GOVERNADOR Romeu Zema Neto Vice-governador Paulo Eduardo Rocha Brant

SECRETÁRIO DE ESTADO DE PLANEJAMENTO E GESTÃO Otto Alexandre Levy Reis

FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO Presidente Helger Marra Lopes Vice-presidente Mônica Moreira Esteves Bernardi

Diretoria de Políticas Públicas Carolina Proietti Imura Marcos Arcanjo de Assis

Núcleo de Editoração Agda Mendonça Ana Paula da Silva Marília Andrade Ayres Frade

INSTITUIÇÃO CONTRATANTE Prefeitura Municipal de Passos/MG

Contrato celebrado entre a Prefeitura Municipal de Passos/MG e a Fundação João Pinheiro (FJP) para a elaboração da revisão do Plano Diretor Municipal.

FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO Alameda das Acácias, 70 São Luiz – MG CEP 31275.150 Telefones: (31)3448.9580 e 3448-9561 Email: comunicaçã[email protected] Site: http://www.fjp.mg.gov.br

PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO DO MUNICÍPIO DE PASSOS v.1: Perfil Municipal, do qual são partes integrantes os Relatórios Técnicos temáticos v.2: Proposições: processo participativo para discussão e seus resultados v.3: Anteprojeto de Lei do Plano Diretor

EQUIPE TÉCNICA

COORDENAÇÃO: Maria Izabel Marques do Valle Salvio Ferreira de Lemos

ELABORAÇÃO: Dimensão físico-territorial, parâmetros Délio Araújo Cunha urbanísticos, habitação e mobilidade urbana Denise de Almada Horta Madsen Maria Izabel Marques do Valle Paulo Frederico Hald Madsen Sálvio Ferreira de Lemos Maria Valeska Duarte Drummond Instrumentos urbanísticos e gestão do plano Maria Izabel Marques do Valle diretor Maria Valeska Duarte Drummond Cartografia básica e mapeamentos temáticos Délio Araújo Cunha Denise de Almada Horta Madsen Meio ambiente Denise de Almada Horta Madsen Paulo Frederico Hald Madsen Demografia Danielle Ramos de Miranda Pereira Maria das Graças Duarte Lemos Desenvolvimento econômico João Batista Rezende Eduardo Teixeira Leite Turismo Nelson Antônio Quadros V Filho Cultura Maria do Carmo Andrade Gomes Marta Procópio de Oliveira Esporte e lazer Livia Cristina Rosa Cruz Patrícia Albano Mauricio da Rocha Educação Luiza de de Souza Juliana Lucena Ruas Riani Saúde Danielle Ramos de Miranda Pereira Daniela Goes Paraiso Lacerda Assistência Helena Teixeira Magalhães Soares Segurança pública Núcleo de Estudos em Segurança Pública (NESP) Diagnóstico institucional da estrutura Altamir Abreu Fialho organizacional da prefeitura

Processo participativo virtual Livia Cristina Rosa Cruz Luiza de Marilac de Souza Sálvio Ferreira de Lemos

APOIO ADMINISTRATIVO: Alessandra Antônia Rodrigues de Almeida Gislene Aparecida de Andrade Cruz

ESTAGIÁRIA: Thaline Rodrigues

PREFEITURA MUNICIPAL DE PASSOS

COORDENAÇÃO GERAL Ulisses de Araujo Silva – Secretário de Planejamento

COORDENAÇÃO ADJUNTA Rossini Denubila Maia – Chefe de Divisão

FISCALIZAÇÃO E ACOMPANHAMENTO Conselho da Cidade

ELABORAÇÃO Secretarias Municipais, envolvendo os titulares das pastas e as equipes técnicas dos diversos setores, organizações e unidades de cada uma delas.

Conselhos Municipais, envolvendo presidência e conselheiros de todas as políticas públicas.

AGRADECIMENTOS Agradecimentos especiais à Câmara de Vereadores, a todas as instituições públicas atuantes no município, às organizações da sociedade civil e a todas as pessoas de Passos que se dispuseram a receber e acompanhar as equipes técnicas da FJP. A sua contribuição tem sido imprescindível para o desenvolvimento dos trabalhos e para o atingimento dos objetivos colocados para a revisão do Plano Diretor de Passos.

SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ...... 8 1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNÍCIPIO ...... 8 2 PERFIL DEMOGRÁFICO ...... 9 3 PROCESSOS DE OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO E POLÍTICAS AMBIENTAL E URBANA ...... 21 3.1 Processos de uso e ocupação do solo nas áreas rurais ...... 21 3.1.1 Saneamento ambiental ...... 24 3.2 Processos de uso e ocupação do solo nas áreas urbanas ...... 25 3.2.1 Desenvolvimento e estrutura da Sede Municipal ...... 25 3.2.2 Habitação de interesse social ...... 28 3.2.3 Ocupação urbana e sistema viário ...... 28 3.2.4 Transporte público...... 29 3.2.5 Drenagem pluvial ...... 29 3.2.6 Expansão urbana ...... 30 3.2.7 Zoneamento e parâmetros urbanísticos ...... 30 3.3 Proposições preliminares para a política ambiental ...... 31 3.3.1 Diretrizes ...... 31 3.3.2 Ações para o eixo Gestão Ambiental...... 32 3.3.3 Ações para o eixo Segurança Hídrica ...... 32 3.3.4 Ações para o eixo Segurança Geotécnica ...... 33 3.3.5 Ações para o eixo Ambiência Urbano-ambiental ...... 34 3.3.6 Ações para o eixo Saneamento Ambiental ...... 35 3.4 Proposições preliminares para o ordenamento territorial ...... 35 4 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ...... 35 4.1 Atividades econômicas em geral...... 36 4.1.1 Economia do setor industrial ...... 37 4.1.2 Economia do setor comercial e de serviços ...... 38 4.1.3 Economia do setor rural ...... 39 4.1.4 Emprego e renda ...... 39 4.1.5 Gestão e finanças públicas locais ...... 40 4.1.6 Proposições preliminares ...... 41 4.2 Turismo ...... 43 4.2.1 Objetivos gerais para área do turismo ...... 44 4.2.2 Proposições preliminares ...... 45

4.3 Cultura ...... 48 4.3.1 A política cultural em Passos ...... 48 4.3.2 A política de patrimônio cultural em Passos ...... 49 4.3.3 Proposições preliminares ...... 51 4.4 Esporte e lazer ...... 55 4.4.1 O esporte e lazer em Passos ...... 55 4.4.2 Proposições preliminares ...... 56 5 DESENVOLVIMENTO SOCIAL ...... 58 5.1 Educação...... 58 5.1.1 Panorama da educação em Passos ...... 58 5.1.2 Proposições preliminares ...... 61 5.2 Saúde ...... 62 5.2.1 Panorama da saúde em Passos ...... 62 5.2.2 Desafios a serem enfrentados ...... 64 5.2.3 Proposições preliminares ...... 66 5.3 Assistência ...... 67 5.3.1 Do ponto de vista conceitual ...... 67 5.3.2 Das evidências quantitativas das condições de vulnerabilidades e respostas da política de assistência social ...... 68 5.3.3 Proposições preliminares ...... 70 5.4 Segurança pública ...... 70 5.4.1 Pensando segurança pública a partir da perspectiva do município ...... 70 5.4.2 Criminalidade, violência e segurança pública no município de Passos: indicadores e percepções ...... 72 5.4.3 Proposições preliminares ...... 74 6 DIMENSÃO INSTITUCIONAL ...... 8 6.1 Diagnóstico da estrutura administrativa da Prefeitura Municipal ...... 8 6.1.1 Recursos humanos ...... 8 6.1.2 Recursos materiais ...... 8 6.1.3 Comunicação ...... 9 6.1.4 Arrecadação e fiscalização ...... 9 6.1.5 Comprometimento da folha de pagamentos de acordo com a LRF ...... 10 6.1.6 Recomendações...... 10 6.2 Processo de gestão do Plano Diretor ...... 10

6.3 Instrumentos urbanísticos aplicáveis no munícipio por meio do Plano Diretor ...... 11 6.3.1 Instrumentos de combate à especulação imobiliária ...... 12 6.3.2 Instrumentos para a distribuição de custos e benefícios do processo de urbanização ...... 13 6.3.3 Instrumentos de regularização fundiária ...... 15 6.3.4 Instrumentos da gestão urbana participativa ...... 17 APÊNDICE A – MACROZONEAMENTO MUNICIPAL ...... 18 APÊNDICE B – ZONEAMENTO URBANO ...... 23 APÊNDICE C – MOBILIDADE ...... 29 APÊNDICE D – HABITAÇÃO ...... 31

APRESENTAÇÃO

Este documento apresenta o Perfil Municipal de Passos, como parte integrante da revisão do Plano Diretor, realizada por meio de contrato entre a Fundação João Pinheiro e a Prefeitura Municipal. Compreende a síntese dos Relatórios Técnicos produzidos para os diagnósticos setoriais relativos às políticas municipais, os quais são resultado de pesquisas documentais, entrevistas realizadas, reuniões com equipes técnicas da Prefeitura, reuniões com conselhos municipais, com representantes de diversos segmentos da sociedade e trabalhos de campo. Os Relatórios Técnicos abordam a economia, o turismo, a cultura, a política de esportes e lazer, a educação, a saúde, a assistência social, a segurança pública, o meio ambiente, o ordenamento territorial – que inclui habitação e mobilidade urbana, e a gestão do Plano Diretor, que inclui os instrumentos urbanísticos. O Perfil Municipal contém um panorama da realidade municipal em cada tema tratado e as proposições preliminares correspondentes, submetidas a consulta pública virtual, pela impossibilidade de discussões públicas presenciais em decorrência da pandemia provocada pelo Covid 19, ainda em curso. Os resultados da consulta pública serão apresentados em relatório próprio e subsidiam a definição das propostas finais que comporão o Plano Diretor revisto. Para uma leitura mais detalhada de cada tema, estão disponíveis os Relatórios Técnicos mencionados, também partes integrantes deste Perfil Municipal. Está organizado em seis seções, que apresentam (1) uma caracterização geral do município; (2) o seu perfil demográfico; (3) as questões físico-territoriais e sua relação com as politicas ambiental e urbana; (4) o desenvolvimento econômico; (5) o desenvolvimento social; e (6) a dimensão institucional, referente à gestão do Plano Diretor. Agradecemos o apoio das equipes da Prefeitura Municipal e do Conselho da Cidade, responsável pelo acompanhamento de todo o processo e, em especial, a todas as pessoas de Passos o acolhimento à nossa equipe e a participação no processo coletivo de construção do Plano Diretor.

1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNÍCIPIO

Passos é um município brasileiro, composto apenas pelo distrito sede, localizado

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no interior do estado de , na Região Geográfica Intermediária e Região Geográfica Imediata Passos, segundo nova classificação do IBGE, de 2017. Com uma população de 106.290 habitantes pelo Censo de 2010 e estimada de 114.458 habitantes em agosto de 2017, distribuídos em uma área total de 1.339 km², é o quarto município mais populoso de sua mesorregião e o 26º do estado. Sua densidade demográfica é de 79,44 hab/km². Os municípios que fazem divisa com Passos são: Alpinópolis, Bom Jesus da Penha, Cássia, Delfinópolis, Fortaleza de Minas, Itaú de Minas, Jacuí e São João Batista do Glória (ALMG, 2019). Seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) (2010) é de 0,756, considerado alto, sendo o 31º no estado e o 440º no Brasil. Possui paisagens aplainadas a ligeiramente onduladas, com áreas bem adequadas a agricultura e pecuária. Situa-se a 745m acima do nível do mar e possui clima Tropical de Altitude. Os pontos mais elevados situam-se a 1.224m, no morro Bom Descanso e a 1.125m no morro Garrafão. O município se insere nos Biomas Cerrado e Mata Atlântica e é rico em recursos hídricos, estando situado na bacia do Rio Grande. Sua hidrografia principal se compõe do Rio São João, do Ribeirão Conquista, do Ribeirão Bocaina, maior manancial de abastecimento de água e do próprio Rio Grande, já nas cotas do espelho d’água da Represa de Peixoto. Integra a Associação dos Municípios da Microrregião do Médio Rio Grande (AMEG), sendo presidente o prefeito de Passos, Carlos Renato Lima Reis. Distante 360 km de Belo Horizonte, seus acessos principais são as rodovias MG- 050 e BR-146. A cidade se destaca como polo regional. A economia local é baseada principalmente na agropecuária (cana, café, milho, gado de corte e de leite, avicultura de corte e de postura, suinocultura), na agroindústria (açúcar, álcool, fermento e laticínios), em pequenas indústrias de confecções, em um crescente setor industrial moveleiro, além de um forte setor de serviços, vinculados, em boa parte, à saúde e à educação.

2 PERFIL DEMOGRÁFICO

Nesta seção foram realizadas análises sobre o crescimento populacional de Passos, a sua estrutura etária e o comportamento dos componentes da dinâmica

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demográfica (em especial, fecundidade e mortalidade) para o período de 2000 a 2010, procurando relacionar variações no tamanho populacional e na estrutura etária do município aos impactos de tais componentes. Em geral, foram estabelecidas algumas comparações com os municípios da Microrregião de Passos. De 2000 a 2010, para o estudo do crescimento populacional e da estrutura etária de Passos foram utilizados os dados dos Censos Demográficos e para os componentes da dinâmica demográfica, os dados do Atlas do Desenvolvimento Humano. Complementarmente, de 2020 a 2040, foram utilizados dados de projeção da Fundação João Pinheiro para a taxa de crescimento e a estrutura populacional deste período.

Tabela 1: População Residente e Taxa Média de Crescimento Geométrico Anual de Passos e demais regiões, por Situação do Domicílio - 2000/2010 Taxa Média Localidade Situação de População Residente do Crescimento Domicílio Geométrico 2000 2010 2000/2010 Minas Gerais Total 17.891.494 19.597.330 0,91 Urbana 14.671.828 16.715.216 1,31 Rural 3.219.666 2.882.114 -1,10 Taxa de Urbanização 82,0 85,3 .. Microrregião Passos Total 210.243 226.412 0,74 Urbana 177.396 196.689 1,04 Rural 32.847 29.723 -0,99 Taxa de Urbanização 84,4 86,9 .. Passos Total 97.211 106.290 0,90 Urbana 89.911 100.842 1,15 Rural 7.300 5.448 -2,88 Taxa de urbanização 92,5 94,9 .. Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Censos Demográficos 2000/2010 Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP)/Diretoria de Políticas Públicas (DPP) Nota: (..) não se aplica dado numérico.

A população de Passos passou de 97.211 para 106.290 habitantes entre 2000 e 2010 (Tabela 1), experimentando uma taxa média de crescimento geométrico (0,90% a.a.), semelhante à observada para Minas Gerais (0,91% a.a.) e superior à da microrregião de Passos (0,74% a. a.). Quando se considerou as taxas de crescimento dos catorze municípios pertencentes à microrregião de Passos, somente os municípios de Bom Jesus da Penha (0,99

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a.a.), (1,76% a. a.), São João Batista do Glória (0,94 %a. a.) e São José da Barra (1,14% a. a.) apresentaram taxas superiores às do município de Passos (Tabela 2).

Tabela 2: População Residente e Taxa Média de Crescimento Geométrico Anual dos municípios da Microrregião Passos, MG- 2000/2010 População Residente Taxa média de Município Crescimento 2000 2010 Geométrico Alpinópolis 17.031 18.488 0,82 Bom Jesus da Penha 3.523 3.887 0,99 Capetinga 7.424 7.089 -0,46 Capitólio 7.737 8.183 0,56 Cássia 17.278 17.412 0,08 Claraval 4.242 4.542 0,69 Delfinópolis 6.577 6.830 0,38 Fortaleza de Minas 3.759 4.098 0,87 Ibiraci 10.229 12.176 1,76 Itaú de Minas 13.691 14.945 0,88 Passos 97.211 106.290 0,90 Pratápolis 9.217 8.807 -0,45 São João Batista do Glória 6.271 6.887 0,94 São José da Barra 6.053 6.778 1,14 Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Censos Demográficos, 2000/2010 Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP)/Diretoria de Políticas Públicas (DPP)

Outro indicador importante de ser considerado é a taxa de urbanização que expressa o percentual da população urbana em relação à população total. Comparando-se as taxas de urbanização em Minas Gerais e na microrregião de Passos no período de 2000 a 2010, é possível afirmar que seus níveis são próximos, variando entre 81,2 e 84,4% em 2000 e 84,4 e 86,9% em 2010. O município de Passos apresenta uma taxa de urbanização superior às regiões acima mencionadas, variando entre 92,5 e 94,9% no período analisado (Tabela 1). Além das análises sobre a evolução da população e das taxas médias de crescimento geométrico de Passos e dos municípios pertencentes à sua microrregião, é necessário investigar as transformações ocorridas na estrutura etária do município no mesmo período. Os Gráficos 1 e 2 mostram as pirâmides etárias do município de Passos nos anos de 2000 e 2010. A pirâmide etária é uma forma ilustrativa de representar a estrutura da

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população por idade e sexo. O lado direito da mesma representa as mulheres e o lado esquerdo, os homens. O eixo vertical representa as faixas etárias e o eixo horizontal, a proporção ou porcentagem da população em cada uma dessas faixas.

Gráfico1: Pirâmide Etária do Município de Passos - 2000

0,2 0,4 80 a 84 0,2 0,4 0,5 0,6 70 a 74 0,8 1,0 1,2 1,2 60 a 64 1,4 1,5 1,6 1,7 50 a 54 2,6 2,6 2,9 3,0 40 a 44 3,4 3,6 Mulheres 3,9 Faixa etária Faixa 3,8 Homens 30 a 34 4,0 4,2 4,0 4,1 20 a 24 4,5 4,4 4,8 4,7 10 a 14 4,7 4,5 4,5 4,4 0 a 4 4,4 4,1 6,0 4,0 2,0 0,0 2,0 4,0 6,0 Percentual da População

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Censos Demográficos, 2010 Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP)/Diretoria de Políticas Públicas (DPP)

Comparando os Gráficos 1 e 2, pode-se afirmar que a taxa de fecundidade diminuiu, entre 2000 e 2010, tanto que as faixas etárias de 0 a 4 e de 5 a 9 anos apresentavam uma porcentagem de população inferior à da faixa de 10 a 14 anos. Outro fato que pode ser observado é o aumento da proporção de jovens e adultos no município. Ademais, a proporção da população de idosos (65 ou mais anos) também apresentou aumento neste período.

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Gráfico 2: Pirâmide Etária do Município de Passos - 2010

0,3 0,5 80 a 84 0,3 0,7 0,7 0,7 70 a 74 1,1 1,2 1,3 1,6 60 a 64 2,0 2,1 2,5 2,6 50 a 54 2,9 3,3 3,4 3,5 40 a 44 3,6 3,7 mulheres 3,6

Faixa etária Faixa 3,8 30 a 34 3,9 4,0 homens 4,1 4,2 20 a 24 4,4 4,3 4,3 4,2 10 a 14 4,2 4,0 3,4 3,3 0 a 4 3,3 3,0 6,0 4,0 2,0 0,0 2,0 4,0 6,0 Percentual da população

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Censos Demográficos, 2010 Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP)/Diretoria de Políticas Públicas (DPP)

Estas alterações na forma da pirâmide indicam que Passos esteve acompanhando uma tendência nacional de envelhecimento da população, resultado da evolução da transição demográfica, marcada, especialmente, pela queda nos níveis da fecundidade (CARVALHO & BRITO, 2005; RIOS-NETO, 2005). Desta forma, uma das consequências da transição demográfica é a alteração da estrutura etária da população, reduzindo o peso relativo das crianças e aumentando, num primeiro momento, o peso dos adultos e, em um período posterior, o peso dos idosos. Um dos primeiros efeitos da transição demográfica é diminuir a razão de dependência demográfica, como mostra o Gráfico 3. Em 1991, a razão de dependência em Passos era de 0,57, o que significa que para cada 100 pessoas potencialmente ativas (15 a 64 anos) existiam outras 57 pessoas dependentes, ou seja, pertencentes aos grupos etários 0-14 e 65 anos ou mais. Já em 2000, esta razão diminuiu para 0,50, atingindo valores ainda menores em 2010 (0,42).

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Gráfico 3: Razão de Dependência - Passos, MG - 1991/2000/2010

0,70 0,60 0,57 0,50 0,50 0,40 0,42 0,30 0,20

Razão Razão de dependência 0,10 0,00 1991 2000 2010 Anos

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Censos Demográficos 1991/2000/2010 Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP)/Diretoria de Políticas Públicas (DPP).

Assim sendo, as transformações na pirâmide etária de Passos trazem oportunidades e desafios relacionados, especialmente, às demandas sociais, frente a menor carga de dependência dos grupos de idade mais vulneráveis, crianças e idosos, em relação à parte ativa da população, o que vem sendo denominado de “Janela de Oportunidade” ou “Bônus Demográfico”. Após a análise da evolução do crescimento populacional e da estrutura etária de Passos, é importante verificar o comportamento dos componentes da dinâmica demográfica, em especial, da fecundidade e da mortalidade. A Taxa de Fecundidade Total (TFT) corresponde ao número médio de filhos que uma mulher teria ao final do período reprodutivo. A Tabela 3 mostra este indicador para os municípios da microrregião de Passos e para o estado de Minas Gerais no período de 2000 a 2010. Em 2000, tanto Passos quanto Minas Gerais apresentavam valores maiores, porém não tão distantes, do que seria o nível de reposição de uma população (2,10). Nos demais municípios da região, os valores variaram entre 2,07 (Pratápolis e Capitólio) e 2,56 (Claraval). Em 2010, Passos apresentou uma TFT de 1,60, ou seja, uma mulher em média teria 1,60 filhos ao final de seu período reprodutivo, valor inferior ao observado para Minas Gerais (1,75). Nos demais municípios da microrregião de Passos também foram verificadas TFT abaixo do nível de reposição, com exceção dos municípios de Cássia, Claraval,

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Delfinópolis e São José da Barra.

Tabela 3: Taxa de Fecundidade nos municípios da Microrregião de Passos, MG - 2000/2010

Município/UF 2000 2010 Minas Gerais 2,23 1,75 Alpinópolis 2,36 2,04 Bom Jesus da Penha 2,42 1,78 Capetinga 2,49 1,92 Capitólio 2,07 1,98 Cássia 2,32 2,25 Claraval 2,56 2,42 Delfinópolis 2,32 2,25 Fortaleza de Minas 2,32 2,05 Ibiraci 2,56 2,01 Itaú de Minas 2,07 1,94 Passos 2,07 1,60 Pratápolis 2,07 2,00 São João Batista do Glória 2,33 1,90 São José da Barra 2,22 2,13 Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2013

Quando se considera a mortalidade de uma determinada população, os primeiros indicadores a serem analisados são, em geral, a Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) e a Taxa de Mortalidade na Infância. A TMI dá a chance de um nascido vivo vir a falecer antes de completar 1 ano de idade. Observa-se, pela Tabela 4, que em 2000 os municípios da microrregião de Passos - com exceção de Alpinópolis (18,79), Capetinga (19,57), São João Batista do Glória (19,57) e São José da Barra (17,70) - assim como o município de Passos (22,63) e Minas Gerais (27,75) apresentavam valores intermediários para a Taxa de Mortalidade infantil (20 a 49 óbitos infantis por mil nascidos vivos), conforme a classificação da Organização Mundial de Saúde (FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA, 2008).

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Tabela 4: Taxa de Mortalidade Infantil nos municípios da Microrregião de Passos – MG - 2000/2010

Município/UF 2000 2010 Minas Gerais 27,75 15,08 Alpinópolis 18,79 12,80 Bom Jesus da Penha 22,28 12,80 Capetinga 19,57 14,00 Capitólio 21,52 16,10 Cássia 18,79 15,00 Claraval 24,78 14,00 Delfinópolis 22,83 12,00 Fortaleza de Minas 21,52 18,10 Ibiraci 21,13 13,40 Itaú de Minas 24,78 12,80 Passos 22,63 10,35 Pratápolis 21,52 12,80 São João Batista do Glória 19,57 14,30 São José da Barra 17,70 11,70 Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2013

Em 2010, todos os municípios da microrregião de Passos e o estado de Minas Gerais passaram para níveis que são considerados baixos (menos de 20 óbitos infantis por mil nascidos vivos pela Organização Mundial de Saúde (FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA, 2008). A Taxa de Mortalidade na Infância indica o número de óbitos de crianças menores de 5 anos de idade por mil nascidos vivos em Minas Gerais. Conforme dados das Tabelas 4 e 5, todos os valores das Taxas de Mortalidade na Infância são próximos aos seus correspondentes das Taxas de Mortalidade Infantil, indicando que a maior parte das mortes até 5 anos estão concentradas no primeiro ano de vida.

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Tabela5: Taxa de Mortalidade até 5 anos de idade nos municípios da Microrregião de Passos - MG - 2000/2010 Município/UF 2000 2010 Minas Gerais 30,37 17,03 Alpinópolis 20,59 14,93 Bom Jesus da Penha 24,40 14,88 Capetinga 21,43 16,31 Capitólio 23,57 18,73 Cássia 20,59 17,44 Claraval 27,13 16,31 Delfinópolis 25,01 13,97 Fortaleza de Minas 23,57 21,00 Ibiraci 23,14 15,63 Itaú de Minas 27,13 14,88 Passos 24,79 12,11 Pratápolis 23,57 14,88 São João Batista do Glória 21,43 16,63 São José da Barra 19,39 13,59 Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil (2013)

De acordo com a Tabela 6, que mostra a mortalidade proporcional por faixa etária e por grupos de causa para o município de Passos em 2010, a maior parte dos óbitos de crianças menores de 1 ano está associada a doenças originadas no período perinatal (46,2%) e a más formações congênitas e deformidades e anomalias cromossômicas (38,5%). Nesta faixa etária, a proporção de óbitos ligados a doenças infecciosas e parasitárias, que geralmente estão associadas à precariedade do sistema de saneamento básico e da atenção materna no primeiro ano de vida, foi de 7,7% em 2010. Nas faixas etárias de 15 a 19 anos e de 20 a 29 anos, vale ressaltar que as causas externas já correspondiam a significativas proporções de óbitos, respectivamente, 33,3 e 50,0% em 2010. Vale destacar ainda que nas faixas etárias de 30 a 59 anos e de 60 ou mais, as principais causas de morte estão relacionadas a neoplasias e a doenças do aparelho circulatório. Estas duas causas consideradas conjuntamente respondem por 42,8 e 52,5% dos óbitos nas duas faixas etárias mais avançadas, respectivamente, de 30 a 59 anos e de 60 anos ou mais de idade.

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Tabela 6: Mortalidade Proporcional (%) por Faixa Etária e grupos de causa, no município de Passos - MG – 2010

Capítulo CID-10 < de 1 1 a 9 10 a 14 15 a 19 20 a 29 30 a 59 60 anos ano anos anos anos anos anos ou mais Total I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias 7,7 0,0 0,0 0,0 0,0 8,0 5,0 5,6 II. Neoplasias (tumores) 0,0 0,0 25,0 0,0 0,0 20,9 18,1 18,0 III. Doenças sangue órgãos hemat e transt imunitár 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,5 0,0 0,1 IV. Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3,7 1,5 2,0 V. Transtornos mentais e comportamentais 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2,1 1,0 1,2 VI. Doenças do sistema nervoso 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2,1 2,7 2,4 IX. Doenças do aparelho circulatório 0,0 20,0 25,0 0,0 8,3 21,9 34,4 29,8 X. Doenças do aparelho respiratório 0,0 0,0 0,0 0,0 8,3 5,9 18,9 14,8 XI. Doenças do aparelho digestivo 0,0 0,0 0,0 0,0 8,3 10,2 5,4 6,4 XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,1 0,4 0,5 XIII.Doenças sist osteomuscular e tec conjuntivo 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,5 0,0 0,1 XIV. Doenças do aparelho geniturinário 0,0 20,0 0,0 0,0 0,0 1,6 2,3 2,1 XV. Gravidez parto e puerpério 0,0 0,0 0,0 0,0 8,3 0,0 0,0 0,1 XVI. Algumas afec originadas no período perinatal 46,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,8 XVII.Malf cong deformid e anomalias cromossômicas 38,5 20,0 50,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,1 XVIII.Sint sinais e achad anorm ex clín e laborat 7,7 20,0 0,0 66,7 16,7 9,1 8,9 9,5 XX. Causas externas de morbidade e mortalidade 0,0 20,0 0,0 33,3 50,0 12,3 1,4 5,2 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte: Portal da Vigilância em Saúde (2020)

A Tabela 7 mostra a esperança de vida ao nascer (e°) para os municípios da microrregião de Passos e para o estado de Minas Gerais nos anos de 2000 e 2010. Em geral, todos os municípios desta microrregião, assim como Minas Gerais, tiveram ganhos

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significativos no período analisado, em especial, como efeito da já mencionada queda de mortalidade nos primeiros anos de vida, que exerce peso significativo neste indicador. Passos apresentou em 2000 o valor de e° igual a 72,11 anos, indicando que uma pessoa ao nascer em 2000 vivia em média aproximadamente 72 anos. Em 2010, este indicador em Passos aumentou para 78,15 anos, a maior esperança de vida observada entre os municípios de sua microrregião.

Tabela 7: Esperança de vida ao nascer nos municípios da Microrregião de Passos-MG 2000/2010 Município/UF 2000 2010 Minas Gerais 70,55 75,30 Alpinópolis 73,60 76,71 Bom Jesus da Penha 72,24 76,74 Capetinga 73,29 75,88 Capitólio 72,53 74,51 Cássia 73,60 75,22 Claraval 71,33 75,88 Delfinópolis 72,04 77,31 Fortaleza de Minas 72,53 73,31 Ibiraci 72,68 76,28 Itaú de Minas 71,33 76,74 Passos 72,11 78,15 Pratápolis 72,53 76,74 São João Batista do Glória 73,29 75,69 São José da Barra 74,04 77,56 Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2013

De uma forma complementar às análises apresentadas para o período de 2000 a 2010 com a utilização de dados do Censo Demográfico, vale analisar as taxas de crescimento geométrico anual com base nas projeções populacionais de Passos e Minas Gerais, realizadas pela Fundação João Pinheiro para o período de 2020 a 2040, conforme Tabela 8. Entre 2020 e 2030, segundo as projeções da FJP, Passos apresentará uma taxa média de crescimento geométrico anual de 0,55%. Esta tendência de menor crescimento populacional em Passos está relacionada ao processo de transição demográfica, caracterizado especialmente pelo envelhecimento populacional.

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Tabela 8: Projeção Populacional e Taxa Média de Crescimento Geométrico Anual do município de Passos - MG -2010*/2020/2030/2040 Projeção Taxa Média de Crescimento Período Ano Inicial Ano Final Geométrico Anual

2010-2020 106.290 114.924 0,78 2020-2030 114.924 121.438 0,55 2020-2040 114.924 123.314 0,35 Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP) (2019). Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP)/Diretoria de Políticas Públicas (DPP) Nota: *Para 2010, os dados são do Censo Demográfico.

As próximas fases do envelhecimento populacional pelas quais o município provavelmente passará, entre 2020 e 2040, podem ser observadas pelas variações da estrutura etária e da sua razão de dependência, calculadas por meio das projeções populacionais da FJP, conforme Tabela 9.

Tabela 9: Projeções da Estrutura Etária e Razão de Dependência - Passos - Minas Gerais - 2010*/2020/2030/2040 2010* 2020 2030 2040 Faixa etária População % População % População % População % menores de 15 anos 22543 21,21 20556 17,89 20762 17,10 18701 15,17 de 15 a 64 anos 74860 70,43 82385 71,69 81277 66,93 79937 64,82 65 anos ou mais 8886 8,36 11984 10,43 19399 15,97 24675 20,01 Total 106289 100,00 114924 100,00 121438 100,00 123314 100,00 Razão de Dependência 0,42 0,39 0,49 0,54 Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP) (2019). Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP)/Diretoria de Políticas Públicas (DPP) Nota: *Para 2010, os dados são do Censo Demográfico.

Entre 2010 e 2020, o envelhecimento populacional pode ser notado, por um lado, com a diminuição da população mais jovem com menos de 15 anos e, por outro, com o aumento da população em idade ativa e dos idosos. Neste primeiro período, houve uma diminuição da razão de dependência, caracterizando um maior bônus demográfico, com menor carga dos grupos mais vulneráveis sobre a população potencialmente ativa.

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Entre 2020 e 2040, pode-se perceber uma nova fase do envelhecimento populacional em que haverá uma diminuição dos menores de 15 anos, um grande aumento dos idosos e diminuição da população em idade ativa. Assim sendo, nesta nova fase, o bônus demográfico será bem menor, com um grande aumento da população idosa, que acarretará uma maior carga dos grupos vulneráveis, aumentando a razão de dependência do município. Se por um lado, a demanda por matrículas entre os menores de 15 anos diminuirá e possibilitará investimentos em uma educação de qualidade, por outro lado, a demanda por serviços para idosos, dentre eles, o de saúde, sofrerá um grande aumento. Desta forma, o conhecimento que as variações da estrutura etária de uma população pode sofrer ao longo do tempo é essencial como um instrumento de auxílio para a tomada de decisão de gestores públicos na identificação de pontos de atenção ou de oportunidades relevantes como subsídios para a elaboração de um planejamento mais eficiente no atendimento das necessidades de sua população.

3 PROCESSOS DE OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO E POLÍTICAS AMBIENTAL E URBANA

Os tópicos abordados a seguir baseiam-se em levantamentos preliminares de informações junto a servidores municipais das diversas secretarias, em reuniões técnicas com o GTA, com o CONCID, com o SAAE, com engenheiros e arquitetos, com empresários do ramo de loteamentos, construção civil e imobiliárias, além de consultas bibliográficas e documentais disponíveis, bem como em trabalhos de reconhecimento em campo. Como se trata de um relatório preliminar, o presente documento expressa o primeiro contato das equipes temáticas com a realidade local, organizado em duas seções: a primeira voltada para a questão ambiental e processos de ocupação em áreas rurais; e a segunda voltada para processos urbanos e regulação. O aprofundamento de todo o conteúdo virá em sequência, nas próximas entregas de produtos parciais de cada etapa.

3.1 Processos de uso e ocupação do solo nas áreas rurais

A área rural do município está destinada às atividades primárias e de produção de alimentos, bem como as atividades de reflorestamento e de mineração, abrangendo todo

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o território do município, com exceção da área urbana e de expansão urbana. Em áreas próximas à cidade de Passos são perceptíveis pressões por parcelamento do solo na zona rural, tanto na forma do que se convencionou chamar de “chacreamentos”, quanto nas inúmeras tentativas junto ao Poder Público para expandir ainda mais o atual perímetro urbano. Os chacreamentos são fracionamentos de terras rurais, em geral com lotes de 1.000m², em que a gleba original continua com apenas uma inscrição cadastral e os compradores dos lotes constituem um condomínio. As contínuas pressões pelo aumento do perímetro urbano visam possibilitar o fracionamento de glebas em pequenos lotes de 200m². Esse tipo de ocupação pode ter sido incentivado pelo Plano Diretor atual, que permite, até uma distancia de 3 km da Sede Municipal, a instalação de loteamentos de chácaras, os quais, na maioria, possuem terrenos bem inferiores ao módulo rural, caracterizando usos urbanos irregulares na zona rural. Considera-se que a expectativa de ampliação dos loteamentos na cidade não está levando em conta os impactos e restrições ambientais, o que torna necessário retomar o diálogo sobre áreas de preservação e de restrição à ocupação no Município, que ainda detém um alto percentual de lotes ociosos, não ocupados. Outro tipo de ocupação pode ser verificado ao longo da faixa de domínio da União, às margens do Rio Grande. Trata-se de casas e pousadas de bom padrão construtivo, muitas vezes com piscina e deck sobre o rio, que são utilizadas em temporadas por seus proprietários e turistas. Esse tipo de ocupação envolve uma análise da sua situação jurídica diante da legislação ambiental. Um aspecto de grande relevância para o desenvolvimento sustentável do município que precisa ser ressaltado é a proteção da bacia hidrográfica do ribeirão Bocaina à montante da captação de água pelo SAAE. Este é ainda o principal manancial de abastecimento público da cidade e seu território vem sendo objeto de pressão por parcelamento do solo e ocupação urbana. O atual sistema de abastecimento de água de Passos conta com dois mananciais, o do rio Grande, situado a 10 km de distância da sede, com outorga de 400 l/s e o do

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ribeirão Bocaina, a 2 km de distância da sede, com outorga de 278 l/s. Foi apontada a fragilidade ambiental da sub-bacia do ribeirão Bocaina e a necessidade de ampliação da captação, uma vez que a capacidade de suprir a necessidade de abastecimento de água na área urbana está no seu limite. Foram apontadas ainda as seguintes medidas necessárias: 1) Criação da APP do ribeirão Bocaina e área de proteção no entorno da ETE; 2) Exigência de instalação de sistema de saneamento com interceptações e tratamento biológico dos esgotos em todas nas novas áreas a serem loteadas; 3) Exigência de construção de bacias de contenção e sistema de drenagem pluvial em todas as novas áreas a serem loteadas. A Lei Municipal nº1987, de 30 de outubro de 1995, dispõe sobre a área de proteção do Ribeirão Bocaina, delimitando-a e determinando, de forma apropriada, a elaboração de um Plano de Manejo para aquele território. Importante lembrar que a área em questão corresponde à bacia de contribuição do ribeirão Bocaina, principal manancial de abastecimento público da cidade. O Plano Diretor de 2006, objeto deste trabalho de revisão, reforçou aquela determinação em seu artigo 27, parágrafo 3º, criou uma Macrozona de Proteção dos Mananciais, delimitada em seu Anexo 6, como também definiu, no artigo 28 as proibições circunscritas aos seus limites. Esses instrumentos legais devem ser fortalecidos no novo Anteprojeto de Lei do Plano Diretor. No que tange a questões ambientais da produção agropecuária, os principais relatos indicaram problemas com perda de solo, queimadas e poluição na área rural. A necessidade da difusão das técnicas de plantio em nível, da construção de caixas secas nas estradas rurais e barraginhas nas propriedades foi apontada como essencial para conter os processos de erosão laminar, com consequentes ravinamentos e perda de solo, que acaba sendo transportado para os fundos de vale , causando assoreamento nos corpos d’água. O controle na perfuração de poços artesianos também foi mencionado como essencial à manutenção dos níveis do lençol freático, evitando seu rebaixamento e a consequente perda de nascentes.

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A instalação de caixas de coleta de resíduos (principalmente da pecuária) em estabelecimentos rurais foi sugerida, como medida de controle da poluição dos cursos d’água. As queimadas rurais nas lavouras de cana diminuíram muito, mas ainda há problemas com queima em pastos, com fogo nas margens das rodovias e também com eliminação de resíduos da limpeza de lotes, inclusive na zona urbana.

3.1.1 Saneamento ambiental

De modo geral os levantamentos preliminares e os primeiros reconhecimentos de campo mostraram índices altos de cobertura no fornecimento de água tratada e satisfatórios na coleta de esgotos. O índice da cobertura do tratamento dos esgotos é regular. Esses serviços encontram-se sob a responsabilidade da autarquia municipal Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), que demonstra realizar sua missão com alto grau de compromisso espírito público da equipe de profissionais, além de rigor técnico e conhecimento no seu campo de atuação. A presente revisão do Plano Diretor já se beneficia da expressiva colaboração dos servidores e da direção da Autarquia. Os serviços de drenagem pluvial, coleta e destinação de resíduos sólidos são desafiadores no atual cenário urbano, considerando a proposição de metas para o desenvolvimento sustentável. Os serviços em questão encontram-se sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Obras, que vem desempenhando papel importantíssimo na gestão desses assuntos. O município elaborou também recentemente o plano para resíduos sólidos urbanos, que deve ser posto em execução no curto prazo. Certamente o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB), elaborado no período de 2014 a 2017 e que se encontra em vias de ser promulgado, fornecerá importantes subsídios para este trabalho de revisão do Plano Diretor. Outros pontos de observação 1) Drenagem urbana: segundo o Conselho da Cidade (CONCID), o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) a ser promulgado deixou para leis específicas o detalhamento das ações e a própria forma de implementação de suas disposições e diretrizes. O PMSB está em tramitação na Câmara Municipal.

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2) Contradição a ser esclarecida: especula-se que 80% da rede de drenagem receba esgoto, que reflui nos imóveis quando ocorrem enchentes. Entretanto, o SAAE estima que o maior problema se refira a ligações de águas pluviais dos imóveis na rede de esgoto, que não está dimensionada para isso. Os entupimentos são frequentes também, por esse motivo. 3) Pressão por parcelamento do solo próximo ao ribeirão Bocaina, importante (principal) manancial de abastecimento da população. 4) Problema de superposição entre Área de Preservação Permanente (APP), área verde e área institucional nos loteamentos. 5) Infraestrutura mal executada nos loteamentos. 6) Interferências nos processos de licenciamento dos loteamentos. 7) Necessário implantar a coleta seletiva e gestão de Resíduos Sólidos Urbanos Sólidos Urbanos (RSU). Aproveitar experiências bem sucedidas na implantação desses sistemas. 8) Necessário controle nos locais de “bota-fora”. Há riscos presentes e futuros associados a estes locais de aterro. 9) Necessário intensificar o controle de zoonoses (muitos animais soltos) e de vetores (surtos recentes de dengue). 10) Ainda não desenvolveram uma diretriz para arborização urbana. 11) Proteção às nascentes urbanas. 12) Recuperação de córregos não canalizados e integração à paisagem urbana como Parques Lineares (são 14 no Plano Diretor atual). 13) Preservação dos recursos naturais, em especial cabeceiras dos cursos d’água e fundos de vale.

3.2 Processos de uso e ocupação do solo nas áreas urbanas

3.2.1 Desenvolvimento e estrutura da Sede Municipal

A cidade de Passos desenvolveu-se, originalmente, em duas centralidades com superfícies topográficas bastante favoráveis e elevadas em relação à rede de drenagem

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natural: a região da Igreja da Penha, que se prolongava até Estação Ferroviária, e a região das praças da Igreja Matriz e dos prédios da administração pública. Ambas estavam predominantemente em cotas topográficas superiores à calha do curso d’água principal – o córrego São Francisco – que as separava, e consolidaram-se a distâncias seguras em relação ao fundo dos vales em que fluíam os córregos Boiadeiros, da Barrinha, Sabiá, entre outros, bem como da confluência destes com o córrego São Francisco. O processo de expansão urbana resultou no preenchimento dos espaços entre as regiões descritas, ou seja, justamente os fundos de vales desses cursos d’água contribuintes do córrego São Francisco. Com isso, foram edificadas áreas inadequadas à ocupação humana, que correspondem ao leito maior dos córregos. A construção da rodovia MG 050 – em nível mais alto, à montante do córrego São Francisco – induziu o crescimento da cidade em sua direção, produzindo importante impermeabilização dos solos e agravando o problema de acúmulo da água do escoamento superficial nos fundos dos vales nos níveis mais baixos dessa rede de drenagem, que já estavam intensamente ocupados e construídos. A área urbana da Sede Municipal se desenvolve, portanto, a partir de um eixo principal aproximadamente no sentido norte/sul, articulado ao principal acesso à cidade, a MG-050, o qual já foi ultrapassado em função dos processos de expansão. Possui um uma área central densa, onde se concentram atividades comerciais e de serviços, expandindo-se para as regiões próximas, na forma de usos mistos. A área central reúne importante patrimônio cultural e sofre com intenso processo de verticalização, o que pode estar comprometendo a ambiência e a qualidade urbanas. De modo geral, a área urbana do município apresenta as zonas bem marcadas em suas características, tanto em termos de padrão de ocupação, como em relação à presença de comércio e serviços, que se concentram nas principais vias de acesso, conformando “corredores comerciais”. Uma expansão marcante da área central e uma das mais importantes referências comerciais é a Avenida Francisco Avelino Maia, conhecida como Avenida da Moda, que concentra lojas de vestuário e moda em geral, além de restaurantes, bares e hotéis. A partir dessa região central, irradiam-se eixos viários na tentativa de articular a

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cidade, o que não logra resultados significativos, já que os processos de expansão se deram de forma bastante desarticulados, provocando inúmeros problemas de circulação na cidade. Nesse processo de expansão, alguns equipamentos acabaram inseridos em áreas residenciais, como o Parque de Exposições e a Cooperativa de leite. Busca-se dar solução a esses problemas com a implantação de um anel viário, que proporcione articulação ao tecido urbano e deste com as rodovias de acesso, retirando- se das áreas urbanas o trânsito de caminhões pesados, com impactos nas vias e nas áreas de entorno, em especial na região do bairro Canjeranus, onde se localiza também o primeiro distrito industrial da cidade. E ainda possibilite melhorias no acesso a São João Batista do Gloria, destino turístico que tem Passos como suporte. Como resultado desse processo de expansão fragmentado e das dificuldades de articulação viária e de transporte coletivo, desenvolveram-se três sub-centros em regiões mais densas e dinâmicas, sendo um em cada lado desse eixo principal e um terceiro já na margem oposta da MG-050. Um deles se localiza na rua Poços de Caldas (a oeste), outro na rua Goiás a (leste) e o terceiro na rua João Teixeira (ao sul, já ultrapassando a rodovia). Passos se apresenta como um polo no setor da educação e da saúde. Há uma clara tendência de desenvolvimento da cidade com a presença de instituições de ensino superior: Faculdade Atenas, IF/Sul de Minas e UEMG (antiga FESP). Outro setor estruturador é a saúde, e um grande projeto pode vir a impulsionar o desenvolvimento – a Cidade da Saúde e do Saber, na margem oposta da MG-050, a ser implantado pelo grupo da Santa Casa. Outros dois projetos na área da saúde são a expansão da Santa Casa e a construção de um hospital da UNIMED. A região da Santa Casa, pelo fato de atender regionalmente, tem uma dinâmica própria, com intenso fluxo de veículos e pessoas. Nesse sentido, verifica-se a necessidade de análise prévia de possíveis impactos de empreendimentos de grande porte na área da saúde e de instituições de ensino, na circulação viária, nas demandas por infraestrutura de drenagem e saneamento, bem como análises de impacto sobre as áreas residenciais mais próximas, como é o caso do bairro Eldorado, no caso de instituições de ensino. No caso da Santa Casa, foi apontada a necessidade de se estabelecer regulamentos próprios para se evitar excessivo adensamento no entorno, maior controle do tráfego, manutenção de vias de acesso para socorro rápido e

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de calçadas livres para o trânsito de pedestres. Outro ponto de conflito cidade é a região do bairro Serra das Brisas, às margens da rodovia, prevista no Plano Diretor atual como área residencial e atualmente ocupado pela indústria moveleira.

3.2.2 Habitação de interesse social

A política de habitação encontra-se em implantação no município, migrando da assistência social para a Secretaria de Obras. Conta com equipe dedicada, sendo importante a sua ampliação e a estruturação do setor, dada a sua relevância. Da mesma forma, é importante que tanto o Conselho como o Fundo de Habitação sejam efetivos e que de fato recebam os recursos previstos, em especial aqueles decorrentes da aplicação dos instrumentos previstos no Estatuto da Cidade. Os conjuntos habitacionais implantados na cidade concentram-se principalmente a oeste, em localização periférica, e a leste, em menor proporção, em localização também periférica. Há relatos de insuficiência de equipamentos sociais e espaços públicos de lazer e convivência, a isso se somando a dificuldade de deslocamento em função de deficiências constatadas no transporte coletivo. Essa situação faz com que as áreas destinadas à habitação de interesse social permaneçam de certa forma em situação de exclusão do tecido urbano, questão fundamental a ser tratada. Além destes, há outras áreas dispersas na cidade que devem ser objeto de programas de regularização.

3.2.3 Ocupação urbana e sistema viário

Como apontado, em relação ao sistema viário, considera-se que um dos problemas é a falta de articulação viária, ao que se soma a convergência das principais vias para o centro comercial. Uma das maneiras de se enfrentar essa questão é a definição de uma hierarquização do sistema viário em função do papel das vias para que seja possível definir investimentos na ampliação e implantação de acessos e contornos viários associados às características dos processos de expansão e de ocupação urbana, incluindo a transposição de rodovias e a implantação de grandes equipamentos. Há necessidade premente de um Plano de Mobilidade Urbana para a cidade de

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Passos que possibilite o tratamento da mobilidade a partir de um enfoque mais abrangente. O Plano Diretor de 2006 tratou da mobilidade, mas as medidas sugeridas não chegaram a ser implantadas. Nesse sentido, torna-se fundamental recuperar o projeto do anel viário.

3.2.4 Transporte público

A cidade de Passos possui três linhas (amarela, vermelha e verde) que são circulares. Existem mais três linhas da JBS que devem ser incorporadas à CAF Transportes, empresa que opera as três primeiras linhas. Está prevista uma licitação para o transporte coletivo, que deve ocorrer no inicio do próximo ano. Há um terminal urbano localizado na Praça Geraldo da Silva Maia. Passos conta também com serviços de táxi, sob o sistema de concessão. Há relatos de que o fato de serem todas as linhas circulares acaba por inviabilizar a utilização do serviço pela população em toda a sua potencialidade, em função do tempo gasto nas viagens. Esse fato associado à desarticulação do sistema viário dificulta deslocamentos adequados na cidade. Na zona rural, a comunidade de Mumbuca é atendida pela linha intermunicipal de Passos a Bom Jesus da Penha e as comunidades de Areias, Águas e Rio Grande não dispõem de transporte coletivo.

3.2.5 Drenagem pluvial

Atualmente são visíveis muitas obras, realizadas e em execução, de retificação dos cursos d’água, canalizações e ampliação de suas calhas, que visam evitar ou minimizar os danos causados por enxurradas e inundações. Entretanto, a gravidade do problema requer uma ação sistêmica, que envolva técnicas de retenção de água das chuvas, manutenção de superfícies permeáveis, desobstrução da rede de drenagem pluvial, implantação de parques com barramentos dimensionados para controle do acúmulo resultante do escoamento superficial, estudos geotécnicos e até realocação de pessoas e atividades econômicas que estejam em situação de risco. É provável que a melhor forma de integrar as ações seja num Plano Municipal de Drenagem.

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A presente revisão do Plano Diretor pode contribuir com o reforço dos dispositivos que já vigoram, mas não ganharam efetividade, como dos artigos números 12, 14, 21, 27,28 e 53. A Zona de Proteção dos Mananciais, por exemplo, pode ser fortalecida em seus dispositivos para transformar-se em Zona de Segurança Hídrica. Há também a possibilidade da apresentação de propostas e diretrizes que sustentem, por exemplo, a elaboração de um cadastro de situações de risco, com banco de dados gráfico e alfanumérico, articulação com a Defesa Civil e Unidade do Corpo de Bombeiros Militar.

3.2.6 Expansão urbana

Essa questão surge como um ponto central a ser tratado. Em uma primeira análise, o perímetro urbano comporta qualquer indicador de crescimento demográfico no município – indicadores esses em queda tanto no país como no estado – e há estudos que apontam para um significativo número de lotes vagos nas áreas já urbanizadas. Em paralelo, foi apontado um número também significativo de novos projetos de loteamentos, porém sem a indicação de onde se localizariam. É interessante notar que o Plano Diretor em vigor, surpreendentemente para época em que foi elaborado, já previa o Coeficiente de Aproveitamento igual a 1, com a aplicação da Outorga Onerosa do Direito de Construir e ainda detalha com precisão a aplicação da Edificação Compulsória. Instrumentos esses que, segundo informações, não foram devidamente tratados, o que poderia ter amenizado problemas atuais.

3.2.7 Zoneamento e parâmetros urbanísticos

O Plano Diretor atual, a princípio, demanda uma revisão na definição e nomenclatura de zonas, assim como maior clareza nos parâmetros para cada uma delas, em função de potencialidades, restrições e tendências de cada porção o território municipal e de suas áreas urbanas, de modo a minimizar conflitos hoje presentes. A revisão deve apontar com precisão os instrumentos do Estatuto da Cidade, sua aplicação, sua destinação e sua localização. É necessário também destacar o papel do GTA no fortalecimento da função planejamento urbano, associada à equipe técnica responsável pela

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aplicação do Plano Diretor e sua legislação de apoio, assim como pela sua fiscalização. Rever processos de aprovação de empreendimentos, adotar estudos de viabilidade prévios, utilizar de modo mais efetivo o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV). Buscar a parceria dos setores acadêmicos para a sua atuação, sugerir a instituição de programas de arquitetura e engenharia públicas no suporte à política habitacional de interesse social. Para além desta dimensão, reestruturar todo o texto do Plano Diretor, de forma a possibilitar uma leitura mais objetiva e tornar mais efetiva a sua aplicação, em suas diversas dimensões. Importante manter a visão inovadora que o plano atual tem, em termos da distribuição de ônus e bônus do processo de urbanização, ao já estabelecer o Coeficiente de Aproveitamento (CA) igual a 1, com a utilização do instrumento da Outorga Onerosa para os processos de verticalização.

3.3 Proposições preliminares para a política ambiental

3.3.1 Diretrizes

I. Promover a manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como patrimônio público a ser assegurado e protegido tendo em vista o seu uso coletivo; II. Promover a proteção, a preservação e a recuperação dos recursos ambientais, por meio de: a) controle das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; b) acompanhamento do estado da qualidade ambiental; c) racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; d) planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais. III. Promover o fortalecimento institucional para gestão do meio ambiente e do saneamento ambiental, por meio da ampliação da capacidade técnica das equipes da administração municipal e desenvolvimento de legislação ambiental; IV. Implementar a educação ambiental sistêmica e contínua, para elevação nos níveis de bem estar e sustentabilidade no município e capacitando a população para a participação ativa na defesa do meio ambiente.

Para a efetivação das diretrizes, as ações propostas no âmbito da política ambiental municipal se apoiam em cinco eixos: • Gestão Ambiental;

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• Segurança Hídrica; • Segurança Geotécnica; • Ambiência Urbano-ambiental; • Saneamento Ambiental.

3.3.2 Ações para o eixo Gestão Ambiental

I. Dotar os órgãos municipais responsáveis pelo saneamento e meio ambiente de estrutura administrativa e de fiscalização, além de sistema de informatização e georreferenciamento adequados para promover a elaboração e o desenvolvimento de projetos, ações e atividades relativas ao meio ambiente e ao saneamento em parceria com órgãos federais, estaduais e sociedade civil; II. Desenvolver um banco de dados associado à sua representação em bases cartográficas sobre os espaços que devem ser protegidos, suas vulnerabilidades ambientais, pressões sociais e econômicas que os atingem; III. Fortalecer o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente, paritário, consultivo e deliberativo; IV. Garantir recursos ao Fundo Municipal de Meio Ambiente, conforme preceitos legais; V. Implementar processos permanentes de aprendizagem e formação em nível formal e não formal, individual e coletiva, visando à melhoria da qualidade da vida e à corresponsabilidade na sustentabilidade ambiental.

3.3.3 Ações para o eixo Segurança Hídrica

O eixo Segurança Hídrica trata da bacia hidrográfica do ribeirão Bocaina, que sustenta o principal manancial de abastecimento de água potável da cidade, a qual deve ser protegida de intervenções que possam provocar situação de vulnerabilidade e/ou de escassez hídrica e ações complementares. São ações propostas; I. Estabelecer no Macrozoneamento municipal e no Zoneamento Urbano zonas específicas de proteção da bacia do ribeirão Bocaina, quais sejam: a) a Zona de Segurança Hídrica, na qual o desenvolvimento e/ou a instalação de atividades e intervenções se dará mediante processos de licenciamento ambiental no âmbito do município, submetidos ao Conselho de Meio Ambiente. b) a Zona Urbana Controlada, na superposição entre o perímetro urbano da Sede Municipal de Passos e a Zona de Segurança Hídrica, para controle uso e ocupação do solo nessa região, priorizando a segurança hídrica. II. Recuperar, preservar e proteger os recursos naturais degradados; III. Difundir técnicas de plantio em nível e técnicas para a construção de barraginhas nas propriedades rurais, para reter água das chuvas e evitar perda de solo e erosão, com

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consequente assoreamento dos corpos d’água; IV. Implementar a construção de caixas secas nas estradas rurais, para controlar o escoamento superficial e conter os processos desencadeadores de erosão laminar e ravinamentos; V. Difundir a instalação de caixas de coleta de resíduos das atividades agropecuárias, em estabelecimentos rurais, para controlar a poluição dos cursos d’água; VI. Estabelecer controle rigoroso da perfuração de poços artesianos, a fim de manter níveis seguros do lençol freático, evitar seu rebaixamento e perda de nascentes; VII. Fiscalizar a Área de Proteção Permanente (APP) do ribeirão Bocaina, de forma a mantê-la íntegra para efeito de proteção do manancial.

3.3.4 Ações para o eixo Segurança Geotécnica

O eixo Segurança Geotécnica trata das ocorrências de erosões, assoreamento, alagamentos, enchentes e inundações em áreas ocupadas, nas bacias hidrográficas na Zona Urbana, em especial na bacia do córrego São Francisco, de forma a evitar: • Riscos à integridade física, à saúde e à vida dos cidadãos; • Risco ao patrimônio público e particular; • Recorrentes danos ao sistema viário, à infraestrutura instalada, às diversas redes, aos imóveis institucionais, comerciais, residenciais e aos veículos diversos, entre outros; • Impacto negativo nas finanças, considerando os recursos despendidos na reparação de danos, o que pode implicar em menores investimentos em novos equipamentos, serviços e ações para o desenvolvimento municipal. • Subutilização e degradação de porções estruturantes do território municipal, com a função de conexão entre bairros, oferta de espaços públicos e geração de atividades econômicas.

São ações propostas: I. Elaborar o Plano Municipal de Drenagem. II. Desenvolver ações sistêmicas, envolvendo estudos geotécnicos, tecnologias de retenção de água das chuvas, normas para manutenção de superfícies permeáveis, medidas para proteção da rede de drenagem pluvial, projetos de engenharia para interceptação dos esgotos, barramentos para controle do acúmulo de água resultante do escoamento superficial, projetos e obras que contemplem situações específicas dos cursos d’água inseridos nas áreas urbanas ocupadas.

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III. Mapear as áreas de risco e elaborar cadastro georreferenciado de pessoas e bens nelas inseridos, associado aos bancos de dados municipais, para subsidiar ações da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros Militar. IV. Recuperar e preservar as cabeceiras dos cursos d’água. V. Cumprir as exigências estabelecidas na Lei de Parcelamento do Solo Urbano, em todos os seus preceitos.

3.3.5 Ações para o eixo Ambiência Urbano-ambiental

O eixo Ambiência Urbano-ambiental trata da associação entre a recuperação dos cursos d’água nas áreas urbanas e a melhoria da qualidade ambiental urbana, por meio da implantação de Parques Lineares, propiciando simultaneamente: • Ampliação das áreas públicas para esportes e lazer; • Amenização do microclima da Sede Municipal; • Suporte à articulação do sistema viário; • Integração entre bairros e entre bairros e centro, em especial as regiões periféricas ocupadas por população de renda baixa.

São ações propostas: I. Implantar Parques Lineares nos seguintes cursos d’água, segundo levantamentos e projetos específicos, em cada caso: a) Córrego Boiadeiros; b) Córrego São Francisco; c) Córrego Barrinha; d) Córrego São Domingos; e) Córrego do Limão; f) Córrego Bom Sucesso; g) Córrego Sabiá; h) Córrego do Sabão; i) Ribeirão Bocaina; j) Córrego Bela Vista; k) Córrego Aclimação; l) Córrego Serra Verde; m) Córrego do Bosque; n) Córrego Otto Krakauer; o) Outros que venham a ser identificados.

Desses, serão prioritários o córrego Boiadeiros, o córrego São Domingos e o córrego do Limão, em função das regiões urbanas em que se inserem, em especial

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o córrego do Limão, por percorrer a região dos conjuntos habitacionais, propiciando maior integração dessas áreas à cidade.

II. Recuperar processo de erosão na região de Coimbras, com drenagem, recomposição e estabilização de encostas, com implantação de área pública para esportes e lazer. III. Elaborar Plano de Manejo para o Parque Municipal Dr. Emílio Piantino.

3.3.6 Ações para o eixo Saneamento Ambiental

O eixo Saneamento Ambiental trata dos serviços de abastecimento de água potável em quantidade suficiente para a higiene e o conforto da população, de coleta e tratamento dos esgotos sanitários, e do manejo integrado de resíduos sólidos, sendo que a drenagem pluvial é tratada no eixo Segurança Geotécnica. São proposições para o eixo Saneamento Ambiental, tendo como diretriz a universalização dos serviços de saneamento ambiental nas áreas urbanas e rurais: I. Integrar e articular Passos a outros municípios quando couberem ações conjuntas para operação, manutenção e gestão dos serviços de interesse comum, principalmente na solução do tratamento de esgotos e do manejo de resíduos sólidos; II. Demarcar e proteger as áreas das Estações de Tratamento de Água (ETA) e da área da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE), impedindo invasões e depredações; III. Implementar o Plano Municipal de Saneamento Básico e o Plano de Gerenciamento Integrado dos Resíduos Sólidos Urbanos.

3.4 Proposições preliminares para o ordenamento territorial

As proposições referentes ao ordenamento territorial se encontram ao final deste documento, nos Apêndices A – Macrozoneamento Municipal; B – Zoneamento Urbano; C – Mobilidade; e D – Habitação.

4 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Esta seção aborda as atividades econômicas de modo geral, tanto urbanas como rurais – incluindo nessa abordagem as finanças municipais; e também o turismo, a cultura e a política de esportes e lazer, por serem vetores potenciais para o incremento e a diversificação do desenvolvimento econômico do município. Por ser um polo regional na área da saúde e da educação, esses dois setores estão incluídos na primeira abordagem, com destaque para a

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saúde.

4.1 Atividades econômicas em geral

O objetivo aqui é apresentar uma ideia geral dos principais aspectos e desafios relacionados à economia, à geração de emprego e renda e às finanças e gestão pública de Passos e das principais linhas para promover o desenvolvimento do município. Ao oferecer uma exposição resumida, simplifica alguns pontos e omitem-se informações, devendo ser visto como uma primeira leitura, a ser complementada por uma consulta mais detalhada ao documento principal. Nos últimos cinco anos, nota-se que o município vem experimentando mudanças expressivas em seu processo de desenvolvimento, o que se reflete em vários segmentos da economia, da gestão e das finanças públicas locais, conforme mostrado a seguir. No período 2010-2016 percebe-se que a evolução do PIB Total do município, embora tenha apresentado variação positiva nos anos de 2010 a 2014, vem se desacelerando, sendo que nos dois últimos anos a variação foi negativa (-6,6 em 2015 e -0,2 em 2016). Os dados revelam ainda que o Produto Interno Bruto (PIB) per capita de Passos, ou seja, a soma de todos os bens e serviços produzidos pelo município dividido pela quantidade de habitantes, em termos reais, vem reduzindo desde 2014 e caiu de R$23.433,79 em 2014, último ano de crescimento, para R$21.566,16 em 2016. Dentre as atividades econômicas, o agronegócio se destaca como a principal geradora do Valor Adicionado Fiscal (VAF) do município, sendo responsável por aproximadamente 35% do total. De acordo com dados do VAF, as duas principais atividades são as indústrias de abate e processamento de aves e a produção de álcool, açúcar e derivados de leite que representaram 1/5 de todo valor fiscal gerado no município. O comércio atacadista e varejista também apresenta grande expressão. A indústria de confecções, setor relevante nos anos 1990 a 2010, já não aparece entre os maiores geradores de VAF. De outro lado, a indústria de móveis vem crescendo desde a década passada. Analisando-se separadamente a Administração Pública observa-se que o segmento representa o terceiro mais importante na formação da riqueza local, tendo sido

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responsável em 2016 por cerca de 19,4% do VA total. Quanto ao número de empreendimentos, os dados do Cadastro Central de Empresas (CEMPRE) indicam que o município de Passos abrigava 3.465 empresas e outras organizações formais ativas (com 3.568 unidades locais) no ano de referência 2016, que ocuparam, em 31 de dezembro do mesmo ano, 27.916 pessoas, sendo 23.348 (83,6%) como pessoal ocupado assalariado e 4.568 (16,4%) na condição de sócio ou proprietário. Os salários e outras remunerações pagos totalizaram R$511 milhões. Em 2016, o salário médio mensal era equivalente a 2,0 salários mínimos. Examinando o ano de 2016, observa-se que em Passos a divisão Comércio – reparação de veículos automotores e motocicletas, dentre todos os setores econômicos, era o que concentrava as maiores participações nas quatro variáveis analisadas: número de empresas e outras organizações (42,8% do total), pessoal ocupado total (30,9%), pessoal ocupado assalariado (28,4%) e salários e outras remunerações (23,9%), o que mostra a sua grande importância na economia local. A divisão Indústrias de transformação figurava, em 2016, na segunda posição em todas variáveis consideradas: número de empresas e outras organizações (11,4% do total), número de pessoal ocupado total (21,6%), pessoal ocupado assalariado (23,5%) e salários e outras remunerações (22,2%). Com isso as posições do ano anterior foram mantidas. A divisão Saúde humana e serviços sociais detinha a terceira colocação em três das quatro variáveis analisadas: número de empresas e outras organizações (6,1% do total), pessoal ocupado total (10,6%), pessoal ocupado assalariado (11,1%), enquanto em salários e outras remunerações ficou na quarta posição (12,1%).

4.1.1 Economia do setor industrial

O segmento industrial é impulsionado, sobretudo, pelas atividades da cadeia produtiva do agronegócio de beneficiamento de grãos para fabricação de rações, abate e processamento de aves, beneficiamento de leite e produção de lácteos e a produção de açúcar e álcool. A indústria de transformação, com dezenove ramos de atividades, congregava, em 2016, 406 empresas, com 21,6% do pessoal ocupado total e 23,5% do pessoal ocupado

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assalariado do município. Os principais ramos são a fabricação de móveis (com 114 empresas formais e 2,5% do pessoal ocupado assalariado do município), a confecção de artigos do vestuário e acessórios (com 95 empresas e 3,3% do pessoal ocupado assalariado) e a fabricação de produtos alimentícios (com 60 empresas e 15,5% do pessoal ocupado assalariado). A indústria moveleira, principalmente a produção de móveis rústicos, cresceu consideravelmente nos últimos anos. Atualmente, segundo informações da Prefeitura, são 200 empreendimentos, a maioria de pequeno porte, metade ainda na informalidade e gerando cerca de 5.000 empregos diretos e indiretos.

4.1.2 Economia do setor comercial e de serviços

O setor comercial e de serviços local é impulsionado por duas atividades em que o município é referência na região, que são a saúde e a educação. Destaca-se ainda o comércio varejista e atacadista passense que atende a população residente do município e de outros 35 do entorno, abrangendo cerca de 400 mil habitantes. No que se refere ao comércio cabe notar que, em 2016, o setor respondia por 42,8% do número de empresas e outras organizações presentes no município de Passos, 30,9% do pessoal ocupado total, 28,4% do pessoal ocupado assalariado e 23,9% dos salários e outras remunerações pagos, conforme dados do CEMPRE/IBGE. O comércio por atacado (exceto veículos automotores e motocicletas) possuía 190 empresas e empregava 4,2% e 4,0%, respectivamente, do pessoal ocupado total e do assalariado do município. O comércio varejista totalizava 1.107 empresas e ocupava 22,2% do pessoal total e 20,4% do pessoal assalariado no município, com empresas presentes nos diversos segmentos. Atividades econômicas importantes no setor serviços de Passos, conforme dados do CEMPRE/IBGE são o transporte, armazenagem e correio que contava, em 2016, com a presença de 201 empresas. Destacam-se ainda a divisão Saúde humana e serviços sociais, especialmente as atividades de atenção à saúde humana com a presença de 204 empreendimentos, o setor de Alojamento e alimentação com 195 empresas, o ramo de Atividades profissionais, cientificas e técnicas com 170 empresas e o setor de educação com

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109 empresas.

4.1.3 Economia do setor rural

Em relação à produção agrícola, diversos produtos da lavoura temporária se destacam na pauta produtiva de Passos, como a cana-de-açúcar (1,12% do total da produção estadual), o feijão de cor em grão (0,98% do total), o milho em grão (0,83% do total), a soja em grão (0,54% do total) e a mandioca (0,30% do total). Dentre os produtos da lavoura permanente destacam-se a produção de café arábica em grão (0,30% do total do Estado) e banana (0,003% do total). As produções de leite, aves, bovinos e suínos formam a produção da pecuária local. Em 2017, o número de bovinos existentes totalizou 107.279 cabeças (0,55% do total do Estado) e o rebanho de suínos atingiu 45.680 cabeças (0,96% do total). Já o total de aves foi de 63.585 cabeças (0,53% do total). Em termos do estado, os destaques são os rebanhos de bubalinos (2,9% do total) e ovinos (1,1% do total). A produção de leite em Passos, em 2017, foi de aproximadamente 71 milhões de litros (0,80% do total do Estado), enquanto a produção de ovos atingiu 170 mil dúzias, participação de apenas 0,04% na produção estadual. O abate e processamento de frango e a industrialização da cana-de-açúcar são as atividades de transformação agropecuária que mais geram empregos, renda e tributos no município. De outro lado, o boi e, também, o café são comercializados sem nenhum processamento, o que gera pouca renda, tributos e empregos devido a baixa agregação de valor à produção.

4.1.4 Emprego e renda

Os principais setores geradores de emprego formal são, pela ordem, o setor de Serviços (inclusive setor público) com 42,8% do total, o Comércio com 29,8% do total e a Indústria de transformação com 18,3%. Em relação ao comportamento do emprego formal em Passos, verifica-se que, no período 2010-2017, o emprego cresceu 56,3% nos setores de Serviços industriais de utilidade pública (SIUP), 12,6% no Comércio e 16,0% nos Serviços. De outro lado, as Atividades

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primárias (-4,0%), Extrativa mineral (-25,0%), Indústria de transformação (-38,3%) e Indústria da construção (-43,1%) apresentaram queda no número de empregos. Em Passos, a taxa de emprego no setor formal1 passou de 21,30% em 2000 para 34,10% em 2010 e para 29,60% em 2017, ao passo que o rendimento médio dos ocupados no setor formal, a preços de dezembro de 2017, evoluiu de R$2.644,09 em 2000 para R$1.528,05 em 2010 e para R$1.764,26 em 2017.

4.1.5 Gestão e finanças públicas locais

4.1.5.1 Finanças públicas

As Receitas Correntes no período 2013-2018 oscilaram ano a ano. As receitas tributárias, arrecadadas pelo município, apresentaram trajetória semelhante. Em 2018 a arrecadação própria foi R$350,90 per capita, valor que poderá ser ampliado, se comparado com os municípios maiores de Minas Gerais, que arrecadam em média R$ 540,00 per capita. No período analisado apenas o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) apresentou crescimento constante. O FPM e o ICMS representam conjuntamente cerca de 35% das receitas anuais da Prefeitura Municipal. Considerando-se o IPVA os valores atingem aproximadamente 45%. Dentre as receitas próprias destacam-se os tributos IPTU e o ISSQN. As receitas próprias representam cerca de 18% das Receitas Correntes. O comportamento das receitas oriundas do ICMS, tributo devolvido aos cofres municipais, e das transferências intergovernamentais (FPM) contribuíram para melhoria do Índice de Desenvolvimento Tributário e Econômico (IDTE) de Passos. O valor deste Índice apurado em 2017 (última informação disponível) foi de 50,2%, o 103º melhor entre os 853 municípios mineiros, indicando média dependência dessas transferências intergovernamentais.

1 A taxa de emprego no setor formal corresponde ao número de ocupações no setor formal em 31 de dezembro, conforme declarado pelas empresas ao Ministério do Trabalho (RAIS), em relação à população de 16 a 64 anos de idade do município.

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4.1.5.2 Gestão pública Local

No nível local de governo se observa, com frequência, algumas características que dificultam, sobretudo os processos de gestão como a reduzida capacidade arrecadatória; baixa capacidade de investimentos; pessoal com pouca qualificação e capacitação; baixo grau de institucionalização; e, a responsabilidade regulada. É nesse cenário de diversidades financeiras, econômicas, sociais e dificuldades de gestão que se insere a gestão pública municipal de Passos. A situação, vem, ao longo dos últimos anos, acentuando e dificultado, sobremaneira, os processos de planejamento e implementação das políticas públicas e das atividades administrativas na Prefeitura. Evidencia-se, no entanto, a necessidade de alguns estímulos de políticas públicas e investimentos externos, do estado e da União, em setores básicos do desenvolvimento local. Para tanto, o executivo local juntamente com a iniciativa privada e a sociedade civil , deverão se aprimorar para buscar as condições necessárias ao incremento da economia e das finanças locais.

4.1.6 Proposições preliminares

4.1.6.1 Economia

V. Formular e implementar política de fomento ao desenvolvimento econômico e tecnológico dos setores primário, secundário e terciário do município; VI. Apoiar a comunidade empresarial por meio de planos, programas, projetos, informações, pesquisas e estudos, em especial elaborar e implementar Plano de Desenvolvimento Econômico para o município; VII. Fomentar o desenvolvimento econômico assegurando a preservação do meio ambiente; VIII. Incrementar a atratividade econômica de Passos, considerando suas vocações nos setores agropecuário, industrial e de serviços, como forma de assegurar emprego e renda à população; IX. Motivar e potencializar a criação de novos negócios; X. Estimular a criação, preservação e ampliação de micro e pequenas empresas, bem como de empresas de maior porte; XI. Estimular o aumento dos níveis de produtividade e competitividade da indústria, promovendo a inovação e o desenvolvimento tecnológico; XII. Atuar em conjunto com entidades acadêmicas, públicas e privadas, em projetos que proporcionem apoio às iniciativas inovadoras e capacitação de empreendedores;

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XIII. Reservar áreas para implantação de atividades econômicas, especialmente ao longo das estruturas rodoviárias; XIV. Desenvolver ações visando a criação do distrito moveleiro e iniciativas visando ampliar o grau de formalização do setor; XV. Promover a qualificação profissional da mão de obra local; XVI. Fomentar a agricultura familiar para contribuir no atendimento das necessidades alimentares da população de Passos; XVII. Incentivar a produção agrícola e agroindustrial, em especial de alimentos, com o desenvolvimento de atividades econômicas de baixo impacto ambiental e preservando as funções do território rural, como a biodiversidade, o abastecimento e a segurança alimentar; XVIII. Fomentar, em parceria com a Emater-MG e sociedade civil, política de assistência técnica e extensão rural com base no estimulo ao uso de técnicas de cultivo e produção sustentáveis e em metodologias participativas; XIX. Apoiar e intensificar as compras diretas de produtores locais visando o atendimento do mercado institucional (merenda escolar e outros); XX. Apoiar programas que permitam a comercialização direta com o consumidor, de produtos provenientes da agricultura familiar e da industrialização rural; XXI. Incentivar a formação de associações, grupos e cooperativas de produtores rurais e de agricultores familiares; XXII. Garantir as condições de acesso às áreas rurais, para facilitar o transporte de pessoas e o escoamento da produção agrícola; XXIII. Promover a efetiva proteção dos recursos hídricos, do solo e da vegetação com a indução da ocupação sustentável do território; XXIV. Elaborar e implementar Plano de Desenvolvimento Rural Sustentável.

4.1.6.2 Finanças públicas

I. Realizar o georreferenciamento das áreas urbanas para atualização dos cadastros do IPTU; II. Elaborar cadastro de prestadores de serviços; III. Atualizar o Código Tributário Municipal; IV. Discutir a possibilidade de retorno da cobrança da Contribuição de Iluminação Pública; V. Instituir a cobrança pela coleta de lixo nas áreas urbanas; VI. Rever os processos de lançamento, emissão de guias e cobrança dos tributos municipais – Gestão integrada de tributos.

4.1.6.3 Gestão pública

I. Elaborar o Planejamento Estratégico Municipal (PEM); II. Garantir a eficiência e a desburocratização da gestão pública na administração dos

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recursos e na execução de políticas econômicas setoriais e integradas.

4.2 Turismo

Passos apresenta potencialidades para o desenvolvimento turístico, com destaque para: • Localização próxima a atrativos e mercados turísticos de importância nacional; • Boa infraestrutura de acesso rodoviário, comunicação, saúde, segurança pública e educação; • Conjunto expressivo de atrativos culturais, atividades econômicas e eventos programados de relevância nacional; • Boa estrutura de serviços e equipamentos turísticos tais como agências de viagem e turismo receptivo; meios de hospedagem, restaurantes e bares com “relação custo- benefício” competitiva, dentre outros. • O maior potencial do turismo de Passos, em âmbito nacional, está no segmento cultural, sobretudo no desenvolvimento integrado das modalidades artístico-cultural e religioso, e no segmento de turismo de negócios e eventos, com foco nos setores de móveis rústicos, agropecuária e moda, e secundariamente no agroindustrial. Dentre os segmentos complementares que podem vir a ser desenvolvidos em Passos, com potencial mais regional, estão o turismo gastronômico e o rural. Outras modalidades de turismo complementares utilizando os recursos turísticos disponíveis em regiões próximas de Furnas e Canastra são o turismo náutico (em Furnas), de natureza, de aventura e esportes radicais. O ciclo-turismo de forma mais geral e o turismo pedagógico baseado nos bens culturais de Passos e nos recursos naturais da região de Furnas e Canastra poderiam também ser fomentados. Todavia, há limitações e desafios relacionados à gestão turística, infraestrutura, meio ambiente, serviços públicos, à oferta, comercialização e marketing turístico. Para superar essas limitações e desafios detalhados no diagnóstico e promover o desenvolvimento integrado, sustentável e socialmente inclusivo do turismo, a ação do poder público é fundamental. Apesar do esforço do poder público municipal nesse sentido, há deficiências na

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gestão do turismo que precisam ser superadas. A Secretaria de Indústria, Comércio e Turismo de Passos (SICTUR) dispõe de recursos humanos limitados para executar suas funções na área de turismo. Já o Conselho Municipal do Turismo (COMTUR) vem atuando pouco, sobretudo por falta de repasses significativos e contínuos da Prefeitura para o Fundo Municipal de Turismo (FUMTUR), inclusive os do ICMS turístico, que o município só agora pretende pleitear. Faltam políticas específicas para o turismo municipal e para a estruturação de seus diferentes segmentos, além de maior inclusão e promoção da cultura local na agenda turística. Passos não dispõe de uma base de dados e informações sobre a atividade turística, tais como estudos periódicos específicos de demanda turística e de projeções de fluxo turístico, além do Inventário da Oferta Turística atualizado, dentre outras. Apesar de haver um documento denominado de “Plano Turístico 2017-2020” estabelecendo alguns objetivos e ações operacionais, falta uma política mais orgânica de turismo orientada para o desenvolvimento inclusivo e sustentável da atividade e um documento mais completo e detalhado de Planejamento de Turismo Municipal (PMT) construído de maneira participativa. Buscando mitigar as limitações existentes e fomentar as potencialidades para o desenvolvimento turístico de Passos, conforme apontado no diagnóstico realizado, seguem, resumidamente, algumas proposições preliminares de objetivos, diretrizes e linhas de ações estratégicas para orientar o planejamento, gestão e desenvolvimento da área de turismo do município.

4.2.1 Objetivos gerais para área do turismo

• Desenvolvimento do turismo de forma integrada, sustentável e socialmente inclusiva, conforme diretrizes da Organização Mundial de Turismo (OMT) e Ministério do Turismo (MTUR), gerando mais emprego, renda e qualidade de vida para a população local; • Ampliar fluxo, tempo médio de permanência e gastos de turistas no município, sobretudo em dias de semana e na baixa temporada, de modo a reduzir a sazonalidade da atividade, respeitando-se a capacidade de carga do destino e de seus atrativos e objetivando alcançar um equilíbrio dinâmico entre oferta e demanda turística no desenvolvimento da atividade.

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• Dentro deste escopo, deve-se priorizar os segmentos do turismo cultural (histórico, artístico e religioso); negócios e eventos, sobretudo os relacionados à cultura e economia local (móveis rústicos, moda, agropecuária/agroindústria), dentre outros (gastronômico e o rural; náutico, de natureza, de aventura e esportes radicais, ciclo- turismo, turismo pedagógico).

A partir desses objetivos gerais, propõe-se algumas diretrizes e linhas de ações estratégicas específicas para a gestão e o desenvolvimento sustentável e inclusivo do Turismo em Passos, agrupadas em quatro temas: fortalecimento e a articulação institucional para o planejamento e a gestão do turismo; meio ambiente, infraestrutura e serviços públicos para o desenvolvimento turístico; desenvolvimento e estruturação de atrativos, roteiros, serviços e equipamentos turísticos; fomento à comercialização e marketing turístico do destino. Salienta-se que a implementação das diretrizes de fortalecimento e articulação institucional para o planejamento e a gestão do turismo é prioritária, na medida em que proporcionam as condições necessárias para investimentos consequentes nas demais áreas. Idealmente, os investimentos na diretriz de fomento à comercialização turística do destino por parte do poder público, em particular, deveriam ser incentivados de forma mais substantiva, apenas após a elaboração dos instrumentos de planejamento e gestão adequados do destino e a devida estruturação do produto turístico de Passos para um padrão de visitação sustentável.

4.2.2 Proposições preliminares

4.2.2.1 Diretriz 1: Fortalecimento e articulação institucional para a gestão do turismo

I. Dotar a SICTUR de estrutura organizacional e de pessoal capacitado para exercer funções de gestão do turismo municipal e provisão de informação turística; II. Promover a integração e articulação da SICTUR com demais secretarias municipais e instâncias governamentais relevantes para o turismo e com o Circuito Nascentes das Gerais e Canastra; III. Fortalecer os mecanismos da gestão participativa do turismo municipal, estimulando maior representatividade e capacitação do Conselho Municipal de Turismo (COMTUR) e através de dotações orçamentárias mais contínuas para o Fundo Municipal de Turismo (FUNTUR), em consonância com o planejamento do setor;

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IV. Estimular a formação de redes para a gestão do turismo municipal; V. Desenvolver uma base de dados e de informações sobre a atividade turística municipal, periodicamente atualizada (Inventário da Oferta Turística, estudos de demanda, de fluxo turístico e de capacidade de carga turística, dentre outros) e que pode vir a embasar a criação de um Observatório Municipal de Turismo; VI. Elaborar e executar o Plano de Turismo Municipal (PMT) em articulação com o COMTUR, de forma alinhada aos planos de turismo em nível regional estadual e nacional e ao Plano Diretor; VII. Articular, fomentar e desenvolver políticas, planos e ações sustentáveis e inclusivas para a estruturação dos segmentos de maior potencial turístico em Passos, em parceria com as instituições relevantes; VIII. O planejamento do turismo municipal e de seus segmentos deve também promover a integração da produção local à cadeia produtiva do turismo e o “turismo de base local”; IX. Articular, apoiar e fomentar a realização periódica de campanhas de sensibilização para o turismo sustentável voltado para a população, empresários e turistas, bem como de planos e ações de capacitação da mão-de-obra gerencial e operacional da atividade turística dos setores público, não governamental e privado; X. Buscar cumprir as exigências para que Passos esteja inserido devidamente tanto no Mapa do turismo do MTUR quanto na captação do ICMS turístico estadual, dentro dos devidos prazos; XI. Fomentar a participação e a captação de recursos e benefícios por parte do setor turístico municipal junto aos demais programas, ações de apoio e linhas de financiamento oferecidas nas esferas federal e estadual, orientando os potenciais interessados para esse fim.

4.2.2.2 Diretriz 2: Meio-ambiente, infraestrutura e serviços públicos para o desenvolvimento turístico

I. Articular com as instituições relevantes ações visando o monitoramento e a mitigação de questões e impactos ambientais que afetam recursos turísticos do município e de regiões próximas, que são importantes para o turismo de Passos; II. No caso de eventos turísticos, sugere-se a consolidação de uma política de fomento, maximizando os seus impactos positivos e minimizando os negativos, através de uma cartilha de orientação aos interessados, com as condições de realização; III. Articular com as secretarias municipais pertinentes medidas para maior arborização da cidade, visando melhorar a sensação térmica e a ambiência; IV. Fazer gestões junto aos órgãos municipais pertinentes, visando ampliar e tornar mais efetiva a fiscalização econômica e sanitária das atividades turísticas; V. Articular, junto aos órgãos municipais e demais instâncias pertinentes, ações visando sanar as limitações existentes para o turismo em termos de acessibilidade e transporte inter e intra-municipal, sinalização rodoviária e turística;

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VI. Apoiar esforços regionais de captação de recursos visando à pavimentação da estrada de S. J. B. do Glória a Delfinópolis, o que a transformaria em importante via turística, aproximando Passos de outras áreas de acesso ao Canastra e ao triângulo mineiro.

4.2.2.3 Diretriz 3: Desenvolvimento e estruturação de atrativos, roteiros, serviços e equipamentos turísticos

I. Fomentar e apoiar iniciativas de estruturação e melhorias de atrativos turísticos para a visitação, relacionadas à estrutura física e estado de conservação, gestão e capacitação de pessoas, adoção de práticas sustentáveis, sinalização turística e interpretativa inteligente e interativa, materiais de informação e divulgação, acesso a wi-fi, dentre outros itens de agregação de valor turístico. Deve-se priorizar os atrativos de maior potencial turístico, identificados no diagnóstico do Plano Diretor e em eventuais estudos complementares; II. Articular a promoção e realização de novos eventos, sobretudo em meses de baixa temporada, priorizando iniciativas baseadas na cultura local que possam contribuir para a promoção e o posicionamento do destino no mercado e para o fomento do turismo; III. Incentivar a realização de eventos permanentes, sobretudo noturnos, de forma a auxiliar a composição de pacotes de turismo e a ampliação dos gastos turísticos no município; IV. Fomentar e apoiar projetos de desenvolvimento e estruturação de roteiros turísticos, priorizando os associados aos segmentos e atrativos de maior potencial no município; V. Promover uma melhor integração da oferta turística em Passos, através de atividades de sensibilização e utilização de redes voltadas para empreendedores turísticos; VI. Fomentar e apoiar a elaboração e a execução de programas e ações de incentivo à gestão ambiental responsável, à gestão da qualidade e à qualificação em geral dos atrativos, serviços e equipamentos turísticos do município; VII. Fomentar a formalização da atividade turística, incentivando serviços e equipamentos turísticos do município a se cadastrarem no CADASTUR do MTUR; VIII. Estruturar um ou mais Centro(s) de Atendimento Turístico em Passos, em lugar(es) de fácil acesso a turistas; IX. Promover a atração e ampliação de investimentos que complementem e qualifiquem a oferta de atrativos, serviços e equipamentos de turismo existentes, sempre que oportuno, a partir de ações de sensibilização de potenciais empreendedores para oportunidades de negócios, financiamentos e outras formas de incentivos, inclusive fiscais.

4.2.2.4 Diretriz 4: Fomento à comercialização e marketing turístico do destino

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I. Planejar e executar o investimento em comunicação e marketing turístico de Passos, de forma alinhada as recomendações de conteúdo do MTUR; II. Para subsidiar este processo, sugere-se que o município participe da Rede de Inteligência do Mercado no Turismo (RIMT) criada em âmbito nacional; III. De forma alinhada ao Plano Diretor, sugere-se priorizar a divulgação de Passos não apenas como polo regional, destino de turismo de negócios e eventos e base de exploração para a região de Furnas e do Canastra, mas também como destino de turismo cultural, com foco nos atrativos históricos, artístico e religiosos; IV. A divulgação, contudo, deve privilegiar os produtos de maior potencial turístico identificados no diagnóstico do Plano Diretor e que estejam mais preparados para receber turistas de forma satisfatória e sustentável, utilizando diferentes canais institucionais (Prefeitura, circuito, Setur-MG), mercadológicos, e de comunicação digital, junto a mercados efetivos e potenciais a serem pesquisados.

4.3 Cultura

4.3.1 A política cultural em Passos

O Sistema Municipal de Cultura de Passos foi implementado em 2014, seguindo as orientações do Sistema Nacional de Cultura. Foram então criados o Conselho Municipal de Política Cultural (CMPC) e o Fundo de Cultura. Em 2015, o município realizou a primeira Conferência Municipal de Cultura, na qual foram definidas diversas propostas de ações para o setor, algumas delas realizadas, como a revitalização do Centro de Memória - Estação Cultura, a manutenção e tombamento dos patrimônios culturais materiais e imateriais e o registro de manifestações populares. A Secretaria Municipal de Cultura e Patrimônio Histórico é o setor responsável pela política cultural e possui uma estrutura administrativa bastante reduzida. Dessa forma, a política cultural desenvolve-se por meio da atuação do CMPC e do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural (CMPHC), com recursos de diversas parcerias. O CMPC tem como função elaborar as diretrizes para a política pública de cultura do município. Entre suas ações destaca-se a realização de diagnósticos e pesquisas na área cultural, em suas diversas manifestações, envolvendo artistas e agentes culturais e suas principais demandas, destacando-se entre essas demandas as relativas a recursos financeiros e de incentivos para as diversas áreas e para formação e capacitação, espaços para apresentação e visibilidade para os segmentos culturais. Pretende-se criar uma política de

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incentivo fiscal e de editais visando captar recursos da iniciativa privada e pública para apoiar um número maior de projetos culturais. Um ponto apontado como fragilidade no município foi a ausência de uma política de cultura clara, o que geraria uma dependência dos grupos culturais das relações pessoais com a prefeitura. Outro problema apontado refere-se ao fato de os dois conselhos do setor não terem representação um no outro, dificultando a interlocução entre ambos. A cidade possui diversos equipamentos culturais e um calendário cultural diversificado, com eventos realizados em todos os meses do ano, entre os quais se destacam os religiosos católicos e afrodescendentes (sincretizados com a religião católica), como as Festas do Reinado Cavalhada (com 184 anos de existência) e o Congado de Moçambique (164 anos).

4.3.2 A política de patrimônio cultural em Passos

A política municipal de proteção ao patrimônio em Passos teve início em 1997, com a criação do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural (CMPHC). O órgão responsável é a Secretaria Municipal de Cultura e Patrimônio Histórico (SMPH), que não possui um setor especialmente dedicado ao patrimônio cultural, se destacando a atuação do CMPHC, que é deliberativo e se orienta pelas recomendações do IEPHA/MG. A política de patrimônio sustenta-se financeiramente por parcerias e, sobretudo, pelo Fundo Municipal do Patrimônio Cultural (Fumpac), que recebe os recursos provenientes do ICMS Cultural, que estruturam financeira, administrativa e tecnicamente o trabalho, desenvolvido desde 2016 por serviços terceirizados de consultoria. O município não conta com uma política municipal de arquivos que garanta a proteção dos documentos públicos e privados de interesse.2 Um exemplo são as condições inseguras de preservação e acesso ao próprio acervo do CMPHC e do ICMS Patrimônio Cultural.

2 Um exemplo de boa prática na cidade é o projeto desenvolvido pela Congregação Redentorista da Santa Casa de Misericórdia no tocante à preservação de sua memória institucional.

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Nas ações de educação patrimonial e difusão do patrimônio, constatam-se ações como palestras, visitas guiadas e técnicas voltadas para alunos da UEMG.3 Além da publicação de um Guia dos Bens Tombados em formato digital para uso interno da Prefeitura, em 2019 foi publicado o Guia 2019 do Patrimônio Histórico e Artístico de Passos, para ser distribuído para a população. Tanto o inventário como a proteção dos bens culturais concentram-se em edificações públicas. Com o tempo, passaram a incorporar bens móveis, arquivísticos, imateriais e naturais. Apenas um bem imaterial foi registrado, a Folia de Reis da comunidade de Mumbuca. Constatou-se a necessidade de ampliação e diversificação dos bens culturais a serem protegidos, como exemplo o Presépio Mecanizado Walter Pinto, representativo desta forte tradição mineira. O cadastro também no Circuito de Presépios e Lapinhas de Minas Gerais, criado pelo IEPHA/MG, pontua no Programa ICMS Patrimônio Cultural. Em termos de localização dos bens protegidos no contexto espacial, é grande a concentração no chamado centro, onde se observa a configuração de uma zona de rememoração do patrimônio cultural e urbano da cidade. Destacam-se as duas praças principais, a Praça da Matriz e a Praça Geraldo da Silva Maia, e respectivos entornos. Os percursos dos festejos religiosos e desfiles também costuram ligações orgânicas entre esses bens. Em torno da Praça Geraldo da Silva Maia, é possível identificar um lugar de memória, além de um centro cívico que abriga importantes equipamentos públicos e culturais. Também a Praça da Matriz, como é conhecida, concentra parte importante da memória urbana da cidade. A Igreja Matriz Senhor Bom Jesus dos Passos tem muitos bens inventariados, mas não é protegida pelo tombamento, a despeito de seu valor simbólico, artístico, religioso e urbano. Além dos riscos de roubo e incêndio, outra ameaça é a pressão imobiliária pela construção de edifícios na vizinhança da igreja, comprometendo sua visibilidade e monumentalidade. Observa-se a necessidade de superação desses obstáculos para a proteção integrada na região, adotando-se, além dos mecanismos de proteção, os instrumentos de regulação e intervenção ambiental e urbana.

3 O Centro de Memória Social e História Natural da (CMSHN) da UEMG de Passos foi inaugurado em 2019. Sua função museológica coexiste com sua função prioritária que é ser suporte de treinamento para estudantes do curso de História para que aprendam a lidar com patrimônio.

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Outros bens edificados de grande significado em Passos é a Capela Nossa Senhora da Penha e o complexo da Estação Cultura. Este se compõe de edificações históricas e de uma área livre, formando um conjunto arquitetônico, urbanístico, paisagístico e documental. Observa-se um expressivo potencial para uma ação cultural integrada. O universo rural é parte fundamental da história de Passos. A identificação de fazendas como bens culturais é significativa no conjunto dos bens inventariados, além de alguns bens móveis. Observa-se potencial para um turismo rural em diversas fazendas do município, para se conhecer os processos de cultivo e fabricação do café, entre outros. A conjugação do valor histórico das edificações, da cultura tradicional e da beleza paisagística da região pode contribuir para a construção de percursos turístico-culturais. Outra dimensão da vida rural constitutiva da cultura de Passos são as práticas tradicionais das comunidades rurais, merecedoras de maior investimento público na sua proteção. Destacam-se as práticas devocionais católicas e sincréticas, representadas nos espaços religiosos das igrejas de Nossa Senhora Aparecida e Senhor Bom Jesus do Livramento e em Festas da Folia de Reis e do Doce. O inventário e proteção de sítios naturais e arqueológicos, ainda incipientes, poderiam ser fortalecidos, merecendo destaque, pelo seu potencial científico e memorativo, as ruínas do Cemitério dos Toledos.

4.3.3 Proposições preliminares

4.3.3.1 Diretrizes para a política municipal de cultura e patrimônio cultural

I. Proteção ao patrimônio histórico, cultural e religioso e valorização da memória e o sentimento de pertencimento à cidade; II. Valorização das áreas de patrimônio cultural com a proteção e recuperação de imóveis e locais de referência para a população da cidade, estimulando usos e atividades compatíveis com a preservação; III. Estímulo à pesquisa e ao registro das obras e monumentos que apresentem valor histórico, artístico, cultural, arquitetônico e científico.

4.3.3.2 Ações para a implementação de políticas públicas de cultura e patrimônio cultural

I. Dotar a Secretaria Municipal de Cultura e Patrimônio de infraestrutura adequada, quadro mínimo de pessoal qualificado e recursos orçamentários;

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II. Promover a implementação do Plano Municipal de Cultura, seguindo as orientações previstas na I Conferência Municipal de Cultura, criando instrumentos e definindo prazos para a efetivação de ações proposta;. III. Estimular maior participação da sociedade civil nas instâncias de formulação e deliberação das políticas de cultura e patrimônio, especialmente nos conselhos municipais; IV. Fortalecer a atuação do Conselho de Política Cultural e do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural; V. Aprimorar as parcerias, ações transversais e programas integrados entre as políticas públicas nas áreas de cultura, patrimônio cultural, turismo, educação, esporte, juventude e lazer; VI. Promover maior integração dos veículos de comunicação existentes com a política cultural local; VII. Promover efetivas parcerias com as demais secretarias municipais, em especial com os órgãos municipais de planejamento e controle; VIII. Promover a articulação com os conselhos setoriais, como os Conselhos de Habitação, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Trânsito e Transportes, Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental e Planejamento visando à proteção e preservação dos bens culturais em todas as suas categorias; IX. Apoiar iniciativas da sociedade civil no tocante à preservação dos seus próprios bens culturais; X. Desenvolver estudos sobre o estabelecimento de Áreas Especiais de Preservação Cultural, tendo a seguinte referência: a) Bens Imóveis Representativos (BIR) - elementos construídos, edificações e suas respectivas áreas ou lotes, com valor histórico, arquitetônico, paisagístico, artístico, arqueológico e/ou cultural, inclusive os que tenham valor referencial para a comunidade; b) Áreas de Urbanização Especial (AUE) - porções do território com características singulares do ponto de vista da morfologia urbana, arquitetônica, paisagística, ou do ponto de vista cultural e simbólico, ou conjuntos urbanos dotados de identidade e memória, possuidores de características homogêneas quanto ao traçado viário, vegetação e índices urbanísticos, que constituem documentos representativos do processo de urbanização de determinada época; c) Áreas de Proteção Paisagística (APPa) - sítios e logradouros com características ambientais, naturais ou antrópicas, tais como parques, jardins, praças, monumentos, viadutos, pontes, passarelas e formações naturais significativas, áreas indígenas, entre outras; d) Área de Proteção Cultural (APC) - imóveis de produção e fruição cultural, destinados à formação, produção e exibição pública de conteúdos culturais e artísticos, como teatros e cinemas de rua, circos, centros culturais, residências artísticas e assemelhados, assim como espaços com significado afetivo, simbólico e religioso para a comunidade, cuja proteção é necessária à manutenção da identidade e memória do Município e de seus habitantes, para a dinamização da

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vida cultural, social, urbana, turística e econômica da cidade.

4.3.3.3 Ações propostas quanto ao desenvolvimento cultural

I. Aprimorar e manter a agenda cultural do município atualizada, envolvendo a participação efetiva da comunidade; II. Realizar o levantamento dos grupos e espetáculos de teatro, música e literatura, para o planejamento cultural do município de Passos; III. Promover estudos para o desenvolvimento da economia criativa, nas áreas de culinária local e artesanato; IV. Promover parcerias efetivas com as Secretarias de Educação e de Turismo, visando projetos de educação patrimonial, educação ambiental e turismo cultural; V. Promover a integração dos espaços culturais existentes; VI. Estruturar em termos legais e planejar os eventos do Mercado Cultural de forma a abranger o maior grupo de artistas e a comercialização de produtos de origem local, estabelecendo editais para os eventos planejados, com acesso a toda a comunidade; VII. Criar roteiros turístico-culturais correlacionados aos bens culturais tombados e registrados, com o suporte dos eixos viários, integrando meio ambiente, patrimônio, culinária e festas, estimulando os proprietários envolvidos a atuar em consonância com a preservação desses bens e valorizando a mão de obra local.

4.3.3.4 Ações propostas quanto à proteção do patrimônio documental

I. Implantar uma política municipal de arquivos com a criação de um Arquivo Público Municipal, segundo legislação e normas estabelecidas nacionalmente; II. Preservar a documentação do ICMS Cultural, garantindo sua preservação e acesso público; III. Identificar e criar mecanismos de proteção dos acervos privados de interesse público, como aqueles guardados nas escolas, igrejas, associações e famílias; IV. Promover a proteção do acervo documental relativo à memória do espetáculo teatral Paixão de Cristo; V. Promover a proteção do acervo documental e museológico das festas do Congo, Moçambique e Reinado.

4.3.3.5 Ações propostas quanto à proteção das estruturas urbanas e arquitetônicas e o patrimônio ambiental urbano

I. Promover a proteção das áreas de interesse cultural no centro urbano de Passos como o complexo das praças, adotando medidas em consonância com a legislação urbanística e ambiental, como controle altimétrico, compensações e incentivos aos proprietários de bens particulares inventariados e/ou tombados; II. Promover estudos sobre a paisagem urbana considerando vistas e conexões

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significativas a partir do bem tombado e/ou inventariado para definição do entorno a ser protegido, quando necessário, quanto a padrões de ocupação, infraestrutura adequada e possíveis atividades econômicas, atendendo a critérios de sustentabilidade e garantindo a proteção do patrimônio arquitetônico e cultural; III. Promover a proteção da Igreja Matriz Senhor Bom Jesus dos Passos, propondo seu tombamento e do seu entorno, incluindo a Praça da Matriz; IV. Promover estudos para o tombamento estadual da Capela de Nossa Senhora da Penha; V. Garantir a integridade física dos bens arquitetônicos, bens integrados e bens móveis protegidos, com a instalação e/ou manutenção de sistemas de prevenção de incêndio e de roubo e, quando for o caso, com a instituição de Termo de Ajustamento de Conduta Cultural para proprietários de imóveis protegidos que tenham sofrido abandono ou alterações nas características que motivaram a proteção, visando à recomposição dos danos causados ou outras compensações culturais.

4.3.3.6 Ações propostas quanto à proteção do patrimônio imaterial

I. Promover o inventário das manifestações tradicionais e populares, especialmente das culturas afrodescendentes e indígenas remanescentes; II. Promover o registro como bem imaterial das festas de Congo e Moçambique e Reinado; III. Incluir o bem cultural Presépio Mecanizado Walter Pinto no Cadastro de Presépios e Lapinhas do IEPHA/MG.

4.3.3.7 Ações propostas quanto à difusão e educação para o patrimônio

I. Fortalecer ações de difusão e educação patrimonial no município, envolvendo os mais diversos grupos, tais como servidores públicos, idosos, jovens, crianças, comunidades periféricas e rurais; II. Promover a parceria com as escolas municipais e estaduais para a implementação de programas permanentes de educação patrimonial, valorização da cultura e da memória locais, disciplina de história local, entre outras; III. Promover parceria com a UEMG, especialmente no curso de História e no Centro de Memória Social e História Natural, para a formação de professores.

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4.4 Esporte e lazer

4.4.1 O esporte e lazer em Passos

O esporte e o lazer vêm recebendo apoio da Prefeitura com a criação da Secretaria de Esportes, Lazer e Juventude, no ano de 2008, como também e na oferta de práticas esportivas competitivas e atividades de lazer voltadas, principalmente a terceira idade. Outro ponto importante foi a reativação do Conselho Municipal de Esporte garantindo a participação da sociedade civil. O Fundo Municipal de Esporte foi criado pela Lei nº 3181/2015, entretanto não se encontra em funcionamento por não ter a inscrição do CNPJ na Receita Federal. A inscrição depende de o Conselho ter a função de deliberativo e não apenas consultivo. Para a mudança, é necessária uma alteração da lei de criação do Conselho e do seu regimento interno. O Conselho já aprovou as mudanças e está aguardando aprovação da Câmara de Vereadores. As principais atividades esportivas praticadas no município são: o futebol amador, skate, Bice-Cross, Futebol Varzeano (Várzea), handebol, basquete, natação, futsal, capoeira, jiu-jitsu, karaté, atletismo. A maioria das atividades é competitiva. Os destaques são a Escolinha de Futebol da Prefeitura e o Programa Vida Melhor. A Prefeitura, por intermédio da Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude disponibiliza o espaço do Ginásio da Praça de Esportes e quadras dos bairros. As caminhadas são de grande interesse da população, e um dos locais é a Avenida Sabiá. A Prefeitura, com o intuito de facilitar a pratica desse esporte, vem analisando a possibilidade de fechar o trânsito da Avenida Sabiá, entretanto um dos problemas nesse local é a falta de iluminação pública. O município dispõe de um número razoável de espaços para a prática de esportes, mas a maioria encontra-se abandonada, degradada, localizada próxima a ponto de drogas e/ou desarticulada das regiões de demanda. As poucas quadras em funcionamento são administradas em parceria com escolas ou com associações de bairro. As poucas parcerias da Prefeitura são com o Clube Passense de Natação (CPN), que disponibiliza espaço de treinamento para os alunos atletas de várias modalidades que sobressaem nas escolas municipais principalmente, na escola de futebol e futsal da

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Prefeitura; e com a Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB), que oferece atividade para 120 crianças: natação, futebol, robótica, xadrez. É importante registrar que ambas as instituições exigem que os alunos estejam frequentando a escola. A Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) é um parceiro em potencial, já que conta com uma unidade do curso de educação física em Passos. A Prefeitura vem trabalhando a implantação de dois núcleos do Programa Segundo Tempo no CEU (Centro Integrado dos Esportes e das Artes), mas tem encontrado dificuldades na liberação de recursos do governo federal para contratação de profissionais. A atividade desportiva também está presente na área rural. A população conta com a Olimpíada Rural que acontece no mês de setembro. A competição é organizada pelo Sindicato Rural em parceria com a Prefeitura. São oito comunidades participantes. A competição apresenta o futebol society, atletismo e modalidades próprias do mundo rural: concurso de berrante, de locutor de rodeio, pega leitão, festival de dança, desfile de miss. Essas comunidades também contam com atividades como Corrida Cross Country com a participação das escolas rurais, a Cavalhada, a Queima do Alho, além do campeonato Varzeano. As ações de lazer no município são promovidas principalmente pelas Secretarias de Cultura, Educação e Saúde. A participação da Secretaria Municipal de Esportes se dá na disponibilização de espaços públicos e profissionais de esporte.

4.4.2 Proposições preliminares

4.4.2.1 Diretrizes

I. Democratização do acesso à prática das atividades de esporte e lazer como direito constitucional; II. Participação da sociedade na definição da política de esportes e lazer; III. Informação contínua das ações de esporte e lazer para a sociedade; IV. Conscientização da importância e incentivo à prática de atividades de esportes e lazer; V. Descentralização de ações para o atendimento às demandas, considerando recortes territoriais e, em especial, situações de vulnerabilidade.

4.4.2.2 Ações relativas à gestão da política de esportes e lazer

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I. Estimular a gestão participativa entre os atores locais direta e indiretamente envolvidos com o esporte e/ou lazer; II. Garantir dotação orçamentária, de recursos humanos e capacitação específica que exerça e desenvolva as funções relativas ao esporte e ao lazer; III. Alinhar as ações de incentivo ao esporte promovidas pelos governos federal e estadual; IV. Implementar o Fundo Municipal de Esportes, com definição de fontes de recursos; V. Realizar a Conferência Municipal de Esporte e Lazer; VI. Elaborar o Plano Municipal de Esporte e Lazer; VII. Integrar ações da Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude às demais secretarias municipais, em especial na área da cultura, educação, saúde e assistência; VIII. Promover e consolidar parcerias com a iniciativa privada, associações de bairros e interessados afins à prática esportiva e recreativa.

4.4.2.3 Ações relativas ao esporte

I. Promover campanhas de conscientização da importância da prática regular de atividade física para a redução do risco de doença cardíaca coronária, diminuição do risco de infarto, câncer de cólon, diabetes e pressão alta entre outras doenças, como também para a diminuição dos índices de violência; II. Avaliar e potencializar o uso das Academias ao Ar Livre; III. Promover o Padrinho Esportivo como trabalho colaborativo e voluntário de assistência a crianças e adolescentes pertencentes a grupos de risco; IV. Promover o Talento Esportivo entre alunos atletas, praticantes de modalidades olímpicas ou não e paraolímpicas, proporcionando melhores condições de treinamento, alimentação e, sobretudo, melhor qualidade de vida a esses jovens, aprimorando aqueles que representam ou irão representar o município em competições esportivas; V. Avaliar e promover o aumento do número de vagas das escolas de esportes mantidas pela Prefeitura; VI. Promover o Marketing Esportivo, avaliando o potencial do mercado de consumidores para atração de patrocinadores, geração de emprego e renda e turismo, em competições, venda de ingressos, material esportivo, contratação de pessoal, hospedagem e alimentação, entre outros; VII. Avaliar, recuperar e manter a qualidade dos espaços para a prática de esportes existentes no município; VIII. Avaliar e promover a ampliação da oferta de infraestrutura de equipamentos públicos esportivos qualificados, incentivando a iniciação esportiva, principalmente em áreas de vulnerabilidade social do município.

4.4.2.4 Ações relativas ao lazer

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I. Promover campanhas de conscientização da importância do ócio como atividade de combate ao stress físico, mental e psicológico e a na consolidação de relações pessoais; II. Aprofundar conceitos e conteúdos acerca do esporte e do lazer no contexto do envelhecimento bem sucedido; III. Descentralizar os eventos, com o propósito de propiciar a participação da população residente nas áreas distantes do centro da cidade; IV. Nortear ações de lazer e esporte recreativo para públicos diferenciados por faixa etária, gênero e pessoas portadoras de deficiência físicas e mentais; V. Promover atividades lúdicas itinerantes como teatro de bonecos, tenda de brincar, brinquedoteca, circo, gincana, festas, entre outros; VI. Promover atividades de recreação e entretenimento, organizadas na forma de oficinas, com local e horário pré-estabelecidos, de caráter permanente e/ou rotativo, de acordo com as características e interesses da comunidade; VII. Promover eventos de acordo com comemorativas como festas nacionais, carnaval, festas juninas, festivais esportivos, férias escolares, festas folclóricas, entre outros; VIII. Fomentar o envolvimento de lideranças comunitárias que já desenvolvem atividades esportivas e de lazer como capoeiristas, bailarinos, artistas plásticos, músicos, atores, entre outros, nas comunidades a serem atendidas; IX. Avaliar, recuperar e manter e/ou ampliar os espaços de convivência social como as praças, as quadras, os salões paroquiais, os ginásios esportivos, os campos de futebol, os clubes sociais.

5 DESENVOLVIMENTO SOCIAL

Esta seção aborda as políticas sociais de educação, de saúde e de assistência, e inclui a política de segurança pública, pela sua transversalidade em relação às demais políticas públicas e sociais e pela sua contribuição na promoção do bem estar das pessoas, sendo fundamental conhecer as capacidades locais que podem contribuir para a prevenção para a mitigação dos problemas de violência e criminalidade que afetam as comunidades.

5.1 Educação

5.1.1 Panorama da educação em Passos

Em Passos, a área da educação está bem estruturada, com uma gestão qualificada e comprometida com resultados. Os alunos da rede municipal possuem um acompanhamento pedagógico individualizado, com intervenções de aprendizagem durante

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o processo de desenvolvimento curricular. De acordo com o censo escolar de 2018, a rede municipal é responsável pela totalidade das matrículas públicas da educação infantil, 66,2% das matriculas públicas dos anos iniciais do ensino fundamental e 16,5% dos anos finais do fundamental. O ensino médio público é ofertado em sua maioria pelas escolas estaduais, sendo que o instituto federal responde por 7,8% das matriculas. Grosso modo, a distribuição das matrículas por rede de ensino em Passos segue o arranjo federativo estabelecido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)4. A totalidade dos alunos matriculados em creche está em regime integral, já na pré-escola, o percentual de alunos em tempo integral é de aproximadamente um ⅕. No ensino fundamental, seja nos anos iniciais ou finais, o período integral é mais presente na rede estadual, sendo que na rede municipal este alcança 7,3% nos anos iniciais e 5,6% nos anos finais. A maioria das escolas conta com boa estrutura física (bibliotecas, quadras e internet) e professores com formação superior. O transporte escolar é terceirizado, com vistoria semestral. O atendimento à zona rural foi solucionado com a nucleação em escolas de territórios próximos, com oferta do transporte escolar. Um ponto que foi mencionado como um entrave ao bom desenvolvimento das escolas municipais é a forma pouco democrática para a nomeação dos diretores e vice- diretores. Atualmente, a Secretaria Municipal de Educação (SME) indica os diretores, sem a participação da comunidade escolar, ou seja, não há eleição. Em alguns casos, foram nomeados para diretor, professores que não eram da escola, o que gerou conflitos internos. Da mesma forma, a nomeação do vice-diretor nem sempre é feita pelo diretor. Nas escolas estaduais, a escolha do diretor ocorre de forma mais democrática, com eleições. Vários projetos são desenvolvidos pelas próprias escolas por iniciativa própria ou em parceria com instituições de ensino superior ou outras instituições, como o Centro de Aprendizagem Pró Menor de Passos (CAPP), a Associação Atlética do Banco do Brasil

4 A LDB estabelece a organização dos sistemas de ensino, em que cabe aos estados assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, o ensino médio a todos que demandarem; aos municípios oferecer a educação infantil, em creches e pré-escola, e, com prioridade, o ensino fundamental; e à União, organizar o sistema federal de ensino dos territórios.

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comunidade (AABB comunidade) e outras. Essas parcerias são um ponto bastante positivo, por envolver atores fora da área educacional, demonstrando um comprometimento da sociedade com a questão. Cabe destacar a relação da SME com as instituições de ensino superior, principalmente a Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) e o IFSULDEMINAS, que se dá principalmente por meio da contratação de estagiários para auxiliar as escolas, disponibilização de espaços, como o laboratório de ciências, para alguns projetos, como o de robótica e de monitoria em algumas escolas, e para cursos de capacitação para os docentes, sendo o mais recente o de primeiros socorros. Para além dessas parcerias, a integração entre setores da própria gestão municipal não é uma diretriz da SME, acontecendo pontualmente ou por iniciativa das escolas. Da mesma forma, não há uma articulação muito efetiva entre a SME e a Superintendência Regional da Educação (SRE), com poucos projetos e ações em parceria. Além do Conselho Municipal de Educação (CME), estão formados os conselhos de Alimentação Escolar e do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB). O CME cumpre seu papel regimental, atualmente com reuniões sem periodicidade definida, atendendo a solicitação de demandas. Ressalta-se que o papel de um conselho municipal vai além das questões regulamentares e legais constituindo-se num espaço de discussão e participação sobre as questões afetas a sua área de atuação, independente de governos. O CME de Passos, com uma composição que envolve as redes municipal e estadual do ensino básico, além das instituições públicas de ensino superior, é um fórum adequado para debater e buscar aprimoramento permanente e qualificado da educação no município, e deve buscar envolver mais professores e a própria comunidade educacional. Os indicadores educacionais de cobertura, acesso, rendimento e qualidade, calculados com dados secundários, apontam que Passos possui indicadores melhores que os de Minas Gerais, e, quando comparado com os municípios limítrofes, ficam em posição intermediária, porém, há grande heterogeneidade entre as escolas. Ademais, alguns problemas ainda persistem. Se por um lado, a pré-escola já está universalizada, com 100% das crianças de quatro e cinco anos de idade atendidas, porém, a maioria em tempo parcial, por outro, a oferta de creches para crianças de zero a três anos está aquém da demanda. Para as outras etapas de ensino percebe-se uma alta taxa de

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distorção idade-série nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio, consequência da alta reprovação nestas etapas de ensino e do abandono no ensino médio. Também é alta a evasão escolar de jovens, principalmente entre aqueles com maior vulnerabilidade social, que pode ter como uma das causas a baixa oferta de cursos noturno, o que dificulta a conciliação entre trabalho e estudo. Com relação a qualidade do ensino ofertado, observa-se uma melhora do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) nos anos iniciais do ensino fundamental, tanto na rede municipal quanto estadual, ultrapassado as metas estabelecidas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Entretanto, nos anos finais do fundamental, ocorreu uma queda no agregado das escolas municipais e estagnação nas escolas estaduais, e, em ambas, não se alcançou a meta estabelecida. No ensino médio, os dados não permitem fazer uma análise da evolução, contudo, os resultados de 2017 demostram a baixa qualidade neste nível de ensino na rede estadual, que engloba quase a totalidade da oferta nesse nível de ensino, com valor abaixo dos demais níveis de ensino, embora o valor seja um pouco maior que a média do estado. Por fim, ressalta-se que entre as dificuldades elencadas pelos entrevistados no trabalho de campo, a que mais afeta a dinâmica escolar é a vulnerabilidade social dos alunos nas escolas que atendem a população de bairros periféricos e mais vulneráveis. Os projetos de tempo integral são vistos como centrais no trabalho de resgate da autoestima desse público e como forma de diminuir a exposição a riscos sociais e de outra ordem fora do ambiente escolar, presentes no cotidiano de crianças e adolescentes. O papel da direção das escolas nessa questão e seu comprometimento com iniciativas de enfrentamento de conflitos, mantendo o respeito aos alunos mostrou-se crucial, conforme relatos de entrevistados em escolas.

5.1.2 Proposições preliminares

Considerando os aspectos analisados no diagnóstico da área de educação, foram elencadas as seguintes propostas para a área de educação em Passos: I. Promover maior interação com a rede estadual, com vistas a criar uma visão unificada e ações integradas em relação à política de educação para o município; II. Manter os programas pedagógicos existentes e criar mecanismos institucionais que

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garantam a sua continuidade em gestões futuras; III. Expansão da educação infantil para crianças de 0 a 3 anos, em período integral, com vistas a atingir a meta 1 do Plano Municipal de Educação, que corresponde a atender, no mínimo, 50% das crianças de até 3 anos; IV. Ampliar o tempo integral da pré-escola, correspondente a crianças de 4 e 5 anos, preferencialmente em bairros socialmente vulneráveis;. V. Aumentar a oferta da escola integral para o ensino fundamental, preferencialmente em escolas de bairros socialmente vulneráveis; VI. Cooperar com a Secretaria de Estado da Educação no aumento da oferta da escola integral para o ensino médio, preferencialmente em escolas de bairros socialmente vulneráveis; VII. Realizar, em conjunto com a Secretaria de Estado da Educação, estudo da demanda potencial para o ensino médio noturno, com vistas a atendê-la; VIII. Assegurar, juntamente com a Secretaria de Estado da Educação, a oferta da Educação de Jovens e Adultos do ensino fundamental e médio, articulada à educação profissional; IX. Intensificar as ações intersetoriais com saúde, assistência social, cultura e esportes, visando à prevenção dos agravos oriundos da vulnerabilidade social dos alunos; X. Rever a forma de nomeação dos diretores e vice-diretores das escolas municipais, com vistas a tornar o processo mais democrático e participativo; XI. Manter e fortalecer as parcerias com as instituições públicas de ensino superior de Passos; XII. Fomentar a participação popular e da comunidade escolar no processo de discussão e deliberação das políticas de educação por meio de reuniões ordinárias do Conselho Municipal de Educação; XIII. Fortalecer, por meio do Conselho Municipal de Educação, o acompanhamento e monitoramento do Plano Municipal de Educação, com vistas a garantir o cumprimento das suas metas.

5.2 Saúde

5.2.1 Panorama da saúde em Passos

Na saúde, a Atenção Básica ou Primária deve ser considerada o grande pilar, na medida em que promove atenção integral mediante intervenções promocionais, preventivas, curativas, cuidadoras, reabilitadoras e paliativas, prestando atenção oportuna, em tempos e lugares, fazendo a ligação entre as atenções secundária (média complexidade) e terciária (alta complexidade). Dessa forma, o município é a base territorial de planejamento de atenção primária à saúde, englobando o Programa Saúde da Família (PSF). A microrregião de

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saúde, com base territorial de planejamento da atenção secundária à saúde, oferta serviços hospitalares e ambulatoriais de média complexidade, tendo necessidade de trabalhar com uma escala intermediária que garanta, além da qualidade dos serviços prestados, o custo- benefício em termos de eficácia e eficiência. A macrorregião de saúde oferta serviços ambulatoriais e hospitalares de alta complexidade destinados às microrregiões componentes. Assim, em um sistema de gestão compartilhada com Estado, em sintonia com o Plano Diretor de Regionalização (PDR) da saúde do estado de Minas Gerais, Passos se enquadra na gestão plena, estando na microrregião de saúde de Passos/Piumhi e na macrorregião Sul (Alfenas/Pouso Alegre/Poços de Caldas/Passos/Varginha). Em cumprimento às normas de gestão do Sistema, o município possui Plano Municipal de Saúde, Conselho Municipal e Fundo Municipal. Atualmente, o município de Passos possui 20 Unidades de Saúde da Família (USF) e 4 Unidades Básicas de Saúde Convencionais (UBS), distribuídas estrategicamente ao longo do território da seguinte forma. As USF contam com 23 equipes de Estratégia de Saúde da Família para o atendimento da população. Cada equipe da Estratégia de Saúde da Família é constituída por um médico, um enfermeiro, um técnico/auxiliar de enfermagem, de seis a sete agentes comunitários de saúde. As equipes de ESF têm o apoio de três equipes multidisciplinares do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) - formadas por nutricionistas, farmacêuticos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos e assistentes sociais – e que realizam um importante trabalho de prevenção e promoção da saúde. Além do NASF, a atenção básica conta com o apoio dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) que cuidam do atendimento em saúde mental e de apoio ao tratamento dos usuários de drogas e álcool. A rede psicossocial do município conta ainda com um ambulatório de saúde mental e duas residências terapêuticas. Vale destacar todo o esforço do município em manter o atendimento de sua rede psicossocial, uma vez que num contexto de restrição de repasses, o município tem arcado com mais da metade do que é destinado a esta rede para pelo menos conseguir mantê-la. Para maior integração dos serviços de saúde da atenção básica, o município dispõe ainda da Farmácia Básica Municipal que distribui mais de 190 itens disponibilizados

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em função da Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (REMUNE), atendendo mensalmente cerca de 15.000 pessoas.

5.2.2 Desafios a serem enfrentados

Em 2017, a estimativa para a cobertura da ESF no município foi de aproximadamente 60%. Dada a importância da Estratégia de Saúde da Família (ESF) como prioritária para a estruturação da atenção básica à saúde e como a principal porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS), pode-se destacar como uma das ações fundamentais para a melhoria da saúde no município o aumento do número de equipes de ESF para que se possa atingir um maior grau de cobertura da população de Passos por esta estratégia, tornando este nível de atenção mais resolutivo e diminuindo, consequentemente, as filas por consultas especializadas e por pronto-atendimento. É importante destacar que, idealmente, este aumento do número de equipes de ESF deve possibilitar a inclusão do atendimento de toda a população do município, incluindo as populações rurais. Neste sentido, é importante ressaltar que uma atenção básica oportuna e eficaz passa, a princípio e necessariamente, por um aumento no acesso deste nível de atenção, tendendo a se estabelecer, desta forma, efetivamente como a principal porta de entrada do sistema de saúde, aliviando a demanda por consultas especializadas, pronto-atendimento e atendimento hospitalar. A média e a alta complexidade no município de Passos têm recebido grande parte do orçamento do município para a saúde, de forma que menos de 20% são destinados à atenção básica. Embora, segundo os entrevistados, ainda exista uma questão cultural de que é o “hospital que resolve, que é exame que resolve, que funciona, que com especialista que tem jeito”, esta forma de perceber a saúde precisa ser modificada, porque a Atenção Básica deve ser a principal porta de entrada do sistema de saúde e ser resolutiva em 80%, desenvolvendo um amplo trabalho que inclui muito além de consultas e visitas domiciliares, como por exemplo, a inclusão da população nos programas de governo e também as atividades de promoção e prevenção da saúde desenvolvidas pelo NASF. Com uma atenção básica oportuna e eficaz é possível diminuir as filas por consultas especializadas, o atendimento da UPA e as internações por condições sensíveis à atenção primária.

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Além do importante desafio de ampliar a cobertura da Estratégia de Saúde da Família, um outro desafio à saúde que se impõe ao município de Passos está relacionado à melhor gestão da cobertura vacinal. Entre os anos de 2013 e 2017, foram registradas quedas significativas nas coberturas dos contra os imunobiológicos do calendário obrigatório em crianças menores. As coberturas que antes estavam dentro do preconizado (acima de 95%), foram inferiores a 60%, percentuais estes muito abaixo do desejável. Em Passos, segundo os entrevistados, apesar de existirem salas de vacina nas Unidades Básicas de Saúde Convencionais e nas Unidades da Saúde da Família, não é a Atenção Básica que responde pelas vacinas, mas o setor de epidemiologia. Em campanhas de vacinação, as geladeiras das salas de vacinas são abastecidas e os enfermeiros muitas vezes realizam a vacinação. Nas salas de vacina, vacina-se também fora das campanhas, em geral, com vacinadoras vinculadas à epidemiologia. Desta forma, a gestão da vacinação e a contratação de vacinadoras é de responsabilidade do setor de epidemiologia. Alguns entrevistados pontuaram ainda que estas quedas recentes nas coberturas vacinais ocorreram porque as salas de vacina foram perdendo funcionários (chamadas de vacinadoras) e a reposição destes, por gestões anteriores, não foi realizada na mesma velocidade da perda. Salas de vacina foram sendo fechadas ou funcionando em meio período, de forma que das treze salas de vacina ficaram apenas seis. Uma das metas do último plano de saúde do município era recompor as treze salas de vacina. Este ano foi realizado um processo seletivo para contratar sete vacinadoras e ampliar o horário para integral. Um terceiro desafio da saúde no município, que está relacionado ao setor de epidemiologia, é a necessidade de atualização constante e de monitoramento da qualidade dos dados, em especial, daqueles relacionados à notificação de doenças. Ademais, é importante enfatizar a necessidade de acompanhamento de resultados principalmente relacionados à cobertura vacinal. Outros desafios também importantes de serem mencionadas estão relacionados à organização de processo de trabalho, como, por exemplo, um maior controle do cumprimento da jornada de trabalho por parte dos médicos, que também foi pontuado pelos entrevistados. A questão da capacitação continuada para os profissionais na área da

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saúde também foi considerada prioridade. Ademais, existem ainda dificuldades na própria gestão, segundo entrevistados, como, por exemplo, o fato do organograma institucional ainda vigente não contemplar a Atenção Básica, de forma que ainda não há nomeação de cargo para este nível de atenção, sendo necessária a criação de uma lei de premiação para beneficiar o coordenador da Atenção Básica. O novo organograma, incluindo a Atenção Básica já foi pensado, mas existe a necessidade de se fazer uma reforma administrativa para que ele seja institucionalizado. Por fim, acrescenta-se a esse contexto o crescente envelhecimento da população que resultará brevemente em uma maior demanda por serviços de saúde e internações, especialmente relacionadas às doenças crônicas não transmissíveis (hipertensão arterial, diabetes, cânceres e doenças respiratórias crônicas). Inclusive, esses tipos de doenças já são considerados a principal causa de morte, segundo a OMS, na população de 30 a 69 anos. Pode-se destacar ainda, como uma das principais causas de morte em Passos, no grupo etário de 20 a 29 anos, as causas externas que perfazem em torno de 60% das causas de morte nessa faixa etária, o que pode estar associado a questões relacionadas ao consumo de drogas e violência nas regiões mais vulneráveis. As causas externas de morte também foram responsáveis por 50% da mortalidade entre 5 e 19 anos.

5.2.3 Proposições preliminares

Desse modo, a partir desse diagnóstico foram realizadas propostas de intervenção para o gestor municipal. Vale esclarecer que cabe ao gestor municipal a responsabilidade pela organização, gestão e regulação da rede de serviços no município, de modo a garantir a igualdade de acesso e a integralidade da atenção à população. Sobre esse último ponto, ressalta-se que a estruturação da oferta de serviços requer tanto conhecimento técnico quanto habilidade política capaz de coordenar a necessária articulação entre os diferentes atores que atuam na assistência à saúde. São propostas de intervenção: I. Expandir a cobertura da Estratégia de Saúde da Família, com a ampliação do número de equipes envolvidas; II. Incluir a população rural no atendimento pelas equipes de Estratégia de Saúde da Família;

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III. Melhorar a gestão da fila de espera para consultas especializadas; IV. Melhorar a gestão da vacinação, bem como monitorar a qualidade dos dados epidemiológicos e acompanhar periodicamente os resultados; V. Expandir a capacidade de atendimento da rede psicossocial, com a implantação de um novo CAPS AD, de uma unidade de acolhimento transitória e da hospitalidade noturna para aqueles que se encontram em surto psicótico, comportamento suicidário e emergências relacionadas ao uso de substâncias psicoativas; VI. Capacitar toda rede de saúde em relação à Política Nacional de Saúde Mental dentro da proposta Antimanicomial pautada na reinserção psicossocial; VII. Investir na formação e capacitação continuada de todos os profissionais da área de saúde e dos agentes comunitários; VIII. Melhorar a estrutura física da Unidade de Pronto Atendimento já existente; IX. Implantar um centro de reabilitação para deficientes físicos e desenvolver ações no sentido de ampliar, em geral, a acessibilidade no município; X. Realizar reforma administrativa para regulamentar carga horária e salário dos servidores lotados nos setores da saúde; XI. Fortalecer a vigilância à saúde no município para o conhecimento dos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, acompanhado de recomendação e adoção das medidas de prevenção e controle cabíveis; XII. Monitorar os processos baseados na utilização de sistemas informatizados; XIII. Fomentar a participação popular no processo de discussão e deliberação das políticas de saúde por meio de reuniões ordinárias do Conselho de Saúde e da realização de Conferências Municipais de Saúde.

5.3 Assistência

5.3.1 Do ponto de vista conceitual

A relação entre o Plano Diretor de Passos e a política de assistência social se sustenta em duas categorias: acessibilidade e acesso. A acessibilidade é compreendida a partir das dimensões sócio organizacional e geográfica, considerando-se a população usuária dessa política. A dimensão sócio-organizacional refere-se às características da oferta de serviços como os condicionantes de seletividade de acesso dos usuários, a situação econômica e os pareceres dos técnicos dos serviços. Já a acessibilidade geográfica refere-se ao espaço geográfico como determinante para o acesso aos serviços como distância, tempo de deslocamento e custo deste

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deslocamento. Inclui também o grau de ajuste ou desajuste entre a necessidade dos usuários e as respostas dadas em função dos serviços disponíveis, a adequação dos profissionais e os recursos tecnológicos necessários à intervenção. Em relação ao acesso aos serviços a perspectiva de análise se volta para a gestão em si da política de assistência social enquanto disponibilidade (quantidade e tipo), o acolhimento, tipologia dos serviços, garantias de recursos públicos para a execução e a aceitabilidade por parte da equipe executora.

5.3.2 Das evidências quantitativas das condições de vulnerabilidades e respostas da política de assistência social

Para 2030, estima-se que a população da cidade de Passos será de 121.438, o que significa o aumento de 5,39% em relação a 2019. No entanto, para a população idosa estima-se um crescimento de 67,8% no mesmo período, passando de 11.558 para 19.399 pessoas. Em 2015 eram 842 idosos que recebiam o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e em agosto/2019 foram 848. O valor per capita repassado reduziu de R$777,26 para 680,14 no período. Para as pessoas com deficiência, houve aumento de beneficiários entre 2015 e 2019 que passou de 1308 para 1485 pessoas. E ocorreu redução do per capita de R$776,13 para R$ 675,53 no período. Em relação do programa de complemento de renda Bolsa Família, entre 2015 e agosto/2019 houve aumento de 26,9% do quantitativo de pessoas em situação de vulnerabilidade social inscritas no CadÚnico, passando de 2698 para 3424. No entanto, o valor repassado por família reduziu de R$138,44 para R$127,14. Quanto à população inscrita no Cadastro Único (CadÚnico), teve redução de 6,3% entre 2015 e julho/2018, que passou de 28639 para 26824. No mesmo período, o percentual de indivíduos beneficiários do Bolsa Família foi maior que o do CadÚnico, que foi de 21,6%. Em geral, os territórios se caracterizam com (informação verbal): • Existência de moradias irregulares; • Alto índice de uso e tráfico de drogas;

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• Alto índice de criminalidade. Conflito agrário ou fundiário, violência doméstica e desemprego são fenômenos presentes no território em que se localiza do CRAS Novo Horizonte. Os cinco equipamentos da proteção social básica realizam os serviços de acolhida, atendimento e fazem o acompanhamento dos encaminhamentos para a rede socioassistencial e benefícios eventuais. Dentre os cinco equipamentos da proteção básica, dois possuíam o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF) coletivo: o CRAS Santa Luzia, sendo a maioria com pessoas idosas e o CRAS com a maioria dos usuários entre 19 e 59 anos. O CRAS Coimbra realizou o Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para pessoas com deficiência e idosas em 2018 (Censo SUAS 2018). É também o único equipamento da proteção básica adaptado para pessoas com deficiência e idosos, com rampas e banheiros. Pelo Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI), em 2018 foram 680 famílias/indivíduos/ acompanhadas e 18 adolescentes em cumprimento de Medidas Socioeducativas (LA e/ou PSC). O serviço de abordagem social é realizado três vezes por semana. A participação do usuário se restringe ao usufruto do serviço. Em relação ao controle social, não há publicização das atas dos conselhos. Há restrição de equipamentos para desenvolvimento das atividades, como por exemplo, somente o CRAS Coimbra possui data show. A equipe técnica da política de assistência social está de acordo com a NOB/RH, porém somente 32% do quadro é efetivo. Pela proteção básica, a interação ocorre de forma mais intensa com as políticas de saúde e educação, e em seguida o Conselho Tutelar. Já a média complexidade realiza trocas de informações e estudos de casos com o abrigo, os CRAS, o Centro dia e a saúde mental, além das delegacias.

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5.3.3 Proposições preliminares

5.3.3.1 Para garantia da acessibilidade

I. Necessidade de adaptação dos acessos externos e internos dos equipamentos da assistência social conforme as normas técnicas de acessibilidade para pessoas com deficiência e pessoas idosas; II. Inclusão da população da área rural nos serviços socioassistenciais, com atendimento in loco; III. Revisão da localização dos equipamentos públicos conforme concentração dos segmentos populacionais.

5.3.3.2 Para garantia da intersetorialidade

I. Parceria com setor privado a fim de inserção dos adolescentes para cursos de aprendizagem e primeiro emprego; II. Parceria com instituições de ensino técnico e superior a fim de oferta de cursos de formação para jovens e adultos conforme a vocação econômica do município e região; III. Campanha junto ao setor privado com apoio dos órgãos de representação para ampliação das instituições de acolhimento a jovens em cumprimento de medida, visando à inserção profissional.

5.3.3.3 Para garantia do acesso

I. Ampliação das parcerias com entidades executoras de serviços socioassistenciais em função da demanda reprimida e serviços ainda não executados; II. Capacitações temáticas e manutenção de grupos de discussão acerca dos serviços, segmentos populacionais, gestão social, dentre outros assuntos; III. Instalação da rede socioassistencial a fim de ações preventivas e interventivas para minimização das vulnerabilidades e riscos sociais; IV. Equipe especializada no atendimento a pessoas idosas e com deficiência em situações de risco social, com ações interventivas e preventivas; V. Efetivação da participação dos usuários em nível de estudo e planejamento das atividades a fim de prover-lhes a condição e reconhecimento de sujeitos de direitos e atualização das situações de vulnerabilidade e riscos sociais nos territórios e famílias.

5.4 Segurança pública

5.4.1 Pensando segurança pública a partir da perspectiva do município

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Temas ligados à segurança pública têm se tornado cada vez mais centrais nas discussões públicas no Brasil das últimas décadas, no mesmo sentido em que crescem os indicadores de suas fragilidades – tantos os indicadores de violência e criminalidade, quanto exemplos de desarticulação entre as forças públicas responsáveis pelo seu enfrentamento. Embora historicamente as questões de segurança pública sempre tenham sido associadas às instituições que estão na “linha de frente” (inclusive constitucionalmente) da resposta pública, ou seja, as polícias e o sistema de justiça criminal dos Estados da Federação, recentemente tem-se reconhecido o importante papel do Governo Federal, como indutor e financiador de políticas mais amplas, e dos próprios Municípios na compreensão mais refinada das realidades locais que afetam a violência e a sensação de segurança das comunidades. Nesse sentido, reconhecendo a importância do desenvolvimento de políticas públicas de base local, intersetoriais e multinível, para a promoção da segurança cidadã, o Município se torna locus privilegiado de atenção e se torna central a constituição de suas capacidades institucionais para tal tarefa. Trata-se de reconhecer capacidades já existentes, que podem ser mobilizadas a favor da perspectiva integrativa desenvolvida pela pauta da segurança cidadã, com a finalidade de prevenir e mitigar os problemas de violência e criminalidade das comunidades locais. São ações, por exemplo: (i) de articulação entre órgãos, e entre órgãos e comunidades, para formação de redes de assistência e prevenção social à criminalidade que possam ser beneficiados do trabalho já em andamento das políticas de saúde, educação, assistência social e dos conselhos comunitários; (ii) da utilização de políticas de planejamento e regulação urbana como ferramentas de design ambiental e prevenção à criminalidade (revitalização de espaços públicos, desenvolvimento de programas de incentivo do uso e ocupação desses espaços, regularização do acesso a bens e serviços como transporte e iluminação públicos, etc.). O presente documento consolida as informações da temática segurança pública constituídas para o município de Passos, no bojo do conjunto de trabalhos em desenvolvimento na revisão de seu Plano Diretor. Mobilizaram-se informações quantitativas e qualitativas sobre o fenômeno da criminalidade no município e sobre a percepção dos atores chave como parâmetro para compreensão dos contornos das questões de

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vulnerabilidades territoriais e segurança pública locais, e a fim de se pudessem identificar caminhos viáveis para a proposição de intervenções.

5.4.2 Criminalidade, violência e segurança pública no município de Passos: indicadores e percepções

O Observatório de Segurança Pública Cidadã da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (OSPC/SEJUSP-MG) disponibilizou informações dos indicadores centrais de criminalidade acompanhados em Minas Gerais, além de levantamento das principais modalidades criminais mais registradas no município de Passos nos últimos oito anos completos (2012-2019), a fim de contribuir com o delineamento dos padrões locais de incidência criminal específica. De um modo geral, o que os dados indicam é que Passos vem apresentando melhoras nos padrões gerais de violência e criminalidade, mantendo-se abaixo da média registrada para Minas Gerais nas principais modalidades acompanhadas (crimes violentos, homicídios e roubos) e seguindo inclusive uma tendência geral de redução de criminalidade registrada em praticamente todo o estado. Observa-se, no entanto, uma incidência mais expressiva de crimes leves contra o patrimônio (furtos), bem como contra a pessoa (ameaças e lesões corporais), em patamares ainda maiores do que as médias registradas para o estado de Minas Gerais, ainda que com tendência decrescente na série histórica. Mesmo que tais modalidades delitivas não façam parte do espectro de criminalidade tradicionalmente tratado como prioridade pelo Estado, elas se encaixam justamente nas modalidades de violências e conflitos que podem ser tangenciados pela ação do poder público municipal, por meio do desenvolvimento de ações preventivas junto a espaços de sociabilidade e convivência (atuação quanto aos casos de conflitos interpessoais e desordens/incivilidades) e de coordenação entre ações de policiamento e reforço de práticas de vigilância social informal e design urbano (atuação quanto à prevenção ao furto). A percepção dos atores chave, recolhidas a partir de entrevistas com representantes das forças de segurança pública presentes no município, bem como de outras áreas de políticas públicas e sociedade civil organizada que atuam em diferentes dimensões

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da vida comunitária, qualificou o diagnóstico das vulnerabilidades dos territórios e da atuação das forças públicas locais. Destacaram-se as seguintes questões: • Em primeiro lugar, a referência praticamente universal dos interlocutores à facção PCC – Primeiro Comando da Capital, oriunda do estado de São Paulo e presente de forma hegemônica nas narrativas apresentadas. As forças de segurança pública e justiça locais reconheceram a influência de suas ações em Passos e os interlocutores das políticas sociais narraram, um cotidiano de regulação, pelo PCC, da vida social na periferia da cidade, que domina territorialmente alguns bairros e normatiza, segundo seus critérios, a paz social, a previsibilidade do cotidiano e o funcionamento das políticas públicas. • Em segundo lugar, a falta de integração das políticas sociais no município, que produz impactos negativos do ponto de vista da segurança pública. Foi percebido um evidente descompasso entre as políticas de saúde e as outras políticas sociais. As referências também sistêmicas ao uso abusivo de drogas, à violência doméstica, a violência de gênero e à depressão e o suicídio juvenil clamam pela necessidade de políticas preventivas específicas, que podem auxiliar o município a lidar com as complexidades do seu contexto social. • Em terceiro lugar, o potencial de alinhamento ainda não explorado entre a Prefeitura Municipal e o aparato das instituições de segurança pública presentes no Passos no que diz respeito à utilização dos canais de relação já existentes.

o Negociações e ajustes específicos nas contrapartidas desenhadas para os convênios já existentes com as organizações de segurança pública e justiça podem produzir efeitos de grande monta no que diz respeito ao compartilhamento de informações, interlocução e participação no desenho das prioridades da segurança pública no município e apoio da segurança pública em ações transversais aos programas e políticas sociais que venham a atuar na interlocução dos fenômenos associados às violências.

o A instância do Gabinete de Gestão Integrada Municipal de Segurança Pública (GGIM) pode e deve ser fortalecida enquanto espaço institucional para a promoção das interlocuções necessárias na temática da segurança pública

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municipal, operacionalizando não só o acompanhamento das parcerias formais existentes, mas fundamentalmente funcionando de forma efetiva como articuladora das pautas dessa temática. • Por fim, a baixa aderência e/ou participação da sociedade civil e do empresariado local às ações do campo da segurança pública. O poder executivo municipal, como polo aglutinador da institucionalidade municipal, pode agregar e incentivar a participação popular e da sociedade civil organizada na temática da segurança pública. Nessa seara, é fundamental o reconhecimento, por parte da institucionalidade pública, para o fortalecimento da atuação do Conselho Comunitário de Segurança Pública (CONSEP) como instância por excelência de organização e vocalização das demandas da sociedade civil no que diz respeito às pautas da segurança pública, para além de seu papel direcionador de recursos de investimento para as forças de segurança pública.

5.4.3 Proposições preliminares

5.4.3.1 Diretrizes para a segurança pública em Passos

I. A democratização do acesso aos serviços e o fortalecimento da participação da população na discussão das demandas de segurança pública municipais; II. A melhoria da gestão, do alinhamento, do acesso e da qualidade de informações, ações e serviços de segurança pública; III. A manutenção das parcerias com as organizações policiais a partir: a) Do desenvolvimento de programas e ações de segurança pública tendo como base a territorialização, as necessidades de segurança da população local, a priorização das populações de maior risco, a hierarquização dos serviços e o planejamento das ações de segurança; b) Do intercâmbio de ideias, valores e programas com o aparato municipal de Saúde, Educação e Assistência Social.

5.4.3.2 Ações para a segurança pública em Passos

As ações propostas foram organizadas a partir de duas grandes dimensões analíticas que orientaram a constituição das entrevistas com os atores chave municipais, quais sejam: dimensão do fenômeno (ou informações relacionadas aos cenários particulares do território que refletem questões de incivilidades, desordem, conflitos, violências e

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criminalidade); dimensão das respostas institucionais (estruturas e ações do poder público para fazer face à dimensão dos fenômenos). As proposições estão apresentadas no quadro a seguir.

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Proposições para a temática da Segurança Pública (continua)

Dimensão Eixos técnico-analíticos Ações sugeridas

Confecção de um diagnóstico compreensivo, financiado pela prefeitura e sociedade civil de Passos, a ser realizado por instituição de pesquisa ou universitária, sobre a hegemonia do Hegemonia do PCC nas periferias PCC nas periferias da cidade e suas consequências. de Passos Desenvolvimento de políticas sociais específicas para a prevenção de vulnerabilidades e violências associadas à hegemonia do PCC nas periferias.

Fenômenos Compartilhamento de diagnósticos entre as políticas sociais e de segurança pública e (Cenários de Violências contra públicos desenho de ações coordenadas específicas para temáticas identificadas como prioritárias incivilidades, específicos (por exemplo, violência doméstica e intrafamiliar, proteção a infância e adolescência, idosos, desordens, violências dentre outros). e criminalidade)

Diagnóstico, sistematização e priorização de demandas de design urbano e intervenções nos espaços públicos, regulação urbana e atuação das políticas públicas que possam interferir, Criminalidade urbana e sensação prevenindo ou mitigando, questões que afetem a sensação de insegurança e/ou de insegurança efetivamente se apresentem como problemas de criminalidade ligados à organização do tecido urbano (exemplos: iluminação e mobilidade, regulação dos serviços de transporte alternativo em moto taxi, dentre outros).

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Proposições para a temática da Segurança Pública

Dimensão Eixos técnico-analíticos Ações sugeridas

Desenvolvimento de programas de integração das políticas sociais municipais, visando o Integração das políticas sociais compartilhamento de ideias, operacionalidades, valores, redes e objetivos integrados à pauta da segurança pública.

Estruturação (metodológica, técnica e operacional) e reposicionamento do Gabinete de Gestão Integrada Municipal de Segurança Pública (GGIM) como instância coordenadora, efetivo espaço de promoção de diagnósticos, desenho de prioridades e estratégias entre os Compartilhamento de atores da segurança pública e justiça, bem como de promoção de alinhamento com as demais áreas de políticas públicas sociais municipais. Respostas Informações e objetivos entre a institucionais municipalidade e as organizações (Atuações do Poder de segurança pública e justiça Reorientação da utilização dos instrumentos dos convênios entre a municipalidade e as Público frente a organizações do sistema de segurança pública, em especial suas contrapartidas, visando à questões diretas e operacionalização do compartilhamento de dados e informações, assim como o alinhamento indiretas da pauta da com demandas, prioridades e estratégias de atuação. segurança pública) Retomada do protagonismo do Conselho Comunitário de Segurança Pública (CONSEP) junto à governança da segurança pública local.

Participação da sociedade civil e Desenvolvimento de iniciativas sistemáticas de participação popular e da sociedade civil do empresariado local organizada nos programas municipais de prevenção à violência.

Desenvolvimento de iniciativas de coparticipação da sociedade civil e do empresariado local na recuperação e uso/ocupação de espaços públicos degradados.

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6 DIMENSÃO INSTITUCIONAL

A dimensão institucional compreende o diagnóstico da estrutura administrativa da Prefeitura Municipal e recomendações para a sua adequação; a definição do arranjo para a gestão do Plano Diretor, de forma democrática e participativa; e um panorama dos instrumentos urbanísticos que serão incluídos no Plano Diretor.

6.1 Diagnóstico da estrutura administrativa da Prefeitura Municipal

A estrutura administrativa em vigor é definida pela Lei Municipal nº 3.321, de 05 de março de 2018, e apresenta-se formalmente bem organizada, com suas secretarias dispostas de forma que as atribuições de cada unidade são definidas e atendem ao objetivo de funcionalidade previsto em lei. Entretanto, essa estrutura formal não condiz com as atividades efetivamente desenvolvidas pelas secretarias que compõem o sistema. Foram verificadas situações de dimensionamento inadequado quanto às atribuições de fato, quantitativo e qualificação recursos humanos e materiais disponíveis nas diversas secretarias. Foi percebido também níveis de interferências políticas quando se faz necessária a atuação profissional com perfil específico. Outro ponto a ser considerado seria a baixa integração entre secretarias e as diversas unidades, tornando-as isoladas e não complementares. Entende-se que existe espaço para a readequação de secretarias, visando a diminuição de custos. Observou-se ainda um descompasso na definição de unidades componentes das secretarias, estando algumas subdimensionadas, o que poderia comprometer o nível de responsabilidade das mesmas, e outras superdimensionadas, o que poderia causar superposição hierárquica. A estrutura atual da Prefeitura Municipal compreende 11 secretarias, organizadas conforme organograma a seguir.

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Gabinete do Prefeito

Procuradoria Geral do Controladoria Geral Município Interna

Secretaria Munipal de Secretaria Municipal de Secretaria Municipal de Secretaria Municipal de Secretaria Municipal de Secretaria Municipal de Secretaria Municipal de Secretaria Muncipal de Secretaria Municipal de Secretaria Municipal de Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Desenvolvimento Obras, Habitação e Indústria, Comércio e Esporte, Laxer e Cultura e Patrimônio Planejamento Fazenda Administração Educação Saúde Agropecuária e Solcial, Trabalho e Serviços Urbanos Turismo Juventude Histórico Abastecimento Renda

Departamento de Departamento de Departamento de Departamento de Departamento de Saúde Departamento de Obras Departamento de Departamento de Desenvolvimento Rendas Pessoal Educação Médico Hospitalar Públicas Abastecimento Assistencia Social Municipal

Departamento de Departamento de Deparamento de Departamento de Departamento de Saúde Departamento de Departamento de Estatísticas e produção e Contabilidade Material e Patrimônio Odontológica Habitação Trabalho e Renda Informações Municipais Associativismo

Departamento de Departamento de Departamento de Saúde Departamento de Departamento de Meio Orçamento Serviços Gerais Coletiva Controle Urbanístico Ambiente

Departamento de Departamento Departamento de Trânsito Administrativo Limpeza Urbana

Departamento de Transporte Público

Guarda Municipal

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As secretarias são as seguintes: Secretaria Municipal de Planejamento; Secretaria Municipal da Fazenda; Secretaria Municipal de Administração; Secretaria Municipal de Educação; Secretaria Municipal de Saúde; Secretaria Municipal Obras, Habitação e Serviços Urbanos; Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Agropecuária e Abastecimento; Secretaria Municipal de Indústria, Comércio e Turismo; Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, Trabalho e Renda; Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Juventude; Secretaria Municipal de Cultura e Patrimônio Histórico.

6.1.1 Recursos humanos

O Plano de Carreiras dos servidores, do magistério e o estatuto datam de 2006 e apresentaram o seguinte quantitativo: 1.271 efetivos, 66 servidores de recrutamento amplo, 771 contratados, sendo que deste total, 311 contratados por dois meses até que seja formalizada a contratação da MGS para suprir cargos de baixa e média complexidade, ocupados por contratos que serão extintos. O Departamento de Pessoal atua mais com atividades cartoriais, sem um foco expressivo em Recursos Humanos (RH). Não foi detectado plano de capacitação e processos de avaliação de desempenho para os servidores, o que pode resultar em despreparo para os cargos ocupados, dificuldades na evolução da carreira e comprometimento com as atividades desenvolvidas. O controle de ponto é manual, o que deixa margem para irregularidades. Há situações em que as atribuições definidas para o cargo não são colocadas em prática e em determinados casos, não são do conhecimento dos ocupantes. Não foram detectadas ações no sentido da gestão dos conhecimentos desenvolvidos pelos servidores, o que representa risco de perda de informações importantes, se ocorrer o desligamento de algum deles. Os salários são pagos rigorosamente em dia, o que pode representar estímulo para uma mudança de postura depois de corrigidas as situações em desacordo.

6.1.2 Recursos materiais

Os equipamentos de informática como computadores e periféricos encontram-se desatualizados e incompatíveis com programas mais modernos de necessária utilização pelas diversas áreas. Constatou-se a necessidade de programas específicos atualizados que

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agilizem e facilitem os trabalhos. Há precariedade na frota de veículos, inadequada e insuficiente para o atendimento às demandas, gerando um alto custo de manutenção, além de não proporcionar a necessária segurança para servidores e usuários. As estruturas físicas que abrigam atividades inerentes à administração municipal demandam manutenção e adequação de mobiliário para a melhoria das condições e do ambiente de trabalho. Foi percebida ainda a falta de arquivos adequados para a guarda e conservação de documentos importantes.

6.1.3 Comunicação

Um dos grandes problemas observados e de consenso entre a maioria dos entrevistados foi a questão da precariedade da comunicação interna. Isto se torna bastante grave, na medida em que documentos oficiais como decretos, emendas e alterações nas legislações acabam não sendo seguidas por desconhecimento. Além disso, pode comprometer o compartilhamento na tomada de decisões, onde couber.

6.1.4 Arrecadação e fiscalização

A Planta de Valores foi atualizada por percentual e vigorará até 2023, o que torna a arrecadação muito próxima da realidade. O último trabalho de georeferenciamento data de 2013, bem distante da realidade atual. A fiscalização na área imobiliária é executada basicamente nas obras, contando com o comprometimento da equipe, que demanda ampliação. Existem problemas no bairro denominado Serra das Brisas, o qual foi planejado para uso residencial e foi ocupado por indústrias, oficinas e outras atividades ligadas ao setor moveleiro. Quanto às atividades urbanísticas, pode-se considerar bem estruturadas, contando com pessoal especializado e qualificado, como engenheiros e arquitetos e recebem o apoio do Grupo Técnico de Análise (GTA), composto por representantes de diversas áreas correlatas que se reúnem semanalmente para analisar e avaliar situações pertinentes. Quanto à fiscalização referente à ISS e IPTU, estas acontecem de forma mais efetiva, com um trabalho focado em situações de inadimplência do Simples Nacional. O sistema é integrado, o que facilita as informações, como exemplo, quando é aberta uma nova empresa, é exigido o certificado de quitação do IPTU.

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6.1.5 Comprometimento da folha de pagamentos de acordo com a LRF

A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) coloca como limite prudencial para gasto com pessoal o percentual de 48% da receita corrente líquida. O índice atual da Prefeitura Municipal encontra-se em 48,15%, o que se configura como uma situação preocupante, um alerta.

6.1.6 Recomendações

• Quanto à estrutura administrativa: treinamento e obediência à estrutura formal, com as secretarias seguindo suas atividades previstas, ainda que não seja descartada a possibilidade de elaboração de uma nova estrutura, mais enxuta e mais próxima da realidade do município, com redimensionamento de unidades componentes e do quadro de pessoal de cada secretaria, em função da definição de suas competências. • Quanto a recursos humanos: elaboração de um novo Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV) e de um novo estatuto dos servidores, incluindo, entre outros itens, incentivos à capacitação, critérios de avaliação de desempenho como instrumento de progressão na carreira, parâmetros para concurso público considerando a realidade atual. • Quanto à arrecadação e fiscalização: atualização do georreferenciamento e ampliação da equipe de fiscalização. • Quanto à comunicação: elaboração de um Plano de Comunicação. • Quanto ao comprometimento da folha de pagamentos: adoção de medidas no sentido de diminuir custos e/ou aumentar a receita, de forma a buscar o equilíbrio legal.

6.2 Processo de gestão do Plano Diretor

O processo de gestão do Plano Diretor deverá ser conduzido pelo Executivo Municipal, pela Câmara Legislativa e pela sociedade civil organizada, de forma participativa, por meio de: I. Adoção do modelo de gestão integrada e intersetorial das políticas públicas, com enfoque territorial, para discussão das questões relevantes para a qualidade de vida,

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valorizando-se a participação social através dos Conselhos Municipais, nas deliberações públicas de maneira geral e o estabelecimento de parcerias entre o Executivo Municipal e a sociedade, assim como com outros níveis de governo, agentes públicos e privados e agencias de financiamentos nacionais e internacionais, inclusive com a adoção de novas formas de gestão compartilhada, tais como os consórcios intermunicipais e microrregionais; II. Fortalecimento do Executivo Municipal, de forma a ampliar a capacidade de gestão pública no município, dar maior transparência quanto a ações e recursos investidos, ampliando também a governança municipal, com o objetivo de construir uma agenda comum com maior efetividade na implementação das políticas públicas, considerando as diretrizes estabelecidas pelo Plano Diretor; III. Fortalecimento do Conselho Municipal da Cidade, constituído de forma paritária e com funções normativas, consultivas e deliberativas, para a institucionalização dos espaços de participação, avançando no sentido de uma maior qualificação quanto à participação da sociedade na definição, fiscalização, monitoramento e avaliação das políticas e programas implementados. IV. Instituição do Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano (FDU), vinculado ao Executivo Municipal e gerido pelo Conselho Municipal da Cidade, com recursos provenientes da aplicação dos instrumentos previstos no Estatuto da Cidade, assim como de outras fontes, tendo como objetivo o financiamento de programas e projetos voltados para a melhoria da qualidade urbana, destacando programas de regularização fundiária, habitação de interesse social, saneamento ambiental, mobilidade urbana e defesa do patrimônio cultural e natural; V. Instituição do Sistema Municipal de Planejamento e Gestão, conduzido pelo setor público com transparência e a participação dos cidadãos, para coordenação das ações dos setores público e privado e da sociedade em geral, e integração entre os diversos programas setoriais, composto por: a) Setor responsável pela implementação do Plano Diretor, no âmbito da estrutura do Executivo Municipal, visando a coordenação das ações decorrentes do Plano Diretor; b) Grupo Técnico de Análise (GTA), multidisciplinar e intersetorial, com suporte técnico ao Conselho da Cidade para a avalição de planos, programas e projetos; c) Conselho Municipal da Cidade; d) Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano (FDU); e) Sistema Municipal de Informações, articulado com o CadÚnico

6.3 Instrumentos urbanísticos aplicáveis no munícipio por meio do Plano Diretor

O Estatuto da Cidade, lei federal aprovada em julho de 2001 que regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição Federal, referentes à política urbana, institucionalizou um

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conjunto de ferramentas para o planejamento das cidades, buscando um crescimento com justiça social, orientado pelo princípio da função social da cidade e da propriedade, do desenvolvimento sustentável e da participação popular. Esse conjunto de ferramentas é composto pelos instrumentos urbanísticos, que podem ser organizados em quatro modalidades: • Aqueles voltados para o combate à especulação imobiliária e defesa da função social da propriedade; • Aqueles voltados para a justa distribuição dos benefícios e dos custos do processo de urbanização; • Aqueles que visam facilitar a regularização fundiária de áreas ocupadas e não tituladas; • Aqueles que asseguram a participação dos cidadãos nos processos decisórios.

A seguir, são apresentados os principais instrumentos urbanísticos para o município de Passos.

6.3.1 Instrumentos de combate à especulação imobiliária

6.3.1.1 Parcelamento, Edificação ou Utilização Compulsórios

Define-se como parcelamento, edificação ou utilização compulsórios a obrigatoriedade de parcelamento, edificação ou utilização de imóveis urbanos não- edificados, subutilizados ou não utilizados, por meio de lei municipal específica que deverá fixar as condições e os prazos para implementação da referida obrigação, de acordo com o Estatuto da Cidade. O parcelamento, a edificação ou utilização compulsórios poderão ser aplicados em todo o perímetro urbano da Sede Municipal de Passos, mas em especial nas Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS). Imóveis não edificados são terrenos e glebas não parcelados e lotes com área superior a 500m² (quinhentos metros quadrados), situados no interior do perímetro urbano da Sede Municipal de Passos, sem edificações. Imóveis subutilizados são aqueles cuja área total construída seja inferior ao

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mínimo definido no Plano Diretor. Imóveis não utilizados são aqueles abandonados nos termos do Código Civil. Se o parcelamento, edificação ou utilização compulsórios não são cumpridos, aplica-se o IPTU progressivo no tempo, crescendo a alíquota pelo prazo de 5 anos. O IPTU progressivo no tempo é um instrumento de política pública urbana com função extrafiscal. O tributo com finalidade extrafiscal é aquele cujo objetivo principal não é o de arrecadar recursos, mas sim interferir numa situação social ou econômica e incentivar/desincentivar determinado tipo de comportamento por parte do contribuinte. A função extrafiscal do IPTU é prevista na Constituição Federal (Art.182, § 4º, II). Decorridos cinco anos de cobrança do IPTU progressivo sem que o proprietário tenha cumprido a obrigação de parcelamento, edificação ou utilização, o município procederá à desapropriação do imóvel, dando a ele destinação urbanística vinculada a implantação de ações estratégicas do Plano Diretor, no prazo máximo de cinco anos. O município poderá constituir consórcios imobiliários ou convênios urbanísticos com o proprietário do imóvel ou com a iniciativa privada, como forma de viabilizar o cumprimento da função social da propriedade e empreendimentos de interesse social, por meio de planos de urbanização, de regularização fundiária ou de reforma, conservação ou construção de edificação.

6.3.2 Instrumentos para a distribuição de custos e benefícios do processo de urbanização

6.3.2.1 Outorga Onerosa do Direito de Construir (ODC)

A ODC já é prevista no Plano Diretor atual e compreende a autorização, pela Prefeitura Municipal, do direito de se construir um percentual a mais em determinadas regiões da cidade, mediante o pagamento de valores definidos em lei. Esse percentual a mais é equivalente à diferença entre o Coeficiente de Aproveitamento Básico (CAbas) e o Coeficiente de Aproveitamento Máximo (CAmax) estabelecido em cada região da cidade pelo Plano Diretor. Os Coeficientes de Aproveitamento definem o quanto se pode construir em cada região da cidade.

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A referência para o cálculo financeiro da Outorga Onerosa do Direito de Construir é a Planta de Valores Imobiliários utilizada para o cálculo do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis por Ato Oneroso Inter Vivos (ITBI). Os valores provenientes da ODC serão destinados ao Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social.

6.3.2.2 Transferência do Direito de Construir (TDC)

Em qualquer empreendimento, 10% (dez por cento) da diferença entre o CAbas e o CAmax somente poderão ser adquiridos por meio da Transferência do Direito de Construir (TDC), que corresponde à possibilidade de um proprietário de imóvel com restrição de potencial construtivo em função de proteção cultural ou ambiental, vender a outro o potencial não utilizado. A TDC é controlada pela Prefeitura e segue a mesma lógica da ODC. A referência para o cálculo financeiro da ODC e da TDC é a Planta de Valores Imobiliários utilizada para o cálculo do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis por Ato Oneroso Inter Vivos (ITBI).

6.3.2.3 Operações Urbanas

Operação Urbana é um instrumento voltado para viabilizar projetos urbanos de interesse público, articulados com a qualificação dos modelos de ocupação e uso de imóveis no município, que prevê intervenções e medidas coordenadas pelo Executivo, com a participação de agentes públicos e da sociedade. A Operação Urbana poderá ocorrer em qualquer área do município e será aprovada por lei municipal específica. As Operações Urbanas podem ser aplicadas a: • Abertura de vias ou melhorias no sistema de circulação; • Implantação de empreendimentos de interesse social e melhoramentos em assentamentos precários; • Implantação de equipamentos públicos, espaços públicos e áreas verdes, como os Parques Lineares; • Recuperação do patrimônio cultural;

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• Proteção, preservação e sustentabilidade ambiental; • Implantação de projetos de qualificação urbanística; • Regularização de parcelamentos, edificações e usos.

6.3.2.4 Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança (EIV)

A construção, ampliação, instalação, modificação e operação de empreendimentos, atividades e intervenções urbanísticas causadoras de impactos ambientais, culturais, urbanos e socioeconômicos de vizinhança estarão sujeitos a avaliação do Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) por parte do órgão municipal competente, previamente a emissão das licenças ou alvarás de construção, reforma ou funcionamento. A elaboração do Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) não substitui a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA). A elaboração do EIV é obrigação do responsável pelo empreendimento, atividade ou intervenção urbanística e sua análise será realizada pelo Conselho Municipal da Cidade, apoiado pelo setor do Executivo encarregado da implementação do Plano Diretor e pelo Grupo Tecnico de Análise (GTA). O Estudo de Impacto de Vizinhança tem por objetivo, no mínimo: • Definir medidas mitigadoras e compensatórias em relação aos impactos negativos de empreendimentos, atividades e intervenções urbanísticas; • Definir medidas intensificadoras em relação aos impactos positivos de empreendimentos, atividades e intervenções urbanísticas; • Assegurar a utilização adequada e sustentável dos recursos urbanos, culturais, ambientais e humanos.

O EIV deverá ser objeto de audiência pública promovida pela Prefeitura, previamente a decisão final sobre o licenciamento urbano e ambiental do empreendimento e/ou intervenção.

6.3.3 Instrumentos de regularização fundiária

Entende-se por regularização fundiária o conjunto de medidas jurídicas,

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urbanísticas, ambientais e sociais que visam à incorporação dos núcleos urbanos informais ao ordenamento territorial urbano e à titulação de seus ocupantes, de modo a garantir o direito social à moradia, o pleno desenvolvimento das funções sociais da propriedade urbana e o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. A Lei nº 13.465/2017, que dispõe sobre a regularização fundiária urbana e rural, dentre outros assuntos, em conjunto com a Lei Federal no 11.977/2009 e com o Estatuto da Cidade regulamentam a matéria, sem prejuízo de outras leis e decretos que as complementam. São instrumentos de regularização fundiária: • Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS); • Planos de regularização urbanística e fundiária; • Instrumentos previstos pela legislação própria, como Legitimação de Posse, Usucapião Especial de Imóvel Urbano, Concessão do Direito Real de Uso, Direito Real de Laje.

Os Planos de Regularização Fundiária podem incluir instrumentos como a Regularização Fundiária de Interesse Social (Reurb-S), que se aplica aos núcleos urbanos informais ocupados predominantemente por população de baixa renda, definidos no Plano Diretor ou assim declarados em ato do Poder Executivo municipal, de responsabilidade do poder público municipal, que poderá instituir parcerias para tanto.

E a Regularização Fundiária de Interesse Específico (Reurb-E), que se aplica aos núcleos urbanos informais que não se enquadram no caso acima, mediante a elaboração de estudo técnico que comprove que as intervenções de regularização fundiária implicam a melhoria das condições ambientais em relação à situação de ocupação informal anterior, com a adoção das medidas nele preconizadas, inclusive por meio de compensações ambientais, quando necessárias. A Reurb-E obedecerá ainda licenciamentos ambientais nas esferas federal, estadual ou municipal, segundo a instância de gestão da APP ou unidade de conservação, a partir de deliberação do Conselho Municipal da Cidade. Além dos beneficiários da Reurb-E, os agentes privados promotores do empreendimento, sejam pessoas físicas ou jurídicas, deverão ser responsabilizados pelas contrapartidas urbanísticas e

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ambientais exigidas.

6.3.4 Instrumentos da gestão urbana participativa

Constituem instrumentos de gestão participativa, dentre outros: conselhos municipais, fundos municipais, audiências e consultas públicas.

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APÊNDICE A – MACROZONEAMENTO MUNICIPAL

Primeira abordagem do ordenamento territorial, o Macrozoneamento Municipal trata do ordenamento do território do município, definindo, basicamente, áreas urbanas, áreas rurais e áreas de proteção ambiental. Em Passos, define ainda as áreas de proteção ao aeroporto. As zonas são as seguintes, conforme mapa do Anexo I – Macrozoneamento Municipal do Plano Diretor:

Zona Rural (ZR)

Corresponde às áreas pertencentes ao território municipal destinadas às atividades agropecuárias, bem como às atividades de reflorestamento e de mineração, respeitada a legislação ambiental federal, estadual e municipal, onde o módulo mínimo de parcelamento do solo é de dois hectares, conforme definido pelo INCRA, excluídas as áreas incluídas no perímetro urbano.

Zona Urbana (ZU)

Corresponde às áreas incluídas no perímetro urbano do município, já ocupadas pelos usos urbanos e/ou comprometidas com esses usos em função dos processos de ocupação do solo instalados, compreendendo a sede municipal.

Zona de Segurança Hídrica (ZSH)

Corresponde às áreas pertencentes à bacia hidrográfica do ribeirão Bocaina a montante da captação de água, principal manancial de abastecimento público, as quais deverão ser objeto de tratamento específico visando a sua proteção.

Zona Urbana Controlada (ZUC)

Corresponde às áreas da Zona Urbana inseridas na Zona de Segurança Hídrica, onde os usos permitidos deverão se submeter a medidas de controle do processo de adensamento, verticalização e impermeabilização do solo, de forma a evitar o comprometimento da recarga dos aquíferos e da drenagem urbana.

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Zona de Controle Aeroportuário (ZCA)

Corresponde às áreas destinadas à proteção e segurança do Aeroporto Municipal, mantendo-se as delimitações em vigor definidas a partir da Portaria n°1.141/GM5, de 8 de dezembro de 1987, já revogada, sendo prioritária a sua atualização considerando a Portaria n.º 957/GC3, de 09 de julho de 2015, do Comando da Aeronáutica (COMAER) e o Regulamento Brasileiro da Aviação Civil nº 161/2011 (RBAC 161/2011), da Agencia Nacional de Aviação Civil (ANAC), que definem respectivamente o Plano Básico de Zona de Proteção de Aeródromos (PBZPA) e o Plano Básico de Zoneamento contra o Ruído (PBZR), ouvido o órgão regional do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), subordinado ao Comando da Aeronáutica (COMAER).

Considerando o nível de incomodo de ruídos segundo a RBAC 161/2011, até que sejam providenciadas as atualizações necessárias, a ZCA se divide em:

ZCA 1 – correspondente à região onde o nível de incômodo sonoro é potencialmente nocivo aos circundantes, tendo como referência o limite de 75 dB (setenta e cinco decibéis);

ZCA 2 – correspondente à região onde o nível de incômodo sonoro é moderado, tendo como referência o limite de 65 dB (sessenta e cinco decibéis).

Compatibilização do uso do solo na ZCA

Segundo a RBAC 161/2011, até que sejam providenciadas as atualizações necessárias, são usos permitidos na ZCA 1: • Agricultura, pesca, reflorestamentos, extração de recursos naturais. São usos permitidos com medidas de redução de nível de ruído na ZCA 1: • Terminais rodoviários, ferroviários, aeroportuários, de carga e passageiros ou empreendimentos equivalentes. Segundo a RBAC 161/2011, até que sejam providenciadas as atualizações necessárias, são usos permitidos na ZCA 2: • Agricultura, pesca, reflorestamentos, extração de recursos naturais;

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• Estádios de esportes ao ar livre, ginásios; • Parques, parques de diversões, acampamentos ou empreendimentos equivalentes.

São usos permitidos com medidas de redução de nível de ruído na ZCA 2: • Indústrias em geral • Serviços de utilidade pública como cemitérios, crematórios, estações de tratamento de água e esgoto, reservatórios de água, geração e distribuição de energia elétrica, Corpo de Bombeiros ou empreendimentos equivalentes • Serviços de comunicação como estações de rádio e televisão ou empreendimentos equivalentes • Campos de golf, hípicas e parques aquáticos • Serviços governamentais como postos de atendimento, correios, aduanas ou empreendimentos equivalentes • Terminais rodoviários, ferroviários, aeroportuários, de carga e passageiros ou empreendimentos equivalentes • Estacionamentos, edifício garagem ou empreendimentos equivalentes • Hospitais, sanatórios, clínicas, casas de saúde, centros de reabilitação ou empreendimentos equivalentes • Igrejas, auditórios, centros culturais, museus, galerias de arte, cinemas, teatros ou empreendimentos equivalentes • Escritórios, salas comerciais, consultórios ou empreendimentos equivalentes • Comércio atacadista e comércio varejista

Não são usos permitidos na ZCA 2: • Residências uni e multifamiliares; • Alojamentos temporários como hotéis, motéis e pousadas ou empreendimentos equivalentes; • Locais de permanência prolongada como presídios, orfanatos, asilos, quartéis, mosteiros, conventos, aparthotéis, pensões ou empreendimentos equivalentes; • Universidades, bibliotecas, faculdades, creches, escolas, colégios ou empreendimentos equivalentes. A implantação e funcionamento das atividades permitidas deverão obedecer aos parâmetros

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urbanísticos definidos no Plano Diretor.

Zona de Proteção Ambiental (ZPA)

Corresponde às Áreas de Preservação Permanente (APP) protegidas pela legislação ambiental nos níveis federal, estadual e municipal, destacando-se a APP do rio Grande. O município poderá criar novas áreas classificadas como Zonas de Proteção Ambiental nas regiões que considera importante proteger.

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Mapa do Macrozoneamento Municipal

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APÊNDICE B – ZONEAMENTO URBANO

Abordagem mais próxima da escala da cidade, o Zoneamento Urbano detalha o ordenamento das áreas urbanas segundo suas condições de ocupação e adensamento em função da infraestrutura urbana disponível, das condições de suporte da drenagem pluvial e do sistema viário, e da presença de patrimônio ambiental e/ou cultural. Tem como diretrizes a estruturação dos espaços urbanos e sua articulação com o sistema viário principal, o controle do adensamento e da expansão urbana, a multiplicidade de usos para maior dinamismo do ambiente urbano e facilidade de deslocamentos cotidianos, a ocupação de terrenos vazios em áreas dotadas de infraestrutura, a conformação de espaços públicos seguros, inclusivos e verdes e a valorização do patrimônio cultural. Os usos permitidos por zonas e os parâmetros urbanísticos por zonas podem ser consultados no Relatório Técnico Zoneamentos. As zonas são as seguintes, conforme o mapa do Anexo II – Zoneamento Urbano do Plano Diretor:

Zona Central (ZCE)

Corresponde às áreas do centro tradicional da cidade, de forma expandida, onde se situam atividades comerciais e de prestação de serviços de atendimento a todo o município, assim como equipamentos institucionais, com ocupação caracterizada por usos diversos como residências uni e multifamiliares, comércio, serviços e uso institucional, sendo possível a instalação desses usos diversos, admitindo-se processos de verticalização desde que obedecidos todos os parâmetros urbanísticos estabelecidos neste Plano Diretor, mediante a utilização do instrumento da Outorga Onerosa do Direito de Construir.

Serão adotadas medidas de contenção do processo de verticalização nas áreas pertencentes à Área de Interesse Cultural 1 (AIC 1), sobreposta à Zona Central, onde se concentram as edificações de referência histórico-culturais.

Zona Comercial (ZCO)

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Corresponde às áreas urbanas lindeiras às principais vias de articulação da sede municipal, constituindo-se em centralidades que contribuem para a estruturação e desenvolvimento das áreas do entorno, onde se situam o comércio e as atividades de prestação de serviços de atendimento local e municipal, com ocupação caracterizada por usos diversos como residências, comércio, serviços e uso institucional, sendo possível a instalação desses usos diversos, admitindo-se processos de verticalização, desde que obedecidos todos os parâmetros urbanísticos definidos neste Plano Diretor, mediante a utilização do instrumento da Outorga Onerosa do Direito de Construir.

Zona Hospitalar (ZHO)

Corresponde às áreas do entorno da Santa Casa, onde serão adotadas medidas de contenção do adensamento e controle da circulação e da poluição sonora e atmosférica, de forma a garantir a qualidade do atendimento aos serviços de saúde, a manutenção de vias de acesso para socorro rápido e calçadas livres para o trânsito de pedestres, em especial usuários dos serviços de saúde.

Zona Mista (ZMI)

Corresponde às áreas urbanas onde predomina a ocupação residencial, sendo possível a instalação de usos comerciais, de serviços e institucionais de atendimento local, compatíveis com o uso residencial, onde são admitidos processos de verticalização controlados, desde que obedecidos todos os parâmetros urbanísticos definidos neste Plano Diretor, mediante a utilização do instrumento da Outorga Onerosa do Direito de Construir.

Zona Urbana Controlada (ZUC)

Corresponde às áreas urbanas inseridas na Zona de Segurança Hídrica, que compreende a bacia do ribeirão Bocaina, sendo possível a instalação de usos diversos como residências, comércio, serviços e usos institucionais de atendimento local, desde que compatíveis com o uso residencial, com medidas de contenção do processo de adensamento, verticalização e impermeabilização do solo, de forma a evitar o comprometimento da recarga dos aquíferos e

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da drenagem urbana.

Os chacreamentos localizados na Zona Rural com módulos mínimos inferiores ao permitido pelo INCRA passam a integrar a Zona Urbana, classificados como Zona Urbana Controlada (ZUC), de forma a mantê-los com adensamentos menores.

Esses chacreamentos deverão ser objeto de programas de regularização ambiental, urbanística e fundiária, sempre que for o caso, promovidos pela administração municipal em parceria com os proprietários.

Zona Especial de Interesse Social (ZEIS)

Corresponde às áreas públicas ou privadas, destinadas à habitação de interesse social para população com renda familiar de até três salários mínimos, incluindo conjuntos habitacionais e ocupações precárias e irregulares, carentes em infraestrutura, equipamentos e/ou serviços urbanos, as quais deverão ser objeto de programas de complementação de infraestrutura urbana, social e viária e ainda programas habitacionais e de regularização de interesse social, assim como aquelas destinadas a futuras ocupações, sendo:

ZEIS 1 – para ocupações existentes; ZEIS 2 – para futuras ocupações.

As áreas ocupadas com características de ZEIS 1 dispersas na Sede Municipal que não se encontrem mapeadas no Plano Diretor deverão ser objeto de cadastro e integram automaticamente as ZEIS 1.

Zona de Diversificação Econômica (ZDE)

Corresponde às áreas destinadas à dinamização da economia do município, preferencialmente voltada para as potencialidades econômicas locais, sem vedar o uso residencial, sendo permitidos usos econômicos e institucionais de médio e grande porte, com controle do grau de incomodidade, definido mediante licenciamento e elaboração de

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EIV conforme estabelecido neste Plano Diretor.

Zona de Empreendimentos de Porte (ZEP)

Corresponde às áreas destinadas à dinamização da economia do município, ao longo da MG- 050, preferencialmente voltadas para as potencialidades econômicas locais, sendo permitida a implantação de empreendimentos de médio e grande porte, além de equipamentos de uso coletivo com grau de incomodidade que os impeçam de conviver em locais próximos ao uso residencial, mediante licenciamento fundamentado em estudos de impacto ambiental e urbanístico, sendo que na ZEP não será permitido o uso residencial.

Zona de Expansão Urbana (ZEU)

Corresponde às áreas não ocupadas dentro do perímetro urbano da sede municipal e propícias à ocupação urbana, pelas condições do sítio natural e possibilidade de instalação de infraestrutura, respeitando-se as Áreas de Preservação Permanente (APP) previstas na legislação ambiental, as áreas inundáveis e aquelas com declividade acima de 30%, assim demais parâmetros deste Plano Diretor e da Lei de Parcelamento do Solo municipal.

Zona de Proteção Ambiental (ZPA)

Corresponde às áreas protegidas pela legislação pertinente, federal, estadual e/ou municipal, inseridas nas áreas urbanas, compreendendo o Parque Municipal e os Parques Lineares, destinadas à recuperação ambiental, implantação de áreas de lazer e recreação públicas e suporte à estruturação do espaço urbano, contribuindo para a articulação entre as áreas centrais e as áreas periféricas, em especial as ZEIS, sendo:

ZPA 1 – Parque Municipal Dr. Emílio Piantino; ZPA 2 – Parques Lineares conforme Anexo II – Zoneamento Urbano.

O município poderá criar novas áreas classificadas como Zonas de Proteção Ambiental nas regiões que considera importante proteger.

Áreas de Interesse Especial

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Sobrepostas ao zoneamento, são definidas as seguintes Áreas de Interesse Especial:

• Áreas de Interesse Urbanístico (AIU) Correspondem às áreas destinadas a intervenções específicas, visando a melhoria da estruturação urbana municipal, possibilitando a requalificação e a revitalização da área central e de outras centralidades da sede municipal, e ainda a proteção de áreas urbanas com relação a impactos relativos ao Aeroporto Municipal, compreendendo três categorias:

AIU 1 – áreas destinadas à implantação e/ou complementação de infraestrutura viária, sendo AIU 1 a região da Via Perimetral proposta, do Anel Viário proposto, e do Sistema Viário Principal proposto, assim como as regiões demarcadas como pontos de conflito de tráfego, conforme o Anexo III – Sistema Viário Principal do Plano Diretor.

AIU 2 – áreas destinadas à regularização de loteamentos irregulares não contemplados pelas ZEIS, por pertencerem a estratos de renda alta.

AIU 3 – áreas do perímetro urbano pertencentes à ZCA 1 e ZCA 2, onde prevalecerão as condições de ocupação estabelecidas no Macrozoneamento Municipal.

• Áreas de Interesse Cultural (AIC)

Correspondem às áreas onde será preservado o patrimônio cultural e a história do Município e de seus habitantes, considerando como patrimônio cultural tudo aquilo que compreende a cultura, a identidade, as referências, a memória e o simbolismo da sociedade, exigindo a adoção de medidas e parâmetros destinados à sua proteção, compreendendo duas categorias: AIC 1 – compreende o centro tradicional da sede municipal, que concentra edificações de referência histórico-culturais, sobreposta a parte da Zona Central.

AIC 2 – demais áreas de interesse do município conforme Quadro 1 a seguir, onde constam os bens culturais protegidos, assim como todas aquelas que venham a ser identificadas como objeto de interesse cultural.

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Mapa do Zoneamento Urbano

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APÊNDICE C – MOBILIDADE

O Sistema Viário Principal do município de Passos compreende, conforme Anexo III – Sistema Viário Principal: • as rodovias estaduais e federais que atendem o município; • as estradas vicinais principais, que articulam o território municipal; • as principais vias da Sede Municipal, existentes e propostas, que, a partir da área central, possuem a função e/ou a potencialidade de estruturação das áreas urbanas.

Integram o Sistema Viário Principal, complementando o conjunto das principais vias da Sede Municipal: • o Anel Viário, planejado para integrar tanto as áreas urbanas ocupadas como aquelas previstas para a expansão urbana, deslocando o tráfego pesado de passagem; • as vias previstas para articulação do Anel Viário ao sistema viário existente; • a implantação da Via Perimetral como um eixo contínuo, aproveitando vias existentes e complementando-as, como alternativa para desafogar a circulação na área central da Sede Municipal; • as Interseções de Conflito, que se constituem em pontos de risco para a circulação de pedestres e veículos.

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Mapa do Sistema Viário Principal

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APÊNDICE D – HABITAÇÃO

Considera-se Habitação de Interesse Social (HIS) aquela destinada à população com renda familiar mensal limitada a três salários mínimos, produzida diretamente pelo poder público municipal ou com sua expressa anuência com, no máximo, um banheiro por unidade habitacional. A provisão da HIS se dará por meio da Política Municipal de Habitação de Interesse Social, com os objetivos de reduzir o déficit de moradias, melhorar as condições de vida e de habitação da população carente, e inibir a ocupação desordenada e em áreas de risco geológico ou natural. A criação de novas áreas para Habitação de Interesse Social deverá atender a déficits habitacionais verificados no município, tanto na área urbana como na área rural, e ainda em decorrência de um mapeamento de áreas de risco que identifique a necessidade de remoção de pessoas.

Estrutura e gestão

A Política Municipal de Habitação de Interesse Social se organiza por meio de sistema descentralizado e participativo, contemplando o Conselho Municipal de Habitação de Interesse Social, paritário, consultivo e deliberativo, e o Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social, sendo o Plano Local de Habitação de Interesse Social o mecanismo básico para efetivação deste sistema, ampliando o acesso à terra urbanizada e à habitação digna e sustentável para a população de menor renda.

Para a sua implementação, a Politica Municipal de Habitação Social deverá contar com setor específico na estrutura administrativa da Prefeitura Municipal, vinculado à Secretaria de Obras e articulado com a Secretaria de Assistência Social, com recursos humanos, materiais e financeiros suficientes para cumprimento de seus objetivos e suas ações, atendendo às suas diretrizes.

Diretrizes • o atendimento às funções sociais da cidade e da propriedade; • a utilização dos instrumentos previstos por este Plano Diretor para suporte à Política Municipal de Habitação;

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• a garantia de um melhor ordenamento e maior controle do uso do solo, de forma a combater a retenção especulativa e garantir acesso à terra urbanizada; • a promoção de articulação com a política urbana e a integração com as ações das demais políticas sociais, econômicas e ambientais; • a garantia de condições de habitabilidade das áreas ocupadas por população carente, as quais compreendem as condições de acesso à moradia digna, ao lote adequadamente urbanizado, ao saneamento básico, ao transporte coletivo, aos serviços e equipamentos públicos comunitários; • a regularização das áreas ocupadas por população carente; • a criação de novas áreas para habitação popular; • a vedação da ocupação de áreas insalubres e de risco, garantindo sua recuperação e preservação; • a captação de recursos por meio da cooperação com a iniciativa privada e de outras fontes como financiamentos e convênios; • a habilitação do município ao Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS). • o incentivo à criação de cooperativas de produção de moradias de interesse social, exigindo sempre a obediência à legislação urbanística e ambiental vigentes; • o incentivo à participação dos beneficiados nos processos de planejamento e gerenciamento da política habitacional do município; • a distribuição geográfica dos programas habitacionais, visando sua integração à cidade; • o atendimento prioritário ao cadastro mantido pelo setor de assistência social, com relação à demanda por moradias para a população carente sem habitação própria, nas áreas urbana e rural, com atendimento preferencial às famílias carentes residentes no Município há, pelo menos cinco anos; • a intervenção prioritária nas áreas de risco social, risco geológico e insalubres; • a criação de sanções com vistas a impedir a alienação de unidades habitacionais doadas pelo Município; • a integração e articulação do planejamento municipal da habitação de interesse social

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às demais políticas públicas municipais.

Ações • promover ações no sentido de elaborar o Plano Local de Habitação de Interesse Social (PLHIS); • promover ações no sentido de criar Programa de Regularização Fundiária para intervenção em áreas ocupadas irregularmente por população carente, em áreas públicas ou privadas, regularização essa que deverá abranger os aspectos ambiental, urbanístico e fundiário, com previsão de áreas em Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) no caso de realocação dessa população; • no caso de realocação, executá-la preferivelmente:

o em terrenos na própria área objeto de projeto de reassentamento; o em terrenos próximos a área objeto de projeto de reassentamento; o em locais já dotados de infraestrutura e transporte coletivo.

• prever a implantação e/ou complementação da infraestrutura urbana básica nas áreas destinadas a e/ou ocupadas por habitação de interesse social no município, incluindo saneamento ambiental, obras de drenagem, pavimentação de ruas e calçadas; • promover ações de avaliação e melhorias em habitações precárias, com orientação à população carente para a busca de apoio técnico à autoconstrução; • repassar ao Município, em todos os parcelamentos do solo, a parcela de 5% (cinco por cento) da área líquida loteada, ou seja, descontados o sistema viário, as áreas verdes, as áreas institucionais e a área remanescente da gleba, como provisão de estoque para a criação de novas áreas para Habitação de Interesse Social, recursos destinados ao Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social, gerido pelo Conselho Municipal de Habitação de Interesse Social; • desenvolver programa de arquitetura e engenharia públicas que dê suporte às necessidades da população carente, buscando a parceria do setor acadêmico e de segmentos econômicos dominantes no município, visando parcerias e financiamento de projetos sustentáveis relacionados com a construção e melhorias de moradias; • promover ações socioeducativas entre as famílias beneficiárias e buscar a inserção da população atendida no mercado de trabalho.

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