Dossiê De Tombamento Da Mata Da Dona Zina Prefeitura Municipal De Santo Antonio Do Grama – Mg
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DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA MATA DA DONA ZINA PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTO ANTONIO DO GRAMA – MG Desenvolvido de acordo com as normas do IEPHA-MG para o período de ação e preservação de 16 de abril de 2006 a 15 de abril de 2007. Conjunto Paisagístico da Mata da Dona Zina Dossiê de Tombamento SUMÁRIO Introdução Informe histórico e caracterização do município Informe histórico do bem cultural e contextualização do mesmo no desenvolvimento do município Descrição e análise arquitetônica do bem cultural Delimitação e descrição do perímetro de tombamento Justificativa da definição do perímetro de tombamento Delimitação do perímetro de entorno do tombamento Justificativa da definição do perímetro de entorno de tombamento Documentação cartográfica Documentação fotográfica Laudo de avaliação sobre o estado de conservação Diretrizes de intervenção sobre o bem tombado Anexo I – Ficha de Inventário Anexo II – Documentos legais Bibliografia Ficha técnica SANTO ANTÔNIO DO GRAMA MINAS GERAIS BRASIL MARÇO DE 2006. 2 Conjunto Paisagístico da Mata da Dona Zina Dossiê de Tombamento INTRODUÇÃO Através deste trabalho, pretende-se iniciar as instruções do Processo de tombamento municipal da Mata da Dona Zina, bem natural, conforme solicitado pelo Conselho Municipal do Patrimônio Cultural da cidade de Santo Antônio do Grama por meio da Prefeitura Municipal, bem como avaliar e aprimorar os instrumentos atuais usados em prol da proteção do mesmo, visto se constituir patrimônio natural e cultural do município, com importantes características naturais, tais como exemplares da fauna e flora remanescentes da floresta tropical, extensão da Mata Atlântica, assim como as características histórico-culturais. Para tanto, destina-se a: a) aplicar o instrumento de proteção do patrimônio cultural referente à mata da Dª Zina, elaborando e detalhando suas diretrizes com vistas a assegurar o equilíbrio daquele ecossistema, a preservação da fauna e flora locais, bem como de suas característica cênico-paisagísticas e culturais; b) definir diretrizes para promover a recuperação, preservação e a conservação da Mata da Dª Zina, consolidando-a como espaço de preservação da fauna e flora locais, educação ambiental, lazer e entretenimento junto à natureza, atendendo a comunidade de Santo Antônio do Grama, bem como grupos de visitantes vindos de outras regiões; c) compatibilizar a aplicação dos instrumentos de incentivo à proteção do Patrimônio Cultural à utilização do bem enquanto espaço ecológico e cultural, objetivando a preservação das características que motivam sua proteção; d) Delimitar e definir área a ser protegida e preservada e suas respectivas áreas de vizinhança ou entorno. A metodologia de trabalho consistiu em primeiro lugar de pesquisa através da qual foi feita revisão bibliográfica sobre a história do município, da Zona da Mata e da Floresta Tropical e Mata Atlântica, que é o bioma da região. No segundo momento realizou-se uma coleta de dados orais com moradores locais e levantamento de documentação existente em cartório do município, buscando captar relatos e provas das quais emergem os elementos da história oral. Por fim, e em terceiro momento, realizou-se visita à mata para diagnóstico, delimitação da área do bem e levantamento fotográfico. A partir dos dados colhidos nas etapas anteriores foi possível concluir a análise e descrição do Bem Cultural a ser tombado. Através de avaliação tornou-se possível identificar os valores naturais, ecológicos, histórico- culturais e simbólico-afetivos relacionados à Mata da Dª Zina e assim justificar seu tombamento, propondo medidas complementares para sua efetiva conservação. SANTO ANTÔNIO DO GRAMA MINAS GERAIS BRASIL MARÇO DE 2006. 3 Conjunto Paisagístico da Mata da Dona Zina Dossiê de Tombamento INFORME HISTÓRICO E CARACTERIZAÇÃO DO MUNICIPIO A fonte utilizada para o relato, descrição histórica e caracterização do Município, que se segue, foi a segunda edição do livro Memória Histórica de Santo Antônio do Grama, escrito por José Henrique Domingues, na década de 90. “O Grama” como é conhecida e carinhosamente chamada por sua população, faz alusão à clareira que existia coberta por grama macia e regada por águas de riachos que ofereciam acolhida para os animais que ali viviam e pastavam, bem como aos forasteiros e tropeiros que passavam por ali vindos das regiões de Manhuaçu, Abre Campo, Matipó em direção a Ponte Nova Mariana e outras localidades. De relevo acidentado no entorno, as características amenas do vale se contrastaram com a agressiva natureza das montanhas e favoreceram o surgimento do núcleo do povoado, cujo primeiro morador foi Manoel Felipe da Silva que nomeou a propriedade como paragem e mais tarde Fazenda da Grama. Com o falecimento de sua esposa por volta de 1846, Manoel Felipe então desbravador da região e primeiro cidadão civilizado a habitá-la, distribuiu suas terras aos seus filhos, inventário este procedido na Comarca de Mariana. Estas terras, mais tarde, foram vendidas pelos herdeiros de Manoel Felipe a Joaquim Gonçalves Gomes. Esta primeira ocupação organizada culminou na colonização da região de macia grama, que se transformou anos depois em Santo Antônio do Grama, fundada por Antônio Luis de Freitas, em 13 de junho de 1850. O Município foi vinculado ao distrito de Jequeri, na ocasião. Oito anos após sua fundação, através da Lei provincial 867 de 14 de maio de 1858, foi desmembrado de Jequeri e vinculado política e administrativamente ao distrito recém criado de Nossa Senhora da Conceição do Casca, território que tomou o nome de Bicudos, hoje município de Rio Casca. Então, ficou a região conhecida como Grama dos Bicudos. Religiosos fervorosos, os filhos do “Grama” construíram sua história em torno dos templos católicos. A primeira capela católica da Fazenda da Grama, nomeada Capela de Santo Antônio, foi construída de pau a pique com terreno doado por Antônio Luis de Freitas no ano de 1850, local este que atualmente localiza-se entre a Igreja Matriz e a esquina da Casa Paroquial. Assim, aos 13 de junho de 1850 surgiu Santo Antônio do Grama, em pequena porção de terra doada, tendo como marco principal a pequena capelinha de Santo Antônio, em torno da qual foi se formando povoado. A primeira missa foi celebrada por Padre Fortunato de Abreu e Silva. Por volta de 1851, já foi necessário fazer a primeira derrubada de mata para ampliar o povoado e criar uma nova rua, o local já estava ficando pequeno para comportar todos que lá queriam morar. Por volta de 1863 no dia de Santa Cruz, em nova gleba de terra doada por herdeira de Manoel Felipe, ergueu-se uma cruz de madeira artesanal e neste local no ano de 1868 foi construída uma nova capela que mais tarde se tornou a Matriz de Santo Antônio. Neste mesmo ano, o arraial do Grama fica elevado a distrito de Paz, pela Lei Nº 1550, de 20 de julho de 1868. Foi então desmembrado de Bicudos e novamente incorporado a Jequeri. Porém, somente no ano de 1873 é que se deu a instalação do Distrito da Paz. Nesta época foi erguida a Igreja de Santa Efigênia em morro de mesmo nome, parte de terreno doado para ampliação da região. Em 1880 o distrito foi elevado à categoria de Freguesia do Município de Ponte Nova, pela Lei 2657, de 4 de novembro do mesmo ano. De 1881 a 1884 ficou o Padre Nicolau Maria Macaroni, responsável pelo sacerdócio na nova freguesia. Em 27 de novembro de 1886, Santo Antônio do Grama era elevada à categoria de paróquia, tendo como seu primeiro vigário o Padre Cândido Sinfrônio de Castro. Foi este incansável e fervoroso Padre que conseguiu a aprovação da Assembléia Legislativa do Estado através da Lei 3714, de 13 de agosto de 1889, que concedeu a gratificação de quatrocentos mil réis para construção da Igreja do Grama. Nesta época este último Padre já havia sido substituído pelo Padre Dario Schetini Guimarães, segundo vigário da paróquia. Nesta última década o terceiro vigário foi João Severiano de Carvalho e o quarto foi Padre Cândido Sinfrônio de Castro, pela segunda vez e finalizando a década. Por volta de 1899, após seu falecimento, foi substituído por Padre Miguel Leite Schitini, quinto vigário da Paróquia. SANTO ANTÔNIO DO GRAMA MINAS GERAIS BRASIL MARÇO DE 2006. 4 Conjunto Paisagístico da Mata da Dona Zina Dossiê de Tombamento Em 1889, ao fim do regime monárquico, Santo Antônio do Grama voltou a fazer parte do Município de Abre Campo, sob a Lei 3712, de 27 de julho do mesmo ano. O século XX foi palco do florescimento do Grama através do desenvolvimento material e espiritual de sua população, que já vislumbrava o progresso sem os entraves da ignorância. No ano de 1904 foi o Padre João Batista Coutinho de Anchieta o sexto vigário, tendo também sido o fundador do primeiro Jornal, o São Geraldo Magela. Padre João Batista Coutinho foi substituído por Padre José Cassimiro, ao deixar a paróquia em 1913. Falecido por volta de 1918, este último foi seqüencialmente substituído pelo Padre Adalberto Sabino, oitavo vigário, Padre Antônio Ribeiro Pinto, nono vigário e Padre Raimundo Machado, décimo vigário da paróquia. Por volta de 1923, por motivos econômicos e sociais, Santo Antônio do Grama volta a ser distrito de Nossa Senhora da Conceição de Rio Casca, agora chamada Município de Rio Casca. Foi então que a região recebeu a luz elétrica e construção de estradas para veiculação de automóveis. Nesta época o Padre Antônio Ribeiro Pinto volta como décimo primeiro vigário da paróquia e teve como destaque de seus trabalhos na época, a revitalização dos prédios de algumas igrejas já decadentes. Foi do décimo segundo vigário, Padre Antônio Russo, filho da terra, que nasceu a idéia de comemorar o centenário de Santo Antônio do Grama, no ano de 1950. A festa cívica religiosa presenteou o distrito com marco comemorativo, cuja placa contém a seguinte inscrição: “DURATE ET VOSMET REBUS SERVATE SECUNDIS”, ou seja “ Perseverai e conservai-vos para um futuro melhor”.