DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA REVISÃO E REDAÇÃO

SESSÃO: 206.3.53.O

DATA: 17/08/09

TURNO: Matutino

TIPO DA SESSÃO: Solene - CD

LOCAL: Plenário Principal - CD

INÍCIO: 10h21min

TÉRMINO: 11h39min

DISCURSOS RETIRADOS PELO ORADOR PARA REVISÃO

Hora Fase Orador

Obs.: CÂMARA DOS DEPUTADOS

Ata da 206ª Sessão, em 17 de agosto de 2009 Presidência dos Srs......

ÀS 10 HORAS E 21 MINUTOS COMPARECEM À CASA OS SRS.: Michel Temer Marco Maia Antonio Carlos Magalhães Neto Rafael Guerra Inocêncio Oliveira Odair Cunha Nelson Marquezelli Marcelo Ortiz Giovanni Queiroz Leandro Sampaio Manoel Junior CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 206.3.53.O Tipo: Solene - CD Data: 17/08/2009 Montagem: 4176

I - ABERTURA DA SESSÃO

O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Declaro aberta a sessão.

Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamos nossos trabalhos.

II - LEITURA DA ATA

O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Fica dispensada a leitura da ata da sessão anterior.

O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Passa-se à leitura do expediente.

A SRA. LÍDICE DA MATA, servindo como 1ª Secretária, procede à leitura do seguinte

III - EXPEDIENTE

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O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Finda a leitura do expediente, passa-se à

IV - HOMENAGEM

O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - A presente sessão solene realiza-se em homenagem póstuma ao compositor e músico baiano Dorival Caymmi, e foi requerida pela nobre Deputada Lídice da Mata, que tem sido nesta Casa uma das Parlamentares mais atuantes, pela sua visão, pela sua sensibilidade e pela sua experiência. S.Exa., que já exerceu mandato de Deputada, cumpriu outro mandato de relevância assemelhada, na Prefeitura de Salvador, e ali realizou fecunda gestão.

A Deputada Lídice da Mata propôs a esta Casa a realização desta sessão solene, o que foi acolhido por este Plenário e chancelado pelo Presidente da Casa,

Michel Temer. Portanto, esta sessão se deve ao espírito de iniciativa da nobre

Deputada Lídice da Mata.

Em nome da Mesa, quero homenageá-la neste instante, reconhecendo seu talento fulgurante e a sua sensibilidade para entender os problemas da e do o

País.

Convido para compor a Mesa o Sr. Domingos Leonelli, Secretário de Turismo do Estado da Bahia e ex-Deputado Federal, que, em memoráveis batalhas parlamentares, esteve sempre presente, defendendo a normalidade política e institucional e sabendo fazê-lo com a maior dignidade, com altanaria e excepcional espírito democrático. Portanto, ao compor a Mesa neste instante, recebe ele a homenagem do Poder Legislativo e deste Plenário, onde pontificou como uma das figuras estelares.

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Convido também o Sr. Pola Ribeiro, Diretor-Geral do Instituto de Radiodifusão

Educativa da Bahia — IRDEB, representando o Secretário de Cultura do Estado da

Bahia; e a nobre Deputada Lídice da Mata, integrante da bancada da Bahia, que, como já destaquei, é uma das figuras mais prestigiosas deste Parlamento.

Somos 513 representantes do povo brasileiro neste plenário, e Lídice da Mata se destaca, dentre todos nós, pelo seu talento, pela sua competência, sobretudo pelo seu inexcedível espírito público.

Composta a Mesa, convido todos os presentes a ouvirem, de pé, o Hino

Nacional, interpretado pelo Coral do Senado Federal, sob a regência da Maestrina

Cristina Mendes.

(É executado o Hino Nacional.)

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O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - O Coral do Senado Federal interpretará agora a música Vatapá, de autoria de Dorival Caymmi.

(Apresentação do Coral do Senado Federal.)

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O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Ilustres membros da Mesa, senhoras e senhores convidados, devido a atraso de seu voo, o Presidente Michel

Temer não pôde chegar a tempo para presidir ele mesmo esta sessão solene, como se havia comprometido com a nobre Deputada Lídice da Mata.

S.Exa. delegou, então, a mim a prerrogativa de substituí-lo neste magno evento, pedindo-me que fizesse a leitura de seu pronunciamento, que será entregue

à Deputada Lídice da Mata. Naturalmente ela se incumbirá, depois de publicado o discurso nos órgãos de divulgação da Casa, de fazê-lo chegar não apenas aos convidados, mas também ao próprio Governo da Bahia e às entidades culturais da boa terra, que se habituaram a cultuar a memória imperecível do grande Dorival

Caymmi.

Diz, então, o Presidente Michel Temer:

“Parabenizo, antes de mais nada, a nobre Deputada Lídice da Mata pela iniciativa desta sessão de homenagem póstuma que a Câmara dos Deputados ora presta a Dorival Caymmi, quando se completa o primeiro aniversário de sua morte.

Homenagear Caymmi nesta Casa é nos concedermos uma fascinante, ainda que breve e incompleta, incursão, num universo de lirismo, talento e arte. Dorival

Caymmi fez poesia cantada — versos concisos, sem o derramamento comum de sua época, perfeitamente harmonizados com melodias que, quanto mais se ouvem, mais acariciam o espírito.

Antes de ser eterno, Caymmi foi moderno e contemporâneo. Intuiu e assimilou antecipadamente o que estava por vir, na música popular brasileira, a tal ponto, que alguns consideram diversos elementos da obra caymmiana como precursores da , entre outras notórias influências, naturalmente.

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Nos 20 discos que gravou, nas canções primorosas que compôs, ao longo de

60 anos de carreira, o cantor-compositor exaltou a Bahia, fazendo transparecer os vínculos culturais fortíssimos, que nunca perdeu, mas, ao fazer arte com pura essência, foi baiano e brasileiro. Foi universal: cantou o mar, bem como a natureza, nas paisagens da terra natal, mas é um só o balanço das ondas, uma só a natureza, sempre bela, sempre insondável, em todos os lugares; enalteceu a beleza, mas a beleza esteve sempre dentro de si próprio; em muitas composições preiteou a figura feminina, mas ele próprio foi reservado nas questões amorosas.

A mulher, Stella Maris, foi o amor de uma vida. Casaram-se em 1940 e tiveram 3 filhos, músicos e cantores também: Dori, Danilo e Nana. Stella Maris, já muito doente, morreu 11 dias após o marido famoso. Na longa vida em comum,

Caymmi encontrou na companheira todas as mulheres do mundo. Falou de Anália, de Doralice, de Dora, de Marina, e quantas não seriam a própria Stella? Quantas

Análias, Doralices, Doras e Marinas, anônimas, eternas, ubíquas, estarão contidas nas mulheres de suas canções? Caymmi traduziu o feminino com rara compreensão, com precisão de mestre, ora melancólico e solitário, ora entusiasmado e alegre.

Do violão e voz caymmianos saíram diferentes ritmos e formas de cantar — canções praieiras, -canções conflituosos, o “samba sacudido”. A nenhum faltam a harmonia impecável e o primor inventivo. O violão de Caymmi não era, como o uso, então, mero coadjuvante. Chorava e ria com ele, integrado perfeitamente à sua forma de interpretar, para juntos criarem uma atmosfera de magia e sonho. Ouvi-los implica, ainda hoje, um transporte metafísico a um plano de perfeição enlevada que só a boa música consegue oferecer. É seguir o conselho de

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Chico Buarque, em sua composição 'Paratodos'. 'Contra fel, moléstia, crime/ Use

Dorival Caymmi'.

Já se disse que, para cada sentimento, existirá alguma música, no repertório brasileiro. É acertado dizer também que o cancioneiro de Caymmi, vasto, nas mais de 100 composições, conciso, tanto na temática quanto na precisão de letra e melodia, reserva sempre uma bela canção, cada vez que o tema é a existência humana com sua fragilidade diante das forças naturais, com os sentimentos que carrega em si.

Todas essas composições podem parecer simples, mas se revelam musicalmente sofisticadas, além de originalíssimas; todas exerceram e continuam exercendo influências sobre sucessivas gerações de músicos. Têm, portanto, os traços inconfundíveis da universalidade e da atemporalidade. Dorival Caymmi é universal e atemporal.

Muito obrigado.”

Essas são as palavras do nobre Presidente Michel Temer, que, impossibilitado de chegar a tempo de presidir esta solenidade, enviou-nos, portanto, seu discurso, para que dele déssemos ciência aos presentes e o fizéssemos chegar

à nobre Deputada Lídice da Mata, que se incumbirá, naturalmente, de fazer sua entrega pessoal a todas as entidades culturais da Bahia, que se juntam hoje para chancelar também esta homenagem que a Câmara dos Deputados presta ao inolvidável compositor que honra e dignifica a música brasileira.

Portanto, é essa a homenagem de Michel Temer, Presidente desta Casa, a

Dorival Caymmi, nesta sessão solene realizada pela Câmara dos Deputados.

Muito obrigado.

9 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 206.3.53.O Tipo: Solene - CD Data: 17/08/2009 Montagem: 4176

O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Com a palavra a nobre Deputada

Lídice da Mata, que, como já ressaltei, é a autora do requerimento que originou a convocação desta sessão, que objetiva realçar a personalidade inconfundível e inolvidável mesmo do grande Dorival Caymmi.

A SRA. LÍDICE DA MATA (Bloco/PSB-BA. Sem revisão da oradora.) - Sr.

Presidente, senhoras e senhores convidados presentes, quero saudar, e, em seu nome, o Governo do Estado da Bahia, o Secretário de Turismo do Estado da Bahia,

Deputado Federal, Constituinte como nós, Domingos Leonelli, amigo e companheiro de luta política do meu partido.

Saúdo, também o companheiro e amigo de tantas batalhas que enfrentamos juntos desde a juventude, Pola Ribeiro, Diretor-Geral do Instituto de Radiodifusão

Educativa da Bahia — IRDEB, que aqui representa o Sr. Márcio Meireles, Secretário de Cultura do Estado, que, juntamente com o Ministro Juca Ferreira, comunicou-se comigo, lamentado o fato de não poderem comparecer a esta sessão, em virtude de reunião convocada para discutir o processo orçamentário da cultura no Brasil, que se realiza neste momento no .

Registro ainda que deverão chegar em breve, com um pequeno atraso, a

Primeira Dama da Bahia, Presidenta das Voluntárias Sociais do nosso Estado, que também representa o esforço da participação do nosso Governo nesta homenagem, a Sra. Fátima Mendonça e o Chefe de Gabinete do Governador do Estado,

Fernando Schmidt.

Sr. Presidente, caros amigos, gostaria de iniciar meu pronunciamento agradecendo o esforço de muitos: à TVE, pelo vídeo que assistiremos ao final, ao

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Coral do Senado, que magistralmente nos presenteou com o Hino Brasileiro e com o clássico Vatapá, de Caymmi, um dos hinos que a Bahia canta.

Eu gostaria de agradecer à Maestrina Glicínia Mendes, ao Antonio Risério, à

Stella Caymmi, à Casa, na pessoa do Presidente e também ao Dr. Mozart, que junto conosco viabilizou a organização desta sessão, à representante do cerimonial aqui presente, ao Sr. Cláudio Leal, jornalista da Bahia.

Sr. Presidente, os nossos agradecimentos vão a todos, porque eu fiquei profundamente impressionada, quando, há 1 ano, propus a realização desta sessão, logo após a morte de Caymmi, e, perdoe-me, percebi certa insensibilidade da vida política nacional com aquele momento. Mas, quando, enfim, o Presidente Michel

Temer comunicou-me, recentemente, após 1 ano, que gostaria que fosse realizada esta sessão, tratei de divulgá-la na Internet aos amantes de Caymmi. E foram tantas as contribuições que me chegaram às mãos, de todos os cantos, sobre Caymmi, que desisti de fazer um pronunciamento político a respeito. Eu iria tentar, como fã ou representante da Bahia, sintetizar contribuições de tão grande qualidade, que achei melhor ler um pouco de todas elas, e, algumas, integralmente.

Quero iniciar, portanto, com o e-mail que me foi enviado por sua neta, Stella

Caymmi, também sua biógrafa, que já editou a primeira biografia de Caymmi e agora, apresenta seu segundo estudo.

“Prezada Deputada Lídice da Mata

Acabei de falar com meu tio Danilo da minha

impossibilidade de comparecer à sessão especial em

homenagem ao meu avô Dorival Caymmi na Câmara

Federal por ocasião da data que marca seu primeiro ano

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de falecimento, devido a outro compromisso assumido

anteriormente. Ele já havia falado comigo sobre a minha

ida acompanhando-o e estava me empenhando em ir.

Muito me honra seu convite, seu carinho por

Caymmi e sei que essa homenagem muito honraria meu

avô, que foi um patriota, amante do Brasil e amante da

Bahia. Estou escrevendo minha tese de doutorado

justamente sobre ele (‘Caymmi na Era do Rádio’ é o título

do meu trabalho), envolvida com compromissos com meu

orientador e com a universidade (PUC/RJ), com prazos

apertados para entregar o próximo capítulo e, apesar de

querer interromper tudo, a responsabilidade me falou mais

alto.

Me lembro perfeitamente do dia da entrega da

Medalha Tomé de Souza, pois eu estava lá

acompanhando meu avô e meus tios. Testemunhei sua

emoção com o reconhecimento e amor do povo da Bahia

através da iniciativa da senhora, Prefeita da cidade de

Salvador na ocasião, de outorgar-lhe a mais importante

comenda da cidade que um filho da boa terra pode

merecer.”

Sr. Presidente, quero interromper meu pronunciamento para que V.Exa. convide à Mesa a Primeira-Dama do Estado da Bahia.

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O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Interrompendo, portanto, o discurso da nobre Deputada Lídice, eu convido a Sra. Fátima Mendonça, esposa do

Governador e Primeira-Dama do Estado, para compor a Mesa de honra desta Casa, bem como o Dr. Fernando Schmidt, Chefe de Gabinete do Governador Jaques

Wagner, que já pontificou nesta Casa como uma das figuras mais destacadas e daqui saiu para o Governo do Bahia.

Portanto, tendo a Mesa composta com a Primeira-Dama, com o Dr. Schmidt, vamos prosseguir com o pronunciamento da nobre Deputada Lídice da Mata, autora do requerimento desta sessão, em que se homenageia a figura extraordinária do grande Dorival Caymmi.

A SRA. LÍDICE DA MATA - Prossigo:

“Gostaria sim de dar uma pequena sugestão para a

cerimônia de homenagem” — disse-me Stella. “Existe

uma pequena crônica escrita pelo meu avô em julho de

1971 com o título ‘Dê Lembranças a Todos’.

Outras duas possibilidades que me ocorreram para

contribuir com a homenagem de vocês é a leitura do texto

que escrevi descrevendo meu avô chamado ‘Suave

Cotidiano’, também publicado na biografia.

E a terceira sugestão é lerem a letra de ‘Sargaço

Mar’, música testamento de meu avô e que faz parte do

conjunto chamado ‘Canções Praieiras’.”

Escolhi, Sr. Presidente, Suave Cotidiano:

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“O dia a dia de Dorival é bem simples. Não há

grandes mudanças na sua rotina não importando se está

em Copacabana, Pequeri ou Rio das Ostras. Costuma

acordar por volta das seis da manhã. Até antes. Fica na

cama, esperando o movimento da casa começar para não

acordar ninguém. Faz, em silêncio, a Oração da Manhã,

que conhece desde menino.

Depois da oração, medita e espera pelo café da

manhã. Por causa da diabete, não costuma abusar na

alimentação. Mas sempre que pode não dispensa uma

balinha ou lascas de rapadura pacientemente cortadas

por Cristiane, que trabalha na casa há anos, e colocadas

num vidro que fica em seu escritório. Disciplinado, não

comete extravagâncias. Sabe se conter. É metódico.

Gosta de se aproximar da janela a qualquer hora do dia

— critica muito quem encosta móvel interditando o livre

acesso a ela. Se está em Minas, onde tem passado

longas temporadas, abre a janela de manhã e enche os

pulmões com o ar puro da montanha. Se passa alguém,

apressa-se em acenar e recebe um alegre ‘Bom dia, seu

Dorival’, do primeiro passante do dia. Responde com

alegria. É bom estar vivo.

É uma bonita caminhada desde o mar até a

montanha. Um caminho de sabedoria. As músicas que

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canta para os montes de Minas só ele sabe. Costuma ler.

A última vez que eu perguntei, tinha relido as obras

completas de Machado de Assis. À sua maneira, é tão

sábio quanto o Conselheiro Ayres. Ou mais, pois não se

afastou das mulheres. Observa a vida que corre. Aceita

cada um como é. Nada exige. Nada impõe. É a favor da

liberdade total. Perguntem a Denise, João, Juliana, João

Victor, Gabriel ou Alice. Só sabe o que lhe contam. Não

faz da vida alheia um alimento da sua curiosidade.

Invadir, jamais. Conversa com criança pequena como se

fosse gente grande. Ele as respeita. Elas o amam. Não

existe melhor ombro para chorar. Eu mesma já chorei ali

muitas vezes e saí consolada. Deitei, mesmo depois de

adulta, na sua barriga — quando ela era grande, era

ainda melhor.

É um ser compreensivo. Jamais reclama. Tem um

humor manso, para ser ouvido como quem escuta João

Gilberto sussurrar ao violão, ou a mulher amada, como

diria Vinicius. ‘Necessariamente, para viver feliz tem que

ter o ingrediente mais sério: humor. Consulte Millôr

Fernandes, que é o definitivo’ — explica. Suas tiradas são

inteligentíssimas. Outro dia disse: ‘Gostar é um fenômeno

da hora’. Enxuto. Não é à toa que lê, apaixonado, a

poesia dos Manuéis, o Bandeira e o de Barros. Adélia

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Prado é poupada, para não acabar. A Bíblia, Dom Quixote

de Cervantes, e Cândido, ou O Otimismo, de Voltaire,

ordenadamente dispostos na sua mesinha de cabeceira,

são sempre revisitados, fertilizando sua imaginação.

‘Eu sou escravo de um personagem, eu sou

escravo de Dom Quixote de la Mancha’ —

confidenciou-me certa vez. Como Millôr gosta de

dicionários, ele gosta de enciclopédias. As lê, de A a Z.

Cultiva a memória. Faz palavras cruzadas. E descreve

seu dia em agendas há quase quarenta anos (eu que o

diga!). É um profundo admirador da tecnologia, mas não

chegou ao computador. Tem preguiça. Deixa para os

mais jovens. Seu ídolo é Thomas Alva Edison, o inventor

da lâmpada incandescente e precursor do cinematógrafo.

Conversar com Caymmi é uma arte. E quando isso

acontece exige sua total atenção. É detalhista.

Cinematográfico. Pinta o cenário antes de desencadear a

ação no imaginário do seu interlocutor. É plástico. É um

homem informado. Sabe tudo o que está acontecendo, lê

jornais, revistas e assiste à televisão. Mesmo que para ler

tenha de usar, além dos óculos, duas lentes de aumento,

por causa de uma catarata que não pode mais ser

operada. Não desgruda de Stella. Quando cochila — ele

sempre cochilou — na hora da novela, Stella repete

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‘Caymmi, vá se deitar’. Não adianta nada, ele fica ali

sentadinho, até ela ir junto. Sonha em reunir a família

completa para um longo fim de semana. Infelizmente isso

nem sempre é possível para as agendas dos filhos, netos

e bisnetos. Gosta do movimento da mulher com as

amigas e colaboradoras no zelo com a casa. Alda,

Cristiane, Telma, Elaine, Sonia, Celena, Mara e Vandréia

lembram-lhe as mulheres de saia de sua infância. Vive

rodeado de mulheres. Ainda tem Maryara, que é sua

amiga há anos, mas que só se conhecem por telefone.

Uma amiga virtual. Batem longos papos. A vida para ele

não teria a menor graça sem a mulher.

Às vezes fica longos períodos em silêncio, com os

olhos no longe. Tem uma vida interior impossível de ser

comunicada. Ninguém o incomoda quando está quieto.

Stella, que vive com ele há mais de 60 anos, instruiu a

todos da casa que quando fosse assim não o

interrompessem. ‘Sem a ação contemplativa você não

consegue reunir a capacidade de absorção. Você larga os

olhos no espaço e a memória, aí, tem mais atividade’ —

ensina. Sobre a música, disse certa vez que ‘o artista não

deve morrer de amor pela primeira coisa que faz’. Quando

escuta Bach, seu compositor favorito, atinge regiões

impensáveis para a maioria de nós. Sobre a morte,

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costuma dizer que já está no lucro. Tem muita

consciência de si. Quem se aproxima dele percebe que

está diante de um homem realizado. Ele é irresistível.

Vê beleza onde as pessoas menos desconfiam.

Interessa-se por pequenas coisas como a trajetória da

formiga até o formigueiro, carregando uma folha 3 vezes

maior que o seu tamanho, ou com a visita do beija-flor,

que costuma pousar em seus cabelos brancos. Você não

sabia? Caymmi conversa com os pássaros.”

Stella Caymmi*

16 de dezembro de 2000

*Escritora, jornalista e doutoranda em Literatura

Brasileira.

Autora de ‘Dorival Caymmi - O Mar e o Tempo e

‘Caymmi e a Bossa Nova’.”

Continuei a receber novas contribuições, desta feita de um dos estudiosos de sua obra — que voltarei a citar no fim —, o poeta e filósofo Antonio Risério.

“É já um clichê falar que fulano ou fulana nos deu

uma ‘verdadeira lição de vida’. E um clichê que muito

raramente corresponde aos fatos. Podemos fazer hoje,

aqui, o exercício inverso.

Vamos perguntar, objetivamente, não que lição de

vida Caymmi nos dá. Mas, sim, que lição nós podemos

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extrair da vida dele. Para isso, é preciso saber de onde

ele vem, onde ele cresceu e o que ele fez.

Vejamos, primeiro, de onde ele vem.

Por volta de 1820, havia já na Bahia, em Salvador,

uma pequena colônia de italianos, formada, em sua maior

parte, por genoveses. Foi essa colônia que recebeu, em

meados do século 19, um técnico da área da construção

civil chamado Enrico Balbino Caymmi, contratado para

trabalhar nas obras da construção do Elevador Lacerda.

Ainda no navio, a caminho da Bahia, paquerando

em alto mar, Enrico se apaixonou por uma portuguesa

chamada Maria da Glória. Foi correspondido. E eles se

casaram.

Um filho deles, Henrique Balbino Caymmi, se

apaixonou e se casou com uma preta da Bahia, Saloméa

de Souza. Tiveram filhos. Entre eles, Durval Henrique

Caymmi, mulato boêmio, namorador, tocador de violão.

Durval, por sua vez, se casou com Aurelina Soares. E

dela ganhou um filho que era a cara dele: Dorival. Dorival

Caymmi, mestiço baiano.

Vejamos, agora, onde este mestiço da Bahia

cresceu — e o que ele fez.

Dorival cresceu em meio a um povo de cores

misturadas, cresceu entre os de roda do

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Recôncavo Baiano e a música europeia. Cresceu entre a

poesia das festas de largo e a leitura de Pablo Neruda.

Entre os floreios dos altares das igrejas barrocas e xirê

dos orixás nos terreiros de candomblé.

E ele foi isso na sua pessoa, filho da mistura

genética de europeu e negro. Na sua música, que vinha

do samba que os bantos da África levaram para a Bahia

e, ao mesmo tempo, se abria criativamente a influxos do

impressionismo de Debussy. Na sua poesia, de

linguagem simultaneamente ancestral e moderna,

cantando jangadas e sobrados, o Senhor dos Navegantes

e Iemanjá.

Caymmi foi isso na sua vida.

É hora de perguntar, enfim, que lição nós podemos

extrair de sua vida. E a resposta é clara, simples e direta

como suas canções.

De uma parte, Caymmi nos convida a recusar toda

espécie de racismo — e toda espécie de racialismo.

A recusar toda espécie de racismo porque racismo

é um crime contra a humanidade. E Caymmi é quando a

eternidade se enamora do mundo e das pessoas. Além

disso, sua família é uma história de amor entre brancos e

negros, gerando filhos mestiços.

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A recusar toda espécie de racialismo porque o

racialismo quer transformar o país num campo racial

polarizado, onde só existam brancos de um lado e pretos

de outro. E, num país onde só existissem pretos de um

lado e brancos de outro, não haveria lugar para existir um

Caymmi.”

Esta foi a contribuição de Antonio Risério à nossa sessão.

Continuo recebendo contribuições dos baianos de todos os cantos em que se encontram, baianos intelectuais, escritores.

Vou ler agora a contribuição de Francisco Bosco, músico e ensaísta que estuda a obra de Caymmi.

“As canções praieiras: a certeza do ser.

A série das canções praieiras perfaz o conjunto

mais impressionante, não apenas em relação ao todo da

obra de Caymmi, como, talvez, no sentido de sua

espantosa originalidade, em relação a toda a tradição da

canção brasileira. Com efeito, o folclorista Câmara

Cascudo lembrava que o compositor baiano inventou um

gênero, pois não havia então na canção brasileira nada

que se assemelhasse às praieiras — e, deve-se

acrescentar, não viria a haver depois.

Sondar os segredos dessa originalidade, o mistério

encerrado na simplicidade aberta dessas canções, é a

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tarefa a que se propõe este capítulo. Comecemos, então,

a juntar as pistas.

O crítico Luís Antônio Giron observa que ‘Caymmi

pode ser designado como artista figurativo no sentido

mais profundo do termo’. Qual é esse ‘sentido mais

profundo’? Ora, o sentido mais habitual e óbvio seria

aquele de uma obra que retrata o cotidiano, que pinta

musicalmente a realidade como fazem os pintores

figurativos. Assim, por exemplo, nos sambas sacudidos,

em que somos apresentados ao traje da baiana, à gamela

da preta do acarajé, ao requebrado da vizinha, à receita

do vatapá, às igrejas de Salvador. Mas, nesses casos, é a

letra da canção que descreve as cenas, embora, é claro,

a música acompanhe os quadros descritos: o ritmo é

buliçoso quando sublinha a nega que sabe mexer, o canto

é dengoso quando recusa — por charme — o chamado

da baiana para dançar, e assim por diante. O ‘sentido

profundo’ do figurativo, de que fala Giron, vamos

encontrá-lo, entretanto, exclusivamente nas praieiras.

Aqui já não é apenas a letra que descreve as cenas, mas

também a música — essencialmente o violão — que é

capaz de pintar a realidade.

Não foi por acaso que Caymmi exigiu gravar a série

das praieiras em seu primeiro long-play, de 1954,

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chamado justamente Canções Praieiras, em formato voz

e violão (procedimento quase inusitado na época). É que

o violão de Caymmi, nas praieiras, não é um violão de

acompanhamento, mas antes um recurso como que

cinematográfico: ele cria um setting, compõe uma

paisagem, estabelece um cenário.

Como seu violão consegue isso? Não exatamente

imitando, mas se transformando nas coisas que quer

mostrar: em ‘A Lenda do Abaeté’, o violão é obsessivo e

sinistro como o mistério que envolve a lagoa escura

arrodeada de areia branca; em ‘O Vento’ (canção praieira

que entretanto não consta desse primeiro LP), o violão

dissolve-se, como se fosse o próprio fenômeno da

natureza; em ‘Canoeiro’, o violão vira um remo que bate

na água, um braço que puxa a corda, um corpo que colhe

a rede; em ‘O Mar’, o violão, primeiramente, espraia-se,

tornando-se o movimento mesmo da maré, depois se

toma dramático, para contar a história da morte de Pedro

e do enlouquecimento de Rosinha. Esse violão mimético,

proteico, transformando-se nas coisas consegue

apresentá-las; daí o ‘sentido profundo’ — e paradoxal —

desse figurativo: trata-se de uma figuração abstrata, uma

figuração que se dá ao nível da música, linguagem

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abstrata por excelência (as palavras ‘representam’ as

coisas; os sons, em princípio, não).

Não parece coisa feita por gente.”

Joca — João Carlos Teixeira Gomes, jornalista, escritor, biógrafo de Glauber

Rocha, outro baiano extraordinário, com sua verve mais forte da política e do jornalista baiano, diz, quando Caymmi morre (quinta-feira, dia 21 de agosto de 2008,

às 8h12min da manhã):

“Morreu o grande poeta dos mares e das morenas

bonitas da Bahia” — Primeira-Dama, cantada por

Caymmi, portanto. “Em seu caixão coberto de rendas e

flores, na Câmara Municipal do Rio, Dorival Caymmi

exibia a mesma serenidade que marcou toda a sua bela

trajetória na vida. A morte não conseguiu imprimir-lhe no

rosto o seu rictus perverso.

Ninguém, como ele, celebrou com mais intensidade

o fascínio do mar. O mar dos gregos — thalassa! — era o

mar heroico e belicoso, o mar do vingativo Netuno, o mar

de Ulisses e suas astúcias, aberto ao encanto das sereias

sedutoras e das ardilosas feiticeiras.

O mar de Caymmi era o mar poético e místico de

Yemanjá, senhora das águas pacificadas, mas, soprando

o noroeste, tempestuosas e traiçoeiras, tragando, sem

piedade, as jangadas dos pescadores de Itapuã. Também

foi insuperável na celebração das praias, dos ventos e

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dos mistérios da Bahia, como a escuridão da Lagoa do

Abaeté. Suas canções praieiras, marca essencial da

baianidade do seu canto, ficarão como inigualável

monumento do cancioneiro popular da Bahia e do Brasil.

Soube ele encadear a perfeição de suas letras e melodias

com a profunda vivência de quem andou naquelas praias

(então desertas), de pés descalços e camisa aberta no

peito, testemunhando, pressuroso, as jornadas homéricas

dos jangadeiros.”

E continua discorrendo o nosso querido Joca sobre Caymmi, para, finalmente, destacar um trecho, Fátima, Schmidt, envolvidos com o cotidiano do Governo da

Bahia, sobre o enterro de Caymmi. Depois de descrever muito sobre ele, diz Joca:

“Assim era o nosso poeta, que conheci

pessoalmente, até porque muito se apresentou no

cine-teatro que era da minha família, o grandioso Jandaia,

numa relação que ele sempre evocava. Fui-lhe prestar a

última homenagem no velório na Cinelândia e no

sepultamento em Botafogo, e confesso que, durante largo

tempo, muito me incomodou a ausência da bandeira da

Bahia sobre o caixão do poeta, já então homenageado

com a do Brasil e a da Mangueira. Movimentei-me para

que se reparasse aquilo que era um óbvio descuido do

cerimonial do governo da Bahia, até que tive a satisfação

de ver o Governador Jaques Wagner e o Secretário

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Márcio Meireles corrigirem a omissão, trazendo,

pessoaImente, a bandeira que materializava a reverencia

dos baianos diante do seu magnífico cantor.

Também o cidadão feirense Aristides Teles desfilou

com uma vistosa camisa do Bahia” — não posso deixar

de registrar — “e se debruçou sobre o caixão, para cantar

canções de Caymmi, a todos comovendo.”

Passo, agora, a ler a contribuição de Cláudio Leal, na sua juventude de neto do conhecido Deputado Estadual Luiz Leal:

“Bahia e Dorival Caymmi — a canção da partida.

Era a cerimônia do adeus. Em 10 de agosto de

2006, o Teatro Castro Alves, em Salvador, reencontrava o

compositor Dorival Caymmi (1914-2008). Onze anos de

ausência. Com o Prêmio de Literatura e

Arte, a Bahia oficial pedia desculpas ao soteropolitano da

rua do Bângala, depois de anos de hostilidades do

ex-Governador Antonio Carlos Magalhães.

O estremecimento da amizade veio em 1971,

quando Caymmi vendeu a casa doada pelo governo

baiano. Em 1968, fixara residência por poucos meses no

Rio Vermelho, mas a teia de compromissos o tragava

para o Rio de Janeiro, onde voltou a morar. Houve quem

visse nisso o desejo do artista de guardar distância

moderada de seu universo mítico.

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Numa interpretação rasteira, o político baiano

entendeu a mudança como uma renúncia à baianidade.

Brios feridos, trocaram petardos. Caymmi, fino trato,

cravou: ‘Conheci Antonio Carlos no tempo em que ele

apenas servia cafezinho a Odorico Tavares’.

Odorico, diretor dos Diários Associados na Bahia,

amigo do músico e protetor do jovem jornalista ACM. Em

2000, iniciou-se a reaproximação. Desfazer de mal em

câmera lenta. Contrariando arraigado princípio, Toninho

estendeu a mão. O Prêmio Jorge Amado, em agosto de

2006, selará as pazes oficiais.

As rusgas de três décadas se resumiam ao andar

de cima. A Bahia real continuava a tremer de encanto

pelas canções praieiras e pelos sambas sacudidos.

Caymmi, Jorge Amado, Odorico, Carybé e Pierre Verger

formam o quinteto da fundação afetiva e cultural da

‘Cidade da Bahia’. Geração pioneira na assimilação das

heranças africanas nas artes.”

Depois continua discorrendo Cláudio sobre o seu comovido relato da Bahia:

“Silencioso e comovido, Caymmi põe a mão no

peito” — naquela cerimônia, já em cadeira de rodas. “O

Filho Danilo o acaricia. Ali perto, Zélia Gattai. Dorival

recobra a voz rouca para entoar as palavras finais dos

versos da Canção da Partida. Coração em Tropel.

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‘Minha jangada vai sair pro mar

Vou trabalhar meu bem querer

Se Deus quiser quando eu voltar do mar

Um peixe bom eu vou trazer

Meus companheiros também vão voltar

E a Deus do céu vamos agradecer.”

Finalizo, Sr. Presidente, a leitura, já cansativa para todos. Sinto-me na obrigação de fazê-la, Sr. Presidente, para deixar gravado nos Anais desta Casa a enorme contribuição de Dorival Caymmi à música, à poesia, à vida, ao Brasil e especialmente à Bahia.

Por último, algumas observações do estudioso Antonio Risério, no seu livro

Utopia de Lugar — que Leonelli recupera —, quando, ao se referir à Bahia, diz que a

Bahia é resultado de uma obra lítero-musical, a parte musical construída por

Caymmi.

Em Caymmi: Uma Utopia de lugar, Antonio Risério revela características essenciais da obra caymmiana:

Caymmi é saber

Caymmi canta os sítios históricos da Bahia colonial

Caymmi é praieiro — vê e canta o mar a partir da praia

Caymmi canta Itapuã e a Lenda do Abaeté.

Caymmi é culinário — cantando o vatapá, ensina a gastronomia da Bahia —, erótico e ecológico.

Caymmi é mestiço.

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As mulheres são tratadas, em Caymmi, com sensualidade — requebra, ilumina a roda. Diferentemente de muitos cancioneiros e poetas populares, Caymmi não rima amor e dor. Suas mulheres não são cruéis, nem diabólicas. Não tenta explicá-las. Convence-se do seu mistério. As mulheres compõem um cenário onde o centro são os pescadores, o produto do seu trabalho, e não o ser feminino em si. É uma mulher de sua época, conformista. Não inventa heroínas.

Já no samba, ela assume outra figura. São mulheres recheadas de sensualidade, beleza, porém seguras de seu poder. Ao mesmo tempo, trata a mulher com muita delicadeza. Poeta do requebrado, da ginga feminina. No samba-canção, fala de amor. Música contida próxima do bolero, espaço da privacidade urbana.

E, quando canta a mãe, canta uma mãe forte, Fátima, como em Peguei um

Ita no Norte e Saudade da Bahia. Em Caymmi, a imagem da mãe é de uma mãe forte, certamente influenciado pela imagem das mães-de-santo dos candomblés da

Bahia. Mãe, forte presença nos candomblés baianos. “Oração à Mãe Menininha” explica tudo. Quando o candomblé foi proibido, Caymmi cantava os orixás.

Cantor das experiências factuais, é sensorial e direto.

Poetizou a fala baiana. É um poeta da oralidade.

A Bahia tem um jeito — pedindo licença pelo seu Ceará, Sr. Presidente — que nenhuma terra tem. Ou, em João Valentão, umas das suas mais belas peças musicais, diz: “E assim adormece esse homem, que nunca precisa dormir pra sonhar, porque não há sonho mais lindo do que sua terra, não há”. Reconstrói sua

Bahia idealizada. Apresenta sua Bahia pré-industrial, livre, sedutora, ideal. Caymmi encarnou o mito da Bahia e o divulgou e encantou o Brasil pós-industrial que crescia

29 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 206.3.53.O Tipo: Solene - CD Data: 17/08/2009 Montagem: 4176 e se chocava com a degradação social, consequente do seu desenvolvimento.

Via-se na Bahia de Caymmi a “terra ideal”.

Saudade da Bahia virou um hino para o brasileiro urbano do Sudeste e retratou a saudade de um mundo mais equilibrado e o desejo de seu reencontro.

Em Caymmi o mundo bom é o mundo baiano.

Caymmi adere às lutas a seu modo. Nos anos 1930, o Candomblé era proibido e perseguido, e Caymmi cantava seus orixás.

Em 1995, fizemos a luta pelas Diretas Já. Eu era Vereadora, fã dele, Caymmi, propus à Câmara Legislativa de Salvador que homenageasse Caymmi com a sua maior comenda, a Comenda Tomé de Souza. Naquele momento, consegui arrancar algo inusitado de Caymmi. De forma delicada, cadenciada e surpreendente, quando iniciava a sua fala com jornalistas, Caymmi parou e disse: “Sou pelas Diretas-Já”.

Surpreendeu todo o mundo político baiano que não esperava uma declaração política de Caymmi naquele momento. Logo depois, como se nada tivesse dito, ainda um instante de ditadura militar, prosseguiu com o seu pronunciamento sobre a

Bahia.

Caymmi é um estudioso metódico da língua na construção de seus versos.

Caymmi construiu este ideário de Bahia. A Bahia, em Caymmi, se viu bonita, orgulhosa, refletida no espelho caymmiano. Nenhum outro filho a fez tão bela.

Portanto, Sr. Presidente, é por isso que se faz necessário à Bahia e ao Brasil uma homenagem em todos os cantos da Bahia.

Caymmi viveu 94 anos, pode receber muitas homenagens do seu povo, do

Brasil, da Bahia. Nenhuma delas pôde contar com toda a dimensão da importância de Caymmi para a Bahia, porque Caymmi é a Bahia, e a Bahia é Caymmi.

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Que Deus e os Orixás o guardem em paz!

Axé! (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - A Presidência cumprimenta a nobre Deputada Lídice da Mata pelo magnífico pronunciamento, muito mais do que um simples discurso parlamentar, uma autêntica e adequada monografia sobre o grande Caymmi, a quem homenageamos neste instante com justificada emoção e orgulho.

Os que se debruçarem sobre a alma e a trajetória de Caymmi terão, agora, subsídio extraordinário para relembrar o grande baiano, autêntica legenda da Música

Popular Brasileira.

Parabenizo, pois, a nobre Deputada Lídice da Mata e os baianos, que a enviaram a esta Casa no embalo da outorga popular.

Cumprimentos da Mesa à nobre Deputada Lídice da Mata, que acaba de proferir magnífico discurso, focalizando o vulto extraordinariamente brilhante de

Dorival Caymmi.

Convido a nobre Deputada Lídice da Mata para, a partir deste momento, assumir a direção dos trabalhos, dentro de uma praxe regimental, já que S.Exa. é autora do requerimento de que se originou a realização desta sessão solene, com a aprovação do Plenário e a chancela do Presidente Michel Temer.

O Sr. Mauro Benevides, § 2º do art. 18 do

Regimento Interno, deixa a cadeira da presidência, que é

ocupada pela Sra. Lídice da Mata, § 2º do art. 18 do

Regimento Interno.

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A SRA. PRESIDENTA (Lídice da Mata) - Dando prosseguimento a esta sessão, conforme praxe regimental, convido os Srs. Líderes para se pronunciarem.

Em primeiro lugar, pelo PMDB, o extraordinário Deputado Mauro Benevides, marca histórica do Brasil e do Ceará.

O SR. MAURO BENEVIDES (Bloco/PMDB-CE. Sem revisão do orador.) -

Sra. Presidenta, nobre Deputada Lídice da Mata, que há poucos instantes, desta tribuna, prendeu a atenção de todos os presentes e, sobretudo, dos milhares de telespectadores que sintonizam a TV Câmara e que vivenciaram todas essas recordações, extremamente emocionantes, da vida e da obra de Dorival Caymmi, não apenas a peça que S.Exa. produziu com seus próprios méritos, mas, igualmente, pelas inserções que fez incluir no seu discurso. Como eu disse agora da cadeira presidencial, não é apenas um simples discurso parlamentar, mas uma monografia, que espelha, sem dúvida, o sentimento de tantos colaboradores que, reunidos nessa peça que S.Exa. produziu, realmente terão, agora, uma fonte inesgotável de consulta sobre a obra, sobre a vida, sobre o desempenho e sobre a significação inapagável de Dorival Caymmi diante da música popular brasileira e diante do próprio povo brasileiro.

A Exma. Sra. Fátima Mendonça, Presidenta das Voluntárias Sociais da Bahia, tem-se projetado merecidamente, porque em vez de ficar simplesmente no Palácio de Ondina contemplando o mar e vivenciando, portanto, aquele panorama, sai do

Palácio e vai ao encontro das populações nos subúrbios, onde acompanha os carentes, os necessitados, na realização de um programa social que dignifica a ela própria e ao Governo de Jaques Wagner, que, nesta Casa, foi nosso companheiro em memoráveis jornadas democráticas.

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Tenho de saudar, e não poderia deixar de fazê-lo, o nobre Deputado

Domingos Leonelli –– continuo a chamá-lo Deputado, porque quem chega a esta

Casa com a força do voto popular continua a ser detentor, senão na temporariedade do mandato, mas, sobretudo, na figura que ele encarna.

Numa dessas coincidências excepcionais, e que eu não me recusaria mencionar, Domingos Leonelli, Lídice da Mata e eu fomos companheiros na

Assembleia Nacional Constituinte. E foi aqui, nesta Casa, eu, exercendo esta mesma cadeira que hoje ocupa a Deputada Lídice da Mata, e o fazia na condição de

1º Vice-Presidente que fui, da Assembleia, substituindo seguidamente aquela extraordinária figura de homem público, o grande Ulysses Guimarães, cujo nome pronuncio neste instante com profunda emoção, já que ele se atribui, merecidamente, a condição de autêntico reconstrutor do Estado Democrático de

Direito. Portanto, nós 3 estamos relembrando aquelas lutas –– eu diria aos Drs.

Fernando Schmidt e Pola Ribeiro, à Sra. Fátima Mendonça e a todos os presentes que aqui estão, dentre os quais os Deputados Bessa e Rodrigo Rollemberg –

–, e que, neste mesmo plenário, buscávamos a sinalização do término do regime de arbítrio que se instalou no País. Já havíamos vivenciado outras etapas significativas como as campanhas das Diretas Já!, do voto direto para Governador e para

Prefeitos de Capitais. Tudo isso foram estágios de uma luta continuada a que nós nos entregamos devotadamente, caracterizando, sobretudo na votação da Carta, aquilo que Ulysses Guimarães fez questão de ressaltar simbolicamente ao exibir o primeiro exemplar: “Esta é a Carta Cidadã”. Isso porque nela estavam contidos todos os anseios e, sobretudo, a imagem, o sentimento de cidadania.

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Ali estão os interesses da criança, do idoso, do adolescente, do negro, da mulher, do índio, do deficiente, enfim, todas as categorias sociais representam-se na

Carta Cidadã, pelas aspirações que, na época, significavam a reivindicação de cada um desses segmentos que formam a comunidade brasileira.

Portanto, é um momento de muita significação, que eu não podia deixar de relembrar, sobretudo diante dos 2 outros companheiros que assistiram seguidamente à nossa luta.

Chegavam aqui as proposições, aquelas vinculadas ao Nordeste, na correção das disparidades regionais, e tantas outras que simbolizavam um luzeiro para que nós, representantes nordestinos, pudéssemos exatamente reconquistar aqueles espaços que, incluídos na Carta Magna, representassem o reconhecimento do nosso esforço e da nossa dedicação, na condição de representantes do povo brasileiro, cada um pela sua respectiva Unidade da Federação.

Demais ilustres convidados, particularmente os nobres Deputados Laerte

Bessa e Rodrigo Rollemberg, muitos artistas, pensadores e estudiosos têm consagrado a beleza, a importância e a eternidade da música. Platão, por exemplo, identificou a música como a alma do universo, que pode fazer voar a imaginação, alegrar o espírito, afugentar a tristeza e dar vida a tudo que é bom e justo.

Expressão e luz do mundo, na medida em que é capaz de transmitir várias emoções, impressões e realidades, a música afirma-se, ademais, como uma linguagem universal.

Fruto do talento e da imaginação singular de seu criador, a música de Dorival

Caymmi possui, justamente, essas virtudes de arte suprema, que afeta os sentidos e mobiliza os sentimentos, que se eterniza, canto da aldeia que alcança dimensão

34 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 206.3.53.O Tipo: Solene - CD Data: 17/08/2009 Montagem: 4176 universal, ungido pela beleza pura e simples, da perfeita combinação entre letra e melodia.

O PMDB alegra-se, portanto, com a justeza da homenagem a Dorival

Caymmi, seguramente um autêntico ícone da música popular brasileira, motivo de orgulho para a Bahia, seu Estado natal, e para o nosso País.

Junto a outros notáveis compositores, conferiu ele com o samba novos rumos

à canção brasileira a partir da década de 30, sendo considerado também um dos precursores da bossa nova, a julgar por muitos dos sambas de autoria de Caymmi que foram regravados por João Gilberto, no final da década de 50.

Caymmi, que já começara a cantar esporadicamente no rádio e, em 1935, fizera a estreia do programa Caymmi e Suas Canções Praieiras, teve o seu primeiro grande sucesso de âmbito nacional com O Que é Que a Baiana Tem?, gravado por

Carmen Miranda, em 1938.

Em seguida, com uma série de músicas ligadas a temas populares, viria a conquistar relevo definitivo a trajetória profissional e artística de Dorival Caymmi.

Samba da Minha Terra, Você já foi à Bahia?, Vatapá — agora mesmo cantado pelo coral do Senado Federal —, Rosa Morena, Marina, Dora, O Mar, Canoeiro, É Doce

Morrer no Mar e João Valentão são algumas de suas músicas mais populares.

Sucesso do carnaval de 1957, Maracangalha, réplica popular do poema

Vou-me embora para Pasárgada, de Manuel Bandeira, constitui outro exemplo de composição a confirmar a simplicidade e o alcance dos versos de Caymmi, a espontaneidade e o poder de agradar o gosto dos mais variados segmentos populares.

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Com rara sensibilidade, Caymmi soube, como ninguém, cantar e retratar nas suas letras e melodias o mar, o trabalho dos pescadores, a graça feminina, a religiosidade do povo e o profundo amor à Bahia.

A propósito, além de compositor, violonista e cantor de voz sonora e límpida,

Caymmi era também pintor e desenhista, admirado nas diversas formas de arte que abraçou.

Dorival Caymmi há de ser reconhecido, inclusive, por ser um pioneiro e grande responsável pela abertura de caminhos e oportunidades para tantos outros artistas, especialmente procedentes da Bahia e de outros Estados do Norte e

Nordeste.

Várias gerações de compositores, músicos e cantores se beneficiaram da criatividade, do trabalho e da poderosa influência de Dorival Caymmi, que continua e continuará sempre muito presente na MPB.

Além das músicas, além do imenso legado artístico do autor de Suíte dos

Pescadores e de tantas outras preciosidades, seus filhos, Nana, Dori e Danilo, constituem mais uma prova da contribuição da família Caymmi para a valorização e a qualidade da cultura e da arte no Brasil.

O País, sem dúvida, deve muito a Dorival Caymmi, à sua inspiração, capacidade de captar e expressar sentimentos, competência, genialidade e demais atributos com que produziu vasta obra musical, herança de extraordinário valor artístico, da qual somos todos beneficiários.

Sra. Presidenta, demais membros da Mesa e senhores convidados, o PMDB, que represento neste instante, deseja, ao final, reafirmar o tributo de admiração, respeito e agradecimento a Dorival Caymmi, expoente da música popular que, com

36 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 206.3.53.O Tipo: Solene - CD Data: 17/08/2009 Montagem: 4176 suas criações, mostrou ao Brasil e ao mundo as belezas, os sabores e os encantos da Bahia, concorrendo, assim, para divulgar, honrar e engrandecer sua terra natal.

Artífice da música, Caymmi, que declarava “ter a ânsia de ser o autor do mais puro, do mais simples”, conseguiu, realmente, encontrar a forma mais harmônica de dizer as palavras, bem como os sons melódicos bem adequados para sua canção.

Por conseguinte, há de permanecer Dorival Caymmi, hoje e sempre, na alma, no coração, na memória, na voz do povo pelas suas composições inolvidáveis.

Muito obrigado, Sra. Presidenta, Sras. e Srs. Deputados e demais convidados. (Palmas.)

A SRA. PRESIDENTA (Lídice da Mata) - Obrigada, Deputado Mauro

Benevides.

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A SRA. PRESIDENTA (Lídice da Mata) - Convido para fazer uso da palavra o jovem Deputado socialista do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, que representa o

PSB.

O SR. RODRIGO ROLLEMBERG (Bloco/PSB-DF. Sem revisão do orador.) -

Prezada Deputada Lídice da Mata, que preside esta sessão, a quem parabenizo pela brilhante iniciativa de homenagear o compositor e músico baiano Dorival

Caymmi, prezada Sra. Fátima Mendonça, Presidenta das Voluntárias Sociais da

Bahia, que aqui representa o Governador Jaques Wagner; prezado amigo Domingos

Leonelli, Secretário de Turismo da Bahia e ex-Deputado Federal do PSB; Sr. Pola

Ribeiro, Diretor-Geral do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia, que aqui representa a Secretaria de Cultura do Estado; Dr. Fernando Schmidt, Chefe de

Gabinete do Exmo. Governador do Estado da Bahia, prezadas Deputadas e prezados Deputados, meus cumprimentos.

Deputada Lídice da Mata, como é bom iniciar uma semana homenageando

Dorival Caymmi! Poucos compositores e músicos brasileiros conseguiram retratar com tanta profundidade a alma e a cultura do brasileiro como o fez Dorival Caymmi.

Ele se transformou não apenas em um símbolo da Bahia, mas de toda a música popular brasileira.

Dorival Caymmi conseguiu algo extremamente difícil no meio cultural: ser reconhecido pelos eruditos e pelo povo. Ele ultrapassou as fronteiras do Brasil e hoje é reconhecido em todo o mundo.

Ontem, dia 16 de agosto, registramos 1 ano do falecimento desse músico da maior importância para o cenário brasileiro e que muito influenciou os nossos melhores compositores e artistas, a exemplo de , ,

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Vinícius de Moraes e . Homenagear Dorival Caymmi é homenagear o povo brasileiro, homenagear o que há de melhor na cultura e na música brasileira.

Portanto, reitero meus cumprimentos à Deputada Lídice da Mata, Parlamentar que orgulha a Bahia, combativa em prol do povo baiano e do turismo brasileiro.

S.Exa., neste momento, está fazendo justiça a uma pessoa que, com toda sensibilidade e de forma muito sutil e delicada, soube cumprir o papel fundamental de afirmação da cultura brasileira. Parabéns, Deputada Lídice da Mata!

Da mesma forma, registro meus parabéns a toda a família de Dorival Caymmi e a todos aqueles que foram influenciados pela obra de Dorival Caymmi.

Muito obrigado. (Palmas.)

39 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 206.3.53.O Tipo: Solene - CD Data: 17/08/2009 Montagem: 4176

O SR. LAERTE BESSA - Sra. Presidenta, peço a palavra pela ordem.

A SRA. PRESIDENTA - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. LAERTE BESSA (Bloco/PMDB-DF. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sra. Presidenta, eu pretendia apartear o nosso colega Deputado Rodrigo

Rollemberg, mas S.Exa. foi muito rápido no seu pronunciamento. Quero apenas fazer um comentário, pois não ouso falar de Dorival Caymmi.

Conheci muito pouco Dorival Caymmi, mas sei o que ele representou não só para a Bahia, mas para todo povo brasileiro. Portanto, venho registrar minha consideração por ele, que já se foi, e por toda sua família.

Não obstante eu ser do Centro-Oeste, de Goiás, a minha admiração por

Dorival Caymmi é muito grande. Eu aprendi, na minha vida, a conviver com suas canções, que sempre nos reproduziram a cultura baiana, a maravilha que a Bahia representa para o nosso País.

Então, apenas queria fazer esta manifestação e dizer que, não obstante eu não ter hoje condições de falar da vida de Dorival Caymmi, tudo a que S.Exa. se referiu em seu pronunciamento me incentivou muito a querer saber mais sobre esse grande compositor que o Brasil teve.

Muito obrigado. (Palmas.)

A SRA. PRESIDENTA (Lídice da Mata) - Muito obrigado, Deputado Laerte.

Deixo registrada a generosidade de seu pronunciamento.

40 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 206.3.53.O Tipo: Solene - CD Data: 17/08/2009 Montagem: 4176

A SRA. PRESIDENTA (Lídice da Mata) - Encerrados os pronunciamentos dos

Srs. Parlamentares, convido todos a assistirem a um breve vídeo sobre Dorival

Caymmi que nos foi cedido pela TVE, aqui representada pelo Sr. Pola Ribeiro.

(Exibição de vídeo.)

41 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 206.3.53.O Tipo: Solene - CD Data: 17/08/2009 Montagem: 4176

A SRA. PRESIDENTA (Lídice da Mata) - Antes de encerrar, quero registrar que, por intermédio da Primeira-Dama da Bahia, Sra. Fátima Mendonça, o

Presidente Lula fez questão de nos cumprimentar por esta sessão e igualmente manifestar seu encantamento pela figura de Dorival Caymmi e ressaltar sua importância para a cultura e a identidade nacionais.

Da mesma forma, solidarizando-se por esta homenagem e nos parabenizando, pronunciou-se o Vice-Presidente José Alencar. Muito obrigada.

Quero agradecer novamente a contribuição da Diretoria Câmara dos

Deputados; do Presidente Michel Temer; do Deputado Mauro Benevides e dos demais Deputados que se fizeram presentes; do Governador do Estado da Bahia, aqui fortemente representando seu reconhecimento à figura de Dorival Caymmi, por intermédio da Sra. Fátima Mendonça; do Secretário de Turismo, Domingos Leonelli; do Secretário Márcio Meirelles, por intermédio do Sr. Pola Ribeiro, Presidente do

IRDEB; do Sr. Fernando Schmidt, Chefe de Gabinete do Governador; de Kelcya

Lima, que representa a Presidenta da BAHIATURSA, Emília; de todos da equipe do nosso gabinete, da Liderança do PSB, do Coral do Senado e de todos os que contribuíram com esta sessão.

Muito obrigada.

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V - ENCERRAMENTO

A SRA. PRESIDENTA (Lídice da Mata) - Nada mais havendo a tratar, vou encerrar a sessão.

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A SRA. PRESIDENTA (Lídice da Mata) - Está encerrada a sessão.

(Encerra-se a sessão às 11 horas e 39 minutos.)

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