ESTUDO PROPOSITIVO

Território PORTAL DA AMAZÔNIA

Instituição Responsável: Fundação Cândido Rondon

Técnico Responsável: Alexandre de Azevedo Olival

2005 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

LISTA DE ABREVIATURAS

ATER Assistência Técnica e Extensão Rural. ATES Assessoria Técnica, Social e Ambiental à Reforma Agrária. BR Brasil CAC Cooperativa Agrícola de Cotia CEAAF Conselho Executivo de Ações para a Agricultura Familiar CMDRS Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável CO Centro Oeste COMPRUP Cooperativa Mista dos Produtores Rurais de Poconé CONAB Companhia Nacional de Abastecimento. CONSAD Conselho de Segurança Alimentar e Desenvolvimento Local COTREL Cooperativa Tritícola de Erechim CPT Comissão Pastoral da Terra FAO Food and Agriculture Organization FETAGRI Federação dos Trabalhadores na Agricultura. FUNDAPER Fundação de Amparo à Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural GESTAR Gestão Territorial Ambiental Rural IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços IDH Índice de Desenvolvimento Humano IDHM Índices de Desenvolvimento Humano Municipal. INDECO Integração, Desenvolvimento e Colonização INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária INDEA Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grasso INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário. MEC Ministério da Educação MT N Norte NE Nordeste OGU Orçamento Geral da União ONG Organização não Governamental. ONU Organização das Nações Unidas. PA Projeto de Assentamento PJR Pastoral da Juventude Rural PNCF Programa Nacional de Crédito Fundiário

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

RESUMO EXECUTIVO

O estudo propositivo do território do Portal da Amazônia teve como objetivo central a identificação de informações que possibilitassem a dinamização econômica desta região formada por 16 municípios no extremo norte do Estado do Mato Grosso. A metodologia para coleta e análise das informações envolveu pesquisas junto a documentos e fontes oficiais, a realização de entrevistas e visitas de campo e a realização de uma oficina territorial com a participação de atores sociais do território no sentido de validar e complementar a análise dos dados. O território do Portal da Amazônia pode ser caracterizado como sendo uma região formada por pequenos municípios, possuindo como pólo três municípios, a saber: (maior centro populacional e econômico do território), Colíder e . Estes municípios concentram grande parte do poder econômico da região, os serviços e decisões políticas. O IDH da região vem apresentando melhorias ao longo dos anos, principalmente no tocante a escolaridade e longevidade. No entanto, a renda ainda é baixa na região e está concentrada. Observa-se agravamento da situação de pobreza e indigência ao longo dos anos. Pode-se dizer que o atual modelo de desenvolvimento não está conseguindo distribuir as riquezas geradas pelas atividades de produção. É marcante ainda a grande concentração de terras e renda. As pequenas propriedades, grande maioria em praticamente todos os municípios, ocupam uma pequena parcela da área e participam apenas com uma pequena parcela do VBP total do território. Apesar da importância para os municípios, pois representa a grande maioria dos estabelecimentos, a agricultura familiar possui baixa eficiência econômica, estando inclusive abaixo da média estadual e nacional. O comércio interno do território ainda está fragilizado. Muitas feiras estão funcionando em estado precário ou mesmo paradas. O abastecimento interno é feito com produtos externos ao território, encarecendo os produtos e o custo de vida em geral na região. A reorganização deste comércio, tendo em vista as sobras de produtos em determinados municípios e a falta em outros, é um passo importante para o desenvolvimento do Portal da Amazônia. A situação do comércio dos produtos da agricultura familiar reflete na verdade a desorganização total da produção, salvo exceções importantes, como o trabalho executado por algumas cooperativas na região. No entanto, em grande parte dos municípios, o comércio está centralizado em atravessadores.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

O Portal da Amazônia se caracteriza ainda pela existência de um grande número de instituições atuando principalmente na questão ambiental. Somente o município de Alta Floresta possui ao menos 4 grandes organizações que atuam nesta área, além de diversas outras que realizam trabalhos mais pontuais. Estas instituições, por seu conhecimento e habilidade específica na área de elaboração de projetos e execução representam um importante potencial para a região. No entanto, é fundamental que trabalhem mais integradas, respeitando suas particularidades mas realizando atividades complementares. Como propostas de linhas de ações gerais para os municípios, pode-se elencar dois conjuntos de ações: a necessidade de aumento da renda da população rural, com ênfase na recuperação ambiental (que pode representar um importante limitante a médio prazo para o desenvolvimento do território), e a necessidade de trabalhar nos limitantes estruturais, como a falta de luz elétrica nas áreas rurais de alguns municípios e a melhoria das estradas.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

LISTA DE TABELAS Tabela 01. Lista de atores entrevistados para avaliação do capital social e 04 complementação das informações secundárias. Fonte: Estudo Propositivo do território do Portal da Amazônia, 2005.

Tabela 02. Municípios que formam o território do Portal da Amazônia e ano 13 de criação. Fonte: SEPLAN – MT, 2005.

Tabela 03. Evolução da população no território do Portal da Amazônia de 15 1996 a 2000. Fonte: Informativo Sócio econômico de Mato Grosso, 2005.

Tabela 04. Índice de desenvolvimento humano (IDH) dos municípios do 18 território do Portal da Amazônia e posição em relação aos demais do estado no ano de 2000. Fonte: Anuário Estatístico do Mato Grosso, 20041.

Tabela 05. Rendimento médio mensal no ano de 2000 e Taxa de 20 Mortalidade Infantil em 2002 nos municípios do Portal da Amazônia. Fonte: SEPLAN-MT, 2005; Ministério da Saúde (DATASUS), 2005.

Tabela 06. Indicadores de desigualdade de renda dos municípios do 21 território do Portal da Amazônia. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2005.

Tabela 07. Indicadores de pobreza nos municípios do território do Portal da 23 Amazônia. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2005.

Tabela 08. Mortalidade em 2002 de acordo com diferentes causas (% de 26 indivíduos que morreram de determinada causa/ número total de mortes) nos municípios do Portal da Amazônia. Fonte: Ministério da Saúde (DATASUS), 2005.

Tabela 09. Coeficiente de mortalidade por causas específicas no ano de 27 2002 (número de mortes/ 100.000 habitantes) nos municípios do território do Portal da Amazônia. Fonte: Ministério da Saúde (DATASUS), 2005.

Tabela 10. Incidência1 de algumas das principais doenças infecciosas nos 28 municípios do território do Portal da Amazônia. Fonte: Ministério da Saúde (DATASUS), 2003.

Tabela 11. Indicadores de saneamento básico nos municípios do Portal da 30 Amazônia em 1991 e 2000 (porcentagem de domicílios). Fonte: Ministério da Saúde (DATASUS), 2005.

Tabela 12. Número médio de alunos nas escolas rurais dos municípios do 36 território do Portal da Amazônia no ano de 2003. Fonte: INEP (EDUDATABRASIL), 2005.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Tabela 13. Porcentagem de professores das escolas rurais com nível 37 superior nos municípios do território do Portal da Amazônia no ano de 2003. Fonte: INEP (EDUDATABRASIL), 2005.

Tabela 14. Índices de eficiência da educação rural nos municípios do 38 território do Portal da Amazônia no ano de 2003. Fonte: INEP (EDUDATABRASIL), 2005.

Tabela 15. Relação entre a população rural e o número de trabalhadores 40 rurais nos municípios do Portal da Amazônia. Fonte: Adaptado de IBGE, 1996.

Tabela 16. Relação entre a população urbana e o número de trabalhadores 41 nas empresas formais nos municípios do Portal da Amazônia. Fonte: Adaptado de IBGE, 1996.

Tabela 17. Valores da receita orçamentária, arrecadação do ICMS e 43 transferência de capital da União e Governo Estadual para os municípios do Portal da Amazônia em 2000. Fonte: SNIU, 2005.

Tabela 18. Inadimplência dos impostos predial e territorial1 nos municípios 44 do Portal da Amazônia no ano de 1998. Fonte: SNIU, 2005.

Tabela 19. Relação entre número de trabalhadores e de estabelecimentos 57 no meio rural no território do Portal da Amazônia. Fonte: Adaptado de IBGE, 1996.

Tabela 20. Número de estabelecimentos e área ocupada nos municípios do 59 território do Portal da Amazônia. Fonte: Adaptado de IBGE, 1996.

Tabela 21. Principais atividades desenvolvidas nos municípios do Território 62 do Portal da Amazônia em relação ao Valor Bruto da Produção. Fonte: Adaptado do IBGE, 1996*.

Tabela 22. Número de agências bancárias e volume de depósito nos 62 municípios do Portal da Amazônia no ano de 2000. Fonte: SNIU, 2005.

Tabela 23. Bens e serviços urbanos disponíveis nos municípios do Portal da 63 Amazônia no ano de 2000. Fonte: SNIU, 2005.

Tabela 24. Bens e serviços de lazer disponíveis nos municípios do Portal da 65 Amazônia no ano de 2000. Fonte: SNIU, 2005.

Tabela 25. Renda anual gerada/ produtor de acordo com os produtos (renda 69 total/ número de produtores). Fonte: Adaptado de FAO/ INCRA, 1996.

Tabela 26. População indígena dentro do território do Portal da Amazônia. 70 Fonte: Anuário Estatístico do Estado de MT, 2003.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Tabela 27. Número total de famílias assentadas no território do Portal da 77 Amazônia. Fonte: INCRA, 2005.

Tabela 28. Público alvo das políticas de desenvolvimento no território do 79 Portal da Amazônia. Fonte: Adaptado de INCRA e IBGE, 2004.

Tabela 29. Demanda qualificada por créditos do PRONAF A no território do 80 Portal da Amazônia, em 2005. FONTE: SEDER, 2005.

Tabela 30. Número de contratos e montante do crédito rural do PRONAF no 84 ano fiscal de 2004 no território Baixada Cuiabana. FONTE: www.pronaf.gov.br .

Tabela 31. Número de contratos estabelecidos com o PRONAF em 2004 de 85 acordo com a modalidade. Fonte: www. pronaf.gov.br, 2005.

Tabela 32. Créditos do PRONAF concedidos em 2004, por grupo e por 86 modalidade no território do Portal da Amazônia. Fonte: www.pronaf.gov.br .

Tabela 33. Outros investimentos no território do Portal da Amazônia. 92 FONTE: Caixa Econômica Federal, 2005.

Tabela 34. Assistência técnica através do INCRA (ATES): metas para 2005 93 no território do Portal da Amazônia. Fonte: INCRA, 2005. Tabela 35. Instituições cadastradas para projetos de ATES no território do 94 Portal da Amazônia e municípios de atuação. FONTE: INCRA, 2005.

Tabela 36. Aspectos quantitativos da ATER no território. Fonte: Programa 95 Estadual de Reforma Agrária; INCRA; EMPAER; Prefeituras Municipais, 2005.

Tabela 37. Investimentos programados pelo governo estadual no PPA, 99 aplicáveis ao território. Fonte: Plano Pluri Anual, SEPLAN, MT, 2005.

Tabela 38. Convênios entre Governo Federal e municípios do Portal da 103 Amazônia assinados a partir de Janeiro de 2002 de acordo com os diferentes Ministérios (milhões de reais). Fonte: Secretaria Geral de Controle Interno, 2005.

Tabela 39. Repasses do governo federal no ano de 2005 para os municípios 104 do Portal da Amazônia. Fonte: Controladoria Geral da União, 2005.

Tabela 40. Investimentos do INCRA (plano regional de reforma agrária) 105 previsto para 2005, no território. Fonte: Programa Estadual de Reforma Agrária, 2005.

Tabela 41. Recursos orçamentários e financeiros entre 2003 e 2006 do 106 INCRA/ MT.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Tabela 42. Total desmatado nos municípios do território do Portal da 115 Amazônia até 2002. Fonte: Anuário. Estatístico do MT, 2003.

Tabela 43. Número de focos de calor nos municípios do território do Portal 118 da Amazônia de 2000 a 2002. Fonte: Anuário Estatístico do MT, 2003.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01. Crescimento da população total do território do Portal da 14 Amazônia e no Estado de MT. Fonte: SEPLAN, 2005.

Gráfico 02. Evolução da Taxa de Analfabetismo nos municípios do território 32 do Portal da Amazônia de 1996 a 2000. Fonte INEP, 2005.

Gráfico 03. Número médio de alunos matriculados nas escolas rurais de nível 34 fundamental em relação a população rural total dos município do território do Portal da Amazônia em 2002. Fonte: Adaptado de INEP, 2005 e IBGE, 2000.

Gráfico 04. Comparação do uso da terra no território da Baixada Cuiabana e 45 no Estado de Mato Grosso. Fonte: Adaptado de IBGE, 1996.

Gráfico 05. Porcentagem de estabelecimentos rurais de alguns municípios do 45 território do Portal da Amazônia em relação ao grupo de atividade econômica (principais atividades desenvolvidas). Fonte: Adaptado de IBGE, 1996.

Gráfico 06. Valor bruto da produção das lavouras temporárias e permanentes 46 de 1997 a 2003 no território do Portal da Amazônia. Fonte: IBGE (Pesquisa Agrícola Municipal), 2005.

Gráfico 07. Porcentagem da participação do território do Portal da Amazônia 47 na produção total de Mato Grosso das principais lavouras temporárias em 2003. Fonte: IBGE (Pesquisa Agrícola Municipal), 2005.

Gráfico 08. Evolução da produção das principais lavouras temporárias do 48 território Por Portal da Amazônia de 1997 a 2003. Fonte: IBGE (Pesquisa Agrícola Municipal), 2005.

Gráfico 09. Participação de cada município do território do Portal da Amazônia 49 na produção total do território da produção das principais lavouras temporárias em 2003. Fonte: IBGE (Pesquisa Agrícola Municipal), 2005.

Gráfico 10. Valor Bruto da Produção da Lavoura Permanente Total e Valor 50 Bruto da Produção de banana no território do Baixo Araguaia de 1997 a 2003. Fonte: IBGE (Pesquisa Agrícola Municipal), 2005.

Gráfico 11. Evolução do VBP da banana e do café no território do Portal da 50 Amazônia de 1997 a 2003. Fonte: IBGE (Pesquisa Agrícola Municipal), 2005 (toneladas).

Gráfico 12. Efetivo do rebanho bovino no Brasil, Mato Grosso e no território do 51 Portal da Amazônia de 1997 a 2003. Fonte: Pesquisa Pecuária Municipal, IBGE, 2005.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Gráfico 13. Variação da produção de leite no Brasil, Mato Grosso e Território 52 do Portal da Amazônia de 1997 a 2003. Fonte: Pesquisa Pecuária Municipal, IBGE, 2005.

Gráfico 14. Variação do número de vacas ordenhadas de 1997 a 2003 nos 55 municípios do Portal da Amazônia. Fonte: Pesquisa Pecuária Municipal, IBGE, 2005.

Gráfico 15. Participação do território Portal da Amazônia na produção total de 56 produtos de origem animal do estado de Mato Grosso no ano de 2003. Fonte: Pesquisa Pecuária Municipal, IBGE, 2005

Gráfico 16. Número de estabelecimentos familiares e outros tipos de 66 estabelecimentos no território do Portal da Amazônia. Fonte: Adaptado de IBGE, 2000.

Gráfico 17. Número de estabelecimentos familiares de acordo com os 67 produtos. Fonte: FAO/ INCRA, 1996.

Gráfico 18. VABP dos principais produtos da agricultura familiar. Fonte: FAO/ 68 INCRA, 1996.

Gráfico 19. Evolução do número e valores dos contratos do PRONAF de 2000 81 a 2004 nos municípios do território do Portal da Amazônia. Fonte: PRONAF, 2005.

Gráfico 20. Distribuição do número de contratos do PRONAF para o Portal da 82 Amazônia de acordo com o grupo de 2000 a 2004 (porcentagem em relação ao número total de contratos em cada ano). Fonte: PRONAF, 2005.

Gráfico 21. Número de municípios que acessaram o PRONAF de 2000 a 2004 83 no território do Baixo Araguaia. Fonte: www.pronaf.gov.br.

Gráfico 22. Demanda do programa Luz para Todos no território do Portal da 92 Amazônia. Fonte: INCRA, 2005.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

LISTA DE FIGURAS

Figura 01. Esquema para a análise territorial sistêmica. Fonte, SDT, 2005. 05

Figura 02. Mapa com os municípios do território do Portal da Amazônia. 10 Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 20051.

Figura 03. Origem dos municípios do território Portal da Amazônia1,2. Fonte: 12 FERREIRA, 1997.

Figura 04. Relação entre população total e número de trabalhadores rurais e 42 urbanos no território do Portal da Amazônia. Fonte: Adaptado de IBGE, 1996.

Figura 05. Malha rodoviária do Estado de Mato Grosso, em especial na 73 região do Baixo Araguaia. Fonte: Ministérios dos Transportes, 2005.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO...... 1 1.1APRESENTAÇÃO: BASES CONCEITUAIS PARA A CONSTRUÇÃO DO ESTUDO PROPOSITIVO DO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA ...... 1 1.2OBJETIVOS ...... 2 1.3 METODOLOGIA UTILIZADA...... 3 2.CONTEXTUALIZAÇÃO GERAL DO TERRITÓRIO...... 7 2.1FORMAÇÃO HISTÓRICA ...... 7 2.2ÍNDICES DEMOGRÁFICOS...... 13 Municípios ...... 15 2.3INDICADORES DE POBREZA...... 17 2.4INDICADORES DE SAÚDE ...... 24 Municípios ...... 26 Malária...... 28 2.5INDICADORES DE EDUCAÇÃO ...... 31 2.6A ECONOMIA DO PORTAL DA AMAZÔNIA...... 39 2.6.1 Comparação entre a produção agropecuária e o setor formal urbano para a economia do Portal da Amazônia ...... 39 2.6.2 Características gerais da atividade agropecuária ...... 43 2.6.2 Outros setores da economia do Portal da Amazônia...... 61 2.7A AGRICULTURA FAMILIAR DENTRO DO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA ...... 65 Produção...... 69 2.8GRUPOS ESPECÍFICOS NO PORTAL DA AMAZÔNIA ...... 69 2.9INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTE E LOGÍSTICA ...... 72 2.10ASPECTOS BÁSICOS SOBRE O CAPITAL SOCIAL NO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA...... 74 3.Demandas sociais...... 77 3.1DEMANDA PELO PRONAF ...... 77 Municípios ...... 79 3.2DEMANDA QUALIFICADA DO PRONAF A...... 79 3.3OUTRAS AÇÕES DE DESENVOLVIMENTO RURAL NO TERRITÓRIO ...... 80 3.4RECURSOS DO PRONAF EM 2004 ...... 80 3.5COMPRA DOS PRODUTOS DA AGRICULTURA FAMILIAR PELA CONAB ...... 90 3.6DEMANDA DO PROGRAMA LUZ PARA TODOS...... 90 3.7OUTROS INVESTIMENTOS NO TERRITÓRIO ...... 91 3.8ATES NO TERRITÓRIO ...... 92 Tabela 34. Assistência técnica através do INCRA (ATES): metas para 2005 no território do Portal da Amazônia. Fonte: INCRA, 2005...... 92 3.9ATER NO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA ...... 93 4.Políticas públicas oferecidas...... 95 4.1INVESTIMENTO PROGRAMADOS NO PLANO PLURIANUAL, APLICÁVEIS NO TERRITÓRIO E OUTROS INVESTIMENTOS REALIZADOS...... 97 4.2INVESTIMENTOS DO INCRA PREVISTOS PARA 2005 NO TERRITÓRIO ...... 104 5.Análise sistêmica...... 106 5.1SUBSISTEMA DE PRODUÇÃO...... 106 5.2SUBSISTEMA DE TRANSFORMAÇÃO...... 109 5.3SUBSISTEMA DE COMERCIALIZAÇÃO ...... 110 5.4AMBIENTE INSTITUCIONAL DE APOIO...... 112 5.5QUESTÕES AMBIENTAIS NO TERRITÓRIO ...... 114 5.6OUTRAS QUESTÕES RELEVANTES...... 117 6.Análise do PRONAF INFRA 2003/ 2004 no Portal da amazônia...... 120 6.1PRONAF INFRA 2003 ...... 120 6.2 PRONAF INFRA 2004...... 120 7.CONCLUSÕES: LINHAS GERAIS PARA AS AÇÕES DO TERRITÓRIO PORTAL DA AMAZÔNIA ...... 122 8. REFERÊNCIAS...... 126

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

9. Anexos ...... 128

MINISTÉRIO DO 1 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

1. INTRODUÇÃO

1.1 Apresentação: bases conceituais para a construção do estudo propositivo do território do Portal da Amazônia Apesar de muito difundida e utilizada, a noção de desenvolvimento rural continua a ser de definição complexa e multifacetada, passível de ser abordada por perspectivas teóricas das mais diversas. Uma das visões que vem se destacando, pelo enfoque inovador e aplicabilidade prática, é aquela que enfatiza as dimensões ambientais e territoriais do desenvolvimento sustentável, destacando as interfaces e vínculos em relação ao desenvolvimento em geral, ou seja, enfatizando a necessidade de conceber o desenvolvimento rural e urbano de forma interconectada. Esta visão é defendida por autores como Veiga (2001) e Veiga e colaboradores (2001). Independentemente da abordagem com que se analisa o desenvolvimento rural, diversos estudos vêm mostrando que em regiões dinâmicas, nas quais o crescimento econômico é compartilhado de forma mais homogênea, existia previamente uma densa rede de relações entre serviços e organizações públicas, iniciativas empresariais urbanas e rurais, agrícolas e não agrícolas. Assim, mais importante que as vantagens competitivas dadas por atributos naturais, de localização ou setoriais, parece ser a proximidade social entre os diversos “atores” que permite a valorização do conjunto do ambiente em que atuam, servindo assim de base para empreendimentos inovadores. Neste sentido, as estruturas sociais poderiam ser vistas como recursos, de forma semelhante a um ativo de capital de que os indivíduos podem dispor. É neste ponto que nasce o conceito e a denominação de “capital” social (Abramovay, 2000), estando profundamente relacionado ao processo de desenvolvimento. Abramovay (2001) relata ainda que os municípios não são o espaço adequado para servir como base para o desenvolvimento rural. O autor comenta que se por um lado a população reduzida dos municípios oferece a vantagem de permitir o fortalecimento dos laços de confiança entre os cidadãos, a verdade é que, neste nível, as chances de construir processos inovadores de geração de renda, ou qualquer outra forma inovadora de ação, e a criação de novas oportunidades de trabalho são muito reduzidas. Considerando a premissa acima discutida, Doniak (2002) comenta que uma política de desenvolvimento deve abranger o nível territorial, unindo municípios com aspectos econômicos, ambientais, sociais e culturais semelhantes. De acordo com o

MINISTÉRIO DO 2 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Ministério do Desenvolvimento Agrário, pode-se entender o termo “território” como um espaço físico, geograficamente definido, geralmente contínuo, compreendendo a cidade e o campo, caracterizado por critérios multidimensionais, tais como meio ambiente, economia, sociedade, cultura e instituições, e uma população com grupos sociais relativamente distintos, que se relacionam interna e externamente por meio de processos específicos, onde se pode distinguir um ou mais elementos que indicam identidade e coesão social, cultural e territorial (SDT/ MDA, 2005). Veiga (2001) e Veiga et al. (2001) apontam como elementos fundamentais do processo de desenvolvimento territorial rural a valorização e fortalecimento da agricultura familiar1, a diversificação das economias dos territórios (sobretudo através do estímulo aos setores de serviços e à pluriatividade), o estímulo ao empreendendorismo local e o empurrão que viria do Estado para formação de arranjos institucionais locais. Assim, o presente estudo faz parte da política de desenvolvimento territorial da Secretaria de Desenvolvimento Territorial do Ministério do Desenvolvimento Agrário.

1.2 Objetivos O presente estudo foi desenvolvido tendo em vista três objetivos centrais: i) Sensibilizar e instrumentalizar os colegiados territoriais para acessar com maior eficiência e eficácia as políticas orientadas para a dinamização das economias territoriais, focalizando o público-alvo do MDA / SDT; ii) Melhorar a qualidade dos projetos que receberão apoio do PRONAF Infra-estrutura, com definição do orçamento para 2005 / 2006 e, finalmente, iii) Elaborar plano de trabalho para a implementação do processo de dinamização econômica nos territórios Rurais. Para cumprir com estes objetivos, o presente estudo possui como objetivos específicos:

• Nova compreensão do território, com obtenção de informações complementares às já disponíveis e com a adoção do “enfoque sistêmico” na leitura das realidades locais.

1 Para fins deste estudo, considerou-se agricultura familiar de como os agricultores habilitados a acessar os recursos do PRONAF, a saber: assentados dos programas de reforma agrária e agricultores com até 4 módulos fiscais.

MINISTÉRIO DO 3 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

• Sensibilização adicional sobre a dimensão e importância do “rural” e do público-alvo do MDA / SDT, no contexto do Desenvolvimento Sustentável.

• Seleção e melhor definição do público-alvo prioritário para as ações dos PTDRS.

1.3 Metodologia utilizada Para cumprir com os objetivos acima descritos, foram realizadas 2 etapas:

a) Diagnóstico preliminar O diagnóstico preliminar foi desenvolvido a partir de dados secundários junto a órgãos oficiais estaduais e federais, como IBGE, Ministério da Saúde, Ministério da Fazenda, Secretarias de Governo do Estado de Mato Gross entre outros. Consta de informações sobre o perfil demográfico do território do Portal da Amazônia, indicadores sócio econômicos, aspectos quantitativos da produção agropecuária e da agricultura familiar, além de informações sobre as demandas e ofertas de políticas públicas orientadas para o desenvolvimento rural sustentável. A coleta de dados secundários foi complementada pela análise de documentos e diagnósticos já realizados sobre o território do Portal da Amazônia. Somado a análise dos indicadores quantitativos, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com atores locais, representantes da agricultura familiar e/ ou de instituições relacionadas a este segmento. A Tabela 01 apresenta a lista de atores entrevistados. Para cada entrevistado foi elaborada uma lista de tópicos para discussão. Os principais pontos citados durante a entrevista foram transcritos e categorizados em alguns itens, a saber: sobre a participação dos agricultores; sobre os órgãos de representação dos agricultores; participação de jovens e mulheres; envolvimento com a discussão do território; percepções sobre o subsistema de produção, sobre o subsistema de transformação, sobre o subsistema de comercialização e propostas de desenvolvimento para o território.

MINISTÉRIO DO 4 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Tabela 01. Lista de atores entrevistados para avaliação do capital social e complementação das informações secundárias. Fonte: Estudo Propositivo do território do Portal da Amazônia, 2005. Classes Entrevistados Presidentes ou representantes , Apiacás. dos STRs. Secretários de Agricultura Nova Bandeirantes, Apiacás, Marcelândia. Produtores familiares Grupo de produtores em (Comunidade União); grupo de produtores em (Comunidade Xanxerê), produtores em Marcelândia, produtores em , representantes da etnia Terena de Peixoto de Azevedo. Instituições de apoio Professor de escola rural em Marcelândia, professor e coordenador de curso da UNEMAT – Colíder. Visita a produtores familiares e Agricultor familiar em Nova Bandeirantes, Gleba Vale projetos de assentamentos do Bruno (Apiacás), Visita a propriedade rural em Nova Guarita, visita ao Assentamento União do Norte (Peixoto de Azevedo), comunidade Terena (Peixoto de Azevedo), PA Bom Jaguar (Marcelândia).

A análise do diagnóstico preliminar foi feita baseando-se na comparação de indicadores do território do Portal da Amazônia com os demais territórios do Estado de Mato Grosso bem como, em alguns casos, das médias nacionais e estaduais. Os resultados podem ser observados nas tabelas e gráficos apresentados. Além da análise individual dos dados, trabalhou-se dentro do enfoque sistêmico para apresentação das conclusões finais. Através deste enfoque específico de análise, as informações sobre Sistema Produtivo, Sistema de Transformação e Sistema de Comercialização, além das Instituições de Apoio foram analisadas em conjunto, de maneira a expor as fragilidades e incoerências de todo o sistema de produção do território. A Figura 01 apresenta um esquema da metodologia utilizada para a análise sistêmica das informações do território.

Figura 01. Esquema para a análise territorial sistêmica. Fonte, SDT, 2005.

Entorno Próximo Nacional/ Internacional

Região Produção Comercialização MINISTÉRIO DO 5 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Deve-se destacar que este diagnóstico é “preliminar” na medida que terá utilidade nas primeiras etapas do processo de implementação dos PTDRS pelos colegiados territoriais. Com o avanço desse processo, o estudo deverá ser aprofundado e detalhado, de modo a enriquecer a base de informações para negociação, decisão e planejamento deste colegiado.

b) Complementação e validação do estudo Após a análise preliminar dos dados, todas as informações foram sistematizadas e apresentadas para o colegiado territorial (CONTAF BC) para complementação e atualização das informações. Esta apresentação seguiu a seguinte metodologia: - Apresentação das informações sobre o território e análise sistêmica - Divisão dos participantes em 3 grupos de trabalho para responder as questões: i. Quais as instituições de apoio que existem no território (pesquisa e extensão rural)? ii. Existem outros produtos relacionados a agricultura familiar dentro do território? Quais são? Representam importância econômica para o território?

MINISTÉRIO DO 6 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

iii. Existem outras indústrias dentro ou fora do território que beneficiam os produtos da agricultura familiar? Quais são? Como se relacionam com os produtores? Para quem vendem a produção? iv. Existem outros canais de comercialização dentro ou fora do território? v. - Apresentação dos grupos de trabalho - Divisão dos participantes em novos grupos de trabalho para indicar propostas de ação no território tendo em vista o quadro estudado. - Apresentação dos participantes

Todas as contribuições dos participantes foram registradas e incorporadas no estudo. A validação final se deu pelo envio do documento final a técnicos do território para leitura, correção e possíveis alterações.

MINISTÉRIO DO 7 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

2. CONTEXTUALIZAÇÃO GERAL DO TERRITÓRIO.

2.1 Formação histórica O território do Portal da Amazônia é uma região localizada no extremo norte do Estado de Mato Grosso, fazendo divisa com o território do Baixo Araguaia pelo Leste, com os municípios da região Noroeste do Mato Grosso e com o Estado do Pará ao Norte. Trata-se de uma região localizada nos limites iniciais da floresta amazônica (área atualmente conhecida como “arco do desmatamento”). Os primeiros moradores da região são povos indígenas de diferentes etnias, como os apiakás, mandurukus, kayabis, rikbatsa e kreen-aka-rorê. Com o processo de colonização da região os índios, alguns de forma pacífica outros como resultado de conflitos armados, foram transferidos para áreas demarcadas no município de e para o Parque Nacional do Xingu, onde tentam reestruturar-se. Os municípios do território têm sua origem em projetos de colonização privados ou projetos de assentamentos para a reforma agrária. Algumas empresas colonizadoras que fizeram parte da história da região são INDECO (responsável pela abertura de Alta Floresta, Apiacás e Paranaíta), Colonizadora Líder (responsável por Colíder e o povoamento inicial de Nova Canaã do Norte), Colonizadora Bandeirante (Nova Bandeirantes), Colonizadora Maiká (Marcelândia), entre outras. A colonização privada foi amplamente estimulada por programas governamentais durante a década de 70. Tais programas envolviam empréstimos com juros baixos para as empresas adquirirem os terrenos na região e reduziam os valores das taxas sobre os seus lucros. Era a política de “integrar para não entregar” implementada a partir da década de 70, formando o que se passou a conhecer como “a nova fronteira agrícola brasileira”. Deve-se fazer um destaque especial para a abertura da rodovia BR 163 (Cuiabá-Santarém), que abriu as portas para a colonização de todos os municípios da região Norte do Mato Grosso. Grande parte das colonizadoras eram provenientes dos estados do Sul do país. Os projetos iniciais de desenvolvimento estavam baseados na produção agropecuária, procurando implementar um modelo próximo ao modelo sulista de propriedades. A população era proveniente basicamente das regiões de “tensão agrária”,

MINISTÉRIO DO 8 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

principalmente do Paraná e Rio Grande do Sul (moradores de áreas que foram demarcadas para índios e regiões alagadas por hidroelétricas).

Imagem 01. Grande parte dos municípios que formam o Portal da Amazônia foi formada a partir de empreendimentos de colonizadoras. Na imagem ao lado, o processo de abertura de Alta Floresta (década de 70).

Fonte: VSP (www.vsp.com.br)

Por outro lado, alguns municípios como , Peixoto de Azevedo, Nova Guarita e a estruturação de Nova Canaã do Norte, foram fruto de Projetos de Assentamentos do INCRA, sempre em parcerias com outras instituições como a Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC), a Cooperativa Tritícola de Erechim (COTREL) e a COOPERCANA. A formação destes assentamentos se deu também basicamente por colonos provenientes dos estados do Sul em sua grande maioria. A imagem vendida tanto pelas empresas colonizadoras quanto pelos projetos de assentamentos era de uma região extremamente fértil, onde era possível produzir tudo a um baixo custo. No entanto, a idéia deste “Eldorado Verde” rapidamente se mostrou equivocada em muitas localidades dentro do território. Práticas agrícolas não adaptadas ao clima da região, no qual metade do ano é marcada por fortes chuvas, e dificuldades de comercialização da produção fizeram com que muitos projetos, tanto públicos quanto privados, não tivessem o resultado esperado. Um exemplo típico é o município de Carlinda: estruturado para ser um projeto modelo de assentamento, contando com infra-estrutura e apoio para comercialização, problemas na execução do projeto e a falência da CAC (parceria na formação do assentamento) fizeram com que o resultado das ações não fosse o esperado. Atualmente Carlinda é o município com pior IDH do Portal da Amazônia e um dos índices mais baixos do Estado de Mato Grosso.

MINISTÉRIO DO 9 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Entretanto, o fato mais marcante para a região foi a entrada do garimpo nos municípios. Com a descoberta do ouro houve intensa migração de nordestinos para a região. Apiacás, por exemplo, chegou a possuir mais de 69.000 habitantes, sendo 54.000 de garimpeiros (população flutuante), conforme apontado por FERREIRA (1997). Com o fim do garimpo em grande parte do território, estes nordestinos se estabeleceram como agricultores ou como mão de obra barata para as indústrias de madeira, mantendo hábitos e costumes diferenciados dos habitantes sulistas.

Imagem 02. A descoberta de ouro na região causou um grande aumento populacional, trazendo sérias conseqüências tanto em relação ao desenvolvimento social quanto para o meio ambiente. Na imagem ao lado, antiga área de garimpo no município de Apiacás.

Fonte: www.achetudoeregiao.com.br/ MT/apiacas.htm

A explosão demográfica vivenciada na década de 80 e 90, acompanhada da violência, problemas de habitação e saúde, interferiu de maneira decisiva para o desenvolvimento da região. Atualmente muitos municípios tentam ainda se reerguer deste período. É o caso, por exemplo, de Peixoto de Azevedo, famoso pelos garimpos nas décadas passadas e também pela violência e problemas de saúde de seus habitantes. Cabe destacar ainda que o processo de ocupação não foi fácil. A dificuldade de acesso, os longos períodos de chuvas, a elevada incidência de malária e os conflitos por terras eram freqüentes. FERREIRA (1997) comenta que em Terra Nova do Norte, no início da década de 90, por exemplo, 60% da população já tinha contraído ou estava com malária. Problemas no escoamento da produção comprometiam ainda a renda dos agricultores. Nos anos iniciais de formação dos municípios, muitos entrevistados comentaram que era comum famílias trocarem o sítio comprado somente pelas passagens de volta para o Rio Grande do Sul ou Paraná.

MINISTÉRIO DO 10 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Esta grande dificuldade inicial, no entanto, fez nascer um claro sentimento de pertencimento da população. Atualmente, os moradores, apesar de ainda manter hábitos de sua terra natal, se enxergam como parte de uma mesma região, apesar da diferenciação interna entre a população proveniente do Sul do país e os nordestinos. O desafio neste momento é superar os resquícios deste processo conturbado de desenvolvimento: a evolução lenta da infra-estrutura dos municípios e dos acessos à região, a regularização das terras, o acesso a luz e o escoamento da produção continuam sendo obstáculos ao desenvolvimento do território. Por outro lado, o desmatamento acelerado hoje começa a impactar negativamente em todo o Portal da Amazônia. A falta de água e aumento do período de seca já podem ser observados em praticamente todos os municípios (talvez com exceção daqueles mais a oeste, como Apiacás e Nova Bandeirantes, que ainda mantém grande parte da área preservada). Conciliar o desenvolvimento com a preservação ou recuperação ambiental é crucial para o Portal da Amazônia, tendo em vista o potencial econômico ou o grande passivo que o meio ambiente pode representar. A Figura 02 apresenta a localização do território Portal da Amazônia no Estado de Mato Grosso. A Figura 03 apresenta a estrutura de formação dos municípios do território. Já a Tabela 02 apresenta dados da distância média dos para a capital do estado, Cuiabá.

Figura 02. Mapa com os municípios do território do Portal da Amazônia. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 20051.

1. O mapa representa a divisão política do território em 2000. O Portal da Amazônia localiza-se no extremo norte do Mato Grosso, localizando-se, em média, a mais de 730 Km da capital, Cuiabá. Os municípios mais distantes são Nova Bandeirantes, e Apiacás, a mais de 960Km da capital do estado.

MINISTÉRIO DO 11 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Imagem 03. Imagem aérea do município de Colíder.

Fonte: RMT on line (http://rmtonline.globo.com)

Imagem 04. O Portal da Amazônia localiza-se em uma área de fronteira agrícola onde a discussão entre preservação ambiental e abertura de novas áreas para produção agropecuária é marcante. Na imagem ao lado, prática de queimada comum em praticamente dos os municípios do território.

Imagem 05. A igreja teve papel importante na estruturação dos municípios do Portal da Amazônia, organizando muitas comunidades rurais, como é o caso de Alta Floresta, Carlinda, Nova Guarita, Terra Nova do Norte entre outros. Na imagem ao lado, praça central do município de Nova Guarita.

MINISTÉRIO DO 12 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Figura 03. Origem dos municípios do território Portal da Amazônia1,2. Fonte: FERREIRA, 1997. Chapada dos Cuiabá Porto Velho (RO) Aripuanã Guimarães

Sinop Colíder Alta Floresta (1979) (1979)

P. de Azevedo N. Canaã do Norte Guarantã do Norte Terra Nova do Paranaíta (1986) (1986) (1986) (1986) Norte (1986)

Marcelândia (1987) Apiacás Matupá (1986) (1989)

N. Bandeirantes (1991)

Nova Guarita N. Monte Verde (1991) (1991)

Carlinda 1: De acordo com a data da Lei de implantação do município Novo Mundo (1994) 2: Não consta o município de , de 2001. (1995)

MINISTÉRIO DO 13 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Tabela 02. Municípios que formam o território do Portal da Amazônia e ano de criação. Fonte: SEPLAN – MT, 2005. Municípios Distância para Cuiabá Alta Floresta 757,1 Apiacás 964,1 Carlinda 727,1 Colíder 617,1 Guarantã do Norte 690,6 Matupá 665,6 Marcelândia 703,2 Nova Bandeirantes 980,1 Nova Canaã do Norte 665,1 Nova Guarita 667,1 Nova Monte Verde 919,6 Nova Santa Helena 592,1 Novo Mundo 720,6 Paranaíta 806,1 Peixoto de Azevedo 661,6 Terra Nova do Norte 617,1 Média do Território 734,64

2.2 Índices demográficos O território do Portal da Amazônia, responde por mais de 14% da área total do Estado de Mato Grosso, possuindo, no entanto, somente 9,4% da população residente neste estado. De maneira geral, o território pode ser dividido em 4 grandes grupos de municípios: aqueles com uma população inferior a 10.000 habitantes, como é o caso de Apiacás, Nova Bandeirantes, Nova Guarita, Nova Monte Verde, Novo Mundo e Nova Santa Helena, possuindo população média de 5.722 habitantes; municípios com população entre 10.000 e 20.000 habitantes, envolvendo Carlinda, Matupá, Marcelândia, Nova Canaã do Norte, Paranaíta e Terra Nova do Norte, com população média de 12.249 habitantes; municípios com população entre 20.000 e 30.000 habitantes, sendo Colíder, Guarantã do Norte e Peixoto de Azevedo, com média de 27.469 habitantes e, finalmente, o município de Alta Floresta que possui, sozinho, mais de 47.000 habitantes.

Considerando os dados do IBGE, como pode ser observado no Gráfico 01, a população do território vem crescendo em um ritmo menor que o crescimento médio

MINISTÉRIO DO 14 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

do MT. Conforme pode ser observado na Tabela 03, contribuíram diretamente para este fato municípios como Carlinda, Terra Nova do Norte e Peixoto de Azevedo, que tiveram fortes reduções na população de 1996 a 2004. Deve-se chamar a atenção ainda que diversos municípios apresentaram estagnação da população entre estes anos, apresentando ligeira queda ou pequeno crescimento populacional entre os anos analisados. Somente cinco municípios apresentaram crescimento populacional acima da média estadual ou brasileira, sendo: Nova Bandeirantes, Nova Monte Verde, Marcelândia, Guarantã do Norte e Novo Mundo.

Gráfico 01. Crescimento da população total do território do Portal da Amazônia e no Estado de MT. Fonte: SEPLAN, 2005.

300.000 269.995 250.000 250.435 236.659 237.566 223.583224.572 200.000

150.000

100.000

50.000

0 1996 2000 2004

Território Estado de MT (x10)

Deve-se ressaltar que os municípios que mais cresceram localizam-se principalmente nos extremos do território. Este fato pode indicar que a busca por terras mais baratas, principalmente nos casos de Nova Bandeirante e Nova Monte Verde, ainda traz novos moradores para o território. Conforme entrevistas realizadas com atores locais, é comum observar antigos moradores de Carlinda e Colíder em Nova Bandeirantes, indicando que a fronteira agrícola pode estar se expandindo ainda mais e o processo de ocupação e abertura de novas áreas se repete com o passar dos anos.

Tabela 03. Evolução da população no território do Portal da Amazônia de 1996 a 2000. Fonte: Informativo Sócio econômico de Mato Grosso, 2005.

MINISTÉRIO DO 15 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Variação Municípios 1996 2000 20041 (1996 a 2004) Alta Floresta 42.852 46.956 47.147 10,02 Apiacás 6.655 6.659 6.481 -2,61 Carlinda 15.335 12.306 10.538 -31,28 Colíder 28.416 28.035 27.332 -3,81 Guarantã do Norte 24.210 27.264 31.286 29,23 Marcelândia 11.541 14.267 16.766 45,27 Matupá 11.360 12.141 11.723 3,20 Nova Bandeirantes 5.226 6.867 8.532 63,26 Nova Canaã do Norte 10.704 11.506 11.241 5,02 Nova Guarita 5.971 5.631 5.562 -6,85 Nova Monte Verde 5.670 6.820 7.966 40,49 Nova Santa Helena2 - 3.219 3.472 7,86 Novo Mundo 3.463 4.945 5.834 68,47 Paranaíta 8.181 10.240 9.467 15,72 Peixoto de Azevedo 29.237 26.125 21.715 -25,73 Terra Nova do Norte 15.751 13.678 12.504 -20,61 Total do Território 224.572 236.659 237.566 1,06 1. Estimativa SEPLAN. 2. Sem informações para o ano de 1996.

Deve-se destacar ainda, que de acordo com secretários de agricultura entrevistados e presidentes de STRs, os dados do IBGE podem estar defasados. Novos projetos de assentamentos formados na região após a realização do Censo Demográfico, além da continuidade da migração proveniente de outros estados podem ter alterado o quadro anteriormente descrito. Um caso típico é o município de Nova Bandeirantes uma vez que de acordo com o IBGE sua população é de menos de 10.000 habitantes, quando, de acordo com atores locais, a população verdadeira pode ser superior a 20.000 pessoas. Além dos problemas de ordem social, este grande crescimento não contabilizado nas estatísticas oficias traz implicações práticas, como a menor quantidade de recursos repassados ao município em relação a sua população verdadeira. Com relação a porcentagem de moradores nas áreas rurais2, chama a atenção o elevado número de municípios que possuem mais de 50% da sua população vivendo

2 Considerou-se “população rural” o meio rural convencional, de acordo com o IBGE (moradores fora das áreas consideradas “urbanas”, sendo: sedes municipais, sedes distritais ou áreas urbanas isoladas) e aglomerados urbanos com até 10.000 habitantes. Fonte: IBGE, 2005. Deve-se destacar que esta classificação, apesar de usual, traz consigo problemas qualitativos que podem comprometer análises mais refinadas. ABRAMOVAY, 2000, e VEIGA,

MINISTÉRIO DO 16 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

nestas áreas, como é o caso de Carlinda e Nova Bandeirantes, Nova Canaã do Norte, Nova Guarita, Nova Monte Verde, Nova Santa Helena, Novo Mundo e Terra Nova do Norte. Estes municípios possuem mais de 64% da população vivendo nas áreas rurais. Deve-se chamar a atenção que Alta Floresta, por ser o município mais populoso do território e por possuir a menor porcentagem de pessoas vivendo nas áreas rurais, acaba influenciando na média geral da região, que é de 37,83%, ainda assim maior que a média do Estado de Mato Grosso (cerca de 20%). Cabe destacar que a população do Portal da Amazônia representa mais de 17% da população rural total do Estado de Mato Grosso. Além disso, a baixa densidade demográfica (1,8 habitantes / km2) reforça o perfil rural do território, embora existam municípios com elevado índice de urbanização, como Alta Floresta e Peixoto de Azevedo. Com respeito a razão de dependência3, o Portal da Amazônia encontra-se dentro de uma faixa considerada normal, com cerca de 59% da população considerada dependente, número ligeiramente acima da média do Estado de MT (54,9). Seis municípios apresentaram razão de dependência maior que 60%, sendo: Carlinda, Marcelândia, Nova Guarita, Nova Santa Helena, Peixoto de Azevedo e Terra Nova do Norte. No entanto, nenhum destes municípios possui razão superior a 67%. Este fato indica uma pressão grande sobre a população economicamente ativa em alguns municípios do território (elevado número de dependentes para cada trabalhador). Conforme apontado por alguns entrevistados, a elevada idade média dos agricultores associado ao abandono da propriedade rural pelos jovens são fatores que podem estar contribuindo para este quadro. A migração dos jovens para municípios mais afastados é uma das razões apontadas pelos atores locais para o quadro identificado (conforme citado anteriormente, muitos jovens de Carlinda, Terra Nova do Norte, Nova Guarita entre outros municípios, acabam migrando para municípios mais afastados em busca de novas terras). De maneira geral, os dados sobre a população demonstram que, apesar de contar com uma pequena população em relação ao total do estado, o território do

2001, ressaltam a idéia do rural não se restringir simplesmente a uma divisão quantitativa de número de habitantes ou de referências geopolíticas.

3 Índice de dependência: razão entre a população em idade de dependência (abaixo de 15 anos e/ou acima de 65) em relação a população em idade ativa. Índice que mede a “carga” exercida sobre a fração populacional dependente em relação a população não dependente, ou seja, trabalhadores. Fonte: MELO, 2005.

MINISTÉRIO DO 17 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Portal da Amazônia assume importância em relação a sua população rural, sendo que os municípios que fazem parte deste território possuem basicamente características rurais. As informações econômicas reforçarão este quadro. Deve-se ressaltar que Alta Floresta destaca-se dos demais por ser o que apresenta o maior índice de urbanização, sendo o município que concentra a maior parte dos serviços urbanos do território.

2.3 Indicadores de Pobreza O IDH – Índice de Desenvolvimento Humano4 do território Portal da Amazônia está abaixo do valor médio do Estado de Mato Grosso e do Brasil (0,736 para o território e 0,773 e 0,766 para o Mato Grosso e Brasil, respectivamente). Nenhum município possui IDH considerado baixo (menor que 0,500), mas também nenhum município possui IDH considerado alto (maior que 0,800). Os municípios com menor IDH do território são Carlinda, Nova Bandeirantes e Nova Canaã do Norte, todos com índice na faixa de 0,70 (Carlinda é o município com maior distância para o IDH brasileiro, cerca de 8%). Deve-se destacar, entretanto, que dois municípios apresentam IDH superior a média do Estado e do Brasil: Alta Floresta, 0,779, e Marcelândia, com 0,771. A Tabela 04 apresenta os dados sobre o IDH nos municípios do território. Estratificando o IDH em seus diferentes componentes pode-se observar que, de forma geral, os dados dos municípios não variam de forma significativa. Deve-se ressaltar entretanto, os municípios de Alta Floresta e Marcelândia, que possuem valores superiores para a maioria dos índices. O principal componente que influencia negativamente o valor final do IDH é a renda, com uma diferença de 7,5% em relação ao IDH renda do Brasil. Os componentes longevidade e escolaridade são, em média, 4% menores do que o IDH

4 O IDH é um índice criado no início da década de 90 para o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e combina três componentes básicos do desenvolvimento humano: a longevidade (reflete, entre outras coisas, as condições de saúde da população, sendo medida pela esperança de vida ao nascer); a educação (medida por uma combinação da taxa de alfabetização de adultos e a taxa combinada de matrícula nos níveis de ensino fundamental, médio e superior) e renda (medida pelo poder de compra da população, baseado no PIB per capita ajustado ao custo de vida local para torná-lo comparável entre países e regiões, através da metodologia conhecida como paridade do poder de compra). A metodologia de cálculo do IDH envolve a transformação destas três dimensões em índices de longevidade, educação e renda, que variam entre 0 (pior) e 1 (melhor), e a combinação destes índices em um indicador síntese. Quanto mais próximo de 1 o valor deste indicador, maior será o nível de desenvolvimento humano do país ou região. Fonte: RACE, 2005.

MINISTÉRIO DO 18 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

médio brasileiro. Em relação a renda, chama a atenção os municípios de Carlinda e Nova Bandeirantes, com valores de 0,595 e 0,606, respectivamente. Já o município de Marcelândia é o único com valor acima da média brasileira. Estes números indicam que a geração de renda pode ser um dos principais limitantes para o desenvolvimento da região, apesar da longevidade e mesmo a escolaridade estarem abaixo da média brasileira.

Tabela 04. Índice de desenvolvimento humano (IDH) dos municípios do território do Portal da Amazônia e posição em relação aos demais do estado no ano de 2000. Fonte: Anuário Estatístico do Mato Grosso, 20041.

Município IDH Médio Ranking Alta Floresta 0,779 24º Marcelândia 0,771 28º Guarantã do Norte 0,757 38º Matupá 0,753 42º Colider 0,750 45º Terra Nova do Norte 0,748 49º Novo Mundo 0,732 64º Nova Guarita 0,724 74º Nova Monte Verde 0,722 78º Peixoto de Azevedo 0,719 82º Paranaíta 0,718 85º Apiacás 0,713 92º Nova Bandeirantes 0,702 102º Nova Canaã do Norte 0,702 103º Carlinda 0,700 107º Nova Santa Helena2 - - 1. Total de municípios no Estado: 126 2. Município inexistente em 2000.

A pobreza de uma região também pode ser estudada a partir de outros indicadores, como a mortalidade infantil, o rendimento médio mensal e indicadores de desigualdade, como o índice de Gini5.

5 Índice de Gini: Série baseada na Pesquisa Anual por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE. Mede o grau de desigualdade existente na distribuição dos domicílios segundo a renda domiciliar per capita. Seu valor varia de 0 a 1, assumindo o valor zero quando não há desigualdade (todos os indivíduos recebem a mesma renda) e o valor 1 quando há desigualdade (um único indivíduo recebe toda a renda).

MINISTÉRIO DO 19 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

De um lado, quanto piores as condições de vida, seja em termos econômicos, ambientais ou sociais, maior deverá ser a mortalidade de crianças. Assim, a mortalidade infantil acaba sendo um indicador que sintetiza de maneira fiel a qualidade de vida de uma população. Altas taxas de mortalidade infantil refletem diretamente no IDH Longevidade e estão relacionadas indiretamente ao baixo IDH Renda. De outro lado, a renda domiciliar média traz a dimensão econômica das condições de vida de forma bastante direta. Outra informação importante é a distribuição da renda na população, que pode ser mensurada através do Índice de Gini. É importante atentar que não basta apresentar dados médios sobre a renda de uma localidade, é fundamental demonstrar como esta renda está distribuída. Este é justamente o papel do índice de Gini A Tabela 05 apresenta algumas informações que podem detalhar melhor a qualidade de vida nos municípios do território, destacando o rendimento médio mensal dos domicílios do território e a mortalidade infantil. Estes fatores influenciam diretamente o IDH dos municípios. Estas informações estão dispostas nas Tabelas 05 e 06. Conforme pode ser observado na Tabela 05, o Portal da Amazônia apresenta mortalidade infantil ligeiramente maior do que o Estado de Mato Grosso, mas menor do que a média brasileira. Três municípios se destacam negativamente neste sentido: Nova Bandeirantes, Matupá e Nova Monte Verde, com mais de 40 mortes para cada 1.000 nascidos vivos. Estes municípios acabam influenciando negativamente a média do território uma vez que dos demais apenas 4 apresentam índice superior a média estadual.

Tabela 05. Rendimento médio mensal no ano de 2000 e Taxa de Mortalidade Infantil em 2002 nos municípios do Portal da Amazônia. Fonte: SEPLAN-MT, 2005; Ministério da Saúde (DATASUS), 2005. Município Mortalidade Rendimento Médio Infantil1 Mensal2 Alta Floresta 26,1 4,29 Apiacás 25,5 3,96 Carlinda 25,1 2,51 Colíder 16,7 4,15 Guarantã do Norte 22,6 4,46 Matupá 44,2 4,76

MINISTÉRIO DO 20 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Marcelândia 28,2 6,04 Nova Bandeirantes 40,0 2,74 Nova Canaã do Norte 16,2 3,48 Nova Guarita 13,9 3,43 Nova Monte Verde 40,8 3,74 Nova Santa Helena3 - - Novo Mundo 12,0 3,58 Paranaíta 22,6 5,52 Peixoto de Azevedo 17,6 3,49 Terra Nova do Norte 7,80 3,40 % Média do Território do Portal da Amazônia 23,95 3,97 Total do Estado de MT 22,90 5,13 Brasil 28,3 5,09 1. Número de crianças mortas a cada 1.000 crianças nascidas vivas 2. Número de salários mínimos/ mês/ domicílio 3. Município sem informações que possibilitassem a construção do índice

FILHO e FAUSTO (2000) destacam que a mortalidade infantil vem caindo desde 1990 no Brasil. De acordo com os autores, esta redução está diretamente relacionada ao maior acesso da população aos serviços de saúde reprodutiva. A elevada mortalidade observada em muitos municípios pode ser um forte indicador de, além de problemas sociais, falta de infra estrutura médica na região ou problemas de acesso ao sérvio médio, conforme poderá ser comprovado posteriormente. O baixo IDH renda pode ser explicado observando os dados do rendimento médio do chefe de família dentro do território. Assim, o Portal da Amazônia caracteriza-se pela baixa renda domiciliar, na faixa de 3,97 salários mínimos/ chefe de família. Somente dois municípios apresentaram rendimento do chefe de famílias superior a média do Estado: Paranaíta e Marcelândia. Todos os demais apresentaram índice abaixo da medis estadual, com destaque para Carlinda e Nova Bandeirantes, com os piores rendimentos dos chefes de família do território (2,51 salários mínimos). São os municípios também com o pior IDH renda da região. É importante destacar ainda que os dados sobre renda devem ser analisados a luz de indicadores de desigualdades, conforme apresentado na Tabela 06. Assim, observa-se a grande concentração da renda existente dentro do território, sendo que, de forma geral, grande parte dos municípios apresentou aumento desta concentração de 1991 a 2000. Com referência ao índice de Gini, muitos municípios, como Marcelândia (município com maior IDH renda do território), ainda apresentam elevado nível de concentração de renda demonstrando que as riquezas geradas não estão sendo compartilhadas por grande parte da população.

MINISTÉRIO DO 21 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Tabela 06. Indicadores de desigualdade de renda dos municípios do território do Portal da Amazônia. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2005. 10% mais ricos 10% mais ricos Índice de Gini, Índice de Gini, Município / 40% mais / 40% mais 1991 2000 pobres, 1991 pobres, 2000 Apiacás 22,61 16,80 0,62 0,57 Alta Floresta 17,25 20,42 0,55 0,59 Carlinda 12,54 14,66 0,52 0,53 Colíder 21,24 26,41 0,58 0,64 Guarantã do Norte 36,37 27,38 0,66 0,64 Marcelândia 11,13 18,27 0,48 0,58 Matupá 24,16 29,64 0,63 0,64 Nova Bandeirantes 33,90 55,87 0,65 0,63 Nova Canaã do Norte 19,09 22,39 0,56 0,61 Nova Guarita 16,62 32,19 0,55 0,63 Nova Monte Verde 6,69 18,09 0,45 0,57 Novo Mundo 24,08 24,96 0,60 0,63 Paranaíta 31,84 23,22 0,65 0,61 Peixoto de Azevedo 25,74 35,45 0,62 0,64 Terra Nova do Norte 20,00 23,35 0,57 0,60 Média do Território 21,55 25,94 0,58 0,61

Estes dados de concentração de renda revelam ainda que o modelo proposto de desenvolvimento para a região não está conseguindo proporcionar a grande parte da população o acesso às riquezas da região. Observa-se que enquanto os grandes empreendimentos agropecuários e madeireiros geram uma quantidade grande de recursos financeiros, estes recursos ficam cada vez mais concentrados para poucas pessoas.

Imagem 06. A economia baseada na exploração da madeira, além dos grandes impactos ambientais gerados, não está conseguindo distribuir de forma mais igualitária a renda na população do Portal da Amazônia. Na imagem ao lado, indústria madeireira no município de Marcelândia.

MINISTÉRIO DO 22 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Cerca de 27% dos domicílios do território encontram-se em situação de pobreza. Esta média é respeitada em praticamente todos os municípios, destacando por um lado Carlinda, Apiacás, Nova Santa Helena e Nova Canaã do Norte, que possuem mais de 30% dos domicílios nesta situação, e por outro Marcelândia, que possui somente 13,8% dos domicílios em situação de pobreza. Outros indicadores de pobreza poderão ser observados na Tabela 07. Estes indicadores demonstram que em oito municípios do território houve aumento da porcentagem de indigentes e em seis municípios houve aumento da porcentagem de pobres. Houve ainda aumento em nove municípios da intensidade de pobreza e aumento da intensidade de indigência em todos os municípios do Portal da Amazônia. Estes dados indicam que, mesmo em municípios onde houve ligeira diminuição na porcentagem de pobres e indigentes, houve piora na situação destes dois grupos reforçando a idéia que o modelo atual de desenvolvimento não está conseguindo melhorar a qualidade de vida de grande parte da população do território Portal da Amazônia.

MINISTÉRIO DO 23 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Tabela 07. Indicadores de pobreza nos municípios do território do Portal da Amazônia. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2005. Intensidade Intensidade % de % de % de Intensidade Intensidade % de da da Município indigentes, indigentes, pobres, da pobreza, da pobreza, 1 2 pobres, 2000 indigência, indigência, 1991 2000 1991 1991 2000 1991 2000 Alta Floresta (MT) 18,93 6,43 44,16 24,95 43,32 34,13 30,72 48,08 Apiacás (MT) 4,77 12,81 17,96 35,32 37,75 41,17 39,41 49,86 Carlinda (MT) 37,19 19,89 70,07 45,33 48,66 45,34 32,02 50,08 Guarantã do Norte (MT) 27,17 11,67 48,79 31,13 54,71 42,65 49,45 57,47 Marcelândia (MT) 3,15 6,39 17,51 13,72 31,43 47,52 48,14 62,11 Matupá (MT) 8,69 13,73 29,36 31,76 38,32 47,78 34,17 64,51 Nova Bandeirantes (MT) 16,69 30,53 45,13 50,25 44,6 58,9 36,72 63,37 Nova Canaã do Norte (MT) 28,42 16,01 53,28 38,38 51,25 43,37 43,2 44,72 Nova Guarita (MT) 22,53 24,48 43,24 43,75 49,22 52,88 37,21 54,72 Nova Monte Verde (MT) 15,29 17,23 47 36,73 41,25 47,22 38,97 50,99 Novo Mundo (MT) 12,32 18,13 33,91 39,83 44,23 48,18 43,69 59,41 Paranaíta (MT) 17,36 10,31 39,42 31,49 45,49 38,7 41,82 50,32 Peixoto de Azevedo (MT) 32,25 29,73 52,95 48,78 39,15 39,98 33,58 63,23 Terra Nova do Norte (MT) 24,34 21,33 47,2 46,18 49,9 49,64 42,68 56,13 1. Indigentes: proporção de indivíduos que moram em domicílios particulares permanentes com renda domiciliar per capita inferior a ¼ do salário mínimo. 2. Pobres: proporção de indivíduos que moram em domicílios particulares permanentes com renda domiciliar per capita inferior a ½ do salário mínimo. 3. Intensidade de Pobreza: distância que separa a renda domiciliar per capita média dos indivíduos pobres do valor da linha de pobreza medida em termos do percentual do valor desta linha de pobreza. 4. Intensidade de Indigência: distância que separa a renda domiciliar per capita média dos indivíduos indigentes do valor da linha de pobreza medida em termos do percentual do valor desta linha de pobreza.

MINISTÉRIO DO 24 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

2.4 Indicadores de saúde6 As Tabelas de 08 a 11 apresentam informações sobre o perfil da mortalidade dentro do território Portal da Amazônia. Estes dados são importantes uma vez que o perfil de mortalidade de uma região, incluindo indicadores como coeficiente de mortalidade geral e coeficiente de mortalidade específica, possui estreita relação com as condições econômicas e sociais de uma população, em especial com os coeficientes de mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias e com as causas de morte por agressão e acidentes (causas externas). Desta forma, geralmente, quanto piores as condições de vida da população, maiores estes coeficientes de mortalidade. Deve-se destacar, entretanto, que diversos problemas limitam a utilização dos dados de saúde como indicadores de desenvolvimento social. Muitos municípios, principalmente aqueles com deficiência de infra-estrutura e atendimento médico a toda a população, apresentam erros nos diagnósticos de morte (causas duplas de mortes, simplificação do atestado de óbito entre outros pontos) ou mesmo subnotificação (mortes sem notificação aos órgãos competentes), podendo alterar o perfil de mortalidade da localidade. Além disso, municípios dotados de centros médicos mais equipados acabam recebendo pacientes de outros municípios, alterando os seus coeficientes normais. Observando os dados apresentados na Tabela 08, observa-se que alguns municípios não apresentam registros para algumas causas de morte, fato bastante improvável na prática. Esta é uma indicação de possíveis problemas com a notificação de casos, conforme anteriormente citado. Assim, os dados devem ser observados com cautela. Considerando somente os casos registros observa-se na Tabela 08 que alguns municípios possuem mortalidade elevada por doenças infecciosas ou parasitárias, como é o caso de Nova Bandeirantes (11,10% das mortes em 2002), Carlinda e Matupá (ambos com 8,50% das mortes em 2002). Deve-se destacar que se tratam dos municípios com valores mais elevados também para a mortalidade infantil, reforçando o quadro de problemas sociais e estruturais que estes municípios podem estar

6 Os indicadores de saúde, principalmente aqueles relacionados a mortalidade, geralmente são padronizadas para 1.000, 10.000 ou 100.000 habitantes. Desta forma pode-se comparar a realidade de uma determinada localidade com de outras regiões. Municípios pequenos (por exemplo, , com pouco mais de 5.000 habitantes) podem possuir número absoluto de mortes de crianças pequeno, só que índices elevados (pode-se entender estes índices como sendo “a chance de um determinado indivíduo adoecer e/ ou morrer de determinada causa em uma determinada localidade e período”).

MINISTÉRIO DO 25 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

vivenciando. No caso de Carlinda e Nova Bandeirantes, tratam-se também dos municípios com pior IDH Longevidade e IDH Renda, apresentando ainda os piores rendimento do chefe de família. Os dados elevados destes municípios acabaram elevando a porcentagem média do território, que ficou superior inclusive a regiões como Norte e Nordeste. Cabe também um destaque negativo para Terra Nova do Norte, com 7,5% das mortes causadas pelas doenças infecciosas e parasitárias. Chama a atenção também a elevada mortalidade média por causas externas – agressões e acidentes. Enquanto a média nacional está na faixa de 14%, no território, a porcentagem média ficou em 20% das mortes, valor mais elevado que a média de todas as regiões do Brasil, com exceção da região Norte. Este número elevado pode ter relação com a dificuldade de acesso aos hospitais, gerando concentrações nos grandes centros urbanos do território como Alta Floresta, Guarantã do Norte e Colíder. Conforme destacado por entrevistados nos municípios de Nova Guarita e Apiacás, muitas vezes ocorrem mortes devido a impossibilidade de transporte das pessoas para os municípios maiores (por causa, por exemplo, das precárias condições das estradas). A Tabela 09 apresenta os dados referentes ao coeficiente de mortalidade por causas específicas dentro do território. De forma geral, estes coeficientes revelam a chance de um indivíduo morrer por determinada causa em uma determinada localidade. A análise deste coeficiente demonstra que quatro municípios apresentam maior probabilidade de ocorrência de mortes por agressões: Nova Bandeirantes, Matupá, Peixoto de Azevedo e Paranaíta. O elevado coeficiente de mortalidade por agressões destes municípios acaba influenciando na média do território uma vez que todos os demais apresentam valores entre 14 e 37 mortes por agressões para cada 100.000 habitantes.

MINISTÉRIO DO 26 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Tabela 08. Mortalidade em 2002 de acordo com diferentes causas (% de indivíduos que morreram de determinada causa/ número total de mortes) nos municípios do Portal da Amazônia. Fonte: Ministério da Saúde (DATASUS), 2005. Doenças Doenças do Doenças do Afecções Causas Outras Municípios infecciosas e Tumores Aparelho Aparelho originadas externas causas parasitárias Circulatório Respiratório no perinatal definidas Alta Floresta 5,5 11,1 32,8 7,2 6,0 14,9 44,6 Apiacás - 16,0 24,0 - 16,0 - Carlinda 8,5 11,9 27,1 13,6 5,1 44,0 35,2 Colíder 7,5 17,0 28,6 9,5 1,4 28,9 25,3 Guarantã do Norte 5,9 3,5 29,4 10,6 5,9 3,4 30,2 Marcelândia - 6,3 12,5 16,7 14,6 12,8 12,8 Matupá 8,50 6,4 12,8 6,4 6,4 17,4 26,1 Nova Bandeirantes 11,10 7,4 18,5 - 7,4 - 12,9 Nova Canaã do Norte 6,30 6,3 53,1 - 9,4 17,6 17,6 Nova Guarita 5,60 22,2 33,3 16,7 5,6 17,8 Nova Monte Verde - 11,1 29,6 3,7 11,1 13,5 27,0 Nova Santa Helena - 9,1 27,3 - - 29,8 29,8 Novo Mundo - 8,3 41,7 - 8,3 Paranaíta 4,20 20,8 20,8 8,3 4,2 30,5 Peixoto de Azevedo 5,30 8,8 23,0 5,3 4,4 8,4 21,0 Terra Nova do Norte 7,50 18,9 28,3 7,5 1,9 15,3 22,9 Média do Território 6,90 11,57 27,68 9,59 7,18 19,56 25,45 Média Brasileira 5,32 15,31 31,52 11,17 3,90 14,91 17,87 Média da Região CO 5,83 14,02 30,05 9,45 4,21 18,82 17,64 Média da Região S 4,14 18,73 33,32 11,52 2,62 12,79 16,87 Média da Região SE 4,77 15,58 32,38 11,26 3,01 15,57 17,43 Média da Região NE 6,31 11,70 30,03 9,49 7,12 15,62 19,72 Média da Região N 6,81 12,03 22,83 9,41 8,49 22,06 18,37 1. Para o cálculo da média do território, considerou-se apenas os municípios que apresentaram valores para a causa específica de morte.

MINISTÉRIO DO 27 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Tabela 09. Coeficiente de mortalidade por causas específicas no ano de 2002 (número de mortes/ 100.000 habitantes) nos municípios do território do Portal da Amazônia. Fonte: Ministério da Saúde (DATASUS), 2005. Neoplasia Municípios Aids Neoplasia maligna do Infarto Doenças Acidentes maligna da colo do agudo do cérebro Diabetes de mama1 útero1 miocárdio vasculares millitus transporte Agressões Alta Floresta 4,2 - 4,4 29,7 55,2 14,9 44,6 25,5 Apiacás - - - 15,2 45,7 30,4 Carlinda - - 19,2 35,2 61,5 44 35,2 26,4 Colíder - 7,4 - 28,9 61,4 28,9 25,3 14,5 Guarantã do Norte - - - 16,8 23,5 3,4 30,2 20,1 Marcelândia - - - 12,8 6,4 12,8 12,8 32,0 Matupá 8,7 - - - 8,7 17,4 26,1 60,8 Nova Bandeirantes 12,9 - - 25,8 12,9 - 12,9 103,1 Nova Canaã do Norte - - 19,2 35,2 52,8 17,6 17,6 17,6 Nova Guarita - - - 17,8 35,7 17,8 17,8 Nova Monte Verde - - - 27 27 13,5 27,0 27,0 Nova Santa Helena - - - 59,7 - 29,8 29,8 29,8 Novo Mundo - - - 18,4 - 36,9 Paranaíta - - 22 50,8 40,6 30,5 - 71,1 Peixoto de Azevedo 4,2 - 8,8 54,6 29,4 8,4 21,0 75,5 Terra Nova do norte 7,6 16,2 - 15,3 7,6 15,3 22,9 22,9 Média do Território 7,52 11,80 14,72 29,55 33,46 19,56 25,45 38,21 1. Valor / 100.000 mulheres. 2. Para o cálculo da média, considerou-se somente os municípios que registraram valores para o coeficiente de mortalidade.

MINISTÉRIO DO 28 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Com relação ao coeficiente de mortalidade por acidentes, destacam-se negativamente Alta Floresta e Carlinda. O grande fluxo de pessoas entre estes dois municípios pode explicar o quadro. Além disso, os acidentes de trânsito são comuns no centro urbano de Alta Floresta, gerando inclusive diversos óbitos. A Tabela 10 apresenta informações sobre o perfil da incidência das principais doenças infecciosas da região (número de casos/ 10.000 habitantes). Observa-se três grandes problemas: a malária, com uma incidência de 22,92 casos para cada 10.000 habitantes, a dengue, com incidência de 26,08 casos par 10.000 habitantes e a leishmaniose tegumentar, com incidência de 35 casos para cada 10.000 habitantes. Destas três enfermidades, somente a LTA apresenta valores acima da média do estado.

Tabela 10. Incidência1 de algumas das principais doenças infecciosas nos municípios do território do Portal da Amazônia. Fonte: Ministério da Saúde (DATASUS), 2003. Incidência/ 10.000 habitantes Malária Dengue Hanseníase LTA2 Meningite Hepatite Tuberculose Alta Floresta 30,99 4,25 19,74 23,14 1,27 0,21 4,46 Apiacás 22,99 1,53 19,92 59,77 0,00 0,00 7,66 Carlinda 65,76 0,91 0,91 48,41 0,00 0,00 4,57 Colíder 7,27 18,91 6,91 19,27 0,73 1,45 14,54 Guarantã do Norte 14,74 22,93 9,83 40,62 0,33 2,62 2,95 Marcelândia 22,23 12,35 19,76 56,82 0,00 0,00 0,62 Matupá 3,44 100,70 5,16 34,43 0,86 25,82 2,58 Nova Bandeirantes 27,03 0,00 4,91 45,46 0,00 0,00 1,23 Nova Canaã do Norte 2,65 5,31 3,54 22,99 0,00 0,00 1,77 Nova Guarita 152,22 1,79 5,37 26,86 0,00 1,79 1,79 Nova Monte Verde 1,30 0,00 2,60 45,56 0,00 0,00 0,00 Nova Santa Helena 0,00 17,60 14,67 46,93 0,00 2,93 0,00 Novo Mundo 5,33 0,00 3,55 21,33 0,00 1,78 0,00 Paranaíta 32,11 8,29 4,14 22,79 0,00 1,04 4,14 Peixoto de Azevedo 19,78 131,89 15,39 52,32 0,88 2,20 10,11 Terra Nova do Norte 12,51 13,30 2,35 39,89 0,00 0,78 0,78 Total do território 22,92 26,08 10,79 35,52 0,51 2,23 4,89 Total do Estado 26,67 29,98 29,98 16,82 0,92 1,58 4,57 1. Incidência: Número de casos/ 10.000 habitantes. 2. Leishmaniose Tegumentar Americana.

Com respeito a malária, os municípios de Alta Floresta, Carlinda, Paranaíta e, principalmente, Nova Guarita, apresentaram em 2002 incidência elevada. Com relação a dengue, destacam-se Matupá e Peixoto de Azevedo, que concentraram grande parte

MINISTÉRIO DO 29 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

dos casos em 2002 (mais de 50% dos casos foram nestes dois municípios). A incidência de hanseníase está acima de 15 casos para 10.000 habitantes nos municípios de Alta Floresta, Apiacás, Marcelândia, Marcelândia e Peixoto de Azevedo. No entanto, o grande desafio da região com respeito as doenças infecciosas é a LTA, que possui elevada incidência em praticamente todos os municípios. O perfil da incidência das doenças infecciosas revela que problemas típicos re regiões com problemas estruturais e sociais. O acúmulo de lixo e a falta de saneamento básico estão na origem da elevada incidência de dengue. O contato da população com as florestas e o desmatamento progressivo propicia o maior contato entre a população e vetores responsáveis pela disseminação de algumas doenças (mosquitos, responsáveis pela veiculação de malária, dengue e leishmaniose). Para um aprofundamento da questão, observar os estudos feitos por ALVES e colaboradores (2004), ARJONA e colaboradores (1999) e SERVICE (1991). Com respeito a tuberculose, três municípios se destacam: Apiacás, Colíder e Peixoto de Azevedo. Com respeito a tuberculose é importante identificar o perfil dos doentes uma vez que geralmente a maior vulnerabilidade a esta doença está relacionada a problemas nutricionais, o que pode estar ocorrendo, por exemplo, com as populações indígenas do território. Além disso, é fundamental identificar se os casos são autóctones (adquiridos dentro do território) ou se são provenientes de outras regiões (devido a alto fluxo migratório que o Portal da Amazônia viveu nos anos 90). Outra enfermidade que aparece com destaque em alguns municípios é a hanseníase, também relacionada com problemas sociais e ambientais. Municípios como Peixoto de Azevedo, Alta Floresta, Apiacás e Marcelândia apresentam as incidências mais elevadas. Deve-se destacar que os índices atualmente encontrados no território, principalmente relacionados a malária, são mais baixos do que os valores observados na década de 80 a 90, quando o contato com a mata, devido a abertura das áreas dos municípios e aos garimpos, propiciava uma maior exposição a população e os vetores transmissores destas enfermidades. No entanto, como o desmatamento é constante na região, ainda pode-se observar a existências destas doenças e o agravamento de outras, como a própria leishmaniose. A Tabela 11 apresenta uma síntese das informações sobre as condições de saneamento no território. De acordo com as informações obtidas, apesar da evolução atingida de 1991 a 2000, o Portal da Amazônia ainda não apresenta condições ideais

MINISTÉRIO DO 30 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

de saneamento, com somente cerca de 25% dos domicílios, em média, com abastecimento de água, ainda 16% dos domicílios sem qualquer tipo de instalação sanitária e aproximadamente metade sem coleta de lixo. Chama a atenção a baixa porcentagem de domicílios com abastecimento de água mesmo nos municípios maiores, como Alta Floresta e Guarantã do Norte. Estes dados reforçam e confirmam as informações sobre a incidência de doenças anteriormente citadas. Outro ponto que pode ser observado é que existem municípios que de 1991 a 2000 apresentaram crescimento populacional mas redução na % de domicílios com abastecimento de água, revelando que este crescimento ocorreu de forma desorganizada.

Tabela 11. Indicadores de saneamento básico nos municípios do Portal da Amazônia em 1991 e 2000 (porcentagem de domicílios). Fonte: Ministério da Saúde (DATASUS), 2005.

Abastecimento Sem Instalação Coleta de Municípios de água Sanitária lixo 1991 2000 1991 2000 1991 2000 Alta Floresta 7,9 27,7 27,3 3,7 45,0 72,3 Apiacás - 0,4 17,2 20,4 62,8 55,3 Carlinda - 15,3 - 7,8 - 25,2 Colíder 20,0 52,2 19,3 2,5 36,3 65,0 Guarantã do Norte 19,7 13,3 18,4 9,2 16,0 61,4 Marcelândia - 49,5 10,0 8,2 27,2 54,6 Matupá 19,0 41,0 4,7 14,5 68,0 68,1 Nova Bandeirantes - 24,3 - 28,9 - 26,0 Nova Canaã do Norte - 27,8 34,2 14,5 8,4 40,4 Nova Guarita - 33,5 - 25,6 - 23,2 Nova Monte Verde - 0,2 - 29,4 - 27,5 Nova Santa Helena ------Novo Mundo - 16,5 - 21,4 - 28,4 Paranaíta 30,3 24,3 10,0 25,0 51,9 47,8 Peixoto de Azevedo - 53,0 6,8 17,2 70,2 71,3 Terra Nova do norte 16,3 14,5 24,6 11,0 15,8 36,4 % Média do Território1 18,87 24,90 17,25 15,95 40,16 46,86 1. Para o cálculo da média do território considerou-se apenas os municípios que apresentaram registros para o índice no ano analisado.

Imagem 07. Algumas doenças características de regiões em desenvolvimento são comuns no Portal da Amazônia, como por exemplo, a hanseníase. Na imagem ao lado, cartaz de campanha educativa em Analândia, distrito de Marcelândia.

MINISTÉRIO DO 31 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Imagem 08. Condições não ideais de infra- estrutura, como a falta de coleta de lixo ou saneamento básico, são fatores predisponentes para algumas enfermidades como a dengue. Abaixo, imagem de do município de Nova Bandeirantes.

2.5 Indicadores de educação As informações sobre a educação no território Portal da Amazônia permitem inferir que o índice de escolarização é elevado na maioria dos municípios, mas a média do território ainda está abaixo da escolarização média do estado (79,16% no território contra 86,00% no Estado). Contribuem para este fato municípios como Marcelândia, Nova Bandeirantes, Nova Canaã do Norte e Paranaíta, que possuem menos de 70% das crianças entre 7 e 14 anos matriculadas nas escolas. Considerando a população total, a taxa de analfabetismo ainda está elevada, com média superior ao estado (14,84% contra 12,36%). Esta elevada taxa deve-se em grande parte por alguns municípios que não apresentaram reduções de 1996 a 2000 ou mesmo municípios que, mesmo diminuindo de população, aumentaram o analfabetismo neste período, conforme apresentando no Gráfico 02. Deve-se destacar ainda que o mesmo fato ocorre com os chefes de família: mais de 44% ainda não possuem até 4 anos de estudo, destacando-se principalmente Apiacás, Carlinda, Nova Canaã do Norte e Peixoto de Azevedo, com mais de 50% dos chefes de família com menos de 4 anos de estudo.

MINISTÉRIO DO 32 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Gráfico 02. Evolução da Taxa de Analfabetismo nos municípios do território do Portal da Amazônia de 1996 a 2000. Fonte INEP, 2005.

25

20

15

10

1996 5 2000

0 Colíder Colíder Matupá Matupá Apiacás Carlinda Paranaíta Paranaíta Marcelândia Alta Floresta Novo Mundo Novo Nova Guarita Nova Monte Verde Guarantã do Norte Nova Bandeirantes Terra Nova do Norte Terra Nova Peixoto de Azevedo Peixoto Nova Canaã do Norte

Sobre as informações quanto ao número escolas no meio rural, deve-se apontar que as informações do território podem não representar a realidade. Isto porque o senso realizado pelo Ministério da Educação apresenta somente os dados das escolas “núcleos”, não apresentando as pequenas extensões que se localizam nos distritos ou comunidades mais afastadas. É importante mencionar que os dados referentes ao número de alunos ou professores não possuem alterações pois se referem ao total de professores da rede e não os dados específicos por escolas núcleo ou extensão. As tabelas demonstram que o território possui mais de 12% dos cursos fundamental e médio localizados nas escolas rurais do Estado de MT, sendo

MINISTÉRIO DO 33 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

principalmente cursos municipais. Destaca-se a grande quantidade de escolas com curso fundamental nos municípios de Colíder, Guarantã do Norte, Novo Mundo e Paranaíta. Outro ponto que chama a atenção com referência a educação é a baixa quantidade de cursos direcionados aos jovens e adultos. Somente o município de Carlinda apresentou informações sobre a existência deste tipo de curso. Considerando a grande quantidade de chefes de famílias com menos de 4 anos de estudo, atividades como esta seriam de fundamental importância para o Portal da Amazônia. O Gráfico 03 apresenta a relação entre população rural e número de escolas de nível fundamental localizadas no meio rural. O que se pode observar é que enquanto a média estadual é a existência de uma escola para cada 395 moradores da área rural, dentro do território, esta média vai para 565 moradores para cada escola. É importante destacar que diversos municípios apresentaram relação superior a 1.000 habitantes para cada escola. Esta informação pode sugerir a falta de escolas na área rural dos municípios ou a necessidade dos estudantes percorrerem grandes distâncias até o local de estudo (devido a necessidade de concentrar escolas em áreas mais centrais). As Tabelas 12, 13 e 14 apresentam alguns índices de eficiência da educação no território Portal da Amazônia. Com relação ao número médio de alunos nas escolas, dado exposto na Tabela 12, tanto municipais quanto estaduais, sejam de nível fundamental ou nível médio, observa-se que sempre o território possui valor mais elevado que a média estadual, reforçando a idéia de falta de escolas na região. Os dados referentes a porcentagem de professores com nível superior, expostos na Tabela 13, demonstram que o território possui média muito abaixo das médias do Estado de MT, da região Centro Oeste ou mesmo do Brasil. A situação é particularmente pior nas escolas de nível fundamental, em especial nas escolas municipais de Matupá, Nova Bandeirantes, Nova Monte Verde, Paranaíta e Peixoto de Azevedo.

Gráfico 03. Número médio de alunos matriculados nas escolas rurais de nível fundamental em relação a população rural total dos município do território do Portal da Amazônia em 2002. Fonte: Adaptado de INEP, 2005 e IBGE, 2000.

MINISTÉRIO DO 34 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

4.000,00

3.500,00

3.000,00

2.500,00

2.000,00

1.500,00

1.000,00

500,00

0,00 Colíder Matupá Apiacás Carlinda Paranaíta Marcelândia Alta Floresta Alta Novo Mundo Nova GuaritaNova Nova Monte Verde Guarantã do Norte Nova Bandeirantes PeixotoAzevedo de Nova Santa Helena1 Terra Nova do Norte Nova Terra Nova Canaã doNova Canaã Norte

É interessante observar que, mesmo enfrentando as dificuldades da falta de verba, muitas escolas da região desenvolvem ou já desenvolveram projetos inovadores. Exemplos podem ser encontrados em Alta Floresta, com a já extinta escola rural produtiva, em Guarantã do Norte e em Marcelândia. Especificamente no município de Marcelândia, no assentamento Bom Jaguar, foi visitada uma experiência extremamente interessante: por iniciativa de um professor local, a escola preservou uma área de reserva para aulas práticas de ciências. Nesta área, os alunos desenvolvem atividades de educação ambiental e estão começando a receber estudantes de outras regiões para monitoria e atividades educativas. Deve-se destacar ainda o projeto iniciado pelos STRs de educação do campo, que já contou com dois seminários de apresentação, realizados nos municípios de Paranaíta e Matupá. Infelizmente, apesar de refletirem políticas de toda a região, tais iniciativas refletem na verdade a força de vontade de indivíduos ou grupos isolados.

MINISTÉRIO DO 35 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Imagens 09 e 10. Existem iniciativas inovadoras na área de educação em diversos municípios do Portal da Amazônia. Nas imagens ao lado, projeto Escola Verde da escola Curumin, no PA Bom Jaguar em Marcelândia. Neste projeto, a escola mantém uma área de reserva para aulas práticas, além de uma horta. Deve-se destacar no entanto que esta área ainda não está em nome da escola sofrendo constantes pressões para o seu desmatamento tendo em vista a existência de espécies comerciais de madeira.

Apesar de não apresentarem os dados de todos os municípios nem de todas as escolas do território, as informações relativas aos índices de eficiência das escolas rurais no Portal da Amazônia, expostos na Tabela 14, demonstram que, em média, tanto a taxa de reprovação quanto o índice de abandono estão em patamares muito próximos da média do Estado de Mato Grosso, principalmente com relação às escolas municipais (em maior número e com mais informações disponíveis). Problemas específicos com o abandono existem em Nova Bandeirantes, Marcelândia, Nova Monte Verde, Peixoto de Azevedo e Novo Mundo (valores acima de 15% para a taxa de abandono).

Tabela 12. Número médio de alunos nas escolas rurais dos municípios do território do Portal da Amazônia no ano de 2003. Fonte: INEP (EDUDATABRASIL), 2005. Municípios Curso Fundamental Curso Médio Municipal Estadual Federal Municipal Estadual Federal

MINISTÉRIO DO 36 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Alta Floresta 22,9 - - - 35,4 - Apiacás 18,8 - - - - - Carlinda 24,2 27,6 - - 27 - Colíder 19,4 20,6 - - 23,3 - Guarantã do Norte 20,8 - - - 20 - Marcelândia 22,2 - - - - - Matupá 21,1 - - - - - Nova Bandeirantes 20,3 - - - - - Nova Canaã do Norte 19,3 - - - - - Nova Guarita 27,7 - - - - - Nova Monte Verde 19,3 - - - - - Nova Santa Helena ------Novo Mundo 20 - - - - - Paranaíta 26,3 35,8 - - 36,5 - Peixoto de Azevedo 26,9 - - - - - Terra Nova do Norte 20,8 - - 22,8 29 - Média do Território 22,0 28,0 - 22,80 28,53 - Brasil 22,0 21,6 22,6 22,0 21,6 22,6 Região CO 19,1 22,1 19,1 22,1 MT 19,3 20,6 19,3 20,6

Em termos de educação é importante destacar o papel da UNEMAT na região. Com campus atuantes em Alta Floresta e Colíder, além de extensões nos municípios de Guarantã do Norte, Matupá, Peixoto de Azevedo e Terra Nova do Norte, esta universidade participa ativamente dos programas de desenvolvimento que ocorrem na região. Deve-se destacar particularmente a UNEMAT de Colíder, com trabalhos nas áreas de extensão universitária, e de Alta Floresta, com o curso de ciências agroambientais (integração entre os cursos de Engenharia Florestal, Biologia e Agronomia). Muitos filhos de agricultores estão matriculados nestes cursos, podendo representar uma importante mão de obra técnica para a região. Deve-se ressaltar, entretanto, o problema da falta de docentes e de recursos para atividades de pesquisa aplicada e extensão que esta instituição enfrenta.

Tabela 13. Porcentagem de professores das escolas rurais com nível superior nos municípios do território do Portal da Amazônia no ano de 2003. Fonte: INEP (EDUDATABRASIL), 2005. Municípios Curso Fundamental Curso Médio Municipal Estadual Federal Municipal

MINISTÉRIO DO 37 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Alta Floresta 22,6 - - 84,6 Apiacás 0 - - - Carlinda 29,3 - 48,10 64,3 Colíder 25,7 - 52,80 60,9 Guarantã do Norte 14,8 - - 28,6 Marcelândia 0 - - - Matupá 6,1 - - - Nova Bandeirantes 4,5 - - - Nova Canaã do Norte 23,5 - - - Nova Guarita 23,1 - - - Nova Monte Verde 2,7 - - - Nova Santa Helena - - - - Novo Mundo 10,9 - - - Paranaíta 4,9 - 65,50 63,3 Peixoto de Azevedo 4,5 - - - Terra Nova do Norte 28 0 - 30 Média do Território 13,37 0,00 55,47 55,28 Brasil 18 65,7 49 83,3 Região CO 25,8 76,1 44,8 67,6 MT 21,6 80,9 62,9

Imagem 11. A UNEMAT realiza um importante trabalho de extensão na região do Portal, informando e articulando movimentos sociais para acesso as políticas públicas. Na imagem ao lado, campus da UNEMAT em Colíder.

38 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Tabela 14. Índices de eficiência da educação rural nos municípios do território do Portal da Amazônia no ano de 2003. Fonte: INEP (EDUDATABRASIL), 2005. Municípios Taxa de Reprovação Taxa de Abandono Municipal Estadual Municipal Estadual Fundamental Médio Fundamental Médio Fundamental Médio Fundamental Médio Alta Floresta 6,2 - - 2 10,7 - - 16,8 Apiacás 4,2 - - - 20 - - - Carlinda 2,2 - 1,10 2,7 9,1 - 10,30 16 Colíder 13,5 - 4,60 2,4 4,8 - 22,40 15,4 Guarantã do Norte 17,2 - - 8,2 7,8 - - 10,2 Marcelândia 9,5 - - - 18,2 - - - Matupá 7,7 - - - 7,9 - - - Nova Bandeirantes 12,5 - - - 15,4 - - - Nova Canaã do Norte 9 - - - 8,7 - - - Nova Guarita 15,9 - - - 9,6 - - - Nova Monte Verde 8,2 - - - 17,2 - - - Nova Santa Helena ------Novo Mundo 8,7 - - - 18,1 - - - Paranaíta 12,9 - - - 20 - - - Peixoto de Azevedo 15,7 - - - 15,6 - - - Terra Nova do Norte 9,4 3,4 - 4.3 7,1 15,9 - 42,6 Média do Território 10,19 0,23 2,85 3,06 12,68 15,90 16,35 20,20 Brasil 17,3 4,8 11,6 5,7 11,5 15,3 8,6 16,1 Região CO 12,7 2,5 12,70 6,5 10,4 9,3 11,1 18,10 MT 11,5 2,4 6,90 4 13,4 9,3 17,70 24

MINISTÉRIO DO 39 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

2.6 2.7 A economia do Portal da Amazônia7

2.6.1 Comparação entre a produção agropecuária e o setor formal urbano para a economia do Portal da Amazônia Os municípios do território respondem por somente 7,4% da renda total do Estado do Mato Grosso. No entanto, mais de 50% da renda do território é proveniente de apenas 3 municípios: Alta Floresta, Colíder e Guarantã do Norte. Por outro lado, 06 municípios (Apiacás, Carlinda, Nova Bandeirantes, Nova Monte Verde, Nova Guarita e Novo Mundo) respondem por somente 13% da renda total do território. Enquanto Alta Floresta, Colíder e Guarantã possuem renda média de R$110.295.000,00, os demais possuem renda média total de R$ 27.367.000,00 (cerca de quatro vezes menor), Com relação a renda per capita, a média do território está abaixo da média estadual (R$ 268,97 no Portal da Amazônia contra R$ 297,50 no Mato Grosso). Somente Marcelândia apresenta renda per capita maior que o Estado (R$ 330,98). Deve-se destacar, no entanto, a baixa renda de Carlinda, Nova Bandeirantes, Nova Monte Verde, Nova Guarita, Terra Nova do Norte e Peixoto de Azevedo. Estas informações confirmam os dados do IDH renda e da renda média domiciliar, conforme anteriormente apresentado. Do mesmo modo que Alta Floresta, Guarantã do Norte e Colíder respondem por mais de 50% da renda total do território, estes três municípios, sozinhos, respondem por 47% do valor bruto da produção agropecuária do Portal da Amazônia, que corresponde a 4,9% do valor do Estado. Assim, apesar da grande população rural em relação a população total (principalmente considerado que muitos municípios dependem quase que exclusivamente da atividade agropecuária para a geração de renda), observa-se a pequena quantidade de riquezas geradas. Conforme poderá ser analisado posteriormente, a opção por atividades produtivas de baixo valor agregado e a dificuldade de comercialização, aliadas as deficiências técnicas de produção (relacionadas a falta de assistência técnica) são alguns dos motivos para este quadro, que é particularmente mais grave dentro da agricultura familiar. Com relação aos trabalhadores rurais e urbanos, observa-se que o território respondeu em 1996 com 17,0% dos trabalhadores rurais do Mato Grosso,

7 Deve-se destacar que muitas informações expostas neste tópico referem-se ao CENSO Agropecuário de 1996 (IBGE). Assim é importante enfatizar a defasagem temporal que as informações podem conter (estão expostos os pontos apresentados no CENSO que foram conflitantes com as percepções dos atores locais. Estes pontos podem ser alvo de futuras investigações para aprofundamento do conhecimento da realidade local).

MINISTÉRIO DO 40 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

representando cerca de 25% da população do território. A importância dos trabalhadores rurais pode ser comprovada observando as Tabelas 15 e 16, bem como na Figura 04.

Tabela 15. Relação entre a população rural e o número de trabalhadores rurais nos municípios do Portal da Amazônia. Fonte: Adaptado de IBGE, 1996. Relação entre Município População Trabalhadores População Rural e Rural Rurais Trabalhadores Rurais Alta Floresta 23.134 13.378 1,73 Apiacás 2.425 1.339 1,81 Carlinda - - - Colíder 11.681 9.260 1,26 Guarantã do Norte 13.703 5.917 2,32 Marcelândia 4.090 2.162 1,89 Matupá 3.906 1.411 2,77 Nova Bandeirantes 4.572 2.006 2,28 Nova Canaã do Norte 6.409 1.350 4,75 Nova Guarita 3.690 1.990 1,85 Nova Monte Verde 4.169 2.699 1,54 Nova Santa Helena - - - Novo Mundo - - - Paranaíta 2.942 1.757 1,67 Peixoto de Azevedo 4.137 4.904 0,84 Terra Nova do Norte 9.583 7.257 1,32 Território 80.721 2.957,56 1,46 1. Municípios inexistentes em 1996.

A Tabela 15 demonstra que para cada 1,46 habitantes da área rural existe 1 trabalhador nesta área. Esta média é respeitada em praticamente todos os municípios, com exceção de Nova Canaã do Norte, onde parece haver menos trabalhadores rurais (1 para cada 4,75 moradores), e Peixoto de Azevedo, onde parece haver maior número de trabalhadores do que a própria população rural (indicando que muitos habitantes das áreas urbanas devem trabalhar no meio rural). Considerando que em 1996 cerca de 42% da população estava no meio rural, pode-se dizer que de cada 4 moradores do território, existia 1 trabalhador rural em 1996. Em contra partida, a Tabela 16 apresenta a relação entre moradores das áreas urbanas e trabalhadores nas empresas formais8. Em média, eram necessários 6,61 moradores das áreas urbanas para cada emprego formal nas empresas. Esta média era muito superior nos municípios de Apiacás, Nova Canaã do Norte, Nova Guarita e

8 Considerou-se trabalhadores urbanos como sendo os trabalhadores em empresas com CNPJ, sem incluir trabalhadores do poder público.

MINISTÉRIO DO 41 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Peixoto de Azevedo. Considerando que em 1996 cerca de 58% da população estava no meio urbano, seriam necessários 11 habitantes do Portal para cada emprego nas empresas formais, enquanto o setor rural ocuparia 3 pessoas.

Tabela 16. Relação entre a população urbana e o número de trabalhadores nas empresas formais nos municípios do Portal da Amazônia. Fonte: Adaptado de IBGE, 1996. Relação entre População Trabalhadores População urbana e Município Urbana nas empresas Trabalhadores nas formais empresas formais Alta Floresta 35.053 5.083 6,90 Apiacás 4.230 281 15,05 Carlinda - - - Colíder 16.735 2.981 5,61 Guarantã do Norte 13.970 1.914 7,30 Marcelândia 7.588 1.199 6,33 Matupá 7.454 1.618 4,61 Nova Bandeirantes 654 134 4,88 Nova Canaã do Norte 4.295 276 15,56 Nova Guarita 2.281 144 15,84 Nova Monte Verde 1.501 230 6,53 Nova Santa Helena - - - Novo Mundo - - - Paranaíta 5.239 647 8,10 Peixoto de Azevedo 25.100 802 31,30 Terra Nova do Norte 6.168 628 9,82 Território 130.268 19.702 6,61 1. Municípios inexistentes em 1996.

A Figura 04 resume a situação do número de trabalhadores em relação ao total da população urbana e rural. Observa-se assim que, para cada 100 habitantes haveria 29 trabalhadores rurais e somente 9 trabalhadores nas empresas formais privadas. Desta forma, reforça-se a idéia da importância do meio rural como gerador de empregos para grande parte da população. Por outro, demonstra a precariedade dos municípios no tocante a geração de empregos nos centros urbanos.

Figura 04. Relação entre população total e número de trabalhadores rurais e urbanos no território do Portal da Amazônia. Fonte: Adaptado de IBGE, 1996.

Para cada 100 moradores

42 moradores na 58 moradores na área rural área urbana MINISTÉRIO DO 42 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

29 trabalhadores 9 trabalhadores rurais urbanos

Com referência aos valores da receita orçamentária dos municípios, do ICMS arrecadado e das transferências de capitais, expostos na Tabela 17, observa-se, apesar de não estarem disponíveis os dados de todos os municípios do território, que os municípios de Alta Floresta, Colíder e Guarantã do Norte concentram grande parte da receita do território (56,70% da receita total). O mesmo ocorre com a arrecadação de ICMS, onde se destaca também Marcelândia. Já as transferências de capitais aparecem com destaque nos municípios de Colíder, Guarantã do Norte e em Matupá. A baixa arrecadação municipal observada pode ser explicada em parte pela inadimplência dos moradores com referência ao IPTU. A Tabela 18 apresenta a porcentagem de domicílios inadimplentes em 1998 revelando que neste ano muitos municípios possuíam mais de 60% de inadimplência. Destacaram-se negativamente Apiacás (69,9%), Guarantã do Norte (81,0%), Nova Canaã do Norte (83,5%), Novo Mundo (79,5%) e Terra Nova do Norte (73,4%). Deve-se destacar que o território responde por somente 7,49% da receita total do Mato Grosso (considerando os 88 municípios analisados) e somente 4,69% da arrecadação de ICMS, fato provavelmente ligado ao reduzido número de empresas formais na região. Um exemplo típico são as madeireiras localizadas em alguns municípios, como Apiacás, Nova Bandeirantes, Alta Floresta entre outras. Apesar de empregarem grande parte da mão de obra urbana, a maioria das empresas está em situação ilegal. A recente ação do poder público na região culminou com o fechamento de diversas madeireiras em todo o Portal da Amazônia. Tabela 17. Valores da receita orçamentária, arrecadação do ICMS e transferência de capital da União e Governo Estadual para os municípios do Portal da Amazônia em 2000. Fonte: SNIU, 2005.

Receita Transferência ICMS Município Orçamentária de Capital (Reais) (Reais) (Reais) Alta Floresta 21.172.629,69 3.372.496,99 227.300,00 Apiacás - - - Carlinda 5.384.559,22 741.336,79 410.000,00 Colíder 14.053.246,66 1.962.834,46 2.950.347,00

MINISTÉRIO DO 43 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Guarantã do Norte 15.547.338,88 1.680.896,23 2.384.909,27 Marcelândia 9.142.736,53 2.839.008,53 589.513,00 Matupá 7.790.018,21 928.248,26 1.801.500,00 Nova Bandeirantes 3.289.710,97 700.402,78 257.661,49 Nova Canaã do Norte 5.076.231,33 786.284,53 503.200,00 Nova Guarita - - - Nova Monte Verde - - - Nova Santa Helena - - - Novo Mundo - - - Paranaíta - - - Peixoto de Azevedo - - - Terra Nova do Norte 8.102.987,95 863.622,11 599.000,00 Total do território (a)1 89.559.459,44 13.875.130,68 9.723.430,76 Total do Estado (b)2 1.195.621.605,77 296.096.236,40 86.847.611,42 a/b 7,49 4,69 11,20 1. Só foram obtidos dados referentes a 09 municípios junto ao SNIU. 2. Considerou-se 88 municípios no Estado que possuíam informações junto ao SNIU.

O Portal da Amazônia respondeu ainda por mais de 11% das transferências governamentais realizadas em Mato Grosso. Estes dados permitem inferir que o território ainda carece de geração de riquezas para a sua manutenção, principalmente quando são considerados os municípios menores que dependem das transferências de capitais para a sua viabilidade.

2.6.2 Características gerais da atividade agropecuária Os dados referentes a área ocupada no território demonstram que em 1996 uma pequena área era destinada às lavouras, uma área ligeiramente maior voltada às culturas temporárias (de 1 a 5%, dependendo do município, sendo os dois municípios com maior área Terra Nova do Norte e Nova Guarita, com cerca de 4,6% da área), uma grande área destinada as pastagens (representando mais de 50% da área em Colíder e Guarantã do Norte) e uma área também bastante expressiva de florestas e matas (mais de 63% no total). Deve-se atentar que estes dados são de 1996 e o território sofreu um processo bastante grande de desmatamento. Atualmente estima- se que a área de pastagem tenha aumentando (principalmente em município como Novo Mundo e Carlinda onde houve grande crescimento da pecuária) e tenha havido grande diminuição na área de florestas e matas.

Tabela 18. Inadimplência dos impostos predial e territorial1 nos municípios do Portal da Amazônia no ano de 1998. Fonte: SNIU, 2005.

MINISTÉRIO DO 44 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Municípios Inadimplência dos Impostos Predial e Territorial

Alta Floresta (MT) 50,0 Apiacás (MT) 69,9 Carlinda (MT) 54,0 Colíder (MT) 40,0 Guarantã do Norte (MT) 81,0 Marcelândia (MT) 16,2 Matupá (MT) 43,1 Nova Bandeirantes (MT) 55,0 Nova Canaã do Norte (MT) 83,5 Nova Guarita (MT) 64,2 Nova Monte Verde (MT) 13,5 Novo Mundo (MT) 79,5 Paranaíta (MT) 57,8 Peixoto de Azevedo (MT) 62,7 Terra Nova do Norte (MT) 73,4 1. Medido por: (Total de prédios cadastrados – Total de prédios que pagaram IPTU)/ Total de prédios cadastrados * 100).

O Gráfico 04 compara a utilização da terra no território com a média do MT. Observa-se assim que no Portal da Amazônia havia uma maior quantidade de florestas e pastagens e uma quantidade menor de culturas permanentes e temporárias em comparação com o Estado de Mato Grosso. No entanto, assim como o estado, o grande destaque fica para a área destinada para as pastagens. Os dados relativos a área ocupada pelas diferentes atividades confiram a predominância da pecuária na região uma vez que esta atividade é responsável por quase 80% da área do território. Estes dados diferem-se da média do Estado de MT apenas pela menor área destinada às lavouras (cerca de 7,5% no Portal da Amazônia e mais de 15% no Mato Grosso) e a maior área destinada à pecuária (cerca de 84%, considerando a produção mista, no território e 77% no estado). O Gráfico 05 apresenta uma síntese das principais atividades para os municípios do território, de acordo com o CENSO de 1996. Novamente ressalta-se a absoluta predominância da atividade pecuária na região. Dentre as lavouras, destaca-se a área ocupada pelas lavouras temporárias.

Gráfico 04. Comparação do uso da terra no território da Baixada Cuiabana e no Estado de Mato Grosso. Fonte: Adaptado de IBGE, 1996.

MINISTÉRIO DO 45 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

70

60

50 Território do Portal da 40 Amazônia 30 Estado de MT

20

10

0 Plant. Matas Não Em Perm. Temp. Nat. Lavoura Lavoura Utilizada Plant. Descanço Pastagens Matas Nat. Pasntagens

Gráfico 05. Porcentagem de estabelecimentos rurais de alguns municípios do território do Portal da Amazônia em relação ao grupo de atividade econômica (principais atividades desenvolvidas). Fonte: Adaptado de IBGE, 1996.

100

90 Produção 80 Mista 70 60 Pecuária 50 40 30 Lavoura 20 Permanente 10 0 Lavoura

a a e a a Temporária t e na t te der es r rit d e aí est nd lí upá o ndo rli ant N ua u or a o r Hel M an Nor ApiacásC C Mat ei e Ver o a Fl nt vo Par d t o anta o Os dadosAl apresentadosMarcelândia no Gráficonaã doNova 06 G demonsN tram queva as lavouras temporárias Banda M S arantã do Norte va va va a No u o o o r representam um papelG muito maisN importanteN N em termos de geração de riquezas para Nova C PeixotoTer de Azevedo o território do que as lavouras permanentes. O VBP das lavouras temporárias cresceu de 1997 a 2003 no Portal da Amazônia mais de 430% enquanto o crescimento das lavouras permanentes ficou em pouco mais de 40% no mesmo período.

MINISTÉRIO DO 46 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Gráfico 06. Valor bruto da produção das lavouras temporárias e permanentes de 1997 a 2003 no território do Portal da Amazônia. Fonte: IBGE (Pesquisa Agrícola Municipal), 2005.

14000000 12000000 10000000 8000000 6000000 4000000 2000000 0 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Lavoura Permanente (x100) Lavoura Temporária

Imagem 12. As lavouras permanentes, como cacau, guaraná, café entre outras já desempenharam um papel econômico importante na região. No entanto, problemas com referência a comercialização e a baixa produção foram pouco a pouco desestimulando os produtores da região. Atualmente, é difícil encontrar produtores que possuam, por exemplo, cacau, como na imagem ao lado (município de Carlinda).

O Gráfico 07 demonstra que, considerando a participação das diferentes lavouras temporárias na produção total do MT, os principais produtos do território do Portal da Amazônia são a melancia (27,5% da produção do estado), o abacaxi (24,5% da produção do MT) e a mandioca (pouco mais de 20% da produção do estado). Cabe um destaque ainda para a produção de arroz, que respondeu por 8% da produção de Mato Grosso. Destes produtos, os principais em termos de número de produtores e quantidade produzida são a mandioca, o arroz, o milho e o abacaxi. A produção de arroz apresentou nos últimos anos, conforme apresentado no Gráfico 08, expressiva queda na quantidade produzida. Problemas com referência ao preço do produto foram apontados como sendo as principais causas. Além disso, também deve ser destacado o ataque de pagas, como a cigarrinha, que ataca as pastagens e as plantações de arroz. Muitos produtores rurais entrevistados no município de Carlinda apontaram a inviabilidade econômica da pequena produção de arroz devido a estes motivos. Em contra partida, observa-se um crescimento paulatino

MINISTÉRIO DO 47 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

da produção de mandioca, que aparece como uma cultura mais fácil e que requer menos investimentos por parte dos agricultores. No entanto, como será exposto a seguir, é a produção de leite que está recebendo grande parte dos antigos produtores familiares de arroz e outras lavouras. Por fim, o Gráfico 09 apresenta a distribuição dos diferentes produtos das lavouras temporárias nos municípios do Portal da Amazônia em 2003. O primeiro ponto que se destaca é a maior participação de Matupá em relação dos demais municípios do território. Os principais produtos analisados estão, de forma geral, distribuídos em todos os municípios. A produção de abacaxi se destaca em Paranaíta e Peixoto de Azevedo e a produção de mandioca em Matupá.

Gráfico 07. Porcentagem da participação do território do Portal da Amazônia na produção total de Mato Grosso das principais lavouras temporárias em 2003. Fonte: IBGE (Pesquisa Agrícola Municipal), 2005.

2,55

24,5 Abacaxi

27,54 Arroz

Feijão

Mandioca

8,06 Melancia

4,7 Milho 20,93

Gráfico 08. Evolução da produção das principais lavouras temporárias do território Por Portal da Amazônia de 1997 a 2003. Fonte: IBGE (Pesquisa Agrícola Municipal), 2005.

MINISTÉRIO DO 48 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

350000 300000 250000 200000 150000 100000 50000 0 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Abacaxi (Mil frutos) Arroz (em casca) (Tonelada) Mandioca (Tonelada) Milho (em grão) (Tonelada)

Duas lavouras permanentes são as principais no Portal da Amazônia: a banana e o café. Para comprovar este fato, o Gráfico 10 apresenta o VBP de banana e do café comparando com o VBP total das lavouras permanentes (observar como a banana e o café responderam sempre pela maior parte do VBP das lavouras permanentes, sendo que em 2003 este valor chegou a 83% do total). Além disso, o Gráfico 11 apresenta a evolução da produção de banana e café no território de 1997 a 2003. Com respeito ao Café, após um período de euforia (2001 e 2002), observa-se uma expressiva queda de produção. O aumento descontrolado da oferta e a queda no preço são os responsáveis diretos por este quadro. Em muitos municípios tradicionais na produção de café, como Nova Bandeirantes (responsável em 2003 por mais de 44% do café produzido pelo Portal da Amazônia), os produtores rurais substituíram as lavouras por pastagem tendo em vista o baixo preço obtido com o produto. Já a banana é destaque no município de Guarantã do Norte, que respondeu em 2003 por mais de 68% da produção total do território. Neste caso, observa-se o aumento de produção em praticamente todos os municípios de 1997 a 2003.

MINISTÉRIO DO 49 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Gráfico 09. Participação de cada município do território do Portal da Amazônia na produção total do território da produção das principais lavouras temporárias em 2003. Fonte: IBGE (Pesquisa Agrícola Municipal), 2005.

120

100

80 Abacaxi Mandioca Arroz 60 Milho

40

20

0 Colíder Matupá Apiacás Apiacás Carlinda Verde Norte Helena Nova Azevedo Paranaíta Norte Norte Peixoto de Nova Santa Nova Monte Guarantã do Guarantã Marcelândia Marcelândia Alta Floresta Floresta Alta Novo Mundo Nova Guarita Nova Guarita Bandeirantes Bandeirantes Terra Nova do Nova Canaã do

50 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Gráfico 10. Valor Bruto da Produção da Lavoura Permanente Total e Valor Bruto da Produção de banana no território do Baixo Araguaia de 1997 a 2003. Fonte: IBGE (Pesquisa Agrícola Municipal), 2005.

30000

25000

20000

15000 Total Café e Banana 10000

5000

0 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Gráfico 11. Evolução do VBP da banana e do café no território do Portal da Amazônia de 1997 a 2003. Fonte: IBGE (Pesquisa Agrícola Municipal), 2005 (toneladas).

25000

20000

15000

10000

5000

0 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Banana (Tonelada) Café (beneficiado) (Tonelada)

51 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Imagem 13. A produção de café foi um dos pilares econômicos dos municípios do Portal da Amazônia. Atualmente poucos municípios continuam com uma produção elevada, com destaque principal para Nova Bandeirantes. Na imagem abaixo, placa do município de Nova Bandeirantes, indicando ser a “capital do café”.

Por outro lado, a criação de animais de grande porte vem apresentando importância crescente na região. O Gráfico 12 demonstra o incrível crescimento que ocorreu de 1997 a 2003 no número de cabeças bovinas no território Portal da Amazônia, crescimento este muito maior do que o ocorrido no Brasil ou mesmo no Estado de Mato Grosso (cerca de 21% no Brasil, 50% do Mato Grosso e mais de 107% no Portal da Amazônia no período analisado).

Gráfico 12. Efetivo do rebanho bovino no Brasil, Mato Grosso e no território do Portal da Amazônia de 1997 a 2003. Fonte: Pesquisa Pecuária Municipal, IBGE, 2005.

5.000.000

4.000.000

3.000.000

2.000.000

1.000.000

0 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Brasil (x100) Mato Grosso (x10) Portal da Amazônia

52 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Deve-se destacar que a existência de frigoríficos na região (Alta Floresta, Matupá e Nova Canaã do Norte) absorvem parte da produção. Especificamente com referência à agricultura familiar, o principal motivo de crescimento do número de bovinos na região foi o amplo estímulo à pecuária leiteira, principalmente pelos financiamentos obtidos (PROCERA). A existência de laticínios na região (Guarantã do Norte, Terra Nova do Norte, Colíder, Nova Canaã do Norte e Alta Floresta), aliada ainda a possibilidade de venda direto na rua dos produtos, servem de estímulo constante para a produção, apesar de muitas vezes a produção de leite oferecer rentabilidade mais baixa do que muitas lavouras. Outros pontos importantes e que devem ser destacados são a menor mão de obra necessária (fator importante uma vez que muitos jovens abandonaram o campo), além da possibilidade de ganhos mensais. A união de todos estes fatores favoreceu a introdução e crescimento da produção de leite em todo o Portal da Amazônia. Para ilustrar a importância que vem assumindo a produção de leite no território, o Gráfico 13 compara a variação desta produção no Brasil, no MT e no território. Pode- se observar assim que enquanto o Brasil apresentou crescimento de cerca de 19% de 1997 a 2003 na produção de leite, o MT apresentou 29% de crescimento e o Portal da Amazônia mais de 84%.

Gráfico 13. Variação da produção de leite no Brasil, Mato Grosso e Território do Portal da Amazônia de 1997 a 2003. Fonte: Pesquisa Pecuária Municipal, IBGE, 2005.

90,00 84,71 80,00 70,00 60,00 50,00 40,00 29,21 30,00 19,22 20,00 10,00 0,00 Leite

Brasil Mato Grosso Portal da Amazônia

53 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Imagem 14. A criação de gado de corte é uma das principais atividades econômicas da região. No entanto, as grandes propriedades não estão nas mãos da agricultura familiar. Na imagem ao lado, bovinos do município de Apiacás (distante cerca de 180Km de Alta Floresta). A foto está esfumaçada devido as queimadas na região.

Imagem 15. A produção de gado de corte é direcionada a um dos grandes frigoríficos existentes dentro do Portal da Amazônia. Na imagem ao lado, frigorífico localizado em Nova Canaã do Norte.

Imagem 16. A produção de leite é absorvida em um dos laticínios do Portal da Amazônia. Na imagem ao lado, laticínio localizado no município de Nova Canaã do Norte.

Deve-se destacar, no entanto, que o crescimento da pecuária leiteira não se deu pelo aumento de eficiência dos animais de produção. Conforme pode ser observado no Gráfico 14, houve de 1997 a 2003 no Portal da Amazônia um aumento considerável no número de vacas ordenhadas, fortalecendo a hipótese de expansão da área de produção ao invés de especialização desta produção. Este é um dos fatores que justificam a idéia que a produção de leite funcionou na região como elemento de

54 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

pressão às florestas: devido a baixa produtividade por área e por animal, os produtores rurais da região precisaram abrir grandes áreas e adquirir muitos animais para a garantia de uma produção capaz de sustentar sua família. A reversão deste quadro, aumento a produtividade / área (litros/ hectares) é estratégia fundamental para elevar a renda da produção rural, preservar e recuperar o meio ambiente. Estudo realizado pelo Instituto Ouro Verde pelo projeto GESTAR (MMA/FAO) no município de Carlinda comprovou este fato. Algumas causas para baixa eficiência de produção podem ser apontadas, como a não aptidão leiteira dos animais e a deficiência nutricional devido, principalmente, a baixa qualidade das pastagens. Problemas sanitários como a brucelose e tuberculose também são marcantes na região.

Imagens 17 e 18. As deficiências das pastagens é um dos grandes obstáculos a melhoria de vida dos produtores rurais da região, em especial dos agricultores familiares. Além do período de seca, contribui para a queda na produtividade dos pastos o ataque de pragas, como a cigarrinha das pastagens. Nas imagens ao lado, “espuma” que é marca característica do ataque da cigarrinha, e pasto seco.

55 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Gráfico 14. Variação do número de vacas ordenhadas de 1997 a 2003 nos municípios do Portal da Amazônia. Fonte: Pesquisa Pecuária Municipal, IBGE, 2005.

200

184,48 180 178,63

160 153,02

140

128,12

120 120,65

110,11 111,21

100 95,94 89,4

80

69,49 62,58 60 60,08 59,85

46,06 42,12 40

20

2,98 0 Colíder - MT Matupá - MT Apiacás - MT Apiacás Carlinda - MT Paranaíta - MT Paranaíta Marcelândia - MT Alta Floresta - MT Novo Mundo - MT Nova Guarita - MT Nova Guarita Nova Monte Verde - MT Nova Monte Verde Guarantã do Norte - MT Guarantã Nova Santa Helena - MT Helena Nova Santa Nova Bandeirantes - MT Nova Bandeirantes Peixoto de Azevedo - MT Terra Nova do Norte - MT Nova Canaã do Norte - MT

56 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

O Gráfico 15 demonstra que o território também se destaca na produção de mel, que corresponde a cerca de 12% da produção total do Mato Grosso. Cabe destacar ainda que o Portal da Amazônia respondeu em 2003 por 16% do número de bovinos do MT, 23% do número de caprinos do estado, 10% dos ovinos e 11% dos suínos.

Gráfico 15. Participação do território Portal da Amazônia na produção total de produtos de origem animal do estado de Mato Grosso no ano de 2003. Fonte: Pesquisa Pecuária Municipal, IBGE, 2005.

19,2 20

15 12,02

10 7,18

5

0 Leite Mel Ovos de Galinha

Em média existem cerca de 1.400 estabelecimentos rurais/ município dentro do território. No entanto, devido as discrepâncias existentes, é importante estratificar o território em alguns grupos. O primeiro é formado por Alta Floresta, Colíder, Terra Nova do Norte, Peixoto de Azevedo e Nova Canaã, que possuem mais de 1.100 estabelecimentos rurais em média (Alta Floresta, por exemplo, possui quase 4.000 estabelecimentos rurais). Outro grupo é formado pelos municípios menores, com média de 610 estabelecimentos rurais. De forma geral, o território responde por mais de 23% dos estabelecimentos rurais do Estado de MT. Em relação ao número de estabelecimentos, a pecuária responde por quase 50% dos estabelecimentos do Portal da Amazônia. (somado com os estabelecimentos que possuem atividade mista, o valor chega a 64% dos estabelecimentos do território). Os estabelecimentos voltados a lavoura respondem por cerca de 24% do território. A Tabela 19 apresenta informações sobre o número médio de trabalhadores rurais em cada estabelecimento rural do território do Portal da Amazônia. Observa-se que o território possui um número abaixo da média do Mato Grosso, sendo 3,15 trabalhadores rurais em cada estabelecimento. Somente Apiacás e Marcelândia se destacam com médias acima deste valor.

57 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Tabela 19. Relação entre número de trabalhadores e de estabelecimentos no meio rural no território do Portal da Amazônia. Fonte: Adaptado de IBGE, 1996. Número de Número de Trabalhadores/ Estabelecimentos Trabalhadores na estabelecimentos Município Rurais Área Rural na área rural Alta Floresta 3.948 13.378 3,39 Apiacás 252 1.339 5,31 Carlinda Colíder 2.586 9.260 3,58 Guarantã do Norte 2.503 5.917 2,36 Marcelândia 487 2.162 4,44 Matupá 660 1.411 2,14 Nova Bandeirantes 576 2.006 3,48 Nova Canaã do Norte 1.350 4.720 3,50 Nova Guarita 751 1.990 2,65 Nova Monte Verde 837 2.699 3,22 Nova Santa Helena Novo Mundo Paranaíta 707 1.757 2,49 Peixoto de Azevedo 1.883 4904 2,60 Terra Nova do Norte 2.098 7257 3,46 Média do Território 18.638 58.800 3,15 Estado 78.762 326.677 4,15

Com respeito ao pessoal ocupado, cerca de 83% dos trabalhadores correspondem a mão de obra não remunerada e/ou trabalhadores familiares. Este número se mantém acima dos 70% em todos os municípios do território. Além disso, mais de 80% dos trabalhadores são residentes nos estabelecimentos rurais. Mais de 88% dos produtores são proprietários. Neste caso, o único município com situação bastante singular é Peixoto de Azevedo, com somente 30% dos produtores sendo proprietários (neste caso, mais de 68% dos produtores são ocupantes). Cabe destacar que esta informação não leva em considerações as áreas de invasão ou os projetos de assentamentos implementados a partir de 1996. Neste sentido, como muita das questões fundiárias ainda não foram solucionadas no Portal da Amazônia, ainda existem áreas de invasão (por exemplo, uma área em Apiacás onde já vivem cerca de 450 famílias) e assentamentos sem documentação. A resolução destas questões é um passo primordial para o desenvolvimento sustentável da região.

58 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Imagem 19. Ainda existem áreas de invasões em todo o Portal da Amazônia. Na imagem ao lado, área invadida no município de Marcelândia (distrito de Analândia).

Os dados sobre o sexo do pessoal ocupado revelam que a mulher ainda não desempenha um papel reconhecido na produção uma vez que somente 30,74% relataram estarem envolvidas na atividade agropecuária. Este número é ainda menor em Marcelândia (somente 12%). Observa-se ainda que mais de 77% dos estabelecimentos possuem menos de 100 hectares (número maior do que o estado, uma vez que no Mato Grosso cerca de 60% dos estabelecimentos possuem até 100 hectares). Esta média é elevada em praticamente todos os municípios, sendo que somente Apiacás possui menos de 60% dos estabelecimentos menores de 100 hectares. No entanto, estes estabelecimentos ocupam somente 9,61% da área do território. Assim, cerca de 94% da área está voltada para propriedades com mais de 100 hectares. Chama a atenção os estabelecimentos com mais de 1.000 hectares, que representam somente 3% do total de estabelecimentos mas ocupam mais de 77% da área do Portal da Amazônia. A Tabela 20 apresenta algumas informações que podem dar a dimensão da concentração de terras no território do Portal da Amazônia. Foi colocado o ponto de corte como 100 hectares tendo em vista a área média do estabelecimento familiar no território (cerca de 61 hectares), apesar de haver municípios com área média da agricultura familiar ligeiramente maior.

Tabela 20. Número de estabelecimentos e área ocupada nos municípios do território do Portal da Amazônia. Fonte: Adaptado de IBGE, 1996.

59 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Até 100 hectares Mais de 100 % do Número total % da % do Número total % da de Área de Área Municípios Estabelecimentos Total Estabelecimentos Total Alta Floresta 81,69 18,31 10,63 89,37 Apiacás 59,92 40,08 5,18 94,82 Carlinda Colíder 81,71 18,29 20,89 79,11 Guarantã do Norte 69,80 30,20 15,40 84,60 Marcelândia 67,97 32,03 3,99 96,01 Matupá 66,67 33,33 2,33 97,67 Nova Bandeirantes 81,60 18,40 3,80 96,20 Nova Canaã do Norte 77,85 22,15 11,33 88,67 Nova Guarita 70,71 29,29 22,36 77,64 Nova Monte Verde 80,41 19,59 4,77 95,23 Nova Santa Helena Novo Mundo Paranaíta 61,67 38,33 4,13 95,87 Peixoto de Azevedo 91,24 8,76 9,44 90,56 Terra Nova do Norte 77,26 22,74 26,74 73,26

Os dados da Tabela 20 permitem observar que é grande a concentração de terras dentro do Portal da Amazônia. Municípios como Apiacás, Marcelândia, Matupá, Nova Bandeirantes, Nova Monte Verde e Paranaíta, apesar de possuírem grande quantidade de estabelecimentos com até 100 hectares, possuem mais de 95% da área destinada a propriedades com mais de 100 hectares. Chama a atenção ainda que, se de um lado as propriedades até 100 hectares ocupam a menor área dentro do território (mas são em número muito maior), também são responsáveis por empregar mais de 72% das pessoas nos estabelecimentos rurais. Esta média se repete em praticamente todos os municípios do Portal da Amazônia, com exceção de Marcelândia, onde as propriedades com até 100 hectares empregam 48% dos trabalhadores. No entanto, os estabelecimentos com até 100 hectares produzem menos da metade do VABP do território. Cerca de 61,7% do VABP do Portal da Amazônia é proveniente das propriedades acima de 100 hectares. Somente as propriedades com mais de 1.000 hectares respondem por mais de 35% do VABP dentro do território. A análise dos produtos que mais geram VBP para o território confirma as análises até o momento apresentadas, ou seja, a participação da criação de animais de grande porte como principal atividade econômica sendo que o único município em que esta atividade não representava mais de 50% do VABP em 1996 era Matupá. Estes dados estão expostos na Tabela 21.

60 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Tabela 21. Principais atividades desenvolvidas nos municípios do Território do Portal da Amazônia em relação ao Valor Bruto da Produção. Fonte: Adaptado do IBGE, 1996*. Municípios Atividade que gera mais de 50% do VBP Alta Floresta Produção de animais de grande porte (62,53%) Apiacás Produção de animais de grande porte (68,90%) Carlinda Produção de animais de grande porte (80,01%) Colíder Produção de animais de grande porte (55,2%%) Guarantã do Norte Produção de animais de grande porte (69,46%) Silvicultura e exploração florestal (47, 39%) e Produção de Marcelândia animais de grande porte ( 38,05%) Matupá Produção de animais de grande porte (67,08%) Nova Bandeirantes Produção de animais de grande porte (76,99%) Nova Canaã do Norte Produção de animais de grande porte (52,12%) Nova Guarita Produção de animais de grande porte (65,16%) Nova Monte Verde Produção de animais de grande porte (50,88%) Nova Santa Helena Produção de animais de grande porte (53,93%) Novo Mundo Produção de animais de grande porte (56,43%) Paranaíta Produção de animais de grande porte (62,53%) Peixoto de Azevedo Produção de animais de grande porte (68,90%) Terra Nova do Norte Produção de animais de grande porte (80,01%) * atividades responsáveis por mais de 50% do total do VBP nos municípios.

Imagem 20. A criação de gado de leite e gado de corte é a marca do Portal da Amazônia. Na imagem abaixo, placa do município de Nova Canaã do Norte, definida como a “capital do gado e do leite”.

Os dados até aqui apresentados permitem concluir que: existe uma grande quantidade de propriedades rurais em relação a população rural do território. Estes estabelecimentos ocupam grande parte da mão de obra mas geram uma quantidade muito pequena de riquezas, justificando a concentração de renda anteriormente citada.

61 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Desta forma, o valor bruto anual para cada trabalhador é muito pequeno, ficando na ordem de R$ 1.652,00/ ano/ trabalhador.

2.6.2 Outros setores da economia do Portal da Amazônia

Para a análise dos outros setores da economia, incluindo o comércio e o setor financeiro, foram coletadas informações junto ao Serviço Nacional de Indicadores Urbanos (SNIU), com dados do ano de 2000. Com relação as informações bancárias, apesar de conter dados somente de 66 municípios, o SNIU demonstra que o Portal da Amazônia respondia, em 2000, por somente cerca de 6% das agências do Estado de Mato Grosso, sendo que, de acordo com os dados, somente sete municípios possuíam agências bancárias neste ano. Esta informação é importante pois revela a dificuldade em obter financiamentos ou outros serviços bancárias uma vez que as pessoas precisam viajar até as agências localizadas nos maiores municípios. O Portal da Amazônia respondeu ainda por somente 3,50% das aplicações realizadas em 2000, quase 6,00% dos valores depositados à vista pelo governo federal ou pelo setor privado, 4,50% do volume depositado em caderneta de poupança, 1,58% dos depósitos à prazo e somente 2,57% dos recebimentos por obrigações do estado de MT. Observa-se assim que, apesar dos valores estaduais estarem fortemente influenciados por Cuiabá, ainda é pequena a participação do Portal nas finanças bancárias estaduais. Com respeito ao acesso as informações, observa-se que o Portal da Amazônia dispunha em 2000 de 05 emissoras de TV e 04 provedores de Internet. Já com respeito as rádios, o Portal possuía somente 05 emissoras AM e 05 para FM. Deve-se ressaltar que está espalhado pela região um número grande de rádios comunitárias, principalmente em Projetos de Assentamentos. Estas rádios desempenham um papel fundamental para a informação e mobilização dos moradores rurais muitas, entretanto, ainda necessitando re regularização. Com relação a leitura, nem todos os municípios do Portal possuíam bibliotecas públicas em 2000. Além disso, somente 01 município (Novo Mundo), não possuía neste ano jornais diários ou semanais.

62 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Tabela 22. Número de agências bancárias e volume de depósito nos municípios do Portal da Amazônia no ano de 2000. Fonte: SNIU, 2005. Recebimentos Depósitos à Depósitos à por Cadernetas Depósitos a Aplicações vista do vista do setor obrigações Município Agências de poupança prazo (R$1000) governo privado (INSS, IR, (R$1000) (R$1000) (R$1000) (R$1000) IPVA, etc) (R$1000) Alta Floresta 5 38.694,54 1.676,33 8.889,09 11.649,01 1.513,50 19,96 Colíder 3 38.058,21 1.780,27 9.029,89 6.269,49 1.293,18 34,55 Guarantã do Norte 2 31.327,65 891,12 9.095,79 3.521,87 1.522,01 7,72 Marcelândia 1 1.773,83 149,22 2.078,19 1.627,25 378,90 0,27 Matupá 1 1.324,97 28,94 1.124,47 895,25 0,00 0,00 Paranaíta 1 2.770,43 7,43 494,84 790,74 237,63 0,31 Peixoto de Azevedo 1 1.011,75 4,56 1.313,07 2.303,87 471,02 0,48 Total do Território 14 114.961,38 4.537,87 32.025,34 27.057,48 5.416,24 63,29 Total do Estado (66 municípios) 208 3.281.583,98 77.143,87 535.604,10 601.025,37 342.055,97 2.462,15 % do Território 6,73 3,50 5,88 5,98 4,50 1,58 2,57

63 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Tabela 23. Bens e serviços urbanos disponíveis nos municípios do Portal da Amazônia no ano de 2000. Fonte: SNIU, 2005.

TV a Estações de Estações de Bibliotecas Jornais Jornais Município TV Internet cabo rádio AM rádio FM pública diários semanais Alta Floresta 1 0 1 2 2 1 4 2 Apiacás 0 0 0 0 0 1 1 2 Carlinda 0 0 0 0 0 0 1 1 Colíder 1 0 1 1 0 1 2 0 Guarantã do Norte 0 0 0 1 0 1 1 1 Marcelândia 0 0 0 0 2 0 2 1 Matupá 1 0 0 1 1 1 1 0 Nova Bandeirantes 0 0 0 0 0 1 1 5 Nova Canaã do Norte 0 0 0 0 0 0 2 3 Nova Guarita 0 0 1 0 0 0 1 0 Nova Monte Verde 0 0 0 0 0 0 2 1 Novo Mundo 0 0 0 0 0 0 0 0 Paranaíta 0 0 0 0 0 1 1 1 Peixoto de Azevedo 1 0 0 0 0 1 2 0 Terra Nova do Norte 1 0 1 0 0 1 1 4 Total do território 5 0 4 5 5 9 22 21 Total do Estado 31 5 24 40 59 119 192 113 % do território 16,13 0,00 16,67 12,50 8,47 7,56 11,46 18,58

64 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Imagens 21 e 22. Em muitos municípios do Portal existem rádios comunitárias que prestam um importante serviço de informação para a população local. Projetos como o PROTEGER, coordenado pelo Grupo de Trabalho Amazônico fomentam a criação e estruturação destas rádios. Ao lado, imagem externa e interna da rádio dos índios Terena no município de Peixoto de Azevedo.

Com respeito as estruturas de lazer do território, a Tabela 24 apresenta dados sobre o número de ginásios, teatros, cinemas e museus. Observa-se que faltam estruturas de lazer em praticamente todos os municípios da região. Chama a atenção, no entanto, que o território, em especial o município de Alta Floresta, é um pólo cultural importante do Estado do MT, principalmente com referência ao teatro. Atualmente, alguns projetos desenvolvidos por ONGs da região procuram utilizar o potencial existente (grupos de teatro espalhados por todos os municípios) dentro de programas de desenvolvimento rural.

Tabela 24. Bens e serviços de lazer disponíveis nos municípios do Portal da Amazônia no ano de 2000. Fonte: SNIU, 2005.

65 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Ginásio poliesportivo ou Município Cinema Teatros Museus estádio Alta Floresta 1 0 1 0 Apiacás 0 0 0 0 Carlinda 1 0 0 0 Colíder 1 0 0 0 Guarantã do Norte 1 0 0 0 Marcelândia 1 0 0 0 Matupá 0 0 0 0 Nova Bandeirantes 1 0 0 0 Nova Canaã do Norte 1 0 0 0 Nova Guarita 0 0 0 0 Nova Monte Verde 0 0 0 0 Novo Mundo 0 0 0 0 Paranaíta 1 0 0 0 Peixoto de Azevedo 1 0 0 0 Terra Nova do Norte 1 0 0 0 Total do território 10 0 1 0 Total do Estado 86 12 17 14 % do território 11,63 0,00 5,88 0,00

2.8 A agricultura familiar dentro do território do Portal da Amazônia O Portal da Amazônia é um território onde há forte predomínio da agricultura familiar em termos de número de estabelecimentos: mais de 84% das propriedades são familiares. Está média pode ser observada em praticamente todos os municípios, sendo a menor em Peixoto de Azevedo, com 66% dos estabelecimentos familiares. No entanto, observa-se que apesar desta importância em termos de número de estabelecimentos (e trabalhadores envolvidos), a agricultura familiar ocupa uma área extremamente reduzida dentro do território (menos de 20% da área total do território), gerando metade do VBP total de toda a região. A magnitude da agricultura familiar dentro do território pode ser observado pelos dados do Gráfico 16.

Gráfico 16. Número de estabelecimentos familiares e outros tipos de estabelecimentos no território do Portal da Amazônia. Fonte: Adaptado de IBGE, 2000.

66 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

3.000 No. Estabelecimentos Total 2.500 No. Estabelecimentos Familiares 2.000

1.500

1.000

500

0 Colíder Matupá Apiacás Carlinda Paranaíta Marcelândia Novo Mundo Alta Floresta Alta Nova Guarita Guarantã do Norte Nova Monte Verde Nova Bandeirantes Nova Santa Helena Peixoto de Azevedo Terra Nova do Norte Nova do Norte Canaã Apesar deste quadro, diversos municípios possuem mais de 50% do VBAP oriundo da agricultura familiar, como Apiacás, Carlinda, Colíder, Guarantã do Norte, Nova Guarita, Novo Mundo e Terra Nova do Norte. Considerando a baixa renda obtida com esta atividade, pode-se saber a explicação para o baixo IDH renda observado de maneira geral na região. Deve-se destacar assim a baixa produtividade no território, tanto em termos de produção/ área quanto por produção/ trabalhador. A área média dos estabelecimentos familiares no território é cerca de 63 hectares, sendo maior apenas no município de Apiacás (mais de 100 hectares). Considerando o número de trabalhadores/ estabelecimento e o VBP gerado, observa-se uma renda/ trabalhador/ ano extremamente reduzida (média de R$ 973,61/ trabalhador/ ano). Esta média pode ser observada em praticamente todos os municípios, com exceção de Marcelândia, onde a renda é superior a R$ 2.000,00/ ano/ trabalhador e em Carlinda e Peixoto de Azevedo, onde é menor que R$ 700,00/ trabalhador/ ano. Esta baixa renda média é influenciada diretamente por diversos projetos de assentamentos, como, por exemplo, os localizados em Nova Bandeirantes, Apiacás, Marcelândia, Novo Mundo entre outros, que possuem apenas produção para autoconsumo. Nestes locais, a falta de infra-estrutura aliada a falta de documentos e recursos financeiros impossibilita qualquer tipo de produção. A renda nestes locais geralmente é complementada pela prestação de serviços em grandes fazendas ou empresas madeireiras (este complemento não aparece no cálculo exposto acima).

67 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

A baixa rentabilidade da agricultura familiar explica em parte o porquê de 74% dos estabelecimentos familiares serem considerados “quase sem renda” ou “renda baixa”. Somente 3,9% dos estabelecimentos familiares no território foram considerados “Renda Alta”. Os dados apresentados nos Gráficos 17 e 18 confirmam as análises até o momento apresentadas. De acordo com o Gráfico 17, grande parte dos estabelecimentos familiares se dedica a criação de animais, destacando-se galinhas, gado de corte, suínos e gado de leite. Do lado da lavoura, destacam-se as plantações de arroz. No entanto, quando é analisado o VBP gerado por estas atividades observa- se que duas atividades sobressaem-se as demais: a criação de gado de corte e de gado de leite. As plantações de arroz não aparecem na lista das 10 atividades que mais geraram riquezas para os produtores do território. Deve-se destacar que estas atividades geraram um valor/ propriedade/ ano muito baixo (cerca de R$ 3.000,00/ ano/ estabelecimento), conforme apresentado na Tabela 24, o que explica a baixa renda demonstrada anteriormente e a grande quantidade de produtores considerados “quase sem renda” ou “renda baixa”.

Gráfico 17. Número de estabelecimentos familiares de acordo com os produtos. Fonte: FAO/ INCRA, 1996.

.

1527 3137 1730 11103 1732 2477

5305 7724

6603

7299 6918 Galinhas Arroz Milho Pec. corte Pec. leite Suínos Feijão Café Extr. veg. Mandioca Outras

Gráfico 18. VABP dos principais produtos da agricultura familiar. Fonte: FAO/ INCRA, 1996.

68 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

1.101.735,40 1.023.106,00 Pec. corte Pec. leite 1.235.140,86 Arroz 1.567.454,00 Galinhas 2.457.187,75 11.706.450,00 Milho

Café 2.828.610,13 Suínos Mandioca Algodão 3.989.225,00 Extr. veg.

8.187.262,00 5.534.702,92

Já a Tabela 25 apresenta os produtos que mais renda geraram aos agricultores familiares em 1996. Observa-se que não existem produtos que geraram grandes valores. As primeiras colocações são ocupadas por produtos sem expressão dentro do território. As atividades mais importantes em termos de número de estabelecimentos e VBP, pecuária de leite, pecuária de corte e arroz, somente geraram renda anual de na ordem de R$ 2.500,00 a R$ 3.200,00.

Imagem 23. A produção de leite é uma das atividades mais importantes do ponto de vista econômico dos produtores da região. No entanto, esta produção está baseada na baixa produtividade devido, entre outras causas, a baixa qualidade genética do gado. Ao lado, imagem de um animal típico da região.

Tabela 25. Renda anual gerada/ produtor de acordo com os produtos (renda total/ número de produtores). Fonte: Adaptado de FAO/ INCRA, 1996. Posição 3. Produção Renda Anual/ Propriedade (R$)

69 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

1 Melancia 5.991,64 2 Outras culturas permanentes 5.658,37 3 Hortaliças 3.972,84 4 Pecuária de leite 3.211,57 5 Banana 3.184,62 6 Pecuária de corte 3.076,13 7 Café 3.027,97 8 Suínos 3.020,85 9 Mandioca 2.855,96 10 Feijão 2.781,31 11 Extração Vegetal 2.742,08 12 Galinhas 2.564,20 13 Algodão 2.505,12 14 Milho 2.485,34 15 Arroz 2.421,98 16 Mamão 2.111,80

3.1 Grupos específicos no Portal da Amazônia Dentre os grupos de maior interesse dentro do Portal da Amazônia está a população indígena. Considerando todas as etnias que possuem área demarcada dentro do território, independentemente da localização da comunidade, observa-se que o Portal possui mais de 17% da população indígena do Estado de Mato Grosso. Destacam-se duas áreas principais onde está localizada esta população: o município de Apiacás e a área próxima ao Parque Nacional do Xingu (região dos municípios de Peixoto de Azevedo, Matupá, Guarantã do Norte e Marcelândia). Mesmo que as comunidades indígenas não estejam localizadas dentro destes municípios (como no caso de Apiacás, de acordo com o secretário de agricultura), os índios acabam utilizando esta área ou mesmo os centros urbanos para sua vida cotidiana.

MINISTÉRIO DO 70 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Tabela 26. População indígena dentro do território do Portal da Amazônia. Fonte: Anuário Estatístico do Estado de MT, 2003. Municípios Municípios em Nome da Área Área Etnia População Situação conjunto Matupá/ Peixoto Santa Cruz do Capoto/Jarina 634915 Kaiapó 556 Homologada e de Azevedo Xingu Regularizada Apiacás Kayabi 1408000 Kayabi Identificada e delimitada Matupá/ Peixoto São Félix do Menkrangnoti 4.914.255 Menkrangnoti 498 Homologada de Azevedo Xingu (PA) e Altamira (PA) Guarantã do Norte/ Panará 494.017 Panará 164 Homologada Matupá Marcelândia Paranitinga, Parque Nacional do 2.642.003 Aweti, Jurúna, Kaiapó, Mentuktire, 3.110 Homologada e Canarana, Xingu Kalapálo, Kamayurá, Kayabi, Kuikuru, Regularizada Querência, Vera Matipú, Nahukwá, Mehináku, Suyá, e São Félix do Tapayuná, Trumái, Txikão, Waurá, Araguaia Yawalapití Matupá/ Peixoto Terena 52.226 Terena 280 Delimitada de Azevedo População total indígena do Portal da Amazônia 4.608 % em relação a população total do Estado 17,12

MINISTÉRIO DO 71 DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Apesar de constituírem um grupo expressivo dentro do Portal da Amazônia, a população indígena não participa das instâncias de deliberação e decisão das políticas públicas, como por exemplo, o CEAAF. De acordo com representantes indígenas entrevistados, a própria FUNAI, com escritório em Colíder, não consegue prestar assistência adequada a todas as etnias da região. A criação de um espaço de participação desta população pode ser um passo importante para garantir o acesso as políticas de desenvolvimento, apesar das barreiras culturais e operacionais que possam surgir, como, por exemplo, a diversidade de etnias e a precariedade de comunicação e transporte. Um caso específico da difícil situação dos indígenas da região é o caso dos Terenas de Peixoto de Azevedo. Provenientes do Mato Grosso do Sul, esta etnia consegui após 5 anos de lutas e acampamentos na BR 163 (Rondonópolis), a etnia conseguiu a demarcação de uma área próxima ao Parque Nacional do Xingu. No entanto, a existência de grileiros na região e os conflitos fundiários fizeram com que a mudança para a nova área ainda não tenha sido possível. Atualmente os índios estão em um centro de apoio dentro do PA União do Norte, em Peixoto e Azevedo, formando uma pequena vila sem espaço para plantações ou outras atividades produtivas.

Imagens 24 e 25. A etnia dos Terenas ainda não conseguiu mudar para a área demarcada. Problemas fundiários e a dificuldade de acesso são alguns dos pontos mencionados como causa para este fato. Abaixo, imagens da vila dos Terenas do PA União do Norte em Peixoto de Azevedo (visão geral da vila e visão do barracão para missas).

MINISTÉRIO DO 72 DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

3.2 Infra-estrutura de transporte e logística O Portal da Amazônia localiza-se na chamada “área de influência” da BR 163. Alguns municípios localizam-se exatamente a beira desta rodovia (Guarantã do Norte, Matupá, Peixoto de Azevedo, Terra Nova do Norte e Nova Santa Helena), enquanto os demais se localizam em um raio de 250Km, tanto para a direita (Marcelândia), quanto para a esquerda (todos os demais). A BR 163 representa uma importante rota de escoamento da produção. Seu trecho que passa pelo Portal está quase completamente asfaltado, restando em terra somente cerca de 30Km, entre Terra Nova do Norte e Peixoto de Azevedo. De acordo com o governo estadual, o asfaltamento deste trecho deverá começar em breve. O plano de asfaltamento do trecho paraense (entre a divisa com Guarantã do Norte até o município de Santarém) deverá influenciar diretamente no desenvolvimento da região tendo em vista a facilidade ainda maior de escoamento da produção para o porto de Santarém. Deve-se ressaltar que os principais produtos de exportação do Portal, como a carne e a madeira, são escoados pelo porto de Paranaguá, no Paraná. Atualmente o alto custo do frete encarece os produtos e dificulta a comercialização, seja dos produtos industrializados ou os produtos da agricultura familiar. No entanto, a valorização das terras poderá agravar os impactos ambientais e os conflitos fundiários na região, tendo em vista que grande parte dos moradores, inclusive a beira da rodovia, não possuem títulos de terra. Atualmente, somente a divulgação da intenção de asfaltamento do trecho paraense da rodovia já fez com houvesse grande pressão sobre os agricultores familiares a beira da rodovia, sendo que alguns conflitos já ocorreram na região. Apesar deste grande potencial, o estado precário da rodovia, mesmo no seu trecho asfaltado até Cuiabá, compromete e encarece toda a produção da região. A melhoria das condições da estrada é passo fundamental para tornar os produtos da região mais competitivos no mercado nacional e internacional. Por outro lado, as estradas internas do território passam grande parte do ano comprometidas. Ainda sem asfalto, algumas estradas ficam intransitáveis no período de chuvas, como é o caso da ligação Apiacás – Alta Floresta e Nova Bandeirantes – Alta Floresta. A precariedade de pontes também contribui para o aumento do número de acidentes na região e encarece o frete devido a necessidade de travessia por balsas espalhadas ao longo dos rios que cortam o território.

MINISTÉRIO DO 73 DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Figura 05. Malha rodoviária do Estado de Mato Grosso, em especial na região do Baixo Araguaia. Fonte: Ministérios dos Transportes, 2005.

BR 163

Imagens 26 e 27. O trecho da BR 163 que liga o Portal da Amazônia com Cuiabá é uma importante rota de escoamento da produção, tanto por fazer chegar os produtos até Cuiabá, principal centro consumidor do Mato Grosso, quanto por estar na rota dos portos para exportação dos produtos. No entanto, a precariedade da estrada eleva os custos. Abaixo, buracos na BR 163 e a destruição de parte da rodovia, que interrompeu o tráfego na região de (médio norte do MT) em março de 2004.

Fonte: www.aeagro.com.br Fonte: www.aeagro.com.br

MINISTÉRIO DO 74 DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Imagens 28 e 29. A transposição de alguns rios da região ainda é feita por balsas. Além de encarecer a viagem, as balsas param de funcionar na época das cheias, por não conseguirem atracar nas margens dos rios. Ao lado, balsa do Rio Teles Pires (município de Novo Mundo) e balsa do Rio Apiacás (no município de Apiacás).

3.3 Aspectos básicos sobre o capital social no território do Portal da Amazônia. O capital social do território pode ser analisado desde a perspectiva de dois pontos fundamentais: a existência de espaços efetivos de participação (associações, sindicatos, cooperativas entre outros) e a qualidade da participação. Durante a formação dos municípios, foi estimulada a criação de associações por praticamente todos os municípios do território. No entanto, após a crise da lavoura vivenciada, muitas associações pararam de ter ações efetivas. Um caso típico, por exemplo, é o município de Carlinda. Sua área rural está estruturada em diversas associações, formadas basicamente para secar e comercializar arroz. Com a crise desta lavoura, estas associações perderam força. Um ponto que deve ser destacado é que o Portal da Amazônia possui alguns bons exemplos de cooperativismo. É o caso da Cooperativa de Terra Nova do Norte (COOPERNOVA) e da Cooperativa dos Produtores Agroecológicos do Portal da Amazônia (COOPERAGREPA). A COOPERNOVA possui uma história de sucesso na região e se tornou referência na área de organização para todos os municípios do território. Possui atualmente mais de 1.800 cooperados. Além das estruturas de produção (laticínio, fábrica de sal mineral), a cooperativa também realiza importante trabalho de engorda de bezerros através de soro de leite e está começando a trabalhar na diversificação da produção e implantação de sistemas silvipastoris. Atualmente a COOPERNOVA está auxiliando na estruturação de outras cooperativas no território, como em Paranaíta ou em Nova Bandeirantes. Atividades de capacitação são importantes para fortalecer esta iniciativa. Além disso, a proposta de estruturação de uma fábrica de leite em pó na região pode representar um importante avanço, possibilitando a integração da cooperativa com praticamente todos os municípios do Portal da Amazônia.

MINISTÉRIO DO 75 DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

A COOPERAGREPA é uma cooperativa recente e que faz parte do programa Vida Rural Sustentável, coordenado pelo SEBRAE. Atua na área de produção orgânica e envolve atualmente cerca de 300 famílias em 10 municípios do Portal da Amazônia, atuando na área de café, açúcar mascavo, rapadura, leite, mel entre outras atividades. Existem outros exemplos de cooperativas na região, como a Cooperativa Ouro Verde, localizada em Alta Floresta e COOPERGAURANTÂ, localizada em Guarantã do Norte, que trabalham principalmente com leite. Observa-se que, de forma geral, o cooperativismo está crescendo em um ritmo acelerado em todo o território, apesar das barreiras culturais que se colocam.

Imagens 30 e 31. A COOPERNOVA é referência em organização e produção em todo o Portal da Amazônia. Atualmente tem planos para a estruturação de uma fábrica de leite em pó, o que poderia unir toda a produção de leite do Portal da Amazônia e facilitar a comercialização e o aumento de renda dos produtores. Abaixo, imagem do laticínio localizado em Terra Nova do Norte e alguns dos produtos fabricados.

Outro ponto interessante e que é caracteriza a região do Portal da Amazônia é o grande número de organizações da sociedade civil, principalmente no município de Alta Floresta. Estas organizações atuam principalmente na área ambiental desenvolvendo trabalhos de proteção, educação e formação de políticas públicas nas áreas de meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Apesar dos conflitos existentes, estas organizações possuem um corpo técnico qualificado, contando com informações e acesso a recursos nacionais e internacionais importantes para o desenvolvimento da região. Deve-se ressaltar ainda que grande parte dos municípios do Portal da Amazônia já possui Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável. No entanto, grande parte destes conselhos ainda é presidida por secretários da agricultura, atuando de forma discreta na formulação de políticas diferenciadas de

MINISTÉRIO DO 76 DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

desenvolvimento. Algumas instituições da região planejam um amplo diagnóstico da situação destes conselhos, levantando indicadores para a capacitação e melhoria das ações de tais órgãos.

MINISTÉRIO DO 77 DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

4. DEMANDAS SOCIAIS.

4.1 Demanda pelo PRONAF De acordo com os dados do INCRA e dos atores locais, somente um município do território não possui projetos de assentamentos: Nova Santa Helena. No total, o Portal da Amazônia possui 62 PAs, o que corresponde a mais de 13% dos projetos do estado. No entanto estes projetos ocupam cerca de 26% da área total destinada a reforma agrária dentro do Mato Grosso, sendo que foram assentadas mais de 17.000 famílias na região (cerca de 23% do total de assentados do estado). A Tabela 27 apresenta a relação nominal de todos os PAs do território Portal da Amazônia, especificando o número de famílias e a área destinada a cada um, de acordo com os dado obtidos junto ao INCRA, complementados pelos atores locais (uma vez que não constava na relação do INCRA o assentamento Bom Jaguar em Marcelândia).

Tabela 27. Número total de famílias assentadas no território do Portal da Amazônia. Fonte: INCRA, 2005. Número de Número Famílias Município de PAs Nome do PA Área assentadas Alta Floresta 2 JACAMINHO 2.480,00 77 NOSSA TERRA NOSSA GENTE 250,00 151 Apiacás 1 IGARAPÉ DO BRUNO 9.843,17 237 Carlinda 1 CARLINDA 89.986,78 1386 Colíder 3 NOVO MÉXICO 9.963,78 156 NOVO MÉXICO 9.963,78 39 VERANEIO 13.794,69 523 Guarantã do Norte 8 COTREL 6.735,00 134 CACHOEIRA DA UNIÃO 13.340,47 219 SÃO CRISTOVÃO 2.876,63 41 ALEGRIA DO SABER 4.486,53 35 AURORA 5.179,63 45 BRAÇO SUL 181.580,00 2530 PEIXOTO AZEVEDO 211.000,00 1233 SÃO JOSE 6.914,37 132 Matupá 3 HORIZONTE II 10.300,00 257 IRIRIZINHO 6.000,00 60 PADOVANI 29.969,00 450 Marcelândia 1 Bom Jaguar 450 Nova Bandeirantes 3 JAPURANÃ 62.013,33 870 VALE DO JAPURANÂ 7.723,95 141

MINISTÉRIO DO 78 DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

LENITA NOMAN 32.303,41 520 Nova Canaã do Norte 8 ANNA PAULA 25.851,00 292 CRUZEIRO DO SUL 2.044,49 50 AVAI 5.397,44 150 MONTE DAS OLIVEIRAS 2.550,00 60 OURO BRANCO 4.420,00 85 TAPAYUNA 2.700,00 36 RONDON 7.500,00 150 UNIÃO FLÔR DA SERRA 850 28 Nova Guarita 6 SANTA IZABEL 643,7129 34 SERRA NEGRA 1.351,00 32 VALE DA ESPERANÇA 3.000,00 50 RENASCER 16.686,86 336 CRISTO REI 1.533,42 34 NOVO HORIZONTE 1.217,50 43 Nova Monte Verde 1 MONTE VERDE 8.098,65 450 Novo Mundo 10 BELA VISTA 8.549,75 130 CASTANHAL 2.124,35 37 BARRA NORTE 4.277,86 100 NOVO MUNDO 4.354,47 78 BALSA DO TELES PIRES 11.868,60 250 ALIANÇA 1.037,12 20 CRISTALINO 3.124,15 62 CRISTALINO - II 2.188,94 30 CRISTALINO - IV 1.232,15 24 GLEBA DIVISA 336.987,62 1.852 Paranaíta 1 SÃO PEDRO 35.000,00 775 Peixoto de Azevedo 10 HIJ 23.355,36 354 CACHIMBO II 49.811,06 824 AQUARIUS 1.219,39 25 TEODOMIRO F DOS SANTOS 21.275,49 200 SÃO FRANCISCO DO JARINÃ 17.250,45 113 BR-080 26.199,36 250 BELMONTE 1.276,70 80 VIDA NOVA 16.293,91 162 ANTONIO SOARES 16.075,48 160 CACHIMBO 51.933,93 457 Terra Nova do Norte 4 ETA 12.823,56 330 ALTO PARAÍSO 1.569,00 45 BEIJA FLOR 932 17 UNIÃO DE TODOS 4.796,98 107 Total do território 62 1.456.106 17.548 Total do Estado de MT 457 5.447.157,93 77.520 % sobre o Estado 13,24 26,73 23,08

Chama a atenção nesta relação o grande número de projetos de assentamentos e famílias assentadas no município de Peixoto de Azevedo e Novo Mundo, além de Nova Canaã do Norte e Guarantã do Norte.

MINISTÉRIO DO 79 DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

A Tabela 28 apresenta a relação de demanda para os recursos do PRONAF considerando a renda dos agricultores familiares do território. Deve-se destacar que não foram obtidos junto ao INCRA informações sobre os recursos do PRONAF A já liberados para a região bem como o número de famílias ainda não contempladas. Observa-se na tabela uma grande demanda pelos recursos do PRONAB B e Grupo C, principalmente em virtude da baixa renda dos agricultores no território.

Tabela 28 Público alvo das políticas de desenvolvimento no território do Portal da Amazônia. Fonte: Adaptado de INCRA e IBGE, 2004.

Público-alvo (nº de produtores) Municípios Créditos do PRONAF Grupo A Grupo B Grupo C Grupos D e E Alta Floresta 465 653 95 Apiacás 81 109 20 Carlinda 944 1.151 51 Colíder 1.113 1.118 93 Guarantã do Norte 659 759 62 Marcelândia 145 235 23 Matupá 282 170 36 Nova Bandeirantes 150 346 25 Nova Canaã do Norte 658 511 26 Nova Guarita 277 386 38 Nova Monte Verde 290 428 33 Nova Santa Helena Novo Mundo 442 288 25 Paranaíta 387 190 27 Peixoto de Azevedo 1.009 231 13 Terra Nova do Norte 692 1.171 60

Total do Território 7.594 7.746 627

4.2 Demanda qualificada do PRONAF A De acordo com dados apresentados pela SEDER, somente 3 municípios apresentaram demanda pelo PRONAF A dentro do Portal da Amazônia: Guarantã do Norte, Peixoto de Azevedo e Novo Mundo (justamente os municípios com maior quantidade de assentamentos e famílias assentadas). Tabela 29. Demanda qualificada por créditos do PRONAF A no território do Portal da Amazônia, em 2005. FONTE: SEDER, 2005. Município Demanda qualificada pelo PRONAF A PAs Famílias R$1,00 Alta Floresta Apiacás Carlinda

MINISTÉRIO DO 80 DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Colíder Guarantã do Norte 3 140 2.100.058,00 Marcelândia Matupá Nova Bandeirantes Nova Canaã do Norte Nova Guarita Nova Monte Verde Nova Santa Helena Novo Mundo 2 68 1.020.000,00 Paranaíta Peixoto de Azevedo 5 832 12.480.000,00 Terra Nova do Norte Total do Território 10 1.040 15.600.058,00

4.3 Outras ações de desenvolvimento rural no território Com referência a outras ações dos programas governamentais de importância, destacam-se os processos de regularização fundiária, localizados somente em PAs do município de Colíder (PA Paraná, Teles Pires, Cafezal e Carapá). Além disso, deve-se destacar os projetos ligados ao Ministério do Meio Ambiente realizados na região, como o GESTAR, que alcança os 16 municípios do território, projetos ligados a população indígena (municípios de Matupá e Marcelândia) entre outros. O programa Vida Rural Sustentável atua através da COOPERAGREPA em 10 municípios do território. Cabe destacar ainda os diversos projetos ligados as organizações não governamentais do território, como PADEQ (alternativas as queimadas, sendo desenvolvido nos municípios de Nova Guarita e Terra Nova do Norte), PRONAF capacitação (a ser iniciado e com abrangência em todos os municípios do Portal da Amazônia), o programa Fogo (prevenção á queimadas), dentre outras ações.

4.4 Recursos do PRONAF em 2004 O Gráfico 19 apresenta a evolução dos recursos do PRONAF de 2000 a 2004. Observa-se pelo gráfico que, apesar da redução no número de contratos observada entre 2000 e 2002, o Portal da Amazônia permaneceu mais ou menos constante em relação aos recursos do PRONAF (em torno de 3.500 contratos). A análise da evolução do número de contratos estabelecidos nos diferentes grupos, apresentada na Tabela 20 poderá esclarecer alguns pontos importantes.

MINISTÉRIO DO 81 DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Conforme dados da Tabela 20, percebe-se que desde 2000 há redução constante na participação do PRONAF A, que respondia por cerca de 80% dos contratos em 2000 e somente 15% em 2004. Por outro lado, observa-se aumento gradual dos outros tipos de financiamento, em uma evolução lógica (saindo do PRONAF C para o PRONAD D e, finalmente, o PRONAF E). Deve-se apontar que a queda nos valores dos contratos observados em 2003 deveu-se pela maior participação neste ano do custeio (PRONAF A/C). Estas informações permitem inferir que a política de crédito do PRONAF pode estar levando a bons resultados devendo, no entanto, ser ampliada para outras regiões e assentamentos (tendo em vista que o número de contratos em relação ao total de famílias assentadas ainda é baixo).

Gráfico 19. Evolução do número e valores dos contratos do PRONAF de 2000 a 2004 nos municípios do território do Portal da Amazônia. Fonte: PRONAF, 2005.

4000 30.000.000,00

3500 25.000.000,00 3000 20.000.000,00 2500

2000 15.000.000,00

1500 10.000.000,00 1000 5.000.000,00 500

0 0,00 2000 2001 2002 2003 2004

Número de contratos Valor dos contratos

82 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Gráfico 20. Distribuição do número de contratos do PRONAF para o Portal da Amazônia de acordo com o grupo de 2000 a 2004 (porcentagem em relação ao número total de contratos em cada ano). Fonte: PRONAF, 2005.

2004 14,86 19,43 30,59 30 5,13

2003 28,58 39,36 10,07 19,28 2,72

2002 88,82 1,1210,06

2001 78,41 9,31 12,28

2000 77,43 3,87 18,7

Grupo A Grupo B Grupo A/C Grupo C Grupo D Grupo E

83 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

É interessante observar ainda que de 2000 a 2004 houve aumento no número de municípios que acessaram o PRONAF. Em 2003 e 2004 todos os municípios do Portal da Amazônia acessaram recursos deste programa.

Gráfico 21. Número de municípios que acessaram o PRONAF de 2000 a 2004 no território do Baixo Araguaia. Fonte: www.pronaf.gov.br.

18 16 16 15 16 14 14 12 12 10 8 6 4 2 0 2000 2001 2002 2003 2004

As Tabelas 30 e 31 apresentam um resumo geral dos recursos do PRONAF em 2004. Observa-se na Tabela 30 que cerca de 27% dos recursos do PRONAF do estado vieram para o Portal da Amazônia, que respondeu por mais de 24% dos contratos em 2004. No entanto, somente três municípios responderam por mais de 53% dos contratos estabelecidos: Guarantã do Norte, Peixoto de Azevedo e Terra Nova do Norte. O maior número de assentamentos em Guarantã e Peixoto de Azevedo, e a presença da COOPERNOVA em Terra Nova do Norte podem explicar o maior número de contratos nestas localidades. A análise dos recursos do PRONAF de acordo com a modalidade revela que os recursos foram para PRONAC C e A/C principalmente, além do PRONAF A.

Tabela 32. Número de contratos e montante do crédito rural do PRONAF no ano fiscal de 2004 no território Baixada Cuiabana. FONTE: www.pronaf.gov.br .

84 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

MUNICÍPIO NO. DE CONTRATOS VALOR (R$) Alta Floresta 2 201.598,72 Apiacás 67 328.488,61 Carlinda 4 28.465,35 Colíder 877 7.259.384,15 Guarantã do Norte 331 1.510.787,42 Marcelândia 16 226.736,45 Matupá 217 1.781.778,36 Nova Bandeirantes 24 218.340,21 Nova Canaã do Norte 220 2.047.514,07 Nova Guarita 181 1.146.471,81 Nova Monte Verde 197 1.796.759,64 Nova Santa Helena 74 512.362,77 Novo Mundo 131 1.119.504,66 Paranaíta 206 1.677.420,05 Peixoto de Azevedo 451 1.959.675,00 Terra Nova do Norte 574 3.757.908,04 Total do Território (A) 3.572 25.573.195,31 Total do Estado (B) 14.774 92.379.927,41 % (A/B) 24,18 27,68

Municípios como Marcelândia e Nova Bandeirantes, com baixo número de contratos em 2004 enfrentam ainda problemas com referência a documentação de terras. Já o município de Carlinda, com apenas 4 contratos, além da falta de títulos, também enfrenta problemas com referência a inadimplência tendo em vista que antigos financiamentos obtidos e ainda não pagos impossibilitam o acesso a novos créditos.

Tabela 31. Número de contratos estabelecidos com o PRONAF em 2004 de acordo com a modalidade. Fonte: www.pronaf.gov.br, 2005. MUNICÍPIO NO. DE GRUPO DO PRONAF CONTRATOS A B A/C C D E

85 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Alta Floresta 1 0 0 0 1 0 0 Apiacás 67 6 0 29 5 27 0 Carlinda 4 0 0 0 1 1 2 Colíder 872 107 0 80 272 330 83 Guarantã do Norte 331 0 0 109 89 127 6 Marcelândia 16 11 0 0 0 4 1 Matupá 217 75 0 32 86 13 11 Nova Bandeirantes 24 10 0 3 0 11 0 Nova Canaã do Norte 220 64 0 0 109 27 20 Nova Guarita 181 0 0 0 106 61 14 Nova Monte Verde 197 88 0 0 46 61 2 Nova Santa Helena 73 0 0 0 27 38 8 Novo Mundo 131 0 0 12 5 105 9 Paranaíta 206 91 0 112 1 1 1 Peixoto de Azevedo 451 78 0 316 51 2 4 Terra Nova do Norte 565 0 0 0 283 260 22 Total do Território (A) 3.556 530 0,00 693,00 1.082 1.068 183 % 100 14,900,00 19,4930,43 30,03 5,15

86 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Tabela 32. Créditos do PRONAF concedidos em 2004, por grupo e por modalidade no território do Portal da Amazônia. Fonte: www.pronaf.gov.br .

Metas atingidas em 2004 Municípios Por Grupo Por Modalidades Grupos Contratos 1,00 Modalidade Contratos R$ 1,00 Alta Floresta A B C 1 13.400,00 Custeio 12 69.355,46 A/C D 23 180.506,62 E Investimento 13 132.243,26 Apiacás A 6 89.999,10 B C 5 14.997,10 Custeio 61 238.489,51 A/C 29 87.000,00 D 27 136.492,41 E Investimento 6 89.999,10 Carlinda A B C 1 8.500,00 Custeio 3 19.965,35 A/C D 1 2.138,15 E 2 17.827,20 Investimento 1 8.500,00 Colíder A 107 1.438.417,30 B C 272 1.022.196,83 Custeio 594 3.196.063,39 A/C 80 161.225,87 D 330 3.211.339,37 E 83 1.397.773,18 Investimento 283 4.063.320,76

87 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Guarantã do Norte A B C 89 263.218,71 Custeio 315 1.323.482,22 A/C 109 254.888,27 D 127 850.077,52 E 6 142.602,92 Investimento 16 187.305,20 Marcelândia A 11 164.480,83 B C Custeio 4 44.255,62 A/C D 4 34.261,51 E 1 27.994,11 Investimento 12 182.480,83 Matupá A 75 1.124.944,50 B C 86 254.501,94 Custeio 140 620.871,66 A/C 32 92.875,23 D 13 101.625,85 E 11 207.830,84 Investimento 77 1.160.906,70 Nova Bandeirantes A 10 149.998,50 B C Custeio 14 68.341,71 A/C 3 7.498,20 D 11 60.843,51 E Investimento 10 149.998,50 Nova Canaã do Norte A 64 959.976,38 B C 109 404.591,54 Custeio 119 809.872,53 A/C D 27 215.634,94 E 20 467.311,21 Investimento 101 1.237.641,53

88 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Nova Guarita A B C 106 411.038,21 Custeio 93 568.333,30 A/C D 61 444.292,53 E 14 291.141,07 Investimento 88 578.138,50 Nova Monte Verde A 88 1.319.986,75 B C 46 103.856,78 Custeio 102 408.647,89 A/C D 61 345.166,08 E 2 27.750,03 Investimento 95 1.388.111,75 Nova Santa Helena A B C 27 82.614,70 Custeio 65 358.659,80 A/C D 38 325.241,32 E 8 99.518,75 Investimento 9 153.702,97 Novo Mundo A B C 5 14.954,26 Custeio 71 514.958,38 A/C 12 25.738,22 D 105 882.566,82 E 9 196.245,36 Investimento 60 604.546,28 Paranaíta A 91 1.364.652,97 B C 1 2.995,68 Custeio 115 312.767,08 A/C 112 299.334,34 D 1 5.999,31 E 1 4.437,75 Investimento 91 1.364.652,97

89 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Peixoto de Azevedo A 78 1.139.988,69 B C 51 152.167,34 Custeio 373 819.686,32 A/C 316 593.502,59 D 2 12.679,39 E 4 61.336,99 Investimento 78 1.139.988,69 Terra Nova do Norte A B C 283 1.313.074,14 Custeio 282 1.722.501,60 A/C D 260 1.977.496,59 E 22 416.424,86 Investimento 292 2.035.406,43

90 MINISTÉRIO DO 90 DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

4.5 Compra dos produtos da agricultura familiar pela CONAB Poucos municípios no Estado de Mato Grosso efetivaram a compra pela CONAB dos produtos originários da agricultura familiar. Apenas São Félix do Xingu (município que faz parte do território do Baixo Araguaia) utilizou este recurso para a compra casada de arroz. De acordo com um representante da CONAB, dois pontos principais são os principais limitantes da utilização deste recurso: a desorganização dentro do território (incapacidade de organizar a produção interna e identificar os possíveis compradores pois no momento da compra pela CONAB os produtos já devem ser encaminhados a um comprador) e a qualidade dos produtos. Com referência ao primeiro item, o entrevistado ressaltou que é fundamental identificar os compradores (prefeituras ou entidades assistenciais). Neste caso o processo, segundo o entrevistado, se torna extremamente fácil bastando aos interessados informarem a CONAB sobre os produtos. Esta, por sua vez, enviará um técnico para verificar a produção e os compradores, além de conferir o preço de mercado para os produtos. O valor da compra não poderá ainda ultrapassar a quantia de R$ 2.500,00/ ano/ produtor. Atualmente a CONAB está capacitando articuladores nos territórios para estimular a procura pela compra. Para efetivar os contratos a partir de 2005, a CONAHB criou um cargo em cada território. Esta pessoa (que no caso do Portal da Amazônia está ligada a UNEMAT) tem a função de facilitar o acesso dos produtores aos recursos de compra da CONAHB. De acordo com a pessoa responsável no Portal, já estão sendo cadastradas as instituições da região sendo que já foram efetivadas em 2005 2 compras pela Cooperativa Ouro Verde de Alta Floresta. Também serão realizadas capacitações com jovens de 14 dos 16 municípios do território para realizarem este trabalho localmente (somente Alta Floresta e Novo Mundo não indicaram representantes para participar destas capacitações).

4.6 Demanda do programa Luz para Todos Até o presente momento do estudo, só foi possível obter o déficit atual de luz nos municípios do Portal da Amazônia, conforme já apresentado. Os dados com respeito as metas de ligações/ ano não foram fornecidos. Observa-se a maior demanda nos municípios de Nova Bandeirantes, Paranaíta, Peixoto de Azevedo e Novo Mundo. Deve-se apontar que as recentes áreas de invasão provavelmente não aparecem nesta lista uma vez que se tratam de áreas ainda em conflito.

91 MINISTÉRIO DO 91 DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Gráfico 22. Demanda do programa Luz para Todos no território do Portal da Amazônia. Fonte: INCRA, 2005.

1.600 1.400 1.200 1.000

800 1.531 600

400 679 764 595 588 474 499 495 450 200 317 0 0 0 0 62

r a a

s a e a

a á o

e a s t

t e

t e

t t i i o

á e n í t

d p

e r d

r r r

s d t d

c d e a d

n u

í o r l n

o a

e i o

a l n t n e

n

l

i e e u

r u

N

r N â a a v

o a N

l

o p r

V H

a M r e

l i G

o

C e M

o

z o

A a

F C e e a

c d

a o

d t

t d

P A

r d

v v

a

ã n

n

ã a

t n a

o o e

l t a

o a

a v

M d

n

n N N

A S

M o

B

a

a

o

r a N

a t

a

C

a v

v o

v

a

u

a o

x r

o

o

i r

v

G N

N

N e e

o

P T N 4.7 Outros investimentos no território

Tabela 33. Outros investimentos no território do Portal da Amazônia. FONTE: Caixa Econômica Federal, 2005. Ações objeto dos Investimentos Valor do Investimento ( R$ 1,00 ) Pró Municípios Pequenos a) Marcelândia 356.831,86 b) Peixoto de Azevedo 336.394,45 PRONAT/ PLAN – Alta Floresta 53.248,00 PRODESA – Alta Floresta 262.500,00 NUC ESP REC/ LAZ a) Alta Floresta 158.806,84 b) Guarantã do Norte 262.500,00 c) Nova Guarita 220.000,00 TOTAL 1.650.281,15 Total do MT 43.218.134,36 % do Portal da Amazônia 3,82

A Tabela 35 apresenta uma lista dos investimentos feitos a partir dos recursos provenientes do Orçamento Geral da União (OGU) em 2004 no Portal da Amazônia. Observa-se que somente cinco municípios obtiveram a acesso aos recursos do Governo Federal: Alta Floresta, Marcelândia, Peixoto de Azevedo, Nova Guarita e

92 MINISTÉRIO DO 92 DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Guarantã do Norte. A desarticulação dos demais municípios, principalmente aqueles mais distantes dos pólos do território, pode explicar esta quadro.

4.8 ATES no território Com referência a ATES no território do Portal da Amazônia, observa-se que embora 16 instituições tenham sido conveniadas junto ao INCRA para a prestação de serviços de extensão rural, somente 2 instituições foram conveniada para trabalhar no Portal da Amazônia, a FUNDAPER (Fundação ligada a EMPAER) e a APAM. Dos mais de 60 PAs que existem no território, somente 12 serão atendidos (6,4% dos PAs atendidos pelo convênio do INCRA no Mato Grosso), atingindo pouco mais de 2.000 famílias na região (7,8% das famílias atendidas no estado).

Tabela 34. Assistência técnica através do INCRA (ATES): metas para 2005 no território do Portal da Amazônia. Fonte: INCRA, 2005. Municípios Atendimento em 2005

PAs Fam. Alta Floresta 0 0 Apiacás 0 0 Carlinda 0 0 Colíder 21 523 Guarantã do Norte 1 134 Marcelândia 1 375 Matupá 1 257 Nova Bandeirantes 0 0 Nova Canaã do Norte 0 0 Nova Guarita 3 109 Nova Monte Verde 0 0 Nova Santa Helena 0 0 Novo Mundo 2 377 Paranaíta 0 0 Peixoto de Azevedo 1 25 Terra Nova do Norte 2 377 Total 12 2.177 Tabela 35. Instituições cadastradas para projetos de ATES no território do Portal da Amazônia e municípios de atuação. FONTE: INCRA, 2005. Instituição Município PA No. de Famílias FUNDAPER Guarantã do Norte Cotrel 134 Matupá Horizonte II 257 Peixoto de Azevedo Aquarius 25 Terra Nova do Norte Beija Flor 17

93 MINISTÉRIO DO 93 DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Novo Mundo Novo Mundo 78 Colider Veranejo 523 Marcelândia Bonjaguar 375 APAM Novo Mundo Rochedo 299 Nova Guarita Novo Horizonte 43 Santa Isabel 32 Cristo Rei 34

Terra do Norte Hij 360 Total do Território 12 2.177 Total do Estado de MT 187 27.865 A/B 6,42% 7,81% 4.9 Estas informações demonstram que mais instituições poderiam cadastrar-se para a realização da ATES, de maneira a possibilitar assistência a um maior número de famílias. Informar as prefeituras, sindicatos e ONGs da região sobre esta possibilidade é fundamental neste sentido. Durante as entrevistas de campo ficou evidente o desconhecimento dos órgãos públicos (prefeituras) e organizações da sociedade (associações de produtores, organizações não governamentais entre outras) a respeito da possibilidade de elaborar projetos de ATES para os assentamentos da região.

4.10 ATER no território do Portal da Amazônia Com referência a ATER, observa-se a repetição do quadro nacional de falta de recursos humanos para o trabalho de extensão rural. Somente considerando o número de famílias assentadas, seria necessário cerca de 170 profissionais na região, respeitando a relação de 1 técnico para cada 100 famílias. No entanto, considerando somente o quadro de funcionários da EMPAER, observa-se a existência de 1 profissional para cada 585 famílias, aproximadamente. Deve-se destacar que outras instituições possuem técnicos que de alguma forma podem atuar diretamente com a agricultura familiar, sendo: IBAMA (com escritórios em Alta Floresta e Guarantã do Norte), INCRA (com escritórios em Alta Floresta e Guarantã do Norte) e a recém criada SEMA (Alta Floresta). No entanto, deve-se destacar que estes técnicos geralmente são voltados aos trabalhos rotineiros destas instituições na participando das discussões e ações direcionados ao desenvolvimento territorial.

94 MINISTÉRIO DO 94 DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Tabela 36. Aspectos quantitativos da ATER no território. Fonte: Programa Estadual de Reforma Agrária; INCRA; EMPAER; Prefeituras Municipais, 2005. Municípios Mão de Obra para ATER

INCRA EMPAER Médio Superior Médio Superior Alta Floresta 1 1 Apiacás 1 0 Carlinda 2 0 Colider 4 2 Guarantã do Norte 3 3 Marcelândia 1 0 Matupá 1 1 Nova Bandeirantes 1 0 Nova Canaã do Norte 1 0 Nova Guarita 2 0 Nova Monte Verde 2 0 Nova Santa Helena 0 0 Novo Mundo 1 0 Paranaíta 1 0 Peixoto de Azevedo 1 0 Terra Nova do Norte 0 1 Total 22 8

95 MINISTÉRIO DO 95 DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

5. POLÍTICAS PÚBLICAS OFERECIDAS. Para esta parte foram coletados dados em diversos documentos no sentido de incluir os diferentes eixos estratégicos dos diferentes agentes que atuam no território. No entanto, grande parte dos documentos não permitia identificar com precisão os investimentos previstos, tampouco os municípios participantes dos programas. Assim, ao invés de apresentar uma tabela, serão descritos os principais programas e projetos analisados. De acordo com os relatórios das oficinas territoriais promovidas pelo MDA, o Portal da Amazônia já definiu seus principais eixos de desenvolvimento, sendo: comercialização, agricultura orgânica e produção de leite. A comercialização aparece como sendo um dos principais limitantes históricos para a agricultura familiar. Conforme anteriormente citado, muitos projetos modelo de assentamentos criados na região tiveram seu crescimento limitado justamente pela falta de comercialização dos produtos. Neste sentido, ações como a criação de “células” de comercialização em cada municípios na intenção de integrar toda a produção do Portal e a criação de um entreposto comercial no município de Terra Nova do Norte foram alguns dos pontos discutidos e colocados em projetos. A produção de leite representa hoje a principal fonte de renda para grande parte dos produtores familiares da região. Para reverter o quadro da baixa produtividade ações no sentido de recuperar as pastagens estão sendo implementadas, envolvendo controle biológico de pragas e difusão de técnicas de manejo ecológico de pastagens. A agricultura orgânica aparece como potencial na região e, a cima de tudo, como estratégia de diversificação da produção. Observou-se que somente a produção de leite não está conseguindo elevar de maneira sustentável a renda da população local. Complementa a estratégia de desenvolvimento implementada pelo colegiado territorial a construção de um Centro de Capacitação para a Agricultura Familiar em Colíder, atualmente em fase de início de construção. Deve-se destacar ainda os principais eixos de trabalho das diversas ONGs da região, envolvendo, principalmente questões relacionadas a preservação ambiental, prevenção às queimadas e formulação de políticas públicas nestas áreas. Apesar de trabalhos diversificados, observa-se pouca integração entre as instituições. Faltam projetos elaborados e implementados em conjunto, respeitando as particularidades de cada instituição, mas guiados por uma mesma estratégia.

96 MINISTÉRIO DO 96 DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

O SEBRAE possui ação do programa “Arranjos Produtivos” no sentido de promover a indústria madeireira e de móveis. Conforme definido pelo SEBRAE, arranjos produtivos são aglomerações de empresas localizadas em um mesmo território, que apresentam especialização produtiva e mantêm algum vínculo de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores locais tais como governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa. O objetivo do Sebrae ao atuar em Arranjos Produtivos Locais é promover a competitividade e a sustentabilidade dos micro e pequenos negócios, estimulando processos locais de desenvolvimento. Apesar de não ser uma ação direcionada exclusivamente para a agricultura familiar, a implementação de um pólo madeireiro na região, organizado e sustentável, pode trazer recursos que possibilitem a estruturação dos pequenos municípios. O programa “Cadeias Produtivas” também pode representar um potencial para a região tendo em vista que algumas das diretrizes selecionadas pela entidade podem ser potenciais para o território (Turismo, Artesanato, Madeiras e Móveis, Agricultura Orgânica, Alimentos, Têxtil/ confecções, Construção Civil, Couro e calçados, Apicultura e Produtos Naturais). Com respeito aos núcleos setoriais, também organizados pelo SEBRAE, existem núcleos formados em Colíder (costureiras, feiras, pequenos mercados, moveleiros e marceneiros), Guarantã do Norte (mecânica, moveleiros e marceneiros, mercados e cabeleireiros) e Terra Nova do Norte (costureiras, cabeleireiras e hortifrutigranjeiros). Conforme definido pelo SEBRAE, Os núcleos setoriais reúnem empresas de um mesmo ramo de atividade que, mesmo concorrendo entre si na disputa pelo mercado, atuam em conjunto na solução de problemas comuns, quebrando o isolamento da micro e pequena empresa. Isso proporciona condições de negociar melhor a aquisição de equipamentos e matérias-primas, além de facilitar o acesso às inovações tecnológicas e de mercado no mundo globalizado. Geralmente, os núcleos setoriais são criados dentro das Associações Comerciais e Industriais. O funcionamento de um núcleo setorial se dá a partir dos seguintes passos: identificação dos problemas e necessidades, troca de informações e tomada de decisões para treinamento e consultoria. A partir daí, buscam-se as soluções. Deve-se citar ainda o programa Vida Rural Sustentável desenvolvido pelo SEBRAE. Este programa tem foco direto na agricultura familiar, fomentando sistemas sustentáveis de produção.

97 MINISTÉRIO DO 97 DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

5.1 Investimento programados no Plano Plurianual, aplicáveis no território e outros investimentos realizados.. A Tabela 37 apresenta informações sobre os recursos do governo estadual programados para o Plano Pluri Anual direcionados ao território do Portal da Amazônia. Além destas informações, também são apresentados nas tabelas 40 e 41 os convênios firmados a partir de 2002 pelo Governo Federal nos municípios do território, bem como os repasses de recursos estes municípios no ano de 2005 nas diferentes áreas. Observa-se que de 2002 a 2005, os recursos do MDA representaram somente 7% do total dos convênios celebrados no Portal da Amazônia. O Ministério da Saúde foi responsável por 40% os recursos e o Ministério da Integração Nacional 22%. Os recursos, no entanto, não foram distribuídos igualmente para os municípios do território. Somente Alta Floresta, Colíder e Guarantã do Norte responderam por mais de 60% do total de recursos conveniados com o Portal. Municípios com baixo IDH como Carlinda, Nova Bandeirantes e Nova Canaã do Norte responderam por somente cerca de 13% dos recursos. Com respeito aos repasses do Governo Federal, o quadro se repete: centralização dos recursos em Alta Floresta, Colíder e Guarantã do Norte, além de Peixoto de Azevedo (neste caso, os municípios mais populosos). O principal repasse refere-se aos encargos especiais (70% dos valores, aproximadamente), seguido da saúde (22%) e assistência social (cerca de 8%).

98 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Tabela 37. Investimentos programados pelo governo estadual no PPA, aplicáveis ao território. Fonte: Plano Pluri Anual, SEPLAN, MT, 2005.

Objetivo Total de Estratégico Programa Metas Início Final recursos (R$) Entidades Taxa de atendimento aparente Educação no campo (%) 6,75 65 4.306.934,00 SEDC/ SEDER Melhorar a qualidade Taxa de abandono (%) 21,8 11,37 de vida Taxa de aprovação (%) 76,4 92,86 Preservação do patrimônio cultural e ambiental No. de pessoas envolvidas 700 25000 99.569.130,00 SEC Incentivo à Organização da Produção da Agricultura Familiar Renda média da família 0,57 SM 0,84 SM 52.304.804,00 SEDER Fomento Agropecuário Renda média da família 0,57 SM 0,84 SM 7.048.800,00 SEDER/ EMPAER Reduzir o número de Taxa de crescimento do pessoas em Organização do associativismo associativismo em construção 21.530.441,00 SETEC condição de No. de planos de vulnerabilidade Nossa Terra, Nossa Gente desenvolvimento elaborados 13,00 23 18.501.039,00 INTERMAT social No. de famílias assentadas 5.050,00 6650 Promover o Desenvolvimento Estratégico da Índice do turismo receptivo no Desenvolvimento Cadeia Produtiva do Turismo MT (%) 0,9 5 37.311.321,00 SEDETUR Sustentável da Índice de participação no PIB do Economia, Estado (%) 1,14 5 fortalecendo a Média geral de satisfação com competitividade, a os serviços prestados (%) 53,55 90 diversificação e a No. de micro, pequenos e participação do Desenvolvimento Regional médios empreendimentos micro, pequeno e Sustentável alcançados 2 50 11.262.560,00 FAPEMAT/ SECITES médio Melhoria do abastecimento e Importação no consumo interno empreendimento comercialização (%) 60% 40% 4.071.518,00 SEDER Área cultivada com culturas Desenvolvimento da agricultura incentivadas em relação ao total 0,12% 2% 10.004.800,00 SEDER

99 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

No. de cadeias produtivas apoiadas 2 10 Incremento da área cultivada Desenvolvimento florestal com floresta 23.348 há 26.343 há 2.034.950,00 SEDER Espécies de madeira caracterizadas em levantamento Programa Matogrossense de Melhoramento da Pecuária VBP Agropecuária 4.263.452.000 8.003.071.000 761.896,00 SEDER Certificação de locais e áreas livres de sigatoka negra e bicudo Defesa Sanitária Vegetal do algodoeiro (no.) 2 131 4.340.952,00 SEDER/ INDEA Entrada de pragas quarentenárias no Estado de Mato Grosso 0 0 No. de focos de doenças de Programa de Defesa Animal notificação obrigatória 80 12 7.177.843,00 SEDER/ INDEA No. de propriedades livres de doenças 8 10015 Inspeção de produtos de origem Mo. de municípios atendidos animal pelos serviços de inspeção 24 54 1.308.023,00 INDEA No. de estabelecimentos registrados 34 64 Regularização fundiária rural Número de títulos expedidos 10.249 14.739 9.173.999,00 INTERMAT No. de Imóveis cadastrados 4.953 21.813 Unidade de conservação demarcadas 4 13 Garantir o uso Unidades de conservação com ordenado dos Gestão da biodiversidade situação fundiária regularizadas 335.310 ha 957.000 ha 10.195.600,00 FEMA recursos naturais Unidades de conservação visando o implantadas e geridas desenvolvimento integralmente 0 0

100 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Pesquisas aplicadas para valorização dos produtos oriundos da biodiversidade 0 30 No.º de organizações de bacias Gestão de recursos hídricos atuando 0 5 nd FEMA nº de municípios participando em comitês 0 70 Gestão de áreas degradadas Áreas degradadas identificadas Não consta Não consta 5.775.997,00 FEMA Áreas de pastagens degradadas identificadas Não consta Não consta Difusão de técnicas de recuperação Não consta Não consta Profissionais da Educação Formal capacitados em Educação Ambiental Integrada Educação Ambiental Sem registro Sem registro 1.846.072,00 FEMA/ SEDUC Desmatamentos ilegais acima de 300 ha, ocorridos no Estado de Mato Grosso 128.765 ha redução de 20% Julho: 5845/ Número de focos de calor do Agosto: Estado de Mato Grosso no 14297/ período de proibição de Setembro: queimadas (jul ago- set) 16167 redução de 20% Incremento do desmatamento Gestão dos recursos da fauna e ilegal, em áreas de desmates 128.765 ha 42.182 ha flora superiores a 200 hectares (2002) (2007) 20.008.416,00 FEMA Focos de calor no período de proibição de queima 21.362 (2002) 14.953 (2007) Desenvolvimento do Turismo em Áreas Naturais Receita obtida 63,9 milhões 250 milhões 10.600.037,00 SEDTUR

101 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Melhoria do uso dos solos e % de embalagens vazias de insumos agrícolas no Estado de agrotóxicos e afins devolvidas no Mato Grosso Estado 50% 70% 4.656.425,00 EMPAER/ INDEA Ampliação da área cultivada com a cultura da soja em sistema de plantio direto 83% 90% Número de pequenas propriedades que adotam práticas conservacionistas (recuperação de matas ciliares e em cultivos consorciados) levantamento 15% Melhorar o Cobertura de Atendimento Desempenho da Desenvolvimento Municipal Municipal 9,35% 25% 1.649.188,00 SEPLAN Gestão Pública Estadual Revitalização da EMPAER 17.915.518,00 EMPAER

102 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Tabela 38. Convênios entre Governo Federal e municípios do Portal da Amazônia assinados a partir de Janeiro de 2002 de acordo com os diferentes Ministérios (milhões de reais). Fonte: Secretaria Geral de Controle Interno, 2005.

Municípios No. MAPA MCT MC MD MEd MF MIN MJ MS Mcid MME MDS MDA MIT ME Mtur MMA MT Mtra. Gab. Pres. CD Total % Alta Floresta 26 0,80 0,00 0,00 0,00 0,06 0,00 0,50 0,00 1,67 0,50 0,00 0,19 0,17 0,00 0,43 0,28 0,11 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4,71 10,11 Apiacás 11 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,55 0,00 0,62 0,35 0,00 0,14 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,65 3,55 Carlinda 7 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,30 0,00 0,42 0,00 0,00 0,07 0,16 0,00 0,30 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,25 2,68 Colíder 29 0,42 0,00 0,00 0,00 0,19 0,00 0,50 0,43 13,23 0,00 0,00 0,46 0,16 0,00 0,25 0,08 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 15,73 33,76 Guarantã do Norte 21 0,25 0,00 0,00 0,00 0,14 0,00 4,91 0,00 0,47 0,10 0,00 0,35 0,18 0,00 0,36 0,00 0,00 0,80 0,00 0,00 0,00 0,00 7,55 16,20 Marcelândi a 23 0,21 0,00 0,00 0,00 0,11 0,00 1,00 0,00 0,20 1,20 0,00 0,44 0,72 0,00 0,50 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4,37 9,38 Matupá 1 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Nova Bandeirantes 17 0,24 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,80 0,00 0,88 0,00 0,00 0,12 1,32 0,00 0,00 0,00 0,11 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3,47 7,44 Nova Canaã do Norte 11 0,17 0,00 0,00 0,00 0,08 0,00 0,25 0,00 0,16 0,00 0,00 0,16 0,00 0,00 0,78 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,60 3,43 Nova Guarita 0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Nova Monte Verde 11 0,15 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,15 0,00 0,07 0,00 0,00 0,08 0,07 0,00 0,42 0,38 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2,32 4,99 Nova Santa Helena 8 0,10 0,00 0,00 0,00 0,01 0,00 0,08 0,00 0,00 0,25 0,00 0,03 0,00 0,00 0,64 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,11 2,38 Novo Mundo 4 0,05 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,23 0,00 0,00 0,00 0,29 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,57 1,21 Paranaíta 5 0,04 0,00 0,00 0,00 0,05 0,00 0,50 0,00 0,09 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,10 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,78 1,67 Peixoto de Azevedo 4 0,00 0,00 0,00 0,00 0,03 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,16 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,19 0,41 Terra Nova do Norte 12 0,08 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,65 0,00 0,00 0,33 0,22 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,29 2,77

Total 190 2,50 0,00 0,00 0,00 0,67 0,00 10,54 0,43 18,68 2,40 0,00 2,39 3,44 0,00 3,77 0,74 0,22 0,80 0,00 0,00 0,00 0,00 46,59 100 % 5,36 0,00 0,00 0,00 1,44 0,00 22,63 0,92 40,10 5,16 0,00 5,12 7,39 0,00 8,10 1,59 0,48 1,72 0,00 0,00 0,00 0,00 100 OBS: No. (número de convênios); MAPA (Ministério da Agricultura, pecuária e abastecimento); MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia); MC (Ministério da Cultura); MD (Ministério da Defesa); MEd (Ministério da Educação); MF (Ministério da Fazenda); MIN (Ministério da Integração Nacional); MJ (Ministério da Justiça); MS (Ministério da Saúde); Mcid (Ministério das Cidades); MME (Ministério das Minas e Energia); MDS (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome); MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário); MIT (Ministério da

103 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Indústria e Comércio); ME (Ministério dos Esportes); Mtur (Ministério do Turismo); MMA (Ministério do Meio Ambiente); MT (Ministério do Trabalho); Mtra. (Ministério dos transportes); Gab. (Gabinete da Presidência); Pres. (Presidência); CD (Câmara dos Deputados). Tabela 39. Repasses do governo federal no ano de 2005 para os municípios do Portal da Amazônia. Fonte: Controladoria Geral da União, 2005.

Municípios Assistência Encargos Organizaçã Ciência e Comércio Indústr Social1 Educação Saúde2 Especiais3 o Agrária Trabalho Tecnologia e Serviços Energia ia Total % Alta Floresta 399.249,00 27.084,00 1.367.373,57 2.127.847,57 3.921.554,14 16,69 Apiacás 26.589,00 4.909,50 73.456,63 721.464,01 826.419,14 3,52 Carlinda 114.135,00 5.887,50 130.099,18 687.888,84 938.010,52 3,99 Colíder 253.380,00 44.414,00 2.026.327,09 1.353.208,19 3.677.329,28 15,65 Guarantã do Norte 288.861,00 29.200,00 279112,68 1.759.083,31 2.356.256,99 10,03 Marcelândia 75907 119050,85 1.288.890,70 1.483.848,55 6,32 Matupá 78.597,00 9.195,00 98.094,59 822.129,57 1.008.016,16 4,29 Nova Bandeirantes 117.008,00 6.589,50 263.859,31 730.434,99 1.117.891,80 4,76 Nova Canaã do Norte 123.081,00 12.057,00 117.941,55 869.210,50 1.122.290,05 4,78 Nova Guarita 40.743,00 3.291,00 75.774,53 553.305,10 673.113,63 2,87 Nova Monte Verde 83.382,00 9.663,00 116.916,42 650.949,59 860.911,01 3,66 Nova Santa Helena 55.697,30 3.210,00 33.195,19 557.738,02 649.840,51 2,77 Novo Mundo 65.499,00 7.620,00 58.765,92 639.490,11 771.375,03 3,28 Paranaíta 65.247,00 5.553,00 95.460,15 801.232,51 967.492,66 4,12 Peixoto de Azevedo 107.151,00 371.325,56 1.451.895,80 1.930.372,36 8,22 Terra Nova do Norte 112.191,00 13.674,00 137.463,57 924.177,48 1.187.506,05 5,05

Total 2.006.717,30 182.347,50 5.364.216,79 15.938.946,29 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 23.492.227,88 100 % 8,54 0,78 22,83 67,85 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 100,00 1. Recursos destinados para o bolsa família. 2. Recursos relativos ao programa de AIDS e doenças venéreas; Cartão SUS; Farmácia Básica; Registro e controle de doenças; Saúde da família. 3. Repasses relativos ao CIDE – Combustíveis; Compensação de Exportação (CEX); FPM; FUNDEF.

10 MINISTÉRIO DO 4 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

5.2 Investimentos do INCRA previstos para 2005 no território Como pode ser observado pela Tabela 40, dentro do Programa Estadual de Reforma Agrária existem poucas informações sobre as ações que ocorrerão nos municípios ou mesmo nos territórios. De maneira geral as metas propostas pelo INCRA são de caráter mais amplo, contemplando todo o Estado. Da mesma forma ocorre com os recursos destinados a cada meta. Estes recursos não estão dispostos em relação aos municípios ou mesmo em relação aos anos. Desta forma, algumas metas globais para 2005 identificadas foram:

- Regularização de 2.000 pequenas propriedades (de um total de 5.000 entre 2003 e 2006). Destaca-se que de acordo com o Plano, o crédito fundiário será direcionado para as regiões onde estão sendo encontradas maiores dificuldades de obtenção de terras via desapropriação, e na retomada de terras públicas ocupadas irregularmente, sendo ainda prioridade o atendimento de jovens de 18 a 24 anos, filhos de agricultores assentados e aos agricultores familiares com terras insuficientes para sua sobrevivência e seu sucesso econômico.

- Licenciamento de 38 assentamentos, abrangendo uma área de 570.388,4368 e beneficiando cerca de 9.466 famílias.

- Assentar 13.000 famílias em 2005.

- Regularizar 2.000 posses ao longo da BR 163

Tabela 40. Investimentos do INCRA (plano regional de reforma agrária) previsto para 2005, no território. Fonte: Programa Estadual de Reforma Agrária, 2005.

Especificação das Ações Metas Fisicas Investimentos Unid. de medida Quant. Previstos R$ MIL Recuperar assentamentos 1 Número de PA indefinido 1. Representa 18,60% dos assentamentos que deverão ser beneficiados em 2005.

Tabela 41. Recursos orçamentários e financeiros entre 2003 e 2006 do INCRA/ MT. AÇÕES ATIVIDADES VALOR (R$) ASSENTAMENTOS CONCESSÃO DE CRÉDITO-INSTALAÇÃO AS 140.000.000,00 SUSTENTÁVEIS FAMÍLIAS (IMPLANTAÇÃO)

10 MINISTÉRIO DO 5 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO DO PROGRAMA 4.800.000,00 AÇÕES PREPARATÓRIAS PARA OBTENÇÃO 3.400.000,00 DE IMÓVEIS RURAIS IMPLANTAÇÃO DE PROJETOS DE 88.000.000,00 ASSENTAMENTO RURAL OBTENÇÃO DE IMÓVEIS RURAIS PARA 300.000.000,00 REFORMA AGRÁRIA DESENVOLVIMENT CONCESSÃO DE CREDITO INSTALAÇÃO AOS 8.000.000,00 O SUSTENTÁVEL ASSENTADOS – RECUPERAÇÃO NA REFORMA GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO DO PROGRAMA 3.8000.000,00 AGRÁRIA RECUPERAÇÃO, QUALIFICAÇÃO E 48.000.000,00 EMANCIPAÇÃO DE PROJETOS DE ASSENTAMENTO REGULARIZAÇÃO E GERENCIAMENTO E FISCALIZAÇÃO DO 6.000.000,00 GERENCIAMENTO CADASTRO RURAL DE ESTRUTURA REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA DE IMÓVEIS 3.000.000,00 FUNDIÁRIA RURAIS GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS 1.000.000,00 RURAIS GESTAÇÃO CAPACITAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS 180.000,00 POLÍTICA DE FEDERAIS EM PROCESSO DE DESENVOLVIMENT QUALIFICAÇÃO E REQUALIFICAÇÃO O AGRÁRIO APOIO ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADE 8.800.000,00 ADMINISTRATIVO BRASIL ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 3.200.000,00 ALFABETIZADO NAS ÁREAS DE REFORMA AGRÁRIA E COMUNIDADES TRADICIONAIS, QUILOMBOLAS, INDÍGENAS E RIBEIRINHAS TOTAL DE 618.180.000,00 RECURSOS - 2003 A 2007

10 MINISTÉRIO DO 6 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

6. ANÁLISE SISTÊMICA. O território do Portal da Amazônia, seguindo a mesma lógica dos outros territórios do Estado de Mato Grosso, apresenta uma baixa complexidade dos subsistemas de produção. Grande parte da agricultura familiar, em especial aquela localizada nos assentamentos, destina-se exclusivamente ao autoconsumo. Pequenas quantidades de produtos excedentes são comercializadas nos municípios da região, em pequenas feiras municipais ou mesmo através da negociação com atravessadores. A baixa produção aliada com a falta de qualidade dos produtos e falta de regularidade da produção (forte sazonalidade) faz com que mesmo o abastecimento da maior parte do mercado local de alimentos seja feito por produtos oriundos de outros estados brasileiros. A seguir é descrito com maiores detalhes cada um dos subsistemas: produção, transformação e comercialização, bem como o ambiente institucional de apoio, a questão ambiental e outros pontos relevantes para o território do Portal da Amazônia.

6.1 Subsistema de Produção Á agricultura familiar desempenha um papel extremamente importante para o território do Baixo Araguaia. Destaca-se o grande número de assentamentos (mais de 60) e de famílias assentadas na região (mais de 15.000 famílias). A principal fonte econômica dos produtores familiares do território está associada a pecuária, seja através da venda de bezerros ou através da produção de leite. Um ponto importante é que a pecuária leiteira não constava no planejamento inicial de muitos municípios, sendo que foi amplamente estimulada pelos programas de financiamento. Além disso, a dificuldade de comercialização e a baixa produção das lavouras contribuíram para a entrada da pecuária de leite nos assentamentos de toda a região. É interessante notar que mesmo em locais onde não havia laticínios ou grandes centros consumidores, os produtores foram direcionados a obter animais com aptidão leiteira, como no caso do PA Bom Jaguar, em Marcelândia. Este fato explica o porquê de muitos produtores terem desviado os recursos para outras finalidades ou o baixo impacto econômico resultante destes financiamentos. As propriedades do território não possuem grande diversificação da produção. No entanto, já podem ser observadas iniciativas para implementar sistemas mais diversificados. A produção de frutas como maracujá e caju estão sendo amplamente estimuladas. Atualmente, praticamente toda a área é destinada as pastagens. Dentre culturas produzidas, destacam-se a mandioca, o arroz, o milho e o abacaxi e a

10 MINISTÉRIO DO 7 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

banana, conforme anteriormente apresentado. Estes produtos são direcionados principalmente aos mercados locais e para o autoconsumo. Outras atividades que estão iniciando são a apicultura, a piscicultura entre outras. Cabe um destaque também aos condomínios de produção orgânica organizados pela COOPERAGREPA. Já existem produtos com café, guaraná, derivados da cana entre outros certificados (no entanto estes produtos ainda possuem uma escala pequena). Outro produto que apresenta atualmente baixa produção mas grande potencial é a castanha do Brasil.

Imagem 32. Atualmente existe fomento a diversificação da produção na região. Na imagem ao lado, produtor de Terra Nova do Norte mostra caju plantado por estímulo da cooperativa.

Com referência a organização dos produtores e da produção deve-se fazer uma menção especial as cooperativas da região e ao sentimento de cooperativismo que cresce. No entanto, algumas barreiras ainda devem ser superadas uma vez que cooperativas falidas no passado fazem permanecer um sentimento de desconfiança nos moradores. O fortalecimento das associações, principalmente nos municípios onde a COOPERNOVA não exerce influência direta é um importante passo para garantir uma estrutura de produção e comercialização coletiva. O turismo é outra atividade que pode crescer na região. Destaca-se neste sentido a pesca esportiva nos rios da região e os passeis ecológicos nas áreas remanescentes de floresta amazônica (destaque para o município de Apiacás, por exemplo, com grande potencial turístico). No entanto trata-se de uma atividade que atualmente não está nas mãos da agricultura familiar. A produção de leite, apesar de ser a principal fonte econômica para grande parte dos produtores possui baixa produtividade. A baixa qualidade dos pastos, principalmente no período seco, aliada a baixa aptidão leiteira dos animais reduzem a produtividade e os ganhos financeiros dos produtores da região. A necessidade de complementaridade da renda com a venda de bezerros faz com que se forme um ciclo vicioso da produção (necessidade de animais sem características leiteiras para

10 MINISTÉRIO DO 8 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

valorizar o bezerro, gerando baixa produção e aumentando a dependência pela venda do bezerro). Atualmente, a granelização9 e aumento da qualidade do leite vêm sendo discutidos em todo o território com sendo estratégias de elevar a rentabilidade da atividade. A baixa produtividade da pecuária foi a responsável direta pelos grandes impactos ambientais observados, como a abertura de nov as áreas de pastagens, a retirada das matas ciliares, erosão no solo entre outros pontos. A resolução destes problemas é fundamental para a sustentabilidade dos sistemas produtivos da região. O quadro de dificuldades econômicas e estruturais das áreas rurais faz com que, de acordo com muitos entrevistados, cada vez mais os jovens percam o interesse pela atividade rural. De acordo com produtores entrevistados em diversos municípios o abandono dos jovens pelas áreas rurais não se deve unicamente a baixa renda. A falta de perspectivas de crescimento, de atividades de lazer e de emprego foram apontadas como as principais causas deste abandono. Finalizando, os principais problemas de infra-estrutura da produção citados durante as entrevistadas e que limitam o desenvolvimento da região foram: • Regularização fundiária • Luz elétrica • Estradas intransitáveis em parte do ano, no período das chuvas entre outubro e abril (problema de transporte de pessoas e da produção) • Impactos ambientais • Qualidade da assistência técnica prestada pela EMPAER. • Comercialização de terra públicas nos assentamentos e conflitos pela terra. • Qualidade do leite e necessidade de refrigeração

6.2 Subsistema de Transformação Talvez a principal característica do subsistema de transformação do território do Portal da Amazônia é que, dentro das duas principais atividades geradoras de

9 Granelização: processo de coleta do leite em tanques de resfriamento. De acordo com a nova legislação sobre qualidade do leite, o refrigerador deverá ser obrigatório para a coleta de leite. Muitas comunidades já estão planejando a aquisição de tanques comunitários, no entanto, problemas como a baixa qualidade do leite (elevada contaminação bacteriana) e a baixa qualidade da energia elétrica podem dificultar a operacionalização desta iniciativa. Além disso, a legislação não garante a melhora no preço ao produtor, sendo que este deve ser definido pelos atores locais.

10 MINISTÉRIO DO 9 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

riquezas para a agricultura familiar (bezerros e leite), a transformação não está nas mãos dos agricultores, mas pertencem a empresários das cidades. Como exemplo pode-se mencionar os frigoríficos e os laticínios. Os frigoríficos existentes no território estão localizados em Alta Floresta, Nova Canaã do Norte e Matupá. Estes frigoríficos não atendem diretamente a agricultura familiar uma vez que dificilmente este tipo de agricultor consegue formar lotes para encaminhar ao frigorífico. Desta forma, aparece a figura do atravessador que adquire os animais de diversos produtores e revende ao frigorífico. Já com respeito aos laticínios, existem instalações nos municípios de Alta Floresta, Nova Canaã do Norte, Colíder, Terra Nova do Norte e Guarantã do Norte. Nestes dois últimos existem cooperativas. O principal produto é o queijo mussarela, vendido para São Paulo e Rio de Janeiro. O abastecimento interno de leite pasteurizado é feito pelo laticínio particular de Alta Floresta e pelos vendedores informais de leite. A proposta que atualmente é discutida de implementação de equipamentos para a produção de leite em pó pode representar um importante avanço para a região uma vez que se trata de um produto com grande período de estocagem e que pode ser destinado aos programas sociais no Brasil além de poder ser direcionado ao mercado internacional. A necessidade de uma grande produção para viabilizar o empreendimento faz com que seja necessário integrar toda a produção de leite no Portal da Amazônia, o que poderia ser articulado com a iniciativa crescente de formação de cooperativas na região. Outras instalações presentes no território são as farinheiras, espalhadas pelo território, os secadores de arroz, também espalhados nos municípios e a indústria de processamento de polpas de frutas presente em Terra Nova do Norte (COOERPNOVA) e Alta Floresta (esta última em fase de re-estruturação, após um período de problemas administrativos na associação responsável). O município de Alta Floresta possui ainda um frigorífico inacabado para processamento de peixes. Esta instalação pode representar um importante papel no território tendo em vista que algumas prefeituras, como é o caso da própria prefeitura municipal de Alta Floresta, estão fomentando a criação de peixes através da construção de tanques. O município de Matupá também possui um frigorífico inacabado, só que para beneficiamento da carne de rã. Estima-se que o custo para adequar a estrutura para o funcionamento esteja em torno de R$ 50.000,00 (existem algo em torno de 60 produtores com instalações para a produção de rã na região,

11 MINISTÉRIO DO 0 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

sendo que alguns já possuem pequenas produções). A finalização deste frigorífico é uma das propostas para o PROINF 2006 do Portal da Amazônia. O território conta ainda com uma indústria de processamento de óleo de castanha administrada por agricultores de Novo Mundo ligados a COOPERAGREPA. Atualmente, no entanto, a indústria enfrenta problemas para beneficiamento e comercialização da produção. Outras agroindústrias, agora direcionadas exclusivamente para a agricultura familiar, estão sendo buscadas através de financiamentos e investimentos, principalmente através da articulação com o projeto GESTAR, sendo também uma das prioridades para a região.

Imagem 33. Mesmo sendo uma das principais atividades econômicas da região, em muitos locais a produção de leite foi estimulada pelos programas governamentais sem um embasamento maior. No município de Marcelândia, por exemplo, não há laticínios capazes de captar a produção diária. Na imagem abaixo, sorveteria na vila do assentamento Bom Jaguar que acaba absorvendo parte da produção de leite, que não possui outro destino.

6.3 Subsistema de Comercialização O abastecimento interno do território do Portal da Amazônia é feito principalmente por produtos oriundos de outros estados brasileiros, como Paraná, São Paulo e Goiás. Problemas com referência a continuidade na produção e qualidade dos produtos foram apontados como causas para este fato. A dificuldade em comercializar os produtos da agricultura familiar foi um dos motivos que fez com que este fosse eleito o principal eixo de desenvolvimento para o Portal da Amazônia. Internamente existem três centros consumidores no Portal: Alta Floresta, Colíder e Guarantã do Norte. Nestes municípios existem redes maiores de supermercados, mercearias e padarias que utilizam, na grande maioria das vezes, produtos externos ao território. Os demais municípios possuem uma população mais reduzida e uma menor capacidade de absorver a produção. Mesmo assim, existem

11 MINISTÉRIO DO 1 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

feiras municipais em diversos municípios, tais como Alta Floresta, Nova Bandeirantes, Apiacás, Colíder, Marcelândia, Guarantã do Norte entre outros. No entanto, muitas destas feiras ainda são precárias, com espaços ruins para a comercialização. Além disso, alguns atores locais entrevistados apontam para a necessidade de mudar o próprio enfoque de algumas feiras uma vez que os preços são iguais ou até superiores aos supermercados.

Imagens 34, 35 e 36. Existem feiras espalhadas por quase todos os municípios do território. No entanto, estas feiras encontram-se em diferentes estágios. Nas imagens ao lado, foto da feira de Nova Guarita (atualmente desativada), Marcelândia (bem estruturada, sendo que ocorrem 3 feiras toda a semana em diferentes pontos do município) e Apiacás.

Com respeito a produção de leite, chama a atenção o comércio clandestino deste produto. Em Alta Floresta, por exemplo, pesquisa realizada pelo Instituto Ouro Verde identificou um mercado diário de 8.000 litros de leite, sendo que cerca de 6.000 está nas mãos dos vendedores ambulantes. O quadro é o mesmo em praticamente todos os municípios do Portal da Amazônia. Deve-se ter em mente que, se por um lado este comércio é ilegal e apresenta riscos a saúde dos consumidores, por outros

11 MINISTÉRIO DO 2 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

se pode pensar em formas solidárias de distribuição da produção local aos moradores, tendo em vista que estes “leiteiros” já possuem a estrutura da rede de distribuição dos produtos.

Imagem 37. Grande parte da venda de leite dentro do território é feita através de “leiteiros”, como na imagem ao lado. Deve-se pensar formas de envolver tais profissionais nas estratégias de distribuição de alimentos tendo em vista sua ampla penetração nos municípios ao mesmo tempo em que deve-se pensar formas garantir a segurança e fiscalização dos alimentos.

6.4 Ambiente institucional de apoio Uma das principais características do Portal da Amazônia é o grande número de instituições relacionadas com a agricultura familiar, tanto governamentais quanto não governamentais. Dentro do Portal existem escritórios de praticamente todas as instituições relacionadas ao desenvolvimento rural, além de um grande número de organizações da sociedade civil que atuam nesta área. Abaixo consta uma breve descrição das principais instituições. O principal foco da EMPAER dentro do Portal da Amazônia é a estruturação de projetos e assessoria técnica. Deve-se atentar que muitos atores locais comentaram sobre a falta de recursos humanos da instituição, o que compromete a sua efetividade. A UNEMAT, através dos campus de Colíder e Alta Floresta e as extensões em outros municípios atuam na formação e extensão rural. Conforme já mencionado, o campi de Colíder, com o trabalho de extensão e cursos de informática, e o de Alta Floresta, com o curso de ciências agroambientais, representam potenciais que devem ser aproveitados e ampliados. Os movimentos sociais também estão presentes no território e contribuem para o desenvolvimento da região. Como exemplos temos a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e a Pastoral da Juventude Rural (PJR). Estes movimentos são importantes na medida que organizam e capacitam os agricultores em questões técnicas e políticas. A UNEMAT de Colíder desenvolve um trabalho de informação e articulação junto a estes movimentos.

11 MINISTÉRIO DO 3 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Com respeito as ONGs, diversas instituições desenvolvem trabalhos na região, a saber: Instituto Centro de Vida, Instituto Ouro Verde, Sociedade Formigas, Fundação Agroambiental da Amazônia, Instituto Floresta, Grupo de Trabalho Amazônico (regional de Lucas do Rio Verde). Os trabalhos das ONGs giram em torno principalmente de questões ambientais, como o combate a queimadas, controle biológico de pragas, estruturação de políticas públicas voltadas ao meio ambiente e educação e comunicação rural. Pensar formas de estruturar trabalhos conjuntos, potencializando as ações individuais destas instituições é um passo importante para o desenvolvimento de todo o Portal da Amazônia. Outro grupo de instituições que deve ser colocado dentro das instituições de apoio são as cooperativas, responsáveis pela compra e venda de produtos da agricultura familiar, assistência técnica e organização social dos produtores. Conforme anteriormente destacado, o Portal da Amazônia vive um momento de estímulo ao cooperativismo sendo que diversos municípios, através de iniciativas governamentais ou mesmo iniciativas comunitárias, estão planejando formas de estruturar as suas cooperativas. Atividades de capacitação e fortalecimento institucional são importantes para fortalecer estas ações. Deve-se fazer uma menção especial ainda ao projeto GESTAR – Gestão Territorial Ambiental Rural, presente no Portal da Amazônia. Este projeto, além de suas atividades normais (que envolvem informação e mobilização comunitária) têm conseguido articular diversos atores locais para a busca de recursos para a implementação de infra-estruturas na região. Com respeito aos bancos, muitos entrevistados citaram as grandes dificuldades impostas para a obtenção de créditos. Soma-se ainda a falta de títulos de muitas áreas, o que impossibilita a aquisição de financiamentos. De acordo com os entrevistados, as dificuldades passam pela burocracia e a não disponibilização de linhas alternativas como o PRONAF- mulher ou u PRONAF- jovem. A disseminação da informação sobre estas linhas junto aos sindicatos e a pressão junto a superintendência do Banco do Brasil para maior agilidade na liberação dos recursos foi considerada medida fundamental para a melhoria da situação.

6.5 Questões ambientais no território Por estar em uma região caracterizada como fronteira agrícola, o Portal da Amazônia apresenta de maneira muito marcante a questão ambiental. Com relação ao desmatamento na região, observa-se que apesar de existir alguns municípios que

11 MINISTÉRIO DO 4 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

ainda preservam grande parte da área, como Apiacás (somente 5,21% desmatado até 2002), muitos municípios encontram-se praticamente com toda área de floresta original desmatada, como é o caso de Colíder (74,48% em 2002) e Terra Nova do Norte (75,90% em 2002). Estes dados estão apresentados na Tabela 42.

Tabela 42. Total desmatado nos municípios do território do Portal da Amazônia até 2002. Fonte: Anuário. Estatístico do MT, 2003. Total % Desmatado % da Municípios Área total Desmatado desmatado em 2002 área total Alta Floresta 894.706,90 381.559,41 42,65 15.017,86 1,68 Apiacás 2.036.420,40 106.004,40 5,21 19.248,02 0,95 Carlinda 241.721,20 145.549,24 60,21 2.022,67 0,84 Colíder 303.824,90 226.299,18 74,48 1.856,23 0,61 Guarantã do Norte 471.304,30 142.171,82 30,17 4.496,45 0,95 Marcelândia 1.229.414,40 195.648,59 15,91 10.393,27 0,85 Matupá 515.185,00 140.047,83 27,18 5.325,67 1,03 Nova Bandeirantes 953.120,60 150.186,37 15,76 13.689,34 1,44 Nova Canaã do Norte 596.899,10 218.214,24 36,56 7.960,40 1,33 Nova Guarita 108.731,00 75.372,63 69,32 1.444,17 1,33 Nova Monte Verde 650.016,60 174.691,42 26,87 9.625,50 1,48 Nova Santa Helena 262.783,50 97.809,06 37,22 6.475,10 2,46 Novo Mundo 580.176,60 157.336,19 27,12 14.723,45 2,54 Paranaíta 483.014,30 135.574,59 28,07 8.616,60 1,78 Peixoto de Azevedo 1.439.866,10 205.414,91 14,27 8.092,32 0,56 Terra Nova do Norte 230.233,20 174.742,99 75,90 2.467,66 1,07 Total do território 10.997.418,10 2.726.622,87 24,79 131.454,71 1,20 Estado 90.335.790,80 27.823.980,22 30,80 795.699,86 0,88

Com respeito a taxa de desmatamento em 2002, observa-se que o ritmo de desmatamento neste ano foi maior do que a média do estado (1,20% da área contra 0,88%). Municípios como Alta Floresta, Nova Bandeirantes e Novo Mundo apresentaram taxa extremamente elevada neste ano. Pode-se observar ainda que esta velocidade pode indicar que estes dados já não são mais válidos para o ano de 2005. Segundo atores locais, por exemplo, o município de Colíder já está com quase 100% da sua área desmatada. Este desmatamento tem duas origens principais: a abertura de novas áreas de pastagens e lavouras e fornecimento de madeira para as indústrias madeireiras da região. Com respeito as primeiras atividades, observa-se que o desrespeito as matas ciliares e áreas de proteção permanente já estão comprometendo a qualidade e

11 MINISTÉRIO DO 5 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

quantidade da água em muitas localidades. No município de Carlinda, por exemplo, já existem propriedades completamente secas devido a perda de nascentes e pequenos córregos devido a erosão e assoreamento.

Imagens 38 e 39. O desmatamento desorganizado na região já provoca sérios impactos ambientais em todo o território Portal da Amazônia. Ao lado, vista de área de duas áreas que não deveriam ser desmatadas: a primeira por ser a encosta de morro e a segunda por ser a nascente de um córrego (observa-se nesta imagem a erosão e assoreamento do córrego).

Por outro lado, as indústrias madeireiras também são responsáveis por grande parte do desmatamento da região. Estas indústrias, além do desatamento em si, também acabam gerando outros impactos ambientais, como a disposição irregular de resíduos, que acabam formando verdadeiros “morros” nas paisagens do território. É importante mencionar ainda que a atual crise no setor madeireiro fez com que diversos municípios ficassem em situação difícil, tendo em vista a elevação do número de desempregados (Alta Floresta, por exemplo, teve mais de 700 pessoas desempregadas em somente 1 dia, com op fechamento de 5 empresas).

11 MINISTÉRIO DO 6 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Imagens 40 e 41. A indústria madeireira empregava grande parte da mão de obra nos centros urbanos dos municípios. Com a crise, muitas foram fechadas. Nas imagens ao lado, vista de madeireira de Apiacás (fechada) e vista da montanha formada pelos resíduos da serraria em Marcelândia.

As queimadas são outro problema de grande destaque para a região. No ano de 2002 o território respondeu por mais de 14% do número de focos de calor existentes no Estado de Mato Grosso. Se comparado com o ano de 2000, o registro do número de focos de calor vem aumentando em grande velocidade (mais de 150% de 2000 a 2002).

Tabela 43. Número de focos de calor nos municípios do território do Portal da Amazônia de 2000 a 2002. Fonte: Anuário Estatístico do MT, 2003. Municípios 2000 2001 2002 Variação % em (2000 – relação ao 2002) total1 ALTA FLORESTA 469,00 493,00 761,00 62,26 1,33 APIACAS 133,00 236,00 673,00 406,02 1,18 CARLINDA 52,00 110,00 171,00 228,85 0,30 COLIDER 70,00 90,00 99,00 41,43 0,17 91,00 94,00 288,00 216,48 0,50 MARCELANDIA 350,00 467,00 691,00 97,43 1,21 MATUPA 230,00 470,00 911,00 296,09 1,59 NOVA BANDEIRANTES 249,00 371,00 718,00 188,35 1,26 NOVA CANAA DO NORTE 333,00 186,00 339,00 1,80 0,59 NOVA GUARITA 77,00 54,00 89,00 15,58 0,16

11 MINISTÉRIO DO 7 DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

NOVA MONTE VERDE 222,00 443,00 448,00 101,80 0,78 NOVA SANTA HELENA 95,00 219,00 130,53 0,38 NOVO MUNDO 369,00 502,00 898,00 143,36 1,57 PARANAITA 312,00 385,00 507,00 62,50 0,89 PEIXOTO DE AZEVEDO 241,00 399,00 1.285,00 433,20 2,25 TERRA NOVA DO NORTE 101,00 128,00 226,00 123,76 0,40 Total do território 3.299,00 4.523,00 8.323,00 152,29 14,56 Estado 24.667,00 32.551,00 57.145,00 131,67 100,00 % em relação ao total 13,37 13,90 14,56 1. Em relação a 2002.

Imagens 42, 43 e 44. As queimadas são um problema extremamente sério na região. Abaixo, imagens de queimadas em Paranaíta e Apiacás. Atentar para a última imagem que retrata a fumaça no céu de Apiacás devido a queimada nas grandes fazendas (foto tirada as 15:00).

6.6 Outras questões relevantes Atualmente os produtores do território encontram-se extremamente descapitalizados. Problemas relacionados à falta de títulos de terras, aliados às dificuldade impostas pelo Banco do Brasil para a obtenção das diversas linhas de crédito fazem com que seja extremamente difícil a obtenção de recursos para o investimento na produção. Problemas estruturais da área rural como falta de luz elétrica em algumas comunidades e a falta de regularização fundiária, complementam o quadro de dificuldades impostas aos moradores das áreas rurais. A resolução destes problemas é fundamental para a continuidade do processo de desenvolvimento da região. O fortalecimento das ações cooperativas que nascem no território aliada a recuperação das áreas degradadas e o fomento à diversificação da produção parecem ser os eixos principais que devem nortear as ações de desenvolvimento e que o próprio território reconhece fundamentais.

118 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

EMPAER UNEMAT (Colíder e STRs PROJETO COOPERATIVA onGS: ICV, IOV, mOVIMENTOS SOCIAIS BANCO DO BASIL

PRODUÇÃO INSTITUIÇÕES DE APOIO COMERCIALIZAÇÃO PRODUÇÃO DE Ambulantes (em LEITE todos os ATRAVESSADORES Outros produtos: PRODUÇÃO DE Feiras Municipais Frutas, hortaliças, BEZERROS peixes, pequenos animais (suínos e Supermercados Locais aves) Mandioca (em todos os Frigoríficos LATICÍNIOS(Alta C municípios) (Matupá, Nova Floresta, Nova Canaã Alta Canaã, Colíder, Abacaxi, Banana, Terra Nova do caju Farinheiras (em todos os Transformações Caseiras (em todos os iNDÚSTRIA DE iíi ) Comércio em são paulo e POLPA (Terra Nova rio de janeiro do Norte Alta

TRANSFORMAÇÃO

119

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

7. ANÁLISE DO PRONAF INFRA 2003/ 2004 NO PORTAL DA AMAZÔNIA

7.1 PRONAF INFRA 2003 Em 2003 os as propostas para o PRONAF Infra-estrutura foram iguais para os municípios de Nova Guarita, Novo Mundo, Guarantã do Norte, Terra Nova do Norte e Peixoto de Azevedo: a aquisição de tanques para resfriamento do leite. Ressalta-se a produção de leite é a principal fonte de renda para os produtores destes municípios. Observou-se que os tanques de Terra Nova do Norte e Nova Guarita, apesar de estarem na prefeitura, ainda não foram instalados. Problemas relacionados a infra estrutura e logística na captação do leite nestes tanques comunitários foram apontados como obstáculos. No entanto, os entrevistados relataram que os equipamentos deverão ser instalados nos próximos meses. Já a prefeitura de Novo Mundo relatou que os equipamentos não foram liberados, apesar de não ter sido apontada razões concretas para isso.

7.2 PRONAF INFRA 2004 O PRONAF Infra-estrutura de 2004 envolveu 2 pontos principais: a construção de um centro de capacitação para a agricultura familiar no município de Colíder e a implementação de uma estrutura de informação que possibilitasse a comercialização conjunta dos produtos da agricultura familiar nos diversos municípios do território (escritório equipado com um computador e funcionário capacitado para alimentar um sistema específico com informações sobre a produção local, sendo que cada escritório estaria interligado com os demais por um sistema “intra net”).

FASE ATUAL O projeto do Portal da Amazônia foi atrelado ao projeto do território do Baixo Araguaia. Desta forma, com os problemas para a identificação do terreno da Central de Abastecimento em Cuiabá, houve demora para a liberação do recurso para o Portal da Amazônia. Após a desvinculação dos projetos, os recursos foram liberados. Atualmente a licitação para construção da Central de Capacitação já foi concluída sendo que as obras deverão começar. Uma equipe de representantes do Portal foi formada para acompanhar toda a obra. No entanto, faltam informações aos atores locais sobre a fase atual.

120

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Com respeito aos escritórios de comercialização em rede, também foi formada uma equipe para implementar as ações.

ARTICULAÇÃO COM A REALIDADE LOCAL E OUTRAS ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO Ambos projetos do ano de 2004 atendem aos eixos de desenvolvimento definidos pelo colegiado territorial (CEAAF – Conselho Executivo de Ações para a Agricultura Familiar). No entanto, a operacionaldade das propostas é difícil devendo ser mais discutida pelo próprio colegiado. Após um período inicial de realização de planejamento, o atraso na liberação dos recursos fez com que a mobilização inicial se enfraquecesse. Uma preocupação especial é com os escritórios de comercialização uma vez que seu funcionamento prático depende de um esquema eficiente de alimentação de informações que ainda precisa ser debatido e definido. Observou-se ainda que as propostas para 2005 complementam as propostas de 2004. A construção de um entreposto comercial em Terra Nova do Norte pretende unir fisicamente a produção da agricultura familiar, formando grandes cargas e favorecendo o escoamento desta produção. Além disso, as demais ações propostas (kits de inseminação artificial e usina de compostagem em Nova Santa Helena) irão favorecer o desenvolvimento da agricultura e da recuperação das pastagens na região.

121

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

8. CONCLUSÕES: LINHAS GERAIS PARA AS AÇÕES DO TERRITÓRIO PORTAL DA AMAZÔNIA

Assim como outras regiões do Estado de Mato Grosso, o Portal da Amazônia enfrenta alguns importantes limitantes para o seu desenvolvimento sustentável. Por um lado, a baixa renda da população rural impede a realização de investimentos no sentido de aumentar a produtividade da produção animal e das lavouras. Por outro, as limitações estruturais, relacionadas a grande distância até os centros consumidores e a precariedade das estradas encarece a comercialização dos produtos e o abastecimento interno dos municípios, feito basicamente com produtos de outros estados. Não se pode negar ainda a importância atual que assume a produção de leite para grande parte dos produtores familiares do Portal da Amazônia. Observa-se um crescimento acentuado desta produção, principalmente pela possibilidade de geração de renda contínua e pela baixa mão de obra empregada. No entanto é importante frisar que o crescimento da produção de leite se deu basicamente pelo aumento da área de pastagens, impactando negativamente no meio ambiente. De forma geral, pode-se mencionar algumas ações no sentido de dinamizar a economia do território, sendo estas ações divididas em três grandes eixos: aumento de renda da população rural; resolução dos limitantes estruturais e, finalmente, o desenvolvimento do setor urbano nos municípios.

a) Aumento de renda da população rural Neste ponto duas estratégias podem ser implementadas (e em grande parte vem sendo já realizadas pelas instituições que atuam no território, muito embora de forma isolada): fortalecimento da produção de leite e diversificação da produção. Não se pode ainda esquecer na necessidade de industrialização dos produtos da agricultura familiar, na intenção de aumentar o valor agregado destes produtos. O fortalecimento da produção de leite aparece uma vez que esta atividade já é uma realidade na região. A percepção dos moradores locais é que o Portal da Amazônia pode se tornar a maior bacia leiteira do estado sem a necessidade de abrir novas áreas de pastagens, mas apenas intensificando a produção que já existe. Neste aspecto, alguns pontos devem ser destacados:

122

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

- Capacitação para os agricultores familiares em produção de leite: estas capacitações poderiam ter como tópicos a intensificação do sistema de pastejo e a qualidade do leite, com atenção especial para o acesso aos tanques de resfriamento do leite. Este último aspecto é relevante tendo em vista a nova legislação para a qualidade do leite (Instrução Normativa no. 51 do Ministério da Agricultura), que coloca a necessidade de resfriamento do leite e novos padrões de qualidade para o produto.

- Programas de prevenção ao desmatamento, recuperação de áreas degradadas e prevenção às queimadas. Estas ações, que devem estar articuladas com as ações de fortalecimento da produção de leite considerando o aspecto econômico dentro da dimensão ambiental, visam contornar os graves impactos ambientais resultantes do modelo de desenvolvimento da região.

A diversificação da produção é outra estratégia direcionada para o aumento da renda das populações rurais do território. Ações no sentido de fomentar a produção orgânica estão sendo desenvolvidas, principalmente relacionadas a COOPERAGREPA. Independentemente da produção ser orgânica ou não, se faz necessária a garantia de existência de outros produtos, não causando dependência exclusiva do leite para a sobrevivência do agricultor familiar (atualmente, mesmo a COOPERNOVA, que se tornou uma referência na produção de leite dentro do Portal da Amazônia, desenvolve trabalhos de diversificação da produção). Um cuidado especial deve ser tomado com os municípios de Apiacás, Nova Bandeirante e Nova Monte Verde. Estes municípios possuem características diferenciadas, como grande parte da área de matas e o acesso difícil. Para estes municípios em particular deve-se pensar em novas estratégias de desenvolvimento – atualmente há um desejo de formação de uma cooperativa mista envolvendo estes municípios para trabalhar com palmito, café e outros produtos que já existem nas localidades. É importante destacar ainda que o território vive um momento de estímulo ao cooperativismo. Assim, pode-se considerar que o associativismo e o cooperativismo devem ser valores presentes de forma transversal em todas as ações citadas. Este parece ser um desafio para as instituições do Portal da Amazônia: como trabalhar de

123

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

forma mais integral, não apenas considerando os aspectos técnicos, geralmente específicos a cada instituição, mas também envolvendo questões sociais e culturais em seus trabalhos. A maior integração entre as instituições poderá potencializar de forma expressiva os resultados destas atividades. O aumento da renda dos agricultores familiares passa ainda por 2 etapas importantes: o valor agregado pela industrialização e a garantia de comercialização. Assim, um primeiro aspecto é o levantamento preciso de todas as agroindústrias existentes e as atualmente paradas dentro do território e seu atual estágio de conservação e potencialidade de utilização. Devido ao curso período de realização do Estudo Propositivo não foi possível identificar estas agroindústrias, sendo que esta é uma ação de fácil implementação pelos atores locais, principalmente se houver de instituições presentes em todos os municípios, como os STRs. Do ponto de vista da industrialização outra ações é estratégia para o Portal da Amazônia: o auxílio na estruturação da fábrica de leite em pó da COOPERNOVA para fortalecer e unir a produção de leite do território. Atualmente a produção de leite sofre com a pressão dos laticínios particulares, que exercem total controle sobre os preços dos produtos. A grande distância impede que a COOPERNOVA colete leite em muitos municípios. A existência de uma fábrica de leite em pó, com subunidades de condensamento do leite espalhados estrategicamente pelo território possibilitaria que todos os municípios estivessem interligados. Além disso, haveria a produção de um produto de alto valor agregado, pressionando para cima do preço médio do leite na região. Do lado da comercialização três ações são estratégicas são a organização da produção e do mercado interno (mapeamento da origem dos produtos destinados ao abastecimento interno e a formação de grupos de produtores capazes de atender este mercado), a formação de um sistema de comunicação sobre a produção e comercialização e a estruturar das feiras municipais. A organização da comercialização de certa forma teve início com as propostas do PRONAF INFRA 2004 (implementação de um sistema de comercialização em rede). No entanto, é necessário maior transparência e comunicação dentro do colegiado territorial. Este, aliás, é um limitante importante a ser superado. Como envolver mais os atores dentro da questão do desenvolvimento territorial, principalmente os representantes dos agricultores familiares e como fazer circular a informação dentro do grupo.

124

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Por fim, o estímulo ao mercado institucional (programas sociais, merenda escolar etc.) e a compra pela CONAB aparecem também como possíveis estratégias. Atualmente o território tem uma representante junto a CONAB para realizar este trabalho.

b) Limitantes estruturais Neste ponto a atenção deve ser centrada no sistema de escoamento da produção. A precariedade das estradas, mesmo a BR 163, encarece os produtos de forma significativa. O programa de asfaltamento do lado paraense da BR 163 e a melhoria do asfalto no lado mato-grossense, facilitando a chegada até o Porto de Santarém e até Cuiabá, pode representar um passo importante. Dois pontos estruturais que merecem ser destacados ainda são a falta de regularização de terras e a ausência de luz elétrica nas áreas rurais de alguns municípios. Cabe ao colegiado territorial pensar estratégias para atacar diretamente estas questões.

c) Fortalecimento dos municípios Os dados apresentados ao longo do estudo propositivo revelaram uma concentração de recursos direcionados a três municípios do território (Colíder, Alta Floresta e Guarantã do Norte). Apesar dos problemas estruturais vivenciados pelos pequenos municípios do território, estes acabam recebendo uma pequena parcela dos recursos de convênios ou repasses. É necessário pensar estratégias de descentralização dos recursos e das ações.

125

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

9. 8. REFERÊNCIAS

ABRAMOVAY, R. O capital social dos territórios: repensando o desenvolvimento rural. Economia Aplicada, v.4, n.2, 2000.

ABRAMOVAY, R. Conselhos além dos limites. In: Seminário de Desenvolvimento Local e Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural. Anais... 20 a 21 de junho de 2001.

ALVES, M. J. C. P.; MAYO, C. P.; DONALISIA, M. R. História, epidemiologia e controle da malária na região de Campinas, Estado de São Paulo, Brasil, 1980 a 2000. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, n. 37, p.41-45, 2004.

ARJONA, A. C.; MORENO, C. A. A.; AGUDELO, C. A. A.; BUENO, M.; LÓPEZ, M. C.; CÁCERES, E.; REYES, P.; BELTRAN, S. D.; GÜALDRON, L. E.; SANTACRUZ, M. M. Prevalence of trypanosoma cruzi and Leishamania chagasi infection and risck factors in a colombian indigenous population. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo, v. 41, n.4, p. 229-234, 1999.

BUCHILLET, D. Tuberculose, busca de assistência médica e observância terapêutica na Amazônia brasileira. Cooperação França – Brasil, n.11, p.1-4, 1997.

CAMPANILI, 2002. Parque do Xingu é um oásis de biodiversidade. Estadão on line, 2002. Disponível em http://www.estadao.com.br/villasboas/entorno.htm. Acessado em 13/08/2005.

CGU - Controladoria Geral da União – Informações sobre recursos e aplicações re recursos federais. Disponível em http://www.portaltransparencia.gov.br/Portal.asp?Tipo=0. Acessado em 02/08/2005.

CGU - Controladoria Geral da União – Secretaria Federal de Controle Interno (SFCI) – convênios com o governo federal. Disponível em: http://www.cgu.gov.br/sfc/convenio/convenios.asp. Acessado em 02/-8/2005.

DONIAK, F. A. Participação comunitária no processo de desenvolvimento local: estudo do caso do município de Rancho Queimado. Dissertação de Mestrado. 161f. Universidade Federal de Santa Catarina. 2002.

FERREIRA, J. C. V. Mato Grosso e seus municípios. Cuiabá: Secretaria de Estado de Cultura, 1997. 668p.

FILHO, P. G. M. M.; FAUSTO, S. Evolução dos indicadores sociais no Brasil. Brasília: Secretaria de Política Econômica, 2000. 10p.

IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Agropecuário de 2000. Disponível em www.ibge.gov.br. Acessado em 03/08/2005.

IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Pecuária Municipal. Disponível em www.ibge.gov.br. Acessado em 03/08/2005.

126

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

IBGE. INSTITUTO BRASILEIRA DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Agrícola Municipal. Disponível em www.ibge.gov.br. Acessado em 03/08/2005.

INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. EDUDATABRASIL. Disponível em: http://www.edudatabrasil.inep.gov.br/. Acessado em 02/08/2005.

ISA. Instituto Sócio-ambiental. O Xingu na mira da soja. Disponível em http://www.socioambiental.org/esp/soja/2.shtm. Acessado em 13/08/2005.

LOPES, A. M.; FERREIRA, E. C. Tybysirá: educação do campo e visibilidade social. São Félix do Araguaia: Prefeitura Municipal de São Félix do Araguaia, 2004. 244p.

MELO, M. M. O Envelhecimento da População Brasileira: intensidade, feminização e dependência Instituto de Estudos sobre a Amazônia da Fundação Joaquim Nabuco, Universidade Federal de Pernambuco. Disponível em http://www.redadultosmayores.com.ar/buscador/files/BRASI015_deMeloMoreira.pdf. Acessado em 06/08/2005.

MINISTÉRIO DA SAÚDE/ DATASUS. Indicadores Municipais de Saúde. Disponível em http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visao.cfm?id_area=165. Acessado em 02/08/2005.

RACE, 2005. Rede acadêmica de ciência econômica. Disponível em http://www.race.nuca.ie.ufrj.br/ceae/ibge/indicadoresmetodologia.htm#idh. Acessado em 05/08/2005.

SDT/ MDA – SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL/ MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO. Marco referencial para o apoio ao desenvolvimento de territórios rurais. Série documentos institucionais, n.2, p. 1 – 29, 2005.

SEPLAN – SECRETARIA DE ESTADO DE PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL. Informativo sócio-econômico de Mato Grosso. Cuiabá: SEPLAN, 2005. 34p.

SEPLAN – SECRETARIA DE ESTADO DE PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL. Zoneamento Sócio-econômico ecológico do Estado de Mato Grosso. Cuiabá: SEPLAN, 2005. 127p.

SERVICE, M. W. Agricultural development and arthropod-borne diseases: a review. Revista de Saúde Pública, v. 25, n.3, p. 165-178, 1991.

NIU – SISTEMA NACIONAL DE INDICADORES URBANOS, 2000.

TAUIL, P. L. Urbanização e ecologia do dengue. Cadernos de Saúde Pública, v. 17(Suplemento), p. 99-102, 2001.

VEIGA, J.E. O Brasil Rural ainda não encontrou seu eixo de desenvolvimento. Estudos Avançados, v.43, p. 101-119, 2001.

127

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

VEIGA, J. E; FAVARETO, A. AZEVEDO, C.M.A.; BITTENCOURT, G.; VECCHIATTI, K.; MAGALHÃES, R. e JORGE, R. O Brasil Rural precisa de uma estratégia de desenvolvimento, Série Textos para Discussão, n. 1, NEAD, 2001.

VICENTIN, G.; SANTO, A. H.; CARVALHO, M. C. Mortalidade por tuberculose e indicadores sociais no município do Rio de Janeiro. Ciência & Saúde Coletiva, v. 7, n.2, p.253-263, 2002.

128

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO ESTUDO PROPOSITIVO AGRÁRIO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

10. 9. ANEXOS

1. Planilhas I, II, III

2. Planilha de comparação entre os três territórios do Mato Grosso

3. Mapas do território do Portal da Amazônia

4. Proposta de ações no território do Portal da Amazônia (com base nos resultados do estudo propositivo e nas respostas dos atores locais às provocações feitas durante a oficina de pré-apresentação e complementação dos dados).

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

COMPARAÇÃO ENTRE OS TERRITÓRIOS DO MATO GROSSO.

TERRITÓRIOS Índices e Taxas Baixada Baixada Baixo Portal da Média MT Cuiabana 11 Cuiabana 22 Araguaia Amazônia Dados Populacionais Distância Média para a Capital (Km) 92,72 92,72 1.102,25 734,64 - Média de habitantes na área urbana em 2000 59.524,85 7.453,91 3.186,13 9.216,88 - Média de habitantes na área rural em 2000 5.157,31 5.112,36 3.141,73 5.609,38 - Densidade demográfica média em 2000 36,97 3,04 1,07 2,97 - Índice de urbanização médio em 2000 61,46 56,96 44,18 52,91 - Razão de dependência média em 2000 61,48 63,39 62,33 58,89 - Crescimento médio da população de 1996 a 2004 17,59 5,29 14,45 5,79 20,76 % Média de população no meio rural em 2000 8,00 40,00 49,65 47,09 20,61 % da população indígena do Estado de MT 2,75 1,75 23,44 17,12 100,00 Pobreza nos territórios IDH Médio em 2000 0,793 0,697 0,704 0,733 0,773 IDH Longevidade Médio em 2000 0,740 0,709 0,680 0,711 0,740 IDH Educação Médio em 2000 0,888 0,688 0,805 0,822 0,860 IDH Renda Médio em 2000 0,734 0,603 0,631 0,664 0,718 % de domicílios em condição de pobreza em 2000 11,50 40,30 25,90 27,13 18,40 Mortalidade infantil (/ 1.000 nascidos vivos) no ano de 2002 22,99 23,53 33,26 22,46 22,90 Rendimento médio mensal do domicílios (salários mínimos) em 2002 3,43 3,01 4,10 3,97 5,13 Mortalidade média por doenças infecciosas e parasitárias em 2002 4,18 3,68 4,89 6,90 - Mortalidade média por causas externas em 2002 18,11 17,60 35,14 19,56 - Coeficiente de mortalidade por acidentes em 2002 (por 100.000 habitantes) 34,52 36,46 52,38 25,45 - Coeficiente de mortalidade por agressões em 2002 (por 100.000 habitantes) 26,88 29,09 69,43 38,21 - Coeficiente de mortalidade geral em 2002 (por 100.000 habitantes) 4,74 4,65 3,37 3,97 - % de domicílios com abastecimento de água em 2000 58,94 54,1 26,53 24,90 - % de domicílios sem instalação sanitária em 2000 25,8 30 31,92 15,95 - % de domicílios com coleta de lixo em 2000 47,65 40,32 32,95 46,86 - Incidência de malária em 2002 (número de casos/ 10.000 habitantes) 1,36 0,87 62,26 22,92 26,67

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Incidência de dengue em 2002 (número de casos/ 10.000 habitantes) 21,65 19,81 10,02 26,08 29,98 Incidência de hanseníase em 2002 (número de casos/ 10.000 habitantes) 9,19 11,64 14,74 10,79 29,98 Incidência de leishmaniose em 2002 (número de casos/ 10.000 habitantes) 2,92 7,45 26,83 35,52 16,82 Incidência de tuberculose em 2002 (número de casos/ 10.000 habitantes) 5,99 2,96 2,17 4,89 4,57 Características econômicas Renda média dos municípios em 1996 22.078,77 1.830,27 1.404,91 43.952,33 - Renda per capita média em 1996 176,60 146,05 167,65 215,18 - Valor médio da produção animal e vegetal em 1996 6.860,08 7.535,55 7.712,73 7.472,00 - Número médio de trabalhadores rurais nos municípios em 1996 2.624,00 2.861,73 2.957,55 4.263,85 - Número médio de trabalhadores em empresas formais em 1996 12.793,77 475,09 288,55 1.313,47 - Relação média entre moradores e trabalhadores do meio rural em 1996 2,33 1,82 1,49 1,46 1,65 Relação média entre moradores e trabalhadores do meio urbano em 1996 4,08 14,17 22,18 6,61 4,74 Características educacionais Índice de escolarização em 2000 95,20 90,20 81,90 79,16 86,00 Taxa de analfabetismo em 2000 9,40 22,70 16,60 14,84 12,36 % dos chefes de famílias com menos de 4 anos de em 2000 26,20 51,80 47,80 44,39 35,24 Número de escolas com nível fundamental em 2003 286 252 135 156 1297 Número de escolas com nível médio em 2003 19 15 1 12 63 Número de escolas com cursos para jovens e adultos em 2003 12 11 1 1 27 Número de habitantes no meio rural/ escolas com nível fundamental em 2003 234,42 223,16 640,59 575,32 394,96 Número médio de alunos nas escolas municipais rurais com nível fundamental em 17,61 16,63 17,31 22,00 19,30 2003 Número médio de alunos nas escolas estaduais rurais com nível fundamental em 22,79 21,94 13,75 28,00 20,60 2003 Número médio de alunos nas escolas municipais rurais com nível médio em 2003 32,50 * 28,00 22,80 19,30 Número médio de alunos nas escolas estaduais rurais com nível médio em 2003 24,50 25,37 * 28,53 20,60 % de professores das escolas municiais rurais com nível fundamental com nível 23,31 15,08 5,21 13,37 21,60 superior em 2003 % de professores das escolas estaduais rurais com nível fundamental com nível 100,00 * 40,00 * 80,90 superior em 2003 % de professores das escolas municiais rurais com nível médio com nível superior 51,87 39,41 8,00 55,47 62,90 em 2003 % de professores das escolas estaduais rurais com nível médio com nível superior 61,51 58,03 * 55,28 * em 2003 Taxa de reprovação média nas escolas municipais com nível fundmental em 2003 9,49 9,32 10,94 10,19 11,50 Taxa de reprovação média nas escolas estaduais com nível fundamental em 2003 6,70 8,56 1,75 2,85 6,90

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Taxa de abandono média nas escolas municipais com nível fundamental em 2003 11,16 11,39 16,26 12,68 13,40 Taxa de abandono média nas escolas estaduais com nível fundamental em 2003 12,16 12,06 28,05 16,35 17,70 Características da atividade agropecuária - todos os dados relativos a 1996 % da área destinada a culturas permanentes 0,12 0,11 0,60 0,60 0,30 % da área destinada a culturas temporárias 1,29 1,30 1,00 1,40 5,60 % da área destinada a culturas temporárias em descanso 0,58 0,59 0,50 0,40 1,00 % da área destinada a pastagens naturais 37,34 37,89 7,50 0,70 12,40 % da área destinada a pastagens plantadas 26,90 26,38 37,40 27,90 30,60 % da área destinada a matas naturais 21,78 21,60 48,20 63,20 43,10 % da área destinada a matas plantadas 0,11 0,08 0,00 - 0,10 % da área de terras produtivas não utilizadas 3,82 3,91 2,30 1,20 2,90 Número médio de estabelecimentos rurais por município 603,23 648,55 761,11 1.433,69 - Número médio de estabelecimentos destinados a lavoura temporária 150,62 168,36 133,00 350,54 - Número médio de estabelecimentos destinados a produtos de hort. E viveiros 6,92 5,64 2,89 7,69 - Número médio de estabelecimentos destinados a lavoura permanentes 45,92 45,18 65,67 94,77 - Número médio de estabelecimentos destinados a pecuária 312,62 333,09 399,89 664,77 - Número médio de estabelecimentos destinados a produção mista 79,77 88,18 140,00 259,69 - Número médio de estabelecimentos destinados a silvicultura 4,46 5,18 19,33 55,00 - Número médio de estabelecimentos destinados a pesca 2,62 2,55 0,00 0,23 - Número médio de estabelecimentos destinados a carvão 0,31 0,36 0,33 1,00 - Número médio de trabalhadores/ estabelecimento rural 4,33 3,84 4,23 3,15 4,15 % de Responsáveis e familiares não remunerados 74,59 74,5 81,70 82,99 66,36 % de Empregados permanentes 18,14 17,9 10,34 7,22 18,81 % de Empregados temporários 5,22 5,4 5,85 6,48 11,75 % de Parceiros 0,30 0,3 0,34 0,98 0,79 % de Outra condição 1,76 1,8 1,77 2,32 2,29 % de Proprietários 91,20 90,76 62,89 88,65 86,61 % de Arrendatários 1,63 1,51 0,28 0,96 2,08 % de Parceiros 0,34 0,36 0,20 0,85 1,23 % de Ocupantes 6,83 7,36 36,63 9,55 10,08 % de mulheres ocupadas na atividade rural 35,10 34,9 35,48 30,74 29,77 % de estabelecimentos com até 10 hectares 19,85 18,44 1,97 14,76 12,45 % de estabelecimentos com 10 a 20 hectares 10,62 10,19 1,30 8,42 8,05

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

% de estabelecimentos com 20 a 50 hectares 18,16 18,28 13,42 27,37 20,20 % de estabelecimentos com 50 a 100 hectares 13,52 14,02 29,31 27,29 18,84 % de estabelecimentos com 100 a 200 hectares 10,66 10,85 33,71 10,20 13,63 % de estabelecimentos com 200 a 500 hectares 10,70 10,97 9,93 6,63 11,04 % de estabelecimentos com 500 a 1000 hectares 5,98 6,16 3,05 2,15 5,64 % de estabelecimentos com1000 hectares 10,51 11,09 7,31 3,19 10,17 % da área ocupada pelos estabelecimentos com até 10 hectares 0,14 0,12 0,01 0,26 0,09 % da área ocupada pelos estabelecimentos de 10 a 20 hectares 0,23 0,21 0,03 0,44 0,18 % da área ocupada pelos estabelecimentos de 20 a 50 hectares 0,96 0,91 0,76 3,13 1,04 % da área ocupada pelos estabelecimentos de 50 a 100 hectares 1,53 1,49 3,37 5,79 1,97 % da área ocupada pelos estabelecimentos de 100 a 200 hectares 2,35 2,24 6,10 4,70 2,78 % da área ocupada pelos estabelecimentos de 200 a 500 hectares 5,64 5,44 4,59 7,35 5,49 % da área ocupada pelos estabelecimentos de 500 a 1000 hectares 6,98 6,75 3,17 5,51 6,25 % da área ocupada pelos estabelecimentosde 1000 hectares 82,17 82,84 81,96 72,82 84,70 Agricultura familiar no território - dados relativos a 1996 % de estabelecimentos familiares 67,80 70,00 56,66 85,70 69,90 Área média ocupada pelos estabelecimentos familiares 79,35 83,29 125,87 84,70 84,70 % de participação no VBP da agricultura familiar 23,30 23,00 5,60 48,60 13,60 % de pessoal ocupado na agricultura familiar 60,90 62,20 0,49 82,40 56,10 renda bruta média/ trabalhador/ ano (R$) 1.002,00 972,06 826,39 973,61 1.460,71 % de estabelecimentos familiares "quase sem renda + renda baixa" 76,00 77,00 75,00 74,00 68,00 Área média dos estabelecimentos familiares 72,06 72,50 125,29 61,12 25,20 Demandas por políticas públicas Número de Projetos de Assentamentos em 2005 104 95 49 61 - Número de famílias assentadas em 2005 8.566 7.399 12.968 17.548 - Demanda do programa luz para todos em 2005 1.804 1.613 11.456 6.545 - Número de Projetos de Assentamentos atendidos pela ATES em 2005 28 25 35 12 - % de assentamentos atendidos pela ATES 26,92 26,32 71,43 19,67 - Número de famílias atendidades pela ATES em 2005 3.001 2.605 7.194 2.177 - % de famílias atendidas pela ATES 35,03 35,21 55,48 12,41 - Número de técnicos com nível superior da EMPAER no território em 2005 11 7 5 8 - Número de técnicos com nível médio da EMPAER no território em 2005 25 19 25 22 - Políticas Públicas Oferecidas Participação do MDA no total de recursos alocados para a região entre 2002 e 8,3 3,53 23,44 7,39 - 2005(%)

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Total de recursos do MDA alocados para a região entre 2002 e 2005(R$) 26.100.000,00 15.080.000,00 6.810.000,00 3.440.994,50 - Participação da organização agrária no total de repasses para os municípios em 0,31 0,61 0,42 0,00 - 2005 (%) Participação dos encargos especiais no total de repasses para os municípios em 51,02 74,16 73,52 67,85 - 2005 (%) Participação da saúde no total de repasses para os municípios em 2005 (%) 34,83 12,59 19,68 22,83 - Participação da educação no total de repasses para os municípios em 2005 (%) 0,73 0,68 0,58 0,78 - Participação da assistência social no total de repasses para os municípios em 2005 9,99 11,97 5,81 8,54 - (%) Total de repasses do governo federal em 2005 para o território 72.041.550,80 13.682.827,79 14.801.245,66 23.492.227,88 - Dados sobre Meio Ambiente % desmatada até 2002 24,49 23,98 28,10 24,79 30,80 % desmatada no ano de 2002 0,47 0,49 0,96 1,20 0,88 % dos focos de calor em 2002 3,37 3,18 17,92 14,56 100,00 Variação percentual do número de focos de calor entre 2000 e 2002 118,35 113,11 190,35 152,29 131,67 1.Dados com todos os municípios do território do Baixo Araguaia 2.Indicadores sem Cuiabá e Várzea Grande.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

MAPAS DO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA (para a construção dos mapas não foram considerados os dados do município de Nova Santa Helena, fundado após o ano de 2000).

Mapa 01. Distância média à capital do estado dos municípios que formam o território do Portal da Amazônia. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2005.

Mapa 02. População urbana dos municípios que formam o território do Portal da Amazônia. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2005.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Mapa 03. População rural dos municípios que formam o território do Portal da Amazônia. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2005.

Mapa 04. Percentual da renda proveniente de transferências governamentais em 2000 dos municípios que formam o território do Portal da Amazônia. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2005.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Mapa 05. Índice de desenvolvimento humano em 2000 dos municípios que formam o território do Portal da Amazônia. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2005.

Mapa 06. Índice de desenvolvimento humano – longevidade em 2000 dos municípios que formam o território do Portal da Amazônia. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2005.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Mapa 07. Índice de desenvolvimento humano – educação em 2000 dos municípios que formam o território do Portal da Amazônia. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2005.

Mapa 08. Índice de desenvolvimento humano – renda em 2000 dos municípios que formam o território do Portal da Amazônia. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2005.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Mapa 09. Mortalidade até cinco anos de idade em 2000 dos municípios que formam o território do Portal da Amazônia. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2005.

Mapa 10. Probabilidade de sobrevivência até os 60 anos em 2000 dos municípios que formam o território do Portal da Amazônia. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2005.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Mapa 11. Esperança de vida ao nascer em 2000 dos municípios que formam o território do Portal da Amazônia. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2005.

Mapa 12. Percentual de pessoas que vivem em domicílios com água encanada em 2000 dos municípios que formam o território do Portal da Amazônia. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2005.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Mapa 13. Percentual de pessoas que vivem em domicílios com energia elétrica em 2000 dos municípios que formam o território do Portal da Amazônia. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2005.

Mapa 14. Percentual de pessoas que vivem em domicílio com coleta de lixo em 2000 dos municípios que formam o território do Portal da Amazônia. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2005.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Mapa 15. Taxa de alfabetização em 2000 dos municípios que formam o território do Portal da Amazônia. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2005.

Mapa 16. Renda per capita em 2000 dos municípios que formam o território do Portal da Amazônia. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2005.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

Mapa 16. Intensidade da pobreza em 2000 dos municípios que formam o território do Portal da Amazônia. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2005.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO ESTUDO PROPOSITIVO TERRITÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

PROPOSTAS DE AÇÕES PARA O TERRTIÓRIO DO BAIXO ARAGUAIA PROPOSTAS DE AÇÕES PARA O TERRTIÓRIO DO PORTAL DA AMAZÔNIA

INSTITUIÇÕES DE APOIO Maior articulação entre as instituições de apoio, procurando construir programas conjuntos de desenvolvimento para a região. Fortalecimento dos movimentos sociais através de capacitações e maior facilidade para acessar recursos

PRODUÇÃO TRANSFORMAÇÃO COMERCIALIZAÇÃO - Fazer um levantamento preciso de todas as - Organização do mercado interno (mapeamento da - Capacitação em produção de leite (sistema de pastejo, agroindústrias paradas dentro do território e seu atual origem dos produtos destinados ao abastecimento qualidade do leite). Atenção especial para o acesso estágio de conservação e potencialidade de utilização interno) aos tanques de resfriamento do leite. – envolvimento dos STRs para este levantamento - Envolver os STRs e Associações para a criação de um - Estruturação maior das feiras municipais, revitalização - Auxílio na estruturação da fábrica de leite em pó da sistema de comunicação sobre a produção e de agroindústrias atualmente paradas, com ênfase no COOPERNOVA para fortalecer e unir a produção de comercialização. frigorífico de peixes de Alta Floresta. leite do território. - Estruturar as feiras municipais. - Crédito: articulação junto aos bancos para facilitar - Fomento as agroindústrias comunitárias. acesso. - Fomentar o mercado institucional (programas sociais, merenda escolar etc.) e a compra pela CONAB. - Fomento ao Cooperativismo: capacitações e intercâmbios nesta área.

- Fomento a diversificação da produção.

- Resolução dos problemas fundiários como base para o desenvolvimento da região.

- Programas de prevenção ao desmatamento, recuperação de áreas degradadas e prevenção às queimadas.