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MEDEIROS, MARIA AUGUSTA DOS SANTOS.Pdf (5.967Mb) 0 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO RELAÇÕES ENTRE A PROFESSORA DE MÚSICA E OS ALUNOS-PRESIDIÁRIOS: UM ESTUDO DE CASO ETNOGRÁFICO EM SANTA MARIA-RS DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Maria Augusta dos Santos Medeiros Santa Maria, RS, Brasil 2009 1 RELAÇÕES ENTRE A PROFESSORA DE MÚSICA E OS ALUNOS-PRESIDIÁRIOS: UM ESTUDO DE CASO ETNOGRÁFICO EM SANTA MARIA-RS por Maria Augusta dos Santos Medeiros Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação, Área de Concentração em Educação Musical, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Educação. Orientadora: Profª. Drª. Ana Lúcia de Marques e Louro-Hettwer Santa Maria, RS, Brasil 2009 2 Universidade Federal de Santa Maria Centro de Educação Programa de Pós-Graduação em Educação A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação de Mestrado RELAÇÕES ENTRE A PROFESSORA DE MÚSICA E OS ALUNOS- PRESIDIÁRIOS: UM ESTUDO DE CASO ETNOGRÁFICO EM SANTA MARIA-RS elaborada por Maria Augusta dos Santos Medeiros como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Educação COMISSÃO EXAMINADORA: ________________________________________ Ana Lúcia de Marques e Louro Hettwer, Drª . (Presidente/Orientador) ____________________________________ Jusamara Vieira Souza, Drª . (UFRGS) _____________________________________ Marilda Oliveira de Oliveira , Drª . (UFSM) Santa Maria, 19 de agosto de 2009. 3 Dedico esse trabalho à minha mãe Maria do Carmo dos Santos Medeiros, por me mostrar o valor do ser humano e mostrar o amor à profissão professor. 4 AGRADECIMENTOS: Aos “meus guris”, alunos-presidiários que sem eles esta composição seria apenas um rascunho de música amassado e jogado ao chão. Pelo carinho e paciência desses “guris” que passaram dias, meses e até anos junto comigo, passando por muitos testes e mudanças no foco principal das aulas de música. Por suas conversas, risos e até aborrecimentos, por me ensinarem a “ser professora”. Aos professores da Escola/Núcleo que permanecem ou que já passaram pela escola durante o período de 2005 à 2009, pelo carinho, compreensão, conhecimento e busca incansável pela melhora da educação. À diretora Zélia Maria Cunha, por abrir as portas da Escola/Núcleo para a realização do trabalho voluntário e em conseqüência o desenvolvimento dessa dissertação. Ao Presídio Regional de Santa Maria, seus diretores e agentes administrativos e penitenciários, por abrirem as portas deste local exótico e desafiador. À minha orientadora Ana Lúcia de Marques e Louro, por muitas vezes me mostrar a luz no fim do túnel nessa jornada, por ouvir minhas confissões quanto as dificuldades enfrentadas e por acreditar em mim, mesmo quando muitos não acreditavam. À Magali Kleber, pelo carinho e interesse pelo meu trabalho, servindo de modelo pra a composição dessa dissertação. Ao professor Guilherme Corrêa pelo seu conhecimento, suas conversas sempre instigantes e desafiadoras e interesse pelo meu trabalho. À professora Marilda Oliveira de Oliveira e o professor Ayrton Dutra Correa pelo conhecimento imensurável, carinho, amizade e por sempre acreditarem em mim, mesmo quando muitos não acreditaram. À professora Deisi Sangoi Freitas por sua amizade, pelo seu conhecimento imenso sobre “o diferente”. À professora Jusamara Vieira Souza por suas doces palavras nas diversas vezes que nos encontramos em eventos sobre Educação e Educação Musical e carinho por aceitar participar da banca dessa dissertação. Aos artistas e colegas do mestrado por muitas vezes proporcionarem discussões e questionamentos tão valorosos para nosso crescimento pessoal e intelectual. Aos amigos Estela Kolrausch, Mariane Martins Raposo, Alexandre Azevedo, Mariana Zamberlan, pela amizade e presença, mesmo que distante. Aos colegas de trabalho que muitas vezes foram compreensivos e amigos nesta caminhada e diversas vezes me ensinaram com suas experiências compartilhadas comigo. 5 À Juliana Rubenich Brondani, pelo carinho, amizade e paciência por tantas vezes ouvir meus desabafos, alegrias e sofrimento durante o curso. Por ser muitas vezes meu “anjo da guarda” nos momentos de dificuldade do mestrado. À Mayara Floss, pela genialidade, amizade e por passar algumas madrugadas em claro para ler, observar e escrever “cartas” de sugestão na correção do português. Também pelas conversas e instigações sobre esta dissertação. E em especial por me dar “o gás” que tanto precisei no momento mais difícil dessa dissertação. Aos meus avós: Olga Oliveira dos Santos e José Vieira dos Santos, pelo carinho de mãe e pai demonstrados durante esses oito anos de convivência. A minha família que entre tapas e beijos conseguimos nos entender nesta fase maluca e intelectual da minha vida. Ao meu irmão José Murilo dos Santos Medeiros, por algumas madrugadas discutindo calorosamente sobre pesquisa e trabalhos acadêmicos. E em especial à minha mãe Maria do Carmo dos Santos Medeiros, por me ensinar que o amor à profissão traz realizações inexplicáveis. E esse é um dos muitos orgulhos e amor que ainda posso proporcionar à ela. 6 G:Qual o motivo de eu gostar tanto de vir aqui? Não sei, mas eu gosto muito. Cada um tem uma maneira de aprender diferente e eu tenho que conviver com essa diversidade e isso é muito bom, porque na verdade, eu aprendo muito conhecendo um pouco da história de vocês através das conversas que a gente faz. A gente tem opiniões diferentes, tem idades diferentes, culturas diferentes e é assim que a gente aprende. Pessoalmente isso me enriquece muito, mudou muito a minha cabeça em relação ao que é um preso. Vocês são seres humanos e é uma coisa que ninguém pensa... H: E o que te faz vir aqui? G: Olha, quando eu aceitei o “desafio” de vir aqui, de dar aula de música pra vocês, eu aceitei com um pouco de medo porque eu não conhecia como era a realidade aqui dentro. Porque o que a gente conhece, é o que a televisão mostra. Só estando aqui dentro para conhecer a realidade como ela é. H: E a senhora não tinha preconceito por causa das outras pessoas? G: Não. Quando eu digo: “Ah, eu vou pro Presídio lecionar”, aí as pessoas perguntam: “Ah, mas como é que é?”. A grande maioria das pessoas tem curiosidade em saber e elas não vêem com preconceito, mas com curiosidade. Já a maioria das pessoas com nível de escolaridade elevado, perguntam, pois são maldosas, tem preconceito. Já aconteceu de uma pessoa perguntar pra mim: “Mas com tanto lugar, como é que tu foi parar num Presídio?” Sabe? Pra mim vocês são seres humanos, vocês são alunos, vocês estão aqui pra me ensinar e pra aprender também. A gente tá aqui em conjunto pra fazer alguma coisa legal, um trabalho musical. É incrível porque com todo aquele grau de instrução que deveria libertar as pessoas dos preconceitos, da discriminação, parece que quanto mais estudo essa gente tem, pior é. Porque eles são mais preconceituosos, eles te olham desconfiado. E se eu gosto do que eu faço e vocês estão gostando, isso é o mais importante. H: Então eu vou deixar um recado pra eles: Para estar aqui dentro, basta estar lá fora, lá fora a gente pode errar e cair aqui dentro. Isso não significa que eles caiam aqui dentro, mas quem sabe um dia, um filho ou um parente deles possa estar aqui, porque não existe um tipo de crime, existem vários tipos de crimes e os filhos deles podem estar livres um dia e acordar aqui dentro. E eles vão ter que vir aqui enfrentar essa fila pra ver como são as coisas aqui dentro. G: Alguma coisa a mais? H: Não, é isso aí só. Eu agradeço a professora. (Entrevista dos alunos- presidiários com a professora (Maria Augusta) – 19/01/09, p.21-24). 7 RESUMO Dissertação de Mestrado Programa de Pós-Graduação em Educação Universidade Federal de Santa Maria RELAÇÕES ENTRE A PROFESSORA DE MÚSICA E OS ALUNOS- PRESIDIÁRIOS: UM ESTUDO DE CASO ETNOGRÁFICO EM SANTA MARIA-RS AUTORA : MARIA AUGUSTA DOS SANTOS MEDEIROS ORIENTADORA : ANA LÚCIA DE MARQUES E LOURO HETTWER Data e Local da Defesa: Santa Maria, 19 de agosto de 2009. Este trabalho refere-se ao processo pedagógico-musical como um fato social total nas aulas de música que se desenvolvem na Escola/Núcleo Julieta Ballestro localizada no Presídio Regional de Santa Maria – RS/ Brasil. Tendo como metodologia a pesquisa qualitativa e como método o estudo de caso etnográfico, podemos compreender o estudo do humano sob o ângulo musical. Sendo um estudo da totalidade, encontramos no Presídio seis contextos: o jurídico, sendo este o contexto onde é apresentada a instituição Presídio para a sociedade, desde o surgimento, até o Presídio Regional de Santa Maria, com suas histórias e função; o institucional, que representa a Escola/Núcleo Julieta Ballestro, desde sua fundação até a análise do Projeto Político Pedagógico da Escola; o histórico, onde conto como começou o projeto de aulas de música no Presídio; o morfológico, sendo o espaço de descrição física do local e as sensações de entrar num Presídio; o sócio- cultural, englobando a rotina dos presos até a visão da sociedade sobre um presidiário e por fim o contexto de ensino e aprendizagem, sendo o foco principal da pesquisa, englobando todos os contextos anteriormente descritos. O objetivo geral dessa dissertação é: investigar o processo pedagógico-musical (Kleber, 2006) como um fato social total (Mauss, 2003), nas aulas de música na Escola/Núcleo Julieta Ballestro. Tendo como objetivos específicos: compreender a cultura penitenciária em relação ao processo pedagógico-musical nas aulas de música; relacionar o cotidiano do presídio com o processo pedagógico-musical nas aulas de música. O trabalho está dividido em seis partes. À primeira parte, apresenta a construção da dissertação e seus objetivos. À segunda, se refere aos contextos encontrados no Presídio para sua realização. À terceira é onde apresento o processo pedagógico-musical, assim como o que é um fato social total e a ligação do processo pedagógico- musical como um fato social total e as perspectivas sobre a educação formal e informal sob a perspectiva de Libâneo (2000).
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