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Índice Resumo ............................................................................................................................. II Abstract ............................................................................................................................ III Agradecimentos ............................................................................................................... V Introdução – Objecto de estudo, fontes e método ............................................................. 1 Capítulo 1 – O nacionalismo na Guiné-Bissau e Cabo Verde – Da formação do PAIGC ao 25 de Abril ................................................................................................................... 7 Capítulo 2 – O acompanhamento da luta nacionalista da Guiné-Bissau pela imprensa ocidental ......................................................................................................................... 31 2.1 – O contexto político e diplomático que envolvia os jornais e os jornalistas ....... 31 2.2.1 – Caracterização do The New York Times,Times e Le Monde ............................ 39 2.2.2 – O olhar sobre Portugal e o colonialismo português ......................................... 41 2.2.3 – A Guiné-Bissau nas páginas do The New York Times ..................................... 67 2.2.4 – A Guiné nas páginas do Times ......................................................................... 87 2.2.4 – A Guiné nas páginas do Le Monde ................................................................ 102 2.2.4 – Os bastidores das reportagens ........................................................................ 115 Capítulo 3 – Os jornais como uma frente de luta – Propaganda e imprensa próxima... 121 3.1 – Os órgãos oficiais do PAIGC e a estratégia de propaganda do partido ........... 121 3.2 – O papel da imprensa dedicada a África (Afrique-Asie e Jeune Afrique) ......... 130 Conclusões ..................................................................................................................... 147 Cronologia ..................................................................................................................... 154 Bibliografia .................................................................................................................... 163 I Resumo Durante o Estado Novo, e sobretudo nos anos da guerra colonial que se prolongou de 1961 a 1974, os movimentos nacionalistas nas colónias portuguesas em África tentaram estabelecer laços diplomáticos, conquistar apoio internacional e convencer o mundo da justiça da sua luta. Fizeram-no de várias formas, incluindo contactos com representantes de diversos países e com jornalistas e jornais que poderiam ajudar a criar uma opinião pública favorável à causa nacionalista. O tema deste trabalho, que se integra no domínio científico das Relações Internacionais, é a relação o Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC) e a imprensa internacional, e a forma como este partido recorreu a estratégias de propaganda para promover a sua luta de libertação. Os artigos publicados em três jornais – The New York Times, Times e Le Monde – foram as principais fontes deste trabalho. Para além disso, pesquisou-se o tratamento dado à luta contra o colonialismo na Guiné-Bissau por parte de revistas especializadas em África, como a Afrique-Asie e a Jeune Afrique, e pelos próprios meios criados pelo PAIGC para difundir informação, como os boletins Libertação e PAIGC Actualités e a Rádio Libertação. Ao promover conferências de imprensa e estimular visitas dos jornalistas às zonas libertadas, o PAIGC mostrou estar consciente da importância de divulgar os seus objectivos e sucessos militares. E a imprensa, que assumiu maioritariamente uma posição anti-colonialista, foi uma parte importante dessa estratégia. Palavras-chave: PAIGC, Guiné-Bissau, imprensa internacional, movimentos nacionalistas, propaganda, descolonização II Abstract During the Estado Novo, and particularly in the years of the colonial war, between 1961 and 1974, the nationalist movements in the Portuguese colonies in Africa tried to establish diplomatic ties, get international support and convince the world of the fairness of their struggle. This was done in many ways, including contacts between leaders of nationalist groups and officials of different countries, and even through journalists and newspapers who could help to create a favorable public opinion with regards to the nationalist cause. This work, integrated in the study area of International Relations, refers to Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC), in Guinea- Bissau, and its relationship with the international press, and how the party used propaganda strategies to promote its liberation struggle. Articles published in three international newspapers – The New York Times, The Times and Le Monde – were the fundamental sources of this work. Furthermore, the fight against colonialism in Guinea-Bissau was also reported by magazines which specialized in the African continent, like Afrique-Asie and Jeune Afrique, and the PAIGC also had its own means to spread information, namely the bulletins Libertação and PAIGC Actualités and the radio station Rádio Libertação. Promoting press conferences and allowing journalists to visit the liberated areas, the PAIGC was aware of the importance of publicizing its objectives and military achievements. And the press, who mostly assumed an anti-colonialist position, was an important part of this strategy. Key words: PAIGC, Guinea Bissau, international press, nationalist movements, propaganda, decolonization III Ao meu pai, Abílio, que viveu esta guerra e à minha mãe, Lurdes, que esperou por ele IV Agradecimentos Este trabalho de investigação não teria sido possível se, às horas na biblioteca ou nos centros de documentação, não se tivessem juntado as palavras de ânimo, os conselhos e a amizade de tantas pessoas que me acompanharam. Obrigada por nunca terem deixado o desânimo cruzar-se neste caminho. Obrigada, em especial, à professora Ana Mouta Faria, pelas horas de reflexão que ajudaram a encontrar novos caminhos, pelas sugestões, por ter estado sempre disponível do outro lado da secretária ou do telefone, fosse dia de férias ou repleto de aulas. A orientação dada a este trabalho foi uma imprescindível partilha. Agradeço também à Teresa Firmino, pelas sugestões e as incontáveis horas de conversa que enriqueceram este trabalho. À Rosália Cera, Fernando Sousa e Filomena Naves, pelo incentivo que tanto ajudou a continuar. E ao Paulo, companheiro desta e de tantas outras viagens, que transformou as dúvidas em pequenas conquistas e fez desta caminhada uma nova etapa da nossa vida. V O PAIGC na imprensa ocidental Introdução – Objecto de estudo, fontes e método Em Junho de 2009 milhares de manifestantes sairam à rua para protestar contra a fraude na votação em que foi reeleito o Presidente do Irão, Mahmoud Ahmadinejad. Não tinham um grupo de jornalistas estrangeiros com eles, não tinham acesso fácil à Internet. Mas com o telemóvel que traziam no bolso relataram a repressão policial, as detenções e as mortes através de mensagens no Twitter. Alguns meses depois, do outro lado do mundo, os dissidentes cubanos usaram os blogues para denunciar a situação dos prisioneiros políticos ou a repressão sobre as Damas de Branco, mães e mulheres desses presos que todos os domingos desfilam em Havana para pedir a sua libertação. Nos primeiros anos deste século XXI os jornalistas passam muito mais tempo na Internet do que ao telefone. A informação chega-lhes quase ao minuto. Já não é só a era da Internet, é mais do que isso. É a era das redes sociais, do “jornalista-cidadão”, o tempo em que os jornais, a rádio ou a televisão deixaram de ser a única forma de aceder à informação. Mas recuemos alguns anos, cerca de meio século. A Internet não existe, os jornalistas esperam pela chegada dos jornais estrangeiros, lêem as principais agências noticiosas e, quando conseguem, fazem chamadas internacionais. Por vezes viajam. O mundo está dividido pela Guerra Fria que opõe os Estados Unidos à União Soviética e na África subsariana começa a década da emancipação e da descolonização, a luta dos movimentos de libertação pela independência. A Internet e as novas tecnologias vieram mudar a forma de transmitir informação e fazer jornalismo, mas não mudaram a necessidade de qualquer movimento político, de agora ou de então, fazer passar a sua mensagem. “A emancipação política de África, que se concentrou num curto período de tempo, foi tão espectacular como fora a sua conquista pelos colonizadores em finais do século XIX. Por isso, o acontecimento cuidadosamente orquestrado pelos intervenientes (políticos, militares, testemunhas) concentrou a atenção dos que estudavam a quente as sociedades e o movimento social assim como a dos observadores, nomeadamente os jornalistas”, sublinha o historiador Elikia M‟Bokolo.1 Nos anos 60, os movimentos nacionalistas africanos estariam conscientes de que as relações internacionais vão muito para além das relações diplomáticas e de que a sua luta passava também pelas páginas dos jornais. Sabiam que sem uma opinião pública informada, pelo 1 M’Bokolo 2007, p. 499 1 menos nos países onde isso era verdadeiramente possível, a sua causa cairia no esquecimento. E não se terão poupado a esforços para conseguir esse apoio. Os movimentos nacionalistas nas colónias portuguesas não foram excepção. Muitas vezes, foi através das páginas dos jornais