Redalyc.O Mapeamento Geomorfológico Como Subsídio Ao
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
Ciência e Natura ISSN: 0100-8307 [email protected] Universidade Federal de Santa Maria Brasil Dias do Nascimento, Marilene; Sayão Penna e Souza, Bernardo O mapeamento geomorfológico como subsídio ao estudo das fragilidades ambientais Ciência e Natura, vol. 35, núm. 2, 2013, pp. 246-260 Universidade Federal de Santa Maria Santa Maria, Brasil Disponible en: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=467546171024 Cómo citar el artículo Número completo Sistema de Información Científica Más información del artículo Red de Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal Página de la revista en redalyc.org Proyecto académico sin fines de lucro, desarrollado bajo la iniciativa de acceso abierto DOI: http://dx.doi.org/10.5902/2179-460X826 Revista do Centro do Ciências Naturais e Exatas - UFSM Ciência e Natura, Santa Maria, ISSN: 2179-460X, v. 35 n. 2 dezembro, 2013, p. 246-260 O mapeamento geomorfológico como subsídio ao estudo das fragilidades ambientais The geomorphological mapping as a subsidy to the study of environmental fragilities Marilene Dias do Nascimento e Bernardo Sayão Penna e Souza Universidade Federal de Santa Maria - Santa Maria - RS- Brasil Resumo O presente trabalho teve como objetivo principal a realização do estudo integrado dos elementos físicos e antrópicos da paisagem da Região Admi- nistrativa Nordeste da cidade de Santa Maria, a partir do estudo do relevo com a delimitação das Unidades Morfológicas (Ross, 1992), definidas pelos padrões de formas semelhantes do relevo, a fim de identificar áreas de fragilidade ambiental e proporcionar subsídios para o planejamento ambiental integrado. Constatou-se, com este estudo, que a unidade morfológica de morros, correspondente a 48,9% da área estudada, apresenta as maiores fragilidades ambientais e, por isso, pode ser considerada fortemente instável, pois o equilíbrio natural vem sendo afetado pelas modificações antrópicas introduzidas na paisagem. Palavras-chaves: geomorfologia; fragilidade ambiental; planejamento urbano. Abstract This research aims at the integrated study of physical and anthropic elements that make up the landscape of northeastern portion of the city of Santa Maria - RS, from the delimitation of Morphological Units (Ross, 1992), defined by the patterns of forms with similar relief. It was found that the Morphological Unit of Hills, corresponding to 48.9% in the study area has the highest environmental fragilities and therefore can be considered highly unstable, since the natural balance has been affected by the modifications introduced in the anthropic landscape. Keywords: geomorphology; environmental fragility; urban planning. Recebido em: 2013-05-28, Aceito em: 2013-06-11 Ciência e Natura, Santa Maria, v. 35 n. 2 dez. 2013, p. 246-260 247 1 Introdução Administrativa Nordeste da Sede do Município de Santa Maria, considerando o terceiro táxon de análise, O relevo, como recurso da natureza, é o palco dentro da proposta de taxonomia de relevo desenvol- no qual se realizam as atividades humanas, onde vida por Ross (1992). Esses padrões de formas seme- acontecem as relações sociais, econômicas e políticas. lhantes são conjuntos de formas menores de relevo, Assim sendo, o relevo constitui-se o suporte de todos que apresentam distinções de aparência entre si em os modelos de desenvolvimento que ocorrem ao longo função da rugosidade topográfica e do formato dos do processo de ocupação humana dos espaços terres- topos, vertentes e vales de cada padrão existente e é tres. Essa ocupação, muitas vezes, gera desequilíbrios onde os processos morfoclimáticos atuais começam no ambiente natural e uma crescente degradação da a ser mais facilmente notados. terra que, consequentemente, culmina em uma consi- Em seguida, a fim de realizar o estudo inte- derável perda da qualidade de vida pelas populações. grado da paisagem e a determinação das fragilidades Penteado (1981, p. 3) afirma que ambientais presentes em cada Unidade Morfológica, foram elaborados os mapas temáticos dos demais ele- [...] o homem tem capacidade de alterar os proces- mentos físico-naturais (declividade, geologia e solos) sos de elaboração do relevo, modificando solos, e dos elementos antrópicos (uso da terra e cobertura vegetação, condições hidrográficas, formas de vegetal) que compõem a paisagem e a determinação erosão e introduzindo tais modificações no sistema das classes hierárquicas de fragilidade de cada tema morfológico, que podem conduzir ao desequilíbrio estudado. A partir da geração desses mapas, foram e colapso. analisadas cada uma das Unidades Morfológicas individualizadas. Considera-se assim, a relevância do estudo As fragilidades ambientais foram determina- geomorfológico no que se refere à execução de planeja- das a partir da ponderação das classes de fragilidade mentos de utilização dos recursos naturais, visando ao dos elementos físico-naturais e dos elementos antró- desenvolvimento sustentável. Faz-se conveniente, no picos que compõem cada Unidade Morfológica da entanto, não só o estudo geomorfológico isolado, mas área de estudo. a realização de um estudo integrado e sistêmico dos O Mapa Clinográfico foi elaborado com base elementos físicos naturais, biológicos e antrópicos, para nas classes de declividades propostas por Ross (1994). o melhor entendimento dos processos de modificação Esse autor descreve que, para análise de fragilidade da paisagem e a sua reconstituição e/ou preservação. do ambiente em terrenos com escalas de maior deta- Para Ross (1996), o conhecimento das poten- lhe como, por exemplo, 1:25000, deve-se utilizar os cialidades dos recursos naturais de um determinado intervalos de declividade já consagrados nos estudos sistema natural passa pelos levantamentos dos solos, de capacidade de uso e aptidão agrícola, associados relevo, rochas e minerais, da água, do clima, da flora com aqueles conhecidos como valores limites críti- e fauna, enfim, de todos os componentes que dão cos da geotecnia, que indicam o vigor dos processos suporte à vida animal e ao homem. erosivos. Deste modo, estas classes são representadas Dentro desse contexto, o presente estudo teve pelos seguintes intervalos: <3, 3 a 6%, 6 a 12%, 12 a como objetivo principal a realização do estudo inte- 20%, 20 a 30%, 30 a 50% e >50%. grado dos elementos físicos (solos, geologia, vegetação, Ross (1994) organizou essas classes em 5 clima e hidrografia) e antrópicos (uso e ocupação da categorias hierárquicas para que fossem utilizadas terra) da paisagem da Região Administrativa Nor- na elaboração de mapas de fragilidades ambientais deste da Sede do Município de Santa Maria, a partir da seguinte forma: fragilidade muito fraca - até 6%, da delimitação das Unidades Morfológicas (Ross, fraca - de 6 a 12%, média - de 12 a 20%, forte - de 20 1992), definidas pelos padrões de formas semelhantes a 30% e muito forte - acima de 30%. do relevo, a fim de identificar áreas de fragilidade O Mapa Geológico foi compilado a partir do ambiental e proporcionar subsídios para o planeja- georreferenciamento do Mapa Geológico, Folha de mento ambiental integrado. Santa Maria, escala 1:50000, elaborado por Gasparetto et al. (1988) e da vetorização das formações geológicas e processos de dinâmica superficial descritos por este. 2 Procedimentos metodológicos Com base nesse Mapa Geológico, foram indi- vidualizadas, na área de estudo, quatro tipos de for- A metodologia utilizada para a realização mações distintas: Formação Santa Maria, Formação desta pesquisa consistiu, primeiramente, na indivi- Caturrita, Formação Botucatu e Formação Serra Geral. dualização das Unidades Morfológicas da Região As categorias hierárquicas do grau de fragi- 248 FIGUEIREDO et al. | O mapeamento geomorfológico como subsídio... lidade foram definidas com base nas propriedades RGB para o IHS e de IHS para RGB. A partir disso, geotécnicas de cada formação geológica identificadas foi aplicado o realce sobre as imagens para a análise por Maciel Filho (1990) e pelas declividades onde visual das mesmas. O método da classificação digital são encontradas. Assim, os graus de fragilidade das supervisionada foi utilizado para obter o mapeamento formações geológicas foram definidos da seguinte do uso do solo e cobertura vegetal. forma: Formação Santa Maria (fraca), Formação Catur- Os mapas temáticos foram elaborados no rita (média), Formação Botucatu (forte), Formação Sistema de Geoprocessamento SPRING 4.3, onde Serra Geral (muito forte), Formação Santa Maria com foram gerados os Planos de Informações (PIs) cor- depósitos fluviais (muito forte), Formação Caturrita respondentes a estes mapas. com depósitos de colúvio (muito forte) e Formação Também foram elaborados diversos trabalhos Botucatu com depósitos de colúvio (muito forte). de campo, no decorrer da pesquisa, a fim de verificar As classes de solos identificadas no Mapa de as feições morfológicas, as formas de vertentes, os Solos foram compiladas do mapeamento realizado por usos da terra e os processos atuais individualizados, Pedron (2005), na escala 1:25000. Este foi adaptado ao preliminarmente, no estudo de gabinete, bem como a novo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, da coleta de dados adicionais e observação empírica da Embrapa Solos (2005). O grau de fragilidade dos solos área de estudo, para ajustes no trabalho de gabinete. foi definido considerando Pedron (2005) e Ross (1994). Dessa forma, as categorias hierárquicas de fragilidade das classes de solos foram definidas como: os Planossolos Háplico Eutrófico gleissólico (SXe), os 3 Resultados e discussões Argissolos Vermelho-Amarelo