Redondo No Primeiro Século Após a Fundação (1318-1418): Primórdios, Declínio, Ressurgimento
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
Redondo no primeiro século após a fundação (1318-1418): primórdios, declínio, ressurgimento. Subsídios para a História local, nos 700 anos do seu Foral dionisino Autor(es): Catalão, Duarte Nuno Publicado por: [do autor] URL persistente: http://hdl.handle.net/10316.2/47723 Accessed : 11-Oct-2021 09:17:05 A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis, UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos. Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s) documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença. Ao utilizador é apenas permitido o descarregamento para uso pessoal, pelo que o emprego do(s) título(s) descarregado(s) para outro fim, designadamente comercial, carece de autorização do respetivo autor ou editor da obra. Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por este aviso. digitalis.uc.pt Duarte Nuno Catalão Redondo no primeiro século após a fundação (1318-1418): primórdios, declínio, ressurgimento Redondo no primeiro século após a fundação (1318-1418) Subsídios para a História local, nos 700 anos do seu Foral dionisino Évora 2017 Évora | 2017 Duarte Nuno Catalão Redondo no primeiro século após a fundação (1318-1418): primórdios, declínio, ressurgimento Subsídios para a História local, nos 700 anos do seu Foral dionisino Évora Novembro de 2017 Autor: Duarte Nuno Catalão [email protected] Título: Redondo no primeiro século após a fundação (1318-1418): primórdios, declínio, ressurgimento. Subsídios para a História local, nos 700 anos do seu Foral dionisino. Capa: Dr. Jorge Sá. Porta da Ravessa (Castelo de Redondo) e texto do Foral de Redondo, 1318 (imagem cedida pelo Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria de D. Dinis, livro 3, fol. 118v., cota PT/TT/CHR/C/001/0003) Paginação e impressão: Gráfica Eborense Revisão de texto: Dra. Maria Libânia Lopes e Dra. Alice Pinto Novembro, 2017 Depósito Legal: 434 099/17 ISBN: 978-989-20-8031-4 Palavras-chave: História regional, Alentejo, Redondo, Idade Média Reservados todos os direitos, nos termos da legislação em vigor Por opção do autor, o texto respeita a norma ortográfica da Língua Portuguesa anterior ao Acordo de 1990 4 Plano de estudo I. Introdução II. Fundação do Concelho de Redondo III. Fontes de Direito, administração da Justiça e oficiais públicos IV. O Castelo de Redondo V. Estatuto da Vila de Redondo VI. População VII. Vida económica VIII. Vida religiosa IX. 1318-1418: um século de adversidades – o inevitável declínio X. A acção determinante de D. João I no ressurgimento da Vila de Redondo XI. Conclusões XII. Cronologia XIII. Apêndice documental XIV. Fontes e bibliografia 5 Principais abreviaturas e siglas utilizadas a.C. - antes de Cristo ANTT - Arquivo Nacional da Torre do Tombo BPE - Biblioteca Pública de Évora c. - cerca de cap./caps. - capítulo/capítulos CEHUNL - Centro de Estudos Históricos da Universidade Nova de Lisboa Chanc. - Chancelaria doc. - documento ed. - edição FCSH - Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa fl./fls. - fólio, folha/ fólios, folhas FLUL - Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa FLUP - Faculdade de Letras da Universidade do Porto INCM - Imprensa Nacional-Casa da Moeda LLP - Livro das Leis e Posturas OAf - Ordenações Afonsinas OM - Ordenações Manuelinas pág./págs. - página/ páginas PMHLC - Portvgaliae Monvmenta Historica: Leges et Consvetvdines s.d. - sine die (sem data) s.l. - sine loco (sem local) s.n. - sine nomine (sem nome) sic - transcrição fiel, mesmo quando o original oferece dúvidas t. - tomo v. - verso vol./vols. - volume/volumes 6 “Uma parte de cada vida (...) passa-se à procura das razões de existir, dos pontos de partida, das origens”(1) Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano À memória saudosa e inspiradora de minha Tia, Dr.ª Rosa Catalão Lopes, que incentivou a realização deste estudo e acompanhou com grande interesse o seu início. Infelizmente, não está entre nós no momento da sua conclusão. À memória de meus Avós, José Vieira Catalão e Mécia de Jesus Martelo, naturais de Redondo. E aos Bisavós, Trisavós e Avós mais remotos que aí nasceram, viveram e faleceram. Para minha Mãe, Maria Gabriela Catalão, que me ensinou a amar o Alentejo e por tantas outras razões que as palavras nunca poderão expressar. Aos Redondenses, pela sua dignidade, autenticidade e pelo amor que dedicam à sua Terra. (1) Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano, trad. Maria Lamas, 7.ª ed., [Lisboa], Ulisseia, 1991, pág. 27. 7 I. Introdução “Se Deus vos permitir oh! Meus filhos que n’este mundo fiqueis depois de mim (…) tomai bem atenção ao que vos escrevo: respeitai bem a memória do passado, porque ele vos servirá de guia no futuro”(2). João Maria Parreira Cortez, lavrador alentejano, 1884 1. Propósito e sentido do presente estudo Completam-se, a 27 de Abril de 2018, setecentos anos sobre a atribuição, pelo Rei D. Dinis, da primeira Carta de Foral à Vila de Redondo. Na já longa História da Vila, esta efeméride assume singular importância e merece atenta reflexão. Com efeito, embora esteja demonstrada a presença humana na área correspondente ao actual Concelho de Redondo, pelo menos desde meados do IV milénio a.C., o Foral dionisino de 1318 representa - não restam dúvidas - o momento fundador da Vila e Concelho de Redondo, estabelecendo os direitos e deveres dos seus habitantes e delimitando territorialmente o novo Município. Através da concessão da Carta de Foral, no já distante primeiro quartel do século XIV, o Rei reconhecia a existência, em Redondo, de (2) João Maria Parreira Cortez, Senhores da terra: diário de um agricultor alentejano (1832-1889), Lisboa, INCM, 1982, págs. 109-110. 9 uma comunidade organizada de vizinhos, estabelecia a sua autonomia municipal e definia as normas pelas quais os habitantes passavam a relacionar-se entre si e com o poder central. A partir deste incontornável documento fundacional, promoveu-se o povoamento, desenvolveu-se a agricultura e fomentou-se o comércio. O novo Concelho viu reconhecido o seu direito a eleger os juízes, vereadores, procuradores e funcionários locais, assumindo, por sua vez, o compromisso de edificar, à sua custa, um castelo em torno da povoação. Redondo nasceu, assim, como colectividade de homens livres que se constituíram como Município autónomo, sob a tutela régia. Esse inicial estatuto de autonomia permitiu, pois, aos redondenses das primeiras décadas do século XIV, viverem independentes de abusos e opressões senhoriais. Quem foram esses antigos redondenses, contemporâneos do período da fundação e das décadas que se seguiram? Como viveram? Quais foram os seus costumes e mentalidade? Por que normas jurídicas se regeram? Que adversidades enfrentaram? Dar resposta às questões formuladas não é, decerto, tarefa fácil, uma vez que os séculos XIV e XV são, ainda, uma época mal conhecida na História de Redondo. De facto, à distância de sete séculos dos factos, qualquer tentativa de reconstituição desse período enfrenta sérias dificuldades, desde logo, em face dos poucos documentos conhecidos que chegaram aos nossos dias. A confirmar esta realidade, está a inexistência de documentação municipal, alusiva ao período medieval, tragicamente desaparecida no decurso dos séculos. Que revelações preciosas guardariam tais ma- nuscritos que hoje, com desgosto, sabemos irremediavelmente perdidos? Todavia, apesar de tão consideráveis limitações, persiste a vontade em aceitar o desafio de ir mais longe no conhecimento desse 10 período histórico e, em parte, é possível fazê-lo, nomeadamente através do recurso a diversos Arquivos e acervos documentais onde, felizmente, se conservam, ainda, alguns ancestrais pergaminhos que nos revelam factos da maior importância para a História de Redondo, na época em questão. Na origem do presente estudo está, portanto, o desejo de en- contrar respostas para as anteriores interrogações e, assim, procurar conhecer e melhor compreender Redondo e os seus habitantes no primeiro século após a fundação, isto é, no período compreendido entre os anos de 1318 e 1418. Importa salientar que essa delimitação cronológica não surge por acaso. Ela tem, para além de um particular significado simbólico, uma importância determinante na História local. Quanto à primeira data, 1318, como ficou já referido, diz respeito ao Foral fundador da Vila e Concelho de Redondo. É, claramente, um marco decisivo e um inquestionável ponto de partida. No entanto, convém notar que a concessão dessa Carta de Foral teve causas que devem ser devidamente compreendidas na conjuntura política e militar do seu tempo. Há que ter presente, por outro lado, que os cem anos que se seguiram à fundação foram marcados por múltiplas adversidades. De facto, sucessivos acontecimentos dramáticos - instabilidade climática, maus anos agrícolas, fomes, pestes, sismos e guerras - colocaram à prova, até ao limite, a capacidade de resistência dos redondenses de então. Com efeito, sabemos que em resultado de todas essas calamidades, que culminaram em 1381-1382 com um ataque e consequente saque da Vila por tropas inglesas, Redondo encontrava-se despovoado, no dobrar do século XIV para o século XV. Daí, a grande importância da segunda data mencionada - 1418 - precisamente um século depois da Fundação e que corresponde a 11 uma relevante carta de privilégio concedida por D. João I. De facto, o Rei de Boa Memória, perante a persistente situação de declínio então vivida em Redondo, consequência dos flagelos passados, determinou a obrigatoriedade de transitarem pela Vila todos os viajantes que se deslocassem entre Évora e Alandroal ou Vila Viçosa.