INSTITUTO DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA I C N CÂMARA MUNICIPAL DE

CÂMARA MUNICIPAL DE ÓBID OS

ASSOCIAÇÃO DE DEFESA DO PAUL DE TOR NADA – PATO

Plano de Gestão do Espelho de Água

PROPOSTA

VERSÃO PRELIMINAR

MARÇO 2005

PROPOSTA Plano de Gestão do Espelho de Água

ÍNDICE DE MATÉRIAS

Resumo ...... iv

Agradecimentos ...... v

1. Introdução...... 1

2. Objectivos e âmbito...... 2

3. Metodologia...... 3

4. Caracterização da Lagoa de Óbidos ...... 5

5. Caracterização da situação actual...... 8 5.1. A pesca e a apanha de moluscos bivalves na Lagoa de Óbidos ...... 8 5.2. A vela...... 11 5.2.1. Caracterização geral da modalidade...... 11 5.2.2. A vela na Lagoa de Óbidos ...... 11 5.3. O windsurf ...... 13 5.3.1. Caracterização geral da modalidade...... 13 5.3.2. O windsurf na Lagoa de Óbidos...... 14 5.4. A canoagem ...... 14 5.4.1. Caracterização geral da modalidade...... 14 5.4.2. A canoagem na Lagoa de Óbidos...... 15 5.5. O remo ...... 16 5.5.1. Caracterização geral da modalidade...... 16 5.5.2. O remo na Lagoa de Óbidos...... 17 5.6. O kiteboard ...... 17 5.6.1. Caracterização geral da modalidade...... 17 5.6.2. O kiteboard na Lagoa de Óbidos ...... 18 5.7. O jetski...... 19 5.7.1. Caracterização geral da modalidade...... 19 5.7.2. O jetski na Lagoa de Óbidos ...... 20 5.8. O ski náutico...... 21 5.8.1. Caracterização geral da modalidade...... 21 5.8.2. O ski náutico na Lagoa de Óbidos...... 21 5.9. Zona de banhos...... 22 5.9.1. Caracterização geral ...... 22

i PROPOSTA Plano de Gestão do Espelho de Água

5.9.2. Zona de banhos na Lagoa de Óbidos...... 23 5.10. As embarcações a pedal – “gaivotas” na Lagoa de Óbidos...... 24 5.11. Socorros a náufragos na Lagoa de Óbidos ...... 25 5.12. Quadros resumo...... 25 5.13. Impactes ambientais associados às actividades...... 29

6. Plano de Gestão do Espelho de Água...... 31 6.1. Conceito de Capacidade de Carga...... 31 6.2. Proposta para o Plano de Gestão do Espelho de Água...... 32

7.Considerações finais...... 37

8.Referências bibliográficas ...... 38

Anexos...... I

Anexo I - Proposta de zonas de utilização no âmbito do Plano de Gestão do Espelho de Água da Lagoa de Óbidos ...... II

ii PROPOSTA Plano de Gestão do Espelho de Água

ÍNDICE DE FIGURAS E TABELAS

Figura 3.1 – Faseamento da metodologia...... 4 Figura 4.1 – Localização da Lagoa de Óbidos ...... 5 Figura 4.2 – Panorâmica geral da Lagoa de Óbidos (margem norte)...... 6 Figura 5.1 – A pesca na Lagoa de Óbidos...... 9 Figura 5.2 – A apanha de moluscos bivalves na Lagoa de Óbidos ...... 9 Figura 5.3 – Bateira ...... 10 Figura 5.4 – Um dos locais de atracagem na margem norte da Lagoa de Óbidos ...... 10 Figura 5.5 – Escola de Vela da Lagoa...... 12 Figura 5.6 – Ensino de vela na Escola de Vela da Lagoa: Classe Hobbie Cat...... 12 Figura 5.7 – Ensino de vela na Escola de Vela da Lagoa: Classe Optimist...... 12 Figura 5.8 – Ensino de windsurf na Escola de Vela da Lagoa...... 14 Figura 5.9 – Ensino de canoagem na Escola de Vela da Lagoa...... 15 Figura 5.10 – Ensino de canoagem por parte de escolas móveis ...... 16 Figura 5.11 – Canoagem no Braço do Bom Sucesso a nível individual ...... 16 Figura 5.12 – Kiteboard junto à entrada da Lagoa de Óbidos para o mar...... 19 Figura 5.13 – Cais na Foz do Arelho e respectiva rampa de acesso à água ...... 20 Figura 5.14 – Rampa de acesso à água do Bom Sucesso ...... 21 Figura 5.15 – Gráfico do histórico da qualidade da água...... 23 Figura 5.16 – Área de praia ocupada durante a época balnear na margem norte da Lagoa de Óbidos (Foz do Arelho) ...... 24 Figura 5.17 – Área de praia ocupada durante a época balnear na margem sul da Lagoa de Óbidos (Bom Sucesso) ...... 24 Figura 6.1 – Sinalética de aviso de zona de navegação restrita que se encontra no cais da Foz do Arelho ...... 34

Tabela 5.1 – Actividades/modalidades praticadas na Lagoa de Óbidos...... 8 Tabela 5.3 – Quadro resumo do tipo de utilizadores da Lagoa de Óbidos (situação actual) ...... 28 Tabela 5.4 – Quadro resumo dos impactes ambientais associados a cada uma das actividades ...... 29 Tabela 6.1 – Quadro resumo da definição de zonas de utilização...... 35

iii PROPOSTA Plano de Gestão do Espelho de Água

RESUMO

A Lagoa de Óbidos constitui um sistema costeiro natural, composta por um mosaico de meios ao qual correspondem vários nichos ecológicos complexos. O elevado valor ecológico que a Lagoa de Óbidos apresenta já se encontra devidamente estudado e fundamentado, sendo evidente a necessidade de uma protecção integrada e sustentável deste sistema. A utilização desregrada da Lagoa de Óbidos apresenta-se como um dos factores que tem vindo a contribuir para o desaparecimento definitivo deste espaço como sistema lagunar. No sentido de inverter esta situação, surge o presente Plano de Gestão do Espelho de Água da Lagoa de Óbidos com a finalidade de enquadrar no meio as diversas actividades que dele usufruem e contribuir como factor de preservação deste recurso natural. Numa primeira fase de trabalho, foi realizado um levantamento de todas as actividades sócio-económicas e desportivas de carácter lúdico e competitivo praticadas neste ecossistema, com o intuito de proceder a uma caracterização da situação actual de utilização do espelho de água da Lagoa de Óbidos. Neste contexto, apresenta-se uma caracterização geral para cada uma das actividades identificadas, bem como o seu enquadramento na Lagoa de Óbidos. A segunda fase de trabalhos reflectiu uma tentativa de enquadrar as actividades existentes neste sistema aquático de uma forma sustentada e de forma a evitar a sua degradação, tendo sido demarcadas diferentes zonas de utilização com identificação das actividades permitidas e não permitidas. Torna-se necessário salientar que o presente Plano de Gestão do Espelho de Água da Lagoa de Óbidos não constitui um documento estático. A sua aplicação prática traduzir- se-á num importante instrumento de trabalho que buscará uma gestão sustentável onde se encontrará implícito o conceito de melhoria contínua.

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AGRADECIMENTOS

A todos aqueles que contribuíram para a concretização do presente Plano de Gestão do Espelho de Água da Lagoa de Óbidos ficam os mais sinceros agradecimentos. A Carlos Ribeiro (presidente da Federação Portuguesa de Vela), Marcos Oliveira (Federação Portuguesa de Canoagem) e Tiago Vieira Pita (director da Federação Portuguesa de Jetski), pela disponibilidade de resposta aos questionários enviados às respectivas federações sobre a prática de actividades desportivas na Lagoa de Óbidos. A Isabel Dabadie (proprietária da Escola de Vela da Lagoa), Teixeira da Silva (presidente da Associação de Pescadores e Mariscadores Amigos da Lagoa de Óbidos), Carlos Laranjeira, Adão Arribas e Alcino Teixeira (Posto Marítimo da Foz do Arelho) pelas entrevistas concedidas no âmbito da prática desportiva, pesca e marisqueio na Lagoa de Óbidos. A Vanda Parreira (geógrafa na Câmara Municipal de Caldas da Rainha) pela elaboração do mapa que constitui anexo ao presente trabalho.

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1. INTRODUÇÃO

Actualmente, mostra-se evidente a crescente preocupação com a conservação da Natureza, com a protecção dos espaços naturais e consequente preservação das espécies de fauna e flora aí existentes. Começa-se a compreender que a manutenção dos equilíbrios naturais e a protecção dos recursos naturais constituem objectivos primordiais e de interesse público na continuidade da vida no planeta Terra. Torna-se necessário adoptar medidas e programas de protecção mais rigorosos com sistemas de fiscalização mais apertados, especialmente, sobre todas as áreas de elevado valor ecológico, com o intuito de promover a gestão racional dos recursos naturais, a valorização do património natural e regulamentar as intervenções artificiais susceptíveis de as degradar. Existem diversos espaços de elevado interesse para a conservação da natureza não contemplados por qualquer tipo de figura legal que os proteja ou que permita o desenvolvimento de acções que possam potenciar e preservar os seus valores, quer seja numa óptica de defesa da biodiversidade, quer do ponto de vista meramente cultural ou paisagístico. A compatibilização da protecção da natureza com o desenvolvimento sócio-económico da região onde se inserem os espaços naturais apresenta-se como um factor preponderante para a correcta utilização e manutenção destes sistemas. O uso que se preconiza para estas zonas deve ser orientado no sentido de facilitar às pessoas, que as visitam e que as utilizam, o conhecimento e o usufruto dos valores naturais, paisagísticos e culturais de uma forma cuidada e racional, contribuindo para o desenvolvimento sustentável da região. A Lagoa de Óbidos constitui um sistema costeiro natural, composta por um mosaico de meios ao qual correspondem vários nichos ecológicos complexos. O elevado valor ecológico que a Lagoa de Óbidos apresenta já se encontra devidamente estudado e fundamentado, sendo evidente a necessidade de uma protecção integrada e sustentável deste sistema. A utilização desregrada da Lagoa de Óbidos apresenta-se como um dos factores que tem vindo a contribuir para o desaparecimento definitivo deste espaço como sistema lagunar. No sentido de inverter esta situação, torna-se necessário a adopção de medidas de conservação e preservação, nomeadamente através de um Plano de Gestão do Espelho de Água da Lagoa de Óbidos, com a finalidade de enquadrar no meio as diversas actividades que dele usufruem e contribuir como factor de preservação deste recurso natural.

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2. OBJECTIVOS E ÂMBITO

O presente trabalho foi realizado no âmbito da elaboração do dossier técnico de candidatura da Lagoa de Óbidos a Área de Paisagem Protegida de Âmbito Regional. A elaboração do dossier técnico, que visa a classificação da Lagoa nos termos do Decreto- Lei n.º 19/93, de 23 de Janeiro, foi estabelecida através de protocolo celebrado entre o Instituto de Conservação da Natureza, a Câmara Municipal de Caldas da Rainha, a Câmara Municipal de Óbidos e a Associação de Defesa do Paul de Tornada - PATO. A presente proposta assenta em dois objectivos principais: ¾ Caracterização da situação actual de utilização do espelho de água da Lagoa de Óbidos; ¾ Apresentação de um Plano de Gestão do Espelho de Água da Lagoa de Óbidos.

O primeiro objectivo diz respeito a todas as actividades sócio-económicas e desportivas de carácter lúdico e competitivo praticadas na Lagoa. O segundo reflecte uma tentativa de enquadrar as actividades existentes neste sistema aquático de uma forma sustentada e de forma a evitar a sua degradação. O trabalho apresentado é constituído por vários capítulos que incluem os seguintes pontos: 1. Introdução: aspectos gerais da importância da conservação da natureza, enquadramento da proposta; 2. Objectivos e Âmbito: apresentação dos objectivos e âmbito, organização da proposta; 3. Metodologia: metodologia geral e descrição das principais etapas de trabalho; 4. Caracterização da Lagoa de Óbidos: aspectos gerais dos sistemas lagunares, referências à localização, extensão, importância e principais problemas da Lagoa de Óbidos; 5. Caracterização da Situação Actual: enquadramento geral de todas as actividades praticadas na Lagoa de Óbidos; 6. Proposta para o Plano de Gestão do Espelho de Água: conceito de capacidade de carga; identificação das actividades permitidas (com ou sem restrições) e não permitidas na Lagoa de Óbidos, demarcação das zonas de utilização (livre, condicionada ou de protecção). 7. Considerações Finais: apresentação das principais conclusões.

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3. METODOLOGIA

O trabalho realizado decorreu ao longo de quatro fases, que se encontram sintetizadas na figura 3.1. Na primeira fase elaborou-se um plano de trabalho tendo em consideração o âmbito e objectivos estabelecidos no capítulo 2. A segunda fase consistiu numa análise preliminar de todos os pontos identificados no plano de trabalho, onde se procedeu a uma pesquisa de informação. Esta recolha foi realizada recorrendo a diversos suportes, nomeadamente através de trabalhos realizados sobre a Lagoa de Óbidos em anos anteriores, através da internet e através de contactos directos com as federações e associações desportivas reguladoras de cada uma das actividades identificadas, com a Associação de Pescadores e Mariscadores Amigos da Lagoa de Óbidos, com a Escola de Vela da Lagoa e com o Posto Marítimo da Foz do Arelho pertencente à Capitania de Peniche. Posteriormente, numa terceira fase, analisou-se toda a informação recolhida anteriormente. Toda esta pesquisa se traduziu numa caracterização da Lagoa de Óbidos enquanto sistema lagunar e numa caracterização da situação actual de utilização do seu espelho de água. Finalmente, elaborou-se uma proposta de Plano de Gestão do Espelho de Água da Lagoa de Óbidos, tendo em consideração a análise de informação efectuada. Foram, ainda nesta quarta fase, tecidas algumas considerações finais em relação à proposta apresentada.

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1ª FASE Elaboração do Plano de Definição de Objectivos e Âmbito Trabalho

2ª FASE Análise Preliminar Recolha de informação

Federações Desportivas

Associações Desportivas Contactos APMALO

Posto Marítimo

Caracterização da Lagoa de Óbidos 3ª FASE Análise de Informação Caracterização da Situação Actual

Plano de Gestão do Espelho de Água 4ª FASE Análise Final Considerações Finais

Figura 3.1 – Faseamento da metodologia

4 PROPOSTA Plano de Gestão do Espelho de Água

4. CARACTERIZAÇÃO DA LAGOA DE ÓBIDOS

As lagoas costeiras são sistemas de transição entre as águas marinhas e continentais sendo constituídas por um mosaico de meios ao qual correspondem vários nichos ecológicos complexos. Estas funcionam como reservatórios de matéria orgânica e inorgânica provenientes dos domínios continental e marinho, onde a sua comunicação com o mar, de carácter permanente ou temporário, pode influenciar decisivamente os seus ciclos biogeoquímicos e ecológicos (Fidalgo, 1996). De um modo geral as formações lagunares costeiras são conhecidas, essencialmente, pela ictiofauna e ornitofauna locais, embora se tratem de importantes biótopos colonizados por um elevado número de espécies vegetais e animais, algumas delas endémicas, raras ou ameaçadas. De salientar que o valor ecológico de muitas lagoas ultrapassa, não raras vezes, a escala local ou regional, visto constituírem locais estratégicos de estadia e/ou passagem para um vastíssimo número de aves migradoras (Fidalgo, 1996). Estes sistemas assumem uma elevada importância, visto serem áreas de grande riqueza económica e de valor social e ecológico notável. De uma forma natural, as lagoas costeiras, a médio ou longo prazo, transformar-se-iam em pântanos se o seu regime sedimentar se mantivesse. No entanto, a intervenção humana, que por um lado acelera o processo de assoreamento através das constantes alterações que provoca nas suas bacias hidrográficas que conduzem a uma maior produção de sedimento, por outro tenta inverter a situação ao intervir através de dragagens efectuadas com o intuito de aumentar a profundidade do sistema, prolongando, deste modo, a vida destes meios aquáticos (Freitas, 1996). A pressão humana sentida de uma forma desregrada e descontrolada tem-se traduzido em sinais evidentes de alteração nestes habitats, como o empobrecimento das comunidades bióticas e os elevados níveis de eutrofização das águas. Em pleno litoral ocidental, entre o Cabo Carvoeiro e São Martinho do Porto, encontra- se a Lagoa de Óbidos (figura 4.1). A bacia hidrográfica da Lagoa de Óbidos abrange parte dos concelhos de Caldas da Rainha e Cadaval e a totalidade dos concelhos de Óbidos e Bombarral, caracterizando-se por uma escassez de caudais, sobretudo durante o Verão e Outono. Situa-se numa depressão pouco profunda, de contornos irregulares e muito instáveis junto ao mar, cuja barreira natural de LAGOA DE ÓBIDOS separação é formada por um cordão de dunas litorais (Martins, 1992). Este local de transição encontra-se completamente fechado, mas é aberto artificialmente e assim permanece durante algum tempo, até ser necessária uma nova intervenção com o objectivo de manter a barra aberta (Freitas, 1996). Figura 4.1 – Localização da Lagoa de Óbidos

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A Lagoa de Óbidos possui uma área total aproximada de 6,9 km2 e uma profundidade de dois metros, com cotas que vão desde o meio metro aos cinco metros. Estende-se para montante essencialmente por dois canais, para Oeste pelo Braço do Bom Sucesso, e para Este pelo Braço da Barrosa (INAG, s.d.). A Lagoa de Óbidos faz fronteira terrestre com o concelho de Caldas da Rainha a Norte (freguesias da Foz do Arelho e ) e com o concelho de Óbidos a Sul (freguesias do Vau e Santa Maria). Do lado Sul encontra-se à Poça do Vau e do lado Oeste está ligada à Poça das Ferrarias. Apresenta um comprimento máximo de, sensivelmente, 6 km e uma largura que oscila entre 1 e 1,5 km, com uma orientação preferencial NW-SW. No entanto, esta configuração tende a oscilar consideravelmente, sendo uma consequência directa dos sedimentos empurrados pelo mar para o interior da Lagoa. Segundo relatos antigos, a Lagoa era muito mais extensa, alcançando o sopé da colina onde hoje se ergue a vila de Óbidos, banhando os muros do castelo do lado Poente (Martins, 1992). Contudo, actualmente, ainda se apresenta como o sistema lagunar costeiro mais extenso da costa portuguesa.

Figura 4.2 – Panorâmica geral da Lagoa de Óbidos (margem norte)

A água doce afluente à lagoa pode ser dividida em cursos de água, precipitação directa e marginal, descargas de águas residuais e ainda a contribuição das águas subterrâneas. As principais linhas de água afluentes são os rios Real e Arnóia, no Braço do Bom Sucesso, e rio Cal, no Braço da Barrosa. Estas linhas de água apresentam caudais significativos na época invernosa, mas, nos meses estivais, a grande maioria seca e o caudal que chega à Lagoa é constituído, quase exclusivamente, pelas águas residuais dos aglomerados urbanos existentes (Martins, 1992). A Lagoa de Óbidos constitui um importante biótopo caracterizado pela sua riqueza em diferentes espécies, nomeadamente piscícolas e avifaunísticas. A Lagoa de Óbidos possui uma longa história de ocupação humana marginal. Aliada às pressões naturais, nomeadamente, as alterações climáticas e variações do nível médio do mar, a própria presença do Homem produziu alterações no equilíbrio e evolução deste sistema, nomeadamente através das desflorestações para a prática agrícola. Estes

6 PROPOSTA Plano de Gestão do Espelho de Água

dois factores contribuíram para as várias evoluções morfológicas verificadas (INAG, s.d.). Os principais problemas associados à Lagoa de Óbidos centram-se na poluição do solo e na poluição das águas motivadas pela descarga de efluentes que ultrapassam a carga assimilativa da Lagoa e que conduzem a cenários, muitas vezes problemáticos, de eutrofização. Em anos recentes tem-se vindo a registar uma aumento significativo da pressão exercida pela actividade humana, quer através do aumento das áreas de construção sobre a praia e sobre o sistema dunar, quer pelo aumento da circulação automóvel nas margens da Lagoa. Para agravar esta situação, concorre a instabilidade produzida pelo assoreamento verificado, e em situações extremas, o consequente fecho da barra (INAG, s.d.). O Plano Director Municipal de Caldas da Rainha refere no seu artigo 66.º que “as áreas naturais são áreas em que a protecção de determinados valores naturais únicos, nomeadamente...a Lagoa de Óbidos e as suas envolventes, se sobrepõe a qualquer outro uso do solo”. Por outro lado o Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) de Alcobaça-Mafra, aprovado pela Resolução de Conselho de Ministros n.º 11/2002 de 17 de Janeiro, caracteriza a Lagoa de Óbidos como um dos “elementos notáveis de elevada singularidade e valor paisagístico” existentes na linha de costa entre Alcobaça e Mafra. É neste contexto, de salvaguarda dos valores ambientais e de respeito pelas gerações futuras, que se torna necessário adoptar uma atitude assertiva, devidamente fundamentada e planeada, na continuidade dos trabalhos de reabilitação da Lagoa de Óbidos.

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5. CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO ACTUAL

Com o intuito de elaborar o Plano de Gestão do Espelho de Água da Lagoa de Óbidos, torna-se necessário proceder a uma caracterização o mais pormenorizada possível da actual utilização deste sistema lagunar, no que diz respeito ao seu uso para fins recreativos e económicos. Foram identificadas onze actividades praticadas na Lagoa de Óbidos. Na tabela 5.1. encontram-se descritas estas actividades. Não existem zonas de utilização demarcadas, actualmente, para a sua prática. Tabela 5.1 – Actividades/modalidades praticadas na Lagoa de Óbidos

MODALIDADES ACTIVIDADES DE ÉPOCA ACTIVIDADES 1 2 DESPORTIVAS1 BALNEAR ECONÓMICAS Vela Zona de banhos Pesca Windsurf Embarcações a pedal: gaivotas Apanha de moluscos bivalves Canoagem Remo Kiteboard Jetski Ski náutico Notas: 1. Essencialmente de carácter lúdico, apesar da existência de provas de carácter competitivo em algumas das modalidades. As modalidades apresentam diferentes índices de sazonalidade e intensidade de prática. 2. Actividades lúdicas, associadas à época balnear (meses de verão). Nestes meses, a praia com área concessionada encontra-se vigiada (socorros a náufragos).

Neste capítulo será apresentada uma caracterização geral para cada uma das modalidades identificadas, onde se descreve a sua história, a aptidão dos locais para a prática e as estruturas de apoio necessárias. Finalmente, realiza-se um enquadramento de cada actividade na Lagoa de Óbidos. O contacto com as federações e associações desportivas reguladoras de cada uma das actividades identificadas, com a Associação de Pescadores e Mariscadores Amigos da Lagoa de Óbidos, com a Escola de Vela da Lagoa e com o Posto Marítimo da Foz do Arelho pertencente à Capitania de Peniche permitiu traduzir, de uma forma mais precisa, a realidade de utilização da Lagoa.

5.1. A PESCA E A APANHA DE MOLUSCOS BIVALVES NA LAGOA DE ÓBIDOS

A pesca (figura 5.1) e a apanha de moluscos bivalves (figura 5.2) constituem as principais actividades económicas relacionadas com a Lagoa de Óbidos e, como tal, encontram-se inteiramente dependentes deste meio lagunar. A actividades piscatória, embora menos relevante que outrora, apresenta ainda importância como vector

8 PROPOSTA Plano de Gestão do Espelho de Água

económico desta região. A apanha de moluscos bivalves continua a merecer um lugar de destaque na economia das populações locais de mariscadores. Estas duas actividades são realizadas praticamente em toda a Lagoa de Óbidos, com especial incidência no seu corpo central e braços.

Figura 5.1 – A pesca na Lagoa de Óbidos

Figura 5.2 – A apanha de moluscos bivalves na Lagoa de Óbidos

A pesca na Lagoa de Óbidos é regulamentada pela Portaria n.º 567/90 de 19 de Julho. Actualmente, esta portaria encontra-se em fase de revisão por se considerar que existe uma necessidade de adaptar de uma forma mais correcta a legislação à realidade da Lagoa de Óbidos. De acordo com o Posto Marítimo da Foz do Arelho, pertencente à Capitania de Peniche, são cerca de duzentos os pescadores e mariscadores devidamente licenciados para exercer a sua actividade na Lagoa de Óbidos. A Associação de Pescadores e Mariscadores Amigos da Lagoa de Óbidos, que teve o seu início de funções em Junho de 2004, conta com 95 associados que são pescadores e/ou mariscadores, todos eles com a sua situação legalizada. Ao número oficial de pescadores e mariscadores licenciados acresce o número de indivíduos que procedem à pesca e à apanha neste local para consumo próprio sem qualquer identificação, não sendo possível indicar um número exacto.

9 PROPOSTA Plano de Gestão do Espelho de Água

As bateiras (figura 5.3) são o único barco utilizado quer pelos pescadores, quer pelos mariscadores, na Lagoa de Óbidos. São caracterizadas por serem embarcações de convés aberto. Antigamente eram muito utilizadas para a apanha de limo. Actualmente, as bateiras já podem ter dois motores (operam a gasolina), um principal e o outro auxiliar que pode ser utilizado em caso de avaria ou manutenção. Periodicamente, o motor necessita de ser revisto, mas os trabalhos de manutenção são deixados a cargo de cada um. Para a manutenção das bateiras, que acontece anualmente ou de dois em dois anos, é necessária uma licença de encalhe. Esta manutenção consiste em colocar as bateiras imersas em água quando estas se encontram ressequidas, para depois serem pintadas.

Figura 5.3 – Bateira

Existem vários locais de atracagem (figura 5.4) pela Lagoa de Óbidos que foram surgindo ao longo dos anos de acordo com as necessidades e recursos dos pescadores e mariscadores, não se encontrando estabelecidos locais específicos para este fim.

Figura 5.4 – Um dos locais de atracagem na margem norte da Lagoa de Óbidos

As estruturas de apoio existentes a estas actividades são umas barracas em caniço que se encontram junto das margens. Para serem autorizadas necessitam de obedecer a condições muito específicas, não podendo conter madeira ou plástico na sua construção e ter o chão em terra batida. Ultimamente, para prevenir assaltos, têm permitido a utilização de outros materiais, de forma a torná-las mais seguras.

10 PROPOSTA Plano de Gestão do Espelho de Água

De um modo geral, os pescadores e/ou mariscadores encontram-se satisfeitos com as estruturas de apoio existentes, apesar de reclamarem a abertura de uma vala de acesso e abrigo às bateiras no Braço do Bom Sucesso. Todo o marisco apanhado na Lagoa de Óbidos necessita ser encaminhado para depuração, dadas as condições de qualidade da água e de acordo com a legislação nacional. Por vezes, a apanha de moluscos bivalves é proibida, devido às toxinas presentes nos mesmos.

5.2. A VELA

5.2.1. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA MODALIDADE

A vela constitui um desporto onde uma embarcação com uma vela no seu mastro aproveita a força do vento como meio de deslocação. Existem vinte classes distintas de vela, que se distinguem pelo tipo de embarcação utilizada. Há muitos milhares de anos que o Homem utiliza embarcações como meio eficiente de transporte e viagem, para a pesca e para divertimento. Não se conhece a data exacta da introdução da vela nas embarcações (Brooke-Ball, 1993). No entanto, só no século XIX surgiu a vela competitiva, tal como hoje se conhece. Também neste século foi realizada no rio Tejo a primeira prova de vela, em , impulsionada por oficiais da colónia britânica. A crescente dinâmica da modalidade levaria a que, em 1927, fosse fundada a Federação Portuguesa de Vela, de modo a que Portugal pudesse entrar na organização internacional e olímpica de vela (Fonte: [4]). Os locais para a prática de vela necessitam de condições de fácil acesso à água e possuir um plano de água com poucas variações de ondulação e de vento, quer em intensidade, quer em direcção. A existência de estruturas de apoio à actividade para armazenamento de pranchas, barcos, botes de apoio e material para realização de provas são essenciais. Torna-se, relevante salientar a necessidade de uma oficina de apoio para pequenas reparações. Naturalmente, pontos de apoio com água potável e electricidade, recolha de lixo e zona de parque automóvel são elementos necessários.

5.2.2. A VELA NA LAGOA DE ÓBIDOS

A Federação Portuguesa de Vela considera a Lagoa de Óbidos um local privilegiado para a prática de vela. Afirmam ter condições de fácil acesso à água com ventos regulares em direcção e intensidade. Fundamentalmente, pelo facto de se tratar de uma lagoa, apresenta boas condições de segurança. Com sete anos de existência, a Escola de Vela da Lagoa (figura 5.5), é a principal responsável pelo interesse e prática crescente da modalidade de vela na Lagoa de Óbidos. Também esta instituição refere as excelentes condições para a prática de vela na

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Lagoa de Óbidos, nomeadamente, em questões de segurança fundamentais para o ensino.

Figura 5.5 – Escola de Vela da Lagoa (Pedro Bernardo)

Como já havia sido referido, a vela encontra-se dividida em diferentes classes, entre elas a classe de Hobie Cat (Catamaran), representada na figura 5.6 e a classe Optimist (figura 5.7). São estas as duas classes leccionadas na Escola de Vela da Lagoa. Para além de oferecer aulas particulares e estágios, existe ainda a possibilidade de aluguer de equipamento.

Figura 5.6 – Ensino de vela na Escola de Vela da Lagoa: Classe Hobbie Cat (Pedro Bernardo)

Figura 5.7 – Ensino de vela na Escola de Vela da Lagoa: Classe Optimist ([8])

A vela é praticada na Lagoa de Óbidos durante todo o ano, apesar de se verificarem intensidades diferentes de utilização consoante os meses. Durante a época de primavera e verão, a Escola de Vela da Lagoa funciona diariamente, enquanto que nos meses de Inverno encerra às terças, quartas e quintas-feiras. Os fins-de-semana são os dias onde

12 PROPOSTA Plano de Gestão do Espelho de Água

se verifica um maior afluxo de praticantes. A Escola de Vela da Lagoa recebe, por ano, entre 1 000 a 1 500 pessoas (este número engloba todas as actividades desenvolvidas pela escola e não apenas a vela). A Escola de Vela da Lagoa organiza, anualmente, em conjunto com a Associação Portuguesa de Classe Hobie Cat, cerca de seis provas de carácter competitivo de Catamaran. Os participantes nestas provas variam de quinze a setenta pessoas. Um número difícil de estimar e para o qual não existe informação, é o de espectadores que se deslocam até à Lagoa de Óbidos para assistir às competições. Em termos de estruturas de apoio, a Escola de Vela da Lagoa possui um edifício de maiores dimensões construído em madeira, que serve como apoio administrativo, contemplando escritórios, balneários, casas de banho, uma cantina, um bar e uma pequena loja. Existe, ainda, um contentor onde se armazena todo o equipamento necessário à prática da modalidade. Não se encontra nenhuma estrutura de apoio na água, à excepção de eventuais bóias de sinalização. Para além de todo o equipamento necessário a prática de vela, a Escola de Vela da Lagoa possui três barcos a motor para apoio à actividade, devidamente licenciados. A Escola de Vela da Lagoa dispõem de uma autorização permanente para exercer a sua actividade na Lagoa de Óbidos. Existem, também, inúmeras escolas móveis que se deslocam até à Lagoa de Óbidos para a prática de vela. Apesar de estas necessitarem de uma autorização para a prática (passada pelo Posto Marítimo da Foz do Arelho), é muito difícil estimar o número de praticantes que afluem à Lagoa de Óbidos todos os anos. À Escola de Vela da Lagoa e às escolas móveis acresce, ainda, o número de praticantes de vela, que trazendo o seu próprio equipamento utilizam a Lagoa de Óbidos. Este número é ainda mais dificil de quantificar.

5.3. O WINDSURF

5.3.1. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA MODALIDADE

Entre as actividades náuticas da vela, destaca-se o windsurf (classe Mistral). Esta modalidade nasceu, nos anos 70, como resultado do encontro de surfistas e velejadores. Muito simplesmente, o windsurf consiste em içar uma vela numa prancha de surf, permitindo cavalgar as ondas ao mesmo tempo que se manipula o vento (Brooke-Ball, 1993). Sendo o windsurf uma modalidade inserida na vela, as condições e as estruturas de apoio necessárias para a prática deste desporto são idênticas às descritas no sub-capítulo 5.1.1 para a vela.

13 PROPOSTA Plano de Gestão do Espelho de Água

5.3.2. O WINDSURF NA LAGOA DE ÓBIDOS

De igual modo ao descrito no sub-capítulo 5.1.2, a Lagoa de Óbidos constitui um local que apresenta excelentes condições para a prática de windsurf (figura 5.8), de acordo com a Federação Portuguesa de Vela e com a Escola de Vela da Lagoa de Óbidos.

Figura 5.8 – Ensino de windsurf na Escola de Vela da Lagoa (Pedro Bernardo)

O windsurf constitui, também, uma das modalidades leccionadas na Escola de Vela da Lagoa. Para além do ensino, a escola permite, ainda, o aluguer deste tipo de equipamento. Os números e épocas do ano apresentados no sub-capítulo 5.1.2 reflectem, também, à intensidade e sazonalidade da prática de windsurf na Lagoa de Óbidos. Da mesma forma, as estruturas de apoio existentes na Escola de Vela da Lagoa são as já descritas nesse sub-capítulo. Também para o windsurf, a Escola de Vela da Lagoa promove provas de carácter competitivo em conjunto com a Associação Portuguesa de Funboard. Anualmente, realizam-se entre quatro a seis competições que contam com entre quinze a setenta participantes, não contabilizando os espectadores que assistem às provas. Mais uma vez, o número de participantes de windsurf acresce quando contabilizadas as inúmeras escolas móveis que se deslocam até à Lagoa de Óbidos e o número de praticantes individuais, sendo bastante difícil de estimar.

5.4. A CANOAGEM

5.4.1. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA MODALIDADE

A canoagem é um desporto onde uma, duas ou três pessoas se deslocam num kaiak ou canoa canadiana, dentro de água, recorrendo a uma pagaia. Na canoagem inclui-se a navegação em águas lisas e calmas ou em águas bravas, onde os rios são classificados, de acordo com a sua dificuldade, de I (fácil) a VI (sobrevivência duvidosa). A classificação depende da velocidade da água, do percurso e do volume de água do rio.

14 PROPOSTA Plano de Gestão do Espelho de Água

As primeiras canoas datam dos tempos pré-históricos e eram feitas de troncos escavados. Actualmente, existem dois tipos de canoas de competição, muito diferentes das anteriores, que são os kaiaks e as canoas canadianas. Os kaiaks tradicionais eram, e ainda são, fabricados pelos Esquimós, com peles de foca engorduradas montadas sobre estruturas de osso. Os kaiaks de competição, apesar de serem moldados em fibra de vidro, ainda imitam os perfis das embarcações originais. Há muito que a canoagem é um desporto popular na América do Norte, mas na Europa só começou a sê-lo em finais do século XIX (Brooke-Ball, 1993). Em Portugal, a Federação Portuguesa de Canoagem surgiu em 1979, face à grande expansão desta modalidade no país. Para a prática de canoagem, os locais necessitam apresentar fáceis condições de acesso à água. As estruturas de apoio são, também, essenciais, nomeadamente de apoio logístico, balneários e material para montar na água como bóias e plataformas de partida. Naturalmente, pontos de apoio com água potável e electricidade, recolha de lixo e zona de parque automóvel são elementos necessários.

5.4.2. A CANOAGEM NA LAGOA DE ÓBIDOS

A Federação Portuguesa de Canoagem descreve a Lagoa de Óbidos como um local de grande beleza onde os inúmeros adeptos da modalidade de canoagem, na vertente do turismo náutico, passam horas de puro contacto com a Natureza. Também, a Escola de Vela da Lagoa dá ênfase às óptimas condições de local para a prática deste desporto. A canoagem (figura 5.9, 5.10 e 5.11), também, se apresenta como um das modalidades ensinadas na Escola de Vela da Lagoa. Assim sendo, em termos de intensidade e sazonalidade, bem como em termos de estruturas de apoio à prática existentes, aplica-se o já descrito no sub-capítulo 5.1.2.

Figura 5.9 – Ensino de canoagem na Escola de Vela da Lagoa (Pedro Bernardo)

15 PROPOSTA Plano de Gestão do Espelho de Água

Figura 5.10 – Ensino de canoagem por parte de escolas móveis

Figura 5.11 – Canoagem no Braço do Bom Sucesso a nível individual

No que diz respeito a provas de carácter competitivo, a Federação Portuguesa de Canoagem não teve manifestações oficiais da sua realização no último Ciclo Olímpico, apesar de constituir hábito a realização de uma pequena prova anual no âmbito das comemorações do Dia Olímpico. Porém, em anos anteriores, já foram realizadas provas Nacionais. Novamente, o número de participantes de canoagem aumenta quando contabilizadas as inúmeras escolas móveis que se deslocam até à Lagoa de Óbidos e o número de praticantes individuais (difíceis de estimar). No entanto, é possível observar que o número de praticantes de canoagem excede largamente o número de praticantes de vela, sendo possivelmente a modalidade desportiva mais praticada na Lagoa de Óbidos.

5.5. O REMO

5.5.1. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA MODALIDADE

O remo é um desporto aquático, onde os seus praticantes se deslocam, recorrendo a um ou dois remos, dentro de uma embarcação. Existem diversas categorias consoante o tipo de embarcação utilizada (Brooke-Ball, 1993). Foi nos séculos XVII e XVIII, em Londres, que o remo começou a dar os primeiros passos. Existiam cerca de 40000 barqueiros profissionais que se ocupavam do tráfego

16 PROPOSTA Plano de Gestão do Espelho de Água

no Tamisa e organizavam competições entre eles. No entanto, há medida que as pontes foram sendo construídas, a profissão desapareceu. Foi na última parte do século XVIII que os estudantes das universidades inglesas de Oxford e Cambridge descobriram que o remo era um desporto interessante e decidiram organizar regatas com espírito competitivo. As regatas de Henley começaram em 1851, altura em que a prática do remo se estende ao resto da Europa e ao continente americano. A evolução das embarcações foi notória ao longo do tempo. O banco móvel, vindo dos Estados Unidos, foi introduzido em Inglaterra em 1873. O material de construção das embarcações passou da tábua trincada aos compósitos dos dias de hoje. O Remo constituí um desporto com raízes bastante antigas em Portugal, tendo surgido em 1920 a Federação Portuguesa de Remo. A competição conhecida como “A Taça Lisboa” representa um dos mais antigos troféus em disputa, tendo comemorado 100 anos de existência em 2004 (Fonte: [3]). Para a prática de remo, os locais necessitam apresentar fáceis condições de acesso à água. As estruturas de apoio são, também, essenciais, nomeadamente de apoio logístico, balneários e material para montar na água como bóias e plataformas de partida. Naturalmente, pontos de apoio com água potável e electricidade, recolha de lixo e zona de parque automóvel são elementos necessários.

5.5.2. O REMO NA LAGOA DE ÓBIDOS

A prática de remo tem tradições antigas na Lagoa de Óbidos como é patente pela pista de remo, agora desactivada, localizada no Braço do Bom Sucesso. Actualmente, desconhece-se se ainda se realizam provas de carácter competitivo. Também, não existe conhecimento de escolas a leccionar, presentemente, na Lagoa de Óbidos. Aliada à falta de informação sobre a prática a nível individual, torna-se extremamente difícil estimar o número total de praticantes de remo que afluem à Lagoa de Óbidos.

5.6. O KITEBOARD

5.6.1. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA MODALIDADE

A palavra kiteboard, adoptada em Portugal para a designação desta modalidade, vem do inglês, onde kite significa papagaio e board significa prancha. Este desporto é, também, conhecido como kitesurf nos Estados Unidos da América e flysurf em França. O kiteboard é uma combinação de vários desportos, o surf, o windSurf, snowboard e o skate, que se pratica utilizando um kite e uma prancha. O kite é um papagaio parecido com um parapente que se designa por papagaio de tracção. É este papagaio que, através

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do vento, impulsiona o praticante (rider) permitindo saltar e aplicar manobras frequentemente utilizadas no snowboard, skate e surf. A maioria das teorias sobre o aparecimento dos kites, na sua forma mais simples, aponta a China como local de origem, em 478 a.C., pelos mestres de kite Kungshu P'an e Mo Zi. Nesta época, essas asas ajudavam à navegação dos barcos e ao transporte de materiais de construção mais pesados. Ao longo da história, estes kites foram sofrendo modificações para utilizações com os mais diversos fins. Mas só, recentemente, em 1995 as primeiras pranchas específicas para este desporto começam a ser desenvolvidas. O windsurfista francês Manu Bertin é considerado, por algumas pessoas, como o inventor do Kiteboard. Em 1997 apareceram, no nosso país, os primeiros praticantes desta modalidade, tendo sido criada, em 2002, a Associação Portuguesa de Kite, a APKITE. O kiteboard poderá ser praticado em praias e/ou lagoas que sejam menos frequentadas por banhistas e onde o atleta se sinta à vontade no que diz respeito às condições da água, do vento, do espaço de manobra e, principalmente, que tenha em atenção a sua condição física e o bem-estar de todos as outras pessoas que frequentem o mesmo local (em especial na época balnear) (Fonte: [1]). Para a prática de kiteboard as infra-estruturas necessárias são, naturalmente, pontos de apoio com água potável e electricidade, recolha de lixo e zona de parque automóvel.

5.6.2. O KITEBOARD NA LAGOA DE ÓBIDOS

A Associação Portuguesa de Kite - APKITE considera que a Lagoa de Óbidos apresenta condições excelentes a todos os níveis, nomeadamente de segurança, ventos, areal, zona de água e estruturas hoteleiras, para a prática, ensino e competição de kiteboard durante todo o ano. O kiteboard (figura 5.12), também, se apresenta como um das modalidades ensinadas na Escola de Vela da Lagoa. Assim sendo, em termos de intensidade e sazonalidade, bem como em termos de estruturas de apoio à prática existentes, aplica-se o já descrito no sub-capítulo 5.1.2. De acordo com a APKITE existem, também, escolas móveis que se deslocam até à Lagoa de Óbidos para leccionar cursos de kiteboard.

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Figura 5.12 – Kiteboard junto à entrada da Lagoa de Óbidos para o mar

No ano de 2004 realizou-se a 1.ª prova de carácter competitivo no âmbito das festas da Foz do Arelho, tendo sido co-organizada pela APKITE. Esta associação espera, ainda, promover novos eventos de nível competitivo na Lagoa de Óbidos, por considerarem, como já foi referido, que este meio lagunar apresenta um grande potencial para o desenvolvimento do desporto na região. Nos últimos anos, o kiteboard tem vindo a ganhar muitos adeptos, sendo frequente, durante todo o ano, encontrar inúmeros praticantes desta modalidade na Lagoa de Óbidos. No entanto, estimar este número torna-se quase impossível.

5.7. O JETSKI

5.7.1. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA MODALIDADE

Traduzindo à letra, jetski quer dizer Esqui a Jacto. A própria palavra jacto dá a noção de um desporto que envolve uma deslocação muito rápida, sendo o meio que permite essa deslocação a água. Entende-se como jetski todo o aparelho aquático movido por turbina e de lotação até quatro pessoas, no máximo, onde o piloto ou o marinheiro podem assumir a posição de comando sentados ou de pé. No caso do jetski ser de posição de comando sentado, deverá possuir um banco corrido, como um veículo de duas rodas (Fonte: [2]). A empresa japonesa Kawasaki foi a responsável pela invenção do jetski. Nos anos 70, esta organização decidiu oferecer um presente aos seus maiores investidores, inventando o primeiro modelo de moto aquática. Por muitos anos a marca foi à única fabricante e, até hoje, domina o mercado. Esta modalidade começou a ganhar forma quando alguns pilotos resolveram começar a promover corridas (Fonte: [7]).

19 PROPOSTA Plano de Gestão do Espelho de Água

A Federação Portuguesa de Jetski foi fundada na cidade de Barcelos no ano de 1993 (Fonte: [2]). As condições e as estruturas de apoio necessárias para a prática de jetski são, em resumo, zonas de acesso ao plano de água, balizamento de áreas de entradas e saídas, infra-estruturas sanitárias e de apoio logístico. Naturalmente, pontos de apoio com água potável e electricidade, recolha de lixo e zona de parque automóvel são elementos necessários.

5.7.2. O JETSKI NA LAGOA DE ÓBIDOS

A Federação Portuguesa de Jetski considera a Lagoa de Óbidos um lugar excelente para o desenvolvimento do jetski e diz apresentar elevadas potencialidades para a federação instalar um centro de formação. Não existe nenhuma escola de jetski em actividade na Lagoa de Óbidos. Os praticantes existentes fazem-no recorrendo a equipamento próprio ou, eventualmente alugado, apesar da Lagoa de Óbidos não possuir nenhum local de aluguer. Como tal, torna-se quase impossível estimar o número de praticantes deste desporto. No entanto, pode-se afirmar que este valor é substancialmente inferior quando comparado com os praticantes de todas as outras actividades anteriormente referidas. Normalmente, apenas na época de verão se nota a prática de jetski na Lagoa de Óbidos. Para entrada na água, os praticantes de jetski, bem como as outras modalidades, podem utilizar o cais na Foz do Arelho na margem norte (figura 5.13) e o cais do Bom Sucesso na margem sul (figura 5.14). De acordo com a Federação Portuguesa de Jetski nunca se realizaram eventos de carácter nacional na Lagoa de Óbidos, apesar de já terem sido organizados alguns outros eventos.

Figura 5.13 – Cais na Foz do Arelho e respectiva rampa de acesso à água

20 PROPOSTA Plano de Gestão do Espelho de Água

Figura 5.14 – Rampa de acesso à água do Bom Sucesso

5.8. O SKI NÁUTICO

5.8.1. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA MODALIDADE

O ski náutico consiste na deslocação, dentro de água, de um esquiador (que poderá utilizar um ou dois skis) que se encontra preso a um barco. Este barco necessita de oferecer uma velocidade suficiente para o esquiador se conseguir manter à superfície da água. Este desporto é relativamente recente, porque antes do aparecimentos dos barcos a motor com altas velocidades, não havia maneira de rebocar um esquiador com velocidade suficiente para que este se mantive-se acima da água. A prática desenvolveu- se nos anos 20, nos Estados Unidos da América, encontrando-se implementada, actualmente, em todo o Mundo (Brooke-Ball, 1993). No ano de 1992 surgiu, em Portugal, a Federação Portuguesa de Ski Náutico, orgão responsável pela regulamentação desta modalidade em Portugal. Para a prática de ski náutico, os locais necessitam apresentar fáceis condições de acesso à água. As estruturas de apoio são, também, essenciais, nomeadamente de apoio logístico, balneários e material para montar na água como bóias e plataformas de partida. Naturalmente, pontos de apoio com água potável e electricidade, recolha de lixo e zona de parque automóvel são elementos necessários.

5.8.2. O SKI NÁUTICO NA LAGOA DE ÓBIDOS

Não existe conhecimento de escolas a leccionar, presentemente, na Lagoa de Óbidos. Aliada à falta de informação sobre a prática a nível individual, torna-se extremamente difícil estimar o número total de praticantes de remo que afluem à Lagoa de Óbidos.

21 PROPOSTA Plano de Gestão do Espelho de Água

5.9. ZONA DE BANHOS

5.9.1. CARACTERIZAÇÃO GERAL

A designação de água balnear aplica-se a todas as águas interiores, correntes e paradas, águas de transição (estuarinas) e águas costeiras que sejam autorizadas, pelas entidades competentes, para uso de banhos e activamente promovidas a nível local, regional, nacional ou internacional. Ou então, não sendo áreas proibidas, sejam regularmente utilizadas para banhos por um número considerável de banhistas locais e/ou visitantes. Os locais definidos como zonas balneares são aqueles inseridos em águas balneares onde, em média, durante a época balnear, se encontre a maioria dos banhistas. Neste contexto, qualquer local onde se verifique uma afluência significativa de utentes é passível de ser considerado como zona balnear e passar a ser objecto de análises periódicas que verifiquem a qualidade da sua água de acordo com a legislação em vigor (Fonte: [5]). As águas balneares são classificadas tendo em consideração os valores imperativos e guias fixado no diploma relativo à qualidade das águas balneares, a Directiva do Conselho n.º 76/160/CEE de 8 de Dezembro, que foi transposta para o direito interno pelo Decreto-Lei n.º 236/98 de 1 de Agosto. Estes dois documentos legislativos estabelecem as normas, critérios e objectivos de qualidade com a finalidade de proteger o meio aquático e melhorar a qualidade das águas dos seus principais usos (INAG, 2002). As autoridades portuguesas classificam a qualidade das águas balneares em três categorias: boa, aceitável e má. A primeira designação diz respeito às águas conformes com os valores guia para os parâmetros coliformes totais e coliformes fecais e com os valores imperativos para os parâmetros físico-químicos, óleos minerais, substâncias tensioactivas e fenóis. A segunda classificação refere-se às águas conformes com os valores imperativos para os parâmetros coliformes totais, coliformes fecais, óleos minerais, substâncias tensioactivas e fenóis. Por último, na terceira designação encaixam-se as águas não conformes para os parâmetros referidos na segunda classificação (INAG, 2002). O abastecimento de água, a drenagem de esgotos, o abastecimento de energia eléctrica e o serviço de recolha de resíduos sólidos constituem infra-estruturas básicas que uma praia deve possuir, de acordo com a Resolução do Conselho de Ministros n.º 11/2002 de 17 de Janeiro. Este instrumento legislativo define apoio balnear como o “conjunto de instalações, no areal, amovíveis, destinadas a proporcionar maior conforto de utilização da praia”, contemplando, também, os equipamentos constituídos por “núcleos de funções e serviços que não correspondam a apoio de praia, nomeadamente estabelecimentos de restauração e bebidas e ou equipamentos hoteleiros”.

22 PROPOSTA Plano de Gestão do Espelho de Água

5.9.2. ZONA DE BANHOS NA LAGOA DE ÓBIDOS

A Lagoa de Óbidos possui estatuto de Zona Balnear e, como tal, a sua qualidade da água é monitorizada regularmente. De acordo com a página da internet do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH), as análises efectuadas à qualidade da água da Lagoa têm, na sua maioria, permitido a utilização deste sistema lagunar como local de banhos, como demonstra o gráfico da figura 5.15.

96 97 98 99 00 01 02 03 04 Figura 5.15 – Gráfico do histórico da qualidade da água (Fonte: [5]) Legenda:

Qualidade má

Qualidade Galardoada com bandeira Qualidade

Na época balnear, as margens da Lagoa de Óbidos encontram-se concessionadas quer na margem Norte, quer na margem Sul. Na margem Norte existem três concessionários, enquanto que na margem Sul existe um concessionário. Actualmente, verifica-se uma grande afluência à praia, com especial incidência na margem Norte (figura 5.16), quando comparada com a margem sul (figura 5.17). Nem toda a área de praia ocupada se encontra concessionada. Apesar de ser extremamente difícil estimar um número de utilizadores da praia, pode-se calcular que, durante os meses de verão, chegam à Lagoa de Óbidos milhares de pessoas.

23 PROPOSTA Plano de Gestão do Espelho de Água

Figura 5.16 – Área de praia ocupada durante a época balnear na margem norte da Lagoa de Óbidos (Foz do Arelho)

Figura 5.17 – Área de praia ocupada durante a época balnear na margem sul da Lagoa de Óbidos (Bom Sucesso)

5.10. AS EMBARCAÇÕES A PEDAL – “GAIVOTAS” NA LAGOA DE ÓBIDOS

Durante a época balnear, junto ao cais da Foz do Arelho, podem ser alugadas embarcações a pedal para passear pela Lagoa de Óbidos, vulgarmente conhecidas como “gaivotas”. Existem em média quinze “gaivotas” para alugar. A intensidade de utilização é variada, existindo dias onde as quinze “gaivotas” podem estar dentro de água em simultâneo e outros dias onde não se aluga uma única “gaivota”.

24 PROPOSTA Plano de Gestão do Espelho de Água

De acordo com o Posto Marítimo da Foz do Arelho, o local escolhido não é o mais indicado, uma vez que coincide com a zona de banhos, sendo a relocalização das “gaivotas” uma preocupação actual.

5.11. SOCORROS A NÁUFRAGOS NA LAGOA DE ÓBIDOS

Durante a época balnear, as áreas de zona concessionada encontram-se sob vigia de nadadores-salvadores. Estes são contratados pelos concessionários de praia, não existindo qualquer tipo de ligação laboral entre os nadadores-salvadores e o Instituto de Socorros a Náufragos (ISN). Não obstante, encontram-se equipados com material do ISN. Para além do equipamento de salvamento, como são as pranchas e bóias, a estação do ISN da Foz do Arelho possui uma mota de água, uma embarcação (bote-zebro) e um semi-rígido 250.

5.12. QUADROS RESUMO

A tabela 5.2 apresenta um resumo de todas as actividades praticadas na Lagoa de Óbidos, com especial incidência para a sua sazonalidade, estruturas de apoio e provas de carácter competitivo existentes. Também se apresentam as opiniões das diversas organizações contactadas no que diz respeito à aptidão da Lagoa de Óbidos para a prática. Na tabela 5.3 encontra-se um resumo dos principais utilizadores da Lagoa de Óbidos.

25 PROPOSTA Plano de Gestão do Espelho de Água

Tabela 5.2 – Quadro resumo das actividades praticadas na Lagoa de Óbidos (situação actual)

ACTIVIDADES APTIDÃO SAZONALIDADE ESTRUTURAS DE APOIO EXISTENTES PROVAS DE CÁRACTER COMPETITIVO Escola de Vela da Lagoa: anualmente, em conjunto com a Associação Federação Portuguesa de Vela: local Portuguesa de Classe Hobie Cat, cerca privilegiado para a prática, com Vela de seis provas de carácter competitivo condições de fácil acesso à água, boas de Catamaran. Participantes estão entre condições de segurança, ventos regulares as 15 e 70, não contabilizando os em direcção e intensidade durante todo o ano espectadores Escola de Vela da Lagoa: excelentes Escola de Vela da Lagoa: anualmente, condições para a prática, nomeadamente, Escola de Vela da Lagoa: edifício de em conjunto com a Associação em questões de segurança fundamentais maiores dimensões construído em Windsurf Portuguesa de Funboard, entre 4 a 6 para o ensino madeira - apoio administrativo, competições. Participantes entre os 15 e contemplando escritórios, balneários, 70, não contabilizando espectadores casas de banho, cantina, bar e pequena Federação Portuguesa de Canoagem: loja; contentor - armazém de todo o local de grande beleza onde os inúmeros equipamento; bóias de sinalização na Federação Portuguesa de Canoagem: adeptos da modalidade passam horas de água; três barcos a motor de apoio à em anos passados já se realizaram puro contacto com a Natureza provas nacionais. Realização de uma Canoagem durante todo o ano actividade Escola de Vela da Lagoa: excelentes cais na Foz do Arelho e cais no Bom pequena prova anual na no âmbito das condições para a prática, nomeadamente, Sucesso: rampas de acesso à água comemorações do Dia Olímpico em questões de segurança fundamentais para o ensino Associação Portuguesa de Kite - APKITE: condições excelentes a todos Associação Portuguesa de Kite - os níveis, nomeadamente de segurança, durante todo o ano APKITE: Em 2004 realizou-se a 1.ª Kiteboard ventos, areal, zona de água e estruturas prova de carácter competitivo no âmbito hoteleiras, para a prática, ensino e das festas da Foz do Arelho competição pista internacional no Braço do Bom Remo sem informação durante todo o ano Sucesso com 2000 m de extensão sem informação (encontra-se desactivada)

26 PROPOSTA Plano de Gestão do Espelho de Água

ACTIVIDADES APTIDÃO SAZONALIDADE ESTRUTURAS DE APOIO EXISTENTES PROVAS DE CÁRACTER COMPETITIVO cais na Foz do Arelho e cais no Bom Sucesso: rampas de acesso à água Federação Portuguesa de Jetski: lugar excelente para o desenvolvimentos da especial incidência Federação Portuguesa de Jetski: já cais na Foz do Arelho e cais no Bom Jetski modalidade, apresenta elevadas para os meses de foram organizados alguns eventos Sucesso: rampas de acesso à água potencialidades para a federação instalar primavera e verão um centro de formação especial incidência cais na Foz do Arelho e cais no Bom Ski náutico sem informação para os meses de sem informação Sucesso: rampas de acesso à água primavera e verão na margem norte existem 3 concessionários, enquanto que na margem sul existe 1 concessionário: Zona de meses de verão: possui estatuto de Zona Balnear aluguer de barracas. Existem casas de não aplicável banhos época balnear banho com balneários; chuveiros na praia; redes de voleibol; campo de futebol Posto Marítimo da Foz do Arelho: o local escolhido não é o mais indicado, Embarcações a meses de verão: coincide com o da zona de banhos. cerca de 15 gaivotas para alugar não aplicável pedal: gaivotas época balnear Existe a preocupação de deslocar as gaivotas para outra localização constitui uma das principais actividades barracas em caniço: junto às margens Pesca económicas inteiramente dependente da durante todo o ano não aplicável vários locais de atracagem Lagoa de Óbidos Apanha de constitui a principal actividade barracas em caniço: junto às margens moluscos económica inteiramente dependente da durante todo o ano não aplicável vários locais de atracagem bivalves Lagoa de Óbidos

27 PROPOSTA Plano de Gestão do Espelho de Água

Tabela 5.3 – Quadro resumo do tipo de utilizadores da Lagoa de Óbidos (situação actual)

ESCOLA DE VELA DA LAGOA ESCOLAS MÓVEIS NÍVEL INDIVIDUAL primavera e verão: encontra-se a funcionar numa base diária outono e inverno: encerra às terças, quartas e quintas- feiras sazonalidade: durante todo o ano, com especial sazonalidade: durante todo o ano fins-de-semana: dias onde se verifica um maior afluxo incidência para o verão (nomeadamente o jetski e o de praticantes número de praticantes: muito difícil de ski náutico) estimar número de praticantes: recebe, por ano, entre 1 000 a 1 número de praticantes: muito difícil de estimar 500 pessoas (este número engloba todas as actividades actividades: vela, windsurf, canoagem e actividades: vela, windsurf, canoagem, remo, jetski, desenvolvidas pela escola) kitesurf ski náutico e kitesurf actividades: vela, windsurf, canoagem e kitesurf. Oferece aulas particulares e estágios, existindo a possibilidade de aluguer do equipamento e aluguer de armazém para deixar o equipamento

28 PROPOSTA Plano de Gestão do Espelho de Água

5.13. IMPACTES AMBIENTAIS ASSOCIADOS ÀS ACTIVIDADES

Associados a cada actividade encontram-se impactes ambientais para o ecossistema. Estes não podem ser descurados e são factores de ponderação importantes aquando da elaboração do Plano de Gestão do Espelho de Água. Na tabela 5.4 apresentam-se os principais impactes associados a cada uma das actividades identificadas. Aos diversos impactes ambientais encontram-se associados diferentes níveis de significância. Naturalmente as actividades que recorrem à utilização de motor apresentam impactes mais significativos quando comparadas com as actividades sem motor. Tabela 5.4 – Quadro resumo dos impactes ambientais associados a cada uma das actividades

ACTIVIDADES IMPACTES AMBIENTAIS ASSOCIADOS ORIGEM destruição da vegetação pisoteio nas margens compactação e degradação do solo Vela poluição sonora (zonas mais sensíveis) praticantes produção de resíduos praticantes destruição da vegetação pisoteio nas margens compactação e degradação do solo Windsurf poluição sonora (zonas mais sensíveis) praticantes produção de resíduos praticantes destruição da vegetação pisoteio nas margens compactação e degradação do solo Canoagem poluição sonora (zonas mais sensíveis) praticantes produção de resíduos praticantes destruição da vegetação pisoteio nas margens compactação e degradação do solo Kiteboard poluição sonora (zonas mais sensíveis) praticantes produção de resíduos praticantes destruição da vegetação pisoteio nas margens compactação e degradação do solo Remo poluição sonora (zonas mais sensíveis) praticantes produção de resíduos praticantes destruição da vegetação pisoteio nas margens compactação e degradação do solo poluição sonora praticantes e embarcações Jetski perturbação do equilíbrio da fauna aquática movimentação das embarcações ressuspensão de sedimentos poluição da água embarcações (óleos e combustíveis) produção de resíduos praticantes destruição da vegetação pisoteio nas margens compactação e degradação do solo poluição sonora praticantes e embarcações Ski náutico perturbação do equilíbrio da fauna aquática movimentação das embarcações ressuspensão de sedimentos poluição da água embarcações (óleos e combustíveis) produção de resíduos praticantes

29 PROPOSTA Plano de Gestão do Espelho de Água

ACTIVIDADES IMPACTES AMBIENTAIS ASSOCIADOS ORIGEM destruição da vegetação pisoteio nas margens compactação e degradação do solo Zona de banhos poluição sonora (zonas mais sensíveis) praticantes contaminação dos solos e da água resíduos abandonados produção de resíduos praticantes destruição da vegetação pisoteio nas margens Embarcações a compactação e degradação do solo pedal: gaivotas poluição sonora (zonas mais sensíveis) praticantes produção de resíduos praticantes destruição da vegetação pisoteio nas margens compactação e degradação do solo poluição sonora pescadores e bateiras ressuspensão de sedimentos movimentação das embarcações Pesca poluição da água bateiras (óleos e combustíveis) perturbações no equilíbrio da fauna pesca em excesso aquática movimentação das embarcações contaminação dos solos e da água resíduos abandonados produção de resíduos actividade destruição da vegetação pisoteio nas margens compactação e degradação do solo poluição sonora mariscadores e bateiras Apanha de ressuspensão de sedimentos movimentação das embarcações moluscos poluição da água bateiras (óleos e combustíveis) bivalves perturbações no equilíbrio da fauna apanha em excesso aquática movimentação das embarcações contaminação dos solos e da água resíduos abandonados produção de resíduos actividade

30 PROPOSTA Plano de Gestão do Espelho de Água

6. PLANO DE GESTÃO DO ESPELHO DE ÁGUA

A necessidade de enquadrar os diferentes usos do espelho de água da Lagoa de Óbidos e definir regras orientadoras que assegurem a salvaguarda deste ecossistema, torna-se essencial para fazer face à recuperação de um sistema lagunar que, ao longo dos anos, tem vindo a ser fustigado com graves problemas de poluição.

6.1. CONCEITO DE CAPACIDADE DE CARGA

Foi nos anos sessenta, devido à crescente procura dos espaços naturais propícios ao recreio e lazer, que surgiu o conceito de capacidade de carga. Os problemas associados à capacidade de carga do meio surgiram quando as entidades responsáveis pelo turismo e ordenamento do território se aperceberam que, sem a imposição de um número limite de utentes para uma determinada área, os locais se iam tornando sobrecarregados, deixando de possuir condições mínimas para um recreio agradável e contribuindo para o desaparecimento da sua riqueza ecológica. São várias as definições existentes para o conceito de capacidade de carga. Apesar de provenientes de diferentes autores, todas elas se centram na preservação dos recursos naturais. Em 1963, James e Ripley definiam-na como “o limite biológico e físico de capacidade do solo sujeito a uso recreativo”. Burden e Randerson, em 1972, afirmaram que a utilização que uma zona se encontra apta a receber, sem ficar degradada, depende inteiramente do plano de gestão para o local e do que se pretende oferecer ao utente. Em 1974, Czinki e os seus colegas de trabalho, como “a densidade máxima de visitantes que um local pode acolher, sem parecer sobrecarregado, e o tráfico máximo que um caminho pode suportar sem que apresente grande deterioração”. Tivy apresentou para o cálculo do calor da carga três factores de decisão: o carácter e a taxa de degradação de cada elemento (recursos), a atitude e a mentalidade dos visitantes, bem como o nível de gestão (Castro, 1987). Mais recentemente, em 1991, Ashworth definiu capacidade de carga como o número de indivíduos de uma dada espécie que um dado ecossistema ou paisagem pode suportar indefinitivamente sem degradação. Sempre que a população de uma dada espécie, inclusivamente a humana, excede a capacidade de carga correspondente para si, a degradação ambiental torna-se inevitável. No que diz respeito à capacidade de carga humana aplicada ao usufruto do recreio, a definição de espaço vital por utente, a capacidade de suporte e regeneração das espécies animais e vegetais afectadas por esse usufruto, a existência de bens e serviços de consumo básico e a capacidade de tratamento de resíduos gerados pela população usufrutuária, devem considerar-se como factores a ter em consideração para a sua definição. O conceito de capacidade de carga, correspondente a um determinado território para uma determinada ocupação ou uso, apresenta-se bastante complexo e como um dos

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menos seguros de atingir com um grau de certeza técnico-científica. Muitas vezes, só após a observação de ruptura de um determinado sistema, se consegue calcular a capacidade de carga. Trata-se assim claramente de um conceito que necessita de um trabalho científico de base apurado e efectuado ao longo do tempo para se poder chegar a números concretos. Na prática, este trabalho, na maioria dos casos inexistente, é substituído por um valor de cautela, a partir do qual se julgue o que seu cumprimento não põe em risco o espaço e constituía ensaio de observação para posterior acerto, aplicando-se o Princípio da Precaução (Fonte: [9]). O POOC de Alcobaça-Mafra define no seu volume II a capacidade de utilização das praias abrangidas no seu troço como sendo o número de utentes admitido, em simultâneo, para o areal calculado nos termos do regulamento do POOC ou definido em estudos e projectos específicos em função da dimensão do areal ou ante-praia e o respectivo plano de água. Neste contexto, o POOC apresenta uma capacidade de utilização para a Praia da lagoa de Óbidos de 1 540 utentes. A sua determinação teve em consideração três indicadores (delimitação das faixas de risco associadas a arribas, delimitação do limite de espraiamento e identificação da área útil de praia), apesar de não ser apresentado o cálculo que leva à capacidade de utilização apresentada. Por se considerar insuficiente a informação contida no POOC no que diz respeito aos métodos de cálculo utilizados na avaliação da capacidade de utilização, julga-se conveniente calcular a capacidade de carga da Lagoa de Óbidos de forma a fundamentar ou readaptar a proposta de Plano de Gestão do Espelho de Água deste ecossistema, que se apresenta no sub-capítulo 6.2. Apesar de não ser possível, para já, apresentar valores reais para a capacidade de carga da Lagoa de Óbidos, considerou-se pertinente incluir o seu conceito nesta proposta para o Plano de Gestão do Espelho de Água, por forma a incentivar, num futuro próximo, o seu estudo, com o intuito de enquadrar a componente turística e recreativa na capacidade de sustentação do meio. A própria aplicação prática da presente proposta de Plano de Gestão do Espelho de Água constituirá um ensaio de observação para estimar a capacidade de carga do sistema.

6.2. PROPOSTA PARA O PLANO DE GESTÃO DO ESPELHO DE ÁGUA

Tendo em consideração o exposto nos capítulos anteriores e a importância ecológica do recurso natural que a Lagoa de Óbidos constitui, apresenta-se a presente proposta para o plano de gestão do seu espelho de água. A pesca e a apanha de moluscos bivalves representam as principais actividades económicas inteiramente dependentes da Lagoa de Óbidos. Estas constituem fonte de sustento para inúmeras famílias de pescadores e mariscadores com raízes familiares profundas a este sistema lagunar. A Lagoa de Óbidos sempre foi um local possuidor de uma abundante riqueza piscícola, encontrando-se toda a sua história relacionada com a

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pesca e a apanha. No entanto, nos últimos anos tem-se assistido à uma diminuição da biodiversidade deste meio, fundamentalmente devido aos problemas de assoreamento e de poluição da água. Tendo isto em consideração, entende-se que para estas duas actividades não se poderá impor qualquer tipo de restrição, no que diz respeito às zonas de utilização. Não obstante, considera-se necessário equacionar hipóteses de rentabilização deste recurso, nomeadamente na revisão da actual legislação que regulamenta a pesca neste local, uma vez que esta não se encontrada adaptada à realidade da Lagoa de Óbidos. Torna-se fulcral sensibilizar os pescadores e mariscadores para assumir o papel de principais fiscalizadores na Lagoa de Óbidos, contribuindo para a manutenção da sua riqueza piscícola. A delimitação de zonas de utilização também não se aplica a embarcações em missões de fiscalização, resgate e salvamento, bem como a estudos de monitorização e investigação devidamente acreditados. Optou-se por dividir a Lagoa de Óbidos em três zonas de utilização distintas (Anexo I). Uma zona de utilização livre, uma zona de utilização condicionada e uma zona de protecção, que se definem como sendo: ¾ Zona de utilização livre: área do espelho de água que, durante todo o ano, pode ser utilizada sem qualquer tipo de restrição; ¾ Zona de utilização condicionada: área do espelho de água que apresenta condicionalismos à sua utilização, como sejam a época do ano ou a sua situação actual de utilização; ¾ Zona de protecção: área de espelho de água na qual se encontra interdita a sua utilização devido ao seu estado actual de conservação, à sua riqueza e/ou importância ecológica.

A zona de utilização livre é delimitada a sul pela linha imaginária que une a Ponta do Bração à Ponta das Casinhas e a norte pela linha imaginária que une o Cais na Foz do Arelho com o final da linha de praia do Bom Sucesso. A única limitação neste local centra-se no seu uso como zona de banhos, uma vez que esta prática se torna incompatível com as actividades desportivas. Esta área foi definida como sendo de utilização livre uma vez que se encontra fora dos limites de praia ocupados na época balnear e da área onde a Escola de Vela da Lagoa costuma leccionar. A zonas de utilização condicionada estende-se para sul da zona de utilização livre até à linha imaginária que une a Ponta do Espichel com a Ponta da Ardonha e para norte da zona de utilização livre até à entrada da Lagoa de Óbidos para o mar. Estas duas áreas encontram-se ligadas por um corredor paralelo à zona de utilização livre junto à margem norte. Este corredor tem a sua utilização condicionada por se tratar de uma área preferencial para a apanha de moluscos bivalves. A área a sul serve de zona de transição entre a zona de protecção e a zona de utilização livre, encontrando-se também na área

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de utilização da Escola de Vela da Lagoa. A área à norte constitui uma zona balnear. Esta última, de acordo com o Regulamento da Náutica de Recreio aprovado pelo Decreto-Lei n.º 329/95 de 9 de Dezembro com as alterações que lhe foram introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 567/99 de 23 de Dezembro, já se encontra classificada como zona de navegação restrita no que diz respeito às embarcações de recreio (onde se incluem as motas de águas), como demonstra a figura 6.1. O seu artigo 49.º define a zona de navegação restrita como sendo a “a zona distanciada da costa até 100 m, fora das áreas interditas, onde só é permitida a navegação a velocidades extremamente reduzidas e suficiente para permitir governar a embarcação de recreio e unicamente para recolher ou largar passageiros, onde não é permitido fundear ou praticar desportos náuticos” onde a área interdita diz respeito à “zona distanciada da costa até 100 m destinada exclusivamente à prática de banhos e natação em locais concessionados para tal finalidade”. Referindo-se à prática de ski náutico e circulação de motas de água, o seu artigo 50.º salienta que “a prática das actividades de esqui aquático, actividades análogas e circulação de motos de água é vedada em fundeadouros ou a uma distância inferior a 300 m das praias”.

Figura 6.1 – Sinalética de aviso de zona de navegação restrita que se encontra no cais da Foz do Arelho

A zona de protecção fica a sul da zona de utilização condicionada que termina na ligação da Ponta do Espichel com a Ponta da Ardonha, englobando o Braço da Barrosa, o Braço do Bom Sucesso e a Poça das Ferrarias. Entende-se que esta área se encontre interdita devido à sua elevada importância como nursery, para inúmeras espécies de fauna aquática. Além disso, apresenta-se, ainda, como um local de grande riqueza piscícola apesar dos graves problemas de poluição da água que enfrenta actualmente. Os principais afluentes à Lagoa de Óbidos trazem consigo elevados teores de poluentes provenientes da agricultura, agro-pecuárias e pequenas indústrias associadas a estas actividades que afectam seriamente os braços, conduzindo, muitas vezes, a cenários de eutrofização. Enquanto esta situação não se encontrar resolvida, entende-se que esta zona se encontre restrita para evitar um agravamento dos níveis de poluição actual. Apesar da definição das zonas de utilização, considera-se que deverão ser definidos e limitados locais para entrada na água por parte dos praticantes das diversas modalidades

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desportivas. Por um lado, evita-se a degradação das margens da Lagoa de Óbidos e por outro permite criar melhores infra-estruturas para todas as actividades. A requalificação dos cais existentes quer na margem norte como na margem sul poderia constituir uma opção viável, complementando-os com infra-estruturas de apoio. Torna-se, também, essencial a definição de corredores de circulação, de forma a assegurar a passagem pela zona condicionada e de protecção de uma forma sustentada. Em relação a cada uma das actividades identificadas, estas foram classificadas em actividades permitidas e actividades não permitidas, consoante as suas especificidades e época do ano. A tabela 6.1 apresenta um resumo da definição de zonas de utilização, bem como das respectivas actividades permitidas e não permitidas em cada uma delas. Nesta tabela não são tidas em consideração a pesca e a apanha de moluscos bivalves, pelas razões referidas anteriormente. Tabela 6.1 – Quadro resumo da definição de zonas de utilização

ACTIVIDADES ACTIVIDADES ZONAS DE UTILIZAÇÃO LOCALIZAÇÃO PERMITIDAS NÃO PERMITIDAS Vela delimitada a sul pela linha Ski náutico Zona de utilização livre imaginária que une a Ponta do Windsurf Zona de banhos área do espelho de água Bração à Ponta das Casinhas e a Canoagem que, durante todo o ano, norte pela linha imaginária que Kiteboard Outras não pode ser utilizada sem une o Cais na Foz do Arelho Remo mencionadas nesta qualquer tipo de restrição com o final da linha de praia do Jetski proposta Bom Sucesso “Gaivotas” Sul: Jetski Sul: Ski náutico Vela Zona de banhos Windsurf

Canoagem Norte: Kiteboard estende-se para sul da zona de Época balnear: Remo Zona de utilização utilização livre até à linha Vela “Gaivotas” condicionada imaginária que une a Ponta do Windsurf Espichel com a Ponta da área do espelho de água Canoagem que apresenta Ardonha; estende-se para norte Norte: Kiteboard condicionalismos à sua da zona de utilização livre até à Época balnear: Remo utilização, como sejam a entrada da Lagoa de Óbidos Zona de banhos Jetski época do ano ou a sua para o mar; liga-se pelo corredor Restantes meses: Ski náutico situação actual de paralelo à zona de utilização Vela “Gaivotas” utilização livre na margem norte Windsurf Restantes meses: Canoagem Ski náutico Kiteboard Zona de banhos Remo

Jetski Outras não “Gaivotas” mencionadas nesta proposta

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ACTIVIDADES ACTIVIDADES ZONAS DE UTILIZAÇÃO LOCALIZAÇÃO PERMITIDAS NÃO PERMITIDAS Zona de protecção delimitada a sul da zona de área de espelho de água na utilização condicionada que qual se encontra interdita a termina na ligação da Ponta do sua utilização devido ao seu Espichel com a Ponta da Nenhuma Todas estado actual de Ardonha, englobando o Braço conservação, à sua riqueza da Barrosa, o Braço do Bom e/ou importância ecológica Sucesso e a Poça das Ferrarias

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a crescente procura da Lagoa de Óbidos para a prática de actividades aquáticas desportivas, aumenta a necessidade de disciplinar o exercício destas actividades procurando conciliar os diferentes usos com a manutenção deste sistema lagunar. A proposta apresentada para o Plano de Gestão do Espelho de Água da Lagoa de Óbidos não poderá ser encarada como um instrumento final de gestão para este ecossistema, mas sim como um ponto de partida na tentativa de contribuir para a sua preservação e conservação. A aplicação de um primeiro plano de gestão do espelho de água tem como principal objectivo servir de estudo prático em relação ao enquadramento das diversas actividades que utilizam o espelho de água da Lagoa de Óbidos. Só após a gestão e/ou resolução dos principais problemas que assombram este meio lagunar, como sejam o assoreamento e a poluição da água, e a aplicação prática da presente proposta, se poderá partir para um plano de gestão devidamente fundamentado e mais próximo da realidade.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

REFERÊNCIAS PUBLICADAS

BROOKE-BALL (1993). Resposta a Tudo – Desporto. Printer Portuguesa, Círculo de Leitores. VÃO, CONSULMAR, IMPACTE (2000). Plano de Ordenamento da Orla Costeira – Troço Alcobaça-Mafra. Volume II – Discussão Pública. Ministério do Ambiente, Instituto da Água.

REFERÊNCIAS NÃO PUBLICADAS

CASTRO, J. (1987). “Estudo da capacidade de carga da Reserva Natural da Berlenga”. Serviço Nacional de Parques e Reservas. FIDALGO, M. L. (1996). “ Biocaracterização e conservação das Lagunas Costeiras”. Seminário sobre Lagunas Costeiras e Ilhas – Barreira da Zona Costeira de Portugal, Departamento de Zoologia e Antropologia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Universidade de Aveiro. FREITAS, M. C. (1996). “Lagunas Costeiras: Ambientes em evolução”. Seminário sobre Lagunas Costeiras e Ilhas – Barreira da Zona Costeira de Portugal, Departamento de Zoologia e Antropologia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Universidade de Aveiro. INAG (s.d.). “Lagoa de Óbidos”. Ministério do Ambiente e Ordenamento do território e Instituto da Água. INAG (2002). “Relatório da qualidade das águas balneares 2002 – Portugal”. Instituto da Água, Direcção de Serviços de Recursos Hídricos. MARTINS, C. (1992). “Lagoa de Óbidos”. 2.º Encontro do Paul de Tornada – Ecologia das Zonas Húmidas, Associação de Defesa do Paul de Tornada – PATO, Tornada.

PÁGINAS DA INTERNET

[1] www.apkite.pt – consultada em Outubro de 2004 [2] www.fpjetski.com – consultada em Outubro de 2004 [3] www.fpremo.pt – consultada em Outubro de 2004 [4] www.fpvela.pt – consultada em Outubro de 2004 [5] www.iilab.com – consultada em Outubro de 2004 [6] www.vivapraia.com – consultada em Outubro de 2004 [7] www2.uol.com.br – consultada em Janeiro de 2005

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[8] www.escoladeveladalagoa.pt – consultada em Janeiro de 2005 [9] www.cm-sintra.pt – consultada em Janeiro de 2005

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AANNEEXXOOSS

I

ANEXO I

PROPOSTA DE ZONAS DE UTILIZAÇÃO NO ÂMBITO DO PLANO DE GESTÃO DO ESPELHO DE ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS

II