Finanças Públicas: Estudo Sobre Os Repasses Estaduais À Piracicaba E Municípios Da Região
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VIII WORKSHOP DE PÓS -GRADUAÇÃO E PESQUISA DO CENTRO PAULA SOUZA São Paulo, 9 e 10 de outubro de 2013 Sistemas produtivos: da inovação à sustentabilidade ISSN: 2175-1897 Finanças públicas: estudo sobre os repasses estaduais à Piracicaba e municípios da região FABRÍCIO JOSÉ PIACENTE Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza - SP - Brasil [email protected] VANESSA DE CILLOS SILVA Faculdade de Tecnologia de Piracicaba - SP - Brasil [email protected] ANA CAROLINA SANTOS CARNEIRO Faculdade de Tecnologia de Piracicaba – SP - Brasil [email protected] VANESSA VAZ SETEM Faculdade de Tecnologia de Piracicaba – SP - Brasil [email protected] Resumo - Esse trabalho teve o objetivo de realizar um diagnóstico regional e avaliar os repasses dos tributos ICMS, IPVA, IPI, ISSQN e FPM dos municípios de Capivari, Charqueada, Elias Fausto, Piracicaba e Rafard. Foram coletados dados nos sites da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo e Secretaria do Tesouro Nacional. Observou-se que o Fundo de Participação tem aumentado durante o período analisado. Quanto ao valor do ICMS repassado, a disparidade decorre da cota-parte que define o percentual de participação de cada um no montante arrecadado pelo estado. O IPI pode ser utilizado pelo governo federal como um imposto seletivo, estimulando o consumo de determinados produtos, para isso a autoridade monetária reduz ou aumenta significativamente sua alíquota. Palavras-chave : Tributos, Repasses, Carga Tributária. Abstract - This work has as its objective the making of a regional diagnosis and evaluation of the transfers of the ICMS, IPVA, IPI, ISSQN and FPM tax revenues to the municipalities of Capivari, Charqueada, Elias Fausto, Piracicaba and Rafard. Data were obtained from the websites of the Department of Finance of the State of São Paulo and the Brazilian National Treasury. It was observed that the Participation Fund has increased during the period under study. With regard to the amount of the ICMS transferred, the disparity among municipalities stems from the quota share that defines the percentage of participation of each municipality in the amount collected by the state. The IPI can be used by the federal government as an excise tax for stimulating the consumption of certain products andthe monetary authority thus reduces or significantly increases its rate accordingly. Keywords: Taxes, Transfers, Tax Burden. 527 1. Introdução Indicadores econômicos são grandezas do estudo da economia, que auxiliam na análise e apontamento de dados ou informações do comportamento de diferentes variáveis que compõem um sistema econômico de uma região, estado ou país. Com eles pode-se fazer uma análise comparativa do desempenho econômico em um determinado espaço de tempo, realizar um diagnóstico regional que oferecerá subsídios na tomada de decisões relacionadas às políticas públicas e proporcionar uma melhor interpretação da situação atual da economia. A Região de Governo de Piracicaba, foco do presente trabalho, e que integra a Região Administrativa de Campinas, conta com uma população de aproximadamente 365 mil habitantes, sendo considerado um município de destaque. Em 2007 possuía o maior grau de urbanização de toda a região, com 97% da população vivendo em ambiente urbano. Essa região possui um conjunto cultural rico, fortemente industrializada e com uma economia crescente e bastante diversificada, sendo Piracicaba o 46º município mais rico do Brasil e a 5ª cidade do estado em valor de exportações, segundo IBGE (2005). No perfil produtivo da região, destaca-se o setor agrícola, com culturas de cana-de-açúcar, café, laranja e milho e no setor industrial destacam-se os setores metalúrgicos, mecânico, têxtil, alimentício e combustível, totalizando mais de 5.000 mil empresas, segundo IBGE (2008). O objetivo deste trabalho é analisar os repasses estaduais aos municípios de Capivari, Charqueada, Elias Fausto, Piracicaba e Rafard, com destaque aos seguintes tributos: ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços); IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores); IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados); ISSQN (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza) e FPM (Fundo de Participação dos Municípios), que juntos representam quase todo o volume de repasse financeiro aos municípios da região. 2. Referencial Teórico 2.1. A Evolução da Carga Tributária Desde o seu descobrimento, o Brasil possui uma política de incentivos fiscais, com o objetivo de oferecer subsídios a diferentes setores e localidades. Em 1534, surgiu a primeira “organização tributária”, com as capitanias hereditárias que tinham o intuito de arrecadar impostos e tributos, no qual os donos de terra tinham como dever pagar ao rei parte da sua produção na terra (GRZYBOVSKI & HAHN, 2006). Em 1808, o Brasil engata em uma nova fase econômica com a chegada da família real portuguesa e a instalação da sede da mesma. Nesse mesmo ano, o Brasil abriu as portas às nações amigas e passa a integrar o comércio internacional. Em 1810 assina o tratado de “Aliança e Livre Comércio de Navegação”, no qual são sugeridos incentivos fiscais com a redução nas taxas de importação (EICH & LOZECKYI, 2007). Até 1930 o sistema tributário brasileiro permaneceu conforme o império, sendo o imposto de importação a principal fonte de renda dos cofres públicos, representando 2/3 da receita pública, afirma Varsano (1996). 528 Segundo Giambiasi e Além (2008), a carga tributária brasileira passou por um crescimento lento entre 1946 a 1958. Após a reforma tributária de 1960, que apesar da falta de retidão e a alta centralização, a União foi considerada avançada para a época. Na década de 1980 houve diversas mudanças na legislação tributária objetivando a sustentação na arrecadação, atingindo um crescimento expressivo de 27% em 1986, com a aprovação do Plano Cruzado (GIAMBIAGI & ALÉM, 2008). Este foi um plano econômico lançado durante o governo de José Sarneye seu principal objetivo foi a redução da inflação. Foi um fracasso, pois acarretou no congelamento dos preços dos produtos. Em 1990, com o Plano Collor, que tinha como objetivo reduzir a inflação e reajustar a economia para combater a crise, o Brasil atingiu um crescimento do PIB na faixa de 30%. Com o Plano Real em 1994 houve estabilização da economia e a aprovação de novas medidas para aumentar os impostos. Os objetivos desse plano eram a estabilização dos preços, a abertura comercial, as privatizações, investimentos estrangeiros e a liberalização cambial. Portanto, apesar das oscilações na carga tributária brasileira, percebe-se que ocorreu um crescimento ao longo do tempo. Ao longo do estudo da evolução da carga tributária destacaram-se na arrecadação total de impostos, os tributos sobre bens e serviços e houve uma baixa participação na arrecadação os tributos sobre patrimônio e a renda. 2.2. Impostos O imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte, segundo Art.16 do Código Tributário Nacional – CTN, de 1966. Os impostos podem ser classificados como diretos e indiretos. Os impostos diretos são aqueles que atingem o patrimônio e a renda do contribuinte, ou seja, são pagos diretamente pelos contribuintes (Ex: IR, IPVA, IPTU, etc.). Os impostos indiretos são aqueles embutidos nos produtos ou serviços adquiridos pelo contribuinte, no qual o contribuinte legal é a pessoa jurídica que deve repassar aos cofres públicos (Ex: IPI, ICMS, ISS, etc.). O imposto serve para o custeio das despesas públicas gerais ou universais, ou seja, os impostos arrecadados servem para manter os cofres públicos, auxiliando no pagamento das dívidas e despesas públicas (SABBAG, 2005). O presente estudo será focado nos principais impostos: ICMS, IPVA, IPI, ISSQN e FPM, que serão discutidos a seguir. 2.2.1. ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços O ICMS é o imposto sobre operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação, conforme Art.155,II, da CF/88; LC nº 87/96. Segundo Biderman e Arvate (2004), no Brasil o ICMS é de competência do Estado. É um tributo que apresenta distorções diversas, particularmente no que diz respeito à formação de capital e ao comércio inter-regional e internacional. 529 Essas distorções são ainda agravadas pelo fato desse imposto ser de competência estadual. A alíquota do então ICM, hoje ICMS, em 1967 era a mesma para todas as mercadorias. No entanto, após a Constituição de 1988 foram estabelecidas alíquotas diferentes para os produtos de acordo com a essencialidade das mercadorias. A resolução do Senado Federal nº 22/89 estabeleceu alíquotas internas estipuladas pelos estados (17% ou 18%) e as alíquotas interestaduais, levando em consideração os seguintes critérios: alíquota de 7% para operações interestaduais que destinarem mercadorias ou serviços a contribuintes dos Estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e para Espírito Santo; alíquota de 12% para operações interestaduais que destinarem mercadorias ou serviços a contribuintes dos Estados das regiões Sul e Sudeste; alíquota de 17% ou 18% para operações de importação. Atualmente, as alíquotas permanecem a mesma desde a resolução do Senado Federal nº 22/89. 2.2.2. IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores Segundo Sabbag (2005), o IPVA é imposto estadual com disciplinamento na Constituição Federal, no comando inserido no art. 155, III. Foi criado em 1985, com a promulgação