Boletim do Centro de Gestão Agrícola de Barcelos nº 6 (trimestral) Junho 2005 Faça-se sócio

DESTAQUES Formandos visitam Santarém e Lugo (Galiza) Os formandos do curso de Empresários Agrícolas visitaram a Feira Nacional de Agricultura, em Santarém. Os cursos de Agricultura Biológica e Empresários Agrí- colas estiveram recentemente numa ex- ploração de produção biológica de leite e derivados em Lugo, na Galiza. Maria Alice Sá (), Maria de Lurdes Miranda (Fornelos), Maria de La Salete Vilas Boas (Mariz), Idalina Rocha (Sequeade) e Maria Martins (Courel) Mulheres agricultoras: lutadoras e realizadas

Associados visitaram Silleda Cerca de meia centena de associados e familiares visitaram no sábado, 18 de Ju- nho, a Feira Agrícola de Silleda, na Galiza. Foi a segunda vez que o Centro de Ges- tão organizou uma excursão àquela Feira que teve na mostra e concurso de gado leiteiro uma das principais atracções.

Direcção do CGAB reuniu com presidente da Câmara O presidente da Câmara Municipal de Barcelos, Fernando Reis, recebeu a Di- recção do Centro de Gestão Agrícola. Durante o encontro, que teve lugar a 22 de Abril, foram abordados assuntos do interesse dos associados do Centro. O papel da mulher na agricultura do Entre Douro e Minho

A grande maioria das explorações Tradicionalmente a primeira função destas ex- actos de gestão da empresa agrí- agrícolas da região de Entre Douro e Minho plorações consistia na produção dos bens ali- cola passou também a executar tem uma dimensão familiar no sentido mentares ou outros para consumo directo da as tarefas mais complexas que a de que asseguram apenas o emprego família, só sendo produzidos e ou colocados actividade agrícola exige com ou permanente ou temporário dos elementos no mercado os bens ou produtos que exce- sem a ajuda de máquinas. do agregado familiar e os rendimentos aí diam as necessidades familiares. A ordenha mecânica, a con- gerados são totalmente necessários à sus- Ora as necessidades da família são obvia- dução de tractores agrícolas e a tentação da família que, por vezes, mente determinadas pela mulher do agricultor manipulação das mais complica- ainda tem de recorrer a outras fontes de na sua qualidade de dona de casa competindo- das alfaias são tarefas que hoje rendimento complementares de forma a lhe por isso decidir, em primeiro lugar, quais os constituem o dia a dia de muitas garantir um mínimo de qualidade de vida. bens essenciais a produzir na exploração e, em mulheres minhotas duma forma segundo lugar, quais os que podem ser dispen- perfeitamente natural. sados para serem colocados no mercado. Para A maior parte do leite, o vi- o marido estão reservadas a execução das tarefas que exigem maior esforço físi- nho verde, as hortícolas e a fruta, co e ainda a procura de rendimentos complementares fora da exploração quando a carne e tantos outros produtos esta não garante o mínimo de subsistência. agrícolas de qualidade que apa- Neste contexto o papel da mulher na agricultura do Entre Douro e Minho recem no mercado tem por trás tem sido e é determinante de tal modo que a DRAEDM, durante os anos oi- o esforço, a inteligência e o ca- tenta do século passado, aquando do esforço de preparação da região para a rinho das mulheres agricultoras adesão à então CEE e posteriormente para assegurar uma melhor integração do Entre Douro e Minho. teve que criar acções especificas de formação profissional para as mulheres dos agricultores. Adelino Carlos Vilela Portela Hoje em dia e, numa linha de continuidade, a mulher minhota para além de Director Regional de Agricultura continuar a assegurar ou pelo menos a participar de forma decisiva nos principais de Entre Douro e Minho

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2 Prevenir os incêndios florestais

A floresta portuguesa constitui Em causa estão as características da nos- o ordenamento sustentado do património florestal, uma riqueza ambiental, sa floresta, onde cerca de 87% da área apoiando e dinamizando os proprietários florestais está nas mãos de privados, em que a es- que pretendam implementar práticas silvícolas ade- social e económica de enorme trutura fundiária é caracterizada pelo mini- quadas, bem como responsabilizar os proprietários importância para o país fúndio e as manchas florestais estão pul- que abandonam as suas áreas ou que realizem prá- verizadas em pequenas “bouças”, onde ticas silvícolas inadequadas, para a preservação dos e para as gerações vindouras. o produtor florestal é normalmente ab- espaços florestais. Apesar da sua enorme sentista e não depende economicamen- Paralelamente, deverá ser privilegiada a prevenção importância, a floresta nunca te dessas explorações. Para além disso, de incêndios florestais, em detrimento do que se tem verifica-se uma intensa presença humana vindo a verificar nos últimos anos, em que os maiores foi encarada como uma na paisagem rural que consequentemente esforços têm sido centralizados no combate. efectiva prioridade nacional, aumenta o risco de incêndio, o que con- Com o aparecimento da Associação Florestal do apesar dos substanciais tribui para que se torne num dos maiores Cávado, em 1996, promovida e gerida por proprietá- constrangimentos a uma gestão e um or- rios privados, um grande passo terá sido dado visando recursos públicos investidos denamento florestal equilibrados. o fomento da gestão e ordenamento das áreas flores- nos últimos anos. A ausência da valorização econó- tais dos privados. A Associação surgiu com o objectivo mica da floresta será sempre um factor de promover a união entre os proprietários de forma a indutor da sua degradação. que os seus interesses tenham um porta-voz legítimo, Assim, os incêndios constituem uma das principais fragi- bem como oferecer aos seus membros apoio técnico lidades do sistema florestal português. Estes resultam dum que lhes permita gerir melhor as suas áreas florestais, clima com períodos quentes e sem pluviosidade (que deixa- em colaboração directa com as entidades públicas da ram de se confinar ao Verão devido às alterações climáticas), fileira florestal. Só desta forma organizada será possível associados a índices elevados de combustível acumulados preservar, organizar e aumentar as manchas florestais, nas matas, tornando a floresta excessivamente vulnerável, diminuindo desse modo o número de ocorrências de pondo em risco o ecossistema. incêndios florestais, diminuindo também a área ardida Com o aumento das áreas ardidas nos últimos anos, o por deflagração, através de boas práticas silvícolas, e debate público sobre a floresta começa a ser um assunto olhar para a floresta como um bem da Humanidade. de interesse, não só após as épocas de incêndios florestais, mas durante todo o ano. Urge, assim, responder às carências do sector prosse- André Rebelo, guindo com políticas imediatas que promovam a gestão e técnico da Associação Florestal do Cávado

Ficha Técnica Contactos

Propriedade: Centro de Gestão Agrícola de Barcelos Direcção: Alberto Teixeira de Carvalho Rua Dr. José António Peixoto Pereira Machado, Design: Isto é, comunicação visual, Lda 400 · Bloco A · Loja 1 | 4750-309 BARCELOS Impressão: Barcelgráfica, Tipografia e Litografia, Lda Tel.: 253 824 543 · Fax: 253 823 699 Tiragem: 1.000 exemplares Telem: 968 019 099 / 917 074 943 / 939 796 205 Esta obra foi impressa em papel reciclado E-Mail: [email protected] · www.cgab.pt

3 Mulheres agricultoras

Portugal é o país da União Europeia com maior percentagem de agricultoras. Os números mais recentes do Ins- tituto Nacional de Estatística indicam que em 2002 existiam em 639 200 indivíduos registados na agri- cultura, dos quais 50,1% eram mulheres. As estatísticas também dizem que as mulheres são um terço dos jovens agricultores. Apesar de as mulheres sempre terem tido uma importância fundamental na agricultura, a gestão e liderança das explorações agrícolas continua maioritariamente entregue aos homens. Entre os associados do Centro de Gestão há cerca de meia centena de mulheres que se destacam por exercerem esses papéis de lide- rança e de gestão. Fomos saber quem são e o que fazem algumas delas.

Maria Alice Cunha de Sá reside em Palme e pensa “que cada vez mais há igualdade de A rotina diária de Maria de Lurdes começa é filha de agricultores. Durante quatro anos, oportunidades. Depende de como nós mu- com a ordenha de 30 vacas. Depois trata dos depois de ter frequentado o curso de empre- lheres encarámos isso. É mais complicado outros “bichos”. Cozinhar e “arrumar o resto sária agrícola e até iniciar o projecto, traba- porque também temos outras responsabili- das coisas” são tarefas de todos os dias. Nos lhou numa fábrica. Há três anos estreou-se dades, mas se a gente realmente quer acaba tempos livres gosta de “cuidar da casa. Quan- na produção de hortícolas. “Já fiz o curso em por trabalhar para isso e por ter as mesmas do posso vou para a praia. Só que nós, lavra- 1998. Na altura não foi com ideia para nada oportunidades que os homens. Nunca depa- dores, temos um mal: àquela horinha temos disto, foi mais um ir lá para ficar feito. Tínha- rei com obstáculos, acho que as pessoas até que estar aqui, não temos fim-de-semana”. mos gado de leite, mas não dava para me- aplaudem e vêem com bons olhos. Maria de Lurdes não se queixa da vida ter um projecto, não tínhamos condições. E Não... aqui no caso os homens não ser- que tem. “Sinto-me bem naquilo que faço. agora surgiu isto. Pude ter essa ajuda finan- vem para determinados tipos de trabalho. Se eu não estivesse bem aqui, com o marido ceira para começar, que é muito importante. Por exemplo, apanhar pimento padrão é no estrangeiro amarrava na mala e ia”. Não teria conseguido de outra maneira por- uma coisa que normalmente as mulheres Para Maria de Lurdes, houve uma evolu- que é um investimento muito grande”, conta fazem muito melhor. Porque é preciso mais ção na forma como as mulheres são enca- com a filha recém nascida ao colo. A ligação cuidado, mais atenção, eles aldrabam, não radas na agricultura. “Dantes era diferente, com a horticultura começou “através de um têm aquele cuidado certinho.” quando eu fui criada com os meus tios Deus vizinho que tinha hortícolas que pediu ajuda me livre de as mulheres amarrarem num trac- na força da colheita e nós fomos lá ajudar”. Maria de Lurdes da Miranda tem 46 tor. Agora é igual”. A propósito conta uma Actualmente, com a ajuda dos pais, produz anos e vive em Fornelos com o filho Nélson. peripécia por que passou: “Fui aprender a tomate, pimento, feijão verde, alface, cour- O marido é emigrante no Canadá há 25 anos. lavrar de noite, sozinha. Não tinha quem la- gete. “Um bocadinho de cada coisa confor- “Vivi sempre nisto. Fui criada com uns tios vrasse e eu amarrei no tractor às seis da ma- me o que for solicitado pelo intermediário e que tinham lavoura. Aprendi... e desde que nhã e fui para o campo lavrar que era para pelo mercado”. A jovem diz que foi decisivo me casei vivi sempre nisto. Comecei com ninguém se rir de mim. Se fosse de dia todo “saber à partida que conseguíamos escoar uma vaca, há 26 anos. O meu marido foi o mundo se ria e então deixei-me ir de noite. tudo aquilo que produzíamos e que tínhamos para o estrangeiro. A princípio estava clan- À segunda já fui de dia, mas lavrei.” um apoio técnico da parte de quem nos es- destino, depois quando ele ficou legal eu já Enérgica e lutadora, Maria de Lurdes não coa os produtos. Senão acho que não tinha tinha a vida aqui meia formada. O rapaz veio tem feitio para se acomodar. “O que menos cabeça para me meter numa coisa destas, para cima, tirou o 9.º ano, não quis seguir a tive, sempre, foi dinheiro e medo. Uma vez, sem ter a certeza que escoava tudo “. escola e veio trabalhar para a terra. Se ele na Cooperativa, dei uma chapada num. Eu Maria Alice mostra-se “satisfeita e reali- não tivesse tanta paixão por isto eu já tinha estava à espera de preencher uma fichas e zada. Não estou arrependida nem de ter dei- abandonado. Ele agora faz mais do que eu”. ele deu-me uma apalpadela. Eu virei-me para xado a fábrica nem de me ter metido nisto... O filho é o orgulho e o “braço direito” de Ma- trás e mandei-lhe uma chapada, ele não fez claro que há momentos bons e momentos ria de Lurdes. “Não tenho mais ninguém. Sou caso, não reclamou”. menos bons, mas no fundo gosto do que eu e ele... Para mim isto chega, mas sonho A agricultora diz que enquanto mulher faço”. Diz que nunca se sentiu discrimina- em vê-lo seguir para a frente uma vez que nunca sentiu “tratada de maneira diferente. da por ser mulher.”Quando comecei a ir le- ele tem gosto nisto. Gostava que ele estu- Sempre estive habituada a ir para aqui ou var os produtos, eu e a minha mãe éramos dasse e seguisse uma profissão diferente da para ali, não digo que às vezes não venha praticamente as duas únicas mulheres a ir minha, mas uma vez que ele não quis seguir um por trás que dê uma risada, mas eu por- lá. Hoje em dia há um aumento muito gran- sinto-me contente porque ele gosta disto e to-me no meu lugar... nunca tive queixa do de de mulheres, gente nova.” Determinada, ajudamo-nos um ao outro”. sexo oposto”.

4 “A mulher nunca pára, anda sempre”

Maria de La Salete da Silva Vilas Boas, estudar. Apesar das capacidades intelectuais variedades de couve, feijão verde. começou a trabalhar na produção de flores para “contas e história”, Idalina não fintou o “Começo às seis e meia, sete da manhã, com os pais, em Mariz. Aos 35 anos, mãe de destino. “Sou filha de agricultores de Frade- largo à uma, almoço, às duas recomeço e é três filhos (com 14, 11 e 9 anos), diz que os los, de novinha comecei logo a andar com os até à noite.” seus dias são passados “muito a correr, não tractores e a trabalhar na terra. Nunca estra- O mais novo dos três filhos de Maria ainda tenho horas para nada. Nunca tenho um dia nhei nada disto, foi sempre a minha vida”. é bebé. E não é nada fácil conciliar a jornada pré-destinado para isto ou para aquilo”. Muito expansiva, é com entusiasmo que de trabalho nas estufas com a de mãe. “É Depois de casar começou a fazer arranjos fala do seu modo de vida. “Gosto da minha muito difícil porque uma pessoa chega muito de flores “e a vida começou a ser mais atare- profissão. A minha vida foi isto e se calhar cansada e depois à noite querem ajuda nas fada porque chega aqui uma pessoa e tenho não voltava atrás… vou tirar o leite a cantar, coisas da escola, nos deveres. O mais novo que deixar o trabalho lá fora (nas estufas) e entretida, porque gosto daquilo que faço e o tem ano e meio. Tentei adaptá-lo ao meu vir atendê-la. O trabalho de florista é sempre meu filho é na mesma... tem que haver gente ritmo. Comecei a habituá-lo a dormir a ma- a correr, sempre em cima da hora e o tempo para tudo, não é?” A filha mais velha tem 26 nhã toda. Não o deixo dormir até às quatro e é curto”. A organização do trabalho é da res- anos e é licenciada em Arquitectura. meia. Nos dias de mercado quando estou a ponsabilidade de Maria de La Salete. “A parte Idalina levanta-se às 6 da manhã e vai fa- embalar ele está por aqui comigo e entretém- de adubações, de preparar a terra e sulfata- zer a ordenha. “Arrumo o gado, vitelos ponho se. Não posso andar com ele atrás de mim ções é mais com o meu marido. Mas saber o tudo pronto e depois é fazer a minha vida de porque ele foge e estraga as plantas”. que vou plantar e onde é mais comigo”. casa. Ao fim da tarde, à horinha certa, há que Com as filhas mais velhas foi diferente, Maria de La Salete diz que tanto gosta começar outra vez”. mas depois “ele teve de ser assim por causa da produção como do trabalho de florista. O Às mulheres reconhece as mesmas ca- do horário do mercado. Ponho-o a dormir a mais lhe agrada é a parte final. “Se está bo- pacidades que os homens. “Também sei sesta a partir das quatro e meia e depois a nito e as pessoas estão satisfeitas. Normal- pagar no tractor e andar para a frente, fazer minha mãe toma conta dele. Quando acor- mente gosto do que faço e acho que quando qualquer trabalho. Eu fiquei sozinha, viúva, da, entretanto já estou cá. Ele teve que se a pessoa gosta do que faz, faz bem”. e consegui dar a volta a tudo. Agarrava no adaptar um bocado ao meu trabalho e a Com uma família numerosa, o trabalho e tractor, ia com a cisterna, punha fossa nos minha mãe também colabora”. Maria tem as canseiras dobram. “Tenho uma senhora campos, fazia tudo.” “dois trabalhos, é a jornada do campo e a a trabalhar em casa comigo senão eu tinha Sobre a forma de estar o papel das mulhe- jornada da casa. Os homens chegam a casa que arrumar ou desistir. Não conseguia”. res agricultoras, não tem dúvidas: “Acho que e querem a comida e roupa lavada. A mulher Diz que não tem “razão de queixa”, que as mulheres são mais aplicadas, agarram-se tem de pensar aqui e pensar na casa. Eu nunca se sentiu tratada de forma negativa mais. Não digo que na lavoura os homens sou a responsável, o meu marido trabalha por ser mulher. não tenham mais um bocadinho de jeito que fora. Ele colabora, mas diz que este é o meu Se pudesse voltar atrás, “decerto tinha nós, mas em contrapartida nós trabalhamos emprego. É muita responsabilidade e ainda escolhido outra actividade... é complicado, no campo e em casa. A mulher tem muitos mais trabalho.” faço o trabalho que gosto, mas às vezes de- mais encargos, trabalha muito mais. Maria acha que na “horticultura, a mu- sanima. Porque chega-se agora a esta altura O meu marido é que andava mais na lher é muito mais habilidosa, tem muito mais e há muito trabalho, trabalha-se muito e não frente de tudo e eu ficava mais em casa. Ele calma, sabe lidar melhor com as plantas. O é compensatório. É um trabalho bastante in- é que tratava de tudo em Barcelos, até que homem gosta das coisas mais rápidas, não grato. Nunca temos tempo, não há horários. tive que ir eu, tive de tratar de tudo. Nunca tem paciência. É muito cansativo. Tem alturas de mais desâ- me senti discriminda por ser mulher. A mulher Gosto de plantar, capar, colher, levar para nimo e outras em que até se fica contente e hoje também tem muito valor na sociedade.” o mercado e vender.” De Abril até Agosto supera-se isso tudo”. “são muitas horas de trabalho, muita tensão, Residente em Courel, Maria Costa Campos pouco descanso. Forneço três hotéis e são Idalina Costa Nogueira Rocha tem 52 anos, Martins, 34 anos, frequentou “o curso de Em- horários a cumprir, exigências… às vezes dá é viúva e mora em Sequeade. Nasceu num presária Agrícola com a ideia de seguir a pro- para desesperar”. tempo em que os filhos eram sobretudo vis- dução de leite”. Quando andava no segundo Maria diz que não tem tempos livres, “a tos como braços para trabalhar na terra. A ano, “um engenheiro começou a incentivar-me não ser às vezes um bocadinho ao domingo professora primária chamou o pai para lhe di- e eu iniciei a produção de hortícolas”. Produz à tarde. Quando posso gosto de passear e zer que era um crime Idalina não continuar a meloa, alface, tomate, pimento, batata, várias conviver com pessoas amigas”.

5 Estudo estatístico sobre a produção de leite

Desde o início do ano, o CGAB – Centro de Gestão Agrícola de Bar- celos está a levar a cabo um estudo sobre a produção de leite dos associados do Centro. Com este trabalho pretende-se analisar as quantidades e valores anuais, assim como a média do valor pago por litro de leite, produzidas mensalmente por cada associado e a evolu- ção registada por essa mesma produção nos últimos cinco anos. O estudo inclui a recolha e tratamento estatístico de dados relati- vos a todos os sócios que se dedicam à produção leiteira. Este trabalho está a ser realizado por Paula Barros, licenciada na área de Matemática e estagiária no Centro, com a orientação da en- genheira Rosa Barbosa. A título de exemplo, mostramos, através de gráficos, a evolução registada nos últimos cinco anos por um dos produtores abrangido pelo estudo. O gráfico seguinte mostra a oscilação ao longo dos anos, desde Janeiro até Dezembro, dos anos em estudo.

Como se pode observar no gráfico, entre Agosto e Setembro, ve- Através da análise comparativa dos dois gráficos, podemos rifica-se uma diminuição da produção entre Abril e Julho a produção concluir que em média, no ano de 2002, o litro de leite entregue por tem tendência a manter-se mais ou menos constante. este produtor foi pago a 0,3317�; em 2003 pago a 0,3360e o no ano Em Fevereiro verifica-se uma baixa acentuada que se deve ao de 2004 a 0,3409, este aumento deve-se essencialmente a tabela de facto de o mês em causa ser o mais pequeno do ano. pagamentos da Agros (maior quantidade > valor por litro). Os gráficos seguintes referem-se às quantidades produzidas e Este estudo tem por objectivo dar a conhecer ao associado a evo- aos montantes recebidos. lução da sua empresa ao nível do volume de negócios. Como se pode ver neste gráfico, desde o ano 2000 até 2004 veri- Tem também o propósito de quantificar os investimentos realizados, fica-se um aumento considerável (474%) da produção de leite, acen- os montantes globais das quantidades produzidas e os respectivos va- tuando-se mais do ano 2003 para 2004. lores nas diversas actividades dos associados do Centro de Gestão.

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6 Estudo estatístico Resíduos sobre a produção de leite de explorações agrícolas

O que são? da lista de operadores licenciados pelo Mi- Os resíduos de uma exploração agrícola são nistério do Ambiente. os objectos e materiais nela usados, ou que A empresa paga uma pequena contrapar- resultam de operações agrícolas, para os quais tida pelo plástico que for entregue. Se o plás- não encontramos mais utilidade, agora ou no tico não estiver sujo, após a pesagem é feito futuro, e dos quais nos queremos desfazer. o pagamento de acordo com uma tabela. No Perante a lei, o produtor de resíduos é início do mês de Junho, por cada quilo de responsável pelo seu destino final: plástico pagava-se sete cêntimos e meio. Só “A responsabilidade pelo destino final no caso de grandes quantidades (superiores dos resíduos é de quem os produz (…)” De- a mil quilos), é que a empresa se desloca à creto-Lei n.º 239/97 de 9 de Setembro. exploração para fazer a recolha do plástico.

Quais são? Contacto: Numa exploração agrícola são produzidos que recentemente eram recomendadas, são Benta & Benta resíduos muito diversos em natureza e quan- hoje em dia proibidas e penalizáveis por lei por- Zona Industrial de Laúndos tidade. Alguns dos mais importantes são: que prejudicam o ambiente e a saúde humana, Lotes 6 e 7 Pneus usados – muitas vezes os pneus como por exemplo a queima a céu aberto. 4570-311 Póvoa de Varzim são úteis para trabalhos como segurar as Convém lembrar que os agricultores Telefone 252 607 078 coberturas dos silos; passam a ser resíduos beneficiários das Medidas Agro-Ambien- quando já não têm utilidade para o agricultor. tais e das Indemnizações Compensatórias Até 200 litros, os óleos usados podem ser Óleos usados – os óleos de lubrificação, têm compromissos assumidos para o cum- concentrados na exploração devidamente resultantes de operações de substituição por primento de determinadas Boas Práticas armazenados em bidões. lubrificantes novos, contêm substâncias peri- Agrícolas, designadamente fazer a recolha e Recolha de óleos usados: gosas e não devem ser derramados no solo, concentração de plásticos, pneus e óleos. Maria Amélia Silva Ferreira em linhas de água ou em fossa de efluentes, Lugar de Espezes – Milhazes nem utilizados como combustível em queimas. Onde entregar resíduos? Armazenagem: Lugar do Monte - Embalagens de produtos fitofarmacêu- As opções de escoamento/reciclagem de ticos – são embalagens de produtos que após resíduos agrícolas são muito escassas, mas Quanto à recolha de embalagens vazias de utilização apresentam ainda constituintes peri- existem. No caso dos plásticos, quando se produtos fitofarmacêuticos está previsto que gosos para o homem, para os animais ou para trate de pequenas quantidades, devem ser a Sanorte, em Viatodos, venha a implementar o meio ambiente, por isso não devem seguir o depositados no ecoponto mais próximo da essa recolha, mas, por enquanto, o projecto-pi- mesmo destino das restantes embalagens. exploração, no contentor destinado à reco- loto (da Associação Nacional da Indústria para Plásticos – Muitos dos plásticos utiliza- lha de embalagens (cor amarela). a Protecção das Plantas e da Associação de dos nas explorações agrícolas são reciclá- Nas proximidades do concelho de Barce- Grossistas de Produtos Químicos e Farmacêu- veis. No entanto, os plásticos muito sujos, los, em Laúndos, a empresa Benta & Benta, ticos), ainda não está a ser posto em prática. rasgados ou de embalagens de produtos tó- recebe diferentes tipos de materiais para re- xicos não podem ser reaproveitados. ciclagem. Papel, cartão, pneus, desperdícios metálicos, e filme plástico (onde se inclui o Nota: Informação recolhida com base em documen- Destino dos plásticos recicláveis vulgar plástico de estufa), podem ser entre- tação da DRAEDM – Direcção Regional de Agricultu- Algumas práticas relacionadas com resíduos gues na empresa. A Benta & Benta faz parte ra de Entre-Douro e Minho.

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7 DRAEDM apresentou proposta e defendeu transferência de chorumes Alargamento da Zona Vulnerável a Barcelos e Esposende

A União Europeia propôs alargar muito signi- que vai apresentar à União e que prevê que vos, Gemeses, Fonte Boa (+) e Rio Tinto. A ficativamente a Zona Vulnerável, pretendendo 11 freguesia de Barcelos e 11 do concelho de opção por estas freguesias motivou perguntas abranger praticamente todos os concelhos Esposende (as que em termos de altimetria e alguma discussão. Os técnicos da Direcção da bacia do Cávado até ao Gerês. Em causa ficam mais próximas do mar), venham a inte- Regional justificaram a escolha afirmando que está o cumprimento da Directiva 91/676/CEE, grar a Zona Vulnerável, que já abrange Vila do se trata de uma área próxima do litoral e que a relativa à protecção da água contra a poluição Conde e a área urbana de Esposende. Zona Vulnerável tem de ser “contínua”. causada por nitratos de origem agrícola. O As explorações agrícolas situadas em Desde 2000 que o Cávado aparece como objectivo é diminuir a poluição e impedir a sua Zona Vulnerável ficam sujeitas a um conjunto Zona Vulnerável. propagação. Técnicos da DRAEDM - Direcção de exigências e restrições, mas também be- Recentemente uma representante do Co- Regional de Agricultura de Entre Douro e Mi- neficiam de contrapartidas financeiras para le- mité dos Nitratos da União Europeia visitou nho e o sub-director regional, António Abreu, varem a cabo as mudanças que vão ser exigi- a região para conhecer a realidade tendo estiveram no dia 20 de Junho em Barcelos das. Terá de ser posto em prática um Plano de constatado que “não há qualquer critério de para darem a conhecer uma contraproposta Acção que os agricultores vão ter de cumprir. gestão de efluentes e de fertilizantes”. a apresentar à União Europeia. Agricultores No concelho de Barcelos, as freguesias O Cávado já era “uma zona sensível” por a título individual e algumas entidades repre- propostas para o alargamento da Zona Vulne- causa da poluição urbana e industrial, a que sentativas da agricultura estiveram na sessão rável são: Vila Cova, , (+), se junta a poluição causada pela agricultura que decorreu no auditório da Biblioteca Muni- Fornelos, , Gilmonde, Milhazes, intensiva. A actual situação “não pode conti- cipal. O Objectivo do encontro foi, afirmou o Faria, Vilar de Figos, , e . nuar”, defendeu o sub-director regional, afir- sub-director regional, conversar com os agri- No concelho de Esposende: Belinho, mando que “o grande problema é o chorume” cultores e sensibilizá-los para o assunto. A S. Bartolomeu do Mar, Marinhas e Esposende e que “só há uma solução: transferir o chorume Direcção Regional deu a conhecer a proposta (+), Gandra, Vila Chã, Palmeira de Faro, Cur- para outras zonas, para fora desta região”.

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