Dendê para quê? Dendê para quem? A ideologia da fronteira na Amazônia paraense1.2 João Santos Nahum Universidade Federal do Pará (UFPA), Belém, Pará, Brasil e-mail:
[email protected] Cleison Bastos dos Santos Universidade Federal do Pará (UFPA), Belém, Pará, Brasil e-mail:
[email protected] Resumo O artigo sustenta que o discurso de produção de dendê para o biodiesel constitui uma ideologia da fronteira. Ao entorno dele, reedita-se a representação de espaço dotado de vantagens comparativas. Para tanto, fundamentamo-nos em dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuária, da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, em relatórios das empresas, bem como em entrevistas com representantes das empresas. Além da introdução e da conclusão, na primeira parte examinamos a produção, consumo e comércio global do dendê indicando que ela se destina à indústria de alimentos, cosméticos e material de higiene. Na segunda, mostramos a ideologia da fronteira promovida pelo dendê neste início do século XXI, ressaltando a pertinência analítica desta categoria para interpretar dinâmicas territoriais do espaço agrário na Amazônia. Palavras-chave: Ideologia da fronteira; dendeicultura; Amazônia; Estado. Palm for what? Palm for whom? The frontier ideology in Para’s Amazon Abstract The paper argues that the discourse of palm oil production for biodiesel constitutes a frontier ideology. Around it, the representation of space endowed with comparative advantages is re- edited. To do so, it is based on data from the United States Department of Agriculture, the Brazilian Agricultural Research Corporation, the National Agency for Petroleum, Natural Gas and Biofuels, the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade, and in company reports, as well as interviews with company representatives.