O AMBIENTE GEOLÓGICO-PEDOLÓGICO DAS PLANÍCIES INUNDÁVEIS DO MARANHÃO E SUA FRAGILIDADE ÀS AÇÕES ANTRÓPICAS

A. T. G. Freire1, J. J. Mendes2, F. S. Brito3, C. H. L. Silva Junior4, R. N. L. Neto5

Abstract  O The present study aimed to characterize the Tiomórfico, Podzólicos vermelho-amarelo, Solonetz physical the lowland, with great economic potential for the Solodizado. Apresentando uma diversidade fitofisionômica state. This approach is based on geological, em que se destacam áreas de floresta ombrófila densa e geomorphological, pedological, hydrological, climate and aberta, cerrado, manguezais e campos inundáveis. slope description. All belonging to the microregion of O presente artigo tem como objetivo a caracterização Maranhão Lowlands, which corresponds to north middle física da Baixada Maranhense, visto que esse espaço poderá region of Maranhão, divided into 21 municipalities, having apresentar grande potencial econômico para o estado, a significant part of the population of Maranhão. The principalmente no setor primário e subsidiar próximas Maranhão geological formation is structured according to pesquisas nessa área de estudo. the main, by the Training and Mudslides Itapecuru tidal Marine. The soils in the region are predominantly formed CARACTERÍSTICAS DO MEIO FÍSICO the Plinthosols, Epiaquic Tiomórfico, red-yellow Podzolic, Solonetz Solodizado. As a result two main geomorphological Geologia features were presented : the higher areas of marshland, as sublitorânea surface presents training Itapecuru yielding O A Baixada Maranhense ou Microrregião têm área soils of red - yellow podzolic type and lower areas such as superior a 20.000 km², no qual os seus municípios floodplains presents alúvio - Pleistocene colluvial as encontram-se predominantemente assentados na Formação training, yielding soil type Solonetz – Solodizadosn. Itapecuru do período Cretáceo e parcialmente sobre a Formação Aluviões Flúvio-Marinhos do Holoceno. Segundo Index Terms  Low lands, Geology, Geomorphology and Feitosa (2006), a Baixada corresponde á região entorno do Pedology. Golfão, caracterizada por um relevo plano a suavemente ondulado, contendo extensas áreas rebaixadas que são INTRODUÇÃO alagadas durante o período chuvoso, dando origem a extensos lagos. A microrregião da Baixada maranhense, pertence a A formação Itapecuru é representada por duas unidades: mesorregião norte do Maranhão, com uma área de A basal, onde dominam conglomerados e arenitos vermelho- 17.579,366 km², dividida em 21 municípios, possuindo uma acastanhados intercalados com siltitos e argilitos e a parte expressiva da população maranhense, somando superior, onde inclui arenitos médios a finos, por vezes 563.895 habitantes, segundo dados do IBGE (2010). Sendo siltosos, intercalados com siltitos, argilitos e níveis esses, , , Bela Vista do Maranhão, , carbonáticos em direção ao topo (FERREIRA, JR., 1996). Conceição do Lago-Açu, Igarapé do Meio, , Predominância de fácies flúvio-lacustrinas e estuarinas Monção, Olinda Nova do Maranhão, Palmeirândia, Pedro do (KLEIN e PEREIRA, 1979). Rosário, Penalva, Peri-Mirim, Pinheiro, Presidente Sarney, Santa Helena, São Bento, São João Batista, São Vicente Geomorfologia Ferrer, Viana e Vitória do Mearim. A formação geológica maranhense é estruturada, A baixada corresponde a uma planície sedimentar de segundo os principais, pela Formação Itapecuru e Aluviões formação holocênica, flúvio-marinho e lacustre que, por sua Flúvio-Marinhos. No qual, os solos predominantemente baixa declividade, permite o transbordamento, no período formados na região são os Plintossolos, Gleissolo chuvoso, dos rios que banham aquela região, inundando as áreas de campos. As áreas livres de inundação recebem

1 Ana Talita Galvão Freire, Voluntária do Programa de Iniciação Científica do Curso de Engenharia Ambiental na Universidade CEUMA - UniCEUMA, Rua Josué Montello, 1, Renascença II, 65.075-120, São Luís, MA, Brasil, [email protected] 2 Jonas Jansen Mendes, Bolsista da Iniciação Científica em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da FAPEMA, Universidade CEUMA - UniCEUMA, Rua Josué Montello, 1, Renascença II, 65.075-120, São Luís, MA, Brasil, [email protected] 3 Fabrício Brito Silva, Doutor em Sensoriamento Remoto – INPE e Professor Titular das disciplinas de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento Aplicado do Curso de Engenharia Ambiental na Universidade CEUMA - UniCEUMA, Rua Josué Montello, 1, Renascença II, 65.075-120, São Luís, MA, Brasil, [email protected] 4 Celso Henrique Leite Silva Junior, Voluntário do Programa de Iniciação Científica do Curso de Engenharia Ambiental na Universidade CEUMA - UniCEUMA, Rua Josué Montello, 1, Renascença II, 65.075-120, São Luís, MA, Brasil, [email protected] 5 Raimundo Nonato Lima Neto, Voluntário do Programa de Iniciação Científica do Curso de Engenharia Ambiental na Universidade CEUMA - UniCEUMA, Rua Josué Montello, 1, Renascença II, 65.075-120, São Luís, MA, Brasil, [email protected]

DOI 10.14684/SHEWC.14.2014.113-117 © 2014 COPEC July 20 - 23, 2014, Cubatão, XIV Safety, Health and Environment World Congress 113

denominação local de “tesos” e são cobertas por matas precipitação total), originando os campos inundáveis secundárias, com domínio do babaçu (MARANHÃO, 2003). (Moura, 2004). Essa característica física contribui para formação de A temperatura da região é elevada (média de 27ºC), com unidades de paisagem, como os lagos, campos inundáveis e pequenas vairiações na amplitude térmica (média de 7ºC) não-inundáveis, tesos e terra firme, assim como a tanto sazonal quanto diariamente, devido a proximidade com distribuição de espécies e o uso do solo na região. linha do Equador. Levando-se em consideração a classificação de Thorntwaite, a Baixada se enquadra Pedologia predominantemente na tipologia climática B1WA’a’, sendo A Baixada Maranhense é constituída por solos com que B1 representa um clima úmido com um período de baixa capacidade de troca catiônica, alto grau de deficiência hídrica e com uma evapotranspiração potencial intemperismo e baixa fertilidade, devido as características nos três meses mais quentes do ano (A’) inferior a 48% em geológicas, geomorfológicas e climáticas da região. Os solos relação à evapotranspiração anual (a’). O déficit hídrico se que se formam predominantemente na área de ocorrência da evidência na região entre os meses de julho a novembro, Formação Itapecuru na Microrregião são os Plintossolos chegando a atingir até 900mm (FARIAS FILHO, 2006). estes com localização restrita as áreas mais altas. Os Hidrografia Plintossolos são formados sob condições de restrição a percolação de água, ocupam áreas de relevo A Baixada Maranhense tem sua rede hidrográfica predominantemente plano ou suave ondulado e poucas vezes representada pelos rios Turiaçu, Pericumã, Pindaré, Mearim, ondulado (EMBRAPA, 2013). Maracu e seus afluentes que anualmente inundam as Na formação geológica de Aluviões Flúvio-Marinhos, planícies regionais baixas. Os ciclos repetitivos de as características dos sedimentos, a dinâmica das águas e o inundação e o déficit hídrico permitem que a região acumulo de matéria orgânica em função de condições constitua um ecocomplexo que inclui rios, lagos, estuários, hidromórficas locais originam Latossolos, Plintossolos, além de um grande sistema de áreas inundáveis, peculiares a Gleissolos presentes nos locais mais baixos dos campos esta Microrregião do Estado do Maranhão (Souza & (planícies fluviais que passam maior parte de ano Pinheiro, 2007), que se formam em função da topografia e inundadas). A Embrapa (2013) define os Gleissolos como das características climáticas de pedológicas locais. solos constituídos por material mineral que corresponde a Os rios principais da rede de drenagem da Baixada sedimentos depositados por cursos d’água no ambiente de apresentam características geológicas definidas por formação de solo, podendo também ser proveniente de meandros e pela deposição dos sedimentos mais finos sedimentação em ambiente lacustre. (argilas e outros colóides), ou seja, tem canais senis, tipicamente de planícies, cuja energia mecânica das águas é Declividade renovada a partir das cheias periódicas anual. A Baixada Maranhense é formada por sedimentares RESULTADOS E DISCUSSÕES recente, assim tendo um ambiente rebaixado formando outeiros e superfícies tabulares, tendo assim uma declividade A geologia da área em estudo apresenta em maior variada formando bordas decaídas em colina. domínio da formação itapecuru e aluvio-coluviões Devido a essa declividade variada existe uma pleitocênicos, de acordo com o mapa a seguir: convergência de curso dos rios Pindaré, Grajaú e Mearim que tem um movimento transgressivo e regressivo em relação o mar, que com o tempo modelou o ambiente posicional que fica preenchido por águas de chuvas, dando assim origem a extensas superfícies alagadiças no período chuvoso. Clima O clima da região é predominantemente quente e úmido, com as principais variações centradas no aumento das precipitações pluviométricas no sentido sul-norte e do leste para o oeste (Lafontaine, 2012). O período seco ocorre de seis a sete meses (julho-dezembro), onde os campos se transformam em áreas de pastoreio. O período chuvoso varia de cinco a seis meses (janeiro-junho), caracterizado com altas taxas de precipitação (acima de 2000mm por ano) com pelo menos dois meses muito chuvosos (mais de 40% da

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A formação Itapecuru do período cretáceo (composta modo geral, apresentam uma estrutura frágil em decorrência por arenitos finos e conglomeríticos, alternando-se leitos de das condições climáticas da região. Sendo, estes, expostos siltitos e folhelhos) ocorre na porção oeste-sudoeste da no mapa: região da Baixada constituindo a ambientes de áreas mais elevadas. Os Aluvio-Coluviões Pleitocênicos correspondem a deositos de aglo-gresosos transportados pelos cursos d’água e depositados em leitos e margens, sendo associados a ambientes fluviais, esse tipo de formação está presente nas áreas mais rebaixadas. Geomorfologia A Baixada Maranhense constitui um ambiente rebaixado, ponteado de relevos residuais, formando outeiros e superfícies tabulares cujas bordas decaem em colinas de declividades variadas, apresentados no seguinte mapa:

Os Podzolicos Vermelho-Amarelo são solos minerais, não-hidromórficos, apresentando problemas sérios de erosão nos horizontes iniciais com perda de argila, ferro ou matéria orgânica. Por estarem localizados em relevos suavemente ondulados apresentam limitação de fertilidade, podem ainda apresentar problemas com a eficiência da adubação e da calagem (EMBRAPA,2007). Sendo designados solos com limitações ao uso agrícola decorrente de sua baixa fertilidade natural e forte acidez.

Os Solonetz-Solodizados apresentam uma serie de A Superfície Sublitorânea de caracteriza-se por fatores limitantes como o horizonte B que é extremamente uma superfície rampeada, com níveis altimétricos entre 70 e duro e compacto, limitando a penetração de ar, água e raízes. 100m, correspondendo a um relevo plano com dissecação Pela compactação e fatal lenta permeabilidade do horizonte incipiente em lombas e colinas, onde em alguns trechos, B, causadas pelas elevadas porcentagens de sódio, esses destacam-se residuais. Estas formas foram solos, apesar da pequena declividade, das áreas onde modeladas nos siltitos, argilitos e por vezes arenitos ocorram, podem sofrer erosão com facilidade. Apresentam argilosos da Formação Itapecuru que originaram dificuldade de absorção de nitrogênio e facilidade de perda Plintossolos e Podzólicos Vermelho-Amarelos da matéria orgânica. A intensificação da pegajosidade e (THOMPSON,Evelin 2013). plasticidade, quando molhado, e rijeza, quando seco são de Os campos de inundações (Baixada Maranhense) são efeito danoso agricultura. Portanto, são solos pouco aptos terras planas, próximas ao fundo do vale de um rio, sendo para agricultura, sendo mais apropriados para pastagem. frequentemente inundadas quando o escoamento do curso d'água excede a capacidade normal do canal, por ocasião das Interações do Meio Ambiente Físico cheias no período chuvoso. Estes também recebem o nome de várzeas, em que as partes mais altas dos campos que não Geomorfologia-Geologia alagam são chamados de tesos. A Superfície Sublitorânea de Bacabal é um conjunto de colinas suaves e modeladas nos sedimentos cretáceos da Pedologia Formação Itapecuru, estando 97,17% (762174,99 ha) contida Na Baixada encontra-se uma grande variabilidade de nesta formação. Além disso, a Superfície Dissecada de Santa solos distribuídos por toda microrregião. Solos que, de um Luzia do Paruá encontra-se 75,06% (184057,92 ha)

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assentada na Formação Itapecuru. Portanto, são relevos principalmente em áreas marginais de solos pobres com específicos de sua respectiva formação. limitações topográficas (Ferraz Júnior, 2000). A produção do Entretanto, a Baixada do Turiaçu e a Baixada arroz no sistema de terras altas vem passando por uma crise Maranhense, encontram-se geomorfologicamente bem no Maranhão e no Brasil como um todo. A redução de áreas distribuídas pelas formações geológicas da Microrregião. No cultiváveis aliada ao aumento do consumo do arroz tem qual, observa-se que a Baixada Maranhense, terrenos de exercido forte pressão sobre as áreas já cultivadas e sobre várzeas com relevo plano a suavemente ondulado, está outras áreas consideradas anteriormente como de baixo principalmente disposta em 33,09% (155377,17 ha) nos potencial agrícola (Fageria, 2000). Depósitos Flúvio-Marinhos, 32,11% (150799,59 ha) nos Em função da redução de áreas cultiváveis nas áreas Aluviões Holocênicos e 11,90% (55858,5 ha) na Formação mais altas decorrente da concentração fundiária e da Itapecuru. Enquanto a Baixada do Turiaçu tem sua degradação ambiental, gerou uma forte pressão sobre as abrangência destacada em 27,06% (14507,82 ha) nos poucas áreas restantes, sendo estas as várzeas, anteriormente Coluviões Holocênicos, 18,19% (9748,08 ha) nos Depósitos utilizadas apenas pela pecuária extensiva e pela pesca. As Flúvio-Marinhos e 16,55% (8873,55) nos Aluviões lavouras itinerantes ou roças desenvolvidas no sistema de Holocênicos. terras altas (sequeiro) são grandes consumidores de terras que Geologia-Pedologia causam impactos ambientais especialmente no que se refere à A formação Itapecuru é a formação que apresenta maior supressão da vegetação nativa e redução da fertilidade natural variedade pedológica distribuída por toda sua extensão. Com dos solos. destaque para o Podzólico Vermelho-Amarelo que abrange A agricultura de vazante na Baixada Maranhense é uma 84,80% (857328,66 ha) do seu território, sendo o solo prática recente se comparada à agricultura itinerante nos predominante desta região. Os Aluviões Holocênicos são sistema de corte e queima. Esse sistema é realizado em áreas compostos, em especial, 31,87% (55511,46 ha) por Solonetz mais baixas, denominadas localmente de “campos Solodizado, 29,95% (52167,06 ha) de solo Aluvial e 13,20% inundáveis”, onde há a formação e/ou estacionamento dos (22991,85 ha) de Plintossolos. Os Aluvio-Coluviões chamados aterrados e, em consequência, um maior acumulo Pleistocênicos são particularmente constituídos 30,43% de matéria orgânica, favorecendo o cultivo de produtos como (14155,65 ha) por Podzólico Vermelho-Amarelo, 26,60% o arroz. Fenômenos estes fortemente influenciados pela (12375,63 ha) por solos Aluviais e 20,58% (9574,56 ha) por topografia que determina maior ou menor acumulo de água, Gleissolo Tiomórfico. de matéria orgânica e de sedimentos para a manutenção de Pedologia-Geomorfologia cultivos. Vários são os produtos cultivados no período de Os Plintossolos, solos ácidos, porém, com potencial estiagem (julho a novembro), dentre eles, assumem maior agrícola, e os Plintossolos Concrecionários, presença de importância: o arroz (Oryza sativa), o milho (Zea mayz), o camada de concreções de óxido de ferro (plintita endurecida feijão e a melancia. O cultivo do arroz esta difundido nas e consolidada) ocupando posições mais elevadas, são as bordas dos campos inundáveis. O sistema de vazante tem terras mais difundidas nas unidades geomorfológicas. Sendo contribuído no incremento da produção agrícola nos mais abrangentes 34,49% (34323,3 ha) na Baixada municípios da Área de Proteção Ambiental, especialmente do Maranhense, 28,53% (28388,61 ha) na Superfície arroz. O que gera preocupações acerca dos impactos Sublitorânea e 24,24% (24119,64 ha) na Superfície ambientais que a agricultura pode gerar nos frágeis Dissecada. ecossistemas aonde ela se desenvolve, visto que apresentam O Solonetz Solodizado, solos compactos mais características químicas e físico-hídricas bastante distintas apropriados para pastagens, em especial ocorre 85,55% (Santos et al, 1999). (207759,42 ha) na Baixada Maranhense, consistindo em um Dentre os problemas ambientais ocasionados por este solo característico deste relevo. O Podzólico Vermelho- sistemas agrícolas destacam-se: a) desmatamento e Amarelo, solos argilosos com baixa fertilidade natural, queimadas, um método predatório e destrutivo dos recursos encontra-se em sua maioria 75,44% (704332,71 ha) na naturais; b) redução da matéria orgânica; c) uso de Superfície Sublitorânea. O Gleissolo Tiomórfico, solos de agrotóxicos; d) degradação de matas ciliares; e) compactação pH baixo exigindo grandes investimentos de calagem, está dos solos; f) perda acelerada de água; g) desequilíbrio presente singularmente 67,69% (38392,29 ha) na Baixada ecológico das populações; h) repetição de etapas de Maranhense. Por fim, a Areia Quartzosa, de baixa aptidão transplantio. agrícola e muito suscetível a erosão, 98,56% (4546,44 ha) Pecuária Extensiva deste solo se encontra particularmente na Superfície A disponibilidade de pastagens naturais e a facilidade Dissecada. para se desenvolver a pecuária extensiva na área, no que se Impactos Antrópicos no Meio Ambiente Físico refere a privatização dos campos, tem sido a grande justificativa para o despertar de interesses de inúmeros A agricultura itinerante ou agricultura de derrubada e pecuaristas, especialmente criadores de gado bovino e queima é um sistema comum de uso de terra no Maranhão, bubalino. A Pecuária da região de Baixada Maranhense é

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bem diversificada, sendo composta principalmente por Essas diferenciação de paisagens entre o mesmo bovinos da raça Nelore e bubalinos de várias raças. No ambiente foi possível concluir que as áreas mais elevadas da Perímetro que compreende de Pinheiro a Viana, são os baixada, como a superfície sublitorânea apresenta à municípios que apresentam maior rebanho bubalino do formação Itapecuru originando solos do tipo podzólico Estado, além disso, em Olinda Nova do Maranhão 85% das vermelho-amarelo, que são mais ácidos e menos férteis para terras são destinadas a esta prática. agricultura, justificando o predomínio da pecuária no local. A APA da Baixada Maranhense sofre constantemente Já as áreas mais baixas, como as planícies alagáveis com problemas relativos aos campos inundáveis, tanto em apresenta os alúvio-Coluviões Pleistocênicos como função da presença destes animais, quanto pelo uso formação, originando solos do tipo Plintossolos, que são indiscriminado desses campos pelos proprietários rurais, mais férteis, por apresentarem maior acumulo de matéria como cercamento aleatório de área pública para o uso orgânica, sendo relacionado principalmente em relevo plano individual, causando sério dano ao meio ambiente. Pois, a ou suavemente ondulado, sujeitos ao efeito temporário de maior parte territorial designada à criação destes animais é excesso de umidade, resultado no predomínio da agricultura. destinada a pecuária de corte. No qual, o desmatamento e as A partir da relação dessas ciências foi possível queimadas andam juntas por ser uma prática barata de caracterizar o espaço da baixada maranhense fisicamente e limpeza do pasto. perceber que entre o mesmo espaço possuem características Os lagos e os campos inundáveis da Microrregião e da diversas que contribuem para diversidade de espécies e a APA da Baixada Maranhense são a áreas que mais sofrem economia regional. com o sobrepastejo animal (número de animais acima da capacidade de suporte da pastagem ou forragem). As REFERÊNCIAS principais consequências da criação destes animais nos [1] A AB´SABER, A. N. Contribuição à geomorfologia do Estado campos naturais consistem: degradação dos corpos d’água, do Maranhão. Notícia Geomorfológica. Campinas, 3(5) 35-45, devido ao excremento do animal que aumenta a taxa de gases abr., 1960. tóxicos na água, tornando-a impropria para o consumo [2] EMBRAPA. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Rio humano e prejudicando os peixes; o pisoteio destes animais de Janeiro, RJ: EMBRAPA Solos, 2013. que destroem a vegetação e causam compactação dos solos, [3] FARIAS FILHO, M. S (Org.). O Espaço Geográfico da Baixada reduzindo o teor de matéria orgânica e drenagem tornando-os Maranhense. São Luís, MA: EDUFMA, 2013. impróprios para o cultivo; invasão e destruição das áreas de cultivo. [4] ______. Caracterização e Avaliação do Cultivo de Arroz em Sistema de Vazante na Baixada Maranhense. São Luís, MA: Contudo, nos municípios menores Santa Inês, Bela UEMA, 2006. (Dissertação de Mestrado) Vista do Maranhão e Matinha têm a pecuária como atividade [5] FEITOSA, A. C. Relevo do Estado do Maranhão: uma nova predominante em praticamente toda região. A criação destes proposta de classificação topomorfológica. Anais do VI animais também está presente nos municípios maiores como Simpósio Nacional de Geomorfologia. Goiânia-GO, 2006 Pedro do Rosário, Santa Helena e Monção. Nestas áreas a [6] FERREIRA JR., C. R. P., 1996. Neotectônica na Bacia de São ocorrência irá prevalecer sobre os solos Podzólicos Luís. Tese de mestrado, CPGG/UFPA: 139p Vermelho-Amarelos e nos plintossolos em Santa Inês. Este, [7] IBGE. Resultados do Censo 2010. Disponível em: por sua vez, devido à compactação pode acarretar a redução www.censo2010.ibge.gov.br. Acesso em: 22/12/2013 do sistema radicular, assim como, à saturação com água na camada superficial do solo, no período de maior precipitação [8] LAFONTAINE, L.C. Implicações Ambientais e Territoriais: Socieconmia da construção da MA 014 para a Microrregião da no ano, provocando a falta de oxigênio e a morte das raízes. Baixada Maranhense. Belém, PA: UFPA, 2012. (Dissertação de Mestrado). CONCLUSÃO [9] MARANHÃO. Zoneamento Costeiro do Estado do Maranhão. A Baixada Maranhense ou Microrregião está localizada São Luís: Fundação Sousândrade/ DEOLI/ LABOHIDRO (UFMA)/ Núcleo Geoambiental (UEMA), 2003. na zona de transição entre os biomas Amazônia e Cerrado. Caracterizada pela dinamicidade de paisagens, com [10] MOURA, E.G. Agroambientes de transição avaliados numa perspectiva da agricultura familiar. In MOURA, E.G. (org.). influência dos ambientes costeiros e marinhos, destacando- Agroambientes de Transição entre o trópico úmido e o semi- se a predominância de campos livres da inundação ou tesos, árido do Brasil. São Luís: UEMA, 2004. bacias lacustres e solos argilosos. No qual essas terras, em [11] SOUZA, M.O. de.; PINHEIRO, Cláudio Urbano B. Composição sua maioria, encontram-se fazendo parte de planícies de Espécies e estado de conservação das matas ciliares do Lago sedimentares do cretáceo e holoceno de baixa declividade. Cajari, Penalva – Baixada Maranhense – Brasil. Anais do VIII Entre os fatores de formação do solo, o relevo e o Congresso de Ecologia do Brasil. Caxambu/MG, 2007. material de origem estão entre um dos componentes, pode-se perceber que a estreita ligação entre a ciência geológica, geomorfológica e pedológica, constituem a formação para paisagens ímpares no espaço.

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