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PROJETO GEOPARQUES

GEOPARQUE RIO DO PEIXE – PB

PROPOSTA

2017

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA - MME

Fernando Coelho Filho Ministro de Estado

Paulo Pedrosa Secretário Executivo

SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO MINERAL - SGM

Vicente Humberto Lôbo Cruz Secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral

SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL - CPRM

DIRETORIA EXECUTIVA

Esteves Pedro Colnago Diretor-Presidente

Antônio Carlos Bacelar Nunes Diretor de Hidrologia e Gestão Territorial – DHT

José Leonardo Silva Andriotti Diretor de Geologia e Recursos Minerais – DGM

Esteves Pedro Colnago Diretor de Relações Institucionais e Desenvolvimento – DRI

Juliano de Souza Oliveira Diretor de Administração e Finanças – DAF

PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASIL

LEVANTAMENTO DA GEODIVERSIDADE

Departamento de Gestão Territorial – DEGET Jorge Pimentel – Chefe

Divisão de Gestão Territorial – DIGATE Maria Adelaide Mansini Maia – Chefe

Coordenação do Projeto Geoparques

Coordenação Nacional Carlos Schobbenhaus

Coordenação Regional Rogério Valença Ferreira

Unidade Regional Executora do Projeto Geoparques

Superintendência Regional de Recife Sérgio Maurício Coutinho Corrêa de Oliveira Superintendente

Robson de Carlo da Silva Gerente de Hidrologia e Gestão Territorial

Maria de Fátima Lyra de Brito Gerente de Geologia e Recursos Minerais

Carlos Eduardo Oliveira Dantas Gerente de Relações Institucionais e Desenvolvimento

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO MINERAL

SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL – CPRM

Projeto Geoparques

GEOPARQUE RIO DO PEIXE – PB Proposta

Autores Rogério Valença Ferreira Rafael Costa da Silva Luis Manoel Paes Siqueira

2017

SUMÁRIO

RESUMO...... 01

ABSTRACT...... 02

INTRODUÇÃO...... 03

LOCALIZAÇÃO...... 04

DESCRIÇÃO GERAL DO GEOPARQUE...... 04

CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO TERRITÓRIO DO GEOPARQUE...... 04

CLIMA...... 04

FLORA E FAUNA...... 04

CONTEXTO GEOMORFOLÓGICO REGIONAL...... 05

GEOMORFOLOGIA DO GEOPARQUE...... 07

CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL...... 10

GEOLOGIA DO GEOPARQUE...... 11

DESCRIÇÃO DOS GEOSSÍTIOS SELECIONADOS...... 16

INFORMAÇÕES ADICIONAIS SOBRE A PROPOSTA...... 38

MEDIDAS DE PROTEÇÃO...... 39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...... 40

RESUMO

O presente trabalho trata de estudo técnico e diagnóstico, realizado pelo Serviço Geológico do Brasil, para embasar a proposta de criação do Geoparque Rio do Peixe, dentro do Projeto Geoparques, reconhecendo sua importância para o geoturismo, geoconservação, fins educativos e pesquisas científicas. A área estudada abrange parte dos municípios de Sousa, São João do Rio do Peixe, Marizópolis, Aparecida, Triunfo e Santa Helena no oeste da Paraíba. Em termos geológicos está inserida na Bacia Sedimentar do Rio do Peixe e em rochas do embasamento cristalino. A origem da Bacia do Rio do Peixe está relacionada à abertura do Oceano Atlântico, quando ocorreram falhamentos transcorrentes ao longo de lineamentos pretéritos do embasamento. Inclui essencialmente rochas cretáceas do Grupo Rio do Peixe, constituído pelas formações Antenor Navarro, Sousa e Rio Piranhas. Essa área é conhecida mundialmente por suas ocorrências de pegadas fósseis e atualmente conta com um sítio aberto à visitação, o Monumento Natural Vale dos Dinossauros. A região de Sousa atende aos critérios básicos estabelecidos pelos Geoparques Globais da UNESCO para a criação de um geoparque, ou seja: representa uma área suficientemente grande e de limites bem definidos para servir ao desenvolvimento sustentável local, notadamente através do turismo; envolve um número de sítios geológicos e paleontológicos de importância científica (inclusive de relevância internacional) que devem ser preservados; bem como inclui aspectos arqueológicos, ecológicos, históricos e culturais. No inventário dos geossítios, foram avaliadas e cadastradas 20 localidades, sendo 12 com ocorrências de pegadas fósseis e oito representando a geologia da Bacia do Rio do Peixe e seu contato com o embasamento. Seguindo os critérios de classificação do aplicativo GEOSSIT, base de dados do Serviço Geológico do Brasil – CPRM, uma geossítio apresentou relevância internacional, 15 geossítios e sítios da geodiversidade foram classificados como de relevância nacional e quatro sítios da geodiversidade foram considerados como de importância regional. As ocorrências icnofossilíferas levantadas incluem dinossauros Theropoda (Eubrontes isp., cf. Anchisauripus isp., Moraesichinium barberenae e outros indeterminados), (Caririchnium magnificum, Sousaichnium pricei e Staurichnium diogenis), Sauropoda e Ankylosauria, crocodilianos Mesoeucrocodylia, pegadas de natação, raras pegadas lacertóides, uma possível pista de mamífero e icnofósseis de invertebrados. Alguns sítios apresentam conjuntos produzidos por manadas de Sauropoda, incluindo impressões de mãos e pés. As feições geológicas e principalmente os icnofósseis encontrados na Bacia do Rio do Peixe, junto aos demais atributos levantados na área estudada, justificam a criação de um geoparque nos moldes preconizados por um Geoparque Global da UNESCO (UNESCO GLOBAL GEOPARK).

PALAVRAS CHAVE: PATRIMÔNIO GEOLÓGICO; GEOPARQUE; RIO DO PEIXE.

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ABSTRACT

The present work deals with a technical and diagnostic study, carried out by the Geological Service of Brazil, to support the proposal for the creation of the Rio do Peixe Geopark, within the Geoparks Project, recognizing its importance for geotourism, geoconservation, educational purposes and scientific research. The studied area includes part of the municipalities of Sousa, São João do Rio do Peixe, Marizópolis, Aparecida, Triunfo e Santa Helena in the west of Paraíba. In geological terms it is inserted in the Rio do Peixe Sedimentary Basin and in crystalline basement rocks. The origin of the Rio do Peixe Basin is related to the opening of the Atlantic Ocean, when there were transcurrent faults along previous basements of the basement. It includes essentially Cretaceous rocks of the Rio do Peixe Group, constituted by the Antenor Navarro, Sousa and Rio Piranhas formations. This area is known worldwide for its occurrences of fossil footprints and currently has a site open to visitation, the Natural Monument Valley of the . The Sousa region fulfills the basic criteria established by the UNESCO Global Geoparks for the creation of a geopark, such as: it represents a sufficiently large area and well defined limits to serve the local sustainable development, notably through tourism; involves a number of geological and paleontological sites of scientific value (also of international relevance) and sites of potential educacional e geotouristic use, which must be preserved; as well as archaeological, ecological, historical and cultural aspects. In the inventory of geosites, 20 localities were evaluated and registered, 12 with fossil footprint occurrences and 8 representing the geology of the Rio do Peixe Basin and its contact with the basement. Following the classification criteria of the GEOSSIT, database of the Geological Survey of Brazil - CPRM, 1 locality presented international relevance, 15 were classified as national relevance and 4 of them were considered of regional importance. The icnofossiliferous occurrences include Theropoda dinosaurs (Eubrontes isp., cf. Anchisauripus isp., Moraesichinium barberenae and others), Ornithopoda (Caririchnium magnificum, Sousaichnium pricei and Staurichnium diogenis), Sauropoda and Ankylosauria, crocodilians Mesoeucrocodylia, swimming footprints, rare lacertoid footprints, a possible mammalian track and invertebrate icnofossils. Some sites feature sets produced by Sauropoda herds, including manus and pes prints. The geological features and especially the icnofossils found in the Rio do Peixe Basin, along with the other attributes raised in the studied area, justify the creation of a geopark in the form recommended by a UNESCO GLOBAL GEOPARK.

KEYWORDS: GEOLOGICAL HERITAGE; GEOPARK; RIO DO PEIXE.

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INTRODUÇÃO

Em conformidade com os objetivos do Projeto Geoparques do Serviço Geológico do Brasil – CPRM, que é identificar, classificar, descrever, catalogar, georreferenciar e divulgar propostas de geoparques do Brasil, bem como sugerir diretrizes para seu desenvolvimento sustentável, seguindo os preceitos da UNESCO, é apresentado neste relatório um estudo técnico e diagnóstico para embasar proposta de criação do Geoparque Rio do Peixe, localizado nos municípios de Sousa, Aparecida, Marizópolis, São João do Rio do Peixe, Triunfo e Santa Helena, no oeste da Paraíba. Segundo a UNESCO (2010), um geoparque é uma área geográfica onde sítios do patrimônio geológico são partes de um conceito holístico de proteção, educação e desenvolvimento sustentável. Para sua implantação, um geoparque deve ter uma área suficientemente grande para incluir diversos geossítios ou sítios de geodiversidade que podem ser visitados através de roteiros definidos que, tomados em conjunto, mostram registros importantes da história geológica da região e/ou do planeta ou beleza cênica excepcional. Dessa forma, o geoparque deve levar em conta toda a configuração geográfica da região, e não deve incluir apenas sítios de importância geológica. A sinergia entre geodiversidade, biodiversidade e a cultura, além do patrimônio tangível e não tangível, é tal que temas não geológicos devem ser destacados como parte integrante de cada geoparque, especialmente quando a sua importância em relação à paisagem e à geologia pode ser demonstrada aos visitantes. Por esse motivo, é necessário também incluir e destacar sítios de valor ecológico, arqueológico, histórico e cultural dentro do geoparque. Em muitas sociedades, a história natural, cultural e social está inextricavelmente ligada e não pode ser separada (UNESCO, 2010). Nesse sentido, a área proposta para a criação do Geoparque Rio do Peixe atende a esses requisitos, já que além de apresentar uma extensão suficientemente grande, possuir uma variedade de sítios geológicos que apresentam grande relevância em termos geológicos e paleontológicos, a existência de sítios arqueológicos, uma fauna e flora do bioma caatinga e aspectos antropológicos e culturais, a exemplo de pinturas rupestres encontradas na área, agregam ainda mais valor à proposta. Outro aspecto importante é o fato da área proposta conter integralmente o território do Parque Estadual Vale dos Dinossauros, o que significa a existência de instrumento legal para a proteção de parte dos geossítios levantados. O Parque Estadual Vale dos Dinossauros foi criado pelo Decreto- Estadual nº 23.832, de 27 de dezembro de 2002, e é administrado pela Superintendência de Administração do Meio Ambiente (SUDEMA). A infraestrutura do referido parque, foi reformada e ampliada no ano de 2012, em convênio do Governo Estadual com a Petrobrás. Na região onde se localiza o proposto Geoparque Rio do Peixe, a atividade econômica na zona rural está centrada na agricultura irrigada, pecuária leiteira e caprinocultura extensivas, em médias e grandes propriedades, e secundariamente com a agricultura familiar, baseada em pequenas propriedades. Por outro lado, nas sedes municipais a economia está fundamentada no comércio e no setor de serviços, voltados para atender às populações locais, destacando-se a cidade de Sousa, que comporta um comércio de influência regional e um parque industrial incipiente. A população desses seis municípios, segundo o Censo de 2010, é de 116.336 habitantes, sendo o de Sousa com o maior contingente populacional, totalizando 69.196 habitantes e Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM) de 0,668; seguido de São João do Rio do Peixe, com 18.201 habitantes e IDHM de 0,595; Triunfo, com 9.223 habitantes e IDHM de 0,580; Aparecida, com 8.174 habitantes e IDHM de 0,628; Marizópolis, com 6.173 habitantes e IDHM de 0,608; e Santa Helena, com 5.369 habitantes e IDHM de 0,624 (IBGE, 2014). Para uma região que apresenta médios índices de desenvolvimento humano (variação de 0 a 1) e uma população relativamente numerosa e carente de recursos, a implantação de um projeto de gestão territorial para promover o desenvolvimento sustentável, como é o caso de um geoparque, seria uma importante alternativa de geração de renda para os habitantes da região. A presente proposta vem a somar com outros esforços feitos na região no sentido de viabilizar o geoparque (e.g. Santos, 2014; Santos et al., 2015).

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LOCALIZAÇÃO

A área proposta do Geoparque Rio do Peixe localiza-se na Mesorregião do Sertão Paraibano, nos municípios de Sousa, Aparecida e Marizópolis, da Microrregião de Souza, e São João do Rio do Peixe, Triunfo e Santa Helena, da Microrregião de Cajazeiras (Figura 1). O acesso a partir de João Pessoa, capital do estado da Paraíba, que fica a 420 km, se dá pela BR- 230 até a cidade de Sousa, de onde se pode acessar os demais municípios que compõe a área do geoparque.

Figura 1 – Localização do Geoparque Rio do Peixe

DESCRIÇÃO GERAL DO GEOPARQUE

CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO TERRITÓRIO DO GEOPARQUE

CLIMA

O Geoparque Rio do Peixe está situado dentro da região semiárida do nordeste brasileiro, também conhecido como polígono das secas, definida pelo Ministério da Integração Nacional (2005). A circulação atmosférica é influenciada pela Massa Equatorial Continental (MEC), que atua no verão, e a Massa Equatorial do Atlântico Sul (MEAS), que predomina do outono à primavera (Mendonça & Danni-Oliveira, 2007). Pela classificação climática de Köeppen, o clima da área do geoparque é tropical semiárido, do tipo BSh, com baixos índices pluviométricos, atingindo uma média anual de 870 mm, concentrados entre janeiro e abril, sendo março o mês com maiores índices de precipitação (230 mm). A temperatura média anual é de 27º C.

FLORA E FAUNA

A vegetação natural predominante da região é do tipo caatinga hiperxerófila aberta, que perdem as folhas na estação seca, com espécies de pequeno e médio porte, e abundância de cactáceas. Também ocorrem áreas com floresta caducifólia e carnaubais, os últimos, encontrados nas planícies de inundação 4

dos cursos d’água. Em grande parte da área do geoparque, a vegetação nativa foi substituída por culturas comerciais irrigadas e pastagens. A caatinga é um bioma singular, encontrado no semiárido nordestino, e extremamente vulnerável a impactos ambientais. A sua devastação paulatina, tem provocado o aumento de áreas em processo de desertificação. Habitam a região do Geoparque Rio do Peixe inúmeras espécies de aves, a exemplo do canário da terra, asa branca, galo de campina, ararinhas, gavião, carcará e aves de arribação, que migram nos períodos de estiagem. Dos poucos mamíferos que ainda restam, se encontra o lobo guará, raposas, gatos do mato, roedores como o mocó e o preá. Inúmeros animais estão ameaçados de extinção, a exemplo do tatu.

CONTEXTO GEOMORFOLÓGICO REGIONAL

A região do Geoparque Rio do Peixe está inserida no Domínio Morfoestrutural dos Cinturões Móveis Neoproterozóicos do Nordeste Oriental, que está assentado nos terrenos tectono- estratigráficos do Domínio Rio Piranhas-Seridó da Província Borborema. Os Domínios Morfoestruturais são, em termos de taxonomia, a maior divisão na classificação do relevo brasileiro. Já na classificação de Domínios Morfoclimáticos, a área do geoparque está contida no Domínio das Caatingas, dominado pelas Depressões Intermontanas e Interplanálticas do semiárido (IBGE, 2006) (Figura 2).

Figura 2 – Domínios Morfoestruturais e Morfoclimáticos do Brasil, com a localização da área do Geoparque Rio do Peixe (Modificado de: IBGE, 2006).

Já as feições de relevo regionais desse megacompartimento, os Citurões Móveis Neoproterozóicos, na área do geoparque, são representadas por três compartimentos de relevo: a Depressão Sertaneja, o Planalto Sertanejo e os Planaltos Residuais Sertanejos (IBGE, 2006) (Figura 3). A Depressão Sertaneja, seguindo denominação proposta por Ab’Saber (1969), apresenta-se como uma Depressão Periférica em relação aos planaltos Sertanejo e os Planaltos Residuais Sertanejos e compreende um diversificado conjunto de padrões de relevo com amplo predomínio de superfícies aplainadas, com relevo plano e suavemente ondulado, resultante de processos de arrasamento generalizado 5

dos terrenos sobre diversos tipos de litologias. Apresenta na região do geoparque altitude média de 250 m. Neste domínio, está inserido o Sistema de Bacias do Rio do Peixe, que representa a principal unidade geológica da área do geoparque. Estas bacias (Sub-bacia Rio do Peixe, Sub-bacia Pombal e Sub-bacia Brejo das Freiras) (Carvalho & Leonardi, 1992; Nogueira et al., 2004), de idade cretácea, constituem-se de rochas sedimentares do Grupo Rio do Peixe, que modelam pedimentos, em fase de dissecação, com interflúvios tabulares suavemente inclinados para norte. O Planalto Sertanejo, que está situado ao sul do território do Geoparque Rio do Peixe, é um compartimento de relevo regional de forma semicircular, com direção SE-NO, que se conecta com o Planalto da Borborema, a Chapada do Araripe e o Planalto da Ibiapaba, relevos alçados a maiores altitudes, e circundado pela Depressão Sertaneja. Representa um patamar intermediário entre a depressão e os planaltos e chapada citados acima. Este planalto tem como característica uma intensa dissecação do relevo, resultando num modelado onde predominam formas convexas e cristas alinhadas na direção geral NE-SO. Estes relevos estão assentados em rochas cristalinas, em geral gnaisses e migmatitos. Compõe uma extensa área de falhas e dobras, que se expressam no relevo através de extensos alinhamentos de cristas em geral paralelas entre si. Do território do geoparque pode-se avistar na direção sul, as serras do Boqueirão e Santa Catarina, com altitudes chegando a 800 m. Os Planaltos Residuais Sertanejos são elevações residuais, ou maciços isolados, que se destacam na topografia plana da Depressão Sertaneja. São representados por compartimentos serranos individualizados, constituídos em geral por rochas do embasamento cristalino, em processo de dissecação acentuado. Na região do geoparque esses relevos residuais apresentam altitudes médias de 500 m.

Figura 3 – Compartimentos de Relevo do Brasil, com a localização da área do Geoparque Rio do Peixe (Modificado de: IBGE, 2006).

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GEOMORFOLOGIA DO GEOPARQUE RIO DO PEIXE

As formas de relevo da área do Geoparque Rio do Peixe estão relacionadas à evolução dos eventos geológicos que configuraram a atual geomorfologia regional do Nordeste Oriental, fortemente associados ao processo de abertura do Oceano Atlântico durante o Cretáceo, num sistema de falhamentos e instalação de bacias sedimentares, tais como as bacias marginais costeiras e o Sistema de Bacias do Rio do Peixe, implantados sobre o Escudo Pré-Cambriano das Faixas de Dobramento Nordestina (Lima Filho et al., 2006). Correlato à abertura do Atlântico e ao preenchimento sedimentar das referidas bacias, destaca-se o soerguimento epirogenético e arqueamento dos planaltos dessa área do Nordeste, a exemplo do Planalto Sertanejo e do Planalto da Borborema. O embasamento ígneo-metamórfico das Faixas de Dobramento Nordestina, englobado por Almeida et al. (1977) e Brito Neves et al., (2000) na Província Borborema, corresponde, por sua vez, a um complexo mosaico orogênico gerado durante os ciclos Cariris Velhos e Brasiliano (Meso a Neoproterozoico) constituído por fases de acreção e dispersão de terrenos, ora amalgamados, ora separados por extensas zonas de cisalhamento. Neste contexto, ressalta-se a Zona de Cisalhamento Patos, extensa falha transcorrente que corta o estado da Paraíba na direção geral E-O, que está ao sul do geoparque, e as falhas de Portalegre, de direção NE-SO, e São Gonçalo, direção E-O, que limitam o sistema de bacias supracitado. As feições de relevo regionais da área do geoparque representadas por três compartimentos de relevo: a Depressão Sertaneja, o Planalto Sertanejo e os Planaltos Residuais Sertanejos, abrange um conjunto de seis Padrões de Relevo, constantes no mapa da Figura 4, quais sejam: Planícies Fluviais, Tabuleiros, Superfícies Aplainadas Degradadas, Inselbergs, Serrotes e Cristas Isoladas e Domínio Serrano. No que concerne à morfologia da área sedimentar, que representa a maior extensão territorial do geoparque, ela é dominada por relevos tabulares esculpidos nos sedimentos do Grupo Rio do Peixe, em sua maioria da Formação Sousa, seguidos das formações Antenor Navarro e Rio Piranhas em menor proporção. São extensos tabuleiros areno-argilosos com pequena ou nenhuma quebra de relevo em contato com as superfícies aplainadas que contornam a bacia. Entremeado a esse modelado tabular, ocorrem extensas planícies fluviais, destacadamente as planícies dos rios do Peixe e Piranhas, que correm no sentido O-E da bacia. Os Tabuleiros são relevos de degradação em rochas sedimentares, com formas suavemente dissecadas, com extensas superfícies de gradientes extremamente baixos, com topos planos e alongados e vertentes suaves em contato com as planícies aluviais (Figura 5). Já as Planícies Fluviais são relevos de agradação, em zona de acumulação atual, com superfícies sub-horizontais constituídas de depósitos arenosos ou areno-argilosos a argilosos, bem selecionados, situados nos fundos de vales. Apresentam gradientes extremamente suaves e convergentes em direção aos cursos d’água principais (Figura 6).

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Figura 4 – Mapa de Padrões de Relevo do Geoparque Rio do Peixe. 8

Figura 5 – Vista de parte da Bacia do Rio do Peixe a partir da PB-391, na direção NE-SO, com o relevo tabular em primeiro plano e o Planalto Sertanejo ao fundo. Município de Sousa-PB. Foto: Rogério Valença Ferreira

Contornando a área da bacia sedimentar do Rio do Peixe, em contato com os tabuleiros e planícies fluviais, se encontra as Superfícies Aplainadas Degradadas. Estas superfícies sofreram um prolongado processo de arrasamento dos terrenos, restando algumas elevações residuais em forma de Inselbergs e Serrotes e Cristas Isoladas, que devido à maior resistência ao intemperismo, se mantiveram ressaltados na paisagem. Os Inselbergs são relevos residuais isolados, destacados na paisagem aplainada. Já os Serrotes e Cristas Isoladas são relevos constituídos por pequenas serras isoladas, com vertentes predominantemente retilíneas e topos de cristas alinhadas, aguçados ou levemente arredondados, que se destacam topograficamente relevo circunjacente (Figura 7).

Figura 6 – Planície fluvial do Rio Piranhas, que corre na porção sul da Bacia do Rio do Peixe. Município de Aparecida. Foto: Rogério Valença Ferreira

Figura 7 – Serrotes e Cristas Isoladas em contato com o relevo tabular, no setor sul do geoparque. Vista do Serrote do Estrelo, Sousa-PB, a partir da BR-230. Foto: Rogério Valença Ferreira

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No extremo noroeste da área do geoparque encontra-se o compartimento de relevo de maior expressão altimétrica daquela área, o Domínio Serrano. Em contato com a superfície aplainada, a Serra das Gamelas, com altitude de 784 metros, é uma dos fragmentos do Planalto Residual Sertanejo (Figura 8). O Domínio Serrano é um relevo de degradação, de aspecto montanhoso, acidentado, apresentando vertentes predominantemente retilíneas a côncavas e topos de cristas alinhadas, aguçados ou levemente arredondados, com sedimentação de colúvios e depósitos de tálus. Predominam vertentes de gradientes elevados com ocorrência esporádica de paredões rochosos subverticais e amplitudes altimétricas acima de 300 metros.

Figura 8 – Vista panorâmica da Serra das Gamelas, fragmento do Planalto Residual Sertanejo, cujo padrão de relevo é do Domínio Serrano. Município de Triunfo-PB. Imagem obtida em: https://www.google.com.br/maps. Acessado em 28/12/2017

CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

Durante o Ciclo Brasiliano (entre 950 Ma e 490 Ma), complexas atividades geodinâmicas — envolvendo regimes extensionais, rifteamentos, orogêneses e metamorfismo de alto grau das rochas — fragmentaram o supercontinente Rodínia e formaram o continente de Gondwana. Foi nesse cenário de grande atividade tectônica, caracterizado pela formação de extensas zonas de cisalhamento regionais e de consequentes depressões nos terrenos mais antigos do planeta, que se iniciou o surgimento de depósitos sedimentares no interior daqueles supercontinentes. A Província da Borborema, no Nordeste do Brasil, é um registro geológico dessa história. As bacias interiores dessa região tiveram origem no preenchimento das depressões geradas a partir dos esforços tectônicos ao longo do tempo geológico, mas, sobretudo, quando do evento da separação dos continentes sul-americano e africano no final do Jurássico e início do Cretáceo. Estudos têm mostrado que cada uma dessas bacias interiores demonstra possuir uma evolução tectono- sedimentar própria, ainda passível de pesquisas mais detalhadas. O embasamento dessas bacias compreende as rochas do Neoproterozoico. Sua classificação é estabelecida em Domínios Tectônicos e subdividida em terrenos com características litoestratigráficas, geocronológicas, estruturais e geofísicas, que os distinguem, estando separados entre si pelas extensas zonas de cisalhamento regionais. Esse embasamento compreende uma complexa diversidade de rochas metavulcanossedimenta- res, plutônicas, granitoides foliados ou milonitizados, micaxistos e orto e paragnaisses. Sobrepostas ao assoalho cristalino foram formadas as diversas rochas sedimentares e metassedimentares nas eras geológicas seguintes, decorrentes dos múltiplos eventos tectônicos, suas reativações, seus rifteamentos, basculamento de blocos, grabens e ciclos erosivos. Os principais megalineamentos E-W e NE-SW e suas falhas refletidas — que caracterizam as rochas da Província da Borborema (e.g. Zona de Cisalhamento Pernambuco; Zona de Cisalhamento de Patos; Falhas de Portalegre, de Malta e de São Gonçalo) — não apenas definiram a geometria das baci-

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as interiores, mas compreendem a matriz que modelou as feições geoestratigráficas, geomorfológicas, hidrológicas e paisagísticas atuais de toda a região. É nesse contexto tão antigo quanto surpreendente que o Sistema de Bacias do Rio do Peixe está inserido (Figura 9). Nas suas estruturas e litologia, pode-se verificar diversas etapas dos eventos da história da Terra, desde os seus primórdios até os mais recentes.

Figura 9 – Distribuição das bacias interiores e marginais do Nordeste Oriental, com discriminação das principais sequências deposicionais e lineamentos regionais E-W e NE-SW (Silva, A. N., 2009, modificado de Ponte et al., 1991).

GEOLOGIA DO GEOPARQUE RIO DO PEIXE

Situado próximo dos limites da Paraíba e do Ceará e ocupando uma área de aproximadamente 1.315 quilômetros quadrados, o Sistema de Bacias do Rio do Peixe compreende quatro sub-bacias em forma de semigrabens: Pombal, Sousa, Brejo das Freiras e Icozinho. Elas estão associadas a altos do embasamento, rifteamentos, zonas de cisalhamento e falhas refletidas, que perfazem um conjunto de megaestruturas brasilianas e de suas reativações ocorridas no Eocretáceo (Nogueira et al., 2004; Rocha & Amaral, 2006; Silva, A. N., 2009; Silva, J. G. F., 2014; Silva et al., 2014). Situadas no Domínio Tectônico do Rio Grande do Norte, possuem um arranjo estrutural definido por extensas zonas de cisalhamento E-W e NE-SW. Recentes análises estruturais, combinando geofísica e análises de campo, revelaram sinclinais e anticlinais originados pela combinação de basculamento com a geometria e arrasto das falhas lístricas, com as camadas mergulhando predominantemente contra as falhas, com direção SE ou S (Silva, A. N., 2009). As modelagens em 3-D a partir de dados de gravimetria sugerem uma profundidade máxima de aproximadamente 2 mil metros (Figura 10).

Figura 10 – Modelo de cinemática das falhas dos semigrabens (Silva, A. N., 2009, modificado de Ponte et al., 1991, e Françolin, 1992).

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A área proposta para o Geoparque Rio do Peixe reflete em menor escala a mesma geometria da geologia estrutural regional, com seus limites com o embasamento cristalino predominantemente marcados por falhas e fraturas, sendo elas refletoras de duas estruturas principais: a Falha Portalegre, com direção NE-SW, que segue o principal trend estrutural da Província da Borborema, e a Falha de São Gonçalo, com direção E-W, paralela ao Lineamento Patos. (Figura 11). As rochas do embasamento cristalino afloram nas bordas dos limites do território proposto para o Geoparque Rio do Peixe e, segundo o mapeamento realizado pela CPRM em 2008 da Folha Sousa, compreende as seguintes unidades do Paleoproterozoico e Neoproterozoico (Medeiros et al, 2008):

COMPLEXO JAGUARETAMA

Aflora como ortognaisses graníticos a granodioríticos acinzentados, migmatizados (PP2j) situado na borda noroeste da área à Norte de Triunfo.

COMPLEXO CAICÓ

Aflora em grande parte dos limites Norte e Sul da área proposta para o geoparque e compreende gnaisses e migmatitos indiferenciados (PP2cai); Ortognaisses graníticos, granodioríticos, tonalíticos, leucortognaisses e/ou migmatitos (PP2Ycai); Biotita gnaisses indiferenciados, anfibolitos, prováveis metavulcânicas, às vezes migmatizados (vs), gnaisses bandados (b). Na sequência supracrustal (PP2caivs) foram englobados biotita gnaisses por vezes com anfibólio, gnaisses bandados e prováveis metavulcânicas, geralmente migmatizados, com intercalações de mármores, anfibolitos, calcissilicáticas, metaultramáficas, e mais raramente quartzitos. Em algumas regiões, por causa do ao elevado estágio de deformação e metamorfismo apresentado pelos litotipos, torna-se difícil assegurar a origem metavulcanossedimentar dos mesmos.

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Figura 11 – Mapa geológico do geoparque Rio do Peixe. Modificado de Medeiros et al. (2008). 13

Suíte Poço da Cruz:

Afloram em faixas ao Norte da área, compreendendo biotita metagranitóides de textura augen gnaisse (com porfiroclastos de feldspato que podem atingir 8 cm de comprimento), de composição quartzo monzonítica a monzogranítica com proporções variadas de biotita e mais raramente anfibólio (PP3ypc) e metagranitóides granoblásticos (g), de composição variando de quartzo monzonítica à monzogranítica, de fonte crustal, incluindo metadioritos (PP3dpc).

Suíte intrusiva São João do Sabugi:

Aflora numa estreita faixa a nordeste da área. Localmente compreendem dioritos, gabros, gabronoritos (NP3), quartzo dioritos e mais raramente quartzo-monzonitos, possuindo coloração cinza escura/preta a verde escura (NP3δ2s). No corpo situado a sul da localidade de São Francisco (PB) também se observa cerca de 35 % de olivina na rocha. Possuem granulação média a fina, coloração verde escura e geralmente ocorrem como corpos intrusivos em litotipos pré-brasilianos.

Suíte intrusiva Itaporanga:

Aflora nos limites Noroeste, Norte, Leste e Sudeste da área descrita. Caracterizam-se por granitos, granodioritos e quartzo monzogranitos porfiríticos (fenocristais de feldspato com 2cm a 5cm de comprimento), associados a dioritos (apresentando fácies intermediárias de mistura magmática) (NP3y2it). Até o ano de 2014, acreditava-se que o Sistema de Bacias do Rio do Peixe possuía idade situada entre o Jurássico superior e o Cretáceo inferior. Todavia, quando do evento da perfuração de três poços exploratórios de petróleo pela Petrobras em 2011, a análise de amostras laterais, de calhas e testemunhos, que permitiram estudos paleontológicos, palinológicos e estratigráficos à luz da Sedimentologia de Sequências, identificou, na sua base, sedimentos mais antigos, datados do Devoniano inferior (aproximadamente 417 milhões de anos), além de um inusitado evento vulcanoclástico (Silva et al., 2014). As unidades sedimentares aflorantes do Devoniano e Cretáceo que afloram no interior da área delimitada pelo Geoparque Rio do Peixe são:

Grupo Santa Helena

O Grupo Santa Helena é formado por duas unidades litoestratigráficas: a Formação Pilões e a Formação Triunfo, com rochas sedimentares devonianas que foram recentemente datadas por palinologia. A Formação Pilões, que aflora entre os municípios de Triunfo e São João do Rio do Peixe (PB), compreende folhelhos castanho-avermelhados e arenitos finos a conglomeráticos com seixos angulosos. A Formação Triunfo, sobreposta a essa, em contato gradacional-interdigitado em subsuperfície, também aflora na mesma região e é composta por arenitos cinza a esbranquiçados, conglomeráticos, com seixos angulosos de quartzo, passando a arenitos grossos. Essas duas formações estão geneticamente associadas, representam um ciclo transgressivo-regressivo devido a uma subsidência mecânica eodevoniana e são formadas em um gráben de águas doces a salobras. A espessura máxima desse grupo conhecida até agora é de 343 metros. Entre o Grupo Santa Helena e as unidades litológicas superiores do Grupo Rio do Peixe, de idade Cretácea, existe um hiato de 265 milhões de anos que as separa numa discordância angular (Silva, 2014; Silva et al., 2014).

Unidade Informal Brecha Vulcânica Poço da Jurema

Um vulcanismo recentemente identificado marcou a história do Sistema de Bacias do Rio do Peixe. São rochas vulcanoclásticas cuja área ainda necessita ser mais bem conhecida e mapeada. Autores acreditam que a origem desse vulcanismo está ligada a uma reativação frágil de lineamentos brasilianos, que também originou o gráben devoniano.

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Essas rochas afloram entre os municípios de São João do Rio do Peixe e Triunfo, ao sul do Açude de Pilões. São brechas vulcânicas com blocos angulosos a subangulosos de rochas do embasamento, envoltos numa matriz fina localmente cloritizada, e também ignimbritos, litoclastos e púmices (cinzas vulcânicas). Possuem contato lateral por falha com a Formação Piranhas e abrupto com a Formação Pilões. Estima-se idade eodevoniana contemporânea às rochas do Grupo Santa Helena ou mais antigas (Silva, 2014; Silva et al., 2014) (Figura 12).

Figura 12 – Mapa geológico das unidades devonianas ao sul do Açude de Pilões (Silva, 2014).

Grupo Rio do Peixe

Este pacote sedimentar está associado ao rifteamento do Cretáceo inferior e é constituído por três formações que possuem interdigitações e equivalência lateral entre si: Formação Antenor Navarro (inferior), Formação Sousa (intermediária) e Formação Rio Piranhas (Superior), assim designadas por Costa (1964). O ambiente deposicional possui características predominantemente fluviolacustres continentais com idade de 140 milhões de anos (Mabesoone & Campanha, 1973/1974; Lima Filho, 2002; Rocha & Amaral, 2006; Silva, A. N., 2009). A formação Antenor Navarro repousa em não conformidade com o embasamento cristalino. Dominam os arenitos de coloração que varia de creme a avermelhada, apresentando estratificação cruzada de médio porte a acanaladas, com granulometria grossa a conglomerática imatura e conglomerados polimíticos na base, aparecendo em todos os semigrabens em suas margens flexurais. É uma formação que denota o início da reativação das estruturas no Eocretáceo, indicando ambiente deposicional de alta energia de transporte (Rocha & Amaral, 2006; Silva, 2009). A formação que ocupa a maior distribuição geográfica é a Sousa, caracterizada por siltitos e folhelhos vermelhos e amarronzados ou cinza-esverdeados, laminados — apresentando gretas de contração, marcas de ondas —, intercalados com arenitos finos a médios, calcíferos, e também por margas e calcários. A Formação Souza possui origem em um sistema fluvial meandrante de baixa energia, com fácies típicas de inundação lacustre em superfície (Rocha & Amaral, 2006; Lima Filho, 1991; Silva, A. N., 2009). Um antigo poço perfurado no Sítio Sagui, nas rochas da Formação Sousa, 15

apresenta exsudação de óleo maturo com características ainda incertas quanto à sua origem marinha ou lacustre (Mendonça Filho, et al., 2006). Uma das melhores representações da Formação Sousa é o afloramento da localidade Passagem das Pedras, onde está instalado o Monumento Natural Vale dos Dinossauros. Nas margens ao sul do sistema de bacias, aflora a Formação Rio de Piranhas. Segundo Srivastava & Carvalho (2004), representa uma fase de reativação dos falhamentos após a fase de calmaria, que foi representada pelos sedimentos lacustres da Formação Sousa. É composta por arenitos grossos a conglomeráticos mal selecionados, com intercalações de brechas e com sentido de paleocorrentes para o norte. Encontra-se interdigitada com a Formação Antenor Navarro e com a Formação Sousa, o que indica uma deposição sintectônica do conjunto das rochas do Grupo Rio do Peixe (Rocha & Amaral, 2006; Silva, A. N., 2009).

DESCRIÇÃO DOS GEOSSÍTIOS SELECIONADOS

No inventário dos geossítios que integram o proposto Geoparque Rio do Peixe, foram identificados, cadastrados, estudados, qualificados e quantificados 20 geossítios. A qualificação e quantificação foram feitas utilizando o aplicativo GEOSSIT, da CPRM, que foi estruturado segundo as metodologias de Brilha (2016) e Garcia-Cortés & Urquí (2009), cujos resultados estão resumidos na Tabela 1. As localizações dos geossítios encontram-se representadas nos mapas geomorfológico e geológico das figuras 4 e 11, e são descritos a seguir:

GEOSSÍTIO Nº 1: PASSAGEM DAS PEDRAS

Latitude: -6° 44’ 03.37” S

Longitude: -38° 15’ 43.43” O Município: Sousa

O geossítio Passagem das Pedras está localizado 3,5 km a noroeste da cidade de Sousa. O acesso é feito a partir da saída noroeste daquela cidade, pela rodovia PB-391. A entrada para o Monumento Natural Vale dos Dinossauros, onde está o geossítio, fica na margem esquerda da estrada. Este geossítio, de relevância internacional, com grande valor científico, didático e turístico, constitui-se de uma superfície rochosa com cerca de 2000 m², exposta pela ação erosiva do Rio do Peixe, de siltitos e argilitos da Formação Sousa. O geossítio é conhecido desde o final do século XIX pela presença de pegadas fósseis, que foram cientificamente estudadas e atribuídas a dinossauros nos anos 1920 e 1940 (Moraes, 1924; Cavalcanti, 1947). Nas últimas décadas do século XX o local voltou a ser estudado, com inúmeros trabalhos publicados, e foram reconhecidas pegadas de dinossauros Ornithopoda (Sousaichnium pricei e Staurichnium diogenis), Theropoda (Moraesichinium barberenae) e possivelmente de Ankylosauria, além de pegadas de natação (Price, 1961; Haubold, 1971; Leonardi,1979b; Leonardi, 1979c; Leonardi, 1979d; Leonardi, 1980f; Leonardi, 1981a; Leonardi, 1984a; Leonardi, 1984b; Leonardi, 1985a; Leonardi, 1994; Leonardi et al., 1987; Leonardi & Santos, 2004; Leonardi & Carvalho, 2007; Siqueira et al., 2011). Atualmente, o geossítio integra um parque natural, tombado e designado como “Monumento Natural Vale dos Dinossauros”. A região é agora um complexo turístico e oferece uma infra-estrutura como um museu, caminhos e passarelas para visitação ao geossítio, bem como pessoal treinado para o turismo ecológico e para a proteção do sítio paleontológico. O local conta, também, com um canal de alívio da vazão do Rio do Peixe, numa extensão de 621 metros, que permite a proteção das pegadas contra a ação erosiva e represamento d’água sobre o sítio paleontológico (Figura 13).

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Figura 13 – A e B) Vista geral do Geossítio Passagem das Pedras mostrado a superfície com pegadas fósseis de dinossauros e passarelas para visitação; C) Detalhe de pegada da icnoespécie Sousaichnium pricei, atribuída a um dinossauro ornitópode; D e E) Pista e detalhe de pegada da icnoespécie Moraesichnium barberenae, atribuída a um dinossauro terópode; F) Portão de acesso ao “Vale dos Dinossauros”, aberto para visitação; G) Museu com exposição de fósseis; H) Reconstituição da aparência de um dinossauro terópode em vida. Fotos: Rafael Costa da Silva.

GEOSSÍTIO Nº 2: SERROTE DO PIMENTA

Latitude: -6° 43’ 18.44” S

Longitude: -38° 11’ 44.25” O Município: Sousa

O geossítio Serrote do Pimenta está localizado 6 km a nordeste da cidade de Sousa. O acesso é feito a partir da saída nordeste da cidade através de estrada de terra. Na primeira bifurcação à esquerda seguir até o rio, e após cruzar este, continuar por mais 1,8 km e entrar à direita até chegar à Fazenda Estreito, cujo proprietário é o Sr. Hermano, onde está localizado o geossítio. Situa-se em uma suave encosta de um morro em uma área particular. A região é isolada e de acesso mais difícil. A superfície aflorante apresenta mais de 3000 m², onde ocorrem pegadas de dinossauros Ornithopoda (Caririchnium magnificum), Theropoda (Eubrontes sp.), Sauropoda, possíveis pegadas de Ankylosauria e uma rara pegada lacertóide, além de icnofósseis de invertebrados. Pistas de anquilossauros são extremamente raras e poucos exemplos são conhecidos no mundo (e.g. Leonardi, 1984a; Leonardi, 1985a; Leonardi, 1994; Leonardi et al., 1987; Leonardi & Carvalho, 2007; Siqueira et al., 2011) . As rochas aflorantes são da 17

Formação Antenor Navarro, caracterizada por sedimentos imaturos, incluindo brechas e conglomerados com seixos de rochas magmáticas e metamórficas em uma matriz grossa arcoseana. Estes tipos litológicos são encontrados próximos aos bordos falhados das bacias e representam a deposição em fan-deltas, leques aluviais e ambientes fluviais entrelaçados. Trata-se de uma sucessão essencialmente microclástica que indica ambientes lacustres, pantanosos e de rios meandrantes. Os lagos eram pequenos e temporários, quentes e rasos, nos quais o quimismo da água caracterizavam-nos com um caráter alcalino. Durante a avaliação do potencial do afloramento foi verificado que o geossítio Serrote do Pimenta é de relevância nacional, com grande valor didático, científico e turístico (Figura 14).

Figura 14 – A) Vista panorâmica do Geossítio Serrote do Pimenta; B e C) Vista geral do geossítio mostrando pegadas de dinossauros aflorando em meio à vegetação; D) Detalhe do afloramento com pegadas de saurópodes; E) Detalhe de pegada da icnoespécie Caririchnium magnificum, atribuída a um dinossauro ornitópode; F) Detalhe de pegada de natação de um dinossauro terópode; G) Detalhe de pegada de dinossauro terópode. Fotos: Rafael Costa da Silva.

GEOSSÍTIO Nº 3: SERROTE DO LETREIRO

Latitude: -6° 41’ 37.44” S

Longitude: -38° 18’ 31.49” O Município: Sousa

O geossítio Serrote do Letreiro está localizado a 12,3 km a noroeste da cidade de Sousa. O acesso é feito a partir da saída noroeste da cidade de Sousa pela rodovia PB-391, percorrendo-se 11 km até uma bifurcação à direita da estrada asfaltada, de onde se segue por estrada carroçável por 1,3 km, onde 18

fica o geossítio, na margem direita da estrada. Apresenta três áreas aflorantes principais com um total de mais de 10.000 m², sendo a primeira delas mais relevante pela presença de belas pegadas de dinossauros Theropoda e Ornithopoda associadas a inscrições rupestres de origem ainda pouco estudada. Na segunda exposição ocorrem também pegadas produzidas por manadas de Sauropoda com estruturas de deformação por peso. A terceira exposição é pobre em pegadas, mas apresenta mais inscrições rupestres com padrões geométricos distintos da primeira (Leonardi, 1979c; ; Leonardi, 1980c; Leonardi, 1980d; Leonardi, 1980f; Leonardi, 1981a; Leonardi, 1981c; Leonardi, 1994; Leonardi & Santos, 2004; Leonardi & Carvalho, 2007; Carvalho, 2000; Siqueira et al., 2011). As rochas aflorantes são da Formação Antenor Navarro, caracterizada por sedimentos imaturos, incluindo brechas e conglomerados com seixos de rochas magmáticas e metamórficas em uma matriz grossa arcoseana. Estes tipos litológicos são encontrados próximos aos bordos falhados das bacias e representam a deposição em fan-deltas, leques aluviais e ambientes fluviais entrelaçados. O sítio encontra-se em terreno elevado, estando relativamente protegido da ação erosiva. Durante a avaliação do potencial do afloramento foi verificado que o geossítio Serrote do Letreiro é de relevância Nacional, com grande valor didático, científico e turístico (Figura 15).

Figura 15 – A) Vista panorâmica do Geossítio Serrote do Letreiro; B e C) Vista geral e detalhe mostrando pegadas de dinossauros associadas a inscrições rupestres; D) Vista geral de afloramento com pegadas de saurópodes; E) Detalhe de pegada de dinossauro terópode; F) Outras inscrições rupestres associadas ao geossítio. Fotos: Rafael Costa da Silva.

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SÍTIO DA GEODIVERSIDADE Nº 4: PIAU

Latitude: -6° 44’ 24.07” S

Longitude: -38° 19’ 50.64 O Município: Sousa

O sítio da geodiversidade Piau está situado a 16,5 km a noroeste da cidade de Sousa. O acesso é feito a partir da saída noroeste pela rodovia PB-391, por onde se percorre 11 km em estrada asfaltada até a vila da Caiçara, de onde se toma a direção oeste em estrada de terra, por mais 5,5 km, até o sítio, que fica na margem esquerda do Rio do Peixe, à jusante de uma pequena barragem. É um conjunto de afloramentos distribuídos por cerca de 350 metros ao longo da margem esquerda e no leito do Rio do Peixe, à jusante da barragem da vila Caiçara. O afloramento fica submerso pelo rio durante a época de chuvas e encontra-se razoavelmente deteriorado devido à ação erosiva de suas águas. As rochas aflorantes são da Formação Sousa e consistem em arenitos, siltitos e argilitos laminados com marcas onduladas, gretas de ressecamento e marcas de gotas de chuva. Embora poucas pegadas possam ser vistas atualmente, o sítio já foi muito estudado no passado, tendo sido registrados 25 horizontes com pegadas de dinossauros Theropoda, Sauropoda e Ornithopoda, além de pegadas de semi-natação de pequenos répteis, possivelmente tartarugas (Leonardi, 1981a; Leonardi, 1981e; Leonardi, 1982a; Leonardi, 1984a; Leonardi, 1985a; Leonardi, 1994; Leonardi et al., 1987; Leonardi & Santos, 2004; Leonardi & Carvalho, 2007; Siqueira et al., 2011). Esses registros foram base para estudos focando o comportamento locomotor dos animais produtores. Durante a avaliação do potencial do afloramento foi verificado que o Sítio da Geodiversidade Piau é de relevância nacional, com elevado valor didático e turístico e moderado valor científico (Figura 16).

Figura 16 - A e B) Vista geral das exposições rochosas do Sítio da Geodiversidade Piau nas margens do Rio do Peixe; C) Detalhe mostrando rochas da Formação Sousa expostas no leito seco do rio; D) Detalhe de pegada de dinossauro terópode excepcionalmente preservada. Fotos: Rafael Costa da Silva.

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SÍTIO DA GEODIVERSIDADE Nº 5: SÍTIO SAGÜI

Latitude: -6° 43’ 25.63” S

Longitude: -38° 20’ 17.20 O Município: Sousa

O geossítio Sítio Sagüi fica localizado 14,5 km a noroeste da cidade de Sousa. O acesso é a partir da saída noroeste, de onde se segue pela PB-391 por 11 km até a vila da Caiçara, de onde se toma a direção oeste em estrada de terra, por mais 3,5 km até o geossítio. O sítio é um poço tubular perfurado na Formação Sousa, do Cretáceo Inferior, que exsuda óleo. Análises de técnicas cromatográficas caracterizaram este óleo como Leve, com 81,1% de compostos saturados, predomínio de parafinas em C17 e C23. O óleo possui características tanto de não biodegradado maturo de ambiente lacustre de água doce, como de um óleo imaturo marinho, sendo a sua classificação ainda inconclusiva devido a análise de apenas uma amostra. A duvida quanto a origem lacustre ou marinha identificada na caracterização química do óleo foi reforçada com os resultados das análises dos sedimentos em profundidade retirados de amostras de calha durante a perfuração do poço da PETROBRÁS. Estudos micropaleontológicos mantiveram uma origem lacustre e também com influencia marinha para os sedimentos do Grupo Rio do Peixe (Carvalho et al., 2013; Mendonça Filho et al., 2006; Silva, 2009; Santos, 2014;Santos et al., 2015). Durante a avaliação do potencial do sítio foi verificado que o Sítio Sagüi é de relevância regional, com médio valor científico e moderado valor didático (Figura 17).

Figura 17 – A) Poço tubular do Sítio Sagüi, feito para pesquisa da qualidade do óleo encontrado na Bacia do Rio do Peixe; B) Retirada de amostra do óleo, feita pelo proprietário do sítio Sagüi. Fotos: A - Rogério Valença Ferreira; B - Carlos Schobbenhaus

GEOSSÍTIO Nº 06: FLORESTA DOS BORBA

Latitude: -6° 41’ 04.26” S

Longitude: -38° 20’ 32.80 O Município: Sousa

O geossítio Floresta dos Borba fica situado a 19,5 km a noroeste da cidade de Sousa. O acesso é feito a partir da saída noroeste da cidade de Sousa pela rodovia PB-391, por onde se percorre 15,5 km pela estrada asfaltada, até uma bifurcação à esquerda, onde se percorre mais 4 km, em estrada carroçável, até o geossítio. Consiste em uma exposição com cerca de 2000 m², sendo que parte dela compõe o leito de uma estrada secundária e o restante uma área particular. Outra exposição contendo poucas pegadas isoladas aflora no leito da estrada cerca de 350 metros antes do sítio. As rochas são da Formação Antenor Navarro, incluindo arenitos conglomeráticos e conglomerados. O sítio encontra-se em terreno elevado, estando relativamente protegido da ação erosiva, mas a porção que aflora na estrada é sujeita 21

ao desgaste pelo fluxo de automóveis e pessoas, embora o tráfego seja pouco intenso. O sítio apresenta ocorrências de pegadas de dinossauros Ornithopoda (Staurichnium diogenis e Caririchnium magnificum), pistas produzidas por manadas de Sauropoda, incluindo impressões de mãos e pés, e algumas das maiores pegadas de Theropoda conhecidas na bacia (Leonardi & Santos, 2004; Leonardi & Carvalho, 2007; Siqueira et al., 2011). As pegadas frequentemente mostras estruturas de deformação por carga, ilustrando de forma didática os processos sedimentares que levam à fossilização das mesmas. Durante a avaliação do potencial do afloramento foi verificado que o geossítio Floresta dos Borba é de relevância nacional, com grande valor científico e moderado valor didático e turístico (Figura 18).

Figura 18 - A) Vista geral do Geossítio Floresta dos Borba; B) Detalhe do geossítio mostrando pegadas de dinossauros saurópodes; C) Vegetação e casas ao redor do geossítio; D) Detalhe de pegada com borda de deformação pelo peso do produtor. Fotos: Rafael Costa da Silva.

GEOSSÍTIO Nº 7: ENGENHO NOVO

Latitude: -6° 42’ 53.17” S

Longitude: -38° 24’ 43.59 O Município: São João do Rio do Peixe

O geossítio Engenho Novo está localizado a cerca de 5 Km a nordeste da cidade de São João do Rio do Peixe, cujo acesso é feito pela saída leste da cidade, onde uma estrada de terra vai até o geossitio, na margem direita. Uma das localidades mais ameaçadas da região, este geossítio consiste em um pavimento rochoso situado dentro da pequena vila próxima ao Riacho do Rancho, ao longo da estrada viscinal. O afloramento apresenta fácies mais psamíticas da Formação Sousa, com siltitos arenosos e arenitos finos a médios de estratificação plano-paralela, marcas onduladas, marcas de gotas de chuva, gretas de ressecamento e laminações convolutas. Ocorrem diversas pegadas de dinossauros terópodes muito bem preservadas, geralmente de porte médio, incluido um curioso conjunto de três pegadas em direções diferentes. Algumas delas foram determinadas como Anchisauripus isp. Também há pegadas de grandes dinossauros saurópodes, incluindo uma pista de um grande animal, e ornitópodes semelhantes 22

a iguanodontídeos Leonardi, 1985b; Santos & Santos, 1987a; Leonardi, 1994; Leonardi & Carvalho, 2007; Siqueira et al., 2011). O local, além de estar sujeito ao tráfego de transeuntes e gado, ainda se torna um ponto de escoamento de água durante a época de chuvas, ocasionando intemperismo e erosão. Entretanto, o sítio tem mantido suas características ao longo dos anos. Com os devidos cuidados, o sítio pode se transformar em um importante patrimônio para os moradores da região. O valor do geossítio é principalmente de ordem científica e pedagógica. Durante a avaliação do potencial do afloramento foi verificado que o Geossítio Engenho Novo é de relevância nacional (Figura 19).

Figura 19 - A) Vista geral do Geossítio Engenho Novo; B) Detalhe do geossítio mostrando três pegadas de dinossauros terópodes em direções diferentes; C) Pegada de terópode com excepcional preservação de detalhes morfológicos; D) Pegada de saurópode. Fotos: Rafael Costa da Silva.

SÍTIO DA GEODIVERSIDADE Nº 8: BARRAGEM DO DOMÍCIO

Latitude: -6° 44’ 11.47” S

Longitude: -38° 26’ 18.02 O Município: São João do Rio do Peixe

O sítio da geodiversidade Barragem do Domício está situado a cerca de 1.300 m a sudeste de São João do Rio do Peixe. O acesso ao sítio se dá através da saída sudeste da cidade, seguindo 800 m por uma estrada de terra em direção à Sousa. Nesse ponto, é necessário seguir a pé por 420 m para o sul, em direção ao rio através de um pasto. O sítio encontra-se às margens de uma pequena barragem no Rio do Peixe. Consiste em uma agradável paisagem, com as rochas da Formação Sousa formando uma pequena praia às margens do Rio do Peixe, à jusante de uma bucólica barragem de pedra. A área aflorante apresenta cerca de 1500 m². Suas rochas consistem em siltitos arenosos e arenitos finos a médios com marcas onduladas, gretas de ressecamento, estratificação plano-paralela, estratificação cruzada acanalada e laminações convolutas. O sítio apresenta uma pista de um dinossauro saurópode 23

com uma boa preservação dos pés e mãos e das deformações produzidas no sedimento pelo peso do animal. Ocorrem ainda pegadas de grandes dinossauros terópodes e uma singular pista de um possível mamífero de pequeno porte, além de inúmeros icnofósseis de invertebrados (Leonardi et al., 1987; Leonardi, 1994; Leonardi & Carvalho, 2007). Apesar de suas rochas serem relativamente resistentes à abrasão e erosão, o sítio apresenta uma moderada fragilidade devido ao fato de ser coberto pelo rio nos períodos chuvosos. As pegadas ocorrem em uma área mais alta do afloramento, estando relativamente protegidas da ação do rio mesmo na época de cheia. O valor do geossítio é principalmente de ordem pedagógica, com valoração científica e turística secundárias. Durante a avaliação do potencial do afloramento foi verificado que o sítio Barragem do Domício é de relevância nacional (Figura 20).

Figura 20 – A) Vista geral do Sítio da Geodiversidade Barragem do Domício; B) Detalhe de icnofóssil dinossauriano. Fotos: Rafael Costa da Silva.

SÍTIO DA GEODIVERSIDADE Nº 9: FALHA DE SÃO GONÇALO

Latitude: -6° 50’ 44.38” S

Longitude: -38° 18’ 35.50 O Município: Sousa

O sítio da geodiversidade Falha de São Gonçalo está localizado ao lado enrocamento da barragem homônima, no distrito de São Gonçalo, a 11 km da cidade de Sousa, cujo acesso é feito pela BR- 230. A falha limita a margem sul do sistema de Bacias do Rio do Peixe, separando os sedimentos da sub- bacia de Sousa das rochas cristalinas do embasamento paleoproterozóico (gnaisses e migmatitos indiferenciados). Ela é resultante de esforços compressionais e possui extensão de influencia regional, estendendo-se na direção E-W, paralela ao lineamento Patos, desde a Várzea da Ema até o sul do município de Aparecida (Françolin, 1992; Nogueira et al., 2004; Rocha & Amaral, 2006) Foi aproveitando a topografia positiva do espelho da falha que se escolheu o local ideal para a construção da barragem em 1922 no leito do Rio Piranhas, no distrito homônimo. Propicia uma boa visão da sub-bacia e agrega um mirante com uma pequena capela construída e dedicada à Nossa Senhora de Lourdes - motivo de visitação constante de fiéis que ali depositam seus ex-votos. O Distrito de São Gonçalo compreende ainda um perímetro irrigado onde funciona a Escola Agrotécnica Federal de Sousa, onde se produz cocos, bananas, goiabas dentre outras culturas irrigadas. . Durante a avaliação do potencial do afloramento foi verificado que o sítio Falha de São Gonçalo é de relevância regional (Figura 21).

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Figura 21 – A) Vista geral do Sítio da Geodiversidade Falha de São Gonçalo, afloramento cujo topo é um mirante e onde está localizada a pequena capela de Nª Sª de Lourdes; B) Espelho da Falha de São Gonçalo visto da lateral sul do afloramento; C) Vista panorâmica da Barragem de São Lourenço, que fica do lado do sítio, de onde se pode observar um campo de inselbergs ao fundo; D) Capela de Nª Sª de Lourdes, com uma exposição de ex-votos do lado esquerdo. Fotos: Rogério Valença Ferreira.

GEOSSÍTIO Nº 10: LAGOA DOS PATOS

Latitude: -6° 45’ 43.02” S

Longitude: -38° 14’ 46.12 O Município: Sousa

O geossítio Lagoa dos Patos fica localizado às margens do Rio do Peixe, bem próximo à área urbana de Sousa. O acesso é feito pela Rua Bruno Figueiredo Pinto, noroeste da cidade, de onde se vai por uma estrada carroçável pela margem direita do rio até o geossítio, que fica a 1,3 km da cidade. O Geossítio apresenta em uma das melhores seções colunares da Formação Sousa, com boas exposições verticais e horizontais. O local consiste em um grande afloramento formado pela ação erosiva das águas do rio. O acesso ao local é fácil, mas só é possível na época da estiagem. Suas altas barrancas e amplas superfícies aflorantes revelam um conjunto de arenitos finos, arenitos siltosos, siltitos e argilitos de coloração escura e estratificação plano-paralela com marcas onduladas e gretas de ressecamento. O sítio não apresenta pegadas fósseis, mas é bastante representativo pela ocorrência de carapaças de crustáceos conchostráceos, especialmente do gênero Palaeolimnadiopsis, e ostrácodes (Carvalho, 2009; Carvalho & Carvalho, 1990; Siqueira, 2011). Apesar de suas rochas serem relativamente resistentes à abrasão e erosão, o sítio apresenta uma fragilidade relativamente alta por compor o leito do rio nos períodos 25

chuvosos e pela natureza mais estratificada de suas exposições, tornando a exploração do geossítio de ordem científica e pedagógica. Durante a avaliação do potencial do afloramento foi verificado que o Geossítio Lagoa dos Patos é de relevância nacional (Figura 22).

Figura 22 - A) Vista geral do Geossítio Lagoa dos Patos; B) Afloramento mostrando perfil da Fm Sousa; C) Vista geral de amostra com fósseis de crustáceos conchostráceos delicadamente preservados; D) Detalhe de crustáceo conchostráceo com preservação de moldes interno e externo. Fotos: Rafael Costa da Silva.

SÍTIO DA GEODIVERSIDADE Nº 11: MÃE D’ÁGUA

Latitude: -6° 49’ 05.27” S

Longitude: -38° 12’ 33.29 O Município: Sousa

O sítio da geodiversidade Mãe d’Água fica situado a 6 km a sudeste da cidade de Sousa. O acesso é feito a partir da saída sudeste da cidade, pela estrada de terra que vai até a vila de Mãe d'Água. O sítio é um pequeno morro a cerca de 1 km a sudoeste da vila. Consiste em uma pequena colina com uma das mais belas exposições da Formação Piranhas, cujas rochas afloram por mais de 100 000 m² ao longo de suas encostas. Apesar da pequena altura, a colina se destaca do relevo plano da região, apresentando assim uma bela vista. O sítio constitui ainda um bom exemplo dos tipos de vegetação da região. As rochas afloram em meio à vegetação e consistem em arenitos, arenitos conglomeráticos e conglomerados, de geometria tabular a lenticular com estratificação plano-paralela ou cruzada. As exposições rochosas às vezes formam bonitos lajeados e pequenas lapas, e do topo da colina é possível apreciar uma bonita vista da Bacia do Rio do Peixe. Pegadas fósseis podem ser encontradas ao longo de toda a exposição e incluem registros de dinossauros terópodes de diversos tamanhos, saurópodes e 26

ornitópodes semelhantes a iguanodontídeos (Leonardi, 1981a; Leonardi, 1981e; Leonardi, 1987d; Leonardi et al., 1987; Leonardi, 1994; Leonardi & Santos, 2004; Leonardi & Carvalho, 2007; Siqueira et al., 2011). Devido à natureza descontínua das exposições, geralmente as pegadas ocorrem isoladamente, mas ocorrem também algumas pistas. As pegadas são caracteristicamente preenchidas e erodidas, destacando-se mais pela coloração e textura do que pelo relevo, e muitas vezes as pegadas podem apresentar-se cortadas horizontalmente. As rochas da Formação Piranhas parecem ser mais suscetíveis ao intemperismo e erosão que as demais unidades icnofossilíferas da bacia. O local é sujeito ainda ao crescimento de vegetação e à ocorrência de enxurradas nos períodos chuvosos, aumentando a fragilidade do sítio. O sítio apresenta acentuadas qualidades para exploração pedagógica, com valor secundário para o turismo e uso científico. Durante a avaliação do potencial do afloramento foi verificado que o sítio Mãe d’Água é de relevância nacional (Figura 23).

Figura 23 - A) Vista panorâmica do Geossítio Mãe d’Água; B) Detalhe do geossítio mostrando camadas aflorantes de arenitos em meio à vegetação; C) Conjunto de pegadas de dinossauros terópodes. Fotos: Rafael Costa da Silva.

GEOSSÍTIO Nº 12: LAGOA DO FORNO I

Latitude: -6° 48’ 03.63” S

Longitude: -38° 11’ 03.20 O Município: Sousa

O sítio da geodiversidade Lagoa do Forno I fica localizado a 6,5 km a sudeste da cidade de Sousa. O acesso é feito a partir da saída sudeste da cidade de Sousa, de onde se segue pela rodovia BR-230 por aproximadamente 3,1 km em direção à cidade de Aparecida, entrando à direita em uma estrada de terra. Nesta, segue-se por mais 3,4 km até o sítio, antes da vila homônima. O geossítio abrange uma exposição horizontal de rochas da Formação Piranhas com cerca de 1500 m², parte dela cortada pela uma estrada vicinal. Suas rochas, correspondentes à Formação Piranhas, compreendem arenitos finos a médios e arenitos conglomeráticos, com estratificação cruzada acanalada e tabular, laminações convolutas e marcas de ondas. Ocorrem pegadas, quase sempre isoladas, de dinossauros saurópodes, incluindo conjuntos mão-pé e algumas pegadas muito grandes, e de terópodes de diversos tamanhos. 27

As pegadas e estruturas sedimentares são caracteristicamente cortadas horizontalmente por ação erosiva, o que resulta em uma interessante forma de visualização das feições de deformação produzidas ao redor da pegada pelo peso do animal produtor (Leonardi & Santos, 2004; Leonardi & Carvalho, 2007). O sítio pode ser facilmente conservado desde que seja devidamente isolado da estrada. Suas rochas são resistentes à erosão e intemperismo. Por ser ligeiramente elevado em relação ao entorno, fica relativamente protegido de enxurradas em épocas de chuvas. No entanto, o crescimento da vegetação pode vir a aumentar a fragilidade do sítio. A exploração do geossítio é principalmente de ordem científica e pedagógica. Durante a avaliação do potencial do afloramento foi verificado que o Geossítio Lagoa do Forno I é de relevância nacional (Figura 24).

Figura 24 - A) Vista geral do Geossítio Lagoa do Forno I; B) Detalhe de pegada de dinossauro saurópode cortada horizontalmente por ação erosiva, evidenciando feições de deformação produzidas ao redor da pegada pelo peso do animal produtor. Fotos: Rafael Costa da Silva.

GEOSSÍTIO Nº 13: FAZENDA PARAÍSO

Latitude: -6° 48’ 47.84” S

Longitude: -38° 09’ 50.79 O Município: Sousa

O geossítio Fazenda Paraíso está situado a 9,15 km a sudeste da cidade de Sousa. O acesso é realizado a partir da saída sudeste da cidade de Sousa, de onde se segue pela rodovia BR-230 por aproximadamente 5,2 km em direção à cidade de Aparecida, entrando à direita em uma estrada de terra. Nesta, segue-se por mais 3, 2 km, entrando a direita no primeiro entroncamento e seguindo mais 750 m até as margens da ferrovia Fortaleza-João Pessoa. Mesmo apresentando uma pequena área superficial, com menos de 10 m², o Geossítio Fazenda Paraíso impressiona pela quantidade de pegadas e pistas fósseis e qualidade de preservação. O afloramento constitui-se de arenitos finos a médios e arenitos conglomeráticos, com estratificações cruzadas acanaladas e tabulares e marcas onduladas. As rochas correspondem à Formação Piranhas. A icnofauna do geossítio é representada por pegadas e pistas de dinossauros terópodes, algumas de grande porte, saurópodes e conjuntos mão-pé de ornitópodes. Algumas das pegadas apresentam-se como epirrelevo convexo (alto-relevo) devido à erosão diferencial entre a rocha e o preenchimento da pegada, mais resistente. Outras pegadas aparecem cortadas em planta por efeito da erosão (Leonardi & Santos, 2004; Leonardi & Carvalho, 2007; Siqueira et al., 2011). A exploração do geossítio é principalmente de ordem científica e pedagógica, mas pode haver potencial turístico devido ao fácil reconhecimento das pegadas e acesso. As reduzidas dimensões do sítio e o fato deste ser elevado em relação ao entorno pode facilitar a contenção do crescimento da vegetacção e a proteção da área. Além disso, o sítio é menos propenso à ação de enxurradas, durante a época de chuvas, que os demais. Quando da avaliação do potencial do afloramento foi verificado que o Geossítio Fazenda Paraíso é de relevância nacional (Figura 25).

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Figura 25 - A e B) Vista geral do Geossítio Fazenda Paraíso; C) Pegada de dinossauro ornitópode destacada da rocha por diferença erosiva; D) Conjunto de pegadas de dinossauros com fácil visualização. Fotos: Rafael Costa da Silva.

GEOSSÍTIO Nº 14: CONGLOMERADO DA FAZENDA ACAUÃ

Latitude: -6° 48’ 43.72” S

Longitude: -38° 05’ 04.10 O Município: Aparecida

O geossítio Conglomerado da Fazenda Acauã está localizado a 2,1 km a sul da cidade de Aparecida. O acesso é feito pela saída da Rua João Benedito de Sousa na direção sul, até cruzar a ponte sobre o Rio Piranhas, de onde se toma a estrada à direita, até as terras da Fazenda Acauã, onde está o geossítio. Situado na borda sudeste do limite da Sub Bacia de Sousa, no município de Aparecida, o arenito conglomerático da Fazenda Acauã é um testemunho dos primeiros sedimentos ocorridos quando da reativação dos esforços tectônicos durante o Cretáceo. Posicionado na base da Formação Antenor Navarro, caracteriza-se por possuir seixos subangulosos e blocos do embasamento cristalino de tamanhos variados, polimíticos, com fraturas bem definidas, unidos por uma matriz arenítica ferruginosa vermelho escura (Rocha & Amaral, 2006; Santos, 2004). Este afloramento ocorre no interior da Fazenda Acauã, uma dos mais antigos cenários do ciclo do gado no Brasil, hoje tombada pelo IPHAN como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. A fazenda é um exemplo raro de arquitetura rural da segunda metade do Século XVIII, sendo composta de uma casa, capela e sobrado interligados. Foi nessa fazenda que pernoitou preso o revolucionário pernambucano Frei Caneca a caminho do fuzilamento no Recife. Quando da avaliação do potencial do afloramento foi verificado que o Geossítio Conglomerado da Fazenda Acauã é de relevância nacional (Figura 26). 29

Figura 26 – A) Aspecto geral do geossítio Conglomerado da Fazenda Acauã; B) Bloco do arenito conglomerático; C) Detalhe de bloco do arenito conglomerático com matriz arenosa, média a grossa;D) Sede da Fazenda Acauã, conjunto arquitetônico edificado em 1757, no período histórico denominado Ciclo do Gado. Fotos: Rogério Valença Ferreira

GEOSSÍTIO Nº 15: TAPERA

Latitude: -6° 46’ 11.25” S

Longitude: -38° 06’ 41.62 O Município: Aparecida

O geossítio Tapera está situado a 3,5 km a noroeste da cidade de Aparecida. O acesso é feito a partir da saída da cidade em direção à Sousa, pela rodovia BR-230, de onde se percorre 1 km até a primeira entrada à direita, e se segue por mais 2,5 km por estrada de terra em direção noroeste, até cruzar um riacho tributário do Piranhas. O geossítio fica logo a seguir, na margem esquerda do Rio Piranhas. O acesso é um dos mais difíceis entre os geossítios do geoparque. Durante a época de chuvas, o afloramento fica encoberto pelo rio, sendo exposto apenas durante o período de estiagem. O local é cercado por barras fluviais de areia e cascalho e ilhas de vegetação. O afloramento tem um pouco mais de 200 metros de extensão no sentido N-S, com aproximadamente 4.000 m², e é composto por camadas horizontais de siltitos argilosos, siltitos arenosos e arenitos finos, com laminação horizontal, gretas de ressecamento e marcas onduladas simétricas de crista ondulada em diversas direções, com interferência. Os depósitos correspondem à Formação Sousa. Os icnofósseis ocorrem principalmente nas camadas de siltitos e apresentam sinais de deformação resultante da plasticidade do sedimento durante a deposição. Ocorrem pegadas de dinossauros terópodes, possíveis saurópodes e diversas 30

pegadas e marcas singulares de natação e descanso de crocodilos Mesoeucrocodylia, um tipo de pista extremamente raro em todo o mundo (Campos, 2004; Campos et al., 2010; Leonardi & Carvalho). O sítio é aqui apresentado como sinônimo de “Várzea dos Ramos”, citado por Santos e Santos (1989), conforme interpretação de Siqueira et al. (2011). Apesar de suas rochas serem relativamente resistentes à abrasão e erosão, o sítio apresenta uma moderada fragilidade inerente ao fato de compor o leito do rio nos períodos chuvosos, tornando a exploração do geossítio de ordem científica e pedagógica. Durante a avaliação do potencial do afloramento foi verificado que o Geossítio Tapera é de relevância nacional (Figura 27).

Figura 27 - A e B) Vista geral do Geossítio Tapera mostrando marcas onduladas e marcas de descanso de crocodilos; C) Detalhe de uma marca de descanso de crocodilos Mesoeucrocodylia; D) Pista de dinossauro terópode; E) Detalhe de pegada de terópode. Fotos: Rafael Costa da Silva.

SÍTIO DA GEODIVERSIDADE Nº 16: MOLASSA DE BREJO DAS FREIRAS

Latitude: -6° 42’ 06.75” S

Longitude: -38° 28’ 40.70 O Município: São João do Rio do Peixe

O sítio da geodiversidade Molassa de Brejo das Freiras está localizado a 3,4 km a noroeste da cidade de São João do Rio do Peixe. O acesso é feito pela PB-393, no sentido de Triunfo. Depois de percorrida a referida distância, chega-se ao sítio da geodiversidade, que fica situado em ambas as margens da estrada. O sítio é um afloramento com uma molassa de cor preta, com seixos de quartzo angulosos a subangulosos de tamanhos variáveis e matriz escura e fratura irregular. Apresenta granulometria variável e está encaixada nas rochas do embasamento. A sua espessura é de aproximadamente dois metros e está exposta num corte da rodovia. Segundo informação verbal do Prof. Dr. Mário Ferreira de Lima Filho da UFPE, a rocha é do Cambriano e está associada à Falha de Portalegre. Estudos petrográficos precisam detalhar melhor a sua mineralogia, considerando a sua proximidade ao vulcanismo representado pela brecha vulcânica Poço da Jurema. Também se faz necessário um mapeamento de detalhe da extensão da rocha aflorante e sua relação com as encaixantes. Quando da 31

avaliação do potencial do afloramento foi verificado que o sítio Molassa de Brejo das Freiras é de relevância regional (Figura 28).

Figura 28 – A) Aspecto geral do sítio da geodiversidade Molassa de Brejo das Freiras; B) Detalhe da molassa com seixos de quartzo angulosos; B) Detalhe da molassa apresentando fraturas irregulares. Fotos: A - https://www.google.com.br/maps. Acessado em 28/12/2017; B e C – Luis Manoel Paes Siqueira.

SÍTIO DA GEODIVERSIDADE Nº 17: CALCARENITO FOSSILÍFERO

Latitude: -6° 49’ 06.24” S

Longitude: -38° 24’ 54.15 O Município: São João do Rio do Peixe

O sítio da geodiversidade Calcarenito Fossilífero está situado a 10 km a sudeste da cidade de São João do Rio do Peixe. O acesso é feito pela BR-405, no sentido de Marizópolis. Depois de percorrida a referida distância, chega-se ao sítio da geodiversidade, que fica situado na margem esquerda da estrada. O sítio é um afloramento de rocha arenítica calcária de granulometria fina a muito fina, de cor creme a marrom, ora em camadas de sedimentação plano paralela, ora compacta, com fósseis de conchas e, segundo informação verbal do Prof. Dr. Mario Ferreira de Lima Filho da UFPE, apresenta fósseis de peixes. Esse calcário foi mapeado como pertencendo a Formação Sousa, porém o Prof. Mario admite a possibilidade dela vir a pertencer ao Grupo Santa Helena, recentemente descoberto. O mesmo aflora ao lado direito de uma estrutura circular concêntrica que pode ser visualizada em imagem de satélite, sugerindo uma sinclinal. Melhores estudos paleontológicos e sedimentológicos, bem como estratigráficos precisam ser realizados para melhor caracterização. Quando da avaliação do potencial do afloramento foi verificado que o sítio Calcarenito Fossilífero de Brejo das Freiras é de relevância regional (Figura 29).

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Figura 29 – A) Aspecto geral do sítio da geodiversidade Calcarenito Fossilífero; B) Detalhe do Calcarenito com sedimentação plano-paralela; C) Calcarenito amarelo com fósseis de conchas. Fotos: Luis Manoel Paes Siqueira.

SÍTIO DA GEODIVERSIDADE Nº 18: FALHA DE PORTALEGRE

Latitude: -6° 40’ 35.82” S

Longitude: -38° 29’ 53.01 O Município: São João do Rio do Peixe

O sítio da geodiversidade Falha de Portalegre está localizado a 8,1 km a noroeste da cidade de São João do Rio do Peixe. O acesso é feito pela PB-393, no sentido de Triunfo. Depois de percorridos 7 km, até uma rotunda, pegar estrada à esquerda até o Hotel Brejo das Freiras, onde fica o sítio. A Falha Portalegre está posicionada no extremo noroeste do semi-gráben de Sousa e o separa do semi-gráben de Brejo das Freiras. Compreende uma falha do Neoproterozóico de extensão regional, com sentido NE-SW e apresenta uma diferença topográfica em seu espelho que permite uma ampla visão da sub- bacia de Brejo das Freiras. Essa visão panorâmica pode ser apreciada tanto no girador da pista que liga Brejo das Freiras a Poço José de Moura, como no morro vizinho, onde está situada a pista de pouso que atende o distrito e hotel. Amplamente citada em trabalhos científicos devido à sua importância como estrutura modeladora da geometria do sistema de bacias do Rio do Peixe, estão associadas a ela diversas rochas originárias do embasamento Proterozóico, até molassas do Cambriano, bem como outras falhas refletidas em toda a região (Costa, 1964; Ponte et al., 1991; Françolin, 1992; Nogueira et al., 2004; Rocha & Amaral, 2006; Silva, 2009). No Distrito de Brejo das Freiras, interior da sub-bacia homônima e ao pé do espelho da falha, funciona um hotel de estância termal do Governo do Estado da Paraíba com uma fonte surgente de água quente geotermal que tem origem e razão na Falha de Portalegre. O sítio apresenta excelentes qualidades para exploração pedagógica e turística, com valor secundário para o uso científico. Quando da avaliação do potencial do afloramento foi verificado que o sítio da geodiversidade Falha de Portalegre é de relevância nacional (Figura 30).

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Figura 30 – A) Aspecto geral do sítio da geodiversidade Falha de Portalegre, com rochas deformadas em primeiro plano; B) Espelho de falha junto ao estacionamento do Hotel de Brejo das Freiras; C) Detalhe do espelho de falha; D) Hotel de Brejo das Freiras, onde está localizado o sítio. Fotos: Rogério Valença Ferreira

GEOSSÍTIO Nº 19: BRECHA VULCÂNICA POÇO DA JUREMA

Latitude: -6° 42’ 07.61” S

Longitude: -38° 31’ 35.12” O Município: Triunfo

O geossítio Brecha Vulcânica Poço da Jurema está situado a 10,2 km a noroeste da cidade de São João do Rio do Peixe. O acesso é feito a partir da cidade pela PB-393, no sentido de Triunfo, de onde se percorre 5,7 km até um atrevo com a PB-395 e mais 4 km, até o povoado de Brejo das Freiras. Logo após o povoado, pegar primeira estrada de terra a esquerda e percorrer mais 500 m até o geossítio. Trata-se de uma exposição de rochas vulcanoclásticas ainda não totalmente mapeadas e estudadas. Ora ocorrem como brechas com fragmentos subangulosos de rochas do embasamento (xistos, milonitos, granitoides) apresentando estruturas típicas de fiammes com litoclastos do embasamento com bordas “dissolvidas” em uma matriz fina, localmente cloritizada, com feições de escape de gases em forma de vesículas milimétricas, ora como Ignimbritos creme alaranjados, e púmices. Afloram numa pedreira ao sul do Açude de Pilões, onde é lavrada como rocha ornamental exótica com nome de fantasia “Marrom Madeira”. Afloram ainda poucos metros ao sul e até ao longo da ferrovia com feições variáveis típicas de um evento vulcânico extrusivo. A sua caracterização foi possível pela sua descoberta em subsuperfície pela Petrobrás, que mudou a história da geologia do sistema de sub-bacias, com 34

origem provavelmente ligada à reativação das fraturas no Devoniano (Silva, 2014; Silva et al., 2014). Quando da avaliação do potencial do afloramento foi verificado que o geossítio Brecha Vulcânica Poço da Jurema é de relevância nacional (Figura 31).

Figura 31 – A) Aspecto de bloco da Brecha Vulcânica Poço da Jurema; B) Detalhe do afloramento; C) Brecha vulcânica serrada para utilização como rocha ornamental. Fotos: Luis Manoel Paes Siqueira

GEOSSÍTIO Nº 20: FORMAÇÃO TRIUNFO

Latitude: -6° 42’ 55.02” S

Longitude: -38° 32’ 46.68 O Município: Santa Helena

O geossítio Formação Triunfo está localizado a 13,7 km a noroeste da cidade de São João do Rio do Peixe. O acesso é feito a partir da cidade pela PB-393, no sentido de Triunfo, de onde se percorre 5,7 km até um atrevo com a PB-395 e mais 7,4 km até entrar numa estrada de terra a esquerda da rodovia, onde se percorre mais 600 metros até um pátio abandonado, construído pela Petrobrás para um poço exploratório, onde fica o geossítio. Trata-se de um afloramento da Formação Triunfo, unidade litoestratigráfica superior do Grupo Santa Helena, que foi datada no Devoniano inferior . Apresenta arenitos de cores esbranquiçado a amarelo, com níveis conglomeráticos, num empilhamento de 4 (quatro) metros de exposição local. Apresenta ciclos deposicionais iniciando com seixos angulosos de quartzo, passando a arenitos de granulometria grossa, caulínicos, calcíferos, com camadas peliticas arroxeadas. Estratificações cruzadas bem nítidas e predominantes. A Formação representa um evento do Devoniano recentemente descoberto na Sub-bacia Brejo das Freiras devido às pesquisas de petróleo pela PETROBRÁS em 2010-2011. Esta formação encontra-se sobreposta à Formação Pilões e o afloramento localiza-se na Fazenda Areias, Município de Santa Helena. Quando da avaliação do potencial do afloramento foi verificado que o geossítio Formação Triunfo é de relevância nacional (Figura 32).

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Figura 32 – A) Aspecto geral do geossítio Formação Triunfo; B) Detalhe do afloramento com arenito conglomerático; C) Estratificação cruzada. Fotos: Luis Manoel Paes Siqueira

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Tabela 1 – Geossítios e Sítios da Geodiversidade do Geoparque Rio do Peixe

Nº Geossítios e Sítios da Descrição Sumária Valor Informações Adicionais** Geodiversidade Científico* 01 Passagem das Pedras Pegadas fósseis de dinossauros Paleo/Sed GInt/Cien/Edu/Gtur/Ouc/Fa/Npa 02 Serrote do Pimenta Pegadas fósseis de dinossauros Paleo/Sed GNac/Cien/Edu/Gtur/Np/Fa/Npa 03 Serrote do Letreiro Pegadas fósseis de dinossauros Paleo/Sed GNac/Cien/Edu/Gtur/Np/Fa/Npa/Arq/Histc 04 Piau Pegadas fósseis de dinossauros Paleo/Sed SGNac/Cien/Edu/Gtur/Np/Fa/Npa 05 Sítio Sagüi Poço tubular com exudação de óleo Sed SGReg/ Cien/Edu/Econ/Np/Fb/Npb 06 Floresta dos Borba Pegadas fósseis de dinossauros Paleo/Sed GNac/Cien/Edu/Gtur/Np/Fm/Npm 07 Engenho Novo Pegadas fósseis de dinossauros Paleo/Sed GNac/Cien/Edu/Np/Fa/Npa 08 Barragem do Domício Pegadas fósseis de dinossauros Paleo/Sed SGNac/Cien/Edu/Np/Fm/Npa 09 Falha de São Gonçalo Espelho de falha Tect/Geom SGReg/Edu/Gtur/Np/Fb/Npm/Histc 10 Lagoa dos Patos Seção colunar da Formação Sousa Estr/Paleo/Sed GNac/Cien/Edu/Np/Fa/Npa 11 Mãe d'Água Pegadas fósseis de dinossauros Paleo/Sed/Estr SGNac/Cien/Edu/Gtur/Np/Fb/Npm 12 Lagoa do Forno I Pegadas fósseis de dinossauros Paleo/Sed SGNac/Cien/Edu/Gtur/Np/Fa/Npa 13 Fazenda Paraíso Pegadas fósseis de dinossauros Paleo/Sed GNac/Cien/Edu/Gtur/Np/Fm/Npa 14 Conglomerado da Fazenda Acauã Arenito Conglomerático Tect/Estr/Sed GNac/Cien/Edu/Gtur/Np/Fb/Npm/Histc 15 Tapera Pegadas fósseis de dinossauros Paleo/Sed GNac/Cien/Edu/Gtur/Np/Fm/Npa 16 Molassa de Brejo das Freiras Molassa em rochas do embasamento Sed/Tect SGReg/Cien/Edu/Gtur/Np/Fb/Npm 17 Calcarenito Fossilífero Calcarenito Fossilífero da Fm Sousa Sed/Paleo SGReg/Cien/Edu/Np/Fb/Npm 18 Falha de Portalegre Espelho de falha do Neoproterozóico Tect SGNac/Cien/Edu/Gtur/Np/Fb/Npb/Histc 19 Brecha Vulcânica Poço da Jurema Rochas vulcanoclásticas Vul GNac/Cien/Edu/Np/Fb/Npb 20 Formação Triunfo Arenito do Devoniano Sed GNac/Cien/Edu/Np/Fb/Npb *Valor Científico: Estr – Estratigrafia; Geom – Geomorfologia; Met – Metalogenia; Min – Mineralogia; Paleo – Paleontológico; Pig – Petrologia ígnea; Pmet – Petrologia metamórfica; Sed – Sedimentologia; Tect – Tectônica; Vul – Vulcanismo; ** Relevância: GInt – Geossítio Internacional; GNac – Geossítio Nacional; SGNac – Sítio da Geodiversidade Nacional; SGReg – Sítio da Geodiversidade Regional; **Uso Potencial: Cien – Científico; Edu – Educação; Gtur – Geoturismo; Econ - Economia; **Estado de Proteção: Ouc – Outra Unidade de Conservação; Acp – Acordo com proprietários; Np – Nenhuma proteção; **Fragilidade: Fa – Alta; Fm – Média; Fb – Baixa; **Necessidade de Proteção: Npa – Alta; Npb – Baixa; **Outras Informações: Mir – Mirante; Arq – Arqueologia; Histc – Histórico-cultural. Baseado em metodologias propostas por: Brilha (2015); Garcia-Cortés & Úrqui (2009)

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INFORMAÇÕES ADICIONAIS SOBRE A PROPOSTA

A infraestrutura turística das cidades que estão dentro do perímetro do geoparque é bem desigual. Por um lado, os municípios de São João do Rio do Peixe, Aparecida, Marizópolis, Triunfo e Santa Helena não contam com rede hoteleira e de restaurantes adequada e tem poucas opções, ou nenhuma, de entretenimento para os visitantes que ali aportam. Já na cidade de Sousa existe uma considerável infraestrutura, tendo diversos hotéis com boas condições de acomodação e várias opções de bares e restaurantes. A economia desses municípios do território do geoparque está baseada na agricultura irrigada, pecuária leiteira, caprinocultura e agricultura de subsistência, com algumas agroindústrias, serviços e comércio, notadamente localizados em Sousa. Destaca-se na área o Projeto de Irrigação Várzeas de Sousa – PIVAS, iniciativa do governo estadual, com o objetivo de fomentar as atividades agrícola e agroindustrial regional, através da produção de grãos e fruticultura irrigada para a exportação (Lima, 2012) (Figura 33).

Figura 33 – A) Cultura irrigada com pivô central do Projeto de Irrigação Várzeas de Sousa – PIVAS; B) A caprinocultura é uma atividade econômica muito importante para a região onde está o geoparque. Fotos: Rogério Valença Ferreira

Outro aspecto importante a ressaltar é a identidade da população da cidade de Sousa com a temática principal do futuro geoparque: a existência dos dinossauros que habitaram a região da Bacia do Rio do Peixe, num passado remoto, mas materializado com os registros das pegadas impressos nas rochas daquela bacia sedimentar. O conhecimento dessas pegadas, que data do começo do século XX, assim como a existência do parque estadual Monumento Natural Vale dos Dinossauros, que atrai turistas de todas as partes, cristalizou a imagem desses animais pré-históricos no imaginário popular. Encontram-se imagens desses animais em varias artérias da cidade, como placas comerciais e esculturas, e até no escudo do principal time de futebol da cidade (Figura 34). Essa identidade cultural com a figura dos dinossauros é de suma importância no processo de criação do geoparque, pois a comunidade local já reconhece a importância do fato desses animais terem deixado seus rastros marcados naquele território.

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Figura 34 – A- D) Identidade cultural da figura do dinossauro com a população de Sousa. Fotos: Rogério Valença Ferreira

MEDIDAS DE PROTEÇÃO

No polígono proposto para a criação do geoparque, existe uma área de proteção integral denominada Monumento Natural Vale dos Dinossauros, criada através do Decreto Estadual 23.832, de 27 de dezembro de 2002. Localizada no município de Sousa, a referida área conta com 40 ha e contém a principal trilha de pegadas de dinossauros da Bacia do Rio do Peixe. É administrada pela Superintendência de Administração do Meio Ambiente – SUDEMA, que em convênio com a PETROBRÁS, construiu um centro de visitação com infraestrutura adequada, tanto para a preservação como para a visita dos turistas que ali aportam. Quando da realização dos trabalhos de campo para o presente projeto, em junho de 2013, as instalações do Vale dos Dinossauros tinham acabado de ser restauradas. Como descrito neste relatório, é na referida área de proteção que se encontra o geossítio Passagem das Pedras, considerado de relevância internacional. Para os outros 19 sítios geológicos e paleontológicos, do total dos 20 que compõem essa proposta, é necessária a implantação de medidas de proteção e conservação, através de um plano de manejo detalhado quando da criação do geoparque.

Para implementação do geoparque, uma série de ações se farão necessárias, dentre outras: - Apresentação do presente projeto aos atores que possam a vir constituir uma entidade gestora do geoparque, quais sejam: poderes públicos, universidades, entidades privadas e comunitárias; - Formalização de um grupo de trabalho, possivelmente composto pelo governo estadual, prefeituras do território proposto para o geoparque, universidades, entidades privadas e comunitárias, adequando a implantação do geoparque a um plano de gestão e manejo, a ser concebido, para a preservação dos sítios de interesse geológico-paleontológico;

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- Utilização da infraestrutura já existente no Monumento Natural Vale dos Dinossauros como possível sede administrativa do geoparque e centro de visitantes; - Construção de um SIG – Sistema de Informações Geográficas, onde constem todos os dados e informações sobre o geoparque; - Confecção de material ilustrativo (folders) dos atrativos do geoparque, para distribuição ao público visitante; - colocação de placas interpretativas nos diversos geossítios; - treinamento dos guias, através de cursos sobre os temas abordados no geoparque; - construção de um site para divulgação do geoparque na internet.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Autores:

Rogério Valença Ferreira, geógrafo graduado pela Universidade Federal de Pernambuco (1993), com especialização em Cartografia Aplicada ao Geoprocessamento pela Universidade Federal de Pernambuco (1994), mestrado em Geociências pela Universidade Federal de Pernambuco (1999) e doutorado em Geociências pela Universidade Federal de Pernambuco (2008). Trabalhou no período de 1992 a 2002 no DNPM – Departamento de Produção Mineral, onde atuou na área de geoprocessamento. Ingressou na CPRM – Serviço Geológico do Brasil em 2002, como Analista em Geociências, onde participou do Projeto Sistema de Informações Geoambientais da Região Metropolitana do Recife. Atualmente faz parte da equipe do Projeto Geodiversidade do Brasil, onde trabalha com o tema geomorfologia, e é coordenador regional do Projeto Geoparques na área de atuação da Superintendência Regional do Recife. Suas principais áreas de atuação são: geomorfologia e conservação do patrimônio geológico-geomorfológico. [email protected]

Rafael Costa da Silva possui graduação (Bacharelado e Licenciatura) em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Paraná (2001), mestrado em Ciências Biológicas (Zoologia) pelo Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro (2004) e doutorado pelo Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro (2008). Tem experiência nas áreas de Paleontologia e Zoologia, atuando principalmente em Paleozoologia e Icnologia de Vertebrados e Invertebrados. Atualmente é Paleontólogo da Divisão de Paleontologia, Departamento de Geologia, da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais - CPRM - Serviço Geológico do Brasil. [email protected]

Luís Manoel Paes Siqueira é geólogo (UFPE, 1987), Mestre em Geociências (UFRN), especialista em recursos minerais do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM/PE). Escritor com vários prêmios literários, tem 15 livros publicados. Foi professor de língua inglesa americana, comerciante, garimpeiro, agricultor, jornalista, editor, presidente da União Brasileira de Escritores – núcleo Petrolina, consultor do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e coordenador regional de projetos de combate à pobreza rural de 2004 a 2005 em Pernambuco. Entre 2009 e 2010, coordenou os primeiros trabalhos de georreferenciamento e medidas de proteção e diagnóstico de vulnerabilidade dos sítios paleontológicos das Bacias do Rio do Peixe (PB) para o DNPM e o Ministério Público Federal. [email protected]

Colaboradores:

- Janaína Marise França de Araújo -Técnica em Geociências – CPRM 45