agua, el aire, las riquezas. Los recursos vienen de otras entidades. Como ejemplo, en Palenque se trabajó un proyecto para 250 campesinos, donde se les dieron 1.800.000 pesos para cultivar productos agrícolas. Hoy estamos con la población victimas de conflictos, donde le presentamos un proyecto al Instituto Colombiano de Desarrollo Rural INCODER de unos 250 campesinos para un proyecto agrícola de 14.000.000 de pesos por familia.

¿Como los Palenqueros han vivido ese conflicto armado?

El conflicto armado es nacional, sabemos que en Colombia existen varios actores armados, es falso cuando dicen que se acabaron algunos. Palenque está ubicado al pie de los Montes de Maria, estos montes son un corredor de los distintos grupos ilegales armados que existen en Colombia y como corredor ellos llegaban a la población de Palenque, al igual que a los otros pueblos vecinos que están alrededor. En un comienzo la gente del pueblo no veía esto como una amenaza no lo veía como un problema, ya que el gobierno nacional tampoco le daba ninguna importancia. Estos grupos llegaban al pueblo y compartían bebidas con los habitantes, sancochos y le quitaban vacunas a los señores que tenían algún recurso económico. Pero luego se presentan los grupos paramilitares, los cuales comenzaron primero asesinando a los dueños de tiendas que vendían sus productos a la guerrilla. Por ejemplo, yo tengo mi tienda y a cualquiera que llega a comprar yo le vendo porque mi negocio es venderle a quien compre. La primera inclusión de los grupos paramilitares fue que se metieron a media noche, le tocaron la puerta al señor dueño de tienda al abrir lo sacaron y mataron en la puerta. Al tocar en la otra puerta, pero el dueño de esa tienda lo contaba con Dios y ese día no se quedó a dormir en esa tienda y sacaron al señor que le había alquilado la tienda para que lo llevara a donde estaba durmiendo el dueño de la tienda. En el transcurso del camino ese señor vio a un tío del dueño de la tienda y le comentó al grupo, mire ve el sí sabe a dónde duerme el dueño porque ese es su tío. Entonces soltaron al señor que había alquilado la casa y agarraron al tío. El tío comenzó a darle vuelta en el pueblo, pero nunca lo llevo a

72 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 72 15/10/2019, 16:30 donde estaba durmiendo el sobrino, y ellos le dijeron que si no los llevaba lo iban a matar, a lo que el tío le responde: ‘Bueno mátenme que yo ya estoy viejo”. Entonces lo mataron en plena calle. Lo más preocupante para la población es algo que uno esto lo dice con temor, es que inmediatamente hicieron eso apareció el ejército. ¿La esposa del primer dueño de tienda muerto vio a uno de los que venía uniformado como militar y le dice, y ahora tu vienes otra vez? Ese señor trato de ocultarse porque se dio cuenta que lo habían descubierto. Con todo y eso la guerrilla continúo dando vueltas por el pueblo y haciendo de las suyas, se comían la yuca de los campesinos en los cultivos, porque el ejército ya les había dificultado la entrada de alimentos de las ciudades y se sentaban a tomar con los muchachos en un billar. Un día se presentaron de nuevo los paramilitares, pasaron en un vehículo, algunos que estaban en el billar al darse cuenta de que eran los paramilitares se salieron, y otros dijeron, no porque yo voy a salirme si yo no he hecho nada, yo tengo mis papeles. Cuando esos paramilitares regresaron entraron disparando a todos los presentes, matando a seis personas, cuatro estudiantes y dos boxeadores. Lo que sucedió fue muy duro para la población porque esos muchachos muertos a pesar de ellos estaban juntos con los guerrilleros, no eran guerrilleros. Les puedo confirmar que al Palenquero no le gusta ser parte de ninguno de los grupos armados, si usted va a Colombia, puede ver que de cada 100 Palenqueros se consigue que menos del 1% en el ejército o en la Policía. A pesar de la guerrilla estar muy metida en el pueblo, ninguno de los Palenqueros formaba parte de las filas de la guerrilla ni de los grupos paramilitares, por lo que Palenque no se merecía que le mataran sus habitantes. Luego que hicieron eso, a unos 10 km del casco urbano de Palenque, donde había una vereda llamada la Bonga, a esos habitantes le llegaron con unos panfletos que decía: ‘A los habitantes de esta comunidad les damos 48 horas para que la desocupen, de no hacerlo los sacaremos nosotros mismos, autodefensa campesina, afuera sapos, guerrilleros y colabores de la guerrilla AUC’. La gente al ver eso salió enseguida del pueblo porque vieron que ya habían matado en otros lugares, como en Las Brisas. En otra comunidad un año antes entre Manpujan y Las Brisas, le cortaron el cuello a unos campesinos, así fue como el Palenquero que vivía en La Bonga no espero más e inmediatamente salió con lo que pudo y abandono todo. Esa población se dividió en dos, de las 90 familias que estaba

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 73

miolo cimarrones.pmd 73 15/10/2019, 16:30 conformada la vereda La Bonga, 57 familias nos fuimos para Palenque y nos reubicamos en el colegio de Bachillerato de la población y las otras 33 familias se fueron para una comunidad de San Pablo de María Navajas, llamada La Pista. Los de Palenque nos resistimos a salir del colegio hasta no ser resuelto el problema, porque nosotros no teníamos nada que ver con esa guerra. Luego llegó la infantería de Marina quitándoles a los campesinos los panfletos, ni todo el mundo los entrego, algunos los escondieron. Nos reunieron en la iglesia del pueblo y nos ofrecieron armarnos, para defendernos de los grupos armados. Nosotros respondimos que como es que nos iban a armar, si nosotros no tenemos nada que ver con esta pelea. Allá llega la guerrilla, llega el ejército, allá llega todo el mundo y nosotros no podemos armarnos, porque no sabemos contra quien vamos a pelear y nos vienen exterminando a todos, así que el pueblo no acepto y se quedó en el colegio. Luego se presentó la Pastoral Social en compañía de un cura al que le agradecemos mucho, se llama el padre Rafael Castillo, hablamos con él, nos dijo, ustedes no están pidiendo nada, todo les pertenece, consíganse un lugar en donde se puedan reubicar, hablamos con un Palenquero y nos vendió un lote de 2 hectáreas y medias, que es donde estamos hoy reubicadas las 57 familias, que hoy son 75, son 75 porque aquellos muchachos que venían de 15 y 16 años, ya hoy son padres de familia.

Hablas también de que el territorio es el territorio de tu infancia, desde que eras muy chiquitico que caminabas libre por San Basilio. ¿Cuéntanos un poco de tu infancia en San Basilio y cuál es la diferencia con el tiempo presente?

Cuando yo nací, en Palenque no había ninguna clase de servicios (luz), no había centros de servicios, solo había dos profesores para toda la comunidad, los muchachos jugábamos libremente en la calle, al Recondecon de la Sortija, al Botellón, al Velillo, a la Penca atrás, o sea, a toda clase de juegos. Pero también se formaban los grupos de edad, los grupos de edad se dicen que fue una forma organizativa que uso Benkos biohó, para defender a su pueblo del ataque de los españoles, estaban conformado por muchachos y muchachas que estaban en una misma edad, se formaban varios Kuagros que podían tener de 20, 30 o 40

74 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 74 15/10/2019, 16:30 personas según el sector donde habitaban, estos Kuagros se formaban desde que teníamos aproximadamente de 8 a 10 años. Los Kuagros se enfrentaban para pelear, yo, por ejemplo, hacia parte del Kuagro de la Flor del Medio y nos tocaba pelear con el Kuagro de la Nueva Ola, el Kuagro de la Araña se enfrentaba con el Kuagro de la Faja de Tuin, eran unas peleas sumamente sanas en donde acordábamos diciendo por ejemplo, mañana nos vamos para la plaza de Ramos, invitaba a tu Kuagro que yo llevo el mío, porque cada Kuagro tenía un jefe. Se posicionaba el Kuagro de La Nueva Ola de un lado, el Kuagro de La Costeña del otro lado y se casaban las peleas, por ejemplo, yo decía, yo quiero pelear con el compañero Luis (un ejemplo) y por otro lado contestaban no, el hombre para ti no es él, el hombre para ti soy yo decía otro, y así se casaban las peleas, se enfrentaban a puras trompadas, donde había un árbitro, cuando ya se cansaban de pelear, el árbitro les decía, ahora abrásense como amigos, entonces esos dos contendores se abrazaban como amigos y luego venía una y otra pelea que se hacía de los Kuagros. Con el tiempo la juventud comenzó a salir más a la ciudad, con la llegada de la luz eléctrica comenzó el uso de la televisión. Los Kuagros perdieron esa originalidad, ya los muchachos no querían pelear más a trompadas, sino que ahora querían utilizar cuchillos, revolver, ya se han matado los muchachos en Palenque por tonterías. Aun cuando esas peleas no pasan a mayores porque somos un pueblo donde hay algún parentesco entre uno y el otro, porque siempre un Palenquero se casa es con otra Palenquera, por ejemplo, la señora es mi tía o es mi prima, por eso las peleas no pasan a mayores, a pesar de que entre los jóvenes ha habido muerte.

¿Después de la ley 70 que ha cambiado?

En vista del desplazamiento de La Bonga los campesinos desplazados pensamos que esos desplazamientos en Colombia se dan por el interés de la tierra, sabiendo eso es cuando pensamos en proteger el territorio. Ya en el pacífico colombiano la ley 70 estaba muy avanzada y nosotros dijimos, aquí no hay otra cosa que hacer sino titular colectivamente las tierras de Palenque. Creamos un consejo comunitario y así logramos proteger las tierras para que no sean tomadas por las multinacionales, por los sembradores de teca y de palma aceitera, que

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 75

miolo cimarrones.pmd 75 15/10/2019, 16:30 llegaban al pueblo ofreciéndoles dinero a los campesinos. Unos de los pocos pueblos que hoy conserva la poca tierra que tiene, a pesar de haber perdido mucha de esa tierra de cuando fue declarado territorio libre, con esta invasión de la palma y la teca no le hemos permitido la entrada porque titulamos nuestras tierras colectivamente.

¿De esa tierra colectiva una parte ha sido titulada en la colonización española, después una parte ustedes han adquirido? ¿Han comprado o no?

La tierra que tiene Palenque todas son de la corona española, algunos campesinos que se fueron para la ciudad vendieron sus tierras. El Palenquero desde el comienzo de su historia casi siempre le ha vendido sus tierras o a un hermano, al primo o a el vecino más cercano. Siempre se ha evitado la invasión de otros pueblos, porque nuestro pensamiento es que el Palenquero es para su Palenquera, eso es una de las cosa que ha hecho que Palenque todavía siga siendo ese pueblo negro, con la diferencia de otros pueblos vecinos que también eran comunidades negras, en donde ha habido mucho cruce con el hombre blanco, donde ya el negro no es negro, sino que dicen yo no soy negro, yo soy mestizo, o soy clarito o soy moreno, el Palenquero no, el Palenquero es negro.

Describa, por favor, una fiesta Palenque y un ritual de muerte.

Las fiestas de Palenque de mi infancia eran para celebrar la Semana Santa, la Navidad. Los Palenqueros para esas épocas se vienen de donde estén, de Cartagena, de Barranquilla, de Venezuela, todos se vienen para Palenque, se reúnen, hacen bailes, se encuentran los familiares, matan cerdos en diciembre, para semana santa se comía mucho Icotea (tortuga), hoy para evitar la extinción de la especie se come es gallina. El velorio hoy ha cambiado, en mi infancia en los velorios de Palenque la población se reúne a acompañar a los dolientes, antiguamente se hacían muchos juegos, se jugaba al pavo y la pava, se jugaba al Chipililin, al besito acomodado, al fosforito, a una serie de cantos. Hoy no en todos los velorios se hace eso, solo se hace en los velorios de algunas personas que lo piden antes de morir, algunos piden que le pongan pico o que le toquen el tambor, que imiten a la alegre

76 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 76 15/10/2019, 16:30 ambulancia o que imiten al grupo del Sexteto Tabalá, que son grupos musicales de Palenque, ese es el velorio de hoy. También había mucha comida, todos los vecinos colaboraban con leña para izar el fogón, otro llevaba yuca, otro ñame y así sucesivamente para hacer comida a toda la gente del pueblo. Hoy eso ha cambiado, ahora hay grupos monitorios, que son las personas de una misma edad pertenecientes a un Kuagro que cuando se muere o se enferma un Palenquero, se reúnen todos los del mismo Kuagro y se ponen una misma cuota en dinero para ayudar a esa familia, ya sea por velorio o por problemas de salud.

¿Y bailaban?

Si todavía, pero no en todos los velorios. Por ejemplo, en el velorio de Graciela se hizo una fiesta, como ella era cantante y ella cantaba en los velorios, a ella se le hace una fiesta más grande.

¿Y el territorio de Palenque es grande, tiene varias Pueblos?

Tiene varias veredas, el territorio de Palenque estaba conformado por la vereda La Bonga que se desplazó, la vereda de Catival que se desplazó, la vereda de Todo Sonrisa que se desplazó pero que la gente luego volvió y otra vereda que no recuerdo ( La Pista).

¿Cómo llega cada una de esas veredas a la Junta del Consejo Comunitario?

Cuando la junta va a elegir siempre hay dos planchas, donde en cada plancha se integran personas de los distintos sectores de la población, de los cuadros y es donde entran los miembros de cada uno de esas veredas.

¿Es electo por votación directa?

Si, al comienzo se hacia una reunión y se levantaba la mano. Luego fue creciendo el número de votantes y ahora se hace una urna de votación. Y la plancha que saca la mayoría de los votos es la ganadora.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 77

miolo cimarrones.pmd 77 15/10/2019, 16:30 ¿Cuál es el sueño de un Palenquero?

Lo que más sueña el Palenquero es que tiene que profesionalizarse, es tan así que la población campesina ha disminuido en un 90%, más aún con la presencia de actores armados que ya no se ven. En el sector de Palenque ya no existen esos actores armados, pero en Colombia aún existen, entonces el sueño del Palenquero es ese, hacer a sus hijos profesionales para que no lleven esa vida que ellos han llevado.

¿Cual es la relación de los Palenqueros con los espíritus en ese periodo?

Cuando visitamos San Basilio había un narrador que nos comentó que había un funeral y había también unos espíritus que estaban esparcidos por todo el centro del pueblo y que visitaban al enfermo. Si, los espíritus visitan al enfermo, se dice que cuando la persona esta grave hay espíritus que le han traído medicina y a esa persona que el espíritu le ha traído medicina se levanta, pero al enfermo que los espíritus le han traído comida, esa persona se muere. Ó sea, todos los enfermos que han comido de los espíritus, que dice, ahorita ha venido fulano que tiene tantos años muertos y me ha traído un plato de arroz, por ejemplo, y se ve al enfermo comiendo, al mismo día o a los días ese enfermo se muere. Eso ha ocurrido muchas veces en Palenque

78 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 78 15/10/2019, 16:30 Clemente Edilcer Ajovi Arroyo: Comunidad y Territorio de Playa del Oro (ECUADOR)

Mi nombre es Clemente Ajovi, vengo de Ecuador de una comunidad bien alejada de la Provincia de Esmeraldas y aproximadamente 15 horas de viaje a Quito capital de Ecuador, quiero agradecer a los compañeros y compañeras responsables de este acto para hacer posible que nosotros estemos presentes aquí en Brasil, es la primera vez que estoy en Brasil y me siento contento. Seguidamente quiero contar un poco de la historia de mi comunidad y el conflicto territorial. Nosotros vivimos de Quito a 15 horas, mi comunidad Playa de Oro, una linda comunidad que algunos conocerán otros no. Mi comunidad ha vivido más de 400 años ocupando ese territorio, ha sido siempre conservadora, mi comunidad fue parroquia, pero se mantiene en la actualidad como comunidad, la parroquia se llama Luis Vargas Torres y la comuna el Recinto Playa de Oro. La comunidad comenzó la lucha por el territorio 20 años atrás y hace 15 logro el título de comuna, posee un territorio virgen de 10.400,86 hectáreas, la lucha tuvo un inicio intenso, en esta vida nada es gratis, todo cuesta, se puede decir que hasta nuestra propia vida. Nosotros pertenecíamos a la comuna Río Santiago Cayapas en ese entonces, esta comuna contaba con 75.000 hectáreas. Nosotros intentamos abrirnos de esta comuna porque se vio involucrado en corrupción con empresas mineras ilegales, tala de maderas y como ustedes conocen lo que dice nuestro presidente siempre, que los terratenientes los que poseen los recursos económicos nos van a invadir nuestro territorio. Ante esta situación nosotros empezamos buscando personas para nos ayuden, asesoren, conseguimos en Esmeraldas a un escritor de nombre Juan García que algunos habrán oído nombrar, él nos asesoró en muchas oportunidades, comenzando a viajar de Esmeraldas a Quito comenzando la lucha. La comuna de Río Santiago no quiso que nos dividiéramos, porque era el territorio más importante que había dentro de esas 75.000 hectáreas, pero nosotros pensando en el futuro de nuestros hijos, de nuestros nietos decidimos separarnos. La lucha iniciamos con el objetivo de conseguir nuestro territorio, hoy en día es dichosa de contar con ese territorio propio, un territorio de aproximadamente 7200 se mantiene bajo conservación. Creo que algunos han oído del Programa Socio Bosque, nosotros para conservar mejor nuestro territorio decidimos

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 79

miolo cimarrones.pmd 79 15/10/2019, 16:30 inserirnos en ese programa y en lo restando realizamos agricultura, el territorio en conservación es importante porque realizamos la actividad de turismo comunitario, esta actividad nos ha nutrido de mucho conocimiento para poder seguir manteniendo nuestro territorio. La comunidad de Playa de Oro cuenta con 400 habitantes de las cuales 300 somos comuneros, los mayores de edad que comprenden desde la edad de 17 años quienes pasan a ser miembros activos de la comunidad. Nosotros dentro de nuestro territorio tuvimos amenazas de invasiones, antes de conseguir el título de comunidad, frecuentemente patrullábamos nuestros límites, ya que poseíamos conocimientos de nuestro territorio y sus límites antes de ser comuna porque cada ocho días teníamos invasiones, nos enfrentábamos a grandes grupos armados y les echábamos de nuestro territorio. Luego de ser comuna, fue peor aún, las invasiones no cesaban, ya con el título en mano, se puede decir que fue cuando más invasiones tuvimos. Ante esta situación formamos grupos de guardabosques comunitarios de cinco personas, esas cinco personas eran los encargados de vigilar cada ocho días los límites territoriales, quienes eran encargados de informar si encontraban a personas dentro de nuestro terreno, cuando acontecía esto el presidente de la comunidad convocaba a todos los miembros de la comunidad y hacíamos una asamblea general y ahí se tomaba las decisiones de lo que íbamos a hacer, comenzando la lucha, salíamos al bosque hombres, mujeres y niños a enfrentarnos a los grupos armados, quienes estaban dentro de nuestro territorio. Gracias a Dios no tuvimos ninguna desgracia, pero si defendimos a capa y espada nuestro territorio, después empezaron a pasar por el rio de nuestra comunidad, pero no paraban para visitarnos pasando directo rio arriba con el fin de invadir nuestro territorio, ante este acecho y poseyendo los medios canoa motor para perseguirlos, al poco tiempo lo alcanzábamos y los deteníamos. Nosotros poseemos reglamento interno que tomo ocho días para elaborar ese plan, luego fue enviada para el Ministerio de Agricultura, Ganadería y Pesca MAGAP, que tenía la sede en Esmeraldas para que sean aprobadas. Luego ellos crean otra ley para los invasores, tal vez se van a reír con lo que les voy a contar, pero es la gran verdad, la única alternativa fue construir una cruz en el centro de la comunidad y ante cada invasor cogido la gente gritaba llévenlos a la cruz, cuando la gente gritaba el invasor preguntaba qué cosa es la cruz que nos van hacer? Les llevábamos a la cruz y les amarrábamos pies y manos

80 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 80 15/10/2019, 16:30 y les dábamos látigo, fue una forma de contrarrestar las invasiones por que los castigados contaban a sus amigos sobre el castigo sufrido y los terratenientes nunca más vuelven a invadir nuestro territorio porque tiene mucho miedo de la cruz, pero igual siguen las amenazas de las madereras y las minerales, que es el caso más complicado que estamos sufriendo en las comunidades, aunque poseemos nuestro título sufrimos de amenazas por parte de estas empresas. Gracias a Dios en mi comunidad hay una buena organización de segundo grado como es la comuna que está bien respalda y por ello hemos logrado combatir para defender nuestro territorio ancestral. Voy a contarles por que fue llamado Playa de Oro. Cuando tres hombres salieron de caza encontraron una playa donde vieron gran cantidad de pepitas de oro, cuando estos hombres regresaron a la comunidad contaron a sus familiares y decidieron ir a vivir a ese lugar fundando la comunidad con el nombre que actualmente se conoce. Muchos creen que el territorio posee mucho oro, aunque ya no se encuentra oro en la playa como fue en sus inicios. El territorio de nuestra comunidad esta evaluado en un valor de 25 millones de dólares en arboles madereras y en oro en 150 millones de dólares, es una comunidad rica. En especies de fauna se puede encontrar con más facilidad en nuestro territorio que en Colombia permitiendo que el turista pueda disfrutar del paisaje, porque posee vías accesibles y todo se encuentra cerca y nosotros hacemos respetar ante cualquier persona que ingrese a nuestro territorio, porque es nuestro derecho ancestral, con vía jurídica de cumplir las normas y hacerlas cumplir. Gracias, compañeros.

Ximena Ajovi Vernaza: del Norte de Provincias de Esmeraldas (ECUADOR)

Mi nombre es Ximena, y vengo del norte de la Provincia de Esmeraldas. En Ecuador tenemos muchos problemas territoriales, pero yo me voy a basar específicamente en los que hay en la comunidad Rio Santiago Cayapas. Está posee un territorio de 60 mil hectáreas que agrupa a 57 comunidades, posee titulación y fue adquirida de una manera muy particular. Nuestros antepasados compraron este territorio con oro y dinero en efectivo, a pesar de gozar de toda esa superficie

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 81

miolo cimarrones.pmd 81 15/10/2019, 16:31 terrestre, 11 mil hectáreas han sido desmembradas por nuestros propios líderes, a pesar de que la ley de comunas prohíbe la venta y división en lotes, sin embargo lo han hecho de manera ilegal. En cuanto a minería ilegal trata, como les comentaba en la mañana, hemos tenido serios problemas de contaminación y deforestación, hoy en día el gobierno digamos entre comillas planteó una reforma en la cual no se puede llevar a cabo la minería ilegal, pero aun no logran controlar la actividad ilegal, nuestro ríos están contaminados, no podemos hacer usos del agua, no tenemos peces en el río, y estamos sintiendo que nos están matando porque el agua y la naturaliza para nosotros es vida, porque de ella nuestro Pueblo se ha alimentado, nosotros vivíamos cerca del rio por la accesibilidad y ser fuente de obtención de peces, pero ahora no disponemos de esa fuente, por ende nuestra vida se ha vuelto más costosa. Uno de los problemas que he podido palpar es que el problema está en nuestros propios representantes, ya que a pesar de que existe y conocen de la ley no son capaces de defender lo que tenemos y más bien tratan de despojar de la tierra a su propia gente, por ejemplo la comunidad tiene un cabildo y en muchas ocasiones son los mismos miembros del cabildo quienes organizan las ventas de las tierras comunales, llevando como consecuencia los desplazamientos de las personas desde el sector rural al sector urbano, donde los jóvenes al no conseguir trabajo empiezan a delinquir, ante esta situación mi interés es replicar o buscar el mecanismo de lo que está pasando en Nicaragua sea aplicado en Ecuador, ya que si nosotros no despertamos ahora no sé dónde vamos a parar. Otro problema que veo es que a pesar de que hay muchas organizaciones de hecho como de derecho no mantienen vínculos para trabajar juntos, cada quien está enfocado en su tema, todos no estamos defendiendo lo que es para todos, en ese sentido yo pienso que es por falta de conocimiento de nuestra historia, porque mucha gente de mi comunidad no conoce el proceso de esclavización, los jóvenes no están interesados en involucrarse en el proceso. En el caso de la política gubernamental, tenemos varios aspectos uno de ellos es que el Estado nos ha invisibilizado, por ejemplo, en los derechos, los derechos colectivos en la Constitución dicen que tienen derechos los indígenas y enumeran, en cambio dice que a los afro ecuatorianos se los reconocerá. No estamos reconocidos actualmente por eso estamos emprendiendo una lucha para

82 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 82 15/10/2019, 16:31 que el gobierno nos incluya en la Constitución, ya que la Constitución dice que todos los ecuatorianos tenemos los mismos derechos y deberes, pero nosotros como afroecuatorianos no estamos considerados. Por esta razón aun no vemos la aplicación de las políticas públicas, a pesar de que en el año 2011, se consideró el Año del Afro descendente pero no vimos la inclusión porque hay unos que otros hermanos que tienen trabajos públicos otorgados por el Estado y creen que esto es suficiente para resarcir el daño que nos ha causado. Como propuesta a los grandes proyectos, de hecho, yo estoy trabajando en ello, es en el rescate de algunos elementos culturales que se han perdido. Nuestras comunidades están aculturizadas por que muchas personas migran a las ciudades y retornan adoptando otras costumbres lo cual ha permite que se pierdan los elementos culturales de la comunidad, la forma de vida es totalmente diferente a lo que fue en sus inicios, por cierto, fue muy rica culturalmente. Además de eso están dos proyectos más en proceso de ejecución. i) Promoción turística aprovechando la riqueza natural además el norte de Esmeraldas posee una tierra rica para la producción agrícola. ii)- Estamos tratando de incentivar a la gente para la realizar proyectos productivos, en la cual la gente no se despoje de sus tierras, no lo vendan y mejor aprovechen la tierra que poseen para cultivar a gran escala.

¿Como ustedes se autodefinen, que es ser afroecuatoriano, que es ser comunero y como se encuentra esas distintas identidades, como tu defines ser afroecuato- riano y ser comunero?

La definición de afroecuatoriano se estableció en la Constitución del año 2008, ya que antes éramos considerados negros, también nosotros nos considerábamos negros. De hecho, algunos aun utilizan ese término, pero la palabra negro en Ecuador es utilizado de manera despectiva en términos racistas, ante la discriminación que veníamos sufriendo iniciamos la lucha por la reivindicación de nuestros derechos a autodefinirnos como afrodescendentes, pero somos libres de autodefinirnos como mejor nos sintamos, no hay problema dentro de nuestra gente. Refiriéndome al tema del territorio de la comuna, se puedo considerar privado por que fue adquirido mediante intercambio comercial, dentro del

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 83

miolo cimarrones.pmd 83 15/10/2019, 16:31 territorio no podemos decir que no hay palenques, lo que viene a ser conocidos acá como quilombos, porque la gente no tiene conocimiento o simplemente han perdido esa identidad, pero hay otro sector en San Lorenzo, allá si existen los palenques.

¿En la Carta Constitucional no son reconocidos claramente sus derechos entonces en que derechos ustedes están apoyados para su lucha reivindicatoria?

Ahora a través de las organizaciones sociales se está luchando, para que la ley sea reformada, mi preocupación es que, aunque tenemos representantes negros o afrodescendiente en el gobierno, pero no sé si ellos van a apoyar los interés de nuestro Pueblo, porque la mayoría son del partido o alineados con el gobierno. Estamos conscientes que el presidente ha hecho muchas cosas buenas, pero el gobierno está cuidando sus intereses políticos y obligaciones adquiridas con sus prestamistas, ante esta situación no sé cómo van a responder nuestro Hermanos, en el momento cuando nosotros vayamos a presentar nuestras propuestas y el gobierno no esté de acuerdo, incluso ellos son encargados de elaborar las leyes en el país. Hay alrededor de 10 asambleístas afrodescendientes, pero en su mayoría o sea 9 llegaron por el partido de gobierno, ante ello hay una gran preocupación por eso estamos fortaleciendo nuestro proceso desde afuera, aunque debemos reconocer que si habido muchos asambleístas que si han estado en el proceso. Un ejemplo claro sucedió hace un mes, tres asambleístas del partido del gobierno estaban en desacuerdo y pidieron de despenalización del aborto en caso fortuitos y como el gobierno no estaba de acuerdo con eso suspendió a los asambleístas, por eso pienso que va suceder lo mismo con los asambleístas afrodescendientes en el momento cuando vayamos a reclamar nuestros derechos. Por temor a ser suspendidos de sus cargos, considero no estoy afirmando, mi temor está latente. Que va a pasar en el momento en que tengan que afrontar o confrontar con el gobierno realmente con los problemas que tenemos nosotros como Pueblo afroecuatoriano.

¿Para aclarar mejor la primera pregunta, tu dijiste que no hay una consciencia de lo que es palenque, entonces que es esa consciencia de ser palenquero?

84 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 84 15/10/2019, 16:31 El desconocimiento de la historia, hay mucha gente que desconoce la historia. Yo no pensaba así hace 15 años cuando me involucré en esto y dije que caí por accidente aunque yo pienso que no fue por accidente, por es algo que uno lo lleva en la sangre, pero mucha gente está viendo el proceso de lucha pero parece que no le importa nada y es de nuestra misma raza, entonces yo creo que es un problema de consciencia o de conocimiento porque hay mucha gente que no conoce como fue el proceso de esclavización. Conozco a varios activistas afrodescendentes y algunos de ellos participaron en la redacción de la Constitución, por eso me llamo la atención que dijeras que el gobierno los invisibiliza y no les reconoce, porque lo que vi en Ecuador están mucho más avanzados por ejemplo de lo que pasó en Argentina o en otros países, ustedes tuvieron la oportunidad de participar en la redacción de la Constitución, cosa que nosotros no logramos, entonces me llamaba la atención como se da este proceso cuando hay varios activistas afro ecuatorianos trabajando por estos temas y al mismo tempo tienes una cierta incredulidad, respecto a los resultados, entonces si hay activistas, diputados funcionarios, constituyentes como es que todavía no lograron por lo que están luchando, noto como cierta contradicción. Cuando me refiero a la invisibilización me refiero a los términos que utilizan, si bien es cierto que luchamos para participar en la redacción de la constitución, pero no se qué paso, pero los términos que utilizan de se les reconocerá quiere decir que no estamos reconocidos, entonces lo que se está buscando es el mecanismo para que esa parte se resarza para poder hacer uso de los derechos que ampara la Constitución. La compañera de Ecuador cuando estaba hablando pronuncio la palabra cabildo, nosotros entendemos que la palabra cabildo es un término de los indígenas, ¿entonces el tipo organizativo de ustedes como es? El cabildo viene siendo, como les explicaba hay una ley de comunas, la comuna es un territorio, la nuestra está conformada por 57 comunidades, entonces el cabildo viene ser la junta representativa de la comunidad que está conformado por una comitiva, el presidente, el vicepresidente y un sindico encargado de administrar un determinado área o espacio de territorio donde están ubicadas las comunidades.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 85

miolo cimarrones.pmd 85 15/10/2019, 16:31 Kelvin Donovan Velásquez, de camisa vermelha no primeiro plano

Kelvin Donovan Velásquez Lewis narra la lucha de los Garifunas (NICARAGUA)

Kelvin tenemos mucho interés por conocer la lucha de los Garifunas y los principios que los Garifunas conciben la autonomía, gobierno y los avances que han tenido en los últimos años, sobre todo después de la revolución Sandinista, ahí nos gustaría que te presentaras y nos hicieras una pequeña exposición.

Buenas noches, soy Kelvin Velásquez representante y coordinador del gobierno comunal costa Caribe Sur, y candidato a la presidencia del territorio de Pearl Lagoon (Laguna de Perlas). En estos últimos años, hemos tenido la dicha de tener un gobierno territorial, los últimos 8 años hemos tenido el apoyo de la Ley número 445, que nos da el derecho a administrar nuestros recursos conforme a nuestras costumbres, la revolución con el Frente Sandinista, nos han dado un gran apoyo. Fue cuando identificaron que había una raza que no era Misquitos, Sumo ni Creol, se dieron cuenta que había un grupo de gente distinta a los Creol,

86 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 86 15/10/2019, 16:31 con igual color de piel, pero diferentes culturas y diferente habla, ahí en los años 80 fue que el gobierno Sandinista, se interesó en investigar de donde provenían estas personas y se dieron cuenta de que no eran personas autóctonas del lugar. Gracias al gobierno que nos tomaron en cuenta y nos han dado el derecho y tomado como unos de los grupos afrodescendientes del Caribe, somos y estamos celebrando el aniversario número 19 de ser reconocidos como el Pueblo GARIFUNA en Nicaragua, nuestro aniversario lo festejamos el día 19 de noviembre en nuestro País y en los otros países de Centro América.

¿Por favor me cuenta cómo es que ustedes llegaron a pensar ese territorio y ese gobierno en el territorio, como objeto especial?

En el territorio de Pearl Lagoon tenemos 10 comunidades y 4 diferentes grupos étnicos, Misquitos, Criouk, Mestizos y Garifunas, en ese territorio de alguna forma cada pueblo debe de tener un representante. Hablamos diferentes idiomas, pero para proteger nuestra tierra debemos estar juntos ya que divididos seriamos débiles y la idea de juntarnos es con el fin de formar un solo bloque de territorio para titular como uno solo ya que se nos hace más fácil que tratar de titular pedazos de bloques individuales, esa es la razón, nos juntamos para ese proceso. Hasta el momento ha sido de gran ayuda contar con los compañeros Misquito y algunos compañeros mestizos, porque son las personas que conocen la montaña, conocen el valor que tienen los recursos naturales, son las personas que ha cuidado y se han beneficiado de una forma muy sostenible.

¿Y con relación del territorio como ven ustedes los recursos, como realizan el usos de los recursos, lagunas las áreas donde tienen la pesca, regiones donde tienen productos forestales?

Cada comunidad tiene su territorio, pero también tenemos territorios de uso común, por ejemplo la laguna es de uso común, todas las personas de las 10 comunidades pueden utilizarla, las costas marítimas y las islas que están en la costa del Caribe también son de uso común, pero algunas comunidades tienen títulos propios de las islas entonces estas pertenecen a una o dos comunidades y las que no tiene propiedad son consideradas de uso común, también existen tierras

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 87

miolo cimarrones.pmd 87 15/10/2019, 16:31 comunales particulares, nosotros protegemos los territorios de uso común de las 10 comunidades, entonces las comunidades que no forman parte de nuestro bloque se organizan para proteger su territorio. Cuando hay conflicto entre comunidades es cuando entra el gobierno territorial la cual está integrada por un representante de cada comunidad, por eso es importante porque cada comunidad sin importar el tamaño tiene presencia en el gobierno, tiene su posición en el gobierno, tiene el derecho de voto en el gobierno, tienen derecho como cualquier otra comunidad, no importa su potencial económico, población, ubicación geográfica, ni su historia ni su raza, todos tenemos el mismo derecho.

¿Quién representa, el presidente, como eligen a este, al que va ser presidente candidatean o lo eligen?

Es un sistema en que cada comunidad tiene un gobierno con 9 integrantes, quienes son elegidos por el pueblo, los 9 integrantes escogen un miembro para que represente en el gobierno territorial, si creen y deciden que la persona elegida posee las condiciones y preparación necesarias para postularle como candidato para presidente, vicepresidente, secretario, tesorero o vocal. Los postulados pueden aceptar la propuesta o sino dejan el puesto para otro miembro. Después se realiza una asamblea territorial, en donde todos los gobiernos comunales se reúnen en un solo punto y de los candidatos de las 10 comunidades se elige al presidente, es una asamblea de miembros del gobierno de donde se elige al que va ser representante de las 10 comunidades. Tú has hablado de leyes comunales que son formas de gobernar conforme las costumbres, podrías darme un ejemplo de ley comunal? Una de nuestras leyes comunales, es usar trasmayos. El trasmayos es la red que utilizamos para pescar, una regla dentro de nuestras comunidades, es de no usar trasmayos con agujeros menor de 3 pulgadas, entonces si encontramos a un pescador sea de nuestras comunidades o de otras comunidades, procedemos a quitar la red y a sancionarlo y a la segunda vez puede ir a la cárcel por 1 año la tercera vez hasta por 7 años, eso lo aplicamos con nuestro juez comunal, porque son leyes comunales, están estipulados en nuestro territorio ahí el gobierno y el juez local del infractor no interviene. Ese es un ejemplo de nuestras leyes internas comunales que ejercemos en nuestro territorio.

88 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 88 15/10/2019, 16:31 Ustedes ahora cuentan con un marco legal, me gustaría saber si encuentran resistencia externa a ese marco legal?

Sí, hay por ejemplo otros pueblos de Nicaragua que creen que la ley solo favorece a los costeños, a las personas del caribe de Nicaragua y creen que como nicaragüenses ellos también deberían de tener el derecho de poder beneficiarse de nuestros recursos y la ley no les da ese derecho, aunque son nicaragüenses no pertenecen a la zona, además ellos tienen costumbres que nuestros indígenas y afrodescendientes no tenemos. Nosotros utilizamos nuestros recursos de una manera sostenible, ellos siembran pastos para ganados, nosotros no; nosotros solo lo utilizamos cuando de verdad lo necesitamos, del bosque usamos la madera de los árboles para hacer las casas, usamos cayucos que son canoas para transportarnos en los ríos, tenemos conciencia de que sin los bosques los ríos se van a secar y son de ahí que los peces pasan para las lagunas. La base de la economía de las 10 comunidades es la pesca, entonces si no tenemos bosque no vamos tener pesca, pero a ellos no les interesa porque ellos no son pescadores, son agricultores más ganaderos se aprovechan de la madera y no tienen amor a la tierra como los indígenas y los afrodescendientes, es un problema muy grande y has estado entrando del Pacífico al Caribe nicaragüense con sus ganados y tradición porque en su zona ya lo tienen a la tierra desértico lo mismo están haciendo con nuestra zona.

Este es un tipo de conflicto que se les ha presentado?

Sí, es un conflicto yo diría un conflicto que debemos tomar muy en serio, porque son personas organizados en grupos familiares, no viene solo no vienen 2 o 3 personas sino hasta 7 familias que se organizan para invadir diferentes territorios, a veces vienen armados y se resisten a desalojar el territorio ocupado y muchas de las veces son personas que tienen algún vínculo con políticos y hasta el ejército de nuestra nación a veces no nos toma en cuenta, por lo cual tenemos que tomar la ley en nuestra manos y enfrentarnos a veces a los invasores.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 89

miolo cimarrones.pmd 89 15/10/2019, 16:31 ¿Yo quería saber si estos grupos están organizados en partidos, confederaciones para debatir dentro de los órganos que legislan, crean las leyes para revertir esos derechos.

La influencia política sea el partido “A” o en el Congreso puede permitir que las leyes se reviertan, por ejemplo, la ley que mencionabas, si contesta la ley 4635, si contesta la del de titulación de tierras. Como mucho de nuestros países latinoamericanos, creo que Nicaragua tiene las leyes más lindas del mundo, pero no es llevado a la práctica, las leyes nos dan el derecho de administrar lo nuestro, pero en muchas ocasiones ha pasado que el gobierno central no nos toma en cuenta pero se aprovechan de nuestros recursos sin consultarnos

Estamos muy interesados en conocer, ese concepto de autonomía que los Garifunas han desarrollado, que conciben como forma De su vida social y política, puedes hablarnos de ese sentido de autonomía?

Los Garifunas son personas muy independientes, llegaron al territorio de Pearl Lagoon, durante la revolución de los años 80, es uno de los únicos pueblos en la costa Caribe donde la contra resistencia no entro, no invadió mientras otras comunidades fueron invadidas por la contra resistencia. La contra resistencia es el grupo armado que surgió en los años 80 quienes se enfrentaban contra la revolución Sandinista, por eso el gobierno actual ha apoyado tanto a este pueblo, por que vieron que este pueblo se ha resistido.

Los 4 pueblos: los Garrifunas, Misquitos, Kriol y Mestizos, que dominio territorial tienen en la costa Caribe, cuál es su espacio, su territorio?

En el territorio de Pearl Lagoon, los Garifunas son dueños del 20% del territorio de Pearl Lagoon y entre los mestizos, los Misquitos y los Criouk se dividen entre 20% y 20% formando un total de 40%, pero los Criouk y los Garifunas son más pescadores que agricultores y no aprovechan la tierra para cultivar, beneficiándose más de la pesca, por lo que los mestizos se aprovechan para crear pastizales y adueñarse de las tierras.

90 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 90 15/10/2019, 16:31 ¿Ustedes tienen algún documento de propiedad que garantice la pertenecía del territorio de cada pueblo?

Estamos en proceso de titulación, en la costa Caribe están las demarcaciones, tenemos dos territorios vecinos … que queda al norte de Pearl Lagoon y al sur a los …(incomprensible) que ya consiguieron su titulación. Ellos están con el título en las manos, en Pearl Lagoon tenemos la copia del título, pero el título original no lo tenemos tampoco, tampoco están registrados en el registro oficial de la región, por qué? No sé, si es el proceso de elecciones que esta próximo, no sé si están esperando que termine este proceso para dar el título a nuestras comunidades, ya con título en mano vamos a pasar a otro proceso que se llama saneamiento lo cual consiste en tratar de negociar con los invasores, como son nicaragüenses difícilmente lo podemos sacar de nuestras tierras, lo que queremos es llegar a acuerdos que beneficie a ambas partes, por ejemplo los que tiene 500 manzanas reducirlos a 300 y empiecen a pagar un impuesto por que han deforestado nuestro bosque; lo tienen deforestado y que manejen de una manera sostenible. Entonces, va ser un trabajo muy duro porque son cientos de familias que están en las montañas en los bosques del caribe del Nicaragua y son gente ajena a la región, pero son nicaragüenses son personas y sabemos en las dificultades que esta nuestro país, el segundo más pobre en Latinoamérica, somos la región más pobre del país y solo imaginasen como estará la costa caribe del Nicaragua. Nosotros entendemos las necesidades de las personas, pero si destruyen los recursos que tenemos todos nos vamos a quedar sin nada, entonces tenemos que cuidar para todos, por eso consideramos que debemos poner algunas reglas sobre la mesa ya que cada año estas personas vienen despedrando cientos de manzanas para pasto cortando grandes árboles que desaparecen en instantes, se secan los ríos y eso es un problema.

¿Como participan estos grupos en ese gobierno territorial, hay una participación delegada o son voluntarios o todos son voluntarios en ese gobierno territorial, como es, es capaz de sostener el movimiento de ustedes?

Nuestro trabajo es completamente voluntario, lo que hace el gobierno territorial cuando tenemos que reunirnos es pagar el transporte, alimentación y

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 91

miolo cimarrones.pmd 91 15/10/2019, 16:31 hospedaje a los participantes, no les pagamos por estar ahí nosotros voluntariamente nos reunimos. El gobierno central por la extracción de los recursos por parte de los invasores nos devuelve el 25% de todos los recursos que aprovechan por la extracción de manera de nuestros bosques y la pesca de mariscos de nuestros lagos, pero es un 25% que está en el papel y en el aire, porque nosotros no tenemos un inventario de lo que tenemos, nosotros no controlamos cual es la cantidad de madera extraída de nuestros bosques, tampoco la cantidad de mariscos que extraen de nuestros lagos. Ellos solo nos presentan un papel con la cantidad del 25% y la verdad no sabemos si ellos cumplen con ese porcentaje, por eso queremos reforzar ese error y realizar el inventario de los recursos que poseemos porque es la única forma de administrar y tener el control de nuestros recursos porque si no sabemos lo que tenemos no podemos administrar. Para eso necesitamos ingenieros forestales, abogados, geógrafos y más, por el momento el gobierno no ha podido financiar esto, hemos estado tocando puertas en diferentes organizaciones, hay una organización que se llama Fundación para la Autonomia y el Desarrollo de la Cosa Atlantica de Nicaragua – FADCANIC (Bluefields – RAAS) que nos ha apoyado mucho en Pear Lagoon, en diferentes ocasiones y vamos ir haciendo diferentes proyectos para buscar apoyo en otros lados a nivel nacional e internacional.

¿Y ustedes tienen jóvenes que saben manejar instrumento como GPS, instrumen- tos para hacer georeferenciamiento del territorio?

No tenemos. Tenemos algunos pescadores que usan GPS para ubicarse en el mar, pero no sé si en tierra podrían manejar, para hacer un mapeo de la zona no lo manejan, tenemos algunos abogados jóvenes de la zona, pero el problema es que por falta de trabajo emigran a otras ciudades, tenemos como nueve profesionales de la ley pero no trabajan en la zona.

92 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 92 15/10/2019, 16:31 SEEFIANN DEIE (de Nação Boni na Guiana /colônia francesa)

“Nous sommes ici au Colloque International à l’invitation du CCN (Centre de la Culture Nègre) de São Luís du Maranhão et à l’invitation de cette organisation, nous avons passé un certain nombre de jours à échanger, à discuter sur les thématiques qui nous concernent. Concernant la Guyane, et le peuple que je représenterai humblement, sans aller dans les détails historiques, de tout le processus qui a mené à ce que nous nous installions sur le cours de la rivière Lawa qui se trouve à la frontière donc qui fait la frontière… entre le Suriname et la Guyane Française aujourd’hui encore, nous sommes descendants d’Africains qui ont pris leur liberté, de la suite de leur traite dans les plantations du Suriname. Suite à cette situation d’oppression, il a été décidé… dans la mémoire collective, on parle du fait de dire non à cette situation, et à partir de ce moment là, les ancêtres Boni se sont réunis, se sont battus, se sont organisés d’abord, se sont battus, et en fait, ce n’est pas comme beaucoup veulent nous le faire entendre encore ce n’est pas une fuite, c’était un projet. Un projet réfléchi, et dans les premiers temps de ce projet -là, jusqu’à présent la mémoire orale donne les détails nécessaires qui montrent qu’il y avait une prise de conscience malgré le système qui était établi, qui voulait instaurer la déshumanisation, l’absence d’âme, donc d’humanité et d’intelligence des hommes et des femmes qui ont été déportés, apportés ici de force, qui étaient pour la plupart à mon avis des jeunes. C’est une donne très importante

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 93

miolo cimarrones.pmd 93 15/10/2019, 16:31 qu’il va falloir révéler, sans être chercheur mais tout converge vers ce point- là, que tous ces hommes et ces femmes étaient pour la plupart des jeunes en tous cas j’ai eu l’occasion de le dire à nos chefs, pour qu’ils comprennent bien qu’aujourd’hui on parle d’ancêtres, mais pour l’époque c’était tout, à mon sens, selon ma lecture, montre que c’était pour la plupart des jeunes. Quand on dit des jeunes, c’est moins de 30 ans pour la grande majorité; ça c’est très important! Et je demanderai à la communauté scientifique, celle qui a les moyens d’aller vérifier certaines choses, de diriger son œil, son oreille aussi, vers ces données -là, on en a besoin, pour situer les choses de cette manière–là. Parce qu’un crime commis sur une population jeune n’a certainement pas les mêmes conséquences qu’un crime commis sur les populations plus anciennes, d’ âge plus avancé. Ca c’est un élément assez important que nous n’avons pas nous en France , que personnellement je n’ai pas, mais que je sens … il y a quelque chose qui me le dit … que nous étions jeunes! Voilà! C’est un crime contre la jeunesse aussi, contre l’humanité mais contre la jeunesse! et donc fi de ce constat, les ancêtres: il y avait des hommes mais il y avait surtout des femmes, des femmes que l’on ne retrouve pas nommément aujourd’hui, mais dans la ligne héréditaire que nous avons gardée, la matrilignée, et bien la place dans notre histoire, depuis sa genèse jusqu’à aujourd’hui, de la femme est claire: c’est la colonne vertébrale, c’est aussi la moelle épinière qui permet de maintenir la structure de l’Homme Boni, quand je dis l’ Homme, c’est avec un grand H. C’est surtout d’abord la femme qui lui permet de se reconnaitre, de garder tous ses repères, justement tout ce que l’on fait, tout ce que je fais, le témoignage que je porte à votre appréciation, c’est dans ce but–là aussi. Le passage des hommes comme moi, c’est éphémère.. c’est le travail que font les femmes qui permet d’exister à travers les générations. Alors ça peut paraître nouveau, mais au contraire c’est très ancien. Il y a un proverbe chez nous qui dit : [Na ka rao deme ki gnou] littéralement, ce que ça veut dire c’est qu’avec les anciennes choses que l’on fait les nouvelles. Et donc lorsqu’ils ont décidé, qu’ils ont eu le projet de s’établir, de se positionner, dans la silve amazonienne, quand je dis qu’ils ont décidé, qu’ils ont eu le projet, il y a des repères clairs, que témoignent les militaires, les représentants de la colonie concernée qui disent que dans la forêt on a vu des hectares de champs de maïs, de champs de manioc, de champs de riz, on avait notre propre économie depuis les Premiers Temps.

94 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 94 15/10/2019, 16:31 Il y a un concept chez nous des Premiers Temps, ça veut dire que le concept historique du Boni et du Bushinengue, il y a une période qui se situe à peu près juste après la séparation avec le système de la plantation, on appelle ça les Premiers Temps. Avant cela, il est difficile de progresser, mais à partir de ce moment- là, et bien la transmission est plus claire, plus organisée, plus choisie, plus intéressée aussi.Alors peut-être que ça a ses travers, mais tout ça c’est pour vous dire que c’est une histoire qui nous a marqués, que l’on a compris en tant que tel, et que les mots de nos ancêtres jusqu’à présent sont immuables. J’invite, ce que je fais c’est une contribution mais aussi une invitation, j’invite les étudiants, les chercheurs, les professeurs, les universités, à prendre contact avec nous. Vous n’aurez peut-être pas le meilleur accueil que vous avez ailleurs, parce que la situation est telle que, pour le moment on n’a pas toute cette conscience, cette conscience de devoir se battre de nouveau comme l’a fait nos ancêtres, avant d’arriver là où ils nous ont établis. Et donc je pourrai peut-être avec d’autres, le Grand Man lui- même, vous donner d’autres éléments plus précis que vous pourrez vérifier à l’image de notre frère Jean Moomou qui est historien, qui a longuement écrit , qui a écouté les Anciens, qui a écouté les femmes aussi et qui a comparé ces éléments de l’oralité à ce qu’il a pu trouver dans les archives et la preuve en est par sa thèse qui a reçu une mention très honorable, avec félicitations du jury ,ce qui est sans précédent, et bien c’ est la preuve que la parole des Anciens, ça a son poids, ça a sa sagesse et ça a sa vérité aussi qu’il faut entendre. Donc voilà quelques éléments, ce combat a duré pratiquement un siècle, pour la plupart. Il y a eu des unions, il y a eu aussi des désunions et ces unions et désunions ont formé des groupes successifs: Saramaka, Ndjuka, Boni qu’on appelle aussi , Paamaka, Matawaï, Kwinti. Donc concernant le groupe Bushinengue, plus familier aux Bushinengue, des hommes et des femmes Africains qui sont sortis du système esclavagiste du Suriname, pour prendre possession de la silve amazonienne sur le plateau des Guyanes, nous avons six (6) Nations. Chaque Nation a sa représentation mais je dirai que ce sont des représentations similaires: Tout en haut, on a le chef suprême qui s’appelle le GRAN MAN, GRAN MAN, ça veut dire littéralement le « grand homme » , et en dessous , on a un certain nombre de chefs qui sont des chefs de village. Sous ces chefs -là, on a ce qu’on appelle des BASHIA. Et le mot bashia vient d’un ancien anglais qui veut dire un contremaître et cet ancien anglais c’est “bastian”. On a un mot aussi que vous

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 95

miolo cimarrones.pmd 95 15/10/2019, 16:31 reconnaitrez, vous la population lusophone, c’est le « fiscal«, on l’a aussi. C’est un mot qu’on a gardé, donc voilà quelques elements; on a des hommes qui sont chefs de village, on a aussi des femmes qui sont chefs de village, des femmes et des hommes qui sont bashia, chacun dans l’organisation comme l’a indiqué nos ancêtres. C’est une organisation tirée, bien sûr, inspirée de la situation dans les plantations, parce que ce bastian, ce bashia, c’était le Nègre, le Noir, parmi les frères et sœurs qui composaient la main d’œuvre gratuite, africaine, dans la plantation qu’on choisissait sur des critères d’aptitude à apprendre la langue dite du maitre par exemple ou celui qui aurait une influence sur le plus grand nombre, ou encore celui qui aurait appris des choses, un intérêt pour le maître, celui -là qui était le bastian, le bashia, celui qui était censé faire le lien entre le maître, qui était assis à l’ombre, et la main d’œuvre qu’ils avaient gratuitement à leurs ordres. Donc voilà des éléments que l’on peut jeter à votre appréciation, il y en a d’autres encore, déjà étudiés, mais d’autres aussi, qui peuvent permettre d’ouvrir l’histoire de cette partie de notre pays.” « …Alors j’ai entendu, parce que je ne connais pas le Brésil comme il se devrait, mais j’ai entendu dire qu’il y aurait une entité spirituelle qu’il y aurait ici, comme d’autres, qui s’appellerait Ogum! Cela me fait penser à ce que j’ai déjà entendu chez moi aussi.. et je serai pas étonné que ce Ogum soit lié à la guerre, qu’il ait des caractères liés au tonnerre , je ne serai pas étonné si cette entité qui doit défendre un groupe en cas d’attaque, soit équipé d’un sabre, d’un marteau, et je pense qu’il y a des traits comme ça qui ne se perdent pas ! Il y en a d’autres encore qui peuvent être compris aussi et ce Ogum , nous on a Odum ! Ogum …Odum ça me semble assez proche ! Et Odum a les traits dont je vous ai parlé .Donc peut- être un frère, peut-être une sœur ? , peut-être lui-même ? !! Voilà, on a notamment , chez les frères Saramaka, d’ailleurs les Saramaka, ils sont très intéressants et précisément pour vous parce que parmi les Bushinnengue ,eux ils parlent une langue dont la genèse a été en contact avec le portugais. Certains chercheurs sont remontés jusqu’à la conclusion que c’était des mains d’œuvre gratuites des Juifs, et ces Juifs étaient dans une période de l’Histoire au Brésil. Après, dans une situation de fuite, là de fuite !... parce que nos ancêtres sont partis mais c’était pour se battre, pour détruire les plantations. Quelqu’un qui fuit, il ne revient pas détruire la plantation, ne revient pas remettre à sac toute la plantation , il ne vient pas mettre en difficulté le système colonial et esclavagiste ,quand on

96 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 96 15/10/2019, 16:31 fuit on part ! Et quand on revient mieux armé, mieux organisé, en nombre, et que l’on prend la tête de tous, et qu’on laisse un dernier, juste pour témoigner par exemple, de notre passage, je ne pense pas que ce soit une fuite, c’est autre chose, et donc il y a cette réécriture de l’Histoire. Mais la réappropriation des mots aussi qu’il faut avoir, des mots justes, parce que ce qui peut s’écrire de cette manière – là ici ne peut pas l’être dans tout le monde! On a des frères et des sœurs, ce sont nos ancêtres, parce que c’étaient des frères et des sœurs, il y avait une cargaison qui arrivait au Brésil, ici, qui passait par la Guyane, qui passait par le Suriname etc. les familles qu’ils prenaient là-bas étaient disséminées dans les plantations, aussi il s’agit de frères et de sœurs…qu’on ne se trompe pas! Donc tous n’avons pas eu les mêmes opportunités, que ce soit sur les îles , que ce soit sur le grand continent, que ce soit dans la grande forêt amazonienne, et donc en étant en contact avec d’autres populations… : ceux qui ont permis de parfaire notre art de la guerre, en empruntant aussi, en convoquant tout d’abord nos ancêtres Africains, toutes les entités que nous avons pu garder dans notre esprit, parce qu’il faut se le rappeler, nul n’est arrivé ici avec sa valise, en ayant préparé son séjour, en ayant réservé sa chambre d’hôtel, son moyen de locomotion et de restauration, ..comme nous … ça a été le cas pendant ce Colloque !... Et je remercie encore le Centre de la Culture Nègre de São Luís du Maranhão de nous avoir permis de nous rencontrer après cette Histoire sous le poids et l’oppression de l’Autre, pour la première foi, on se rejoint par nous- mêmes, c’est important, par nous -mêmes !....sans pression et par la volonté de la manifestation de la famille, et de l’humanité qu’il y a en chacun de nous. Je vous remercie. Il y a encore à dire comme on dit chez nous: [Tolide te ma tsonde sa to !] ce qui veut dire que “les histoires continuent mais le jour du dimanche est court!”. Merci à vous ! ….Muito obrigado!

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 97

miolo cimarrones.pmd 97 15/10/2019, 16:31 Carlos Alberto González Escobar2

Carlos Alberto González Escobar, soy oriundo del valle de Cauca, Colombia, de una región muy importante que esta al sur del valle de Cauca, que se llama Jamundí. Su nombre es de ascendencia indígena. Es un municipio que tiene unas características muy importantes, porque digamos que es el conector entre la región Pacífica, por el lado de Buenaventura, entre la región caucana, por el norte del Cauca y el lado del Naya y entre la región de Cali como capital del departamento. Entonces es una municipalidad que tiene una influencia de las áreas indígenas que están en la zona alta, en el pie de monte del Parque Nacional Los Farallones y con toda esta otra zona biodiversa que corresponde a la pesca del rio Timba y el sector del Naya. Toda esta biodiversidad que hay en ese territorio pues también es, digamos influenciada por todos los fenómenos sociopolíticos que se dan en ese territorio, en relación a la marginalidad de los pueblos de los grupos étnicos allí, de pueblos negros y pueblos indígenas, pero también a la vulnerabilidad que tienen estos territorios respecto al conflicto armado en Colombia. Entonces Jamundí es un territorio indígena, mestizo y negro y las comunidades negras se ubican en la zona plana del municipio, a orillas del rio Cauca, que es el segundo río, o cuenca, más importante de Colombia. Esta situación pues nos pone en un contexto muy importante por ser la tercera ciudad con población negra del departamento del Valle del Cauca, la cercanía a la ciudad de Cali, es una de las ciudades con más población negra en Colombia y el ser transito que articula esos territorios pues genera en Jamundí una gran presión a raíz de todos los procesos que adelanta el mismo gobierno en aras de poder mantener lo que ellos consideran un orden social en los territorios, no? De esa manera pues se configura un territorio donde las comunidades negras que, inicialmente parten de un proceso de cimarronaje, fruto del proceso de esclavización que se vio en todo el Pacifico colombiano y que, al ingresar hacia los valles interandinos lo hizo, en este caso, por el sector del Cauca y la mayoría de las haciendas esclavistas estaban ubicadas en el norte del Cauca.

2 A entrevista com Carlos Alberto González Escobar foi realizada em Oaxaca, México durante o II Colóquio. Os entrevistadores foram Bárbara Oliveira, Rosa Acevedo Marin e Daniel Brasil.

98 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 98 15/10/2019, 16:31 De estas haciendas esclavistas se fugaron muchos negros y negras, pioneros en el establecimiento de las comunidades donde hoy esta nuestro territorio, que organizativamente está representado en los Consejos comunitarios, pero antes de los Consejos comunitarios, que es una figura organizativa, que digamos, se evidencia a nivel nacional y se le estima a través de la Ley 70 del 93, estaban las organizaciones de base, organizaciones dedicadas a diferentes fines pero que digamos impulsaban el proceso de resistencia y permanencia en el territorio de las comunidades negras del sur del valle y del norte del Cauca. Nosotros vivimos durante los años sesenta, setentas, todo el proceso de territorializacion de las comunidades negras del norte del Cauca. A partir del todo el tema de la aparición de los monocultivos - de caña de azúcar especialmente y como fueron despojados de sus tierras, de sus formas de producción, de sus características culturales de desarrollo y sobre todo como fueron, digamos en gran medida, desligados de esa biodiversidad que tenía el territorio en ese momento y que les proveía de refugio, pero también de sustento a esas comunidades y toda la resistencia del norte del Cauca compilada en escritos hechos por sus propios líderes, impulsados por organizaciones sociales y digamos, en algún momento aparece también la Academia, dando un apoyo en cuanto a poder documentar esos procesos, nos sirvieron a nosotros para, digamos para ganar elementos y experiencias y sobre todo aliarnos con nuestros hermanos negros del norte del Cauca para tratar de fortalecer un proceso que venía emergiendo en el sur del Valle y que hoy nos pone casi que en una situación similar a la que vivieron nuestros hermanos de norte del Cauca. Entonces pues este territorio del cual les hablo, que está en la zona plana sur del municipio de Jamundi, corresponde a un territorio donde estos ancestros se quedaron allí por ser un territorio, que considera la literatura de aquella época, eran territorios malsanos, enfermos, llenos de mosquitos, donde la vida humana no era posible, pero fue el enclave, el refugio apropiado que encontraron nuestros ancestros cimarrones para quedarse allí y para fundar estas comunidades que hoy hacen parte de este proceso de la Asociación Mayor de Consejos Comunitarios y organizaciones de base de las comunidades negras de Jamundi. Es un territorio muy rico, con tierras muy fértiles, allí nuestros ancestros desarrollaron unas técnicas de producción traídas de África, lo consideramos así porque ahí unos estudios han revelado como la finca tradicional, que le llamamos

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 99

miolo cimarrones.pmd 99 15/10/2019, 16:31 la finca tradicional afrocolombiana, es un policultivo que no obedece a los patrones técnicos de producción, que combinan muy bien prácticas como la alelopatía y como el uso de los cultivos de sombrío y también la articulación de cultivos de pancoger con cultivos de especies maderables, que están todos a orillas del rio Cauca, pero que es un territorio donde la propiedad está ligada a la familia. Pero es un territorio que por uso y prácticas, es colectivo, ya que no tiene barreras ni cercas en alambrados, ni nada de estas cosas que limite el circular, tanto de la biodiversidad existente allí, como de las personas que van de finca en finca recorriendo, intercambiando experiencias con sus vecinos, recuperando sus productos pero con una clara imagen de que el respeto por lo ajeno es lo que se debe valorar, entonces a pesar de que no ser un territorio baldío para ser titulado, pero que tampoco es un territorio titulado a través de una escritura pública de cada persona. No está titulado, es por uso y aprovechamiento y por herencia de familia en familia y de generación en generación; este territorio genera el sustento de la gran parte de las familias locales. En evaluaciones hechas hasta dos mil dos mil seis, dos mil siete, la finca tradicional es esa reserva cultural y natural que tienen las comunidades negras en la zona del norte del Cauca y sur del valle. Estas fincas tradicionales tiene la característica que proveen de alimentos a las comunidades locales pero generan excedentes que son comercializados en los mercados de las comunidades intermedias. Aparte, ello tienen un valor intrínseco, que es el que son productos orgánicos, que hoy en día se ve afectada su calidad por el vecino amenazante que es la caña de azúcar, la cual sí tiene fumigaciones aéreas, la cual utiliza grandes volúmenes de agua y genera una presión fuerte sobre la forma de cultivo ancestral. La particularidad de las fincas tradicionales es que, una familia posee, en promedio, una plaza y media de tierra en finca tradicional y una plaza media de tierra son seis mil cuatrocientos metros de una plaza, más la mitad de seis mil cuatrocientos, tres mil doscientos, cierto? Entonces tiene nueve mil seiscientos metros. Significa una hectárea por familia, es eso? Y esa es el área que una familia tiene para vivir, para trabajar. Una amenaza grande para estas fincas tradicionales ha sido el rio Cauca como tal, por su proceso de erosión y por tener en la margen izquierda las fincas tradicionales de las familias negras y tener del otro lado el monocultivo de la caña de azúcar, que tiene gran infraestructura para manejar el rio a su amaño, entonces

100 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 100 15/10/2019, 16:31 de hecho el rio, todas las obras rígidas que hacen los cañeros del otro lado, le cobra a la gente pobre del otro lado sus tierras, entonces gran parte de las fincas tradicionales, el rio las ha erosionado, mucha gente, en un acto de rebeldía también frente a la naturaleza, hicieron una especie de ritual y le tiraron las escrituras, los que tenían escritura, se las tiraron al rio, en un acto de que “ya no había nada más que hacer y qué haces con un papel si no existe la tierra”.

Pero, esta situación del rio Cauca se agravó, según la gente mayor, a raíz de la construcción del embalse de la represa Salvajina, que es un embalse que inicialmente lo construyen con el objetivo de poder regular las aguas de rio para habilitar tierras para los grandes agro-negocios y luego vino el tema de la generación de energía eléctrica y digamos que ese ha sido, en los últimos años, el punto central de la hidroeléctrica, y es producir energía y sin importarle nada el bajar los niveles del rio el o subir los niveles del rio a amaño de los cañeros, de quienes generan el fluido eléctrico y entonces esto genera en las orillas del rio pues un proceso fluctuante.

Anteriormente el rio subía en la mañana y bajaba en la tarde, ahora sube y baja cuatro veces en el día, entonces esto genera que la erosión se acreciente y ha sido una situación que no ha sido fácil de manejar para las comunidades y mucho menos encontrar el respaldo del Gobierno frente a este tipo de acciones, que son antrópicas, que generan impactos negativos, pero que a la final, pues pesa más la generación de energía eléctrica para un negocio muy grande, como es este donde se vende energía o se exporta energía a otros países, pero que se tiene muy poco en cuenta el proceso este proceso de perdida de la tierra de las comunidades que están en la zona contigua a la represa. Esta situación ha venido acrecentándose, las hectáreas en caña de azúcar avanzan rápidamente y digamos que la finca tradicional se convierte en un resorte que está presionando y tratando de mantenerse. Pero digamos que en los últimos años hemos perdido mucha tierra de finca tradicional, hoy en día se puede evidenciar y denunciar que hay un proceso de presión para la venta de la finca tradicional. Y están metiendo gente que consideramos que son como testaferros de los cañeros y están comprando fincas tradicionales y abriendo parches dentro del complejo de fincas tradicionales, que cada vez van acordándose más a los

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 101

miolo cimarrones.pmd 101 15/10/2019, 16:31 predios con caña y nos van fragmentando nuestro territorio, esa situación se viene dando. Hay también un grado, a rato, de inconsciencia frente al nativo, al local, frente a la situación pero también eso es reflejo de la fragmentación de la herencia; si es que una vez que desaparece el padre o la madre inmediatamente los herederos ya no están interesados, ni tienen una conexión directa con la finca y por ende terminan vendiéndola rápidamente. Mucha gente hoy, no podríamos decir cuántos; yo pensaría que menos de un quince por ciento de la gente nuestra trabaja en la caña, la caña genera muy pocos puestos de trabajo realmente. La gente que trabaja allá, pues la mayoría son jornaleros porque no tienen un cargo mayor y allí tampoco es que el flujo de las responsabilidades vaya en ascendencia, la gente siempre está en un mismo nivel de cortero. Y el principal fenómeno que se da es el mismo escenario digamos de la modernidad y del tema de la educación no pertinente y por otro lado de la debilidad en la identidad cultural de nuestra juventud hoy en función de que hay más gente ingresando a la formación técnica y profesional, pero también hay menos gente dedicando sus esfuerzos a trabajar por la defensa del territorio. ¿Entonces digamos que el hecho de que el joven entre a la Universidad casi que nos garantiza que en un noventa por ciento se exporto ya ese talento del territorio, bien? Y la gente que está vinculada a procesos en el territorio, pues digamos que cada vez es menos, el relevo generacional se da pero en menor porcentaje y esto todo debilita una estructura de autonomía que nuestros abuelos y padres garantizaban para sus familias, ¿bien?

Carlos, la Ley 70 garantiza el derecho al territorio a ustedes? Las familias tienen títulos familiares?.¿Cómo es?¿Hay algún proceso para una titulación colectiva de todo el territorio de la parte plana del valle del rio Cauca? No hay un proceso porque la Ley 70 no garantiza territorios para las comunidades negras, la Ley 70 lo que garantiza territorios colectivos para la población negra que está del otro lado de la Cordillera occidental, o sea en la costa del Pacifico colombiano, bien?.También ha garantizado territorios en otras zonas del Atlántico, cierto?.. hacia el interior del país son muy pocos los casos.

Em Tumaco hay territorios colectivos? En Tumacu, si porque es costa Pacífica, cierto? Allí donde habían territorios

102 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 102 15/10/2019, 16:31 baldíos, que no estaban titulados, que le pertenecían al Estado, el Estado por uso y aprovechamiento se los titula a las comunidades, si? Pero hacia la zona del interior del país donde los terrenos baldíos ya casi que no existen, son escasos, entonces no hemos podido adelantar un proceso claro de titulación para las comunidades, allí lo que hemos tratado de adelantar es un proceso de compra de tierras para grupo étnico, bien?

Por el Estado? Si, por el Estado mismo a través de una institución que se llama el Incoder, si? Y el Incoder pues, tiene ese rubro para compra de tierras para las comunidades, sin embargo la debilidad en ese proceso está en que el Incoder compra con el avalúo catastral entonces la gente que quiere vender su tierra la quiere vender a un precio que ellos consideran en lo que vale para ellos, pero cuando ya se presenta el avalúo catastral, el precio es mucho menor, entonces la verdad, la mayoría de los negocios se caen por eso, aparte de que el Incoder te pide que tu estés al día con todo, estés al día con los papeles, estés al día con escritura y muchas veces la gente va vendiendo de mano en mano y no tiene actualización de sus predios ni nada de eso, entonces eso debilita mucho el proceso.

¿Hay alguna movilización de las comunidades de ese territorio para la titulación colectiva? Si, de hecho, de la Asociación que conformamos, estamos trabajando para buscar esas oportunidades que se pueda titular colectivamente algunas tierras. Hubo un proceso ahorita, el año anterior, se dio en el norte del Cauca con unas comunidades negras hermanas nuestra. A ellos les titularon un territorio, inicialmente se daba a raíz de una presión, ellos se tomaron las oficinas del Incoder durante una semana presionando para que les hicieran compra de unas tierras y el Gobierno al final compro las tierras. Compra las tierras para los indígenas y también para los negros, y entonces en gran medida ese ejercicio que hizo el Gobierno puso en un conflicto a la comunidad indígena con la comunidad negra por definir como se partía la tierra para poder comprar el mismo predio para las comunidades pero no define qué es lo que le va a corresponder a quien, entonces, en un ejercicio de concertación y de dialogo entre indígenas y negros lograron definir como quedaba la distribución de la tierra y que proceso avanzar, cierto?

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 103

miolo cimarrones.pmd 103 15/10/2019, 16:31 Para el caso nuestro no hemos logrado avanzar en esto, los terrenos que hemos tratado de adquirir son terrenos que en gran medida vienen siendo incautados por el Gobierno a el narcotráfico. El gobierno incauta gran cantidad de tierras, pero esas tierras no llegan a las comunidades o las comunidades no tenemos real acceso a poder que esas tierras queden en manos de las comunidades locales, y un fenómeno que se está dando ahora. Se está hablando de pos-conflicto y todo esto, es que las tierras que están siendo incautadas por el Gobierno, que son tierras fértiles, están en los valles interandinos casi que inmediatamente se habla de que fueron incautadas, ya están entregadas a los cañeros, entonces los cañeros se están volviendo como unos muy buenos amigos del proceso y entonces inmediatamente se habla de que la tierra ha entrado en expropiación o que va a ser incautada; inmediatamente ya ves que están preparándola para sembrarle caña de azúcar, entonces lo que estamos considerando es que esta alianza que tiene el Gobierno propietario y los cañeros, es una alianza que va en contra de nuestra, de nuestras necesidades de territorios, de nuestras necesidades también de permanecer en él, porque están expropiando las tierras pero a la final se las están devolviendo al mismo propietario a través de una figura de tenencia por los cañeros para que produzca, pero la tierra jamás se va de manos de él. El termina siendo el mismo propietario de la tierra y esto para nosotros es muy complicado porque al menos cuando estaba en manos, supuestamente de la persona que no tenía buen uso, -del narcotraficante o de cualquier otra figura- había más posibilidades porque al menos sí la tiene en ganadería hay más posibilidades de que la gente trabaje en la ganadería o posibilidades de que la gente adquiera la leche o posibilidades de algo y posibilidades de que ambientalmente es mejor tener potreros con algo de árboles a tener solo caña de azúcar con nada mas veneno. Si con veneno, entonces ¿Cómo es la cosa? Y esos terrenos son los terrenos colindantes con las comunidades…. Bueno lo que estamos adelantando o como nos hemos venido a ver el proceso organizativo que sea venido dando a partir de los consejos comunitarios que define la Ley 70 del 93 y que los reglamenta el Decreto 1745 de 1945, lo que ha permitido que las comunidades negras dela zona plana sur de Jamundi empecemos a repensarnos un poco el territorio y a ver de manera colectiva como adelantamos acciones en función de defenderlo y en función de poder garantizar la permanencia de las comunidades en el territorio, porque la situación

104 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 104 15/10/2019, 16:31 es tan grave que hoy en día sentimos una grave amenaza por un desplazamiento forzado en nuestro territorio, y forzado no solo por las armas, sino forzado por la pérdida de la tenencia de la tierra y por el desarraigo que se está viviendo en los territories. Entonces como organización de consejos comunitarios, hemos venido adelantando una serie de encuentros de los trece consejos comunitarios y definiendo como vamos a lograr bajar el tema de las políticas públicas para las comunidades negras, que es una política que se definió en el gobierno nacional hace dos años, como está representada en las políticas públicas a nivel departamental y como nosotros realmente influimos cosas importantes en la política pública a nivel municipal para que podamos tener un encadenamiento en esos procesos y que no haya la posibilidad de que los gobiernos no atiendan las situaciones y las peticiones nuestras, en función de que estamos armonizados en temas de política pública para la población negra en Colombia y en el territorio. Este ejercicio nos permitió, digamos, tener un escenario de acuerdo político a nivel municipal, a nivel local y se logró que se creara el año….este año la Secretaria de asuntos étnicos para el municipio donde está, el municipio de Jamundí, o sea que hoy con una Secretaria de Asuntos Étnicos, lo que aspiramos como asociación es poder incidir directa y positivamente en este espacio de articulación en el gobierno local para garantizar que los escenarios de procesos y planificación participativa que se den, tengan garantía de que la Secretaria va a ser, digamos, la garante de que esto se cumpla en los territorios, ¿Cómo? Porque políticamente estamos tratando de de ser un territorio con unidad para garantizar al menos que el manejo de la secretaria este en los grupos étnicos indígenas y comunidades Negras; ya tuvimos las primeras dos reuniones con los cabildos indígenas y con los consejos comunitarios, un escenario pues, que por primera vez se daba, bien? Y logramos ponernos de acuerdo y tener claridad en que estos espacios de poder que se están abriendo por la dinámica del proceso porque tanto comunidades indígenas como comunidades negras estamos articulando cosas, nos garanticen procesos más claros de inclusión, a nivel del gobierno pero a nivel de la ejecución, de los recursos y a nivel de la defensa o a nivel de la pertinencia de las políticas para que garantice la permanencia de las comunidades en sus territories. Hemos hecho alianzas con la academia, alianzas que estamos tratando de mantenerlas, pero de tener la claridad como organizaciones y comunidad, de no perdernos en la dinámica tan acelerada que vive la institucionalidad frente a la

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 105

miolo cimarrones.pmd 105 15/10/2019, 16:31 dinámica un poco más lenta que se vive en los territorios, si? y tenemos unas alianzas muy importantes con seis universidades en Colombia y con una universidad en los Estados Unidos. En Colombia, la Universidad del Valle, y con la Universidad del Valle se viene trabajando en unos temas de mejoramiento, en el tema de saneamiento básico más que todo en temas de investigación para mejorar el aprovisionamiento de saneamiento básico en los territorios y en el tema de educación ambiental para conservar esos humedales, que son el sustento nuestro; con la Universidad del Cauca se están haciendo… ya llevamos dos años de monitoreo de calidad hidrobiológica de los humedales, la intención es poder tener elementos para poder nosotros argumentar nuestros procesos, con la Universidad Javeriana. Estuvimos trabajando en unos procesos de apropiación social del conocimiento y es como buscar escenarios donde el conocimiento tradicional tenga la posibilidad de dialogar con el conocimiento científico realmente, con la Universidad Noah, que es la Universidad extranjera que hemos venido trabajando, con ellos trabajamos en el tema de resolución de conflictos, desde una mirada muy local, pero tratando de articular la caracterización de actores para poder manejar de mejor manera los conflictos en el territorio y más que todo enfocado al trabajo con jóvenes, a través de una estrategia que hay en el territorio que se llama “Jóvenes constructores de paz”. Entonces en estos relacionamientos estamos tratando de mirar es como se ligan realmente al proceso organizativo de la Asociación y de los consejos comunitarios, también desde la institucionalidad. Con la Corporación Autónoma Regional del Valle del Cauca, la CBS que es la autoridad ambiental del territorio, pues se están construyendo acuerdos, acuerdos de manejo del territorio, que nos permitan, digamos, de mejor manera atender esta situación de la caña de azúcar que es nuestra principal amenaza hoy en día. Sabemos que no es un proceso fácil, pero digamos que es hacia allá donde está enfocándose el movimiento a nivel local, a nivel nacional hemos logrado tener un espacio en la Comisión Nacional de Consulta previa, entonces allí yo soy en el representante por el territorio en esa comisión nacional que apenas comienza a funcionar, pero digamos que es el escenario, el único escenario que está funcionando hoy en día de articulación de los pueblos negros en Colombia con el Gobierno, bien? Hay otras instancias, pero esas otras instancias aun, digamos que siguen siendo muy regionales o muy sectoriales y no están siendo…no están

106 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 106 15/10/2019, 16:31 operando en la medida en que nosotros lo necesitamos. Otra estrategia que hemos asumido y que nos ha dado buen resultado es el hacer alianzas con otros movimientos que se están dando en el territorio, con estos otros movimientos pues digamos que tenemos un buen relacionamiento…. Estos movimientos, como el Proceso de Comunidades Negras en Colombia, el PCN, Hay una organización que nace a partir del Congreso de Chocó en 2013, En Chocó se reunieron los pueblos negros de Colombia y definieron una agenda y una hoja de ruta. Esa hoja de ruta es la que se puesto base para poder que se consolide lo de la Comisión Nacional de Consulta previa y pues allí nosotros estamos articulados allí, en esa instancia y otras organizaciones que hay a nivel regional, que están en el norte del valle y otras que están a nivel del norte de Colombia. También nosotros estamos haciendo parte de estas organizaciones, articulando con ellas y pues esto es como lo que estamos haciendo en gran medida del territorio hacia afuera. Hacia adentro nos hemos enfocado, uno: en que las comunidades negras conozcan cuáles son sus derechos, que las comunidades negras conozcan cuál es la necesidad de defender el territorio y que las comunidades negras conozcan cuáles son las instancias de decisión que hay a nivel local, regional y nacional, con el objetivo de que el proceso sea fuerte en la base, de que nosotros tengamos el respaldo entero de la comunidad, de una comunidad que requiere de estos procesos pero que si no está lo suficientemente informada y participando, nosotros digamos que en algún momento, los procesos se debilitan y se caen, entonces lo que estamos haciendo es un proceso al interior de las comunidades que nos garantice eso.

¿Como la Asociación hace para llevar esa información, dar ese impulso a la organización? Bueno, la Asociación tiene una estrategia, la primera es la asociación visita los consejos comunitarios en sus zonas, la intención con esto es que fortalezcamos al Consejo Comunitario al interior de su comunidad, al menos con la presencia de la Asociación, que la componen personas de los diferentes consejos, pero que al llegar a la comunidad, y al poder dialogar con la comunidad es poder infundirle ese espíritu de compañerismo y de trabajo en equipo que necesita el consejo comunitario para poder cumplir un buen papel y representar a su comunidad, pero aparte de ello traer beneficios hacia su comunidad y defender sus necesidades,

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 107

miolo cimarrones.pmd 107 15/10/2019, 16:31 que es una estrategia que consideramos es la más básica pero también es como de las más importantes que se pueden desarrollar, porque tenemos muchas dificultades, en términos del reconocimiento de la misma gente y es que la misma gente tiene muchas limitaciones para trabajar con el igual. Si y aún tenemos en nuestra memoria ese partidismo que nos ha generado la politiquería en los territorios, entonces el llegar con los consejos comunitarios no es una tarea fácil y mucha gente, en gran medida desconoce cuál es el rol del consejo comunitario ¿Por qué? Porque no participan, porque se resisten al dialogo y a la participación o porque definitivamente, a nivel del consejo comunitario como junta de consejo, no hay una estrategia clara de comunicación al interior de las familias y de participación. Entonces lo que hace la Asociación es apoyar al consejo comunitario en esa tarea, a través de una asamblea comunitaria que el consejo convoca, invita a la Asociación y la Asociación lo que hace es fortalecer esa dinámica del conocimiento de la normatividad pero también del reconocimiento de lo que somos en el territorio como comunidad negra. Y logramos ir como Asociación al Ministerio del Interior en Colombia, uno para posicionar la Asociación, para darla a conocer, para dejar su documentación allá, pero también logramos traer un material importante que había publicado el Ministerio, un ladrillo grandote con toda la normatividad y el compendio de cosas y trajimos eso a cada uno de los Consejos Comunitarios con la idea de ir generando capacidades pero también de ir trayendo material que nos sirva de consulta y de apoyo al proceso que se viene dando. Otra estrategia importante que se está impulsando desde la Asociación es sobre el tema de la etno-educación y con los maestros etno-educadores, que tienen un gran compromiso con la Asociación y con los consejos porque defendimos sus intereses en el momento en que el gobierno nacional pretendió meterlos a hacer concursos con los demás maestros del país, se logró que hubiera un ejercicio diferenciado…

¿Y cómo se formaron esos maestros etno-educadores? Muchos de los maestros que se denominan etno-educadores son maestros provenientes de las propias comunidades, cierto? que han tenido formación académica pero que mantienen un proceso de trabajo extra mural con las comunidades, entonces ellos entraron como primeros maestros etno-educadores, hay otros maestros que han venido ya capacitándose en las universidades en Etno-

108 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 108 15/10/2019, 16:31 educación. Entonces estos maestros que pueden ser o no del territorio han ido concursando por las plazas o los puestos de maestros etno-educadores; entonces lo que hemos hecho con los consejos comunitarios es primeramente defender al maestro que viene de lo local, que tiene trabajo extramural con la comunidad para que permanezca siendo etno-educador. Luego allí los avales del consejo comunitario han sido muy importante para ellos en la defensa de eso ante la Comisión Nacional, que es la determina el tema de los cargos y todo esto a nivel de Colombia, entonces estos maestros digamos que de alguna manera han entendido el mensaje y están ahora apoyando el proceso de la Asociación y el proceso de los consejos comunitarios haciendo este proceso de capacitación desde los jóvenes en sus escuelas y en la educación secundaria, entonces digamos que estamos haciendo un ejercicio de dentro hacia afuera, pero también de afuera hacia adentro con la Asociación de consejos comunitarios, todavía falta mucho por hacer en ese sentido y para el tema de territorio como tal. Y para el tema del territorio pues estamos avanzando en unas mesas de trabajo conjuntas que estamos tratando de convocar con las autoridades municipales, ambientales, de control para tratar de revisar, invitando también a gente de los ingenios cañeros, para tratar de revisar el tema del territorio y para tratar de establecer unos acuerdos, al menos que nos permitan, digamos, poner en “stand by” la situación actual para que la situación no siga creciendo porque el esfuerzo que nosotros estamos haciendo, realmente al evaluarlo, encontramos de que no estamos ganando la pelea, nos está ganando el proceso.

¿El monocultivo en Colombia no pasa por un tipo de licenciamiento ambiental? ¿Na verdad? No, el monocultivo es un escenario muy autónomo de los ingenios que hacen lo que les da la gana en todos los lados, porque a pesar de que, como comunidades hemos trabajado en la elaboración de los planes de manejo ambiental de los humedales, que es una normatividad a nivel nacional, que esta de pronto bajo el paraguas de la Convención Ramsar, los ingenios hoy en día siguen cultivando caña en las zonas priorizadas dentro de la zonificación, siguen utilizando las áreas que debieran de ser áreas de protección o de conservación para el cultivo de caña, siguen cultivando caña hasta la orilla de los ríos, entonces la verdad, aunque existe la normatividad. Aunque existe la autoridad que debiera

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 109

miolo cimarrones.pmd 109 15/10/2019, 16:31 hacer cumplir la normatividad, esta no se cumple, y no se cumple porque también, tanto la autoridad esta permeada por los mismos poderes y también quien debe de hacer el control esta permeado también por los mismos poderes;, entonces lo único que queda en el escenario es como labor de lucha, de reclamación, de hacer ruso de los mecanismos de participación y hacer uso de la protesta, de la marcha, de todos los mecanismos posibles para hacernos escuchar porque hasta hoy, la realidad es que nuestro territorio cada vez se achica más, cada vez se achica más, lo último que nos ha sucedido es que hasta los años noventa existió en el territorio. En Robles, comunidad negra de Robles, una piscifactoría que era la más grande de Suramérica, una piscifactoría, una cría de peces, de tilapia roja y fue montada allí por los israelíes, con asocio con empresarios colombianos y tenía más de cinco mil puestos de trabajo; esta empresa cerró porque el gobierno la intervino, argumentó que habían dineros del narcotráfico allí vinculados y fue cerrado, se perdieron todos los puestos de trabajo, no quedo capacidad instalada en las comunidades y hoy en día, en solo seis meses, esas ciento catorce hectáreas, que estaban en lagunas, en lagos, para cría de peces, son caña, si? y es una cosa que está pegada al centro poblado de la comunidad y así como eso, cada día, cada día vamos a encontrarnos más áreas metidas en caña… Hay muchas cosas que están muy débiles, muy débiles, o sea nuestro poder también de sacar a flote nuestras problemáticas no ha sido tan expedito y tan fácil, bien? Nos hace falta tener más contacto y más comunicación y más apertura para poder poner eso en el contexto internacional también En gran medida es esto que le contaba anteriormente, el propietario sigue siendo el mismo, solo que el uso de la tierra cambia, ahora hay caña de azúcar, bueno aunque no cambia el uso porque el gobierno dice es uso agrícola y como la caña es agrícola pues tiene toda la cabida del mundo, entonces el terreno sigue en propiedad de la misma persona, solo que la caña la produce en asocio con los ingenios, si? Y esa situación pues para nosotros es complicado de manejar, es complicado de manejarlo porque muchas veces, qué dicen los ingenios cuando llegamos a las reuniones? Los ingenios dicen “ah, pero es que nosotros solamente cultivamos, pues los dueños siguen siendo ustedes, y ustedes, ustedes, ustedes, bien? Pero lo que le genera a uno no es la tenencia en gran medida sino el impacto que genera el proceso.

110 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 110 15/10/2019, 16:31 Esas tierras son de terratenientes, que algunos pues han tenido dificultades por el tema de lo ilícito, otros están detenidos, bien? Pero, su ejercicio sigue hegemónico en el territorio.

Carlos, usted me hablaba ayer que en el territorio de ustedes, no? Tienen muchas comunidades, son trece comunidades, no? ¿Usted pudiera hablar de las relaciones de parentesco y del territorio?

A ver, estas comunidades comparten un territorio con unas características biológicas similares, son comunidades que tienen sus prácticas ancestrales allí, son comunidades que llevan muchísimos años asentadas en el territorio y con relacionamiento continuo, pero en este territorio no hay la figura que nos permita llegar a la titulación colectiva, uno porque no hay territorios baldíos, o sea territorios que le pertenezcan al estado colombiano y que el Gobierno colombiano nos lo pueda titular como territorios colectivos. Nosotros hemos emprendido una campaña en el interior de las comunidades pensando en que la gente que tiene su finca y esta en esos espacios, la gente dijera “queremos ser un territorio colectivo sin perder nuestra autonomía en nuestro pedazo”,”pero nosotros queremos ser un territorio colectivo: ¡titúlelo…titúlelo!” que “ nosotros queremos mantener, nosotros mantenemos aquí nuestra herencia de todos. Pero definimos un código colectivo de manejo del territorio, que es lo que estamos promoviendo ahora, bien? En lo poco que queda, con la idea de que eso nos sirva como blindaje frente a lo que está sucediendo con el tema de la caña de azúcar y al menos que se pueda reglamentar de manera colectiva la tenencia de la tierra, que la gente no pueda vender la tierra si no está en el consenso colectivo, eso es un tema que aún se sigue manejando pero no ha sido fácil de podérselo; que la gente lo apropie, bien? Porque una cosa es la tenencia y el poder que tiene la tenencia y lo mío frente a lo que es de todos, ese territorio. A pesar de que las comunidades están allí ejerciendo su presencia y su autonomía, seguimos con las limitantes de que al no tener territorio colectivo nos seguirán fragmentando desde las políticas que se definen a nivel nacional, regional y local y también nos seguirá fragmentando nuestro proceso autónomo de independencia personal y familiar frente a la tenencia de la tierra, nos seguirá fragmentando los recursos económicos; que tienen algunos para persuadir a la

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 111

miolo cimarrones.pmd 111 15/10/2019, 16:31 gente que venda o nos seguirá fragmentando la presión y también la amenaza que nos genera el tema del acceso al agua, el tema del acceso a la tierra, el tema de las servidumbres para poder acceder a los mismos predios; que ya cada vez se va poniendo más complicado. Ya hay más cercas, ya hay más puertas en los territorios de los terratenientes que nos impiden acceder a los recursos con toda la apertura que lo hacíamos anteriormente. Entonces estas situaciones nos generan a nosotros que una de las únicas alternativas que existe es que podamos tomar una decisión de volvernos territorios colectivos así sean parches y que después los una esa cultura y esa ancestralidad los una, pero es la única manera de ir ganando como mayor fuerza como consejos comunitarios. Porque, algo paradójico que sucede es que, aunque la norma o la ley nos permite crear los consejos comunitarios, los valida y que la última legislación que está que ha emergido en Colombia en todo lo de la sentencia de la Corte Constitucional. La última sentencia que es la 576 de 2014, nos dan ahora la potestad de que consejos comunitarios con territorio colectivo o sin territorio colectivo debe dársele el mismo trato, sin embargo eso en la práctica no es así, en la práctica nosotros seguimos relegados, nosotros seguimos invisibilizados y también seguimos condicionados a poder participar en algunos espacios para negros, en otros no, bien? Esta el mismo caso de la elección del representante de las comunidades negras en la autoridad ambiental que maneja el departamento y no tenemos acceso nosotros porque no tenemos territorio colectivo, bien? No podemos elegir, entonces allí quienes eligen son los consejos comunitarios que están en la costa pacífica que tienen territorio colectivo, nosotros no podemos, entonces de hecho que la…..la participación, el apoyo y el interés que debe mostrarse desde ese representante hacia nuestro territorio es muy débil o casi que ninguno, entonces estas son las inequidades que genera el sistema pero también las inequidades que genera el que nuestros procesos crezcan lentamente, bien? Pero por eso es tan valioso para nosotros llegar a los espacios de diálogo y concertación a nivel nacional e internacional, por eso es tan importante llevar nuestra voz y presentar las situaciones pero, más que a manera de queja es como a manera de poder apoyar otros procesos, de poder dialogar con otros procesos y enriquecer lo que estamos haciendo, pero también nos interesa es poder avanzar

112 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 112 15/10/2019, 16:31 en procesos de investigación compartida que nos garantice mayores elementos y conocimientos de nuestras realidades.

En los proyectos que tienes con las universidades, más la universidad de Austin, que estás trabajando? No, con la Universidad de Noah en la Florida, con Austin aun no avanzamos. Pues más que todo en lo que avanzamos es el tema de manejo de conflictos socio-ambientales en el territorio, que eso es lo que hacemos con Noah, con las otras universidades pues el tema de monitoreo de la calidad de los humedales nuestros, es una herramienta muy importante porque nos permite entender y ver que nosotros estamos en una bomba de tiempo…

¿Y los jóvenes están estudiando aquí, formándose para hacer eso? Muy poco. A raíz de eso nosotros emprendimos un proyecto con mucha autonomía en la asociación y es la creación del Centro de Documentación e Investigación Comunitaria para la Conservación de Humedales y lo que pretendemos allí es como nosotros logramos también generar procesos que partan desde la necesidad comunitaria, con las universidades lo que sucede es que hay mucha dificultad en cuanto a armonizar los intereses de las universidades con nuestros intereses, si? No es fácil, no es fácil, uno, porque no todas las universidades están con enfoque diferencial, territorial. Porque muchas veces los ejes de investigación que tienen las universidades se enfocan a otras cosas y no van por la línea que nosotros necesitamos, tres, porque solamente partir de intenciones de los estudiantes que quieren desarrollar sus procesos de investigación allá no es suficiente, si no hay un engranaje al interior de la universidad que garantice que eso va a tener algún futuro desde allí, que vamos a poder continuar haciendo cosas, y lo otro es porque también en las comunidades tenemos limitaciones grandes en cuanto a que nosotros no tenemos ni personal ni organizaciones tan disponibles para administrar toda la cantidad de información que se genera, para articularla y para poder echarla a rodar. Eso en cabeza de tres, cuatro o cinco líderes se vuelve un problema, es mucha cosa para tanta cosa. Entonces también nosotros estamos tratando es de cómo nos fortalecemos como asociación en eso, como buscamos recursos porque no tenemos recursos, actuamos con nuestros propios recursos, actuamos con las pocas cosas que que logramos aportar

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 113

miolo cimarrones.pmd 113 15/10/2019, 16:31 cada uno. Entonces digamos que todo este proceso tiene que llevarnos, uno, al fortalecimiento organizativo de base y dos, tiene que llevarnos a tener menos alianzas pero mejores alianzas, si? porque tantas alianzas no son buenas cuando uno realmente no puede manejar todo eso, entonces se vuelve un problema, mejor es tener una buena alianza y no tener tantas alianzas y que no le saquemos el mejor provecho. ¿Qué te parece? ¿Este coloquio puede tener repercusión en la asociación y el trabajo que están realizando? Bueno, pues el coloquio es una gran plataforma para fortalecer procesos locales, yo pienso que esto es, como dice la canción de Rubén Blades, depende con el ojo que se mire. Porque uno lo que hace y debemos hacer es apretar desde aquí es que el relacionamiento que hacemos, si? pueda uno mirarlo con ojo de lupa a partir de estos encuentros internacionales y es poder tener la claridad para proponer y la claridad para articular las alianzas con algunos. Yo sé que no es con todos, con algunos actores de los que están o los vienen y participan de ese proceso; hay actores en todos los niveles, el generar intercambio con los pares, muy bueno, el generar alianzas con los que están en otros niveles del proceso diferentes a nosotros es muy interesante. Pero sobre todo el reconocer de que hay una comunidad internacional que esta también trabajando en las mismas cosas que nosotros, con diferentes enfoques pero están en su casa lo mismo y es que la gente es el comienzo y fin de cualquier proceso y si la gente es el comienzo y fin de cualquier proceso, pues entonces todos los procesos podrían hermanarse porque tienen el mismo principio y el mismo fin, bien? Y eso es lo que hemos extractado de los coloquios, en Brasil, el reconocernos en un contexto internacional es muy importante porque no solo para que te den aplausos por lo que dices, sino para poder encontrar algunas personas que se identifican con las cosas que uno hace y que puede generar algún tipo de red porque dentro de esto uno habla de la gran red; pero dentro de la red hay otras cosas pequeñas y más pequeñas y más pequeñas, lo interesante del coloquio es como hacemos para evidenciar esas otras redes que subyacen del gran proceso que se genera en el coloquio y no solamente pensar que el coloquio es la reunión de los países internacionales porque eso no es la realidad de todo lo que pasa aquí.Aquí lo que pasa es que están haciendo alianzas pequeñitas, intereses pequeñitos que muchas veces no los evidenciamos ni en la sistematización del proceso, ni en lo otro. Entonces eso no

114 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 114 15/10/2019, 16:31 permite hacerle tampoco seguimiento a cosas pequeñas, por decir algo, en el pasado coloquio en Brasil nosotros dejamos como muy sentado algo que arrancábamos con la universidad, cierto? Entonces yo sé que eso nos permitió de alguna manera poder llegar a Austin y allá hablar más de cartografía social porque era lo que nosotros estábamos haciendo en ese momento y era la fortaleza que teníamos, digamos que la cosa se quedó muy en el tiempo y hoy la estamos retomando, pero ese debe ser el trabajo también de este escenario de los coloquios, no solo pensar en lo que sale del consenso general sino también conocer esas otras alianzas que surgen para poder hacerle el seguimiento, para poder revisarlas como van en lo sucesivo. Entonces es esto lo que deja entender a mi es que, en este y en lo sucesivos eventos que tengamos, el trabajo tiene que estar organizado de manera no tan plano? Sino que tiene que haber momentos en el que el trabajo sea, no jerárquico sino que sea por escenario de interés también para que nos permita leer esas otras cosas que están pasando en el espacio de trabajo porque eso no está quedando evidente. Ejemplo, lo que digo es que por lo menos lo que ha pasado aquí es que nos hemos reunido o me he reunido con tres, cuatro jóvenes de acá y me han hecho la misma pregunta, me han dicho “bueno pero y esto entonces…¿esto como fortalecer el trabajo aquí? Y nosotros, “no se” O sea si vemos esto pero y esto como fortalece nuestro trabajo, aquí los afro-mejicanos lo que vamos a hacer aquí nosotros cómo es? porque no entiendo.” Entonces yo les decía “pero más que te lo digan es como lo lees, qué puedes coger de aquí que va a servir para trabajar acá”. Entonces siento que no es tan grafico lo que está pasando en el coloquio, donde el coloquio se queda en un nivel, de pronto, de la gente que ya trabaja en estos procesos hace muchos años y que tiene muchas cosas para contar, muchas cosas para percibir de los otros y para enriquecer sus procesos, a la gente con liderazgo emergente que esta apenas queriendo entender cómo es que coge cosas de aquí para poder trabajar acá, en sus comunidades, entonces yo por eso pienso que el coloquio debe tener espacios de trabajo más particular, como dice usted, a ver cómo se construye, pues, cómo es que la cosa se hila porque estamos de pronto desperdiciando esos intereses de la nueva gente, esos intereses de las organizaciones que están mirando es como cojo algo que me sea practico para yo ponerlo acá o de pronto debe ser en la etapa preparatoria de los coloquios.

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 115

miolo cimarrones.pmd 115 15/10/2019, 16:31 En la medida en que tengamos más procesos, como decía usted ahora, más encuentros, mas diálogos, van surgiendo más herramientas de pronto que cuando llegamos al coloquio pueden ser puestas al servicio de todos los que están, bien? Entonces esa es mi lectura, bien? Pues hoy estamos consolidando. Nosotros nos vamos de aquí, me voy de aquí con la idea clara de que tenemos una idea de proyecto que estamos consolidándola y que vamos a estar acuciosos siguiéndola para que la saquemos adelante, me voy con una claridad de que hay una persona que está trabajando con procesos de mujeres afro, está en Honduras y que está en Washington pero que aspiro establecer una red muy clara con el proceso de mujeres negras en la Asociación para que haya otra línea de trabajo distinta o no distinta sino complementaria; o que refuerce lo que estamos haciendo nosotros por territorio pero que también la línea de trabajo con la mujer tenga un ejercicio mucho más abierto, mucho más amplio y no se quede tan local en el territorio nuestro y la última cosa que me llevo es que de este coloquio hay que hacer cualquier esfuerzo para que quede esa comisión funcionando, de lo contrario digamos que uno de los objetivos grandes que tiene este coloquio que es la red organizada o la red funcionando, nos vamos otra vez en blanco, son como las cosas, las tres grandes cosas que veo, algo interesante que se discutió ayer en la mesa de trabajo es como hacer para poder desarrollar un escenario de capacitación que se haga cada año, con temáticas distintas sobre los temas afro-descendientes a nivel internacional, que nos sirva para todos. Cómo construir ese escenario para que ese recurso de capacitación que se puede hacer virtual empiece a funcionar y se haga un punto de encuentro y de dialogo entre más gentes que no pueda asistir a los coloquios pero que si está interesada en participar y en nutrir esas cosas y la otra cosa es cómo vamos a hacer nosotros para funcionar, si? Cómo vamos a garantizar esa funcionalidad, esto, queramos o no, hay que buscarle recursos económicos que favorezcan algún tipo de movilidad o de comunicación, bien? Porque muchas de las organizaciones que estamos acá tampoco contamos con esas posibilidades de hacerlo y allí pues la alianza con la academia es fundamental, pero entonces esa alianza con la academia. Quien va a ser garante de esa alianza con la academia? Y cómo vamos a estructurar eso de tal forma que cuando ya no estemos nosotros eso continúe, Muy bien Carlos, muchas gracias, de verdad, fue muy bueno Muchas gracias! Muchísimas gracias!

116 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 116 15/10/2019, 16:31 Intervenção do Prof. Luisão, do CCN

Senhora Aurélia Martina Arzu Rochez da Organización Fraternal Negra de Honduras e senhor Jairo Obregon Fundacion Vida y Ambiente para el Futuro “Viafut”

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 117

miolo cimarrones.pmd 117 15/10/2019, 16:31 Senhora Aurélia Martina Arzu Rochez da Organización Fraternal Negra de Honduras e senhor Jairo Obregon Fundacion Vida y Ambiente para el Futuro “Viafut”

Senhora Hilda Margarita Guillén Serrano e senhor Rubén Dário Hernández Cassiani, Instituto de Educación e Investigación Manuel Zapata Olivella

118 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 118 15/10/2019, 16:31 Dina Picotti, coordenadora da Mesa V

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 119

miolo cimarrones.pmd 119 15/10/2019, 16:31 Mauricio Paixão e Aniceto Cantanhede, coordenador e exCoordenador do Centro de Cultura Negra

120 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 120 15/10/2019, 16:31 Ocupaç?o dos Raizales na area central de San Andres, outubro de 2018

CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 121

miolo cimarrones.pmd 121 15/10/2019, 16:31 Relación de Participantes

122 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 122 15/10/2019, 16:31 CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 123

miolo cimarrones.pmd 123 15/10/2019, 16:31 124 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 124 15/10/2019, 16:31 CIMARRONES, MARRONS, QUILOMBOLAS, BONI, RAIZALES, GARIFUNAS e PALENQUEROS NAS AMÉRICAS 125

miolo cimarrones.pmd 125 15/10/2019, 16:31 126 Rosa Elizabeth Acevedo Marin et al. (Org.)

miolo cimarrones.pmd 126 15/10/2019, 16:31