Reestruturação Urbana De Vitória Da Conquista: Uma Análise Sobre a (Des)Centralização Do Setor Terciário
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REESTRUTURAÇÃO URBANA DE VITÓRIA DA CONQUISTA: UMA ANÁLISE SOBRE A (DES)CENTRALIZAÇÃO DO SETOR TERCIÁRIO Sara Rocha dos Anjos Graduanda em Geografia/UESB Bolsista de Iniciação Científica (IC)/UESB [email protected] 1. INTRODUÇÃO Transformações e reestruturações ocorrem no espaço urbano, influenciadas por diversos fatores. Esses, por sua vez, reconfiguram espaços e produzem novos valores estruturais, econômicos, políticos, sociais e até mesmo culturais. Transformação entendido como a mudança de forma ou mudança de um espaço e reestruturação entendida, em termos mais gerais, como o ato de organizar ou reorganizar algo, concedendo novas características ou modificando os elementos existentes. Vitória da Conquista, situada a sudoeste da capital Salvador - Bahia, pode ser utilizada como exemplo para entender esse processo de reestruturação nos últimos anos influenciada pela chegada de novos equipamentos públicos e privados, tal como a descentralização do Setor Terciário. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) o Fórum de Justiça Federal, os hipermercados Atacadão, GBarbosa, o Shopping Conquista Sul, construção de diversos condomínios e a instalação de diversas franquias tem sido um dos principais motores da atual reestruturação em que a cidade tem vivenciado. Tal processo tem influenciado no aumento do fluxo de pessoas, veículos e mercadorias, como também a valorização do solo urbano e o aumento na circulação do capital. Dentre os fenômenos que atuam no processo de reestruturação urbana, o de descentralização merece destaque como sendo um dos mais atuantes, já que redes de comerciais privadas, sobremodo as franquias, estão saindo das áreas centrais e indo em direção a bairros periféricos e neles reconfiguram a distribuição dos seus serviços. São exemplos as Casas Bahia, O boticário etc., que proporcionam o surgimento e o fortalecimento de novos subcentros dentro do espaço urbano. A “descentralização” do setor terciário em Vitória da Conquista tem ocorrido nos últimos anos de maneira veloz. Empresas, serviços e equipamentos comerciais, advindos de fora do Estado e até mesmo o capital internacional - a maioria das redes de hipermercados tem origem internacional - influenciam a reconfiguração de bairros próximos às novas instalações, valorizam áreas e influenciam os investimentos imobiliários, consequentemente, sua especulação. Por outro lado, modificam a rotina dos moradores, estimulam a chegada de novos equipamentos e incentivo à inserção de serviços próximos aos locais onde tais mudanças ocorrem. Desse modo, surgem “novos centros e subcentros” terciários na cidade, que, segundo J. Santos (2008), passa por uma reestruturação do seu espaço urbano. É pensando nesses aspectos que foi desenvolvida uma pesquisa, na qual deu origem a este artigo em que o principal questionamento foi: como a (des)centralização do setor terciário, de Vitória da Conquista contribui para o seu processo de reestruturação urbana? Para tal questionamento ser respondido, partiu-se do princípio que surgem, atualmente, na cidade novas formas de expressão de centralidade. O principal objetivo foi analisar a (des)centralização em Vitória da Conquista, relacionada com a instalação de novas redes de serviços e comércio e dentro disso pensar no seu processo de reestruturação. Para tanto, foi necessário, com o auxílio de dados, entrevistas e questionários, identificar as redes de serviços que se instalaram, nos últimos anos, e sua influência na descentralização, avaliando as motivações de sua saída do Centro Tradicional, como os motivos que influenciam na sua permanência nele. O tema reestruturação urbana tem sido alvo de diversos estudos, tanto envolvendo metrópoles como cidades médias. Assim, torna-se necessário conhecer esse fenômeno em escala local, envolvendo a terceira cidade em crescimento na Bahia, e que tem como destaque em seu cenário o crescimento do comércio, que, por sua vez, é um dos grandes impulsionadores da descentralização e da reestruturação urbana. 2. VITÓRIA DA CONQUISTA COMO CIDADE MÉDIA: TRANSFORMAÇÕES Algumas cidades têm se destacado em crescimento populacional e econômico e tais cidades não são encontradas apenas nas regiões metropolitanas. Atualmente, as pequenas e, principalmente, as cidades médias têm sido destaque, em função dos seus índices de crescimento e de serem áreas favoráveis ao desenvolvimento do setor terciário. Desde seu surgimento como conceito e em várias pesquisas sobre o tema, o principal critério de definição de cidade média foi o demográfico, que segundo o IBGE são as cidades com 100 mil a 500 mil habitantes. Apesar de ser um critério muito utilizado não há um consenso entre autores sobre como a cidade média deve ser definida. Amorim e Serra (2001) destacam que deve-se considerar as mudanças que ocorreram na sociedade para formular um conceito que se adeque à cidade média. Castello Branco descreve-as como “intermediárias”, que ligam “[...] centros locais e os centros globais, na rede mundial de cidades [...]” (CASTELLO BRANCO, 2006, 246). Sposito et. al. (2006) mencionam algumas características que as define atualmente, são eles: “[...] concentração e centralização econômica” (p. 41); “[...] melhoria e a diversificação dos sistemas de transporte e telecomunicações [...]”, sendo acompanhadas por uma “ [...] diminuição de custos de circulação, mercadorias, pessoas e informações [...]” (p. 44) e por último “[...] campo do consumo de bens e serviços especializados [...]” (p. 47) No Brasil, as cidades médias começam a ganhar destaque a partir da década de 1970 favorecendo a desconcentração de atividades econômicas e o fortalecimento ao incentivo da interiorização no país. Com as mudanças ocorridas na economia brasileira, as cidades médias começaram a ganhar destaque no cenário nacional como sendo um local favorável ao crescimento industrial, de serviços, comércio etc., atraindo um número cada vez maior de pessoas e investimentos. Na Bahia esse processo é mais recente se comparado aos demais estados brasileiros. Dos 417 municípios encontrados, apenas 15 tem sua população acima de 100 mil habitantes (IBGE, 2010). Dentre esses municípios alguns se destacam pela sua influência na região onde estão inseridos; Vitória da Conquista é um deles. Ao pensar a cidade em questão como média, classificá-la considerando apenas a questão demográfica seria um erro; suas questões econômicas, sociais, sua relação com as demais cidades e distritos ao seu redor, sua influência na região etc., também devem ser consideradas. Podemos considerar Vitória da Conquista como uma cidade média importante na Bahia, exercendo um papel fundamental na dinâmica regional, interligando-se a economias de cidades ou regiões próximas, o que facilita o comércio e fortalece o setor de serviços. É um município localizado ao sudoeste da capital Salvador, possui uma área de unidade territorial de 3.356. 886 Km² e tem sua população, segundo o Censo demográfico de 2010, com cerca de 306.866 habitantes, 274.739 dessa população vivendo na cidade e 32.127 na zona rural (IBGE, 2010). Trata-se de uma área de planalto que tem sua base econômica no setor terciário, constituídas por um amplo ramo de serviços e comércio, no qual o segundo, aparentemente, é o que mais favorece a circulação de capital na cidade. Dentre os dados que podemos destacar como de grande importância para o conhecimento do atual cenário da cidade, destacam-se: a) mudança na população, que passou de rural das décadas de 1940/1950/1960, para uma população urbana a partir da década de 1970; b) seu PIB (R$ Bilhões) de aproximadamente 3.469; c) cerca de 8.490 empresas são atuantes; são 139.427 imóveis construídos, destacando que o seu setor imobiliário tem tido elevados índices de crescimento nos últimos anos, com a construção de muitos condomínios, incluindo via Programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal; e sua frota de veículos é de 95.289, fora os que passam na cidade todos os dias, influenciando no aumento do fluxo de veículos e pessoas (VITÓRIA DA CONQUISTA, 2014). Atualmente, algumas áreas têm tido um crescimento que merece ser destacado como uma das principais transformações que ocorre na cidade. As áreas sul-sudeste viram com a chegada do Shopping Conquista Sul e a construção do Anel Viário um impulsionador do seu crescimento, fortalecendo e modificando bairros existente, como também o crescimento de novos; loteamento Morada dos Pássaros e Vila América são exemplos. Os bairros do lado leste, como Recreio e Candeias, antes habitados quase que exclusivamente por residências, atualmente veem suas fachadas transformadas, pois casas estão dando lugar a lojas ou áreas de serviços. Silva (2007) cita isso: Recreio e Candeias [...] têm passado por um intenso processo de crescimento, tanto horizontal, quanto vertical, com destaque para a Avenida Olívia Flores onde o processo de verticalização é mais visível, outrossim, as instituições de ensino que nele se encontram ou que estão situados em suas proximidades muito tem contribuído para esse processo. (SILVA, 2007, p. 60) Outra transformação que é destacada por Abreu (2011) é a formação de novos subcentros na cidade, favorecendo o processo de descentralização. Bairros como Candeias, Brasil e até mesmo o Shopping Conquista Sul fortalecem essas novas áreas centrais. O autor ainda cita que os governos municipal e estadual têm uma grande influência nessas transformações ocorridas na cidade. As principais transformações que podem ser destacadas podem ser resumidas com a instalação do Shopping Conquista Sul, na Av. Juracy Magalhães, no ano de 2006 e suas respectivas