Serra Do Relógio – Descoberto / MG Janeiro De 2013
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PLANO DE MANEJO RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ALTO DA BOA VISTA - I e II 1 Serra do Relógio – Descoberto / MG Janeiro de 2013 Coordenação - Edição – Responsabilidade Técnica do Plano de Manejo: Helvécio Rodrigues Pereira Filho – Técnico em Agropecuária, proprietário e gestor da RPPN Alto da Boa Vista Marcos Aurélio Sartori – Engenheiro Florestal da BIOPRESERVAÇÃO Consultoria e Empreendimentos Ltda. Equipe Técnica: Caracterização da Vegetação: Dra. Fátima Regina Gonçalves Salimena – Bióloga / Professora do Departamento de 2 Botânica da UFJF Msc. Filipe Soares de Souza – Biólogo Estagiários: José Hugo Campos Ribeiro, Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal de Juiz de Fora e Cíntia Oliveira Rezende Graduanda do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Juiz de Fora Diagnósticos da Fauna: Grupo Herpetofauna: Msc. Samuel Campos Gomides – Biólogo Colaborador: Wellington Ouverney Jr.; Graduando do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Juiz de Fora Grupo Avifauna: Dr. Marco Antônio Manhães – Biólogo Suporte Técnico: Fernanda Karina de Jesus – Bióloga Grupo Mastofauna: Dr. Pedro Henrique Nobre – Biólogo Msc. Omar Junqueira Bastos Neto – Biólogo Msc. Omar Junqueira Bastos Neto – Biólogo Colaboradores: Alexmar dos Santos Rodrigues e Abraão Calderano Rezende, Graduandos do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais. Pesquisas, Mapeamento, Geoprocessamento, Zoneamento e Programas de Manejo: Artemio de Souza Silva – Geógrafo Helvécio Rodrigues Pereira Filho – Técnico em Agropecuária Marcos Aurélio Sartori – Engenheiro Florestal Adair Maria Sartori - Pedagoga Msc. Samuel Campos Gomides – Biólogo Msc. Filipe Soares de Souza – Biólogo Dr. Marco Antônio Manhães – Biólogo Colaboradores: Fotos: Helvécio Rodrigues Pereira Filho Msc. Fabiana Dallacorte – Bióloga Marcos Aurélio Sartori Carla Kurle – Bióloga Clodoaldo Lopes de Assis Lucas Souza Lima Rodrigues – Arquiteto Gilberto Malafaia Bruno Louzada – Tecnólogo em Meio Ambiente Equipe Técnica da Fauna/Flora 3 Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista BIOPRESERVAÇÃO Consultoria e Empreendimentos Ltda. Apoio: Este Plano de Manejo foi elaborado com apoio do Programa de Incentivo às Reservas Particulares do Patrimônio Natural da Mata Atlântica, coordenado pelas organizações não governamentais Conservação Internacional (CI), Fundação SOS Mata Atlântica (SOSMA) e The Nature Conservancy (TNC). Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II AGRADECIMENTOS A Deus, pela vivência ao lado de minha família nesse alto de serra abençoado; aos meus pais Riza e Helvécio pelo estímulo, confiança e educação; a todos da família que sempre me impulsionam e me ajudam incondicionalmente; aos amigos que sempre me incentivaram; aos moradores de toda a região do entorno da Serra do Relógio pelo acolhimento, amizade e consideração; aos trabalhadores rurais que me auxiliaram no desenvolvimento das muitas atividades na propriedade ao longo desses 4 25 anos e aqueles que trabalharam para erguer as infraestruturas hoje existentes na RPPN Alto da Boa Vista; aos visitantes turistas e estudantes pela participação responsável e simpatia; às instituições públicas e seus técnicos e servidores, os quais sempre nos deram suporte em nossas atividades e ações; aos colegas proprietários de Reserva Particular do Patrimônio Natural e tantos outros proprietários que conservam florestas por esse Brasil afora apesar das inúmeras dificuldades; aos profissionais/pesquisadores de diversas áreas que participaram da elaboração deste documento técnico essencial para a Unidade de Conservação, o – Plano de Manejo da RPPN Alto da Boa Vista; e por fim agradecemos muito e reverenciamos a “Colaboração para Conservação” oportunizada na RPPN em quatro projetos selecionados pelo “Programa de Incentivo às Reservas Particulares do Patrimônio Natural da Mata Atlântica” que é coordenado pelas Organizações não Governamentais - Conservação Internacional (CI – Brasil) e Fundação SOS Mata Atlântica, nossos parceiros que efetivamente apoiam projetos de proprietários de Reserva Particular do Patrimônio Natural-RPPN. Helvécio Rodrigues Pereira Filho Gestor da RPPN Alto da Boa Vista APRESENTAÇÃO Orfeu Sérgio Ferreira Filho -. Parto das montanhas. Caminho, contemplo, conforto-me. A visão da bruma matinal que encobre o outono aguça os sentidos e mantém no ar o estado de contentamento. Descortino a cada passo fragmentos da tela azul entrecortada pelo manto verde e, ainda, capturo o som límpido da queda das águas. Faço parte de algo 5 maior e pressinto que isto também faz parte de mim. O silêncio explode; domino as incertezas; venta puro; vista alegre. Nos idos de 1980 conheci melhor a vertente sul da Serra do Relógio. Antes, natural de Guarani, desde cedo ficara deslumbrado com o paredão de rochas e vegetais superando as linhas médias de altitude. Passei a aproximar-me dos maciços, em geral nas férias escolares, descobrindo e redescobrindo estradas, trilhas e percursos. Claro que sempre tive a companhia de muitos amigos. Circulávamos feito desatinados pelas beiradas da Serra, embrenhados junto às fazendas centenárias, córregos afluentes do rio Pomba, trechos vencidos com o destemor da juventude. Da Água Limpa, em Astolfo Dutra, até a Pedra do Relógio, em Descoberto, a varredura de acampamentos nas cumeeiras permitia mapear os rincões e, a cada vez, enriquecer o imaginário, relatado incontáveis vezes, entusiasticamente, aos conterrâneos. Voltando ao início dos anos 90, já trabalhando em São João Nepomuceno, soube da Reserva Biológica da Represa do Grama, incrustada no território de Descoberto, patrimônio natural meio esquecido pelas autoridades públicas. Com a retrospectiva da Serra na cabeça, a consequência foi a de incentivar a recolocação da Reserva na agenda política local. Sob outro ângulo, também incluía rever a memorável ocupação histórica de Descoberto – a exploração de ouro nos sertões do leste, área que a Coroa Portuguesa buscava manter incólume e a mineração que se sucedeu no século XIX -, o que mais tarde desencadearia o debate do uso de mercúrio nos garimpos, diante da afloração do metal nas várzeas do córrego do Grama e a interdição de pesca e pastagem devido ao potencial de contaminação. A consciência estratégica da Reserva Biológica implicou, previamente, na demarcação dos seus limites. Foi quando contatei o Helvécio, ruralista, aviador, técnico agrícola, ambientalista, apicultor, semeador de ousadias, que empregou a verba da rescisão de um contrato de trabalho bancário na compra da propriedade fincada na grimpa do lado sul da Serra do Relógio. Encantou-me no Helvécio a simplicidade de trato com a natureza. Adquiriu uma porção de terras isolada e dedicou-se com ardor ao manejo do imóvel. A experiência permitiu-lhe liderar a demarcação da Reserva Biológica sob os auspícios da municipalidade de São João Nepomuceno e, principalmente, observar e constatar vestígios de Mata Atlântica originária nas alturas da Reserva. Assim, a Reserva encontrou a definição dos marcos de seu entorno, fato 6 que se tornou decisivo quando um empreendimento de exploração de bauxita na Serra, intentado pela Companhia Brasileira de Alumínio – CBA -, expandia suas prospecções e escavação do minério, impondo à empresa respeitar a zona de amortecimento daquela unidade de conservação. Neste meio tempo, o Helvécio já se propunha a criar a Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista, utilizando praticamente todo o espaço físico do seu imóvel rural. Em julho de 1995, subindo a Serra a partir da RPPN e guiados pelo Helvécio, eu e outros amigos chegamos e pernoitamos no topo, a 1.434 metros de altitude, após mais de cinco horas de travessia. Visual esplendoroso na interseção dos municípios de Guarani, Descoberto e Astolfo Dutra. Nesta ocasião, conheci a Adélia. É a união perfeita com o Helvécio e o ambiente. Sensível às astúcias da natureza, que não se apresenta para os meros curiosos, exibe a vocação espontânea do cuidar. Além da Adélia e do Helvécio, tínhamos, na época, mais dois guardiões do lugar: Amigo e Colega, cães mestiços que velavam pela não intromissão de caçadores e extrativistas. Entre a Reserva Biológica e a Reserva de Proteção Particular há um marco natural: a Pedra do Relógio. Outra história. A Pedra, que deu nome ao conjunto de montanhas da Serra, é a referência geográfica de localização num raio de centenas de quilômetros. Rugendas, pintor francês que acompanhou a expedição do Barão de Langsdorff pelas Minas Gerais, retratou a paisagem em aquarela de julho de 1824. Antes de Rugendas, os traços dos grupos indígenas que povoaram a região, analisado por André Prous, tinham no espigão um dos seus nortes. A Pedra, que delimita territorialmente os municípios de Guarani e Descoberto, tornou-se plataforma de voo livre pela iniciativa de mais um pertencente à Serra – o Haroldo – e de fato convertida em unidade de preservação ambiental. No município de Guarani, por volta de 2000, a construção de pequenas centrais hidrelétricas ao longo do Rio Pomba – Ponte, Palestina e Triunfo; a primeira e a terceira cujos reservatórios estendem-se pelos municípios de Descoberto e Astolfo Dutra, respectivamente – fixou para a empreendedora, Companhia Força e Luz Cataguazes-Leopoldina, depois denominada Energisa, a obrigação de medidas compensatórias. Entre outras, a criação do Parque Natural Municipal da Serra do Relógio, isto é, a aquisição e destinação de uma porção de terras para recomposição da cobertura