"Norte Do Paraná" História E Fantasmagorias
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NELSON DACIO TOMAZI "NORTE DO PARANÁ" HISTÓRIA E FANTASMAGORIAS Tese apresentada ao Departamento de História do Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes da Uni- versidade Federai do Paraná como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em História, sob a orientação do Prof. Dr. Carlos Roberto Antunes dos Santos. Universidade Federal do Paraná Curitiba - Fevereiro de 1997 A meu pai VICENTE JOSÉ TOMASI que sempre trabalhou, "deu duro", nas suas palavras, e que queria ter um filho "doutor". Morreu tão cedo sem poder ver isso e tantas outras que sempre desejou. À minha mãe, ELIZENA STEDILE TOMASI, que continua trabalhando, pois foi isso o que sempre fez com muita proficiência e que pode ver agora um filho "doutor. A minha esposa Eliana. A meus filhos Maurício, Vicente, Juliana e Camila. SUMÁRIO AGRADECIMENTOS 1 RESUMO/ABSTRAC 2 INTRODUÇÃO ; 4 PRÓLOGO 10 A. O discurso "Norte do Paraná" 12 B. História e fantasmagorías 22 PRIMEIRA PARTE - COLOCANDO A QUESTÃO. O discurso e o silêncio 31 Capítulo UM - Londrina capital do "Norte do Paraná" no final do século XX 33 1.1.0 tempo de Seo Celso 37 1.2. Os sinos da catedral 42 1.3. O Shopping Center Catuaí 49 1.4. Os Rumos do Norte 54 1.5. Amo você, Londrina 57 Capítulo DOIS - A Terra não está Vazia e a Mata não é Virgem 63 2.1. A Arqueologia e os povos ocupantes 74 2.2: Os Xetá 77 2.3. Os Kaingáng 86 2.4. O contato com o "branco" 101 SEGUNDA PARTE - A (RE)OCUPAÇÃO E O DISCURSO "NORTE DO PARANÁ". Um confronto de memórias/histórias 105 A. A região como objeto de estudo 110 B. A possibilidade de urna historia regional 118 C. Delimitação e subdivisões da região em estudo 125 Capítulo TRÊS - Os Primordios da (Re)Ocupação 131 3.1. Os novos ocupantes começam a chegar. Primeiro os mineiros depois os paulistas 138 3.2. A violência e a exclusão atingem principalmente o índio 149 Capítulo QUATRO - A (re)ocupação em compasso de espera 160 4.1. Fazendeiros e empresas colonizadoras comandam a (reocupação) 164 4.1.1. O surgimento da Companhia de Terras Norte do Paraná -(CTNP) ou simplesmente "A Companhia" 181 4.2. A (re)ocupação entre a Grande Crise e a Grande Guerra 200 4.3. A violência e a exclusão como elementos comuns no cotidiano da região 220 Capítulo CINCO - A (re)ocupação dinamiza-se e se completa 231 5.1. O discurso "Norte do Paraná consolida-se ao expandir-se a cafeicultura 236 5.2. Os críticos e os novos propagadores do discurso "Norte do Paraná" 259 5.3. A violência e a exclusão na "Nova Canaã" 282 5.4. A questão indígena continua 290 CONCLUSÃO 293 BIBLIOGRAFIA 322 1 AGRADECIMENTOS Agradecer a todos aqueles que de alguma forma participaram da elaboração deste trabalho seria uma tarefa difícil, pois foram muitos que dele participaram direta ou indiretamente. Assim, indicarei apenas aqueles que tiveram alguma relação institucional no decorrer deste processo. Na Universidade Federal do Paraná, agradeço a todos os professores que permitiram o desenvolvimento uma leitura mais adequada das questões históricas. Aos colegas que conheci, devo agradecer as críticas e sugestões, bem como a convivência sempre gostosa e estimulante. À secretária de pós-graduação em História, Ivone, agradeço pela presteza no atendido e na resolução das questões burocráticas. A meu orientador, Carlos Roberto Antunes dos Santos, que acolheu o meu projeto e esteve sempre presente no desenvolvimento do mesmo, dando a devida e precisa orientação bem como a liberdade necessária, fundamental para se escrever uma tese. Na Universidade Estadual de Londrina, devo agradecer a muitas pessoas: aos meus colegas do Departamento de Ciências Sociais que aprovaram a minha licença remunerada e assumiram as minhas atividades; aos funcionários do CDPH (Centro de Documentação e Pesquisa Histórica) do Centro de Ciências Humanas, que sempre me atenderam com a maior presteza e proficiência; aos funcionários da CRH/CPCD, que me orientaram e agilizaram as questões burocráticas referentes à bolsa de estudo; aos funcionários do setor de Artes do NTE (Núcleo de Tecnologia Educacional) que prontamente fizeram os mapas, enfim, a uma série de funcionários que permitiram a agilização na pesquisa e confecção desta tese. A CAPES agradeço pela concessão da bolsa de estudos, pois sem ela seria quase impossível fazer os cursos e desenvolver este trabalho. Muitas foram as pessoas que participaram deste trabalho, lendo parte dele, indicando textos, livros, fontes, etc. Outros leram todo ele corrigindo-o e assim contribuíram para o seu acabamento. A todos tenho muita gratidão. Ao meu filho Vicente sou grato pelo apoio quanto às fotografias. Enfim, agradeço à minha companheira de todas as horas, Eliana, pelo apoio constante, sempre estando ao meu lado e ajudando de todas as maneiras possíveis, inclusive lendo o texto final. Agradeço enfim pela sua compreensão e paciência, o que não é nada fácil, na convivência diária, com alguém que está fazendo uma tese de doutorado. Apesar deste trabalho ter tido a contribuição de muitos, não significa que o débito pelos erros deva ser creditado a eles. Muito pelo contrário, as deficiências e as falhas existentes só devem ser debitadas ao seu autor. RESUMO Neste trabalho procuro fazer uma arqueologia do discurso "Norte do Paraná" e assim demonstrar como ele foi sendo construído ao se processar a (re)ocupação da região situada ao norte do estado do Paraná. A simples enunciação da expressão "Norte do Paraná" faz aflorar um conjunto de idéias e imagens identificadas com: progresso, civilização, modernidade, colonização racional, ocupação planejada e pacífica, riqueza, cafeicultura, terra roxa, pequena propriedade, 'terra onde se trabalha, pioneirismo, etc... É um discurso construído ao longo de todo o século XX, mas principalmente entre os anos 1930 e 1950, procurando criar uma versão, do ponto de vista de quem domina, para o processo de (re)ocupação desta região. Este conjunto de idéias/imagens aparecem na maior parte dos textos acadêmicos ou não, como se fossem um dado, uma explicação, inquestionáveis. Procuro, nesta análise, fazer com que os silêncios produzidos por este discurso, voltem à cena da narrativa historiográfica e, assim, estabelecer um contraponto aos discursos hegemônicos. A violência e a exclusão são os processos sociais mais silenciados, na medida em que expressam o sentido da (re)ocupação e os objetivos da ação do capital na busca de novas terras. Neste sentido, procuro questionar ou pelo menos relativizar algumas fantasmagorías, "verdades" tidas como estabelecidas. Entre elas situam-se estas: que a (re)ocupação das terras situadas ao norte do estado do Paraná é um prolongamento da expansão cafeeira que ocorreu no estado de São Paulo, sendo que ela teria sido efetivada quase toda pela iniciativa privada sem o concurso do governo estadual; que há uma identidade "norte-paranaense" que possibilitaria a existência de uma clivagem Norte/Sul, onde os interesses dos agentes sociais envolvidos nas "regiões" seriam conflitantes; que a região em estudo era um "sertão despovoado" e que foi necessária a presença de valorosos "pioneiros" para fecundar a "civilização" nestas "matas virgens"; que o processo de (re)ocupação ocorreu de forma pacífica, não havendo conflitos violentos, tornando-se a região em estudo, a Terra da Promissão, a Nova Canaã e o Novo Eldorado para todos os que para ela afluíram e, finalmente, que há uma identificação entre o processo de (re)ocupação da região norte do estado do Paraná com as atividades da Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP)/Companhia Melhoramentos Norte do Paraná (CMNP). Ao apresentar estas fantasmagorías e colocar em discussão o discurso "Norte do Paraná" procuro estabelecer um confronto de memórias, onde algumas versões sobre o mesmo fato são apresentadas, de tal forma que aparecem as possibilidades diversas de se escrever a história da região hoje situada ao norte do estado do Paraná. Palavras Chaves: Memória, Fantasmagoría, Região, Análise Regional, História Regional, História do Paraná, Norte do Paraná. ABSTRACT The purpose of this paper is to establish an archaeology of the discourse "North of Parana" and therefore, demonstrate how it was being built up as the (re)occupation of the region situated in the northern of Parana State was processed. The simples enunciation of the expression "North of Parana" brings up for discussion a set of ideas and images identified winth progress, civilization, modernity, rational colinization, planned and peaceful occupation, richness, coffee plantation, purple soil, small property, soil where one wiorks, pioneer settlement, etc... It is a discourse built up along all the 20th century, but mainly between the years of 1930 and 1950, trying to create a version, from the dominant's point of view, for the (re)occupation process in the region. This set of ideas/images shows up it most of the texts, academic or not, as if they are unquestionable. In the analisys there is an attempt to make that the silences produced by this discourse, return to the scene of the historiographie narrative and, therefore, set up a counterpoint to the hegemonic discourses. The violence and the exclusion are the most silenced processes, as they express the sens of (re)occupation and the purposes of the action of he capital in the serch of news lands. In this sense, I tried to question of at least to relativize some phantasmagories, "truths" that are believed as established. Some of them are: that the (re)occupation of the lands situated at the northern of Parana State is an extension of the coffee expansion that occured in the State of São Paulo, and that almost