澳門特別行政區 立法會會刊 DIÁRIO DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DA REGIÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL DE

第五屆立法會 第四立法會期 (二零一六—二零一七 ) 第二組 第 V-47 期 V LEGISLATURA 4.ª SESSÃO LEGISLATIVA (2016-2017) II Série N.º V-47

SUMÁRIO

1. Texto aprovado da proposta de lei intitulada “Al- 10. Texto de alteração da proposta de lei intitulada teração à Lei n.º 14/2009 – Regime das carrei- “Regime jurídico da troca de informações em ras dos trabalhadores dos serviços públicos”.... 8 matéria fiscal”...... 61

2. Texto aprovado da proposta de lei intitulada “Lei 11. Texto de alteração da proposta de lei intitulada de execução da Convenção sobre o Comércio “Regime de previdência central não obrigató- Internacional das Espécies da Fauna e da Flo- rio”...... 66 ra Selvagens Ameaçadas de Extinção”...... 15 12. Texto de alteração da proposta de lei intitulada 3. Texto aprovado da proposta de lei intitulada “Al- “Regime ensino superior”...... 78 teração à Lei n.º 2/2006 – Prevenção e repres- são do crime de branqueamento de capitais e 13. Parecer n.º 2/V/2017, da 1.ª Comissão Perma- n.º 3/2006 – Prevenção e repressão dos crimes nente, respeitante à proposta de lei intitulada de terrorismo”...... 24 “Controlo do transporte transfronteiriço de 4. Texto aprovado da proposta de lei intitulada numerário e de instrumentos negociáveis ao “Regime jurídico da troca de informações em portador”...... 93 matéria fiscal”...... 37 14. Parecer n.º 3/V/2017, da 1.ª Comissão Perma- 5. Texto aprovado da proposta de lei intitulada nente, respeitante à proposta de lei intitulada “Controlo do transporte transfronteiriço de “Regime de previdência central não obrigató- numerário e de instrumentos negociáveis ao rio”...... 115 portador”...... 42 15. Parecer n.º 4/V/2017, da 1.ª Comissão Perma- 6. Texto aprovado da proposta de lei intitulada “Re- nente, respeitante à proposta de lei intitulada gime de previdência central não obrigatório”.... 45 “Regime jurídico da troca de informações em matéria fiscal”...... 140 7. Deliberação n.º 8/2017/Plenário...... 57

8. Texto do projecto de lei intitulado “Promoção, 16. Parecer n.º 3/V/2017, da 3.ª Comissão Perma- sensibilização e divulgação dos tratados de nente, respeitante à proposta de lei intitulada Direitos Humanos e Convenções da OIT”...... 57 “Alteração às Leis n.º 2/2006 – Prevenção e repressão do crime de branqueamento de ca- 9. Texto de alteração da proposta de lei intitulada pitais e n.º 3/2006 – Prevenção e repressão dos “Alteração ao Código Penal”...... 58 crimes de terrorismo”...... 163 2 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

17. Parecer n.º 4/V/2017, da 3.ª Comissão Perma- 29. Requerimento de interpelação escrita sobre a nente, respeitante à proposta de lei intitulada acção governativa, apresentado pelo Depu- “Alteração ao Código Penal”...... 185 tado José Maria Pereira Coutinho, datado de 26 de Abril de 2017, e o respectivo Despa- 18. Despacho n.º 527/V/2017, respeitante à admissão cho n.º 538/V/2017...... 238 do projecto de lei intitulado “Promoção, sen- sibilização dos tratados de Direitos Humanos 30. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- e Convenções da OIT”, apresentada pelo De- terpelação, apresentada pelo Deputado José putado José Maria Pereira Coutinho...... 201 Maria Pereira Coutinho, datada de 13 de Fevereiro de 2017, e o respectivo Despacho 19. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- n.º 539/V/2017...... 239 ção governativa, apresentado pelo Deputado 31. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- Ng Kuok Cheong, datado de 18 de Abril de pelação, apresentada pela Deputada Wong Kit 2017, e o respectivo Despacho n.º 528/V/2017... 201 Cheng, datada de 17 de Fevereiro de 2017, e o respectivo Despacho n.º 540/V/2017...... 239 20. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- ção governativa, apresentado pelo Deputado 32. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- , datado de 21 de Abril de 2017, e terpelação, apresentada pelo Deputado Chan o respectivo Despacho n.º 529/V/2017...... 202 Meng Kam, datada de 20 de Fevereiro de 2017, e o respectivo Despacho n.º 541/V/2017.... 240 21. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- ção governativa, apresentado pelo Deputado 33. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- , datado de 28 de Abril de 2017, e terpelação, apresentada pelo Deputado Leong o respectivo Despacho n.º 530/V/2017...... 202 Veng Chai, datada de 22 de Fevereiro de 2017, e o respectivo Despacho n.º 542/V/2017...... 241 22. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- ção governativa, apresentado pelo Deputado 34. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- Leong Veng Chai, datado de 26 de Abril de terpelação, apresentada pela Deputada Chan 2017, e o respectivo Despacho n.º 531/V/2017.... 204 Hong, datada de 23 de Fevereiro de 2017, e o respectivo Despacho n.º 543/V/2017...... 242 23. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- 35. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- ção governativa, apresentado pela Deputada ção governativa, apresentado pela Deputada Chan Melinda Mei Yi, datado de 2 de Maio de Lei Cheng I, datado de 27 de Abril de 2017, e 2017, e o respectivo Despacho n.º 532/V/2017.... 204 o respectivo Despacho n.º 544/V/2017...... 243

24. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- 36. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- ção governativa, apresentado pelo Deputado pelação, apresentada pelo Deputado Au Kam , datado de 25 de Abril de 2017, San, datada de 24 de Fevereiro de 2017, e o e o respectivo Despacho n.º 533/V/2017...... 205 respectivo Despacho n.º 545/V/2017...... 243

25. Requerimento de interpelação escrita sobre a 37. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- acção governativa, apresentado pela Deputa- terpelação, apresentada pelo Deputado Si Ka da Wong Kit Cheng, datado de 28 de Abril de Lon, datada de 24 de Fevereiro de 2017, e o 2017, e o respectivo Despacho n.º 534/V/2017.... 206 respectivo Despacho n.º 546/V/2017...... 245

38. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- 26. Requerimento de interpelação escrita sobre a terpelação, apresentada pelo Deputado Au acção governativa, apresentado pela Deputa- Kam San, datada de 10 de Março de 2017, e o da , datado de 25 de Abril de respectivo Despacho n.º 547/V/2017...... 245 2017, e o respectivo Despacho n.º 535/V/2017.... 207 39. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- 27. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- ção governativa, apresentado pelo Deputado ção governativa, apresentado pelo Deputado Zheng Anting, datado de 21 de Abril de 2017, Leong Veng Chai, datado de 21 de Abril de e o respectivo Despacho n.º 548/V/2017...... 246 2017, e o respectivo Despacho n.º 536/V/2017.... 208 40. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- 28. Despacho n.º 537/V/2017, respeitante ao parecer terpelação, apresentada pela Deputada Lei da revisão do projecto de lei, apresentado pelo Cheng I, datada de 10 de Março de 2017, e o Deputado José Maria Pereira Coutinho...... 209 respectivo Despacho n.º 549/V/2017...... 247 N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 3

41. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- 53. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- terpelação, apresentada pela Deputada Chan terpelação, apresentada pelo Deputado Leong Hong, datada de 27 de Março de 2017, e o res- Veng Chai, datada de 14 de Março de 2017, e pectivo Despacho n.º 550/V/2017...... 247 o respectivo Despacho n.º 562/V/2017...... 259

42. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- 54. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- ção governativa, apresentado pelo Deputado terpelação, apresentada pela Deputada Kwan , datado de 26 de Abril de Tsui Hang, datada de 21 de Março de 2017, e o 2017, e o respectivo Despacho n.º 551/V/2017.... 249 respectivo Despacho n.º 563/V/2017...... 260

43. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- 55. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- ção governativa, apresentado pelo Deputado terpelação, apresentada pelo Deputado Mak Si Ka Lon, datado de 28 de Abril de 2017, e o Soi Kun, datada de 23 de Março de 2017, e o respectivo Despacho n.º 552/V/2017...... 250 respectivo Despacho n.º 564/V/2017...... 260

44. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- 56. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- ção governativa, apresentado pelo Deputado ção governativa, apresentado pelo Deputado Au Kam San, datado de 5 de Maio de 2017, e Mak Soi Kun, datado de 4 de Maio de 2017, e o respectivo Despacho n.º 553/V/2017...... 251 o respectivo Despacho n.º 565/V/2017...... 262

45. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- 57. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- ção governativa, apresentado pela Deputada ção governativa, apresentado pelo Deputado Chan Hong, datado de 28 de Abril de 2017, e Ho Ion Sang, datado de 5 de Maio de 2017, e o o respectivo Despacho n.º 554/V/2017...... 252 respectivo Despacho n.º 566/V/2017...... 262

46. Requerimento de interpelação escrita sobre a 58. Requerimento de interpelação escrita sobre a acção governativa, apresentado pelo Depu- acção governativa, apresentado pelo Deputa- tado José Maria Pereira Coutinho, datado do Leong Veng Chai, datado de 4 de Maio de de 2 de Maio de 2017, e o respectivo Despa- 2017, e o respectivo Despacho n.º 567/V/2017.... 264 cho n.º 555/V/2017...... 253 59. Requerimento de interpelação escrita sobre a 47. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- acção governativa, apresentado pela Deputa- ção governativa, apresentado pelo Deputado da Wong Kit Cheng, datado de 5 de Maio de Zheng Anting, datado de 4 de Maio de 2017, e 2017, e o respectivo Despacho n.º 568/V/2017... 265 o respectivo Despacho n.º 556/V/2017...... 253 60. Requerimento de interpelação escrita sobre a 48. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- acção governativa, apresentado pelo Depu- ção governativa, apresentado pelo Deputado tado José Maria Pereira Coutinho, datada Ho Ion Sang, datado de 27 de Abril de 2017, e de 8 de Maio de 2017, e o respectivo Despacho o respectivo Despacho n.º 557/V/2017...... 254 n.º 569/V/2017...... 266

49. Requerimento de interpelação escrita sobre a 61. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- acção governativa, apresentado pela Deputa- ção governativa, apresentado pela Deputada da Kwan Tsui Hang, datado de 2 de Maio de Chan Hong, datado de 10 de Maio de 2017, e o 2017, e o respectivo Despacho n.º 558/V/2017.... 255 respectivo Despacho n.º 570/V/2017...... 266

50. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- 62. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- ção governativa, apresentado pela Deputada ção governativa, apresentado pela Deputada Lei Cheng I, datado de 5 de Maio de 2017, e o Chan Melinda Mei Yi, datado de 27 de Abril de respectivo Despacho n.º 559/V/2017...... 256 2017, e o respectivo Despacho n.º 571/V/2017...... 267

51. Requerimento de interpelação escrita sobre a 63. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- acção governativa, apresentado pelo Deputa- ção governativa, apresentado pelo Deputado do Ng Kuok Cheong, datado de 2 de Maio de Zheng Anting, datado de 28 de Abril de 2017, 2017, e o respectivo Despacho n.º 560/V/2017... 257 e o respectivo Despacho n.º 572/V/2017...... 268

52. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- 64. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- terpelação, apresentada pela Deputada Leong ção governativa, apresentado pelo Deputado On Kei, datada de 16 de Março de 2017, e o Chan Iek Lap, datado de 5 de Maio de 2017, e respectivo Despacho n.º 561/V/2017...... 258 o respectivo Despacho n.º 573/V/2017...... 269 4 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

65. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- 77. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- terpelação, apresentada pelo Deputado Ho pelação, apresentada pelo Deputado Mak Soi Ion Sang, datada de 17 de Março de 2017, e o Kun, datada de 20 de Fevereiro de 2017, e o respectivo Despacho n.º 574/V/2017...... 270 respectivo Despacho n.º 586/V/2017...... 278

66. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- 78. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- terpelação, apresentada pelo Deputado Si Ka terpelação, apresentada pela Deputada Lei Lon, datada de 17 de Março de 2017, e o res- Cheng I, datada de 24 de Fevereiro de 2017, e pectivo Despacho n.º 575/V/2017...... 270 o respectivo Despacho n.º 587/V/2017...... 279

67. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- 79. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- pelação, apresentada pelo Deputado José Ma- terpelação, apresentada pela Deputada Wong ria Pereira Coutinho, datada de 21 de Março de Kit Cheng, datada de 3 de Março de 2017, e o 2017, e o respectivo Despacho n.º 576/V/2017..... 271 respectivo Despacho n.º 588/V/2017...... 280

68. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- 80. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- terpelação, apresentada pela Deputada Lei terpelação, apresentada pela Deputada Kwan Cheng I, datada de 24 de Março de 2017, e o Tsui Hang, datada de 10 de Março de 2017, e o respectivo Despacho n.º 577/V/2017...... 272 respectivo Despacho n.º 589/V/2017...... 283

69. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- 81. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- terpelação, apresentada pela Deputada Lei terpelação, apresentada pela Deputada Chan Cheng I, datada de 30 de Março de 2017, e o Hong, datada de 10 de Março de 2017, e o res- respectivo Despacho n.º 578/V/2017...... 273 pectivo Despacho n.º 590/V/2017...... 284

70. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- 82. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- terpelação, apresentada pelo Deputado Ho ção governativa, apresentado pelo Deputado Ion Sang, datada de 31 de Março de 2017, e o Mak Soi Kun, datado de 11 de Maio de 2017, e respectivo Despacho n.º 579/V/2017...... 273 o respectivo Despacho n.º 591/V/2017...... 285

71. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- 83. Requerimento de interpelação escrita sobre a terpelação, apresentada pela Deputada Wong acção governativa, apresentado pelo Deputa- Kit Cheng, datada de 31 de Março de 2017, e o do Leong Veng Chai, datado de 9 de Maio de respectivo Despacho n.º 580/V/2017...... 274 2017, e o respectivo Despacho n.º 592/V/2017... 286

72. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- 84. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- terpelação, apresentada pela Deputada Kwan ção governativa, apresentado pelo Deputado Tsui Hang, datada de 6 de Abril de 2017, e o Si Ka Lon, datado de 5 de Maio de 2017, e o respectivo Despacho n.º 581/V/2017...... 275 respectivo Despacho n.º 593/V/2017...... 287

73. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- 85. Requerimento de interpelação escrita sobre a terpelação, apresentada pela Deputada Chan acção governativa, apresentado pela Deputada Hong, datada de 7 de Abril de 2017, e o res- Chan Melinda Mei Yi, datado de 11 de Maio de pectivo Despacho n.º 582/V/2017...... 276 2017, e o respectivo Despacho n.º 594/V/2017..... 288

74. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- 86. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- terpelação, apresentada pelo Deputado Leong ção governativa, apresentado pelo Deputado Veng Chai, datada de 26 de Setembro de 2016, Si Ka Lon, datado de 12 de Maio de 2017, e o e o respectivo Despacho n.º 583/V/2017...... 276 respectivo Despacho n.º 595/V/2017...... 288

75. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- 87. Requerimento de interpelação escrita sobre a pelação, apresentada pelo Deputado Ng Kuok acção governativa, apresentado pelo Deputa- Cheong, datada de 9 de Janeiro de 2017, e o do Chan Meng Kam, datado de 2 de Maio de respectivo Despacho n.º 584/V/2017...... 277 2017, e o respectivo Despacho n.º 596/V/2017.... 289

76. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- 88. Requerimento de interpelação escrita sobre a terpelação, apresentada pelo Deputado Zheng acção governativa, apresentado pelo Deputa- Anting, datada de 15 de Fevereiro de 2017, e o do Chan Meng Kam, datado de 10 de Maio de respectivo Despacho n.º 585/V/2017...... 277 2017, e o respectivo Despacho n.º 597/V/2017.... 290 N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 5

89. Requerimento de interpelação oral sobre a acção 101. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- governativa, apresentado pela Deputada Chan terpelação, apresentada pelo Deputado Zheng Melinda Mei Yi, datado de 18 de Abril de Anting, datada de 9 de Março de 2017, e o res- 2017, e o respectivo Despacho n.º 598/V/2017.... 291 pectivo Despacho n.º 610/V/2017...... 302

90. Requerimento de interpelação escrita sobre a 102. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- acção governativa, apresentado pela Deputa- pelação, apresentada pelo Deputado José Maria da Kwan Tsui Hang, datado de 11 de Maio de Pereira Coutinho, datada de 16 de Março de 2017, e o respectivo Despacho n.º 599/V/2017.... 291 2017, e o respectivo Despacho n.º 611/V/2017...... 304 91. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- ção governativa, apresentado pelo Deputado 103. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- Zheng Anting, datado de 11 de Maio de 2017, terpelação, apresentada pelo Deputado Leong e o respectivo Despacho n.º 600V/2017...... 292 Veng Chai, datada de 22 de Março de 2017, e o respectivo Despacho n.º 612/V/2017...... 307 92. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- ção governativa, apresentado pela Deputada Lei Cheng I, datado de 11 de Maio de 2017, e 104. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- o respectivo Despacho n.º 601/V/2017...... 293 pelação, apresentada pelo Deputado Ho Ion Sang, datada de 24 de Março de 2017, e o res- 93. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- pectivo Despacho n.º 613/V/2017...... 310 ção governativa, apresentado pelo Deputado Ho Ion Sang, datado de 12 de Maio de 2017, e 105. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- o respectivo Despacho n.º 602/V/2017...... 294 pelação, apresentada pela Deputada Wong Kit Cheng, datada de 24 de Março de 2017, e o res- 94. Requerimento de interpelação escrita sobre a pectivo Despacho n.º 614/V/2017...... 310 acção governativa, apresentado pelo Deputa- do José Maria Pereira Coutinho, datado de 15 de Maio de 2017, e o respectivo Despacho 106. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- n.º 603/V/2017...... 295 pelação, apresentada pelo Deputado José Maria Pereira Coutinho, datada de 30 de Março de 95. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- 2017, e o respectivo Despacho n.º 615/V/2017...... 312 ção governativa, apresentado pelo Deputado Zheng Anting, datado de 18 de Maio de 2017, 107. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- e o respectivo Despacho n.º 604/V/2017...... 296 pelação, apresentada pelo Deputado José Maria 96. Requerimento de interpelação escrita sobre a Pereira Coutinho, datada de 3 de Abril de 2017, acção governativa, apresentado pelo Deputa- e o respectivo Despacho n.º 616/V/2017...... 314 do Ng Kuok Cheong, datado de 9 de Maio de 2017, e o respectivo Despacho n.º 605/V/2017... 297 108. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- pelação, apresentada pelo Deputado Ng Kuok 97. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- Cheong, datada de 3 de Abril de 2017, e o res- ção governativa, apresentado pela Deputada pectivo Despacho n.º 617/V/2017...... 314 Lei Cheng I, datado de 19 de Maio de 2017, e o respectivo Despacho n.º 606/V/2017...... 297 109. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- 98. Requerimento de interpelação escrita sobre a pelação, apresentada pelo Deputado Zheng An- acção governativa, apresentado pelo Deputa- ting, datada de 6 de Abril de 2017, e o respectivo do Chan Meng Kam, datado de 16 de Maio de Despacho n.º 618/V/2017...... 315 2017, e o respectivo Despacho n.º 607/V/2017.... 298 110. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- 99. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- pelação, apresentada pelo Deputado Mak Soi ção governativa, apresentado pelo Deputado Kun, datada de 12 de Abril de 2017, e o respec- Ng Kuok Cheong, datado de 15 de Maio de tivo Despacho n.º 619/V/2017...... 316 2017, e o respectivo Despacho n.º 608/V/2017... 299

100. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- 111. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- pelação, apresentada pela Deputada Leong On terpelação, apresentada pelo Deputado Zheng Kei, datado de 27 de Janeiro de 2017, e o respec- Anting, datada de 13 de Abril de 2017, e o res- tivo Despacho n.º 609/V/2017...... 300 pectivo Despacho n.º 620/V/2017...... 317 6 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

112. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- 123. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- pelação, apresentada pela Deputada Wong Kit pelação, apresentada pela Deputada Song Pek Cheng, datada de 13 de Abril de 2017, e o res- Kei, datada de 16 de Março de 2017, e o respec- pectivo Despacho n.º 621/V/2017...... 318 tivo Despacho n.º 632/V/2017...... 328

124. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- 113. Requerimento de interpelação escrita sobre a pelação, apresentada pela Deputada Wong Kit acção governativa, apresentado pela Deputada Cheng, datada de 17 de Março de 2017, e o res- Kwan Tsui Hang, datada de 17 de Março de pectivo Despacho n.º 633/V/2017...... 329 2017, e o respectivo Despacho n.º 622/V/2017...... 319 125. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- 114. Requerimento de interpelação escrita sobre a pelação, apresentada pelo Deputado Chan Iek acção governativa, apresentado pelo Depu- Lap, datada de 21 de Março de 2017, e o respec- tado José Maria Pereira Coutinho, datada de tivo Despacho n.º 634/V/2017...... 330 22 de Abril de 2017, e o respectivo Despacho n.º 623/V/2017...... 320 126. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- terpelação, apresentada pelo Deputado Zheng Anting, datada de 28 de Março de 2017, e o res- 115. Requerimento de interpelação escrita sobre a pectivo Despacho n.º 635/V/2017...... 331 acção governativa, apresentado pelo Deputado Au Kam San, datada de 11 de Maio de 2017, e o 127. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- respectivo Despacho n.º 624/V/2017...... 321 pelação, apresentada pelo Deputado Mak Soi Kun, datada de 21 de Março de 2017, e o respec- 116. Requerimento de interpelação escrita sobre a tivo Despacho n.º 636/V/2017...... 332 acção governativa, apresentado pelo Deputado Si Ka Lon, datado de 19 de Maio de 2017, e o 128. Requerimento de interpelação escrita sobre a respectivo Despacho n.º 625/V/2017...... 322 acção governativa, apresentado pela Deputada Wong Kit Cheng, datado de 19 de Maio de 2017, 117. Requerimento de interpelação escrita sobre a e o respectivo Despacho n.º 637/V/2017...... 335 acção governativa, apresentado pelo Deputado 129. Requerimento de interpelação escrita sobre a Mak Soi Kun, datado de 23 de Abril de 2017, e acção governativa, apresentado pelo Deputado o respectivo Despacho n.º 626/V/2017...... 323 Zheng Anting, datado de 25 de Maio de 2017, e o respectivo Despacho n.º 638/V/2017...... 336 118. Requerimento de interpelação oral sobre a acção governativa, apresentado pelo Deputado José 130. Requerimento de interpelação escrita sobre a Maria Pereira Coutinho, datado de 3 de Abril acção governativa, apresentado pelo Deputado de 2017, e o respectivo Despacho n.º 627/V/2017.. 324 Ho Ion Sang, datado de 26 de Maio de 2017, e o respectivo Despacho n.º 639/V/2017...... 337 119. Requerimento de interpelação escrita sobre a 131. Despacho n.º 640/V/2017, respeitante ao rejeito acção governativa, apresentado pela Deputada liminarmente o projecto de lei intitulado “Nor- Wong Kit Cheng, datado de 12 de Maio de 2017, ma interpretativa do Decreto-Lei n.º 33/81/M”, e o respectivo Despacho n.º 628/V/2017...... 324 apresentada pelo Deputado José Maria Pereira Coutinho...... 338 120. Requerimento de interpelação escrita sobre a acção governativa, apresentado pela Deputada 132. Requerimento de interpelação escrita sobre a Leong On Kei, datado de 19 de Maio de 2017, e acção governativa, apresentado pelo Deputado o respectivo Despacho n.º 629/V/2017...... 325 Chan Meng Kam, datado de 23 de Maio de 2017, e o respectivo Despacho n.º 641/V/2017...... 342 121. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- 133. Requerimento de interpelação escrita sobre a ção governativa, apresentado pelo Deputado Ng acção governativa, apresentado pelo Deputado Kuok Cheong, datado de 23 de Abril de 2017, e Mak Soi Kun, datado de 18 de Maio de 2017, e o o respectivo Despacho n.º 626/V/2017...... 326 respectivo Despacho n.º 642/V/2017...... 343

122. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- 134. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- pelação, apresentada pela Deputada Lei Cheng terpelação, apresentada pela Deputada Chan I, datada de 3 de Março de 2017, e o respectivo Hong, datada de 13 de Fevereiro de 2017, e o Despacho n.º 631/V/2017...... 327 respectivo Despacho n.º 643/V/2017...... 343 N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 7

135. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- 138. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- pelação, apresentada pelo Deputado Mak Soi terpelação, apresentada pelo Deputado Chan Kun, datada de 16 de Março de 2017, e o respec- Meng Kam, datada de 3 de Abril de 2017, e o tivo Despacho n.º 644/V/2017...... 344 respectivo Despacho n.º 647/V/2017...... 347

136. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- pelação, apresentada pelo Deputado Ng Kuok 139. Requerimento Deputada Lei Chen I, datado de Cheong, datada de 20 de Março de 2017, e o res- 25 de Abril de 2017, referente à convocação de pectivo Despacho n.º 645/V/2017...... 345 uma reunião plenária para debater o assunto 137. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- “O Governo deve iniciar imediatamente os pelação, apresentada pelo Deputado Chan Iek concursos para habitações sociais, bem como Lap, datada de 11 de Abril de 2017, e o respecti- implementar um mecanismo permanente de vo Despacho n.º 646/V/2017...... 346 candidatura para esse tipo de habitação.”...... 348 8 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

1. Texto aprovado da proposta de lei intitulada “Alte- pecíficas próprias de um ou mais serviços públicos mas, ração à Lei n.º 14/2009 – Regime das carreiras dos traba- neste caso, com caracterização do respectivo conteúdo lhadores dos serviços públicos”. funcional, exigência de capacidades e competências, de- senvolvimento da carreira, requisitos habilitacionais ou REGIÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL DE MACAU profissionais essencialmente iguais aos das carreiras das áreas de actividade comuns do nível em que se inserem; Lei n.º /2017 2) «Carreira especial», a que corresponde a funções Alteração à Lei n.º 14/2009 - Regime das carreiras dos específicas de um ou mais serviços públicos, e que, ten- trabalhadores dos serviços públicos do em conta a avaliação geral da especialidade do res- pectivo conteúdo funcional, dos requisitos de ingresso, A Assembleia Legislativa decreta, nos termos da alínea do desenvolvimento da carreira, dos requisitos habilita- 1) do artigo 71.º da Lei Básica da Região Administrativa cionais ou profissionais e da exigência de capacidades e Especial de Macau, para valer como lei, o seguinte: competências, difere claramente da carreira geral;

3) [...]; Artigo 1.º Alteração à Lei n.º 14/2009 4) [...];

5) [...]; Os artigos 1.º, 2.º, 5.º, 6.º, 7.º, 8.º, 9.º, 10.º, 11.º, 12.º, 14.º, 18.º, 20.º, 27.º, 28.º, 31.º e 52.º da Lei n.º 14/2009, alterada 6) [...]; pela Lei n.º 12/2015, passam a ter a seguinte redacção: 7) [...];

«Artigo 1.º 8) [...]; Objecto e âmbito 9) [...]; 1. [...]. 10) [...]; 2. O regime das carreiras é aplicável aos trabalha- dores providos em regime de nomeação provisória ou 11) [...]; definitiva, nomeação em comissão de serviço, contrato administrativo de provimento e contrato individual de 12) [...]. trabalho nos serviços públicos da RAEM.

3. [...]. Artigo 5.º Habilitação académica 4. Salvo disposição em contrário, o regime das carrei- ras não é aplicável aos trabalhadores providos: 1. As habilitações académicas necessárias ao exercí- cio de funções públicas para os grupos de pessoal dos 1) [...]; níveis 1 a 5 são as constantes do mapa 2 do anexo I à presente lei e devem ser adequadas ao exercício dessas 2) [...]; funções. 3) [...]; 2. Salvo disposição em contrário, as habilitações aca- 4) [...]; démicas necessárias ao exercício de funções públicas para o grupo de pessoal do nível 6 devem ser adequadas 5) [...]. ao exercício dessas funções e são as seguintes:

5. [...]. 1) Licenciatura ou equiparada;

2) Mestrado ou doutoramento que corresponda a um Artigo 2.º ciclo de estudos integrados que não confira grau de li- Definições cenciatura.

[...]: 3. Pode ser provido em carreira de nível inferior quem detenha habilitação académica de nível superior à exigi- 1) «Carreira geral», a que corresponde a áreas de ac- da para o exercício de funções nessa carreira, desde que tividade comuns dos serviços públicos ou a funções es- a área de especialização dessa habilitação seja consi- N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 9

derada adequada pelo júri do concurso ou pelo serviço 1) Em regime de contrato administrativo de provi- público, consoante o caso, às funções a exercer. mento, tratando-se de não funcionários, sendo remune- rados pelo índice correspondente ao previsto para o 1.º 4. [Anterior n.º 2]. escalão do grau 1 da respectiva carreira, diminuído de 20 pontos da tabela indiciária; 5. Nos casos legalmente previstos, para além da habi- litação académica pode ser exigida, também, habilita- 2) [...]. ção profissional. 4. [...].

Artigo 6.º Habilitação profissional Artigo 8.º Experiência profissional 1. [...]. 1. [...]. 2. [...]. 2. [...].

3. [...]. 3. A experiência profissional demonstra-se por do- cumento emitido pela entidade empregadora onde foi 4. [...]. obtida podendo, em casos excepcionais devidamente fundamentados, o júri do concurso ou o serviço público, 5. A duração dos cursos de formação exigíveis para consoante o caso, aceitar outro documento comprovati- efeitos de ingresso na carreira é fixada no aviso de aber- vo idóneo. tura do concurso de avaliação de competências profis- sionais ou funcionais. 4. Podem ser adoptadas as medidas necessárias para a verificação da autenticidade dos documentos referidos no número anterior. Artigo 7.º Estágio 5. A experiência profissional exigível para efeitos do n.º 2 é fixada no aviso de abertura do concurso de avaliação 1. [...]. de competências profissionais ou funcionais.

2. [...]: Artigo 9.º 1) [...]; Domínio de línguas

2) A admissão ao estágio faz-se de acordo com o esta- Quando a natureza das funções o imponha, pode ser belecido no concurso de avaliação de competências pro- exigido no aviso de abertura do concurso de avaliação fissionais ou funcionais do regime de gestão uniformi- de competências profissionais ou funcionais o conheci- zada, a que podem ser admitidos candidatos em número mento de outras línguas que não sejam as línguas ofi- determinado, ainda que superior às vagas a preencher; ciais. 3) [...];

Artigo 10.º 4) [...]; Concursos 5) Há lugar a recurso da lista classificativa, nos ter- mos estabelecidos para a lista de classificação final no 1. Salvo disposição em contrário, os concursos são o concurso de avaliação de competências profissionais ou processo normal e obrigatório de recrutamento e selec- funcionais do regime de gestão uniformizada; ção dos trabalhadores em regime de contrato adminis- trativo de provimento e do quadro. 6) [...]; 2. Em casos devidamente fundamentados ou quando 7) O estágio mantém-se válido durante 2 anos, a con- a urgência do recrutamento o justifique, os concursos tar da data da publicação da lista classificativa, para podem ser dispensados no recrutamento de trabalhado- efeitos de provimento dos candidatos aprovados que res em regime de contrato administrativo de provimen- excedam o número de vagas publicitadas. to, mediante autorização do Chefe do Executivo.

3. [...]: 3. [...]: 10 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

1) A publicitação da oferta de trabalho, com a indica- 5. O disposto no número anterior aplica-se às carrei- ção dos requisitos gerais e especiais de provimento, no ras especiais cujo ingresso possa ser feito em diversos concurso de avaliação de competências profissionais ou graus da carreira. funcionais; 6. A experiência profissional a que se refere o n.º 4 2) [...]; deve corresponder ao tempo de serviço mínimo legal- mente exigível para acesso ao grau e progressão ao es- 3) [...]; calão da vaga a preencher.

4) [...]; 7. [Anterior n.º 6]. 5) [...].

4. O ingresso é feito através do regime de gestão uni- Artigo 14.º formizada, o qual consiste, em regra, na realização dos Acesso seguintes concursos: 1. O acesso a grau superior de cada carreira depende 1) De avaliação de competências integradas; da permanência no grau imediatamente inferior da car- reira, com a seguinte avaliação do desempenho: 2) De avaliação de competências profissionais ou fun- cionais. 1) [...];

5. Em situações especiais, previstas em diploma pró- 2) [...]. prio, o concurso a que se refere a alínea 1) do número anterior pode ser dispensado. 2. Nas carreiras de dotação global, a mudança de ca- 6. Os concursos a que se refere a alínea 2) do n.º 4 po- tegoria dos trabalhadores do quadro e dos trabalhado- dem ser externos ou internos, consoante sejam abertos res providos em contrato administrativo de provimento a todos os interessados ou apenas aos trabalhadores dos reporta-se à data da publicação no Boletim Oficial da serviços públicos, respectivamente. RAEM do respectivo extracto de despacho.

3. Os serviços públicos devem dar início ao procedi- Artigo 11.º mento de acesso de forma a que o despacho de autori- Regime de gestão uniformizada zação de mudança de categoria seja publicado no prazo máximo de 90 dias a contar da data da verificação dos O regime de gestão uniformizada dos processos de requisitos legalmente previstos. recrutamento e selecção para ingresso e a entidade competente para o efeito constam de diplomas comple- 4. A autorização de mudança de categoria a que se mentares. refere o número anterior é da competência do dirigente máximo do serviço público.

Artigo 12.º 5. Estão sujeitas a concurso de acesso as carreiras Ingresso com dotações próprias para cada grau ou categoria, e as carreiras especiais quando tal seja expressamente pre- 1. O ingresso nas carreiras faz-se através do regime visto no seu regime. de gestão uniformizada a que se refere o n.º 4 do artigo 10.º e de aproveitamento em estágio, nos casos em que 6. O procedimento e o concurso de acesso a que se re- este for exigido, observados os requisitos gerais e espe- ferem os números anteriores são regulados em diploma ciais de provimento. complementar.

2. O ingresso de trabalhadores em regime de contrato 7. O concurso a que se refere o n.º 5 deve ser aberto administrativo de provimento pode ser apenas prece- no prazo de 90 dias sempre que haja trabalhador que re- dido de concurso documental, em casos devidamente úna os requisitos para o acesso, caso se trate de carreira fundamentados, mediante autorização do Chefe do de dotação global ou existam vagas. Executivo.

3. [...]. 8. O disposto no presente artigo não prejudica as re- gras próprias de acesso estabelecidas para as carreiras 4. [...]. especiais. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 11

Artigo 18.º Artigo 28.º Carreiras com diversas áreas funcionais Letrado

1. [...]. 1. [...].

2. [...]. 2. [...]:

3. As áreas funcionais e a descrição do respectivo 1) No grau 1, de entre indivíduos habilitados com cur- conteúdo funcional devem constar do aviso de abertura so superior em línguas, ou outra habilitação do mesmo do concurso de avaliação de competências profissionais nível adequada ao exercício das funções; ou funcionais. 2) No grau 3, de entre indivíduos com a habilitação a que se refere o n.º 2 do artigo 5.º em línguas, ou outra Artigo 20.º habilitação do mesmo nível adequada ao exercício das Criação de carreiras especiais funções.

1. [...]: Artigo 31.º 1) [...]; Meteorologista

2) Especialidade do conteúdo funcional, da área fun- 1. [...]. cional, dos requisitos de ingresso, do desenvolvimento da carreira, dos requisitos habilitacionais ou profissio- 2. [...]: nais, e da exigência de capacidades e competências; 1) [...]; 3) [...]. 2) Indivíduos com a habilitação a que se refere o n.º 2 2. [...]. do artigo 5.º em meteorologia;

3) Indivíduos com a habilitação a que se refere o n.º 2 Artigo 27.º do artigo 5.º e curso de formação para meteorologista Intérprete-tradutor ou experiência profissional adequada.

3. O acesso ao grau 4 está condicionado à posse de 1. [...]. uma das habilitações a que se referem as alíneas 2) e 3) 2. [...]: do número anterior.

1) No grau 1, de entre indivíduos habilitados com cur- so superior de tradução e interpretação ou línguas, ou Artigo 52.º com qualquer outro curso superior e curso de formação; Secretariado

2) No grau 2, de entre indivíduos com a habilitação 1. As funções de secretariado são exercidas por desig- a que se refere o n.º 2 do artigo 5.º em tradução e inter- nação do dirigente máximo do serviço público, de entre pretação ou línguas, ou em qualquer outra área e curso trabalhadores inseridos em carreiras gerais ou especiais de formação; cujos índices estejam compreendidos nos das carreiras do nível 3 e seguintes, constantes do mapa 2 do anexo I 3) No grau 3, de entre indivíduos com qualquer das à presente lei. habilitações referidas nas alíneas anteriores, acrescida de outra habilitação adequada, de nível igual ao da ha- 2. [...]. bilitação a que se refere o n.º 2 do artigo 5.º, a referen- ciar no aviso de abertura do concurso de avaliação de 3. [...].» competências profissionais ou funcionais.

3. [...]. Artigo 2.º Alteração de mapas anexos à Lei n.º 14/2009 4. [...]. Os mapas 2, 14, 15 e 19 do anexo I à Lei n.º 14/2009 são 5. O acesso ao grau 6 está condicionado à posse da substituídos pelos mapas com os mesmos números, constan- habilitação a que se refere o n.º 2 do artigo 5.º. tes do anexo à presente lei, da qual faz parte integrante. 12 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Artigo 3.º 2. [...]. Alteração ao Estatuto dos Trabalhadores da Administra- ção Pública de Macau 3. [...].»

Os artigos 36.º e 158.º do Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau, aprovado pelo Decreto- Artigo 4.º -Lei n.º 87/89/M, de 21 de Dezembro, e alterado pelos De- Transição de pessoal cretos-Leis n.º 37/91/M, de 8 de Junho, n.º 1/92/M, de 6 de Janeiro, n.º 70/92/M, de 21 de Setembro, n.º 80/92/M, de 21 O pessoal inserido na carreira de controlador de tráfe- de Dezembro, n.º 2/93/M, de 18 de Janeiro, n.º 12/95/M, de go marítimo, na carreira de hidrógrafo e na carreira de to- 27 de Fevereiro, n.º 17/95/M, de 10 de Abril, n.º 23/95/M, de pógrafo transita para a mesma carreira, grau ou categoria e 1 de Junho, n.º 62/98/M, de 28 de Dezembro, e n.º 89/99/M, escalão a que corresponde a nova estrutura salarial, sendo- de 29 de Novembro, pelas Leis n.º 11/92/M, de 17 de Agos- -lhe contado todo o tempo de serviço prestado na categoria to, n.º 16/2001, n.º 17/2001, n.º 8/2004, n.º 14/2009, n.º 4/2010, e escalão em que se encontra para efeitos de acesso e pro- n.º 2/2011, n.º 1/2014 e n.º 12/2015 e pelo Regulamento Ad- gressão. ministrativo n.º 31/2004, passam a ter a seguinte redacção:

Artigo 5.º «Artigo 36.º Disposição transitória relativa à mudança de categoria (Exigência) 1. A mudança de categoria dos trabalhadores cujos 1. [...]: concursos de acesso tenham sido abertos antes da data da entrada em vigor da presente lei segue os seus trâmites até a) [...]; ao final.

b) [...]; 2. Para efeitos do disposto no número anterior aplica- -se a lei em vigor à data do preenchimento dos requisitos de c) [...]; acesso.

d) Provimento em categoria de acesso resultante de 3. Os procedimentos relativos à mudança de categoria promoção precedida de concurso. dos trabalhadores que preencham os requisitos para o efei- to, mas cujos concursos não tenham sido abertos à data da 2. [...]. entrada em vigor da presente lei, devem ser efectuados de forma a que o despacho de autorização de mudança de ca- 3. [...]. tegoria seja publicado no prazo máximo de 90 dias a contar daquela data. 4. [...]. 4. O disposto no número anterior aplica-se à mudança 5. [...]. de categoria dos trabalhadores inseridos em carreiras de dotação global ou em carreiras especiais que não tenham 6. [...]. regras próprias de acesso ou dotações próprias para cada grau ou categoria.

Artigo 158.º (Antiguidade) Artigo 6.º Entrada em vigor

1. [...]: A presente lei entra em vigor 90 dias após a data da sua publicação. a) [...];

b) [...]; Aprovada em 11 de Maio de 2017.

c) Da data de publicação no Boletim Oficial da O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. RAEM do extracto de despacho relativo à mudança de categoria, quando não haja lugar a posse; Assinada em de de 2017.

d) [Anterior alínea c)]; Publique-se.

e) [Anterior alínea d)]. O Chefe do Executivo, Chui Sai On. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 13 - - Habilitações Habilitação a que o n.º se refere 2 do artigo 5.º Curso supe riorde bacha relato 10.º 9.º 8.º 7.º 6.º 5.º Escalão 4.º 735 620 Índice vencimento de 3.º 710 535 545 650 590 490 390 480 440 600 2.º 510 455 470 370 525 625 565 420 580 685 1.º 450 350 430 505 560 540 485 660 600 400 Categoria Assessor principal Assessor Principal 1.ª classe 2.ª classe Especialista principal Especialista Principal 1.ª classe 2.ª classe 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 Grau Mapa 2 ANEXO Carreira

- Técnico superior - Médico veterinário - Técnico (a que se referem o artigo 17.º e o n.º 2 do artigo 2 do e o n.º 55.º) o artigo se que referem 17.º (a Nível 6 5 - - - - funcional Caracterização genérica do conteúdo tudo, concepção e adaptação de métodos e processos científico-técnicos, de âmbito geral especializado, ou executadas com au tonomia e responsabilidade, tendo vista em informar decisão a superior, requerendo uma especialização e formação básica do 2 do artigo o n.º se a que nível refere 5.º. responsabilidade,tonomia e enquadradas em planificação estabelecida, requerendo uma especialização e conhecimentos pro fissionais adquiridos de através habilitação académica de de nível bacharelato. Funções es consultivas, investigação, de Funções de estudo e aplicação de métodos e processos de natureza técnica, com au

pessoal Técnico Técnico

superior Grupo de

Funções Concepção Aplicação 14 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 - - - - Habilitações Ensino primário, e habilitação profissional ou experiên cia profissio nal Ensino pri mário Ensino secundário complemen tar Ensino secundário geral 240 300 10.º 9.º 220 280 8.º 260 200 7.º 180 240 6.º 160 220 5.º Escalão 150 200 4.º 140 180 495 385 Índice vencimento de 3.º 170 335 370 255 430 330 130 290 290 380 220 480 2.º 415 355 160 275 315 275 365 320 120 465 205 240 1.º 110 450 350 195 150 345 305 265 305 260 230 400 — — Categoria Especialista principal Especialista Principal 1.ª classe 2.ª classe Especialista principal Especialista Principal 1.ª classe 2.ª classe 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 Grau - - - - Carreira

- Adjunto-técnico- - Assistente de relações pú blicas - Inspector de veículos - Examinador de condução - Operário qualificado - Auxiliar - - Assistente técnico adminis trativo de- Agente censos e inquéri tos - Fotógrafo e operador de meios audiovisuais - Operador de fotocomposi ção - Oficialexploração de postal Nível 4 2 1 3 ------funcional Caracterização genérica do conteúdo tação de métodos e processos, enquadradas em directivas bem definidas, exigindo co nhecimentos técnicos, teóricos e práticos obtidos através de habilitação literária de do ensinonível secundário complementar. Funçõesde natureza executivade aplicação técnica com base conhecimento no adap ou tivas e de reparação ou manutenção, com enqua variáveis, complexidade de graus dradas instruções em gerais bem definidas, requerendohabilitação profissional ou res pectiva experiência de trabalho. Funções de natureza executiva de carácter manual mecânico, ou de actividades produ Funções de natureza executiva simples,física material, ou com tarefas diversas nor malmente não especificadas, exigindo co nhecimentos de prática ordem susceptíveis de serem aprendidos local no de trabalho. Funçõesde natureza executivade aplicação técnica com base no estabelecimento ou adaptação de métodos e processos, enqua dradas instruções em gerais e procedimen tos bem definidos,executa ou tarefas com certo grau de complexidade, relativas a uma maisou áreas de actividade administrativa, designadamente contabilidade, pessoal, economato e património,arquivo e expe diente, requerendo habilitação literária de do ensinonível secundário geral. apoio pessoal

Operário

Grupo de Técnico de

Funções Execução Execução N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 15

Mapa 14 2. Texto aprovado da proposta de lei intitulada “Lei de (a que se refere o n.º 1 do artigo 37.º) execução da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Controlador de tráfego marítimo Extinção”.

REGIÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL DE MACAU Escalão Grau Categoria Lei n.º /2017 1.º 2.º 3.º 4.º Lei de execução da Convenção sobre o Comércio 5 Especialista principal 470 485 500 515 Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens 4 Especialista 420 435 450 — Ameaçadas de Extinção

3 Principal 370 385 400 — A Assembleia Legislativa decreta, nos termos da alínea 2 1.ª classe 325 340 355 — 1) do artigo 71.º da Lei Básica da Região Administrativa Especial de Macau, para valer como lei, o seguinte: 1 2.ª classe 280 295 310 —

CAPÍTULO I Disposições gerais

Mapa 15 Artigo 1.º (a que se refere o n.º 1 do artigo 38.º) Objecto

Hidrógrafo A presente lei estabelece as medidas necessárias à execução da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Escalão Extinção na Região Administrativa Especial de Macau, do- Grau Categoria 1.º 2.º 3.º 4.º ravante designada por RAEM.

5 Especialista principal 470 485 500 515 Artigo 2.º 4 Especialista 420 435 450 — Definições

3 Principal 370 385 400 — Para efeitos da presente lei, entende-se por: 2 1.ª classe 325 340 355 — 1) «Convenção», a Convenção sobre o Comércio Inter- 1 2.ª classe 280 295 310 — nacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Amea- çadas de Extinção, assinada em Washington em 3 de Março de 1973;

2) «Apêndices», os apêndices que fazem parte integran- Mapa 19 te da Convenção, designadamente: (a que se refere o n.º 2 do artigo 42.º) (1) Apêndice I, que inclui as espécies ameaçadas de ex- tinção que são ou poderão ser afectadas pelo comércio dos Topógrafo espécimes dessas espécies;

(2) Apêndice II, que inclui: Escalão Grau Categoria i) As espécies que, apesar de actualmente não estarem 1.º 2.º 3.º 4.º ameaçadas de extinção, poderão vir a estar se o comércio 5 Especialista principal 470 485 500 515 dos espécimes dessas espécies não estiver sujeito a regu- lamentação estrita que evite uma exploração incompatível 4 Especialista 420 435 450 — com a sua sobrevivência; 3 Principal 370 385 400 — ii) Outras espécies que devem ser objecto de regula- 2 1.ª classe 325 340 355 — mentação, a fim de tornar eficaz o controlo do comércio dos espécimes das espécies a que se refere a sub-subalínea an- 1 2.ª classe 280 295 310 — terior; 16 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

(3) Apêndice III, que inclui as espécies autóctones de movam a circulação dos mesmos, seja por compra e venda, uma Parte, que esta considere necessário impedir ou res- doação, aluguer, empréstimo ou troca; tringir a respectiva exploração; 13) «Possuidor ou detentor», qualquer pessoa, singular 3) «Espécie», qualquer espécie ou subespécie de um ou colectiva, que tenha em seu poder a qualquer título espé- animal ou planta, ou uma das suas populações geografica- cimes das espécies incluídas nos apêndices da Convenção, mente isoladas; com ou sem fins comerciais;

4) «Espécime»: 14) «Instituições científicas», os centros de investigação, laboratórios, museus, estabelecimentos de ensino ou outras (1) Qualquer animal ou planta, vivo ou morto; entidades que possuam ou detenham espécimes das espé- cies incluídas nos apêndices da Convenção para fins científi- (2) Qualquer parte ou produto derivado de um animal, cos ou educativos. facilmente identificável, para as espécies incluídas nos apên- dices I e II e, para as espécies incluídas no apêndice III, qualquer parte ou produto derivado de um animal, facil- Artigo 3.º mente identificável, quando mencionado neste apêndice; Princípio da unidade

(3) Qualquer parte ou produto derivado de uma planta, 1. Os apêndices da Convenção consideram-se como fa- facilmente identificável, para as espécies incluídas no apên- zendo parte integrante da presente lei. dice I e, para as espécies incluídas nos apêndices II e III, qualquer parte ou derivado de uma planta, facilmente iden- 2. Os apêndices são emendados nos termos previstos na tificável, quando mencionado nestes apêndices; Convenção e vigoram na RAEM a partir da data da sua pu- blicação no Boletim Oficial da Região Administrativa Espe- 5) «Objectos pessoais ou de uso doméstico», os espéci- cial de Macau e enquanto vincularem internacionalmente a mes mortos e suas partes ou produtos derivados, que sejam República Popular da China. propriedade de um particular e que constituam ou se desti- nem a constituir parte dos seus bens e objectos habituais; 3. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a in- terpretação da presente lei deve ser feita de acordo com a 6) «Comércio externo», a importação, a introdução pro- Convenção e com os documentos da Conferência das Partes veniente do mar, a exportação e a reexportação de espéci- concretizando o seu sentido, aplicando-se o disposto na mes abrangidos pela presente lei; Convenção aos casos omissos.

7) «Reexportação», a saída da RAEM de qualquer es- pécime que tenha sido previamente importado; Artigo 4.º Princípios gerais 8) «Introdução proveniente do mar», o transporte para a RAEM de qualquer espécime proveniente directamente 1. O comércio externo, o comércio local, a posse, a de- de um meio marinho não abrangido pela jurisdição de ne- tenção e o transporte de espécimes das espécies incluídas nhum Estado; nos apêndices da Convenção estão sujeitos aos condiciona- mentos previstos na presente lei. 9) «Trânsito», a passagem pela RAEM de espécimes que estejam a ser remetidos para um destinatário devida- 2. Os actos previstos no número anterior respeitantes mente identificado fora do seu território e que permaneçam a espécimes das espécies incluídas no apêndice I só podem sob controlo alfandegário, quando a interrupção do trajecto ser autorizados em circunstâncias excepcionais, de modo a seja imposta por necessidades inerentes ao meio de trans- não pôr ainda mais em perigo a sobrevivência das respecti- porte utilizado; vas espécies.

10) «Criação em cativeiro», os animais, incluindo ovos, 3. O transporte de espécimes vivos deve efectuar-se em que tenham nascido ou sido de qualquer outro modo produ- condições que assegurem o seu bem-estar, evitando quais- zidos em meio controlado; quer riscos de ferimentos, doenças ou maus tratos.

11) «Reprodução artificial», as plantas que possam ser 4. O disposto na presente lei é aplicável ao comércio ex- desenvolvidas a partir de sementes, estacas, esporos ou ou- terno de espécimes das espécies incluídas nos apêndices da tros materiais de reprodução; Convenção mesmo que os Estados de importação, exporta- ção ou reexportação não sejam Partes da Convenção. 12) «Criadores ou viveiristas», as pessoas, singulares ou colectivas, que procedam à reprodução artificial de espéci- 5. As disposições da presente lei não prejudicam a mes das espécies incluídas nos apêndices II e III e que pro- aplicação da legislação em vigor em matéria de gestão de N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 17 animais ou de controlo sanitário, fitossanitário ou de qua- Artigo 7.º rentena de plantas e animais. Importação de espécies incluídas no apêndice II

1. A importação de espécimes das espécies incluídas no CAPÍTULO II apêndice II está sujeita à apresentação, na fronteira adua- Comércio externo neira de entrada na RAEM, dos certificados referidos no n.º 1 do artigo anterior. SECÇÃO I Disposição geral 2. A emissão do certificado de importação para as es- pécies incluídas no apêndice II depende da verificação dos Artigo 5.º requisitos referidos nas alíneas 2) e 3) do n.º 2 do artigo an- Proibição geral terior.

1. É proibido o comércio externo de espécimes das es- pécies incluídas nos apêndices da Convenção quando não Artigo 8.º acompanhado dos certificados referidos no presente capítulo. Importação de espécies incluídas no apêndice III 2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, a im- 1. A importação de espécimes das espécies incluídas no portação, a exportação e a reexportação de espécimes das apêndice III está sujeita à apresentação, na fronteira adua- espécies incluídas nos apêndices da Convenção estão sujei- neira de entrada na RAEM, de: tas à apresentação das respectivas licenças, nos termos da regulamentação complementar à presente lei. 1) Certificado de importação emitido pela autoridade administrativa da RAEM; SECÇÃO II Importação 2) Certificado de origem emitido, nos termos da Con- venção, por autoridade administrativa do país de exporta- Artigo 6.º ção, ou um dos seguintes certificados: Importação de espécies incluídas no apêndice I (1) Certificado de exportação emitido, nos termos da 1. A importação de espécimes das espécies incluídas no Convenção, por autoridade administrativa do país de expor- apêndice I está sujeita à apresentação, na fronteira aduanei- tação, no caso de uma importação proveniente de uma Par- ra de entrada na RAEM, de: te que tenha inscrito a respectiva espécie no apêndice III;

1) Certificado de importação emitido pela autoridade (2) Certificado emitido, nos termos da Convenção, por administrativa da RAEM; autoridade administrativa do país de reexportação, compro- vando que o espécime foi aí transformado de acordo com o 2) Certificado de exportação ou de reexportação emiti- disposto na Convenção. do, nos termos da Convenção, por autoridade administrati- va do país de exportação ou reexportação. 2. A emissão do certificado de importação referido na alínea 1) do número anterior depende da verificação do re- 2. A emissão do certificado de importação referido na quisito previsto na alínea 3) do n.º 2 do artigo 6.º. alínea 1) do número anterior depende da verificação cumu- lativa dos seguintes requisitos: SECÇÃO III 1) Obtenção de parecer da autoridade científica, consi- Introdução proveniente do mar derando que a importação não prejudica a sobrevivência da espécie; Artigo 9.º 2) Apresentação pelo requerente de certificado de ex- Espécies incluídas nos apêndices I e II portação ou de reexportação, ou respectiva cópia, emitidos nos termos da Convenção, por autoridade administrativa do 1. A introdução proveniente do mar de um espécime país de exportação ou reexportação; das espécies incluídas no apêndice I está sujeita à emis- são de um certificado pela autoridade administrativa da 3) Posse pelo destinatário de instalações consideradas RAEM, a qual depende da verificação cumulativa dos se- apropriadas pela autoridade administrativa, para alojar e guintes requisitos: tratar cuidadosamente os espécimes vivos; 1) Obtenção de parecer da autoridade científica, con- 4) Apresentação de prova pelo requerente de que o es- siderando que a introdução da espécie não prejudica a sua pécime não é utilizado para fins essencialmente comerciais. sobrevivência; 18 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

2) Posse pelo destinatário de instalações consideradas neira de saída da RAEM, de um certificado de exportação apropriadas pela autoridade administrativa, para alojar e emitido pela autoridade administrativa da RAEM. tratar cuidadosamente os espécimes vivos; 2. A emissão do certificado de exportação referido no 3) Apresentação de prova pelo requerente de que o es- número anterior depende da verificação do requisito referi- pécime não é utilizado para fins essencialmente comerciais. do na alínea 2) do n.º 2 do artigo 10.º.

2. A introdução proveniente do mar de um espécime das espécies incluídas no apêndice II está sujeita à emis- são de um certificado pela autoridade administrativa da SECÇÃO V RAEM, a qual depende da verificação cumulativa dos re- Reexportação quisitos referidos nas alíneas 1) e 2) do número anterior.

Artigo 13.º SECÇÃO IV Reexportação de espécies incluídas no apêndice I Exportação

1. A reexportação de espécimes das espécies incluídas Artigo 10.º no apêndice I está sujeita à apresentação, na fronteira adu- Exportação de espécies incluídas no apêndice I aneira de saída da RAEM, de um certificado de reexporta- ção emitido pela autoridade administrativa da RAEM. 1. A exportação de espécimes das espécies incluídas no apêndice I está sujeita à apresentação, na fronteira adua- 2. A emissão do certificado de reexportação referido neira de saída da RAEM, de um certificado de exportação no número anterior depende da apresentação de prova pelo emitido pela autoridade administrativa da RAEM. requerente de que: 2. A emissão do certificado de exportação referido no número anterior depende da verificação cumulativa dos se- 1) A importação do espécime para a RAEM foi feita guintes requisitos: em conformidade com as disposições da presente lei e da Convenção; 1) Obtenção de parecer da autoridade científica da RAEM, considerando que a exportação não prejudica a so- 2) Os espécimes vivos são acondicionados e transporta- brevivência da espécie; dos de forma a evitar riscos de ferimentos, doenças ou maus tratos; 2) Apresentação de prova pelo requerente de que os es- pécimes vivos são acondicionados e transportados de forma 3) Foi emitido um certificado de importação para os a evitar riscos de ferimentos, doenças ou maus tratos; espécimes vivos por autoridade administrativa do país de importação. 3) Apresentação de prova pelo requerente de que foi emitido um certificado de importação para o espécime em causa por autoridade administrativa do país de importação. Artigo 14.º Reexportação de espécies incluídas no apêndice II Artigo 11.º Exportação de espécies incluídas no apêndice II 1. A reexportação de espécimes das espécies incluídas 1. A exportação de espécimes das espécies incluídas no no apêndice II está sujeita à apresentação, na fronteira adu- apêndice II está sujeita à apresentação, na fronteira adua- aneira de saída da RAEM, de um certificado de reexporta- neira de saída da RAEM, de um certificado de exportação ção emitido pela autoridade administrativa da RAEM. emitido pela autoridade administrativa da RAEM. 2. A emissão do certificado de reexportação referido no 2. A emissão do certificado de exportação referido no número anterior depende da verificação dos requisitos refe- número anterior depende da verificação dos requisitos refe- ridos nas alíneas 1) e 2) do n.º 2 do artigo 10.º. ridos nas alíneas 1) e 2) do n.º 2 do artigo anterior.

Artigo 15.º Artigo 12.º Reexportação de espécies incluídas no apêndice III Exportação de espécies incluídas no apêndice III

1. A exportação de espécimes das espécies incluídas no 1. A reexportação de espécimes das espécies incluídas apêndice III está sujeita à apresentação, na fronteira adua- no apêndice III está sujeita à apresentação, na fronteira adu- N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 19 aneira de saída da RAEM, de um certificado de reexporta- Artigo 17.º ção emitido pela autoridade administrativa da RAEM. Objectos pessoais ou de uso doméstico

2. A emissão do certificado de reexportação referido no 1. A isenção prevista na alínea 4) do artigo anterior número anterior depende da verificação do requisito referi- aplica-se aos espécimes que tenham sido legalmente adqui- do na alínea 2) do n.º 2 do artigo 10.º. ridos, com fins não comerciais, e que, aquando da importa- ção, exportação ou reexportação:

1) Sejam usados, transportados ou incluídos na baga- SECÇÃO VI gem pessoal do respectivo proprietário, possuidor ou deten- Excepções tor; ou

2) Façam parte dos bens que acompanham a mudança Artigo 16.º de domicílio do respectivo proprietário, possuidor ou deten- Isenção de licenças e certificados tor.

O comércio externo de espécimes das espécies incluídas 2. A isenção prevista na alínea 4) do artigo anterior não nos apêndices da Convenção não carece da obtenção das se aplica, em caso algum, aos espécimes das espécies incluí- licenças referidas no n.º 2 do artigo 5.º e dos certificados re- das: feridos nas secções anteriores, nos seguintes casos: 1) No apêndice I; 1) Trânsito de espécimes, sem prejuízo da possibilida- de de verificação da existência do respectivo certificado de 2) No apêndice II, quando adquiridos pelo proprietário, exportação ou reexportação, emitido por autoridade admi- possuidor ou detentor num Estado, que não o da sua resi- nistrativa do país de exportação ou reexportação, com indi- dência habitual, e que tenham sido capturados ou recolhi- cação do destinatário final dos espécimes; dos no seu meio selvagem. 2) Exportação ou reexportação de espécimes adquiri- dos antes da entrada em vigor da Convenção em relação a tais espécimes; SECÇÃO VII 3) Empréstimos, doações ou trocas não comerciais para Documentos fins educativos, científicos e expositivos de espécimes de herbário, de outros espécimes de museu preservados, secos ou incrustados e de material de plantas vivas que tenham Artigo 18.º uma etiqueta concedida ou aprovada por autoridade admi- Validade nistrativa de uma Parte; Os certificados referidos na presente lei são válidos por 4) Importação, exportação ou reexportação de espéci- seis meses. mes que sejam objectos pessoais ou de uso doméstico, nos termos do artigo seguinte; Artigo 19.º 5) Importação e reexportação de espécimes perten- Revogação centes a um parque zoológico, circo, colecção ou exposição itinerante de animais ou plantas, quando observadas as se- 1. Os certificados podem ser revogados pela autoridade guintes condições: administrativa caso se revele necessário para a adequada aplicação da Convenção. (1) Que o interessado forneça à autoridade administra- tiva um inventário completo de tais espécimes; 2. A autoridade administrativa deve comunicar de ime- diato a revogação de certificados aos Serviços de Alfânde- (2) Que o interessado prove que os espécimes das es- ga, doravante designados por SA, e ao titular dos documen- pécies incluídas no apêndice I foram obtidos ou adquiridos tos, devendo este último devolver os documentos revogados antes da entrada em vigor da Convenção ou de esta lhes ser à autoridade administrativa no prazo de sete dias a contar aplicável ou que são espécimes criados em cativeiro ou re- da data da notificação. produzidos artificialmente; 3. A revogação de um certificado por motivo não impu- (3) Que cada espécime vivo seja acondicionado e trans- tável ao requerente nos termos do n.º 1, implica o reembolso portado por forma a evitar riscos de ferimentos, doenças ou pela autoridade administrativa ao requerente das taxas que maus tratos. tenham sido cobradas. 20 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Artigo 20.º Artigo 23.º Nulidade Taxidermia

1. Os certificados são nulos: É proibida a taxidermia em espécimes das espécies incluídas no apêndice I, com excepção das seguintes situa- 1) Caso tenham sido obtidos mediante falsas declara- ções: ções prestadas aquando do seu requerimento, sem prejuízo do procedimento criminal a que porventura haja lugar; 1) Espécimes adquiridos antes da entrada em vigor da Convenção, desde que o interessado disso faça prova; 2) Se tiverem sido emitidos com base em certificado nulo, revogado ou caducado. 2) Fins científicos ou educativos, desde que titulados por documento comprovativo da sua utilização para fins não 2. A autoridade administrativa deve comunicar a decla- comerciais. ração de nulidade ao titular dos documentos, o qual deve devolvê-los à autoridade administrativa no prazo de sete dias a contar da data da notificação. CAPÍTULO IV Registo 3. A autoridade administrativa deve comunicar de ime- diato a declaração de nulidade aos SA. Artigo 24.º Obrigatoriedade de registo e actualização

1. Estão sujeitos a registo: CAPÍTULO III Comércio local 1) Os importadores e exportadores de espécimes das espécies incluídas nos apêndices da Convenção;

Artigo 21.º 2) Os criadores e viveiristas de espécimes das espécies Proibição geral incluídas nos apêndices da Convenção;

1. É proibido o comércio local de espécimes das espé- 3) Os taxidermistas de espécimes das espécies incluídas cies incluídas no apêndice I, nomeadamente a compra, a no apêndice I, nos termos do artigo anterior; proposta de compra, a venda e a proposta de venda, com 4) As instituições científicas possuidoras ou detentoras fins comerciais, bem como a sua utilização com fins lucrati- de espécimes das espécies incluídas nos apêndices da Con- vos. venção. 2. É proibida a posse ou a detenção, com fins comer- 2. Até ao final do mês de Fevereiro do ano civil subse- ciais, de espécimes das espécies incluídas no apêndice I que quente àquele a que se reporta a actualização dos dados do tenham sido obtidos ou importados em violação ao disposto registo, os criadores e viveiristas sujeitos a registo devem na presente lei. informar a Direcção dos Serviços de Economia, doravante 3. Exceptuam-se do disposto no n.º 1, os espécimes das designada por DSE, do número e espécimes que possuam espécies incluídas no apêndice I adquiridos ou introduzidos ou detêm, o número de progenitores utilizados na reprodu- na RAEM antes da entrada em vigor da Convenção em ção e os óbitos e os nascimentos, por espécie. relação a tais espécimes, mediante a apresentação do res- pectivo documento de exportação ou reexportação emitido por autoridade administrativa do país de exportação ou re- CAPÍTULO V exportação. Autoridade administrativa e autoridade científica

Artigo 25.º Artigo 22.º Autoridades Título da posse ou detenção Para efeitos da Convenção e da presente lei: A posse ou a detenção de espécimes das espécies inclu- ídas nos apêndices da Convenção é, para os efeitos previstos 1) A autoridade administrativa da RAEM é a DSE; no n.º 2 do artigo anterior e no artigo 29.º, titulada pelos cer- tificados referidos na presente lei, bem como por qualquer 2) A autoridade científica da RAEM é o Instituto para documento que possa comprovar a posse ou a detenção le- os Assuntos Cívicos e Municipais, doravante designado por gal, nomeadamente por factura. IACM. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 21

Artigo 26.º 2) Dar parecer, sempre que necessário, no processo de Competências da autoridade administrativa emissão de licenças e certificados sobre as operações de comércio externo de espécimes das espécies incluídas nos Compete à DSE, como autoridade administrativa: apêndices da Convenção;

1) Emitir os certificados necessários para o comércio 3) Dar parecer sobre relatórios elaborados pela autori- externo de espécimes das espécies incluídas nos apêndices dade administrativa, nos termos da alínea 5) do artigo ante- da Convenção; rior;

2) Conceder as isenções para o comércio externo de 4) Elaborar as propostas de emendas aos apêndices I e espécimes adquiridos antes da entrada em vigor da Conven- II e dar parecer sobre emendas ao apêndice III da Conven- ção em relação a tais espécimes, nos termos da alínea 2) do ção, para os efeitos dos artigos XV e XVI da Convenção; artigo 16.º; 5) Participar na identificação de espécimes das espécies 3) Conceder as isenções para o comércio externo de es- incluídas nos apêndices da Convenção e colaborar com a pécimes, nos termos da alínea 5) do artigo 16.º; autoridade administrativa na emissão de etiquetas e marcas destinadas à identificação de qualquer espécime; 4) Manter o registo dos certificados para o comércio ex- terno de espécimes das espécies incluídas nos apêndices da 6) Elaborar os relatórios necessários à investigação so- Convenção; bre a situação das espécies ameaçadas de extinção;

5) Elaborar os relatórios periódicos referidos no n.º 7 7) Dar parecer acerca do transporte e das instalações do artigo VIII da Convenção; destinadas ao albergue de espécimes de animais vivos;

6) Emitir etiquetas e marcas destinadas à identificação 8) Proceder à guarda dos espécimes vivos apreendidos. de qualquer espécime;

7) Organizar o registo de importadores e exportadores; CAPÍTULO VI 8) Organizar e actualizar o registo de criadores e vivei- Fiscalização ristas, taxidermistas e de instituições científicas possuidoras ou detentoras de espécimes das espécies incluídas nos apên- dices da Convenção; Artigo 28.º Competência 9) Comunicar com o Secretariado da Convenção e com as outras Partes; 1. A fiscalização do cumprimento do disposto na Con- venção e na presente lei compete à DSE, em colaboração 10) Preparar as propostas a serem apresentadas às reu- com os SA e o IACM. niões das Conferências das Partes ou remetidas ao Secreta- riado da Convenção; 2. Sem prejuízo dos poderes de fiscalização atribuídos a outras entidades e das competências próprias da DSE, com- 11) Participar nas Conferências das Partes; pete aos SA proceder à verificação da conformidade dos 12) Divulgar ao público os objectivos e disposições documentos apresentados pelo importador ou exportador consagradas na Convenção relacionadas com o regime de com os espécimes apresentados. comércio de qualquer espécie;

13) Determinar o destino dos espécimes declarados Artigo 29.º perdidos a favor da RAEM, e comunicar o mesmo à entida- Inspecções e vistorias de que efectuou a apreensão. As entidades com competências de fiscalização podem promover as inspecções e vistorias que entenderem necessá- Artigo 27.º rias para garantir a aplicação e cumprimento da Convenção, Competências da autoridade científica nomeadamente:

Compete ao IACM, como autoridade científica: 1) À actividade dos comerciantes de espécimes das es- pécies incluídas nos apêndices da Convenção; 1) Zelar para que o comércio externo de espécimes das espécies incluídas nos apêndices da Convenção não prejudi- 2) Às instalações onde se encontram tais espécimes, no- que a sobrevivência das respectivas espécies; meadamente lojas, centros de criação e viveiros. 22 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Artigo 30.º SECÇÃO II Apreensão Responsabilidade administrativa

1. As autoridades com competência de fiscalização po- dem proceder à apreensão de espécimes que deram origem Artigo 32.º à infracção ao disposto na presente lei, devendo informar a Infracções administrativas DSE dessa apreensão. 1. Constitui infracção administrativa a violação do dis- 2. Caso a violação que fundamenta a apreensão dos posto: espécimes seja sanável, as autoridades com competência de fiscalização determinam a apreensão temporária dos 1) No n.º 1 do artigo 5.º, quando diga respeito a espéci- espécimes em causa e notificam o possuidor ou detentor mes das espécies incluídas no apêndice II, sancionada com dos espécimes ou o responsável pela violação em causa para multa de 5 000 a 100 000 patacas; promover a regularização da situação, incluindo as questões aduaneiras, num prazo não superior a oito dias. 2) No n.º 3 do artigo 4.º, no artigo 23.º e no n.º 1 do arti- go 24.º, sancionada com multa de 4 000 a 60 000 patacas; 3. Caso a violação que fundamenta a apreensão dos espécimes não seja susceptível de ser sanada, ou caso o 3) No n.º 1 do artigo 5.º, quando diga respeito a espéci- possuidor ou detentor dos espécimes ou o responsável pela mes das espécies incluídas no apêndice III, sancionada com violação em causa não tenha procedido à respectiva regula- multa de 3 000 a 50 000 patacas; rização no prazo previsto no número anterior, a DSE deter- mina a apreensão definitiva dos espécimes em causa. 4) No n.º 2 do artigo 24.º, sancionada com multa de 2 000 a 40 000 patacas; 4. Em caso de perigo para os espécimes abrangidos pela Convenção, as autoridades com competência de fiscalização 5) No n.º 2 do artigo 19.º e no n.º 2 do artigo 20.º, sancio- podem proceder, a título cautelar, à apreensão de espéci- nada com multa de 1 000 patacas. mes que sejam possuídos ou detidos por particulares, sem prejuízo de outras medidas que se revelem adequadas à sua 2. A tentativa é sancionável. protecção imediata.

Artigo 33.º CAPÍTULO VII Procedimento Regime sancionatório 1. Verificada a prática de uma infracção administrativa ou recebido o auto de notícia pela sua prática, a DSE proce- de à instrução do processo e deduz acusação, a qual é notifi- SECÇÃO I cada ao infractor. Responsabilidade contravencional 2. Na notificação da acusação é fixado um prazo de 15 dias para que o infractor apresente a sua defesa. Artigo 31.º Contravenção 3. Findo o prazo referido no número anterior, o director da DSE aplica a respectiva sanção ou arquiva o processo, 1. A violação do disposto no n.º 1 do artigo 5.º e nos mandando notificar a sua decisão. n.os 1 e 2 do artigo 21.º, quando diga respeito a espécimes das espécies incluídas no apêndice I, constitui contravenção e é punida com as penas de multa de 200 000 a 500 000 pa- tacas e de perda dos espécimes a favor da RAEM. Artigo 34.º Pagamento da multa 2. A tentativa é punível. 1. As multas são pagas no prazo de 30 dias, contados da 3. O pagamento voluntário da multa pode ser efectuado notificação da decisão sancionatória. na DSE, nos termos do artigo 382.º do Código de Processo Penal. 2. Se a multa não for paga voluntariamente no prazo re- ferido no número anterior, procede-se à cobrança coerciva 4. O pagamento voluntário da multa antes do início da através da Repartição das Execuções Fiscais da Direcção audiência de julgamento não impede a perda automática dos Serviços de Finanças, servindo de título executivo a dos espécimes a favor da RAEM. certidão do despacho que a aplicou. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 23

SECÇÃO III Artigo 39.º Disposições comuns Responsabilidade das pessoas colectivas

1. As pessoas colectivas, mesmo que irregularmente Artigo 35.º constituídas, as associações sem personalidade jurídica e as Concurso de infracções comissões especiais respondem pela prática das infracções previstas na presente lei quando cometidas pelos seus órgãos Se às contravenções ou infracções administrativas, pre- ou representantes em seu nome e no interesse colectivo. vistas e punidas nos termos das secções anteriores, couber pena ou sanção mais grave por força de outra disposição 2. A responsabilidade referida no número anterior é legal aplica-se esta, sem prejuízo da aplicação da pena de excluída quando o agente tiver actuado contra ordens ou perda dos espécimes a favor da RAEM prevista no artigo instruções expressas de quem de direito. 31.º e as sanções acessórias previstas no artigo seguinte. 3. A responsabilidade das entidades referidas no n.º 1 não exclui a responsabilidade dos respectivos agentes. Artigo 36.º Sanções acessórias Artigo 40.º Para além das sanções previstas nas secções anteriores, Responsabilidade pelo pagamento das multas podem ser aplicadas, isolada ou cumulativamente, as se- guintes sanções acessórias: 1. Se o infractor for pessoa colectiva, pelo pagamento da multa respondem, solidariamente com aquela, os admi- 1) Perda a favor da RAEM dos espécimes relacionados nistradores ou quem por qualquer outra forma a represente, com a infracção, nos casos previstos no n.º 1 do artigo 32.º; quando sejam julgados responsáveis pela infracção.

2. Se a multa for aplicada a uma associação sem perso- 2) Proibição da emissão de certificados a favor do in- nalidade jurídica ou a uma comissão especial, responde por fractor, por um período de dois anos; ela o património comum e, na sua falta ou insuficiência, o património de cada um dos associados ou membros em re- 3) A cassação de certificados válidos emitidos a favor gime de solidariedade. do infractor.

CAPÍTULO VIII Artigo 37.º Disposições finais Reincidência Artigo 41.º 1. Considera-se reincidência a prática de infracção Diplomas complementares idêntica no prazo de um ano a contar da decisão judicial ou administrativa que determinou, em definitivo, a punição ou O Chefe do Executivo aprova, por regulamento admi- a sanção. nistrativo complementar, as disposições que se mostrem necessárias à execução da presente lei, nomeadamente em 2. Em caso de reincidência, o limite mínimo da multa matéria de: aplicável é elevado de um quarto e o limite máximo perma- nece inalterado. 1) Procedimento de emissão de certificados e respecti- vos modelos;

Artigo 38.º 2) Regime especial de licença, para efeitos do disposto Determinação da medida da sanção no n.º 1 do artigo 9.º da Lei n.º 7/2003 (Lei do Comércio Ex- terno), alterada pela Lei n.º 3/2016. Na determinação da medida da sanção atende-se, em especial: Artigo 42.º 1) Ao valor das mercadorias e à capacidade e situação Revogação económicas do agente; É revogado o Decreto-Lei n.º 45/86/M, de 29 de Setem- 2) Ao facto de a infracção ter permitido alcançar lucros bro [Regulamento para aplicação no território de Macau de valor elevado ou valor consideravelmente elevado, nos da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espé- termos do Código Penal, ou ter sido praticada com a inten- cies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção ção de os obter. (CITES)]. 24 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Artigo 43.º 2) O previsto no artigo 8.º da Lei n.º 6/97/M, de 30 de Entrada em vigor Julho (Lei da Criminalidade Organizada);

A presente lei entra em vigor no dia 1 de Setembro de 3) O previsto no n.º 2 do artigo 170.º da Lei eleitoral 2017. para a Assembleia Legislativa da Região Administra- tiva Especial de Macau, aprovada pela Lei n.º 3/2001 e Aprovada em 11 de Maio de 2017. alterada pela Lei n.º 11/2008, pela Lei n.º 12/2012 e pela Lei n.º 9/2016, e o previsto no n.º 2 do artigo 136.º da O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. Lei n.º 3/2004 (Lei eleitoral para o Chefe do Executivo), alterada pela Lei n.º 12/2008 e pela Lei n.º 11/2012; Assinada em de de 2017. 4) Os previstos no n.º 2 do artigo 46.º e no n.º 2 do Publique-se. artigo 49.º da Lei n.º 12/2000 (Lei do recenseamento eleitoral), alterada pela Lei n.º 9/2008; O Chefe do Executivo, Chui Sai On. 5) Os previstos nos artigos 3.º e 4.º da Lei n.º 19/2009 (Prevenção e Repressão da Corrupção no Sector Priva- ______do);

6) O previsto no artigo 21.º da Lei n.º 7/2003 (Lei do 3. Texto aprovado da proposta de lei intitulada “Alte- Comércio Externo), alterada pela Lei n.º 3/2016; ração às Leis n.º 2/2006 – Prevenção e repressão do crime de branqueamento de capitas e n.º 3/2006 – Prevenção e 7) O previsto no artigo 4.º da Lei n.º 10/2014 (Regime repressão dos crimes de terrorismo”. de prevenção e repressão dos actos de corrupção no co- mércio externo); REGIÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL DE MACAU 8) Os previstos nos artigos 212.º, 213.º, 214.º-B e Lei n.º /2017 214.º-C do Regime do direito de autor e direitos cone- xos, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 43/99/M, de 16 de Alteração às Leis n.º 2/2006 - Prevenção e repressão do Agosto, alterado pela Lei n.º 5/2012; crime de branqueamento de capitais e n.º 3/2006 - Preven- ção e repressão dos crimes de terrorismo 9) Os previstos nos artigos 289.º a 293.º do Regime jurídico da propriedade industrial, aprovado pelo De- creto-Lei n.º 97/99/M, de 13 de Dezembro. A Assembleia Legislativa decreta, nos termos da alínea 1) do artigo 71.º da Lei Básica da Região Administrativa 2. Quem converter ou transferir vantagens obtidas Especial de Macau, para valer como lei, o seguinte: por si ou por terceiro, ou auxiliar ou facilitar alguma dessas operações, com o fim de dissimular a sua origem ilícita ou de evitar que o autor ou participante dos cri- Artigo 1.º mes que lhes deram origem seja penalmente perseguido Alteração à Lei n.º 2/2006 ou submetido a uma reacção penal, é punido com pena de prisão até 8 anos. Os artigos 3.º, 4.º, 6.º, 7.º, 8.º e 9.º da Lei n.º 2/2006, pas- sam a ter a seguinte redacção: 3. […].

4. A punição pelos crimes previstos nos n.os 2 e 3 tem «Artigo 3.º lugar ainda que o facto ilícito típico de onde provêm as Branqueamento de capitais vantagens tenha sido praticado fora da Região Admi- nistrativa Especial de Macau, doravante designada por 1. Para efeitos da presente lei, consideram-se vanta- RAEM, ou ainda que se ignore o local da prática do gens os bens provenientes, directa ou indirectamente, facto ou a identidade dos seus autores. da prática, incluindo sob qualquer forma de compartici- pação, de facto ilícito típico punível com pena de prisão 5. A intenção requerida como elemento constitutivo de limite máximo superior a 3 anos ou, independen- os dos crimes previstos nos n. 2 e 3 pode ser provada atra- temente da moldura penal aplicável, de qualquer dos vés de circunstâncias factuais objectivas. seguintes factos ilícitos típicos: 6. Para a demonstração e prova da origem ilícita das 1) Os previstos no n.º 2 do artigo 337.º, no artigo 338.º vantagens obtidas não é necessária a prévia condenação e nos n.os 1 e 2 do artigo 339.º do Código Penal; do autor dos crimes que lhes deram origem. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 25

7. [Anterior n.º 5]. (4) […];

8. [Anterior n.º 6]. (5) Criação, exploração ou gestão de pessoas colecti- vas ou de entidades sem personalidade jurídica ou com- 9. [Anterior n.º 7]. pra e venda de entidades comerciais;

6) […]. Artigo 4.º Agravação Artigo 7.º A pena de prisão prevista no artigo anterior é de 3 a Deveres 12 anos, com os limites referidos nos n.os 8 e 9 desse ar- tigo, se: 1. […]:

1) […]; 1) Dever de adoptar medidas de diligência, incluindo o dever de identificação e de verificação da identidade, 2) O facto ilícito típico de onde provêm as vantagens em relação aos contratantes, clientes e frequentadores; for qualquer dos factos previstos nos artigos 6.º, 6.º-A e 7.º da Lei n.º 3/2006 (Prevenção e repressão dos crimes 2) Dever de adoptar medidas adequadas à detecção de terrorismo), nos artigos 7.º a 9.º, 11.º e 16.º da Lei de operações suspeitas de branqueamento de capitais; n.º 17/2009 (Proibição da produção, do tráfico e do con- sumo ilícitos de estupefacientes e de substâncias psico- 3) Dever de recusar a realização de operações, quan- trópicas) ou nos artigos 153.º-A e 262.º do Código Penal; do não seja prestada a informação necessária ao cum- primento dos deveres previstos nas alíneas anteriores; 3) […]. 4) Dever de conservar, por um período de tempo ra- zoável, os documentos relativos ao cumprimento dos Artigo 6.º deveres previstos nas alíneas 1) e 2); Âmbito subjectivo 5) Dever de participar as operações ou tentativas de […]: concretização de operações, que indiciem a prática do crime de branqueamento de capitais, independentemen- 1) Entidades que exerçam actividades sujeitas à fisca- te do seu valor; lização da Autoridade Monetária de Macau, nomeada- mente, instituições de crédito, sociedades financeiras, 6) Dever de colaborar com todas as autoridades com instituições offshore financeiras, seguradoras, casas de competência na prevenção e repressão do crime de câmbio e sociedades de entrega rápida de valores em branqueamento de capitais. numerário; 2. […]. 2) Entidades que exerçam actividades sujeitas à fis- calização da Direcção de Inspecção e Coordenação de 3. A prestação de informações de boa fé pelas en- Jogos, nomeadamente, entidades que explorem jogos de tidades referidas no artigo 6.º, pelos seus directores, fortuna ou azar, lotarias ou apostas mútuas e promoto- funcionários e colaboradores, em cumprimento dos de- res de jogos de fortuna ou azar em casino; veres previstos nas alíneas 5) e 6) do n.º 1 não constitui violação de qualquer segredo, nem implica, para quem 3) Comerciantes de bens de elevado valor unitário, as preste, responsabilidade de qualquer natureza. nomeadamente, entidades que se dediquem ao comér- cio de penhores, de metais preciosos, de pedras precio- 4. Não podem ser revelados pelas entidades referidas sas ou de veículos luxuosos de transporte e leiloeiras; no artigo 6.º, pelos seus directores, funcionários ou co- 4) Entidades que exerçam actividades de mediação laboradores, a contratantes, clientes, frequentadores ou imobiliária ou de compra de imóveis para revenda; a terceiros, factos conhecidos por força do exercício de função, relativos ao cumprimento dos deveres a que se 5) […]: referem as alíneas 5) e 6) do n.º 1.

(1) […]; 5. Nos casos em que as entidades referidas no artigo 6.º suspeitem que as operações envolvem a prática dos (2) […]; crimes de branqueamento de capitais e tenham uma expectativa razoável que o cumprimento das medidas (3) […]; de diligência possa alertar os contratantes, clientes ou 26 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

frequentadores, podem cessar a aplicação dessas medi- Artigo 5.º-B das de diligência e, alternativamente, devem participar Obrigação de sigilo a realização duma operação suspeita. 1. As entidades referidas no n.º 1 do artigo anterior 6. [Anterior n.º 5]. bem como os seus directores, funcionários e colabora- dores ficam vinculados pelo segredo de justiça quanto aos actos previstos naquele artigo de que tomem conhe- cimento, não podendo, nomeadamente, divulgá-los às Artigo 8.º pessoas cujas contas são controladas ou sobre as quais Regulamentação foram pedidas informações ou documentos.

1. A regulamentação dos pressupostos e conteúdo dos 2. A prestação de informações, de boa fé, à autorida- deveres previstos no artigo 7.º, bem como a definição de judiciária ou órgão de polícia criminal não constitui do sistema de fiscalização do respectivo cumprimento, violação de qualquer segredo, nem implica, para quem constam de regulamento administrativo. as preste, responsabilidade de qualquer natureza. 2. […].

3. […]. Artigo 7.º-A Crime de falsidade de informações

Quem, sendo membro dos órgãos sociais das insti- Artigo 9.º tuições de crédito, seu empregado ou a elas prestando Norma revogatória serviço, prestar informações ou entregar documentos falsos ou deturpados no âmbito de procedimento orde- […]: nado nos termos do capítulo II-A, ou ainda que, sem 1) […]; justa causa, se recusar a prestar informações ou a entre- gar documentos ou obstruir a sua apreensão é punido 2) O Decreto-Lei n.º 24/98/M, de 1 de Junho.» com pena de prisão de 6 meses a 3 anos ou multa não inferior a 60 dias.

Artigo 2.º Aditamento à Lei n.º 2/2006 Artigo 7.º-B Infracções administrativas São aditados à Lei n.º 2/2006 os artigos 5.º-A, 5.º-B, 7.º-A, 7.º-B, 7.º-C, 7.º-D e 7.º-E, com a seguinte redacção: 1. Constitui infracção administrativa, sancionada com multa de $ 10 000,00 (dez mil patacas) a $ 500 000,00 (quinhentas mil patacas) ou de $ 100 000,00 (cem mil patacas) a $ 5 000 000,00 (cinco milhões de patacas), «Artigo 5.º-A consoante o infractor seja pessoa singular ou colectiva, Controlo de contas bancárias o incumprimento dos deveres previstos nos artigos 5.º-A, 5.º-B e 7.º. 1. O controlo de contas bancárias obriga a respectiva instituição de crédito a comunicar quaisquer movimen- 2. Quando o benefício económico obtido pelo infrac- tos sobre essas contas à autoridade judiciária ou órgão tor com a prática da infracção for superior a metade do de polícia criminal dentro das 24 horas subsequentes. limite máximo fixado no n.º 1, este será elevado para o dobro desse benefício. 2. Quando tal seja necessário para prevenir a prática do crime de branqueamento de capitais é autorizado ou ordenado por despacho do juiz o controlo das contas bancárias em causa, podendo o mesmo despacho incluir Artigo 7.º-C a obrigação de suspensão de movimentos nele especifi- Procedimento cados. 1. São competentes para a instauração e instrução do 3. O despacho referido no número anterior identifica procedimento por infracção administrativa as autorida- as contas bancárias abrangidas pela medida, o período des especificadas no regulamento administrativo a que da sua duração e a autoridade judiciária ou órgão de se refere o n.º 1 do artigo 8.º, no respectivo âmbito de polícia criminal responsável pelo controlo. fiscalização. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 27

2. Compete ao Chefe do Executivo proferir a decisão de cada um dos associados ou membros em regime de final, mediante proposta da autoridade instrutora. solidariedade.»

3. A competência prevista no número anterior é inde- legável. Artigo 3.º Aditamento e renumeração da Lei n.º 2/2006 4. A aplicação da sanção e o pagamento da multa não dispensam o infractor do cumprimento do dever, se este 1. É aditado à Lei n.º 2/2006 o capítulo II-A com a epí- ainda for possível. grafe «Medidas processuais especiais» e integrado pelos artigos 5.º-A, e 5.º-B. 5. Ao processamento das infracções administrativas previstas na presente lei é subsidiariamente aplicável 2. É aditado à Lei n.º 2/2006 o capítulo III-A, com a o Decreto-Lei n.º 52/99/M, de 4 de Outubro (Regime epígrafe «Regime sancionatório» e integrado pelos artigos geral das infracções administrativas e respectivo proce- 7.º-A, 7.º-B, 7.º-C, 7.º-D e 7.º-E. dimento). 3. O capítulo IV, da Lei n.º 2/2006 passa a designar-se «Disposições finais». Artigo 7.º-D Responsabilidade das pessoas colectivas 4. Os artigos 11.º e 12.º da Lei n.º 2/2006 são renumera- dos como artigos 10.º e 11.º. 1. As pessoas colectivas, mesmo que irregularmente constituídas, as associações sem personalidade jurídica e as comissões especiais respondem pela prática das in- Artigo 4.º fracções administrativas previstas na presente lei quan- Alteração à versão em língua portuguesa na Lei n.º 2/2006 do cometidas pelos seus órgãos ou representantes em seu nome e no interesse colectivo. A versão em língua portuguesa do artigo 2.º da Lei n.º 2/2006, passa a ter a seguinte redacção: 2. A responsabilidade referida no número anterior é excluída quando o agente tiver actuado contra ordens ou instruções expressas de quem de direito. «Artigo 2.º Direito subsidiário 3. A responsabilidade das entidades referidas no n.º 1 não exclui a responsabilidade dos respectivos agentes. Aos crimes previstos na presente lei são subsidiaria- 4. As pessoas colectivas, mesmo que irregularmente mente aplicáveis as normas do Código Penal.» constituídas, as associações sem personalidade jurídica e as comissões especiais respondem solidariamente pelo pagamento das multas, indemnizações, custas judiciais Artigo 5.º e outras prestações em que forem condenados os agen- Alteração à Lei n.º 3/2006 tes das infracções, nos termos do número anterior. Os artigos 6.º, 7.º e 11.º da Lei n.º 3/2006, passam a ter a seguinte redacção: Artigo 7.º-E Responsabilidade pelo pagamento das multas «Artigo 6.º 1. Sem prejuízo do disposto nos números seguintes, a Terrorismo responsabilidade pelo pagamento das multas recai so- bre o infractor. 1. […].

2. Se o infractor for pessoa colectiva, pelo pagamento 2. […]. da multa respondem, solidariamente com aquela, os administradores ou quem por qualquer outra forma a 3. Quem praticar actos preparatórios dos crimes de represente, quando sejam julgados responsáveis pela terrorismo previstos nos números anteriores é punido infracção administrativa. com pena de prisão de 1 a 8 anos, se pena mais grave lhe não couber por força de outra disposição legal. 3. Se a multa for aplicada a uma associação sem per- sonalidade jurídica ou a uma comissão especial, res- 4. […]. ponde por ela o património comum dessa associação ou comissão e, na sua falta ou insuficiência, o património 5. […]. 28 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Artigo 7.º dade ou de residência, com vista à adesão a uma organi- Financiamento ao terrorismo zação terrorista ou à prática dos factos previstos no n.º 1 ou no n.º 2 do artigo 6.º, com a intenção neles referida, é 1. Quem disponibilizar ou recolher fundos, recursos punido com pena de prisão de 1 a 8 anos. económicos ou bens de qualquer tipo, bem como produtos ou direitos susceptíveis de ser transformados em fundos, 3. Quem organizar, financiar ou facilitar a viagem ou com intenção de financiar, no todo ou em parte, a prática tentativa de viagem previstas nos números anteriores é de terrorismo, é punido com pena de prisão de 1 a 8 anos, punido com pena de prisão de 1 a 8 anos.» se pena mais grave lhe não couber por força das disposições anteriores. Artigo 7.º 2. O ilícito previsto no número anterior é cometido Revogação sempre que o financiamento se destine: É revogado o artigo 10.º da Lei n.º 2/2006. 1) À prática de actos terroristas específicos;

2) Às organizações terroristas ou a terroristas individu- Artigo 8.º almente considerados, tendo em vista quaisquer finalidades Republicação relacionadas com a prática de terrorismo, ainda que o finan- ciamento não se encontre associado à prática de quaisquer São republicadas, como anexos I e II da presente lei, actos terroristas específicos. da qual fazem parte integrante, a Lei n.º 2/2006 e a Lei n.º 3/2006, respectivamente, sendo-lhes inseridas as altera- ções e renumerações introduzidas pela presente lei.

Artigo 11.º Remissão Artigo 9.º Entrada em vigor 1. No âmbito da investigação e julgamento dos crimes previstos na presente lei são aplicáveis as medidas proces- A presente lei entra em vigor no dia seguinte ao da sua suais especiais previstas no capítulo II-A da Lei n.º 2/2006 publicação. (Prevenção e repressão do crime de branqueamento de ca- pitais). Aprovada em 11 de Maio de 2017.

2. Para efeitos da prevenção e repressão do financia- O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. mento ao terrorismo são aplicáveis, com as necessárias adaptações, as normas dos artigos 6.º, 7.º, 7.º-A, 7.º-B, 7.º-C, Assinada em de de 2017. 7.º-D, 7.º-E e 8.º da Lei n.º 2/2006.»

Publique-se. Artigo 6.º Aditamento à Lei n.º 3/2006 O Chefe do Executivo, Chui Sai On.

------É aditado à Lei n.º 3/2006 o artigo 6.º-A, com a seguinte redacção: ANEXO I (a que se refere o artigo 8.º) «Artigo 6.º-A Outros meios para a prática do terrorismo REPUBLICAÇÃO

1. Quem, por qualquer meio, viajar ou tentar viajar REGIÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL DE MACAU para um território diferente do seu Estado de nacio- nalidade ou de residência, com vista ao treino, apoio Lei n.º 2/2006 logístico ou instrução de outrem, para a prática dos factos previstos no n.º 1 ou no n.º 2 do artigo 6.º, com a Prevenção e repressão do crime de branqueamento intenção neles referida, é punido com pena de prisão de de capitais 1 a 8 anos. A Assembleia Legislativa decreta, nos termos da alínea 2. Quem, por qualquer meio, viajar ou tentar viajar 1) do artigo 71.º da Lei Básica da Região Administrativa para um território diferente do seu Estado de nacionali- Especial de Macau, para valer como lei, o seguinte: N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 29

CAPÍTULO I pelo Decreto-Lei n.º 43/99/M, de 16 de Agosto, alterado Disposições gerais pela Lei n.º 5/2012;

Artigo 1.º 9) Os previstos nos artigos 289.º a 293.º do Regime jurí- Objecto dico da propriedade industrial, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 97/99/M, de 13 de Dezembro. A presente lei estabelece medidas destinadas a prevenir e reprimir o crime de branqueamento de capitais. 2. Quem converter ou transferir vantagens obtidas por si ou por terceiro, ou auxiliar ou facilitar alguma dessas operações, com o fim de dissimular a sua origem ilícita ou Artigo 2.º de evitar que o autor ou participante dos crimes que lhes Direito subsidiário deram origem seja penalmente perseguido ou submetido a uma reacção penal, é punido com pena de prisão até 8 anos. Aos crimes previstos na presente lei são subsidiaria- mente aplicáveis as normas do Código Penal. 3. Na mesma pena incorre quem ocultar ou dissimular as verdadeiras natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou titularidade de vantagens. CAPÍTULO II Disposições penais 4. A punição pelos crimes previstos nos n.os 2 e 3 tem lugar ainda que o facto ilícito típico de onde provêm as van- Artigo 3.º tagens tenha sido praticado fora da Região Administrativa Branqueamento de capitais Especial de Macau, doravante designada por RAEM, ou ainda que se ignore o local da prática do facto ou a identida- 1. Para efeitos da presente lei, consideram-se vantagens de dos seus autores. os bens provenientes, directa ou indirectamente, da prática, incluindo sob qualquer forma de comparticipação, de facto 5. A intenção requerida como elemento constitutivo dos os ilícito típico punível com pena de prisão de limite máximo crimes previstos nos n. 2 e 3 pode ser provada através de superior a 3 anos ou, independentemente da moldura penal circunstâncias factuais objectivas. aplicável, de qualquer dos seguintes factos ilícitos típicos: 6. Para a demonstração e prova da origem ilícita das 1) Os previstos no n.º 2 do artigo 337.º, no artigo 338.º e vantagens obtidas não é necessária a prévia condenação do nos n.os 1 e 2 do artigo 339.º do Código Penal; autor dos crimes que lhes deram origem.

2) O previsto no artigo 8.º da Lei n.º 6/97/M, de 30 de 7. O facto não é punível quando o procedimento cri- Julho (Lei da Criminalidade Organizada); minal relativo aos factos ilícitos típicos de onde provêm as vantagens depender de queixa e a queixa não tenha sido 3) O previsto no n.º 2 do artigo 170.º da Lei eleitoral para tempestivamente apresentada, salvo se as vantagens forem a Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial provenientes dos factos ilícitos típicos previstos nos artigos de Macau, aprovada pela Lei n.º 3/2001 e alterada pela Lei 166.º e 167.º do Código Penal. n.º 11/2008, pela Lei n.º 12/2012 e pela Lei n.º 9/2016, e o pre- visto no n.º 2 do artigo 136.º da Lei n.º 3/2004 (Lei eleitoral 8. A pena aplicada nos termos dos números anteriores para o Chefe do Executivo), alterada pela Lei n.º 12/2008 e não pode ser superior ao limite máximo da pena prevista pela Lei n.º 11/2012; para o facto ilícito típico de onde provêm as vantagens.

4) Os previstos no n.º 2 do artigo 46.º e no n.º 2 do arti- 9. Para efeitos do disposto no número anterior, no caso go 49.º da Lei n.º 12/2000 (Lei do recenseamento eleitoral), de as vantagens serem provenientes de factos ilícitos típicos alterada pela Lei n.º 9/2008; de duas ou mais espécies, levar-se-á em conta a pena cujo limite máximo seja mais elevado. 5) Os previstos nos artigos 3.º e 4.º da Lei n.º 19/2009 (Prevenção e Repressão da Corrupção no Sector Privado);

6) O previsto no artigo 21.º da Lei n.º 7/2003 (Lei do Artigo 4.º Comércio Externo), alterada pela Lei n.º 3/2016; Agravação

7) O previsto no artigo 4.º da Lei n.º 10/2014 (Regime A pena de prisão prevista no artigo anterior é de 3 a 12 de prevenção e repressão dos actos de corrupção no comér- anos, com os limites referidos nos n.os 8 e 9 desse artigo, se: cio externo); 1) O crime de branqueamento de capitais for praticado 8) Os previstos nos artigos 212.º, 213.º, 214.º-B e 214.º-C por associação criminosa ou sociedade secreta, por quem do Regime do direito de autor e direitos conexos, aprovado dela faça parte ou a apoie; 30 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

2) O facto ilícito típico de onde provêm as vantagens 1) Proibição do exercício de certas actividades por um for qualquer dos factos previstos nos artigos 6.º, 6.º-A e 7.º período de 1 a 10 anos; da Lei n.º 3/2006 (Prevenção e repressão dos crimes de ter- rorismo), nos artigos 7.º a 9.º, 11.º e 16.º da Lei n.º 17/2009 2) Privação do direito a subsídios ou subvenções outor- (Proibição da produção, do tráfico e do consumo ilícitos de gados por serviços ou entidades públicos; estupefacientes e de substâncias psicotrópicas) ou nos arti- gos 153.º-A e 262.º do Código Penal; 3) Encerramento de estabelecimento por um período de 1 mês a 1 ano; 3) O agente praticar o crime de branqueamento de capi- tais de modo habitual. 4) Encerramento definitivo de estabelecimento;

5) Injunção judiciária; Artigo 5.º Responsabilidade penal das pessoas colectivas 6) Publicidade da decisão condenatória a expensas do condenado, num jornal de língua chinesa e num jornal de 1. As pessoas colectivas, ainda que irregularmente língua portuguesa dos mais lidos na RAEM, bem como constituídas, e as associações sem personalidade jurídica através de edital, redigido nas referidas línguas, por período são responsáveis pelo crime de branqueamento de capitais, não inferior a 15 dias, no local de exercício da actividade, quando cometido, em seu nome e no interesse colectivo: por forma bem visível ao público.

1) pelos seus órgãos ou representantes; ou 9. As penas acessórias podem ser aplicadas cumulativa- mente. 2) por uma pessoa sob a autoridade destes, quando o cometimento do crime se tenha tornado possível em virtude 10. A cessação da relação laboral que ocorra em virtude de uma violação dolosa dos deveres de vigilância ou contro- da aplicação da pena de dissolução judicial ou de qualquer lo que lhes incumbem. das penas acessórias previstas no n.º 8, considera-se, para todos os efeitos, como sendo rescisão sem justa causa da 2. A responsabilidade das entidades referidas no nú- responsabilidade do empregador. mero anterior não exclui a responsabilidade individual dos respectivos agentes. CAPÍTULO II-A 3. Pelo crime referido no n.º 1 são aplicáveis às entida- Medidas processuais especiais des aí referidas as seguintes penas principais: Artigo 5.º-A 1) Multa; Controlo de contas bancárias 2) Dissolução judicial. 1. O controlo de contas bancárias obriga a respectiva 4. A pena de multa é fixada em dias, no mínimo de 100 instituição de crédito a comunicar quaisquer movimentos e no máximo de 1000. sobre essas contas à autoridade judiciária ou órgão de polí- cia criminal dentro das 24 horas subsequentes. 5. A cada dia de multa corresponde uma quantia entre $ 100,00 (cem patacas) e $ 20 000,00 (vinte mil patacas). 2. Quando tal seja necessário para prevenir a prática do crime de branqueamento de capitais é autorizado ou orde- 6. Se a multa for aplicada a uma associação sem perso- nado por despacho do juiz o controlo das contas bancárias nalidade jurídica, responde por ela o património comum e, em causa, podendo o mesmo despacho incluir a obrigação na sua falta ou insuficiência, solidariamente, o património de suspensão de movimentos nele especificados. de cada um dos associados. 3. O despacho referido no número anterior identifica as 7. A pena de dissolução judicial só será decretada quan- contas bancárias abrangidas pela medida, o período da sua do os fundadores das entidades referidas no n.º 1 tenham duração e a autoridade judiciária ou órgão de polícia crimi- tido a intenção, exclusiva ou predominante, de, por meio nal responsável pelo controlo. dela, praticar o crime aí previsto ou quando a prática reite- rada de tal crime mostre que a entidade está a ser utilizada, exclusiva ou predominantemente, para esse efeito, quer Artigo 5.º-B pelos seus membros, quer por quem exerça a respectiva ad- Obrigação de sigilo ministração. 1. As entidades referidas no n.º 1 do artigo anterior bem 8. Às entidades referidas no n.º 1 podem ser aplicadas como os seus directores, funcionários e colaboradores ficam as seguintes penas acessórias: vinculados pelo segredo de justiça quanto aos actos previs- N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 31 tos naquele artigo de que tomem conhecimento, não poden- 6) Prestadoras de serviços, quando preparem ou efec- do, nomeadamente, divulgá-los às pessoas cujas contas são tuem operações para um cliente, no âmbito das seguintes controladas ou sobre as quais foram pedidas informações actividades: ou documentos. (1) Actuação como agente na constituição de pessoas 2. A prestação de informações, de boa fé, à autoridade colectivas; judiciária ou órgão de polícia criminal não constitui viola- ção de qualquer segredo, nem implica, para quem as preste, (2) Actuação como administrador ou secretário de uma responsabilidade de qualquer natureza. sociedade, sócio ou titular de posição idêntica, para outras pessoas colectivas;

CAPÍTULO III (3) Fornecimento de sede social, endereço comercial, Disposições preventivas instalações ou endereço administrativo ou postal a uma sociedade, a qualquer outra pessoa colectiva ou a entidades Artigo 6.º sem personalidade jurídica; Âmbito subjectivo (4) Actuação como administrador de um «trust»; Estão obrigadas ao cumprimento dos deveres previstos (5) Intervenção como sócio por conta de outra pessoa; no artigo 7.º as seguintes entidades:

(6) Realização das diligências necessárias para que um 1) Entidades que exerçam actividades sujeitas à fiscali- terceiro actue da forma prevista nas subalíneas (2), (4) ou (5). zação da Autoridade Monetária de Macau, nomeadamente, instituições de crédito, sociedades financeiras, instituições offshore financeiras, seguradoras, casas de câmbio e socie- Artigo 7.º dades de entrega rápida de valores em numerário; Deveres

2) Entidades que exerçam actividades sujeitas à fiscali- 1. As entidades referidas no artigo anterior ficam sujei- zação da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos, tas aos seguintes deveres: nomeadamente, entidades que explorem jogos de fortuna ou azar, lotarias ou apostas mútuas e promotores de jogos 1) Dever de adoptar medidas de diligência, incluindo de fortuna ou azar em casino; o dever de identificação e de verificação da identidade, em relação aos contratantes, clientes e frequentadores; 3) Comerciantes de bens de elevado valor unitário, no- meadamente, entidades que se dediquem ao comércio de 2) Dever de adoptar medidas adequadas à detecção de penhores, de metais preciosos, de pedras preciosas ou de operações suspeitas de branqueamento de capitais; veículos luxuosos de transporte e leiloeiras;

4) Entidades que exerçam actividades de mediação imo- 3) Dever de recusar a realização de operações, quando biliária ou de compra de imóveis para revenda; não seja prestada a informação necessária ao cumprimento dos deveres previstos nas alíneas anteriores; 5) Advogados, solicitadores, notários, conservadores dos registos, auditores, contabilistas e consultores fiscais, 4) Dever de conservar, por um período de tempo razo- quando intervenham ou assistam, a título profissional, em ável, os documentos relativos ao cumprimento dos deveres operações de: previstos nas alíneas 1) e 2);

(1) Compra e venda de bens imóveis; 5) Dever de participar as operações ou tentativas de concretização de operações, que indiciem a prática do cri- (2) Gestão de fundos, valores mobiliários ou outros ac- me de branqueamento de capitais, independentemente do tivos pertencentes a clientes; seu valor;

(3) Gestão de contas bancárias, de poupança ou de va- 6) Dever de colaborar com todas as autoridades com lores mobiliários; competência na prevenção e repressão do crime de bran- queamento de capitais. (4) Organização de contribuições destinadas à criação, exploração ou gestão de sociedades; 2. O cumprimento dos deveres previstos nas alíneas 5) e 6) do número anterior não implica, para os advogados e so- (5) Criação, exploração ou gestão de pessoas colectivas licitadores, no âmbito das operações enunciadas na alínea 5) ou de entidades sem personalidade jurídica ou compra e do artigo 6.º, a prestação de informações obtidas no contex- venda de entidades comerciais; to da avaliação da situação jurídica do cliente, no domínio 32 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 da consulta jurídica, no exercício da sua missão de defesa nhentas mil patacas) ou de $ 100 000,00 (cem mil patacas) a ou representação do cliente num processo judicial ou a res- $ 5 000 000,00 (cinco milhões de patacas), consoante o in- peito de um processo judicial, incluindo o aconselhamento fractor seja pessoa singular ou colectiva, o incumprimento relativo à maneira de propor ou de evitar um processo, quer dos deveres previstos nos artigos 5.º-A, 5.º-B e 7.º. as informações sejam obtidas antes, durante ou depois do processo. 2. Quando o benefício económico obtido pelo infractor com a prática da infracção for superior a metade do limite 3. A prestação de informações de boa fé pelas entidades máximo fixado no n.º 1, este será elevado para o dobro des- referidas no artigo 6.º, pelos seus directores, funcionários e se benefício. colaboradores, em cumprimento dos deveres previstos nas alíneas 5) e 6) do n.º 1 não constitui violação de qualquer segredo, nem implica, para quem as preste, responsabilida- Artigo 7.º-C de de qualquer natureza. Procedimento

4. Não podem ser revelados pelas entidades referidas no 1. São competentes para a instauração e instrução do artigo 6.º, pelos seus directores, funcionários ou colaborado- procedimento por infracção administrativa as autoridades res, a contratantes, clientes, frequentadores ou a terceiros, especificadas no regulamento administrativo a que se refere factos conhecidos por força do exercício de função, relativos o n.º 1 do artigo 8.º, no respectivo âmbito de fiscalização. ao cumprimento dos deveres a que se referem as alíneas 5) e 6) do n.º 1. 2. Compete ao Chefe do Executivo proferir a decisão final, mediante proposta da autoridade instrutora. 5. Nos casos em que as entidades referidas no artigo 6.º suspeitem que as operações envolvem a prática dos crimes 3. A competência prevista no número anterior é indele- de branqueamento de capitais e tenham uma expectativa gável. razoável que o cumprimento das medidas de diligência possa alertar os contratantes, clientes ou frequentadores, 4. A aplicação da sanção e o pagamento da multa não podem cessar a aplicação dessas medidas de diligência e, dispensam o infractor do cumprimento do dever, se este alternativamente, devem participar a realização duma ope- ainda for possível. ração suspeita. 5. Ao processamento das infracções administrativas 6. As informações prestadas em cumprimento dos de- previstas na presente lei é subsidiariamente aplicável o De- veres previstos no n.º 1 só podem ser utilizadas para fins de creto-Lei n.º 52/99/M, de 4 de Outubro (Regime geral das processo penal ou de prevenção e repressão do crime de infracções administrativas e respectivo procedimento). branqueamento de capitais.

Artigo 7.º-D CAPÍTULO III-A Responsabilidade das pessoas colectivas Regime sancionatório 1. As pessoas colectivas, mesmo que irregularmente constituídas, as associações sem personalidade jurídica e as Artigo 7.º-A comissões especiais respondem pela prática das infracções Crime de falsidade de informações administrativas previstas na presente lei quando cometidas pelos seus órgãos ou representantes em seu nome e no inte- Quem, sendo membro dos órgãos sociais das institui- resse colectivo. ções de crédito, seu empregado ou a elas prestando serviço, prestar informações ou entregar documentos falsos ou de- 2. A responsabilidade referida no número anterior é turpados no âmbito de procedimento ordenado nos termos excluída quando o agente tiver actuado contra ordens ou do capítulo II-A, ou ainda que, sem justa causa, se recusar a instruções expressas de quem de direito. prestar informações ou a entregar documentos ou obstruir a sua apreensão é punido com pena de prisão de 6 meses a 3 3. A responsabilidade das entidades referidas no n.º 1 anos ou multa não inferior a 60 dias. não exclui a responsabilidade dos respectivos agentes.

4. As pessoas colectivas, mesmo que irregularmente Artigo 7.º-B constituídas, as associações sem personalidade jurídica e as Infracções administrativas comissões especiais respondem solidariamente pelo paga- mento das multas, indemnizações, custas judiciais e outras 1. Constitui infracção administrativa, sancionada com prestações em que forem condenados os agentes das infrac- multa de $ 10 000,00 (dez mil patacas) a $ 500 000,00 (qui- ções, nos termos do número anterior. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 33

Artigo 7.º-E Artigo 10.º Responsabilidade pelo pagamento das multas Alterações à Lei n.º 6/97/M, de 30 de Julho

1. Sem prejuízo do disposto nos números seguintes, a 1. A alínea u) do n.º 1 do artigo 1.º da Lei n.º 6/97/M, de responsabilidade pelo pagamento das multas recai sobre o 30 de Julho, passa a ter a seguinte redacção: infractor. «u) Branqueamento de capitais». 2. Se o infractor for pessoa colectiva, pelo pagamento da multa respondem, solidariamente com aquela, os admi- 2. As remissões efectuadas para o artigo 10.º da Lei nistradores ou quem por qualquer outra forma a represente, n.º 6/97/M, de 30 de Julho, consideram-se feitas para o ar- quando sejam julgados responsáveis pela infracção adminis- tigo 3.º da presente lei, quando se verifiquem as circunstân- trativa. cias agravantes previstas no artigo 4.º

3. Se a multa for aplicada a uma associação sem perso- nalidade jurídica ou a uma comissão especial, responde por Artigo 11.º ela o património comum dessa associação ou comissão e, Entrada em vigor na sua falta ou insuficiência, o património de cada um dos associados ou membros em regime de solidariedade. A presente lei entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.

Aprovada em 23 de Março de 2006. CAPÍTULO IV Disposições finais A Presidente da Assembleia Legislativa, .

Artigo 8.º Assinada em 25 de Março de 2006. Regulamentação Publique-se. 1. A regulamentação dos pressupostos e conteúdo dos deveres previstos no artigo 7.º, bem como a definição do sis- O Chefe do Executivo, Ho Hau Wah. tema de fiscalização do respectivo cumprimento, constam de regulamento administrativo. ------

2. As competências para centralizar, analisar e facultar ANEXO II as informações resultantes do cumprimento dos deveres (a que se refere o artigo 8.º) previstos no n.º 1 do artigo 7.º são atribuídas a uma entidade a criar ou a qualquer outra já existente. REPUBLICAÇÃO

3. A entidade referida no número anterior pode, para o REGIÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL DE MACAU desempenho das funções que lhe estejam atribuídas: Lei n.º 3/2006 1) Solicitar informações a quaisquer entidades públicas ou privadas; Prevenção e repressão dos crimes de terrorismo

2) Facultar informações a entidades exteriores à A Assembleia Legislativa decreta, nos termos da alínea RAEM, em cumprimento de acordos inter-regionais ou de 1) do artigo 71.º da Lei Básica da Região Administrativa qualquer instrumento de direito internacional. Especial de Macau, para valer como lei, o seguinte:

Artigo 9.º CAPÍTULO I Norma revogatória Disposições gerais

São revogados: Artigo 1.º 1) Os artigos 10.º, 14.º e 18.º, n.os 3, 4 e 5, da Lei n.º 6/97/M, Objecto de 30 de Julho; A presente lei tem como objecto a prevenção e repres- 2) O Decreto-Lei n.º 24/98/M, de 1 de Junho. são dos crimes de terrorismo. 34 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Artigo 2.º de alimentos e águas destinadas a consumo humano ou di- Direito subsidiário fusão de doença, praga, planta ou animal nocivos;

Aos crimes previstos na presente lei são subsidiaria- 4) Acto que destrua ou que impossibilite o funcio- mente aplicáveis as normas do Código Penal. namento ou desvie dos seus fins normais, definitiva ou temporariamente, total ou parcialmente, meios ou vias de comunicação, instalações de serviços públicos ou destina- Artigo 3.º das ao abastecimento e satisfação de necessidades vitais da Factos praticados fora da RAEM população;

Salvo disposição em contrário constante de convenção 5) Investigação ou desenvolvimento de armas nucleares, internacional aplicável na Região Administrativa Especial biológicas ou químicas; ou de Macau, abreviadamente designada por RAEM, ou de acordo no domínio da cooperação judiciária, a presente lei 6) Crime que implique o emprego de energia nuclear, é ainda aplicável a factos cometidos fora da RAEM: armas de fogo, biológicas ou químicas, substâncias ou enge- nhos explosivos, meios incendiários de qualquer natureza, 1) Quando constituírem os crimes previstos nos artigos encomendas ou cartas contendo engenhos ou substâncias 4.º e 6.º, n.º 1, ou nos artigos 7.º e 8.º contra a RAEM; especialmente perigosos;

2) Quando constituírem os crimes previstos nos artigos sempre que, pela sua natureza ou pelo contexto em que 5.º, 6.º, n.º 2, 7.º e 8.º: são cometidos, estes factos sejam susceptíveis de afectar gravemente a RAEM ou a população que se visa intimidar. (1) Contra a República Popular da China, desde que o agente seja residente da RAEM ou seja encontrado na 2. Quem promover ou fundar grupo, organização ou RAEM; associação terrorista, a eles aderir ou os apoiar, nomeada- mente através do fornecimento de informações ou meios (2) Contra um Estado estrangeiro ou uma organização materiais, é punido com pena de prisão de 10 a 20 anos. pública internacional, desde que o agente seja encontrado na RAEM e não possa ser entregue a outro território ou 3. Quem chefiar ou dirigir grupo, organização ou as- Estado. sociação terrorista é punido com pena de prisão de 12 a 20 anos.

CAPÍTULO II 4. Quando um grupo, organização ou associação terro- Disposições penais rista ou as pessoas referidas nos n.os 2 e 3 possuir qualquer dos meios indicados na alínea 6) do n.º 1, a pena é agravada Artigo 4.º de um terço nos seus limites mínimo e máximo. Organizações terroristas 5. Quem praticar actos preparatórios da constituição de 1. Considera-se grupo, organização ou associação ter- grupo, organização ou associação terrorista é punido com rorista todo o agrupamento de duas ou mais pessoas que, pena de prisão de 1 a 8 anos. actuando concertadamente, visem impedir, alterar ou sub- verter, pela violência, o funcionamento do sistema político, 6. As penas referidas nos números anteriores podem ser económico ou social estabelecido na RAEM, forçar a auto- especialmente atenuadas ou o facto deixar de ser punível se ridade pública a praticar um acto, a abster-se de o praticar o agente impedir ou se esforçar seriamente por impedir a ou a tolerar que se pratique, ou ainda intimidar certas pes- continuação do grupo, organização ou associação terrorista, soas, grupo de pessoas ou a população em geral, mediante a ou comunicar à autoridade a sua existência de modo a esta prática de: poder evitar a prática de crimes.

1) Crime contra a vida, a integridade física ou a liberda- de das pessoas; Artigo 5.º Outras organizações terroristas 2) Crime contra a segurança dos transportes e das co- municações, incluindo as informáticas, telegráficas, telefó- 1. Aos grupos, organizações e associações previstas no nicas, de rádio ou de televisão; n.º 1 do artigo 4.º são equiparados os agrupamentos de duas ou mais pessoas que, actuando concertadamente, visem, 3) Crime de produção dolosa de perigo comum, através mediante a prática dos factos aí descritos, ofender a integri- de incêndio, explosão, libertação de substâncias radioac- dade ou a independência de um Estado, impedir, alterar ou tivas ou de gases tóxicos ou asfixiantes, de inundação ou subverter, pela violência, o funcionamento das instituições avalancha, desmoronamento de construção, contaminação de um Estado, de uma Região ou de uma organização públi- N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 35 ca internacional, forçar as respectivas autoridades a praticar 3. Quem organizar, financiar ou facilitar a viagem ou um acto, a abster-se de o praticar ou a tolerar que se prati- tentativa de viagem previstas nos números anteriores é pu- que ou, ainda, intimidar certas pessoas, grupos de pessoas nido com pena de prisão de 1 a 8 anos. ou a população em geral, sempre que, pela sua natureza ou pelo contexto em que foram cometidos, esses factos sejam susceptíveis de afectar gravemente esse Estado, Região ou Artigo 7.º organização, ou a população que se visa intimidar. Financiamento ao terrorismo

2. É correspondentemente aplicável o disposto nos n.os 2 1. Quem disponibilizar ou recolher fundos, recursos a 6 do artigo 4.º económicos ou bens de qualquer tipo, bem como produtos ou direitos susceptíveis de ser transformados em fundos, com intenção de financiar, no todo ou em parte, a prática Artigo 6.º de terrorismo, é punido com pena de prisão de 1 a 8 anos, Terrorismo se pena mais grave lhe não couber por força das disposições anteriores. 1. Quem praticar os factos previstos no n.º 1 do artigo 2. O ilícito previsto no número anterior é cometido 4.º, com a intenção nele referida, é punido com pena de pri- sempre que o financiamento se destine: são de 3 a 12 anos ou com a pena correspondente ao crime praticado, agravada de um terço nos seus limites mínimo e 1) À prática de actos terroristas específicos; máximo, se for igual ou superior àquela. 2) Às organizações terroristas ou a terroristas individu- 2. Na mesma pena incorre quem praticar os factos pre- almente considerados, tendo em vista quaisquer finalidades vistos no n.º 1 do artigo 4.º, com a intenção referida no n.º 1 relacionadas com a prática de terrorismo, ainda que o finan- do artigo 5.º ciamento não se encontre associado à prática de quaisquer actos terroristas específicos. 3. Quem praticar actos preparatórios dos crimes de terrorismo previstos nos números anteriores é punido com pena de prisão de 1 a 8 anos, se pena mais grave lhe não Artigo 8.º couber por força de outra disposição legal. Incitamento ao terrorismo

4. Se o agente abandonar voluntariamente a sua activi- Quem, pública e directamente, incitar à prática de ter- dade, afastar ou fizer diminuir consideravelmente o perigo rorismo ou à constituição de grupo, organização ou associa- por ela provocado ou impedir que o resultado que a lei quer ção terrorista, é punido com pena de prisão de 1 a 8 anos. evitar se verifique, pode a pena ser especialmente atenuada ou o facto deixar de ser punível. Artigo 9.º 5. Se o agente auxiliar concretamente na recolha das Penas acessórias provas decisivas para a identificação ou a captura de outros responsáveis, pode a pena ser especialmente atenuada. 1. Quem for condenado pelos crimes previstos nos arti- gos 4.º a 8.º, atenta a gravidade do facto e a sua projecção na idoneidade cívica do agente, pode ser: Artigo 6.º-A Outros meios para a prática do terrorismo 1) Suspenso de direitos políticos por um período de 2 a 10 anos; 1. Quem, por qualquer meio, viajar ou tentar viajar para 2) Proibido do exercício de funções públicas por um pe- um território diferente do seu Estado de nacionalidade ou ríodo de 10 a 20 anos; de residência, com vista ao treino, apoio logístico ou instru- ção de outrem, para a prática dos factos previstos no n.º 1 ou 3) Expulso ou proibido de entrar na RAEM por um pe- no n.º 2 do artigo 6.º, com a intenção neles referida, é puni- ríodo de 5 a 10 anos, quando não residente; do com pena de prisão de 1 a 8 anos. 4) Sujeito a injunção judiciária. 2. Quem, por qualquer meio, viajar ou tentar viajar para um território diferente do seu Estado de nacionalidade ou 2. As penas acessórias podem ser aplicadas cumulativa- de residência, com vista à adesão a uma organização terro- mente. rista ou à prática dos factos previstos no n.º 1 ou no n.º 2 do artigo 6.º, com a intenção neles referida, é punido com pena 3. Não conta para o prazo referido nas alíneas 1) e 2) do de prisão de 1 a 8 anos. n.º 1 o tempo em que o agente estiver privado de liberdade 36 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 por força de medida de coacção processual, pena ou medida 3) Encerramento de estabelecimento por um período de de segurança. 1 mês a 1 ano;

4) Encerramento definitivo de estabelecimento; Artigo 10.º Responsabilidade penal das pessoas colectivas 5) Injunção judiciária;

1. As pessoas colectivas, ainda que irregularmente 6) Publicidade da decisão condenatória a expensas da constituídas, e as associações sem personalidade jurídica condenada, num jornal de língua chinesa e num jornal de são responsáveis pelos crimes previstos nos artigos 4.º a 8.º língua portuguesa dos mais lidos na RAEM, bem como quando cometidos em seu nome e no interesse colectivo: através de edital, redigido nas referidas línguas, por período não inferior a 15 dias, no local de exercício da actividade, 1) Pelos seus órgãos ou representantes; ou por forma bem visível ao público.

9. As penas acessórias podem ser aplicadas cumulativa- 2) Por uma pessoa sob a autoridade destes, quando o mente. cometimento do crime se tenha tornado possível em virtude de uma violação dolosa dos deveres de vigilância ou contro- 10. A cessação da relação laboral que ocorra em virtude lo que lhes incumbem. da aplicação da pena de dissolução judicial ou de qualquer das penas acessórias previstas no n.º 8, considera-se, para 2. A responsabilidade das entidades referidas no nú- todos os efeitos, como sendo rescisão sem justa causa da mero anterior não exclui a responsabilidade individual dos responsabilidade do empregador. respectivos agentes.

3. Pelos crimes referidos no n.º 1 são aplicáveis às enti- CAPÍTULO III dades aí referidas as seguintes penas principais: Disposições preventivas

1) Multa; Artigo 11.º Remissão 2) Dissolução judicial. 1. No âmbito da investigação e julgamento dos crimes 4. A pena de multa é fixada em dias, no mínimo de 100 previstos na presente lei são aplicáveis as medidas proces- e no máximo de 1 000. suais especiais previstas no capítulo II-A da Lei n.º 2/2006 (Prevenção e repressão do crime de branqueamento de ca- 5. A cada dia de multa corresponde uma quantia entre pitais). $ 100,00 (cem patacas) e $ 20 000,00 (vinte mil patacas). 2. Para efeitos da prevenção e repressão do financia- 6. Se a multa for aplicada a uma associação sem perso- mento ao terrorismo são aplicáveis, com as necessárias nalidade jurídica, responde por ela o património comum e, adaptações, as normas dos artigos 6.º, 7.º, 7.º-A, 7.º-B, 7.º-C, na sua falta ou insuficiência, solidariamente, o património 7.º-D, 7.º-E e 8.º da Lei n.º 2/2006. de cada um dos associados.

7. A pena de dissolução judicial só será decretada quan- CAPÍTULO IV do os fundadores das entidades referidas no n.º 1 tenham Disposições finais tido a intenção, exclusiva ou predominante, de, por meio delas, praticar os crimes aí previstos ou quando a prática Artigo 12.º reiterada de tais crimes mostre que aquelas entidades estão Natureza urgente a ser utilizadas, exclusiva ou predominantemente, para esse efeito, quer pelos seus membros, quer por quem exerça a Os procedimentos inerentes à execução da presente lei, respectiva administração. designadamente os que tenham por objecto fundos destina- dos à prática de terrorismo, devem sempre assumir natureza 8. Às entidades referidas no n.º 1 podem ser aplicadas urgente. as seguintes penas acessórias:

1) Proibição do exercício de certas actividades por um Artigo 13.º período de 1 a 10 anos; Alteração ao Código de Processo Penal

2) Privação do direito a subsídios ou subvenções outor- O artigo 1.º do Código de Processo Penal aprovado pelo gados por serviços ou entidades públicos; Decreto-Lei n.º 48/96/M, de 2 de Setembro, e alterado pelo N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 37

Decreto-Lei n.º 63/99/M, de 25 de Outubro e pela Lei Aprovada em 30 de Março de 2006. n.º 9/1999, passa a ter a seguinte redacção: A Presidente da Assembleia Legislativa, Susana Chou.

«Artigo 1.º Assinada em 1 de Abril de 2006. (………) Publique-se. 1...... O Chefe do Executivo, Ho Hau Wah. 2......

a) Integrarem os crimes previstos no artigo 288.º do Código Penal e nos artigos 4.º, 5.º e 6.º da Lei n.º 3/2006; ______

b) ......

c) ...... » 4. Texto aprovado da proposta de lei intitulada “Regi- me jurídico da troca de informações em matéria fiscal”. Artigo 14.º Alteração ao Código Penal REGIÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL DE MACAU

O artigo 5.º do Código Penal aprovado pelo Decreto- Lei n.º /2017 -Lei n.º 58/95/M, de 14 de Novembro, e alterado pela Lei n.º 6/2001, passa a ter a seguinte redacção: Regime jurídico da troca de informações em matéria fiscal

A Assembleia Legislativa decreta nos termos da alínea «Artigo 5.º 1) do artigo 71.º da Lei Básica da Região Administrativa (………) Especial de Macau, para valer como lei o seguinte:

1......

a) Quando constituírem os crimes previstos nos arti- CAPÍTULO I gos 252.º a 261.º e 297.º a 305.º; Disposições gerais

b) ...... Artigo 1.º c) ...... Objecto

(1) ...... 1. A presente lei estabelece as regras aplicáveis à troca de informações no âmbito das convenções ou acordos em (2) ...... matéria fiscal celebrados entre a Região Administrativa Es- pecial de Macau, doravante designada por RAEM, e outras (3) ...... jurisdições fiscais. d) ...... 2. A troca de informações referida no número anterior 2...... » é feita nos termos de uma convenção ou de acordo destina- dos a evitar a dupla tributação e a prevenir a evasão fiscal, de acordo bilateral ou multilateral para troca de informa- Artigo 15.º ções em matéria fiscal ou de qualquer norma relativa a uma Revogação convenção de natureza similar, doravante designados por acordos internacionais. São revogados os artigos 289.º e 290.º do Código Penal.

Artigo 2.º Artigo 16.º Formas de troca de informações Entrada em vigor A troca de informações referida no artigo anterior A presente lei entra em vigor no dia seguinte ao da sua abrange a troca de informações a pedido, a troca automáti- publicação. ca de informações e a troca espontânea de informações. 38 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Artigo 3.º 3. A troca espontânea de informações é aplicável às Definições pessoas singulares e colectivas, relativamente às quais a Di- recção dos Serviços de Finanças, doravante designada por 1. Para efeitos da presente lei, entende-se por: DSF, obteve no exercício das suas funções de apuramento de obrigações tributárias ou outras funções de investigação 1) «Troca de informações a pedido», a troca de informa- tributária as informações previsivelmente relevantes em be- ções efectuada entre a RAEM e outras partes contratantes nefício da aplicação ou execução das leis internas por outras dos acordos internacionais, quando haja um pedido formu- partes contratantes dos acordos internacionais, no âmbito lado ou recebido; fiscal aplicável dos respectivos acordos, que são fornecidas por iniciativa própria às referidas partes. 2) «Troca automática de informações», a troca de in- formações pré-definidas efectuada entre a RAEM e outras partes contratantes dos acordos internacionais, em inter- CAPÍTULO II valos regulares pré-estabelecidos através da comunicação Troca de informações a pedido sistemática, na ausência de pedido previamente formulado ou recebido; Artigo 5.º Âmbito da troca de informações a pedido 3) «Troca espontânea de informações», o fornecimen- to de informações por iniciativa própria da RAEM ou de 1. A troca de informações a pedido inclui as seguintes outras partes contratantes dos acordos internacionais, na informações relativas ao âmbito subjectivo referido no n.º 1 ausência de pedido previamente formulado ou recebido; do artigo anterior:

4) «Beneficiário efectivo», a pessoa singular que em 1) Informações que se encontrem na disponibilidade da benefício próprio realiza uma transacção ou actividade ou DSF no âmbito das suas competências de gestão tributária, que, em última instância, tem a titularidade ou controlo so- incluindo as informações obtidas por recolha de provas bre o cliente ou a respectiva transacção. Inclui igualmente através de inspecção e fiscalização tributárias; a pessoa singular que exerce a titularidade e controlo final sobre os interesses de uma pessoa colectiva, de um acordo 2) Informações mantidas por outros serviços e organis- legal ou de uma forma jurídica semelhante. A referência à mos públicos, incluindo: titularidade final, ao controlo final ou à última instância de controlo efectivo compreende as situações em que a pro- (1) Informações sobre a identidade dos titulares de ór- priedade ou o controlo é exercido através de uma cadeia de gãos e dos beneficiários efectivos de pessoas colectivas; propriedade ou controlo, que não controlo directo; (2) Informações sobre contabilidade e documentação 5) «Residente fiscal estrangeiro», a pessoa singular ou subjacente de pessoas colectivas; colectiva que é considerada como residente para efeitos fiscais nos termos da respectiva legislação de outras jurisdi- (3) Outras informações que sejam consideradas previsi- ções fiscais. velmente relevantes para a troca de informações a pedido;

3) Informações mantidas por instituições e entidades, 2. Para efeitos da presente lei, pessoas colectivas in- doravante designadas por instituições financeiras e offshore, cluem também as mesmo que irregularmente constituídas, que são reguladas pela seguinte legislação: as associações sem personalidade jurídica e as comissões especiais. (1) Decreto-Lei n.º 32/93/M, de 5 de Julho, que aprova o regime jurídico do sistema financeiro; Artigo 4.º (2) Decreto-Lei n.º 58/99/M, de 18 de Outubro, que de- Âmbito subjectivo de aplicação fine o regime jurídico aplicável à actividade offshore;

1. A troca de informações a pedido é aplicável às pes- (3) Decreto-Lei n.º 27/97/M, de 30 de Junho, que regula soas singulares e colectivas, relativamente às quais as infor- as condições de acesso e de exercício da actividade segura- mações solicitadas por qualquer uma das partes contratan- dora e resseguradora; tes dos acordos internacionais no âmbito fiscal aplicável dos respectivos acordos são previsivelmente relevantes para a (4) Decreto-Lei n.º 83/99/M, de 22 de Novembro, que aplicação ou execução das leis internas dessa parte contra- regula a constituição e funcionamento dos fundos de investi- tante. mento e das sociedades gestoras de fundos de investimento.

2. A troca automática de informações é aplicável aos 2. Para efeitos do disposto no número anterior, conside- residentes fiscais de outras partes contratantes dos acordos ram-se informações as que constam de quaisquer documen- internacionais que possuem contas financeiras na RAEM. tos ou registos, independentemente do respectivo suporte, N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 39 em que se titulem, comprovem ou registem operações prati- quada identificação das pessoas singulares ou colectivas, e cadas pelas instituições financeiras e offshore, no âmbito da da respectiva pretensão. respectiva actividade. 3. Após a decisão do Chefe do Executivo de aceita- 3. As informações utilizadas na troca de informações a ção do pedido, a DSF notifica as instituições financeiras e pedido limitam-se apenas àquelas referentes ao ano em que a offshore para lhe remeterem as informações necessárias RAEM tenha recebido o pedido e aos cinco anos anteriores. à troca de informações a pedido, fixando-lhes um prazo mínimo de cinco dias úteis a contar da data da recepção da notificação para a apresentação das informações. Artigo 6.º Princípio da reciprocidade 4. As instituições financeiras e offshore que, justifica- damente, não possam remeter as informações solicitadas no 1. A troca de informações a pedido está sujeita ao prin- prazo conferido pela DSF, podem requerer um prazo adi- cípio da reciprocidade. cional de cinco dias úteis para o efeito.

2. A RAEM presta as informações solicitadas desde 5. A notificação dirigida às instituições financeiras e que a ordem interna da parte requerente admita um pedido offshore identifica as informações pretendidas e informa por si formulado em condições semelhantes. tratar-se de um pedido de troca de informações a pedido aceite pelo Chefe do Executivo e, com base em qualquer das 3. A RAEM não presta as informações solicitadas circunstâncias previstas no n.º 1 do artigo seguinte, pode-se quando, de acordo com o direito interno da parte requeren- simultaneamente proibir a comunicação da existência do te, esta não possa obter, no seu próprio território, as infor- referido pedido às pessoas singulares ou colectivas, a quem mações solicitadas à parte requerida. as informações respeitam.

Artigo 7.º Artigo 9.º Recusa do pedido Notificação e meios de defesa

O pedido de troca de informações a pedido é recusado 1. A DSF notifica às pessoas singulares ou colectivas, a em qualquer das seguintes circunstâncias: quem as informações respeitam, os fins da recolha da infor- mação, suas origens e conteúdo, excepto em qualquer uma 1) Não estiver cumprido o princípio da reciprocidade; das seguintes circunstâncias:

2) A informação seja reveladora de segredos de Estado 1) Quando outras partes contratantes dos acordos in- ou da RAEM, comprometa a segurança do Estado ou da ternacionais declarem que as informações em causa não RAEM ou seja contrária à ordem pública; podem ser comunicadas às pessoas singulares ou colectivas, a quem as informações respeitam; 3) A informação seja reveladora de segredos ou proces- sos comerciais, industriais ou profissionais; 2) Quando a troca de informações a pedido vise a pro- tecção de interesse público especialmente relevante. 4) As informações que se pretendem obter sejam rela- tivas a comunicações confidenciais entre advogados, solici- 2. Às notificações referidas no número anterior é aplicá- tadores ou outros representantes legais reconhecidos, e os vel o disposto no Decreto-Lei n.º 16/84/M, de 24 de Março. respectivos clientes no âmbito de parecer jurídico solicitado ou no âmbito de processos judiciais em curso ou previstos. 3. Nos casos em que se efectua a notificação prevista no n.º 1, da decisão da troca de informações a pedido pode ser interposto pelas pessoas singulares ou colectivas, a quem as Artigo 8.º informações respeitam, recurso contencioso com efeito sus- Procedimentos para a troca de informações a pedido pensivo, com fundamento em erro na informação a remeter.

1. Compete ao Chefe do Executivo a decisão de formu- lar o pedido de troca de informações a pedido feito pela CAPÍTULO III RAEM, bem como a decisão de aceitar ou recusar pedidos Troca automática de informações de troca de informações a pedido a ela apresentados. Artigo 10.º 2. O procedimento de troca de informações a pedido Âmbito e regras da troca automática de informações inicia-se mediante pedido devidamente justificado, apre- sentado pela autoridade competente da parte requerente, 1. A troca automática de informações aplica-se às ins- acompanhado de todos os elementos que permitam a ade- tituições financeiras e offshore que realizam operações 40 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 financeiras e mantêm informações das contas financeiras ceiras devem fornecer à DSF as informações referentes ao relativas ao âmbito subjectivo referido no n.º 2 do artigo ano civil precedente, até ao dia 30 de Junho de cada ano 4.º, doravante designadas por instituições financeiras, com civil. excepção das instituições financeiras não declarantes defini- das no despacho do Chefe do Executivo referido no número 3. Todos os procedimentos relativos à troca automática seguinte. de informações mediante os quais as informações das con- tas financeiras reportáveis referentes ao ano civil anterior 2. Para efeitos da troca automática de informações, o são fornecidas a outras partes contratantes dos acordos in- Chefe do Executivo pode, sob proposta da DSF, aprovar ternacionais, devem ser concluídos no prazo de nove meses por despacho a publicar no Boletim Oficial da Região Ad- após o início de cada ano civil. ministrativa Especial de Macau a Norma Comum de Co- municação e os Procedimentos de Diligência Devida para 4. Para efeitos do disposto no n.º 1, as instituições finan- Informações sobre Contas Financeiras (Common Reporting ceiras devem utilizar a forma de encriptação electrónica no Standard and Due Diligence Procedures), doravante desig- fornecimento de informações à DSF. nados por instruções. 5. As instituições financeiras podem contratar prestado- 3. As instituições financeiras devem cumprir com as res de serviços para executar as instruções, encontrando-se instruções, procedendo à identificação do titular da conta os prestadores de serviços igualmente sujeitos às disposi- financeira como residente fiscal estrangeiro numa aborda- ções estabelecidas no presente capítulo, bem como às obri- gem genérica, por forma a confirmar as contas financeiras gações de confidencialidade estabelecidas no artigo 19.º. reportáveis e recolher a informação relevante a partir das contas financeiras mantidas.

os 4. Para efeitos do disposto nos n. 2 e 3, as instituições CAPÍTULO IV financeiras devem garantir que os residentes fiscais estran- Troca espontânea de informações geiros identificados têm conhecimento de que as informa- ções relativas às suas contas estão sujeitas às regras previs- tas neste capítulo e que são fornecidas, para fins fiscais, às Artigo 12.º partes contratantes de acordo com os acordos internacio- Âmbito da troca espontânea de informações nais. A RAEM pode transmitir a outras partes contratantes, 5. Para efeitos do disposto no presente artigo, as ins- sem necessidade de pedido prévio, as informações relativas tituições financeiras devem exigir aos novos clientes de ao âmbito subjectivo referidas no n.º 3 do artigo 4.º em qual- contas financeiras que forneçam auto-certificação ou docu- quer das seguintes circunstâncias: mentos relevantes que comprovem serem residentes fiscais estrangeiros, como parte integrante dos requisitos docu- 1) Houver razões para presumir que outras partes con- mentais no âmbito das contas financeiras novas. tratantes podem estar sujeitas a uma perda da receita fiscal;

6. As informações recolhidas nos termos dos n.os 3 e 5 2) Houver um contribuinte que obteve uma redução ou devem ser conservadas durante cinco anos contados a partir uma isenção de imposto na RAEM que pode vir a aumen- do final do ano em que os procedimentos tenham decorrido. tar as suas obrigações fiscais ou tributárias em outras partes contratantes; 7. A troca automática de informações refere-se à infor- 3) Houver transacções comerciais entre contribuintes mação relevante a partir de 1 de Julho de 2017. da RAEM e contribuintes de outras partes contratantes efectuadas em uma ou mais jurisdições, sendo que a forma de transacção pode conduzir à redução fiscal na RAEM, Artigo 11.º em outras partes contratantes ou em ambas; Métodos e procedimentos para a troca automática de informações 4) Houver razões para presumir a existência de trans- ferências artificiais de lucros no interior de um grupo de 1. A troca automática de informações é efectuada nos empresas que podem resultar no pagamento de menos im- termos das disposições previstas nos acordos internacionais, posto; cabendo à DSF proceder à troca das informações recolhidas das instituições financeiras com outras partes contratantes. 5) Houver informações a fornecer pela RAEM a outras partes contratantes que podem permitir o acesso das outras 2. Para que a DSF proceda à troca automática de infor- partes contratantes às informações relacionadas com o apu- mações prevista no número anterior, as instituições finan- ramento das obrigações tributárias. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 41

Artigo 13.º 2. É excluída a responsabilidade referida no número Procedimentos para a troca espontânea de informações anterior quando o agente tiver actuado contra ordens ou instruções expressas de quem de direito. 1. Compete ao Chefe do Executivo a decisão de efectu- ar a troca espontânea de informações. 3. A responsabilidade atribuída nos termos do n.º 1 não exclui a responsabilidade dos respectivos agentes. 2. Após a decisão do Chefe do Executivo, a troca es- pontânea de informações prevista no número anterior é efectuada entre a DSF e as autoridades competentes de Artigo 16.º outras partes contratantes nos termos previstos no acordo Responsabilidade pelo pagamento das multas internacional que se mostre aplicável. No caso de o infractor ser pessoa colectiva: 3. Nas situações descritas nas alíneas 2), 3) ou 4) do ar- tigo 7.º, não pode ser efectuada a troca espontânea de infor- 1) Pelo pagamento da multa respondem, solidariamente mações. com aquela, os administradores ou quem por outra forma a represente, quando sejam julgados responsáveis pela infrac- CAPÍTULO V ção administrativa; Regime sancionatório 2) Se a multa for aplicada a uma associação sem per- sonalidade jurídica ou a uma comissão especial, responde Artigo 14.º por ela o património comum e, na sua falta ou insuficiência, Sanções administrativas solidariamente, o património de cada um dos associados ou membros. 1. É sancionada com multa de 6 000 a 60 000 patacas qualquer das seguintes situações: Artigo 17.º 1) Na ausência do prazo adicional referido no n.º 4 do Destino das multas artigo 8.º, não cumprir o prazo especificado no n.º 3 do refe- rido artigo; O produto das multas aplicadas pela prática das infrac- ções administrativas previstas na presente lei constitui re- 2) Não cumprir o prazo especificado no n.º 4 do artigo 8.º ceita da RAEM. ou no n.º 2 do artigo 11.º;

3) Não cumprir as obrigações previstas no n.º 6 do arti- CAPÍTULO VI go 10.º ou no n.º 4 do artigo 11.º; Disposições finais

4) As informações fornecidas ou transmitidas nos ter- Artigo 18.º mos da presente lei forem inexactas ou incompletas, e hou- Dados pessoais ver dolo.

Sem prejuízo do disposto no n.º 5 do artigo 8.º, no n.º 1 2. Considera-se reincidência a prática de infracção ad- do artigo 9.º e no n.º 4 do artigo 10.º, a execução da troca de ministrativa da mesma natureza no prazo de dois anos após informações em matéria fiscal dispensa: a decisão administrativa sancionatória se ter tornado inim- pugnável. 1) A obrigação de informação ao titular de dados pes- soais aquando da sua recolha e tratamento; 3. Em caso de reincidência, o limite mínimo da multa é elevado de um quarto e o limite máximo permanece inalte- 2) A notificação à autoridade pública exigida para a rado. transferência de dados pessoais para local situado fora da RAEM. 4. O pagamento de multa não isenta o infractor do cum- primento da obrigação de fornecer as informações. Artigo 19.º Confidencialidade Artigo 15.º Responsabilidade das pessoas colectivas 1. Todas as trocas de informações estão sujeitas às re- gras de confidencialidade e outras salvaguardas previstas 1. As pessoas colectivas respondem pela prática das nos acordos internacionais, incluindo as disposições que li- infracções administrativas previstas na presente lei, quando mitam a utilização das informações obtidas nas trocas, com cometidas, em seu nome e no seu interesse colectivo, pelos vista a garantir o nível necessário de protecção de dados seus órgãos ou representantes. pessoais. 42 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

2. Todos os serviços e organismos públicos, bem como 5. Texto aprovado da proposta de lei intitulada “Con- as instituições financeiras e offshore, estão sujeitos ao dever trolo do transporte transfronteiriço de numerário e de ins- de confidencialidade referido no número anterior, sem pre- trumentos negociáveis ao portador”. juízo do disposto no artigo seguinte. REGIÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL DE MACAU 3. Os funcionários da DSF que recolhem informações nos termos previstos na presente lei, em razão das suas fun- ções, estão obrigados ao dever de sigilo profissional, mesmo Lei n.º /2017 após o termo daquelas funções, não podendo ser reveladas ou utilizadas as informações para outros fins que não a tro- Controlo do transporte transfronteiriço de numerário e de ca de informações em matéria fiscal. instrumentos negociáveis ao portador

A Assembleia Legislativa decreta, nos termos da alínea Artigo 20.º 1) do artigo 71.º da Lei Básica da Região Administrativa Derrogação do dever de sigilo Especial de Macau, para valer como lei, o seguinte:

Quando a DSF solicite a outros serviços e organismos públicos, bem como instituições financeiras e offshore, a prestação das informações nos termos da presente lei, é CAPÍTULO I derrogado o dever de sigilo. Disposições gerais

Artigo 21.º Artigo 1.º Competências Objecto

1. A DSF é a entidade competente para gerir as trocas A presente lei estabelece o sistema de controlo do de informações em matéria fiscal. transporte transfronteiriço de numerário e de instrumentos negociáveis ao portador. 2. As instituições financeiras às quais se apliquem as disposições previstas no capítulo III estão sujeitas à super- visão da DSF. Artigo 2.º Definições 3. Compete ao director da DSF iniciar procedimentos sancionatórios administrativos, conduzir investigações e Para efeitos da presente lei, entende-se por: aplicar multas. 1) «Instrumentos negociáveis ao portador», qualquer título ou instrumento monetário, tais como cheques de via- Artigo 22.º gem e títulos negociáveis, quer ao portador quer endossados Revogação sem restrições, passados a um beneficiário real ou fictício, ou sob qualquer outra forma que permita a transferência É revogada a Lei n.º 20/2009 (Troca de informações em do direito ao pagamento mediante simples entrega e instru- matéria fiscal). mentos incompletos, incluindo cheques, livranças, e ordens de pagamento, assinados, mas com omissão do nome do be- neficiário; Artigo 23.º Entrada em vigor 2) «Montante de referência», o valor monetário em patacas ou o seu contravalor noutra divisa, o qual, sendo A presente lei entra em vigor no dia seguinte ao da sua atingido ou superado, é susceptível de gerar, para o viajante publicação. que o transporta, a obrigação de o declarar, para efeitos de controlo alfandegário; Aprovada em 31 de Maio de 2017.

3) «Sistema de duplo circuito», o sistema de controlo O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. alfandegário simplificado, também designado por sistema Assinada em de de 2017. vermelho/verde, que permite aos Serviços de Alfândega da Região Administrativa Especial de Macau, doravante de- Publique-se. signados por SA, garantir o cumprimento das formalidades inerentes à passagem dos viajantes pela alfândega de forma O Chefe do Executivo, Chui Sai On. mais célere. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 43

CAPÍTULO II 1) Interpelar os viajantes, numa base aleatória ou por Sistema de declaração e controlo alfandegário sondagem ou segundo determinados indicadores, para que aqueles prestem informações adicionais e apresentem o seu Artigo 3.º passaporte ou outros documentos de identificação, o bilhete Obrigação de declaração à entrada na Região Administra- de passagem e facturas ou outros documentos relativos à tiva Especial de Macau proveniência ou destino do numerário ou instrumentos ne- gociáveis ao portador transportados; 1. Qualquer pessoa singular que, à entrada na Região Administrativa Especial de Macau, doravante designada 2) Revistar a bagagem declarada ou não declarada dos por RAEM, transporte consigo numerário e/ou instrumen- viajantes, revendo o respectivo conteúdo, e efectuar a sua tos negociáveis ao portador cujo valor global atinja ou ultra- revista pessoal, verificando os bens e objectos trazidos por passe o montante de referência, deve declarar esse facto aos si ou no respectivo vestuário e acessórios. agentes dos SA. 2. A revista de bagagem e a revista pessoal referidas na 2. Nos locais de entrada na RAEM em que exista o sis- alínea 2) do número anterior devem realizar-se nas instala- tema de duplo circuito: ções da autoridade alfandegária e respeitar a dignidade pes- soal e proteger a privacidade pessoal, reduzindo ao mínimo 1) A passagem do viajante pelo circuito verde corres- indispensável o incómodo do viajante. ponde à declaração de que o mesmo não transporta consigo numerário e/ou instrumentos negociáveis ao portador cujo 3. Havendo indícios de que o numerário ou instrumen- valor global atinja ou ultrapasse o montante de referência; tos negociáveis ao portador possam estar associados ou resultem de actividades ilícitas, tais como o branqueamento 2) A vontade de apresentar a declaração para cumpri- de capitais ou o financiamento ao terrorismo, em virtude, mento do dever referido no número anterior manifesta-se nomeadamente, dos valores envolvidos, volume ou carácter através da passagem do viajante pelo circuito vermelho. inabitual, os SA:

1) Notificam de imediato o órgão de polícia criminal Artigo 4.º competente; Obrigação de declaração à saída da RAEM 2) Elaboram um auto de notícia onde constem o mon- Qualquer pessoa singular que, à saída da RAEM, trans- tante global e as espécies dos valores em causa, assinado porte consigo numerário e/ou instrumentos negociáveis ao por dois agentes dos SA e pelo viajante; portador cujo valor global atinja ou ultrapasse o montante de referência, deve declarar esse facto, se for interpelado 3) Selam os valores num envelope adequado que fica ao para o efeito pelos agentes dos SA. cuidado de um dos agentes dos SA, sempre que necessário, até à chegada do órgão de polícia criminal competente.

Artigo 5.º Individualidade das declarações, respectivos comprovati- CAPÍTULO III vos e impressos Dados pessoais

1. As declarações previstas nos artigos anteriores são Artigo 7.º individuais e por pessoa singular, devendo os SA, sempre Base de dados que solicitados, prestar ao viajante as informações necessá- rias ao cumprimento da obrigação declarativa. 1. Os SA procedem à inserção e tratamento da informa- ção recolhida ao abrigo da presente lei numa base de dados. 2. A declaração é reduzida a escrito, mediante o pre- enchimento de impresso em modelo próprio, e objecto de 2. A base de dados tem por finalidade exclusiva a de- registo. tecção e prevenção do transporte transfronteiriço de nume- rário e de instrumentos negociáveis ao portador para bran- 3. A pedido do declarante é entregue cópia da declara- queamento de capitais ou financiamento ao terrorismo. ção, contendo a assinatura do agente e o carimbo dos SA. 3. O director-geral dos SA é o responsável pelo trata- mento da base de dados, nos termos e para os efeitos defini- Artigo 6.º dos na Lei n.º 8/2005 (Lei da Protecção de Dados Pessoais), Poderes de fiscalização cabendo-lhe assegurar o direito de informação e de acesso aos dados pelos respectivos titulares, bem como zelar pela 1. Para efeitos da fiscalização do cumprimento dos de- legalidade da consulta, transmissão ou divulgação da infor- veres estabelecidos nos artigos 3.º e 4.º, os SA podem: mação. 44 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

4. As informações recolhidas no âmbito da presente lei Artigo 11.º devem ser conservadas por um período de cinco anos. Competências

O Director-geral dos SA tem competência para aplicar as multas previstas no n.º 1 do artigo 9.º e decidir da res- Artigo 8.º pectiva atenuação ou não aplicação, nos termos do n.º 2 do Transmissão e divulgação de dados mesmo artigo.

1. Sem prejuízo do disposto sobre cooperação judiciária em matéria penal, os dados referidos no artigo anterior são enviados à Polícia Judiciária, para efeitos de tratamento e CAPÍTULO V difusão de informações, no âmbito da prevenção e da inves- Disposições finais tigação criminais, e às entidades competentes, para efeitos de tratamento da informação, no âmbito da prevenção e do combate aos crimes de branqueamento de capitais e de fi- Artigo 12.º nanciamento ao terrorismo. Conversão de divisas

2. Os dados podem ser divulgados para fins de investi- A taxa de câmbio a utilizar para efeitos da presente lei gação científica ou de estatística, desde que não possam ser é a divulgada pela Autoridade Monetária de Macau e deve identificáveis as pessoas a que respeitam. reportar-se ao dia da declaração, ou ao primeiro dia útil imediatamente anterior quando naquele dia não tenha havi- do cotação.

CAPÍTULO IV Infracções administrativas Artigo 13.º Direito subsidiário aplicável

Artigo 9.º 1. Aos actos administrativos previstos na presente lei Sanções são subsidiariamente aplicáveis o Código do Procedimento Administrativo e o Código de Processo Administrativo 1. A prestação de informação incompleta, a prestação Contencioso. de declarações que não correspondam à verdade ou o não 2. Ao procedimento sancionatório relativo às infrac- preenchimento da declaração a que a pessoa singular se en- ções administrativas previstas no artigo 9.º são aplicáveis, contre obrigada constitui infracção administrativa punível subsidiária e sucessivamente, as disposições constantes do com multa correspondente a 1% a 5% do valor que exceda o Decreto-Lei n.º 52/99/M, de 4 de Outubro (Regime geral montante de referência, mas nunca inferior a 1 000 patacas, das infracções administrativas e respectivo procedimento) nem superior a 500 000 patacas. e, com as necessárias adaptações, as disposições do Código do Procedimento Administrativo e os princípios gerais do 2. As multas podem ser atenuadas ou não aplicadas direito e do processo penal. quando a censurabilidade do infractor se mostre diminuída, e, designadamente, quando o valor excedente referido no número anterior seja diminuto e a infracção revestir carác- Artigo 14.º ter ocasional. Regulamentação

São publicados no Boletim Oficial da Região Admi- Artigo 10.º nistrativa Especial de Macau, os despachos do Chefe do Reincidência Executivo necessários à execução da presente lei, designa- damente para efeitos de: 1. Para efeitos da presente lei, considera-se reincidência a prática de infracção administrativa indicada no artigo 1) Concretização e actualização do montante referido anterior no prazo de um ano após a decisão sancionatória na alínea 2) do artigo 2.º, tendo por orientação o montante administrativa se ter tornado inimpugnável e desde que en- de referência internacionalmente estabelecido para o efeito tre a prática da infracção administrativa e a da anterior não e as obrigações internacionais assumidas pela RAEM no tenham decorrido mais de cinco anos. domínio do combate ao branqueamento de capitais e ao fi- nanciamento do terrorismo; 2. Em caso de reincidência, o valor mínimo da multa é elevado de um quarto e o valor máximo permanece inalte- 2) Aprovação dos modelos de impresso referido no n.º 2 rado. do artigo 5.º. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 45

Artigo 15.º 6. Texto aprovado da proposta de lei intitulada “Regi- Alteração à Lei n.º 11/2001 (Serviços de Alfândega da me de previdência central não obrigatório”. Região Administrativa Especial de Macau) REGIÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL DE MACAU Os artigos 3.º e 17.º da Lei n.º 11/2001, passam a ter a seguinte redacção: Lei n.º /2017

«Artigo 3.º Regime de previdência central não obrigatório Competências A Assembleia Legislativa decreta, nos termos da alínea 1. [...]: 1) do artigo 71.º da Lei Básica da Região Administrativa Especial de Macau, para valer como lei, o seguinte: 1) [...];

2) [...]; CAPÍTULO I Disposições gerais 3) [...]; SECÇÃO I 4) [...]; Objecto, finalidades e definições

5) Assegurar o controlo e fiscalização do transporte Artigo 1.º transfronteiriço de numerário e de instrumentos negociá- Objecto veis ao portador. A presente lei estabelece o regime de previdência cen- 2. [...]. tral não obrigatório.

3. [...]. Artigo 2.º 4. [...]. Caracterização e finalidades 5. [...]. 1. O regime de previdência central não obrigatório é um subsistema do sistema de segurança social, cuja organiza- Artigo 17.º ção e administração é da responsabilidade da Região Ad- Diplomas complementares ministrativa Especial de Macau, doravante designada por RAEM, o qual é composto pelos: 1. [Anterior texto do artigo]. 1) Regime contributivo, concretizado através da partici- 2. O Chefe do Executivo pode definir, mediante despa- pação voluntária em planos de previdência, constituídos nos cho a publicar no Boletim Oficial da Região Administra- termos do disposto na presente lei; tiva Especial de Macau, regimes de controlo alfandegário simplificado, designadamente segundo o sistema de duplo 2) Regime distributivo, concretizado através da trans- circuito.» ferência de verbas do erário público para os residentes permanentes da RAEM, a título de incentivo básico ou de repartição extraordinária de saldos orçamentais. Artigo 16.º Entrada em vigor 2. A constituição do regime de previdência central não obrigatório visa: A presente lei entra em vigor no dia 1 de Novembro de 2017. 1) Reforçar a protecção social dos residentes da RAEM na velhice; Aprovada em 31 de Maio de 2017. 2) Complementar o regime da segurança social vigente. O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng.

Assinada em de de 2017. Artigo 3.º Definições Publique-se. Para efeitos da presente lei e dos respectivos diplomas O Chefe do Executivo, Chui Sai On. complementares, entende-se por: 46 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

1) «Plano conjunto de previdência», um plano de pen- 2) Até ao dia 15 do segundo mês de cada trimestre, as sões contributivo financiado através de fundos de pensões informações relativas aos fundos de pensões por si geridos abertos, constituído por um empregador numa entidade referentes ao trimestre anterior, nomeadamente a discrimi- gestora de fundos nos termos do disposto na presente lei, nação dos activos, a política de investimentos, o valor unitá- e destinado a ter como participantes os seus trabalhadores rio das unidades de participação, o desempenho dos investi- titulares de uma conta individual do regime de previdência mentos e as taxas de gestão e administração cobradas, bem central não obrigatório; como as informações relativas à participação nos planos de previdência. 2) «Plano individual de previdência», um plano de pen- sões contributivo financiado através de fundos de pensões abertos, constituído por uma pessoa singular titular de CAPÍTULO II uma conta individual do regime de previdência central não Contas individuais do regime de previdência central não obrigatório numa entidade gestora de fundos nos termos do obrigatório disposto na presente lei, no qual o participante é o próprio titular da conta individual; SECÇÃO I 3) «Plano privado de pensões», um plano de pensões Vicissitudes das contas constituído nos termos do Decreto-Lei n.º 6/99/M, de 8 de Fevereiro; Artigo 7.º 4) «Entidade gestora de fundos», uma entidade com a Titularidade e abertura autorização prevista no n.º 1 do artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 6/99/M, de 8 de Fevereiro, a quem é permitido registar 1. São titulares de uma conta individual do regime de no regime de previdência central não obrigatório um ou previdência central não obrigatório, doravante designados mais fundos de pensões por ela administrados, nos termos por titulares das contas, os residentes da RAEM que: do disposto na presente lei. 1) Tenham completado 18 anos de idade;

SECÇÃO II 2) Não tendo completado 18 anos de idade, estejam ins- Organização administrativa critos no regime da segurança social, nos termos da alínea 1) do n.º 1 do artigo 10.º da Lei n.º 4/2010 (Regime da Segu- Artigo 4.º rança Social). Entidade executante 2. A conta individual do regime de previdência central Compete ao Fundo de Segurança Social, doravante não obrigatório, doravante designada por conta individual, designado por FSS, a execução do regime de previdência é oficiosamente aberta pelo FSS. central não obrigatório.

Artigo 8.º Artigo 5.º Composição Tratamento de dados pessoais A conta individual pode ser composta por três tipos de A fim de tratar de todos os procedimentos administra- subcontas, designadamente: tivos relativos ao regime de previdência central não obri- gatório, o FSS pode, nos termos da Lei n.º 8/2005 (Lei da 1) Subconta de gestão do Governo; Protecção de Dados Pessoais), apresentar, trocar, confirmar e utilizar os dados pessoais dos interessados, através de 2) Subconta de contribuições; qualquer forma, incluindo a interconexão de dados, com ou- tras entidades públicas e entidades gestoras de fundos que 3) Subconta de conservação. possuam dados necessários para a execução da presente lei.

Artigo 9.º Artigo 6.º Subconta de gestão do Governo Prestação de informações 1. A subconta de gestão do Governo destina-se ao regis- As entidades gestoras de fundos devem prestar ao FSS: to das verbas atribuídas pelo Governo, designadamente:

1) Até ao dia 15 de cada mês, as informações indicadas 1) A verba de incentivo básico; no n.º 3 do artigo 10.º e no n.º 3 do artigo 11.º, respeitantes ao mês anterior; 2) A repartição extraordinária de saldos orçamentais. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 47

2. A subconta de gestão do Governo é activada pelo 9) As taxas de gestão e administração cobradas pela en- FSS aquando do registo da verba de incentivo básico, atri- tidade gestora de fundos; buída nos termos do artigo 39.º. 10) O levantamento de verbas; 3. A subconta de gestão do Governo deve conter infor- mações sobre: 11) O saldo total.

1) Os montantes registados e a data dos respectivos re- 4. A entidade gestora de fundos cancela a subconta de gistos; contribuições quando:

1) No plano conjunto de previdência, for notificada pelo 2) O eventual rendimento obtido; empregador da cessação da relação de trabalho; 3) Os eventuais direitos a transitar dos planos privados 2) No plano individual de previdência, for notificada de pensões; pelo titular da conta da cessação das suas contribuições.

4) A transferência de verbas entre subcontas;

5) O levantamento de verbas; Artigo 11.º Subconta de conservação 6) O saldo total. 1. A subconta de conservação destina-se ao registo do saldo transitado por cancelamento da subconta de contri- Artigo 10.º buições. Subconta de contribuições 2. A subconta de conservação é aberta pela entidade gestora de fundos quando a subconta de contribuições for 1. A subconta de contribuições destina-se ao registo das cancelada. contribuições dos planos de previdência. 3. A subconta de conservação deve conter informações 2. A subconta de contribuições é aberta pela entidade sobre: gestora de fundos antes do primeiro pagamento de contri- buições. 1) A verba da subconta de contribuições e os direitos adquiridos pelo trabalhador relativos às contribuições do 3. A subconta de contribuições deve conter informações empregador a transitar; sobre: 2) Os eventuais direitos a transitar dos planos privados 1) A data de adesão ao plano de previdência, bem como de pensões; a data de articulação caso esta tenha lugar; 3) A afectação das contribuições aos instrumentos de 2) Os eventuais direitos a transitar dos planos privados aplicação; de pensões; 4) A subscrição e liquidação de unidades de participa- 3) No caso de plano conjunto de previdência, o salário ção em fundos de pensões; de base do trabalhador do mês em causa, as taxas de contri- buições do trabalhador e empregador, bem como a percen- 5) Os ganhos e perdas das aplicações; tagem dos direitos adquiridos pelo trabalhador às contribui- ções do empregador; 6) A transferência de verbas entre subcontas;

7) As taxas de gestão e administração cobradas pela en- 4) O montante das contribuições mensais; tidade gestora de fundos;

5) A afectação das contribuições aos instrumentos de 8) O levantamento de verbas; aplicação; 9) O saldo total. 6) A subscrição e liquidação de unidades de participa- ção em fundos de pensões; 4. Cada entidade gestora de fundos abre uma só sub- conta de conservação para cada titular da conta. 7) Os ganhos e perdas das aplicações; 5. A entidade gestora de fundos cancela a subconta de 8) A transferência de verbas entre subcontas; conservação quando esta não tiver nenhum saldo. 48 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Artigo 12.º 3. Caso os herdeiros não procedam ao levantamento do Transferência de verbas saldo final da conta individual após cinco anos a contar da data em que o FSS teve conhecimento da morte do respec- É permitida a transferência de verbas entre os três tipos tivo titular, o FSS notifica a entidade gestora de fundos para de subcontas, efectuada nos termos dos diplomas comple- proceder ao cancelamento da subconta de contribuições e mentares. da subconta de conservação do respectivo titular, sendo as verbas transferidas para a respectiva subconta de gestão do Governo. Artigo 13.º Gestão de verbas SECÇÃO II 1. As verbas registadas na subconta de gestão do Gover- Direitos dos titulares das contas no são geridas pelo FSS segundo princípios de prudência e de risco reduzido, com o objectivo de os titulares das contas Artigo 16.º beneficiarem dos eventuais rendimentos decorrentes da res- Impenhorabilidade e intransmissibilidade pectiva gestão.

O saldo da conta individual é impenhorável e intrans- 2. O FSS realiza os actos relacionados com a gestão das missível, sem prejuízo do disposto no n.º 2 do artigo ante- verbas registadas na subconta de gestão do Governo no in- rior, no artigo 32.º e no n.º 2 do artigo 34.º, bem como da teresse e por conta dos respectivos titulares. reposição de dinheiros públicos nos termos legais. 3. As verbas registadas na subconta de gestão do Gover- no podem ser aplicadas financeiramente em: Artigo 17.º 1) Depósitos em instituições de crédito sediadas na Direito à informação RAEM; 1. O titular da conta tem direito a obter informações 2) Subscrição de planos de investimento, directamente relativas à sua conta individual, nomeadamente sobre o res- ou mediante a contratação para o efeito de entidades gesto- pectivo saldo. ras, sediadas ou não na RAEM. 2. Os empregadores têm direito a obter informações 4. A RAEM responde civilmente pelos danos causados sobre as suas contribuições registadas nas subcontas de con- aos titulares da subconta de gestão do Governo em virtude tribuições dos seus trabalhadores. de actos ilícitos culposos dos seus órgãos ou agentes, nos termos da legislação em vigor. 3. O direito à informação abrange igualmente informa- ções sobre os instrumentos de aplicação das contribuições, 5. As verbas registadas na subconta de contribuições e nomeadamente: na subconta de conservação são aplicadas e geridas nos ter- mos da secção III do capítulo III. 1) Os fundos de pensões disponíveis;

2) As condições de mudança e liquidação dos fundos de Artigo 14.º pensões; Registo de informações 3) A discriminação dos activos, a política de investi- O FSS transcreve e regista nas contas individuais as mentos, o valor unitário das unidades de participação, o informações relativas à subconta de contribuições e à sub- grau de risco, o desempenho dos investimentos e as taxas de conta de conservação fornecidas pelas entidades gestoras de gestão e administração cobradas. fundos.

4. Após o recebimento de pedido efectuado nos termos Artigo 15.º dos números anteriores, as entidades gestoras de fundos Cancelamento da conta individual devem disponibilizar as respectivas informações no prazo máximo de 10 dias úteis. 1. A conta individual apenas é cancelada quando, em caso de morte do titular, o saldo da conta tiver sido levanta- 5. As entidades gestoras de fundos devem disponibili- do na totalidade pelos respectivos herdeiros. zar aos titulares de contas, dentro do primeiro trimestre de cada ano, as informações registadas até ao final do ano civil 2. Em caso de morte do titular da conta, o saldo final da anterior relativas à subconta de contribuições e à subconta sua conta individual entra para o cômputo da herança. de conservação. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 49

Artigo 18.º 6. O levantamento, total ou parcial, do saldo da conta Direito de resgate individual do titular não prejudica o registo posterior de verbas ou contribuições adicionais. O titular da conta que reúna as condições previstas no artigo seguinte tem direito a resgatar as verbas registadas 7. O montante do levantamento antecipado parcial das na sua conta individual, acrescidas do produto da respectiva verbas é fixado pelo FSS conforme a situação concreta do capitalização e deduzidas dos encargos de gestão e adminis- titular da conta e os documentos por ele apresentados. tração. 8. As entidades gestoras de fundos só podem efectuar o pagamento do saldo registado na subconta de contribuições Artigo 19.º e na subconta de conservação aos titulares das contas me- Levantamento de verbas diante autorização do FSS.

1. O titular da conta pode requerer o levantamento to- 9. O saldo da conta individual pode ser levantado pelos tal ou parcial do saldo da sua conta individual quando tiver herdeiros em caso de morte do titular da conta, nos termos completado 65 anos de idade. do artigo 15.º.

2. O titular da conta que não tenha completado 65 anos CAPÍTULO III de idade pode requerer ao FSS o levantamento antecipado, Regime contributivo total ou parcial, do saldo da sua conta individual quando:

SECÇÃO I 1) Incorrer em despesas elevadas para diagnóstico e tra- Disposições gerais tamento médico devido a lesões corporais graves ou doença grave próprias; Artigo 20.º Planos de previdência 2) Tiver completado 60 anos de idade e não exercer ne- nhuma actividade remunerada; O regime contributivo do regime de previdência central não obrigatório é executado através da constituição e ade- 3) Invocar razões humanitárias ou outras devidamente são a: fundamentadas.

1) Planos conjuntos de previdência; 3. O titular da conta que não tenha completado 65 anos de idade pode requerer ao FSS o levantamento antecipado, 2) Planos individuais de previdência. total ou parcial, das verbas atribuídas pelo Governo e regis- tadas na sua conta individual nos termos do n.º 1 do artigo 9.º, quando: Artigo 21.º Liberdade de constituição e de adesão 1) Incorrer em despesas elevadas para diagnóstico e tra- tamento médico devido a lesões corporais graves ou doença A constituição e adesão aos planos de previdência são grave do seu cônjuge, parente ou afim em qualquer grau da facultativas. linha recta;

Artigo 22.º 2) Estiver a receber a pensão de invalidez nos termos da Constituição dos planos de previdência Lei n.º 4/2010 há mais de um ano;

1. Os planos de previdência são constituídos por decisão 3) Estiver a receber o subsídio de invalidez especial nos dos: termos da Lei n.º 9/2011 (Regime do subsídio de invalidez e dos cuidados de saúde prestados em regime de gratuitida- 1) Empregadores, no caso de planos conjuntos de previ- de). dência;

4. O titular da conta pode proceder ao levantamento 2) Titulares das contas, no caso de planos individuais de das verbas, total ou parcialmente, uma vez por ano, deven- previdência. do os motivos invocados para a antecipação ser provados documentalmente. 2. A constituição dos planos de previdência efectua-se através da celebração de um contrato com a entidade gesto- 5. Não é permitido efectuar o levantamento antecipado ra de fundos, do qual devem constar: das verbas com o mesmo fundamento quando aquele já tiver sido anteriormente autorizado nos termos da alínea 2) do n.º 2. 1) A denominação da entidade constituinte; 50 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

2) O plano de previdência a constituir; 3. A constituição e alteração dos planos de previdência entram em vigor no primeiro dia do mês seguinte ao da au- 3) A denominação dos instrumentos de aplicação; torização.

4) O valor das contribuições; 4. As alterações aos planos conjuntos de previdência apenas produzem efeitos relativamente aos trabalhadores 5) As disposições relativas ao levantamento de verbas que adiram ao plano após a respectiva autorização, salvo constantes da presente lei; nas situações de pagamento de contribuições com mon- tantes mais elevados pelo empregador ou à aquisição dos 6) As taxas de reversão de direitos, nos planos conjun- direitos às contribuições do empregador mais favorável aos tos de previdência; trabalhadores.

7) As taxas de gestão e administração a cobrar pelas entidades gestoras de fundos; Artigo 25.º Financiamento dos planos de previdência 8) Uma declaração de aceitação do regulamento de ges- tão das entidades gestoras de fundos. Os planos de previdência são financiados através de sis- temas financeiros de capitalização, nomeadamente através 3. A constituição dos planos de previdência deve respei- de fundos de pensões, para os quais são efectuadas contri- tar o disposto na presente lei, sem prejuízo do disposto no buições regulares. artigo 38.º.

SECÇÃO II Artigo 23.º Contribuições Adesão aos planos conjuntos de previdência

1. Quando um empregador constitua um plano conjunto Artigo 26.º de previdência, qualquer um dos trabalhadores pode a ele Cálculo das contribuições aderir desde que: 1. As contribuições para os planos conjuntos de previ- 1) Seja titular de uma conta individual; dência são mensais e têm como base de cálculo o salário de base do trabalhador referente ao mês em causa. 2) Preste trabalho a tal empregador nos termos da Lei n.º 7/2008 (Lei das relações de trabalho), mesmo que o local 2. As contribuições do trabalhador e do empregador de prestação de trabalho seja fora de Macau em sucursal ou são de 5%, para cada um, sobre a base de cálculo. agência de empresa registada na RAEM. 3. Caso a base de cálculo, após a dedução das contri- buições referidas no número anterior, seja inferior ao valor 2. A adesão concretiza-se através da subscrição de um indicado na alínea 3) do n.º 1 do artigo 3.º da Lei n.º 7/2015 acordo de participação, cabendo ao empregador notificá-lo (Salário mínimo para os trabalhadores de limpeza e de se- à entidade gestora de fundos. gurança na actividade de administração predial): 3. O acordo de participação deve conter a escolha do 1) O trabalhador fica dispensado do pagamento das suas trabalhador quanto à aplicação das suas contribuições, nos contribuições; termos do artigo 31.º. 2) O empregador continua vinculado ao dever de paga- 4. A adesão a um plano conjunto de previdência não mento das respectivas contribuições, nos termos do número prejudica a possibilidade de constituição de um plano indi- anterior. vidual de previdência. 4. Caso a base de cálculo seja superior a cinco vezes o va- lor indicado na alínea 3) do n.º 1 do artigo 3.º da Lei n.º 7/2015, Artigo 24.º o trabalhador e o empregador ficam dispensados do paga- Autorização administrativa e entrada em vigor mento de contribuições em relação à parte excedente.

1. A constituição e alteração dos planos de previdência 5. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, o estão sujeitas a autorização do FSS. trabalhador e o empregador podem, mediante notificação à entidade gestora de fundos, efectuar contribuições: 2. O FSS decide no prazo de 60 dias, a contar da data de recepção do pedido de autorização, devidamente instru- 1) Cuja base de cálculo seja, por decisão do emprega- ído com a documentação exigida nos termos dos diplomas dor, acrescida de outras prestações periódicas previstas no complementares. n.º 1 do artigo 59.º da Lei n.º 7/2008; N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 51

2) Com uma taxa superior a 5%; para o efeito proceder ao desconto na remuneração do tra- balhador do montante das suas contribuições; 3) Cujo pagamento seja dispensado nos termos dos n.os 3 e 4. 2) Nos planos individuais de previdência, pelo próprio titular da conta. 6. As contribuições calculadas nos termos do número anterior: 3. As entidades gestoras de fundos devem efectuar o registo das contribuições na subconta de contribuições do 1) São efectuados conjuntamente pelo empregador e titular da conta no prazo de cinco dias úteis a contar do re- pelo trabalhador, no caso da alínea 1); cebimento das contribuições.

2) Podem ser efectuadas pelo empregador e pelo traba- lhador, conjunta ou separadamente, nos casos das alíneas 2) Artigo 29.º e 3). Suspensão de pagamento das contribuições

7. Se o montante de contribuições calculado não for 1. O pagamento das contribuições nos planos conjuntos múltiplo de uma pataca, é o mesmo arredondado para o de previdência apenas pode ser suspenso, mediante autori- múltiplo de uma pataca imediatamente superior. zação do FSS, quando:

8. As contribuições mensais para os planos individuais 1) O empregador invoque ponderosas razões de ordem de previdência são de 500 patacas, podendo o titular da económica e a suspensão se aplique, em condições de igual- conta pagar um valor mais elevado que seja múltiplo de 100 dade, às contribuições de todos os seus trabalhadores; patacas, sem prejuízo do disposto no número seguinte. 2) O trabalhador invoque a suspensão do pagamento 9. O valor máximo das contribuições mensais para os das contribuições pelo empregador, nos termos da alínea planos individuais de previdência é de 10% do valor calcu- anterior. lado nos termos do n.º 4, sendo arredondado para o múltiplo de 100 patacas imediatamente inferior caso o valor calcula- 2. O período máximo de suspensão do pagamento das do não seja múltiplo de 100 patacas. contribuições é de um ano, renovável por igual período, devendo para tal ser apresentado requerimento com uma antecedência mínima de 60 dias relativamente ao termo do período em curso. Artigo 27.º Início das contribuições 3. A suspensão do pagamento das contribuições pelo empregador sem autorização implica: 1. Nos planos conjuntos de previdência, as contribui- ções iniciam-se no mês seguinte ao mês em que seja acorda- 1) A efectivação da respectiva cobrança coerciva; da por escrito a adesão do trabalhador ao respectivo plano e terminam no mês seguinte ao da cessação da relação de 2) O cancelamento do incentivo fiscal temporário atri- trabalho. buído ao abrigo do artigo 54.º.

2. Nos planos individuais de previdência, as contribui- SECÇÃO III ções iniciam-se no mês de entrada em vigor do respectivo Aplicação das contribuições plano.

Artigo 30.º Artigo 28.º Instrumentos de aplicação Pagamento das contribuições 1. As contribuições são aplicadas na subscrição de uni- 1. O pagamento das contribuições é efectuado até ao úl- dades de participação de fundos de pensões registados no timo dia de cada mês, respeitante ao mês anterior, mediante FSS como instrumentos de aplicação das contribuições do a entrega do respectivo montante junto das entidades gesto- regime de previdência central não obrigatório. ras de fundos. 2. As entidades gestoras dos fundos de pensões podem, 2. O pagamento é efectuado da seguinte forma: para efeitos do disposto no número anterior, requerer ao FSS o registo de um ou mais fundos de pensões abertos por 1) Nos planos conjuntos de previdência, pelo emprega- si administrados e cuja constituição esteja autorizada pela dor, que entrega a totalidade das contribuições do titular da Autoridade Monetária de Macau, doravante designada por conta com quem tenha uma relação de trabalho, podendo AMCM. 52 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

3. O FSS publica no Boletim Oficial da Região Admi- SECÇÃO IV nistrativa Especial de Macau, doravante designado por Bo- Reversão de direitos letim Oficial, a lista dos fundos de pensões registados como instrumentos de aplicação das contribuições do regime de Artigo 34.º previdência central não obrigatório, bem como das respecti- Direito às contribuições do empregador vas entidades gestoras. 1. Nos planos conjuntos de previdência, os trabalhado- res têm direito, aquando da cessação da relação de trabalho, Artigo 31.º ao saldo das contribuições efectuadas pelo empregador, de Afectação das contribuições acordo com o tempo de contribuição e as taxas constantes da tabela anexa à presente lei, da qual faz parte integrante. 1. As contribuições podem ser aplicadas mediante a dis- tribuição de percentagens do seu valor pelos fundos de pen- 2. As verbas correspondentes à parte do saldo das sões registados como instrumentos de aplicação relativos ao contribuições efectuadas pelo empregador a que o traba- plano de previdência em causa. lhador não tem direito nos termos do número anterior são devolvidas ao empregador, podendo este requerer ao FSS o 2. Nos planos conjuntos de previdência, a aplicação é levantamento das mesmas ou utilizá-las no pagamento de feita por opção expressa do trabalhador e do empregador contribuições de outros trabalhadores. relativamente às respectivas contribuições, sem prejuízo de o empregador poder transferir o direito de aplicação das 3. Sem prejuízo do disposto no n.º 1, o empregador pode suas contribuições para os respectivos trabalhadores, desde determinar, no momento da constituição do plano conjunto que a transferência se aplique, em condições de igualdade, a de previdência ou em alteração posterior, que o cálculo do todos eles. tempo de contribuição e as taxas de reversão de direitos se- jam mais favoráveis aos trabalhadores em comparação com 3. O trabalhador obtém o direito a aplicar as contribui- o cálculo estipulado no artigo seguinte e as taxas constantes ções do respectivo empregador quando satisfizer o requisito da tabela anexa à presente lei, respectivamente. de tempo de contribuição para adquirir o direito à totalida- de das contribuições do empregador. Artigo 35.º 4. As entidades gestoras de fundos devem notificar o Cálculo do tempo de contribuição trabalhador para o exercício do direito referido no número anterior com uma antecedência mínima de 60 dias, em rela- 1. Para efeitos do disposto no artigo anterior, o tempo ção à aquisição desse direito. de contribuição refere-se ao período durante o qual se efec- tuaram contribuições para o plano conjunto de previdên- cia, incluindo o tempo em que só o empregador efectuou o 5. Nos planos individuais de previdência, a aplicação é pagamento das contribuições ou o tempo de suspensão das efectuada pelo titular da conta, mediante a distribuição de contribuições por uma das partes. percentagens das contribuições pelos instrumentos de apli- cação por si seleccionados. 2. Caso as partes celebrem um novo contrato de traba- lho no prazo de três meses após a cessação do contrato an- terior, o tempo de contribuição ao abrigo dos dois contratos Artigo 32.º é acumulável, sendo excluído o período que medeia entre Taxas de gestão e administração ambos.

O encargo das taxas de gestão e administração resul- 3. O tempo de contribuição é contado em dias e con- tantes da gestão dos instrumentos de aplicação é suportado vertido em anos e dias, considerando-se como um ano cada pelas contribuições, sendo o mesmo reflectido no valor uni- período de 365 dias. tário das unidades de participação dos fundos de pensões.

SECÇÃO V Artigo 33.º Articulação entre planos conjuntos de previdência Risco das aplicações e planos privados de pensões

Os instrumentos de aplicação das contribuições não ga- Artigo 36.º rantem o capital aplicado, salvo disposição expressa em con- Articulação trário no respectivo regulamento de gestão, sendo o risco inerente suportado por quem delas beneficia, sem prejuízo 1. Quem constituir planos conjuntos de previdência, de eventual responsabilidade civil de terceiros nos termos nos termos da presente lei, pode efectuar a sua articulação gerais. com planos privados de pensões de contribuição definida, N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 53 financiados através de fundos de pensões registados na de previdência tenha sido efectuada nos termos da presente AMCM, por si anteriormente criados ao abrigo do Decre- secção, sem prejuízo de se aplicarem as condições dos pla- to-Lei n.º 6/99/M, de 8 de Fevereiro. nos privados de pensões mais favoráveis ao trabalhador, respeitantes nomeadamente a: 2. A articulação implica: 1) Taxa de contribuição do empregador; 1) A vigência simultânea dos planos privados de pen- sões e dos planos conjuntos de previdência; 2) Base de cálculo de contribuição;

2) A cessação do pagamento de contribuições para os 3) Reversão de direitos. planos privados de pensões e a realização de contribuições para os planos conjuntos de previdência; 2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, o le- vantamento de verbas é feito nos seguintes termos: 3) A manutenção e tratamento dos direitos adquiridos de acordo com as regras dos planos privados de pensões. 1) No caso de verbas dos planos privados de pensões, segundo as condições neles definidas; 3. A articulação não prejudica a possibilidade de can- celamento dos planos privados de pensões anteriormente 2) No caso de verbas dos planos conjuntos de previdên- existentes, nos termos gerais. cia, segundo as condições previstas no artigo 19.º. 4. Sem prejuízo do disposto na alínea 3) do n.º 2, o tem- 3. Para efeitos do disposto no artigo 35.º, o tempo de po de contribuição dos trabalhadores para os planos con- contribuição dos trabalhadores nos planos privados de pen- juntos de previdência é somado ao tempo de contribuição sões anteriormente existentes é contado para o cálculo do para os planos privados de pensões, para o cálculo dos seus tempo de contribuição para os planos conjuntos de previ- direitos. dência. 5. Os direitos adquiridos ao abrigo dos planos privados de pensões podem ser transferidos para o regime de previ- CAPÍTULO IV dência central não obrigatório, mediante requerimento do Regime distributivo titular da conta.

Artigo 39.º Artigo 37.º Verba de incentivo básico Direito de opção 1. A verba de incentivo básico é atribuída ao titular da 1. Em caso de articulação, o trabalhador que seja parti- conta que, encontrando-se sobrevivo no dia 1 de Janeiro do cipante em planos privados de pensões anteriormente exis- ano em que ocorre a atribuição, tenha preenchido durante o tentes pode optar por manter essa participação ou aderir ano civil anterior, cumulativamente, os seguintes requisitos: aos planos conjuntos de previdência. 1) Ser residente permanente da RAEM; 2. A opção do trabalhador pela adesão aos planos con- juntos de previdência tem de ser expressa e é irrevogável, 2) Ter completado 22 anos de idade; devendo ser efectuada no prazo de três meses a contar da data em que o empregador notifica o trabalhador para o 3) Ter permanecido na RAEM, pelo menos, 183 dias. exercício do seu direito de opção. 2. A verba de incentivo básico é uma prestação pecuni- 3. A opção do trabalhador pela manutenção da par- ária única. ticipação nos planos privados de pensões anteriormente existentes não prejudica a sua posterior adesão aos planos 3. O período em que o titular da conta se encontre au- conjuntos de previdência. sente da RAEM é contabilizado para efeitos da verificação do requisito de permanência mínima, previsto na alínea 3) 4. Os trabalhadores que não tenham participado em do n.º 1, quando seja justificado por: planos privados de pensões só podem aderir aos planos con- juntos de previdência, nos termos do artigo 23.º. 1) Frequência de curso do ensino superior, reconhecido pelas autoridades competentes do local do curso;

Artigo 38.º 2) Internamento hospitalar; Sucessão de planos 3) Ter domicílio no Interior da China quando: 1. O disposto na presente lei é aplicável aos planos pri- vados de pensões cuja articulação com os planos conjuntos (1) Tenha completado 65 anos de idade; 54 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

(2) Não tendo completado 65 anos de idade, razões de 4. A repartição extraordinária de saldos orçamentais e saúde o justifiquem, nomeadamente em virtude do acesso a o respectivo montante são definidos por despacho do Chefe serviços de assistência ambulatória, paliativos ou de recupe- do Executivo, a publicar no Boletim Oficial, ouvida a Di- ração ou assistência familiar; recção dos Serviços de Finanças, doravante designada por DSF. 4) Prestação de trabalho fora da RAEM a empregador matriculado no FSS; CAPÍTULO V 5) Prestação de trabalho fora da RAEM, quando o Regime sancionatório titular seja responsável pela subsistência do seu cônjuge, pa- rentes ou afins em qualquer grau da linha recta, que tenham SECÇÃO I domicílio na RAEM; Disposições gerais

6) Missão oficial de serviço, exercício de funções ao ser- Artigo 41.º viço da RAEM ou exercício de outras funções oficiais. Cumprimento do dever omitido

4. Fora dos casos previstos no número anterior e por ra- Sempre que a infracção resulte da omissão de um dever, zões humanitárias ou outras devidamente fundamentadas, a aplicação da sanção e o pagamento da multa não dispen- o Chefe do Executivo, ouvido o Conselho de Administração sam o infractor do seu cumprimento, se este ainda for possí- do FSS, pode justificar o período em que o titular da conta vel. se encontre ausente da RAEM, sendo esse período contabi- lizado para efeitos da verificação do requisito de permanên- cia mínima previsto na alínea 3) do n.º 1. Artigo 42.º Responsabilidade das pessoas colectivas 5. A justificação da ausência da RAEM do titular da conta pode ser requerida ao FSS e o motivo invocado deve 1. As pessoas colectivas, mesmo que irregularmente ser provado documentalmente ou, não sendo reconhecida- constituídas, as associações sem personalidade jurídica e as mente possível, mediante declaração do titular da conta, comissões especiais respondem pela prática das infracções confirmada por duas testemunhas. previstas na presente lei quando cometidas pelos seus órgãos ou representantes em seu nome e no interesse colectivo. 6. O montante da verba de incentivo básico é de 10 000 patacas. 2. É excluída a responsabilidade referida no número anterior quando o agente tiver actuado contra ordens ou Artigo 40.º instruções expressas de quem de direito. Repartição extraordinária de saldos orçamentais 3. A responsabilidade das entidades referidas no n.º 1 1. Caso a situação da execução orçamental de anos não exclui a responsabilidade dos respectivos agentes. económicos anteriores o justifique, pode ser atribuída uma verba, a título de repartição extraordinária de saldos orça- mentais, ao titular da conta que, encontrando-se sobrevivo Artigo 43.º no dia 1 de Janeiro do ano em que se publica o despacho Responsabilidade pelo pagamento das multas referido no n.º 4, tenha preenchido no ano civil anterior, cumulativamente, os seguintes requisitos: 1. Se o infractor for pessoa colectiva, pelo pagamento da multa respondem, solidariamente com aquela, os admi- 1) Ser residente permanente da RAEM; nistradores ou quem por outra forma a represente, quando sejam julgados responsáveis pela infracção. 2) Ter completado 22 anos de idade; 2. Se a multa for aplicada a uma associação sem perso- 3) Ter permanecido na RAEM, pelo menos, 183 dias. nalidade jurídica ou a uma comissão especial, responde por ela o património comum e, na sua falta ou insuficiência, o 2. O disposto nos n.os 3 a 5 do artigo anterior aplica- património de cada um dos associados ou membros em re- -se, com as devidas adaptações, à confirmação do tempo da gime de solidariedade. permanência na RAEM previsto na alínea 3) do número anterior. Artigo 44.º 3. O direito ao registo na conta individual do montante Destino das multas atribuído a título de repartição extraordinária de saldos orça- mentais prescreve no prazo de três anos, contado a partir de O produto das multas aplicadas nos termos da presente 31 de Dezembro do ano em que a repartição seja efectuada. lei constitui receita do FSS. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 55

SECÇÃO II 2. O Conselho de Administração do FSS pode delegar Responsabilidade criminal no seu presidente a competência referida no número ante- rior. Artigo 45.º Apropriação ilegítima de contribuições Artigo 50.º 1. O empregador que, com intenção de apropriação ile- Pagamento da multa gítima, não entregar às entidades gestoras de fundos, total ou parcialmente, no prazo de 60 dias sobre o fim do prazo 1. As multas são pagas no prazo de 15 dias, contados da legal, as contribuições para o regime de previdência central notificação da decisão sancionatória. não obrigatório deduzidas da remuneração do trabalhador 2. Se a multa não for paga voluntariamente no prazo nos termos da lei, é punido com pena de prisão até três anos referido no número anterior procede-se à cobrança coer- ou com pena de multa. civa através da Repartição das Execuções Fiscais da DSF, 2. Se o crime for cometido por pessoa colectiva a pena é servindo de título executivo a certidão do despacho que a fixada em dias de multa, até ao máximo de 360. aplicou.

SECÇÃO III CAPÍTULO VI Infracções administrativas Disposições transitórias e finais

Artigo 46.º Artigo 51.º Infracções Aplicação subsidiária

os 1. A violação do disposto no artigo 6.º, nos n. 4 e 5 do Em tudo o que não se ache regulado na presente lei, apli- artigo 17.º, no n.º 3 do artigo 28.º e no n.º 4 do artigo 31.º é cam-se, com as devidas adaptações, o Decreto-Lei n.º 6/99/M, punível com multa de 5 000 a 10 000 patacas. de 8 de Fevereiro, e os diplomas relativos à actividade de seguros. 2. A violação do disposto do n.º 8 do artigo 19.º é puní- vel com multa de 10 000 a 50 000 patacas. Artigo 52.º Fiscalização Artigo 47.º Reincidência 1. Compete ao FSS a fiscalização do cumprimento da presente lei e seus diplomas complementares. 1. Considera-se reincidência a prática de infracção ad- ministrativa idêntica no prazo de um ano a contar da data 2. O disposto no número anterior não prejudica a com- em que se tornou definitiva a decisão sancionatória relativa petência fiscalizadora atribuída a outras entidades públi- à infracção. cas, nomeadamente a competência para a fiscalização dos fundos de pensões e suas entidades gestoras atribuída à 2. Em caso de reincidência, o limite mínimo da punição AMCM pelo Decreto-Lei n.º 6/99/M, de 8 de Fevereiro. aplicável é elevado de um quarto e o limite máximo perma- nece inalterado. Artigo 53.º Artigo 48.º Regime fiscal Procedimento 1. Os actos jurídicos inerentes à constituição e adesão 1. Verificada a prática de uma infracção administrativa, aos planos de previdência estão isentos de quaisquer taxas o FSS procede à instrução do processo e deduz acusação, a ou impostos. qual é notificada ao infractor.

2. Dentro dos limites previstos nas leis fiscais, as contri- 2. Na notificação da acusação é fixado um prazo de 15 buições efectuadas pelo empregador para os planos conjun- dias para que o infractor apresente a sua defesa. tos de previdência são consideradas como custos de explora- ção ou encargos resultantes do exercício da actividade, para Artigo 49.º efeitos da determinação do lucro tributável do empregador Competência em sede do imposto complementar de rendimentos e do im- posto profissional. 1. Compete ao Conselho de Administração do FSS a aplicação da multa às infracções administrativas prevista na 3. A prestação pecuniária do regime de previdência presente lei. central não obrigatório recebida pelo trabalhador nos ter- 56 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 mos da presente lei não constitui matéria colectável do im- Artigo 58.º posto profissional. Diplomas complementares

Artigo 54.º O Chefe do Executivo aprova os regulamentos admi- Incentivo fiscal temporário nistrativos complementares que se mostrem necessários à execução da presente lei, nomeadamente em matéria de: Nos primeiros três anos a contar da entrada em vigor da presente lei, o valor indicado no n.º 2 do artigo anterior é 1) Abertura e cancelamento de subcontas e transferên- calculado, de modo adicional, em valor correspondente ao cia das respectivas verbas; dobro das contribuições. 2) Aplicação de verbas, mudança de aplicação, liquida- ção e reposição; Artigo 55.º Reposição de benefícios 3) Prestação de informações;

Em caso de devolução de contribuições ao empregador, 4) Atribuição de verbas do Governo. nos termos do n.º 2 do artigo 34.º, a fruição do benefício previsto no artigo anterior fica sem efeito, devendo o em- pregador repor o montante equivalente à diferença entre o Artigo 59.º imposto pago e aquele que seria devido sem o benefício. Relatório de avaliação legislativa

1. O FSS elabora um relatório de avaliação da execução Artigo 56.º da presente lei três anos após a data da sua entrada em vi- Notificação gor, devendo o referido relatório ser concluído nos 180 dias imediatamente seguintes. 1. Sem prejuízo do especialmente previsto nos números seguintes, todas as notificações são efectuadas nos termos 2. O relatório de avaliação legislativa deve, em particu- do Código do Procedimento Administrativo. lar, verificar a existência das condições necessárias para a eventual adopção de um modelo obrigatório do regime de 2. As notificações são remetidas por carta registada sem previdência central, bem como o impacto social e económi- aviso de recepção e presumem-se realizadas no terceiro dia co dessa medida. posterior ao do registo, ou no primeiro dia útil seguinte nos casos em que o referido terceiro dia não seja dia útil, quan- do efectuadas para: Artigo 60.º Revogação 1) A última residência constante do arquivo do FSS; 1. É revogada a Lei n.º 14/2012 (Contas individuais de 2) O endereço de contacto ou a morada indicados em previdência). procedimento administrativo referido na presente lei pelo próprio notificando. 2. O disposto no número anterior implica que, automa- ticamente: 3. Caso o endereço do notificando se localize fora da RAEM, o prazo indicado no número anterior é apenas ini- 1) A conta individual de previdência seja transformada ciado depois de decorridos os prazos de dilação previstos em conta individual do regime de previdência central não no artigo 75.º do Código do Procedimento Administrativo. obrigatório;

4. A presunção prevista no n.º 2 só pode ser ilidida pelo 2) O titular da conta individual de previdência se torne notificando quando a recepção da notificação ocorra em titular da conta individual do regime de previdência central data posterior à presumida, por razões imputáveis aos servi- não obrigatório; ços postais. 3) O saldo da conta individual de previdência seja trans- ferido, para todos os efeitos legais, para a subconta de ges- Artigo 57.º tão do Governo do titular da conta individual do regime de Encargos previdência central não obrigatório.

Os encargos financeiros decorrentes da execução dos 3. Para efeitos do disposto no artigo 39.º, a atribuição artigos 39.º e 40.º são suportados por conta de dotações cor- da verba de incentivo básico nos termos da Lei n.º 14/2012 respondentes inscritas no Orçamento da Região Adminis- considera-se efectuada para a conta individual do regime de trativa Especial de Macau para o ano económico em causa. previdência central não obrigatório. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 57

Artigo 61.º teresse público abaixo indicado, o qual foi apresentado pela Entrada em vigor Senhora Deputada Lei Cheng I em 25 de Abril de 2017:

A presente lei entra em vigor no dia 1 de Janeiro de “O Governo deve iniciar imediatamente os concursos 2018. para habitações sociais, bem como implementar um mecanis- mo permanente de candidatura para esse tipo de habitação.” Aprovada em 31 de Maio de 2017. Aprovada em 11 de Maio de 2017. O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. Assinada em de de 2017.

Publique-se. ______

O Chefe do Executivo, Chui Sai On. 8. Texto do projecto de lei intitulado “Promoção, sen------sibilização e divulgação dos tratados de Direitos Humanos e Convenções da OIT”. Anexo (a que se refere o artigo 34.º) Nota Justificativa Taxas de reversão de direitos Promoção, sensibilização e divulgação dos tratados de Taxas de reversão de Direitos Humanos e Convenções da OIT Tempo de contribuição direitos Tenho sempre seguido, com grande preocupação, a apre- Menos de 3 anos 0% sentação dos relatórios dos Direitos Humanos e dos Direitos 3 a menos de 4 anos 30% Internacionais dos Trabalhadores perante as diversas enti- dades internacionais responsáveis da ONU e da OIT e das 4 a menos de 5 anos 40% conclusões e recomendações formuladas. Os resultados não 5 a menos de 6 anos 50% demonstram melhoras significativas. Aquelas entidades in- ternacionais prestam cada vez mais atenção à RAEM nestas 6 a menos de 7 anos 60% questões e são cada vez mais duras na apreciação que fazem, 7 a menos de 8 anos 70% sendo que, tem havido situações de muito clara actuação con- tra os tratados dos Direitos Humanos e os tratados da OIT. 8 a menos de 9 anos 80% Também parece claro que as entidades internacionais 9 a menos de 10 anos 90% há muito tempo que não acreditam nas promessas sem Igual ou superior a 10 anos 100% cumprimento da RAEM. Por exemplo, quantas vezes foram chumbados neste hemiciclo os projectos de lei sindical? E acabar com a discriminação das mulheres no tocante à licença de maternidade? E o que é que fez efectivamente ______sobre isto tudo? Que se saiba, nada ou quase nada. Contra factos não há argumentos.

Uma das soluções que merece maior apoio vem no an- 7. Deliberação n.º 8/2017/Plenário. tes dos problemas: Achamos que é preciso que a população de Macau, gente que aqui mora e trabalha, tenha um me- Deliberação n.º 8/2017/Plenário lhor conhecimento dos seus direitos humanos e das leis in- ternacionais que estão vigentes em Macau, principalmente A Assembleia Legislativa delibera, nos termos do n.º 1 a juventude que nas escolas não são na sua maioria minis- do artigo 139.º do seu Regimento, o seguinte: trados estes temas.

Com isto, é preferível actuar pela antecipação e não Artigo único pela repressão ou mera crítica. Mais vale prevenir do que remediar. Uma população principalmente os jovens que se- (Aprovação do debate) jam mais informados e sabedores dos seus direitos faz com que estes direitos sejam mais respeitados e menos violados. Ê aprovada, nos termos dos artigos 140.º e 141.º do Re- Menos violações fazem com que se viva melhor em Macau e gimento, a realização de um debate sobre o assunto de in- faz com que as entidades internacionais olhem para Macau 58 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 com melhores olhos o que faz com que se respeita mais Ma- tecnologias e outros que se revelem adequados como publi- cau e mais se queira visitar e investir na RAEM. cação de panfletos, esclarecimentos, jogos, concursos, etc..

É isto que pretendo com este simples projecto de lei. Artigo 4.º Muito simples, mas significa uma ampla política da RAEM Línguas de promoção, sensibilização e divulgação e de todos nós.

Para além das línguas oficiais devem ser utilizadas ou- Espero sinceramente que esta lei seja aprovada pelos tras línguas adequadas para a promoção, sensibilização e meus colegas no Plenário. Macau e os cidadãos muito agra- divulgação dos tratados de Direitos Humanos e Convenções decem. da OIT, em especial junto das diversas comunidades de imi- Aos 12 de Abril de 2017. grantes.

O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi- Artigo 5.º nistrativa Especial de Macau, José Maria Pereira Coutinho. Promoção, sensibilização e divulgação dos relatórios e recomendações ------

REGIÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL DE MACAU A RAEM tem o dever geral, e os diversos órgãos, en- tidades e serviços públicos da RAEM têm o dever especial Lei n.º /2017 de, perante a população de residentes e de não residentes de activamente e amplamente promover, sensibilizar e divulgar Promoção, sensibilização e divulgação dos tratados de os relatórios apresentados e as posteriores recomendações Direitos Humanos e Convenções da OIT e análises das entidades internacionais competentes feitas relativas aos tratados de Direitos Humanos e Convenções da OIT. A Assembleia Legislativa decreta, nos termos da alínea 1) do artigo 71.º da Lei Básica da Região Administrativa Especial de Macau, para valer como lei, o seguinte: Artigo 6.º Entrada em vigor

Artigo 1.º A presente lei entra em vigor no dia imediato ao da sua Dever geral de promoção, sensibilização e divulgação publicação.

A Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) Aprovada em de de 2017. tem o dever geral perante a população de residentes e de não residentes de activamente e amplamente promover, sen- A Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. sibilizar e divulgar os tratados de Direitos Humanos e Con- venções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) Assinada em de de 2017. e os direitos que estes tratados e convenções atribuem às Publique-se. pessoas. O Chefe do Executivo, Chui Sai On. Artigo 2.º Deveres especiais de promoção, sensibilização e divulgação ______

Os diversos órgãos, entidades e serviços públicos da RAEM têm o dever especial de activamente e cientifica- 9. Texto de alteração da proposta de lei intitulada “Al- mente, em conformidade com as suas competências legais, teração ao Código Penal”. promover, sensibilizar e divulgar os tratados de Direitos Humanos e Convenções da OIT e os direitos que estes tra- REGIÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL DE MACAU tados e convenções atribuem às pessoas, junto da população de residentes e de não residentes de Macau. Lei n.º /2017 (Proposta de lei)

Artigo 3.º Alteração ao Código Penal Meios de promoção, sensibilização e divulgação A Assembleia Legislativa decreta, nos termos da alínea A promoção, sensibilização e divulgação deve ser feita 1) do artigo 71.º da Lei Básica da Região Administrativa mediante, designadamente, o uso dos média e das novas Especial de Macau, para valer como lei, o seguinte: N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 59

Artigo 1.º Artigo 166.º Alteração ao Código Penal (Abuso sexual de crianças)

Os artigos 157.º, 158.º, 159.º, 161.º, 166.º, 167.º, 168.º, 169.º, 1. Quem praticar acto sexual de relevo com ou em me- 171.º, 172.º e 173.º do Código Penal, aprovado pelo Decre- nor de 14 anos, ou o levar a praticá-lo consigo, com terceiro to-Lei n.º 58/95/M, de 14 de Novembro, e alterado pela Lei ou nele próprio, é punido com pena de prisão de 1 a 8 anos. n.º 6/2001, pela Lei n.º 3/2006, pela Lei n.º 6/2008, pela Lei 2. […]. n.º 11/2009 e pela Lei n.º 2/2016, passam a ter a seguinte re- dacção: 3. Quem praticar cópula, coito anal ou coito oral com menor de 14 anos, ou o levar a praticá-lo consigo ou com terceiro, ou o fizer sofrer introdução vaginal ou anal de par- «Artigo 157.º tes do corpo ou objectos, é punido com pena de prisão de 3 (Violação) a 10 anos.

4. […]: 1. Quem, por meio de violência, ameaça grave ou depois de, para esse fim, a ter tornado inconsciente ou posto na im- a) praticar com ou perante menor de 14 anos, respecti- possibilidade de resistir, constranger outra pessoa a sofrer vamente, os actos previstos nos artigos 164.º-A e 165.º, ou a praticar, consigo ou com terceiro, cópula, coito anal ou coito oral, é punido com pena de prisão de 3 a 12 anos. b) actuar sobre menor de 14 anos por meio de conversa, escrito, espectáculo ou objecto pornográficos, 2. Com a mesma pena é punido quem, nos termos pre- é punido com pena de prisão até 3 anos. vistos no número anterior, constranger outra pessoa a sofrer introdução vaginal ou anal de partes do corpo ou objectos. 5. […].

Artigo 167.º Artigo 158.º (Abuso sexual de educandos e dependentes) (Coacção sexual) 1. […]. Quem, por meio de violência, ameaça grave ou depois de, para esse fim, a ter tornado inconsciente ou posto na im- 2. Quem praticar acto descrito na alínea b) do n.º 4 do possibilidade de resistir, constranger outra pessoa a sofrer artigo anterior relativamente a menor referido no número ou a praticar, consigo ou com terceiro, ou praticar nela pró- anterior e nas condições aí descritas é punido com pena de pria, acto sexual de relevo, é punido com pena de prisão de prisão até 1 ano. 2 a 8 anos. 3. Quem praticar ou levar a praticar os actos descritos no n.º 4 do artigo anterior relativamente a menor referido no n.º 1 deste artigo e nas condições aí descritas com inten- Artigo 159.º ção lucrativa é punido com pena de prisão até 3 anos. (Abuso sexual de pessoa incapaz de resistência)

1. […]. Artigo 168.º (Estupro) 2. Se, nos termos previstos no número anterior, o acto sexual de relevo consistir em cópula, coito anal ou coito 1. Quem, abusando da inexperiência de menor entre 14 oral, ou introdução vaginal ou anal de partes do corpo ou e 16 anos, praticar com ele cópula, coito anal ou coito oral, objectos, o agente é punido com pena de prisão de 2 a 10 ou o levar a praticá-lo consigo ou com terceiro, é punido anos. com pena de prisão até 4 anos.

2. Com a mesma pena é punido quem, nos termos pre- vistos no número anterior, fizer o menor entre 14 e 16 anos Artigo 161.º sofrer introdução vaginal ou anal de partes do corpo ou ob- (Fraude sexual) jectos. 1. […]. Artigo 169.º 2. Se, nos termos previstos no número anterior, o acto (Acto sexual com menores) sexual de relevo consistir em cópula, coito anal ou coito oral, ou introdução vaginal ou anal de partes do corpo ou Quem praticar acto sexual de relevo com ou em me- objectos, o agente é punido com pena de prisão até 5 anos. nor entre 14 e 16 anos, ou o levar a praticá-lo consigo, com 60 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 terceiro ou nele próprio, abusando da sua inexperiência, é conexão com a função exercida pelo agente, ser inibido do punido com pena de prisão até 3 anos. exercício do poder paternal, tutela ou curatela por um perí- odo de 2 a 5 anos.»

Artigo 171.º (Agravação) Artigo 2.º Aditamento ao Código Penal 1. As penas previstas nos artigos 157.º a 159.º e 161.º a 170.º-A são agravadas de um terço nos seus limites mínimo São aditados ao Código Penal os artigos 164.º-A, 169.º-A e máximo se a vítima: e 170.º-A, com a seguinte redacção:

a) […]; «Artigo 164.º-A b) […]. (Importunação sexual) 2. As penas previstas nos artigos 157.º a 161.º e 166.º a 169.º-A são agravadas de um terço nos seus limites mínimo Quem importunar outra pessoa constrangendo-a a e máximo se o agente for portador de doença sexualmente sofrer ou a praticar, consigo ou com terceiro, contacto transmissível. físico de natureza sexual através de partes do corpo ou objectos, é punido com pena de prisão até 1 ano ou com 3. As penas previstas nos artigos 157.º a 162.º e 166.º a pena de multa até 120 dias, se pena mais grave lhe não 169.º-A são agravadas de metade nos seus limites mínimo couber por força de outra disposição legal. e máximo se dos comportamentos aí descritos resultar gra- videz, ofensa grave à integridade física, transmissão de do- ença sexualmente transmissível que crie perigo para a vida, Artigo 169.º-A suicídio ou morte da vítima. (Recurso à prostituição de menor)

4. As penas previstas nos artigos 157.º, 158.º, 162.º, 164.º-A 1. Quem praticar acto sexual de relevo com menor e 165.º são agravadas de um terço nos seus limites mínimo e entre 14 e 18 anos, mediante pagamento ou promessa de máximo se a vítima for menor de 16 anos ou for pessoa in- pagamento de remuneração ou qualquer outra retribui- capaz ou diminuída por razão de doença, deficiência física ção pelo agente ou por terceiro ao menor ou a terceiro, ou psíquica. é punido com pena de prisão até 3 anos. 5. As penas previstas nos artigos 157.º a 160.º e 166.º a 2. Se, nos termos previstos no número anterior, o acto 169.º-A são agravadas de um terço nos seus limites mínimo sexual de relevo consistir em cópula, coito anal ou coito e máximo se os crimes forem cometidos conjuntamente por oral, ou introdução vaginal ou anal de partes do corpo duas ou mais pessoas que participem directamente na sua ou objectos, é punido com pena de prisão até 4 anos. execução. 3. A tentativa é punível. 6. [Anterior n.º 5].

Artigo 172.º Artigo 170.º-A (Queixa) (Pornografia de menor)

1. O procedimento penal pelos crimes previstos nos ar- 1. Quem: tigos 161.º, 162.º e 164.º-A a 169.º depende de queixa, salvo quando deles resultar suicídio ou morte da vítima. a) utilizar menor em espectáculo pornográfico ou o aliciar para esse fim, 2. Nos crimes previstos nos artigos 161.º, 162.º e 164.º-A a 169.º e quando a vítima for menor de 16 anos, o Ministério b) utilizar menor em fotografia, filme ou gravação Público dá início ao processo se especiais razões de interes- pornográficos, independentemente do seu suporte, ou o se da vítima o impuserem. aliciar para esse fim,

c) produzir, distribuir, vender, importar, exportar ou Artigo 173.º difundir a qualquer título ou por qualquer meio, ou ad- (Inibição do poder paternal) quirir ou detiver para esses fins, os materiais previstos na alínea anterior, Quem for condenado por crime previsto nos artigos 157.º a 170.º-A pode, atenta a concreta gravidade do facto e a sua é punido com pena de prisão de 1 a 5 anos. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 61

2. Quem transmitir, exibir ou ceder, a qualquer título r) […]; ou por qualquer meio, ou adquirir ou detiver para esses fins, os materiais previstos na alínea b) do número ante- s) […]; rior, é punido com pena de prisão até 3 anos. t) […]; 3. Quem praticar os actos descritos nos números an- teriores como modo de vida ou com intenção lucrativa é u) […]; punido: v) […]. a) com pena de prisão de 2 a 8 anos, no caso do n.º 1; 2. […].» b) com pena de prisão de 1 a 5 anos, no caso do n.º 2.»

Artigo 4.º Artigo 3.º Entrada em vigor Alteração à Lei n.º 6/97/M, de 30 de Julho (Lei da Crimi- nalidade Organizada) A presente lei entra em vigor 60 dias após a data da sua publicação.

O artigo 1.º da Lei n.º 6/97/M, de 30 de Julho, alterada Aprovada em de de 2017. pela Lei n.º 2/2006, pela Lei n.º 6/2008 e pela Lei n.º 9/2013, passa a ter a seguinte redacção: O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng.

Assinada em de de 2017. «Artigo 1.º (Definição de associação ou sociedade secreta) Publique-se.

O Chefe do Executivo, Chui Sai On. 1. […]:

a) […]; ______

b) […]; 10. Texto de alteração da proposta de lei intitulada c) […]; “Regime jurídico da troca de informações em matéria fis- d) Exploração de prostituição, lenocínio, lenocínio de cal”. menor e pornografia de menor; REGIÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL DE MACAU e) […]; Lei n.º /2017 f) […]; (Proposta de lei)

g) […]; Regime jurídico da troca de informações em matéria fiscal

h) […]; A Assembleia Legislativa decreta nos termos da alínea 1) do artigo 71.º da Lei Básica da Região Administrativa i) […]; Especial de Macau, para valer como lei o seguinte:

j) […]; CAPÍTULO I l) […]; Disposições gerais m) […]; Artigo 1.º n) […]; Objecto

o) […]; 1. A presente lei estabelece as regras aplicáveis à troca de informações no âmbito das convenções ou acordos em p) […]; matéria fiscal celebrados entre a Região Administrativa Es- pecial de Macau, doravante designada por RAEM, e outras q) […]; jurisdições fiscais. 62 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

2. A troca de informações referida no número anterior as associações sem personalidade jurídica e as comissões é feita nos termos de uma convenção ou de acordo destina- especiais. dos a evitar a dupla tributação e a prevenir a evasão fiscal, de acordo bilateral ou multilateral para troca de informa- ções em matéria fiscal ou de qualquer norma relativa a uma Artigo 4.º convenção de natureza similar, doravante designados por Âmbito subjectivo de aplicação acordos internacionais. 1. A troca de informações a pedido é aplicável às pes- soas singulares e colectivas, relativamente às quais as infor- Artigo 2.º mações solicitadas por qualquer uma das partes contratan- Formas de troca de informações tes dos acordos internacionais no âmbito fiscal aplicável dos respectivos acordos são previsivelmente relevantes para a A troca de informações referida no artigo anterior aplicação ou execução das leis internas dessa parte contra- abrange a troca de informações a pedido, a troca automáti- tante. ca de informações e a troca espontânea de informações. 2. A troca automática de informações é aplicável aos residentes fiscais de outras partes contratantes dos acordos Artigo 3.º internacionais que possuem contas financeiras na RAEM. Definições 3. A troca espontânea de informações é aplicável às pessoas singulares e colectivas, relativamente às quais a Di- 1. Para efeitos da presente lei, entende-se por: recção dos Serviços de Finanças, doravante designada por DSF, obteve no exercício das suas funções de apuramento 1) «Troca de informações a pedido», a troca de informa- de obrigações tributárias ou outras funções de investigação ções efectuada entre a RAEM e outras partes contratantes tributária as informações previsivelmente relevantes em be- dos acordos internacionais, quando haja um pedido formu- nefício da aplicação ou execução das leis internas por outras lado ou recebido; partes contratantes dos acordos internacionais, no âmbito 2) «Troca automática de informações», a troca de in- fiscal aplicável dos respectivos acordos, que são fornecidas formações pré-definidas efectuada entre a RAEM e outras por iniciativa própria às referidas partes. partes contratantes dos acordos internacionais, em inter- valos regulares pré-estabelecidos através da comunicação sistemática, na ausência de pedido previamente formulado CAPÍTULO II ou recebido; Troca de informações a pedido 3) «Troca espontânea de informações», o fornecimen- to de informações por iniciativa própria da RAEM ou de Artigo 5.º outras partes contratantes dos acordos internacionais, na Âmbito da troca de informações a pedido ausência de pedido previamente formulado ou recebido; 1. A troca de informações a pedido inclui as seguintes 4) «Beneficiário efectivo», a pessoa singular que em informações relativas ao âmbito subjectivo referido no n.º 1 benefício próprio realiza uma transacção ou actividade ou do artigo anterior: que, em última instância, tem a titularidade ou controlo so- bre o cliente ou a respectiva transacção. Inclui igualmente 1) Informações que se encontrem na disponibilidade da a pessoa singular que exerce a titularidade e controlo final DSF no âmbito das suas competências de gestão tributária, sobre os interesses de uma pessoa colectiva, de um acordo incluindo as informações obtidas por recolha de provas legal ou de uma forma jurídica semelhante. A referência à através de inspecção e fiscalização tributárias; titularidade final, ao controlo final ou à última instância de controlo efectivo compreende as situações em que a pro- 2) Informações mantidas por outros serviços e organis- priedade ou o controlo é exercido através de uma cadeia de mos públicos, incluindo: propriedade ou controlo, que não controlo directo; (1) Informações sobre a identidade dos titulares de ór- 5) «Residente fiscal estrangeiro», a pessoa singular ou gãos e dos beneficiários efectivos de pessoas colectivas; colectiva que é considerada como residente para efeitos fiscais nos termos da respectiva legislação de outras jurisdi- (2) Informações sobre contabilidade e documentação ções fiscais. subjacente de pessoas colectivas;

2. Para efeitos da presente lei, pessoas colectivas in- (3) Outras informações que sejam consideradas previsi- cluem também as mesmo que irregularmente constituídas, velmente relevantes para a troca de informações a pedido; N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 63

3) Informações mantidas por instituições e entidades, 4) As informações que se pretendem obter sejam rela- doravante designadas por instituições financeiras e offshore, tivas a comunicações confidenciais entre advogados, solici- que são reguladas pela seguinte legislação: tadores ou outros representantes legais reconhecidos, e os respectivos clientes no âmbito de parecer jurídico solicitado (1) Decreto-Lei n.º 32/93/M, de 5 de Julho, que aprova o ou no âmbito de processos judiciais em curso ou previstos. regime jurídico do sistema financeiro;

(2) Decreto-Lei n.º 58/99/M, de 18 de Outubro, que de- Artigo 8.º fine o regime jurídico aplicável à actividade offshore; Procedimentos para a troca de informações a pedido

(3) Decreto-Lei n.º 27/97/M, de 30 de Junho, que regula 1. Compete ao Chefe do Executivo a decisão de formu- as condições de acesso e de exercício da actividade segura- lar o pedido de troca de informações a pedido feito pela dora e resseguradora; RAEM, bem como a decisão de aceitar ou recusar pedidos de troca de informações a pedido a ela apresentados. (4) Decreto-Lei n.º 83/99/M, de 22 de Novembro, que regula a constituição e funcionamento dos fundos de investi- 2. O procedimento de troca de informações a pedido mento e das sociedades gestoras de fundos de investimento. inicia-se mediante pedido devidamente justificado, apre- sentado pela autoridade competente da parte requerente, 2. Para efeitos do disposto no número anterior, conside- acompanhado de todos os elementos que permitam a ade- ram-se informações as que constam de quaisquer documen- quada identificação das pessoas singulares ou colectivas, e tos ou registos, independentemente do respectivo suporte, da respectiva pretensão. em que se titulem, comprovem ou registem operações prati- cadas pelas instituições financeiras e offshore, no âmbito da 3. Após a decisão do Chefe do Executivo de aceita- respectiva actividade. ção do pedido, a DSF notifica as instituições financeiras e offshore para lhe remeterem as informações necessárias 3. As informações utilizadas na troca de informações a à troca de informações a pedido, fixando-lhes um prazo pedido limitam-se apenas àquelas referentes ao ano em que a mínimo de cinco dias úteis a contar da data da recepção da RAEM tenha recebido o pedido e aos cinco anos anteriores. notificação para a apresentação das informações.

4. As instituições financeiras e offshore que, justifica- Artigo 6.º damente, não possam remeter as informações solicitadas no Princípio da reciprocidade prazo conferido pela DSF, podem requerer um prazo adi- cional de cinco dias úteis para o efeito. 1. A troca de informações a pedido está sujeita ao prin- cípio da reciprocidade. 5. A notificação dirigida às instituições financeiras e offshore identifica as informações pretendidas e informa 2. A RAEM presta as informações solicitadas desde tratar-se de um pedido de troca de informações a pedido que a ordem interna da parte requerente admita um pedido aceite pelo Chefe do Executivo e, com base em qualquer das por si formulado em condições semelhantes. circunstâncias previstas no n.º 1 do artigo seguinte, pode-se 3. A RAEM não presta as informações solicitadas simultaneamente proibir a comunicação da existência do quando, de acordo com o direito interno da parte requeren- referido pedido às pessoas singulares ou colectivas, a quem te, esta não possa obter, no seu próprio território, as infor- as informações respeitam. mações solicitadas à parte requerida.

Artigo 9.º Artigo 7.º Notificação e meios de defesa Recusa do pedido 1. A DSF notifica às pessoas singulares ou colectivas, a O pedido de troca de informações a pedido é recusado quem as informações respeitam, os fins da recolha da infor- em qualquer das seguintes circunstâncias: mação, suas origens e conteúdo, excepto em qualquer uma das seguintes circunstâncias: 1) Não estiver cumprido o princípio da reciprocidade; 1) Quando outras partes contratantes dos acordos in- 2) A informação seja reveladora de segredos de Estado ternacionais declarem que as informações em causa não ou da RAEM, comprometendo a segurança do Estado ou podem ser comunicadas às pessoas singulares ou colectivas, da RAEM ou for contrária à ordem pública; a quem as informações respeitam;

3) A informação seja reveladora de segredos ou proces- 2) Quando a troca de informações a pedido vise a pro- sos comerciais, industriais ou profissionais; tecção de interesse público especialmente relevante. 64 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

2. Às notificações referidas no número anterior é aplicá- 7. A troca automática de informações refere-se à infor- vel o disposto no Decreto-Lei n.º 16/84/M, de 24 de Março. mação relevante a partir de 1 de Julho de 2017.

3. Nos casos em que se efectua a notificação prevista no n.º 1, da decisão da troca de informações a pedido pode ser Artigo 11.º interposto pelas pessoas singulares ou colectivas, a quem as Métodos e procedimentos para a troca automática de informações respeitam, recurso contencioso com efeito sus- informações pensivo, com fundamento em erro na informação a remeter. 1. A troca automática de informações é efectuada nos termos das disposições previstas nos acordos internacionais, CAPÍTULO III cabendo à DSF proceder à troca das informações recolhidas Troca automática de informações das instituições financeiras com outras partes contratantes.

Artigo 10.º 2. Para que a DSF proceda à troca automática de infor- Âmbito e regras da troca automática de informações mações prevista no número anterior, as instituições finan- ceiras devem fornecer à DSF as informações referentes ao 1. A troca automática de informações aplica-se às ins- ano civil precedente, até ao dia 30 de Junho de cada ano tituições financeiras e offshore que realizam operações civil. financeiras e mantêm informações das contas financeiras relativas ao âmbito subjectivo referido no n.º 2 do artigo 3. Todos os procedimentos relativos à troca automática 4.º, doravante designadas por instituições financeiras, com de informações mediante os quais as informações das con- excepção das instituições financeiras não declarantes defini- tas financeiras reportáveis referentes ao ano civil anterior das no despacho do Chefe do Executivo referido no número são fornecidas a outras partes contratantes dos acordos in- seguinte. ternacionais, devem ser concluídos no prazo de nove meses após o início de cada ano civil. 2. Para efeitos da troca automática de informações, o Chefe do Executivo pode, sob proposta da DSF, aprovar 4. Para efeitos do disposto no n.º 1, as instituições finan- por despacho a publicar no Boletim Oficial da Região Ad- ceiras devem utilizar a forma de encriptação electrónica no ministrativa Especial de Macau a Norma Comum de Co- fornecimento de informações à DSF. municação e os Procedimentos de Diligência Devida para Informações sobre Contas Financeiras (Common Reporting 5. As instituições financeiras podem contratar prestado- Standard and Due Diligence Procedures), doravante desig- res de serviços para executar as instruções, encontrando-se nados por instruções. os prestadores de serviços igualmente sujeitos às disposi- ções estabelecidas no presente capítulo, bem como às obri- 3. As instituições financeiras devem cumprir com as gações de confidencialidade estabelecidas no artigo 19.º. instruções, procedendo à identificação do titular da conta financeira como residente fiscal estrangeiro numa aborda- gem genérica, por forma a confirmar as contas financeiras CAPÍTULO IV reportáveis e recolher a informação relevante a partir das Troca espontânea de informações contas financeiras mantidas.

os 4. Para efeitos do disposto nos n. 2 e 3, as instituições Artigo 12.º financeiras devem garantir que os residentes fiscais estran- Âmbito da troca espontânea de informações geiros identificados têm conhecimento de que as informa- ções relativas às suas contas estão sujeitas às regras previs- A RAEM pode transmitir a outras partes contratantes, tas neste capítulo e que são fornecidas, para fins fiscais, às sem necessidade de pedido prévio, as informações relativas partes contratantes de acordo com os acordos internacio- ao âmbito subjectivo referidas no n.º 3 do artigo 4.º em qual- nais. quer das seguintes circunstâncias:

5. Para efeitos do disposto no presente artigo, as insti- 1) Houver razões para presumir que outras partes con- tuições financeiras devem exigir aos novos clientes de con- tratantes podem estar sujeitas a uma perda da receita fiscal; tas financeiras que forneçam auto-certificação ou documen- tos relevantes que possam comprovar que sejam residentes 2) Houver um contribuinte que obteve uma redução ou fiscais estrangeiros, como parte integrante dos requisitos uma isenção de imposto na RAEM que pode vir a aumen- documentais no âmbito das contas financeiras novas. tar as suas obrigações fiscais ou tributárias em outras partes contratantes; 6. As informações recolhidas nos termos dos n.os 3 e 5 devem ser conservadas durante cinco anos contados a partir 3) Houver transacções comerciais entre contribuintes do final do ano em que os procedimentos tenham decorrido. da RAEM e contribuintes de outras partes contratantes N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 65 efectuadas em uma ou mais jurisdições, sendo que a forma 3. Em caso de reincidência, o limite mínimo da multa é de transacção pode conduzir à redução fiscal na RAEM, elevado de um quarto e o limite máximo permanece inalte- em outras partes contratantes ou em ambas; rado.

4) Houver razões para presumir a existência de trans- 4. O pagamento de multa não isenta o infractor do cum- ferências artificiais de lucros no interior de um grupo de primento da obrigação de fornecer as informações. empresas que podem resultar no pagamento de menos im- posto; Artigo 15.º 5) Houver informações fornecidas pela RAEM a outras Responsabilidade das pessoas colectivas partes contratantes que podem permitir o acesso das outras partes contratantes às informações relacionadas com o apu- 1. As pessoas colectivas respondem pela prática das ramento das obrigações tributárias. infracções administrativas previstas na presente lei, quando cometidas, em seu nome e no seu interesse colectivo, pelos seus órgãos ou representantes. Artigo 13.º Procedimentos para a troca espontânea de informações 2. É excluída a responsabilidade referida no número anterior quando o agente tiver actuado contra ordens ou 1. Compete ao Chefe do Executivo a decisão de efectu- instruções expressas de quem de direito. ar a troca espontânea de informações. 3. A responsabilidade atribuída nos termos do n.º 1 não 2. Após a decisão do Chefe do Executivo, a troca es- exclui a responsabilidade dos respectivos agentes. pontânea de informações prevista no número anterior é efectuada entre a DSF e as autoridades competentes de outras partes contratantes nos termos previstos no acordo Artigo 16.º internacional que se mostre aplicável. Responsabilidade pelo pagamento das multas

3. Nas situações descritas nas alíneas 2), 3) ou 4) do ar- No caso de o infractor ser pessoa colectiva: tigo 7.º, não pode ser efectuada a troca espontânea de infor- mações. 1) Pelo pagamento da multa respondem, solidariamente com aquela, os administradores ou quem por outra forma a represente, quando sejam julgados responsáveis pela infrac- CAPÍTULO V ção administrativa; Regime sancionatório 2) Se a multa for aplicada a uma associação sem per- sonalidade jurídica ou a uma comissão especial, responde Artigo 14.º por ela o património comum e, na sua falta ou insuficiência, Sanções administrativas solidariamente, o património de cada um dos associados ou membros. 1. Qualquer das seguintes situações é sancionada com uma multa que varia entre as 6 000 e 60 000 patacas: Artigo 17.º 1) Na ausência do prazo adicional referido no n.º 4 do Destino das multas artigo 8.º, não cumprir o prazo especificado no n.º 3 do refe- rido artigo; O produto das multas aplicadas pela prática das infrac- 2) Não cumprir o prazo especificado no n.º 4 do artigo 8.º ções administrativas previstas na presente lei constitui re- ou no n.º 2 do artigo 11.º; ceita da RAEM.

3) Não cumprir as obrigações previstas no n.º 6 do arti- go 10.º ou no n.º 4 do artigo 11.º; CAPÍTULO VI Disposições finais 4) As informações fornecidas ou transmitidas nos ter- mos da presente lei forem inexactas ou incompletas, e hou- ver dolo. Artigo 18.º Dados pessoais 2. Considera-se reincidência a prática de infracção ad- ministrativa da mesma natureza no prazo de dois anos após Sem prejuízo do disposto no n.º 5 do artigo 8.º, no n.º 1 a decisão administrativa sancionatória se ter tornado inim- do artigo 9.º e no n.º 4 do artigo 10.º, a execução da troca de pugnável. informações em matéria fiscal dispensa: 66 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

1) A obrigação de informação ao titular de dados pes- Artigo 23.º soais aquando da sua recolha e tratamento; Entrada em vigor

2) A notificação à autoridade pública exigida para a A presente lei entra em vigor no dia seguinte ao da sua transferência de dados pessoais para local situado fora da publicação. RAEM. Aprovada em de de 2017.

Artigo 19.º O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. Confidencialidade Assinada em de de 2017. 1. Todas as trocas de informações estão sujeitas às re- gras de confidencialidade e outras salvaguardas previstas Publique-se. nos acordos internacionais, incluindo as disposições que li- mitam a utilização das informações obtidas nas trocas, com O Chefe do Executivo, Chui Sai On. vista a garantir o nível necessário de protecção de dados pessoais. ______

2. Todos os serviços e organismos públicos, bem como as instituições financeiras e offshore, estão sujeitos ao dever de confidencialidade referido no número anterior, sem pre- 11. Texto de alteração da proposta de lei intitulada juízo do disposto no artigo seguinte. “Regime de previdência central não obrigatório”.

3. Os funcionários da DSF que recolhem informações REGIÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL DE MACAU nos termos previstos na presente lei, em razão das suas fun- ções, estão obrigados ao dever de sigilo profissional, mesmo Lei n.º /2017 após o termo daquelas funções, não podendo ser reveladas (Proposta de lei) ou utilizadas as informações para outros fins que não a tro- ca de informações em matéria fiscal. Regime de previdência central não obrigatório

A Assembleia Legislativa decreta, nos termos da alínea Artigo 20.º 1) do artigo 71.º da Lei Básica da Região Administrativa Derrogação do dever de sigilo Especial de Macau, para valer como lei, o seguinte:

Quando a DSF solicite a outros serviços e organismos públicos, bem como instituições financeiras e offshore, a CAPÍTULO I prestação das informações nos termos da presente lei, é Disposições gerais derrogado o dever de sigilo. SECÇÃO I Objecto, finalidades e definições Artigo 21.º Competências Artigo 1.º Objecto 1. A DSF é a entidade competente para gerir as trocas de informações em matéria fiscal. A presente lei estabelece o regime de previdência cen- tral não obrigatório. 2. As instituições financeiras às quais se apliquem as disposições previstas no capítulo III estão sujeitas à super- Artigo 2.º visão da DSF. Caracterização e finalidades

3. Compete ao director da DSF iniciar procedimentos 1. O regime de previdência central não obrigatório é um sancionatórios administrativos, conduzir investigações e subsistema do sistema de segurança social, cuja organiza- aplicar multas. ção e administração é da responsabilidade da Região Ad- ministrativa Especial de Macau, doravante designada por Artigo 22.º RAEM, o qual é composto por: Revogação 1) Regime contributivo, concretizado através da partici- É revogada a Lei n.º 20/2009 (Troca de informações em pação voluntária em planos de previdência, constituídos nos matéria fiscal). termos do disposto na presente lei; N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 67

2) Regime distributivo, concretizado através da trans- Artigo 5.º ferência de verbas do erário público para os residentes Tratamento de dados pessoais permanentes da RAEM, a título de incentivo básico ou de repartição extraordinária de saldos orçamentais. A fim de tratar de todos os procedimentos administra- tivos relativos ao regime de previdência central não obri- 2. A constituição do regime de previdência central não gatório, o FSS pode, nos termos da Lei n.º 8/2005 (Lei da obrigatório visa: Protecção de Dados Pessoais), apresentar, trocar, confirmar e utilizar os dados pessoais dos interessados, através de 1) Reforçar a protecção social dos residentes da RAEM qualquer forma, incluindo a interconexão de dados, com ou- na velhice; tras entidades públicas e entidades gestoras de fundos que possuam dados necessários para a execução da presente lei. 2) Complementar o regime da segurança social vigente.

Artigo 6.º Artigo 3.º Prestação de informações Definições As entidades gestoras de fundos devem prestar ao FSS: Para efeitos da presente lei e dos respectivos diplomas 1) Até ao dia 15 de cada mês, as informações indicadas complementares, entende-se por: no n.º 3 do artigo 10.º e no n.º 3 do artigo 11.º, respeitantes ao mês anterior; 1) «Plano conjunto de previdência», um plano de pen- sões contributivo financiado através de fundos de pensões 2) Até ao dia 15 do segundo mês de cada trimestre, as abertos, constituído por um empregador numa entidade informações relativas aos fundos de pensões por si geridos gestora de fundos nos termos do disposto na presente lei, referentes ao trimestre anterior, nomeadamente a discrimi- e destinado a ter como participantes os seus trabalhadores nação dos activos, a política de investimentos, o valor unitá- titulares de uma conta individual do regime de previdência rio das unidades de participação, o desempenho dos investi- central não obrigatório; mentos e as taxas de gestão e administração cobradas, bem como as informações relativas à participação nos planos de 2) «Plano individual de previdência», um plano de pen- previdência. sões contributivo financiado através de fundos de pensões abertos, constituído por uma pessoa singular titular de uma conta individual do regime de previdência central não obrigatório numa entidade gestora de fundos nos termos do CAPÍTULO II disposto na presente lei, no qual o participante é o próprio Contas individuais do regime de previdência central não titular da conta individual; obrigatório

3) «Plano privado de pensões», um plano de pensões constituído nos termos do Decreto-Lei n.º 6/99/M, de 8 de SECÇÃO I Fevereiro; Vicissitudes das contas

4) «Entidade gestora de fundos», uma entidade com a auto- rização prevista no n.º 1 do artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 6/99/M, Artigo 7.º de 8 de Fevereiro, a quem é permitido registar no regime de Titularidade e abertura previdência central não obrigatório um ou mais fundos de pensões por ela administrados, nos termos do disposto na 1. São titulares de uma conta individual do regime de presente lei. previdência central não obrigatório, doravante designados por titulares das contas, os residentes da RAEM que:

SECÇÃO II 1) Tenham completado 18 anos de idade; Organização administrativa 2) Não tendo completado 18 anos de idade, estejam ins- critos no regime da segurança social, nos termos da alínea Artigo 4.º 1) do n.º 1 do artigo 10.º da Lei n.º 4/2010 (Regime da Segu- Entidade executante rança Social).

Compete ao Fundo de Segurança Social, doravante 2. A conta individual do regime de previdência central designado por FSS, a execução do regime de previdência não obrigatório, doravante designada por conta individual, central não obrigatório. é oficiosamente aberta pelo FSS. 68 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Artigo 8.º 2) Os eventuais direitos a transitar dos planos privados Composição de pensões;

A conta individual pode ser composta por três tipos de 3) No caso de plano conjunto de previdência, o salário subcontas, designadamente: de base do trabalhador do mês em causa, as taxas de contri- buições do trabalhador e empregador, bem como a percen- 1) Subconta de gestão do Governo; tagem dos direitos adquiridos pelo trabalhador às contribui- ções do empregador; 2) Subconta de contribuições; 4) O montante das contribuições mensais; 3) Subconta de conservação. 5) A afectação das contribuições aos instrumentos de aplicação; Artigo 9.º Subconta de gestão do Governo 6) A subscrição e liquidação de unidades de participa- ção em fundos de pensões; 1. A subconta de gestão do Governo destina-se ao regis- 7) Os ganhos e perdas das aplicações; to das verbas atribuídas pelo Governo, designadamente: 8) A transferência de verbas entre subcontas; 1) A verba de incentivo básico; 9) As taxas de gestão e administração cobradas pela en- 2) A repartição extraordinária de saldos orçamentais. tidade gestora de fundos;

2. A subconta de gestão do Governo é activada pelo 10) O levantamento de verbas; FSS aquando do registo da verba de incentivo básico, atri- buída nos termos do artigo 39.º. 11) O saldo total.

3. A subconta de gestão do Governo deve conter infor- 4. A entidade gestora de fundos cancela a subconta de mações sobre: contribuições quando:

1) Os montantes registados e a data dos respectivos re- 1) No plano conjunto de previdência, for notificada pelo gistos; empregador da cessação da relação de trabalho;

2) O eventual rendimento obtido; 2) No plano individual de previdência, for notificada pelo titular da conta da cessação das suas contribuições. 3) Os eventuais direitos a transitar dos planos privados de pensões; Artigo 11.º 4) A transferência de verbas entre subcontas; Subconta de conservação

5) O levantamento de verbas; 1. A subconta de conservação destina-se ao registo do saldo transitado por cancelamento da subconta de contri- 6) O saldo total. buições.

2. A subconta de conservação é aberta pela entidade Artigo 10.º gestora de fundos quando a subconta de contribuições for Subconta de contribuições cancelada.

1. A subconta de contribuições destina-se ao registo das 3. A subconta de conservação deve conter informações contribuições dos planos de previdência. sobre:

2. A subconta de contribuições é aberta pela entidade 1) A verba da subconta de contribuições e os direitos gestora de fundos antes do primeiro pagamento de contri- adquiridos pelo trabalhador relativos às contribuições do buições. empregador a transitar;

3. A subconta de contribuições deve conter informações 2) Os eventuais direitos a transitar dos planos privados sobre: de pensões;

1) A data de adesão ao plano de previdência, bem como 3) A afectação das contribuições aos instrumentos de a data de articulação caso esta tenha lugar; aplicação; N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 69

4) A subscrição e liquidação de unidades de participa- Artigo 14.º ção em fundos de pensões; Registo de informações

5) Os ganhos e perdas das aplicações; O FSS transcreve e regista nas contas individuais as informações relativas à subconta de contribuições e à sub- 6) A transferência de verbas entre subcontas; conta de conservação fornecidas pelas entidades gestoras de fundos. 7) As taxas de gestão e administração cobradas pela en- tidade gestora de fundos; Artigo 15.º 8) O levantamento de verbas; Cancelamento da conta individual

9) O saldo total. 1. A conta individual apenas é cancelada quando, em caso de morte do titular, o saldo da conta tiver sido levanta- 4. Cada entidade gestora de fundos abre uma só sub- do na totalidade pelos respectivos herdeiros. conta de conservação para cada titular da conta. 2. Em caso de morte do titular da conta, o saldo final da 5. A entidade gestora de fundos cancela a subconta de sua conta individual entra para o cômputo da herança. conservação quando esta não tiver nenhum saldo. 3. Caso os herdeiros não procedam ao levantamento do saldo final da conta individual após cinco anos a contar da Artigo 12.º data em que o FSS teve conhecimento da morte do respec- Transferência de verbas tivo titular, o FSS notifica a entidade gestora de fundos para proceder ao cancelamento da subconta de contribuições e É permitida a transferência de verbas entre os três tipos da subconta de conservação do respectivo titular, sendo as de subcontas, efectuada nos termos dos diplomas comple- verbas transferidas para a respectiva subconta de gestão do mentares. Governo.

Artigo 13.º SECÇÃO II Gestão de verbas Direitos dos titulares das contas

1. As verbas registadas na subconta de gestão do Gover- Artigo 16.º no são geridas pelo FSS segundo princípios de prudência e Impenhorabilidade e intransmissibilidade de risco reduzido, com o objectivo de os titulares das contas beneficiarem dos eventuais rendimentos decorrentes da res- O saldo da conta individual é impenhorável e intrans- pectiva gestão. missível, sem prejuízo do disposto no n.º 2 do artigo ante- rior, no artigo 32.º e no n.º 2 do artigo 34.º, bem como da 2. O FSS realiza os actos relacionados com a gestão das reposição de dinheiros públicos nos termos legais. verbas registadas na subconta de gestão do Governo no in- teresse e por conta dos respectivos titulares. Artigo 17.º 3. As verbas registadas na subconta de gestão do Gover- Direito à informação no podem ser aplicadas financeiramente em: 1. O titular da conta tem direito a obter informações 1) Depósitos em instituições de créditos sediadas na relativas à sua conta individual, nomeadamente sobre o res- RAEM; pectivo saldo.

2) Subscrição de planos de investimento, directamente 2. Os empregadores têm direito a obter informações ou mediante a contratação para o efeito de entidades gesto- sobre as suas contribuições registadas nas subcontas de con- ras, sediadas ou não na RAEM. tribuições dos seus trabalhadores.

4. A RAEM responde civilmente pelos danos causados 3. O direito à informação abrange igualmente informa- aos titulares da subconta de gestão do Governo em virtude ções sobre os instrumentos de aplicação das contribuições, de actos ilícitos culposos dos seus órgãos ou agentes, nos nomeadamente: termos da legislação em vigor. 1) Os fundos de pensões disponíveis; 5. As verbas registadas na subconta de contribuições e na subconta de conservação são aplicadas e geridas nos ter- 2) As condições de mudança e liquidação dos fundos de mos da secção III do capítulo III. pensões; 70 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

3) A discriminação dos activos, a política de investi- 2) Estiver a receber a pensão de invalidez nos termos da mentos, o valor unitário das unidades de participação, o Lei n.º 4/2010 há mais de um ano; grau de risco, o desempenho dos investimentos e as taxas de gestão e administração cobradas. 3) Estiver a receber o subsídio de invalidez especial nos termos da Lei n.º 9/2011 (Regime do subsídio de invalidez 4. Após o recebimento de pedido efectuado nos termos e dos cuidados de saúde prestados em regime de gratuitida- dos números anteriores, as entidades gestoras de fundos de). devem disponibilizar as respectivas informações no prazo máximo de 10 dias úteis. 4. O titular da conta pode proceder ao levantamento das verbas, total ou parcialmente, uma vez por ano, deven- 5. As entidades gestoras de fundos devem disponibili- do os motivos invocados para a antecipação ser provados zar aos titulares de contas, dentro do primeiro trimestre de documentalmente. cada ano, as informações registadas até ao final do ano civil 5. Não é permitido efectuar o levantamento antecipado anterior relativas à subconta de contribuições e à subconta das verbas com o mesmo fundamento, quando aquele já de conservação. tiver sido anteriormente autorizado nos termos da alínea 2) do n.º 2.

Artigo 18.º 6. O levantamento, total ou parcial, do saldo da conta Direito de resgate individual do titular não prejudica o registo posterior de verbas ou contribuições adicionais. O titular da conta que reúna as condições previstas no artigo seguinte tem direito a resgatar as verbas registadas 7. O montante do levantamento antecipado parcial das na sua conta individual, acrescidas do produto da respectiva verbas é fixado pelo FSS conforme a situação concreta do capitalização e deduzidas dos encargos de gestão e adminis- titular da conta e os documentos por ele apresentados. tração. 8. As entidades gestoras de fundos só podem efectuar o pagamento do saldo registado na subconta de contribuições Artigo 19.º e na subconta de conservação aos titulares das contas, me- Levantamento de verbas diante autorização do FSS.

1. O titular da conta pode requerer o levantamento to- 9. O saldo da conta individual pode ser levantado pelos tal ou parcial do saldo da sua conta individual quando tiver herdeiros em caso de morte do titular da conta, nos termos completado 65 anos de idade. do artigo 15.º.

2. O titular da conta que não tenha completado 65 anos de idade pode requerer ao FSS o levantamento antecipado, CAPÍTULO III total ou parcial, do saldo da sua conta individual quando: Regime contributivo

1) Incorrer em despesas elevadas para diagnóstico e tra- SECÇÃO I tamento médico devido a lesões corporais graves ou doença Disposições gerais grave próprias; Artigo 20.º 2) Tiver completado 60 anos de idade e não exercer ne- Planos de previdência nhuma actividade remunerada; O regime contributivo do regime de previdência central 3) Invocar razões humanitárias ou outras devidamente não obrigatório é executado através da constituição e ade- fundamentadas. são a:

3. O titular da conta que não tenha completado 65 anos 1) Planos conjuntos de previdência; de idade pode requerer ao FSS o levantamento antecipado, total ou parcial, das verbas atribuídas pelo Governo e regis- 2) Planos individuais de previdência. tadas na sua conta individual nos termos do n.º 1 do artigo 9.º, quando: Artigo 21.º 1) Incorrer em despesas elevadas para diagnóstico e tra- Liberdade de constituição e de adesão tamento médico devido a lesões corporais graves ou doença grave do seu cônjuge, parente ou afim em qualquer grau da A constituição e adesão aos planos de previdência são linha recta; facultativas. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 71

Artigo 22.º 3. O acordo de participação deve conter a escolha do Constituição dos planos de previdência trabalhador quanto à aplicação das suas contribuições, nos termos do artigo 31.º. 1. Os planos de previdência são constituídos por decisão dos: 4. A adesão a um plano conjunto de previdência não prejudica a possibilidade de constituição de um plano indi- 1) Empregadores, no caso de planos conjuntos de previ- vidual de previdência. dência;

2) Titulares das contas, no caso de planos individuais de Artigo 24.º previdência. Autorização administrativa e entrada em vigor

2. A constituição dos planos de previdência efectua-se 1. A constituição e alteração dos planos de previdência através da celebração de um contrato com a entidade gesto- estão sujeitas a autorização do FSS. ra de fundos, do qual devem constar: 2. O FSS decide no prazo de 60 dias, a contar da data 1) A denominação da entidade constituinte; de recepção do pedido de autorização, devidamente instru- ído com a documentação exigida nos termos dos diplomas 2) O plano de previdência a constituir; complementares.

3) A denominação dos instrumentos de aplicação; 3. A constituição e alteração dos planos de previdência entram em vigor no primeiro dia do mês seguinte ao da au- 4) O valor das contribuições; torização.

5) As disposições relativas ao levantamento de verbas 4. As alterações aos planos conjuntos de previdência constantes da presente lei; apenas produzem efeitos relativamente aos trabalhadores que adiram ao plano após a respectiva autorização, salvo 6) As taxas de reversão de direitos, nos planos conjun- nas situações de pagamento de contribuições com mon- tos de previdência; tantes mais elevados pelo empregador ou à aquisição dos direitos às contribuições do empregador mais favorável aos 7) As taxas de gestão e administração a cobrar pelas trabalhadores. entidades gestoras de fundos;

8) Uma declaração de aceitação do regulamento de ges- Artigo 25.º tão das entidades gestoras de fundos. Financiamento dos planos de previdência

3. A constituição dos planos de previdência deve respei- Os planos de previdência são financiados através de sis- tar o disposto na presente lei, sem prejuízo do disposto no temas financeiros de capitalização, nomeadamente através artigo 38.º. de fundos de pensões, para os quais são efectuadas contri- buições regulares.

Artigo 23.º Adesão aos planos conjuntos de previdência SECÇÃO II Contribuições 1. Quando um empregador constitua um plano conjunto de previdência, qualquer um dos trabalhadores pode a ele Artigo 26.º aderir desde que: Cálculo das contribuições

1) Seja titular de uma conta individual; 1. As contribuições para os planos conjuntos de previ- dência são mensais e têm como base de cálculo o salário de 2) Preste trabalho a tal empregador nos termos da Lei base do trabalhador referente ao mês em causa. n.º 7/2008 (Lei das relações de trabalho), mesmo que o local de prestação de trabalho seja fora de Macau em sucursal ou 2. As contribuições do trabalhador e do empregador agência de empresa registada na RAEM. são de 5%, para cada um, sobre a base de cálculo.

2. A adesão concretiza-se através da subscrição de um 3. Caso a base de cálculo, após a dedução das contri- acordo de participação, cabendo ao empregador notificá-lo buições referidas no número anterior, seja inferior ao valor à entidade gestora de fundos. indicado na alínea 3) do n.º 1 do artigo 3.º da Lei n.º 7/2015 72 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

(Salário mínimo para os trabalhadores de limpeza e de se- da por escrito a adesão do trabalhador ao respectivo plano gurança na actividade de administração predial): e terminam no mês seguinte ao da cessação da relação de trabalho. 1) O trabalhador fica dispensado do pagamento das suas contribuições; 2. Nos planos individuais de previdência, as contribui- ções iniciam-se no mês de entrada em vigor do respectivo 2) O empregador continua vinculado ao dever de paga- plano. mento das respectivas contribuições, nos termos do número anterior. Artigo 28.º 4. Caso a base de cálculo seja superior a cinco vezes Pagamento das contribuições o valor indicado na alínea 3) do n.º 1 do artigo 3.º da Lei n.º 7/2015, o trabalhador e o empregador ficam dispensados 1. O pagamento das contribuições é efectuado até ao úl- do pagamento de contribuições em relação à parte excedente. timo dia de cada mês, respeitante ao mês anterior, mediante a entrega do respectivo montante junto das entidades gesto- 5. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, o ras de fundos. trabalhador e o empregador podem, mediante notificação à entidade gestora de fundos, efectuar contribuições: 2. O pagamento é efectuado da seguinte forma:

1) Cuja base de cálculo seja, por decisão do emprega- 1) Nos planos conjuntos de previdência, pelo emprega- dor, acrescida de outras prestações periódicas previstas no dor, que entrega a totalidade das contribuições do titular da n.º 1 do artigo 59.º da Lei n.º 7/2008; conta com quem tenha uma relação de trabalho, podendo para o efeito proceder ao desconto na remuneração do tra- 2) Com uma taxa superior a 5%; balhador do montante das suas contribuições;

3) Cujo pagamento seja dispensado nos termos dos n.os 3 2) Nos planos individuais de previdência, pelo próprio e 4. titular da conta.

6. As contribuições calculadas nos termos do número 3. As entidades gestoras de fundos devem efectuar o anterior: registo das contribuições na subconta de contribuições do titular da conta no prazo de cinco dias úteis a contar do re- 1) São efectuados conjuntamente pelo empregador e cebimento das contribuições. pelo trabalhador, no caso da alínea 1);

2) Podem ser efectuadas pelo empregador e pelo traba- Artigo 29.º lhador, conjunta ou separadamente, nos casos das alíneas 2) Suspensão de pagamento das contribuições e 3). 1. O pagamento das contribuições nos planos conjuntos 7. Se o montante de contribuições calculado não for de previdência apenas pode ser suspenso, mediante autori- múltiplo de uma pataca, é o mesmo arredondado para o zação do FSS, quando: múltiplo de uma pataca imediatamente superior. 1) O empregador invoque ponderosas razões de ordem 8. As contribuições mensais para os planos individuais económica e a suspensão se aplique, em condições de igual- de previdência são de 500 patacas, podendo o titular da dade, às contribuições de todos os seus trabalhadores; conta pagar um valor mais elevado que seja múltiplo de 100 patacas, sem prejuízo do disposto no número seguinte. 2) O trabalhador invoque a suspensão do pagamento das contribuições pelo empregador, nos termos da alínea 9. O valor máximo das contribuições mensais para os anterior. planos individuais de previdência é de 10% do valor calcu- lado nos termos do n.º 4, sendo arredondado para o múltiplo 2. O período máximo de suspensão do pagamento das de 100 patacas imediatamente inferior caso o valor calcula- contribuições é de um ano, renovável por igual período, do não seja múltiplo de 100 patacas. devendo para tal ser apresentado requerimento com uma antecedência mínima de 60 dias relativamente ao termo do período em curso. Artigo 27.º Início das contribuições 3. A suspensão do pagamento das contribuições pelo empregador sem autorização implica: 1. Nos planos conjuntos de previdência, as contribui- ções iniciam-se no mês seguinte ao mês em que seja acorda- 1) A efectivação da respectiva cobrança coerciva; N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 73

2) O cancelamento do incentivo fiscal temporário atri- Artigo 32.º buído ao abrigo do artigo 54.º. Taxas de gestão e administração

O encargo das taxas de gestão e administração resul- SECÇÃO III tantes da gestão dos instrumentos de aplicação é suportado Aplicação das contribuições pelas contribuições, sendo o mesmo reflectido no valor uni- tário das unidades de participação dos fundos de pensões. Artigo 30.º Instrumentos de aplicação Artigo 33.º 1. As contribuições são aplicadas na subscrição de uni- Risco das aplicações dades de participação de fundos de pensões registados no FSS como instrumentos de aplicação das contribuições do Os instrumentos de aplicação das contribuições não ga- regime de previdência central não obrigatório. rantem o capital aplicado, salvo disposição expressa em con- trário no respectivo regulamento de gestão, sendo o risco 2. As entidades gestoras dos fundos de pensões podem, inerente suportado por quem delas beneficia, sem prejuízo para efeitos do disposto no número anterior, requerer ao de eventual responsabilidade civil de terceiros nos termos FSS o registo de um ou mais fundos de pensões abertos por gerais. si administrados e cuja constituição esteja autorizada pela Autoridade Monetária de Macau, doravante designada por AMCM. SECÇÃO IV 3. O FSS publica no Boletim Oficial da Região Admi- Reversão de direitos nistrativa Especial de Macau, doravante designado por Bo- letim Oficial, a lista dos fundos de pensões registados como instrumentos de aplicação das contribuições do regime de Artigo 34.º previdência central não obrigatório, bem como das respecti- Direito às contribuições do empregador vas entidades gestoras. 1. Nos planos conjuntos de previdência, os trabalhado- res têm direito, aquando da cessação da relação de trabalho, Artigo 31.º ao saldo das contribuições efectuadas pelo empregador, de Afectação das contribuições acordo com o tempo de contribuição e as taxas constantes da tabela anexa à presente lei, da qual faz parte integrante. 1. As contribuições podem ser aplicadas mediante a dis- tribuição de percentagens do seu valor pelos fundos de pen- 2. As verbas correspondentes à parte do saldo das sões registados como instrumentos de aplicação relativos ao contribuições efectuadas pelo empregador a que o traba- plano de previdência em causa. lhador não tem direito nos termos do número anterior são devolvidas ao empregador, podendo este requerer ao FSS o 2. Nos planos conjuntos de previdência, a aplicação é levantamento das mesmas ou utilizá-las no pagamento de feita por opção expressa do trabalhador e do empregador contribuições de outros trabalhadores. relativamente às respectivas contribuições, sem prejuízo de o empregador poder transferir o direito de aplicação das 3. Sem prejuízo do disposto no n.º 1, o empregador pode suas contribuições para os respectivos trabalhadores, desde determinar, no momento da constituição do plano conjunto que a transferência se aplique, em condições de igualdade, a de previdência ou em alteração posterior, que o cálculo do todos eles. tempo de contribuição e as taxas de reversão de direitos se- 3. O trabalhador obtém o direito a aplicar as contribui- jam mais favoráveis aos trabalhadores em comparação com ções do respectivo empregador quando satisfizer o requisito o cálculo estipulado no artigo seguinte e as taxas constantes de tempo de contribuição para adquirir o direito à totalida- da tabela anexa à presente lei, respectivamente. de das contribuições do empregador.

4. As entidades gestoras de fundos devem notificar o Artigo 35.º trabalhador para o exercício do direito referido no número Cálculo do tempo de contribuição anterior, com uma antecedência mínima de 60 dias em rela- ção à aquisição desse direito. 1. Para efeitos do disposto no artigo anterior, o tempo de contribuição refere-se ao período durante o qual se efec- 5. Nos planos individuais de previdência, a aplicação é tuaram contribuições para o plano conjunto de previdên- efectuada pelo titular da conta, mediante a distribuição de cia, incluindo o tempo em que só o empregador efectuou o percentagens das contribuições pelos instrumentos de apli- pagamento das contribuições ou o tempo de suspensão das cação por si seleccionados. contribuições por uma das partes. 74 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

2. Caso as partes celebrem um novo contrato de traba- tentes pode optar por manter essa participação ou aderir lho no prazo de três meses após a cessação do contrato an- aos planos conjuntos de previdência. terior, o tempo de contribuição ao abrigo dos dois contratos é acumulável, sendo excluído o período que medeia entre 2. A opção do trabalhador pela adesão aos planos con- ambos. juntos de previdência tem de ser expressa e é irrevogável, devendo ser efectuada no prazo de três meses a contar da 3. O tempo de contribuição é contado em dias e con- data em que o empregador notifica o trabalhador para o vertido em anos e dias, considerando-se como um ano cada exercício do seu direito de opção. período de 365 dias. 3. A opção do trabalhador pela manutenção da par- ticipação nos planos privados de pensões anteriormente existentes, não prejudica a sua posterior adesão aos planos SECÇÃO V conjuntos de previdência. Articulação entre planos conjuntos de previdência e planos privados de pensões 4. Os trabalhadores que não tenham participado em planos privados de pensões só podem aderir aos planos con- Artigo 36.º juntos de previdência, nos termos do artigo 23.º. Articulação

Artigo 38.º 1. Quem constituir planos conjuntos de previdência, nos Sucessão de planos termos da presente lei, pode efectuar a sua articulação com planos privados de pensões de contribuição definida, financia- 1. O disposto na presente lei é aplicável aos planos pri- dos através de fundos de pensões registados na AMCM, por vados de pensões cuja articulação com os planos conjuntos si anteriormente criados ao abrigo do Decreto-Lei n.º 6/99/M, de previdência tenha sido efectuada nos termos da presente de 8 de Fevereiro. secção, sem prejuízo de se aplicarem as condições dos pla- 2. A articulação implica: nos privados de pensões mais favoráveis ao trabalhador, respeitantes nomeadamente a: 1) A vigência simultânea dos planos privados de pen- sões e dos planos conjuntos de previdência; 1) Taxa de contribuição do empregador;

2) A cessação do pagamento de contribuições para os 2) Base de cálculo de contribuição; planos privados de pensões e a realização de contribuições 3) Reversão de direitos. para os planos conjuntos de previdência; 2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, o le- 3) A manutenção e tratamento dos direitos adquiridos vantamento de verbas é feito nos seguintes termos: de acordo com as regras dos planos privados de pensões. 1) No caso de verbas dos planos privados de pensões, 3. A articulação não prejudica a possibilidade de can- segundo as condições neles definidas; celamento dos planos privados de pensões anteriormente existentes, nos termos gerais. 2) No caso de verbas dos planos conjuntos de previdên- cia, segundo as condições previstas no artigo 19.º. 4. Sem prejuízo do disposto na alínea 3) do n.º 2, o tem- po de contribuição dos trabalhadores para os planos con- 3. Para efeitos do disposto no artigo 35.º, o tempo de juntos de previdência é somado ao tempo de contribuição contribuição dos trabalhadores nos planos privados de pen- para os planos privados de pensões, para o cálculo dos seus sões anteriormente existentes é contado para o cálculo do direitos. tempo de contribuição para os planos conjuntos de previ- dência. 5. Os direitos adquiridos ao abrigo dos planos privados de pensões podem ser transferidos para o regime de previ- dência central não obrigatório, mediante requerimento do CAPÍTULO IV titular da conta. Regime distributivo

Artigo 37.º Artigo 39.º Direito de opção Verba de incentivo básico

1. Em caso de articulação, o trabalhador que seja parti- 1. A verba de incentivo básico é atribuída ao titular da cipante em planos privados de pensões anteriormente exis- conta que, encontrando-se sobrevivo no dia 1 de Janeiro do N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 75 ano em que ocorre a atribuição, tenha preenchido durante o Artigo 40.º ano civil anterior, cumulativamente, os seguintes requisitos: Repartição extraordinária de saldos orçamentais

1) Ser residente permanente da RAEM; 1. Caso a situação da execução orçamental de anos económicos anteriores o justifique, pode ser atribuída uma 2) Ter completado 22 anos de idade; verba, a título de repartição extraordinária de saldos orça- mentais, ao titular da conta que, encontrando-se sobrevivo 3) Ter permanecido na RAEM, pelo menos, 183 dias. no dia 1 de Janeiro do ano em que se publica o despacho referido no n.º 4, tenha preenchido no ano civil anterior, 2. A verba de incentivo básico é uma prestação pecuni- cumulativamente, os seguintes requisitos: ária única. 1) Ser residente permanente da RAEM; 3. O período em que o titular da conta se encontre au- sente da RAEM é contabilizado para efeitos da verificação 2) Ter completado 22 anos de idade; do requisito de permanência mínima, previsto na alínea 3) 3) Ter permanecido na RAEM, pelo menos, 183 dias. do n.º 1, quando seja justificado por:

2. O disposto nos n.os 3 a 5 do artigo anterior aplica- 1) Frequência de curso do ensino superior, reconhecido -se, com as devidas adaptações, à confirmação do tempo da pelas autoridades competentes do local do curso; permanência na RAEM previsto na alínea 3) do número anterior. 2) Internamento hospitalar; 3. O direito ao registo na conta individual do montante 3) Ter domicílio no Interior da China quando: atribuído a título de repartição extraordinária de saldos or- çamentais prescreve no prazo de três anos, contado a partir (1) Tenha completado 65 anos de idade; de 31 de Dezembro do ano em que a repartição seja efectu- ada. (2) Não tendo completado 65 anos de idade, razões de saúde o justifiquem, nomeadamente em virtude do acesso a 4. A repartição extraordinária de saldos orçamentais e serviços de assistência ambulatória, paliativos ou de recupe- o respectivo montante são definidos por despacho do Chefe ração ou assistência familiar; do Executivo, a publicar no Boletim Oficial, ouvida a Di- recção dos Serviços de Finanças, doravante designada por 4) Prestação de trabalho fora da RAEM a empregador DSF. matriculado no FSS;

5) Prestação de trabalho fora da RAEM, quando o CAPÍTULO V titular seja responsável pela subsistência do seu cônjuge, pa- Regime sancionatório rentes ou afins em qualquer grau da linha recta, que tenham domicílio na RAEM; SECÇÃO I 6) Missão oficial de serviço, exercício de funções ao ser- Disposições gerais viço da RAEM ou exercício de outras funções oficiais. Artigo 41.º 4. Fora dos casos previstos no número anterior e por ra- Cumprimento do dever omitido zões humanitárias ou outras devidamente fundamentadas, o Chefe do Executivo, ouvido o Conselho de Administração Sempre que a infracção resulte da omissão de um dever, do FSS, pode justificar o período em que o titular da conta a aplicação da sanção e o pagamento da multa não dispen- se encontre ausente da RAEM, sendo esse período contabi- sam o infractor do seu cumprimento, se este ainda for possí- lizado para efeitos da verificação do requisito de permanên- vel. cia mínima previsto na alínea 3) do n.º 1.

5. A justificação da ausência da RAEM do titular da Artigo 42.º conta pode ser requerida ao FSS e o motivo invocado deve Responsabilidade das pessoas colectivas ser provado documentalmente ou, não sendo reconhecida- mente possível, mediante declaração do titular da conta, 1. As pessoas colectivas, mesmo que irregularmente confirmada por duas testemunhas. constituídas, as associações sem personalidade jurídica e as comissões especiais respondem pela prática das infracções 6. O montante da verba de incentivo básico é de 10 000 previstas na presente lei quando cometidas pelos seus órgãos patacas. ou representantes em seu nome e no interesse colectivo. 76 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

2. É excluída a responsabilidade referida no número Artigo 47.º anterior quando o agente tiver actuado contra ordens ou Reincidência instruções expressas de quem de direito. 1. Considera-se reincidência a prática de infracção ad- 3. A responsabilidade das entidades referidas no n.º 1 ministrativa idêntica no prazo de um ano a contar da data não exclui a responsabilidade dos respectivos agentes. em que se tornou definitiva a decisão sancionatória relativa à infracção.

Artigo 43.º 2. Em caso de reincidência, o limite mínimo da punição Responsabilidade pelo pagamento das multas aplicável é elevado de um quarto e o limite máximo perma- nece inalterado. 1. Se o infractor for pessoa colectiva, pelo pagamento da multa respondem, solidariamente com aquela, os admi- nistradores ou quem por outra forma a represente, quando Artigo 48.º sejam julgados responsáveis pela infracção. Procedimento

2. Se a multa for aplicada a uma associação sem perso- 1. Verificada a prática de uma infracção administrativa, nalidade jurídica ou a uma comissão especial, responde por o FSS procede à instrução do processo e deduz acusação, a ela o património comum e, na sua falta ou insuficiência, o qual é notificada ao infractor. património de cada um dos associados ou membros em re- gime de solidariedade. 2. Na notificação da acusação é fixado um prazo de 15 dias para que o infractor apresente a sua defesa. Artigo 44.º Destino das multas Artigo 49.º Competência O produto das multas aplicadas nos termos da presente lei constitui receita do FSS. 1. Compete ao Conselho de Administração do FSS a aplicação da multa às infracções administrativas prevista na SECÇÃO II presente lei. Responsabilidade criminal 2. O Conselho de Administração do FSS pode delegar Artigo 45.º no seu presidente a competência referida no número ante- Apropriação ilegítima de contribuições rior.

1. O empregador que, com intenção de apropriação ile- gítima, não entregar às entidades gestoras de fundos, total Artigo 50.º ou parcialmente, no prazo de 60 dias sobre o fim do prazo Pagamento da multa legal, as contribuições para o regime de previdência central não obrigatório deduzidas da remuneração do trabalhador 1. As multas são pagas no prazo de 15 dias, contados da nos termos da lei, é punido com pena de prisão até três anos notificação da decisão sancionatória. ou com pena de multa. 2. Se a multa não for paga voluntariamente no prazo 2. Se o crime for cometido por pessoa colectiva a pena é referido no número anterior procede-se à cobrança coer- fixada em dias de multa, até ao máximo de 360. civa através da Repartição das Execuções Fiscais da DSF, servindo de título executivo a certidão do despacho que a aplicou. SECÇÃO III Infracções administrativas CAPÍTULO VI Artigo 46.º Disposições transitórias e finais Infracções Artigo 51.º 1. A violação do disposto no artigo 6.º, nos n.os 4 e 5 do Aplicação subsidiária artigo 17.º, no n.º 3 do artigo 28.º e no n.º 4 do artigo 31.º é punível com multa de 5 000 a 10 000 patacas. Em tudo o que não se ache regulado na presente lei, apli- cam-se, com as devidas adaptações, o Decreto-Lei n.º 6/99/M, 2. A violação do disposto do n.º 8 do artigo 19.º é puní- de 8 de Fevereiro, e os diplomas relativos à actividade de vel com multa de 10 000 a 50 000 patacas. seguros. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 77

Artigo 52.º 2. As notificações são remetidas por carta registada sem Fiscalização aviso de recepção e presumem-se realizadas no terceiro dia posterior ao do registo, ou no primeiro dia útil seguinte nos 1. Compete ao FSS a fiscalização do cumprimento da casos em que o referido terceiro dia não seja dia útil, quan- presente lei e seus diplomas complementares. do efectuadas para:

2. O disposto no número anterior não prejudica a com- 1) A última residência constante do arquivo do FSS; petência fiscalizadora atribuída a outras entidades públi- cas, nomeadamente a competência para a fiscalização dos 2) O endereço de contacto ou a morada indicados em fundos de pensões e suas entidades gestoras atribuída à procedimento administrativo referido na presente lei pelo AMCM pelo Decreto-Lei n.º 6/99/M, de 8 de Fevereiro. próprio notificando.

3. Caso o endereço do notificando se localize fora da Artigo 53.º RAEM, o prazo indicado no número anterior é apenas ini- Regime fiscal ciado depois de decorridos os prazos de dilação previstos no artigo 75.º do Código do Procedimento Administrativo. 1. Os actos jurídicos inerentes à constituição e adesão aos planos de previdência estão isentos de quaisquer taxas 4. A presunção prevista no n.º 2 só pode ser ilidida pelo ou impostos. notificando quando a recepção da notificação ocorra em data posterior à presumida, por razões imputáveis aos servi- 2. Dentro dos limites previstos nas leis fiscais, as contri- ços postais. buições efectuadas pelo empregador para os planos conjun- tos de previdência são consideradas como custos de explora- Artigo 57.º ção ou encargos resultantes do exercício da actividade, para Encargos efeitos da determinação do lucro tributável do empregador em sede do imposto complementar de rendimentos e do im- Os encargos financeiros decorrentes da execução dos posto profissional. artigos 39.º e 40.º são suportados por conta de dotações cor- respondentes inscritas no Orçamento da Região Adminis- 3. A prestação pecuniária do regime de previdência trativa Especial de Macau para o ano económico em causa. central não obrigatório recebida pelo trabalhador nos ter- mos da presente lei não constitui matéria colectável do im- posto profissional. Artigo 58.º Diplomas complementares

Artigo 54.º O Chefe do Executivo aprova os regulamentos admi- Incentivo fiscal temporário nistrativos complementares que se mostrem necessários à execução da presente lei, nomeadamente em matéria de: Nos primeiros três anos a contar da entrada em vigor da presente lei, o valor indicado no n.º 2 do artigo anterior é 1) Abertura e cancelamento de subcontas e transferên- calculado, de modo adicional, em valor correspondente ao cia das respectivas verbas; dobro das contribuições. 2) Aplicação de verbas, mudança de aplicação, liquida- ção e reposição; Artigo 55.º Reposição de benefícios 3) Prestação de informações;

Em caso de devolução de contribuições ao empregador, 4) Atribuição de verbas do Governo. nos termos do n.º 2 do artigo 34.º, a fruição do benefício previsto no artigo anterior fica sem efeito, devendo o em- pregador repor o montante equivalente à diferença entre o Artigo 59.º imposto pago e aquele que seria devido sem o benefício. Relatório de avaliação legislativa

1. O FSS elabora um relatório de avaliação da execução Artigo 56.º da presente lei três anos após a data da sua entrada em vi- Notificação gor, devendo o referido relatório ser concluído nos 180 dias imediatamente seguintes. 1. Sem prejuízo do especialmente previsto nos números seguintes, todas as notificações são efectuadas nos termos 2. O relatório de avaliação legislativa deve, em particu- do Código do Procedimento Administrativo. lar, verificar a existência das condições necessárias para a 78 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 eventual adopção de um modelo obrigatório do regime de Taxas de reversão de Tempo de contribuição previdência central, bem como o impacto social e económi- direitos co dessa medida. 4 a menos de 5 anos 40%

Artigo 60.º 5 a menos de 6 anos 50% Revogação 6 a menos de 7 anos 60%

1. É revogada a Lei n.º 14/2012 (Contas individuais de 7 a menos de 8 anos 70% previdência). 8 a menos de 9 anos 80% 2. O disposto no número anterior implica que, automa- 9 a menos de 10 anos 90% ticamente: Igual ou superior a 10 anos 100% 1) A conta individual de previdência seja transformada em conta individual do regime de previdência central não obrigatório; ______2) O titular da conta individual de previdência se torne titular da conta individual do regime de previdência central não obrigatório; 12. Texto de alteração da proposta de lei intitulada “Regime ensino superior”. 3) O saldo da conta individual de previdência seja trans- ferido, para todos os efeitos legais, para a subconta de ges- REGIÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL DE MACAU tão do Governo do titular da conta individual do regime de previdência central não obrigatório. Lei n.º /2017 (Proposta de lei) 3. Para efeitos do disposto no artigo 39.º, a atribuição da verba de incentivo básico nos termos da Lei n.º 14/2012 Regime do ensino superior considera-se efectuada para a conta individual do regime de previdência central não obrigatório. A Assembleia Legislativa decreta, nos termos da alínea 1) do artigo 71.º da Lei Básica da Região Administrativa Especial de Macau, para valer como lei, o seguinte: Artigo 61.º Entrada em vigor CAPÍTULO I A presente lei entra em vigor no dia 1 de Janeiro de Disposições gerais 2018. Artigo 1.º Aprovada em de de 2017. Objecto e âmbito

O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. A presente lei estabelece o regime do ensino superior Assinada em de de 2017. da Região Administrativa Especial de Macau, doravante designada por RAEM, que regula: Publique-se. 1) As actividades, organização e funcionamento das ins- O Chefe do Executivo, Chui Sai On. tituições de ensino superior públicas e privadas da RAEM;

------2) As actividades de ensino superior exercidas na RAEM pelas instituições de ensino superior sediadas no Anexo exterior. (a que se refere o artigo 34.º) Taxas de reversão de direitos Artigo 2.º Definições Taxas de reversão de Tempo de contribuição direitos Para efeitos da presente lei, entende-se por:

Menos de 3 anos 0% 1) «Ensino superior», os vários níveis de ensino supe- riores ao ensino secundário, ministrados por instituições de 3 a menos de 4 anos 30% ensino superior; N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 79

2) «Instituição de ensino superior», a organização de que pode ser combinado com outro major ou um minor no natureza pública ou privada, criada, reconhecida e autoriza- plano de estudos de um curso de licenciatura ministrado de da a ministrar cursos de ensino superior e a conferir graus acordo com o sistema de créditos; académicos, bem como a exercer quaisquer outras activida- des académicas no âmbito do ensino superior, nos termos 13) «Curso do ensino superior não local», o curso de da legislação aplicável; ensino superior ministrado na RAEM por instituições de ensino superior sediadas no exterior, em colaboração com 3) «Ano lectivo», o período de um ano, contado a partir entidades da RAEM, mediante autorização prévia. da data fixada pela instituição de ensino superior para o iní- cio das actividades académicas;

4) «Acesso», a entrada no ensino superior dos estudan- Artigo 3.º tes que possuam as condições legalmente definidas para a Objectivos do ensino superior admissão e frequência de cursos ao nível do ensino supe- rior; São objectivos do ensino superior, nomeadamente:

5) «Matrícula», o acto através do qual se processa a en- 1) Formar quadros qualificados ao nível do ensino supe- trada no ensino superior para os candidatos admitidos, para rior, nas áreas cultural, científica e tecnológica, através da os estudantes que transitam para uma outra instituição de difusão de conhecimentos de índole teórica e prática, culti- ensino superior e para aqueles que readquirem a qualidade vando-lhes as virtudes académicas e pessoais e motivando- de estudante do ensino superior, perdida por interrupção de -os para o desenvolvimento de capacidades, nomeadamente estudos; de concepção, de investigação científica, de inovação, de análise crítica, de integração em equipa e de adaptação à 6) «Inscrição», o acto que habilita os estudantes valida- mudança, para o exercício de actividades profissionais; mente matriculados a frequentar as disciplinas ou unidades curriculares previstas no plano de estudos do respectivo 2) Criar condições que permitam aos indivíduos devi- curso; damente habilitados o acesso ao ensino superior;

7) «Plano de estudos de um curso», o conjunto organi- 3) Promover a investigação e o desenvolvimento nas zado de unidades curriculares em que um estudante deve áreas cultural, científica e tecnológica; ser aprovado para obter um determinado grau académico ou para concluir um curso não conferente de grau; 4) Promover a difusão de conhecimentos, nomeadamen- te nas áreas cultural, científica e tecnológica, valorizando as 8) «Mobilidade», a situação em que o estudante matri- actividades de investigação; culado numa instituição de ensino superior e inscrito num curso realiza parte deste noutra instituição de ensino supe- 5) Promover a inovação e o potencial local de investiga- rior ou transita entre instituições de ensino superior; ção científica;

9) «Estágio», as actividades de formação académica de 6) Promover a interacção entre as actividades de ensino natureza prática ou teórico-prática que integram o plano e de investigação; de estudos de um curso de ensino superior, realizadas por tempo determinado, e que consistam na formação e apren- 7) Prestar serviços especializados à comunidade e esta- dizagem de uma prática profissional ou na aprendizagem de belecer com esta relações de reciprocidade; técnicas de determinada actividade profissional; 8) Promover, no âmbito das actividades do ensino su- 10) «Prescrição», a condição a que fica sujeito um estu- perior, a cooperação e o intercâmbio cultural, científico e dante que não termina o plano de estudos de um curso de tecnológico, entre a RAEM e o exterior. ensino superior no período de tempo previsto nas respecti- vas normas regulamentares;

11) «Minor», o conjunto de unidades curriculares que Artigo 4.º se caracterizam por corresponder a áreas complementares Igualdade de acesso ou adicionais de formação num curso de licenciatura, que podem ser organizadas em programas autónomos a que cor- O Governo da RAEM deve criar condições de igual- responda a atribuição de certificado; dade no acesso ao ensino superior, sem discriminação em razão da nacionalidade, ascendência, sexo, raça, língua, reli- 12) «Major», o conjunto de unidades curriculares que gião, convicções políticas ou ideológicas, situação económi- constituem o núcleo essencial e caracterizador de um curso, ca ou condição social. 80 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

CAPÍTULO II perior públicas, nem a sujeição à avaliação nos termos do Instituições de ensino superior regime de avaliação da qualidade do ensino superior e à fiscalização pelo Governo da RAEM das actividades e do funcionamento das instituições de ensino superior, públicas SECÇÃO I e privadas. Atribuições, natureza e autonomia das instituições de ensino superior 5. As instituições de ensino superior exercem uma acti- vidade de interesse público.

Artigo 5.º Atribuições das instituições de ensino superior Artigo 7.º Autonomia científica São atribuições das instituições de ensino superior:

1. As instituições de ensino superior, no gozo da auto- 1) Formar quadros qualificados ao nível do ensino supe- nomia científica, podem, por si próprias, definir, planear rior, mediante a ministração de cursos que confiram graus e executar projectos de investigação e demais actividades académicos, cursos de pós-graduação ou outros ministrados científicas. nos termos da presente lei e demais legislação aplicável;

2. Na investigação científica, as instituições de ensino 2) Promover a investigação científica, bem como criar as superior devem ter em conta, nomeadamente, a natureza e condições necessárias à realização de actividades de investi- os objectivos da própria instituição e perspectivar a resolu- gação e desenvolvimento e à publicação de obras científicas; ção dos problemas postos pelo desenvolvimento social, eco- nómico, educacional e cultural. 3) Prestar serviços especializados à comunidade;

4) Realizar acções de formação profissional e de actua- lização de conhecimentos; Artigo 8.º Autonomia pedagógica 5) Promover a inovação cultural e a sua difusão, bem como a transmissão do conhecimento; 1. As instituições de ensino superior, no gozo da auto- nomia pedagógica, elaboram os planos de estudos e progra- 6) Incentivar a cooperação e o intercâmbio cultural, mas curriculares dos seus cursos, definem os métodos de científico e tecnológico com instituições congéneres sedia- ensino, escolhem os processos de avaliação de conhecimen- das na RAEM e no exterior; tos e ensaiam novas pedagogias.

7) Assegurar um ambiente educativo apropriado às suas 2. No gozo da sua autonomia pedagógica, as instituições finalidades e a existência dos recursos para tal necessários. de ensino superior devem respeitar a pluralidade de doutri- nas e métodos pedagógicos.

Artigo 6.º Natureza e regime jurídico das instituições de ensino Artigo 9.º superior Autonomia administrativa e financeira

1. As instituições de ensino superior públicas são pesso- As instituições de ensino superior, no quadro da legis- as colectivas de direito público, dotadas de autonomia cien- lação aplicável e de acordo com a sua natureza, gozam de tífica, pedagógica, administrativa e financeira. autonomia administrativa e financeira.

2. As instituições de ensino superior privadas dispõem de gestão própria e gozam de autonomia científica, pedagó- SECÇÃO II gica, administrativa e financeira, sem prejuízo do disposto Estatutos das instituições de ensino superior nos artigos 45.º a 47.º.

3. As instituições de ensino superior privadas, conforme Artigo 10.º a natureza da sua entidade titular, dividem-se em dois tipos, Elaboração, alteração, aprovação e homologação dos esta- com fins lucrativos e sem fins lucrativos, podendo beneficiar tutos de isenção de impostos nos termos da legislação aplicável. 1. Os estatutos das instituições de ensino superior são 4. A autonomia das instituições de ensino superior não elaborados, alterados, aprovados e homologados com ob- preclude a sujeição à tutela das instituições de ensino su- servância do disposto na presente lei e demais legislação N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 81 aplicável e só produzem efeitos após a sua publicação no Artigo 13.º Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Ma- Pessoal cau, doravante designado por Boletim Oficial. De acordo com o respectivo conteúdo funcional, o pes- 2. Quando os estatutos ou as respectivas alterações não soal das instituições de ensino superior insere-se num dos satisfaçam o disposto na presente lei e demais legislação seguintes grupos de pessoal: aplicável ou quando a sua regulamentação não esteja de acordo com a natureza da instituição, o Chefe do Executivo, 1) Pessoal de direcção – o responsável máximo da insti- através do serviço competente no âmbito do ensino supe- tuição de ensino superior que a dirige e representa, nome- rior, pode notificar a instituição para proceder às necessá- adamente o reitor ou o presidente, e aqueles que o coadju- rias correcções ou adaptações, reservando-se o direito de, vam no exercício das suas funções; em caso de não proceder em conformidade, lhe revogar o reconhecimento ou a aprovação dos seus cursos, sem prejuí- 2) Pessoal docente – aqueles que exercem principalmen- zo da não homologação dos estatutos. te as funções pedagógico-didácticas nas instituições de en- sino superior ou que, de acordo com o respectivo regime de pessoal ou carreira aplicável, devam incluir-se neste grupo; Artigo 11.º Conteúdo dos estatutos 3) Pessoal de investigação – aqueles que exercem princi- palmente actividades de investigação nas instituições de en- 1. Os estatutos das instituições de ensino superior de- sino superior ou que, de acordo com o respectivo regime de vem conter as normas fundamentais de organização interna pessoal ou carreira aplicável, devam incluir-se neste grupo; da instituição nos planos científico, pedagógico, administra- tivo e financeiro, o regime de autonomia de cada unidade 4) Pessoal não docente – aqueles que exercem funções orgânica ou académica, bem como a forma da sua revisão. de administração ou outras não incluídas nos grupos ante- riores, nomeadamente, nas áreas administrativa, pedagógi- 2. Os estatutos das instituições de ensino superior de- ca e de investigação, nos serviços de apoio e administração vem, ainda, definir a natureza, a composição, as competên- dos diversos níveis e nas unidades académicas. cias e o modo de funcionamento dos seus órgãos, bem como o modo de designação ou eleição dos respectivos membros.

CAPÍTULO III Cursos e graus académicos SECÇÃO III Órgãos e pessoal Artigo 14.º Aprovação de cursos Artigo 12.º Órgãos 1. A criação e a alteração de cursos do ensino superior são aprovadas por despacho do Secretário que tutela a área 1. As instituições de ensino superior dispõem, obrigato- do ensino superior, a publicar no Boletim Oficial, do qual riamente, dos seguintes órgãos: devem constar, nomeadamente, a denominação da insti- tuição de ensino superior, o curso a ministrar e o grau que 1) Conselho geral; confere, o respectivo plano de estudos, bem como outros 2) Reitor ou presidente; elementos e informações relevantes fixados na legislação do ensino superior. 3) Órgão de gestão e administração; 2. O disposto no número anterior não é aplicável às 4) Órgão científico-pedagógico. instituições de ensino superior que, à data da entrada em vi- gor da presente lei, já tenham o direito de ministrar os seus 2. O órgão indicado na alínea 1) do número anterior é próprios cursos, bem como às que o venham a adquirir de o órgão responsável pela definição e execução das linhas de acordo com o regime de avaliação da qualidade do ensino desenvolvimento da instituição. superior, sem prejuízo do disposto no artigo seguinte.

3. A inexistência de qualquer dos órgãos referidos no n.º 1 ou a sua irregular composição determina a impossibi- Artigo 15.º lidade de funcionamento da instituição de ensino superior, Registo e início de funcionamento de cursos salvo em período da respectiva instalação, em que aqueles órgãos podem ser substituídos, por tempo determinado, por 1. É obrigatório o registo dos cursos do ensino superior comissões instaladoras. no serviço competente no âmbito do ensino superior. 82 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

2. Nenhum curso pode iniciar-se antes da publicação 7. Os graus de licenciado, de mestre e de doutor são no Boletim Oficial do aviso do registo referido no número designados nas cartas de curso em conformidade com a res- anterior. pectiva área científica, ramo de conhecimento e designação que o órgão competente de cada instituição de ensino supe- rior fizer constar dos regulamentos internos dos respectivos Artigo 16.º cursos. Suspensão e extinção de cursos

A suspensão e a extinção de cursos do ensino superior Artigo 18.º estão sujeitas à aprovação por despacho do Secretário que Licenciatura tutela a área do ensino superior, a publicar no Boletim Ofi- cial. 1. O grau de licenciado é conferido após a conclusão e aprovação nos cursos de licenciatura ministrados nas insti- tuições de ensino superior. Artigo 17.º Graus académicos, diplomas, certificados e títulos 2. O grau de licenciado comprova os conhecimentos técnicos e científicos adquiridos numa determinada área de 1. As instituições de ensino superior conferem os se- formação, bem como demonstra a capacidade de resolução guintes graus académicos: de problemas no âmbito da sua área de formação mediante a recolha, selecção e interpretação da informação relevante 1) Licenciado; e a capacidade de aprofundar a aprendizagem ao longo da vida com elevado grau de autonomia. 2) Mestre;

3) Doutor. 3. A designação do curso que confere o grau de licen- ciado é a que consta do plano de estudos do respectivo 2. As instituições de ensino superior podem atribuir os curso e deve corresponder ao ramo de conhecimento e ser seguintes diplomas e certificados: compatível com a respectiva especialidade ou área científica da unidade académica em que é ministrado. 1) Diploma de associado, a cursos de duração não infe- rior a dois anos lectivos; 4. Os cursos que conferem o grau de licenciado podem revestir as seguintes modalidades: 2) Diploma, a cursos de duração não inferior a um ano lectivo; 1) Cursos que tenham uma duração, em regra, não infe- 3) Certificado, a programas de minor. rior a quatro anos lectivos;

3. As instituições de ensino superior podem, de acordo 2) Cursos que contemplem a possibilidade de frequên- com o sistema de créditos, ministrar cursos conducentes à cia de um programa integrado especial, constituído por obtenção de um duplo grau de licenciado e cursos constituí- duas partes nucleares, designadas por major, de dois cursos dos por uma ou duas áreas de formação major. de licenciatura da mesma área científica;

4. As instituições de ensino superior podem, excepcio- 3) Cursos ministrados de acordo com o sistema de cré- nalmente, ser autorizadas a ministrar cursos que conferem ditos, devendo os estudantes concluir todas as disciplinas graus, diplomas e certificados diferentes dos previstos nos e obter as unidades de crédito necessárias à conclusão do números anteriores, devendo esses cursos ser aprovados nos curso, de acordo com o respectivo plano de estudos. termos previstos na presente lei.

5. Os requisitos dos cursos referidos nas alíneas 2) e 3) 5. As instituições de ensino superior autorizadas a ministrar cursos de doutoramento podem, nos termos defi- do número anterior são definidos no diploma que estabele- nidos nos respectivos estatutos, conferir a eminentes indivi- ce o regime do ensino superior ministrado de acordo com o dualidades, locais ou do exterior, o grau de doutor honoris sistema de créditos. causa. 6. Para a frequência de cursos que conferem o grau de 6. As instituições de ensino superior podem, nos termos licenciado em determinada área de formação, além das ha- definidos nos respectivos estatutos, conferir a eminentes bilitações académicas necessárias podem ainda ser exigidos individualidades, locais ou do exterior, outros títulos hono- aos candidatos outros conhecimentos ou experiência profis- ríficos comummente usados no âmbito internacional. sional. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 83

Artigo 19.º determinada área de especialização e demonstra a capaci- Dupla licenciatura dade de compreensão e resolução de problemas em contex- tos alargados e multidisciplinares relacionados com a sua 1. Os cursos de duplo grau de licenciatura são cursos de área de especialização. licenciatura, ministrados de acordo com o sistema de cré- ditos por diferentes faculdades, escolas ou departamentos 3. A designação do curso de mestrado é a que consta do da instituição de ensino superior, que podem conferir dois plano de estudos do respectivo curso e deve corresponder à graus de licenciado, permitindo aos estudantes a obtenção respectiva especialidade, área científica e ramo de conheci- de um elevado grau de formação técnica e científica e maior mento. capacidade para o exercício de actividades profissionais numa determinada área do saber. 4. O curso de mestrado tem a duração mínima de 18 meses, devendo a duração da parte curricular corresponder, 2. Podem candidatar-se à frequência de cursos de duplo em regra, a um mínimo de 12 meses e a um máximo de 24 grau de licenciatura os indivíduos que reúnam, cumulativa- meses. mente, as seguintes condições: 5. Nos termos previstos no plano de estudos e respecti- 1) Tenham concluído o primeiro ano de um curso de vas normas regulamentares, a aprovação no curso de mes- licenciatura com média de “Muito Bom” ou equivalente; trado, após o termo da parte curricular, pode estar condi- 2) Tenham capacidades especiais para frequentar si- cionada à elaboração e apresentação para discussão pública multaneamente dois cursos, para o efeito reconhecidas pelo de uma dissertação escrita de natureza científica, original órgão competente em matéria pedagógica da unidade aca- e especialmente realizada para tal fim, à elaboração de um démica que ministra o respectivo curso; relatório de projecto original ou à apresentação de um rela- tório final após o estágio profissional. 3) Que o curso frequentado referido na alínea 1) e o curso de duplo grau de licenciatura a frequentar sejam mi- 6. A elaboração da dissertação, do relatório de projecto nistrados de acordo com o sistema de créditos e nas facul- ou de estágio e a realização do estágio são orientadas por dades, escolas ou departamentos da mesma instituição de um dos seguintes professores: ensino superior. 1) Professor da própria instituição ou de outra institui- 3. A obtenção do duplo grau de licenciado depende do ção, habilitado com o grau de doutor, na respectiva área aproveitamento em todas as disciplinas e da aquisição das científica; unidades de crédito necessárias à conclusão do curso, de acordo com o plano de estudos e respectiva duração, nelas 2) Professor catedrático, professor associado ou com se incluindo as unidades de créditos obtidas no primeiro designação equivalente, não habilitado com o grau de dou- ano do curso de licenciatura referido na alínea 1) do núme- tor na respectiva área científica, mediante validação prévia ro anterior. pelo órgão científico-pedagógico da instituição de ensino superior que ministra o curso. 4. Sem prejuízo do disposto no n.º 7 do artigo 17.º, qual- quer outro documento de titulação do curso de duplo grau 7. A dissertação, relatório de projecto ou relatório final de licenciatura contém apenas a respectiva designação para de estágio referidos no n.º 5 são apresentados no prazo a de- ser identificado, constando a referência às disciplinas reali- finir pela instituição de ensino superior, não inferior a seis zadas somente no certificado de habilitações do curso. meses, sem prejuízo da possibilidade de apresentação ante- 5. As condições de acesso e conclusão, com aproveita- cipada por iniciativa do mestrando. mento, nos cursos conferentes de duplo grau de licenciatura constam do respectivo regulamento e são definidas de acor- 8. Podem candidatar-se à frequência de cursos de mes- do com o diploma que estabelece o regime do ensino supe- trado os indivíduos habilitados com o grau de licenciado ou rior ministrado de acordo com o sistema de créditos. com habilitação académica equiparada, reconhecida para efeitos de prosseguimento de estudos pelo órgão científico- -pedagógico da instituição de ensino superior que ministra Artigo 20.º o curso, podendo ainda ser exigidos outros conhecimentos Mestrado ou experiência profissional.

1. O grau de mestre é conferido após a conclusão e aprovação nos cursos de mestrado ministrados pelas insti- Artigo 21.º tuições de ensino superior. Doutoramento

2. O grau de mestre comprova um nível aprofundado de 1. O grau de doutor é conferido após a conclusão do conhecimentos e competências para os desenvolver numa curso e aprovação nas provas de doutoramento. 84 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

2. O grau de doutor comprova a capacidade de realizar ano de um curso de licenciatura do mesmo ramo de conhe- uma investigação significativa e original, que inclui a sua cimento a que corresponde o diploma, desde que lhe seja concepção, planeamento e adaptação, respeitando as exi- reconhecida equivalência para esse efeito pela instituição gências impostas pelos padrões de qualidade e integridade de ensino superior. académicas, bem como as competências de análise crítica, avaliação e síntese de ideias novas e complexas, e a capa- cidade para comunicar com os seus pares, a comunidade Artigo 23.º académica e a sociedade em geral sobre a área da especiali- Major e minor zação. 1. Major é a componente nuclear correspondente à for- 3. A designação do curso de doutoramento é a que mação especializada numa determinada área do saber de consta do plano de estudos do respectivo curso e deve cor- um curso de licenciatura ministrado de acordo com o siste- responder à respectiva especialidade, área científica e ramo ma de créditos. de conhecimento. 2. Minor é o programa adicional de um curso de licen- 4. O curso de doutoramento tem, em regra, a duração ciatura ministrado de acordo com o sistema de créditos, que de três anos lectivos. pertence a uma área do saber diferente da componente ma- jor, do qual não depende a obtenção do grau de licenciado. 5. As provas de doutoramento para a obtenção do grau de doutor referidas no n.º 1, incluem a elaboração, apresen- 3. A composição e as demais condições a que devem tação e discussão pública de uma tese escrita original e es- obedecer as componentes major e minor são definidas no pecialmente elaborada para tal fim, adequada à natureza do diploma que estabelece o regime do ensino superior minis- ramo de conhecimento ou da especialidade. trado de acordo com o sistema de créditos. 6. A obtenção do grau de doutor pode ainda estar con- dicionada, para além do disposto no número anterior, à aprovação em todas as áreas de avaliação que constem do CAPÍTULO IV plano de estudos do curso de doutoramento. Corpo docente

7. Os doutorandos, após autorização da instituição de ensino superior, podem escolher o orientador do trabalho Artigo 24.º de investigação de entre professores habilitados com o grau Qualificação para a docência de doutor na área da respectiva especialidade, professores catedráticos, professores associados ou com designação 1. A qualificação para o exercício da docência no ensino equivalente. superior obtém-se com habilitação de grau de doutor ou de mestre, ou com habilitação académica equiparada. 8. Podem candidatar-se à frequência de cursos de dou- toramento os indivíduos habilitados com o grau de mestre 2. Sem prejuízo do disposto no número seguinte, os do- ou com habilitação académica equiparada, reconhecida centes intervenientes num dado curso não podem ser pos- para efeitos de prosseguimento de estudos pelo órgão suidores de grau académico inferior ao que o curso confere. científico-pedagógico da instituição de ensino superior que ministra o curso, e ainda os licenciados com classificação de 3. Mediante o pedido da instituição de ensino superior “Muito Bom”. e a autorização do serviço competente no âmbito do ensino superior, podem ainda exercer a docência no ensino supe- rior aqueles que não possuam as habilitações académicas Artigo 22.º referidas nos números anteriores, mas que satisfaçam uma Diploma de associado das seguintes condições:

1. Os cursos de diploma de associado são cursos com a 1) Detenham experiência profissional ou outras qualifi- duração mínima de dois anos lectivos, ministrados de acor- cações que os recomendem para o exercício dessa activida- do com o sistema de créditos. de; 2. Os cursos de diploma de associado são ministrados e estruturados nos termos do diploma que estabelece o regi- 2) Sejam reconhecidos pelo órgão científico-pedagógico me do ensino superior ministrado de acordo com o sistema da respectiva instituição de ensino superior como sendo de créditos e demais legislação aplicável. qualificados para esse exercício.

3. Quem concluir, com aproveitamento, o curso de di- 4. O pessoal docente das instituições de ensino superior ploma de associado pode requerer a frequência no terceiro exerce uma actividade de interesse público. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 85

CAPÍTULO V 2. A inscrição habilita o estudante matriculado a fre- Corpo discente quentar as disciplinas do respectivo curso e é obrigatória para todos os regimes de frequência. Artigo 25.º Condições de acesso ao ensino superior Artigo 27.º Categorias de estudantes 1. Ao definir as condições de acesso a cada curso de ensino superior, as instituições de ensino superior devem 1. As categorias de estudantes do ensino superior são as ter em consideração, nomeadamente, o aumento do nível seguintes: educativo, cultural e científico da RAEM, bem como a ne- cessidade de garantir a qualidade do ensino. 1) Estudante que frequenta o curso em regime de tem- po integral; 2. O acesso aos cursos do ensino superior depende da conclusão, com aproveitamento, do ensino secundário com- 2) Estudante que frequenta o curso em regime de tem- plementar com três anos de escolaridade ou equivalente. po parcial.

3. As instituições de ensino superior podem ministrar 2. O estudante que frequenta o curso em regime de cursos preparatórios, com a duração de um ano, destinados tempo integral é aquele que está inscrito num curso de ensi- aos estudantes que tenham concluído o ensino secundário no superior ministrado por uma instituição de ensino supe- complementar mas que não satisfaçam as condições previs- rior da RAEM, cujos regimes de frequência e de avaliação tas no número anterior. exigem a sua presença obrigatória num número determina- do de aulas e de outras actividades lectivas. 4. Para além das condições de acesso referidas nos nú- meros anteriores, cada instituição de ensino superior pode 3. O estudante que frequenta o curso em regime de tem- estabelecer condições específicas, incluindo, nomeadamen- po parcial é aquele que está inscrito num curso de ensino te, a realização de exames de acesso, bem como a frequên- superior ministrado por uma instituição de ensino superior cia de cursos propedêuticos da língua em que o curso de da RAEM, cujos regimes de frequência e avaliação não exi- ensino superior é ministrado. gem a sua presença obrigatória num número determinado de aulas e de outras actividades lectivas, ou ministrado na 5. Aos indivíduos maiores de 23 anos e que não possu- RAEM por uma instituição de ensino superior sediada no am as condições de acesso previstas nos números anteriores exterior. pode ser facultado o acesso a cursos do ensino superior, desde que demonstrem capacidade para o efeito, nomeada- mente através de aprovação em exame especial. Artigo 28.º Mobilidade 6. Pode ainda ser facultado o acesso a cursos do ensino superior aos estudantes que, mesmo que não tenham con- 1. A mobilidade de estudantes entre instituições de en- cluído o ensino secundário, demonstrem grandes potencia- sino superior é permitida. lidades e que sejam recomendados pela escola secundária que frequentam, com a autorização do órgão científico- 2. As instituições de ensino superior podem, para efei- -pedagógico da instituição do ensino superior que deve tos de frequência de cursos do ensino superior por si minis- submeter o respectivo caso, devidamente documentado, ao trados, reconhecer períodos de estudo, disciplinas ou unida- serviço competente no âmbito do ensino superior para con- des de crédito dos seus cursos ou de cursos ministrados em firmação. quaisquer outras instituições de ensino superior.

3. Cada instituição de ensino superior deve elaborar Artigo 26.º regulamentos sobre a mobilidade de estudantes e o reco- Matrícula e inscrição nhecimento e creditação de unidades de crédito, bem como sobre o reconhecimento de períodos de estudo ou de disci- 1. A matrícula é obrigatória para o candidato que: plinas de cursos do ensino superior.

1) Frequente pela primeira vez um curso de ensino su- perior; Artigo 29.º Participação em actividades académicas 2) Tenha perdido a qualidade de estudante por inter- rupção de estudos; 1. As instituições de ensino superior podem organizar actividades académicas nas áreas pedagógica e de investi- 3) Tenha visto deferido o seu pedido de transferência gação científica, promovendo a participação dos estudantes pela instituição de ensino superior para onde transita. que frequentem, em regime de tempo integral, o curso de 86 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 licenciatura ou de grau superior, em condições adequadas verifique a impossibilidade de completar o curso, de acordo ao desenvolvimento simultâneo daquelas actividades acadé- com o regime de prescrição previsto nos diplomas que regu- micas. lamentam as matérias do ensino superior.

2. Para efeitos de obtenção de informações para verifi- 2. O regime de prescrição previsto no número anterior cação e controlo, as instituições de ensino superior devem não é aplicável aos estudantes inscritos nos cursos de mes- criar e manter actualizada uma base de dados relativa à trado e de doutoramento, sendo o regime de prescrição para participação dos estudantes nas actividades académicas estes cursos definido pelo respectivo regulamento das insti- referidas no número anterior, da qual devem constar, nome- tuições de ensino superior. adamente, os seguintes elementos: 3. Os regimes de prescrição referidos nos números ante- 1) Identificação dos estudantes; riores devem fixar um período mínimo em que o estudante está impedido de se matricular para frequentar o mesmo 2) Indicação das actividades académicas e do número curso, findo o qual o estudante pode proceder novamente à de horas semanais de participação. matrícula, desde que preencha os requisitos e condições de acesso ao respectivo curso no momento da nova matrícula. 3. As instituições de ensino superior devem proporcio- nar meios que permitam aos serviços responsáveis pela veri- 4. Os cursos aprovados para serem ministrados de acor- ficação e controlo das actividades académicas obter imedia- do com o sistema de créditos obedecem a um regime de tamente informações dos estudantes que nelas participam. prescrição próprio, a regular no diploma que estabelece o regime do ensino superior ministrado de acordo com o sis- 4. A participação dos estudantes nas actividades acadé- tema de créditos. micas não pode exceder o limite de 15 horas semanais.

Artigo 30.º CAPÍTULO VI Estágio Financiamento, património e receitas

1. Os estudantes só podem participar em estágios quan- do se verifiquem, cumulativamente, as seguintes condições: Artigo 32.º Financiamento do ensino superior 1) Estejam a frequentar o curso de licenciatura ou de grau superior; 1. O financiamento do ensino superior compreende:

2) As actividades do estágio sejam prosseguidas confor- 1) O financiamento das instituições de ensino superior me o plano de estudos do curso, sob a organização ou auto- públicas; rização da instituição de ensino superior que frequentam. 2) O apoio financeiro às instituições de ensino superior 2. Compete às instituições de ensino superior assegurar privadas; a realização de estágios em condições de higiene e seguran- ça previstas na legislação aplicável. 3) O financiamento para implementação e funciona- mento do regime de avaliação da qualidade do ensino supe- 3. As instituições de ensino superior não podem cobrar rior; aos estudantes quaisquer despesas adicionais pela realiza- ção ou participação em estágios. 4) O apoio financeiro aos estudantes do ensino superior.

4. Em caso de estágios realizados no exterior da RAEM, 2. Incumbe ao Governo da RAEM assegurar, nos as instituições de ensino superior devem promover a ce- limites das disponibilidades orçamentais, a criação de me- lebração de acordos com outras instituições de ensino canismos de financiamento do ensino superior, incluindo o superior ou outras entidades colaboradoras legalmente Fundo do Ensino Superior, entre outros. constituídas no local, definindo expressamente os direitos e deveres das partes, bem como todos os assuntos relativos à organização do estágio, aos orientadores e aos seguros para Artigo 33.º os estudantes. Fundo do Ensino Superior

Artigo 31.º 1. É criado o Fundo do Ensino Superior, dotado de Regime de prescrição personalidade jurídica, para efeitos da disponibilização do financiamento referido no n.º 1 do artigo 32.º, sem prejuízo 1. Prescreve o direito à matrícula e à inscrição dos estu- do financiamento disponibilizado por outras entidades pú- dantes em relação aos quais, no final de um ano lectivo, se blicas nos termos legais. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 87

2. O Fundo do Ensino Superior goza de autonomia 2) As receitas provenientes de propinas; administrativa, financeira e patrimonial, sendo apoiado técnica e administrativamente pelo serviço competente no 3) As receitas provenientes da prestação de serviços e âmbito do ensino superior. da venda de publicações;

3. A organização, gestão e funcionamento do Fundo do 4) Os subsídios, subvenções, comparticipações, doa- Ensino Superior são definidos por regulamento administra- ções, heranças e legados; tivo complementar. 5) As receitas provenientes dos direitos de propriedade Artigo 34.º intelectual, de direitos de propriedade industrial ou de ce- Financiamento das instituições de ensino superior públicas dência de know-how;

1. Cabe ao Governo da RAEM garantir às instituições 6) Os juros de contas de depósitos; de ensino superior públicas as verbas necessárias ao seu funcionamento, nos limites das disponibilidades orçamen- 7) Os saldos da conta de gerência de anos anteriores; tais. 8) O produto de taxas, emolumentos, multas, bem como 2. Compete às instituições de ensino superior públicas quaisquer outras receitas que legalmente lhes advenham; elaborar e propor os respectivos orçamentos anuais e plu- rianuais. 9) As receitas creditícias;

3. As dotações atribuídas pelo Governo da RAEM às 10) Os apoios provenientes de fundos, públicos ou pri- instituições de ensino superior públicas devem basear-se na vados, da RAEM ou do exterior; análise dos projectos de orçamentos anuais, nos planos de desenvolvimento a médio prazo e no balanço e relatório de 11) As dotações do Orçamento da Região Administra- actividades dos anos económicos findos. tiva Especial de Macau.

4. A gestão económica e financeira das instituições de ensino superior públicas é disciplinada pelos seguintes ins- trumentos de previsão: CAPÍTULO VII Garantia da qualidade do ensino superior 1) Planos de actividade e financeiros, anuais e plurianu- ais; Artigo 37.º 2) Orçamentos privativos anuais e suas actualizações. Âmbito e composição da avaliação da qualidade

5. Os planos financeiros referidos no número anterior 1. As instituições de ensino superior, qualquer que seja devem prever, em relação ao prazo adoptado, a evolução das a sua natureza jurídica, e os cursos de ensino superior estão receitas e despesas, os investimentos previstos e as fontes de sujeitos aos mecanismos de garantia da qualidade do ensino financiamento a utilizar. superior da RAEM, nomeadamente ao regime de avaliação da qualidade do ensino superior.

Artigo 35.º 2. A avaliação da qualidade do ensino superior é com- Património das instituições de ensino superior públicas posta por:

Constitui património das instituições de ensino superior 1) Avaliação da instituição, nas modalidades de acredi- públicas o conjunto de bens e direitos que, pelo Governo tação da instituição e de auditoria da qualidade da institui- da RAEM ou outras entidades, públicas ou privadas, sejam ção; afectos à realização dos seus fins. 2) Avaliação de cursos, nas modalidades de acreditação dos cursos e de revisão dos cursos. Artigo 36.º Receitas das instituições de ensino superior públicas Artigo 38.º São receitas das instituições de ensino superior públi- Princípios da avaliação da qualidade cas: A avaliação da qualidade do ensino superior está sujeita 1) Os rendimentos provenientes de bens próprios ou de ao cumprimento dos princípios da equidade, da objectivida- que tenham a fruição; de, da imparcialidade e da transparência. 88 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Artigo 39.º 4. Da decisão sobre o pedido de autorização de criação Finalidades da avaliação da qualidade de uma instituição de ensino superior privada cabe recurso nos termos legais. A avaliação da qualidade visa impulsionar o desenvol- vimento do ensino superior local, estimular a qualidade das actividades académicas, aumentar o nível científico-pedagó- Artigo 43.º gico e de investigação do ensino superior, garantindo a qua- Reconhecimento lidade e aperfeiçoamento permanente dos cursos do ensino superior. 1. As pessoas colectivas privadas que pretendam criar uma instituição de ensino superior devem requerer, nos ter- mos legais, o reconhecimento da respectiva instituição. Artigo 40.º Regime de avaliação da qualidade do ensino superior 2. Compete ao Chefe do Executivo reconhecer as insti- tuições de ensino superior privadas. O regime de avaliação da qualidade do ensino superior é definido por regulamento administrativo complementar. 3. O reconhecimento das instituições de ensino superior privadas consta de ordem executiva e só produz efeitos após a sua publicação no Boletim Oficial. CAPÍTULO VIII 4. Para efeitos de reconhecimento da instituição de en- Criação e encerramento das instituições sino superior privada, a entidade requerente deve apresen- de ensino superior privadas tar o seu pedido ao serviço competente no âmbito do ensino superior, acompanhado dos documentos e informações pre- Artigo 41.º vistas na legislação do ensino superior. Criação de instituições de ensino superior privadas 5. O pedido de reconhecimento referido no presente 1. As pessoas colectivas privadas que revistam a forma artigo pode ser apresentado em simultâneo com o pedido de associação ou fundação, regularmente constituídas, po- referido no artigo anterior. dem ser autorizadas a criar instituições de ensino superior. 6. O pedido de autorização, relativo ao início de fun- 2. As pessoas colectivas que revistam a forma de socie- cionamento dos primeiros cursos, pode ser apresentado dade comercial, regularmente constituídas, podem também em simultâneo com os pedidos de autorização da criação ser autorizadas a criar instituições de ensino superior quan- da instituição de ensino superior privada e do respectivo do: reconhecimento, devendo o mesmo ser apresentado, obriga- toriamente, durante os três anos imediatamente posteriores 1) Haja relação directa entre a área científica do ensino ao pedido da criação. a ministrar e as actividades incluídas no âmbito do respecti- vo objecto social; 7. Após a publicação da ordem executiva referida no n.º 3, a instituição de ensino superior privada deve fazer o respec- 2) As actividades de ensino assumam carácter acessório tivo registo junto do serviço competente no âmbito do en- relativamente às que constituem o respectivo objecto social. sino superior, para efeitos de emissão do alvará necessário, nos termos da legislação do ensino superior. Artigo 42.º Autorização 8. Da decisão sobre o pedido de reconhecimento de uma instituição de ensino superior privada cabe recurso nos 1. Compete ao Chefe do Executivo autorizar a criação termos legais. das instituições de ensino superior privadas.

2. A autorização referida no número anterior consta de Artigo 44.º ordem executiva e só produz efeitos após a sua publicação Entidade titular da instituição no Boletim Oficial. 1. A pessoa colectiva privada que crie, nos termos da 3. O pedido de autorização deve ser apresentado junto presente lei, uma instituição de ensino superior é designada do serviço competente no âmbito do ensino superior, com entidade titular da respectiva instituição. a antecedência mínima de nove meses relativamente à data prevista para o início do funcionamento da instituição de 2. Compete à entidade titular da instituição de ensino ensino superior, acompanhado dos documentos e informa- superior privada, através do seu representante ou dos seus ções previstos na legislação do ensino superior. órgãos de administração ou direcção: N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 89

1) Criar e assegurar as condições para o normal funcio- Artigo 47.º namento da instituição; Gestão

2) Dotar a instituição de um estatuto orgânico e funcio- Os regimes de gestão da entidade titular e da própria nal; instituição de ensino superior privada, previstos nos respec- tivos estatutos, devem respeitar o princípio da autonomia 3) Assumir, em última instância, a gestão económica e dos órgãos de natureza científica e pedagógica e dos órgãos financeira da instituição; de natureza administrativa e financeira.

4) Designar e substituir os membros dos órgãos da insti- Artigo 48.º tuição, de acordo com o estipulado nos estatutos da institui- Encerramento voluntário ção; 1. O encerramento da instituição de ensino superior 5) Designar os seus representantes nos órgãos da insti- privada e dos cursos, salvaguardados os interesses dos es- tuição; tudantes, opera-se através da suspensão das matrículas no primeiro ano de cada curso, concretizando se apenas no fi- 6) Contratar o pessoal da instituição, após consulta e nal do período de tempo correspondente ao curso de maior parecer do respectivo órgão de gestão e administração. duração acrescido de dois anos, salvo casos excepcionais devidamente fundamentados e reconhecidos como tal por 3. As pessoas colectivas privadas, titulares de institui- despacho do Secretário que tutela a área do ensino superior, ções de ensino superior privadas, são responsáveis civil, a publicar no Boletim Oficial. criminal e financeiramente pelo funcionamento das respec- tivas instituições, que não têm personalidade jurídica pró- 2. A intenção do encerramento voluntário da instituição pria, e pelos actos dos seus órgãos. de ensino superior privada e dos cursos ministrados é co- municada pela respectiva entidade titular ao Secretário que 4. O exercício das competências próprias da entidade tutela a área do ensino superior, com a antecedência míni- titular não pode prejudicar a autonomia científica e pedagó- ma de um ano relativamente ao início do ano lectivo em que gica da instituição de ensino superior privada. pretende iniciar a suspensão das matrículas.

3. O encerramento de uma instituição de ensino supe- Artigo 45.º rior privada, nos termos dos números anteriores, é declara- Estatutos das instituições do por despacho do Secretário que tutela a área do ensino superior, a publicar no Boletim Oficial, dele cabendo recur- 1. Sem prejuízo do disposto no artigo 11.º, os estatutos so nos termos legais. das instituições de ensino superior privadas definem os ob- jectivos e a estrutura orgânica da respectiva instituição. Artigo 49.º Encerramento automático 2. Os estatutos das instituições de ensino superior pri- vadas devem ainda conter o projecto científico, cultural e 1. Sem prejuízo dos legítimos interesses dos estudantes, pedagógico da instituição e determinar as relações entre a a extinção ou dissolução da entidade titular da instituição instituição e a respectiva entidade titular. de ensino superior privada implica o encerramento auto- mático da respectiva instituição e dos seus cursos, salvo em 3. Os estatutos das instituições de ensino superior pri- caso de transmissão válida da instituição para outra entida- vadas e as suas alterações devem ser aprovados pela respec- de titular. tiva entidade titular e internamente pelos órgãos referidos no n.º 1 do artigo 12.º quando regularmente constituídos. 2. Ao encerramento automático previsto no número an- terior é aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto 4. Os estatutos das instituições de ensino superior pri- no artigo anterior. vadas e as suas alterações são homologados por despacho do Chefe do Executivo, a publicar no Boletim Oficial. Artigo 50.º Encerramento compulsivo

Artigo 46.º 1. Quando o funcionamento de uma instituição de en- Autonomia sino superior privada decorrer em condições de manifesta degradação pedagógica ou de grave violação da presente lei, A autonomia das instituições de ensino superior pri- pode o Chefe do Executivo, por decisão fundamentada, atra- vadas tem por limite as normas imperativas e os princípios vés de ordem executiva, determinar o encerramento compul- constantes da presente lei e demais legislação aplicável. sivo da instituição ou dos cursos por esta ministrados. 90 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

2. Antes de tomar a decisão de encerramento compul- 3. O ensino à distância referido no número anterior sivo da instituição ou dos seus cursos, devem ser inequi- ministra-se através de aulas com meios, métodos e técnicas vocamente comprovadas as situações referidas no número específicos, nas quais os estudantes utilizam materiais di- anterior em processo instruído para o efeito, bem como dácticos pré-determinados, devendo os estudantes e a enti- realizada a audiência dos interessados. dade local responsável pela administração do ensino manter uma correspondência regular. 3. No caso de ocorrência das situações referidas no n.º 1, o Chefe do Executivo toma as medidas necessárias à salva- guarda dos interesses dos estudantes. Artigo 53.º Reconhecimento do interesse 4. O disposto no n.º 1 não prejudica a efectivação da responsabilidade civil e criminal da entidade titular da ins- 1. A ministração de cursos de ensino superior na tituição de ensino superior privada. RAEM pelas instituições de ensino superior sediadas no exterior depende do prévio reconhecimento, pelo Chefe do 5. Do acto referido no n.º 1 cabe recurso nos termos le- Executivo, do interesse para a RAEM dos cursos a minis- gais. trar, o qual deve ser requerido mediante a apresentação do pedido ao serviço competente no âmbito do ensino superior.

Artigo 51.º 2. O pedido de reconhecimento referido no número Guarda da documentação anterior deve ser instruído com as informações previstas na legislação do ensino superior e acompanhado do pedido de 1. No despacho referido no n.º 3 do artigo 48.º ou na or- autorização para o início de funcionamento dos cursos, bem dem executiva referida no n.º 1 do artigo anterior, é indicada como de todas as informações relativas à identificação das a entidade a cuja guarda é entregue a documentação funda- instalações afectas ao ensino pelas entidades colaboradoras mental da instituição de ensino superior privada encerrada. e à indicação dos equipamentos afectos aos cursos.

2. Compete à entidade referida no número anterior a 3. Para efeitos do disposto no número anterior, se o pe- emissão de quaisquer documentos que venham a ser reque- dido não se encontrar devidamente instruído, a instituição ridos por eventuais interessados, relativamente ao período tem que apresentar ao serviço competente no âmbito do de funcionamento da instituição de ensino superior privada ensino superior todos os documentos que lhe sejam solici- encerrada. tados no prazo de 30 dias contados da data da recepção da notificação, sob pena de indeferimento liminar do pedido 3. Para efeitos do presente artigo, entende-se por docu- pelo Chefe do Executivo. mentação fundamental os documentos relativos às activi- dades docentes e administrativas desenvolvidas pela insti- tuição de ensino superior privada, nomeadamente livros de actas dos seus órgãos, escrituração da instituição, contratos Artigo 54.º de professores, livros de serviço docente, livros de termos e Funcionamento de cursos processos individuais dos estudantes. 1. As instituições de ensino superior sediadas no exte- rior devem requerer a autorização para o início de funcio- CAPÍTULO IX namento dos cursos que pretendem ministrar. Cursos do ensino superior não local 2. Para fundamentar a sua decisão sobre o reconheci- mento do interesse para a RAEM e a autorização para o Artigo 52.º início de funcionamento dos cursos, o Chefe do Executivo Objecto e âmbito pode solicitar o parecer de especialistas na área que consti- tui o objecto dos cursos propostos. 1. As normas do presente capítulo são aplicáveis às acti- vidades de ensino superior exercidas na RAEM por institui- ções de ensino superior sediadas no exterior, nomeadamen- 3. As instituições referidas no n.º 1 devem ministrar te a ministração de cursos do ensino superior conducentes à na RAEM os mesmos cursos já por si ministrados no local atribuição de graus académicos, diplomas ou certificados. onde têm a sua sede, garantindo a mesma qualidade e o mesmo rigor científico, académico e pedagógico, podendo, 2. Os cursos referidos no número anterior são ministra- de acordo com o caso concreto, efectuar as necessárias dos em colaboração com entidades locais da RAEM, nome- adaptações à realidade da RAEM. adamente, de natureza educacional e investigatória, sendo a forma de ensino principalmente presencial, podendo ser 4. A alteração dos cursos autorizados nos termos do complementado por ensino à distância. presente capítulo carece de autorização prévia do Chefe do N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 91

Executivo e rege-se, com as necessárias adaptações, pelo CAPÍTULO X disposto nos números anteriores. Regime sancionatório

5. Os cursos do ensino superior não local estão sujeitos ao previsto para este tipo de cursos no regime de avaliação Artigo 57.º da qualidade do ensino superior. Sanções

1. A violação das normas da presente lei constitui in- fracção administrativa. Artigo 55.º Publicação 2. A negligência é punível.

1. Os despachos de reconhecimento, autorização e alte- 3. Pelas infracções administrativas cometidas, quer pe- ração dos cursos referidos no presente capítulo são publica- las entidades titulares, quer pelos órgãos das instituições de dos no Boletim Oficial. ensino superior privadas sediadas na RAEM, em violação das normas da presente lei, são aplicáveis às entidades titu- 2. Nos despachos referidos no número anterior devem lares as seguintes sanções: constar, nomeadamente, as seguintes indicações: 1) Multa de 150 000 a 500 000 patacas pelo incumpri- 1) Denominação da instituição de ensino superior que mento ou cumprimento defeituoso, por acção ou omissão ministra o curso e respectiva sede no exterior; da entidade titular, do exercício das competências ou dos deveres a que está sujeita, em violação do disposto no artigo 2) Denominação e sede das entidades colaboradoras, 44.º; bem como todas as informações relativas à indicação do lo- cal onde os cursos são ministrados; 2) Multa de 300 000 a 750 000 patacas:

3) Designação do curso do ensino superior a ministrar (1) Pelo exercício da docência sem habilitação adequa- e do certificado, diploma ou grau académico que o mesmo da ou sem a devida autorização, em violação do disposto curso confere; nos n.os 1 a 3 do artigo 24.º;

4) Plano de estudos do curso; (2) Pela execução dos estatutos, em violação do dispos- to no artigo 45.º; 5) Data prevista para o início das actividades académi- cas. (3) Por incumprimento dos prazos de comunicação ou das regras de procedimento nas situações de encerramento voluntário da instituição ou dos cursos, em violação do dis- os Artigo 56.º posto nos n. 1 e 2 do artigo 48.º; Caducidade e revogação 3) Multa de 500 000 a 1 500 000 patacas: 1. A falta superveniente dos pressupostos de facto ou de (1) Pelo funcionamento da instituição de ensino su- direito subjacentes ao reconhecimento do interesse do curso perior sem a existência ou regular composição dos órgãos para a RAEM determina a caducidade do reconhecimento. obrigatórios, em violação do disposto no artigo 12.º;

2. A autorização para o funcionamento de um curso (2) Pelo funcionamento dos cursos antes da publicação caduca, quando se verifique qualquer uma das seguintes si- no Boletim Oficial do aviso do registo, em violação do dis- tuações: posto no artigo 15.º;

1) O curso autorizado não se inicie no prazo de dois (3) Pela criação ou funcionamento de instituição de anos contados a partir da data do despacho de autorização; ensino superior sem autorização, reconhecimento ou alvará necessário, em violação do disposto no n.º 3 do artigo 42.º e 2) Durante dois anos lectivos consecutivos não sejam nos n.os 1, 4 e 7 do artigo 43.º; abertas novas inscrições, ou não se verifique um número suficiente de inscrições de estudantes que justifique o seu (4) Por incumprimento das regras e procedimentos rela- funcionamento. tivos ao início de funcionamento dos cursos, em violação do n.º 6 do artigo 43.º. 3. O incumprimento dos requisitos legais ou a falta dos pressupostos científicos e pedagógicos que fundamentaram 4. Pelas infracções administrativas cometidas quer pe- a autorização para o funcionamento do curso determinam a las instituições de ensino superior sediadas no exterior que sua revogação. ministrem cursos de ensino superior na RAEM, quer pelas 92 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 entidades colaboradoras privadas, são aplicáveis às entida- devem criá-lo no prazo de um ano a contar da data da en- des colaboradoras privadas locais as seguintes sanções: trada em vigor da presente lei.

1) Multa de 300 000 a 750 000 patacas: 2. A presente lei aplica-se aos pedidos de aprovação de cursos e de autorização de criação de instituições de ensino (1) Pelo exercício da docência sem habilitação adequa- superior que, à data da sua entrada em vigor, se encontrem da ou sem a devida autorização, em violação do disposto pendentes. nos n.os 1 a 3 do artigo 24.º;

(2) Por incumprimento dos prazos de comunicação ou 3. Às instituições de ensino superior privadas que se en- das regras de procedimento nas situações de encerramento contrem a funcionar em pleno respeito pelas regras fixadas dos cursos, em violação do disposto nos n.os 1 e 2 do artigo na presente lei e demais legislação aplicável, é emitido, pelo 48.º; serviço competente no âmbito do ensino superior, o alvará referido no n.º 7 do artigo 43.º. 2) Multa de 500 000 a 1 500 000 patacas: 4. Os cursos conferentes do grau de bacharel que se (1) Pela ministração de cursos de ensino superior na encontrem a ser ministrados pelas instituições de ensino RAEM sem reconhecimento prévio do seu interesse para a superior da RAEM à data da entrada em vigor da presente RAEM, em violação do disposto nos n.os 1 e 2 do artigo 53.º; lei são encerrados, aplicando-se, com as necessárias adapta- ções, o disposto no n.º 1 do artigo 48.º, e regem-se pela legis- (2) Pela ministração de cursos de ensino superior em lação anterior até à concretização do seu encerramento. violação do disposto nos n.os 1 e 4 do artigo 54.º. 5. O disposto na presente lei não afecta a validade dos graus de bacharel atribuídos pelas instituições de ensino su- Artigo 58.º perior da RAEM ao abrigo da legislação anterior. Competências

1. É da competência do Chefe do Executivo a aplicação das sanções previstas na presente lei. Artigo 61.º Exclusão de aplicação 2. Compete ao serviço competente no âmbito do ensino superior: 1. As normas constantes da presente lei não são apli- cáveis às instituições de natureza religiosa que ministrem 1) Executar e fiscalizar o cumprimento da presente lei, exclusivamente cursos de teologia nem aos estabelecimen- bem como instaurar e instruir processos relativos às infrac- tos de formação de ministros, quaisquer que sejam as suas ções administrativas nela previstas; confissões religiosas. 2) Verificar a existência e manutenção dos requisitos e pressupostos do regular funcionamento das instituições de 2. Os cursos de formação de oficiais da Escola Superior ensino superior, bem como adoptar ou promover as medi- das Forças de Segurança de Macau são objecto de regula- das que se revelem adequadas. mentação própria, sem prejuízo do respeito pelos princípios definidos na presente lei.

Artigo 59.º Destino das multas Artigo 62.º Serviço competente O montante das multas que resulte da aplicação das sanções previstas na presente lei reverte para o Fundo do As competências cometidas pela presente lei ao serviço Ensino Superior. competente no âmbito do ensino superior são exercidas pelo Gabinete de Apoio ao Ensino Superior, até à designação da nova entidade a prever no diploma orgânico que procede à CAPÍTULO XI sua reestruturação. Disposições transitórias e finais

Artigo 60.º Artigo 63.º Disposições transitórias Regulamentação complementar

1. As instituições de ensino superior que não dispo- A regulamentação complementar necessária à execução nham do órgão previsto na alínea 1) do n.º 1 do artigo 12.º da presente lei é aprovada pelo Chefe do Executivo. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 93

Artigo 64.º Regimento da Assembleia Legislativa1 pelo Despacho Revogação n.º 1510/V/2016 do Presidente da Assembleia Legislativa, datado de 16 de Dezembro de 2016. São revogados: 2. Na reunião plenária realizada no dia 4 de Janeiro de 1) O Decreto-Lei n.º 11/91/M, de 4 de Fevereiro, 2017, foi a proposta de lei agora em análise apresentada e mantendo-se, contudo, em vigor os n.os 3 a 5 do artigo 6.º, debatida na generalidade, tendo merecido a aprovação por o artigo 7.º, o artigo 21.º, o artigo 27.º, o artigo 36.º, os n.os 2 unanimidade, também na generalidade. e 4 do artigo 40.º e o artigo 41.º, até à sua substituição pela legislação do ensino superior aplicável; 3. Pelo despacho do Senhor Presidente da Assembleia Legislativa n.º 4/V/2017, datado de 4 de Janeiro de 2017, foi 2) O Decreto-Lei n.º 8/92/M, de 10 de Fevereiro; a sobredita proposta de lei distribuída a esta Comissão para «efeitos de exame e emissão de parecer», até ao dia 6 de 3) O Decreto-Lei n.º 41/99/M, de 16 de Agosto, man- Março do mesmo ano. tendo-se, contudo, em vigor o n.º 2 do artigo 3.º e o artigo 4.º, até à sua substituição pela legislação do ensino superior A Comissão solicitou a prorrogação daquele prazo, a aplicável. qual foi deferida.

4. A Comissão reuniu-se nos dias 11 e 19 de Janeiro, 16 Artigo 65.º de Março, 17 e 23 de Maio de 2017 para análise da proposta Entrada em vigor de lei, tendo contado com a presença de membros do Go- verno nas duas reuniões. A presente lei entra em vigor um ano após a data da sua publicação. 5. No decurso do processo de análise técnica da Pro- posta de Lei, a Comissão facultou ao proponente o seguin- Aprovada em de de 2017. te documento: «Proposta de lei intitulada “Controlo do O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. transporte transfronteiriço de numerário e de instrumentos negociáveis ao portador” - Síntese de sugestões, opiniões e Assinada em de de 2017. dúvidas apresentadas no âmbito da AL -» elaborado pela assessoria. Publique-se. O proponente, posteriormente, enviou um documento O Chefe do Executivo, Chui Sai On. de análise e explicações relativas às sugestões e dúvidas da Comissão.

______6. Entretanto, o proponente enviou três versões infor- mais e, posteriormente, uma versão formal da proposta de lei. Em nome da verdade e da transparência do processo 13. Parecer n.º 2/V/2017, da 1.a Comissão Permanente, legislativo, é mister sublinhar que, de um ponto de vista respeitante à proposta de lei intitulada “Controlo do trans- substancial, poucas alterações foram introduzidas. porte transfronteiriço de numerário e de instrumentos ne- gociáveis ao portador”. Quanto às sugestões apresentadas pela Comissão, o acolhimento por parte do proponente foi limitado, salvo no 1.ª COMISSÃO PERMANENTE que respeita a questões quase só de forma, redacção e legís- tica. PARECER N.º 2/V/2017 II Assunto: Proposta de Lei intitulada «Controlo do APRECIAÇÃO NA GENERALIDADE transporte transfronteiriço de numerário e de instrumentos negociáveis ao portador» 7. No âmbito deste capítulo de apresentação da propos- ta de lei em apreciação, irá recorrer-se, em larga medida,

I INTRODUÇÃO 1 Recorde-se, «Compete ao Presidente: (…) c) Admitir ou rejeitar liminarmente os projectos e as propostas de lei e de resolução e 1. A proposta de lei identificada em epígrafe foi apre- os projectos de simples deliberação do Plenário, as reclamações e sentada em 1 de Dezembro de 2016, pelo Governo da Re- os requerimentos, verificada a sua regularidade regimental, sem gião Administrativa Especial de Macau, doravante RAEM, prejuízo de recurso para a Mesa e desta para o Plenário, no caso tendo sido admitida, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do de rejeição, total ou parcial;». 94 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 ao que vem publicamente exposto na Nota Justificativa que plo, a 87, estar-se-á, pois, no caso do GAFI, perante a figura acompanha a proposta de lei. da soft law.

Avance-se, então, para a apresentação do conteúdo da 9. Afirma-se ainda na Nota Justificativa que, «Segundo Nota Justificativa. o GAFI, o Sistema R32 deve ser implementado, mas “sem restringir ou (a) pagamentos comerciais entre os países de 8. Na Nota Justificativa da proposta de lei o proponente bens e serviços, ou (b) a liberdade de movimentos de ca- afirma que: «O Grupo Ásia-Pacífico contra o Branquea- pitais de qualquer forma”. A R32 define que os membros mento de Capitais (APG) foi fundado em 1997, em Bangue- devem pôr em prática um sistema de declaração, um sistema coque, sendo um membro associado do Grupo de Acção de revelação ou um sistema misto para detectar se os via- Financeira (GAFI) na região Ásia-Pacífico. O GAFI, por jantes transportam consigo quantidade relevante de NINP. seu turno, é um organismo subsidiário da Organização para Num sistema de declaração, devem ser os viajantes a revelar, a Cooperação e Desenvolvimento Económico.». por sua iniciativa, à autoridade competente. Num sistema de revelação, os viajantes são obrigados a informar sobre os Mais se afirmando que «O GAFI tem como objectivo NINP que transportam apenas se forem interpeladas para definir os padrões internacionais em matéria de anti-bran- esse efeito pela autoridade competente.». queamento de capitais e de combate ao financiamento do terrorismo, pelo que as recomendações emitidas se aplicam Mais se escrevendo que «Os membros têm a flexibi- aos países e jurisdições membros do APG. Todos os mem- lidade de adoptar o sistema que melhor se adapte às suas bros do GAFI e do APG necessitam de ser avaliados, mú- circunstâncias particulares. Todavia, quanto à quantidade tua e periodicamente, em matéria dos respectivos quadros relevante de NINP, o GAFI recomenda que a legislação legais e da implementação das recomendações nas matérias exija o controlo do transporte transfronteiriço de NINP no referidas.». montante superior ao limiar de USD / EUR15 000,00.».

De seguida, proclama-se que «O GAFI estabeleceu 10. Finalmente, refere a Nota Justificativa que «A nova 40 recomendações cuja implementação é obrigatória para lei constituirá mais um instrumento jurídico de concretiza- os países e jurisdições membros. Uma dessas Recomen- ção de medidas de combate ao crime de branqueamento de dações, a Recomendação 32 (“R32”), exorta os membros capitais, já previstas na Lei n.º 2/2006 (Prevenção e repres- a estabelecerem, na sua legislação, um sistema (“Sistema são do crime de branqueamento de capitais), e ao financia- R32”) de detecção e controlo do transporte transfronteiriço mento do terrorismo, em conformidade com a Lei n.º 3/2006 de numerário e de instrumentos negociáveis ao portador (Prevenção e repressão dos crimes de terrorismo).». (NINP). O principal objectivo é assegurar que os terroristas e outros criminosos não possam financiar as suas activi- 11. No que respeita às soluções preconizadas, esclare- dades ou branquear os rendimentos obtidos através de tais ce a Nota Justificativa que, «Na presente proposta de lei, actividades, transportando fisicamente tais NINP, por si ou procura-se que a RAEM satisfaça os padrões internacionais interposta pessoa, entre várias jurisdições.». Ora, na Nota neste domínio, sem desconsiderar as próprias especificida- Justificativa aponta-se para a ideia de uma obrigatoriedade des.». jurídica das recomendações do GAFI, no caso concreto em especial da Recomendação 32. Com efeito, quando se Note-se que, tal como se explicita nas próprias reco- afirma: «O GAFI estabeleceu 40 recomendações cuja im- mendações do GAFI, a concretização das recomendações plementação é obrigatória para os países e jurisdições mem- não habilita, nem pode significar, a violação dos princí- bros.», e mais, «A implementação de um sistema de contro- pios vigentes em dado ordenamento jurídico, no caso o da lo é obrigatória, para a Região Administrativa Especial de RAEM. Macau (RAEM) e é particularmente relevante no contexto actual, em que a RAEM está a ser alvo de um procedimento 12. Sendo que, nos termos do mesmo documento que de avaliação nestes domínios pelo APG (Macau SAR – Mo- vimos citando, as soluções gerais preconizadas são as se- ney Laundering and Terrorist Financing – Risk Assessment guintes: Report).». «1) No conceito dos NINP, não estão incluídos o ouro e Como se consabe, a própria natureza e designação do outros metais e pedras preciosas, porque o GAFI preconiza acto – recomendação – aliada à consideração do GAFI Recomendações específicas relativamente a eles; como entidade que detendo características internacionais não se reconduz, contudo, à figura de organização interna- 2) A fim de permitir uma adaptação flexível à evolução cional propriu sensu, parece inculcar, com muita segurança, das Recomendações internacionais, entende-se estabele- que inexiste uma vera obrigação jurídica de concretização cer um conceito de montante de referência, a concretizar na lei doméstica de determinadas soluções apontadas em por Despacho do Chefe do Executivo. Segundo o projecto sede de recomendações. Contrariamente, por exemplo, ao elaborado para acompanhar esta iniciativa legislativa, a que sucede com convenções no âmbito da OIT, por exem- RAEM irá estabelecer um montante de referência aproxi- N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 95 mado ao referido limiar de USD / EUR15 000,00, ou seja, 14. Mas, antes disso, importa ainda, mesmo que de forma 120 000 patacas; abreviada, dar notícia do que vem exposto no APG/OGBS MUTUAL EVALUATION REPORT ON Macau, China, 3) O sistema de declaração é um sistema misto, ou seja, As adopted 24 July 2007 by the APG Plenary, isto é, o rela- de declaração, para o viajante que entra na RAEM, e de re- tório resultante da avaliação mútua sobre Macau, adoptado velação, para o viajante que sai da RAEM; em Julho de 2007 – isto é, há uma década – pelo APG.

4) Para que a implementação da R32 não prejudique Isto, claro está, no que respeita em concreto à sobredita a circulação dos viajantes nos postos fronteiriços, impõe- Recomendação 32. -se para já uma abordagem cautelosa, e que se insere nos padrões internacionais, permitindo que o controlo alfande- 15. A Recomendação 322 estipula o seguinte: gário possa funcionar num sistema simplificado, designado de duplo circuito ou sistema vermelho/verde. Neste sistema, «Transportadores de fundos o viajante que entra na RAEM tem necessariamente de de- clarar quando transporte consigo NINP de montante igual Os países deveriam ter medidas para detectar o trans- ou superior a 120 000 patacas, passando pelo circuito ver- porte transfronteiriço de moedas e de outros instrumentos melho (“Red channel”); se passar pelo circuito verde (“Green negociáveis ao portador, inclusive por meio de um sistema channel”) tal equivale a declarar que não transporta consigo de declaração ou de um sistema de revelação. NINP de montante igual ou superior a 120 000 patacas; Os países deveriam garantir que suas autoridades com- 5) O viajante que saia da RAEM só tem de declarar se petentes dispõem de autoridade legal para reter ou restringir transporta, ou não, consigo, NINP de montante igual ou as moedas ou os outros instrumentos negociáveis ao por- superior a 120 000 patacas se para tal for interpelado por tador que forem suspeitos de estar relacionados com o fi- agente dos Serviços de Alfândega (SA) em serviço; nanciamento do terrorismo, lavagem de dinheiro ou crimes antecedentes, ou que tenham sido objecto de declaração ou 6) Não estão abrangidos na obrigação de declaração os revelação falsas. viajantes em escala na RAEM para outro destino, por curta duração, sem que efectuado qualquer registo de migração; Os países deveriam assegurar que sanções efectivas, proporcionais e dissuasivas sejam aplicadas às pessoas que 7) A violação das obrigações declarativas constituirá in- façam declarações ou revelações falsas. Nos casos em que a fracção administrativa, punível com multa de 1 000 a 500 000 moeda ou os outros instrumentos negociáveis ao portador patacas. Prevê-se, no entanto, a possibilidade de atenuação estiverem relacionados com a lavagem de dinheiro, finan- ou não aplicação das multas em casos justificados (erro não ciamento do terrorismo ou outros crimes antecedentes, os censurável na contagem de notas, não consideração de uma países também deveriam adoptar medidas, inclusive legisla- variação de cotação recente da divisa transportada, etc.); tivas, consistentes com a Recomendação 4, que permitam o confisco do dinheiro ou dos instrumentos.». 8) A responsabilidade pelo controlo, fiscalização e aplicação das sanções é cometida aos SA. Para esse efeito, 16. Assinale-se ainda a existência da Nota interpretativa prevê-se que os agentes dos SA possam efectuar revista de da recomendação 32 (transportadores de valores). E que bagagem, revistas pessoais e, havendo indícios de que os aqui, por comodidade de referência, e clarificação, também NINP possam estar associados ou resultem de actividades se reproduz. ilícitas, reter esses bens até à chegada do órgão de polícia criminal competente. «A. OBJECTIVOS

Os SA e demais entidades públicas intervenientes pro- 1. A Recomendação 32 foi desenvolvida com o objectivo moverão acções de informação e divulgação junto do públi- de garantir que os terroristas e outros criminosos não pos- co, em geral, e das agências de viagens e outros operadores sam financiar suas actividades ou para lavar os proventos dos sectores turístico e de transportes, nas duas línguas ofi- ciais da RAEM e em língua inglesa.». 2 Cfr., as versões portuguesas em, As Recomendações do GAFI, Fevereiro de 2012, OCDE/GAFI, BP e Tradução feita sob a co- 13. Concluída a vista, genérica, do que vem exposto na ordenação do Conselho de Controle de Actividades Financeiras Nota Justificativa cumpre, então, em sede de apreciação na (COAF). Lamenta-se que nem este Relatório, velho de uma generalidade, analisar algumas questões deveras relevantes, década já, nem as Recomendações, com muitos anos de existência, nomeadamente o acerto de algumas das soluções preco- se achem oficial e publicamente disponibilizados, nas duas línguas nizadas em face do ordenamento jurídico da RAEM, em oficiais, nem pelo GIF, nem por outra entidade pública na Região especial o seu cotejo face a normas e princípios de patamar Administrativa Especial de Macau. Sugere-se que tais omissões superior ou paramétrico, para lá do esclarecimento de algu- venham a ser formalmente corrigidas num futuro o mais próximo mas afirmações apresentadas ao longo da Nota Justificativa. possível. 96 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 de seus crimes por meio do transporte físico transfronteiriço um limiar predefinido. Isso normalmente é feito nos postos de divisas e instrumentos negociáveis ao portador. A Reco- de alfândega de entrada em que os viajantes tenham que es- mendação se concentra, especificamente, em garantir que os colher entre o “canal vermelho” (bens a declarar) e o “canal países possuam medidas para: (a) detectar o transporte físi- verde” (nada a declarar). A escolha de canal que o viajante co transfronteiriço de divisas e instrumentos negociáveis ao faz é considerada a escolha oral. Na prática, os viajantes portador; (b) impedir ou restringir divisas ou instrumentos não declaram por escrito, mas são obrigados a se reportar negociáveis ao portador que estejam sob suspeita de estarem activamente a um oficial de alfândega. relacionados a financiamento do terrorismo ou lavagem de dinheiro; (c) impedir ou restringir divisas e instrumentos ne- Sistema de informação gociáveis ao portador declarados ou informados de maneira falsa; (d) aplicar sanções apropriadas nos casos de decla- 4. Os países poderão optar por um sistema em que os ração ou informação falsa; e (e) permitir o confisco de di- viajantes sejam obrigados a fornecer às autoridades infor- visas ou instrumentos negociáveis ao portador que estejam mações apropriadas a pedido. Nesses sistemas, não há exi- relacionados a financiamento do terrorismo ou lavagem de gência para que os viajantes façam uma declaração oral ou dinheiro. por escrito. Na prática, os viajantes devem ser obrigados a darem uma resposta verdadeira às autoridades competentes B. TIPOS DE SISTEMAS QUE PODEM SER IM- se assim solicitado. PLEMENTADOS PARA TRATAR A QUESTAO DOS TRANSPORTADORES DE VALORES C. ELEMENTOS ADICIONAIS APLICÁVEIS A AMBOS OS SISTEMAS 2. Os países poderão cumprir suas obrigações da Reco- mendação 32 e desta Nota Interpretativa ao implementarem 5. Qualquer que seja o sistema implementado, os países um dos tipos de sistemas a seguir. No entanto, os países não deveriam se assegurar de que seu sistema incorpore os se- são obrigados a usarem o mesmo tipo de sistema para trans- guintes elementos: (a) O sistema de declaração/informação porte de divisas ou instrumentos negociáveis ao portador ao deverá se aplicar tanto ao transporte de dinheiro e INPs que entrar ou sair do país. estejam entrando ou saindo do país. (b) Ao descobrirem uma declaração/informação falsa de divisas ou instrumen- Sistema de Declaração tos negociáveis ao portador ou a falta de declaração/infor- mação, as autoridades competentes designadas deveriam ter 3. Todas as pessoas que fizerem um transporte físico a autoridade de solicitar e obter mais informações do trans- transfronteiriço de divisas ou instrumentos negociáveis ao portador com relação à origem do dinheiro ou das INPs e portador (INP), com valor que exceda um limiar máximo seu uso pretendido. (c) As informações obtidas por meio do pré-definido de US$/EUR 15.000 serão obrigadas a subme- processo de declaração/informação deveriam ser disponi- ter uma declaração para as autoridades competentes. Os pa- bilizadas para UIF, seja por meio de um sistema em que a íses poderão optar por um dos três tipos sistemas de declara- UIF seja notificada sobre incidentes suspeitos de transporte ção a seguir: (i) sistema de declaração por escrito para todos transfronteiriço ou através da disponibilização das informa- os viajantes; (ii) sistema de declaração por escrito para os ções de declaração/informação directamente para a UIF de viajantes que estejam levando um valor em espécie ou INP outras maneiras. (d) Domesticamente, os países deveriam acima de um limiar; e (iii) sistema de declaração oral. Estes garantir que haja coordenação adequada entre a alfândega, três sistemas estão descritos abaixo em sua forma pura. No imigração e outras autoridades relacionadas a assuntos entanto, é comum que os países adoptem um sistema misto. relacionados com a implementação da Recomendação 32. a. Sistema de declaração por escrito para todos os viajan- (e) Nos dois casos a seguir, as autoridades competentes deve- tes: Nesse sistema, todos os viajantes devem preencher por riam ser capazes de impedir ou restringir o dinheiro ou INPs escrito uma declaração antes de entrar no país. Isso inclui por tempo razoável, de forma a averiguar se existem evidên- questões presentes em formulários de declaração comuns ou cias de lavagem de dinheiro ou financiamento do terrorismo: de alfândega. Na prática, os viajantes precisam fazer uma (i) quando houver suspeita de lavagem de dinheiro ou finan- declaração se estão ou não carregando dinheiro ou INP (por ciamento do terrorismo, ou (ii) se houver falsa declaração ou exemplo, marcando a opção “sim” ou “não”). b. Sistema de falsa informação. (f) O sistema de declaração/informação declaração por escrito para os viajantes que estejam levando deverá comportar a maior quantidade possível de coopera- valores acima de um limiar: Neste sistema, todos os viajan- ção e assistência internacional de acordo com as Recomen- tes que estejam levando um valor em dinheiro ou INP acima dações 36 a 40. Para facilitar tal cooperação, nos casos em de um limiar pré-definido são obrigados a preencherem por que: (i) seja feita declaração ou informação com valor exce- escrito um formulário de declaração. Na prática, o viajante dendo o limiar máximo de USD/EUR 15.000, ou (ii) houver não é obrigado a preencher nenhum formulário se não es- declaração ou informação falsa, ou (iii) houver suspeita de tiver levando dinheiro ou INPs acima do limiar definido. lavagem de dinheiro ou financiamento do terrorismo, tais c. Declaração oral para todos os viajantes: Neste sistema, informações serão retidas para o uso de autoridades com- todos os viajantes são obrigados a declarar verbalmente se petentes. No mínimo, as informações deveriam incluir: (i) estão carregando um valor em dinheiro ou INP acima de o valor de dinheiro ou INPs declarados, informados ou de- N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 97 tectados, e (ii) os dados de identificação do portador. (g) A Relacionado ao financiamento do terrorismo ou la- Recomendação 32 deverá ser implementada sujeita a rígidas vagem de dinheiro – quando usado para descrever dinheiro salvaguardas para garantir o uso adequado de informações ou INPs, refere-se a dinheiro ou INPs que sejam; (i) proven- e sem restringir: (i) pagamentos comerciais de bens e ser- tos, usados, de uso pretendido ou alocado no financiamento viços entre países, nem (ii) a liberdade de movimentos de do terrorismo, actos ou organizações terroristas, ou (ii) capital, de qualquer forma. branqueados, proventos da lavagem de dinheiro ou crimes antecedentes, ou instrumentos usados ou de uso pretendido D. SANÇÕES no cometimento de tais crimes.

6. As pessoas que fizerem declarações ou informações Transporte transfronteiriço físico – refere-se ao trans- falsas estarão sujeitas a sanções efectivas, proporcionais e porte físico de dinheiro ou INP, entrando ou saindo de um dissuasivas, nas esferas criminal, civil ou administrativa. país para outro. O termo inclui os seguintes meios de trans- As pessoas que fizerem transporte transfronteiriço físico de porte: (1) transporte físico por pessoa física, ou em sua ba- divisas e instrumentos negociáveis ao portador relaciona- gagem ou veículo, (2) frete de dinheiro ou INPs em cargas dos ao financiamento do terrorismo, lavagem de dinheiro em contentores ou (3) envio via correio de dinheiro ou INP ou crimes antecedentes também estarão sujeitas a sanções por pessoa física ou jurídica.». efectivas, proporcionais e dissuasivas, nas esferas criminal, civil ou administrativa, e estarão sujeitas a medidas que 17. Cabe agora dar um relance ao conteúdo do relatório permitiriam o confisco do dinheiro ou INPs em questão, de do APG, de há dez anos, no que respeita a esta temática. maneira consistente com a Recomendação 4. 7. As autorida- des responsáveis pela implementação da Recomendação 32 Assim, e de um modo parcelar: deveriam possuir recursos financeiros, humanos e técnicos adequados. Os países deveriam possuir processos para se «318. The designated competent authority relegated to the oversight of illicit cross border currency movement is assegurar de que os funcionários dessas autoridades mante- nham alto padrão profissional, inclusive padrões de confi- the Macau Customs Service (SA). According to Law No. dencialidade, além de serem idóneos e aptos. 11/2001, the SA is responsible to prevent customs fraud, illicit trafficking and ensure the protection of intellectual property rights. The SA is not responsible for the regulation E. OURO, METAIS PRECIOSOS E PEDRAS PRE- of legal cross-border currency movements. CIOSAS

320. Macau, China has neither a declaration system nor 8. Para os propósitos da Recomendação 32, não estão a disclosure system currently in place. There is also curren- incluídos ouro, metais preciosos e pedras preciosas, apesar tly no plan by Macau, China officials to put either system de sua alta liquidez e uso em certas situações como moeda in place. In addition, due to both external and internal po- de troca ou transmissão de valor. Estes itens podem ser co- licies, the system currently in place in Macau, China does bertos em outras leis e regulamentações aduaneiras. Se um little to combat cash smuggling, and in fact could be condu- país descobrir movimento incomum de ouro, metais precio- cive to such activity, for the following reasons: • The PRC sos ou pedras preciosas, poderá considerar notificar, con- currency controls (limit of RMB 20,000 per day per person) forme apropriado, o Serviço de Alfândega ou outras autori- and many visitors to Macau, China physically carry signi- dades competentes dos países onde tais itens se originaram ficant amounts of cash or resort to the use of informal cash e/ou para onde serão destinados, e deveriam cooperar com transfer mechanisms to and from the mainland; In an effort o objectivo de estabelecer a fonte, destino e propósito da to prevent adverse impact on its gaming industry, Macau, movimentação de tais itens e de adoptar acções adequadas. China has traditionally not had AML/CFT provisions simi- lar to those stipulated in SR IX, integrated into its customs GLOSSÁRIO DE TERMOS ESPECÍFICOS USA- requirements and procedures. Thus, Macau, China has DOS NESTA RECOMENDAÇÃO neither adopted nor implemented an AML/CFT program to deal with the cross border movement of money. Declaração falsa – refere-se a uma distorção do valor do dinheiro ou INPs sendo transportados, ou uma distorção 321. Only recently has Macau, China begun recording de outros dados relevantes que sejam exigidos para a apre- the movement of large amounts of cross-border cash (above sentação na declaração ou pelas autoridades. Isso inclui a the threshold of MOP 300,000 or approximately U$37,500). falta de declaração exigida. However, the Evaluation Team’s visit with border customs and immigration facilities revealed there to be no current ins- Informação falsa – refere-se a uma distorção do valor pection program for such transfers nor a plan to initiate such do dinheiro ou INPs sendo transportados, ou uma distor- inspections. Any identification of illicit cash couriers is likely ção de outros dados relevantes solicitados na informação revealed in the course of existing customs inspections/super- ou pelas autoridades. Isso inclui a falta de uma informação vision efforts on the part of authorities. If cash movements exigida. above the MOP 300,000 are detected, the movement is ca- 98 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 talogued and the individual(s) carrying the cash is allowed ral identified cases by PJ involving the couriering of reporte- to proceed. There are currently no provisions in place for dly large sums of cash. reporting such transactions at the moment. 330. The SA does not enforce a declaration or disclosu- 323. According to Law No. 7/2003 (External Trade re system for cross border cash couriers – both into or out Law), Article 10, Macau, China has an import/export de- of Macau, China. Rather, currency movements are detected claration system calling for individuals to declare “a value through random inspections undertaken in the course of exceeding MOP 5,000 (U$625). However, this provision is normal customs duties. not applicable to “goods transported as luggage… for the use and consumption of natural persons”. For this reason, 331. If a Customs officer suspects ML or FT, a large should cash be carried “as luggage”, such cash, even if car- cash movement report is filed. As noted above, there have ried for illicit purposes or derived through illicit means, are been six large cash movements detected since November not subject to reporting. There is no proactive disclosure or 2006. However, when asked by the evaluation team for a declaration form for cash that is conducted on a targeted report template or an exemplar report, the SA was unable basis through leads or initiatives generated through law to provide such documentation. It does not appear that this enforcement or intelligence bases. As described earlier, the information is maintained by the SA. Macau, China’s newly integration between judicial police and customs authorities created GIF currently does not carry this information. in this manner is lacking. 332. Currently, the SA does not provide any data to Macau, China’s newly created GIF. Rather, all suspicious 324. Macau, China has indicated that a declaration sys- activity is referred directly to the PJ for investigation. tem for passengers is under study. The contents or progress of this study so far conducted were not provided to the eva- 335. There is no working level coordination between luation team. the SA, Immigration (PSP), and/or the GIF, other than the AML/CFT Workgroup. There are reported monthly mee- 325. In the event of a false declaration, Law No. 7/2003 tings between the Directors General of the SA and the PJ. “External Trade Act,” Article 37 only makes reference to an Macau, China has not yet formulated a plan for interagency ability to levy fines. cooperation between these entities.

326. While in practice, there is no “false” declaration 339. Like many of Macau, China’s law enforcement or disclosure for cash couriers entering or exiting Macau, agencies, the SA appears to operate its international liaison China (as the SA does not ask travellers to either declare or and cooperation through informal channels as opposed to disclose currency), currency may be detected based on x-ray well-defined and operational MOUs or agreements. or hand search of luggage of luggage. These efforts do not occur on a systemic or targeted basis. 343. The Customs Service was unable to provide data/statistics regarding international cooperation, which 327. The current practice, as decided by the Director prevented the team from assessing the effectiveness of imple- General of the SA is to generate large cash movement re- mentation. ports for all cash couriers carrying over MOP 300,000 whe- ther voluntarily disclosed or detected in the course of Cus- 344. According to Law No. 7/2003, “External Trade tom searches. When detected, Customs officers are using Act”, Article 37, the fines are: existing legal powers in an attempt to obtain additional data. • For failure to complete the required declaration — Since implementing this practice in November 2006, the MOP1,000 to MOP50,000 and the goods shall be confisca- Customs Service has documented six large cash movements ted and declared property of the MSAR – those exceeding the threshold – and has passed detailed in- formation to the PJ for further investigation (typically an in- • Under reporting of goods – MOP5,000 to MOP100,000 terview of the cash courier). Beyond these efforts, there have and the goods shall be confiscated and declared property of been no follow up actions, nor specific enforcement actions the MSAR initiated. 345. While these provisions currently exist, there is no 329. As authorized under law, SA officials are able to evidence to suggest that fines have ever been administered use the aforementioned authorities to stop or restrain cur- against cash couriers suspected of ML or FT. No statistics rency or bearer negotiable instruments crossing into Macau, were made available as to the application of fines in the ins- China so as to aid in the investigative efforts of the PJ as to tances for which reports/cases were generated. the source or nature of funds. According to Macau, China officials, such efforts have been limited to single follow up 346. While ML is now criminalized in Macau, China interviews with individual courier subjects. There is no evi- there is no criminal sanction for failure to declare or to tru- dence of the PJ having arrested a cash courier on suspicion thfully declare the carrying of cash of any value, including of ML or FT. This also despite the fact that there exist seve- over the stated threshold. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 99

347. Should Macau, China apply Law No. 7/2003, and 372. Additionally, according to Law No. 7/2003 “Exter- instil a system as per SRIX to detect illicit cross border cash nal Trade Act”, Article 10, transporters of goods valued at movements, the fines described above would appear to be over MOP5,000 are required to make a declaration.. Banks, effective, proportionate and dissuasive with respect to such jewellery shops and any other business entity is required to activity. declare movements of currency, gold, precious stones and metals. However, SA officials were unable to provide statis- 348. The Immigration Service (PSP) maintains a da- tics related to these few declared cross-border movements. tabase that includes individuals designated by the United Given that Macau, China does not enforce its declaration Nations Al-Qaeda and Taliban Sanctions Committee in ac- system, there are no statistics on the effectiveness and effi- cordance with UNSCR 1267(1999). ciency of its systems.

373. As a systemic problem in multiple instances and in 349. The PJ reports that no individuals named under multiple sectors, the Evaluation Team assessed that Macau, the Resolution 1267 process have attempted to enter or leave China does not appear to view statistics as a diagnostic tool Macau, China. that could be used to improve effectiveness of implementa- tion of its regime. Rather, it is perceived that Macau, China 350. According to Law No. 7/2003 (External Trade produces statistics in order to satisfy international require- Law), Article 10, Macau, China has an import/export de- ments.». claration system calling for individuals to declare “a value exceeding MOP 5,000 (U$625). There is no statistical in- E, neste seguimento do diagnóstico realizado há uma formation to suggest that the SA has applied this law to any década, foram formuladas as seguintes recomendações e store of value other than cash (which only began as of No- emitidos os seguintes comentários: vember 2006). Thus, while the provision technically exists that such that stores of value – other than cash – could be «RECOMMENDATIONS AND COMMENTS discovered, such efforts have not been made to date. 374. It is recommended that Macau, China: 354. The GIF is currently operating on a paper format for STRs as submitted by covered institutions. There does • Conduct a threat assessment of cross-border cash mo- not appear to be a process for transmitting large cash mo- vements and known methods for moving cash into and out vements to the GIF in any systemic way, nor have the few of Macau, including for illicit purposes; existing records been transmitted to the GIF from Customs • Develop and enforce a declaration policy with a authorities. threshold appropriate for Macau, China’s economy (based on the threat assessment), and in keeping with international 355. There is no obligation to make a declaration of standards – SRIX provisions and the SR IX best practices cash either coming into or leaving Macau, China nor for paper; those movements above a specific threshold. • Criminalize untruthful or false declarations; 356. X-ray technology is currently in use at some of the border crossings for use for Customs inspection purposes, • Consider integrating the Immigration Service and the however, in practice, only individuals with large sealed bo- SA in order to effectively control all border crossings. This xes/containers are subject to x-ray inspection – and only on would allow for more rigorous inspection of suspicious indi- suspect of goods being brought in. As described, personal viduals or known criminal elements; luggage is not inspected. • For inspection of travellers, consider substantially in- 360. The reverse burden of proof is not applied in Macau, creasing the number of inspectors available. China. Rather, travellers are allowed to import as much cur- • Consider improving the quality and quantity of x-ray rency as desired due to the lack of specific systems or con- and other inspection equipment commensurate wit the signi- trols in place. Investigations of suspicious travellers appear ficant daily throughput in Macau, China. to consist of traveller interviews only and only on a referral basis. There is no record of any confiscation of currency – • Consider using a “constant random” methodology for generally speaking or those based on false declarations or inspecting passengers in addition to targeted searches based links to criminal activity. on suspicion or intelligence information.

371. There are publicly available customs statistics re- • Develop and implement and working-level group be- lated to intellectual property piracy, trade violations (agri- tween the SA and the PJ to coordinate practices and proce- culture), illegal immigration and illegal narcotics. There is dures. The PJ should provide the SA with information from minimal data regarding the identification of cash couriers investigations that can be incorporated in the threat assess- since November 2006. ment; 100 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

• Incorporate targeted based enforcement, based on law Anote-se que, nos termos do artigo 3.º da proposta de enforcement and intelligence information; lei — Obrigação de declaração à entrada na Região Admi- nistrativa Especial de Macau - se estabelece que qualquer • The SA should maintain detailed computerized re- pessoa singular, à entrada na RAEM, transporte consigo ports concerning detected large cash cross-border move- numerário e/ou instrumentos negociáveis ao portador cujo ments. This information should be used to follow-up with valor global atinja ou ultrapasse o montante de referência the PJ in order to improve procedures and improve targeting (que, na lei, se desconhece…), deve declarar esse facto aos of suspected cash couriers. Additionally, this information agentes dos Serviços de Alfândega. should be regularly shared with/reported to the GIF; Mais se refere que, nos locais de entrada na RAEM em • Maintain detailed statistics concerning seizures in or- que exista o sistema de duplo circuito: der to gauge the effectiveness of inspection techniques. This information should be shared with other law enforcement «1) A passagem do viajante pelo circuito verde corres- agencies and the GIF for diagnostic purposes; ponde à declaração de que o mesmo não transporta consigo numerário e/ou instrumentos negociáveis ao portador cujo • Maintain detailed statistics concerning domestic and valor global atinja ou ultrapasse o montante de referência; international cooperation. This information should reflect requests made and received. This information should be 2) A vontade de apresentar a declaração para cumpri- used for follow-up with liaison contacts for diagnostic pur- mento do dever referido no número anterior manifesta-se poses; através da passagem do viajante pelo circuito vermelho.».

• Train Customs Officers in AML/CFT requirements Já no regime previsto no artigo 4.º da proposta de lei – and the provisions laid out in SR IX and its best practices Obrigação de declaração à saída da RAEM – se estatui que paper; qualquer pessoa singular que, à saída da RAEM, transporte consigo numerário e/ou instrumentos negociáveis ao por- • Customs should develop an outreach program to train tador cujo valor global atinja ou ultrapasse o montante de the employees of land, sea and air carriers regarding the referência, deve declarar esse facto, se for interpelado para identification of suspicious behaviour.». o efeito pelos agentes dos SA.

18. Algumas das questões suscitadas recebem resposta Em complemento, o artigo 5.º trata da individualidade adequada com a aprovação desta proposta de lei, nomeada- das declarações, respectivos comprovativos e impressos, o mente quanto ao sistema de declaração. artigo 6.º estabelece um amplo leque de poderes de fiscali- zação, incluindo interpelar os viajantes, numa base aleató- A resposta a outras questões não é de índole legislativa ria ou por sondagem ou segundo determinados indicadores, mas sim de ordem burocrática, organizacional-administrati- para que aqueles prestem informações adicionais e apresen- va, entre outras. tem o seu passaporte ou outros documentos de identifica- 19. Inicie-se esta análise pela referência à instituição ção, o bilhete de passagem e facturas ou outros documentos de um sistema de declaração e de um sistema de revelação, relativos à proveniência ou destino do numerário ou instru- consoante em causa esteja a entrada ou a saída da RAEM. mentos negociáveis ao portador transportados e revistar a bagagem declarada ou não declarada dos viajantes, revendo Recorde-se que a recomendação 32 sugere que os mem- o respectivo conteúdo, e efectuar a sua revista pessoal, ve- bros devem pôr em prática um sistema de declaração, um rificando os bens e objectos trazidos por si ou no respectivo sistema de revelação ou um sistema misto para detectar se vestuário e acessórios. os viajantes transportam consigo determinada quantidade de numerário relevante. Num sistema de declaração, devem 20. Uma outra questão a referir em sede de apreciação ser os viajantes a revelar, por sua iniciativa, à autoridade na generalidade radica na análise a vários preceitos e ga- competente. Num sistema de revelação, os viajantes são rantias da Lei Básica no que respeita a ideias essenciais do obrigados a informar sobre os NINP que transportam ape- mercado na RAEM e seu funcionamento livre. nas se forem interpeladas para esse efeito pela autoridade competente. A proposta de lei visa estabelecer um sistema de trans- porte transfronteiriço de numerário e de instrumentos Sublinhe-se que as diversas ordens jurídicas têm a flexi- negociáveis ao portador, mas houve Deputados que mani- bilidade de adoptar o sistema que melhor se adapte às suas festaram preocupações ou dúvidas relativamente à possibi- circunstâncias particulares. lidade de este mecanismo poder constituir uma violação do disposto no artigo 109.º da Lei Básica, «O Governo da Re- O sistema preconizado é um sistema misto, ou seja, de gião Administrativa Especial de Macau garante o livre fluxo declaração, para o viajante que entra na RAEM, e de reve- de capitais, incluindo a sua entrada e saída da Região», e do lação, para o viajante que sai da RAEM; artigo 111.º, «A Região Administrativa Especial de Macau N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 101 segue a política de comércio livre e garante o livre fluxo de Assim, A RAEM, ao implementar a “Recomendação” produtos, bens incorpóreos e capitais.». 32, a propósito do controlo do transporte transfronteiriço de numerário e instrumentos negociáveis ao portador, está a O Governo esclareceu estas dúvidas, considerando que cumprir, do ponto de vista substancial e jurídico, uma obri- a Lei Básica, nestes preceitos, não era colocada em causa e, gação assumida perante o APG, ou por outras palavras, por outro lado, este sistema que se visa implementar, para está a cumprir uma indicação do APG (se bem que uma além de comum em muitas partes do mundo, não impede o indicação por remissão para o padrão definido pelo GAFI) fluxo de capitais, não o proíbe, antes demanda uma declara- e não uma indicação do GAFI.» ção relativa ao fluxo de capitais. A Comissão acolheu a explicação supra-citada do pro- A Comissão acatou as explicações do proponente sobre ponente. esta questão. Repete-se que, se bem que se tenham registado opini- 21. Uma primeira ordem de questões e dúvidas suscita- ões no sentido de as recomendações do GAFI não corres- das desde logo pela Nota Justificativa relaciona-se com a na- ponderem a obrigações de direito internacional e/ou de nem tureza das entidades internacionais em causa, isto é o GAFI o GAFI – e o APG – em si mesmo ser considerado uma or- e o APG, e com a natureza jurídica das recomendações do ganização internacional, a Comissão entende que a decisão GAFI. de alterar o quadro jurídico em vigor na RAEM no sentido de o aproximar do teor daquela recomendação 32, é uma Assim, como referido no documento antes citado, a Co- decisão política do Governo, que é legítima e foi aprovada missão falou com o proponente sobre o facto de a Nota Jus- pelo Plenário na generalidade. tificativa da proposta de lei citar três entidades, isto é, a Or- ganização para a Cooperação e Desenvolvimento Económi- Tal como a Proposta de Lei intitulada «Alteração às co, o Grupo de Acção Financeira e o Grupo Ásia-Pacífico Leis n.º 2/2006 - Prevenção e repressão do crime de bran- contra o Branqueamento de Capitais. Perguntou-se se são queamento de capitais e n.º 3/2006 - Prevenção e repressão todas elas verdadeiramente organizações internacionais? Se dos crimes de terrorismo» aprovada, ultimamente por este existe uma relação de dependência hierárquica entre elas? hemiciclo, em que a respectiva Comissão Permanente afir- Se tem a RAEM alguma relação com elas, nomeadamente ma claramente, no seu parecer, o seguinte: «O cumprimento se é parte? Em caso afirmativo, qual? Solicitou-se o esclare- das obrigações jurídicas que recaem sobre a Região por via cimento formal por parte do proponente. das convenções de direito internacional da ONU aplicáveis a Macau e das resoluções do Conselho de Segurança das Face a isso, o proponente respondeu o seguinte: Nações Unidas é obrigatório, enquanto que o das recomen- dações emanadas por organizações intragovernamentais é «A RAEM é membro do Grupo Ásia-Pacífico Contra o facultativo.».3 Branqueamento de Capitais (APG). O APG é uma organi- zação internacional autónoma, do tipo colaborativo, funda- 22. Uma outra questão a merecer análise em sede de da em Bangkok, Tailândia, em 1997. O APG desenvolve a apreciação na generalidade atém-se à consideração e respei- sua missão com o apoio e participação de outras entidades e to pelas línguas oficiais, mormente no que diz respeito ao organizações internacionais, tais como o Banco Mundial, a procedimento legislativo e, no final, à publicação das leis. Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econó- mico (OECD) e o Grupo de Acção Financeira Internacio- Isto é, por razões evidentes, as leis devem ser bem escri- nal (GAFI, ou FATF, na sigla em língua inglesa). tas nas línguas oficiais e ambas as versões deverão ter uma verdadeira correspondência de sentido. Isto é, a norma que O GAFI não é uma organização internacional: é uma se lê em língua chinesa deverá corresponder exactamente à “task force”, um grupo de trabalho, de natureza temporária, norma que resulta da sua leitura em língua portuguesa. composto pelos governos dos membros que concordaram em fundá-lo com determinados objectivos e projectos espe- Ora, todas as versões informais apresentadas pelo cíficos. Um dos objectivos fixados ao GAFI foi o de definir proponente, havia um caso de não correspondência entre as melhores medidas e práticas (padrões) em matéria de luta as duas versões! Referimo-nos ao artigo 10.º epigrafado contra o branqueamento de capitais e o financiamento do Reincidência. Posteriormente, na recta final, procedeu o terrorismo. proponente à devida harmonização do preceito em ambas as línguas oficiais. O APG impõe à RAEM, por causa da qualidade de membro da Região, que esta cumpra os padrões. Porém, o APG não definiu ele próprio, esses padrões: indicou à 3 3.ª Comissão Permanente, Parecer n.º 3/V/2017, Proposta de Lei RAEM que deveria seguir as medidas e práticas padrões intitulada “Alteração às Leis n.º 2/2006 - Prevenção e repressão definidos pelo GAFI (que este denomina de “Recomenda- do crime de branqueamento de capitais e n.º 3/2006 - Prevenção e ções”). repressão dos crimes de terrorismo”, sublinhado nosso. 102 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Adite-se que não é a primeira vez que tal situação E mais se deixou escrito nesse mesmo Parecer: ocorre. No passado, tal aconteceu com uma proposta de lei tratada nesta 1.ª Comissão. Vale, pois, a pena, recordar aqui «Uma vez mais e em alinhamento com a indispensabili- o que então se escreveu, quanto mais não seja para deixar dade de simetria das versões nas duas línguas oficiais num bem clara esta questão e prevenir eventuais futuros casos. sistema bilingue como é o de Macau tenha-se presente a leitura de Chan Chi Biu, que consoante aqui já se deu a me- No Parecer n.º 2/IV/2012, da 1.ª Comissão Permanente, lhor nota, aponta para o capital de confiança que o registo Proposta de Lei denominada «Condicionamento da entra- a duas vozes tem de oferecer à comunidade e aos tribunais da, trabalho e jogo nos casinos», pode ler-se, com interesse que a servem.». E mais: «Esta Comissão já supra ampla- e aproveitamento o seguinte. mente informou que considera as questões de discrepância nos textos legais entre as duas línguas oficiais um aspecto «Num sistema jurídico bilingue, como é o da RAEM, merecedor da maior atenção e tem-se apoiado na doutrina verificando-se que há discrepância entre as duas línguas ofi- de Chan Chi Biu para firmar a importância na confiança e ciais relativamente a um normativo proibitivo fica fundada na fé que as duas vozes, num sistema bilingue, têm necessa- a dúvida de se saber o que pretendeu realmente o legislador. riamente que oferecer aos cidadãos e aos tribunais.».8 Em alinhamento com a necessidade de paridade das versões nas duas línguas oficiais num sistema bilíngue4, Chan Chi Mas, recorde-se, e em respeito pelas línguas oficiais e Biu5 refere que «verifica-se assim que o objectivo subjacente à pelo seu estatuto, procedeu o Executivo, finalmente, à sua produção legislativa bilingue é tornar os textos chinês e portu- devida harmonização, o que deixa a Comissão satisfeita. guês iguais, para que a RAEM e os seus tribunais os aceitem 23. Um outro tipo de dúvidas suscitadas radica na for- com confiança.». Tenha-se presente que de acordo com o ar- ma de introduzir o teor das recomendações em legislação tigo 1.º (Línguas oficiais) do Decreto-Lei n.º 101/99/M, de 13 interna, a qual, se não for feita de uma forma cuidada, pode de Dezembro, as duas línguas oficiais são meios válidos de dar azo a dúvidas e incertezas. expressão de actos jurídicos, devendo ambas ser utilizadas nos diplomas legais.». Com efeito, logo em Plenário, a propósito do artigo 2.º da proposta de lei, foram suscitadas por Deputados várias E adiante, afirma a então 1.ª Comissão Permanente: dúvidas e sugeridas alterações com vista a uma melhor «Chan Chi Biu avança ainda com a leitura que decorre harmonização com o Direito vigente em Macau e respeito do artigo 9.º da Lei Básica para mencionar que, se quanto à pelos seus institutos jurídicos estabelecidos. tradução da Lei Básica, a Decisão adoptada em 2 de Julho Assim, alguns Deputados, desde logo em sessão plená- de 1993 pela Segunda Sessão do Comité Permanente da Oi- ria, apontaram o facto de esta lei, mormente neste artigo, tava Legislatura da Assembleia Popular Nacional determi- recorrer a expressões técnico-jurídicas que não serão co- na que «se houver discrepância sobre o sentido entre o texto muns nos sistemas romano-germânicos. Aponta-se, de res- em português e o texto em chinês, prevalece o da língua to, que tal sucede em vários casos de normas advenientes de chinesa, [e] uma vez que aquela norma [a adoptada pelo concretização de recomendações do GAFI. Comité Permanente da ANP] incide apenas sobre a tradu- ção da Lei Básica, não se aplica a todos os diplomas legais A definição na alínea 1) referente a “instrumentos ne- da RAEM, não existindo, neste sentido, nenhuma situação gociáveis ao portador” inclui apenas o cheque e a livrança, em que os diplomas em chinês prevalecem sobre os em por- faltando a letra. É de salientar que, nos termos do Código tuguês. Assim, o chinês e o português têm o estatuto legal Comercial de Macau, a letra, o cheque e a livrança estão idêntico, conforme se refere supra e nos termos do artigo 9.º abrangidos no âmbito de títulos de crédito. Assim sendo, 6 da Lei Básica.» . Perante esta realidade, Chan Chi Biu en- por que razão a letra foi excluída? Há uma justificação jurí- tende, e bem, que as divergências que se verifiquem entre o dica relevante? Sabe-se que em outras leis semelhantes a le- sentido em língua chinesa e em língua portuguesa devem ser tra está excluída ao passo que em outras se achará incluída. resolvidas no âmbito do Decreto-Lei n.º 101/99/M, de 13 de Dezembro, que aprova o estatuto das línguas oficiais.». 7 Ainda nesta conformidade, e já em sede de Comis- são, veja-se, o termo “instrumento”, empregado na versão portuguesa da proposta de lei, não está em conformidade 4 Cfr. Sobre o bilinguismo jurídico na RAEM Tong Io Cheng/Wu com a expressão “títulos de crédito”, empregada no Código Yanni Legal transplant and the on-going formation of Macau legal culture, in XVIIIth International Congress in Comparative Law/Macau Regional Reports, (Coordinators Salvatore Mancuso and Tong Io 8 E afirmava-se: Em« última instância, como também já se aludiu, Cheng) 2010, em especial, p. 37 e 38. é ao Plenário desta Assembleia Legislativa que compete em sede 5 Cfr. Tradução jurídica e produção legislativa bilingue em Macau de apreciação, de discussão e de votação na especialidade emitir a – actualidade e perspectivação, in Revista Administração n.º 95, sua opinião sobre esta redacção tecnicamente insuficiente e para Vol. XXV, 2012-1.º, 167-180, p. 168. mais desconforme entre as versões em língua chinesa e em língua 6 Cfr. Chan Chi Biu, idem, Op. Cit., p. 169. portuguesa.». Desta feita não foi necessário aguardar pela sobera- 7 Cfr. Chan Chi Biu, idem, Op. Cit., p. 170. nidade do Plenário para resolver tão relevante assunto. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 103

Comercial. Questionou-se se o Governo iria alterar estas seria o de inserir na definição legal o conceito “letra de câm- expressões? Tal como terá manifestado abertura em sede de bio” (“bill of exchange”, na terminologia inglesa), um tipo plenário? específico de título de crédito, regulado nos artigos 1134.º e seguintes do Código Comercial. Como se vê, foram várias e repetidas questões que fo- ram colocadas, tendo em vista uma clarificação e uma me- A segunda razão, e mais importante, é a de que a redac- lhor coadunação ao Direito de Macau. ção proposta pelo Governo para a definição corresponde in- tegralmente à definição internacional. Essa opção foi esco- Sublinhe-se que as dúvidas apresentadas pela Assem- lhida pelo Governo por apresentar duas vantagens: por um bleia Legislativa são sérias, como, por exemplo, quanto ao lado, assim a RAEM contribui para a internacionalização título de crédito, à letra, à livrança e ao cheque. do padrão e, portanto, para a aplicação uniforme interna- cional; por outro, dada essa uniformidade, a definição legal O caso do artigo 2.º, alínea 1), quando inscreve o se- da RAEM não é susceptível de criar alarme ou preocupa- guinte: Instrumentos negociáveis ao portador: qualquer ções desnecessárias aos viajantes. título ou instrumento monetário, tais como cheques de via- gem e títulos negociáveis, quer ao portador quer endossados Aliás, solução idêntica foi adoptada em Portugal e em sem restrições, passados a um beneficiário real ou fictício, toda a União Europeia – apesar de a União integrar países ou sob qualquer outra forma que permita a transferência do de sistema “common law” e de “civil law”. Isso pode ser direito ao pagamento mediante simples entrega e instrumen- verificado pela redacção do artigo 2.º, n.º 2, alínea a) do Re- tos incompletos, incluindo cheques, livranças, e ordens de gulamento (CE) n.º 1885/2005 do Parlamento Europeu e do pagamento, assinados, mas com omissão do nome do bene- Conselho, de 26 de Outubro de 2005, relativo ao controlo ficiário. das somas em dinheiro líquido que entram ou saem da Co- munidade. É notório o recurso a conceitos que não se acham em- » pregues no direito local, são-lhe estranhos. Isto quando no Na resposta acima mencionada, se bem que o propo- direito de Macau há já conceptualização adequada. nente não tenha afirmado expressamente que a letra se Por outro lado, numa rápida vista ao Código Comercial9 achará incluída, recusou aditar a referência expressa depois de imediato se apreende um Título especialmente dedicado de, numa primeira reunião, ter avançado que tal seria feito. a esta matéria Dos títulos de crédito em geral., artigos 1064.º Isto é, nada se ganhou em clareza e em adequação. e seguintes. E, posteriormente, dedica um título aos títulos de crédito em especial, aí incluindo a letra, a livrança e o Com verdade, e em resposta, o proponente refere que, cheque. por um lado, a letra está incluída no conceito por ser uma ordem de pagamento juridicamente obrigatória, além disso, Ora, dificilmente se compreende, desde logo, a ausência é um título cambiário e por isso, permite que o seu titular, da letra, que é uma ordem de pagamento, ao passo que a li- na falta de pagamento na data acordada, recorra imedia- vrança, que é uma promessa de pagamento, se acha expres- tamente a uma acção executiva, por isso, o regime é muito samente incluída no articulado.10 semelhante ao de livrança, o que a Comissão bem sabia. Por outro lado, o conceito de “instrumento negociável ao Relativamente a essa omissão expressa, o proponente portador” é um conceito mais amplo e não equivale ao de respondeu o seguinte: título de crédito previsto no Código Comercial, e trata-se de, como acontece no direito comparado, v.g. vide, docu- «A Comissão Permanente parece sugerir que se altere a mento oficial traduzido pelas autoridades portuguesas, um definição (exemplificativa) de “instrumentos negociáveis ao conceito substancial, já que se fosse para seguir um concei- portador”, inserindo a palavra “saque”. to formal, enunciavam-se um a um o que se consideravam ser os instrumentos relevantes para efeito desta lei, rectius, Esta sugestão parece inadequada por duas razões: a pri- não está em causa uma elencagem taxativa e pretende-se meira é a de que o conceito de saque é juridicamente impró- que seja abrangido tudo que seja uma ordem de pagamen- prio, para o efeito pretendido. É possível que haja uma con- to e que possa ser transmitida a terceiro pela sua simples fusão com o conceito de “draft”, na terminologia inglesa. O entrega, já que isso, na prática, representa quase como que objectivo da Comissão Permanente, segundo percebemos, transferir um activo facilmente realizável em dinheiro. O proponente rematou referindo que depois da entrada em vigor da lei, e do modelo de formulário, que será aprovado 9 Para além das ditas Leis Uniformes: Convenção estabelecendo uma lei uniforme em matéria de letras e livranças, e, Convenção por despacho, irá constar uma lista que «inclui os títulos e estabelecendo uma lei uniforme em matéria de cheques, ambas vi- os instrumentos frequentes na prática». gentes na RAEM. 10 Para elucidação, ver, por exemplo, José Engrácia Antunes, Os Ora, pergunta-se, se a letra está incluída, se irá constar títulos de crédito – uma introdução, 2012, em especial páginas 51 e expressamente do modelo formulário, então qual a razão seguintes e 109 e seguintes. para a recusa da sua inserção na lei? 104 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Assinale-se ainda que, contrariamente ao que vem ex- Ademais, o Regimento da Assembleia Legislativa está posto em documento supra citado do proponente, não hou- dotado de mecanismos vários que permitem dar resposta a ve da parte da Comissão a sugestão de inclusão da palavra questões de celeridade, desde logo, o processo de urgência, «saque», como antes referido. artigos 155.º e seguintes, para lá de, nomeadamente, o dis- posto no artigo 56.º, alínea a). 24. Para finalizar esta análise em sede de apreciação na generalidade é mister referir um problema que suscitou por Mais lembraram vários Deputados que se esta lei não parte de vários Deputados e da assessoria, as maiores reser- previr o montante de referência, as pessoas não vão saber vas, e que colocará em causa magnos princípios como o da como é que vão cumprir a lei, nem os executores da lei po- reserva de lei, da conformidade com a Lei Básica – e com a derão cumprir o seu dever no âmbito da fiscalização. Lei n.º 13/2009, Regime jurídico de enquadramento das fon- tes normativas internas11 -, da tipicidade e da legalidade do Veja-se ainda a Lei n.º 13/2009, e o cuidado com que direito sancionatório. trata este tipo de questões. A normação jurídica destas matérias das infracções administrativas, seu procedimento Apresentava o articulado original a seguinte redacção: e estatuição das respectivas sanções é feita por leis12, sem «São publicados no Boletim Oficial da Região Administra- prejuízo do disposto na alínea 6), do n.º 1 do artigo 7.º, aber- tiva Especial de Macau, doravante designado por Boletim tura esta que é feita, em determinados condicionalismos e Oficial, os despachos do Chefe do Executivo necessários à sujeita a determinados requisitos, por regulamentos admi- execução da presente lei, designadamente para efeitos de: 1) nistrativos independentes. Nunca o despacho do Chefe do Fixação do montante de referência, referido na alínea 2) do Executivo é admitido para estes efeitos. artigo 2.º;». Por outro lado, é deveras evidente que a estatuição do Com efeito, o montante de referência, pela sua centra- concreto montante é elemento conatural do tipo. Esta in- lidade e relevo ínsito, deve ser definido por lei, por esta lei, fracção só existe verdadeiramente estando definido o mon- mas, segundo a Nota Justificativa e a alínea 1) do artigo 14.º tante a partir do qual se gera determinado dever. Isto é, não da Proposta de lei, o mesmo será estabelecido, nem sequer só integra o tipo como será mesmo o seu elemento essencial, por regulamento administrativo, mas tão só por Despacho como imediatamente decorre da leitura dos normativos da do Chefe do Executivo. proposta de lei. Então, porque é que este montante não é fixado, como Ou seja, perante esta ausência de definição por lei for- deve, na presente Proposta de lei? Recorde-se que tal mal, há quem entenda que está em causa também o incum- montante constitui um dos elementos do tipo da infracção primento do artigo 29.º da Lei Básica (aplicável ao direito administrativa, isto é de direito sancionatório, prevista na sancionatório), que exige que matéria penal seja regulada Proposta de lei e legítima ainda especiais poderes de fiscali- por lei da Assembleia Legislativa, bem como do seu artigo zação. 40.º, em conjugação com o artigo 9.º, n.º 1 do Pacto Inter- A afirmação da Nota Justificativa, «A fim de permitir nacional sobre os Direitos Civis e Políticos, onde se impõe uma adaptação flexível à evolução das Recomendações que «ninguém pode ser privado da sua liberdade» sem internacionais, entende-se estabelecer um conceito de mon- previsão prévia legal (princípio da legalidade em matéria tante de referência, a concretizar por Despacho do Chefe penal). Com efeito, nos termos do referido artigo 40.º da Lei do Executivo. Segundo o projecto elaborado para acompa- nhar esta iniciativa legislativa, a RAEM irá estabelecer um 12 Conforme se pode ler no Parecer n. º 3/III/2009, da 1.ª Comissão montante de referência aproximado ao referido limiar de Permanente, Proposta de lei intitulada «Regime jurídico de en- USD/EUR15 000,00, ou seja, 120 000 patacas;», não é, pois, quadramento das fontes normativas internas, «Cabe ainda referir justificativa desta opção. nesta sede a questão das infracções administrativas dado que, na versão primeira da proposta de lei, e votada em plenário, não con- Uma eventual urgência não faz cair, não preclude prin- stavam da elencagem da reserva de lei estando outrossim coloca- cípios como o da legalidade. das no conjunto das matérias objecto de regulamentos administra- tivos independentes, ou seja, o regime das infracções administrati- vas, incluindo a estatuição das respectivas sanções passou a ser da 11 Recorde-se o Parecer n. º 3/III/2009, da 1.ª Comissão Perma- competência da AL.» e, adiante, «Quanto à questão das infracções nente, Proposta de lei intitulada «Regime jurídico de enquadra- administrativas recorde-se o que foi expendido no ponto preceden- mento das fontes normativas internas, «Trata-se de um ponto in- te e assinale-se que, salvo a situação especial e limitada prevista discutível: a exigência fundamental de legitimação material desta no presente artigo, a matéria é agora expressamente objecto de lei é a sua conformidade com o direito superior, a Lei Básica. Isto, reserva de lei da Assembleia Legislativa31.. A Comissão entendeu claro está, sem prejuízo de se impor como lei de referência nas ma- que deve revestir a natureza de lei (com o inerente envolvimento do térias que regula, isto é, de qualquer modo, ela é uma lei que serve órgão de representação da população), a produção de normas ju- de parâmetro aos actos normativos posteriores devendo, como tal, rídicas que estatuem punições que, em virtude da sua gravidade e ser respeitada por estes, sob pena de não desempenhar então qual- natureza, não podem estar disponibilizadas ao exercício do poder quer função de utilidade.». regulamentar.». N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 105

Básica, segundo parágrafo, «os direitos e as liberdades … Por fim, nos termos da Lei n.º 3/1999, os despachos re- não podem ser restringidos excepto nos casos previstos na gulamentares externos, exarados pelo Chefe do Executivo, lei» (princípio da legalidade) e, por outro lado, esclarece o têm de ser publicados na I série do Boletim Oficial, tal como mesmo artigo que «tais restrições não podem contrariar o acontece com as leis.» disposto» nas disposições do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos. Acresce ainda a expressa reserva Pelo exposto, o proponente recusou os argumentos de lei já antes mencionada, nos termos da Lei n.º 13/2009, e apresentados pela Comissão. a reserva expressa de lei também no que respeita ao regime jurídico dos direitos e liberdades fundamentais, e suas ga- Para suprir estas desconformidades, foi apresentada, rantias, previstos na Lei Básica e em outros actos legislati- posteriormente, a sugestão de alteração do teor do artigo vos, nos termos da alínea 1), do artigo 6.º desta mesma lei. 14.º da proposta de lei.

E mais se deve chamar à colação o que vem preconiza- Na versão final, o proponente apresentou a seguinte re- do no artigo 13.º da proposta de lei sobre direito subsidiário dacção: aplicável: «Ao procedimento sancionatório relativo às in- São publicados no Boletim Oficial da Região Admi- fracções administrativas previstas no artigo 9.º são aplicá- « nistrativa Especial de Macau, os despachos do Chefe do veis, subsidiária e sucessivamente, as disposições constantes Executivo necessários à execução da presente lei, designa- do Decreto-Lei n.º 52/99/M, de 4 de Outubro (Regime geral damente para efeitos de: 1) Concretização e actualização das infracções administrativas e respectivo procedimento) do montante referido na alínea 2) do artigo 2.º, tendo por e, com as necessárias adaptações, as disposições do Códi- orientação o montante de referência internacionalmente go do Procedimento Administrativo e os princípios gerais estabelecido para o efeito e as obrigações internacionais as- do direito e do processo penal.». Ou seja, estamos em sede sumidas pela RAEM no domínio do combate ao branquea- clara de direito sancionatório e aí se aplicando os princípios mento de capitais e ao financiamento do terrorismo;». gerais do direito penal e do processo penal e, claro, as suas garantias superiores constitucionais e jusinternacionais. A propósito das alterações acima referidas, nenhum Deveria, pois, no entendimento de vários Deputados e membro da Comissão manifestou qualquer opinião diferente. da assessoria da Assembleia Legislativa ser aditado à pro- posta de lei o montante concreto, atendendo à sua relevân- III cia sancionatória e às exigências da reserva de lei. APRECIAÇÃO NA ESPECIALIDADE No entanto, a resposta do proponente quanto a esta questão é a seguinte: 25. Artigo 1.º - Objecto

«O montante de referência é fixado por despacho do A proposta de lei visa estabelecer um sistema de trans- Chefe do Executivo, por dois motivos principais: porte transfronteiriço de NINP, mas um membro da Co- missão revelou preocupação pelo facto de a Proposta de Lei 1. O presente regime não visa impor restrições aos flu- poder vir a violar o disposto no artigo 109.º da Lei Básica, xos de capitais nem afecta a entrada e saída livre de produ- «O Governo da Região Administrativa Especial de Macau tos, bens incorpóreos e capitais, que o Governo da RAEM garante o livre fluxo de capitais, incluindo a sua entrada e garante. Neste sentido, a presente proposta de lei está con- saída da Região», e no artigo 111.º, «A Região Administra- forme os artigos 109.º e 111.º da Lei Básica. tiva Especial de Macau segue a política de comércio livre e garante o livre fluxo de produtos, bens incorpóreos e capi- 2. Entendemos que é bastante adequado o montante de tais». referência ser definido por despacho do Chefe do Executivo, porque, assim, se permite maior flexibilidade na alteração Segundo o proponente, a proposta de lei não visa con- desse montante de acordo com a recomendação internacio- trolar o livre fluxo de capitais. Só quando algum viajante, na nal. entrada ou saída das fronteiras, tiver na sua posse um valor de NINP superior ao do montante de referência, é que é Todas as matérias respeitantes ao poder de fiscalização necessário fazer uma declaração ou revelação, a fim de im- são regulamentadas na proposta de lei, e apenas o montante pedir o transporte por terroristas e criminosos, ou a mando de referência é fixado por despacho do Chefe do Executivo, destes através de outrem, de numerário para qualquer área sendo que o mesmo não vai ultrapassar as limitações já de- jurisdicional, para apoio ao terrorismo ou branqueamento finidas. A proposta de lei prevê expressamente a afixação do de capitais. montante de referência e a respectiva forma, e faz também menção à prestação das informações necessárias ao cumpri- Ademais, já na implementação do Sistema R32, o mento dos deveres. Assim sendo, todas as informações vão GAFI salientou que: “não se deve restringir os pagamentos ser divulgadas ao público, de forma concreta, completa e comerciais entre os países de bens e serviços, ou a liberdade compreensível, durante o período previsto. de movimentos de capitais de qualquer forma”, pelo que o 106 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 proponente entende que o regime de declaração e revelação te artigo, recorrer a expressões técnico-jurídicas que não estabelecido pela proposta de lei não viola as disposições da são comuns nos sistemas romano-germânicos, e daí que se Lei Básica. suscitem dúvidas, como por exemplo, um cheque sem assi- natura está ou não abrangido? Aponta-se, que tal sucede A Comissão questionou por que razão não estavam em vários casos de normas advenientes da concretização de incluídos o ouro e outros objectos valiosos no conceito dos recomendações do GAFI. NINP, por exemplo: antiguidades, pinturas famosas, reló- gios e jóias, entre outros, por entender que esses objectos Em resposta, o proponente refere que o conceito de podem também ser utilizados para o apoio ao terrorismo e “instrumentos negociáveis ao portador” é definido como ao branqueamento de capitais. Se bem que, segundo a Nota qualquer título ou instrumento monetário, tais como che- Justificativa, o GAFI preconize Recomendações específicas ques de viagem e títulos negociáveis, quer ao portador quer relativamente aos mesmos, «No conceito dos NINP, não endossados sem restrições, passados a um beneficiário real estão incluídos o ouro e outros metais e pedras preciosas, ou fictício, ou sob qualquer outra forma que permita a trans- porque o GAFI preconiza Recomendações específicas re- ferência do direito ao pagamento mediante simples entrega lativamente a eles», pergunta-se, então, qual é a lei que, em e instrumentos incompletos, incluindo cheques, livranças, e Macau, regulamenta, efectivamente, esta matéria? ordens de pagamento, assinados, mas com omissão do nome do beneficiário. Porém, o mesmo conceito não abrange che- O proponente esclareceu que é a Lei n.º 7/2003 «Lei ques sem assinatura, fichas de casinos, ouro, metal precioso, do Comércio Externo» que, actualmente, regula as activi- pedra preciosa, moedas virtuais e outros meios de paga- dades comerciais dos objectos valiosos e, nos termos desta mento electrónicos, e títulos representativos de acções, uma lei, há que declarar as mercadorias de valor superior a 5000 vez que a Lei n.º 4/2015 eliminou as acções ao portador. patacas, a não ser que as mesmas sejam de uso pessoal do viajante. Quando um viajante trouxer com ele um relógio Em exame na especialidade, é de salientar que, nos ter- de luxo para uso pessoal, mesmo excedendo o valor de 5000 mos do Código Comercial de Macau, a letra, o cheque e a patacas, não é preciso declará-lo, mas quando trouxer vários livrança estão abrangidos no âmbito do conceito de títulos 13 relógios de luxo, para além daquele que é para uso pessoal, de crédito , por isso, o facto de a definição na alínea 1) refe- os restantes têm de ser declarados. rente a “instrumentos negociáveis ao portador” incluir ape- nas o cheque e a livrança, faltando a letra, levantou as dú- Ademais, o proponente complementou ainda que, a vidas seguintes: por que razão a letra foi excluída? Há uma propósito de transacções de objectos valiosos, as vigentes justificação jurídica relevante? Sabe-se que em outras leis Leis de Prevenção e repressão do crime de branqueamento semelhantes a letra está excluída ao passo que em outras se de capitais e de Prevenção e repressão dos crimes de terro- achará incluída14. A noção de “instrumentos negociáveis ao rismo prevêem que: em relação às transacções suspeitas, os portador” equivale à nossa noção de “títulos de crédito”? estabelecimentos de penhores, as relojoarias, as joalharias e as empresas de compra e venda de automóveis têm o dever Em resposta, o proponente refere que, por um lado, a de participação. letra está incluída no conceito por ser uma ordem de paga- mento juridicamente obrigatória, além disso, é um título 26. Artigo 2.º - Definições cambiário e por isso, permite que o seu titular, na falta de pagamento na data acordada, recorra imediatamente a uma Na versão chinesa da proposta de lei, com vista a uma acção executiva, por isso, o regime é muito semelhante ao uniformização com a epígrafe do presente artigo, a Comis- de livrança. Por outro lado, o conceito de “instrumento são sugere a alteração do termo “含義”, empregado no pre- negociável ao portador” é um conceito mais amplo e não fácio da versão chinesa, para “定義”. O proponente aceitou equivale ao de título de crédito previsto no Código Comer- a sugestão da Comissão. cial, e trata-se de, como acontece no direito comparado, v.g. vide, documento oficial, traduzindo pelas autoridades A presente proposta de lei estabelece o sistema de portuguesas as Recomendações do GAFI, um conceito controlo do transporte transfronteiriço de numerário e de substancial, já que, segundo o Executivo, se fosse para se- instrumentos negociáveis ao portador. Por isso, a clareza guir um conceito formal, enunciavam-se um a um aquilo do conceito de “instrumentos negociáveis ao portador” as- que se consideravam os instrumentos relevantes para efeito sume particular relevância para a salvaguarda do princípio desta lei, rectius, não está em causa uma elencagem taxativa da segurança jurídica, na medida em que o mesmo conceito e pretende-se que seja abrangido tudo que seja uma ordem constituirá um dos pressupostos da previsibilidade na apli- cação da lei e ao mesmo tempo, um dos elementos essen- ciais do critério de aplicação de sanção administrativa. Daí 13 Vide, artigos 1064.º e seguintes. que a salvaguarda do princípio contribua para o reforço da 14 Veja-se, por exemplo, a Regulations for the Declaration of Car- confiança dos residentes nos actos do poder público. rying Foreign Currencies or Securities by Cross-Border Passengers or Service Crew on Board of Transport and for the Interagency Vários Deputados, desde logo durante a discussão na Report by the Customs, de Taiwan, artigo 3.º, que identifica expres- generalidade, apontaram o facto de esta lei, mormente nes- samente a letra, a livrança e o cheque. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 107 de pagamento e que possa ser transmitida a terceiro pela A Comissão pretendia que o proponente pudesse ajus- sua simples entrega, já que isso, na prática, representa quase tar adequadamente a respectiva redacção, no sentido de como transferir um activo facilmente realizável em dinhei- tornar o seu sentido mais claro. Todavia, o proponente man- ro. O proponente remata referindo ainda que depois da teve a redacção inicial na versão final da proposta de lei. entrada em vigor da lei, do modelo de formulário, que será aprovado por despacho, vai constar uma lista que inclui os Para o controlo alfandegário, irá ser aplicado o “sistema títulos e instrumentos frequentes na prática. de duplo circuito”, também designado por “sistema verme- lho/verde”, nos locais de entrada na RAEM. A passagem Ainda nesta conformidade, o termo “instrumento”, em- do viajante pelo circuito verde corresponde à declaração de pregado na versão portuguesa da proposta de lei, não está que o mesmo não transporta consigo numerário e/ou instru- em conformidade com a expressão “títulos de crédito”, em- mentos negociáveis ao portador cujo valor global atinja ou pregada no Código Comercial. Perguntava-se então se iria o ultrapasse o montante de referência; a vontade de apresen- Governo alterá-lo? Tal como terá manifestado abertura em tar a declaração para cumprimento do dever referido no nú- sede de plenário? mero anterior manifesta-se através da passagem do viajante pelo circuito vermelho. Em resposta, o proponente referiu que tanto a versão chinesa como a versão portuguesa seguem os critérios do Por outro lado, de acordo com a Nota Justificativa: Não“ Grupo de Acção Financeira15, na versão portuguesa, há estão abrangidos na obrigação de declaração os viajantes duas opções em abstracto, ou instrumento ou meios de em escala na RAEM para outro destino, por curta duração, pagamento ao portador, o proponente explica que a opção que não tenham efectuado qualquer registo de migração”. pelo primeiro se deve ao facto de a tradução deste último em chinês (無記名支付方式) poder causar confusão tan- Na versão inicial, a epígrafe deste artigo da versão em to para os viajantes como para os residentes. Além disso, português apresentava a seguinte redacção «Obrigação de Hong Kong encontra-se também no processo legislativo declaração à entrada da Região…», mas a forma correcta para a implementação da Recomendação 32 e existe uma deverá ser «Obrigação de declaração à entrada na Re- correspondência entre a versão inglesa, cuja tradução chine- gião…». sa se traduz em “不記名可轉讓票據”, e a versão portuguesa.

Por que razão não estão incluídos o ouro e as jóias no O proponente procedeu à alteração deste aspecto na conceito de numerário? Se bem que, segundo a Nota Justi- versão final em português da proposta de lei. ficativa, o Grupo de Acção Financeira preconize Recomen- dações específicas relativamente a eles, «No conceito dos 28. Artigo 4.º - Obrigação de declaração à saída da NINP, não estão incluídos o ouro e outros metais e pedras RAEM preciosas, porque o GAFI preconiza Recomendações especí- ficas relativamente a eles;», perguntava-se então qual é a lei Os viajantes têm a obrigação de declaração ao entrar na que, em Macau regulamenta, efectivamente, esta matéria? RAEM (artigo 3.º), e de revelação ao sair, no caso de serem interpelados (artigo 4.º). A Comissão questionou o pro- Em resposta, o proponente referiu que de acordo com ponente sobre a razão subjacente à adopção de diferentes a Lei n.º 7/2003, Lei do Comércio Externo, salvo para uso regimes para a entrada e para a saída fronteiriças. Ademais, próprio, o transporte das mercadorias cujo valor seja supe- o regime de revelação aplicado para a saída é relativamente rior a 5 000,00 patacas está sujeito a declaração. mais livre. Porquê?

27. Artigo 3.º - Obrigação de declaração à entrada na Houve deputados que levantaram a questão de os re- Região Administrativa Especial de Macau gimes de declaração e revelação da proposta de lei serem um mero formalismo, porque não estão previstas quaisquer A Comissão questionou qual a diferença entre as de- medidas preventivas para aplicar às pessoas que transpor- signações “pessoal singular” e “viajantes”, que existem, em tem dinheiro que exceda o montante de referência, nem simultâneo, na redacção deste artigo. O termo “viajantes” medidas para apurar a origem do dinheiro na posse das pes- abrange os residentes de Macau? soas que saem de Macau, no caso de exceder o montante de Segundo o esclarecimento do proponente, o regime de referência, pelo que duvidam do efeito que a proposta de lei declaração estatuído pela proposta de lei é aplicável a todos possa surtir, na prática, na prevenção e no combate ao bran- os viajantes que entram e saem da RAEM, incluindo os re- queamento de capitais e ao financiamento ao terrorismo, sidentes de Macau. tendo ainda questionado qual o verdadeiro objectivo para o presente processo legislativo.

15 Isto é, “bearer negotiable instruments”, vide, FATF Standards – Segundo a explicação do proponente, a Recomendação IX Special Recommendations and Interpretative Notes, October 32 faculta determinadas formas de declaração, por conse- 2001 (incorporating all subsequent amendments until February guinte, atendendo ao elevado número de viajantes que en- 2008), P. 25. tram e saem pelas fronteiras, acabou-se por optar pela for- 108 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 ma em que, na entrada, os viajantes, por sua iniciativa, terão 30. Artigo 6.º Poderes de fiscalização que fazer uma declaração; e se, na saída, forem interpela- dos, terão que fazer uma revelação. Pela aparência, a última Os poderes de fiscalização previstos neste artigo consti- forma parece ser relativamente mais livre, mas, na verdade, tuem concretização das competências previstas na alínea 2) depois de algum viajante ter saído da RAEM, quando entra do número 1 do artigo 3.º da Lei dos Serviços de Alfândega noutro país ou região terá na mesma de cumprir a obriga- da Região Administrativa Especial de Macau. ção de declaração, caso o valor dos NINP seja superior ao valor do montante de referência. Ademais, a declaração na Os mesmos poderes devem ser exercidos com obser- entrada e a revelação na saída é a solução em sintonia com a vância do disposto no número 2, que impõe o respeito pela Recomendação 32. dignidade pessoal, a protecção da privacidade pessoal e a redução do incómodo do viajante ao mínimo indispensável. Tendo em conta os diferentes regimes adoptados para No fundo, está em causa o princípio de proporcionalidade, a entrada e para a saída fronteiriças, a Comissão entendeu que tem consagração expressa no número 2 do artigo 5.º do que seria adequado alterar a epígrafe do presente artigo Código de Procedimento Administrativo. para “Obrigação de revelação à saída da RAEM”. No en- Sublinhe-se que o pessoal alfandegário é considerado, tanto, o proponente não acolheu esta proposta de alteração. no exercício de funções de fiscalização, policiamento e inves- tigação criminal, órgão de polícia criminal (artigo 10.º, n.º 2 29. Artigo 5.º Individualidade das declarações, respec- da Lei de Serviços de Alfândega da Região Administrativa tivos comprovativos e impressos Especial de Macau) e compete aos Serviços de Alfândega, no âmbito da segurança interna da RAEM, cooperar com as Na sequência do pedido de esclarecimento do conceito Forças de Segurança de Macau e outros serviços e entidades de “prestação de informação incompleta” previsto no artigo públicas no âmbito da segurança interna e da protecção civil 9.º efectuado durante a discussão na generalidade, o pro- da RAEM (artigo 3.º, n.º 5, al. 7) da referida Lei). Porém, ponente refere que os Serviços de Alfândega vão prestar presume-se delegada na Polícia Judiciária a competência o auxílio necessário ao preenchimento do formulário em exclusiva para realizar a investigação dos crimes de branque- modelo próprio caso isso se revele necessário. De facto, este amento de capitais, crimes semelhantes ou conexos, crimes dever de prestação das informações está consagrado no nú- de terrorismo, sem prejuízo da actuação das subunidades mero 1, dando assim cumprimento ao princípio da colabo- próprias do CPSP em situação de ameaça especial e alto ris- ração entre a Administração e os particulares e ao princípio co de vida (artigo 7.º, número 1.º, alíneas 11) e 12) da Lei da da boa-fé previstos no Código do Procedimento Adminis- Polícia Judiciária), ou seja, para estes crimes, a Polícia Judi- trativo. ciária é o órgão de polícia criminal competente17.

A proposta de lei impõe que a declaração seja reduzida 31. Artigo 7.º - Base de dados a escrito16, o que facilita as investigações criminais e a pro- dução de prova. Além disso, apesar de o proponente enten- Este artigo alicerça-se somente na óptica dos SA e der que o conceito de instrumento negociável ao portador regulamenta apenas o tratamento dos SA em relação aos abranger o conceito de letra, optou por não incluir este na dados pessoais constantes da base de dados, sem prever letra da lei. Em contrapartida, garantiu o Executivo que no devidamente e no relevo adequado, os direitos dos titulares modelo de formulário, que será aprovado por despacho do desses dados, por exemplo, o direito que lhes cabe de con- Chefe do Executivo, onde vai constar uma lista dos títulos e sultar, actualizar ou rectificar os dados registados que lhes instrumentos frequentes na prática, incluindo a letra. dizem respeito. Isto é, para lá de estabelecer determinadas normas competenciais dos SA, deve a lei estabelecer tam- Para concretizar o direito de acesso previsto na alínea bém, e de forma directa e imediata, o conjunto de direitos 2) do número 1 do artigo 11.º da Lei da Protecção de Dados dos titulares dos dados, como, de resto, foi sublinhado em Pessoais, o número 3 garante ao declarante o direito da ob- plenário. Quanto a isto, podem ser consultadas as disposi- tenção da cópia da declaração. ções relacionadas, constantes de diversos actos legislativos no âmbito do direito comparado. E, em outras matérias, em legislação local, por exemplo artigo 27.º da Lei n.º 2/2012. 16 Note-se que de acordo com o documento oficial do GAFI intitu- lado “Methodology for Assessing Technical Compliance With The Exorta-se, pois, o Governo a aditar um artigo que esta- FATF Recommendations And The Effectiveness of AML/CFT beleça especificamente esta matéria, por exemplo, Direitos« Systems”, datado de Fevereiro de 2013, na sua página 78 referente do titular dos dados - Ao titular dos dados é reconhecido a “Recommendation 32 Cash Couriers”, o Ponto 32.2 dispõe o o direito de acesso, actualização e rectificação dos registos seguinte: “... Countries may opt from among the following three referentes a dados pessoais que lhe digam respeito, obtidos e different types of declaration system: (a) A written declaration system for all travellers; (b) A written declaration system for all travellers carrying amounts above a threshold; (c) An oral declara- 17 Vide também o artigo 2.º, n.º 1 da Lei n.º 5/2006 «Polícia Judi- tion system for all travellers”. ciária». N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 109 tratados no âmbito da presente lei nos termos da Lei casos justificados (erro não censurável na contagem de no- n.º 8/2005»18, por razões de mera clarificação. É de subli- tas, não consideração de uma variação de cotação recente nhar que a Comissão sabe perfeitamente que, mesmo que à da divisa transportada, etc.)”. proposta de lei não tenha sido aditado o artigo em referên- cia, tal não significa que este direito inexista neste contexto. A Comissão entende que a redacção do n.º 2 peca por falta de clareza, uma vez que o “valor diminuto” e o “carácter Relembre-se que, concretamente quanto ao direito de ocasional” não são conceitos objectivos. A fim de este artigo rectificação, quer na Lei n.º 8/2005, como referido, quer no dispor de uma adequada operacionalidade e ser melhor ajus- Código Civil, está garantido19. tado ao direito vigente, a Comissão sugeriu ao proponente a alteração desta redacção, por exemplo, tomando como refe- «Artigo 79.º rência o conceito de valor diminuto, ou seja, o valor que não excede 500 patacas, estipulado no Código Penal. (Protecção de dados pessoais) Segundo o proponente, a presente redacção foi elabo- 1. Toda a pessoa tem direito a tomar conhecimento dos rada depois de ter sido consultada a Lei do Comércio Ex- dados constantes de ficheiros ou registos informáticos a seu terno. Ademais, os futuros impressos de declaração vão ter respeito e do fim a que se destinam, podendo exigir a sua espaços reservados para os viajantes preencherem o valor rectificação ou actualização, salvo o disposto em normas dos NINP, a partir da casa dos milhares, não precisando especiais sobre segredo de justiça.». de preencher a casa das centenas, pelo que a proposta em causa não foi viável, mantendo-se, deste modo, a redacção O proponente considerou que o normativo proposto inicial inalterada. estava bem, não o alterando, pois, e a Comissão acolheu a decisão do Executivo. É mister salientar que o “valor diminuto” e o “carácter ocasional” não são conceitos objectivos. Se os viajantes vão 32. Artigo 8.º Transmissão e divulgação de dados ou não conseguir obter a redução do montante das multas ou até ficar isentos do pagamento das mesmas, depende to- A transmissão e a divulgação de dados prevista neste talmente do poder discricionário das autoridades. preceito está em sintonia com a norma permissiva do artigo 8.º da Lei de Protecção de Dados Pessoais. Acrescenta-se Por último, é de alertar as entidades competentes para que de acordo com o número 3 do Despacho do Chefe do o seguinte: uma vez aprovada a proposta de lei, os viajantes Executivo n.º 227/2006, é função do Gabinete de Informa- não residentes poderão, eventualmente, cometer a infracção ção Financeira centralizar, analisar e facultar às entidades administrativa prevista no artigo 9.º. Nos termos do artigo referidas nas alíneas 3) e 4) do n.º 4 do mesmo Despacho as 18.º do Decreto-Lei n.º 52/99/M «Regime geral das infrac- informações respeitantes ao crime de branqueamento de ções administrativas e respectivo procedimento», quando o capitais e ao crime de financiamento ao terrorismo. infractor não for residente de Macau, o procedimento san- cionatório que lhe é aplicado terá de ser acelerado, ademais, 33. Artigo 9.º - Sanções quando o infractor é identificado, este terá de prestar uma caução de montante igual ao do valor mínimo da multa apli- Nos termos do n.º 1: “A prestação de informação incom- 20 pleta, a prestação de declarações que não correspondam cável. à verdade ou o não preenchimento da declaração a que a pessoa singular se encontre obrigada constitui infracção ad- 20 Artigo 18.º (Infractores não residentes) ministrativa punível com multa correspondente a 1% a 5% 1. Quando o infractor não seja residente de Macau, o procedi- do valor que exceda o montante de referência, mas nunca mento é acelerado por forma a que o pagamento da multa, quando inferior a 1 000 patacas, nem superior a 500 000 patacas”. devida, seja assegurado antes da sua saída do Território. 2. No caso previsto no número anterior, o infractor, quando iden- Segundo a Nota Justificativa: Prevê-se,“ no entanto, a tificado, presta uma caução de montante igual ao do valor mínimo possibilidade de atenuação ou não aplicação das multas em da multa aplicável. 3. A caução referida no número anterior é perdida a favor do Ter- ritório quando venha a ser aplicada uma multa que não seja volun- 18 Vide, no âmbito do direito comparado, por exemplo: Portugal, tariamente paga e não seja interposto recurso da respectiva decisão Decreto-Lei n.º 61/2007, de 14 de Março, «Artigo 7.º Direitos do sancionatória ou, tendo-o sido, não tenha obtido provimento. titular dos dados Ao titular dos dados é reconhecido o direito de 4. Quando o infractor: acesso, actualização e rectificação dos registos referentes a dados a) Se recuse a prestar a caução referida no n.º 2; pessoais que lhe digam respeito, obtidos e tratados no âmbito do b) Venha a ser sancionado com uma multa que não pague volun- presente decreto-lei, nos termos da secção II da Lei n.º 67/98, de tariamente; 26 de Outubro.». c) Não recorra da respectiva decisão sancionatória ou, tendo 19 Isto é, mesmo no silêncio desta lei, o direito de rectificação, e recorrido, não tenha obtido provimento; bem assim outros direitos nesta matéria mantêm-se aplicáveis e d) Abandone o Território, não pode voltar a entrar neste antes da não arredados por este artigo 7.º. multa se mostrar paga. 110 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

34. Artigo 10.º - Reincidência posta de lei, assim sendo, por que razão é que os respectivos procedimentos podem arrastar-se ao longo de anos, poden- Em relação a este artigo, a Comissão e o proponente do até ser mais do que cinco? Se o valor dos NINP trazido procederam a uma discussão sobre as várias vertentes se- pelo viajante exceder o valor do montante de referência e guintes: este não tiver feito a declaração, ou se tiver prestado uma declaração que não corresponde à verdade, tal constitui (1) Troca de ordem dos dois números logo uma infracção administrativa. Nestas circunstâncias, A Comissão sugeriu a troca de ordem dos dois números, o infractor é imediatamente identificado e também as pro- in loco por entender que se deve, primeiro, definir o que se entende vas recolhidas são suficientes, as quais incluem: os por reincidência, e só depois estabelecer as normas sancio- NINP que estão na posse do infractor; o eventual impresso natórias. O proponente acolheu esta sugestão e procedeu à que o infractor preencheu. alteração na versão final da proposta de lei. Assim, a entidade competente pode, de imediato, co- (2) Comparando com as normas de reincidência previs- municar ao infractor a sanção que lhe vai aplicar. Se bem tas noutras leis, a redacção da proposta de lei é demasiado que o direito de audiência do infractor tenha que ser garan- longa e difícil de perceber tido, os respectivos procedimentos não devem, nem podem, arrastar-se anos! O reforço da eficiência do procedimento Relativamente ao n.º 1, a Comissão descobriu que, em sancionatório administrativo é que é, pois, a solução mais comparação com as normas de reincidência de outras leis21, eficaz, para salvaguardar os interesses dos infractores, a redacção da proposta de lei é demasiado longa e difícil evitando que os mesmos venham a ser sancionados pela de perceber, pelo que a Comissão solicitou ao proponente reincidência cometida cinco anos depois22, e que o prazo de que esclarecesse se a prática de infracção administrativa da reincidência venha a ser prolongado pela morosidade dos mesma natureza é considerada como reincidência um ano procedimentos. Há que saber que, quanto mais longo é o ou cinco anos após a decisão administrativa sancionatória prazo da reincidência, mais grave é a sanção. se ter tornado inimpugnável. Segundo a explicação do proponente, de acordo com as Segundo o esclarecimento do proponente, em princí- experiências adquiridas na prática, tendo em conta o avulta- pio, considera-se reincidência, se, no prazo de um ano após do número de processos sancionatórios que é preciso tratar, a prática da primeira infracção, o infractor cometer a se- é ainda mais difícil conseguir calcular o tempo necessário gunda infracção da mesma natureza. Porém, se o infractor para o procedimento judicial, após os processos terem sido apresentar uma impugnação por não concordar com a de- encaminhados para o Tribunal. cisão sancionatória, o processo pode durar um, três, ou até mesmo cinco anos. Se só após cinco anos é que o tribunal Para tornar a redacção mais simples e fácil de compre- consegue chegar a uma decisão final, quer isto dizer que só ender, a Comissão sugeriu a eliminação da parte do n.º 1 cinco anos depois é que a decisão sancionatória adminis- onde se lê: “desde que entre a prática da infracção adminis- trativa se torna inimpugnável. Se assim for, também o dia trativa e a da anterior não tenham decorrido mais de cinco de começo para a contagem do prazo de reincidência será anos”, no sentido de aproximar mais a norma dos exemplos adiado, ou seja, só cinco anos depois é que começa a conta- de reincidência das outras leis citados no rodapé anterior do gem do referido prazo de um ano. Com vista a salvaguardar presente parecer, isto porque, mesmo retirando esta parte, os interesses dos infractores, evitando que, devido ao atraso a solução continua a ser indiferente, porque, nos termos dos procedimentos, a infracção praticada cinco anos depois do Decreto-Lei n.º 52/99/M «Regime geral das infracções pelo mesmo infractor venha a ser considerada como reinci- administrativas e respectivo procedimento» e do Código dência, o proponente optou pela presente redacção. Penal, a contagem do prazo é a partir do dia da prática da primeira infracção sancionada e, se o infractor praticar a Após o esclarecimento do proponente, a Comissão fi- segunda infracção da mesma natureza no dia em que é com- cou a saber do objectivo desta norma, no entanto, detectou pletado o prazo de cinco anos ou após este prazo de cinco ainda um problema: é simples a circunstância para a cons- anos, já deixa de ser uma reincidência. tituição da infracção administrativa determinada pela pro-

22 No seu Relatório de pesquisa «Algumas considerações sobre o 21 Ex. Lei n.º 6/2016 «Regime de execução de congelamento de procedimento acusatório e da aplicação de sanções contra as in- bens», artigo 34.º, n.º 1: “Para efeitos da presente lei, considera- fracções administrativas», o CCAC criticou a Administração quanto se reincidência a prática de infracção administrativa da mesma à morosidade dos procedimentos sancionatórios das infracções natureza no prazo de um ano após a decisão administrativa san- administrativas, afirmando que: “o processo contravencional, cionatória se ter tornado inimpugnável” e a Lei n.º 4/2016 «Lei de apesar da sua natureza criminal e das sanções previstas serem protecção dos animais», artigo 33.º, n.º 1: “Para efeitos da presente mais severas, é um processo mais célere do que o processo por lei, considera-se reincidência a prática de infracção administrativa infracção administrativa, facto que leva a despertar na população idêntica no prazo de dois anos após a decisão administrativa san- suspeições quanto à morosidade e à ineficácia dos procedimentos cionatória se ter tornado inimpugnável”. sancionatórios”. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 111

O proponente entende que a redacção está adequada, Assim sendo, a Comissão sugeriu que a expressão “não pelo que não acolheu tal sugestão de eliminação, mantendo tenham decorrido mais de cinco anos” passasse para “te- assim a redacção inicial. nham decorrido menos de cinco anos”. Tal significa que se considera reincidência só quando o infractor cometer a (3) O disposto no n.º 1 tem de corresponder ao dispos- mesma infracção na altura em que não se completam cinco to no artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 52/99/M «Regime geral anos (não conta o dia em que se completam cinco anos). das infracções administrativas e respectivo procedimento» de 4 de Outubro É de salientar que a expressão “tenham decorrido me- nos de cinco anos” significa o tempo inferior a cinco anos, Tendo em conta que o proponente optou por manter o não contando o dia em que se completam cinco anos; a ex- texto original, não adoptando uma forma mais concisa de pressão “não tenham decorrido mais de cinco anos” inclui redacção, a Comissão alertou que, no âmbito das infracções o dia em que se completam cinco anos, portanto, há um dia administrativas – como é o presente caso –, sabe-se que, nos de diferença entre essas duas expressões. “Tenham decor- termos do artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 52/99/M «Regime rido menos de cinco anos” quer dizer que não se considera geral das infracções administrativas e respectivo procedi- reincidência se o infractor cometer a mesma infracção no 23 mento» de 4 de Outubro , os requisitos das disposições dia em que se completam cinco anos. Enquanto que “Não relativas à reincidência das infracções administrativas não tenham decorrido mais de 5 anos” significa que se conside- podem ser tão ou mais gravosos para o infractor do que os ra reincidência se o infractor cometer a mesma infracção constantes das disposições da lei penal, dado que não é con- no dia em que se completam cinco anos, e as respectivas siderada reincidência quando estão decorridos cinco anos, à sanções serão mais graves. A reincidência prevista no artigo 24 luz do n.º 2 do artigo 69.º do Código Penal . Interpretando 69.º do Código Penal é respeitante à situação em que o in- a contrario sensu: considera-se reincidência se a mesma in- fractor comete a mesma infracção no dia em que se comple- fracção for praticada no dia em que se completarem cinco tam cinco anos ou na altura em que não se completam cinco anos ou na altura em que ainda não se completaram cinco anos. Foi dito que a disposição “não tenham decorrido mais anos, portanto, tal significa que, para infracções adminis- de cinco anos” é igual à do Código Penal, isto, porque nes- trativas, o tempo estabelecido para efeitos de consideração ses dois casos, também se considera reincidência se o infrac- de reincidência terá de ser sempre inferior a cinco anos, não tor cometer a mesma infracção no dia em que se completam podendo contar o dia em que se completam cinco anos, caso cinco anos. contrário, a norma em causa vai ser igual às disposições da lei penal. A proposta “tenham decorrido menos de cinco anos” é mais leve do que a disposição do Código Penal, não sendo O texto da proposta de lei refere o seguinte: “1. Para igual à disposição do Código Penal, correspondendo, assim efeitos da presente lei, considera-se reincidência a prática de e plenamente, às exigências do referido regime geral. infracção administrativa indicada no artigo anterior no pra- zo de um ano após a decisão sancionatória administrativa O proponente acolheu a sugestão da Comissão, mas se ter tornado inimpugnável e desde que entre a prática da alterou a expressão “não tenham decorrido mais de cinco infracção administrativa e a da anterior não tenham decor- anos” para “tenham decorrido menos de cinco anos” só nas rido mais de cinco anos”. (sublinhado nosso). versões informais em chinês, mantendo esta expressão na versão em português. O proponente esclareceu que esta não A referida expressão “não tenham decorrido mais de é uma novidade, pois nas leis vigentes26 também se encontra cinco anos” significa que contam o dia em que se comple- tam cinco anos e o tempo inferior a cinco anos. Assim, se idêntica infracção for praticada no dia em que se completam posta de lei intitulada «Lei de execução da Convenção sobre o Co- cinco anos, considera-se reincidência. Isto vai ser igual ao mércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens que consta das disposições do Código Penal, contrariando Ameaçadas de Extinção» (proposta de lei n.º PPL3/2016/V), onde 25 as disposições do Decreto-Lei n.º 52/99/M. se sublinha precisamente o seguinte: «Relativamente à reincidên- cia em matéria de infracções administrativas, o artigo 36.º segue o disposto no n.º 2 do artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 52/99/M, de 4 de 23 «Artigo 6.º (Sanções) Outubro, que determina que «quando valorada a reincidência, não 2. Quando valorada a reincidência, não podem ser previstos pres- podem ser previstos pressupostos e efeitos tão ou mais gravosos supostos e efeitos tão ou mais gravosos para o infractor que os para o infractor que os constantes das disposições adequadas da constantes das disposições adequadas da lei penal.». lei penal», ou seja, os artigos 69.º e 70.º do Código Penal.», assim 24 «Artigo 6.º (Reincidência) se demonstrando o cabal cumprimento deste princípio jurídico, 2. O crime anterior por que o agente tenha sido condenado não portador de uma opção de política sancionatória, e não o seu conta para a reincidência se entre a sua prática e a do crime se- descumprimento ou desconsideração. guinte tiverem decorrido mais de 5 anos, não contando neste prazo 26 O número 1 do artigo 198.º (Reincidência) da Lei n.º 10/2013, o tempo em que o agente estiver privado da liberdade por decisão Lei de terras: judicial.». 1. Para efeitos da presente lei, considera-se reincidência a prática 25 Recorde-se, a este propósito, o muito recente Parecer n.º 2/V/2017, de infracção administrativa indicada nesta secção no prazo de um da 3.ª Comissão Permanente, Apreciação na especialidade da pro- ano após a decisão administrativa sancionatória se ter tornado in- 112 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 a mesma redacção, entendendo, por isso, que não existem problema que suscitou por parte de vários Deputados e da problemas. assessoria, as maiores reservas, e que colocará em causa magnos princípios como o da reserva de lei, da conformi- Embora a Comissão tenha alertado várias vezes o dade com a Lei Básica – e com a Lei n.º 13/2009, Regime proponente para tomar em consideração a questão acima jurídico de enquadramento das fontes normativas internas -, referida, na versão final da proposta de lei, o proponente da tipicidade e da legalidade do direito sancionatório. não acolheu a proposta “tenham decorrido menos de cinco anos”, mantendo no n.º 1 a expressão “não tenham decorri- Apresentava o articulado original a seguinte redacção: do mais de cinco anos”. «São publicados no Boletim Oficial da Região Administra- tiva Especial de Macau, doravante designado por Boletim 35. Artigo 11.º - Competências Oficial, os despachos do Chefe do Executivo necessários à execução da presente lei, designadamente para efeitos de: Nos termos deste artigo, o Director-Geral dos Serviços 1) Fixação do montante de referência, referido na alínea 2) de Alfândega tem competência para aplicar as multas às in- do artigo 2.º;». Com efeito, o montante de referência, pela fracções administrativas previstas no artigo 9.º e decidir da sua centralidade e relevo ínsito, deve ser definido por lei, respectiva atenuação ou não aplicação. por esta lei, mas, segundo a Nota Justificativa e a al. 1) do É de salientar que, em relação ao disposto no n.º 2, artigo 14.º da Proposta de lei, o mesmo será estabelecido, como se referiu durante a apreciação do artigo 9.º na espe- nem sequer por regulamento administrativo, mas tão só por cialidade, o “valor diminuto” e o “carácter ocasional” não Despacho do Chefe do Executivo. são conceitos objectivos. Se os viajantes vão ou não conse- A afirmação da Nota Justificativa «A fim de permitir guir a redução do montante das multas ou ficar mesmo isen- uma adaptação flexível à evolução das Recomendações tos das multas, depende totalmente do poder discricionário internacionais, entende-se estabelecer um conceito de mon- das autoridades. tante de referência, a concretizar por Despacho do Chefe 36. Artigo 12.º - Conversão de divisas do Executivo. Segundo o projecto elaborado para acompa- nhar esta iniciativa legislativa, a RAEM irá estabelecer um Quanto à questão relativa ao valor da moeda externa montante de referência aproximado ao referido limiar de atingir ou ultrapassar o montante de referência, nos termos USD/EUR15 000,00, ou seja, 120 000 patacas;» não é, pois, deste artigo, a taxa de câmbio a utilizar é a divulgada pela justificativa desta opção. Autoridade Monetária de Macau e deve reportar-se ao dia da declaração, ou ao primeiro dia útil imediatamente ante- Uma eventual urgência não faz cair, não preclude prin- rior, quando naquele dia não tiver havido cotação. cípios como o da legalidade. Ademais, o Regimento da As- sembleia Legislativa está dotado de mecanismos vários que A Comissão concorda com este artigo. permitem dar resposta a questões de celeridade, desde logo, o processo de urgência, artigos 155.º e seguintes, para lá de, 37. Artigo 13.º - Direito subsidiário aplicável nomeadamente, o disposto no artigo 56.º, alínea a). A Comissão manifesta o acolhimento da proposta do Veja-se ainda a Lei n.º 13/2009, e o cuidado com que Executivo relativamente a este preceito. trata este tipo de questões. A normação jurídica destas ma- Recorde-se que, nos termos deste artigo, ao procedimen- térias das infracções administrativas, seu procedimento e to sancionatório relativo às infracções administrativas previs- estatuição das respectivas sanções é feita por leis, sem pre- tas no artigo 9.º são aplicáveis, subsidiária e sucessivamente, juízo do disposto na alínea 6), do n.º 1 do artigo 7.º, abertura as disposições constantes do Decreto-Lei n.º 52/99/M, de 4 esta que é feita, em determinados condicionalismos e sujeita de Outubro (Regime geral das infracções administrativas e a determinados requisitos, por regulamentos administrati- respectivo procedimento) e, com as necessárias adaptações, vos independentes. Nunca o despacho do Chefe do Executi- as disposições do Código do Procedimento Administrativo vo é admitido para estes efeitos. e os princípios gerais do direito e do processo penal, o que Por outro lado, é deveras evidente que a estatuição do reforça ainda mais a ideia da reserva de lei quanto ao esta- concreto montante é elemento conatural do tipo. Esta in- belecimento do montante de referência. fracção só existe verdadeiramente estando definido o mon- 38. Artigo 14.º - Regulamentação tante a partir do qual se gera determinado dever. Isto é, não só integra o tipo como será mesmo o seu elemento essencial, Já muito se disse a propósito deste artigo em sede de como imediatamente decorre da leitura dos normativos da análise e apreciação na generalidade, é mister referir um proposta de lei.

Deveria, pois, no entendimento de vários Deputados e impugnável e desde que entre a prática da infracção administrativa da assessoria da Assembleia Legislativa ser aditado à pro- e a da anterior não tenham decorrido mais de 5 anos. (sublinhado posta de lei o montante concreto, atendendo à sua relevân- nosso) cia sancionatória e às exigências da reserva de lei. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 113

O proponente recusou os argumentos apresentados pela Esta questão é colocada neste documento por uma Comissão, pelas razões seguintes: razão de cortesia e de bom ambiente de colaboração, por- quanto a sua resolução depende, como se consabe, inteira «O montante de referência é fixado por despacho do e exclusivamente da Comissão, nos termos claramente ex- Chefe do Executivo, por dois motivos principais: postos no artigo 129.º do Regimento. Se o Governo não pro- ceder a tal alteração, será, então, a Comissão de redacção a 1. O presente regime não visa impor restrições aos flu- fazê-lo, na fase da redacção final. xos de capitais nem afecta a entrada e saída livre de produ- tos, bens incorpóreos e capitais, que o Governo da RAEM Vejamos então. Em relação à alínea 4) do n.º 1 do arti- garante. Neste sentido, a presente proposta de lei está con- go 3.º da Lei n.º 11/2001 (Serviços de Alfândega da Região forme os artigos 109.º e 111.º da Lei Básica. Administrativa Especial de Macau), a Comissão verificou que, para além de nada ter a ver com a proposta de lei em 2. Entendemos que é bastante adequado o montante de apreço, o conteúdo aqui proposto é totalmente idêntico ao referência ser definido por despacho do Chefe do Executivo, original previsto naquela lei, e que a única diferença entre porque, assim, se permite maior flexibilidade na alteração des- eles reside na pontuação utilizada. se montante de acordo com a recomendação internacional. Depois desta confusão e deste equívoco, lançados pela Todas as matérias respeitantes ao poder de fiscalização proposta de lei – aos deputados, que se perguntavam o que são regulamentadas na proposta de lei, e apenas o montante estava em causa - afigura-se que a necessidade de alterar a de referência é fixado por despacho do Chefe do Executivo, pontuação na alínea 4) advém somente do aditamento de sendo que o mesmo não vai ultrapassar as limitações já de- uma nova alínea, ou seja, a alínea 5). finidas. A proposta de lei prevê expressamente a afixação do montante de referência e a respectiva forma, e faz também Ora, mandam as boas regras de legística27, quer locais, menção à prestação das informações necessárias ao cumpri- quer do direito comparado, que se deve tomar como refe- mento dos deveres. Assim sendo, todas as informações vão rência as regras de legística formal existentes e, na sua falta, ser divulgadas ao público, de forma concreta, completa e a solução mais adequada. A qual, manifestamente, não é compreensível, durante o período previsto. esta que a proposta de lei traz. É inadequada, errada e gera- dora de confusões. Por fim, nos termos da Lei n.º 3/1999, os despachos re- gulamentares externos, exarados pelo Chefe do Executivo, A solução que, sem sombra de dúvidas é adequada é a têm de ser publicados na I série do Boletim Oficial, tal como seguinte: acontece com as leis.»

Após várias discussões, foi apresentada uma proposta intermédia, que acabou por alterar o teor do artigo 14.º da «Artigo 3.º proposta de lei. Competências Na versão final, o proponente apresentou a seguinte re- dacção: 1. [...]:

«São publicados no Boletim Oficial da Região Admi- 4)[...];» nistrativa Especial de Macau, os despachos do Chefe do Prosseguindo depois tal como está. Executivo necessários à execução da presente lei, designa- damente para efeitos de: 1) Concretização e actualização Recorde-se aqui um bom exemplo, Lei n.º 3/2016, Alte- do montante referido na alínea 2) do artigo 2..º, tendo por ração à Lei n.º 7/2003 — Lei do Comércio Externo: orientação o montante de referência internacionalmente estabelecido para o efeito e as obrigações internacionais as- sumidas pela RAEM no domínio do combate ao branquea- mento de capitais e ao financiamento do terrorismo;». «Artigo 1.º

A propósito desta redacção, nenhum membro da Co- Alteração missão, manifestou qualquer opinião diferente. Os artigos 2.º, 9.º, 10.º, 15.º, 16.º, 17.º, 36.º, 37.º, 39.º, 42.º e 39. Artigo 15.º - Alteração à Lei n.º 11/2001 (Serviços de 54.º da Lei n.º 7/2003 passam a ter a seguinte redacção: Alfândega da Região Administrativa Especial de Macau)

Sublinhe-se que este foi um dos poucos preceitos que 27 Ver, por exemplo, José Figueiredo/António Abrantes, Manual mereceu da parte do proponente uma alteração, o que é de de legística formal, Macau, 2016, pp. 148 e seguintes, David Duarte relevar, atendendo ao contexto geral desta proposta de lei. et al, Legística, pp. 248 e seguintes. 114 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Artigo 2.º número 2 do artigo 10.º da Lei n.º 3/1999, i.e., “Na falta de fixação do dia, os diplomas referidos no número anterior Definições entram em vigor no sexto dia posterior ao da publicação.” Solução jurídica idêntica foi apresentada pelo número 2 […]: do artigo 4.º do Código Civil, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 39/99/M. 1) […];

2) […]; Durante a discussão na generalidade, um deputado aponta a necessidade de um período de vacatio legis, para 3) […]; efeitos da divulgação da Lei após a sua publicação. O pro- ponente concorda com a sugestão do deputado e sublinha 4) […]; que vai divulgar a Lei junto das agências de viagens, das empresas aéreas e das empresas de transporte marítimo. 5) […];

Na fase do exame na especialidade, a Comissão realça 6) […]; que uma data ou um prazo terá de ser aditado. Não deveria 7) […]; ter sido apresentada sem uma data previsível. Ainda que indeterminada tem de ser determinável, logo no decurso 8) […]; do processo legislativo. A vigência corporiza também uma opção legislativa. De facto, de acordo com o Ponto 3.4.1 do 9) […]; documento intitulado Regras de Legística Formal a Obser- var na Elaboração dos Actos Normativos da Assembleia 10) […]; Legislativa, os actos normativos entram em vigor no dia que os próprios fixarem, devendo, se possível, optar-se por um 11) […]; dia do calendário civil. 12) […]; O proponente aceitou a sugestão da Comissão e fixou 13) Livrete A.T.A.: o documento aduaneiro conforme a data em 1 de Novembro de 2017, para assim haver tempo com o modelo constante do anexo da Convenção Aduaneira suficiente para a normação dos despachos do Chefe do Exe- sobre o Livrete A.T.A. para a Importação Temporária de cutivo necessários à execução da lei, designadamente para Mercadorias. efeitos de concretização e actualização do montante de re- ferência e de aprovação dos modelos de impresso.

Artigo 9.º IV Regime de licença CONCLUSÕES 1. […]: 41. Em conclusão, apreciada e analisada a proposta de 1) […]; lei, a Comissão:

2) […]; a) É de parecer que a proposta de lei reúne os requisitos 3) Licença de trânsito: no caso das operações de trânsi- necessários para apreciação e votação, na especialidade, to sujeitas a licença por força de regimes especiais.». pelo Plenário;

Mais ainda, conforme se deixou evidente, esta questão b) Sugere que, na reunião plenária destinada à votação poderá, caso não seja devidamente resolvida antes, ser ple- na especialidade da presente proposta de lei, o Governo se namente tratada aquando da redacção final. faça representar, a fim de poderem ser prestados os esclare- cimentos necessários. Mas, como se referiu já, este problema foi afastado na sequência da sugestão da Comissão, ficando a redacção final Macau, aos 23 de Maio de 2017. correctamente elaborada de um ponto de vista da legística.

40. Artigo 16.º - Entrada em vigor A Comissão, Kwan Tsui Hang (Presidente) — Ma Chi Seng (Secretário) — Kou Hoi In — A versão original da proposta de lei não contemplava a — Tsui Wai Kwan — Au Kam San — Ho Ion Sang — Chan data da entrada em vigor da Lei, pelo que seria aplicável o Melinda Mei Yi — Chan Iek Lap — . N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 115

14. Parecer n.º 3/V/2017, da 1.a Comissão Permanente, versão final da proposta de lei, excepto quando seja conve- respeitante à proposta de lei intitulada “Regime de previ- niente fazer referência à versão inicial, como tal devidamen- dência central não obrigatório”. te identificada.

1.ª COMISSÃO PERMANENTE II – Apresentação

PARECER N.º 3/V/2017 Segundo a Nota Justificativa que acompanha a proposta de lei em análise, «[n]o intuito de contribuir para a criação Assunto: Apreciação na especialidade da proposta de do regime de previdência central no sistema de segurança lei n.º PPL 5/2016/V, intitulada «Regime de previdência cen- social de Macau, o Governo da Região Administrativa Es- tral não obrigatório». pecial de Macau (RAEM) promulgou, respectivamente em 2009 e em 2012, o Regulamento Administrativo n.º 31/2009 I – Introdução (Regras Gerais de Abertura e Gestão de Contas Individuais do Regime de Poupança Central) e a Lei n.º 14/2012 (Con- O Governo da Região Administrativa Especial de tas individuais de previdência), procedendo à abertura de Macau (RAEM) apresentou, em 13 de Junho de 2016, a conta individual para os residentes qualificados bem como proposta de lei n.º PPL 5/2016/V, intitulada «Regime de pre- à atribuição de dotações do Governo como capitais inciais». vidência central não obrigatório», a qual foi admitida, nos Mais menciona que «[o] regime de previdência central tem termos regimentais, pelo Despacho n.º 721/V/2016 do Presi- um papel importante no melhoramento do sistema de segu- dente da Assembleia Legislativa. rança social, bem como um profundo impacto na vida dos residentes. Efectuado o estudo e tomando como referência A proposta de lei foi apresentada, discutida e votada os regimes de previdência de outros países e regiões assim na generalidade em reunião plenária realizada no dia 21 de como as experiências de operação adquiridas no regime de Junho de 2016, tendo sido aprovada por maioria, com vinte pensões privadas de Macau, no dia 15 de Abril de 2014, o e cinco votos a favor e três votos contra. Fundo de Segurança Social (FSS) desencadeou uma con- sulta pública relativa ao “regime de previdencia central não Nessa mesma data, a proposta de lei foi distribuída a obrigatório” com a duração de 60 dias, auscultando e reco- esta Comissão para efeitos de apreciação na especialidade nhendo as opiniões dos residentes sobre a criação do regime e emissão de parecer até ao dia 15 de Agosto de 2016, nos de previdência central e o respectivo conteúdo, no sentido termos do Despacho do Presidente da Assembleia Legis- de conseguir um consenso na sociedade. Posteriormente, no lativa n.º 760/V/2016. No entanto, devido à complexidade mês de Dezembro de 2014, o FSS publicou o relatório final técnica da proposta de lei, ao facto de a Comissão estar a da consulta. analisar na especialidade outras iniciativas legislativas e de, entretanto, ter decorrido o intervalo da sessão legislativa, a Comissão necessitou de solicitar, por duas vezes, a prorro- Com base nesta consulta, o FSS acolheu os comentários gação do prazo concedido pelo Presidente da Assembleia e as sugestões da sociedade, tendo [entregado] a proposta Legislativa para a referida apreciação na especialidade, so- de revisão sobre o “regime de previdência central não obri- licitação que foi sempre gentilmente acolhida. gatório” ao Conselho Permanente de Concertação Social para discussão, auscultando-se as respectivas opiniões.» A Para prestar apoio à Comissão na referida análise na Nota Justificativa também refere que «[c]om a finalidade especialidade foram destacados os membros da Equipa de de concretizar o regime de previdência central e reforçar a Trabalho “C” da Assessoria, nos termos da Comunicação protecção pós-aposentação dos residentes, o Governo da n.º 17/V/2016. RAEM apresenta a presente proposta de lei intitulada “Re- gime de previdência central não obrigatório”. Assim, com A Comissão procedeu à análise da proposta de lei num base no modo de operação do regime de pensões privadas, é total de treze reuniões, realizadas nos dias 1, 14, 15, 21, 22 e introduzido um regime de previdência central portável, con- 29 de Julho, 3, 5 e 8 de Agosto, 4 e 7 de Novembro de 2016, cedendo aos empregadores benefícios fiscais, incentivando a 24 de Fevereiro e 24 de Maio de 2017, tendo contado com a adesão e o pagamento de contribuções pelos empregadores, presença de representantes do Governo em onze delas. A trabalhadores e residentes, de forma a preparem em conjun- par das reuniões da Comissão, foram realizadas quatro reu- to a vida pós-aposentação.». niões de trabalho entre as assessorias da Assembleia Legis- lativa e do Governo, com vista ao aperfeiçoamento técnico Para além dos fundamentos constantes da referida Nota da proposta de lei, as quais ocorreram nos dias 25 e 30 de Justificativa, o proponente salientou, aquando da apresen- Novembro e 7 e 14 de Dezembro de 2016. tação desta iniciativa legislativa ao Plenário, que o estabe- lecimento do novo regime dentro do sistema de segurança No dia 17 de Maio de 2017, o Governo apresentou uma social é, de facto, uma política social muito importante, que versão alternativa da proposta de lei. Ao longo do presente permite aos residentes gozar dos frutos do desenvolvimente Parecer, as referências aos artigos serão feitas com base na económico e obter protecção na aposentação, proporcio- 116 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 nando ainda uma base sólida para o densenvolvimento 1.2. O segundo nível do sistema de segurança social estável a longo prazo da RAEM. Sendo que o regime de da RAEM começou a ser esboçado em 2007, quando o previdência central desempenha um papel bastante impor- Governo decidiu “adoptar um conceito inovador – o regime tante no aperfeiçoamento do sistema de segurança social e de previdência central não obrigatório”4. Este nível visa «re- que tem um grande impacto para população de Macau, o forçar a protecção social da vida na velhice dos residentes Governo propõe a elaboração de uma lei que concretize os da RAEM»5 e «vai desempenhar um papel importante no objectivos visados. aperfeiçoamento do sistema de segurança social de Macau, influenciando a longo prazo os residentes».6 Apesar de este III – Análise genérica segundo nível ter vindo a ser sujeito a um processo de con- cretização progressiva7 de acordo com as condições políti- 1. A criação do regime de previdência central não obri- cas e económicas da Região, desde o início que o modelo gatório corresponde a uma etapa do processo de constitui- apresenta algumas características fundamentais, nomeada- ção de um sistema de segurança social dualista, composto mente a sua natureza complementar, contributiva, tripartida por dois níveis de protecção social: o primeiro nível, que e facultativa.8 correspondente ao Regime da segurança social (aprovado pela Lei n.º 4/2010); e o segundo nível, que correspondente O regime de previdência central não obrigatório, sendo ao Regime de previdência central, ora em análise. Segundo um subsistema do sistema de segurança social, foi pensado explicação do proponente, o «primeiro nível foi implemen- como sendo um mecanismo complementar ao regime de se- tado em 2011, concretizando o conceito de universalidade gurança social e aos instrumentos de poupança individual, da segurança social e providenciando um protecção de base visando garantir uma cobertura adequada dos riscos sociais na velhice aos residentes de Macau. (…) [A] protecção da após a vida activa, nomeadamente os decorrentes da idade vida pós-aposentação com melhores condições de vida é e da potencial incapacidade ou diminuição da capacidade apoiada pelo segundo nível do regime de previdência cen- para a prestação de trabalho.9 Foi ainda pensado, ao nível tral. Combinando os apoios financeiros e os subsídios, a do financiamento, como tendo uma pluralidade de fontes de poupança voluntária individual, os apoios familiares bem financiamento, públicas e privadas: a nível privado, o segun- como os diversos serviços sociais, o regime irá, assim, trans- do nível do sistema de segurança social deve ser financiado formar-se num sistema de segurança social para idosos de de forma bipartida, por contribuições dos trabalhadores e 1 múltiplos níveis». dos empregadores; a nível público, o Governo da RAEM disponibiliza-se para financiar parcialmente o segundo ní- A Assembleia Legislativa já antes foi chamada a par- vel do sistema de segurança social, nomeadamente através ticipar na construção do sistema de segurança social a dois da distribuição de parte dos saldos acumulados10, e de uma níveis, através da aprovação da Lei n.º 4/2010 (Regime da segurança social) e da Lei n.º 14/2012 (Contas individuais de previdência). Este órgão, bem como os deputados que o al.gov.mo/lei/leis/2010/04-2010/parecer.pdf. compõem na actual e anteriores legislaturas, têm prestado 4 Relatório das Linhas de Acção Governativa para o ano finan- particular atenção à matéria relativa ao sistema de seguran- ceiro de 2008, p. 34. ça social e têm contribuído para a sua concretização pro- 5 Alínea 1) do n.º 2 do artigo 2.º da proposta de lei. gressiva. 6 Apresentação da proposta de lei ao Plenário, 20 de Junho de 2016. 1.1. Relativamente ao primeiro nível do sistema de 7 O processo teve início com a auscultação pública levada a cabo segurança social, recorde-se que ele «visa providenciar um pelo Governo em 2007-2008, a qual teve como base o documento nível de protecção social básico aos residentes da RAEM, Reforma do Sistema de Segurança Social e Protecção na Terceira particularmente às pessoas idosas, com vista a promover a Idade – Proposta de consulta (1 de Novembro de 2007), e respec- tivas conclusões divulgadas através do documento Proposta de sua qualidade de vida,2 e contribui para o reforço do apoio Consulta da Reforma do Sistema de Segurança Social e Protecção dispensado aos residentes da RAEM que enfrentem situ- na Terceira Idade, publicado em Novembro de 2008. ações de riscos sociais que tenham como consequência a 8 Vd. Ponto 2.2. do Parecer n.º 6/IV/2012 da 3.ª Comissão Perman- perda ou insuficiência dos recursos económicos pessoais, ente da IV Legislatura da Assembleia Legislativa, relativo à proposta quer devido a uma redução ou perda de rendimentos, quer de lei intitulada «Contas individuais de previdência», pp. 7 a 12, dis- 3 devido a um excesso anormal de despesas». ponível em http://www.al.gov.mo/lei/leis/2012/2012-14/parecer.pdf. 9 A própria proposta de lei consagra o princípio da complemen- taridade ao prever que «a constituição do regime de previdência 1 Apresentação ao Plenário da proposta de lei intitulada “Regime central não obrigatório visa complementar o regime da segurança de previdência central não obrigatório” pelo Secretário para os social vigente» [alínea 2) do n.º 2 do artigo 2.º]. Assuntos Sociais e Cultura Alexis Tam Chon Weng, no dia 20 de 10 De acordo com as Linhas de Acção Governativa para o ano Junho de 2016. financeiro de 2017,«(…) em 2016, continuou-se a abrir contas indi- 2 Artigo 2.º da Lei n.º 4/2010. viduais de previdência aos residentes de Macau qualificados, com 3 Parecer n.º 3/IV/2010 da 3.ª Comissão Permanente da IV Legis- o montante de 7000 patacas, a título de repartição extraordinária latura da Assembleia Legislativa, relativo à proposta de lei intitu- de saldos orçamentais, podendo a verba acumulada numa conta lada «Regime da segurança social», p. 5, disponível em http://www. individual atingir, no máximo, 49 000 patacas, caso o titular pre- N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 117 verba inicial de incentivo básico. Por fim, o Governo da para Macau procede ao seu alargamento a pessoas que não RAEM sempre assumiu que o segundo nível do sistema de estejam numa relação de trabalho: a proposta de lei admite segurança social deveria ter um carácter não obrigatório, que qualquer residente, independentemente da sua situação pelo menos na sua fase inicial. profissional, possa participar neste regime, para ele fazendo contribuições regulares de parte dos seus rendimentos com 2. Das características anteriormente mencionadas o propósito de aumentar a protecção para a sua velhice. resulta a divisão do regime de previdência central não obrigatório em duas vertentes: uma vertente contributiva, concretizada através da participação voluntária em planos No regime contributivo não há lugar a quaisquer contri- de previdência; e uma vertente distributiva, concretizada buições por parte do Governo, apesar da natureza pública através de transferência de verbas do erário público a favor do regime de previdência central não obrigatório: «o papel dos residentes permanentes da RAEM, a título de incentivo desempenhado pelo Governo da RAEM no regime de pre- básico ou de repartição extraordinária de saldos orçamen- vidência central prende-se principalmente com a gestão, a 12 tais. A proposta de lei consagra esta estrutura ao prever que introdução e a promoção da implementação deste regime». o regime de previdência central não obrigatório é composto por um regime contributivo e por um regime distributivo 2.2. Na sua vertente distributiva, o Governo é chamado [alíneas 1) e 2) do n.º 1 do artigo 2.º]. a participar no financiamento do segundo nível do sistema de segurança social da RAEM. Neste aspecto, o regime de pre- 2.1. Na sua vertente contributiva, o regime de previ- vidência central não obrigatório acolhe o modelo actualmente dência central é um esquema de poupança para a protecção vigente de repartição de excedentes orçamentais, aprovado na velhice. Este esquema pressupõe um planeamento finan- pela Lei n.º 14/2012.13 Esta lei criou a figura das “contas in- ceiro e de aforro a longo prazo, com o objectivo de assegu- dividuais de previdência”, as quais se destinam a permitir a rar aos residentes um adequado nível de vida após a aposen- disponibilização de verbas do erário público aos residentes tação. A sua concretização é feita através de contribuições da RAEM, visando contribuir para o aumento da protec- para um plano de previdência, feitas ao longo da vida activa ção social e da qualidade de vida da população, particular- dos residentes que nele participem, e dos rendimentos ge- mente dos idosos [alínea 1) do n.º 2 do artigo 1.º da Lei n.º rados pelo investimento desses montantes. Tratando-se de 14/2012]. A adopção desse modelo foi possível uma vez que um sistema de protecção social em esquema de acumulação, a criação das contas individuais de previdência em 2012 vi- é necessário tempo para que as contribuições e respectivos sou, assumidamente, «possibilitar o estabelecimento futuro investimentos atinjam os montantes suficientes para tal ní- do regime de previdência central, no âmbito do sistema de vel de vida, pelo que quanto mais longo for o tempo de con- segurança social da RAEM» [alínea 2) do n.º 2 do artigo 1.º tribuição, maior será a protecção social que os residentes da Lei n.º 14/2012]. poderão usufruir na velhice.

O regime contributivo tem como ponto de partida o A intervenção do Governo no financiamento do segun- conceito de relação de trabalho. Assim, as contribuições do nível do sistema de segurança social da RAEM é feita são asseguradas, mensalmente, pelo empregador e pelo mediante a atribuição de uma prestação pecuniária única, trabalhador, com base numa proporção do salário auferido, cujo montante é de 10.000 patacas, a título de verba de in- «assumindo as contribuições dos trabalhadores a natureza centivo básico, a cada titular de uma conta individual que de uma ‘poupança forçada’, enquanto as dos empregadores reúna certos requisitos (artigo 39.º da proposta de lei); e de se apresentam como um custo do seguro social com funda- prestações pecuniárias incertas, cuja atribuição e respectivo mento na garantia de um salário diferido pela vida inteira montante são decididos pelo Chefe do Executivo, caso a do trabalhador e na transferência de riscos pela utilização situação da execução orçamental de anos económicos ante- 11 da força de trabalho ». Sem prejuízo de o regime ter como riores o justifique (artigo 40.º da proposta de lei). base a concepção de partilha de responsabilidades entre empregadores e trabalhadores, o modelo agora proposto 2.3. Pelo exposto e de forma sumária, o enquadra- mento do regime de previdência central não obrigatório no encha os requisitos durante 7 anos consecutivos. Em 2016, regista- âmbito do sistema de segurança social da RAEM pode ser vam-se cerca de 363 mil pessoas incluídas na lista de atribuição de representado esquematicamente da seguinte forma: verba a título de repartição extraordinária de saldos orçamentais, das quais 14 mil têm direito ao mesmo tempo à verba de incentivo básico, no valor de 10 mil patacas, envolvendo uma dotação total 12 Apresentação ao Plenário da proposta de lei, 20 de Junho de de mais de 2,6 mil milhões de patacas.». Vd. Linhas de Acção Go- 2016. vernativa para o ano financeiro de 2017, p. 325. 13 A proposta de lei acolheu, nesta matéria, o que foi aprovado 11 Vd. Apelles J. B. Conceição, Segurança Social – Manual Práti- pela Lei n.º 14/2012, mantendo-se válida a análise do seu regime e co, 8ª edição, Almedina, Coimbra, 2008, pp. 97-98, apud Parecer respectiva fundamentação efectuada pelo Parecer n.º 6/IV/2012 da n.º 6/IV/2012 da 3.ª Comissão Permanente da IV Legislatura da 3.ª Comissão Permanente da IV Legislatura da Assembleia Legis- Assembleia Legislativa, relativo à proposta de lei intitulada «Con- lativa, relativo à proposta de lei intitulada «Contas individuais de tas individuais de previdência», p. 9. previdência», para o qual se remete. 118 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Quadro 1 Estrutura do sistema de segurança social da RAEM

3. O funcionamento do regime de previdência central 3.1. Esta função da conta individual assegura que a por- não obrigatório pressupõe a existência de uma conta indivi- tabilidade das contribuições possa ser entendida como uma dual para cada um dos seus beneficiários. das características principais do regime de previdência cen- tral não obrigatório. A existência da conta possibilita a cen- Seguindo o modelo adoptado pela Lei n.º 14/2012, a tralização de todas as fontes de receita deste instrumento de proposta de lei prevê, como regra, a abertura oficiosa de protecção social ao longo da vida de cada residente. Assim, uma conta individual de previdência a favor de todos os perante as vicissitudes da vida profissional e contributiva de residentes da RAEM que tenham completado 18 anos de cada pessoa, a conta mantém-se activa, de forma estável e idade [alínea 1) do n.º 1 do artigo 7.º]. A proposta de lei pre- permanente. A conta individual do regime de previdência vê, ainda, a abertura de contas individuais de previdência central não obrigatório está, pois, directamente relacionada do regime de previdência central a favor dos residentes da com a pessoa do titular e não com a sua situação profissio- RAEM menores de 18 anos de idade que, nos termos dos nal existente em cada momento. artigos 26.º a 32.º da Lei n.º 7/2008, prestem trabalho ao abrigo de um contrato de trabalho de menores e que, como A “portabilidade” das contribuições – as quais continuam tal, estão obrigatoriamente inscritos no regime da seguran- na conta individual em caso de cessação da relação laboral ça social, nos termos da alínea 1) do n.º 1 do artigo 10.º da – é, portanto, um característica importante do regime de 14 Lei n.º 4/2010. previdência central, mas não carece de consagração nor- mativa expressa; antes é uma característica que resulta da A abertura desta conta individual não depende da von- conjugação de vários artigos do articulado. Razão pela qual tade do titular e apenas é cancelada em consequência da foi eliminado o artigo 4.º da versão inicial da proposta de sua morte (n.º 1 do artigo 15.º). É, portanto, uma conta que lei, que inscrevia a portabilidade em sede de princípios sub- acompanha a vida dos residentes da RAEM maiores de jacentes ao regime de previdência central. Esta eliminação idade e que se destina a receber e acumular prestações pe- em nada prejudica a relevância da portabilidade enquanto cuniárias de diversas origens – contribuições próprias, dos característica do regime. vários empregadores que o titular vá tendo ao longo da sua carreira contributiva ou do Governo – para que no fim da vida activa (por regra, aos 65 anos de idade) possam benefi- 3.2. A portabilidade das receitas contributivas é possí- ciar dos montantes acumulados. vel devido à estrutura da conta individual, a qual é compos- ta por três subcontas: subconta de gestão do Governo, sub- conta de contribuições, e subconta de conservação (artigo 14 Alínea 2) do n.º 1 do artigo 7.º. 8.º). As subcontas servem, respectivamente, para o registo N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 119 das verbas atribuídas pelo Governo, registo das contribui- ção, neste momento, de natureza facultativa ao regime de ções dos planos de previdência e registo do saldo transitado previdência central, alguns deputados consideraram que tal por cancelamento da subconta de contribuições (artigos 9.º natureza prejudicará a eficácia e a operacionalidade do re- a 11.º). A subconta de conservação, em particular, permite gime ora criado e dificilmente poderá ajudar no reforço da que, no âmbito do regime contributivo, as contribuições protecção social da generalidade da população de Macau. efectuadas pelo trabalhador titular da conta e pelo seu Portanto, defenderam que o regime de previdência central empregador sejam mantidas no regime e continuem a ser deveria, desde já, ter natureza obrigatória. acumuladas mesmo em caso cessação da relação de traba- lho, não sendo necessário proceder à respectiva liquidação. 4.1. Apesar de a não obrigatoriedade do regime constar De igual forma, a portabilidade resulta da possibilidade de da sua própria designação, esta característica é de aplicação transferência de verbas entre as três subcontas (artigo 12.º). parcial, vigorando tão-só para o regime contributivo do regime de previdência central, o qual é executado através 4. O carácter facultativo do regime ora em análise é da constituição e adesão a planos conjuntos ou a planos in- uma característica nuclear do modelo de previdência central dividuais de previdência (artigo 20.º). Neste contexto, a não que se pretende para Macau, nas condições sociais e eco- obrigatoriedade do regime implica a liberdade de vincula- nómicas actuais (como, aliás, resulta da sua própria desig- ção às suas regras, tanto por parte de dos empregadores que nação de “regime de previdência central não obrigatório”). queiram contribuir para a protecção social futura dos seus Esta característica insere-se numa estratégia assumida pelo trabalhadores, bem como daqueles que dela irão beneficiar Governo de construção faseada do sistema de segurança (artigo 21.º). Implica, ainda, a liberdade de constituição de social da RAEM, na qual se tenta diluir os impactos sociais planos individuais por parte de pessoas que sejam titulares e económicos da política de reforço da protecção social da de uma conta de previdência para seu próprio benefício fu- população, em particular quando os operadores económi- turo [alínea 2) do n.º 1 do artigo 22.º]. cos são chamados a contribuir para tal protecção. O Gover- no considerou mais adequado atribuir natureza facultativa Na situação típica dos planos conjuntos de previdência, ao regime de previdência central no momento inicial da sua a proposta de lei prevê a conjugação de duas liberdades: a constituição, sem prejuízo de se ter como aspiração a adop- liberdade de o empregador constituir um plano conjunto de ção de um modelo obrigatório. Contudo, a obrigatoriedade previdência [alínea 1) do n.º 1 do artigo 22.º] e a liberdade do regime de previdência central só ocorrerá se e quando do trabalhador de a ele aderir (n.º 1 do artigo 22.º). Ou seja, estiverem reunidas as condições económicas e sociais para num primeiro momento o empregador decide disponibilizar tal, tal como foi referido na apresentação da proposta de lei aos seus trabalhadores este instrumento de protecção social, ao Plenário15 e como resulta do disposto no n.º 2 do artigo manifestando a sua vontade de para ele contribuir moneta- 59.º do articulado em análise.16 Não há neste momento, por- riamente, e num segundo momento cada trabalhador decide tanto, qualquer compromisso político por parte do Governo se quer ou não participar no plano conjunto disponibilizado quanto à eventual adopção de um modelo obrigatório do pelo seu empregador, assumindo o encargo de fazer as suas regime de previdência central ou do momento em que tal próprias contribuições e beneficiando, total ou parcialmen- poderá vir a acontecer. te e em determinadas condições, das contribuições do seu Sem prejuízo de a generalidade dos membros da Co- empregador. missão acolherem a opção do proponente quanto à atribui- A versão inicial da proposta de lei afigurava-se de di- fícil aplicação prática, em virtude de prever a negociação 15 «(…) O FSS do Governo da RAEM elabora um relatório de ava- entre empregadores e trabalhadores para a constituição de liação da execução do regime, decorridos três anos sobre a data da planos conjuntos.17 Assim, para obviar a tais problemas, a entrada em vigor do regime de previdência central não obrigató- versão final da proposta de lei autonomizou, em dois mo- rio, no qual deve ser efectuado um estudo sobre a possibilidade de mentos distintos e sucessivos, o exercício da vontade pelos implementação do regime de previdência central obrigatório». Vd. empregadores, de constituir planos conjuntos, e pelos tra- Apresentação da proposta de lei ao Plenário, 20 de Junho de 2016. 16 Já em 2011, aquando do processo legislativo que conduziu à balhadores, de aderir aos planos anteriormente constituídos aprovação da Lei n.º 14/2012, esta ideia foi manifestada ao mais pelo seu empregador. alto nível. Tal como foi afirmado em Plenário, «na implementação concreta do respectivo regime, vai adoptar-se o modelo facultati- vo. Isto já foi definido há muito tempo. Três anos após a data de 17 Artigo 3.º da versão inicial da proposta de lei: «Não é obrigató- início do funcionamento do regime em discussão, efectuar-se-á rio constituir ou participar nos planos de contribuição do regime uma revisão, de forma a verificar a possibilidade da passagem para de previdência central (…), sendo permitida a sua constituição o modelo obrigatório». Vd. Apresentação ao Plenário da proposta através de negociação entre os empregadores e os trabalhadores de lei intitulada “Quadro-geral do Fundo de Previdência Central” ou a sua constituição voluntária a título individual». Vd., também, pelo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura Cheong U, no o n.º 1 do artigo 28.º da versão inicial que, a propósito da articula- dia 16 de Dezembro de 2011, in Diário da Assembleia Legislativa ção entre o regime de previdência central não obrigatório e os pla- da Região Administrativa Especial de Macau n.º IV-63, I Série, 15 nos privados de pensões, referia que os empregadores poderiam e 16 de Dezembro de 2011, p. 33. requerer essa articulação «obtido o acordo dos trabalhadores». 120 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Sem prejuízo da liberdade de constituição e de adesão Esta disposição concretiza as ideias de planeamento, de aos planos de previdência, uma vez exercida tal liberdade os responsabilidade e de liberdade subjacentes ao regime de participantes ficam vinculados ao cumprimento das normas previdência em análise. Tal como referido no documento de previstas na presente iniciativa legislativa, nomeadamente consulta sobre esta iniciativa de política legislativa, «o nível quanto à obrigação de efectuar contribuições para o regi- da protecção à vida pós-aposentação depende da respon- me18 e à forma de levantamento das verbas, entre outras. sabilidade assumida pelo indivíduo na efectuação das con- tribuições e da efectividade do investimento, que envolve Por fim, refira-se que a parte da proposta de lei que cor- principalmente três elementos: o capital, o tempo e a taxa responde ao regime distributivo não depende de qualquer do retorno. (…) Portanto, os participantes do regime de pre- manifestação de vontade dos beneficiários, dele beneficiando vidência central não obrigatório devem assumir a sua res- ope legis quando verificados os respectivos requisitos legais. ponsabilidade de efectuar o pagamento das contribuições 4.2. Na versão inicial da proposta de lei, a previsão legal e proceder quanto antes à poupança e ao investimento, de da não obrigatoriedade constava da secção relativa aos prin- forma a reforçar o efeito do aumento dos activos, permitin- 21 cípios do regime (artigo 3.º). Este artigo foi, contudo, elimi- do obter as melhores prestações após a aposentação». No nado na versão final da iniciativa legislativa uma vez que ele seguimento desta ideia, o articulado dá aos participantes o corresponde a uma característica e não a um princípio cuja tempo suficiente para, ao longo da sua vida activa (que se aplicação, ademais, abrange tão-só parte do regime de previ- presume começar aos 18 e terminar aos 65 anos de idade), dência central. Assim, o conteúdo da norma foi inserido em fazerem os seus planos de aforro e de gestão financeira; e sede de regime contributivo, nomeadamente no artigo 21.º, para, a partir dessa idade, utilizarem livremente o capital que consagra a liberdade de constituição e de adesão aos acumulado, i.e. como e quando entenderem, de acordo com planos de previdência, a qual tem afloramentos nos artigos 2.º, a sua vontade e necessidades. n.º 1, alínea 1), 22.º, n.º 1, 23.º, n.º 1, 36.º, n.º 1, e 37.º 5.1.1. A proposta de lei, à semelhança do disposto na 5. O mecanismo de previdência em análise tem como Lei n.º 14/2012, permite a antecipação do direito de resgate base a ideia segundo a qual cada pessoa deve preparar, ao do saldo das contas individuais. Essa antecipação visa sal- longo da sua vida, as condições financeiras necessárias para vaguardar situações de insuficiência financeira para fazer disfrutar a sua velhice com qualidade de vida e sem excessi- face a despesas de saúde extraordinárias, a insuficiência de vos constrangimentos económicos. Para tal, deve ir poupan- receitas ou outras situações de carência social. O artigo 19.º do parte do seu rendimento mensal através de contribuições da proposta de lei prevê, contudo, duas situações distintas para o regime de previdência central e recolhendo outro em função das previsíveis necessidades de protecção social: tipo de receitas, sejam contribuições dos seus empregado- o n.º 2 permite o levantamento antecipado, total ou parcial, res, seja atribuições monetárias do Governo. Ou seja, cada do saldo da conta individual, o qual corresponde às verbas pessoa deve fazer planos financeiros para o futuro, de for- registadas a título de contribuições ou de transferências do ma a assegurar os rendimentos necessários para a velhice. erário público (regime contributivo e regime distributivo), A este propósito importa realçar dois aspectos funda- acrescidas do produto da respectiva capitalização e deduzi- mentais do regime de previdência central não obrigatório. das dos encargos de gestão e administração (artigo 18.º); o n.º 3 permite o levantamento das verbas atribuídas pelo Go- 5.1. Inexiste na legislação laboral de Macau uma ida- verno (regime distributivo), mas apenas os valores regista- de de reforma aplicável à generalidade dos trabalhadores. dos, sem qualquer capitalização. A razão para não abranger Contudo, diversas leis consagram a idade de 65 anos como a capitalização prende-se com questões de natureza prática: critério para a atribuição de maior protecção social à popu- uma vez que se permite a transferência de verbas entre as lação local, numa concretização do “amparo e protecção” três subcontas e que na mesma subconta se misturam verbas garantidos aos idosos pelo §3 do artigo 38.º da Lei Básica. com origem diferente, torna-se difícil determinar qual o va- Assim acontece, por exemplo, com a atribuição da pensão lor do saldo que corresponde à capitalização das verbas atri- 19 para idosos ao abrigo do Regime da segurança social ou buídas pelo Governo ao abrigo do regime distributivo; pelo com o direito ao levantamento de verbas da conta individual contrário, o montante dessas verbas é certo e determinável. de previdência.20 De forma idêntica, a proposta de lei esta- belece que, a partir dos 65 anos de idade, os titulares das 5.2. As poupanças feitas pelos residentes no contexto contas de previdência do regime de previdência central não do regime de previdência central não obrigatório são geri- obrigatório podem requerer o levantamento total ou parcial das por entidades externas ao titular da conta individual. do saldo da sua conta individual (artigo 19.º, n.º 1º). Sendo este um princípio geral, as regras de gestão de ver- bas são diferentes consoante se trate das verbas do regime 18 A proposta de lei só permite a suspensão do pagamento das distributivo ou do regime contributivo. contribuições em casos excepcionais, previstos no artigo 29.º, e mediante autorização do Fundo da Segurança Social. 19 Vd. alínea 1) do artigo 31.º da Lei n.º 4/2010. 21 Texto de consulta relativo ao «Regime de Previdência Central 20 Vd. n.º 1 do artigo 9.º da Lei n.º 14/2012. Não Obrigatório», Fundo de Segurança Social, Macau, 2014, p. 13. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 121

5.2.1. No regime distributivo, as verbas atribuídas pelo sões registados como instrumentos de aplicação relativos ao Governo são geridas pelo Fundo de Segurança Social (FSS), plano de previdência em causa» (n.º 1 do artigo 31.º). Nesta no interesse e por conta dos titulares das contas individuais, operação é chamado a participar a pessoa ou entidade que segundo princípios de prudência e de risco reduzido,22 com faz as contribuições, numa concretização do princípio da o objectivo de os titulares beneficiarem dos rendimentos responsabilidade que está subjacente a todo o regime de dessa gestão, caso existam (n.os 1 e 2 do artigo 13.º). A ges- previdência central. Nos planos conjuntos de previdência, tão destas verbas pode ser feita através de depósitos ban- tanto o trabalhador como o empregador decidem como apli- cários em instituições de crédito sediadas na RAEM ou car as suas contribuições, isto é, em que fundos de pensões de subscrição de planos de investimento, directamente ou e em que percentagens; nos planos individuais, essa respon- mediante a contratação para o efeito de entidades gestoras, sabilidade incumbe ao titular da conta individual que decidiu sediadas ou não na RAEM (n.º 3 do artigo 13.º).23 constituir um desses planos (n.º 2 do artigo 31.º). A proposta de lei prevê uma situação de transferência voluntária e ou- 5.2.2. No regime contributivo, a gestão das contribui- tra de transferência legal da competência para a aplicação ções é efectuada por entidades externas ao Governo. Esta das contribuições: na primeira situação, o empregador pode intervenção de entidades gestoras privadas num regime de transferir o direito de aplicação das suas contribuições para natureza pública resulta da estrutura do próprio regime os respectivos trabalhadores, desde que o faça para todos contributivo, o qual pressupõe a contratualização de planos os seus trabalhadores, em condições de igualdade;27 na 24 25 de previdência com entidades gestoras de fundos e o seu segunda situação, o trabalhador obtém o direito a aplicar financiamento através de fundos de pensões. O artigo 25.º as contribuições do respectivo empregador a si respeitan- determina que «os planos de previdência são financiados tes quando satisfizer o requisito de tempo de contribuição através de sistemas financeiros de capitalização, nomea- para adquirir o direito à totalidade das contribuições do damente através de fundos de pensões, para os quais são empregador,28 o que é aferido nos termos do disposto no ar- efectuadas contribuições regulares». É, portanto, através tigo 34.º e da tabela relativa às taxas de reversão de direitos 26 da aplicação das contribuições em fundos de pensões pre- anexa à proposta de lei. viamente seleccionados para servirem de instrumentos de financiamento do plano de previdência em causa que a A liberdade e a responsabilidade de gestão das ver- gestão das verbas do regime contributivo é efectuada. bas do regime contributivo implicam a assunção do risco inerente a investimentos financeiros, nos termos do artigo A aplicação das contribuições é feita «mediante a dis- 33.º Ou seja, o regime de previdência central não garante o tribuição de percentagens do seu valor pelos fundos de pen- capital investido, podendo desse investimento resultar tanto ganhos como perdas.29

22 Foi anteriormente afirmado relativamente a norma semelhante: 5.2.3. As entidades gestoras de fundos exercem uma ac- «Qualquer investimento considerado de risco médio ou elevado tividade comercial e, como tal, devem ser remuneradas pelo estará em desconformidade com esta norma que refere expressa- serviço de gestão de verbas através da cobrança de uma mente “níveis de risco reduzidos”», Parecer n.º 6/IV/2012 da 3.ª taxa de gestão e administração. A proposta de lei prevê que Comissão Permanente da IV Legislatura da Assembleia Legisla- «o encargo das taxas de gestão e administração resultantes tiva, relativo à proposta de lei intitulada «Contas individuais de da gestão dos instrumentos de aplicação é suportado pelas previdência», p. 37. contribuições, sendo o mesmo reflectido no valor unitário 23 Tal como afirmado a propósito da Lei n.º 14/2012, que consa- das unidades de participação dos fundos de pensões» (ar- grou regras semelhantes, «ficam fixadas na lei as únicas formas de investimento que podem ser utilizadas: depósitos em instituições tigo 32.º). Ou seja, as entidades gestoras de fundos fazem o de crédito e subscrição de planos de investimento. Considera-se desconto da taxa de gestão e administração cobrada no mo- 30 que os depósitos em instituições de crédito, geralmente bancos, mento da aplicação das verbas. devem ser limitados às instituições com sede na RAEM, não se vislumbrando razões económicas ou financeiras para permitir depósitos de numerário no exterior. Já quanto às aplicações finan- 27 Artigo 31.º, n.º 2, in fine. ceiras em planos de investimento, elas poderão ser realizadas em 28 Artigo 31.º, n.º 3. entidades gestoras da RAEM ou do exterior», idem, p. 38. 29 Segundo informação prestado ao Plenário aquando da apresen- 24 Quanto à caracterização dos planos de previdência, ver infra tação da presente iniciativa legislativa, actualmente «há um total de ponto 5.3. nove entidades gestoras de fundos reconhecidas pela Autoridade 25 As “entidades gestoras de fundos” são, nos termos da definição Monetária de Macau, totalizando 53 produtos de fundos de pen- constante da alínea 4) do artigo 3.º, «[entidades] com a autorização sões por elas fornecidos. Os seus níveis de risco não são totalmente prevista no n.º 1 do artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 6/99/M, de 8 de idênticos, tendo como produtos principais os fundos balanceados Fevereiro, a quem é permitido registar no regime de previdência com um misto de activos. A par disto, ainda existem fundo do mer- central não obrigatório um ou mais fundos de pensões por ela ad- cado monetário, fundos de garantia, fundos de obrigações, etc.», ministrados, nos termos do disposto na presente lei». Apresentação da proposta de lei ao Plenário, 20 de Junho de 2016. 26 O n.º 1 do artigo 30.º consagra que «as contribuições são apli- 30 Por exemplo, caso se trate da aplicação de contribuições no va- cadas na subscrição de unidades de participação de fundos de lor de 2.000 patacas e a entidade gestora cobrar uma taxa de 1.5%, pensões registados no FSS como instrumentos de aplicação das o valor efectivo que vai ser aplicado na subscrição de unidades de contribuições do regime de previdência central não obrigatório». participação dos fundos de pensões é 1.970 patacas. 122 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Segundo o proponente, «a média de taxas cobradas nos O regime contributivo do regime de previdência central planos privados de pensões em Macau entre 2013 e 2014 é não obrigatório é executado através da constituição e ade- de cerca de 1.2%, e a média da taxa de retorno de activos do são a dois tipos de planos de previdência: planos conjuntos mercado de fundos privados de pensões entre 2009 e 2014 e planos individuais.35 é de 3.68%, sendo que ambos os dados são mais vantajosos em comparação com os de regiões vizinhas».31 O Governo 5.3.1. Os planos conjuntos de previdência são planos manifestou a intenção de criar «uma plataforma de infor- de pensões contributivos, financiados através de fundos de mações unificada no futuro, tornando públicas as taxas co- pensões abertos, constituídos para efeitos do disposto na bradas por todos os fundos para servir de referência para os presente lei por um empregador numa entidade gestora de cidadãos, permitindo-lhes fazerem uma escolha conforme a fundos e que se destinam a ter como participantes os seus sua situação pessoal e, ao mesmo tempo, fazendo com que o trabalhadores que sejam titulares de uma conta individual mercado possa ajustar o nível de cobrança conforme a ofer- do regime de previdência central não obrigatório [alínea 1) ta e a procura».32 No mesmo sentido, a proposta de lei inclui do artigo 3.º]. Da definição legal constante da proposta de as taxas de gestão e administração no acervo de informação lei resultam diversos aspectos que cumpre destacar: que deve ser prestada quer às entidades fiscalizadoras, quer aos investidores.33 — Os planos conjuntos de previdência são planos de pensões, ou seja, são programas que definem as condições 5.2.4. A Comissão reconhece que é necessário um certo em que se constitui o direito ao recebimento de uma presta- nível de conhecimentos sobre investimentos para a tomada ção pecuniária por motivo da ocorrência de um determina- de decisões relacionadas com a aplicação de verbas seja fei- do evento;36 ta de forma a minimizar os riscos inerentes. Reconhecendo, igualmente, que uma parte substancial da população abran- — Trata-se de planos de pensões contributivos, ou seja, gida pelo regime de previdência central não obrigatório são planos em que existem contribuições dos participantes;37 pode não ter o nível de literacia financeira adequado para tais investimentos, a Comissão exorta desde já o Governo a — O financiamento destes planos é feito através da iniciar campanhas de divulgação, sensibilização e formação aplicação das contribuições em fundos de pensões, os quais incidentes sobre as regras básicas de investimento e de fun- são definidos legalmente como «patrimónios autónomos ex- cionamento dos fundos de pensões. clusivamente afectos à realização de um ou mais planos de pensões»;38 Por outro lado, a Comissão espera que as taxas de ges- tão e administração cobradas pelas entidades gestoras de — Dadas as características dos fundos de pensões em fundos se mantenham dentro de limites razoáveis e que não causa, a proposta de lei determina que os mesmos devem constituam um factor prejudicial para os interesses dos be- ser fundos de pensões abertos, i.e. aqueles em que não é ne- neficiários do regime de previdência central não obrigatório. cessária a existência de qualquer vínculo entre os diversos A Comissão apela às entidades com competência regula- membros do respectivo plano, estando a adesão ao mesmo mentar e fiscalizadora, nomeadamente o FSS e a Autoridade unicamente dependente da aceitação da entidade gestora do Monetária de Macau, para que tudo façam dentro das suas fundo em causa;39 competências legais e regulamentares para garantir que as taxas de gestão e administração sejam o menos onerosas — O plano é conjunto porque envolve empregadores e possível para os titulares das contas individuais, sem prejuí- trabalhadores, com contribuições de ambas as partes. No zo de, simultaneamente, representarem a justa remuneração entanto, a constituição do plano é da exclusiva competência pelo serviço prestado pelas entidades gestoras de fundos. do empregador;40 5.3. O regime de previdência central não obrigatório é o instrumento legal, de cariz público, que faculta aos resi- — A constituição do plano é feita mediante a celebra- dentes da RAEM os meios adicionais para a concretização ção de um contrato entre o empregador e uma entidade ges- dos seus planos de poupança para a velhice. No fundo, este regime partilha as características dos planos de pensões 35 Vd. alínea 1) do n.º 1 do artigo 2.º e artigo 20.º da proposta de lei. privados, ou seja, é um «esquema de protecção social (…) 36 Vd. artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 6/99/M, de 8 de Fevereiro, que que, através de acumulação e gestão de um capital, garante estabelece o regime jurídico dos fundos privados de pensões. 34 a satisfação de encargos sociais futuros». 37 Vd. alínea a) do n.º 2 do artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 6/99/M, de 8 de Fevereiro. 38 Vd. artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 6/99/M, de 8 de Fevereiro. Para 31 Apresentação da proposta de lei ao Plenário, 20 de Junho de 2016. um enquadramento jurídico dos fundos de pensões, vd. Arnaldo 32 Idem. Filipe da Costa Oliveira, Fundos de Pensões, Estudo Jurídico, 33 Vd. alínea 2) do artigo 6.º; alínea 9) do n.º 3 do artigo 10.º; alínea Almedina, Coimbra, 2003, pp. 93-115. 7) do n.º 3 do artigo 11.º; alínea 3) do n.º 3 do artigo 17.º; e alínea 7) 39 Vd. n.os 1 e 3 do artigo 13.º do Decreto-Lei n.º 6/99/M, de 8 de do n.º 2 do artigo 22.º Fevereiro. 34 Apelles J. B. Conceição, Segurança social…, ob. cit., p. 756. 40 Vd. n.º 1 do artigo 22.º da proposta de lei. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 123 tora de fundos,41 a qual, segundo a definição constante da base do trabalhador e está «associado ao pagamento do tipo alínea 4) do artigo 3.º da proposta de lei, é «uma entidade de trabalho realizado em condições objectivas e subjectivas com a autorização prevista no n.º 1 do artigo 5.º do Decreto- tidas como normais, comuns ou típicas num determinado -Lei n.º 6/99/M, de 8 de Fevereiro, a quem é permitido regis- sector de actividade. (…) À noção de salário de base cos- tar no regime de previdência central não obrigatório um ou tuma ainda ligar-se a ideia de parcela principal da remune- mais fundos de pensões por ela administrados, nos termos ração do trabalhador porquanto, na maior parte dos casos, do disposto na presente lei»; é a mais elevada ou mostra-se superior à soma de todas as demais prestações pecuniárias que formam a remuneração — Os participantes do plano constituído pelo emprega- de base».46 dor são, rectius podem ser, os seus trabalhadores que sejam titulares de uma conta individual de previdência (i.e. que A vigência, em Macau, de um conceito de retribuição 47 cumpram os requisitos previstos no artigo 7.º relativos ao di- complexo permite que existam diferentes soluções para a reito de residência, à idade ou à inscrição no Regime da se- base de cálculo das contribuições para o regime contribu- gurança social) e que manifestem vontade de a ele aderir.42 tivo do regime de previdência central não obrigatório. De facto, durante a análise na especialidade da proposta de lei 5.3.2. Os planos individuais de previdência são planos foram manifestadas opiniões segundo as quais tal cálculo de pensões contributivos financiados através de fundos de deveria ser efectuado com base na remuneração de base do pensões abertos, constituídos, para efeitos do disposto na trabalhador e não no seu salário de base. Sendo aquele um presente lei, por uma pessoa singular que seja titular de uma conceito mais alargado,48 isso permitiria que as contribui- conta individual do regime de previdência central não obri- ções tivessem montantes mais elevados, o que resultaria no gatório numa entidade gestora de fundos e cujo participante reforço da protecção social dos trabalhadores. Ademais, é o próprio titular da conta individual [alínea 2) do artigo 3.º]. o entendimento de que o salário de base constitui a maior parcela da remuneração do trabalhador não corresponde A diferença entre os planos individuais e os planos à realidade em certos sectores do mercado laboral local, conjuntos prende-se com o facto de aqueles sejam consti- havendo alguns (tipicamente, o sector do jogo e da restaura- tuídos pela própria pessoa que deles vai beneficiar, sendo ção) em que a parcela variável da remuneração, que está ex- só ela que vai efectuar as devidas contribuições regulares.43 cluída do conceito de salário de base, assume uma propor- À semelhança do que se verifica no regime facultativo do ção extremamente elevada. Assim, calcular as contribuições Regime da segurança social,44 também neste caso «os inte- com base numa parcela reduzida da remuneração de base ressados são chamados a, de forma ponderada, planearem equivale a retirar aos trabalhadores que prestam trabalhado a cobertura dos riscos sociais que poderão enfrentar» no nesses sectores a possibilidade de construírem adequada- futuro.45 A proposta de lei possibilita, assim, que pessoas mente as suas poupanças neste regime de previdência. que se encontram fora do mercado de trabalho, i.e. que não têm qualquer vínculo laboral ao abrigo de um contrato de Ponderada a questão, o proponente decidiu manter a trabalho, possam efectuar contribuições para este esquema sua opção inicial, no que foi acompanhado pela maioria de poupança de natureza pública e beneficiar, a partir dos dos membros da Comissão. Tal decisão foi justificada com 65 anos de idade, da capitalização das suas contribuições. o grau de incerteza e de complexidade que recairia sobre o regime de previdência central se as contribuições tivessem 6. Tal como referido anteriormente, o regime contri- uma base de cálculo irregular, com montantes diferentes butivo do regime de previdência central não obrigatório todos os meses. Assim, em nome da eficácia do regime e pressupõe a efectuação de contribuições regulares por tra- consciente de eventuais injustiças relativas decorrentes des- balhadores e empregadores, nos planos conjuntos de previ- dência, ou pelos titulares das contas individuais, nos planos 46 Miguel Pacheco Arruda Quental, Manual de Formação de Di- individuais de previdência. reito do Trabalho em Macau, Centro de Formação Jurídica e Judi- ciária, Macau, 2012, p. 340. 6.1. Nos planos conjuntos de previdência, as contribui- 47 «Determinar com rigor aquilo em que consiste a retribuição não ções têm como base de cálculo o salário de base do traba- é (…) tarefa fácil, dada a grande complexidade assumida por aque- lhador. O salário de base é, nos termos do n.º 1 do artigo la, nela se distinguindo o chamado “salário de base” de todo um 59.º da Lei das relações de trabalho (Lei n.º 7/2008), uma extenso e diversificado conjunto de prestações complementares ou das prestações periódicas que compõem a remuneração de acessórias, tais como diuturnidades, subsídios de risco, de penosi- dade, de toxicidade, de isolamento, de alojamento, de alimentação, de transporte, de turno, de férias, de natal, prémios de produtivi- 41 Vd. n.º 2 do artigo 22.º da proposta de lei. dade ou de assiduidade, comissões, prestações por trabalho extra- 42 Vd. n.º 1 do artigo 23.º da proposta de lei. ordinário ou nocturno, etc.», João Leal Amado, «A retribuição e 43 Vd. alínea 2) do n.º 1 do artigo 22.º da proposta de lei. a Lei das Relações de Trabalho de Macau: hesitações e convicções 44 Vd. artigo 11.º da Lei n.º 4/2010. de um jurista lusitano», in Formação Jurídica e Judiciária – Colec- 45 Parecer n.º 3/IV/2010 da 3.ª Comissão Permanente da IV Legis- tânea, Tomo VII (versão portuguesa), Centro de Formação Jurídi- latura da Assembleia Legislativa, relativo à proposta de lei intitu- ca e Judiciária, Macau, 2013, p. 208. lada «Regime da segurança social», p. 17. 48 Vd. n.º 1 do artigo 59.º da Lei n.º 7/2008. 124 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 sa decisão, a proposta de lei manteve o salário de base como mínimo abaixo do qual o salário de base do trabalhador base de cálculo das contribuições (artigo 26.º, n.º 1). não pode descer em consequência da dedução de 5% do seu salário. Desta forma, permite-se que mais trabalhadores A opção pelo salário de base como base de cálculo das adiram ao regime, sem temer que o mesmo implique uma contribuições teve ainda em consideração o facto de o dis- redução inadmissível do seu rendimento disponível. posto no n.º 1 do artigo 26.º ter natureza supletiva. Nos ter- mos da alínea 1) do n.º 5 do artigo 26.º, o empregador pode, Uma vez que ainda não existe um salário mínimo se assim o desejar, decidir que as contribuições são calcu- universal em Macau, a lei utiliza como critério o salário ladas com uma base de cálculo mais alargada, acrescendo mínimo para os trabalhadores de limpeza e de segurança ao salário de base uma ou mais das prestações periódicas na actividade de administração predial, aprovado pela Lei referidas no n.º 1 do artigo 59.º da Lei n.º 7/2008 (Lei das n.º 7/2015, o qual se encontra fixado actualmente em 6.240 relações de trabalho). A decisão do empregador é vinculati- patacas mensais. Assim, nos termos do n.º 3 do artigo 26.º va para ambas as partes, sendo tanto as suas contribuições da proposta de lei, caso o salário de base do trabalhador como as do trabalhador calculadas de acordo com tal deci- fique abaixo das 6.240 patacas depois de deduzidos os 5% são [alínea 1) do n.º 6 do artigo 26.º)]. destinados às suas contribuições para os planos conjuntos de previdência, o trabalhador fica dispensado do pagamento A Comissão reconhece que o facto de a lei atribuir na- das suas contribuições, continuando o empregador obrigado tureza supletiva à determinação do salário de base enquan- a fazer as suas. to base de cálculo das contribuições não é de somenos im- portância. Numa situação de pleno emprego, em que existe Esta medida destina-se a proteger o trabalhador, garan- escassez de recursos humanos, a estratégia dos emprega- tindo-lhe no presente um rendimento disponível mínimo dores para atraírem mais e melhores trabalhadores poderá à sua vida, pessoal e familiar, em condições de dignidade, passar pela atribuição de condições mais favoráveis em sede ainda que em prejuízo do capital previdencial a ser-lhe de regime de previdência central não obrigatório. disponibilizado no futuro. Contudo, o próprio trabalhador pode afastar a aplicação deste limite mínimo, efectuando 6.2. Nos planos conjuntos de previdência, por regra, os as contribuições na sua totalidade mesmo que o seu salário trabalhadores e os empregadores efectuam contribuições de base fique inferior ao critério das 6.240 patacas, tal como de montante igual, assumindo cada um a obrigação de con- permitido pela alínea 3) do n.º 5 do artigo 26.º tribuir com 5% do salário de base do trabalhador referente 6.3.2. A proposta de lei consagra limites máximos para ao mês em causa (n.º 2 do artigo 26.º). Significa isto que, a obrigação contributiva. Utilizando o mesmo critério do mensalmente, o trabalhador vê ser registado na sua conta salário mínimo para os trabalhadores de limpeza e de se- individual de previdência um total de 10% do seu salário de gurança na actividade de administração predial, o n.º 4 do base. artigo 26.º determina que, se a base de cálculo das contri- buições (por regra, o salário de base, mas podendo ser outra A proposta de lei consagra, à semelhança do que se mais alargada) for superior a cinco vezes o referido salário passa com a base de cálculo das contribuições, a natureza mínimo, i.e. se for superior a 31.200 patacas, o trabalhador supletiva da taxa de 5%, correspondendo ao mínimo legal- e o empregador ficam dispensados do pagamento de contri- mente previsto para quem participe no regime de previdên- buições relativas à parte excedente desse valor.49 cia central não obrigatório. Neste caso, tanto o empregador como o trabalhador podem, conjunta ou separadamente, A introdução deste tecto máximo para as contribuições efectuar contribuições com uma taxa superior a 5%, sendo visa limitar o impacto que a participação no regime de pre- que a decisão de cada um apenas vincula o próprio [alínea 2) vidência central não obrigatório possa vir a ter no tecido do n.º 6 do artigo 26.º)]. empresarial local. Apesar de a Comissão acolher esta opção legislativa, alguns deputados manifestaram a sua discordân- 6.3. A proposta de lei contém medidas destinadas a ate- cia quanto à existência deste limite máximo, em nome da nuar o impacto financeiro que a participação no regime de garantia da protecção social de todos os trabalhadores em previdência central não obrigatório pode causar. Assim, a condições de igualdade: sendo as contribuições uma percen- fim de mitigar tal impacto e aumentar a atractividade do re- tagem do salário dos trabalhadores, quem aufere salários gime, a iniciativa legislativa prevê limites ao montante das mais elevados deve poder beneficiar de contribuições na contribuições. mesma proporção que os demais trabalhadores. Esta situa- ção, no entanto, pode ser atenuada através da possibilidade 6.3.1. Um primeiro limite prende-se com a preocupa- ção em assegurar um rendimento disponível mínimo aos trabalhadores de mais baixos rendimentos que pretendam 49 Assim, a título de exemplo, se a base de cálculo for um salário aderir aos planos conjuntos de previdência. Uma vez que as de base de 40.000 patacas, as contribuições são, tanto para o em- contribuições a cargo do trabalhador são deduzidas da re- pregador como para o trabalhador, de 1.560 patacas (ou seja, 5% tribuição do seu trabalho, implicando uma redução efectiva de 31.200 patacas), e não 2.000 patacas (correspondentes a 5% de do rendimento disponível actual, a lei consagra um limite 40.000 patacas). N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 125 de tanto o empregador como o trabalhador, conjunta ou se- imperativas quanto ao início e fim da obrigação contributi- paradamente poderem decidir efectuar contribuições acima va, à forma de cumprimento dessa obrigação e às situações do limite máximo das 31.200 patacas, poder esse atribuído em que a mesma pode ser suspensa (artigos 27.º, 28.º e 29.º, pela alínea 2) do n.º 6 do artigo 26.º Por outro lado, tal como respectivamente). referido no Relatório final da consulta relativa ao Regime de Previdência Central não obrigatório, «os residentes, 6.5.1. O início da obrigação contributiva, i.e. da obri- além de dividir uma parte de rendimento pessoal para as gação de efectuar contribuições para os planos conjuntos contribuições conjuntas do regime de previdência central, de previdência, opera no mês seguinte àquele em que o tra- podem ainda aderir ao regime de contribuições individuais balhador decidiu aderir ao plano conjunto de previdência do regime de previdência central e a outros investimentos anteriormente constituído pelo seu empregador (artigo 27.º, privados fora do regime, no sentido de dividir os riscos e de n.º 1). Só a partir de então fica o empregador legalmente au- alcançar o objectivo de reforço de protecção e valorização torizado a efectuar a respectiva dedução no salário do tra- dos activos».50 balhador, tendo este direito a que o empregador faça a sua parte das contribuições. Esta dilação temporal é justificada 6.4. Nos planos individuais de previdência, as contri- por razões de certeza e de racionalidade financeira: uma vez buições são de valor fixo, decidido pelo próprio titular da que as contribuições têm periodicidade mensal, garante- conta individual. Contudo, a proposta de lei determina va- -se através desta regra que as contribuições efectuadas pela lores mínimos e máximos para essas contribuições: elas não primeira vez correspondem à totalidade desse período. podem ser inferiores a 500 patacas nem superiores a 3.100 patacas, ou seja 10% do valor correspondente a cinco vezes A obrigação contributiva mantém-se durante a vigente o salário mínimo para os trabalhadores de limpeza e de do contrato de trabalho e termina no mês seguinte ao da segurança na actividade de administração predial (n.os 8 e 9 cessação da relação de trabalho. Desta regra resulta que no do artigo 26.º).51 último mês de trabalho ainda se têm de fazer contribuições, independentemente dos dias de trabalho prestado nesse A versão inicial da proposta de lei não limitava as con- mês. tribuições máximas para os planos individuais de previdên- cia, «com a finalidade de encorajar o costume de poupança Nos planos individuais de previdência, as contribuições dos residentes».52 Contudo, em consequência do debate iniciam-se no mês de entrada em vigor dos planos (n.º 2 do havido na Comissão aquando da análise na especialidade, a artigo 27.º), mantendo-se enquanto o titular participar no nova versão da proposta de lei consagrou tais limites máxi- respectivo plano. mos. A razão para esta alteração está relacionada a garantia de impenhorabilidade que o regime dispensa ao saldo da 6.5.2. O cumprimento da obrigação contributiva efec- conta individual (artigo 16.º). Os deputados manifestaram tua-se através do pagamento das contribuições, i.e. através receio que esta garantia fosse utilizada fraudulentamente da entrega do montante das contribuições às entidades ges- através de contribuições avultadas ou ilimitadas com o pro- toras de fundos. O pagamento deve ocorrer até ao último pósito de evasão ao cumprimento de obrigações pecuniá- dia de cada mês, sendo que as contribuições se reportam ao 53 rias, ficando o devedor sem património penhorável, enquan- mês anterior (n.º 1 do artigo 28.º). Nos planos conjuntos to o capital registado na sua conta individual de previdência de previdência, apesar de tanto o empregador como o tra- fica inteiramente protegido de qualquer acção executiva balhador terem uma obrigação contributiva, o pagamento até que seja feito o seu levantamento pelo titular da conta. está a cargo apenas do empregador. É este que entrega nas Para evitar esta situação, a nova versão da proposta de lei entidades gestoras de fundos o montante das duas contri- limita o montante máximo das contribuições para os planos buições, as suas e as do trabalhador. Para tal, a proposta de individuais de previdência. A forma de cálculo deste limite lei autoriza o empregador a efectuar a dedução do montan- corresponde a uma opção política do proponente que a Co- te correspondente às contribuições do trabalhador do seu missão acolhe. salário [parte final da alínea 1) do n.º 2 do artigo 28.º], algo que em princípio estaria proibido por força do disposto no n.º 1 6.5. Sem prejuízo da natureza facultativa do regime de do artigo 64.º da Lei n.º 7/2008.54 previdência central, a decisão de nele participar implica determinadas obrigações, nomeadamente uma obrigação A realização deste desconto salarial sem que o respec- contributiva. A proposta de lei consagra, portanto, normas tivo montante seja entregue pelo empregador na entidade

50 Regime de Previdência Central não obrigatório – Relatório final 53 Assim, por exemplo, as contribuições devidas no mês de Janeiro de consulta, Fundo de Segurança Social, Macau, 2014, p. 109. são pagas até ao último dia do mês de Fevereiro. 51 O valor calculado é de 3.120 patacas, o qual, não sendo múltiplo 54 Vd. Ponto 6.2.6. do Parecer n.º 1/III/2008, da 3.ª Comissão Per- de 100 patacas, é arredondado para o múltiplo de 100 patacas ime- manente da III Legislatura da Assembleia Legislativa, relativo à diatamente inferior (n.º 9 do artigo 26.º). proposta de lei intitulada «Lei das relações de trabalho», pp. 68-69, 52 Regime de Previdência Central não obrigatório – Relatório final disponível em http://www.al.gov.mo/lei/leis/2008/07-2008/parecer. de consulta, ob. cit., p. 110. pdf. 126 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 gestora de fundos constitui crime de apropriação ilegítima [alínea 2) do n.º 3 do artigo 29.º]. Contudo, esta consequên- de contribuições, previsto e punido no artigo 45.º da propos- cia mostra-se insuficiente para garantir os direitos e inte- ta de lei.55 resses do trabalhador. Portanto, a versão final da proposta de lei passou a prever um segundo tipo de consequência, 6.5.3. Tal como anteriormente referido, a participação com vista a salvaguardar o direito do beneficiário a que os no regime contributivo do regime de previdência central não montantes das contribuições do empregador sejam efectiva- obrigatório dá origem à obrigação de efectuar contribuições mente depositados na sua conta individual para deles poder mensais para esse regime. A proposta de lei, contudo, prevê beneficiar na velhice. Assim, a alínea 1) do n.º 3 do artigo casos excepcionais de suspensão da obrigação contributiva, 29.º, prevê que a suspensão do pagamento das contribuições ou seja, situações em que, mediante autorização do FSS, o pelo empregador sem autorização implica a efectivação da pagamento das contribuições pode ser suspenso (artigo 29.º). respectiva cobrança coerciva. Não se prevê, ao contrário do O objectivo é salvaguardar situações extraordinárias de ne- que acontece no Regime da segurança social,56 a cobrança cessidade ou insuficiência económica ou financeira dos em- de juros de mora. Esta omissão resulta do facto de se pre- pregadores. A proposta de lei admite que, em certos casos, tender estabelecer um regime que, sendo facultativo, con- os empregadores possam momentaneamente não ter capaci- siga atrair o maior número possível de participantes e do dade financeira para suportar os encargos decorrentes deste entendimento segundo o qual um excessivo rigor nas regras regime de previdência: a alínea 1) do n.º 1 do artigo 29.º a observar poderá desencorajar tal participação. prevê que o pagamento das contribuições nos planos con- juntos de previdência apenas pode ser suspenso, mediante 7. A ideia de partilha de responsabilidades entre tra- autorização do FSS, quando o empregador invoque ponde- balhadores e empregadores está na base da construção do rosas razões de ordem económica e a suspensão se aplique, regime contributivo do regime de previdência central não em condições de igualdade, a todos os seus trabalhadores. obrigatório: ambos contribuem para que o trabalhador O proponente entende que, uma vez que o regime de previ- tenha, no fim da sua vida activa, meios financeiros para dência em análise não é obrigatório, a inexistência de meca- suportar a sua existência pessoal e familiar. Contudo, à se- nismos que lhe confiram alguma flexibilidade poderia servir melhança do que se verifica com a maior parte dos planos 57 como um desincentivo para a participação dos empregadores privados de pensões, a proposta de lei estabelece certos no regime, excluindo assim do seu âmbito grande número condicionalismos à obtenção pelos trabalhadores das con- de potenciais beneficiários. A possibilidade de suspensão do tribuições efectuadas pelos seus empregadores. Fá-lo atra- pagamento das contribuições, extraordinária e temporária, é vés da figura da reversão de direitos. um desses mecanismos flexíveis. 7.1. A reversão de direitos resulta, para o trabalhador, Sem prejuízo de a Comissão compreender a intenção numa limitação ao direito à obtenção das contribuições do legislativa subjacente a esta previsão, considerou que o regi- empregador já efectuadas para o plano conjunto de previ- me previsto na versão inicial da proposta de lei estava algo dência. Isto significa que, no fim da relação de trabalho, o desequilibrado, uma vez que apenas permitia a suspensão trabalhador só adquire o direito à totalidade do saldo cor- do pagamento por parte do empregador. Assim, na análise respondente às contribuições do seu empregador ao fim de na especialidade foi diligenciado no sentido de se incluir 10 anos; até lá o trabalhador tem um misto de direito a parte na proposta de lei a possibilidade de suspensão também dessas contribuições e uma expectativa jurídica relativamen- por parte do trabalhador, o que foi consagrado na alínea 2) te ao remanescente. Quanto às suas próprias contribuições, do n.º 1 do artigo 29.º Foi ponderado autorizar a suspensão o trabalhador tem direito à totalidade do saldo da subconta quando, à semelhança do que se passa com o empregador, de contribuições que corresponda às suas contribuições. o trabalhador não tenha momentaneamente condições fi- O n.º 1 do artigo 34.º concretiza esta ideia, determinan- nanceiras para suportar as suas contribuições, seja por um do que o trabalhador tem direito, aquando da cessação da acréscimo excepcional de despesas ou uma redução de re- relação de trabalho e independentemente da forma por que ceitas. Contudo, a decisão final do proponente foi a de ape- esta ocorra, a que o saldo das contribuições efectuadas pelo nas permitir que o trabalhador suspenda o pagamento das empregador reverta a seu favor, de acordo com a seguinte contribuições quando o empregador já tenha feito o mesmo. tabela (que conjuga o tempo de contribuição58 e as taxas de Apesar de ser uma solução limitada, a Comissão considera reversão de direitos): que a mesma estabelece alguma reciprocidade jurídica en- tre as partes, reequilibrando os poderes e as obrigações dos dois tipos de pessoas envolvidas nos planos conjuntos de 56 Vd. n.º 1 e alínea 1) do n.º 2 do artigo 21.º, artigo 22.º e artigo 23.º previdência, trabalhadores e empregadores. da Lei n.º 4/2010. 57 Vd. Texto de consulta relativo ao «Regime de Previdência Cen- A proposta de lei prevê uma consequência fiscal para a tral…», ob. cit., p. 26. suspensão de pagamento de contribuições sem autorização 58 Nos termos do n.º 1 do artigo 35.º, «o tempo de contribuição refere-se ao período durante o qual se efectuaram contribuições para o plano conjunto de previdência, incluindo o tempo em que 55 À semelhança do previsto no Regime da segurança social (artigo só o empregador efectuou o pagamento das contribuições ou o 60.º da Lei n.º 4/2010). tempo de suspensão das contribuições por uma das partes». N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 127

Quadro 2 suas contribuições nos primeiros dez anos da relação labo- Taxas de reversão de direitos ral caso esta termine, enquanto os trabalhadores vão vendo aumentar o seu direito a beneficiar das contribuições dos seus empregadores; no segundo caso, funcionando como um Tempo de contribuição Taxas de reversão de direitos prémio para os trabalhadores que mantenham o seu empre- Menos de 3 anos 0% go por um longo período de tempo, isto porque, nos primei- ros dez anos, quanto maior for a duração da relação laboral 3 a menos de 4 anos 30% maior será a parcela das contribuições dos empregadores 4 a menos de 5 anos 40% que revertem a favor dos trabalhadores em caso de cessação da relação laboral. A este propósito, o Relatório final de 5 a menos de 6 anos 50% consulta refere que esta medida «pode encorajar os traba- 6 a menos de 7 anos 60% lhadores a prestar serviços por um período longo, de modo que assegure os recursos humanos e aumente a fidelidade 7 a menos de 8 anos 70% dos trabalhadores».61 Por outro lado, o Governo afirmou na 8 a menos de 9 anos 80% Comissão que, «durante o período da não obrigatoriedade de adesão ao regime de previdência central, a meta mais 9 a menos de 10 anos 90% importante a atingir é atrair as empresas que já dispõem de planos privados de pensões a aderirem, por iniciativa pró- Igual ou superior a 10 anos 100% pria, ao referido regime. De facto, a taxa de reversão de di- reitos poderá ajudar na articulação com os planos privados A reversão mencionada no n.º 1 do artigo 34.º opera no de pensões, aumentando-se assim a vontade dos emprega- momento do cancelamento da subconta de contribuições dores em aderir ao regime de previdência central».62 por ocasião da cessação da relação de trabalho e consequen- te dissolução do plano conjunto de previdência, momento 7.2. A medida anteriormente apresentada foi alvo de em que se faz a transferência de verbas e direitos para a um intenso debate no decurso da análise na especialidade subconta de conservação.59 Nesta ocasião, o trabalhador da proposta de lei. Apesar de a maioria dos membros da não adquire a disponibilidade das verbas transitadas, antes Comissão concordarem com o proposto pelo Governo, vê-as serem creditadas na sua subconta de conservação o algumas opiniões contrárias foram manifestadas, em parti- que permite que as mesmas continuem a ser capitalizadas, cular no que diz respeito ao tempo mínimo de contribuição numa concretização do princípio da portabilidade dos direi- para obtenção de uma parte das contribuições do emprega- tos acumulados. O empregador, por seu turno, pode dispor dor; à irrelevância das causas de rescisão do contrato de tra- da parte das suas contribuições a que tem direito, podendo balho para efeitos de aplicação do mecanismo da reversão requerer o seu levantamento ou utilizá-las no pagamento de de direitos; à possibilidade deste mecanismo incentivar o contribuições de outros trabalhadores (n.º 2 do artigo 34.º). despedimento dos trabalhadores; e à ausência da figura da Caso o empregador proceda ao levantamento das contri- dedução das contribuições pagas por empregadores como buições perde o direito ao benefício fiscal que o artigo 53.º indemnização por despedimento (“offset mechanism”). consagra para as contribuições para o regime de previdên- cia central não obrigatório, devendo proceder à reposição 7.2.1. Na proposta de lei, caso o tempo de contribuição desses benefícios, nos termos do artigo 55.º. do trabalhador para o regime de previdência central não obrigatório seja inferior a três anos aquando da cessação da O regime acabado de expor têm natureza supletiva, po- relação de trabalho, o trabalhador não tem direito a qual- dendo o empregador determinar, no momento da constitui- quer parte das contribuições do empregador feitas em seu ção do plano conjunto de previdência ou em alteração poste- benefício.63 rior, regras mais favoráveis para os trabalhadores no que diz respeito ao cálculo do tempo de contribuição ou à aplicação Alguns deputados manifestaram a sua oposição a esta das taxas de reversão de direitos (n.º 3 do artigo 34.º). medida uma vez que a consideram injusta para os traba- lhadores que prestam trabalho em sectores económicos O objectivo declarado da figura da reversão de direitos que, pela sua própria natureza, apenas dão azo a contratos é o equilíbrio entre os direitos e interesses de empregado- de trabalho de curta duração. Em termos típicos, estarão res e trabalhadores,60 servindo a mesma como incentivo à estabilidade da duração das relações laborais e à fidelização do trabalhador à entidade patronal. No primeiro caso, asse- 61 Regime de Previdência Central não obrigatório – Relatório final gurando aos empregadores que podem recuperar parte das de consulta, ob. cit., p. 110. 62 Resposta do Governo a questões dos membros da Comissão (7 de Novembro de 2016). 59 Vd. alínea 1) do n.º 4 do artigo 10.º e n.º 1 e alínea 1) do n.º 3 do 63 Quando atingir os três anos, passa a beneficiar de 30 % dessas artigo 11.º contribuições, percentagem esta que aumenta 10% por cada ano 60 Vd. Texto de consulta relativo ao «Regime de Previdência Cen- adicional de tempo de contribuição até atingir 100% ao fim de dez tral…», ob. cit., p. 26. anos de contribuições. 128 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 nesta situação os sectores da construção civil e dos serviços empregador apenas quando se completarem três anos de terciários, nos quais é comum a prestação de trabalho com contribuições. contratos a termo, por empreitada ou à peça (trabalho efec- tivamente prestado ou resultado efectivamente produzido, 7.2.2. Uma segunda matéria que mereceu reparo de na terminologia do n.º 4 do artigo 59.º da Lei n.º 7/2008). alguns deputados foi o facto de o artigo 34.º da proposta de Nestes casos, existe grande mobilidade dos trabalhadores, o lei prever que qualquer das formas de cessação da relação 65 que significa que não têm oportunidade para acumular tem- de trabalho admitidas pela Lei n.º 7/2008 é susceptível de po de contribuição. O resultado final é a possibilidade de activar o mecanismo de reversão de direitos. Segundo a opi- um trabalhador fazer contribuições para o regime de pre- nião manifestada no seio da Comissão, não se mostra ade- vidência central durante toda a sua vida activa mas nunca quado aplicar o mecanismo de reversão de direitos – o qual conseguir obter o direito a qualquer percentagem das con- se destina a salvaguardar os interesses dos empregadores e tribuições dos vários empregadores para quem trabalhou a desincentivar a excessiva mobilidade dos trabalhadores por os contratos de trabalho e, consequentemente, o tempo que se verifica em certas empresas e sectores de actividade de contribuição (o qual não é acumulável entre relações de – às situações de cessação da relação de trabalho por causas trabalho diferentes) serem sempre inferiores a três anos. estranhas à vontade do trabalhador. Em particular, nos caos de resolução sem justa causa por iniciativa do empregador, A fim de evitar esta situação, foi sugerido que o tempo de resolução com justa causa por iniciativa do trabalhador mínimo de contribuição passasse a ser de um ano para que ou de caducidade.66 Nestas situações, foi argumentado, o o trabalhador tivesse direito a 10% das contribuições do trabalhador fica duplamente penalizado: não só perde o seu respectivo empregador, com um aumento de 10% por cada emprego contra a sua vontade, como pode perder total ou ano adicional de tempo de contribuição. parcialmente as contribuições do seu empregador.

O Governo, num primeiro momento, mostrou disponi- Os deputados defenderam que o mecanismo da rever- bilidade para acolher a sugestão dos deputados mas, a final são de direitos só deveria ser aplicado quando o trabalhador do processo de análise na especialidade da iniciativa legis- decida pôr termo à relação laboral sem justa causa ou por lativa, decidiu manter a solução constante da versão inicial revogação do contrato de trabalho, a qual pressupõe o acor- da proposta de lei. Segundo a justificação apresentada à do entre trabalhador e empregador. Comissão, «após uma discussão interna e análise profunda levadas a cabo, o Governo, tendo em conta que o regime de O Governo não acolheu a solução sugerida em nome previdência ora proposto não é obrigatório, isto é, a decisão da simplificação do regime de previdência central, que se de participação cabe ao empregador, e que, na maioria dos pretende expedito e não excessivamente oneroso enquanto actuais fundos privados de pensões, só se adquire a respec- tiver natureza facultativa, a fim de favorecer uma maior tiva taxa de reversão dos direitos a partir dos tais três anos, atractividade. Segundo esclarecimentos prestados pelo pro- sugere que, na presente proposta de lei, se aplique o mesmo ponente à Comissão para justificar a sua opção, «ao abrigo método para a taxa de reversão de direitos. Por um lado, da legislação em vigor, em caso de resolução do contrato porque é benéfico para a articulação com os actuais fundos “sem justa causa” por iniciativa do empregador, ou “com privados de pensões e, por outro lado, porque vai incentivar justa causa” por iniciativa do trabalhador, este tem direito os trabalhadores a manterem-se na mesma empresa, visan- a uma indemnização; por outro lado, caso o empregador do atingir o objectivo da manutenção da estabilidade dos resolva o contrato alegando “justa causa”, o trabalhador recursos humanos e do aumento da vontade dos emprega- não terá direito a qualquer indemnização e os prejuízos dores em participar no regime de previdência ora proposto. causados ao empregador podem ser exigidos e indemniza- Contudo, é de salientar que as regras constantes da actual dos através da via criminal e cível. Pelo exposto, o FSS é de proposta de lei são os critérios mínimos a cumprir e o em- opinião que não se deve ter apenas em conta a imputabili- pregador pode sempre disponibilizar planos de previdência dade, se esta recai sobre o trabalhador ou sobre o emprega- mais favoráveis aos seus trabalhadores, no intuito de elevar dor, mas sim encontrar uma solução que consiga equilibrar o sentido de pertença à empresa e a competitividade da os interesses de ambas as partes: ao abrigo das taxas de empresa no mercado laboral. E mais, se as cláusulas esti- reversão de direitos que agora se propõe, qualquer que seja puladas nos actuais planos dos fundos privados de pensões a causa para a quebra da relação laboral, o trabalhador forem mais favoráveis aos trabalhadores do que as estipula- adquirirá os direitos acumulados das contribuições do em- das na presente proposta de lei, devem aquelas ser mantidas pregador, em conformidade com os anos de contribuição». aquando da sua articulação com o regime de previdência Por outro lado, «de acordo com a experiência da Direcção central não obrigatório».64 Por estas razões, tendo em con- dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), por vezes, sideração a integridade do sistema legal e a situação social, aquando da cessação unilateral do contrato de trabalho, é o Governo manteve o disposto na versão inicial da proposta muito difícil definir a causa, se é “justa causa” ou “sem justa de lei sobre a obtenção parcial do direito às contribuições causa”, e nestes casos, geralmente, tenta-se a conciliação, e caso esta se revele infrutífera, segue-se um longo processo

64 Apresentação pelo Governo das principais alterações introdu- zidas na fase de apreciação na especialidade (24 de Fevereiro de 65 Artigo 66.º da Lei n.º 7/2008. 2017). 66 Vd. artigos 70.º, 71.º e 73.º da Lei n.º 7/2008. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 129 judicial. Nestas situações, as contribuições do empregador «os direitos acumulados das contribuições do regime de serão congeladas durante o decurso do processo judicial e previdência central não têm uma ligação absoluta com a in- só serão tratadas após decisão do tribunal. Nesta situação, demnização de despedimento paga pelos empregadores aos o trabalhador não pode transferir os direitos acumulados trabalhadores»,71 o Governo não incluiu na proposta de lei o de reversão que lhe pertencem para outras contas de con- mecanismo de dedução das contribuições pagas por empre- servação ou de gestão do Governo, vendo assim obstruída a gadores como indemnização de despedimento. sua autonomia no processo de investimento e a flexibilidade de transferência de capitais em tempo oportuno, situação Alguns deputados contestaram esta opção do Governo, que vai acabar por afectar os seus direitos na sua vida pós- defendendo ser tal mecanismo de dedução uma condição de -reforma».67 atractividade do regime e uma forma de apoiar as empresas de menor dimensão a suportar os encargos financeiros de- 7.2.3. Alguns deputados manifestaram receio que as correntes da medida de política de protecção social concre- características do mecanismo de reversão de direitos sejam tizada através da presente iniciativa. Segundo as opiniões um incentivo ao despedimento dos trabalhadores. Consi- manifestadas na Comissão, as pequenas e médias empresas derando que as contribuições do empregador lhe são devol- precisam de competir com as de maior dimensão no mer- vidas, total ou parcialmente, se a relação de trabalho cessar cado de trabalho para atrair os necessários recursos huma- antes de decorridos dez anos e que não é necessário invocar nos. Ainda que o regime de previdência central não tenha qualquer causa justificativa para o empregador pôr fim ao carácter obrigatório, teme-se que os empregadores se vejam vínculo laboral, teme-se que, de forma abusiva, os emprega- forçados a participar no regime para conseguirem atrair dores despeçam os trabalhadores para receber os montantes mão-de-obra e a assumir encargos financeiros adicionais. A anteriormente contribuídos. consagração do mecanismo de dedução serviria para com- Alertado para este receio, o Governo considerou não pensar a assunção de tais encargos. ser o mesmo justificado. Tanto mais que, em tais situações, os empregadores perderiam igualmente os incentivos fiscais 8. O regime de previdência central não obrigatório vai previstos no regime, o que funciona como um desincentivo funcionar paralelamente aos planos privados de pensões a eventuais abusos. actualmente existentes, constituídos ao abrigo do Decreto- -Lei n.º 6/99/M, de 8 de Fevereiro. 7.2.4. O texto de consulta relativo ao regime de previ- dência central não obrigatório continha uma proposta de Segundo dados divulgados pela Autoridade Monetária consagração da figura da dedução das contribuições pagas de Macau, em 31 de Dezembro de 2016 42.89% da popu- por empregadores como indemnização de despedimento. lação empregada, incluindo trabalhadores não residentes, A proposta ia no sentido de permitir que o empregador pa- estava abrangida por fundos privados de pensões,72 com gasse as indemnizações devidas por resolução do contrato especial expressão nos sectores de lotarias e outros jogos de de trabalho sem justa causa por sua iniciativa ou com justa aposta (82.18%), actividades financeiras (63.69%), educação 68 causa por iniciativa do trabalhador através da utilização (57.51%), produção e distribuição de electricidade, gás e das verbas acumuladas correspondentes às suas contribui- água (55.81%) e hotéis, restaurantes e similares (44.92%). ções para o plano conjunto de previdência do trabalhador Em sentido contrário, a taxa de cobertura em sectores como em causa. A proposta inspirava-se no “offset mechanism” o da saúde e acção social (9.9%), construção (2.23%) ou tra- vigente na Região Administrativa Especial de Hong Kong balho doméstico (0.0%) tem expressão reduzida ou nula.73 (RAEHK) ao abrigo da Mandatory Provident Fund Sche- 69 mes Ordinance (Chapter 485), Section 12A. Os dois tipos de instrumentos de previdência – os pla- nos privados de pensões e os planos conjuntos de previdên- A proposta de lei, quando foi formalizada, não conti- cia – têm zonas de intersecção: por um lado, não só têm o nha o mecanismo de dedução anteriormente referido. O mesmo universo empresarial como potenciais destinatários, Relatório final de consulta esclarece que tal omissão é fruto como os trabalhadores que deles podem beneficiar são da forte discordância que tal proposta suscitou, sendo que parcialmente os mesmos (os trabalhadores residentes); por apenas 26.4% das opiniões recebidas sobre o assunto mani- 70 outro lado, ambos os tipos de previdência social têm carác- festaram concordar com a proposta. Assim, uma vez que ter facultativo; por fim, os dois são financiados por fundos privados de pensões, eventualmente os mesmos. Assim, pre- 67 Resposta do Governo a questões dos membros da Comissão (7 tendendo-se que todos os empregadores de Macau, mesmo de Novembro de 2016). 68 Ao abrigo, respectivamente, dos artigos 70.º e 71.º da Lei n.º 7/2008. 71 Idem, p. 110. 69 O Chefe do Executivo da RAEHK anunciou, em 18 de Janeiro 72 Em termos evolutivos, note-se que no 4.º trimestre de 2012 a de 2017, a intenção de abolir progressivamente este mecanismo (vd. taxa de cobertura era de 29.8% (vd. Regime de Previdência Cen- The 2017 Policy Address, § 188, pp. 58-59, disponível em http:// tral não obrigatório – Relatório final de consulta, ob. cit.,p. 42. www.policyaddress.gov.hk/2017/eng/pdf/PA2017.pdf). 73 http://www.amcm.gov.mo/files/insurance_sector/reports_and_ 70 Regime de Previdência Central não obrigatório – Relatório final stats/quarterly_reports_private_pension_funds/pt/statistical_ de consulta, ob. cit., p. 80. report_31_12_2016_por.pdf 130 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 aqueles que já disponibilizam planos privados de pensões para evitar uma redução desses direitos, o n.º 1 do artigo aos seus trabalhadores, participem, se quiserem, no regime 38.º determina que, mesmo em caso de articulação (que, em contributivo público, importa encontrar formas de articula- princípio, faz aplicar o regime da proposta de lei a partir do ção entre ambos, de forma a possibilitar essa participação momento do exercício do direito de opção do trabalhador), sem duplicação de regimes e de encargos financeiros. continuam a aplicar-se partes do regime dos planos priva- dos de pensões caso tenham condições mais favoráveis para 8.1. A faculdade de articulação está consagrada no n.º 1 o trabalhador, nomeadamente em matéria de taxa de contri- do artigo 36.º da proposta de lei. O poder de decisão com- buição do empregador, base de cálculo de contribuição ou pete ao empregador, i.e. cabe a quem pode constituir planos reversão de direitos.78 No caso dos trabalhadores que opta- 74 conjuntos de previdência. Caso o empregador decida pro- ram pela articulação, mantêm-se as regras estabelecidas nos ceder à articulação, a cada trabalhador que seja participante planos privados de pensões quando estas lhes são mais favo- num ou mais planos privados de pensões é dado o direito de ráveis; caso contrário, as mesmas devem ser ajustadas para opção entre manter a sua participação nesses planos priva- os mínimos estabelecidos no regime de previdência central. dos ou aderir ao plano conjunto de previdência constituído No caso dos novos trabalhadores, as regras são fixadas com ao abrigo do regime previdência central não obrigatório (n.º 1 base nos padrões definidos no regime de previdência central do artigo 37.º). Daqui resulta que, em caso de articulação, e não podem ser inferiores àqueles. os dois tipos de planos têm de vigorar em simultâneo para permitir a opção do trabalhador.75 Caso o trabalhador opte 8.2. A versão inicial da proposta de lei consagrava duas por aderir ao plano conjunto, deixa de fazer contribuições formas de articulação: congelamento e transferência. Con- para o plano privado e passa a contribuir para o plano pú- tudo, do decurso da análise desta iniciativa legislativa na blico.76 A sua situação jurídica fica abrangida pelos dois especialidade, a Comissão e o proponente ponderam a via- regimes que se sucedem no tempo: nos termos da alínea bilidade da solução constante da versão inicial da proposta 3) do n.º 2 do artigo 36.º, os planos privados de pensões re- de lei. Tiveram em especial consideração o grau de comple- gulam os direitos adquiridos até ao momento da opção do xidade que poderia representar para o regime e os custos trabalhador e o plano conjunto de previdência regula daí de investimento e de operacionalidade da articulação por em diante. Contudo, a proposta de lei prevê que o tempo transferência. de contribuição dos trabalhadores ao abrigo de um tipo de planos é contabilizado no cálculo dos direitos adquiridos no A articulação por transferência, tal como previsto no outro. Assim dispõem o n.º 4 do artigo 36.º e o n.º 3 do arti- artigo 30.º da versão inicial da proposta de lei, implicava go 38.º 77 Caso o trabalhador faça a opção por manter a sua «a cessação da adesão a planos privados de pensões, sendo participação no plano privado de pensões, nada impede que os direitos dos fundos de pensões nos planos privados de posteriormente altere a sua decisão e adira ao plano conjun- pensões convertidos em direitos de fundos de pensões que to de previdência (n.º 3 do artigo 37.º). estejam registados como [instrumentos] de aplicação dos planos [conjuntos de previdência], desde que os dois planos A decisão de efectuar a articulação conduz a uma dis- incluam os mesmos fundos de pensões». tinção entre os trabalhadores que prestam trabalho para o mesmo empregador. Aqueles que já participam em planos Esta modalidade de articulação poderia ser prejudicial privados de pensões anteriormente existentes podem optar para os trabalhadores por não terem um verdadeiro direito entre manter essa participação ou aderir ao plano conjunto de opção pelo tipo de planos que preferirem e impunha aos de previdência. Pelo contrário, quem não participe nos pri- empregadores um oneroso dever de decisão quanto à feitura meiros aquando da articulação ou quem inicia a prestação da articulação, tendo que conjugar a salvaguarda dos seus de trabalho em momento posterior ao da articulação apenas próprios interesses com a presunção sobre a melhor forma pode aderir aos planos conjuntos de previdência, caso reúna de salvaguardar os interesses dos trabalhadores. Por outro os requisitos legais para tal (n.º 4 do artigo 37.º). lado, a modalidade de articulação por transferência impli- caria mais custos e investimento na vertente das operações A proposta de lei regula, ainda, o impacto que a articu- técnicas, sendo de difícil concretização a curto prazo. lação pode vir a ter nos direitos dos trabalhadores. Assim, Portanto, o Governo decidiu abandonar a figura da articulação por transferência, limitando-se a fazer constar 74 Vd. alínea 1) do n.º 1 do artigo 22.º A proposta de lei não prevê a da proposta de lei a modalidade da articulação por conge- possibilidade de articulação entre os planos privados de pensões e lamento, dispensando assim os empregadores da escolha da os planos individuais de previdência. modalidade de articulação, tal como acontecia na versão 75 Alínea 1) do n.º 2 do artigo 36.º inicial da proposta de lei. Segundo explicação do proponen- 76 Alínea 2) do n.º 2 do artigo 36.º te entregue à Comissão, «na versão inicial, sugeria-se que 77 Assim, por exemplo, em caso de articulação e se o plano priva- do de pensões previr o direito ao levantamento de verbas ao fim de dez anos de contribuições e se o trabalhador tiver contribuído 78 Nestes termos, por exemplo, se o plano privado de pensões oito anos para esse plano e três anos para o plano conjunto de pre- prevê taxas de contribuição de 7% e se for feita a articulação, o vidência, o trabalhador pode levantar as verbas do plano privado que implica a aplicação do novo regime, o empregador continua uma vez que acumulou onze anos de contribuições (artigo 36.º, n.º vinculado a essa taxa de 7%, não se lhe aplicando a taxa de 5% 4); o mesmo é válido na situação inversa (artigo 38.º, n.º 3). subsidiariamente prevista na proposta de lei. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 131 fosse o empregador a decidir da articulação com a previdên- nos de previdência de quaisquer taxas ou impostos, nomea- cia central através das modalidades de “congelamento” e damente imposto do selo. Esta isenção é equivalente à isen- “transferência”. Porém, conseguir o consenso dos trabalha- ção prevista para os planos privados de pensões na alínea dores em relação à escolha da modalidade pelo empregador a) do n.º 1 do artigo 46.º do Decreto-Lei n.º 6/99/M, de 8 de é algo muito difícil, e se a decisão cabe ao empregador, tal- Fevereiro. vez o poder, quanto à tomada de decisão sobre o tratamento dos bens dos trabalhadores, possa sair enfraquecido. Para O n.º 2 considera as contribuições do empregador como além disso, também segundo as entidades gestoras de fun- custos de exploração ou encargos resultantes do exercício dos, a modalidade de articulação “transferência” implica da actividade, o que faz com estes custos ou encargos sejam mais custos e investimento na vertente das operações técni- deduzidos à matéria colectável dos Imposto complemen- cas, que são mais complexas, podendo o tempo não ser sufi- tar de rendimentos e do Imposto profissional. No caso do ciente para estar tudo pronto aquando da entrada em vigor Imposto complementar de rendimentos, a proposta de lei da proposta de lei, não sendo recomendado aos empregado- equipara as contribuições para o regime de previdência res, portanto, a opção pela modalidade de articulação por central não obrigatório às realizações de utilidade social, “transferência”. Assim sendo, na versão revista [da proposta previstas no n.º 2 do artigo 27.º do Regulamento do Imposto complementar de rendimentos, aprovado pela Lei n.º 21/78/ de lei] define-se o “congelamento” como modalidade de ar- /M, de 9 de Setembro.80 A dedução à matéria colectável de ticulação única, no sentido de simplificar os procedimentos todas as realizações de utilidade social, i.e. as contribuições e de dispensar o empregador da referida escolha. Ademais, previstas na proposta de lei e as demais despesas abrangidas na cessação da relação laboral, o trabalhador pode deci- pelo referido Regulamento, têm um limite de 15% das des- dir, por si próprio, sobre a transferência para o regime de pesas com o pessoal escrituradas a título de remunerações, previdência dos capitais dos planos de fundos privados de ordenados ou salários, respeitantes ao exercício. No caso pensões, atingindo-se, assim, o objectivo subjacente à mo- do Imposto profissional, os encargos com contribuições, dalidade de “transferência” previamente definida vide( n.º 5 em benefício próprio ou de terceiros, não são considerados do artigo 36.º)».79 matéria colectável, à semelhança do previsto no artigo 4.º 9. Considerando a natureza facultativa do regime de do Regulamento do Imposto profissional, aprovado pela Lei 81 previdência ora criado, o sucesso desta medida de política n.º 2/78/M, de 25 de Fevereiro. Beneficiam desta isenção de segurança social, medido através da taxa de cobertura da os trabalhadores por conta própria que constituam planos população residente, depende da atractividade do regime, individuais de previdência ou que tenham ao seu serviço i.e. da sua capacidade em atrair o maior número possível de trabalhadores em benefício dos quais façam contribuições participantes. para planos conjuntos de previdência.

A proposta de lei contém, portanto, normas destinadas O n.º 3 isenta de imposto profissional as verbas rece- a aliciar os empregadores a participar no regime, consti- bidas pelos titulares das contas individuais de previdência tuindo planos conjuntos de previdência, e os trabalhadores, quando exerçam o direito de resgate previsto no artigo 18.º aderindo a esses planos. A possibilidade de constituição de e procedam ao seu levantamento nos termos do artigo 19.º planos individuais de previdência serve igualmente para au- Estas verbas, determina este n.º 3, não constituem matéria mentar a taxa de cobertura da população não trabalhadora colectável do Imposto profissional. ou daquela que, encontrando-se numa relação laboral, não tem à sua disposição um plano conjunto de previdência ao 9.1.2. O artigo 54.º consagra um incentivo fiscal tempo- qual aderir. Tais normas reflectem a intenção de criar um rário, a vigorar nos primeiros três anos de vigência da futu- regime o mais flexível possível, que não constitua um encar- ra lei, o que visa incentivar a participação neste regime logo go financeiro e burocrático excessivo para quem nele decida desde a sua criação. participar, sem prejuízo dos necessários rigor e salvaguarda Assim, nesse período de tempo, as contribuições efec- de direitos. tuadas para o regime de previdência central não obriga- 82 9.1. O regime fiscal constante dos artigos 53.º e 54.º tório são calculadas em triplo para efeito da dedução à visa, deliberadamente, providenciar incentivos de natureza fiscal à participação no regime de previdência central não 80 obrigatório. Versão em língua chinesa publicada no Boletim Oficial de Ma- cau n.º 40, de 7 de Outubro de 1978, pág. 1296. 81 9.1.1. O artigo 53.º consagra regras gerais de natureza Republicado integralmente pelo Despacho do Chefe do Execu- fiscal, aplicáveis sem qualquer limite temporal. tivo n.º 267/2003, publicado no Boletim Oficial da Região Admi- nistrativa Especial de Macau n.º 48, I Série, de 1 de Dezembro de O n.º 1 contém uma norma, aditada na versão final da 2003, pp. 1565-1597. proposta de lei, isentando a constituição e adesão aos pla- 82 O artigo 54.º refere o valor «é calculado, de modo adicional, em valor correspondente ao dobro das contribuições». Isto é, o valor real mais o valor correspondente ao dobro do valor real. Assim, 79 Apresentação pelo Governo das principais alterações introduzidas se o valor das contribuições for 50.000 patacas, nos primeiros três na fase de apreciação na especialidade (24 de Fevereiro de 2017). anos o valor deduzido à colecta é de 150.000 patacas. 132 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 matéria colectável dos impostos referidos a propósito do rança social. No momento da aprovação da nova legislação artigo 53.º torna-se difícil prever o tipo de adesão que a população local irá ter a este regime, a qual depende grandemente da Segundo a opinião do Governo, «em comparação com evolução da economia e do mercado laboral locais. Assim, o benefício fiscal de uma vez aplicado [aos fundos privados a Comissão considera que a atractividade do regime deve de pensões] ou com o benefício fiscal de duas vezes aplicado ser um dos factores a ser monitorizado nos primeiros três ao regime da segurança social em 2008, o benefício fiscal anos de vigência da futura lei e a ser considerado aquando fornecido foi aumentando. Cremos que isso terá uma certa da elaboração do relatório de avaliação legislativa, nos ter- 83 atractividade para os empregadores». mos do artigo 59.º da proposta de lei, a fim de ser efectuadas eventuais correcções que se mostrem necessárias. 9.2. Depois de analisado o regime fiscal e de pondera- das outras soluções normativa visando a atractividade do IV – Análise na especialidade regime de previdência central não obrigatório (de onde se destaca a natureza supletiva de algumas regras, podendo ser substituídas por outras mais favoráveis aos interesses das Para além da apreciação genérica apresentada no ponto partes), alguns deputados consideram que o mesmo tem fal- anterior, a análise efectuada na Comissão teve como pro- ta de atractividade, manifestando o receio de que o mesmo pósito, nos termos do artigo 119.º do Regimento da Assem- não consiga produzir o efeito desejado. Esta opinião teve bleia Legislativa, apreciar a adequação das soluções concre- em consideração o facto de o regime de previdência central tas aos princípios subjacentes à proposta de lei e assegurar a não obrigatório, na prática, ter de concorrer com os planos perfeição técnico-jurídica das disposições legais. Das ques- privados de pensões, de onde resulta que: tões analisadas na Comissão e das alterações introduzidas no articulado, cumpre destacar as seguintes: i. O regime jurídico dos fundos privados de pensões também contém benefícios fiscais que visam incentivar este • Artigo 1.º - Objecto tipo de instrumentos de previdência. A proposta de lei, em especial o seu artigo 53.º, não constitui um factor diferencia- O artigo 1.º da versão inicial da proposta de lei congre- dor entre o regime público ora criado e os planos privados gava no seu n.º 1 a matéria do objecto da lei (o estabeleci- existentes; mento do regime de previdência central não obrigatório) e ii. O baixo nível de tributação vigente em Macau retira no n.º 2 a matéria da finalidade desse regime. Uma vez que eficácia às medidas fiscais previstas, as quais resultam em estes são dois aspectos distintos, considerou-se que seria ganhos pouco expressivos. Razão pela qual foi defendido tecnicamente mais adequado fazer a sua separação em duas que a atractividade do regime teria a ganhar com a consa- normas autónomas, passando o artigo 1.º a referir apenas o gração do mecanismo de dedução, tal como anteriormente objecto da lei e aditando-se um novo artigo 2.º regulando as explicado; finalidades do regime ora criado.

iii. Os planos privados de pensões poderão ter regras A nível da redacção, foram introduzidas alterações mais flexíveis do que as constantes na proposta de lei, no- visando responder a preocupações manifestadas pelos de- meadamente quanto ao critério de idade em que se pode putados. A versão inicial da proposta de lei adoptava a de- efectuar o levantamento das verbas. A proposta de lei, ape- signação do regime (“非強制性中央公積金制度”, em chinês sar das situações de levantamento antecipado previstas nos e “regime de previdência central não obrigatório” em por- os n. 2 e 3 do artigo 19.º, caracteriza-se por alguma rigidez; tuguês), fazendo a sua abreviatura, por razões de economia da redacção normativa, para “中央公積金制度” e “regime iv. Os incentivos fiscais previstos têm como alvo os em- de previdência central”, respectivamente. No entanto, a pregadores, sendo a proposta de lei parca em incentivos à designação abreviada poderia suscitar dúvidas em relação à adesão dos trabalhadores. natureza facultativa ou obrigatória do regime: a omissão da expressão “não obrigatório” na designação abreviada pode- Com base nas opiniões manifestadas no seio da Co- ria inculcar a ideia errónea de se estar na presença de um missão, foram ensaiadas várias soluções técnicas tendentes regime obrigatório. Para obviar a este problema, na versão a obviar a mencionada falta de atractividade do regime de chinesa a designação abreviada do regime passou a ser “非 previdência central não obrigatório. Contudo, a maioria 強制央積金” e na versão portuguesa abdicou-se de se fazer dessas soluções não foi acolhida pelo proponente. qualquer abreviatura, ainda que com prejuízo da simplifica- 9.3. A Comissão manifesta o anseio que o regime de ção da redacção normativa. previdência central consiga alcançar os objectivos que estão subjacentes a esta relevante medida de política de segu- A expressão, em português, “regime de previdência central não obrigatório” apresenta deficiências a nível lin- guístico. Contudo, a mesma não foi rectificada por se tratar 83 Apresentação da proposta de lei ao Plenário, 20 de Junho de de uma designação já consolidada no ordenamento jurídico 2016. local. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 133

Versão inicial Versão final Por outro lado, sendo este regime um subsistema do sis- da proposta de lei da proposta de lei tema de segurança social, correspondendo ao seu segundo nível, consagrou-se a ideia da complementaridade entre os Artigo 1.º Artigo 1.º diferentes componentes desse sistema. Assim, a alínea 2) Objecto e finalidades Objecto do n.º 2 do artigo 2.º prevê que a protecção dispensada pelo 1. A presente lei estabelece A presente lei estabelece o regime de previdência central não obrigatório visa «com- o regime de previdência cen- regime de previdência central plementar o regime da segurança social vigente», o qual, tral não obrigatório, adiante não obrigatório. recorde-se, foi aprovado pela Lei n.º 4/2010. designado por regime de pre- vidência central. Versão inicial Versão final 2. O regime de previdên- da proposta de lei da proposta de lei cia central tem por objectivo Artigo 2.º reforçar a protecção da vida pós-aposentação dos residen- Caracterização e finalidades tes da Região Administrativa Especial de Macau, adiante 1. O regime de previdên- designada por RAEM. cia central não obrigatório é um subsistema do sistema de • Artigo 2.º- Caracterização e finalidades segurança social, cuja orga- nização e administração é da No decurso da análise da proposta de lei na especiali- responsabilidade da Região dade sentiu-se a necessidade de efectuar o enquadramento Administrativa Especial de Macau, doravante designada deste regime no âmbito do sistema de segurança social da por RAEM, o qual é compos- RAEM e de clarificar a sua estrutura, uma vez que o re- to por: gime de previdência central não obrigatório tem diversos 1) Regime contributivo, componentes. Assim, o novo artigo 2.º procede à caracteri- concretizado através da parti- zação do regime (n.º 1) e consagra as suas finalidades (n.º 2). cipação voluntária em planos de previdência, constituídos N.º 1: Na sua caracterização, a proposta de lei esclarece nos termos do disposto na pre- que «o regime de previdência central não obrigatório é um sente lei; subsistema do sistema de segurança social» e que o mesmo 2) Regime distributivo, é composto por dois subregimes: o regime contributivo e o concretizado através da trans- regime distributivo. A redacção das alíneas 1) e 2) do n.º 1 ferência de verbas do erário faz uma caracterização breve destes subregimes, a qual é público para os residentes concretizada no articulado, nomeadamente nos capítulos permanentes da RAEM, a tí- III e IV. Assim, o regime contributivo caracteriza-se pela tulo de incentivo básico ou de participação voluntária em planos de previdência, conjun- repartição extraordinária de tos ou individuais, cujas contribuições são assumidas pelos saldos orçamentais. empregadores e trabalhadores e pelo titular de conta indi- 2. A constituição do regime vidual, respectivamente; o regime distributivo caracteriza- de previdência central não -se pela distribuição de verbas pelo Governo a título de obrigatório visa: incentivo básico ou de repartição extraordinária de saldos 1) Reforçar a protecção so- orçamentais, quando a situação financeira o permita. cial dos residentes da RAEM na velhice; N.º 2: A versão inicial consagrava que o regime de 2) Complementar o regime previdência central não obrigatório «tem por objectivo da segurança social vigente. reforçar a protecção da vida pós-aposentação dos residen- tes da RAEM». Contudo, o conceito de pós-aposentação apresentava-se problemático, tendo em consideração a ine- • Artigo 3.º – Definições xistência em Macau de uma idade de aposentação, sendo difícil determinar a partir de quando o reforço de protecção O artigo das definições foi objecto de algumas altera- dispensado pelo regime tem aplicação. Ademais, o conceito ções de cariz técnico, a fim de evitar repetições desnecessá- de aposentação pressupõe a participação dos beneficiários rias com outras normas e de simplificar a respectiva redac- no mercado de trabalho, o que nem sempre acontece. As- ção. Por exemplo, no sentido de se evitar a repetição “con- sim, tal como anteriormente explicado no presente parecer, tribuições para os planos de contribuições”, as designações a proposta de lei substituiu o conceito de aposentação pelo “plano de contribuição conjunta” e “plano de contribuições termo velhice. A primeira finalidade do regime passou, en- individuais” constantes da versão inicial foram alteradas tão, a ser a de «reforçar a protecção social dos residentes da para “plano conjunto de previdência” e “plano individual RAEM na velhice» [alínea 1) do n.º 2 do artigo 2.º]. de previdência”, respectivamente. 134 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Por outro lado, a nova redacção das alíneas 1) e 2) pro- • Artigo 6.º - Prestação de informação cedeu à densificação dos conceitos definidos, agrupando nas respectivas definições características que se encontravam A versão inicial da proposta lei previa que as entidades dispersas no articulado inicial, adoptando-se conceitos do gestoras de fundos tinham o dever de prestar informações regime jurídico dos fundos privados de pensões. Assim, ao FSS, sem que o seu incumprimento tivesse qualquer con- aditou-se à definição a forma de financiamento dos planos sequência jurídica. Por outro lado, a forma como a norma de previdência («…financiado através de fundos de pensões estava redigida, recorrendo a uma enumeração exemplifica- abertos…»). As definições passaram a reflectir a divisão de tiva, utilizando uma expressão demasiado vaga (“informa- poderes consagrada no articulado ao nível da constituição e ções necessárias à execução da presente lei, nomeadamente adesão aos planos de previdência. as relativas à conta de contribuições e à conta de conser- vação”) e efectuando a remissão para o n.º 2 do artigo 13.º, Procedeu-se, ainda, à alteração da ordem do n.º 3 e do n.º 4. tornava o conteúdo do dever de difícil compreensão.

Versão inicial Versão final A nova versão alterou o conteúdo deste dever, aditando da proposta de lei da proposta de lei os prazos nos quais o dever tem de ser cumprido. Este adita- Artigo 2.º Artigo 3.º mento possibilita que, em sede de regime sancionatório, se Definições Definições passe a consagrar que a não prestação atempada das informa- ções legalmente exigidas seja sancionada, a título de infrac- Para efeitos da presente lei Para efeitos da presente ção administrativa, com uma multa de 5.000 a 10.000 patacas e dos diplomas complementa- lei e dos respectivos diplomas (artigo 46.º, n.º 1). Por outro lado, adoptou-se uma redacção res, entende-se por: complementares, entende-se 1) «Plano de contribuição por: que delimita em termos mais concretos o dever imposto, conjunta», um plano de pen- 1) «Plano conjunto de pre- reunindo nesta norma todas as informações que as entidades sões para os trabalhadores vidência», um plano de pen- gestoras de fundos devem prestar ao FSS. Eliminou-se o de- titulares de conta individual sões contributivo financiado ver de prestação de informação sobre o “grau de risco” dos que seja constituído pelo em- através de fundos de pensões fundos de pensões por não ser um elemento que varie com o pregador e pela entidade ges- abertos, constituído por um tempo e a “retribuição”, passando esta a estar abrangida pelo tora de fundos nos termos da empregador numa entidade conceito de “desempenho dos investimentos”. presente lei; gestora de fundos nos termos do disposto na presente lei, e 2) «Plano de contribuições destinado a ter como partici- A nova versão procedeu, ainda, a algumas alterações individuais», um plano de pen- pantes os seus trabalhadores terminológicas dos conceitos que constavam do artigo 13.º, sões constituído pelo titular titulares de uma conta indivi- n.º 2, para os quais o artigo 7.º da versão inicial remetia, e da conta individual, a título dual do regime de previdência aos quais faltava o necessário rigor técnico. individual, e pela entidade central não obrigatório; gestora de fundos, nos termos 2) «Plano individual de pre- da presente lei; vidência», um plano de pen- Versão inicial Versão final sões contributivo financiado da proposta de lei da proposta de lei 3) «Entidade gestora de através de fundos de pensões Artigo 7.º Artigo 6.º fundos», uma entidade com a abertos, constituído por uma Prestação de informação Prestação de informação autorização prevista no n.º 1 pessoa singular titular de uma do artigo 5.º do Decreto-Lei conta individual do regime As entidades gestoras de As entidades gestoras de n.º 6/99/M, de 8 de Fevereiro, de previdência central não fundos devem fornecer ao FSS fundos devem prestar ao FSS: a quem é permitido registar no obrigatório numa entidade as informações necessárias 1) Até ao dia 15 de cada regime de previdência central gestora de fundos nos termos à execução da presente lei, mês, as informações indica- um ou mais fundos de pensões do disposto na presente lei, no nomeadamente as relativas das no n.º 3 do artigo 10.º e no por ela administrados, nos ter- qual o participante é o próprio à conta de contribuições e à n.º 3 do artigo 11.º, respeitan- mos da presente lei; titular da conta individual; conta de conservação, bem tes ao mês anterior; 3) «Plano privado de pen- como as indicadas no n.º 2 do 2) Até ao dia 15 do segundo 4) «Plano privado de pen- sões», um plano de pensões artigo 13.º. mês de cada trimestre, as in- sões», um plano de pensões constituído nos termos do constituído nos termos do Decreto-Lei n.º 6/99/M, de 8 formações relativas aos fundos Decreto-Lei n.º 6/99/M, de 8 de Fevereiro; de pensões por si geridos re- de Fevereiro. 4) «Entidade gestora de ferentes ao trimestre anterior, fundos», uma entidade com a nomeadamente a discrimina- autorização prevista no n.º 1 ção dos activos, a política de do artigo 5.º do Decreto-Lei investimentos, o valor unitário n.º 6/99/M, de 8 de Fevereiro, das unidades de participação, a quem é permitido registar o desempenho dos investi- no regime de previdência mentos e as taxas de gestão e central não obrigatório um ou administração cobradas, bem mais fundos de pensões por como informações relativas ela administrados, nos termos à participação nos planos de do disposto na presente lei. previdência. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 135

• Artigo 8.º - Composição e 5, respectivamente), as quais não se devem confundir com a situação do cancelamento da conta individual, regulada O artigo 8.º da versão final da proposta de lei corres- autonomamente no artigo 15.º. ponde ao n.º 1 do artigo 9.º (composição da conta individu- al) da sua versão inicial. Especificamente sobre o artigo 9.º:

A nível terminológico, na versão inicial da proposta O n.º 1 corresponde à norma constante do n.º 1 do ar- de lei previa-se que a conta individual é composta por três tigo 10.º da versão inicial. Consagra que esta subconta se subcontas, as quais, contudo, eram designadas por “contas”, destina ao registo das verbas atribuídas pelo Governo e o que poderia resultar em dificuldades de entendimento especifica nas alíneas 1) e 2) a que título essa atribuição é quanto à relação existente entre todas elas. Assim, a bem da feita (verba de incentivo básico e repartição extraordinária clareza do regime, a versão final da proposta passou a pre- de saldos orçamentais), o que facilita a conjugação desta ver que a conta individual é composta por três subcontas, norma com as normas constantes do capítulo IV, relativas enumerando-as por alíneas. Por outro lado, a versão inicial ao regime distributivo. A nível da redacção, eliminou-se a fazia referência ao motivo para a existência destas contas referência à gestão das verbas atribuídas pelo Governo, en- (“para gerir a verba da conta inicial”), associando a matéria quanto função da conta, por esta matéria estar regulada em da composição da conta com a da gestão das verbas. Não se sede própria (artigo 13.º). afigurando adequado fazer tal associação, na redacção final da norma foi eliminada essa referência. O n.º 2 determina que a subconta de gestão é activada pelo FSS, e não aberta por este, tal como constava do n.º 1 O n.º 2 do artigo 9.º da versão inicial foi autonomizado, do artigo 10.º da versão inicial: o FSS abre a conta individu- passando a constar do artigo 12.º da proposta de lei, uma al que é composta por três subcontas, as quais são depois vez que o seu conteúdo não estava relacionado com a com- activadas separadamente. posição da conta individual. O n.º 3 elenca quais os elementos informativos que de- Versão inicial Versão final vem constar da subconta de gestão do Governo. da proposta de lei da proposta de lei Os n.os 2 a 5 do artigo 10.º da versão inicial passaram a Artigo 9.º Artigo 8.º constar do artigo específico sobre a gestão de verbas (artigo Composição da conta Composição 13.º). individual A conta individual pode Versão inicial Versão final 1. Para gerir a verba da ser composta por três tipos de da proposta de lei da proposta de lei conta individual, a conta indi- subcontas, designadamente: vidual dispõe de três sub-con- 1) Subconta de gestão do Artigo 10.º Artigo 9.º tas, sendo respectivamente a Governo; Conta de gestão do Governo Subconta de gestão do Gover- conta de gestão do Governo, 2) Subconta de contribui- no a conta de contribuições e a ções; 1. A conta de gestão do conta de conservação 3) Subconta de conserva- Governo é aberta oficiosa- 1. A subconta de gestão do ção. mente pelo FSS, destinando- Governo destina-se ao registo das verbas atribuídas pelo Go- 2. A transferência de verba -se principalmente a registar e gerir as verbas atribuídas pelo verno, designadamente: entre as sub-contas é efectu- Governo. 1) A verba de incentivo bá- ada nos termos dos diplomas sico; complementares. 2. As verbas registadas na 2) A repartição extraordi- conta de gestão do Governo nária de saldos orçamentais. • Artigos 9.º, 10.º e 11.º- Subcontas de gestão do Gover- são geridas pelo FSS segundo no, de contribuições e de conservação princípios de prudência na 2. A subconta de gestão do gestão do risco, com o objecti- Governo é activada pelo FSS Os artigos 9.º, 10.º e 11.º tratam da caracterização das vo de obtenção de uma deter- aquando do registo da verba três subcontas que compõem a conta individual, fazendo- minada retribuição com níveis de incentivo básico, atribuída nos termos do artigo 39.º. -o separadamente para cada uma delas (na versão inicial, de risco reduzidos. a conta de contribuições e a conta de conservação eram 3. O FSS realiza todos os 3. A subconta de gestão do tratadas conjuntamente no artigo 11.º). Em todos os artigos seus actos relacionados com Governo deve conter informa- foi feito um esforço de densificação do conteúdo normati- a gestão das verbas registadas ções sobre: vo, determinando-se para que se destinam as contas (n.º 1), nas contas individuais no inte- 1) Os montantes registados quem e quando é feita sua abertura ou activação (n.º 2) e resse e por conta dos respec- e a data dos respectivos regis- os elementos informativos que devem constar das contas tivos titulares que beneficiam tos; aquando da sua abertura ou activação (n.º 3). Os artigos 10.º da retribuição resultante da 2) O eventual rendimento obtido; e 11.º contêm, ainda, normas sobre o cancelamento da sub- gestão das verbas, caso exis- os tam. conta de contribuições e da subconta de conservação (n. 4 136 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Versão inicial Versão final Versão inicial Versão final da proposta de lei da proposta de lei da proposta de lei da proposta de lei

4. As verbas registadas nas 3) Os eventuais direitos a 2. As entidades gestoras 2. Os empregadores têm contas de gestão do Governo transitar dos planos privados de fundos devem prestar ao direito a obter informações podem ser aplicadas financei- de pensões; titular da conta informações sobre as suas contribuições ramente em: 4) A transferência de ver- 1) Depósitos em institui- bas entre subcontas; pertinentes sobre a opção, registadas nas subcontas de ções de créditos sediadas na 5) O levantamento de ver- mudança e liquidação dos res- contribuições dos seus traba- RAEM; bas; pectivos fundos de pensões, lhadores. 2) Subscrição de planos de 6) O saldo total. nomeadamente as relativas a investimento, directamente ou taxa, preço, retribuição, grau 3. O direito à informação mediante a contratação para de risco, investimentos e con- abrange igualmente informa- o efeito de entidades gestoras, teúdo de activos, bem como o ções sobre os instrumentos de sediadas ou não na RAEM. desempenho de investimentos. aplicação das contribuições, nomeadamente: 5. A RAEM responde ci- vilmente pelos danos causados 1) Os fundos de pensões aos titulares das contas em disponíveis; virtude de actos ilícitos culpo- 2) As condições de mudan- sos dos seus órgãos ou agentes, ça e liquidação dos fundos de nos termos da legislação em pensões; vigor. 3) A discriminação dos activos, a política de investi- • Artigo 17.º – Direito à informação mentos, o valor unitário das unidades de participação, o Na versão inicial da proposta de lei, só o titular da con- grau de risco, o desempenho ta tinha direito à informação sobre a sua conta individual. dos investimentos e as taxas Considerando que o empregador também é participante dos de gestão e administração co- planos conjuntos de contribuições e que, por força do me- bradas. canismo de reversão de direitos, pode ter direito a parte das verbas constantes da conta de contribuições, considerou- 4. Após o recebimento de -se razoável que também ele tenha o direito de aceder às pedido efectuado nos termos informações sobre as suas contribuições, pagas a favor dos dos números anteriores, as entidades gestoras de fundos seus trabalhadores. Assim, procedeu-se ao aditamento da devem disponibilizar as res- disposição constante do n.º 2, consagrando o direito do em- pectivas informações no prazo pregador à obtenção das referidas informações. máximo de 10 dias úteis. Procedeu-se no n.º 3 à uniformização da terminologia 5. As entidades gestoras de sobre o conteúdo do direito à informação, tendo em conta o fundos devem disponibilizar disposto noutras normas da proposta de lei. aos titulares de contas, dentro No n.º 4 fixou-se o prazo para as entidades gestoras de do primeiro trimestre de cada fundos disponibilizarem as respectivas informações, pela ano, as informações registadas até ao final do ano civil an- mesma razão que levou à alteração do artigo 6.º: também terior relativas à subconta de está prevista uma sanção administrativa para o caso de in- contribuições e à subconta de cumprimento deste artigo 17.º (artigo 46.º, n.º 1). conservação. Por fim, para protecção do direito à informação do titu- lar da conta, aditou-se o n.º 5, tendo como referência o dis- • Artigos 18.º e 19.º - Direito de resgaste e levantamen- posto no n.º 5 do artigo 11.º do Regime de Previdência dos to de verbas Trabalhadores da Função Pública (Lei n.º 8/2006).

Versão inicial Versão final O artigo 18.º foi aditado na nova versão. da proposta de lei da proposta de lei Artigo 13.º Artigo 17.º A proposta de lei passou a prever o levantamento das Direito à informação Direito à informação verbas registadas na conta individual enquanto um direito do titular da conta individual e designou tal direito como 1. O titular da conta tem 1. O titular da conta tem direito a obter informação direito a obter informações direito de resgate (das verbas). Este direito é exercido atra- sobre a sua conta individual, relativas à sua conta indivi- vés do acto de levantamento, regulado no artigo 19.º, o qual nomeadamente sobre o registo dual, nomeadamente sobre o contém as condições necessárias para que o direito possa de verbas e o respectivo saldo. respectivo saldo. ser exercido. Considerou-se importante separar estes dois N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 137 momentos lógicos: o da constituição do direito e o do seu Versão inicial Versão final exercício. da proposta de lei da proposta de lei

2. Caso o salário de base do 3. Caso a base de cálculo, Versão inicial Versão final trabalhador referente ao mês após a dedução das contri- da proposta de lei da proposta de lei em causa seja inferior ao valor buições referidas no número indicado na alínea 3) do n.º 1 anterior, seja inferior ao valor Artigo 18.º do artigo 3.º da Lei n.º 7/2015 indicado na alínea 3) do n.º 1 (Salário mínimo para os tra- do artigo 3.º da Lei n.º 7/2015 Direito de resgate balhadores de limpeza e de (Salário mínimo para os tra- segurança na actividade de balhadores de limpeza e de O titular da conta que re- administração predial), após segurança na actividade de úna as condições previstas no a dedução do montante mí- administração predial): artigo seguinte tem direito a nimo de contribuição mensal 1) O trabalhador fica dis- resgatar as verbas registadas referido no número anterior, o pensado do pagamento das na sua conta individual, acres- trabalhador não necessita de suas contribuições; cidas do produto da respectiva efectuar o pagamento de con- 2) O empregador conti- capitalização e deduzidas dos tribuições, mas o seu empre- nua vinculado ao dever de encargos de gestão e adminis- gador deve continuar a pagar pagamento das respectivas tração. a respectiva contribuição nos contribuições, nos termos do termos do número anterior. número anterior.

• Artigo 26.º – Cálculo das contribuições 3. Caso o salário de base 4. Caso a base de cálculo seja do trabalhador referente ao superior a cinco vezes o valor mês em causa seja superior a indicado na alínea 3) do n.º 1 do Para além do já explicitado no ponto 6 do presente Pa- cinco vezes o valor indicado artigo 3.º da Lei n.º 7/2015, o recer a propósito das contribuições, importa referir a altera- na alínea 3) do n.º 1 do artigo trabalhador e o empregador fi- ção da redacção deste artigo. No artigo 19.º da versão inicial 3.º da Lei n.º 7/2015 (Salário cam dispensados do pagamen- contava a expressão “montante das contribuições”. Contu- mínimo para os trabalhadores to de contribuições em relação do, entendeu-se dever a mesma ser substituída pela expres- de limpeza e de segurança na à parte excedente. são “cálculo das contribuições”, uma vez que montante é o actividade de administração predial), o trabalhador e o em- 5. Sem prejuízo do dispos- resultado da aplicação da taxa à base de cálculo. Por outro pregador não necessitam de to nos números anteriores, o lado, separou-se a norma relativa à base de cálculo (n.º 1) da efectuar o pagamento de con- trabalhador e o empregador que prevê a percentagem das contribuições (n.º 2). tribuições em relação à parte podem, mediante notificação excedente. da entidade gestora de fundos, Neste artigo, tal como ao longo de todo o articulado, efectuar contribuições: 1) Cuja base de cálculo seja, tentou-se fazer a diferenciação entre as normas aplicáveis 4. Sem prejuízo do disposto nos n.os 2 e 3, o trabalhador e o por decisão do empregador, aos planos conjuntos de previdência e as que regem os pla- empregador podem, volunta- acrescida de outras prestações nos individuais. No caso do artigo 26.º, isso resulta na redac- riamente, proceder às respec- periódicas previstas no n.º 1 do ção do n.º 1 (“as contribuições para os planos conjuntos de tivas contribuições. artigo 59.º da Lei n.º 7/2008; previdência…”), por contraposição à redacção do n.º 8 (“as 2) Com uma taxa superior contribuições para os planos individuais de previdência…”). 5. Se o montante de contri- a 5%; buições calculado nos termos 3) Cujo pagamento seja os do n.º 1 não for múltiplo de dispensado nos termos dos n. 3 Versão inicial Versão final uma pataca, é o mesmo arre- e 4. da proposta de lei da proposta de lei dondado para o múltiplo de uma pataca imediatamente 6. As contribuições calcu- Artigo 19.º Artigo 26.º superior. ladas nos termos do número anterior: Montante de contribuições Cálculo das contribuições 6. O valor mínimo de con- 1) São efectuados conjunta- mente pelo empregador e pelo 1. O montante mínimo 1. As contribuições para os tribuições mensais para o pla- no de contribuições individu- trabalhador, no caso da alínea 1); da contribuição mensal do planos conjuntos de previdên- ais é de 500 patacas, podendo 2) Podem ser efectuadas pelo trabalhador, bem como o do cia são mensais e têm como o titular da conta pagar um empregador e pelo trabalhador, empregador, no plano de con- base de cálculo o salário de valor mais elevado, desde que conjunta ou separadamente, tribuição conjunta é de cinco base do trabalhador referente este seja múltiplo de cem pata- nos casos das alíneas 2) e 3). por cento do salário de base do ao mês em causa. cas. trabalhador referente ao mês 7. Se o montante de con- em causa, sem prejuízo do dis- 2. As contribuições do tra- tribuições calculado não for posto nos números seguintes. balhador e do empregador são múltiplo de uma pataca, é o mesmo arredondado para o de 5%, para cada um, sobre a múltiplo de uma pataca ime- base de cálculo. diatamente superior. 138 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Versão inicial Versão final Versão inicial Versão final da proposta de lei da proposta de lei da proposta de lei da proposta de lei

8. As contribuições men- Artigo 21.º Artigo 29.º sais para os planos individuais Suspensão de pagamento de Suspensão de pagamento das de previdência são de 500 contribuições contribuições patacas, podendo o titular da conta pagar um valor mais elevado que seja múltiplo de 1. Com autorização prévia 1. O pagamento das contri- 100 patacas, sem prejuízo do e quando ponderosas razões buições nos planos conjuntos disposto no número seguinte. de ordem económica o justi- de previdência apenas pode fiquem, os empregadores po- ser suspenso, mediante autori- dem suspender o pagamento zação do FSS, quando: 9. O valor máximo das con- de contribuições. 1) O empregador invoque tribuições mensais para os pla- ponderosas razões de ordem nos individuais de previdência económica e a suspensão se é de 10% do valor calculado 2. O período de cada sus- aplique, em condições de nos termos do n.º 4, sendo pensão de pagamento das igualdade, às contribuições de arredondado para o múltiplo contribuições não pode ul- todos os seus trabalhadores; de 100 patacas imediatamente trapassar um ano, podendo inferior caso o valor calculado o empregador requerer a sua 2) O trabalhador invoque não seja múltiplo de 100 pata- renovação com uma antece- a suspensão do pagamento cas. dência mínima de sessenta das contribuições pelo empre- dias relativamente ao termo gador, nos termos da alínea do período em curso. anterior. • Artigo 29.º - Suspensão de pagamento de contribuição

3. Sem a autorização refe- 2. O período máximo de N.º 1: Tanto na versão inicial, como na nova versão rida no n.º 1, o empregador suspensão do pagamento das permite-se a suspensão de pagamento de contribuição. que não efectue o pagamento contribuições é de um ano, Contudo, o n.º 1 do artigo 29.º da versão final da proposta de contribuições para os pla- renovável por igual período, de lei veio especificar que a entidade competente para auto- nos de contribuição conjunta, devendo para tal ser apresen- rizar esta suspensão é o FSS, competência que não constava decorridos sessenta dias após tado requerimento com uma de forma explícita da versão inicial. Ademais, esta norma o termo dos prazos de contri- antecedência mínima de 60 veio também listar as condições para invocar a suspensão buição, serão cancelados os dias relativamente ao termo de pagamento, que pode verificar-se (i) quando o emprega- benefícios fiscais do ano civil do período em curso. em causa conferidos pelo n.º 2 dor invoque ponderosas razões de ordem económica, e (ii) do artigo 48.º. quando tal aconteça, o trabalhador pretenda igualmente 3. A suspensão do paga- suspender as suas contribuições. A proposta de lei passou a mento das contribuições pelo admitir esta segunda situação por razões reciprocidade e de empregador sem autorização igualdade jurídica. implica: 1) A efectivação da respec- N.º 2: Este número sofreu melhorias ao nível da sua tiva cobrança coerciva; redacção, passando a especificar-se, na nova versão, que o 2) O cancelamento do in- período máximo de suspensão é de um ano, o qual pode ser centivo fiscal temporário atri- renovado por igual período. A renovação, portanto, pode buído ao abrigo do artigo 54.º. ser efectuada uma única vez.

N.º 3: A proposta de lei determina o cancelamento do • Artigo 46.º - Infracções incentivo fiscal temporário como consequência da suspen- são do pagamento da contribuição sem a devida autoriza- A versão final da proposta de lei consagra o incumpri- ção. A versão final veio acrescentar uma nova consequência mento dos deveres impostos pelo n.º 3 do artigo 28.º e pelo – a efectivação da cobrança coerciva – por forma a reforçar n.º 4 do artigo 31.º como infracção administrativa, uma vez a protecção dos legítimos interesses dos trabalhadores. Isto que implicam respectivamente o dever de registo atempado porque se entende que, depois da livre opção de constitui- das contribuições e o dever de notificação por parte das en- ção e adesão aos planos de previdência, o regime contribu- tidades gestoras de fundo. tivo passa a ser vinculativo para o empregador e para o tra- balhador, só se permitindo a suspensão da efectivação das Ademais, o artigo sofreu melhorias ao nível da sua re- contribuições nos casos previstos na lei. dacção N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 139

Versão inicial Versão final Versão inicial Versão final da proposta de lei da proposta de lei da proposta de lei da proposta de lei

Artigo 41.º Artigo 46.º 2. O relatório de avaliação Infracções administrativas Infracções legislativa deve, em particu- lar, verificar a existência das 1. A violação do disposto no 1. A violação do disposto condições necessárias para a n.º 9 do artigo 14.º pela entida- no artigo 6.º, nos n.os 4 e 5 do eventual adopção de um mo- de gestora de fundos, é punível artigo 17.º, no n.º 3 do artigo com multa de 10 000 patacas 28.º e no n.º 4 do artigo 31.º é delo obrigatório do regime de a 50 000 patacas, por cada punível com multa de 5 000 previdência central, bem como titular da conta em relação ao patacas a 10 000 patacas. o impacto social e económico qual se verifique a infracção. dessa medida. 2. A violação do disposto 2. A violação do disposto no n.º 8 do artigo 19.º é punível no artigo 7.º e no n.º 2 do arti- com multa de 10 000 patacas a • Artigo 61.º - Entrada em vigor go 13.º pela entidade gestora 50 000 patacas. de fundos, é punível com mul- ta de 5 000 patacas a 10 000 Com vista a possibilitar tempo suficiente para a com- patacas. preensão do regime e a adaptação às novas regras, bem como para realizar os necessários trabalhos preparatórios • Artigo 59.º - Relatório de avaliação legislativa e regulamentares, a versão final da proposta de lei prevê que a sua entrada em vigor ocorra no dia 1 de Janeiro de A proposta de lei prevê a elaboração de um relatório de 2018, e que todo o regime entre em vigar ao mesmo tempo, avaliação legislativa: a ideia é colher a experiência adquiri- abdicando-se da distinção entre entrada em vigor e produ- da ao longo desse tempo para reflectir sobre a adequabilida- ção de efeitos para as disposições relativas ao pagamento de de da lei em responder às exigências da sociedade e ajuizar contribuições. da necessidade de serem introduzidas alterações ao regime ora aprovado.

Na versão inicial da proposta de lei, previa-se que, «de- Versão inicial Versão final corridos três anos» sobre a data da entrada em vigor da lei, da proposta de lei da proposta de lei seria elaborado tal relatório. Contudo, durante a discussão Artigo 54.º Artigo 61.º na especialidade sentiu-se a necessidade de concretizar o Entrada em vigor e produção Entrada em vigor critério temporal para a elaboração desse relatório. A ex- de efeitos pressão «decorridos três anos» deixava em aberto o limite A presente lei entra em temporal para a sua conclusão, o que poderia levar ao pro- 1. Sem prejuízo do disposto vigor no dia 1 de Janeiro de longamento indefinido do trabalho de avaliação legislativa. no número seguinte, a pre- 2018. Portanto, a nova versão veio determinar que o relatório de sente lei entra em vigor no dia avaliação legislativa é iniciado três anos após a entrada em de de 201 . vigor da lei, devendo ser concluído nos 180 dias imediata- mente seguintes. 2. As disposições relativas ao pagamento de contribui- Ao mesmo tempo, considera-se relevante que o relatório ções produzem efeitos desde de avaliação legislativa pondere se nessa altura existem, ou de de 201 . não, as condições para se alterar a actual natureza facultati- va do regime de previdência central e quais as repercussões que essa alteração poderia ter a nível social e económico. • Ajustamentos técnico-jurídicos

Versão inicial Versão final Para além dos aspectos abordados nos pontos anterio- da proposta de lei da proposta de lei res, a Comissão considerou melhoramentos de redacção Artigo 53.º Artigo 59.º de várias normas visando o seu aperfeiçoamento técnico- Relatório de avaliação Relatório de avaliação -jurídico, sem reflexos no conteúdo substancial das mesmas. legislativa legislativa

O FSS elabora um relatório 1. O FSS elabora um rela- V – Conclusão de avaliação da execução da tório de avaliação da execução presente lei, decorridos três da presente lei três anos após Em conclusão, apreciada e analisada a proposta de lei, anos sobre a data da sua entra- a data da sua entrada em vi- a Comissão: da em vigor, no qual deve ser gor, devendo o referido relató- efectuado um estudo sobre a rio ser concluído nos 180 dias possibilidade de implementa- imediatamente seguintes. a) É de parecer que a versão alternativa da proposta de ção do regime de previdência lei reúne os requisitos necessários para apreciação e vota- central obrigatório. ção, na especialidade, pelo Plenário; 140 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

b) Sugere que, na reunião plenária destinada à votação sembleia Legislativa (AL) e representantes do Executivo, na especialidade da presente proposta de lei, o Governo se as quais permitiram, num ambiente de mútua e atempada faça representar, a fim de poderem ser prestados os esclare- cooperação, a introdução de várias benfeitorias técnicas na cimentos necessários. versão final da proposta de lei.

Macau, 24 de Maio de 2017. 6. Durante o processo de discussão, o Governo apresen- tou à Comissão textos de trabalho informais. Os membros A Comissão, Kwan Tsui Hang (Presidente) — Ma Chi da Comissão manifestaram amplamente as suas opiniões Seng (Secretário) — Kou Hoi In — Chan Melinda Mei Yi e dialogaram com os representantes do Governo. A postu- — Leonel Alberto Alves — Tsui Wai Kwan — Au Kam San ra de cooperação e abertura encontrada nos membros do — Ho Ion Sang — Chan Iek Lap — Song Pek Kei. Governo contribuiu, decisivamente, para o bom resultado e para a análise aprofundada da proposta e, ainda, para o acolhimento de diversas sugestões apresentadas pela Co- ______missão.

7. Com base na colaboração entre ambas as partes, o 15. Parecer n.º 4/V/2017, da 1.a Comissão Permanente, Governo apresentou, no dia 19 de Maio de 2017, uma versão respeitante à proposta de lei intitulada “Regime jurídico alternativa da proposta de lei, isto é, a versão final da mes- da troca de informações em matéria fiscal”. ma, que, em parte, reflecte as opiniões expressas no seio da Comissão e a análise técnico-jurídica efectuada pela asses- 1.ª COMISSÃO PERMANENTE soria da Assembleia Legislativa. A Comissão entende que, comparativamente com a versão inicial da proposta de lei, PARECER N.º 4/V/2017 esta versão final apresenta melhorias em vários aspectos.

Assunto: Proposta de lei intitulada “Regime jurídico da 8. Há que salientar que, por um lado, a proposta envolve troca de informações em matéria fiscal” várias convenções, acordos, etc., cujo conteúdo é altamente profissional e complexo; por outro, devido à exigência do Fórum Global sobre Transparência e Troca de Informações I Fiscais (adiante designado por Fórum Global), foi indicado, Introdução durante a fase de apreciação na generalidade pelo plená- rio, que a proposta de lei teria de entrar em vigor antes do 1. O Governo da Região Administrativa Especial de dia 30 de Junho. Aquando da apreciação na especialidade Macau (RAEM) apresentou, em 29 de Março de 2017, a pela Comissão, devido aos trabalhos ulteriores da vigência proposta de lei intitulada “Regime jurídico da troca de da proposta de lei, o Governo manifestou a esperança de informações em matéria fiscal”, a qual foi admitida, nos ter- a proposta de lei poder ser concluída em finais de Maio. mos da alínea c) do artigo 9.º do Regimento da Assembleia Atendendo à necessidade do cumprimento da responsabi- Legislativa, através do Despacho n.º 405/V/2017 do Presi- lidade internacional por parte de Macau, a Comissão teve dente da Assembleia Legislativa, de 31 de Março do mesmo de concluir a apreciação e apresentar o parecer num perío- ano. do de tempo bastante limitado. Mesmo assim, a Comissão apreciou, de forma séria, a proposta de lei aos níveis políti- 2. A proposta de lei supramencionada foi apresentada, co e técnico, alertando, várias vezes, o Governo em relação discutida, votada e aprovada na generalidade, em reunião à coordenação e exequibilidade entre a proposta de lei e os plenária realizada no dia 11 de Abril de 2017. respectivos acordos. Contudo, como os acordos só poderão ser assinados após a entrada em vigor da presente proposta 3. No mesmo dia, a proposta de lei foi distribuída à pre- de lei, e a primeira troca automática de informações vai ser sente Comissão para efeitos de apreciação na especialidade aplicada em 2018, ou seja, o resultado da troca automática e emissão de parecer até ao dia 31 de Maio de 2017, nos ter- de informações das diversas jurisdições fiscais está ainda mos do Despacho n.º 446/V/2017 do Presidente da Assem- a ser visto, e as instruções estão também a ser praticadas e bleia Legislativa. examinadas. Aliás, o desenvolvimento da troca de informa- ções em matéria fiscal da comunidade internacional é rápi- 4. A Comissão realizou várias reuniões para a análise do, e os critérios internacionais estão, constantemente, a ac- da proposta de lei, nomeadamente, em 18, 20 e 26 de Abril, tualizar-se1, portanto, não se exclui a hipótese de se ajustar e 12 e 25 de Maio de 2017. O Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong Vai Tac, e vários membros do Go- verno estiveram presentes nas referidas reuniões dos dias 20 1 Por exemplo, em Setembro de 2016, os líderes do G20, através e 26 de Abril, e 12 de Maio de 2017. da OCDE, sugeriram os três critérios sobre a identificação da não cooperação das jurisdições fiscais; a União Europeia aprovou, em 5. Para além das referidas reuniões formais, foram Novembro de 2016, os três critérios, com o objectivo de filtrar os realizadas reuniões técnicas entre a assessoria desta As- trabalhos da lista das jurisdições fiscais que não cooperam. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 141 e aperfeiçoar algumas normas no âmbito operacional, a fim gerência, e fornecessem junto das autoridades fiscais norte- de corresponder às exigências da comunidade internacional. -americanas as informações relativas às contas dos nacio- Sendo assim, a Comissão entende que é adequado, após a nais ou residentes americanos, através da troca automática vigência da lei e tendo em conta as experiências obtidas e os de informações. Caso contrário, os fundos transferidos dos respectivos critérios internacionais, proceder ao respectivo EUA estão sujeitos a uma redução de 30%, em sede dos im- aperfeiçoamento, bem como reservar tempo suficiente para postos antecipados. efeitos de apreciação legislativa. Subsequentemente, tem havido ainda outros países a 9. Discutido o articulado, e apreciadas a opção legislati- manifestarem a sua vontade de adoptar formas idênticas ao va e as soluções sugeridas pela proposta de lei, a Comissão FATCA, exigindo que, pela troca de informações, as insti- manifestou as suas opiniões e elaborou o presente parecer, tuições financeiras de todas as jurisdições ao nível mundial nos termos do artigo 117.º do Regimento da Assembleia Le- enviem para junto das autoridades fiscais da sua jurisdição gislativa. as informações sobre as contas dos residentes fiscais estran- geiros. Caso contrário, as autoridades fiscais podem aplicar 10. É de referir que, ao longo do presente parecer, as sanções às instituições em questão. referências aos artigos são feitas com base na versão final da proposta de lei, excepto quando é conveniente fazer refe- Com o grande apoio e incentivo manifestados pelos pa- rência à versão inicial, como tal devidamente identificadas. íses europeus, acabou por ser acordada pelos países mem- bros do G20 e pela União Europeia a implementação total, a curto prazo, de um padrão único global de troca automá- tica de informações sobre contas financeiras, sendo liderado II e aplicado pelo Fórum Global sobre Transparência e Troca Apresentação e contextualização de Informações para Fins Fiscais da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). 11. Na Nota Justificativa, o proponente refere o motivo da elaboração e apresentação da presente proposta de lei, o Para o efeito, o Fórum Global lançou, em Julho de que constitui uma ajuda para se entender melhor determi- 2014, o Common Reporting Standard and Due Diligence on nadas questões. Pelo exposto, procede-se à citação, neste Financial Account Information (CRS), exigindo que todos parecer, dos respectivos conteúdos. os países implementassem e iniciassem o processo da troca automática de informações até ao ano de 2018. 12. Na Nota Justificativa da proposta de lei, refere-se que: “A Lei n.º 20/2009 (Troca de informações em matéria Na mesma altura, verificando-se um desenvolvimento fiscal), que entrou em vigor no dia 15 de Setembro de 2009, contínuo e as necessidades de troca de informações fiscais, foi elaborada pelo Governo da Região Administrativa Es- muitos países incentivavam a introdução de cláusulas sobre pecial de Macau, doravante designada por RAEM, visando a troca espontânea de informações em acordos e conven- a articulação com os padrões da transparência e troca de ções internacionais em matéria fiscal, exigindo que todas informações em matéria fiscal então exigidos internacional- as partes contratantes cooperassem, contribuindo para o mente”. O proponente esclareceu que: “A Lei n.º 20/2009, envio, de modo espontâneo, das informações fiscais de uma sobre ‘Troca de informações em matéria fiscal’, foi conclu- parte contratante para as autoridades fiscais das outras par- ída em Agosto de 2009 através de procedimento urgente, tes contratantes. permitindo que, na sujeição ao princípio da reciprocidade, o Governo da RAEM possa efectuar a troca de informações Por este motivo, o Fórum Global, para além de incenti- a pedido, ou seja, a pedido de outras jurisdições fiscais com var a introdução por parte de todos os países, nas suas leis quem a RAEM celebrou as convenções ou acordos em ma- sobre a troca de informações, da aplicação da troca de in- téria fiscal, prestar as informações financeiras dos residen- formações a pedido e da troca automática de informações, tes da respectiva jurisdição fiscal que estejam na RAEM”. exige também a introdução, ao mesmo tempo, da troca espontânea de informações, no sentido de enfrentar, num 13. Quanto à presente produção legislativa, a Nota Jus- futuro próximo, a eventual integração da troca espontânea tificativa esclarece que: “o combate às actividades relacio- de informações nos padrões internacionais, a ser implemen- nadas com a fraude e evasão fiscais passou a ser uma preo- tada pelos governos de todos os países. cupação crescente de diversas jurisdições ao nível mundial e, em consequência, verifica-se uma maior necessidade de Nestes termos, o âmbito de aplicação da Lei n.º 20/2009 reforçar a implementação da transparência e troca de infor- deixa de ser suficiente para articular-se com os novos pa- mações fiscais. Paralelamente, em 2010, os Estados Unidos drões e os requisitos estabelecidos actual e internacional- da América (EUA) procederam à implementação unilateral mente, pelo que a presente proposta de lei visa estabelecer da Lei de cumprimento fiscal para contas no estrangeiro as normas legais a aplicar”. (Foreign Account Tax Compliance Act – FATCA), exigindo que todas as instituições financeiras mundiais procedessem 14. Quanto aos conteúdos principais da proposta de à diligência devida sobre as contas financeiras sob a sua lei, a Nota Justificativa esclarece que: “A presente proposta 142 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 de lei visa essencialmente alinhar o Governo da RAEM de consulta pública realizada pela DSF, decorrida entre 22 com os ‘padrões para actualização da troca de informações de Novembro e 23 de Dezembro de 2016. O sector financei- a pedido’ e o ‘padrão único global da troca automática de ro de Macau manifestou, de forma activa, as suas opiniões informações sobre contas financeiras’ que foram elaborados e sugestões. Depois da recolha e análise detalhada das opi- pelo Fórum Global, alargando-se o âmbito de aplicação da niões e sugestões apresentadas pela Autoridade Monetária lei sobre a troca de informações em matéria fiscal, permi- de Macau, pelo Instituto de Promoção do Comércio e do tindo ao Governo da RAEM a execução inicial da troca de Investimento de Macau, pela Associação de Bancos de Ma- informações a pedido, como também das trocas automática cau, pela Associação Seguradora de Macau, bem como pela e espontânea de informações, em conformidade com as ten- população em geral, procedemos ao ajustamento adequado dências e os requisitos globais. da presente proposta, podendo dizer-se que, na elaboração da mesma, foi inteiramente ponderado o ponto de vista ex- A troca espontânea de informações e a troca de infor- planado pelos respectivos interessados”. mações a pedido carecem, de igual modo, de autorização prévia do Chefe do Executivo para o devido prosseguimento. Ademais, ao apresentar a proposta de lei, o Governo também apresentou o documento de consulta, o relatório A troca espontânea de informações refere-se ao reporte sumário sobre a matéria da consulta e a comparação da si- espontâneo de informações para a respectiva jurisdição fis- tuação da troca automática de informações entre a China e cal, quando, nos termos do articulado dos acordos de troca Hong Kong2. espontânea de informações celebrados entre a RAEM e a jurisdição de outras partes, tiver sido obtida a autorização 16. Quanto à razão de a proposta de lei ser apresentada prévia do Chefe do Executivo, e as informações obtidas pela apenas agora à Assembleia Legislativa para efeitos de apre- jurisdição puderem contribuir para fins fiscais no âmbito da ciação, o proponente esclareceu que: “O funcionamento jurisdição de outras partes. Quanto à troca automática de técnico das novas normas internacionais sobre Troca de informações, é elaborada para corresponder aos critérios informações em matéria fiscal é de elevado nível, e é ne- sobre a troca de informações em matéria fiscal definidos cessário manter um contacto estreito com as instituições pelos Estados Unidos da América e pelas organizações in- financeiras e, ao mesmo tempo, as instituições financeiras ternacionais, enquanto os visados forem, respectivamente, sugiram a consonância da prática aplicada pela RAEHK ao os cidadãos dos Estados Unidos e os outros residentes de nível do funcionamento do Padrão Internacional. A razão jurisdição que participe na execução da troca automática de é que existe uma relação muito estreita entre as instituições informações sobre as contas financeiras. No caso de os mes- financeiras das duas regiões. Se a RAEM e a RAEHK mos pretenderem abrir contas nas instituições financeiras tiverem grandes diferenças no funcionamento das regras, de Macau, as respectivas instituições necessitam de repor- haverá um impacto significativo em todas as instituições tar as informações das suas contas através de um sistema financeiras locais. No entanto, uma vez que as leis relevan- de alta confidencialidade, acabando também por transmiti- tes só foram aprovadas em Junho de 2016, na RAEHK, só -las às autoridades fiscais das respectivas jurisdições, para nessa altura, então, é que a RAEM teve a referência para efeitos fiscais. a própria prática. Como o original das respectivas normas internacionais foi escrito em inglês e francês, necessitou A presente proposta de lei permitirá, também, ao Go- assim de uma tradução ao nível do funcionamento técnico verno da RAEM, ter uma base jurídica e condições suficien- e, devido também aos trabalhos de auscultação de opiniões, tes para poder proceder em conformidade, e ficar aprovado entre outros, sendo assim, só hoje é que tenho condições de na futura avaliação a ser realizada pelas organizações inter- apresentar, junto da Assembleia Legislativa, a respectiva nacionais, em relação à capacidade de aplicação da troca de proposta de lei”. Ademais, foi afirmado ser muito urgente a informações em matéria fiscal pelo Governo da RAEM. apresentação da proposta de lei e que se esperava que se pu- desse obter o devido apoio dos diversos Deputados, a fim de A par disso, de acordo com o disposto na presente pro- a mesma poder ser apreciada e aprovada sem sobressaltos, posta de lei, para executar o trabalho sobre a troca automá- bem como os respectivos diplomais legais de Macau pode- tica de informações, a Direcção dos Serviços de Finanças rem respeitar os critérios internacionais no que diz respeito vai apresentar proposta e propor ao Chefe do Executivo a ao combate às actividades de evasão fiscal transfronteiriça. implementação, através de despacho do Chefe do Executi- vo, dos padrões internacionais da diligência devida do CRS, 17. Com a Nota Justificativa, as citadas explicações do permitindo, assim, às instituições financeiras dar início à proponente, a respectiva exigência da OCDE e as conven- diligência devida dos seus clientes a partir de 1 de Julho de ções e acordos, é necessário aqui expor as respectivas infor- 2017, de modo a ter acesso às informações das contas re- mações complementares, a fim de aprofundar os conheci- portáveis dos seus clientes, bem como reportar e enviar, em mentos e o entendimento sobre o tema em causa. 2018, as informações das respectivas contas de 2017”.

15. Quanto à situação da consulta pública da presente 2 Para os detalhes, consultar as informações anexadas à proposta proposta de lei, o proponente esclareceu que: “… foi objecto de lei. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 143

18. Sob o contexto da integração e globalização econó- implementem e iniciem o processo da troca automática de mica, e da internacionalização da tributação, a troca de in- informações até ao ano de 2018, sendo que, durante a ava- formações em matéria fiscal é um conteúdo importante para liação, poderá ser elaborada uma lista negra dos países que reforçar a cooperação das autoridades fiscais dos diversos “não cooperarem”, que são os que não tencionam adoptar países, e é uma parte importante da coordenação fiscal ao medidas bancárias transparentes. nível internacional. Com vista a elevar a transparência fiscal e a combater a evasão fiscal transfronteiriça, a OCDE di- 21. Quanto aos respectivos padrões e instruções da vulgou, em Julho de 2014, o Padrão para a troca automática OCDE, os países e regiões membros efectuam a devida de informações financeiras em matéria fiscal, padrão esse implementação, através de medidas como, por exemplo, que abrange o Acordo de autoridade competente (CAA), produção legislativa. Atendendo à relação legislativa entre a Norma Comum de Comunicação e os Procedimentos de Macau e o Interior da China, e também Hong Kong, o Go- Diligência Devida para Informações sobre Contas Finan- verno facultou as informações sobre a situação da legislação ceiras (CRS)3 e suas definições, etc.4 O CAA é um docu- e implementação no Interior da China e em Hong Kong. mento de natureza operacional que regula o lançamento da troca automática de informações nas contas financeiras en- 22. A troca de informações da República Popular da tre as autoridades fiscais de diversos países (regiões) e que China com as outras partes contratantes baseia-se na pro- se baseia no modelo de reciprocidade, estando dividido em mulgação da “Circular da Administração Estatal de Tri- duas versões, ou seja, bilateral e multilateral. O CRS regula butação sobre a emissão das Regras para a Troca de Infor- as exigências e procedimentos sobre a recolha e o envio das mações Fiscais Internacionais”, publicada no ano de 2006 informações das contas dos residentes fiscais estrangeiros (Circular da SAT N.º 70 [2006]). e das respectivas empresas por parte das instituições finan- ceiras5. “Conforme aprovado pelo Conselho de Estado, a Re- pública Popular da China comprometeu-se a implementar 19. De acordo com a troca automática de informações a norma para a troca automática de informações de contas das contas financeiras activadas com os referidos padrões, financeiras (doravante denominada ‘norma’) na reunião dos a instituição financeira de um país (região), através do pro- Ministros das Finanças do G20 e dos banco centrais ocorri- cesso de diligência devida, identifica que um residente ou da em Setembro de 2014, sob a égide da Organização para empresa fiscal de um outro país (região) tem uma conta na- a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE). quela instituição, e envia, anualmente, às autoridades com- As normas visam melhorar a transparência fiscal mediante petentes onde se situa a instituição financeira, informações, o reforço da cooperação fiscal global e a luta contra a utili- tais como: o nome, o número de contribuinte, o endereço, zação de contas estrangeiras como forma de evasão fiscal. o número da conta, o saldo, os juros, os dividendos, e os Nos dois anos que se seguiram, a Administração Estatal de rendimentos provenientes da venda de bens, todas ligadas à Tributação e as autoridades financeiras promoveram acti- referida conta. Depois, as autoridades fiscais do país (região) vamente a ‘norma’, através da implementação dos trabalhos iniciam a troca de informações com as autoridades fiscais preparatórios relevantes. do país a que pertence o titular daquela conta, tendo como objectivo final a concretização da fiscalização eficaz da fon- Em Julho de 2015, a 15.ª Sessão do Comité Permanente te fiscal transfronteiriça6. da 12.ª Assembleia Popular Nacional aprovou a ‘Convenção sobre Assistência Mútua Administrativa em Matéria Fiscal’, 20. O Fórum Global da OCDE é responsável pela que entrou em vigor na República Popular da China em Fe- execução dos referidos padrões e responsável pela fiscali- vereiro de 2016 e estabeleceu uma base jurídica multilateral zação, análise e avaliação da situação de execução de cada para a Implementação das ‘normas’. Em Dezembro de 2015 país e membro. Neste momento, o Fórum Global convidou e conforme aprovado pelo Conselho de Estado, a Adminis- todos os seus membros, incluindo Macau, a prometerem tração Estatal de Tributação (SAT) assinou o ‘Acordo de implementar os tais padrões, exigindo que todos os países Autoridade Competente para a Troca Automática de Infor- mações em Matéria Fiscal de Contas Financeiras’, que for- nece um instrumento jurídico multilateral do ponto de vista 3 Standard in Automatic Exchange of Financial Information in operacional para a troca de informações de contas financei- Tax Matters; Model Competent Authority Agreement; Common ras entre a República Popular da China e outros países. Reporting Standard and Due Diligence on Financial Account In- formation. Com o objectivo de orientar e padronizar a diligência 4 Para o conteúdo desta parte foi consultado o relatório da OCDE devida das instituições financeiras, a Administração Estatal do ano de 2014. 5 Vide a auscultação pública feita pela Administração Estatal de de Tributação (SAT) fez um estudo e elaborou as Medidas Tributação sobre as informações fiscais das contas financeiras de Administrativas de Diligência Devida das Contas Finan- não residentes. ceiras de Não-Residentes (doravante denominado ‘Método 6 Vide a auscultação pública feita pela Administração Estatal de Administrativo’), com base no conteúdo fundamental da Tributação sobre as informações fiscais das contas financeiras de ‘norma’ e na situação real da indústria financeira da China. não residentes. Os serviços competentes foram consultados para a ela- 144 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 boração do ‘Método Administrativo’. Tem um total de 7 assinaram um acordo para evitar a dupla tributação (ADT) capítulos, incluindo 43 artigos e 3 anexos, que regulam prin- ou um Acordo de Troca de Informações em Matéria Fiscal cipalmente os princípios e procedimentos para a recolha de (TIEA). Os ADT ou TIEA bilaterais já assinados fornecem informações relevantes de contas de não residentes, confor- a base legal para a troca automática de informações. Adi- me identificadas pelas instituições financeiras no território cionalmente, Hong Kong necessita ainda de concluir acor- da República Popular da China. dos de autoridade competente com as partes contratantes dos respectivos ADT / TIEA. O acordo de autoridade com- De acordo com o ‘Método Administrativo’, as institui- petente regula as modalidades de transmissão das informa- ções financeiras estabelecidas no território da República ções recolhidas relativas às normas da troca automática de Popular da China, incluindo instituições depositárias, informações. curadores, instituições de investimento e instituições segu- radoras específicas, devem realizar a diligência devida nas De acordo com a norma de troca automática de informa- contas financeiras abertas nessas instituições, para identifi- ções em matéria fiscal, as instituições financeiras identificam car contas de não residentes e recolher as informações das e comunicam as contas financeiras de residentes fiscais das contas de acordo com os prazos e requisitos seguintes: jurisdições de acordo com o procedimento de diligência devi- da. As instituições financeiras recolhem e transmitem as in- • A partir de 1 de Janeiro de 2017, conduzir a diligên- formações necessárias das contas ao Inland Reveue Depart- cia devida nas contas novas abertas por pessoas singulares e ment, que trocará, anualmente, as informações relevantes. entidades; A instituição financeira inicia a recolha das informa- • Antes de 31 de Dezembro de 2017, realizar a diligên- ções de contas sujeitas a comunicação, das quais, os titula- cia devida nas contas de pessoas singulares de elevado valor res são residentes fiscais dos parceiros da troca automática (totalizando mais de RMB $6 milhões em 31 de Dezembro de informações, no ano civil seguinte (ou seja, 1 de Janeiro de 2016); de 2017), após o Conselho Legislativo ter aprovado a inclu- são na legislação desses parceiros da troca automática como • Antes de 31 de Dezembro de 2018, realizar a devida jurisdições fiscais declarantes. Após a recolha das infor- diligência nas contas de pessoas singulares de menor valor e mações relevantes, a instituição financeira comunicá-las-á, em todas as contas da entidade. no ano civil seguinte, ao Inland Revenue Department, que transmite as informações à parte contratante da troca auto- As informações recolhidas serão trocadas entre a Ad- mática de informações”. ministração Estatal de Impostos e as autoridades competen- tes de outros países (regiões). A Administração Estatal de “O Inland Revenue Department prevê emitir avisos Tributação desenvolve sistemas para garantir o uso eficiente electrónicos, através do website de troca automática de da troca automática de informações. A primeira troca de informações, a todas as instituições financeiras que manti- informações fiscais por parte da República Popular da Chi- verem contas sujeitas a comunicação em Janeiro de 2018 (e na relativa às contas financeiras dos não residentes está pre- posteriormente em Janeiro de cada ano), e solicitar o envio 8 vista para Setembro de 2018”7. de um relatório de troca automática de informações” .

23. Quanto à legislação e implementação em Hong 24. Segundo a Nota Justificativa da proposta de lei, na Foreign Account Tax Compliance Kong, segundo as informações facultadas pelo Governo: qual se faz menção ao Act “Conforme expresso pela RAE de Hong Kong em Setem- , doravante designado por FATCA, este exigiu “que to- bro de 2014, Hong Kong poderia, pela primeira vez, trocar das as instituições financeiras mundiais procedessem à dili- automaticamente informações de contas financeiras com gência devida sobre as contas financeiras sob a sua gerência, parceiros relevantes até ao final de 2018, por forma a apoiar e fornecessem junto das autoridades fiscais norte-ameri- o princípio da reciprocidade de acordo com as legislações canas as informações relativas às contas dos nacionais ou locais necessárias, a serem implementadas em 2017. residentes americanos, através da troca automática de in- formações”. “Quanto à troca automática de informações, é ‘O Decreto Fiscal de 2016 (Emenda) (N.º 3)’ foi apro- elaborada para corresponder aos critérios sobre a troca de vado pela Assembleia Legislativa em 22 de Junho de 2016 e informações em matéria fiscal definidos pelos EUA e pelas entrou em vigor em 30 de Junho de 2016. A lei prevê que as organizações internacionais, enquanto os visados forem, instituições financeiras em Hong Kong conduzirão a diligên- respectivamente, cidadãos dos Estados Unidos e os outros cia devida em 1 de Janeiro de 2017, e trocarão automatica- residentes da jurisdição que participa na execução da troca mente informações pela primeira vez antes do final de 2018. automática de informações sobre as contas financeiras”. Assim sendo, disponibilizam-se, aqui, algumas informações Hong Kong trocará informações automaticamente, com complementares, por forma a aprofundar o conhecimento e base no princípio da reciprocidade, com os parceiros que a compreensão quanto à matéria em causa.

7 Vide informações anexadas à proposta de lei. 8 Vide informações anexadas à proposta de lei. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 145

25. O FATCA foi definido pelos EUA em Março de mações relevantes das contas de contribuintes americanos 2010, e visa resolver, principalmente, questões de evasão directamente às autoridades fiscais norte-americanas, que fiscal tax( evasion) por parte dos contribuintes norte-ameri- pode ser suplementado se houver solicitação de informa- canos, reduzindo situações de estes não declararem os bens ções por grupo, para efeitos de intercâmbio de informações, que possuem no estrangeiro9. O FATCA exige que as ins- ao nível governamental, sobre determinados contribuintes tituições financeiras estrangeiras procedam à investigação americanos.12 sobre as contas dos contribuintes fiscais norte-americanos e que, caso estas contas satisfaçam os requisitos, tenham de reportar as respectivas informações às autoridades fis- III cais norte-americanas. Quanto às instituições financeiras APRECIAÇÃO NA GENERALIDADE estrangeiras que não cumpram o FATCA, as suas receitas provenientes dos EUA sujeitam-se a impostos antecipados 26. Após citação da Nota Justificativa e uma breve de 30%10. apresentação sobre o respectivo contexto, procede-se à apreciação na generalidade da proposta de lei. Quanto à Contudo, é possível que a lei dos países onde estas apreciação na generalidade, a Comissão manifestou, em instituições financeiras se encontram situadas não lhes per- princípio, o seu apoio, no entanto, levantou muitas questões. mita cumprir e executar o FATCA. Neste sentido, a fim de Assim, foram essencialmente discutidas as seguintes: resolver os conflitos entre a lei interna de diferentes países e o FATCA, o Governo norte-americano e os governos 27. Necessidade e urgência de produção legislativa de muitos países celebraram acordos intergovernamentais bilaterais (intergovernmental agreement, IGA) sobre a im- Quanto à necessidade e à urgência da proposta de lei, o plementação do FATCA. No âmbito dos referidos acordos proponente, ao apresentar a proposta de lei na reunião ple- intergovernamentais, existem dois modelos: o “Modelo 1”, nária da AL, apontou que: “a Lei n.º 20/2009, sobre ‘Troca que determina, essencialmente, que as instituições finan- de informações em matéria fiscal’, foi concluída em Agosto ceiras a operarem fora dos EUA efectuem o reporte das de 2009 através de procedimento urgente, permitindo que o informações sobre contas de contribuintes americanos pres- Governo da RAEM possa efectuar a troca de informações tadas ao governo daquelas, comprometendo-se as mesmas a pedido de outras jurisdições fiscais com quem a RAEM a proceder ao intercâmbio dessas informações, ao nível go- celebrou as convenções ou acordos em matéria fiscal e pres- 11 vernamental e numa base automática; o “Modelo 2” , que a tar as informações financeiras dos residentes da respectiva RAEM e os EUA celebraram, determina, essencialmente, jurisdição fiscal que estejam na RAEM. Dado que a co- que as instituições financeiras efectuem o reporte das infor- munidade internacional tem vindo a reforçar, nos últimos anos, a cooperação no âmbito do combate à fuga e evasão fiscais transfronteiriças, os critérios respeitantes à troca de 9 O FATCA faz parte da lei fiscal dos EUA, mas não tem a fun- informações definidos pelas organizações internacionais e ção de tributação. O FATCA também faz parte do sistema de re- porte de informações no âmbito da lei fiscal dos EUA, tendo como pelos EUA tornam-se cada vez mais exigentes. Para cumprir função principal investigar os activos offshore dos contribuintes, os seus deveres internacionais, a RAEM comprometeu-se evitando, deste modo, que estes recorram à estrutura complicada também a implementar, em 2018, novos critérios de troca de de offshores para esconder no estrangeiro os bens na sua posse, informações. No entanto, o Governo da RAEM necessita e procedam à evasão fiscal. Vide Richard LeVine, Aaron Schu- de fazer uma nova legislação em relação à Lei da troca de macher e Zhou Shudan, “Breve apresentação sobre o FATCA e informações em matéria fiscal em vigor, estabelecendo um deveres jurídicos do sector de fundos de investimento da China”, novo quadro legal. Para além de ser mantida a metodologia in “Revista sobre a lei de títulos”, Tomo 14, 2015, págs. 296 a 340. da troca de informações a pedido, consagrada na Lei inicial, 10 Se as instituições financeiras estrangeiras não tiverem celebra- são introduzidas novas metodologias da troca espontânea do o Acordo das instituições financeiras estrangeiras, ou se as de informações e de troca automática de informações, am- mesmas não forem dispensadas, todos os seus “pagamentos sus- plamente adoptadas noutras jurisdições fiscais… De uma ceptíveis de serem retidos” provenientes dos EUA ficam sujeitos maneira geral, a legislação da presente proposta reveste-se de a uma redução de 30%, em sede dos impostos antecipados puniti- vos. Inicialmente, os “pagamentos susceptíveis de serem retidos” grande importância e iminência. Como os novos critérios da abrangiam dividendos, juros e alguns pagamentos derivados de troca de informações passaram a ser um dos temas na cimei- outros instrumentos, mas, a partir de 2017, as receitas totais pas- ra do G20, tornaram-se o centro das atenções da comunidade saram também a ser consideradas como “pagamentos susceptíveis internacional. Os países e as regiões adjacentes, por sua vez, de serem retidos”. Vide “Perguntas frequentes sobre o Acordo intergovernamental do FATCA”, do Financial Services and the Treasury Bureau de Hong Kong, actualizadas em 7 de Outubro 12 Gabinete de Comunicação Social: A Região Administra- de 2015. Fonte das informações: em chinês http://www.fstb.gov. tiva Especial de Macau (RAEM) e os Estados Unidos da hk/fsb/chinese/topical/doc/fatca-faq2_c.pdf; em inglês http://www. América (EUA) assinam acordo com vista a facilitar o cum- fstb.gov.hk/fsb/topical/doc/fatca-faq2_e.pdf. primento da FATCA pelas instituições financeiras a opera- 11 Nas outras regiões que também adoptaram o Acordo intergo- rem na RAEM. Em chinês, http://www.gcs.gov.mo/showNews. vernamental, modelo 2, incluem-se Hong Kong, Áustria, Japão, php?DataUcn=107103&PageLang=C; em português, http://www. Chile, Suíça e Bermuda. gcs.gov.mo/showNews.php?DataUcn=107104&PageLang=P. 146 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 concluíram sucessivamente a legislação sobre a matéria e, se que a RAEM só tem condições para celebrar os acordos in- a RAEM não conseguir ultimar a legislação em meados de ternacionais sobre a troca automática de informações após 2017 como está previsto, o quadro legal não poderá ser esta- a entrada em vigor da presente lei, assim, a fim de assegurar belecido, nem as instituições financeiras locais poderão dar que o teor da proposta de lei corresponda aos critérios de- início ao trabalho de recolha das informações das contas. Na finidos pela sociedade internacional sobre a troca de infor- situação em que não existem as informações, a RAEM não mações fiscais, é necessário a Comissão consultar os acor- pode efectuar a troca de informações em 2018 em confor- dos internacionais bilaterais ou multilaterais, e os modelos midade com o prometido; assim, por um lado, será afectada de acordos estabelecidos pelas organizações internacionais, a imagem internacional da RAEM e, por outro lado, o País assim como tomar como referência a legislação aprovada e pode também ficar numa posição passiva no âmbito do deba- os acordos internacionais assinados pelas regiões vizinhas, te dos temas em questão entre os membros do G20”. o que faz com que se torne ainda mais apertado o tempo para a apreciação por parte da Comissão, o qual já não Além disso, durante a apreciação na especialidade da foi suficiente. Mais, a sociedade internacional e as organi- proposta de lei por parte da Comissão, o proponente citou o zações internacionais têm constantemente actualizado e teor da carta que o presidente do Fórum Global da OCDE aumentado os critérios para a troca de informações fiscais, dirigiu ao Secretário para a Economia e Finanças, na qual portanto, a fim de facilitar a celebração de acordos no âm- se refere que, “relativamente ao compromisso assumido bito da troca de informações fiscais por parte do Governo por Macau, China, de iniciar, em 2018, a aplicação do Stan- da RAEM com outras jurisdições fiscais, a proposta de lei dard in Automatic Exchange of Financial Account Informa- definiu, quanto a esta matéria, um enquadramento jurídico, tion (doravante designado por AEOI Standard)… a troca a proporcionando, assim, a base legal necessária. realizar em 2018 abrange, de um modo geral, informações reportadas ao ano civil de 2017, e isto significa que o qua- 28. Relação entre a proposta de lei e o CRS e a imple- dro legal interno e completo (incluindo legislações e outros mentação do acordo sobre o FATCA regulamentos/actos) que exige a recolha de informações Segundo a Nota Justificativa da proposta de lei, quan- por parte das instituições financeiras tinha de ser concluído to à troca automática de informações que a versão inicial até ao final de 2016. A maioria das jurisdições já cumpriu a da proposta de lei pretendeu introduzir, “é elaborada para respectiva calendarização, mas, tendo em conta os desafios corresponder aos critérios sobre a troca de informações em com que algumas jurisdições se deparam, o Fórum Global, matéria fiscal definidos pelos EUA e pelas organizações na reunião plenária de 2016, concordou que, se o referido internacionais, enquanto os visados forem, respectivamen- quadro legal interno e completo se concluísse até ao final te, cidadãos dos Estados Unidos e os outros residentes da de Junho de 2017, seria também considerado cumprido o jurisdição que participa na execução da troca automática de respectivo compromisso. Se este prazo fosse ultrapassado, informações sobre as contas financeiras. No caso de os mes- seria reportado o fracasso do cumprimento do compromis- mos pretenderem abrir contas nas instituições financeiras so assumido… Outra etapa crucial para o cumprimento do de Macau, as respectivas instituições necessitam de repor- compromisso é a conclusão do quadro legal internacional tar as informações das suas contas através de um sistema de sobre a troca de informações, e efectuar a troca de infor- elevada confidencialidade, acabando também por transmiti- mações com as partes contratantes interessadas é um ponto -las às autoridades fiscais das respectivas jurisdições, para essencial no compromisso. Que se saiba, Macau, China, efeitos fiscais”. adopta o modelo de acordo bilateral, mas até ao momento ainda não foi celebrado qualquer acordo quanto à troca No entanto, a Comissão apontou que a versão inicial de informações a realizar em 2018. Isto significa que, para pretendia abranger dois tipos de troca automática de infor- cumprir o compromisso de efectuar, em 2018, a troca de in- mações, um, no âmbito do FATCA dos EUA, e o outro, no formações com as partes contratantes interessadas, há ainda âmbito do CRS da OCDE, mas que são diferentes em ter- muito trabalho por fazer, no âmbito da criação de uma base mos de formas, procedimentos e finalidades, e a diferença legal (acordo sobre a troca de informações em matéria fiscal fundamental reside no facto de a troca automática prevista ‘TIEA’, que permita a troca automática de informações ou no FATCA dos EUA ser feita através das instituições fi- convenção sobre a dupla tributação ‘DTC’) e a celebração nanceiras, as quais, sem passar pela Direcção dos Serviços de acordos entre as autoridades competentes, que abrangem de Finanças, transmitem directamente as informações às detalhes técnicos”. autoridades fiscais norte-americanas. Actualmente, a troca automática no âmbito do FATCA é efectuada pelas insti- A Comissão entende profundamente a necessidade e tuições financeiras, com consentimento dos titulares das a urgência da proposta de lei, por isso, envidou todos os respectivas contas13. Assim sendo, a Comissão esperou que esforços para concluir, em curto prazo de tempo, a respec- tiva apreciação e elaborar o parecer. Merece referir que a proposta de lei visa cumprir o compromisso assumido pela 13 Actualmente, 87 instituições financeiras de Macau já procede- RAEM perante a sociedade internacional e proporcionar ram ao registo nas autoridades fiscais dos EUA, e a lista pode ser uma base legal interna para Macau efectuar a troca automá- consultada no website das autoridades fiscais dos EUA: https:// tica de informações com outras jurisdições fiscais. Uma vez apps.irs.gov/app/fatcaFfiList/flu.jsf. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 147 o proponente esclarecesse a relação entre a proposta de lei Após análise e discussão profunda, o proponente e o CRS e a implementação do acordo sobre o FATCA. prestou à Comissão a seguinte explicação: “o Governo da RAEM celebrou o acordo intergovernamental, modelo II, Na face inicial da apreciação em sede da Comissão, o do FATCA, no dia 14 de Dezembro de 2016, com o Gover- proponente justificou: “Quanto à recolha das informações no dos EUA, que envolve duas formas de troca de informa- relativas à troca automática de informações, as instruções ções fiscais, que são as seguintes: constantes do n.º 2 do artigo 10.º da proposta (versão ini- cial) aplicam-se apenas aos procedimentos de Diligência (1) Troca automática de informações – Com o consen- Devida do CRS, porque, segundo os critérios deste último, timento dos residentes nos EUA, as instituições financeiras o Governo da RAEM tem de divulgar as instruções sobre de Macau vão transmitir, directa e automaticamente, infor- os procedimentos de Diligência Devida do CRS, com vista mações das contas do ano anterior às autoridades fiscais dos à execução por parte das instituições financeiras. EUA, numa base anual;

(2) Troca de informações a pedido – Para os residentes Relativamente à execução do FATCA dos EUA, o pro- dos EUA que não concordem que as informações da conta cedimento é conforme o Acordo intergovernamental, mo- sejam transmitidas através das instituições financeiras, as delo II, celebrado entre o Governo da RAEM e o Governo autoridades fiscais dos EUA vão pedir ao governo de Ma- dos EUA. Segundo o Acordo, as instituições financeiras em cau para fornecer essas informações através da troca de in- Macau trocam as informações directamente com o Governo formação a pedido, e essas informações vão ser retroactivas dos EUA e procedem, por si próprias, à diligência devida e até 2015. à recolha de informações em conformidade, directamente com o FATCA dos EUA, portanto, na proposta, não são es- Em relação à troca automática de informações do FA- pecificamente estabelecidos os procedimentos da execução TCA, as instituições financeiras de Macau já começaram a do FATCA por parte das instituições financeiras de Macau. fornecer informações às autoridades fiscais dos EUA, e as (A região vizinha, a Região Administrativa Especial de informações transmitidas foram autorizadas pelos residen- Hong Kong, celebrou também o Acordo intergovernamen- tes dos EUA, portanto, esta troca não diz respeito à troca tal, modelo II, com o Governo dos EUA, e também não automática de informações prevista no Regime jurídico da existem, em termos da legislação, normas que estabeleçam troca de informações em matéria fiscal. A parte da troca a execução do FATCA pelas instituições financeiras). automática de informações da proposta de lei está relacio- nada com a implementação da troca automática de informa- Quanto à transmissão das informações relativas à troca ções consagrada no CRS, porque o padrão CRS exige que automática de informações, o n.º 1 do artigo 11.º (Métodos e a troca automática de informações seja implementada pelas procedimentos para a troca automática de informações) da autoridades fiscais do estado ou da jurisdição, mas as insti- proposta de lei (versão inicial) prevê a troca automática pre- tuições financeiras devem dar conhecimento aos residentes vista no CRS e, atendendo ao Acordo intergovernamental, fiscais do estrangeiro que as informações da conta financei- modelo II, no âmbito do FATCA, celebrado entre o Gover- ra serão utilizadas para fins de troca de informações, por- no da RAEM e o Governo dos EUA, em 14 de Dezembro tanto, esta implementação é diferente da implementação da de 2016, a última parte daquele número mantém certa flexi- troca automática de informações do FATCA. bilidade, no sentido de permitir que as instituições financei- ras prestem directamente informações às autoridades fiscais Quanto à execução da troca de informações a pedido, norte-americanas, sem precisar de passar pela DSF. de acordo com a lei n.º 20/2009 da troca de informações fiscais e as disposições da presente proposta de lei, deve Embora as instituições financeiras já tenham executado cumprir o princípio da reciprocidade, por isso, o Governo o Acordo intergovernamental, modelo II, no âmbito do da RAEM tem de assinar um acordo de troca fiscal com o FATCA, foi ainda introduzida uma parte no artigo em cau- Governo norte-americano, e assim é que se pode realizar a sa da proposta de lei para a execução do FATCA, porque se troca de informações a pedido. Sendo assim, o Governo da pretende, com isto, que as normas sobre a execução do CRS RAEM ainda não tem condições internas para a realização, não afectem a execução do FATCA”. com o Governo dos EUA, da troca de informações a pedi- do. A Direcção dos Serviços de Finanças, através de forma Todavia, a Comissão pretendeu saber se a troca de escrita e por email, tentou, várias vezes, convidar o Gover- informações efectuada pelas instituições financeiras, nos no dos EUA, ao longo de 2 anos, para negociação da troca termos do Acordo intergovernamental, modelo II, no âm- de informações fiscais, mas não recebeu qualquer resposta. bito do FATCA, celebrado entre o Governo da RAEM e o Governo dos EUA, cai no âmbito da troca automática de Por outro lado, o Governo da RAEM está a pedir ao informações prevista na proposta de lei, bem como qual a Governo Central que seja estendida a Macau a aplicação relação entre a implementação do referido Acordo e a pro- da Convenção Multilateral sobre Assistência Mútua Ad- posta de lei, pedindo esclarecimentos ao proponente sobre ministrativa em Matéria Fiscal, assinada pelo Interior da estas questões. China. Quando a referida Convenção passar a ser aplicável 148 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

à RAEM, esta vai possuir condições para trocar as informa- ocupação com a questão da segurança decorrente da troca ções em matéria fiscal com as partes contratantes da Con- automática de informações, nomeadamente, com o facto venção, incluindo o Governo dos EUA. Embora a Conven- de as instituições financeiras poderem enviar directamente ção ainda não tenha entrado em vigor nos EUA, a RAEM informações às autoridades fiscais dos Estados Unidos da recorreu a todos os meios para criar condições que possam América sem passar pela DSF. Por outro lado, a proposta determinar a execução da troca de informações a pedido, no de lei permite a contratação de prestadores de serviços para âmbito do FATCA, com o Governo dos EUA. No caso da a execução da “Norma Comum de Comunicação e os Pro- Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK), cedimentos de Diligência Devida para Informações sobre pouco antes de ser celebrado o Acordo, modelo II, no âm- Contas Financeiras” (doravante com a designação de “ins- bito do FACTA, entre o Governo dos EUA e o Governo da truções”), mas não regulamenta os requisitos desses pres- RAEHK, em Novembro de 2014, foi assinado o acordo de tadores de serviços, nem existe sanção para eles em caso de troca de informações em matéria fiscal em Abril de 2014. violação das obrigações de confidencialidade.

Neste contexto, embora ainda não esteja em vigor o Segundo os esclarecimentos do proponente, “quanto Acordo visado, modelo II, no âmbito do FATCA, celebra- à execução do FATCA, o Governo dos Estados Unidos da do entre a RAEM e o Governo dos EUA, o que faz com América exige que as instituições financeiras das jurisdi- que o Governo da RAEM não possa executar o pedido em ções cumpram as respectivas normas, obrigando-as a trans- relação à prestação de informação, junto do Governo dos mitir as informações através de encriptação electrónica, EUA, sobre a troca de informações a pedido, o Governo uma vez que, no procedimento de transmissão de informa- da RAEM vai continuar a manter contacto com o Governo ções, as instituições financeiras em Macau estão protegidas. dos EUA, solicitando ao Governo dos EUA a entrada em Por outro lado, conforme as normas internacionais, as vigor, com a maior brevidade, da Convenção Multilateral instituições financeiras podem contratar prestadores de sobre Assistência Mútua Administrativa em Matéria Fiscal serviços para executar as instruções. Contudo, as normas celebrada, ou exigindo ao Governo dos EUA que seja dado internacionais não regulamentam necessariamente a posse início à negociação do acordo da troca de informações em de qualificações e as condições profissionais específicas dos matéria fiscal com a DSF. Esta prática é semelhante à segui- mesmos. Para tal, também não são estabelecidas na propos- da na RAEHK, sob pena de o Acordo, modelo II no âmbito ta as respectivas qualificações e condições. As instituições FATCA, não poder entrar em vigor”. financeiras podem, por si próprias, contratar prestadores de serviços experientes. Como há relações entre os prestadores Neste sentido, o proponente procedeu ao ajustamen- de serviços e as instituições financeiras, os prestadores de to do referido artigo da proposta de lei, e prestou, assim, serviços estão também sujeitos às disposições de confiden- mais esclarecimentos: “Quanto à recolha das informações cialidade. Mas, quando os prestadores de serviços violarem relativas à troca automática de informações, as instruções as obrigações de confidencialidade e causarem prejuízos às constantes do n.º 2 do artigo 10.º da proposta aplicam-se instituições financeiras, estas podem reclamar indemniza- apenas à troca automática de informações, no âmbito do ções contra os referidos prestadores, em conformidade com CRS. Quanto à execução da parte relacionada com a tro- as cláusulas contratuais, invocando o artigo 189.º do Código ca automática de informações, no âmbito do FATCA dos Penal14, para reclamar a efectivação da responsabilidade EUA, as instituições financeiras em Macau procedem, por penal. Em referência à respectiva legislação da RAEHK, si próprias, à diligência devida e à recolha de informações também não há a estatuição de penalidades neste contexto, em conformidade, directamente com o FATCA dos EUA. no caso de violação das obrigações de confidencialidade”. Portanto, na proposta, não é especificamente estabelecida a troca automática de informações, no âmbito do FATCA”, A proposta de lei prevê que todas as trocas de infor- por isso, na versão final da proposta de lei foi eliminada a mações têm de estar de acordo com as normas de sigilo e última parte do n.º 1 do artigo 11.º. outras medidas de protecção constantes dos acordos inter- nacionais, e que todos os serviços e organismos públicos, A Comissão concorda que as normas da proposta de lei instituições financeiras e offshores, e ainda os prestadores relativas à troca automática de informações se aplicam ape- de serviços contratados pelas instituições financeiras es- nas à troca automática prevista no CRS, uma vez que, por tão efectivamente sujeitos ao dever de confidencialidade. um lado, isto corresponde ao compromisso assumido por Quem violar o referido dever tem de assumir as respecti- Macau perante o Fórum Global da OCDE quanto à imple- vas responsabilidades nos termos do Código Penal. Além mentação da troca automática de informações, e, por outro, disso, conforme os modelos relativos aos acordos da troca não vai afectar a troca automática actualmente efectuada pelas instituições financeiras de acordo com o FATCA. 14 Artigo 189.º (Violação de segredo) do Código Penal: “Quem, 29. Garantia de segurança da troca de informações fiscais sem consentimento, revelar segredo alheio de que tenha tomado conhecimento em razão do seu estado, ofício, emprego, profissão No decorrer da apreciação na generalidade da Assem- ou arte é punido com pena de prisão até 1 ano ou com pena de bleia Legislativa, houve deputados que manifestaram pre- multa até 240 dias”. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 149 automática de informações entre as autoridades competen- instituições financeiras em Macau executarem a política em tes, todas as trocas de informações têm de estar em linha questão, o que levaria a um certo impacto no sector finan- com as normas de sigilo e outras medidas de protecção; em ceiro de Macau. caso de violação dessas normas ou medidas, as autoridades competentes podem suspender as respectivas trocas de in- Por outro lado, a protecção de dados constitui sempre formações, ou até cessar o acordo da troca automática de um tema internacionalmente preocupante. Para proteger informações entre as autoridades competentes contratan- os dados pessoais do titular das contas, foram promovidas tes15. Pelo exposto, a Comissão entende que, atendendo à medidas e normas, exigindo que todas as jurisdições te- proposta de lei em causa e aos acordos internacionais que nham as normas de procedimentos de sigilo de informações Macau tenciona assinar no futuro, as informações fiscais que possam ser aprovadas pela norma “ISO27001”. Para o podem ser protegidas, de forma segura, durante o processo efeito, as jurisdições que prestam e recebem as informações de troca automática. necessitam de ter o sistema de segurança e sigilo com as respectivas normas internacionais, o qual vai ser avaliado 30. Equilíbrio entre a troca de informações em matéria pela OCDE através do mecanismo da revisão paritária. fiscal e a protecção de dados pessoais A DSF está muito preocupada com a protecção de in- A Comissão apontou que, embora a RAEM necessite formações em termos práticos. Actualmente, a DSF está a de concretizar o compromisso sobre a troca de informa- preparar os equipamentos do sistema que permitam corres- ções fiscais, a protecção de dados pessoais é mesmo muito ponder às normas internacionais sobre a execução da troca importante no processo de execução da troca de informa- automática de informações, comportando os equipamentos ções fiscais, pelo que a Comissão exortou o proponente a informáticos com uma alta e independente segurança e encontrar um equilíbrio entre a troca de informações fiscais sistema de protecção, garantindo que se possa evitar a pos- e a protecção dos dados pessoais, indagando junto do pro- sibilidade de qualquer fuga de informação ou ataque mali- ponente os motivos da ausência de consulta de opiniões ao cioso na transmissão e conservação das informações. Além Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais sobre a pro- disso, os trabalhadores, no tratamento dos procedimentos posta de lei. de informações, têm que, também, obedecer às disposições das normas internacionais. A DSF, por sua vez, tem planos Segundo os esclarecimentos do proponente, “a propos- para efectuar a prova de certificação ISO 2700116 até ao fim ta visa regulamentar a troca automática de informações do ano em curso (ver nota). Com estas medidas, crê-se que das contas financeiras, porque a RAEM se comprometeu os dados pessoais podem ser protegidos de forma segura”. a articular-se com as normas internacionais, para comba- O proponente afirmou que o Gabinete para a Protecção de ter as actividades relacionadas com a evasão e fuga fiscal Dados Pessoais não foi ouvido, tendo em conta os motivos transfronteiriças, ou seja, articulando-se com a OCDE, no acima mencionados e a premência legislativa. âmbito da matéria fiscal relacionada com a legislação sobre a Norma Comum de Comunicação na troca automática de A Comissão compreende que o âmbito de aplicação e informações. o conteúdo da troca de informações fiscais têm de ser defi- nidos e concretizados através dos acordos internacionais, e A par disso, é de referir que a proposta já pode garantir que a OCDE já elaborou os modelos sobre os respectivos a protecção de dados pessoais do titular de conta, por exem- acordos da troca de informações fiscais, daí sendo imprová- plo, na proposta, é estabelecido que todas as partes estejam vel o ajustamento do conteúdo desses acordos por parte de rigorosamente sujeitas às regras de confidencialidade pre- Macau. Assim sendo, a Comissão solicitou ao proponente vistas nos acordos internacionais, referidas no artigo 19.º. A que melhorasse as normas da proposta de lei relativamente proposta foi amplamente consultada no respectivo sector à informação ao titular de dados, ao definir expressamente e não foi recebida qualquer opinião contra a sua execução. os critérios para a dispensa da obrigação da informação, Considerando que há, actualmente, mais de cem jurisdições bem como o regime do recurso contencioso com efeito sus- que participam na execução da troca automática de infor- pensivo, com fundamento em erro nas informações a enviar, mações das contas financeiras, e que introduziram ou estão com vista a assegurar os direitos à informação e de excep- a introduzir as formas de troca de informações na sua le- ção dos interessados. gislação; considerando, ainda, que na região vizinha, Hong Kong, foi aprovada a lei em causa e as suas instituições financeiras começaram com os procedimentos de diligência 16 No que diz respeito à norma ISO 27001, trata-se de uma regula- devida; Macau deve seguir a respectiva prática, sob pena de mentação da segurança relativa a todas as vertentes do sistema in- haver uma situação diferente da de Hong Kong, quando as formático, incluindo: os equipamentos de segurança no âmbito das instalações do sistema; os equipamentos de segurança do próprio sistema (duplo firewall); a aplicação e a autoridade de utilização 15 Os respectivos modelos podem ser descarregados na página das instalações do sistema; o registo de armazenamento e recolha electrónica seguinte: http://www.oecd.org/tax/automatic-exchan- do sistema; a gestão e o controlo de riscos; o plano reservado; e o ge/international-framework-for-the-crs/multilateral-competent- procedimento com vista ao tratamento de documentos confiden- -authority-agreement.pdf ciais, etc. 150 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

O proponente aceitou as opiniões da Comissão, ajus- 32. Âmbito de informações trocadas tando os respectivos artigos. Quanto aos conteúdos concre- tos, veja-se a parte da apreciação na especialidade sobre os A proposta de lei envolve três tipos de troca de infor- articulados constantes deste parecer. mações fiscais. Para além de acrescentar a troca automá- tica de informações e a troca espontânea de informações, 31. Jurisdições fiscais envolvidas na troca de informa- ajusta, ao mesmo tempo, o conteúdo do regime da troca de ções informações a pedido, previsto na Lei n.º 20/2009 vigente (Troca de informações em matéria fiscal). A Comissão so- No decorrer da apreciação na especialidade, houve de- licitou ao proponente esclarecimentos sobre o âmbito das putados que pretenderam saber com que países ou regiões é informações abrangidas por cada um desses três tipos. que Macau procede à troca de informações. Assim, nas palavras do proponente: “No âmbito da tro- Segundo afirmaram os representantes do Governo, a ca de informações a pedido, a formulação de diversos pe- Lei n.º 20/2009 visa apenas regulamentar a troca de infor- didos em matéria fiscal é efectuada em conformidade com mações a pedido. A proposta de lei, para além de manter as várias situações de investigações tributárias de outras o método da “troca de informações a pedido”, introduz os partes contratantes, portanto, o seu âmbito é maior do que métodos da “troca automática de informações” e da “troca o da troca automática de informações e o da troca espon- espontânea de informações”. tânea de informações, enquanto as normas internacionais exigem que as jurisdições que prestem informações tenham No respeitante aos países e regiões com que se procede capacidade de prestar e receber informações”. Deste modo, à troca de informações a pedido, conforme os dados facul- consoante a adopção internacional do âmbito de aplicação, tados pelo Governo, neste momento, a RAEM tem 21 acor- o âmbito das informações referido no n.º 1 do artigo 5.º é re- dos assinados relativos à troca de informações a pedido, in- lativamente mais abrangente, incluindo as informações pos- cluindo 5 acordos para evitar a dupla tributação e prevenir suídas pela DSF no âmbito das suas funções de gestão fiscal a evasão fiscal em matéria de impostos sobre o rendimento, – isto é, as informações obtidas através de investigação fis- e 16 acordos de troca de informações em matéria fiscal. cal e recolha de provas –, as informações detidas por outros serviços e organismos públicos, e as informações possuídas De entre os quais, as jurisdições fiscais envolvidas nos pelas instituições financeiras e offshores, nos termos das “acordos para evitar a dupla tributação e prevenir a evasão leis. A troca espontânea de informações diz respeito, prin- fiscal em matéria de impostos sobre o rendimento” são as cipalmente, às informações que a DSF obtém através do seguintes: Interior da China, Portugal, Bélgica, Moçam- desempenho das suas funções de avaliação das obrigações bique e Cabo Verde. As jurisdições fiscais que assinaram dos contribuintes ou de investigação fiscal, com referência acordos de troca de informações em matéria fiscal com a ao âmbito da aplicação internacional. RAEM são as seguintes: Austrália, Dinamarca, Ilhas Fa- O âmbito da troca automática de informações abrange roé, Finlândia, Gronelândia, Islândia, Noruega, Suécia, as informações das contas financeiras tidas pelos residentes Índia, Jamaica, Malta, Japão, Reino Unido, Ilha Guernsey, fiscais de outras partes contratantes dos acordos internacio- Argentina e Irlanda. nais, comportando: o nome, o endereço, o saldo da conta Em relação à troca automática de informações, os até ao fim do ano anterior, e, em termos do ano transacto, representantes do Governo afirmaram que “dado que a são, ainda, incluídas as informações dos valores dos juros, proposta não foi aprovada, actualmente Macau ainda não dos dividendos e dos rendimentos provenientes da venda celebrou formalmente o acordo sobre o conteúdo da troca de bens”. Comparativamente com a troca de informações a automática de informações com o exterior. Os países ou as pedido e a troca espontânea de informações, o âmbito das regiões que estão a negociar a celebração do Acordo são informações abrangidas pela troca automática é relativa- os seguintes: o Interior da China, o Brasil, o Chile, a Ar- mente estreito, sendo, essencialmente, informações de con- gentina, a Finlândia, a Ilha Guernsey, a Indonésia, a Itália, tas financeiras. o Japão, a Coreia do Sul, o México, a Noruega, Portugal, 33. Âmbito subjectivo de aplicação da troca de infor- a Rússia, a África do Sul, o Reino Unido, etc. Contudo, o mações Governo da RAEM está a solicitar ao Governo Central que seja estendida a Macau a aplicação da Convenção Multila- Relativamente ao âmbito subjectivo de aplicação da tro- teral sobre Assistência Mútua Administrativa em Matéria ca de informações, o artigo 4.º da versão inicial da proposta Fiscal assinada pelo Estado. Na aplicação da Convenção 17 de lei estipulava que a troca de informações a pedido e a à RAEM, esta possui condições para efectuar a troca de informações em matéria fiscal com mais de cem países con- tratantes”. Quanto à troca espontânea de informações, esta 17 Vide o artigo 4.º (âmbito subjectivo de aplicação) da proposta de lei será definida consoante o conteúdo dos acordos interna- 1. A troca de informações a pedido é aplicável às pessoas singula- cionais que, no futuro, Macau vai assinar com as referidas res, associações, fundações ou outras pessoas colectivas que pos- jurisdições fiscais. suem informações de residentes fiscais estrangeiros na RAEM. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 151 troca automática de informações fossem aplicáveis aos “re- tos fiscais, nos termos da legislação de outras jurisdições. sidentes fiscais estrangeiros”; e a troca espontânea de infor- Nesta conformidade, a definição dos residentes fiscais es- mações fosse aplicável aos contribuintes inscritos na DSF, trangeiros foi alterada na versão final da proposta. dos quais seriam fornecidas informações em benefício da administração tributária de outras partes contratantes dos Nesta base, a Comissão e o Governo efectuaram análi- acordos internacionais. ses sobre os indivíduos abrangidos no âmbito da aplicação de cada uma das formas de troca de informações, e nos ter- A Comissão apresentou uma série de questões relativas mos dos respectivos acordos internacionais, e das instruções a esta matéria, nomeadamente, quais os fundamentos para e exigências definidas pela OCDE. O proponente respondeu regulamentar a aplicação da troca de informações a pedido e esclareceu que, “no âmbito da troca de informações a aos residentes fiscais estrangeiros; como e quais são os cri- pedido, a formulação de diversos pedidos em matéria fiscal térios para a definição dos residentes fiscais estrangeiros; se é efectuada em conformidade com as várias situações de ainda não se tiver celebrado o acordo, como é que se pro- investigações tributárias de outras partes contratantes, por- cede à definição dos residentes fiscais estrangeiros; quais tanto, o seu âmbito é maior do que o da troca automática de os indivíduos abrangidos no âmbito da aplicação das três informações e o da troca espontânea de informações, en- formas de troca de informações, entre outras. quanto as normas internacionais exigem que as jurisdições que prestem informações tenham capacidade de prestar e Segundo as explicações do proponente, o conteúdo da receber informações. Desde a vigência da Lei n.º 20/2009 troca de informações em matéria fiscal na proposta abrange (Troca de informações em matéria fiscal), os visados nos três formas de troca de informações, nomeadamente, a tro- requerimentos da troca de informações que a DSF tem ca de informações a pedido, a troca automática de informa- vindo a recepcionar implicam residentes fiscais estrangei- ções e a troca espontânea de informações, sendo a premissa ros. Conforme a Convenção Multilateral sobre Assistên- maior a celebração de acordos internacionais em matéria cia Mútua Administrativa em Matéria Fiscal e as normas fiscal entre o Governo da RAEM e os Governos de outros internacionais, é necessário que as disposições do âmbito países, podendo, assim, ser implementada a troca de infor- subjectivo de aplicação da troca de informações a pedido, mações em matéria fiscal. em termos legais, tenham disposições mais abrangentes, no que diz respeito ao âmbito subjectivo de aplicação da troca Quanto aos “residentes fiscais estrangeiros”, não é de informações a pedido. Deste modo, consoante a adopção exigida como premissa maior a celebração de acordos inter- internacional do âmbito de aplicação, o âmbito subjectivo nacionais em matéria fiscal entre o Governo da RAEM e de aplicação consagrado no n.º 1 do artigo 4.º da proposta os Governos de outros países, mas essa definição é utiliza- abrange as pessoas singulares e as pessoas colectivas pre- da para as instituições financeiras efectuarem a diligência vistas nas leis internas de outras partes contratantes, inclu- devida sobre as contas financeiras mantidas por elas de ídos os residentes fiscais de outras partes contratantes na acordo com as instruções definidas pelo Governo, e identi- RAEM, e os respectivos residentes fiscais da RAEM pre- ficar, “numa abordagem genérica”, as contas pertencentes e vistos nas leis internas de outras partes contratantes”. Por detidas pelos residentes fiscais estrangeiros. A “abordagem conseguinte, o conteúdo do n.º 1 do artigo 4.º foi alterado genérica” significa que, sempre que as instituições finan- na versão final da proposta e será estabelecido consoante as ceiras tiverem conhecimento de que os titulares das contas normas internacionalmente fixadas. são residentes fiscais estrangeiros, podem previamente, na situação em que não há celebração do acordo entre Macau Dado que a troca automática de informações envolve e o respectivo país ou região, recolher as informações dos as informações das contas financeiras, é indispensável que titulares das contas do residente fiscal daquele país ou re- as instituições financeiras cumpram as obrigações de coo- gião, e transmitir à DSF as respectivas informações quando perar para efeitos de recolha e prestação de informações. for celebrado futuramente o acordo de troca automática de As instituições financeiras podem efectuar, conforme as informações entre Macau e aquele país. Portanto, os “resi- instruções, os procedimentos de diligência devida sobre as dentes fiscais estrangeiros” não se referem à pessoa singular contas financeiras mantidas por elas, e identificar, “numa ou colectiva que é considerada como residente para efeitos abordagem genérica”, as contas pertencentes e detidas pelos fiscais nos termos da respectiva legislação de outras partes residentes fiscais estrangeiros. A troca automática é aplicá- contratantes dos acordos internacionais, mas, sim, à pessoa vel aos residentes de outras partes contratantes dos acordos singular ou colectiva, considerada como residente para efei- internacionais, que detenham contas financeiras na RAEM.

Segundo esclareceu o proponente, “a troca automáti- 2. A troca automática de informações é aplicável aos residentes fiscais estrangeiros que possuem contas financeiras na RAEM. ca de informações é uma prática que se faz nos termos da 3. A troca espontânea de informações é aplicável aos contribuintes Norma Comum de Comunicação para Informações sobre inscritos na Direcção dos Serviços de Finanças, doravante desig- Contas Financeiras, sendo concretizada a sua implementa- nada por DSF, dos quais são fornecidas informações em benefício ção nas instituições financeiras do mundo. Esta forma tam- da administração tributária de outras partes contratantes dos bém será implementada em Macau a 1 de Julho de 2017. As acordos internacionais. instituições financeiras vão começar a proceder à diligência 152 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 devida sobre contas, no sentido de identificar os titulares 12.º, a DSF pode, com a autorização do Chefe do Executivo, das contas que possuem a qualidade de residentes fiscais prestar as informações a outras partes contratantes”. Aten- estrangeiros e, em 2018, vão fornecer à DSF, formalmente, dendo aos referidos esclarecimentos, o respectivo conteúdo informações das contas financeiras envolvidas, a fim de rea- foi alterado na versão final da proposta de lei. lizar a troca automática de informações. O que está relacionado com isso é o seguinte: a Co- Se os contribuintes de Macau não forem residentes missão procedeu a discussões sobre a relação entre a pro- fiscais estrangeiros de qualquer região fora de Macau, não posta de lei e a “Convenção entre o Governo de Macau e lhes será aplicável a troca automática de informações. Re- o Governo de Portugal para Evitar a Dupla Tributação e gra geral, para determinar se uma pessoa ou uma entidade Prevenir a Evasão Fiscal em Matéria de Impostos sobre é ou não residente de uma jurisdição fiscal, tem-se em conta o Rendimento”, aprovada pelo Decreto-Lei n.º 106/99/M. o local onde se encontra esta pessoa ou o tempo em que Verifica-se uma discrepância entre a troca de informações fica neste local (por exemplo, o tempo de estadia excede ou prevista no Decreto-Lei e o conteúdo da proposta. Após a não 183 dias num ano fiscal), e, no caso de uma empresa, é aprovação da proposta, será que a Convenção vai ser cele- consoante o local onde esta tem o seu estabelecimento ou o brada novamente? Ou procede-se à troca de informações local onde se concentra a sua administração ou o seu con- com Portugal, de acordo com a proposta? trolo. O proponente esclareceu que, “no caso de ser aprova- Mesmo que uma pessoa pague contribuições numa de- da a proposta, tem que ser celebrado novamente o acordo terminada jurisdição fiscal (por exemplo, imposto retido na bilateral com Portugal. A par disso, Portugal é um dos pa- fonte, imposto sobre o consumo ou mais-valias fiscais), isto íses aderentes à Convenção Multilateral sobre Assistência não leva a que seja automaticamente residente fiscal desta Mútua Administrativa em Matéria Fiscal, pelo que a Con- jurisdição fiscal. Para além disso, a nacionalidade também venção aplica-se a Macau, e as autoridades competentes não faz com que uma pessoa seja residente fiscal do respec- fiscais das duas partes podem efectuar a troca automática tivo país. Nos termos da Norma Comum de Comunicação de informações apenas após a celebração de um acordo en- para Informações sobre Contas Financeiras, os titulares das tre as autoridades competentes”. O objecto do Decreto-Lei contas só precisam de satisfazer as exigências das institui- n.º 106/99/M não é igual ao da proposta de lei. O primeiro ções financeiras, fornecendo autocertificação e apresentan- é, sobretudo, evitar a dupla tributação e prevenir a evasão do declarações correctas sobre os dados de identificação de fiscal, enquanto o da proposta de lei é, principalmente, re- residente fiscal de determinado Estado”. Como a legislação gulamentar a troca de informações fiscais. fiscal pode ser diferente consoante as jurisdições fiscais, a identidade de residente fiscal dos titulares de contas tam- 34. Da relação entre a proposta de lei e o despacho do bém pode ser variável em cada ano, portanto, estes devem Chefe do Executivo. verificar e actualizar a sua identidade de residente fiscal. A este respeito, a OCDE já se comprometeu que as jurisdições Em relação à troca automática de informações, a propos- fiscais com troca automática de informações implementada ta de lei prevê que o Chefe do Executivo pode, sob proposta devem apresentar as suas regras de identificação sobre a da DSF, aprovar por despacho a publicar no Boletim Oficial identidade de residente fiscal.18 da Região Administrativa de Macau a “Norma Comum de Relativamente aos indivíduos abrangidos no âmbito Comunicação e os Procedimentos de Diligência Devida subjectivo da aplicação da troca espontânea de informa- para Informações sobre Contas Financeiras” (instruções). ções, segundo os esclarecimentos do proponente: “a troca espontânea de informações é aplicável ao âmbito de infor- As referidas instruções implicam duas partes, isto é, a mações que a DSF obtém através do desempenho das suas “Norma Comum de Comunicação” e os “Procedimentos de funções de avaliação das obrigações dos contribuintes ou Diligência Devida”, cujo conteúdo principal é: de investigação fiscal. Ao processarem as informações dos contribuintes, os trabalhadores da DSF podem identificar (1) Exigências normais da Comunicação – contas e as informações das pessoas singulares e das pessoas colecti- informações sujeitas à Comunicação por parte das institui- vas previstas nas leis internas de outras partes contratantes ções financeiras na DSF, e procedimentos necessários para dos acordos internacionais (incluídos os residentes fiscais dar início à Comunicação; de outras partes contratantes na RAEM, e os respectivos residentes fiscais da RAEM previstos nas leis internas de (2) Exigências normais e especiais para a Diligência outras partes contratantes). Caso as informações correspon- Devida a cumprir pelas instituições financeiras – critérios e dam a uma das situações previstas nas 5 alíneas do artigo formas de identificação das contas sujeitas a Comunicação;

(3) Definição das instituições financeiras declarantes, 18 As respectivas informações podem ser consultadas na página das contas financeiras sujeitas à Comunicação e das ins- electrónica da OCDE: http://www.oecd.org/tax/automatic-exchan- tituições financeiras não declarantes, e anotações sobre a ge/crs-implementation-and-assistance/tax-residency/#d.en.347760 respectiva prática. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 153

Segundo as opiniões do pessoal do sector bancário, em A Comissão tomou conhecimento de que, segundo o relação às instruções referidas, apresentadas, por ofício, à Inland Revenue (Amendment) (No. 3) Ordinance 2016 de Assembleia Legislativa, indica-se que o facto de a diligência Hong Kong, quem, “com a intenção de defraudação”, facul- devida ser lançada via despacho do Chefe do Executivo con- ta “informações que sejam enganadoras, falsas ou incorrec- traria a Lei Básica e a Lei n.º 13/2009; mais, a regulamenta- tas”, é punível com “multa de nível 3” e “pena de prisão de ção dos procedimentos em matéria tributária deve revestir- 6 meses” (se condenado via processo simples) ou é punível -se, em sentido formal, da lei da Assembleia Legislativa. com “multa de nível 5” e “pena de prisão de 3 anos”. Assim A Comissão deu grande atenção às referidas opiniões e sendo, a Comissão solicitou aos representantes do Governo passou-as ao proponente, para efeitos de esclarecimento de esclarecimentos sobre as respostas dadas na reunião da As- tais preocupações. sembleia Legislativa, aquando da apreciação na generalida- de da proposta de lei. O proponente afirmou junto da Comissão que “a DSF já tinha dado resposta ao pessoal do sector bancário, e não Segundo a Comissão, para além da recusa ou arras- tinha recebido, posteriormente, nenhuma resposta do pes- tamento da apresentação de informações, não se afasta a soal deste sector. possibilidade de haver lugar a “omissões intencionais” ou até à “apresentação de informações falsas”, situações sobre É de destacar aqui que a ‘Norma Comum de Comu- as quais não existem, na proposta de lei, quaisquer dispo- nicação e os Procedimentos de Diligência Devida para sições. Na versão inicial da proposta de lei, os n.os 3 a 5 do Informações sobre Contas Financeiras’ são uma normação artigo 10.º previam algumas obrigações para as instituições procedimental e um documento instrumental, para que as financeiras, mas, no artigo 14.º – sanções administrativas, instituições financeiras possam identificar as contas, man- estão ausentes as devidas consequências sancionatórias. Na tidas por elas, dos titulares residentes fiscais estrangeiros, falta das respectivas sanções, a Comissão levantou dúvidas não sendo uma matéria tributária de reserva de lei prevista em relação ao efeito da execução da proposta de lei. na Lei n.º 13/2009. Em relação ao regime das sanções da proposta de lei, o Para além disso, como se está na fase inicial da imple- proponente explicou que “a parte das sanções incide sobre mentação dos padrões internacionais, é provável que existam, as instituições financeiras que não possam fornecer junto na prática, muitas dificuldades desconhecidas, e que haja da DSF as informações no prazo fixado. Quanto à parte da lugar, num curto prazo, a alteração desses padrões devido ao troca automática de informações, não se aplicam sanções funcionamento prático e à tendência internacional. De facto, aos titulares das contas, porque: na 2.ª versão do CRS, publicada recentemente, foram actua- lizados alguns conteúdos, portanto, convém ser adoptado o (1) O artigo 10.º da proposta vai estabelecer que os despacho do Chefe do Executivo para a sua publicação, para novos clientes que abram contas devem fornecer autocer- que possa fazer-se, de modo mais flexível, um ajustamento tificação ou documentos relevantes como parte integrante adequado, a qualquer momento, devido às exigências inter- dos documentos para abertura de contas. Quando os novos nacionais. Em simultâneo, as instituições financeiras podem clientes não cooperarem e não apresentarem documentos, agir de forma flexível, através da experiência tirada na sua os bancos podem recusar a abertura por falta de documen- prática, e não ter a preocupação de serem normalizadas pela tos. Os mesmos podem, ainda, elaborar as suas próprias penalidade, de acordo com as disposições da lei”. instruções sobre o trabalho e verificar empiricamente a veracidade dos documentos. Verificando-se falsas informa- 35. Das sanções ções no documento de autocertificação do titular da conta, os bancos podem, conforme a operação geral, tomar medi- Em sede da apreciação na generalidade da Assembleia das de suspensão na prestação de serviços aos clientes que Legislativa, alguns deputados centraram a sua atenção no tenham prestado falsas informações junto dos bancos. facto de serem diferentes as consequências, decorrentes da violação da lei, entre a proposta de lei e a lei vigente, uma (2) O documento da autocertificação não é um docu- vez que na proposta de lei já não existem normas ao nível mento oficial, sendo executado pelos bancos, por isso, no das responsabilidades penais.19 Segundo a resposta dos re- caso de a DSF propor a aplicação de sanções aos titulares presentantes do Governo, como as legislações de regiões das contas que tenham prestado falsas informações, vai ha- vizinhas prevêem a aplicação de multa às instituições finan- ver uma certa dificuldade. No momento em que não tomou ceiras que recusem ou arrestem a apresentação de informa- conhecimento das situações de execução efectiva noutros ções, Macau, tendo as mesmas como referência, também países ou regiões, a DSF pode entender não ser conveniente prevê meramente multa para efeitos da respectiva sanção. aplicar a penalidade. Ainda mais, caso a prestação de falsas informações pelos clientes cause prejuízos às instituições fi- 19 A Lei n.º 20/2009 (Troca de informações em matéria fiscal) pre- nanceiras, estas podem, de acordo com outras leis, reclamar vê que: “o não cumprimento do dever referido no número anterior a responsabilidade criminal contra os titulares que apresen- constitui crime de desobediência qualificada, nos termos do n.º 2 taram documentos falsos. Outro exemplo, os bancos pres- do artigo 312.º do Código Penal”. tam serviços de empréstimo junto dos clientes e recebem 154 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 os documentos fornecidos pelos clientes, e, devido às falsas da lei original, ou seja, da Lei n.º 20/2009 (Troca de infor- informações nos documentos, os bancos sofrem prejuízo, mações em matéria fiscal), e indica o âmbito de aplicação então, estes podem, de acordo com outras leis, reclamar a da troca de informações. O n.º 2 foi ajustado com base na responsabilidade criminal contra os titulares que apresen- redacção da lei original, prevendo os tipos das convenções e taram documentos falsos e os consequentes prejuízos, não acordos. havendo necessidade de aplicação de sanções pelo Governo. Na versão final, foram apenas alteradas algumas pala- (3) Na aplicação das sanções criminais, considerando vras em chinês, para haver uma coordenação com as expres- que as infracções fiscais incorrem geralmente em multas, sões adoptadas no n.º 1. são cancelados os artigos relativos às sanções criminais na lei original, enquanto as normas internacionais não regula- 39. Artigo 2.º - Formas de troca de informações mentam a aplicação de sanções sob forma criminal. Dado que, em matéria fiscal, o crime fiscal na forma como é adop- O conteúdo da versão final é idêntico ao da versão ini- tado na RAEHK não existe na RAEM, em referência às cial e apenas se aperfeiçoou a redacção em português. disposições sancionatórias aplicadas na RAEHK, Macau não vai considerar a sua adopção. Segundo o Governo, este é um novo artigo, em compa- ração com a Lei n.º 20/2009 (Troca de informações em ma- Além disso, não se aplicam sanções aos prestadores de téria fiscal). Para além de manter a “troca de informações serviços ou operadores, porque a responsabilidade final de a pedido”, que constava da lei original, foram introduzidas fornecimento recai sobre as instituições financeiras. Claro ainda a “troca automática de informações” e a “troca es- que, quando os prestadores de serviços não cumprirem o pontânea de informações”, adoptadas por outras jurisdições contrato de serviços, ou os operadores causarem, por enga- tributárias. no, prejuízos aos bancos, estes podem reclamar contra os respectivos prestadores de serviços. No caso de haver actos Algumas opiniões centraram atenção nas jurisdições que envolvam falsas declarações ou falsificação de docu- tributárias que as três formas de troca de informações re- mentos, pode-se fazer referência a outras leis e reclamar a feridas envolvem. Segundo os representantes do Governo, responsabilidade criminal. até ao momento, Macau já assinou 21 convenções ao nível da troca de informação a pedido, incluindo 5 Convenções Por outro lado, dado que a versão inicial da proposta para “evitar a dupla tributação e prevenir a evasão fiscal” de lei não previa as sanções aplicadas aos casos em que se e 16 Convenções para “trocar informações em matéria de verificam omissões por intenção e inexactidão na apresenta- imposto sobre o rendimento”. Dado que a proposta não foi ção das informações junto da DSF, vão ser introduzidas na aprovada, actualmente Macau ainda não celebrou formal- proposta disposições sancionatórias sobre estes casos”. mente o acordo sobre o conteúdo da troca automática de informações com o exterior. IV Apreciação na especialidade Estes esclarecimentos – as respostas apresentadas pe- los representantes do Governo em relação às jurisdições 36. Com base na referida apreciação genérica, a Comis- tributárias que a troca de informações envolve – já estão, são procedeu, nos termos do artigo 119.º do Regimento da pormenorizadamente, mencionados em sede de apreciação Assembleia Legislativa, ao exame na especialidade sobre a na generalidade do presente parecer. conformidade entre os princípios subjacentes à proposta de lei e as soluções concretas nela previstas, e sobre a adequa- 40. Artigo 3.º - Definições ção da proposta de lei ao nível da técnica legislativa. Em relação à versão inicial, algumas opiniões centra- 37. O proponente prestou colaboração estreita no ram-se na questão de o presente artigo conseguir articular- exame na especialidade da proposta de lei e procedeu à -se com as convenções internacionais, o sistema jurídico e a apresentação da respectiva versão final. Assim, a análise realidade de Macau. que se segue tem por base a versão final da proposta de lei, apresentada pelo proponente no dia 19 de Maio de 2017, O proponente apresentou esclarecimentos sobre a de- e refere-se às questões discutidas em sede da Comissão, finição de “troca automática de informações”. Tendo em seguindo a ordenação sistemática do articulado constante conta que os métodos, os procedimentos e os objectivos, desta mesma versão. entre a troca automática de informações no âmbito do CRS e na área do FATCA, são distintos, e que, após a alteração, 38. Artigo 1.º - Objecto a proposta de lei apenas se aplica à troca automática de in- formações no âmbito do CRS, portanto, na versão final, foi Segundo o proponente, a redacção do n.º 1, previsão do ajustada a referida definição e, em simultâneo, eliminada a objecto da proposta de lei, é idêntica à do n.º 1 do artigo 1.º segunda parte do n.º 1 do artigo 11.º. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 155

Relativamente à definição de “troca espontânea de in- não se coordena com o que está previsto no n.º 3 do artigo formações”, a respectiva alteração foi feita pelo proponente 10.º. Conforme essa disposição, as instituições financeiras em referência ao conteúdo do Regulamento da Troca de procedem à identificação do titular da conta financeira Informações em Matéria Fiscal Internacional no Interior da como residente fiscal estrangeiro numa abordagem gené- China20, com vista a tornar mais clara a respectiva expressão. rica, no entanto, segundo o proponente, a “ ‘abordagem genérica’ significa que, sempre que as instituições finan- Em relação à definição de “beneficiário efectivo”, o pro- ceiras tiverem conhecimento de que os titulares das contas ponente afirmou que “nos termos dos padrões internacio- são residentes fiscais estrangeiros, podem previamente, na nais, cada jurisdição deve acrescentar na lei a definição do situação em que não há celebração do acordo entre Macau ‘beneficiário efectivo’, portanto, foi aditada na proposta de e o respectivo país ou região, recolher as informações dos lei a respectiva definição. A parte sobre as informações do titulares das contas do residente fiscal daquele país ou re- beneficiário efectivo é acrescentada na proposta de lei para gião, e transmitir à DSF as respectivas informações quando responder às exigências mais recentes apresentadas no Fó- for celebrado futuramente o acordo de troca automática de 21 rum Global … A investigação ao ‘beneficiário efectivo’, em informações entre Macau e aquele país”. Se assim for, como termos práticos, vai ser pormenorizada na Norma Comum é que RAEM consegue identificar o titular da conta finan- de Relatórios e nos Procedimentos de Diligência devida so- ceira como residente fiscal estrangeiro numa “abordagem bre Informações de Contas Financeiras”. genérica”, antes de celebrar um acordo internacional com outra jurisdição tributária? Segundo algumas opiniões, a definição de “residente fiscal estrangeiro”22 não corresponde à realidade de Macau, O proponente acolheu as referidas opiniões e alterou porque na RAEM existem, respectivamente, associações a definição de “residente fiscal estrangeiro”24, com vista com personalidade jurídica e associações sem personali- a haver uma coordenação com o n.º 3 do artigo 10.º – as dade jurídica, e no Código Civil23 existem as disposições instituições financeiras devem proceder à identificação do respectivas. Para além disso, no n.º 1 do artigo 15.º prevê- titular da conta financeira como residente fiscal estrangeiro, -se “associação sem personalidade jurídica”, a qual também numa abordagem genérica. É acrescentado, em simultâneo, o n.º 2, permitindo que a definição de pessoas colectivas possa também comportar mesmo as que foram irregularmente 20 Nos termos previstos no artigo 7.º do Capítulo II do Regulamen- constituídas, as associações sem personalidade jurídica e as to da Troca de Informações em Matéria Fiscal Internacional: “… comissões especiais. refere-se a um acto pelo qual a administração fiscal de um Estado contratante fornece voluntariamente à sua contraparte do outro Estado contratante as informações relevantes que adquiriu na exe- Na versão final foram aperfeiçoadas as redacções das cução fiscal, e que se acredita serem favoráveis à implementação alíneas 1), 2) e 4) em chinês, para haver uma identidade en- dos acordos fiscais por parte da sua contraparte, bem como as in- tre as expressões em chinês e em português. formações sobre a sua legislação nacional, no âmbito dos tributos envolvidos no contrato de tributação, incluindo as informações e Quanto ao conteúdo alterado no n.º 1 e ao n.º 2 aditado, situações relativas à tributação, nomeadamente, ao recebimento a Comissão manifestou a sua concordância. ou pagamento de preço e despesas, à alienação de bens ou à dis- ponibilização de bens para fins de uso, por parte das sociedades 41. Artigo 4.º - Âmbito subjectivo de aplicação comerciais ou indivíduos”. 21 Vide “Exchange of Information on Request - Handbook for Quer durante as discussões na generalidade em sede Peer Reviews 2016-2020”, p.19,… A.1.1.Jurisdictions should en- de plenário, quer durante a apreciação na especialidade em sure that information is available to their competent authorities sede da Comissão, houve Deputados que deram atenção ao that identifies the owners of companies and any bodies corporate. âmbito subjectivo da aplicação da troca de informações e Owners include legal owners and beneficial owners (including, in a um eventual envolvimento das informações relativas aos any case where a legal owner acts on behalf of any other person as residentes de Macau. a nominee or under a similar arrangement, that other person), as well as persons in an ownership chain… ”, publicado pela OCDE. Na versão inicial da proposta de lei, o n.º 1 prevê que: “A 22 Na versão inicial da proposta de lei, “residente fiscal estran- troca de informações a pedido é aplicável às pessoas singu- geiro” entende-se por: a pessoa singular, associação, fundação lares, associações, fundações ou outras pessoas colectivas ou outra pessoa colectiva que é considerada como residente para efeitos fiscais nos termos da respectiva legislação de outras partes que possuem informações de residentes fiscais estrangeiros contratantes dos acordos internacionais. na RAEM”. O n.º 3 prevê que: “A troca espontânea de 23 Nos termos do artigo 154.º (noção) do Código Civil: “as asso- informações é aplicável aos contribuintes inscritos na Di- ciações são pessoas jurídicas de substrato pessoal que não têm recção dos Serviços de Finanças, doravante designada por por fim o lucro económico dos associados”. Nos termos do n.º 1 do artigo 186.º (organização e administração): à organização interna e à administração das associações sem personalidade jurídica são 24 Na versão final da proposta de lei, “residente fiscal estrangeiro” aplicáveis as regras estabelecidas pelos associados e, na sua falta, entende-se por: a pessoa singular ou colectiva que é considerada as disposições legais relativas às associações, exceptuadas as que como residente para efeitos fiscais nos termos da respectiva legis- pressupõem a personalidade destas”. lação de outras jurisdições fiscais. 156 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

DSF, dos quais são fornecidas informações em benefício da da nova troca automática de informações é o mesmo, ou administração tributária de outras partes contratantes dos seja, os residentes fiscais de outras partes contratantes”. acordos internacionais”. Quanto a isto, houve Deputados que perguntaram se estes dois tipos de troca de informações Ouvidos os esclarecimentos dos representantes do Go- se limitavam à troca de informações de residentes fiscais verno, a Comissão está de acordo com as alterações intro- estrangeiros, ou se envolviam também as informações re- duzidas neste artigo. lativas aos residentes de Macau, que nada têm a ver com as dos residentes fiscais estrangeiros. Na prática, como é que 42. Artigo 5.º - Âmbito da troca de informações a pe- se procede à execução da norma relativa à troca de informa- dido ções a pedido, constante da Lei n.º 20/2009 (Troca de infor- mações em matéria fiscal)? No tocante ao âmbito subjectivo No tocante ao âmbito da troca de informações a pedi- de aplicação da troca automática de informações, será que do, o proponente apresentou os devidos esclarecimentos: este abrange também os residentes de Macau que possuem, “A troca de informações a pedido é efectuada a pedido do ao mesmo tempo, passaportes, bilhetes de identidade ou país requerente, que, atendendo às necessidades inerentes documentos comprovativos de outros países ou regiões? à investigação fiscal, requer o fornecimento de diversas informações em matéria fiscal, pelo que, as normas inter- A resposta dada pelos representantes do Governo já se nacionais exigem que as jurisdições prestadoras de infor- encontra enunciada, detalhadamente, na parte da Aprecia- mações tenham que ter competência para obter o pedido ção na Generalidade do presente parecer. de informações formulado pelo país requerente, sendo mais Na versão final da proposta de lei, a alteração dos n.os 1 a abrangente o âmbito das informações constantes do n.º 1 3 deste artigo deveu-se à alteração da definição de “residen- do artigo 5.º. Nestas, são incluídas as identificações dos ti- tes fiscais estrangeiros” no artigo 3.º, visando aclarar melhor tulares do órgão e do beneficiário efectivo, contabilidade e o âmbito subjectivo de aplicação. Segundo o proponente, documentos, informações bancárias e outras informações “a eventual introdução de alterações na redacção dos n.os 1 previsivelmente relevantes, em conformidade com a exigên- e 3 deste artigo é feita com referência ao artigo 4.º (infor- cia das normas internacionais. mações previsivelmente relevantes no direito interno dos estados contratantes) e ao artigo 5.º (a troca de informações O Fórum Global aprecia o conteúdo das leis relaciona- a pedido implica informações relativas a qualquer pessoa das com a troca de informações em matéria fiscal que são ou qualquer transacção determinada), ambos da Convenção aplicadas nas jurisdições, visando avaliar se a capacidade da Multilateral de Assistência Mútua e Administração Fiscal, execução de prestação e recebimento de informações das bem como ao conteúdo da troca de informações a pedido, jurisdições corresponde à exigência das normas internacio- da troca automática de informações e da troca espontânea nais no âmbito da troca de informações em matéria fiscal. de informações, e ao seu âmbito, constantes do capítulo II Portanto, é necessário especificar o âmbito das informações do Regulamento da Troca de Informações em Matéria Fis- neste artigo, caso contrário, não vai haver correspondência cal Internacional do Interior da China, de 12 de Junho de com as normas internacionais. 2006. Além disso, também é feita referência às disposições e expressões da OCDE25. De entre as três diferentes formas Por outro lado, no âmbito das informações, para além de troca de informações, o âmbito subjectivo de aplicação de serem incluídas as informações do sector financeiro e das actividades de offshore na lei inicial, é aditado o âmbito das informações da actividade seguradora na subalínea (3) da 25 Segundo os esclarecimentos do proponente, “a norma relativa alínea 3) do n.º 1 do presente artigo, por forma a articular- às informações previsivelmente relevantes é definida em cumpri- -se com a exigência internacional de prestação e recebimen- mento dos padrões da OCDE, constantes do Artigo 26.º do Modelo to das informações na actividade em causa, designadamente do Acordo da Troca de Informações em Matéria Fiscal. Refere- com a prestação pelo sector segurador das informações dos -se na nota deste artigo, no âmbito da troca de informações, que “… seus clientes no âmbito da troca automática de informa- The standard of ‘foreseeable relevance’ is intended to provide for ções”. exchange of information in tax matters to the widest possible extent and, at the same time, to clarify that Contracting States are not at Em sede de apreciação na generalidade da Assembleia liberty to engage in ‘fishing expeditions’ or to request information Legislativa, o prazo referente à comunicação de informa- that is unlikely to be relevant to the tax affairs of a given taxpayer. ções foi alvo da atenção de alguns deputados e, segundo os In the context of information exchange upon request, the standard esclarecimentos do Governo, este é de 5 anos. Houve Depu- requires that at the time a request is made there is a reasonable pos- tados que apontaram que o n.º 3 deste artigo, na versão ini- sibility that the requested information will be relevant; whether the information, once provided, actually proves to be relevant is imma- cial, apenas previa os documentos ou registos conservados terial. A request may therefore not be declined in cases where a de- pelas entidades nos últimos cinco anos. Prevê-se, no n.º 6 finite assessment of the pertinence of the information to an ongoing do artigo 10.º (troca automática de informações), que todos investigation can only be made following the receipt of the informa- os documentos, declarações e informações recolhidos pelas tion….” (Vide “Exchange of Information on Request - Handbook instituições financeiras devem ser conservados durante cin- for Peer Review 2016-2020”, página 145, publicado pela OCDE). co anos. Nos termos do n.º 1 do artigo 22.º, o dia 1 de Julho N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 157 de 2017 é a data em que se dá início à recolha de infor- financeiras publicadas pela AMCM não têm vindo a constar mações no âmbito da “troca automática de informações”. as respectivas sociedades constituídas na RAEM, então, as Assim, como é que se entende o prazo que tem a ver com as disposições podem ser aplicadas, logo que as sociedades se- informações reportáveis? Será que só no âmbito da “troca jam constituídas no futuro, pelo que é feito o aditamento”. automática de informações” é que se inicia no dia 1 de Ju- lho de 2017, e com um prazo de cinco anos? Como é que se Ao mesmo tempo, atendendo às alterações introduzidas calcula o início dos prazos relativos à “troca de informações noutros artigos da proposta de lei e às opiniões decorrentes a pedido” e à “troca espontânea de informações”, respecti- do intercâmbio técnico com a assessoria da Assembleia Le- vamente? gislativa, o proponente melhorou a redacção do n.º 1 na ver- são final. Em particular, o Governo manifestou, na alínea Ademais, alguns Deputados questionaram: será que as 2) do n.º 1, a sua opção legislativa, isto, é, “as informações informações mantidas por instituições e entidades, enuncia- mantidas por outros serviços e organismos públicos”, não se das no n.º 1, em particular, na sua alínea 3), se revestem de limitando a “informações mantidas por outras autoridades 26 natureza compreensiva? governamentais” , portanto, procedeu-se à alteração desta alínea. Segundo os esclarecimentos do proponente, “nos termos do n.º 3 do artigo 5.º, o prazo para a troca de informações a Para além disso, tendo em conta que as referidas infor- pedido refere-se às informações nos últimos 5 anos, ou seja, mações já foram previstas pelas alíneas 1) e 2) do n.º 1, o o Governo da RAEM presta apenas as informações da troca n.º 2 limita-se à estipulação das informações constantes da de informações a pedido, relativas aos últimos 5 anos. No alínea 3) do n.º 1. caso de ser aprovada a proposta de lei, dado que o ano ofi- cial da execução da troca automática de informações é 2018, A Comissão manifestou a sua concordância em relação as informações prestadas junto da respectiva jurisdição en- às alterações introduzidas. volvem as contas financeiras dos residentes fiscais das partes 43. Artigo 6.º - Princípio da reciprocidade contratantes dos acordos internacionais do ano anterior (ano de 2017), sendo as informações do ano anterior automatica- A versão final e a versão inicial são mais ou menos mente fornecidas todos os anos. Segundo as normas interna- iguais, só que a expressão “troca de informações em maté- cionais, as jurisdições devem estabelecer que as instituições ria fiscal”, constante neste capítulo, é alterada para “troca financeiras conservem os documentos, os registos e as infor- de informações a pedido”, no sentido de aclarar a parte re- mações durante 5 anos. Pelo que, conforme o n.º 6 do artigo lacionada com a troca de informações. 10.º, o prazo de conservação de 5 anos refere-se aos 5 anos contados a partir do fim do ano da ocorrência dos procedi- Houve Deputados que apontaram o seguinte: prevê-se mentos envolvidos, desde o dia 1 de Julho de 2017. também, no artigo 3.º da vigente Lei n.º 20/2009 (Troca de informações em matéria fiscal), o Princípio da reciprocida- No articulado relativo à troca espontânea de informa- de, contudo, esta lei limita-se a prever um tipo de troca de ções, não é estabelecido o prazo, porque as normas inter- informações (aliás, troca de informações a pedido). Agora, nacionais não exigem o prazo para a troca espontânea de a proposta de lei define três tipos de troca de informações, informações. Porém, o prazo para o processamento dos no entanto, o princípio da reciprocidade, previsto no artigo documentos relativos à declaração fiscal da DSF é contado 6.º da proposta de lei, está regulado no Capítulo II, que diz a partir dos últimos 5 anos de exercício, pelo que, à troca respeito à troca de informações a pedido. Então, a troca espontânea de informações aplica-se também o disposto automática de informações e a troca espontânea de infor- quanto ao prazo de 5 anos”. mações têm, ou não, de cumprir esse princípio?

Entretanto, na versão inicial não se definiu, com pre- Quanto a isto, os representantes do Governo explica- cisão, o prazo a estipular para a entrega das informações. ram: “A proposta de lei pondera apenas a introdução do Pelo exposto, o proponente alterou o n.º 3, definindo clara- princípio da reciprocidade no Capítulo sobre a troca de mente que: “As informações utilizadas na troca de infor- informações a pedido, porque, do artigo 7.º deste capítulo mações a pedido limitam-se apenas às referentes ao ano sobre a troca de informações a pedido constam alíneas rela- em que a RAEM tenha recebido o pedido, e aos cinco anos tivas à recusa do pedido, e uma das estatuições para a recusa anteriores”. é o incumprimento do princípio da reciprocidade, portanto, é necessária a introdução do princípio da reciprocidade no Na versão final, foi aditada na alínea 3) uma subalínea articulado relativo à troca de informações a pedido. Na par- (4). Segundo os esclarecimentos do proponente, “tendo te relacionada com a troca automática de informações e a em conta que o regime jurídico do sistema financeiro não abrange todas as instituições financeiras… é alargado o âm- bito jurídico que regulamenta os fundos de investimento e 26 Registam-se divergências quanto às expressões em chinês e em as sociedades gestoras de fundos de investimento”. Segundo português na versão inicial, sendo possível que isto dê azo a inter- o proponente: “Considerando que, da lista das instituições pretações diferentes. 158 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 troca espontânea de informações, as normas internacionais 45. Artigo 8.º - Procedimentos para a troca de infor- não regulamentam, de forma obrigatória, que a troca auto- mações a pedido mática de informações e a troca espontânea de informações estejam submetidas ao princípio da reciprocidade. De facto, O n.º 3 da versão inicial previa: “Recebido o pedido, a pode haver países ou jurisdições que optem, por diversas DSF notifica as entidades para lhe remeterem as informa- razões, pelo pedido de prestação unilateral de informações e ções necessárias à troca de informações, fixando-lhes um de não recepção de informações. Por exemplo, há preocupa- prazo mínimo de cinco dias úteis a contar da data da recep- ções sobre os recursos para processar a informação, a neces- ção da notificação para a apresentação das informações”. E sidade de estabelecer a segurança do sistema para lidar com o n.º 5 previa: “A notificação dirigida às entidades identifica a informação e o facto de que alguns países ou jurisdições as informações pretendidas e informa tratar-se de um pe- estão a aplicar o princípio de tributação territorial pura, e dido de troca de informações em matéria fiscal aceite pelo sem a necessidade de obter informações de outras fontes. Chefe do Executivo, podendo determinar uma proibição de Por isso, se a RAEM cumprir também o princípio da reci- comunicação da existência do pedido de troca de informa- procidade para efeitos da troca automática de informações ções às pessoas singulares ou colectivas, a quem as informa- e da troca espontânea de informações, não pode então pro- ções respeitam”. ceder à troca de informações com as jurisdições que optam pela prestação unilateral de informações. A não introdução Houve quem questionasse se a DSF, após a recepção de do princípio da reciprocidade na troca automática de infor- um pedido, vai solicitar ao Chefe do Executivo a decisão de mações e na troca espontânea de informações da proposta o aceitar ou recusar, dado que esta competência é do Chefe faz com que a RAEM possa processar, de modo mais flexí- do Executivo. Como se alcança o equilíbrio entre estes 2 vel, a troca de informações em matéria fiscal, no futuro”. números? Em que critérios se baseia o Chefe do Executivo para “determinar uma proibição de comunicação da exis- Ouvida a explicação dos representantes do Governo, a tência do pedido de troca de informações às pessoas singu- Comissão concordou com a opção legislativa do Governo. lares ou colectivas a quem as informações respeitam”?

44. Artigo 7.º - Recusa do pedido O proponente acolheu as opiniões e introduziu altera- ções nos artigos 3.º e 5.º. Quanto ao estipulado no número 5.º, Na versão final, foi realizado um aperfeiçoamento ape- o proponente apresentou à Comissão a explicação seguinte: nas ao nível da redacção e da sistematização, mantendo-se “O n.º 5 estabelece concretamente a notificação pela DSF inalterado o conteúdo material da versão inicial. da recolha de informações dirigida às entidades. É de des- O artigo enumera as 4 circunstâncias em que a RAEM tacar que a notificação envolve um pedido de troca de infor- recusa o pedido de troca de informações a pedido. Quan- mações em matéria fiscal aceite pelo Chefe do Executivo, to a uma dessas situações – “a informação seja revelado- sendo simultaneamente acrescentada a expressão ‘com base ra de segredos ou processos comerciais, industriais ou em qualquer das circunstâncias previstas no n.º 1 do artigo profissionais”27 – houve quem questionasse como se faz a seguinte’, no sentido de aclarar em que situação é que pode respectiva identificação na prática, uma vez que nas leis ser exigida a proibição da comunicação às pessoas singula- vigentes em Macau não existe uma definição do conceito res ou colectivas envolvidas por parte das entidades”. “segredos comerciais, industriais ou profissionais”. A Comissão manifestou a sua concordância em relação De acordo com a explicação dos representantes do Go- às alterações introduzidas. verno, a opção resulta do cumprimento das normas inter- nacionais estabelecidas pela OCDE28. Assim, a Comissão 46. Artigo 9.º - Notificação e meios de defesa concorda com a opção legislativa do Governo. Foram levantadas várias questões: a não notificação ao titular da conta resulta apenas da solicitação das outras 27 Era parte da alínea 2) na versão inicial, e na versão final passou partes contratantes dos acordos ou também é preciso ter em a constituir uma alínea autónoma, a 3). consideração o interesse público local? Se é a solicitação das 28 Vide. “Exchange of Information on Request”, “Handbook outras partes que justifica a não notificação, é possível que for Peer Reviews 2016-2020”, OCDE, pág. 132. “…78. The first esta solicitação seja frequente, e também é provável que a sentence of paragraph 2 provides that a Contracting Party is not informação transmitida esteja errada, mas o interessado não obliged to provide information which would disclose any trade, tenha conhecimento disso. Como se alcança o equilíbrio? business, industrial, commercial or professional secret or trade Houve quem alertasse para o facto de existirem diferenças process. 79. Most information requests will not raise issues of tra- de, business or other secrets. For instance, information requested nos regimes e leis entre as jurisdições. Macau dispõe de leis in connection with a person engaged only in passive investment sobre a protecção da privacidade, prevendo que, em caso de activities is unlikely to contain any trade, business, industrial or divulgação de dados pessoais, o Governo tem a obrigação commercial or professional secret because such person is not con- de notificar o interessado. O Governo estudou este aspecto ducting any trade, business, industrial or commercial or professio- quando elaborou a proposta de lei? Como se salvaguarda o nal activity. 80...” direito à privacidade? N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 159

Quanto à expressão “interesse público especialmente seguros regulados pela legislação constante da subalínea (3) relevante”, questionou-se qual a sua definição. da alínea 3) do n.º 1 do artigo 5.º”, um Deputado inquiriu se o “seguro de vida” está abrangido pela ressalva. De acordo Além disso, na versão inicial, verificava-se uma desarti- com a explicação dos representantes do Governo, os tipos culação entre o n.º 1 deste artigo e o artigo 18.º. Solicitou-se, de seguro visados pela ressalva são de natureza “consumível” também, que o proponente explicasse a relação entre este e de “baixo risco”, excluindo assim o “seguro de vida”. número e o n.º 4 do artigo 10.º. A lista daquelas que o Governo pretende classificar Assim, nas palavras do proponente: “São necessárias as como “instituições financeiras não declarantes”, entregue condições para a proibição da comunicação às pessoas singu- pelos representantes do Governo à Comissão, inclui outras lares e às pessoas colectivas envolvidas nas informações, por- instituições financeiras, além dos elementos constantes do que as normas internacionais preceituam que não possa ser conteúdo da ressalva. De acordo com o proponente, estas revelado o pedido da troca de informações formulado pela instituições, por exemplo, as casas de câmbio, são regula- parte requerente jurisdicional, para evitar o impedimento das ainda por outras leis especiais, e não abrem “contas do procedimento de investigação fiscal pela parte requerente financeiras” para os clientes. Portanto, vão ser classificadas jurisdicional, sob pena de prejudicar a comunidade interna- como “instituições financeiras não declarantes”, na lista cional relativamente à avaliação da capacidade da execução das instituições financeiras anexada à “Norma Comum de da troca de informações em matéria fiscal pela RAEM”. Comunicação e Procedimentos de Diligência Devida para Informações sobre Contas Financeiras”, documento este a Quanto à definição do conceito “interesse público espe- ser aprovado por despacho do Chefe do Executivo. Porém, cialmente relevante”, de acordo com o proponente, “é difícil houve quem opinasse que o referido despacho do Chefe do encaixar numa definição todos os casos, e terá o respectivo Executivo se fundamenta na presente lei, pelo que se deve tratamento cada situação concreta”. O proponente afirmou fornecer fundamentos legislativos suficientes nesta lei. ainda: “O n.º 1 do artigo 9.º e o artigo 18.º da proposta são as disposições iniciais da Lei n.º 20/2009 – Troca de infor- Esta opinião foi acolhida pelo proponente, que intro- mações em matéria fiscal”. duziu a respectiva alteração no n.º 1, substituindo a parte da ressalva pela expressão “com excepção das instituições Na versão final, é cancelada a expressão “no caso pre- financeiras não declarantes definidas no despacho do Chefe visto no n.º 4 do artigo seguinte”, por não ser aplicável à do Executivo referido no número seguinte”. O proponente “troca de informações a pedido”. Ao mesmo tempo, foi acrescentou que a OCDE tem normas internacionais para introduzida no artigo 18.º uma ressalva, fazendo uma arti- distinguir as instituições financeiras declarantes das não culação com o n.º 1 do presente artigo. declarantes, e o Governo vai tomá-las como referência para definir a lista das instituições financeiras não declarantes. Quanto ao destinatário da notificação, o termo “inte- ressado”, na versão inicial, foi substituído pela expressão No que diz respeito ao “prazo de conservação” pre- “pessoas singulares ou colectivas, a quem as informações visto no n.º 6 da versão inicial, sugeriu-se que é necessário respeitam”. Esta alteração, de acordo com o proponente, aclarar o momento a partir do qual é contado o prazo. O foi introduzida no sentido de “ir ao encontro da aplicação proponente acolheu esta sugestão e introduziu alterações ao da proposta”. Este número estipula expressamente que as respectivo número, que passa a prever que: “As informações os “pessoas singulares ou colectivas, a quem as informações recolhidas nos termos dos n. 3 e 5 devem ser conservadas respeitam”, têm a legitimidade de interpor recurso conten- durante cinco anos contados a partir do final do ano em que cioso “com efeito suspensivo”, mas apenas quando existe os procedimentos tenham decorrido”. O proponente acres- “fundamento em erro na informação a remeter”29; as outras centou que a redacção nova faz referência à respectiva lei 30 situações regem-se pela lei geral, nomeadamente, o Código de Portugal , e a definição do prazo de 5 anos se baseia no de Processo Administrativo Contencioso. critério do CRS. Quanto à contagem dos 5 anos, de acordo com o proponente, são os 5 anos subsequentes. Assim, por A Comissão manifesta a sua concordância em relação exemplo, uma instituições financeiras e offshore recolheu as às alterações introduzidas. informações no dia 1 de Setembro de 2017, logo o prazo de conservação é até ao dia 31 de Dezembro de 2023. 47. Artigo 10.º - Âmbito e regras da troca automática de informações 30 O número 7 do artigo 16.º do Decreto-Lei n.º 61/2013 de Por- Quanto à ressalva no n.º 1 da versão inicial – “com tugal prevê: “As informações sobre as contas financeiras e seus excepção das entidades que exploram os ramos gerais de titulares que são objecto de comunicação, bem como os docu- mentos que justificam as declarações prestadas e as informações recolhidas em cumprimento das obrigações de diligência devida e 29 Abrangia, na versão inicial, apenas as informações referidas comunicação impostas às instituições financeiras reportantes ao na alínea 3) do artigo 5.º. Na versão final, a melhoria introduzida abrigo do presente decreto-lei devem ser por estas conservadas em à norma alargou o âmbito para abranger também as informações boa ordem, pelo período de seis anos contados a partir do final do visadas, da alínea 1) à alínea 3) do n.º 3. ano em que os procedimentos tenham sido efectuados.” 160 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Além disso, na versão final, o preceito do n.º 1 do artigo quanto à “ressalva” do n.º 1 da versão inicial, pois o Chefe 22.º da versão inicial passou a integrar o presente artigo, do Executivo não reúne condições para a não autorização; constituindo o n.º 7. Isto, porque a matéria regulada neste ademais, a incidência, a norma de comunicação e os proce- número não é do âmbito da “aplicação da lei no tempo”. dimentos de diligência devida previstos no FATCA são di- ferentes dos previstos no CRS, portanto, foram levantadas Quanto à norma – “a troca automática de informações dúvidas quanto à aplicabilidade das normas deste capítulo. refere-se à informação relevante a partir de 1 de Julho de 2017”, questionou-se se a “informação relevante” se refere à Analisadas as referidas opiniões, o proponente acabou da “data da ocorrência do facto” ou à da “data da inclusão” por eliminar a “ressalva” do n.º 1 e aperfeiçoou a sua re- na conta financeira. O proponente explicou que, de acordo dacção, a fim de clarificar que a troca automática de infor- com a norma da OCDE, é a informação da “data da inclu- mações apenas é aplicável no âmbito do CRS, e não no do são” na conta. FATCA. Quanto à relação entre a proposta de lei e o CRS e a implementação do acordo sobre o FATCA, encontra- A epígrafe do presente artigo e a redacção dos diversos -se reflectida, detalhadamente, na apreciação genérica deste números também foram aperfeiçoadas na versão final. parecer.

A Comissão manifesta a sua concordância em relação Para além disso, na versão final, aperfeiçoou-se a re- às alterações introduzidas. dacção do n.º 4, a fim de a clarificar quanto a exigir às ins- tituições financeiras, e não à DSF, que utilizem a forma de 48. Artigo 11.º - Métodos e procedimentos para a troca encriptação no fornecimento de informações, e a violação automática de informações do referido dever é punida, nos termos previstos no artigo 14.º, com uma multa que varia entre 6000 e 60 000 patacas. Segundo o “Relatório sumário sobre a matéria da con- sulta relativa à ‘Troca de informações de matéria fiscal’” O n.º 5 prevê que as “instituições financeiras podem con- disponibilizado pelo Governo, em relação à parte final do n.º 1 tratar prestadores de serviços para executar as instruções”, deste artigo da versão inicial – “salvo disposição em con- mas a proposta de lei nada estipula quanto às qualificações trário nos acordos internacionais e tal seja autorizado pelo dos referidos prestadores de serviços, e não existe sanção Chefe do Executivo, caso em que a informação pode ser para eles em caso de violarem o dever de confidencialida- transmitida a outras partes contratantes directamente pelas de. Relativamente a esta questão, o proponente esclareceu instituições financeiras em causa” – houve quem entendesse que: “conforme as normas internacionais, as instituições que a troca automática de informações requer que ambas financeiras podem contratar prestadores de serviços para as partes tenham um sistema de tecnologia de segurança de executar as instruções. Contudo, as normas internacionais criptografia de dados de forma madura, no entanto, a segu- não regulamentam necessariamente a posse de qualificações rança da criptografia é duvidosa. Propôs-se, portanto, a sua e as condições profissionais específicas dos mesmos. Para eliminação; e o Governo respondeu que, em princípio: “A tal, também não são estabelecidas na proposta as respec- adição da disposição em questão ocorreu tendo em conta a tivas qualificações e condições. As instituições financeiras implementação do acordo (Foreign Account Tax Complian- podem, por si próprias, contratar prestadores de serviços ex- ce Act – FATCA) IGA Modelo II, assinado entre a RAEM perientes. Como há relações entre os prestadores de serviços e os EUA. Este modelo exige que as instituições financeiras e as instituições financeiras, os prestadores de serviços estão entreguem as informações directamente à autoridade com- também sujeitos às disposições de confidencialidade. Mas, petente dos Estados Unidos, logo, a disposição não pode quando os prestadores de serviços violarem as obrigações ser eliminada. Além disso, as disposições da proposta de lei de confidencialidade e causarem prejuízos às instituições regulamentam que as entidades e os prestadores de serviços financeiras, estas podem reclamar indemnizações contra os devem cumprir a obrigação de confidencialidade, e o envio referidos prestadores, em conformidade com as cláusulas das informações colectadas deve ser efectuado por meio de contratuais, invocando o artigo 189.º do Código Penal, para método criptográfico electrónico. Acredita-se que o método reclamar a efectivação da responsabilidade penal”. de execução pode garantir a confidencialidade e completu- de ao longo de todo o processo de transmissão”31. A Comissão manifestou a sua concordância em relação à opção legislativa deste artigo e às alterações introduzidas. Durante a apreciação na especialidade, houve quem apontasse que, actualmente, as instituições financeiras de 49. Artigo 12.º - Âmbito da troca espontânea de infor- Macau já começaram a transmitir directamente as infor- mações mações às autoridades fiscais norte-americanas, nos termos exigidos pelo FATCA, portanto, suscitaram-se dúvidas Este artigo define as situações em que a RAEM efec- tua a troca espontânea de informações. Sobre esta matéria, há quem entenda que estas situações não têm a ver com os 31 Relatório sumário sobre a matéria da consulta relativa à “Troca interesses da RAEM, então, por que razão as informações de informações de matéria fiscal” da DSF da RAEM, páginas 5 e 6, em matéria fiscal dos contribuintes de Macau são fornecidas ponto 8. a outros países e regiões? Ademais, nas transacções comer- N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 161 ciais “poupar nos impostos” é legal, então o disposto no 51. Artigo 14.º - Sanções administrativas presente artigo é definido em conformidade com as normas internacionais ou é criado por iniciativa da RAEM? Quanto ao valor das multas previstas na versão inicial, alguns deputados entendem que a multa de 6000 patacas é Segundo os esclarecimentos dos representantes do Go- relativamente baixa. Segundo o proponente, o limite míni- verno, este artigo foi definido de acordo com as exigências mo da multa é de 6000 patacas, e o limite máximo atinge as da OCDE e tendo como referência a lei de troca de infor- 60 000 patacas. mações de Portugal, e o Fórum Global da OCDE também está atento aos “preços de transferência”, ou seja, uma ten- Relativamente ao n.º 1, o proponente esclareceu ainda dência de elisão fiscal. A troca espontânea de informações que: “O conteúdo do n.º 1 incide sobre a aplicação de san- não só promove que as partes contratantes venham a des- ções às entidades ou às instituições financeiras pelo não cobrir certos casos de elisão e evasão fiscais, como é eficaz cumprimento das suas obrigações de prestação das informa- para a revelação de casos de dupla não tributação. ções no âmbito da troca de informações a pedido ou da tro- ca automática de informações à DSF. Na fixação das multas, Houve quem apontasse que as matérias previstas nas alí- é feita a referência aos níveis de multas, de 3 até 5, relativos neas deste artigo não são completamente idênticas às previs- à troca de informações em matéria fiscal, adoptados pela tas na Convenção Multilateral de Assistência Mútua e Admi- Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK), 32 nistração Fiscal . Não poderá isto resultar em divergências ou seja, de 10 000 a 50 000 dólares de Hong Kong. Em si- aquando de uma futura aplicação? Analisadas as referidas multâneo, também é feita referência à aplicação das multas opiniões, o proponente aperfeiçoou a redacção das alíneas em Portugal, variando os valores de 500 a 22 500 euros...”. deste artigo, nos termos do conteúdo da referida convenção. Para além disso, houve quem questionasse o seguinte: A Comissão manifestou a sua concordância em relação por que razão é diferente a natureza das infracções entre à opção legislativa do Governo e às alterações introduzidas a nova e a antiga lei, pois, na nova lei a qualificação é de neste artigo. crime33, punido com pena de prisão ou com pena de multa, e na antiga lei a qualificação é de infracção administrativa, 50. Artigo 13.º - Procedimentos para a troca espontâ- punida só com pena de multa? Relativamente a esta ques- nea de informações tão, os representantes do Governo prestaram as devidas Em relação à versão inicial, houve quem questionasse explicações, conteúdo que se encontra reflectido, detalha- o seguinte: quais são os critérios utilizados pelo Chefe do damente, na apreciação genérica deste parecer. Executivo para ajuizar se deve ou não fornecer, por sua iniciativa, as respectivas informações aos referidos países e A versão inicial não previa as consequências pelo in- regiões? cumprimento do dever de conservação de informações, pre- visto no n.º 6 do artigo 10.º, nem a aplicação de sanção aos Ponderadas as referidas opiniões, na versão final, o pro- actos de fornecimento, intencional, de informações inexac- ponente aditou a este artigo um n.º 3, no qual se prevê que tas ou incompletas. Durante a apreciação na especialidade, “nas situações descritas nas alíneas 2), 3) ou 4) do artigo 7.º houve quem apresentasse estes casos. Depois dos devidos não pode ser efectuada a troca espontânea de informações”. estudos, os representantes do Governo acabaram por intro- duzir alterações no n.º 1. Em relação ao aditamento do n.º 3, há quem entenda que o que está previsto na alínea 3) do artigo 7.º não envolve Na versão final, foi aperfeiçoada a redacção do n.º 1, “interesse público”, então, por que razão está incluído nas como também se aditou a aplicação da sanção às referidas situações de “não pode ser efectuada a troca espontânea de infracções. Segundo o proponente, no caso concreto de a informações”? Mas há quem entenda que, com a interna- infracção preencher, cumulativamente, o disposto na alínea cionalização do desenvolvimento económico de Macau, é 4) do n.º 1 deste artigo e os requisitos de constituição de cri- necessário reforçar a protecção dos segredos empresariais. me, então, aplica-se o Código Penal34.

O proponente esclareceu que, como na “troca de in- formações a pedido” prevê-se que nestas três situações é 33 O n.º 5 do artigo 6.º da Lei n.º 20/2009 – Troca de informações recusado o fornecimento de informações, portanto, na “tro- em matéria fiscal, determina que: “O não cumprimento, pelas ins- ca espontânea de informações” são adoptados os mesmos tituições, da notificação para apresentação de informações cons- critérios. titui crime de desobediência qualificada, nos termos do n.º 2 do artigo 132.º do Código Penal”. A Comissão manifestou a sua concordância em relação 34 O artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 52/99/M – Regime geral das à opção legislativa do Governo. infracções administrativas e respectivo procedimento determina que: “Quando o mesmo facto constitua simultaneamente crime ou contravenção e infracção administrativa, o infractor é punido 32 Artigo 7.º da Convenção Multilateral de Assistência Mútua e unicamente a título daqueles, sem prejuízo da aplicabilidade das Administração Fiscal. sanções acessórias previstas para a infracção administrativa”. 162 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

52. Artigo 15.º - Responsabilidades das pessoas colec- 57. Artigo 20.º - Derrogação do dever de sigilo tivas Devido à alteração de alguns termos do artigo 5.º, a Na sequência do aditamento de um novo n.º 2 ao artigo versão final do presente artigo da proposta de lei também 35 3.º , na versão final, procedeu-se à alteração corresponden- sofreu os necessários ajustamentos, contudo, não se regista- te deste artigo, sem, no entanto, ter sido alterado o conteú- ram alterações concretas no conteúdo, em relação à versão do substancial da versão inicial. inicial da proposta de lei.

A Comissão manifestou a sua concordância em relação 58. Artigo 21.º - Competências às alterações introduzidas neste artigo. O proponente alterou o n.º 2 do presente artigo, com 53. Artigo 16.º - Responsabilidade pelo pagamento das vista a aclarar melhor que a execução da troca automática multas de informações pelas instituições financeiras está sujeita à Na sequência do aditamento de um novo n.º 2 ao artigo fiscalização da DSF. 3.º, na versão final, procedeu-se à alteração correspondente deste artigo, sem, no entanto, ter sido alterado o conteúdo Aditou-se o termo “director” no n.º 3 da versão final substancial da versão inicial. da proposta de lei, com vista a estar em conformidade com o Direito Administrativo e assim clarificar que a entidade A Comissão manifestou a sua concordância em relação competente é o Director dos Serviços de Finanças. às alterações introduzidas neste artigo. A Comissão concordou com as alterações efectuadas no 54. Artigo 17.º - Destino das multas conteúdo deste artigo. Em comparação com a versão inicial, o conteúdo do 59. Artigo 22.º - Revogação (artigo 24.º da versão ini- presente artigo não sofreu quaisquer alterações. cial) 55. Artigo 18.º - Dados pessoais O conteúdo deste artigo não sofreu alterações, em com- Na versão inicial da proposta de lei, a redacção deste paração com a versão inicial da proposta de lei. artigo era muito semelhante à do artigo 9.º da Lei n.º 20/2009 – Troca de informações em matéria fiscal, contudo, não se 60. Artigo 23.º - Entrada em vigor (artigo 25.º da ver- coordenava com o n.º 5 do artigo 8.º, com o n.º 1 do artigo 9.º são inicial) e com o n.º 5 do artigo 10.º da proposta de lei. Assim, o pro- ponente aditou uma “ressalva” na versão final da proposta Na versão final da proposta de lei eliminou-se o n.º 2, de lei, no intuito de dispensar, de forma explícita, os res- bem como no seu n.º 1 se estipula que esta lei entra em vigor pectivos deveres, mas sem afectar a aplicação dos referidos no dia seguinte ao da sua publicação. O proponente expli- artigos e números. cou que “na elaboração da proposta, não estava determina- da a data da sua vigência. A fim de eliminar as dúvidas das Quanto à expressão “autoridade pública”, estipulada instituições financeiras, e de determinar a execução da tro- na alínea 2, o proponente clarificou que, de acordo com a ca automática de informações pelas instituições financeiras legislação em vigor36, esta refere-se ao Gabinete para a Pro- junto da DSF, a prestação de informações começa no dia 1 tecção de Dados Pessoais. de Janeiro de 2018. Nesta fase, a data de implementação é clara, pelo que a disposição em causa deixou de ser necessá- A Comissão concordou com as alterações efectuadas no ria”. conteúdo deste artigo. A Comissão concordou com as alterações efectuadas no 56. Artigo 19.º - Confidencialidade conteúdo deste artigo. Devido à alteração de alguns termos do artigo 5.º, a versão final do presente artigo da proposta de lei também 61. Artigos eliminados sofreu os necessários ajustamentos, contudo, não se regista- Foram eliminados os artigos 22.º e 23.º da versão inicial ram alterações concretas no conteúdo, em relação à versão da proposta de lei. inicial da proposta de lei.

O conteúdo estipulado no artigo 22.º da versão inicial

35 O referido número prevê que: “Para efeitos da presente lei, da proposta de lei não pertencia à matéria referente à “Apli- pessoas colectivas incluem também as mesmo que irregularmente cação da lei no tempo”, pelo que o proponente transferiu o constituídas, as associações sem personalidade jurídica e as comis- conteúdo constante no n.º 1 para o artigo 10.º. O conteúdo sões especiais”. do n.º 2 não se coordenava com o estipulado no artigo 23.º 36 Lei n.º 8/2005 - Lei da Protecção de Dados Pessoais e n.º 2 do da versão final da proposta de lei, pelo que não foi necessá- Despacho do Chefe do Executivo n.º 83/2007. rio mantê-lo. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 163

Mais, a presente proposta de lei abrange não só o diplo- Introdução ma complementar - Decreto-Lei n.º 52/99/M - Regime geral das infracções administrativas e respectivo procedimento 1. O Governo da Região Administrativa Especial de indicado pelo artigo 23.º da versão inicial, mas também Macau (RAEM) apresentou, em 3 de Novembro de 2016, outras leis, como, por exemplo, o Código do Procedimento a proposta de lei intitulada «Alteração às Leis n.º 2/2006 Administrativo Contencioso. Tendo em conta que, mesmo – Prevenção e repressão do crime de branqueamento de não estando estipulado na presente proposta de lei, as ou- capitais - e n.º 3/2006 – Prevenção e Repressão dos crimes tras leis gerais também se podem aplicar subsidiariamente, de terrorismo», a qual foi admitida pelo Vice-Presidente da o proponente eliminou este artigo na versão final da pro- Assembleia Legislativa no dia 4 de Novembro de 2016. posta de lei. 2. A referenciada proposta de lei foi apresentada, discu- 62. Alterações efectuadas ao nível técnico-legislativo tida e aprovada na generalidade em reunião Plenária do dia Por fim, é necessário esclarecer que, para além dos pon- 10 de Novembro de 2016, com 30 votos a favor. tos acima mencionados, a Comissão melhorou vários pontos da redacção da proposta de lei, com vista a unificar as téc- 3. No mesmo dia foi distribuída a esta Comissão para nicas legislativas e a sua estrutura, tendo ainda efectuado efeitos de exame e emissão de parecer, nos termos do Des- ajustamentos quer na versão em chinês quer na versão em pacho do Presidente da Assembleia Legislativa n.º 1344/ português, mas sem efectuar alterações ao nível do conteú- /V/2016 e ao Grupo de Trabalho B da Assessoria para efei- do em concreto na versão final da proposta de lei. tos de apoio na análise e apreciação, nos termos da Comu- nicação n.º 25/V/2016.

V 4. A Comissão, para o efeito, reuniu nos dias 1 e 5 de Conclusão Dezembro de 2016 e nos dias 26 de Janeiro, 28 de Fevereiro, 23 de Março e 4 de Maio de 2017 para proceder à análise da 63. Em conclusão, apreciada e analisada a proposta de proposta de lei supra mencionada. lei, a Comissão: 5. Nas reuniões de 26 de Janeiro, de 28 de Fevereiro, e de 1) É de parecer que a proposta de lei reúne os requisitos 23 de Março do corrente o Governo esteve representado pelo necessários para apreciação e votação, na especialidade, Secretário para a Economia e Finanças, Dr. Lionel Leong, pelo Plenário; pela Chefe de Gabinete do Secretário para a Economia e 2) Sugere que, na reunião plenária destinada à votação Finanças, Dra. Teng Nga Kan, pela Coordenadora do Ga- na especialidade da presente proposta de lei, o Governo se binete de Informação Financeira, Dra. Ng Man Seong, pela faça representar, a fim de poderem ser prestados os esclare- Coordenadora Adjunta do Gabinete de Informação Finan- cimentos necessários. ceira, Dra. Chu Un I, pelo assessor jurídico do Gabinete do Secretário para a Economia e Finanças Dr. Au Ieong Kit, Macau, 25 de Maio de 2017. pelo assessor jurídico do Gabinete de Informação Finan- ceira, Dr. José Alberto Correia Carapinha, pela Directora- A Comissão, Kwan Tsui Hang (Presidente) — Ma Chi -Adjunta do Departamento de Supervisão Bancária da Seng (Secretário) — Kou Hoi In — Leonel Alberto Alves Autoridade Monetária de Macau, Dra. Lau Hang Kun e — Tsui Wai Kwan — Au Kam San — Ho Ion Sang — Chan pelo chefia funcional da 1.ª Divisão de Produção Legislativa Iek Lap — Chan Melinda Mei Yi — Song Pek Kei. da Direcção de Serviços de Assuntos de Justiça, Dr. Filipe Manuel Peixoto Pereira. A assessoria da Assembleia Le- ______gislativa e os assessores jurídicos do Governo reuniram-se em 9 de Março do corrente para proceder à fixação do texto alternativo do articulado da proposta de lei. 16. Parecer n.º 3/V/2017, da 3.a Comissão Permanente, respeitante à proposta de lei intitulada “Alteração às Leis 6. O exame na especialidade da proposta de lei ora em n.º 2/2006 – Prevenção e repressão do crime de branquea- apreciação conduziu à necessidade de solicitar, por duas (2) mento de capitais e n.º 3/2006 – Prevenção e repressão dos vezes, a prorrogação do prazo inicialmente concedido pelo crimes de terrorismo”. Presidente da Assembleia Legislativa para a apreciação na especialidade da proposta de lei, solicitações que foram 3.ª COMISSÃO PERMANENTE acolhidas. Parecer n.º 3/V/2017 7. O Governo apresentou à Assembleia Legislativa em Assunto: Proposta de lei denominada «Alteração às 13 de Abril do corrente a versão alternativa da proposta Leis n.º 2/2006 – Prevenção e repressão do crime de bran- de lei, que só foi distribuída a todos os Deputados em 18 queamento de capitais - e n.º 3/2006 – Prevenção e Re- de Abril do corrente pelo Presidente da Assembleia Legis- pressão dos crimes de terrorismo». lativa por causa das férias da Páscoa. Esta versão alterna- 164 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 tiva da proposta de lei reflecte suficientemente as opiniões 12. Termos em que, de acordo ainda com a Nota Justi- expressas no seio da Comissão e, parcialmente, a análise ficativa, «Para além disso, parte das disposições constan- técnico-jurídica efectuada pela assessoria da Assembleia tes do Regulamento Administrativo n.º 7/2006 (Medidas Legislativa. A Comissão em 4 de Maio do corrente concluiu preventivas dos crimes de branqueamento de capitais e a apreciação na especialidade e assinou o presente parecer. financiamento ao terrorismo) carece de revisão adequada por força da entrada em vigor da Lei n.º 13/2009 (Regime 8. No presente parecer, as referências ao articulado se- jurídico de enquadramento das fontes normativas internas). rão feitas com base na versão alternativa da proposta de lei, Ora, uma vez que o artigo 7.º da Lei n.º 13/2009 estabelece supra mencionada. limites ao montante das multas que podem ser estabelecidas através de regulamento administrativo, torna-se necessário 9. Tendo por referência os memorandos elaborados transferir o regime sancionatório do Regulamento Adminis- pela assessoria desta Assembleia Legislativa foi discutido trativo n.º 7/2006 para a Lei n.º 2/2006.». o articulado da proposta de lei e consideradas as opções e as soluções projectadas na mesma, cumpre à Comissão pro- Na mesma Nota Justificativa o proponente sintetizava nunciar-se, emitindo o seu parecer, o que faz observando a ainda as alterações a introduzir na presente iniciativa legis- seguinte sistemática, para facilidade da exposição e como- lativa, nos seguintes termos: «As alterações agora introduzi- didade de referência, nos termos e para os efeitos do artigo das traduzem-se em: 119.º do Regimento: - Lei n.º 2/2006: I – Apresentação; 1) Extensão do elenco dos crimes precedentes do crime II – Apreciação na generalidade; de branqueamento de capitais, por forma a abranger todas as categorias de crimes designados pela Convenção de Pa- lermo e pelos novos padrões internacionais do GAFI; III – Apreciação na especialidade; e

2) Adição de dois números ao artigo que criminaliza as IV – Conclusões. condutas de branqueamento de capitais, por forma a acen- tuar a autonomia entre aquele ilícito e o crime precedente e facilitar o entendimento quanto ao padrão requerido para a I determinação da culpa do agente; Apresentação 3) Reforço das medidas de diligência a aplicar relativa- 10. Nos termos da Nota Justificativa apresentada pelo mente a contratantes, clientes e frequentadores, designada- Executivo, e que acompanha a presente iniciativa legislati- mente no domínio do dever de identificação, que passa ago- va, em sede de contexto geral, é declarado que «Esta pro- ra a também consagrar o dever de verificação da identidade posta de lei é adoptada a fim de proteger o desenvolvimento através de meios de identificação idóneos; sustentável da economia da Região administrativa Especial de Macau (RAEM), bem como por forma a manter a segu- 4) Extensão do dever de participar operações suspeitas rança e estabilidade dos diversos sectores da economia e, de branqueamento de capitais a situações em que as opera- ainda, proporcionar uma plataforma segura e atractiva para ções não tenham efectivamente sido efectuadas, indepen- o investimento local e do exterior, por um lado, e, por outro dentemente do seu valor; lado, enquanto membro de organizações internacionais das quais decorrem para a RAEM obrigações no sentido de me- 5) Adição dum capítulo com medidas processuais espe- lhorar os seus sistemas legal e institucional através da adop- ciais; ção de leis e regulamentos de acordo com os padrões inter- nacionais por forma a cumprir com os novos requisitos das 6) Transferência do regime sancionatório e do respecti- 40 Recomendações do Grupo de Acção Financeira (GAFI) vo procedimento do Regulamento Administrativo n.º 7/2006 e, simultaneamente, responder às deficiências identificadas para o âmbito da presente Lei. durante a avaliação da RAEM pelo Grupo Ásia-Pacífico contra o Branqueamento de Capitais (APG) em 2006.». - Lei n.º 3/2006:

11. Refere o proponente no mesmo documento que «Por 1) Extensão do elenco dos crimes de terrorismo, por esta razão o Governo da RAEM sente a necessidade de pro- forma a abranger todas as categorias de crimes designados ceder a alterações pontuais à Lei n.º 2/2006 e à Lei n.º 3/2006 na Resolução n.º 2178 (2014), adoptada pelo Conselho de com a razão subjacente de assegurar que a economia da Segurança das Nações Unidas, relativa a combatentes terro- RAEM se mantém competitiva e sustentável ao mesmo tem- ristas estrangeiros; po que se cumprem os padrões internacionais mantendo a RAEM na linha da frente quanto ao cumprimento das suas 2) Extensão do elenco dos crimes de financiamento ao obrigações internacionais.». terrorismo até a recursos económicos ou bens de qualquer N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 165 tipo, bem como produtos ou direitos susceptíveis de ser n.º 2/2006 não cumprem totalmente as Recomendações do transformados em fundos, para que todos os bens relaciona- GAFI, uma vez que alguns dos crimes que devem ser con- dos com o financiamento ao terrorismo sejam incluídos.». siderados como crimes precedentes tais como a corrupção passiva para acto ilícito (consagrado no artigo 338.º do Có- 13. Ficava assim registada a contextualização geral do digo Penal e o contrabando (acto ilícito previsto no artigo feixe de políticas legislativas visadas pelo proponente. Uma 21.º da Lei n.º 7/2003 «Lei do Comércio Externo») não são segunda parte da mesma Nota Justificativa procedia ainda à abrangidos pela lei de Macau. Tais deficiências irão afectar análise normativa das alterações pretendidas pelo Executivo. o âmbito de aplicação do crime de branqueamento de ca- pitais que constitui uma das recomendações nucleares das 14. Já na reunião plenária, durante o debate na generali- Recomendações do GAFI. dade, foram levantadas questões que se prendiam com a op- ção do proponente em reunir numa única proposta de lei a 2) Adição de dois números ao artigo que criminaliza as alteração a duas leis, a fundamentação de política legislativa condutas de branqueamento de capitais, por forma a acen- e a opção pela manutenção da regulamentação dos pressu- tuar a autonomia entre aquele ilícito e o crime precedente e postos e conteúdo dos deveres previstos no artigo 7.º da Lei facilitar o entendimento quanto ao padrão requerido para a n.º 2/2006, bem como a definição do sistema de fiscalização determinação da culpa do agente. do respectivo cumprimento, em regulamento administrativo. Esta é uma das recomendações nucleares das Recomen- 15. Face às questões colocadas pelos Deputados na dações do GAFI e o conceito plasmado na versão original reunião plenária de apreciação na generalidade, o Executi- da Lei n.º 2/2006 também abrange estes princípios. Desta vo apresentou, em 25 de Novembro de 2016, uma Justifica- forma, o Relatório de Avaliação Mútua de Macau do APG ção suplementar da nota justificativa da Proposta de Lei ao de 2006 acabou por concluir pela não existência de quais- Presidente da Assembleia Legislativa. quer deficiências. Todavia, nos últimos 10 anos os órgãos judiciais da RAEM têm encontrado dificuldades práticas na 16. Nessa sede inscreveu o proponente mais esclareci- aplicação da lei existente nas investigações e julgamento dos mentos sobre as opções legislativas e as respectivas polí- casos de branqueamento de capitais. Uma vez que se encon- ticas que entendeu por oportunos: «Esta proposta de lei é tra implícito que a condenação por branqueamento de capi- adoptada a fim de proteger o desenvolvimento sustentável tais é independente do crime precedente e que o branquea- da economia da Região administrativa Especial de Macau mento de capitais por parte do autor do crime precedente é (RAEM), bem como por forma a manter a segurança e igualmente branqueamento de capitais sempre que o mesmo estabilidade dos diversos sectores da economia e, ainda, praticar esse crime, uma vez que as operações praticadas se proporcionar uma plataforma segura e atractiva para o in- consubstanciem no acto de dissimular a origem dos fundos vestimento local e do exterior e, por outro lado, enquanto branqueados quer esses actos sejam praticados pelo autor membro de organizações internacionais das quais decorrem do crime precedente ou por terceiros, diferentes procurado- para a RAEM obrigações no sentido de melhorar os seus res e juízes podem ter diferentes interpretações da lei e este sistemas legal e institucional através da adopção de leis e facto tem afectado a eficácia das investigações, acusações e regulamentos de acordo com os padrões internacionais por julgamentos dos casos de branqueamento de capitais. forma a cumprir com os novos requisitos das 40 Recomen- dações do Grupo de Acção Financeira (GAFI) e, simulta- De acordo com a informação fornecida pelas autori- neamente, responder às deficiências identificadas durante dades judiciárias vários casos de investigação gerados em a avaliação da RAEM pelo Grupo Ásia-Pacífico contra o relatórios de transacções suspeitas foram arquivados devido Branqueamento de Capitais (APG) em 2006. As recomen- a falta de prova da comissão do crime precedente sendo dações do GAFI revistas em 2012 e a nova metodologia de que, alguns procuradores, são da opinião que é necessário avaliação adoptada em 2013 trouxeram igualmente novos aguardar pela condenação pelo crime precedente por forma padrões internacionais, determinando nomeadamente que a que seja possível a acusação pelo crime de branqueamento países sob avaliação tenham que demonstrar a eficácia dos de capitais. seus sistemas incluindo sucesso nas investigações, acusa- ções e condenações. Outra razão que aconselha a que seja explicitamente As alterações agora introduzidas na Lei n.º 2/2006, consagrada a autonomia do crime de branqueamento de ca- traduzem-se em: pitais relativamente ao crime precedente é que a maioria de casos de branqueamento de capitais que ocorrem em Macau 1) Extensão do elenco dos crimes precedentes do crime são relacionados com a lavagem de proventos gerados por de branqueamento de capitais, por forma a abranger todas crimes precedentes que ocorreram fora de Macau. Nesses as categorias de crimes designados pela Convenção de Pa- casos a recolha de prova assenta basicamente em processos lermo e pelos novos padrões internacionais do GAFI. de cooperação judiciária em matéria penal com outras juris- dições. Ultimamente muitas das investigações de branquea- O Relatório de Avaliação Mútua de Macau do APG mento de capitais foram arquivadas devido à dificuldade de em 2006 indicou que os crimes precedentes previstos na Lei recolha de provas quanto à comissão do crime precedente 166 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 quando este ocorre fora de Macau. Um exemplo é o de um tificadas durante a avaliação da RAEM pelo Grupo Ásia- caso em que não obstante o branqueamento de capitais que -Pacífico contra o Branqueamento de Capitais (APG) em ocorreu em Macau se encontrar claramente relacionado 2006, portanto, esta deve ser corrigida. com um caso de fraude ocorrido fora de Macau foi encerra- da a investigação por força de não se conseguir obter infor- 5) Adição dum capítulo com medidas processuais espe- mação respeitante às vítimas. ciais de modo a facultar aos órgãos de polícia criminal mais meios adequados à detecção e obtenção de meios de prova É igualmente relevante assinalar que, de acordo com do crime de branqueamento de capitais devido à complexi- a evolução verificada a nível internacional no domínio do dade crescente das transacções financeiras e formas rápidas branqueamento de capitais, cada vez mais se verificarem de realização de transacções não face a face. situações em que os autores do branqueamento não terem qualquer relação directa com os autores dos crimes prece- 6) Extensão do elenco dos crimes de terrorismo, por dentes, sendo que estes autores dos actos de branqueamento forma a abranger todas as categorias de crimes designados de capitais actuam apenas motivados pelo lucro sem co- na Resolução n.º 2178 (2014), adoptada pelo Conselho de nhecimento directo das actividades dos autores dos crimes Segurança das Nações Unidas, relativa a combatentes terro- precedentes. Nesta perspectiva, estando Macau na posição ristas estrangeiros. de intermediário entre o Interior da China e os Países de Extensão do âmbito de aplicação do crime de finan- Expressão de Língua Portuguesa, e por forma a proteger o 7) ciamento ao terrorismo por forma a incluir recursos eco- desenvolvimento saudável da economia de Macau e a sua nómicos ou bens de qualquer tipo, bem como produtos ou imagem internacional torna-se necessário controlar tal tipo direitos susceptíveis de ser transformados em fundos, para de actividades. que todos os bens relacionados com o financiamento ao ter- As alterações agora introduzidas explicitamente na lei, rorismo sejam incluídos.». apesar de já nela implícitas podem explicitamente clarificar o julgamento pelo crime de branqueamento de capitais é II independente da condenação pelo crime precedente e que o Apreciação na generalidade branqueamento de capitais por parte do autor do crime pre- cedente é igualmente possível. I - Contextualização da proposta de lei 3) Reforço das medidas de diligência a aplicar relativa- 17. Os regimes da RAEM de prevenção e de repres- mente a contratantes, clientes e frequentadores, designada- são do branqueamento de capitais de proveniência ilícita mente no domínio do dever de identificação, que passa ago- e do combate ao terrorismo integram as Leis n.os 2/2006 e ra a também consagrar o dever de verificação da identidade 3/2006, respectivamente. Trata-se, como se sabe, de impor- através de meios de identificação idóneos. tantes vectores da legislação criminal do ordenamento jurí- dico da Região. As Recomendações do GAFI revistas destacaram a im- portância de aplicar medidas de diligência (CDD) adequa- 18. As duas referidas leis contêm matérias objecto de das às instituições financeiras e às instituições e profissões obrigações de direito internacional, designadamente as não financeiras designadas (DNFBPs). O nível de medidas convenções da Organização das Nações Unidas (ONU) e as CDD aplicadas determina o nível de conformidade de um resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, país ou de uma jurisdição com os padrões internacionais. e matérias que são objecto de recomendações decorrentes As medidas CDD abrangem a identificação e verificação da participação de Macau em organizações intragoverna- da identidade dos clientes, realizada através de documen- mentais como o Grupo Ásia-Pacífico (APG sigla em língua tos, dados ou informações obtidos de uma fonte fiável e inglesa para Asia Pacific Group on Money Laundering) independente, a obtenção de informações sobre a finalida- pertencente ao Grupo de Acção Financeira Internacional de e natureza pretendida da relação comercial, bem como sobre branqueamento de capitais (FATF, sigla em língua a aplicação contínua de medidas de diligência sobre as inglesa para Financial Action Task Force). relações de negócios. Tendo como objectivo responder às recomendações do GAFI revistas e às acções rigorosas de 19. O cumprimento das obrigações jurídicas que reca- cumprimento adoptadas por parte das organizações inter- em sobre a Região por via das convenções de direito inter- nacionais aos países não cumpridores das Recomendações nacional da ONU aplicáveis a Macau e das resoluções do do GAFI, torna-se necessário a aplicação de medidas CDD Conselho de Segurança das Nações Unidas é obrigatório, às DNFBPs. enquanto que o das recomendações emanadas por organi- zações intragovernamentais é facultativo. 4) Extensão do dever de participar operações suspeitas de branqueamento de capitais a situações em que as opera- 20. Perante as recomendações do GAFI, a postura polí- ções não tenham efectivamente sido efectuadas, indepen- tica o Governo da RAEM é, sempre que possível, a de cum- dentemente do seu valor. Esta é uma das deficiências iden- primento. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 167

21. A Comissão empresta a sua concordância à decisão preventivas - na medida em que estes deveres se aplicam política do Governo em alinhar a sua política criminal nas tanto à Lei n.º 2/2006 como à Lei n.º 3/2006, entende assim matérias do combate ao branqueamento de capitais e do fi- o Governo que uma vez que se está a alterar todo o regime, nanciamento do terrorismo pelos parâmetros das recomen- seria conveniente numa única proposta de lei alterar os dois dações do GAFI. diplomas legais; e (iv) uma razão de ordem prática: é que o financiamento ao terrorismo, previsto na Lei n.º 3/2006, é 22. Para permitir uma maior compreensão por parte da um crime precedente do branqueamento de capitais. Ora, Comissão das necessidades e premência das alterações a es- sendo um crime precedente do crime de branqueamento de sas duas leis, o Secretário Lionel Leong esclareceu em sede capitais, entendeu o proponente também ser de optar por de Comissão, na reunião de 28 de Fevereiro do corrente, a uma solução em que apenas uma proposta alterasse os dois que estiveram também presentes os seus colaboradores, que regimes jurídicos. a decisão e intenção políticas do Governo se fundamentam no seguinte: 27. A utilização de uma proposta de lei para alterar duas leis e a urgência reclamada pelo proponente constituem fac- 1) na protecção do contínuo desenvolvimento saudável tores de dificuldade e de pressão sobre a Comissão. Tiveram da economia da RAEM; assim a Comissão e a assessoria da Assembleia Legislativa que encontrar metodologias e formas que permitissem asse- 2) não só no cumprimento das exigências decorrentes gurar o cumprimento com sucesso do exame na especialida- das convenções internacionais e das recomendações da or- de. A Comissão registou e tomou a melhor nota da coopera- ganização intragovernamental, mas também na eliminação ção oferecida pelo proponente e pela assessoria jurídica do de eventuais riscos previsíveis decorrentes do célere desen- Executivo em sede deste exame na especialidade. volvimento económico registado nestes últimos dez anos; III - Da Nota Justificativa 3) na necessidade de actualizar as leis para acompanhar o evoluir dos tempos, tendo em conta as novas recomenda- 28. Recorde-se a intervenção do Vice-Presidente da ções do GAFI de 2012 e as circunstâncias de Macau; e Assembleia Legislativa Lam Heong Sang em sede do deba- te na generalidade da presente proposta de lei, que elogiou 4) no empréstimo a dar para o combate ao branquea- a apresentação feita em Plenário pelo Secretário da Eco- mento de capitais na RAEM, em resposta às recomenda- nomia e das Finanças na medida em que complementava a ções do APG, nomeadamente em termos legislativos, para Nota Justificativa e permitia esclarecer opções de política evitar situações negativas que afectem a estabilidade finan- legislativa. ceira da RAEM. 29. Nessa mesma ocasião o Secretário da Economia e 23. A Comissão acolheu a decisão política do Governo das Finanças comprometeu-se com a entrega a esta Câmara relativamente às alterações a essas duas leis, bem como a de uma nota complementar à Nota Justificativa que acom- sua opção legislativa. panha a iniciativa legislativa o que sucedeu em 25 de No- II - Fusão de duas propostas de lei vembro de 2016.

24. Do debate na generalidade em reunião plenária 30. A assessoria da Assembleia Legislativa colocou um resulta segundo alguns Deputados que se trata da fusão de conjunto de questões relativamente à Nota Justificativa e à duas propostas de lei numa só iniciativa legislativa. Justificação Suplementar da nota justificativa da Proposta de Lei para chamar a atenção da Comissão sobre a necessi- 25. Essa opção do Governo em fundir numa só propos- dade de, em sede deste exame na especialidade, obter junto ta de lei a alteração a duas leis autónomas não é, de facto, do proponente os competentes esclarecimentos. Após uma uma forma normal. década de vigência das leis que entre nós previnem e repri- mem os crimes de branqueamento de capitais e de terroris- 26. O proponente justificou, já em sede de exame na mo deve apresentar dados estatísticos a esta Assembleia especialidade, esta sua opção perante esta Comissão com Legislativa. quatro argumentos: (i) do ponto de vista da legística formal não há razão que impeça que uma proposta de lei possa al- 31. Na reunião de 26 de Janeiro do corrente o propo- terar duas leis e, portanto, não existindo regra que a invali- nente teve oportunidade de apresentar alguns dados estatís- de é uma opção que pode ser tomada quando assim se con- ticos que permitiram a esta Comissão adquirir um respaldo sidere oportuno; (ii) na RAEM existem vários precedentes para a apreciação das soluções jurídicas concretas consagra- legislativos nomeadamente a Lei n.º 6/2014, a Lei n.º 4/2010 das no articulado da proposta de lei. e a Lei n.º 21/2009, ou seja, através de uma proposta de lei já antes se procedeu à alteração de mais do que um diploma 32. Assim, no âmbito da análise estratégica dos relató- legal; (iii) a razão da opção prende-se igualmente com os rios de transacções suspeitas (STR sigla em língua ingle- deveres previstos no regulamento n.º 7/2006 - as medidas sa para Suspicious Transaction Report) verifica-se que o 168 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 número de STRs recebidos pelo Gabinete de Informação 37. O número de acusações deduzidas pelo Ministério Financeira (GIF) em 2015, foi de 1807 relatórios, o que é Público, de acordo com o Executivo, continua a registar um muito próximo do ano anterior, em que se registaram1812 valor muito baixo, entre 2007 e 2015 só foram 15. Tendo-se relatórios1. registado 8 condenações. Este elemento estatístico relativo às acusações deduzidas pelo Ministério Público e às conde- 33. Dos 1807 relatórios recebidos pelo GIF em 2015, nações proferidas pelos Tribunais da RAEM deve ser toma- 1247 foram emitidos pelo sector do jogo, representando do com cuidado. O facto de se registarem poucas condena- assim mais de 70% do número total de relatórios, o sector ções não significa necessariamente que ocorre um problema financeiro foi responsável pela emissão de 503 relatórios. com a tipificação e a punição do crime de branqueamento de capitais. Desde logo porque a asserção pode conduzir ao 34. Em 2015 o GIF remeteu para o Ministério Público equívoco de se entender que só um elevado número de con- 125 relatórios de transacções suspeitas, em 2014 remeteu denações revela a competência das normas criminais, o que, 2 163. De acordo com o Relatório Anual de 2015 «esta des- bem vistas as coisas da perspectiva da prevenção criminal, cida está relacionada sobretudo com o número de informa- não faz sentido. Depois, porque o Executivo não partilha, ções complementares de reportação entregues ao Ministério por exemplo, do mesmo entendimento quanto às inexisten- Público ser comparativamente mais baixo do que o do ano tes condenações relativas ao combate ao terrorismo. Só um transacto, contudo, o número de novos casos remetidos ao estudo assente em elementos estatísticos mais refinados e Ministério Público registou um ligeiro aumento.». que analise a realidade dos sectores do jogo e do sistema financeiro locais, bem como sobre a qualidade da tarefas 35. De acordo com o Relatório Anual, de 20153, «Em de investigação criminal, pode auxiliar a perceber porque comparação com os dados estatísticos de 2014 o número de é que os Tribunais, na subsunção da factualidade que lhe é STRs provenientes do sector do jogo desceu 123, traduzindo presente pelo Ministério Público frente ao quadro norma- uma descida de 9%, e isto deve-se ao reforço das medidas de tivo de repressão do branqueamento de capitais, não têm supervisão das trocas de fichas do sector do jogo. Por outro entendido proceder a condenações. lado, o número de STRs reportados pelo sector financeiro aumentou 14% a 503 em comparação com o ano transacto, 38. Tenha-se presente que uma das exigências do GAFI e este aumento deve-se às novas políticas adoptadas pelas é a da manutenção de estatísticas abrangentes relativas ao entidades de supervisão destinadas à diligência dos clientes sistema de anti-branqueamento de capitais e de combate ao e transferências de capitais, além dos STRs reportados pelos Terrorismo. Esta Comissão exortou o Executivo a aperfei- sector do jogo e financeiro, outras instituição entregaram 57 çoar as tarefas de levantamento e de tratamento estatístico STR s.». relativas ao sistema de anti-branqueamento de capitais e de combate ao Terrorismo na medida em que, para além de 36. O mesmo Relatório4 refere que «De entre os rela- assim satisfazer uma recomendação do GAFI, esses dados tórios recebidos em 2015, a característica mais frequente se revelam da maior relevância para a monitorização e con- verificada nos respectivos casos continua a ser a “conversão cepção das respectivas políticas governamentais. de fichas sem actividade de jogo significativa”, registando-se 587 STRs que incluem características referentes a actividade 39. A Comissão solicitou, assim, à assessoria da Assem- de casino. O segundo lugar deste ano [2015] prende-se com bleia Legislativa que preparasse o enquadramento técnico “actividades de troca de fichas ou de reembolso a terceiros”» adequado para efeito das reuniões de Comissão nas tarefas que permite identificar «se a troca de fichas ou o reembolso de exame na especialidade prestando o amparo que só os por meio de transacção de crédito proveniente do jogo é esclarecimentos do estado da arte da doutrina, da jurispru- realizado ou não por terceiros. […]. Por outro lado, o “le- dência e do Direito Comparado permitem atingir. Neste vantamento irregular em grande valor monetário” foi uma sentido, fez a Comissão duas reuniões internas para a as- característica bastante frequente de encontrar este ano [2015] sessoria “dar aulas” aos membros da Comissão, bem como no âmbito do jogo, devendo-se ao reforço do sector do jogo explicar e apresentar relativamente às duas leis ora objecto na diligência aos clientes no levantamento de numerário nas de alteração as situações que mereçam atenção por parte da contas de jogo nas situações em que existem ou não existem Comissão. actividades ligadas ao jogo.». IV - Bem jurídico tutelado pela tipificação e punição do branqueamento de capitais 1 De acordo com os dados disponíveis na página oficial do GIF na internet relativos a 2016 regista-se que entre Janeiro e Junho 40. Desde logo porque parece evidente que o proponente de 2016, o GIF recebeu 1118 STRs (quando no período homólogo de 2015 se tinham registado 910 o que significa um acréscimo de procede a uma importante alteração em sede da Lei n.º 2/2006 22,9%). O sector do jogo foi responsável por 780 STRs e o sector relativamente ao bem jurídico que a tipificação do branque- financeiro por 305. amento de capitais visa tutelar. 2 Relatório Anual, 2015, Gabinete de Informação Financeira, p. 66. 3 Idem, p. 64. 41. A opção de política legislativa do Executivo em 4 Ibidem, p.67. 2006 era pois a de consagrar como bem jurídico tutelado N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 169 pelo tipo de branqueamento de capitais o interesse da ad- certos crimes graves» acresce agora o argumento de «prote- ministração da justiça na detecção e perda das vantagens de ger o desenvolvimento sustentável da economia da Região certos crimes graves. Foi esta a formulação acolhida e con- Administrativa Especial de Macau (RAEM), bem como por cretizada na Lei n.º 2/2006. forma a manter a segurança e estabilidade dos diversos sec- tores da economia e, ainda, proporcionar uma plataforma 42. Mais de 10 anos depois, pretende o Governo expan- 8 segura e atractiva para o investimento local e do exterior.». dir o bem jurídico, referindo-se na nota justificativa que acompanha a proposta de lei que «Esta proposta de lei é 46. Significa que em termos de política criminal se adoptada a fim de proteger o desenvolvimento sustentável aponta agora para uma concepção do bem jurídico mais da economia da Região administrativa Especial de Macau ampla e acolhedora de vários feixes de valor relevante em (RAEM), bem como por forma a manter a segurança e es- termos de política legislativa. tabilidade dos diversos sectores da economia e, ainda, pro- porcionar uma plataforma segura e atractiva para o inves- 47. Esta reformulação, no entendimento da assessoria, timento local e do exterior, por um lado, e, por outro lado, deveria ter sido expressamente assumida pelo proponente enquanto membro de organizações internacionais das quais na medida em que constitui um elemento nuclear na con- decorrem para a RAEM obrigações no sentido de melhorar cepção de qualquer tipo penal. Entende assim esta Comis- os seus sistemas legal e institucional através da adopção de são que as alterações que agora se editam vão no sentido leis e regulamentos de acordo com os padrões internacio- de responder a uma formulação mais ampla do bem jurídico nais por forma a cumprir com os novos requisitos das 40 que se julga dever servir de programa valorativo para a tipi- Recomendações do Grupo de Acção Financeira (GAFI) e, ficação e punição do branqueamento de capitais. simultaneamente, responder às deficiências identificadas durante a avaliação da RAEM pelo Grupo Ásia-Pacífico 48. Termos em que entende esta Comissão que para contra o Branqueamento de Capitais (APG) em 2006.»5 além do interesse da administração da justiça na detecção e 43. No esclarecimento prestado na Justificação suple- perda das vantagens de certos crimes graves se protege ago- mentar da nota justificativa da Proposta de Lei6 repete o ra «o desenvolvimento sustentável da economia da Região proponente que «esta proposta de lei é adoptada a fim de Administrativa Especial de Macau (RAEM), bem como por proteger o desenvolvimento sustentável da economia da forma a manter a segurança e estabilidade dos diversos sec- Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), bem tores da economia e, ainda, proporcionar uma plataforma como por forma a manter a segurança e estabilidade dos segura e atractiva para o investimento local e do exterior»9 diversos sectores da economia e, ainda, proporcionar uma plataforma segura e atractiva para o investimento local e 49. A Comissão acolheu assim esta importante refor- do exterior e, por outro lado, enquanto membro de orga- mulação de política legislativa. nizações internacionais das quais decorrem para a RAEM obrigações no sentido de melhorar os seus sistemas legal e V - N.º 1 do artigo 3.º da Lei n.º 2/2006 institucional através da adopção de leis e regulamentos de acordo com os padrões internacionais por forma a cumprir 50. O catálogo de crimes precedentes é objecto de uma com os novos requisitos das 40 Recomendações do Grupo ampliação. Na Nota Justificativa o proponente argumenta de Acção Financeira (GAFI) e, simultaneamente, responder esta alteração indicando que a «Extensão do elenco dos às deficiências identificadas durante a avaliação da RAEM crimes precedentes do crime de branqueamento de capitais, pelo Grupo Ásia-Pacífico contra o Branqueamento de Ca- por forma a abranger todas as categorias de crimes desig- pitais (APG) em 2006. As recomendações do GAFI revistas nados pela Convenção de Palermo e pelos novos padrões em 2012 e a nova metodologia de avaliação adoptada em internacionais do GAFI». 2013 trouxeram igualmente novos padrões internacionais, determinando nomeadamente que países sob avaliação te- 51. Na Justificação Suplementar da Nota Justificativa da nham que demonstrar a eficácia dos seus sistemas incluindo Proposta de Lei o proponente mais esclarece que «Extensão sucesso nas investigações, acusações e condenações»7. do elenco dos crimes precedentes do crime de branquea- mento de capitais, por forma a abranger todas as categorias 44. Em sede de exame na especialidade houve ocasião de crimes designados pela Convenção de Palermo e pelos de obter do Executivo mais esclarecimentos. Entende assim novos padrões internacionais do GAFI. O Relatório de esta Comissão que o bem jurídico no qual se fundamentou Avaliação Mútua de Macau do APG em 2006 indicou que a Lei n.º 2/2006 sofre, de facto, uma alteração. os crimes precedentes previstos na Lei n.º 2/2006 não cum- 45. Isto é, à ideia do bem jurídico do «interesse da ad- prem totalmente as Recomendações do GAFI, uma vez que ministração da justiça na detecção e perda das vantagens de alguns dos crimes que devem ser considerados como crimes

5 Nota Justificativa p. 1. 8 Nota Justificativa, p.1, e Justificação suplementar à nota justifi- 6 Justificação suplementar da nota justificativa da Proposta de Lei, p. 1. cativa da Proposta de Lei, p. 1. 7 Idem. 9 Idem. 170 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 precedentes tais como a corrupção passiva para acto ilícito opção de política legislativa do Governo da RAEM e que (consagrado no artigo 338.º do Código Penal e o contraban- a ampliação do catálogo dos crimes subjacentes a um con- do (acto ilícito previsto no artigo 21.º da Lei n.º 7/2003 «Lei junto de crimes com pena de prisão de limite máximo igual do Comércio Externo») não são abrangidos pela lei de Ma- ou inferior a 3 anos (e, portanto, não alcançados pelo actual cau. Tais deficiências irão afectar o âmbito de aplicação do critério em vigor de limite máximo superior a 3 anos) se crime de branqueamento de capitais que constitui uma das ficava a dever a duas ordens de razão, a saber: (i) o Governo 10 recomendações nucleares das Recomendações do GAFI.». entendia que ao optar pela não inclusão de crimes fiscais fragilizava de algum modo, do ponto de vista da avaliação 52. Explica mais o Executivo na reunião de 28 de Feve- pelo APG que ainda está a decorrer, a sua posição no que reiro de 2017 a esta Comissão que a reforma que se opera respeita à conformação com as recomendações do GAFI na proposta de lei ao artigo 3.º da Lei n.º 2/2006 resulta de e que o alargamento do catálogo a mais crimes iria permi- uma decisão política, tendo em conta os diversos aspectos. tir compensar o desempenho e eficácia da tipificação do Esta decisão do Governo mereceu a total concordância des- crime de branqueamento de capitais; (ii) por outro lado, e ta Comissão. independentemente desse argumento, o Governo assumia igualmente como decisão de política legislativa a alteração 53. Mais. Entende a assessoria desta Câmara que as alterações ao catálogo de crimes subjacentes do crime de do critério de abordagem de limite (crimes como pena de branqueamento de capitais poderia colocar um problema de prisão de limite máximo superior a 3 anos) no sentido de o coerência de política legislativa que diz respeito à ausência combinar com uma listagem de crimes (com pena de prisão de quaisquer crimes fiscais. de limite máximo igual ou inferior a 3 anos) que permitiria abranger tipos penais que, ainda que do ponto de vista do 54. O artigo 3.º, n.º 1, da Lei n.º 2/2006 não alcança os bem jurídico tutelado possam traduzir uma menor relevân- crimes fiscais pela simples razão que não estavam em 2006, cia de censura ético-social, implicam na sua materialidade a como continuam a não estar, consagrados no nosso ordena- potencialidade de gerarem fluxos financeiros consideráveis. mento jurídico. Argumentação que foi acolhida pela Comissão.

55. Mais de 10 anos depois esta situação mantém-se 60. O debate em sede de exame na especialidade permitiu inalterada. alcançar um consenso que se traduziu no aditamento ao catá- logo de crimes precedentes do crime de corrupção activa para 56. Neste sentido, a assessoria da Assembleia Legislati- acto lícito (artigo 339.º, n.º 2, do Código Penal) e do crime de va, recomendou uma especial atenção quanto ao significati- corrupção eleitoral do artigo 49.º, n.º 2, da Lei n.º 12/2000 – vo alargamento sofrido pelo catálogo dos crimes preceden- Lei do recenseamento eleitoral -, ao mesmo tempo que em tes, também chamados principais, no n.º 1 do artigo 3.º da sede dos crimes previsto no Regime do direito de autor e Lei n.º 2/2006. direitos conexos e no Regime Jurídico da Propriedade In- 57. Refere o proponente na «Revisão da legislação dustrial se procedia a um ajustamento no sentido de excluir AML/CFT – Documento de consulta» no que se concerne alguns crimes de menor gravidade, conforme infra melhor às alterações à Lei n.º 2/2006 que “[…] Os crimes fiscais não se informará em sede de análise na especialidade. são de momento contemplados em função duma opção de política legislativa por parte do Governo […].” 61. Com efeito, a Comissão e o Executivo concordaram em aditar os dois crimes supra mencionados numa tentativa 58. A Comissão solicitou assim ao Executivo que es- de emprestar coerência ao círculo de crimes-base de bran- clarecesse as opções que fundamentaram a ampliação do queamento de capitais já que nos dois casos se tratava de catálogo dos crimes precedentes a certos crimes (muitos crimes de corrupção cujo desvalor ético-social, independen- deles como uma pena reduzida que indiciava a sua menor temente da concreta pena, dificilmente seria compaginável relevância), os que constavam do elenco das nove alíneas do com a sua omissão. A exclusão de alguns crimes presentes n.º 1 do artigo 3.º, quando outros crimes estavam excluídos na versão originária da proposta de lei ficava justificada pela do círculo dos crimes-base: para além dos crimes fiscais consideração da sua menor potencialidade em gerar fluxos notava-se a ausência do crime de corrupção activa para acto financeiros típicos do branqueamento de capitais. lícito, n.º 2 do artigo 339.º do Código Penal e o crime de corrupção eleitoral previsto e punido no artigo 49.º, n.º 2, da Lei n.º 12/2000 (Lei do recenseamento eleitoral). 62. Termos em que se procede assim a uma alteração do catálogo de crimes subjacentes do crime de branqueamento 59. O proponente teve oportunidade de reconhecer que de capitais no n.º 1 do artigo 3.º da Lei n.º 2/2006 no sentido a não inclusão dos crimes fiscais se ficava a dever a uma de combinar o critério da abordagem limite (crimes com pena de prisão de limite máximo superior a 3 anos) com um elenco, em nove alíneas do n.º 1 deste artigo, de crimes que 10 Justificação Suplementar da nota justificativa da Proposta de permitem ampliar o número de crimes alcançado em cada Lei, pp.1 - 2. categoria. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 171

63. A Comissão entende assim que o diálogo com o com o critério do catálogo de crimes-base inscrito no n.º 1 Executivo em sede de exame na especialidade, permitiu do artigo 3.º, isto é, como os crimes-base só poderiam ser aperfeiçoar o critério de política legislativa que fundamenta crimes com pena de prisão de limite superior a 3 anos e a as opções subjacentes às alterações introduzidas no n.º 1 do pena mínima para o crime de branqueamento de capitais artigo 3.º da Lei n.º 2/2006, de que melhor se dará nota infra era de 2 anos o legislador, em 2006, decidiu nivelar a puni- em sede de exame na especialidade. ção pelo crime de branqueamento pelo limite superior da pena prevista para o crime de base. VI - N.º 2 do artigo 3.º da Lei n.º 2/2006 – Pena de pri- são 69. A identificação desta inconsistência normativa im- plicava alterar o critério para desenhar o círculo dos crimes 64. A pena prevista no n.º 2 do artigo 3.º da Lei n.º 2/2006 subjacentes do crime de branqueamento aditado pela pro- 11 está fixada na pena de prisão de 2 a 8 anos . Acontece que posta de lei ao n.º 1 do artigo 3.º ou alterar a pena de prisão no decurso do exame na especialidade a assessoria da As- prevista para o crime de branqueamento de capitais. sembleia Legislativa chamou a atenção para o facto de a alte- ração introduzida pelo proponente, no n.º 1 do artigo 3.º, no 70. O proponente entendeu propor a eliminação do sentido de aditar ao critério da abordagem limite (crimes com limite mínimo da pena de prisão prevista para o crime de pena de prisão de limite máximo superior a 3 anos, adoptado branqueamento de capitais, no n.º 2 do artigo 3.º, dispondo- em 2006) um elenco, em nove alíneas do n.º 1 deste artigo, de -se agora que a pena de prisão é até 8 anos. crimes com pena de prisão de limite máximo igual ou infe- rior a 3 anos iria colocar necessariamente um problema face 71. A Comissão acolheu esta solução que implicou ain- ao projectado n.º 8 do mesmo artigo (actual n.º 6) quando se da uma alteração ao artigo 4.º (Agravação) da Lei n.º 2/2006 estivesse na presença de crimes com pena de prisão de limi- de que infra melhor se dará notícia. te máximo inferior a 2 anos. VII - Auto-branqueamento – N.º 2 do artigo 3.º da Lei 65. Com efeito dispõe o projectado n.º 8 do artigo 3.º «A n.º 2/2006 pena aplicada nos termos dos números anteriores não pode ser superior ao limite máximo da pena prevista para o facto 72. A matéria do auto-branqueamento (self-laundering) ilícito típico de onde provêm as vantagens.». é uma das questões mais debatidas na tipificação e punição do branqueamento de capitais. Há um vasto debate na dou- 66. Ora, com o aditamento projectado pela proposta trina e na jurisprudência relativo à possibilidade de punir de lei ao catálogo de crimes precedentes do n.º 1 do artigo ou não o autor do crime precedente por branqueamento de 3.º de crimes com pena de prisão de limite superior abaixo capitais. dos 3 anos, nomeadamente o crime de corrupção passiva no sector privado, em que a pena máxima a aplicar é de 1 ano 73. O proponente no comentário à importante alteração de prisão; o crime de corrupção activa no sector privado, projectada na presente iniciativa legislativa ao n.º 2 do arti- em que a pena máxima a aplicar é de 6 meses de prisão; e o go 3.º da Lei n.º 2/2006 declara que: «adita-se neste número crime de prática de operações fora dos locais autorizados, a expressão “obtidas por si ou por terceiro”, por forma a em que a pena máxima a aplicar é de 1 ano de prisão, cujas dissociar a comissão do crime precedente do crime de bran- penas máximas a aplicar são inferiores a 2 anos de prisão, queamento de capitais e assim acentuar a autonomia entre como é que se procederia à punição pelo branqueamento as duas condutas criminosas. Permite ainda clarificar que o dos produtos daí obtidos? branqueamento de capitais é uma conduta dirigida à legiti- 67. Realmente, se a pena aplicada em punição pelo cri- mação de bens e produtos do crime gerados pela actividade me de branqueamento de capitais não pode ser superior ao criminosa do autor do crime precedente (self-laundering) 12 limite máximo da pena prevista para o crime-base, como ou pela actividade criminosa de terceiros.». proceder à aplicação dessa pena quando o crime-base pre- ver uma pena de prisão de limite máximo inferior a 2 anos, 74. Faltava, segundo a assessoria desta Assembleia Le- se a pena mínima pela comissão do crime de branqueamen- gislativa, clareza na fundamentação. to começa precisamente em 2 anos? 75. Ora é o trecho «obtidas por si ou por terceiro» que o 68. Está bem de ver que o pressuposto do n.º 8 do artigo proponente pretende agora aditar à redacção do actual n.º 2 3.º (actual n.º 6.º) tinha sido desenhado em concordância do artigo 3.º da Lei n.º 2/2006. O que implica uma novel op- ção político-criminal, segundo a assessoria da Assembleia Legislativa, com a consequência de passar a incriminar au- 11 «Quem converter ou transferir vantagens obtidas por si ou por tonomamente a lavagem de dinheiro pelo próprio autor do terceiro, ou auxiliar ou facilitar alguma dessas operações, com o crime precedente. fim de dissimular a sua origem ilícita ou de evitar que o autor ou participante dos crimes que lhes deram origem seja penalmente perseguido ou submetido a uma reacção penal, é punido com pena 12 Nota Justificativa, p. 3. de prisão de 2 a 8 anos.» 172 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

76. Não se trata, na leitura da assessoria, de uma altera- sobre o crime de branqueamento de capitais é a de saber se é ção pontual. possível a punição por este crime do autor do crime-base ou subjacente. Ou seja, se os crimes de branqueamento de capi- 77. É, no entendimento da assessoria da Assembleia Le- tais e os crimes que o originam concorrem em acumulação gislativa, uma importante modificação de política criminal. real quando praticados pelo mesmo agente.». Isto é, a omissão da frase intercalar «obtidas por si ou por terceiro» no n.º 2 do artigo 3.º, decidida pelo legislador da 82. A Comissão não tem qualquer opinião sobre a Lei n.º 2/2006, não pode deixar de ser tida como significati- leitura e a interpretação que o APG fez, no Relatório de va. A decisão do proponente em agora aditar a mesma frase Avaliação Mútua, de 2007, da tipificação e da punição do naquele normativo não pode ser tomada com uma mera al- branqueamento de capitais matriculada no artigo 3.º da Lei teração pontual. n.º 2/2006.

78. Com efeito, implica que o agente do crime de bran- 83. Esta Comissão também não tem qualquer comen- queamento de capitais possa passar a ser punido em concur- tário à interpretação e à aplicação do mesmo artigo 3.º pelo so efectivo com o crime principal. O que não se pode dizer TUI. que seja indiscutível actualmente ao abrigo do artigo 3.º da 16 Lei n.º 2/2006, porque se assim fosse, segundo a assessoria 84. É intensa a discussão na doutrina e na jurisprudên- 17 desta Câmara, esta suposta alteração pontual seria de todo cia em torno das questões da delimitação típica do círculo em todo inútil. de autores no crime de branqueamento de capitais e do con- curso real ou aparente de crimes em face dos tipos de bran- 79. Verdade, porém, que no Relatório do APG, relativo queamento de capitais e de certos crimes precedentes (v.g. à avaliação da RAEM pelo Grupo Ásia-Pacífico contra o fraude fiscal, tráfico de droga, corrupção activa e passiva, Branqueamento de Capitais, em 2007, em sede de análise etc.) revela bem que e são bastante diversas as opiniões. e recomendações sobre o quadro legal em vigor em Macau, no parágrafo 134 refere-se que «O crime de branqueamento 85. Se se atender à redacção do artigo 6.º (Criminaliza- de capitais aplica-se àqueles que cometeram o crime pre- ção do branqueamento do produto do crime) da Convenção cedente (auto-branqueamento) e também àqueles que não das Nações Unidas contra a Criminalidade Organizada cometeram ou participaram na comissão do crime prece- Transnacional, Convenção de Palermo, na alínea e) do seu dente. Nos termos dos n.os 2 e 3 do artigo 3.º da Lei 2/2006, n.º 2 dispõe-se que «Se os princípios fundamentais do di- o crime de branqueamento é aplicável a quem tenha a inten- reito interno de um Estado Parte assim o exigirem, poderá ção de disfarçar a origem ilícita das vantagens (pessoas que estabelecer-se que as infracções enunciadas no n.º 1 do pre- cometeram o crime precedente e outras pessoas) ou auxiliar sente artigo não sejam aplicáveis às pessoas que tenham 18 o autor principal ou participante nos crimes precedentes de praticado a infracção principal.». ser acusado ou submetido a uma sanção penal (pessoas que não cometeram o crime precedente) e a quem oculta ou dis- 86. Igualmente a Convenção das Nações Unidas contra farça a verdadeira natureza, fonte, localização, disposição, a Corrupção, adoptada em Nova Iorque, em 31 de Outubro movimento ou propriedade das vantagens (pessoas que co- de 2003, cujo artigo 23.º, n.º 2.º, e), dispõe que: «Se assim o meteram o crime precedente e outras pessoas).» 13.

80. Ora, poderá questionar-se, como é que face aos 16 A título de mero exemplo veja-se: João Costa Andrade, Breves números 2 e 3 do artigo 3.º da Lei n.º 2/2006 e perante a considerações sobre a unidade e pluralidade de crimes enquanto intenção legislativa revelada no competente Parecer da As- problema relevante na análise do crime de branqueamento, p. 291ss, sembleia Legislativa14 se pode concluir que o crime de bran- in Branqueamento de Capitais e Injusto Penal – Análise Dogmá- tica e Doutrina Comparada Luso-Brasileira, Lisboa, Editorial queamento de capitais se aplica ao autor do crime principal Juruá, 2010; Pedro Caeiro, A Decisão-Quadro do Conselho, de 26 ou precedente? de Junho de 2001, e a relação entre a punição do branqueamento e o facto precedente: necessidade e oportunidade de uma reforma 81. Tenha-se presente igualmente que o Tribunal de Úl- 15 legislativa, in Liber Discipulorum para Jorge Figueiredo Dias. tima Instância (TUI) da RAEM no processo n.º 36/2007 Coimbra: Coimbra, 2003. P. 1.107-1.108; Jorge Godinho, Do Crime afirma que «uma das questões que tem sido algo controver- de “Branqueamento” de Capitais, Introdução e Tipicidade, Coim- sa na regulamentação e na interpretação das disposições bra: Almedina, 2001, p. 39 e ss. Jorge Godinho, Sobre a Punibili- dade do Autor de Um Crime pelo Branqueamento das Vantagens dele Resultantes, Separata da Revista da Ordem dos Advogados, 13 Asia/Pacific Group on Money Laundering and Offshore Group Ano 71, I – Lisboa, Jan.-Mar. 2011; Paulo de Sousa Mendes, Sónia of Banking Supervisors Mutual Evaluation Report on Macao, Chi- Reis e António Miranda, A Dissimulação dos pagamentos na cor- na, Against the FATF 40 Recommendations (2003) and 9 Special rupção será punível também como branqueamento de capitais? in Recommendations – As Adopted 24 July 2007 by the APG Plena- Revista da Ordem dos Advogados, Ano 68 n.º 2 – 2008. ry, p. 25. 17 Acórdão para fixação de jurisprudência do Supremo Tribunal 14 Parecer n.º 1/III/2006 da 2.ª Comissão Permanente. de Justiça, de 22 de Março de 2007. 15 TUI Processo n.º 36/2007, p. 386 e ss. 18 Negrito e sublinhado nossos. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 173 exigirem os princípios fundamentais do direito interno de definir que o crime de lavagem de dinheiro não se aplica a um Estado Parte, poderá estabelecer-se que as infracções pessoas que cometeram o crime antecedente, se esse for um cometidas no n.º 1 do presente artigo não sejam aplicáveis dos princípios fundamentais de suas leis domésticas.»23. às pessoas que tenham cometido o crime precedente.».19 90. A Comissão ponderou atentamente esta questão na 87. A norma Interpretativa para a Recomendação 3 medida em que reconhece que o proponente tem obviamen- (Crime de lavagem de dinheiro), das 40 Recomendações do te legitimidade e discricionariedade para propor alterações GAFI, 2012, dispõe no seu n.º 6 «Os países poderão definir de política criminal - desde que o faça respeitando o enqua- que o crime de lavagem de dinheiro não se aplica a pes- dramento superior contido na Lei Básica e respeitando a soas que cometeram o crime antecedente,20 se esse for um matriz e os princípios nucleares da ordem jurídica de Macau dos princípios fundamentais de suas leis domésticas.»21. -, mas não as deve subestimar na sua apresentação perante a Assembleia Legislativa nem omitir as mesmas na Nota 88. A assessoria desta Assembleia Legislativa chamou a Justificativa. atenção da Comissão para o facto da inserção desta expres- são «obtidas por si ou por terceiro» poder configurar uma 91. Assim, esta Comissão em sede de debate na espe- dupla punição22 e neste sentido colidir com o princípio ne cialidade quis conhecer em profundidade os argumentos do bis in idem – segundo o qual nenhum cidadão pode ser jul- proponente. gado mais do que uma vez pelo mesmo facto. 92. No debate que decorreu em sede de especialidade o 89. E é precisamente pela importância que este princí- Executivo acabou por esclarecer que o aditamento no n.º 2 pio estruturante do nosso Direito Penal pode (e deve) me- do artigo 3.º da expressão «obtidas por si ou por terceiro» recer que na Norma Interpretativa para a Recomendação era uma decisão de política legislativa do Governo que visa- 3 (Crime de lavagem de dinheiro), das 40 Recomendações va firmar um objectivo de política criminal. do GAFI, 2012, se dispõe no seu n.º 6 «Os países poderão 93. A Comissão entendeu que esta decisão do propo- nente merecia o seu acolhimento porque entende que a alte- 19 Idem. ração que agora se promove n.º 2 do artigo 3.º é uma medida 20 Sublinhado e negrito nossos. adequada para combater mais eficazmente as práticas de 21 Idem. branqueamento de capitais. 22 Cfr. Guia de Referência Anti-Branqueamento de Capitais e de Combate ao Financiamento do Terrorismo, Segunda Edição e Su- VIII - N.º 4 do artigo 3.º da Lei n.º 2/2006 plemento sobre a Recomendação Especial IX, Paul Allan Schott, Banco Mundial, Segunda Edição, 2004, p.V-65, Em que a propósi- 94. Dispõe este normativo da proposta de lei que «A to da responsabilidade do autor da infracção subjacente se dispõe punição pelos crimes previstos nos n.os 2 e 3 tem lugar ainda que: «Uma questão importante é a de saber se a responsabilidade que o facto ilícito típico de onde provêm as vantagens tenha pelo branqueamento de capitais é aplicável também à pessoa que sido praticado fora da Região Administrativa Especial de cometeu a infracção subjacente, além da pessoa que branqueou Macau, doravante designada por RAEM, desde que seja os produtos ilícitos. Vários países não responsabilizam o autor da infracção subjacente pelo branqueamento dos produtos dos seus também punível pela lei do Estado ou Região com jurisdi- actos criminosos, se este não estiver envolvido na actividade de ção sobre o facto, ou ainda que se ignore o local da prática branqueamento. O fundamento para esta forma de tratar a questão do facto ou a identidade dos seus autores.». é o de que punir o autor por se furtar às consequências jurídicas da sua actividade criminosa poderia constituir uma dupla punição 95. Face a um normativo semelhante, para o que aqui re- pela prática de uma única infracção penal. Outros países respon- leva, ao agora projectado n.º 4 do artigo 3.º da Lei n.º 2/2006, sabilizam o autor da infracção subjacente pelo branqueamento inscrito no também n.º 4 do artigo 368.º-A24 do Código Pe- dos produtos ilícitos com base no facto de a conduta e os prejuízos da evasão serem diferentes da infracção subjacente. Existem tam- bém razões práticas para esta abordagem. Isentar os autores das 23 Negrito e sublinhado nossos. infracções subjacentes de responsabilidade pelo branqueamento 24 «Artigo 368.º-A de capitais poderia prejudicar gravemente terceiros pelas suas ac- Branqueamento ções no manuseamento dos produtos do crime e, ao mesmo tempo, 1 - Para efeitos do disposto nos números seguintes, consideram- deixar livres de responsabilidade os autores materiais. Isto poderia -se vantagens os bens provenientes da prática, sob qualquer forma ocorrer quando a infracção subjacente foi cometida fora do terri- de comparticipação, dos factos ilícitos típicos de lenocínio, abuso tório nacional, colocando-a fora da competência do Estado para sexual de crianças ou de menores dependentes, extorsão, tráfico de perseguir terceiros pelas actividades de branqueamento. Em ter- estupefacientes e substâncias psicotrópicas, tráfico de armas, trá- mos gerais, os padrões internacionais nesta área estabelecem uma fico de órgãos ou tecidos humanos, tráfico de espécies protegidas, infracção ampla de branqueamento, que permite responsabilizar o fraude fiscal, tráfico de influência, corrupção e demais infrações autor pelo branqueamento dos produtos da sua própria actividade referidas no n.º 1 do artigo 1.º da Lei n.º 36/94, de 29 de Setembro, criminosa, independentemente da sua participação nesta activida- e dos factos ilícitos típicos puníveis com pena de prisão de duração de de branqueamento. No entanto, estes padrões permitem tam- mínima superior a 6 meses ou de duração máxima superior a 5 bém variações de país a país.». anos, assim como os bens que com eles se obtenham. 174 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 nal de Portugal entende a jurisprudência que «A punição do 97. O APG, no fundo, está a recomendar que se elimine branqueamento de vantagens, prescindindo do território na- o critério da exigência de dupla incriminação previsto no n.º cional como lugar único da prática dos factos que integram 4 do artigo 3.º da Lei n.º 2/2006: isto é, que a conduta seja a infracção subjacente, prescinde igualmente da punição do incriminada pela legislação de Macau e pelo sistema jurídi- autor do facto precedente ou mesmo do conhecimento da co exterior em que o crime precedente tenha sido praticado. sua identidade. A punição do branqueamento não pressu- O APG recomenda que, para que uma conduta seja incri- põe que tenha de existir agente determinado ou condenação minada por branqueamento de capitais na RAEM, basta pelo crime subjacente. A lei exige apenas o conhecimento da que o crime precedente seja incriminado em Macau (não prática da infracção principal, e não a sua punição.»25. também no exterior), mesmo que tenha sido cometido no exterior. 96. No Relatório da avaliação da RAEM pelo APG em 26 2006, no parágrafo 169 , e em sede de uma concreta reco- 98. O proponente entendeu, na versão originária da mendação pode ler-se «Um crime precedente de branquea- proposta de lei, manter no n.º 4 o critério de dupla incrimi- mento de capitais não é reconhecido em Macau, jurisdição nação tendo aditado, in fine, a expressão «ou ainda que se da China, se for cometido fora de Macau, China e não for ignore o local da prática do facto ou a identidade dos seus crime nesse país estrangeiro. Macau, China pode considerar autores», presente, como supra se referiu, no n.º 4 do artigo alargar o âmbito territorial e legal dos crimes precedentes a 368.º-A do Código Penal de Portugal. todas as condutas que preencham o tipo de um crime prece- dente, independentemente da sua definição como crime na 99. Por um lado, segundo a assessoria desta Assembleia jurisdição estrangeira.». Legislativa, cabia perguntar qual era a razão da decisão de manter o critério de exigência de dupla incriminação no n.º 4 do artigo 3.º da Lei n.º 2/2006 contra uma recomenda- 2 - Quem converter, transferir, auxiliar ou facilitar alguma opera- ção expressa do APG? ção de conversão ou transferência de vantagens, obtidas por si ou por terceiro, direta ou indiretamente, com o fim de dissimular a 100. Por outro lado, esta alteração poderia gerar uma sua origem ilícita, ou de evitar que o autor ou participante dessas potencial inconsistência normativa relativamente a condu- infrações seja criminalmente perseguido ou submetido a uma rea- tas precedentes praticadas no exterior: não há punição por ção criminal, é punido com pena de prisão de 2 a 12 anos. branqueamento de capitais se a conduta precedente não for 3 - Na mesma pena incorre quem ocultar ou dissimular a verda- deira natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou também punida no exterior (exigência de dupla incrimina- titularidade das vantagens, ou os direitos a ela relativos. ção), mas já será punida nos casos em que a conduta tiver 4 - A punição pelos crimes previstos nos n.os 2 e 3 tem lugar ainda ocorrido em local desconhecido, ou seja, numa situação em que os factos que integram a infração subjacente tenham sido pra- que se desconhece se é ou não punida no local onde a con- ticados fora do território nacional, ou ainda que se ignore o local duta precedente for praticada. da prática do facto ou a identidade dos seus autores. 5 - O facto não é punível quando o procedimento criminal relativo 101. Ora, das duas uma, (i) ou se exige a dupla incrimi- aos factos ilícitos típicos de onde provêm as vantagens depender nação, e nesse caso um crime precedente não cometido na de queixa e a queixa não tenha sido tempestivamente apresentada. RAEM só pode servir de base à punição por branqueamen- 6 - A pena prevista nos n.os 2 e 3 é agravada de um terço se o agen- to de capitais se for conhecido que tal conduta é punida no te praticar as condutas de forma habitual. exterior (não fazendo sentido a alteração proposta que exi- 7 - Quando tiver lugar a reparação integral do dano causado ao ge dupla incriminação nuns casos, mas não noutros), (ii) ou ofendido pelo facto ilícito típico de cuja prática provêm as vanta- gens, sem dano ilegítimo de terceiro, até ao início da audiência de não se exige a dupla incriminação e então o local da prática julgamento em 1.ª instância, a pena é especialmente atenuada. do crime deixa de relevar porque basta a incriminação na 8 - Verificados os requisitos previstos no número anterior, a pena RAEM. pode ser especialmente atenuada se a reparação for parcial. 9 - A pena pode ser especialmente atenuada se o agente auxiliar 102. O Executivo admitiu esta potencial inconsistência concretamente na recolha das provas decisivas para a identificação e procedeu à alteração da redacção da projectada alteração ou a captura dos responsáveis pela prática dos factos ilícitos típicos ao n.º 4 do artigo 3.º eliminando a frase «desde que seja tam- de onde provêm as vantagens. bém punível pela lei do Estado ou Região com jurisdição 10 - A pena aplicada nos termos dos números anteriores não pode sobre o facto». A Comissão emprestou a sua concordância a ser superior ao limite máximo da pena mais elevada de entre as esta alteração. previstas para os factos ilícitos típicos de onde provêm as vanta- gens.». os 25 IX - N. 5 e 6 do artigo 3.º da Lei n.º 2/2006 Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 6 de Novembro de 2014, Processo n.º 14/07.0TRLSB.S1. 26 Asia/Pacific Group on Money Laundering and Offshore Group 103. Segundo a assessoria desta Câmara, o aditamento of Banking Supervisors Mutual Evaluation Report on Macao, Chi- do n.º 5 do artigo 3.º, na versão originária da proposta de lei, na, Against the FATF 40 Recommendations (2003) and 9 Special levantou igualmente dúvidas sobre o seu âmbito e sentido Recommendations – As Adopted 24 July 2007 by the APG Plena- na medida em que inscrever como comando jurídico a as- ry, p.40. serção «O conhecimento, a intenção ou o propósito requeri- N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 175 dos como elementos constitutivos dos crimes previstos nos em Macau se encontrar claramente relacionado com um n.os 2 e 3 podem ser reconhecidos através de circunstâncias caso de fraude ocorrido fora de Macau foi encerrada a in- factuais efectivas e concretas». vestigação por força de não se conseguir obter informação respeitante às vítimas.». 104. Na Justificação suplementar da nota justificativa da Proposta de Lei o proponente referindo-se aos projectados 108. Acrescentava ainda que «É igualmente relevante aditamentos dos n.º 5 e 6 do artigo 3.º referiu que: «Adição assinalar que, de acordo com a evolução verificada a nível de dois números [n.os 5 e 6] ao artigo que criminaliza as internacional no domínio do branqueamento de capitais, condutas de branqueamento de capitais, por forma a acen- cada vez mais se verificarem situações em que os autores do tuar a autonomia entre aquele ilícito e o crime precedente e branqueamento não terem qualquer relação directa com os facilitar o entendimento quanto ao padrão requerido para a autores dos crimes precedentes, sendo que estes autores dos determinação da culpa do agente.». actos de branqueamento de capitais actuam apenas moti- vados pelo lucro sem conhecimento directo das actividades 105. E prosseguia o proponente «Esta é uma das reco- dos autores dos crimes precedentes. Nesta perspectiva, es- mendações nucleares das Recomendações do GAFI e o con- tando Macau na posição de intermediário entre o Interior ceito plasmado na versão original da Lei n.º 2/2006 também da China e os Países de Expressão de Língua Portuguesa, e abrange estes princípios. Desta forma, o Relatório de Ava- por forma a proteger o desenvolvimento saudável da econo- liação Mútua de Macau do APG de 2006 acabou por con- mia de Macau e a sua imagem internacional torna-se neces- cluir pela não existência de quaisquer deficiências. Todavia, sário controlar tal tipo de actividades.». nos últimos 10 anos os órgãos judiciais da RAEM têm en- contrado dificuldades práticas na aplicação da lei existente 109. Por fim, entendia que «As alterações agora intro- nas investigações e julgamento dos casos de branqueamento duzidas explicitamente na lei, apesar de já nela implícitas de capitais. Uma vez que se encontra implícito que a con- podem explicitamente clarificar o julgamento pelo crime de denação por branqueamento de capitais é independente do branqueamento de capitais é independente da condenação crime precedente e que o branqueamento de capitais por pelo crime precedente e que o branqueamento de capitais parte do autor do crime precedente é igualmente branquea- por parte do autor do crime precedente é igualmente possí- mento de capitais sempre que o mesmo praticar esse crime, vel.». uma vez que as operações praticadas se consubstanciem no acto de dissimular a origem dos fundos branqueados quer 110. No entendimento da assessoria da Assembleia esses actos sejam praticados pelo autor do crime precedente Legislativa, o proponente tem evidente legitimidade para ou por terceiros, diferentes procuradores e juízes podem ter proceder a alterações de política criminal, mas tem que o as- diferentes interpretações da lei e este facto tem afectado a sumir e fundamentar perante a comunidade e esta Câmara. eficácia das investigações, acusações e julgamentos dos ca- sos de branqueamento de capitais.». 111. Segundo a mesma assessoria, afirmar na Justifi- cação suplementar da nota justificativa da Proposta de Lei 106. Mais se afirmava que De« acordo com a informa- que «De acordo com a informação fornecida pelas autori- ção fornecida pelas autoridades judiciárias vários casos de dades judiciárias vários casos de investigação gerados em investigação gerados em relatórios de transacções suspeitas relatórios de transacções suspeitas foram arquivados devido foram arquivados devido a falta de prova da comissão do a falta de prova da comissão do crime precedente sendo que, crime precedente sendo que, alguns procuradores, são da alguns procuradores, são da opinião que é necessário aguar- opinião que é necessário aguardar pela condenação pelo dar pela condenação pelo crime precedente por forma a que crime precedente por forma a que seja possível a acusação seja possível a acusação pelo crime de branqueamento de pelo crime de branqueamento de capitais.». capitais» parece ter origem num equívoco: as diferenças na interpretação e na aplicação da lei fazem parte da vida das 107. E entendia o proponente ainda que «Outra razão leis, da actividade do Ministério Público e dos Tribunais. que aconselha a que seja explicitamente consagrada a auto- Não são necessariamente sempre um problema e existem nomia do crime de branqueamento de capitais relativamente mecanismos legais absolutamente estabilizados nos quadros ao crime precedente é que a maioria de casos de branquea- normativos que balizam quer a actividade do Ministério Pú- mento de capitais que ocorrem em Macau são relacionados blico quer a dos Tribunais para lidar com estas situações. com a lavagem de proventos gerados por crimes precedentes que ocorreram fora de Macau. Nesses casos a recolha de 112. Importa ainda referir que se afirmava na Justifi- prova assenta basicamente em processos de cooperação cação suplementar da nota justificativa da proposta de lei judiciária em matéria penal com outras jurisdições. Ulti- que «As alterações agora introduzidas explicitamente na lei, mamente muitas das investigações de branqueamento de apesar de já nela implícitas podem explicitamente clarificar capitais foram arquivadas devido à dificuldade de recolha o julgamento pelo crime de branqueamento de capitais é de provas quanto à comissão do crime precedente quando independente da condenação pelo crime precedente e que este ocorre fora de Macau. Um exemplo é o de um caso em o branqueamento de capitais por parte do autor do crime que não obstante o branqueamento de capitais que ocorreu precedente é igualmente possível» era uma vez mais pre- 176 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 tender fundar o argumento na ideia de que a autonomia do trabalho e doenças profissionais e a Lei n.º 4/2016 – Lei de crime de branqueamento de capitais relativamente ao crime protecção dos animais, só para dar alguns exemplos. precedente já estaria implícita no tipo de branqueamento de capitais e que agora se trataria tão só de a tornar explícita.» 120. A assessoria da Assembleia Legislativa durante o exame na especialidade alertou o proponente que proce- 113. De resto, como supra se mencionou, o TUI na dendo à alteração das Leis n.os 2/2006 e 3/2006 bem devia interpretação e na aplicação do tipo de branqueamento de consagrar nos seus articulados essa normação. capitais do artigo 3.º da Lei n.º 2/2006, não só não hesitou em ler, como segmento normativo do tipo de branqueamen- 121. O proponente acolheu a sugestão assim formulada to de capitais em Macau que «a punição do crime de bran- e aditou o regime de responsabilidade das pessoas colectivas queamento de capitais é autónoma em relação à punição pela prática de infracções administrativas à Lei n.º 2/2006 do crime subjacente, pelo que aquela tem lugar ainda que e à Lei n.º 3/2006, conforme infra melhor se dá notícia em a punição do crime-base não tenha tido lugar»27, como não sede de exame na especialidade. recorre a nenhum esquema complexo interpretativo para atingir essa interpretação. XI - Republicação da Lei n.º 3/2006

os 122. Uma outra questão é relativa à opção originária do 114. O aditamento dos novos n. 5 e 6 deveria, assim, proponente pela republicação da Lei n.º 2/2006 e pela não ser objecto de uma ponderação em termos de política legis- republicação da Lei n.º 3/2006. Também esta opção não era lativa para medir entre as suas vantagens e desvantagens. compreensível. 115. Em sede de debate na especialidade, o proponente 123. Tanto mais que as alterações em sede da Lei n.º 3/2006 acabou por centrar os seus argumentos no sentido de man- eram muito menos expressivas e facilitam com certeza a re- ter o aditamento dos n.os 5 e 6 ao artigo 3.º numa opção de publicação do texto legal em vigor. política legislativa que lhe parece ser a mais acertada em vista dos seus objectivos de política criminal. 124. O proponente aceitou, assim, proceder à republica- ção das duas leis que esta proposta de lei altera. 116. Conforme infra melhor se informará o proponente decidiu proceder a uma alteração da redacção do projecta- XII - Das diferenças da versão originária da proposta do n.º 5, mantendo a redacção do n.º 6. de lei

os 117. A Comissão decidiu acolher o aditamento dos n. 5 e 125. A Lei n.º 13/2009, Regime jurídico de enquadra- 6 ao artigo 3.º na medida em que aceitou que integrava uma mento das fontes normativas internas, pela sua função disci- nova opção de política legislativa que merecia a sua concor- plinadora das fontes normativas internas, determina que em dância. sede de processos legislativos se proceda à averiguação de eventuais desconformidades. X - Responsabilidade Administrativa das pessoas co- lectivas 126. Convirá ter presente que quando a Lei n.º 13/2009 foi editada, tanto a Lei n.º 2/2006 como a Lei n.º 3/2006 já 118. A responsabilidade Administrativa das pessoas se encontravam em plena vigência. A entrada em vigor em colectivas é uma recomendação do GAFI. Com efeito na 2009 da Lei n.º 13/2009 relativa ao Regime jurídico de en- Norma Interpretativa para a Recomendação 3 (Crime de quadramento das fontes normativas internas determinou a lavagem de dinheiro), das Recomendações do GAFI na fixação de um parâmetro superior a que o direito interno da alínea c) do n.º 7 determina-se que «Os países deveriam se RAEM ficou sujeito. assegurar de que responsabilidade criminal e as sanções e, onde não for possível (devido a princípios fundamentais das 127. Registe-se que a Lei n.º 13/2009 contém um regi- leis domésticas) responsabilidade civil ou administrativa e me transitório que permite que os regulamentos adminis- sanções se deveriam aplicar a pessoas jurídicas […].». trativos publicados antes da sua entrada em vigor que não estejam plenamente conformes com o seu regime material 119. O regime de responsabilidade das pessoas colec- possam continuar a ser aplicados, mas exige que quando tivas pela prática de infracções administrativas tem sido sejam alterados tenham que ser conformes com a disciplina inscrito com constância em leis recentes da Assembleia superior da mencionada lei. Legislativa. Desde logo, a recente Lei n.º 6/2016 - Regime de execução de congelamento de bens; a Lei n.º 5/2016 – Regi- 128. Com efeito, atente-se na redacção do artigo 10.º da me jurídico do erro médico; a Lei n.º 6/2015 - Alteração ao Lei n.º 13/2009: «Os regulamentos administrativos publica- regime de reparação dos danos emergentes de acidentes de dos antes da entrada em vigor da presente lei, ainda que não observem o regime nesta estabelecido, continuam a produzir efeitos jurídicos até à sua alteração, suspensão ou revogação 27 Processo n.º 36/2007, p. 381. através de diplomas legais.». N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 177

129. Tal significa que as leis anteriores à Lei n.º 13/2009 2. Na mesma pena incorre quem, sem justa causa, se e que contenham um regime de remissão para regulamento recusar a prestar informações ou a entregar documentos ou administrativo contrário ao que veio a ser determinado por obstruir a sua apreensão.». esta lei, podem continuar a aplicar-se, nesse tocante, até ao momento em que sejam alteradas, suspensas ou revogadas. 137. Se se atentar, por exemplo, no artigo 8.º do Regula- mento Administrativo n.º 7/2006: 130. Pretende o proponente aditar os artigos 11.º, 12.º e 13.º ao articulado da Proposta e Lei, sendo «a entrada em vigor da Lei n.º 13/2009» a razão subjacente a essa nova «Artigo 8.º normação. Dever de colaboração

131. No entanto, a assessoria da Assembleia Legislativa Deve ser prestada toda a assistência requerida pelas entendeu que a versão originária da proposta de lei estava autoridades com competência em matéria de prevenção e em diferença com o regime da Lei n.º 13/2009 na medida em repressão dos crimes de branqueamento de capitais e de que se afirmava, na Nota Justificativa - na anotação ao artigo financiamento ao terrorismo, nomeadamente fornecendo 13.º: «Deste modo o Regulamento Administrativo n.º 7/2006 todas as informações e apresentando todos os documentos foi alterado em conformidade apenas se mantendo neste a solicitados por aquelas autoridades.» regulamentação dos pressupostos e conteúdo de determina- dos deveres.»28. 138. Estava bem de ver que o incumprimento do dever 132. E era precisamente neste tocante que a assessoria de colaboração fixado neste artigo 8.º do Regulamento Ad- da Assembleia Legislativa entendia que se estava perante ministrativo n.º 7/2006, para além de constituir uma infrac- uma contradição. ção administrativa, nos termos do artigo 11.º da proposta de lei, constituiria igualmente um crime nos termos do artigo 133. O proponente sabe perfeitamente que a obrigação 10.º da proposta de lei – versão originária. legal – via alínea 6) do artigo 6.º conjugado com a alínea 6) do n.º 1 do artigo 7.º da Lei n.º 13/2009 – é o regime sancio- 139. Quer isto dizer que a conduta concretamente dese- natório plasmado no Regulamento Administrativo n.º 7/2006 nhada como crime, isto é a recusa em fornecer as informa- ter que passar a constar do âmbito da lei. ções e de apresentar/entregar os documentos solicitados por aquelas autoridades, ou a entrega de documentos falsos ou 134. Do mesmo passo, entendia o proponente que «apenas deturpados, que é o núcleo definidor do dever de colabora- se mantendo neste [no Regulamento Administrativo n.º 7/2006] ção, não estaria fixado na lei. a regulamentação dos pressupostos e conteúdo de determi- 29 nados deveres.» . 140. O articulado da Lei n.º 13/2009 parece que não estava, no entendimento da assessoria da Assembleia Legis- 135. Ora atente-se então na normação do Capítulo II do lativa, a ser respeitado. Regulamento Administrativo n.º 7/2006, isto é nos deveres fixados nos seus artigos 3.º a 8.º, cuja violação poderá ser 141. A Assessoria da Assembleia Legislativa registou sancionada criminalmente através do projectado artigo 10.º igualmente que o incumprimento dos deveres de identifica- da versão originária da proposta de lei, consistindo no seu ção dos contratantes, clientes e frequentadores (artigo 3.º), enquadramento factual concreto. de identificação de operações (artigo 4.º), de recusa de rea- lização de operações (artigo 5.º), de conservação de docu- 136. Dispunha o projectado artigo 10.º da versão origi- mentos comprovativos (artigo 6.º) e de comunicação de ope- nária da proposta de lei: rações (artigo 7.º) inscritos no Capítulo II do Regulamento Administrativo n.º 7/2006 poderiam acarretar igualmente a «Artigo 10.º violação do dever de colaboração fixado no seu artigo 8.º Crime de falsidade de informações 142. O que, nos termos do n.º 2 do artigo 10.º da versão 1. Quem, sendo membro dos órgãos sociais das institui- originária da proposta de lei, poderia consistir na prática de ções de crédito, seu empregado ou a elas prestando serviço, um crime pela não prestação de elementos ou informações prestar informações ou entregar documentos falsos ou de- cuja recolha e conservação é exigida nos termos destes artigos turpados no âmbito de procedimento ordenado nos termos do Capítulo II do Regulamento Administrativo n.º 7/2006. do capítulo III é punido com pena de prisão de 6 meses a 3 anos ou multa não inferior a 60 dias. 143. Poderia ocorrer igualmente para o pessoal das ins- tituições de Cédito um crime caso estes prestassem infor- mações ou entregassem documentos falsos ou deturpados 28 Nota Justificativa, p. 7. nos termos do n.º 1 do artigo 10.º da versão originária da 29 Idem. proposta de lei. 178 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

144. A assessoria desta Câmara recomenda a passagem nacional (GAFI) recentemente revistas, dando resposta às dos pressupostos e do conteúdo dos deveres inscritos no Ca- deficiências identificadas durante o processo de avaliação pítulo II do Regulamento Administrativo n.º 7/2006 para o efectuada à RAEM em 2006, pelo Grupo Ásia-Pacífico âmbito da lei, sob pena de diferença com a Lei n.º 13/2009. contra o Branqueamento de Capitais (APG).».

145. Como é sabido, a norma penal deve indicar pre- 152. No entanto, a opção de política legislativa do pro- viamente quais são os bens ou valores alvo de tutela penal, ponente em manter a regulamentação das medidas preven- que tipo de comportamentos são proibidos e susceptíveis de tivas em sede de um regulamento administrativo comple- uma sanção penal e quais as sanções criminais aplicáveis a mentar das Leis n.os 2/2006 e 3/2006 só permitiria o conhe- esses comportamentos. cimento por parte desta Câmara dessa regulamentação se o proponente disponibilizasse as alterações ao Regulamento 146. Entendia a assessoria da Assembleia Legislativa Administrativo n.º 7/2006 na pendência do exame na espe- que no caso vertente a manutenção do Capítulo II no Re- cialidade. gulamento Administrativo n.º 7/2006, isto é dos deveres fixados nos seus artigos 3.º a 8.º, poderia significar o esvazia- 153. Tal não aconteceu, de acordo com o proponente, mento do núcleo de condutas que a norma penal visa salva- por essas alterações não estarem ainda concluídas. A Co- guardar, não podendo deixar de constar da proposta de lei. missão acolheu esta justificação.

147. Em sede de exame na especialidade houve oportu- XIV – Lei n.º 3/2006 nidade para esta questão ser debatida e esclarecida, tendo o proponente decidido proceder a uma alteração da redac- 154. As alterações à Lei n.º 3/2006 têm na presente ini- ção da norma na proposta de lei que prevê o novo crime de ciativa legislativa um impacto muito menor do que aquelas falsidade de informações, conforme infra melhor se infor- que recaíram sobre a Lei n.º 2/2006. mará em sede de apreciação na especialidade, no sentido de assegurar que as condutas em causa, na medida em que 155. O tópico fundamental estava identificado na Nota impliquem o preenchimento do novo tipo penal supra refe- justificativa: Extensão« do elenco dos crimes de terrorismo, renciado, tenham a sua previsão exclusivamente na lei. por forma a abranger todas as categorias de crimes designa- dos na Resolução n.º 2178 (2014), adoptada pelo Conselho 148. O proponente recusou, ainda assim, a transposição de Segurança das Nações Unidas, relativa a combatentes para a lei da regulamentação dos deveres matriculados nos terroristas estrangeiros.» artigos 3.º a 8.º do Regulamento Administrativo n.º 7/2006, a que ficam vinculadas as entidades mencionadas no arti- go 6.º da proposta de lei, trazendo à colação o argumento 156. Na versão originária da proposta de lei o artigo 6.º-A avançado pelo Executivo em 2006 para justificar que só o (Outros meios para a prática do terrorismo), que o propo- núcleo essencial do sistema preventivo, no que toca directa- nente pretende aditar à Lei n.º 3/2006, levantou reservas à mente os direitos e liberdades fundamentais, fosse objecto assessoria da Assembleia Legislativa na medida em que se de normação legal, remetendo-se a sua concretização e im- entendia que quer no seu n.º 1 quer no seu n.º 2 a remissão plementação para ulterior regulamentação em regulamento para o artigo 4.º da mesma lei estava incorrecta. administrativo. 157. A pena de prisão prevista no n.º 3 levantava igual- 149. O Executivo entendeu, por fim, manter a sua opção mente um problema quer face à pena prevista no artigo 7.º inicial e não procedeu à integração da regulamentação da- (Financiamento do terrorismo) para o financiamento do queles deveres na normação da proposta de lei que agora se terrorismo quer face à pena prevista para os actos prepara- edita. A Comissão acolheu esta opção de política legislativa. tórios do terrorismo em geral, prevista no n.º 3 do artigo 6.º da Lei n.º 3/2006. XIII - Medidas preventivas – Lei n.º 2/2006 158. As assessorias da Assembleia Legislativa e do Go- 150. As 40 Recomendações do GAFI contêm um sig- verno procederam assim a uma análise detalhada em sede nificativo corpo de medidas preventivas que era mister da Lei n.º 3/2006 e foram introduzidos aperfeiçoamentos na sindicar durante o exame na especialidade se estava ou não redacção dos artigos 6.º, 6.º-A e 7.º acatado na proposta de lei ora em análise. 159. Infra dá-se conta das alterações introduzidas no 151. Relembre-se que a ratio legis da presente pro- artigo 6.º-A no sentido de no seu n.º 1 a remissão passar a posta de lei assenta fundamentalmente no facto de a «[…] ser agora para o n.º 1 ou n.º 2 do artigo 6.º, bem como no seu RAEM, enquanto membro de organizações internacionais, n.º 2 a remissão passar a operar para o n.º 1 ou para o n.º 2 tem que cumprir os padrões internacionais daí decorrentes, do artigo 6.º que é realmente o tipo de terrorismo relevante adequando a sua legislação por forma a conformar-se com para fazer operar a incriminação agora projectada naqueles as 40 Recomendações do Grupo de Acção Financeira Inter- n.os 1 e 2 do artigo 6.º-A. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 179

160. A pena de prisão de 1 a 6 anos prevista no n.º 3 do Alterações à Lei n.º 2/2006 artigo 6.º-A, na versão originária da proposta de lei, colocava um problema na medida em que o tipo ali desenhado («Quem Artigo 3.º (Branqueamento de capitais) da Lei n.º 2/2006 organizar, financiar ou facilitar a viagem ou tentativa de viagem previstas nos números anteriores é punido com pena 166. Introduziram-se alterações substantivas neste ar- de prisão de 1 a 6 anos») não deixa de ser uma especialidade tigo em que está matriculada a tipificação e a punição de face ao crime mais geral de financiamento do terrorismo, branqueamento de capitais. que é punido com uma pena de prisão de 1 a 8 anos, no arti- go 7.º Tal como lançava dúvidas face à punição para os actos Artigo 3.º n.º 1 da Lei n.º 2/2006 preparatórios do terrorismo, prevista no n.º 3 do artigo 6.º da 167. O n.º 1 artigo 3.º foi objecto de uma alteração signi- Lei n.º 3/2006, fixada em pena de prisão de 1 a 5 anos. ficativa que implica uma reforma no desenho do tipo penal 161. Nestes termos, entendeu o proponente alterar a de branqueamento de capitais na medida em que se altera o pena de prisão de 1 a 5 anos para os actos preparatórios do critério definidor do catálogo de crimes precedentes do n.º 1 terrorismo para uma pena de prisão de 1 a 8 anos (que não do artigo 3.º da Lei n.º 2/2006. constava da versão originária da proposta de lei), mantendo 168. Procede-se a uma alteração do catálogo de crimes a pena de prisão prevista para o financiamento do terroris- subjacentes do crime de branqueamento de capitais no n.º 1 do mo, de 1 a 8 anos, e alterar igualmente a pena de prisão do artigo 3.º da Lei n.º 2/2006 no sentido de combinar o critério n.º 3 do artigo 6.º-A para uma pena de prisão de 1 a 8 anos. da abordagem limite (crimes com pena de prisão de limite Pena esta que tinha sido consagrada para os tipos dos n.os 1 máximo superior a 3 anos) com um elenco, em nove alíneas e 2 do artigo 6.º -A. do n.º 1 deste artigo, de crimes com pena de prisão reduzi- das que permitem ampliar o número de crimes alcançado III em cada categoria designada pelo GAFI. Apreciação na especialidade 169. Está bem de ver que os novos crimes aditados ao ca- tálogo de crimes-base do crime de branqueamento de capi- 162. Para além da apreciação na generalidade da qual tais têm em comum o facto de serem punidos com penas de supra se deu conhecimento, a Comissão procedeu também prisão de limite máximo igual ou inferior a 3 anos de prisão. ao exame na especialidade da presente proposta de lei, no que toca à adequação das suas soluções jurídicas concretas 170. O debate em sede de exame na especialidade per- aos princípios de política legislativa subjacentes à presente mitiu alcançar um consenso que se traduziu no aditamento proposta de lei. ao catálogo de crimes precedentes, relativamente à versão originária da proposta de lei, do crime de corrupção acti- 163. Em 13 de Abril do corrente, o Executivo apresen- va para acto lícito (artigo 339.º, n.º 2, do Código Penal), na tou formalmente a esta Assembleia Legislativa versão alter- alínea 1) do n.º 1 do artigo 3.º, e do crime de corrupção elei- nativa da proposta de lei que reflecte as opiniões expressas toral do artigo 49.º, n.º 2, da Lei n.º – Lei do recenseamento no seio da Comissão e, parcialmente, a análise técnico-jurí- eleitoral -, na alínea 4) do mesmo n.º 1, ao mesmo tempo que dica efectuada pela assessoria da Assembleia Legislativa. em sede dos crimes previsto no Regime do direito de autor e 164. Entende, porém, a Comissão que o texto alterna- direitos conexos, alínea 8) do n.º 1, e no Regime Jurídico da tivo do articulado que agora se cuida de analisar na espe- Propriedade Industrial, alínea 9) do n.º 1, se procedia a um cialidade foi objecto de diversos aperfeiçoamentos face à ajustamento no sentido de excluir alguns crimes. sua versão originária, quer a nível substantivo quer a nível 171. Com efeito, a Comissão e o Executivo concordaram formal, em resultado do diálogo entre esta Comissão e o em aditar os dois crimes supra mencionados numa tentativa Executivo, bem como da colaboração entre a assessoria des- de emprestar coerência ao círculo de crimes-base de bran- ta Assembleia Legislativa e os assessores do Governo. queamento de capitais, já que nos dois casos se tratava de Artigo 1.º (Alteração à Lei n.º 2/2006) da proposta de lei crimes de corrupção cujo desvalor ético-social, independen- temente da concreta pena, dificilmente seria compaginável 165. Procedeu-se à alteração da redacção deste artigo, com a sua omissão. A exclusão de alguns crimes presentes de acordo com as regras vigentes de legística30, eliminando- na versão originária, nas alíneas 8) e 9) do n.º 1, fica justifi- -se o n.º 2 e o n.º 3 deste artigo e aditando-se ao seu n.º 1 as cada pela consideração da sua menor potencialidade em ge- alterações aos artigos 6.º, 7.º, 8.º e 9.º rar fluxos financeiros típicos do branqueamento de capitais.

172. Nestes termos, na alínea 8), em sede dos crimes no 30 Regras de Legística Formal a observar na elaboração dos actos âmbito do Regime do direito de autor e direitos conexos, normativos da Assembleia Legislativa, aprovada pela Deliberação estabelecido pelo Decreto-Lei n.º 43/99/M, de 16 de Agosto, n.º 16/2016, de 30 de Maio de 2016, da Mesa da Assembleia Legis- deixam de ser alcançados os crimes previstos nos seguintes lativa. artigos: 209.º (Usurpação de obra), 210.º (Violação do di- 180 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 reito ao inédito) e 214.º-F (Supressão ou alteração de infor- 178. A Comissão ponderou atentamente esta questão mação electrónica para a gestão de direitos), na medida em na medida em que reconhece que o proponente tem obvia- que na redacção desta alínea não se remete em bloco, como mente legitimidade e discricionariedade para propor alte- acontecia com a versão originária da proposta de lei, para o rações de política criminal - desde que o faça respeitando o Capítulo III do Título V do referenciado decreto-lei. enquadramento superior contido na Lei Básica e respeitan- do a matriz e os princípios nucleares da ordem jurídica de 173. Na alínea 9), fica de fora do elenco o crime do arti- Macau, devendo o proponente explicar na sua apresentação go 294.º (Títulos de propriedade industrial obtidos de má-fé). perante a Assembleia Legislativa na Nota Justificativa.

174. Registe-se ainda que se aperfeiçoou a redacção em 179. No debate que decorreu em sede de especialidade o língua chinesa do n.º 1 deste artigo 3.º da Lei n.º 2/2006. Executivo acabou por esclarecer que o aditamento no n.º 2 do 175. A Comissão entende assim que o diálogo com o artigo 3.º da expressão «obtidas por si ou por terceiro» era Executivo em sede de exame na especialidade permitiu uma decisão de política legislativa do Governo que visava aperfeiçoar o critério de política legislativa que fundamenta firmar um objectivo de política criminal. as opções subjacentes às alterações introduzidas no n.º 1 do artigo 3.º da Lei n.º 2/2006. 180. A Comissão entendeu que esta decisão merecia o seu acolhimento na medida em que lhe parece uma medida Artigo 3.º n.º 2 da Lei n.º 2/2006 adequada para combater mais eficazmente as práticas de branqueamento de capitais. 176. O proponente no comentário à importante alte- ração projectada na presente iniciativa legislativa ao n.º 2 181. É aqui preciso igualmente dar nota relativamente à do artigo 3.º da Lei n.º 2/2006 declara que: «adita-se neste alteração introduzida no n.º 2 do artigo 3.º no que concerne à número a expressão “obtidas por si ou por terceiro”, por punição pelo crime de branqueamento de capitais. Como se forma a dissociar a comissão do crime precedente do crime sabe, a pena prevista no n.º 2 do artigo 3.º da Lei n.º 2/2006 de branqueamento de capitais e assim acentuar a autonomia está fixada na pena de prisão de 2 a 8 anos33. entre as duas condutas criminosas. Permite ainda clarificar que o branqueamento de capitais é uma conduta dirigida 182. O proponente entendeu propor a eliminação do à legitimação de bens e produtos do crime gerados pela limite mínimo da pena de prisão prevista para o crime de actividade criminosa do autor do crime precedente (self- 31 branqueamento de capitais, no n.º 2 do artigo 3.º, dispondo- -laundering) ou pela actividade criminosa de terceiros.». -se agora que a pena de prisão é até 8 anos. 177. A assessoria desta Assembleia Legislativa chamou as- sim a atenção da Comissão para o facto da inserção desta expres- 183. A Comissão acolheu esta solução que implicou ain- são «obtidas por si ou por terceiro» poder configurar uma dupla da uma alteração ao artigo 4.º (Agravação) da Lei n.º 2/2006 punição32 e neste sentido colidir com o princípio ne bis in idem. de que infra melhor se dará notícia.

Artigo 3.º n.º 4 da Lei n.º 2/2006 31 Nota Justificativa, p. 3. 32 Guia de Referência Anti-Branqueamento de Capitais e de 184. Dispunha este normativo da versão originária da Combate ao Financiamento do Terrorismo, Segunda Edição e Su- proposta de lei que «A punição pelos crimes previstos nos plemento sobre a Recomendação Especial IX, Paul Allan Schott, os Banco Mundial, Segunda Edição, 2004, p.V-65, Em que a propósi- n. 2 e 3 tem lugar ainda que o facto ilícito típico de onde to da responsabilidade do autor da infracção subjacente se dispõe que: «Uma questão importante é a de saber se a responsabilidade pelo branqueamento de capitais é aplicável também à pessoa que deixar livres de responsabilidade os autores materiais. Isto poderia cometeu a infracção subjacente, além da pessoa que branqueou ocorrer quando a infracção subjacente foi cometida fora do terri- os produtos ilícitos. Vários países não responsabilizam o autor da tório nacional, colocando-a fora da competência do Estado para infracção subjacente pelo branqueamento dos produtos dos seus perseguir terceiros pelas actividades de branqueamento. Em ter- actos criminosos, se este não estiver envolvido na actividade de mos gerais, os padrões internacionais nesta área estabelecem uma branqueamento. O fundamento para esta forma de tratar a questão infracção ampla de branqueamento, que permite responsabilizar o é o de que punir o autor por se furtar às consequências jurídicas autor pelo branqueamento dos produtos da sua própria actividade da sua actividade criminosa poderia constituir uma dupla punição criminosa, independentemente da sua participação nesta activida- pela prática de uma única infracção penal. Outros países respon- de de branqueamento. No entanto, estes padrões permitem tam- sabilizam o autor da infracção subjacente pelo branqueamento bém variações de país a país.». dos produtos ilícitos com base no facto de a conduta e os prejuízos 33 «Quem converter ou transferir vantagens obtidas por si ou por da evasão serem diferentes da infracção subjacente. Existem tam- terceiro, ou auxiliar ou facilitar alguma dessas operações, com o bém razões práticas para esta abordagem. Isentar os autores das fim de dissimular a sua origem ilícita ou de evitar que o autor ou infracções subjacentes de responsabilidade pelo branqueamento participante dos crimes que lhes deram origem seja penalmente de capitais poderia prejudicar gravemente terceiros pelas suas ac- perseguido ou submetido a uma reacção penal, é punido com pena ções no manuseamento dos produtos do crime e, ao mesmo tempo, de prisão de 2 a 8 anos.» N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 181 provêm as vantagens tenha sido praticado fora da Região os 12 anos, mantendo-se inalteráveis os limites da agrava- Administrativa Especial de Macau, doravante designada ção vigentes. por RAEM, desde que seja também punível pela lei do Esta- do ou Região com jurisdição sobre o facto, ou ainda que se 192. Aditou-se ainda na alínea 2) deste artigo 4.º a remis- ignore o local da prática do facto ou a identidade dos seus são para o artigo 6.º-A (Outros meios para a prática do ter- autores.». rorismo), que o proponente pretende aditar à Lei n.º 3/2006, na medida em que não fazia sentido que as vantagens rele- 185. O Executivo procedeu à alteração da redacção da vantes para efeitos de branqueamento de capitais dos tipos projectada alteração ao n.º 4 do artigo 3.º eliminando a frase que integram o artigo 6.º-A não ficassem contemplados para «desde que seja também punível pela lei do Estado ou Re- efeitos de agravação. gião com jurisdição sobre o facto». A Comissão emprestou a sua concordância a esta alteração. Artigo 6.º (Âmbito subjectivo) da Lei n.º 2/2006

Artigo 3.º n.os 5 e 6 da Lei n.º 2/2006 193. Procedeu-se à renumeração deste artigo, numera- do como artigo 8.º na versão originária da proposta de lei, e 186. Em sede de debate na especialidade, o proponente aperfeiçoou-se a pontuação da subalínea 5) da alínea 5). acabou por centrar os seus argumentos no sentido de man- ter o aditamento dos n.os 5 e 6 ao artigo 3.º numa opção de Artigo 7.º (Deveres) da Lei n.º 2/2006 política legislativa, que lhe parece ser a mais acertada em vista dos seus objectivos de política criminal. 194. Procedeu-se à renumeração deste artigo, numerado como artigo 9.º na versão originária da proposta de lei. A al- 187. A Comissão decidiu acolher o aditamento dos teração da remissão projectada ao n.º 2 deste artigo, na versão n.os 5 e 6 ao artigo 3.º, na medida em que aceitou que inte- originária, foi eliminada em vista das alterações que se intro- grava uma opção de política legislativa que merecia a sua duziram por razões formais de legística. Termos em que se concordância. manteve a remissão vigente para o artigo 6.º da Lei n.º 2/2006.

188. O proponente aceitou alterar a redacção do n.º 5 do 195. Nos n.os 3, 4 e 5 deste artigo actualizou-se a remis- artigo 3.º no sentido de tornar a sua redacção menos inequí- são para o artigo 6.º, na versão originária artigo 8.º voca. Termos em que agora ali se dispõe que «A intenção requerida como elemento constitutivo dos crimes previstos 196. Aperfeiçoou-se a redacção em língua chinesa da nos n.os 2 e 3 pode ser provada através de circunstâncias fac- alínea 3) do n.º 1 e do n.º 5 deste artigo. tuais objectivas.». A redacção do n.º 6 do artigo 3.º manteve- -se inalterada. Artigo 8.º (Regulamentação) da Lei n.º 2/2006

Artigo 4.º (Agravação) da Lei n.º 2/2006 197. Procedeu-se à renumeração deste artigo, numerado como artigo 13.º na versão originária da proposta de lei – 189. Conforme supra se deu conhecimento no decurso mantendo-se a numeração em vigor. A alteração da remis- do exame na especialidade a assessoria da Assembleia Le- são projectada ao n.º 2 deste artigo, na versão originária, foi gislativa chamou a atenção para o facto de a alteração in- eliminada em vista das alterações que se introduziram por troduzida pelo proponente, no n.º 1 do artigo 3.º, no sentido razões formais de legística. Termos em que se manteve a re- de aditar ao critério da abordagem limite (crimes com pena missão vigente para o artigo 7.º da Lei n.º 2/2006. de prisão de limite máximo superior a 3 anos, adoptado em 2006) um elenco, em nove alíneas do n.º 1 deste artigo, de Artigo 9.º (Norma revogatória) da Lei n.º 2/2006 crimes com pena de prisão de limite máximo igual ou infe- rior a 3 anos iria colocar necessariamente um problema face 198. Procedeu-se à renumeração deste artigo, numera- ao projectado n.º 8 do mesmo artigo (actual n.º 6), quando do como artigo 14.º na versão originária da proposta de lei – se estivesse na presença de crimes com pena de prisão de mantendo-se a numeração em vigor. limite máximo inferior a 2 anos. Artigo 2.º (Aditamento à Lei n.º 2/2006) da proposta 190. Face a esta inconsistência normativa o proponente de lei entendeu propor, e esta Comissão acolheu, a eliminação do limite mínimo da pena de prisão prevista para o crime de 199. Renumeraram-se, de acordo com as regras de legís- branqueamento de capitais, no n.º 2 do artigo 3.º, dispondo- tica vigentes, as artigos aditados à Lei n.º 2/2006, na versão -se agora que a pena de prisão é até 8 anos. originária da proposta de lei, (que passaram assim a artigos 5.º-A, 5.º-B, 7.º-A, 7.º-B e 7.º-C) e aditaram-se os artigos 7.º-D 191. Assim, no proémio deste artigo 4.º alterou-se a sua (Responsabilidade das pessoas colectivas) e 7.º-E (Responsa- redacção para se dispor expressamente que a moldura da bilidade pelo pagamento das multas), em resposta à suges- pena de prisão em caso agravação fica balizada entre os 3 e tão da assessoria desta Assembleia Legislativa. 182 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Aditamentos à Lei n.º 2/2006 bancárias estão fixadas em directivas relativas à repressão contra o branqueamento de capitais, sendo portanto viável Artigo 5.º-A (Controlo de contas bancárias) da Lei e exequível o seu cumprimento por parte das instituições de n.º 2/2006 crédito.

200. Na versão originária da proposta de lei este artigo 208. Para manter a correspondência entre as versões estava numerado como artigo 6.º, a aplicação das regras de chinesa e portuguesa, aditou-se na versão em língua chinesa legística supra referidas obrigou à sua renumeração. a expressão «bancárias» a seguir à expressão «contas».

201. Importa aqui referir que o regime de comunicação Artigo 5.º-B (Obrigação de sigilo) da Lei n.º 2/2006 no prazo de 24 horas, no âmbito do controlo de contas ban- cárias, que se pretende criar no n.º 1 deste artigo suscitou 209. Na versão originária da proposta de lei este artigo alguma preocupação a esta Comissão. estava numerado como artigo 7.º, a aplicação das regras de legística supra referidas obrigou à sua renumeração. Pro- 202. Por um lado, em dois e-mails enviados a esta As- cedeu-se ainda ao aperfeiçoamento da redacção em língua sembleia Legislativa foi manifestada preocupação, por par- chinesa do n.º 1 deste artigo. te de um residente, com a aplicação prática deste normativo na medida em que o prazo de 24 horas era entendido como Artigo 7.º-A (Crime de falsidade de informações) da excessivamente curto. Lei n.º 2/2006

203. Por outro lado, a assessoria da Assembleia Legislati- 210. Este artigo corresponde ao artigo 10.º na versão va chamou a atenção para o facto de na Lei n.º 6/2016 (Regime originária da proposta de lei. de execução de congelamento de bens) se prever, em sede congelamento de contas, na alínea 3) do n.º 1 do seu artigo 16.º 211. Em sede de exame na especialidade, o proponente (Prestação de informações) para a comunicação/participação decidiu proceder a uma alteração da redacção da norma na da tentativa de concretização de operações que indiciem a proposta de lei que prevê o novo crime de falsidade de in- violação das medidas de congelamento previstas naquela lei formações. um prazo de dois dias úteis após a sua detecção. Apesar de se tratar de situações distintas, era necessário esclarecer a 212. A redacção do crime de falsidade de informações, razão da diferença de prazos. artigo 7.º-A, regista agora que «Quem, sendo membro dos órgãos sociais das instituições de crédito, seu empregado ou 204. A Comissão solicitou assim ao Executivo um escla- a elas prestando serviço, prestar informações ou entregar recimento sobre a viabilidade deste regime de comunicação documentos falsos ou deturpados no âmbito de procedi- previsto neste artigo num prazo de 24 horas. mento ordenado nos termos do capítulo II-A, ou ainda que, sem justa causa, se recusar a prestar informações ou a entre- 205. Esclareceu o Executivo que a diferença de prazos pre- gar documentos ou obstruir a sua apreensão é punido com vistos neste artigo 5.º-A, que pretende aditar à Lei n.º 2/2006, pena de prisão de 6 meses a 3 anos ou multa não inferior a e o previsto na alínea 3) do n.º 1 do seu artigo 16.º (Prestação 60 dias.» de informações) da Lei n.º 6/2016 se fica a dever à diferente natureza das situações, sendo que neste último caso ocorre 213. Termos em que na nova redacção fica transparen- já o congelamento das contas bancárias e, portanto, o risco temente claro que: (i) o crime de falsidade de declarações é seguramente inferior àquele que se regista na caso de con- estatuído no artigo 7.º-A se aplica exclusivamente aos mem- tas bancárias meramente objecto de controlo que podem bros dos órgãos sociais das instituições de crédito, seus ainda ser movimentadas. empregados ou a elas prestando serviço; (ii) que prestarem informações, entregarem documentos falsos ou deturpados, 206. O Governo referiu ainda que funciona actualmen- ou ainda que, sem justa causa, se recusarem a prestar infor- te, entre a Polícia Judiciária e as instituições de crédito da mações ou a entregarem documentos ou obstruírem a sua Região, um mecanismo de comunicação directa e em pa- apreensão e (iii) no âmbito exclusivo de procedimento or- ralelo funciona igualmente um idêntico mecanismo entre denado nos termos do Capítulo II-A - Medidas processuais estas e a Autoridade Monetária e Cambial de Macau. De especiais. acordo com o Executivo estes mecanismos permitem um canal de comunicação, em caso de emergência, com os res- Artigo 7.º-B (Infracções administrativas) da Lei n.º 2/2006 ponsáveis das instituições de crédito a qualquer hora do dia. 214. Na versão originária da proposta de lei este artigo 207. O que se pretende, segundo o Governo, é estender estava numerado como artigo 11.º, a aplicação das regras de a aplicação destes mecanismos já existente ao controlo das legística supra referidas obrigou à sua renumeração. Actua- contas bancárias. Além disso, mais adiantou o Executivo lizou-se no n.º 1 a remissão para os artigos 5.º-A, 5.º-B e 7.º que as exigências relativamente ao controlo das contas da Lei n.º 2/2006. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 183

Artigo 7.º-C (Procedimento) da Lei n.º 2/2006 dos vigentes artigos 11.º e 12.º, como artigos 10.º e 11.º, em consequência da revogação do artigo 10.º da Lei n.º 2/2006. 215. Na versão originária da proposta de lei este artigo estava numerado como artigo 12.º, a aplicação das regras de Artigo 4.º (Alteração à versão em língua portuguesa legística supra referidas obrigou à sua renumeração. Actua- na Lei n.º 2/2006) da proposta de lei lizou-se a remissão para o artigo 8.º da Lei n.º 2/2006. 222. Aperfeiçoou-se a pontuação na redacção em lín- 216. Para assegurar a correspondência entre as versões gua portuguesa do proémio deste normativo. em língua chinesa e em língua portuguesa, aditou-se na versão em língua chinesa do n.º 2 deste artigo a expressão Artigo 5.º (Alteração à Lei n.º 3/2006) da proposta de lei «final» a seguir à expressão «decisão». 223. Aditou-se a referência à alteração ao artigo 6.º da Artigo 7.º-D (Responsabilidade das pessoas colecti- Lei n.º 3/2006. vas) e artigo 7.º-E (Responsabilidade pelo pagamento das multas) da Lei n.º 2/2006 Alterações à Lei n.º 3/2006

217. Conforme supra se deu conhecimento tanto a Lei Artigo 6.º (Terrorismo) da Lei n.º 3/2006 n.º 2/2006 como a Lei n.º 3/2006 não dispõem de normas para disciplinar a responsabilidade administrativa das pes- 224. Conforme supra se deu notícia em sede de aprecia- soas colectivas. ção na generalidade, a pena de prisão de 1 a 6 anos prevista no n.º 3 do artigo 6.º-A, da versão originária da proposta de 218. Segundo a Nota Interpretativa da Recomendação lei, colocava um problema na medida em que o tipo ali de- 3 (Crime de branqueamento de capitais) do GAFI, «a res- senhado («Quem organizar, financiar ou facilitar a viagem ponsabilidade penal e as sanções penais e, quando não seja ou tentativa de viagem previstas nos números anteriores é possível (devido a princípios fundamentais da ordem jurí- punido com pena de prisão de 1 a 6 anos») não deixa de ser dica em causa), a responsabilidade civil ou administrativa e uma especialidade face ao crime mais geral de financiamen- as sanções civis ou administrativas, se apliquem às pessoas to do terrorismo, que é punido com uma pena de prisão de colectivas. …». É esta, portanto, a recomendação do GAFI. 1 a 8 anos, no artigo 7.º Tal como lançava dúvidas face à pu- nição para os actos preparatórios do terrorismo, prevista no 219. O regime de responsabilidade das pessoas colec- n.º 3 deste artigo 6.º da Lei n.º 3/2006, fixada numa pena de tivas pela prática de infracções administrativas tem sido prisão de 1 a 5 anos. inscrito com constância em leis recentes da Assembleia Legislativa. Desde logo, a recente Lei n.º 6/2016 - Regime de 225. Nestes termos, entendeu o proponente alterar a execução de congelamento de bens; a Lei n.º 5/2016 – Regi- pena de prisão de 1 a 5 anos para os actos preparatórios do me jurídico do erro médico; a Lei n.º 6/2015 - Alteração ao terrorismo para uma pena de prisão de 1 a 8 anos (que não regime de reparação dos danos emergentes de acidentes de constava da versão originária da proposta de lei), mantendo trabalho e doenças profissionaise a Lei n.º 4/2016 – Lei de a pena de prisão prevista para o financiamento do terroris- protecção dos animais, só para dar alguns exemplos. mo, de 1 a 8 anos, e alterar igualmente a pena de prisão do n.º 3 do artigo 6.º-A para uma pena de prisão de 1 a 8 anos. 220. O proponente acolheu a sugestão assim formulada Pena esta que tinha sido consagrada para os tipos dos n.os 1 e aditou o regime de responsabilidade das pessoas colectivas e 2 do artigo 6.º-A. pela prática de infracções administrativas à Lei n.º 2/2006, através destes artigos 7.º-D e 7.º-E34, e à Lei n.º 3/2006, atra- 226. Com efeito, a assessoria desta Assembleia Legis- vés da remissão prevista no seu artigo 11.º, n.º 2, para aque- lativa e a assessoria do Governo, concluíram que a pena les artigos da Lei n.º 2/2006. de prisão de 1 a 5 anos, prevista no n.º 3 deste artigo 6.º da Lei n.º 3/2006, para os actos preparatórios dos crimes de Artigo 3.º (Aditamento e renumeração da Lei n.º 2/2006) terrorismo colocava um problema de coerência lógica, em da proposta de lei termos de política criminal, face às penas de prisão de 1 a 8 anos que o proponente pretendia consagrar nos tipos do 221. Procedeu-se à alteração da epígrafe deste artigo. n.º 1 e do n.º 2 do novel artigo 6.º-A e face à pena de prisão Como melhor infra se informa, o proponente não acedeu à de 1 a 8 anos prevista no artigo 7.º para o financiamento do sugestão da assessoria da Assembleia Legislativa para pro- terrorismo, na medida em que todos estes tipos se podem ceder, em sede de republicação, à renumeração integral dos reconduzir à categoria de actos preparatórios. capítulos e artigos da Lei n.º 2/2006 (tal como recusou no caso da Lei n.º 3/2006), tendo só procedido à renumeração Artigo 7.º (Financiamento ao terrorismo) da Lei n.º 3/2006

227. Entendeu-se que no n.º 2 deste artigo, na sua versão 34 O proponente optou por seguir a versão dos artigos 35.º e 36.º da originária, a definição projectada da expressão «recursos Lei n.º 6/2016 - Regime de execução de congelamento de bens. económicos» prevista no seu n.º 1, i.e. «activos de qualquer 184 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 tipo, corpóreos ou incorpóreos, móveis e imóveis, que não o tipo aqui desenhado não deixa de ser uma especialidade sejam fundos mas que possam ser utilizados na obtenção de face ao crime mais geral de financiamento do terrorismo, fundos ou serviços», face à definição inscrita no n.º 1, «fun- que é punido com uma pena de prisão de 1 a 8 anos no arti- dos, recursos económicos ou bens de qualquer tipo, bem go 7.º Tal como lançava dúvidas face à punição para os actos como produtos ou direitos susceptíveis de ser transformados preparatórios do terrorismo, prevista no n.º 3 deste artigo 6.º em fundos»», poderia gerar ambiguidade ou mesmo confu- da Lei n.º 3/2006, fixada numa pena de prisão de 1 a 5 anos. são na sua distinção, além de ser repetitiva e redundante. O proponente decidiu, assim, eliminar o projectado n.º 2 deste 236. Entendeu-se assim em fixar a pena de prisão de 1 artigo. A Comissão acolheu esta decisão do proponente. a 8 anos para o tipo do n.º 3 deste artigo, de modo a atingir uma coerência lógica, em termos de política criminal, face 228. Aperfeiçoou-se a redacção em língua chinesa do às penas de prisão de 1 a 8 anos que o proponente entendeu n.º 2.º, projectado como n.º 3 na versão originária, de forma consagrar para os tipos do n.º 1 e do n.º 2 deste artigo e face a garantir que a expressão «organizações terroristas» fique à pena de prisão de 1 a 8 anos prevista no artigo 7.º e im- uniformizada com o modo como a mesma expressão já está plicou igualmente, como supra se informou, a alteração da inscrita na Lei n.º 3/2006. pena de prisão prevista no n.º 3 do artigo 6.º

Artigo 11.º (Remissão) da Lei n.º 3/2006 237. Aperfeiçoou-se a redacção em língua chinesa do n.º 1 e do n.º 3 deste artigo tendo em consideração a versão em 229. Actualizaram-se a remissão no n.º 1 para o Capítu- língua chinesa da Resolução n.º 2178 (2014) do Conselho lo II-A e n.º 2 para os artigos 6.º, 7.º, 7.º-A, 7.º-B, 7.º-C e 8.º de Segurança das Nações Unidas, que é, como se sabe, uma da Lei n.º 2/2006. das línguas oficiais da ONU.

230. No n.º 2 aditou-se, ainda, a remissão para os artigos Artigo 8.º (Republicação) da proposta de lei 7.º-D e 7.º-E de modo a garantir que a responsabilidade ad- ministrativa das pessoas colectivas, aditada à Lei n.º 2/2006 238. Conforme se informou, a opção originária do no decurso do exame na especialidade, é alcançada na Lei proponente só previa a republicação da Lei n.º 2/2006 e n.º 3/2006. não a republicação da Lei n.º 3/2006. Esta opção não era compreensível, tanto mais que as alterações em sede da Lei 231. Aperfeiçoou-se a redacção em língua chinesa deste n.º 3/2006 eram muito menos expressivas e facilitavam com artigo. certeza a republicação do texto legal em vigor.

Artigo 6.º (Aditamento à Lei n.º 3/2006) da proposta 239. O proponente aceitou, assim, em proceder à repu- de lei blicação das duas leis que esta proposta de lei altera. 232. Aperfeiçoou-se a redacção deste normativo em lín- 240. Importa aqui esclarecer que em sede de republicação gua portuguesa. o Governo entendeu não acolher a sugestão da assessoria da Assembleia Legislativa em proceder à renumeração quer dos Aditamento à Lei n.º 3/2006 capítulos quer dos artigos aditados tanto na Lei n.º 2/2006 Artigo 6.º-A (Outros meios para a prática do terroris- quer na Lei n.º 3/2006. mo) 241. Razão pela qual só se procedeu à renumeração 233. Nos n.º 1 e n.º 2 deste artigo entendeu-se que a re- parcial da Lei n.º 2/2006, motivada pela revogação do artigo missão «para a prática dos factos previstos no n.º 1 do artigo 10.º (Regime transitório) e que acarretou a renumeração dos 4.º, com a intenção nele referida» deveria ser alterada para seus artigos 11.º e 12.º para artigos 10.º e 11.º O aditamento os n.os 1 ou 2 do artigo 6.º (Terrorismo) de modo a clarificar de sete novos artigos e de dois novos capítulos a esta lei não que a intenção tanto pode visar «impedir, alterar ou sub- implicou assim a renumeração do articulado da lei. O mes- verter, pela violência, o funcionamento do sistema político, mo sucedendo com o único aditamento à Lei n.º 3/2006. económico ou social estabelecido na RAEM» como «ofen- der a integridade ou a independência de um Estado, impe- 242. Tal como foi aqui profusamente referido, durante dir, alterar ou subverter, pela violência, o funcionamento a apreciação na especialidade a assessoria desta Câmara das instituições de um Estado, de uma Região ou de uma chamou responsavelmente a atenção desta Comissão sobre organização pública internacional». as questões técnicas sob o ponto de vista da doutrina, ju- risprudência e direito comparado, bem como do processo 234. Eliminou-se no n.º 1 e n.º 2 deste artigo o termo que culminou na produção em 2006 da “lei de lavagem de «Território» por se entender ser desnecessário. dinheiro”, facto este que muito contribuiu para que o exame na especialidade das alterações a estas duas leis se conclu- 235. Conforme já se deu nota, a pena de prisão de 1 a 6 ísse sem sobressaltos e num prazo relativamente curto, a anos prevista no n.º 3 deste artigo, na versão originária da Comissão não pode deixar de aqui enaltecer o perseverante proposta de lei, colocava um problema na medida em que profissionalismo da assessoria desta Assembleia Legislativa. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 185

IV gislativa n.º 1/V/2017. No entanto, a Comissão necessitou de Conclusões solicitar a prorrogação do prazo concedido pelo Presidente da Assembleia Legislativa para a referida apreciação na es- A Comissão, apreciada e analisada a proposta de lei in- pecialidade, solicitação que foi gentilmente acolhida. titulada «Alteração às Leis n.º 2/2006 – Prevenção e Repres- são do crime de branqueamento de capitais – e n.º 3/2006 – Para prestar apoio à Comissão na referida análise na Prevenção e Repressão dos crimes de terrorismo», conclui o especialidade foram destacados os membros da Equipa de seguinte: Trabalho “C” da Assessoria, nos termos da Comunicação n.º 1/V/2017. a) É de parecer que a proposta de lei reúne os requisitos necessários para apreciação e votação, na especialidade, A Comissão procedeu à análise da proposta de lei num pelo Plenário; total de oito reuniões realizadas nos dias 24 de Janeiro, 7, 8, 9, 13 e 16 de Fevereiro, 26 de Abril e 23 de Maio de 2017, ten- b) Sugere que, na reunião plenária destinada à votação do contado com a presença de representantes do Governo na especialidade da presente proposta de lei, o Governo se em seis dessas reuniões. faça representar, a fim de poderem ser prestados os esclare- cimentos necessários. A par do trabalho da Comissão, foram realizadas qua- tro reuniões entre as assessorias da Assembleia Legislativa Macau, aos 4 de Maio de 2017. e do Governo com vista ao aperfeiçoamento técnico da pro- posta de lei, as quais ocorreram nos dias 13 e 16 de Março e A Comissão, Cheang Chi Keong (Presidente) — Chui 5 e 26 de Abril de 2017. Sai Peng, José (Secretário) — Cheung Lup Kwan, Vitor — Vong Hin Fai — José Maria Pereira Coutinho — Leong On Em 12 de Maio de 2017, o Governo apresentou uma Kei — Chan Meng Kam — Lau Veng Seng — Zheng Anting nova versão da proposta de lei que, em parte, reflecte as — Lei Cheng I — Wong Kit Cheng. opiniões expressas no seio da Comissão e a análise técnico- -jurídica efectuada pela assessoria da Assembleia Legisla- tiva. A Comissão pôde, então, concluir o seu trabalho de ______apreciação da proposta de lei na especialidade e assinar o presente Parecer na reunião do dia 23 de Maio de 2017.

17. Parecer n.º 4/V/2017, da 3.a Comissão Permanente, Ao longo do Parecer, as referências aos artigos serão respeitante à proposta de lei intitulada “Alteração ao Có- feitas com base na versão alternativa da proposta de lei, digo Penal”. excepto quando seja conveniente fazer referência à versão inicial, como tal devidamente identificada. 3.ª COMISSÃO PERMANENTE II – Apresentação PARECER N.º 4/V/2017 Segundo a Nota Justificativa que acompanha a proposta Assunto: Análise na especialidade da proposta de lei de lei supra identificada, «[n]a sequência de várias mudan- n.º PPL 12/2016/V, intitulada «Alteração ao Código Penal». ças resultantes do desenvolvimento social, verificou-se que algumas das normas previstas no [Código Penal (CP)] que I – Introdução regulam os crimes contra a liberdade e autodeterminação sexuais deixaram de estar ajustadas às necessidades sociais, O Governo da Região Administrativa Especial de Ma- não respondendo eficazmente às exigências de salvaguarda cau apresentou, em 25 de Novembro de 2016, a proposta da estabilidade social. De facto, as associações da socieda- de lei n.º PPL 12/2016/V, intitulada «Alteração ao Código de, os órgãos judiciais e as autoridades policiais têm vindo Penal», a qual foi admitida, nos termos regimentais, pelo a manifestar a necessidade premente de ser feito o aperfei- Despacho n.º 1508/V/2016 do Presidente da Assembleia Le- çoamento das normas em que se regulam estes crimes. Por gislativa. isso, no intuito de dar resposta às expectativas da sociedade, o Governo da Região Administrativa Especial de Macau A proposta de lei foi apresentada, discutida e votada (adiante designado por RAEM) considerou indispensável na generalidade em reunião plenária realizada no dia 4 de proceder, com prioridade, à revisão das normas que dizem Janeiro de 2017, tendo sido aprovada por unanimidade com respeito aos crimes contra a liberdade e autodeterminação vinte e nove votos a favor. sexuais incorporadas no CP.

A proposta de lei foi distribuída a esta Comissão, no dia No âmbito dos trabalhos preliminares do processo de 4 de Janeiro de 2017, para efeitos de apreciação na especia- revisão, o Governo da RAEM auscultou as opiniões mani- lidade e emissão de parecer até ao dia 6 de Março de 2017, festadas pelos órgãos judiciais, os órgãos de polícia crimi- nos termos do Despacho do Presidente da Assembleia Le- nal, os advogados e os académicos, e solicitou igualmente 186 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 o apoio de algumas organizações académicas e cívicas para • Introdução dos novos crimes de importunação sexual procederem ao estudo académico e à pesquisa da opinião (artigo 164.º-A), recurso à prostituição de menor (artigo pública, na expectativa de se obter mais argumentos de su- 169.º-A) e pornografia de menor (artigo 170.º-A); porte e dedicar ao trabalho de revisão legislativa de forma científica. • Equiparação, em vários tipos legais de crime, entre a moldura penal prevista para a cópula e para o coito anal e a Concluídos os estudos preliminares, o Governo da moldura penal prevista para o coito oral e para o acto sexu- RAEM definiu as linhas orientadoras da revisão e formulou al com penetração (artigos 159.º, 161.º, 166.º e 168.º); propostas específicas para a alteração de várias normas, no intuito de encontrar solução para a generalidade dos proble- • Revisão do regime geral de agravações (artigo 171.º); mas actuais e aperfeiçoar o regime jurídico vigente. Essas • Revisão da natureza dos crimes sexuais (artigo 172.º). orientações e propostas foram submetidas à apreciação da 1 sociedade através da realização de uma consulta pública, III – Análise genérica e na especialidade que decorreu entre 23 de Dezembro de 2015 e 22 de Feve- reiro de 2016, de forma a se alcançar um consenso sólido e 1. O Código Penal de Macau, aprovado pelo Decreto- alargado neste domínio. Finalizado o período de consulta, o Lei n.º 58/95/M, de 14 de Novembro, é um dos pilares Governo da RAEM procedeu ao tratamento, agrupamento fundamentais do sistema penal local, o qual visa «alcançar e análise das opiniões recolhidas, tendo posteriormente ela- a justiça, proteger os bens jurídicos, salvaguardar os borado o relatório final, de forma a permitir ao público co- direitos fundamentais, preservar a paz social e reintegrar 2 nhecer os resultados e as conclusões dessa consulta pública. o delinquente na sociedade».3 Este instrumento legislativo consagra um conjunto de valores que fazem com que o Tendo concluído que a generalidade das opiniões reco- regime jurídico-penal de Macau possa ser apelidado pela lhidas expressaram uma forte concordância e apoio relativa- doutrina como um regime «moderno, de feição humanista, mente às orientações e propostas constantes do documento em linha com a tradição jurídica em que se insere e que es- de consulta, essas propostas foram ajustadas e finalizadas em pelha os princípios internacionalmente reconhecidos como conformidade com as sugestões recolhidas e o Governo da respeitadores dos direitos fundamentais do ser humano».4 RAEM elaborou a presente proposta de lei de revisão do CP». Nos mais de vinte anos desde o início da sua vigência, em 1 de Janeiro de 1996, o Código Penal sofreu cinco alterações,5 Segundo o proponente, «[a] presente proposta de lei as quais tiveram um âmbito limitado a questões pontuais e tem como objectivo alterar o regime previsto no Capítulo que visaram dar resposta a problemas concretos que foram V do Título I do Livro II do CP, o qual regula os crimes sendo identificados na sociedade. Não tendo ainda sido alvo contra a liberdade e autodeterminação sexuais, de forma a de qualquer revisão mais profunda, o Código Penal perma- aperfeiçoar o regime jurídico vigente. nece fiel aos valores que nortearam a sua aprovação: «Uma análise atenta do percurso histórico-evolutivo do Código Para esse efeito, a proposta de lei encontra-se baseada Penal (…) mostra que, felizmente, o legislador de Macau em seis orientações fundamentais: (1) Eliminação da dife- tem sabido resistir ao crónico impulso legiferante de outras renciação de género nos crimes sexuais; (2) Consagração jurisdições, o qual reconhecidamente enfraquece o surgi- expressa do “coito oral” e do “acto sexual com penetração” mento de uma sólida interpretação doutrinal e jurispru- como comportamentos sexuais, sendo-lhes atribuída uma dencial, retira solenidade à intervenção legislativa e coloca punição intensificada; (3) Dar resposta às exigências da os diplomas normativos à mercê de flutuações meramente população em relação à revisão dos crimes sexuais; (4) Re- conjunturais».6 visão sobre a natureza (pública ou semi-pública) atribuída aos crimes sexuais; (5) Cumprimento de determinadas obri- gações impostas pelo Direito Internacional; e (6) Reforço 3 Alínea 1) do artigo 2.º da Lei n.º 11/95/M, de 7 de Agosto – Lei da protecção dos menores». de autorização legislativa para a aprovação do Código Penal. 4 Pedro Pereira de Sena e José Miguel Figueiredo, «Comemora- Com base nestas orientações de política legislativa, a ção dos XX anos do Código Penal e do Código de Processo Penal proposta de lei procede à: de Macau: os desafios da maturidade», in Pedro Pereira de Sena e José Miguel Figueiredo (Coords.), Estudos Comemorativos dos • Revisão dos crimes de violação (artigo 157.º) e de co- XX Anos do Código Penal e do Código de Processo Penal de Ma- acção sexual (artigo 158.º); cau, Fundação Rui Cunha, Macau, 2016, p. 25. 5 O Código Penal foi alterado pela Lei n.º 6/2001 (Agravação da pena pela circunstância da utilização de inimputáveis para a práti- 1 Documento de consulta sobre a revisão do Código Penal – ca de crimes), Lei n.º 3/2006 (Prevenção e repressão dos crimes de Crimes contra a liberdade e autodeterminação sexuais disponível terrorismo), Lei n.º 6/2008 (Combate ao crime de tráfico de pesso- em http://portal.gov.mo/web/guest/info_detail?infoid=91146. as), Lei n.º 11/2009 (Lei de combate à criminalidade informática) e 2 Relatório final da consulta pública sobre a revisão do Código Lei n.º 2/2016 (Lei de prevenção e combate à violência doméstica). Penal disponível em http://www.dsaj.gov.mo/iis/content/pt/downlo- 6 Pedro Pereira de Sena e José Miguel Figueiredo, «Comemora- ad/Consulta/cs_report_pt.pdf. ção dos XX anos…», ob. cit., p. 29. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 187

A presente iniciativa legislativa representa a primeira A Comissão é de parecer que a revisão parcelar ora revisão parcelar do Código Penal de Macau. O seu âmbito efectuada reflecte o cuidado que deve estar subjacente à circunscreve-se aos crimes contra a liberdade e autodeter- revisão de um Código, conseguindo dar resposta às ne- minação sexuais, previstos e punidos no Capítulo V do Títu- cessidades identificadas pelos diversos agentes sociais e às lo I do Livro II do Código Penal (artigos 157.º a 173.º), impli- obrigações internacionais que vinculam a RAEM sem que cando a alteração de onze dos artigos actualmente vigentes a matriz e o núcleo essencial do regime existente sejam pre- e o aditamento de três novos tipos de crimes a esse capítulo. judicados ou descaracterizados.

O proponente justificou a necessidade desta revisão 2. Em sede de criminalidade sexual, o bem jurídico com o facto de «[n]a sequência de várias mudanças resul- protegido pelo sistema jurídico-penal de Macau é a liber- tantes do desenvolvimento social, [se ter verificado] que al- dade e autodeterminação sexuais. Isto é, «a faculdade de gumas das normas previstas no Código Penal que regulam escolher praticar ou não praticar, de forma livre, determina- os crimes contra a liberdade e autodeterminação sexuais do acto sexual e de escolher o/a parceiro/a para tal fim, bem deixaram de estar ajustadas às necessidades sociais, não como, de forma mais geral, o direito de ordenar com auto- respondendo eficazmente às exigências de salvaguarda da nomia e sem ilegítima intervenção de terceiros a própria estabilidade social. De facto, as associações da sociedade, vida sexual».10 A ordem jurídica reconhece, assim, a todas os órgãos judiciais e as autoridades policiais têm vindo a as pessoas um espaço de liberdade pessoal para afirmarem manifestar a necessidade premente de ser feito o aperfeiço- a sua personalidade através da sexualidade, «quer enquan- 7 amento das normas em que se regulam estes crimes». to liberdade sexual negativa perante actos sexuais, quer como liberdade sexual positiva para actos sexuais».11 Como A Comissão reconhece a necessidade de rever o Códi- princípio geral, todas as pessoas têm liberdade para levar a go Penal no âmbito da criminalidade sexual. Não porque cabo qualquer actividade sexual, desde que seja em privado 8 exista uma situação de alarme social nesta matéria ou e entre adultos que nela consintam, bem como para opor- porque o sistema judiciário não tenha conseguido, no qua- -se a qualquer acto sexual indesejado ou não consentido.12 dro legislativo vigente, dar a adequada protecção aos bens Esta ideia encontra-se plasmada no Código Penal de Macau jurídicos em causa; mas, antes, porque o devir da sociedade na secção respeitante aos crimes contra a liberdade sexual13 impõe que a protecção desses mesmos bens jurídicos seja feita através da criminalização de novas condutas, do alar- gamento do âmbito subjectivo da protecção dispensada ou 10 Pedro Caeiro e José Miguel Figueiredo, «Ainda dizem que as da forma de reacção que o sistema jurídico-penal adopta leis não andam: Reflexões sobre o crime de importunação sexual perante certos comportamentos. A Comissão está ciente em Portugal e em Macau», in Um Diálogo Consistente – Olhares que «o tratamento jurídico-criminal das práticas ligadas ao recentes sobre temas do direito português e de Macau, Vol. I, As- sexo tem sido, ao longo dos tempos, um dos exercícios mais sociação de Estudos de Legislação e Jurisprudência de Macau, complexos de levar a cabo, dadas as profundas mudanças Macau, 2016, p. 170. 11 Vera Lúcia Raposo, «As 50 sombras do Código Penal: A pro- que o tecido social, e um tanto por todo o lado, vem suces- pósito do bem jurídico protegido nos crimes sexuais», Acções de sivamente conhecendo».9 Pelo que é importante que a lei Formação no âmbito das Reformas Legislativas: Seminário sobre também acompanhe a evolução da sociedade. a Revisão do Código Penal – Crimes contra a liberdade e auto- determinação sexuais, Centro de Formação Jurídica e Judiciária, Para além de reconhecer a oportunidade desta inicia- Macau, 2016, pp. 4-5. tiva legislativa, a Comissão não pode deixar de realçar que 12 «Essencial reter que os diferentes crimes sexuais estão configu- qualquer alteração introduzida no Código Penal – à seme- rados de forma a proteger, em diversas vertentes, o bem jurídico lhança de outros instrumentos basilares do ordenamento específico da liberdade e autodeterminação sexual, que faz parte jurídico local – deve revestir-se da maior prudência. Por do “núcleo duro” dos direitos e liberdades de cada pessoa. (…) um lado, porque tais alterações podem ter implicações in- No fundo está em causa a autodeterminação da pessoa, por estar directamente relacionada com o processo de formação da vontade, desejadas ou imprevistas noutros diplomas normativos; por com a liberdade de decisão e com a liberdade de execução na es- outro lado, e acima de tudo, porque importa preservar as fera sexual. O objectivo é assegurar ao máximo a livre realização características fundamentais do sistema jurídico-penal ali- e desenvolvimento de cada um no âmbito sexual, assim se prote- cerçado no Código Penal, as quais se encontram protegidas gendo todas as pessoas e, de forma particular, as mais vulneráveis, pela Declaração Conjunta e pela Lei Básica. seja em razão da idade, seja em função do grau da sua incapa- cidade para se auto-determinar», Maria do Carmo Saraiva de Menezes da Silva Dias, «Notas substantivas sobre crimes contra 7 Nota Justificativa que acompanha a proposta de lei. a liberdade e autodeterminação sexual», in Revista do Ministério 8 Vd. «Balanço da Criminalidade do ano de 2016», disponível em Público, Ano 34, n.º 136, Dezembro 2013, pp. 70-71. http://www.gss.gov.mo/pdf/2016_C_full.pdf. 13 «A liberdade sexual é elemento constituinte importante da liberdade 9 Manuel Leal-Henriques, Anotação e Comentário ao Código pessoal do adulto, logo, obrigar a outra pessoa à prática de actos sexu- Penal de Macau (Parte Especial), Volume III – Crimes contra a ais contra a sua própria vontade, é uma violação grave deste direito de pessoa (artigos 128.º a 195.º), Centro de Formação Jurídica e Judi- liberdade com prejuízos físicos e psicológicos graves para o ofendido, ciária, Macau, 2014, p. 320. portanto, tem de ser punido», Chan Hoi Fan e Chu Seng Kin, Anota- 188 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

(artigos 157.º a 165.º): nestes casos, protege-se o bem jurídi- 3. No âmbito dos crimes contra a liberdade sexual (sec- co da liberdade e autodeterminação sexual de todas as pes- ção I do capítulo V), a proposta de lei concretiza as orienta- soas, sem fazer diferenciação em função da idade. ções e princípios de política legislativa através da alteração dos artigos 157.º (violação), 158.º (coacção sexual), 159.º Contudo, e sem prejuízo deste princípio geral, a lei pe- (abuso sexual de pessoa incapaz de resistência) e 161.º (frau- nal dispensa uma protecção especial aos menores, concre- de sexual) e do aditamento do novo crime de importunação tizando em matéria de sexualidade o “amparo e protecção” sexual (artigo 164.º-A). Nesta matéria, cumpre salientar os previstos no § 3 do artigo 38.º da Lei Básica. Na secção dos seguintes aspectos: crimes contra a autodeterminação sexual (artigos 166.º a 170.º), o Código Penal protege um bem jurídico complexo 3.1. O crime de violação foi aquele que, porventura, so- que alia o bem jurídico da liberdade e autodeterminação freu alterações mais profundas, nomeadamente ao nível das sexual dos menores com outro bem jurídico relativo ao seu condutas típicas e dos sujeitos activos e passivos. livre desenvolvimento na esfera sexual. Trata-se, ainda, «de proteger a autodeterminação sexual, mas sob uma forma A actual redacção do artigo 157.º restringe o âmbito do muito particular: não face a condutas que representam a tipo penal de violação ao constrangimento para cópula e extorsão de contactos sexuais por forma coactiva ou aná- para coito anal. A cópula – a conduta que o Código Penal loga, mas face a condutas de natureza sexual que, em con- vigente assume como prototípica em matéria de violação – sideração da pouca idade da vítima, podem, mesmo sem é «o resultado de uma relação heterossexual de conjugação coacção, prejudicar gravemente o livre desenvolvimento da carnal entre órgãos sexuais masculinos e femininos»;17 ela sua personalidade. A lei presume (…) que a prática de actos pressupõe a «penetração, ainda que parcial, do pénis na sexuais com menor, em menor ou por menor de certa idade vagina, mesmo que sem ejaculação»,18 o que faz com que prejudica o desenvolvimento global do próprio menor».14 a vítima seja necessariamente uma mulher.19 O coito anal, por seu turno, pressupõe a penetração do pénis no ânus, Com base na identificação dos bens jurídicos tutelados, podendo a vítima ser um homem ou uma mulher. Assim, da pode afirmar-se que o Código Penal de Macau acolhe uma conjugação dos diferentes elementos do tipo de crime resul- visão liberal da sociedade em matéria de sexualidade. O ta que existe violação quando, através dos meios típicos de direito penal de Macau, à semelhança de ordenamentos violência, ameaça grave ou inconsciencialização da vítima jurídicos congéneres, reconhece «implicitamente o direito ou a sua colocação na impossibilidade de resistir20: à sexualidade como direito a proteger e a tutelar, no âmbito do direito à liberdade individual, mas também o direito à 1) Um homem constrange uma mulher a ter cópula con- protecção da sexualidade numa fase inicial ou em desenvol- sigo [alínea a) do n.º 1]; vimento, que, pelas suas características, é carecida de tutela 15 jurídica». Ao eleger os referidos bens jurídicos pessoais 2) Uma pessoa (homem ou mulher) constrange uma no âmbito da criminalidade sexual, o Código Penal afasta- mulher a ter cópula com outro homem [alínea b) do n.º 1]; -se de concepções de política criminal tutelares de bens ju- rídicos colectivos relacionados com a moralidade social ou 3) Um homem constrange outra pessoa (homem ou mu- comunitária. Os crimes sexuais são, hoje, crimes contra as lher) a ter coito anal consigo (n.º 2, 1.ª parte); pessoas; não são, como aconteceu no passado, crimes contra a sociedade.16 4) Uma pessoa (homem ou mulher) constrange outra pessoa (homem ou mulher) a ter coito anal com outro ho- mem (n.º 2, in fine).21 ção da Parte Especial do Código Penal de Macau (澳門刑法典分則罪 名釋義), Fundação Macau, Macau, 2000, p. 32. Tal como se encontra presentemente configurado, o cri- 14 Vd. Jorge de Figueiredo Dias (Coord.), Comentário Conimbri- me de violação exclui, portanto, um conjunto de condutas cense do Código Penal, Parte Especial – Tomo I (artigos 131.º a 201.º), Coimbra Editora, Coimbra, 1999, pp. 442 e 541-542. 15 José Mouraz Lopes, Os crimes contra a liberdade e autodeter- ques, Anotação e Comentário ao Código Penal de Macau…, ob. minação sexual no Código Penal, 4.ª edição, Coimbra Editora, cit., p. 321. Coimbra, 2008, p. 16. 17 José Mouraz Lopes e Tiago Caiado Milheiro, Crimes sexuais: 16 Nas palavras de Leal-Henriques, «[f]icaram assim para trás análise substantiva e processual, Coimbra Editora, Coimbra, 2015, todas as tutelas de sentimentos colectivos, morais ou éticos (é de p. 60. recordar, por exemplo, que os crimes sexuais no Código de 1886 18 Acórdão do Tribunal de Última Instância de 12 de Fevereiro de eram crimes contra a honestidade…), para se começar a conferir 2014 (Processo n.º 83/2013). relevo às práticas associadas ao sexo – quando devem merecer a 19 Afigura-se redundante, pois, a redacção constante do n.º 1 do protecção do direito penal – como atentados contra a liberdade artigo 157.º ao referir «quem tiver cópula com mulher» [alínea a)] sexual das vítimas, assim se suscitando o despontar, de modo mais e «quem constranger mulher a ter cópula» [alínea b)]: a cópula tem ou menos generalizado, de respostas legislativas eivadas de um necessariamente de ser com uma mulher. espírito novo, moderno, avançado, compatíveis com o que passou 20 Sobre meios típicos no crime de violação vd. Acórdão do Tribunal a constituir o pulsar da nova sociedade e o consequente entendi- de Última Instância de 5 de Março de 2014 (Processo n.º 84/2013). mento dos doutrinadores sobre a matéria», Manuel Leal-Henri- 21 Vd. Documento de consulta…, ob. cit., p. 7. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 189 cujo grau de ofensa à liberdade sexual da vítima é análogo o grau de ofensa à liberdade sexual da vítima seja equipa- à cópula e ao coito anal, designadamente o coito oral ou rável ao crime de violação. Por isso, é proposto que este outras formas de penetração que não envolvam o pénis, i.e. comportamento passe a ser punível com a mesma moldura penetração com outras partes do corpo ou com objectos.22 penal que o crime de violação, embora não deixe, ainda Tais condutas são consideradas actos sexuais de relevo, assim, de integrar o crime de coacção sexual. Desta forma, sendo punidas a título de coacção sexual com uma pena de permite-se manter o entendimento tradicional e o significa- prisão de 2 a 8 anos (inferior, portanto, à pena de prisão de do intrínseco do conceito de violação, o qual pressupõe que 3 a 12 anos prevista para a violação). a introdução vaginal, anal ou oral seja efectivamente feita por via do pénis de um homem e não através de um objecto 3.1.1. A versão inicial da proposta de lei pretendeu ou de outra parte do corpo».24 solucionar este problema com a inclusão do coito oral na lista de actos sexuais susceptíveis de constituírem violação. A Comissão acolhe a opção subjacente à proposta de A Nota Justificativa esclarece que «é proposto que o cons- lei de incluir o coito oral nos actos sexuais susceptíveis de trangimento ao coito oral passe também a integrar o crime constituir violação, concordando que a liberdade sexual da de violação, para além do constrangimento à cópula e ao vítima pode ser afectada com um grau de danosidade equi- coito anal. Esta proposta assenta na consideração de que parável aos demais actos sexuais previstos no respectivo o grau de ofensa à liberdade sexual da vítima de coito oral tipo penal. é equiparável à das vítimas de cópula e coito anal, não se justifica a existência de um tratamento diferenciado». Esta A Comissão acolhe, igualmente, a opção de se autono- opção foi justificada, aquando do início da consulta pública mizar os actos de penetração não peniana face aos demais sobre a revisão do Código Penal, com soluções de direito actos sexuais de relevo, punindo-os com uma pena mais comparado análogas, nomeadamente em Portugal, Escócia, elevada do que aquela que seria aplicável se continuassem a Espanha e Taiwan (China).23 ser punidos a título de coacção sexual. Contudo, na análise na especialidade da proposta de lei foi reponderada a opção 3.1.2. Ademais, a mesma versão inicial da proposta de de considerar tais actos como coacção sexual qualificada, lei criava um regime específico para os actos de penetra- ainda que com uma pena igual à prevista para o crime de ção não peniana, i.e. introdução vaginal ou anal de partes violação. O debate na especialidade ponderou várias linhas do corpo humano (excluído o pénis) ou objectos: se, por de argumentação: um lado, os separava dos demais actos sexuais de relevo, retirando-os do âmbito de aplicação do crime de coacção i) O grau de ofensa ao bem jurídico protegido que de- sexual, por outro lado, considerava que os mesmos não corre de actos de penetração não peniana é equiparável deviam ser incluídos no crime de violação, fazendo uma aos actos sexuais incluídos no crime de violação,25 podendo separação entre actos de penetração peniana, susceptíveis mesmo ser superior, dependendo da parte do corpo ou do de constituírem violação, e actos de penetração não peniana, objecto utilizada para a penetração; considerados como uma forma de coacção sexual qualificada (n.º 2 do artigo 158.º da versão inicial da proposta de lei). ii) O tratamento unitário de todas as formas de penetra- Esta solução foi justificada como baseando-se «no entendi- ção como violação que ocorre em ordenamentos jurídicos mento de que este comportamento possui uma gravidade em cuja família o ordenamento de Macau se insere (casos análoga à cópula, coito anal e coito oral, o que faz com que de França e de Portugal), divergindo de ordenamentos de tradição anglo-saxónica (como o de Hong Kong);

22 «O artigo 157.º [do Código Penal de Macau] resume a violação iii) O conceito “tradicional” de violação – baseado no 26 à cópula e ao coito anal e, por conseguinte, arrisca-se a deixar de acto de cópula – foi já alargado para incluir outros actos e fora agressões sexuais gravíssimas, às quais resta punir por via da sanção mais branda prevista para a coacção sexual», Vera Lúcia Raposo, Sexo, Moralidade e Género: Uma Trilogia Diabólica? (Os 24 Nota Justificativa. crimes sexuais no Código Penal de Macau e a relação entre a tutela 25 «Na base desta proposta está o facto de o “acto sexual com pe- da autodeterminação sexual e a suposta tutela da moralidade), p. netração” possuir um grau de ofensa à liberdade sexual da vítima 12 (no prelo). equiparável ao crime de violação. Neste mesmo sentido se pro- 23 «A principal justificação para [que o constrangimento a coito nunciou a Comissão de Reforma Jurídica de Hong Kong, a qual oral passe a constituir violação] é o grau de danosidade que o “coito entendeu, ao rever os crimes sexuais, que o “acto sexual com pene- oral” constrangido causa à vítima e o facto de a gravidade deste tração” tem um impacto sobre a saúde física e psíquica das vítimas acto ser idêntica à da cópula ou do coito anal. Além disso, sob a com gravidade semelhante à violação, tendo sido considerado que perspectiva do Direito Comparado, vários países e regiões já inte- não se pode ignorar a sua danosidade.», Documento de consulta…, graram o “coito oral” no crime de violação, tal como aconteceu em ob. cit., p. 10. Portugal, onde, após a revisão do Código Penal em 1998, o crime 26 Este alargamento verifica-se igualmente noutras jurisdições: «A de violação passou a abranger também o “coito oral”. A legislação fim de dispensar protecção suficiente à autonomia sexual da vítima, escocesa e os códigos penais de Espanha e da região chinesa de muitos países, ao proceder à alteração legislativa do crime de violação, Taiwan também estipulam explicitamente que o “coito oral” cons- afastam-se da tradicional e estreita concepção centralizada no pénis, titui crime de violação», Relatório final…, ob. cit., pp. 5-6. alargando, assim, o âmbito da violação», Su Caixia, «Novos desenvol- 190 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 outras vítimas (sendo a proposta de lei o mais recente caso gra este princípio em toda a sua plenitude. Em particular, desse alargamento, justamente ao incluir o coito oral no cri- ao não considerar violação a situação em que um homem me de violação); é obrigado a ter cópula com uma mulher por meio de vio- lência, ameaça grave ou depois de ter ficado inconsciente iv) A equiparação entre a pena prevista para a violação ou impossibilitado de resistir.29 Ao remeter o tratamento e para a coacção sexual qualificada poderia impedir a de- desta situação para sede de coacção sexual, a qual implica terminação de uma situação de especialidade entre os dois uma punição menos grave, a actual redacção do Código crimes, dificultando a resolução do concurso de crimes, Penal desvaloriza a protecção do bem jurídico da liberdade nomeadamente em casos de ofensas ao mesmo bem jurídico e autodeterminação sexuais das vítimas do sexo masculino. mediante actos incluídos em tipos de crimes distintos, ha- A solução actualmente constante do Código Penal é, por- vendo unidade de acção; tanto, «restritiva quanto ao objecto do crime de violação, ignorando a protecção dos indivíduos do sexo masculino, v) O tratamento unitário que outros crimes abrangidos nomeadamente, em relação à sua liberdade e autodetermi- pela proposta de lei dispensam aos actos de penetração pe- nação sexuais, e quanto ao sujeito do crime, negligenciando niana e não peniana, como é o caso do n.º 2 do artigo 159.º, n.º 2 a punição respectiva quando este é do sexo feminino».30 do artigo 161.º, n.º 3 do artigo 166.º e n.º 2 do artigo 169.º-A.

Ponderadas estas questões, a Comissão e o proponente A presente iniciativa legislativa pretende solucionar esta concordaram em incluir os actos de penetração não peniana questão através do alargamento do âmbito de protecção da no crime de violação, equiparando-os aos actos de violação liberdade sexual a todas as pessoas, independentemente do em sentido próprio. O crime de violação passa, assim, a ter seu género, fazendo-o no âmbito do crime que é o mais gra- como critério delimitador o facto de existir uma qualquer ve em matéria de atentado contra o bem jurídico protegido forma de penetração. Na estrutura do artigo 157.º, o n.º 1 nos crimes sexuais: o crime de violação. Isto porque «[a] passa a incluir as situações de penetração peniana (no ca- liberdade sexual assume-se como um direito fundamental tálogo das quais passou a constar o coito oral) e o n.º 2 as humano, pelo facto de cada pessoa, seja homem ou mulher, situações de penetração não peniana. ter o direito e a liberdade de aceitar ou rejeitar a prática de actos sexuais com outrem. (…) Na sociedade onde se pro- 3.1.3. Um outro aspecto que resulta da forma como o cura a igualdade entre homens e mulheres, cada um tem o crime de violação está presentemente construído é a «mar- direito à sua liberdade sexual, independentemente do seu cada diferenciação de género, especialmente no que respeita sexo, cada um deve ser igualmente protegido pelo Direito 27 à definição da sua autoria». Esta diferenciação decorre do Penal se e quando o seu direito for violado».31 facto de os actos sexuais constantes do tipo penal – cópula e coito anal – pressuporem penetração peniana e, assim, uma Assim, no seguimento de uma corrente de pensamento pré determinação do sexo do agente e da vítima. que defende a neutralidade de género dos crimes sexuais,32 Sem prejuízo de o direito penal local já ter afloramen- o Governo da RAEM propôs a eliminação da diferenciação tos do princípio da neutralidade de género no crime de de género actualmente prevista neste crime. Segundo o Re- violação, nomeadamente na alínea b) do n.º 1 e no n.º 2 do latório final da consulta pública sobre a revisão do Código artigo 157.º, 28 a verdade é que o Código Penal não consa- Penal, «tendo como referência a tendência legislativa de

vimentos da legislação extraterritorial sobre o crime de violação» (“域 29 Esta solução é vista como uma insuficiência ou lacuna do ordena- 外強奸罪立法的新發展”), in Sistemas Jurídicos Estrangeiros, p. 57, mento jurídico local, prejudicando uma adequada protecção de todas as disponível em http://tr.oversea.cnki.net/law/detail/detail.aspx?dbco vítimas, independentemente do seu sexo. Vd. Júlio Miguel dos Anjos, de=CLKJ&dbname=&filename=FXAS200102024. «Breves reflexões sobre o ordenamento médico-legal dos crimes sexu- 27 «(…) importa considerar que a formulação do crime de violação ais – Em maré de mudanças legislativas», in Estudos Comemorativos…, assenta numa marcada diferenciação de género, especialmente no ob. cit., p. 279. que respeita à definição da sua autoria. De facto, é actualmente 30 Zhao Guoqiang, Components of the Penal Law of Macau (I) (澳門 considerado que existe violação quando um homem constrange 刑法各論(上)), Social Sciences Academic Press (China)/Fundação Ma- uma mulher a ter consigo cópula ou coito anal, mas não se con- cau, 2013, p. 187. sidera que se está perante esse crime quando se dá a situação 31 Rao Jun Bin, «A questão do género do sujeito passivo na crimi- inversa, ou seja, quando é uma mulher a constranger um homem nalidade sexual a partir da perspectiva da protecção dos direitos das a ter consigo cópula ou coito anal. De igual forma, é actualmente mulheres», in Estudos Comemorativos…, ob. cit., pp. 302-303. No considerado que existe violação quando uma pessoa (homem ou mesmo sentido, vd. Li Xiangmei, Reconstrução do crime de violação mulher) constrange uma mulher a ter cópula com um terceiro ho- – Reconstrução baseada no objecto do crime de violação (論強姦罪 mem, mas não se considera que se está perante esse crime quando 的重構—從強姦罪的對象反思強姦罪的重構), Faculdade de Direito se dá a situação inversa, isto é, quando uma pessoa (homem ou de Nam Hu, disponível em http://www.nhlawreview.com/context. mulher) constrange um homem a ter cópula com uma terceira mu- asp?id=774. lher», Documento de consulta…, ob. cit., pp. 7-8. 32 Vd., a título exemplificativo e no contexto asiático, Harshar Pathak, 28 Vd. Vera Lúcia Raposo, Sexo, Moralidade e Género…, ob. cit., «Beyond the Binary: Rethinking Gender Neutrality in India Rape pp. 13-14. Law», in Asian Journal of Comparative Law, 11, 2016, pp. 367-397. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 191 vários países e regiões, como, por exemplo, a Alemanha, a trangida a sofrer ou praticar um acto sexual de relevo com Itália e a região chinesa de Taiwan, constatou-se que as nor- o agente ou com terceiro, e não os casos em que a vítima mas que estipulavam que só as mulheres podiam ser vítimas seja constrangida a praticar um acto sexual de relevo em si do crime de violação já foram substituídas. Por outro lado, própria (por exemplo, uma pessoa que seja constrangida a ao consultar a revisão de 1998 ao Código Penal Português, masturbar-se em público). Tendo em conta que a liberdade constatou-se que também aí já não se faz uma diferenciação sexual da vítima é lesada de forma gravosa também nesta de género quanto ao agente do crime de violação».33 Assim, situação, é proposto que se especifique que o acto sexual de foi proposto «que se considere que se verifica uma violação relevo pode também ser praticado pela vítima em si própria, sempre que uma pessoa constranja outra pessoa a sofrer ou e não apenas com o agente ou com terceiro».36 a praticar, consigo ou com terceiro, cópula, coito anal ou coito oral, independentemente do sexo do agente do crime. A Comissão compreende a necessidade desta alteração Esta proposta tem como fundamento a promoção da igual- e acolhe-a. dade de género entre as pessoas e a protecção de forma A versão inicial da proposta de lei previa um caso de equitativa da liberdade sexual das vítimas deste crime».34 coacção sexual qualificada, para as situações de penetra- O objectivo da neutralidade de género no crime de vio- ção não peniana (n.º 2 do artigo 158.º, na versão inicial da lação é alcançado não só através da eliminação da referên- proposta de lei). Contudo, tal como anteriormente referido, cia expressa ao género feminino, mas sobretudo através do esta previsão foi incluída no crime de violação. Razão pela facto de a conduta punível passar a ser, em relação a todos qual a alteração ao artigo 158.º se resume, agora, à inclusão os actos sexuais previstos na norma, o constrangimento a do constrangimento da vítima de praticar um acto sexual de sofrer ou praticar tais actos, consigo ou com terceiro. Rela- relevo nela própria. tivamente a este último aspecto, atente-se na diferença de 3.3. A presente iniciativa legislativa vem aditar ao catá- redacção entre a alínea a) do n.º 1 do actual artigo 157.º e a logo dos crimes contra a liberdade sexual o crime de impor- redacção proposta para o n.º 1 do artigo 157.º: enquanto no tunação sexual (artigo 164.º-A). Em traços gerais, este novo primeiro caso a expressão “quem tiver cópula com mulher” crime visa punir quem incomodar outra pessoa sujeitando- só pode ter como agente um homem e como vítima uma -a a contactos físicos que assumam uma conotação sexual e mulher, na segunda situação a acção de constranger pode que sejam indesejados. ser praticada por qualquer pessoa, uma vez que não implica papéis determinados na consumação do acto sexual (mesmo 3.3.1. A razão para a tipificação deste novo crime na cópula, a qual pressupõe pessoas de sexos diferentes e prende-se, em primeira linha, com a necessidade de «dar a penetração com o órgão sexual masculino erecto), mas resposta a uma expectativa predominante na sociedade»:37 antes a acção de forçar outrem a ter aqueles actos sexuais segundo o Documento de Consulta que esteve na génese contra a sua vontade, i.e. infringindo a sua liberdade de os desta proposta de lei, «[n]os últimos anos, a sociedade tem 35 praticar ou não. defendido a necessidade de combate aos comportamentos de “ofensa indecente” e aos comportamentos de “assédio A Comissão concorda com a opção de política legislati- sexual” e tem exortado o Governo da RAEM a proceder va subjacente à alteração proposta ao crime de violação, no à revisão da legislação atinente a estes comportamentos, sentido do reforço da neutralidade de género deste tipo pe- a fim de suprir a lacuna que se encontra no regime penal nal. O alargamento da protecção às vítimas do sexo mascu- vigente».38 As exigências da sociedade fundam-se na per- lino que esta alteração implica contribui para o reforço da cepção de que existe um vazio ao nível da resposta do sis- importância da liberdade sexual enquanto bem jurídico. É tema jurídico-penal perante certos actos – designadamente entendimento da Comissão que esse alargamento em nada que envolvam contacto físico – que, podendo atentar contra prejudica a protecção já dispensada às vítimas do sexo fe- a liberdade sexual das pessoas, não são punidos por não minino, podendo mesmo contribuir para uma modificação preencherem os tipos de crimes sexuais actualmente cons- dos estereótipos relacionados com a sexualidade e com os tantes do Código Penal. Nomeadamente, por não atingirem papéis nela associados ao género. o patamar de gravidade para que possam ser considerados “actos sexuais de relevo” e, assim, serem punidos como co- 3.2. A alteração ao crime de coacção sexual (artigo acção sexual. Segundo a Nota Justificativa, «no que respeita 158.º) visa colmatar «uma lacuna de punibilidade actual- aos comportamentos que se consideram, em geral, menos mente existente na versão vigente deste crime. Isto porque o graves do que a coacção sexual, como o contacto físico mesmo apenas abrange os casos em que a vítima seja cons- de natureza sexual contra a vontade da vítima, verifica-se uma tutela penal insuficiente no regime vigente do Código 33 Relatório final…, ob. cit.,p. 5. Penal». O Governo propôs, assim, a criminalização de tais 34 Nota Justificativa. 35 Mesmo havendo consumação da cópula contra a vontade do homem, a erecção não deve ser entendida como uma forma de 36 Nota Justificativa. consentimento, antes podendo resultar de reacções físicas ou psí- 37 Nota Justificativa. quicas alheias à liberdade de ter o referido acto sexual. 38 Documento de Consulta…, ob. cit., p. 13. 192 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 contactos físicos, considerando que, desta forma, «será atri- importunação sexual. Tais interrogações ou dúvidas pode- buída às vítimas uma maior protecção penal e o agente do rão ser dissipadas através da percepção de que, com o crime crime será devidamente punido em prol da manutenção da de importunação sexual ora consagrado, «não se trata de ordem social e da restauração da paz social».39 tutelar qualquer sentimento geral de pudor ou moralidade sexual, ou mesmo qualquer opção social sustentada num ou 3.3.2. A Comissão reconhece a existência de uma cor- noutro modo de encarar a vida sexual, mas apenas e só da rente de opinião na sociedade local que clama pela punição tutela da liberdade e autodeterminação sexual de alguém, de um conjunto de condutas objectivamente menos graves 43 em concreto». Não se trata, portanto, de qualquer regresso do que aquelas que são presentemente puníveis ao abrigo à punição do “atentado ao pudor”, enquanto crime que vi- do Código Penal, mas que, ainda assim, são susceptíveis de sava proteger a moral social enquanto bem jurídico, o qual impor uma vivência sexual indesejada às pessoas que a tal não tem acolhimento no actual sistema jurídico-penal de são constrangidas, afectando a sua liberdade sexual. Com Macau.44 base num imperativo de proporcionar uma defesa mais completa deste bem jurídico, a Comissão considera justifi- 3.3.3. No âmbito da análise na especialidade da propos- cado que tais condutas sejam criminalizadas, mesmo que ta de lei, foi efectuado um esforço de aperfeiçoamento do isso implique a intervenção do direito penal num patamar artigo 164.º-A por forma a melhor reflectir a intenção legis- inferior àquele em que se situam os actuais crimes sexuais lativa, tendo sido consensualizada a seguinte redacção: previstos no Código Penal e que têm como conceito nuclear o de “actos sexuais de relevo”.40 A Comissão está conscien- te de que a nova incriminação pode suscitar interrogações Artigo 164.º-A quanto à sua legitimidade do ponto de vista dos princípios (Importunação sexual) da necessidade, proporcionalidade e da subsidiariedade da intervenção do direito penal.41 Contudo, considera-se que Quem importunar outra pessoa constrangendo-a a so- a opção de política legislativa ora efectuada não prejudica frer ou a praticar, consigo ou com terceiro, contacto físico nem substitui o bem jurídico protegido nos demais crimes de natureza sexual através de partes do corpo ou objectos, é sexuais consagrados no Código Penal. Pelo contrário, reforça punido com pena de prisão até 1 ano ou com pena de multa a sua protecção,42 fazendo-o com um conteúdo típico e sancio- até 120 dias, se pena mais grave lhe não couber por força de natório equiparável ao constante no actual artigo 165.º (actos outra disposição legal. exibicionistas), o qual corresponde a uma outra forma de Tal como ficou consagrado na versão alternativa da proposta de lei, o crime de importunação sexual tem como 39 Nota Justificativa. elementos constitutivos do tipo i. a importunação e ii. o 40 “Acto sexual de relevo” é «todo aquele que, relacionado objec- constrangimento a contacto físico de natureza sexual. tivamente com o sexo, se reveste de certa gravidade, constituindo ofensa séria e grave à intimidade e liberdade do sujeito passivo, in- A importunação representa uma «perturbação do vadindo de uma maneira objectivamente significativa o que cons- estado psíquico da vítima por ela sentida como negativa e titui a reserva pessoal, o património íntimo que, no domínio da indesejada».45 A redacção do artigo 164.º-A exige, portan- sexualidade, é próprio de todo o ser humano», Manuel Leal-Hen- to, essa perturbação para que haja crime de importunação riques, Anotação e Comentário ao Código Penal de Macau…, ob. sexual. Este elemento não constava da versão inicial da pro- cit., p. 342. 46 41 «Como pode o legislador penal punir alguma outra conduta que posta de lei, a não ser na epígrafe do artigo. Considerou- não seja um acto sexual de relevo? Por conseguinte, ou bem que a -se, contudo, que ele devia ser incluído na redacção do tipo conduta do suposto agressor está já incluída noutros tipos legais por forma a transformá-lo num crime de resultado e de de crime (coacção sexual, ofensas corporais, injúrias) ou então é execução vinculada. Assim, só quando a conduta do agente porque não estamos em presença da violação de um bem jurídico, efectivamente origina essa perturbação se pode afirmar que mas simplesmente de uma conduta desagradável, incomodativa, eventualmente repudiável do ponto de vista do trato social, mas não criminosa», Vera Lúcia Raposo, «As 50 sombras do Código 43 Idem, p. 11. Penal…», ob. cit., pp. 11-12. 44 Muito do debate havido sobre esta matéria teve como base os 42 «A proposta de criação do novo crime de importunação sexual, conceitos de “atentado ao pudor” ou de “indecent assault”, oriun- objecto de discussão, é explicada pelo Governo da RAEM [na] di- dos de outros tempos ou de diferentes sistemas jurídicos, nomeada- mensão de ampliação de uma tutela penal “insuficiente no regime mente de tradição anglo-saxónica da Common Law. Vd., a título de vigente do Código Penal”, na expressão do legislador. E, nessa, exemplo, Chan Lai Cheng, «Análise dos actos de atentado ao pu- medida, (…) a proposta é absolutamente justificada e, mais do que dor em Macau», in Investigação Criminal e Sistema Jurídico, Ano isso, acompanha as tendências de protecção que são constatadas 22, n.º 69, Escola da Polícia Judiciária, Macau, 2015, pp. 129-137. em várias legislações», José António Mouraz Lopes, «A tutela da 45 Pedro Caeiro e José Miguel Figueiredo, «Ainda dizem que as liberdade sexual e o crime de importunação sexual», Acções de leis não andam…», ob. cit., p. 171. Formação no âmbito das Reformas Legislativas: Seminário sobre 46 Ademais, afigurava-se estranho que o crime de importunação a Revisão do Código Penal – Crimes contra a liberdade e auto- sexual não contivesse nos seus elementos constitutivos do tipo o determinação sexuais, Centro de Formação Jurídica e Judiciária, resultado “importunar”, enquanto tal elemento consta da redac- Macau, 2016, pp. 10-11. ção do artigo 165.º (actos exibicionistas). N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 193 está consumado o crime de importunação sexual. Nestes volverem contacto com órgãos sexuais ou zonas erógenas do termos, não há crime de importunação sexual caso exista corpo da vítima, do agente ou do terceiro envolvidos.50 Tal contacto físico de natureza sexual que a vítima consinta; ou, como afirmado na Nota Justificativa que acompanha a pro- mesmo não havendo consentimento, se a vítima não se sen- posta de lei, «poderá considerar-se que possuem esta natu- tir importunada ou incomodada (i.e., se o resultado típico reza quaisquer contactos físicos feitos com partes do corpo da importunação não se verificar); ou, ainda, se a vítima se do agente ou com qualquer objecto, desde que, no contexto sentir importunada mas tal não resultar de qualquer con- em que ocorram, esteja implícita a sua conotação sexual tacto físico de natureza sexual, porque não chega a existir e os mesmos interfiram com a liberdade sexual da pessoa contacto físico ou porque, havendo-o, ele não assume uma visada». Por outro lado, tais contactos de natureza sexual conotação sexual. não podem assumir uma gravidade tal que possam ser con- siderados actos sexuais de relevo, caso em que a conduta A intenção subjacente ao aditamento da referência ao poderia constituir crimes mais graves, nomeadamente coac- resultado de importunação, aliada à noção de constrangi- ção sexual. Recorrendo novamente à Nota Justificativa, «a mento igualmente aditado, foi a de reforçar a ideia de que expressão “contacto físico de natureza sexual” assume um os contactos físicos de natureza sexual ocorrem contra a alcance bastante mais amplo do que a expressão “acto sexu- vontade da vítima. Isto porque, «ao falar-se em importunar al de relevo” prevista no crime de coacção sexual, incidindo pretende o legislador vincar a ideia de que o acto ou actos sobre os comportamentos que, apesar de não constituírem em causa devem afrontar a vítima, constrangendo-a (…) “actos sexuais de relevo”, são susceptíveis, ainda assim, de 47 a suportar, contra a sua vontade, a respectiva prática». afectar a liberdade sexual das suas vítimas».51 Assim, eliminou-se da redacção a expressão “contra a sua vontade”, que constava da versão inicial da proposta de lei, Por fim, importa referir que o conceito de constran- sem que com isso se pretenda alterar a ideia de que tais con- gimento foi incluído no tipo de crime com o objectivo de tactos físicos são indesejados. Mantém-se, portanto válida, tornar mais explícito que se exige que os contactos físicos de a afirmação de que «[s]egundo a perspectiva da vítima, os natureza sexual sejam intencionais, i.e. dolosos, e que a con- actos de importunação praticados em forma de contacto fí- duta do agente se destine à sua satisfação sexual.52 Ou seja, sico de natureza sexual são actos indesejados, sendo, na sua «verificado o contacto de natureza sexual importa sublinhar óptica, praticados contra a sua vontade, pelo que interferem que não basta a sua existência, só por si, para configurar o 48 com a sua liberdade sexual». tipo de crime. O contacto tem que decorrer através de algu- ma forma de coacção, pressão, aperto ou compressão que A conduta típica do crime de importunação sexual é o configure um acto que, de uma forma inequívoca, cerceia constrangimento a contacto físico de natureza sexual. a liberdade sexual da vítima. Não existindo esse “mínimo” Em primeiro lugar, a norma exige que haja um contacto físico, isto é, que o agente toque no corpo da vítima. Esta 50 é obrigada (constrangida) a sofrer um toque no seu corpo, Um contacto físico de natureza sexual é, portanto, um acto seja através do corpo do agente, seja através de um objecto «que, de algum modo, se ligue a partes do corpo da vítima que tenham conotação ou que possam funcionar em contexto de sexu- manipulado por este. O tipo abrange igualmente a situação alidade (órgãos genitais, seios, boca, ânus, nádegas, coxas)», Ma- em que a vítima é constrangida a praticar esse contacto físi- nuel Leal-Henriques, Anotação e Comentário ao Código Penal de co, seja com o agente ou com terceiro, através do seu corpo Macau…, ob. cit., p. 342. 49 ou de um objecto. 51 Ainda segundo a Nota Justificativa, «a natureza sexual do con- tacto físico poderá não advir do acto em si, abstractamente consi- Em segundo lugar, não basta que haja um mero contac- derado, mas sim de factores externos determinados pelo contexto to físico; o tipo penal exige que esse contacto seja qualifica- em que o mesmo ocorreu. Naturalmente, os aspectos mais relevan- do como tendo natureza sexual. Este elemento restringe a tes para determinar essa natureza serão sempre o tipo de contacto punibilidade aos contactos corporais que assumam objec- e a zona do corpo da vítima onde o mesmo é feito; contudo, só tivamente uma relação com o sexo, nomeadamente por en- por si, esses elementos nem sempre darão uma resposta definitiva relativamente à natureza sexual ou não sexual do comportamento em questão. Poderá ser necessário o recurso em concreto a outros 47 Manuel Leal-Henriques, Anotação e Comentário ao Código factores, como por exemplo: 1) a intencionalidade colocada no Penal de Macau…, ob. cit., p. 378. comportamento; 2) a intensidade do contacto sexual; 3) a relação 48 Nota Justificativa. entre a vítima e o agente; 4) o local e demais condições em que o 49 Quanto à diferenciação entre sofrer e praticar, «deve sublinhar- mesmo ocorreu; etc.». -se que o legislador exige o constrangimento a contacto sexual, o 52 Nos termos da Nota Justificativa, «segundo a perspectiva do que não implica apenas sofrer (v.g. apalpão) mas ser constrangido agente, os actos de importunação devem ser praticados dolosa- a praticá-lo no agente ou terceiro (agarrar na mão da vítima para mente. Consequentemente, o crime de importunação sexual não tocar nos seus genitais ou agarrar a mão da vítima para apalpar irá abranger os actos de contacto físico de natureza sexual prati- terceiro) ou em si próprio. O essencial é não apenas o contacto de cados pelo agente sem intenção criminosa ou de forma negligente, natureza sexual, mas o constrangimento e importunação», José como por exemplo nos casos em que o contacto físico tenha sido António Mouraz Lopes, «A tutela da liberdade sexual…», ob. cit., causado em virtude de um transporte público ter sido travado de p. 12. repente ou se encontrar sobrelotado». 194 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 que identifique, objectivamente esse constrangimento não se tério Público um dever de agir processualmente.56 pode configurar, à luz do tipo de crime, uma acção típica».53 4. A intervenção legislativa levada a cabo em sede de 3.3.4. A Comissão acolheu a proposta do Governo crimes contra a autodeterminação sexual visa reforçar a quanto à moldura penal de pena de prisão de limite máxi- protecção dos menores em matéria do livre desenvolvimen- mo de 1 ano ou pena de multa até 120 dias, concordando to da sua sexualidade. Tal como anteriormente referido no com a fundamentação apresentada: «A moldura penal pro- presente Parecer, nestes crimes o bem jurídico protegido posta para este crime (…) baseia-se essencialmente no facto assume uma natureza complexa, aliando a liberdade sexual de o mesmo não abranger os actos sexuais de relevo, sendo (reconhecida a todas as pessoas) ao livre desenvolvimento o grau de ofensa à liberdade sexual da vítima causada por do menor na esfera sexual. O direito penal visa, aqui, garan- este crime relativamente menor do que nos crimes contra tir que a formação da personalidade do menor, na vertente a liberdade sexual que integram actos sexuais de relevo».54 da sexualidade, é feita sem interferências ou ingerências, Note-se, aliás, que a pena proposta para o crime de impor- o que se afigura como uma condição essencial para um tunação sexual é igual à do outro crime de importunação posterior exercício da sua plena liberdade sexual. Assim, previsto no Código Penal – a importunação através de actos «[a] salvaguarda da capacidade de autodeterminação vai exibicionistas (artigo 165.º). permitir que, quando atingida a sua plenitude, o jovem – independentemente do sexo ou da orientação sexual – possa Ainda ao nível da pena, existem dois aspectos a con- por si só exercer o direito de se exprimir sexualmente em siderar. Em primeiro lugar, a proposta de lei contém uma liberdade (o que supõe prévia informação e esclarecimento cláusula de subsidiariedade expressa (“se pena mais grave nesta área da sexualidade)».57 lhe não couber por força de outra disposição legal”), por forma a salvaguardar situações de concurso efectivo com O reforço da protecção dos menores é assumidamente crimes que visem proteger outros bens jurídicos, nomeada- feito em resposta às obrigações de direito internacional mente a integridade física. Em segundo lugar, a pena (leve) que vinculam a RAEM. Nesta matéria é incontornável a prevista no artigo 164.º-A está sujeita a agravação quando obrigação, imposta pelo artigo 34.º da Convenção sobre os se verifiquem as circunstâncias previstas no artigo 171.º, Direitos das Crianças,58 de proteger a criança contra todas nomeadamente quando a vítima se encontre numa relação as formas de exploração e de violência sexuais. Nos termos familiar [alínea a) do n.º 1] ou de dependência hierárquica, da Convenção deve impedir-se que a criança seja incitada económica ou de trabalho face ao agente [alínea b) do n.º 1], ou coagida a dedicar-se a uma actividade sexual ilícita; seja ou quando a vítima seja menor de 16 anos ou pessoa inca- explorada para fins de prostituição ou de outras práticas se- paz ou diminuída por razão de doença, deficiência física xuais ilícitas; e seja explorada na produção de espectáculos ou psíquica (n.º 4). A inclusão do crime de importunação ou de material de natureza pornográfica. sexual nos crimes cujas penas são agravadas quando existe uma situação de dependência hierárquica, económica ou A Comissão pode desde já afirmar estar de acordo com de trabalho entre a vítima e o agente configura a punição a intenção legislativa de reforçar a protecção dos menores do comportamento comummente considerado como assé- em matéria de sexualidade. De facto, é opinião partilhada dio sexual: o aproveitamento da posição de autoridade do pelos membros da Comissão que as crianças devem merecer agente para, através de contactos físicos de natureza sexual, um cuidado especial, de forma a garantir que a formação atingir a liberdade sexual da vítima.55 da sua personalidade é feita de acordo com a evolução da sua maturidade. Assim, a exposição à sexualidade deve ser Por fim, refira-se que o crime de importunação sexual gradual e acompanhada, sendo de extrema importância o tem, nos termos do n.º 1 do artigo 172.º, natureza de crime papel a desempenhar pelos educadores, tanto no seio fami- semipúblico, i.e. o procedimento penal depende de queixa. liar como escolar, para uma percepção da sexualidade como Sem prejuízo de o n.º 2 do artigo 172.º atribuir legitimidade parte relevante da vida e da personalidade de cada pessoa. ao Ministério Público para iniciar o processo “se especiais A Comissão apela, pois, a um aprofundamento da educação razões de interesse da vítima o impuserem”, o que não alte- sexual, desejando que ela seja capaz de promover o respeito ra a natureza semipública do crime, antes impõe ao Minis- pela liberdade, autodeterminação, diversidade e igualdade de género.

53 José António Mouraz Lopes e Tiago Caiado Milheiro, Crimes sexuais…, ob. cit., p. 130. 54 Nota Justificativa. 56 Vd. Manuel Leal-Henriques, Anotação e Comentário ao Códi- 55 Vd. José António Mouraz Lopes, «A tutela da liberdade se- go Penal de Macau…, ob. cit., pp. 410-412. xual…», ob. cit., p. 13. Para uma análise de direito comparado, 57 Maria do Carmo Saraiva de Menezes da Silva Dias, «Notas no contexto asiático, sobre o enquadramento jurídico-penal do substantivas sobre crimes sexuais com vítimas menores de idade», assédio sexual, vd. D.K. Srivastava, «Progress of Sexual Harass- in Revista do CEJ, n.º 15, 1.º Semestre 2011, p. 211. ment Law in India, China and Hong Kong: Prognosis for Further 58 Aplicável na RAEM nos termos do Aviso do Chefe do Executi- Reform», in Harvard International Law Journal, Vol. 51, 2010, pp. vo n.º 5/2001, publicado no Boletim Oficial da Região Administra- 172-180. tiva Especial de Macau, n.º 2, II Série, de 10 de Janeiro de 2001. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 195

4.1. No âmbito dos crimes contra a autodeterminação fantil, tal com definida no artigo 2.º».62 Ora, nos termos da sexual (secção II do capítulo V), a proposta de lei concreti- alínea b) do artigo 2.º deste Protocolo, prostituição infantil za as orientações e princípios de política legislativa através «designa a utilização de uma criança em actividades sexuais de dois tipos de alteração: em troca de uma remuneração ou qualquer outra forma de vantagem». Por seu turno, o conceito de criança abrange i. Por um lado, a alteração de redacção dos artigos 166.º «todo o ser humano menor de 18 anos».63 (abuso sexual de crianças), 167.º (abuso sexual de educandos e dependentes), 168.º (estupro) e 169.º (acto sexual com me- 4.2.2. O novo crime pune quem praticar um acto sexual nores), a qual visou harmonizar a redacção destas normas de relevo com um menor entre 14 e 18 anos, mediante pa- com as alterações efectuadas em sede dos crimes contra a gamento, ou promessa de pagamento, de remuneração ou liberdade sexual; qualquer outra retribuição. Tal pagamento pode ser directo (feito pelo agente ao menor) ou indirecto (feito pelo agente ii. Por outro lado, o aditamento dos crimes de recurso à a outra pessoa que não o menor; feito por um terceiro ao prostituição de menor (artigo 169.º-A) e de pornografia de menor; ou ainda feito por terceiro a outra pessoa que não o menor (artigo 170.º-A). menor).

Vejamos com maior pormenor a tipificação dos novos O conceito de prostituição pressupõe a prática de actos crimes no âmbito dos crimes contra a autodeterminação se- de natureza sexual mediante uma contrapartida. A contra- xual. partida pode ser uma quantia monetária, isto é, pagamento em dinheiro, ou qualquer forma de remuneração em espécie 4.2. A tipificação do crime de recurso à prostituição que possa ser entendida como uma contraprestação pela ac- de menor foi justificada pelo proponente com o facto de «a tividade sexual desenvolvida. Esta concepção foi reforçada versão vigente do Código Penal conferir uma tutela penal através da alteração de redacção, em particular na versão limitada ao fenómeno da prostituição infantil, o qual tem em língua portuguesa, com a utilização dos conceitos de vindo a merecer uma atenção considerável a nível interna- remuneração e retribuição, os quais fazem apelo à ideia de cional. Na verdade, o crime de lenocínio de menor (previsto que as vantagens que são dadas ao menor devem ter uma no artigo 170.º do CP) é apenas aplicável a quem intervenha expressão monetária.64 na exploração dos serviços de prostituição infantil, não pu- nindo quem se sirva do comércio sexual de menor recorren- A pena aplicável é de prisão até 3 anos (n.º 1 do artigo do aos seus serviços. Tendo em consideração que a forma 169.º-A). O crime assume uma forma qualificada, punido mais eficaz para combater o fenómeno da prostituição de com pena de prisão até 4 anos, caso os actos sexuais de rele- menores reside na eliminação tendencial da sua procura, vo praticados com o menor sejam os actos de cópula, coito considera-se necessário criminalizar também os casos em anal, coito oral, ou introdução vaginal ou anal não peniana, que uma pessoa se sirva da prostituição do menor, com vista o que inclui a penetração com outras partes do corpo que à garantia efectiva do seu crescimento saudável e a tutelar não o pénis, assim como com qualquer tipo de objectos (n.º 2). de forma plena a sua autodeterminação na esfera sexual».59 Ainda segundo o proponente, a criminalização do recur- 4.2.3. O tipo penal ora aditado ao Código Penal abran- so à prostituição infantil tem expressão a nível do direito ge o recurso à prostituição de menores com uma idade com- comparado, nomeadamente nos ordenamentos jurídicos do preendida entre os 14 e os 18 anos. Interior da China, Portugal, Espanha, França, Itália e Ale- manha.60 O limite mínimo de 14 anos não significa que o direi- to penal aceite o recurso à prostituição das crianças mais 4.2.1. Em matéria de combate à prostituição infantil, a novas, precisamente aquelas que necessitam de maior pro- RAEM encontra-se vinculada às obrigações internacionais tecção. Pelo contrário, este limite justifica-se pelo facto decorrentes do Protocolo Facultativo à Convenção sobre os de, abaixo dessa idade, a prática de qualquer acto sexual Direitos da Criança relativo à Venda de Crianças, à Prosti- de relevo com ou em menores ser penalmente considerado tuição Infantil e à Pornografia Infantil, adoptado em Nova Iorque em 25 Maio de 2000, tal como consta do Aviso do Chefe do Executivo n.º 12/2003.61 62 Alínea b) do n.º 1 do artigo 3.º do Protocolo Facultativo. 63 Artigo 1.º da Convenção sobre os Direitos das Crianças. O Protocolo Facultativo impõe, entre outas obrigações, 64 «No âmbito dos abusos sexuais de menores, para além das tradicio- que a RAEM puna criminalmente quem «oferecer, obter, nais práticas violentas, nomeadamente a violação (…), têm-se conhe- facilitar ou entregar um criança para fins de prostituição in- cido, nos últimos anos, outras formas de abuso, como por exemplo, o aliciamento, mediante pagamento de um preço ou remuneração, ou outras formas de sedução, para que o menor, de livre vontade, pratique 59 Nota Justificativa. sexo com o agente», Xie Zunlong e Tian Ran, Abordagem sobre o re- 60 Documento de consulta…, ob. cit., p. 22. forço da tutela penal dos direitos dos menores do País (我國刑法加強 61 Publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Espe- 未成年人性權利保護的前度探尋), East China University of Political cial de Macau, n.º 19, II Série, de 7 de Maio de 2003. Science and Law, 2015, p. 82. 196 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 como abuso sexual de crianças e enquadrável no artigo 166.º, crime público. Segundo a Nota Justificativa, «[c]om vista sendo punível com uma pena substancialmente superior. a combater a prostituição infantil e a proteger os menores, é proposta a atribuição de natureza pública a este crime, à Por seu turno, o limite superior de 18 anos atribui a semelhança do que acontece no crime de lenocínio de me- protecção do direito penal a todas as crianças, mesmo aque- nor (artigo 170.º), de forma a que o processo penal seja ins- las a quem já se reconhece capacidade para exercerem o seu taurado oficiosamente pelo Ministério Público e o início do direito à autodeterminação sexual. Esta opção tem natural- procedimento criminal não dependa da vontade da vítima». mente em consideração o facto de o Protocolo Facultativo abranger no conceito de criança todos os menores de 18 4.3. A proposta de lei vem aditar ao Código Penal o cri- anos. Por outro lado, o próprio Código Penal já contém cri- me de pornografia de menor (artigo 170.º-A). mes contra a autodeterminação sexual cujo limite etário vai 65 A lei penal vigente já criminaliza a utilização de meno- até aos 18 anos: nestes casos afasta-se a presunção de que res em actividades pornográficas,68 mas fá-lo de uma forma a partir dos 16 anos os menores já não são gravemente afec- considerada restritiva e insuficiente69 para dar cumprimento tados com o exercício da sua sexualidade, sendo irrelevante às obrigações internacionais a que, neste domínio, a RAEM um eventual consentimento do menor. Ou seja, uma vez que está vinculada, nomeadamente as constantes do Protocolo a lei penal adopta o critério de escalões etários para ir ad- Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança Rela- mitindo um maior exercício do direito à autodeterminação tivo à Venda de Crianças, à Prostituição Infantil e à Porno- sexual dos menores, o escalão proposto para este crime de grafia Infantil. recurso à prostituição de menores (bem como do crime de pornografia de menores) corresponde ao patamar mais ele- 4.3.1. O novo crime faz apelo ao conceito de porno- vado desses escalões. grafia infantil, o qual não está definido na proposta de lei. Assim, o intérprete-aplicador que pretenda preencher este Sem prejuízo de se considerar adequada esta opção, a conceito necessita de recorrer a elementos interpretativos Comissão ponderou os potenciais problemas suscitados pela disponíveis noutros componentes do ordenamento jurídico, necessidade de conjugação do alargamento do limite de ida- nomeadamente em sede de direito internacional e de legis- de até aos 18 anos com o facto de a idade da imputabilidade lação avulsa. criminal66 ser, nos termos do artigo 18.º do Código Penal, de 16 anos. Em abstracto, tanto a vítima como o agente poderão Ao nível do direito internacional, o conceito de porno- ser menores de idade (podendo, mesmo, a vítima ser mais grafia infantil designa «qualquer representação, por qual- velha que o agente) e, sendo ambos considerados crianças, quer meio, de uma criança no desempenho de actividades são ambos merecedores de protecção. Para obviar proble- sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou qualquer repre- mas de aplicação da lei, foi ponderada uma solução, vigente sentação dos órgãos sexuais de uma criança para fins predo- noutros ordenamentos jurídicos, que previsse que este crime minantemente sexuais».70 Por seu turno, ao nível do direito apenas pudesse ser cometido por pessoas que fossem maio- interno, o artigo 2.º da Lei n.º 10/78/M, de 8 de Julho, con- res de idade (isto é, que tivessem mais de 18 anos). Só neste tém uma definição legal de pornografia, a qual faz apelo a caso se justificaria a intervenção do direito penal, no respei- bens jurídicos que deixaram de ter acolhimento no sistema to pelos princípios da necessidade e da proporcionalidade, jurídico-penal construído ao abrigo do Código Penal de por só aí se poder presumir a existência de um abuso de 1995, nomeadamente o ultraje ou ofensa do pudor público 67 uma posição de poder em razão da idade. Alertado para o ou da moral pública.71 Este facto faz com que se possa ques- potencial problema, o Governo não mostrou disponibilidade tionar se o conceito de pornografia se mantém em vigor, para alterar a proposta de lei no sentido sugerido, invocando perante uma eventual revogação tácita operada pelo Código poder tal solução afectar o princípio geral subjacente à fixa- Penal, na parte em que pretende proteger tais valores pre- ção da idade da imputabilidade criminal nos 16 anos. sentemente estranhos ao nosso sistema penal.72 No entanto,

4.2.4. Por fim, refira-se que a proposta de lei prevê que o crime de recurso à prostituição de menor seja um 68 Nos termos do n.º 4 do artigo 166.º e do n.º 2 do 167.º. 69 Vd. Nota Justificativa. 70 Alínea c) do artigo 2.º do Protocolo Facultativo à Convenção so- 65 Vd., nomeadamente, a alínea b) do n.º 1 do artigo 167.º (abuso bre os Direitos da Criança Relativo à Venda de Crianças, à Prosti- sexual de educandos e dependentes) e o artigo 170.º (lenocínio de tuição Infantil e à Pornografia Infantil. menor). 71 Nos termos do n.º 1 do artigo 2.º da Lei n.º 10/78/M, de 8 de 66 Vd. António Correia Marques da Silva, «Imputabilidade penal Julho, são considerados pornográficos ou obscenos os objectos ou em razão da idade: maturidade ou responsabilidade?», in Estudos meios que «contenham palavras, descrições ou imagens que ultra- Comemorativos…, ob. cit., pp. 184-201. jem ou ofendam o pudor público ou a moral pública». 67 Vd. Miguel Manero de Lemos, «Crimes sexuais com crianças», 72 Tratando-se de uma lei penal avulsa anterior ao Código Penal, in Acções de Formação no âmbito das Reformas Legislativas: Se- importa efectuar a sua revisão com o propósito de compatibilizá-la minário sobre a Revisão do Código Penal – Crimes contra a liber- com o instrumento legislativo nuclear do sistema penal de Macau. dade e autodeterminação sexuais, Centro de Formação Jurídica e Ademais, a Lei sobre a venda, exposição e exibição públicas de Judiciária, Macau, 2016, pp. 6-7. material pornográfico e obsceno revela-se profundamente desac- N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 197 o conteúdo objectivo desta definição legal ainda se afigura actos que podem afectar indirectamente bens jurídicos as- útil para a compreensão do que se entende por pornografia. sociados aos menores. Assim, também são punidos actos de Nos termos do n.º 2 do referido artigo 2.º, o conceito de por- divulgação ou comercialização de material de pornografia nografia compreende a representação ou descrição de actos infantil [alínea c) do n.º 1 e n.º 2 do artigo 170.º-A]. Aquando sexuais ou a exposição dos órgãos genitais, num contexto de da circulação deste material pornográfico dificilmente se pura exibição sexual; assim como a exploração de formas de poderá afirmar que a liberdade sexual do menor é afectada. perversão sexual, bem como a de situações sexuais, através Contudo, estas condutas podem causar «danos na esfera do recurso a técnicas de sobreexcitação visual ou sonora. pessoal do menor, que decorre da sua associação ao mercado pornográfico, com as sequelas físicas, emotivas, de reputação Com base nestas duas definições, poder-se-á preencher e honra que daí advêm. Existe uma tutela antecipada do in- o conceito de pornografia infantil que está na base da cri- teresse superior da criança, e do seu direito a ser acautelado minalização das condutas previstas no artigo 170.º-A. o seu bem-estar físico e psíquico. Ora, todas as actuações ali descritas são susceptíveis de causar tais danos, pela expan- 4.3.2. A proposta de lei procede ao alargamento do 73 são de conhecimento de tal material pornográfico». âmbito de protecção dos menores face à pornografia infan- til, tanto a nível subjectivo como objectivo. Por outro lado, a proposta de lei procede à criminaliza- ção do mero aliciamento para a participação em actos por- Em primeiro lugar, o âmbito subjectivo da proibição nográficos, o que também resulta no alargamento do âmbito penal é alargado a todos as crianças, i.e. a todas as pessoas objectivo do tipo penal. Neste contexto, «aliciar será todo com idade inferior a 18 anos. No regime penal actualmente o comportamento de que se socorre o agente do crime para vigente, a utilização de menores em pornografia é feita em motivar o menor a participar nos espectáculos, fotografias, moldes diferenciados, dependendo da idade concreta do filmes ou gravações pornográficas».74 menor: Por fim, o âmbito objectivo de protecção é igualmente 1) Quando esteja em causa um menor de 14 anos, a con- alargado pelo facto de os actos proibidos serem-no “a qual- duta constitui sempre crime; quer tipo ou por qualquer meio”, tal como consta da alínea c) 2) Quando esteja em causa um menor entre 14 e 16 do n.º 1 e do n.º 2 do artigo 170.º-A. Esta expressão pretende anos, a conduta apenas constitui crime quando o agente te- que a acção típica cubra a divulgação do material de porno- nha esse menor sujeito à sua educação ou assistência; grafia infantil «por todos os meios de comunicação conhe- cidos, sejam publicações escritas, meios audiovisuais, mas 3) Quando esteja em causa um menor entre 16 e 18 também a divulgação por via telemática, ou seja, através anos, a conduta apenas constitui crime quando o agente de computadores, redes digitais (v.g. internet), e telemóveis tenha esse menor sujeito à sua educação ou assistência e (v.g. envio de material pornográfico por e-mail, telemóvel, pratique o crime com abuso da função que exerce ou da po- partilha no facebook, divulgação em blogs ou youtube etc.). sição que detém. Assim qualquer aparelho que registe o som e/ou a imagem de fotografias, filmes ou gravações pornográficas contendo Tendo em consideração o disposto no Protocolo Facul- menores é um meio adequado a configurar o modo de prati- tativo, a proposta de lei procede ao alargamento da tutela car o crime».75 penal a todos os menores de 18 anos independentemente da relação que possuam com o agente, constituindo crime a 4.3.3. Os membros da Comissão manifestaram preocu- sua utilização em espectáculo, fotografia, filme ou gravação pação com a propagação de material de pornografia infantil pornográficos, bem como o seu aliciamento para esse fim. na internet e com a exponenciação dos danos para os meno- res que pode resultar da utilização das mais recentes tecno- Em segundo lugar, o âmbito objectivo do novo crime logias. Assim, foi consensual o entendimento que o sistema também é alargado, quando comparado com o regime actual. jurídico-penal deve ser firme e determinado na resposta à pornografia infantil, em particular no ciberespaço.76 Na redacção actual, o Código Penal apenas pune a utili- zação do menor em fotografia, filme ou gravação pornográ- ficos [alínea b) do n.º 4 do artigo 166.º]. 73 José António Mouraz Lopes e Tiago Caiado Milheiro, Crimes sexuais…, ob. cit., pp. 192-193. Por seu turno, no novo crime, pune-se igualmente essa 74 Idem, p. 192. utilização [alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 170.º-A], por 75 Idem, p. 193. afectar directamente a liberdade e autodeterminação sexu- 76 Quanto a esta problemática, vd. inter alia Corinne Dettmeijer- ais do menor e poder afectar o desenvolvimento da sua per- -Vermeulen, «Legal Challenges and Strategies for Combating On- sonalidade. Mas vai-se mais longe, punindo também outros line Sexual Violence against Children: Making Children’s Rights Future-Proof», in Ton Liefaard and Julia Sloth-Nielsen (eds.), The United Nations Convention on the Rights of the Child: Taking tualizada face aos desenvolvimentos tecnológicos havidos desde Stock after 25 Years and Looking Ahead, Brill/Nijhoff, Leiden e 1978. Boston, 2017, pp. 47-60. 198 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Contudo, também foi manifestada preocupação com A proposta de lei demonstra um maior grau de censura- o facto de o novo tipo criminal poder abranger actos não bilidade penal perante a exploração da pornografia infantil intencionais de divulgação de material de pornografia in- por via mercantil ou organizada. fantil. É entendimento da Comissão que a transmissão, exibição ou cedência de material de pornografia infantil Essa censurabilidade reflecte-se na previsão de um cri- apenas devem ser punidas quando efectuadas dolosamente, me de pornografia infantil qualificado: nos termos do n.º 3, não sendo abrangidas pelo novo crime situações objectivas quando os actos previstos nos n.os 1 e 2 do artigo 170.º-A se- de transmissão mas que ocorrem por força de dispositivos jam praticados como modo de vida ou com intenção lucrati- tecnológicos fora do controlo e vontade do agente. va, as penas são agravadas, passando de prisão de 1 a 5 anos para prisão de 2 a 8 anos, no caso do n.º 1; e de prisão até 3 4.3.4. Por outro lado, a Comissão e o Governo chega- anos para prisão de 1 a 5 anos, no caso do n.º 2. Refira-se, ram a consenso no sentido de efectuar uma distinção entre no entanto, que esta previsão não pode prejudicar o princí- os actos de divulgação lato sensu punidos nos termos do pio non bis in idem nos casos em que os actos praticados já artigo 170.º-A. Esta distinção implicou uma redução da pressupõem uma intenção lucrativa, como é o caso da ven- moldura penal inicialmente prevista para certos actos consi- da. Assim, caso o agente venda material de pornografia in- derados menos graves. fantil efectuando uma transacção única, daí retirando lucro, não pode ser punido pelo crime qualificado; mas já poderá sê-lo se disso fizer modo de vida. Assim, na nova versão da proposta de lei, a alínea c) do n.º 1 agrupa os actos que representam a movimentação Reflecte-se, ainda, no facto de este novo crime passar do material pornográfico no circuito comercial, mesmo que a constar do «catálogo de crimes susceptíveis de ser come- seja a título gratuito. A produção, distribuição, venda, im- tidos por uma organização ou sociedade secreta, o qual se portação, exportação ou difusão desse material assume um encontra previsto no artigo 1.º da Lei n.º 6/97/M, de 30 de grau de danosidade acrescido que justifica a sua punição Julho (Lei da Criminalidade Organizada). Desta forma, com uma pena igual à pena para a utilização directa dos será reforçada a tutela penal adequada aos casos em que menores em pornografia infantil (pena de prisão de 1 a 5 o crime de pornografia de menor seja cometido de forma anos). Esse grau de danosidade advém da natureza comer- organizada, sendo dado cumprimento ao artigo 3.º do Pro- cial de alguns desses actos (por exemplo, venda, importação tocolo acima mencionado».78 e exportação); do seu carácter instrumental para a cria- ção de um mercado de pornografia infantil (por exemplo, 4.3.5. Por fim, refira-se que a proposta de lei prevê que produção e distribuição); ou do número indeterminado de o crime de pornografia infantil seja um crime público. Se- destinatários (caso da difusão, que abrange a divulgação de gundo a Nota Justificativa, «tendo em consideração a neces- pornografia infantil na internet ou nas redes sociais). sidade de dar cumprimento às obrigações internacionais, e tendo em vista o combate efectivo à pornografia de menores Por seu turno, o n.º 2 pune de forma mais leve (pena de e o reforço da protecção dos menores, é proposto que este prisão até 3 anos) actos que, sendo graves, têm um impacto novo crime autónomo seja qualificado como crime público». mais reduzido nos menores. A transmissão, exibição ou ce- dência têm como destinatários um número de pessoas mais 5. A proposta de lei introduz, ainda, alterações às dis- 77 reduzido, representando perigo inferior para os menores. posições comuns (secção III do capítulo V), em matéria de agravação (artigo 171.º), queixa (artigo 172.º) e inibição do Sem prejuízo de a intenção legislativa ser a de actuar poder paternal (artigo 173.º). Nesta matéria, cumpre salien- sobre as vertentes do mercado de produtos pornográficos tar os seguintes aspectos: envolvendo crianças, a proposta de lei não vai ao ponto de criminalizar o mero consumo de pornografia infantil, nem 5.1. As alterações introduzidas ao artigo 171.º visam, isso é exigido pelo Protocolo Facultativo. Assim, o acto de primeiramente, fazer o enquadramento dos novos crimes adquirir ou deter material pornográfico com menores por nas circunstâncias agravantes já previstas no Código Penal. si só não é crime; mas sê-lo-á se tais actos tiverem como Assim, as penas previstas para os novos crimes são agrava- intenção subjacente o propósito de serem colocados em das nas seguintes situações. circulação no mercado deste tipo de produtos (isto é, com o propósito de praticar qualquer outro acto previsto no artigo i. Importunação sexual (artigo 164.º-A) – circunstâncias 170.º-A). É o que resulta da expressão “ou adquirir ou deti- agravantes previstas no n.º 1 e no n.º 4 do artigo 171.º; ver para esses fins”, constante da alínea c) do n.º 1 e do n.º 2 do artigo 170.º-A. Trata-se, nesta parte, de um crime inten- ii. Recurso à prostituição de menor (artigo 169.º-A) – cional. circunstâncias agravantes previstas no n.º 1, no n.º 2, no n.º 3 e no proposto novo n.º 5 do artigo 171.º;

77 A transmissão é, por regra, efectuada entre dois pontos concre- tos. 78 Nota Justificativa. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 199

iii. Pornografia de menor (artigo 170.º-A) – circunstân- i. A redacção vigente não faz a distinção entre a trans- cias agravantes previstas no n.º 1 do artigo 171.º. missão do vírus da imunodeficiência humana (VIH) e a doença, causada pelo VIH, “síndroma da imunodeficiência Por outro lado, no sentido do reforço da protecção dis- adquirida”, a qual pode ou não manifestar-se e, manifestan- pensada aos menores, a proposta de lei procede à alteração do-se, ocorre em momento posterior àquele em que a pes- da idade da vítima, de 14 para 16 anos, com base na qual soa passa a ser seropositiva por lhe ter sido transmitido o opera a agravação prevista no n.º 4 do artigo 171.º. Igual- vírus. Ora, uma vez que a circunstância agravante prevista no mente neste número e com o mesmo objectivo, foi aditado n.º 3 do artigo 171.º depende da produção de um resultado e o crime de actos exibicionistas (artigo 165.º) ao catálogo dos que o resultado de alguém contrair a doença SIDA é não só crimes que vêem a pena agravada se a vítima for menor de incerto como diferido no tempo, a norma mostra-se incapaz 16 anos. de ser aplicada à situação de o VIH ser transmitido à vítima sem que evolua para a manifestação da doença SIDA.81 Em terceiro lugar, a proposta de lei consagra como nova circunstância agravante o facto de os crimes serem ii. O desvalor do resultado que justifica a agravação das “cometidos conjuntamente por duas ou mais pessoas que penas nos casos em que do crime resulta a transmissão do participem directamente na sua execução” (n.º 5). Com esta VIH/SIDA é extensível a outras doenças sexualmente trans- nova previsão «trata-se de salientar, desfavoravelmente, um missíveis que constituam um risco para a vida da vítima e maior desvalor de acção e um maior grau de ilicitude, que que vão para além das ofensas graves à sua integridade física potencia a vulnerabilidade da vítima nas circunstâncias em (já previstas na actual redacção do n.º 3 do artigo 171.º).82 que se verifique um caso de comparticipação criminosa».79 Os crimes abrangidos por esta circunstância agravante – ar- iii. A autonomização da SIDA face ao conjunto de tigos 157.º a 160.º e 166.º a 169.º-A – são aqueles «que pressu- outras doenças sexualmente transmissíveis poderia ser põem a prática de cópula, coito anal, coito oral, introdução estigmatizante. Sem desvalorizar a sua gravidade, tal au- vaginal ou anal de partes do corpo (excluído o pénis) ou ob- tonomização deixou de ser justificável ante a evolução do jectos, ou outros actos sexuais de relevo sobre a vítima, com conhecimento científico sobre a doença e o seu tratamento excepção do crime de fraude sexual, cujos pressupostos não ocorrido desde o momento da feitura do Código Penal até à se coadunam com esta circunstância agravante».80 actualidade.

A versão inicial desta norma previa que os crimes fos- Por estas razões, a Comissão diligenciou no sentido de sem “praticados conjuntamente, de forma simultânea ou su- ser alterada a redacção do n.º 3 do artigo 171.º, no que foi cessiva”. Segundo a Nota Justificativa, esta redacção «assen- acompanhada pelo proponente. ta em razões de clareza e certeza jurídica, de modo a deixar claro que se encontram abrangidos tanto os actos praticados 5.2. A proposta de lei procedeu ao alargamento das pelos agentes ao mesmo tempo sobre a vítima, como os situações de crimes sexuais que têm natureza pública, i.e. actos praticados de forma sucessiva entre eles». Contudo, crimes em relação aos quais o procedimento penal não 83 no decurso da análise na especialidade da proposta de depende de queixa. Este alargamento do princípio da lei considerou-se que tal redacção poderia ser demasiado oficialidade visou, segundo a Nota Justificativa, «reforçar a abrangente, uma vez que poderia abarcar no seu âmbito protecção das vítimas no procedimento penal quando essa de aplicação situações de comparticipação que vão para protecção se justifique». além da prática em conjunto dos actos sexuais de relevo que A transformação dos crimes sexuais em crimes públi- constituem crime. Para evitar esta consequência, a versão cos é uma reivindicação que tem vindo a ganhar adeptos alternativa da proposta de lei prevê, no n.º 5 do artigo 171.º, na sociedade. Tal reivindicação baseia-se na ideia de que a que as penas são agravadas se os crimes forem “cometidos vulnerabilidade das vítimas, tanto física como psíquica, e conjuntamente por duas ou mais pessoas que participem as relações de dependência económica e familiar que ami- directamente na sua execução”.

Por fim, refira-se que a redacção do n.º 3 foi alterada, 81 tendo sido substituída a menção à síndroma de imunodefi- Note-se que a redacção do artigo 177.º, n.º 5, do Código Penal português que vigorou entre 1998 e 2007, referia a «transmissão ciência adquirida (SIDA) pela expressão “transmissão de de vírus do síndroma de imunodeficiência adquirida» (sublinhado doença sexualmente transmissível que crie perigo para a nosso). A partir de 2007, passou a referir “agente patogénico que vida” enquanto circunstância agravante para os crimes pre- crie perigo para a vida”. vistos nos artigos 157.º a 162.º e 166.º a 169.º-A. A Comissão 82 A título de exemplo, refira-se que, entre 1998 e 2007, o Código considerou inadequada a referência à SIDA por três ordens Penal português também fazia uma referência expressa à trans- de razões: missão «de formas de hepatite que criem perigo para a vida». 83 Nestes casos, o Ministério Público pode promover o procedi- mento penal assim que tiver conhecimento da prática do crime, 79 José António Mouraz Lopes e Tiago Caiado Milheiro, Crimes não necessitando que o ofendido, ou outras pessoas com legitimi- sexuais…, ob. cit., p. 214. dade para tal, apresentem queixa. Vd. artigos 37.º e 38.º do Código 80 Nota Justificativa. de Processo Penal. 200 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

úde existem entre a vítima e agressor, impede um exercício O proponente justificou a alteração do limite de idade livre e esclarecido do direito de queixa. Deste facto resulta, de 12 para 16 anos com o reforço da protecção dos meno- argumenta-se, uma desprotecção das vítimas dos crimes res, «sendo especialmente tido em conta que, a partir dos sexuais e a impunidade dos agressores. Por seu turno, e em 16 anos, o menor adquire uma maior maturidade e passa sentido contrário, outros sectores da sociedade consideram a ser titular do direito de queixa, podendo, a partir desse que o cuidado com que o Código Penal gere o princípio da momento, ser o próprio a avaliar o seu interesse em dar, ou oficialidade em matéria de crimes sexuais é justificado com não, início a um processo penal».85 a protecção das próprias vítimas, isto porque são elas que estão aptas a saber se têm interesse em sujeitar-se à devassa Por seu turno, a eleição do interesse pessoal do menor da sua intimidade que pode resultar do processo penal. como critério para o Ministério Público dar oficiosamente início ao processo afigura-se adequada tendo em considera- Tal como afirmado recentemente pela 1.ª Comissão ção que são bens jurídicos pessoais, i.e. ligados à individu- Permanente da Assembleia Legislativa, «[n]este aspecto, alidade de cada vítima, que estão protegidos nestes crimes encontram-se em presença vários valores merecedores de contra a autodeterminação sexual. Assim sendo, justifica- tutela jurídica, mas que podem conflituar entre si, devendo- -se que sejam igualmente considerações ligadas à vítima – e -se, portanto, efectuar a devida ponderação e avaliar quais não considerações da comunidade vertidas no conceito de os que têm maior peso: desde logo, a defesa da sociedade na interesse público – a legitimar o impulso processual do Mi- luta contra o crime, mas também a preservação dos direitos nistério Público. das pessoas directamente atingidas com o facto crimino- so, o respeito pela vontade das vítimas ou pela reserva da 5.3. A versão inicial da proposta de lei não previa qual- vida privada e familiar. A atribuição da natureza pública quer alteração ao artigo 173.º (inibição do poder paternal). ou semipública a um crime não reflecte necessariamente a Contudo, no decurso da análise na especialidade detectou-se maior ou menor importância do bem jurídico tutelado ou que o crime de pornografia infantil ora aditado ao Código a gravidade da conduta ofensiva. Casos há em que, mesmo Penal não ficava abrangido pelo âmbito de aplicação desta perante bens jurídicos considerados essenciais, a opção pela norma. Promoveu-se, então, a alteração ao artigo 173.º, no natureza semipública do crime tem como fundamento o fac- sentido de manter a aplicabilidade da inibição do poder pa- to de estarem em causa valores relacionados com a esfera ternal, enquanto pena acessória, a todos os crimes sexuais. privada, familiar ou mesmo íntima do ofendido. Nalgumas situações, a publicidade inerente ao processo penal pode 6. Para além dos aspectos abordados nos pontos ante- causar danos adicionais ao ofendido, eventualmente mesmo riores, a Comissão considerou melhoramentos de redacção superiores aos danos resultantes do crime propriamente de várias normas visando o seu aperfeiçoamento técnico- dito».84 -jurídico, sem reflexos no conteúdo substancial das mesmas. A Comissão considera equilibrada a solução constante da proposta de lei, nos termos da qual os crimes de coacção IV – Conclusão sexual (artigo 158.º) e de abuso sexual de pessoa incapaz de resistência (artigo 159.º) passam a ser crimes públicos. Nes- Em conclusão, apreciada e analisada a proposta de lei, tas situações, o grau de danosidade da acção típica e a espe- a Comissão: cial vulnerabilidade das vítimas justificam que estes crimes deixem de ser semipúblicos. As mesmas razões justificam a) É de parecer que a versão alternativa da proposta de que os novos crimes de recurso à prostituição de menor (ar- lei reúne os requisitos necessários para apreciação e vota- tigo 169.º-A) e pornografia de menor (artigo 170.º-A) sejam ção, na especialidade, pelo Plenário; consagrados como crimes públicos. b) Sugere que, na reunião plenária destinada à votação A proposta de lei altera a redacção do n.º 2 do artigo na especialidade da presente proposta de lei, o Governo se 172.º, no sentido de possibilitar que o Ministério Público dê faça representar, a fim de poderem ser prestados os esclare- início ao processo pelos crimes previstos nos artigos 161.º, cimentos necessários. 162.º e 164.º-A a 169.º, quando a vítima for menor de 16 anos e se especiais razões de interesse da vítima o impuserem. Macau, 23 de Maio de 2017. Na redacção actual, esta possibilidade tem como requisitos o facto de a vítima ser menor de 12 anos e existirem espe- Cheang Chi Keong — Chui ciais razões de interesse público. A Comissão, (Presidente) Sai Peng, José (Secretário) — Victor Cheung Lup Kwan — Vong Hin Fai — José Maria Pereira Coutinho — Leong On

84 Kei — Chan Meng Kam — Lau Veng Seng — Zhen Anting Parecer n.º 1/V/2016 da 1.ª Comissão Permanente da V Legis- latura da Assembleia Legislativa, relativo à Lei de prevenção e — Lei Cheng I — Wong Kit Cheng. combate à violência doméstica, p. 49 (referências bibliográficas omitidas), disponível em http://www.al.gov.mo/lei/leis/2016/2016- 02/parecer.pdf. 85 Nota Justificativa. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 201

18. Despacho n.º 527/V/2017, respeitante à admissão cais enfrentavam falta de trabalho, devido ao abuso na im- do projecto de lei intitulado “Promoção, sensibilização portação de mão-de-obra. Segundo os residentes do sector dos tratados de Direitos Humanos e Convenções da OIT”, da construção civil, o número de trabalhadores não residen- apresentada pelo Deputado José Maria Pereira Coutinho. tes baixou ultimamente, por serem menos os estaleiros de obras para a construção de habitação pública, que podem DESPACHO N.º 527/V/2017 contar-se pelos dedos, e também porque os megaprojectos das concessionárias do jogo ou já estão concluídos ou estão Admito, nos termos da alínea c) do artº 9.º do Regimen- prestes a ser concluídos, mas o certo é que, por falta de con- to, o projecto de lei intitulado “Promoção, sensibilização e trolo do número de trabalhadores não residentes, é cada vez divulgação dos tratados de Direitos Humanos e Convenções mais difícil para os residentes assegurarem o pão de cada da OIT” apresentado pelo Deputado José Pereira Couti- dia. Mais concretamente, segundo o que nos é dado obser- nho, em 12 de Abril de 2017. var, a quota de trabalhadores não residentes desses grandes estaleiros sofreu, pelos motivos acima enunciados, uma Nos termos do n.º 1 do artigo 111.º do Regimento, o redução, só que assim que acabam as obras num dos estalei- prazo para apreciação do referido projecto de lei conta-se a ros, os referidos trabalhadores passam imediatamente para partir da data da assinatura deste Despacho até ao dia 10 de outros estaleiros, como aliás é costume das empresas que Maio de 2017. asseguram obras de interiores e que detêm quotas de tra- balhadores não residentes. Isto leva a que, mais uma vez, as Aos 2 de Maio de 2017. oportunidades de emprego dos trabalhadores locais sejam arrebatadas por trabalhadores não residentes, por causa do O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. abuso na respectiva importação, causando-lhes problemas de subsistência. Alguns esforçam-se por mudar de profis- são, para motoristas, operários nas obras de interiores ou ______para seguranças na área da administração de edifícios, só que a situação com que se deparam é a mesma, porque mui- tas dessas profissões estão a ser exercidas por trabalhadores 19. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- não residentes. ção governativa, apresentado pelo Deputado Ng Kuok Cheong, datado de 18 de Abril de 2017, e o respectivo Des- Assim sendo, interpelo sobre o seguinte: pacho n.º 528/V/2017. 1. Gostaria que o Governo me respondesse ao seguinte: DESPACHO N.º 528/V/2017 quantos trabalhadores não residentes estão, neste momento, a exercer a sua actividade nos estaleiros de obras designa- Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regimen- dos e quantos trabalhadores estão nas obras de interiores to, o requerimento de interpelação escrita, datado de 18 de sem local de trabalho designado? Abril de 2017, apresentado pelo Deputado Ng Kuok Cheong, Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- 2. Devido à conclusão das obras de alguns megaprojec- cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a tos, houve uma redução do número de trabalhadores não redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, distri- residentes nos estaleiros de obras designados. Então, o seu buo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimento número também reduziu nas obras de interiores nos diver- acima referido. sos estaleiros de obras?

2 de Maio de 2017. 3. As obras nos grandes estaleiros de obras vão-se con- cluindo, umas a seguir às outras, portanto, alguns dos tra- O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. balhadores locais vêm-se perante a necessidade de mudar de emprego, para reforçar os recursos humanos nos sectores ------dos transportes, obras de interiores e segurança dos edifí- cios. Atendendo a que a importação de trabalhadores visa (Tradução) suprir a falta de recursos humanos locais, para além de in- sistir na política de não importação de motoristas profissio- Interpelação escrita nais, não deverá o Governo adoptar medidas para reduzir o número de trabalhadores não residentes nos referidos secto- Com a pressa do Governo em concluir a construção de res? 19 mil habitações públicas e com os novos megaprojectos lançados pelas seis concessionárias do jogo, o número de 18 de Abril de 2017. trabalhadores não residentes no sector da construção civil disparou exponencialmente no passado. E quando o sector O Deputado à Assembleia Legislativa da RAEM, Ng se encontrava em franco desenvolvimento, os operários lo- Kuok Cheong. 202 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

20. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- controlarem os seus custos de funcionamento, podem tam- ção governativa, apresentado pelo Deputado Ho Ion Sang, bém contribuir para diminuir o número de trabalhadores e datada de 21 de Abril de 2017, e o respectivo Despacho o desperdício de tempo, e a plataforma de pagamento pode n.º 529/V/2017. ainda ser usada para publicidade, abrindo novos horizontes para o seu mercado negocial, conseguindo assim chegar a DESPACHO N.º 529/V/2017 mais consumidores e, a longo prazo, trazer mais oportuni- dades de negócio. Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 21 Por outro lado, o método de pagamento electrónico está de Abril de 2017, apresentado pelo Deputado Ho Ion Sang. estritamente ligado ao serviço das redes móveis, contudo, as Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 zonas abrangidas pelo sistema gratuito do “WiFi GO” são (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com limitadas, e a velocidade é baixa e muito instável, sendo es- a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, dis- tes os problemas que os residentes há muito identificaram. tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- to acima referido. Nestes termos, interpelo o Governo sobre o seguinte:

1. Com vista a incentivar as pequenas e médias em- 2 de Maio de 2017. presas a dispor de serviços de pagamento electrónico, bem O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. como a apoiá-las nos trabalhos do comércio electrónico, disponibilizando aos residentes e aos turistas uni método de ------pagamento mais conveniente e melhorando assim a imagem turística de Macau, a Administração deve implementar me- (Tradução) didas para promover e reforçar o uso corrente deste tipo de pagamentos. Vai fazê-lo? Interpelação escrita 2. Nas Linhas de Acção Governativa para o ano de 2017, há a indicação de que se vai “reforçar a construção e a O desenvolvimento tecnológico avança a uma velocida- gestão das infra-estruturas de Internet, alargar o âmbito de de tremenda, e todos querem construir uma cidade inteli- cobertura das redes sem fios1”. Quais os planos e a calenda- gente, sendo que o Plano Quinquenal de Desenvolvimento rização para implementar estas medidas? As zonas abrangi- da RAEM (2016-2020) também refere que Macau tem de das pelo sistema gratuito do “WiFi GO” são relativamente ser desenvolvida como cidade inteligente, contudo, tem de poucas, a velocidade é lenta e o sinal é instável. O Governo melhorar bastante as políticas e as leis relativas, nomeada- dispõe de soluções para isso? O Governo pode garantir a mente, à rede de internet, à partilha de dados e aos recursos estabilidade e a segurança da rede? humanos. Mais, a utilização da rede ainda não está aberta a todo o sistema de ensino, à medicina, aos serviços electró- 21 de Abril de 2017. nicos e aos pagamentos electrónicos, revelando um grande atraso em relação às regiões vizinhas, por isso a população O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi- não sente nenhum benefício quanto à construção de uma nistrativa Especial de Macau, Ho Ion Sang. cidade inteligente. ______Por exemplo, os pagamentos electrónicos fazem par- te do dia-a-dia dos cidadãos do Interior da China e o seu uso cresceu rapidamente, pois até podem ser efectuados 21. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- através de telemóvel no pagamento das despesas com os ção governativa, apresentado pelo Deputado Au Kam San, vendilhões; mas, em Macau, a implementação dos métodos datado de 28 de Abril de 2017, e o respectivo Despacho de pagamento electrónico é muito lenta. Em 2006 e 2016, o n.º 530/V/2017. Governo emitiu duas licenças para as empresas explorarem o pagamento electrónico, contudo, os pontos que dispõem DESPACHO N.º 530/V/2017 deste método de pagamento ainda são muito reduzidos. Mais, a maioria das empresas de Macau são micro, peque- Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- nas e médias, situam-se, maioritariamente, em zonas resi- mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de denciais, e alguns comerciantes não têm muitos conheci- 28 de Abril de 2017, apresentado pelo Deputado Au Kam mentos e informações sobre isso, bem como não têm muito San. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 interesse em instalar estes métodos de pagamento devido (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com aos custos com a instalação e com as despesas de transac- a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, dis- ção, e aos costumes dos consumidores e segurança da rede, entre outros. No entanto, estes métodos de pagamento, para além de ajudarem as micro, pequenas e médias empresas a 1 Página 24 das Linhas de Acção Governativa para o ano de 2017. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 203 tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- recorrer a este meio de transporte. Entretanto, quanto à to acima referido. paragem da carreira n.º 51, colocada no terminal subterrâ- neo sito nas Portas do Cerco, o Governo acabou de a mudar 2 de Maio de 2017. para o Istmo Ferreira do Amaral. Os moradores de Seac Pai Van não compreendem esta mudança, que obriga os passa- O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. geiros a ficarem expostos ao sol e à chuva durante a espera por autocarros. Segundo estes moradores, os que moram ------no bairro comunitário de Seac Pai Van são, na sua maioria, idosos. Em particular, muitos moradores do Edifício Lok Kuan (habitação social) são idosos e fisicamente débeis. Es- (Tradução) tes recorrem sempre à carreira expresso n.º 51 para ir à zona Norte da península de Macau ou para efeitos de passagem Interpelação escrita alfandegária. Em relação ao terminal subterrâneo supra- mencionado, embora haja bastante calor no Verão, há pelo Enquanto política de transportes relevante, o Governo menos um telhado. Com a mudança da referida paragem da RAEM tem empregado esforços para materializar a para uma localização à superfície, no tempo de chuva, a co- “primazia dos transportes públicos”. Entretanto, nos úl- bertura instalada por cima não serve para resistir à chuva, timos tempos, esta direcção do vento mudou de repente. visto que é muito curta, e, durante o Verão, é possível que Parece que o Governo está a envidar menos esforços na os passageiros à espera fiquem insolados. Quais foram os generalização da utilização dos transportes públicos e, pelo fundamentos para esta mudança? Será possível proceder à contrário, está a sublinhar dar prioridade a andar a pé. sua mudança, novamente, para o terminal subterrâneo sito Contudo, ninguém sabe quando é que isto vai ser posto em nas Portas do Cerco? prática, visto que o Governo dispõe, apenas, de um número reduzido de planos de instalações pedonais. Esta atitude 2. No âmbito da redução do número de paragens, um incerta do Governo resulta na situação de “nem carne nem exemplo típico diz respeito à colocada na Av. Dr. Sun Yat peixe”, quanto à primazia dos transportes públicos ou à ge- Sen Sam Ka. De facto, os utentes desta paragem incluem os neralização de andar a pé. moradores do Edifício Lago, do The Pacific Gardene do Edifício Caesar Fortune e, como estes edifícios têm muitos É de apontar que Macau é uma cidade pequena, por andares, são muitos os seus habitantes. A paragem Sam isso, dar prioridade a andar a pé deveria ser uma opção no Ka dá resposta, de facto, às necessidades dos moradores, seio das políticas de transportes. Entretanto, para efeitos da cujo número é enorme, deste bairro comunitário. Como sua materialização, é indispensável fazer um plano para me- o Governo não auscultou as opiniões da população antes lhorar, faseadamente, o ambiente pedonal de Macau. A par da tomada da decisão do cancelamento desta paragem, os disso, é necessário ainda fazer uma articulação com o pla- moradores estão muito incomodados. Claro que o que eles neamento urbano, para que as deslocações a pé dos residen- querem não é uma paragem em frente da sua casa. De fac- tes sejam cómodas e confortáveis. Claro que este alvo não to, ao usar a paragem Sam Ka, os moradores têm de andar vai ser alcançado a curto prazo. Pelo exposto, actualmente, a pé por uma certa distância, para ir para a paragem ou o Governo deve dedicar-se, de forma pragmática, a pro- para casa, mas trata-se de uma distância razoável. Após o mover a primazia dos transportes públicos, no sentido de cancelamento desta paragem, os moradores têm de seguir dissuadir os residentes de utilizar os seus veículos privados, uma longa rota, quer para ir apanhar autocarros quer para reduzindo, efectivamente, o número de veículos em geral. ir para casa. Será que isto vai contribuir para incentivar os Contudo, no tocante à questão dos transportes públicos, moradores a utilizar os transportes públicos? Vai o Gover- parece que o Governo seguiu, recentemente, em direcção no considerar as opiniões dos moradores e restabelecer a contrária. Há dias, este não parou de alegar a inadequação paragem em questão? quanto à distância fixada para cada paragem de autocarros e entende que é necessário reduzir as paragens em prol da 3. O reordenamento das carreiras dos autocarros é fluidez do trânsito. Todavia, a referida distância satisfaz, de necessário, contudo, não se pode reduzir, a bel-prazer, o facto, as necessidades dos utentes, e contribui para incenti- número das paragens, pois isto provoca incómodo para os var os residentes a andarem de autocarro. passageiros. De um modo geral, a redução do número de Reduzir as paragens e sacrificar a comodidade dos re- paragens dos autocarros tem, meramente, dois objectivos, sidentes para salvaguardar a circulação desobstruída dos ou acelerar as operações dos autocarros, ou reduzir as vezes veículos privados, será que se trata de primazia dos trans- em que os autocarros param, em prol da salvaguarda da portes públicos ou de primazia dos veículos privados? desobstrução das vias públicas. Se se tratar do primeiro ob- jectivo, o Governo deve, então, reservar mais vias públicas Interpelo, então, o Governo sobre o seguinte: para a instalação de corredores exclusivos para autocarros ou transportes públicos, em prol da circulação e operações 1. A melhoria e optimização das condições para andar dos autocarros. Se se tratar do segundo objectivo, o Gover- de autocarro contribuem para incentivar os residentes a no acabou de abandonar o principal para se agarrar ao se- 204 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 cundário, confundindo qual a prioridade a ser dada — aos de telecomunicações caros e de qualidade péssima, o que já transportes públicos ou aos transportes privados —, pois é um facto bem conhecido da população no seu dia-a-dia. optou por reduzir o número das paragens de autocarros e sacrificar a comodidade dos residentes, em prol da circula- A par disso, segundo as afirmações da CTM, o acidente ção desobstruída dos veículos privados. Quanto à política de avaria das máquinas deveu-se a deficiências de origem de transportes que carece de objectivos claros, o Governo do software, que resultou no “corte da internet” para mais deve proceder a uma avaliação séria. É ou não é? de 30 mil utentes. Depois do acidente, os cidadãos afecta- dos esperavam as devidas compensações ou retornos, toda- 28 de Abril de 2017. via, a empresa limitou-se a pedir desculpa, afirmando que as questões relativas a indemnizações eram para discutir O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi- mais tarde. No âmbito da legislação de Macau, as regras nistrativa Especial de Macau, Au Kam San. sancionatórias aplicáveis aos casos de avaria do sistema de internet são muito leves e não obrigam as operadoras a indemnizar os cidadãos afectados. Como é óbvio, tanto a ______fiscalização por parte do Governo como a respectiva força vinculativa são insuficientes.

22. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- Assim sendo, interpelo o Governo, solicitando que me ção governativa, apresentado pelo Deputado Leong Veng sejam dadas respostas, de uma forma clara, precisa, coeren- Chai, datado de 26 de Abril de 2017, e o respectivo Despa- te, completa e em tempo útil, sobre o seguinte: cho n.º 531/V/2017. 1. O Governo deve fiscalizar a CTM através de medidas DESPACHO N.º 531/V/2017 pragmáticas e eficazes (por exemplo, a publicação periódica de relatórios de auditoria) e assegurar que esta canalize re- Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- cursos financeiros para melhorar o seu hardware e software mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 26 e aumentar a qualidade dos serviços, com vista a reforçar a de Abril de 2017, apresentado pelo Deputado Leong Veng prevenção da reincidência de casos deste género. Que medi- Chai. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 das vão ser adoptadas? (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 312009, dis- 2. Depois de receber o relatório pormenor da CTM tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- sobre o referido acidente, o Governo deve divulgar os re- to acima referido. sultados da análise respectiva, com vista a que os cidadãos fiquem a conhecer os pormenores do acidente, incluindo as 2 de Maio de 2017. razões e as soluções adoptadas. Vai fazê-lo?

O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. 3. O Governo chegou a realçar, recentemente, que ia aplicar a lei nos termos da licença de internet, no entanto, ------o respectivo diploma legal não oferece protecção suficiente aos consumidores. Quando é que o Governo vai revê-lo, (Tradução) com vista a reforçar a protecção dos interesses e direitos dos consumidores? Interpelação escrita 26 de Abril de 2017. Ao longo dos tempos, o meu gabinete tem recebido queixas e opiniões dos cidadãos sobre os serviços da Com- O Deputado à Assembleia Legislativa da RAEM, Leong panhia de Telecomunicações de Macau, S.A.R.L., adiante Veng Chai. designada por CTM. Dizem que a velocidade da internet e a qualidade dos serviços em geral têm sido muito baixas e ______más ao longo dos tempos, e que, apesar disso, as tarifas res- pectivas são mais elevadas em comparação com as regiões vizinhas. De acordo com os relatórios financeiros da CTM, 23. Requerimento de interpelação escrita sobre a acção verifica-se que esta tem mantido, ao longo dos anos, os seus governativa, apresentado pela Deputada Chan Melinda lucros em níveis muito elevados, contando, em 2016, com Mei Yi, datado de 2 de Maio de 2017, e o respectivo Des- uma receita tão elevada que até atingiu 1.081.156.035 (pa- pacho n.º 532/V/2017. tacas). Porém, os cidadãos não sentem, mesmo nada, que a referida operadora tenha canalizado recursos para aumentar DESPACHO N.º 532/V/2017 a qualidade dos serviços. Mais, o monopólio da CTM, ao longo dos tempos, no âmbito do mercado das telecomunica- Admito, nos termos da alfnea c) do artigo 9.º do Regi- ções de Macau, resulta na actual situação, isto é, em serviços mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 2 de N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 205

Maio de 2017, apresentado pela Deputada Chan Melinda Mei desde que tenham dois anos de experiência profissional na Yi. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 respectiva área. Segundo algumas instituições sociais, estas (Processo de Interpelação sobre a-Acção Governativa), pretendem contratar terapeutas de Taiwan, mas a experiên- com a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, cia profissional desse pessoal não é reconhecida em Macau distribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requeri- como tempo de serviço, por terem exercido as funções de mento acima referido. terapeuta pelo período de dois anos para cumprir o seu serviço militar, situação que aumenta as dificuldades na 2 de Maio de 2017. contratação de profissionais por parte dessas instituições. O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. Tendo em conta a necessidade urgente de complementar recursos humanos, vai o Governo aceitar o referido tempo ------de serviço, com vista a ajudar as instituições de assistência social a manterem os seus serviços? (Tradução) 3. A longo prazo, o Governo deve estabelecer um regi- Interpelação escrita me de carreiras uniformizado para os terapeutas profissio- nais, no sentido de os profissionais das instituições privadas Para prestar tratamento precoce às crianças com diver- e dos serviços públicos usufruírem das mesmas remunera- sas alterações de desenvolvimento, o Governo criou o Cen- ções e regalias, de evitar a situação de o Governo “roubar” tro de Avaliação Conjunta Pediátrica, pelo que o tempo de trabalhadores às instituições privadas e de estabilizar os espera para avaliação foi reduzido. Contudo, devido à falta seus recursos humanos em diversas áreas profissionais, asse- de terapeutas, o tempo de espera para tratamento não foi gurando e elevando, deste modo, a qualidade dos serviços. encurtado e, mesmo que as crianças tenham concluído a sua Vai fazê-lo? avaliação, têm de esperar muito tempo pelas consultas se- guintes. Tudo isto impede que as crianças com transtornos 2 de Maio de 2017. de desenvolvimento recebam tratamento de forma contínua, afectando os resultados da reabilitação. A Deputada à Assembleia Legislativa da Região Admi- nistrativa Especial de Macau, Chan Melinda Mei Yi. Como há falta de terapeutas em Macau, o próprio Go- verno também se depara com o problema da falta de recur- sos humanos, mas a maior falta desses profissionais ocorre ______nas instituições de assistência social, uma vez que não existe em Macau um regime de carreiras uniformizado para os te- rapeutas profissionais, portanto, as remunerações dos tera- 24. Requerimento de interpelação escrita sobre a peutas das instituições de assistência social são muito infe- acção governativa, apresentado pelo Deputado Mak Soi riores às da função pública e, quando são abertos concursos Kun, datado de 25 de Abril de 2017, e o respectivo Despa- de ingresso nos serviços públicos, verifica-se sempre a perda cho n.º 533/V/2017. de talentos nas instituições de assistência social. Quanto à inclusão de profissionais do exterior, também existem mui- DESPACHO N.º 533/V/2017 tas dificuldades, daí sendo difícil prestar serviços de trata- mento oportuno e adequado. Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 25 Relativamente às insuficiências do regime de avaliação de Abril de 2017, apresentado pelo Deputado Mak Soi Kun. e tratamento, especialmente quanto à questão da falta de Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 profissionais, solicitei muitas vezes ao Governo que pro- (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com cedesse, o mais rápido possível, ao respectivo aperfeiçoa- a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, dis- mento, e espero que o Executivo adopte medidas de curto, tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- médio e longo prazo para estabilizar os recursos humanos to acima referido. em diversas áreas. 2 de Maio de 2017. Assim sendo, interpelo o Governo sobre o seguinte: O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. 1. Quanto à questão da falta de terapeutas em Macau, de que planos dispõe o Governo para a formação de talen------tos locais? Recentemente, foram criados cursos de terapia (Tradução) ocupacional e de terapia da fala. Atendendo a isso, quando é que podem ser criados mais cursos superiores e formação Interpelação escrita profissional para os terapeutas de diferentes áreas?

2. De acordo com as normas definidas pelo Governo, os Já se passaram 4 anos desde o caso de danificação de terapeutas do exterior podem exercer funções em Macau, um dos pilares do edifício Sin Fong Garden, em Outubro de 206 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

2012, envolvendo cerca de 200 proprietários que continuam seu dia-a-dia, solucionando esta crise que prejudica o inte- sem poder regressar à sua casa. Devido à danificação de um resse público e restituindo a justiça aos cidadãos. dos seus pilares, o prédio apresenta perigo e tem sido alvo da atenção da sociedade. Os custos com a sua reconstrução Assim sendo, interpelo o Governo sobre o seguinte: são a maior dificuldade, no entanto, com os esforços e a colaboração de todas as partes — a Associação dos Conter- 1. Alguns cidadãos pediram-me para colocar a seguinte râneos de Kong Mun prometeu pagar a maior parte dos cus- questão ao Governo: o Governo é um órgão executivo, e já tos, e o Governo afirmou que ia dar prioridade à referida re- afirmou que ia dedicar a sua atenção aos problemas que afli- construção —, o caso resolveu-se de forma pacífica. Já estão gem os cidadãos e implementar políticas científicas. No en- basicamente concluídos os documentos necessários, quer tanto, o caso de danificação de um dos pilares do prédio Sin para a reconstrução quer para o lançamento do concurso Fong Garden, que apresenta perigo, já se arrasta há mais de público, no entanto, no ano passado, na altura do licencia- 4 anos, devido à desactualização da legislação e à omissão mento de obras, o Governo veio repentinamente afirmar por parte dos dirigentes. O prédio não é alvo nem de manu- que a demolição e reconstrução do prédio só podem acon- tenção nem de reparação, e com o aproximar da estação das tecer depois de concluídos o processo judicial e a recolha de chuvas, o betão, os tijolos e os vidros das janelas podem cair provas. Ao longo destes 4 anos, os proprietários têm sofrido a qualquer momento e atingir peões e veículos, atendendo grande pressão, especialmente os idosos, que para poderem a que o Sin Fong Garden se encontra numa das principais ter uma vida estável na velhice, utilizaram todas as suas artérias da cidade, podendo mesmo causar mortes ou danos poupanças para comprar uma casa no Sin Fong Garden, no patrimoniais. Portanto, este prédio é uma autêntica bom- ba! Por isso, o Governo deve preocupar-se com aquilo que entanto, acabaram sem casa, pois não podem regressar às preocupa os cidadãos, definindo brevemente um prazo quer suas casas e nem sequer sabem quando o podem fazer. para a demolição do prédio quer para a sua reconstrução. Só assim é que podemos afirmar que o Governo implemen- Segundo alguns cidadãos, em 2013, o Governo pediu ta políticas científicas e dedica a sua atenção aos problemas à Universidade de Hong Kong, Universidade de Macau e a que afligem os cidadãos. Qual é a opinião do Governo em especialistas de Taiwan para examinarem o prédio, com vis- relação a isto? ta a aferir das causas da danificação do pilare à recolha das respectivas provas. O Governo entende agora que a recolha 25 de Abril de 2017. de provas é uma necessidade. Qual é a intenção? O Go- verno sabe bem que o Sin Fong Garden apresenta perigo, O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi- razão pela qual os proprietários não podem lá viver nem as- nistrativa Especial de Macau, Mak Soi Kun. segurar a manutenção ou reparação do prédio. Com o apro- ximar da estação das chuvas, o betão, os tijolos e os vidros das janelas podem cair a qualquer momento e atingir peões e veículos, atendendo a que o Sin Fong Garden se encontra ______numa das principais artérias da cidade, podendo mesmo causar mortes ou danos patrimoniais. Se o Governo, de fac- to, implementa políticas científicas e dedica a sua atenção aos problemas que afligem os cidadãos, então, deve definir 25. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- desde já uma data para a reconstrução do prédio, com vista ção governativa, apresentado pela Deputada Wong Kit a resolver esta crise pública, a permitir que os proprietários Cheng, datado de 28 de Abril de 2017, e o respectivo Des- regressem rapidamente às suas casas e a concretizar a meta pacho n.º 534/V/2017. do “bem-estar para todos”. Se o Governo não define uma data e se não consegue avançar com a demolição, como DESPACHO N.º 534/V/2017 é que pode assegurar que este prédio em perigo não vai provocar mortes ou ferimentos? Se tal acontecer, o Gover- Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regimen- no assume as compensações pelos danos causados? Neste to, o requerimento de interpelação escrita, datado de 28 de momento, os proprietários nada podem fazer. É justo que Abril de 2017, apresentado pela Deputada Wong Kit Cheng. tenham de aguentar tanta pressão? Isto é que é equidade e Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- justiça? O Governo da RAEM tem poder executivo, portan- cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a to, deve resolver rapidamente a situação, no entanto, esta só redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, distri- piora. Porquê? buo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimento acima referido. A situação deve-se a falta de coordenação no Governo ou a omissão dos dirigentes? De qualquer modo, o Governo 2 de Maio de 2017. da RAEM deve preocupar-se com aquilo que preocupa os cidadãos e resolver, de forma pragmática, os problemas do O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 207

(Tradução) outros produtos em falta. Os serviços competentes foram inteirar-se destas situações? Interpelação escrita 2. Com vista a dissipar as dúvidas dos pais relativamente Cuidados de saúde infantis em Macau aos cuidados de saúde prestados aos bebés e, ao mesmo tem- po, elevar a confiança da sociedade no serviço de saúde pú- Recentemente, os Serviços de Saúde (SS) divulgaram blica, os serviços competentes devem fiscalizar e inteirar-se que se registaram casos, através da internet, de venda ou da aplicação dos critérios para a emissão das receitas médicas troca por outros produtos de medicamentos receitados e das “orientações de vigilância de prescrição nos Centros de por Centros de Saúde, tendo estes serviços afirmado que Saúde Comunitários em Macau”. Isto vai ser feito? vão fiscalizar e acompanhar este tipo de casos1. Recebi, recentemente, muitas queixas de mães de bebés que não 3. No futuro, o Governo deve implementar medidas conseguem obter produtos suficientes quando levam os seus para reforçar a fiscalização e prevenir que os medicamentos bebés aos cuidados de saúde, por exemplo, hásempre falta receitados sejam vendidos ilegalmente pela internet, com de pomadas e vitaminas para bebés, entre outros, e às vezes vista a garantir que os recursos relacionados com a saúde os SS afirmam que os referidos produtos têm de ser adqui- pública sejam utilizados de forma justa. Vai o Governo ridos por conta própria nas farmácias; mas, por outro lado, implementá-las? há quem venda medicamentos receitados por Centros de 28 de Abril de 2017. Saúde. Assim, as mães têm muitas dúvidas e temem que os cuidados de saúde prestados aos bebés sejam insuficientes. A Deputada à Assembleia Legislativa da Região Admi- nistrativa Especial de Macau, Wong Kit Cheng. A Administração referiu que as vitaminas e pomadas receitadas têm em conta as necessidades de cada bebé e es- tão de acordo com o diagnóstico, mais, referiu que o stock ______existente é suficiente para um trimestre2. Os cuidados de saúde prestados aos bebés são muito importantes para o seu crescimento, e os pais dão muita importância às opiniões 26. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- dos médicos, por isso, preocupam-se imenso com a insufi- ção governativa, apresentado pela Deputada Kwan Tsui ciência dos produtos receitados. Ao mesmo tempo, os pais Hang, datado de 25 de Abril de 2017, e o respectivo Des- querem, o mais rápido possível, saber da situação da saúde pacho n.º 535/V/2017. dos seus filhos, através de análises e avaliações, e que sejam disponibilizadas aos seus filhos medidas adequadas de pre- DESPACHO N.º 535/V/2017 venção e tratamento. Pelo exposto, sugiro que o Governo melhore os procedimentos e critérios para a emissão de Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- receitas médicas, bem como os procedimentos relativos aos mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de cuidados de saúde prestados, e divulgue mais informações 25 de Abril de 2017, apresentado pela Deputada Kwan Tsui junto dos pais durante as consultas de prestação de cuida- Hang. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução dos de saúde aos bebés, com vista a dissipar-lhes as dúvidas. n.º 2/2004 (Processo de Interpelação sobre a Acção Gover- nativa), com a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e Para além disso, quanto à questão da venda ilegal de 3/2009, distribuo a todos os Senhores Deputados cópia do produtos receitados, o Governo deve averiguar melhor os requerimento acima referido. casos e aumentar a sensibilização junto da sociedade sobre as consequências graves destes actos, com vista a que não 4 de Maio de 2017. voltem a repetir-se e a disponibilizar mais confiança junto da população. O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng.

Nestes termos, interpelo o Governo sobre o seguinte: ------

1. O Governo referiu que o stock dos medicamentos (Tradução) existentes no Centro Hospitalar Conde de S. Januário e nos respectivos Centros de Saúde é suficiente para um trimes- Interpelação escrita tre, contudo, alguns pais referiram que há medicamentos e No início deste mês, cerca de 30 trabalhadores do Ins- tituto do Desporto enviaram uma carta-queixa aos órgãos 1 Diário de Macau, 22 de Abril de 2017, página A03: “Serviços de Saúde: a venda de medicamentos receitados incorre numa sanção de comunicação social, na qual revelam que, durante os úl- penal”. timos três anos, têm prestado trabalho extraordinário sem 2 Diário de Macau, 25 de Abril de 2017: “Serviços de Saúde: os contudo terem sido recompensados nos termos previstos na produtos receitados têm em conta as necessidades do bebé”. lei. Entretanto, o ID veio afirmar que os trabalhadores em 208 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 causa iam receber as devidas compensações nos termos do ganismo com competência para o tratamento independente Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de das queixas. Se assim é, as autoridades devem garantir que Macau. Este caso demonstra que o actual mecanismo de as divergências sejam resolvidas e que os serviços se sujei- tratamento de queixas dos funcionários públicos não conse- tem à conciliação, permitindo que os trabalhadores sintam gue surtir os efeitos desejados, portanto, quando os traba- que existe um mecanismo justo e confiável para salvaguarda lhadores são lesados nos seus direitos e interesses, só podem dos seus legítimos direitos e interesses. De que medidas dis- recorrer aos média para expressar o seu descontentamento. põem para o efeito?

Os funcionários públicos já há muito que esperam que 25 de Abril de 2017. o Governo crie uma comissão independente para tratamen- to das queixas, constituída por individualidades sociais e A Deputada à Assembleia Legislativa da Região Admi- representantes das associações de trabalhadores da função nistrativa Especial de Macau, Kwan Tsui Hang. pública, por forma a ser possível assegurar aos trabalhado- res um meio razoável para apresentação das suas queixas, ______evitando que sejam alvo de futuras retaliações. Para além disso, pode ainda contribuir para se, detectarem problemas nos serviços prestados pelas entidades públicas, aperfeiço- 27. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- ando-se assim a respectiva qualidade. ção governativa, apresentado pelo Deputado Leong Veng Chai, datado de 21 de Abril de 2017, e o respectivo Despa- Ao longo destes anos, as autoridades têm afirmado que cho n.º 536/V/2017. vão melhorar o mecanismo de tratamento das queixas dos funcionários públicos, e em meados de 2015, foi mesmo re- DESPACHO N.º 536/V/2017 alizada uma consulta, aos serviços públicos, seus trabalha- dores e respectivas associações, sobre a proposta de criação Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- do “Mecanismo de tratamento das queixas apresentadas mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 21 pelos trabalhadores dos serviços públicos”, na qual se suge- de Abril de 2017, apresentado pelo Deputado Leong Veng re a criação de uma comissão especializada, com vista a que Chai. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 todas as queixas sejam tratadas de forma justa e imparcial. (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, dis- Em Abril do ano passado, as autoridades frisaram que a tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública to acima referido. estava a elaborar a respectiva proposta de lei, e que estavam empenhadas no planeamento e implementação dos porme- 4 de Maio de 2017. nores dos trabalhos preparatórios, incluindo a preparação da formação destinada aos serviços públicos, elaboração de O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. instruções, do fluxograma do funcionamento e dos formu- lários para o tratamento das queixas, entre outras tarefas. ------Afirmaram ainda que, segundo as previsões, a legislação respectiva estaria concluída e poderia entrar em vigor no se- (Tradução) gundo semestre deste ano. No entanto, já se passou um ano e o referido mecanismo ainda não foi implementada, apesar Interpelação escrita de ser mencionado no relatório das LAG para este ano. O caso dos Estaleiros de Lai Chi Vun tem sido alvo de Assim sendo, interpelo o Governo sobre o seguinte: discussão entre a sociedade. Contudo, só depois de o Go- verno ter demolido dois estaleiros antigos é que o Instituto 1. Em que fase estão os trabalhos de criação do meca- Cultural (IC) iniciou o processo de classificação da referida nismo de tratamento de queixas dos funcionários públicos? zona como património cultural e solicitou opiniões junto Por que razão é que ainda não foi implementado? do Conselho do Património Cultural, que manifestou um reconhecimento consistente de que a referida zona tem va- 2. Na resposta a uma interpelação de um deputado, as lor histórico, cultural e paisagístico. Ao mesmo tempo em autoridades afirmam que a Comissão especializada desem- que a sociedade discute sobre a manutenção, demolição ou penha, essencialmente, um papel terceiro, e assegura as conservação destes estaleiros, há um barco feito nos Esta- funções de ponte para a comunicação entre os trabalhado- leiros de Lai Chi Vun que está abandonado, cheio de ervas res e os serviços, recorrendo à conciliação em caso de diver- daninhas e bloqueado, tendo-se tornado, assim, um “barco gências entre queixosos e destinatários das queixas ou ser- zombie” de Macau. viços. Isto quer dizer que, segundo a ideia das autoridades, a comissão especializada vai apenas desempenhar um papel Segundo alguns média, o barco de madeira de estilo ao nível da conciliação, não se tratando, portanto, de um or- ocidental, que se encontra actualmente colocado junto à N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 209

Torre de Macau, estava aberto ao público, no início da aber- que visa interpretar uma norma do Decreto-Lei supra men- tura da Torre de Macau, para efeitos de visita. No entanto, cionado relativa à reserva total da Ilha de Coloane. agora, esse barco está cheio de ervas daninhas e bloqueado. Conforme outras notícias, esse barco será substituldo breve- O Projecto de lei é, em tudo, semelhante aos projec- mente por uma nova instalação, mas ninguém sabe qual vai tos de lei apresentados pelo Deputado José Maria Pereira ser o futuro do mesmo. Importa salientar que nas oficinas Coutinho em 2013, 2015 e 2016, os quais foram admitidos navais na zona da Barra está exposto um veleiro pequenino, e votados na Assembleia Legislativa não tendo os mesmos com três mastros e de estilo cantonense, que foi feito sob merecido aprovação pelo Plenário, situação que não invali- a fiscalização do ex-responsável dos Estaleiros de Lai Chi daria, à primeira vista, que o Projecto fosse agora novamen- Vun, e esse veleiro esteve, também, exposto na Universida- te apresentado pelo Deputado e agendado para votação. de de Ciência e Tecnologia, com o objectivo de promover, junto de cidadãos e turistas, a cultura dos pescadores de Contudo, recentemente, a Mesa da Assembleia Legisla- Macau, o que foi bem recebido pela sociedade. tiva emitiu o “Parecer relativo à verificação do projecto de lei apresentado pelo Deputado Tong Io Cheng”, em que se Os Estaleiros de Lai Chi Vun são muito significativos pronunciou sobre o âmbito dos projectos de lei interpretati- para a história do desenvolvimento marítimo de Macau, e a vos e a necessidade da sua conformação com o artigo 75.º da indústria de construção naval é um tipo de artesanato que Lei Básica e com o artigo 105.º do Regimento. pode desaparecer com a evolução da sociedade, por isso, se não se proceder atempadamente à conservação das respec- Concretamente, a Mesa da Assembleia Legislativa to- tivas coisas, acredita-se que essas coisas significativas para a mou posição no que se refere à Lei de Terras, no sentido história cultural serão eliminadas com o avanço do tempo e de que a mesma visa implementar e reflectir a política do desaparecerão da história. Governo na gestão dos solos, bem como ser através desta lei que se formula a política do Chefe do Executivo em matéria Assim sendo, interpelo o Governo, solicitando que me de solos, pelo que a política refletida na Lei de Terras deve sejam dadas respostas, de uma forma clara, precisa, coeren- ser política do Governo. te, completa e em tempo útil, sobre o seguinte: Para além do mais, o Parecer da Mesa faz apelo ao co- 1. Olhando para os casos acima referidos, a classificação mando constante no artigo 7.º da Lei Básica, que atribui ao dos Estaleiros de Lai Chi Vun como património cultural, o Governo da RAEM a responsabilidade pela gestão, uso e barco de madeira de estilo ocidental, e o veleiro pequenino, com três mastros e de estilo cantonense, que está exposto desenvolvimento dos solos e dos recursos naturais na Re- nas oficinas navais, o Governo pode tentar perceber mais so- gião Administrativa Especial de Macau. bre o caso do referido barco de madeira de estilo ocidental, Ora, face ao conteúdo, em concreto, do Projecto de lei que está junto à Torre de Macau. Se se verificar que esse bar- em análise (a matéria das reservas é matéria inserida na Lei co foi feito pelos Estaleiros de Lai Chi Vun, então, podem o de terras), e face ao entendimento da Mesa vertido no “Pa- IC, a Direcção dos Serviços de Turismo ou outros serviços recer relativo à verificação do projecto de lei apresentado competentes comunicar com a parte da Torre de Macau, pelo Deputado Tong Io Cheng”, suscitam-se dúvidas sobre a para que haja uma discussão sobre a localização adequada conformidade do Projecto de lei com o artigo 105.º do Regi- (por exemplo, as oficinas navais ou as ruínas dos estaleiros mento. em Coloane) para esse barco, que é significativo para a his- tória cultural, com vista a conservar o património cultural e Acresce, ainda, que o Deputado José Maria Pereira a divulgar a todos a cultura dos estaleiros de Macau? Coutinho apresentou o mesmo Projecto de lei em 10 de 21 de Abril de 2017. Junho de 2016, ou seja, na 3.ª sessão legislativa. Contudo, razões de agenda determinaram que o mesmo não tivesse O Deputado à Assembleia Legislativa da RAEM, Leong podido subir a plenário até ao fim da 3.ª sessão legislativa, Veng Chai. tendo apenas sido votado em 21 de Novembro de 2016 (na presente sessão legislativa), o qual não foi aprovado. ______Nesta conformidade, face ao teor da alínea a) do n.º 1 do artigo 109.º do Regimento da Assembleia Legislativa, 28. Despacho n.º 537/V/2017, respeitante ao parecer que determina que não podem ser renovados na mesma da revisão do projecto de lei, apresentado pelo Deputado sessão legislativa os projectos de lei não aprovados ou de- José Maria Pereira Coutinho. finitivamente rejeitados, bem como à norma do n.º 2 deste mesmo artigo, que determina que as iniciativas legislativas DESPACHO N.º 537/V/2017 não votadas na sessão legislativa em que foram apresenta- das não carecem de ser renovadas nas sessões legislativas O Deputado José Pereira Coutinho apresentou, em 12 de seguintes, suscitam-se dúvidas sobre qual o critério a usar Abril de 2017, nesta Assembleia Legislativa, o Projecto de lei na aplicação desta norma regimental. Ou seja, se a renova- intitulado “Norma interpretativa do Decreto-Lei n.º 33/81/M”, ção da iniciativa se afere pela data da votação dos projectos 210 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 de lei em plenário, ou pela data da sua apresentação na As- ambientais e ecológicas, principalmente os jovens que com- sembleia Legislativa. preendem que o seu futuro tem a ver com a forma como protegemos agora as zonas verdes do “pulmão” de Macau. Face ao exposto, solicito à Comissão de Regimento e Mandatos que me dê o seu Parecer sobre as duas questões O Decreto-Lei n.º 33/81/M, de 19 de Setembro, ainda supra mencionadas até ao dia 30 de Junho de 2017, a saber: em vigor, estabeleceu a Ilha de Coloane como uma reserva ecológica com uma área total de 177 400,00 metros quadra- a) Se o projecto de lei está conforme ao exercício de ini- dos. Este espaço era inicialmente reservado para ser utili- ciativa previsto no artigo 105.º do Regimento; zado pelos Serviços Florestais e Agrícolas de Macau, tendo por objectivo o estudo científico de espécies botânicas, com b) Qual o critério a aplicar na renovação da iniciativa vista à preservação, diversificação e melhoria do povoamen- legislativa; se a apresentação das iniciativas legislativas na to florestal do território. Assembleia Legislativa, se a sua votação em Plenário. Posteriormente, o Decreto-Lei n.º 30/84/M, de 28 de 4 de Maio de 2017. Abril, também em vigor, veio ampliar a reserva total na Ilha de Coloane para uma área de cento e noventa e oito mil e O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. sessenta metros quadrados (198 060,00 m2) visando garan- Em anexo: tir uma maior estabilidade morfológica e assim melhor sa- tisfazer as razões de ordem científica, ecológica, paisagística — Projectos de lei intitulados “Norma interpretativa do e didácticas que justificaram a constituição desta reserva Decreto-Lei n.º 33/81/M” e respectivas Notas Justificativas, ecológica. apresentados pelo Deputado José Maria Pereira Coutinho Esta área de reserva total na Ilha de Coloane tem sido em 10 de Junho de 2016 e em 12 de Abril de 2017, respecti- entendida como o “pulmão verde” de Macau, onde é possí- vamente; vel à população deslocar-se para fazer passeios nos trilhos — Parecer da Mesa relativo à verificação do projecto de das suas zonas verdes, organizar piqueniques em família ao lei apresentado pelo Deputado Tong Io Cheng. fim-de-semana, conviver, e desfrutar das zonas verdes e dos trilhos. Mas a reserva total na Ilha de Coloane também é ------importante para procurar assegurar alguma qualidade do ar e oferecer um pouco de protecção às aves e outras espécies mo Ex. Senhor Dr. Ho Iat Seng selvagens que ainda subsistem em Macau.

M.I. Presidente da Assembleia Legislativa da RAEM A zona verde de Coloane é muito estimada e querida pela população de Macau, que não aceita passivamente que Ofício N.º 70/AL/2016 de 10.06.2016 se passe a construir sem quaisquer restrições ou regras nes- se espaço de reserva ecológica e ambiental. Na RAEM cada Nos termos do artigo 75.º da Lei Básica da Região Ad- vez mais o ambiente é muito importante para a qualidade ministrativa Especial de Macau e da alínea a) do artigo 1.º do de vida da população. Regimento desta Assembleia aprovado pela Resolução n.º 1/1999 e alterado pela Resolução n.º 1/2004, vem o signa- Numa simples auscultação pública realizada sobre esta tário apresentar em anexo ao presente ofício o projecto de lei questão, a esmagadora maioria da população manifestou- sobre Norma interpretativa do Decreto-Lei n.º 33/81/M. -se no sentido de que a Ilha de Coloane deve continuar a ser uma reserva ecológica e que se deve respeitar os espaços Assim, solicito os bons ofícios de V. Exa., para que seja verdes. Ainda recentemente, um grupo de jovens distribuiu o mesmo admitido nos termos do artigo 9.º do mencionado à entrada deste hemiciclo, um manifesto com preocupações Regimento. solicitando que esta Assembleia dedique uma maior aten- ção às questões da protecção ecológica e ambiental. Aos 10 de Junho de 2016. Nos últimos anos, temos ouvido com grande preocu- O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi- pação que para certas pessoas a reserva total da Ilha de nistrativa Especial de Macau, José Maria Pereira Coutinho. Coloane, que vigora desde os anos oitenta do século passa- do, supostamente agora é entendida como uma zona onde ------não é proibido construir na sua área de protecção. Tal é completamente absurdo, dado que esta reserva ecológica Nota Justificativa visa precisamente evitar que se destrua o ambiente, nome- (Norma interpretativa do Decreto-Lei n.º 33/81/M) adamente através de obras de construção civil ou outros desenvolvimentos descontrolados. Com a construção das Decorridos mais de 16 anos do estabelecimento da habitações públicas de Sek Pai Van, bem como de prédios Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) os privados nesse local, abriu-se um precedente para a abusiva residentes estão cada vez mais preocupados com questões construção nas zonas verdes na Ilha de Coloane, sendo que N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 211 se nada for feito dentro de poucos anos nada ou muito pou- Artigo 1.º co irá restar do “pulmão verde” de Macau. E a população Norma interpretativa irá ser rapidamente privada do pouco que resta da natureza. O Decreto-Lei n.º 33/81/M, de 19 de Setembro, alterado Urge por isso agir de imediato, e que cada um nós aqui pelo Decreto-Lei n.º 30/84/M, de 28 de Abril, ao estabele- neste hemiciclo assuma as suas responsabilidades no que diz cer uma área de cento e noventa e oito mil e sessenta metros respeito à protecção do ambiente, para que os nossos filhos quadrados (198 060,00 m2) como reserva total na Ilha de e netos possam continuar a usufruir dos espaços verdes na Coloane, por razões de ordem científica, ecológica, paisagís- Ilha de Coloane. Os serviços públicos não podem ser perme- tica e didácticas, deve ser interpretado como não sendo per- áveis a pressões ilegítimas do sector da construção civil, para mitido qualquer uso ou ocupação, salvo o que se refira à sua quem o interesse da população em manter a Ilha de Coloane conservação ou exploração para efeitos científicos ou outros como espaço verde é menos importante do que os lucros que fins de interesse público, não permitindo assim qualquer podem ganhar com a urbanização de Coloane. Os serviços tipo de construção ou outro tipo de uso desta área protegida públicos devem servir o interesse público e a população. que não se coadune com a protecção ambiental, ecológica e paisagística, nos termos impostos, nomeadamente, pelos Apresento, por isso, pela terceira vez, porque a minha artigos 12.º, 14.º, n.º 2, e 17.º da Lei de Terras, aprovada pela consciência assim a dita, este projecto de lei com a consci- Lei n.º 10/2013. ência de um dever cívico para com a protecção ambiental e para assegurar a qualidade de vida dos nossos filhos e netos. Apelo aos meus colegas Deputados que votem em consci- Artigo 2.º ência e ajudem a população a manter naIlha de Coloane os Entrada em vigor espaços verdes que ainda restam para usufruir. A presente lei entra em vigor no dia seguinte à sua pu- Deste modo, para evitar qualquer dúvida que possa blicação, produzindo efeitos desde a entrada em vigor do existir, ainda que pouco razoável, apresento este projecto Decreto-Lei n.º 33/81/M, de 19 de Setembro. de lei que mais não faz do que clarificar o sentido normal e claro da reserva total criada na Ilha de Coloane por via Aprovada em de de 2016. do Decreto-Lei n.º 33/81/M, de 19 de Setembro, e ampliada pelo Decreto-Lei n.º 30/84/M, de 28 de Abril. A Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng.

Assinada em de de 2016. Na realidade, se houvesse elementar bom senso na aplicação deste regime jurídico seria totalmente evidente Publique-se. que uma reserva ecológica visa assegurar uma área de pro- tecção ambiental, sem que se possa construir seja o que for O Chefe do Executivo, Chui Sai On. nesses espaços verdes. ------Trata-se de um projecto de lei que não introduz nova re- (Tradução) gulação legal, mas apenas visa clarificar o sentido já vigente dos normativos previstos no Decreto-Lei n.º 33/81/M, de 19 Ex.mo Senhor Dr. Ho Iat Seng de Setembro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 30/84/M, de 28 M.I. Presidente da Assembleia Legislativa da RAEM de Abril.

Ofício N.º 40/AL/2017 de 12.04.2017 Aos 10 de Junho de 2016. Nos termos do artigo 75.º da Lei Básica da Região Ad- O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi- ministrativa Especial de Macau e da alínea a) do artigo 1.º José Maria Pereira Coutinho. nistrativa Especial de Macau, do Regimento desta Assembleia aprovado pela Resolução n.º 1/1999 e alterado pela Resolução n.º 1/2004, vem o signa------tário apresentar em anexo ao presente ofício o projecto de lei sobre Norma interpretativa do Decreto-Lei n.º 33/81/M. REGIÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL DE MACAU Assim, solicito os bons ofícios de V.Ex.ª , para que seja Lei n.º /2016 o mesmo admitido nos termos do artigo 9.º do mencionado Regimento. Norma interpretativa do Decreto-Lei n.º 33/81/M Aos 12 de Abril de 2017. A Assembleia Legislativa decreta, nos termos da alínea 1) do artigo 71.º da Lei Básica da Região Administrativa O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi- Especial de Macau, para valer como lei, o seguinte: nistrativa Especial de Macau, José Maria Pereira Coutinho. 212 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Nota Justificativa desenvolvimentos descontrolados. Com a construção das habitações públicas de Sek Pai Van, bem como de prédios (Norma interpretativa do Decreto-Lei n.º 33/81/M) privados nesse local, abriu-se um precedente para a abusiva

construção nas zonas verdes na Ilha de Coloane, sendo que Decorridos mais de 17 anos do estabelecimento da se nada for feito dentro de poucos anos nada ou muito pou- Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) os co irá restar do “pulmão verde” de Macau. E a população residentes estão cada vez mais preocupados com questões irá ser rapidamente privada do pouco que resta da natureza. ambientais e ecológicas, principalmente os jovens que com- preendem que o seu futuro tem a ver com a forma como Urge por isso agir de imediato, e que cada um nós aqui protegemos agora as zonas verdes do “pulmão” de Macau. neste hemiciclo assuma as suas responsabilidades no que diz respeito à protecção do ambiente, para que os nossos filhos O Decreto-Lei n.º 33/81/M, de 19 de Setembro, que e netos possam continuar a usufruir dos espaços verdes na continua ainda em vigor, não obstante a aprovação da nova Ilha de Coloane. Os serviços públicos não podem ser perme- “Lei de Terras” que estabeleceu na Ilha de Coloane uma áveis a pressões ilegítimas do sector da construção civil, para reserva ecológica com uma área total de 177 400,00 metros quem o interesse da população em manter a Ilha de Coloane quadrados. Este espaço era inicialmente reservado para ser como espaço verde é menos importante do que os lucros que utilizado pelos Serviços Florestais e Agrícolas de Macau, podem ganhar com a urbanização de Coloane. Os serviços tendo por objectivo o estudo científico de espécies botâni- públicos devem servir o interesse público e a população. cas, com vista à preservação, diversificação e melhoria do povoamento florestal do território. Apresento, por isso, pela quarta vez, porque a minha consciência assim a dita, este projecto de lei com a consci- Posteriormente, o Decreto-Lei n.º 30/84/M, de 28 de ência de um dever cívico para com a protecção ambiental e Abril, também ainda em vigor, veio ampliar a reserva total para assegurar a qualidade de vida dos nossos filhos e netos. na Ilha de Coloane para uma área de cento e noventa e oito Apelo aos meus colegas Deputados que votem em consci- mil e sessenta metros quàdrados (198 060,00 m2) visando ência e ajudem a população a manter na Ilha de Coloane os garantir uma maior estabilidade morfológica e assim me- espaços verdes que ainda restam para usufruir. lhor satisfazer as razões de ordem científica, ecológica, pai- sagística e didácticas que justificaram a constituição desta Deste modo, para evitar qualquer dúvida que possa reserva ecológica. existir, ainda que pouco razoável, apresento este projecto de lei que mais não faz do que clarificar o sentido normal Esta área de reserva total na Ilha de Coloane tem sido e claro da reserva total criada na Ilha de Coloane por via entendida como o “pulmão verde” de Macau, onde é possí- do Decreto-Lei n.º 33/81/M, de 19 de Setembro, e ampliada vel à população deslocar-se para fazer passeios nos trilhos pelo Decreto-Lei n.º 30/84/M, de 28 de Abril. das suas zonas verdes, organizar piqueniques em família ao fim-de-semana, conviver, e desfrutar das zonas verdes e dos Na realidade, se houvesse elementar bom senso na trilhos. Mas a reserva total na Ilha de Coloane também é aplicação deste regime jurídico seria totalmente evidente importante para procurar assegurar alguma qualidade do ar que uma reserva ecológica visa assegurar uma área de pro- e oferecer um pouco de protecção às aves e outras espécies tecção ambiental, sem que se possa construir seja o que for selvagens que ainda subsistem em Macau. nesses espaços verdes.

A zona verde de Coloane é muito estimada e querida Trata-se de um projecto de lei que não introduz nova regu- pela população de Macau, que não aceita passivamente que lação legal, mas apenas visa clarificar o sentido já vigente dos se passe a construir sem quaisquer restrições ou regras nes- normativos previstos no Decreto-Lei n.º 33/81/M, de 19 de Se- se espaço de reserva ecológica e ambiental. Na RAEM cada tembro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 30/84/M, de 28 de Abril. vez mais o ambiente é muito importante para a qualidade Aos 12 de Abril de 2017. de vida da população. O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi- Nas simples auscultações públicas, a esmagadora maio- nistrativa Especial de Macau, José Maria Pereira Coutinho. ria da população manifestou-se no sentido de que a Ilha de Coloane deve continuar a ser uma reserva ecológica e que ------se deve respeitar os espaços verdes. REGIÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL DE MACAU Nos últimos anos, temos ouvido com grande preocu- pação que para certas pessoas a reserva total da Ilha de Lei n.º /2017 Coloane, que vigora desde os anos oitenta do século passa- do, supostamente agora é entendida como uma zona onde Norma interpretativa do Decreto-Lei n.º 33/81/M não é proibido construir na sua área de protecção. Tal é completamente absurdo, dado que esta reserva ecológica A Assembleia Legislativa decreta, nos termos da alínea visa precisamente evitar que se destrua o ambiente, nome- 1) do artigo 71.º da Lei Básica da Região Administrativa adamente através de obras de construção civil ou outros Especial de Macau, para valer como lei, o seguinte: N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 213

Artigo 1.º Assim, exercendo as competências previstas na alínea f) do artigo 17.º do Regimento, a Mesa reuniu-se nos dias 14 Norma interpretativa de Julho de 2016 e 28 de Março de 2017 para a discussão do

assunto em causa e emissão do presente parecer. O Decreto-Lei n.º 33/81/M, de 19 de Setembro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 30/84/M, de 28 de Abril, ao estabele- A fim de facilitar a leitura, o presente parecer está or- cer uma área de cento e noventa e oito mil e sessenta metros ganizado sob a seguinte estrutura: quadrados (198 060,00 m2) como reserva total na Ilha de Coloane, por razões de ordem científica, ecológica, paisagís- Introdução tica e didácticas, deve ser interpretado como não sendo per- I. Teor dos projectos de lei e de deliberação II. Procedi- mitido qualquer uso ou ocupação, salvo o que se refira à sua mento de verificação preliminar conservação ou exploração para efeitos científicos ou outros fins de interesse público, não permitindo assim qualquer (1) Objecto do procedimento de verificação preliminar tipo de construção ou outro tipo de uso desta área protegida que não se coadune com a protecção ambiental, ecológica (2) Base constitucional do procedimento de verificação e paisagística, nos termos impostos, nomeadamente, pelos preliminar artigos 12.º, 14.º, n.º 2, e 17.º da Lei de Terras, aprovada pela (3) Pensamento legislativo dos artigos 104.º e 105.º Lei n.º 10/2013. (4) Proceder à verificação preliminar do projecto de lei Artigo 2.º em causa nos termos do Regimento Entrada em vigor III. Lei interpretativa

IV. Intenção legislativa da nova Lei de terras A presente lei entra em vigor no dia seguinte à sua pu- blicação, produzindo efeitos desde a entrada em vigor do (1) Porque é que é preciso verificar e confirmar a inten- Decreto-Lei n.º 33/81/M, de 19 de Setembro. ção legislativa da nova Lei de terras?

Aprovada em de de 2017. (2) Como é que se pode verificar e confirmar a intenção legislativa da nova Lei de terras? A Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. (3) Verificar a intenção legislativa a partir do texto e da Assinada em de de 2017. letra (4) Verificar a intenção legislativa a partir da lógica do Publique-se. sistema

O Chefe do Executivo, Chui Sai On. (5) Verificar a intenção legislativa a partir do processo ------legislativo

(Tradução) (6) Verificar a intenção legislativa a partir do processo de aplicação da lei Parecer relativo à verificação do projecto de lei (7) Breve conclusão apresentado pelo Deputado Tong Io Cheng V. Política do Governo Introdução (1) Introdução

Em 28 de Junho de 2016, o Deputado Tong Io Cheng (2) Prática legislativa pertinente em Macau apresentou ao Presidente da Assembleia Legislativa (AL) o projecto de lei intitulado “Norma interpretativa do n.º 5 do (3) Normas e prática legislativa pertinentes em Hong artigo 104.º da Lei n.º 10/2013” e o projecto de deliberação Kong do Plenário para a adopção do processo de urgência rela- (4) Entendimento da expressão “atinente à política do tivamente ao referido projecto de lei. De seguida, os supra Governo” citados projectos de lei e de deliberação foram distribuídos à Mesa, pelo Presidente da AL, para efeitos de emissão (5) A iniciativa ,legislativa em apreço é ou não é “ati- de parecer sobre a sua conformidade com o Regimento da nente à política do Governo” AL1, doravante designado por Regimento. VI. Processo de urgência

VII. Forma de iniciativa 1 Aprovado pela Resolução da AL n.º 1/1999, e alterado sucessi- vamente pelas Resoluções n.os 1/2004, 2/2009, 1/2013 e 1/2015. VIII. Conclusão 214 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

I. Teor dos projectos de lei e de deliberação Nota Justificativa

(1) Segue-se a transcrição integral do projecto de lei, “Norma interpretativa do n.º 5 do artigo 104.º da Lei apresentado pelo Deputado Tong Io Cheng, e da respectiva n.º 10/2013” Nota Justificativa: (projecto de lei)

REGIÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL DE MACAU • Com a entrada em vigor da nova Lei de terras, foram diversos os terrenos cujas concessões foram objecto de Lei n.º /2016 declaração de caducidade por serem ainda provisórias no termo do respectivo prazo. Mais concessões de terrenos vão (projecto de lei) enfrentar a situação de caducidade em breve, de modo que os investidores que investiram nos terrenos, as instituições Norma interpretativa do n.º 5 do artigo 104.º da financeiras, terceiros de boa-fé e credores se vêem coloca- Lei n.º 10/2013 dos numa situação de impasse.

A Assembleia Legislativa decreta, nos termos da alínea • Em alguns dos casos em que foi declarada a caduci- 1) do artigo 71.º da Lei Básica da Região Administrativa dade do direito de concessão por arrendamento foi ape- Especial de Macau, para valer como lei, o seguinte: nas invocado o decurso do prazo de concessão de 25 anos previsto na Lei de Terras e que o referido terreno não fora aproveitado; o titular do cargo responsável pela área das Artigo 1.º Obras Públicas manifestou por diversas vezes que, com o Objecto decurso do prazo de concessão de 25 anos, a concessão deve ser declarada caducada e o terreno concedido devolvido ao A presente lei procede à interpretação do n.º 5 do artigo Governo. 104.º da Lei n.º 10/2013. • Por outro lado, os respectivos concessionários referi- ram que ao longo dos anos têm apresentado diversos reque- Artigo 2.º rimentos para o desenvolvimento dos terrenos, sem que te- Norma interpretativa nham obtido qualquer resposta da parte da Administração, razão pela qual muitas situações são da responsabilidade da Interpretado em harmonia com o disposto nos números 1 Administração (por exemplo, a não conclusão do planea- e 3 do art. 8.º do Código Civil e com o disposto no n.º 2 do art. mento urbanístico, protecção do património cultural, entre 9.º do mesmo Código, o n.º 5 do art. 104.º da Lei n.º 10/2013 es- outros). tabelece que, a requerimento do concessionário, o prazo de aproveitamento do terreno e, bem assim, da respectiva con- • De acordo com relatos de jornais locais, e bem assim cessão, pode ser suspenso ou prorrogado por autorização do nas palavras do próprio, que se reproduzem de seguida, Sua Chefe do Executivo, sempre que haja motivo não imputável Excelência o Chefe do Executivo confirmou na Assembleia ao concessionário e que tal motivo seja, no entender do Legislativa as afirmações dos concessionários envolvidos: Chefe do Executivo, justificativo. “A respeito do problema de 14 terrenos não aproveita- dos sitos na zona C e D do Lago Nam Van”, Chui Sai On es- Artigo 3.º clareceu que os aludidos terrenos foram objectos de análise em 2011 e foram classificados como casos não imputáveis Entrada em vigor aos concessionários. As razões pelas quais não foram con- siderados terrenos a resgatar prendem-se com a conclusão A presente lei entra em vigor no dia seguinte à sua pu- da aprovação do projecto, revisão do contrato de concessão blicação, produzindo efeitos desde a entrada em vigor da em curso, planeamento urbanístico, acções judiciais, etc. Lei n.º 10/2013. Chui Sai On relembrou que tendo em vista a protecção do património mundial, foi concedido um tratamento especial Aprovada em de de 2016. aos referidos terrenos. Segundo as exigências impostas pela O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. UNESCO e as necessidades locais, na altura, os serviços li- gados à área de Obras Públicas não puderam emitir plantas Assinada em de de 2016. de alinhamento oficial e licenças de construção, ainda que os promotores imobiliários tivessem solicitado insistente- Publique-se. mente a emissão das mesmas. Deste modo, o não aprovei- tamento não se deve ao facto de o concessionário não ter a O Chefe do Executivo, Chui Sai On. vontade de o desenvolver, mas antes ao facto de o Gover- N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 215 no dever proteger o património cultural classificado pela • Ao mesmo tempo, a declaração dirigida ao público Unesco. O Governo deve assegurar que o valor patrimonial por Sua Excelência o Chefe Executivo, enquanto represen- da zona histórica de Macau permanece em Macau e não é tante da RAEM e do Governo, é séria, e deve ser imple- afectado. Para o efeito, o Governo da RAEM deve dar prio- mentada com a colaboração dos diversos departamentos ridade à protecção do património cultural em detrimento governamentais. dos planos de construção (publicado no Jornal do Cidadão em 19 de Novembro de 2015); • Efectivamente, de acordo com divulgação feita na imprensa, ao longo dos anos o Governo tem estado a orga- “Chui Sai On reiterou que iria empenhar-se nos ter- nizar os diversos departamentos para estudar o assunto e renos devolvidos após o processo judicial, dentro do seu encontrar as melhores soluções. mandato, necessitando de aguardar a decisão do Tribunal. O não aproveitamento dos terrenos concedidos no Vale das • Depois da eclosão da situação da devolução dos terre- Borboletas deve-se aos problemas urbanísticos do passado. nos, na sociedade há quem proponha que o Governo possa Deve estudar-se com pormenor se o motivo do não aprovei- conceder novamente o terreno com base na cláusula do tamento é razoável. O Secretário para as Obras Públicas e interesse público. Porém, responsáveis nas áreas da Admi- Transportes já divulgou na Internet a situação de 65 terre- nistração e Justiça, Órgãos judiciais, CCAC, após estudo nos. Os outros terrenos devem ser tratados nos termos da detalhado, consideram que esta solução não tem qualquer Lei de terras” (publicado no Jornal do Cidadão em 19 de base legal. Novembro de 2015); • Com efeito, a resposta está contida na Lei de terras, “... O Governo da RAEM considera que após a entrada no parecer da Assembleia Legislativa sobre a proposta re- em vigor de qualquer uma das leis promulgadas, o regime lativa à Lei de terras, bem como nas condutas dos órgãos jurídico elaborado deve ser posto em prática para ser escru- executivo e legislativo. tinado. Quando se verifique que a lei não corresponde à re- alidade social, de forma a garantir uma estabilidade relativa • Com a interpretação adequada das normas, as partes do regime jurídico, deve a mesma ser aperfeiçoada de acor- podem sair deste impasse. do com os procedimentos legislativos... acrescentou ainda que alguns deputados mencionaram que em alguns casos a • No sistema jurídico de Macau, à semelhança de siste- responsabilidade pode ser imputada ao Governo, por razões mas similares, a utilização das normas interpretativas para de interesse público, alteração do planeamento urbanístico, interpretar as normas legais promulgadas não é rara, dado protecção do património cultural, etc. O Governo está a que a diferença entre a expressão e recepção de determina- proceder a uma análise interna no sentido de apurar quais do sentido na linguagem só se verifica com a sua utilização. são os terrenos cujo não desenvolvimento é da responsabi- lidade do Governo. O Governo deve assumir as respectivas • Sem dúvida que a Lei de terras foi aprovada por responsabilidades. Também o estudo pormenorizado da unanimidade, por todos os deputados na Assembleia Le- Lei de terras está incluído nas linhas de acção governati- gislativa, em 2013. A lei representa os valores da corrente va do Governo. Lembro-me que no artigo 55.º ou artigo principal da sociedade e é também resultado de manifes- 56.º da Lei de Terras existe procedimento cujo objectivo é tações políticas solenes dos deputados, o que representa a averiguar se a responsabilidade é imputável ao Governo, autoridade do Direito. devendo este expor os motivos pelos quais não autorizou o desenvolvimento ou não emitiu a planta de alinhamento ofi- • A proposta ora apresentada não visa contrariar ou es- cial ou ainda porque não aprovou o projecto de construção. capar da autoridade do Direito, mas antes exprime com cla- Estamos a seguir cada procedimento previsto na nova Lei reza as regras de conduta contidas e regulamentadas na Lei de terras para realizar o trabalho (em 22 de Abril de 2016, de terras e normas conexas, os quais perfazem em conjunto na Assembleia Legislativa de Macau).” os efeitos normativos.

• Os concessionários pagaram os prémios ou adquiri- Isto não significa a modificação ou o abandono dos ram os direitos resultantes do terreno por via legal. Esses princípios, pensamento e regulamentação estabelecidos na direitos são bens dos cidadãos. Lei de Terras em 2013.

• Há inúmeros terrenos ou conjuntos de terrenos situ- • De acordo com o parecer da 1.ª Comissão Permanen- ados na mesma zona cujo não aproveitamento se deve ao te, na apreciação especial das disposições da Lei de terras, planeamento do Governo ou à protecção do património cul- no decurso do debate entre os deputados, nunca se suscitou tural, não havendo da parte dos concessionários qualquer a ideia de expropriação dos terrenos cujo não aproveitamen- responsabilidade. A devolução dos terrenos concedidos to não seja imputável aos concessionários. Pelo contrário, pelo Governo é injusta, estando até em conflito directo com pode ler-se na página 124 do parecer n.º 3/IV/2013 da 1.ª os princípios e valores fundamentais do todo o regime jurí- Comissão Permanente que “Um deputado apontou que, na dico e repercutido no patamar superior das normas. prática, existem terrenos desaproveitados em relação aos 216 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 quais o Governo autorizou um prazo de perdão de 30 a 48 tais do Direito; todavia, se se pretender uma interpretação ra- meses para conclusão do respectivo plano de construção. zoável, a letra da lei parece não corresponder ao pensamento No caso de o concessionário não conseguir concluir as obras legislativo. Os aplicadores de direito facilmente caem num de construção no prazo concedido e disso não tiver culpa, dilema. O impasse causado pela Lei de terras é um problema como é que a situação deve ser tratada? Será tratada através resultante da dificuldade na interpretação da lei. das disposições transitórias?” “Segundo os esclarecimentos do proponente, este não vai legislar sobre casos concretos • O n.º 5 do art. 104.º da Lei de terras (Lei n.º 10/2013) do passado, e embora o prazo de concessão por arrenda- dispõe: “a requerimento do concessionário, o prazo de apro- mento seja fixado em 25 anos, o prazo de aproveitamento é veitamento do terreno pode ser suspenso ou prorrogado por normalmente de 2 a 6 anos. Tendo em conta o princípio do autorização do Chefe do Executivo, por motivo não imputá- aproveitamento rigoroso dos terrenos, não devem surgir si- vel ao concessionário e que o Chefe do Executivo considere tuações como a acima referida. Tendo ainda igualmente em justificativo”. conta este princípio, não é adequado estabelecer que haja lugar a renovação no caso de atrasos no aproveitamento de • O parecer n.º 3/1V/2013 da 1.ª Comissão Permanente terrenos, não se excluindo, no entanto, os casos concretos da Assembleia Legislativa também menciona que “Na ver- que correspondam a outras disposições previstas na propos- são final, estipula-se que “a requerimento do concessioná- ta de lei e que possam ser tratados de forma excepcional.” rio, o prazo de aproveitamento do terreno pode ser suspen- so ou prorrogado por autorização do Chefe do Executivo, • Tal como exposto, desde o ano de 2010, o departa- por motivo não imputável ao concessionário e que o Chefe mento governamental competente para tratar do problema do Executivo considere justificativo”. Segundo os esclareci- dos terrenos começou a procurar os critérios para distinguir mentos do proponente, não é possível elencar exemplos de os terrenos cujo não aproveitamento é imputável ou não ao todas as situações, e o poder discricionário visa verificar se concessionário, e elaborou relatórios, identificando os que existe ou não dolo ou culpa do concessionário para o facto são e os que não são imputáveis aos concessionários. O re- do aproveitamento não se concretizar no prazo fixado. Se ferido departamento não se manifestou no sentido de que a inobservância do prazo se dever a factores exteriores, a deve ser devolvido o terreno cuja falta de aproveitamento factores que não podem ser controlados, e por motivo não não é imputável ao concessionário. imputável e considerado justificativo, parece que exigir ao • De acordo com a atitude clara de Sua Excelência o concessionário a assunção das consequências da devolução Chefe do Executivo, o Governo afirma que a falta de apro- do terreno afecta o princípio da boa-fé. Nesta situação, o veitamento de alguns dos terrenos não é imputável aos con- Chefe do Executivo pode autorizar a suspensão ou a prorro- cessionários, e procura soluções de forma activa, pelo que gação do prazo de aproveitamento do terreno. não é possível expropriar os terrenos cujo não desenvolvi- mento não seja imputável ao concessionário. • No referido número, ponderar se é imputável ao concessionário é condição essencial para aquilatar se este • No entanto, após a entrada em vigor da Lei de terras, deve assumir consequências negativas. A finalidade é que, surgiram opiniões de que com o decurso do prazo de con- quando o terreno não for aproveitado dentro do prazo de cessão de 25 anos, o terreno deve ser devolvido “nos termos aproveitamento e o facto não for imputável ao concessioná- da lei”, independentemente de a responsabilidade ser ou rio, não deve ter consequências negativas. A exigência da não imputável aos concessionários. Esta opinião foi posta assunção da consequência da devolução do terreno parece em prática com rapidez. violar o princípio da boa-fé. Tal finalidade também se reper- cute na alínea 3) do artigo 215.º Com o decurso do prazo de • O Governo deve implementar a lei, e não deixa espa- aproveitamento, quando a falta de aproveitamento do terre- ço para escapar à execução da mesma. no resulte da culpa do concessionário, deve ser declarada a caducidade nos termos do n.º 3 do artigo 104.º e artigo 166.º • O problema é que o Governo não manifestou a inten- ção de expropriar os terrenos cuja falta de aproveitamento • O problema é que, quando interpretado literalmente não é imputável ao concessionário; os deputados que apro- o n.º 5 do artigo 104.º da Lei de terras, o resultado é ilógico varam o projecto também não manifestaram a intenção e contrário à lei. de resgatar os terrenos cujo não aproveitamento não é im- putável ao concessionário. No final, como é que se explica que tenha surgido a iniciativa de declarar a caducidade das • Porque é que, por motivo não imputável ao conces- concessões cuja falta de aproveitamento não é imputável ao sionárlo e que o Chefe do Executivo considere justificativo, concessionário? este pode autorizar a suspensão do prazo de aproveitamen- to, mas o prazo de concessão não se suspende? Porque é que • Trata-se de um problema de interpretação da lei. em caso do termo do prazo de concessão por arrendamento, ainda que o prazo de aproveitamento esteja suspenso, o • Muitas vezes, a interpretação literal da lei pode condu- concessionáno deve ainda assumir a consequência da devo- zir a um resultado ilógico ou contrário aos valores fundamen- lução do terreno? N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 217

• Além disso, por força do princípio da legalidade e do (2) Segue-se a transcrição integral do projecto de deli- princípio da boa-fé previstos no Código do Procedimento beração do plenário, apresentado pelo Deputado Tong Io Administrativo, “os órgãos da Administração Pública de- Cheng, e da carta que dirigiu ao Presidente da AL: vem actuar em obediência à lei e ao direito, dentro dos li- mites dos poderes que lhes estejam atribuídos e em confor- midade com os fins para que os mesmos poderes lhes forem Deliberação n.º /2016/Plenário conferidos.” (Projecto de deliberação) • Caso se interprete a Lei em sentido meramente lite- ral, o resultado pode ser absurdo, ou seja, a Administração A Assembleia Legislativa delibera, nos termos e para concedeu ao concesslonário o terreno, impede-o de o apro- os efeitos do disposto nos artigos 155.º a 157.º do seu Regi- veitar desde o primeiro dia até ao fim do prazo da conces- mento, o seguinte: são e no final é declarada a caducidade e o terreno deve ser devolvido. Artigo 1.º

• De acordo com o parecer acima referido e a atitude É adoptado, a pedido do Deputado à Assembleia Legis- da Administração e dos deputados ao longo dos anos, tal lativa Tong Io Cheng, o processo de urgência relativamente resultado não pode reflectir a intenção do legislador quanto ao projecto de lei intitulado “Norma interpretativa do n.º 5 à ratio deste artigo, e viola as normas jurídicas de nível su- do artigo 104.º da Lei n.º 10/2013”. perior.

• Face ao exposto, a suspensão do prazo de aproveitamen- Artigo 2.º to não acompanhado da suspensão do respectivo prazo de arrendamento não exprime a intenção do referido número. O processo de urgência adoptado nos termos do artigo anterior consubstancia-se no seguinte: • Assim, conjugando com as regras de interpretação, o n.º 5 do artigo 104.º da Lei de terras deve ser interpretado a) Dispensa de exame na especialidade em comissão; no sentido de que a requerimento do concessionário, o pra- zo de aproveitamento do terreno, bem assim, da respectiva b) Inclusão na ordem do dia da presente reunião plená- concessão, pode ser suspenso ou prorrogado por autoriza- ria da discussão e votação na especialidade do projecto de ção do Chefe do Executivo, sempre que haja motivo não im- lei intitulado “Norma interpretativa do n.º 5 do artigo 104.º putável ao concessionário e que tal motivo seja, no entender da Lei n.º 10/2013”; do Chefe do Executivo, justificativo. c) Dispensa de envio à comissão competente para re- • Em princípio, a interpretação da lei não deve ser feita dacção final. através da proposta na Assembleia Legislativa. Porém, aten- tos a duração do tempo do acontecimento, os diferendos Artigo 3.º entre o Governo e Entidades que manifestaram as opiniões, as graves consequências políticas, económicas e jurídicas, e A presente deliberação entra em vigor imediatamente. ponderados os conflitos entre as disposições legais e valo- res, a melhor solução é conferir ao órgão legislativo poder Aprovada em de de 2016. para interpretar a Lei. O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. • Como exerço a profissão na área jurídica há mais de 10 anos, a consciência ditada pela ética profissional e pelas Para: Presidente da Assembleia Legislativa da RAEM, responsabilidades sociais não me deixa tolerar o surgimento Dr. Ho Iat Seng desse resultado absurdo. Como deputado, o meu dever fun- cional não me permite deixar a ocorrência desse resultado Assunto: Pedido de adopção do processo de urgência absurdo e nada fazer. para apreciação de projecto de lei.

mo • Reafirmo, mais uma vez, que o presente projecto de Ex. Senhor Presidente da Assembleia Legislativa da lei não introduz uma regra nova, não altera o disposto na lei RAEM, em vigor, sendo apenas uma interpretação e um esclareci- mento sobre o disposto na lei em vigor. Eu, Tong Io Cheng, venho, ao abrigo do Regimento da Assembleia Legislativa da RAEM (aprovado pela Resolu- 28 de Junho de 2016. ção n.º 1/1999, com as alterações introduzidas pela Resolu- ção n.º 1/2004, Resolução n.º 2/2009, Resolução n.º 1/2013 e O Deputado à Assembleia Legislativa da RAEM, Tong Resolução n.º 1/2015), nomeadamente das alínea a) e c) do Io Cheng. seu artigo 1.º, apresentar o projecto de lei intitulado “Norma 218 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 interpretativa do n.º 5 do artigo 104.º da Lei n.º 10/2013” (2) Base constitucional do procedimento de verificação (acompanhado da respectiva nota justificativa e dum projec- preliminar to de deliberação, vide anexo), em relação ao qual solicito, ainda, que seja deliberada em Plenário a adopção de pro- Efectivamente, os supramencionados artigos 104.º e cesso de urgência. 105.º do Regimento são a concretização do artigo 75.º da Lei Básica da Região Administrativa Especial de Macau da Peço deferimento, República Popular da China, doravante designada por Lei Básica, portanto, a função essencial deste procedimento é 28 de Junho de 2016. verificar se o exercício da iniciativa legislativa por parte dos deputados viola o artigo 75.º da Lei Básica, isto é: O Deputado à Assembleia Legislativa da RAEM, Tong Io Cheng. “Os deputados à Assembleia Legislativa da Região Ad- ministrativa Especial de Macau apresentam projectos de lei II, Procedimento de verificação preliminar e de resolução nos termos desta Lei e de acordo com os pro- cedimentos legais. Os projectos de lei e de resolução que não (1) Objecto do procedimento de verificação preliminar envolvam receitas e despesas públicas, a estrutura política ou o funcionamento do Governo, podem ser apresentados, Nos termos do disposto na alínea c) do artigo 9.º do individual ou conjuntamente, por deputados à Assembleia Regimento, compete ao Presidente da AL proceder à ve- Legislativa. A apresentação de projectos de lei e de resolu- rificação preliminar, portanto, depois do recebimento dos ção que envolvam a política do Governo deve obter prévio supracitados projectos de lei e de deliberação, o Presidente consentimento escrito do Chefe do Executivo.” da AL deve proceder à verificação preliminar dos mesmos, Trata-se de um procedimento inicial para determinar se o Do ponto de vista do Professor Xiao Weiyun, o legis- projecto de lei pode entrar noutra etapa, ou seja, se o mes- lador da Lei Básica consagrou o artigo 75.º por pretender, mo pode ser submetido ao Plenário para efeitos de discus- assim, manter uma distribuição razoável de tarefas entre são e votação na generalidade. os órgãos executivo e legislativo, e também no sentido de contribuir para a articulação entre ambos. Segundo o aca- A verificação preliminar do Presidente da AL tem por démico, “porque é que os deputados não podem apresentar fundamento os artigos 101.º e seguintes do Regimento, se- iniciativas legislativas que incidam sobre as despesas pú- gundo os quais, o poder de verificação do Presidente incide blicas, a estrutura política ou o funcionamento do Gover- sobre dois aspectos - o poder de iniciativa legislativa e a for- no? Quanto às despesas públicas, aquando do exame e da ma de iniciativa e respectivas formalidades. Dito por outras aprovação da proposta de lei do orçamento, os deputados palavras, no procedimento de verificação preliminar, não se já manifestam as suas opiniões, a AL já procede à devida vai tecer qualquer juízo de valor sobre o conteúdo substan- deliberação, e o Governo põe em execução o orçamento cial da iniciativa. aprovado pela AL, não podendo, por isso, os deputados, apresentar iniciativas legislativas acerca das despesas públi- Quando o poder de iniciativa legislativa for exercido pe- cas. No que toca à estrutura política, trata-se de uma ma- los deputados, a verificação incide sobre as seguintes ques- téria importante que está consagrada na Lei Básica, cujos tões: primeiro, sobre o poder de iniciativa do proponente, princípios e modelo foram progressivamente formulados para verificar se a iniciativa exercida está fora do âmbito do e definidos no decurso da elaboração da Lei Básica, pelo poder dos deputados, isto é, se a mesma recai no âmbito do que não podem os deputados voltar a apresentar projectos poder de iniciativa exclusiva do Governo2; segundo, se a ini- de lei relacionados com esta matéria, com vista à alteração ciativa exercida pelo proponente é condicionada. Em con- constante da estrutura política já consagrada pela Lei Bá- creto, é necessário verificar se a iniciativa apresentada pelos sica. O funcionamento do Governo, por sua vez, consiste deputados cai no âmbito da iniciativa condicionada, em que meramente nos métodos de gestão quotidiana do Governo, o respectivo exercício, por envolver a política do Governo, e implica várias questões específicas e relacionadas com a depende de autorização escrita e prévia do Chefe do Execu- alta tecnologia, as quais só a própria Administração bem tivo3. conhece, portanto, não é adequado que sejam os deputados a apresentar iniciativas dessas, devendo os serviços compe- tentes do Governo pronunciar-se sobre o assunto. Quanto 2 Artigo 104.º (Reserva de iniciativa) do Regimento: à necessidade da obtenção de autorização escrita do Chefe É reservada em exclusivo ao Governo da RAEM a iniciativa da lei do Executivo em caso do exercício da iniciativa em maté- nas seguintes matérias: rias atinentes à política do Governo, isto justifica-se com a a) Lei Eleitoral da Assembleia Legislativa; b) Receitas e despesas públicas; distribuição razoável de tarefas entre os órgãos executivo e c) Estrutura política; legislativo e pode ainda contribuir para a articulação entre d) Funcionamento do Governo. ambos: as funções do órgão executivo consubstanciam-se 3 Artigo 105.º (Iniciativa condicionada) do Regimento: O exercício da iniciativa dos Deputados em matérias atinentes à política do Governo depende de autorização escrita do Chefe do Executivo. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 219 principalmente em executar as leis aprovadas pela AL que o controlo do Chefe do Executivo quanto ao seu conteúdo, já entraram em vigor, assim como em realizar, nos termos no sentido de assegurar a unicidade do sujeito das decisões legais, diversos trabalhos no âmbito da gestão administrati- legislativas, assim como a uniformidade das políticas le- va. A fim de exercer o poder executivo, pode o órgão execu- gislativas. Com efeito, existe uma interligação inseparável tivo definir a política, mas tem que fazê-lo em observância entre a política e a lei. Relativamente a isto, o ex-assessor da lei, sem a violar. Neste sentido, definir a política visa desta Assembleia, Liu Dexue, chegou a apontar que: “a concretizar e executar melhor as leis, assim como efectuar predominância do Chefe do Executivo e do Governo por melhor os trabalhos de gestão administrativa. Se a AL go- ele encabeçado, no âmbito da definição de políticas e da zar tanto do poder legislativo como do poder de iniciativa iniciativa legislativa, é determinada por vários factores, tais sobre a política, vai, evidentemente, afectar o dinamismo como a relação orgânica entre a política e a lei e a sua natu- e a eficiência dos trabalhos administrativos, a distribuição reza comum. A transformação da política em lei e o valor razoável de tarefas entre os órgãos executivo e legislativo, representado por esta enquanto instrumento para a política, e até os efeitos da predominância do poder executivo. Se o determinam que, na distribuição de poderes, é atribuída Chefe do Executivo não concordar com as iniciativas apre- ao órgão executivo a predominância quanto à definição sentadas por deputados que envolvam políticas do Governo, de políticas, e que, em resultado disto, deve ser conferida estes podem ainda recorrer a diversos meios para dialogar igualmente ao mesmo órgão a predominância quanto às ini- e trocar opiniões com aquele, com vista à coordenação e à ciativas legislativas. Caso contrário, se o órgão executivo só resolução das divergências, e isto vai contribuir para a coope- goza da predominância no âmbito da definição de políticas, ração e articulação entre os órgãos executivo e legislativo.”4 sem predominância nas iniciativas legislativas — uma for- ma exteriorizada de hierarquia superior da política — o re- O Professor Lok Wai Kin também aponta que: “a Lei sultado pode ser conflito e oposição entre a política e a lei, Básica impõe limitações ao conteúdo dos projectos de lei porque o órgão legislativo pode, a qualquer tempo, produzir apresentados pelo deputados, porque pretende, assim, dar leis que visem alterar políticas já existentes ou definir novas resposta às exigências inerentes à predominância do poder políticas.”6 executivo. Como as receitas e despesas públicas, a estrutu- ra política e o funcionamento do Governo fazem parte da Portanto, embora os deputados também gozem do po- política e matérias de relevância da área social, a reserva der de iniciativa legislativa, estão sujeitos, em comparação da iniciativa legislativa cabe ao Governo, no contexto do com o Governo7, a certas limitações, pois, nem todas as ma- sistema político em que predomina o poder executivo, e térias podem ser alvo da iniciativa dos deputados, e mesmo contribui para a promoção das políticas públicas por parte que se trate de situações em que os deputados possam exer- do Governo, tendo em conta os interesses globais da socie- cer este poder, não podem fazê-lo a seu bel-prazer, razão dade, e para limitar a apresentação de iniciativas legisla- pela qual são bem evidentes tais limitações. tivas por parte dos deputados que possam pôr em causa o normal funcionamento do Governo, sem prejuízo do mútuo A Lei Básica impõe limitações ao poder de iniciativa controlo entre os órgãos executivo e legislativo (claro é que legislativa dos deputados porque pretende assegurar, efecti- à AL cabe a apresentação das suas opiniões, no sentido de vamente, que o poder de definir políticas não seja dispersado, alterar as propostas de lei ou, simplesmente, de as rejeitar). evitando que a política seja definida por diferentes órgãos. Quanto às matérias que são da própria responsabilidade do Assim, a lógica que a Lei Básica segue é a seguinte: cabe ao 8 Governo, as propostas de lei apresentadas pelo Governo ou Governo definir políticas e ao Chefe do Executivo decidir as 9 os projectos de lei apresentados pelos deputados com auto- políticas do Governo , em vez de caber aos deputados a defi- rização prévia daquele, quando aprovados, merecerão uma nição das políticas e à AL a decisão sobre as políticas do Go- melhor execução e implementação, que são da responsabili- verno. Neste sentido, caso os deputados exerçam iniciativas dade do Governo, concretizando-se, deste modo, a articula- legislativas que tenham implicações com a política do Gover- ção e a cooperação entre os dois órgãos.”5 no, têm que obter, previamente, o consentimento escrito do Chefe do Executivo, sob pena de não o poderem fazer. Se os Estas teorias e perspectivas demonstram que a Lei deputados gozassem de plena liberdade na apresentação de Básica, ao conferir à RAEM o poder legislativo, procedeu, projectos de lei, mesmo que estes envolvessem a política do com prudência, à sua distribuição: se as competências no Governo, sem necessidade de obter o consentimento escrito exame e na votação e aprovação de propostas de lei se incli- do Chefe do Executivo, e se a AL pudesse, sem estar sujeita nam para a AL, então, destaca-se nas iniciativas legislativas a quaisquer limitações, apreciar e aprovar estes projectos de lei, então, o enquadramento político que conforma a RAEM não seria a predominância do poder executivo, mas sim, a 4 Xiao Weiyun, “Uma abordagem sobre a Lei Básica de Macau”, Editora da Universidade Pequim, 1.ª edição de Agosto de 2003, pág. 123 (versão chinesa). 6 Liu Dexue, “Reflexões sobre o sistema político da RAEM em 5 Lok Wai Kin, “Lei Básica da Região Administrativa Especial que predomina o poder executivo”. (versão chinesa). de Macau — uma nova perspectiva”, Editora de Documentação 7 Vide al. 5) do artigo 64.º da Lei Básica. das Ciências Sociais, 1.ª edição de Maio de 2012, Pequim, Pág. 8 Vide al. 1) do artigo 64.º da Lei Básica. 284. (versão chinesa). 9 Vide al. 4) do artigo 50.º da Lei Básica. 220 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 predominância do poder legislativo, o que contrariaria a in- ser ignorado e tem de ser tratado com muita cautela. Se uma tenção legislativa subjacente à Lei Básica. matéria recair no âmbito do poder de iniciativa exclusiva do Governo, é claro que é a este que cabe apresentar a respec- Segundo o Professor Wang Zhenmin, “no que diz tiva proposta de lei. Quanto à iniciativa condicionada, inde- respeito às relações entre os órgãos executivo, legislativo e pendentemente de os projectos de lei interferirem, directa judiciais, a Lei Básica observa o princípio da predominân- ou indirectamente, na política do Governo, os deputados cia do poder executivo, princípio este que foi herdado dum podem apresentá-los desde que obtenham a concordância sistema que se provou ser eficaz — pois era esse o antigo do Chefe do Executivo.”11 sistema político de Macau — e ter um papel de grande re- levância na manutenção da estabilidade de Macau. Sob o Assim sendo, as referidas disposições do Regimento pressuposto da observação do princípio da predominância têm como fundamento a Lei Básica, e estão conforme o seu do poder executivo, os órgãos executivo e legislativo colabo- artigo 75.º. ram e mantêm o controlo mútuo. A colaboração entre esses órgãos é muito relevante, enquanto ao mesmo tempo se (4) Proceder à verificação preliminar do projecto de lei sublinha o poder judicial independente. Quando se fala em em causa nos termos do Regimento predominância do poder executivo, significa que o Chefe do Executivo assume o papel orientador. Comparativamente à predominância do poder legislativo, a predominância do Em relação ao projecto de lei apresentado pelo Deputa- poder executivo visa principalmente tratar das relações en- do Tong Io Cheng, a verificação preliminar visa aferir se o tre os poderes executivo e legislativo. De acordo com a Lei projecto de lei recai nas situações previstas nos artigos 104.º Básica, o órgão executivo da RAEM é liderado pelo Chefe ou 105.º do Regimento, ou seja, há que verificar, em primei- do Executivo, que é também o dirigente máximo da RAEM ro lugar, se o mesmo recai no âmbito da iniciativa exclusiva e representa toda a RAEM.”10 do Governo, e em segundo lugar, se o mesmo incide sobre a política do Governo e se exige, por conseguinte, o con- Obviamente, a fim de garantir que o referido sistema sentimento escrito do Chefe do Executivo. Para além disso, em que predomina o poder executivo não seja abalado, há há ainda que verificar a forma de iniciativa adoptada pelo que evitar condutas que possam conduzir à predominância deputado e as respectivas formalidades, para saber se estão do poder legislativo, daí a necessidade de impor limitações conforme os requisitos formais do artigo 108.º do Regimen- adequadas ao poder de iniciativa legislativa dos deputados, to. Quando tudo isto está conforme as disposições regimen- no sentido de permitir ao Chefe do Executivo o exercício tais, o Presidente da AL admite liminarmente o projecto de oportuno do seu poder, no sentido de dar a sua concor- lei, caso contrário, há lugar à respectiva rejeição liminar. dância, ou não, aos projectos de lei apresentados pelos de- putados, o que se reveste de significado importante para a III. Lei interpretativa manutenção da estabilidade, continuidade, sistematicidade e coerência da política do Governo, assim como para a ma- O referido projecto de lei apresentado pelo Deputado nutenção da estrutura do sistema político da RAEM. tem a designação “Norma interpretativa do n.º 5 do artigo 104.º da Lei n.º 10/2013”. O Deputado reitera, na nota justi- (3) Pensamento legislativo dos artigos 104.º e 105.º ficativa anexada ao projecto de lei, que este não“ introduz uma regra nova, não altera o disposto na lei em vigor, sendo Tal como foi acima referido, o espírito do artigo 75.º da apenas uma interpretação e um esclarecimento sobre o dis- Lei Básica foi plenamente observado no Regimento da AL, posto na lei em vigor.”. e atendendo àquele preceito, que faz uma distinção do po- der de iniciativa legislativa, ou seja, a iniciativa exclusiva do Um efeito objectivo que a referida declaração do De- Governo e a iniciativa condicionada dos deputados, foram putado pode produzir é o seguinte: projectos de lei sobre criados, respectivamente, o artigo 104.º para regulamentar normas interpretativas não recaem nas competências do a chamada “iniciativa reservada” ao Governo, a qual não Governo, tendo os deputados poder para os apresentar, sem se estende aos deputados, e o artigo 105.º para a “iniciativa terem de obter o consentimento escrito do Chefe do Exe- condicionada”, destinada aos deputados depois de terem ob- cutivo. Com efeito, o Deputado proponente não formulou, tido o prévio consentimento escrito do Chefe do Executivo. de facto, o pedido ao Chefe do Executivo, para obtenção do seu consentimento escrito. Isto foi confirmado na reunião plenária da AL, de 8 de Dezembro de 1999, destinada à apreciação do Regimento, É necessário ver o que é uma norma interpretativa. “À s na qual se apontou o seguinte: tudo o que possa incidir so- leis que apenas se destinam a fixar o sentido que deve valer bre receitas e despesas públicas, ou sobre a estrutura políti- ca, ou ainda sobre o funcionamento do Governo, não pode 11 Quanto à discussão sobre estes dois preceitos do Regimento, ver “Colectânea de Legislação Regulamentadora da Assembleia Le- 10 Wang Zhenmin, “‘Um país, dois sistemas’ e a Lei Básica de Ma- gislativa” — “Regimento da Assembleia Legislativa da RAEM”, cau”. pág. 467 e seguintes. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 221 uma lei anterior chamamos leis interpretativas12.”. O n.º 1 de cumprir as disposições relativas à reserva de iniciativa e do artigo 12.º do Código Civil prevê que “a lei interpreta- à iniciativa condicionada dos artigos 104.º e 105.º do Regi- tiva integra-se na lei interpretada”. As leis interpretativas mento. Isto é, o projecto de lei em causa também deve ser contrapõem-se às leis inovadoras.13 sujeito à verificação preliminar mencionada na secção II e às limitações constantes das respectivas normas. Esta distinção é de grande importância para a apre- ciação do projecto de lei em causa. O presente parecer vai IV. Intenção legislativa da nova Lei de terras15 explicar, em detalhe na secção IV, porque é que é preciso determinar se o projecto de lei em causa é uma lei interpre- (1) Porque é que é preciso verificar e confirmar a inten- tativa ou uma lei inovadora. ção legislativa da nova Lei de terras?

Uma questão importante de que se ocupa esta secção O projecto de lei apresentado pelo Deputado “procede é a competência para fazer leis interpretativas. Segundo o à interpretação do n.º 5 do artigo 104.º da Lei n.º 10/2013.16”, Prof. Doutor João Baptista Machado, “o órgão competente e sugere que o disposto previsto n.º 5 do artigo 104.º da Lei que cria uma lei (p. ex., a Assembleia da República) tem n.º 10/2013 estabeleça que, “a requerimento do concessioná- também a competência para a interpretar, modificar, sus- rio, o prazo de aproveitamento do terreno e, bem assim, da pender ou revogar. Isto significa que, uma vez promulgada respectiva concessão17, pode ser suspenso ou prorrogado por certa lei e suscitadas dúvidas importantes acerca do seu autorização do Chefe do Executivo, sempre que haja motivo exacto sentido ou alcance, o órgão que a editou tem, como não imputável ao concessionário e que tal motivo seja, no é lógico, competência para a interpretar através de uma entender do Chefe do Executivo, justificativo.18”. nova lei. É a isto que se chama interpretação autêntica, que representa, afinal, uma manifestação da competência legis- Segundo o Deputado proponente, o projecto de lei pro- lativa e tem, por isso, a força vinculante própria da lei.14”. cede à interpretação do n.º 5 do artigo 104.º da nova Lei de os As competências que a alínea 1) do artigo 71.º da Lei Básica terras, nos termos dos n. 1 e 3 do artigo 8.º do Código Civil atribui expressamente à Assembleia Legislativa da RAEM e do n.º 2 do artigo 9.º do mesmo Código. são “fazer, alterar, suspender ou revogar leis, nos termos Tentamos seguir o pensamento do Deputado proponen- desta Lei e de acordo com os procedimentos legais”, o que te. A intenção do Deputado é resolver uma série de proble- se traduz num pleno poder legislativo. Para além disso, há mas decorrentes da recuperação de terrenos por parte do que considerar que o Código Civil, enquanto um dos pilares Governo, por isso, é necessário, através da interpretação do principais do sistema jurídico da RAEM, já atribui, cla- n.º 5 do artigo 104.º da nova Lei de terras, exprimir “com ramente, no referido artigo 12.º, um estatuto jurídico à lei clareza as regras de conduta contidas e regulamentadas interpretativa. na Lei de terras e normas conexas, as quais perfazem em Contudo, a competência de fazer leis interpretativas conjunto os efeitos normativos”. Para além disso, o De- não é a mesma coisa que competência para apresentar putado insiste em considerar que a sua proposta “não visa projectos de lei interpretativa, ainda que a Assembleia Le- contrariar ou escapar da autoridade do Direito”, e “isto não gislativa possua a primeira competência, tal não significa, significa a modificação ou o abandono dos princípios, pen- necessariamente, que os seus deputados possam exercer a samento e regulamentação estabelecidos na Lei de terras em 19 segunda competência livremente e sem restrições. 2013” .

Diz-se também que, aquando do exercício do poder de Segundo o Deputado, “quando interpretado literalmen- iniciativa, independentemente do projecto de lei apresen- te o n.º 5 do artigo 104.º da Lei de Terras, o resultado é ilógi- tado implicar ou não uma lei interpretativa, os deputados co e contrário à lei. Porque é que, por motivo não imputável devem ser sujeitos às respectivas limitações desse poder. ao concessionário e que o Chefe do Executivo considere Neste ponto, o artigo 75.º da Lei Básica não diferencia se o justificativo, este pode autorizar a suspensão do prazo de projecto de lei apresentado pelos deputados é um projecto aproveitamento, mas o prazo de concessão não se suspen- de lei interpretativa; do mesmo modo, não se encontra esta de? Porque é que, em caso do termo do prazo de concessão diferença nos artigos 104.º e 105.º do Regimento, normas por arrendamento, ainda que o prazo de aproveitamento estas que dizem respeito à repartição do poder de iniciativa esteja suspenso, o concessionário deve ainda assumir a con- e às respectivas limitações. sequência da devolução do terreno? De acordo com o pare-

Assim, apesar de o Deputado ter apresentado o projec- to de lei a título de norma interpretativa, este tem também 15 Está em causa a Lei n.º 10/2013. Estabelecendo a comparação com a antiga Lei n.º 6/80/M, de 5 de Julho, revogada pela Lei em causa, entre outros diplomas reguladores dos assuntos de terras, a 12 João Baptista Machado (autor), Qingwei Huang, Tou Wai Fong Lei n.º 10/2013 é a nova Lei de terras. (tradutores), Introdução ao Direito e ao Discurso Legitimador, Fa- 16 Vide artigo 1.º do projecto de lei. culdade de Direito da Universidade de Macau, 1988, página 134. 17 Sublinhado nosso. 13 Cfr. obra citada. 18 Vide artigo 2.º do projecto de lei. 14 Cfr. obra citada. 19 Vide nota justificativa do projecto de lei. 222 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 cer acima referido (Parecer n.º 3/IV/2013 da 1.ª Comissão ducidade da concessão de dezenas de terrenos22. O Chefe do Permanente da AL) e a atitude da Administração e dos de- Executivo nunca exerceu o poder de autorização de suspen- putados ao longo dos anos, tal resultado não pode reflectir são ou prorrogação do prazo de concessão de terrenos, men- a intenção do legislador quanto à ratio deste artigo, e viola cionado no projecto de lei pelo Deputado, parecendo que o as normas jurídicas de nível superior”. O Deputado diz que referido poder não existia no sistema jurídico. Será que isto nem o Governo, que apresentou a proposta da nova Lei de significa que o Chefe do Executivo nunca teve um entendi- terras, nem o Chefe do Executivo manifestaram a intenção mento correcto das respectivas disposições da Lei de terras? de confiscar os terrenos quando a responsabilidade não é imputável ao concessionário. Os deputados que aprovaram Para além disso, outra questão que merece atenção diz a proposta de lei também não tinham a intenção de confis- respeito às declarações de caducidade da concessão de terre- car os terrenos quando a responsabilidade não é imputável nos por parte do Governo não serem efectuadas, na totalida- ao concessionário.20 de, ao abrigo da nova Lei de terras, pois há alguns casos em que a declaração de caducidade é feita nos termos da lei an- Se se seguir o argumento do Deputado proponente, a tiga23. Isto demonstra que o Chefe do Executivo não se aper- conclusão a que podemos chegar, através das previsões da cebeu do referido poder discricionário nem o exerceu não só evolução da situação, é que, devido a falhas na leitura das devido à leitura que fez da nova Lei de terras, uma vez que o respectivas normas da nova Lei de terras, o Governo não é mesmo aconteceu também com a antiga Lei de terras. capaz de fazer uma introspecção sobre a intenção originária do legislador. A razão tem a ver com “a intenção legislativa” Afinal, quais foram as razões que levaram a tais actos que, segundo o Deputado, não pode ser exprimida clara- do Governo? Será que o Governo fez uma leitura errada mente na lei, daí a necessidade de apresentar o projecto de das normas da Lei de terras? Qual é a intenção legislativa lei em análise, no sentido de dar apoio à reconstituição do das normas em causa da nova Lei de terras? As respostas a pensamento originário do legislador. No entender do Depu- estas perguntas podem ajudar a determinar se o Deputado tado proponente, o poder discricionário do Chefe do Execu- proponente faz uma mera interpretação das normas legais, tivo para a suspensão e prorrogação do prazo de concessão para efeitos de reconstituir o poder discricionário contido de terrenos, que o projecto de lei sugere seja acrescentado na intenção inicial das respectivas normas da Lei de terras, no n.º 5 do artigo 104.º da nova Lei de terras, já está contido ou se altera essas normas, para estabelecer um poder dis- originalmente nesta norma, ou pelo menos, na lógica legis- cricionário que não existe na intenção legislativa originária. lativa da nova Lei de terras. O conteúdo sugerido no projec- Através disto é possível determinar se o Deputado está a to de lei visa apenas interpretar e exprimir tal poder através interpretar as disposições da lei ou se está a estabelecer da letra, e não criar um novo poder. normas legais.

Se é este o caso, parece que, através da leitura da referi- O prof. Doutor João Baptista Machado entende que há da norma, o Chefe do Executivo já possuía condições para que definir os critérios para a diferenciação entre uma lei in- verificar e exercer tal poder, não sendo necessário esperar terpretativa e uma lei inovadora. Esses critérios podem de- até agora por uma norma interpretativa apresentada pelo cidir o que é uma verdadeira lei interpretativa e distingui-la Deputado. Todavia, é precisamente o contrário. Em 2009, da lei que apenas o legislador define como lei interpretativa. o Governo começou a tratar sistematicamente dos terrenos Segundo o autor: “para que uma LN possa ser realmente in- por desenvolver, elaborando um projecto de resposta a essa terpretativa são necessários, portanto, dois requisitos: que a questão, isto é, a concessão de terrenos caduca após o termo solução do direito anterior seja controvertida ou pelo menos 21 do seu prazo . E até à data, declarou, sucessivamente, a ca- incerta; e que a solução definida pela nova lei se situe dentro dos quadros da controvérsia e seja tal que o julgador ou o intérprete a ela poderiam chegar sem ultrapassar os limites 20 Vide nota justificativa do projecto de lei. normalmente impostos à interpretação e aplicação da lei. 21 Relativamente à definição dos “terrenos por desenvolver” e ao plano do Governo sobre o tratamento desses terrenos, veja-se o Se o julgador ou o intérprete, em face de textos antigos, não Relatório n.º 1/IV/2011 da Comissão de Acompanhamento para os podiam sentir-se autorizados a adoptar a solução que a LN 24 Assuntos de Terras e Concessões Públicas da Assembleia Legisla- vem consagrar, então esta e decididamente inovadora.” . tiva, segundo o qual, a partir de 2009, o Governo começou a tratar dos terrenos por desenvolver, procedendo à análise da situação de Para determinar se a solução da nova lei de terras é 113 terrenos por aproveitar depois de ultrapassado o prazo previs- controvertida ou incerta, e se o projecto apresentado pelo to, e identificando 48 terrenos em relação aos quais pode haver lu- gar à imputação de responsabilidades ao concessionário. De entre esses 48 processos, foram já concluídos os relatórios de análise de- todas as análises vão estar concluídas até ao final do corrente ano. talhada em relação a 12, e em relação a 5 foi admitida a activação 22 Vide Quadro das estatísticas sobre a declaração de caducidade do processo de declaração da caducidade das concessões, através pelo decurso do prazo da concessão. de Despacho do Chefe do Executivo, e vão em breve ser activados 23 Relativamente às situações em causa, ver os despachos do Secre- os respectivos processos de audição; 2 casos foram enviados para tário para os Transportes e Obras Públicas n.os 49/2002, 20/2006, o Ministério Público para efeitos da emissão de parecer, enquanto 56/2007, 89/2007 e 8/2009. os restantes estão ainda na fase de análise. E segundo as previsões, 24 Cfr, obra citada, páginas 189-190. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 223

Deputado é lei interpretativa ou lei inovadora, o trabalho ‘ressonância’ nas palavras da lei”27. Este é precisamente o que há a fazer é verificar e confirmar a intenção legislativa sentido fulcral do n.º 2 do artigo 8.º do Código Civil acima das respectivas normas da nova Lei de terras. mencionado.

(2) Como é que se pode verificar e confirmar a intenção Evidentemente, para além do texto da norma e da letra, legislativa da nova Lei de terras? devem ainda considerar-se os elementos sistemático, histó- rico e racional (ou teleológico). Verificar e confirmar a intenção legislativa da disposição legal é, necessariamente, eleger um único de entre os possí- O elemento sistemático compreende “a consideração veis sentidos que o texto jurídico pode ter, uma vez que, “sem de outras disposições que formam o complexo normativo dúvida que não um qualquer de entre os sentidos possíveis. do instituto em que se integra a norma interpretada, isto Sendo a lei um instrumento de prática conformação e orde- é que regulam a mesma matéria (contexto da lei), assim nação da vida social, dirigida a uma generalidade de pessoas como a consideração de disposições legais que regulam e a uma serie indefinida de casos, deve procurar extrair-se problemas normativos paralelos ou institutos afins (lugares dela um sentido que valha para todas as pessoas e para todos paralelos)”28, os casos. Deve, pois, fixar-se um sentido decisivo da lei, que garanta um mínimo de uniformidade de soluções.”25. O elemento sistemático compreende ainda “o lugar sis- temático que compete à norma interpretada no ordenamen- Para garantir o alcance do referido objectivo, é necessá- to global, assim como a sua consonância com o espírito ou 29 rio cumprir algumas regras específicas. Por outras palavras, unidade intrínseca de todo o ordenamento jurídico” . não se trata de um acto que possa ser realizado de forma ar- bitrária. No sistema jurídico da RAEM, há algumas regras O elemento histórico compreende “todas as matérias a seguir para apurar a intenção legislativa da disposição relacionadas com a história do preceito material da mes- legal, isto é, as previstas no artigo 8.º do Código Civil: ma ou de idêntica questão, as fontes da lei e os trabalhos preparatórios”30,

“Artigo 8 .º O elemento racional consiste na razão de saber da nor- ma (ratio legis), no fim visado pelo legislador ao editar a nor- (Interpretação da lei) ma, nas soluções que tem em vista e que pretende realizar.31

1. A interpretação não deve cingir-se à letra da lei, mas A seguir, verifica-se e confirma-se a intenção legislativa reconstituir a partir dos textos o pensamento legislativo, a partir de diferentes perspectivas, de acordo com as regras tendo sobretudo em conta a unidade do sistema jurídico, as de interpretação da lei acima referidas e com as exigências circunstâncias em que a lei foi elaborada e as condições es- dos elementos interpretativos, No entanto, é de realçar que pecíficas do tempo em que é aplicada. o presente trabalho tem como objectivo servir de referência ao Presidente da Assembleia Legislativa para tratamento 2. Não pode, porém, ser considerado pelo intérprete o do projecto apresentado pelo Deputado, portanto, todos pensamento legislativo que não tenha na letra da lei um mí- os processos de verificação têm implicação apenas com o nimo de correspondência verbal, ainda que imperfeitamen- conteúdo da Lei de terras relacionado com o projecto de lei te expresso. apresentado pelo Deputado. 3. Na fixação do sentido e alcance da lei, o intérprete (3) Verificar a intenção legislativa a partir do texto e da presumirá que o legislador consagrou as soluções mais acer- letra tadas e soube exprimir o seu pensamento em termos ade- quados.” Primeiramente veja-se o artigo crucial do projecto de lei apresentado pelo Deputado: Através destas regras, verifica-se, em primeiro lugar, que está previsto claramente o posicionamento dos termos usados na norma: o texto da norma é a base da interpre- “Artigo 2.º tação da lei, “(norma) apreensão literal do texto, ponto de Norma interpretativa partida de toda a interpretação, é já interpretação, embora 26 incompleta” , e “o limite da interpretação é a letra, o texto Interpretado em harmonia com o disposto nos números 1 da norma, cabendo-lhe desde logo uma função negativa - e 3 do art. 8.º do Código Civil e com o disposto no número 2 do a de eliminar aqueles sentidos que não tenham qualquer apoio, ou pelo menos uma qualquer correspondência ou 27 Cfr. obra citada, página 21. 28 Cfr. obra citada, página 20. 25 Cfr. obra citada, página 133. 29 Cfr. obra citada, página 20. 26 ABÍLIO NETO, CÓDIGO CIVIL ANOTADO, EDIFORUM 30 Cfr. obra citada, página 20. Edições Jurídicas Lda, Abril/2010, página 20. 31 Cfr. obra citada, página 20. 224 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 art. 9.º do mesmo Código, o n.º 5 do art. 104.º da Lei n.º 10/2013 5) O prazo estabelecido na licença de obras para a con- estabelece que, a requerimento do concessionário, o prazo clusão das mesmas. de aproveitamento do terreno e, bem assim, da respectiva concessão32, pode ser suspenso ou prorrogado por autoriza- 3. A inobservância de qualquer um dos prazos referidos ção do Chefe do Executivo, sempre que haja motivo não im- no número anterior sujeita o concessionário às penalidades putável ao concessionário e que tal motivo seja, no entender estabelecidas no respectivo contrato ou, sendo este omisso, do Chefe do Executivo, justificativo.” à multa no montante correspondente a 0,1%, consoante as situações, do prémio ou do preço de adjudicação por cada Antes da análise, é necessário prestar atenção a uma dia de atraso, até 150 dias. questão. No referido artigo, o Deputado aplica correcta- mente o artigo 8.º do Código Civil (Interpretação da lei), 4. A não aprovação do projecto de arquitectura ou de mas só são citados os números 1 e 3 deste artigo, negligen- outros projectos de especialidades não suspende nem inter- ciando-se o seu n.º 2. Já antes se referiu e argumentou sobre rompe a contagem do prazo de aproveitamento, para efeitos o sentido importante, para a interpretação da lei, que o n.º 2 do disposto no presente artigo. deste artigo atribui à letra utilizada na norma, o que resulta na sua aplicação indispensável quando se interpreta uma 5. A requerimento do concessionário, o prazo de apro- lei. Devido a esta “negligência” do Deputado proponente, veitamento do terreno pode ser suspenso ou prorrogado por torna-se pouco segura a “intenção legislativa” a que se che- autorização do Chefe do Executivo, por motivo não imputá- ga através da sua leitura das disposições da Lei de terras. vel ao concessionário e que o Chefe do Executivo considere 33 Portanto, o texto das respectivas normas da Lei de terras, justificativo. ” incluindo os termos usados, constituem, de facto, uma base Verifica-se claramente que existe uma evidente diferen- importante para verificar e confirmar a intenção legislativa. ça ao nível da letra entre o texto sugerido pelo Deputado no projecto de lei e o texto do n.º 5 do artigo 104.º da Lei de Vejamos, então, o n.º 5 do artigo 104.º da Lei n.º 10/2013 terras. A expressão mais importante no primeiro caso é a (nova Lei de terras) que o artigo 2.º do projecto de lei apre- seguinte: “o prazo de aproveitamento do terreno e, bem as- sentado pelo Deputado pretende interpretar. Atendendo à fa- sim, da respectiva concessão, pode ser suspenso ou prorro- cilidade da leitura, cita-se integralmente o respectivo artigo: gado por autorização do Chefe do Executivo”, enquanto no segundo caso é a seguinte: “o prazo de aproveitamento do terreno pode ser suspenso ou prorrogado por autorização “Artigo 104.º do Chefe do Executivo”. Estabelecendo uma comparação, Procedimento de aproveitamento no projecto de lei apresentado pelo Deputado está patente o aditamento da expressão “e, bem assim da respectiva conces- 1. O prazo e procedimento de aproveitamento dos ter- são”, e o termo “期間” (prazo) em chinês utilizado no n.º 5 do renos concedidos são definidos no respectivo contrato de artigo 104.º da Lei de terras foi alterado para “期限” (prazo). concessão. Ou seja, no texto, pelo menos, na letra do n.º 5 do artigo 2. Se o contrato de concessão for omisso e quando o 104.º da Lei de terras, o prazo que pode ser suspenso e pror- aproveitamento incluir, entre outros, a edificação de cons- rogado por autorização do Chefe do Executivo é apenas o truções, devem ser observados os seguintes prazos máxi- prazo de aproveitamento do terreno, não existindo a expres- mos: são relativa ao prazo de concessão do terreno poder ser sus- penso e prorrogado por autorização do Chefe do Executivo, 1) 90 dias a contar da data de publicação em Boletim nem sequer há um mínimo de correspondência verbal na Oficial do despacho que titula a concessão, para a apresen- letra da norma. tação do projecto de arquitectura; (4) Verificar a intenção legislativa a partir da lógica do 2) 180 dias a contar da data de notificação da aprovação sistema do projecto de arquitectura, para a apresentação de outros projectos de especiaidades; Tal como acima referido, o artigo 2.º do projecto de lei apresentado pelo Deputado tem a ver com o n.º 5 do artigo 3) 60 dias a contar da data de notificação de aprovação 104.º da Lei de terras. No entanto, verifica-se que a questão dos projectos de especialidades, para a apresentação do pe- que o Deputado pretende tratar é o prazo de concessão do dido de emissão da licença de obras; terreno, não o prazo de aproveitamento. Estes dois prazos estão previstos nas diferentes disposições da Lei de terras: 4) 15 dias a contar da data de emissão da licença de as matérias relativas ao prazo de aproveitamento estão pre- obras, para o início da obra; vistas no citado artigo 104.º, com a epígrafe “Procedimento

32 Sublinhado nosso. 33 Sublinhado nosso. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 225 de aproveitamento”, e todo este artigo prevê, principal- As referidas diferenças ao nível do conteúdo, natureza mente, as matérias relativas ao prazo de aproveitamento do e regime entre o prazo de concessão e o prazo de aprovei- terreno. As matérias sobre o prazo de concessão do terreno tamento do terreno demonstram que tentar recorrer às estão previstas no artigo 47.º da Lei de terras, sendo que a normas sobre o prazo de aproveitamento do terreno para sua renovação está prevista no artigo 48.º e nos seguintes. resolver os problemas decorrentes do prazo de concessão pode levantar, em termos lógicos, a dúvida seguinte: é mui- E em conjugação com o n.º 1 do artigo 42.º e com os ar- to estranho aditar, no artigo 104.º que regula simplesmente tigos 44.º e 103.º, verifica-se que as diferenças entre o prazo o prazo de aproveitamento, uma regra relativa às matérias de concessão por arrendamento e o prazo de aproveitamen- do prazo de concessão, faltando a devida compatibilidade e to são as seguintes: adequabilidade entre normas. Se se pretender interpretar a questão da renovação do prazo de concessão do terreno, pa- 1. Durante o período de concessão por arrendamento, o rece que a escolha dos artigos 47.º e seguintes, normas mais concessionário tem direito de construção, transformação ou estreitamente relacionadas com a matéria, se coaduna mais manutenção de obra, para os fins e com os limites consigna- com a lógica do sistema de toda a lei. dos no respectivo título constitutivo. Este conteúdo, aten- dendo à sua natureza, é direito derivado. Quanto ao prazo Claro que isto não significa que não existe nenhuma de aproveitamento, se o contrato de concessão for omisso e relação entre o prazo de aproveitamento e o prazo de con- quando o aproveitamento incluir, entre outros, a edificação cessão do terreno. De qualquer modo, o prazo de aprovei- de construções, o concessionário deve apresentar o projec- tamento é inevitavelmente incluído no prazo de concessão, to de arquitectura, outros projectos de especialidades e o não podendo exceder o limite deste prazo. De facto, na pedido de emissão da licença de obras, bem como iniciar e descrição seguinte demonstra-se que, no entender do pro- concluir as obras, nos termos do n.º 2 do artigo 104.º Este ponente, o objectivo de aproveitar o terreno dentro do conteúdo, atendendo à sua natureza, inclui-se nas obriga- prazo definido pode ser totalmente alcançado, desde que o ções. Governo proceda à gestão rigorosa nos termos da lei.

2. O prazo de concessão por arrendamento é fixado no De qualquer maneira, o Deputado proponente não es- respectivo contrato de concessão, não podendo exceder 25 colheu os referidos artigos mais relacionados com a matéria, anos. A concessão por arrendamento é inicialmente dada a de maior aplicabilidade directa, e uma das rezões principais título provisório, por prazo a fixar em função das caracte- será, provavelmente, o facto de o texto destes artigos já ser rísticas da concessão, e só se converte em definitiva se, no suficientemente claro e rigoroso, não existindo qualquer decurso do prazo fixado, forem cumpridas as cláusulas de espaço de flexibilidade para a sua interpretação. Para com- aproveitamento previamente estabelecidas e o terreno esti- provar isto, cita-se, em seguida e integralmente, o texto dos ver demarcado definitivamente. Durante o período da con- artigos relativos ao prazo de concessão: cessão provisória, o concessionário deve cumprir as pres- crições legais e contratuais concernentes ao aproveitamento “Artigo 47.º doterreno. O prazo e procedimento de aproveitamento dos Prazo terrenos concedidos são definidos no respectivo contrato de concessão. Se o contrato de concessão for omisso, aplica-se 1. O prazo de concessão por arrendamento é fixado no subsidiariamente o disposto do n.º 2 do artigo 104.º. respectivo contrato de concessão, não podendo exceder 25 anos.34 3. A concessão definitiva é automaticamente renovável por períodos de dez anos, enquanto a concessão provisória 2. O prazo das renovações sucessivas não pode exceder, geralmente não é renovável, só no caso do n.º 2 do artigo para cada uma, dez anos. 48.º é que pode ser renovada, e a renovação depende, proce- dimentalmente, de uma autorização quando forem reunidos 3. Para o efeito da actualização da renda, os prazos do os requisitos definidos no n.º 3 do artigo 48.º e nos artigos arrendamento ou das sucessivas renovações podem ser divi- 50.º e 51.º Os artigos 48.º a 51.º, relativos à renovação, não didos em períodos. indicam as outras situações em que a concessão do terreno, a título provisório, pode ser renovada através de autoriza- ção. Quanto à suspensão e prorrogação do prazo de apro- Artigo 48.º veitamento, o artigo 104.º estipula que a não aprovação do Renovação de concessões provisórias projecto de arquitectura ou de outros projectos de especia- lidades não suspende nem interrompe a contagem do prazo 1. Sem prejuízo do disposto no número seguinte, as con- de aproveitamento. A requerimento do concessionário, o cessões provisórias não podem ser renovadas.35 prazo de aproveitamento do terreno pode ser suspenso ou prorrogado por autorização do Chefe do Executivo, por motivo não imputável ao concessionário e que o Chefe do 34 Sublinhado nosso. Executivo considere justificativo. 35 Sublinhado nosso. 226 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

2. A concessão provisória pode ser renovada a requeri- 2) No período entre nove meses e seis meses antes do mento do concessionário e com autorização prévia do Chefe fim do prazo da concessão ou das sucessivas renovações, do Executivo, caso o respectivo terreno se encontre anexado devendo ser instruído com informações descritivas sobre o a um terreno concedido a título definitivo e ambos estejam andamento do reaproveitamento do terreno, para além dos a ser aproveitados em conjunto. dados de identificação do concessionário ou subconcessio- nário e do terreno, quando se trate de situações referidas 3. O requerimento referido no número anterior deve ser no n.º 2 do artigo 48.º ou na alínea 2) do n.º 2 do artigo ante- apresentado em conjunto com o requerimento de renovação rior40; da concessão definitiva do terreno, devendo os prazos de renovação de ambas as concessões ser idênticos. 3) No período entre nove meses e seis meses antes do fim do prazo da concessão ou das sucessivas renovações, devendo ser instruído com os dados de identificação do Artigo 49.º concessionário e do terreno, quando se trate de situações Renovação de concessões definitivas referidas no n.º 3 do artigo anterior.

1. Sem prejuízo do disposto nos números seguintes e 2. Em caso devidamente justificado, o concessionário salvo disposição em contrário prevista no contrato de con- ou subconcessionário pode apresentar o requerimento fora cessão, as concessões por arrendamento onerosas, quando dos períodos indicados no número anterior mas sempre definitivas, são automaticamente renováveis por períodos de antes do fim do prazo da concessão ou das sucessivas reno- dez anos, sem necessidade de formulação de pedido.36 vações, devendo, todavia, assumir todas as consequências jurídicas eventualmente resultantes das situações em que 2. A renovação depende sempre da autorização prévia ainda não tenha sido dada autorização da renovação reque- do Chefe do Executivo, quando37: rida aquando do fim do prazo da concessão ou das sucessi- vas renovações. 1) Se verifiquem as situações previstas nas alíneas 1) ou 2) do n.º 1 do artigo 132.º e a licença de utilização do respec- 3. No caso previsto no número anterior, a autorização tivo edifício tenha sido revogada pelo director dos Serviços da renovação, quando dada após o termo da concessão, tem de Solos, Obras Públicas e Transportes; eficácia retroactiva, mantendo-se válidas as situações jurídi- cas e registais previamente existentes. 2) O terreno se encontre em fase de reaproveitamento. 4. Para além dos elementos indicados no n.º 1, a DSSOPT 3. A renovação das concessões por arrendamento gra- pode solicitar ao concessionário ou subconcessionário ou- tuitas, quando definitivas, depende sempre da autorização tros elementos necessários para apreciação do pedido. prévia do Chefe do Executivo.38

Artigo 50.º Artigo 51.º Requerimento de renovação Autorização de renovação 1. O requerimento de renovação da concessão do terre- no deve ser dirigido ao Chefe do Executivo e apresentado 1. Pode ser autorizada a renovação da concessão, quan- na Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Trans- do se preencham os seguintes requisitos41: portes, adiante designada por DSSOPT, pelo concessio- nário ou subconcessionário, nos períodos e nas condições 1) Se comprove pelos documentos que instruem o pe- seguintes: dido de renovação da concessão que o concessionário ou subconcessionário tem capacidade de proceder ao reapro- 1) No período entre dois anos e um ano antes do fim do veitamento do terreno, no caso previsto na alínea 1) do n.º 2 prazo da concessão ou das sucessivas renovações, devendo do artigo 49.º; ser instruído com o novo plano de aproveitamento e demais elementos necessários para a sua apreciação, para além dos 2) Não se verifique a suspensão, consecutiva ou interca- dados de identificação do concessionário ou subconcessio- lada, do aproveitamento do terreno pelo período fixado no nário e do terreno, quando se trate de situações referidas na contrato ou, no silêncio deste, por prazo superior a metade alínea 1) do n.º 2 do artigo anterior39; do previsto para a conclusão do aproveitamento por motivo imputável ao concessionário ou subconcessionário, no caso 36 Sublinhado nosso. 37 Sublinhado nosso. 38 Sublinhado nosso. 40 Sublinhado nosso. 39 Sublinhado nosso. 41 Sublinhado nosso. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 227 previsto no n.º 2 do artigo 48.º ou alínea 2) do n.º 2 do artigo é de referir que, muitas vezes o facto registado pode revelar 49.º 42; que nem todos os legisladores tiveram a mesma posição so- bre a política definida, uma situação que já aconteceu com 3) Se comprove pelos documentos que instruem o pe- a maioria das propostas de lei e também agora com a Lei de dido de renovação da concessão que o concessionário con- terras, por ser inevitável a existência de controvérsias entre tinua a preencher os requisitos previstos para a concessão, diferentes opiniões. Nesta circunstância é mister tomar caso se trate de concessão gratuita. atenção ao seguinte: por um lado, tendo em conta a estrutu- ra do sistema político da RAEM, em que o poder executivo 2. A autorização de renovação não impede a eventual goza de um papel predominante, em termos orgânicos e declaração de caducidade ou rescisão da concessão, na se- formais, as opiniões formuladas pela Comissão Permanente quência de incumprimento, por parte do concessionário ou da Assembleia Legislativa responsável pela apreciação na subconcessionário, dos prazos de reaproveitamento ou de- especialidade da proposta de lei, ou mesmo até por qual- mais condições previstos no contrato de concessão.” quer deputado, não surtem efeito coercivo que vincule o Governo enquanto proponente da proposta, ou seja, o que As normas acima enunciadas demonstram claramente o pode fazer-se é apenas convencê-lo, através da argumenta- seguinte: ção, não se podendo obrigá-lo a aceitar as opiniões. Assim — A lei exige que o prazo de concessão por arrenda- sendo, nem todas as opiniões apresentadas pela Assembleia mento (prazo de concessão provisória + prazo de concessão Legislativa são aceites pelo Governo, e assim sendo, é muito definitiva) tem de ser definido através de contrato, não po- provável que não apareçam na lei normas que reflictam as dendo, todavia, exceder 25 anos; opiniões que não foram acolhidas pelo Governo; por outro lado, a Assembleia Legislativa dispõe de uma reserva de — Obviamente, o prazo de concessão provisória (quan- competência de votação para aprovação, ou não, das pro- do a concessão não tiver sido ainda convertida em definiti- postas de lei. Nos termos da Lei Básica43 e do Regimento da va) também não pode exceder 25 anos; Assembleia Legislativa44, a aprovação ou não da proposta da Lei de terras exige mais de metade de votos a favor ou — A concessão provisória não é renovável, com excep- contra do número total dos deputados, neste contexto, seja ção das situações previstas na lei; qual for a posição do Governo em relação à proposta de lei, esta só é concretizada verdadeiramente nas normas propos- — A concessão definitiva é automaticamente renovável tas, e a verdadeira intenção legislativa só é demostrada, de- por períodos de dez anos, ou é autorizada pelo Chefe do pois de a mesma passar, em plenário, com os votos a favor Executivo, nos casos legalmente previstos. da maioria do número total dos deputados.

(5) Verificar a intenção legislativa a partir do processo Pelo que, o apuramento da intenção legislativa é, nem legislativo mais nem menos, procurar saber do consenso reunido sobre a política legislativa (entre o proponente e o Plenário da As- A proposta de lei da Lei n.º 10/2013, ou seja, da Lei sembleia Legislativa), que acaba por ser transformado em de terras, foi apresentada pelo Governo da RAEM a esta pensamento legislativo reflectido nas normas da lei. Todas Assembleia Legislativa, entretanto, no dia 3 de Janeiro de as opiniões que acabaram por não ser acolhidas, serão con- 2013, foi realizada a apresentação da mesma ao Plenário e, sideradas como opiniões de reserva dos próprios, dos que as posteriormente, discutida na generalidade na reunião plená- apresentaram, não podendo deste modo transformar-se em ria marcada para os dias 4 e 5 de Fevereiro, e posteriormen- verdadeira intenção legislativa. Todavia, tendo em conta o te, aprovada na generalidade no dia 5 de Fevereiro. Entre 5 respeito sobre o facto objectivo ocorrido, no presente pare- de Fevereiro de 2013 e 6 de Agosto de 2013, a proposta de cer vão ser registadas, na mesma, as opiniões que acabaram lei foi objecto de apreciação na especialidade no seio da 1.ª por não ser acolhidas nem introduzidas na proposta de lei, Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, e no dia procurando assim repor o respectivo processo de discussão. 12 de Agosto de 2013, acabou por ser apreciada e aprovada na especialidade pelo Plenário. Em 22 de Agosto do mesmo As bases para o apuramento da intenção legislativa da ano, a proposta de lei que foi aprovada pelo Plenário da As- Lei de terras, através do respectivo processo legislativo, são sembleia Legislativa foi assinada pelo Chefe do Executivo e, todos os documentos de registo elaborados ao longo desse finalmente, foi mandada para publicação noBoletim Oficial processo, incluindo, especialmente, os elementos referentes da RAEM n.º 36, I Série, de 2 de Setembro de 2013. à apresentação da proposta de lei por parte do Governo, elementos escritos das gravações das reuniões plenárias, Para apurar a intenção legislativa, é indispensável sa- Parecer da Comissão, entre outros. Com vista a clarificar ber da intenção da política legislativa do legislador, assim, e apurar a respectiva intenção legislativa da lei de terras, assumem-se como extremamente importantes os elementos o Presidente desta Assembleia solicitou aos Serviços de de registo dos trabalhos legislativos desenvolvidos. Todavia,

43 Vide Lei Básica, n.º 1 do artigo 77.º 42 Sublinhado nosso. 44 Vide Regimento, n.º 2 do artigo 81.º 228 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Apoio à Assembleia legislativa para ouvir novamente todas da situação de não aproveitamento do terreno. A par disso, as gravações das reuniões relativas à apreciação da proposta foram ainda claramente definidas no seu articulado as situ- de lei, e para o efeito, foi elaborado um relatório que permi- ações de reversão do terreno à posse do Estado, podendo a te facultar determinados elementos de apoio45. Administração declarar a caducidade da concessão em caso de transmissão sem prévia autorização dos direitos resultan- Segundo as diferentes fases do processo legislativo da tes da concessão, falta de aproveitamento do terreno dentro Lei de terras, o trabalho de apuramento da intenção legis- dos diferentes prazos contratualmente fixados e interrupção lativa deve ser começado a partir da apresentação na gene- do aproveitamento do terreno até certo prazo.”47 48 ralidade da proposta de lei por parte do Governo à Assem- bleia Legislativa, até a apreciação e aprovação da mesma na Segundo, na apreciação na generalidade, para dar especialidade pelo Plenário desta Assembleia. resposta às questões colocadas pelos deputados acerca da solução para o tratamento dos terrenos desaproveitados, Primeiro, na apresentação da proposta de lei, se bem o Governo fez um esclarecimento concreto e claro sobre a que o conteúdo da apresentação tenha dado um maior peso política de concessão provisória dos terrenos. A proposta às novidades da proposta de lei face à antiga lei de terras, do Governo é, primeiro, um controlo faseado com prazos em termos gerais, permite ainda que se fique a saber da fixados para a apresentação de projectos, pedido de licen- opção político-legislativa do Governo, nomeadamente no ças, etc., que, em caso de violação, dão lugar a uma sanção, que toca ao aproveitamento dos terrenos, como por exem- sublinhando-se que a maior sanção é a retoma do terreno plo se pode ver na redacção da apresentação: “em prol da pelo Governo49, a fim de, através desta solução, evitar que os implementação da gestão científica e de medidas jurídicas de alta transparência, de modo a tomar o aproveitamento 47 dos solos mais racional, foi então elaborada pela Adminis- Sublinhado nosso. 48 tração da RAEM a proposta de revisão da Lei de terras, A mesma Extracção parcial do Plenário de 3 de Janeiro de 2013, por forma a regulamentar de forma mais clara e conjugada pág. 512. 49 com a situação concreta da sociedade todo o mecanismo Versão inicial da proposta de lei: de gestão de solos, no sentido de pemritir o aproveitamento Artigo 101.º mais eficaz dos solos, melhor promover o desenvolvimento Dever de aproveitamento económico de Macau e melhor elevar a qualidade de vida 46 dos cidadãos.” Esta política legislativa está reflectida atra- Durante o período da concessão provisória, o concessionário deve vés das medidas concretas que se pretendem adoptar na cumprir as prescrições legais e contratuais concernentes ao apro- proposta de lei, por exemplo, a proposta de lei visa o “reforço veitamento do terreno. das acções de fiscalização e mecanismo sancionatório”, e para o efeito, “no seu articulado foi ainda expressamente Artigo 102.º definido que compete à DSSOPT a vistoria e a fiscalização, Procedimento de aproveitamento que deve fiscalizar periodicamente a situação de aprovei- tamento do terreno. A par disso, foram também fixados os 1. O procedimento de aproveitamento dos terrenos concedidos para a construção de prédios urbanos é o que estiver definido no prazos que devem ser cumpridos nas diversas fases do pro- respectivo contrato de concessão. cesso, podendo em caso de não cumprimento do prazo de 2. Se o contrato de concessão for omisso, devem ser observados os aproveitamento fixado ser aplicada multa de valor indexado seguintes prazos máximos: ao montante do prémio de concessão, de modo a agravar 1) 90 dias contados da data de publicação em Boletim Oficialdo significativamente o valor da multa em caso de atraso de despacho que titula a concessão, para a apresentação do projecto aproveitamento do terreno, evitando assim o aparecimento de arquitectura; 2) 180 dias contados da data de notificação da aprovação do pro- jecto de arquitectura, para a apresentação de outros projectos de 45 No entanto, tendo em conta que o conteúdo pormenorizado especialidades; acerca da apreciação da Comissão sobre a proposta da Lei de 3) 60 dias contados da data de notificação de aprovação dos pro- terras registado nesse relatório não pode ser divulgado, conforme jectos de especialidades, para a apresentação do pedido de emis- demanda o Regimento, o mesmo não vai ser citado no presente são da licença da obra; parecer. Além disso, a posição política manifestada publicamente 15 dias contados da data de emissão da licença da obra, para o iní- pelo Governo antes da apresentação da proposta da Lei de terras cio da obra; é elemento importante de referência para perceber a política le- O prazo estabelecido na licença de obras para a conclusão das gislativa preconizada na proposta de lei. A propósito, pode ainda mesmas. consultar-se o Relatório n.º 1/III/2009 da Comissão Eventual para 3. A inobservância de qualquer um dos prazos referidos no número a Análise dos Regimes de Concessões Públicas e de Terrenos e o anterior sujeita o concessionário às penalidades estabelecidas no Relatório n.º 1/IV/2010 da Comissão de Acompanhamento para os respectivo contrato ou, sendo este omisso, à multa no montante cor- Assuntos de Terras e Concessões Públicas. respondente a 0,1% do prémio por cada dia de atraso, até 150 dias. 46 Vide Extracção parcial do Plenário de 3 de Janeiro de 2013, Co- 4. A não aprovação do projecto de arquitectura ou de outros pro- lectânea de Legislação, Lei de terras, versão portuguesa, Assem- jectos de especialidades não suspende nem interrompe a contagem bleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau, do prazo do aproveitamento, para os efeitos do disposto no presen- Setembro de 2016, pág. 509. te artigo. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 229 terrenos não sejam aproveitados de forma efectiva ou sejam que, quanto à questão de como concretizar efectivamente mesmo desaproveitados. Mais ainda, o artigo 48.º da pro- este mecanismo, o Governo estava disposto a aprofundar a posta de lei dispõe, expressamente, que as concessões pro- questão com a Comissão durante a apreciação na especiali- visórias não podem ser renovadas50. O Governo insistiu que dade52. Depois, o Plenário procedeu à votação, e a proposta este é um mecanismo muito rigoroso51, afirmando apenas de lei foi então aprovada na generalidade53.

Terceiro, na apreciação na especialidade no seio da 5. A requerimento do concessionário, o prazo de aproveitamento Comissão, “a Assembleia Legislativa, e esta Comissão, na do terreno pode ser suspenso ou prorrogado por despacho do Che- discussão da proposta, afirmam que se deve reforçar a fis- fe do Executivo, em caso de alteração anormal das circunstâncias calização no que diz respeito ao cumprimento das cláusulas em que as partes decidiram contratar. contratuais depois da respectiva concessão dos terrenos, por forma a remediar o desequilíbrio da estrutura económica e Artigo 160.º a erradicar o problema do não aproveitamento dos terrenos Caducidade das concessões nos prazos definidos, ou seja, pugna pelo reforço da fiscali- 1. Para além das situações previstas no Capítulo VII, as conces- zação ao nível do aproveitamento de terrenos e agravamen- sões de terrenos urbanos ou de interesse urbano caducam, quando to das sanções para actos de não aproveitamento dos terre- se verifique qualquer uma das seguintes situações: nos fora do prazo estipulado, suprimindo casos de terrenos 1) Subarrendamento proibido ou efectuado sem precedência de não aproveitados ou devolutos.”54 O Governo “acolheu, a autorização, quando esta esteja prevista na presente lei; inclusão de um Princípio de fiscalização, recaindo sobre o 2) Não conclusão do aproveitamento do terreno nos prazos e ter- Governo o dever de acompanhar a evolução das concessões mos contratuais ou, sendo o contrato omisso, decorrido o prazo de e ocupações e de aplicar as sanções que ao caso couberem, 150 dias previsto no n.º 3 do artigo 102.º; nos termos da lei ou do contrato, para que o fim a elas ine- 3) Suspensão, consecutiva ou intercalada, do aproveitamento pelo rente seja salvaguardado.”55 período fixado no contrato ou, no silêncio deste, por prazo supe- rior a metade do previsto para a conclusão do aproveitamento; 4) Situações previstas no n.º 4 do artigo 151.º Para atingir o objectivo da política legislativa supra 2. Para além das situações previstas no Capítulo VII, as conces- mencionada, a Comissão e o Governo procederam a uma sões de terrenos rústicos caducam quando: discussão detalhada sobre as respectivas medidas concretas: 1) O aproveitamento não seja iniciado dentro de seis meses após a concessão ou no prazo contratual fixado; 1. No que diz respeito ao prazo da concessão por arren- 2) O aproveitamento seja suspenso, consecutiva ou intercalada- damento mente, por um período superior a 12 meses; 3) Seja efectuado o subarrendamento. 50 Versão inicial da proposta de lei: O artigo 47.º da versão inicial da proposta de lei (artigo 47.º da versão final) determina que “o prazo de concessão Artigo 47.º por arrendamento não pode exceder 25 anos e que o prazo Prazo das renovações não pode exceder, para cada uma, dez anos, sendo completamente idêntico à disposição prevista na lei 1. O prazo de concessão por arrendamento deve ser fixado no res- vigente. Durante a discussão na especialidade, a Comissão pectivo contrato de concessão, não podendo exceder 25 anos. foi de opinião que, em comparação com o prazo previsto 2. O prazo das renovações sucessivas não pode exceder, para cada nas regiões vizinhas, os referidos prazos são relativamente uma, dez anos. mais curtos. Assim, considera que se deve prolongar o prazo 3. Para o efeito da actualização da renda, os prazos do arrendamen- de concessão por arrendamento bem como o prazo das re- to ou das sucessivas renovações podem ser divididos em períodos. novações, com vista a dar melhores garantias à propriedade particular das construções existentes nos terrenos em causa. Artigo 48.º Renovação de concessões provisórias

1. Sem prejuízo do disposto no número seguinte, as concessões nova Lei de terras, não é uma norma inovadora, já no artigo 54.º provisórias não podem ser renovadas. (Prazo) da antiga Lei de terras, ou seja, a Lei n.º 6/80/M, de 5 de 2. A concessão provisória pode ser renovada a requerimento do Julho, alterada pela Lei n.º 8/91/M, de 29 de Julho, existia esta concessionário e com autorização prévia por despacho do Chefe mesma norma. do Executivo, caso o respectivo terreno se encontre anexado a um 52 Vide Extracção parcial do Plenário de 4 de Fevereiro de 2013, terreno concedido a título definitivo e ambos estejam a ser apro- Colectânea de Legislação, Lei de Terras, versão portuguesa, As- veitados em conjunto. sembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Ma- 3. O requerimento referido no número anterior deve ser apresen- cau, Setembro de 2016, páginas 563 a 565. tado em conjunto com o requerimento de renovação da concessão 53 Vide resultados da votação na generalidade do Plenário. definitiva do terreno, devendo os prazos de renovação de ambas as 54 Vide Parecer n.º 3/IV/2013 da 1.ª Comissão Permanente da As- concessões ser idênticos. sembleia Legislativa, versão portuguesa, páginas 63 e 64. 51 É mister sublinhar que a proibição de exceder o prazo de con- 55 Vide Parecer n.º 3/IV/2013 da 1.ª Comissão Permanente da As- cessão por arrendamento de 25 anos, constante na proposta da sembleia Legislativa, versão portuguesa, pág. 64. 230 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

O proponente referiu que tinha já ponderado sobre a novação será automática e sem necessidade de autorização questão, no entanto, na sequência da análise que levou a prévia do Chefe do Executivo? Terceiro, o n.º 2 deste artigo cabo, decidiu manter os prazos referidos quer para o arren- prevê a autorização prévia do Chefe do Executivo para o damento quer para a renovação. A Comissão aceitou, basi- respectivo requerimento, mas não estipula os requisitos para camente, a explicação do proponente. esse mesmo requerimento. No caso de não autorização, com a excepção do “interesse público”, conceito resumido e abs- É de referir que, tendo em conta a uniformização das tracto, quais são os critérios para a mesma? Quarto, depois 期 expressões, na versão chinesa alterou-se a expressão “ de um terreno de concessão provisória ser anexado a um 限 期間 ” para “ ”, quer na epígrafe quer ao longo do artigo, terreno concedido a título definitivo e ambos estejam a ser tendo-se procedido também à mesma alteração nos restan- aproveitados em conjunto, a renovação das concessões do 56 tes artigos.” terreno anexado é feita de forma separada ou conjuntamen- 2. No que diz respeito à concessão provisória te, mas com a autorização prévia do Chefe do Executivo? Ou será automática? Quanto ao artigo 48.º da versão inicial da proposta de lei (artigo 48.º da versão final da proposta de lei): “estabe- Segundo os esclarecimentos do proponente, o objectivo lecendo a comparação com a lei vigente, foi aditado este é a fiscalização intensiva sobre o aproveitamento dos terre- artigo, que prevê expressamente que, em princípio, as con- nos concedidos, por isso, insiste que a concessão provisória cessões provisórias não podem ser renovadas. No entanto, a não pode, em princípio, ser renovada. Excepção para a situ- concessão provisória pode ser renovada a requerimento do ação em que um terreno de concessão provisória seja anexa- concessionário e com autorização prévia do Chefe do Exe- do a um terreno concedido a título definitivo e ambos este- cutivo, caso o respectivo terreno se encontre anexado a um jam a ser aproveitados em conjunto. No entanto, não vão ser 57 terreno concedido a título definitivo e ambos estejam a ser considerados quaisquer outros casos excepcionais.” aproveitados em conjunto. E o referido requerimento deve “Um deputado apontou que, na prática, existem terre- ser apresentado em conjunto com o requerimento de reno- nos desaproveitados em relação aos quais o Governo auto- vação da concessão definitiva do terreno, devendo os prazos rizou um prazo de perdão de 30 a 48 meses para conclusão de renovação de ambas as concessões ser idênticos. do respectivo plano de construção. No caso de o conces- O proponente esclareceu que, no sentido de dar cum- sionário não conseguir concluir as obras de construção no primento ao princípio do aproveitamento útil e efectivo dos prazo concedido e disso não tiver culpa, como é que a situ- terrenos, prevê-se que a concessão provisória não pode ser re- ação deve ser tratada? Será tratada através das disposições 58 novada. No entanto, há que ter em conta que, na prática, sur- transitórias? gem situações em que o concessionário é compensado com

pequenas parcelas de terreno devido ao facto de o Governo 57 Vide Parecer n.º 3/IV/2013 da 1.ª Comissão Permanente da As- ter ocupado, para arruamentos, parte dos seus terrenos de sembleia Legislativa, versão portuguesa, páginas 122 e 123. concessão definitiva em reaproveitamento, assim, definiram- 58 Um membro da Comissão apresentou um parecer escrito cuja -se disposições excepcionais para os casos em que terrenos de versão portuguesa se encontra anexa ao Parecer n.º 3/IV/2013 da 1.ª concessão provisória são anexados a terrenos de concessão Comissão Permanente: definitiva e ambos estão a ser aproveitados em conjunto. «Artigo 48, n.º 1 A Comissão manifestou o seu acordo em relação a esta (Renovação de concessões provisórias) intenção legislativa, todavia, durante a discussão, levanta- ram alguns deputados as questões seguintes: primeiro, a sua 121. Mantém-se o princípio de as concessões provisórias não pode- opinião é no sentido de que se deva autorizar a renovação rem ser renovadas. da concessão provisória para os casos excepcionais, bem 122. Afigura-se importante ter presente a especial conjuntura actu- como para os casos em que o concessionário não consiga al de Macau, ditada pela eventual concessão de novos prazos para cumprir as cláusulas de aproveitamento no prazo previs- o aproveitamento ou conclusão de aproveitamento de concessões provisórias, designadamente por haver decisões judiciais que ve- to na concessão provisória por razões de força maior, por nham a dar razão aos concessionários que viram as suas conces- exemplo, calamidades naturais, e por motivos que não lhe sões declaradas rescindidas ou caducadas. sejam imputáveis. Por outro lado, a Comissão entende que 123. Nos processos de apreciação/decisão dos chamados “Terrenos é provável que surjam outras situações, e assim sendo, o abandonados”, a Administração precisa de prazo longo para ana- conteúdo deste artigo é bastante restritivo. Segundo, se um lisar cada um dos casos, assim, a pendência de 2/3 anos ou mais terreno de concessão provisória se encontra anexado a um nos circuitos administrativos constitui prejuízo irreparável para os terreno concedido a título definitivo e ambos estão a ser concessionários que, de acordo com a lei, devem ter os seus direi- aproveitados em conjunto, tal como previsto no n.º 2 deste tos protegidos. artigo, quando se verifique causa legítima, a respectiva re- 124. A proposta de lei não prevê “válvula de escape” para estas si- tuações extraordinárias, e não pode o Tribunal fixar ou determinar soluções equitativas para a resolução destes casos. 56 Vide Parecer n.º 3/IV/2013 da 1.ª Comissão Permanente da As- 125. O Chefe do Executivo deve ter poderes para renovar as con- sembleia Legislativa, versão portuguesa, páginas 121 e 122. cessões provisórias pelo período indispensável para a conclusão N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 231

Segundo os esclarecimentos do proponente, este não vai isto é, por cada dia de atraso, a multa a pagar corresponde legislar sobre casos concretos do passado, e embora o pra- a 0,1% do valor do prémio. Contudo, nem todos os terrenos zo de concessão por arrendamento seja fixado em 25 anos, concedidos estão sujeitos ao pagamento de prémio, pelo o prazo de aproveitamento é normalmente de 2 a 6 anos. que, na versão final, se estipulam, também, as situações dos Tendo em conta o princípio de aproveitamento rigoroso dos terrenos concedidos por concurso público, para as quais, terrenos, não devem surgir situações como a acima referi- caso se verifiquem atrasos no aproveitamento, “a multa a da. Tendo ainda igualmente em conta este princípio, não é pagar corresponde a 0,1% do preço da adjudicação”, por adequado estabelecer que há lugar a renovação no caso de cada dia de atraso. De acordo com o artigo 66.º da versão atrasos no aproveitamento de terrenos, não se excluindo, final, se na concessão gratuita de terrenos, que está isenta no entanto, os casos concretos que correspondam a outras do pagamento de quaisquer despesas, se verificarem atrasos disposições previstas na proposta de lei e que possam ser de aproveitamento que levem à caducidade da concessão, tratados de forma excepcional. mas se o motivo não for imputável ao concessionário, esta não caduca se o Chefe do Executivo considerar a respectiva A Comissão manifestou o seu acordo em relação à justificação bastante. explicação e às respectivas alterações introduzidas pelo proponente.”59 O n.º 4 estipula que a não aprovação do projecto de arquitectura ou de outros projectos de especialidade não 3. No que diz respeito ao prazo de aproveitamento dos suspende nem interrompe a contagem do prazo de aprovei- terrenos tamento. Em termos práticos, o cálculo para o prazo geral de aproveitamento do terreno inclui o tempo de apreciação “Na versão inicial, o n.º 1 do presente artigo estipulava do projecto pela Administração. que o procedimento de aproveitamento dos terrenos é o que estiver definido no respectivo contrato de concessão. Segundo o sector da construção civil, as dificuldades No entanto, registaram-se opiniões no sentido de que, com que os operadores se deparam têm a ver com o facto nos pedidos de concessão de terrenos, há que ter em conta de ser frequente os serviços competentes não respeitarem o que os projectos de construção são diferentes, por exemplo, prazo estipulado pela lei para a autorização, situação que quanto à dimensão da obra, complexidade e área de cons- resulta em atrasos também frequentes no aproveitamento de trução, entre outros factores, não sendo por isso adequado terrenos. que na proposta de lei se proceda à uniformização do prazo Segundo os esclarecimentos do proponente, este núme- de aproveitamento dos terrenos, sendo antes relativamente ro tem como objectivo prevenir situações de má fé, como mais justo proceder à sua definição no respectivo contrato, alterações constantes ao projecto de construção ou outros consoante a situação em concreto. projectos de especialidade, com vista a atrasar o aproveita- Pelo exposto, na versão final aditou-se ao n.º 1 o seguin- mento do terreno. Tendo em consideração as opiniões do te: o “prazo de aproveitamento” dos terrenos concedidos é sector, o proponente referiu que, caso o serviço competente definido no respectivo contrato de concessão. não consiga autorizar o pedido dentro do prazo estipulado e isso levar à não finalização do aproveitamento do terreno O n.º 2 estipula o prazo das cinco fases do processo, e pelo concessionado no prazo estipulado, o requerente pode, nas situações em que o contrato de concessão for omisso, ao abrigo do n.º 5, requerer a suspensão ou prorrogação do devem ser observados os prazos estipulados na lei. A con- prazo de aproveitamento, e caso o Chefe do Executivo con- tagem dos prazos, nomeadamente, na fase de apresentação sidere a situação justificável, o requerimento é autorizado. de outros projectos de especialidade e na fase da apresenta- ção do pedido de emissão da licença de obras, entre outras O n.º 5 da versão inicial estipulava que: “a requerimen- fases, é feita a partir da data da notificação da decisão do to do concessionário, o prazo de aproveitamento do terreno Governo em relação à respectiva fase anterior, no entanto, pode ser suspenso ou prorrogado por despacho do Chefe do o período de apreciação do Governo não é contabilizado. À Executivo, em caso de alteração anormal das circunstâncias apreciação do projecto de construção, ao pedido da licença em que as partes decidiram contratar”. de obras e aos outros projectos de especialidade aplica-se o disposto no Decreto-lei n.º 79/85/M — Regulamento Geral A Comissão entende que a expressão “alteração anor- da Construção Urbana. mal” é muito abstracta, e que o conceito inerente carece de objectividade, portanto, não é benéfico para a aplicação da Aumentou-se o valor da multa, constante do n.º 3, para lei pela Administração. a inobservância de qualquer um dos prazos referidos no n.º 2, Segundo os esclarecimentos do proponente, em relação a esta expressão “alteração enormet”, pode ser tido em con- da obra de aproveitamento e conversão da mesma em concessão ta o artigo 431.º do Código Civil. definitiva.” 59 Vide Parecer n.º 3/IV/2013 da 1.ª Comissão Permanente da As- No entanto, a Comissão referiu que a utilização desta sembleia Legislativa, versão portuguesa, pág. 124. expressão, proveniente do referido artigo do Código Civil, 232 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 acarreta algumas questões, uma vez que sempre existiu con- 4. No que diz respeito à caducidade das concessões trovérsia em termos de doutrina e de jurisprudência quanto à sua aplicação, trata-se, pois, de um dos artigos que desperta Durante a explicação, em geral, do regime de caducida- mais incertezas e de mais difícil aplicação em termos ob- de no seio da Comissão, fez-se uma remissão para o ponto jectivos, portanto, não parece adequado que tenha por base de vista de Nazaré Portela, segundo esta, a figura de caduci- um artigo que não é muito claro. Mais, o referido artigo do dade “assume a natureza de caducidade-sanção, porquanto Código Civil foi criado para a resolução do contrato. Dado emerge do não cumprimento por parte do concessionário de que o cumprimento das cláusulas do contrato pode acarretar obrigações a que se vinculou pelo contrato de concessão, de- graves danos para o concessionário e que este também não correntes entre outros, do dever de aproveitamento do terre- consegue assumir este tipo de risco, o prolongamento do pra- no concedido nos prazos e nas condições fixadas (cf. artigo zo de aproveitamento não tem grande sentido. Assim sendo, 103.º) (...). O objectivo primordial do legislador, neste caso, em caso de alteração anormal, deve avançar-se, de imediato, não é a extinção ou a perda do direito resultante da con- com a resolução do contrato e retomar o terreno em causa. cessão em virtude de não ter sido exercido dentro do limite temporal fixado, por razões de certeza e segurança jurídicas, Por outro lado, o princípio da boa-fé não é um requi- ditadas pela necessidade de estabilizar as situações a que sito para a alteração anormal. Só se considera alteração respeita, mas sim sancionar um comportamento faltoso do anormal quando esta é, em simultâneo, extraordinária, im- concessionário e evitar que essa situação de incumprimento, previsível e grave, o que vai causar desequilíbrio à relação lesiva do interesse público subjacente à concessão e que põe contratual. em causa a sua manutenção, se prolongue no tempo.”61 A “alteração anormal” não é um remédio santo para Quanto ao artigo 160.º da versão inicial (artigo 166.º resolver os problemas, pois apenas se aplica a situações ex- da versão final), que visa a caducidade das concessões, “a cepcionais. Assim, seria adequado definir alguns critérios Comissão entendeu ser demasiado amplo o âmbito de apli- concretos neste número, clarificando as situações a que a cação deste normativo, devendo restringir-se às concessões referida norma se aplica. provisórias e às concessões definitivas em fase de reapro- Na opinião de alguns deputados, não se podem aceitar veitamento. Entendimento que mereceu o acolhimento do estas circunstâncias de alteração anormal para a suspensão Proponente. ou prorrogação do prazo de aproveitamento do terreno, pois entendem que deve ser o Governo a declarar a caducidade Atenta-se que a caducidade prevista neste artigo é a ca- bem como a retoma do terreno. ducidade-sanção, provocada por uma actuação censurável do concessionário que a Administração penaliza; diferente, Segundo o proponente, é necessário regular esta ma- pois, da caducidade ‘tout court’. téria na proposta de lei, porque a gestão dos terrenos exige flexibilidade, e esta flexibilidade apenas tem como objectivo Assim, verifica-se a caducidade das concessões provi- prevenir situações de injustiça para o concessionário. Nesta sórias ou das concessões definitivas em fase de reaproveita- situação, a Administração deve ter algum grau de discricio- mento: nariedade, e o Governo continua aberto à possibilidade de se efectuarem ajustamentos ao artigo. a) Não conclusão do aproveitamento ou reaproveita- mento do terreno nos prazos e termos contratuais ou, sendo Na versão final estipula-se que ‘a requerimento do con- o contrato omisso, decorrido o prazo de 150 dias previsto no cessionário, o prazo de aproveitamento do terreno pode n.º 3 do artigo 104.º, independentemente de ter sido aplicada ser suspenso ou prorrogado por autorização do Chefe do ou não a multa; Executivo, por motivo não imputável ao concessionário e que o Chefe do Executivo considere justificativo.’. Segundo b) Suspensão, consecutiva ou intercalada, do aproveita- os esclarecimentos do proponente, não é possível elencar mento ou reaproveitamento pelo período fixado no contrato exemplos de todas as situações, e o poder discricionário visa ou, no silêncio deste, por prazo superior a metade do previs- verificar se existe ou não dolo ou culpa do concessionário to para a sua conclusão.”62 para o facto do aproveitamento não se concretizar no pra- zo fixado. Se a inobservância do prazo se dever a factores Quarto, na apreciação e votação na especialidade, o exteriores, a factores que não podem ser controlados, e por Plenário não abordou mais as questões acima referidas e motivo não imputável e considerado justificativo, parece que exigir ao concessionário a assunção das consequências da devolução do terreno afecta o princípio da boa fé. Nesta 61 Vide Parecer n.º 3/IV/2013 da 1.ª Comissão Permanente da situação, o Chefe do Executivo pode autorizar a suspensão Assembleia Legislativa, versão portuguesa, páginas 69 e 70. Vide ou a prorrogação do prazo de aproveitamento do terreno.”60 também NAZARÉ PORTELA, A caducidade no contrato de concessão de terras, Terceiras Jornadas de Direito e Cidadania da Assembleia Legislativa, 2011. 60 Vide Parecer n.º 3/IV/2013 da 1.ª Comissão Permanente da As- 62 Vide Parecer n.º 3/IV/2013 da 1.ª Comissão Permanente da As- sembleia Legislativa, versão portuguesa, páginas 180 a 183. sembleia Legislativa, versão portuguesa, pág. 229. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 233 discutidas pela Comissão no seio da apreciação na especia- 2. Ponto de vista do Comissariado contra a Corrupção lidade. Durante a apreciação artigo a artigo da proposta de lei pelo Plenário, sobretudo os artigos 47.º, 48.º, 103.º e 104.º Na página 20 do seu Relatório de investigação sobre os da versão alternativa63, nenhum deputado levantou qualquer 16 terrenos cuja caducidade de concessão não foi declarada, questão sobre a redacção dos mesmos64, nem o Governo o CCAC confirma que: quer“ nos termos da nova ou anti- adiantou mais alguma nova explicação ou novo esclarecí- ga Lei de terras, a concessão provisória por arrendamento mento65. Todos os referidos artigos foram postos à votação e caduca se no seu termo o aproveitamento do terreno não foram aprovados66. for concluído, devendo neste caso a Administração Pública declarar a caducidade da concessão nos termos da Lei de (6) Verificar a intenção legislativa a partir do processo terras.” de aplicação da lei Confirma ainda na página 22 do mesmo relatório que: “nos termos da nova Lei de terras, trata-se de uma norma 1. Ponto de vista do Governo67 imperativa — a concessão provisória será declarada caduca no seu termo —, e a Administração Pública deve observá-la 68 O Governo afirmou em vários despachos o seguin- rigorosamente. Se ao termo da concessão provisória o apro- te: “de acordo com o disposto no artigo 44.º e no n.º 1 do veitamento do terreno não for concluído, deve a Administra- artigo 47.º da Lei n.º 10/2013 (Lei de terras), aplicável por ção Pública declarar a caducidade da concessão em termos força do preceituado no artigo 215.º desta lei, a concessão legais, independentemente de a não conclusão do aprovei- por arrendamento é inicialmente dada a título provisório, tamento do terreno dentro do prazo seja ou não imputável por prazo que não pode exceder 25 anos e só se converte em ao concessionário. Nesta situação, não há margem de poder definitiva se, no decurso do prazo fixado, forem cumpridas discricionário ‘para declarar ou não a caducidade’.” as cláusulas de aproveitamento previamente estabelecidas e o terreno estiver demarcado definitivamente. As concessões 3. Ponto de vista dos órgãos judiciais provisórias não podem ser renovadas nos termos do n.º 1 do artigo 48.º da Lei n.º 10/2013 (Lei de terras). Neste contexto, Na sentença referente ao processo n.º 107/15-IC (pági- dado que a concessão em causa não se tornou definitiva, é nas 14 e 15 da versão chinesa), o Tribunal Administrativo verificada a sua caducidade pelo decurso do prazo.” fez a remissão para o Parecer n.º 3/IV/2013 da 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, e afirma o seguinte: “através do conteúdo acima citado, não é difícil de desco- 63 Vide Mapa comparativo entre alguns artigos da Lei n.º 10/2013 brir que, durante a discussão da proposta de lei, já foi discu- (Lei de terras) e da versão inicial da respectiva proposta de lei — tido, claramente, se se deve ou não autorizar a renovação da em comparação com a versão inicial, a redacção respectiva da ver- concessão provisória para os casos excepcionais, em que o são alternativa não sofreu qualquer alteração substancial. concessionário não consiga cumprir as cláusulas de aprovei- 64 Após a votação, um deputado fez um alerta, na sua declaração tamento durante o prazo da concessão provisória por moti- de voto, afirmando que, embora tenha sido grande a quantidade vos que não lhe sejam imputáveis. Segundo os esclarecimen- de trabalho realizado na revisão da Lei de terras, a sua finalização tos dados na altura pelo proponente, o objectivo é reforçar não significa que todos os problemas estão resolvidos, se calhar, a fiscalização sobre o aproveitamento dos terrenos conce- depois de algum tempo de execução da lei, poderá ainda haver didos, daí a insistência de que a concessão provisória não alguns aspectos que exijam revisão. Esta declaração em nada pode, em princípio, ser renovada. Excepção para a situação impediu o deputado em causa de votar a favor dos artigos acima referidos (Vide Extracção parcial do Plenário de 12 de Agosto de em que um terreno de concessão provisória seja anexado a 2013, Colectânea de Legislação, Lei de Terras, versão portuguesa, um terreno concedido a título definitivo e ambos estejam a Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de ser aproveitados em conjunto. No entanto, não vão ser con- Macau, Setembro de 2016, pág. 683). siderados quaisquer outros casos excepcionais. Esta opinião 65 Para mais pormenores — vide Extracção parcial do Plenário de foi acolhida pela 1.ª Comissão Permanente da AL, ademais, 12 de Agosto de 2013, Colectânea de Legislação, Lei de Terras, a proposta de lei acabou, no final, por ser aprovada pela versão portuguesa, Assembleia Legislativa da Região Administra- Assembleia Legislativa. Portanto, estava clara a atitude do tiva Especial de Macau, Setembro de 2016, páginas 668 a 681. legislador perante a questão da renovação da concessão 66 Vide resultados da votação na especialidade do Plenário. provisória, ou seja, só há uma excepção, não podendo haver 67 Para além de ser proponente, o Governo é ainda o aplicador mais quaisquer outras excepções que permitam a renovação número um da nova Lei de terras, por conseguinte, é muito difícil da concessão provisória, e mesmo quando as cláusulas de separar, completamente, estas duas identidades do Governo. Após aproveitamento do contrato de concessão não puderem, por a descrição do processo legislativo, fica-se a saber, face ao sentido abstracto das normas jurídicas, a clara atitude e posição do pro- razões inimputáveis ao concessionário, ser cabalmente cum- ponente. E, de facto, esta posição é continuada com o processo de pridas, não há lugar a qualquer excepção para renovação da aplicação da lei. concessão.” 68 Existem dezenas de despachos desse género, indica-se aqui me- ramente os Despachos do Secretário para os Transportes e Obras Também segundo o acórdão do Tribunal de Segunda Públicas n.os 6/2016, 59/2016 e 17/2017. Instância, relativo ao Processo n.º 1074/2015 (página 106): 234 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

“... não parece ser de acolher a tese segundo a qual o prazo o pensamento legislativo subjacente ao normativo da lei, máximo de 25 anos previsto no art. 47.º — que se aplica mas sim criar, na prática, novas disposições normativas. Por também às concessões provisórias, face aos termos do art. conseguinte, o projecto de lei não tem enquadramento nas 166.º, n.º 1 — é suspensível para dar cobertura à posição normas interpretativas, tratando-se, antes, dum projecto do concessionário que não teve oportunidade de concluir o com normativo inovador. Deste juízo se chega à conclusão que terá iniciado — ou mesmo não teve ensejo de dar início de que o conteúdo do projecto apresentado pelo Deputado ao aproveitamento — por culpa do concedente. ... Todavia, toca e vai alterar a política de gestão de solos definida, e estamos certos de que o tempo máximo de duração da con- que se encontra concretizada na Lei de terras. cessão estabelecido na lei deve ser tido por inexcedível, por razões que são de interesse público e de normação de direito V. Política do Governo público, visto que a referida lei em lado nenhum prevê moti- vos de suspensão nem de interrupção ...” (1) Introdução

(7) Breve conclusão Como foi referido na secção II, ao procedimento da verificação preliminar aplicam-se principalmente o artigo Face ao exposto, e depois de esgotados todos os meios 75.º da Lei Básica e os artigos 104.º e 105.º do Regimento. possíveis para tentar apurar a intenção legislativa da nova Olhando para o seu conteúdo, o projecto de lei ora em apre- Lei de terras, pode chegar-se à conclusão de que, quer quan- ço não se enquadra, obviamente, no âmbito da iniciativa to à letra das normas quer em termos da lógica do sistema, legislativa reservada em exclusivo ao Governo, à qual, por não é possível chegar à intenção legislativa preconizada pelo conseguinte, os deputados têm direito. Porém, será que se proponente do projecto de lei. Mais ainda, existem provas enquadra no âmbito da iniciativa condicionada? Neste caso, bastantes para demonstrar que, no decurso da apreciação na é necessário um pressuposto, ou seja, é preciso avaliar se especialidade da proposta de lei, embora tenha havido um o projecto de lei é “atinente à política do Governo”. Mais deputado que levantou, especificamente, a questão de como concretamente, é necessário avaliar se a “política de gestão resolver o problema em caso da não conclusão do aproveita- de solos”, referida na secção IV, constitui uma “política do mento do terreno quando o prazo de concessão se encontrar Governo”. prestes a terminar, tendo sugerido soluções, nomeadamente com o aditamento de normas que conferissem ao Chefe Isto tem a ver com a forma como é entendida a expres- do Executivo competência para, neste caso, autorizar a são “política do Governo” e a avaliação da natureza “ati- renovação. No entanto, o Governo, enquanto proponente, nente à política do Governo”. sempre insistiu no prazo de 25 anos como duração máxima nas concessões de terrenos por arrendamento, insistindo Quanto ao conceito “política” e “política do Governo”, que as concessões provisórias não podiam ser prorrogadas, parece que não existe definição ou delimitação uniformi- isto é, não podiam ser renovadas, tendo também rejeitado, zada, mas na acepção geral, a política é um plano definido expressamente, as sugestões apresentadas pelo deputado69. pelo Governo, por um órgão, organização ou indivíduo, Foi neste pressuposto que a proposta de lei intitulada “Lei para concretizar determinados objectivos. A política é com- de terras” foi apreciada e votada na especialidade e aprova- posta por uma série de acções ou actividades com planea- da, não tendo as várias normas em causa sofrido alterações mento e organização. A política é sempre instituída para substanciais desde a sua versão inicial até à versão final70. evitar algum impacto negativo previsto pela organização, ou para a prossecução de determinado interesse. As políticas A política legislativa, acima descrita, não só foi com- do Governo, por sua vez, são princípios ou directrizes de provada pelos elementos constantes do processo legislativo, acção adoptados ou propostos pelo Governo.71 como foi sempre insistentemente defendida, sem excepção, pelo Governo e pelos órgãos judiciais, aquando da aplicação (2) Prática legislativa pertinente em Macau das respectivas normas jurídicas. Após o retorno de Macau à Pátria, na prática legislati- Isto vem demonstrar que, apesar de o projecto de lei va da RAEM, de 20 de Dezembro de 1999 até à presente que o respectivo proponente pretende agora apresentar data, os deputados à Assembleia Legislativa apresentaram empregar na sua designação a expressão “Norma interpre- no total 15 projectos de lei que requereram a autorização tativa”, se confrontarmos o conteúdo normativo proposto do Chefe do Executivo por serem atinentes à política do e a intenção legislativa proclamada pelo proponente com a Governo, entre os quais 6 foram consentidos por escrito intenção legislativa que acaba de ser apurada e confirma- pelo Chefe do Executivo, e 4 destes tiveram a autorização da, o projecto de lei não vem explorar nem o espírito nem do Chefe do Executivo acompanhada do respectivo parecer. Daqueles 6 projectos de lei autorizados pelo Chefe do Exe- cutivo, 3 foram aprovados e valem como leis, 1 foi retirado 69 Vide, também, as conclusões do Relatório sobre a auscultação pelo proponente, 1 não foi aprovado durante a apreciação das gravações das reuniões da Comissão. 70 Vide mapa comparativo entre alguns artigos da Lei de terras e da versão inicial da respectiva proposta de lei. 71 Vide. explicação da Wikipedia sobre a política. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 235 na especialidade, e 1 encontra-se a ser apreciado na espe- relates to Government policies, the notice shall be accompa- cialidade em sede de Comissão. As outras 9 iniciativas, não nied by the written consent of the Chief Executive in respect foram autorizadas, apesar de os proponentes terem apresen- of the bill.” tado requerimento ao Chefe do Executivo.72 Na prática legislativa, em relação à conformidade das Estes projectos de lei, aquando do seu requerimento, iniciativas dos deputados com o artigo 74.º da Lei Básica de concessão ou recusa de autorização, ou da apreciação no Hong Kong e o respectivo estipulado das Rules of Procedure caso daqueles autorizados, não originaram, aparentemente, of the Legislative Council, o Presidente do organismo, regra discordância entre os deputados e entre estes e o Governo, geral, solicita aos serviços públicos competentes a emissão relativamente à questão de o assunto ser da política do Go- de parecer, e ausculta as opiniões do deputado proponente e verno ou não, nem divergência visível quanto à pergunta se da assessoria jurídica do LegCo, para, com base nisso, tomar a matéria é atinente à política do Governo. Assim, por um uma decisão (ruling), de força vinculativa e com efeitos defi- lado, quanto à problemática de uma iniciativa legislativa nitivos74. Nos primeiros anos após o retorno de Hong Kong à apresentada por deputados ser atinente ou não à política Pátria, a Presidente do LegCo emitiu uma série de decisões do Governo, não existe muita experiência, nem critério de deste género75. No respeitante às expressões “related to” e avaliação específico ou directo, por não ter havido contro- “Government policies”, consta duma dessas decisões o se- vérsia. Por outro lado, na experiência da RAEM, tem-se guinte: 1. Quanto à expressão “related to”, o Governo enten- um entendimento relativamente consensual no respeitante à de que a iniciativa está relacionada com a matéria, desde que expressão “atinente à política do Governo”. sobre a mesma tenha uma influência directa, indirecta, con- sequente ou incidental. No entanto, no entender do deputa- Em relação às iniciativas legislativas apresentadas pelo do envolvido, é necessário ter “direct bearing on relevant as- Governo, não se faz a avaliação, na prática legislativa, para pects”. A Presidente defende que a expressão significa have“ decidir se as iniciativas são reservadas em exclusivo ao Go- substantive effect”. 2. Quanto à expressão “Government verno ou se são atinentes à política do Governo. O que se policies”, o Governo é de opinião de que não só se refere às faz é: durante a apreciação na especialidade, as comissões políticas ou decisões tomadas pelo Chefe do Executivo nos permanentes, após negociação com os membros do Gover- termos da lei, como também abrange aquelas que o Governo no, enviam as sugestões e opiniões de alteração ao Gover- se encontra a formular e as decisões do Governo no sentido no, que procede às alterações com base na discussão entre de não formular qualquer política. O deputado envolvido as duas partes e apresenta uma versão final com as revisões, defende que só estão abrangidas as políticas importantes e sobre a qual o plenário da Assembleia Legislativa realiza a existentes decididas pelo Chefe do Executivo e aquelas que discussão e a votação na especialidade. Houve um caso em têm grande impacto no Governo e na sociedade. A Presiden- que, durante a discussão e a votação na especialidade de te do LegCo entende que devem ser contempladas as políti- uma iniciativa legislativa no plenário, um deputado tentou cas decididas nos termos da lei pelo Chefe do Executivo in apresentar uma moção de alteração sobre um artigo, mas Council e as decididas pelos antigos governadores, ainda em como uma iniciativa superveniente dos deputados atinente vigência, mas que devem ser excluídas as políticas que estão à política do Governo carece também de autorização por a ser formuladas76. escrito do Chefe do Executivo, a Presidente da AL, que pre- sidia àquela reunião, considerou que apesar de o artigo em Ser atinente à política do Governo significa ter influ- causa possivelmente não ser atinente à política do Governo, ência substancial nas políticas do Governo. A fasquia para a proposta de lei, no seu conjunto, envolvia a política do testar a influência substancial dos projectos de lei bills( ) nas Governo, logo os deputados não podiam apresentar propos- ta de alteração sobre determinados artigos.73 74 O ponto 44 das Rules of Procedure of the Legislative Council estipula, sob a epígrafe Decision of Chair Final, “The President in (3) Normas e prática legislativa pertinentes em Hong Council, the Chairman in a committee of the whole Council or the Kong chairman of any committee shall be responsible for the observan- ce of the roles of order in the Council and committee respectively. Quanto à política do Governo, o preceito do artigo 74.º His decision on a point of order shall be final”. da Lei Básica de Hong Kong e o do artigo 75.º da Lei Básica 75 Ruling by the President of the Legislative Council on the Em- de Macau são quase idênticos, a saber, “The written consent ployment (Amendment) Bill 1999 proposed by Hon. Andrew of the Chief Executive shall be required before bills relating CHENG Kar-foo, de 16 de Julho de 1999; Ruling by the President to government policies are introduced”. O ponto 51(4) das of the Legislative Council on the Employment (Amendment) (No. Rules of Procedure of the Legislative Council of the Hong 2) Bill 1998 proposed by the Hon. LEE Cheuk-yan, de 19 de Julho Kong Special Administrative Region estipula o seguinte: de 1999; Ruling by the President of the Legislative Council on the “ln the case of a bill which, in the opinion of the President, Labour Relations (Right to Representation, Consultation and Col- lective Bargaining) Bill proposed by the Hon. LEE Cheuk-yan, de 19 de Julho de 1999. 72 Vide. mapa em anexo. 76 Vide. Ruling by the President of the Legislative Council on the 73 Vide. Diário da Assembleia Legislativa, I Série, N.º III-59, de 26 Employment (Amendment) (No. 2) Bill 1998 proposed by lhe de Abril de 2007, pág. 21-22. Hon. LEE Cheuk-yan, de 19 de Julho de 1999. 236 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 políticas do Governo não é assim tão alta até ao ponto de também de autorização escrita do Chefe do Executivo. Por ditar que os projectos tenham uma influência extremamente sua vez, o referido ponto das Rules of Procedure of LegCo importante nas políticas, nem é assim tão baixa até ao pon- não prevê nenhuma norma para a iniciativa superveniente. to de exigir que aqueles tenham apenas uma relação íntima No entanto, esta diferença não afecta a análise da presente com as políticas do Governo.77 iniciativa legislativa, uma vez que o projecto de lei em apre- ço é uma iniciativa originária, que não envolve a questão da No sítio web do Department of Justice pode ler-se: “To iniciativa superveniente. Assim, uma iniciativa originária, assist the President in deciding whether a bill relates to ‘Go- desde que envolva a política do Governo, depende sempre vernment policies’, the bureau concerned should produce de consentimento por escrito do Chefe do Executivo, tanto evidence such as the Official Record of Proceedings of the em Macau como em Hong Kong. Meetings of the Legislative Council, LegCo papers or other relevant documents to show that the policy in question has Obviamente, a cultura e a tradição jurídicas de Macau been in existence before the bill is submitted to the Law e Hong Kong são diferentes, e os respectivos parlamentos Draftsman for the issue of a certificate under the LegCo regem-se, também, por regimes expressivamente diferentes. Rules of Procedure. [....] the bureau concerned should put Por conseguinte, o mais importante continua a ser a consi- forward the best possible submissions in order to assist the deração da situação real da própria Região Administrativa LegCo President in deciding on the matter under Rule 51(3) Especial de Macau. and (4) of the LegCo Rules of Procedure. In formulating Conjugando a experiência e as leis de Macau81, enten- submissions, it is necessary to appreciate that the submis- demos que, pelo menos, as políticas decididas pelo Chefe sion on a particular bill will not only affect the bill in ques- do Executivo, ouvido o Conselho Executivo, nos termos da tion, but it will also have implications on the approach of the alínea 4) do artigo 50.º e do artigo 58.º da Lei Básica, se en- Administration’s submissions on other bills. In this regard, quadram na “política do Governo” referida no artigo 75.º da the bureau concerned will be assisted by the Basic Law Unit Lei Básica. of the Department of Justice (with input, where appropriate, from Legal Adviser (Legislative Affairs) of the Department (5) A iniciativa legislativa em apreço é ou não é “atinente 78 of Justice and the Director of Administration).” à política do Governo”

(4) Entendimento da expressão “atinente à política do A Lei de terras vale como lei, através da formulação Governo” da política pelo Chefe do Executivo, ouvido o Conselho Executivo, nos termos da alínea 4) do artigo 50.º e do artigo Macau e Hong Kong são ambas regiões administrativas 58.º da Lei Básica, da apresentação da respectiva proposta especiais da República Popular da China, e quanto à limita- de lei, da apreciação e aprovação pela reunião plenária da ção do poder de iniciativa legislativa dos deputados, sobre- Assembleia Legislativa, e da assinatura pelo Chefe do Exe- tudo quando são iniciativas atinentes à política do Governo, cutivo, o que demonstra que a política reflectida na Lei de as duas leis básicas são coincidentes, exceptuando apenas terras deve ser política do Governo. diferenças pequenas ao nível da redacção e da terminologia usada. O artigo 105.º do Regimento da Assembleia Legis- O mais importante é que o artigo 7.º da Lei Básica auto- lativa de Macau79 e o ponto 51(4) das Rules of Procedure riza expressamente o Governo da RAEM a ser responsável of the Legislative Council80, em relação às iniciativas dos pela gestão, uso e desenvolvimento dos solos na RAEM, deputados atinentes à política do Governo, demandam que bem como pelo seu arrendamento ou concessão a pessoas são dependentes de autorização do Chefe do Executivo; a singulares ou colectivas para uso ou desenvolvimento. So- diferença entre os dois verifica-se no respeitante à iniciativa bre esta matéria, o Governo da RAEM tem tido uma políti- superveniente. À luz do artigo 105.º do Regimento da AL ca coerente e constante e afirmou, por repetidas vezes, que de Macau, o exercício da iniciativa superveniente dos Depu- a política de gestão de solos é implementada através da Lei tados em matérias atinentes à política do Governo depende de terras. O Governo refere, por exemplo, no Relatório das Linhas de Acção Governativa para 2008 — área de Trans- portes e Obras Públicas: “tendo em conta que o desenvol- 77 Vide. Zhang Yang, “Diálogo” entre o Chefe do Executivo e os vimento urbano e o aproveitamento razoável dos terrenos deputados ao Conselho Legislativo de Hong Kong - apresentação são muito influenciados pela política de gestão de solos, o de iniciativas legislativas atinentes à “política do Governo” pelos deputados, Legal and Economy, Abril de 2012, n.º 309. 78 http://www.doj.gov.hk/eng/index.html 81 A alínea 3) do número 2 do artigo 55.º da Lei n.º 10/2013 — Lei 79 Artigo 105.º do Regimento da AL: “O exercício da iniciativa dos de terras prevê: “Empreendimentos que se articulem com as políti- Deputados em matérias atinentes à política do Governo depende cas do governo já tornadas públicas, designadamente pelas formas de autorização escrita do Chefe do Executivo.” seguintes: i) Menção nas linhas de acção governativa anuais; ii) 80 O ponto 51(4) das Rules of Procedure of the Legislative Council Divulgação na reunião plenária da Assembleia Legislativa com of the Hong Kong Special Administrative Region estipula o se- a presença do governo para responder às perguntas relacionadas guinte: “In the case of a bill which, in the opinion of the President, com as linhas de acção governativa e o seu relatório; iii) Divulga- relates to Government policies, the notice shall be accompanied by ção em conferências de imprensa relativas às políticas, promovidas the written consent of the Chief Executive in respect of the bill.” pelo governo.” N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 237

Governo, no próximo ano, vai rever a Lei de terras e demais Recorde-se no entanto que, sendo o proponente do pro- diplomas complementares [...]”. Nas Linhas de Acção Go- jecto deputado, a participação do Governo da RAEM no vernativa para 2014, o Governo aponta o seguinte: “com a Plenário para a respectiva apreciação e votação não ocorre revisão da Lei de terras, visa-se uma gestão científica, um re- necessariamente, ou seja, o Governo pode, muito provavel- gime normativo e medidas jurídicas transparentes para que mente, ser afastado do processo de apreciação e votação o aproveitamento dos solos se possa tornar mais racional.”82 do projecto de lei. Atendendo ao pressuposto já apontado anteriormente, de que a Lei de terras envolve política do Pelo exposto, a Lei n.º 10/2013 — Lei de terras visa Governo, se o Governo for afastado do processo, os efeitos implementar e reflectir a política do Governo na gestão de negativos serão agravados. solos. O citado projecto de deliberação tem natureza aces- A análise acima efectuada demonstra que o projecto de sória, cuja admissibilidade depende da admissibilidade do lei em apreço pretende adicionar matérias que não constam próprio projecto de lei em causa. da lei original, o que não só implicaria alterações formais VII. Forma de iniciativa do n.º 5 do artigo 104.º da Lei de terras, como também poria em causa efectivamente a política global sobre a concessão, Analisado o projecto de lei objecto de verificação, não e arrendamento de solos, e resultaria em mudanças sig- se constatou qualquer violação do n.º 1 do artigo 103.º83 e do nificativas das respectivas políticas, provocando impactos artigo 108.º 84 do Regimento. substanciais às políticas do Governo relativas à gestão de solos. Neste sentido, o projecto de lei enquadra-se no âmbi- VIII. Conclusão to das iniciativas “atinentes à política do Governo”, previsto no artigo 75.º da Lei Básica e no artigo 105.º do Regimento Após análise efectuada, a Mesa entende que: da AL, cuja apresentação pelo deputado deve obter, nos (1) O projecto de lei intitulado “Norma interpretativa termos da lei, o prévio consentimento escrito do Chefe do do n.º 5 do artigo 104.º da Lei n.º 10/2013”, apresentado pelo Executivo. Deputado Tong Io Cheng, envolve a política do Governo, re- ferida no artigo 75.º da Lei Básica, cuja apresentação depen- VI. Processo de urgência de do prévio consentimento escrito do Chefe do Executivo. Juntamente com o projecto de lei intitulado “Norma (2) Antes da apresentação do dito projecto de lei, o De- interpretativa do n.º 5 do artigo 104.º da Lei n.º 10/2013”, o putado aludido não obteve o prévio consentimento escrito Deputado Tong Io Cheng apresentou ainda um projecto de do Chefe do Executivo. deliberação do Plenário para a adopção do processo de ur- gência relativamente ao respectivo projecto de lei. 83 Artigo 103.º O artigo 2.º do referido Projecto de deliberação propõe (Exercício da iniciativa) o seguinte: “O processo de urgência adoptado nos termos do artigo anterior consubstancia-se no seguinte: 1. As iniciativas dos Deputados podem ser subscritas até um nú- mero máximo de nove Deputados. a) Dispensa de exame na especialidade em comissão; 2. As iniciativas originárias do Governo devem: a) Ser assinadas pelo Chefe do Executivo; e b) Inclusão na ordem do dia da presente reunião plená- b) Conter a menção de sobre elas ter sido consultado o Conselho ria da discussão e votação na especialidade do projecto de Executivo da RAEM. 3. Em caso de incumprimento do disposto no n.º 1, o Presidente lei intitulado “Norma interpretativa do n.º 5 do artigo 104.º devolve o projecto de lei ao primeiro Deputado subscritor. da Lei n.º 10/2013”; 4. Em caso de incumprimento do disposto no n.º 2, o Presidente devolve a proposta de lei ao Chefe do Executivo, com a indicação c) Dispensa de envio à comissão competente para re- da formalidade preterida. dacção final.” 84 Artigo 108.º (Limites formais) E o artigo 3.º propõe que: “A presente deliberação entra em vigor imediatamente.” 1. Sob pena de rejeição liminar pelo Presidente da Assembleia Le- gislativa, todos os projectos e propostas de lei devem: As disposições propostas não violam as normas sobre a) Ser apresentados por escrito; processo de urgência, previstas nos artigos 155.º a 158.º do b) Ser redigidos na forma articulada; Regimento. c) Conter uma designação que traduza sucintamente o seu objecto principal; d) Ser acompanhados de uma nota justificativa. 82 Vide. Relatório das Linhas de Acção Governativa para o Ano 2. A preterição das formalidades previstas no número anterior é Financeiro de 2008, pág. 108; Linhas de Acção Governativa para o suprível no prazo, improrrogável, fixado pelo Presidente. Ano Financeiro de 2014, pág. 380. 3. As propostas de alteração devem ser apresentadas por escrito. 238 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

(3) Pelo que, o exercício da iniciativa pelo referido De- Interpelação escrita putado não está de acordo com o exigido pelo artigo 105.º do Regimento. No final da tarde do passado dia 18 de Abril corrente ano ocorreu uma interrupção no serviço de Internet da ban- (4) Sugerir ao Presidente da Assembleia Legislativa para, da larga da CTM que durou mais de 4 horas e afectou mais no exercício da competência conferida pelo artigo 107.º do de 30 mil utentes, segundo dados da própria CTM, cau- 85 Regimento , rejeitar liminarmente o projecto de lei em sando transtornos dos utilizadores de serviços de Internet. causa. Embora tenha alegado que nenhuma actividade comercial foi afectada dado que o incidente ocorreu a partir das 19h30 (5) Atendendo à natureza acessória do projecto de de- e que a maioria das pequenas e médias empresas já tinham liberação do Plenário, apresentado pelo referido Deputado encerrado as suas operações diárias, mas na verdade, as para a adopção do processo de urgência relativamente ao actividades dos mercados financeiros da Europa e dos Esta- seu projecto de lei, a rejeição deste implica, natural e neces- dos Unidos ainda continuam em pleno funcionamento. sariamente, a rejeição daquele projecto de deliberação. Além disso, semanas atrás, a qualidade deste serviço (6) Submeter ao Presidente da Assembleia Legislativa também foi afectado devido a falba do cabo submarino as opiniões de análise e as sugestões acima expostas, para além das irregularidades detectadas ultimamente na presta- referência. ção do serviço WiFiGo por parte da CTM.

28 de Março de 2017. Nos últimos anos, aconteceram várias interrupções gra- ves nos seus serviços quer da internet, quer da rede fixa e do A Mesa da Assembleia Legislativa. serviço móvel tendo sempre conseguido evitar total respon- sabilidade e punições severas.

Em todos anteriores falhanços, a CTM prometeu ______sempre tomar as devidas providências para evitar a sua recorrência. Contudo, os cidadãos não confiam em falsas promessas ou ora alegando culpa dos fornecedores do software para livrar-se das responsabilidades como gestor 29. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- dessas infra-estruturas. Estas situações afectam a imagem ção governativa, apresentado pelo Deputado José Maria de Macau e prejudicam gravemente a actividade económica Pereira Coutinho, datado de 26 de Abril de 2017, e o res- principalmente as pequenas e médias empresas. pectivo Despacho n.º 538/V/2017.

Embora o mercado dos serviços de telecomunicações DESPACHO N.º 538/V/2017 de Macau esteja liberalizado há vários anos porém a CTM

continua a “monopolizar” quase todos os serviços de tele- Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regimen- comunicações em Macau, fornecendo um serviço de baixa to, o requerimento de interpelação escrita, datado de 26 de qualidade e de preço alto. Abril de 2017, apresentado pelo Deputado José Pereira Cou- tinho. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 A evolução tecnológica dos serviços de telecomuni- (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com cações em Macau não está acompanhar o rápido desen- os a redacção dada pelas Resoluções n. 2/2007 e 3/2009, dis- volvimento de Macau em comparação com outras regiões tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- vizinhas a nosso ver devido a uma sistemática deficiente fis- to acima referido. calização dos serviços públicos responsáveis, e a existência de legislação desadequada, face ao aumento populacional e 5 de Maio de 2017. os milhões de turistas que nos visitam anualmente.

O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. Assim sendo, interpelo o Governo, solicitando, que me sejam dadas respostas, de uma forma CLARA, PRECISA, COERENTE, COMPLETA e em tempo útil sobre o se- 85 Artigo 107.º guinte: (Limites orgânicos e materiais) 1. Que consequências sancionatórias serão aplicadas Sob pena de rejeição liminar pelo Presidente da Assembleia Le- face às consecutivas falhas nos serviços da CTM para evitar gislativa, os projectos e as propostas de lei, e as propostas de alte- falhas semelhantes às ocorridas? ração, não podem: a) Violar o disposto nos artigos 104.º e 105.º; 2. Que medidas vão ser implementadas pelo Governo b) Omitir a definição concreta do sentido das modificações a intro- para que a CTM indemnize os utentes que foram afectados duzir no ordenamento jurídico. com estas falhas? N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 239

3. A longo prazo, o Governo tem algum plano geral autocarros, do qual resultou, a criação de medidas de con- para o desenvolvimento dos serviços de telecomunicações tingência que incluem a canalização da circulação, através em Macau para que a população possa usufruir plenamente de uma reafectação temporária dos veículos integrantes do dos benefícios de um mercado liberalizado? serviço de transportes colectivos de passageiros, com vista a facilitar a deslocação dos mesmos, bem como dos restantes Aos 26 de Abril de 2017. veículos utentes do terminal de correspondência.

O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi- 2. No que diz respeito à higiene e à gestão da limpeza nistrativa Especial de Macau, José Maria Pereira Coutinho. das instalações de vidro na Praça de Ferreira do Amaral, a DSAT tomou conhecimento e exigiu que a empresa de ______gestão reforçe a fiscalização, a inspecção e a limpeza das mesmas para assegurar a higiene do local, bem como do meio envolvente. Além disso, a DSAT tem intensificado as 30. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- acções de inspecção periódicas e não periódicas, por forma pelação, apresentada pelo Deputado José Maria Pereira a melhor avaliar a gestão efectiva dos parques de estacio- Coutinho, datada de 13 de Fevereiro de 2017, e o respecti- namento público. Paralelamente, esta Direcção de Serviços vo Despacho n.º 539/V/2017. continuará a acompanhar o funcionamento do parque de estacionamento público em causa. DESPACHO N.º 539/V/2017

Quanto aos trabalhos de limpeza das vias públicas, Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- mais concretamente, da Praça de Ferreira do Amaral, a cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a Companhia de Sistemas de Resíduos, Limitada destaca pes- redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- soal para proceder à sua limpeza diariamente, enquanto o -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita pessoal do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- (IACM) procede à inspecção e fiscalização. Caso seja de- tado pelo Deputado José Maria Pereira Coutinho em 13 de tectada qualquer acumulação de resíduos, a Companhia é Fevereiro de 2017. notificada, de imediato, para garantir a limpeza do espaço. Por outro lado, o IACM realiza, com regularidade, a ins- 5 de Maio de 2017. pecção, fiscalização, manutenção e reparação dos repuxos e O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. da zona verde da Praça de Ferreira do Amaral. Se for detec- tada qualquer anomalia no âmbito da limpeza, zela-se, no ------sentido de a empresa adjudicada tratar a situação de forma célere. Resposta à interpelação escrita apresentada pelo Sr. Deputado à Assembleia Legislativa, José Maria Pereira A DSAT já realizou um concurso público para a re- Coutinho paração das instalações de vidro danificadas na Praça de Ferreira do Amaral, prevendo que as obras de reparação se Em cumprimento das instruções do Chefe do Execu- iniciem no segundo trimestre do corrente ano. tivo e tendo em consideração o parecer do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, apresento a seguinte Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, aos resposta à interpelação escrita do Sr. Deputado José Maria 31 de Março de 2017. Pereira Coutinho, de 13 de Fevereiro de 2017, enviada a coberto do ofício da Assembleia Legislativa n.º 132/E115/ O Director dos Serviços, Lam Hin San. V/GPAL/2017, de 17 de Fevereiro de 2017, e recebida pelo Gabinete do Chefe do Executivo a 20 de Fevereiro de 2017: ______1. Atendendo ao funcionamento do terminal de corres- pondência de autocarros da Praça de Ferreira do Amaral, a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) 31. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- encontra-se a proceder aos trabalhos preparatórios para pelação, apresentada pela Deputada Wong Kit Cheng, dar início à concepção do projecto de remodelação do ter- datada de 17 de Fevereiro de 2017, e o respectivo Despa- minal, incluindo, designadamente, a instalação de toldos, o cho n.º 540/V/2017. reordenamento das vias do terminal, o aperfeiçoamento da plataforma de espera e o melhoramento das condições de DESPACHO N.º 540/V/2017 circulação. Por outro lado, para reduzir o congestionamento de trânsito causado pela entrada e saída de grande volume Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- de autocarros no terminal, esta Direcção de Serviços criou cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a um mecanismo de comunicação com as três operadoras de redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- 240 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

-se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita 2. Para assegurar que o projecto de transferência inter- do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- -regional dos veículos abatidos, irá satisfazer os requisitos tado pela Deputada Wong Kit Cheng em 17 de Fevereiro de relacionados com a segurança de transporte, a protecção 2017. ambiental e a quarentena, é necessário estabelecer, em Ma- cau, um local para o pré-tratamento dos mesmos antes da 5 de Maio de 2017. sua transferência transfronteiriça. Considerando que este é um projecto-piloto e que não há qualquer exemplo ou O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. precedente, e para garantir um transporte inter-regional se------guro e prudente e corresponder às exigências estabelecidas pelos departamentos de fiscalização do Interior da China, Resposta à interpelação escrita apresentada pela Sr.ª De- ambas as partes estão a coordenar os requisitos do projecto, putada à Assembleia Legislativa, Wong Kit Cheng respeitantes às suas operações concretas e à sua inspecção. Pretende-se, assim, que o projecto em causa seja promovi- Em cumprimento das instruções do Chefe do Executivo do, da forma mais célere possível. e tendo em consideração o parecer do Instituto para os As- 3. Dado que a recolha de veículos abatidos envolve o suntos Cívicos e Municipais (IACM), apresento a seguinte tratamento de diversos tipos de resíduos especiais e perigo- resposta à interpelação escrita da Sr.ª Deputada Wong Kit sos, a forma mais adequada para o tratamento dos veículos Cheng, de 17 de Fevereiro de 2017, enviada a coberto do ofí- acima referidos, e conforme o estudo, é recorrer ao modelo cio da Assembleia Legislativa n.º 160/E134/V/GPAL/2017, de cooperação inter-regional. Actualmente, o Governo da de 27 de Fevereiro de 2017, e recebida pelo Gabinete do RAEM, em conjunto com o Interior da China; está a pro- Chefe do Executivo em 28 de Fevereiro de 2017: mover o plano de transferência transfronteiriça dos veículos 1. Conforme o estudo da fase inicial, o tratamento de abatidos, abrangido pelo “Acordo-Quadro de Cooperação veículos abatidos está relacionado com as baterias usadas, na Protecção do Ambiente Guangdong-Macau”, para que se óleo lubrificante usado e fluido refrigerante residual, en- construa, a longo prazo, um meio de tratamento e transfor- tre outros resíduos especiais e perigosos. E, actualmente, mação dos mesmos em materiais não nocivos. As “Instru- não há qualquer tecnologia apropriada, nem as instalações ções para o controlo de poluição ambiental causada pelos necessárias em Macau para se efectuar o tratamento não locais de depósito de veículos abandonados”, divulgadas nocivo. Tendo em conta outros factores restritivos — tal anteriormente pela DSPA, visam ajudar o sector a elevar o como a escassez de terrenos —, é difícil proceder-se ao tra- nível de protecção ambiental, de modo a zelar pela qualida- tamento mais conveniente de veículos obsoletos e à trans- de do ambiente e pela saúde dos cidadãos. Por outro lado, o formação dos mesmos em recursos materiais. Pelo exposto, Governo da RAEM pretende concluir, este ano, a elabora- a cooperação regional é, após o estudo preliminar e análise ção do Regulamento Administrativo “Plano de apoio finan- da realidade de Macau, o método mais acertado para so- ceiro à aquisição de equipamentos para o sector de recolha lucionar, a longo prazo, o problema do abate de veículos de resíduos” destinado a todo o sector de reciclagem, tendo na Região. O Governo da RAEM está a promover, com o como foco dar apoio financeiro ao referido sector para ad- Interior da China, o projecto de transferência inter-regional quirir os equipamentos indispensáveis para a exploração de tratamento de veículos abatidos, no âmbito do “Acordo- de actividades de recolha selectiva, a fim de aliviar o custo -Quadro de Cooperação Ambiental entre Guangdong e operacional e elevar a eficácia das operações. Macau”, dando prioridade ao tratamento dos veículos que 10 de Abril de 2017. sejam entregues, voluntariamente, para abate, pelos cida- dãos, nomeadamente os que se candidatarem ao “Plano de O Director da DSPA, Tam Vai Man. Apoio Financeiro ao Abate de Motociclos e Ciclomotores com Motor a Dois Tempos”, de modo a atenuar a pressão ______resultante do tratamento daqueles veículos. As “Instruções para o controlo de poluição ambiental causada pelos locais de depósito de veiculos abandonados”, lançadas anterior- 32. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- mente pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental pelação, apresentada pelo Deputado Chan Meng Kam, (DSPA), visam, ainda, ajudar o sector a melhorar o nível datada de 20 de Fevereiro de 2017, e o respectivo Despa- de protecção ambiental, de modo a zelar pela qualidade do cho n.º 541/V/2017. ambiente e pela saúde da população. Quanto aos problemas de higiene nos locais de depósito de veículos abandonados, DESPACHO N.º 541/V/2017 os serviços competentes irão solicitar a limpeza ao próprio proprietário. Caso não seja possível contactar o proprietá- Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- rio ou se se tratar de uma situação urgente, o IACM deve cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a incumbir o seu pessoal de proceder à limpeza sempre que redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- os serviços envolvidos o solicitem, com vista a melhorar -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita conjuntamente a situação higiénica. do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 241 tado pelo Deputado Chan Meng Kam em 20 de Fevereiro exemplo do exercício da 5.ª Liberdade do Ar. Portanto, poli- de 2017. ticamente, o Governo da RAEM tem estabelecido condição comerciais favoráveis para as companhias aéreas locais e do 5 de Maio de 2017. exterior. Esta política de céu aberto favorece o desenvolvi- mento progressivo e maduro do mercado e a iniciativa das O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. companhias aéreas na abertura e desenvolvimento sustentá- vel das rotas. ------

2. O direito exclusivo da Companhia de Transportes Resposta à interpelação escrita apresentada pelo Sr. Depu- Aéreos Air Macau, S.A.R.L. irá terminar, por decurso do tado à Assembleia Legislativa, Chan Meng Kam prazo do contrato de concessão, em 2020. O Governo da

RAEM está a efectuar um estudo relativo ao futuro siste- Em cumprimento das instruções do Chefe do Executivo, ma do transporte aéreo e irá publicar atempadamente os apresento a seguinte resposta à interpelação escrita do Se- resultados quando a direcção do desenvolvimento futuro do nhor Deputado Chan Meng Kam, de 20 de Fevereiro de 2017, sistema de transporte aéreo estiver concluída. enviada a coberto do ofício n.º 184/E150/V/GPAL/2017 da Assembleia Legislativa, datado de 6 de Março de 2017, e re- A Autoridade de Aviação Civil de Macau (AACM) tem cebida pelo Gabinete do Chefe do Executivo em 7 de Março ainda adoptado medidas flexíveis para aprovar a abertura de 2017: de rotas não-regulares, prestando serviços de charter para 1. A 5.ª Liberdade do Ar conhecida também por “quinta os residentes e turistas, tais como os serviços de charter re- liberdade intermediária” e “quinta liberdade além”, é o di- gular de Macau para Moscovo e St. Petersburg o Verão do reito, em serviços aéreos internacionais regulares, atribuído ano passado e os serviços de charter regular de Macau para por um Estado a outro Estado, de embarcar e desembarcar Palau nos últimos anos. De facto, Palau, país acima referi- no território do outro Estado Contratante, passageiros e do, não tem relações diplomáticas com o nosso País, assim o carga provenientes de ou destinados a um Estado terceiro. Governo da RAEM não celebrou nenhum acordo bilateral De acordo com o princípio de uma só China, os serviços aé- sobre serviços aéreos com aquele país, por isso não é possí- reos entre Macau e as cidades do Interior da China são voos vel estabelecer serviços aéreos regulares entre os dois luga- domésticos e não voos internacionais, ou seja, não se aplica res. No entanto, a fim de desenvolver o mercado do Interior a 5.ª Liberdade do Ar. Por isso, de acordo com a autorização da China, e atrair mais turistas do Interior da China para do Governo Central, nas negociações de rotas entre Macau viajarem através de Macau, mesmo sem acordo de serviços e países estrangeiros, o Interior da China, Taiwan e Hong aéreos, aprovamos as rotas relevantes sob a forma de char- Kong não podem ser ponto intermédio ou ponto além no ter regular, demonstrando que o Governo da RAEM é fle- uso da 5.ª Liberdade do Ar. O Governo da RAEM não está xível na aprovação em função das necessidades do mercado, autorizado a aprovar, pedidos de serviços aéreos por parte e apoia a indústria de aviação no desenvolvimento de rotas de companhias aéreas do exterior para pontos no Interior diferentes, promovendo o mercado do transporte aéreo de da China através de Macau, ou de companhias aéreas do Macau. Interior da China para pontos num Estado terceiro através Macau. 30 de Março de 2017.

Caso Macau seja considerado ponto intermédio numa O Presidente da Autoridade de Aviação Civil, Chan rota para uma cidade do Interior da China, ou uma cidade Weng Hong. do Interior da China seja considerada como ponto além numa rota através de Macau, isto implica um problema complicado de direito internacional, já que o voo entre ______cidades estrangeiras e Macau é um voo internacional, e o voo entre cidades do Interior da China e Macau é um voo doméstico. Este tipo de rota envolve diferentes jurisdições 33. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- nomeadamente, a política de “Um País, Dois Sistemas”, di- pelação, apresentada pelo Deputado Leong Veng Chai, reitos de tráfego aéreo entre o Interior da China e RAEM e datada de 22 de Fevereiro de 2017, e o respectivo Despa- entre o Interior da China e países terceiros, assim como os cho n.º 542/V/2017. interesses das companhias aéreas de Macau, do Interior da China e de países terceiros, entre outros. DESPACHO N.º 542/V/2017

A maior parte dos acordos de serviços aéreos assina- Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- dos entre Macau e países estrangeiros incluem a troca da cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a 5.ª Liberdade do Ar. Os serviços aéreos que no passado redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- foram prestados com partida de Singapura, com paragem -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita em Macau e tendo como destino final as Filipinas são um do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- 242 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 tado pelo Deputado Leong Veng Chai em 22 de Fevereiro em recursos materiais. Quanto aos diversos recursos reci- de 2017. cláveis de Macau e a sua taxa de recolha selectiva, esta Di- recção dos Serviços não dispõe das respectivas informações 5 de Maio de 2017. para fornecer.

29 de Março de 2017. O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. O Director da DSPA, Tam Vai Man. ------

______Resposta à interpelação escrita apresentada pelo Deputa- do à Assembleia Legislativa, Leong Veng Chai

34. Resposta escrita do Governo, respeitante à interpela- Em cumprimento das instruções do Chefe do Executivo ção, apresentada pela Deputada Chan Hong, datada de 23 de e tendo em consideração o parecer do Instituto para os As- Fevereiro de 2017, e o respectivo Despacho n.º 543/V/2017. suntos Cívicos e Municipais (IACM), apresento a seguinte resposta à interpelação escrita do Sr. Deputado Leong Veng DESPACHO N.º 543/V/2017 Chai, de 22 de Fevereiro de 2017, enviada a coberto do ofí- cio da Assembleia Legislativa n.º 166/E136/V/GPAL/2017, Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- de 28 de Fevereiro de 2017, e recebida pelo Gabinete do cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a Chefe do Executivo em 1 de Março de 2017: redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita 1. Tendo em consideração que a dimensão populacional do Governo sobre o. requerimento de interpelação, apre- de Macau é relativamente pequena, que os recursos de terra sentado pela Deputada Chan Hong em 23 de Fevereiro de são escassos e que não há quaisquer sectores complementares 2017. relacionados, a cooperação inter-regional é o plano mais ade- quado para o tratamento das pilhas e baterias usadas. Pelo 5 de Maio de 2017. que, o Governo da RAEM encontra-se a acompanhar de forma dinâmica os trabalhos de tratamento e transformação O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. das mesmas em recursos materiais. Actualmente, a Direcção ------dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) armazena, de forma apropriada e temporária, todas as pilhas e baterias Resposta à interpelação escrita apresentada pela Sr.ª usadas e proceder à sua transformação através da cooperação Deputada à Assembleia Legislativa, Chan Hong regional, logo que reunidas as condições necessárias. Em cumprimento das instruções do Chefe do Executivo 2. Os resíduos sólidos recicláveis (incluindo metal, plás- e tendo em consideração o parecer do Instituto para os As- tico e papel usado), recolhidos pelo Governo da RAEM suntos Cívicos e Municipais, apresento a seguinte resposta ou pelo sector de reciclagem, serão transportados para as à interpelação escrita da Sr.ª Deputada Chan Hong, de 23 regiões confinantes, onde serão tratados, reciclados e, trans- de Fevereiro de 2017, enviada a coberto do ofícío da Assem- formados em recursos, após as operações de classificação bleia Legislativa n.º 170/E139/V/GPAL/2017, de 1 de Março simples, compressão e embalagem. Relativamente aos medi- de 2017, e recebida pelo Gabinete do Chefe do Executivo camentos fora de prazo, são geralmente transportados para em 2 de Março de 2017: tratamento na Estação de Tratamento de Resíduos Espe- ciais e Perigosos de Macau. Nos últimos anos, o IACM tem 1. O Governo da RAEM tem prestado a maior aten- dado início a trabalhos de recolha de recipientes de vidro. ção ao ordenamento dos pontos turísticos do património Os recipientes de vidro recolhidos serão transportados para histórico mundial e ao problema do trânsito. Levando a o “Centro de Educação sobre, Recursos Recicláveis” subor- cabo várias acções, o Governo tem implementado diversas dinado ao IACM para tratamento. Após trituração, a areia medidas, designadamente, o reforço na gestão da tomada de vidro reciclada servirá para pavimentação, economizan- e largada de passageiros de autocarros de turismo na zona do o material que é necessário para obras de pavimentação, envolvente das Ruínas de S. Paulo e na Rua de D. Belchior nomeadamente a areia, com o objectivo de reduzir o consu- Carneiro. Desde a implementação das respectivas medidas, mo de recursos naturais. os turistas têm tido uma reacção positiva. A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, a Direcção dos Servi- 3. Nos últimos anos, a taxa total de recolha selectiva ços de Turismo, o Instituto Cultural e o Corpo de Polícia de de resíduos sólidos recicláveis em Macau — incluindo me- Segurança Pública continuarão a auscultar as opiniões dos tal, plástico e papel usado — é cerca de 18% a 20%, sendo diversos sectores da sociedade, consoante os resultados im- todos estes também transportados para as zonas vizinhas plementando sucessivamente um maior número de medidas para, consequentemente, serem reciclados e transformados de gestão, consoante os resultados. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 243

2. Relativamente à construção de sistemas pedonais baixos rendimentos. Trata-se de uma medida provisória entre a Praça do Tap Seac e a Rua de D. Belchior Carneiro, com prazo de 1 ano, por isso, todos os anos o Governo tem esta questão envolve diversos Serviços e áreas de competên- de publicar no Boletim Oficial a respectiva prorrogação, cia e terá de estar em harmonia com as políticas da RAEM, através de regulamento administrativo. pelo que, em primeiro lugar, irão ser auscultadas as opini- ões dos diversos sectores da sociedade e depois serão intro- No passado, os trabalhadores que reuniam os requisitos duzidas sucessivamente mais medidas de gestão, de modo a podiam requerer, o referido subsídio nos meses de Abril, aperfeiçoar complementares envolventes. Julho, Outubro e Janeiro, só que, em Abril deste ano, a re- ferida medida não foi publicada no Boletim Oficial, assim, 3. O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais os referidos trabalhadores ainda não puderam avançar com manifesta que apresentou, há alguns anos, o projecto de o respectivo requerimento. Andaram por todo o lado à pro- criação de um parque de estacionamento nos viveiros de cura de informação, e estão muito preocupados, têm receio plantas do Jardim Luís de Camões, mas alguns desses por não terem requerido o subsídio no primeiro trimestre terrenos são privados e o próprio proj ecto não obteve o do presente ano, e receiam também que o Governo venha a consentimento da sociedade, portanto, não se reuniram as cancelar este subsídio. condições necessárias para proceder aos trabalhos. Por ou- tro lado, a Praça de Luís de Camões foi dividida em zona de Macau dispõe de números invejáveis ao nível da eco- lazer e local de paragem de autocarros públicos, mas devido nomia, devido ao seu desenvolvimento, contudo, por detrás às limitações de espaço não foram reunidas as condições deste esplendor, ainda existe um grupo de trabalhadores para a criação de uma zona de estacionamento para auto- com rendimentos mais baixos do que o salário mínimo e carros de turismo. que, devido à elevada taxa da inflação, têm uma vida muito difícil. Assim, as “Medidas Provisórias do Subsídio Com- Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, aos plementar aos Rendimentos do Trabalho” são muito impor- 31 de Março de 2017. tantes para este grupo de trabalhadores.

O Director dos Serviços, Lam Hin San. Nestes termos, interpelo o Governo sobre o seguinte:

1. Por que razão é que, até à data, ainda não foram ______publicadas no Boletim Oficialas “Medidas Provisórias do Subsídio Complementar aos Rendimentos do Trabalho”? Estas medidas vão continuar? 35. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- ção governativa, apresentado pela Deputada Lei Cheng I, 2. Estas medidas foram implementadas em 2008, e des- datado de 27 de Abril de 2017, e o respectivo Despacho de então, com a excepção do primeiro ano, o regulamento n.º 544/V/2017. administrativo respectivo foi quase sempre publicado antes do mês de Abril. Mas, este ano, o mês de Abril chegou ao DESPACHO N.º 544/V/2017 fim e o regulamento administrativo ainda não foi publicado, o que constitui uma grande inconveniência para os interes- Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- sados. O Governo vai divulgar as razões que levaram a isto? mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de Como é que, no futuro, se vão evitar os atrasos na publica- 27 de Abril de 2017, apresentado pela Deputada Lei Cheng ção destes regulamentos administrativos, para não se inter- I. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 romper a continuidade das medidas em causa? (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, dis- 27 de Abril de 2017. tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- A Deputada à Assembleia Legislativa da Região Admi- to acima referido. nistrativa Especial de Macau, Lei Cheng I. 5 de Maio de 2017. ______O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng.

------36. Resposta escrita do Governo, respeitante à interpela- (Tradução) ção, apresentada pelo Deputado Au Kam San, datada de 24 de Fevereiro de 2017, e o respectivo Despacho n.º 545/V/2017. Interpelação escrita DESPACHO N.º 545/V/2017 Em 2008, o Governo implementou as “Medidas Provi- sórias do Subsídio Complementar aos Rendimentos do Tra- Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- balho”, com vista a aliviar a pressão dos trabalhadores com cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a re- 244 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 dacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia-se da remuneração e regalias oferecidas nos diversos sectores. a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita do Quando as empresas registam a sua oferta de emprego na Governo sobre o requerimento de interpelação, apresentado DSAL, esta verifica o nível salarial e condições oferecidas, pelo Deputado Au Kam San em 24 de Fevereiro de 2017. sendo que, se o salário oferecido for inferior ao do nível do mercado de trabalho, a DSAL sugere que o empregador 5 de Maio de 2017. faça o devido ajustamento, a fim de elevar a eficácia da conjugação. Além disso, o Governo da RAEM tem sempre O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. incentivado e apelado aos empregadores/empresas que pos- suem condições, para oferecerem um salário e regalias mais ------atraentes, a fim de contratarem ou motivarem a permanên- cia dos trabalhadores na empresa. (Tradução) Tendo em conta o desenvolvimento económico e a ofer- Resposta à interpelação escrita apresentada pelo Sr. Depu- ta e procura de recursos humanos, a DSAL também realiza tado à Assembleia Legislativa Au Kam San continuamente cursos de formação profissional diversifica- dos, com alvos definidos e perspectivas futuras, destinados Em cumprimento das orientações de S. Ex.ª o Chefe do a trabalhadores residentes de diversas classes dos sectores, Executivo, relativamente à interpelação escrita apresentada a fim de aumentar a sua competitividade no emprego, pro- em 24 de Fevereiro de 2017 pelo Sr. Deputado Au Kam San, mover a sua ascenção profissional e mobilidade horizontal, encaminhada através do ofício da Assembleia Legislativa treinar pessoal qualificado e formar um quadro de reserva n.º 180/E146/V/GPAL/2017, de 6 de Março de 2017, vem a desse pessoal para os diversos sectores em Macau. Os tipos Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) de formação compreendem o seguinte: formação inicial, responder o seguinte: formação com ligação estreita com o emprego, formação conjugada com testes de certificação, formação remune- Para compreender melhor a situação geral dos motoris- rada em serviço e elevação de técnicas, entre outros, Em tas profissionais de Macau, o Governo da Região Adminis- 2016, a DSAL organizou 289 cursos, tendo contado com a trativa Especial de Macau (RAEM) encarregou o Instituto participação de um total de 6 219 indivíduos, tendo 5 110 Politécnico de Macau de fazer uma investigação e estudo concluído o curso1. Ao mesmo tempo, a DSAL presta dife- sobre esse tema, tendo este verificado, através dos resul- rentes tipos de serviços de apoio ao emprego, ajudando os tados dessa investigação, que há oferta de emprego para candidados no planeamento da sua carreira profissional, motoristas profissionais em Macau e que, ao mesmo tempo, para que, através dos serviços de avaliação das capacidades a sociedade, em geral, entende que há falta de recursos hu- profissionais) de simulação de entrevistas profissionais e de manos para essa profissão. A DSAL vai continuar a prestar prestação de informações sobre empregos, os candidatos muita atenção às opiniões e pontos de vista apresentados passem a conhecer melhor as próprias capacidades e conhe- pelas associações de diferentes sectores e pelos residentes çam as informações mais actualizadas sobre empregos. sobre a questão dos motoristas profissionais existirem ou Em conjugação com a situação de procura de recursos não em número suficiente em Macau. humanos para o cargo de condutor de veículos pesados de passageiros, a DSAL tem vindo a organizar desde 2005, o Quanto à questão do reforço da conjugação entre a “Curso de condutores de veículos pesados de passageiros” oferta e a procura de motoristas profissionais e respectiva e a prestar apoio na obtenção da carta de condução aos análise, a DSAL encontra-se, de momento, empenhada na residentes de Macau interessados em ingressar naquela optimização do trabalho de construção da plataforma para carreira, para atenuar problemas com a procura de recursos a conjugação do emprego de motoristas profissionais, na humanos para aquele cargo. Até Fevereiro de 2017, propor- perspectiva de, consoante as informações sobre a oferta e a cionou-se 2 844 vagas para formação, tendo 2 077 indivídu- procura de emprego dos empregadores e dos candidatos a os participado nessa formação, dos quais 1 597 conseguiram emprego, designadamente a lista de candidatos que aguar- obter a carta de condução. Para motivar os formandos a dam/procuram emprego, profissão interessada, regalias exercerem, após conclusão do curso, a profissão de moto- exigidas, tipo e número de motoristas pretendidos, natureza rista profissional, o curso tem vindo a ser realizado, desde do trabalho, condições remuneratórias, etc..., lhes prestar 2011, segundo o modelo de “devolução das quantias gastas apoio no encaminhamento profissional e na conjugação do após ingressão na carreira”. Ao mesmo tempo, a DSAL emprego. Ao mesmo tempo, a DSAL vai continuar a inten- também tem mantido uma comunicação e ligação estrei- sificar os serviços de aconselhamento profissional e de pla- ta com as empresas que contratam pessoal, para apoiar o neamento da carreira profissional, prestando o serviço de ingresso nessas empresas dos fonnandos que concluem o aconselhamento profissional diversificado e que satisfaça as curso. Desde 2011 a 2016, um total de 675 indivíduos obti- exigências dos candidatos a emprego, a fim de aumentar as veram a carta de condução, sendo que, três meses depois de suas oportunidades de ingressão na carreira.

No respeitante à questão levantada no ponto 2 da in- 1 Incluem somente 263 cursos que os indivíduos concluíram e terpelação, a DSAL tem vindo a prestar atenção à situação cujas classificações foram divulgadas. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 245 a obterem, 349 indivíduos passaram a exercer a função de 38. Resposta escrita do Governo, respeitante à interpe- condutor de veículos pesados de passageiros, representando lação, apresentada pelo Deputado Au Kam San, datada de uma taxa de ingresso na carreira de 50%. 10 de Maço de 2017, e o respectivo Despacho n.º 547/V/2017.

11 de Abril de 2017. DESPACHO N.º 547/V/2017

O Director da DSAL, Wong Chi Hong. Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita ______do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- tado pelo Deputado Au Kam San em 10 de Março de 2017.

5 de Maio de 2017. 37. Resposta escrita do Governo, respeitante à interpela- ção, apresentada pelo Deputado Si Ka Lon, datada de 24 de O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. Fevereiro de 2017, e o respectivo Despacho n.º 546/V/2017. ------DESPACHO N.º 546/V/2017 Resposta à interpelação escrita do Sr. Deputado à Assem- Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- bleia Legislativa, Au Kam San cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- Em cumprimento das instruções do Chefe do Executi- -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita vo, apresento a seguinte resposta à interpelação escrita do do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- Sr. Deputado Au Kam San, de 10 de Março de 2017, enviada tado pelo Deputado Si Ka Lon em 24 de Fevereiro de 2017. a coberto do ofício n.º 221/E176/V/GPAL/2017 da Assem- bleia Legislativa de 20 de Março de 2017, e recebida pelo 5 de Maio de 2017. Gabinete do Chefe do Executivo a 22 de Março de 2017:

O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. 1. Com o intuito de que as acções governativas acompa- nhem o desenvolvimento da sociedade, o Governo, aquan------do da elaboração e implementação de políticas e medidas, Resposta à interpelação escrita apresentada pelo Sr. Depu- necessita de proceder atempadamente ao seu ajustamento, tado à Assembleia Legislativa, Si Ka Lon tendo em conta as mudanças do ambiente social. No que diz respeito às medidas referidas na interpelação escrita sobre a Em cumprimento das instruções do Chefe do Execu- instalação de parquímetros, o ajustamento da proporção de tivo, apresento a seguinte resposta à interpelação escrita parquímetros de cada zona, a introdução de diversos tipos apresentada pelo Sr. Deputado Si Ka Lon em 24 de Feve- de parquímetros, entre outras medidas, elas seguem o plano reiro de 2017, enviada a coberto do ofício da Assembleia de acção “Gestão razoável dos veículos particulares”, defi- Legislativa n.º 175/E143/V/GPAL/2017 de 3 de Março de nido na “Política Geral do Trânsito e Transportes Terres- 2017, e recebida pelo Gabinete do Chefe do Executivo em 6 tres de Macau (2010-2020)», sendo medidas que pretendem de Março de 2017: também elevar a rotatividade dos lugares de estacionamen- to providos de parquímetros e estimular os condutores para 1. Relativamente aos trabalhos de fiscalização a levar o aproveitamento dos parques de estacionamento públicos. a cabo após a entrada em funcionamento das instalações No entanto, desde 1987, ou seja, num espaço de tempo de 30 electromecânicas, cabe aos serviços competentes efectuá- anos, as tarifas dos lugares de estacionamento com parquí- -la, tendo em conta as diferentes situações, pelo que, não há metros não foram ajustadas. nesta fase uma calendarização para a criação de um serviço específico de fiscalização electromecânica. 2. Em complemento da resposta anteriormente dada, para o ajustamento das tarifas dos parquímetros foi tido em 2. Com o intuito de reforçar a fiscalização dos equipa- conta a inflação e a capacidade de resposta da população, mentos de elevadores, a Direcção dos Serviços de Solos, entre outros aspectos. Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) encontra-se a proceder aos trabalhos preparatórios da fase inicial respei- 3. Em relação às respostas dadas nos pontos 1 e 2, nes- tantes à elaboração do projecto de lei em causa. te momento, esta Direcção de Serviços não se encontra a analisar a suspensão do plano de ajustamento das tarifas de RAEM, 30 de Março de 2017. parquímetros. Em conformidade com as orientações defini- das na «Política Geral do Trânsito e Transportes Terrestres O Director dos Serviços, Li Canfeng. de Macau (2010-2020)» e no «Plano Quinquenal de Desen- 246 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 volvimento da RAEM (2016-2020)», a DSAT, através da feração de crimes cibernéticos, por exemplo, as técnicas implementação contínua de medidas, irá alcançar o objectivo criminosas de invasão pelos hackers, o roubo de dados pes- da gestão razoável dos veículos particulares, estando sem- soais, as burlas cibernéticas, etc., mudam de dia para dia, o pre disponível para ouvir as opiniões dos vários sectores da que impossibilita a sua prevenção. Assim, em todo o mundo sociedade relativamente à política de controlo de veículos. se empregam já esforços para assegurar uma prevenção Quanto ao melhoramento dos serviços de transporte público, rigorosa, e os territórios vizinhos, nomeadamente, Hong esta Direcção de Serviços irá prosseguir o princípio da “pri- Kong, Taiwan, o Japão, a Coreia do Sul, o Interior da Chi- mazia dos transportes públicos” e continuará a melhorar os na, etc., definiram já diplomas legais para regulamentação serviços de autocarros, e analisando a utilização de veículos das operações no mundo cibernético e estabeleceram os de grande porte nas carreiras com grande volume de passa- respectivos órgãos de administração. Legislar para garantir geiros, a redução da sobreposição das carreiras para encurtar a segurança cibernética e criar um Centro de segurança o tempo de circulação, e procurará incentivar mais cidadãos, cibernética são matérias que Macau não pode negligenciar. especialmente os condutores a optarem pelo transporte pú- Entretanto, a situação em Macau tem-se mantido desac- blico para a sua deslocação, de modo a aliviar a pressão do tualizada ao longo destes anos, quer ao nível da regula- trânsito; através do sistema de gestão de autocarros, é possí- mentação quer ao nível da gestão. Atendendo às mudanças vel divulgar de imediato as informações sobre a localização incessantes das tecnologias e das técnicas inerentes aos dos autocarros e a sua velocidade de circulação, no sentido crimes cibernéticos, as penas previstas pela Lei de combate de melhor obter as informações em tempo real, sendo que, à criminalidade informática, aprovada em 2009, são agora desta forma, esta Direcção de Serviços poderá aperfeiçoar a demasiado leves. Por exemplo, o acesso ilegítimo a sistemas frequência de autocarros e encurtar o tempo de espera. informáticos é punido com pena de prisão até 1 ano, e a obstrução de sistemas informáticos é punida com pena de Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, aos prisão até 3 anos. Estabelecendo uma comparação com os 13 de Abril de 2017. países vizinhos, os custos dos crimes cibernéticas em Macau são baixos, as penas estipuladas carecem de efeito dissua- O Director dos Serviços, Lam Hin San. sor, e algumas disposições da lei em questão dificultam a obtenção de provas. ______Nos dias de hoje, as pessoas dependem cada vez mais da internet para o seu trabalho e na sua vida. Atendendo ao facto de diversas mensagens privadas serem expostas na 39. Requerimento de interpelação escrita sobre a acção internet, são imprevisíveis os crimes que podem resultar do governativa, apresentado pelo Deputado Zheng Anting, roubo de dados pessoais. Se Macau não adoptar medidas datado de 21 de Abril de 2017, e o respectivo Despacho preventivas rigorosas para reforçar a segurança cibernéti- n.º 548/V/2017. ca, nem forem acelerados os trabalhos legislativos a favor da gestão e segurança cibernéticas, pode concluir-se que DESPACHO N.º 548/V/2017 o Governo tolera, indirectamente, os crimes cibernéticos,

colocando-se em grande perigo a segurança e os interesses Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regimen- dos residentes de Macau. to, o requerimento de interpelação escrita, datado de 21 de Abril de 2017, apresentado pelo Deputado Zheng Anting. As- Pelo exposto, interpelo o Governo sobre o seguinte: sim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a redacção 1. No Relatório das LAG para 2015, o Secretário para dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, distribuo a todos os a Segurança afirma que vai lutar pelo estabelecimento, em Senhores Deputados cópia do requerimento acima referido. 2016, do Centro de segurança cibernética. Entretanto, isto tem sido adiado, e agora, ou seja, em 2017, o mesmo Secre- 5 de Maio de 2017. tário limita-se a referir que vai lutar pela conclusão do texto O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. da proposta lei sobre a segurança cibernética e pela sua en- trada no respectivo processo legislativo. Muitos residentes ------estão preocupados com os incessantes adiamentos da apre- sentação da proposta de lei sobre a segurança cibernética (Tradução) e do estabelecimento do referido Centro. O Governo pode afirmar, em definitivo, que o estabelecimento do Centro em Interpelação escrita questão e o arranque do processo legislativo sobre a matéria da segurança cibernética vão ter lugar no primeiro semestre A segurança cibernética de Macau deste ano?

O desenvolvimento acelerado da internet e o seu acesso 2. No decorrer do debate do Relatório das LAG, que mais conveniente são entretanto acompanhados da proli- teve lugar no ano passado, o Secretário para a Segurança N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 247 afirmou que o Centro de segurança cibernética a estabele- (ARMC), diminuiu cerca de 30 por cento face a 2015, ten- cer teria como funções salvaguardar a segurança ciberné- do a quantidade registada em Fevereiro de 2017 diminuído tica do Governo e das instituições principais. As suas atri- também cerca de 40 por cento, em comparação com o perí- buições principais são avaliar o perigo cibernético, emitir odo homólogo do ano anterior. Após a publicação do rela- alertas, definir instruções, eliminar os perigos, salvaguardar tório da consulta sobre o “Regime de Gestão de Resíduos a segurança cibernética e proteger os direitos e interesses de Materiais de Construção de Macau”, no início de 2017, legais dos internautas. De que medidas de protecção dispõe o Governo da RAEM está a proceder aos trabalhos legis- o Governo para fazer face aos crimes cibernéticos contra os lativos, para que o regime possa ser submetido a processo indivíduos? No tocante à segurança cibernética dos indiví- legislativo em 2018. duos, que efeitos vão ser produzidas pelo Centro de segu- rança cibernética? 2. Uma vez que as respectivas instalações de apoio se- rão montadas no actual ARMC, em primeiro lugar deve ser A adopção de medidas preventivas e a execução da garantido o funcionamento diário deste Aterro e proceder- lei são relevantes para o combate aos crimes cibernéticas. -se-á à melhoria dos seus solos. Apenas assim estarão Como é que o Centro de segurança cibernética, a ser esta- reunidas as condições necessárias para a edificação de ins- belecido, vai reforçar estas duas vertentes? talações de selecção e de apoio. Para o efeito, os serviços relacionados já procederam à coordenação e à comunicação 21 de Abril de 2017. relativamente à melhoria dos solos. Além disso, a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental vai continuar a coor- O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi- denar com os serviços competentes do Interior da China, a nistrativa Especial de Macau, Zheng Anting. fim de assegurar a operacionalidade do projecto.

3. O projecto de transferência inter-regional e a reutili- ______zação de materiais inertes resultantes de demolições e cons- truções envolve a cooperação regional entre Guangdong e Macau, pelo que é necessário coordenar e negociar com os 40. Resposta escrita do Governo, respeitante à interpe- serviços competentes do Interior da China para determinar lação, apresentada pela Deputada Lei Cheng I, datada de 10 os locais de recepção concretos no Interior da China. A par de Março de 2017, e o respectivo Despacho n.º 549/V/2017. de impulsionar a edificação de infra-estruturas do projecto em Macau, a DSPA vai continuar a negociar com os servi- DESPACHO N.º 549/V/2017 ços competentes do Interior da China, para que o projecto

entre formalmente em funcionamento em 2019. Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a 20 de Abril de 2017. redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita O Director da DSPA, Tam Vai Man. do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- tado pela Deputada Lei Cheng I em 10 de Março de 2017.

5 de Maio de 2017. ______

O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng.

------41. Resposta escrita do Governo, respeitante à interpe- lação, apresentada pela Deputada Chan Hong, datada de 27 (Tradução) de Março de 2017, e o respectivo Despacho n.º 550/V/2017.

Resposta à interpelação escrita apresentada pela Sr.ª De- DESPACHO N.º 550/V/2017 putada à Assembleia Legislativa, Lei Cheng I Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- Em cumprimento das instruções do Chefe do Execu- cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a tivo, apresento, a seguinte resposta à interpelação da Sr.ª redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- Deputada Lei Cheng I, de 10 de Março de 2017, enviada a -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita coberto do ofício da Assembleia Legislativa n.º 231/E183/V/ do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- /GPAL/2017 de 21 de Março de 2017, e recebido pelo Gabi- tado pela Deputada Chan Hong em 27 de Março de 2017. nete do Chefe do Executivo em 23 de Março de 2017: 5 de Maio de 2017. 1. A quantidade de resíduos recebidos, em 2016, no Aterro para os Resíduos de Materiais de Construção O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. 248 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

(Tradução) (2016-2017), médio (2018-2020) e longo prazo (2021-2025). Acresce que até 31 de Dezembro de 2016, o Grupo Director Resposta à interpelação escrita apresentada pela Deputa- já tinha começado a desenvolver as 157 das 196 medidas que da à Assembleia Legislativa, Chan Hong compõem a fase de curto prazo, das quais 96 foram conclu- ídas ou implementadas e, as restantes 39 vão sendo sucessi- Em cumprimento das instruções do Chefe do Executi- vamente desenvolvidas em 2017, prevendo a sua conclusão vo, apresento a seguinte resposta à interpelação escrita da ainda nesse ano. Sr.ª Deputada Chan Hong, de 27 de Março de 2017, enviada a coberto do ofício n.º 268/E214/V/GPAL/2017 da Assem- A respeito da concretização da directriz “prestação de bleia Legislativa de 3 de Abril de 2017 e recebida pelo Ga- cuidados pela família e manutenção dos idosos no domicí- binete do Chefe do Executivo em 6 de Abril de 2017: lio”, é de referir que o IAS, através da colaboração perma- nente com as instituições particulares de serviço de apoio, Para fazer face às oportunidades e desafios que o enve- tem prestado, aos idosos de saúde débil que necessitam de lhecimento populacional traz à sociedade de Macau, no dia cuidados permanentes e suas famílias cuidados e assistência 8 de Abril de 2016, o Governo da RAEM publicou formal- ao domicílio, cuidados especiais diurnos em moldes comu- mente a versão final do Mecanismo de Protecção dos Idosos nitários e cuidados nos lares de idosos com o serviço de e do Plano Decenal de Acção para o desenvolvimento dos internamento. Considerando a evolução do envelhecimento serviços de apoio a idosos (2016-2025) (adiante designado da população de Macau, o Governo da RAEM classificou a por Plano de Acção) e, ainda em Abril desse ano, criou, medida relativa ao aumento da lotação para a prestação do através do Despacho do Chefe do Executivo n.º 109/2016, o serviço de cuidados permanentes aos idosos como um traba- Grupo Director Interdepartamental do Mecanismo de Pro- lho relevante no Plano de Acção, pelo que nos futuros dois a tecção dos Idosos de Macau, chefiado pelo Secretário para três anos ir-se-ão aumentar e de forma progressiva respecti- os Assuntos Sociais e Cultura e composto por 13 Serviços vamente, na península de Macau, Taipa e Coloane, em mais públicos, que se responsabiliza pela coordenação, realiza- de 200 a lotação para a prestação do serviço de cuidados e ção e implementação dos trabalhos que visem a concreti- apoio ao domicílio, em mais de 200 a lotação para a presta- zação das diversas medidas do Plano de Acção. Refere-se ção de cuidados especiais diurnos e em entre 700 e 800 as que o Grupo Director realizou três reuniões organizadas vagas nos lares de idosos, com vista a responder às necessi- respectivamente em Junho e Setembro de 2016 e em Julho dades de serviços sentidas pelas pessoas idosas de diferentes de 2017. Acresce que nesse mesmo período foi feita o up- zonas. Paralelamente, através do desenvolvimento do “Es- load da versão completa do Plano de Acção para a Página tudo sobre a vida dos idosos e os serviços necessitados” e Electrónica sobre as Informações dos Serviços a Idosos da do “Estudo sobre o planeamento dos serviços de cuidados RAEM” (www.ageing.ias.gov.mo) afim de que a população permanentes a idosos”, o IAS irá conhecer a vida das pesso- possa fazer a respectiva consulta e download. Entretanto, o as idosas de diferentes zonas de Macau e melhorar o planea- Instituto de Acção Social (IAS) tem aproveitado, de forma mento geral dos serviços de cuidados permanentes a idosos, contínua, os diversos media e canais para transmitir a men- como também desenvolver e melhorar os diferentes tipos de sagem referente ao Plano de Acção. funções dos serviços de apoio a idosos da comunidade.

O Plano de Acção é composto por mais de 400 medidas Quanto ao assunto que muito despertou a atenção da concretas que se relacionam com a vida quotidiana das pes- Sr.ª Deputada Chan Hong sobre os serviços de apoio a soas idosas, das quais se destaca com maior importância o cuidadores dos idosos, refere-se que o Governo da RAEM seguinte: aumentar a formação destinada aos profissionais para além de recorrer aos serviços atrás mencionados, de- de saúde de Macau; desenvolver a consulta externa da área signadamente, os diversos tipos de serviços de cuidados de geriatria; estabelecer o sistema de cuidados especiais permanentes no domicílio e na comunidade e empenhar depois do tratamento e criar uma zona geral de enfermos esforços no sentido de prestar aos idosos débeis e necessi- junto da comunidade; aumentar não só as vagas nos lares de tados cuidados e apoio quer sejam domiciliários quer sejam idosos com o serviço de internamento, como também a lo- comunitários, vai ainda criar serviços de apoio a cuidadores tação para a prestação do serviço de cuidados permanentes; de idosos nos centros de dia dos idosos e nos centros de melhorar as medidas complementares inerentes ao regime cuidados especiais de idosos, que se traduzem pela presta- de protecção dos direitos e interesses dos idosos; criar o ção de formação de cuidados a idosos e de aconselhamento regime de segurança social de dois níveis; definir as instru- emocional, pela criação de grupos de ajuda mútua, pelos ções sobre os cursos destinados às pessoas idosas; elaborar contactos sociais e de lazer e pelo empréstimo de utensílios as “Instruções sobre as normas para a concepção do design de apoio, por forma a prestar apoio aos cuidadores dos ido- universal e livre de barreiras de Macau”; reforçar a constru- sos, aliviando-lhes a pressão sentida na prestação de cuida- ção de equipamentos livres de barreiras, designadamente, dos aos idosos. as vias pedonais e passagens aéreas; ministrar instrução e desenvolver plano de promoção sobre a segurança dos idosos Além disso, através de cooperação interdepartamental, no domicílio, entre outros. É de referir que essas medidas em Setembro de 2016, os Serviços de Saúde (SS) e o IAS vão ser executadas, de forma ordenada e por fases em curto criaram o Centro de Avaliação e Tratamento da Demência N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 249 que visa prestar às pessoas idosas e seus cuidadores o ser- nativa), com a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e viço “one-stop”, nomeadamente, diagnóstico, tratamento, 3/2009, distribuo a todos os Senhores Deputados cópia do aconselhamento emocional e encaminhamento, entre ou- requerimento acima referido. tros serviços. Ainda nesse ano, o IAS criou dois centros de cuidados especiais destinados aos idosos com demência, 5 de Maio de 2017. que visam proporcionar aos idosos com demência, treinos a nível interprofissional, designadamente de cognição e de O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. capacidade para lidar com a vida quotidiana. No futuro, o ------IAS continuará a criar mais equipamentos para os doentes com demência e apoiar os trabalhadores das instituições de (Tradução) serviço social e os cuidadores dos idosos, de maneira a que os mesmos possam adquirir conhecimentos sobre a demên- cia e aumentar a capacidade na prestação de cuidados, ten- Interpelação escrita do em vista a uma prestação oportuna de cuidados e apoio a esses idosos. Enquanto cidade turística, Macau possui uma área de 30 km2, onde existem 2284 restaurantes. O Governo já criou Contudo, atendendo à evolução da sociedade envelheci- a Comissão para a Candidatura de Macau a Cidade de da de Macau, torna-se necessário reforçar o conhecimento Gastronomia, junto da UNESCO. No intuito de prevenir, e a atenção por parte da população sobre esse assunto, além plenamente, os riscos no âmbito da segurança alimentar, o de juntar os esforços dos indivíduos, das famílias, das co- Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, adiante de- munidades, do Governo e de toda a sociedade, por forma a signado por IACM, reforça a respectiva inspecção, assegu- poder, em conjunto, dar resposta às necessidades decorren- rando a segurança alimentar, o que é incontestável. Porém, tes da evolução do envelhecimento populacional. O Gover- se tudo, independentemente da sua importância — desde no da RAEM apela os residentes de Macau para que sejam logo, aquisição, armazenamento e higiene dos produtos ali- unidos, no sentido de prepararem, o mais breve possível, a mentícios, para lá de instalações, equipamentos e ferramen- sua vida na velhice, bem como, cumprir o dever de cuidar tas, ou até ao nível da remodelação — tem de se sujeitar a dos seus membros idosos da família e desenvolver o espírito inspecção, e as afirmações e exigências dos responsáveis va- de inter-ajuda entre os vizinhos. A fim de criar condições riam de uma inspecção para a outra, não havendo padrões para a construção de uma sociedade inclusiva com o lema uniformizados, logo, o sector em causa não sabe a que há-de “Criar um sentimento de segurança, de pertença e de utili- obedecer, o que dificulta, gravemente, o seu funcionamento. dade para a população sénior”, torna-se necessário que to- Mais, ao aplicar a lei, o Centro de Segurança Alimentar dos se esforcem e que se unem, no sentido de proporcionar também não deve proceder a uma “correcção excessiva”. aos idosos lima vida ideal na velhice cheia de energia. Segundo vários comerciantes que, em Macau, desenvol- Para terminar, agradecemos à Sr.ª Deputada Chan vem há mais de dez anos o seu negócio no sector da restau- Hong pela suas opiniões e atenção prestada aos serviços de ração, as exigências e práticas dos fiscais do Centro de Segu- apoio a idosos. rança Alimentar do IACM deixam os operadores sem saber a que obedecer. Por exemplo, no que diz respeito às lâmpa- Aos 19 de Abril de 2017. das antimosquito, coisa de importância diminuta, antiga- mente, aquando da vistoria, muitas vezes aceitavam a forma A Presidente do IAS, Vong Yim Mui. rectangular e, agora, exige-se que seja semicircular. Mais, no caso da placa indicadora da saída de emergência, cuja vistoria é efectuada, conjuntamente, pelo IACM e Corpo de ______Bombeiros, esta tem de ter um fundo verde e letras brancas e, mesmo que seja verde-escuro, também não se aceita. Por- tanto, até para estes simples equipamentos não se cansam de 42. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- os instalar e remover, o que é, insuportavelmente, incómodo. ção governativa, apresentado pelo Deputado Chan Meng Quanto ao Governo, este deve centrar-se no rumo principal, Kam, datado de 26 de Abril de 2017, e o respectivo Despa- isto é, assegurar a segurança alimentar, não devendo, pois, cho n.º 551/V/2017. tentar encontrar vícios irrelevantes nos equipamentos, que não sejam os substanciais. Mais ainda, o pessoal do referi- DESPACHO N.º 551/V/2017 do Centro exige, pelas 9 da manhã, que os restaurantes lhe forneçam as facturas das importações do próprio dia, sem Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Re- saber, porém, que, se as respectivas mercadorias não chega- gimento, o requerimento de interpelação escrita, datado ram, é impossível terem as facturas, aliás, as práticas leigas de 26 de Abril de 2017, apresentado pelo Deputado Chan que o pessoal daquele Centro usa na aplicação da lei só dei- Meng Kam. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução xam às gargalhadas os operadores do sector. Ao aplicar a n.º 2/2004 (Processo de Interpelação sobre a Acção Gover- lei, o Governo não pode limitar-se ao cumprimento à letra, 250 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 afastando-se da realidade e, quanto aos padrões e instru- (Tradução) ções, não se pode “um dia dizer uma coisa e no outro, dizer outra”. Um governo que tem por base a população deve Interpelação escrita estar atento à interacção e cooperação com a população, em vez de insistir no estilo de “uma só voz”. Actualmente, há falta de equidade no sector do des- Assim sendo, interpelo sobre o seguinte: porto local no que diz respeito à atribuição de recursos e à formação de talentos. Numa interpelação escrita, chegámos 1. Antes da abertura dos restaurantes, a obtenção de a pedir ao Governo que atendesse aos problemas que sector licença é um assunto que incomoda os donos, entretanto, ob- e os atletas estão a enfrentar neste momento. Porém, na sua tida a licença, os mesmos continuam incomodados, pois, de- resposta recente, o Governo contorna a pergunta, argumen- pois da entrada em funcionamento do seu restaurante, ainda tando que não há suporte legal, o que revela que alguns dos têm de lidar com várias inspecções “ridículas”. O Governo regimes relacionados com o desporto estão desactualizados. afirma que vai avançar com a simplificação dos procedimen- tos administrativos, no entanto, na prática, faltam padrões Quanto à atribuição de prémios aos atletas galardoados, uniformizados, o que acarreta mais inconvenientes para o o Governo actua nos termos do Regulamento do certificado sector. Existem divergências nas afirmações e exigências do de mérito desportivo e do Regulamento dos prémios pecu- pessoal que fiscaliza, então, como é que o IACM vai evitar niários do desporto de alto rendimento, ou seja, a maioria que esta situação aconteça no decurso da aplicação da lei? destes prémios é atribuída aos treinadores da associação geral, à qual pertencem os atletas, enquanto os treinadores 2. Existem mais de dois mil restaurantes em Macau, dos clubes filiados têm de trabalhar arduamente para ser a cuja vistoria é efectuada de forma interdepartamental. associação geral a ficar com os louros. Quanto aos assuntos de importância diminuta, tais como as lâmpadas antimosquito, a placa indicadora de saída E quanto aos critérios da selecção de atletas, de acordo de emergência, etc., nem nos espaços públicos, como, por com o Decreto-lei que regula as actividades desportivas, exemplo, nos hospitais, se exige um modelo uniformizado. para integrar as selecções representativas de Macau, os Então, porque é que só no caso dos restaurantes é que é praticantes de nacionalidade portuguesa ou chinesa só pre- necessária uma inspecção tão rigorosa? O IACM chegou a cisam de ter residência em Macau há mais de um ano, e os emitir, antecipadamente, instruções sobre a uniformização outros há 3 anos. Esta norma é muito contestada pelos atle- ao sector da restauração? tas locais, que consideram que tais requisitos são irrazoáveis e podem resultar no afluxo contínuo de talentos não resi- 26 de Abril de 2017. dentes. É verdade que a importação destes atletas contribui para a melhoria do desempenho de Macau nas competições, O Deputado à Assembleia Legislativa da RAEM, Chan mas se for excessiva, pode reduzir as oportunidades de re- Meng Kam. presentação e participação de atletas locais nas competições internacionais, condicionando, assim, o seu desenvolvimen- ______to e afectando a sua sobrevivência.

Com vista ao melhor desenvolvimento do desporto de 43. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- Macau e a dissipar as preocupações das pessoas vocacio- ção governativa, apresentado pelo Deputado Si Ka Lon, nadas para a causa desportiva, é necessário que o Governo datado de 28 de Abril de 2017, e o respectivo Despacho aperfeiçoe os regimes jurídicos respectivos. n.º 552/V/2017. Assim sendo, interpelo sobre o seguinte: DESPACHO N.º 552/V/2017 1. Face à opinião de que os treinadores dos clubes filia- Admito, nos termos da alinea c) do artigo 9.º do Regi- dos não são devidamente recompensados, devido ao Regu- mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de lamento do certificado de mérito desportivo e ao Regula- 28 de Abril de 2017, apresentado pelo Deputado Si Ka Lon. mento dos prémios pecuniários do desporto de alto rendi- Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 mento, qual é a posição do Governo? Por forma a garantir a (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com devida recompensa destes treinadores, o Governo vai rever a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, dis- as leis? tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- to acima referido. 2. Quanto à opinião social de que são demasiado rela- xados os requisitos para a importação de talentos despor- 5 de Maio de 2017. tivos previstos no Decreto-Lei que regula as actividades desportivas em Macau, o Governo deve reavaliar a norma O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. respectiva e definir políticas favoráveis para dar prioridade N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 251

à salvaguarda dos interesses e do desenvolvimento dos atle- instalações da Central, o Governo tinha afirmado que, ao tas locais. Vai fazê-lo? longo deste ano, iria desenvolver os trabalhos de preparação do respectivo concurso, para assegurar que o funcionamen- 28 de Abril de 2017. to das duas unidades obedeça às novas normas aplicadas na União Europeia. As respectivas tarefas de preparação estão O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi- em vias de ser concluídas. Prevê-se que, no próximo ano, nistrativa Especial de Macau, Si Ka Lon. poderá ser iniciado o projecto de actualização dos equipa- mentos de tratamento de gases de escape na antiga unidade da Central”. Posteriormente, em 26 de Novembro de 2010, a ______DSPA divulgou outra nota de imprensa e comprometeu-se que “a DSPA continuará a melhorar o mecanismo de super- visão existente, nomeadamente: 1. Elevar o grau de transpa- rência das informações, divulgar periodicamente os dados 44. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- sobre o funcionamento da CIM; 2. Reforçar a supervisão, ção governativa, apresentado pelo Deputado Au Kam San, estabelecendo normas a serem aplicadas nos itinerários de datado de 5 de Maio de 2017, e o respectivo Despacho patrulha e de inspecção, e instalando equipamentos de con- n.º 553/V/2017. trolo nos locais apropriados; 3. Intensificar a regularidade da inspecção aos gases de escape, pelo menos três vezes DESPACHO N.º 553/V/2017 por ano, por uma entidade terceira independente; 4. Criar

canais de comunicação abrangentes — foi instalada uma Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- caixa para recolher opiniões para, assim, auscultar os fun- mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 5 cionários e os visitantes acerca do funcionamento da CIM; de Maio de 2017, apresentado pelo Deputado Au Kam San. Planeia-se efectuar um estudo sobre a criação de um grupo Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 de acompanhamento subordinado ao Conselho Consultivo (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com os do Ambiente, a fim de recolher opiniões sobre diversos as- a redacção dada pelas Resoluções n. 2/2007 e 3/2009, dis- pectos”. tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- to acima referido. O referido compromisso foi anunciado há mais de 6 anos, mas até agora o Governo não cumpriu esse compro- 8 de Maio de 2017. misso de divulgar os dados sobre o funcionamento da cen- tral de incineração. O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. As novas directivas da União Europeia aplicáveis à ------central de incineração de Macau são, nomeadamente, a Di- rectiva n.º 2008/98/EC (relativa aos resíduos), a Directiva (Tradução) n.º 2008/1/EC (relativa à prevenção e controlo integrados da poluição) e a Directiva n.º 2000/76/EC (relativa à incineração Interpelação escrita de resíduos), sendo a última directamente relacionada com esta matéria. A Directiva n.º 2000/76/EC tem por objectivo Recentemente, a construção de habitação pública na prevenir ou, na medida do possível, reduzir ao mínimo os Avenida Wai Long tornou-se alvo de discussão na socieda- efeitos negativos no ambiente, bem como os riscos para a de. Alguns cidadãos, instituições e meios de comunicação saúde humana resultantes da incineração, na qual foram social levantam dúvidas quanto à poluição ambiental pro- estabelecidos 4 requisitos: condições de instalação e funcio- vocada pela central de incineração de Macau e aos perigos namento; escoamento de gases de escape, águas residuais e para a saúde dos habitantes. Face a isto, o Governo devia cinzas de combustão; monitorização; e acesso à informação dar uma resposta e divulgar os resultados da monitorização e participação do público. Obviamente, é necessário assegu- da poluição, a fim de permitir à população conhecer a situa- rar o cumprimento de todos estes requisitos, pois só assim é ção real, mas o Governo não o faz, o que tem como resulta- que é possível criar um sistema seguro, de protecção mútua do que estas dúvidas não param de fermentar. e de união, e, se se cumprir apenas um desses requisitos (por exemplo, a emissão de gases de escape), o seu efeito será Em 19 de Novembro de 2010, a Direcção dos Serviços muito reduzido. de Protecção Ambiental (DSPA) divulgou uma nota de im- prensa em que afirmava que “A nova unidade da CIM, cujo Quanto ao acesso à informação e participação do pú- tratamento dos gases de escape respeita as mais recentes blico, o artigo 12.º da Directiva n.º 2000/76/EC prevê que normas de controlo aplicadas na União Europeia, entrou será facultado ao público um relatório anual a fornecer pelo em funcionamento no 4.º trimestre de 2008. Por seu lado, a operador à autoridade competente sobre o funcionamento e antiga unidade tem estado em funcionamento regular e está controlo da instalação, e nesse relatório dar-se-á conta, pelo conforme o planeado na sua concepção. Para optimizar as menos, do desenrolar das operações e das emissões para a 252 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 atmosfera e o meio aquático, em comparação com as nor- (Tradução) mas de emissão da presente directiva. Interpelação escrita Assim sendo, interpelo o Governo sobre o seguinte: De acordo com os resultados de uma pesquisa, em 2017, 1. Ao longo destes anos, em relação às condições de 80% da população de Macau tem acesso à Internet, ou seja, instalação e funcionamento, a central de incineração de cerca de 490 mil pessoas, 77%, ou seja, 470 mil pessoas, utili- Macau conseguiu satisfazer a Directiva n.º 2000/76/EC, es- zam telemóveis para aceder à Internet, 90% dos navegadores pecialmente, o estipulado nos seus artigos 4.º, 5.º, 6.º e 13.º? utilizam a internet todos os dias e gastam em média 25 horas O Governo vai divulgar os dados dos anos anteriores, a fim por semana em actividades online. Estes dados revelam um de eliminar as preocupações do público? aumento cada vez mais significativo da utilização da inter- net, que acontece a toda a hora e em qualquer lado1. Pelo 2. Ao longo destes anos, em relação ao escoamento de visto, a internet é uma necessidade quotidiana da população gases de escape, águas residuais e cinzas de combustão, de Macau e assume cada vez mais importância na sua vida. a central de incineração de Macau conseguiu satisfazer a Directiva n.º 2000/76/EC, especialmente, o estipulado nos Recentemente, devido a anormalidades no funciona- seus artigos 7.º, 8.º e 9.º? O Governo vai divulgar os dados mento de dois conjuntos de equipamentos da Companhia dos anos anteriores, a fim de eliminar as preocupações do de Telecomunicações de Macau (CTM), os serviços de in- público? ternet estiveram interrompidos durante 4 horas, afectando 30 mil utentes, isto é, cerca de 1/4 dos utentes de Macau, 3. Ao longo destes anos, em relação à monitorização que viram o seu quotidiano normal afectado2. O incidente do escoamento e ao método de monltorlzação, a central originou comentários e críticas dos residentes, tendo mesmo de incineração de Macau conseguiu satisfazer a Direc- alguns deles reivindicado uma indemnização. A opinião ge- tiva n.º 2000/76/EC, especialmente, o estipulado nos seus ral é que as tarifas do serviço de internet da CTM são altas artigos 10.º e 11.º? A central de incineração tem facultado o e a velocidade é lenta. O Governo divulgou, ainda há pouco relatório anual à autoridade competente, nos termos defini- tempo, que o contrato de concessão do serviço de teleco- dos no artigo 12.º? Porque é que não facultou o relatório ao municações tinha sido automaticamente renovado até 2021, público, nos termos definidos no artigo 12.º? O Governo vai mas agora surgiu, de repente, esta interrupção do serviço divulgar os dados dos anos anteriores, a fim de eliminar as de internet, que deu azo a muitas críticas e dúvidas sobre a preocupações do público? qualidade dos serviços da CTM. Já se registaram várias in- terrupções do serviço de internet, portanto, a população já 5 de Maio de 2017. não tem confiança nem no fornecedor nem nas autoridades de supervisão. Macau é a “cidade das interrupções da inter- O Deputado à Assembleia Legislativa, Au Kam San. net”, segundo dizem, ironicamente, alguns cidadãos.

Neste momento, a CTM não é o único operador exclu- ______sivo mas ainda goza das regalias e tratamento de concessio- nária exclusiva, por isso, não há no mercado das telecomu- nicações de Macau concorrência leal entre os operadores.

45. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- Sendo assim, interpelo o Governo sobre o seguinte: ção governativa, apresentado pela Deputada Chan Hong, 1. O Governo tem dado sequência às investigações e ao datado de 28 de Abril de 2017, e o respectivo Despacho acompanhamento das avarias consecutivas do serviço de n.º 554/V/2017. internet registadas nestes últimos anos, mas sente-se que fal- tam mecanismos eficazes para a imputação de responsabili- DESPACHO N.º 554/V/2017 dades. Para além disso, as punições para as falhas do sistema de internet são demasiado leves. Para optimizar a gestão das Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- redes de internet, o Governo deve rever e alterar a “Lei de mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 28 Bases de Telecomunicações” e a legislação sobre os contra- de Abril de 2017, apresentado pela Deputada Chan Hong. tos de concessão, com vista a estabelecer mecanismos perfei- Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 tos de imputação de responsabilidades e de indemnização, e (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a elevar as respectivas punições. Vai fazê-lo? a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, dis- tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- to acima referido. 1 “Jornal Ou Mun”, dia 19 de Abril de 2017, página A01: notícias locais. 8 de Maio de 2017. 2 “Associação de Estudo Internet de Macau” e “eRs e-Research Lab” — “Pesquisa anual sobre o uso da Internet pelos residentes O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. de Macau”. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 253

2. Tanto a operadora como as autoridades competentes O Governo prometeu em 2009 que iria criar um regime são sempre lentas na divulgação de informações dos inci- próprio para todos os trabalhadores da Administração Pú- dentes com a internet, portanto, como não esclarecem de blica sujeitos no regime de disponibilidade resolvendo esta imediato as situações, surge a confusão social. Afinal, o Go- questão de uma vez para sempre (Vide Parecer n.º 3/11/2009 verno dispõe de algum mecanismo perfeito para divulgação da AL). das informações sobre a segurança da internet? Assim sendo, interpelo o Governo, solicitando, que me 3. O Governo deve aproveitar este incidente de inter- sejam dadas respostas, de uma forma CLARA, PRECISA, rupção do serviço de internet para rever a gestão das redes COERENTE, COMPLETA e em tempo útil sobre o se- da concessão. Vai fazê-lo? De que medidas dispõe para as- guinte: segurar a perfeição da internet e o seu bom funcionamento? 1. Passados quase (8) oito anos da promessa pública 28 de Abril de 2017. do Governo perante os membros do hemiciclo de que iria criar um regime próprio para compensar a disponibilidade A Deputada à Assembleia Legislativa da RAEM, Chan permanente de todos os trabalhadores da Administração Hong. Pública, contudo até a presente data inexiste este regime e os trabalhadores continuam a ser explorados e em violação do art.º 32 da Lei Básica devido a não compensação. Assim, ______quando vai ser criado o prometido regime próprio de dispo- nibilidade permanente a todos os trabalhadores da função pública?

2. Como vão ser compensados os trabalhadores da Ad- 46. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- ministração Pública que estiverem sujeitos à disponibilida- ção governativa, apresentado pelo Deputado José Maria de permanente sem compensação desde 2009 até a presente Pereira Coutinho, datada de 2 de Maio de 2017, e o respec- data? tivo Despacho n.º 555/V/2017.

Aos 2 de Maio de 2017. DESPACHO N.º 555/V/2017

O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi- Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regimen- nistrativa Especial de Macau, José Maria Pereira Coutinho. to,. o requerimento de interpelação escrita, datado de 2 de Maio de 2017, apresentado pelo Deputado José Pereira Cou- tinho. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com ______a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, dis- tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- to acima referido.

8 de Maio de 2017. 47. Requerimento de interpelação escrita sobre a acção governativa, apresentado pelo Deputado Zheng Anting, O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. datado de 4 de Maio de 2017, e o respectivo Despacho n.º 556/V/2017. ------

(Tradução) DESPACHO N.º 556/V/2017

Interpelação escrita Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 4 Nos termos do artigo 32.º da Lei Básica todos os resi- de Maio de 2017, apresentado pelo Deputado Zheng Anting. dentes de Macau incluindo os trabalhadores da função pú- Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- blica e os agentes dos FSM têm a liberdade de viajar, sair e- cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a -regressar à RAEM quando quiserem. redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, distri- buo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimento Contudo, muitos agentes dos FSM e trabalhadores da acima referido. função pública. estão impedidos de ausentar da RAEM em períodos de folga, descanso ou nos feriados sem que estas 8 de Maio de 2017. restrições sejam compensadas face à obrigatoriedade de disponibilidade permanente. O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. 254 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

(Tradução) dos serviços. Como é que o Governo vai tratar ou resolver esta questão de recursos humanos? Interpelação escrita 4 de Maio de 2017. Há que fiscalizar, com rigor, os serviços de autocarros O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi-

nistrativa Especial de Macau, Zheng Anting. Com vista a atenuar a pressão rodoviária, o Governo propôs uma política de transportes assinalada pela “prima- zia dos transportes públicos”. Entretanto, até hoje, não se verificaram melhorias notáveis nos serviços de autocarros, o ______que impede, então, a “generalização dos transportes públi- cos”. 48. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- Em 2016, os autocarros de Macau transportaram cerca ção governativa, apresentado pelo Deputado Ho Ion Sang, de 204 milhões de passageiros, a média diária de passagei- datado de 27 de Abril de 2017, e o respectivo Despa- ros foi de 560 mil e a frequência média diária das carreiras cho n.º 557/V/2017. ultrapassou as 10 mil, portanto, os autocarros são o meio de transporte público mais importante em Macau. Lamenta- DESPACHO N.º 557/V/2017 velmente, a qualidade dos serviços de autocarros tem sido alvo das críticas da população, em particular no que respei- Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- ta ao desempenho dos motoristas. Por exemplo, nas horas mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 27 de ponta, os motoristas não tomam a iniciativa de avisar de Abril de 2017, apresentado pelo Deputado Ho Ion Sang, os passageiros para ocuparem a parte de trás dos autocar- Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 ros, para permitir a entrada de mais passageiros. Segundo (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com alguns idosos, há motoristas que conduzem em excesso de a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, dis- velocidade nas vias públicas onde o movimento é menor, tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- e quando mudam de direcção, parece que se está numa to acima referido. corrida de carros. Os passageiros estão descontentes com isto, pois trata-se de uma situação que, para além de ser pe- 8 de Maio de 2017. rigosa, pode facilmente causar acidentes. Para além disso, quando chegam às paragens, se ninguém levantar o braço O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. fazendo sinal de paragem, os motoristas mantêm a marcha acelerada e continuam sem parar. Os passageiros que não ------reagem rapidamente, por não terem visto claramente qual era o número da carreira, não têm alternativa senão conti- (Tradução) nuar à espera. Interpelação escrita Pelo exposto, interpelo o Governo sobre o seguinte: Por razões de natureza histórica, muitas casas de Co- 1. Macau é uma cidade turística, portanto, os serviços loane nunca foram registadas, o que afecta directamente a de autocarros devem servir para mostrar aos estrangeiros sua manutenção, reconstrução e mesmo o abastecimento de o nosso nível civilizacional. Os autocarros são um meio de água e luz, reduz o nível da qualidade de vida dos seus resi- transporte público, transportam muitos visitantes e residen- dentes e cria obstáculos para o desenvolvimento urbano. tes, portanto, para assegurar a sua satisfação, os motoristas devem ter uma boa atitude e prestar serviços de qualidade. Na verdade, com vista a apoiar os residentes da Vila de Como é que o Governo vai reforçar a fiscalização dos servi- Coloane a aumentarem o nível da sua qualidade de vida, em ços prestados pelas concessionárias de autocarros? Agosto de 2009 o Governo lançou o “Plano de Pormenor da Vila de Coloane” e, em Outubro desse mesmo ano, o Plano 2. Os residentes já se queixam, ao longo de muitos anos, de Pedido de Concessão de Terrenos da Vila de Coloane”. que os serviços de autocarros são insatisfatórios, nome- O objectivo era, através da dispensa de concurso público, adamente, das dificuldades de acesso aos autocarros, do permitir aos residentes da Vila de Coloane a aquisição do cumprimento dos horários, e das mudanças de direcção em direito ao uso dos seus terrenos, o que aliás deviam ter feito excesso de velocidade. De que medidas dispõe o Governo segundo a lei, antes do estabelecimento da RAEM, para para melhorar a situação? Vai considerar agravar as penas? neles poderem continuar a habitar ou exercer actividade comercial e habitar, em cumprimento da lei, dos pressupos- 3. As concessionárias de autocarros alegam que, devido tos definidos no Planeamento Urbanístico, das exigências à grave escassez de motoristas, é frequente o pessoal efec- fixadas pelo Instituto Cultural e dos requisitos previstos na tivo ter de trabalhar fora de horas, o que afecta a qualidade actual legislação. Para promover o eficaz desenvolvimento N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 255 desse último Plano, o Governo prometeu ainda criar um me- área dos transportes e obras públicas, se falava na “promo- canismo interdepartamental para a apreciação e avaliação ção de estudos para a reconstrução da Vila de Coloane”. dos pedidos, como vista a agilizar os respectivos trabalhos. O Plano de Pormenor da Vila de Coloane foi lançado em Contudo, dizem-nos os dados que, até 2014, foram recebidos 2009, precisamente para a admissão de pedidos de conces- 24 pedidos de concessão de terrenos da Vila de Coloane, dos são de terrenos. Ademais, entre 2009 e 2016, tem-se feito quais 5 já foram aprovados; dos 10 pedidos em apreciação, referência nas LAG à “revitalização ou plano de desenvol- 6 foram aprovados preliminarmente e vão entrar na fase se- vimento geral da Vila de Coloane”. Podemos verificar que guinte; e 9 dos pedidos não vão passar à fase seguinte, por os o Governo tem envidado esforços, desde o estabelecimento requerentes não reunirem as condições exigidas ou por te- da RAEM, para, através da elaboração de planos e direc- rem realizado obras ilegais ou ainda por estarem envolvidos tivas; promover a revitalização da Vila de Coloane. Então, em litígios relacionados com o direito de uso1. como é que o Governo vai analisar, nos termos das normas sobre a dispensa de concurso público previstas na Lei de Verifica-se então que, na altura, a ideia do Governo era Terras, a viabilidade de continuidade do plano em causa? resolver, através da concessão de terrenos, os problemas Nos termos das normas vigentes, o projecto de “solução da legados pela história, bem como criar os alicerces neces- questão legada pela história, através da concessão de terre- sários para a revitalização da Vila de Coloane. Contudo, nos” ainda é viável? na resposta a uma questão por mim colocada, o Governo reconhece que, de facto, o pedido de concessão de terrenos, 3. Segundo a legislação, sem uma certidão do registo através do referido plano, destinava-se a permitir que os re- predial ou uma informação escrita (busca) os residentes não sidentes da Vila de Coloane, titulares de escrituras em papel podem pedir a instalação de contadores de água e luz ou de seda, procedessem às necessárias obras de conservação pedir o aumento da potência do contador de electricidade4. das suas casas. Mas entretanto o plano em causa foi suspenso, Relativamente a isto, o Governo só pode manter a situação, por ser proibido nos termos da nova Lei de Terras2. sendo portanto difícil resolver a questão do aumento da potência5, Uma vez que a falta de água e luz afecta directa- Assim sendo, interpelo sobre o seguinte: mente a vida quotidiana, de que medidas dispõe o Governo para resolver este problema dos residentes? Com vista a 1. Segundo uma associação, existem actualmente em ajudar os residentes a resolver este problema, o Governo Coloane cerca de 260 casas que, apesar de não se encontra- deve pensar em simplificar os correspondentes procedimen- rem registadas, têm os seus dados arquivados na Direcção tos administrativos, aproveitando, ao mesmo tempo, para dos Serviços de Cartografia e Cadastro, e até à data, dos 30 aperfeiçoar e melhorar a qualidade ambiental e apoiar a pedidos de concessão de terrenos apresentados à Direcção promoção do desenvolvimento do turismo cultural, nomea- dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes desde damente no respeitante aos usos e costumes dos residentes. 2010, apenas 6 foram aprovados, a um ritmo que muito in- Vai fazê-lo? quieta os residentes3, Qual é o ponto de situação dos pedi- dos admitidos mas ainda não autorizados? E qual é destino 27 de Abril de 2017. que os aguarda? O Deputado à Assembleia Legislativa da RAEM, Ho 2. Segundo as autoridades, o plano de concessão de Ion Sang. terrenos da Vila de Coloane, lançado há anos, foi suspenso por não ser permitido nos termos da nova Lei de Terras, ou ______seja, a Lei de Terras não permite a dispensa de concurso público. Todavia, há que frisar que o artigo 55.º (Dispensa de concurso público) da Lei de Terras prevê, no seu n.º 2, 49. Requerimento de interpelação escrita sobre a acção que “o concurso público pode ser dispensado, quando a governativa, apresentado pela Deputada Kwan Tsui Hang, concessão” se funde “em empreendimentos que se articu- datado de 2 de Maio de 2017, e o respectivo Despacho lem com as políticas do governo já tomadas públices, desig- n.º 558/V/2017. nadamente pelas formas seguintes: i) Menção nas linhas de acção governativa anuais; ii) Divulgação na reunião plená- DESPACHO N.º 558/V/2017 ria da Assembleia Legislativa com a presença do governo para responder às perguntas relacionadas com as linhas de Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- acção governativa e o seu relatório; iii) Divulgação em con- mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 2 de ferências de imprensa relativas às politicas, promovidas pelo Maio de 2017, apresentado pela Deputada Kwan Tsui Hang. governo”. Já em 2000, nas Linhas de Acção Governativa da Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, distri- 1 Comunicado de 30 de Março de 2014 da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes. 2 “Macao Daily News”, edição de 1 de Abril de 2017. 4 TDM, edição de 3 de Abril de 2017. 3 TDM, edição de 3 de Abril de 2017. 5 “Macao Daily News”, edição de 7 de Dezembro de 2016. 256 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 buo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimento que os residentes distingam de imediato que se trata de um acima referido. falso número de telefone de Macau, e que as operadoras iam estudar a sua viabilidade técnica. Decorridos mais de 9 de Maio de 2017. 20 meses, qual é o ponto de situação desses estudos? Face às actuais tecnologias, será que não há forma de interceptar O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. as chamadas vindas do exterior que exibam um número de telefone de Macau? ------2. Para além das actuais formas de divulgação, bem po- (Tradução) dia o Governo, tendo em atenção o facto de que nas burlas telefónicas, na maior parte das vezes, é pedida a efectuação Interpelação escrita de uma transferência de dinheiro para determinada conta bancária no outro lado da fronteira, aproveitar os grandes Por mais que se combata os crimes de burla telefóni- ecrãs dos postos fronteiriços para divulgar alertas e até afi- ca, não há meio de os erradicar, pois primeiro apareceram xar, em locais bem visíveis, informações relativas à forma de encapotados sob a forma de pedido de auxflio para um fa- apresentação de queixas, a fim de elevar as precauções dos miliar ou amigo em apuros, passando posteriormente para residentes e reduzir as oportunidades de serem burlados. a forma de “adivinha quem eu sou” e ultimamente para a Pensa o Governo fazer isto? forma de comunicação telefónica em nome de órgãos gover- namentais, nomeadamente, Serviços de Segurança Pública 3. Com vista a assegurar que a vítima possa apresentar da República Popular da China e até Polícia local. Alguns reclamação; quando se aperceber num curto espaço de tem- desses telefonemas teriam partido de telefones de Macau. po de que foi alvo de burla, determinaram os Serviços de Noticiou a imprensa, há dias, que essas burlas passaram a Segurança Pública da China, em Dezembro do ano passado, revestir-se da forma de incessantes pedidos de empréstimo que o montante proveniente das transferências efectuadas para familiares e amigos, através do retrato de alguém fur- através das Caixas Automáticas para uma conta de terceiros tado no WeChat, queixas estas que, apesar de serem. apre- só nela é depositado passadas 24 horas. Embora a situação sentadas à Polícia, em nada resultam. Tal é o desenfrea- seja bem diferente em Macau, a verdade é que são cada mais mento e a frequência, que se torna difícil de prevenir, e não desenfreadas as burlas telefónicas e as burlas feitas com a poucas pessoas acabaram por ser vitimas de burla, sofrendo utilização de contas furtadas no WeChat e WhatsApp. Por diferentes graus de prejuízos. isso, para além de reforçar as acções de divulgação e de sen- sibilização, deve ainda o Governo avançar com mais medi- Se bem que sejam diversas as formas de burla através das de prevenção e repressão. Vai o Governo fazer isto? das telecomunicações, o certo é que, no fim, acabam sempre por pedir às vítimas que depositem ou remetam o dinheiro 2 de Maio de 2017. para urna designada conta bancária na China Continental, portanto, se se tomassem medidas de prevenção e repres- A Deputada à Assembleia Legislativa da RAEM, são, visando o modelo de transferência ou remissão, estou Kwan Tsui Hang. em crer que isto podia ter alguma utilidade. Com vista a as- ______segurar que a vítima possa apresentar reclamação, quando se aperceber num curto espaço de tempo de que foi alvo de burla, determinaram os Serviços de Segurança Pública da 50. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- China, em Dezembro do ano passado, que o montante pro- ção governativa, apresentado pela Deputada Lei Cheng I, veniente das transferências efectuadas através das Caixas datado de 5 de Maio de 2017, e o respectivo Despacho Automáticas (ATM na sigla inglesa) para uma conta que n.º 559/V/2017. não seja a sua só nela é depositado passadas 24 horas. Esse tipo de prevenção e repressão do crime de burla através das DESPACHO N.º 559/V/2017 redes de telecomunicações é digno de referência. Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- Assim sendo, interpelo sobre o seguinte: mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 1. Afirmou o Governo, em Setembro de 2015, na res- 5 de Maio de 2017, apresentado pela Deputada Lei Cheng posta a uma interpelação, que os responsáveis da Polícia I. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 Judiciária, da Direcção dos Serviços de Regulação das (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com os Telecomunicações e das operadoras de telecomunicações a redacção dada pelas Resoluções n. 2/2007 e 3/2009, dis- tinham chegado, em Agosto desse ano, a um acordo, no tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- sentido de aditar, tal como é feito nas regiões vizinhas, um to acima referido. sinal que distinga as chamadas provenientes de regiões fora 9 de Maio de 2017. da RAEM — pois, embora apareça um número de telefone de Macau, os autores utilizam um telefone da China — para O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 257

(Tradução) Macau a Cidade de Gastronomia, quais as medidas concre- tas do Governo para integrar os locais no sector da restau- Interpelação escrita ração e para formar chefes de cozinha e outros talentos lo- cais desse sector em Macau? Quais as medidas do Governo Decorre, neste momento, a candidatura oficial de Macau para exigir que as empresas contribuam para o desenvolvi- a membro da Rede de Cidades Criativas da UNESCO na mento, realizem a formação e empreguem prioritariamente categoria Gastronomia e, para se tornar numa Cidade de Gas- chefes de cozinha e trabalhadores locais da restauração? O tronomia, uma das condições consiste em Macau dispor de um Governo vai considerar a abertura de acções de formação grande número de chefes de cozinha de elevada qualidade. remuneradas para o sector da restauração?

2 — A Comissão de Desenvolvimento de Talentos está O sector da restauração tem vindo a registar um rápido directamente dependente do Chefe do Executivo, tendo crescimento durante os últimos anos, mas o Governo não se sido criada para definir, planear e coordenar uma estratégia empenhou na formação de quadros qualificados locais para de desenvolvimento, a longo prazo, no que diz respeito à esse sector de actividade. Inexiste um plano concreto para formação de talentos da RAEM. Compete ainda à Comis- formação, quer para quadros qualificados da camada de são conceber as medidas e políticas de curto, médio e longo base que desempenham funções práticas, quer para talentos prazo, destinadas à respectiva formação. Após a divulgação de quadros de gestão de nível médio e superior. A crescente da lista de necessidade de quadros profissionais e dos ramos dependência de força laboral do exterior coloca obstáculos de actividade com maior carência de talentos, elaborada ao desenvolvimento profissional dos trabalhadores locais. pela referida Comissão, quais as medidas do Governo que Mais, em alguns postos de trabalho nesse sector, o nível dos se seguem para a formação de chefes de cozinha e de tra- salários, além de não ser atractivo, está mesmo aquém dos balhadores da restauração, com vista a satisfazer a procura salários no mercado laboral. Deste modo, as regalias menos neste sector? boas e a falta de oportunidades para promoção têm sido os factores que dificultam o ingresso de trabalhadores locais 5 de Maio de 2017. no sector da restauração, sendo também responsáveis pelo círculo vicioso da situação em que se encontram os recursos A Deputada à Assembleia Legislativa, Lei Cheng I. humanos e qualificados nesse sector. ______A Comissão de Desenvolvimento de Talentos elaborou uma lista de necessidade de quadros profissionais, bem como dos ramos de actividade com maior carência de talen- 51. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- tos, onde se verifica uma procura por talentos em diversos ção governativa, apresentado pelo Deputado Ng Kuok postos de trabalho do sector da restauração, o qual regista Cheong, datado de 2 de Maio de 2017, e o respectivo Des- um nível de carência que ultrapassa os 55 por cento. A esse pacho n.º 560/V/2017. respeito, devido a essa carência, pode-se ainda constatar uma ruptura no número de chefes de cozinha na camada DESPACHO N.º 560/V/2017 de base dos profissionais do referido sector. Assim, o sector de actividade da restauração consegue proporcionar um Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- grande número de oportunidades de trabalho e de desen- mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de volvimento profissional aos trabalhadores locais. O Gover- 2 de Maio de 2017, apresentado pelo Deputado Ng Kuok no deve estar atento a essa situação e, segundo a elencagem Cheong. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução das necessidades da referida lista, tomar rapidamente as n.º 2/2004 (Processo de Interpelação sobre a Acção Gover- medidas concretas necessárias à formação e desenvolvimen- nativa), com a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e to profissional de chefes de cozinha e de trabalhadores da 3/2009, distribuo a todos os Senhores Deputados cópia do restauração locais. Por isso, deve ser definida uma carreira requerimento acima referido. profissional, para que esses trabalhadores locais a possam seguir e ser promovidos a cargos de nível médio e superior. 9 de Maio de 2017. O desenvolvimento do sector da restauração deve ser supor- tado por uma equipa estável e com qualidade de recursos O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. humanos locais, a qual irá contribuir também para a diver- sificação económica e para o aumento do espaço de desen------volvimento profissional da população local. (Tradução) Nestes termos, interpelo o Governo sobre o seguinte: Interpelação escrita 1 — No âmbito da construção de Macau em centro in- ternacional de turismo e lazer, da diversificação económica Em 2014, quando a proposta de lei sobre o salário mí- e sustentabilidade do desenvolvimento, e da candidatura de nimo para os trabalhadores do sector da administração de 258 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 propriedades foi submetida à apreciação da Assembleia plemento até que o empregador consiga assumir o salário Legislativa, o Governo comprometeu-se a estender o salá- mínimo exigido. Vai fazê-lo? rio mínimo a todos os sectores no prazo de 3 anos a contar daquela altura. Alguns residentes fizeram chegar aos depu- 2 de Maio de 2017. tados as suas dúvidas quanto à determinação do Governo em estender o salário mínimo a todos os sectores em 2018, O Deputado à Assembleia Legislativa, Ng Kuok Cheong. uma vez que não se vê qualquer avanço. No passado mês de Janeiro, em resposta à minha interpelação, o Governo afir- ______ma que o Conselho Permanente de Concertação Social vai estudar o assunto, mas até agora não houve qualquer avan- ço. Na minha opinião, o Governo deve criar desde já meca- 52. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- nismos amortecedores que permitam transferir os recursos terpelação, apresentada pela Deputada Leong On Kei, financeiros destinados ao subsídio para os baixos rendimen- datada de 16 de Março de 2017, e o respectivo Despacho tos para apoiar as pequenas empresas na retenção dos seus n.º 561/V/2017. trabalhadores locais que auferem baixos rendimentos, nesta nova situação decorrente da lei do salário mínimo (já apre- DESPACHO N.º 561/V/2017 sentei propostas concretas, e nas duas respostas às minhas interpelações escritas, o Governo afirmou, em 2015, que ia Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- estudar o assunto. Porém, até ao momento, não se verificou cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a nenhum avanço). redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita Existem vários problemas que precisam de ser resolvi- do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- dos quanto antes, mas como não se verificou nenhum avan- tado pela Deputada Leong On Kei em 16 de Março de 2017. ço, interpelo o Governo sobre o seguinte: 9 de Maio de 2017. 1. Não se verificou nenhum avanço quanto ao estudo do Conselho Permanente de Concertação Social. O Governo O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. vai cumprir o compromisso de estender o salário mínimo a todos os sectores em 2018? ------

2. O nível do salário mínimo deve ser adequadamente Resposta à interpelação escrita apresentada pela Deputada ajustado, tendo em conta a situação real e tendo por base o à Assembleia Legislativa, Leong On Kei valor do salário mínimo já implementado para os trabalha- dores do sector da administração de propriedades. O Go- Em cumprimento das instruções do Chefe do Executivo, verno vai fazê-lo? apresento a seguinte resposta à interpelação escrita da Sra. Deputada Leong On Kei, de 16 de Março de 2017, enviada 3. O Governo deve avançar já com estudos sobre a a coberto do ofício n.º 223/E178/IV/GPAL/2017 da Assem- viabilidade de se criarem mecanismos amortecedores que bleia Legislativa de 20 de Março de 2017 e recebida pelo permitam transferir os recursos financeiros destinados ao Gabinete do Chefe do Executivo em 27 de Março de 2017: subsídio para baixos rendimentos para apoiar as pequenas empresas na retehção dos seus trabalhadores locais que au- O Sistema de Alerta de Viagens tem como objectivo ferem baixos rendimentos, nesta nova situação decorrente primordial fornecer informações sobre o perigo, risco ou da lei do salário mínimo. Em termos concretos, o Gover- ameaça em um ou mais destinos de viagem, permitindo no deve preparar a criação dum mecanismo dinâmico de que os residentes de Macau estejam bem informados, faci- transição. No primeiro ano da implementação do salário litando a sua decisão sempre que pretendam viajar para um mínimo, o Governo deve conceder um complemento de determinado destino, e, possam ainda, adoptar as medidas rendimento aos trabalhadores cujos salários não atingem necessárias para as situações com as quais se podem vir a o mínimo exigido por lei, nomeadamente os das pequenas deparar durante as suas viagens e que podem colocar em lojas e os contratados por pequenos proprietários dos pré- causa a sua segurança pessoal. Para se atingirem os objec- dios e que já estão a receber o complemento de rendimento, tivos pretendidos, o Sistema de Alerta de Viagens tem em tendo como pressuposto o compromisso dos empregadores conta os destinos mais procurados pelos residentes de Ma- assegurarem salários não inferiores a 70% do mínimo exi- cau e varia em função da situação concreta, isto é, depende gido por lei. Isto para que o nível salarial dos trabalhadores do risco e perigosidade do tecido socio-económico e mol- atinja o salário mínimo. Para além disso, deve o Governo dura política dos destinos que podem constituir um cenário ainda consagrar que, daí para a frente, as empresas cujos simples ou complexo (com múltiplos perigos). trabalhadores beneficiam desse complemento têm de asse- gurar aumentos salariais anuais de 6% no mínimo, e nesse O Gabinete de Gestão de Crises do Turismo (GGCT) entretanto, o Governo continua a conceder o referido com- utilizou dados estatísticos respeitantes aos destinos de N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 259 viagem dos residentes de Macau publicados pela Direcção Médio Oriente na Coreia do Sul, envolvendo especialmen- dos Serviços de Estatística e Censos de Macau, bem como, te, muitos consumidores que reservaram bilhetes de avião informações sobre destinos com voos directos com partida ou se escreveram em pacotes de excursão de Hong Kong e do aeroporto de Macau para países estrangeiros, tendo as- que desejaram cancelar a sua viagem, pedindo assistência sim chegado aos 77 países e destinos mais procurados pelos ao Conselho de Consumidores de Macau. O Conselho de residentes de Macau e cobertos pelo Sistema de Alerta de Consumidores durante o seu acompanhamento, entrou em Viagens (doravante Sistema). Desde 2011 que o GGCT se contacto imediato com o Conselho de Consumidores de tem reunido e mantido contacto com a indústria turística, a Hong Kong, companhias aéreas daquela rota, bem como re- indústria de seguros e outras entidades governamentais per- presentantes da indústria turística, para transmitir os pedi- tinentes de modo a implementar e aperfeiçoar o Sistema, dos destes consumidores, coordenando de forma intermédia entre outros foi apresentado o conceito para a implemen- entre as duas partes em conformidade com a lei. tação do Sistema, apresentada a estrutura do Sistema, dis- cutida a viabilidade de criação de produtos de seguro que Este sistema abrange os 77 países e destinos mais pro- fossem compatíveis com o Sistema e recolhidas opiniões da curados pelos residentes de Macau, não estando incluídos a indústria sobre o sistema de reembolso dos produtos de se- China continental, Hong Kong e Taiwan por estes perten- guro e a interacção dos mesmos com os Sistemas de Macau cerem ao mesmo país. Quanto aos países e destinos que não e Hong Kong. Foi ainda em 2016, antes da implementação se encontrem cobertos pelo Sistema, o GGCT irá alertar o do Sistema, realizada uma sessão de esclarecimentos de público em tempo oportuno através de uma nota de impren- modo a recolher opiniões que contou com a participação sa. Caso os destinos mais procurados pelos residentes de das entidades já mencionadas, assim como, uma série de Macau sofrerem alterações, irá o GGCT actualizar a lista agências de viagens ligadas à venda de viagens ao exterior. de países cobertos pelo Sistema.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da República 13 de Abril de 2017. Popular da China, através das reuniões realizadas anual- A Coordenadora substituta, Tse Heng Sai. mente com o Departamento dos Assuntos Consulares e, o seu Comissariado em Macau foram também mantidos a par de todo o processo pelo GGCT, sendo que este Sistema ______poderá levantar· questões relacionadas com assuntos diplo- máticos e protecção consular. 53. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- Tendo em conta o disposto no artigo 33.º da Lei Básica pelação, apresentada pelo Deputado Leong Veng Chai, da Região Administrativa Especial de Macau: “... Os resi- datada de 14 de Março de 2017, e o respectivo Despacho dentes de Macau têm liberdade de viajar, sair da Região e n.º 562/V/2017. regressar a esta, bem como o direito de obter, nos termos da lei, os diversos documentos de viagem. Os titulares de DESPACHO N.º 562/V/2017 documentos de viagem válidos podem deixar livremente a

Região Administrativa Especial de Macau sem autorização Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- especial, salvo em caso de impedimento legal”, a natureza cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a deste sistema não poderá ser directa ou indirectamente redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- proibitivo. Através da comunicação acima descrita com a -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita indústria de seguros foi possível implementar o Sistema e do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- introduzir os produtos de seguro paralelamente, sendo que tado pelo Deputado Leong Veng Chai em 14 de Março de o público poderá consultar os termos dos produtos de segu- 2017. ros e adquirir o que melhor se adeque às suas necessidades de modo a estarem salvaguardados. 9 de Maio de 2017.

Em relação ao Conselho de Consumidores (CC), quan- O Presidente daAssembleia Legislativa, Ho Iat Seng. do esta entidade recebe queixas de consumidores, o mesmo tentará resolver os conflitos de consumo, de acordo com a ------lei, através de intermediários, mediação ou por forma de ar- bitragem. Caso o operador ser um operador registado fora Resposta à interpelação escrita apresentada pelo Sr. Depu- de Macau, o CC encaminhará para as associações de defesa tado à Assembleia Legislativa, Leong Veng Chai do consumidor fora de Macau, que estejam relacionadas e com quem foram assinados acordos de cooperação, para Em cumprimento das instruções do Chefe do Execu- que estas associações ou serviços competentes, possam pro- tivo e tendo em consideração o parecer da Direcção dos ceder directamente ao devido acompanhamento de acordo Serviços para os Assuntos de Tráfego, apresento a seguinte com a lei local. Como por exemplo no ano de 2015, ocorre- resposta à interpelação escrita apresentada pelo Sr. Depu- ram-se vários casos da doença de Síndroma Respiratória do tado Leong Veng Chai em 14 de Março de 2017, enviada a 260 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 coberto do ofício da Assembleia Legislativa n.º 242/E192/ Obras Públicas e Transportes, apresento a seguinte resposta /V/GPAL/2017 de 23 de Março, e recebida pelo Gabinete à interpelação escrita apresentada pela Deputada Kwan do Chefe do Executivo em 24 de Março de 2017: Tsui Hang, de 21 de Março de 2017, enviada a coberto do ofício n.º 250/E200/V/GPAL/2017 da Assembleia Legisla- 1. A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego tiva e recebida pelo Gabinete do Chefe do Executivo em 28 lembra que as vias envolventes à Rua de Cinco de Outubro de Março de 2017: se encontram sujeitas a restrições concretas, as vias e os espaços dos bairros antigos são estreitos, como tal deve-se. A respeito da viabilidade de realizar uma interligação procurar soluções para dirimir e equilibrar os problemas entre a Ciclovia da Zona de Lazer da Marginal da Taipa e vividos pelos utilizadores das vias, nomeadamente os que a Ciclovia da Flor de Lótus, o Instituto para os Assuntos são relativos a peões, acesso para veículos, embarque e de- Cívicos e Municipais estabeleceu uma comunicação com a sembarque e estacionamento, pelo que nesta fase ainda não DSSOPT sobre uma proposta de projecto, mas por implicar há um cronograma de reordenamento. a utilização e o tratamento dos solos, na presente fase, ain- da não foi possível chegar a um consenso. O IACM espera 2. Relativamente ao troço da Rua de Cinco de Outu- que possa manter um contacto contínuo com aquela Direc- bro, localizado entre o Largo do Pagode do Bazar e a Rua ção, através de uma cooperação mútua, para criar mais um Norte, a sua largura média é de cerca de 7 metros, o que espaço de qualidade para actividades de lazer. Com vista permite a construção de passeios. No entanto, actualmente a satisfazer as necessidades da população relativas a dife- existem alguns vendilhões em ambos os lados desse mesmo rentes instalações para actividades de lazer e de recreio, o troço, por isso, antes de mais, há que coordenar o planea- IACM projecta, no corrente ano, acrescentar instalações mento de tráfego com o negócio dos vendilhões, de modo a recreativas e desportivas na zona de Lazer da Marginal da definir-se um projecto adequado e viável para a construção Taipa e iniciar o estudo do projecto de ligação com a Ciclo- de passeios. via da Flor de Lótus que se estende em direcção a Coloane. A DSSOPT considera, de acordo com a situação real do de- RAEM, aos 21 de Abril de 2017. senvolvimento urbanístico e as necessidades de instalações para actividades de lazer e de recreio dos cidadãos, emitir O Director dos Serviços, Li Canfeng. pareceres sobre planeamento urbanístico e administração de solos, em concertação activa com os trabalhos de planea- ______mento da ciclovia.

O IACM vai também aproveitar, da melhor forma, os 54. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- recursos existentes, promovendo, de uma forma contínua, pelação, apresentada pela Deputada Kwan Tsui Hang, a construção de instalações de lazer e de ciclovias. No mês datada de 21 de Março de 2017, e o respectivo Despacho transacto, concluiu a remodelação da Praça da Avenida do n.º 563/V/2017. Oceano, Taipa, e construiu novos sanitários públicos, locais para depósito de bicicletas, terraço-jardim e área de esta- DESPACHO N.º 563/V/2017 cionamento de veículos, melhorando ainda mais o conjunto das instalações das ciclovias. Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a Aos 21 de Abril de 2017. redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita O Presidente do Conselho de Administração, substituto do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- (Vide original da assinatura), Lo Chi Kin. tado pela Deputada Kwan Tsui Hang em 21 de Março de 2017. ______9 de Maio de 2017.

O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. 55. Resposta escrita do Governo, respeitante à interpela------ção, apresentada pelo Deputado Mak Soi Kun, datada de 23 de Março de 2017, e o respectivo Despacho n.º 564/V/2017. (Tradução) DESPACHO N.º 564/V/2017 Resposta à interpelação escrita apresentada por Kwan Tsui Hang, Deputada da Assembleia Legislativa Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a Em cumprimento das instruções do Chefe do Execu- redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- tivo, e após o parecer da Direcção dos Serviços de Solos, -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 261 do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- de cumprir os deveres gerais está vinculado ainda pelos de- tado pelo Deputado Mak Soi Kun em 23 de Março de 2017. veres específicos inerentes às respectivas funções, devendo, ainda, coadjuvar na definição e elaboração das politicas e 9 de Maio de 2017. assegurar a sua execução, bem como, gerir eficientemente as unidades orgânicas pelas quais é responsável. Os trabalha- O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. dores da função pública que violarem as disposições acima referidas no exercício das suas funções, praticando, desta ------forma, actos contra a lei são obrigados a assumir as respon- (Tradução) sabilidades disciplinar e criminal de acordo com a aplicação da legislação. Resposta à interpelação escrita apresentada pelo Deputa- O IC dá grande importância ao Relatório de investiga- do à Assembleia Legislativa, Mak Soi Kun ção do Comissariado Contra a Corrupção (CCAC), man-

dou imediatamente criar o “Grupo de trabalho”, compre- Em cumprimento das instruções do Chefe do Execu- endendo um subgrupo de trabalho especializado, o “Grupo tivo e tendo em consideração o parecer da Direcção dos de investigação”, cabendo-lhe proceder à análise integral da Serviços de Administração e Função Pública (DSAFP), o situação dos recursos humanos de diversos departamentos, Instituto Cultural (IC) apresenta a seguinte resposta à in- reflectir e investigar profundamente. Durante a investiga- terpelação escrita do Sr. Deputado Mak Soi Kun, de 23 de ção, o IC verificou que os trabalhadores recrutados em regi- Março de 2017, enviada a coberto do ofício n.º 251/E201/V/ me de aquisição de serviços, (até ao dia 13 de Abril) 82 des- /GPAL/2017 da Assembleia Legislativa, de 27 de Março de tes ainda prestam serviços neste Instituto, o que representa 2017, recebida pelo Gabinete do Chefe do Executivo, em 28 cerca de 8% da totalidade dos trabalhadores do IC. O Ins- de Março de 2017: tituto procedeu à análise de cada caso em particular em re- lação aos trabalhadores em questão, incluindo a capacidade O Governo da Região Administrativa Especial de Ma- profissional, o desempenho e a eficácia no trabalho. Tendo cau já dispõe de normas expressas que regulamentam o re- em consideração não influenciar os serviços públicos, sob a crutamento e a selecção de trabalhadores da função públi- premissa do assegurar os interesses dos cidadãos, propõe- ca, e todas as carreiras gerais e especiais são reguladas pelo -se ao Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura que Regulamento Administrativo n.º 14/2016 “Recrutamento, se proceda ao recrutamento dos trabalhadores em questão selecção e formação para efeitos de acesso dos trabalhado- para satisfação de necessidades temporárias ou urgentes, res dos serviços públicos” e a Lei n.º 14/2009 regulamenta nos termos da alínea 2) do n.º 3 do artigo 3.º e do artigo 19.º o concurso de gestão uniformizada, no qual, a avaliação de da Lei n.º 12/2015 “Regime do Contrato de Trabalho nos competências integradas é da responsabilidade da Direc- Serviços Públicos”. Assim, não afectando, por um lado, a ção dos Serviços de Administração e Função Pública e a continuidade dos serviços prestados ao público, e por outro, avaliação de competências profissionais ou funcionais é da dando aos serviços tempo para o ajustamento interno. O responsabilidade da entidade que pretende recrutar o tra- vínculo laboral da maioria destes trabalhadores termina en- balhador da função pública. tre Junho e Setembro deste ano. O modelo de recrutamento mencionado tem em consi- É necessária uma profunda reflexão sobre a ansiedade deração a avaliação de competências integradas e avaliação para o impulso e pelo sucesso, o IC vai cumprir obedien- de competências profissionais, podendo, desta forma, aten- temente as sugestões emitidas pelo CCAC, observando der os aspectos comuns das diversas carreiras e as diversas rigorosamente as leis e rectificando as inadequações detec- exigências inerentes ao exercício das respectivas funções, tadas. Para o efeito, o Instituto implementará várias medidas, bem como a vontade do candidato e as necessidades dos incluindo o reforço da formação juridica, a fiscalização e a serviços interessados no recrutamento de trabalhadores, e revisão abrangente da aplicação do Decreto-Lei n.º 122/84/M, ainda uma melhor regulamentação dos procedimentos de nomeadamente, no que se refere à gestão de recursos hu- recrutamento. Para que os serviços públicos possam, em ob- manos em conformidade com o estipulado na lei, devendo servância da lei, recrutar o trabalhador adequado, os SAFP também estabelecer um mecanismo de auto-monitorização, vão, de forma imparcial, justa e aberta, organizar os tra- valorizando os pareceres jurídicos e demais trabalhos de su- balhados de recrutamento e emitir orientações consoante porte técnico. “Mais vale prevenir que remediar”, o IC vai os procedimentos e critérios da avaliação de competências fortalecer a base da legalidade da administração de acordo profissionais realizada pelos serviços públicos. com a lei, fazendo um bom trabalho na futura construção cultural. Relativamente à responsabilidade dos trabalhadores da função pública no exercício das suas funções, o Estatuto dos Agradeço desde já a atenção de V. Ex.ª para o assunto. Trabalhadores da Administração Pública de Macau prevê, expressamente, os deveres gerais dos trabalhadores da fun- Macau, aos 13 de Abril de 2017. ção pública no exercício de funções públicas e as respectivas consequências. E o pessoal de direcção e chefia, para além O Presidente do Instituto Cultural, Leung Hio Ming. 262 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

56. Requerimento de interpelação escrita sobre a Sendo assim, interpelo o Governo sobre o seguinte: acção governativa, apresentado pelo Deputado Mak Soi Kun, datado de 4 de Maio de 2017, e o respectivo Despacho 1. Alguns residentes pedirarm-me para perguntar ao n.º 565/V/2017. Governo: o número e a densidade populacional da cidade vizinha são mais intensos do que em Macau, mas aquela DESPACHO N.º 565/V/2017 consegue manter o abastecimento de aves de capoeira vivas e, ao mesmo tempo, a venda de galinhas refrigeradas. Por- Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- que é que Macau não pode manter o abastecimento de ga- mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 4 linhas vivas? Enfim, será que o Governo receia que o nível de Maio de 2017, apresentado pelo Deputado Mak Soi Kun. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 de controlo sanitário não é satisfatório, ou será que certos (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com “funcionários públicos não querem fazer nada”, seguindo a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, dis- o princípio de “quem não trabalha não erra, quem trabalha tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- pouco erra pouco, quem nunca trabalha nunca erra”, e por to acima referido. isso querem proibir a venda de galinhas vivas em Macau? Assim, o Governo deve utilizar dados científicos obtidos 9 de Maio de 2017. através de pesquisas e estudos para explicar e apresentar uma justificação ao público, a fim de evitar polémicas da O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. sociedade e aliviar as divergências sociais. Para além disso, ------a nova política entrou em vigor, à força, em 1 de Maio, e vai ter um grande impacto no sector de venda de aves de capo- (Tradução) eira, a mudança do ramo de actividade e a sobrevivência dos Interpelação escrita seus trabalhadores são problemas por resolver e, para além disto, os pormenores da medida de substituição de galinhas Segundo uma notícia recente da imprensa: “Em face da vivas por galinhas refrigeradas ainda não foram divulgados nova política de proibição da importação e venda de aves ao público, de forma clara e explícita, por exemplo: em que de capoeira vivas a partir de 1 de Maio anunciada pelo Go- temperatura devem ser mantidas as galinhas refrigeradas e verno, a Associação de Negociantes de Aves Domésticas de qual será o prazo de conservação, que tipo de marcas ou eti- Macau acusa o Instituto para os Assuntos Cívicos e Munici- quetas terão as galinhas refrigeradas importadas e vendidas pais (IACM) de não ouvir a opinião do sector e manifesta o ao público para provar que já foram inspeccionadas pelo seu protesto veemente, considerando que o Governo elimi- Governo, e como garantir e controlar a qualidade e segu- nou os meios de sobrevivência dos trabalhadores do sector rança das galinhas refrigeradas, etc., etc., mas vem agora o e o hábito alimentar tradicional dos cidadãos, por isso, o Governo, “de uma vez só”, proibir a importação de galinhas sector não exclui a tomada de uma nova acção de protesto1”. vivas. Será que isto assim é uma acção administrativa cien- O problema de proibir ou não a importação e a venda de tífica? Perante isto, qual é a resposta do Governo? galinhas vivas tem sido alvo da atenção da sociedade, sen- do incessantemente discutido, e, recentemente, o Governo 4 de Maio de 2017. referiu que teve duas reuniões com o sector, mas ambas as partes não conseguiram chegar a consenso. Isto significa O Deputado à Assembleia Legislativa da RAEM, Mak que, até agora, não existe um plano para resolver o proble- Soi Kun. ma da proibição da importação e venda de galinhas vivas. Dados de referência: Alguns residentes entendem que o número e a densida- 1. Associação dos Negociantes de Aves Domésticas de Macau in- de populacional da cidade vizinha são mais intensos do que satisfeita com o IACM por não ouvir as opiniões do sector e lhes em Macau, mas tal região mantém, em simultâneo, a venda remover os meios de sobrevivência. Jornal “Va Kio”, 29-4-2017. de galinhas refrigeradas e o abastecimento de aves de ca- poeira vivas, por isso, não se percebe que dados científicos foram utilizados para o Governo de Macau chegar à conclu- ______são de que a importação e venda deviam ser proibidas. Por- tanto, o Governo deve apresentar uma justificação razoável, especificando as razões, caso contrário, vai, de certeza, pro- 57. Requerimento de interpelação escrita sobre a vocar polémicas sociais. A execução, à força, da nova políti- acção governativa, apresentado pelo Deputado Ho Ion ca vai provocar impacto no sector da venda de aves de capo- Sang, datado de 5 de Maio de 2017, e o respectivo Des- eira, pois a mudança de ramo profissional e a sobrevivência pacho n.º 566/V/2017. dos operadores do sector constituem um problema difícil e, para além disso, os pormenores sobre a medida de substi- DESPACHO N.º 566/V/2017 tuição de galinhas vivas por galinhas refrigeradas até agora ainda estão por divulgar, mas a proibição de importação de Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- galinhas vivas entrou já em vigor a partir de 1 de Maio. Será mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 5 que isto assim é uma acção administrativa cientifica? de Maio de 2017, apresentado pelo Deputado Ho Ion Sang. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 263

Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 2010, várias medidas de controlo do mercado, por exemplo, (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a redução dos limites do rácio dos empréstimos hipotecá- a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, dis- rios concedidos pelos bancos para a aquisição de habitação, tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- o agravamento dos custos da especulação a curto prazo, e a to acima referido. regulação do funcionamento do mercado, entre outras, com vista a assegurar o desenvolvimento saudável do mercado 9 de Maio de 2017. imobiliário, certo é que os efeitos produzidos não foram muitos, até surgiram mesmo efeitos contraproducentes. O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. Esta situação vem juntar-se à situação da economia de Ma------cau, que está a seguir um bom rumo de desenvolvimento, às baixas taxas de juro, aos factores incentivadores do in- (Tradução) vestimento, à forte expectativa dos consumidores, quanto à subida dos preços dos imóveis, e à forte necessidade de Interpelação escrita investimento, o que resultou num estímulo para o mercado e para os preços que, consequentemente, voltaram a subir. Recentemente, os preços das habitações em Macau têm acompanhado a evolução das receitas do jogo, “deixaram de Segundo os dados disponibilizados pela Direcção dos descer, voltaram a subir” e exibem uma tendência de subi- Serviços de Finanças, no 1.º trimestre de 2017, o valor glo- da, o que vem agravar os custos da aquisição de habitações bal dos preços dos imóveis, em comparação com o período assumidos pelos residentes. Segundo os dados disponíveis, homólogo do ano anterior, aumentou 20%, e o número de em Março de 2017, 0 valor médio por metro quadrado era transacções também sofreu um aumento evidente. Segundo de 91,801 patacas1, valor que, em comparação com o regista- os serviços competentes, em 2016, 99% das transacções en- do no período homólogo do ano anterior, aumentou 20,000 volveram residentes de Macau, e mais de metade das partes patacas2. Os preços continuam em alta, ao que se junta a envolvidas nessas transacções possuem mais de uma pro- 5 forte procura, o desequilíbrio entre a oferta e a procura, e priedade . Face a esta situação, as autoridades lançaram a a desactualização das políticas de habitação, entre outros medida de redução dos limites do rácio dos empréstimos hi- factores que se vêm acumulando ao longo dos tempos, por- potecários concedidos pelos bancos para a aquisição de ha- 6 tanto, a resolução dos problemas actualmente existentes no bitação, com vista a reprimir a prosperidade especulativas . domínio da habitação pública não é para optimismos, além Há que salientar que, nos últimos anos, a procura tem sido disso, tornam-se evidentes as “dificuldades de aquisição de forte, acabando por impulsionar a subida do valor global habitação”. dos preços dos imóveis, por isso, os residentes que querem adquirir habitação própria passam a ter de assumir preços O Chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, revelou elevados. Além disso, face à constante subida dos preços recentemente, na Assembleia Legislativa, que o grosso da dos imóveis, muitas pessoas que necessitavam de uma ha- especulação tem origem nas gentes de Macau, e adiantou bitação, atentas ao comportamento do mercado, ficaram que, em caso de necessidade, iria, com certeza, “meter a preocupadas com a possibilidade dos preços continuarem mão”3. De facto, devido ao rápido desenvolvimento do sec- a subir, então, resolveram comprar logo casa. Fizeram-no tor do jogo, a maioria dos residentes conseguiu, rapidamen- por “pânico” de perderem a oportunidade de ter uma ha- te, obter riqueza, mas como os meios de investimento para a bitação, uma preocupação que funciona como catalisador e alcançar não são variados, o mercado imobiliário assumiu- contribui para a manutenção dos preços em alta. Assim sen- -se, naturalmente, como “o meio de investimento”. Segundo do, o controlo do mercado deve acompanhar a evolução do alguns estudos, o índice da bolha no mercado imobiliário mercado, e há que encontrar” a receita correcta para com- atingiu em 2008 e 2009, respectivamente, 6,93 e 7,81. A bater a doença”. O essencial é ter boas ideias e criar meca- partir de 2008, aquele índice foi sempre superior a 5, que nismos sistemáticos de controlo do mercado imobiliário, se é o limite para a entrada na zona de risco4, portanto, por não for assim e se continuar a adoptar o modelo de controlo outras palavras, o mercado imobiliário de Macau entrou numa fase de risco. Apesar de o Governo ter divulgado, em 3 Jornal Ou Mun: Deputado Ho Ion Sang apela à tomada de me- didas para reprimir especulação; propõe o escalonamento da co- 1 Direcção dos Serviços de Finanças: número das transacções de brança de impostos para reprimir a especulação” (24 de Abril de imóveis, constante dos “Dados estatísticos respeitantes às fracções 2017). autónomas destinadas à habitação que foram declaradas para li- 4 Conclusão: retirada da análise à argumentação da bolha no mer- quidação do imposto do selo por transmissões de bens em Abril, cado imobiliário de Macau (17 de Janeiro de 2017). de 2017”. 5 Jornal Ou Mun: “Medidas de redução dos empréstimos hipote- 2 Segundo os “Dados estatísticos respeitantes às fracções autóno- cários concedidos pelos bancos para aquisição de imóveis entram mas destinadas à habitação que foram declaradas para liquidação em vigor a partir de hoje” (5 de Maio de 2017). do imposto do selo por transmissões de bens em Março de 2016” 6 TDM: “Governo da RAEM anuncia medidas de redução dos da Direcção dos Serviços de Finanças: número das transacções de empréstimos hipotecários concedidos pelos bancos, e entram em imóveis, em Março de 2016, cujo preço médio é de 72,741 patacas. vigor a partir de amanhã” (4 de Maio de 2017). 264 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 a “conta-gotas”, os preços vão continuar em alta, o que em de Maio de 2017, apresentado pelo Deputado Leong Veng nada ajuda a melhorar a qualidade de vida da população e a Chai. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução impulsionar o desenvolvimento económico. n.º 2/2004 (Processo de Interpelação sobre a Acção Gover- nativa), com a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e Assim sendo, interpelo sobre o seguinte: 3/2009, distribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimento acima referido. 1. Segundo o Relatório das Linhas de Acção Governati- va para o ano de 2017, os serviços competentes vão continu- 11 de Maio de 2017. ar a manter a medida de isenção da contribuição predial até 3,500 patacas7, No entanto, a sociedade em geral questiona O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. se a referida política vai mesmo ajudar a atenuar as dificul- dades com que os residentes se deparam na aquisição de ------imóveis. Além disso, os residentes que possuem muitos imó- veis (que não se destinam a habitação própria mas sim à ob- (Tradução) tenção de lucros) podem gozar dessa mesma isenção, o que só os beneficia. Estas pessoas não pagam praticamente nada Interpelação escrita para alimentar os seus imóveis, o que demonstra que a refe- rida medida é uma ajuda para incentivar a especulação e só A Orquestra Chinesa de Macau é uma orquestra profis- vai agravar as injustiças no domínio da habitação. Os preços sional étnica, subordinada ao Instituto Cultural (IC) do Go- mantêm-se em alta e sem qualquer tendência de descida, e verno da RAEM, e foi estabelecida em 1987. Esta orquestra os custos da aquisição de habitação assumidos por residentes realiza, anualmente, muitos espectáculos, não só em Ma- aumentam cada vez mais. Os serviços competentes devem cau, como também no exterior, nomeadamente, na China e reavaliar a manutenção da medida em causa e os respecti- em países ocidentais, como representante de Macau, para vos impactos, vão fazê-lo? Os serviços competentes devem promover esta cidade. A orquestra participa, todos os anos, pensar em aumentar os custos para os proprietários que no Festival de Artes de Macau, no Festival Internacional de possuem várias habitações com a intenção de obter lucros, Música de Macau e numa série de actividades para a cele- e cobrar os impostos de forma escalonada em consonância bração da transferência de Macau para a China. Tudo isto com o número de fracções que possuem. Vão pensar nisto? ajuda a desenvolver e a promover a cultura da música e das artes que se revestem das características de Macau. 2. Além disso, a fim de concretizar um mecanismo a longo prazo de controlo do mercado imobiliário de Macau e Sob a direcção do ex-Director, o IC contratou, na situ- de assegurar que os preços dos imóveis regressem a valores ação de usurpação do poder superior e sem a aprovação do racionais, os serviços competentes devem assumir uma ati- Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, um grande tude proactiva no estudo de medidas eficazes, partindo da volume de trabalhadores em regime de aquisição de servi- definição dos planos dos terrenos, da criação de garantias ços, caso este que despertou o desagrado de toda a socie- de habitação, e do ajustamento da oferta e dos mecanismos dade. A Orquestra Chinesa de Macau é um grupo subor- de controlo do mercado. Vão fazê-lo? dinado ao IC, então, qual é a forma de contratação usada? Se todas as suas despesas e remunerações são pagas pelo 5 de Maio de 2017. Governo, então, é como se fosse um “emprego da função pública”. O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi- nistrativa Especial de Macau, Ho Ion Sang. Como sabemos, todos os trabalhadores da Adminis- tração recebem uma remuneração calculada com base em ______índices e com subsídios expressos, e mesmo os Secretários e Directores também recebem remunerações segundo esta forma. Em relação à Orquestra Chinesa e a outros grupos 58. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- de natureza semelhante, não sei se o Governo já definiu ção governativa, apresentado pelo Deputado Leong Veng normas e se as divulgou ao público. Chai, datado de 4 de Maio de 2017, e o respectivo Despa- cho n.º 567/V/2017. Assim sendo, interpelo o Governo, solicitando que me sejam dadas respostas, de uma forma clara, precisa, coeren- DESPACHO N.º 567/V/2017 te, completa e em tempo útil, sobre o seguinte:

Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- 1. Actualmente, quantos membros (incluindo os que mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 4 estão atrás do palco) tem a Orquestra Chinesa, subordinada ao IC? Quantos membros são locais e quantos são estran- 7 Página 12, Relatório das Linhas de Acção Governativa para o geiros? De que países/regiões são esses membros do estran- ano financeiro de 2017. geiro? N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 265

2. A Orquestra Chinesa é um grupo subordinado ao IC, muito que são escassos os recursos humanos nesta área e as suas despesas, remunerações e subsídios são totalmente e, segundo o plano quinquenal do Governo sugerido no pagos pelo Governo, portanto, é como se fosse um “emprego ano passado, em 2020 vamos passar de 2,8 camas para 4,4 da função pública”. O IC deve divulgar a todos os cidadãos camas por cada 1000 habitantes, bem como passar de 3,5 de Macau as informações sobre a forma de contratação e as enfermeiros para 4 enfermeiros por cada 1000 habitantes2. remunerações (tais como, o índice e os subsídios detalha- No futuro, os novos Centros de Saúde, entidades de saúde, dos) da Orquestra Chinesa de Macau. Isto vai ser feito? A lares de idosos e lares para pessoas portadoras de deficiên- remuneração dos membros do estrangeiro é mais alta (bai- cia também vão necessitar de mais recursos humanos, e de xa) do que a dos locais? Em relação às remunerações e aos acordo com os actuais rácios, estamos preocupados se de subsídios, os membros do estrangeiro têm qualquer subsídio facto vamos ter recursos humanos suficientes para satisfazer especial, em comparação com os locais? as necessidades.

4 de Maio de 2017. Com vista a resolver a questão dos recursos humanos na área da saúde, já solicitei várias vezes ao Governo para alte- O Deputado à Assembleia Legislativa da RAEM, Leong rar, o mais rapidamente possível, a carreira dos enfermeiros, Veng Chai. com o objectivo de atrair mais estudantes para esta área, e o Governo limitou-se a referir que já tinha aberto concurso, ______em regime de contrato administrativo de provimento, para o acesso à carreira de enfermeiro-especialista3, mas isso não resolve a questão dos enfermeiros que estão fora quadro e 59. Requerimento de interpelação escrita sobre a acção que querem ingressar no quadro, na carreira de enfermeiro- governativa, apresentado pela Deputada Wong Kit Cheng, -especialista. Mais, tanto a sociedade como os trabalhadores datado de 5 de Maio de 2017, e o respectivo Despacho da área da saúde são de opinião que dificilmente o Governo n.º 568/V/2017. consegue captar talentos para regressarem a Macau e traba- lharem na área da saúde, devido ao mecanismo de registo DESPACHO N.º 568/V/2017 desses trabalhadores e aos índices salariais praticados, o que dificulta o desenvolvimento desta carreira e o aumento da Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- qualidade dos médicos especialistas. mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 5 de Maio de 2017, apresentado pela Deputada Wong Kit Cheng. Por outro lado, as entidades de saúde privadas vão per- Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- der muito mais pessoal devido ao recrutamento de mais cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a pessoal por parte das entidades públicas, o que vai levar a os redacção dada pelas Resoluções n. 2/2007 e 3/2009, distri- um desequilíbrio de recursos humanos entre as entidades buo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimento públicas e privadas, e em resultado disso, estas últimas e as acima referido. entidades sem fins lucrativos não vão poder disponibilizar os seus serviços de forma suficiente ao sistema de saúde 11 de Maio de 2017. de Macau. Pelo exposto, o Governo tem de alterar, com a maior brevidade possível, as carreiras e os índices da área O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. da saúde, com vista a atrair mais talentos e a estabilizar os ------recursos humanos nesta área.

(Tradução) Nestes termos, interpelo o Governo sobre o seguinte:

Interpelação escrita 1. Com vista a resolver as necessidades de recursos humanos, devido à finalização das obras do Complexo de Planeamento dos recursos humanos na área da Cuidados de Saúde das Ilhas, o Governo afirmou que ia au- enfermagem mentar o número dos seus trabalhadores da área da saúde, disponibilizar um subsídio especial aos estudantes que quei- No mês passado, na sessão de perguntas e respostas ram enveredar por esta área, e que ia ainda criar a carreira com o Chefe do Executivo na Assembleia Legislativa, este de enfermeiro-adjunto. Na opinião do Governo, estas medi- referiu que, com a finalização das obras do Complexo de das vão permitir dispor de trabalhadores suficientes na área Cuidados de Saúde das Ilhas, vamos ter de aumentar para da saúde, para dar resposta à entrada em funcionamento do o dobro o número de trabalhadores da área da saúde, pelo que necessitamos de reforçar a respectiva formação1. Há 2 Plano Quinquenal de Desenvolvimento da RAEM (2016-2020) www.cccmtl.gov.mo/files/projecto plan pt.pdf 1 Diário de Macau, 22 de Abril de 2017, página B5: “Em 2009, 3 Resposta à Interpelação escrita da Deputada à Assem- 80% das obras do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas esta- bleia Legislativa Wong Kit Cheng: http://www.al.gov.mo/ rão finalizadas”. interpelacao/05/2016/16-1538p 16-1319.pdf 266 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 referido Complexo? Segundo o Chefe do Executivo, o nú- (Tradução) mero de trabalhadores da área da saúde vai ter de aumentar Interpelação escrita para o dobro. Tendo em conta o rácio de enfermeiros e mé- dicos referidos no plano quinquenal, o Governo acha que se No dia 10 de Julho de 2008, interpelei o Governo, quan- trata de um rácio suficiente para assegurar e elevar os servi- to à falta de representatividade e ineficiência do Conselho ços na área da saúde pública? Permanente de Concertação Social (CPCS) tendo em 28 de Dezembro do mesmo ano, o ex-Coordenador do CPCS 2. Nos próximos anos vamos dispor do Complexo de respondido que o CPCS se “baseia em critérios padrões Cuidados de Saúde das Ilhas, de mais Centros de Saúde, e promovidos pela OIT para nomear os representantes dos de lares e entidades que prestam serviços na área da saúde. associações patronais e de trabalhadores, ou seja o seu tra- Quando o Governo contratar mais pessoal para esta área, balho junto do público”. deve garantir que as entidades de saúde e as instituições não-governamentais disponham de recursos humanos em Acontece que desde o estabelecimento da RAEM, as número estável. Vai fazê-lo? Com vista a estabilizar o grupo estruturas representativas do patronato e dos trabalhadores de trabalhadores da área da saúde, o que é que o Governo estão mais alargadas e diferentes do que era em 1985, estan- vai fazer para encurtar a diferença entre as entidades de do uma delas representadas na AL pela via directa com 2 saúde públicas e privadas no que respeita aos salários e re- deputados provenientes da função pública. galias? Assim, merece ser revisto a actual composição do 3. No ano passado, o Chefe do Executivo afirmou que CPCS permitindo que representantes do sector do Jogo, era necessário alterar a carreira dos enfermeiros, e há 2 função pública e trabalhadores não residentes tenham uma anos já se efectuaram consultas públicas sobre o registo dos voz activa nesta plataforma de discussão de assuntos labo- profissionais da área da saúde, contudo, até à data ainda não rais com actual composição demoram anos para chegar a tivemos mais notícias sobre isso. Qual é o ponto da situação um,consenso numa determinada matéria objecto de discus- dos trabalhos de alteração da carreira de enfermagem e do são, como foi aquando discussão do projecto de lei de rela- registo dos profissionais de saúde? Existe alguma calendari- ções laborais. zação para a alteração da legislação correspondente? Assim sendo, interpelo o Governo, solicitando, que me 5 de Maio de 2017. sejam dadas respostas, de uma forma CLARA, PRECISA, COERENTE, COMPLETA e em tempo útil sobre o se- A Deputada à Assembleia Legislativa da Região Admi- guinte: nistrativa Especial de Macau, Wong Kit Cheng. 1. Decorrido mais 17 anos após o estabelecimento da RAEM, vai o Governo rever a actual composição alargan- do a sua representatividade e tendo em consideração que o ______CPCS não tem sofrido alterações na sua composição dos re- presentantes do sector patronal e laboral há mais de 30 anos?

2. Caso o Governo venha alterar a representatividade 60. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- do órgão serão os seus representantes extensivos ao sector ção governativa, apresentado pelo Deputado José Maria do Jogo, função pública e trabalhadores não residentes? Pereira Coutinho, datado de 8 de Maio de 2017, e o respec- tivo Despacho n.º 569/V/2017. Aos 8 de Maio de 2017.

DESPACHO N.º 569/V/2017 O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi- nistrativa Especial de Macau, José Maria Pereira Coutinho.

Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 8 de ______Maio de 2017, apresentado pelo Deputado José Maria Pereira Coutinho. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução 61. Requerimento de interpelação escrita sobre a acção n.º 2/2004 (Processo de Interpelação sobre a Acção Gover- governativa, apresentado pela Deputada Chan Hong, os nativa), com a redacção dada pelas Resoluções n. 2/2007 e datado de 10 de Maio de 2017, e o respectivo Despacho 3/2009, distribuo a todos os Senhores Deputados cópia do n.º 570/V/2017. requerimento acima referido. DESPACHO N.º 570/V/2017 11 de Maio de 2017. Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 10 N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 267 de Maio de 2017, apresentado pela Deputada Chan Hong. 3. As autoridades devem aumentar a frequência das Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 inspecções por amostragem aleatória, as modalidades dos (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com exames, as técnicas de fiscalização e inspecção dos géneros a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, dis- alimentícios, a divulgação das respectivas informações, etc. tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- Que trabalhos foram efectuados para o efeito? Como é que to acima referido. vai ser aperfeiçoado o regime de fiscalização e inspecção da segurança alimentar? Nos casos de compras via internet de 11 de Maio de 2017. géneros alimentícios, de que medidas de fiscalização da se- gurança alimentar dispõem as autoridades para evitar que O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. entrem em Macau géneros alimentícios que não satisfazem os padrões? ------10 de Maio de 2017. (Tradução) A Deputada à Assembleia Legislativa da Região Admi- Interpelação escrita nistrativa Especial de Macau, Chan Hong.

Surgiram recentemente suspeitas sobre a possibilidade de alguns alimentos japoneses contaminados por radiação ______terem conseguido fugir à fiscalização, através de vários meios e da colocação de rótulos chineses, e entrado no Inte- rior da China para serem vendidos online e em supermerca- 62. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- dos. Segundo as suspeitas, a venda de um desses alimentos ção governativa, apresentado pela Deputada Chan Melin- foi mesmo promovida em Macau, um incidente que veio, da Mei Yi, datado de 27 de Abril de 2017, e o respectivo mais uma vez, suscitar a discussão sobre a fiscalização da Despacho n.º 571/V/2017. segurança alimentar em Macau. DESPACHO N.º 571/V/2017 Existe em Macau um regime para a fiscalização, inspec- ção e quarentena dos alimentos importados, e o Instituto Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regimen- para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) não pára de to, o requerimento de interpelação escrita, datado de 27 de inspeccionar o nível de radiação dos alimentos japoneses, Abril de 2017, apresentado pela Deputada Chan Melinda Mei uma tarefa que faz parte das tarefas regulares do Centro de Yi. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 Segurança Alimentar. Até ao momento, os resultados dos (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com exames efectuados não apresentaram qualquer anomalia, a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, dis- contudo, a variedade dos alimentos japoneses importados tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- não pára de aumentar e, como em Macau o regime de ro- to acima referido. tulagem dos alimentos carece de perfeição, e os padrões de segurança alimentar são mais baixos do que os internacio- 12 de Maio de 2017. nais, os residentes estão imensamente preocupados com a segurança alimentar, em particular no respeitante aos ali- O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. mentos japoneses. ------Face ao exposto, interpelo o Governo sobre o seguinte: (Tradução) 1. O Decreto-Lei n.º 50/92/M (Estabelece as condições a que deve obedecer a rotulagem dos géneros alimentícios Interpelação escrita prontos a serem fornecidos ao consumidor final) já está em vigor há 25 anos, e já há muito que não consegue acompa- A Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas nhar as necessidades do desenvolvimento social. As auto- com Deficiência, que entrou em vigor, em Macau, em 2008, ridades devem, o mais rápido possível, rever a situação, e visa promover, proteger e assegurar o pleno e igual gozo ponderar a alteração daquele diploma, com vista a regula- de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais mentar a rotulagem dos produtos alimentares. Vão fazer por parte de todas as pessoas com deficiência e promover isso? o respeito pela sua inerente dignidade. No entanto, até ao momento, não existe em Macau um diploma legal contra a 2. Os padrões fixados no Regulamento Administrativo discriminação. Cito o exemplo dos portadores de deficiência n.º 16/2014 (Limites máximos de radionuclídeos nos géneros mental, os quais, às vezes, enfrentam discriminação devido alimentícios) são iguais aos padrões internacionais? Se são à falta de entendimento do público — por exemplo, as pes- inferiores aos padrões internacionais, as autoridades vão soas evitam passar por eles nas ruas, dirigem-lhes insultos então aumentar os respectivos padrões? ou ralham com eles. 268 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

O conhecimento e a aceitação do público são insufi- Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- cientes, portanto, os deficientes e os seus familiares sofrem cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a grande pressão psicológica, e, por conseguinte, os deficien- redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, distri- tes não têm muita vontade de sair, preferem ficar escondi- buo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimento dos em casa, e quando os seus familiares participam em acima referido. actividades comunitárias, não se conseguem integrar. Tudo isto desfavorece o desenvolvimento saudável dos deficientes 12 de Maio de 2017. ao nível tanto físico como psicológico. De facto, todos faze- mos parte da sociedade, incluindo os deficientes, que tam- O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. bém desejam participar na construção da sociedade e nas ------actividades sociais, e que precisam de uma oportunidade e de ser tratados com paridade. Neste sentido, o Governo (Tradução) deve definir leis e políticas adequadas e realizar acções de sensibilização destinadas ao público, no sentido de promo- Interpelação escrita ver e implementar a referida Convenção, salvaguardando os direitos de que os deficientes devem gozar. Elevar a taxa de natalidade para resolver o problema do envelhecimento da população Assim sendo, interpelo o Governo sobre o seguinte:

1. Os deficientes enfrentam diversos obstáculos na vida Segundo os dados divulgados pela Direcção dos Servi- comunitária. Para além da construção de instalações faci- ços de Estatística e Censos, no final de 2016 a população era litadoras das suas deslocações, eliminando obstáculos tan- composta por 644 900 pessoas. Os idosos com idade igual ou gíveis, de que medidas dispõe o Governo para eliminar os superior a 65 anos representavam 9,8 por cento da população, obstáculos intangíveis, concretizando assim as verdadeiras mais 0,8 por cento face a 2015, atingindo 63 200 pessoas. A deslocações livres de obstáculos? Quanto aos problemas de população adulta entre 15 e 64 anos, que representava 77 desigualdade existentes na sociedade, o Governo deve pon- por cento do total, diminuiu 1,4 por cento. O índice de enve- derar sobre a definição de uma lei contra a discriminação. lhecimento foi de 78,9 por cento, mais 3,3 por cento, ou seja, Já o fez? aumentou durante 20 anos consecutivos, o que significa que a população tem envelhecido continuamente. Em 2016, nas- 2. Quanto à participação social dos deficientes, o que é ceram 7146 nados-vivos, mais 91 em relação ao ano de 2015, que o Governo vai fazer para assegurar que tenham igual- e a taxa de natalidade situou-se em 11 por cento, um nível dade de oportunidades no emprego? Tendo em conta a mu- idêntico ao de 2015. O número de nados-vivos pode afectar dança do ambiente económico, como é que o Governo vai as proporções dos grupos de jovens e de idosos na estrutu- assegurar que o direito de acesso ao emprego dos deficien- ra da população de Macau. Apesar de se manter estável, a tes não seja afectado? taxa de natalidade continua a ser muito inferior ao nível de reposição da população (2.1), pelo que Macau é sempre uma 3. Ao definir o futuro plano de construção de habitação das regiões com a taxa de fertilidade mais baixa do mundo. pública, é possível recorrer a métodos científicos e a dados para reservar espaços destinados ao desenvolvimento das Macau tem vindo a respeitar as opções dos residentes empresas sociais? em relação à estrutura da família, daí sem nenhuma política de planeamento familiar que afecte directamente a vontade 27 de Abril de 2017. de reprodução da população. Macau é uma das regiões com maior densidade populacional do mundo, e só nos 6 anos A Deputada à Assembleia Legislativa, Chan Melinda entre 2010 e o final de 2015 é que a população conseguiu Mei Yi. aumentar de 540 000 pessoas para 640 000. No entanto, o maior aumento verificou-se nos trabalhadores não residen- ______tes, em vez de ser na população local. Há alguns académi- cos que entendem que, se não houver medidas para elevar a taxa de natalidade, o envelhecimento da população vai 63. Requerimento de interpelação escrita sobre a aumentar ainda mais os encargos da sociedade, e a depen- acção governativa, apresentado pelo Deputado Zheng dência da introdução de trabalhadores não residentes para Anting, datado de 28 de Abril de 2017, e o respectivo Des- complementar recursos humanos e resolver o problema de pacho n.º 572/V/2017. envelhecimento populacional não é uma medida de longo prazo. DESPACHO N.º 572/V/2017 Pelo exposto, interpelo o Governo sobre o seguinte: Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 28 1. O complemento dos recursos humanos jovens tem de Abril de 2017, apresentado pelo Deputado Zheng Anting. impacto directo para o futuro desenvolvimento de Macau, N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 269 mas, segundo muitos pais que trabalham fora de casa, estes serviços de táxi estão muito aquém das expectativas dos re- adiam os planos de ter filhos por recearem não conseguir sidentes. As entidades competentes implementaram medi- cuidar das crianças. Portanto, as autoridades devem consi- das para combate às irregularidades praticadas pelos taxis- derar a implementação de medidas de incentivo, com vista tas, no entanto, continuam a registar-se situações de recusa a eliminar obstáculos e a proporcionar condições para de serviço, escolha de clientes e escolha de percursos mais promover que os residentes tenham filhos, por exemplo, de- longos. vem encorajar as entidades públicas e privadas a aplicarem, entre empregadores e empregados, “medidas favoráveis à Para tornar as deslocações dos residentes mais con- família”, nomeadamente horário flexível de trabalho, licen- venientes e resolver as confusões nos serviços de táxi, em ça parental e serviços de cuidados a crianças no local de 2016, o Governo delegou poderes no Secretário para os trabalho. Vão fazê-lo? Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, para celebrar, com a Companhia de Serviços de Rádio-Táxi Ma- 2. No Relatório do Estudo sobre a Política Demográfica cau S.A., escritura pública relativa ao contrato da Indústria de Macau divulgado em 2015, as autoridades afirmaram que de Transportes de Passageiros em Táxis Especiais, com pra- “com o objectivo de promover o papel activo de uma família zo de oito anos. E os primeiros 50 rádio-táxis já começaram harmoniosa no desenvolvimento da sociedade, o Governo a funcionar. deve adoptar medidas de apoio e de respeito pelas opções individuais dos residentes em relação à fecundidade, procu- A promoção dos serviços de rádio-táxi é, sem dúvida, rando elevar a taxa de fecundidade”. Então, que medidas de uma boa medida do Governo, que permite oferecer mais apoio já foram implementadas? comodidade à população. Todavia, será que estes serviços vão conseguir satisfazer as necessidades da população? Essa 28 de Abril de 2017. já é outra questão! Ultimamente têm surgido notícias nega- tivas sobre o serviço de rádio-táxi, segundo vários cidadãos, O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi- depois de várias tentativas de chamada, quer através do sítio nistrativa Especial de Macau, Zheng Anting. electrónico, quer através de telefone, a resposta foi sempre a mesma: “não há carros disponíveis”. No entanto, alguns desses cidadãos viram, muitas vezes, os veículos estaciona- ______dos nos lugares reservados para a espera da chamada, perto das suas residências, ou seja, no momento não estavam a prestar nenhum serviço. 64. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- ção governativa, apresentado pelo Deputado Chan Iek Gostaria, então, de apresentar as seguintes questões: Lap, datado de 5 de Maio de 2017, e o respectivo Despacho n.º 573/V/2017. 1. Segundo a comunicação social, no passado dia 1 de Abril, os 50 rádio-táxis da Companhia de Rádio-Táxi come- DESPACHO N.º 573/V/2017 çaram a prestar serviço à população. E antes disso, no mês de Março, fizeram testes ao funcionamento e os resultados Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- foram satisfatórios. Mas depois da sua entrada formal em mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 5 funcionamento, começaram os insucessos na marcação an- de Maio de 2017, apresentado pelo Deputado Chan Iek Lap. tecipada de táxis e podia ver-se um número significativo de Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 táxis parados nos lugares reservados para espera de chama- (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com das. Os chamados táxis pretos funcionam durante 24 horas a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, dis- por dia, em dois ou três turnos, isto significa que os taxistas tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- têm tempo para descansar, mas os táxis não. Então, o que é to acima referido. que está a acontecer com esta nova companhia?

12 de Maio de 2017. 2. Na verdade, os serviços de táxi não são novidade, portanto, qualquer empresa que pretenda aderir a esta acti- O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. vidade deve estudar, saber sobre o concurso à licença, a ex- ploração da actividade e a formação dos recursos humanos. ------Não conseguir contratar taxistas suficientes é a justificação para os problemas acima referidos, mas tal não passa de um (Tradução) pretexto infantil. Há vários táxis parados nos lugares re- servados para a espera de chamadas, dispersos pelas várias Interpelação escrita zonas da cidade, em vez de estarem a prestar serviços à po- pulação. A entidade competente está a par da situação? Vai Em Macau, as deslocações têm sido desde sempre um solicitar à companhia em causa que reveja urgentemente a incómodo para a população, sobretudo porque os actuais situação? 270 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

3. Para facilitar a actividade da Companhia de Rádio- A Planta de Condições Urbanísticas referente aos lotes -Táxi, o Governo reservou, em várias zonas da cidade, luga- das habitações públicas A e F da Avenida Marginal do Lam res de estacionamento para esses táxis poderem aguardar Mau ficou concluída. As respectivas passagens superiores pela chamada. Quantos desses lugares gratuitos ficaram para peões e o acesso de ligação serão construídos aquando reservados para estes táxis? O Governo dispõe de alguma da construção de habitações públicas. Os lotes A e F ficarão medida para fiscalizar esses táxis, para ver se estacionam interligados com os lotes adjacentes B e G, respectivamente. nesses lugares durante a noite? 2. O projecto das serventias aéreas na Avenida Margi- 5 de Maio de 2017. nal do Lam Mau consiste na construção de três passagens O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi- superiores para peões por parte do concessionário do terre- nistrativa Especial de Macau, Chan Iek Lap. no. A construção da passagem superior para peões situada no lote J foi já concluída, tendo sido dado início ao respecti- vo procedimento de entrega. De acordo com o parecer dos ______serviços responsáveis, neste momento as respectivas instala- ções encontram-se em fase de melhoramento. Relativamente aos lotes B2/B3, o promotor do empre- 65. Resposta escrita do Governo, respeitante à interpela- endimento já apresentou o projecto de arquitectura da pas- ção, apresentada pelo Deputado Ho Ion Sang, datada de 17 sagem superior para peões, o qual está, neste momento, na de Março de 2017, e o respectivo Despacho n.º 574/V/2017. fase de apreciação e aprovação. No que diz respeito à passagem superior para peões no DESPACHO N.º 574/V/2017 lote L3, a Administração enviou ao promotor do empreen- dimento um ofício a solicitar a apresentação do projecto de Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- arquitectura com a maior brevidade possível. cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a os redacção dada pelas Resoluções n. 2/2007 e 3/2009, envia- 3. O Governo irá fiscalizar constantemente a situação -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita rodoviária na Avenida Marginal do Lam Mau e, de acordo do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- com as necessidades reais de mobilidade dos cidadãos da tado pelo Deputado Ho Ion Sang em 17 de Março de 2017. referida zona, irá proceder oportunamente a uma análise sobre a construção de instalações pedonais para a melhoria 12 de Maio de 2017. das redes pedonais na referida zona. O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. RAEM, aos 26 de Abril de 2017. ------O Director dos Serviços, Li Canfeng. Resposta à interpelação escrita do Sr. Deputado à Assem- bleia Legislativa, Ho Ion Sang

Em cumprimento das instruções do Chefe do Execu- ______tivo e tendo em consideração o parecer da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), apresento a seguinte resposta à interpelação escrita do Sr. Deputado Ho Ion Sang, de 17 de Março de 2017, enviada a coberto do ofí- 66. Resposta escrita do Governo, respeitante à interpe- cio n.º 248/E198/V/GPAL/2017 da Assembleia Legislativa lação, apresentada pelo Deputado Si Ka Lon, datada de 17 de 27 de Março de 2017, e recebida pelo Gabinete do Chefe de Março de 2017, e o respectivo Despacho n.º 575/V/2017. do Executivo em 27 de Março de 2017: DESPACHO N.º 575/V/2017 1. Devido às mudanças do ambiente rodoviário na Ave- nida Marginal do Lam Mau, a DSAT criou, em 2015, um Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- cruzamento e instalou sinalização luminosa entre essa ave- cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a nida e a Rua da Doca Seca, o que tem permitido aumentar redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- a segurança da travessia para os peões e diminuir a confu- -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita são causada pela inversão do sentido de marcha. Em 2016, do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- com base nos cinco conjuntos de passagens para peões já tado pelo Deputado Si Ka Lon em 17 de Março de 2017. existentes nesta avenida, foi também criado um conjunto de passagens para peões junto do edifício “Superior Mansion” e, no início do presente ano, ajustou-se a localização da pas- 12 de Maio de 2017. sadeira existente na Rua Sul do Patane, com vista a aumen- tar o espaço de manobra junto do cruzamento. O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 271

Resposta à interpelação escrita do Sr. Deputado à tado pelo Deputado José Maria Pereira Coutinho em 21 de Assembleia Legislativa, Si Ka Lon Março de 2017.

Em cumprimento das instruções do Chefe do Executi- 12 de Maio de 2017. vo, apresento a seguinte resposta à interpelação escrita do Sr. Deputado Si Ka Lon, de 17 de Março de 2017, enviada O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. a coberto do ofício n.º 264/E210/V/GPAL/2017 da Assem------bleia Legislativa de 3 de Abril de 2017, e recebida pelo Ga- binete do Chefe do Executivo a 5 de Abril de 2017: (Tradução) O Governo pretende recorrer a medidas paralelas para Resposta à interpelação escrita apresentada pelo a reforma do regime de emissão de licenças de táxis, ou Deputado à Assembleia Legislativa, José Maria Pereira seja, para além de manter a actual licença individual, pre- Coutinho tende-se introduzir uma forma de exploração empresarial, em que o objectivo será atribuir uma licença à empresa que De acordo com as indicações do Chefe do Executi- reúna os requisitos para tal. vo, após ter ouvido o parecer do Comissariado contra a 1. Neste momento, estamos a analisar a proposta de lei Corrupção e do Fundo de Pensões, apresento a seguinte no que se refere a medidas paralelas e iremos apresentá-la resposta à interpelação escrita de 21 de Março de 2017 atempadamente ao Conselho Executivo para proceder à sua apresentado pelo Deputado José Maria Pereira Coutinho, discussão. enviada a coberto do Ofício n.º 247/E197/V/GPAL/2017 da Assembleia Legislativa, e recebida pelo Gabinete do Chefe 2. Na proposta de lei é estipulado que as empresas a do Executivo em 27 de Março de 2017: quem são concedidas as licenças de táxis devem explorar a actividade de acordo com o modelo de exploração e as con- 1. A Transparência Internacional é uma organização dições de serviços definidos pelo Governo. Caso contrário, não governamental, que faz a avaliação do Índice de Per- as empresas serão punidas com multas e, em casos graves, cepção da Corrupção (CPI) através de análise dos dados as respectivas licenças poderão ser suspensas ou canceladas, fornecidos por outras entidades internacionais ou organi- intensificando-se desta forma a fiscalização da prática de zações não governamentais, não exige, nem necessita que o actos irregulares. Governo, que é avaliado, forneça quaisquer dados.

3. O Governo irá promover o regime de emissão de li- Desde o ano 2006 a 2011, que a Transparência Inter- cença de táxis acima mencionado com base nos interesses nacional tem incluído a Região Administrativa Especial de gerais da população, no sentido de equilibrar, sempre que Macau (RAEM) na lista de avaliação do CPI. Em 2012, a possível, o ambiente de exploração do sector de táxis (tal Transparência Internacional mudou o modelo e os critérios como a parte dos titulares de licença de táxis permanente) e de avaliação, passando o CPI a ser feito de acordo com os a procura do serviço pela população. dados fornecidos pelas 13 entidades internacionais ou or- ganizações não governamentais. Como das 13 entidades Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, aos internacionais ou organizações não governamentais, apenas 25 de Abril de 2017. uma possui os dados de avaliação sobre a RAEM, e sendo necessário no mínimo, 3 factores de avaliação que corres- O Director dos Serviços, Lam Hin San. pondesse ao critério de Transparência Internacional, por essa razão, em 2012, a Transparência Internacional retirou a RAEM da lista de avaliação do CPI. ______O Governo da RAEM considera que, a atenção dada pelas entidades internacionais ou organizações não gover- 67. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- namentais ao grau de integridade da RAEM é vantajoso pelação, apresentada pelo Deputado José Maria Pereira para a construção de um governo íntegro, por isso, irá conti- Coutinho, datada de 21 de Março de 2017, e o respectivo nuar a contactar com a respectiva entidade ou organização Despacho n.º 576/V/2017. para que a RAEM possa voltar a fazer parte da lista de ava- liação de CPI. DESPACHO N.º 576/V/2017 2. No que diz respeito ao “Regime de Previdência dos Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- Trabalhadores dos Serviços Públicos”, regulamentado pela cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a Lei n.º 8/2006, que foi aprovado pela Assembleia Legisla- redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- tiva e entrou em vigor a partir do dia 1 de Janeiro de 2007, -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita cujo objectivo foi para que mais trabalhadores dos serviços do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- públicos pudessem ter a garantia de aposentação, assim sen- 272 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 do, os trabalhadores providos em regime de assalariamento consulta pública de revisão do Regime de avaliação de de- ou com contrato individual de trabalhado, que não tinham sempenho dos trabalhadores de administração pública e da essa garantia, passaram a estar protegidos com a aposenta- 2.ª fase de revisão do ETAPM, como também, da proposta ção, ao mesmo tempo, acabaram-se com as incertezas em de ajustamento salarial de diferentes níveis, terão lugar ain- virtude dos encargos financeiros do Governo com o “Regime da neste ano. de Aposentação e Sobrevivência”. Os trabalhadores que aderiram ao respectivo regime, não só podem receber de Simultaneamente, o Governo da RAEM procura me- uma vez um determinado montante pecuniário ria aposen- lhorar de forma contínua as remunerações e regalias dos tação ou desvinculação do serviço, como também passaram trabalhadores de serviços públicos. Desde o estabelecimen- a ter mais garantias, como por exemplo, os trabalhadores to da RAEM, foi actualizada várias vezes as remunerações que reúnem os requisitos, mesmo após de ter cancelado a e o montante de diversos subsídios. Este ano, mais uma vez, inscrição, continuam a ter o direito de acesso a cuidados o valor do índice da tabela indiciária de 81 patacas foi au- de saúde; o pessoal militarizado das Forças de Segurança mentado para 83 patacas, com também, foi aumentado o ín- de Macau, o pessoal de investigação criminal, o pessoal de dice 30 (MOP$2430) do montante do subsídio de residência vigilância dos serviços prisionais e o pessoal alfandegário, para índice 40 (MOP$3320). E ainda, foi criada um subsídio têm direito ao prémio de prestação de serviço a longo prazo; económico aos trabalhadores dos serviços públicos com di- o trabalhador após a morte ou tendo sido declarado perma- ficuldades económicas e baixos rendimentos. nente e absolutamente incapaz para o exercício, de funções em virtude de acidente em serviço; por, doença contraída E, o Governo da RAEM também tem-se empenhado no exercício de funções ou resultante da prática de acto hu- na realização de actividades recreativas e desportivas desti- manitário ou de dedicação à comunidade, pode optar por nadas aos trabalhadores dos serviços públicos, procurando receber mensalmente o montante da sua aposentação ou enriquecer os tempos livres e aumentar o tempo de conví- sobrevivência. A partir de 2007, excepto os magistrados, to- vio” também, tem fornecido apoio psicológico e serviços de dos os novos trabalhadores de serviços públicos admitidos exame médico aos trabalhadores de serviços públicos para só podem aderir ao regime de previdência, podendo assim, garantir a saúde fisica e psicológica. Ao mesmo tempo, tem uniformizar a garantia de aposentação e de desvinculação intensificado a formação de “espírito de servidor público” e de serviço dos trabalhadores. dos “valores fundamentais”, elevando o grau de integridade, o cumprimento da lei e a consciencialização do conceito de Relativamente à moradia dos trabalhadores dos servi- serviço público. ços públicos, o Governo da RAEM, no ano passado, apre- 19 de Abril de 2017. sentou concurso para 110 moradias para serem arrendados pelos trabalhadores, prevemos que a atribuição das respec- O Director dos SAFP, Kou Peng Kuan. tivas moradias esteja concluída ainda neste ano; Por outro lado, a Direcção dos Serviços de Finanças está a rever o re- Tradutoras: Diamantina dos Santos. gime de arrendamento das moradias, por forma a melhorar o respectivo regime. A construção de mais moradias para Revisora: Fernanda de Almeida Ferreira. os trabalhadores de serviços públicos, envolve o aproveita- mento do recurso de solos e necessita de ter em considera- ção a política geral de habitação, procurando encontrar um ______equilíbrio entre os interesses das diversas classes sociais e a necessidade dos trabalhadores dos serviços públicos, pelo que merece um estudo mais cuidadoso. 68. Resposta escrita do Governo, respeitante à interpe- O Governo da RAEM, desde sempre tem-se preocupa- lação, apresentada pela Deputada Lei Cheng I, datada de 24 do com a motivação dos trabalhadores dos serviços públi- de Março de 2017, e o respectivo Despacho n.º 577/V/2017. cos, de modo que tem implementado várias medidas para incentivar os trabalhadores. DESPACHO N.º 577/V/2017

Em relação ao aperfeiçoamento do regime de gestão dos Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- trabalhadores dos serviços públicos, o Governo da RAEM cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a já melhorou tanto o “Regime do Contrato de Trabalho nos redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- Serviços Públicos” como o “Recrutamento, selecção e for- -se atodos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita mação para efeitos de acesso dos trabalhadores dos serviços do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- públicos”, encontrando-se a decorrer ala fase de revisão do tado pela Deputada Lei Cheng I em 24 de Março de 2017. “Regime das carreiras” e “Estatuto dos trabalhadores da Administração Pública de Macau” (ETAPM) e o “Regime. 12 de Maio de 2017. de gestão de tratamento de queixas dos trabalhadores dos serviços públicos” muito em breve irá entrar em vigor. A O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 273

(Tradução) -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- Resposta à interpelação escrita apresentada por tado pela Deputada Lei Cheng I em 30 de Março de 2017. Lei Cheng I, Deputada da Assembleia Legislativa 12 de Maio de 2017. Em cumprimento das instruções do Chefe do Executi- vo, apresento as seguintes informações em resposta à inter- O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. pelação escrita apresentada pela Deputada Lei Cheng I, de ------24 de Março de 2017, enviada a coberto do ofício n.º 261/ /E207/V/GPAL/2017 da Assembleia Legislativa e recebida Resposta à interpelação escrita apresentada pela Sr.ª pelo Gabinete do Chefe do Executivo em 3 de Abril de 2017: Deputada à Assembleia Legislativa, Lei Cheng I

1. Articulando-se com o plano de construção, previsto Em cumprimento das instruções do Chefe do Executi- para a periferia do Parque de Seac Pai Van, e que obriga a vo) apresento a seguinte resposta à interpelação escrita da alterar o projecto de desenho da obra, relacionado com a Sra. Deputada Lei Cheng I, de 30 de Março de 2017, envia- “Construção do silo de automóveis, no Parque de Seac Pai da a coberto do ofício n.º 269/E215/V/GPAL/2017 da As- Van”, o IACM entrou em comunicação com o empreiteiro, sembleia Legislativa, de 3 de Abril de 2017, e recebida pelo havendo-se chegado a um consenso e à rescisão já do res- Gabinete do Chefe do Executivo, em 5 de Abril de 2017: pectivo contrato. Por a obra ainda não estar a ser desenvol- vida, do facto não resultam quaisquer despesas a pagar. 1. O Governo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) já iniciou os trabalhos de revisão e altera- 2. O Instituto debruça-se, de momento, novamente, ção dos regimes jurídicos relativos à habitação pública. A sobre o projecto de desenho da obra. Levando em conside- alteração da proposta de lei relativa ao “Regime Jurídico da ração a planta de alinhamento oficial, elaborada pelos ser- Habitação Social” encontra-se, neste momento, em proces- viços competentes de planeamento, prevê que a submissão so legislativo, estando os serviços jurídicos a acompanhar o do projecto de desenho e a respectiva apreciação possam trabalho de análise e verificação técnico-jurídica, decorrer no segundo trimestre. 2. O Governo da RAEM está concentrado no acom- 3. O silo de automóveis no Parque de Seac Pai Van panhamento do trabalho de alteração da proposta de lei do encontra-se na fase de elaboração de desenho; dentro do “Regime Jurídico da Habitação Social”, no qual se pretende possível, atenderá ao ambiente e localização física dessa introduzir o concurso permanente para habitação social; sen- zona, aproveitará, ao máximo, as condições naturais, como do uma nova forma de candidatura, será necessário esperar ventilação e a luz solar e, a par disso, adoptará medidas pela conclusão do trabalho legislativo para que haja condi- que contemplem a redução das escavações na encosta e da ções para a abertura de novo concurso para habitação social. volumetria de construção, para que ele se integre melhor na paisagem na zona envolvente. Ademais, serão utilizadas, na De acordo com o artigo 8.º do Regulamento Adminis- construção, a cravação por pressão estática ou estacas mol- trativo n.º 25/2009 “Atribuição, Arrendamento e Admi- dadas, existindo sempre um controlo rigoroso dos ruídos e nistração de Habitação Social” os indivíduos ou agregados da dissipação de poeiras no ar. Deste modo, procurar-se- familiares que se encontrem em situação de perigo social, -á minimizar o impacto causado ao ambiente, a animais e físico ou moral, ou quando se mostre urgente o realojamen- plantas existentes durante a construção. to; em casos de calamidade, podem candidatar-se, nestes casos excepcionais, à habitação social. Aos 18 de Abril de 2017.

O Presidente, substituto, do Conselho de Administra- 21 de Abril de 2017. ção (Vide original da assinatura), Lo Chi Kin. O Presidente do IH, Arnaldo Santos.

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69. Resposta escrita do Governo, respeitante à interpe- lação, apresentada pela Deputada Lei Cheng I, datada de 30 70. Resposta escrita do Governo, respeitante à interpela- de Março de 2017, e o respectivo Despacho n.º 578/V/2017. ção, apresentada pelo Deputado Ho Ion Sang, datada de 31 de Março de 2017, e o respectivo Despacho n.º 579/V/2017. DESPACHO N.º 578/V/2017 DESPACHO N.º 579/V/2017 Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a 274 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- zação e punição, para elevar a consciência dos proprietários -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita em relação ao cumprimento da lei. do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- tado pelo Deputado Ho Ion Sang em 31 de Março de 2017. Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, aos 4 de Maio de 2017. 12 de Maio de 2017. O Director dos Serviços, Lam Him San.

O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. ______------

Resposta à interpelação escrita apresentada pelo Sr. 71. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- Deputado à Assembleia Legislativa, Ho Ion Sang pelação, apresentada pela Deputada Wong Kit Cheng, datada de 31 de Março de 2017, e o respectivo Despacho Em cumprimento das instruções do Chefe do Executi- n.º 580/V/2017. vo, apresento a seguinte resposta à interpelação escrita do Sr. Deputado Ho Ion Sang, de 31 de Março de 2017, enviada DESPACHO N.º 580/V/2017 a coberto do ofício da Assembleia Legislativa n.º 295/E234/ /V/GPAL/2017, de 11 de Abril de 2017, e recebida pelo Ga- Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- binete do Chefe do Executivo a 12 de Abril de 2017: cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- 1. A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita (DSAT), para além de realizar acções diárias de fiscaliza- do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- ção, coopera também com o Corpo de Polícia de Segurança tado pela Deputada Wong Kit Cheng em 31 de Março de Pública (CPSP) na remoção de veículos abandonados nas 2017. vias públicas. Nos primeiros quatro meses do corrente ano, 12 de Maio de 2017. esta Direcção de Serviços e o CPSP removeram 168 auto- móveis ligeiros e 197 ciclomotores ou motociclos. A DSAT O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. irá continuar a reforçar a cooperação com o CPSP no tra- tamento dos veículos abandonados nas vias públicas, per------mitindo que o público possa utilizar, de forma racional, os recursos limitados de estacionamento público. Recordamos Resposta à interpelação escrita apresentada pela que os proprietários de veículos que pretendam abandonar Sr.ª Deputada à Assembleia Legislativa, Wong Kit Cheng o seu veículo podem fazê-lo sem qualquer custo desde que se dirijam às nossas instalações e procedam ao pedido de Em cumprimento das instruções do Chefe do Executivo, cancelamento de matrícula. Caso seja encontrado um veí- apresento a seguinte resposta à interpelação escrita da Sr.ª culo abandonado, será da responsabilidade do próprio pro- Deputada Wong Kit Cheng, de 31 de Março de 2017, enviada prietário o pagamento das multas, taxas de remoção e do a coberto do Ofício da Assembleia Legislativa n.º 273/E218/ depósito do veículo. Taxas estas que foram alvo de ajustes, /V/GPAL/2017, de 5 de Abril de 2017, e recebida pelo Gabi- no início do presente ano, com o intuito de elevar a consci- nete do Chefe do Executivo, em 6 de Abril de 2017: ência dos proprietários. 1. Relativamente aos 61 agregados familiares de habita- 2. Reforçamos que o proprietário tem a responsabilida- ção económica da lista de espera das dezanove mil fracções de cancelar a matrícula do veículo abandonado. Esta Direc- de habitação pública, cujos representantes, elementos ou ção de Serviços, sob a base existente, irá continuar a alertar cônjuges possuem propriedades com finalidade habitacional os proprietários, através de diversos meios, incluindo comu- na RAEM, o Instituto de Habitação (IH) está a acompa- nicação social, página electrónica e outros, para a necessi- nhar os respectivos processos, solicitando, nomeadamente dade de proceder, por iniciativa própria, ao cancelamento às referidas pessoas, explicações claras sobre a situação dos da matrícula dos veículos que pretendam abandonar, caso respectivos agregados familiares, para facilitar a realização contrário, lembramos, serão aplicadas as devidas sanções. da análise, apreciação e aprovação de cada caso.

3. No que diz respeito às situações de estacionamento 2. O Governo da RAEM já iniciou os trabalhos de re- abusivo, deve-se, em primeiro lugar, elevar a conciencializa- visão e alteração do regime jurídico de habitação pública, ção dos proprietários para o cumprimento da lei, trabalho devendo, na revisão e alteração geral da “Lei da habitação que tem sido realizado de forma permanente. Esta Direcção económica”, considerar a convergência entre as diversas de Serviços irá continuar a colaborar com o CPSP no âmbi- leis, acompanhamento da revisão do “Regime jurídico de to das suas funções e nos trabalhos de divulgação, sensibili- habitação social”, para ponderando, ainda, de forma global, N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 275 a complementaridade entre as diversas políticas de habita- Com vista a aperfeiçoar a gestão e o ambiente de com- ção pública. Actualmente, o IH está concentrado no acom- pras, o IACM tem optimizado sempre as instalações dos panhamento da revisão do “Regime jurídico de habitação mercados. Os trabalhos de melhoramento decorrem, de social” para iniciar, de seguida, os trabalhos de revisão glo- acordo com a ordem de importância e urgência que revis- bal da “Lei da habitação económica”. tam, sendo divididos, no tempo, por fases, a fim de reduzir eventuais prejuízos que as obras possam acarretar a quem 3. O Governo da RAEM presta elevada atenção à as executa e cidadãos. Em simultâneo, tendo presente os procura de habitação pelos residentes, estando a procurar factores técnicos, as condições de espaço dos diferentes activamente terrenos para construir habitações públicas e mercados, os equipamentos electromecânicos e a segurança a aproveitar os novos aterros, visando manter uma oferta da estrutura, avalia a viabilidade de adicionar sistemas de adequada e estável de habitação pública. Nos termos das ar condicionado nos mercados, elevando, desta feita e de disposições da “Lei da habitação económica”, é necessário forma ordenada, as instalações de hardware. Actualmen- concluir previamente o planeamento e a concepção dos te, o Complexo Municipal do Mercado de S. Domingos, o terrenos destinados a habitação económica, bem como pu- Mercado Municipal de Tamagnini Barbosa e o Mercado blicar o anúncio sobre a localização, quantidade, tipologia, Municipal de S. Lourenço têm já instalados sistemas de etc., para então estarem reunidas as condições para se dar climatização; tanto o novo Mercado do Patane, em cons- início ao procedimento de novo concurso de habitação eco- trução, o Mercado Municipal da Taipa, em planeamento de nómica, pelo que, não se encontram actualmente reunidas reordenamento para optimização, como o Mercado Munici- as condições para iniciar os respectivos trabalhos. pal da Horta e Mitra verão também instalados sistemas de climatização. 28 de Abril de 2017. 2. Fase ao espaço que o IACM necessita para o seu Arnaldo Santos. O Presidente do IH, funcionamento e à situação actual da cave do Complexo Municipal do Mercado de S. Domingos, todo o piso será ______utilizado, neste momento, para servir de armazém, dada a necessidade de guardar aprestos e objectos necessários aos diversos tipos de actividades, enfim, para servir de espaço de apoio logístico. O IACM tenciona, de acordo com as 72. Resposta escrita do Governo, respeitante à necessidades sociais que sinta existirem e as suas competên- interpelação, apresentada pela Deputada Kwan Tsui cias legais, estudar a forma adequada que conduza a uma Hang, datada de 6 de Abril de 2017, e o respectivo Despa- melhor utilização dos espaços sob sua dependência. cho n.º 581/V/2017.

3. O IACM não descura a relevância das opiniões, apre- DESPACHO N.º 581/V/2017 sentadas por Associações e cidadãos, que tenham, por fun-

do, a vida da população e outros assuntos municipais, bem Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- como a recolha de opiniões, relacionadas com os mercados cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a os e vendilhões; os cidadãos podem, na sessão mensal, aberta redacção dada pelas Resoluções n. 2/2007 e 3/2009, envia- ao público, do Conselho de Administração do IACM e no -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita “Colóquio Comunitário” que, periodicamente, realiza, em do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- diferentes bairros, apresentar, directamente, aos dirigen- tado pela Deputada Kwan Tsui Hang em 6 de Abril de 2017. tes do IACM as suas opiniões. As reuniões dos Conselhos 12 de Maio de 2017. Consultivos de Serviços Comunitários e do Conselho Con- sultivo do IACM são também plataformas importantes O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. que o IACM aproveita para sentir o pulsar da população e recolher opiniões; os cidadãos podem ainda dirigir-se, pes------soalmente, aos Centros de Prestação de Serviços ao Público e Postos de Atendimento e Informação ou através por te- (Tradução) lefone, e-mail e aplicação de telemóvel, propiciar opiniões; a todas opiniões recolhidas por diferentes meios, o IACM Resposta à interpelação escrita apresentada por Kwan Tsui procura atender, de forma conscrenciosa e fazer o respec- Hang, Deputada da Assembleia Legislativa tivo acompanhamento. Em relação à gestão dos mercados e vendilhões, o IACM levará a cabo, no segundo semestre Em cumprimento das instruções do Chefe do Executi- do corrente ano, a consulta pública sobre a “Lei, relativa ao vo, apresento a seguinte resposta à interpelação escrita da regime de gestão dos mercados públicos” e da “Lei, relati- Deputada Kwan Tsui Hang, de 6 de Abril de 2017, enviada va ao regime de gestão dos vendilhões”, para auscultar as a coberto do ofício n.º 288/E230/V/GPAL/2017, da Assem- opiniões dos cidadãos e dos diferentes interessados locais. bleia Legislativa e recebida pelo Gabinete do Chefe do Exe- As opiniões recolhidas serão, naturalmente, analisadas, no cutivo em 10 de Abril de 2017: geral, após a consulta pública, tratadas e, a seguir, introdu- 276 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 zidas nas leis quando se proceda à alteração da respectiva encontra em curso; este Instituto, após estar na posse de um legislação. Em todo este processo, o IACM empenharse-á, conhecimento efectivo das opiniões dos sectores, procederá como é seu timbre, por dar resposta adequada às solicita- à respectiva análise e organização, a fim de elaborar o do- ções da sociedade, no que toca ao melhoramento das insta- cumento definitivo de consulta pública. lações dos mercados, do ambiente de negócios e do regime de gestão. 2. As consultas públicas sobre a Lei que aprova o Regi- me de Gestão dos Vendilhões e a Lei que aprova o Regime Aos 26 de Abril de 2017. de Gestão dos Mercados Públicos terão uma realização simultânea. Depois de conhecer, em geral, as opiniões dos O Presidente do Conselho de Administração (Vide ori- respectivos titulares, o trabalho de revisão irá desenvolver- ginal da assinatura), José Tavares. -se, de modo a legislação corresponder ao desenvolvimento e às exigências da sociedade. Prevê que o relatório final des- sas consultas venha a ser publicado por meados de 2018; por ______conseguinte, os trabalhos, atinentes à elaboração do respec- tivo projecto, seguirão o seu curso e espera que os trabalhos de gestão dos mercados públicos e vendilhões possam ser 73. Resposta escrita do Governo, respeitante à interpe- desenvolvidos, passo a passo, em boa ordem. lação, apresentada pela Deputada Chan Hong, datada de 7 de Abril de 2017, e o respectivo Despacho n.º 582/V/2017. Aos 27 de Abril de 2017.

DESPACHO N.º 582/V/2017 O Presidente do Conselho de Administração (Vide ori- ginal da assinatura), José Tavares. Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a os redacção dada pelas Resoluções n. 2/2007 e 3/2009, envia- ______-se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- tado pela Deputada Chan Hong em 7 de Abril de 2017. 74. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- 12 de Maio de 2017. pelação, apresentada pelo Deputado Leong Veng Chai, datada de 26 de Setembro de 2016, e o respectivo Despa- O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. cho n.º 583/V/2017.

------DESPACHO N.º 583/V/2017

(Tradução) Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a Resposta à interpelação escrita apresentada por Chan redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- Hong, Deputada da Assembleia Legislativa -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- Em cumprimento das instruções do Chefe do Executivo, tado pelo Deputado Leong Veng Chai em 26 de Setembro apresento a seguinte resposta à interpelação escrita apre- de 2016. sentada pela Deputada Chan Hong, em 7 de Abril de 2017, enviada a coberto do ofício n.º 298/E237/V/GPAL/2017 da 12 de Maio de 2017. Assembleia Legislativa e recebida pelo Gabinete do Chefe do Executivo em 12 de Abril de 2017: O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng.

1. O IACM pretende realizar uma consulta pública ------sobre a Lei que aprova o Regime de Gestão dos Mercados Públicos no segundo semestre de 2017, com vista a recolher Resposta à interpelação escrita apresentada pelo Deputa- opiniões dos vários sectores, a respeito do regime dos con- do à Assembleia Legislativa, Leong Veng Chai tratos de arrendamento de bancas, regras sobre a cessão de contratos, promoção de uma exploração sustentável e Em cumprimento das instruções do Chefe do Executi- diminuição de não aproveitamento de recursos. Espera, vo, apresento a seguinte resposta à interpelação escrita do através da nova legislação, criar um regime que promova a Sr. Deputado Leong Veng Chai, de 26 de Setembro de 2016, competição justa, mostre as potencialidades dos mercados enviada a coberto do ofício da Assembleia Legislativa e beneficie o público. No que diz respeito ao conteúdo da n.º 882/E707/V/GPAL/2016, de 12 de Outubro de 2016, e Lei que aprova o Regime de Gestão dos Mercados Públi- recebida pelo Gabinete do Chefe do Executivo a 13 de Ou- cos, o trabalho de consulta às comunidades e sectores já se tubro de 2016: N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 277

1. Após ter recebido da entidade organizadora do versidade de Macau (CEMUM) e o Instituto Politécnico “Desfile de Motociclos 2016” uma carta pedindo alterações de Macau (IPM) da realização de estudos para análise da temporárias ao trânsito no dia de realização da activida- viabilidade e da operacionalidade da política. O CEMUM, de, a DSAT procedeu à apreciação do pedido e à emissão no «Relatório do estudo da política de habitação sobre do respectivo aviso conforme os procedimentos definidos. “Terras de Macau destinadas a residentes de Macau”», Uma vez que a entidade organizadora não solicitou parecer apresentou três planos, que são, respectivamente, o “Modelo à DSAT sobre características do motor, limite da potência actualizado de habitação económica”, o “Modelo de apoio e segurança de circulação dos motociclos participantes, o aos residentes permanentes de Macau na aquisição da sua mesmo não foi emitido. própria residência” e o modelo análogo ao “Terras de Hong Kong para os residentes de Hong Kong”. O IPM, no «Estu- 2. Não se encontra disponível informação sobre esta do e análise económica e jurídica sobre “Terras de Macau matéria. destinadas a residentes de Macau”», alega que esta política deve assumir uma dimensão adequada e permitir a imple- Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, aos mentação de medidas oportunas no momento apropriado 8 de Maio de 2017. e de estratégias mais conservadoras e estáveis, devendo, simultaneamente, marcar a diferença em relação ao regime O Director dos Serviços, Lam Hin San. de habitação económica, regulando, de forma rigorosa, no- meadamente, os modelos correntes, o direito de proprieda- ______de, o período de detenção, a sucessão, a administração, etc.

2. Até ao momento, o Governo da RAEM não tratou qualquer requerimento de troca de terrenos relativamente 75. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- aos novos aterros urbanos. Nos novos aterros urbanos en- pelação, apresentada pelo Deputado Ng Kuok Cheong, contram-se reservados terrenos para a construção de cerca datada de 9 de Janeiro de 2017, e o respectivo Despacho de 54 000 fracções de habitação, para satisfazer as necessi- n.º 584/V/2017. dades habitacionais dos residentes,

DESPACHO N.º 584/V/2017 3. Nos termos da Lei n.º 11/2015 «Alteração à Lei

n.º 10/2011 (Lei da habitação económica)» as habitações eco- Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- nómicas construídas ao abrigo das respectivas disposições cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a estão sujeitas a um prazo de inalienabilidade de dezasseis redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- anos, a contar da data de emissão da licença de utilização. -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita Nos termos do disposto na Lei, após o termo do prazo de do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- inalienabilidade, caso o proprietário pretenda vender a habi- tado pelo Deputado Ng Kuok Cheong em 9 de Janeiro de tação económica e o IH não exerça o direito de preferência 2017. na compra da respectiva fracção, o proprietário pode vendê- -la a residentes permanentes da RAEM, devendo, simultane- 12 de Maio de 2017. amente, pagar uma compensação ao IH.

Ho Iat Seng O Presidente da Assembleia Legislativa, . RAEM, aos 28 de 2 de 2017.

------O Director dos Serviços, Li Canfeng.

Resposta à interpelação escrita apresentada pelo Sr. Deputado à Assembleia Legislativa, Ng Kuok Cheong ______

Em cumprimento das instruções do Chefe do Executivo e tendo em consideração o parecer do Instituto de Habita- ção (IH), apresento a seguinte resposta à interpelação es- 76. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- crita do Sr. Deputado Ng Kuok Cheong, de 9 de Janeiro de pelação, apresentada pelo Deputado Zheng Anting, da- 2017, enviada a coberto do ofício n.º 52/E46/V/GPAL/2017 tada de 15 de Fevereiro de 2017, e o respectivo Despacho da Assembleia Legislativa, de 19 de Janeiro de 2017, e rece- n.º 585/V/2017. bida pelo Gabinete do Chefe do Executivo, em 20 de Janei- ro de 2017: DESPACHO N.º 585/V/2017

1. Visando dar resposta às aspirações dos vários secto- Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- res da sociedade relativamente à política de habitação “Ter- cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a re- ras de Macau destinadas a residentes de Macau”, o Governo dacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia-se incumbiu, em 2013, o Centro de Estudos de Macau da Uni- a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita do 278 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Governo sobre o requerimento de interpelação, apresentado 77. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- pelo Deputado Zheng Anting em 15 de Fevereiro de 2017. terpelação, apresentada pelo Deputado Mak Soi Kun, datada de 20 de Fevereiro de 2017, e o respectivo Des- 12 de Maio de 2017. pacho n.º 586/V/2017. O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. DESPACHO N.º 586/V/2017 ------

Resposta à interpelação escrita apresentada pelo Sr. Depu- Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- tado à Assembleia Legislativa, Zheng Anting cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a os redacção dada pelas Resoluções n. 2/2007 e 3/2009, envia- Em cumprimento das instruções do Chefe do Executivo, -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita apresento a seguinte resposta à interpelação escrita do Sr. do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- Deputado Zheng Anting, de 15 de Fevereiro de 2017, enviada tado pelo Deputado Mak Soi Kun em 20 de Fevereiro de a coberto do ofício da Assembleia Legislativa n.º 137/E120/ 2017. /V/GPAL/2017, de 17 de Fevereiro de 2017, e recebida pelo Gabinete do Chefe do Executivo a 20 de Fevereiro de 2017: 12 de Maio de 2017.

Com a actualização da «Tabela de Taxas e Preços da O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. DSAT» (Tabela) o Governo pretende promover o uso ra- cional dos veículos, tendo como base os princípios da pros------secução do interesse público e da protecção dos direitos e (Tradução) interesses dos residentes.

1. A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfe- Assunto: Interpelação escrita apresentada pelo Depu- go tem, através de diversas formas, vindo a apresentar ao tado à Assembleia Legislativa, Mak Soi Kun público o seu conceito de trabalho e a auscultar as opiniões da sociedade, inclusive, sobre os trabalhos relativos à gestão Em cumprimento das instruções do Chefe do Executivo racional de veículos particulares. Na implementação da po- e após ter consultado os pareceres da Polícia Judiciária da lítica de trânsito e transportes terrestres, o Governo tem, de nossa tutela, este Gabinete apresenta a seguinte resposta à forma contínua, dialogado com os diversos sectores da so- interpelação escrita do Sr. Deputado Mak Soi Kun, de 20 de ciedade, pelo que, conjugando com as opiniões sociais, tem Fevereiro de 2017, enviada a coberto do ofício n.º 155/E131/ vindo a definir os princípios orientadores da referida políti- /V/GPAL/2017 da Assembleia Legislativa, de 27 de Feverei- ca e as correspondentes medidas de acção. Esta Direcção de ro de 2017, e recebida pelo Gabinete do Chefe do Executivo Serviços procedeu, desde 2013, aos trabalhos de análise da em 28 de Fevereiro de 2017: actualização da Tabela, apresentou-os aos vogais do Conse- lho Consultivo do Trânsito e realizou intercâmbio de ideias Para melhor garantir a cibersegurança do território, o com os mesmos, pelo que os vogais do citado Conselho es- grupo de trabalho conjunto a nível inter-departamental in- tão, basicamente, de acordo com as intenções e orientações tegrado pelo Gabinete do Chefe do Executivo, serviços da desta política. Mais ainda, dado que a maior parte das taxas área da administração e justiça, da segurança, e dos trans- administrativas foram aplicadas pela DSAT, sem, alteração, portes e obras públicas está a pôr em marcha a criação de há cerca de 19 anos, a presente actualização da Tabela, para um sistema de cibersegurança de Macau, sendo que neste além de reflectir os custos administrativos atinentes, provo- momento a lei-quadro relativa a essa matéria e respectivo cou, também, acréscimo nos custos de estacionamento abu- diploma regulamentar estão basicamente concluídos. Esta- sivo de veículos, o que originou uma diminuição no número mos empenhados em passar ao procedimento seguinte no de veículos estacionados ilegalmente e abandonados. intuito de poder, quanto mais rápido possível, desencadear o trabalho que lhe diz adequados. Entretanto, no intuito de 2. No que diz respeito à actualização das taxas da Tabe- articular com o estabelecimento do regime de cibersegu- la, esta Direcção de Serviços realizou a actualização tendo rança, este grupo de trabalho, irá, por um lado, continuar como referência as taxas praticadas nos territórios vizinhos, a acompanhar o respectivo trabalho de legislação comple- assim como a reflecção de efeitos pela implementação de mentar e da sua alteração, por outro, promover a criação do várias medidas com vista a controlar o crescimento da frota centro de cibersegurança, e disponibilizar o respectivo soft­ de veículos e a promover o uso racional dos mesmos, tais ware e hardware, a elaboração das orientações de funcio- como a prevenção do estacionamento abusivo praticado namento e o recrutamento de pessoal técnico-profissional, pelos condutores e o aumento da consciencialização para a para que se construa uma base sólida. manutenção dos veículos pelos seus proprietários.

Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, aos Além disso, para aumentar a força dissuasora do crime 26 de 4 de 2017. informático em Macau bem como fortalecer as medidas da polícia em termos de recolha de provas no combate à crimi- O Director dos Serviços, Lam Hin San. nalidade informática e de melhor enfrentar os desafios poli- N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 279 ciais provenientes do desenvolvimento da tecnologia infor- II. Reforçar a divulgação e educação mática, este Gabinete está a coordenar a Polícia Judiciária para promover a alteração à lei de combate à criminalidade Para garantir a segurança das informações dos cida- informática. Até o momento estão concluídas as análises dãos, a PJ, nos últimos anos, tem continuado a lançar diver- e os estudos preliminares sobre este diploma e estão pra- sas e flexíveis acções de sensibilização e educativas, median- ticamente definidas as directrizes para o efeito, o próximo te vários canais inclusive quer recorrendo a panfletos como passo será desenvolver de forma ordenada a respectiva pro- a divulgação digital, por exemplo, a página web daquela ins- dução legislativa. tituição e as suas publicações, as páginas nas redes sociais, a conta oficial num software de comunicação para telemóvel, No entanto, torna-se necessário sublinhar que, o regime os vídeos oficiais, entre outras plataformas, transmitindo à jurídico de Macau não permite as acções transfronteiriças população, em tempo oportuno, as novidades sobre a pre- em matéria policial, pelo que somente mediante os acordos venção de vários tipos de crime cibernético. Relativamente de cooperação judiciária, em regime de reciprocidade, a ní- às actividades de proximidade, a Polícia Judiciária destaca vel internacional ou regional, os serviços de execução da lei funcionários nas escolas para realizar palestras, destinadas dos respectivos países ou jurisdições que aderem à coope- aos docentes, alunos e encarregados de educação, sobre se- ração policial poderão prestar auxílio conforme os acordos gurança da informação etc., distribuindo folhetos publicitá- e a legislação local, regime, este, que é seguido por muitos rios com informações acerca dos métodos de prevenção do países e jurisdições. Neste sentido, relativamente aos crimes crime informático a todas as associações civis e escolas em praticados na rede de forma muito dissimulado e transfron- Macau, procurando melhorar assim a consciência da popu- teiriço, beneficiando de tecnologias avançadas, a prevenção lação acerca da segurança na rede. e combate policial é conseguida, para além do recurso aos Entretanto, tendo em consideração o facto de a rede, instrumentos legais, por via da troca de informações com nos últimos anos, ter vindo escolhido pelos grupos crimi- países e regiões vizinhas de forma dinâmica, assistências a nosos para praticar variadas formas do crime ligado aos casos concretos e resolução conjunta de casos a nível regio- cartões bancários e o crime informático que envolve o sis- nal, com vista a aumentar a eficácia no combate à criminali- tema dos operadores de telecomunicações, a Polícia Judici- dade informática transfronteiriça. ária mantém contacto e comunicação estreita com o sector bancário e os operadores de telecomunicações em Macau, Para além disso, os serviços e órgãos de segurança tam- para poder inteirar-se tempestivamente das circunstâncias bém tomam as seguintes medidas de prevenção e combate à mais actuais da rede e lembrar-lhes que devem manter alta criminalidade cibernética: a prevenção criminal e reforçar continuamente o coeficiente de segurança do hardware e do software, reduzindo assim o I. Dar importância à estratégia de combinação de com- risco de ser prejudicados por eventuais crimes. bate e prevenção no trabalho de execução da lei Aos 21 de Abril de 2017. Em matéria de investigação criminal, a Polícia Judi- ciária, sendo um serviço que tem competência exclusiva A Chefe do Gabinete do Secretário para a Segurança, para investigar o crime cibernético, está muito atenta às Cheong Ioc Ieng. novidades nesta matéria em Macau, designadamente com a intensificação dos patrulhamentos na rede, encontra nela ______e analisa potenciais informações criminais, acompanha tempestivamente, nos termos da lei, actividades suspeitas com indícios de crime público e, simultaneamente, através 78. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- de uma comparação integrada e análise sistemática sobre os pelação, apresentada pela Deputada Lei Cheng I, datada crimes cibernéticas ocorridos com frequência no semelhan- de 24 de Fevereiro de 2017, e o respectivo Despacho te período, foca-se no estudo das informações relativas às n.º 587/V/2017. causas do crime, entre outras, de modo a elaborar estraté- gias de prevenção e controlo mais específicas e viáveis. DESPACHO N.º 587/V/2017

Por outro lado, para melhorar a capacidade integrada Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- de execução da lei, a Polícia Judiciária envia, periodicamen- cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a te, pessoal de investigação e técnico para países ou territó- redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- rios vizinhos com experiência e sucesso no trabalho policial, -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita para participarem em diversos eventos de formação técnica do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- e intercâmbio de trabalho, visando dar ao referido pessoal tado pela Deputada Lei Cheng I em 24 de Fevereiro de 2017. a possibilidade de se inteirar sobre os movimentos do crime cibernético ou dos novos métodos criminosos que recorrem 12 de Maio de 2017. à ajuda da tecnologia, melhorando assim a capacidade de investigação destes crimes. O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. 280 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

(Tradução) 79. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- pelação, apresentada pela Deputada Wong Kit Cheng, Resposta à interpelação escrita apresentada pela Sra. datada de 3 de Março de 2017, e o respectivo Despacho Deputada à Assembleia Legislativa, Lei Cheng I n.º 588/V/2017. Em cumprimento das instruções do Chefe do Executi- vo, apresento a seguinte resposta à interpelação escrita da DESPACHO N.º 588/V/2017 Sra. Deputada Lei Cheng I, de 24 de Fevereiro de 2017, en- viada a coberto do oficio da Assembleia Legislativa n.º 181/ Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- /E147/V/GPAL/2017, de 6 de Março de 2017, e recebida pelo cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a re- os Gabinete do Chefe do Executivo a 7 de Março de 2017: dacção dada pelas Resoluções n. 2/2007 e 3/2009, envia-se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita do 1. Em conformidade com as novas regras do «Regula- Governo sobre o requerimento de interpelação, apresentado mento do Trânsito Rodoviário», criadas pelo Regulamento pela Deputada Wong Kit Cheng em 3 de Março de 2017. Administrativo n.º 24/2016, a DSAT emitiu instruções de trabalho, ao sector do ensino da condução, a 15 de Março, 12 de Maio de 2017. clarificando que os candidatos aos exames de condução de motociclos da subcategoria A1 podem, escolher, na altura O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. da apresentação de documentos ou no próprio dia do exa- me, o tipo de caixa de velocidades do motociclo (manual ou ------automática) assim como a respectiva cilindrada. As escolas de condução devem, assim, disponibilizar, para o ensino da (Tradução) condução, motociclos com caixa de velocidades automática homologada pelo Governo. Quanto ao ensino da condução Resposta à interpelação escrita apresentada pela Deputada em automóveis pesados de passageiros com caixa de velo- à Assembleia Legislativa, Wong Kit Cheng cidades automática, até ao momento, esta Direcção de Ser- viços ainda não recebeu nenhum pedido de aquisição deste Em cumprimento das instruções do Chefe do Executi- tipo de veículos apresentado pelas escolas de condução. No vo, e tendo em consideração o parecer da Polícia Judiciária entanto, a DSAT irá acompanhar a situação e implementar (PJ) e do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), atempadamente as medidas adequadas. apresento a seguinte resposta à interpelação escrita da Sra. Deputada Wong Kit Cheng, de 3 de Março de 2017, enviada 2. A 19 de Janeiro do corrente ano, a DSAT realizou a coberto do ofício n.º 206/E164N/GPAL/2017 da Assem- uma reunião com as associações do sector do ensino da bleia Legislativa de 13 de Março de 2017 e recebida pelo condução e procedeu a vistorias in loco, a fim de recolher Gabinete do Chefe do Executivo em 14 de Março de 2017: as opiniões do respectivo sector sobre a optimização das instalações do Centro de Exames de Condução de Auto- O governo da RAEM tem atribuído grande importân- móveis Pesados e do Centro de Aprendizagem e Exames de cia ao desenvolvimento da saúde fisica e psicológica dos Condução, pelo que esta Direcção de Serviços irá ponderar, alunos e jovens de Macau, prestando atenção às diversas em conjunto, e proceder ao acompanhamento e à optimiza- necessidades que surgem durante o seu crescimento. Os ção das referidas instalações segundo a sua prioridade. No respectivos serviços públicos cooperam na aplicação de vá- que respeita aos lugares de estacionamento, actualmente, rias medidas relativas à educação, prevenção e promoção, existem cerca de 700 lugares para motociclos e ciclomotores estabelecimento de apoios variados, no combate ao crime, e 200 lugares para automóveis postos ao dispôr dos utentes entre outros, realizando, conjuntamente, os trabalhos rela- no Centro de Aprendizagem e Exames de Condução, pre- cionados com a prevenção dos comportamentos desviantes tendendo a DSAT ajustar oportunamente a proporção dos dos jovens e com o combate aos crimes sexuais. respectivos lugares conforme as necessidades in loco. Por seu lado, a DSEJ aplica o princípio de “dar priori- 3. O terreno situado ao lado do Centro de Aprendiza- dade à prevenção, focalizar-se na educação”. Neste sentido, gem e Exames de Condução está destinado à construção de ao longo dos anos, promove uma série de políticas e medi- um novo centro de aprendizagem e exames de condução que das, realizando os trabalhos relativos à educação sexual e à poderá acomodar todos os tipos e categorias de automóveis educação para a autoprotecção dos alunos e jovens, através ligeiros e pesados, e terá uma área para a aprendizagem e do aconselhamento aos alunos, da educação escolar e co- exames duas vezes maior do que a actual, sendo que a Di- munitária, entre outros meios. recção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes irá realizar o concurso público sobre o projecto de constru- Dar prioridade à prevenção e oferecer os apoios depois ção do novo centro ainda este ano. da ocorrência Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, aos 26 de 4 de 2017. A DSEJ, através do envio, para as escolas, de agentes de aconselhamento aos alunos, continua a assegurar diversas O Director dos Serviços, Lam Hin San. actividades de aconselhamento com características de pre- N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 281 venção e desenvolvimento, ajudando os alunos a construí- concretizar os trabalhos de apoio à educação, sexual através rem um conceito correcto de sexualidade, valores correctos de várias vertentes e formas, promovendo ordenadamente o e atitudes de vida activa e responsável, incluindo os princí- desenvolvimento da mesma nas escolas. pios das relações humanas, de autoprotecção, de respeito pelo seu corpo e pelo dos outros e determinação para recu- A partir do ano lectivo de 2013/2014, a DSEJ começou sar os pedidos nocivos por parte de outros. No ano lectivo a implementar o “Plano de apoio à educação sexual nas es- de 2015/2016, foram realizadas mais 1.800 actividades sobre colas”, organizando a deslocação de especialistas às escolas os temas de prevenção dos comportamentos desviantes para a realização de palestras, diálogos, acções de demons- e da educação sexual, que contaram com mais de 55.000 tração e orientação pedagógica e partilha de experiências, participações dos alunos; no ano lectivo de 2016/2017, até etc., ajudando as escolas nos vários níveis do ensino, em ao dia 1 de Julho, foram realizadas mais de 900 actividades articulação com o “Quadro da organização curricular da no âmbito destes temas, envolvendo mais de 28.000 parti- educação regular” e as “Exigências das competências aca- cipações dos alunos. Para além de realizar vários tipos das démicas básicas”, para elaborarem o planeamento dos tra- actividades sobre prevenção dos comportamentos desviantes balhos da educação sexual das próprias escolas, formando o e educação sexual, a DSEJ oferece meios diversificados de pessoal docente e não docente no respeitante aos conceitos aprendizagem sobre educação sexual, tais como: realização e técnicas de educação sexual. Quanto às opiniões das es- de “espectáculo teatral sobre educação sexual nas escolas” e colas participantes, recebidas pela DSEJ, durante o acom- “jornadas sobre a educação sexual”, entre outros, ajudando panhamento da situação da execução do “Plano de apoio os alunos construírem um conceito saudável de sexualidade. à educação sexual nas escolas”, o pessoal docente e o não docente emitiram comentários positivos acerca do referido Ao mesmo tempo, a DSEJ mantém uma cooperação plano, especialmente no relativo ao “grau de consentimento estreita com os respectivos serviços públicos, de modo a com a importância da promoção da educação sexual nas es- oferecer apoios imediatos aos alunos sempre que surja algu- colas”, do “grau de conhecimento da educação sexual”, das ma ocorrência que necessite de intervenção. Em Janeiro de “atitudes básicas do tratamento dos problemas da educa- 2005, a DSEJ, a CPSP, a PJ e os Serviços de Saúde criaram o ção sexual e o grau de domínio das técnicas” e do “grau de “Mecanismo de comunicação dos acidentes graves relaciona- consentimento com que todo o pessoal escolar deve prestar dos com alunos” para facultar aos alunos apoios imediatos e atenção ao desenvolvimento dos trabalhos de educação serviços de apoio psicológico, ajudando na procura dos res- sexual da escola”, etc. Comparando os comentários dos re- pectivos recursos comunitários para resolver oportunamente feridos aspectos antes e depois da realização do plano, os as dificuldades dos alunos. Desde Março de 2015, a DSEJ comentários positivos aumentaram. Até ao ano lectivo de coopera com o Núcleo de Acompanhamento de Menores 2016/2017, para além das escolas que promoveram a educa- (NAM) da PJ, continuando a realizar as palestras temáticas ção sexual, ou das que possuem condições para promover sobre “Prevenção de abuso sexual e métodos de solicitar aju- a referida educação ou das escolas cujas línguas veiculares da”, orientadas para alunos do ensino primário e secundário são diferentes, as restantes escolas que ocupam 70% das es- de Macau, de forma a elevar o sentido de autoprotecção e, colas de Macau participam neste plano, com cerca de 6.000 ainda, dar a conhecer melhor as leis sobre crimes sexuais e participações do pessoal docente e não docente, e atingiram formas de tratamento em casos de abuso sexual, etc. os objectivos e eficácias previstos. Focalizar-se na educação e promover ordenadamente O governo da RAEM, através da elaboração das “Exi- o desenvolvimento da educação sexual das escolas gências das competências académicas básicas da educação No aspecto de educação escolar, e para os trabalhos da regular do regime escolar local”, pretende que as escolas e educação sexual poderem ser realizados em todas escolas, a docentes possam, de acordo com estas exigências, desen- DSEJ aplica um plano integrado de apoios em várias verten- volver os seus currículos e ensino. Os vários indicadores tes sobre a educação sexual, prestando apoios diversificados importantes da educação sexual manifestam-se inteiramen- de acordo com os desenvolvimentos da educação sexual das te nas exigências académicas básicas, permitindo que os diferentes escolas. Para além de enviar agentes de aconse- alunos possam obter uma formação básica e plena. A DSEJ lhamento aos alunos para realizarem actividades de aconse- elaborou também os “Recursos auxiliares da educação se- lhamento sobre educação sexual, em todas escolas de Ma- xual”, para os ensinos infantil a secundário complementar, cau, a DSEJ promove também o “Plano de apoio à educação e realizou sessões de esclarecimento e acções de formação sexual nas escolas”, acompanhando a concretização dos in- para promover a utilização dos respectivos materiais peda- dicadores sobre educação sexual das “exigências das compe- gógicos, a fim de promover o desenvolvimento profissional tências académicas básicas”, facultando às escolas “Recursos do pessoal docente e facultar, às escolas, os apoios neces- para apoio pedagógico sobre a educação sexual”, construin- sários ao desenvolvimento, de forma sistemática, dos traba- do activamente e colocando em funcionamento o “Grupo de lhos da educação sexual. Actualmente, mais de 85% das es- Trabalho da Educação Moral” que tem como eixo principal colas de Macau e mais de 20 associações de serviços sociais a educação sexual, realizando várias formações para o pes- adoptam os respectivos materiais pedagógicos no ensino. O soal docente relativas à educação sexual e organizando as número de participações nas respectivas acções de forma- actividades de promoção da mesma nas escolas, pretendendo ção foi cerca de 2.400. 282 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

No aspecto das acções de formação profissional da Para além disso, a DSEJ, desde 2010, continua a coo- educação sexual, a DSEJ, através do grupo de trabalho da perar com várias instituições de serviço social, realizando educação moral das escolas, continua a comunicar com o anualmente a “Actividade Promotora da Educação Sexual respectivo pessoal, conhecendo a situação de execução da na Comunidade” por um período de 3 meses. Os temas educação sexual e, ainda, facultando, de acordo com as das actividades anteriores incluíram “convívio harmonioso necessidades particulares, os recursos e apoios nos aspec- entre os dois sexos”, “identificar as informações sexuais na tos curriculares e do ensino. Para fortalecer a formação de comunicação social”, “respeitar o próprio corpo”, “um rela- formadores de Macau para os trabalhos da educação sexual cionamento íntimo saudável”, “interpretação do mundo da nas escolas, a DSEJ além de realizar as formações sobre a internet”, “conhecer as armadilhas na rede” e “protecção utilização dos materiais pedagógicos “Recursos auxiliares do corpo e da privacidade”, etc. As instituições colabora- da educação sexual”, ainda continua a realizar cursos de doras incluíram: Associação de Juventude de Fu Lun de formação para formadores de educação sexual. Até agora, Macau, União Geral das Associações dos Moradores de o número acumulado de pessoas que concluíram este curso Macau, Centro de Serviços da Zona Norte da Federação foi de 700. Para conjugar a implementação da reforma cur- das Associações dos Operários de Macau, Associação dos ricular de Macau, a DSEJ, em 2017, continuará a organizar Jovens Cristãos de Macau, Centro de Serviços Integrados acções de formação sobre técnicas do ensino da educação de Apoio à Família — Fonte de Alegria e de Energia da sexual, nos vários níveis de ensino e a utilização dos recur- Cáritas de Macau, Irmãs da Caridade do Bom Pastor — sos pedagógicos, fortalecendo a eficácia do ensino da edu- Centro de Apoio à Mulher, Associação de Juventude Lar cação sexual e promovendo, ao mesmo tempo, o desenvolvi- Salesiano Dom Bosco, Gabinete Coordenador dos Serviços mento profissional do pessoal docente. Sociais Sheng Kung Hui Macau, Associação de Luta Con- tra os Maus Tratos às Crianças de Macau, Confraternidade Desenvolver as funções da comunidade e promover o Cristã Vida Nova de Macau, entre outros. Através das co- desenvolvimento da educação sexual operações das respectivas instituições, a DSEJ desenvolve a Os pais e encarregados de educação assumem um papel influência ampla da comunidade e famílias, promovendo o muito importante na educação sexual, um dos conteúdos desenvolvimento da educação sexual na comunidade. nucleares da educação parental, pelo que a DSEJ continua a promovê-las nas escolas e na comunidade. A DSEJ realizou A DSEJ, no futuro, com base nos planos de apoio à várias actividades no Centro de Actividades Educativas da educação sexual, através do reforço dos trabalhos do Gru- Taipa, Centro de Actividades Polivalentes do Lago, Centro po de Trabalho da Educação Moral e de aconselhamento, de Educação Permanente, Centro de Experimentação para irá estimular as escolas para realizarem a educação sexual, Jovens, etc., e ainda em escolas e outros centros comunitá- incentivando as mesmas a desenvolverem os currículos da rios, incluindo palestras para pais, workshops para pais e própria escola adequados às características de organização filhos, actividade de leitura conjunta entre pais e filhos, etc. da escola, e implementar gradualmente a educação sexual Em 2015, foram realizadas, no total, 11 actividades sob o na escola. Ao mesmo tempo, pretende estimular a educa- tema de educação sexual, cujos conteúdos incluíram educa- ção parental e formação profissional do pessoal docente, ção sexual para pais e filhos, as mudanças na fase da puber- integrando as funções da escola, dos pais, dos encarregados dade, conhecer o desenvolvimento físico e psicológico dos de educação, da educação na comunidade e dos serviços de filhos e actividades de diálogo com os mesmos sobre o amor aconselhamento para alunos, produzindo efeitos integrados e o sexo, etc.; em 2016, realizaram-se no total 14 actividades e uniformizados e criando um bom ambiente do crescimen- da educação parental cujo tema principal foi a educação to para jovens. sexual. O Centro de Actividades Educativas da Taipa em 2017, tomou a educação de género como um conteúdo do Adopção de várias medidas pelas autoridades de segu- tema trimestral das actividades da educação parental, pro- rança para prevenir comportamentos desviantes dos jovens movendo uma maior comunicação entre pais e filhos sobre e combater os crimes sexuais os problemas sexuais, ajudando os filhos a construírem um conceito de sexualidade correcto e saudável. Para além das As autoridades de segurança promovem, desde sempre, actividades de educação parental referidas, também foram o policiamento comunitário através de diversos canais, no- concebidos panfletos e placas informativas sobre educação meadamente, o NAM da PJ, que foi criado há vários anos, sexual para pais e filhos, programas de televisão educativa e que obteve resultados notáveis na prevenção da delin- “Educação e Juventude Dinâmica” e de rádio “Um minuto quência juvenil. Por um lado, a polícia tem acompanhado sobre a educação moral”, uma série de vídeos promotores de perto as tendências da delinquência juvenil, combatendo “Sala de aula virtual para os pais”, um programa temático este tipo de problema através da prevenção e educação, “Juventude de Macau” e uma página electrónica “Stand by divulgando a noção de cumprimento da lei aos jovens e me”, para divulgar as informações da educação sexual para transmitindo-lhes uma perspectiva de vida positiva e uma pais, encarregados de educação e comunidade em geral, filosofia de valores correcta. Por outro lado, sensibiliza os ajudando os pais e encarregados de educação a dominarem jovens no que se refere à sua autoprotecção e continua a or- o conceito de educação sexual, desenvolvendo as funções ganizar operações para melhorar a segurança do ambiente positivas da educação em família. da comunidade. Em termos de prevenção de comportamen- N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 283 tos desviantes nos jovens e do combate aos crimes sexuais, 5. Criar mais vias para a divulgação: Para que os tra- para além da cooperação com a DSEJ através do “Mecanis- balhos de divulgação da prevenção criminal se tornem mais mo de comunicação dos acidentes graves relacionados com específicos, a PJ criou uma página dedicada do NAM no alunos”, a polícia toma ainda as seguintes medidas: Facebook, pretendendo oferecer aos jovens informações actualizadas sobre a prevenção e o combate à criminalidade 1. Fortalecer o mecanisnto interactivo de cooperação e alertas da polícia, etc., expandindo, deste modo, a divul- entre a policia e as escolas: Através da “Rede de Comuni- gação destas informações. cação com as Escolas” da PJ e do “Mecanismo de Comuni- cação entre a Polícia e as Escolas” do CPSP, etc., a polícia No que diz respeito a um questionário que circulou em tem mantido uma ligação próxima com os estabelecimentos Macau, nos softwares de comunicação e nas plataformas so- de ensino superior, as escolas secundárias e primárias de ciais, a polícia, em finais de Fevereiro deste ano, descobriu Macau, trocando periodicamente informações sobre a pre- websites interescolares ou páginas das escolas, suspeitos de venção criminal, realizando sessões de intercâmbio sobre serem falsos, nas plataformas da internet através das quais o crescimento saudável dos jovens, bem como elaborando os estudantes e jovens eram convidados para participarem estratégias para prevenção da delinquência juvenil com as num questionário sobre sexualidade. Perante isso, a PJ escolas. Ao mesmo tempo, o NAM da PJ efectua visitas tomou medidas imediatas, incluindo a emissão de informa- periódicas às escolas, para se inteirar da segurança nos ar- ções específicas às escolas e apelando às mesmas e ao pes- redores dos estabelecimentos, fornecer informações relacio- soal docente e não docente para realizarem oportunamente nadas com a prevenção e combate à criminalidade, divulgar aconselhamento aos estudantes, de modo a melhorar o aos estudantes conhecimentos sobre cumprimento da lei e sentido de segurança na rede. Ao mesmo tempo, na coluna prevenção criminal, reforçar a comunicação e a cooperação “Informações Policiais” do site da PJ e na página do NAM entre a polícia e a escola, bem como trocar opiniões nesse no Facebook, foram publicados apelos da polícia, alertando âmbito. os pais e encarregados de educação para aconselharem os seus filhos acerca dos perigos escondidos da Internet, me- 2. Organizar operações policiais específicas: A polícia lhorando assim a sua capacidade de autoprotecção, Estas continua a patrulhar os lugares mais frequentados pelos jo- medidas preveniram com sucesso os riscos, impedindo que vens para proteger a sua segurança e impedir que sejam usa- os estudantes e jovens fossem prejudicados. dos por criminosos e implementar o conceito de trabalho “policiamento activo” para obter informações sobre crimes No futuro, os respectivos serviços públicos do gover- em tempo útil, inteirando-se proactivamente acerca de situ- no da RAEM irão continuar a manter uma comunicação ações específicas, entrando em acção em tempo oportuno e cooperação íntima, estudando activamente mais políti- e acompanhando os casos. Para além disso, no tocante aos cas, adaptando mais medidas, realizando conjuntamente, crimes mais frequentemente praticados por jovens, continu- através da coordenação e mecanismo de comunicação, os amos a transmitir aos estudantes as informações necessá- trabalhos de prevenção dos comportamentos desviantes dos rias mediante vários canais e formas, com vista a fortalecer jovens, combatendo os respectivos crimes sexuais. Noutra o seu sentido de prevenção criminal e de autoprotecção. perspectiva, os serviços continuarão a criar conjuntamente com os diversos sectores da sociedade, através de várias 3. Apoiar as vítimas em tempo oportuno: A polícia vertentes, um bom ambiente para permitir o crescimento estabeleceu alguns mecanismos permanentes de contacto saudável físico e psicológico dos alunos e jovens de Macau. e coordenação com outros serviços, como por exemplo, es- tabelecendo um sistema de contacto de emergência com o Aos 24 de Abril de 2017. Instituto de Acção Social, através do qual a polícia pode, se A Directora, Leong Lai. for necessário, solicitar a este Instituto o destacamento de pessoal para dar a assistência necessárias às vítimas. ______4. Reforçar os trabalhos de divulgação e educação: a polícia organiza periodicamente palestras destinadas aos estudantes e jovens, distribuindo materiais de divulgação, 80. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- no sentido de transmitir noções correctas sobre a prevenção pelação, apresentada pela Deputada Kwan Tsui Hang, e o combate à criminalidade. Além disso, face aos casos de datada de 10 de Março de 2017, e o respectivo Despacho abuso sexual ocorridos nos últimos anos, a PJ e a DSEJ, a n.º 589/V/2017. partir de 2015, começaram a realizar regularmente a pa- lestra “Prevenção de abuso sexual e métodos de solicitar DESPACHO N.º 589/V/2017 ajuda”, explicando aos jovens as formas de se protegerem e evitarem tomarem-se vítimas de crimes sexuais, disponibi- Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- lizando, ao mesmo tempo, vários métodos para pedir ajuda, cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a re- permitindo que aqueles com necessidade possam obter dacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia-se oportunamente os apoios necessários. a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita do 284 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Governo sobre o requerimento de interpelação, apresentado 81. Resposta escrita do Governo, respeitante à interpe- pela Deputada Kwan Tsui Hang em 10 de Março de 2017. lação, apresentada pela Deputada Chan Hong, datada de 10 de Março de 2017, e o respectivo Despacho n.º 590/V/2017. 12 de Maio de 2017. DESPACHO N.º 590/V/2017 O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro------cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- (Tradução) -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- Resposta à interpelação escrita apresentada pela Sra. tado pela Deputada Chan Hong em 10 de Março de 2017. Deputada à Assembleia Legislativa, Kwan Tsui Hang 12 de Maio de 2017. Em cumprimento das instruções do Chefe do Execu- tivo e tendo em consideração o parecer da Direcção dos O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. Serviços de Turismo, apresento a seguinte resposta à inter------pelação escrita da Sra. Deputada Kwan Tsui Hang, de 10 de Março de 2017, enviada a coberto do ofício da Assembleia (Tradução) Legislativa n.º 239/E190/V/GPAL/2017, de 22 de Março de 2017, e recebida pelo Gabinete do Chefe do Executivo a 23 Resposta à interpelação escrita apresentada pela Deputada de Março de 2017: à Assembleia Legislativa, Chan Hong

1. Relativamente à optimização do ambiente geral das Em cumprimento das instruções do Chefe elo Executi- Ruínas de São Paulo, a Direcção dos Serviços para os As- vo, apresento a seguinte resposta à interpelação escrita da suntos de Tráfego (DSAT), a Direcção dos Serviços de Tu- Sra. Deputada Chan Hong, de 10 de Março de 2017, enviada rismo (DST), o Instituto Cultural e o Corpo de Polícia de a coberto do ofício n.º 212/E169/V/GPAL/2017 da Assem- Segurança Pública continuarão a auscultar as opiniões dos bleia Legislativa de 16 de Março de 2017 e recebida pelo diversos sectores da sociedade e procederão aos trabalhos Gabinete do Chefe do Executivo em 17 de Março de 2017: de optimização conforme as áreas dos diversos serviços competentes. Na área de tráfego, a DSAT está a implemen- O sistema escolar do ensino não superior de Macau é tar, a título experimental, as medidas ao nível da tomada e composto por escolas oficiais, escolas particulares aderen- largada de passageiros dos autocarros de turismo na Rua de tes ao sistema escolar de escolaridade gratuita e escolas D. Belchior Carneiro, bem como da zona pedonal no Bairro particulares não aderentes a este sistema. Estes três tipos de S. Lázaro em horário determinado, do alargamento dos de escolas foram gradualmente formados ao longo de um passeios c da passagem para peões da Estrada do Cemitério processo ele desenvolvimento histórico e têm um papel e de aperfeiçoamento da sinalização e do sistema de ilumi- insubstituível na formação de quadros qualificados e no nação e ventilação da zona de tomada e largada de passa- desenvolvimento educativo de Macau. De acordo geiros (veículos pesados de passageiros) na cave da Praça de com a Lei n.º 9/2006 (Lei de bases do sistema educativo Tap Seac. não superior), o Governo da RAEM preocupa-se, de forma geral, com o desenvolvimento do sistema escolar, pelo que, 2. Em relação à melhoria das condições ambientais e ao mesmo tempo que implementa a reforma e melhora as das instalações turísticas complementares circundantes ao escolas oficiais, presta também apoio financeiro às escolas percurso pedestre na zona das Ruínas de São Paulo, a DST particulares sem fins lucrativos, defendendo, deste modo, os referiu que é necessário um estudo integral e uma pondera- princípios da imparcialidade, justiça e transparência, a fim ção compreensiva sobre todos os aspectos, com uma análise de promover o desenvolvimento coordenado da equidade da viabilidade e dos prós e contras de todas as alternativas, educativa e do sistema escolar. antes que se possa chegar a um projecto que responda si- multaneamente às diversas necessidades, pelo que é preciso Relativamente à natureza da escola e entidade titular, haver diálogo conjunto entre os serviços competentes das leis aplicáveis, responsabilidades assumidas pela escola e diversas áreas. A DSAT irá colaborar activamente com os condições de contratação do pessoal docente, entre outros, serviços competentes para procederem aos trabalhos, emi- as escolas oficiais são diferentes das escolas particulares. tindo pareceres sobre o planeamento do trânsito e instala- A entidade titular das escolas oficiais é o Governo, pelo ções rodoviárias complementares. que as despesas são suportadas directamente pelo seu or- çamento, sendo a estrutura organizativa e o funcionamento Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, aos de cada escola regulada por legislação própria; no que toca 21 de Abril de 2017. à admissão de alunos, estas escolas assumem responsabi- lidades e funções especiais que as escolas particulares não O Director dos Servviços, Lam Hin San. podem substituir, bem como os seus recursos são também N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 285 frequente e geralmente abertos ao público e outros servi- Governo da RAEM atribui anualmente ao pessoal docente ços. Os docentes que nelas trabalham, no que respeita à sua das escolas particulares o subsídio para o desenvolvimento contratação, exercício profissional e desligação do serviço, profissional e o prémio de antiguidade, para incentivar o estão sujeitos aos procedimentos do regime jurídico da fun- seu aperfeiçoamento contínuo e contribuição a longo prazo ção pública, sendo as condições de ingresso, procedimento em prol da educação. O subsídio para o desenvolvimento de promoção, âmbito de funções e remuneração sujeitos à profissional, registou, no ano lectivo de 2012/2013, uma regulação do Decreto-Lei n.º 67/99/M, da Lei n.º 12/2010 mediana de 73.824,00 patacas, enquanto no ano lectivo de e demais leis da função pública. Relativamente às escolas 2015/2016, esta mediana passou para 99.240,00 patacas, particulares, a sua entidade titular é de natureza privada; a traduzindo um aumento de 34,4%. Na realidade, do ano contratação, exercício profissional e desligação do serviço lectivo de 2012/2013 ao de 2015/2016, registou-se uma di- do pessoal docente são regulados pela “Lei das relações de minuição anual na diferença da mediada de remuneração trabalho”; enquanto as condições de exercício profissional, anual entre os docentes das escolas oficiais e particulares, os níveis, o sistema de promoção e o âmbito de funções são tendo estes dois grupos de docentes completado 15 anos de regulamentados pelo “Quadro geral do pessoal docente serviço, após terem ingressado na carreira, encontrando- das escolas particulares do ensino não superior” (doravante -se agora a meio do seu percurso profissional para atingir, designado por “Quadro geral”). A remuneração é também respectivamente, o mais alto escalão e nível. diferente de acordo com a distribuição de níveis de docen- tes de cada escola, a diferença de 1,3 vezes do salário base No que toca à garantia para a aposentação, segundo o mensal entre os níveis de docentes mais alto e mais baixo e “Quadro geral”, todas as escolas particulares abrangidas as condições financeiras. Devido à condição de autonomia por esta lei devem criar um fundo de previdência para o financeira das escolas, nos termos da lei, ao Governo é difí- pessoal docente. No ano lectivo de 2013/2014, todas as es- cil padronizar a remuneração dos docentes de cada escola. colas particulares do ensino não superior local criaram, nos termos da lei, o sistema do fundo de previdência, sendo as Para além disso, existem diferenças, em vários aspec- contribuições para este fundo efectuadas, em conjunto, pela tos, entre os docentes das escolas oficiais e os das escolas escola e pelo pessoal docente, tomando-os nos únicos bene- particulares, pelo que é difícil efectuar comparações direc- ficiários de Macau que gozam de um fundo de previdência tas. Primeiro, a composição do corpo docente é diferente, obrigatório. Actualmente, a contribuição da grande maioria como também é diferente a distribuição da antiguidade no das escolas particulares para o fundo de previdência do seu exercício da profissão; em segundo lugar, existem também corpo docente é de 5% ou mais. diferenças ao nível da estrutura dos escalões e níveis, bem No futuro, o Governo da RAEM vai continuar a imple- como dos anos de serviço necessários para promoção. Nos mentar a linha orientadora “Promover a prosperidade de termos do “Quadro geral”, os docentes das escolas particu- Macau através da educação” e realizar gradual e adequada- lares são divididos em seis níveis e, excluindo a situação de mente investimento em recursos educativos, promovendo antecipação da mudança de nível, a promoção do nível 6, ní- o desenvolvimento da educação de Macau rumo a maior vel de ingresso, para o nível 1, equivale a 23 anos de serviço; qualidade e internacionalização. A DSEJ continuará a enquanto para os docentes das escolas oficiais, a promoção melhorar as condições necessárias para o desenvolvimento do 1.º escalão, escalão de ingresso, para o escalão mais alto da educação e das escolas, incluindo a construção e as ga- 11.º, carece de 34 anos de serviço. Terceiro, a estrutura da rantias do corpo docente, para aumentar a sua capacidade remuneração é diferente, como também o seu mecanismo profissional e promover a qualidade educativa local rumo a de ajustamento. Pode-se concluir que os dois grupos de um melhor desenvolvimento, dando mais um passo para a docentes pertencem a dois sistemas diferentes, daí não ser promoção do sucesso da educação de Macau. adequado efectuar comparações directas. Aos 25 de Abril de 2017. Desde o retorno à mãe-pátria que o Governo da RAEM tem vindo a aumentar o investimento em recursos A Directora, Leong Lai. educativos, com o objectivo de optimizar o ambiente peda- gógico e melhorar o tratamento do pessoal docente das es- ______colas particulares. Particularmente com a promulgação do “Quadro geral” em 2012, as escolas têm que usar um valor igualou superior a 70% das suas receitas fixas e permanen- 82. Requerimento de interpelação escrita sobre a tes na remuneração do pessoal docente, o que garante a ní- acção governativa, apresentado pelo Deputado Mak Soi vel jurídico a remuneração desses profissionais das escolas Kun, datado de 11 de Maio de 2017, e o respectivo Despa- particulares. Anualmente, a Direcção dos Serviços de Edu- cho n.º 591/V/2017. cação e Juventude (DSEJ) revê a implementação desta dis- posição. A mediana do salário anual do pessoal docente au- DESPACHO N.º 591/V/2017 mentou de 254.933,00 patacas no ano lectivo de 2012/2013 para 355.782,00 patacas no ano lectivo de 2015/2016, cor- Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- respondendo a um aumento de 39,6%. Para além disso, o mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 11 286 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 de Maio de 2017, apresentado pelo Deputado Mak Soi Kun. Assim sendo, interpelo o Governo sobre o seguinte: Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com 1. A população, especialistas e académicos pediram-me a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, dis- para questionar o Governo sobre o seguinte: as infiltrações tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- afectam gravemente a vida dos residentes, e a longo prazo to acima referido. acarretam perturbações para a sua vida quotidiana, têm im- plicações ao nível da higiene, são um desperdício de água, e 15 de Maio de 2017. mais grave ainda, podem colocar em risco a segurança das estruturas dos edifícios. Quando é que, com vista a simpli- ficar os procedimentos, o Governo vai concluir a revisão O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. da lei? Por que razão ainda não existe uma calendarização para essa revisão? Será que o Governo já definiu planos e ------medidas para apoiar os residentes a ultrapassar as dificul- dades de acesso às fracções para resolver as infiltrações e as (Tradução) fugas de água? Qual é a opinião do Governo sobre isto?

Interpelação escrita 11 de Maio de 2017.

O Deputado à Assembleia Legislativa, Mak Soi Kun. Na interpelação oral de 6 de Maio de 2015, nas inter- venções antes da ordem do dia de 12 e 25 de Novembro de 2015, na interpelação escrita de 17 de Novembro de 2015, ______nas sessões de debate das LAG da área da administração e justiça para 2015 e 2016, na interpelação oral de 12 de Abril de 2016 e na interpelação escrita de 3 de Agosto de 2016, 83. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- questionei várias vezes o Governo sobre as infiltrações de ção governativa, apresentado pelo Deputado Leong Veng água, um problema com que os residentes se debatem, es- Chai, datado de 9 de Maio de 2017, e o respectivo Despa- pecialmente a falta de colaboração dos moradores e a resul- cho n.º 592/V/2017. tante dificuldade em entrar nas fracções para a devida repa- ração, portanto, há que rever a lei, com vista a simplificar os DESPACHO N.º 592/V/2017 procedimentos e resolver os referidos problemas. Para além disso, sugeri ainda ao Governo que definisse, quanto antes, Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Re- uma calendarização para essa revisão. Mas a resposta dada gimento, o requerimento de interpelação escrita, datado pelo Governo às diferentes interpelações orais e escritas de 9 de Maio de 2017, apresentado pelo Deputado Leong foi basicamente a mesma: “no intuito de permitir resolver Veng Chai. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução os litígios de uma forma mais simples e célere nos proces- n.º 2/2004 (Processo de Interpelação sobre a Acção Gover- sos judiciais, e de responder às necessidades dos cidadãos, nativa), com a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e nos trabalhos de revisão do Código de Processo Civil em 3/2009, distribuo a todos os Senhores Deputados cópia do curso, o Governo da RAEM seguirá as orientações da sim- requerimento acima referido. plificação do processo e do aumento da eficácia processual, para melhoria dos procedimentos no âmbito do processo 15 de Maio de 2017. civil ... a Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça está a auscultar as opiniões profissionais do grupo de trabalho O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. especializado do Conselho Consultivo da Reforma Jurídica, e está a colaborar com o mesmo para definir um plano de ------revisão”. (Tradução) Recentemente, a nossa equipa recebeu várias queixas de residentes sobre infiltrações de água nas fracções onde Interpelação escrita moram, portanto, desloquei-me juntamente com os técnicos dos serviços competentes às referidas fracções para uma A Anim’Arte é um projecto que reúne características inspecção in loco, no sentido de tomar conhecimento da culturais, comerciais, culinárias e turísticas para a promo- situação. Verificámos que o estado em que se encontravam ção activa do desenvolvimento da indústria do turismo e as fracções correspondia efectivamente ao que os residentes das indústrias culturais e criativas, em articulação com a tinham relatado, isto é, verificámos a falta de colaboração política do Governo Central em transformar Macau num dos moradores, que não permitiam o acesso às suas fracções centro mundial de turismo e lazer. Com as instalações de para a devida inspecção ou reparação, e também a com- recreação aquática, de restauração e de venda de produtos plexidade dos procedimentos administrativos do Governo, artístico-culturais, a Anim’Arte, que entrou em funciona- situações que resultam no agravamento das infiltrações. mento no dia 3 de Junho de 2016, transformou-se, graças à N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 287 estreita colaboração entre o Instituto Cultural, Instituto dos 84. Requerimento de interpelação escrita sobre a Desportos, Direcção dos Serviços de Turismo e Instituto acção governativa, apresentado pelo Deputado Si Ka Lon, de Formação Turística, numa peculiar praça de lazer muito datado de 5 de Maio de 2017, e o respectivo Despacho frequentada pelos residentes e visitantes, que podem ali n.º 593/V/2017. usufruir dos seus diversificados serviços e manifestações turísticas. E foi assim que se diversificaram, há mais de um DESPACHO N.º 593/V/2017 ano, os elementos culturais de turismo e de lazer. Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- É facto que o Governo investiu recursos avultados mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de nesse projecto, ao qual acorreram, pela sua atractividade, 5 de Maio de 2017, apresentado pelo Deputado Si Ka Lon. inúmeros residentes e visitantes, especialmente por ocasião Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 do “Festival de Luz 2016 — Tesouros de Luz” e do “Desfile (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com por Macau — Cidade Latina”, e isso merece ser enaltecido. a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, dis- Porém, após estes grandes eventos de promoção, a praça tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- passou a ser pouco visitada nos dias normais, ou seja, deixou to acima referido. de ser, em termos de recursos e peculiaridades, globalmente aproveitada. Em paralelo, importa ainda aqui referir que a 15 de Maio de 2017. praça está localizada na zona da Praia Grande, portanto, muito próximo dos diversos pontos de interesse turístico, O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. nomeadamente o Largo do Senado, Igreja de S. Lourenço, Torre de Macau, etc., o que permite a sua integração nos ------roteiros turísticos para descongestionar a concentração de pessoas no centro. Muito embora a praça disponha de carac- (Tradução) terísticas culturais individuais e de instalações complemen- tares perfeitas, o Governo nunca pensou assim, pois não há Interpelação Escrita qualquer indicação ou sinalização informativa sobre aquela praça nas proximidades da Avenida de Almeida Ribeiro e As garrafas de gás, que são artigos inflamáveis e explo- das Ruínas de S. Paulo, e sobre ela nada consta nas plantas sivos, são um perigo para a segurança, por isso, é necessário da cidade dispostas nos painéis informativos, instalados a que sejam depositadas em ambiente fresco e com boa ven- 200 metros da mesma, especialmente na Avenida de Almei- tilação, evitando-se as temperaturas elevadas. Entretanto, da Ribeiro, na Avenida da Praia Grande e na Avenida do segundo alguns residentes, há sempre botijas de gás expos- Infante D. Henrique, nem mesmo nos mapas turísticos. tas ao sol e no exterior de muitas lojas, e a par disso, sempre que há entregas de gás podemos ver o pessoal a fumar junto Assim sendo, interpelo o Governo, solicitando, que me às botijas. Tanto os moradores como os lojistas ficam com sejam dadas respostas, de uma forma clara, precisa, coeren- receio, mas não sabem a quem recorrer para tratar do as- te, completa e em tempo útil, sobre o seguinte: sunto. E é na zona norte que a situação é mais grave.

1. O Governo dispõe de algum plano concreto para Segundo consta, o Decreto-Lei n.º 29/90/M, que regula- promover a Anim’Arte e integrá-la nos itinerários turísti- menta o transporte rodoviário de botijas de gás, não define cos? Pensa afixar informações, imagens e letreiros sobre a nem a quantidade nem o tempo que as botijas de gás podem Anim’Arte nos pontos de interesse turístico e disponibilizar permanecer no exterior, nem regulamenta sobre as insta- mais dados, bem como actualizar os mapas para distribui- lações necessárias para o controlo e diminuição da tempe- ção nos pontos de informação turística dos postos fronteiri- ratura nos veículos de transporte. A falta de suporte legal ços? para proibir a exposição ao sol das botijas de gás constitui um grande perigo para a segurança pública. 2. Há que promover a Anim’Arte nas proximidades dos pontos de interesse turístico. Todos os fins-de-semana Ademais, o referido decreto-lei prevê no artigo 4.º que a Anim’Arte organiza uma feira de produtos culturais e “É proibido fumar durante o manuseamento das embala- criativos, contudo, só ao fim da tarde de sexta-feira é que o gens, na proximidade destas quando aguardem ser manuse- Governo procede à colocação dum placard de publicidade adas, bem como na proximidade dos veículos de transporte provisório nos principais acessos à praça. Não será possível quando parados e no interior dos mesmos.”, no entanto, substituir esse placard por um fixo e maior? O Governo vai nada prevê quanto aos serviços responsáveis pela fiscaliza- fazê-lo? ção e execução da lei, o que resulta na prática frequente de ilegalidades. 9 de Maio de 2017. A segurança do gás butano tem implicações para a O Deputado à Assembleia Legislativa da RAEM, segurança da vida e bens de residentes, bem como para a Leong Veng Chai. segurança pública. Pelo exposto, o Governo deve proceder 288 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

à melhoria do respectivo diploma legal e reforçar a fiscali- passado foi criado o Centro de Avaliação Conjunta Pediá- zação, para fortalecer, ainda mais, a gestão da segurança trica, em conjunto pelos Serviços de Saúde, Direcção dos das botijas de gás, definindo as responsabilidades a assumir Serviços de Educação e Juventude e Instituto de Acção So- quer pelos operadores quer pelos utentes, e regulamentando cial. Este Centro presta serviços de desenvolvimento pedi- o respectivo mercado. átrico para a detecção, intervenção e tratamento precoces, na lógica “One Stop Service”, encurtando o tempo de espe- Assim sendo, interpelo o Governo sobre o seguinte: ra, no intuito de, através de um apoio adequado, diminuir a gravidade dos transtornos e promover o saudável desenvol- 1. Devido às lacunas existentes no vigente diploma le- vimento físico e mental das crianças. gal, em particular a falta de regulamentação especial para fiscalização dos operadores de gás butano, é grande a quan- De acordo com dados da Organização Mundial da Saú- tidade de botijas de gás expostas ao sol e no exterior de de, a prevalência do desenvolvimento tardio nas crianças muitas lojas, o que constitui um perigo para a segurança. O jovens é de 6 a 8%, e a fase crítica de tratamento é entre Governo deve melhorar o diploma legal em causa e proce- os 0 e os 6 anos. Quanto mais cedo se iniciar o tratamento, der ao atempado colmatar das lacunas. Vai fazê-lo? melhores serão os efeitos. No entanto, depois de serem ava- liadas, as crianças precisam de acompanhamento contínuo 2. É normal ver o pessoal a fumar durante o transpor- e adequado, porém, segundo alguns pais, como faltam te- te de botijas de gás. O Governo deve indicar, com clareza, rapeutas nas diferentes especialidades e o tempo de espera quais são os serviços competentes para tratar do assunto. para se dar sequência ao devido tratamento é longo, a pro- Vai fazê-lo? Como é que vai ser reforçada a execução da lei? babilidade de as crianças serem atendidas entre os 3 e os 6 anos diminui, o que acaba por afectar a sua reabilitação. 5 de Maio de 2017. Assim sendo, interpelo sobre o seguinte: O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi- nistrativa Especial de Macau, Si Ka Lon. 1. Quantas crianças foram avaliadas, desde a criação do Centro de Avaliação Conjunta Pediátrica? A procura tem sido satisfeita? ______

2. Qual é o ponto de situação da articulação entre a avaliação/diagnóstico e o tratamento subsequente e reabi- 85. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- litação? Quantas crianças estão na lista de espera para tra- ção governativa, apresentado pela Deputada Chan Melin- tamento? Será suficiente a frequência com que as crianças da Mei Yi, datado de 11 de Maio de 2017, e o respectivo recebem tratamento? Despacho n.º 594/V/2017. 3. Quanto à falta de terapeutas em Macau, como é que DESPACHO N.º 594/V/2017 o Governo vai encurtar o tempo de espera para tratamento?

Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regimen- 11 de Maio de 2017. to, o requerimento de interpelação escrita, datado de 11 de Maio de 2017, apresentado pela Deputada Chan Melinda Mei A Deputada à Assembleia Legislativa da Região Admi- Yi. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 nistrativa Especial de Macau, Chan Melinda Mei Yi. (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, dis- tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- ______to acima referido.

16 de Maio de 2017. 86. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- ção governativa, apresentado pelo Deputado Si Ka Lon, O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. datado de 12 de Maio de 2017, e o respectivo Despacho ------n.º 595/V/2017.

(Tradução) DESPACHO N.º 595/V/2017

Interpelação Escrita Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de O número anual de nados-vivos ultrapassou 7000. Face 12 de Maio de 2017, apresentado pelo Deputado Si Ka Lon. à maior procura de serviços de tratamento precoce, e a fim Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 de minimizar o grau das deficiências resultantes de trans- (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com tornos do desenvolvimento psicológico, em Junho do ano a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, dis- N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 289 tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- dades da população, o que contribui para a morosidade no to acima referido. tratamento dos casos de infiltração de água. Tendo em con- ta o desequilíbrio, de vários anos, entre a oferta e a procura 16 de Maio de 2017. de serviços de inspecção, por que razão é que o Governo ainda não apresentou qualquer proposta para o alargamen- O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. to do âmbito desses serviços? Mesmo depois de ter recebido ------várias opiniões e sugestões, o Governo continua a não con- seguir fazer nada. Será que está a dar importância àquilo (Tradução) que a população tem urgência em resolver? Por que razão é que ainda não foi implementada a carta de qualidade? Interpelação escrita 12 de Maio de 2017. Muitos cidadãos vivem aflitos com as infiltrações de água nas suas residências, e esperam que o Governo os O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi- possa ajudar a resolver o problema. Segundo é sabido, é já nistrativa Especial de Macau, Si Ka Lon. significativo o número de queixas, e respectiva instauração de processos, apresentadas pelos cidadãos ao Centro de ______Interserviços para Tratamento de Infiltrações de Água nos Edifícios (CITIAE), mas devido às dificuldades no aces- so às moradias suspeitas da origem das infiltrações para 87. Requerimento de interpelação escrita sobre a acção a realização de inspecções, assim como à morosidade na governativa, apresentado pelo Deputado Chan Meng Kam, elaboração dos relatórios das inspecções, as situações só se datado de 2 de Maio de 2017, e o respectivo Despacho agravam, em determinados casos a água infiltrada até tem n.º 596/V/2017. mau cheiro, e as consequências são graves.

Quando o CITIAE recebe uma queixa procede à sua DESPACHO N.º 596/V/2017 avaliação, depois a queixa é encaminhada para a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, e final- Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Re- mente segue para o Laboratório de Engenharia Civil. Mas o gimento, o requerimento de interpelação escrita, datado processo de agendamento da ordem do processo, realização de 2 de Maio de 2017, apresentado pelo Deputado Chan da inspecção e finalização do relatório de inspecção leva me- Meng Kam. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução ses, no mínimo, ou pode ser mesmo infinito, o que só agrava n.º 2/2004 (Processo de Interpelação sobre a Acção Gover- os as situações, afectando gravemente o dia-a-dia normal dos nativa), com a redacção dada pelas Resoluções n. 2/2007 e moradores. Há mesmo cidadãos que questionam a qualidade 3/2009, distribuo a todos os Senhores Deputados cópia do do trabalho desenvolvido pelo referido laboratório. requerimento acima referido. 17 de Maio de 2017. O método de trabalho adoptado pelo Governo no trata- mento das infiltrações de água deixa a sensação de que nem O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. recorrendo à ajuda do Governo se consegue ver o problema resolvido, o que está a afectar gravemente a dignidade do ------Governo. Tudo é importante quando diz respeito à vida da (Tradução) população, portanto, se o Governo não consegue dar res- posta atempada às situações de infiltração, como é que a Interpelação escrita população vai confiar nele? Como é que o Governo vai con- seguir manter a sua dignidade? Governar segundo a lei é algo que já nos cansa ouvir. Pelo exposto, venho interpelar sobre o seguinte: Desde o estabelecimento do Governo da RAEM que se tem realçado a ideia de governar segundo a lei, no entanto, 1. Tendo em conta a falta de colaboração por parte de são infindáveis as situações de não cumprimento da lei por alguns proprietários e a morosidade dos resultados das parte dos serviços públicos, mesmo quando tenham já sido inspecções, muitas vezes as situações de infiltração só se alvo de várias repreensões. Recentemente, o Comissariado agravam. O Governo afirmou que ia rever a lei para elimi- contra a Corrupção, adiante designado por CCAC, desco- nar as dificuldades no acesso às moradias. Qual é o ponto briu que o Instituto Cultural, doravante designado por IC, de situação dessa revisão? O Governo chegou a estudar, em tem recorrido, ao longo dos tempos, à figura da prestação conjunto com o Tribunal, a criação de um mecanismo para de serviços como forma de contornar os procedimentos re- encurtar o tempo e facilitar o acesso às moradias? gulares em matéria de contratação, e contratou, ilegalmen- te, um elevado número de trabalhadores. O Secretário para 2. Há dificuldades no acesso às moradias e também os os Assuntos Sociais e Cultura veio entretanto afirmar que a serviços de inspecção não conseguem responder às necessi- situação se devia ao facto de os governantes desconhecerem 290 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 o regime jurídico de contratação1, justificação que aponta, 88. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- directamente, para a violação da lei ter a ver com a falta de ção governativa, apresentado pelo Deputado Chan Meng conhecimentos jurídicos por parte dos governantes. Kam, datado de 10 de Maio de 2017, e o respectivo Despa- cho n.º 597/V/2017. Governar segundo a lei implica haver uma lei para cum- prir e cumprir a lei sempre que esta exista. Neste último DESPACHO N.º 597/V/2017 caso, depende-se dos conhecimentos e do domínio da legis- lação por parte dos governantes, por isso, para que a ideia Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Re- de governar segundo a lei seja, verdadeiramente, concreti- gimento, o requerimento de interpelação escrita, datado zada, exige-se que os governantes reforcem a sua idoneida- de 10 de Maio de 2017, apresentado pelo Deputado Chan de e que, para além disso, possuam determinado nível de Meng Kam. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução conhecimentos jurídicos. Assim sendo, interpelo o Governo n.º 2/2004 (Processo de Interpelação sobre a Acção Gover- sobre o seguinte: nativa), com a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, distribuo a todos os Senhores Deputados cópia do 1. Actualmente, os concursos para o ingresso de fun- requerimento acima referido. cionários públicos exigem, independentemente do grau ou especialidade, provas jurídicas, no entanto, tal não se veri- fica relativamente ao provimento dos governantes. Pois, nos 17 de Maio de 2017. termos da Lei n.º 15/2009 e dos correlativas diplomas legais complementares, os critérios de selecção limitam-se apenas O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. às habilitações académicas, idoneidade e experiência e com- petências profissionais, portanto, não é tido em ponderação ------um indicador, isto é, a exigência de conhecimentos e do- mínio da legislação relativa à área funcional respectiva. Os (Tradução) funcionários públicos comuns têm de possuir certo nível de conhecimentos jurídicos, enquanto ao pessoal de direcção e Interpelação escrita chefia, de hierarquia mais elevada, tal exigência não é con- templada. Porquê? Podemos afirmar que vários governantes Existem em Macau, aproximadamente, 130 mil moto- não têm mesmo conhecimentos jurídicos, embora tenham ciclos e ciclomotores e, se se efectuar um cálculo tomando as competências profissionais necessárias. Assim sendo, como base a estimativa da população que é de 650 mil, no que diz respeito às disposições previstas no Estatuto pode constatar-se que em cada cinco pessoas uma possui do Pessoal de Direcção e Chefia, será necessário revê-las um motociclo ou ciclomotor, o que demonstra o grau de ge- e avançar com a sua eventual alteração, designadamente, neralização dos mesmos. O regulamento administrativo que definir como critério aplicável à selecção dos governantes estabelece o regime a que deve obedecer a “Aprovação de os conhecimentos e domínio da legislação respectiva? Se se modelos de capacetes de protecção para condutores e pas- entender que isto é desnecessário, serão dadas a conhecer sageiros de ciclomotores e motociclos” vai entrar em vigor as respectivas razões? no dia 13 de Junho, e os modelos de capacetes de protecção 2. Aos dirigentes e chefias dos serviços públicos exige- para condutores e passageiros de ciclomotores e motociclos -se, basicamente, que possuam um certo nível de conheci- vão estar sujeitos à aprovação da Direcção dos Serviços mentos da legislação relativa à administração pública e às para os Assuntos de Tráfego (DSAT). Segundo um comuni- finanças públicas. Olhando para o passado, verifica-se que cado emitido nos últimos dias pela DSAT, os capacetes de as várias situações ilegais descobertas tiveram a ver, na sua protecção para condutores e passageiros de ciclomotores e maioria, com a legalidade dos procedimentos dos serviços motociclos devem ter uma(s) etiqueta(s), emitida(s) pelo fa- públicos em matérias como a aquisição de bens e serviços, a bricante, com a identificação do modelo e das normas técni- adjudicação de obras e o provimento de pessoal. O Governo cas adoptadas; as informações sobre o modelo e as normas deve ponderar organizar cursos de formação especializados técnicas devem constar numa mesma etiqueta ou em etique- sobre a legislação referente à administração pública e às fi- tas diferentes, cosida(s) ou colada(s) normalmente no tecido nanças públicas, e exigir ao pessoal de direcção e chefia dos ou no poliestireno expandido (conhecido como esferovite) serviços públicos a participação e aprovação nos mesmos. do interior do capacete ou na própria alça de segurança do Vai fazê-lo? mesmo, ou ainda imprimida(s) no exterior do capacete, etc.; e, em caso de descolamento da(s) etiqueta(s) ou se esta(s) 2 de Maio de 2017. não for(em) legível(eis), o proprietário do capacete em cau- sa incorre no pagamento de uma multa. Cada ciclomotor ou O Deputado à Assembleia Legislativa da RAEM, Chan motociclo conta normalmente com dois ou mais de dois ca- Meng Kam. pacetes, assim, aquando da aplicação dessas normas legais, a respectiva inspecção vai envolver provavelmente cerca de 1 https://hojemacau.com.mo/2017/04/24/alexis-tam-alega-que- 200 mil ou 300 mil capacetes, tratando-se de uma situação -ung-vai-meng-desconhecia-leis-de-contratacao que envolve quase todos e que tem amplas influências. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 291

O Governo lança o referido regulamento administra- 89. Requerimento de interpelação oral sobre a acção tivo, para reforçar o controlo e a fiscalização da segurança governativa, apresentado pela Deputada Chan Melinda dos capacetes do mercado. Trata-se, pois, de uma iniciativa Mei Yi, datado de 18 de Abril de 2017, e o respectivo Des- que conta com o apoio dos residentes. Hong Kong, Taiwan, pacho n.º 598/V/2017. e outros países e regiões têm semelhantes práticas. No en- tanto, antes da entrada em vigor do referido regulamento DESPACHO N.º 598/V/2017 administrativo, a execução da lei por parte das autoridades está a causar insatisfação aos residentes. Muitos proprietá- Através do Despacho n.º 508/V/2017, de 21 de Abril de rios de ciclomotores e motociclos gastaram muito dinheiro 2017, foi admitido o requerimento apresentado pela Depu- na compra dos seus capacetes; apesar de a etiqueta colocada tada Chan Melinda Mei Yi, em 18 de Abril de 2017, relati- na parte exterior do capacete já se ter descolado ou estar já vamente à convocação de uma reunião plenária dedicada ilegível devido à sua exposição ao sol e à chuva, os capace- em exclusivo à interpelação oral sobre a acção governativa, tes continuam seguros. No entanto, segundo as exigências cuja cópia foi já distribuída a todos os Senhores Deputados. emitidas pela DSAT, esses capacetes têm de ser abandona- dos, facto que constitui incómodo para os residentes. Os re- Em carta datada de 18 de Maio de 2017, a Deputada sidentes questionam, então, sobre o retrocesso na aplicação Chan Melinda Mei Yi solicitou o cancelamento do reque- da lei, e desejam que o Governo não elimine radicalmente rimento acima referido, uma vez que não vai poder compa- todos os capacetes que se encontram naquela situação, visto recer à reunião plenária relativa à interpelação oral. Pelo que o mais importante é saber a que métodos e técnicas se exposto, admito este pedido de cancelamento apresentado deve recorrer na aplicação da lei. pela Deputada Chan Melinda Mei Yi e notifico-o a todos os Senhores Deputados. Face ao exposto, interpelo o Governo sobre o seguinte: 22 de Maio de 2017. 1. As autoridades recorrem apenas à legibilidade da etiqueta para apurar se os capacetes reúnem os critérios de O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. aprovação, desleixando a segurança do próprio capacete. Não se trata, então, de uma situação de retrocesso? Quando se realça excessivamente a importância das etiquetas, po- ______der-se-á originar casos de aproveitamento de etiquetas para a prática de actos ilícitos. Não será assim? E como é que se consegue confirmar a veracidade das etiquetas? 90. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- ção governativa, apresentado pela Deputada Kwan Tsui 2. Vejamos o exemplo de Hong Kong: os capacetes de Hang, datado de 11 de Maio de 2017, e o respectivo Despa- protecção para condutores e passageiros de ciclomotores e cho n.º 599/V/2017. motociclos são sujeitos a aprovação; e a respectiva legislação regulamenta rigorosamente os actos de venda e de aluguer de DESPACHO N.º 599/V/2017 capacetes de protecção não aprovados. No que toca à utiliza- ção de capacetes, incide-se na divulgação sobre a segurança Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regimen- do uso de capacetes de protecção, propondo que estes sejam to, o requerimento de interpelação escrita, datado de 11 de sujeitos a manutenção cuidadosa e substituídos após 4 anos Maio de 2017, apresentado pela Deputada Kwan Tsui Hang. de uso, visto que os capacetes sofrem de desgaste e enve- Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 lhecimento, por isso podem não conseguir, suficientemente, (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com salvaguardar a segurança da pessoa em caso de acidente. No a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, dis- controlo do mercado de procura e oferta de capacetes, apela- tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- -se aos cidadãos para terem em conta a manutenção e substi- to acima referido. tuição dos capacetes, o que é uma medida que os residentes aceitam com mais facilidade. Em Macau, antes da entrada 22 de Maio de 2017. em vigor do referido regulamento administrativo, a execução da lei por parte das autoridades, isto é, recorrer apenas à le- O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. gibilidade da etiqueta para apurar se os capacetes reúnem os ------critérios de aprovação causou muita reacção. As autoridades devem. ter em conta a experiência de Hong Kong e executar (Tradução) a lei tendo por base a vida da população, reduzindo os confli- tos em relação aos interesses do público. Vão fazê-lo? Interpelação escrita 10 de Maio de 2017. Os contratos de concessão dos serviços de autocarros O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi- entre o Governo e as três concessionárias expiram em me- nistrativa Especial de Macau, Chan Meng Kam. ados deste ano e do próximo ano. No final do ano passado, 292 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 o director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, Lam 91. Requerimento de interpelação escrita sobre a acção Hin San, afirmou que se não houvesse tempo suficiente para governativa, apresentado pelo Deputado Zheng Anting, negociar novos contratos, não estava excluída a renovação datado de 11 de Maio de 2017, e o respectivo Despacho dos actuais por períodos de tempo mais curtos, mas que, n.º 600V/2017. mesmo que tal viesse a acontecer, iriam ser lançados novos projectos em 2018. DESPACHO N.º 600/V/2017

Existem sempre problemas com a renovação dos contra- Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- tos dos serviços de utilidade pública, uma vez que as autori- mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 11 dades com competências de fiscalização não conseguem pla- de Maio de 2017, apresentado pelo Deputado Zheng Anting. near bem nem preparar-se bem antes do termo dos contratos, Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 e então, só lhes resta recorrer ao pretexto da falta de tempo (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa) com para renovarem os contratos por curtos períodos de tempo, a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, dis- ou então para lançarem concursos públicos à pressa, situação tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- que não só enfraquece o poder de negociação do Governo, to acima referido. como leva a que os serviços de utilidade pública não consi- gam responder melhor às necessidades dos residentes. 22 de Maio de 2017.

Os serviços de autocarros melhoraram nos últimos O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. anos, a média diária de passageiros ultrapassou 500 mil no ano passado, mas a dificuldade em apanhar autocarro ------durante as horas de ponta mantém-se. A sociedade espera que o Governo aproveite a oportunidade de renovação dos (Tradução) contratos para incentivar as empresas, sob a fiscalização das autoridades, a adoptarem horários mais flexíveis e a criarem Interpelação escrita carreiras especiais nas horas de ponta, por exemplo, mais carreiras ponto a ponto e mais carreiras intermédias, no Acelerar a promoção da renovação urbana sentido de resolver a dificuldade de apanhar autocarro nas horas de ponta nos locais de grande fluxo de pessoas e nas O Governo da RAEM estabeleceu o Conselho para paragens intermédias e de dar resposta mais eficiente às ne- a Renovação Urbana, a fim de satisfazer as pretensões da cessidades dos cidadãos. Neste momento, falta pouco mais sociedade sobre o melhoramento do ambiente dos bairros de um mês para o termo do contrato de uma das concessio- sociais. Através do conceito da renovação urbana, com nárias, mas o Governo ainda não divulgou nada sobre a res- base no equilíbrio entre o interesse público e os direitos pectiva renovação. O Governo planeou e preparou-se bem e interesses dos particulares, promove-se continuamente, para assegurar que não haverá lugar a qualquer interrupção de forma mais flexível e eficaz, a revitalização e renovação dos serviços de autocarros? Isto está a deixar a população programadas para os bairros sociais, no intuito de melhorar preocupada. a qualidade de vida da população. Na reunião realizada em Março, foi dado um passo fulcral nos trabalhos do Conse- Assim sendo, interpelo o Governo sobre o seguinte: lho para a Renovação Urbana: houve um avanço na percen- 1. Um dos contratos de concessão dos serviços de auto- tagem sobre os direitos de propriedade para se proceder à carros expira no final de Junho. Por que razão é que o Go- reconstrução dos edifícios antigos, isto é, em relação aos verno ainda não divulgou nada sobre a renovação? edifícios cuja idade seja superior a 30 anos e inferior a 40 anos, a percentagem baixa para 90%; aos cuja idade seja su- 2. No final do ano passado, as autoridades frisaram que perior a 40 anos, a percentagem é de 85%, e aos de interesse já tinham iniciado o planeamento sobre o funcionamento relevante ou aos que foram demolidos, a percentagem pode futuro dos serviços de autocarros. No entanto, já passou ser de 80%. meio ano e continuamos sem notícias nem projectos, então, quando é que vão ter lugar as negociações entre o Governo O Conselho para a Renovação Urbana apresentou e as três concessionárias de autocarros? Com vista a res- também os conceitos de “plano de habitação provisória”, ponder às necessidades da sociedade, especialmente à di- “criação de sociedade cujo capital pertence totalmente ao ficuldade de apanhar autocarro durante as horas de ponta, Governo” e “percentagens sobre os direitos de propriedade será que ainda há tempo suficiente para aditar e melhorar para se proceder à reconstrução de edifícios”, com vista a as cláusulas dos contratos? acelerar a promoção dos trabalhos da renovação urbana. Em Macau existem, actualmente, mais de 4000 edifícios 11 de Maio de 2017. cuja idade é superior a 30 anos, e o número dos edifícios envelhecidos está a crescer, o que põe em risco a seguran- A Deputada à Assembleia Legislativa da Região Admi- ça dos respectivos moradores. Esta situação não se pode nistrativa Especial de Macau, Kwan Tsui Hang. resolver apenas através da reparação do edifício. Veja-se N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 293 o exemplo do Edifício Meng Heng, considerado, em 2011, 11 de Maio de 2017, apresentado pela Deputada Lei Cheng como edifício em perigo: o problema da segurança do edi- I. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 fício foi resolvido através da reconstrução, por iniciativa es- (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com pontânea por parte dos proprietários. Há sempre cidadãos a a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, dis- apresentarem-me opiniões, para sugerir ao Governo a pro- tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- moção das reconstruções por iniciativa dos proprietários, o to acima referido. ajustamento adequado das normas em causa para aumentar a volumetria dos edifícios, com vista a haver uma coordena- 22 de Maio de 2017. ção com as políticas de controlo da habitação e a aumentar a oferta de habitação. e, aliás, as fracções excedentes podem O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. ser vendidas, a fim de reduzir os custos da reconstrução. ------Assim sendo, pode-se incentivar a espontaneidade dos pro- prietários quanto à reconstrução, promover os trabalhos de (Tradução) renovação urbana e aliviar o impasse ao nível habitacional devido à insuficiência da respectiva oferta, isto é, uma me- Interpelação escrita dida serve para vários propósitos. A Lei das relações de trabalho prevê expressamente Pelo exposto, interpelo o Governo sobre o seguinte: o princípio da igualdade no acesso ao emprego, proibindo a discriminação em razão da idade. No entanto, este tipo 1. Em 2013, o Governo retirou a proposta sobre o Re- de discriminação continua a existir em relação aos nossos ordenamento dos Bairros Antigos, no entanto, as leis “seg- residentes, idosos e de meia-idade, na procura de emprego. mentadas”, às quais a sociedade tem dado grande atenção, Nos últimos dias, um cidadão apresentou-me uma queixa, ainda não foram concretizadas. O Governo já pôs de lado referindo que em diversos sectores, como por exemplo o da esta forma de legislação “segmentada”? restauração e da hotelaria, existem muitos trabalhadores 2. A Lei do planeamento urbanístico já foi implementa- não residentes e situações de discriminação contra pessoas da, no entanto, o projecto do plano director necessita ainda de meia-idade. O queixoso está à procura de emprego, uma de 3 a 5 anos para ser concluído. Com vista a haver uma co- vez que a empresa onde trabalhava encerrou, mas depara- ordenação, será necessário que a renovação urbana seja im- -se com imensas dificuldades em encontrar um a tempo in- plementada em conjunto com o projecto do plano director, teiro, e apesar de já estar inscrito na Direcção dos Serviços depois de este último ficar pronto? Senão, como se resolvem para os Assuntos Laborais e de ter participado em sessões as eventuais incompatibilidades? de recrutamento de grande envergadura, não conseguiu qualquer resposta. Até descobriu que os salários oferecidos 3. Actualmente, em Macau, há poucas casas, mas mui- para algumas funções são significativamente inferiores aos tas pessoas, portanto, acredita-se que a reconstrução dos praticados no mercado. edifícios antigos possa ajudar a elevar a qualidade de vida dos cidadãos. Vai o Governo considerar aumentar a volu- Segundo as estatísticas oficiais, em comparação com metria dos edifícios a serem reconstruídos, ou o Governo 2014, os números de residentes com mais de 45 anos de- tem algumas medidas de incentivo para acelerar os passos sempregados e em situação de subemprego aumentaram da renovação urbana? em 2016. Isto demonstra que, com a desaceleração econó- mica, os residentes idosos e de meia-idade deparam-se com 11 de Maio de 2017. muitas dificuldades de acesso ao emprego. Neste sentido, o Governo deve definir políticas e medidas que possam surtir O Deputado à Assembleia Legislativa da RAEM, efeitos práticos, deve assegurar a articulação entre as vagas Zheng Anting. e as colocações, e, ainda, fiscalizar para aferir eventuais casos de discriminação em razão da idade e casos em que as condições de trabalho são intencionalmente reduzidas, ______ajudando assim os residentes a conseguirem emprego.

Assim sendo, interpelo o Governo sobre o seguinte: 92. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- ção governativa, apresentado pela Deputada Lei Cheng I, 1. O Governo tem reiterado que está atento à situação datado de 11 de Maio de 2017, e o respectivo Despacho dos residentes de meia-idade no acesso ao emprego. Contu- n.º 601/V/2017. do, os casos e os dados concretos demonstram que há que reforçar as acções de apoio ao emprego destinadas aos resi- DESPACHO N.º 601/V/2017 dentes, nomeadamente aos de meia-idade, e que fiscalizar a discriminação em razão da idade existente no mercado de Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- trabalho. O Governo deve garantir os direitos e interesses mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de dos residentes no acesso ao emprego, assegurando que não 294 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 sejam discriminados por causa da idade. De que medidas produtos agrícolas não difere muito do preço de venda por dispõe o Governo para esse efeito? grosso, à excepção de alguns produtos importados de fora do País, que registaram uma ligeira subida de preço, mas, 2. Uma forma de resolver as dificuldades com que os de uma maneira geral, o preço manteve-se estável. Con- residentes se deparam no acesso ao emprego é definir políti- tudo, a grande diferença está entre o preço da venda por cas e medidas para exigir às grandes empresas, que solicita- grosso e o preço da venda a retalho, que é cerca de 2 a 3 ve- ram importação de mão-de-obra, a contratação de pessoal zes mais1. Temos de salientar o seguinte, de acordo com os de meia-idade, adequado ou que tenha recebido formação. referidos dados, o preço a retalho dos produtos alimentares A fim de aumentar a competitividade dos residentes de das regiões vizinhas regista uma estabilização na tendência meia idade e de lhes assegurar alguma estabilidade no em- de crescimento, e o preço de alguns produtos até começou a prego, o Governo tem algumas ideias novas sobre acções de diminuir, contudo, o preço dos produtos alimentares vendi- formação e planos de formação no posto de trabalho? dos a retalho em Macau continua a aumentar.

11 de Maio de 2017. Em 2012, a Administração criou um grupo de trabalho interdepartamental para os preços dos produtos alimenta- A Deputada à Assembleia Legislativa da Região Admi- res, com vista a combater e a tratar de eventuais práticas nistrativa Especial de Macau, Lei Cheng I. ilegais e ilícitas, situações relacionadas com a fixação irra- zoável de preços e venda desonesta, monopólio, adulteração ______dos rótulos, entre outros, procurando, desta forma, estabi- lizar os preços dos alimentos em Macau2. De acordo com os dados estatísticos, o índice de preços no consumidor era 93. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- de 90.37 em 2012, em 2016 passou para 108.23, e no pri- ção governativa, apresentado pelo Deputado Ho Ion Sang, meiro trimestre de 2017 atingiu 108.94, enquanto o preço datado de 12 de Maio de 2017, e o respectivo Despacho dos produtos alimentares passou de 89.41 em 2012, para n.º 602/V/2017. 109.14 em 20163. Podemos reparar que o grupo de trabalho interdepartamental para os preços dos produtos alimenta- DESPACHO N.º 602/V/2017 res já foi criado há alguns anos, mas o preço dos produtos de Macau tende a aumentar, e o trabalho para o controlo Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- do aumento dos preços não está a surtir os devidos efeitos, mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 12 sendo o alto valor dos produtos uma das grandes pressões de Maio de 2017, apresentado pelo Deputado Ho Ion Sang. da população. Para além disso, a sociedade tem dúvidas Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 quanto à eficácia nos trabalhos de definição, e à clareza dos (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com mecanismos e vias de pensamento do referido grupo de os a redacção dada pelas Resoluções n. 2/2007 e 3/2009, dis- trabalho, pois, para além de divulgar apenas os preços dos tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- produtos, não apresenta outros meios inovadores para es- to acima referido. tabilizar os preços. Ao mesmo tempo, com a aceleração da economia, existem cada vez maiores diferenças nos lucros 22 de Maio de 2017. dos diversos sectores, estimulando o consumo, os gastos e o O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. aumento do preço das refeições, habitação e combustíveis. Ademais, com a alta taxa da inflação e os elevados preços ------dos produtos, dificilmente os residentes com rendimentos baixos podem desfrutar dos frutos de uma economia que é (Tradução) muito saudável e, consequentemente, a qualidade das suas vidas apenas se eleva num ritmo muito vagaroso. Interpelação escrita Nestes termos, interpelo o Governo sobre o seguinte: A economia de Macau é de pequena dimensão, mas virada para o exterior, pelo que está limitada em termos de 1. Todos sabemos que o preço dos produtos alimentares recursos, sendo estes importados, nomeadamente, combus- está estritamente relacionado com a vida quotidiana dos re- tíveis, produtos alimentares e outros produtos de primeira sidentes. De acordo com os dados divulgados recentemente necessidade. Em termos gerais, o preço dos produtos em pela Administração, o preço de venda a retalho dos produ- Macau é superior ao das regiões vizinhas, em especial o dos produtos alimentares, que está constantemente a aumentar, afectando assim a vida da população. Pelo exposto, uma das 1 Dados do Boletim Mensal de Estatística da Direcção dos Servi- políticas importantes do Governo é estabilizar o preço dos ços de Estatística e Censos (DSEC). produtos alimentares. 2 Gabinete de Comunicação Social: Criação de um grupo de tra- balho interdepartamental para os preços dos produtos alimentares Analisando os dados estatísticos dos últimos anos, o (28 de Junho de 2012). preço de importação das carnes frescas, frutas e outros 3 Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 295 tos alimentares, nomeadamente, carne de porco, de vaca, (Tradução) frutas e vegetais, é relativamente mais caro em comparação com os preços de Zhuhai e Hong Kong4. Quais são as me- Interpelação escrita didas de que a Administração dispõe para diminuir a dife- rença de preços destes produtos entre Macau e as regiões Após o estabelecimento da RAEM os cidadãos sentem vizinhas? A Administração deve fiscalizar os preços dos que cada vez mais a qualidade do ar está a deteriorar-se de- produtos alimentares, regulando assim o mercado de venda rivada da emanação de gases citadinos quer as provenientes por grosso e a retalho destes produtos, diminuir os inter- das regiões adjacentes. A poluição do ar é neste momento mediários desnecessários, estabilizar os preços e garantir a um sério problema grave e um risco acrescido para a nossa qualidade de vida dos residentes. Vai fazê-lo? saúde. De acordo com a Organização Mundial de Saúde em 2012, a poluição do ar foi responsável pela morte de mais de 2. Actualmente, a economia de Macau está em pro- 7 milhões de pessoas em todo o mundo equivalente à uma fundo ajustamento, e isso aliviou a pressão da população população do tamanho da de Hong Kong. no que respeita à inflação, mas agora o trabalho prioritário da Administração é o desenvolvimento e melhoramento Só em 2015, no interior do continente em particular, a da macroeconomia. Pelo exposto, de que medidas dispõe poluição do ar foi responsável por 1.6 milhões de mortes, a Administração para diminuir a inflação importada, com número este que tem vindo a aumentar drasticamente de vista a reduzir os efeitos negativos para a economia, ajudan- ano para ano. do assim a diminuir a pressão da população e das PME por causa da inflação? A exposição contínua a poluentes como o PM2.5, 3, A sociedade é da opinião que o grupo de trabalho in- PM10, SO2, NO2 e O3, partículas do ar altamente tóxicas terdepartamental para os preços dos produtos alimentares para o nosso organismo, está na origem de mortes prema- apenas compara os preços dos produtos, não tendo criado turas relacionadas com doenças pulmonares e cardiovascu- medidas efectivas para estabilizar esses preços. Pelo ex- lares. O ar poluído tem um impacto nefasto, em particular, posto, que medidas vai a Administração implementar para nas crianças. Devido ao sistema imunitário estar ainda sub- os estabilizar e o que vai ser feito para haver mais fornece- desenvolvido, a poluição do ar afecta o desenvolvimento do dores? Vai alterar e reforçar as funções e as competências sistema respiratório, imunitário e neurológico das crianças, conferidas ao referido grupo de trabalho? e agrava doenças como a asma.

12 de Maio de 2017. A deterioração da qualidade do ar tem também efeitos negativos na economia. A título de exemplo, só no ano de O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi- 2013, a Região do Delta do Rio das Pérolas registou perdas nistrativa Especial de Macau, Ho Ion Sang. de mais de 14 milhões de dólares americanos devido aos efeitos nefastos da poluição do ar, o equivalente a mais de ______1.4% do produto doméstico bruto desta região.

Parte da poluição que respiramos em Macau vem do in- 94. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- terior do continente sobretudo entre os meses de Novembro ção governativa, apresentado pelo Deputado José Maria e Abril, quando o vento sopra de Norte/Noroeste trazendo Pereira Coutinho, datado de 15 de Maio de 2017, e o res- com ele as partículas poluentes. Contudo, a RAEM tam- pectivo Despacho n.º 603/V/2017. bém contribui para o agravamento deste problema face ao aumento de veículos motorizados. Estudos recentes revelam DESPACHO N.º 603/V/2017 que as emissões locais têm contribuído para uma maior de- terioração da qualidade do ar no território. As observações Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- efectuadas indicam que é durante o dia que se registam os mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 15 níveis mais altos de concentração de poluentes, demons- de Maio de 2017, apresentado pelo Deputado José Maria Pe- trando assim haver uma correlação com o volume de tráfe- reira Coutinho. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução go rodoviário. n.º 2/2004 (Processo de Interpelação sobre a Acção Gover- nativa), com a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e Para agravar ainda mais a situação, salienta-se, tam- 3/2009, distribuo a todos os Senhores Deputados cópia do bém, que a distância entre os veículos que circulam na es- requerimento acima referido. trada e os peões é mínima. Quer isto dizer que as emissões de gases poluentes dos motociclos, dos automóveis, dos 22 de Maio de 2017. autocarros, das camionetas e dos camiões vão logo para os pulmões dos peões que não têm como escapar! É evidente O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. que, nestas condições, qualquer indivíduo em Macau está totalmente exposto à inalação destas partículas tóxicas, 4 Dados divulgados pelo Conselho de Consumidores. emitidas em grande quantidade, diariamente. 296 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Os residentes de Macau têm manifestado uma crescente de Maio de 2017, apresentado pelo Deputado Zheng Anting. apreensão para com o ar que respiram. O número de casos Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 de pessoas com sintomas associados à poluição do ar, como (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com irritação nos olhos, nariz e garganta, assim como dificulda- a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, dis- des respiratórias, tem aumentado de ano para ano. Apesar tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- de não haver números oficiais para Macau, em regiões vi- to acima referido. zinhas como a de Hong Kong, há estudos que revelam que existe uma relação directa entre a deterioração da qualida- 22 de Maio de 2017. de do ar e o aumento do número de indivíduos com cancro O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. nos pulmões devendo ser tomadas medidas que visem me- lhorar a qualidade do ar na RAEM. ------

Assim sendo, interpelo o Governo, solicitando, que me (Tradução) sejam dadas respostas, de uma forma CLARA, PRECI- Interpelação escrita SA, COERENTE, COMPLETA e em tempo útil sobre o seguinte: Solicito que se agilize a resolução das infiltrações de água nos edifícios 1. Os autocarros do sector de turismo, autocarros pú- blicos e das concessionárias de Jogo estão em circulação Existem em Macau mais de 4 mil edifícios com mais no território há várias décadas. Os autocarros do sector de 30 anos, e como continuam a envelhecer, surgem vários privado, nomeadamente os dos casinos, estão em circulação problemas, tais como as infiltrações de água. Nos últimos desde a inauguração dos respectivos casinos — muitos há anos, o meu escritório de deputado apoiou muitos cidadãos mais de 10 anos. Devido ao elevado número de autocarros a encontrarem uma solução junto do Centro de Interservi- em circulação, estes são dos veículos que mais contribuem ços para Tratamento de Infiltrações de Água nos Edifícios, para a poluição do ar em Macau. Existe algum plano para no entanto, continua a receber vários pedidos de apoio de- a substituição gradual de todos estes veículos por veículos vido a infiltrações de água e ao entupimento de esgotos em amigos do ambiente, mais em concreto, por veículos movi- fracções, lojas e zonas comuns de edifícios, situações que, dos a electricidade? pelas mais diversas razões, não foram resolvidas, afectando 2. Muitas das vezes, as medições da qualidade do ar gravemente o quotidiano dos residentes. efectuada pelos Serviços Meteorológicos e Geofísicos de Em 2015, apresentei uma interpelação escrita e uma in- Macau, em muitos dos seus postos, não correspondem à re- tervenção antes do ordem do dia para exortar o Governo a alidade, levando o cidadão a acreditar que a qualidade do ar resolver as infiltrações de água, e fiquei a saber que o referi- não é assim tão má. A entidade responsável está a fiscalizar do Centro tinha conseguido resolver 80 por cento dos casos com total rigor, transparência e imparcialidade, a informa- de infiltrações. Contudo, é de notar que os procedimentos ção transmitida pelos SMG de Macau? para o tratamento das infiltrações demoram mais de meio 3. Vai o Governo utilizar os padrões da União Europeia ano, desde a recepção do pedido até à inspecção e repara- como referência por serem os padrões de qualidade do ar ção, então, os moradores acabam por ter de sofrer durante reconhecidos mundialmente por combaterem eficientemen- muito tempo até conseguirem avançar com a reparação. te a poluição do ar, promovendo-se o bem-estar e a saúde Para além disso, muitos casos não conseguem ser resolvidos da população? devido à falta de colaboração dos proprietários, que não permitem que se proceda à devida inspecção e reparação. Aos 15 de Maio de 2017. Segundo as autoridades, quando tal acontece, os residentes podem recorrer à via judicial — quando os prejuízos de- O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi- correntes das infiltrações forem inferiores a 50 mil patacas, nistrativa Especial de Macau, José Maria Pereira Coutinho. podem recorrer “às pequenas causas” e exigir as devidas indemnizações, uma forma que, na verdade, é muito mais ______simples e conveniente, e que permite às partes intentar a respectiva acção sem terem de contratar advogado; mas se 95. Requerimento de interpelação escrita sobre a acção os prejuízos forem superiores a 50 mil patacas, podem re- governativa, apresentado pelo Deputado Zheng Anting, correr a uma acção cível, no entanto, o processo é bastante datado de 18 de Maio de 2017, e o respectivo Despacho moroso e muito complexo, exige a contratação de advogado, n.º 604/V/2017. e a apresentação de provas é difícil. Contudo, o tratamento das infiltrações não pode ser adiado.

DESPACHO N.º 604/V/2017 Pelo exposto, interpelo o Governo sobre o seguinte:

Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- 1. Em 30 de Abril de 2015, apresentei uma interpelação mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 18 escrita para exortar o Governo a resolver as dificuldades de N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 297 acesso às fracções em caso de falta de colaboração dos pro- berdade de organizar e participar em associações sindicais prietários. E na sua resposta, o Governo afirma que o Cen- e em greves”, mas até agora essa disposição ainda não foi tro Interserviços de Tratamento de Infiltrações de Água regulamentada para que seja concretizada uma lei sindical. nos Edifícios tem sempre mantido a comunicação com os No ano passado, apresentei uma interpelação escrita, à qual Serviços para os Assuntos de Justiça, e que pretende, atra- o Governo respondeu que, na reunião de 29 de Dezembro vés da revisão da respectiva lei, salvaguardar os interesses de 2016, o Conselho Permanente de Concertação Social ha- dos residentes. Então, qual é o ponto de situação da revisão via optado pela realização de um estudo comparativo sobre da lei? este assunto através de uma terceira entidade autónoma, estando a ser preparado pelas autoridades competentes um 2. Segundo alguns moradores afectados por infiltrações, concurso para a adjudicação desse trabalho. Porém, até é necessário mais de meio ano para concluir todos os proce- agora não se registou qualquer progresso nesse sentido, nem dimentos, isto é, desde o registo no Centro até à reparação, em relação ao referido concurso de adjudicação. portanto, têm de sofrer durante tanto tempo com os pro- blemas decorrentes das infiltrações. Assim, de que medidas Nestes termos, interpelo o Governo sobre o seguinte: dispõe o Governo para acelerar a resolução deste problema e reduzir os incómodos para a população? 1 — Quando é que o Governo vai lançar o concurso para adjudicar a uma terceira entidade autónoma a reali- 18 de Maio de 2017. zação de um estudo comparativo sobre a elaboração da lei sindical? Quando será divulgado o respectivo resultado? O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi- nistrativa Especial de Macau, Zheng Anting. 2 — Na adjudicação desse estudo comparativo sobre a lei sindical, qual será o âmbito do estudo? A regulamenta- ção nessa primeira fase irá abranger aspectos como a orga- ______nização de sindicatos, a participação dos trabalhadores em sindicatos, a actividade sindical, a negociação colectiva, e até a realização de greves? 96. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- ção governativa, apresentado pelo Deputado Ng Kuok 3 — O Chefe do Executivo pode comprometer-se a Cheong, datado de 9 de Maio de 2017, e o respectivo Des- realizar a consulta sobre a lei sindical durante o seu actual pacho n.º 605/V/2017. mandato, bem como apresentar atempadamente a respecti- va proposta de lei? DESPACHO N.º 605/V/2017 9 de Maio de 2017. Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 9 de O Deputado à Assembleia Legislativa, Ng Kuok Cheong. Maio de 2017, apresentado pelo Deputado Ng Kuok Cheong. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a ______redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, distri- buo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimento acima referido. 97. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- ção governativa, apresentado pela Deputada Lei Cheng I, 22 de Maio de 2017. datado de 19 de Maio de 2017, e o respectivo Despacho n.º 606/V/2017. O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. DESPACHO N.º 606/V/2017 ------Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- (Tradução) mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 19 de Maio de 2017, apresentado pela Deputada Lei Cheng Interpelação escrita I. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com Nos dois lados do Estreito de Taiwan, a lei sindical a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, dis- já é uma realidade, tanto na China Continental como em tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- Taiwan e, enquanto em Hong Kong vigora também uma lei to acima referido. de associação sindical, apenas Macau não dispõe ainda de legislação sobre essa matéria para acompanhar essa evolu- 23 de Maio de 2017 ção a nível regional. Nos termos do artigo 27.º da Lei Básica de Macau, os residentes de Macau gozam do “direito e li- O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. 298 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

(Tradução) a transformação de parte das medidas provisórias em me- didas permanentes.” Então, que medidas provisórias é que Interpelação escrita estão a ser estudadas? Quando é que há resultados?

Em 2009, o Governo da RAEM começou a imple- 19 de Maio de 2017. mentar o Programa de Comparticipação nos Cuidados de Saúde, atribuindo anualmente, a cada cidadão qualificado, A Deputada à Assembleia Legislativa da Região Admi- vales de saúde no valor de 500 patacas, valor este que au- nistrativa Especial de Macau, Lei Cheng I. mentou para 600 patacas em 2013. Os vales de saúde têm prazo de um ano, portanto, perdem o efeito após expirado ______esse prazo.

O vale de saúde é uma compensação atribuída pelo 98. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- Governo da RAEM a todos os residentes, para que possam ção governativa, apresentado pelo Deputado Chan Meng usufruir, adequada e rapidamente, de serviços de saúde no Kam, datado de 16 de Maio de 2017, e o respectivo Despa- sector privado, para se reforçar a consciência para a impor- cho n.º 607/V/2017. tância dos cuidados de saúde, para apoiar as instituições de saúde privadas, para promover a figura do médico de famí- DESPACHO N.º 607/V/2017 lia e para desenvolver o sistema de saúde comunitário. Se bem que o valor dos vales não seja muito elevado, estes sem- Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Re- pre acabam por contribuir, de certa forma, para os cidadãos gimento, o requerimento de interpelação escrita, datado que têm uma vida relativamente mais carenciada pouparem de 16 de Maio de 2017, apresentado pelo Deputado Chan nas despesas médicas, por isso, o desejo é que possam Meng Kam. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução guardar os vales para os utilizarem quando tiverem mesmo n.º 2/2004 (Processo de Interpelação sobre a Acção Gover- necessidade, sem se preocuparem com o prazo de validade. nativa), com a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e Por isso mesmo é que há sempre vozes na sociedade a solici- 3/2009, distribuo a todos os Senhores Deputados cópia do tar a emissão de vales de saúde sem prazo de validade, por requerimento acima referido. forma a oferecer ainda mais facilidades à população. 23 de Maio de 2017. Também em 2009, Hong Kong implementou um plano experimental de vales de saúde destinado aos residentes O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. da terceira idade, para que pudessem optar por serviços de saúde mais adequados à sua situação no sector privado, e ------aproveitou-se esse plano para promover o conceito de mé- dico de família. Segundo esse plano, os idosos qualificados (Tradução) podem acumular os vales de saúde até ao limite máximo de 4000 dólares de Hong Kong, a fim de os incentivar a usu- Interpelação escrita fruir de serviços de saúde e de cuidados de saúde de grau um, que corresponde ao tratamento e à prevenção. Como Desde o Retorno à Pátria, os serviços públicos são cada a população acolheu o referido plano com muito agrado, o vez mais, o número dos funcionários públicos continua a Governo de Hong Kong aumentou várias vezes o montante aumentar, a estrutura administrativa tem sido expandida dos vales de saúde, e esse plano que começou por ser expe- e as despesas com o pessoal têm subido imensamente, no rimental passou a ordinário. entanto, não houve uma elevação evidente da qualidade e da eficácia dos serviços públicos, situação esta que tem des- Pelo exposto, gostaria de interpelar sobre o seguinte: pertado grande atenção entre a sociedade. Neste sentido, há muitas opiniões que pedem ao Governo a construção de 1. O Governo deve tomar como referência a experiência “uma sociedade grande, um governo pequeno”. da região vizinha, isto é, transformar o Programa de Com- participação nos Cuidados de Saúde numa medida ordiná- Com vista a responder às pretensões da sociedade, o ria, e permitir aos beneficiários qualificados a acumulação Governo, para além de prometer não criar serviços públi- dos vales de saúde até determinado tempo ou montante, a cos, de forma não razoável, tem posto a “racionalização de fim de evitar que, por causa do prazo de validade, percam quadros e simplificação administrativa” num lugar fulcral esse benefício, um benefício criado em prol do bem-estar da entre os trabalhos de renovação da administração pública, população. Vai fazê-lo? isto é, ao simplificar as estruturas e integrar os vários servi- ços públicos, resolvem-se os problemas de sobreposição de 2. Nas LAG para este ano revela-se que “O Governo funções e de expansão das respectivas estruturas. A Secre- irá proceder à revisão das medidas de benefício, em prol tária para a Administração e Justiça afirmou nas LAG para do bem-estar dos cidadãos, e em simultâneo, equacionar o ano de 2017 que, “com base nos trabalhos feitos na 1.a fase N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 299 da reorganização de funções e estruturas, o Governo da 99. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- RAEM elaborou o plano da 2.a fase que abrange 13 serviços ção governativa, apresentado pelo Deputado Ng Kuok públicos das diversas áreas e cujos trabalhos serão prosse- Cheong, datado de 15 de Maio de 2017, e o respectivo Des- guidos gradualmente entre 2017 e 2019”.1 pacho n.º 608/V/2017.

Os trabalhos de reorganização e fusão que o Governo DESPACHO N.º 608/V/2017 já iniciou são: as fusões entre a Direcção dos Serviços de Correios e a Direcção dos Serviços de Regulação de Tele- Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.° do Re- comunicações, a Comissão de Segurança dos Combustíveis gimento, o requerimento de interpelação escrita, datado e o Corpo de Bombeiros, o Gabinete para os Recursos Hu- de 15 de Maio de 2017, apresentado pelo Deputado Ng manos e a Direcção dos Serviços para os Assuntos Labo- Kuok Cheong. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução rais, a Direcção dos Serviços da Reforma Jurídica e do Di- n.º 2/2004 (Processo de Interpelação sobre a Acção Gover- reito Internacional e a Direcção dos Serviços de Assuntos nativa), com a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e de Justiça, e a Comissão do Grande Prémio e o Gabinete 3/2009, distribuo a todos os Senhores Deputados cópia do a Coordenador de Segurança. Os trabalhos da 1. fase referi- requerimento acima referido. dos nas LAG já estão basicamente concluídos, portanto, é adequado agora iniciar o referido plano da 2.a fase. Sendo 23 de Maio de 2017 assim, interpelo o Governo sobre o seguinte: O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. 1. Nas LAG para o ano de 2017, na área para a Ad- ministração e Justiça, é referido que o plano da 2.a fase da ------reorganização de funções e estruturas abrange 13 serviços (Tradução) públicos das diversas áreas e cujos trabalhos serão pros- seguidos gradualmente entre 2017 e 2019. Pode, então, o Interpelação escrita Governo divulgar à sociedade informações concretas sobre esses 13 serviços públicos, e se o Governo já tem um calen- Fazer de Macau uma cidade habitável é algo importante dário preliminar para esses trabalhos de reorganização e para o desenvolvimento da RAEM. E uma das estratégias fusão? importantes para esse efeito é transferir, quanto antes, 2. A reorganização das estruturas tem como objectivo para zonas afastadas das zonas habitacionais, as instala- resolver o problema de sobreposição de funções. Veja-se o ções indispensáveis à vida quotidiana mas prejudiciais ao exemplo das políticas ao nível cultural, isto é, para implemen- ambiente, mantendo-as ao serviço da população. As obras tar as políticas desta área, foram criados o Fundo das Indús- de ligação da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau estão a trias Culturais, o Conselho para as Indústrias Culturais e o ser sucessivamente concluídas, e a zona sul da ilha artifi- Instituto Cultural. Estes três serviços têm funções diferentes, cial, destinada à instalação do posto fronteiriço de Macau, mas podem, na verdade, ser fundidos. Neste sentido, no mo- pode ser considerada como uma zona afastada das zonas mento de iniciar os respectivos trabalhos da 2.a fase, vai o habitacionais, portanto, é adequada para a localização das Governo considerar integrar esses três serviços referidos? Se referidas instalações, mantendo-se a prestação de serviços à o Governo não pretende fazer isto, qual é a razão? população. Assim, o respectivo planeamento deve avançar o mais rapidamente possível. 3. Com vista a apoiar o desenvolvimento económico da sociedade, o Governo criou vários fundos com finalidades Sendo assim, interpelo o Governo sobre o seguinte: diversas, tais como o Fundo de Desenvolvimento Educa- 1. Com vista à coadunação com o objectivo da constru- tivo, o Fundo para a Protecção Ambiental, o Fundo das ção de Macau como cidade habitável, o Governo deve avan- Indústrias Culturais, o Fundo para o Desenvolvimento das çar, quanto antes, com o planeamento do terreno da zona Ciências e da Tecnologia, o Fundo de Desenvolvimento In- sul da ilha artificial, destinada à instalação do posto frontei- dustrial e de Comercialização e o Fundo de Turismo, entre riço de Macau da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, para se outros. Esses fundos têm a mesma função de atribuir apoio conseguir ter uma zona estrategicamente planeada para as financeiro, só que o fazem para áreas e projectos diferentes. instalações que prestam serviços à sociedade, transferindo Então, vai o Governo considerar integrá-los e criar um úni- para aquele local, o mais rapidamente possível, as instala- co fundo para atribuir financiamento a projectos distintos? ções indispensáveis à vida quotidiana mas prejudiciais ao 16 de Maio de 2017. ambiente. O Governo vai fazê-lo?

O Deputado à Assembleia Legislativa da RAEM, Chan 2. Em Junho do ano passado, em resposta à minha in- Meng Kam. terpelação escrita, o Governo referiu que estava em estudo a instalação do armazém intermediário de combustível na ilha artificial do posto fronteiriço da Ponte Hong Kong-Zhuhai- 1 http://portal.gov.mo/web/guestlinfo_detail?infoid=1507839. -Macau, e adiantou que esse estudo incluía uma análise 300 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 técnica e a respectiva avaliação. O Governo vai divulgar os Assuntos Sociais e Cultura, apresento a seguinte resposta à resultados dessa análise e avaliação? Está mesmo confirma- interpelação escrita da Sra. Deputada Leong On Kei, data- do que se vai construir o referido armazém intermediário de da de 27 de Janeiro de 2017 e enviada a coberto do ofício combustível no terreno da zona sul da ilha artificial do posto n.º 105/E89/V/GPAL/2017 da Assembleia Legislativa, de 7 fronteiriço da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau? de Fevereiro de 2017:

3. Ultimamente suscitou-se alguma polémica sobre a A indústria da Medicina Tradicional Chinesa é uma distância apropriada entre a Central de Incineração de Re- das indústrias emergentes, à qual o Governo da Região síduos Sólidos (CIRS) e as habitações. O Chefe do Executi- Administrativa Especial de Macau tem atribuído grande vo garantiu que o plano de construção de habitação pública importância. No Plano Quinquenal de Desenvolvimento da da Avenida de Wai Long ia avançar, mas a Direcção dos RAEM (2016-2020), encontram-se, claramente, delineadas Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), para além de as orientações para o desenvolvimento da mesma indústria. não conseguir facultar dados concretos, dos anos anteriores, Enquanto corpo fulcral para a incrementação do desenvol- sobre a monitorização aos gases de escape, águas residuais vimento da indústria da Medicina Tradicional Chinesa em e cinzas da CIRS, veio afirmar que, face ao aumento con- Macau, o Parque Científico e Industrial de Medicina Tradi- secutivo dos resíduos, era necessário ampliar as instalações cional Chinesa para a Cooperação entre Guangdong-Macau da Central. Com vista à construção duma cidade habitável, (adiante designado por Parque) centra-se na construção de o Governo da RAEM deve decidir, com toda a firmeza, uma “base internacional para controlo da qualidade da Me- transferir a Central (depois de ampliada) para o terreno dicina Tradicional Chinesa” e de uma “plataforma interna- da zona sul da ilha artificial do posto fronteiriço da Ponte cional de negócios para a indústria da saúde”, tendo em vis- Hong Kong-Zhuhai-Macau, e proceder, quanto antes, ao ta desempenhar o papel de Macau como “cabeça-de-ponte” respectivo planeamento. Vai fazê-lo? para desenvolver a plataforma internacional de cooperação e intercâmbio. Com base nestes pilares fundamentais, o 15 de Maio de 2017. Parque concretizará, de modo faseado, os objectivos de apoiar o crescimento das empresas locais de Macau, criar O Deputado à Assembleia Legislativa da RAEM, Ng condições favoráveis no sentido de atrair, para o Parque, Kuok Cheong. a instalação de empresas e instituições de qualidade deste sector, oriundas tanto do país como do exterior, para que seja estabelecida progressivamente a cadeia industrial da ______indústria da Medicina Tradicional Chinesa e seja atingido o alvo de tornar Macau numa janela internacionalizada para a Medicina Tradicional Chinesa, através da criação de 100. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- padrões internacionalmente reconhecidos e da promoção pelação, apresentada pela Deputada Leong On Kei, data- cultural. da de 27 de Janeiro de 2017, e o respectivo Despacho n.º 609/V/2017. A fim de materializar os objectivos, acima referidos, o Parque tem como prioridade, segundo a orientação do DESPACHO N.º 609/V/2017 desenvolvimento, iniciar a construção das instalações de hardware para a plataforma de serviços públicos caracteri- Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- zados pelos medicamentos chineses, incluindo a planta pi- cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a loto GMP, o edifício de investigação e inspecção, o edifício redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- da sede de investigação científica e a zona incubadora para -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita a exploração geral, entre outros projectos, de modo a criar do Governo sobre o requerimento de interpelação, apre- condições básicas para as empresas, incluindo as de Macau, sentado pela Deputada Leong On Kei em 27 de Janeiro de se instalarem no local, assim como proporcionar espaço às 2017. empresas seleccionadas para alargarem a sua capacidade produtiva, optimizarem as tecnologias, explorarem os pro- 23 de Maio de 2017. dutos pela uma segunda vez e expandirem o mercado alvo.

O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. Desde 2015, o Parque começou a construir, de modo global, uma plataforma internacional de cooperação e ------intercâmbio com os Países de Língua Portuguesa como pontos de ligação. A iniciativa inclui a criação de uma rede Resposta à interpelação escrita apresentada pela Deputada de cooperação que tem à disposição distribuidores que se à Assembleia Legislativa, Leong Ou Kei dediquem principalmente às instituições governamentais, câmaras de comércio e associações; bem como a criação de Em cumprimento das instruções do Chefe do Executivo uma equipa de especialistas que forneça serviços de registo e depois de consultadas as opiniões da Secretária para os internacional e de comercialização de produtos às empre- N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 301 sas interessadas em se instalarem no Parque. Por outro Conforme o plano de formação previsto, desde 2015 lado, em articulação com a promoção cultural da Medicina até ao presente, o Parque levou a cabo, com êxito, dois se- Tradicional Chinesa, disponibiliza-se ainda espaço para as minários de promoção do Parque e da Cultura da Medicina empresas explorarem o mercado e elevarem a sua influência Tradicional Chinesa e duas edições de acções de formação a nível internacional, com o objectivo de atrair as empresas com influência, ambas as iniciativas a nível internacional. ou instituições de qualidade do país e do exterior para se Entre estas actividades de formação, duas sessões foram instalarem no Parque, transformando-se, gradualmente, em dedicadas aos representantes governamentais dos serviços empresas locais com vantagens fiscais, porto franco e outras competentes de sete Países de Língua Portuguesa e à for- medidas favoráveis. mação dos médicos provenientes de hospitais públicos de onze províncias e cidades moçambicanas, tendo alcançado Simultaneamente, a indústria da saúde, que se relaciona bons resultados e recebido comentários muito positivos. Por com os cuidados de saúde, ocupa um lugar de grande impor- outro lado, o Parque terá ainda a Tailândia como porta de tância no plano de desenvolvimento da indústria da Medici- entrada, reforçando os trabalhos de formação neste país, na Tradicional Chinesa. No entanto, a implementação deste fomentando, desta maneira, o intercâmbio e a cooperação rumo de desenvolvimento não depende apenas das próprias com os países da Associação de Nações do Sudeste Asiático condições técnicas, mas exige, também, a coordenação das (ASEAN). instalações adequadas, sendo, ainda, condicionada pelo de- senvolvimento de outras indústrias na região, entre outros A Direcção dos Serviços de Saúde (SS), por sua vez, factores. Neste sentido, o impulsionamcnto dos projectos da implementou, em 2012, as Instruções Técnicas sobre as indústria da saúde, deste ramo, que são vocacionados para Boas Práticas de Fabrico de Medicamentos (GMP) e as Ins- fornecimento de serviços, é enquadrado na segunda fase do truções Técnicas sobre as Boas Práticas de Distribuição de plano de desenvolvimento da indústria. Medicamentos (GDP). Actualmente, a mesma está a acom- panhar de perto a elaboração da proposta de lei respeitante ao registo de medicamentos chineses e das orientações de Quando o desenvolvimento dos projectos e conteú- apoio, assim como do Regime Legal da Qualificação e Ins- dos referidos atingir um certo patamar, os mesmos serão, crição para o Exercício da Actividade dos Profissionais de oportunamente, coordenados com os elementos turísticos Saúde, com o intuito de se articular com o desenvolvimento de Macau no sentido de promover o desenvolvimento co- a longo prazo da Medicina Tradicional Chinesa, através do mum, exercendo, deste modo, um efeito económico maior. aperfeiçoamento as normas jurídicas deste âmbito. Com o Paralelamente, a prestação do serviço de gestão da saúde, establecimento do Centro de Cooperação dos Medicamen- cuidados de saúde com base na Medicina Tradicional tos Tradicionais da Organização Mundial da Saúde (OMS) Chinesa e outros serviços relevantes aos cidadãos de Macau em Macau, no futuro serão envidados esforços de forma a fornecerá ainda mais oportunidades de empreendedorismo promover a integração dos medicamentos tradicionais no e de emprego aos profissionais do território, melhorando a sistema elementar de cuidados de saúde através da imple- saúde e a vida da população de Macau c criando mais con- mentação do plano de cooperação assinado com a OMS, dições favoráveis. criando uma base sólida para o desenvolvimento da indús- tria da Medicina Tradicional Chinesa. No presente, o Parque está a impulsionar, ordenada- mente, os trabalhos, de acordo com as orientações de desen- Quanto à formação dos quadros bilingues em chinês volvimento definidas. Neste processo de desenvolvimento, e português no estudo da Medicina Tradicional Chinesa, o Parque procederá à melhoria continuada e ao ajuste opor- segundo o Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES), tuno em função das políticas do Governo e das mudanças as instituições de ensino superior já lançaram, nos últimos do mercado. anos, um número significativo de cursos relacionados com a Medicina Tradicional Chinesa para corresponder ao de- No que diz respeito à promoção cultural da Medici- senvolvimento desta indústria. No ano lectivo 2016/2017, o na Tradicional Chinesa e à sua formação, o Governo da número de alunos inscritos nas especialidades desta área RAEM irá empenhar-se em estabelecer progressivamente superou os 500, ao passo que uma parte destes cursos tem, uma marca própria da indústria da Medicina Tradicional no seu programa, a cadeira de português como opcional Chinesa de Macau a nível internacional, através da fre- para os alunos. Ao mesmo tempo, o GAES realiza, desde quente realização de fóruns internacionais, seminários de 2012, “O Ser e Saber da Língua Portuguesa — Curso de promoção, formação no âmbito da Medicina Tradicional Verão em Portugal”. Até ao final de 2016, registou-se a Chinesa, assim como iniciativas de promoção e divulgação participação de mais de 1.200 alunos na actividade. Este gerais da cultura e técnicas deste mesmo sector nos Países ano serão abertas, respectivamente, para o curso básico de de Língua Portuguesa. Para além disso, serão escolhidos língua portuguesa e para o curso de Verão em Portugal, 250 um a dois destes países como pontos de acesso para desen- vagas e 80 vagas. volver, de forma planeada, passo a passo, e com prioridades, as ações da formação na cultura e técnicas da Medicina Em 2017, o Governo da RAEM lançará o Plano de Tradicional Chinesa. Apoio de Pagamento dos Juros de Crédito para a Formação 302 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Linguística de Graduados do Ensino Superior, através do restauração, que contribuem para a construção da Cidade qual visa formar mais quadros qualificados bilingues nas da Gastronomia com as suas ideias e propostas. A DST so- línguas chinesa e portuguesa em várias áreas, incluindo a licita também a participação activa dos sectores e valoriza da Medicina Tradicional Chinesa. as opiniões apresentadas, com vista a realizar bem todos os trabalhos necessários para a conquista do título de “Cidade Quanto à questão de andamento apontado no ter- da Gastronomia”. A opinião de que a Dietética Chinesa ceiro ponto da interpelação, em termos da construção de integra a gastronomia característica e enriquece a cultura instalações hardware, desde 2015, têm sido acelerados o gastronómica de Macau será estudada cuidadosamente pela estabelecimento da plataforma de serviços públicos, com Comissão de Trabalho, acima referida, que fará o acompa- a área total de 120 mil metros quadrados, englobando a nhamento adequado deste assunto. planta piloto GMP, o edifício de investigação e inspecção e o edifício da sede de investigação científica, entre outros, e 28 de Abril de 2017. os trabalhos de planeamento e concepção da zona de incu- bação para a exploração geral, que ocupa cerca de 128 mil Presidente do Conselho de Administração, Lu Hong. metros quadrados, com a conclusão e a disponibilidade de uso previstas para entre a segunda metade de 2017 e o ano ______de 2018. Mediante a construção da plataforma de serviços públicos, acima apresentada, serão criadas condições bási- cas para a instalação de empresas e instituições de pesquisa, 101. Resposta escrita do Governo, respeitante à interpe- juntamente com os seus projectos, e ser-lhes-á proporcio- lação, apresentada pelo Deputado Zheng Anting, datada de nado grande apoio no crescimento da capacidade produtiva 9 de Março de 2017, e o respectivo Despacho n.º 610/V/2017. e no melhoramento das tecnologias, assim como no re- -desenvolvirnento dos produtos e na expansão do mercado DESPACHO N.º 610/V/2017 alvo. Além disso, está a ser reforçada a cooperação entre o Parque e os laboratórios-chave. Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a No que toca ao andamento dos trabalhos como a ex- os redacção dada pelas Resoluções n. 2/2007 e 3/2009, envia- pansão do registo internacional e do comércio de serviços -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita tendo um a dois Países de Língua Portuguesa como pontos do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- de acesso, o Parque, através do Centro de Intercâmbio e tado pelo Deputado Zheng Anting em 9 de Março de 2017. Cooperação Internacional, já estabeleceu parceria com o Ministério da Saúde de Moçambique, a Direcção-Geral de 22 de Maio de 2017. Alimentação e Veterinária de Portugal e a Associação Por- tuguesa de Suplementos Alimentares. Ao mesmo tempo, O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. já foram seleccionados produtos de empresas residentes do Parque e foram, de facto, iniciados trabalhos preparatórios ------do registo internacional, mediante a plataforma de espe- cialistas criada pelo Parque, a qual serve como base para a (Tradução) exploração do mercado internacional por parte das mesmas empresas, Outrossim, o Parque tem intensificado esforços Resposta à interpelação escrita apresentada pelo na introdução de investimentos, bem como na instalação de Deputado à Assembleia Legislativa, projectos qualificados. O Governo da RAEM compromete- Zheng Anting -se a promover e a aperfeiçoar ininterruptamente os traba- lhos, para além de cooperar com os serviços públicos com- Em cumprimento das instruções do Chefe do Execu- petentes do Interior da China no sentido de impulsionar, tivo, após consulta à Direcção dos Serviços de Economia, em conjunto, o andamento dos trabalhos do Parque. apresento a seguinte resposta à interpelação escrita, em 09.03.2017, do Sr. Deputado Zheng Anting, enviada a co- Em relação à Dietética Chinesa e ao pedido de inclusão berto do ofício n.º 204/E162/V/GPAL/2017, de 10.03.2017, na rede de cidades criativas da UNESCO como Cidade da da Assembleia Legislativa. Gastronomia, a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) informa que, desde 2015, tem estudado e preparado os A “Internet+” é uma nova tendência do desenvolvimen- trabalhos de declaração e inscrição, tendo constituído pos- to da indústria de conjugação entre comércio electrónico e teriormente a Comissão de Trabalho para a Candidatura actividades comerciais tradicionais; o modelo de comércio de Macau, China à Rede de Cidades Criativas da UNES- de conjugação com a “internet” passa a ser um elemento CO, onde o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura relevante em termos de promoção da indústria e do desen- assume o cargo de presidente, sendo os outros membros volvimento da inovação das empresas. Em 2016, o Governo representantes de diversos serviços governamentais, insti- Central apresentou uma série de políticas para favorecer tuições académicas, associações de operadores do sector de Macau, entre as quais constam a prestação de apoio às mi- N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 303 cro, pequenas e médias empresas e aos jovens no âmbito da mentos electrónicos nos contactos “on-line” e “off-line”; por utilização das oportunidades de desenvolvimento da “inter- outro, dará novo impulso ao consumo na zona e serão trans- net+”, o fortalecimento dos contactos “online” e “off-line”, feridos os turistas das zonas populares para outras zonas a promoção do desenvolvimento coordenado das operações vizinhas, através do aproveitamento do grande volume de das empresas electrónicas com a economia real, que consti- dados das instituições chinesas de pagamentos electrónicos tuem vantagens a nível de políticas e de apoios importantes de grande dimensão, bem como das tecnologias de orien- para o futuro desenvolvimento do comércio electrónico de tação para o consumo. Paralelamente, serão fomentadas, Macau. atempada e gradualmente, as actividades da zona comercial para outras zonas de Macau. Efectivamente, o Governo da RAEM tem prestado atenção ao desenvolvimento do comércio electrónico. No Com vista a melhor incrementar o poder global das mi- Plano Quinquenal de Desenvolvimento da RAEM (2016- cro, pequenas e médias empresas e jovens empreendedores, 2020), publicado em 2016, afirmou-se expressamente que “a no âmbito do comércio electrónico, o grupo de trabalho promoção do comércio electrónico e o aumento da capaci- referido efectuou grande volume de trabalho. Por exemplo, dade da concorrência das pequenas e médias empresas” são foram organizadas constantemente várias conferências objectivos das políticas. Com vista a concretizar as políticas temáticas sobre o comércio electrónico para aprofundar do Governo Central favoráveis a Macau e acompanhar os os conhecimentos das empresas locais sobre pagamentos conteúdos sobre comércio electrónico constantes no Plano electrónicos, logística transfronteiriça e promoção “on-line”. Quinquenal de Desenvolvimento, o “grupo de trabalho Em Fevereiro de 2017, a Direcção dos Serviços de Econo- interdepartamental para a promoção do comércio elec- mia organizou, em colaboração com a famosa plataforma trónico”, constituído pela AMCM, Direcção dos Serviços chinesa de comércio electrónico, um , estimulando a integração das dos — Macau EDI VAN, S.A., continuará a impulsionar o empresas e dos jovens nas tendências de desenvolvimento desenvolvimento acelerado do comércio electrónico de Ma- da era da “internet” e no reforço das capacidades de utili- cau e a aumentar a capacidade da concorrência do desen- zação prática dos formandos. Tendo em conta às inscrições volvimento económico de Macau, através do programa de entusiásticas do primeiro curso, no futuro serão organiza- trabalhos concretos sobre a popularização dos instrumentos das mais formações deste tipo para enriquecer talentos lo- de pagamento electrónico e a prestação de apoio às micro, cais em comércio electrónico que poderão ajudar as micro, pequenas e médias empresas no desenvolvimento do comér- pequenas e médias empresas na realização de operações cio electrónico. com o comércio electrónico. Com o objectivo de elevar os conhecimentos das pequenas e médias empresas sobre os Com a finalidade de estimular a aceitação dos instru- serviços de pagamento fornecidos pelas instituições finan- mentos de pagamento electrónico pelas micro, pequenas e ceiras de Macau e as condições básicas necessárias para o médias empresas, bem como de promover os contactos “on- desenvolvimento do comércio electrónico, em Março de -line” e “off-line”, a Direcção dos Serviços de Economia 2016, o referido grupo de trabalho organizou uma sessão apoiou as respectivas associações comerciais das zonas de intercâmbio sobre os serviços de pagamentos utilizáveis e o “Macau Pass” na criação, em Dezembro de 2016, da em comércio electrónico. Foi convidado o sector financeiro primeira zona comercial com pagamentos electrónicos, para apresentar os respectivos serviços e informações às pe- denominada “Avenida Azul” (Rua de S. Domingos, Rua quenas e médias empresas, jovens e respectivas associações da Felicidade, Largo do Senado e Avenida do Conselheiro comerciais. A AMCM organizará, em 2017, uma sessão de Ferreira de Almeida). Nas empresas participantes foram intercâmbio deste tipo para fomentar o ambiente de acei- instalados “POS” sem quaisquer custos e dispensado o tação em Macau do desenvolvimento dos instrumentos de prémio do primeiro ano, permitindo assim a expansão do pagamentos electrónicos. âmbito da utilização dos instrumentos de pagamentos elec- trónicos, tais como o “Alipay” e o “Macau Pass”, ou seja, os Relativamente à questão colocada no ponto 2 da inter- turistas do Continente podem utilizar o “Alipay”, enquanto pelação escrita, o Governo da RAEM tem prestado estreita os cidadãos de Macau podem utilizar o “Macau Pass” nos atenção ao desenvolvimento das actividades financeiras de pagamentos a efectuar aos estabelecimentos comerciais que Macau, estando aberto às opiniões e sugestões favoráveis operam fisicamente em Macau (com existência física em ao desenvolvimento do sector financeiro. No que toca ao Macau). desenvolvimento das actividades de pagamento, não existe, no âmbito das disposições legais vigentes, obstáculo à apre- A Direcção dos Serviços de Economia, por um lado, sentação de pedidos pelas actuais instituições financeiras avaliará as experiências da zona comercial com pagamentos e instituições que pretendam desenvolver as respectivas electrónicos, continuará a apoiar actividades de promoção actividades em Macau. De facto, várias instituições finan- dos pagamentos electrónicos com características próprias, ceiras locais estão a proporcionar serviços de aceitação dos organizadas pelas associações comerciais das zonas e pres- instrumentos de pagamento electrónico “on-line” e “off- tará assistência às empresas locais na promoção dos paga- -line” às pequenas e médias empresas. Para além do cartão 304 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 de débito/ crédito e do “Prepaid card”, as actividades de pa- cooperação com as instituições de pagamento exteriores (tais gamento por telemóvel também têm sido desenvolvidas de como “Alipay” e “Paypal”), para que os cidadãos de Macau forma acelerada nos últimos anos. Na sequência da emissão passem, para além da utilização de cartão de débito/ crédito do “SIM card” com função de “Prepaid” pelas instituições emitido pelos bancos de Macau, a efectuar pagamentos por financeiras de Macau e pelos operadoras de serviços de tele- instrumentos de pagamento emitidos pelo “Macau Pass”, comunicações em 2015, com a finalidade de desenvolver os através do sistema das instituições de pagamentos exteriores modelos de pagamento por telemóvel em Macau, em Agos- nas compras feitas às empresas electrónicas exteriores. O to de 2016 uma instituição financeira foi autorizada a emitir Governo da RAEM prestará assistência e apoio adequados o cartão de crédito com a função “Host Card Emulation”, para que os respectivos trabalhos possam ser promovidos e serviço este que permite que os cidadãos de Macau utilizem concretizados de forma estável e gradual. telefones inteligentes (smart phone) com o sistema “An- droid” e a função “NFC” para efectuar pagamentos sem Autoridade Monetária de Macau contacto através de “POS” que aceitam “Visa Pay Wave” e “QuickPass” da “UnionPay”. Em Janeiro de 2017, algumas Pel’O Conselho de Administração instituições foram autorizadas a prestar serviços de paga- Anselmo Teng mento “QR code”, através de telemóveis para utilizadores de telefones inteligentes, com sistemas “iOS” e “Android”. Presidente Para além disso, a AMCM encontra-se a apreciar eventual autorização a outra instituição financeira sobre a prestação Aos 10 de Abril de 2017 de serviços de pagamento “QR code” deste género, forne- cendo quatro tipos de serviços de pagamento à escolha dos cidadãos de Macau, após finalizar a apreciação. ______

Paralelamente, no que respeita ao requerimento para li- cença do exercício de actividades de pagamentos, a AMCM procedeu de imediato a trabalhos de acompanhamento, 102. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- após recepção do requerimento. Por exemplo, em 2016, foi pelação, apresentada pelo Deputado José Maria Pereira apresentado um requerimento para licença por uma institui- Coutinho, datada de 16 de Março de 2017, e o respectivo ção de pagamento, tendo sido concluídas a sua apreciação e Despacho n.º 611/V/2017. autorização. Em 11 de Julho de 2016, foi publicada no Bo- letim Oficial a Ordem Executiva n.º 36/2016, autorizando a DESPACHO N.º 611/V/2017 constituição e o funcionamento da referida instituição, que se encontra em face preparatória de início das suas activi- Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- dades. A AMCM continuará constantemente a aperfeiçoar cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a o processo de apreciação e autorização, criando condições redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- mais favoráveis para o estabelecimento e o desenvolvimen- -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita to de actividades de pagamento por terceiros em Macau, do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- com o objectivo de coadunar com o Governo da RAEM a tado pelo Deputado José Maria Pereira Coutinho em 16 de concretização das políticas sobre a matéria de promoção do Março de 2017. desenvolvimento da “internet+” e do comércio electrónico. 23 de Maio de 2017. No que se refere à questão da interligação dos pagamen- tos com a “internet” da China, a AMCM continuará a en- O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. corajar as instituições financeiras de Macau, nas consultas de casos exteriores com sucesso ou através da cooperação ------com as instituições de pagamento exteriores, para desenvol- ver ou introduzir novos produtos e serviços de pagamentos (Tradução) para coadunar com as necessidades do desenvolvimento do mercado de Macau, ou proceder ao “upgrade” dos actuais Resposta à interpelação escrita apresentada pelo Deputado “POS”, permitindo que, por um lado, mais serviços ou pro- à Assembleia Legislativa, José Maria Pereira Coutinho dutos de pagamentos possam ser utilizados em Macau e as pequenas e médias empresas de Macau passem a aceitar Em cumprimento das instruções do Chefe do Executivo mais instrumentos de pagamento e, por outro, que as activi- e ouvido o parecer da Direcção dos Serviços de Educação dades turísticas, retalhistas e de comércio electrónico pos- e Juventude e do Gabinete de Apoio ao Ensino Superior, sam ser melhor desenvolvidas. apresento a seguinte resposta à interpelação escrita apre- sentada pelo Sr. Deputado José Maria Pereira Coutinho, de Segundo informações, “Macau Pass” encontra-se 16 de Março de 2017, enviada a coberto do ofício n.º 234/ neste momento a efectuar estudos sobre a viabilidade da /E186/V/GPAL/2017 da Assembleia Legislativa e recebida N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 305 pelo Gabinete do Chefe do Executivo em 23 de Março de respectivas convenções internacionais, assegurando de for- 2017: ma clara os direitos e interesses dos residentes de Macau.

1. O Governo da RAEM tem-se empenhado em garan- 3. O Governo da RAEM tem dado especial atenção à tir os direitos, interesses e a igualdade de oportunidades promoção de acções de sensibilização e educação sobre a dos residentes, cujos trabalhos são executados conforme a «Lei Básica de Macau» junto das instituições de ensino su- lei pelos diversos serviços e entidades. Como por exemplo, a perior e não superior, para aprofundar o conhecimento dos Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), alunos sobre esta Lei. sendo um serviço funcional da área de inspecção do traba- lho, tem competência para assegurar e proteger, conforme No âmbito do ensino superior, de acordo coma lei vi- a lei, os direitos e interesses legítimos dos trabalhadores, gente do ensino superior, as instituições de ensino em Ma- incluindo garantir a igualdade de tratamento no emprego cau gozam, nos termos da lei, de autonomia pedagógica e para os trabalhadores de ambos os sexos e sem descrimina- criação curricular. As instituições de ensino elaboram os ção. Os trabalhadores podem apresentar queixas à DSAL planos de estudos e os programas curriculares de acordo se forem alvo de tratamento injusto e irrazoável, que irá com o objectivo e as necessidades de curso, e as instituições acompanhar e proceder à investigação nos termos legais. de ensino superior de Macau têm prestado grande atenção O Instituto de Acção Social (IAS) também se esforça em à formação de alunos na área jurídica, e atendendo às ne- proteger os direitos dos menores, idosos e deficientes e asse- cessidades, é incluída nos planos de estudos matéria sobre gurar o respeito pela sua dignidade. A constituição do Con- a «Lei Básica de Macau», fazendo parte da disciplina obri- selho para os Assuntos das Mulheres e Crianças, da Comis- gatória ou optativa. Actualmente, além da Universidade de são para os Assuntos de Reabilitação e da Comissão para Macau e da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau os Assuntos do Cidadão Sénior tem por objectivo apoiar o que dispõem de faculdade de direito para preparar pessoal Governo da Região Administrativa Especial de Macau na qualificado nesta área, para o Instituto Politécnico de Ma- concepção, implementação, coordenação e monitorização cau, a Escola Superior das Forças de Segurança de Macau, a de políticas governativas relativas aos direitos das mulheres Universidade da Cidade de Macau, e a Universidade de São e crianças, dos idosos e dos deficientes, promovendo a sua José, a «Lei Básica de Macau» é uma disciplina obrigatória integração social. ou optativa de ensino geral de alguns cursos de licenciatu- ra, e foram ainda criadas em alguns destas instituições de Deste modo, os direitos, interesses e a igualdade dos ensino unidade académica de investigação para promover residentes estão garantidos legalmente pelo Governo da estudos na respectiva área por parte do pessoal docente e RAEM através dos respectivos serviços de diferentes áreas. de investigação. Não há, actualmente plano para a criação de um serviço especializado, poderá o Governo considerar a referida Além disso, nos últimos anos, o Gabinete de Apoio ao opinião em momento oportuno em função do princípio de Ensino Superior tem promovido o “Financiamento dos Pro- racionalização de quadros e simplificação administrativa. jectos Especiais” através do “Plano de Apoio Financeiro para Actividades Estudantis das Instituições de Ensino su- 2. O Comissariado contra a Corrupção, criado ao abri- perior”, e o “conhecimento e divulgação jurídica” é uma das go do artigo 59.º da Lei Básica de Macau, para além de exer- áreas abrangida pelo referido projecto de financiamento. O cer as funções no âmbito de combate à corrupção, também “Financiamento dos Projectos Especiais” visa incentivar as exerce as funções na área de acompanhamento das queixas associações de estudantes do ensino superior, as associa- contra irregularidade administrativa. Esses trabalhos são ções cívicas, e os estudantes do ensino superior que prosse- efectuados através de acções de investigação e averiguação, guem os estudos em Macau ou no exterior a organizarem as para, corrigir actos ilícitos e irregularidade administrativa actividades desta área, promover junto dos alunos do ensino dos serviços, prevenir o abuso de poderes, eliminar os fac- superior o conhecimento da «Lei Básica de Macau», e sen- tores (mau funcionamento e mau sistema) que conduzem sibilizando-os para conhecerem, mais profundamente, o sis- a actos de corrupção, defendendo os direitos, liberdades, tema político, as respectivas leis e regulamentos de Macau garantias e interesses legítimos das pessoas, assegurando, bem como os direitos fundamentais e as garantias, previstos a legalidade no exercício dos poderes públicos, bem como na «Lei Básica de Macau». a justiça e a eficácia da administração pública. Ao mesmo tempo, o Comissariado contra a Corrupção também atribui 4. No domínio do ensino não superior, prevê-se, expres- grande importância às acções de sensibilização, e realiza samente, nos princípios gerais da liberdade de aprender e acções de sensibilização, através de diversos meios, junto da ensinar da «Lei de Bases do Sistema Educativo Não Supe- população e dos trabalhadores públicos no sentido de incu- rior» que, todas as pessoas, independentemente da nacio- tir valores como a integridade e o cumprimento da lei, para nalidade, ascendência, raça, sexo, idade, língua, religião, reforçar o conhecimento jurídico. convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação eco- nómica ou condição social, têm direito à educação, nos ter- Isso demonstra que o Governo da RAEM respeita ple- mos legais, o que se consubstancia plenamente o princípio e namente e aplica estritamente a «Lei Básica de Macau» e o espírito consagrados no artigo 25.º da «Lei Básica de Ma- 306 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 cau». A DSEJ, ao longo dos anos, através dos meios como cer bem a actual situação de desenvolvimento do País e de escolas, docentes e comunidades, tem promovidos trabalhos Macau, para que possam melhor desenvolver os trabalhos de educação e de divulgação do sistema jurídico dirigidos de educação do amor pela Pátria e por Macau junto dos a jovens e alunos, tendo-se esforçado em cultivar, junto dos alunos, a DSEJ organizou anualmente uma série de acções alunos, o amor pela Pátria e por Macau, bem como boas de formação, como por exemplo: “Plano de estudo sobre a qualidades morais e o sentido de observância da disciplina moralidade e cidadãos — Lei Básica para os docentes” e a e cumprimento da lei, os quais constituem os objectivos realização da “Palestra temática sobre o estudo da situação gerais estabelecidos na «Lei de Bases do Sistema Educativo da Região para os docentes” no âmbito do “Plano de forma- Não Superior». ção para os docentes sobre a situação actual do País”, que teve a participação de 224 docentes em 2016 nestas acções Em relação ao ensino escolar, para concretizar as res- de formação. pectivas disposições da «Lei de Bases do Sistema Educativo Não Superior», foram definidos pela DSEJ, foi estabelecido No domínio da educação comunitária e juvenil, a o quadro da organização curricular de cada nível de ensino DSEJ, em colaboração com os orientadores de estudantes, e as exigências das competências académicas básicas que os escolas, famílias e comunidades, desenvolveram actividades alunos devem atingir, estando indicado expressamente nas temáticas relacionadas com educação sexual, educação de “exigências das competências académicas básicas da Educa- sexos, construção de atitudes positivas, preocupação com ção Moral e Cívica” que os alunos devem inteirar-se dos con- o desenvolvimento social e individual e promoção e divul- ceitos e conhecimentos jurídicos da «Lei Básica de Macau», gação do direito das crianças, entre outros. No ano lectivo incluindo conhecer os direitos e deveres fundamentais dos de 2015/2016, foram realizadas mais de 10 mil actividades residentes estabelecidos no Capítulo III. As escolas do regi- desta natureza, contando com a participação de mais de 330 me escolar local, incluindo as escolas oficiais, devem planear mil docentes e alunos. e organizar cursos que abordam os respectivos conteúdos pe- dagógicos, de acordo com quadro da organização curricular Por outro lado, a DSEJ, em colaboração com os servi- e as exigências das competências académicas básicas. ços e organismos, realiza actividades de divulgação jurídi- ca, como por exemplo, organiza, anualmente, em conjunto Ao mesmo tempo, a DSEJ elaborou, com base nas com a Associação de Divulgação da Lei Básica de Macau, “Exigências das competências académicas básicas de edu- a Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça (DSAJ), o cação moral e cívica” dos diversos níveis de ensino, os ma- Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, uma série teriais didácticos de “educação moral e educação cívica” de actividades para comemorar o aniversário da promulga- do ensino primário ao ensino secundário complementar. ção da «Lei Básica, da Região Administrativa», incluindo, Os conteúdos programáticos para a educação jurídica são entre outros, jogos de perguntas e respostas sobre a Lei organizados de forma adequada atendendo às necessidades Básica e conhecimento jurídico, seminário temático sobre dos diversos níveis de ensino. Temas de estudos relaciona- a Lei Básica, concurso escolar de divulgação da Lei Básica, dos com a «Lei Básica de Macau» compreendem: estado entre outros. Até Março do corrente ano, já foram realiza- de direito e liberdade, direitos e deveres, interpretação da das 5 actividades deste género, contando com a participação «Lei Básica de Macau», compreensão do regime jurídico de cerca de 11.000 pessoas/vezes. Em 2015, pela primeira de Macau, conceito de estado de direito, responsabilidade vez, em colaboração com a DSAJ, a DSEJ organizou uma social, participação política, entre outros. No ano lectivo de série de jornadas relacionadas com a divulgação jurídica, 2016/2017, no ensino primário 70% das escolas utilizaram o antes da realização de jogos de perguntas e respostas sobre material didáctico e no ensino secundário mais de metade a Lei Básica e o conhecimento jurídico, proporcionando, de escolas utilizou o material. assim, oportunidades de comunicação interactiva entre os especialistas jurídicos e os participantes presentes; em 2016, No âmbito da formação para docentes, a DSEJ convi- a DSEJ, pela primeira vez, através da plataforma do grupo dou especialistas e académicos para participar no “Seminá- interdepartamental de acompanhamento de “políticas ju- rio sobre as linhas de acção governativa no âmbito do ensi- venis”, organizou conjuntamente com a DSAJ, a DSAL, o no não superior e a herança da cultura chinesa” realizado Corpo de Polícia de Segurança Pública, a Polícia Judiciária, nas diversas escolas, com vista a promover, junto do pessoal o Instituto Cultural de Macau e o Instituto de Acção Social, docente, um melhor conhecimento doas referidos materiais, o “Novo Espaço para a Generalização do Direito” — Mês sendo um dos 4 temas abordados a “Lei Básica e educação de divulgação jurídica destinada a jovens. Na totalidade, fo- sobre a situação actual do País”. Entre Dezembro de 2015 e ram organizadas 15 actividades de divulgação jurídica, que Abril de 2017, essas actividades que percorreram 33 escolas atraíram mais de 24.000,00 pessoas/vezes. particulares, contou com a participação de um total de 3.704 docentes. No futuro, a DSEJ, recorrendo a meios diversificados e diversas medidas, irá continuar a promover a divulgação Além disso, com vista a aprofundar os conhecimen- jurídica e educação dos jovens, com vista a aprofundar o tos dos docentes sobre a «Lei Básica de Macau», elevar a conhecimento dos jovens e alunos sobre o regime jurídico consciência sobre a situação do País e da Região, e conhe- de Macau, incluindo a «Lei Básica» e sensibilizar-lhes para N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 307 conhecer mais aprofundadamente a importância de tra- educação e família, promovendo a sua integração social e tamento igual entre as pessoas, contribuindo assim para a desenvolvimento das suas potencialidades. criação nas escolas, comunidade e sociedade de Macau, um ambiente social de igualdade e respeito, auxílio recíproco e Cooperação mútua entre os serviços, atenção conjunta respeito pela disciplina e lei. ao tratamento precoce das crianças

Aos 28 de Abril de 2017. Considera-se que entre os 0 e os 6 anos de idade ocorre A Directora dos SAFP, substituta, Joana Maria Noronha. um período de ouro no desenvolvimento das crianças de tenra de idade, pelo que o governo da RAEM presta muita Tradutora: Wen Sok Man. atenção aos trabalhos de tratamento precoce das crianças com necessidades educativas especiais. A Direcção dos Letrada: Fernanda da Almeida Ferreira. Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) tem mantido uma boa cooperação interdepartamental com os Serviços de Saúde (SS) e o Instituto de Acção Social (IAS) e, em ______Junho de 2016, foi criado o Centro de Avaliação Conjunta Pediátrica, visando prestar serviços de avaliação de nature- za integral (one stop), interdepartamental e multidisciplinar 103. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- às crianças locais suspeitas de possuírem transtornos de de- pelação, apresentada pelo Deputado Leong Veng Chai, senvolvimento, com idades até aos 6 anos, disponibilizando datada de 22 de Março de 2017, e o respectivo Despacho propostas ao respectivo ensino e tratamento; o centro conti- n.º 612/V/2017. nuará a realizar palestras e workshops, destinados a presta- dores dos serviços de tratamento precoce e encarregados de DESPACHO N.º 612/V/2017 educação, dando a conhecer aos encarregados de educação, docentes do ensino especial, terapeutas e pessoal assistente Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- as características de desenvolvimento das crianças quanto à cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a fala, movimento, leitura e escrita e comportamento emocio- redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- nal, prevenindo e identificando precocemente os problemas se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita das crianças, para uma intervenção imediata. do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- tado pelo Deputado Leong Veng Chai em 22 de Março de No ano de 2017, os SS continuaram a recrutar terapeu- 2017. tas para reforçar a oferta dos serviços, sendo que actual- mente existem no total 30 terapeutas ocupacionais e 6 tera- 23 de Maio de 2017. peutas da fala a prestarem serviços. Além disso apostaram em recursos como o aumento gradual do número de esta- O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. belecimentos, instalações e equipamentos de tratamento precoce na infância, recrutamento de profissionais e criação ------de serviços de consulta externa de treino de reabilitação, entre outros. Além disso, os SS planeiam ainda construir (Tradução) um mecanismo de coordenação e distribuição de recursos relacionados com tratamento precoce na infância, integran- Resposta à interpelação escrita apresentada pelo Deputado do e utilizando ordenadamente os recursos de tratamento à Assembleia Legislativa, Leong Veng Chai precoce para melhorarem os vários trabalhos de tratamento precoce. Em cumprimento das instruções do Chefe do Exe- cutivo, e tendo em consideração o parecer do Instituto de Acção Social e dos Serviços de Saúde, apresento a seguinte Promoção do desenvolvimento do ensino especial, resposta à interpelação escrita do Sr. Deputado Leong Veng aperfeiçoamento dos equipamentos e instalações Chai, de 22 de Março de 2017, enviada a coberto do ofício n.º 265/E211/V/GPAL/2017 da Assembleia Legislativa de A DSEJ tem atribuído grande atenção às carências dos 3 de Abril de 2017 e recebida pelo Gabinete do Chefe do alunos com necessidades educativas especiais pelo que tem Executivo em 5 de Abril de 2017: investido, ao longo dos anos, em diferentes recursos, de forma positiva, para melhorar os equipamentos e instala- O governo da RAEM preste atenção às crianças com ções do ensino especial, bem como para apoiar as escolas e necessidades especiais, valoriza a respectiva educação, cui- instituições, em vários aspectos, de forma a fornecerem um dado e tratamento. Os serviços competentes cooperam para ensino e serviços de treino adequados de acordo com a situ- realizar a avaliação conjunta destinada às crianças, e adop- ação individual, capacidade e necessidade de aprendizagem tam as medidas correspondentes às suas funções, de modo dos alunos, promovendo assim o desenvolvimento do ensino a fornecer o apoio adequado às crianças, encarregados de especial. 308 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Em relação às instalações do ensino especial, actu- quência de cursos de Educação por alunos excelentes”, com almente, há 5 escolas oficiais, 6 escolas particulares e 5 bolsas especiais, bolsas de mérito e bolsas-empréstimo do instituições subsidiadas que possuem estabelecimentos de- plano “Bolsas de Estudo para o Ensino Superior” e atra- dicados às terapias ou treinos, incluindo 15 salas de terapia vés do “plano de pagamento dos juros ao crédito para os ocupacional e de fisioterapia, 13 salas de terapia e treino da estudos”. Alguns desses planos exigem aos beneficiários o fala, 6 salas de integração sensorial, 2 salas multissensoriais exercício da sua actividade profissional em Macau, por um (uma delas apetrechada com equipamentos de integração determinado período, logo após a conclusão de estudo. Me- sensorial), 1 sala de terapias globais que abrange as finali- diante esses planos, pretende-se preparar mais talentos pro- dades de terapia ocupacional e de fisioterapia, bem como 1 fissionais para satisfazer a procura por parte dos alunos com sala de terapias multifuncionais com equipamentos de inte- necessidades educativas especiais de Macau. No ano lectivo gração sensorial, a fim de fornecer um serviço global para de 2016/2017, 172 alunos beneficiários das bolsas de estudo os alunos com necessidades educativas especiais. encontravam-se a estudar em cursos do ensino superior nas áreas de fisioterapia, terapia ocupacional, terapia da fala e Para uma melhoria contínua das condições das esco- ensino especial. las que ministram o ensino especial e educação inclusiva, define-se, na candidatura ao subsídio do “Plano de Desen- Para responder às necessidades sociais cada vez mais volvimento das Escolas” do Fundo de Desenvolvimento prementes sobre o ensino especial, após várias colaborações Educativo, o “ensino especial” como um projecto prioritá- entre da DSEJ com o IAS, os SS e o Instituto Politécnico rio de desenvolvimento, incentivando as escolas, de acordo de Macau (IPM), será criado o curso de licenciatura em com as necessidades da educação inclusiva ou do ensino Ciências de Terapia da Fala e da Linguagem no ano lectivo especial, a realizar as obras de adaptação adequadas ou de 2017/2018, pelo IPM, a fim de formar os profissionais de adquirir os respectivos equipamentos. Os respectivos sub- terapia da fala locais que dominam cantonês e mandarim, sídios incluem: construção de instalações de apoio pedagó- de modo a satisfazer a procura de Macau nesta área. De gico, remodelação ou criação de instalações sem barreiras, acordo com as necessidades de desenvolvimento, no futuro, aquisição de instrumentos acessórios de aprendizagem (por será estudada a criação de mais cursos de terapeutas no exemplo: máquinas de escrever em braille, computadores, âmbito do ensino superior, tais como a terapia ocupacional, transmissores de frequência modulada, amplificadores de fisioterapia, entre outros. Paralelamente, a DSEJ realiza ondas curtas, lupas, gravadores de som, projectores, entre palestras para os alunos que vão frequentar os cursos do outros), despesas e materiais relacionados com a realização ensino superior, reforçando assim o seu conhecimento sobre das actividades de divulgação da escola integral, destinadas o futuro do sector de terapeutas de Macau, de modo a pres- aos alunos, docentes e encarregados de educação. tar mais informações de referência para os alunos enquanto escolhem as áreas de especialização. Através das medidas Para elevar o desempenho dos alunos na aprendizagem referidas, pretende-se resolver, gradualmente, a situação da e na adaptação quotidiana, as escolas oficiais da DSEJ e escassez do pessoal profissional de terapia no território. escolas particulares do ensino especial disponibilizam uma equipa do ensino especial na escola, que inclui: pessoal de Reforço do apoio aos alunos e encarregados de educa- aconselhamento psicológico e pessoal com habilitações ção relevantes académicas e conhecimentos profissionais de terapia ocupa- cional, da fala ou de fisioterapia, de modo a fornecer o res- No intuito de reforçar o apoio aos encarregados de edu- pectivo aconselhamento, terapia ou treino aos alunos com cação dos alunos com necessidades educativas especiais, e necessidades; em relação aos alunos das escolas particulares criar condições favoráveis à aprendizagem e crescimento da educação regular, a DSEJ fornece, aos alunos com ne- desses alunos, a partir do ano lectivo de 2014/2015, a DSEJ cessidades de terapia ocupacional, da fala ou de fisioterapia, começou a fornecer, através do subsídio às escolas ou as- recomendações para propostas de treino, colaborando com sociações de serviços de reabilitação, o almoço saudável, a aprendizagem, e transfere os alunos com necessidades de serviço de transporte de ida e volta da escola e serviço de treino para escolas ou instituições de serviços de reabilita- apoio nos tempos livres e nas férias aos alunos do ensino ção/aconselhamento, subsidiadas pela DSEJ, e que possuem especial. Entre estes, o serviço de apoio nos tempos livres e pessoal especializado para que possam receber o devido nas férias visa, principalmente, mediante o subsídio, incen- acompanhamento. tivar as escolas ou associações do serviço de reabilitação a fornecerem a esses alunos, o ensino e cuidados adequados, Promoção de formação de talentos profissionais em realizando ou organizando actividades culturais, recreativas vários aspectos e desportivas que promovem a relação familiar, bem como fornecer educação parental aos encarregados de educação; Quanto à formação de talentos, ao longo dos anos, a no ano lectivo de 2015/2016, foi acrescentado o projecto DSEJ tem apoiado e incentivado os alunos a prosseguirem subsidiado “pequeno-almoço saudável”, a fim de reduzir os seus estudos nos cursos do ensino superior das áreas de a pressão sobre os encarregados de educação dos alunos fisioterapia, terapia ocupacional, terapia da fala e ensino com necessidades educativas especiais; no ano lectivo de especial, através do “Plano de financiamento para a fre- 2016/2017, a DSEJ investiu cerca de 7,2 milhões de patacas N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 309 no fornecimento das refeições saudáveis de pequeno-almo- Actualmente, a respeito dos residentes permanentes da ço e almoço, serviço de transporte de ida e volta da escola RAEM que são portadores do “Cartão de Registo de Ava- e serviço de apoio nos tempos livres e nas férias. Além dis- liação de Deficiência” ou que foram avaliados como tendo so, a partir do ano lectivo de 2010/2011, a DSEJ começou condições para lhes serem emitidos os respectivos cartões, a realizar palestras temáticas e formações destinadas aos incluindo as crianças deficientes a quem é atribuído o subsí- encarregados de educação, para que os mesmos conheçam dio de invalidez, é de referir que em 2016 foram atribuídos as necessidades dos seus educandos e aprendam as técnicas o subsídio de invalidez normal e o subsídio de invalidez es- de disciplina, a fim de promover o crescimento saudável dos pecial, nos valores de MOP8.000 e MOP16.000, respectiva- educandos. No ano de 2016, foram realizadas um total de mente. Além disso, o IAS, através do Regulamento Admi- 6 palestras destinadas aos encarregados de educação, que nistrativo n.º 6/2007 que estabelece o “Regime do subsídio contaram com 160 participantes. a atribuir a indivíduos e a agregados familiares em situação de carência económica”, atribui subsídios a indivíduos ou No futuro, a DSEJ criará, continuamente, um ambiente agregados familiares. Acresce ainda que, actualmente, o va- e condições favoráveis à aprendizagem dos alunos com ne- lor do risco social previsto para o agregado familiar de uma cessidades educativas especiais, para garantir que possam pessoa é de MOP4.050. Entretanto, tendo em consideração receber o apoio e ajuda adequados durante o seu estudo. as necessidades especiais sentidas pelos agregados familia- res beneficiários do subsídio e com membros deficientes, Apoio em vários aspectos à família com crianças com são-lhes concedidos o subsídio eventual e o apoio de inva- necessidades especiais lidez (MOP600 e MOP800 por mês, respectivamente), por É de referir que o trabalho relativo ao tratamento pre- forma a apoiar os mesmos a adquirirem os utensílios de coce das crianças com necessidades especiais sempre mere- apoio e fazer face às despesas especiais. Ademais, o IAS ce especial atenção do governo da RAEM, pelo que, além coopera com as associações particulares na implementa- do serviço de tratamento profissional, o treino na família ção do “Programa de Integração Social” que consiste em é também um factor muito importante. Sendo a família o encontrar, através de visitas, os três tipos de famílias em primeiro contexto onde estas crianças recebem a educação, situação vulnerável com maiores dificuldades financeiras assim, se os encarregados de educação conseguirem domi- (famílias monoparentais, doentes crónicos ou famílias com nar as características de desenvolvimento das crianças e membros deficientes) e de prestar àqueles que reúnem as treiná-las no seio familiar, pode-se melhorar a relação entre condições exigidas pelo respectivo Programa, o subsídio es- pais e filhos, por um lado, e aumentar a capacidade dessas pecial para a manutenção de vida, concedido duas vezes ao crianças, por outro. O IAS já lançou um projecto de apoio ano, com vista a aliviar a pressão sentida na vida por esse financeiro, com vista a assistir os encarregados de educa- grupo. Acresce ainda que o valor desse subsídio compreen- ção com crianças dotadas de necessidades especiais, o qual dido entre $2.450 e $9.400, é variável consoante o número consiste na concessão de apoio financeiro a três instituições de elementos que compõem o agregado familiar, isto é, de 1 de serviços de tratamento precoce para que as mesmas or- a 8 pessoas. Em 2016, um total de 4.309 famílias beneficiou ganizem actividades educativas e de apoio aos respectivos do subsídio especial para a manutenção de vida, envolvendo encarregados de educação e cuidadores. um total superior a trinta e dois milhões.

Actualmente os equipamentos de serviços de tratamen- Além disso, o IAS tem envidado esforços no sentido de to precoce que recebem apoio financeiro e técnico do IAS apostar na formação dos trabalhadores dos centros de servi- irão, consoante a natureza dos utentes dos serviços, decorar ço de apoio à comunidade e família, tendo em vista um au- o ambiente destinado à formação e colocar os respecti- mento de conhecimentos por parte desses trabalhadores no vos equipamentos. Quanto aos serviços que são prestados tocante às necessidades sentidas pelas famílias com crianças contam-se a terapia ocupacional, a fisioterapia, a terapia da com necessidades especiais e ao crescimento dessas crian- fala, treinos auditivos e de integração sensorial e educação ças, para que mais assistentes sociais profissionais e pessoal especial. A respeito do apoio aos familiares, refere-se que de aconselhamento possam prestar apoios diferenciados às para além de prover os serviços referidos nas instalações famílias. de tratamento precoce, o IAS, através do apoio financeiro e técnico, apoia três equipamentos do serviço de reabi- No futuro, de acordo com as necessidades sentidas pe- litação para que os mesmos criem serviços de apoio aos las crianças com necessidades educativas especiais e suas familiares extensivos a toda a população de Macau, por famílias, o governo da RAEM irá melhorar as respectivas forma a reforçar o apoio aos encarregados de educação políticas e medidas, bem como os equipamentos e insta- com crianças com necessidades especiais, na esperança de lações necessárias e criar um sistema de apoio completo, que, através do intercâmbio de experiência com as pessoas para promover a integração social das crianças, de modo a com um mesmo background, bem como, da realização de desenvolverem as suas potencialidades. palestras/workshops, da utilização de materiais didácticos e da leitura de livros, se possa melhorar os conhecimentos e Aos 24 de Abril de 2017. a capacidade dos respectivos encarregados de educação na prestação de cuidados aos seus filhos. A Directora, Leong Lai. 310 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

104. Resposta escrita do Governo, respeitante à interpe- aprovação para o início da obra de construção e ao ponto de lação, apresentada pelo Deputado Ho Ion Sang, datada de 24 situação em que o edifício se encontra, designadamente em de Março de 2017, e o respectivo Despacho n.º 613/V/2017. termos de início e conclusão da obra de construção, e ainda se a sua construção está em curso. DESPACHO N.º 613/V/2017 3. Apesar das informações constantes na “Rede de Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- Informação Cadastral”, na “Rede de Informação de Frac- cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a ções Autónomas em Construção” e nas “Informações so- redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- bre Terras” estarem correlacionadas, o funcionamento de -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita cada uma manter-se-á independente visto que se dirigem a do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- públicos-alvo diferentes. Em prol da transparência das in- tado pelo Deputado Ho Ion Sang em 24 de Março de 2017. formações cadastrais, no âmbito do mecanismo permanente de cooperação entre a Direcção dos Serviços de Cartografia 23 de Maio de 2017. e Cadastro (DSCC) e a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), foi criada na O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. “Rede de Informação Cadastral” uma ligação que contém informações relativas às fracções autónomas em construção ------e ao despacho de concessão do terreno, acessíveis a todos os interessados. Os cidadãos poderão ainda consultar estas (Tradução) informações mediantes os diferentes meios de pesquisa e ainda ter acesso a estas informações acedendo à respectiva Resposta à interpelação escrita apresentada pelo planta. Sr. Deputado à Assembleia Legislativa, Ho Iong Sang RAEM, aos 10 de Maio de 2017. Em cumprimento das instruções do Chefe do Executivo e tendo em consideração os pareceres da Direcção dos Ser- O Director dos Serviços, Li Canfeng. viços de Cartografia e Cadastro e da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, apresento a seguinte resposta à interpelação escrita apresentada pelo Sr. Deputado Ho Iong ______Sang em 24 de Março de 2017, enviada a coberto do ofício da Assembleia Legislativa n.º 275/E220/V/GPALl2017 de 5 de Abril, e recebida pelo Gabinete do Chefe do Executivo 105. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- em 6 de Abril de 2017: pelação, apresentada pela Deputada Wong Kit Cheng, datada de 24 de Março de 2017, e o respectivo Despa- 1. Para além das informações relativas ao despacho de cho n.º 614/V/2017. concessão do terreno, prazo de aproveitamento, prazo de arrendamento, entre outras, disponíveis na “Rede de In- DESPACHO N.º 614/V/2017 formação Cadastral”, os cidadãos poderão ainda aceder à “Rede de Informação de Fracções Autónomas em Constru- Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- ção” para uma consulta mais exaustiva sobre estes dados. cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- 2. As informações sobre as obras em construção das -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita fracções autónomas do edifício encontram-se disponíveis do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- na “Rede de Informação de Fracções Autónomas em Cons- tado pela Deputada Wong Kit Cheng em 24 de Março de trução”, nomeadamente o número de autorização prévia 2017. e a fase da construção. Nesta plataforma, os cidadãos têm acesso às seguintes informações: “1.a aprovação”, “Em 23 de Maio de 2017. construção até conclusão da obra” e “Licença de utilização emitida”. Além disso, este portal electrónico contém ainda O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. as especificações técnicas relativas à situação jurídica do terreno, o número de pisos do edifício, as diferentes áreas, a ------tipologia das fracções autónomas e o número de lugares de (Tradução) estacionamento.

A população poderá inteirar-se do ponto de situação Resposta à interpelação escrita apresentada pela Deputada dos diferentes tipos de edifícios na RAEM através dos da- à Assembleia Legislativa, Wong Kit Cheng dos elaborados e divulgados periodicamente pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos e pela Direcção dos Em cumprimento das instruções do Chefe do Executi- Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes inerentes à vo, apresento a seguinte resposta à interpelação escrita da N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 311

Sr.a Deputada Wong Kit Cheng, de 24 de Março de 2017, mento aquando do parto e após este de modo assegurar a enviada a coberto do ofício n.º 252/E202/V/GPAL/2017 da obtenção de serviços de cuidados de saúde mais adequados. Assembleia Legislativa de 27 de Março de 2017 e recebida Todas as grávidas podem igualmente recorrer a instituições pelo Gabinete do Chefe do Executivo no 28 de Março de de saúde subsidiadas para a realização de exames pré-natal 2017: ou aos serviços de parto para uma triagem eficaz de utentes, de modo a que as grávidas possam obter serviços adequa- Os residentes de Macau são os destinatários principais dos de cuidados de saúde. dos cuidados de saúde Em 2016, os Serviços de Saúde prestaram serviços de Ao abrigo do disposto no Despacho n.º 98/GM/98 e no exames pré-natal, e os serviços de cuidados de enferma- Regulamento do acesso da população do território de Ma- gem no internamento aquando do parto e após a 87.000 cau aos cuidados de saúde, consagrado no Decreto-lei n.º mulheres grávidas de Macau, das quais 13% das mulheres 24/86/M, 15 de Março, os custos médicos dos cuidados de grávidas não eram residentes de Macau. Relativamente aos saúde diferenciados para os vários grupos de pessoas estão serviços de parto prestados, foram registados 3.700 partos estipulados claramente. Relativamente à taxa de cobrança, no Centro Hospitalar Conde de São Januário, sendo 27% 70% dos encargos são cobrados indivíduos portadores de das puérperas não residentes locais. Conforme dados re- Bilhete de Identidade de Residente da Região Administra- gistados, é evidente que a proporção do uso de serviços de tiva Especial de Macau (RAEM), 100% a indivíduos porta- parto por mulheres grávidas não residentes é maior do que dores de título de identificação de trabalhador não residente a dos demais serviços de consultas externas dos cuidados de e 200% a indivíduos portadores de outros documentos com- serviços diferenciados e dos serviços de urgência. provativos de identificação fora da RAEM. Quanto à cobrança de serviços médicos a mulheres grávidas e puérperas, são gratuitos os serviços de exames Os destinatários principais do sistema de cuidados de pré-natal e de parto quer sejam realizados no Centro Hos- saúde público da RAEM são os residentes locais, garantindo pitalar Conde de São Januário, quer sejam realizados no assim o acesso aos serviços básicos de assistência médica. Hospital Kiang Wu. Ao abrigo dos dispostos no Decreto- Para além do desconto supracitado nas despesas médicas de -lei n.º 24/85/M, de 15 de Março, o Regulamento de acesso cuidados de saúde diferenciados para os residentes locais, os da população do território de Macau aos cuidados de saúde Serviços de Saúde também prestam serviços de cuidados de determina o pagamento no valor de 1.950 patacas por parto saúde primários gratuitos a todos os residentes de Macau, normal (com ou sem episiotomia) e de 3.900 patacas por por outro lado, apoiam financeiramente organismos de saú- cesariana para as grávidas portadoras de outros documen- de sem fins lucrativos permitindo que esses possam prestar tos comprovativos de identificação fora da RAEM, porém serviços gratuitos ou cobrar um valor mais baixo aos respec- a cobrança básica mínima destas operações em instituições tivos utentes. Para além disso, a entidade de saúde pública privadas de saúde de Macau é de 9.000 patacas e 20.000 pa- promove o Programa de Comparticipação nos Cuidados de tacas respectivamente; por sua vez, 40.000 patacas e 93.000 Saúde para os residentes, ou seja, todos os destinatários dos patacas, respectivamente, em Hong Kong, o que quer dizer cuidados de saúde devem ser residentes de Macau. que em comparação com os preços supracitados, o paga- mento estipulado de Macau é evidentemente muito mais De acordo com dados disponibilizados, os destinatá- barato, o que revela que o nível do valor da cobrança já não rios a que são prestados serviços pelo hospital público são é adequado. A partir do ano de 2016, foi iniciada a “políti- em maioria residentes de Macau. No total foram registados ca universal de dois filhos” no Interior da China, em Hong 718 mil utentes nos serviços de urgência e internamento do Kong manteve-se a política sem quota para as mulheres Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ), sendo grávidas portadoras de Salvo-Conduto de Dupla Viagem da 672 mil residentes locais, número que corresponde a mais República Popular da China que dão à luz em Hong Kong 90% do total dos serviços. e em Macau foi estipulado um valor de cobrança mais bai- xo destes serviços, razão pela qual pode levar a que mais Empenho na garantia da saúde de mulheres grávidas e mulheres grávidas não residentes de Macau se desloquem a puérperas locais Macau para dar à luz, isto é o que ocupa as vagas de assis- tência médica dos residentes locais. Para tomar precauções, No que diz respeito dos aos serviços médicos às a mu- o Centro Hospitalar Conde de São Januário estudará a via- lheres grávidas e puérperas de Macau, os Serviços de Saúde bilidade de actualização dos custos de parto das mulheres asseguram a saúde materno-infantil através de aconselha- grávidas não residentes de Macau em harmonia com o nível mentos de planeamento familiar, protecção da saúde de e o valor dos serviços prestados de cuidados de saúde em mulheres grávidas, bem como exames pré-natal como ras- Macau, esperando diminuir o uso dos serviços de parto por treio de doenças transmissíveis e de doenças genéticas reali- mulheres grávidas não residentes de Macau no Centro Hos- zados pelo Centro de Diagnóstico de Pré-natal. Os Serviços pitalar Conde de São Januário através do aumento do valor de Saúde organizam atividades de educação para a saúde, da cobrança do parto, assim, os Serviços de Saúde poderão prestam serviços de cuidados de enfermagem no interna- concentrar nos recursos para a prestação de serviços às 312 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 mulheres grávidas e puérperas residentes de Macau, empe- nefícios sociais. Actualmente, o Fundo de Segurança Social nhando-se em assegurar o uso razoável de recursos médicos (FSS) está a concretizar de forma ordenada, o regime da locais de modo a salvaguardar a saúde materno-infantil. segurança social de dois níveis, ou seja, fornece, através do regime da segurança social do 1.º nível, aos residentes uma 28 de Abril de 2017. protecção básica, sobretudo na velhice, suporta uma vida mais agradável com o 2.º nível do regime de previdência O Director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion. central. Prevê-se que a proposta de lei intitulada por “Regi- me de previdência central não obrigatório” seja entregue ao plenário da Assembleia Legislativa no curto prazo para ser ______discutida na especialidade e votada. Se a proposta de lei for aprovada, tal contribui para o reforço e o aumento da quali- dade de vida pós-aposentação dos residentes. 106. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- pelação, apresentada pelo Deputado José Maria Pereira Por outro lado, o Instituto de Acção Social (IAS) defi- Coutinho, datada de 30 de Março de 2017, e o respectivo niu os respectivos planos de benefícios sociais em prol dos Despacho n.º 615/V/2017. idosos e dos portadores de deficiência, entre outros grupos sociais em situação vulnerável. Face à tendência de envelhe- DESPACHO N.º 615/V/2017 cimento demográfico, o IAS tem-se empenhado em incenti- var e orientar a população no sentido de enfrentar conjun- Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- tamente os desafios que o envelhecimento populacional re- cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a presenta para a sociedade. Através dos serviços de cuidados os redacção dada pelas Resoluções n. 2/2007 e 3/2009, envia- “one stop”, são reforçados os apoios aos idosos fisicamente -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita fragilizados e às pessoas que têm a seu cargo idosos em do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- casa. Prevê-se que seja criado, ainda este ano, nas Ilhas um tado pelo Deputado José Maria Pereira Coutinho em 30 de equipamento de serviços integrados para idosos, primeiro Março de 2017. do género, o qual se destina à prestação de serviços de lar, cuidados diurnos, apoio no domicílio, entre outros. Em si- 23 de Maio de 2017. multâneo, procura-se também estabelecer uma boa rede de serviços médicos e sociais para os portadores de demência. O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. Atendendo às necessidades dos portadores de deficiên------cia, para além da criação, no âmbito da intervenção precoce, do Centro de Avaliação Conjunta Pediátrica em 2016, uma (Tradução) iniciativa conjunta dos Serviços de Saúde, da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude e do IAS, que permite Resposta à interpelação escrita apresentada pelo deputado encurtar significativamente o tempo de espera para a rea- à Assembleia Legislativa, José Maria Pereira Coutinho lização de avaliação das crianças, foi também promovido o

desenvolvimento do serviço de autocarros de reabilitação e Em cumprimento das instruções do Chefe do Executivo criado o Grupo de Trabalho das “Normas para a Concepção e tendo em consideração os pareceres do Instituto de Acção de Design Universal e Livre de Barreiras em Macau”, com- Social de do Instituto de Habitação, apresento a seguinte posto por 10 serviços públicos, para a elaboração conjunta resposta à interpelação escrita do Sr. Deputado José Maria das normas atrás referidas, contribuindo assim para facilitar Pereira Coutinho, de 30 de Março de 2017, enviada a co- ainda mais a circulação das pessoas com deficiência. berto do ofício n.º 271/E217/V/GPAL/2017 da Assembleia Legislativa de 5 de Abril de 2017 e recebida pelo Gabinete O Governo da RAEM irá impulsionar os diversos ser- do Chefe do Executivo em 6 de Abril de 2017: viços a concretizar os respectivos trabalhos, de acordo com as medidas de curto, médio e longo prazo do “Plano De- Com o objectivo de fazer de Macau uma cidade com cenal de Acção do Planeamento do Desenvolvimento dos condições ideais de vida, o Governo da RAEM realizou um Serviços de Apoio a Idosos (2016-2025)” e do “Planeamento planeamento abrangente e desenvolvimento nas diversas do Desenvolvimento dos Serviços de Reabilitação para os vertentes, como na vertente de economia, cuidados médi- Próximos Dez Anos (2016-2025)”, com vista a assegurar cos, segurança social, educação, protecção ambiental, acção melhores condições de habitabilidade em Macau. governamental, etc. A par da promoção do desenvolvimen- to da economia de Macau, o Governo da RAEM tem enfa- Na sequência do desenvolvimento da sociedade e da tizado que o bem-estar da população é posto desde sempre economia dos últimos anos, o Governo da RAEM tem im- no topo das prioridades, tendo melhorado o bem-estar da plementado várias políticas para tomar firme o bem-estar população e esforçando-se em promover e aperfeiçoar as da população. De entre estas medidas, o montante das pres- políticas relacionadas com o mesmo através de três níveis, tações do regime da segurança social tem sido aumentado ou seja, o nível de segurança social, assistência social e be- constantemente. Desde o ano 2013 até a presente data, o N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 313 montante da pensão para idosos e da pensão de invalidez integram pessoas portadoras de deficiência ou doentes cró- foi elevado de 2000 patacas para 3450 patacas, representan- nicos, beneficiários de apoios sociais do IAS, é-lhes atribu- do um aumento acumulado de quase 72,5%. O FSS vai con- ído um subsídio extra, ou seja, o subsídio para os três tipos tinuar a acompanhar de perto a influência proveniente da de famílias em situação vulnerável, no montante mensal de mudança sócio-económica sobre a vida dos residentes assim 600 a 1.000 patacas. Para além das medidas atrás referidas, como a seguir as orientações de política das linhas de acção o IAS, em conjunto com as organizações da sociedade civil, governativa de que a soma do montante da pensão para implementaram o “Programa de inclusão e harmonia na idosos e do subsídio para idosos não pode ser mais baixa do comunidade” que visa identificar os agregados familiares que a do risco social, procedendo periodicamente à revisão carenciados, bem como verificar se se enquadram nos três das prestações do regime da segurança social, realizando tipos definidos de famílias em situação vulnerável e, por atempadamente ajustamentos. conseguinte, atribuir semestralmente um subsídio de vida especial aos agregados familiares que reúnam os requisitos Na realidade, a assistência de vida para os idosos e estabelecidos dentro desse Programa, valor esse compreen- portadores de deficiência pelo Governo da RAEM não dido entre 2.450 e 9.400 patacas, de acordo com a dimensão está limitada a pagamentos de pensões para idosos e de do agregado familiar, que varia entre um e oito elementos. invalidez. Sob o pressuposto de vários suportes e a política Em 2016, 4.309 famílias beneficiaram do subsídio de vida de segurança social de várias protecções, estão disponíveis especial, envolvendo um montante global de mais de 32 mi- os subsídios para idosos, subsídios de invalidez, plano de lhões de patacas. comparticipação pecuniária, atribuição de verba a título de repartição extraordinária de saldos orçamentais para Na vertente da política de habitação, O Governo da contas individuais de previdência, além disso, existem ain- Região Administrativa Especial cie Macau tem procurado, da as medidas que constituem os elementos importantes por diversas formas, disponibilizar terrenos para a constru- da protecção de vida global para os idosos e portadores ção de habitação pública, por forma a garantir uma oferta de deficiência, tais como, cuidados médicos gratuitos, vale constante das mesmas, persistindo na política de habitação de saúde, subvenção do pagamento das tarifas de energia pública assente no princípio segundo o qual “a habitação eléctrica às unidades habitacionais, isenção da contribuição social assume um papel principal e a habitação económica predial, desconto das tarifas de autocarro, e serviços sociais um papel secundário”, apoiando prioritariamente as fa- prestados pelas diferentes formas, o que permite-lhes obter mílias mais vulneráveis. Simultaneamente, o Governo já uma protecção de vida apropriada em todos os aspectos da reservou terrenos destinados ao fim habitacional na Zona A dos Novos Aterros e, relativamente aos terrenos que forem vida. Actualmente, os idosos podem receber no máximo 1 recuperados, caso preencham os requisitos, será ponderada num ano 68.850 patacas, ou seja, o valor médio mensal é de prioritariamente a construção de habitações públicas. 5.700 patacas, enquanto os portadores de deficiência podem 2 receber no máximo num ano 76.850 patacas, representa- Importa salientar que acerca da política de apoio aos -se que recebem um valor médio mensal de 6.400 patacas. grupos sociais em situação vulnerável definida pelo Gover- Os benefícios acima referidos estão disponíveis a todos os no da RAEM, os respectivos recursos devem ser tomados residentes, desde que satisfaçam as condições, independen- com rigor e aplicados aos mais necessitados. O sistema de temente se for rico ou pobre, não sendo necessária a apre- segurança social de Macau deve ser virado para um desen- ciação de rendimentos. volvimento igualitário e sustentável, o Governo da RAEM vai continuar a aperfeiçoar a rede de segurança básica atra- Com base na atribuição dos referidos benefícios de ca- vés de apoio em vários pontos, e coberturas em vários mo- rácter universal, são apoiados os grupos sociais em situação dos, a partir de diferentes áreas, tais como saúde, habitação, vulnerável através das diversas medidas implementadas educação, benefícios sociais, protecção pós-aposentação, pelo IAS. É de referir que o IAS concede apoio financei- o que permite aos residentes obter uma protecção de vida ro aos indivíduos e agregados familiares que reúnem os mais abrangente. Além das políticas do Governo, a poupan- requisitos definidos pelo “Regime do subsídio a atribuir a ça pessoal e investimentos, assistência e apoio pela família, indivíduos e a agregados familiares em situação de carência outras medidas de apoio não financeiro, fazem parte indis- económica”, estabelecido pelo Regulamento Administrati- pensável na vida individual e protecção de velhice, entre vo n.º 6/2007. Actualmente, o valor do risco social definido estes suportes que constituem uma função complementar, para o agregado familiar composto por um a oito elementos complementam-se mutuamente, a fim de estabelecer um sis- é de 4.050 a 18.870 patacas, respectivamente. Acresce que tema de segurança social integral. em relação aos agregados familiares monoparentais ou que Para terminar, agradecemos ao Sr. Deputado José Ma- ria Pereira Coutinho, pela sua atenção e sugestões dadas 1 É um valor que inclui a pensão para idosos, subsídio para ido- sobre os assuntos em causa. sos, plano de comparticipação pecuniária e atribuição de verba a título de repartição extraordinária de saldos orçamentais. Aos 2 de Maio de 2017. 2 É um valor que inclui a pensão para idosos, subsídio para ido- sos, plano de comparticipação pecuniária e atribuição de verba a O Presidente do Conselho de Administração, Iong título de repartição extraordinária de faldos orçamentais. Kong Io. 314 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

107. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- das Contribuições da RAEM”, quanto mais longo o tempo pelação, apresentada pelo Deputado José Maria Pereira de contribuição for, mais elevado será o montante a que tem Coutinho, datada de 3 de Abril de 2017, e o respectivo direito. Despacho n.º 616/V/2017. 2. Com o objectivo de prestar mais atenção à saúde fí- DESPACHO N.º 616/V/2017 sica e psicológica dos trabalhadores dos serviços públicos, ajudando-os a aliviar as pressões e perturbações emocio- Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- nais, a Direcção dos Serviços de Administração e Função cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a Pública (SAFP) lançou, em Outubro de 2013, o serviço de redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- alívio psicológico destinado aos trabalhadores dos serviços -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita públicos, mediante conversa presencial, com pré-marcação, do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- para lhes prestar apoio psicológico individual. Para articu- tado pelo Deputado José Maria Pereira Coutinho em 3 de lar com o horário de trabalho dos trabalhadores dos servi- Abril de 2017. ços públicos, o referido serviço é prestado principalmente fora do horário de expediente, porém, os trabalhadores com 23 de Maio de 2017. necessidades especiais podem combinar com o psicólogo sobre a marcação de um encontro com um horário especial. O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. Os trabalhadores dos serviços públicos interessados podem contactar com a Divisão de Apoio Social à Função Pública ------do SAFP para marcação prévia.

(Tradução) 3. Relativamente ao apoio às famílias de crianças com necessidades especiais, o Instituto de Acção Social (IAS), Resposta à interpelação escrita apresentada pelo Deputado entidade competente desta área, tem prestado, com empe- à Assembleia Legislativa, José Pereira Coutinho nho, apoio e serviço adequados às pessoas ou famílias com necessidades. Quer sejam cidadãos, quer sejam trabalha- Em cumprimento das instruções do Chefe do Executi- dores dos serviços públicos, podem apresentar opiniões e vo, apresento a seguinte resposta à interpelação escrita do solicitar apoio ao IAS para prestar cuidados aos filhos com Sr. Deputado José Pereira Coutinho, de 3 de Abril de 2017, necessidades especiais. Além disso, o Governo presta, tam- enviada a coberto do oficio n.º 290/E231/V/GPAL/2017 da bém, apoio aos trabalhadores dos serviços públicos com di- Assembleia Legislativa e recebida pelo Gabinete do Chefe ficuldades económicas mediante a atribuição de subsídio de do Executivo em 10 de Abril de 2017: subsistência, e proporciona várias medidas de apoio finan- ceiro aos trabalhadores de base dos serviços públicos com 1. Para proporcionar garantias de aposentação aos tra- índices baixos. Para mais detalhes, os trabalhadores dos balhadores do regime de assalariamento ou com contrato serviços públicos com necessidades podem contactar com a individual de trabalho quando se desvinculam da função Divisão de Apoio Social da Função Pública do SAFP. pública, o Governo da RAEM criou o Regime de Previdên- cia dos Trabalhadores dos Serviços Públicos, que entrou 28 de Abril de 2017. em vigor a partir de 1 de Janeiro de 2007 após a aprovação A Directora do SAFP, Substituta, Joana Maria Noro- da Assembleia Legislativa. A partir desta data, os traba- nha. lhadores recém-admitidos apenas podem inscrever-se no Regime de Previdência, excepto os magistrados. Com esta Tradutora: Chau Leng San. nova política, prevê-se uma redução gradual do número de subscritores do Regime de Aposentação e Sobrevivência, e Revisora: Fernanda de Almeida Ferreira. uniformização gradual dos regimes de desvinculação e apo- sentação dos trabalhadores dos serviços públicos. Por este motivo, o Governo da RAEM não pondera a reintegração ______de determinados tipos de trabalhadores dos serviços públi- cos no Regime de Aposentação e Sobrevivência. 108. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- No Regime de Previdência vigente não existe qualquer pelação, apresentada pelo Deputado Ng Kuok Cheong, limite da data de desvinculação ou aposentação do traba- datada de 3 de Abril de 2017, e o respectivo Despacho lhador, podendo este cancelar a inscrição de acordo com a n.º 617/V/2017. sua vontade ou necessidade, e, ainda, nos termos da lei, ter direito à totalidade do saldo da sua “Conta das Contribui- DESPACHO N.º 617/V/2017 ções Individuais” e ao valor, calculado segundo as taxas de reversão de direitos legalmente previstas (fixadas de acordo Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- com o tempo de contribuição), que existe no saldo da “Conta cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 315 redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- Social, considerando, entre outras questões, a viabilidade -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita de introdução do concurso permanente para a habitação do Governo sobre o requerimento de interpelação, apre- social; actualmente os serviços de assuntos jurídicos estão sentado pelo Deputado Ng Kuok Cheong em 3 de Abril de a acompanhar o trabalho de análise técnico-jurídica e veri- 2017. ficação da referida proposta de lei, não existindo, portanto, neste momento, intenção de se proceder à abertura de novo 23 de Maio de 2017. concurso para habitação social.

O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. 2 de 5 de 2017.

------O Presidente do IH, Arnaldo Santos.

(Tradução) ______Resposta à interpelação escrita apresentada pelo Sr. Deputado à Assembleia Legislativa, Ng Kuok Cheong

Em cumprimento das instruções do Chefe do Execu- 109. Resposta escrita do Governo, respeitante à interpe- tivo, e tendo em consideração o parecer da Direcção dos lação, apresentada pelo Deputado Zheng Anting, datada de Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), 6 de Abril de 2017, e o respectivo Despacho n.º 618/V/2017. apresento a seguinte resposta à interpelação escrita do Sr. Deputado Ng Kuok Cheong, de 3 de Abril de 2017, enviada DESPACHO N.º 618/V/2017 a coberto do Ofício n.º 276/E221/V/GPAL/2017 da Assem- bleia Legislativa, de 5 de Abril de 2017, e recebida pelo Ga- Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- binete do Chefe do Executivo, em 6 de Abril de 2017: cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- 1. A Administração da RAEM tendo em conta a enor- -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita me procura de habitação pública por parte da sociedade, do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- para além de ter anunciado a contrução de 28 000 fracções tado pelo Deputado Zheng Anting em 6 de Abril de 2017. da habitação pública na Zona A dos Novos Aterros, o terre- no junto à Avenida Wai Long e Estrada da Ponta da Cabri- 23 de Maio de 2017. ta da Taipa, que viu declarada a caducidade da respectiva concessão, será também aproveitado para a construção de O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. habitação pública e instalações sociais. Segundo estimativas preliminares, poder-se-ão proporcionar cerca de 8 000 frac------ções. (Tradução) A Administração tem frisado diversas vezes que relati- vamente aos terrenos recuperados com sucesso, os mesmos Resposta à interpelação escrita apresentada pelo serão aproveitados, de forma adequada, de acordo com a Sr. Deputado à Assembleia Legislativa, Zheng Anting sua localização concreta, a área e a situação objectiva do ambiente envolvente. Caso reúnam as condições adequa- Em cumprimento das instruções do Chefe do Executi- das, os terrenos serão aproveitados prioritariamente para a vo, apresento a seguinte resposta à interpelação escrita do construção de habitação pública e instalações sociais. Sr. Deputado Zheng Anting, de 6 de Abril de 2017, enviada a coberto do ofício da Assembleia Legislativa n.º 300/E239/ 2. O Governo da RAEM está a proceder, de forma pro- /V/GPAL/2017, de 11 de Abril de 2017, e recebida pelo Ga- gramada, ao planeamento dos lotes destinados à construção binete do Chefe do Executivo a 12 Abril de 2017: de habitação pública; de acordo com as disposições da Lei da Habitação Económica, é necessário concluir o planea- 1. Considerando que a taxa de ocupação de lugares de mento e a concepção dos terrenos destinados a habitação estacionamento para ciclomotores e motociclos do Auto- económica, bem como publicar o anúncio sobre a localiza- -Silo da Praça de Ferreira do Amaral é relativamente baixa, ção, quantidade, tipologia das fracções postas a concurso, a zona de estacionamento para esses veículos no piso B1 etc., para então estarem reunidas as condições para se dar ainda não foi aberta ao público. Visto que, a oferta de es- início ao procedimento de novo concurso de habitação eco- tacionamento para motociclos e ciclomoteres é suficiente, nómica, pelo que, não estão actualmente reunidas as condi- a DSAT irá alterar, de forma gradual, a zona de estaciona- ções para se dar início aos respectivos trabalhos. mento para motociclos e ciclomotores nas vias envolventes deste auto-silo para zona de carga e descarga de passageiros 3 . O Governo da RAEM está a proceder à continuação e mercadorias e espaços para peões. A alteração pretende do trabalho de revisão do Regime Jurídico da Habitação melhor gerir a utilização dos recursos escassos rodoviários, 316 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 bem como o espaço das vias públicas, respondendo, desta A Rede de Cidades Criativas da UNESCO (UCCN) forma, às necessidades dos diferentes utilizadores. visa a criatividade e a cultura como elementos mais impor- tantes para o desenvolvimento económico das cidades que 2. No sentido de criar um novo espaço para a tomada se uniram para formar uma rede no sentido de reforçar e largada de passageiros pelos autocarros de turismo, esta as relações de cooperação internacional entre as cidades. Direcção de Serviços criou, em 2015, uma zona para o efei- Aproveitando a plataforma internacional dessa rede na to no túnel rodoviário subterrâneo da Praça de Ferreira do cooperação e troca de experiências, criando novos conhe- Amaral. Antes da sua entrada em funcionamento, a DSAT cimentos e partilhar os recursos. Visando à promoção da realizou uma vistoria in loco, em conjunto com o Corpo de substentabilidade das indústrias culturais locais, bem como Polícia de Segurança Pública e o sector de autocarros de o estabelecimento de relação de trabalho a nível internacio- turismo, e procedeu à optimização em conformidade com nal através de diferentes sectores da sociedade. as sugestões apresentadas pelo respectivo sector sobre a instalação de mais placas de sinalização e o melhoramento A Gastronomia como uma linguagem internacional, do espaço pedonal. No que diz respeito às opiniões emitidas para além de ser uma necessidade prioritária, é também um pelo mesmo sector relativamente ao melhoramento contí- portador da cultura local. A Gastronomia de Macau é um nuo das instalações desta zona, esta Direcção está sempre elemento componente da história, da cultura, bem como disponível para as ouvir e proceder à optimização contínua do turismo. A candidatura à Rede de Cidades Criativas da daquelas. UNESCO na área da gastronomia será um desafio contínuo para o desenvolvimento de Macau, condizendo com a po- Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, aos lítica nacional de plataforma de interligações “Uma Faixa, 9 de Setembro de 2017. uma Rota”, promovendo a diversidade das indústrias cultu- rais e criativas criando um turismo mundial de lazer do pla- O Director dos Serviços, Lam Hin San. no de desenvolvimento estratégico. A candidatura de Ma- cau à cidade gastronómica poderá elevar o conhecimento a nível mundial sobre os 400 anos de Macau na compreensão ______histórica luso-chinesa, além disso ainda poderá fortalecer a promoção da gastronomia típica tradicional de Macau.

Os principais objectivos da Região Administrativa Es- 110. Resposta escrita do Governo, respeitante à interpe- pecial de Macau da adesão à Rede de Cidades Criativas da lação, apresentada pelo Deputado Mak Soi Kun, datada de UNESCO na área da gastronomia são, “Sustentabilidade, 12 de Abril de 2017, e o respectivo Despacho n.º 619/V/2017. Inovação, Comunicação”, utilizando a gastronomia corno um elemento básico de intercâmbio cultural, dando sus- DESPACHO N.º 619/V/2017 tentabilidade às características distintivas de coexistência multicultural. O Governo da Região Administrativa Es- pecial de Macau, esforça na coordenação de conservação Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- dos recursos, assim como de artesanato tradicional, manter cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a diversificação dos ingredientes alimentares e de culinária, redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- reforçar a educação e formação dos juventude na preserva- -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita ção da cultura culinária, incentivar os residentes locais em do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- participar activamente na cultura criatividade culinária, tado pelo Deputado Mak Soi Kun em 12 de Abril de 2017. etc., apostando nas indústrias culturais e criativas como os principais factores de impulso para o desenvolvimento 23 de Maio de 2017. e promoção da cultura culinária. Além disso, a adesão à rede terá como vantagem a cooperação em conjunto com as O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. outras cidades criativas, aproveitando a plataforma inter- nacional dessa rede na cooperação e troca de experiências, ------criando novos conhecimentos e partilhando os recursos nas novas áreas. Resposta à interpelação escrita apresentada pelo Deputado à Assembleia Legislativa, Sr. Mak Soi Kun Em articulação com a candidatura da Região Admi- nistrativa Especial de Macau à “Cidade de Gastronomia” Em cumprimento das instruções do Chefe do Executi- da Rede de Cidades Criativas da UNESCO, a Comissão de vo, apresento, a seguinte resposta, à interpelação escrita, do Trabalho para a Candidatura de Macau, China à Rede de Sr. Deputado Mak Soi Kun, de 12 de Abril de 2017, enviada Cidades Criativas da UNESCO (adiante designada por Co- a coberto do ofício n.º 323/E257/V/GPAL/2017, da Assem- missão para a Candidatura de Macau) foi criado e iniciado bleia Legislativa, de 19 de Abril de 2017 e recebida pelo pelo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, tendo Gabinete do Chefe do Executivo em 20 de Abril de 2017: como membros os representantes de vários Serviços Públi- N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 317 cos, Instituições de Ensino, Associações e Organizações do dência) foi aprovado pela Assembleia Legislativa e entrou Sector de Restauração que através da plena colaboração e em vigor em 1 de Janeiro de 2007. A criação do Regime de utilização eficiente de recursos próprios, contribuem com Previdência tem como objectivo permitir que mais trabalha- opiniões e sugestões para a construção da “Cidade de Gas- dores dos serviços públicos tenham uma garantia na refor- tronomia”. Actualmente, a Comissão para a Candidatura de ma, podendo os assalariados e os contratados em regime de Macau encontra-se na fase de discusão e estudo dos projec- contrato individual de trabalho, não abrangidos pelo regime tos, as políticas e as medidas viáveis para o desenvolvimento de aposentação, ter também uma garantia após a reforma. de gastronomia de Macau à luz da preservação de sustenta- Ao mesmo tempo, o Regime de Previdência é um plano de bilidade, da inovação e do intercâmbio, incentivando a par- contribuição definida que permite ao Governo da RAEM ticipação activa e apresentação de sugestões úteis por parte prever de forma mais correcta as despesas públicas necessá- dos agentes interessados. A Comissão para a Candidatura rias, eliminando a incerteza inerente às despesas financeiras de Macau tem como referência as experiências da candida- do Regime de Aposentação e Sobrevivência, e conseguir tura à “Cidade de Gastronomia” de outras regiões com vista atingir o objectivo de melhor gestão do erário público. a impulsionar a optimização do “software” e “hardware” no âmbito da “Cidade de Gastronomia”, por fim de acumular a Aquando da criação desse regime, foram providencia- boa condição para os trabalhos da candidatura de Macau. das várias garantias aos trabalhadores dos serviços públi- cos, nomeadamente, a manutenção do direito de acesso a Aos 5 de Maio de 2017. cuidados de saúde, após o cancelamento da inscrição do contribuinte que tenha completado 50 anos de idade e cujo A Directora da DST, Maria Helena de Senna Fernandes. tempo de contribuição não seja inferior a 25 anos, ou do contribuinte que tenha completado 65 anos de idade e cujo tempo de contribuição não seja inferior a 15 anos; que o ______tempo de serviço prestado antes da entrada em vigor da lei e reconhecido possa servir para calcular as taxas de re- 111. Resposta escrita do Governo, respeitante à interpe- versão, ou seja, quanto mais longa foi a antiguidade, mais lação, apresentada pelo Deputado Zheng Anting, datada de elevadas serão as taxas de reversão, ou seja, o valor obtido 13 de Abril de 2017, e o respectivo Despacho n.º 620/V/2017. será mais elevado; o direito ao prémio de prestação de ser- viço a longo prazo do pessoal militarizado das Forças de DESPACHO N.º 620/V/2017 Segurança de Macau, do pessoal de investigação criminal, do pessoal auxiliar de investigação criminal, do pessoal de Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- vigilância dos serviços prisionais e do pessoal alfandegário; cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a e a possibilidade de opção pela pensão de aposentação ou redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- sobrevivência no caso de o contribuinte ter falecido ou ter -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita sido declarado permanente e absolutamente incapaz para o do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- exercício de funções em virtude de acidente em serviço, por tado pelo Deputado Zheng Anting em 13 de Abril de 2017. doença contraída no exercício de funções e por causa do seu desempenho, ou resultante da prática de acto humanitário 23 de Maio de 2017. ou de dedicação à comunidade, entre outras. Pelo que, o Regime de Previdência já providencia aos trabalhadores dos O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. serviços públicos uma garantia muito suficiente. No entan- to, permitir aos contribuintes do Regime de Providência o ------direito ao prémio de antiguidade, ao subsídio de residência e ao subsídio de família após a reforma, para além de poder (Tradução) trazer enormes encargos financeiros ao Governo, contraria também a natureza e o princípio da criação do Regime de Resposta à interpelação escrita apresentada pelo Deputado Previdência, alterando radicalmente esse regime. à Assembleia Legislativa, Zheng Anting Na realidade, desde 2007, com excepção dos magis- De acordo com as indicações do Chefe do Executi- trados, todos os novos trabalhadores dos serviços públicos vo, depois de ter ouvido o parecer do Fundo de Pensões, só podem optar pela inscrição no Regime de Previdência, apresento a seguinte resposta à interpelação escrita do Sr. pelo que, a garantia de aposentação e desvinculação dos Deputado Zheng Anting, de 13 de Abril de 2017, enviada a trabalhadores dos serviços públicos está cada vez mais uni- coberto do ofício n.º 317/E253/V/GPAL/2017 da Assembleia formizada. É claro que o Governo da RAEM está atento ao Legislativa, e recebida pelo Gabinete do Chefe do Executi- que é transmitido pelas associações da função pública sobre vo em 19 de Abril de 2017: a dificuldade na vida de alguns trabalhadores de categorias mais baixas após a desvinculação do serviço, pelo que, o 1. O Regime de Previdência dos Trabalhadores dos Governo da RAEM irá proceder a um estudo mais apro- Serviços Públicos (adiante designado por Regime de Previ- fundado, para poder encontrar medidas adequadas de apoio 318 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 aos trabalhadores desvinculados que tenham dificuldades nhar e avaliar, face ao desenvolvimento do mercado, a via- na vida quotidiana. bilidade de introduzir planos de aplicação das contribuições apropriados e mais estáveis. 2. Desde a sua criação, o Regime de Previdência dos Trabalhadores dos Serviços Públicos está funcionar de 2 de Maio de 2017. forma estável, e até finais de Março de 2017, registou-se um rendimento anual de 4,44% desde a data da criação do A Directora dos SAFP, substituta, Joana Maria Noronha. Regime, havendo um retomo positivo em todos os planos de Tradutora: Vong Kuai Ieng. aplicação das contribuições, sendo que 99% dos contribuin- tes conseguem obter lucros no investimento. Letrada: Maria Filipa Fernandes Martins.

Dado que cerca de 90% dos retornos de longo prazo nas combinações de aplicação são provenientes da distribui- ______ção de activos, os fundos de investimento geridos de forma passiva com custos baixos e dos quais possam obter um retorno equivalente ao índice de referência “benchmark” 112. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- são opções de investimento de longo prazo mais apropria- terpelação, apresentada pela Deputada Wong Kit Cheng, das para os contribuintes; por este motivo, o Governo da datada de 13 de Abril de 2017, e o respectivo Despacho RAEM lançou, nos finais de 2014, o Fundo de Investimento n.º 621/V/2017. em Acções Internacionais gerido de forma passiva, propor- cionando opções de investimento mais apropriadas aos con- DESPACHO N.º 621/V/2017 tribuintes. Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- Para salvaguardar o interesse dos contribuintes do Re- cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a gime de Previdência dos Trabalhadores dos Serviços Públi- redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- cos, o Governo da RAEM está empenhado no aperfeiçoa- -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita mento do regime de previdência, e com o apoio de empresas do Governo sobre o requerimento de interpelação, apre- de consultoria, fiscaliza, constantemente, o risco dos di- sentado pela Deputada Wong Kit Cheng em 13 de Abril de versos planos de aplicação das contribuições e o respectivo 2017. desempenho. Por exemplo, tendo em conta o desempenho do fundo de investimento em acções internacionais gerido 23 de Maio de 2017. de forma activa — Schroder, o Governo da RAEM, após a redução de 25% das despesas de gestão anuais em 2015, em O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. 2017, exige mais uma vez a redução das despesas de gestão anuais, por forma a reduzir os custos de investimento dos ------contribuintes. Em simultâneo, irá proceder ao estudo de estratégias adequadas ao Regime de Previdência, e irá, de (Tradução) acordo com o resultado obtido e a situação concreta, efec- tuar uma ponderação global sobre a adequabilidade ou não Resposta à interpelação escrita apresentada pela Sra. Depu- do Fundo Schroder como opção de investimento do Regime tada à Assembleia Legislativa, Wong Kit Cheng de Previdência. Em cumprimento das instruções do Chefe do Execu- Actualmente, o Regime de Previdência providencia tivo, apresento a seguinte resposta à interpelação escrita 4 planos de aplicação das contribuições, com indicação da Sra. Deputada Wong Kit Cheng, de 13 de Abril de 2017, dos seus riscos e objectivos de investimento, abrangendo o enviada a coberto do ofício n.º 325/E259/V/GPAL/2017, da espectro de risco/retorno que vão dos conservadores aos li- Assembleia Legislativa, de 20 de Abril de 2017, e recebida berais. Os contribuintes podem, de acordo com a avaliação pelo Gabinete do Chefe do Executivo, em 20 de Abril de do risco e factores individuais como o da idade, escolher 2017: e ajustar os portfólios livremente, podendo daí haver 286 combinações diferentes, permitindo assim aos contribuintes A primeira edição do “Exame Unificado de Acesso das uma maior flexibilidade na distribuição de activos. Quatro Instituições do Ensino Superior de Macau” (Dis- ciplinas de Línguas e Matemática), adiante designado por Uma vez que a previdência é um investimento de longo “Exame Unificado de Acesso”, já se realizou, este ano, com prazo, o Governo da RAEM, ao considerar a garantia de sucesso, no dia 2 de Abril. A Universidade de Macau, o aposentação dos trabalhadores dos serviços públicos e o seu Instituto Politécnico de Macau, o Instituto de Formação Tu- plano relativo à reforma nas diferentes fases da vida, e no rística e a Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau pressuposto de controlar adequadamente os riscos dos pla- (doravante designados por “quatro instituições”) regista- nos de aplicação das contribuições, irá continuar a acompa- ram, no total, 9.000 inscrições e, após a posterior organiza- N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 319

ção dos dados, participaram, nas provas, mais de 4.700 can- científico e com a participação das várias instituições, pode- didatos, tendo-se, deste modo, atingido, aproximadamente, -se avaliar com mais eficiência as capacidades dos alunos no 90% dos finalistas do ensino secundário complementar acesso às instituições, e o sistema desenvolve uma função do ano lectivo em curso, que se candidataram ao “Exame relevante para o fomento do ensino superior de Macau. Unificado de Acesso”. O Gabinete de Apoio ao Ensino Su- Este Exame não é uma distribuição do acesso unificado, perior (GAES) já efectuou, após o termo dos trabalhos do cuja aplicação não tem qualquer impacto para as medidas Exame, uma reunião de balanço com as quatro instituições, de admissão dos alunos, as quais incluem a recomendação no sentido de fazerem, em conjunto, uma revisão sobre a dos alunos ou a isenção do exame de admissão, feitas por organização dos trabalhos do Exame e respectivos assuntos, essas instituições. Além disso, o Exame, também, não afec- bem como uma análise às opiniões sobre o Exame, apresen- ta as práticas seguidas no passado, realizadas pelas quatro tadas pelos vários sectores sociais, esperando, assim, com instituições, tais como, os requisitos do exame de admissão, estes meios, que os respectivos trabalhos se possam ajustar a medida da admissão independente e os padrões de admis- e optimizar no próximo ano. As quatro instituições estão são. Assim, estas instituições continuam a aplicar os seus a aperfeiçoar todos os trabalhos do “Exame Unificado de próprios padrões de admissão, e estão, ainda, conforme as Acesso”, nomeadamente, as regras das provas, os princípios classificações dos alunos obtidas no Exame (tais como, as sobre o local do Exame, o mecanismo de supervisão no lo- classificações das provas escritas das disciplinas definidas cal do Exame, a divulgação das novidades e informações, pelo Exame, as provas escritas doutras disciplinas, as en- bem como a publicidade relacionada, para que tudo esteja trevistas, as provas temáticas, etc.) para realizarem uma de acordo com as situações reais e as respectivas experiên- ponderação global e, ao mesmo tempo, refere-se que, elas cias. Assim, depois de se ter concluído o programa especí- também acrescentam, de acordo com as próprias caracte- fico de ajustamento, o mesmo será revelado ao público, o rísticas do ensino e os requisitos dos cursos a que os alunos mais rapidamente possível. se candidatam, demais factores em consideração (incluindo as classificações dos candidatos no ensino secundário, os No decurso da preparação e da realização do “Exa- resultados da participação em exames internacionais, as me Unificado de Acesso”, que este ano se concluiu com especialidades, os prémios recebidos e os serviços sociais sucesso, o mesmo tem sido apoiado e reconhecido pelos prestados, entre outros). intervenientes dos vários sectores sociais. Desde 2014, que o GAES tem sempre publicado, por diferentes meios Por fim, agradece-se muito a atenção da Sra. Deputada, novidades e informações ao público, assim, para além de Wong Kit Cheng, expressando-lhe ainda que, os sectores ter a página electrónica temática sobre o Exame, para pro- sociais, os alunos e até outros cidadãos sejam bem-vindos porcionar, de forma centralizada, as formas e os conteúdos em continuarem a apresentar, ao GAES e às quatro insti- programáticos das provas, as novidades sobre as sessões tuições, as suas opiniões sobre o melhoramento dos traba- de apresentação deste Exame, a colecção de perguntas e lhos do “Exame Unificado de Acesso”, para intensificar a respostas, o regulamento do Exame, a organização especial comunicação e contribuir para haver, no futuro, um melhor para os alunos com deficiência física ou mental, bem como a funcionamento dos respectivos trabalhos. calendarização principal, o GAES, também, tem recolhido as opiniões dos cidadãos e dando-lhes respostas. Para além Aos 5 de Maio de 2017. disso, com vista a unificar a publicação das notícias do Exa- me, as quatro instituições lançaram, em Setembro de 2016, O Coordenador, substituto, Chang Kun Hong (Coorde- as páginas electrónicas temáticas sobre o “Exame Unificado nador-Adjunto). de Acesso”, oferecendo, ainda, o GAES, uma ligação a es- tas páginas electrónicas. Cremos que, através da experiência ______adquirida no “Exame Unificado de Acesso”, as instituições vão aumentar e optimizar os conteúdos das respectivas pá- ginas electrónicas temáticas, reforçando a transparência do Exame, para permitir que as escolas secundárias, nomeada- 113. Requerimento de interpelação escrita sobre a mente, os seus docentes e alunos, obtenham as novidades e acção governativa, apresentado pela Deputada Kwan Tsui informações, de forma mais clara e eficaz, ao mesmo tempo, Hang, datado de 17 de Março de 2017, e o respectivo Des- que as instituições também mantêm uma estreita comunica- pacho n.º 622/V/2017. ção e contacto com os diversos sectores sociais. DESPACHO N.º 622/V/2017 A verdade é que o “Exame Unificado de Acesso” já respondeu às exigências, existentes ao longo do tempo, Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regimen- do sector educativo, dos alunos e dos seus pais, aliviando, to, o requerimento de interpelação escrita, datado de 17 de ainda, a pressão dos estudantes, resultante da participação Maio de 2017, apresentado pela Deputada Kwan Tsui Hang. em vários exames de admissão, realizados em diferentes Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 instituições do ensino superior. Através da criação do sis- (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com tema do exame unificado, que se reveste de um carácter a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, dis- 320 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- ção entre a rentabilidade efectiva e a rentabilidade mínima to acima referido. prevista para avaliar o desempenho da gestão de fundos e para pagar as taxas de gestão, e a adopção deste método 23 de Maio de 2017. permite estimular os gestores de fundos, bem como tornar mais objectivos os critérios para a avaliação do desempenho O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. dos investimentos.

------Nestes termos, interpelo o Governo sobre o seguinte: (Tradução) 1. O Governo vai tomar como referência a prática adop- Interpelação escrita tada noutras regiões, ou seja, exigir à AMCM que defina claramente os índices de rentabilidade mínima para cada O Regime da reserva financeira foi criado no início tipo de reserva, a fim de servir de critério de avaliação do de 2012, competindo à Autoridade Monetária de Macau desempenho da gestão de fundos? (AMCM) o investimento e a gestão da reserva financeira. Desde a sua criação, têm surgido dúvidas na sociedade 2. O Governo deve divulgar, anualmente, informações quanto ao desempenho das retribuições dos investimentos e sobre os objectivos de rentabilidade mínima, a percentagem à capacidade de gestão financeira dos serviços responsáveis. dos gestores de fundos contratados no local e no exterior, o desempenho dos gestores de fundos contratados no local e no exterior, e as taxas de gestão, por forma a permitir ao Segundo os dados da AMCM, no final do ano passado, público avaliar e fiscalizar o desempenho dos investimentos o valor total dos activos da reserva financeira atingiu os dos fundos de reserva. Vai fazê-lo? 438,7 mil milhões de patacas, e os rendimentos foram ape- nas de 3,31 mil milhões de patacas, correspondendo a uma rentabilidade anual de 0,8 por cento, ou seja, apenas metade 3. Com vista a garantir a motivação dos gestores de do valor dos rendimentos dos investimentos de Hong Kong fundos, o Governo deve definir os índices de rentabilida- no período homólogo, e, descontando a taxa de inflação de mínima, que sirvam como critério para a definição das do ano passado, os rendimentos reais foram 1,5 por cento taxas de gestão e como fundamento para a renovação dos negativos. Analisados os rendimentos dos investimentos contratos dos gestores de fundos. Vai fazê-lo? da reserva financeira de 2016, os juros da poupança ultra- passaram os 2,73 mil milhões de patacas, e os rendimentos 17 de Maio de 2017. dos títulos de divida foram de 3,16 mil milhões de patacas, ao passo que as perdas das acções atingiram cerca de 500 A Deputada à Assembleia Legislativa, Kwan Tsui milhões de patacas e as perdas das divisas, 2,07 mil milhões Hang. de patacas. Isto é, apenas se registaram rendimentos nos investimentos com juros e títulos de dívida, e registaram- -se grandes perdas nos investimentos com acções e divisas, ______que exigem a gestão dos investimentos, bem como técnicas financeiras.

114. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- A gestão da reserva financeira visa, através de investi- ção governativa, apresentado pelo Deputado José Maria mentos, assegurar a capacidade de dar resposta às futuras Pereira Coutinho, datado de 22 de Abril de 2017, e o res- exigências, como de prevenir riscos, e, se os rendimentos pectivo Despacho n.º 623/V/2017. dos investimentos não conseguirem acompanhar a inflação, então como é possível produzir efeitos na sua gestão? Por- DESPACHO N.º 623/V/2017 tanto, o Governo deve definir as estratégias dos investimen- tos e os índices dos rendimentos, tendo em conta a situação Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- real. Contudo, neste momento, os gestores de investimentos mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 22 contratados pelo Governo adoptam o método das taxas de Maio de 2017, apresentado pelo Deputado José Pereira fixas, com o qual há falta de estímulo, não permitindo à so- Coutinho. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução ciedade avaliar, objectivamente, o nível das capacidades dos n.º 2/2004 (Processo de Interpelação sobre a Acção Gover- gestores de fundos e dos investidores. De facto, esse método os nativa), com a redacção dada pelas Resoluções n. 2/2007 e merece ser revisto! 3/2009, distribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimento acima referido. Tomando como referência as informações sobre as estratégias de gestão das reservas de Hong Kong, são cla- 24 de Maio de 2017. ramente definidos índices de rentabilidade mínima para a gestão dos investimentos em fundos, e faz-se uma compara- O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 321

(Tradução) funções de fiscal técnico, assim como rever os requisitos de ingresso nessa carreira, para que as suas qualificações Interpelação escrita possam corresponder às exigências da sociedade para com esses fiscais?

O meu Gabinete recebe frequentemente reclamações 2 — Depois de reavaliar e analisar os conhecimentos e apresentadas por fiscais do Governo no activo, que apontam as competências necessários para a execução das funções para o tratamento inadequado e injusto de que têm sido de fiscal técnico, vai o Governo elevar o índice salarial des- alvo no âmbito do Regime das Carreiras dos Trabalhadores ses trabalhadores consoante as suas habilitações literárias e dos Serviços Públicos, facto que tem vindo a originar quei- os requisitos de ingresso na carreira, por forma a assegurar xas sucessivas desses trabalhadores. que os fiscais técnicos recebam um salário correspondente ao nível de exigência estipulado para as suas capacidades? O rápido crescimento de Macau tem como consequên- cia a informatização do quotidiano da sociedade de Macau, 3 — O Governo vai proceder a uma revisão geral direc- na qual se inclui o Governo, os diferentes sectores de activi- cionada aos funcionários públicos com a responsabilidade dades e a população. Nesse contexto, de entre os referidos de tarefas no exterior, incluindo os inspectores e os fiscais trabalhadores, os fiscais técnicos necessitam de aperfeiçoar técnicos, definindo critérios idênticos para o reajustamento os seus conhecimentos e competências para se adequarem das categorias e dos índices salariais desses funcionários? à transformação no campo das novas tecnologias e dos equipamentos, por forma a conseguirem executar trabalhos 22 de Maio de 2017. e funções de crescente complexidade. Além disso, alguns fiscais chamaram também a atenção para a frequência com O Deputado à Assembleia Legislativa, José Pereira que têm sido tratados de forma pouco educada e insultuosa Coutinho. quando trabalham no exterior, verificando-se mesmo algu- mas situações mais graves em que foram alvo de ameaça. ______Assim, quando ocorreram essas circunstâncias de maior perigo, houve até a necessidade de solicitar o apoio e a cola- boração das autoridades policiais nesse trabalho. Acrescen- taram ainda que, considerando o carácter especial e a com- 115. Requerimento de interpelação escrita sobre a plexidade de alguns casos tratados pelos fiscais, para além acção governativa, apresentado pelo Deputado Au Kam de lhes ser exigido o conhecimento jurídico, bem como o da San, datada de 11 de Maio de 2017, e o respectivo Despa- sua área profissional, estes necessitam ainda de ter a capaci- cho n.º 624/V/2017. dade de chefia para poderem dar imediatamente instruções em campo, durante o seu trabalho prático. Por conseguinte, DESPACHO N.º 624/V/2017 a fixação do ensino secundário elementar como requisito para o seu ingresso não consegue dar resposta às funções Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- desses trabalhadores. mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 11 de Maio de 2017, apresentado pelo Deputado Au Kam San. De acordo com outros fiscais, aquando do ingresso na Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 carreira de fiscal técnico, muitos dos candidatos já estão (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com qualificados com o ensino secundário complementar, licen- a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, dis- ciatura ou nível ainda mais elevado. Em comparação com a tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- carreira de inspector na Função Pública, como na Direcção to acima referido. dos Serviços para os Assuntos Laborais, na Direcção dos Serviços de Turismo, na Direcção dos Serviços de Econo- 24 de Maio de 2017. mia e na Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos, o conteúdo funcional dos fiscais técnicos é basicamente O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. idêntico ao dos inspectores desses serviços públicos, sendo a diferença constatada apenas ao nível do índice salarial, o ------que constitui uma grave injustiça para os trabalhadores da carreira de fiscal técnico. (Tradução)

Assim sendo, interpelo o Governo, solicitando que me Interpelação escrita sejam dadas respostas, de uma forma clara, precisa, coe- rente, completa e em tempo útil, sobre o seguinte: Em 13 de Junho de 2016, o Governo publicou, no Boletim Oficial da RAEM, o Regulamento Administrativo n.º 16/2016 1 — O Governo vai reavaliar e analisar os conheci- (Aprovação de modelos de capacetes de protecção para mentos e as competências necessários para a execução das condutores e passageiros de ciclomotores e motociclos) que, 322 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 segundo as previsões, entrará em vigor no dia 13 de Junho novas etiquetas, ao invés de obrigar a mandar para o lixo deste ano, um ano após a data da sua publicação. capacetes que cumprem já os padrões de segurança. Estes capacetes devem ser aproveitados ao máximo. O Governo Como o regulamento em causa tem apenas sete arti- vai fazê-lo? gos, parece simples. Na altura, o Governo optou por le- gislar através de regulamento administrativo, ao invés de 3. O capacete é o único dispositivo de protecção dos uma lei aprovada pela Assembleia Legislativa. A Lei do condutores de motociclos, daí a importância dada à segu- Trânsito Rodoviário já foi aprovada, e o Governo, quando rança dos capacetes. Mesmo quando os padrões de seguran- regulamentou sobre os padrões dos capacetes através de ça dos capacetes são rigorosos, se estes não forem devida- regulamento administrativo, não cometeu nenhum erro de mente apertados, em caso de acidente soltam-se de imedia- natureza técnico-legislativa. A questão que se coloca é que, to e não protegem o condutor. Na realidade, muitos condu- quando se recorre a esta via para legislar, não se conta com tores de motociclos não apertam devidamente os capacetes, a ampla discussão na Assembleia Legislativa, portanto, ou não os apertam de todo. Portanto, em articulação com a faltou, inevitavelmente, uma ponderação aprofundada no entrada em vigor dos padrões de segurança dos capacetes e processo de definição do referido regulamento administra- no sentido de alertar os condutores para o seu uso correcto, tivo. Em particular, a alínea 2) do n.º 1 do Artigo 3.º (Ca- o Governo deve consciencializar o público sobre os referi- racterísticas dos capacetes de protecção), onde se prevê que dos padrões e reforçar a divulgação sobre a importância de os capacetes devem “ter uma etiqueta para a identificação apertar adequadamente os capacetes. Vai fazê-lo? das normas técnicas adoptadas, colocada pelo fabricante”. Como o regulamento administrativo vai entrar em vigor 11 de Maio de 2017. brevemente, a população começou a prestar atenção à refe- O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi- rida disposição, que se tornou alvo de ampla discussão na nistrativa Especial de Macau, Au Kam San. sociedade. É racional que, para salvaguarda da segurança, tenha de se reconhecer que os capacetes obedecem às diver- sas normas técnicas e que não se encontram danificados ou ______deformados, mas, entretanto, devido à regulamentação da etiqueta, constante da referida alínea 2), a segurança do ca- pacete passou a secundária, o mais importante é a etiqueta. 116. Requerimento de interpelação escrita sobre a Por outras palavras, mesmo que os capacetes tenham sido acção governativa, apresentado pelo Deputado Si Ka tecnicamente avaliados e se tenha reconhecido que obe- Lon, datada de 19 de Maio de 2017, e o respectivo Des- decem às normas técnicas, deixam de cumprir os padrões pacho n.º 625/V/2017. de segurança e de ser utilizáveis caso falte a etiqueta ou a mesma se tenha descolado. A disposição limita-se a dar im- DESPACHO N.º 625/V/2017 portância à etiqueta, situação que perturba os residentes e que vai originar graves desperdícios, pois muitos capacetes Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- que cumprem os padrões de segurança não vão poder ser mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de utilizados, uma situação que vai dar directamente origem a 19 de Maio de 2017, apresentado pelo Deputado Si Ka Lon. uma grande quantidade de lixo. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com Interpelo, então, o Governo sobre o seguinte: a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, dis- tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- 1. O Regulamento Administrativo n.º 16/2016 (Aprova- to acima referido. ção de modelos decapacetes de protecção para condutores e passageiros de ciclomotores e motociclos), que não foi 24 de Maio de 2017. alvo duma plena auscultação e discussão, define impruden- temente que os capacetes devem “ter uma etiqueta para a O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. identificação das normas técnicas adoptadas, colocada pelo fabricante”, situação que perturba a população e vai dar di------rectamente origem a grandes desperdícios. Antes da entra- da em vigor deste regulamento administrativo, o Governo (Tradução) deve considerar revê-lo no sentido da eliminação da referida disposição injusta e desnecessária. Vai fazê-lo? Interpelação escrita

2. Se para facilitar a execução da lei é necessário ve- No terminal subterrâneo de autocarros das Portas do rificar a segurança dos capacetes, então, deve definir-se Cerco há muitos problemas, tais como má ventilação, um outras medidas para o efeito, caso venha a ser eliminada a ambiente sufocante e a presença de ratos, o que tem sido disposição sobre a etiqueta. Se as etiquetas se perderem ou alvo de críticas. Nos últimos anos, o Governo realizou, de descolarem, o Governo deve avaliar os capacetes e emitir forma repetida, reordenamentos destinados aos problemas N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 323 referidos, e os custos foram cada vez mais altos, no entanto, 117. Requerimento de interpelação escrita sobre a ainda não conseguiu resolver esses problemas. Durante os acção governativa, apresentado pelo Deputado Mak Soi últimos dez anos, o Governo reparou, por cinco vezes, o Kun, datada de 23 de Abril de 2017, e o respectivo Despa- respectivo sistema de ventilação, e os custos das obras fo- cho n.º 626/V/2017. ram superiores a 10 milhões, mas não foi atingido nenhum efeito. Segundo os cidadãos, quando está calor, esse termi- DESPACHO N.º 626/V/2017 nal é como se fosse um forno, o que é insuportável. Neste momento, o Governo encontra-se, outra vez, a formular um Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- projecto de reordenamento para o terminal das Portas do mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 23 Cerco, e os custos estimados das obras serão superiores a de Maio de 2017, apresentado pelo Deputado Mak Sai Kun. 100 milhões. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com Em relação aos problemas do terminal subterrâneo de a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, dis- autocarros das Portas do Cerco, ainda por resolver, alguns tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- especialistas indicam que estes resultam dos defeitos exis- to acima referido. tentes na concepção do terminal, adoptada pelo Governo. Recentemente, o Governo afirmou que ia adoptar a concep- 24 de Maio de 2017. ção de terminal subterrâneo de autocarros para construir O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. o futuro Centro Modal de Transportes da Barra, e que já estava a avançar, gradualmente, com tais obras. No entan------to, em Novembro do ano passado, devido a um defeito na concepção da parede diafragma, surgiram, no estaleiro das (Tradução) referidas obras, problemas de depressão, situação esta que provoca dúvidas nos cidadãos em relação ao plano e à con- Interpelação escrita cepção deste terminal subterrâneo da Barra, e à sua quali- dade aquando do futuro funcionamento. Uma notícia referia o seguinte: “nos últimos dias, a polui- ção do ar tem sido bastante grave! Ontem, a qualidade do ar As obras públicas envolvem sempre interesse público, em Macau foi classificada de insalubre, e o índice da qualida- por isso, o Governo deve proceder bem à fiscalização ao ní- de do ar em Coloane e na Taipa foi superior a 200. A poluição vel da qualidade das obras e realizar uma avaliação funda- foi de tal modo grave que atingiu o nível de não recomendável mentada sobre a respectiva relação custo-eficácia, com vista para a realização de actividades ao ar livre. Segundo as previ- a evitar a repetição dos problemas acontecidos no terminal sões da Direcção dos Serviços de Meteorologia, hoje, a qua- subterrâneo de autocarros das Portas do Cerco. lidade do ar continua insalubre, portanto, os cidadãos devem estar atentos e reduzir as actividades ao ar livre.[1]”. Assim sendo, interpelo o Governo sobre o seguinte: Segundo alguns cidadãos, quase 90% dos resultados da 1. Durante os últimos dez anos, foram realizadas, por monitorização do ambiente, divulgados pelo Governo, clas- cinco vezes, reparações no terminal das Portas do Cerco, sificam a qualidade do ar de “boa” ou “moderada”, demons- cujos custos foram superiores a 10 milhões, mas não se pro- trando assim que se atingiram os parâmetros recomendá- duziu nenhum efeito. Porquê? Qual é a respectiva razão? veis. No entanto, verificaram-se recentemente situações de Aliás, neste momento, o Governo confiou a uma instituição grave poluição do ar, que atingiram mesmo o nível de não especialista a realização de estudos para o respectivo reor- recomendável para a realização de actividades ao ar livre. denamento, e os custos estimados para este projecto serão Nestas situações, a generalidade das pessoas pode sentir superiores a 100 milhões. Neste sentido, o Governo já tem algum mal-estar e aquelas que sofrem de problemas respi- um plano preliminar sobre o referido projecto de reordena- ratórios ou cardiovasculares podem ser bastante afectadas. mento? Quais são os fundamentos pelos quais os custos são A fim de salvaguardar a saúde dos cidadãos, o Governo estimados? criou um mecanismo de emissão de recomendações para as actividades ao ar livre, com 3 níveis, porém, não se trata de 2. Em relação às obras do Centro Modal de Transpor- uma medida de longo prazo. O Governo tem de apurar os tes da Barra, o Governo já tem algumas medidas concretas motivos da poluição do ar, no sentido de se encontrarem as para reforçar a fiscalização das suas concepção e qualidade? soluções mais acertadas para melhorar a qualidade do ar. Caso aconteçam problemas de qualidade nas obras, vão ser apuradas as responsabilidades dos funcionários responsá- Assim sendo, interpelo o Governo sobre o seguinte: veis por estas? 1. Alguns cidadãos pediram-me para questionar o Go- 19 de Maio de 2017. verno sobre o seguinte: os resultados da monitorização do ambiente, divulgados pelo Governo, classificam a qualidade O Deputado à Assembleia Legislativa da RAEM, Si Ka do ar de “boa” ou “moderada”, demonstrando assim que se Lon. atingiram os parâmetros recomendáveis. No entanto, veri- 324 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 ficaram-se recentemente situações de grave poluição do ar, Maio de 2017, apresentado pela Deputada Wong Kit Cheng. que afectaram a saúde dos cidadãos, as suas actividades e as Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- suas deslocações. O Governo já fez algum estudo sobre os cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a principais motivos desta recente situação de grave poluição redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, distri- do ar? Se esta situação resulta de vários factores, o Governo buo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimento avaliou qual a percentagem da poluição interna? O que é acima referido. que o Governo tem a dizer sobre isto? 25 de Maio de 2017. 23 de Maio de 2017. O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi- nistrativa Especial de Macau, Mak Soi Kun. ------

Referências: (Tradução) [1] “A poluição do ar atingiu um nível bastante grave”, in Jornal “Ou Mun”, 07/05/2017. Interpelação escrita

______Atender às necessidades de deslocação da população, racionalizar as carreiras de autocarros

118. Requerimento de interpelação oral sobre a acção Os serviços de transporte público estão intimamente governativa, apresentado pelo Deputado José Maria Perei- ligados às deslocações dos residentes. Enquanto único meio ra Coutinho, datado de 3 de Abril de 2017, e o respectivo de transporte público de grande dimensão neste momento, Despacho n.º 627/V/2017. os autocarros articulam a rede rodoviária de Macau. Neste sentido, o Governo tem de melhorar constantemente a sua DESPACHO N.º 627/V/2017 segurança, facilidade, conforto e eficiência, por forma a concretizar a política “primazia dos transportes públicos” Através do Despacho n.º 445/V/2017, de 7 de Abril de que o Governo tem vindo a sublinhar. De acordo com a 2017, admiti o requerimento apresentado pelo Deputado “Política Geral do Trânsito e Transportes Terrestres de José Maria Pereira Coutinho, em 3 de Abril de 2017, rela- Macau 2010-2020”, o Governo tem como prioridade pro- tivamente à convocação de uma reunião plenária dedicada porcionar um ambiente de transporte e trânsito públicos em exclusivo à interpelação oral sobre a acção governativa, “sem rupturas” no espaço, tempo e serviços1. Porém, nestes cuja cópia foi já distribuída a todos os Senhores Deputados. últimos meses, em várias zonas da cidade, foram feitos ajus- tamentos em diversas carreiras de autocarros e nem todos Em carta datada de 24 de Maio de 2017, o Deputado foram bem aceites pela população. José Maria Pereira Coutinho solicitou o cancelamento do requerimento acima referido, uma vez que não vai poder Por exemplo, na carreira n.º 25, foi cancelado o percur- comparecer à reunião plenária relativa à interpelação oral. so entre a Vila de Coloane e a Praia de Hac Sá, causando Pelo exposto, admito este pedido de cancelamento apresen- inconvenientes aos residentes por falta de outras carreiras tado pelo Deputado José Maria Pereira Coutinho e notifico- complementares. De acordo com as autoridades e a respec- -o a todos os Senhores Deputados. tiva empresa, as carreiras alternativas para a Praia de Hac Sá são o n.º 15, 21A e 26A2. No entanto, estas carreiras não 25 de Maio de 2017. são capazes de substituir completamente o antigo percurso O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. do n.º 25, em termos de horário, frequência e capacidade dos veículos, o que tem provocado impactos significativos para os residentes na zona da Povoação de Hac Sá e do ______Hellene Garden. É verdade que os ajustamentos preten- dem aumentar a frequência e a circulação dos autocarros, mas, uma vez que os transportes públicos constituem uma 119. Requerimento de interpelação escrita sobre a componente crucial dos serviços públicos, o Governo deve acção governativa, apresentado pela Deputada Wong Kit equacionar as diferentes necessidades reais, a facilidade e Cheng, datado de 12 de Maio de 2017, e o respectivo Des- os hábitos dos cidadãos. pacho n.º 628/V/2017.

DESPACHO N.º 628/V/2017 1 “Política Geral do Trânsito e Transportes Terrestres de Macau 2010-2020”. Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regimen- 2 Sítio web da DSAT, http://www.dsat.gov.mo/bus/site/bus_news_ to, o requerimento de interpelação escrita, datado de 12 de detail.aspx?a_id=3882. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 325

Além disso, os ajustamentos das carreiras n.º 7 e 7A tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- suscitaram também polémicas. De acordo com vários resi- to acima referido. dentes da zona afectada, o Governo não realizou uma son- dagem sobre os eventuais impactos na sua vida. Mais ainda, 25 de Maio de 2017. como a divulgação antes dos ajustamentos foi insuficiente, os residentes não estavam preparados, o que afectou o seu O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. dia-a-dia e deslocações. ------Assim sendo, interpelo sobre o seguinte: (Tradução) 1. Face às polémicas resultantes dos ajustamentos nas carreiras de autocarros, e ao facto de as carreiras alterna- Interpelação escrita tivas não satisfazerem as necessidades da população, afec- tando a sua vida e trabalho, o Governo e as empresas de Em Macau, o sistema financeiro com características autocarros devem, antes de realizarem avaliações, conhecer próprias ainda se encontra em fase de desenvolvimento e as necessidades de deslocação da população, e devem con- estudo, e está muito desactualizado em comparação com as siderar manter os serviços originais nas horas de ponta, regiões vizinhas. Em Hong Kong, por exemplo, a carteira nomeadamente, nas horas de entrada e saída das escolas e electrónica (e-wallet) já se popularizou, e um banco desta dos serviços, e nos feriados, por exemplo, nestas situações, região implementou, recentemente, a aplicação PayMe, que o n.º 25 volta a funcionar entre a Vila de Coloane e a Praia permite fazer transferências entre diferentes bancos apenas de Hac Sá. É possível fazê-lo? através da ligação (binding) ao cartão de crédito e não à conta bancária. 2. Quando há ajustamento dos percursos, há sempre cidadãos que se queixam de não terem sido previamente informados e de não terem podido apresentar opiniões. No Os consumidores nem sempre querem utilizar o cartão futuro, no âmbito deste trabalho, como é que estes proble- de crédito para fazer transferências, e como existem vários mas vão ser resolvidos, de modo a que as opiniões da popu- instrumentos de pagamento no mercado, ficam sem saber lação sejam plenamente reflectidas? o que escolher. Mas se houvesse uma plataforma comum para os diferentes bancos, seria possível reduzir a confusão. 3. De acordo com a “Política Geral do Trânsito e Trans- Segundo um inquérito, os consumidores confiam mais nos portes Terrestres de Macau 2010-2020”, o Governo afirma bancos para fazer os pagamentos, e quanto à carteira elec- que vai reforçar a acessibilidade directa das carreiras, por trónica (e-wallet), as funções actualmente disponibilizadas forma a aumentar o grau de satisfação da população relati- pelos bancos de Hong Kong são incompletas, portanto, se vamente ao sistema de transporte público3. Qual é o ponto houvesse uma plataforma uniformizada e padronizada, os de situação do respectivo trabalho? bancos já não precisariam de criar as suas próprias platafor- mas, o que facilitaria a vida aos consumidores e permitiria 12 de Maio de 2017. também que usufruíssem de melhores serviços bancários. A Deputada à Assembleia Legislativa da Região Admi- nistrativa Especial de Macau, Wong Kit Cheng. Nestes termos, interpelo o Governo sobre o seguinte:

1. Em algumas regiões vizinhas, por exemplo em Hong ______Kong, tanto o sector como o Governo estão a criar o “faster payment” ou a “one platform”, que permitem fazer trans- 120. Requerimento de interpelação escrita sobre a ferências imediatas entre diferentes bancos, com vista a acção governativa, apresentado pela Deputada Leong On disponibilizar uma forma acessível e rápida de fazer trans- Kei, datado de 19 de Maio de 2017, e o respectivo Despa- ferências. Segundo uma notícia, a Autoridade Monetária de cho n.º 629/V/2017. Hong Kong pretende, até ao final do próximo ano, imple- mentar o “faster payment”, que permite fazer liquidações DESPACHO N.º 629/V/2017 imediatas, a fim de alcançar o objectivo de fazer transfe- rências imediatas entre diferentes bancos. Com vista ao Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- desenvolvimento do sistema financeiro com características mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de próprias, a Autoridade Monetária de Macau deve colaborar 19 de Maio de 2017, apresentado pela Deputada Leong On com o sector, a fim de estudar a criação do “faster payment” Kei. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 ou da “one platform”, de fazer a ligação em rede entre os di- (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com ferentes bancos, e de adoptar um critério uniformizado, por a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, dis- forma a permitir fazer transferências imediatas entre dife- rentes bancos. Isso permitiria fazer transferências imediatas entre diferentes bancos e também via cartão de crédito e 3 Idem. via cartão de débito. Isso vai ser feito? 326 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

2. Um sistema de “faster payment” ou de “one platform” ões, solicitando que o Governo mobilizasse, adequadamen- eficaz e seguro deve incluir funções que permitam a liqui- te, os recursos da referida Reserva Financeira para efeitos dação e as transferências imediatas. Este sistema permite de investimento local e directo, em prol da promoção do a participação quer de bancos quer de entidades emissoras interesse público e da garantia de bons retornos. Quanto ao de cartões recarregáveis e, num futuro próximo, a partici- desenvolvimento da habitação, o Governo deve, a curto pra- pação de particulares e também de comerciantes, caso das zo, mobilizar os terrenos, cujos processos de recuperação se pequenas e médias empresas, que também poderão efec- vão concluindo, para a construção de habitação pública, e, a tuar pagamentos através deste sistema. Só assim é que será médio e longo prazo, mobilizar os terrenos da nova zona de possível criar um sistema de pagamentos seguro, eficiente, aterros para a construção de habitação social. O Governo rápido e fiável, acompanhando-se a evolução dos tempos e deve também definir os recursos financeiros necessários contribuindo-se para a diversidade das indústrias de Macau para dar resposta ao desenvolvimento da habitação a curto, e para a sua transformação num centro internacional de médio e longo prazo. Na minha opinião, deve recorrer à turismo e lazer. Assim sendo, como é que o Governo vai Reserva Financeira para a constituição de um Fundo para o proceder à integração entre o desenvolvimento do sistema desenvolvimento da habitação, destinado a apoiar em con- financeiro com caracteristicas próprias, a promoção da di- creto o desenvolvimento da habitação a curto, médio e lon- versidade das indústrias de Macau e a sua transformação go prazo. A constituição desse Fundo pode contribuir para num centro internacional, de turismo e lazer? salvaguardar a transparência da rentabilidade dos investi- mentos no desenvolvimento da habitação e proporcionar 19 de Maio de 2017. meios efectivos de garantia de retorno dos investimentos da Reserva Financeira. A Deputada à Assembleia Legislativa, Leong On Kei.

Interpelo, então, o Governo sobre o seguinte: ______1. Na resposta a uma interpelação minha em finais de Agosto de 2013, o Governo refere que o Instituto de Ha- 121. Requerimento de interpelação escrita sobre a bitação e a Direcção dos Serviços de Finanças já tinham acção governativa, apresentado pelo Deputado Ng Kuok dado início aos estudos preliminares sobre a viabilidade da Cheong, datado de 23 de Abril de 2017, e o respectivo Des- constituição do referido Fundo, incluindo a forma da sua pacho n.º 626/V/2017. constitulção, as respectivas fontes de receitas e o seu fun- cionamento, e que iam ainda realizar-se estudos profundos sobre a viabilidade de implementação das devidas regula- DESPACHO N.º 630/V/2017 mentações. No entanto, já se passaram alguns anos sem se ter registado qualquer progresso em concreto. O Governo Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi­ deve ser determinado e proceder, o mais cedo possível, à mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 23 mobilização dos recursos da Reserva Financeira para a de Maio de 2017, apresentado pelo Deputado Ng Kuok constituição do Fundo para o desenvolvimento da habita- Cheong. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução ção. Vai fazê-lo? n.º 2/2004 (Processo de Interpelação sobre a Acção Gover- nativa), com a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 2. O Governo deve, a curto prazo, mobilizar os terre- 3/2009, distribuo a todos os Senhores Deputados cópia do nos, cujos processos de recuperação se vão concluindo, para requerimento acima referido. a construção de habitação pública e também, a médio e longo prazo, mobilizar os terrenos da nova zona de aterros 25 de Maio de 2017. para a construção de habitação social. O Governo é respon- sável pelo planeamento dos terrenos e pelo desenvolvimen- O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. to da habitação, e já efectuou estudos sobre as necessidades habitacionais. dos residentes (atendendo às necessidades ------de implementação das acções governativas, o Governo já há muito mobilizou recursos para a investigação e estudos (Tradução) sobre o assunto), portanto, recorrer à Reserva Financeira para a constituição de um Fundo para o desenvolvimento Interpelação escrita da habitação vai contribuir para apoiar, em concreto, o de- senvolvimento da habitação a curto, médio e longo prazo. A baixa taxa de retorno do investimento da Reserva A constituição desse Fundo pode ainda contribuir para Financeira da RAEM despertou a atenção do público, uma salvaguardar a transparência da rentabilidade dos investi- vez que, em 2016, ficou muito aquém da inflação e também mentos no desenvolvimento da habitação e proporcionar da taxa de juro dos depósitos bancários. Alguns residentes meios efectivos de garantia de retorno dos investimentos da dirigiram-se aos deputados para manifestar as suas opini- Reserva Financeira. O Governo concorda com isto? N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 327

3. No respeitante ao apoio ao desenvolvimento da ha- residentes importados e concretizar, de forma ordenada, bitação a médio e longo prazo, deve ser o Fundo para o os trabalhos de saída de trabalhadores não residentes do desenvolvimento da habitação a responsabilizar-se pelos sector da construção. Sob o princípio da protecção da prio- investimentos respectivos. Há que construir habitações eco- ridade no acesso ao emprego e do emprego duradouro dos nómicas e que proceder ao planeamento da construção de trabalhadores locais, a DSAL continuará a supervisionar novos tipos da habitação pública na nova zona de aterros, rigorosamente a situação de contratação de trabalhadores para, sob o princípio das “terras de Macau destinadas às dos projectos relevantes para garantir que os trabalhadores suas gentes”, apoiar os residentes permanentes de Macau na locais com o mesmo tipo de trabalho serão os últimos a sair. aquisição de habitação. O Governo concorda com isto? De facto, verificou-se uma descida no número de trabalha- dores não residentes no sector da construção, tendo passado 23 de Maio de 2017. de cerca de 43 000 pessoas em Janeiro de 2016 para cerca de 34 000 pessoas em Dezembro de 2016, representando uma O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi- redução de cerca de 20%. nistrativa Especial de Macau, Ng Kuok Cheong. Apoiar os residentes que necessitam de emprego na integração no mercado de trabalho e de acordo com as suas ______preferências, colocando-os em cargos que se adequam às suas capacidades, tem sido sempre o objectivo principal do trabalho da DSAL. Assim, tomando como exemplo o sector da construção, desde o quarto trimestre de 2016 até ao final 122. Resposta escrita do Governo, respeitante à interpe- de Fevereiro do corrente ano, mais de 1 200 trabalhadores lação, apresentada pela Deputada Lei Cheng I, datada de 3 conseguiram um emprego na construção civil com o apoio de Março de 2017, e o respectivo Despacho n.º 631/V/2017. prestado pela DSAL. Estes Serviços dão também muita atenção à conclusão dos projectos de grande envergadura, DESPACHO N.º 631/V/2017 contactando previamente com a empresa e enviando pesso- al aos estaleiros para efectuar o registo dos trabalhadores Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- locais da construção civil que irão sair e para proceder à cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a conjugação de emprego e colocação profissional. redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita Ao mesmo tempo, a DSAL tem vindo a exigir às em- do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- presas para darem prioridade na contratação de trabalha- tado pela Deputada Lei Cheng I em 3 de Março de 2017. dores locais, sendo que a apreciação de cada pedido de con- tratação de trabalhadores não residentes para além de ser 25 de Maio de 2017. feita de forma pragmática e minuciosa também tem em con- sideração a avaliação global de diversos factores relevantes O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. como as políticas do Governo da Região Administrativa ------Especial de Macau, a situação do desenvolvimento socioe- conómico em geral, a oferta e procura de mão-de-obra no (Tradução) mercado, a situação de exploração de negócios das empre- sas requerentes, a situação de contratação de trabalhadores Resposta à interpelação escrita apresentada pela Sra. De- locais, os dados de recrutamento e de colocação registados putada à Assembleia Legislativa Lei Cheng I na DSAL, a existência de registo de conflitos laborais, as regalias e os benefícios oferecidos aos trabalhadores não re- Em cumprimento das orientações de S. Exa. o Chefe do sidentes. Além disso, se a investigação comprovar que não Executivo, relativamente à interpelação escrita apresentada existe relação de trabalho entre o empregador e o trabalha- em 3 de Março de 2017 pela Sra. Deputada Lei Cheng I, dor, a DSAL irá informar os serviços competentes, incluin- encaminhada através do ofício da Assembleia Legislativa do o Fundo de Segurança Social e a Direcção dos Serviços n.º 203/E161/V/GPAL/2017, de 10 de Março de 2017, vem o de Finanças, para ser dado o devido acompanhamento à signatário responder o seguinte: situação. Enquanto aos empregadores com autorização de contratação de trabalhadores não residentes, a DSAL pode- Na apreciação dos pedidos de contratação de trabalha- rá revogar todas ou parte das autorizações que lhes foram dores não residentes do sector da construção, a Direcção concedidas. Por outro lado, será também supervisionado se dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), de acordo a empresa cumpriu ou não, de acordo com a lei, os direitos com os dados fornecidos pela entidade requerente sobre o e interesses dos trabalhadores não residentes que vão sair andamento da obra e o tempo previsto para a sua conclu- do trabalho. são, irá reduzindo, faseada e gradualmente, o número de trabalhadores não residentes autorizados, a fim de controlar No que se refere à aplicação da formação de pessoal atempada e adequadamente o número de trabalhadores não qualificado, a DSAL tem dado estreito acompanhamento ao 328 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 posicionamento do desenvolvimento económico da constru- do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- ção de Macau como “Centro Mundial de Turismo e Lazer” tado pela Deputada Song Pek Kei em 16 de Março de 2017. e à orientação da diversificação adequada da economia, organizando activamente, segundo aqueles objectivos e as 25 de Maio de 2017. necessidades do mercado, cursos de formação profissional diversificados, nomeadamente a realização do “Plano de O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. formação de técnicas de manutenção de instalações” na mo- dalidade de formação remunerada, que no corrente ano au------mentará o número de cursos de 7 para 11, passando a incluir curso de electricista de reparação do nível intermédio (com (Tradução) certificação), curso de introdução para controlador lógico programável, curso de revestimento de paredes com papel e Resposta à interpelação escrita apresentada pela Deputada tecido, curso de colagem de folhas metálicas, curso de for- à Assembleia Legislativa, Song Pek Kei mação sobre segurança e saúde ocupacional e desempenho profissional, curso de técnicas eléctricas do nível elementar Em cumprimento das instruções do Chefe do Executivo e (com certificação), curso de carpinteiro, curso de pintor, cur- tendo em consideração o parecer da Direcção dos Serviços de so de refrigeração e climatização, curso de soldagem e arco Administração e Função Pública (DSAFP), o Instituto Cultu- eléctrico com eléctrodo revestido do nível básico (com certi- ral (IC) vem apresentar a seguinte resposta à interpelação es- ficação) e curso de ajustagem mecânica básica, sendo que os crita da Sr.ª Deputada Song Pek Kei, de 16 de Março de 2017, primeiros quatro são novos cursos, para alargar o leque dos enviada a coberto do ofício n.º 233/E185/V/GPAL/2017 da tipos de técnicas e elevar o nível para obtenção da certifica- Assembleia Legislativa, de 21 de Março de 2017, recebida pelo ção de qualificação, o que será benéfico para os residentes Gabinete do Chefe do Executivo, em 23 de Março de 2017: trabalharem no sector com melhores salários e perspectivas de desenvolvimento, promovendo a sua ascensão profis- No relatório de investigação sobre o “recrutamento de sional ou mobilidade horizontal. Para além disso, a DSAL trabalhadores em regime de aquisição de serviços por parte também organizou o “Curso de formação sobre desempe- do IC”, o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) detec- nho profissional para os trabalhadores do sector do jogo” na tou inadequações e infracções do Instituto Cultural (IC), modalidade de formação remunerada, tendo, até ao final de dando o Instituto grande importância ao relatório. Tendo 2016, mais de 900 trabalhadores do sector do jogo concluí- em conta a gravidade do assunto em causa, no dia em que do este curso, sendo que, no corrente ano e com base neste foi publicado o “Relatório de investigação”, o IC criou ime- curso, irá ser reforçada a formação para elevar a qualidade diatamente um “Grupo de trabalho”, cabendo-lhe estudar, profissional do pessoal daquele sector. A DSAL irá ainda analisar, tratar e resolver de imediato os problemas levanta- continuar a estudar e lançar cursos de formação diversifica- dos. O IC apresentou já uma proposta aos órgãos superiores dos e em consonância com as necessidades de Macau, para de acordo com a lei e no âmbito das atribuições que lhe são dar resposta às mudanças no mercado de trabalho, apoiando conferidas. Além disso, o Instituto também já notificou os deste modo os residentes na elevação das suas capacidades trabalhadores em questão, para apresentarem ao CCAC a profissionais e promovendo o desenvolvimento saudável dos declaração de bens patrimoniais e interesses, conforme so- recursos humanos. Simultaneamente, continuará a aperfei- licitado. O IC procedeu já a uma investigação interna rigo- çoar os serviços de colocação profissional para criar condi- rosa a propósito dos problemas detectados pelo CCAC, não ções mais favoráveis às colocações bem-sucedidas. descobrindo quaisquer actos notórios de fraude e corrup- ção. O Governo da RAEM irá nomear um instrutor para 11 de Maio de 2017. avançar com os processos disciplinares e o resultado será publicado oportunamente. O Director da DSAL, Wong Chi Hong. Embora se tenham estabelecido no IC vários mecanis- ______mos de fiscalização, estes estão vocacionados apenas para os comportamentos disciplinares. O surgimento de um mo- delo especial referente ao “recrutamento de trabalhadores 123. Resposta escrita do Governo, respeitante à interpe- em regime de aquisição de serviços” deve-se à divergência lação, apresentada pela Deputada Song Pek Kei, datada de quanto ao conhecimento e à interpretação dos dispositivos 16 de Março de 2017, e o respectivo Despacho n.º 632/V/2017. legais. Pelo exposto, o IC irá reflectir profundamente e cria- rá, uma força-tarefa, estabelecendo um mecanismo perfeito DESPACHO N.º 632/V/2017 e demais instruções vocacionadas para o pessoal do Insti- tuto. A par disso, vem este Instituto fortalecer a formação Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- profissional e a consciência de cumprimento da lei, refor- cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a çando a base da legalidade da administração de acordo com redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- a lei, aceitando humildemente a supervisão da população, -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita da comunicação social e da entidade tutelar. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 329

No âmbito da gestão da administração pública, a Direc- dacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia-se ção dos Serviços de Administração e Função Pública ma- a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita do nifestou que actualmente, já existem leis e regimes próprios Governo sobre o requerimento de interpelação, apresentado que regulam o funcionamento administrativo dos serviços pela Deputada Wong Kit Cheng em 17 de Março de 2017. públicos, sendo os respectivos procedimentos autorizados e supervisionados pela entidade tutelar competente. 25 de Maio de 2017.

No âmbito do recrutamento de pessoal e da aquisição O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. de serviços, há um conjunto de legislação que os serviços públicos têm que observar: “Recrutamento, selecção e for------mação para efeitos de acesso dos trabalhadores dos serviços (Tradução) públicos”; “Regime do Contrato de Trabalho nos Serviços Públicos”; “Estatuto dos Trabalhadores da Administração Resposta à interpelação escrita da Deputada à Assembleia Pública de Macau” e “Regime das carreiras dos trabalha- Legislativa, Wong Kit Cheng dores dos serviços públicos”, entre outros. Segundo essa legislação, cabe à Direcção dos Serviços de Administração Em cumprimento das instruções do Chefe do Executi- e Função Pública pronunciar-se sobre os assuntos relativos vo, e tendo ouvido os pareceres da Direcção dos Serviços ao processo de recrutamento e mudança de funções. No que de Finanças (DSF) e da Direcção dos Serviços de Solos, respeita às finanças públicas, os serviços públicos devem Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), é submetida realizar as suas actividades financeiras conforme o previsto a resposta à interpelação escrita da Senhora Deputada no “Regime de administração financeira pública”, cabendo Wong Kit Cheng, de 17 de Março de 2017, enviada a co- à Direcção dos Serviços de Finanças fiscalizá-las nos termos berto do ofício n.º 244/E194/V/GPAL/2017 da Assembleia da lei, no sentido de prevenir e corrigir situações erradas. Legislativa: Todas as actividades administrativas carecem de autorização da entidade tutelar ou pessoal competente nos termos da lei. O Governo da RAEM está empenhado em fomentar o Por outro lado, o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) desenvolvimento da diversificação adequada da economia, e o Comissariado da Auditoria (CA) são os órgãos indepen- tendo proporcionado mais escolhas e espaços a operado- dentes do Governo da RAEM que se responsabilizam pela res ou residentes que desenvolvam o seu próprio negócio observação dos actos e procedimentos administrativos dos mediante as diversas políticas e medidas como o reforço da serviços e entidades públicas nos aspectos de legalidade e ra- formação no âmbito de empreendedorismo aos jovens que zoabilidade, assegurando uma administração segundo a lei. pretendam criar negócios, no sentido de que estes jovens se Face ao exposto, o Governo da RAEM já possui uma preparem bem no planeamento daquela matéria. Relativa- legislação bastante completa para regular os procedimentos mente ao Regulamento Administrativo do Plano de Apoio administrativos, com as entidades tutelares dos serviços a Jovens Empreendedores actualmente em alteração, será públicos a supervisionarem e autorizarem anteriormente planeado que sejam reforçados os requisitos referentes à as actividades dos serviços subordinados nos termos da lei, formação em empreendedorismo dos jovens, forçando os enquanto o CCAC e o CA fiscalizam posteriormente para empreendedores locais a concluir os “Cursos Gerais para assegurar que as actividades dos serviços públicos sejam re- Criação de Negócios”, cujo conteúdo abrange a preparação alizadas conforme o estipulado nos diplomas legais. e planeamento para empreendedorismo, o modelo de ope- ração e informação relativa ao início de actividades. Agradeço desde já a atenção de V. Ex.ª para o assunto. Todos os operadores, incluindo os jovens empreen- Macau, aos 2 de Maio de 2017. dedores, antes de desenvolverem quaisquer actividades industriais e comerciais, devem conhecer se seja necessário O Presidente do Instituto Cultural, Leung Hio Ming. obter a respectiva licença administrativa em relação às ac- tividades que pretendam explorar, e em conformidade com ______as leis e disposições legais, devem exercer actividades num estabelecimento adequado. Enquanto os requerentes serão alertados para o referido assunto, após recebidos, pelos fun- 124. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- cionários da Direcção dos Serviços de Economia (DSE), os pelação, apresentada pela Deputada Wong Kit Cheng, da- pedidos relativos ao Plano de Apoio a Jovens Empreende- tada de 17 de Março de 2017, e o respectivo Despacho dores ou Plano de Apoio a Pequenas e Médias Empresas. n.º 633/V/2017. Dado que a definição dos fins industriais dos edifícios DESPACHO N.º 633/V/2017 em Macau está sujeita à Lei n.º 6/99/M e ao Decreto-Lei n.º 11/99/M que regula os estabelecimentos e unidades indus- Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- triais, bem como de armazenamento, onde se exercem activi- cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a re- dades da indústria transformadora especificadas na SECÇÃO 330 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

D da Classificação das Actividades Económicas de Macau De um modo geral, no que respeita ao conceito de acti- — Revisão 1, aprovada pelo Decreto-Lei n.º 55/97/M, relati- vidades industriais e à finalidade de edifícios industriais, a vamente à pergunta constante da interpelação escrita sobre DSE continuará a manter o contacto com os departamen- a integração directa dos ateliers na finalidade industrial, tos relacionados, e em consonância com todos os factores, quando se julgar se podem ser incluídos os estabelecimen- designadamente, necessidades da sociedade moderna, nor- tos referentes às indústrias culturais e criativas e ateliers no mas jurídicas, seguranças contra incêndios e higiene, etc., conceito da finalidade industrial, deve-se considerar, para estudando a viabilidade para o alargamento adequado da além das respectivas normas jurídicas e carácter singular da finalidade de edifícios industriais, no sentido de promover o produção industrial, o funcionamento concreto de estabele- desenvolvimento da diversificação adequada da economia, e cimentos. Ao mesmo tempo, o Regulamento de Segurança oferecer mais espaços para o desenvolvimento do empreen- contra Incêndios regulariza, de forma clara, que os edifícios dedorismo juvenil e das pequenas e médias empresas, bem são classificados por finalidades, e subdivididos em «Gru- como as actividades de lazer aos cidadãos. pos de Utilização» e «Classes de Altura», e nesta base, são definidas várias condições para efeitos de correspondência Aos 5 de Maio de 2017. às exigências contra incêndios, pelo que não é adequado in- tegrar todos os ateliers no conceito da finalidade industrial. O Director dos Serviços, Tai Kin Ip.

Quanto ao assunto sobre a redução da taxa de concor- ______dância dos proprietários na vertente de reconstrução de edifícios industriais, a DSSOPT manifestou que o Conselho para a Renovação Urbana já apresentou a possibilidade da 125. Resposta escrita do Governo, respeitante à interpe- redução da proporção dos direitos de propriedade relativa lação, apresentada pelo Deputado Chan Iek Lap, datada de à reconstrução de edifícios antigos, mas as respectivas pro- 21 de Março de 2017, e o respectivo Despacho n.º 634/V/2017. postas e âmbito de aplicação ainda ficam por discutir, e até agora, não há nenhuma decisão. Além disso, a DSF, em arti- DESPACHO N.º 634/V/2017 culação com as sugestões e opiniões concretas do Conselho para a Renovação Urbana, estudará a viabilidade da elabo- Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- ração de benefícios fiscais, para atingir uma meta de apro- cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a veitamento e revitalização de edifícios industriais antigos. redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita No que toca à instalação, em edifícios industriais, dos do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- estabelecimentos das actividades culturais, recreativas e tado pelo Deputado Chan Iek Lap em 21 de Março de 2017. desportivas que possam atrair o fluxo de pessoas, devido ao ambiente complicado do interior de edifícios industriais, 25 de Maio de 2017. bem como ao surgimento dos diversos impactos negativos para as imediações da zona que se situem na sua produção O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. industrial, e ao eventual perigo destinado à população em geral que entre e saia (em particular, os idosos e as crianças) ------sob a realização de operações de carga e descarga das maté- rias-primas industriais e mercadorias, e tendo em conta as Resposta à interpelação escrita apresentada pelo Sr. Depu- exigências relativas à segurança contra incêndios, deverá ser tado à Assembleia Legislativa, Chan Iek Lap tratado cautelosamente o assunto sobre a diminuição dos requisitos da exploração deste tipo de projecto no âmbito de Em cumprimento das instruções do Chefe do Executivo, edifícios industriais. e tendo em consideração o parecer da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), apresento a seguinte Por outro lado, o Governo da RAEM, face à necessida- resposta à interpelação escrita apresentada pelo Sr. Deputado de do desenvolvimento socioeconómico, também criará, de Chan Iek Lap, em 21 de Março de 2017, enviada a coberto do forma pragmática, condições para resolver o problema do ofício da Assembleia Legislativa n.º 278/E222/V/GPAL/2017, reaproveitamento de edifícios industriais. De acordo com os de 5 de Abril, e recebida pelo Gabinete do Chefe do Execu- dados prestados pela DSSOPT, o Conselho para a Renova- tivo em 6 de Abril de 2017: ção Urbana está a proceder ao estudo e discussão na refe- rida matéria, esperando que, com princípio de satisfazer as 1. A DSAT indicou que a 4.ª ponte Macau — Taipa será exigências relativas à segurança contra incêndios e constru- uma via importante destinada ao desvio do trânsito que ção, possam ser lançadas as medidas de incentivo para a par- fará a interligação entre a Zona A dos Novos Aterros Urba- ticipação dos proprietários de edifícios industriais no plano nos, a Zona E dos Novos Aterros Urbanos e a ilha artificial de renovação urbana, incluindo a eventual consideração da do posto fronteiriço da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e alteração temporária da finalidade de todo o edifício indus- ligará a Península de Macau e as ilhas, através das vias in- trial, a fim de alcançar o objectivo do reaproveitamento. teriores das Zonas A e E dos Novos Aterros Urbanos, asse- N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 331 gurando o transporte entre Macau e a Taipa conjuntamente resposta à interpelação escrita do Sr. Deputado Zheng com as actuais três pontes. De acordo com a avaliação efec- Anting, de 28 de Março de 2017, enviada a coberto do tuada, prevê-se que a 4.ª ponte Macau — Taipa possa asse- ofício n.º 307/E245/V/GPAL/2017 da Assembleia Legislati- gurar mais de 27% do volume global de transporte entre va de 12 de Abril de 2017 e recebida pelo Gabinete do Che- Macau e a Taipa. fe do Executivo em 12 de Abril de 2017:

2. Para haver uma articulação com o desenvolvimento Concretização do Mecanismo de Protecção dos Idosos urbano futuro, em meados de 2016, a DSSOPT incumbiu Formação dos profissionais de saúde especializados uma entidade de investigação de realizar um estudo de via- bilidade sobre a 5.ª ligação rodoviária Macau-Taipa, no sen- Para fazer face às diversas oportunidades e desafios que tido de proceder a uma análise aprofundada relativamente à o envelhecimento da população traz à sociedade de Macau, viabilidade da sua construção, à comparação das propostas o Governo da RAEM publicou oficialmente em 2016 a ver- de localização e à localização das entradas e saídas. Duran- são final do Mecanismo de Protecção dos Idosos e do Plano te o estudo, serão ainda realizadas uma análise hidrológica Decenal de Acção para o Desenvolvimento dos Serviços de e uma sondagem geotécnica. O estudo ainda está em curso. Apoio a Idosos (2016-2025), sendo o Grupo Director Inter- departamental do Mecanismo de Protecção dos Idosos de 3. Após um estudo preliminar, a fim de evitar impactos Macau (adiante designado por Grupo Director), chefiado sobre a Ponte Governador Nobre de Carvalho e a paisa- pelo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura e com- gem das zonas circundantes, considera-se que é adequado posto por 13 Serviços públicos, responsável pela coorde- construir um túnel subaquático como 5.ª ligação rodoviária nação, execução e implementação dos trabalhos que visem Macau-Taipa. Visto que está a decorrer ainda o estudo de a concretização das diversas medidas do respectivo Plano viabilidade, não se consegue definir, para já, um calendário de Acção. Acrescentou que até 31 de Dezembro de 2016, o para a sua construção. Grupo Director já tinha começado a desenvolver 157 das 196 medidas que compõem a fase de curto prazo, das quais RAEM, aos 10 de Maio de 2017. 96 foram concluídas ou implementadas e, as restantes 39 vão ser sucessivamente desenvolvidas em 2017, prevendo a O Director dos Serviços, Li Canfeng. sua conclusão ainda para este ano.

______Com vista a implementar a política de “manutenção dos idosos no domicílio” e defender o conceito de “tratamento adequado e prevenção prioritária”, os Serviços de Saúde, a partir de uma cadeia de serviços de prevenção, diagnóstico 126. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- e tratamento e reabilitação, continuam a optimizar os servi- terpelação, apresentada pelo Deputado Zheng Anting, ços existentes, a aumentar os esforços na área da promoção datada de 28 de Março de 2017, e o respectivo Despacho da prevenção de doenças, bem como a responder à procura n.º 635/V/2017. de assistência médica provocada pelo envelhecimento da população através do reforço da formação em serviço dos DESPACHO N.º 635/V/2017 profissionais de saúde na área da geriatria. Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- Presentemente, a acessibilidade dos idosos aos cuidados cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a de saúde é alta e as regalias médicas em Macau são perfei- redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- tas, os idosos podem, através de vários meios e através da -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita prestação de cuidados de saúde a vários níveis, ter acesso a do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- cuidados de saúde gratuitos fácil e convenientemente nos tado pelo Deputado Zheng Anting em 28 de Março de 2017. centros de saúde e no Centro Hospitalar Conde de São Ja- 25 de Maio de 2017. nuário. Também através de um mecanismo de transferência recíproca de consultas médicas, pode ser garantida a conti- O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. nuidade de diagnóstico e tratamento a pacientes. O Centro de Avaliação e Tratamento da Demência que entrou em fun------cionamento em 2016 disponibiliza os serviços de diagnóstico e tratamento por grupos interdisciplinares para a demência (Tradução) e através dos “cuidados comunitários articulados” prestados pelo Instituto de Acção Social, melhorando os serviços mé- Resposta à interpelação escrita apresentada pelo Deputado dicos e reforçando o apoio atribuído à demência. à Assembleia Legislativa, Zheng Anting Em relação aos serviços médicos especializados, ao Em cumprimento das instruções do Chefe do Executi- abrigo do “Plano Quinquenal de desenvolvimento da vo, ouvido o Instituto de Acção Social, apresento a seguinte RAEM (2016-2020)”, os Serviços de Saúde têm alcançado 332 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 progressivamente o objectivo de formação de 275 médicos Hong Kong, através da referida cooperação regional e com- especializados entre os anos 2014 e 2020. Actualmente, plementaridade das vantagens, a fim de ser prestada uma cerca de 70 médicos especializados encontram-se em for- assistência médica adequada à população. mação, e a curto prazo haverá mais 30 médicos especializa- dos, ou seja, cerca de 100 médicos vão concluir o internato 26 de Abril de 2017. complementar em 2017, incluindo os de especialidades rela- cionadas com idosos como Cardiologia, Medlclna Interna, O Director dos Serviços de Saúde, substituto, Cheang Psiquiatria, Oncologia, Oftalmologia, Pneumologia e Otor- Seng Ip. rinolaringologia, desenvolvendo de acordo com o plano e situação real. ______

Concomitantemente, os Serviços de Saúde têm atribu- ído importância à formação profissional em serviço, nome- adamente nos cuidados de saúde de geriatria, através de 127. Resposta escrita do Governo, respeitante à interpe- mecanismos de cooperação regional, reforçando constante- lação, apresentada pelo Deputado Mak Soi Kun, datada de mente a cooperação com as instituições médicas de renome 21 de Março de 2017, e o respectivo Despacho n.º 636/V/2017. do Interior da China e de Hong Kong, promovendo o inter- câmbio em termos de técnicas dos profissionais de saúde e DESPACHO N.º 636/V/2017 elevando os respectivos níveis profissionais. Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- Empenho nas vantagens de cooperação regional cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a os Aperfeiçoamento do sistema de assistência médica redacção dada pelas Resoluções n. 2/2007 e 3/2009, envia- -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita Relativamente à organização da assistência médica do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- transfronteiriça, se por um lado tem sempre existido dife- tado pelo Deputado Mak Soi Kun em 3 de Abril de 2017. renças entre os sistemas de cuidados de saúde do Interior 25 de Maio de 2017. da China e de Macau no que concerne vigilância e controlo, cultivo da assistência médica e métodos de diagnóstico e O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. tratamento, logo é possível que isto leve a dificuldades de vigilância e controlo por parte dos serviços de cuidados de ------saúde, da qualidade de medicamentos usados e da cobran- ça das despesas médicas, o que significa que a extensão da (Tradução) assistência médica transfronteiriça é evidentemente uma questão muito complexa. Para garantir a qualidade de Resposta à interpelação escrita apresentada pelo Deputa- cuidados de saúde aos residentes locais que vivem fora do do à Assembleia Legislativa, Mak Soi Kun território de Macau, deve, em primeiro lugar, proceder-se a uma investigação e avaliação aprofundada do conceito de Em cumprimento das instruções do Chefe do Execu- assistência médica transfronteiriça. Os Serviços de Saúde tivo, e tendo em consideração o parecer da Comissão de têm vindo a reforçar a cooperação com os seus congéneres Desenvolvimento de Talentos, do Gabinete de Apoio ao (instituições de serviços médicos) do Interior da China, par- Ensino Superior e da Direcção dos Serviços de Protecção ticularmente com as províncias e zonas vizinhas, no âmbito Ambiental, apresento a seguinte resposta à interpelação es- do intercâmbio técnico, formação de pessoal e transferência crita do Sr. Deputado Mak Soi Kun, de 3 de Abril de 2017, de doentes para tratamento médico, com vista a melhorar enviada a coberto do ofício n.º 296/E235/V/GPAL/2017 da os serviços de cuidados de saúde. Assembleia Legislativa de 11 de Abril de 2017 e recebida pelo Gabinete do Chefe do Executivo em 12 de Abril de Por outro lado, o governo da RAEM e a província de 2017: Guangdong têm procedido a uma estreita cooperação no domínio da saúde, incluindo na resposta a contingência da A protecção ambiental constitui uma base para o de- saúde pública, no erro médico urgente, na cooperação da senvolvimento social sustentável de Macau e está estrei- indústria da Medicina Tradicional Chinesa, no intercâmbio tamente ligada à vida quotidiana dos residentes, pelo que de técnicas médicas, etc., para os quais foi criado um me- o governo da Região Administrativa Especial de Macau canismo de cooperação e notificação que tem funcionado (RAEM) atribui grande importância a esta área, tendo muito bem ao longo do tempo. Ambas as partes têm manti- vindo a implementar, ao longo dos anos, várias políticas e do uma boa comunicação e contacto. No futuro, de acordo medidas nas áreas de educação e planeamento social, bem com o Planeamento de desenvolvimento de um conjunto de como a realizar muitos trabalhos de promoção e divulga- cidades da Região do Grande Golfo de Guangdong, Hong ção, empenhando-se em criar, para a sociedade de Macau, Kong e Macau, o intercâmbio no domínio da saúde conti- um ambiente de vida com alta qualidade e disponível para o nuará a ser aprofundado com a província de Guangdong e desenvolvimento sustentável. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 333

Refere-se, claramente, nos objectivos gerais da Lei desenvolvem e realizam, em cada ano lectivo, as actividades n.º 9/2006 (Lei de Bases do Sistema Educativo Não Supe- práticas da educação para a protecção ambiental para toda rior), a necessidade de cultivar o convívio harmonioso dos a escola e de forma contínua; em relação às escolas particu- alunos com a natureza. Neste sentido, a Direcção dos Servi- lares, desde 2008, o Fundo de Desenvolvimento Educativo ços de Educação e Juventude (DSEJ) vem concretizando os atribui, continuamente, subsídios às escolas particulares e objectivos educativos indicados na referida lei. Ao mesmo promove a construção das suas instalações escolares ecoló- tempo, a “Política de Juventude de Macau (2012-2020)” re- gicas, bem como actividades de educação para a protecção força, nos jovens, a consciência para a protecção ambiental ambiental, apoiando as escolas para adaptarem a metodolo- e cultiva, gradualmente, nos mesmos, a participação em ac- gia pedagógica e equipamentos ecológicos, subsidiando-as tos de protecção ambiental. para a melhoria e aquisição de instalações para a protecção ambiental e conservação energética. Para melhorar a eficá- Importância à protecção ambiental na estrutura curricular, cia da educação para a protecção ambiental, e criar um am- ambiente verde nas instalações escolares biente verde e de poupança de energia e redução de emissão de carbono no ensino, a DSEJ e a Direcção dos Serviços de Em 2015, o governo da RAEM promulgou e imple- Protecção Ambiental (DSPA) cooperaram para implemen- mentou, sequencialmente, o regulamento administrativo tar o Plano de Parceria “Eco-Escolas”, que recebeu uma das “exigências das competências académicas básicas da excelente participação de todas as escolas oficiais, tendo educação regular do regime escolar local”. A definição das 60% das escolas particulares participado no plano. Além exigências das disciplinas, dos diversos níveis de ensino, disso, a DSEJ colabora, ao longo dos anos, com os diversos relacionadas com a educação ambiental, tais como: activi- serviços públicos, para implementar e subsidiar as escolas dades de descoberta, educação moral e cívica, ciências na- na realização de várias actividades, tais como: participação turais, sociedade e humanidade, entre outras, veio regular e das escolas primárias e secundárias nas actividades educa- orientar as escolas quanto à inclusão de conteúdos relativos cionais de eficiência energética, actividades de intercâmbio à educação para a protecção ambiental nas disciplinas refe- dos conhecimentos relacionados com a energia, jogo de per- ridas, de acordo com as características de aprendizagem dos guntas e respostas com prémio sobre a exposição itinerante alunos dos diversos níveis de ensino, incluindo a preocupa- dos painéis, plano de mês de conservação energética nas ção com a mudança ambiental, protecção ambiental, valori- escolas, ensino da cultura de poupança energética, activida- zação dos recursos, criação de valores de desenvolvimento des promotoras, outros planos de promoção de conservação sustentável, permitindo aos alunos conhecerem, desde o energética, plano de melhoria das instalações energéticas ensino infantil e de forma progressiva, o conteúdo da edu- das escolas”, entre outros, colaborando com os currículos cação para a protecção ambiental e a sua influência, bem das escolas relativos à protecção ambiental, para promover como dominarem e adquirirem o conhecimento, habilidade, e criar, gradualmente, a cultura de poupança energética nas capacidade, emoção, atitudes e valores, relacionados com a escolas. educação para a protecção ambiental.

Para ajudar as escolas e docentes a implementarem as Apoio dos jovens comunitários e dos vários sectores para um exigências das competências académicas básicas no ensino, ambiente de trabalho de poupança de energia além de divulgar a educação para a protecção ambiental nos materiais didácticos da disciplina de “Educação Moral “Criar um conceito de desenvolvimento verde e de bai- e Cívica”, a DSEJ disponibiliza ainda um guia curricular xo teor de carbono, que se concentre na economia de ener- para as disciplinas e envolve instituições profissionais para gia e na redução da emissão de poluentes, propor uma vida desenvolverem materiais didácticos adequados para uso natural e simples, construir conjuntamente uma sociedade das escolas e docentes. Através da promoção e execução verde com economia de recursos e com um ambiente agra- da reforma curricular, pretende-se que os alunos criem dável” são as medidas principais relacionadas com a protec- uma consciência e um hábito coerentes com a protecção ção ambiental inseridas na “Política de Juventude de Macau ambiental, desde a sua infância. Ao mesmo tempo, a DSEJ (2012-2020)”. A DSEJ considera o aproveitamento dos re- continua a reforçar a formação dos docentes nas áreas rele- cursos naturais como o elemento principal para as diversas vantes, para garantir a melhoria da qualidade da educação actividades juvenis, através das actividades comunitárias para a protecção ambiental. Através do “Prémio para o e ao ar livre, aconselhamento ao planeamento da carreira, Projecto Pedagógico”, incentivam-se os docentes a produzi- subsídios às associações, entre outros, para desenvolver, rem materiais didácticos relacionados com a educação para continuamente, as actividades de divulgação de protecção a protecção ambiental. Entre as obras candidatas ao “Prémio ambiental destinadas aos jovens, propagando o significado para o Projecto Pedagógico do Ano Lectivo de 2014/2015”, de vida verde, baixo carbono e poupança de energia e de cujo resultado foi publicado em 2016, premiaram-se 9 que redução da emissão de poluentes. incluíram materiais didácticos relacionados com a educação para a protecção ambiental. No aspecto da educação comunitária, realizam-se, A DSEJ estimula as escolas oficiais e particulares a continuamente, actividades para a protecção ambiental des- criarem um ambiente escolar ecológico. As escolas oficiais tinadas aos adultos, idosos e família, tais como: actividade 334 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 de passeio dos idosos na montanha, workshops de produção Entretanto, o Gabinete de Apoio ao Ensino Superior de um avião com materiais reciclados para a família, entre continua a dar apoio financeiro, através do projecto “Finan- outras, para promover uma vida ecológica entre os residen- ciamento das Actividades das Associações de Estudantes tes. A DSEJ produz ainda vídeos e programas específicos, do Ensino Superior”, para incentivar as associações de estu- relacionados com a protecção ambiental que são transmi- dantes das instituições do ensino superior e as associações tidos na televisão educativa, reforçando a divulgação da cívicas a organizarem e realizarem várias actividades abor- consciência para a protecção ambiental nos alunos jovens e dando o tema da protecção ambiental, assim, por exemplo, residentes. nos últimos anos, também financiaram o “Concurso de Concepção de Pronto-a-vestir Ecológico” e o “Projecto Em articulação com os trabalhos de divulgação dos Verde — Para os Estudantes Universitários”, tudo isto con- diversos serviços, a DSEJ promove a implementação do tribui para impulsionar os estudantes do ensino superior conceito do gabinete ecológico nas suas subunidades, in- a participarem, activamente, nos trabalhos da protecção cluindo nas escolas oficiais. Por exemplo, colabora com o ambiental, levando-os, assim, a entenderem e a conhecerem Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético na melhor essa situação. execução do “Programa de Aplicação da Gestão Energética para os Serviços e Organismos” e, a partir do ano de 2006, Actividades realizadas pela DSPA, no intuito de transmitir a mediante a elaboração dos documentos de orientação inter- consciência de protecção ambiental aos jovens na, tais como o “guia para a protecção ambiental”, executa os trabalhos ecológicos do ar condicionado, equipamentos De acordo com a “Pesquisa sobre o nível de conheci- (computadores e aparelhos electrónicos), gestão de recur- mento da população de Macau em relação à protecção am- sos (água, electricidade), de acordo com quatros aspectos: biental”, o nível de consciência dos cidadãos em termos de “conservação de energia”, “redução de utilização”, “maxi- protecção ambiental é maior, mas é ainda necessário refor- mização de recursos” e “substituição do uso”, promovendo çar a prática de comportamentos ecológicos. Para continuar a implementação dos conceitos de protecção ambiental e de a divulgar os conhecimentos ambientais junto dos jovens e poupança de energia. levá-los a desenvolver os seus hábitos ambientais, a DSPA tem vindo a desenvolver o Plano de Parceria “Eco-Escolas” desde 2010. Até ao presente, cerca de 60% das unidades es- Criação decursos relacionados com a protecção ambiental colares de Macau aderiram ao plano. A educação ambiental no ensino superior, apoio às actividades promotoras da tem vindo a ser promovida em 4 aspectos, nomeadamente protecção ambiental política e gestão ambiental das escolas, espaços e arquitec- tura das escolas, plano pedagógico sobre o ambiente, assim De acordo com Decreto-Lei n.º 11/91/M, de 4 de Feverei- como actividades escolares, familiares e comunitárias. A ro, com as alterações constantes no Decreto-Lei n.º 8/92/M, DSPA e as associações relacionadas têm vindo a organizar de 10 de Fevereiro, que é a legislação vigente para o ensino cursos de formação destinados aos docentes escolares, par- superior, as instituições do ensino superior de Macau têm tilhando casos práticos. autonomia pedagógica, no que se diz respeito à elaboração do plano de estudos e do programa curricular das discipli- Para promover o sector educativo na concepção de nas, à definição dos métodos pedagógicos e à experiência de projectos pedagógicos em relação à protecção ambiental novas formas pedagógicas, bem como a outros aspectos rela- correspondentes à realidade de Macau, em 2010, a DSPA cionados. lançou o Concurso do Prémio “Projecto Pedagógico de Educação Ambiental”. Até ao presente, foram concluídos As instituições do ensino superior de Macau têm 195 projectos pedagógicos e foram sucessivamente lançados apoiado os trabalhos da educação da protecção ambiental. o Prémio “Fãs de Escola Ecológica” e o Plano de Atribui- Assim, sabe-se que, actualmente, há instituições que cria- ção de Louvores às “Eco-Escolas”. Além disso, a DSPA ram alguns cursos de grau académico, relacionados com as tem vindo a divulgar informações relacionadas com a pro- áreas especializadas em Ciência Ambiental e em Gestão do tecção ambiental junto dos professores e alunos, através de Ambiente. Além disso, também há instituições que integra- um conjunto de actividades promocionais, designadamente, ram, nos seus cursos, a protecção ambiental na disciplina palestras sobre os conhecimentos ambientais, exposições da educação geral, para os estudantes, que frequentam os de painéis, teatros itinerantes com o tema “redução de cursos de outras áreas especializadas, terem oportunidades resíduos” e actividades de radiodifusão nas escolas. Em de aprendizagem e de, por esse meio, adquirirem mais co- 2016 foram realizadas 50 palestras e 19 peças de teatro que nhecimentos fundamentais sobre a protecção do ambiente. contaram com cerca de 19.000 participações de alunos. A Paralelamente, segundo os dados do projecto “Subsídio DSPA continuará a intensificar o Plano de Parceria “Eco- para aquisição de material escolar a estudantes do ensino -Escolas”, para que se divulgue, junto das novas gerações, a superior”, do ano lectivo de 2015/2016, registaram-se mais consciência da protecção ambiental. de 200 estudantes de Macau, que estão agora a frequentar, no exterior, cursos do ensino superior na área especializada No futuro, o governo da RAEM continuará a reforçar, da Ciência Ambiental. nos âmbitos do ensino superior e não superior, a consciência N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 335 e a criação de hábitos de vida dos alunos em relação à pro- venção de cheias desde a zona da Barra até ao mercado mu- tecção ambiental, através do ensino, promoção educativa e nicipal do Patane, devendo ainda instalar-se uma comporta prática quotidiana. Ao mesmo, continuará a implementar contra enchentes, postos de bombas de extracção de água, as medidas da Política de Juventude em relação à protecção esgotos na forma de bueiros, etc., como também proceder ambiental, bem como a reforçar a divulgação e promoção a obras provisórias para prevenção da entrada das águas sobre a protecção ambiental na comunidade, permitindo do mar para a zona marginal durante as grandes marés assim que mais alunos, jovens e residentes a conheçam a astronómicas1, e parte dessas medidas já foi concretizada. importância da protecção ambiental, de modo a criar, para Entretanto, as tais medidas concretizadas não conseguiram a sociedade de Macau, um ambiente de vida com alta quali- obter resultados satisfatórios, e as tempestades tropicais re- dade e receptivo ao desenvolvimento sustentável. gistadas no ano passado em Macau, “Nida”, “Dianmu”, etc., causaram ainda diferentes graus de inundações2 3, afectando Aos 8 de Maio de 2017. significativamente a vida quotidiana dos residentes.

A Directora, Leong Lai. As obras acima referidas eram apenas medidas de curto prazo de acordo com o estudo de prevenção de inundações, e essas medidas não conseguiam resolver definitivamente, ______em termos de longo prazo, o problema das inundações e, na realidade, desde há muito tempo, existem já na sociedade fortes vozes que apelam à aceleração da construção de uma 128. Requerimento de interpelação escrita sobre a comporta para controlo das águas do rio entre a zona da acção governativa, apresentado pela Deputada Wong Kit Barra de Macau e a de Wanchai da China como resolução Cheng, datado de 19 de Maio de 2017, e o respectivo Des- definitiva do problema de inundações no Porto Interíor4. pacho n.º 637/V/2017. Este projecto até já foi incluído nos trabalhos principais do ano de 2016 do “Acordo-Quadro de Cooperação Guang- DESPACHO N.º 637/V/2017 dong-Macau”, mas, até este momento, ainda não sabemos a situação concreta sobre as obras em causa e a data do seu Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regimen- início. Nestes termos, o Governo deve proceder, o mais to, o requerimento de interpelação escrita, datado de 19 de cedo possível, aos trabalhos de prevenção para enfrentar as Maio de 2017, apresentado pela Deputada Wong Kit Cheng. inundações, tendo em consideração a aproximação da esta- Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- ção das chuvas e, ao mesmo tempo, divulgar a situação dos cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a trabalhos das obras de prevenção adoptadas como medidas redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, distri- de curto, médio e longo prazo, a fim de dissipar as preocu- buo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimento pações dos residentes. acima referido. Sendo assim, interpelo o Governo sobre o seguinte: 29 de Maio de 2017.

O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. 1. O Governo planeou, em 2011, a construção de um posto de bombas de água nas proximidades do Porto In------terior (Avenida de Demétrio Cinatti) para resolver o pro- blema das inundações5 e revelou, no relatório das Linhas (Tradução) de Acção Governativa (LAG) do corrente ano, que as ins-

Interpelação escrita 1 Conselho Consultivo para o Reordenamento dos Bairros An- Prestar atenção aos trabalhos preventivos de inundações tigos da Região Administrativa Especial de Macau: Dentro de na zona do Porto Interior um ano vão ser iniciadas as obras de prevenção para aliviar as inundações e ao mesmo tempo reordenar e activar a zona mar- Cada vez que a estação das chuvas chega, o problema ginal do Porto Interior — http://www.gcs.gov.mo/showNews. das inundações no Porto Interior e em certos bairros antigos php?DataUcn=69094&PageLang=C. 2 vem, de certeza, perturbar as deslocações dos residentes e o Dia de 3 de Agosto de 2016 — Inundação no Porto Interior, bar- funcionamento das lojas, ou até causar graves prejuízos pa- raca de zinco derrubada pelo vento, Jornal “Exmoo News”. 3 trimoniais. Quanto aos trabalhos preventivos de inundações, Dia 19 de Agosto de 2016 — Chuva violenta, inundação no Por- to Interior, Jornal “Ou Mun”. em 2012, o Governo incumbiu um organismo científico de 4 Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes: investigação de proceder ao “Estudo sobre o planeamento Intensificando a cooperação regional, promovendo a resolução do geral de prevenção e remediação do problema de inundações problema de inundações no Porto Interior. — http://www.gcs.gov. no Porto Interior de Macau”. Segundo este estudo, num cur- mo/showNews.php?DataUcn=105946&PageLang=C to prazo, deveriam ser adoptadas medidas de “reparação das 5 Dia 15 de Outubro de 2011 — Resolver o refluxo de água do rachas detectadas, de prevenção de cheias e de escoamento mar, aumentar a altura do muro contra marés e instalar uma com- de água”, e deveria ser aumentada a altura do muro de pre- porta na Avenida Demétrio Cinatti, Jornal “Cheng Pou”. 336 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 talações em causa estarão concluídas no terceiro trimestre buo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimento de 20186. Neste momento, qual é o ponto de situação das acima referido. referidas obras? O andamento corresponde ao que estava planeado? Após a sua conclusão, conseguirá o Governo so- 29 de Maio de 2017. lucionar o problema das inundações? O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. 2. A estação das chuvas está a aproximar-se. Neste ------momento, existem ou não obras em curso para a prevenção de inundações nos bairros antigos, como no Porto Interior, (Tradução) zona de San Kio, etc., e conseguirão ficar concluídas antes da chegada da estação das chuvas? Para garantir o fácil es- Interpelação escrita coamento da água, quais são os trabalhos de rotina de lim- peza e de eliminação de lixo e matéria oleosa preparados Incentivar o IACM a aperfeiçoar a fiscalização às obras para o efeito, e qual é o respectivo ponto de situação, com viárias vista a assegurar o bom funcionamento dos esgotos?

3. O Governo incumbiu, respectivamente em 2015 e Há dias, o Comissariado de Auditoria, doravante desig- 2016, o Instituto de Estudos Científicos da Comissão de Re- nado por CA, divulgou o Relatório de Auditoria de Resul- cursos Hídricos do Rio das Pérolas de elaborar o “Estudo tados intitulado Coordenação e Gestão de Obras Viárias, da viabilidade da construção da ‘Barragem de Marés’ no designado por Relatório, segundo o qual “os problemas com Porto Interior de Macau” e o “Relatório do plano geral da as obras viárias, verificados nos últimos anos, não são dores comporta de retenção de marés e do sistema de escoamento de crescimento, pois já persistem há muito tempo e esten- de água na zona marginal do Porto Interior de Macau”, e a dem-se por todas as zonas de Macau. A gravidade da ocupa- subsequente análise aprofundada e o estudo de suportes es- ção das vias, a frequência do impacto para a vida dos cida- pecíficos contra as inundações7. Qual é o ponto de situação dãos e a imprudência na repetição das escavações atingem dos referidos estudos? O Governo referiu que a resolução já um nível que pode ser classificado como excepcional no do problema das inundações do Porto Interior implica a mundo. Os serviços públicos em causa devem avançar com colaboração regional8. Neste momento, o Governo chegou a acções concretas, no sentido de rever, aprofundadamente, consenso com a região vizinha para resolver conjuntamente a situação, lançando medidas viáveis, com vista a prevenir o problema das inundações no Porto Interior? o alastramento e agravamento da situação.” Os cidadãos ficaram muito desiludidos, quando tomaram conhecimento 19 de Maio de 2017. do Relatório, nomeadamente com o facto de o IACM ter cometido falhas no cumprimento das suas competências de A Deputada à Assembleia Legislativa da RAEM, Wong fiscalização. O Relatório aponta várias situações no âmbito Kit Cheng. das obras viárias, tais como a persistente falta de rigor da fiscalização do IACM, as formalidades para efeitos de apre- ______ciação, autorização e renovação serem efectuadas à toa, os erros frequentes cometidos pelos fiscais, etc., situações que 129. Requerimento de interpelação escrita sobre a resultaram em adiamento das obras em diversas zonas de acção governativa, apresentado pelo Deputado Zheng Macau, com o total de dias de adiamento a atingir mesmo Anting, datada de 25 de Maio de 2017, e o respectivo Des- 1019. Para além disso, estas situações afectam, gravemen- pacho n.º 638/V/2017. te, o trânsito e a vida dos cidadãos. Mais, ainda segundo o mesmo Relatório, embora o grupo de coordenação interde- DESPACHO N.º 638/V/2017 partamental se reúna de dois em dois meses, não se vêem efeitos concretos ao nível da coordenação. Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- Relativamente ao Relatório do CA, o IACM deu uma mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 25 resposta sincera, admitiu, com toda a franqueza, as suas de Maio de 2017, apresentado pelo Deputado Zheng Anting. insuficiências, e comprometeu-se a proceder às necessárias Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- correcções. Porém, o que nos preocupa é o facto de a Direc- cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a ção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego ter já divulga- redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, distri- do que, neste ano, terão lugar, segundo as previsões, cerca de mil obras viárias em diversas zonas. E o mais chocante é 6 Relatório das LAG para o ano financeiro de 2017 do Governo a ampla abrangência de 17 grandes obras, que vão envolver da RAEM — http://images.io.gov.mo/pt/lag/lag2017_pt.pdf vias públicas principais, uma área extensa, e um prazo lon- 7 O mesmo conteúdo do rodapé número 4. go. A zona mais afectada será a Zona Norte, em que metade 8 Dia 14 de Novembro de 2016 — Comporta do Porto Interior in- das obras a realizar implica prazos superiores a um ano. Mas cluída nos trabalhos principais de Guangdong-Macau, Jornal “Ou a obra cujo prazo é mais longo é a do viaduto da Rotunda da Mun”, pág. A3. Piscina Olimpica, que é de exactamente mil dias. Segundo N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 337 alguns cidadãos, as autoridades, tendo em conta o Relatório de Maio de 2017, apresentado pelo Deputado Ho Ion Sang. do CA, devem avançar, de imediato, com as necessárias cor- Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 recções, com vista a uma mais rápida conclusão das obras (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com viárias e ao restabelecimento da fluidez do trânsito. a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, dis- tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- Assim sendo, interpelo as autoridades sobre o seguinte: to acima referido.

1. Antes da divulgação do Relatório já os cidadãos cri- 29 de Maio de 2017. ticavam, há muito tempo, a repetição das escavações, mas não se estava a espera que a fiscalização do IACM fosse O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. tão péssima. As autoridades devem reduzir a repetição das escavações nas vias e remediar, de imediato, a situação, ------no sentido de acabar com os erros, isto é, devem fiscalizar, eficazmente as obras viárias, para que sejam respeitados os (Tradução) prazos de conclusão definidos. De que medidas de melhoria dispõem para o efeito? Interpelação escrita

2. Segundo o Relatório, nos termos do Regulamento De acordo com os dados da Direcção dos Serviços de Orgânico do Instituto para os Assuntos Cívicos e Muni- Estatística e Censos (DSEC) — Estatísticas Demográficas de cipais e do Regulamento Geral dos Espaços Públicos, o 2016, a população de Macau está a envelhecer. Comparando IACM é responsável pela fiscalização do andamento das com os dados de há 5 anos, as pessoas com 65 anos ou mais obras viárias, no entanto, este tem, ao longo dos tempos, aumentaram 48,6 por cento, atingindo as 59 383, o que repre- ignorado e posto isto de lado. Para além dos referidos pro- senta 9,1 por cento da população, um aumento de 1,9 por cen- blemas ao nível da gestão, o Relatório faz também referên- to. Mais, actualmente, 13,5 por cento da população têm entre cia aos, fiscais que inviabilizam a análise, por parte dos su- 55 a 64 anos, e prevê-se que o problema do envelhecimento periores hierárquicos, dos pedidos de suspensão das obras, da população se vai agravar nos próximos 10 anos. portanto, situações caóticas que resultam, com toda a cer- teza, na impossibilidade de o IACM tomar conhecimento e Todos sabem que Macau tem, há muito, falta de lares tratar eficazmente dos casos de incumprimento dos prazos. para idosos, e que ainda é mais difícil conseguir camas De que mecanismos dispõem as autoridades para acabar subsidiadas pelo Governo. Actualmente, existem 20 lares com este caos, para que não volte a repetir-se? para idosos em Macau, que dispõem de 1700 camas. O Go- verno tem planos para dispor de mais 700 camas em 2018, 3. A credibilidade é fundamental para o povo. Então, aumentando assim para um total de mais de 2300 camas, o as autoridades devem reforçar a sensibilização para a res- que abrange, pois, 3,4 por cento do número total de idosos, ponsabilidade e a capacidade executiva dos funcionários contudo, de acordo com os dados, até Julho de 2016 ainda públicos, independentemente do seu nível, por forma a que existiam 600 idosos à espera de entrar para um lar1, Com o estes demostrem que têm vontade de servir a sociedade e agravamento do problema do envelhecimento da população, que assumem as respectivas responsabilidades, com vista a vão ser necessários mais lares para idosos, e o Governo tem evitar que casos semelhantes, isto é, casos que prejudicam o de rever as actuais instalações, resolvendo com antecedên- prestigio do Governo, voltem a acontecer. Como é que isto cia o problema da alteração da estrutura demográfica de vai ser feito? Macau, aumentando o número de camas para os idosos que necessitam dos respectivos cuidados, para que estes possam 25 de Maio de 2017. ter uma vida descansada na velhice.

O Deputado à Assembleia Legislativa da RAEM, Zheng Por outro lado, numa sociedade envelhecida, a maioria Anting. da população vai ter de tratar de um idoso, e esse trabalho não é uma tarefa fácil dado que, na maioria das famílias, o ______homem e a mulher trabalham, e estes, para além de terem de enfrentar pressões no trabalho e na vida quotidiana, têm ainda de cuidar dos filhos e dos idosos, e isso poderá 130. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- acarretar uma série de problemas familiares. Mais, muitos ção governativa, apresentado pelo Deputado Ho Ion Sang, residentes não têm conhecimentos, técnicas e informações datado de 26 de Maio de 2017, e o respectivo Despacho sobre os métodos de tratamento dos idosos, mas também n.º 639/V/2017. não pedem ajuda. Pelo exposto, o Governo deve dispor de mais apoios para diminuir a pressão dessas famílias que DESPACHO N.º 639/V/2017 têm de cuidar de idosos.

Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 26 1 Diário de Macau, 22 de Julho de 2016, página B5. 338 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Nestes termos, interpelo o Governo sobre o seguinte: o qual concordo e para o qual remeto, fazendo este Parecer parte integrante do presente Despacho. 1. Actualmente, o número de camas nos lares de idosos de Macau é insuficiente. Com vista a enfrentar o problema Assembleia Legislativa, aos 31 de Maio de 2017. do envelhecimento da população, quais são os planos do Governo para garantir que as várias zonas de Macau dispo- O Presidente, Ho Iat Seng. nham de camas suficientes para os idosos? Anexos: 2. Com o agravamento do problema do envelhecimento da população, é necessário um maior e diversificado de- — Parecer n.º 1/V/2017, da Comissão de Regimento e senvolvimento nos métodos e serviços a prestar aos idosos, Mandatos; pois, para além de aumentar o número de camas nos lares, o Governo deve ainda estudar a viabilidade da construção de — Projecto de lei intitulado “Norma interpretativa do lares com prestação aos idosos de cuidados médicos, apoio Decreto-Lei n.º 33/81/M”, acompanhado da respectiva Nota e reabilitação, melhorando assim as respectivas condições, Justificativa, apresentado pelo Deputado José Pereira Cou- para os idosos com capacidade financeira passarem a sua tinho em 12 de Abril de 2017. velhice nestes locais. Isto vai ser feito? Em 2015, o Governo propôs um estudo de viabilidade de compra de um terreno ------na ilha de Hengqin para aí construir lares de luxo. Qual o ponto de situação desse trabalho? Ex.mo Senhor Dr. Ho Iat Seng 3. O pessoal que trata dos idosos nos lares e as famílias M.I. Presidente da Assembleia Legislativa destes últimos enfrentam grandes pressões. Com vista a da RAEM resolver as questões relacionadas com o tratamento dos ido- sos e diminuir a pressão das pessoas que deles tratam, ele- Ofício N.º 40/AL/2017 de 12.04.2017 vando a qualidades daqueles, o Governo deve implementar políticas, por exemplo, incentivar os empregadores dos lares Nos termos do artigo 75.º da Lei Básica da Região Admi- a disponibilizar apoio aos trabalhadores que prestam cui- nistrativa Especial de Macau e da alínea a) do artigo 1.º do Re- dados a idosos, e atribuir subsídios a esses trabalhadores e gimento desta Assembleia aprovado pela Resolução n.º 1/1999 às famílias que prestam cuidados aos idosos em casa, entre e alterado pela Resolução n.º 1/2004, vem o signatário apre- outros. Vai fazer isto? sentar em anexo ao presente ofício o projecto de lei sobre Norma interpretativa do Decreto-Lei n.º 33/81/M. 26 de Maio de 2017. Assim, solicito os bons ofícios de V.Exa., para que seja O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi- o mesmo admitido nos termos do artigo 9.º do mencionado nistrativa Especial de Macau, Ho Ion Sang. Regimento.

Aos 12 de Abril de 2017.

______O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi- nistrativa Especial de Macau, José Maria Pereira Coutinho.

------131. Despacho n.º 640/V/2017, respeitante ao rejeito liminarmente o projecto de lei intitulado “Norma inter- Nota Justificativa pretativa do Decreto-Lei n.º 33/81/M”, apresentada pelo Deputado José Maria Pereira Coutinho. (Norma interpretativa do Decreto-Lei n.º 33/81/M)

DESPACHO N.º 640/V/2017 Decorridos mais de 17 anos do estabelecimento da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) os Nos termos e para os efeitos da alínea c) do artigo 9.º, residentes estão cada vez mais preocupados com questões da alínea a) do artigo 107.º e da alínea a) do n.º 1 do artigo ambientais e ecológicas, principalmente os jovens que com- 109.º, todos do Regimento da Assembleia Legislativa, re- preendem que o seu futuro tem a ver com a forma como jeito liminarmente o Projecto de lei intitulado “Norma in- protegemos agora as zonas verdes do “pulmão” de Macau. terpretativa do Decreto-Lei n.º 33/81/M”, relativo à reserva total da Ilha de Coloane, apresentado pelo Deputado José O Decreto-Lei n.º 33/81/M, de 19 de Setembro, que Pereira Coutinho em 12 de Abril de 2017, nos termos e com continua ainda em vigor, não obstante a aprovação da nova os fundamentos de facto e de direito constantes do Parecer “Lei de Terras” que estabeleceu na Ilha de Coloane uma n.º 1/V/2017, da Comissão de Regimento e Mandatos, com reserva ecológica com uma área total de 177 400,00 metros N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 339 quadrados. Este espaço era inicialmente reservado para ser permeáveis a pressões ilegítimas do sector da construção utilizado pelos Serviços Florestais e Agrícolas de Macau, civil, para quem o interesse da população em manter a Ilha tendo por objectivo o estudo científico de espécies botâni- de Coloane como espaço verde é menos importante do que cas, com vista à preservação, diversificação e melhoria do os lucros que podem ganhar com a urbanização de Coloane. povoamento florestal do território. Os serviços públicos devem servir o interesse público e a população. Posteriormente, o Decreto-Lei n.º 30/84/M, de 28 de Abril, também ainda em vigor, veio ampliar a reserva total Apresento, por isso, pela quarta vez, porque a minha na Ilha de Coloane para uma área de cento e noventa e oito consciência assim a dita, este projecto de lei com a consci- mil e sessenta metros quadrados (198 060,00 m2) visando ência de um dever cívico para com a protecção ambiental e garantir uma maior estabilidade morfológica e assim me- para assegurar a qualidade de vida dos nossos filhos e netos. lhor satisfazer as razões de ordem científica, ecológica, pai- Apelo aos meus colegas Deputados que votem em consci- sagística e didácticas que justificaram a constituição desta ência e ajudem a população a manter na Ilha de Coloane os reserva ecológica. espaços verdes que ainda restam para usufruir.

Esta área de reserva total na Ilha de Coloane tem sido Deste modo, para evitar qualquer dúvida que possa entendida como o “pulmão verde” de Macau, onde é possí- existir, ainda que pouco razoável, apresento este projecto vel à população deslocar-se para fazer passeios nos trilhos de lei que mais não faz do que clarificar o sentido normal das suas zonas verdes, organizar piqueniques em família ao e claro da reserva total criada na Ilha de Coloane por via fim-de-semana, conviver, e desfrutar das zonas verdes e dos do Decreto-Lei n.º 33/81/M, de 19 de Setembro, e ampliada trilhos. Mas a reserva total na Ilha de Coloane também é pelo Decreto-Lei n.º 30/84/M, de 28 de Abril. importante para procurar assegurar alguma qualidade do ar e oferecer um pouco de protecção às aves e outras espécies Na realidade, se houvesse elementar bom senso na selvagens que ainda subsistem em Macau. aplicação deste regime jurídico seria totalmente evidente que uma reserva ecológica visa assegurar uma área de pro- A zona verde de Coloane é muito estimada e querida tecção ambiental, sem que se possa construir seja o que for pela população de Macau, que não aceita passivamente que nesses espaços verdes. se passe a construir sem quaisquer restrições ou regras nes- Trata-se de um projecto de lei que não introduz nova re- se espaço de reserva ecológica e ambiental. Na RAEM cada gulação legal, mas apenas visa clarificar o sentido já vigente vez mais o ambiente é muito importante para a qualidade dos normativos previstos no Decreto-Lei n.º 33/81/M, de 19 de vida da população. de Setembro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 30/84/M, de 28 de Abril. Nas simples auscultações públicas, a esmagadora maio- ria da população manifestou-se no sentido de que a Ilha de Aos 12 de Abril de 2017. Coloane deve continuar a ser uma reserva ecológica e que se deve respeitar os espaços verdes. O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi- nistrativa Especial de Macau, José Maria Pereira Coutinho. Nos últimos anos, temos ouvido com grande preocu- pação que para certas pessoas a reserva total da Ilha de ------Coloane, que vigora desde os anos oitenta do século passa- do, supostamente agora é entendida como uma zona onde REGIÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL DE MACAU não é proibido construir na sua área de protecção. Tal é completamente absurdo, dado que esta reserva ecológica Lei n.º /2017 visa precisamente evitar que se destrua o ambiente, nome- adamente através de obras de construção civil ou outros Norma interpretativa do Decreto-Lei n.º 33/81/M desenvolvimentos descontrolados. Com a construção das habitações públicas de Sek Pai Van, bem como de prédios A Assembleia Legislativa decreta, nos termos da alínea privados nesse local, abriu-se um precedente para a abusiva 1) do artigo 71.º da Lei Básica da Região Administrativa construção nas zonas verdes na Ilha de Coloane, sendo que Especial de Macau, para valer como lei, o seguinte: se nada for feito dentro de poucos anos nada ou muito pou- co irá restar do “pulmão verde” de Macau. E a população irá ser rapidamente privada do pouco que resta da natureza. Artigo 1.º Norma interpretativa Urge por isso agir de imediato, e que cada um nós aqui neste hemiciclo assuma as suas responsabilidades no que O Decreto-Lei n.º 33/81/M, de 19 de Setembro, alterado diz respeito à protecção do ambiente, para que os nossos pelo Decreto-Lei n.º 30/84/M, de 28 de Abril, ao estabele- filhos e netos possam continuar a usufruir dos espaços ver- cer uma área de cento e noventa e oito mil e sessenta metros des na Ilha de Coloane. Os serviços públicos não podem ser quadrados (198 060,00 m2) como reserva total na Ilha de 340 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Coloane, por razões de ordem científica, ecológica, paisagís- em questão respeita a reserva de iniciativa constante nos ar- tica e didácticas, deve ser interpretado como não sendo per- tigos 75.º da Lei Básica e 105.º do Regimento da Assembleia mitido qualquer uso ou ocupação, salvo o que se refira à sua Legislativa. conservação ou exploração para efeitos científicos ou outros fins de interesse público, não permitindo assim qualquer 2. O pedido apresentado pelo Presidente fundamenta- tipo de construção ou outro tipo de uso desta área protegida -se em duas razões: a primeira, no facto de o Projecto de lei que não se coadune com a protecção ambiental, ecológica em questão ter já sido votado e não aprovado nesta sessão e paisagística, nos termos impostos, nomeadamente, pelos legislativa, e, a segunda, no parecer da Mesa “Parecer re- artigos 12.º, 14.º, n.º 2, e 17.º da Lei de Terras, aprovada pela lativo à verificação do projecto de lei apresentado pelo De- Lei n.º 10/2013. putado Tong Io Cheng” ter sido feita uma análise exaustiva e circunstanciada sobre leis interpretativas, o exercício da iniciativa legislativa no âmbito destas leis e sobre a reserva Artigo 2.º de iniciativa legislativa dos Deputados em geral. Entrada em vigor 3. Pelo que, e não obstante a Assembleia Legislativa A presente lei entra em vigor no dia seguinte à sua pu- já ter admitido três vezes este projecto de lei, impõe-se de- blicação, produzindo efeitos desde a entrada em vigor do terminar se, face ao entendimento vertido nesse Parecer, o Decreto-Lei n.º 33/81/M, de 19 de Setembro. projecto poderá continuar a ser admitido sem passar pelo crivo do pedido de autorização prévia imposto pelos artigos Aprovada em de de 2017. 75.º da Lei Básica e 105.º do Regimento da Assembleia Le- gislativa. A Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. II — Apreciação Assinada em de de 2017. 1. O n.º 1 do artigo 109.º do Regimento da Assembleia Publique-se. Legislativa determina:

“Não podem ser renovados na mesma sessão legislativa, O Chefe do Executivo, Chui Sai On. sob a mesma forma de iniciativa: ------a) Os projectos de lei não aprovados ou definitivamente COMISSÃO DE REGIMENTO E MANDATOS rejeitados;

b) (...).” PARECER n.º 1/V/2017 A Comissão de Regimento e Mandatos já se pronun- Assunto: Conformidade do projecto de lei intitulado ciou relativamente a esta questão da renovação da iniciativa Norma interpretativa do Decreto-lei n.º 33/81/M “ ” apresen- legislativa no seu Parecer n.º 1/V/2014, sobre a “Conformi- tado pelo Deputado José Pereira Coutinho com os artigos dade da proposta de lei intitulada “Lei de protecção dos 109.º e 105.º do Regimento da Assembleia Legislativa animais” apresentada pelo Governo da RAEM e, posterior- mente, aquando da alteração do Regimento em 2015. I — Introdução Assim, sobre os limites à renovação da iniciativa legis- 1. O Presidente da Assembleia Legislativa solicitou à lativa previstos no n.º 1 do artigo 109.º do Regimento, foi Comissão de Regimento e Mandatos, através do Despacho dito naquele Parecer: n.º 537/V/2017, de 4 de Maio, que esta se pronunciasse, até ao dia 30 de Junho de 2017, sobre duas questões suscitadas “6. Desde logo, este n.º 1 do artigo 109.º traduz-se numa no âmbito do projecto de lei intitulado “Norma interpretati- norma de organização dos trabalhos legislativos que é co- va do Decreto-lei n.º 33/81/M” apresentado pelo Deputado mum, de uma forma geral, a outras jurisdições, quer elas José Maria Pereira Coutinho em 12 de Abril do corrente pertençam ao sistema da “common law”, quer aos sistemas ano, a saber: de direito civil de matriz continental europeia, como aconte- ce com Macau. — para efeitos de aplicação do n.º 1 do artigo 109.º do Regimento, qual o critério a adoptar na renovação da inicia- 7. Esta norma tem por base dois princípios essenciais: o tiva legislativa: a apresentação das iniciativas legislativas na princípio da economia processual e o princípio da dignida- Assembleia Legislativa, ou a sua votação em Plenário, e; de e prestígio dos parlamentos1.

— face ao entendimento da Mesa vertido no seu pare- cer “Parecer relativo à verificação do projecto de lei apre- 1 Veja-se, sobre a matéria, João Ramos, “A iniciativa legislativa sentado pelo Deputado Tong Io Cheng”, se o projecto de lei parlamentar — A decisão de legislar”, pág. 112. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 341

8. O princípio de economia processual traduz-se no 1.º bem como do n.º 2 do artigo 14.º da Lei de Terras, sendo entendimento de que um parlamento não vai voltar atrás so- que a parte interpretativa propriamente dita se traduz na bre as suas deliberações, num determinado espaço de tempo concretização do conceito de interesse público constante do (mais ou menos curto), sendo que, a aceitar-se uma nova n.º 2 do artigo 14.º da Lei de Terras. iniciativa sobre a mesma matéria, tal seria entendido como uma obstrução da sua actividade normal pois obrigaria Ora, o conceito de interesse público é um conceito inde- o parlamento a debruçar-se novamente e, eventualmente, terminado, com um alto grau de abstração, que necessita de repetidamente, sobre conteúdos normativos anteriormente ser preenchido para ser concretizado e se cumprir na ordem apreciados e rejeitados. jurídica. A concretização do interesse público pressupõe que este seja interpretado num determinado sentido de for- 9. Já quanto ao princípio da dignidade e prestígio dos ma a poder ser tomada uma decisão que torne este conceito parlamentos, este tem a ver com a necessidade de se evitar abstracto em algo objectivo e concreto5, sendo certo que o desprestígio do poder legislativo, entendendo-se que uma dependerá de cada agente em concreto a interpretação que reconsideração e mudança de opinião dos parlamentares faça do interesse público em causa e, em consequência, a sobre uma mesma proposta sem que tenha decorrido um in- forma como preenche o conceito indeterminado envolvido6. tervalo de tempo que se considera suficiente e mínimo para a respectiva reponderação pode ser atentatória da dignidade E é justamente este exercício de interpretação que o do órgão legislativo.”2 Deputado faz na parte final da norma interpretativa. Ao dizer, na parte final, após a parte da norma que reflecte o E são estes princípios que o n.º 1 do artigo 109.º acautela texto do n.º 2 do artigo 14.º da Lei de Terras, “não permitin- ao dispor que “não podem ser renovados na mesma sessão do assim qualquer tipo de construção ou outro tipo de uso legislativa (...) os projectos de lei não aprovados ou definiti- desta área protegida que não se coadune com a protecção vamente rejeitados”. ambiental, ecológica e paisagística” o Deputado está a in- terpretar e a preencher o conceito indeterminado de acordo Pelo que, sendo este projecto de lei igual a outro já vo- com o seu entendimento de como deve ser entendido o con- tado e não aprovado nesta sessão legislativa, concretamente ceito “outros fins de interesse público” limitando, assim, o a 20 de Novembro de 2016, não pode, face à letra do n.º 1 do poder de conformação do Governo no que à interpretação e artigo 109.º e no respeito pelos princípios que lhe são subja- ao preenchimento do conceito diz respeito e, consequente- centes, ser agora admitido. mente, no que respeita à forma de uso e utilização da reser- 7 2. No que se refere à questão da conformidade do pro- va ecológica nesses fins em concreto . jecto de lei com o artigo 75.º da Lei Básica e o artigo 105.º do Regimento, a Comissão teve em atenção o entendimento da Ora, sendo as reservas matéria de solos e uma vez Mesa da Assembleia vertido no “Parecer relativo à verifica- que, nos termos do artigo 7.º da Lei Básica, o Governo da ção do projecto de lei apresentado pelo Deputado Tong Io RAEM é responsável pela gestão, uso e desenvolvimento 8 Cheng” no sentido de que os projectos de lei interpretativos dos solos e dos recursos naturais julga-se, face ao entendi- estão sujeitos às mesmas limitações que os restantes projec- mento supra referido quanto ao âmbito da norma interpre- tos. Sobre esta matéria é aí referido que “o artigo 75.º da Lei tativa, que a iniciativa legislativa agora em questão se insere Básica não diferencia se o projecto de lei apresentado pelos no conceito de “matéria atinente à política do Governo” tal Deputados é um projecto de lei interpretativa; do mesmo modo, como este conceito é delineado no Parecer supra referido. não se encontra esta diferença nos artigos 104.º e 105.º do Concluindo-se assim, face aos considerandos supra ex- Regimento, normas quer dizem respeito à repartição do po- planados, que também sobre este prisma, o projecto de lei der de iniciativa e às respectivas limitações.3” Pelo que estes [projectos de lei interpretativa] têm de se sujeitar “a cumprir as disposições relativas à reserva de iniciativa e à iniciativa 5 Salomão Abdo Aziz Ismail Filbo, Interesse público, interesses condicionada dos artigos 104.º e 105.º do Regimento.4” sociais e parâmetros de prossecução no estado social e democráti- co de direito, http://www.cidp.pt/publicacoes/revistas/ridb/2014/02/ Em face disto, ouvida a assessoria, a Comissão concluiu 2014_02_01143_01166.pdf que a norma interpretativa é o somatório do segundo pará- 6 Diogo Freitas do Amaral, Curso de Direito Administrativo, Vo- grafo do preâmbulo do Decreto-lei n.º 33/81/M e do artigo lume II, 2012, 2.ª Edição, Almedina, páginas 116 a 126. 7 As reservas são constituídas por regulamento administrativo, nos termos do artigo 13.º da Lei 10/2013 — Lei de Terras —, não 2 Páginas 2 e 3 do Parecer n.º 1/V/2014 da Comissão de Regimen- obstante a normação sobre o regime jurídico dos solos ter de ser to e Mandatos. feita por lei, nos termos da alínea 16) do artigo 6.º e da alínea 1) do 3 Página 27 da versão portuguesa do Parecer relativo à verificação artigo 8.º da Lei n.º 13/2009. do projecto de lei apresentado pelo Deputado Tong Io Cheng, da 8 “O mais importante é que o artigo 7.º da Lei Básica autoriza ex- Mesa da Assembleia Legislativa. pressamente o Governo da RAEM a ser responsável pela gestão, 4 Página 27 da versão portuguesa do Parecer relativo à verificação uso e desenvolvimento dos solos da RAEM (...)” — Parecer relativo do projecto de lei apresentado pelo Deputado Tong Io Cheng, da à verificação do projecto de lei apresentado pelo Deputado Tong Mesa da Assembleia Legislativa. Io Cheng, pág. 73 da versão portuguesa. 342 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 não reúne as condições para ser novamente admitido sem sido incluídos nos respectivos agregados. Em 183 dessas can- que esteja cumprido o requisito do consentimento prévio didaturas, os cônjuges possuem imóveis em Macau, e mesmo previsto nos artigos 75.º da Lei Básica e 105.º do Regimento que tenham optado pelo regime de separação de bens, o da Assembleia Legislativa. contrato-promessa de compra e venda pode ser resolvido. Na sequência disto, que gerou grande polémica na socieda- Assembleia Legislativa, aos 25 de Maio de 2017. de, dez deputados tiveram um encontro com o Secretário Raimundo do Rosário, para chegarem a uma solução. Pos- A Comissão, Vong Hin Fai (Presidente) — Kou Hoi In teriormente, a Administração anulou a respectiva decisão (Secretário) — Chui Sai Cheong — Leonel Alberto Alves — administrativa, e quanto ao ofício em causa, é como se fosse Au Kam San — Leong On Kei — Tong Io Cheng. nunca o tivessem recebido! Entretanto, o Comissariado con- tra a Corrupção (CCAC) recebeu mais de 20 queixas, pedin- do para apurar se o IH tinha cometido alguma negligência ______ou ilegalidade administrativa. Há dias, o CCAC concluiu a investigação sobre a integração dos cônjuges dos candidatos 132. Requerimento de interpelação escrita sobre a ac- à habitação económica no agregado familiar, afirmando ção governativa, apresentado pelo Deputado Chan Meng que: “(...) a actual Lei da habitação económica (...), não es- Kam, datado de 23 de Maio de 2017, e o respectivo Despa- tabelecendo a obrigatoriedade de que sempre que as pessoas cho n.º 641/V/2017. vivam em comunhão, devido à sua relação familiar, tenham de fazer parte do agregado familiar”, e afirmou ainda que: os DESPACHO N.º 641/V/2017 “serviços públicos devem agir de acordo com a lei”.

Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Re- Olhando para todo o processo, o IH adoptou uma so- gimento, o requerimento de interpelação escrita, datado lução contraditória, no início dizia que ia procurar soluções de 23 de Maio de 2017, apresentado pelo Deputado Chan viáveis, mas depois alargou o âmbito da sua atenção, isto é, Meng Kam. Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução mais agregados familiares que anteriormente eram qualifi- n.º 2/2004 (Processo de Interpelação sobre a Acção Gover- cados podiam ver essa qualidade perdida. É impossível que nativa), com a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e as pessoas consigam aceitar este modo contraditório de agir. 3/2009, distribuo a todos os Senhores Deputados cópia do A Administração deve ser mais cautelosa e empregar mais requerimento acima referido. esforços para encontrar soluções viáveis, e se for necessário, deve avançar com a revisão da Lei da habitação económica. 31 de Maio de 2017. Assim sendo, gostaria de interpelar sobre o seguinte: O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. 1. Nestes últimos anos, a Administração chegou a fazer ------algum estudo a propósito da resolução do contrato-promes- sa de compra e venda quando, antes da celebração da escri- (Tradução) tura pública, os candidatos passaram a ser proprietários de imóveis por razões de casamento e herança, entre outras? Interpelação escrita Nos termos da lei vigente, existe alguma solução viável para isto? Já em 2014, quando se procedeu à primeira revisão da nova Lei da habitação económica, a população esperava 2. Na verdade, o CCAC revela no seu Relatório um caso que, através dessa revisão, ficasse solucionado o problema de 2003, em que um candidato adquiriu, juntamente com da resolução do contrato-promessa de compra e venda, que a sua irmã mais nova, uma fracção económica, e antes da acontece quando, antes da celebração da escritura pública, celebração da escritura pública a irmã casou-se e adquiriu, os candidatos se tronam proprietários de algum imóvel por com o seu cônjuge, outra fracção-autónoma. Mas como só razões de casamento e herança, entre outras. Na altura, o em 2013 é que o candidato recebeu o aviso do IH sobre a Governo salientou, expressamente, que ia procurar soluções resolução do seu contrato, recorreu da resolução e acabou viáveis através do estudo de cada caso concreto e das razões por ser dada procedência ao recurso. Depois, o IH celebrou que tinham transformado os candidatos em proprietários novo contrato com o mesmo. Isto significa que o CCAC já de imóveis. Todavia, com as várias mudanças do pessoal de tinha acompanhado um caso deste tipo há muito tempo, direcção e chefia do Instituto de Habitação (IH), para além mas, mesmo assim, o IH não agiu da mesma forma em rela- de não se ter ainda encontrado uma solução para o proble- ção a outros casos idênticos, nem sequer procedeu a uma re- ma, as instruções entretanto emitidas foram negadas por um visão dos seus métodos de trabalho. E desta vez, a propósito parecer jurídico. Para além disso, o IH enviou ofícios, em do relatório do CCAC, o IH afirmou que apreciava, respei- relação a 218 candidaturas, solicitando a entrega de todos os tava e ia acompanhar com atenção as sugestões constantes dados necessários aos promitentes-compradores e elementos do relatório, que a sua equipa juridica já logo iniciado uma do seu agregado familiar cujos cônjuges ainda não tinham análise às sugestões, e que ia proceder, quanto antes, ao N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 343 acompanhamento dos trabalhos a desenvolver. Então, como efectivos’. Assim sendo, o resultado das contas tanto pode é que a Administração vai acompanhar esses trabalhos? ser semelhante ou apresentar uma grande diferença1”.

3. Há que proceder à revisão da Lei da habitação públi- Face ao exposto, interpelo por escrito o Governo sobre ca, com vista a remediar os referidos problemas. Qual é a o seguinte: opinião da Administração? 1. Alguns cidadãos pediram-me para colocar a seguinte 23 de Maio de 2017. questão às autoridades: segundo dados revelados pela co- municação social, parece que o número de toxicodependen- O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi- tes sofreu uma redução, mas os cidadãos não sabem de onde nistrativa Especial de Macau, Chan Meng Kam. provém a informação que serviu de base para o cálculo dos referidos dados estatísticos do Governo. Na realidade, o consumo de droga acontece cada vez mais de forma enco- ______berta; e ninguém revela aos outros, por iniciativa própria, que é toxicodependente. Logo, quando o Governo revela dados estatísticos que não reflectem a realidade, então, a 133. Requerimento de interpelação escrita sobre a conclusão de se ter registado em 2016 um decréscimo no acção governativa, apresentado pelo Deputado Mak Soi número de toxicodependentes em comparação com o perí- Kun, datado de 18 de Maio de 2017, e o respectivo Despa- odo homólogo, revelada pelo Governo, já não tem qualquer cho n.º 642/V/2017. significado. Assim sendo, os cidadãos suspeitam de que existe aqui o recurso à “utilização de palavras bonitas para DESPACHO N.º 642/V/2017 encobrir as falhas ou erros, e embelezamento de situações más para acalmar as pessoas”, e entendem que as medidas Admito, nos termos da alínea c) do artigo 9.º do Regi- implementadas não conseguem surtir os devidos efeitos, isto mento, o requerimento de interpelação escrita, datado de 18 é, não conseguem resolver o caótico fenómeno de consumo de Maio de 2017, apresentado pelo Deputado Mak Soi Kun. de droga na sociedade, que se está a agravar. Para além Assim, ao abrigo do artigo 12.º da Resolução n.º 2/2004 disso, poder-se-á ainda induzir em erro os cidadãos, por (Processo de Interpelação sobre a Acção Governativa), com conseguinte, a sociedade vai ter menor sentido de alerta, o a redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, dis- que vai ter graves consequências. Qual é a opinião das auto- tribuo a todos os Senhores Deputados cópia do requerimen- ridades sobre isso? to acima referido. 18 de Maio de 2017. 31 de Maio de 2017. O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Admi- Ho Iat Seng. O Presidente da Assembleia Legislativa, nistrativa Especial de Macau, Mak Soi Kun.

------Referência: 1. “Quantas pessoas vão acreditar?”, Jornal Va Kio, 13 de Maio de (Tradução) 2017

Interpelação escrita ______

A comunicação social noticiou o seguinte: “Realizou- -se, ontem, a primeira sessão plenária da Comissão de luta 134. Resposta escrita do Governo, respeitante à interpe- contra a Droga (CLD) do corrente ano, ... onde se efectuou lação, apresentada pela Deputada Chan Hong, datada de 13 a apresentação dos dados do Sistema do Registo Central de Fevereiro de 2017, e o respectivo Despacho n.º 643/V/2017. dos Toxicodependentes de Macau relativos ao ano passado; segundo os respectivos dados, registaram-se 548 toxico- DESPACHO N.º 643/V/2017 dependentes identificados, dos quais 6,2% eram jovens, número que sofreu um decréscimo de 55,3% quando com- Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- parado com o período homólogo de 2015... Os números não cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a enganam ninguém, mas um ser humano pode aproveitar redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- os números para induzir terceiros em erro. Se se efectuar -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita um cálculo tomando como base os dados estatísticos acima do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- referidos, em 2016, existiam em Macau apenas cerca de 34 tado pela Deputada Chan Hong em 13 de Fevereiro de 2017. jovens toxicodependentes. Quantas pessoas vão acreditar nisto? É evidente que as contas não são feitas desta manei- 31 de Maio de 2017. ra, visto que aquele é apenas o número dos ‘toxicodepen- dentes identificados’ e não o número dos ‘toxicodependentes O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. 344 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Resposta à interpelação escrita apresentada pela Sr.ª De- do nos respectivos trabalhos, cooperando na apresentação putada à Assembleia Legislativa, Chan Hong das opiniões técnicas respectivas.

15 de Maio de 2017. Em cumprimento das instruções do Chefe do Exe- cutivo, e tendo em consideração o parecer do Instituto A Directora dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Cultural (IC), apresento a seguinte resposta à interpelação Água, Wong Soi Man. escrita da Sr.ª Deputada Chan Hong, de 13 de Fevereiro de 2017, enviada a coberto do ofício da Assembleia Legislati- va n.º 135/E118/V/GPAL/2017, de 17 de Fevereiro de 2017, ______e recebida pelo Gabinete do Chefe do Executivo em 20 de Fevereiro de 2017:

1. Na sequência da participação conjunta entre a Di- 135. Resposta escrita do Governo, respeitante à interpe- recção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transpor- lação, apresentada pelo Deputado Mak Soi Kun, datada de tes (DSSOPT) e a Capitania dos Portos de Macau, ficou 16 de Março de 2017, e o respectivo Despacho n.º 644/V/2017. concluído preliminarmente, em finais de 2012, o Estudo do Planeamento da Povoação de Lai Chi Vun da Vila de Colo- DESPACHO N.º 644/V/2017 ane, estudo esse que foi publicado no 1.º trimestre de 2013, no sentido de auscultar a opinião pública e, com base nas Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- opiniões recolhidas e os pareceres técnicos emitidos pelos cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a serviços competentes, se proceder à respectiva revisão. O redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- referido estudo, agora concluído, servirá de referência para -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita os serviços responsáveis aquando da execução dos seus tra- do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- balhos. tado pelo Deputado Mak Soi Kun em 16 de Março de 2017.

Existem 11 lotes em Lai Chi Vun, Coloane, onde estão 31 de Maio de 2017. situados estaleiros em mau estado devido à falta de manu- tenção, por isso, a fim de garantir a segurança dos residentes O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. e turistas, a Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos ------e de Água (DSAMA) vedou e recuperou, de acordo com disposições legais, os referidos lotes no ano passado. Con- forme a avaliação concluída pela DSAMA e DSSOPT, as (Tradução) instalações nos referidos lotes estavam gravemente deterio- radas e corriam riscos de queda da sua estrutura a qualquer Resposta à interpelação escrita apresentada pelo Deputa- do à Assembleia Legislativa, Mak Soi Kun momento, por isso, o Governo da RAEM irá brevemente demolir as instalações mais deterioradas com vista a garan- Em cumprimento das instruções do Chefe do Execu- tir a segurança pública. tivo, tendo ouvido os pareceres do Gabinete do Secretário para a Economia e Finanças e do Gabinete do Secretário Serviços de Turismo (DST) realizou uma consulta para os Assuntos Sociais e Cultura, apresento a seguinte pública sobre o “Plano Geral do Desenvolvimento da In- resposta à interpelação escrita do Sr. Deputado Mak Soi dústria do Turismo de Macau”, propondo o programa de Kun, de 16 de Março de 2017, enviada a coberto do ofí- actualização da zona de Lai Chi Vun, Durante o período cio n.º 241/E191/V/GPAL/2017 da Assembleia Legislativa da consulta pública, foram recebidas 15 opiniões e a DST e recebida pelo Gabinete do Chefe do Executivo em 23 de encontra-se a comunicar activamente com os respectivos Março de 2017: departamentos, a fim de explorar conjuntamente a viabili- dade de cada item proposto no plano geral, com o intuito de 1. O Governo da RAEM dá muita importância à si- implementar o planeamento final do programa. O “Plano tuação de provimento dos recursos humanos dos serviços Geral do Desenvolvimento da Indústria do Turismo de Ma- públicos. De acordo com as respectivas disposições legais cau” estará concluído em Julho de 2017. De seguida, a DST vigentes, na ocorrência de alteração da situação jurídico- irá encaminhar o mesmo para os serviços competentes para -funcional dos trabalhadores, incluindo ingresso, acesso, referência e fundamento para o desenvolvimento. A protec- desligação do serviço e aposentação, todos os serviços ção da segurança pública é uma premissa fundamental em devem notificar o SAFP no prazo de 15 dias. Ao mesmo relação ao planeamento da protecção e revitalização dos es- tempo, os serviços públicos devem entregar ao SAFP men- taleiros de Lai Chi Vun, e os serviços competentes do Go- salmente as informações tanto sobre o número de preen- verno da RAEM deverão cooperar continuamente como o chimento e vagas de cada carreira, do quadro e além do IC e a DST, para além da DSAMA e DSSOPT, participan- quadro, como as formas de provimento, para que o Gover- N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 345 no tenha um conhecimento geral da situação dos recursos legislativa e, prevê-se que no primeiro trimestre do próximo humanos da função pública e desenvolva os respectivos ano será realizada a consulta pública. trabalhos de gestão. Quanto às situações em que os serviços públicos adquirem serviços através do regime de aquisição Aos 11 de Maio de 2017. de serviços, visto que não existe um vínculo funcional entre o Governo e os prestadores de serviços, a referida norma O Director dos SAFP, Kou Peng Kuan. imperativa de notificação não lhes é aplicada, pelo que, não Tradutora: Cheong Mio Keng. temos todos os dados . sobre essas situações. Revisora: Fernanda de Almeida Ferreira. O Governo da RAEM vai continuar a exigir de modo rigoroso que os serviços públicos recrutem trabalhadores de acordo com a lei. Todas as carreiras gerais e especiais regu- ______lamentadas pela Lei n.º 14/2009 devem-se adoptar o modelo de concurso de gestão uniformizada para o recrutamento, sendo o concurso um processo normal e obrigatório de re- 136. Resposta escrita do Governo, respeitante à inter- crutamento e selecção dos trabalhadores do quadro ou fora pelação, apresentada pelo Deputado Ng Kuok Cheong, do quadro. O SAFP que vai organizar todos os trabalhos de datada de 20 de Março de 2017, e o respectivo Despacho recrutamento com imparcialidade, justiça e abertura, para n.º 645/V/2017. além de ser a entidade responsável pela etapa de avalização de competências integradas, emitirá instruções sobre os DESPACHO N.º 645/V/2017 procedimentos e as normas da etapa de avaliação de com- petências profissionais ou funcionais, no intuito de reforçar Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- a fiscalização e aperfeiçoar os respectivos trabalhos. cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a re- dacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia-se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita do 2. Em relação ao relatório de investigação do Comis- Governo sobre o requerimento de interpelação, apresentado sariado contra a Corrupção sobre o recrutamento de tra- pelo Deputado Ng Kuok Cheong em 20 de Março de 2017. balhadores em regime de aquisição de serviços por parte do Instituto Cultural, o Instituto Cultural reconhece a 31 de Maio de 2017. importância do resultado depois de ter conhecimento, e consoante as opiniões e sugestões apresentadas no relató- O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. rio, criou de imediato um grupo de trabalho interno para ------organizar e analisar integralmente as situações dos recursos humanos do Instituto Cultural, assim como fez uma revisão (Tradução) do problema com seriedade. E depois de estudar e analisar o relatório do CCAC, bem como verificar e investigar as Resposta à interpelação escrita apresentada pelo Sr. situações, adoptará correspondentes medidas o mais cedo Deputado à Assembleia Legislativa, Ng Kuok Cheong possível, para satisfazer os respectivos requisitos legais. Em cumprimento das instruções do Sr. Chefe do Exe- 3. No que diz respeito ao aperfeiçoamento do regime de cutivo, e tendo em consideração o parecer da Direcção dos aquisição de bens e serviços, foi constituído um grupo de Serviços de Turismo (DST) e da Direcção dos Serviços de trabalho na área da economia e finanças que é responsável Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA), o Instituto Cul- pela revisão e estudo da legislação vigente de aquisição de tural (IC) apresenta a seguinte resposta à interpelação escrita bens e serviços, com o objectivo de elaborar propostas de do Sr. Deputado Ng Kuok Cheong, de 20 de Março de 2017, alteração das leis sobre a aquisição de bens e serviços, com enviada a coberto do ofício n.º 237/E189/V/GPAL/2017 da base tanto nas opiniões dos serviços públicos cujas princi- Assembleia Legislativa, de 21 de Março de 2017, e recebida pais tarefas são a aquisição, como nas sugestões do Comis- pelo Gabinete do Chefe do Executivo a 23 de Março de 2017: sariado contra a Corrupção e do Comissariado de Audito- ria. Nesta fase, o grupo de trabalho já concluiu os estudos De acordo com a DSAMA, durante a época de tufões preliminares sobre a legislação, nomeadamente, a recolha e do ano passado, os telhados de zinco e outras partes de análise das leis de Macau, tratados internacionais e os da- alguns estaleiros sofreram estragos. Por isso, o Corpo de dos comparativos de legislação, a revisão e análise exaustiva Bombeiros removeu as partes que se encontravam em risco das leis e regulamentos sobre a aquisição, conjugando as de derrocada. Devido à falta de manutenção, alguns esta- lacunas da legislação e de regulamentos vigentes e irá apre- leiros colocavam em risco, nomeadamente de incêndio, os sentar sugestões sobre a orientação da política legislativa. O cabos eléctricos das imediações. Por isso, a Companhia de grupo de trabalho procederá a elaboração da proposta da Electricidade de Macau enviou técnicos para solucionar lei de acordo com as orientações sobre os procedimentos do este problema. As vigas e pilares de alguns estaleiros racha- mecanismo de centralização da coordenação da produção ram e partiram-se, encontrando-se em risco de desabamen- 346 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日 to. Uma vez que esta situação representava uma ameaça à da Lei de Salvaguarda do Património Cultural, devendo segurança pública a zona foi vedada, de acordo com a legis- ser notificado o IC antes de qualquer obra ser realizada. lação vigente. Quanto ao restante dos estaleiros navais de Lai Chi Vun, o IC irá tomar a iniciativa de comunicar e coordenar com a A DSAMA, além de convidar a Direcção dos Serviços DSAMA, a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) e o Ga- e Transportes, entre outros serviços competentes, para o binete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI) a reforço das inspecções de segurança, procurando garantir a fazer uma avaliação estrutural dos respectivos lotes, incum- segurança pública e evitar o perigo de colapso da estrutura biu o Laboratório de Engenharia Civil de Macau e o Centro do estaleiro, durante a referida avaliação. de Investigação e Ensaios em Engenharia da Universidade de Macau de efectuar uma avaliação da segurança dos re- Em Maio de 2016, a DST realizou uma consulta pública feridos lotes. Chegou-se à conclusão que as instalações se sobre o Plano Geral do Desenvolvimento da Indústria do encontravam em perigo. Nos dois lotes que se encontravam Turismo de Macau. Durante o período da consulta, o públi- mais deteriorados, ocorreu uma queda parcial da estrutura co apresentou diferentes opiniões sobre o desenvolvimento das respectivas instalações, constituindo alto risco para a dos estaleiros de Lai Chi Vun. Em resposta ao referido pelo segurança pública, pelo que, o Governo procedeu à sua de- Chefe do Executivo, o Governo da RAEM irá realizar o molição no início de Março deste ano. Os respectivos lotes estudo e planeamento da zona dos estaleiros de Lai Chi foram nivelados e foram instaladas redes de vedação para Vun. A DST irá encaminhar as referidas opiniões para os garantir a segurança dos residentes na zona e do público e a serviços públicos competentes e o IC apresentará opiniões salubridade ambiental. técnicas, para servirem de referência e fundamentos para o futuro plano de desenvolvimento e participar e articular O IC está atento ao assunto dos estaleiros de Lai Chi activamente os respectivos trabalhos. Vun, cujo valor se reflecte na construção naval, na narrativa de vida da povoação de Lai Chi Vun e na sua morfologia, Agradeço desde já a atenção de V. Ex.ª para o assunto. resultantes desta indústria de construção naval, no contex- to de paisagem abrangente da zona, e nas relações entre Macau, aos 18 de Maio de 2017. as águas e as colinas. Em 2012, o IC apresentou pareceres O Presidente do Instituto Cultural, substituto, Ieong sobre o Estudo de Planeamento da Povoação de Lai Chi Chi Kin. Vun da Vila de Coloane. Quanto ao plano da Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA) para estaleiros de Lai Chi Vun, o IC em coordenação e coopera- ______ção com a DSAMA, concluiu recentemente o trabalho de mapeamento em dois estaleiros X-12 e X-15, recolhendo os 137. Resposta escrita do Governo, respeitante à interpe- objectos com valor, onde se incluem os reclames dos estalei- lação, apresentada pelo Deputado Chan Iek Lap, datada de ros, as componentes de madeira, as tabuletas espirituais dos 11 de Abril de 2017, e o respectivo Despacho n.º 646/V/2017. Deus da Terra (Tou Tei) e de Lu Ban, gruas e as suas peças, entre outros. DESPACHO N.º 646/V/2017 Tendo em consideração o documento dirigido ao IC Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- com assinaturas recolhidas por entidades civis no sentido de cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a exortar a abertura de um procedimento de classificação de redacção dada pelas Resoluções n.os 2/2007 e 3/2009, envia- zona dos estaleiros de Lai Chi Vun, a urgência da situação -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita actual da zona e as informações entregues por grupos re- do Governo sobre o requerimento de interpelação, apresen- levantes correspondentes aos requisitos previstos no artigo tado pelo Deputado Chan Iek Lap em 11 de Abril de 2017. 20.º da Lei de Salvaguarda do Património Cultural e, de acordo com as razões para tal classificação constantes do re- 31 de Maio de 2017. ferido documento e os valores culturais da zona dos estalei- ros de Lai Chi Vun, são basicamente satisfeitos os critérios O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. de classificação previstos no artigo 18.º da lei supra citada. Assim, o IC irá iniciar um procedimento de classificação de ------zona dos estaleiros de Lai Chi Vun e desenvolver o respec- tivo trabalho nos termos da lei. No tocante ao Conselho do (Tradução) Património Cultural, instituição consultiva do Governo da RAEM, este irá apresentar opiniões de acordo com a lei, Resposta à interpelação escrita apresentada por Chan Iek durante o procedimento acima referido. Lap, Deputado da Assembleia Legislativa

Durante o período de classificação, as obras de demo- Em cumprimento das instruções do Chefe do Executivo, lição relevantes serão suspensas ao abrigo das disposições apresento a seguinte resposta à interpelação escrita, apresen- N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 347 tada pelo Deputado Chan Iek Lap, de 11 de Abril de 2017, mostrar o certificado de sanidade, emitido pela autoridade enviada a coberto do ofício n.º 316/E252/V/GPAL/2017 da competente do local de origem e, entretanto, essa entrada Assembleia Legislativa e recebida pelo Gabinete do Chefe deve ser aprovada na inspecção sanitária do IACM, pois só do Executivo em 19 de Abril de 2017: assim podem circular no mercado. Os Serviços de Alfân- dega e o IACM realizam, também, acções conjuntas não 1. O IACM, através de duas linhas de defesa, procede periódicas para combaterem a importação ilegal, com vista a um controlo, nomeadamente, à fiscalização na sua entra- a assegurar a segurança alimentar das galinhas refrigeradas da em Macau e supervisa a sua circulação no mercado. A importadas. fiscalização, aquando da entrada de produtos alimentares 3. Em coordenação com os respectivos trabalhos do Go- em Macau, é levada a cabo segundo o regime de inspecção verno de Macau, o IACM continuará, no futuro, a intensifi- sanitária e controlo dos alimentos frescos e vivos e dos car a fiscalização aquando da importação e no mercado, ao produtos alimentares de origem animal. Todos os produtos mesmo tempo que procurará expandir a cobertura, não só a alimentares importados devem fazer-se acompanhar de cer- nível da fiscalização, mas também da educação e promoção, tificados sanitários, emitidos pelas autoridades competentes v.g., quanto aos sectores que produzem alimentos tradicio- do local de origem. Caso se lhes verifique uma qualquer nais e petiscos, o IACM já lhes realizou, desde o ano pas- anomalia, não é permitida a sua importação ou circula- sado até o corrente ano, mais de vinte visitas e colóquios, ção no mercado local. Quanto aos produtos alimentares à inclusive ao sector de produção de massas, padarias, sector venda no mercado, adopta, em termos de funcionamento, da churrascaria, lojas de takeaway de comidas instantâneas no processo da fiscalização, o método da “avaliação de cruas ou do tipo japonês, lojas na internet, etc.; trocou ainda riscos”, promovido pela Organização Mundial de Saúde e ideias com os sectores sobre a optimização dos trabalhos pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e atinentes à segurança alimentar e promoveu várias orien- Agricultura; tem vindo a adoptar, ainda, um mecanismo de tações de normas de critérios da segurança alimentar, para supervisão de incidentes, relativos à segurança alimentar, e que o programa a elaborar, no futuro, pelo IACM possa a cooperação regional, com vista a avaliar incidentes de se- corresponder a situações concretas, e reforçar a melhoria gurança alimentar surgidos a nível mundial. Caso verifique sucessiva dos sectores e, através de uma estreita e constante casos de produtos alimentares suspeitos, procura confirmar, cooperação, consolidar a garantia da segurança alimentar de imediato, a exactidão das informações e do seu impacto no território. em Macau; toma, nos termos da Lei de Segurança Alimen- tar, as medidas adequadas para tratar dos produtos alimen- Aos 9 de Maio de 2017. tares em questão, v.g., a sua retirada do mercado, selagem e ordem de suspensão de funcionamento de estabelecimen- O Presidente do Conselho de Administração, José Ta- tos; e publica, bem assim, as devidas informações. Uma vez vares (Vide original da assinatura). que todas as medidas são tomadas em função das amostras recolhidas, é dificil evitar, em absoluto, a eventualidade de existirem casos que envolvam a segurança alimentar. Daí a relevância de o IACM não prescindir da necessidade de ______manter uma estreita colaboração com as regiões vizinhas, a fim de impedir a entrada, no mercado do território, de pro- dutos alimentares que constituam um perigo para a saúde 138. Resposta escrita do Governo, respeitante à in- da população local. terpelação, apresentada pelo Deputado Chan Meng Kam, datada de 3 de Abril de 2017, e o respectivo Despacho Além disso, no intuito de reforçar a consciência do n.º 647/V/2017. sector e dos cidadãos, no que toca à segurança alimentar, o IACM desenvolve, de forma constante, várias formações DESPACHO N.º 647/V/2017 e promoções, v.g.: Palestras sobre Regras Básicas de Hi- giene Alimentar, Programas de Incentivo ao Supervisor de Higiene Alimentar, realização de colóquios, publicação de Nos termos do artigo 14.º da Resolução n.º 2/2004 (Pro- informações sobre a segurança alimentar, livros ao nível da cesso de Interpelação sobre a Acção Governativa), com a os ciência popular, etc.; reforça a divulgação de informações redacção dada pelas Resoluções n. 2/2007 e 3/2009, envia- que procuram responder, oportunamente, a matérias da se- -se a todos os Senhores Deputados cópia da resposta escrita gurança alimentar que são causa de preocupação para a so- vdo Governo sobre o requerimento de interpelação, apre- ciedade e emite pareceres que visam elevar o conhecimento sentado pelo Deputado Chan Meng Kam em 3 de Abril de sobre riscos subjacentes à segurança alimentar e a transpa- 2017. rência do trabalho que se realiza neste campo. 31 de Maio de 2017. 2. No que diz respeito à entrada de galinhas refrigera- das no território, é obrigatório proceder-se à declaração e O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. 348 澳門特別行政區立法會會刊—第二組 第 V - 47 期—2017 年 5 月 31 日

Resposta à interpelação escrita apresentada pelo Sr. Depu- cores, nomeadamente sobre a demonstração dos processos tado à Assembleia Legislativa, Chan Meng Kam de tratamento após a recolha de resíduos, bem como es- clarecendo que estes materiais recicláveis não podem ser Em cumprimento das instruções do Chefe do Executivo misturados com outros resíduos domésticos e transportados e tendo em consideração os pareceres do Instituto para os para a Central de Incineração de Resíduos Sólidos, no senti- Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), da Direcção dos do de encorajar a prática mais activa da recolha de resíduos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) e da Direcção recicláveis por parte dos cidadãos. As autoridades também dos Serviços de Economia (DSE), apresento a seguinte estão a proceder ao ajustamento gradual dos contentores resposta à interpelação escrita do Sr. Deputado Chan Meng de três cores para a reciclagem selectiva de resíduos sólidos colocados nas zonas turísticas, nomeadamente através da Kam, de 3 de Abril de 2017, enviada a coberto do ofício alteração das respectivas aberturas, de modo a evitar a erra- n.º 299/E238/GPAL/2017, de 11 de Abril de 2017, da As- da deposição de materiais recicláveis e a elevar a taxa de re- sembleia Legislativa e recebida pelo Gabinete do Chefe do colha de resíduos. Além de terem sido lançados o Programa Executivo em 12 de Abril de 2017: de Pontos “Verdes”, o plano de recolha de resíduos alimen- tares e de pilhas e baterias usadas e o plano de reciclagem 1. A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental de envelopes de “lai si” usados, entre outros, também se (DSPA) levou a cabo uma investigação e análise geral so- planeia lançar, em meados do corrente ano, o plano de reco- bre o funcionamento do sector da reciclagem de Macau, lha de computadores e de equipamentos de comunicações tomando a mesma como referência interna para a elabora- de Macau, para impulsionar a redução da quantidade de re- ção das medidas relativas à promoção do desenvolvimento síduos sólidos e a transformação dos mesmos em recursos. saudável e sustentável deste sector. A DSAL a fim de as- segurar os direitos e interesses laborais dos residentes do O IACM, para além de continuar a optimizar e a am- território, continuará a tratar os pedidos dos trabalhadores pliar mais as instalações públicas de recolha selectiva, re- não residentes para as respectivas empresas com a maior força, ao mesmo tempo, a organização de diferentes tipos brevidade possível. Até finais de Março deste ano, 84 em- de actividades de educação cívica em colaboração com as presas operavam no referido sector e obtiveram a aprovação escolas e associações. Além disso, efectua, ainda, através para a contratação dos trabalhadores não residentes, tendo da televisão, rádio e meios electrónicos, a divulgação do contratado 228 trabalhadores não residentes. Além disso, a significado e de conhecimentos sobre a recolha selectiva de DSAL vai continuar a manter, persistentemente, uma boa materiais recicláveis, incluindo a fixação de autocolantes comunicação com as associações e com os sectores, para na superfície dos contentores de resíduos, entre outros. O que os resultados de avaliação possam corresponder melhor objectivo é reforçar os conhecimentos dos cidadãos e incen- às necessidades efectivas. tivar a correcta utilização das instalações de reciclagem.

2. O Governo da RAEM pretende concluir, ainda no 16 de Maio de 2017. corrente ano, o Regulamento Administrativo relativo ao plano de apoio financeiro à aquisição de equipamentos para O Director da DSPA, Tam Vai Man. o sector da reciclagem, a fim de reduzir os custos operacio- nais e elevar a eficiência operacional.

______A DSE, para atenuar as dificuldades no movimento de fundos pelas pequenas e médias empresas, lançou também alguns planos de apoio, tais como o “Plano de Apoio a Pe- quenas e Médias Empresas”, o “Plano de Apoio a Jovens 139. Requerimento da Deputada Lei Chen I, datado Empreendedores” e o “Plano de Garantia de Créditos a Pe- de 25 de Abril de 2017, referente à convocação de uma quenas e Médias Empresas”, etc. As empresas de reciclagem reunião plenária para debater o assunto “O Governo deve ambiental que precisem de se reconverter e modernizar po- iniciar imediatamente os concursos para habitações so- derão apresentar as suas candidaturas ao apoio financeiro ciais, bem como implementar um mecanismo permanente em questão. Tal apoio financeiro poderá servir para elevar a de candidatura para esse tipo de habitação.”. sua competitividade e a sua capacidade de operação. Estas empresas poderão recorrer ao modelo da concessão de bo- Proposta de debate nificação de juros de créditos, mediante a «Bonificação de juros de créditos para funcionamento empresarial», que tem Por razões de interesse público, venho propor ao Plená- como objectivo incentivar o investimento indispensável ao rio um debate sobre o seguinte tema: seu âmbito de operações. O Governo deve iniciar imediatamente os concursos 3. A DSPA já publicou um novo vídeo de promoção para habitações sociais, bem como implementar um mecanis- sobre a recolha de resíduos recicláveis separados por três mo permanente de candidatura para esse tipo de habitação. N.º V-47 — 31-5-2017 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau — II Série 349

Nota Justificativa A concretização da criação de um mecanismo perma- nente para candidatura a habitação social é sempre exigida As casas estão muito caras, e os residentes anseiam por por parte da sociedade, com vista a permitir às famílias uma habitação pública para dispor de um lar estável, pelo com baixos rendimentos que carecem de apoio habitacio- que o Governo deve promover, com todo o esforço, o plane- nal a apresentação, em qualquer momento, de candidatura, amento e o fornecimento dessas habitações, e dispor de uma para que a duração dos procedimentos administrativos pos- calendarização para a sua construção. Contudo, o Governo sa ser encurtada, e a intenção inicial da política de apoio às está sempre a afirmar que não dispõe nem de terrenos nem famílias pobres possa ser realizada. Segundo o Governo, ia de casas, e a última vez que abriu concurso para habitações ser estudada a criação de um mecanismo permanente para económicas e sociais foi em 2013. Há dias, o Chefe do Exe- candidaturas a habitação social, no entanto, até à conclusão cutivo afirmou que vai abrir concursos para estas habitações da alteração da respectiva lei, esse mecanismo ainda não ainda durante o seu mandato, contudo, isto representa um foi concretizado, nem se consegue prever quanto tempo de período muito longo para os agregados familiares que têm espera é ainda necessário. de enfrentar problemas relacionados com a habitação, em especial, no que toca às habitações sociais, sendo estas uma Pelo exposto, o Governo tem de abrir, a breve trecho, forma de apoiar famílias com baixos rendimentos. um concurso para a apresentação de candidaturas à atribui- ção de habitação social, para, primeiro, haver uma articula- Nestes últimos anos, com a subida em flecha do valor ção com um mecanismo permanente para as candidaturas das rendas, as pessoas com baixos rendimentos têm tido a a habitação social, segundo, permitir ao Governo obter necessidade de utilizar grande parte dos seus rendimentos rapidamente dados sobre as necessidades da sociedade re- para pagar o elevado valor dessas rendas e, se estas pessoas lativamente ao número e à tipologia de habitação pública e, puderem candidatar-se a uma habitação social para, poste- por fim, dar apoio atempado às famílias com baixos rendi- riormente, nela habitarem, isto poderá diminuir a sua pres- mentos. são quanto aos problemas de habitação, pelo que o Governo tem de encarar estas questões e dar resposta ao solicitado. 25 de Abril de 2017. Há alguns anos, como havia insuficiência de oferta de habitações sociais, com vista a resolver problemas pre- A Deputada à Assembleia Legislativa da Região Admi- mentes, o Governo implementou o plano provisório de nistrativa Especial de Macau, Lei Cheng I. atribuição de abono de residência aos agregados familiares da lista de candidatos a habitação social, com o objectivo ------de diminuir a pressão das famílias nos encargos referentes à habitação. Assim, se o Governo continuar a não abrir DESPACHO N.º 647/V/2017 concursos para os residentes se candidatarem a habitações sociais, as famílias com dificuldades económicas não só não Deliberação n.º /2017/Plenário podem candidatar-se nem viver numa dessas habitações, como também vão ficar sem o abono referido. (Projecto de simples deliberação do Plenário) Actualmente, o Governo só lança concursos depois de as casas estarem concluídas. Devido ao longo intervalo de A Assembleia Legislativa delibera, nos termos do n.º 1 tempo entre os concursos, quando estes são abertos, um do artigo 139.º do seu Regimento, o seguinte: grande volume de residentes é atraído e as candidaturas são sempre numerosas. No entanto, como o Instituto de Habi- tação não consegue processar rapidamente esse volume de Artigo único candidaturas tão grande, mesmo que as habitações sociais (Aprovação do debate) estejam prontas, ainda é necessário esperar pela abertura de concurso para a apresentação de candidaturas e pelos É aprovada, nos termos dos artigos 140.º e 141.º do Re- procedimentos de apreciação, o que leva muito tempo, po- gimento, a realização de um debate sobre o assunto de in- dendo ser 2 ou 3 anos. Como tudo isto é moroso, pode sur- teresse público abaixo indicado, o qual foi apresentado pela gir a situação de “haver casas prontas, mas ser difícil ocupá- Senhora Deputada Lei Cheng I em 25 de Abril de 2017: -las”. Aliás, durante o tempo de espera, os requerentes continuam a suportar a pressão resultante das respectivas “O Governo deve iniciar imediatamente os concursos rendas, e o Governo tem de continuar a atribuir-lhes finan- para habitações sociais, bem como implementar um meca- ciamento habitacional, assim sendo, “os três lados ficam a nismo permanente de candidatura para esse tipo de habita- perder”. O novo concurso só avança depois de concluídas as ção.” casas, assim, o Governo não consegue obter dados exactos sobre o número e a tipologia mais procurados, o que vai dar Aprovada em de de 2017. azo a incompatibilidades entre as fracções atribuídas e as necessidades. O Presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng.