Valor Econômico 27/10/17 POLÍTICA

Governo já admite fatiar reforma da Previdência

Por Andrea Jubé, Fábio Pupo, assunto. governo errou na comunicação, os Marcelo Ribeiro e Edna Simão | De parlamentares não colocarão o Brasília A avaliação do grupo é que se pescoço na guilhotina mais essa vez", não refluir a resistência dos avisa. parlamentares, a discussão precisa evoluir pelo menos nesses três Ontem o chefe da Casa Civil, pontos, que representam, para Eliseu Padilha, minimizou as baixas Temer, "75% da reforma". do governo na votação da denúncia e ressaltou que aquele placar não Alas do governo admitem, pode ser considerado na reforma da reservadamente, o fatiamento do Previdência. relatório para aprovar ao menos a "essência" da reforma. Mas "Se nós considerarmos os Padilha: " não podemos dizer que abertamente os ministros defendem ausentes na hora da votação, mas esses votos de agora serão os da a aprovação da íntegra do relatório. que marcaram presença, tivemos 25 Previdência". ausências. Se somarmos aos 251 Estão envolvidos na discussão: o [votos favoráveis a Temer] com os O governo já admite, relator Arthur Maia, o presidente da 25 ausentes, vamos ter 276", internamente, o fatiamento da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), analisou, na saída de um evento reforma da Previdência Social na e os ministros da Fazenda, Henrique sobre governança no Tribunal de hipótese de se inviabilizar a votação Meirelles, do Planejamento, Dyogo Contas da União (TCU). do relatório integral do deputado Oliveira, da Casa Civil, Eliseu Arthur Maia (PPS-BA) até o fim do Padilha e da Secretaria Geral da "Não podemos dizer que esses ano. Para retomar a discussão do Presidência, . votos de agora serão os votos da tema na Câmara, o presidente Previdência. Muitas pessoas não elegeu três pontos Contudo, o governo enfrentará votaram ontem e têm compromisso essenciais a serem aprovados: a uma corrida de obstáculos até com reforma da previdência. Eu cito idade mínima para aposentadoria de Rodrigo Maia pautar a proposta. O como exemplo a bancada do PSDB, 65 anos para homens e 62 anos para presidente da Câmara viaja para que inteira tem compromisso com a mulheres, a equiparação das regras Israel, Palestina e Pistoia, na Itália, e reforma", argumentou. para servidores públicos e da não retorna antes do dia 3 de iniciativa privada e as normas de novembro. Depois, há o feriado de Ao deixar a casa de Rodrigo transição. 15 de novembro que esvazia a Maia ontem pela manhã, o ministro semana de votações. declarou à Mas pelo calendário, a reforma imprensa que o presidente da não volta à pauta da Câmara antes O vice-presidente da Câmara, Câmara está alinhado com o governo de 20 de novembro. Nesta semana, Fábio Ramalho (PMDB-MG) - que para prosseguir normalmente com a Temer reuniu-se com a equipe volta ao comando da Casa na agenda econômica, sendo a reforma econômica, o núcleo político e o próxima semana, - alerta que a da Previdência em primeiro lugar. relator da matéria, deputado Arthur reforma não passa "nem fatiada". "Depois, discutiremos a reforma Maia (PPS-BA), para discutir o "Nem só idade mínima não passa, o tributária", afirmou. Na mesma linha 27/10/17 de Padilha, ele advertiu que o placar da denúncia não vale para a reforma previdenciária. "São assuntos diferentes".

Sobre possível fatiamento, Meirelles acrescentou que o tema ainda será discutido, mas que, a princípio, a base será o relatório de Arthur Maia, que já foi aprovado na comissão especial da Casa. "Vamos ver como tramita, mas é o relatório de Arthur Maia que defendemos".

O secretário de Previdência Social, Marcelo Caetano, disse ao Valor que acredita na aprovação da proposta ainda neste ano. "Quem vai definir de fato o prazo é o Congresso Nacional". Ele ressaltou que quanto antes, melhor. "Se a gente começar a prorrogar a reforma e deixar para 2019, por exemplo, uma porção de coisas deixa de ser feita e você vai ter que compensar lá na frente", alertou. Valor Econômico 27/10/17 BRASIL

Déficit acumulado do governo central no ano supera R$ 108 bi, pior resultado desde 1997

Por Fábio Pupo e Edna Simão | bilhões de aeroportos. Além disso, 112,5 bilhões no mês. De Brasília o novo Refis deve contribuir com três parcelas de R$ 1,6 bilhão até o No acumulado de janeiro a fim do ano (em outubro, novembro setembro, o Tesouro registrou déficit Após registrar um rombo recorde e dezembro). de R$ 108,533 bilhões, o maior no acumulado do ano até setembro, rombo da história da série histórica o Tesouro Nacional já projeta que Em setembro, o governo central iniciada em 1997. Nesse caso, o o déficit primário do governo central registrou déficit primário de R$ acumulado do ano sofre com a (Tesouro Nacional, Previdência e 22,725 bilhões, resultado 12,2% antecipação de pagamentos de BC) ficará acima de R$ 120 bilhões melhor em relação a um ano antes. precatórios. Em anos anteriores, no acumulado até outubro e será Os números do mês foram esse pagamento era feito somente no superior a R$ 140 bilhões em beneficiados por um crescimento real fim do ano, sendo que neste ano já novembro. de 8,3% nas receitas totais, que foi realizado. chegaram a R$ 104 bilhões. A A secretária do Tesouro expansão foi impulsionada pelo Refis O rombo recorde foi registrado Nacional, Ana Paula Vescovi, disse (que rendeu R$ 3,3 bilhões no mês) mesmo com expansão real de 1,4% que os números até o fim do ano e pela arrecadação de R$ 1 bilhão nas receitas totais. Segundo o terão uma execução "diferenciada" com o PIS/Cofins sobre Tesouro Nacional, as cotas-partes em relação a um ano antes por combustíveis (que teve elevação de de compensações financeiras foram efeitos não recorrentes de receitas e taxa neste ano), além da melhoria na principal fator para esse crescimento. despesas. "No último trimestre do atividade econômica. Elas renderam R$ 8,6 bilhões a mais ano, teremos execução diferenciada. no ano. Em outubro tivemos a repatriação e No caso da melhora dos neste ano não teremos. Então, indicadores econômicos, a secretária No acumulado do ano, os gastos quando formos comparar vai citou a melhora na lucratividade das foram R$ 6,1 bilhões superiores aos aparecer essa diferença." empresas. Ela ressaltou que a receita de igual período de 2016, sendo que começa a ver efeitos positivos do os principais fatores foram benefícios Ana Paula afirmou que, apesar ganho real da renda dos previdenciários (R$ 26 bilhões), disso, os números possibilitam o trabalhadores e da convivência com pessoal e encargos (mais R$ 19,6 cumprimento da meta no fim do ano. juros mais baixos. "Tudo isso está bilhões), sentenças judiciais e Para isso, o governo já conta com rendendo uma arrecadação precatórios (R$ 9,6 bilhões). A recursos oriundos das concessões. sustentável", destacou. "O ciclo secretária chamou atenção para o Em novembro, está programada a sustentável tende a trazer resultados fato de que as despesas entrada de R$ 12 bilhões em receitas positivos também para o orçamento discricionárias continuam em ritmo de com usinas hidrelétricas. Em público e finanças públicas", disse. contração, o que demonstra um dezembro, R$ 12 bilhões Já no lado das despesas, houve um esforço pela contenção de gastos. provenientes de petróleo e R$ 3 crescimento real de 3,6%, para R$ 27/10/17 Valor Econômico 27/10/17 BRASIL

Equipe debate destino de sobra de R$ 7 bi

Por Fabio Graner | De Brasília um resultado primário melhor que a meta de déficit de R$ 159 bilhões ou ainda a redução de restos a pagar. O governo já tem uma folga de Se prevalecer a tese da liberação, recursos entre R$ 6 bilhões e R$ 7 discute-se se é o caso de antecipar bilhões no Orçamento deste ano e a o relatório bimestral ou aguardar até discussão sobre o que fazer com o 20 de novembro. dinheiro a mais se intensifica na equipe econômica. Esse total pode A edição de dois pareceres da ter redução, caso se confirme o área jurídica do governo, nos cenário de R$ 7 bilhões de próximos dias, deve garantir para as arrecadação líquida com o Refis este próximas semanas cerca de R$ 3 ano, ainda que este saldo possa subir bilhões ao caixa do Tesouro em um pouco nos próximos dias, já que recursos decorrentes de precatórios o programa ainda está aberto. não sacados há mais de dois anos. A área econômica vinha contando com O volume é inferior aos R$ 10 os recursos desde o primeiro bilhões informados até setembro, semestre, mas parte deles não pôde porque foram consideradas ser recuperada por empecilhos migrações de outros parcelamentos, técnicos e jurídicos que surgiram após recursos que de qualquer jeito a aprovação no Congresso. entrariam no caixa. A projeção no último relatório bimestral era Um dos pareceres será da arrecadar R$ 8,8 bilhões. Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, que viabilizará a devolução Por outro lado, informações dos recursos remanescentes nos preliminares indicam que a receita bancos públicos, garantirá que a corrente está novamente acima do União se responsabilizará pelo esperado, o que fortaleceria ainda pagamento caso beneficiários mais o caixa, junto com a sobra de procurem seus direitos. O outro é da recursos gerada pelos precatórios e Advocacia-Geral da União, que pelos leilões de petróleo e da Cemig. define que os advogados atuarão nos casos em que houver demanda O debate interno é sobre nova contra o Tesouro. Esses instrumentos liberação de recursos darão segurança para os bancos orçamentários, reduzindo o públicos devolverem os recursos ao contingenciamento de R$ 32 bilhões, governo. Valor Econômico 27/10/17 BRASIL

Concessões fiscais põem 'regra de ouro' em risco

Por Marta Watanabe | De São aprovados, minimizam o potencial cumprimento do resultado primário Paulo efeito cíclico positivo sobre a não será um grande desafio em 2018. arrecadação a partir de 2018", diz Com a volta do dinamismo um analista que não quis ser econômico, diz, a arrecadação As concessões fiscais do governo identificado. Questionado ontem por retornará a uma elasticidade-PIB Michel Temer neste ano não devem jornalistas, o ministro da Fazenda, maior que um. afetar o cumprimento de metas de Henrique Meirelles, declarou que as 2017, mas podem neutralizar ao concessões feitas não têm impacto O problema do ano que vem, menos parte dos efeitos positivos algum sobre o Orçamento deste ano avalia, será o cumprimento do esperados sobre a arrecadação e o de 2018. Em um cálculo crescimento da despesa pelo limite federal com a retomada da conservador, o Valor identificou R$ de 3%. "O teto vai cair em 2018", economia, principalmente a partir de 25,3 bilhões em concessões (ver diz o economista da Firjan. O limite, 2018. tabela) feitas pelo governo Temer explica ele, é muito baixo. "A taxa para ajudar a barrar denúncias contra de inflação deve ficar acima desse O cumprimento do déficit o presidente e ministros. limite e pressionará ainda mais os primário de R$ 159 bilhões no ano gastos." que vem não parece estar sob muito Guilherme Mercês, economista- risco, mas a luz amarela se acende chefe do Sistema Firjan, receia que Segundo ele, o corte pelas desde já para outros compromissos, as renúncias façam diferença. "As despesas discricionárias, recurso sobretudo a regra de ouro e concessões para a barrar a denúncia utilizado em 2016 e neste ano, estará eventualmente o teto de 3% para o contra o presidente Michel Temer esgotado e não será mais suficiente. crescimento das despesas. Para esse impõem que o governo federal tome Devem ser acionados, diz ele, os quadro, que deve levar a uma na sequência medidas mais duras gatilhos previstos pela legislação para revisão das regras fiscais em 2019 para compensar esse afrouxamento o descumprimento. O salário mínimo ou 2020, convergem analistas e garantir um equilíbrio maior no e o dos servidores públicos não ouvidos pelo Valor, alguns com médio e longo prazos." poderão ser ajustados acima da taxa maior ou menor pessimismo. de inflação. O quadro, diz, levará à Para Mercês, é possível que a a necessidade de uma repactuação "As negociações feitas, como o recuperação da economia traga uma do setor público em 2019. Uma nova adiamento do leilão do aeroporto de "surpresa positiva" para a regra, factível e digna de Congonhas e os parcelamentos arrecadação e, por isso, o credibilidade, precisará ser definida 27/10/17 e as reformas estruturais deverão investimentos em queda e déficit teto de gastos também será difícil, voltar à agenda. primário cada vez maior começa a avalia. Talvez seja inviável, segundo tornar mais sensível a regra de ouro", ela, o corte de gastos discricionários O desafio de 2018, segundo afirma Mercês. no nível necessário para cumprir o Fabio Klein, economista da limite. Tendências Consultoria, é que o Além de corte de investimentos, cumprimento de uma regra pode destaca ele, não há ainda certeza da Carolina lembra que o cenário do dificultar o de outra. Para o continuidade da devolução de ano que vem ainda depende bastante economista, apesar de alguns riscos recursos pelo Banco Nacional de da aprovação do pacote fiscal para de receita no horizonte, no ano que Desenvolvimento Econômico e 2018, que inclui o aumento da vem a arrecadação, com crescimento Social (BNDES) em 2018. Somado alíquota previdenciária do servidor do Produto Interno Bruto (PIB) a isso, há ainda, diz, o efeito do público, a tributação sobre fundos de projetado de 2,8%, será mais perdão das dívidas do Estado do Rio investimentos exclusivos e adiamento favorável às contas. A dificuldade de Janeiro, lembra o economista, do reajuste salarial de algumas será conter em 3% o crescimento de referindo-se ao plano de categorias de servidores. despesas. recuperação fiscal assinado entre a União e o governo fluminense. Um atenuante destacado por As despesas do regime geral da alguns analistas é que o INPC, índice Previdência, lembra o economista da "Já estão na conta do ano que vem de inflação que indexa a variação do Tendências, representam quase o perdão para o salário mínimo e outras despesas do metade dos gastos do governo e talvez para Minas Gerais", afirma. governo federal, pode ficar abaixo federal e irão crescer acima da Isso, explica Mercês, reduz as de 3% em 2017, o que exercerá inflação. A própria taxa de inflação receitas de capital do governo federal menor pressão sobre os gastos em deverá ficar acima dos 3%. A União e dificulta o cumprimento da regra 2018. acabará por forçar o ajuste sobre de ouro. "O não cumprimento dessa outras contas não obrigatórias, como regra pode ter efeitos mais sérios que Para outro economista que os investimentos. não cumprir a meta de resultado também não quis se identificar, o risco primário, porque a regra de ouro é maior de a União estourar o teto de O problema, diz Klein, é que o um mandamento constitucional e gastos está em 2019, ano em que a ajuste para cumprimento do teto pela pode gerar crime de regra de ouro terá ainda menos rubrica de investimentos pode responsabilidade." chances ainda de ser cumprida. permitir o cumprimento do teto, mas Todos os gatilhos da lei do teto traz um risco maior de ferir em 2018 Carolina Sato, economista da deverão ser acionados, diz ele, já a regra de ouro, pela qual a receita MCM Consultores, também destaca sob o governo do presidente que será de emissão de títulos não pode ser a incerteza dos recursos do BNDES eleito em 2018. superior às despesas de capital. "A e, entre as preocupações para 2018, combinação de despesas de a regra de ouro. O cumprimento do "E é preciso lembrar que, com o 27/10/17 adiamento do reajuste salarial dos Central e da regra de gastos". servidores, uma das medidas do pacote fiscal para 2018, o aumento Uma das grandes preocupações, deve ficar para 2019. Também em afirma o economista, é que a 2019 o governo precisará definir a recuperação da economia diminua a política para o salário mínimo. São percepção da necessidade de muitos problemas para serem reformas. Para estabilizar a dívida resolvidos", afirma. "Não pública, diz ele, é preciso que a escaparemos cedo ou tarde, até economia cresça de 5% a 6%, algo 2020, de uma profunda revisão da que não deve acontecer. Há ainda o institucionalidade fiscal do país." efeito das renúncias por concessões fiscais no decorrer deste ano, que O acionamento dos gatilhos, diz não estão medidas. o economista, dará uma chacoalhada na economia política. "É preciso "Concordo com as projeções de lembrar que em 2019 a dívida reversão cíclica da economia e pública estará acima de 80% do PIB acredito que vamos continuar com e o déficit primário, entre 2% a 2,5% recuperação no ano que vem, mas o do PIB. É possível que haja um efeito na arrecadação depende muito movimento para mudar a regra do do mercado de trabalho", diz o teto de gatos." especialista. Segundo ele, 60% das receitas tributárias federais Quando tudo isso estourar, diz dependem direta ou indiretamente do ele, é preciso que haja no comando mercado de trabalho e a expectativa do governo federal muito equilíbrio geral é que a reação do emprego e maturidade para definição de um demore mais. (Colaboraram Luciano "novo arcabouço fiscal que funcione, Máximo e Thaís Carrança, de São com revisão da regra de ouro, da Paulo) relação Tesouro Nacional/Banco O GLOBO 27/10/17 MIRIAM LEITÃO

Gargalo elétrico

COM ALVARO GRIBEL (DE demagogia. O pior momento do todos os projetos de energia do SÃO PAULO) populismo tarifário foi com a MP governo Dilma ficariam prontos nas 579, de setembro de 2012, quando datas planejadas. E não ficaram. — a presidente Dilma reduziu a conta Fizemos um estudo usando o mesmo A conta de luz está 40% mais cara e, com isso, estimulou o consumo modelo do ONS. Refizemos as desde 2012, quando houve a em época de escassez de água. O contas com o que houve de intervenção do governo Dilma no preço caiu e depois disparou. despacho, consumo e chuvas, e setor elétrico. Não deve ceder a comparamos com as projeções. O curto prazo. Esta semana mesmo O diretor da consultoria resultado é que todo ano os houve o anúncio da alta da bandeira Excelência Energia, Erik Eduardo reservatórios estão ficando 10 vermelha. Os reservatórios têm Rego, avalia que a tendência é de pontos abaixo do projetado. Há uma menos água do que na época do novos aumentos na conta nos margem de erro de 10 pontos por apagão do governo Fernando próximos anos. Ele acha que só não ano, e isso foi se acumulando — Henrique. Os administradores do haverá apagão porque a falta de disse. No Nordeste, o nível dos setor elétrico não conseguem ver os energia derrubará o PIB. — reservatórios caiu para 6,5% do total. riscos a tempo. Trabalhamos com um cenário de alta Só não falta energia porque as de 2,5% no PIB do ano que vem. eólicas estão trabalhando a todo As hidrelétricas estão velhas, Se fosse mais do que isso, bateria vapor e já chegam a suprir 50% da com baixa produtividade, os na trave. Acho que isso não ocorre geração. Eduardo Rego diz que hoje reservatórios, assoreados, e os rios, porque as tarifas terão que subir o Rio São Francisco caiu para 4º fustigados pelos maus tratos. O antes, e isso irá afetar principalmente lugar como fonte de energia. A eólica governo Dilma quis construir novas a recuperação da indústria — é a primeira, depois, térmica a gás, e hidrelétricas, passando por cima de explicou. O que os especialistas importação de outras regiões do país. todas as restrições ambientais e hoje dizem é que o sistema hidrelétrico se sabe que em várias delas houve brasileiro está velho, com baixa Em todo o Brasil, há 15 GW de desvio de recursos públicos. O produtividade, e que o ONS não térmicas em uso, para uma governo Temer ignora os problemas está dimensionando bem essa perda capacidade máxima de 19 GW. Essa que se acumulam. No ano passado, de eficiência. Com isso, autoriza um diferença de 4 GW, de usinas mais disse que haveria sobra de energia e consumo maior do que as usinas caras e poluentes, é justamente a agora está aprovando um aumento conseguem gerar. Deveria determinar reserva que o sistema elétrico tem atrás do outro. Era fácil ver antes que o uso de outras energias, a começar hoje para evitar apagões em caso de o nível de água continuava baixo nos das mais limpas. Os reservatórios pico de consumo. Mas não é uma reservatórios. O modelo do ONS estão assoreados e há os "gatos de boa solução porque são as usinas para monitorar o setor tem sido água”, pequenos produtores que mais sujas. O consultor Adriano questionado por especialistas. Os usam a água dos rios sem Pires, do CBIE, diz que o governo governos Dilma e Temer passaram autorização. Temer está repetindo o erro do todo o ano de 2016 com bandeira governo Dima em não fazer verde apesar do baixo nível de água Além disso, o órgão regulador campanhas de racionalização do uso dos reservatórios. Foram iguais na considerou, nas suas projeções, que de energia. — Os governos têm 27/10/17 medo de que a população confunda racionalização com racionamento. Isso é um erro. Se o PIB crescer 4% no ano que vem, há risco real de faltar energia. As contas vão ficar altas até que se recupere o nível dos reservatórios — disse. Entra governo, sai governo, tem faltado planejamento no setor elétrico. No final do ano passado, o governo Temer cancelou um leilão de eólica e solar, dizendo que havia sobra de energia no sistema e este ano marcou para dezembro um leilão de energia a carvão, a mais poluente. Agora, a Aneel elevou em 43% a sobretaxa na conta de luz, e o medo do apagão voltou a rondar o país. O GLOBO 27/10/17 ECONOMIA

Governo precisa de R$ 184 bi para cumprir regra fiscal ano que vem Constituição proíbe que emissões equipe econômica. Outros R$ 17 bilhões serão pagos de dívida superem despesas com na semana que vem. De acordo com investimentos Ontem, para apaziguar os ânimos, a nota, as duas operações não os ministros da Fazenda, Henrique afetam a estrutura patrimonial do MARTHA BECK Meirelles, do Planejamento, Dyogo BNDES “nem sua capacidade de Oliveira, e o presidente do BNDES, financiar projetos que irão garantir a BRASÍLIA - A equipe Paulo Rabello de Castro, retomada sólida do ritmo de econômica precisa de R$ 184 informaram, por meio de nota, que crescimento da atividade econômica bilhões para garantir o cumprimento o banco irá devolver um total de R$ brasileira”. As contas públicas da regra de ouro em 2018. A norma, 50 bilhões ao Tesouro em 2017. Em voltaram a ficar no vermelho em prevista na Constituição, proíbe que 2018, o BNDES também vai fazer setembro. O governo central as emissões de dívida do governo um pagamento, mas o montante (formado por Tesouro Nacional, sejam maiores que as despesas com ainda será definido. De acordo com Previdência Social e Banco Central) investimentos. No entanto, é o texto, o Conselho de registrou déficit primário de R$ 22,7 exatamente isso que está Administração do BNDES vai bilhões no mês. Embora negativo, o acontecendo. Por isso, para ajustar calcular o valor observando a resultado é melhor que o observado a maior parte desse descasamento, posição em ativos líquidos, a no mesmo período do ano passado, o Tesouro pediu ao BNDES que estimativa de fluxo de desembolsos quando o rombo foi de R$ 25,2 devolva antecipadamente R$ 130 líquidos para os próximos anos, a bilhões. Tradicionalmente, setembro bilhões em recursos que foram estrutura patrimonial do banco, sua é mês de déficit nas contas públicas. aportados no banco nos últimos missão institucional e o atendimento Isso ocorre porque ele concentra o anos. Segundo a secretária do às regras prudenciais bancárias. “Tal pagamento da primeira parcela do Tesouro, Ana Paula Vescovi, os antecipação (de 2018) terá reflexos 13º salário, o que pressiona os gastos técnicos também estudam outras importantes sobre a percepção dos com Previdência. No acumulado de medidas complementares. Uma agentes econômicos quanto à real 2017, no entanto, os números delas é a reclassificação de R$ 30 capacidade do país em estabilizar o mostram que a situação é grave. bilhões que ingressaram nos cofres seu endividamento, elevando as públicos em 2017. Essa expectativas destes em relação à O déficit primário do governo identificação contábil vai permitir o economia e trazendo benefícios para central atingiu R$ 108,5 bilhões — uso desse dinheiro como receita para todos os envolvidos na operação”, pior resultado desde 1997. O cumprimento da regra de ouro já este diz a nota. relatório apresentado pelo Ministério ano. Mas, se houver sobra, ela será da Fazenda aponta que o rombo foi transferida para 2018. Outra fonte CONTAS PÚBLICAS recorde porque o governo antecipou possível seria a privatização da VOLTAM A FICAR NO o pagamento de precatórios. Sem Eletrobras. Isso também daria VERMELHO essa despesa, o déficit teria sido de receitas que poderiam ser R$ 90,4 bilhões, menor que o contabilizadas na regra. A devolução Este ano, também para evitar o observado no mesmo período de de recursos do BNDES ao Tesouro descumprimento da regra de ouro, 2016. Em 12 meses, o saldo negativo é a principal fonte para assegurar a o BNDES já devolveu ao Tesouro está acumulado em R$ 169,9 norma, mas vem sendo alvo de uma R$ 33 bilhões. Os recursos foram bilhões, ou 2,62% do Produto disputa acirrada entre o banco e a usados para reduzir a dívida bruta. Interno Bruto (PIB), superando a 27/10/17 meta fiscal do ano, de déficit de R$ representa um crescimento de 6,4% 159 bilhões. Ou seja, se o ano em relação a 2016, deixando o terminasse hoje, o governo não poder Executivo dentro do teto, pelo conseguiria cumprir o objetivo qual os gastos podem crescer até um estabelecido. Sem os precatórios, o limite de 7,2% este ano. número teria sido de R$ 151,6 bilhões. Segundo o relatório das Outros órgãos públicos, no contas públicas de setembro, as entanto, ainda estão acima do limite despesas totais do governo central do teto. De acordo com o somaram R$ 933 bilhões no documento, o Senado teve, até acumulado do ano, o que representa setembro, um avanço de despesa de um crescimento real de 0,7% sobre 7,6%. O Tribunal de Contas da 2016. União registrou aumento de 9,4%, a Justiça do Trabalho, de 8,2%, a Mas, considerando apenas as Defensoria Pública da União, de previdenciárias, a conta foi de R$ 17,4%, e o Ministério Público da 408,5 bilhões, com uma alta de União, de 8,3%. O documento da 6,8%. Os gastos com pessoal e Fazenda faz um alerta para a encargos foram de R$ 208,9 bilhões dificuldade de o governo cumprir o — aumento real de 10,3% sobre teto de gastos em 2018. No ano que 2016. Por outro lado, os vem, o limite para aumento das investimentos, que estão no grupo de despesas é de 3%. Contudo, as despesas que o governo pode cortar, despesas obrigatórias (especialmente despencaram 36,5%, para R$ 25,6 Previdência e pessoal) tendem a bilhões. O relatório do Tesouro crescer 6,7%. “Na ausência de mostra que o governo já consumiu medidas para reduzir despesas 69,55% do teto de gastos previsto obrigatórias, as despesas para 2017. O limite fixado em lei é discricionárias teriam que decrescer de R$ 1,308 trilhão, sendo que, até R$ 10 bilhões em termos nominais”, setembro, já foram pagos R$ conclui o texto. 910,175 bilhões. Esse montante FOLHA DE SÃO PAULO 27/10/17 MERCADO FOLHA DE SÃO PAULO 27/10/17 MERCADO

Padilha reacende polêmica sobre MP's no ajuste fiscal 27/10/17 O ESTADO DE S. PAULO 27/10/17 ECONOMIA

Para base aliada, Temer terá dificuldade de aprovar até Previdência mais enxuta

Disputa. Presidente da Câmara cronograma não seja cumprido. (MG), líder do PSD, que é a quinta e ministro da Fazenda retomaram maior bancada, com 39 ontem as negociações sobre a Meirelles também não quer parlamentares, diz que a reforma reforma, que é prioridade para o ficar amarrado a uma data fixa pela é prioridade econômica, não governo, sem definir prazo para qual possa ser cobrado depois. Mas política. “Hoje não vejo saída”, votação; líderes da base aliada, no o empenho do governo é para que disse. Até mesmo o líder do PSDB, entanto, afirmam que projeto a proposta seja votada em primeiro Ricardo Tripoli (SP), prevê dificilmente avançará no e segundo turnos na Câmara até o dificuldades para votar a reforma Congresso final do ano. “Nem pensar. Não da Previdência, embora o partido vejo clima favorável nenhum para (que tem a terceira maior bancada, Adriana Fernandes aprovar neste ano. com 44 deputados) tenha Igor Gadelha alardeado apoio à proposta no Idiana Tomazelli No próximo, pior ainda. Isso é início do ano. projeto para ser discutido em Prioridade da agenda início de mandato”, afirmou o líder Maia, que ganhou mais econômica, a reforma da do PR, José Rocha (BA), que protagonismo depois da votação da Previdência dificilmente avançará comanda a sexta maior bancada da segunda denúncia, vai avaliar o no Congresso até as eleições de Casa, com 38 deputados. A “base “termômetro” da viabilidade de a 2018, segundo líderes dos de sustentação” do governo é hoje proposta passar na Câmara. Dessa principais partidos da base aliada estimada em 390 deputados. forma, espera-se para os próximos ouvidos pelo ‘Estadão/ Depois de Meirelles, Rodrigo dias a coordenação da fase mais Broadcast’. Mesmo a aprovação Maia recebeu o ministro do objetiva de discussões em torno do da versão mais enxuta é tida como Planejamento, Dyogo Oliveira. alcance do tamanho da reforma que improvável. poderá ser votada. Meirelles A ele, o presidente da Câmara também pretende voltar a se reunir O presidente da Câmara dos avisou que as medidas fiscais de com lideranças da base aliada do Deputados, Rodrigo Maia (DEM- aperto para o funcionalismo governo no Congresso em busca de RJ), e o ministro da Fazenda, também terão muita dificuldade de apoio. Henrique Meirelles, reabriram serem aprovadas. O próprio ontem as negociações sobre o ministro-chefe da Casa Civil, Ao sair da casa de Maia, tema, mas Meirelles deixou a casa Eliseu Padilha, reconheceu ontem Meirelles declarou que o governo de Maia sem uma previsão de data que a proximidade da campanha irá “prosseguir normalmente, para a votação do projeto, como eleitoral dificulta a aprovação de mandando os projetos da agenda pretendia. Aliados de Maia medidas “mais custosas do ponto econômica”. Questionado sobre a reconhecem que ele não quer traçar de vista popular”. ordem de prioridades, respondeu: um calendário para a votação da “Reforma da Previdência em proposta para não arcar sozinho O deputado Marcos Montes primeiro lugar, tributária depois.” com esse desgaste, caso o O ESTADO DE S. PAULO 27/10/17 ECONOMIA

Temer tenta fazer pacto com Maia

Com menos apoio político, com Maia uma ofensiva para presidente depende mais de Antes, ele recebeu na residência aprovar a simplificação tributária. Rodrigo Maia para aprovar oficial os ministros Henrique “Vamos ver o que conseguimos projetos polêmicos antes das Meirelles (Fazenda) e Dyogo aprovar. Não será fácil nem eleições do ano que vem Oliveira (Planejamento). Temer simples”, disse ele. Questionado pediu aos ministros para acertarem pelo Estado sobre a possibilidade Vera Rosa com o deputado um modelo que de ser “primeiro ministro” de um permita enxugar a Proposta de governo sem força, Maia abriu um Um dia depois de conseguir Emenda à Constituição (PEC) sorriso. “Eu já sou articulador salvar o seu mandato, o presidente sobre a Previdência. As mudanças político, mas não dá para fazer um Michel Temer deu sinais de que devem se resumir à fixação de uma modelo híbrido num sistema fará um pacto com o presidente da idade mínima para a aposentadoria presidencialista como o nosso”, Câmara, Rodrigo Maia (DEM- (65 anos para homens e 62 para afirmou. RJ), para emplacar uma agenda de mulheres) e à quebra de privilégio reformas consideradas de servidores. “O Brasil vive uma crise necessárias na retomada do profunda e acredito que a Câmara crescimento econômico. Deputados da base aliada terá um papel relevante para desaconselharam Temer a mexer sairmos da crise.” Maia não abre Com menos apoio político, com essa reforma agora, sob a mão, porém, de investir em Temer sabe que, após o plenário alegação de que nenhuma projetos sociais que dizem respeito da Câmara rejeitar a segunda “maldade” será aprovada em ano à segurança pública e à geração de denúncia criminal contra ele, préeleitoral. A votação de quarta empregos. O deputado é candidato depende agora de Maia para mostrou que o governo não tem os à reeleição pelo Rio. “Rezo para aprovar projetos polêmicos antes 308 votos necessários na Câmara Maia ser iluminado, porque só das eleições de 2018. Maia foi para aprovar uma PEC. O assim vamos aprovar a ontem ao Palácio do Planalto e presidente, porém, acha que é Previdência, a tributária e mexer participou de uma cerimônia ao possível fazer mudanças, mesmo com a segurança”, disse Beto lado de Temer, na qual a Caixa que menores. Mansur (PRB-SP), vice-líder do destinou R$ 652 milhões para governo na Câmara. obras no Rio. O Planalto também combinou O ESTADO DE S. PAULO 27/10/17 ECONOMIA

Para economistas, reforma maior ficará para depois da eleição

Avaliação é de que mudanças mas não tem mais condições de alta no preço dos ativos. que exigem maior capital político fazer uma reforma tributária, por devem ficar para o próximo exemplo.” O cenário não está dado.” A presidente economista-chefe da XP Na avaliação do economista, o Investimentos e colunista do Douglas Gavras maior legado que o governo atual Estado, Zeina Latif, pondera que Luciana Dyniewicz deve deixar para o próximo não é possível fazer uma ponte tão presidente é a aprovação do teto direta entre a perda de apoio do Nem o mercado espera que o de gastos. “Apesar de importante, governo no Congresso e a agenda governo Temer consiga aprovar era uma medida mais simples, que econômica. “Há um alinhamento uma reforma da Previdência mexia com conceitos mais difusos maior, pelo menos na questão próxima da proposta original, na cabeça da população. Na econômica, entre o presidente da segundo economistas ouvidos pelo melhor das hipóteses, Temer Câmara, Rodrigo Maia, e o Estado. A avaliação é de que conseguirá aprovar algo simbólico governo. temas que exigem maior capital para a Previdência. A discussão político, como as mudanças nas vai precisar ser retomada pelo Para ambos, quanto mais as regras de aposentadoria, devem se sucessor.” reformas avançarem, maiores as desidratar com a proximidade da chances de termos uma economia eleição. O professor da Fundação mais sólida em 2018 e menor o Getúlio Vargas (FGV) Armando risco eleitoral também.” Ela Para o ex-diretor do Banco Castelar diz acreditar que o concorda, no entanto, que a janela Central Alexandre Schwartsman, o mercado não está “precificando” para aprovação da reforma ficou governo Temer, apesar de ter o enfraquecimento da proposta mais estreita. “Em maio, o garantido sua sobrevivência, não original, porque já não contava deputado tinha mais tempo para se deve ter mais cacife para tocar com a aprovação de nenhuma justificar. Acho que ainda é reformas significativas, como a da versão da reforma da Previdência possível passar (pelo menos idade Previdência. “O governo tem até o fim do mandato de Temer. mínima). É claro que hoje é difícil condição de lançar uma medida “Pode até ocorrer o contrário e a atribuir probabilidades elevadas.” provisória, fazer um projeto de lei, aprovação da idade mínima gerar CORREIO BRAZILIENSE 27/10/17 ECONOMIA

Pacote econômico

O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, sinalizou ontem que o governo deve enviar as medidas do pacote econômico para o ano que vem na forma de MPs, para que tenham vigência imediata e seus efeitos possam ser contabilizados na peça orçamentária. “Todas as medidas que tiverem impacto no Orçamento, despesas que vão ser contidas ou receitas (adicionais), têm que ir por MP e têm que ir até o dia 31 de outubro”, disse. O governo prepara, pelo menos, três medidas econômicas: o adiamento dos reajustes de servidores do Executivo, a elevação da alíquota previdenciária do funcionalismo e a mudança na tributação de fundos exclusivos de investimento.