Acta Scientiarum. Biological Sciences ISSN: 1679-9283 [email protected] Universidade Estadual de Maringá Brasil

Souza Braga, Francisco Manoel de; Muller Gomiero, Leandro; Pereira Souza, Ursulla Biologia populacional de rudolphi (, Hypostominae) na microbacia do Ribeirão Grande, serra da Mantiqueira oriental, Estado de São Paulo Acta Scientiarum. Biological Sciences, vol. 31, núm. 1, 2009, pp. 79-88 Universidade Estadual de Maringá .png, Brasil

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Como citar este artigo Número completo Sistema de Informação Científica Mais artigos Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Home da revista no Redalyc Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto DOI: 10.4025/actascibiolsci.v31i1.459

Biologia populacional de (Loricariidae, Hypostominae) na microbacia do Ribeirão Grande, serra da Mantiqueira oriental, Estado de São Paulo

Francisco Manoel de Souza Braga *, Leandro Muller Gomiero e Ursulla Pereira Souza

Grupo de Biologia e Ecologia de Peixes, Departamento de Zoologia, Universidade Estadual Paulista, Av. 24-A, 1515, 13506-900, Rio Claro, São Paulo, Brasil. *Autor para correspondência. E-mail: [email protected]

RESUMO. Pareiorhina rudolphi foi amostrada em riachos da microbacia do Ribeirão Grande, serra da Mantiqueira oriental (22 o47 ’08 ’’ S, 45 o28 ’17 ’’ W). As amostras foram realizadas usandose uma unidade de pesca elétrica, em julho/2002, outubro/2001, fevereiro/2002 e abril/2002. A proporção sexual apresentou diferença significativa do esperado 1:1 ( χ2 = 6,53; p < 0,05), determinandose uma proporção de 1,6:1 (fêmea:macho). Pareiorhinarudolphi temumperíododedesovaindodaprimaveraaoverão, osaltosvaloresobservadosparaarelaçãogonadossomáticaeofatordecondiçãorelativoem outubro e fevereiro coincidem com o período reprodutivo. O comprimento da primeira maturação gonadal de P. rudolphi foi de 4,45 cm para ambos os sexos. A fecundidade absolutafoibaixa,variandodequatroa11ovócitos.Operifitonfoiusadocomofontedireta de alimento para a espécie, que permanece aderida ao substrato com seus largos lábios circulares, e usam seus conspícuos dentes amarelados para raspar. Os parâmetros de crescimento,taxademortalidadenaturaletaxadesobrevivênciaforamrespectivamente:K 1 1 = 0,35 ano , L ∞ = 7,2 cm,t max =8,6anos,M=1,1ano , S = 33%. As características apresentadas por P. rudolphi são adaptações ao ambiente em função de um ajuste populacional,enãodeabundânciadaespécie. Palavras-chave: Pareiorhina rudolphi ,reprodução,alimentação,crescimento,mortalidade,riacho.

ABSTRACT. Population biology of Pareiorhina rudolphi (Loricariidae, Hypostominae) in the Ribeirão Grande system, eastern serra da Mantiqueira, São Paulo State. Pareiorhina rudolphi was sampled in streams of the Ribeirão Grande system, eastern Serra da Mantiqueira (22 o47 ’08’’S, 45 o28 ’17 ’’ W). Samplings were carried out using an electrofishing device,duringthemonthsofJuly/2001,October/2001,February/2002andApril/2002.Sexratio divergedsignificantlyfromtheexpected1:1ratio( χ2=6.53;p<0.05),standingat1.6:1(female: male).Thespawningperiodfor Pareiorhinarudolphi lastsfromspringtosummer,withthehighest observedinOctoberandFebruarybythegonadosomaticindexandtherelativeconditionfactor coincidedwiththespawningperiod.Thelengthatsexualmaturityof P.rudolphi isabout4.45cm forbothsexes.Theabsolutefecunditywaslow,andrangedfrom4to11oocytes.Theperiphyton wasusedasadirectfoodsourcebythe,whichremainattachedtothesubstratewiththeir largecircularlips,andusetheirconspicuousslightlyyellowishteethtograzetheperiphyton.The growthparameters,naturalmortalityrateandsurvivalratefor P.rudolphi wererespectively:K= 1 1 0.35year ,L ∞ =7.2cm,t max =8.6years,M=1.1year ,S=33%.Thecharacteristicspresented by P. rudolphi occur in the environment in function of a population adjustment, and not of speciesabundance. Key words: Pareiorhinarudolphi ,reproduction,feeding,growth,mortality,stream.

Introdução Na microbacia do Ribeirão Grande, P. rudolphi distribuiseemriachossituadosnaencostaepediplano Ogênero Pareiorhina Gosline,1947éencontradoem (BRAGA; ANDRADE, 2005). No pediplano, altitudesacimade650memtributáriosdosriosGrande, compartilha o espaço com outra espécie menos Tietê, Paraíba do Sul e São Francisco (GARAVELLO; abundante, P.brachyrhyncha (CHAMONetal.,2005). SANTANA, 1998). A espécie Pareiorhina rudolphi Riachos são sistemas hídricos de pequeno porte (MirandaRibeiro,1914)restringeseariachostributários e, situandose em encostas, estão sujeitos a do rio Paraíba do Sul, na serra da Mantiqueira oriental gradientes altitudinais que podem produzir micro (REISetal.,2003;BUCKUPetal.,2007). habitats ao longo de seus trajetos. A velocidade da ActaScientiarum.BiologicalSciences Maringá,v.31,n.1,p.7988,2009 80 Braga et al.

água, a profundidade, o substrato e a cobertura Foram amostrados quatro riachos situados na vegetal são fatores que definem a estrutura de um encosta e pediplano: córrego do Cedro, córrego da riacho (RINCÓN, 1999). Existem relações Canjarana,córregodoFerrazeoriachodoRibeirão funcionaisentreosubstratoeospeixes,poisesteéo Grande.Nessesriachos,foramdefinidosseispontos local onde muitas espécies encontram alimento e decoleta,amostradosnosmesesdejulhoeoutubro que produz condições ideais para a desova, de2001efevereiroeabrilde2002.Emcadaponto sobrevivênciadosovoseembriões(BALON,1975; decoleta,foiutilizadaumaunidadedepescaelétrica SABINO;CASTRO,1990). acoplada a uma fonte geradora de eletricidade, Ambientes lóticos, como os riachos, são limitados produtoradeumacorrenteelétricade300a500Ve espacialmente e frágeis com respeito ao equilíbrio 8,7A,quepercorriaumtrechode50mcomuma biológico, no entanto, alocam diversas espécies de repetição.Adescriçãodetalhadadospontosdecoleta peixes. Estudos demonstram diferentes características e o número de exemplares coletados por ponto de comunidades de peixes que habitam o sistema encontramseemBragaeAndrade(2005). peculiar formado pelos riachos. Bizerril (1995) Os exemplares coletados foram fixados em encontrou,emumriachocosteirodosudestedoBrasil, formol a 10% no local e transportados para o menordominânciadeespéciesnaregiãodecabeceirae laboratório de Biologia e Ecologia de Peixes do também maior estabilidade, como resposta à rápida Departamento de Zoologia da UnespRio Claro, recuperaçãodaáreaàsalteraçõesnoregimedechuvas. onde, após alguns dias de estocagem, foram Emumcurtotrechoderiacho,nonordestedoEstado transferidos para álcool a 70%, para a tomada de deSãoPaulo,quepercorreumfragmentodefloresta dadosbiológicos.Decadaexemplar,foramobtidoso mesofítica subtropical, Castro e Casatti (1997) comprimento total em centímetros (C) e o peso encontraram 19 espécies de peixes com hábitos total em gramas (P); em seguida, os exemplares alimentaresonívoro,insetívoro,herbívoroepiscívoro. foram dissecados e analisados em Casatti et al. (2001) verificaram, em um riacho no estereomicroscópioparaconstataçãodosexo,estádio ParqueEstadualdoMorrodoDiabo,que22espécies dematuridadegonadal,graudegorduraacumulada de peixes utilizaram diversos recursos alimentares e nacavidadevisceralegrauderepleçãodoestômago. microhabitats, favorecidas pelo pequeno porte Os estádios de maturidade gonadal (EM) foram apresentado. Lemes e Garutti (2002), estudando um classificados adotandose os critérios estabelecidos trechodocórregodoCedro,baciadoaltorioParaná, por Vazzoler (1996) em: A (imaturo), B (em EstadodeSãoPaulo,coletaram17espéciesdepeixes, maturaçãoourepouso),C(maduro)eD(esgotado). que se mostraram mutáveis quanto à ocorrência das Os ovários, nos estádios B avançado e C, foram espécies,estruturapopulacionaleocupaçãodebiótopos pesados em balança analítica com aproximação de em trechos lêntico e lótico do córrego. Castro et al. décimosdegrama,eosovários,noestádioC,foram (2004)amostraramriachostributáriosdeafluentes do colocadosemsoluçãodeGilsonparadissociaçãodos rio Grande, Estado de São Paulo, encontrando 64 ovócitos e estimativa da fecundidade e do tipo de espécies divididas em cinco guildas tróficas: onívoros desova (VAZZOLER, 1996). O grau de gordura nectônicos, invertívoros bentônicos, perifitívoros, acumulada na cavidade visceral (GA) foi obtido algívoroseonívorosbentônicos. adotandose os graus: 1 sem gordura, 2 com Pelofatoderiachosmontanhososseremambientes acúmulo de gordura e 3 com a cavidade visceral aquáticos que mantém considerável diversidade e, ao repletadegordura.Ograuderepleçãodoestômago mesmo tempo, são muito frágeis, a investigação e (GR)foianalisadoadotandosetambémosgraus:1 preservação dos mesmos são atividades prioritárias. estômago vazio, 2 estômago com alimento e 3 Este trabalho tem por objetivo contribuir com estômago repleto de alimento. Os estômagos com informações sobre a reprodução, alimentação, grau3foramseparadosparaseremanalisadosquanto crescimentoemortalidadedocascudinho, P.rudolphi , aositensalimentaresingeridos. na microbacia do Ribeirão Grande, serra da Mantiqueiraoriental,EstadodeSãoPaulo. Análise dos dados Oscomprimentosobtidosdosexemplaresforam Material e métodos grupados em classes com intervalo de 0,3 cm, considerandose machos, fêmeas e total de Coleta de dados indivíduos. Para os estádios de desenvolvimento A área de estudo situase na microbacia do gonadal, graus de gordura acumulada na cavidade Ribeirão Grande, serra da Mantiqueira oriental, visceral e de repleção do estômago, foram Estado de São Paulo (22 o47 ’08 ’’ S, 45 o28 ’17 ’’ W). construídasdistribuiçõesdefrequênciasporcentuais

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porperíodo,grupandoseossexos. valores de comprimento Lt, referentes aos grupos

Comosvaloresdepesodopeixe(P t)epesodos etários,comosendoavariávelindependente X,eda ovários(P o),foiestimadaarelaçãogonadossomática transformação –ln[(L (∞) – L t) / L (∞) ] , respectiva a médiaporperíodo,utilizandosedaexpressão RGS cadagrupoetário,comosendoavariáveldependente

=(P o/P t)x100 (VAZZOLER,1996).Osovários Y, aplicouse a plotagem de Beverton (RICKER, maduros (estádio de maturidade C) que foram 1975) em que Y = A + BX , e pelo método dos dissociados tiveram seus ovócitos contados em sua mínimosquadradosestimouseovalorde B,queéa totalidade e obtido o diâmetro de cada um em taxadecrescimento. estereomicroscópio com aumento de 16 vezes, A utilizandose ocular micrométrica de aumento de 4 5 4 0 dezvezes,sendoumadivisãodaocularmicrométrica 3 5 3 0 2 5 (d.o.m.)iguala61,2 m. N 2 0 Aosdadosdepesoecomprimentodemachose 1 5 b 1 0 fêmeas foi ajustada a equação alométrica y = ax , 5 0 sendo yopeso, xocomprimentoe ae bconstantes 1,7 - 2 2 - 2,3 2,3 - 2,6 2,6 - 2,9 2,9 - 3,2 3,2 - 3,5 3,5 - 3,8 3,8 - 4,1 4,1 - 4,4 4,4 - 4,7 4,7 - 5 5 - 5,3 5,3 - 5,6 5,6 - 5,9 5,9 - 6,2 6,2 - 6,5 6,5 - 6,8 6,8- 7,1 Classes de comprimento (cm) estimadas pelo método dos mínimos quadrados, B 4 5 após transformação logarítmica dos dados 4 0 3 5 (SANTOS,1978). 3 0 2 5 N O fator de condição alométrico médio foi 2 0

1 5 estimado para machos e fêmeas, por período, 1 0 utilizandose da expressão K = P / C b, sendo P o 5 A 0 1,7 - 2 2 - 2,3 2,3 - 2,6 2,6 - 2,9 2,9 - 3,2 3,2 - 3,5 3,5 - 3,8 3,8 - 4,1 4,1 - 4,4 4,4 - 4,7 4,7 - 5 5 - 5,3 5,3 - 5,6 5,6 - 5,9 5,9 - 6,2 6,2 - 6,5 6,5 - 6,8 6,8- 7,1 peso, Cocomprimentoe baconstantedaequação Classes de comprimento (cm) C alométricadarelaçãopesoecomprimentoestimada 4 5 4 0 para machos e fêmeas, respectivamente (BRAGA, 3 5

3 0 1986). O fator de condição relativo médio foi 2 5 N 2 0 estimadosóparaasfêmeas,porperíodo,utilizando 1 5 b sedaexpressão K =P/aC ,sendo a e bconstantes 1 0 R 5 0 da equação alométrica da relação peso e 1,7 - 2 2 - 2,3 2,3 - 2,6 2,6 - 2,9 2,9 - 3,2 3,2 - 3,5 3,5 - 3,8 3,8 - 4,1 4,1 - 4,4 4,4 - 4,7 4,7 - 5 5 - 5,3 5,3 - 5,6 5,6 - 5,9 5,9 - 6,2 6,2 - 6,5 6,5 - 6,8 6,8- 7,1 comprimentoparafêmeas(WEATHERLEY,1972). Classes de comprimento (cm) Os estômagos com grau de repleção 3 foram Figura 1. Frequêncianuméricanasclassesdecomprimentototal dissecados em estereomicroscópio e os itens para Pareiorhina rudolphi (A. machos, B. fêmeas e C. sexos grupados). componentes do conteúdo estomacal identificados sob microscópio, utilizandose na identificação Obtendoseosparâmetrosdecrescimento,pode Needham e Needham (1982) e Bicudo e Bicudo se estimar a idade para um dado comprimento, (1970). Para a análise desses itens, foi utilizado o utilizandose da fórmula de Pauly (1983): grau de preferência alimentar (GPA), descrito em t–t = {ln[ 1–(L /L )]} /K, sendo t aidadeaser Braga(1999). 0 t ∞ estimada, Ltocomprimentonaidadeaserestimada, O comprimento médio da primeira maturação L e Kparâmetrosdecrescimento,considerandose gonadal, para machos e fêmeas, foi estimado ∞ t0=0. seguindoseosprocedimentosdescritosemVazzoler Ataxainstantâneademortalidadenatural(M)foi (1996);emseguida,ajustouseumacurvaaosdados estimadautilizandosedafórmulaempíricaproposta (SANTOS, 1978) e estimouse, pela equação que porPauly(1980): log M=0,0066–0,279xlog L ajusta a curva, o comprimento em que 50% dos 10 10 ∞ +0,6543xlog 10 K+0,4634xlog 10 T,sendo L∞e K indivíduos da população entram em maturação parâmetrosdecrescimentoe Tatemperaturamédia gonadal(BRAGA,2006). daáguanoperíodo,emgrauscentígrados. Ataxadecrescimento(K)foiestimadapartindo Outrosparâmetrospopulacionaisforamestimados, se da distribuição de frequência das classes de comoataxadesobrevivência,dadapor S=e z,sendo Z comprimento para sexos grupados (Figura 1), = M (RICKER, 1975), e a longevidade em anos, considerandoseumgrupoetáriodistintoparacada estimadapor t =3/K (PAULY,1983). classemodal,aoqualfoiatribuídaumaidaderelativa max (SPARRE; VENEMA, 1997). Como valor de Resultados comprimento assintótico, aplicouse ao comprimentodomaiorpeixeamostradoaexpressão Foramanalisados284exemplaresde P.rudolphi ,

L(∞) = Lmax / 0,95 (PAULY, 1983). Tendose os sendo 46 machos, 74 fêmeas e 164 com sexo

ActaScientiarum.BiologicalSciences Maringá,v.31,n.1,p.7988,2009 82 Braga et al. indeterminado,cujasdistribuiçõesdefrequênciapor A atividade alimentar foi mais intensa em classe de comprimento estão na Figura 1. As outubro,quandoosestômagosrepletosdealimento distribuições de comprimento foram semelhantes foram mais frequentes; o acúmulo de gordura para machos e fêmeas, sendo as fêmeas mais visceral aumentou de outubro a fevereiro, abundantes. A proporção sexual entre machos e diminuindo em abril (Tabela 2). O aumento da fêmeas foi significativamente diferente do esperado atividade alimentar em outubro, que resultou em 1:1( χ2=6,53;p<0,05)eocorreaproporçãodeum maioracúmulodegorduravisceral,contribuiupara macho para 1,6 fêmea. Os comprimentos variaram oamadurecimentodasgônadas. daclassede1,85cmàclassede6,95cm.Observam se, nesta amplitude de variação, quatro grupos Tabela 2. Frequência porcentual do grau de repleção do modaisrespectivosàsclassesde3,1cm,4,6cm,5,2 estômago (GR) e do grau de gordura acumulada na cavidade visceral(GA),porperíododecoletapara Pareiorhinarudolphi . cme5,8cm. Oajustedaequaçãoalométricaaosdadosdepeso julho(%) outubro(%) fevereiro(%) abril(%) GR1 72,7 40,9 42,3 38,8 ecomprimentoresultounasexpressões P=0,0590 GR2 12,1 27,3 46,2 44,9 2,07 1,95 GR3 15,2 31,8 11,5 16,3 C (r = 0,91) para machos e P = 0,0694 C GA1 95,2 71,1 73,1 69,4 (r = 0,91) para fêmeas, sendo a diferença entre GA2 4,8 23,7 17,3 26,5 ambas altamente significativa (p < 0,001). Os GA3 5,3 9,6 4,1 valores dos coeficientes angulares, nas duas expressões, foram significativamente menores do Foram analisados 11 estômagos com grau de que3(p<0,001),indicandoalometrianegativana repleção 3, encontrandose predominância de relaçãopesocomprimento. perifiton; as algas Echinosphaerella (prostrada), A maior frequência de ocorrência de gônadas Cosmarium (prostrada), Fragilaria (filamentosa), Rhizosolenia (prostrada), Closteriopsis (prostrada), madurasocorreuemfevereiro,juntocomadegônadas Bacillaria (filamentosa), Synedra (colônia esgotadas,paradecresceremabril(Figura2). pedunculada) e Ancylonema (filamentosa) foram as 100 mais abundantes e frequentes. Foram encontrados 90 A B 80 tambémalgunsprotozoáriosingeridosjuntocomo C 70 D perifiton( Diflugia , Arcella )e,esporadicamente,ninfa 60

% 50 de Plecoptera. O grau de preferência alimentar 40 aplicadoaositensindicouseroperifitonumitemde 30 20 alto grau de preferência (GPA = 3,9) e ninfa de 10

0 Plecopteracomoitemocasional(GPA=0,2). Julho Outubro Fevereiro Abril Meses das coletas As distribuições de comprimento de machos e Figura 2. Frequência porcentual dos estádios de maturação fêmeas foram agrupadas por serem semelhantes gonadal(A.imaturo,B.emmaturaçãoourepouso,C.maduroe (Figura 1), e o comprimento médio da primeira D.esgotado)nosmesesdecoletas. maturaçãogonadal,estimadoparamachosefêmeas conjuntamente. A equação em logaritmo que Os valores da relação gonadossomática e dos representa a linearização da curva de primeira fatoresdecondiçãoalométricoerelativoforammais maturação gonadal para sexos grupados de P. elevados em outubro e fevereiro, decrescendo em rudolphi é ln Y = 11,2475 + 7,0724 ln X e o abril (Tabela 1). Portanto, a dinâmica sazonal do comprimento médio estimado da primeira cicloreprodutivoem P.rudolphi sugereumperíodo maturaçãogonadalé4,45cm. de preparo das gônadas para a desova, seguido de Foram analisados nove pares de ovários para a desova, entre outubro e fevereiro, estando o ciclo estimativa da fecundidade de P. rudolphi . Após a concluídoemabril. dissociação dos ovócitos das lamelas ovulígeras, foi realizada a contagem total e medição de todos os Tabela 1. Valoresmédiosdarelaçãogonadossomática(RGS),do ovócitos. Para cada par de ovários dissociado foi fatordecondiçãoalométrico(K A)edofatordecondiçãorelativo (K r),porperíododecoletapara Pareiorhinarudolphi . construída uma distribuição de frequência de julho outubro fevereiro abril diâmetros de ovócitos e grupadas, conforme a RGS(%) 7,87 7,9 7,37 semelhança das distribuições, resultando em cinco KA(machos) 0,05 0,061 0,060 0,063

KA(fêmeas) 0,066 0,074 0,071 0,067 grupos que representam o desenvolvimento dos K (fêmeas) 0,981 1,063 1,024 0,982 r ovócitosnosovários(Figura3).

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1 50 Tabela 3. Dados de Pareiorhina rudolphi fêmea relativos ao 45 40 35 comprimento total (C), peso total (P), relação gonadossomática 30 % 25 (RGS), número total de ovócitos (NT), número de ovócitos 20 15 vitelogênicosmaisdesenvolvidos(F),grupodedesenvolvimento 10 5 dosovários(GD)eestádiodematuridade(EM). 0 2 6 6 10 10 14 14 18 18 22 22 26 26 30 30 34 34 38 38 42 42 46 46 50 Classes de diâmetros de ovócitos (d.o.m) Peixe CT(cm) PT(g) RGS NT F GD EM

2 1 5,9 2,3 5,65 64 1 B 50 45 2 6,3 2,76 2,54 57 2 B 40 35 3 4,5 1,47 13,6 46 4 3 C 30 % 25 4 4,4 1,44 12,5 59 6 3 C 20 15 5 4,4 1,46 15,75 43 5 3 C 10 5 6 4,5 1,44 11,81 51 8 4 C 0 7 6,0 2,39 10,02 70 5 4 C 2 6 6 10 10 14 14 18 18 22 22 26 26 30 30 34 34 38 38 42 42 46 46 50 Classes de diâmetros de ovócitos (d.o.m) 8 6,0 2,43 11,11 72 11 5 C

3 9 5,8 2,09 10,56 57 10 5 C 50 45 40 35 30 % 25 20 Ocomprimentomáximoteórico[L (∞) ]estimado 15 10 5 para P. rudolphi , tomandose como comprimento 0 2 6 6 10 10 14 14 18 18 22 22 26 26 30 30 34 34 38 38 42 42 46 46 50 máximoamostradoovalor6,8cm,foide7,2cm.A Classes de diâmetros de ovócitos (d.o.m)

4 plotagemdeBevertonaplicadaaosdadosresultouna 50 45 40 expressão Y=0,253+0,35X (r=0,99),comtaxa 35 1 30 de crescimento K = B = 0,35 ano . A taxa % 25 20 15 instantânea de mortalidade natural (M), 10 5 0 considerandose a temperatura média da água em 2 6 6 10 10 14 14 18 18 22 22 26 26 30 30 34 34 38 38 42 42 46 46 50 o 1 Classes de diâmetros de ovócitos (d.o.m) 18,3 C,foi1,10ano .Ataxadesobrevivência(S)foi

5 50 de33%ealongevidade,de8,6anos. 45 40 AFigura4ilustraaestruturaetáriadapopulação 35 30 % 25 de P. rudolphi na microbacia do Ribeirão Grande. 20 15 10 Observamse dois grupos modais bem distintos na 5 0 2 6 6 10 10 14 14 18 18 22 22 26 26 30 30 34 34 38 38 42 42 46 46 50 população, um com moda etária em 2,7 anos, que Classes de diâmetros de ovócitos (d.o.m) corresponde a um grupo mais jovem, e outro com Figura 3. Frequência porcentual das classes de diâmetros de modaetáriaem4,7anos,constituídoporindivíduos ovócitosemd.o.m(1divisãodeocularmicrométricaequivalente maisvelhos. a 61,2micrômetros)de Pareiorhina rudolphi arranjada emgrupos (15: grupos de ovários em crescente maturação). As setas 70 indicam o diâmetro, a partir do qual os ovócitos se tornam 60 maduroscomdeposiçãodevitelo. 50

40 N A análise dessas figuras, juntamente com as 30 observações em esteromicroscópio, permitiu a 20 constatação de três fases de ovócitos em 10 0 desenvolvimento. A primeira fase é composta por 0,5 - 1 1 - 1,5 1,5 - 2 2 - 2,5 2,5 - 3 3 - 3,5 3,5 - 4 4 - 4,5 4,5 - 5 5 - 5,5 5,5 - 6 6 - 6,5 6,5 - 7 7 - 7,5 7,5 - 8 8 - 8,5 ovócitosjovensdoloteestoque,comdiâmetrosde Classes de estrutura etária 244,8 a 734,4 micrômetros; a segunda fase é Figura 4. Frequêncianuméricanasclassesdeestruturaetáriapara compostaporovócitosemdesenvolvimentoquejá Pareiorhinarudolphi . começaram a depositar vitelo no citoplasma, com Discussão diâmetros de 979,2 a 1958,4 micrômetros; e a Discussão terceira fase é constituída por ovócitos Na microbacia do Ribeirão Grande, P. rudolphi vitelogênicos, com diâmetros de 2.203,2 a 2.937,6 distribuise em altitudes de 900 a 630 m, em áreas micrômetros. Os ovócitos da terceira fase são os cobertas por mata pluvial tropical, na encosta a queserãoeliminadosnadesova.Onúmerototalde campos abertos no pediplano (BRAGA; ovócitosvarioude51a72(médiade58ovócitos),e ANDRADE, 2005). O gênero Pareiorhina prefere o de ovócitos maduros e que deverão ser ambientesdecabeceiraemaltitudes,ondeosriachos eliminadosfoide4a11(médiade7ovócitos),o são torrentosos, com águas claras e fundos que indica fecundidade baixa. A relação pedregosos(GARAVELLO;SANTANA,1998).No gonadossomática foi baixa em exemplares com os pediplano, ela se sobrepõe com a espécie menos ovários ainda em desenvolvimento e alta para os abundante P. brachyrhyncha, na proporção de 11:1 indivíduoscomováriosmaduros(Tabela3). (BRAGA;ANDRADE,2005).

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Pareiorhinarudolphi é umaespécieherbívoraque importante na qualidade de hábitats de loricariídeos sealimenta,principalmente,deperifiton.Abocaestá (POWER,1984). localizadaventralmente,providadedentesfiliformes Espécies de loricariídeos diferem em substratos conspícuos e circundada por lábios em forma de ondesealimentam,segundoamorfologiadabocae abas(Figura5). docorpo(POWERetal.,1989).Flecker(1992aeb), estudandoo hábitoalimentardepeixesinsetívoros, algívoros e detritívoros em riachos na Venezuela, concluiu que a algivoria e detrivoria reduzem a qualidade de hábitat para invertebrados, com mais intensidade do que a predação. Wootton e Oemke (1992)concluíramqueumaaltaproporçãodepeixes tropicais é herbívora e a consequência da obtenção de alimento de origem vegetal, como macrófitas e perifiton, exerce mais influência em comunidades emáreastropicaisdoqueemcomunidadesdeáreas temperadas. Ahabilidadedefazerusodeumafontedealimento é chamada de adaptabilidade trófica (GERKING, 1994). Para minimizar a sobreposição de nichos tróficosentreespécies,Payne(1986)verificouquesão importantes as adaptações morfoanatômicas desenvolvidas para explorar determinadas presas no ambiente.SegundoMotta(1988),amorfologianãoé umbomindicadordadieta,masumbomindicadorde comoopeixesealimenta. Figura 5. A.Vistaventralde P. rudolphi (de:dentesela:lábio).B. Oaparatobucalde P.rudolphi ,providodedentes Vistageralde P.rudolphi forrageando. C. Esquemadosubstratoe filiformesconspícuosedelábiosemformadeabas, perifitonassociado(ro:rocha,ma:matriz,pr:perifitonprostrado, permite ao peixe vasculhar o substrato raspando o fi:perifitonfilamentoso,co:perifitoncolonialpedunculado). perifiton. Outra espécie de cascudinho, microps , cuja distribuição se sobrepõe Constituem o perifiton, autótrofos bênticos em parte à de P. rudolphi (BRAGA; ANDRADE, compostos por microalgas que crescem sobre um 2005), tem uma dieta bentófaga, baseada em larvas substrato (ALLAN, 1995). O fundo dos riachos deinsetosquecapturaporsucção,utilizandooseu encachoeirados de correnteza rápida da microbacia do aparato bucal (BRAGA et al., 2008), sem, no RibeirãoGrandeéformadoporumsubstratoarenoso, entanto,competirporalimentocom P.rudolphi . que contém seixos e matacões de diversos tamanhos, Trechosdaencostaedopediplanodamicrobacia que servem para a fixação do perifiton, neste caso do Ribeirão Grande também são ocupados por denominado epiliton. O epiliton apoiase sobre uma Characidium lauroi , espécie bentófaga insetívora que matriz composta por bactérias, musgos, fungos e se alimenta de larvas de Diptera (Chironomidae, protozoários,queservemdealimentoparaváriosgrupos Simuliidae),masdiversificaasuadietaalimentando de larvas e ninfas de insetos, larvas de vertebrados sedepresasvágeiscomoninfasdeEphemeroptera, aquáticosepeixespastadores(ALLAN,1995). Oestudodoshábitosalimentaresdepeixes,emrios Plecoptera, Odonata e larvas de Trichoptera, além tropicais, tem destacado a importância do material de deoutrosinsetosaquáticos(BRAGA,2005). origemalóctone,doperifitonedemacroinvertebrados Portanto, a maneira como o item alimentar se bentônicos como alimento (ANGERMEIER; KARR, apresentanoambiente,sefixo,enterradoouvágil,e 1983; MOYLE; SENANAYAKE, 1984; POWER, a disponibilidade de estruturas anatômicas que os 1984;ORTAZ,1992;LOWEMcCONNELL,1999). peixespossuemparacapturareingeriressesitensé Em cabeceiras, o fluxo rápido da torrente impede o que possibilitarão a partilha adequada do alimento, desenvolvimento de vegetação enraizada e do minimizando a competição no espaço limitado fitoplâncton,eaproduçãoprimáriaérealizadaporalgas existenteemumriachodemontanha. e musgos que incrustam fundos rochosos Pareiorhina rudolphi tem características biológicas (WOOTTON, 1992). O desenvolvimento do associadas ao ciclo reprodutivo como ovócitos perifiton é maior em áreas mais abertas do que em grandes, período reprodutivo longo, que a colocam áreas mais densamente florestadas e é um fator naestratégiadeseleção K,comopropostoporPianka

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(1994),poisadirecionamparamaioreficiênciaem Vazzoler (1996), e desenvolvidas por espécies que adequarouexploraromeioemquevive.Operíodo habitamdeterminadosambientes. reprodutivo longo é associado à adaptação a O aumento no valor do fator de condição ambientes estressantes e instáveis, geralmente, alométrico, no período reprodutivo, pode estar encontrados em riachos, e proporciona condições associado à alometria fortemente negativa verificada mais favoráveis para o desenvolvimento das larvas paramachos( b =2,07)eparafêmeas( b =1,95),sendo eclodidas (GARUTTI, 1988; MAZZONI et al., menores do que 3 em ambos os casos. O valor da 2002). A duração do período reprodutivo é constante bestáintimamenteassociadocomaequação importante para uma espécie de peixe, pois alométricaquerepresentaarelaçãopesocomprimento sincronizaadesovaaummomentopropícioparaa eofatordecondiçãoalométrico(BRAGA,1997). fertilizaçãoedesenvolvimentodaslarvas(KRAMER, Aquantidadedematériaorgânicadissolvidaede 1978). A estratégia de equilíbrio proposta por matéria orgânica particulada transportada para um WinemillereRose(1992)ésemelhanteàestratégia riacho varia sazonal e espacialmente, conforme de seleção K e favorece a ocupação em ambientes geologia e vegetação locais e período de chuvas sujeitos a densidades populacionais estáveis ou em (ALLAN, 1995). A produção primária, em riachos, habitats estressantes. As espécies de peixes que baseiase principalmente no perifiton e no apresentamfecundidadebaixaestãoassociadascoma fitoplâncton, e a sua grandeza é substancialmente estratégiadeequilíbrio(WINEMILLER,2005). menorquandocomparadacomoutrocorpodeágua O desenvolvimento dos ovócitos segue o equivalente;ofitoplânctonseautosustentasomente mecanismodefinidocomosincrônicoemmaisdedois em certas condições encontradas em rios grupos (WALLACE; SELMAN, 1981; WEST, 1990; continentais(ALLAN,1995).Assim,ofitoplâncton, VAZZOLER, 1996) e produz lotes de ovócitos em em riachos de montanha, é pobre e depende do desenvolvimentoemumperíodorelativamentelongo, aporte de matéria orgânica alóctone para a sua quevaidoinícioaotérminodoperíododechuvas.O manutenção, o qual aumenta durante a estação de lotedeovócitosmaduros,quecontémpoucosovócitos, chuvas. Tornamse, portanto, táticas reprodutivas a porém grandes, produz pequeno número de desova em períodos de maior abundância de descendentes compatíveis com o ambiente limitado fitoplânctoneapresençadeovócitosgrandes,ricos espacialmente e de recursos. Ovócitos grandes, que em vitelo, que nutrem a larva por um período até contêm maior quantidade de vitelo, alimentarão as que encontre alimento exógeno constituído larvas por um tempo maior até que elas passem a inicialmenteporfitoplâncton.Aseleçãofazcomque utilizaroalimentoexógeno(NIKOLSKY,1963;1969; larvasproduzidas,noperíododoanomaisfavorável BALON, 1975; WOOTTON, 1992). Produzir àsobrevivência,encontremalimentoabundantepara ovócitos grandes confere investimento parental maior um desenvolvimento mais rápido (LOWE às fêmeas, mas acrescenta vantagem compensatória McCONNELL,1999). maioràslarvasproduzidas,comotornálasmaisaptasa Um dos atributos das espécies de peixes que explorar ambientes inóspitos (COLEMAN; habitam riachos é apresentar pequeno tamanho GALVANI,1998). (CASTRO, 1999). Pianka (1970) explica que são O ciclo sazonal de reservas nutricionais em características da estratégia de seleção r ter peixes, como o depósito de gordura na cavidade desenvolvimento rápido, reprodução precoce, visceral, segue padrão associado com períodos de pequeno porte, entre outras, mas também afirma reduzida atividade alimentar e reprodução, que é a que nenhum organismo é completamente função mais comum associada com reservas em estrategista r ou completamente estrategista K em peixes (NIKOLSKY, 1963; LARSON, 1991). Na suas características. O fato de P. rudolphi ser de microbaciadoRibeirãoGrande, Characidiumlauroi e pequeno porte é uma adaptação ao ambiente C. alipioi tiveram o ciclo de deposição de gordura limitado espacialmente em que vive. O relacionado com a atividade reprodutiva e comprimentomédiodaprimeiramaturaçãogonadal armazenaram gordura para ser utilizada no de4,45cmequivaleaumaidadetardiade2,7anos, amadurecimentodasgônadas(BRAGA,2005). segundo o modelo de conversão de comprimento Essasadaptaçõesdesenvolvidas,relacionadascom emidade(PAULY,1983).Orecrutamentodejovens o acúmulo de gordura proveniente de um período napopulaçãoéamaneirapelaqualelasemantémao de alimentação, para compensar o desgaste da longo do tempo (KING, 1995), e a maturação atividade reprodutiva, e com ovários que contêm precoce faz com que mais rapidamente novos ovócitos grandes e em número pequeno, são recrutas entrem na população, mantendoa consideradas como táticas reprodutivas, segundo abundante (NIKOLSKY, 1969). Essa estratégia é

ActaScientiarum.BiologicalSciences Maringá,v.31,n.1,p.7988,2009 86 Braga et al. adotada por espécies que têm seleção r, o que não conteúdo estomacal de peixes. Acta Scientiarum. ocorrenapopulaçãode P.rudolphi ,quesemantém Biological Sciences ,v.21,n.2,p.291295,1999. peloequilíbrioalcançadopelastáticasdereprodução BRAGA, F. M. S. Feeding and condition factor of ededesenvolvimento. characidiin fish in Ribeirão Grande system, southeastern Apopulaçãode P.rudolphi émaisabundanteem Brazil. Acta Scientiarum. Biological Sciences , v. 27, gruposetáriosmaisjovens,decrescendoemnúmero n.3,p.271276,2005. nos grupos mais velhos (Figura 5), nos quais se BRAGA, F. M. S. Aspectos da reprodução no gênero verificataxaelevadademortalidadenatural.Apartir Characidium Reinhardt, 1867 (Crenuchidae, do grupo etário de seis anos, a densidade de Characidiinae), na microbacia do Ribeirão Grande, serra Acta Scientiarum. indivíduosnapopulaçãotornaseescassa. da Mantiqueira, sudeste do Brasil. Biological Sciences ,v.27,n.4,p.259263,2006. Da mesma forma que na população de outro cascudinho, Neoplecostomus microps , que compartilha BRAGA, F. M. S.; ANDRADE, P. M. Distribuição de peixes na microbacia do Ribeirão Grande, serra da ohábitatcomela(BRAGAetal.,2008), P.rudolphi Mantiqueiraoriental,SãoPaulo,Brasil. Iheringia, Série adotarecursosdeadaptaçãoaomeioemquevive,e Zoologia, v.95,n.2,p.121126,2005. nãodeabundância. BRAGA, F. M. S.; GOMIERO, L. M.; SOUZA, U. P. Aspectos da reprodução e alimentação de Neoplecostomus Conclusão microps (Loricariidae,)namicrobaciado Aespéciedecascudinho P.rudolphi estáajustada RibeirãoGrande,serradaMantiqueiraoriental(SP). Acta ao ambiente de riachos torrentosos da encosta e Scientiarum. Biological Sciences ,v.30,n.4,p.455 pediplano na microbacia do Ribeirão Grande, 463,2008. desenvolvendo adaptações para obter alimento BUCKUP,P.A.;MENEZES,N.A.;GERAZZI,M.S.A. epilítico; apresenta fecundidade baixa, maturação Catálogo das espécies de peixes de água doce do Brasil .RiodeJaneiro:MuseuNacional,2007. tardia, crescimento lento, longevidade alta, taxa de mortalidade natural alta e sobrevivência moderada. CASATTI, L.; LANGEANI, F.; CASTRO, R. M. C. Peixes de riacho do Parque Estadual Morro do Diabo, Esses atributos fazem com que a espécie exista no bacia do alto rio Paraná, SP. Biota Neotropica , v. 1, ambiente em função da manutenção do equilíbrio n.1/2,p.115,2001. populacional,enãodaabundânciadeindivíduos. CASTRO,R.M.C.Evoluçãodaictiofaunaderiachossul americanos: padrões gerais e possíveis processos causais. Referências In: CARAMASHI,E. P.; MAZZONI, R.; PERES, P. R. ALLAN,A.L. Stream ecology :structureandfunctionof (Ed.). Ecologia de peixes de riachos . Rio de Janeiro: runningwaters.London:ChapmanandHall,1995. UFRJ,1999.cap.4,p.139155. ANGERMEIER, P. L.; KARR, J. R. Fish communities CASTRO,R.M.C.;CASATTI,L.Thefishfaunafroma along environmental gradients in a system of tropical small forest stream of the upper Paraná river basin, streams. Environmental Biology of Fishes ,v.9,n.2, southeastern Brazil. Ichthyological Exploration p.117135,1983. Freshwater ,v.7,n.4,p.337352,1997. BALON, E.K. Reproductive guilds of fishes: a proposal CASTRO, R. M. C.; CASATTI, L.; SANTOS, H. F.; and definition. Journal of the Fisheries Research MELO,A.L.A.;MARTINS,L.S.F.;FERREIRA,K.M.; Board of Canada ,v.36,n.6,p.821864,1975. GIBRAN, F. Z.; BENINE, R. C.; CARVALHO, M.; BICUDO, C. E. M.; BICUDO, R. M. T. Algas de RIBEIRO, A. C.; ABREU, T.X.; BOCKMANN, F. A.; águas continentais brasileiras . São Paulo: Funbec, PELIÇÃO, G. Z.; STOPIGLIA, R.; LANGEANI, F. 1970. Estruturaecomposiçãodaictiofaunaderiachosda bacia BIZERRIL, C. R. S. F. Estrutura quantitativa de dorioGrandenoEstadodeSãoPaulo,sudestedoBrasil. comunidades de peixes em um rio costeiro do sudeste Biota Neotropica ,v.4,n.1,p.139,2004. brasileiro. Acta Biologica Leopoldensia , v. 17, n. 2, CHAMON, C.; ARANDA, A. T.; BUCKUP, P. A. p.5780,1995. Pareiorhina brachyrhyncha (Loricariidae: Siluriformes): a BRAGA,F.M.S.Estudoentrefatordecondiçãoerelação newspeciesoffishfromtheParaíbadoSulslopeofserra pesocomprimento para alguns peixes marinhos. damantiqueira,southeasternBrazil. Copeia ,v.2005,n.3, Brazilian Journal of Biology , v. 46, n. 2, p. 339346, p.550558,2005. 1986. COLEMAN, R. M.; GALVANI, A. P. Egg size BRAGA,F.M.S.Análisedaequaçãoalométricanarelação determines offspring size in neotropical cichlid fishes pesoecomprimentoeofatordecondiçãoem Plagioscion (Teleostei,Cichlidae). Copeia ,v.1998,n.1,p.209213, squamosissimus (Teleostei,Sciaenidae). Brazilian Journal 1998. of Biology ,v.57,n.3,p.417425,1997. FLECKER, A. S. Fish predation and the evolution of BRAGA, F. M. S. O grau de preferência alimentar: um invertebrate drift periodicity: evidence from neotropical método quantitativo e qualitativo para o estudo do streams. Ecology ,v.73,n.2,p.438448,1992a.

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