INTERVENÇOES COM O USO DA MÍDIA CINEMATOGRÁFICA PARA SENSIBILIZAÇÃO DE ESTUDANTES À VALORIZAÇÃO DOCENTE.

FAUSTINO, Elizabete Maria Braga1 - UEPB

RODRIGUES, Evanize Custódio2 - Secretaria de Estado da Educação da Paraíba - SEED-PB/UEPB – PIBID

Resumo: O presente relato é resultado da experiência de uma das atividades realizadas por discentes bolsistas, da área de Biologia, vinculadas ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), na Escola Estadual de Ensino Médio Inovador e Profissionalizante Dr. Hortênsio de Sousa Ribeiro, localizada no município de Campina Grande, Paraíba. Os resultados desta experiência foram construídos a partir da realização de uma sessão de cinema, e justifica-se pela necessidade de sensibilização dos estudantes à valorização dos profissionais de ensino, tendo sido desenvolvida com 47 estudantes do 2° Ano, do ensino médio, no macrocampo de Iniciação Científica e Pesquisa, de acordo com a proposta do Ensino Médio Inovador. Que resultou para os estudante,em uma analise de si mesmo,e de quem impulsiona o seu aprendizado, fazendo-os trilhar o caminho da pesquisa, da ciência e da ética, para assim justificar a si mesmos, o que é positivo ou negativo como método para uma educação libertadora.

Palavras-chave: Experiências no PIBID/Biologia; Mídia em sala de aula; Valorização Docente. .

Introdução O presente relato de experiência apresenta resultados da intervenção em duas turmas do 2° ano de ensino médio, por meio do desenvolvimento de uma atividade educativa realizada na modalidade sessão cinematográfica, com o propósito de promover reflexões acerca do Filme Black que tão bem retrata a luta por uma educação libertadora, além de fomentar nos estudantes o senso de pesquisa, ciência e ética, no que diz respeito aos comportamentos observados nos personagens, na tentativa de que eles possam associar aos problemas cotidianos entre estudantes, pais e docentes no contexto educação. O principal objetivo da atividade realizada foi sensibilizar os estudantes do ensino médio acerca da importância da profissão docente, na tentativa de despertar uma valorização destes profissionais da educação. Além de auxiliar os futuros docentes, por meio da inserção no campo da investigação; no qual se pode colher informações importantes para sua vida acadêmica; a desenvolver habilidades que auxiliem no desvelar de uma visão mais clara das razões que trazem tanto prejuízo para a aprendizagem como para o convívio diário entre estudantes e docentes. A vivência do discente que se encontra no processo inicial de formação para a docência oportuniza o conhecimento das responsabilidades do profissional docente, assim como conduz à reflexão sobre as novas estratégias de ensino e de aprendizagem que possam minimizar os entraves, tão pontuais, causados, geralmente, pela falta de estímulo registrados a partir do desânimo que acompanha tanto estudantes como os profissionais de ensino. Neste contexto, considerou-se a realidade vivida por professores que sofrem com a desvalorização profissional e o processo de conscientização dos estudantes para os motivos do desânimo que assolam as aulas cotidianamente, enfatizando a descoberta de valores perdidos pela falta de diálogo e respeito nas relações interpessoais que se estabelecem na escola. Nisto, este relato, apresenta compreensões dos estudantes sobre a temática abordada como meio de desmascarar a intolerância no convívio diário em sala de aula, bom como, oportunizar o entendimento da importância da ética no convívio, especificamente, entre estudantes, pais e professores, e seus benefícios para a formação cidadã e social dos indivíduos.

Relatando a experiência A parceria entre discentes em processo de formação inicial e professores da educação básica, coordenada pelo PIBID/UEPB, constitui-se uma estratégia fundamental para a reflexão da prática docente e a busca de novas estratégias pedagógicas de ensino e de aprendizagem. Nas intervenções pedagógicas que estamos desenvolvendo na E.E.E.M.I.P Dr. Hortênsio de Sousa Ribeiro, observamos e detectamos dificuldades e necessidades vivenciadas pelos estudantes do ensino médio, que conduzem o desenvolvimento de novas intervenções, com vistas ao desenvolvimento de estratégias que favoreçam a compreensão do meio em que vivem, no caso o espaço de sala de aula, primando pela diálogo, respeito e disciplina. Esta experiência vem contribuindo significativamente, para o desenvolvimento da capacidade de investigar, pesquisar e refletir para agir, tanto para o estudante do ensino médio, quanto para os discentes em processo de formação inicial, uma vez que, para estes, constituem aspectos essenciais na construção da identidade docente. E, para o professor da educação básica representa um momento de reflexão e ação, uma oportunidade de inovar melhorando a qualidade de ensino. Para o presente trabalho interessa-nos refletir sobre convívio entre professores e estudantes do ensino médio. Sendo relevante, para esta experiência o comportamento exercido pelos personagens do filme apresentado. Por tratar-se de uma experiência da iniciação à docência, este trabalho está diretamente ligado às atividades escolares desenvolvidas em duas turmas do 2° ano do ensino médio, no Macrocampo de Iniciação Científica e Pesquisa, na escola E.E.E.M.I.P Dr. Hortênsio de Sousa Ribeiro, cuja orientação foi desempenhada pela Professora Supervisora do PIBID/Biologia, da escola em referência, e pela Coordenadora do subprojeto de Biologia da UEPB, em cumprimento aos objetivos do PIBID. A atividade foi aplicada na forma sessão cinematográfica no mês de Julho no ano de 2012, com duração de duas hora/aula nas turmas em referência, avaliados nos meses de Julho e agosto de 2013. A execução da atividade contou com o empenho dos estudantes para compreensão do tema em questão. Iniciou-se com uma breve explicação do que trata o filme, sendo apresentado o Roteiro para Analise do Filme, onde os estudantes poderiam expor os pontos mais relevantes dentro do contexto comportamento ético entre estudantes, pais e professores, para a partir daí discutir-se sobre a importância da profissão docente e os problemas de desvalorização, atribuídos a dificuldade de relacionamento entre os mesmo.

Sinopse do filme O filme Black inspirado na vida da escritora indiana keller, lançado em quatro de fevereiro de 2005 com direção de Sanjay Leela Bhansali e duração de 124 minutos.Em seu elenco profissionais como e Ayesha Kapur, como Michelle McNally, jovem cega criada pelos pais que após tentarem alguns métodos para educa-la e não obtendo êxito resolveram deixá-la livre sem imposição de regras, até que lhe fosse apresentado o único professor capaz de despertar naquela jovem o desejo de educar-se, de aprender, de mudar aquele estado em que vivera até o momento. Com um currículo invejável o então Debraj Sahai interpretado magnificamente por , era subjugado por ter-se tornado um alcoólatra, o que reduzia sua reputação, mas não a capacidade de atuação como profissional. Seus métodos não muito convencionais de ensino assustaram os pais da menina que inutilmente tentaram desistir desta intervenção, porem o professor sempre visando os benefícios do aprendizado em longo prazo, persistiu até que Michele conseguiu formação acadêmica, fato este que não chegou a ter ciência, por ter desenvolvido Mal de Alzaimmer. Os Pais de Michelle, tendo presenciado suas lutas contra a ignorância e participado de sua evolução educacional, não mediram esforços para deixa-la perto daquele que a fez despertar para a vida, que à tornou capaz de superar obstáculos e alcançar sonhos construídos ao longo dos anos, aquele de quem aprendeu que tudo é possível e a quem propôs uma redescoberta do que é sabido. Um filme surpreendente pela riqueza de detalhes em cenas fortes e emocionantes. O que faz despertar várias sensações em quem vive a experiência de seu conteúdo.

Discussão do filme Após a apreciação do filme já se notava entre os estudantes reações das mais diversas. O fato do incentivo e da força de vontade que gerou em Michelle a autonomia que a educação trás são as mais expressas pelos estudantes em suas falas. Para eles, embora algumas cenas tenham sido muito chocantes, o resultado final compensou os meios utilizados, relatando a forma comportamentalista ao qual Michele foi submetida ao ser educada. E se discute o conceito de pesquisa, ciência e ética pelo fato da busca desenfreada que teve o professor para desvendar os mistérios de Michele através de um novo método de ensino que superou o fator ciência no que diz respeito aos limites impostos aos surdos e mudos, bem como a ética na forma de intervenção utilizada pelo professor, o que segundo o estudante E1,1b foi se extrema importância para a compreensão do texto, para ele “o filme Black faz refletir sobre nossas ações para com o próximo, e mostra também a superação de Michelle em relação a todos os problemas e dificuldades enfrentadas em sua vida”. O que se confunde com o fato de que: se para ela com tantas limitações foi possível, para mim também o será. O estudante acaba se projetando naquela conquista e é assim impulsionado a perceber que é possível, que vale a pena buscar, sonhar, ajudar. O que relata o estudante E8,1b:

este filme nos ensina que ter força de vontade para realizar sonhos que parecem ser impossível, os torna possível. Que devemos continuar seguido em frente sem desistir! Michelle e um exemplo para pessoas que são perfeitas fisicamente, sem deficiência, de que para conquistar alguma coisa na vida basta querer. (E8,1b)

E a educação atua eticamente nestas opiniões, por tornar os estudantes mais reflexivos, capazes de valorizar os processos de ensino que formam indivíduos livres das limitações impostas pelo pensamento no qual também relata o estudante E9,1b:

O filme mostra que foi através de estudo e também da pesquisa que o professor ensinou a menina Michelle as palavras e a entender um mundo ao qual ela não poderia ver, nem ouvir o que nele acontecia. Ensinou a uma menina que por suas deficiências se portava como uma louca, a ter ética, mostrando-a como se comportar na hora das refeições, ensinando-a a se comunicar com as pessoas de maneiras educada, tornando-a, em fim, uma pessoa digna de se viver em sociedade como todas as outras. (E9,1b).

O que ficou claro, é que para alguns estudantes, educação esta vinculada a um bom comportamento social. Se nos comportamos bem socialmente, somos educados. Para tanto fica a indagação: Será que os nossos estudantes são educados a ouvir, a respeitar, a acatar dos seus professores ou socialmente os bons conselhos, a seguir os bons exemplos. Ou estão apenas mascarando suas opiniões pelo fato do filme ser, sobretudo, comovente? E partiu-se para um aprofundamento sobre o tema da sensibilização sobre a profissão docente, considerando a reflexão das atitudes que cotidianamente contradizem o emocional vivenciado durante todo o filme. Muitos até poderiam ter discordado da forma em que o professor conseguiu tirar Michelle da escuridão da ignorância, mas o que se percebeu em suas falas adéqua- se ao comportamento exercido pelos mesmos em sala de aula. Segundo RODRIGUES, Valdes. 2008: Houve uma época em que o professor era tão valorizado que representava status ter essa profissão. Aulas nos cursos ginasial e colegial costumavam ser ministradas até por médicos e engenheiros, e compensava financeiramente. Os alunos eram habituados a se colocarem de pé quando o mestre entrava na sala. O respeito aos mais velhos era regra de educação[...] (RODRIGUES, Valdes. 2008).

Há uma indiferença natural a profissão docente, dos alunos que refletiram sobre esta intervenção que direciona para a capacidade do professor de “libertar” da ignorância, apenas dois alunos importaram-se com a ação do professor. Podemos observar esta valoração em suas falas:

A persistência do professor em ajudar Michelle, acho que isto pode ser usada como uma lição de vida.( E11,1b).

é quando agente ás vezes fica um pouco sem vontade de estuda, então o professor vêm para nós, um pouco exigente, mas com a certeza que nós seremos capaz de vencer na vida.( E15,1E)

Enquanto que os demais destacaram a força de vontade da própria Michele, por ter vencido os obstáculos, por não ter desistido, por ter coseguido ser a primeira surda e muda a entrar em uma faculdade; e o empenho da mãe em educar a filha. É necessário entender que estudantes e professores se precisam mutuamente e que o que diz Kubata (2010)

Acredita-se que o professor que realmente aprecia o seu trabalho tem o poder pessoal e intelectual para impulsionar a mudança. É evidente que não conseguirão mudar o processo integral de educação, mas com certeza a contribuição por parte dos mesmos é bastante valiosa.(KUBATA 2010)

Esta experiência fomentou entre os estudantes uma visão sobre a realidade. A contextualização propiciou uma autoavaliação do comportamento dos mesmos em relação aos professores, bem como do empenho que alguns professores tem em formá-los, com ética e disciplina, mas não esconderam a inquietação com o comportamento de alguns profissionais de ensino que poderiam melhorar sua metodologia e desenvolver no estudante o pensamento crítico, além de aliar isso à questões temáticas pertinentes ao cotidiano de todos, o que parece ser o melhor caminho para o diálogo e o aprendizado, que mesmo com todas as dificuldades enfrentadas nas salas poderiam obter resultado exitoso. Os mesmos, cobram adequação na forma de tratamento entre eles e seus professores, admitindo por vezes suas rebeldias e o desencanto pela profissão docente. Como Moran (2007) defende em seu texto, A aprendizagem de ser educador, que:

Os professores de sucesso... preparam-se para desenvolver um bom relacionamento com os alunos e para isso os aceitam afetivamente antes de os conhecerem, se predispõem a gostar deles antes de começar um novo curso. Essa atitude positiva é captada consciente e inconscientemente pelos alunos que reagem da mesma forma, dando-lhes crédito, confiança, expectativas otimistas. O contrário também acontece: professores que se preparam para a aula prevendo conflitos, que estão cansados da rotina, passam consciente e inconscientemente esse mal-estar que é correspondido com a desconfiança dos alunos, com o distanciamento, com barreiras nas expectativas.

Considerações finais A inclusão do PIBID nas Instituições de ensino da educação básica, tem sido de fundamental importância na formação docente das mais diversas áreas de ensino. O uso de metodologias inovadoras por parte dos participantes deste projeto tem contribuído para uma aprendizagem significativa. Para o graduando, o contato direto com os estudantes do ensino médio e com a realidade de ensino ao qual estão inseridos, além do fato de buscarem soluções imediatas para questões relacionadas à deficiência no aprendizado de alguns conteúdos, é fundamental para torná-lo capaz de no futuro, assumir suas próprias turmas com maior desenvoltura como se já tivesse possíveis soluções, ou pelo menos parte delas, para os problemas do cotidiano do professor. As experiências vivenciadas em sala de aula tem aprimorado a capacitação dos graduandos e renovado a forma de ensino de muito docentes das instituições inseridas no PIBID. Isto é pode ser comprovado na quantidade de artigos, relatos de experiências e monografias produzidos, a partir deste contexto de ensino, o que torna fundamental sua atuação na história da educação. Nesta experiência, vivenciamos o fazer pedagógico a partir das dificuldades cotidianas evocadas pelos estudantes do ensino médio e que são vividas por profissionais da educação, principalmente os professores que tentam, no âmbito da escola, pensar em um jeito novo de ser professor, que venha abrir novos horizontes para uma educação, que apesar de fadada ao descaso, tem esperança de reagir e apresentar um novo estímulo para um fazer pedagógico efetivo e de sentido. .

Referências

KUBATA Laura, FRÓES Rafael de Carvalho, FONTANEZI Renta Munhoz M., BERNABÉ Flávia Herker Lopes A Postura do Professor em Sala de Aula: Atitudes que Promovem Bons Comportamentos e Alto Rendimento Educacional Revista eletrônica de letras v. 3, n. 1 (2010).disponível em> http://periodicos.unifacef.com.br/index.php/rel/article/view/421 acessado em> 10 de agosto de 2013.

MORAN, José Manuel A aprendizagem de ser educador Texto retirado do livro: A educação que desejamos: Novos desafios e como chegar lá. [Papirus, 2007, p. 7481] Disponível em: www.eca.usp.br/prof/moran http://moran10.blogspot.com acesso em 11 de junho 2012.

RODRIGUES, Valdes. A difícil missão de ser professor hoje. Jornal Comércio da Franca, n. 20.349, 20 out. 2008.