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EXPEDIENTE Edição 14 Anderson Oliveira [email protected] FUNK COMO LE GUSTA GUARDIÕES DA GALÁXIA FUNK Digramação 46 ENTREVISTA: LABIRINTO Anderson Oliveira JENNIFER 25 BATTEN Programação ENTREVISTA Anderson Oliveira 32 KAROL CONKA 20 08 ENTREVISTA PAPISA Para sugestões, críticas e mais 16 UNIVERSO KASSIN informações, fale conosco: KATY PERRY [email protected] UMA DÉCADA DA ETERNA ADOLESCENTE MATÉRIA PRINCIPAL O RENASCIMENTO DO JAZZ INGLÊS 26 MOTOWN MAGIC 56 10 DIPLO www.revistasom.com.br ENTREVISTA 38 COADJUVANTE facebook.com/revistasom LETRUX DE LUXO 19 twitter.com/revistasom DISCO LIVRO instagram.com/revistasom ESTRANHO 54 SE NÃO EU, QUEM VAI FAZER VOCÊ FELIZ? A gente gosta de falar de música! 04 50 MEMÓRIA: SURRENDER 42 CHEMICAL BROTHERS LANÇAMENTO - FALCÃO TEDESCHI TRUCKS BAND 02 03 Créditos: Divulgação por Anderson Oliveira Foram mais 5 milhões de álbuns vendidos e Bem além disso e disposto a seguir firme com dez álbuns lançados, números que fizeram sua carreira, Marcelo Falcão disponibilizou d´O Rappa uma das bandas mais queridas recentemente seu primeiro álbum solo do país nos últimos anos. após a bem-sucedida colaboração com a bombástica IZA, preparando o cenário Mesmo com clássicos que nunca sairão de perfeito para o lançamento de “Viver (mais cena, o grupo encerrou suas atividades em leve que o ar), disco que foi produzido em 2018 de forma tumultuada, mas maior que parceria com Felipe Rodarte e que conta isso, escancaraou através de entrevistas com um line up impressionante. Entre os de seus integrantes todos os problemas nomes que dão forma ao primeiro trabalho que culminaram no encerramento das suas solo de Falcão estão nada menos que João atividades, surpreendendo a um público que Fera (teclados), dos Paralamas, o maestro via no grupo um papel que ia muito além da Arthur Verocai, o produtor Zegon (efeitos), música que ouvia. além do DJ Negralha (scratches e efeitos). 04 05 De repertório extenso e produção refinada,Viver já bem definida, apresentando uma fusão de palavras ao vento que se perdem ao longo do (mais leve que o ar) diz muito, mas – diferente elementos que iam do rock ao dub e do samba disco. da época de banda – soa tão desconexo da ao ragga-muffin em faixas como Reza a Vela e realidade e artificial que nasce condenado a cair Rolo Cotidiano. Foi esse o disco que fez d´O Definitivo para o rock nacional a partir dos anos no esquecimento em pouco tempo. E explicar Rappa uma banda realmente gigante em solo 90, Falcão paga o preço de nunca ter escolhido essa superficialidade vai muito além das letras do brasileiro. um lado no processo de desintegração de sua disco, compostas ainda durante o tempo em que ex-banda. Ou melhor, talvez tenha escolhido Falcão realizava os últimos shows com O Rappa. Em seu disco solo Falcão tenta aplicar um, o seu. E ainda que isso soe correto para praticamente tudo de bom que construiu na sua sequência profissional, parece ter percebido Banda que estabeleceu um elo único entre carreira, mas é nítido que, mesmo diante de tarde demais que construiu ao longo de sua todas as classes sociais do país, o grupo tamanha grandiosidade dos integrantes de seu história um elo que não é fácil de ser quebrado. carioca sempre se mostrou afiado para cantar a grupo solo, o público não está diante de uma realidade da periferia sem soar demagogo frente banda, o que acaba enfraquecendo o trabalho O risco disso se reflete em seu primeiro trabalho às classes mais altas. De forma sutil, nunca do vocalista e criando um certo distanciamento. solo, quando soa distante demais da periferia e assumiu um lado político após a demissão demagogo ao tentar conversar com um público de Marcelo Yuka, caminhando na linha tênue Essa noção da carreira solo de Falcão não chega a que espera apenas por entretenimento. E em onde valorizava a realidade da maioria do povo soar como algo falso, mas ainda é muito distante, Viver (mais leve que o ar) Falcão aprende, assim, brasileiro sem ir de encontro com quem sempre o que é uma pena. Faixas como Mais leve que que tudo o que fez nunca foi apenas música. • garantiu seu status no mainstream nacional. Em o ar e Viver, essa que conta com a participação Capa do primeiro álbum solo de Marcelo Falcão, Viver de Lula Queiroga, são bons exemplos de como outras palavras, mesmo ao perder seu principal (mais leve que o ar) conta com um line up formado por e engajado compositor, O Rappa conseguiu se alguns dos maiores músicos do país e foi gravado na Toca desperdiçar tamanho potencial. mostrar eficiente ao cantar contra as injustiças do Bandido, Rio de Janeirp - Créditos: Divulgação e assim criar verdadeiros hinos que abordavam Porém, daí em diante fica difícil defender faixas como I Don´t Wanna Be King ou Diz de forma inteligente questões raciais, religiosas E logo de cara, Viver (mais leve que o ar) vai Aí, que exageram ao tentar dizer muito e se e políticas sem apontar o dedo de forma tão na contramão disso. Hoje eu Decidi e Quando perderem musicalmente enquanto soam longas incisiva. Você Olhar pra Mim soam muito mais como um e arrastadas. O discurso engajado até dá as desabafo de seu vocalista do que propriamente caras e está lá, mas soa distante e desconexo o uma extensão d’O Rappa sem o restante dos suficiente para passar em branco, algo que não integrantes. De encher os olhos, a produção acontece somente em Eu quero Ver o Mar, outra do disco realmente impressiona pela riqueza que se salva em meio a um emaranhado de de detalhes, especialmente quando somada à elementos capazes de cansar o ouvinte muito paixão do vocalista por vertentes como dub, mas antes do fim do disco. ao fim de cada faixa tudo parece simplesmente música pop descartável, como se tudo dito Já na reta final, Me Entende ainda merece soasse interessasse somente ao seu vocalista atenção e deixa para Senhor Fazei de Mim a e mais ninguém, o que de certa forma é uma responsabilidade de encerrar um disco que não verdade inconveniente. vai deixar saudade. Com essa versão da Oração de São Francisco, Viver (mais leve que o ar) Só em Voar, flutuar, a terceira faixa do disco, que mostra um Falcão distante do público, ao menos temos lampejos que possam justificar tamanha da forma que acreditávamos estar ligado. Mais aposta na carreira solo de Marcelo Falcão. que isso, é um trabalho que soa distante da Com um refrão pegajoso e uma levada que em realidade que pregava nos tempos de O Rappa, nada deve aos melhores momentos d´O Rappa, o que pode indicar um caminho bem diferente carrega um discurso cheio de metáforas e que daquele que rendeu fama ao vocalista. Um risco tem tudo para funcionar, especialmente ao vivo. que ninguém acredita que Falcão está disposto E é só. a correr. Responsável por um dos melhores momentos do primeiro álbum solo de Marcelo Falcão, Lula Queiroga Disco que é considerado definitivo para O Ao lado da cantora IZA, sensação do último ano, Marcelo Funcionando como uma amálgama que funde colabora em Viver, que é um dos carros-chefe do Rappa, O Silêncio Q Precede o Esporro tinha Falcão indicou os caminhos que viria a utilizar em sua suas paixões pessoais com a história de seu ex- disco e teve seu videoclipe lançado - Créditos: naquele momento o tecladista Marcelo Lobato carreira solo, como a paixão pelo dub - Créditos: Divulgação grupo, o vocalista diz muito, mas com palavras Divulgação assumindo as baquetas e a identidade da banda 06 07 por Anderson Oliveira Se a música fosse um sistema solar, vários repertório, Relax serve como anestésico elementos teriam o mesmo nome na música musical, um trunfo muitas vezes confundido e brasileira: Alexandre Kassin. Talvez você não interpretado como marasmo, mas nesse caso saiba exatamente quem ele é, mas certamente pendendo somente para o lado bom. Créditos: Divulgação já ouviu algo feito por ele. Amparado por singles como Seria o donut?, Responsável por uma gama incontável de com Clarice Falcão, além da faixa-título do produções de sucesso nos últimos anos, disco, o novo trabalho de Kassin nasce fadado Alexandre Kassin produziu de Caetano Veloso a não alcançar a badalação de seus trabalhos a Los Hermanos, de Erasmo Carlos a Mallu realizados como produtor, mas nem pede Magalhães. Realizou diversos projetos como o isso. Para um artista que soube como poucos ótimo Domenico +2, ao lado de Moreno Veloso manusear a música brasileira, produzir um disco e Domenico Lancelotti, e retomou em 2018 sua com total autonomia é a chance enveredar por carreira solo após quase uma década com um um novo universo, mesmo que ele já tenha sido álbum de inéditas, o primeiro desde 2005. renegado pelo público no passado. Relax, como o próprio nome diz, é um mergulho Nessa tendência mezzo eletrônica mezzo por constelações e camadas de ritmos que só orgânica, Kassin se diverte a todo o tempo alguém capaz de manipular tudo com tamanha enquanto nos preocupamos em dar algum serenidade poderia construir. Embalado por sentido para seu novo trabalho. Ele existe, uma atmosfera à la João Donato, soa atemporal, mas certamente não cabe a nós esperar de um unindo-se a um seleto grupo de artistas de onde produtor com tamanho know-how a fusão de a música parece brotar junto com a respiração. tudo aquilo que já colocou a mão. Composto por 14 faixas, o disco transcorre em poucos E Relax é realmente um álbum dotado de rara segundos ou muitas horas, dependendo de seu beleza. Na maior parte do tempo suave, às estado de espírito, afinal, o tempo é diferente em vezes quase dançante.