Angelo Agostini Ou Impressões De Uma Viagem Da Corte À Capital Federal (1864-1910)

Total Page:16

File Type:pdf, Size:1020Kb

Angelo Agostini Ou Impressões De Uma Viagem Da Corte À Capital Federal (1864-1910) UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA SOCIAL Gilberto Maringoni de Oliveira No. USP 1020828 Angelo Agostini ou impressões de uma viagem da Corte à Capital Federal (1864-1910) Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em História Social do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Doutor em História. Orientador: Prof. Dr. Marcos Antonio da Silva São Paulo, 2006 1 Resumo: Este estudo procura investigar e interpretar a trajetória artística, jornalística, política e intelectual do caricaturista ítalo-brasileiro Angelo Agostini (1843-1910). Sua estréia profissional, em São Paulo, coincide com o início da Guerra do Paraguai, em 1864, e seus últimos trabalhos acontecem quando a República oligárquica está consolidada, em 1908. Agostini assiste à decadência das últimas engrenagens do Império, assentado no trabalho escravo e na grande propriedade da terra e, em seguida, testemunha o advento da República e a nova inserção do Brasil no mercado internacional, através do fornecimento de matérias-primas aos países centrais e da entrada maciça de capitais externos aqui. Esteticamente, ele foi o principal artista gráfico em atividade, no Brasil, na segunda metade do século XIX e realizador de alguns marcos na história da imprensa brasileira, como a Revista Illustrada. Introdutor das histórias em quadrinhos entre nós, deixou como legado uma obra vasta, diferenciada e irregular. No plano político, foi um ativista na luta pela Abolição da escravatura. Nosso propósito é evidenciar como as transformações empresariais e técnicas na atividade de imprensa interferem no trabalho das artes gráficas. Ao mesmo tempo, tentaremos examinar em que consistiu a militância política de Agostini no âmbito jornalístico, quem eram seus parceiros, com quais setores de classe se articulava e qual o significado da campanha abolicionista para uma parcela da elite urbana. Palavras-chave Caricatura, história da imprensa, histórias em quadrinhos, Império, Abolição, República. 2 Abstract This work intends to research and interpret the artistic, journalistic, political and intellectual career of the Italian-Brazilian cartoonist Angelo Agostini (1843-1910). His professional debut takes place in 1864, in São Paulo, when the Paraguay War was beginning, and his last works are published when the Oligarchic Republic is already consolidated, in 1907. Agostini witnesses the decay of the Brazilian Empire´s last ties - supported by slave work and large landed states. Following that, he also sees the raising of the Republic and Brazil´s new insertion in the international market - supplying raw material to central economies, and the massive income of external capital into the country. Esthetically wise, he was the main graphic artist at work in the second half of the nineteen century in Brazil. He accomplished some deeds in the history of the Brazilian press, such as the Revista Illustrada. Agostini was also the first one to introduce comic narrative into the country and his legacy was a vast artistic creation – although diversified and irregular. In the political field, he was an activist in the struggle for the abolition of slavery. The objective of this study is to point out how business and technical changes in press activities interfere in the final work - the graphic work. Along with that, we also try to investigate how Agostini performed his political action in the journalistic milieu, who his partners were, which class sectors he was connected with, and what the abolitionist campaign meant for a sector of the white urban elite. Keywords: Caricature, history of the press, comic art, Brazilian empire, abolition of slavery, Brazilian Republic 3 Para Natalia, Mayra e Isadora 4 Índice Agradecimentos........................................................................................................7 Apresentação...........................................................................................................10 Introdução................................................................................................................14 O traço e a troça 1.O Diabo na província............................................................................................34 A imprensa paulista Cabrião, crônica de uma província emergente A Guerra O autor, o autor 2. Impressões de uma viagem à Corte..................................................................78 Um jornal com nome de saltimbanco Maturidade Tempo de mudanças Paz e desequilíbrio 3. Império ilustrado.........................................................................................102 O português tal e qual As polêmicas nas artes plásticas O repórter e seu lápis-câmera A revolta do vintém A campanha abolicionista A libertação Os quadrinhos de Angelo Agostini “O que importa”: a sustentação política e material A saída do editor 4. A República da especulação........................................................................194 A volta e os novos planos Anos de agitação e incerteza 5 A Revista Illustrada sem Agosini Imprensa empresa e avanço técnico O jornal da triste figura Racismo, tortura e lincamento Agostini e o massacre de Canudos Combatendo trabalhadores Razões do racismo O cavaleiro guarda as armas 5. Os últimos anos .................................................................................................279 Muda a República, muda o Rio, muda a imprensa 6. Conclusões..........................................................................................................317 Anexo.........................................................................................................................321 “Aos meus assinantes” Bibliografia...............................................................................................................324 6 Agradecimentos Teses de doutorado nunca são trabalhos exclusivamente individuais. Várias pessoas, direta ou indiretamente, acabam por participar de uma tarefa que consome anos de pesquisa, elaboração e paciência. Os agradecimentos formam, geralmente, a parte mais incompleta do texto, pois as omissões – por culpa involuntária do autor – são inevitáveis. Mas vamos lá. Em primeiro lugar, quero agradecer à universidade pública, fruto do esforço coletivo dos brasileiros, a possibilidade de empreender este trabalho. Freqüentemente vítima dos realismos orçamentários de sucessivos governos a dificultar seu funcionamento, ela desempenha com dignidade o papel de forjar a consciência crítica de milhões de pessoas e realizar trabalhos de educação e pesquisa fundamentais para o país. Sem uma instituição desse tipo, como a Universidade de São Paulo, este trabalho não existiria. Um muito obrigado vai também à CAPES, que durante a fase de mestrado me forneceu uma bolsa de estudos. Esta pesquisa também não seria possível sem a participação decisiva do professor Marcos Antonio da Silva, que acolheu meu projeto e orientou o trabalho desde suas linhas gerais, até a indicação de valiosas leituras e reflexões. Além de um grande orientador, tive nesses anos um companheiro interessado. Não quero com isso comprometer o Marcos com as insuficiências, lacunas, equívocos e falhas das linhas que se seguem, que são de responsabilidade minha, mas com seus aspectos positivos. Valiosas também foram as contribuições dos integrantes das duas bancas de qualificação a que me submeti. Elas foram compostas pelos professores Cecília Helena Salles de Oliveira, Esmeralda Bolsonaro de Moura, Antonio Luiz Cagnin e Lincoln Secco, que fizeram importantes contribuições à tese. Agradecimentos especiais vão também para Wladimir Sacchetta, fornecedor de várias imagens para estas páginas, Hélio Seixas Guimarães, pelo auxílio com dados demográficos, Natalia Codo de Oliveira, por me facilitar o acesso a inúmeros livros fundamentais e Ricardo Sequeira Bechelli, por observações sobre teorias raciais do século XIX. Flamarion Maués, amigo e editor, exerceu sua notável competência e gentileza ao revisar os originais, além de fazer várias sugestões de conteúdo. Yara Codo e Alan Uemura auxiliaram na 7 impressão do trabalho. Denis Machado Rossi, do Instituto de Estudos Brasileiros, da USP, reproduziu várias das imagens que se seguem. Realizar esta tarefa seria mais difícil sem a colaboração e afeto de Jane Paricini de Souza, Mayra Codo de Oliveira, Regina e Ricardo Maringoni de Oliveira e Márcia Ramos. E as disputas com Isadora França de Oliveira pelo teclado do computador tornaram o trabalho mais descontraído. Por fim, seria impossível realizar esta investigação sem a participação, as sugestões e o apoio de Adelina França. A ela, um beijo carinhoso. 8 “Opinião pública é a opinião que se publica”. Millôr Fernandes 9 Apresentação Piada não se explica. Título de tese acadêmica, às vezes, pede algum esclarecimento. Angelo Agostini, ou impressões de uma viagem da Corte à Capital Federal (1864-1910) é um desses casos. Esta é uma referência às Aventuras de Nhô Quim, ou impressões de uma viagem à Corte, série em quadrinhos publicada no jornal Vida Fluminense ao longo do ano de 1869, por Angelo Agostini. Esta surpreendente narrativa me fascinou desde a primeira vez que a vi, em 1984. Além de vários achados de linguagem, ela serviu de argumento para uma campanha realizada por jovens artistas gráficos daquela época. Havia uma polêmica, que acabou por nunca se resolver inteiramente: qual seria o marco inicial da publicação
Recommended publications
  • A Revista Illustrada E Os a Iversários Da Abolição Dos Escravos Os a Os 1890
    COMEMORADO A LIBERDADE: A REVISTA ILLUSTRADA E OS AIVERSÁRIOS DA ABOLIÇÃO DOS ESCRAVOS OS AOS 1890 Aristeu Elisandro Machado Lopes1 Considerações iniciais Em janeiro de 1876 Angelo Agostini, um dos caricaturistas atuantes na imprensa ilustrada do Rio de Janeiro, lançava o periódico Revista Illustrada. Agostini já havia dado demonstrações de seu talento para o desenho de humor com ilustrações em outros periódicos. Iniciou em São Paulo com os periódicos Diabo Coxo (1864-1865) e Cabrião (1865-1867). Já na capital do Império, logo após sua chegada em 1867, contribuiu em O Arlequim, transformado em A Vida Fluminense. Neste periódico se manteve até 1871 quando, então, seus desenhos passaram a surgir em O Mosquito, do qual se retirou para lançar a Revista. O novo periódico de Agostini logo alcançou sucesso e se manteve circulando no Rio de Janeiro até 1898. Ao longo de sua atuação como caricaturista Agostini se dedicou a campanha pela Abolição dos Escravos veiculando ilustrações que tratavam da situação dos escravizados no Brasil2. Atuou ao lado de importantes abolicionistas como Joaquim Nabuco, o qual declarou ser a Revista uma bíblia abolicionista3. Em seguida, Agostini se mudaria para Paris, uma viagem de aperfeiçoamento e descanso, conforme noticiava o periódico; contudo, o caricaturista deixava a esposa no Brasil e viajava com a sua estudante de desenho Abgail de Andrade, que era sua amante e estava grávida4. 1 Doutor em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professor Adjunto do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação Mestrado em História da Universidade Federal de Pelotas. E-mail: [email protected] 2 Um exemplo da atuação de Agostini pode ser conferida na ilustração “De volta do Paraguai” pública em O Mosquito em 11/07/1870.
    [Show full text]
  • A DIPLOMACIA DO MARECHAL Ministério Das Relações Exteriores
    história diplomática A DIPLOMACIA DO MARECHAL MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES Ministro de Estado Aloysio Nunes Ferreira Secretário ‑Geral Embaixador Marcos Bezerra Abbott Galvão FUNDAÇÃO ALEXANDRE DE GUSMÃO Presidente Embaixador Sérgio Eduardo Moreira Lima Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais Diretor Ministro Paulo Roberto de Almeida Centro de História e Documentação Diplomática Diretor Embaixador Gelson Fonseca Junior Conselho Editorial da Fundação Alexandre de Gusmão Presidente Embaixador Sérgio Eduardo Moreira Lima Membros Embaixador Ronaldo Mota Sardenberg Embaixador Jorio Dauster Magalhães e Silva Embaixador Gelson Fonseca Junior Embaixador José Estanislau do Amaral Souza Embaixador Eduardo Paes Saboia Ministro Paulo Roberto de Almeida Ministro Paulo Elias Martins de Moraes Professor Francisco Fernando Monteoliva Doratioto Professor José Flávio Sombra Saraiva Professor Eiiti Sato A Fundação Alexandre de Gusmão, instituída em 1971, é uma fundação pública vinculada ao Ministério das Relações Exteriores e tem a finalidade de levar à sociedade civil informações sobre a realidade internacional e sobre aspectos da pauta diplomática brasileira. Sua missão é promover a sensibilização da opinião pública para os temas de relações internacionais e para a política externa brasileira. Sergio Corrêa da Costa A DIPLOMACIA DO MARECHAL Intervenção estrangeira na Revolta da Armada 3ª edição Brasília – 2017 Direitos de publicação reservados à Fundação Alexandre de Gusmão Ministério das Relações Exteriores Esplanada dos Ministérios, Bloco H Anexo II, Térreo 70170 ‑900 Brasília–DF Telefones: (61) 2030‑6033/6034 Fax: (61) 2030 ‑9125 Site: www.funag.gov.br E ‑mail: [email protected] Equipe Técnica: Eliane Miranda Paiva Fernanda Antunes Siqueira Gabriela Del Rio de Rezende André Luiz Ventura Ferreira Luiz Antônio Gusmão Projeto Gráfico: Daniela Barbosa Programação Visual e Diagramação: Gráfica e Editora Ideal Capa: Angelo Agostini.
    [Show full text]
  • Leslie Bethell Essays on History and Politics
    BRAZIL essays on history and politics Leslie Bethell BRAZIL Essays on history and politics Leslie Bethell Institute of Latin American Studies, School of Advanced Study, University of London, 2018 British Library Cataloguing-in-Publication Data A catalogue record for this book is available from the British Library ISBN: 978-1-908857-61-3 (PDF edition) DOI: 10.14296/618.9781908857613 ISBN: 978-1-908857-54-5 (paperback edition) Institute of Latin American Studies School of Advanced Study University of London Senate House London WC1E 7HU Telephone: 020 7862 8844 Email: [email protected] Web: http://ilas.sas.ac.uk This book is published under a Creative Commons Attribution- NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International (CC BY-NC-ND 4.0) license. More information regarding CC licenses is available at https://creativecommons.org/licenses/ Available to download free at http://www.humanities-digital-library.org Contents Preface v Anthony Peireira Introduction Why Brazil? An autobiographical fragment 1 I 1. Brazil and Latin America 19 II 2. Britain and Brazil (1808–1914) 57 3. The Paraguayan War (1864–70) 93 4. The decline and fall of slavery in Brazil (1850–88) 113 III 5. The long road to democracy in Brazil 147 6. Populism in Brazil 175 7. The failure of the Left in Brazil 195 Preface eslie Bethell is one of the few great Brazilianists, as foreign scholars of Brazil are called, of his and subsequent generations. Brazilianists engage in scholarship that has breadth and depth; illuminate Brazil as an object ofL study, asking the most important questions that can be asked about the country; and give voice to Brazilian experiences and perspectives.
    [Show full text]
  • Os Aniversários Da Abolição Da Escravatura E a Imprensa Ilustrada Do Rio De Janeiro (1890-1902)
    Os aniversários da abolição da escravatura e a imprensa ilustrada do Rio de Janeiro (1890-1902) Aristeu Elisandro Machado Lopes* Universidade Federal de Pelotas, Pelotas-RS, Brasil RESUMO A imprensa ilustrada do Rio de Janeiro celebrou em suas páginas os aniversários da Lei Áurea, que libertou os escravos em 1888. As celebrações da data ocorreram, sobretudo, nos anos 1890, os primeiros do novo regime político advindo com a proclamação da repúbli- ca. Analisar como os aniversários de um evento político e social importante da história do Império do Brasil foram abordados no período republicano é o objetivo do artigo. Para esta análise serão averiguados dois periódicos — Revista Illustrada e Don Quixote — que trata- ram dos aniversários da abolição com opiniões distintas e que possibilitam compreender o cenário político do começo do Brasil Republicano. Palavras-chave: abolição; república; imprensa ilustrada; Rio de Janeiro; Angelo Agostini. ABSTRACT Rio de Janeiro’s illustrated press celebrated the anniversaries of the Lei Áurea (the Golden Law), which freed slaves in Brazil in 1888. These celebrations occurred mostly in the 1890s, the first years of a new political regime that emerged with the proclamation of the Republic. The purpose of this article is to analyze how the Republican period approached the anniversaries of an important political and social event in the history of Brazil’s Empire. We will be dealing with two magazines – Revista Illustrada and Don Quixote – that portrayed the Abolition through different points of view, thus enabling us to understand the political scenario in early Republican Brazil. Keywords: abolition; republic; illustrated press; Rio de Janeiro; Angelo Agostini.
    [Show full text]