ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO COMISSÃO DE REPRESENTAÇÃO EXTERNA PARA ACOMPANHAR A SITUAÇÃO DOS MUNICÍPIOS ATINGIDOS PELAS CHUVAS E ENCHENTES NO RS

RELATÓRIO DE SISTEMATIZAÇÃO DAS AUDIÊNCIAS PÚBLICAS NO INTERIOR

I. Atividades desenvolvidas A Comissão de Representação Externa realizou três audiências públicas em regiões atingidas pelos temporais. Estas reuniões contaram com prefeitos, vice-prefeitos, presidentes de Câmaras Municipais e lideranças empresariais e comunitárias das regiões. O objetivo das reuniões foi o de fazer um levantamento da situação e identificar os principais problemas do ponto de vista a agilização das ações governamentais nas três esferas de governo. As reuniões foram as seguintes:

1) Tramandaí (30/11): deputados João Fischer (PP), Mano Changes (PP) e Alceu Moreira (PMDB). Autoridades locais presentes: prefeito de Tramandaí, Anderson Hoffmeister; prefeita de , Glacy Teles de Conceição Osório; vice-prefeito de Capivari, Fernando Cardoso; chefe de gabinete da prefeitura de Santo Antonio; secretários municipais, vereadores e imprensa local;

2) Canguçú (30/11): deputados Giovani Cherini (PDT), Pedro Pereira (PSDB) e Nelson Härter (PMDB). Autoridades locais presentes: Vice-prefeita de Canguçu, Mariza Helena de Aquino Eslabão; o prefeito de Pedro Osório, César Roberto Couto de Brito; o prefeito de Cerrito, José Flávio Vieira ; o vice-prefeito de Rio Grande, Adinélson Troca; o vice-prefeito de Morro Redondo, Diocélio Jaeckel; representando a prefeita de , o secretário de Planejamento, Luiz Antônio Borba Jacobsen; o prefeito de Cerrito; e secretários municipais de Canguçu e vereadores do município.

3) (02/12): deputado Adão Villaverde (PT). Autoridades locais presentes: Prefeito de Alegrete, Erasmo Guterres Silva, vice-prefeita de Alegrete Maria de Fátima Castro Mullazani, vice prefeito e secretário de administração de São Gabriel, Guilherme Medeiros, vice prefeito de , Pio Vessosa, secretária de educação de Manoel Viana, Suzana Salbego, vice-prefeito de Rosário do Sul, Dilmar Nequi, prefeita de , Cláudia Goulart; coordenador da Defesa Civil de Barra do Quaraí, Hamilton Rodrigues, Chefe da regional do DAER, engenheiro Paulo Rogério Fernandes; Associação dos Arrozeiros do Alegrete; Centro Empresarial de Alegrete; AES Sul; IRGA; UABA; Sindicato Rural do Alegrete, vereadores e secretários municipais da região.

4) Reunião em (04/12) deputados presentes, Ivar Pavan (PT) Giovani Cherini (PDT), Adão Villaverde (PT) Raul Pont (PT), Zila Breintembach (PSDB), Cassiá Carpes (PTB), Pedro Pereira (PSDB), João Fischer (PP), deputado federal Ruy Pauletti. Autoridades locais presentes: Alegrete, Pref. Erasmo Guterrez Silva, Caguçu, Rep. Cássio Mota, Cerrito, Pref. José Flávio Vieira, , Prefa. Ione Andrade Goulart, Morro Redondo, Vice Diocélio Jaeckel, Rosário do Sul, Vice Dilmar Menezes Nequi, Santo Antônio das Missões, Pref. Ernesto Lima São Gabriel, Sec. Adm. Guilherme Medeiros, , Pref. Erli Pozzobon, Tramandaí, Pref. Anderson Hoffmeister, Três Coroas, Vice Luiz Carlos Heidrich, representantes de Câmaras Municipais de Aceguá. Ver. Jorge Roberto Vaz, Cerrito. Pdt. Alexandre da Rosa, . Ver. Dimoivan da Rocha, presidente da FAMURS Marcus Vinícius Vieira de Almeida, prefeito de .

II. Sobre a avaliação dos danos nas regiões Um levantamento completo dos danos já foi detalhado pelos governos locais à defesa civil, e repetir sua descrição tornaria este relatório muito longo. Portanto se trata aqui de identificar os pontos de estrangulamento do ponto de vista das medidas de socorro aos municípios. De modo geral foram identificados danos generalizados nas regiões, que podem ser classificados em três tipos fundamentais: a) populações atingidas pelas conseqüências dos temporais, com casas danificadas e milhares de desalojados e desabrigados; b) Danos à infra-estrutura pública local em termos de estradas e equipamentos públicos; e c) Danos à estrutura produtiva local, particularmente do ponto de vista da perda de produção agrícola, mas também de danos à estabelecimentos industriais, comerciais e de serviços. Em anexo a este relatório estão os levantamentos detalhados apresentados pelos governos municipais nas audiências. Do ponto de vista da Comissão de Representação Externa e do trabalho da Assembléia Legislativa, as sugestões levantadas foram divididas em três tipos fundamentais: medidas emergenciais, relacionadas com ações imediatas de atendimento aos municípios, medidas de caráter estrutural, que podem contribuir no enfrentamento e na prevenção deste tipo de calamidade, e medidas locais, relacionadas com demandas específicas das regiões.

III. Medidas propostas

III.1 Medidas emergenciais 1) Agilização da liberação dos recursos para atender as comunidades atingidas Há uma percepção generalizada de que os trâmites burocráticos para a liberação dos recursos levam a uma lentidão no atendimento às comunidades. A gravidade da situação exige um padrão de resposta mais rápida do poder público. A Comissão reuniu com representantes do Governo Federal que esclareceram que, segundo o Decreto 6663/2008, para acessar os recursos federais é suficiente que o município decrete emergência ou calamidade e comunique ao Ministério da Integração Nacional. Comunicada o Ministério, o Plano de Trabalho é apresentado , assina-se um convênio e o Governo Federal antecipa os recursos. A partir desta medida, a Defesa Civil Estadual tem 180 dias para verificar a correta utilização dos recursos por parte das prefeituras. 2) Repasse direto dos recursos aos municípios, sem passar pelo tesouro do estado Atualmente os recursos federais são repassados ao governo do estado para depois serem repassados aos municípios. Foi sugerido que o recurso seja repassado diretamente aos municípios. Na reunião com o Governo Federal, a Comissão foi comunicada que os recursos a partir deste ano o repasse será direto aos municípios. 3) Um canal permanente de diálogo e encaminhamento junto ao Governo Estadual Foi considerado importante definir um setor responsável no Governo do Estado pelo monitoramento e acompanhamento do atendimento das demandas junto ao estado, a quem devem se dirigir os municípios em busca das respostas. Atualmente este esforço fica fragmentado entre a Defesa Civil, Emater, bombeiros, Secretaria de Educação, DAER, entre outros, isso leva a uma dispersão de esforços e de tempo. 4) Instituição de um diálogo imediato junto ao governo federal Os governos locais e o governo estadual, com o apoio da Assembléia Legislativa e da bancada federal gaúcha devem realizar movimentos conjuntos no sentido de agilizar junto ao governo federal o acesso aos recursos. Foi proposta a constituição de uma equipe interministerial que visite in loco as regiões afetadas e oriente os municípios nos procedimentos para a elaboração dos planos de trabalho; 5) Apoio da FAMURS Criação de uma equipe técnica na FAMURS, com advogados, engenheiros e outros técnicos que possam contribuir com os pequenos municípios na elaboração dos planos de trabalho para acessar os recursos emergenciais e na posterior prestação de contas; 6) Ministério Público e o Tribunal de Contas do Estado Sensibilizar o MP e o TCE em relação aos processos de prestação de contas dos recursos emergenciais. Muitas vezes os aspectos formais de prestação de contas punem as prefeituras que atendem de maneira emergencial as comunidades. 7) Organização dos municípios a partir de uma base regional O enfrentamento dos problemas não pode ser individual, município à município, uma articulação regional racionaliza os procedimentos e torna mais fácil para o enfrentamento dos problemas. As Associações regionais de municípios devem ser a base das iniciativas de atendimento às comunidades. 8) Possibilidade de renegociação dos financiamentos para os produtores atingidos Os produtores locais demandam a repactuação dos financiamentos bancários à produção local, uma vez que a expectativa de quebra das colheitas é muito grande.

III.2 Medidas estruturais

1) Criação de Fundos para o Enfrentamento das emergências O mecanismo de fundos permitiria uma maior agilidade na liberação dos recursos, permitindo um acesso mais rápido. A proposta da criação de um Fundo Estadual e um Fundo Federal para as Emergência 2) Mecanismos de compensação em relação aos recursos próprios utilizados para o atendimento das comunidades Em momentos de emergência as prefeituras muitas vezes alocam recursos próprios para atender as comunidades. A sugestão é que estes recursos, utilizados comprovadamente nas situações de emergência, sejam ressarcidos aos municípios; 3) Disponibilização de recursos também para custeio Os recursos emergenciais via de regra se relacionam com investimentos, sendo que os municípios em momentos de emergência sofrem dificuldades também em termos de ausência de recursos para as despesas correntes; 4) Fortalecimento da Defesa Civil, ampliando a sua capacidade operacional A defesa civil precisa ser fortalecida de forma a atender com mais agilidade nos momentos de calamidade. É necessário organizar um Plano Estadual de Defesa Civil, que estabeleça preventivamente um conjunto de medidas que permitam uma resposta mais ágil por parte do Governo do Estado em situações de calamidade e emergência; 5) Alteração da legislação que regulamenta o atendimento de situações de emergência A legislação atual tem uma tramitação complexa, e estabelece critérios que muitas vezes impedem os municípios de acessarem os recursos. Municípios com algum tipo de inadimplência frente à outras instâncias da federação correm o risco de não conseguir acessar 6) Articulação permanente entre os órgãos de governo Em momentos de calamidade os governos locais precisam tratar com diferentes interlocutores. Os danos na área urbana e o atendimento às comunidades é tratado junto à Defesa Civil do Governo do Estado. As perdas no campo são discutidas com a Emater, os problemas nas estradas com o Daer, outras questões são da alçada do governo federal. A constatação de que as mudanças climáticas são irreversíveis, e que portanto acontecimentos deste tipo tendem a se repetir, coloca o desafio da existência de uma estrutura preventiva permanente, que articule as ações de todos os órgãos nas três esferas de governo. 9 ) Criação de mecanismos dirigidos a proteger os setores produtivos Na área da produção, os danos vão gerar prejuízos que dificultam o cumprimento de compromissos em termos de financiamentos. É importante criar condições de repactuar os financiamentos, ou adotar mecanismos de seguro agrícola que previnam este tipo de ocorrência 10) Criação também mecanismos de Seguro para prédios e infra-estruturas públicas

Medidas Pontuais 1) Na região da Fronteira Oeste foi solicitada a prorrogação do prazo de vacinação do gado em, no mínimo, um mês, ou até mesmo 60 dias.

2) Implantação da Coordenadoria Regional da Defesa Civil no Litoral Norte. A região não dispõe de um acesso mais direto à defesa civil, que poderia ser decisivo para um atendimento rápido às comunidades atingidas

Porto Alegre, 4 de dezembro de 2009

Dep Ivar Pavan – Presidente ALERGS

Dep Giovani Cherini (coordenador)

Dep Adão Villaverde

Deputado João Fischer

Dep. Nelson Harter

Dep. Adilson Troca