Relator: Ministro Herman Benjamin Representante: Coligação Muda

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Relator: Ministro Herman Benjamin Representante: Coligação Muda .P1• TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL ACÓRDÃO REPRESENTAÇÃO N° 817-70.2014.6.00.0000 - CLASSE 42 - BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL Relator: Ministro Herman Benjamin Representante: Coligação Muda Brasil Advogados: José Eduardo Rangel de Alckmin e outros Representada: Dilma Vana Rousseff Advogados: Luis Gustavo Motta Severo da Silva e outros Representado: Michel Miguel Elias Temer Lulia Advogados: Luis Gustavo Motta Severo da Silva e outros Representado: Aldemir Bendine Advogados: Emy Kadma Silva Sobral Ganzert e outros Representado: Thomas Timothy Traumann Advogada: Advocacia-Geral da União ELEIÇÕES 2014. CONDUTA VEDADA. ART. 73, VI, "B". LEI DAS ELEIÇOES. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. DIVULGAÇÃO DE VÍDEOS DE PROPAGANDA NA INTERNET. PERÍODO CRÍTICO ELEITORAL. USO DE LOGOMARCA DO GOVERNO FEDERAL. PUBLICIDADE INSTITUCIONAL. 1. Trata-se de Representação contra propagandas veiculadas na internet antes do período crítico eleitoral, as quais se alongaram após 5.7.2014. INÉPCIA DA INICIAL 2. Os pedidos são claros (de exclusão da propaganda tida por irregular e de aplicação de multa), e também a causa de pedir embasada no art. 73, VI, "b", da Lei das Eleições, tendo em vista a suposta realização de propaganda institucional irregular do Banco do Brasil em favor dos candidatos à reeleição. Além disso, dos fatos decorre logicamente o pedido. O art. 295 do CPC foi integralmente atendido. Afasta-se a alegação de inépcia. ILEGITIMIDADE DOS REPRESENTADOS DILMA VANA ROUSSEFF, MICHEL TEMER E THOMAS TIMOTHY TRAUMANN 3. Após análise do caso, verifica-se que a Coligação Representante nãoiica ^ na inicial, nem de passagem, Rp n°817-70.201 4.6.00.0000/DF qualquer envolvimento ou suposto conhecimento dos Ilícitos por parte de Duma Rousseff, Michel Temer e Thomas Timothy. Ou seja, a inicial, apesar de listar esses nomes formalmente, não se dedica a Indicar lastro mínimo a embasar a legitimação dessas representadas, 4. A inicial deve indicar fundamento mínimo, para que, em abstrato, seja admissível o conhecimento dos beneficiários sobre a propaganda Irregular (Teoria da Asserção). No caso, não há como presumir que esses representados acompanhem/autorizem publicidade de sociedades de economia mista. LEGITIMIDADE DO REPRESENTADO ALDEMIR BENDINE S. Ao contrário do que ocorre com as autoridades indicadas no item anterior, entendo que o II; Presidente do Banco do Brasil tem legitimidade para figurar no polo passivo. 6. Se é correto concluir que, via de regra, as demais autoridades Representadas não acompanham as atividades rotineiras daquela Sociedade de Economia Mista, é factível que o Chefe máximo do Banco o faça. 7. Assim, contrariamente ao que ocorreu com os outros Representados, há em relação a Aldemir Bendine um lastro mínimo a admitir sua inclusão no polo passivo. O exame de seu eventual conhecimento ou participação nos eventos será, entretanto, objeto de análise no mérito. 8. Independentemente da aplicação da multa, o Presidente do Banco do Brasil, como dirigente máximo da Instituição, deve figurar no polo passivo para responder, no mínimo, pela eventual retirada da propaganda (obrigação de fazer). O § 40 do art. 73 da Lei das Eleições veicula duas providências apartadas: multa (condenação) e suspensão da atividade ilícita (obrigação de fazer). MÉRITO 9. Durante os três meses que antecedem as Eleições, a legislação eleitoral, em prol da promoção do equilíbrio no pleito, veda a divulgação de propaganda institucional de quaisquer atos, programas, obras, serviços e campanhas de órgãos públicos, seja da administração direta, seja da administração indireta. O Banco do Brasil, como sociedade de economia mista, sujeita-se a essa proibição. 10. lndependenteme9 e do momento em que a publicidade instituci9tial ora autorizada, se a veiculação alcançou o denomirado er do crítico", está configurado Rp no 817-70.2014.6.00.0000/DF KI o ilícito previsto no art. 73, VI, "b", da Lei das Eleições. Precedentes do TSE. 11. "A conduta vedada prevista no art. 73, VII, "b", da Lei 9.504/1997 independe de potencialidade lesiva apta a influenciar o resultado do pleito, bastando a sua mera prática para atrair as sanções legais" (REspe - 44786, Rol. Min. João Otávio de Noronha, julgamento em 4.9.2014). 12. "Esta Corte Já afirmou que não se faz necessário, para a configuração da conduta vedada prevista no art. 73, VI, b, da Lei n° 9.504197, que a mensagem divulgada possua caráter eleitoreiro, bastando que tenha sido veiculada nos três meses anteriores ao pleito, excetuando-se tão somente a propaganda de produtos e serviços que tenham concorrência no mercado e a grave e urgente necessidade pública, assim reconhecida pela Justiça Eleitoral. Nesse sentido: AgR-Al 719-90, rei. Mm. Marcelo Ribeiro, DJEde 22.8.2011". 13. Provado o ilícito, é de rigor a suspensão da propaganda, conforme determina o § 40 do art. 73 da Lei das Eleições. 14. Apesar da constatação do ilícito, não há prova de que o Presidente do Banco do Brasil soubesse da irregularidade antes do ajuizamento deste feito. Como o art. 73, § 40 e 80, da Lei n° 9.504/97, prevê responsabilização subjetiva, no que se refere às multas, afasta-se esta penalidade em relação ao Representado Aldemir Bendine. 15. Deve-se ressaltar que este caso não guarda semelhança com os processos que versaram sobre propaganda irregular da Petrobras (Rps 77873, 78735 e 82.802), julgados recentemente pelo TSE. Naqueles feitos, a propaganda era de massa e em grande escala, por isso, a responsabilização da Presidente daquela Instituição. Aqui se tratou de vídeos arquivados no Youtube, com meros Iinks no sítio oficial do Banco do Brasil, com baixíssimo potencial lesivo. 16. Deve-se apartar, no caso, a obrigação de fazer (suspensão definitiva da propaganda), direcionada ao Presidente do Banco do Brasil, como dirigente máximo da Instituição e seu representante, da aplicação da multa. Em relação a esta, não há como impô-la àquele Executivo, uma v que inexiste prova de sua ciência sobre a deste feito. Rp n° 817-70.2014.6.00.0000/DF 4 CONCLUSÕES Representação: a) extinta sem resolução do mérito em relação aos Representados DUma Rousseff, Michel Temer e Thomas Timothy Traumann, por ilegitimidade passiva; b) procedente em parte, para, confirmando a liminar em maior extensão, determinar que o Presidente do Banco do Brasil efetive não apenas a retirada da logomarca do Governo Federal dos vídeos, mas também imponha a obrigação de suspender definitivamente as veiculações por qualquer forma; e, c) improcedente em relação ao pedido de aplicação de multa em relação ao Presidente do Banco do Brasil. Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade, em julgar parcialmente procedente a representação quanto a Aldemir Bendine, para confirmar a liminar, em maior extensão, mas sem aplicação de multa, e extinguir o processo, sem resolução do mérito, no tocante aos demais representados, nos termos do voto do relator. Brasília, 1 0 de outubro de 2014. MINISTRO MIN - RELATOR Rp n° 817-70.2014.6.00.0000/DF 5 RELATRIO O SENHOR MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Senhor Presidente, a Coligação Muda Brasil (PSDB, DEM, SD, PTB, PMN, PTC, PEN, PT do B e PTN) ajuizou representação, com pedido de liminar, em desfavor de DILMA VANA ROUSSEF, candidata à Presidência da República pela Coligação com a Força do Povo (PT, PMDB, PDT, PCdoB, PP, PR, PSD, PROS e PRB); de MICHEL TEMER, candidato a Vice pela mesma Coligação; e de THOMAS TIMOTHY TRAUMANN, Ministro da Secretaria de Comunicação Social, em virtude de alegada prática de conduta vedada descrita no art. 73, inciso IV, alínea "b", da Lei das Eleições. Alegou a Representante que o Banco do Brasil S/A, sociedade de economia mista da Administração Pública Federal, mantinha na internet página com conteúdo de publicidade vedada. Na mensagem, "#Torcida Brasil", se "pretende pregar a importância de que todos os brasileiros venham a se unir em torno de um SÓ objetivo, mensagem que tem inegável contorno subliminar, em se tratando do momento da campanha eleitoral, em que a tônica é o debate" (fi. 9). Já na mensagem "Por que bom pra Todos?", segundo a representante, houve "fala na promoção de um País que seja bom pra todos com moradia, alimentação, educação, transformando a vida dos brasileiros. em mensagem que extrapola a venda de produtos e serviços, para exaltar a ação governamenta! (fI. 9) (grifo do original). Para a Representante, chama a atenção o fato de as peças publicitárias conterem a logomarca do Governo Federal, o "que evidencia o conteúdo institucional da propaganda" (fl. 10). Asseverou que o Tribunal Superior Eleitoral, nos três meses que antecedem as eleições, veda o uso de logomarca em qualquer peça de divulgação institucional. Requereu a concessão de mdida liminar, para que fosse determinada a imediata retirada da propagan a página do Banco do Brasil. Rp no 817-70.2014.6.00.0000/DF No mérito, pediu a procedência do pedido, a fim de ser reconhecida a ilegalidade da publicidade veiculada pela Sociedade de Economia Mista, aplicando aos representados as sanções previstas no art. 73 da Lei no 9.504197. Por meio da decisão de fis. 21-24, a em. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, então relatora, deferiu a liminar, fundamentada nestes termos: O uso de logomarca do Governo Federal no final das mensagens veiculadas pelo Banco do Brasil, já durante o período eleitoral, evidencia clara violação à vedação de publicidade institucional de atos, programas, obras, serviços e campanhas das entidades da administração indireta, nos termos da Lei n° 9.50411997, art. 73, inciso VI, alínea "b". É cediço que, durante o período de vedação, as publicações oficiais não poderão ser veiculadas com a logomarca do Governo Federal. Trata-se de vedação ampla que impede a publicidade institucional de quaisquer atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos, seja da administração direta, seja da administração indireta. O Tribunal Superior Eleitoral, em análise de alegada ofensa ao art. 73, inciso VI, alínea "b", da Lei n° 9.504/1 997, em matéria similar, mas atinente a placas em obras públicas, admitiu "a manutenção de placas de obras públicas colocadas anteriormente ao período previsto no art.
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