História De Alegrete: Considerações Iniciais

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História De Alegrete: Considerações Iniciais PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA MESTRADO EM HISTÓRIA MÁRCIO JESUS FERREIRA SÔNEGO CARTAS DE ALFORRIA EM ALEGRETE (1832-1886): INFORMAÇÕES, REVELAÇÕES E ESTRATÉGIAS DOS ESCRAVOS PARA A LIBERDADE PORTO ALEGRE 2009 1 MÁRCIO JESUS FERREIRA SÔNEGO CARTAS DE ALFORRIA EM ALEGRETE (1832-1886): INFORMAÇÕES, REVELAÇÕES E ESTRATÉGIAS DOS ESCRAVOS PARA A LIBERDADE Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre, pelo Programa de Pós- Graduação em História das Sociedades Ibéricas e Americanas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Orientadora: Dra. Margaret Marchiori Bakos PORTO ALEGRE 2009 2 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação ( CIP ) S698c Sônego, Márcio Jesus Ferreira Cartas de alforria em Alegrete (1832-1886): informações, revelações e estratégias dos escravos para a liberdade / Márcio Jesus Ferreira Sônego. – Porto Alegre, 2009. 112 f. : il. Diss. (Mestrado em História) – Fac. de Filosofia e Ciências Humanas, PUCRS. Orientação: Drª. Margaret Marchiori Bakos. 1. História. 2. Rio Grande do Sul – História. 3. Negros – Rio Grande do Sul – História. 4. Alegrete (RS) - História. 5. Escravidão – Rio Grande do Sul. 6. Liberdade. I. Bakos, Margaret Marchiori. CDD 981.650541 Ficha Catalográfica elaborada por Vanessa Pinent CRB 10/1297 3 MÁRCIO JESUS FERREIRA SÔNEGO CARTAS DE ALFORRIA EM ALEGRETE (1832-1886): INFORMAÇÕES, REVELAÇÕES E ESTRATÉGIAS DOS ESCRAVOS PARA A LIBERDADE Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre, pelo Programa de Pós- Graduação em História das Sociedades Ibéricas e Americanas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Orientadora: Dra. Margaret Marchiori Bakos Aprovada em 5 de janeiro de 2010, pela Banca Examinadora BANCA EXAMINADORA Profa. Dra. Margaret Marchiori Bakos - PUCRS (Orientadora) Prof. Dr. Luiz Henrique Torres - FURG Prof. Dr. Jean Tiago Baptista - ESPM 4 A meus pais Marcos José Sônego e Maria de Fátima Ferreira Sônego pelo carinho, dedicação e amor. 5 “Cenas como estas, construídas com um pouco de imaginação e a partir de dados de uma série de cartas de alforria, faziam parte do cotidiano de senhores e escravos, no Brasil colonial, e têm protagonistas bem diferentes da imagem que predominou durante muito tempo em trabalhos sobre a escravidão no Brasil e em outros lugares da América. Nelas, o escravo não aparece no papel de vítima passiva, sem qualquer autonomia para viver sua vida, ou como alguém cuja obediência é mantida exclusiva ou principalmente pelo chicote. Se ele soube criar, mesmo nos estreitos limites de sua condição, espaços de invenção lingüística, religiosa, musical, culinária, enganar o senhor, defender sua família, sabotar, fugir e rebelar-se, o vemos aqui sabendo também seduzir, tornar-se cúmplice dos senhores, aproveitando oportunidades e locomovendo-se taticamente no sentido de tornar a sua vida a melhor possível”. Ligia Bellini, 1988 6 AGRADECIMENTOS Ao final dessa jornada, são muitas as pessoas que cruzaram meu caminho e que de alguma maneira contribuíram para que eu chegasse até aqui e que mereceram o meu reconhecimento e minha gratidão. Este é o momento mais complicado para aqueles que finalizam sua obra. No longo trajeto que envolve uma pesquisa científica, muitas pessoas contribuem para a sua consecução. Professores, amigos, pais, irmãos. A todos, os meus sinceros agradecimentos. Entretanto, algumas pessoas se destacam. Em primeiro lugar, gostaria de agradecer publicamente a meus pais Marcos José Sônego e Maria de Fátima Ferreira Sônego, que foram os grandes incentivadores da minha pesquisa, apoiando-me constantemente. Doaram-se por inteiro e com muito amor, esforço e empenho possibilitaram-me prosseguir na jornada. Assim, sou imensamente grato e reconheço tudo o que fizeram por mim, pois participaram e foram muito importantes para a concretização desse trabalho. A minha irmã Liziane Ferreira Sônego pelo constante apoio e incentivo. A professora Dra. Margaret Marchiori Bakos pela dedicação e orientação desse trabalho, que nesses dois anos me indicou os caminhos certos a seguir, que me ajudaram a crescer enquanto historiador, sempre com seriedade. A bolsa concedida pela CAPES que foi fundamental para o desenvolvimento deste trabalho. Ao professor Dr. Luiz Henrique Torres pelo interesse e contribuição na minha pesquisa. A professora Dra. Raquel Padilha pelo estímulo e colaboração. Ao professor Dr. Jean Tiago Baptista pelo apoio e incentivo. Ao jornal Expresso Minuano de Alegrete pelo reconhecimento, apoio e divulgação de meus trabalhos. Enfim, agradeço a todos que estiveram envolvidos direta ou indiretamente na minha pesquisa. 7 RESUMO A literatura sobre a escravidão já comprovou que o escravismo não foi o mesmo em todo o Brasil. Faz-se necessário o estudo das relações escravistas em regiões diversas nos seus contextos específicos. Assim, este trabalho tem como objetivo o estudo da região de Alegrete, mais especificamente na forma como, ali, se alforriavam o trabalhador escravo. A economia em Alegrete no século XIX voltava-se essencialmente a pecuária. Nesta pesquisa encontramos 704 cartas de alforria concedidas no período entre 1832 e 1886. Com o objetivo de entender os arranjos cotidianos que levaram a essas manumissões que envolvia senhores e escravos, dividimos, para fins de análise esse documentos em três séries: alforrias condicionais, alforrias pagas e alforrias incondicionais. O foco mais importante são as cartas de liberdade cuja referência legal foi a Lei de 7 de novembro de 1831 que dava aos escravos o apoio legal para requerer sua liberdade. Palavras-chave: Escravos, Cartas de Alforria, Liberdade. 8 ABSTRACT The literature on slavery has proved that slavery was not the same in Brazil. It is necessary to study the master / slave relations in different areas in their specific contexts. This paper aims to study the region of Alegrete, more specifically in the way, there, if freed the slave. The economy in Alegrete in the nineteenth century was focused primarily on livestock. In this study we found 704 letters of manumission granted in the period between 1832 and 1886. In order to understand the daily arrangements that led to these manumissions involving masters and slaves, divided for the purposes of this analysis documents in three series: manumission conditional, manumission paid and unconditional. The most important focus is the letters of liberty for a legal reference was the Law of November 7, 1831 which gave the slaves the legal backing to seek their freedom. Keywords: Slaves, certificates of freedom, freedom. 9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 10 CAPÍTULO 1. O Perfil do Escravo Alforriado em Alegrete .............................................. 19 1.1. História de Alegrete: Considerações Iniciais .................................................................. 19 1.2. O Escravo em Alegrete ...................................................................................................... 22 1.3. As Cartas de Alforria ........................................................................................................ 27 1.4. O Sexo dos Alforriados. ................................................................................................... 30 1.5. A Idade dos Escravos ........................................................................................................ 34 1.6. A Profissão dos Escravos .................................................................................................. 36 1.7. A Procedência dos Escravos ............................................................................................. 39 CAPÍTULO 2. Os Escravos e a Lei de 7 de Novembro de 1831 em Alegrete. ................. 44 2.1. A Visão Britânica .............................................................................................................. 45 2.2. As Ações de Liberdade ...................................................................................................... 53 2.3. Histórias de Liberdade ..................................................................................................... 57 CAPÍTULO 3. Entre o Cativeiro e a Liberdade ................................................................ 67 3.1. Modalidades de Alforria .................................................................................................. 68 3.2.Alforrias Condicionais ...................................................................................................... 69 3.3.Alforrias Pagas....................................................................................................................79 3.4.Alforrias Incondicionais......................................................................................................88 CONCLUSÃO.........................................................................................................................96 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................99 ANEXOS................................................................................................................................106 10 INTRODUÇÃO A escravidão constituiu a principal forma de trabalho no Brasil desde o início da colonização portuguesa, no século XVI, até as últimas décadas do século XIX. Quase 400 anos de escravidão marcaram profundamente
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