Co NH EC ER VOL.2 acervo Conhecer e reconhecer: histórico map Patrimônio Cultural Museu de Arte da Pampulha Conhecer e Reconhecer: Patrimônio Cultural C749

Conhecer e reconhecer: patrimônio cultural: acervo histórico MAP/ Organização de Ana Karina Bernardes; tradução Priscila Moreira. – : Museu de Arte da Pampulha, 2015.

60 p.: il. Col. ISBN: 9788598964126 Edição bilíngue Português/Inglês. (Conhecer e Reconhecer; 2)

1. Patrimônio cultural – Belo Horizonte (MG). 2. Museu de Arte da Pampulha – Belo Horizonte (MG) - Arquitetura .) – Arquitetura. I. Bernardes, Ana Karina. II. Série. 4. Título.

Catalogação na fonte: Celeste Meire Martins Fontana-CRB 6/1907

Índice para catálogo sistemático: 1. Patrimônio Arquitetônico: Belo Horizonte (MG).

CDD: 344.094 Ana Karina Bernardes (ORG.)

Conhecer e reconhecer: Patrimônio Cultural

acervo VOL.2 histórico MAP

Belo Horizonte Fundação Municipal de Cultura Museu de Arte da Pampulha 2015 Neste ano de 2015, no qual a candidatura do Conjunto Moderno da Pampulha a Patrimônio Cultural da Humanidade foi aceita pela UNESCO, é com grande alegria que a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte apresenta esta publicação do Museu de Arte da Pampulha.

Este Conjunto Moderno, de excepcional valor, constituído pelos bens culturais projetados pelo arquiteto Oscar Niemeyer, pelas magníficas obras de arte de Portinari, Ceschiatti, Paulo Werneck, pelos jardins de Burle Marx, dentre outros, configura-se como um patrimônio cultural que deve ser valorizado e preservado pela humanidade.

Desta forma, a cidade de Belo Horizonte passa a fazer parte de um circuito internacional no âmbito do turismo cultural, fazendo valer a máxima de que aqui a Cultura é viva.

O segundo volume da Cartilha “Conhecer e Reconhecer: Patrimônio Cultural” proporciona a todos nós um panorama histórico do Museu de Arte da Pampulha (MAP).

Márcio Lacerda Prefeito de Belo Horizonte

4 A Fundação Municipal de Cultura apresenta a Cartilha “Conhecer e Reconhecer: Patrimônio Cultural”, Vol. 2. Ela oferece aos seus leitores uma reflexão sobre questões que perpassam a história do Museu de Arte da Pampulha (MAP), indicando ser possível reconhecer uma escrita museológica posta nos acervos abrigados pela Instituição.

O Acervo Histórico, aqui apresentado, é formado por documentos em diversos suportes que testemunham os tempos do Cassino da Pampulha, inspiradora edificação assinada por Oscar Niemeyer. Esta obra de 1942, juntamente com o conjunto moderno da Pampulha, lançou o arquiteto no universo dos gênios da arquitetura mundial. Em 1957 o local foi convertido em Museu, iniciando uma nova trajetória para aquele lugar. Conhecer as duas temporalidades é repensar não só a história do MAP, mas também da própria cidade de Belo Horizonte e de seus habitantes, nos âmbitos da arquitetura, artes e história cultural, entre outros.

O volume 2 da Cartilha “Conhecer e Reconhecer: Patrimônio Cultural” traz a reunião de textos assinados por pesquisadores e funcionários do MAP, indicando a importância dos estudos realizados cotidianamente, bem como a necessidade de divulgação destas análises.

Esta é a diretriz da própria Fundação Municipal de Cultura (FMC), que acredita no potencial de seus Museus e valoriza os estudos desenvolvidos pela Instituição em diálogo com a sua vocação educativa, envolvida nas diferentes ações de mediação realizadas com o amplo público que diariamente visita o Museu de Arte da Pampulha.

Leônidas de Oliveira Presidente da Fundação Municipal de Cultura

5 A Cartilha “Conhecer e Reconhecer: Patrimônio Cultural”, Vol. 2 do prédio concebido por Oscar Niemeyer. O Acervo de é o resultado de estudos desenvolvidos no trabalho diário pela Arte corporifica e estrutura o Museu como museu de arte e, equipe técnica do Museu de Arte da Pampulha. Foi pensada para desde os primeiros anos com o Salão de Arte, até os novos promover um aprofundamento sobre a guarda e conservação acervos oriundos dos projetos Bolsa Pampulha e Arte das coleções mas, também, sobre a função museal do MAP que Contemporânea, que imprimem uma dinâmica constante traz, em seu cerne, a história da própria Instituição. na formação do acervo artístico.

Museu/acervo/exposições denotam uma tensão constante para Os acervos podem ser entendidos como um espelho as instituições que lidam com a preservação do patrimônio que retrovisor, pois, uma vez analisados, articulam as histórias deve, antes de tudo, ser salvaguardado para atender a formação do MAP. É também uma luz que permite pensar, no do cidadão, em sua estreita ligação com a cidade que habita. presente, os significados da fundação de um Museu em um prédio icônico. Esses diálogos apontam para a trajetória do O acervo do MAP é bastante amplo e envolve o próprio MAP. Indicam que guardar e conservar acervos é, antes de prédio, tombado nas três esferas: municipal, pelo Conselho tudo, formar sensibilidades. Deliberativo do Patrimônio Municipal (CDPCM-BH); estadual, pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico Ana Carolina Andreazzi (IEPHA –MG) e federal, pelo Instituto do Patrimônio Histórico Gestora do Museu de Arte da Pampulha e Artístico Nacional (IPHAN). O Acervo Histórico apresenta Luciana Féres documentos e objetos originais da época do Cassino da Diretora de Museus e Centros de Referência Pampulha, ressaltando a importância da construção e da função

6 Íkaf`b=`lkqbkqp= = = = jrpb^ifw^†Íl=ab=`lib†Îbp======U= ^åÇê¨=iÉ~åÇêç=páäî~I=h~êóå~=aìäíê~== = = = bj=alfp=^`bRslp======NM======^åÇê¨=iÉ~åÇêç=páäî~= = = = qlj_^jbkqlp======NO= = jŸ=eÉäÉå~=ÇÉ=RK=`çëí~= = = = lp=`^ppfklp=kl=_R^pfi======NS== m~çä~=^K_K`ìåÜ~= = = = _bil=elRfwlkqb=klp=^klp=NVQM======NU======_êìå~=jÉåÇÉë= = = = ab=`^ppfkl=È=jrpbr=ab=^Rqb======OO= = ^å~=h~êáå~=_Éêå~êÇÉë= = = = ^`bRsl=efpqÓRf`l=j^m=Em~çä~=^K_K`ìåÜ~F======OQ= = = `~ÇÉáê~ë= Emçääó~åå~= i~ÅÉêÇ~F;= cáÅÜ~ë= Em~çä~= ^K_K`ìåÜ~F;= cçíçÖê~Ñá~ë= Eiìáò~= d~ëé~êáåáF;= = j~èìáå•êáç= ÉäÉî~Ççê= Em~çä~= ^K_K`ìåÜ~F;= j~èìáå•êáç= áäìãáå~´©ç= Em~çä~= ^K_K`ìåÜ~F;= = jÉåì= Ep~ê~= j~êèìÉëF;= jÉë~ë= Emçääó~åå~= i~ÅÉêÇ~F;= RÉîáëí~= E_êìå~= jÉåÇÉëI= m~çä~= = ^K_K`ìåÜ~F;=RçäÉí~ë=Em~çä~=^K_K`ìåÜ~F;=q~éÉ´~êá~ë=Eiìáò=lí•îáç=içéÉëF= = = = dilppÁRfl======PU= RbcbRÊk`f^p=_f_ifldRÁcf`^p== QM= bkdifpe=qR^kpi^qflk======QQ======Musealização de homem), enquanto projeto inacabado.” atribuídos os valores e significados (GUARNIERI, 2010). que o homem define. Para além disso Coleções a escolha de objetos salvaguardados A partir dessa relação de identificação e nos museus é também determinada reconhecimento entre homem e objeto, A interpretação museológica realizada conforme o contexto cultural no qual eles podemos pensar em uma das instituições em torno dos objetos nos permite refletir estão inseridos, implicando assim, na que evidenciam testemunhos humanos: sobre as relações que a Museologia, como substituição do seu valor de uso. Dessa o museu. Museu é “uma instituição ciência, estabelece entre Antropologia, forma, enxergamos esses objetos fora dos permanente, sem fins lucrativos, a serviço História, Sociologia, dentre outras áreas contextos para os quais foram concebidos da sociedade e do seu desenvolvimento, do conhecimento. Pensamos, assim, no primeiramente. Eles podem ser aberta ao público e que adquire, papel que os objetos exercem e como escolhidos para estar dentro dos museus conserva, investiga, difunde e expõe os perpassam as relações humanas ao longo por sua potencialidade enxergada pelas testemunhos materiais do homem e de do tempo, sendo elas variáveis, mutáveis e diversas áreas do conhecimento, bem seu entorno, para educação e deleite da dinâmicas. O homem, ser social capaz de como pela relação estabelecida entre sociedade.” (ICOM, 2001). dar significados e valores ao objeto que aquele objeto e os indivíduos. O que cria, não pode ser considerado imune às Os museus podem ser pensados como chamamos de musealização dos objetos, influências do contexto ao qual pertence. lugares de memória, instituições que quando eles passam a compor o acervo Podemos considerar que “o homem que representam determinados segmentos de um museu, envolve ainda uma série de falamos é sempre modificador do seu sociais. De modo geral, essa representação procedimentos: devem ser catalogados, mundo, o criador de artefatos, de relações, é percebida através dos objetos que pesquisados e inventariados. de significados. É, sobretudo, o construtor compõem seus acervos. Porém, devemos Em relação à escolha dos objetos, de sua história que se faz e se refaz (o nos lembrar que a esses objetos são pensamos na diversidade de peças que

8 podem compor o acervo de um museu, momento em que é feita a comunicação museológica está submetida também aos de objetos do cotidiano a obras de arte. desses objetos, ou seja, quando, após critérios adotados por cada museu, de Esses materiais podem ser roupas, todo o processo de documentação acordo com a sua vocação e missão. talheres, sapatos, máquinas industriais, mencionado, tal objeto é exposto. Analisar e compreender a formação livros, artigos religiosos, quadros, etc. A importância de entendermos como das coleções e acervos museológicos Uma fotografia que está dentro de um os objetos passam a integrar os museus possibilita que a instituição se coloque museu, por exemplo, pode nos mostrar implica na compreensão de como as em constante processo de crítica em diversas nuances de seu contexto coleções e acervos podem ser formados e relação ao que será exposto e narrado aos histórico e social, como o material em como chegam à instituição de guarda. De seus visitantes. Essa deve ser uma das que foi revelada, as pessoas que estão maneira geral, associamos a experiência principais preocupações dos museus, a representadas na imagem, a forma como de colecionar aos modos e critérios de fim de que estes se aproximem cada vez se vestem, a maneira como usam os seleção desses objetos, que passam a fazer mais do seu público. cabelos, sapatos, acessórios e até mesmo parte de um local onde recebem valores como estão posicionadas na paisagem. de zelo. Como colocado anteriormente, Outro elemento não menos importante aspectos políticos, econômicos e sociais está na relação entre a fotografia e quem influenciam nessa coleção e revelam a tem como propriedade, questão a ser ainda as relações de poder realizadas considerada no processo de inserção do ao se selecionar o que será guardado. objeto no museu. Desta forma, símbolos Os acervos podem ser formados a partir e significados diversos são relacionados de diferentes ações, como compra, aos objetos, que passarão a fazer parte de comodato ou doação. Assim, a entrada de uma instituição museológica a partir do determinado objeto em uma instituição

9 EM DOIS ACERVOS trabalho e prática focados nos objetos XXI. Nessa perspectiva, a tipologia cujos sentidos eram determinados. de um museu não se explica somente a partir dos objetos que possui, mas Ao conhecer os objetos do acervo Na segunda metade do século XX, anos principalmente em relação a sua função histórico do Museu de Arte da Pampulha, 60 e 70, o questionamento sobre essa como interlocutor na sociedade, o que surge a dúvida: pode o museu de arte forma de organizar o conhecimento define seu local de fala sobre a realidade. guardar objetos que não são obras de refletiu-se no museu. Ao repensá-lo, Nesse aspecto, o MAP não articula um arte? surgiu o conceito de museu integral, discurso sobre obras, mas um discurso no qual os objetos são relacionados à Estamos acostumados a pensar museus sobre a realidade a partir da Arte e da sociedade, seu ambiente e seus saberes, em tipologias determinadas: museu de História da Arte. História, Ciência, Antropologia, Arte, ou seja, à realidade apreensível. Com essa etc. Porém, não são essas tipologias que mudança de paradigma, o museu passou O Conjunto da Pampulha é considerado definem a instituição. Podemos entendê- a ser entendido para além de limites um marco na arquitetura brasileira. A las como um resquício do conceito de físicos, e o acervo, em aspectos materiais arquitetura de Oscar Niemeyer, seus usos museu em sua origem, no século XIX, e imateriais. Ele não se apresenta mais e o impacto que teve sobre a cidade de com a consolidação das ciências. Naquela de forma pronta e acabada: se manifesta Belo Horizonte são capazes de gerar um época, os acervos eram formados como processo, nas relações que conjunto de temas sobre o qual um museu tendo como orientadoras as divisões estabelece entre seres humanos, objetos de Arte pode se debruçar. Isso ganha mais do conhecimento, como capítulos de e significados. sentido por se tratar do Museu de Arte da Pampulha e de seu edifício, o Cassino da uma grande enciclopédia de objetos Para respondermos ao questionamento Pampulha. classificados e agrupados em coleções de inicial é necessário pensar o Museu um campo do saber. Uma característica de Arte da Pampulha sob esse novo Os objetos remanescentes do Cassino marcante do museu desse período eram paradigma, como museu do século ampliam as possibilidades de atuação e

10 de questionar a trajetória do museu em si. de leitura da realidade utilizou da história existente entre o Cassino da Pampulha Além de contribuir para a construção de e da memória da Pampulha e do Cassino e o Museu de Arte da Pampulha não é diversas temáticas, um acervo permite- da Pampulha para criar novas narrativas inconciliável. Além disso, um museu nos conhecer a própria história do museu e experiências sobre esse patrimônio. também deve se preocupar com sua que o possui. Portanto, esse conjunto de própria história e memória e ser um Essa orientação institucional se deu pelas objetos mantém relação com o MAP e sua agente nessa construção. Portanto, linhas curatoriais, que refletiam sobre história, sendo material para reflexões de entendemos que sim, o museu de arte a tensão existente entre a instituição artistas e curadores. pode guardar objetos que não são obras “museu de arte” e o “edifício do cassino”, de arte. Em 2001 o Museu de Arte da Pampulha o pano de fundo da questão inicial passou por uma reformulação conceitual deste texto. O resultado foi a entrada de Dentro da perspectiva contemporânea, de seus projetos e programas de diversas obras para o acervo que possuem o MAP tem como função não apenas exposição. Nesse contexto, iniciou uma relação direta com o prédio e com preservar obras de arte sob sua guarda, seu trabalho como incentivador da os objetos do cassino. E isso é possível mas exercer o pensamento sobre a Arte e produção contemporânea, em exposições não só na produção de novas obras, mas um pensamento de Arte sobre a realidade. individuais de artistas convidados e na também nas relações e aproximações dos É com esse entendimento que as histórias realização da Bolsa Pampulha. acervos artístico e histórico. do MAP e de seu prédio são conciliáveis e de interesse da instituição. Afinal, Muitos artistas realizaram obras que Voltamos à questão inicial. Pelo tanto a função de museu contribui para a estabeleciam diálogos com o edifício, entendimento de museu que temos preservação do edifício quanto o edifício seus elementos e objetos. O Museu construído, a tipologia do objeto não dá ao museu diversas possibilidades orientou essa geração de artistas, no se impõe como condicionante. As atuação. intuito de questionar e significar sua experiências de artistas e curadores própria trajetória. A arte como ferramenta nos últimos anos mostram que a tensão

11 TOMBAMENTO desses bens como referências significati- de natureza material e imaterial, tomados vas e como ferramentas que nos ajudam a individualmente ou em conjunto, porta- Os bens móveis ou imóveis, materiais contar nossa história, preservar nossas ra- dores de referência à identidade, à ação, ou imateriais (tangíveis ou intangíveis), ízes e manter nossa memória. Já sabemos à memória dos diferentes grupos forma- públicos ou privados, assim como mo- que manter o patrimônio é fundamental dores da sociedade brasileira, nos quais numentos naturais, sítios arqueológicos para compreendermos nossas origens, se incluem: ou paisagens, individualmente ou em nosso passado, entendermos nosso pre- I - as formas de expressão; conjunto, podem representar notável va- sente e tornarmos possível a construção II - os modos de criar, fazer e viver; lor como parte significativa integrante de um futuro melhor. Para preservar nos- III - as criações científicas, artísticas e da nossa cultura, da nossa história, da so patrimônio é preciso saber conservá-lo tecnológicas; nossa identidade, seja ela local, regional, e protegê-lo. Assim, além das medidas IV - as obras, objetos, documentos, edi- ou, ainda, nacional. Esses bens são mui- de conservação e de restauração a serem ficações e demais espaços destinados às tas vezes importantes referências para efetuadas diretamente sobre esses bens, manifestações artístico-culturais; nossa identidade e para o sentimento de especialmente os materiais, para pro- V - os conjuntos urbanos e sítios de valor pertencimento a uma comunidade, a uma mover sua preservação no âmbito legal, histórico, paisagístico, artístico, arqueoló- região, a uma nação. Dentre eles, desta- surge ainda o tombamento como uma in- gico, paleontológico, ecológico e científi- camos os documentos, as obras de arte e tervenção do Estado para proteção desse co” (artigo 216 CF/88) outros bens de valor histórico, artístico e patrimônio. cultural, como monumentos, edificações, Assim, o tombamento é um meio de pro- A Constituição da República, nossa Carta conjuntos arquitetônicos e urbanísticos. teger o patrimônio histórico e artístico e Magna, traduz o cuidado e desejo do povo Nesse sentido, pode surgir uma neces- se encontra entre as funções de compe- brasileiro com a tutela do patrimônio cul- sidade ou um desejo de proteger alguns tência do Estado. O tombamento (prote- tural brasileiro, constituído pelos “bens

12 ção) faz parte de um procedimento ad- domínio. O objetivo é dar-lhe adequada sua proteção pelo interesse relevante que ministrativo pelo qual o poder público tutela, como uma forma de acautelamen- possa representar para toda a humanida- impõe algumas restrições a alguns bens to e preservação do patrimônio de todos. de. Mas o tombamento é medida de pro- a fim de garantir sua preservação. Isso As restrições que surgem em relação ao teção exclusivamente da administração ocorre devido ao valor que esses bens bem tombado (protegido) visam a uma pública e se dá pela supremacia do inte- possam representar para a coletividade. preservação que é do interesse da coleti- resse público sobre um bem determinado Ou seja, a conservação e a proteção dos vidade, interesse este que se sobrepõe ao ou sobre um conjunto de bens. bens tombados devem ser do interesse do particular. É importante destacarmos ainda que o público. Isso por estarem esses bens de O tombamento, dependendo da natureza tombamento só terá validade quando seu algum modo vinculados a fatos memo- do bem e interesse sobre ele, pode acon- processo administrativo seguir rigoro- ráveis da história ou por seu excepcional tecer em qualquer um dos níveis da ad- samente cada procedimento previsto no valor arqueológico ou etnológico, biblio- ministração pública: municipal, estadual rito administrativo: inventário (conforme gráfico ou artístico, enfim, seu valor como ou federal, ou até mesmo em duas ou três o caso) ou registro; processo aberto para patrimônio da coletividade. esferas. Quando o bem protegido tem um tombamento com uma proteção provi- O termo tombamento segue a tradição valor além do âmbito nacional, ele pode sória até que se concluam os estudos; e portuguesa na qual a palavra tombar tem ainda obter um reconhecimento interna- dossiê para o tombamento definitivo. Se o sentido de registrar, inventariar, inscre- cional como Patrimônio da Humanidade. tratar-se de bem particular, o proprietário ver nos arquivos do Reino, guardados na Nesses casos, o bem reconhecido interna- será notificado da decisão e, depois de famosa Torre do Tombo. cionalmente leva uma chancela (grau de transcorrido o prazo para impugnação, o validação) da UNESCO, órgão interna- processo só será considerado concluído O tombamento impõe restrições ao pro- cional que passa a acompanhar também quando a homologação do tombamento prietário do bem sem, contudo retirar seu a conservação desse bem para garantir for publicada em meio oficial. Assim, o

13 bem cultural finalmente será inscrito no no caso de Belo Horizonte, por meio da governo de Getúlio Vargas, sendo o mais respectivo Livro do Tombo, conforme sua Diretoria de Patrimônio. Tratando-se de antigo órgão do patrimônio no Brasil. natureza e características. bens materiais, especialmente os monu- O IPHAN surgiu em um momento his- mentos, edificações e conjuntos urbanos, tórico, político e social em que o Brasil No Município de Belo Horizonte, o órgão a Diretoria orienta, acompanha e fiscaliza pretendia se consolidar nacional e inter- responsável pelo tombamento é o Con- as intervenções que esses bens venham nacionalmente como nação soberana e selho Deliberativo do Patrimônio Cultu- a sofrer ou aquelas das quais venha a ne- independente. O desejo e a necessidade ral (CDPCM-BH), que atua desde 1986. cessitar para garantir que mantenham de reconhecer e proteger nosso patrimô- O Conselho, vinculado à Fundação Mu- suas principais características originais e nio vem muito bem traduzido no Decre- nicipal de Cultura, é formado por repre- para dar suporte a sua preservação. to-lei 25 de 30 de novembro de 1937, que sentantes da sociedade civil e do poder organizou a proteção do patrimônio his- público e funciona com o apoio técnico A proteção do patrimônio nas esferas tórico e artístico nacional, em vigor no da Diretoria de Patrimônio, reunindo- estadual e federal fica a cargo do Insti- nosso ordenamento jurídico até os dias se ordinariamente uma vez por mês. O tuto Estadual do Patrimônio Histórico e de hoje. O Conselho Consultivo do Patri- CDPCM-BH avalia o grau de interesse e Artístico de – o IEPHA –, mônio Cultural do IPHAN é o órgão cole- a relevância do valor dos bens indicados e do Instituto do Patrimônio Histórico e giado de decisão máxima para questões pela administração pública ou por qual- Artístico Nacional – o IPHAN. O IEPHA relativas ao patrimônio brasileiro. Esse quer interessado, para então determinar foi criado pelo governo do estado em 30 órgão é, portanto, o responsável pelo exa- se deverá ocorrer sua proteção em nível de setembro de 1971 e deve observar no me, apreciação e decisões relacionadas municipal, indicando seu tombamento, se âmbito de suas competências as delibe- ao patrimônio cultural brasileiro, como for o caso. A partir daí, o bem será inscrito rações do Conselho Estadual do Patri- o tombamento, o registro, dentre outras em um ou mais livros de Tombo e passa- mônio Cultural – o CONEP. O IPHAN foi medidas de proteção. rá a ser acompanhado pelo poder público, criado em 13 de janeiro de 1937, no então

14 Sabemos que preservar pode ser uma ta- processo tem como objetivo a proteção refa difícil e, muitas vezes, a manutenção do nosso patrimônio. O tombamento é de um bem pode se tornar muito cara. uma das medidas possíveis para prote- Assim, o poder público pode conceder germos determinados bens de relevância aos proprietários (particulares) de bens para nossa memória e para preservação tombados incentivos para sua conserva- do patrimônio, sempre de acordo com o ção e preservação. Em BH por exemplo, interesse da coletividade. há incentivos, como a isenção do IPTU, a possibilidade de transferir o direito de construir (uso ou venda da metragem quadrada a ser construída em outra área onde o adensamento for possível), e, ain- da, o benefício de programas da Cultu- ra em parceria com outros particulares, como o “Adote um Bem Cultural” (incen- tivos fiscais para terceiros), ou mesmo de contrapartidas compensatórias que podem surgir de outros investimentos de construção na cidade autorizados pelo CDPCM-BH.

Assim, o tombamento faz parte de um processo da administração pública. Esse

15 OS CASSINOS NO musicais. Frequentados majoritariamente As mesas de jogos eram compostas por homens, os cassinos eram recintos por roletas, bacará, pôquer e blackjack BRASIL restritos, cujo público eram poucas (também conhecido como vinte-e-um), e geralmente abastadas pessoas. jogos tradicionais, praticados em todo o A possibilidade de brincar com o acaso, Encontrava forte resistência por parte mundo. Como o jogo envolvia apostas, lidar com o imprevisto, com a sorte e da sociedade, pois o vício levava à muitas vezes em alto valor, e essa era com o azar sempre fez parte da condição decadência moral e financeira, além uma prática condenável pela religião, humana. Desde o Egito Antigo, passando de promover práticas que iam contra os salões de jogos se localizavam em por Grécia e Roma, encontram-se indícios os preceitos preconizados pela Igreja pontos estratégicos e discretos, pois os e referências de jogos por meio dos quais Católica. envolvidos não deveriam ter sua figura o homem apostava e desafiava o destino. exposta à sociedade. Discrição era a Durante os séculos XVII e XVIII, na O período áureo dos cassinos no Brasil palavra-chave nesse ambiente. Assim, Europa, os baralhos e as roletas passaram aconteceu entre os anos de 1910 e 1944. registros fotográficos e audiovisuais a ser objetos de uso mais público, mais Usualmente integrantes de complexos usualmente eram proibidos. comum, chegando até mesmo às classes recreativos mais amplos, esses recintos menos abastadas. Nessa época, surgem abrigavam, além dos jogos, restaurantes, Os restaurantes, muitos deles no os cassinos tal como conhecemos hoje. espetáculos de dança e habilidades, estilo “Grill-room”, seguiam a moda bem como um espaço dançante, gastronômica do período, com Originalmente um espaço público para apresentando-se a seus usuários como grande ênfase na culinária francesa. música e dança, o cassino passou a casa um entretenimento completo. Os dois Curiosamente, esse modismo não era de jogos no século XIX. Esse ambiente principais empresários do ramo no país sinônimo de alto custo, permitindo que comportava, simultaneamente, mesas eram Joaquim Rolla e Alberto Bianchi. não apenas a elite, mas outros grupos de jogos, espetáculos e apresentações sociais intermediários pudessem

16 frequentar também esses espaços. que se apresentavam com os artistas ou de forma independente. De acordo com o Os espetáculos eram uma atração à sucesso dos artistas, eram realizadas duas parte. Artistas renomados, conhecidos sessões em um único dia. dentro e fora do Brasil eram contratados por temporada para apresentações em Quando o jogo foi proibido no Brasil, um ou mais cassinos (dependendo do em 1946, através do Decreto-lei nº contratante e do período do contrato). 9.215 de 30 de abril, sancionado pelo Diversos artistas internacionais presidente Eurico Gaspar Dutra, havia passaram pelos palcos desses espaços: cerca de 70 cassinos em funcionamento Pedro Marques (cantor/México), Yma no país. Havia uma forte campanha, Sumac (cantora/Peru), Lucille Page especialmente através dos fiéis católicos, (contorcionista/EUA), Josephine Baker para que o jogo fosse proibido, uma vez (cantora/EUA), entre outros. Artistas que trazia a decadência em diversos nacionais, como os cantores das rádios setores da vida para seus praticantes. Nacional e Mayrink Veiga, também se O fechamento dos cassinos teria um apresentavam, destacando-se Francisco contundente impacto sobre a população Alves, Dalva de Oliveira, Carmem como um todo: mais de cinco mil pessoas Miranda, Trio da Lua. Outros artistas ficaram desempregadas. Ainda hoje, os realizavam esquetes humorísticas, jogos de azar são proibidos no Brasil. como Grande Otelo e Oscarito. Eram tradicionais também as apresentações das vedetes, bailarinas coreografadas

17 BELO HORIZONTE e de turismo; articular o planejamento e na arte como também no planejamento ao crescimento demográfico e às novas urbano e arquitetônico. O Modernismo NOS ANOS 1940 demandas de transporte e de saneamento. em Belo Horizonte se fez presente Esses são desafios enfrentados tanto em suas propostas de organização, A Cidade de Minas, Belo Horizonte, pelos administradores quanto pela na programação cultural e em suas nasceu no final do século XIX, dentro de sociedade em seu cotidiano. edificações, alcançando reconhecimento um cenário republicano, rompendo com que ultrapassou as fronteiras de Minas o passado ligado à monarquia, à colônia Belo Horizonte é uma cidade que nasceu Gerais. e ao próprio arraial do Curral del Rei. O se pretendendo moderna, no sentido novo contexto nacional e as novas ideias de avançar para o futuro, de olhar para A vida cultural nos anos 1940 foi marcada políticas e sociais deveriam determinar frente deixando para trás um passado pela criação e construção de uma área de o traçado e o futuro da nova capital. que não traduzia mais os anseios dessa lazer, diversão e turismo na Pampulha, Belo Horizonte surgia dentro de limites “sociedade moderna”. Moderna também região até então pertencente à zona rural bem definidos e ordenados, o que pode ao procurar novas soluções, ao propor de Belo Horizonte, para a qual foram ser visto em seu projeto, elaborado pela um diálogo com o novo, com inovações projetados o Cassino, a Casa do Baile, o Comissão Construtora da Nova Capital. tecnológicas, com formas que sugeriam Iate Clube, a Igreja de São Francisco de O desenvolvimento de uma cidade, outro modo de pensar e de se organizar. Assis e a proposta de um campo de golfe entretanto, é algo dinâmico. Novas Tradição e modernidade se misturam. e de um hotel, edificações localizadas necessidades surgem. Articular uma Passados os anos 1920 e 1930, em que no entorno do lago artificial formado área central, com diferentes propostas os discursos, as formas de expressão e pelo represamento de cursos de água e serviços, às diferentes necessidades as artes foram marcados pelo ideário da região. Para projetar o conjunto residenciais, à necessidade de uma área Modernista, os anos 1940 foram um arquitetônico da Pampulha, foram industrial, de abastecimento, de lazer período de efervescência não só nas letras convidados pelo então prefeito Juscelino

18 Kubitschek diferentes profissionais,não foi reconhecida pelas autoridades foi fundado o Instituto de Belas Artes, como o arquiteto Oscar Niemeyer, e eclesiásticas, permanecendo fechada no qual Alberto da Veiga Guignard artistas plásticos e paisagistas, como por muitos anos, até que, em 1959, foi passou a ensinar desenho e pintura. Portinari e Burle Marx, todos envolvidos consagrada e aberta. Ainda por iniciativa do governo, foi com as ideias modernistas. Se o Cassino realizada, em 1944, a I Exposição de Arte Deve-se lembrar de que, no início dos atendia aos interesses principalmente de Moderna de Belo Horizonte, que trouxe anos 1940, o acesso à Pampulha ainda partes mais privilegiadas da sociedade, artistas e intelectuais do era bastante restrito, tanto que foram o Baile, como na época era chamada a e de São Paulo à capital mineira. Essa necessárias obras de abertura da Avenida Casa do Baile, se destinava a atender a mostra aconteceu entre os dias 3 e 31 Pampulha, atual Avenida Antônio Carlos, uma parcela mais popular. O Iate Golfe de maio de 1944 no edifício Mariana, na ligando a região ao centro da cidade. Clube, hoje Iate Clube, foi projetado para Avenida Afonso Pena, e foi organizada As programações e apresentações do ser um espaço destinado às práticas por Guignard e J. Guimarães Menegale. Cassino da Pampulha eram anunciadas esportivas, sobretudo, esportes náuticos, A programação da I Semana de Arte em revistas de grande circulação na tendo em vista o grande espelho d’água Moderna de Belo Horizonte contou época, como a revista Alterosa e a revista formado pela lagoa. Já a Igreja de São também com debates e conferências, que Belo Horizonte. Com a proibição do jogo Francisco de Assis foi alvo de grande aconteceram na Biblioteca Municipal, no Brasil em 1946, o Cassino foi fechado, polêmica: se, por um lado, foi a primeira com grande participação e repercussão sendo a edificação destinada, nos anos obra modernista a ser protegida por lei nacional. 1950, a abrigar o Museu de Arte de Belo federal de tombamento (ainda em 1947), Horizonte. Também naquela época foi feito o projeto por outro, devido ao fato de se tratar de do Palácio das Artes por Oscar Niemeyer. um estilo diferente daqueles usados No início da década de 1940, durante a Sua execução, entretanto, foi interrompida até então para edificações religiosas, gestão do prefeito Juscelino Kubitschek, ainda na fase inicial. Assim, a necessidade

19 de um espaço para apresentações na bancos, produtos, festas, cantores, shows A expansão desordenada da cidade e a cidade fez com que fosse construído e comemorações da cidade. criação de novas áreas que ampliavam os o Teatro Francisco Nunes, projetado limites do município foram determinantes A vida cultural e a ênfase no por Luiz Signorelli, dentro do Parque para que obras de infraestrutura fossem modernismo em Belo Horizonte, nos Municipal. A construção do Palácio das realizadas. Avenidas foram criadas, como anos 1940, acompanhavam o projeto de Artes foi retomada somente na década de a Avenida Pampulha (hoje Avenida desenvolvimento urbano e industrial 1960, com projeto modificado e de autoria Antônio Carlos), ligando o centro à da cidade. Ruas e avenidas foram de Helio Ferreira Pinto, em 1966. Pampulha; outras foram ampliadas, como asfaltadas, abertas e ampliadas, córregos a Avenida Amazonas, que daria acesso O ambiente cultural de Belo Horizonte era canalizados, pontes construídas. para a Cidade Industrial e para o Barreiro composto também por cinemas, como o Modernos edifícios foram erguidos, o (que na época seria destinado a ser uma Cine Brasil (1932), o Cine Metrópole (1942) que marcou a verticalização do centro cidade-satélite agrícola); e algumas vias e o Cine Pathé (1948), que apresentavam, com edificações de uso comercial e de criadas para acesso à região de Venda em suas telas, principalmente as uso misto (residencial e comercial). A Nova, que seria um centro residencial produções cinematográficas dearquitetura modernista passou a ser popular. A ideia era a criação de cidades- Hollywood, propagandeadas nos vista no centro da capital e em diferentes satélites para a ampliação e organização meios de comunicação. Na revista Belo bairros: seus elementos e suas formas se de Belo Horizonte. Horizonte e na revista Alterosa, é possível adaptavam aos diferentes terrenos e usos, ver a influência tanto do cinema norte- preservando, em maior ou menor grau, A cidade vivia um paradoxo entre a americano quanto da Segunda Guerra suas características. Também do final da modernização e a precarização dos Mundial no cotidiano de Belo Horizonte. década de 1940 é a construção do estádio serviços básicos, como saneamento Também podiam ser vistas propagandas Independência, para sediar alguns jogos e transporte. São desse período a sobre os estabelecimentos comerciais, da Copa do Mundo de 1950. construção do Hospital Municipal Odilon

20 Behrens e do Bairro Popular construído que, nesse período, já estava com sua espaço de lazer e turismo como também pelo Instituto de Aposentadoria e capacidade quase esgotada. um dos cartões postais da cidade — prévia Pensões dos Industriários (conjunto do que se veria alguns anos mais tarde no Na década de 1940, Belo Horizonte IAPI) com a colaboração da Prefeitura país —, movimentando a economia, as vivenciou um momento de efervescência de Belo Horizonte. Ocorreu também a artes e os desejos, mas também sofrendo cultural e urbanística marcado por expansão e diversificação dos transportes as consequências do contexto político no transformações em sua forma de públicos com a ampliação do sistema de qual se inseria. organização e em suas funções. A cidade bondes, que teve seu auge em extensão e se reinventava em retas e curvas, em fluxo de passageiros na segunda metade novas ruas e avenidas, novo planejamento, dos anos 1940. No final da década, houve rompendo desafios e expandindo suas o interesse em substituir esse sistema de fronteiras. Multiplicava-se, verticalizava- bondes, que passou a conviver com os se, mas também buscava alternativas trólebus e com o auto-ônibus, visando para seu crescimento desordenado. aumentar o alcance e tornar mais eficiente Da palavra escrita, da ideia pintada o transporte público na cidade. ao concreto armado, que libertava as O crescimento demográfico de Belo formas e projetava para o futuro. Ideias se Horizonte fez com que, no início dos anos concretizavam. E a cidade se conectava 1940, fosse criado um novo cemitério, o com o restante do país e com o mundo, Cemitério da Saudade. Até então, o único seja pelos espetáculos e bailes, seja existente na cidade era o Cemitério pela ampliação do seu aeroporto ou do Bonfim, projetado pela Comissão pelas novas soluções arquitetônicas. A Construtora no final do século XIX e Pampulha se tornaria não só um novo

21

DE CASSINO A século XIX. objetivo inicial, servindo apenas para abastecer a própria região. Entretanto, Na década de 1930, Belo Horizonte MUSEU DE ARTE Otacílio Negrão de Lima constatou que já havia ultrapassado a capacidade a Lagoa e o seu entorno eram propícios Quando Belo Horizonte foi inaugurada, populacional de 200.000 habitantes para a para abrigar locais de recreio e lazer. em 1897, a região da Pampulha era qual havia sido planejada. Esse fato levou apenas um arraial. Tratava-se somente de à falta no abastecimento de água para a Quando assumiu a Prefeitura de Belo uma zona rural composta por fazendas e população. O prefeito Otacílio Negrão Horizonte em 1940, Juscelino Kubistchek sítios que produziam diversos produtos de Lima (1935-1938) pretendia buscar buscou promover uma modernização agrários, como milho, leite e hortaliças, na região da Pampulha a solução para o da cidade, levando em consideração a que abasteciam a cidade. A região era problema. Assim, em 1936, iniciaram-se possibilidade de interação do homem com ligada a Belo Horizonte por uma estrada as obras para a construção da barragem, a natureza, a arte, a vida, o conhecimento de terra que posteriormente daria lugar sob responsabilidade do engenheiro e a experiência. Segundo JK, “um prefeito à Avenida Antônio Carlos. Por aquelas Henrique de Novais. As fazendas foram não deve pensar somente em coisas bandas corriam o riacho Pampulha e desapropriadas e em parte inundadas práticas. A beleza sob todas as formas vários córregos, como Cabral, Ressaca, para a criação da Lagoa da Pampulha. precisa fazer parte de suas cogitações. Olhos D´Água, Tijuco, Braúnas, do Toda a orla da barragem foi pavimentada Numa cidade vivem massas humanas Nado, entre outros. Acredita-se que o e recebeu o nome de Avenida Getúlio que sentem, que são capazes de emoções nome ‘Pampulha” tenha sido dado em Vargas – em 1968, passou a se chamar Av. e que, portanto, não prescindem de homenagem a um bairro que existia em Otacílio Negrão de Lima. estimulantes.” (KUBITSCHEK, 1944). Lisboa, por imigrantes portugueses que Inaugurada em 1938, a barragem da JK deu continuidade à ideia de vieram morar nessa região no final do Pampulha nunca chegou a alcançar seu transformar a Lagoa da Pampulha e seu

22 entorno em um polo de lazer e turismo. Horizonte a par da moda mundial” No entanto, quando em 1946 foi Para tanto, convidou Oscar Niemeyer (SOUZA, 1988, p.188), dando uma maior decretada a proibição de jogos de azar para elaborar os projetos dos edifícios que visibilidade para a capital mineira. no Brasil, o Cassino e consequentemente comporiam o Conjunto Arquitetônico da Segundo Juscelino Kubistchek, a todo o conjunto da Pampulha sofreu um Pampulha – Cassino, Casa do Baile, Iate edificação refletia o seu vertiginoso processo de decadência. No período entre Clube, Igreja São Francisco de Assis, Golf progresso, tornando-se ainda o espelho 1946 e 1957, o prédio do antigo Cassino foi Club (onde funciona hoje o Zoológico) e da cultura mineira, e para isso não foram utilizado para fins diversos, como bailes um hotel, cuja construção não passou dos medidos esforços no sentido de dar à de formatura, boates, audições artísticas alicerces. capital uma obra original, atraente e e até mesmo exposições de arte. Em 23 moderna. (BELO HORIZONTE, 1941, p. de dezembro de 1957, cria-se, finalmente, A construção desse Conjunto 42). o Museu de Arte, o que representou, do Arquitetônico representou um marco na ponto de vista de um novo uso, a definitiva arquitetura modernista brasileira ao fazer Esse tipo de atração para a cidade já solução para o Cassino. (LANA, 2009, p. uso do concreto armado, cuja plasticidade havia sido pensada desde os tempos da 195) possibilitou a construção de prédios com sua construção. Quando finalmente o linhas curvas. Para Niemeyer “a curva cassino começou a funcionar, a sociedade pode ser bela, lógica e graciosa, se bem de Belo Horizonte sofreu uma mudança construída e estruturada”. (NIEMEYER, de paradigma que alcançou todas as 1998, p.95). classes sociais, conferindo-lhes novas aspirações no morar e no convívio social, O Cassino, inaugurado em 15 de maio e imprimindo-lhes o desejo de serem de 1943, foi a primeira obra concluída modernos para serem atuais. (SOUZA, do conjunto. Esse prédio “colocou Belo 1988, p.197)

23 ACERVO HISTÓRICO MAP Toda história tem o seu começo. O acervo histórico do Museu de Arte da Pampulha, contemplado neste volume da cartilha Conhecer e Reconhecer, apresenta ao público objetos do tempo em que o prédio abrigava o Cassino da Pampulha. Em uma época quando desfilavam pelo Salão Nobre e “Grill-room” o luxo e a ousadia, e quando no Mezanino o tilintar das fichas se fazia ouvir, a elite belo-horizontina se encontrava para aproveitar os momentos no Palácio de Cristal. Fechado em 1946, parte dessa história ficou abrigada no prédio, porém, nunca foi esquecida pelos habitantes da cidade.

Parte de um imaginário coletivo, as fichas e as roletas, os tapetes e o mobiliário, os maquinários e as fotografias voltam ao centro das atenções. Elementos sazonalmente mostrados ao grande público através de exposições do Museu, onde podem se tornar parte das obras, agora são apresentados em sua essência. Ao apresentar os objetos em diálogo, a memória do prédio e a memória do Museu de Arte da Pampulha atuam e agem em conjunto. Dessa forma, possibilitam a reflexão e a construção de novos pensamentos e conhecimento sobre a cidade, a Pampulha, a Arte e novas narrativas, conciliando em um mesmo âmbito acervo histórico e acervo artístico.

25 N N NE NE

Auditório

multiuso

mezanino

administração

SALÃO NOBRE ateliê

entrada principal

Planta Planta pavimento térreo 2º pavimento

26 cadeiras (Chairs)

Projetadas especialmente para o Cassino, as cadeiras foram confeccionadas pela fábrica de móveis nacional Laubisch & Hirth. Propondo uma linguagem própria, a produção do mobiliário moderno no Brasil era influenciada pelos estilos internacionais e deveriam ser formalmente leves.

Posicionadas atualmente no auditório do MAP, as cadeiras de pau-marfim – material nacional bastante utilizado até os dias de hoje na produção de móveis –, tinham assentos e encostos originalmente em veludo e são do estilo “pé palito”, reconhecido mundialmente pelas pernas finas em madeira.

Planta NE 2º pavimento N

mezanino

Auditório

27 FICHAS (Chips)

As fichas de jogo foram utilizadas em substituição ao dinheiro nas mesas de aposta. Feitas em baquelite, nos anos 1940, eram produzidas a partir de pesados moldes de metal, onde estavam gravados, em baixo relevo, o valor da ficha e detalhes que identificavam a qual cassino pertenciam. As fichas do Cassino da Pampulha seguem o mesmo padrão, contando com os valores de 5, 10, 20, 50, 100 e 500 – a moeda vigente na época eram os Mil-réis. Os formatos variam entre círculo (fichas de valores mais baixos), elipse (valores medianos), octógono e retângulo (para apostas de alto valor). Destacam-se as cores das fichas, com composições características do período, e a logomarca do cassino, com as letras C e P em todas elas.

Planta NE 2º pavimento N

mezanino

Auditório Planta NE 2º pavimento N

mezanino

Auditório

FOTOGRAFIA (Photography)

O Cassino da Pampulha recebeu grandes atrações culturais, alcançando artistas do mundo inteiro, que vinham se apresentar. Dentre eles estavam os Turand Brothers, trapezistas e malabaristas de Londres, que marcaram presença no palco do “Grill-room” em julho de 1942. A fotografia foi um presente dos artistas para o delegado de polícia Renato Augusto de Lima, contratado na época para trabalhar no “Grill-room” do cassino.

A fotografia foi doada para o CEDOC em 2011 por Luís Augusto de Lima (neto de Renato Augusto de Lima) e participou da exposição do MAP “Coisário>>Cassino>>Museu”, em 2010, e das edições de 2013 e 2014 do evento “Uma noite no Cassino”. 29 FOTOGRAFIA (Photography)

Entre os frequentadores do Cassino da Pampulha, destacavam- se nomes de grande importância da classe intelectual e política. Na fotografia ao lado está a artista belga Jeanne Louise Milde (em primeiro plano, de costas, virada) e amigos, no “Grill-room” do cassino. O espaço abrigava, ao mesmo tempo, um restaurante, uma pista de dança e um palco onde aconteciam as mais diversas apresentações artísticas.

A artista, considerada uma das precursoras do modernismo em Minas Gerais, veio para Belo Horizonte no ano de 1929 convidada a dirigir uma escola de arte e instalou-se na cidade definitivamente. Posteriormente, em 1982, participou do Salão Nacional de Arte Contemporânea de Belo Horizonte,

Planta NE que aconteceu no Museu de Arte da Pampulha - MAP, antigo 2º pavimento N

prédio do cassino. mezanino

A fotografia foi doada para o CEDOC em 2011 por Luís Augusto de Lima (neto de Renato Augusto de Lima) e participou da exposição do MAP “Coisário>>Cassino >>Museu” em 2010. Compôs ainda as edições de 2013 e 2014 do evento do MAP “Uma noite no Cassino”.

Auditório

30 MAQUINÁRIO ELEVADOR (Elevator machinery)

Projetado para dar maior impacto às apresentações dos artistas no “Grill-room”, o elevador era uma característica dos teatros dos cassinos, podendo ser encontrado também no Cassino da Urca, em uma escala maior do que a do Museu de Arte da Pampulha. Este é um elevador de pouca profundidade que, além da sua tradicional função de dar acesso ao camarim dos artistas, apresentava outra: como no andar inferior ao “Grill- room” estava o bar do Cassino, ele também funcionava como palco para os músicos, que estendiam suas apresentações a esse outro público através de uma abertura na estrutura que permitia a visualização. Produzido pela Stauffer Syst, seu maquinário é original e ainda se encontra em atividade. NE N

SALÃO NOBRE principal entrada

multiuso

Planta pavimento térreo MAQUINÁRIO iluminação (Lighting machinery)

O maquinário presente no sótão do Museu era utilizado para coordenar e ajustar a iluminação e os cenários usados nas apresentações e espetáculos que aconteciam no “Grill-room”. Com base de madeira fixa no chão e estrutura em metal, apresenta manetes de intensidade variando de 0 a 10 para a iluminação. Podemos identificar, ainda, na estrutura metálica, os dizeres Ribalta, Gambiarra e Cúpola [sic], que se referiam a partes específicas da estrutura do teatro, respectivamente: fileira de luzes na frente do palco, fileira de refletores suspensa acima do palco, e tela de projeção em formato de semi-círculo onde são projetados os cenários (também conhecida como ciclorama).

NE N

Planta laje laje

sótão Planta NE 2º pavimento N

mezanino

Auditório

Menu

O menu do “Grill-room”, escrito em língua francesa, destacou- se por apresentar comidas sofisticadas, incrementando a culinária da capital. Foi adaptado nos parâmetros do menu do Cassino da Urca. Contém o manuscrito do delegado e diretor do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), Renato Augusto de Lima, sobre o uso de língua estrangeira: “A Gerência, Convém lembrar o Decreto Federal sobre os dizeres de cartas de restaurantes em língua estrangeira.”

O documento foi doado em 2011 para o MAP por Luís Augusto de Lima (neto de Renato Augusto de Lima) e participou da exposição do MAP “Coisário>>Cassino >>Museu”, em 2010, e nas edições de 2013 e 2014 do evento “Uma noite no Cassino”.

33 Planta NE 2º pavimento N

mezanino

Auditório

MeSAS (Tables)

Algumas mesas do Cassino possuíam formato circular com base única, apresentando características do pensamento moderno – que optava pela estética da geometria pura e pela clareza funcional. Nos anos 1940, era comum a influência de arquitetos adeptos do modernismo, que pediam interiores livres dos excessos de ornamentação, em consonância com o estilo da obra arquitetônica.

Localizado no “Grill-room, o conjunto de mesas e cadeiras compunha esse cenário moderno, seguindo o sentimento de mudança da época, que dispensava as formas barrocas dos tempos coloniais então relacionadas ao atraso e ao provincianismo. 34 REVISTA (Magazine)

As revistas da década de 1940 apresentam matérias, notícias e propagandas sobre as novas edificações, serviços, política, ciência, sociedade, lazer, produtos, e cinema. Nas revistas Alterosa, Belo Horizonte, Novidades, Leitura e Minas Tênis pode-se encontrar propagandas sobre a programação, artistas e espetáculos do “Grill-room” do Cassino da Pampulha. O proprietário do Cassino da Pampulha era também proprietário da ADA – Agência Difusora de Anúncios, responsável por toda a divulgação de seus cassinos, tanto em revistas como em matérias de jornal. No acervo histórico do Museu de Arte da Pampulha encontra-se um exemplar dessas revistas: a Revista Minas Tênis, de 1945.

Planta NE 2º pavimento N

mezanino

Auditório ROLETAS (Roulette)

O nome tem origem francesa, roulette (roda pequena). Está ligada a Blaise Pascal, que desenvolveu uma máquina de movimento perpétuo. Seus primeiros registros datam do século XVIII. Existem dois modelos de roleta: com duplo zero, conhecida como americana, e com único zero, modelo europeu, considerada a mais tradicional e que permite a partida clássica. A roleta do Cassino da Pampulha, em estilo europeu, foi fabricada no Rio de Janeiro por João Pina. É feita em metal (aço inox, madeira e baquelite), numerada de 0 a 36 aleatoriamente, com uma manete central em formato de cruz. O conjunto é encaixado sobre uma base circular de madeira.

Planta NE 2º pavimento N

mezanino

Auditório TAPEÇARIAS (Tapestries)

Parte essencial da arte e cultura persas desde seus primórdios, a confecção de tapetes evoluiu de sua função primária como bem de uso corriqueiro para aquecer os ambientes. Tornou- se, posteriormente, também um meio de expressão artística, decorando com requinte os mais diferentes espaços. A confecção mais remota dos tapetes é feita a mão utilizando diversos tipos de teares. Possuem enorme diversidade de ornamentos, como figuras geométricas, representações florais, animais, figuras humanas, paisagens e outros motivos.

O MAP possui em seu acervo quatro tapetes persas, adquiridos em 1942 para o Cassino da Pampulha. As tapeçarias que compõem o acervo do MAP pertencem à classe dos tapetes Shiraz. Segundo

NE N a classificação, esses tapetes persas teriam sido feitos nas aldeias ao redor da cidade de Shiraz, na província iraniana de Fars. Apresentam muitas vezes um design geométrico semelhante a principal

entrada um um medalhão de polo no centro. Notam-se ainda figuras que

SALÃO NOBRE representam aves e elementos florais de cores diversas, sendo os tons predominantes o vermelho, o marrom e o azul.

MULTIUSO

37 GLOSSÁRIO Ciclorama: fundo de cor clara, curvo, disposição física dos objetos. Refere-se para projeção também ao cargo ou função exercida por Alberto Bianchi: Alberto Quatrini Bian- Comodato: Empréstimo gratuito de al- aquele que é responsável por zelar pelo chi. Descendente de italianos nasceu no guma coisa que deve ser restituída em acervo de um museu. (Caderno de Diretri- ano de 1892, em Santana de Maria, São tempo pré-estabelecido pelas partes in- zes Museológicas). Paulo. Administrava e era proprietário de teressadas. Grill-room: restaurante e espaço para diversos cassinos, entre eles o Atlântico, Concreto armado: material composto shows e dança ao mesmo tempo, onde Icaraí, Grande Hotel e Cassino La Pla- de cimento e aço com resistência à com- aconteciam shows musicais e apresenta- ge, Palace Poços de Caldas, Grande Ho- pressão e à tração e boa flexibilidade. Ga- ções de variedades. tel Recife, São Lourenço, Grande Hotel rante sustentação à edificação, permite Gambiarra: sistema de iluminação for- Bahia, Villa Pompeia e Cassino 26. vencer grandes vãos livres e modelar o mado por uma ou várias lâmpadas enfilei- Bacará: semelhante ao Vinte-e-um, é um concreto de diferentes formas. radas sustentadas por um único suporte jogo de origem francesa. Com a mesma Cúpula: tela de projeção, em formato de horizontal. proposta, é mais rápido, pois a mão de semicírculo, onde são projetados cená- Joaquim Rolla: (1899-1972) Mineiro de cartas chega apenas a nove pontos. É um rios e imagens. São Domingos do Prata, tornou-se empre- clássico jogo europeu. Curadoria: designação genérica do pro- sário e proprietários de cassinos nas dé- Blackjack: Também conhecido como cesso de concepção, organização e mon- cadas de 1930 e 40. Seus cassinos eram: Vinte-e-um ou Vingt-et-un. É um jogo tagem da exposição pública. Inclui todos Cassino da Urca, Cassino Balneário Icaraí, que utiliza de 1 a 8 baralhos de 52 cartas os passos necessários à exposição de um Cassino de Teresópolis, Urca de Poços de cada simultaneamente. O objetivo é ven- acervo, quais sejam: conceituação, docu- Caldas, Lambari e Quitandinha; do Cassi- cer o adversário sem a soma das cartas mentação e seleção do acervo, produção no do Grande Hotel de Araxá e o Cassino ultrapassar o número 21 de textos, publicações e planejamento da da Pampulha ele possuía a autorização de

38 exploração. Nos anos 1950 empreendeu o transmitido de geração a geração, cons- arquivísticos, videográficos, fotográfi- Edifício JK, projeto de Oscar Niemeyer, tantemente recriado pelas comunidades cos e cinematográficos (IPHAN). Há em Belo Horizonte e o Pavilhão de São e grupos em função do ambiente, da ainda os chamados bens integrados que Cristóvão, projeto de Sérgio Bernardes, interação com a natureza e da história, são elementos geralmente agregados à no Rio de Janeiro. gerando sentimento de identidade e con- arquitetura, tais como retábulos, forros, Patrimônio cultural: O patrimônio é o tinuidade, contribuindo para promover o cimalhas, púlpitos e outros elementos legado que recebemos do passado, vive- respeito à diversidade cultural e à criati- ornamentais. mos no presente e transmitimos às futu- vidade humana. É apropriado por indiví- Pôquer: Jogo de cartas com variação ras gerações. Nosso patrimônio cultural duos e grupos sociais como importantes de mãos – combinações de jogadas e e natural é fonte insubstituível de vida e elementos de sua identidade. (IPHAN). cartas – onde os jogadores atuam de inspiração, nossa pedra de toque, nosso Patrimônio material: O patrimônio forma cerebral. Desde 2010 o jogo é ponto de referência, nossa identidade. material é composto pelo conjunto de reconhecido como esporte mental, junto (UNESCO). bens culturais classificados, segundo ao xadrez e o bridge. Patrimônio imaterial: Os Bens Cultu- sua natureza, nos quatro livros do tom- Ribalta: Fileira de luzes colocadas à rais de Natureza Imaterial dizem respei- bo: arqueológico, paisagístico e etno- frente do palco to àquelas práticas e domínios da vida gráfico; histórico; belas artes; e das ar- social que se manifestam em saberes, tes aplicadas. Eles estão divididos em ofícios e modos de fazer; celebrações; bens imóveis, como os núcleos urbanos, formas de expressão cênicas, plásti- sítios arqueológicos e paisagísticos e cas, musicais ou lúdicas; e nos lugares bens individuais; e bens móveis, como (como mercados, feiras e santuários que coleções arqueológicas, acervos muse- abrigam práticas culturais coletivas). É ológicos, documentais, bibliográficos,

39 REFERÊNCIAS

ABREU, R.; CHAGAS, M (orgs.). Memória e patrimônio: ensaios BRASIL. Decreto nº 3.551, de 4 de agosto de 2000. Institui o Registro contemporâneos. Rio de Janeiro: DP&A, 2003. de Bens Culturais de Natureza Imaterial que constituem patrimônio ARAÚJO, G. M. (org.). Roteiros arquitetônicos Casa do Baile: Os- cultural brasileiro, cria o Programa Nacional do Patrimônio Imate- car Niemeyer. Belo Horizonte: Fundação Municipal de Cultura, 2013. rial e dá outras providências. Palácio do Planalto, 2015. Disponivel BAHIA, C. L. Belo Horizonte: uma cidade para a modernidade mi- em: . Acesso em: 20 maio 2015. neira. Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, Belo Horizonte, 12, n. BRASIL. Decreto-lei nº25, 30 de novembro de 1937. Organiza a pro- 3, dezembro 2005. 185-200. Disponivel em: . teção do patrimônio histórico e artístico nacional. Palácio do Pla- Acesso em: 20 maio 2015. nalto, 2015. Disponivel em: . Acesso em: 20 BAHIA, D. M. A arquitetura política e cultural do tempo histórico maio 2015. na modernização de Belo Horizonte (1940-1945). Belo Horizonte: BRIGOLA, J. C. P. Contributos para um modelo de gestão patrimo- Tese de doutorado: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da nial. Revista de Estudos Cabo-verdianos, Praia, junho 2013. Dispo- UFMG, 2011. Disponivel em: . Acesso em: 20 nivel em: . Acesso em: 20 maio 2015. maio 2015. CHOAY, F. A alegoria do patrimônio. São paulo: Unesp, 2001. BORGES, Maria Eliza Linhares. Inovações, coleções, museus. Belo CORREIA, T. D. B. Art Decó e Industria: Brasil, décadas de 1930 e Horizonte: Autêntica Editora, 2011. 1940. Anais do Museu Paulista, São paulo, 16, n. 2, jul-dez 2008. 47- BITTENCOURT, J. N. Gabinetes de curiosidades e museus: sobre 104. tradição e rompimento. Anais do Museu Histórico Nacional, Rio de DI PIETRO, M. S. Z. Direito Administrativo. 23. ed. São Paulo: Atlas, Janeiro, v.28, 1996. 7-19. 2010. BORSAGLI, A. Os anos 1940: uma metrópole moderno no horizonte. EXPOSIÇÃO de Arte Moderna (1944 : Belo Horizonte, MG). ENCI- CURRALDELREY.COM, 2010. Disponivel em: . Acesso em: 20 maio 2015. 978-85-7979-060-7. Disponivel em: . Acesso BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. São Pau- em: 20 maio 2015. lo: Vértice, 2005. FONSECA, M. C. L. O patrimônio em processo: trajetória da po-

40 lítica federal de preservação no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: UFRJ: LANA, R. S. Arquitetos da paisagem: memoráveis jardins de Rober- MinC-IPHAN, 2005. to Burle Marx e Henrique Lahmeyer de Mello Barreto. Belo Horizon- GUARNIERI, W. R. Interdisciplinaridade em Museologia. In.: BRU- te: Museu Histórico Abílio Barreto, 2009. NO, M. C. O. (org.). Waldisa Rússio Camargo Guarnieri: textos e LEMOS, C. A. C. O que é patrimônio histórico? São Paulo: Brasi- contextos de uma trajetória profissional. São Paulo: Pinacoteca do liense, 1981. Estado: Secretaria de Estado da Cultura: Comitê Brasileiro ICOM, LIMA, D. F. C. Museologia-Museu e patrimônio, patrimonialização e v. 1, 2010. musealização: ambiência de comunhão. Boletim do Museu Paraen- GUARNIERI, W. R. Museologia e Identidade. n.: BRUNO, M. C. O. se Emílio Goeldi Ciências Humanas, Belém, v.7, n. 1, abril 2012. 31- (org.). Waldisa Rússio Camargo Guarnieri: textos e contextos de 50. Disponivel em: . Acesso em: 22 maio 2015. uma trajetória profissional. São Paulo. Pinacoteca do Estado: Secre- LOURENÇO, M. C. F. Museus Acolhem Moderno. São Paulo: taria do Estado da Cultura: Comitê Brasileiro ICOM. 2010. EdUSP, 1999. ICOM. Definição de museu e de profissionais de museu. In: ICOM MACHADO, M. R. O tombamento e o inventário como formas de Código Deontológico do ICOM para Museus. Barcelona: ICOM, acautelamento. In: ARAÚJO, G. M.; ASKAR, J. A.; MIRANDA, M. P. 2001. S (orgs.). Mestres e conselheiros: Manual de atuação dos agentes ICOM. Definções - Museu.I COM Portugal, 2007. Disponivel em: do Patrimônio Cultural. Belo Horizonte: IEDS, 2009. p. 49-55. . Acesso em: 20 maio 2015. MAGALHÃES, A. E triunfo?: a questão dos bens culturais no Brasil. INFRAERO. Aeroporto de Belo Horizonte/Pampulha-MG - Carlos Rio de Janeiro: Nova Fronteira: Fundação Nacional Pró-Memória, Drumond de Andrade. INFRAERO Aeroportos, 2015. Disponivel 1985. em: . Acesso em: 20 maio 2015. MENESES, U. T. B. Do teatro da memória ao laboratório da História: IPHAN. Disponível em: . Acesso em: 26 jun. 2013. a exposição museológica e o conhecimento histórico. Anais do Mu- IPHAN. Conjunto arquitetônico da Pampulha (MG). Portal IPHAN, seu Paulista, São Paulo, v.2, n. 1, 1994. 9-42. 2014. Disponivel em: . Acesso em: 20 maio MILLER, Daniel. Trecos, Troços e Coisas. Estudos Antropológicos 2015. sobre a Cultura Material. São Paulo: Editora Zahar. 2013. IPHAN. Patrimônio Material. Portal IPHAN, 2014. Disponivel em: MOSTAÇO, E. Aspectos da iluminação no teatro – eixo Rio-São . Acesso em: 20 maio 2015. Paulo. Luz em Cena. Vestido de Noiva e a Modernidade no Teatro.

41 [S.l.]: Itau Cultural. 2001. gional Oeste. Belo Horizonte: Arquivo Público da Cidade, 2011. MOURA, R. Programa de exposições do Museu de Arte da Pam- SALVATORI, E. Arquitetura no Brasil: ensino e profissão.A rquite- pulha: anotações. In: MOURA, R. (org.). Políticas Institucionais, tura Revista, São Leopoldo, 4, n. 2, jul-dez. 2008. 52-77. práticas curatoriais. Belo Horizonte: Museu de Arte da Pampulha, SANCHES, A. C. O Studio de Arte Palma e a fábrica de móveis Pau 2005. p. 67-73. Brasil: povo, clima, materiais nacionais e o desenho de mobiliário NEVES, F. M. B. Apostas encerradas, o breve império do Cassino moderno no Brasil. Risco: Revista de Pesquisa em Arquitetura e Quitandinha. Petrópolis: Globalmídia Comunicação, 2009. Urbanismo, n. 1, p. 22-43, Julho 2003. ISSN 1984-4506. Disponivel NIEMEYER, O. As curvas do tempo. 2. ed. Rio de Janeiro: Revan, em: . Acesso em: julho 29 2015. 1998. SCHEINER, T. C. O museu como processo. In: BITTENCOURT, J. OLIVEIRA, L. L. Belo Horizonte nos tempos de JK. FGV CPDOC. N. (org.). Caderno de diretrizes museólogicas 2: mediação em mu- Disponivel em: . Acesso em: 29 Julho 2015. seus: curadoria, exposições, ação educativa. Belo Horizonte: Secre- PERDIGÃO, J.; CORRADI, E. O Rei da Roleta: a incrível vida de Jo- taria de Estado de Cultura de Minas Gerais: Superintendência de aquim Rolla, o homem que inventou o Cassino da Urca e transfor- Museus, 2008. p. 35-47. mou a história do entretenimento no Brasil. Rio de Janeiro: Casa da SOUZA FILHO, C. F. M. Bens culturais e proteção jurídica. 3. ed. Palavra, 2012. Curitiba: Juruá, 2005. PINHAL, Paulo. Dicionário de Terminologias Arquitetônicas. Dis- SOUZA, J. B. A história. Bairros de Belo Horizonte, 21 Fevereiro ponível em: . Acesso 2010. Disponivel em: . Acesso em: 29 Julho em: 3 jul. 2013. 2015. QUITES, Maria Regina Emery; COLNAGO, Attilio. Preservando SOUZA, R. C. J. A Arquitetura em Belo Horizonte nas décadas de 40 nosso patrimônio cultural. Belo Horizonte: UFMG, 1998. V.13, 14 p. e 50: utopia e transgressão. In: CASTRIOTA, L. B. Arquitetura da (Quem Sabe Faz). Modernidade. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998. REVISTA MUSEU. MNBA apresenta a exposição ‘O Olhar Moder- TELLES, Leandro Silva. Manual do Patrimônio Histórico. Por- nista de JK’. Revista Museu, 2007. Disponivel em: . Acesso em: 20 maio 2015. Caxias do Sul, Universidade de Caxias do Sul, Rio Pardo, Prefeitura RIBEIRO, R. R. (og.). Histórias de bairros [de] Belo Horizonte: Re- Municipal, 1977.

42 TRINDADE, L.; LAPLANTINE, F. O que é imaginário. São paulo: Brasiliense, 2003. UNESCO. O Patrimônio: legado do passado ao futuro. UNESCO, 2015. Disponivel em: . Acesso em: 20 maio 2015. VILLAMÉA, L. Gilete Iconoclasta: bastidores da exposição moder- nista de 1944 voltam a tona com remontagem em Brasília. Isto É, n. 1832, novembro 2004. Disponivel em: . Acesso em: 20 maio 2015.

43 Knowing and Recognizing: Cultural Heritage

HISTORICAL VOL.2 COLLECTION MAP In this year of 2015, in which the Pampulha The Municipal Culture Foundation Institution in dialogue with its educational Modern Complex application to become presents the “Knowing and Recognizing: vocation, involved in different mediation a World Heritage Site was accepted by Cultural Heritage” Booklet, Vol. 2. It offers actions taken with the vast audience who UNESCO, it is with great joy that Belo to its readers a reflection on questions that visit the Museu de Arte da Pampulha daily. Horizonte’s City Hall presents this pervade the history of the Museu de Arte publication by the Museu de Arte da da Pampulha (MAP), being possible to Pampulha. recognize a museological writing on the Leônidas de Oliveira This Modern Complex, of exceptional value, collections held in the Institution. President of the Municipal Culture Foundation constituted by cultural goods projected The Historical Collection presented here is by the archictect Oscar Niemeyer, by the formed by documents in several mediums magnific artpieces of Portinari, Ceschiatti, that witnessed the time of the Pampulha Paulo Werneck, by the Burle Marx gardens, Casino, the inspiring edification signed by among others, figures as a cultural heritage Oscar Niemeyer. This 1942 piece, alongside that must be valued and preserved by the Pampulha modern complex, launched humanity. the archictect into the universe of the This way, the city of Belo Horizonte geniuses of world architecture. In 1957, the becomes part of an international circuit in location became a Museum, starting a new the scope of cultural tourism, enforcing the trajectory for the place. Knowing these two concept that here Culture truly lives. time frames is rethinking not only about The second volume of the “Knowing and MAP’s history but also Belo Horizonte’s and Recognizing: Cultural Heritage” booklet its inhabitants’, in the scope of architecture, provides us with a historic outlook of the arts and cultural history, among others. Museu de Arte da Pampulha (MAP). The second volume of the “Knowing and Recognizing: Cultural Heritage” Márcio Lacerda Booklet is a collection of texts written Mayor of Belo Horizonte by MAP’s researchers and staff, showing the importance of the studies conducted in it daily as well as the necessity for dissemination of these analysis. This is the Municipal Culture Foundation (FMC)’s own guideline, which believes in the potential of its Museums and appreciates the studies developed by the The “Know and Recognize: Cultural first years with the Art Salon until the new Directions to the musealization Heritage”, Vol. 2 Booklet is the result collections coming from the projects Bolsa of collections of studies carried out during the daily Pampulha and Contemporary Art, which work by the technical team of the Museu prints a constant dynamic in the formation The museological interpretation of objects de Arte da Pampulha. It is designed to of the art collection. allows us to reflect on the relations Museology promote a deepening of thought about as a science establishes with Anthropology, the safekeeping and conservation of The collections can be understood as a History and Sociology, along other areas of collections but also on the museal rearview mirror, for, once analyzed, they knowledge. Thus, we think of the role objects function that MAP brings, at its core, the articulate the histories of MAP. It is also a exert and how they pervade human relations history of the institution itself. light that allows us to think in the present, over time, as they are variable, mutable and Museum / collections / exhibitions the meanings of the foundation of a museum dynamic. Mankind, as a social being capable denote a constant tension to the in an iconic building. These conversations of giving meaning and value to an object institutions dealing with the preservation point to the trajectory of MAP. They indicate created, can’t be considered immune to the of heritage that must, first of all, be that storing and preserving collections is, influence of the context to which it belongs. safeguarded to meet the development first of all, forming sensitivities. We can consider that “the man we speak of is of citizens in their close connection with always the modifier of his world, the creator the city they inhabit. Ana Carolina Andreazzi of artefacts, of relations, of meanings. He is, MAP’s collection is quite broad and Manager of the Pampulha Art Museum above all, the maker of a history that makes involves the building itself, listed in and remakes (the man), as an unfinished three levels: municipal, by the Executive Luciana Féres project.” (GUARNIERI, 1989) Council of Municipal Heritage (CDPCM- Director for Museums and Reference Centers From this relationship of identification and BH); on a State level, by the State Institute recognition between mankind and object, of Historical and Artistic Heritage we can consider one of the institutions (IEPHA-MG); and federal, by the Institute that demonstrate human testimonies: the of Historical and Artistic Heritage museum. The museum is “a non-profit, (IPHAN). The Historical Collection permanent institution in the service of features original documents and objects society and its development, open to the from the time of the Pampulha Casino, public, which acquires, conserves, researches, highlighting the importance of the communicates and exhibits the tangible construction and function of the building and intangible heritage of humanity and its designed by Oscar Niemeyer. The Art environment for the purposes of education, Collection embodies and structures the study and enjoyment.” (ICOM, 2001) Museum as a museum of art, from the Museums can be considered places of memory, institutions that represent shoes, accessories and even the way they’re for the institution to put itself under a specific social segments. In general, this positioned in the setting. Another element, constant critique process regarding to what is representation is perceived through the not less important, is in the relationship going to be exhibited and narrated to visitors. objects that make their collections. However, between the photography and who has it as This should be considered a major concern we must remember that mankind defines property, something to be considered in the for museum faculty, in order to connect to the and attributes values and meanings to these object insertion process in the museum. Thus, public more effectively. objects. Beyond that, the choice of objects to different symbols and meanings are related be protected in museums is also determined to the objects, which will come to belong to according to the cultural context in which a museological institution from the moment Between two collections they are inserted, thereby resulting in the the communication of these objects are replacement of its original use value. Thus, made, that is, when all the above mentioned When looking at objects of a historical we see these objects out of the contexts to documentation process is done, the object is collection, the question arises: can an art which they were primarily designed for. They exhibited. museum exhibit objects that are not works of can be chosen to be inside museums for the The importance of comprehending how the art? potential the many areas of knowledge see in objects become part of a museum involves We are used to thinking of museums as them, as well as the relationship established an understanding of how collections can be determined typologies: History museums, between that object and individuals. What we made and how they arrive at the protecting Science, Anthropology, Art, etc. However, call the musealization of objects—when they institution. Generally, we associate the these are not the typologies that definite the become part of a collection of a museum— experience of collecting to the manners and institution. We can understand them as a involves a series of procedures: they must be selection criteria of these objects, which come trace of the concept of museum in its origins, catalogued, researched and inventoried. to belong to a place where they are attributed in the XIX century, with the consolidation of Regarding the choice of objects, we think values of zeal. As stated previously, political, sciences. At the time, collections were formed about the diversity of pieces that can economic and social aspects influence this by having the knowledge area divisions as compose the collection of a museum, from collection and reveal the power relations guides, like chapters of a great encyclopaedia everyday objects to artwork. These materials made when selecting what will be saved. of objects classified and grouped into could be clothes, silverware, shoes, industrial Collections can be formed through different collections of a knowledge field. A striking machinery, books, religious artefacts, actions, such as buying, lending or donating. feature of the museum in this period was paintings, etc. A photography inside a Thus, the entrance of a certain object in a work and practice focused on objects whose museum, for example, can show us several museological institution is also submitted senses were determined. nuances of its social and historical context, to the criteria adopted by each museum, At the second half of the XX century, during like the material from which it was created, according to its vocation and mission. the 60s and 70s, the questioning about the people represented in the image, the Analyzing and comprehending the formation this specific way of organizing knowledge way they dress, the way they wear their hair, of museological collections makes it possible reflected on by museums. When it was rethought, came up the concept of integral the path of the museum itself. Besides artistic and historical collections. museums, in which objects are related to contributing to the construction of various Back to the initial question. From what we the society, its environment and knowledge, themes, a collection allows us to know the have been constructing a museum as, a that is, the apprehensible reality. With this history of the museum itself. Thus, this set typology of an object does not impose itself paradigm shift, the museum came to be of objects keeps a relation with MAP and its as a condition. The experiences of artists and understood beyond its physical limits, and its history, and is material for reflection of artists curators in recent years show that the tensions collection in material and immaterial aspects. and curators. between Pampulha Casino and Museu de It doesn’t present itself in a ready and finished In 2001, the Museu de Arte da Pampulha Arte da Pampulha are not irreconcilable. way anymore: it manifests itself as a process, went through a conceptual reformulation of Besides that, a museum must also concern in the relations that it establishes between its projects and exhibition program. In this itself with its history and memory and being human beings, objects and meanings. context, it started its work as an encourager an agent in this construction. Therefore, we To answer our initial question, it is necessary of contemporary production, in individual understand that yes, an art museum can store to think of the Museu de Arte da Pampulha exhibitions of guest artists and in the objects that are not works of art. under this new paradigm, as a XXI century realization of the Bolsa Pampulha. From the contemporary perspective, MAP museum. Through this perspective, the Many artists’ works established dialogues has a function not only to preserve artworks typology of a museum is not only explained with the building, its elements and objects. under its custody but also to exert the thought through the objects it holds but also through The Museum oriented this generation of over Art and a thought of Art over reality. It its function as an interlocutor in society, which artists, with the intention of questioning is with this understanding that the stories defines its place of speech over reality. In this and signifying their own trajectory. Art is of MAP and its building are reconcilable aspect, MAP doesn’t articulate a discourse used as a tool to understand reality using the and of interest to the institution. After all, over reality through Art and History of Art. history and the memory of Pampulha and functioning as a museum contributes to this The Pampulha Architectural Complex Pampulha’s Casino to create new narratives building as much as the building gives the is considered a key piece of Brazilian and experiences over this heritage. museum several possibilities of action. architecture. The architecture of Oscar This institutional guidance was given by the Niemeyer, its uses and the impact it has had curatorial lines that reflected on the tensions on the city of Belo Horizonte are capable of between the “art museum” and “casino Tombamentos generating a multitude of themes on which building” institutions, the background for the an Art museum can lean. This makes more initial question of this article. The result was Movable and immovable property, material sense because it is about the Museu de Arte the addition of several pieces to the collection or immaterial (tangible or intangible), public da Pampulha and its building, the Pampulha that are directly connected to the building and or private, as well as natural monuments, Casino. to casino objects. This is possible not only in archaeological sites or landscapes, The remaining objects of the Casino amplify the production of new pieces but also in the individually or in sets, can represent notable the possibilities of action and of questioning relationships and approximations between value as an integral and significant part of our culture, our history, our identity, whether the different groups that form the Brazilian tradition in which the word tombar has the local, regional or national. These properties society, in which are included: meaning of to record, to inventory, to register are, many times, important references to our in the archives of the Reign, kept in the identity and to the feeling that we belong to I – the forms of expression; famous Torre do Tombo. a community, to a region, to a nation. Among II – the manners of creating, doing and living; The tombamento imposes restrictions to the them, we highlight documents, artworks III – the scientific, artistic and technologic owner of the asset without, however, taking and other assets of historical, artistic and creations; away their ownership. The goal is to give them cultural value, like monuments, edifications, IV – the workpieces, objects, documents, adequate tutelage, as a way of precaution architectonic and urbanistic complexes. edifications and other spaces dedicated to and preservation of everyone’s heritage. In this sense, there is a necessity to protect artistic-cultural manifestations; The restrictions that appear in relation to some of these assets as significant references V – the urban complexes and sites with an asset that is tombado (protected) are and tools that help us to tell our stories, historical, landscaped, artistic, archaeologic, there for a preservation that is of interest for to preserve our roots and maintain our paleontological, ecological and scientific the community, an interest that overrides memory. We already know that maintaining value” (article 216 CF/88) personal ones. a heritage is crucial to comprehending The tombamento, depending on the asset’s our origins, our past, to understanding our And so, the tombamento is a manner to nature and the interest on it, can happen in present and to making the construction of protect the historical and artistic heritage any of the levels of the public administration: a better future possible. To preserve our and is among the State’s competence municipal, state or federal, or even in two or heritage, it is necessary to know how to functions. The tombamento (protection) is three levels. When the protected asset has a preserve and protect it. That way, alongside part of an administrative procedure through value beyond the national scope, it can still the conservation and restoration measures which the public power imposes some obtain international recognition as World to be directly applied over these assets, restrictions to these assets to guarantee their Heritage Site. In these situations, the asset especially over the material ones, to promote preservation. This happens due to the value receives a stamp (a validation degree) from its preservation on the legal scope comes the these assets may represent to society. That is, UNESCO, an international organ that also tombamento as an intervention of the State the conservation and protection of protected starts to follow this asset’s conservation to protect this heritage. assets must be of interest to the public. This to guarantee its protection through the The Constitution of Republic, our Magna is so to make sure these assets are somehow relevant interest it might represent to all Carta, translates the wishes of the Brazilian connected to memorable facts of history of humanity. But the tombamento is a people regarding the guardianship of the or for their exceptional archaeological or protective measurement exclusively from the Brazilian cultural heritage, constituted by ethnological, bibliographical or artistic public administration and is given through the “assets of material and immaterial nature, value, that is, its value as a heritage of the the supremacy of the public interest over a taken individually or in sets, bearers of community. determined asset or a set of assets. reference to identity, to action, to memory of The word tombamento follows the Portuguese It is important to highlight that the tombamento will only be valid when its of the Instituto Estadual do Patrimônio public power might concede to the owners administrative process follow rigorously each Histórico e Artístico de Minas Gerais – of particular assets that were tombados, procedure foreseen in the administrative known as IEPHA –, and the Instituto do incentives to conserve and preserve them. rite: inventory (according to the case) or Patrimônio Histórico e Artístico Nacional In BH, for example, are incentives like being registry; open process for tombamento – the IPHAN. The IEPHA was created by exempted from the IPTU tax, the possibility of with provisory protection until studies are the state government in September 30th transferring the right to build (using or selling completed; and a dossier for the definitive 1971 and should observe in the scopes of the square footage to be built in another area tombamento. If it is a particular asset, the its competences the deliberations of the where consolidation is possible), and yet the owner will be notified of the decision and, Conselho Estadual do Patrimônio Cultural benefit of Culture programs in partnership after the impugnation deadline is done, the – the CONEP. The IPHAN was created in with other particular entities like the “Adopt process will only be considered concluded January 13th 1937, in Getúlio Vargas’ then a Cultural Asset” program (tax incentive when the homologation of the tombamento government, and is ’s oldest heritage for third parties), or even compensatory is published through official means. That way government body. The IPHAN was created measurements that might come from other the cultural asset will finally be registered in in a historical, political and social moment building investments in the city authorized the respective Livro do Tombo, according to where Brazil planned to consolidate itself by the CDPCM-BH. its nature and characteristics. on both national and international levels as That way, the tombamento is part of a process In the County of Belo Horizonte, the body an independent and sovereign nation. The of public administration. This process aims responsible for the tombamento is the desire and necessity to recognize and protect to protect our heritage. The tombamento Conselho Deliberativo do Patrimônio our heritage is very well translated in the is one of the possible measures to protect Cultural (CDPCM-BH), active since 1986. The Decree-law 25 of November 30th of 1937, that certain relevant assets to our memory and Conselho, bound to the Fundação Municipal organized the protection of Brazil’s historical to preserve our heritage, always according to de Cultura, is formed by representatives of the and artistic heritage, in effect in our legal order the interest of the community. civil society and the public power and works to this day. IPHAN’s Conselho Consultivo with the technic support of the Heritage do Patrimônio Cultural is the collegiate Board. When it comes to material assets, main body of decision for matters related to Casinos in Brazil especially the monuments, edifications and Brazilian heritage. This body is, therefore, the urban complexes, the Board orients, monitors one responsible for the exam, appreciation The possibility to play with chance, dealing and polices the interventions that these and decisions related to Brazilian cultural with the unexpected, with fortune and assets might come to need to guarantee they heritage, like the tombamento, the registry, misfortune has always been a part of human will keep their original characteristics and among other protectional measures. condition. Since Ancient Egypt, even in support their preservation. We know that preserving may be hard and, Greece and Rome, there is evidence and The protection of the heritage in the state many times, the maintenance of an asset reference of games through which men and federal scopes is under the responsibility might become very expensive. This way, the gambled and challenged fate. During the XVII and XVIII centuries, in Europe, decks localized in strategic and discreet points, as in 1946, through the Decree-Law nº 9.215 of and roulettes became objects of more public those involved should not have themselves April 30, sanctioned by the president Eurico and more common usage, gaining popularity exposed to society. Discretion was the key- Gaspar Dutra, there were around 70 casinos not only nobility and higher classes, but also word in this venue. This way, photographic functioning in the country. There was a in middle and working classes. In this period, and audio records were usually forbidden. strong campaign, especially by the Catholic the casinos as we know them were created. The restaurants, many of them in the “Grill- believers, for gambling to be forbidden, since Originally a public space created for music room” style, followed the gastronomical it brought decay to many sections of the and dancing, the casino became a gambling fashion of the period, with great emphasis on lives of those who practiced it. The closing of house in the XIX century. This area held, French cuisine. Curiously, this fad wasn’t a casinos would have had a hard-hitting impact simultaneously, gaming tables, theatrical feat of high costs, allowing not only the elite on the population as a whole: more than five and musical performances. Often attended but also other intermediary social groups to thousand people lost their jobs. To this day, by men, casinos were restricted venues frequent these spaces. gambling is forbidden in Brazil. with scarce, wealthy patrons. It was strongly The performances were an attraction in itself. resisted by part of society, as they believed Renowned artists, known in and out of Brazil vice was the cause of financial and moral were hired per season to perform in one or Belo Horizonte in the 1940s decay, besides promoting practices that more casinos (depending on the contractor went against the principles advocated by the and the contract period). Several international The City of Minas, Belo Horizonte, was Catholic Church. artists have performed on these stages: founded at the end of the XIX century, inside The golden period of casinos in Brazil Pedro Marques (singer/Mexico), Yma Sumac of a republican scenery, breaching with a past happened between 1910 and 1944. Usually (singer/Peru), Lucille Page (contortionist/ connected to the monarchy, to the colony part of broader recreational complexes, USA), Josephine Baker (singer/USA), among and to Curral del Rei itself. The new national theses venues held games, restaurants, others. National artists, like singers from context and the new political and social ideas dance and talent performances, as well as a the Rádio Nacional and Mayring Veiga, also should determinate the traces and future of dance space, presenting itself to its users as a performed, with emphasis on: Francisco the new capital. Belo Horizonte came into complete entertainment space. The two main Alves, Dalva de Oliveira, Carmem Miranda, well-defined and well-ordered limits, which entrepreneurs in the business in the country Trio da Lua. Other artists would perform could be well seen in its project, elaborated were Joaquim Rolla and Alberto Bianchi. humorous skits, like Grande Otelo and by the Construction Committee of the New The gaming tables were made up of roulettes, Oscarito. Performances made by the vedetes, Capital. The development of a city, however, baccarat, poker and blackjack, traditional choreographed dancers that performed is something dynamic. New necessities games played all over the world. Since with the artists or independently, were also arise. It is required to articulate a central gambling dealt with money, and many traditional. According to the artists’ success, area, with new propositions and services, to times in high values, and that practice was two sessions would happen in a single day. the new residential needs, to the necessity condemned by religion, gaming halls were When gambling was forbidden in Brazil, of an industrial area, of supply, of leisure and tourism; to articulate the planning of the Casino, the Ball House, the Yacht Club, still very restricted, so much so that opening demographic and to the new demands of the Igreja de São Francisco de Assis and construction works were needed at the transportation and sanitation. These are the the project of a golf camp and a hotel, all Pàmpulha Avenue, current Antônio Carlos challenges faced by the administrators as buildings located on the surroundings of Avenue, connecting the region to center of well as the society in its daily life. the artificial lake formed by the damming the city. The schedules and presentations of the region’s water courses. To project the of the Pampulha Casino were announced in Belo Horizonte is a city that was born Pampulha Architechtural Complex, the then wide circulation magazines of the time, like pretending to be modern, in a sense of mayor Juscelino Kubitschek invited several the Alterosa and Belo Horizonte magazines. advancing to the future, to looking forward different professionals, like the architect When gambling games were forbidden in and leaving behind a past that didn’t translate Oscar Niemeyer, and plastic artists and Brazil in 1946, the Casino was closed, and its anymore the yearnings of this “modern landscapers, like Portinari and Burle Marx, building, in the 1950s, was destined to hold the society”. Modern also when looking for new all involved with modernist thinking. If the Museu de Arte Moderna de Belo Horizonte. solutions, when proposing a dialogue with Casino catered to the interests of those the new, with technological innovations, with more affluent classes of society, the Ball, At the beginning of the 1940s, during forms that suggested other forms of thinking as the Ball House was known then, was the Juscelino Kubitschek’s gestão, the Instituto and organizing itself. Tradition and modernity destination of the more popular segments. de Belas Artes was founded, in which Alberto are mixed. After the 1920s and 1930s, in which The Yacht Golf Club, known today as Yacht da Veiga Guignard began to teach drawing speech, the forms of expression and the arts Club, was designed to be a space destined and painting. Also by government initiative, were marked by the Modernist ideology, the to practice sport, especially nautical sports, in 1944 the I Exposição de Arte Moderna de 1940s were a period of effervescence not because of the great expanse of water formed Belo Horizonte was held, that brought artists only in the area of literature and arts, but by the lagoon. The Igreja de São Francisco and intellectuals from Rio de Janeiro and São also on urban and architectural planning. de Assis was the target of a great polemic: Paulo to Minas Gerais’ capital. This exhibition Modernism in Belo Horizonte has made on one hand, it was the first modernist piece happened between the 3rd and 31st of May itself present in propositions of organization, to be protected by the Tombamento federal 1944 in the Mariana building, in Afonso Pena cultural schedules and in buildings, being law (still in 1947), on the other, since it was Avenue, and was organized by Guignard and acknowledged even beyond the borders of a built in a different style to the traditionally J. Guimarães Menegale. The schedule for this Minas Gerais. accepted style for religious edifications, it I Semana de Arte de Belo Horizonte also had wasn’t recognized by ecclesiastic authorities, debates and conferences in the Biblioteca Cultural life in the 1940s was marked by the staying closed for many years, until it was Municipal, with large participation and creation and construction of a leisure, fun consecrated and opened in 1959. national reverberation. and tourism area in the Pampulha—a region that, until then, belonged to the rural area One must remember that at the beginning of At the time, Oscar Niemeyer also designed of Belo Horizonte—to which were projected the 1940s, access to the Pampulha region was the Palácio das Artes project. Its execution, however, was interrupted at its initial phase. edifications made for commercial and mixed and Bairro Popular, built by the Instituto de Because of that, the necessity of a space (residential and commercial) use. Modernist Aposentadoria e Pensões dos Industriários for performances in the city resulted in the architecture started to be seen in the center (known as the IAPI), are from this same construction of the Francisco Nunes Theatre, of the capital and in different neighborhoods: period. The expansion and diversification projected by Luiz Signorelli, inside the Parque its elements and its shapes adapted to varied of public transport occurred with the Municipal. The construction of the Palácio terrains and uses, preserving, in bigger introduction of the tram system, with an das Artes was only resumed in the 1960s, with and smaller degree, its characteristics. The extension and passenger flux peak in the a modified project by Helio Ferreira Pinto in building of the Independência Stadium also second half of the 1940s. At the end of the 1966. happens at the end of the 1940s to hold some decade, there was some interest in replacing of the games of the 1950’s World Cup. this tram system, and it came to co-exist with The cultural environment in Belo Horizonte trolleybuses and auto-buses, as an attempt to was also composed by cinemas like Cine The unorderly growth of the city and the amplify the reach and the efficiency of public Brasil (1932), Cine Metrópole (1942) and creation of new areas that expanded the transportation in the city. Cine Pathé (1948), which presented onscreen county’s limits were crucial to carry out mainly cinematographic productions from the infrastructure construction works. The demographic growth of Belo Horizonte Hollywood publicized by the media. In Avenues were created, like the Pampulha caused the creation of a new cemetery at Belo Horizonte and Alterosa magazines it Avenue (currently Antônio Carlos Avenue), the beginning of the 1940s, the Cemitério is possible to see just how big the influence connecting the center of the city to the da Saudade. Up to that moment, the only of the American movie production and the Pampulha region; others were amplified, cemetery in the city was the Cemitério Second World War in Belo Horizonte’s daily like the Amazonas Avenue, that would give do Bonfim, projected by the Construction life was. You could also see advertisements access to Cidade Industrial and Barreiro Committee at the end of the XIX century, about commercial establishments, banks, (which, at the time, was supposed to be an which had, by then, almost exhausted its products, parties, singers, concerts and city agricultural satellite city); and some were capacity. celebrations. created to give access to the Venda Nova region, that would be the residential area for In the 1940s, Belo Horizonte lived a moment The cultural life and the emphasis of the popular segments. The idea was to create of cultural and urbanistic effervescence modernism in Belo Horizonte in the satellite cities to amplify and organize Belo marked by transformations in the way of 1940s followed the urban and industrial Horizonte. its organization and functions. The city development project of the city. Streets and reinvented itself in straight lines and curves, avenues were paved, opened and amplified, The city was living a paradox between in new streets and avenues, new plans, streams were piped, bridges were built. modernization and precariousness of basic breaking through challenges and expanding Modern buildings were erected, and this services, like sanitization and transportation. its borders. It multiplied itself, verticalized marked a verticalization of the center with The Hospital Municipal Odilon Behrens itself, but also sought out new alternatives to its unorderly growth. From the written lha” was given as homage to a neighborhood a city, there are living masses that feel, that word, from the painted idea to the reinforced that once existed in Lisbon by Portuguese im- are capable of emotions and, therefore, do wi- concrete, that freed shapes and projected migrants that came to live in the area at the thout stimulants.” (KUBITSCHEK, 1944). to the future. Ideas materialized. The city end of the XIX century. JK continued the idea of transforming the connected with the rest of the country and In the 1930s, Belo Horizonte had already sur- Pampulha Lagoon and its surroundings into with the rest of the world, whether through passed the populational capacity of 200,000 a leisure and tourism center.. To this end, he performances and balls, whether through habitants to which it had been planned for. invited Oscar Niemeyer to develop the desig- the expansion of its airport or its new This led to a lack of water supply to its po- ns of the buildings that would make up the architectonical solutions. Pampulha would pulation. The mayor Otacílio Negrão de Lima Pampulha Archictectural Complex– the Casi- not only become a new area of leisure and (1935-1938) planned to look into the Pam- no, the Yacht Club, the Church of Francis of tourism but also one of the city’s postcards – pulha region for a solution to this problem. Assisi, the Golf Club (where today stands the a preview of what would be seen a few years Thus, in 1936, begin the construction of a City Zoo) and a hotel, the construction of whi- later in the country --, moving the economy, dam under the responsibility of the engineer ch has not moved beyond foundations. the arts and the desires, but also suffering Henrique de Novais. Farms were expropria- The construction of this Architectural Com- the consequences of the political context in ted and partly flooded for the creation of the plex represented a milestone in the moder- which it was inserted. Pampulha Lagoo. The edge of the dam was nist Brazilian architecture by using reinfor- paved and received the name Getúlio Vargas ced concrete, as the plasticity allowed the Avenue – in 1968, it became Otacílio Negrão construction of buildings with curved lines. From casino to art museum de Lima Avenue. To Niemeyer, “curves can be beautiful, logi- Opened in 1938, the Pampulha dam never cal and graceful, if well-built and well-structu- When Belo Horizonte was founded, in 1897, reached its initial goal, being used only to red”. (NIEMEYER, 1998, p. 95) the Pampulha region was only a village. It supply water to its own region. However, Ota- The Casino, opened in May 15 1943, was the was no more than a rural area composed of cílio Negrão de Lima stated that the Lagoon first work completed within the complex. farms and ranches that manufactured many and its surroundings were suitable to hold This building “put Belo Horizonte alongside agrarian products, such as corn, milk and gre- places of recreation and leisure. world fashion” (SOUZA, 1988, p. 188), giving enery, supplying the city. The region was con- When he took over Belo Horizonte’s City Minas Gerais’ capital a bigger visibility. Ac- nected to Belo Horizonte through a dirt road Hall, in 1940, Juscelino Kubistchek tried to cording to Juscelino Kubistchek, the edifica- that would eventually become what is known modernize the city, taking into consideration tion reflected its rapid progress, becoming a today as Antônio Carlos Avenue. Throu- the possibility of interaction between man, mirror of Minas Gerais’ culture, and for that gh that area ran the Pampulha stream and nature, art, life, knowledge and experience. no efforts were spared, in a sense where they other creeks, such as Cabral, Ressaca, Olhos According to JK, “a mayor should not only tried to make it look original, attractive and D’Água, Tijuco, Braúnas, do Nado, among think of practical things. Beauty in all forms modern. (BELO HORIZONTE, 1941, p. 42). others. It is believed that the name “Pampu- needs to be part of all their ponderations. In This type of attraction for the city had already been thought of since its construction. When to enjoy their moments in the Crystal Palace. Chips the casino finally started working, Belo Hori- Closed in 1946, part of this history was kept The gambling chips were used to replace mo- zonte’s society suffered from a paradigm shift inside the building but was never forgotten ney on gaming tables. Made of Bakelite in that reached all of its social classes, giving by the inhabitants of the city. the 1940s, they were produced in heavy metal them new aspirations in living and social life, Part of a collective imagination, the gambling casts where the chip’s value and the details and granting them the desire to be modern chips and the roulettes, the tapestries and the identifying which casino they belonged to and to become current. (SOUZA, 1988, p. 197). furniture, the machinery and the pictures are were engraved in bas-relief. The Pampulha However, in 1946, when gambling became once again at the center of our attention. Ele- Casino’s chips follow the same pattern, and forbidden in Brazil, the Casino and subse- ments seasonally shown to the general public held the following values: 5, 10, 20, 50, 100 and quently all of Pampulha Architechtural Com- through the Museum exhibitions, where they 500 – at the time, the Brazilian currency was plex suffered from a process of decay. Betwe- can become part of the artwork, are now dis- called “Mil-réis”. The shapes are circle (for en 1946 and 1957, the building of the former played in their essence. In presenting the ob- lower values), ellipse (for medium values), Casino was used for many different reasons, jects dialoguing, the building’s memory and octagon and rectangle (for high-value bets). such as graduation balls, clubs, artistic audi- the Museu de Arte da Pampulha’s memory The chip colors stand out, with common com- tions and even art exhibitions. In December act in tandem. That way, they allow the reflec- positions from that period, and the casino’s 23rd 1957, the Museu de Arte was finally crea- tion and construction of new thoughts and logo, the letters C and P, in all of them. ted, which represented, from the point of view knowledge about the city, the Pampulha, Art of a new use, the definite solution for the Ca- and new narratives, reconciling under a sin- Photography sino. (LANA, 2009, p. 195) gle scope its historical and artistic collection. The Pampulha Casino received many cultu- ral attractions, attracting artists from all over Chairs the world. Among them were the Turand Bro- Historical collection MAP Specially produced for the Casino, the chairs thers, trapeze artists from London, who pre- were supplied by the national furniture fac- sented on the stage of the grill room in July Every story has its beginning. The Museu de tory Laubisch & Hirth. Propositioning its own of 1942. This picture was a gift from the artists Arte da Pampulha’s historical collection, con- language, the production of the modern fur- to the chief police officer Renato Augusto de templated in this volume of the Knowing and niture in Brazil was influenced by the inter- Lima, hired at the time to work at the casino’s Recognizing: Cultural Heritage presents to national styles and should be formally lighter. grill room. the public objects of a time when the building Positioned nowadays at MAP’s hall, the ivory This photography was donated to the CE- held the Pampulha Casino. In a time when lu- wood chairs – national material consistently DOC in 2011 by Luís Augusto de Lima (Rena- xury and boldness paraded through the gre- used till this day in furniture production—, to Augusto de Lima’s grandson), and was part at hall and the grill room, and the tinkling had backs and seats originally made of velvet of the “Coisário >> Cassino >> Museu” exhibi- of the gambling chips could be heard in the and are known worldwide for their stick-thin tion in 2010 and the 2013 and 2014 editions of mezzanine, the elite from Belo Horizonte met wood legs. the “A night at the Casino” event. Photography 10 for the lighting. We can identify, still, writ- asing the cuisine that the capital was presen- Among the Pampulha Casino goers, great ten in the metal structure, “Limelight”, “Gam- ted with. It was adapted in the parameters of names of the intellectual and political class biarra” (T/N: Which we believe might refer the Urca Casino. It contains the manuscript of stood out. In this photograph we can see to “spotlight ringing”) and “Dome” (T/N: In the chief police officer and director of the De- the Belgian artist Jeanne Louise Milde (fo- the original version, this word, “cúpula”, is partment of Press and Advertisement (known reground, backwards, turned) and friends, in graphed incorrectly in Portuguese, “cúpola”), in Portuguese as DIP), Renato Augusto de the casino’s grill room. This area housed, si- that referred to specific parts of the theatre; Lima, about the use of a foreign language: “To multaneously, a restaurant, a dance floor and respectively: a row of lights in front of the the Management, I would like to remind you a stage where several artistic performances stage, row of spotlights suspended above the of the Federal Decree about menus in foreign happened. stage, and the semi-circle-shaped projection languages.” The artist, considered one of the modernism screen where the scenarios are projected This document was donated to the CEDOC precursors in Minas Gerais, came to Belo Ho- (also known as cyclorama). in 2011 by Luís Augusto de Lima (Renato Au- rizonte in the year 1929 with the European Pe- gusto de Lima’s grandson), and was part of dagogical Mission, and settled in the city for Elevator machinery the “Coisário >> Cassino >> Museu” exhibition good. Subsequently, in 1982, she took part in Projected to give a bigger impact to the ar- in 2010 and the 2013 and 2014 editions of the that year’s National Saloon of Contemporary tists’ presentations in the grill room, the ele- “A night at the Casino” event. Art of Belo Horizonte, held in the Museu de vator was a characteristic of casino theatres, Arte da Pampulha – MAP, the casino’s former also found in the Urca Casino in a bigger sca- Tables building. le than the one in the Museu de Arte da Pam- Some of the Casino tables were circular with The photography was donated to the CEDOC pulha. This is a shallow elevator that, besides a unique base, presenting unique characteris- in 2011 by Luís Augusto de Lima (Renato Au- its usual function of giving access to the ar- tics of modern thinking – that opted for the gusto de Lima’s grandson), and was part of tist’s dressing room, also presented another: pure geometry and functional clarity aesthe- the “Coisário >> Cassino >> Museu” exhibition because the Casino’s bar was in a lower deck tic. In the 1940s, it was a common of archi- in 2010 and the 2013 and 2014 editions of the than the grill room, it also worked as a stage tects well versed in modernism to request for “A night at the Casino” event. for the musicians, who performed to another the interior of rooms to be free of excessive public through an opening in the structure ornamentation, in line with the style of the ar- Lighting machinery that allowed people to see them. Produced by chitectural work. The machinery in the attic of the Museum Stauffer Syst, the machinery is still original Located in the grill room, the sets of chairs was employed to coordinate and adjust the and fully operational. and tables composed this modern scenario, lighting and the scenery used in the presen- following the feeling of change of that time, tations and plays that happened in the grill Menu that dispensed the baroque shapes from the room. With a permanent wood base and me- The grill room’s menu, written in French, colonial times, then related to retardation and tal structure, it has intensity levers from 0 to stood out for its sophisticated dishes, incre- provincialism. Magazines tal (stainless steel, wood and bakelite), num- The magazines from the 1940s present arti- bered randomly from 0 to 36, with a central cles, news and advertisements for the new cross-shaped turret. This ensemble is set over buildings, services, politics, science, society, a round wood base. leisure, products, and cinema. In the Altero- sa, Belo Horizonte, Novidades, Leitura and Tapestries Minas Tênis magazines one can find adver- An essential part of Persian art and culture tisements for the schedule, artists and per- since the primordial times, tapestry has formances of the grill room of the Pampulha evolved from its primary function as an Casino. The owner of the Pampulha Casino asset used to warm rooms. It also became, was also the ADA – Advert Diffusion Agency subsequently, a form of artistic expression, – owner, responsible for all the marketing of furnishing different settings. The oldest the casinos, both magazines and in journals. productions of rugs were handmade, using In the historical collection of the Museu de varied types of weaving looms. Carpet Arte da Pampulha there is a copy of one of ornaments are incredibly diverse, among those magazines: the Revista Minas Tênis, its patterns there are figures like geometric from 1945. figures, floral patterns, animals, human figures, landscapes and other motifs. Roulette MAP has in its collections four Persian The name roulette was first recorded in the tapestries, bought in 1942 for the Pampulha XVIII century and is of French origin, bea- Casino. The tapestries belong to the Shiraz ring the meaning of ‘small wheel.’ As a con- class of rugs. According to their classification, cept it is linked to Blaise Pascal, who introdu- these tapestries would have been made in ced the first most primitive form of the game the villages around the city of Shiraz, in the in his search to develop a perpetual motion Iranian province of Fars. They often show machine. There are two types of roulette: a geometric pattern similar to a pole star one with a double zero, also known as Ame- medallion in its center. The figures on them rican, and one with a single zero, known as represent birds and floral elements of various the European wheel and considered the most colors, whose main tones are red, brown and traditional type, used in the classical version blue. of the game. The Pampulha Casino roulette, a European wheel, was fabricated in Rio de Janeiro by João Pina. It is made out of me- Museu de Arte da Pampulha

PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO ARTES VISUAIS Segurança e Manutenção HORIZONTE Visual Arts Security and Maintenance Belo Horizonte City Government Augusto Fonseca Alessandro Rodrigues, Felipe dos Santos, Marcio Lacerda Gilmar de Albuquerque, Hans Muller, BIBLIOTECA E CEDOC Isabel de Fátima, Izabel B. S. Ferreira, Kelly FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE CULTURA Library and Documentation Center de Carvalho, Leandro dos Santos, Magda Municipal Foudation for Culture Celeste Fontana, Dalba Costa e João da Rocha, Marcelo de Jesus, Marlene Leônidas José de Oliveira Ferreira (estagiária/intern) Alves, Tiago Rodrigues, Valdeir Silva=

DIRETORIA DE MUSEUS E CENTROS DE CONSERVAÇÃO E RESTAURO ASSOCIAÇÃO CULTURAL DOS AMIGOS REFERÊNCIA Conservation and Restoration DO MUSEU DE ARTE DA PAMPULHA - Directorship for Museums and Reference Luciana Bonadio AMAP Centers Pampulha Art Museum Friends Association Luciana Féres MONTAGEM Mounting PRESIDENTE MUSEU DE ARTE DA PAMPULHA Diego Abreu e Elvis Teodoro President Pampulha Art Museum Valério Antônio Fabris Ana Carolina Andreazzi MUSEOLOGIA Museology DIRETORA ADMINISTRATIVA AÇÃO EDUCATIVA André Leandro Silva e Luiz Otávio Lopes FINANCEIRA Education Program (estagiário/intern) Administrative Director Financial Paola Cunha, Milena Tavares, Luiza Rosângela Costa Gasparini, Pollyana Lacerda e Carolina ASSESSORIA PATRIMONIAL Rezende (estagiárias/intern) Heritage Advice Ana Karina Bernardes ADMINISTRAÇÃO E LOGÍSTICA Administration and Logistics PRODUÇÃO Gavone Sousa, Israel Mascarenhas, Ruth- Production Léa Amaral, João Marinho de Souza. Daniela Starlling Publicação Conhecer e Reconhecer: Patrimônio Cultural PROJETO GRÁFICO Vol 2.: Acervo Histórico MAP Graphic Design Knowing and Recognizing: Cultural Serigrafia.com / Ana Karina Bernardes Heritage. Vol 2 .: Historical Collection MAP REVISÃO Proofreading ORGANIZAÇÃO Sônia Camarão Organization Ana Karina Bernardes TRADUÇÃO Translation ORGANIZAÇÃO EDITORIAL Priscila Moreira Editorial Organization Ana Karina Bernardes IMPRESSÃO Printing CONCEPÇÃO Artes Gráficas Formato Conception Ana Karina Bernardes, André Leandro FOTOGRAFIAS Silva e Paola A. B. Cunha Photographs Priscila Moreira: Exceto a imagem abaixo TEXTOS listada Texts Ana Karina Bernardes, André Bel Beugleux: p. 33 Leandro Silva, Bruna Mendes, Karyna Dultra, Luiz Otávio Lopes, Luiza Gasparini, Mª Helena de R. Costa, Paola A. B. Cunha, Pollyana Lacerda e Sara Marques. As publicações desta linha editorial referem-se a temáticas relativas ao Patrimônio Cultural, ou seja, ao conjunto das diversas manifestações e práticas produzidas ao longo do tempo, seja no campo das artes, dos saberes, das celebrações, das formas de expressão e dos modos de viver ou na paisagem da própria cidade, com seus atributos naturais, intangíveis e edificados bem como do patrimônio documental e museal.

O objetivo é potencializar a salvaguarda do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte, garantindo o direito à memória, contribuindo para o seu conhecimento e disseminação, bem como provocando a reflexão sobre a diversidade cultural e identitária na cidade. RE