MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO – MCTI INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE ÁREAS PROTEGIDAS NA AMAZÔNIA – MPGAP

ANÁLISE DO MANEJO COMUNITÁRIO DE PIRARUCU (Arapaima spp.) NA RESEX MÉDIO JURUÁ E RDS UACARI, MUNICÍPIO DE CARAUARI, AMAZONAS, BRASIL

MARCELO DE CASTRO SILVA

Manaus, Amazonas Agosto de 2014

MARCELO DE CASTRO SILVA

ANÁLISE DO MANEJO COMUNITÁRIO DE PIRARUCU (Arapaima spp.) NA RESEX MÉDIO JURUÁ E RDS UACARI, MUNICÍPIO DE CARAUARI, AMAZONAS, BRASIL

Orientador: Dr. Virgílio M. Viana.

Dissertação apresentada ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Gestão de Áreas Protegidas na Amazônia.

Manaus, Amazonas Agosto de 2014

MARCELO DE CASTRO SILVA

ANÁLISE DO MANEJO COMUNITÁRIO DE PIRARUCU (Arapaima spp.) NA RESEX MÉDIO JURUÁ E RDS UACARI, MUNICÍPIO DE CARAUARI, AMAZONAS, BRASIL

______Dr. Virgílio Viana (Orientador) Fundação Amazonas Sustentável

BANCA EXAMINADORA: MEMBROS

______Dr. George Henrique Rebelo – INPA

______MSc. Mauro Luis Ruffino - ABCPesca

______Dr. Ronis Da Silveira - UFAM

SUPLENTES ______Dra. Rita de Cássia Guimarães Mesquita – INPA

DATA___/___/_____.

Manaus, Amazonas Agosto de 2014

Catalogação na Publicação Serviço Documentação e Informação - SDIN Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA

S586 Silva, Marcelo de Castro

Análise do manejo comunitário de pirarucu (Arapaima spp.) na RESEX Médio Juruá e RDS Uacari, Município de Carauari, Amazonas, Brasil/ Marcelo

Castro. --- Manaus : [s.n.], 2014.

70 f. : il. color.

Dissertação (mestrado) --- INPA, Manaus, 2014.

Orientador: Virgílio M. Viana

Área de concentração: Conservação e Uso de Recursos Naturais

1. Áreas Protegidas. 2. Uso sustentável. 3. Manejo de pirarucu. 4. RESEX Médio Juruá. 5. RDS Uacari.

CDD 597.55

Sinopse: Estudou-se a tendência populacional de pirarucu, a produtividade do manejo e aspectos da economia de seis áreas de manejo comunitário de pirarucu na RESEX Médio Juruá e RDS Uacari, em Carauari, visando à contribuição para o aperfeiçoamento do programa de manejo da espécie e consequentemente a conservação ambiental e melhoria na qualidade de vida das populações.

Palavras-chave: Arapaima spp. , tendência populacional e manejo de pirarucu.

Para Astésia

Agradecimentos

Antes de tudo, agradeço aos moradores da RESEX Médio Juruá e RDS Uacari, pelo desafio diário e esperança que guiam suas vidas. Em especial aos amigos Manoel Cunha, Almires Gondim e Flávio do Carmo pelo desafio e incentivo a este estudo.

Faço um especial agradecimento a minha esposa Giselle, primeiramente por acreditar verdadeiramente no meu potencial e me incentivar sempre, principalmente nas horas mais difíceis, como em conciliar o trabalho e os estudos. E por todo esse amor incondicional.

Agradeço a todos da minha família, principalmente à minha avó Astésia, meus irmãos Patrícia e Marcos e meus pais Marivaldo Silva e Oneide Castro.

Agradeço ao meu orientador, Professor Virgílio Viana, pela incansável luta para a consolidação das Áreas Protegidas no Estado do Amazonas.

Agradeço aos professores, George Rebelo e Mauro Ruffino e Ronis Da Silveira pelas avaliações, críticas e contribuições a este trabalho.

Agradeço ao amigo Henrique Santiago por sua luta para manutenção dos espaços coletivos e consolidação da gestão participativa na Amazônia. Grato por todas as críticas e orientações ao trabalho, uma lição! Grato pela amizade.

Agradeço a todas as organizações de Base de Carauari na pessoa de seus representantes: Elson Pacheco, Flávio Carmo, Almires Gondin, José Maick e Antônia Silva e todos os demais diretores sócios e técnicos dessas instituições. A experiência com essas organizações tem sido uma oportunidade grandiosa, continuem sendo boas referências de organização social na Amazônia.

Agradeço à Fundação Amazonas Sustentável, em nome de seus superintendentes (Virgílio Viana, Luiz Villares e João Tezza) pelo apoio e incentivo para capacitação neste programa de mestrado. Em especial aos amigos Ademar Cruz e Valcléia Solidade, obrigado mesmo. E todos demais colegas e colaboradores que se doam a esta nobre missão institucional.

À coordenadora do Programa e Professora Dra. Rita Mesquita, pela sua luta e por ser esse exemplo de dedicação à conservação da Amazônia. Obrigado aos demais professores, em especial ao Stanley Arguedas: que inteligência emocional. Aos colegas de turma: Hamilton Casara, Saturnino, Maurício, em especial aos parceiros Joanísio Mesquita, Nailza Pereira e Rafaela Feitosa.

Agradeço aos amigos de Carauari e Manaus: Edelson Gomes, Cláudia Ohana, Almira Silva, Felipinho, Dani, apoio de vocês foi fundamental jovens. Em especial ao Sinomar Junior e João Victor, os valores como a amizade e a persistência ficarão marcados.

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RESUMO

O manejo comunitário de pirarucu foi implantado a partir de 2010 na RESEX Médio Juruá e na RDS Uacari e vem crescendo e envolve aproximadamente 500 beneficiários. Aspectos da sustentabilidade e economia da atividade são pouco conhecidos. Dessa maneira, neste estudo buscou-se avaliar a tendência populacional de pirarucu, a produtividade do manejo e aspectos da economia de seis áreas de manejo comunitário de pirarucus em ambas as reservas, buscando contribuir com o aperfeiçoamento do programa de manejo da espécie. Para isso foram utilizadas informações secundárias de relatórios, documentos técnicos e banco de dados das instituições gestoras e apoiadoras da atividade. Para análise de tendência populacional usou-se o número de pirarucus totais e a área (km²) dos lagos onde foram contados. Para análise da produtividade foi calculado o Índice de Desempenho de Pesca – (IDP) e a Captura por Unidade de Esforço (CPUE). O processo de comercialização foi analisado bem como os custos de produção e o saldo da comercialização. As áreas apresentaram tendências gerais de aumento do número de pirarucus/km2. O tamanho médio e massa dos peixes capturados sugerem tendência de sustentabilidade da atividade. Quatro das seis áreas de manejo avaliadas apresentaram índices de desempenho de pesca na categoria – “ótimo”. Outras duas se enquadraram na categoria – “baixo”. Contudo, foi observada uma alteração no sistema de manejo que pode representar um problema para a futura sustentabilidade da pesca manejada. Em algumas áreas de manejo a cota estipulada baseia-se na contagem de vários lagos, enquanto a pesca vem ocorrendo em apenas um deles. Em relação à CPUE, apenas uma área da região analisada foi menor que as encontradas para outras regiões onde ocorre o manejo de pirarucu. Os preços médios de venda nos três anos de manejo oscilaram entre R$ 5,15 e R$ 5,90 por quilo. O processo de comercialização vivenciado pelas associações vem passando por aprendizados, como a abertura para novos mercados e a diversificação de beneficiamento. Os principais itens dos custos de produção estão relacionados à logística. Todas as áreas de manejo analisadas neste estudo apresentaram desempenho econômico com retorno positivo médio de R$ 2.117,00. Uma vez que o manejo vem se expandindo, mais áreas tem intenção de realizar a pesca manejada, novos e mais exigentes mercados precisarão ser encontrados. As associações têm diversos desafios a superar, dentre os quais realizarem um melhor monitoramento do manejo, baixar os custos de produção e agregar mais qualidade ao produto, ampliando seu mercado de oferta. Portanto, o programa de manejo tem beneficiado economicamente as famílias envolvidas na atividade, bem como tem contribuído para a conservação da espécie e indiretamente para a proteção de diversas outras espécies.

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ABSTRACT

Community management of Arapaima has been implemented since 2013 at RESEX Medio Juruá Jurua and RDS Uacari, and has been growing and involves approximately 500 beneficiaries. The sustainablity and economics’ aspects of activity are barely understood. Thus, the central ideas of this study are evaluating the population trend of arapaima, the productivity and economics’ aspects of the six areas of community management of pirarucus in both reserves, looking forward to contributing with the improvement of the species’ program management. To get this, there were used secondary information of reports, technical documents and database of several organizations. To get the results of the population trends analysis were used the total of number of pirarucus by area (sq km) of the lakes where they were counted. To get the productivity analysis, was calculated the Performance Index Fishing - (IDP) and Catch per Unit Effort (CPUE). The trade process was analyzed as well as the costs of production and the balance of trade. The areas presented general trends of increasing number of pirarucus / km². The average size and weight of the caught pirarucus suggest tendency of sustainability through the activity. Four of the six areas of management presented IDP in the “great” category. Another two got fitted in the “low” category. However, there was a changing in the management system that can represent an huge issue for the sustainability of managing fishery. In some management areas the allowed quantity is based on counting of several lakes, although the fishery has been occurring only in some of them. In relation to CPUE, only one area of the analyzed region was lower the founded in other regions there is occurrence of the management of pirarucu. The medium value of selling during the last three years oscillate between R$ 5.15 and 5.90 per kilo. The commercialization process experienced by associations has been going through learning, as the new market’s opening and the diversification of improving benefits. The mainly Items of the production costs are related of logistic. All the management areas analyzed on this study presented economic performance with medium positive return of R$ 2,117.00. Once the management has been expanding, more areas has intention to realize management fishery, new and more demanding markets will need to be found. The associations have different challenges to beat, among which do a better monitoring of, to decrease the production costs and to add quality to the product, expanding its offering market. Therefore, the management program has been benefiting economically the involved families in the activity, was well as has been contributing to the conservation of the specie and indirectly to the protection of several another species.

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Sumário LISTA DE SIGLAS ...... v LISTA DE ILUSTRAÇÕES ...... vi 1 INTRODUÇÃO ...... 1 1.1 Referencial Teórico ...... 5 1.1.1 O manejo comunitário de pirarucu ...... 5 2 OBJETIVOS ...... 9 2.1 Objetivo Geral ...... 9 2.2 Objetivos Específicos ...... 9 3 METODOLOGIA ...... 10 3.1 Área de Estudo ...... 10 3.1.1 A Reserva Extrativista do Médio Juruá ...... 11 3.1.2 A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uacari ...... 17 3.1.3 O Manejo de Pirarucu nas RESEX Médio Juruá a e RDS Uacari ...... 23 3.1.4 Áreas de Manejo de Pirarucu nas RESEX do Médio Juruá e RDS Uacari ... 28 3.2 Métodos de Análises ...... 33 3.2.1 Análise de Indicadores de Tendência Populacional ...... 33 3.2.2 Análise de indicadores de produção ...... 34 3.2.3 Indicadores de eficiência econômica...... 34 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...... 36 4.1 Indicadores de tendência populacional ...... 36 a) Tendência de dinâmica populacional ...... 36 b) Tamanho médio de peixes ...... 41 4.2 Análise de indicadores de produção ...... 41 a) Índice de Desempenho de Pesca e Captura por Unidade de Esforço (CPUE) . 41 4.3 Indicadores de desempenho econômico ...... 43 a) Comercialização ...... 43 b) Custos de produção ...... 46 c) saldo da comercialização ...... 48 5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ...... 50 7 ANEXOS ...... 52 6 REFERÊNCIAS ...... 53

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LISTA DE SIGLAS

AMARU: Associação dos Moradores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uacari

AMECSARA: Associação de Moradores Extrativistas da Comunidade São Raimundo

ASPROC: Associação dos Produtores Rurais de Carauari

CEUC: Centro Estadual de Unidades de Conservação

CITES: The Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora

CNS: Conselho Nacional das Populações Extrativistas

IBAMA: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

ICMBIO: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

IDSM: Instituto de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá

INPA: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

MAPA: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

RDS: Reserva de Desenvolvimento Sustentável

SCM: Sociedade Civil Mamirauá

SDS: Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Transporte de pirarucu (Arapaima spp.) no Lago Marari Grande, Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uacari, Município de Carauari, Amazonas. Setembro, 2013 Foto: Edelson Gomes...... 3 Figura 2. Pirarucus capturados (Arapaima spp.) no Lago Marari Grande, Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uacari, Município de Carauari, Amazonas. Setembro, 2011. Foto: Edson Gonçalves...... 6 Figura 3. Mapa com a localização da RESEX Médio Juruá e RDS Uacari, na região do Médio Rio Juruá, Estado do Amazonas - Brasil...... 10 Figura 4. Comunitários reunidos em Assembleia Geral da Asproc na RESEX Médio Juruá, março 2012, foto: Marcelo Castro...... 12 Figura 5. Transporte das principais espécies de peixes capturados no Lago Samaúma na região do Médio Juruá, 2011. Foto: Edelson Gomes ...... 13 Figura 6. Mapa dos ambientes aquáticos da RESEX Médio Juruá...... 15 Figura 7. Comunitários reunidos em Assembleia Geral da Amaru, na RDS Uacari, março 2013. Foto: Marcelo Castro...... 18 Figura 8. Mapa dos ambientes aquáticos da RDS Uacari, região do Médio Juruá, Amazonas - Brasil...... 20 Figura 9. Pesca na RDS Uacari, região do Médio Juruá. Setembro, 2011 Foto: Edson Gonçalves...... 20 Figura 10. Participação no Encontro de formação e planejamento de manejo de lagos promovido pela Asproc em Carauari. Dezembro 2012. Foto: Edelson Gomes...... 24 Figura 11. Calendário anual do manejo de pirarucu com as respectivas etapas e produtos no processo de manejo na RESEX Médio Juruá e RDS Uacari...... 26 Figura 12. Mapa com a localização dos setes lagos das seis áreas de manejo analisadas na RESEX Médio Juruá e RDS Uacari. Fonte: Imagem LadSat – Programa ArcGis ...... 30 Figura 13. Pescadores da Comunidade São Raimundo se preparando para pesca no Lago Manariã, RESEX Médio Juruá, 2012. Foto: Bruno Kelly ...... 31 Figura 14. Pescadores da Comunidade Xibauazinho se preparando para pesca no Lago Marari Grande, RDS Uacari, 2012. Foto: Edelson Gomes ...... 32 Figura 15. Pesca manejada no Lago Mandioca, RDS Uacari, 2012. Foto: Edelson Gomes ...... 32 Figura 16. Gráfico com tendências de densidades populacionais de pirarucus ao longo dos anos de contagem, por lagos (Nº de ind/km²). Fonte: Banco de dados e relatórios de manejo da Asproc e Amecsara, 2010, 2011, 2012 e 2013...... 38 Figura 17. Gráficos da relação entre nº de pirarucus/km² em lagos de pesca e (%) de contribuição de outros lagos no estabelecimento da cota do lago de pesca para cada área de manejo. Fonte: Banco de dados e relatório de manejo Asproc e Amecsara, 2010, 2011, 2012 e 2013...... 40 Figura 18. Relação entre a produção de pirarucu manejado das RESEX Médio Juruá e RDS Uacari, e os preços pagos por kg de peixe, no período de 2011 a 2013. Fonte: Relatório manejo pirarucu da Asproc e Amecsara, 2011,2012 e 2013...... 44 Figura 19. Feira do pirarucu em Carauari, setembro de 2011. Fonte: Acervo Asproc.. 46

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Área e percentual das zonas de manejo da RESEX do Médio Juruá...... 14 Tabela 2. Lista de comunidades e ambientes aquáticos da RESEX do Médio Juruá. . 16 Tabela 3. Área e percentual das zonas de manejo da RDS Uacari...... 18 Tabela 4. Lista de comunidades e ambientes aquáticos da RDS Uacari...... 22 Tabela 5. Áreas de manejos, comunidades, ano de inicio no manejo, número de famílias, pescadores, lagos protegidos e lagos pescados na RESEX Médio Juruá e RDS Uacari...... 29 Tabela 6. Áreas em km² dos setes lagos das seis áreas de manejo analisadas na RESEX Médio Juruá e RDS Uacari...... 30 Tabela 7. Distribuição dos dados disponíveis e analisados por período e áreas de manejos na RESEX Médio Juruá a e RDS Uacari...... 33 Tabela 8. Variação das densidades populacional de pirarucus o longo dos anos de contagem por Km² de cada lago manejado das áreas de manejo...... 37 Tabela 9. Tamanho e massa (kg) de pirarucus capturados nas áreas de manejo em 2013...... 41 Tabela 10. Indicadores de produtividade da pesca manejada de pirarucu das diferentes áreas de manejo, através dos índices de Indicadores de Desempenho de Pesca (IDP) e Captura por Unidade de Esforço (CPUE) e densidade populacional de pirurucu/km² contagem ano 2013...... 42 Tabela 11. Indicadores gerais da produção de pirarucu manejado na RESEX Médio Juruá e RDS Uacari, no período de 2011 a 2013...... 43 Tabela 12. Dados da comercialização da produção de pirarucus na RESEX Médio Juruá e RDS Uacari...... 45 Tabela 13. Estrutura de custos da pesca manejada de pirarucu em 2013, nas seis áreas de manejo...... 47 Tabela 14. Relação benefício custo do manejo de pirarucu...... 48 Tabela 15. Receita líquida por família para áreas de manejo...... 49

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1 INTRODUÇÃO

As Áreas Protegidas1 são instrumentos estratégicos de ordenamento territorial e têm como objetivos resguardar a integridade dos ecossistemas, da biodiversidade e dos serviços ambientais. Estas áreas também objetivam assegurar o direito de permanência nesses territórios e a manutenção da cultura de populações tradicionais e povos indígenas (Verissimo et al., 2011). São divididas em duas categorias: as de uso sustentável e as de proteção integral, abarcando as Unidades de Conservação e Terras Indígenas.

Na Amazônia Legal as áreas protegidas estão distribuídas em 2.197.485 Km², representando 43,9% desse território. O Estado do Amazonas possui a maior extensão de Áreas Protegidas da Amazônia, com 798.808 km² de Unidades de Conservação e Terras Indígenas (Verissimo et al., 2011), que representa 54,7% de seu território protegido. As terras indígenas representam 27,7% da área do Estado enquanto que as Unidades de Conservação ocupam um total de 27% do território, sendo 15% federais e 12% estaduais. (SDS, 2009).

O Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), incrementou em 157% o número de Unidades de Conservação Estaduais, entre os anos de 2003 a 2009 (SDS, 2009). Estas novas Unidades de Conservação, em sua maioria, foram criadas como categorias de Uso Sustentável. Em áreas tradicionalmente ocupadas e ou alta densidade populacional humana, segundo Queiroz (2005) as Unidades de Conservação de proteção integral, por mais necessárias que sejam, nem sempre consistem na melhor estratégia para proteger boa parte da biodiversidade. Hoje, aproximadamente, 81% das Unidades de Conservação estaduais são de Uso Sustentável (Silva et al., 2013).

Entre as categorias de Uso Sustentável que foram priorizadas e criadas no Amazonas, destacam-se especialmente a Reserva de Desenvolvimento

1 Áreas naturais definidas geograficamente, regulamentadas, administradas e/ou manejadas com objetivos de conservação e uso sustentável da biodiversidade (PNAP, 2006).

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Sustentável2 (RDS) e a Reserva Extrativista3 (RESEX). Estas áreas são destinadas tanto à conservação da biodiversidade como ao uso sustentável dos recursos naturais. Permitem a permanência das populações tradicionais em seu interior e entorno, realizando atividades como: turismo; uso de recursos pesqueiros; extração de produtos florestais madeireiros e não madeireiros, entre outros. Tais atividades são desenvolvidas seguindo regras de manejo sustentável de acordo com o plano de manejo ou gestão da unidade.

A Reserva Extrativista (RESEX) surgiu no fim dos anos 80 e início dos 90, a partir dos habitantes da Amazônia, através do Conselho Nacional das Populações Extrativistas - CNS4, que o propôs como um sistema inovador de direito de propriedade e uso da terra como alternativa de conservação e desenvolvimento sustentável (Allegretti, 1990). As Reservas Extrativistas foram criadas pelo governo federal, sendo a Reserva Extrativista Médio Juruá a primeira a ser criada nesta categoria no Estado do Amazonas no ano de 1997.

A Reserva de Desenvolvimento Sustentável foi uma categoria de manejo inicialmente proposta pela Sociedade Civil Mamirauá (SCM) ao governo do Estado do Amazonas em 1995 (Ribeiro, 1994) e criada pela Assembleia Legislativa do mesmo Estado no ano seguinte (AMAZONAS, 1996). Segundo Queiroz (2005), a categoria foi criada a partir de uma ideia implantada no início dos anos 90, baseada no modelo de co-gestão de uma unidade de conservação, a então Estação Ecológica Mamirauá, que viria a se tornar a Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá.

A criação desta nova categoria de uso sustentável foi uma inovação importante, pois promoveu a conciliação entre os interesses dos

2 Reserva de Desenvolvimento Sustentável é uma área natural que abriga comunidades tradicionais, cuja existência se baseia em sistemas sustentáveis de utilização dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais, e que desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica (AMAZONAS, 2007).

3 Reserva Extrativista se constitui em área utilizada por comunidade tradicional, cuja subsistência se baseia no extrativismo e, complementarmente, na criação de animais em pequena escala, tendo por objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, assegurando o uso sustentável dos recursos naturais da Unidade (AMAZONAS, 2007).

4 Sigla continua CNS, porém a instituição mudou o nome para Conselho Nacional das Populações Extrativistas.

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conservacionistas e das populações tradicionais, devolvendo-lhes o direito de permanecer na área e realizar a gestão e o manejo dos recursos naturais, agora embasados na união do conhecimento científico e tradicional.

Entre diversas experiências bem sucedidas de co-gestão de recursos naturais em Unidades de Conservação, o exemplo da co-gestão de recursos pesqueiros, como o manejo participativo de pirarucu vem se destacando (Figura 1). Segundo Queiroz (2005) a prática do manejo consiste na combinação de sistemas de zoneamento para a conservação da biodiversidade e normas de exploração sustentável de recursos que gerem renda, orientados por bases técnicas e científicas, e pelo conhecimento local. O modelo se embasa na capacidade que alguns pescadores experientes possuem de utilizar uma metodologia para contar o número de pirarucus no momento que os indivíduos vêm à superfície para respirar (Castello, 2004).

Figura 1. Transporte de pirarucu (Arapaima spp.) no Lago Marari Grande, Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uacari, Município de Carauari, Amazonas. Setembro, 2013 Foto: Edelson Gomes.

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A primeira experiência de aplicação do modelo de manejo de pirarucu foi desenvolvida na RDS de Mamirauá em 1999. Análises recentes tem concluído que após 15 anos de desenvolvimento do manejo de pirarucus, têm-se alcançado significativos avanços em relação ao estoque de pirarucus, sugerindo que o modelo possa ser efetivo para conservação do pirarucu e à melhoria das condições de vida da população ribeirinha local envolvida na pesca manejada, uma vez que se verifica que a renda dos pescadores dobrou em muitas das comunidades que experimentaram o novo sistema de pesca (Castello et al., 2011a).

O modelo de manejo foi incorporado na legislação do Estado do Amazonas em 2004, devolvendo oportunidade de geração de renda para populações ribeirinhas com a pesca manejada do pirarucu. O modelo se disseminou rapidamente para várias áreas do Estado do Amazonas. Contudo, Castello et al. (2011a) alertam que não há evidência de sustentabilidade da pesca nessas novas áreas de manejo.

A RESEX Médio Juruá e a RDS Uacari, ambas localizadas no Município de Carauari, Amazonas, são caracterizadas por uma forte organização social na gestão participativa de suas reservas (Schweickardt, 2010). Uma das iniciativas desenvolvidas nessas unidades de conservação, como uma nova oportunidade para co-gestão de um recurso de elevado valor para economia local e grande importância sociocultural da região, foi o manejo de pirarucu.

O manejo foi iniciado em 2010 a partir de um histórico de uma boa recuperação nos estoques de pirarucu em anos anteriores (Braga, 2006). Nessa proposta, a primeira pesca em áreas manejadas foi realizada em 2011, aplicando mesma metodologia de contagem desenvolvida na RDS Mamirauá (Castello, 2004). O manejo é realizado através de uma parceria entre comunidades, associação de moradores e produtores e as instituições gestoras e licenciadoras, além de parceiros institucionais dessas reservas.

O manejo de pirarucu na Região do Médio Juruá vem crescendo e envolvendo mais beneficiários a cada ano. Contudo, aspectos da avaliação do estoque do recurso pesqueiro, o mercado para comercialização da produção e

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o conhecimento e controle dos custos de produção tem despertado a curiosidade dos envolvidos no processo.

Apesar do pouco tempo de desenvolvimento, essa iniciativa já se consolida como um a importante alternativa de renda para as comunidades que participam e vem atraindo grande interesse de outras na região. Apesar disso, até 2013 não se tem registro de conhecimento científico produzido acerca dos aspectos de pesca, biologia, ecologia, sociais e econômicos do manejo de pirarucu nas áreas de manejo no Médio Rio Juruá.

Nesse contexto, a pergunta que norteou o objeto de estudo dessa dissertação foi a seguinte: como se deu o desenvolvimento do manejo comunitário de pirarucu na RESEX Médio Juruá e RDS Uacari, em relação a tendências de densidade populacional de pirarucus, produção, e economia nas suas áreas de manejo?

Este estudo visa fornecer um panorama inicial do manejo comunitário de pirarucu nas RESEX Médio Juruá e RDS Uacari, buscando sistematizar e analisar a informação disponível e contribuir com o aperfeiçoamento do programa de manejo.

1.1 Referencial Teórico

1.1.1 O manejo comunitário de pirarucu

Pertencente à família Arapaimatidae o pirarucu (Arapaima spp.) é um peixe teleósteo de grande porte que pode alcançar até 3m de comprimento e pesar até 200 kg (Queiroz, 2000). Apresenta distribuição ampla e habita principalmente áreas de planícies alagadas na Bacia do Rio Amazonas e Rio Essequibo, incluindo florestas alagadas, rios, lagos, e algumas drenagens costeiras do Brasil (Castello et al., 2013a). Estudos recentes realizados por Stewart (2013 a e b) sugeriu que são reconhecidas ao menos cinco espécies para Arapaima. Diante da necessidade de mais pesquisas para confirmação de qual espécie ou espécies de pirarucu que habitam a Região do Médio Rio Juruá, no presente estudo optou-se por utilizar Arapaima spp. (Figura 2).

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Figura 2. Pirarucus capturados (Arapaima spp.) no Lago Marari Grande, Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uacari, Município de Carauari, Amazonas. Setembro, 2011. Foto: Edson Gonçalves.

Desde o século XIX o pirarucu possui grande importância cultural e econômica, pois é uma das espécies mais apreciadas e consumidas pelas populações ribeirinhas (Queiroz, 1999; Castello, 2007). Contudo, o uso insustentável desse recurso provocou acentuado declínio populacional da espécie na maior parte da Amazônia (Bayley; Petrere, 1989). O pirarucu passou de peixe predominante das pescarias realizadas há mais de cem anos, para um peixe cada vez mais raro (Isaac et al., 1993; Castello et al., 2013b).

Somente em 1975, criou-se a primeira medida de restrições ao uso do pirarucu quando passou a fazer parte da lista de espécies protegidas do Apêndice II da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e da Fauna Selvagens em perigo de extinção (CITES) (Viana et al., 2007). Essas medidas foram ampliadas em 1989 e 1990 quando foram estabelecidas regras como o tamanho mínimo de captura e o período de

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“defeso” da espécie, respectivamente, instituída pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

Mesmo com essas medidas de restrição ao uso do pirarucu, as populações não estavam aumentando. Batista (2004) apontou como as principais causas para não eficácia da proibição, as limitações logísticas e de recursos humanos dos órgãos fiscalizadores frente às dimensões da Amazônia.

Dessa maneira o IBAMA a partir de 1996 proibiu qualquer tipo de captura e venda de pirarucu no Estado do Amazonas. A partir de 1999 foram autorizadas cotas para a comercialização de peixes provenientes de áreas manejo experimental ou provenientes de piscicultura. Ainda assim, a pesca ilegal de pirarucu continua ocorrendo e a maioria do pescado comercializado na Amazônia tem procedência de pesca ilegal (Castello et al., 2013).

A pesca do pirarucu tem grande importância na geração de renda para muitas famílias ribeirinhas (Braga et al., 2006), que com a implantação das restrições ao uso do recurso, foram prejudicadas (Queiroz, 2000). Porém, existem diversas comunidades ribeirinhas que praticam esforços de manejo e conservação e estão desenvolvendo iniciativas de conservação do pirarucu (McGrath et al., 1993; Castello et al., 2009).

Uma alternativa de continuar explorando economicamente o pirarucu sem comprometer a conservação de sua espécie foi a implantação de um modelo novo de manejo que foi desenvolvido na Reserva Mamirauá em 1999. Nesse modelo, todos os anos os pescadores realizam levantamentos populacionais através da contagem de pirarucus em toda a área de manejo. Depois, em colaboração com Instituto Mamirauá e o IBAMA, os pescadores usam os dados para determinar cotas de pesca para o próximo ano (Viana et al., 2004).

Castello et al (2011b), concluiu em uma análise recente, que esse modelo de manejo parece ser efetivo para conservação do pirarucu. Em muitas comunidades, a renda dos pescadores mais do que dobrou, eles se engajaram no processo, e as populações de pirarucu recuperaram-se rapidamente (Viana et al., 2004; Arantes et al., 2006; Viana et al., 2007).

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Entre os vários aspectos que tem gerado esses resultados positivos, destaca-se o fato desse manejo de pirarucu em Mamirauá ser participativo (Viana et al., 2004) e aplicado de modo adaptativo (Walters, 1986), com regras internas e sistemas de fiscalização. Amaral et al (2013) aponta que para garantir a eficácia do manejo, aspectos da dinâmica social dos pescadores devem ser considerados. Desta forma, o monitoramento das densidades de pirarucus, que é realizado pelos próprios pescadores, além de gerar informações de uso direto, valoriza o conhecimento tradicional, engajando os comunitários ainda mais no processo de manejo (Viana et al., 2003; Arantes et al., 2006).

Entretanto, Castello et al (2013 b) aponta que não são conhecidos os números exatos de comunidades vivenciando esta nova experiência, bem como suas avaliações de tendências nas populações de pirarucus, dificultando assim análise de efetividade e a determinação da extensão geográfica dessas áreas.

Para região do Médio Rio Juruá, não existem trabalhos de avaliação de estoques de pirarucus. Entretanto, Braga (2006) aponta o município de Carauari como uma exceção em relação ao padrão de diminuição dos estoques de pirarucus observados em outros municípios do Amazonas.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Avaliar a tendência populacional de pirarucu, a produtividade e aspectos da economia de seis áreas de manejo comunitário de pirarucu na RESEX Médio Juruá e na RDS Uacari, buscando contribuir com o aperfeiçoamento do programa de manejo da espécie.

2.2 Objetivos Específicos

2.2.1 Avaliar as tendências dos indicadores de densidade populacional de pirarucu.

2.2.2 Analisar os indicadores de produção e comercialização do manejo.

2.2.3 Analisar indicadores de desempenho econômico do manejo de pirarucu.

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3 METODOLOGIA

3.1 Área de Estudo

O estudo realizou-se na Reserva Extrativista do Médio Juruá e na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uacari, ambas no município de Carauari, na região do Médio Rio Juruá (Figura 3).

Figura 3. Mapa com a localização da RESEX Médio Juruá e RDS Uacari, na região do Médio Rio Juruá, Estado do Amazonas - Brasil.

A região é composta por um contínuo de áreas protegidas (SDS, 2008), entre elas a Reserva Extrativista do Médio Juruá, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uacari, a Terra Indígena do Rio Biá, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Cujubim e a Terra Indígena Deni que por sua vez se conecta à Terras Indígenas no Rio Purus. Recentemente ainda foi criada a Área de Proteção Ambiental de Carauari, formando assim um gigantesco bloco de conservação. Esta região dista 1.676 km de Manaus por via fluvial (ICMBio, 2011).

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3.1.1 A Reserva Extrativista do Médio Juruá

A Reserva Extrativista do Médio Juruá foi criada em 04/03/1997, sendo a primeira Unidade de Conservação nesta categoria no Estado do Amazonas. Nasceu com objetivo de compatibilizar a conservação da biodiversidade com o uso sustentável dos seus recursos naturais, de modo a garantir a sustentabilidade ambiental da região, mediante ações que permitam o reconhecimento, a valorização e o respeito à diversidade socioambiental e cultural das populações tradicionais e seus sistemas de organização e de representação social (ICMBio, 2011).

A RESEX Médio Juruá localiza-se na região sudoeste do Estado do Amazonas, no Município de Carauari, a montante deste município, margem esquerda do Rio Juruá, em seu trecho médio (Figura 3). Possui área aproximada de 253.226,5 ha e limita-se ao Norte com o Rio , ao Sul com o Rio Juruá, ao Leste com o Igarapé Arrombado e a Oeste com o Igarapé Tracoá (ICMBio, 2011).

Sua população beneficiária e usuária é de cerca 333 famílias, com uma população total estimada em 1921 pessoas, distribuídas em 24 comunidades. Sua população tem origem seringalista e atualmente desenvolvem atividades extrativistas como a coleta de frutos de espécies oleaginosas, agricultura e pesca.

Sua gestão é desenvolvida num modelo inovador participativo, onde o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, realiza em parceria com as famílias e as associações de moradores da reserva a sua gestão. Reuniões trimestrais do Conselho Deliberativo e a Assembleia Geral anual da Associação de Produtores Rurais de Carauari (Asproc) e de outras associações comunitárias são os principais fóruns de discussão e avaliação da gestão participativa da Reserva (Figura 4).

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Figura 4. Comunitários reunidos em Assembleia Geral da Asproc na RESEX Médio Juruá, março 2012, foto: Marcelo Castro.

O Conselho Deliberativo foi formado em 2007, ano que começou a ser elaborado o Plano de Gestão, tendo sua aprovação pelo Conselho em novembro de 2010. Neste Plano estabeleceram-se acordos e regras para o uso sustentável dos recursos naturais, em destaque os recursos pesqueiros de grande importância para alimentação e economia da reserva (ICMBio, 2011).

A reserva apresenta um grande potencial pesqueiro, pois possui lagos, igarapés, paranás e furos, que fazem conexão com o Rio Juruá, além de florestas inundadas de várzea e igapó. A pesca de subsistência ocorre principalmente durante o período da vazante. O pescado constitui a fonte principal de proteína animal consumida pelos comunitários. A pesca comercial também constitui uma importante fonte de renda, sendo diversas espécies são comercializadas (Braga et al., 2006).

Considerando aspectos de reprodução e capacidade de regeneração (Queiroz, 2005), e por apresentarem experiência de manejo em outras áreas

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no Amazonas, as espécies de peixe com maior potencial de manejo comercial são o pirarucu (Arapaima ssp.), o tambaqui (Colossoma macropomum) e a matrinxã (Brycon spp.), bem como os peixes de couro como caparari e surubim (Pseudoplatystoma spp.), pirarara (Phractocephalus hemioliopterus), e jaú (Zungaro jahu) (Braga et al., 2006) (Figura 5).

Figura 5. Transporte das principais espécies de peixes capturados no Lago Samaúma na região do Médio Juruá, 2011. Foto: Edelson Gomes

Com a elaboração e aprovação do plano de manejo da reserva, procedeu-se o zoneamento da RESEX, que consistiu em um processo de construção gradativa, participativa, fundamentada em critérios técnicos baseados na biologia da conservação, na cartografia e nos subsídios identificados durante a oficina de mapeamento participativo.

As zonas dividiram-se em função do grau de impacto das atividades permitidas e assim foram estabelecidas quatro zonas de manejo (Tabela 1).

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Tabela 1. Área e percentual das zonas de manejo da RESEX do Médio Juruá.

Zona de manejo Área (ha) % Zona de Preservação 216652,75 85,94% Zona de Extrativismo 30.887,26 12,25% Zona de Uso Comunitário 3.461,24 1,37% Zona de Pesca 1.083,65 0,43% TOTAL 252.084,90 100 Fonte: ICMBio, 2011.

A Zona de Pesca compreende uma área total de 1.083,65 ha, formada por lagos, sacados5, paranás, rios e igarapés. Para o manejo de pesca foram considerados entre os ambientes aquáticos os maiores lagos identificados pelas comunidades como os mais importantes para o manejo da pesca (Braga et al., 2006) (Figura 6).

Esta zona é destinada às atividades pesqueiras realizadas pelos comunitários da RESEX, tanto para subsistência como para ações de manejo da pesca, além de proteção dos recursos pesqueiros. Por fim, o estabelecimento dessa zona, objetiva o uso dos recursos pesqueiros de forma sustentável condicionado ao uso de técnicas e acordos previamente definidos em fóruns participativos (ICMBio, 2011).

5 Lago formado por antigo leito de Rio represado sazonalmente.

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Figura 6. Mapa dos ambientes aquáticos da RESEX Médio Juruá.

A implantação do programa de manejo de pirarucu na RESEX Médio Juruá ocorreu em 2011, com a participação de apenas uma comunidade. Nos anos seguintes mais cinco comunidades realizaram pesca manejada e a cada ano vem aumentando o interesse de participação. Lideranças locais apontam que o resultado aparentemente positivo, desse início de manejo, tem despertado a atenção das outras comunidades.

Contudo, o zoneamento e categorização inicial dos ambientes aquáticos6 dispostas em seu plano de gestão, apresentam defasagem ao modelo atual seguido, pois a categoria de uso de alguns lagos alterou-se ao longo dos anos. Dessa maneira, passado cinco anos da última atualização, verifica-se que há necessidade de novas discussões para revisão no zoneamento e reclassificação dos ambientes aquáticos destinados à manejo da reserva.

Na distribuição atual de ambientes aquáticos, entre eles em lagos onde ocorre no manejo de pirarucu, destacam-se as comunidades São Raimundo,

6 Rio, Lagos, Cano, Ressaca, Chavascal, Restinga Baixa e Restinga Alta.

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Morada Nova e Nova União que possuem a maior quantidade sob sua responsabilidade (Tabela 2).

Tabela 2. Lista de comunidades e ambientes aquáticos da RESEX do Médio Juruá. Ambientes Setor Comunidade Ambiente aquático Lago do Samauma Lago do Janiceto Lago do Florenço Lago do Tracajá Morada Nova Lago do Limoeiro Lago Recreio Lago da Canoa Lago das Onças Paranã do Manariã Lago do Manariã Lago do Tentem Lago do Recreio Lago Dona Maria

Sacado do Mari-Mari 1 Lago do Tambaqui São Raimundo Lago do Socó

Lago da Doca Lago da Ilha Lago do Retiro Lago do Jaburu Lago do Repartimento Lago do Bodó Lago Aruanã Lago da Balieira Lago do Angelim Nova União Lago de Cima Lago do Boto Lago Bom Retiro Lago Branco

Sacado do Juburi Lago Istumé Fortuna Lago Luiz Ceará

Lago Henrique 3 Lago Tucunaré Lago Farias Roque Lago Cumprido Nova Esperança Lago Preto Gumo do Facão Lago Tracoá Fonte: ICMBio, 2011.

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3.1.2 A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uacari

A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uacari (RDS Uacari) foi decretada em 01 de junho de 2005. Foi criada com objetivo de preservar a natureza e ao mesmo tempo, assegurar as condições e os meios necessários para a reprodução e a melhoria dos modos e da qualidade de vida e exploração dos recursos naturais das populações tradicionais, bem como valorizar, conservar e aperfeiçoar o conhecimento e a técnica de manejo do ambiente, desenvolvido por estas (SDS, 2008).

A RDS Uacari está localizada na região do Médio Juruá, às margens do Rio Juruá, no município de Carauari, Estado do Amazonas. Faz limite com a RESEX do Médio Juruá, as Terras Indígenas do Biá e Deni e com o Município de , junto à desembocadura do Igarapé Xeruã (Boca do Xeruã). Ocupa uma área de 632.949,00 ha e devido à sua localização está totalmente inserida na área rural do município (Figura 3).

Sua população beneficiária e usuária é de cerca de 330 famílias, estimando-se um total de 1591 pessoas (FAS, 2013), distribuídas em 32 comunidades. Muitos têm relação de parentesco com moradores da RESEX Médio Juruá e sua população também tem origem seringalista e hoje além do extrativismo da borracha desenvolvem atividades extrativistas como a coleta de frutos de espécies oleaginosas, agricultura e pesca (SDS, 2008).

Semelhante à RESEX Médio Juruá a reserva conta com um modelo de gestão participativa que o Centro Estadual de Unidades de Conservação - CEUC da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SDS, realiza em parceria com as famílias e as associações de moradores da reserva. Em 2008 teve a formalizado do seu Conselho Gestor. As reuniões trimestrais desse Conselho Gestor e a Assembleia Geral anual da Associação dos Moradores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uacari (Amaru) são os principais fóruns de discussão e avaliação da gestão participativa da reserva (Figura 7).

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Figura 7. Comunitários reunidos em Assembleia Geral da Amaru, na RDS Uacari, março 2013. Foto: Marcelo Castro.

A construção do Plano de Gestão se deu de forma participativa, incorporando as demandas das comunidades locais aos programas de gestão e construindo regras de uso e zoneamento de forma participativa. O plano de gestão da reserva foi aprovado em 2008, estabelecendo os acordos e as regras para o uso sustentável dos recursos naturais, em especial dos recursos pesqueiros.

Dentro do zoneamento da Reserva foram utilizadas três grandes zonas (Tabela 3). Na Zona de Uso Extensivo é permitido o extrativismo vegetal, a pesca de subsistência e comercial.

Tabela 3. Área e percentual das zonas de manejo da RDS Uacari.

Zona de manejo Área (ha) % Zona de Preservação 390.312,19 62,92% Zona de Uso Extensivo 212.079,93 34,19%

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Zona de Uso Intensivo 17.975,10 2,90% Total 620.367,227 100 Fonte: SDS, 2008.

Dada à importância da pesca na região, foi realizado um zoneamento dos principais lagos da reserva envolvendo a Colônia Z-25 e os moradores da reserva, organizando a possibilidade de uso por ambos os grupos. O zoneamento foi feito seguindo as categorias a) lagos da colônia, destinado à pesca comercial por pescadores cadastrados na colônia de pescadores; b) lagos de manutenção, que servem para uso das comunidades tanto a pesca comercial como subsistência e; c) lagos de preservação, destinado à reserva de pescado, não permitindo o seu uso (Figura 8).

A pesca na RDS de Uacari é praticada por todas as famílias, o que demonstra a importância dessa atividade, principalmente como fonte de alimentação (Figura 9). Os peixes de escama são os mais consumidos para alimentação, com destaque para o pacu; entre os bagres o mais consumido é o surubim (Braga et al., 2006). A pesca comercial é bastante praticada pelas comunidades da RDS Uacari, com a safra iniciando no período da vazante ainda no mês de junho e se estendendo até os meses de dezembro e janeiro, no início da enchente no Rio Juruá.

7 Cálculo da área com projeção “Albers Conic Equal Área”, inferior à área total decretada que é de 632.949,02 hectares.

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Figura 8. Mapa dos ambientes aquáticos da RDS Uacari, região do Médio Juruá, Amazonas - Brasil.

Figura 9. Pesca na RDS Uacari, região do Médio Juruá. Setembro, 2011 Foto: Edson Gonçalves.

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A implantação do programa de manejo de pirarucu, em parceria com a RESEX Médio Juruá, também ocorreu em 2011 com a participação de apenas uma comunidade. Nos anos seguintes mais três comunidades realizaram pesca manejada. Lideranças da RDS enfatizaram que o manejo tem tido resultado positivo nesse início de manejo, que tem despertado a atenção das outras comunidades.

A RDS Uacari também necessita de uma revisão do zoneamento e categorização dos ambientes aquáticos, pois além de seu programa de manejo, o plano de gestão também está desatualizado. Na realização do manejo, verifica-se que tem mais comunidades participando na RDS Uacari do que na RESEX, um dos fatores é a maior disponibilidade de ambientes aquáticos por comunidade, onde se encontram os lagos que estão envolvidos no manejo de pirarucu (Tabela 4).

Os órgãos gestores da RESEX Médio Juruá e RDS Uacari adotaram desde 2011 um modelo de gestão compartilhado, que se inicia desde o planejamento, passando pela execução até a avaliação das atividades. Nesse sentindo o programa de manejo comunitário também foi implementado integradamente.

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Tabela 4. Lista de comunidades e ambientes aquáticos da RDS Uacari. Ambientes Setor Comunidade Ambiente áquatico Lago Toaré, Lago Itabaiana, Lago Benedito, Lago do Macedo,Lago Pé da Boca do Xeruã Terra, Igarapé do Acurau e Lago do Acurau Bom Fim Lago Cacaia do Bonfim e Lago da Judite

Lago do Macaco, Paraná Macaco, Lago Redondo,Lago Marari Grande, Paraná do Xibauazinho 1 Marari, Lago do Patocino, Lago do Zé, Lago Santa Cruz e Lago da Camponesa

Lago Mandioca, Lago do Mandioquinha e Mandioca Estirão do Mandioca

Lago do Xibauá, Ressaca do Xibauá, Xibauá Lago do Marajá e Lago Maracajá

Acimã Lago Acimã 2 Lago do Veado, Lago do Bingó, Lago Toari Comprido e Paraná do Veado

Lago Torcate, Lago Pau Furado, Lago do Monte Carmelo Maximiano, Lago do Tangará, Lago das Cobras e Lago do Vala Me Deus São José Lago Anaxiqui São Francisco Lago João da Mata e Lago do Damião 3 Lago do Cametá/Cametazinho e Lago do Boa Vista Tracoá

Lago Rato, Lago da Capoeirinha, Lago Caroçal do Ratinho e Lago do Maia

Lago Chato, Lago Pupunha de Baixo, Morro Alto Samaumeira Lago Pupunha de Cima e Lago Porto 4 Saide Morro Alto Lago Deserto Ouro Preto Lago Tucunaré I e Lago Tucunaré II 5 Santo Antônio do Brito Lago do Santo Antonio Lago Preto, Lago Arraia Remanso Lago Praia Alta Lago Cobra, Lago Tartaruga e Cacaia da 6 Bauana Esperança

Bom Jesus Lago Boto e Lago Esperança Fonte: SDS, 2008.

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3.1.3 O Manejo de Pirarucu nas RESEX Médio Juruá a e RDS Uacari

A região do Médio Juruá tem sido uma área com intensa pesca comercial principalmente a partir dos anos de 1980. Nesse mesmo período, as populações ribeirinhas iniciaram a proteção de lagos por conta própria, enfrentando diversos conflitos, destacando-se as invasões de pescadores de outras regiões. Após a implementação das áreas protegidas se intensificou a preservação de lagos, por parte das comunidades, agora com um amparo legal mais sólido.

As primeiras contagens de pirarucu ocorreram exclusivamente na RESEX Médio Juruá e foram realizadas ainda em 2005, porém somente em outubro de 2010 houve um treinamento dos comunitários da reserva por técnicos da RESEX Auati-Paraná com experiência neste tipo de manejo, e assim foi realizada uma nova contagem nas comunidades: Gumo do Facão, Nova Esperança, Roque, São Raimundo, Nova União e Fortuna. No ano de 2009 houve uma contagem exclusiva para a RDS Uacari.

Essas inciativas somadas a uma intensa reivindicação pelas organizações de bases, incentivo dos órgãos gestores e apoio financeiro de instituições parceiras da Asproc, Amaru e Associação de Moradores Extrativistas da Comunidade São Raimundo (Amecsara), o manejo de pirarucu foi implantado em 2011 de forma integrada, com as primeiras contagens de pirarucus sendo realizadas em ambas as reservas conjuntamente.

Deste então os órgãos gestores adotaram um modelo de gestão compartilhado, ajustando-se ao uso compartilhado dos recursos naturais realizado por comunidades e famílias de ambas as reservas.

Hoje o processo de manejo no Médio Juruá é anualmente organizado pela Asproc, em parceria com Amecsara e Amaru que são as organizações credenciadas junto ao IBAMA para coordenação e apoio para o manejo de lagos nas comunidades da RESEX Médio Juruá e RDS Uacari respectivamente.

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A Asproc é uma associação com 20 anos de experiência em produção rural extrativista, premiada em 2012 com troféu ODM Brasil8. A partir de 2010 vem executando planejamentos estratégicos quadrienais para alcançar seus objetivos, entre eles a apoio a pesca manejada de pirarucus no município de Carauari.

A implantação do manejo de pirarucus a cada ano se inicia na aprovação da atividade em Assembleias Gerais da Asproc, Amecsara e Amaru. Após as assembleias é realizada unificação dos planejamentos num evento específico, organizado pela Asproc, denominado “Encontro de Formação e Planejamento de Manejo de Lagos” (Figura 10).

Figura 10. Participação no Encontro de formação e planejamento de manejo de lagos promovido pela Asproc em Carauari. Dezembro 2012. Foto: Edelson Gomes.

8 O Prêmio ODM Brasil incentiva ações, programas e projetos que contribuem efetivamente para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

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O evento conta com a participação das três associações e dos grupos de pesca das áreas de manejo com interesse na participação no manejo e instituições governamentais e não governamentais parceiras apoiadoras da atividade. Nesse momento são definidas para cada uma das etapas (Contagem, Pesca, Comercialização e Avaliação), todas as ações, seus responsáveis e seus prazos conforme ilustrado na figura 11.

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Figura 11. Calendário anual do manejo de pirarucu com as respectivas etapas e produtos no processo de manejo na RESEX Médio Juruá e RDS Uacari.

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O programa de manejo se estabelece com o cumprimento de protocolos junto aos órgãos gestores e licenciador, entre os quais a autorização para captura que é expedida pelo IBAMA após o relatório de contagem com dados das estimativas de densidades populacionais.

A etapa de contagem se inicia na contratação de contador certificado, devido ao fato dos contadores locais estarem em formação. Os grupos são organizados, selecionando os mais experientes na atividade de pesca, que são acompanhamento por técnicos locais no preenchimento dos formulários e qualidade dos dados. As comunidades apontam os lagos de interesse e posteriormente, procede-se com a realização da contagem. O sistema de contagem segue a metodologia aplicada em Mamirauá (Castello, 2004).

Os resultados da contagem subsidiam a contabilização para a emissão da autorização do ano seguinte. As autorizações para manejo na RDS de Uacari e a RESEX Médio Juruá são emitidas em nome da Amaru e Amecsara, respectivamente.

As cotas na autorização são divididas para a comunidade, que manejam os lagos em grupos9 organizados para a pesca. Esse conjunto de uma ou mais comunidades, seus lagos de contagem e lagos de pesca, neste estudo foram chamados de áreas de manejo.

Os critérios de adesão da família seguem as regras do regimento interno, que orienta as famílias das comunidades participem diretamente em todas as etapas do manejo. As famílias que queiram se inserir no processo, precisam de pelo menos um ano de experiência, ano no qual receberão somente pelos dias trabalhados no monitoramento.

Entre as regras temos que todas as comunidades devem garantir no ato da contagem equipe mínima, alimentação, canoa nos lagos ou trilhas para facilitar o acesso. Caso não tenha essa estrutura não será feita a contagem nos lagos.

Cada comunidade fica responsável para escolher uma pessoa que vai registrar todos os gastos referentes ao manejo e apresentar nos encontros

9 Composto pelo Coordenador de manejo, pescadores, cozinheiras, ajudantes e comerciantes para cada área de manejo.

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coletivos para ser sistematizados pelas entidades coordenadoras do manejo. A prestação de contas é feita reunindo com as instituições coordenadoras do manejo para fazer a organização da prestação de contas que deverá ser apresentada para as comunidades participantes do manejo. A receita liquida do manejo é distribuída em partes iguais entre os chefes de família conforme sua participação nas etapas do manejo. Os participantes eventuais de uma ou outra etapa recebem por dias trabalhados (diária regional de cerca de R$ 50,00).

Em caso de não cumprimento das normas previstas no regimento as punições são: formalizar denúncia aos órgãos ambientais e, no caso de reincidência, suspensão por um ano de afastamento do manejo. No momento tais punições estão sendo rediscutidas.

A etapa de proteção e vigilância dos lagos é realizada por equipes de vigias comunitários que se revessam por 24 horas por de junho a novembro, sempre com orientação dos mais experientes sobre as áreas prioritárias de vigilância em cada época do ano. As comunidades recebem da Asproc uma ajuda de custo no valor aproximado de R$ 400 mensais geralmente pagos em Diesel para realização da vigilância em suas áreas de manejo.

3.1.4 Áreas de Manejo de Pirarucu nas RESEX do Médio Juruá e RDS Uacari

As seis áreas de manejo analisadas neste estudo, são representadas por comunidades e lagos. Estão distribuídos, três na RESEX e três na RDS, com uma área (2) compartilhado de lago entre Morada Nova e Santo Antônio. As famílias envolvidas atualmente somam-se 81, tendo 95 pescadores envolvidos diretamente. O número de lagos de proteção somam 46 (Tabela 5). A área de manejo (3) da comunidade do Fortuna é contemplada em dois lagos para manejo.

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Tabela 5. Áreas de manejos, comunidades, ano de inicio no manejo, número de famílias, pescadores, lagos protegidos e lagos pescados na RESEX Médio Juruá e RDS Uacari. o o Ano de N de famílias N de o Área de N de lagos Lagos Comunidade início no envolvidas no pescadores manejo de proteção pescados manejo manejo envolvidos São 1 Raimundo 2011 26 20 14 Manariã (RESEX) Morada Nova (RESEX) e 2 Santo Antônio 2012 23 20 9 Samaúma do Brito (RDS) Fortuna Branco e 3 2012 9 12 7 (RESEX) Jaburi Xibauazinho 4 2011 11 20 9 Marari Grande (RDS) Mandioca 5 2012 5 10 3 Mandioca (RDS) Caroçal 6 2012 7 13 4 Rato (RDS) Fonte: Relatório de manejo Asproc, 2013.

As comunidades Nova Esperança, Roque e Toari participaram do manejo somente em um ano de pesca, tendo sua produção destinada ao consumo próprio. Entretanto, essas assim como outras 16 áreas de manejo já participam do processo de proteção dos lagos. Porém, como a soma das cotas as outras comunidades que já realizaram a pesca representam 4% do total manejado na região, optou-se por analisar apenas as seis áreas de manejo principais (Tabela 5).

As áreas dos ambientes foram calculadas por medições em imagens de satélite LandSat 8 através do Programa ArcGis 10 (Figura 12 e Tabela 6). Para determinar as densidades de pirarucu por ano, por lago e por classes de tamanho, foram utilizadas os dados resultantes das contagens de pirarucus realizadas durante quatro anos, de 2010 a 2013, em todos os sete lagos analisados.

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Figura 12. Mapa com a localização dos setes lagos das seis áreas de manejo analisadas na RESEX Médio Juruá e RDS Uacari. Fonte: Imagem LadSat – Programa ArcGis

Tabela 6. Áreas em km² dos setes lagos das seis áreas de manejo analisadas na RESEX Médio Juruá e RDS Uacari. Área Área de manejo Lago (km²) São Raimundo Lago do Manariã 2,94 Morada Nova e Santo Lago do Samauma 1,03 Antônio do Brito Lago Branco 0,11 Fortuna Lago do Jaburi 3,37 Xibauazinho Lago Marari Grande 2,24 Mandioca Lago Mandioca 2,06 Caroçal Lago Rato 3,25 Fonte: medidas obtidas através de Imagem LadSat 8 – Programa ArcGis 10

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A área de manejo (2) que envolve as comunidades Morada Nova e Santo Antônio do Brito é realizado de forma compartilhada. As duas comunidades de ambas as reservas pescam no lago do Sumaúma. Essa integração desdobra-se para os procedimentos de todas as etapas do manejo, da proteção à comercialização. Portanto as análises dos indicadores de produção e desempenho econômico foram feitas de maneira integrada para esta área de manejo.

A área de manejo (3) Fortuna realiza pesca em dois lagos, tendo as análises de tendência populacional de pirarucus realizadas em separado por lago, enquanto que para as demais análises de indicadores de produção e desempenho econômico que se referiam à área como um todo, foram utilizados os dados integrados somando-se os dois lagos.

As figuras 13 a 15 apresentam fotos dos pescadores, preparação e pesca nos lagos Manariã, Marari Grande e Mandioca nas áreas de manejo (1), (4) e (5) respectivamente.

Figura 13. Pescadores da Comunidade São Raimundo se preparando para pesca no Lago Manariã, RESEX Médio Juruá, 2012. Foto: Bruno Kelly

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Figura 14. Pescadores da Comunidade Xibauazinho se preparando para pesca no Lago Marari Grande, RDS Uacari, 2012. Foto: Edelson Gomes

Figura 15. Pesca manejada no Lago Mandioca, RDS Uacari, 2012. Foto: Edelson Gomes

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3.2 Métodos de Análises Para a análise dos dados desse estudo foram utilizadas informações de fonte secundária, disponíveis nos bancos de dados da Asproc, documentos técnicos, relatórios de atividades, manejo e contagem da Amecsara, Amaru e Asproc. As análises foram divididas em: Análises de Indicadores de Tendência populacional (3.3.1), Indicadores de Produção (3.2.2) e Indicadores de Desempenho Econômico (3.2.3). A Tabela 7 apresenta a distribuição de análise de dados levantados por período e áreas de manejo.

Tabela 7. Distribuição dos dados disponíveis e analisados por período e áreas de manejos na RESEX Médio Juruá a e RDS Uacari.

Análises por períodos de estudo Indicadores de Tendência Indicadores de Desempenho de densidade Produção Econômico Populacional Comunidade Lago UC 2010 a 2013 2011* 2012 2013 2013 São Raimundo Manariã RESEX x x x x x Morada Nova e Santo Antônio Samaúma RESEX x - x x x do Brito Branco RESEX x - Fortuna x x x Jaburi RESEX x Marari Xibauazinho RDS x x x x x Grande Mandioca Mandioca RDS x - x x x Caroçal Rato RDS x - x x x Fonte: Banco de dados e relatórios de contagem da Asproc e Amecsara, 2010, 2011, 2012 e 2013.

3.2.1 Análise de Indicadores de Tendência Populacional

a) O indicador de tendência de dinâmica populacional foi calculado a partir da divisão do número de pirarucus totais, considerando todas as classes de tamanho (juvenil e adulto), área dos lagos onde foram contados (nº de pirarucus/km²). O número de pirarucus foi fornecido pela série histórica de contagens dos lagos, disponíveis nos relatórios de contagem e banco de dados da Asproc (anos 2010 a 2013).

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b) O tamanho médio de peixes foi calculado a partir da distribuição do tamanho em cm e kg dos pirarucus pescados eviscerados por área de manejo.

3.2.2 Análise de indicadores de produção

a) O desempenho do sistema de manejo - Índice de Desempenho de Pesca – IDP: foi calculado através da formula IDP = P/C, onde P = cotas de pirarucus autorizadas e C = número de pirarucus capturados por ano, em cada área de manejo.

Para referencias dos IDP foi considerada a escala proposta por Amaral (2009), onde:

IDP entre 0,0 e 0,39 = Baixo

IDP entre 0,4 e 0,59 = Regular

IDP entre 0,6 e 0,89 = Bom

IDP entre 0,9 e 1,0 = Ótimo

b) A produtividade pesqueira - Captura por Unidade de Esforço (CPUE) foi medida em termos de quilos de pirarucu capturados por dia por pescador em cada área de manejo. Essas variáveis foram escolhidas a partir da disponibilidade de dados e observando-se que todas as seis áreas de manejo têm organização de pesca em grupos parecidas e todas se utilizam de malhadeiras para captura dos pirarucus.

3.2.3 Indicadores de eficiência econômica

a) A comercialização por área de manejo foi medida em termos de faturamento bruto das seis áreas de manejo, no ano de 2013; b) O processo de comercialização foi a descrição das estratégias de comercialização adotadas no período de 2011 a 2013 para todas as áreas de manejo por área de manejo e os preços médios praticados por Kg de pirarucu.

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c) O custo de produção foi medido a partir da soma de todas as despesas registradas por área de manejo adicionado de 9 % como uma estimativa de despesas não declaradas e detalhando-se a contribuição percentual da composição das despesas por área de manejo. d) O Saldo da comercialização – foi medido através do percentual da diferença do faturamento total bruto entre os custos totais sobre o faturamento total bruto por área manejo onde FTB – Faturamento Total Bruto área de manejo, e Ct – custos total da área de manejo.

As análises de custo de produção e saldo da comercialização são baseados no estudo de Almeida et al., (2001).

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Indicadores de tendência populacional a) Tendência de dinâmica populacional

Todas as áreas de manejo apresentam tendências gerais de aumento do número de pirarucus/km2 entre a primeira contagem em 2010 e a última em 2013, quando analisadas ambas as classes de tamanho (juvenil e adulto) (Tabela 8 e Figura 16).

Apesar de haver oscilações (Figura 16) nos indicadores de densidade de uma mesma área de manejo ao longo dos anos, quando comparadas entre o primeiro e último ano de contagem, apenas o Lago Manariã apresentou um declínio de 21,38% na categoria adulto (Tabela 8).

Os valores obtidos para o lago Branco se comportam como outlier quando comparado aos demais lagos. A principal razão para este comportamento se da pela menor área (km²) do lago. Dessa maneira, estes valores foram suprimidos para melhor interpretação do gráfico da figura 16, mantendo-se seu resultado integralmente (Tabela 8).

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Tabela 8. Variação das densidades populacional de pirarucus o longo dos anos de contagem por Km² de cada lago manejado das áreas de manejo. Indivíduos por km² em cada lago Lago do Lago do Lago Marari Lago Lago Branco* Sacado do Juburi Lago do Rato Ano Manariã Samauma Grande Mandioca Juv. Adu Tot Juv. Adu Tot Juv. Adu Tot Juv. Adu Tot Juv. Adu Tot Juv. Adu Tot Juv. Adu Tot 2010 55 232 287 22 25 48 173 100 273 1 9 10 131 216 347 32 64 96 22 55 77 2011 151 235 386 64 134 198 1273 382 1655 1 10 11 108 247 354 93 138 232 40 107 147 2012 184 229 413 296 185 482 2409 909 3318 30 40 70 347 296 643 143 188 331 80 100 181 2013 162 183 345 352 272 624 1100 464 1564 80 106 186 372 302 674 108 126 234 78 126 204 Incremento (%) 196 -21 20 1478 977 1212 537 364 473 5300 1131 1744 184 40 94 243 96 145 254 129 165 2010-2013 Fonte: Banco de dados e relatórios de manejo da Asproc e Amecsara, 2010, 2011, 2012 e 2013.

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Nº individuos por km² 800,0

700,0

600,0

500,0 Lago do Manariã Lago do Samauma

400,0 Lago do Juburi Lago Marari Grande 300,0 Lago Mandioca Lago Rato 200,0

100,0

0,0 2010 2011 2012 2013

Figura 16. Gráfico com tendências de densidades populacionais de pirarucus ao longo dos anos de contagem, por lagos (Nº de ind/km²). Fonte: Banco de dados e relatórios de manejo da Asproc e Amecsara, 2010, 2011, 2012 e 2013.

Comparado com Mamirauá, que tem densidades que variam de 3,78 a 1332,07 nº de pirarucus/km²(Arantes et al., 2006), as densidades aqui apresentadas são maiores que a de Mamirauá. É importante frisar que esses valores não são diretamente comparáveis, uma vez que em Mamirauá, a área utilizada para estimar a o indicador de densidades incluía a área de várzea adjacente aos ambientes estritamente aquáticos, enquanto neste estudo foi utilizada apenas a área dos lagos com medidas na época da seca. Portanto era esperado que as CPUE aqui calculadas fossem bastante superiores.

Estudos de densidade de pirarucus realizados na RDS Mamirauá e RDS Amanã após a implantação do programa de manejo de pirarucu apontam para uma tendência de crescimento de 25% ao ano (Arantes, et al,. 2006) nos indicadores de densidades a partir das contagens. No presente estudo houve

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uma grande variação no incremento ano a ano (Figura 16), com alguns episódios de estagnação ou ainda de declínio nos indicador de densidade.

Essas variações podem ser explicadas por diversos fatores. Uma das hipóteses observada neste estudo pode estar relacionada pelo fato de que a cota em uma área de manejo é definida por um conjunto de lagos contados. Entretanto, a pesca é feita em apenas um lago para cinco das seis áreas de manejo (Figura 17). A área de manejo do Fortuna é a única que tem a contagem e pesca realizadas em ambos os lagos sob sua responsabilidade.

É possível que essa relação entre concentrar a pesca em um único lago quando a contribuição dos lagos adjacentes na cota é superior a 80% possa ser mais um motivo para influenciar na densidade populacional daquele lago (Figura 17). Entretanto é possível que a conectividade entres os ambientes aquáticos (lagos) de uma mesma área de manejo atenue esse possível problema, uma vez que o pirarucu migra entre os ambientes da várzea seguindo as flutuações do nível da água ao longo do ano, deslocamento conhecido como migração lateral (Castello, 2008).

Nas áreas de manejo do São Raimundo e Xibauazinho o percentual de contribuição dos demais lagos na cota pescada em apenas um lago foi maior que 80% em 2013. Nas demais áreas essa contribuição foi inferior a 30%. Essa combinação da pesca e um só lago, com alta contribuição dos outros lagos na cota merece mais atenção para verificação da sustentabilidade da pesca. É necessário um acompanhamento a longo prazo com análises de tendência populacional ao ir se aumentando a série de contagem e considerando mais elementos do ambiente.

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Figura 17. Gráficos da relação entre nº de pirarucus/km² em lagos de pesca e (%) de contribuição de outros lagos no estabelecimento da cota do lago de pesca para cada área de manejo. Fonte: Banco de dados e relatório de manejo Asproc e Amecsara, 2010, 2011, 2012 e 2013.

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b) Tamanho médio de peixes O comprimento médio de peixes pescados nas seis áreas de manejo foi de 190,25 cm e massa de 71,34 kg (Tabela 9).

Tabela 9. Tamanho e massa (kg) de pirarucus capturados nas áreas de manejo em 2013. Comp. total (cm) Peso (kg) Áreas de manejo Indivíduos Desvio Desvio Média Média padrão padrão

1- São 198 190,56 27,12 75,37 31,58 Raimundo 2- Morada Nova e Santo 56 193,38 25,58 75,55 29,48 Antônio do Brito 3- Fortuna 22 170,77 14,31 48,59 13,99 4- Xibauazinho 173 191,75 22,37 69,84 22,02 5- Mandioca 38 191,13 22,06 68,65 24,78 6- Caroçal 64 188,66 18,79 68,69 21,51 Total 551 190,25 24,15 71,34 26,95 Fonte: Banco de dados e relatórios de manejo da Asproc, 2013.

Os tamanhos encontrados no presente estudo são maiores do que os 175 cm encontrados em uma área de manejo no Peru (Noriega, 2013) e maiores tanto em comprimento quanto em biomassa (kg) que os definidos pelo IBAMA através de Instrução Normativa IBAMA nº 34, de 18 de junho de 2004, que regulamenta um mínimo de 1,50 cm de comprimento total. Adicionalmente, com exceção de uma área de manejo, os pirarucus capturados são em média maiores do que o comprimento da primeira idade de maturação reprodutiva encontrada em Mamirauá (Arantes et al., 2010), de cerca de 1,65 cm.

4.2 Análise de indicadores de produção a) Índice de Desempenho de Pesca e Captura por Unidade de Esforço (CPUE)

Quatro das seis áreas e manejo avaliadas apresentaram índices de desempenho de pesca na categoria de “ótimo” seguindo os parâmetros proposto por Amaral (2009). Outras duas áreas de manejo se enquadraram na categoria “baixo”, Mandioca e Fortuna (Tabela 10).

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Com relação à Captura por Unidade de Esforço (CPUE), apenas uma área foi menor que as encontradas em setores de Mamirauá, que variaram entre 26,10 e 39,99 (Amaral, 2009). Essas diferenças podem estar relacionadas às diferenças nas estratégias de pesca entre as duas regiões (Tabela 10). No Médio Juruá a maioria dos lagos tem forma de ferradura (compridos e estreitos) o que possibilita sua completa tapagem com malhadeiras. Na região do Médio Juruá para pesca manejada são utilizadas apenas malhadeiras. Em Mamirauá usam-se diferentes métodos como arpão e malhadeira. Além disso, no Médio Juruá o fato de como as cotas são coletivas, as estratégias de pesca são colaborativas entre os pescadores.

Tabela 10. Indicadores de produtividade da pesca manejada de pirarucu das diferentes áreas de manejo, através dos índices de Indicadores de Desempenho de Pesca (IDP) e Captura por Unidade de Esforço (CPUE) e densidade populacional de pirurucu/km² contagem ano 2013. Nº de Áreas de manejo IDP CPUE Pirarucus /km² 1 São Raimundo 1,00 149,24 344,6 4 Xibauazinho 1,00 113,66 673,7 6 Caroçal 1,00 83,58 204,0 2 Morada nova 0,97 42,31 624,3 5 Mandioca 0,38 42,33 234,0 1563,6 3 Fortuna* 0,37 22,27 186,1 Fonte: Banco de dados e relatórios de manejo da Asproc, 2013. * análise conjunta de dois lagos (Branco e Jaburi)

Na região do Médio Juruá, parece não haver uma clara relação entre o IDP e CPUE. As explicações podem ser mais específicas e baseadas em peculiaridades da pesca nas áreas de manejo. Por exemplo, no Lago Fortuna, com a divulgação da informação de altos índices de densidade de número de pirarucus por km², houve invasão ilegal no lago, o que deve ter influenciado decisivamente no CPUE e no atingimento do IDP comparado a outras áreas a área de manejo de Mandioca, apesar de um CPUE comparável a da área de manejo Morada Nova, que atingiu seu IDP, os pescadores ficaram doentes e com pouca gente não conseguiu atingir um IDP satisfatório. Entre outros imprevistos temos os fatores naturais que geram mudanças na abundância e

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distribuição dos peixes, influenciadas pelo ciclo hidrológico da Amazônia. (RUFFINO; ISAAC, 1994;).

Os valores de CPUE encontrados variaram muito entre os lagos, de 22,27 a 149,24. Essa variação pode estar relacionada tanto à variabilidade ambiental dos lagos, como com o sistema de governança em cada uma das áreas de manejo.

4.3 Indicadores de desempenho econômico a) Comercialização

Os preços médios de venda praticados nos três anos de manejo oscilaram entre 5,15 e 5,9 por kg (Tabela 11 e Figura 18). Essa oscilação poder ser relacionada com diversos fatores, por exemplo, competição com pirarucu ilegal, e um possível atingimento da capacidade de consumo local. Outro fator importante, a estratégia de venda, vem acumulando aprendizados, alguns deles foram o acesso a subsídios governamentais com o programa de aquisição de alimentos (PAA)10, processo de salga e envio a comunidades com menos disponibilidade de pescado e também o acesso a mercados externos ao município de Carauari em 2013 (Tabela 12).

Tabela 11. Indicadores gerais da produção de pirarucu manejado na RESEX Médio Juruá e RDS Uacari, no período de 2011 a 2013. INDICADORES 2011 2012 2013 Áreas manejadas 2 6 6 Nº de Famílias 32 78 81 Nº Pirarucu capturados 249 351 571 Produção total (Kg) 16241 21681 40749 Peso Médio (Kg/Peixe) 65,22 61,77 71,36 Faturamento médio (Preço R$/Kg) 5,15 5,90 5,29 Faturamento total bruto (R$) 83641,15 127845,63 215630,13 Fonte: Banco de dados e relatórios de manejo da Asproc e Amecsara, 2011, 2012 e 2013.

10 PAA – programa de aquisição de alimentos, programa de subsídio do governo federal que estabelece preço mínimo para doação instituições pública. A Asproc é uma instituição cadastrada e negocia via o programa.

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Em todos os anos mais famílias vem sendo beneficiadas. Constata-se um aumento de 153% no número de famílias participantes entre o primeiro e último ano de manejo. Houve crescimento também em relação aos estoques de pirarucu e às cotas.

Na tabela 11 observa-se um crescimento de 129% nas quantidades de pirarucus capturados do primeiro ao último ano. Em relação à produção total de pirarucu, o resultado aponta um crescimento de 150% também do primeiro ao último ano, que somados totalizam 78.631kg. Além disso, verifica-se que o faturamento total bruto evoluiu 157,8% no mesmo período.

6,50 40000

35000 6,00

30000 5,50

25000 5,00 produção (kg) 20000 4,50 preço médio venda

15000 Preçopor (kg) Produção(kg) em 4,00 10000

5000 3,50

0 3,00 2011 2012 2013

Figura 18. Relação entre a produção de pirarucu manejado das RESEX Médio Juruá e RDS Uacari, e os preços pagos por kg de peixe, no período de 2011 a 2013. Fonte: Relatório manejo pirarucu da Asproc e Amecsara, 2011,2012 e 2013.

.

Importante destacar que a opção por uma priorização para a comercialização local de pirarucus foi uma decisão em resposta aos agentes municipais e parte da população urbana de Carauari que se posicionavam contra a existência das reservas porque comprometiam a economia da pesca no município. O sistema de manejo de pirarucus promove então, além da renda, uma oportunidade de mobilização na escala municipal de ideias de uso comunal dos recursos naturais, e de conservação atrelada à melhoria da qualidade de vida.

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Tabela 12. Dados da comercialização da produção de pirarucus na RESEX Médio Juruá e RDS Uacari. ANO INDICADORES 2011 2012 2013 Nº pirarucu capturados 249 351 571 Produção total (kg) 16241 21681 40749 Local 100% 100% 25% Mercado Estadual 0% 0% 75% Nacional 0% 0% 0% IN natura Feira municipal salga e envio In natura para In Natura feira comunidades Feira municipal com menos municipal PAA disponibilidade de pescado Envio para Manaus Fonte: Banco de dados e relatórios de manejo da Asproc e Amecsara, 2011, 2012 e 2013.

Uma preocupação inerente ao manejo na região é que a perspectiva de aumento de áreas de manejo pode causar excesso de oferta. No ano de 2013 aproximadamente 75% do pescado foi destinado ao mercado Estadual (Tabela 12). No futuro devem ser desenvolvidas novas estratégias de beneficiamento e novos mercados deverão ser encontrados. Um dos fatores determinantes para expansão de mercados são investimentos na qualidade do peixe ofertado, o que demandaria investimentos no processo de beneficamente e transporte.

De maneira geral, o início da experiência de pesca de pirarucu manejado de 2009 atraiu a atenção de outras comunidades dentro das reservas, e incentivou a expansão de duas para seis áreas de manejo nas Unidades de Conservação, consequentemente envolvendo mais famílias e aumentando a produção total em quilos e peixe e o faturamento total bruto (Tabela 11). Além dessas áreas já em manejo, outras 13 áres já iniciaram o processo de contagem.

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Figura 19. Feira do pirarucu em Carauari, setembro de 2011. Fonte: Acervo Asproc.

b) Custos de produção

Foram identificados seis itens principais que compõem os custos de pesca de pirarucu nas áreas de manejo avaliadas. O principal item foi o frete de embarcações que teve a maior importância relativa em cinco das seis áreas de manejo (Tabela 13).

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Tabela 13. Estrutura de custos da pesca manejada de pirarucu em 2013, nas seis áreas de manejo.

% DOS CUSTOS 2 Itens/Áreas 1 4 6 Morada 3 5 Médi de Manejo São Xibauazinh Caroç nova/St. A. Fortuna Mandioca a Raimundo o al brito 21 21 13 25 9 21 Combustível 18% 4 4 6 5 7 4 Rancho 5% 7 12 4 8 6 10 Gelo 8% 21 37 0 0 0 0 Utensílios11 10% Pagamento 3 3 6 1 32 3 de ajudante 8% 35 14 61 51 38 53 Frete 42% 9 9 9 9 9 9 Outros12 9% 100 100 100 100 100 100 100 TOTAL % Fonte: Banco de dados e relatório de manejo Asproc ano 2013.

Apesar das associações locais e de algumas comunidades contarem com embarcações próprias, todas as áreas de manejo dependem de apenas uma embarcação fretada específica (com câmara frigorífica) capaz de fazer a coleta e transporte do pescado para Carauari. Como a capacidade dessas embarcações é limitada, é feita uma viagem para cada área de manejo, o que impacta ainda mais os custos de produção com diárias de frete e combustível. Uma saída que está sendo vislumbrada localmente é a aquisição de um barco de grande capacidade com câmara frigorifica pelas instituições locais, que seria utilizado consorciado com outras atividades econômicas da região ao longo do ano, como por exemplo, o transporte de açaí.

A identificação de custos apresentada não considera os custos de oportunidade, as diárias dos pescadores envolvidos (com exceção de ajudantes que não participam da divisão de benefícios) e alguns subsídios locais que custeavam parte das despesas de algumas áreas de manejo. No

11 Pano de Malhadeira Malha 160, Linha 120, linha 4 mm, cordas e chumbo. 12 9% sobre o montante para despesas não declaradas.

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futuro, recomenda-se uma qualificação destes custos, para uma análise mais realística dos custos do manejo.

c) saldo da comercialização

Todas as áreas de manejo analisadas neste estudo apresentaram desempenho econômico com retorno positivo (Tabela 14), considerando o mapeamento de custos disponíveis até o para 2013 (Tabela 13). Os resultados encontrados foram positivos do ponto de vista econômico para todas as áreas de manejo, mesmo nas áreas de manejo que tiveram um IDP baixo.

Tabela 14. Relação benefício custo do manejo de pirarucu.

Custo de Faturamento Total Saldo Área de Manejo produção total Bruto (R$) (R$) (R$) 1 SÃO RAIMUNDO 82.082,00 13.210,42 68.871,58 2 MORADA NOVA 21.155,00 6.282,21 14.872,79 3 FORTUNA 5.879,50 1.231,23 4.648,27 4 XIBAUAZINHO 71.604,75 16.149,60 55.455,15 5 MANDIOCA 13.970,00 4.556,25 9.413,75 6 CAROÇAL 21.730,00 7.942,44 13.787,56 TOTAL 216.421,25 49.372,15 16.7049,10

Fonte: Relatório manejo pirarucu Asproc, 2013.

Os valores de renda gerada pela pesca do pirarucu, comparados com a cadeia produtiva da borracha, apresentam melhor resultado. Na safra da borracha de 2013, cada família que trabalhou por quatro meses obteve uma receita líquida de aproximadamente R$ 1.012,27 (Asproc, 2013). Para o manejo de pirarucu, o menor valor apurado para área de manejo Fortuna, por dois meses de trabalho, se aproxima do valor da renda na borracha, sendo que as outras áreas de manejo apresentam resultados bem superiores. Na comunidade Xibauazinho os valores chagaram a R$ 5.041,38 por família. (Tabela 15).

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Tabela 15. Receita líquida por família para áreas de manejo. Nº Áreas de manejo Relação custo-benefício (R$) Receita líquida por família famílias 1 SÃO 68871,58 26 2648,91 RAIMUNDO 2 MORADA 14872,79 23 646,64 NOVA 3 FORTUNA 4648,27 9 516,47 4 XIBAUAZINHO 55455,15 11 5041,38 5 MANDIOCA 9413,75 5 1882,75 6 CAROÇAL 13787,56 7 1969,65 Fonte: Relatório manejo pirarucu Asproc, 2013.

O valor renda líquida por família é bastante variável, diversos fatores podem influenciar este resultado, entre eles as limitações de registro dos custos. Isso reforça a necessidade de um eficiente monitoramento econômico da atividade, uma vez que significativos investimentos já vêm sendo realizados e outros estão planejados.

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5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

Os resultados e análises desse estudo indicam que o manejo comunitário de pirarucu, desenvolvido entre 2010 e 2013 na RESEX Médio Juruá e RDS Uacari, indicam tendências de crescimento populacional de pirarucu. Em quatro dos sete lagos houve aumento da população em todos os anos. Nos lagos Manariã, Mandioca e Branco, houve aumento nos três primeiros anos e redução no último ano. É necessário continuar o monitoramento e análises mais detalhadas para caracterizar a dinâmica populacional ao longo prazo. É recomendada que a pesca seja realizada de acordo com a contagem e cotas distribuídas proporcionalmente aos seus respectivos lagos de manejo.

A qualidade da estrutura da população de pirarucus apresentada em números, considerando seu comprimento total e biomassa (kg), no Médio Rio Juruá os peixes tinham maior tamanho no início do manejo e depois se aproximaram do tamanho médio de outras áreas como a RDS Mamirauá e outra área de manejo no Peru nos primeiros anos de manejo. Além disso, o tamanho dos peixes estão acima dos parâmetros da legislação de pesca para a espécie, e sugerem uma tendência de sustentabilidade dos estoques.

O aumento das áreas de manejo, do número de famílias envolvidas e produção, implica na necessidade de melhoria da comercialização. Além disso, a cada ano o mercado fica mais exigente e concorrido, lançado novos desafios para a melhoria da qualidade do produto. Isso requer mais investimento no beneficiamento e comercialização, incluído a certificação do produto.

Para alcançar maior renumeração dos pescadores são recomendados investimentos em: a) capacitações de manejadores, b) aquisição de equipamentos (flutuantes com disposição de água tratada, bancadas de aço inox, câmaras frias) c) aquisição e o uso de acessórios (aventais, mascarás, botas, luvas e gorros) e sensibilização para cumprimento de regras da Instrução Normativa do MAPA nº 40, e d) Melhoria no processo de logística. É recomendada a mudança do processo atual de beneficiamento e acesso a mercados menos concorridos e com os melhores preços. É recomendada também a diversificação no processamento do pescado, incluído a salga.

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A maior parte das áreas de manejo teve índices ótimos de desempenho de pesca e captura por unidade de esforço. Porém é necessário aumentar a série histórica para identificar melhor as possíveis relações e padrão para a região entre as variáveis. Além disso, os valores de CPUE encontrados variou muito entre os lagos, que pode estar relacionada à variabilidade ambiental ou de governança nas áreas de manejadas. Dessa maneira, sugere-se um monitoramento das variáveis ambientais e da integridade dos habitas, bem como das medidas de proteção e controle, buscando melhor a compreensão da variabilidade dos estoques.

O manejo tem apresentado resultado positivo economicamente. Porém para realizar análises econômicas mais detalhadas recomenda-se a imediata adoção de acompanhamento sistemático dos custos. Assim, sugerimos um modelo simples de planilha de monitoramento dos custos que deve ser aplicado pelos coordenadores de cada grupo de pesca e técnicos responsáveis pelo manejo em sua associação, para cada etapa de manejo nas áreas de manejo (ver anexo I).

A sistematização desses dados deve estar disponível no banco de dados da Asproc, Amaru e Amecsara. Assim, recomendamos a capacitação de um gestor para o processo de inserção, organização, atualização e geração de análises das informações do manejo. A melhoria do banco de dados será fundamental para o processo de aprimoramento do manejo.

As associações e famílias envolvidas no manejo no Médio Juruá têm excelente oportunidade de avançar cada vez mais com a pesca manejada do pirarucu. Pois apresentam: a) boa disponibilidade e qualidade do recurso, b) boa experiência com a pesca, ainda que necessitem seguir melhor as regras do manejo e c) capacidade de organização social e produtiva.

O manejo de pirarucu implantado na RESEX Médio Juruá e RDS Uacari é uma das cadeias produtivas mais recente do Médio Juruá. A atividade já confere benefícios econômicos às famílias envolvidas e tem contribuído para a conservação da espécie e indiretamente para a proteção de diversas outras espécies através do sistema de proteção de lagos.

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7 ANEXOS Anexo I – Planilha de monitoramento dos custos de produção

DESPESAS Unidade de conservação: Comunidade: Manejador:

CUSTOS - ATIVIDADES DE MANEJO PIRARUCU 2014 V. Fonte do recurso ORD DISCRIMINAÇÃO UNID QUANT UNIT V. TOTAL R$ OBS.

R$ 1 2 3 4 5 6 7 8 SUB-TOTAL - - -

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