CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO

LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO - RECURSO SUBMETIDO À CGU

PARECER N° 1108/2021/CGRAI/OGU/CGU

Número 21215.000096/2021-01 do processo:

Órgão: Centrais de Abastecimento de S.A. - CEASA-MG

Assunto: Recurso contra negativa a pedido de acesso à informação.

Data do Recurso à 09/08/2021 CGU:

Restrição de acesso no recurso à CGU Não (Fala.BR):

Requerente Não Identificado

Opina-se não conhecimento do recurso, relativo ao presente pedido de acesso à informação, Opinião técnica: considerando a inexistência da informação, conforme prevê a Súmula CMRI nº 6/2015.

RELATÓRIO

Inicial: O requerente solicitou às Centrais de Abastecimento de Minas Gerais S.A. – CEASA-MG o acesso à cópia de todas as guias de IPTU de todos os índices cadastrais contidos nas unidades da entidade.

1ª instância: O cidadão recorreu, relatando a ausência das informações para as Resumo das manifestações do unidades de Uberlândia, Uberaba, , , , Governador cidadão: Valadares, e Maria da Fé.

2ª instância: O cidadão recorreu, por acreditar que o recorrido dispunha das guias do ano passado para Uberaba, Caratinga, Patrocínio e Maria da Fé, mas optou por não enviar ao solicitante, fazendo a exigência de consulta presencial na instituição, o que resultaria na quebra da proteção da identidade do solicitante.

Inicial: A CEASA-MG forneceu orientações para a obtenção da guia do IPTU referente ao ano de 2021, por meio da internet. Com relação aos anos anteriores, por se tratar de uma documentação densa e existente somente de forma física, o recorrido disponibilizou o material para ser consultado e reproduzido eventualmente com custos na própria instituição, após agendamentos, nos termos do inciso I, parágrafo 1° do Art. 11 da Lei 12.527/2011.

1ª instância: No intuito de complementar o atendimento, o recorrido anexou as guias de IPTU, referentes ao exercício de 2021, apenas para as unidades de Uberlândia, Juiz de Fora, Barbacena e Governador Valadares, uma vez que não tinha recebido as guias das unidades de Uberaba, Caratinga, Patrocínio e Maria da Fé. Ratificou ainda que seria Respostas do órgão: necessário agendar um horário para consulta presencial das guias dos anos anteriores, conforme as orientações da resposta ao pedido inicial.

2ª instância: O recorrido deferiu o recurso mantendo a resposta fornecida na instância recursal anterior, uma vez que o solicitante não especificou o período da sua demanda quanto às guias de IPTU. Para permitir melhor antedimento, a CEASA-MG orientou o cidadão a apresentar novo pedido com o período exato, para o qual deseja as informações. Além disso, mencionou que, em relação às unidades de Uberaba, Caratinga, Patrocínio e Maria da Fé, não dispõe das guias de IPTU, tendo em vista que não há recolhimento do referido tributo por parte das respectivas prefeituras municipais. Ratificou também a disponibilidade das demais guias de forma presencial na própria instituição.

O cidadão recorreu à CGU, ratificando o pedido das guias do IPTU para as unidades de Uberaba, Caratinga, Patrocínio e Maria da Fé. Novamente requereu que a instituição Resumo do Recurso à CGU: enviasse para o seu endereço as informações demandadas, no intuito de não quebrar o

Parecer - Recurso de 3ª Instância 1108 (2091659) SEI 21215.000096/2021-01 / pg. 1 sigilo do solicitante e não aceitando apresentar novo pedido de acesso à informação.

Foram analisadas pormenorizadamente as comunicações entre recorrente e recorrido Instrução do Recurso: nas instâncias anteriores e a legislação aplicável ao acesso à informação.

Análise

1. O presente recurso trata de pedido de acesso, no qual o solicitante requer às Centrais de Abastecimento de Minas Gerais S.A. - CEASA-MG o acesso à cópia de todas as guias de IPTU para todos os índices cadastrais contidos nas unidades da entidade. 2. Em resposta, a CEASA-MG forneceu as guias de IPTU, referentes ao exercício de 2021, para as unidades de Uberlândia, Juiz de Fora, Barbacena e Governador Valadares. Ressaltou ainda que as guias para anos anteriores poderiam ser obtidas por meio de consulta presencial, sendo necessário agendar um horário e arcar com os eventuais custos de reprodução, ou ainda, poderia ser apresentado novo pedido de acesso à informação com a especificação do ano de referência para as guias que fossem de interesse do solicitante. Complementou mencionando que não dispõe das guias para as unidades de Uberaba, Caratinga, Patrocínio e Maria da Fé, por não haver recolhimento do referido tributo por parte das respectivas prefeituras municipais. 3. O cidadão apresentou recurso a esta Controladoria-Geral da União – CGU, requerendo as guias do IPTU para as unidades de Uberaba, Caratinga, Patrocínio e Maria da Fé. Requereu que a instituição enviasse para o seu endereço as informações demandadas, no intuito de manter o sigilo quanto à sua identidade e não aceitou a necessidade de apresentar novo pedido de acesso à informação. 4. Considerando as respostas do recorrido e visando prover a instrução do recurso em 3ª instância, interposto perante esta CGU, foram analisadas pormenorizadamente toda a interlocução ocorrida entre recorrente e recorrido, no presente pedido de acesso, e a legislação aplicável ao acesso à informação. 5. Pela análise do pedido de acesso à informação apresentado pelo cidadão, se extrai que se configura o pedido genérico, nos termos do inciso I, art. 13 do Decreto nº 7.724/2012. De fato, o imposto predial, passou a ser de competência dos municípios desde 1934, há cerca de 80 anos, tornando essencial o requisito de tempo para a demanda em questão, uma vez que contempla informações históricas sem a definição do período ou outras características delimitadoras para os casos desejados. 6. Para melhor elucidar essa análise da CGU, torna-se relevante retratar o entendimento na aplicação da Lei nº 12.527/2011, quando o pedido é considerado genérico, a partir das orientações encontradas na publicação “Manual de Aplicação da Lei de Acesso à Informação na Administração Pública Federal”, na sua 4ª edição, onde na página 24, com o título “Pedido Genérico”, consta o seguinte texto:

‘Um pedido de acesso à informação, para ser atendido e considerado como válido, deve permitir que a Administração identifique a informação que interessa ao cidadão. Os pedidos genéricos são aqueles que não descrevem de forma delimitada o objeto do pedido de acesso à informação, o que impossi bilita a identificação e compreensão da solicitação. É um pedido que se caracteriza pelo seu aspecto generalizante, com ausência de dados importantes para a sua delimitação e seu atendimento.’ (grifos nossos)

7. Além disso, o cidadão aparentemente aceitou a delimitação de período assumida pelo recorrido, quando forneceu as guias de IPTU na resposta ao pedido inicial apenas para as unidades de Uberlândia, Juiz de Fora, Barbacena e Governador Valadares, relativas ao ano de 2021, uma vez que tais unidades não constam do recurso apresentado à CGU. 8. Ocorre que o recorrido já informou, quando respondeu à segunda instância recursal, que não dispõe das guias para as unidades relacionadas pelo cidadão no recurso à CGU, inclusive justificando que não há recolhimento do referido tributo por parte das respectivas prefeituras. Portanto, a informação, objeto do recurso ora em análise, é inexistente. 9. Sobre informação inexistente, a mesma publicação mencionada no tópico 6, na página 23, esclarece que:

““[...] o procedimento da LAI foi desenhado essencialmente para se acessar uma informação, o que pressupõe sua existência. Ele não cria a prerrogativa do interessado de demandar a produção de toda e qualquer informação, uma vez que a lei autoriza a instituição pública a “comunicar que não possui a informação”, conforme prescrito no inciso III do parágrafo 1º de seu art. 11, sem que isso sequer caracterize a hipótese de negativa de acesso prevista no inciso II. [...] Dessa forma, é preciso existir uma adequação entre o pedido de acesso à informação e a realidade fática, sem a qual não haveria sequer interesse de agir ou mesmo negativa de acesso à informação a ensejar propositura de recurso. Assim, como regra geral, a existência do objeto é condição para conhecimento de um pedido de acesso à informação. Ressalte-se que “a alegação de inexistência de documento/informação por órgão público é revestida de presunção relativa de veracidade, decorrente do princípio da boa fé e da fé pública”, além de ser

Parecer - Recurso de 3ª Instância 1108 (2091659) SEI 21215.000096/2021-01 / pg. 2 decorrente do princípio da boa fé e da fé pública”, além de ser consequência direta da presunção de legalidade dos atos administrativos (CUNHA FILHO e XAVIER, 2014, p. 351).” (grifos nossos)

10. Outrossim, no mesmo sentido se manifestou a Comissão Mista de Reavaliação de Informações – CMRI, por intermédio da Súmula nº 6/2015, com o seguinte teor:

Súmula CMRI nº 6/2015 INEXISTÊNCIA DE INFORMAÇÃO - A declaração de inexistência de informação objeto de solicitação constitui resposta de natureza satisfativa; caso a instância recursal verifique a existência da informação ou a possibilidade de sua recuperação ou reconstituição, deverá solicitar a recuperação e a consolidação da informação ou reconstituição dos autos objeto de solicitação, sem prejuízo de eventuais medidas de apuração de responsabilidade no âmbito do órgão ou da entidade em que tenha se verificado sua eliminação irregular ou seu descaminho. (grifos nossos)

11. Dessa forma, não se verificou que houve negativa de acesso às informações demandadas no presente pedido de acesso à informação, seja pelo fornecimento pela CEASA-MG das guias de IPTU para as unidades de Uberlândia, Juiz de Fora, Barbacena e Governador Valadares, na resposta ao pedido inicial, seja pela natureza satisfativa da resposta fornecida na segunda instância recursal, dada a ausência das guias de IPTU relativas às unidades de Uberaba, Caratinga, Patrocínio e Maria da Fé, objeto do recurso apresentado à CGU.

Conclusão

12. De todo o exposto, portanto, opina-se não conhecimento do recurso, relativo ao presente pedido de acesso à informação, considerando a inexistência da informação, conforme prevê a Súmula CMRI nº 6/2015. 13. Encaminha-se ao Ouvidor-Geral da União Adjunto.

LIANA CRISTINA DA SILVA Auditora Federal de Finanças e Controle

CGU Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União Coordenação-Geral de Recursos de Acesso à Informação

D E C I S Ã O No exercício das atribuições a mim conferidas pelo Decreto nº 9.681, de 03 de janeiro de 2019, adoto, como fundamento deste ato, nos termos do art. 23 do Decreto nº 7.724/2012, o parecer anexo, para decidir pelo não conhecimento do recurso interposto, no âmbito do pedido de informação NUP 21215.000096/2021- 01, direcionado à Centrais de Abastecimento de Minas Gerais S.A. - CEASA- MG.

FABIO DO VALLE VALGAS DA SILVA Ouvidor-Geral da União Adjunto

Entenda a decisão da CGU: Não conhecimento - O recurso não foi analisado no mérito pela CGU, pois não atende a algum requisito que permita essa análise: a informação foi declarada inexistente pelo órgão, o pedido não pode ser atendido por meio da Lei de Acesso à Informação, a informação está classificada, entre outros. Perda (parcial) do objeto - A informação solicitada (ou parte dela) foi disponibilizada pelo órgão antes da decisão da CGU, usualmente por e-mail. A perda do objeto do recurso também é reconhecida nos casos em queo órgão se compromete a disponibilizar a informação solicitada (ou parte dela)ao requerente em ocasião futura, indicando prazo, local e modo de acesso. Desprovimento -O acesso à informação solicitada não é possível, uma vez que as razões apresentadas pelo órgão para negativa de acesso possuem fundamento legal.

Parecer - Recurso de 3ª Instância 1108 (2091659) SEI 21215.000096/2021-01 / pg. 3 Provimento (parcial) – A CGU determinou a entrega da informação (ou de parte dela) ao cidadão.

Conheça mais sobre a Lei de Acesso à Informação: Portal “Acesso à Informação” https://www.gov.br/acessoainformacao/pt-br Publicação “Aplicação da Lei de Acesso à Informação na Administração Pública Federal” https://www.gov.br/acessoainformacao/pt-br/central-de- conteudo/publicacoes/arquivos/aplicacao-da-lai-2019.pdf Decisões da CGU e da CMRI http://buscaprecedentes.cgu.gov.br/busca/SitePages/principal.aspx Busca de Pedidos e Respostas da LAI: https://www.gov.br/acessoainformacao/pt-br/assuntos/busca-de-pedidos-e- respostas/busca-de-pedidos-e-respostas

Documento assinado eletronicamente por LIANA CRISTINA DA SILVA, Auditor Federal de Finanças e Controle, em 03/09/2021, às 18:58, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no § 3º do art. 4º do Decreto nº 10.543, de 13 de novembro de 2020.

Documento assinado eletronicamente por FABIO DO VALLE VALGAS DA SILVA, Ouvidor-Geral da União, Adjunto, em 03/09/2021, às 19:17, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no § 3º do art. 4º do Decreto nº 10.543, de 13 de novembro de 2020.

A autenticidade deste documento pode ser conferida no site https://sei.cgu.gov.br/conferir informando o código verificador 2091659 e o código CRC 96223221 Referência: Processo nº 21215.000096/2021-01 SEI nº 2091659

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