Kenny Burrell
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MÚSICOS, FATOS & CURIOSIDADES • Nº 132 • MAIO 2017 A GUITARRA - KENNY BURRELL Kenneth Earl Burrell, artisticamente KENNY BURRELL, nasceu em 31 de julho de 1931 em Detroit, no estado de Michigan, no seio de uma família de músicos e, ainda assim, foi um auto-didata, dedicando- se à guitarra sómente a partir dos 12 anos. Aos 18 anos KENNY integrou a formação do saxofonista Floyd “Candy” Johnson (nascido em 01/maio/1922 em Madison/Illinois e falecido em 28/junho/1981 em Framingham/ Massashusets). Seguidamente passou pelas bandas de Count Belcher, Tommy Barnett (quando tinha apenas 19 anos) e, finalmente, formou no sexteto de Dizzy Gillespie com 20 anos. Considerando que Dizzy Gillespie já era em 1951 uma “estrela”, identificado ao lado de Charlie Parker como um dos principais inovadores no JAZZ com o “bebop”, não é difícil aquilatar as qualidades de KENNY BURRELL já nessa época. Esse ano de 1951 marca, também, a primeira gravação de KENNY, exatamente ao lado de Gillespie e em sexteto. Estudou guitarra no período 1952/1953 e voltou-se para o estudo “técnico” da guitarra clássica, ingressando na “Wayne State University”, graduando-se em 1955 como “bachelor of music”. KENNY BURRELL considerava-se um discípulo direto de Charlie Christian, Django Reinhardt e Oscar Moore. Possuidor de técnica instrumental invejável, é sóbrio nas linhas melódicas, sempre precisas, “limpas” e sobre uma sonoridade que aprisiona o ouvinte. Com certeza criou identidade própria bem próxima ao “hard bop”. Seu toque revela natureza voltada para o “blues” e, sem dúvida, poucos guitarristas de sua geração o igualam nesse aspecto. Tanto como acompanhante quanto como solista, KENNY BURRELL é músico de extraordinária versatilidade, mais ainda na guitarra elétrica. Após graduar-se formou grupo próprio, dissolvido pouco depois, já que substituindo Herb Ellis passou a fazer parte do trio do grande pianista canadense Oscar Peterson, com o qual gravou, apresentou-se em diversos locais e excursionou. REVISTA MENSAL DO JAZZ – POR PEDRO CARDOSO EDIÇÃO Nº 132 – MAIO/2017 PÁGINA 1 DE 3 Em 1956 passou a residir em New York, a tocar com o excepcional pianista Hampton Hawes (entenda-se “Charlie Parker ao piano”) e a frequentar com assiduidade os estúdios de gravação novaiorquinos. Então KENNY BURRELL gravou pela primeira vez como líder e decolou para uma impressionante carreira discográfica, tocando ao lado de músicos de diferentes estilos e sendo por todos reconhecido; cite-se entre estes expoentes, do nível de Buck Clayton, Kenny Dorham, Jimmy Smith, Gene Ammons, Frank Foster, Frank Wess, Stan Getz, Thad Jones, Kai Winding e Lalo Schifrin. KENNY BURRELL foi contratado pelo “rei do swing”, Benny Goodman, em 1958. Para que se tenha uma idéia do que era integrar a “big-band” de Benny Goodman, cuja primeira formação data de 1934, é importante indicar alguns dos músicos que transitaram ao longo dos anos por essa “máquina de fazer swing”, citando-se entre outros Nick Fatool, Fletcher Henderson, Ziggy Elman, Red Ballard, Lionel Hampton, Gene Krupa, Harry James, Pee Wee Erwin, Johnny Guarnieri, Chris Griffin, Hymie Schertzer, Vido Musso, Vernon Brown, Dave Mathews, Bud Freeman, Jess Stacy, Dave Tough, Jerry Jerome, Charlie Christian, Teddy Wilson, Roy Eldridge, Billy Butterfield, Dave Barbour, Georgie Auld, Joe Bushkin, Cootie Williams, Louie Bellson, Milt Bernhart, Terry Gibbs e outros mais, que mostram o nível de exigência para integrar a banda de Benny Goodman. KENNY BURRELL foi músico para diversos espetáculos da Broadway. Em 1959 realizou apresentações na Europa, inclusive no Festival de Jazz de Montreux (à essa época “ainda” um verdadeiro festival de JAZZ). A partir de 1960 e de tempos em tempo passou a apresentar-se na Europa, seja como solista, seja integrando pequenas formações. Participou ativamente da “onda da Bossa Nova”, gravando Astrud Gilberto. Em 1965 KENNY BURRELL gravou pelo selo Verve de Norman Granz e com arranjos de Gil Evans, aquela que pode ser considerada sua obra mestra: “Guitar Forms”, com 05 temas preciosos de Gil. Com este voltou a colaborar na gravação de “Las Vegas Tango”. Em 1967 atuou na Califórnia e inaugurou um espaço próprio, “The Guitar”. A partir de 1970 KENNY BURRELL passou a liderar diversos seminários sobre música, em particular sobre Duke Ellington. KENNY BURRELL alcançou enorme êxito e popularidade em temporadas no Japão em 1970 e 1971 e iniciou intensa atividade didática nos “colleges” americanos. Tanto no Japão, quanto no Reino Unido e nos U.S.A. KENNY foi vencedor de diversas enquetes de “melhor guitarrista”, como indicado mais adiante. Voltou a apresentar-se na Europa e no Japão, ampliando seus horizontes em apresentações na Nova Zelândia e na Austrália. Em 1973 KENNY BURRELL fixou-se na Califórnia, trabalhando como músico de estúdio em Los Angeles, simultaneamente com apresentações em shows, festivais, seminários e temporadas locais. Em 2001 KENNY gravou o clássico de Ellington “C Jam Blues” ao lado de “Medeski, Martin & Wood”, um tributo a Duke Ellington promovido pelas organizações “Red Hot” (campanha de combate a AIDS) e constante do álbum “Red Hot + Indigo”. Desde 2007 KENNY BURRELL ocupa o cargo de “Director Of Jazz Studies” na UCLA, como mentor de alunos destacados, ministrando curso denominado “Ellingtoniana” que aborda a vida e a obra de Duke Ellington. REVISTA MENSAL DO JAZZ – POR PEDRO CARDOSO EDIÇÃO Nº 132 – MAIO/2017 PÁGINA 2 DE 3 Foi vencedor em diversas ocasiões nas enquetes das publicações especializadas: Ebony, Down Beat, Melody Maker e Swing Journal. KENNY BURRELL gravou mais de 40 albuns, entre os quais “”Midnight Blue” (1963), “Blue Lights” e “Sunup To Sundow” em 1990, “Soft Winds” (1993), “Then Along Came Kenny” (1993) e “Lotus Blossom” (1995). Ao longo dos anos de atuação e entre as principais gravações de KENNY BURRELL, podemos citar também e além de seu “Guitar Forms” (temas de Gil Evans): Introducing Kenny Burrell selo Blue Note, 1956 Kenny Burrell And John Coltrane selo Prestige, 1958 On View At The Five Spot Café selo Blue Note, 1959 Bluesy Burrell selo Moodsville, 1962 Have Yourself A Soulful Little Christmas selo Cadet, 1967 God Bless The Child selo CTI, 1971 ‘Round Midnight selo Fantasy, 1972 Ellington Is Forever selo Fantasy, 1977 Lucky So and So selo Concord Jazz, 2001. A “Revista Mensal do Jazz” número 133 do próximo mês de junho/2017 seguirá focando notícias e fatos pitorescos no JAZZ. REVISTA MENSAL DO JAZZ – POR PEDRO CARDOSO EDIÇÃO Nº 132 – MAIO/2017 PÁGINA 3 DE 3 .