Gavea­" -Brown

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Gavea­ GAVEA­" -BROWN A BIlingual Journal of Portuguese­ American Letters and Studies Revista Bilingue de Letras e Estudos "ols.){II-){J1{ Luso­ -Americanos Jan. 1991 Dec.1993 CO-DlRECTORESIEDITORS Onesimo Teot6nio Almeida, Brown University George Monteiro, Brown University EDITOR EXECUTIVOIMANAGING EDITOR Alice R. Clemente, Brown University CONSELHO CONSULTIVOIADVISORY BOARD Francisco Cota Fagundes, Univ. Mass., Amherst Manuel da Costa Fontes, Kent State University Jose Martins Garcia, Universidade dos A~ores Gerald Moser, Penn. State University Mario J. B. Raposo, Universidade de Lisboa Leonor Simas-Almeida, Brown University Nelson H. Vieira, Brown University Frederick Williams, Univ. Caiif., Santa Barbara Gdvea-Brown is published annually by Gavea-Brown Publi­ cations, sponsored by the Department of Portuguese and Brazilian Stud­ ies, Brown University. Manuscripts on Portuguese-American letters and/or studies are welcome, as well as original creative writing. All submissions should be accompanied by a self-addressed stamped envelope to: Editor, Gdvea-Brown Department of Portuguese and Brazilian Studies Box 0, Brown University Providence, RI. 02912 Cover by Rogerio Silva GAVEA-BROWN" Revista Bilingue de Letras e Estudos Luso-Americanos A Bilingual Journal ofPortuguese-American Letters and Studies "ols. JlII-JlI1V Jan. 1991-Dec.1993 suMARIOI CONTENTS ArtigoslEssays Baleias, botes & baleeiros lan~ados nas linhas do texto ..... .... ... ...... 5 Urbano Bettencourt J. Rodrigues Migueis: 0 homem e 0 drculo .................................. 17 Domingos de Oliveira Dias o choque cultural na L(USA)liilldia atraves da sua literatura ......... 43 John Pires The Portuguese Immigrant Experience Through Its Autobiographers ............................................................................... 68 Jose l. Suarez DocumentoslDocuments J. C. Luiz - urn escritor luso-hawaiiano .......................................... 77 Edgar C. Knowlton, Jr. Eugenio de Andrade in America ...... .......... ................. ...... ............. 86 Alexis Levitin Carta aberta aDoutora Ana de Brito ............................................... 100 J.M.S. SimOes-Pereira o meu avo e a saudade .................................................................... 104 Barbosa Tavares. Joseph Vieira (1907-1989) ................................................................ 106 Nelson H. Vieira PoesiaiPoetry Dreams and Sighs (after Nellie Wong) .............................................. 109 Charlotte Simoes Churchill Faja Wine ....................................................................................... 110 Art Coelho Vinho da Faja ................................................................................. 114 Jose F. Costa When I See .................................................................................... 118 Cynthia Rego Lelos Quando voltar ailha ..................... ........ ................... ........... ........... 119 Teresinha Sales Homage to Carlos Paredes ............................................................. 120 Charles Wayne Santos Folhas do outono ............................................................................ 121 Barbosa Tavares Daydreaming .................................................................................. 122 Raquel Torres Fict;aolFiction Uma rosa perfumada ..................................................................... 123 Arthur Brakel The Gardens of Hades ................................................................... 133 Raquel Torres The Haunted Window: A Nineteenth-Century American Story with an Azorean Twist ................................................................. 137 George Monteiro Recensoes CriticaslBook Reviews Olga Gon~a1ves, Contar de Subversao .•...................................... 152 Alice R. Clemente Mario Neves, Jose Rodrigues Migueis: Vida e Obra ................ 155 Vamberto Freitas Joao Teixeira de Medeiros, Dha em Terra.................................... 158 Eduardo Bettencourt Pinto ARTIGOSIESSAYS Baleias, botes & baleeiros lam;ados nas linhas do texto Urbano Bettencourt Ja se sabe: ao Moby Dick, de Herman Melville, costuma ir buscar-se a mais credenciada carta de recomenda~ao dos baleeiros a~orianos (pelo menos em termos intemacionais); af urn capitulo dedicado a descri~ao da tripula~ao do "Pequod" traz este fragmento lapidar: "urn nao pequeno numero de baleeiros provem dos A~ores, onde os navios de Nantucket fazem frequentemente escala para aumentar as suas equipagens com os robustos camponeses dessas ilhas rochosas"1 Nao sera caso para abordar aqui detalhadamente 0 contexto proximo em que se insere 0 fragmento em questao, isto e, 0 de uma divag~ao sobre urn modelo de estrutura~ao social em que, mediante uma metaforiz~ao de camcter anatomico cujas implic~oes sao obvias, se abribui ao Americano 0 estatuto de "cerebro" e ao Outro 0 de "musculo" - possivelmente, esse mesmo contexto exigiria, por sua vez, uma integra~ao no ambito mais complexo do universo significativo e simb6lico do livro de Melville. Mas essa ideia de for~a fisica, que 0 adjectivo "robustos" prolonga e veicula, podendo aparecer como uma consequencia da luta contra a natureza inospita das ilhas ("rochosas") e da necessidade de domina-las, ajudara talvez a explicar, em parte, aquilo que, logo adiante e ja como aprecia~ao generalizada, afmna 0 narrador: "nao se sabe porque, mas e dos ilheus que saem os melhores baleeiros"2. 6 URBANO BETIENCOlJRT Talvez devessemos perguntar-nos se esta perplexidade quanta areconhecida aptidao dos ilheus nao resultara, afinal, das limita~oes de que enferma esse esquema dualista; mas isso nao poria em causa a validade global do texto de Melville nem a sua importancia como documento para a compreensao do incremento da balea~ao a~oriana na sua fase mais pujante e da sua intima liga~ao aamericana: antes de a ca~a abaleia se tornar uma actividade industrial radicada nos A~ores, as baleeiras dos Estados Unidos tinham sido urn recurso para a mao­ de-obra a~oriana e, principalmente, 0 veiculo privilegiado para se atingir o territ6rio do Novo Mundo, em fuga ao recrutamento e afome - e desse modo sao inseparaveis dos rumos que a ernigra~ao a~riana tomou no seculo passado, com reflexos na pr6pria linguagem, em que a palavra baleeiro se tornou equivalente a emigrante. o impacto produzido na vida a~oriana pela ca~a abaleia, mais forte numas ilhas do que noutras, as suas incidencias no tecido social e a sua importancia econ6rnica vao de par com os seus reflexos em deterrninadas manifesta~oes da cultura popular, dando origem a uma forma particular de artesanato, e nao deixam tambem de repercutir-se no interior da literatura, da a~oriana em particular, embora the nao perten~am em exc1usivo tais dorninios tematicos. Na verdade, a narrativa e lfrica tern chamado a si a baleia e a balea~ao como materia de tratamento literano, apesar de a especificidade de cada urn desses modos implicar a preferencia por urn ou outro destes t6picos: e possivel notar como a lirica tern privilegiado a baleia em si, num discurso revelador e produtor de conex6es simb6licas e mesmo rniticas, enquanto na narrati va a aten~ao reeai principalmente sobre a actividade baleeira, com 0 seu universo de implica~oes e contingencias. Sensiveis a esta tematica foram ja os elementos do chamado "nuc1eo da Horta", grupo de autores que, no final do seculo passado e princfpios do presente, se constituem 0 motor e, simultaneamente, 0 sinal de uma dinarnica cultural que, muito ligada airnprensa, aquela cidade conhece por essa epoca (com destaque, no caso presente, para os nomes de Rodriguo Guerra, Florencio Terra, Nunes da Rosa, Marcelino Lima e Ernesto Rebelo). Rodrigo Guerra3 e tambem Nunes da Rosa4, por entre uma tematica que vai do mar aemigraqiio e aterra5, trouxeram para as suas narrativas as diversas vertentes da balea~ao e deixaram-nos paginas em que tanto se deteeta a nostalgia sentida pelos homens embarcados BALElAS, Bo-rES & BAlEEIROS LAN(;ADOS ~AS LINHAS DO 1EXTO 7 clandestinamente e a contas com a solidao da vida a bordo, como se assiste ao desenrolar de historias em que a aventura, 0 drama e a destrui~ao, ffsica e moral, se cruzam na vida das personagens, alterando­ lhes os rumos do destino. De Emesto Rebelo e a breve narrativa There... she blows6 em que, apesar do titulo, a tematica especificamente baleeira surge integrada num contexte mais vasto e como uma deriva lateral ocasionada por factores fortuitos surgidos no decorrer da propria narra~ao; mesmo assim, 0 que ai fica e 0 relata do "ti~ Roque", personagem transformada em narrador, que evoca a sua experiencia de cinco anos de "labuta~ao no mar", no navio "Providence". Se a sua fala nos surge contaminada por expressoes e termos ingleses, isso deve-se apenas ao facto de 0 mundo baleeiro ter sido inicialmente apreendido e identificado atraves dessa l:fngua - alias, a terminologia tecnica especifica da balea~ao deixou, como era de esperar, marcas bern visiveis na escrita a~oriana, mesmo que, em muitos casos, com uma fonia ja "transladada" e convertida ao sistema grafico do portugues. o recurso a uma voz "de experiencia feita" e tomada narradora do "vivi do" , deixando ao autor textual 0 papel de mero depositario de uma narrativa que the e exterior, caracteriza a curta historia de Florencio Terra, "Tal como se ouviu", incluida em A Pesca da Baleia7, volume colectivo que rertne ainda textos de Marcelino Lima, do terceirense J oao Ilheu e do caboverdeano Eugenio Tavares. No conjunto, os quatro textos comp5em urn quadro em que perpassam
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