Periódico Cultural • Ano IV • No 30 • Março De 2009 • Tiragem: 2000 Exemplares • Distribuição Gratuita • Belo Horizonte • MG • Brasil 2
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30 Periódico cultural • Ano IV • No 30 • Março de 2009 • Tiragem: 2000 exemplares • Distribuição Gratuita • Belo Horizonte • MG • Brasil 2 Colocar consumo e arte na mesma frase pode ser motivo suficiente para causar arrepio a ouvidos desatentos. E digo desatentos porque Consumo de arte: falamos nesta edição do Letras da acepção mais ampla do consumir - desfrutar, vivenciar, usar, absorver. para dar e vender Talvez estejamos um bocado viciados na noção do “ter” como condi- ção para o “consumir”. Felizmente falamos aqui de arte, e o possuir se torna menos importante do que o conhecer. Falamos de um universo em que sentimentos, sensações e impressões pessoais gravadas na Fale com o Letras: memória constituem o patrimônio maior, e mais rico é quem mais [email protected] viu, sentiu, ouviu. Claro que há mercado para se discutir, e é conversa para mais de ano se começarmos a pensar em conceitos como preço e valor. Uma con- versa pertinente, sem dúvida, mas hoje, agora, nessa edição número 30 pelo menos, não é a única. Ainda bem. Comemore conosco a terceira dezena de Letras com essa certeza feliz: arte para mim, para você, para todos nós, para quem pode e pra quem quer. Consumimos arte de maneiras diferentes, mas participamos disso de maneira deliciosamente democrática. Só querer. Boa leitura! Carla Marin Ana Caetano Carlos Augusto Novais nasceu em João Monlevade em 1958. Poeta ISSN 1983-0971 e professor de Filosofia e Literatura, publicou os livros de poesia “A de palavra” (1989), “alvo S.m.” (1997) na Coleção Poesia Orbital, o CD de Editoria e Direção Geral: Carla Marin Carlos poesia “Cacograma” (em parceria, 2001). Participou como editor das Editor: Alemar Rena revistas “Alegria Blues Banda” (1979), “Salto de Tigre” (1993), “Mostra Editor Honorário: Bruno Golgher Poética de Belo Horizonte” (1994-1996), do jornal “Inferno” (2000) e foi Editorias um dos coordenadores do 1º Festival de Poesia de Belo Horizonte (1994). Arquitetura: Carlos Alberto Maciel Com um paideuma variado, entre a poesia marginal, o hai-kai, a poesia Artes Cênicas: Mônica M. Ribeiro concreta e o lirismo dos modernos, Carlos Augusto já conta com uma Cinema: Rafael Ciccarini obra expressiva onde ele consegue filtrar essas influências em versos Cultura e Literatura Judaicas: Lyslei Nascimento Augusto sólidos, pungentes e musicais. Como nessas quadras ainda inéditas em Design: A&M’Hardy’Voltz Fotografia: Gabriel Malard homenagem ao poeta russo. Gestão Cultura: Eleonora Santa Rosa Literatura: Pedro Malard Moda: Carla Mendonça Colunas Novais Aventuras Tecnológicas: Paulo Waisberg Direito e Cultura: Rafael Neumayr e Alessandra Drummond Economia da Cultura: Nísio Teixeira Jazz: Ivan Monteiro Poesia: Ana Caetano Tecnologia e Cultura: Alemar Rena tributo a maiakóvski Redação (esta edição): Ana Elisa Ribeiro • Carlos Gradim • Cristina Fornaciari mais fácil é ser feliz mais fácil é subir ao paraíso Filipe Amaral Rocha de Menezes • Marcelo Miranda Paula Zasnicoff Cardoso vencer as mesmas batalhas galgar os eternos degraus por todos já negociadas por todos já partilhados Capa: Renato Loose • www.renatoloose.com sem riscos nem um triz sem corda nem bala vil Design: Jumbo Jornalista Responsável: Vinícius Lacerda mais fácil é manter o riso mais fácil é perder a rima Tiragem: 2000 exemplares cantar as conhecidas baladas Impressão: Gráfica Fumarc contar as velhas piadas Distribuição: Romã Midia Livre por todos já gargalhadas por todos já dedilhadas sem alaúde nem uma lira Para anunciar no Letras, fale com Bruno: sem choro nem um vício [email protected] Letras é uma publicação da ONG Instituto Cidades Criativas: Rua mais fácil é rezar a missa mais fácil é dizer o difícil Antônio de Albuquerque, 781 - Savassi confessar os antigos pecados escrever as nobres palavras Belo Horizonte, MG - CEP 30112-010 por todos já perdoados por todos já oficializadas Quaisquer imagens, fotografias e textos veiculados no Letras são de sem terço nem ave-maria sem começo nem fim responsabilidade exclusiva de seu autor. As restrições da legislação autoralista se aplicam, sendo vedada a reprodução total ou parcial de textos e ou imagens sem prévia e expressa autorização do titular mais fácil é viver a vida mais fácil é chegar ao cabo dos direitos. sonhar os amores alados sem misturar as tintas Realização: por todos já enamorados nem atrapalhar o início sem asas nem cicatriz por todos já começado 2009 (inédito) Número 30 • Março de 2009 3 Literatura premiada Pedro Malard Monteiro Marcelino Freire nasceu em Sertânia onde, no mínimo, encantou sua mãe. Se não ficaram encantadas outras pessoas em Paulo Afon- INFERNINHOS so e no Recife, por onde ele também passou e morou, ficaram en- Marcelino Freire cantados os habitantes de São Paulo, capital, onde ele agora mora e agita a vida cultural. Eu fiquei pasmo quando o conheci. O cabra encanta cobra. Quando ele lê um conto seu em voz alta, sereia fica [01] com inveja. Uma vez disseram que o pernambucano fazia bula de — O que é iiiiiiissoooooo, Padre? remédio soar como poesia. Mentira. Tudo bem que ele é ator frus- — O pecado, meu filho. trado confesso, ou seja, tem formação teatral e portanto presença Antes que amanheça de palco, voz apimentada, e timing preciso. Mas o que faz seus con- [02] Éder Rodrigues tos sonoros é que ele escreve como quem faz música. Se publicasse Tirou a calcinha livros em CD, ganhava o prêmio Jabuti logo com Angu de Sangue. e vestiu a camisinha. O prêmio jabuti só veio com Contos Negreiros e veio atrasado. Mas Esse seu jeito de ferir me excita. como a lebre dormiu, o jabuti não chegou tarde. [03] Cubro meu silêncio para desnudá-lo apenas Homem com HIV. quando não mais houver escoros. Eu ainda nem vi o Éder Rodrigues em pessoa, mas já quero ouvi-lo Refaço a cama como quem resiste aos sonhos declamando. Ele acaba de ganhar dois prêmios de contos. Prêmio [04] e impede que se unam em deserto e grãos. em dinheiro. Vou convidá-lo para uma cerveja e ainda vou dizer que — Diz que me ama. ele é quem paga a conta. Além de prêmio em concurso de conto, ele — Aí é mais caro. Pode tomar o meu peito como eterno coleciona prêmio de poesia falada e poesia quietinha. Ele é mineiro e aí cravar o sono que nos aproxima sempre. e mora em Belo Horizonte. Torço que para faça sucesso sem ter que [05] Adoro ecos. Provas inconstantes de que algo vive. sair daqui. Entre o pau e a vulva, Só preciso agora detê-los sobre mim. uma pulga. Marcelino Freire mandou uns Inferninhos especialmente para o Le- Vasculho abrigo por entre seu coração, tras. Éder ofereceu um poema e aguardamos uma prosa que virá. [06] por entre o frio de suas mãos. — Quem é meu pai, mãe? Estar em alguém é construir-me inteiro — O dinheiro. a partir daquilo que escorre ou faz doer. Minha natureza que se esgota é só uma [07] forma de dizer que amo. Bebeu todas. Mentir no intervalo do amor é me manter sensato E não comeu nenhuma. e não me sufocar em vazios e deuses rasos. [08] E nem pense em esquecer Fodia e noite. Nutrir a ilusão nos faz significar E o tempo quase não se move. [09] Apenas pulsa: — Amor, como é na violência com que respiras mesmo o seu nome? no imundo do teu lábio na tua nudez em detalhes. [10] Tinha idade para ser sua neta. Então: E o pior que era. Dorme, como se cansasse. Enquanto gozo, como se existisse. MARCELINO FREIRE é autor, entre outros, de Contos Negreiros (Prê- mio Jabuti 2006) e RASIF – Mar que Arrebenta, ambos lançados (O que me escapa pelos poros pela Editora Record. Idealizou e organizou a antologia Os Cem Me- É só uma forma de chorar por outras vias). nores Contos Brasileiros do Século (Ateliê Editorial, 2004). Mais in- formações sobre autor e obra, acesse: www.eraodito.blogspot.com Éder Rodrigues - Prêmio Jacy Bezerra de Poesia – Maceió/AL 2007 QUEM FAZ O DESIGN DO LETRAS TAMBÉM FAZ VÍDEO, FOTOGRAFIA, ILUSTRAÇÃO, ANIMAÇÃO, CONSULTORIA DE COMUNICAÇÃO, OUTSOURCING DE CRIAÇÃO E DESIGN PARA WEB. JUMBO. GRANDES IDÉIAS. » WWW.JUMBOPRO.COM.BR » (31) 4101 8007 » (31) 2535 5145 4 O Danilo Corci e Ricardo Giassetti pensando ÇÃ lga em MOJO Books de sucesso. VU I Livro D eletrônico e música Ana Elisa Ribeiro ficção literária. Em 2008, vieram duas novas Letras: Como é o “consumo” dos MOJO coleções: a de Singles e Comix, baseada em Books? Antes de ter contato com a MOJO Books, tive apenas uma música. DC: Não sei ao certo se entendi bem o que impressa contato com Ricardo Giassetti, que não pa- Ricardo Giassetti: Muita gente acha que você quer dizer com “consumo”, mas temos rece, nem de longe, ter os 37 anos que tem. somos contra outros formatos e suportes de uma base de 60 mil leitores, com cada livro Estávamos batendo um papo em uma mesa- livros, o que não é verdade. A MOJO Books passando, em menos de um mês, dos 5 mil redonda sobre literatura na web, na Casa é uma iniciativa necessária que deu certo. É downloads. Mário de Andrade, em São Paulo. A fala dele com iniciativas assim que os meios evoluem. RG: Vou pegar outro lado de “consumo”... os para ficou por último, como as batatas fritas gos- livros foram, desde seu conceito e projetos tosas que a gente vai deixando no prato. Lá Letras: Vocês são publicitários. O que os le- gráficos, pensados para que atraíssem o pú- pelas tantas, ele começou a falar da editora vou a atacar a produção de livros digitais? O blico e quebrassem a famigerada “barreira 100% digital que ele mantém com o parceiro interesse inicial teve mais a ver com livros ou da leitura digital”.