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FASE III – IDENTIFICAÇÃO DE HOTSPOTS

FASE III – IDENTIFICAÇÃO DE HOTSPOTS

FASE III – IDENTIFICAÇÃO DE HOTSPOTS

FASE III – IDENTIFICAÇÃO DE HOTSPOTS

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1. INTRODUÇÃO ...... 4 2. METODOLOGIA ...... 6 3. PRECIPITAÇÃO EXCESSIVA ...... 12 3.1. TROÇOS VULNERÁVEIS DA REDE DE ÁGUAS PLUVIAIS ...... 12 3.2. LINHAS DE ÁGUA COM NECESSIDADES DE REABILITAÇÃO (LIMPEZA E RENATURALIZAÇÃO) ...... 23 3.3. IDENTIFICAÇÃO E GEORREFERENCIAÇÃO DE MARCAS DE CHEIA ...... 29 4. SECAS E ESCASSEZ DE ÁGUA ...... 33 4.1. SISTEMAS DE REGA EM MEIO URBANO ...... 33 4.2. PERÍMETROS DE REGA E SISTEMAS DE REGA AGRÍCOLA ...... 36 4.3. LOCAIS PARA APROVEITAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS EM JARDINS PÚBLICOS E BACIAS DE RETENÇÃO ...... 37 4.4. SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA EM SITUAÇÃO DE SECA EXTREMA ...... 41 5. ONDAS DE CALOR E NEVÕES ...... 45 5.1. ESPAÇOS VERDES EXISTENTES NO TERRITÓRIO ...... 45 5.2. LOCAIS PARA A INSTALAÇÃO DE NOVOS ESPAÇOS VERDES ...... 47 5.3. POSSÍVEIS CORREDORES VERDES NO TERRITÓRIO ...... 48 5.4. ÁRVORES EXISTENTES NOS ESPAÇOS URBANOS ...... 49 5.5. HOTSPOTS DE NEVÕES, NEVOEIRO, ONDAS DE CALOR, ONDAS DE FRIO, GEADAS E VENTOS FORTES ...... 52 ANEXOS ...... 59

Mapa 1 - Troço de rede de águas pluviais vulneráveis a inundações em ...... 14 Mapa 2 - Caçarelhos ...... 15 Mapa 3 – Carção ...... 16 Mapa 4 - Largo da Igreja ...... 17 Mapa 5 - N218 ...... 18 Mapa 6 - Rua da Malhada ...... 19 Mapa 7 - Rua da Fonfira ...... 20

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Mapa 8 - Rua Doutor Sá Carneiro...... 21 Mapa 9- Linhas de água com necessidades de limpeza em Vimioso ...... 26 Mapa 10- Linhas de água com potencial de renaturalização em Vimioso ...... 27 Mapa 11 - Marcas de Cheia em Vimioso ...... 30 Mapa 12 - Sistemas de rega em meio urbano no Concelho de Vimioso ...... 34 Mapa 13 - Sistema de Rega Agrícola de Vimioso ...... 36 Mapa 14 - Locais para Aproveitamento de Águas Pluviais em Jardins Públicos e Parques de Estacionamento em Vimioso ...... 40 Mapa 15 - Fluxos de abastecimento de água em situação de seca extrema no Concelho de Vimioso ...... 43 Mapa 16 - Espaços verdes em Vimioso ...... 46 Mapa 17 - Possíveis locais para instalação de novos espaços verdes em Vimioso ...... 48 Mapa 18 - Proposta de corredores verdes na CIM TTM...... 49 Mapa 19 - Árvores em espaço urbano de Vimioso ...... 50 Mapa 20 - Hotspots de nevões em Vimioso ...... 53 Mapa 21 - Hotspots de nevoeiro em Vimioso ...... 54 Mapa 22 - Hotspots de ondas de calor em espaço urbano de Vimioso ...... 55 Mapa 23 - Hotspots de ondas de frio em espaço urbano em Vimioso ...... 56 Mapa 24 - Hotspots de geadas em Vimioso ...... 57 Mapa 25 - Hotspots de vento em Vimioso ...... 58

Figura 1- Fluxograma metodológico...... 6 Figura 2- Testemunhos históricos ...... 7 Figura 3- Ocorrências na região de Trás-os-Montes ...... 7 Figura 4- Caçarelhos ...... 15 Figura 5- Carção...... 16 Figura 6- Largo da Igreja ...... 17 Figura 7- N218...... 18 Figura 8- Rua da Malhada ...... 19 Figura 9- Rua da Fonfira ...... 20 Figura 10- Fluxograma metodológico para levantamento de campo de linhas de água com necessidades de reabilitação ...... 23 Figura 11- Rio Angueira ...... 28 Figura 12- Rio Angueira em São Joanico ...... 28 Figura 13- Rio Angueira (ETA de Vimioso) ...... 28 Figura 14- Ribeiro de Caçarelhos ...... 29 Figura 15- Ribeira de Vilar Seco ...... 29

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Figura 16- Local de cheia em Vale de Frades ...... 31 Figura 17- Local de cheia em São Joanico ...... 31 Figura 18- Rotunda ajardinada em Vimioso ...... 35 Figura 19- Jardim público em Vimioso ...... 35 Figura 20- Metodologia aplicada para identificação de locais de aproveitamento de águas pluviais em jardins públicos ...... 38 Figura 21- Tanques de armazenamento de águas pluviais ...... 38 Figura 22- Bacia de retenção em jardim público ...... 39 Figura 23- Depósito subterrâneo ...... 39 Figura 24- Jardim de chuva ...... 40 Figura 25- Espaços verdes em Vimioso ...... 46 Figura 26- Espaço arborizado em Vimioso ...... 52

Quadro 1- Troços de rede de águas pluviais vulneráveis a inundações ...... 14 Quadro 2- Linhas de água observadas em terreno ...... 24 Quadro 3- Observações no terreno para as linhas de água com necessidades de reabilitação 24 Quadro 4- Localização das marcas de cheia ...... 30 Quadro 5- Dispositivos, horário e duração dos sistemas de rega ...... 35 Quadro 6- Locais com potencial para aproveitamento de águas pluviais em Vimioso ...... 41 Quadro 7- Histórico de escassez de água para abastecimento das populações ...... 42 Quadro 8- Espaços verdes existentes em Vimioso ...... 46 Quadro 9- Espécies de árvores em espaços urbanos ...... 51 Quadro 10- Hotspots de ondas de calor e área do perímetro urbano de Vimioso ...... 55 Quadro 11- Hotspots de ondas de frio e área do perímetro urbano de Vimioso ...... 56 Quadro 12- Espaços verdes em Vimioso ...... 60

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De acordo com o Relatório Europeu sobre Impactes e Vulnerabilidades às Alterações Climáticas da Agência Europeia do Ambiente, é um “hotspot” das alterações climáticas, com o maior número de setores e domínios a serem gravemente afetados.

Neste contexto, apresentar-se-á, no presente documento, e no âmbito do projeto de avaliação dos riscos climáticos associados às alterações climáticas na Região de Trás-os-Montes, os resultados da Fase III – Identificação no território de hotspots vulneráveis às alterações climáticas.

De acordo com os pressupostos do Caderno de Encargos, nesta fase, procedeu-se à identificação de hotspots, ou seja, locais e elementos passíveis de serem afetados pelos seguintes riscos climáticos:

Secas e Precipitação Ondas de escassez de excessiva calor e nevões água

Desta forma, no âmbito da precipitação excessiva, procedeu-se à identificação e georreferenciação de:

• Sarjetas e/ou troços da rede de águas pluviais que apresentam maior vulnerabilidade aquando de precipitações intensas;

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• Linhas de água com necessidade de reabilitação (limpeza e renaturalização); • Marcas de cheia através do contacto direto com a população.

Já no âmbito das secas e escassez de água procedeu-se à identificação e georreferenciação de:

• Sistemas de rega em meio urbano nas sedes de concelho; • Perímetros de rega e sistemas de rega agrícola; • Locais para possível aproveitamento de águas pluviais em jardins públicos e bacias de retenção; • Sistema de abastecimento de água em situações de seca extrema.

Por último, no âmbito das ondas de calor e nevões, procedeu-se à identificação e georreferenciação, para a regulação microclimática, de:

• Espaços verdes; • Possíveis locais para a instalação de novos espaços verdes nas sedes de concelho; • Possíveis corredores verdes; • Árvores existentes nos espaços urbanos; • Locais com situações extremas em situações de nevões, nevoeiro, ondas de calor, ondas de frio, geadas e ventos fortes.

Procurou-se, como ponto de partida, estabelecer um ponto de situação sobre o “estado da arte” e metodologias a nível mundial, no que se refere à identificação e georreferenciação de hotspots à escala pretendida neste projeto. Porém, não se encontraram estudos relevantes em plataformas científicas como a Science Direct, Elsevier, entre outras, que permitissem modelar o risco de fenómenos climáticos extremos com base em hotspots.

Assim, com base num exaustivo trabalho de campo, procedeu-se à identificação e georreferenciação de todos os hotspots mencionados anteriormente, apresentando-se os mesmos num layout de leitura e interpretação simples.

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Para a identificação, no território, de hotspots vulneráveis às alterações climáticas recorreu-se a um exaustivo trabalho de campo para identificação e georreferenciação dos locais e elementos passíveis de serem afetados pelos seguintes riscos climáticos:

• Precipitação excessiva; • Secas e escassez de água; • Ondas de calor e nevões.

Assim, recorremos a fontes primárias orais, ou seja, a testemunhos da população, técnicos municipais e intermunicipais e Corporações de Bombeiros através de entrevistas e inquéritos, a fontes primárias materiais como, por exemplo, bases de dados, marcas de cheias em estruturas e solos e a fontes primárias escritas como registos históricos, literários, jornalísticos, privadas (diários, notas, correspondência, etc.), jurídicas e diplomáticas. Recorremos ainda a fontes secundárias historiográficas, ou seja, aquelas que resultam da interpretação de fontes primárias

e a contributos de outras ciências.Figura 1- Fluxograma metodológico

Identificação de hotspots

Controlo de Qualidade

Pesquisas

Fontes Primárias Fontes Secundárias

Orais Materiais Escritas Historiográficas

Levantamentos georreferenciados

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Contudo, os textos escritos e os testemunhos de pessoas, técnicos municipais e intermunicipais e corporações de bombeiros foram uma das principais fontes, sendo estes testemunhos imprescindíveis na identificação de locais passíveis de serem afetados por riscos climáticos. Estes textos e testemunhos proporcionaram valiosas informações sobre muitos aspetos, como por exemplo, o histórico de ocorrências, locais afetados, etc. Neste trabalho, uma das principais fontes foram também os textos resultantes da investigação de historiadores e/ou estudiosos.

Figura 2- Testemunhos históricos

Fotografia captada pela equipa técnica (Varge, Bragança 2020)

Figura 3- Ocorrências na região de Trás-os-Montes

Fotografias captadas pela Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros (Chacim, Macedo de Cavaleiros)

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Após o levantamento de toda a informação necessária procedeu-se à identificação e georreferenciação de todos os hotspots.

Todos os trabalhos de georreferenciação assentaram no apoio planimétrico e altimétrico estabelecido através do sistema de posicionamento GPS ou através de processos clássicos, garantindo-se desta forma uma precisão equivalente à da rede de apoio topográfico. Todos os elementos georreferenciados pela equipa de topografia têm um ID único que serviu para a equipa de campo recolher, num formulário, todas as características de cada um desses elementos. Essa caracterização foi efetuada de acordo com os pressupostos mencionados no Caderno de Encargos.

A recolha das características foi efetuada com recurso a um tablet com software Survey123 e Colector para ArcGIS.

Durante os levantamentos de campo foram registadas todas as informações necessárias de cada entidade que constituirão os atributos constantes na base de dados geográfica respetiva, respeitando as exigências definidas no caderno de encargos.

Rede de apoio topográfico

A rede de apoio topográfico constituiu um instrumento essencial para apoio à execução de levantamentos topográficos georreferenciados. Deste modo, foi definida uma rede de apoio que consistiu na implantação de marcas (reportadas à Rede Geodésica Nacional) para apoio ao levantamento dos elementos a identificar e georreferenciar.

Desta forma, procedeu-se ao reconhecimento e análise dos Marcos Geodésicos de Apoio existentes nas proximidades da área de intervenção (sinal que indica uma posição cartográfica exata, e que forma parte de uma rede de triangulação com outros vértices geodésicos) para a definição da rede de apoio topográfico.

Posteriormente, fez-se o estudo, em planta, da localização dos vértices da poligonal a implantar nos diversos locais da área de intervenção e sinalizou-se, no terreno, os locais de implantação.

Para a materialização dos pontos da Rede de Apoio Topográfico, procedeu-se ao cravejamento de marcas de acordo com as características do solo ou pavimento. A materialização destes pontos de apoio obedeceu aos seguintes pressupostos: a) respeito pela propriedade privada e património público; b) materialização sequencial de acordo com os itinerários definidos no Plano de Trabalhos; c) utilização de ferramentas e materiais de elevada resistência e qualidade; d) consolidação dos pontos de apoio de modo a garantir a durabilidade.

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As observações da rede de apoio foram efetuadas com recurso a recetores de GPS de dupla frequência, através do método RTK (Real Time Kinematic), para a observação e ligação dos pontos de apoio à Rede Geodésica Nacional (RGN). O método RTK permite obter as coordenadas em tempo real com um erro inferior a 0,02 metros em planimetria e 0,05 metros em altimetria.

A metodologia associada ao RTK baseia-se no princípio de que os erros que afetam o cálculo da posição absoluta no GPS são aproximadamente iguais numa determinada área geográfica de trabalho. Esses erros resultam, por exemplo, dos efeitos da ionosfera, troposfera, órbitas dos satélites GPS, osciladores dos satélites e dos recetores. Sob estas condições, em Portugal Continental, as coordenadas obtidas pelos recetores GPS são obtidas em modo absoluto. Ao estacionar um recetor GPS (designado por Estação de Referência – ER) num ponto de coordenadas perfeitamente conhecidas (por exemplo um Vértice Geodésico – VG), é possível comparar as coordenadas calculadas através do GPS com as desse ponto (rigorosas). Obtêm- se, assim, as correções diferenciais, que são posteriormente radiodifundidas para outro recetor GPS, denominado “Rover”, para correção das coordenadas calculadas por este, como ilustrado na figura abaixo.

Foram respeitadas as seguintes condições de observação: ✓ as coordenadas finais foram obtidas através da média de 180 observações, correspondentes a 3 minutos de observação (cadência de 1 segundo); ✓ o PDOP deverá ser inferior a 5; ✓ a máscara de elevação deverá estar entre 10o e 15o; ✓ o céu deverá estar descoberto em pelo menos 70% do espaço à sua volta.

Todos os levantamentos topográficos e todas as bases de dados espaciais associadas são apresentados no sistema PT – TM06/ETRS89 – European Terrestrial Reference System 1989 de acordo com os seguintes parâmetros: ELIPSÓIDE, PROJEÇÃO E DATA PLANIMÉTRICO E ALTIMÉTRICO Semi-eixo maior: a = 6 378 137 m Elipsóide de Referência GRS80 Achatamento: f = 1 / 298,257 222 101 Projeção Cartográfica Transversa de Mercator ϕ = 39º 40’ 05’’,73 N Origem das Coordenadas Retangulares λ = 08º 07’ 59’’,19 W Em M (distância à Meridiana): 0 m Falsa origem das coordenadas retangulares Em P (distância à Perpendicular): 0 m Coeficiente de redução de escala no 1,0 meridiano central

A referência altimétrica utilizada foi o datum altimétrico de Cascais. Todos os trabalhos de levantamento foram apoiados na Rede Geodésica Nacional.

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No âmbito da precipitação excessiva, procedeu-se à identificação e georreferenciação dos seguintes hotspots:

O crescimento das áreas urbanas provoca um aumento da impermeabilização do solo, que, por sua vez, conduz ao agravamento dos caudais de escorrência pluviais, levando assim à ocorrência de inundações, cada vez mais frequentes em diversas partes do território.

Este crescimento urbano é responsável pela remoção de grande parte da cobertura vegetal existente, substituindo-a por camadas de asfalto, betão, ou outro material impermeável, o que altera as componentes do ciclo hidrológico.

A inexistência de infraestruturas naturais que permitam a infiltração e a retenção da água, aliada a sistemas de drenagem muitas vezes desenquadrados ou mal dimensionados provocam, aquando de precipitações intensas, inundações.

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No território em análise, procurou-se identificar as zonas mais afetadas pelas escorrências pluviais e principais vulnerabilidades do atual sistema de drenagem de águas pluviais.

Ora, os sistemas de drenagem de águas pluviais têm como objetivo primordial encaminhar e transportar as escorrências superficiais das precipitações de forma a evitar acumulações superficiais e, consequentemente, inundações.

Os sistemas de drenagem de águas pluviais são, tipicamente, constituídos por quatro componentes:

• Rede de coletores; • Ramais de ligação; • Dispositivos de entrada (sarjetas e sumidouros); • Câmaras de visita.

A rede de coletores corresponde ao conjunto de tubagens que possibilita o transporte das escorrências pluviais afluentes desde os dispositivos de entrada até um ponto de lançamento ou destino final.

Os ramais de ligação correspondem a troços de tubagem privativa, de um ou vários edifícios, que fazem a ligação da rede predial à rede pública de drenagem.

As sarjetas e sumidouros são os órgãos do sistema que garantem o acesso das águas pluviais às redes de drenagem. As sarjetas são dispositivos integrados, normalmente, nos lancis dos passeios que permitem a entrada lateral do escoamento. Já os sumidouros são dispositivos que estão associados a uma valeta ou lancil que permitem, através de uma grade, a entrada da água.

Já as câmaras de visita são órgãos destinados a facilitar o acesso aos coletores para permitir a realização de inspeções, limpeza e manutenção dos coletores, desobstruções, verificação de escoamento e amostragem.

A identificação, e posterior georreferenciação, dos troços da rede de águas pluviais vulneráveis a cheias e inundações foi efetuada através de:

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Percorreram-se ainda todos os arruamentos onde existem sistemas de drenagem de águas pluviais questionando-se, aleatoriamente, comerciantes e populares que aí trabalham ou residem, se têm ou não conhecimento da existência de inundações nesses arruamentos.

Adicionalmente, aquando da identificação e georreferenciação de troços particularmente vulneráveis, procedeu-se à análise da localização dos dispositivos de entrada de águas pluviais e respetivos critérios de dimensionamento à luz do artigo 162º do RGSPPDADAR. Neste âmbito, no que se refere aos dispositivos de entrada de águas pluviais foram, portanto, verificadas, entre outras, as seguintes condições:

• Se as sarjetas e sumidouros estão colocados nos pontos mais baixos da via, para os quais a água naturalmente se desloca por gravidade; • Se existem sarjetas e sumidouros nos cruzamentos, para que o escoamento superficial não atravesse as faixas de rodagem e perturbe a circulação; • Se existem sarjetas e sumidouros ao longo de toda a extensão das valetas, de forma a manter a largura da lâmina de água num valor inferior ao consignado pelos critérios de dimensionamento hidráulico.

Face ao exposto, identificaram-se, georreferenciaram-se e caracterizaram-se os seguintes troços particularmente vulneráveis a inundações decorrentes de precipitações extremas:

Quadro 1- Troços de rede de águas pluviais vulneráveis a inundações

TROÇOS DE REDE DE ÁGUAS PLUVIAIS VULNERÁVEIS A INUNDAÇÕES Caçarelhos Rua da Malhada Carção Rua de Fonfira Largo da Igreja Rua Dr. Sá Carneiro N218 Santulhão Mapa 1 - Troço de rede de águas pluviais vulneráveis a inundações em Vimioso

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A aldeia de Caçarelhos apresenta, numa extensão de 50 metros, vulnerabilidade a inundações decorrentes de precipitações extremas. De acordo com a figura abaixo, a rede é constituída por 8 sarjetas e respetivos coletores e valetas que apresentam uma capacidade de escoamento de águas pluviais limitada, sobretudo, devido à falta de limpeza.

Mapa 2 - Caçarelhos

Figura 4- Caçarelhos

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O sistema de drenagem do troço de águas pluviais na aldeia de Carção é constituído por 1 caixa de visita e 6 sarjetas. Com uma extensão de 90 metros, a vulnerabilidade a inundações por precipitações extremas verificada nesta rua decorre, não só da falta de limpeza das sarjetas e caixas de visita, como também devido à existência de declives que propiciam a acumulação de água e lamas provindas de terrenos na base deste arruamento. Estes declives são responsáveis por, na maioria das vezes, obstruir os dispositivos de entrada de águas pluviais, reduzindo assim a sua eficácia.

Mapa 3 – Carção

Figura 5- Carção

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O sistema de drenagem de águas pluviais do Largo da Igreja é constituído por 13 caixas de visita e 9 sarjetas. Com uma extensão de 150 metros, a vulnerabilidade a inundações por precipitações extremas verificada nesta rua decorre, em máxima instância devido à localização de habitações abaixo da cota do arruamento.

Mapa 4 - Largo da Igreja

Figura 6- Largo da Igreja

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Este troço da Estrada Nacional 218, que apresenta uma extensão de 80 metros, é constituído apenas por 2 valetas. A vulnerabilidade a precipitações excessivas deriva, essencialmente, do declive acentuado dos terrenos e do transporte de sedimentos/resíduos decorrentes da escorrência superficial. O transporte destes sedimentos provoca a inundação da estrada.

Mapa 5 - N218

Figura 7- N218

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O sistema de drenagem de águas pluviais da Rua da Malhada é constituído por 7 caixas de visita e 11 sarjetas. Com uma extensão de 140 metros, a vulnerabilidade a inundações por precipitações extremas verificada nesta rua decorre, em máxima instância devido à localização de habitações abaixo da cota do arruamento.

Mapa 6 - Rua da Malhada

Figura 8- Rua da Malhada

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A Rua da Fonfira, que apresenta uma extensão de 220 metros, é constituído apenas por 1 valeta. A vulnerabilidade a precipitações excessivas deriva, essencialmente, do declive acentuado dos terrenos e do transporte de sedimentos/resíduos decorrentes da escorrência superficial. O transporte destes sedimentos provoca a inundação da estrada.

Mapa 7 - Rua da Fonfira

Figura 9- Rua da Fonfira

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O sistema de drenagem de águas pluviais da Rua Doutor Sá Carneiro é constituído por 3 caixas de visita e 5 sarjetas. Com uma extensão de 60 metros, a vulnerabilidade a inundações por precipitações extremas verificada nesta rua decorre, não só da falta de limpeza das sarjetas e caixas de visita, como também devido à existência de declives que propiciam a acumulação de água na base deste arruamento. Estes declives são responsáveis por, na maioria das vezes, obstruir os dispositivos de entrada de águas pluviais, reduzindo assim a sua eficácia.

Mapa 8 - Rua Doutor Sá Carneiro

Importa, no entanto, salientar que os constrangimentos identificados não decorrem, na sua maioria, da deficiente localização dos dispositivos de entrada de águas pluviais bem como do seu dimensionamento, decorrendo antes pela parca manutenção dos sistemas de drenagem de águas pluviais.

Para manter a eficiência desejada do sistema de drenagem de águas pluviais é, pois, absolutamente necessária uma manutenção preventiva, regular e planeada de forma a identificar e tratar potenciais problemas antes que estes ocorram. Para tal, devem-se promover ações de limpeza das diversas estruturas para que estas se mantenham desimpedidas de sedimentos e detritos que possam inibir o fluxo normal das águas pluviais.

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As sarjetas/sumidouros são os pontos mais sensíveis do atual sistema de drenagem de águas pluviais, devido precisamente à fácil obstrução por sedimentos ou detritos e por isso onde a manutenção é mais necessária. Todavia, esta manutenção deve ser realizada tendo em consideração uma combinação entre factos empíricos (nomeadamente o histórico de problemas) e uma análise hidráulica para ter uma noção o mais aproximadamente possível da realidade.

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As linhas de água são estruturas de drenagem hidráulica permanentes ou efémeras de uma vasta área de concentração (bacia hidrográfica). De um grande valor para a conservação da natureza e da biodiversidade, as linhas de água, e os ecossistemas que lhes estão associados, proporcionam um acrescido valor económico, social e ambiental. Os ecossistemas ribeirinhos constituem ecossistemas particulares, dado que a sua articulação a linhas e planos de água lhes confere características de ecótone com as consequentes trocas intensas de substâncias e materiais de acordo com gradientes de humidade, luminosidade e de natureza do substrato. Por outro lado, no caso das linhas de água, o carácter variável do seu caudal e energia de escoamento ao longo do seu traçado determina, igualmente, gradientes dinâmicos geradores de intensas variações na natureza intrínseca desses ecossistemas.

No âmbito deste projeto, procedeu-se à identificação, e posterior georreferenciação, das linhas de água com necessidades de reabilitação (limpeza e renaturalização). Para tal, foi utilizada uma metodologia que complementou uma exaustiva análise em gabinete e posterior contacto com os técnicos dos municípios e com a população local. Na figura seguinte, apresenta-se um fluxograma exemplificativo dos processos metodológicos adotados neste capítulo.

Figura 10- Fluxograma metodológico para levantamento de campo de linhas de água com necessidades de reabilitação

Linhas de água com necessidades de reabilitação

Limpeza Renaturalização

Verificação do “Estado da Arte” em Portugal e a nível internacional

Organização da rede hidrográfica dos territórios da CIMTTM em SIG

Realização de inquéritos aos municípios da CIMTTM

Respondeu Não Respondeu

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Verificação no terreno Contacto com a população

Contacto com a população

Verificação no terreno

Reunião presencial com técnicos de todos os municípios da CIMTTM

Observação das linhas de água no terreno

Recolha fotográfica dos problemas detetados

Apontamento das indicações dos residentes da povoação sobre a linha de água

Recolha de observações dos problemas detetados

O levantamento de campo e o tratamento dos dados revelou a existência de 5 (cinco) linhas de água com necessidades de reabilitação, sendo estas descritas em pormenor nos seguintes quadros.

Quadro 2- Linhas de água observadas em terreno

LINHAS DE ÁGUA OBSERVADAS EM TERRENO

Linhas de água Limpeza Renaturalização Não necessita intervenção

VIMIOSO

Rio Angueira Rio Angueira em São

Joanico Rio Angueira (ETA de

Vimioso) Ribeira de Avelanoso Ribeira de Caçarelhos Ribeira de Vilar Seco

TOTAL 5 1 1

Quadro 3- Observações no terreno para as linhas de água com necessidades de reabilitação

OBSERVAÇÕES DO TERRENO PARA AS LINHAS DE ÁGUA

Linhas de Lat. Long. Observações Observações Processo Distância a Observações gerais água (WGS84) (WGS84) Canal Margens interventivo intervencionar

VIMIOSO

Vegetação Vegetação 41.61879954 -6.378399391 Rio exótica/ exótica/ Limpeza e 41.62800265 -6.423163039 6,501 Km Angueira infestante infestante Renaturalização • Necessárias intervenções de 41.61510955 -6.410701013 (Silvado) (Silvado) limpeza no canal e nas margens;

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(Informação fornecida por técnicos Rama das do município de Vimioso e árvores a cair validada por equipa técnica). para o canal

Vegetação exótica/ • Necessárias intervenções de Rio 41.62941532 -6.456209355 infestante limpeza nas margens; Angueira 41.59987394 -6.484521164 (Silvado) Limpeza 5,591 Km (Informação fornecida por técnicos em São 41.60952362 -6.470635957 Rama das do município de Vimioso e Joanico árvores a cair validada por equipa técnica). para o canal Canal com açudes em • Necessárias intervenções de Rio 41.59362199 -6.487221204 betão limpeza nos açudes; Angueira 41.57122731 -6.498956808 Vegetação Limpeza 4,473 Km (Informação fornecida por técnicos (ETA de 41.57147933 -6.498352305 exótica/ do município de Vimioso e Vimioso) infestante validada por equipa técnica). (Silvado)

• Necessárias intervenções de Vegetação Vegetação limpeza no canal e nas margens; 41.57886859 -6.458135403 Ribeira de exótica/ exótica/ (Informação fornecida pelos 41.56498465 -6.417326364 Limpeza 4,591 Km Caçarelhos infestante infestante Bombeiros Voluntários de Vimioso, 41.56402177 -6.431530639 (Silvado) (Silvado) técnicos do município de Vimioso e validada por equipa técnica).

Vegetação exótica/ infestante (Silvado) Rama das árvores a cair para o canal

Tubos de • Necessárias intervenções de distribuição 41.53367952 -6.394054713 limpeza nas margens; Ribeira de de água do 41.51730163 -6.405193535 Limpeza 2,310 Km (Informação fornecida por Vilar Seco Sistema de 41.52186352 -6.402877641 residentes da povoação e validada Rega por equipa técnica). Agrícola

encontram-se a céu aberto Vegetação exótica/ Rama das infestante árvores a cair (Silvado e para o canal Canas)

A limpeza das linhas de água tem como objetivo retirar do leito e margens todos os elementos estranhos que constituam obstáculos ao normal fluxo da água ou que possam induzir perturbações nos processos característicos das linhas de água e corredores ripícolas.

Neste âmbito, foram identificadas as seguintes linhas de água:

• Rio Angueira (Vimioso); • Rio Angueira em São Joanico (Vimioso); • Rio Angueira ETA de Vimioso (Vimioso); • Ribeira de Caçarelhos (Vimioso); • Ribeira de Vilar Seco (Vimioso).

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Mapa 9- Linhas de água com necessidades de limpeza em Vimioso

No mapa 9 estão georreferenciados os troços de linhas de água (ribeiros e rios) com necessidades de intervenção ao nível da limpeza, tanto no canal, como nas margens (quadros 1 e 2).

Da análise do mesmo, concluímos que em Vimioso existem 5 (cinco) linhas de água que carecem de limpeza, o Rio Angueira nas proximidades da ETA de Vimioso, em São Joanico e na de Caçarelhos e Angueira, a Ribeira de Caçarelhos em Caçarelhos e a Ribeira de Vilar Seco em Vilar Seco.

A identificação das necessidades de limpeza das linhas de água resultou da auscultação de residentes e técnicos do município, sendo posteriormente realizadas avaliações intensivas no terreno por parte da equipa técnica.

Todas as linhas de água representadas têm caraterísticas únicas, o que implicará a realização de intervenções específicas para cada uma (Fase V- Medidas de Adaptação/ Mitigação).

A minimização dos impactes ambientais associados à alteração do estado natural dos rios por parte do Homem tem vindo a assumir uma importância crescente, sobretudo num cenário de alterações climáticas. Com a degradação progressiva dos ecossistemas, urge a adoção de

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medidas de reabilitação fluvial adequadas aos atuais paradigmas ambientais e climáticos, em cursos de água outrora retificados por meio de materiais e estruturas rígidas.

Neste âmbito, com potencial de renaturalização, foram identificadas as seguintes linhas de água:

• Rio Angueira (Vimioso).

Mapa 10- Linhas de água com potencial de renaturalização em Vimioso

No mapa 10 está georreferenciado o troço de linha de água com potencial de renaturalização (quadros 1 e 2). Contabiliza-se 1 (uma) linha de água, o Rio Angueira na freguesia de Caçarelhos e Angueira.

A identificação da linha de água com potencial de renaturalização resultou da auscultação de residentes e técnicos do município, sendo posteriormente realizadas avaliações intensivas no terreno por parte da equipa técnica.

Todas as linhas de água representadas têm caraterísticas únicas, o que implicará a realização de intervenções específicas para cada uma (Fase V- Medidas de Adaptação/ Mitigação).

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Figura 11- Rio Angueira

Figura 12- Rio Angueira em São Joanico

Figura 13- Rio Angueira (ETA de Vimioso)

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Figura 14- Ribeiro de Caçarelhos

Figura 15- Ribeira de Vilar Seco

A inventariação de marcas de cheia com base no contacto direto com a população constitui um suporte de base para o estudo do risco de cheias e inundações. O objetivo da aplicação deste método prende-se com a possibilidade de reconstruir a extensão da zona inundável em eventos concretos ocorridos no passado e estimar períodos de retorno, sobretudo se tivermos registos suficientemente longos.

Desta forma, através do contacto direto com a população identificaram-se e georreferenciaram- se as seguintes marcas de cheias:

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Mapa 11 - Marcas de Cheia em Vimioso

Quadro 4- Localização das marcas de cheia

LOCALIZAÇÃO DAS MARCAS DE CHEIA

Localização Lat. (WGS84) Long. (WGS84)

VIMIOSO Caçarelhos 41.5642559402 -6.42909754842

Caçarelhos 41.5644669877 -6.43145037504

Vilar Seco 41.5203525584 -6.40352598204

Vilar Seco 41.5272639059 -6.40131618338

Vilar Seco 41.5271162976 -6.40076404999

Caçarelhos 41.564059963 -6.43510217361

Caçarelhos 41.5646288059 -6.43636785151

São Joanico 41.6078078132 -6.47054117329

Santulhão 41.5631566561 -6.62103025646

Santulhão 41.5645444567 -6.61955575805

Santulhão 41.5644359108 -6.61923532385

Vale de Frades 41.6459028819 -6.49581962218

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Figura 16- Local de cheia em Vale de Frades

Figura 17- Local de cheia em São Joanico

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No âmbito das secas e escassez de água, procedeu-se à identificação e georreferenciação dos seguintes hotspots:

A correta gestão da água é um fator chave na sustentabilidade dos espaços verdes e um aliado ambiental e económico imperativo a uma crescente consciencialização na sociedade de que os recursos hídricos não são ilimitados.

Os sistemas de rega automática, em comparação com os sistemas manuais, são uma ferramenta de valor acrescentado na senda do desenvolvimento sustentável se forem bem projetados, com equipamentos cuidadosamente selecionados, instalados por técnicos competentes e inseridos num plano de manutenção a longo prazo.

A rega de jardins públicos constitui uma das principais fontes de consumo de água. Desta forma, procedeu-se à identificação e georreferenciação dos sistemas de rega existentes em meio

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urbano nas sedes de concelho por forma a identificar os sistemas instalados e a sua (in)sustentabilidade.

Foram identificados e georreferenciados 337 dispositivos de aspersão/pulverização e 16 dispositivos de gota a gota e 34 caixas de manobra.

Mapa 12 - Sistemas de rega em meio urbano no Concelho de Vimioso

A rega é realizada de forma automática, apenas num período diário com uma duração de 20 minutos a 45 minutos, dependendo da localização do jardim e da sua dimensão. O horário de rega varia entre as 00h e as 9h.

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Quadro 5- Dispositivos, horário e duração dos sistemas de rega

Dispositivos Horário Duração Aspersão/ Pulverização 00h-9h 20-45min Gota a Gota 00h-9h 20-45min

Figura 18- Rotunda ajardinada em Vimioso

Figura 19- Jardim público em Vimioso

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A agricultura tem vindo a ser gravemente afetada pelas alterações climáticas que se têm verificado nas últimas décadas, especialmente pela ocorrência de secas, projetando-se até ao final do séc. XXI o agravamento deste fenómeno climático.

A disponibilidade de água e a capacidade de rega, entre outros, constituem os principais fatores críticos para a adaptação da agricultura às alterações climáticas expectáveis.

É imperativa, pois, a definição de estratégias adequadas para a mitigação do impacto das alterações climáticas na agricultura de regadio, das quais se destacam, entre outras, o uso eficiente da água de rega e da energia.

No concelho de Vimioso foram identificados quatro sistemas de regadio tradicionais, os quais não fazem parte do Programa Nacional de Regadios da Direção Geral da Agricultura e Desenvolvimento Rural. Este sistema tradicional não contempla condutas de rega agrícola e hidrantes. De acordo com informações do próprio município, existe atualmente uma obra em execução para a construção de uma barragem com reservatórios, condutas e hidrantes. A obra está inserida no Programa Nacional de Regadios, sendo financiado a 100% pelo PDR (Programa de Desenvolvimento Rural) 2020. O objetivo desta construção passa pela implementação de um sistema de regadio, de forma a garantir competitividade do setor agrícola em áreas de carência de regadio elevadas. Neste âmbito, procedeu-se à identificação e georreferenciação dos perímetros de rega:

Mapa 13 - Sistema de Rega Agrícola de Vimioso

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Observando o mapa anterior, verificam-se os perímetros de rega explorados pela Junta de Agricultores de Vila Chã (2,19 Ha), Junta de Agricultores de Angueira (21,34 Ha), Junta de Freguesia de Frades e Avelanoso (7,86 Ha) e Junta de Agricultores de Avelanoso (11,15 Ha). Como referido anteriormente, estes perímetros de rega são sistemas tradicionais, sendo que está em desenvolvimento um sistema de regadio hidroagrícola financiado pelo PDR.

“Jardins de chuva”

A procura de soluções de adaptação aos efeitos das alterações climáticas são um passo imperativo a adotar para impedir ou minimizar os prejuízos e efeitos nos sistemas sociais e naturais. Existem diversas estratégias de adaptação às alterações climáticas e diferentes abordagens possíveis para promover a resiliência do espaço público e atenuar os efeitos das alterações climáticas nos espaços públicos, como por exemplo, o aproveitamento de águas pluviais em jardins públicos, entre outras.

O aproveitamento de águas pluviais para usos urbanos ou rurais é uma prática muito antiga e que se foi abandonando ao longo do tempo à medida que os sistemas de abastecimento público de água se foram desenvolvendo e expandindo. Atualmente, assiste-se a um retorno da valorização desta prática no âmbito da renaturalização do ciclo urbano da água, da conservação da água e da procura de soluções mais sustentáveis. O potencial de aproveitamento de águas pluviais depende do regime de precipitação local, da existência de maior ou menor capacidade de armazenamento e da disponibilidade de superfícies úteis de recolha.

As bacias de retenção, também conhecidas como bacias de captação, a par de outras soluções de armazenamento de águas pluviais como os “jardins de chuva”, tanques ou depósitos constituem alguns dos sistemas de armazenamento de águas que podem ser utilizadas para irrigação, manutenção de vazão mínima ou para ser evaporada ou infiltrada no solo.

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Neste sentido, procedeu-se à identificação e georreferenciação de locais com potencial para instalação de sistemas de aproveitamento de água pluviais (lugares de estacionamento e jardins públicos) de acordo com a seguinte metodologia:

Figura 20- Metodologia aplicada para identificação de locais de aproveitamento de águas pluviais em jardins públicos

Sistemas de aproveitamento de águas pluviais

MDT

Flow direction + Flow accumulation

Locais de pouca permeabilidade Locais de muita permeabilidade

Lugares de estacionamento Jardins públicos (proximidade a declives acentuados e proximidade a jardins públicos)

Bacias de retenção

Tanque de armazenamento de águas pluviais Tanques e depósitos

Jardins de chuva

Entre outros sistemas de aproveitamento de águas pluviais, podem ser instalados os seguintes:

Tanques de armazenamento de águas pluviais

• Melhoram a drenagem e fazem o controlo de inundações; • Captam e utilizam água no mesmo local; • Reduz o desperdício de águas pluviais.

Figura 21- Tanques de armazenamento de águas pluviais

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Bacias de retenção

• Criam polos de interesse turístico e recreativo; • Melhoram a paisagem; • Armazenam água para o combate a incêndios; • Fornecem água para rega de pequenas parcelas de terrenos.

Figura 22- Bacia de retenção em jardim público

Tanques e depósitos subterrâneos

• Armazenam águas da chuva; • Economizam espaço.

Figura 23- Depósito subterrâneo

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Jardins de chuva

• Armazenam águas da chuva; • Melhoram a qualidade da água removendo poluentes; • Preservam a vegetação.

Figura 24- Jardim de chuva

Assim, de acordo com a metodologia anteriormente apresentada, identificaram-se os seguintes locais com potencial para aproveitamento de águas pluviais em jardins públicos.

Mapa 14 - Locais para Aproveitamento de Águas Pluviais em Jardins Públicos e Parques de Estacionamento em Vimioso

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Quadro 6- Locais com potencial para aproveitamento de águas pluviais em Vimioso

LOCAIS COM POTENCIAL PARA APROVEITAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS EM VIMIOSO

Sistemas de aproveitamento de águas Latitude (WGS84) Longitude (WGS84) pluviais

VIMIOSO

41.5834304 -6.532392443 Tanque de armazenamento em lugares 41.5859636 -6.530706915 de estacionamento 41.58351827 -6.530048296 41.58369454 -6.52739729

Tanques e depósitos subterrâneos em 41.58316205 -6.530905386 jardins públicos

Após leitura e análise do estado da arte, concluímos que o custo/-benefício da instalação destes sistemas de aproveitamento de águas pluviais em jardins públicos e/ou parques de estacionamento é pouco ou nada sustentável. Os custos de construção e manutenção destes sistemas de aproveitamento de águas pluviais são extremamente elevados para a reduzida e limitada capacidade de armazenamento e benefício que estes sistemas apresentam.

Note-se que, para além da reduzida capacidade de armazenamento de águas pluviais, estes sistemas estão também dependentes da variabilidade temporal das precipitações. Se, por um lado, no inverno, rapidamente se atingiria a capacidade máxima de armazenamento dos reservatórios, quando as necessidades de rega são baixas ou inexistentes, por outro, no verão, quando a seca e a escassez de água se tornam mais evidentes, os depósitos de armazenamento estarão completamente vazios, não existindo qualquer contributo destes sistemas de mitigação dos efeitos das secas e escassez de água.

Face ao elevado custo e baixo benefício que os sistemas de aproveitamento de águas pluviais em jardins públicos apresentam, recomenda-se, de acordo com a literatura científica, a instalação de sistemas de armazenamento de águas pluviais em edifícios públicos para descargas sanitárias e lavagem de pátios ou viaturas, bem como em habitações, em detrimento do armazenamento de águas pluviais para rega de jardins públicos.

Embora o termo “seca” designe uma redução temporária da disponibilidade de água devido, por exemplo, a precipitação insuficiente, o termo “escassez de água” significa que a procura de água excede os recursos hídricos exploráveis em condições sustentáveis.

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Neste sentido, é importante distinguir as características de cada um dos fenómenos. As secas são fenómenos naturais, de consequências por vezes extremas, sendo consideradas anomalias transitórias das condições de precipitação numa dada área, durante um certo período. Por sua vez, a escassez de água corresponde a um excesso da procura face às disponibilidades naturais existentes.

O abastecimento público de água, em regra, tem prioridade sobre as demais utilizações de água. No entanto, este abastecimento é assegurado por sistemas de abastecimento coletivos que abastecem também todas as atividades económicas a que estão ligados. Este aspeto dificulta a definição de prioridades em situações de escassez de água, pelo que durante períodos de seca verifica-se a manutenção de usos não prioritários, mesmo em territórios de elevado risco de rutura das origens de água.

Para precaver situações de escassez de água em Vimioso procedeu-se à identificação e avaliação de episódios anteriores de escassez de água para abastecimento das populações do território.

Quadro 7- Histórico de escassez de água para abastecimento das populações

HISTÓRICO DE ESCASSEZ DE ÁGUA PARA ABASTECIMENTO DAS POPULAÇÕES

Mês e Ano Observações

VIMIOSO

• Sete mil pessoas foram afetadas pela falta de água em Vimioso; Agosto de 2009 • Camiões cisterna abasteceram Vimioso 24 horas por dia. • O rio Maçãs e outros pontos que abastecem o concelho estavam praticamente secos; • Foi necessário o transporte diário de cerca de 600m3/dia, da barragem de Veiguinha (Bragança) para as localidades de Argozelo, Carção, Santulhão e Matela; Outubro de 2017 • Os restantes locais do concelho, abastecidos pelo rio Angueira, tiveram água para consumo, mas com regras impostas e uma maior fiscalização por parte dos serviços municipais. • Foram enviadas 4500 cartas para os habitantes locais, alertando para evitarem a rega de Novembro de 2017 jardins ou lavagem de automóveis. Fonte: Dados de notícias e da Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca

Neste sentido, procedeu-se à identificação e georreferenciação do sistema de abastecimento de água em situação de seca extrema, através da representação cartográfica de fluxos de transporte de água em camiões cisterna desde o local de abastecimento (barragens do território) até ao reservatório para abastecimento das populações.

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Mapa 15 - Fluxos de abastecimento de água em situação de seca extrema no Concelho de Vimioso

No mapa anterior, observam-se os potenciais fluxos de transporte de água para abastecimento público em situações de seca extrema para o município de Vimioso.

Desta forma, em situações de escassez de água para abastecimento das populações, de acordo com o histórico de ocorrências e proximidade e/ou disponibilidades de água existentes nas barragens, o abastecimento de água pode ser efetuado por camiões cisterna desde as barragens identificadas no mapa até aos reservatórios dos locais que apresentam problemas no abastecimento às populações.

Os locais de abastecimento por camiões cisterna identificados são as barragens de Veiguinhas (fluxo principal) e as barragens de Serra Serrada, Gostei, Prada, Nunes, Rebordelo, Bouçais Sonim, Castanheira, Azibo, Mirandela, Vale de Madeiro, Cachão, Burga, Sambade, Estevinha, Salgueiro, Santa Justa, Peneireiro, Valtorno Mourão, Ribeiro Grande, Fonte Longa, Rio Sabor, Bastelos, Bemposta, Picote e (Outros fluxos).

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No âmbito das ondas de calor e nevões, para a regulação microclimática nos centros urbanos, procedeu-se à identificação e georreferenciação dos seguintes hotspots:

Os espaços verdes desempenham uma função ambiental e ecológica muito relevante no meio urbano, constituindo um contributo determinante para a vivência e qualidade de vida das comunidades. Acresce ainda o contributo destes espaços para a boa qualidade do ar, amenização térmica, a infiltração de águas no solo e a recarga de lençóis freáticos, entre tantas outras.

Neste sentido, procedeu-se à identificação e georreferenciação dos espaços verdes existentes. A saber:

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Quadro 8- Espaços verdes existentes em Vimioso

ESPAÇOS VERDES EXISTENTES EM VIMIOSO

Povoação Quantidade Área (ha) Vimioso 42 3,9 ha Argozelo 4 0,15 ha Algoso 6 0,21 ha Santulhão 4 0,09 ha TOTAL 93 4,35 ha A designação e localização dos espaços verdes constam nos Anexos.

Mapa 16 - Espaços verdes em Vimioso

Figura 25- Espaços verdes em Vimioso

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Ao aumento da temperatura média global, acresce o aumento da temperatura em consequência da urbanização (efeito de ilha de calor urbano), resultando numa previsão de calor excessivo nas áreas mais urbanizadas. Este calor será tanto menor quanto maior for a área de espaços verdes e menor a densidade de construção, uma vez que este é causado, principalmente, pela cobertura do solo com materiais impermeáveis e absorventes de calor, e pela falta de circulação do ar.

Neste contexto, procedeu-se à identificação e georreferenciação de locais para a instalação de novos espaços verdes que possam atenuar o efeito de ilha de calor urbano, tendo em conta as seguintes condições:

Locais amplos sem Locais arborizados construções em contexto urbano e Morfologia do terreno inseridos em com possibilidade de contexto urbano expansão

A observação in loco permitiu determinar os locais em que a morfologia do terreno e o espaço livre de construção em meio urbano, podem potenciar a termorregulação do clima urbano.

Assim, foram identificados 3 (três) espaços distribuídos por uma área total de aproximadamente 29 000 m2, que se encontram contabilizados no seguinte quadro:

POSSÍVEIS LOCAIS PARA INSTALAÇÃO DE NOVOS ESPAÇOS VERDES EM VIMIOSO Local Área (m2) 1 – Bairro do Vale Covo 663,79 m2 2 – Estádio Municipal de Vimioso 12362 m2 3 – Capela da Atalaia 16304 m2 TOTAL 29329,79 m2

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Mapa 17 - Possíveis locais para instalação de novos espaços verdes em Vimioso

Refira-se, no entanto, que os espaços considerados deverão ser alvo de estudos mais aprofundados por forma a determinar o contributo dos mesmos na atenuação dos efeitos da ilha de calor.

Os corredores verdes podem ser definidos como espaços verdes lineares que, ao estabelecerem uma ligação entre áreas de elevada concentração de recursos ecológicos, paisagísticos e culturais, promovem a sua proteção e compatibilização com a atividade humana, contribuindo para a qualidade da paisagem.

Assim sendo, procedeu-se à identificação e georreferenciação de possíveis corredores verdes no território, estando o resultado expresso na figura abaixo.

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Mapa 18 - Proposta de corredores verdes na CIM TTM

Na Fase IV foi efetuada uma análise pormenorizada no que se refere à metodologia de elaboração e à identificação dos corredores verdes, bem como no que se refere às análises dos resultados expressos no mapa.

A quantidade de árvores plantadas em espaço urbano influencia a qualidade de vida desses espaços. A Organização Mundial de Saúde (OMS) refere que os espaços verdes devem corresponder, no mínimo, a 12m2 por habitante, recomendando 36m2 ou 3 árvores por habitante.

Quanto mais árvores uma área urbana tiver, mais fresca ela será, isto devido ao efeito de transpiração das árvores - a evapotranspiração - no qual as mesmas absorvem a água do solo e a lançam na atmosfera através dos poros das folhas, aumentando a humidade do ar e, consequentemente, regulando o clima à sua volta.

Alguns estudos demonstram que uma árvore adulta tem capacidade para absorver até 250 litros de água por dia e transpirar até 60 litros em períodos de calor.

Os benefícios dos espaços verdes e das árvores em espaços urbanos são inúmeros:

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• Diminuição da temperatura: as árvores atuam como um aparelho de ar condicionado diminuindo a temperatura até 3ºC, sombreando os ambientes, refletindo a radiação e lançando humidade no ar;

• Aumenta a possibilidade de ocorrência de precipitação: cada árvore lança até 60 litros por dia de água na atmosfera, estimulando a formação de nuvens e a ocorrência de chuva;

• Promove a infiltração e recarga dos lençóis freáticos: as áreas permeáveis aumentam a capacidade de infiltração de água no solo e as raízes estimulam a recarga gradual dos lenções freáticos pois a água não escoa rapidamente;

• Promove a absorção de CO2: no processo de fotossíntese as plantas absorvem o dióxido de carbono responsável pelas alterações climáticas, regulando desta forma o clima, mitigando o aquecimento global.

Face ao exposto, procedeu-se à identificação e georreferenciação das árvores existentes nos espaços urbanos (sedes de concelho), estando o resultado expresso na seguinte figura:

Mapa 19 - Árvores em espaço urbano de Vimioso

Foram identificadas 842 árvores de 78 espécies diferentes:

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Quadro 9- Espécies de árvores em espaços urbanos

ESPÉCIES DE ÁRVORES NO PERÍMETRO URBANO DE VIMIOSO

Espécie Quantidade Espécie Quantidade Espécie Quantidade

Abelia grandifolia 4 Euonymus japonicus 5 Populus alba 5

Acacia 4 Fagus sylvatica 2 Populus tremula 1

Acer negundo 28 Ficus carica 3 Prunus avium 33

Acer platanoides 25 Fraxinus excelsior 88 Prunus cerasifera 2

Acer pseudoplatanus 33 Gingko biloba 1 Prunus domestica 1

Acer rubrum 1 Hibiscus moscheutos 2 Prunus dulcis 2

Agave americana 1 Hibiscus syriacus 3 Prunus persica 3

Alnus glutinosa 1 Ilex aquifolium 17 Prunus serotina 1

Arbustus unedo 2 Juniperus communis 1 Pseudotsuga menziesii 5

Betula pendula 4 Juniperus horizontalis 2 Pyracantha coccinea 1

Buddleja davidii 3 Juniperus squamata 8 Quercus pubescens 1

Castanea sativa 32 Lagerstroemia indica 6 Quercus pyrenaica 1

Catalpa bignonioides 23 Laurus nobilis 1 Quercus robur 2

Cedrus atlantica 3 Ligustrum lucidum 34 Quercus rubra 13

Cedrus deodara 1 Ligustrum vulgare 3 Quercus suber 2

Celtis australis 3 Liquidambar 31 Salix alba 1 styraciflua Cercis siliquastrum 3 Magnolia grandiflora 31 Sambucus nigra 1

Chamaecyparis obtusa 6 Magnolia liliiflora 2 Sophora japonica 1

Cornus mas 1 Melia azedarach 5 Spiraea cantoniensis 1

Corylus avellana 1 NC 10 Syringa vulgaris 1

Corylus colurna 18 Nerium oleander 1 Tamarix gallica 1

Cotoneaster coriaceus 1 Olea europaea 67 Thuja occidentalis 18

Cotoneaster franchetii 1 Photinea serrulata 16 Tilia cordata 134

Cupressus lusitanica 6 Photinia serratifolia 1 Viburnum opulus 2

Cupressus sempervirens 38 Pinus pinaster 10 Viburnum plicatum 1

Diospyros kaki 2 Platanus hispanica 12 Washingtonia robusta 1

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Figura 26- Espaço arborizado em Vimioso

A queda de neve ocorre quando os cristais de gelo não se fundem antes de chegarem ao solo em virtude da baixa temperatura da atmosfera. Quando a queda de neve se prolonga por um período relativamente longo e abrange uma área relativamente extensa estamos, pois, na presença de um nevão. Estes podem ter um forte impacto nos seres humanos, animais e plantas afetando com maior intensidade as zonas montanhosas acima dos 1000 metros de altitude. As principais consequências dos nevões são o isolamento de pessoas (residentes, turistas e desportistas de montanha), a redução da visibilidade e as complicações na circulação rodoviária (condução perigosa devido ao gelo e estradas interrompidas, por exemplo). Os nevões, se prolongados, podem induzir também perturbações em diversas atividades económicas, o encerramento de escolas e prejuízos em culturas agrícolas e na atividade pecuária. Introduzem também uma maior pressão sobre a produção de energia, devido às maiores solicitações à rede elétrica. A prolongada exposição ao frio associado a um nevão pode causar no ser humano hipotermia e queimaduras, sendo as crianças e os idosos as populações mais vulneráveis.

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Ora, neste sentido, procedeu-se à identificação e georreferenciação dos hotspots de nevões (zonas com potencial de acumulação de neve) tendo como premissas base as vertentes voltadas a norte acima dos 700m de altitude. O resultado está expresso na figura abaixo:

Mapa 20 - Hotspots de nevões em Vimioso

Independentemente da probabilidade de qualquer zona do concelho poder ser afetada por neve, as zonas com maior potencial de acumulação de neve correspondem, no geral, às áreas acima dos 700 metros de altitude com vertentes viradas a norte representadas no mapa (zona nordeste e este) e que totalizam uma área de 1154 Ha

Denomina-se nevoeiro à suspensão de pequenas partículas de água na atmosfera, que reduzem a visibilidade horizontal, a valores inferiores a 1Km. Este, forma-se em qualquer tipo de superfície, particularmente onde o ar é mais húmido (rios, montanhas, vales, entre outros) e dissemina-se quando a temperatura do ar aquece.

Partindo deste conceito, procedeu-se à identificação e à georreferenciação dos potenciais hotspots de nevoeiro. Para tal, cruzaram-se variáveis geomorfológicas – localização dos fundos de vales – com a rede hidrográfica. A este resultado foi adicionado ainda um raio de 1km de extensão, demonstrativo da possível redução da visibilidade causada por este fenómeno meteorológico.

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Mapa 21 - Hotspots de nevoeiro em Vimioso

Analisando o mapa anterior, verifica-se que os hotspots de nevoeiro ocorrem com maior expressão nas áreas envolventes ao Rio Maçãs e ao Rio Angueira. Mencionam-se ainda outros hotspots com alguma expressão localizados na zona ocidental do município - na fronteira com Bragança -, e a sul na fronteira com Miranda do Douro, Mogadouro e Macedo de Cavaleiros.

Segundo a Organização Meteorológica Mundial (WCDMP-No.47, WMO-TD No. 1071), considera-se que ocorre uma onda de calor quando num intervalo de pelo menos 6 dias consecutivos, a temperatura máxima diária é superior em 5ºC ao valor médio diário no período de referência (Glossário Meteorológico, IPMA).

Embora a modelação de fenómenos climáticos exija uma representação, no mínimo, à escala regional, procedeu-se à identificação e georreferenciação de locais que podem ser afetados com maior intensidade e severidade aquando da ocorrência de ondas de calor, tendo por base premissas como as vertentes voltadas a sul, desprovidas de árvores, no centro urbano.

Desta forma, identificaram-se e georreferenciaram-se os seguintes hotspots de ondas de calor:

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Mapa 22 - Hotspots de ondas de calor em espaço urbano de Vimioso

Em Vimioso foram identificados 25 hotspots de ondas de calor (mapa 22), distribuídos por 2,517 Km2 que correspondem ao perímetro urbano do município.

Quadro 10- Hotspots de ondas de calor e área do perímetro urbano de Vimioso

Município Área do perímetro urbano (km2) Hotspots de Ondas de Calor Vimioso 2,517 25

Segundo a definição da Organização Meteorológica Mundial, ocorre uma onda de frio quando num período de 6 dias consecutivos, a temperatura mínima do ar seja inferior em 5.ºC ao valor médio das temperaturas mínimas diárias no período de referência (Glossário Meteorológico, IPMA).

Embora a modelação de fenómenos climáticos exija uma representação, no mínimo, à escala regional, procedeu-se à identificação e georreferenciação de locais que podem ser afetados com maior intensidade e severidade aquando da ocorrência de ondas de frio, tendo por base premissas como as vertentes voltadas a norte no centro urbano.

Desta forma, identificaram-se e georreferenciaram-se os seguintes hotspots de ondas de frio:

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Mapa 23 - Hotspots de ondas de frio em espaço urbano em Vimioso

Em Vimioso foram identificados 131 hotspots de ondas de frio (mapa 23), distribuídos por 2,517 Km2 que correspondem ao perímetro urbano do município.

Quadro 11- Hotspots de ondas de frio e área do perímetro urbano de Vimioso

Município Área do perímetro urbano (km2) Hotspots de Ondas de Frio Vimioso 2,517 131

A superfície terrestre aquece durante o dia sob a ação dos raios solares. Durante a noite, a Terra irradia o calor recebido de dia e a superfície terrestre arrefece, tal como a camada de ar junto ao solo. Em consequência deste arrefecimento, o vapor de água condensa-se sobre a superfície terrestre e formam-se gotas de orvalho. Se o arrefecimento for muito intenso, o vapor de água passa diretamente ao estado de gelo, formando-se a geada, que se deposita em forma de pequenas escamas sobre a superfície terrestre e em todos os objetos que aí se encontrem: edifícios, ervas, árvores, etc..

As geadas produzidas como consequência da irradiação terrestre recebem o nome de geadas de irradiação ou geadas brancas, por serem acompanhadas da formação de uma camada branca

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de gelo. As geadas de irradiação ocorrem no Inverno, Outono e Primavera e podem provocar prejuízos nas culturas, acidentes rodoviários, quedas, etc.

Para a identificação e georreferenciação de hotspots de geadas foram utilizados os dados do SniAmb, hipsometria e exposição das vertentes mais umbrias, nas quais o gelo tende a permanecer durante mais tempo. O resultado do cruzamento destas variáveis encontra-se expresso na figura abaixo.

Mapa 24 - Hotspots de geadas em Vimioso

Pelo mapa 24 verifica-se que as geadas podem ocorrer em toda a área municipal, sendo especialmente problemáticas nas estradas, motivando muitas vezes a ocorrência de acidentes rodoviários.

À nossa latitude, situações meteorológicas adversas como o vento forte estão, em regra, relacionadas com a passagem sucessiva de perturbações frontais associadas em altitude a uma circulação zonal de oeste.

Para a identificação e georreferenciação de hotspots de ventos fortes foram tidos em consideração o histórico de velocidade média do vento de acordo com a posição topográfica e orografia. Neste sentido, identificaram-se os locais onde a ocorrência de ventos fortes (acima

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dos 50km/h de acordo com a escala de Beaufort) podem ocorrer e provocar maiores estragos. O resultado pode ser observado na figura abaixo.

Mapa 25 - Hotspots de vento em Vimioso

A generalidade do território de Vimioso apresenta poucos hotspots de ventos fortes. Ainda assim, pelo mapa 25 podem observar-se algumas áreas localizadas nos setores central e oriental.

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Quadro 12- Espaços verdes em Vimioso

ESPAÇOS VERDES EM VIMIOSO

Designação Tipologia Lat. (WGS84) Long. (WGS84)

VIMIOSO Jardim em rotunda 5 Jardim publico 41,5917716 -6,52596664 Jardim em rotunda 6 Jardim publico 41,5923308 -6,52332544 Jardim em rotunda 7 Jardim publico 41,5926936 -6,52033921 Sem designacao Jardim publico 41,5924122 -6,52136198 Sem designacao Espaco verde 41,5927291 -6,5225351 Sem designacao Espaco verde 41,5935208 -6,5186435 Sem designacao Jardim publico 41,5898719 -6,52733302 Sem designacao Espaco verde 41,5864242 -6,53060428 Parque Municipal de Vimioso Jardim publico 41,5831607 -6,53090077 Sem designacao Jardim publico 41,5835157 -6,53107151 Sem designacao Jardim publico 41,584122 -6,53082416 Sem designacao Canteiro ajardinado 41,5839785 -6,52725946 Sem designacao Canteiro ajardinado 41,5834769 -6,52739074 Sem designacao Canteiro ajardinado 41,583961 -6,52624813 Jardim em rotunda 1 Jardim publico 41,5827016 -6,53295107 Sem designacao Praca arborizada 41,5829113 -6,53239015 Jardim em rotunda 4 Jardim publico 41,585072 -6,53117004 Sem designacao Jardim publico 41,5851002 -6,53087697 Jardim em Rotunda 2 Espaco verde 41,5776309 -6,52728248 Jardim em Rotunda 3 Jardim publico 41,5716526 -6,53171162 Espacos verdes de Santulhao Jardim publico 41,5640956 -6,61862449 Espacos verdes de Santulhao Jardim publico 41,5644171 -6,61900887 Espacos verdes de Santulhao Jardim publico 41,5645891 -6,6195503 Espacos verdes de Santulhao Jardim publico 41,5653706 -6,62005909 Espaco verde em Algoso Jardim publico 41,4704093 -6,57337395 Espaco verde em Algoso Jardim publico 41,4704356 -6,57408713 Espaco verde em Algoso Jardim publico 41,4704767 -6,57479412 Espaco verde em Algoso Jardim publico 41,4703233 -6,57496249 Espaco verde em Algoso Jardim publico 41,4701588 -6,57512897 Espaco verde em Algoso Jardim publico 41,4731278 -6,57421133 Jardins do cemiterio de Argozelo Cemiterio 41,6385408 -6,60342631 Jardins do cemiterio de Argozelo Cemiterio 41,6383411 -6,60330805 Largo da aldeia de Argozelo Praca arborizada 41,6395209 -6,60130782 Largo da aldeia de Argozelo Praca arborizada 41,639835 -6,60105166