Graduação Em Geografia Agricultura
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS - GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA AGRICULTURA CAMPONESA E A PRODUÇÃO DO ESPAÇO AGRÁRIO NO MUNICÍPIO DE IRARÁ/BA Andréia Silva de Alcântara Salvador/BA 2017 Andréia Silva de Alcântara AGRICULTURA CAMPONESA E A PRODUÇÃO DO ESPAÇO AGRÁRIO NO MUNICÍPIO DE IRARÁ/BA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia, como requisito para obtenção do grau de Mestre em Geografia. Orientadora: Prof. Drª. Noeli Pertile Salvador/ BA 2017 __________________________________________________________ Alcântara, Andreia Silva Agricultura camponesa e a produção do espaço agrário no município de Irará/BA / Andreia Silva Alcantara. -- Salvador, 2017. 203 f.: Il Orientadora: Noeli Pertile. Dissertação (Mestrado - Geografia) -- Universidade Federal da Bahia, Universidade Federal da Bahia. Instituto de Geociências, 2017. 1. Minifúndio. 2. Produção do espaço agrário. 3. Produção de alimentos. 4. Reprodução camponesa. I. Pertile, Noeli. II. Ttulo DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho aos meus pais: Bonifácio Menezes de Alcântara e Maria América Silva de Alcântara, que acreditaram em meu sonho, mesmo sem entender o que se significava. Quero dizer que valeu a pena as dificuldades e as barreiras que passamos. Hoje contemplo o tamanho da vitória que alcançamos e que só foi possí- vel porque vocês (painho e mainha) acreditaram. Dedico também esse trabalho aos camponeses e camponesas do município de Irará, que me permitiram registar aqui modos de vida peculiar aos iraraenses configurados em suas crenças, hábitos, or- ganização, seus sonhos, dificuldades e seus momentos de lazer. Meus sinceros agradecimentos! AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por ter comprido o desejo do meu coração e por ter concre- tizado os salmos 23 em minha vida. Por ter me guiado nessa trajetória, e por ter me consolado quando me sentir perdida e sem forças para caminhar. Agradeço a Deus também por ter colocado em meu caminho pessoas que me fizeram crescer e acreditar que eu venceria. Pessoas que me deram alegria quando eu estava triste, que me animaram quando eu estava desanimada, e que me segura- ram quando eu tombei e não me deixaram cair. Essas pessoas se materializam nas figuras de meus Pais Bonifácio Menezes de Alcântara e Maria América Silva de Al- cântara, de meu irmão Alan Silva de Alcântara, de minha tia Maria Menezes de Al- cântara, e as minhas primas Solange Menezes de Alcântara e Erenilda Menezes de Alcântara. Agradeço a Deus também por ter colocado em meu caminho, verdadeiros amigos que somaram virtudes em minha vida. Agradeço por ter encontrado nessa longa caminhada Fábia Antunes uma mulher dedicada que com sua simplicidade me ajudou nas distintas fases da pesquisa com apoio técnico e emocional. Simone Soa- res uma amiga espontânea com quem compartilhei minhas angústias. Agradeço também a minha amiga Marize Daminiana Batista e sua família que abriram suas portas para mim, e com amor me ajudaram de diversas maneiras na realização da pesquisa. Com relação a Marize essa mulher guerreira, companheira, que carrega consigo a mística e a esperança de dias melhores, tem me ensinado a lutar com os pés no chão e a mirar o horizonte. Sou grata pelos conselhos e pelas discussões teóricas que iniciavam pela manhã e rompiam as madrugadas quando eu estava em seu lar. Agradeço pelo apoio moral e pela companhia no trabalho de campo. Agradeço também a Ubirajara Moura Batista e Valeria Célis Borges, diretor e coordenadora pedagógica da EFAMI respectivamente, por ter me recebido na EFA- MI e ter apoiado a pesquisa e coordenado junto comigo subprojetos da pesquisa de dissertação. Agradeço a professora Dr. Noeli Pertile que me aceitou de braços abertos como orientanda e me apoiou na construção da pesquisa. Agradeço aos meus companheiros e companheiras do Núcleo de Estudos e Praticas em Politicas Agrarias (NEPPA), pelo companheirismo e pela oportunidade de construirmos juntos possibilidades de dias melhores. Agradeço aos camponeses e camponesas que tive contato durante a pesqui- sa, esses me ensinaram que a resistência é fruto da rebeldia. Resistir é também res- significar. A esperança é fundada na crença que a vida é dinâmica e que dias melho- res podem ser construídos por simples ações. A todos aqueles que se consideram meus amigos e amigas meus sinceros Agradecimentos pelo carinho e apoio moral. EPÍGRAFE A mística é a força que precisa ser cultivada com exercícios práticos, mesmo quando a vontade aponta para o lado inverso. Olhar para o horizonte e perceber, antecipa- damente onde vamos nos colocar nele. Acreditar na possibilidade de vencer as dis- tâncias. Para isso, precisamos encontrar o caminho que nos leve ao topo apesar de todos os desafios (BOGO, 2010 p.177). RESUMO No processo histórico de formação do município de Irará os ex-escravos reorganiza- ram suas táticas de resistência no campo através das diferentes formas de acesso à terra: posseiro, parceiro, arrendatário e ocupante e disso resultou a existência dos atuais camponeses. Este é o contexto em que foi forjado o campesinato no municí- pio de Irará, e que permite a continuidade da luta e a preservação do modo de vida camponês, expresso por meio da agricultura tradicional nas diversas manifestações do saber fazer desse grupo social. Tais saberes, se revelam na diversidade da pro- dução agropecuária e nas suas relações socioculturais. Assim, o modo de vida des- ses camponeses incluindo suas crenças, hábitos, organização e divisão do trabalho na unidade camponesa, saber popular, o artesanato, entre outros, são característi- cas que se configuram como riqueza cultural do município de Irará. Nesse contexto, o objetivo geral que norteou refere-se a compreender a produção do espaço agrário do município de Irará Bahia/BA alicerçado nos princípios da agricultura camponesa. Dessa forma a produção do espaço agrário do município de Irará demostra as múlti- plas complexidades das relações socioeconômicas, políticas e culturais atuantes no município. Assim, são latentes a força do Estado e suas estratégias de concentração do poder por meio do domínio social que se manisfesta no controle do acesso de camponeses às políticas públicas. Mas também é notório as tentativas de reprodu- ção desses camponeses através de sua organização popular em associações rurais, sindicatos dos trabalhadores rurais e dos grupos de samba de roda, entre outros. No município de Irará a agroecologia se configura como instrumento de fortalecimento do campesinato e suas práticas ecoam de dentro das unidades camponesas para a comunidade local. Ela se manifesta através da organização da produção de base familiar, nas técnicas tradicionais de manejo do solo, no respeito à biodiversidade, na reciclagem de nutrientes, na busca pela segurança alimentar, no trabalho coletivo através dos mutirões. E manifesta-se para fora das unidades camponesas por via da comercialização na feira livre, momento em que o camponês dialoga com a comuni- dade local. Na agricultura camponesa o ciclo produtivo configura-se como um siste- ma fechado, todo insumo produzido é remanejado dentro do sistema. Assim os pro- dutos cultivados obedecem não a lei do mercado, mas sim as necessidades nutrici- onais das famílias. No município de Irará a mandioca é o principal cultivo de valor econômico, ela é a matéria prima na produção da farinha, produto que é base da economia municipal e também a atividade que mais absorve mão de obra de traba- lhadores rurais no município. A mandioca é o produto que garante a manutenção da família camponesa sendo utilizada para alimentar os animais na unidade camponesa e para o consumo humano como a, farinha, fécula, beiju, tapioca, puba, biscoitos de goma e sequilho, entre outros derivados. Palavras-chave: minifúndio; produção de alimentos; produção do espaço agrário; reprodução camponesa. RESUMEN En el proceso histórico de formación del municipio de Irará los ex-esclavos reorgani- zaron sus tácticas de resistencia en el campo a través de las diferentes formas de acceso a la tierra: ocupante ilegal, socio, arrendatario y ocupante, y de eso resultó la existencia de los actuales campesinos. Ese es el contexto en el que fue forjado el campesinado en el municipio de Irará, y que permite la continuidad de la lucha y la preservación del modo de vida campesina, expreso por medio de la agricultura tradi- cional en las diversas manifestaciones del saber hacer de ese grupo social. Tales saberes, se revelan en la diversidad de la producción agropecuaria y en sus relacio- nes socioculturales. Así, el modo de vida de esos campesinos, incluyendo sus creencias, hábitos, organización y división del trabajo en la unidad campesina, saber popular, la artesanía, entre otros, son características que se configuran como rique- za cultural del municipio de Irará. En este contexto, el objetivo general que orientó se refiere a comprender la producción del espacio agrario del municipio de Irará Bahia /BA basado en los principios de la agricultura campesina. La producción del espacio agrario del municipio de Irará demuestra las múltiples complejidades de las relacio- nes socioeconómicas, políticas y culturales actuantes en el municipio. Así, son laten- tes la fuerza del Estado y sus estrategias de concentración del poder por medio del dominio social que se manifiestan en el control del acceso de campesino a las políti- cas públicas. Pero también son notorias las tentativas de reproducción de esos campesinos a través de su organización popular en asociaciones rurales, sindicatos de los trabajadores rurales y de los grupos de samba de roda, entre otros. En el mu- nicipio de Irará la agroecología se configura como instrumento de fortalecimiento del campesinado y sus prácticas retumban de dentro de las unidades campesinas para la comunidad local. Esta se manifiesta a través de la organización de la producción de base familiar, en las técnicas tradicionales de manejo del suelo, en el respeto a la biodiversidad, en el reciclaje de nutrientes, en la búsqueda de la seguridad alimenta- ria, en el trabajo colectivo a través de los “mutirões”.