Functional Evaluation of Pediatric Patients After Discharge from the Intensive Care Unit Using the Functional Status Scale
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ARTIGO ORIGINAL Gabriela Alves Pereira1,3, Camila Wohlgemuth Schaan2, Renata Salatti Ferrari2 Avaliação funcional em pacientes pediátricos após alta da unidade de terapia intensiva por meio da Functional Status Scale Functional evaluation of pediatric patients after discharge from the intensive care unit using the Functional Status Scale 1. Universidade Federal de Ciências da Saúde de RESUMO 4 [1 - 4]. Os pacientes que reinternaram Porto Alegre - Porto Alegre (RS), Brasil. na unidade de terapia intensiva pediá- 2. Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Objetivo: Avaliar a funcionalidade trica demonstraram, comparativamente Universidade Federal do Rio Grande do Sul - de pacientes pediátricos após alta da uni- Porto Alegre (RS), Brasil. aos que não reinternaram, ter pior es- 3. Hospital Moinhos de Vento - Porto Alegre dade de terapia intensiva pediátrica por core global (p = 0,01), “função motora” (RS), Brasil. meio da Functional Status Scale e compa- (p = 0,01), “alimentação” (p = 0,02), rar o tempo de ventilação mecânica in- “respiração” (p = 0,036) e maior índice vasiva, tempo de internação e o Pediatric de mortalidade pelo Pediatric Index of Index of Mortality 2 entre os indivíduos Mortality 2 (p = 0,025). com diferentes graus de comprometi- Conclusão: A avaliação da Functio- mento funcional. nal Status Scale indicou disfunção fun- Métodos: Estudo transversal, rea- cional moderada dos pacientes após a lizado com pacientes egressos de uma alta da unidade de terapia intensiva pe- unidade de terapia intensiva pediátrica. diátrica, principalmente na função mo- A avaliação funcional pela Functional tora e alimentação; pacientes que rein- Status Scale foi realizada no primeiro ternaram na unidade de terapia inten- dia após a alta da unidade, tendo sido siva pediátrica demonstraram ter piores utilizado o Pediatric Index of Mortality escore funcional global e função motora, 2 como índice preditivo de mortalidade alimentação e respiração. Indivíduos do momento da admissão na unidade. com maior comprometimento funcional Resultados: A amostra foi compos- apresentaram maior tempo de ventilação ta por 50 indivíduos, sendo 60% do mecânica invasiva e internação na unida- sexo masculino, com mediana de idade de de terapia intensiva pediátrica. de 19 meses [6 - 61]. O escore global da Functional Status Scale foi de 11,5 Descritores: Morbidade; Cuidados [7 - 15] e maiores escores nos domínios intensivos; Criança; Unidades de terapia “função motora” 3 [1 - 4] e “alimentação” intensiva pediátrica; Criança hospitalizada Conflitos de interesse: Nenhum. Submetido em 15 de fevereiro de 2017 Aceito em 22 de junho de 2017 INTRODUÇÃO Autor correspondente: Gabriela Alves Pereira Os instrumentos preditivos de mortalidade para pacientes pediátricos têm Universidade Federal de Ciências da Saúde de sido bastante estudados e utilizados em unidades de terapia intensiva (UTI) Porto Alegre (1) Rua Sarmento Leite, 245 pediátrica em diferentes partes do mundo. No entanto, a avaliação da sobre- CEP: 90050-170 - Porto Alegre (RS), Brasil vida não é mais o único desfecho de interesse, pois a mortalidade nas UTI tem E-mail: [email protected] diminuído aproximadamente 2% ao ano desde 2000.(2) Essa redução é devida principalmente a avanços tecnológicos e a melhora da assistência, como a im- Editor responsável: Jefferson Pedro Piva plementação do trabalho multidisciplinar e o desenvolvimento de rotinas e pro- DOI: 10.5935/0103-507X.20170066 tocolos próprios para cuidado e segurança dos pacientes, assim como a melhora da comunicação entre a equipe da UTI, pacientes e familiares.(2,3) Rev Bras Ter Intensiva. 2017;29(4):460-465 Avaliação funcional em pacientes pediátricos após alta da unidade de terapia intensiva 461 Com o aumento da sobrevida, os pacientes críticos per- cirúrgicos, exceto as situações de trauma e cirurgia cardí- manecem por períodos mais longos no ambiente hospita- aca.(5) A amostra foi composta por pacientes egressos des- lar, criando uma população de pacientes doentes crônicos ta UTI pediátrica, sendo incluídos no estudo indivíduos após a alta das UTI.(3) A internação hospitalar prolongada de ambos os sexos, com idade superior a 1 mês de vida e comumente leva à redução da independência funcional, inferior a 18 anos completos, com permanência na UTI decorrente do uso de bloqueadores neuromusculares e de pediátrica por um período ≥ 24 horas. Foram excluídos do medicações como corticosteroides e, principalmente, por estudo indivíduos dependentes de tecnologia ventilatória conta do tempo de ventilação mecânica invasiva (VMI) a previamente à internação na UTI pediátrica, prematuros que são submetidos.(3) (idade gestacional ≤ 37 semanas) com idade ≤ 12 meses no Dentre os sintomas apresentados pelos sobreviventes, momento da admissão no estudo e pacientes readmitidos destacam-se problemas psicológicos (ansiedade e depres- na UTI pediátrica em um período ≤ 24 horas após a alta são), disfunção cognitiva, piora da função pulmonar e de- da unidade. senvolvimento de complicações neuromusculares periféri- A avaliação da funcionalidade foi realizada pela FSS cas.(2) Tais limitações e incapacidades apresentadas após a (Apêndice 1), aplicada a todos os participantes do estu- alta afetam o desempenho e o desenvolvimento global da do no primeiro dia após a alta da UTI pediátrica, sempre criança nas dimensões de saúde física, cognitiva, emocio- pelo mesmo avaliador. Esta escala já foi validada para a po- nal e/ou social,(1) e estão relacionadas à morbidade destes pulação pediátrica na língua inglesa,(7) e os pesquisadores pacientes, desfecho ainda com resultados escassos na lite- obtiveram autorização do autor responsável para sua utili- ratura ou avaliados de forma pouco adequada à faixa etária zação neste estudo. A escala de funcionalidade é composta pediátrica e suas especificidades.(4-6) por seis domínios: estado mental, sensório, comunicação, A Functional Status Scale (FSS) foi desenvolvida e fun- função motora, alimentação e respiração. Cada domínio é damentada nos conceitos de Atividades de Vida Diária categorizado de normal (1) a disfunção muito severa (5) e (AVD) e de comportamento adaptativo,(7) tratando-se de seu escore total varia de 6 a 30. uma escala de avaliação do escore funcional nos domínios As pontuações da FSS global são categorizadas em: 6 - motor e cognitivo, especificamente desenvolvida para pa- 7 para adequada; 8 - 9, disfunção leve; 10 - 15, disfunção cientes pediátricos hospitalizados.(7) Destaca-se por ser um moderada; 16 - 21, disfunção severa; e mais de 21 pontos, método quantitativo, rápido e confiável, independente de disfunção muito severa.(8) A escala PIM2 é preditiva de avaliações subjetivas e aplicável a uma ampla faixa etária, mortalidade específica para utilização em UTI pediátrica. desde recém-nascidos a termo até adolescentes, sendo des- Para seu preenchimento é registrado o primeiro valor de crito como o instrumento mais completo para avaliação cada variável clínica medida a partir do momento da ad- destes pacientes.(6,7) Com base no exposto, o presente estu- missão até 1 hora após a chegada na UTI pediátrica.(9,10) do teve o objetivo de avaliar a funcionalidade global de pa- Esse instrumento é aplicado de rotina pela equipe médica cientes pediátricos após a alta da UTI pediátrica por meio da UTI pediátrica do HCPA em todos os pacientes ad- da escala FSS, comparar os escores funcionais e o Pediatric mitidos nesta unidade, e seu escore final é registrado no Index of Mortality 2 (PIM2) em relação à ocorrência de prontuário eletrônico. reinternação na UTI pediátrica, e comparar o tempo de As informações clínicas e demográficas dos pacientes, VMI, tempo de internação e PIM2 entre os indivíduos como idade, sexo, diagnóstico de base, motivo da interna- com diferentes graus de comprometimento no escore FSS ção, tipo de internação, procedência, tempo de internação global. na UTI pediátrica e tempo de permanência em VMI, fo- ram coletadas a partir do prontuário eletrônico dos parti- MÉTODOS cipantes. A ocorrência de óbito e reinternações foi avaliada Trata-se de um estudo transversal, desenvolvido na no mês de outubro de 2015 por meio do livro de registro UTI pediátrica e na unidade de internação pediátrica do da UTI pediátrica e prontuário eletrônico. Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) entre os me- O tamanho de amostra estimado foi de 47 indivídu- ses de março a agosto de 2015. O projeto foi aprovado os, considerando um poder estatístico de 80%, nível de pela Comissão de Pesquisa e Ética do HCPA sob pare- significância de 5%, ajustados para uma margem de erro cer 966.513 e foi obtido o Termo de Consentimento Li- de 2 pontos na escala FSS e desvio padrão de 4,4, como (7) vre e Esclarecido (TCLE) dos pais/responsáveis. A UTI apresentado no estudo original; para verificar correlações pediátrica do HCPA é composta por 13 leitos e admite de, no mínimo, 0,4 entre as variáveis de escore funcional pacientes com distúrbios clínicos ou após procedimentos e tempo de internação, tempo de ventilação mecânica e Rev Bras Ter Intensiva. 2017;29(4):460-465 462 Pereira GA, Schaan CW, Ferrari RS PIM2, foi utilizado o software WinPEPI, versão 11.43. As Tabela 1 - Características clínicas e demográficas da amostra (n=50) variáveis quantitativas foram descritas por média e desvio Variáveis padrão quando a distribuição era simétrica, e mediana e Sexo masculino 30 (60) amplitude interquartil quando distribuição assimétrica, Idade (meses) 19 [6 - 61] conforme teste de normalidade de Shapiro-Wilk. Para fins Procedência da análise comparativa