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O POVOAMENTO RURAL ISLÂMICO NO AL-ANDALUS – ESTADO DA ANALES INVESTIGAÇÃO. DE ARQUEOLOGÍA THE ISLAMIC RURAL SETTLEMENT IN AL-ANDALUS CORDOBESA - STATE OF RESEARCH. NÚMERO 29 (2018) MARTA ISABEL CAETANO LEITÃO BOLSEIRA DE DOUTORAMENTO NA FUNDAÇÃO PARA A CIÊNCIA E A TECNOLOGIA (SFRH/BD/117606/2016). INSTITUTO DE ARQUEOLOGIA E PALEOCIÊNCIAS DA UNIVER- SIDADE NOVA DE LISBOA ✉✉: [email protected]

RESUMO O presente artigo mostra o estado actual da investigação sobre a organização do território, em Período Medieval Muçulmano, no espaço geográfico que abrange grande parte da Península Ibérica. Pretende-se, deste modo, dar a conhecer as várias abordagens existentes dentro da- quela temática, onde se insere as fortificações, os assentamentos rurais e os meios de produção, e fazer uma breve reflecção acerca das várias questões que permanecem pendentes. Palavra(s)-chave✉: Arqueologia Medieval Islâmica, Território, Povoa- mento, Fortificações, Estado da Arte.

ABSTRACT This article shows the current state of the research on the organiza- tion of the territory, in the Muslim Medieval Period, in the geographical space that covers much of the Iberian Peninsula. In this way, the aim is to present the various approaches that exist within this theme, including fortifications, rural settlements and the means of production, and to re- flect briefly on the various issues that remain open. Keywords✉: Islamic Medieval Archeology, Territory, Settlement, Forti- fications, State of Art.

1. AS LINHAS DE INVESTIGAÇÃO

1.1 ESPANHA O conhecimento científico que se tem produzido sobre a orga- nização espacial do povoamento rural em Período Medieval Mu- çulmano provém, essencialmente, do actual território espanhol,

AAC 29 (2018), 293-318 294M���������������������������������������������������������������������� MARTA ISABEL CAETANO LEITÃO nomeadamente da Andaluzia e da Região porta ainda referir os estudos de Josep Torró Valenciana. Foi, contudo, nesta última que (1990; 1998) que estabeleceram uma clara surgiram os primeiros estudos sobre esta te- diferenciação para as fortificações, com uma mática, através de investigações realizadas cronologia entre os séculos VIII-IX, localiza- por André Bazzana, Pierre Guichard e Rafael das na montanha e no litoral, atribuindo as Azuar Ruíz, nas décadas de 70 e 80 do sécu- primeiras à 1º fitna, enquanto as segundas lo XX, passando-se, a partir daquele momen- seriam lugares de concentração de homens to, a conhecer um pouco mais a organização e mercadorias, relacionadas com as explora- do território durante a ocupação islâmica. ções marítimas, considerando que em ambos os casos, não haveria qualquer vinculação Pierre Guichard (1977; 1983) dedicou- daquelas ao poder estatal. se ao estudo do encastelamento na região referida, onde constatou igualmente, através A investigadora Sonia Gutiérrez Lloret do recurso à arqueologia espacial, que ha- realiza, em 1996, um estudo sobre a Cora de viam dispersos pelo território vários aglome- Tudmir onde, mediante a análise da cultura rados rurais ou simples unidades de explora- material, a autora dá a conhecer a história ção (casais agrícolas ou granjas) que se or- de Tudmir (províncias de Alicante, Múrcia, ganizam em redor de husun. Das suas inves- Albacete e Almería) desde a Antiguidade tigações resultaram vários trabalhos, alguns Tardia até ao Período Islâmico, através das deles de colaboração com os investigadores várias formas de implantação daqueles po- André Bazzana e Patrice Cressier (1988), de vos no território, assim como dos processos quem falarei posteriormente. Quanto a André de aculturação e dos sistemas produtivos e Bazzana (1987; 1992) desenvolveu os pri- comerciais (Gutiérrez Lloret, 1996). Importa meiros estudos sobre o povoamento rural is- ainda destacar o seu mais recente trabalho, lâmico relacionado ao encastelamento, agru- por si coordenado, juntamente com Ignasi pando as estruturas identificadas e associan- Mira, onde constam uma série de artigos so- do-as a períodos específicos dentro da cro- bre os espaços domésticos e de uso social nologia medieval muçulmana. Relativamente dos estabelecimentos rurais islâmicos✉: De la a Rafael Azuar Ruíz (1981; 1989a; 1989b; estructura doméstica al espacio social. Lec- 1994) realizou estudos sobre as fortificações turas arqueológicas del uso social del espacio da região de Alicante (Valência), sobretudo (2013). na área do Reino de Taifa de Denia que resul- Por último, queria ainda referir os estu- taram na identificação de várias fases cons- dos efectuados por Pedro López Elum e José trutivas para as distintas fortificações encon- Ramón García Gandía. O primeiro realizou tradas e do povoamento a elas associado. escavações na Torre Bufilla de Bétera (Valen- Thomas Glick (1988; 1995) efectuou, cia) que permitiram conhecer os vários hiatos para esta zona, estudos sobre os sistemas de ocupação (López Elum, 1994). O segundo de regadio das comunidades campesinas, tal realizou trabalhos arqueológicos na Partida como a investigadora Carmen Trillo San José, de l’Almiserà (Villajoyosa, Alicante) duran- de quem falarei adiante, para o Reino Nazarí te os anos de 2002/2003, nomeadamente de Granada. Para a Região Valenciana, im- nos sítios Tossal de l’Almisserá, Foietes de

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Dalt, Alfarella, Mezquita e Necrópolis de (1988; 1989), juntamente com os estudos l’Almiserà contribuindo, deste modo, para o de Thomas Glick para a zona de Valência, já conhecimento do povoamento rural islâmico enunciados, que terão sido o ponto de parti- no Sharq al-Andalus (Gracía Gandía, 2005). da para os trabalhos desenvolvidos por Car- men Trillo San José. No que respeita à Andaluzia, nomeada- mente na região de Granada são de destacar Integram ainda o grupo referido, Miguel as investigações levadas a cabo por Patrice Jiménez Puertas, José María Martím Civantos Cressier e Antonio Malpica Cuello. O primeiro e José Cristóbal Carvajal López. O primeiro para além dos trabalhos realizados com os realizou um estudo sobre o povoamento de investigadores André Bazzana e Pierre Gui- Loja (Granada), desde a Antiguidade Tardia chard, já referidos anteriormente, dedicou- até à conquista castelhana (séculos V-XV), se, igualmente, nos anos 80 do século XX, ao a partir de prospecções que o mesmo efec- estudo das fortificações Almóadas e Nazarís tuou, com o auxílio da documentação escrita da zona de Alpujarra (província de Granada e e da toponímia que resultaram na sua tese Almería) numa perspectiva espacial e políti- de doutoramento (Jiménez Puertas, 2002a). co-administrativa (Cressier, 1984a; 1984b; O segundo realizou alguns trabalhos sobre 1992a; 1992b). Relativamente a Antonio as técnicas construtivas das fortificações de Malpica Cuello, trata-se dos investigadores Granada, assim como alguns estudos em que que mais tem contribuído para o conheci- aquele relaciona o meio físico e o povoamen- mento do mundo rural islâmico na zona de to rural (Martín Civantos, 2002; 2008). Granada, onde se destaca os estudos sobre Quanto a José Cristóbal Carvajal López o ordenamento do território e os vários mo- efectuou, no âmbito da sua tese de douto- delos de povoamento. É director do grupo de ramento, um estudo sobre o povoamento investigação designado Toponimia, Historia altomedieval, entre os séculos VIII e XI, na y Arqueología del Reino de Granada, surgi- Vega de Granada. Com base na análise das do em 1989, onde se inclui uma série de cerâmicas identificadas nos trabalhos ar- produções científicas da sua autoria (Malpica queológicos, aquele terá constatado que, Cuello, 1996; 2003; 2014). nos inícios dos séculos VIII e primeira me- Alguns dos investigadores que integram tade do IX, foram criados naquela região os este grupo tem contribuído igualmente para primeiros sistemas de regadio associados a o desenvolvimento desta temática, sendo de novos assentamentos muçulmanos, tendo- destacar os trabalhos de Carmen Trillo San se, contudo, mantendo uma continuidade de José (2003a; 2003b; 2004) que se focam ocupação dos povoados de cronologia ante- essencialmente nas técnicas agrícolas e dos rior. A partir de meados do século IX e inícios sistemas de irrigação do mundo Nazarí, con- do X, devido à maior fase de instabilidade tribuindo bastante para o conhecimento das ocasionada pela 1ª fitna, foram construídas várias áreas agricultáveis que seriam domina- novas fortificações rurais e abandonados os das pelas alcarias. Envolvendo esta temática assentamentos anteriores. Já em pleno Pe- económica e social encontra-se também os ríodo Califal o investigador refere que, devido trabalhos desenvolvidos por Miquel Barceló ao crescimento de Madinat Ilbira, o seu en-

ISSN: 1130-9741 AAC 29 (2018), 293-318 296M���������������������������������������������������������������������� MARTA ISABEL CAETANO LEITÃO torno geográfico teria igualmente conhecido Luengo et alli, 1998), assim como o estudo um grande desenvolvimento e esplendor eco- realizado, por Emilio Martín Córdoba, Fran- nómico, patenteado no desarrolho agrícola e cisco Melero García e Juan Bautista Salado surgimento de novas alcarias (Carvajal López, Escaño, sobre o povoamento da Alta Idade 2008✉: 383-385). Média na Axarquía de Málaga (Martín Córdo- Por fim, importa ainda citar os impor- ba et alli, 2016). tantes estudos de Antonio Gómez Becerra Para Jaén temos as investigações desen- (1998; 2000) sobre as fortificações e o po- volvidas por Tomás Quesada, tendo aquele, voamento da costa de Granada que foram o através de trabalhos de prospecção e consul- resultado de anos de trabalhos de prospec- ta da documentação escrita cristã e árabe, ção, juntamente com a análise das fontes caracterizado o povoamento rural das Serras escritas, realização de escavações em alguns Subbéticas de Jaén e Granada. Na Campinã dos assentamentos e o estudo da cultura ma- daquela região é importante referir os estu- terial, permitindo, deste modo, um conhe- dos efectuados por Juan Carlos Castillo Ar- cimento consolidado das comunidades que menteros, sobretudo no Período Emiral, onde habitaram na costa. através de prospecções arqueológicas, traba- Na região de Málaga temos os estu- lhos de escavação em alguns locais identifi- dos efectuados por Manuel Acién Almansa cados, consulta da documentação escrita e (1989; 1992; 2001; 2008) sobre os caste- toponímia, juntamente com uma metodolo- los rurais onde, com base nas fontes escritas, gia bastante complexa, o autor efectuou uma assim como das características arquitectóni- análise espacial do povoamento daquele ter- cas e de implantação daqueles, o investi- ritório entre os séculos VIII e X, conseguindo gador classifica em diferentes categorias as estabelecer uma hierarquia entre os mesmos várias fortificações dispersas pelo território. (Quesada, 1994; 1995; 1998;, Castillo Ar- Para a Serrania de Ronda (Málaga) temos a menteros, 1998a; 1998b). investigação realizada por José Manuel Cas- No que diz respeito à região de Córdova taño Aguilar, onde na sua dissertação de dou- destaca-se o estudo de Alfonso Sanchez Ro- toramento procurou, a partir de trabalhos de mero e Julián Delgado Molina sobre as várias prospecção superficiais no terreno e análise torres e fortificações identificadas no territó- das cerâmicas recolhidas, traçar a evolução rio (Sánchez Romero et alii, 1994). Quanto do povoamento naquela região entre o final ao povoamento rural islâmico da Campiña da Antiguidade Tardia e a Alta Idade Média daquela zona temos os trabalhos desenvolvi- (Castaño Aguilar, 2015). dos por Antonio Martínez Castro, assim como É importante referir também os impor- as investigações efectuadas por Encarnacíon tantes estudos sobre as fortificaçõeshaf - Cano Montoro para a região do Priego da re- suníes, designadamente Turrus Jusayn e ferida cidade, onde para além de falar na ma- Munt Nisuna, na costa ocidental de Málaga, dina de Baguh, nos séculos VIII e XI, abordou empreendidos por Ildefonso Navarro Luengo, igualmente o povoamento em redor daquela, Salvador Bravo Jiménez, Luis Efrén Fernán- dando origem à sua dissertação de doutora- dez Rodríguez e José Suárez Padilla (Navarro mento (Martínez Castro, 2003; 2010; Cano

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Montoro, 2012). Por último, não poderia (Retuerce Velasco y Cobos Guerra, 2004). O deixar de referir os recentes estudos, efec- Segundo realizou, no âmbito da sua tese de tuados por Fernando López Cuevas, sobre as doutoramento, investigação sobre a organi- Almunias em torno do núcleo urbano de Cór- zação do povoamento nos Vales de Henares dova, contribuindo, deste modo, para o co- (Guadalajara) , entre os séculos VIII e XII, nhecimento daqueles palácios rurais (López onde classificou em diferentes categorias os Cuevas, 2013; 2014). vários sítios arqueológicos identificados nos trabalhos de prospecção, mediante as suas Para Huelva destacam-se os estudos de localizações topográficas, existência ou não Juan Pérez Macías onde, através de prospec- de estruturas defensivas, tipologia das cerâ- ções e do estudo da cultura material, procu- micas, procurando ainda estabelecer as suas rou analisar os modelos de povoamento na relações com os espaços produtivos e os re- Campiña de Bonares, mostrando, ainda, a cursos naturais potencialmente exploráveis organização interna de uma alcaria de crono- (Contreras Ruiz, 2013). logia almóada (Pérez Macías, 2002; 2013). Na região de Sevilha temos as investigações Quanto a Enrique Daza Pardo efectuou efectuadas por Enrique Domínguez Berenje- um importante estudo sobre as técnicas no para as fortificações Almóadas junto ao construtivas das distintas fortificações re- Guadalquivir, assim como os trabalhos de- conhecidas em trabalhos de prospecção no senvolvidos por Ahmed Tahiri, que, embora sector oriental do centro da Península Ibé- não tenha recorrido às fontes arqueológicas, rica, onde se insere as províncias de Soria procurou, partindo das fontes escritas mu- e Guadalajara, mas também Madrid, desde çulmanas, caracterizar o povoamento rural o final da Antiguidade Tardia à Plena Idade durante o Reino de Taifa dos Abádidas em Média (Daza Pardo, 2015). Sevilha, assim como as várias técnicas de Para esta última região mencionada te- produção e de exploração agrícola a ele asso- mos os estudos empreendidos por Juan Zo- ciadas (Domínguez Berenjeno, 2005; 2008; zaya, onde através da documentação escrita, TAHIRI, 2001). toponímia, assim como dos restos arquitectó- Apesar da maioria das investigações rea- nicos e arqueológicos, procurou realizar um lizadas centrarem-se na região de Valência estudo, ainda que genérico, sobre o povoa- e Andaluzia, existem igualmente alguns es- mento islâmico em torno de Madrid, entre os tudos para regiões localizadas mais a norte, séculos VIII e XI (Zozaya, 2004). Realizou, nomeadamente nas províncias de Guadalaja- igualmente, análise da toponímia árabe na ra e Soria, efectuados por Manuel Retuerce região do Vale do Douro (Zozaya, 2005). Velasco, Guillermo Garcia Contreras Ruiz e Para a região da Estremadura, inserida Enrique Daza Pardo. O primeiro realizou im- na Marca Inferior durante o Período Mu- portantes estudos sobre as cerâmicas proce- çulmano, temos os trabalhos desenvolvidos dentes de Torete em Guadalajara (Retuerce por Bruno Franco Moreno e Sophie Gilotte, Velasco, 1984) e efectuou, juntamente com que permitiram assegurar a continuidade Fernando Cobos Guerra, o estudo das fortifi- de ocupação entre o povoamento de Época cações islâmicas e cristianas no Alto Douro Tardo-Romana e Período Emiral, bem como o

ISSN: 1130-9741 AAC 29 (2018), 293-318 298M���������������������������������������������������������������������� MARTA ISABEL CAETANO LEITÃO surgimento de novas fortificações no contex- Para além das investigações desenvol- to da 1ª fitna com ibn Marwân al-Jillîqî, tal vidas no continente espanhol, importa ain- como a construção de novos assentamentos, da referir os estudos realizados na Ilha de de que é exemplo Albalat, durante o Califado Maiorca (arquipélago das Ilhas Baleanes), lo- até ao seu abandono definitivo após a Recon- calizada a leste de Espanha e que durante a quista Cristã (Franco Moreno, 2004; 2008; época muçulmana estaria integrada no Sharq 2011; 2014; Gilotte, 2001 ; 2010 ; 2011). al-Andalus. Aqueles trabalhos foram efectua- dos por Daniel Albero Santacreu onde, nas Para o Vale do Ebro, zona que abrangia a suas publicações, procura abordar a organi- Marca Superior, tal como a região de Aragão localizada a norte daquela, citamos os traba- zação espacial do povoamento islâmico em lhos de Philippe Sénac (Sénac, 1988; 1991; Qalbiyan, topónimo assim designado nas fon- 2007; 2012). Para o território de Navarra, tes árabes, desde a sua conquista em 902 temos os estudos de Maria Hernández Charro até 1229 (Albero Santacreu, 2011). e Jesús Lorenzo Jiménez. A primeira investi- gou as transformações ocorridas na medina de Tudela, assim como o seu espaço envol- 1.2. vente, antes da conquista cristã, enquanto o Ao contrário do território espanhol, onde já segundo efectuou, através da fotografia aérea começa a haver alguns estudos sobre povoa- e cartografia, análise dos parcelários e espa- mento rural muçulmano, no actual território ços de regadio contribuindo, desde modo, português encontra-se praticamente tudo por para conhecimento dos espaços produtivos fazer, sendo ainda muito poucas as investi- na região mencionada (Hernández Charro, gações realizadas sobre a organização do es- 2006; 2007; Lorenzo Jiménez, 2006). Este paço em Período Islâmico. Entre os estudos ultimo investigador realizou ainda, através da existentes sobre o tema destacam-se os tra- leitura das fontes escritas, estudo sobre os balhos de prospecção efectuados na região husun dos Banu Qasi, tendo também, jun- de Mértola, por James Bonne (1992; 1993), tamente com José Angel Lecanda Esteban onde foram identificados um grande número e Ernesto Pastor Díaz de Garayo, efectuado de povoados que permitiram dar a conhecer estudo sobre as torres circulares no Alto Ebro a organização do espaço daquela região, ten- (Lorenzo Jiménez, 2007; Lorenzo Jiménez do-se ainda realizado escavações na Alcaria et alli, 2008). Longa. No Algarve Oriental é de destacar a Na extremidade leste da Península Ibé- investigação desenvolvida pela Helena Cata- rica, onde se localiza a actual Catalunha, te- rino onde, através da realização de prospec- mos os trabalhos de Ramon Martí sobre as ções, a investigadora fez um levantamento torres de vigia situadas na zona oriental (Mar- do povoamento rural disperso pelo território, tí, 2013), tendo aquele realizado, de igual deste a Antiguidade Tardia até à Reconquis- modo, juntamente com Joan Negre Pérez, ta Cristã da região, procurando traçar a sua estudo acerca das fortificações e edifícios evolução no espaço e tempo. Efectuou ain- de prestígio na região de Tortosa (Tarragona) da escavações arqueológicas nas alcarias e (Martí y Negre Pérez, 2014). fortificações rurais de Castelo Velho de Al-

AAC 29 (2018), 293-318 ISSN: 1130-9741 O POVOAMENTO RURAL ISLÂMICO NO AL-ANDALUS...–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 299­ coutim, Paderne, Salir e Relíquias (Catarino, no Castelo de Belmonte, foram realizadas 1997/1998). intervenções arqueológicas, entre 1992 e 1995, sob a direcção de António Augusto e Para a região de Silves temos os estudos Cunha Marques, que colocaram a descober- realizados pela Rosa Varela Gomes. Aquela to restos de estruturas habitacionais, quatro investigadora aborda alguns sítios rurais na área de influência da cidade identificados silos e algumas cerâmicas islâmicas datadas durante trabalhos de prospecção que a mes- dos séculos XII-XIII (Marquez, 2000✉: 280). ma realizou. Efectuou, de igual modo, inter- No Castelo de Trancoso, mencionado no Al- venções arqueológicas na Almunia do Castelo Muqtabis V de Ibn Hayyan como Tarankûsa, Belinho (Portimão), entre os anos de 2004 e foram exumadas, durantes as escavações ar- 2005, constituído o primeiro assentamento queológicas ai realizadas a partir de 2006, rural desta tipologia, identificado e interven- cerâmicas islâmicas enquadráveis nos sécu- cionado, no actual território português (Go- los VIII e XI (Ferreira et alii, 2012✉: 16-19). mez, 2002; Gomez y Gomes, 2013a). Na cidade de Tomar, distrito de San- Para além disso, realizou o estudo jun- tarém, foi descoberta uma moeda árabe, tamente com Carlos Tavares da Silva, das datada de 711. Também no castelo foram intervenções arqueológicas realizadas por colocados à vista tramos de muralhas, tor- aquele último na fortificação rural de Aljezur, re quadrangular e estruturas habitacionais entre os anos de 1990 a 1997, onde se pôde de época islâmica. O espólio recolhido pos- constatar uma ocupação islâmica nos sécu- sui uma datação entre os séculos IX e XII. los XII-XIII (Gomez y Silva, 2001). Executou Nos arredores da cidade, nomeadamente na ainda, no ano de 2001, escavações arqueo- Gruta do Caldeirão, foram exumados alguns lógicas nesta mesma região, nomeadamente fragmentos de cerâmicas muçulmanas com no assentamento de pescadores na Ponta do uma cronologia entre os séculos XI-XIII (Silva Castelo de Aljezur e, entre 2007 e 2009, na et alii, 1997✉: 315-319; Ponte et alii, 2002✉: Torre de Odeceixe, estruturas igualmente da- 423-438). Seguindo em direcção a sul, no- tadas dos séculos XII-XIII (Gomez y Assun- meadamente em Vila Franca de Xira, distrito çao, 2001; Gomez y Gomes, 2013b). Ainda de Lisboa, no povoado do Alto do Senhor da na região do Algarve, temos a investigação Boa Morte, registou-se a presença de cerâmi- desenvolvida por Luís Campos Paulo sobre o cas islâmicas datadas dos séculos IX ao XII hisn de Tavira, onde são citadas igualmente (Banha, 1998✉: 75-109). algumas torres atalaia que protegiam a costa, Escavações ocorridas no Alto da Vigia como é exemplo a Torre de Bias no concelho (Sintra), entre os anos de 2008 e 2016, sob a de Olhão (Paulo, 2006). direcção de Alexandre Gonçalves, colocaram É importante mencionar, igualmente, a descoberto um conjunto de salas, existindo as intervenções arqueológicas, inseridas em numa delas um mihrab, possivelmente per- projectos de investigação, que revelaram tencentes a um ribat que ali teria sido cons- cerâmicas de cronologia islâmica e, em al- truído para defesa da costa. As cerâmicas guns casos, também estruturas da referida exumadas abrangem uma cronologia entre os época. Na região da Beira, designadamente séculos IX e XII (Borges, 2017✉: 29-31). Es-

ISSN: 1130-9741 AAC 29 (2018), 293-318 300M���������������������������������������������������������������������� MARTA ISABEL CAETANO LEITÃO tão ainda referenciadas algumas necrópoles arqueossítios de cronologia muçulmana, cor- nesta região, nomeadamente✉: Telhal, Tapada respondentes a abrigos e possíveis alcarias. Inhaca e Granja dos Serrões, assim como em Na Lapa do Fumo foram recolhidos quirates Cascais✉: Arneiro, Rossio, Pelado, Murches, do século XII, cunhados em Beja e Silves, Talaíde e Manique (Bugalhao y Fernandes, e dirhams almóadas, assim como cerâmicas 2012✉: 79). No centro histórico de Oeiras, na com uma cronologia entre os séculos X e XII designada Rua Alcássimas, foram exumadas (Carvalho y Fernandes, 1996✉: 21-23; Fer- cerâmicas islâmicas datáveis dos séculos X e nandes y Santos, 2012✉: 13-23). XI (Fernandes et alii, 2009✉: 97-116). Também na Lapa do Forte do Cavalo Na Península de Setúbal, designada- foram exumadas cerâmicas Tardo-Romanas mente na região de Palmela, teve início, em e dos Períodos Emiral e Califal. Na Azóia, 1996, a primeira escavação no Alto da Quei- perto do Cabo Espichel, foi encontrado uma mada, sob a responsabilidade da investigado- epígrafe e fragmentos de cerâmica emiral, ra Isabel Cristina Fernandes, onde se identifi- enquanto no Porto da Baleeira foram recu- cou um conjunto de estruturas formadas por perados fragmentos de cerâmicas datáveis muros de blocos irregulares, ligados entre si entre os séculos IX e XI (Carvalho 2009✉: por argamassa, e estruturas de habitat. Face 183-187). No Castelo de Coina-a-Velha fo- a estes achados criou-se, em 1998, o pro- ram recolhidos fragmentos de cerâmica en- jecto intitulado✉: Muçulmanos e Cristãos na quadráveis nos séculos X e XII (Fernandes, Península da Arrábida: O castelo de Palmela 2004✉: 57-58). e a ruralidade envolvente, sob a direcção da Seguindo para sul, já em pleno Alente- mesma investigadora, que permitiu dar con- jo, particularmente nos arredores de Alcácer tinuidade às escavações no Alto da Queima- do Sal, nas proximidades da aldeia de Santa da, entre os anos de 1999 a 2005, onde se Catarina de Sítimos foram encontrados, junto constatou que se estava na presença de uma de uma torre em taipa, fragmentos de mate- alcaria islâmica, todavia com uma ocupação rial de construção, como restos de taipa e te- na Proto-Histórica e Período Romano, habi- lhas e cerâmicas islâmicas tardias, atribuídas tada durante o Emirato e Califado até pelo aos séculos XII/XIII. Não muito longe da ci- menos ao início das primeiras taifas, tendo dade, nomeadamente na freguesia do Torrão, sido abandonada após essa altura. As esca- junto do Convento de Nossa Senhora da Gra- vações permitiram identificar dois complexos ça, foram identificados em 2006, um muro habitacionais de planta rectangular, estrutu- em alvenaria e taipa e nas proximidades do ras de armazenamento e uma sala de orações edifício, fragmentos de cerâmica de cronolo- (Fernandes, 2004✉: 48-67). gia califal, dos Reinos de Taifas e do Período Ao abrigo do mesmo projecto, tendo em Almorávida (Carvalho, 2007a✉: 4; 2008✉: 20). vista completar a carta arqueológica do con- Escavações realizadas no Castelo de Ser- celho e compreender a paisagem rural nos pa por António Soares, assim como na villa arredores do hisn de Palmela, efectuaram- romana da Cidade das Rosas identificada nas se trabalhos de prospecção, entre os anos imediações, permitiram exumar um conjunto de 2005 e 2006, onde se identificou novos de materiais islâmicos, datados entre os sé-

AAC 29 (2018), 293-318 ISSN: 1130-9741 O POVOAMENTO RURAL ISLÂMICO NO AL-ANDALUS...–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 301­ culos X e XII, que foram estudados por Ma- do Castelo das Bouças e o Cerro do Castelo nuel Retuerce (Soares y Braga, 1986✉: 167- de Vale dos Gaios. No primeiro arqueossítio, 198; Retuerce Velasco, 1986✉: 85-92). Na situado a pouca distância do núcleo amura- villa romana da Cegonha (Vidigueira) foram lhado do Cerro do Castelo de Odemira, fo- realizadas várias campanhas de escavação, ram identificadas um conjunto de estruturas sob a direcção dos arqueólogos Maria Lopes negativas pertencentes a estabelecimento e Rafael Alfenim, que colocaram a descober- rural e que estariam relacionadas com activi- to silos e lareiras contendo espólios datáveis dades artesanais, tendo sido, posteriormen- dos séculos X e XII, os quais encontram-se te, utilizadas como lixeira doméstica, onde a aguardar estudo (Lopes y Alfenim, 1994✉: se recolheu abundante espólio cerâmico. A 499). Escavações ocorridas nos anos 80 e continuidade dos trabalhos colocou a desco- 90 no Castelo de Noudar (Barrancos), pri- berto um silo e uma fossa onde se exumou meiramente sob a direcção de Cláudio Torres novamente cerâmicas de cronologia islâmica e, posteriormente, Miguel Rego, permitiram e, cujos materiais, que ainda se encontram constatar dois níveis de ocupação durante por estudar, apontam para uma datação no o Período Islâmico, um datado dos sécu- século IX. No Cerro do Castelo das Bouças los X-XI e outro dos séculos XII-XIII (Rego, recolheram-se fragmentos de cerâmicas mu- 2003✉: 73-74). çulmanas, mas com datações imprecisas, ao contrário do Cerro do Castelo de Vale dos No Castelo da Juromenha (Alandroal) Gaios que permitiu aferir uma ocupação no foram igualmente realizadas intervenções século IX e, seguidamente, nos séculos X-XII arqueológicas, sob a direcção de Fernando (Gómez Martínes et alii, 2012✉: 116-117). Branco Correia e Christophe Picard, que, apesar de não atingirem os níveis plenamen- Ainda no Alentejo, em Almodôvar, no te islâmicos, permitiram exumar cerâmicas hisn de Mesas do Castelinho, realizaram-se que atestam uma ocupação na referida época intervenções, entre 2003 e 2012, por Amí- com uma cronologia entre os séculos X e XII lcar Guerra e Carlos Fabião, constatando-se (Correia y Picard, 1992✉: 82-85). Situação uma ocupação naquele sítio desde a Idade semelhante ocorreu no Castelo de Montemor- do Ferro até ao Período Islâmico, designada- -o-Novo onde as escavações arqueológicas ai mente durante o Califado e Reinos de Taifas, realizadas desde 2002, por Manuela Pereira, conforme comprovaram os materiais ai exu- ainda que não tenham atingido níveis muçul- mados (Guerra y Fabiao, 1993✉: 99-100). manos, forneceram fragmentos de cerâmica, Por fim, na região do Algarve, nomeada- que do ponto de vista decorativo, são clara- mente em Alcoutim, na Aldeia dos Mouros, mente islâmicas e inserem-se numa cronolo- na povoação de Vaqueiros, Teresa Gamito gia entre os séculos XI e XIII (Pereira, 2012✉: realizou intervenção arqueológica que permi- 125-127). tiu reconhecer estruturas habitacionais per- Na região de Odemira foram intervencio- tencentes a uma alcaria que terá sido ocupa- nados, entre 2002 e 2008, sob a direcção da, numa primeira fase, entre os séculos IX de Jorge Vilhena e Mathieu Grangé, o Cemi- e XIII e, numa segunda, entre os séculos XIII tério Municipal/Várzea da Salamoa, o Cerro e XIV/XV (Gamito, 1994✉: 545-563). Em Vale

ISSN: 1130-9741 AAC 29 (2018), 293-318 302M���������������������������������������������������������������������� MARTA ISABEL CAETANO LEITÃO do Bôto (Castro Marim) efectuaram-se esca- do Mortal (Silva y Barbosa, 2003✉: 114- 117; vações arqueológicas, no ano de 1981, sob a Neves et alii, 2009). Na villa romana do Alto direcção de Helena Catarino e Victor Gonçal- da Cidreira (Cascais) foram exumadas, simi- ves, que colocaram a descoberto, para além larmente no interior de estruturas de armaze- de uma necrópole, um conjunto de espólio namento, cerâmicas islâmicas com uma cro- cerâmico com uma cronologia entre os sécu- nologia entre os séculos VIII e XI (Bugalhao e los VIII e XIII (Catarino et alli, 1981✉: 9-28). Fernandes, 2012✉: 77). Na cidade romana de Balsa (Tavira) reco- Também em Sintra, nas villae romanas lheram-se cerâmicas de cronologia islâmica de São Miguel de Odrinhas, Granja dos Ser- (Nolen, 1994✉: 161-166). Em Monchique, rões e Santo André de Almoçageme, foram no Castelo de Alferce, as intervenções reve- encontradas cerâmicas islâmicas com uma laram uma ocupação desde o Bronze Final datação entre os séculos VIII e XI. Nos ar- ao Período Emiral, enquanto no Castelo da redores daquela cidade foram, ainda, reco- Nave foram recolhidas cerâmicas com uma lhidos fragmentos de cerâmicas do Período cronologia entre os séculos X e XII (Gonçal- Califal e das Taifas em Colares, enquanto na ves, 2012✉: 165-166). Tapada do Inhaca, apesar da ausência de re- Para além daquelas, foram ainda realiza- ferências a espólio cerâmico, foram identifi- das intervenções de emergência no âmbito da cados contextos islâmicos habitacionais e de construção de grandes obras públicas, como armazenamento (Coelho, 2006/2007✉: 119- é exemplo o Castelo de Leiria, cujas escava- 142; Bugalhao y Fernandes, 2012✉: 77). ções arqueológicas colocaram a descoberto Na cidade de Setúbal, nomeadamente cerâmicas que apontam para uma cronologia na Praça do Bocage, foram identificadas ce- nos Períodos Emiral e Califal (Lopes, 2001✉: râmicas islâmicas, em associação com silos, 33). Também nas intervenções realizadas no com uma cronologia entre os séculos IX e XII. Castelo da Sertã, sob a direcção de Carlos Também na Rua Fran Pacheco encontra-se Batata, exumaram-se cerâmicas datáveis dos publicada referência a uma panela, de per- séculos X e XI (Batata, 2000✉: 435-437). fil em S, do Período Emiral (Soares, 2002✉: Em Torres Vedras, distrito de Lisboa, re- 250; Carvalho, 2007b✉: 311-317). Escava- gistou-se a presença de cerâmicas islâmicas ções arqueológicas ocorridas no Castelo de com uma cronologia entre os séculos X e XI, Sesimbra, sob a direcção de Luís Ferreira, exumadas em silos nos Paços do Concelho permitiram recolher um conjunto de peças (Luna y Cardoso, 2002✉: 252). No povoado de datadas do século XII, sendo a presença is- Castanheira do Ribatejo (Vila Franca de Xira) lâmica atestada na praia envolvente logo a recolheram-se, em contextos habitacionais partir do Emirato (Ferriera, 2009✉: 26-30). e estruturas de armazenamento, cerâmicas Na região do Alentejo e Algarve importa dos Períodos Emiral/Califal e Taifas (Batalha, mencionar, ainda, as intervenções de emer- 2009✉: 121-130). Em Loures, designada- gência realizadas nos Alcariais dos Guerrei- mente na villa romana de Frielas, foram reco- ros (Almodôvar) que revelaram um conjunto lhidos, no interior de dois silos, fragmentos de habitações com pátio central e, cujo es- de cerâmicas islâmicas, assim como no Casal pólio exumado, possui uma datação entre os

AAC 29 (2018), 293-318 ISSN: 1130-9741 O POVOAMENTO RURAL ISLÂMICO NO AL-ANDALUS...–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 303­ séculos IX e XIII (Melro et alii, 2004✉: 65). enquadráveis nos séculos XII-XIII (Sabrosa No troço médio do vale do Guadiana, na área et alii, 2005✉: 205-211). Na Alcaria de Alvor situada entre o rio Degebe e Guadiana, as (Portimão), com ocupação desde a Idade do intervenções arqueológicas de alguns sítios Ferro, recolheram-se cerâmicas do Período rurais, de reduzida dimensão, revelaram ce- Emiral (Gamito, 2007✉: 86). râmicas de cronologia islâmica, designada- Escavação arqueológica ocorrida em Bar- mente no sítio Monte Roncanito 13, Monte radas de Odiáxere (Lagos) colocou a desco- Roncanito 14, Monte Roncão 13, Monte berto um complexo habitacional, um tanque Roncanito 10, 10B e Monte Roncanito 18 e um conjunto numeroso de fossas com tipo- (Gomes, 2011✉: 105-109). Aqueles últimos logias diversas, que poderão ter pertencido a locais intervencionados foram estudados por casal agrícola ou alcaria, e onde se exumou João António Marques, no âmbito da sua tese peças de cronologia islâmica datadas dos de doutoramento, onde o mesmo constatou séculos VIII-IX (Silva e Silva, 2005✉: 78-93). uma continuidade de ocupação nos povoados No Monte Canelas (Lagos) foram realizadas rurais desde a Antiguidade Tardia até ao Pe- intervenções que permitiram descobrir zona ríodo Emiral (Marques, 2016). habitacional e estruturas negativas. Naque- Verificou, igualmente, a partir da análi- las recolheu-se cerâmicas datáveis entre os se das cerâmicas exumadas, que alguns dos séculos X e XII (Moran et alii, 2005✉: 133- arqueossítios mantinham reduzidas relações 156). de intercâmbio com os meios urbanos mais No Barranco da Alcaria (Aljezur) colo- próximos, como é exemplo o Monte do Ron- cou-se a descoberto quatro silos associados cão 13. Por outro lado, outros sítios inter- a zona de habitat, assim como cerâmicas vencionados, como o Monte Roncanito 10B, islâmicas que abrangem uma cronologia des- mostram um panorama distinto, onde há um de o século VIII ao XII (Silvério, 2001✉: 51). predomínio de cerâmicas vidradas, fabrica- Nos Alcariais de Odeleite (Castro Marim), das a torno rápido com cozedora oxidante, cujas cerâmicas evidenciam uma ocupação evidenciando os laços comerciais com os nú- entre os séculos XI e XIII, descobriu-se es- cleos urbanos das redondezas (Grilo et alii, truturas habitacionais, nomeadamente seis 2014✉: 239). casas com pátio central, uma das quais com Na Alcaria da Portela (São Bartolomeu latrina, assim como estruturas ligadas às de Messines) as escavações arqueológicas actividades agro-pastoris, designadamente ali efectuadas comprovaram uma ampla dia- um cercado, currais e silos (Santos, 2007✉: cronia de ocupação, entre os séculos VIII e 571-583). Também no Poço da Hortinhola XIII, tendo-se reconhecido a área de habitat (Olhão), durante a limpeza daquela estrutura que faria parte de uma alcaria, foram des- e necrópole (Pires et alii, 2003✉: 305). Na cobertas cerâmicas islâmicas datáveis dos Alcaria de Arge (Portimão) identificou-se séculos IX-X, assim como alcatruzes, que te- uma habitação com pátio central em torno rão sido estudados por Mário Varela Gomes da qual se distribuíam cerca de vinte com- (Gomes, 1998✉: 40-41). partimentos que se achavam em associação com onze silos. Foram exumadas cerâmicas

ISSN: 1130-9741 AAC 29 (2018), 293-318 304M���������������������������������������������������������������������� MARTA ISABEL CAETANO LEITÃO

2. PROBLEMÁTICAS EM aspectos enunciados, reconhecer no terreno e fazer a distinção entre assentamentos ber- TORNO DA TEMÁTICA beres, árabes e de populações autóctones, Uma das problemáticas actuais relacionadas embora a análise da toponímia tenha aqui com a organização do território no Período um papel essencial nessa caracterização, so- Muçulmano diz respeito à sua transição de bretudo quando surgem topónimos de origem Época Tardo-Romana ou Visigótica-Bizantina clânica iniciados por Bem, Ben ou Banu, as- para a Época Islâmica, não se conhecendo, sociando-se claramente à presença de clãs se houve ou não, de facto, uma alteração sig- berberes (Zozaya, 2005✉: 39). nificava da organização do espaço ou, se pelo Por outro lado, não conhecemos de que contrário, aquele manteve a mesma configu- modo as várias oscilações políticas ocorridas ração com a instalação das primeiras comu- nas cidades, desde o início da permeância nidades muçulmanas. islâmica até ao seu final, terão influenciado Pensa-se, contudo, que o povoamento os espaços rurais e os quotidianos das comu- não sofreu grandes mutações tendo continua- nidades campesinas que neles habitavam. do a ser ocupadas as antigas villae romanas Certamente terão implicando uma reestrutu- e alguns espaços de altura datados de época ração do território, através do deslocamento visigótica, conforme se verifica em alguns dos povoados da sua área inicial de implan- sítios prospectados no Algarve Oriental, mas tação geográfica, e o surgimento de novas es- também no Alto da Queimada em Palmela, tratégias de apropriação do espaço, tanto por Mesas do Castelinho em Almodôvar ou, até parte dos camponeses, como do poder cen- mesmo, no Sharq al-Andalus nomeadamente tral, todavia, somente a arqueologia, poderá na região de Valência e no território da ci- vir a elucidar-nos sobre esta questão. De um dade de Loja em Granada (Bazzana, 1994✉: modo geral, sabe-se que a partir dos séculos 11-12; Catarino, 1997/1998✉: 552-553; Ji- X e XI, com a instalação do poder califal e ménes Puertas, 2002a✉: 121; Gomes, 2011✉: reinos de taifas, começa a haver um reorde- 101), embora este padrão possa não ter sido namento do território com a construção de similar em todas as regiões do al-Andalus, novas fortificações e alcarias implantadas em havendo em algumas zonas uma certa des- sítios distintos, sem continuidade de ocupa- continuidade entre o povoamento Tardo-Ro- ção, encontrando-se este aspecto bem docu- mano e Emiral, conforme se verifica no Vale mentado para a região de Valência e Algarve do Rio Castril em Granada (Malpica Cuello, Oriental (Gomes, 2011✉: 103; Azuar Ruiz, 2000✉: 289). 2013✉: 97). Ainda assim, são muito poucas as inter- Com a chegada das comunidades ma- venções arqueológicas em sítios rurais, assim grebinas, nomeadamente os Almorávidas e como a publicação dos seus resultados, tal Almóadas, e com o avanço da Reconquista como trabalhos de prospecção para que se Cristã, dá-se o abandono definitivo de alguns possa compreender realmente quais foram povoados implantados em zonas planas e as modificações ocorridas durante os séculos com anterior ocupação romana, assim como VIII e IX. Tarefa mais complicada é, dados os de alguns husun de época omíada. A popu-

AAC 29 (2018), 293-318 ISSN: 1130-9741 O POVOAMENTO RURAL ISLÂMICO NO AL-ANDALUS...–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 305­ lação que outrora se encontrava dispersa em lações entre as várias partes que o compõem, pequenos casais e aldeias, concentra-se nes- podendo-se ainda, deduzir em erro, alguns ta fase em grandes alcarias fortificadas, mui- aspectos relacionados com os modelos de tas delas protegidas por uma torre de vigia, povoamento, no momento em que se tenta construída em taipa, situada na zona mais atribuir uma caracterização àqueles, dado elevada, como é exemplo a Alcaria de Torre que dois ou mais sítios arqueológicos iden- de Bufilla em Valência e o Castelo de Salir tificados poderão fazer parte de uma mesma em Loulé, no distrito de Faro (López Elum, entidade. 1994✉: 189; Catarino, 1997/1998✉: 562). A ausência de intervenções arqueoló- Porém, apesar do referido, não sabemos, gicas, na maior parte destes sítios identifi- devido à ausência de estudos na temática cados, impossibilita o conhecimento destas numa perspectiva diacrónica, onde se inse- realidades, dificultando, por isso, a sua ca- re todo o âmbito cronológico da história do tegorização. Este problema levou alguns in- al-Andalus, se o mesmo ocorreu em outras vestigadores, como Antonio Malpica Cuello regiões do espaço ibérico. (1999✉: 148), a referir que “se hace necesa- Do ponto de vista territorial é importante rio un análisis descriptivo a la hora de abor- reflectir sobre o número deaqalim/alfozes de dar el estudio del paisaje en Al-Andalus”. Em cada capital de kura, que estariam subordi- trabalhos mais recentes o mesmo autor volta nados aos husun ou núcleos urbanos de me- a abordar esta problemática, enunciando al- nor dimensão, assim como a extensão dos guns aspectos, já referidos, ao afirmar que✉: territórios que por eles seriam dominados. A “los arqueólogos aún no han pasado de un análise do território e da paisagem numa per- primer nivel de reconocimiento de las reali- ceptiva espacial, com todos os seus elemen- dades más elementales y carecemos, por lo tos integrados, desempenha aqui um papel demás, de actuaciones arqueológicas que fundamental na procura de respostas. permitan un conocimiento más denso de las alquerías” (Malpica Cuello, 2006✉: 200). Outra problemática persistente tem a ver com o desconhecimento relativamente Por outro lado, a análise das fontes escri- às unidades de povoamento destas mesmas tas muçulmanas não possibilitam definir cla- comunidades. Este aspecto verifica-se na ramente as várias unidades existentes, uma maioria das designações atribuídas, até ao vez que uma terminologia não tem uma única momento, aos sítios arqueológicos identi- definição concreta, podendo ainda sofrer mo- ficados em prospecções superficiais no ter- dificações ao longo do tempo, ou seja, poderá reno – Povoado/Alcaria (qarya) – não sendo ter um significado numa determinada época, claro, a que identidade populacional se faz enquanto noutra já terá outro sentido com- referência, ao usar o referido termo (Pérez pletamente diferente ou, ainda, várias defi- Aguilar, 2013). Esta situação coloca-nos pe- nições num mesmo período. As designações rante um problema quando nos debruçamos indicadas nas fontes não devem, por isso, ser no estudo da organização do território que é, entendidas pelo investigador possuindo sen- a dificuldade em estabelecer uma hierarqui- tido único, dado que, como nos diz Virgilio zação política do mesmo, assim como as re- Enamorado✉: “en una misma fuente un térmi-

ISSN: 1130-9741 AAC 29 (2018), 293-318 306M���������������������������������������������������������������������� MARTA ISABEL CAETANO LEITÃO no puede significar en distintos paisajes con- técnico que os muçulmanos empreenderam ceptos tambíen distintos.” (Malpica Cuello, na agricultura, sendo este um dos critérios 1996✉: 37). base à instalação de povoados. Outro aspecto a considerar é a hierarquia, uma vez que es- Verificamos este aspecto em relação tamos a falar de uma sociedade hierarquiza- ao conceito hisn, sobretudo para o Período da, onde as várias unidades de povoamento Omíada, onde se reconhece no al-Andalus uma quantidade de várias fortificações dis- se encontram distribuídas pelo território de uma forma organizada ( , , tintas e que poderão ser consideradas husun madina hisn qarya e etc). Isto remete-nos para outros critérios (plural de hisn), como são o caso dos husun – refúgio e husun complexos, ou ainda, os como a extensão dos sítios e a sua altitude. qilá (plural de qal`a) ou os ma`qil (albacar), A primeira pode ser determinada com base bastante presentes na Andaluzia Oriental e na dispersão dos materiais cerâmicos encon- Região Valenciana (Acién Almansa, 1989✉: trados à superfície, mas também de outros 140; 2001✉: 59; Catarino, 1997/1998✉: 566; elementos, como a coloração das terras, e os Azuar Ruiz, 2013✉: 91). materiais construtivos, enquanto o segundo critério implica ter em atenção os valores al- Na impossibilidade de aplicar-se a uma timétricos das cotas máximas e mínimas de realidade concreta identificada no terreno toda a zona onde se situa o núcleo de povoa- as várias terminologias referidas nas fontes mento. árabes, torna-se necessário criar novas me- todologias, tendo como finalidade definir Por outro lado, a Idade Média é carac- tipologias que não colidam com as realida- terizada por uma época de conflitos entre des materiais observáveis, mas que, pelo duas religiões mas, também, dentro de uma contrário, se articulem e coadunem com as mesma religião, o que implicava a instalação mesmas, criando sentidos unívocos e facil- de fortificações em zonas elevadas onde se mente identificáveis. A análise espacial do poderia ter uma boa visibilidade do territó- povoamento deve necessariamente integrar rio envolvente, sendo portanto o controlo vi- um elevado número de factores que possibi- sual e a distância em relação a outro assen- litem uma leitura histórica. Da mesma forma, tamento outros dos critérios fundamentais o manuseamento de um elevado número de para a caracterização das várias unidades sítios, distribuídos por um território de certa de povoamento. Deve-se, igualmente, ter em amplitude geográfica dificulta, consideravel- conta outros aspectos que possam remeter mente, a sua análise. para a funcionalidade dos sítios arqueológi- cos, como a sua localização (próximo de vias Para conseguir-se abordar, do ponto de de comunicação, pedreiras, minas etc.), os vista espacial e histórico o povoamento rural materiais que são encontrados à superfície, deve ter-se em consideração um conjunto de sendo importante tentar perceber se determi- variáveis que são obtidas através das relações nadas formas prevalecem em detrimento de dos sítios arqueológicos com o seu entorno outras, e a toponímia. geográfico. Uma dessas variáveis que pode- remos considerar é a potencialidade agrícola Para além das lacunas mencionadas, é dos solos, dado o grande desenvolvimento importante referir, no que diz respeito às es-

AAC 29 (2018), 293-318 ISSN: 1130-9741 O POVOAMENTO RURAL ISLÂMICO NO AL-ANDALUS...–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 307­ truturas de tipo husun, tal como as bury ou fortificações, justifica essa premissa, logo tali`a (torres atalaia), que são ainda desco- aquelas estruturas não teriam qualquer vin- nhecidos, na maioria dos casos, os autores culação estatal. responsáveis pela edificação destas constru- Em contrapartida, outros investigadores ções. Permanece, por isso, a dúvida em tor- defendem que estes recintos militares te- no desta questão, não se sabendo se seriam riam uma dupla funcionalidade, ou seja, por obras edificadas pelas comunidades rurais um lado serviam de refúgio às comunidades ou, se pelo contrário, seriam mandadas cons- campesinas face a uma ameaça exterior e, truir pelo poder governativo das cidades ou, por outro, protegiam também o governador possivelmente, até por iniciativa do emir ou local. Quanto às torres atalaia, tinham como califa. Para algumas regiões do Sharq al-An- função o controlo e vigilância da paisagem dalus, como é exemplo o território de Bobas- envolvente onde, através da comunicação en- tro em Málaga, graças às fontes islâmicas, tre si, formavam uma rede defensiva que pro- sabe-se que grande parte das fortificações tegia os núcleos urbanos e os castelos rurais, foram aí erguidas, durante a 1ª fitna, por ini- sendo a sua construção, em alguns casos, de ciativa do muladi Ibn Hafsun (Martínez Ena- iniciativa estatal, como é exemplo Granada morado, 1996✉: 33-34). onde, por iniciativa do sultão Muhammad I, Todavia, para grande parte das regiões foram construídas torres atalaia, entre os sé- onde as fontes são omissas, não se sabe a au- culos XIII-XIV, com a finalidade de conceder toria destas construções, sendo, por isso, ne- protecção às alcarias dispersas no território cessário reflectir em torno da funcionalidade da Vega, mas também impedir a sua tomada daquelas. Claramente estas estruturas teriam pelos exércitos cristãos (Sénac, 1991✉: 397; uma função defensiva face ao clima de insta- Torró, 1998✉: 398; Jiménez Puertas, 2002b✉: bilidade que se vivia na Idade Média, todavia 393-394; Paulo, 2006✉: 141; Albero Santa- atribuir-lhes uma datação precisa, conhecer creu, 2011✉: 153). a sua real funcionalidade e estabelecer a sua No que respeita ainda a estas estrutu- relação, seja com um poder estatal ou com ras parece existir uma clara diferenciação as comunidades campesinas, é algo que só é entre as torres circulares e as quadrangula- possível com a realização de intervenções ar- res. As primeiras estão normalmente situa- queológicas, dado que somente a realização das em cerros muito altos, sem estruturas de prospecções de superfície não permitem agregadas, com um grande raio de amplitu- responder a estas questões. de visual, comunicando-se entre si, e sendo Alguns investigadores defendem que es- visíveis a grandes distâncias. Funcionariam, tas estruturas seriam inteiramente da autoria desde modo, como torres atalaia associadas das comunidades campesinas que as cons- ao poder estatal e que terão sido erguidas truíam para se refugiarem com o seu gado principalmente a partir do século X (Lorenzo em caso de perigo. Segundo Juan Castillo Jiménez et alii, 2008✉: 243-259). Juntamen- Armenteros (1998b✉: 144-145) o facto de as te com aquelas surgem as torres quadrangu- várias alcarias e outras unidades de menor lares, geralmente localizadas a meia encosta dimensão se organizarem em redor destas ou nas partes mais baixas das montanhas,

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Fig. 1. Mapa da Península Ibérica com identificação das áreas geográficas que têm sido objecto de estudo. próximas de aldeias e dos recursos naturais, um sistema mais complexo de que uma sim- e que aparentam estar associadas aos cam- ples torre atalaia para vigilância e controlo do poneses que as edificavam com o intuito, território (Contreras Ruiz, 2013✉: 379). não só de defender o território mais imedia- Para terminar este tópico mostramos to, mas também os excedentes produtivos. um mapa da Península Ibérica que exibe as Todavia, trata-se de uma temática que entra regiões que têm sido alvo de investigações, em contradição, uma vez que no território da desde as menos às mais analisadas, ao longo Marca Média, nomeadamente em Membrille- das últimas décadas (Fig. 1), assim como um ra, província de Guadalajara, numa torre de gráfico que expõe a proporção das estrutu- planta circular, denominada “Casilla de los ras estudadas dentro do tema que aqui se Moros”, com grande raio de visibilidade da aborda (Fig. 2). É perceptível naquele que paisagem envolvente, foi encontrado um silo, a maior incidência de investigação recai nos justificando, assim, a sua necessidade cons- sistemas defensivos (62,50%), onde se in- trutiva com a finalidade de proteger o que sere as fortificações e torres, seguido dos albergava no seu interior. Associada à mesma sistemas produtivos e comerciais (16,07%), estava uma muralha e restos de cerâmicas na onde incluímos os parcelários agrícolas e as sua envolvência, denunciando, deste modo, cerâmicas, estando logo a seguir os espaços

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Fig. 2. Gráfico com a proporção das estruturas estudadas no âmbito do povoamento rural islâmico. domésticos e de uso social (14,29%), que Ao olharmos para a vizinha Espanha abrange os distintos compartimentos de ha- constatamos alguns avanços na temática, bitações particulares e de outros edifícios de que têm vindo a surgir nos últimos anos, uso comunitário, e, por último, os sistemas com incidência para algumas regiões como hidráulicos e técnicas de irrigação (7,14%). Valência e, sobretudo, Granada onde se tes- temunha uma aposta nos estudos dos assen- tamentos rurais, assim como das técnicas agrícolas e sistemas hidráulicos a eles asso- SÍNTESE ciados. Torna-se fundamental a criação de Os estudos de arqueologia espacial, análise novos projectos que se direccionam para o do território e do seu povoamento direccio- mundo rural muçulmano, que visem conhe- nados para o Período Medieval Muçulmano, cer os territórios dominados pelas cidades, ao contrário daquilo que se verifica no actual os seus intercâmbios comerciais, os distintos território espanhol, encontram-se pratica- núcleos de povoamento, os campos de culti- mente por fazer em Portugal. A maioria dos vo e técnicas de irrigação. Não se construíam estudos têm sido dirigidos para os núcleos cidades onde não existisse um território am- urbanos, achando-se o espaço rural um pou- plamente rico e, só poderemos compreen- co marginalizado, não se conhecendo por der a sua história, através do seu território. isso a organização e distribuição espacial Desde modo, esperamos nos próximos anos dos distintos núcleos de povoamento, assim observar avanços científicos nesta área, em como os modos de vida e de exploração do distintas regiões da Península Ibérica, para território por parte das populações campe- que possamos resolver, se não todas, pelo sinas que habitavam grande parte do Gharb menos grande parte das problemáticas que al-Andalus. permanecem inerentes a esta investigação.

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