Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

GOVERNANÇAGOVERNANÇA METROPOLITANA METROPOLITANA NO NOBRASIL BRASIL

Transporte Público Saneamento Ambiental Transporte Público Saneamento Ambiental Relatório de Pesquisa 1.2

Relatório de Pesquisa 1.2

Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Região Metropolitana de Região Metropolitana de São Paulo

Zoneamento Urbano Zoneamento Urbano

Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Plataforma IPEA de Pesquisa em Rede

PROJETO: GOVERNANÇA METROPOLITANA NO BRASIL

RELATÓRIO

Componente I

Subcomponente I.II

______

Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil

• Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

INSTITUIÇÃO: Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (Emplasa)

Janeiro de 2014

Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Coordenação Nacional da Rede IPEA

Marco Aurélio Costa - IPEA

Coordenação Nacional do Projeto

Marco Aurélio Costa - IPEA

Relatório de Pesquisa

Coordenadora Estadual do Projeto

Diana Meirelles da Motta – Diretora

Equipe Estadual

Cláudia Helena Leite

Eumenes Teixeira de Oliveira Filho

Luiza Helena Fernandes de Araujo Miranda

Márcia Rodrigues

Maria Ligia Soares de Oliveira Wertheimer

Michelin Ilyan Miguel

Mônica de Azevedo Costa Nogara

Sara Freitas

Waldemar De Lucca Filho

Zoraide Amarante Itapura de Miranda

Assistente

Letícia do Vale Silva

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LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

Abrelpe Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais

Agem Agência Metropolitana da Baixada Santista

AgemCamp Agência Metropolitana de Campinas

Amlurb Autoridade Municipal de Limpeza Urbana

ANT Áreas Naturais Tombadas

ANTT Agência Nacional de Transportes Terrestres

APA Área de Proteção Ambiental

APRM Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais

Arsae Agência Reguladora dos Serviços de Água e Esgotos do Município de Mauá

Arsesp Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo

Aspe Área sob Proteção Ambiental

Asplan Assessoria de Planejamento

AU Aglomeração Urbana

BID Banco Interamericano de Desenvolvimento

BNH Banco Nacional de Habitação

CBH–AT Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê

CBH Comitês de Bacias Hidrográficas

CDHU Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano

CDM–RMSP Conselho de Desenvolvimento Metropolitano da Região Metropolitana de São Paulo

Cetesb Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

CICPAA Comissão Intermunicipal de Controle da Poluição das Águas e do Ar

CTLI Centro Logístico Integrado Centro Tecnológico de Logística Integrada

Codegran Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Grande São Paulo

Comasp Companhia Metropolitana de Água

Conama Conselho Nacional do Meio Ambiente

Conesan Conselho Estadual de Saneamento

Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Consulti Conselho Consultivo Metropolitano de Desenvolvimento Integrado

Coopcent Cooperativa Central de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis do Grande ABC

Cooperação Cooperativa Regional de Coleta Seletiva e Reciclagem da Região Oeste

Coopernatuz Cooperativa de Catadores Cooperando com a Natureza

Cooperpires Cooperativa de Trabalho dos Catadores de Materiais Recicláveis de Ribeirão Pires

CPTM Companhia Paulista de Trens Metropolitanos

Crescer Cooperativa de Trabalhadores de Reciclagem e Beneficiamento

CRH Conselho Estadual de Recursos Hídricos

Cris Cooperativa de Trabalho dos Recicladores de Itapecerica da Serra

CTAS Câmara Temática de Águas Subterrâneas

CTDR Câmara Temática de Drenagem, Aproveitamentos Hidráulicos e Regras Operativas

CTEA Câmara Temática de Educação Ambiental

CTH Centro Tecnológico de Hidráulica

CTLI Centro Tecnológico de Logística Integrada

CTPG Câmara Temática de Planejamento e Gestão

CTSA Câmara Temática de Saneamento Ambiental

DAE Departamento de Água e Esgoto

Daee Departamento de Águas e Energia Elétrica

Daia Avaliação de Impacto Ambiental

Dersa Desenvolvimento Rodoviário S.A.

DEPRN Departamento Estadual de Proteção dos Recursos Naturais

Dusm Departamento de Uso do Solo Metropolitano

EE Estação Ecológica

EFCJ Estrada de Ferro Campos do Jordão

Emae Empresa Metropolitana de Água e Energia

Emplasa Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S.A.

EMTU Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos

EPA EnvironmentProtectionAgency

ESP Estado de São Paulo

ETE Estação de Tratamento de Esgoto

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FCTH Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica

Fehidro Fundo Estadual de Recursos Hídricos

Fesan Fundo Estadual de Saneamento

Fipe Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas

FMSAI Fundo Municipal de Saneamento Ambiental e Infraestrutura

Fumefi Fundo Metropolitano de Financiamento e Investimento

Funasa Fundação Nacional da Saúde

FPIC Funções Públicas de Interesse Comum da Região Metropolitana de São Paulo

Gegran Grupo Executivo da Grande São Paulo

Gesp Grupo de Estudos em Saúde Pública

GPI Grupo de Planejamento Integrado

Graprohab Grupo de Análise e Aprovação de Projetos Habitacionais

GSP Grande São Paulo

IAB Instituto de Arquitetos do Brasil

Iacs Índice de Adequação da Comercialização dos Serviços

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICA Índice de Continuidade de Abastecimento

ICM Imposto de Circulação de Mercadorias

Iesap Índice de Eficiência na Prestação de Serviço e Atendimento Público

Inpev Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias

IPD Índice de Perdas na Rede de Água

Ipea Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

IPTU Imposto Predial e Territorial Urbano

IQA Índice de Qualidade da Água

IQE Índice de Qualidade do Esgoto

IQR Índice de Qualidade de Aterro de Resíduos

ISA Instituto Sócio Ambiental

Limpurb Departamento de Limpeza Urbana

LPM Lei de Proteção aos Mananciais

LZI Lei de Zoneamento Industrial

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MCT Ministério de Ciência e Tecnologia

MDL Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Metrô Companhia do Metropolitano de São Paulo

MPE Ministério Público Estadual

MMP Macrometrópole Paulista

OMS Organização Mundial de Saúde

ONG Organização Não Governamental

ONU Organização das Nações Unidas

PAC Programa de Aceleração de Crescimento

PDAA Plano Diretor de Abastecimento de Água

PDAE Plano Diretor de Água e Esgoto

PDDA Plano Diretor de Abastecimento de Água

PDDI Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado

PDDT Plano Diretor de Desenvolvimento dos Transportes do Estado de São Paulo

PDE Plano Diretor de Esgotos

PDMAT Plano Diretor de Macrodrenagem da Bacia do Alto Tietê

PDPA Plano de Desenvolvimento eProteção Ambiental

PDT Plano Diretor de Transportes

PE Parque Estadual

PEC Parque Ecológico

PERH Plano Estadual de Recursos Hídricos

PGIRS Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos

PIA População em Idade Ativa

PIB Produto Interno Bruto

PIR Plano Integrado Regional

PITU Plano Integrado de Transportes Urbanos

Planasa Plano Nacional de Saneamento

Plansab Plano Nacional de Saneamento Básico

PMA Plano Metropolitano de Água

PMAA Plano Municipal de Abastecimento de Água

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PMAPSP Plano Diretor de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais do Município de São Paulo

PMD Plano Metropolitano de Desenvolvimento

PMDI Plano Metropolitano de Desenvolvimento Integrado

PMES Plano Municipal de Esgotamento Sanitário

PMG Prefeitura do Município de

PMM Prefeitura do Município de Mauá

PMRP Prefeitura do Município de Ribeirão Pires

PMSBC Prefeitura do Município de São Bernardo do Campo

PMSP Prefeitura do Município de São Paulo

PMSD Plano Municipal de Saneamento de Diadema

PMSP Prefeitura Municipal de São Paulo

PNMC Plano Nacional de Mudanças do Clima

PNRH Plano Nacional de Recursos Hídricos

PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PPA Plano Plurianual

PPCS Plano de Produção e Consumo Sustentável

Promob Programa de Mobilização da Competência Nacional para Estudos sobre o Desenvolvimento

PROREDES Subprograma de Apoio a Redes de Pesquisas

PUB Plano Urbanístico Básico

RE Reserva Estadual

Rebio Reserva Biológica

RFFSA Rede Ferroviária Federal

RM Região Metropolitana

RMC Região Metropolitana de Campinas

RMSA Prefeitura do Município de Santo André

PMSBC Prefeitura do Município de São Bernardo do Campo

RMSP Região Metropolitana de São Paulo

RMVPLN Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte

RSD Resíduos Sólidos Domiciliares

Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

RSDU Resíduo Sólido Doméstico Úmido

RSDS ResíduoSólido Doméstico Seco

RSU Resíduos Sólidos Urbanos

Saae Serviço Autônomo de Água e Esgoto

Sabesp Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo

Saec Superintendência de Água e Esgotos da Capital

Sagmacs Sociedade para a Análise Gráfica e Mecanográfica Aplicada aos Complexos Sociais

SAM Sistema Adutor Metropolitano

Sama Saneamento Básico do Município de Mauá

Saned Companhia de Saneamento de Diadema

Sanesp Companhia Metropolitana de Saneamento

Seaqua Sistema Estadual de Administração da Qualidade Ambiental, Proteção, Controle e Desenvolvimento do Meio Ambiente e Uso Adequado dos Recursos Naturais

Semae Serviço Municipal de Águas e Esgotos

Semasa Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André

SH Secretaria de Estado da Habitação

SHDU Secretaria da Habitação e Desenvolvimento Urbano

Sigam Sistema Integrado de Gestão Ambiental

SIGRH Sistema Integrado de Gerenciamento dos Recursos Hídricos

Sinir Sistema de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos

SMA Secretaria do Meio Ambiente

SMDU Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano da Prefeitura de São Paulo

SNM Secretaria dos Negócios Metropolitanos

SNIS Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento

Spam Sistema de Planejamento e Administração Metropolitana

SPT Sistema de Planejamento de Transportes do Estado de São Paulo

SSRH Secretaria de Saneamento e Energia em Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos

STM Secretaria dos Transportes Metropolitanos

STU Superintendência de Trens Urbanos

Susam Superintendência de Saneamento Ambiental

Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

TI Terra Indígena

UBS Unidade Básica de Saúde

UC Unidades de Conservação

UGRHI Unidade de Gerenciamento dos Recursos Hídricos

Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

SUMÁRIO

LISTA DE SIGLAS ...... 4

1.1. Aspectos populacionais ...... 2

1.2. Aspectos econômicos ...... 11

1.3. Evolução da Mancha Urbana ...... 18

2. ANÁLISE DAS FUNÇÕES PÚBLICAS DE INTERESSE COMUM ...... 23

2.1. USO DO SOLO ...... 23

2.1.1. Histórico e Caracterização da Gestão da FPIC ...... 23

2.1.1.1. Estrutura Institucional e Normativa ...... 24

2.1.1.2. Instrumentos de Planejamento e Gestão ...... 40

2.1.1.3. Projetos de Investimento e Recursos para o Financiamento ...... 50

2.1.1.4. Controle Social ...... 52

2.1.2. Análise da efetividade do arranjo de gestão e da governança metropolitana do uso do solo ...... 54

Referências – Uso do Solo ...... 67

3. A GOVERNANÇA METROPOLITANA NA BERLINDA: A INTEGRAÇÃO DA GESTÃO DAS FPIC ...... 200

As FPICs na RMSP ...... 200

Governança metropolitana ...... 201

Governança metropolitana no Estado de São Paulo ...... 203

Desafios Financeiros ...... 206

Índice de Capacidade de Investimento ...... 208

Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

APRESENTAÇÃO

A Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (Emplasa) coordena a pesquisa da Governança Metropolitana na Região Metropolitana de São Paulo - RMSP, no âmbito do Subprograma de Apoio a Redes de Pesquisas – PROREDES do Programa de Mobilização da Competência Nacional para Estudos sobre o Desenvolvimento - PROMOB do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - Ipea.

O objetivo geral dessa pesquisa consiste em "caracterizar e avaliar, numa perspectiva comparativa e tendo como referência o marco das relações federativas no Brasil, a governança metropolitana, seja como subsídio para o desenho, implementação e avaliação das políticas públicas relacionadas a gestão das funções públicas de interesse comum no espaço metropolitano, seja como insumo para fortalecer a questão metropolitana na agenda política". Os objetivos específicos consistem em "caracterizar e avaliar os diferentes desenhos/arranjos de gestão metropolitana, analisar a gestão de funções públicas de interesse comum, mapear e fazer o registro de práticas, iniciativas e modelos de gestão e governança vigentes e qualificar as relações e conflitos decorrentes do arranjo federativo brasileiro e explorar as possibilidades abertas pelas experiências dos consórcios intermunicipais". 1

O presente relatório apresenta a Caracterização da Dinâmica Metropolitana e a análise das Funções Públicas de Interesse Comum (FPIC) da Região Metropolitana de São Paulo - Uso do Solo, Saneamento e Transportes Metropolitanos. A Caracterização da Dinâmica Metropolitana da RMSP inclui aspectos populacionais, econômicos, e os fatores limitadores da expansão urbana. A análise das Funções Públicas de Interesse Comum inclui um histórico e caracterização da gestão e a análise da efetividade da governança em cada uma destas FPIC.

1 Plataforma IPEA de Pesquisa em Rede. Projeto: Governança Metropolitana no Brasil.

Termo de Referência. Setembro de 2012. (http://www.ipea.gov.br/redeipea/images/pdfs/termo_ referencia/termo_de_referencia _projeto_governanca_metropolitana_rev_set_2012.pdf)

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Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

1. CARACTERIZAÇÃO DA DINÂMICA METROPOLITANA

1.1. ASPECTOS POPULACIONAIS2

Com mais de 19 milhões de habitantes (2010), 8.047 quilômetros quadrados (km²) de extensão territorial e 39 municípios, a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) é a Região Metropolitana (RM) mais complexa e diversificada do país seja em termos sociais, econômicos ou demográficos. Exerce forte centralidade sobre uma vasta região da Macrometrópole Paulista (MMP) do Estado de São Paulo (ESP) e mesmo do país. Possui uma situação demográfica distinta de todas as demais regiões metropolitanas paulistas. Sua taxa de crescimento demográfico é a mais baixa em relação a todas as RMs do Estado, refletindo em grande medida, o comportamento do Município de São Paulo com mais de 11 milhões de habitantes.

A RMSP apresentou redução do crescimento populacional entre 2000 e 2010 em relação ao período anterior, fechando o período com 0,97% ao ano. Apesar disso, o incremento demográfico apresentou volume relevante, 1,8 milhão de pessoas, contra 2,4 milhões de pessoas entre 1991 e 2000. Dessa forma, apesar da redução do crescimento demográfico, o volume do incremento populacional ainda se mostra relevante, aumentando a população total em 10,3% entre 2000 e 2010.

No período entre 1991 e 2000 os municípios que mais cresceram foram os menores, como Vargem Grande Paulista (8,4% ao ano) e Santana do Parnaíba (8,1% ao ano). No período posterior, as taxas se reduziram para todos os municípios, sendo que Santana do Parnaíba apresentou a maior taxa de crescimento do período, com 3,9% ao ano, seguido por Cotia e Mairiporã, com 3,0% e outros com crescimento superior a 2% como Arujá e Vargem Grande Paulista. Como se nota, todos estes municípios estão mais distantes da Capital, o que atesta para a expansão territorial e demográfica da região. A mesma dinâmica do período anterior pôde ser observada, com os municípios pequenos mantendo as taxas mais altas de crescimento demográfico.

As mudanças verificadas entre os dois períodos acompanham e influenciam a dinâmica demográfica do Estado de São Paulo. Todos os municípios da RMSP, exceto São Caetano do Sul, apresentaram redução do crescimento demográficoassociada à diminuição dos processos migratórios. Para a RMSP em seu conjunto, a migração representou apenas 9,7% do incremento demográfico entre 1991 e 2000 e foi negativa entre 2000 e 2010, ou seja, reflexo das perdas populacionais líquidas no período. Este comportamento apresentou-se distinto em relação aos municípios, sendo que em alguns, principalmente nos menores, a migração ainda teve importância para ocrescimento demográfico.

A redução da migração líquida ou até mesmo sua mudança para valores negativos não significa perda de importância da RMSP no cenário migratório e demográfico paulista e nacional, somente que

2 NEPO-UNICAMP/EMPLASA. O fenômeno da mobilidade pendular na Macrometrópole do Estado de São Paulo: uma visão a partir das quatro Regiões Metropolitanas oficiais. 2013.

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Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

esse componente já não atua tão decisivamente no crescimento regional e de seus municípios como no passado (Tabela 1).

Tabela 1. População Residente, taxa de crescimento geométrica média anual e participação relativa dos componentes no crescimento populacional. RMSP. 1991, 2000 e 2010.

Participação relativa dos componentes População residente Taxa de crescimento (% a.a.) Município 1991-2000 2000-2010 1991 2000 2010 1991-2000 2000-2010 Vegetativo Migração Vegetativo Migração RM de São Paulo 15.369.305 17.852.637 19.683.975 1,68 0,97 90,3 9,7 118,3 -18,3 Arujá 37.143 58.933 74.905 5,3 2,4 41,7 58,3 58,1 41,9 Barueri 129.331 207.372 240.749 5,4 1,5 46,2 53,8 122,7 -22,7 Biritiba Mirim 17.751 24.579 28.575 3,7 1,5 40,5 59,5 70,6 29,4 Caieiras 38.778 70.825 86.529 6,9 2,0 22,5 77,5 59,4 40,6 Cajamar 33.495 50.568 64.114 4,7 2,4 46,7 53,3 62,6 37,4 Carapicuíba 281.901 343.962 369.584 2,2 0,7 78,8 21,2 204,9 -104,9 Cotia 105.721 148.519 201.150 3,8 3,1 51,8 48,2 45,8 54,2 Diadema 303.802 356.535 386.089 1,8 0,8 115,1 -15,1 177,7 -77,7 Embu das Artes 154.739 207.103 240.230 3,3 1,5 48,9 51,1 105,0 -5,0 Embu-Guaçu 35.592 56.671 62.769 5,3 1,0 26,1 73,9 104,7 -4,7 Ferraz de Vasconcelos 95.188 141.852 168.306 4,5 1,7 41,0 59,0 79,6 20,4 Francisco Morato 82.276 133.143 154.472 5,5 1,5 40,8 59,2 102,9 -2,9 Franco da Rocha 84.912 107.883 131.604 2,7 2,0 63,5 36,5 59,9 40,1 Guararema 17.934 21.864 25.844 2,2 1,7 64,4 35,6 66,0 34,0 Guarulhos 781.895 1.069.609 1.221.979 3,5 1,3 49,7 50,3 101,1 -1,1 Itapecerica da Serra 92.273 129.180 152.614 3,8 1,7 42,5 57,5 101,7 -1,7 Itapevi 106.861 161.810 200.769 4,7 2,2 43,4 56,6 74,3 25,7 Itaquaquecetuba 162.684 271.649 321.770 5,9 1,7 29,1 70,9 86,2 13,8 Jandira 62.065 91.478 108.344 4,4 1,7 48,4 51,6 83,6 16,4 Juquitiba 19.731 26.388 28.737 3,3 0,8 57,5 42,5 155,3 -55,3 Mairiporã 39.719 59.883 80.956 4,7 3,0 38,8 61,2 35,6 64,4 Mauá 293.094 362.676 417.064 2,4 1,4 79,8 20,2 86,3 13,7 Mogi das Cruzes 271.981 329.653 387.779 2,2 1,6 70,1 29,9 70,3 29,7 565.543 651.736 666.740 1,6 0,2 99,4 0,6 515,2 -415,2 Pirapora do Bom Jesus 7.907 12.344 15.733 5,1 2,4 33,4 66,6 51,6 48,4 Poá 75.911 95.597 106.013 2,6 1,0 75,5 24,5 120,4 -20,4 Ribeirão Pires 84.529 104.305 113.068 2,4 0,8 59,1 40,9 121,5 -21,5 Rio Grande da Serra 29.676 37.015 43.974 2,5 1,7 68,5 31,5 70,5 29,5 Salesópolis 11.317 14.326 15.635 2,7 0,9 67,6 32,4 127,0 -27,0 Santa Isabel 37.808 43.682 50.453 1,6 1,4 106,5 -6,5 81,4 18,6 Santana de Parnaíba 36.848 74.343 108.813 8,1 3,9 20,0 80,0 33,7 66,3 Santo André 614.252 649.000 676.407 0,6 0,4 189,4 0,0 181,7 -81,7 São Bernardo do Campo 564.003 701.756 765.463 2,5 0,9 62,1 37,9 125,4 -25,4 São Caetano do Sul 149.436 140.241 149.263 -0,7 0,6 34,8 65,2 São Lourenço da Serra * 12.145 13.973 1,4 70,8 29,2 São Paulo 9.610.659 10.426.384 11.253.503 0,9 0,8 155,1 -55,1 141,3 -41,3 Suzano 158.084 227.917 262.480 4,1 1,4 45,8 54,2 93,2 6,8 Taboão da Serra 158.738 197.247 244.528 2,4 2,2 74,5 25,5 73,8 26,2 Vargem Grande Paulista 15.728 32.464 42.997 8,4 2,8 24,6 75,4 54,4 45,6

Fonte: IBGE. Censo Demográfico de 1991, 2000 e 2010. Fundação Seade. Informações do registro civil. Elaboração Nepo/Emplasa, 2013.

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Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Os expressivos dinamismos populacionais e econômicos aliados aos gargalos da infraestrutura de transporte e das políticas sociais refletem na existência de grande mobilidade da população da RMSP. O volume dos movimentos pendulares cresceu 73% entre 2000 e 2010, passando de 1,1 milhão para 1,9 milhão de pessoas, o que representa um aumento de importância e intensidade desses processos.

O volume de pendulares por município cresceu para todos os municípios, exceto São Paulo, Barueri e São Caetano do Sul. Destacaram-se em relação ao crescimento dos movimentos pendulares no período 2000/2010, Guarulhos, Jandira e Rio Grande da Serra, (75, 41 e 40%, respectivamente). O município com menor percentual de movimento pendular em 2010 foi justamente São Paulo (3,5%). O município de São Paulo, com toda sua diversificação econômica, enorme mercado de trabalho e ofertas de serviços, mobiliza apenas pequena parcela de sua população, muito embora em termos absolutos o volume dos pendulares seja expressivo (135 mil pessoas).

O peso da mobilidade pendular pode ser observado a partir dos fluxos de movimentos pendulares daqueles que entram nos municípios para trabalhar.Seguindo a tendência de todas as RMs da Macrometrópole, os movimentos intrametropolitanos na RMSP são mais significativos que os externos (seis vezes mais), inclusive mais do que nas outras RMs. A dinâmica da mobilidade intrarregional da RMSP tem suas peculiaridades, com alguns municípios apresentando mais entradas que saídas (São Paulo, São Caetano do Sul, Guararema, Cajamar e Barueri), e todos os outros com mais saídas do que entradas.

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Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Tabela 2.Volume e peso relativo da mobilidade pendular de residentes sobre a População em Idade Ativa (PIA). Municípios da RMSP, 2000 e 2010.

Volume dos movimentos pendulares Percentual da PIA (%) Município 2000 2010 2000 2010 RM de São Paulo 1.189.942 1.942.001 9,1 12,6 Arujá 5.090 14.134 12,4 25,1 Barueri 44.176 41.795 30,6 22,9 Biritiba Mirim 362 3.856 2,1 18,0 Caieiras 3.723 21.635 7,5 33,0 Cajamar 3.389 8.626 9,7 18,0 Carapicuíba 6.505 100.707 2,7 36,0 Cotia 11.684 37.027 11,1 24,4 Diadema 28.858 83.792 11,3 28,4 Embu das Artes 5.069 62.588 3,5 35,1 Embu-Guaçu 649 9.353 1,6 20,0 Ferraz de Vasconcelos 4.344 45.911 4,5 36,9 Francisco Morato 1.364 42.927 1,6 38,6 Franco da Rocha 4.471 31.478 5,8 31,5 Guararema 599 2.453 3,9 12,4 Guarulhos 35.225 138.554 4,7 15,0 Itapecerica da Serra 3.111 36.369 3,5 32,0 Itapevi 3.639 50.367 3,4 34,7 Itaquaquecetuba 7.484 67.062 4,2 28,9 Jandira 5.129 33.309 8,1 41,1 Juquitiba 442 2.825 2,5 13,5 Mairiporã 1.046 11.018 2,5 17,7 Mauá 12.866 90.486 5,0 28,2 Mogi das Cruzes 14.831 35.507 6,3 12,0 Osasco 37.303 129.984 7,8 25,0 Pirapora do Bom Jesus 159 3.099 1,9 27,7 Poá 4.350 27.228 6,5 33,8 Ribeirão Pires 7.239 24.595 9,4 27,4 Rio Grande da Serra 829 13.334 3,2 40,5 Salesópolis 358 1.852 3,5 15,7 Santa Isabel 917 6.578 3,0 17,0 Santana de Parnaíba 4.546 26.148 8,9 32,0 Santo André 52.994 140.844 10,7 25,7 São Bernardo do Campo 75.087 125.393 14,4 20,7 São Caetano do Sul 39.171 36.846 34,0 29,2 São Lourenço da Serra 135 2.308 1,6 21,7 São Paulo 739.966 313.259 9,4 3,5 Suzano 12.717 42.851 8,1 21,7 Taboão da Serra 8.912 67.739 6,3 36,5 Vargem Grande Paulista 1.203 8.161 5,3 25,2

Fonte: IBGE Censo Demográfico de 2000 e 2010. Elaboração Nepo-Unicamp/Emplasa, 2013.

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Na RMSP, a pendularidade apresenta importante relação com o processo de redistribuição espacial da população que não depende apenas da migração, mas também do crescimento vegetativo, mais intenso nos municípios periféricos. A grande defasagem existente entre os lugares onde são oferecidas oportunidades econômicas e serviços e aqueles onde vivem as pessoas fazem da região um ambiente propício para a intensa mobilidade da população. Mais de 85% das pessoas que realizam movimentos pendulares da RMSP apresentam como destino um município da própria região o que mostra a grande interação entre eles. Destes, a maior parte se dirige para São Paulo e os demais municípios de grande porte3.

Gráfico 1. Distribuição percentual dos destinos da população residente que realiza movimento pendular, segundo tipo de municípios. RMSP. 2010.

100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Município Sede Municípios Grandes Municípios Médios Municípios Pequenos

Município Sede Municípios Grandes Municípios Médios Municípios Pequenos Outras RMs

Fonte: IBGE Censo Demográfico 2010. Elaboração Nepo-Unicamp/Emplasa, 2013.

A relevância em relação à atratividade fica evidente a partir da análise do Gráfico 1: 92% dos pendulares residentes na sede (São Paulo) se destinam a municípios da própria região, sendo que 51% se dirigem para os municípios grandes, 38% para os médios e apenas 3% para os pequenos. Dos pendulares residentes nos municípios grandes, 63% se dirigem para a sede, número acima dos 57% dos municípios médios ou 50% dos municípios pequenos. Nos municípios pequenos aumenta a importância dos municípios médios enquanto destino, representando 29%. Nos municípios pequenos mais distantes da capital, percebe-se que existem dinâmicas localizadas.

3 O Gráfico 1 apresenta os resultados agregando os municípios da região em sede, grandes (maiores de 500 mil), médios (menores de 500 mil) e pequenos (menores de 100 mil), segundo a população registrada pelo Censo Demográfico de 2010.

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Gráfico 2. Distribuição percentual das origens da população que realiza movimento pendular, segundo tipo de municípios de destino na RMSP. 2010. 4

100%

90%

80%

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0% Município Sede Municípios Grandes Municípios Médios Municípios Pequenos

Município Sede Municípios Grandes Municípios Médios Municípios Pequenos Outras RMs Interior SP Outros Estados

Fonte: IBGE Censo Demográfico 2010. Elaboração Nepo-Unicamp/Emplasa, 2013.

Quando se observa a origem das pessoas que realizam os movimentos pendulares da RMSP segundo os municípios de destino, ilustrada no Gráfico 2, 79% daqueles que se dirigem para a sede tem origem nos municípios grandes e médios e 9% em outras Unidades da Federação. Para os municípios grandes e médios a origem RMSP é importante, representando 94% e 96%, respectivamente.

Para todos os destinos, os municípios médios aparecem como principal origem, tendo como destino principal a sede, com 49% dos pendulares que esta recebe e nos municípios pequenos, perfazendo 55% do total de pendulares que estes municípios recebem.

Desta forma, mesmo com um estoque de população menor com relação a outros municípios, os médios destacam-se com relação à mobilidade intrarregional. O Mapa 1 a seguir apresenta estes fluxos espacializados, facilitando uma visão mais clara dos fluxos e dos movimentos pendulares na RMSP. Vale lembrar que em função do grande volume de movimentos pendulares e da importância de São Paulo nesse processo, os deslocamentos para esse município não foram representado por seta e sim por pontos coloridos.

4 O Gráfico 1 apresenta os resultados agregando os municípios da região em sede, grandes (maiores de 500 mil), médios (menores de 500 mil) e pequenos (menores de 100 mil), segundo a população registrada pelo Censo Demográfico de 2010.

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Mapa 1. Fluxos pendulares intrametropolitanos. Municípios da RMSP. 2010.

Fonte: IBGE. Censo Demográfico de 2010. Elaboração Nepo-Unicamp/Emplasa, 2013.

Desde 1991 observa-se uma redução de participação do município de São Paulo na população da RMSP, passando de 62% neste ano para 57% em 2010. Esta redução proporcional, entretanto, não tem significado redução da importância e da centralidade econômica exercida por este município. Tal hegemonia é a que permite compreender a grande concentração de movimentos pendulares que se dirigem para esse município.

Os dados mostram que São Paulo mantém grande relevância econômica e sua dinâmica interfere diretamente na economia do entorno, considerando que 63% do Valor Adicionado da RMSP ainda provêm deste município. Cabe ainda destacar que o perfil econômico dos municípios da região é diverso, apesar das características serem típicas de uma região metropolitana, ou seja, com maior participação dos setores de serviços e industrial. O Gráfico 3 a seguir apresenta a distribuição do valor adicionado regional segundo municípios, onde se destacam São Paulo, Guarulhos, Osasco e São Bernardo do Campo, que concentram juntos 78% do valor adicionado regional.

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Gráfico 3. Participação do município no Valor Adicionado da região. Municípios RMSP. 2010.

Vargem Grande Paulista Taboão da Serra Suzano São Paulo São Lourenço da Serra São Caetano do Sul São Bernardo do Campo Santo André Santana de Parnaíba Santa Isabel Salesópolis Rio Grande da Serra Ribeirão Pires Poá Pirapora do Bom Jesus Osasco Mogi das Cruzes Mauá Mairiporã Juquitiba Jandira Itaquaquecetuba Itapevi Itapecerica da Serra Guarulhos Guararema Franco da Rocha Francisco Morato Ferraz de Vasconcelos Embu-Guaçu Embu das Artes Diadema Cotia Carapicuíba Cajamar Caieiras Biritiba Mirim Barueri Arujá

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65

Valor Adicionado

Fonte: Fundação Seade.

Em relação ao Gráfico 4 a seguir, percebe-se que não existe uma clara relação entre o crescimento populacional e o do valor adicionado. O PIB per capita, que recebe influência direta do volume de população, ficou abaixo do crescimento do valor adicionado para a maior parte dos municípios, mas principalmente para aqueles onde o crescimento demográfico foi maior. Tal situação revela a complementaridade existente entre os municípios da região e que o crescimento demográfico de um, muitas vezes está associado à dinâmica de outros.

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Gráfico 4. Comparação entre o percentual de crescimento em dez anos do PIB per capita, Valor Adicionado (1999-2010) e do crescimento populacional (2000-2010). Municípios da RMSP.

Fonte: Fundação Seade e IBGE Censo Demográfico de 2000 e 2010.

Em relação ao perfil da população que realiza movimentos pendulares, a maior parte é homem, está na faixa dos 25 aos 39 anos e com maior nível de escolaridade do que a média da PIA (enquanto praticamente metade da PIA regional apresenta o Ensino Fundamental, a maior parte dos pendulares dos municípios grandes sede apresenta graduação e nos médios e pequenos, o Ensino Médio).

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1.2. ASPECTOS ECONÔMICOS

A Região Metropolitana de São Paulo é o maior polo de riqueza nacional. Trata-se da principal região que compõe a Macrometrópole Paulista - MMP.O Produto Interno Bruto da RMSP de 2010 - R$ 701,85 bilhões, equivale a cerca de 56% do Estado e 20% do Brasil, sendo responsável pelo recolhimento de um quarto dos impostos no País (FSeade, 2012). Abriga a principal metrópole nacional, São Paulo – cidade global:principal centro de decisões políticas do estado, centro de serviços diversificado e especializado, com destaque para as áreas de telecomunicações, cultura, educação, saúde, transportes e gastronomia; pólo de turismo de negócios da América Latina, com 74 mil eventos por ano, atraindo 4,2 milhões de pessoas; centro gerencial e administrativo, abrigando sedes de empresas transnacionais; complexo industrial – Municípios de São Paulo, ABC, Guarulhos e Osasco; centro financeiro – Bolsa de Valores de São Paulo.

É a região metropolitana mais complexa e diversificada do país seja em termos sociais, econômicos e demográficos. Conta com elevado grau de articulação entre os diversos ramos industriais exibindo participação expressiva no valor adicionado estadual: 90% da indústria editorial está concentrada na região; a indústria de confecção de vestuário e a indústria de máquinas e equipamentos de informática respondem por 73% e 72%, respectivamente.

O Valor Adicionado da Indústria de Máquinas para Escritório e Equipamentos para Informática e de Produtos Alimentares, diminuiuna RMSP e cresceu no ESP. A maior parte dos novos investimentos deslocou-se da RMSP para outras regiões, principalmente a RMC. Nos setores de máquinas e equipamentos e de metalurgia de ferrosos,o VA cresceu na RMSP e, mais intensamente, noEstado (possivelmente para fora da RMSP). Sofreram esvaziamento tanto na RMSP quanto no ESP os ramos demáquinas, aparelhos e materiais elétricos, material eletrônico e equipamentos de telecomunicações, eletrodomésticos, combustíveis, papel e celulose, produtos farmacêuticos e têxtil. No ramo de Material de Transportes, de mais expressivo aumento na década, de um aumento real de 8,4 bilhões de reais no VA estadual, cerca 5,5 bilhões tiveram origem na RMSP (65%). Essa performance, alicerçada no tradicional conjunto de montadoras e indústrias de auto peças instaladas sobretudo no ABC e na capital, foi responsável por uma queda menos acentuada da ponderação industrial da RMSP no total do Estado. O ramo de equipamentos médicos, óticos, de automação e precisão, envolve indústrias de maior conteúdo tecnológico, pesa relativamente pouco no total e cresceu no estado majoritariamente fora da RMSP.

O peso relativo da capital na atração de novos investimentos é muito grande. Seus principais investimentos neste período estão relacionados a comércio, serviços e atividades imobiliárias. No Grande ABC, além da manutenção dos investimentos no setor industrial diversificado, ganharam destaque investimentos nas atividades imobiliárias e no setor logístico, reforçando o processo de reorganização dos setores industrial e logístico na Região Metropolitana de São Paulo. Em Guarulhos, destacaram-se os investimentos nas atividades imobiliárias e logísticas.

Os projetos de implantação do Rodoanel e de complementação de capacidade dos grandes sistemas de circulação rodoviária no entorno da metrópole, têm contribuído para a formação de novos distritos de negócios junto aos eixos rodoviários e seus principais entroncamentos, notadamente relacionados ao setor logístico. Este setor representa uma oportunidade de re-localização de atividades e de conformação de novos polos de negócios relacionado ao desenvolvimento da logística na RMSP e na Macrometrópole. O provimento de infraestrutura e o desenvolvimento de serviços relacionados à logística devem estimular a implantação de plataformas logísticas - relacionadas ao processamento final

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de produtos, estocagem e transbordo, além de serviços financeiros, aduaneiros, fiscais e administrativos.

A operação dos trechos Oeste e Sul do Rodoanel está associada à ocupação de glebas situadas junto às rodovias troncais localizadas nas proximidades dos trevos de interligação ao Rodoanel, próximas aos principais eixos de movimentação de cargas, no corredor de transporte formado pelos sistemas Anhanguera/Bandeirantes, Rodoanel e Anchieta/Imigrantes. A Figura 1 mostra os empreendimentos logísticos privados marcados por pontos amarelos, em pontos azuis estão os locais prioritários definidos pelo planejamento estadual e locais prioritários do Plano Diretor de Desempenho de Transportes (PDDT) e Plano Integrado de Transportes Urbanos (PITU), enquanto que as linhas referem-se aos principais corredores de exportação, sendo em vermelho os corredores ferroviários e em branco os corredores rodoviários.

Figura 1. Empreendimentos logísticos, principais corredores de exportações e locais prioritários, Macrometrópole Paulista, 2010.

Fonte: Governo do Estado de São Paulo, 2010 (Google Earth).

Nos últimos dez anos, é notável a transformação do uso do solo em Cajamar, Barueri, Jandira, Embu e São Bernardo do Campo, principalmente com a implantação de empreendimentos como Centros de Distribuição e Galpões Logísticos.

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Figura 2. Cajamar (distrito de Jordanésia) entre as Rodovias Anhanguera e Bandeirantes.

Imagens de 2003 (esquerda) e 2009 (direita).

Fonte: Governo do Estado de São Paulo, 2010 (Google Earth).

Figura 3. Barueri e Jandira, junto à Rodovia Castelo Branco.

Imagens de 2003 (esquerda) e 2009 (direita).

Fonte: Governo do Estado de São Paulo, 2010 (Google Earth).

Figura 4. Embu, próximo ao entroncamento da Rodovia Régis Bittencourt e Rodoanel.

Imagens de 2003 (esquerda) e 2009 (direita).

Fonte: Governo do Estado de São Paulo, 2010 (Google Earth).

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Figura 5. São Bernardo do Campo, Centro Logístico junto entroncamento da Rodovia dos Imigrantes com o Rodoanel.

Imagens de 2003 (esquerda) e 2009 (direita).

Fonte: Governo do Estado de São Paulo, 2010 (Google Earth).

Figura 6. Itaquaquecetuba, Centro Logístico Intermodal em implantação junto à linha ferroviária, às margens da Rodovia Ayrton Senna.

Imagens de 2004 (esquerda) e 2009 (direita).

Fonte: Governo do Estado de São Paulo, 2010 (Google Earth).

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Tabela 1. Valor Adicionado Fiscal da Indústria, Região Metropolitana de São Paulo (em reais).

Variação Percentual Ramo Industrial 2000 2008 (%)

Total 127.328.284.325 119.849.614.227 -5,9

Extrativa 468.709.403 643.324.307 37,3

Minerais Não Metálicos 2.974.896.370 2.965.813.339 -0,3

Metalurgia Básica – Ferrosos 2.447.516.342 3.878.464.455 58,5

Metalurgia Básica - Não Ferrosos 1.577.204.456 1.486.362.768 -5,8

Produtos de Metal 6.093.835.770 7.610.572.232 24,9

Máquinas e Equipamentos 7.615.177.823 9.458.415.024 24,2

Eletrodomésticos 2.600.218.111 1.119.003.001 -57,0

Máquinas para Escritório e Equipamentos de 1.698.635.360 473.777.153 -72,1 Informática

Máquinas, Aparelhos e Materiais Elétricos 5.969.526.077 3.901.610.488 -34,6

Material Eletrônico e Equipamentos de 2.549.670.227 1.562.406.896 -38,7 Comunicações

Equipamentos Médicos, Ópticos, de Automação e 1.456.334.138 1.660.166.559 14,0 Precisão

Material de Transporte - Montadoras e Autopeças 18.000.240.827 23.559.892.825 30,9

Madeira 302.874.401 292.170.353 -3,5

Móveis 1.138.073.347 1.120.447.861 -1,5

Papel e Celulose 4.382.555.172 3.582.098.273 -18,3

Artigos de Borracha 3.028.848.615 2.529.128.848 -16,5

Couros e Calçados 283.856.334 204.845.906 -27,8

Produtos Químicos 13.149.096.002 11.877.546.149 -9,7

Combustíveis 5.420.613.404 4.635.390.285 -14,5

Produtos Farmacêuticos 12.546.776.325 10.420.850.661 -16,9

Produtos de Perfumaria e Cosméticos 2.195.017.339 2.781.305.424 26,7

Produtos de Plástico 5.945.700.618 5.100.681.380 -14,2

Têxtil 3.308.954.427 2.070.665.097 -37,2

Vestuário e Acessórios 2.756.150.358 2.597.772.853 -5,7

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Produtos Alimentícios 7.070.171.804 5.531.202.666 -21,8

Bebidas 1.070.909.800 533.772.506 -50,2

Fumo 2.289.102.691 64.228.636 -97,2

Edição, Impressão e Gravações 7.409.737.796 6.962.625.645 -6,0

Reciclagem 37.604.442 112.586.884 199,4

Fonte : Fundação Seade, a partir de dados da Secretaria Estadual da Fazenda, 2012.

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Tabela 2: Produto Interno Bruto a preços correntes e distribuição do Valor Adicionado, por setor de atividade, Estado de São Paulo, Região Metropolitana de São Paulo e Municípios 2000-2010.

Distribuição do Valor Distribuição do Valor ProdutoInternoBruto - PIB - 2000 ProdutoInternoBruto - PIB - 2010 Adicionado – 2000 (%) Adicionado – 2010 (%) PIB Participa- Participa- ParticipaParticipação no- - PIB per RMSP e PIB Total ção no PIB ção no PIB Agrope- Agrope- PIB perção noPIB da cápita Indústria Serviços IndústriaServiços Municípios Total (milhões de do ESP da RMSP cuária cuária cápitaPIB doRMSP (emreais) (milhões reais) (%) (%) dereais)(emreais) ESP (%) ESP 424.161,30 11.345,91 (%)100 1.247.595,93 30.264,06 100 1,37 31,53 67,1 1,87 29,08 69,05 RMSP 243.189,61 13.483,47 57,3 100 701.848,59 35.685,60 56,3 100 0,1 29,4 70,5 0,1 24,5 75,5 Arujá 443,48 7.320,53 0,1 0,2 2.045,66 27.341,84 0,2 0,3 0,8 44,5 54,7 0,2 46,4 53,4 Barueri 10.065,84 47.192,54 2,4 4,1 27.752,43 115.319,91 2,2 4 - 27,2 72,8 - 20 80 Biritiba-Mirim 96,08 3.828,77 0 0 288,02 10.080,26 0 0 16,4 14,5 69,1 14 15 71,1 Caieiras 548,41 7.481,63 0,1 0,2 1.893,14 21.854,95 0,2 0,3 0,2 48,2 51,7 0,8 39,3 59,8 Cajamar 922,95 17.796,28 0,2 0,4 5.501,59 85.810,87 0,4 0,8 0 56,2 43,8 0 39,8 60,2 Carapicuíba 1.230,30 3.529,90 0,3 0,5 3.429,41 9.270,98 0,3 0,5 0 22,4 77,6 0 23,7 76,3 Cotia 1.599,56 10.546,02 0,4 0,7 6.212,60 30.904,90 0,5 0,9 0,2 34,4 65,4 0,1 34,6 65,3 Diadema 3.914,59 10.861,41 0,9 1,6 11.254,52 29.153,85 0,9 1,6 0 47,1 52,9 0 46,7 53,3 Embu 1.038,88 4.923,50 0,2 0,4 4.446,70 18.527,39 0,4 0,6 0,1 35,8 64 0,1 35,5 64,5 Embu-Guaçu 257,54 4.421,17 0,1 0,1 597,29 9.503,99 0 0,1 0,2 34,8 65 0,1 27,6 72,4 Ferraz 496,06 3.412,47 0,1 0,2 1.603,42 9.527,71 0,1 0,2 0 34,2 65,7 0 38,3 61,7 Francisco 295,96 2.160,85 0,1 0,1 969,71 6.274,90 0,1 0,1 0 19,9 80,1 0 16,5 83,5 Franco 557,81 5.090,33 0,1 0,2 1.961,02 14.901,02 0,2 0,3 1,2 43,3 55,5 0,4 48 51,5 Guararema 190,6 8.601,49 0 0,1 457,44 17.688,52 0 0,1 6,4 44,2 49,4 10,7 31,9 57,4 Guarulhos 13.293,81 12.183,39 3,1 5,5 37.139,40 30.383,43 3 5,3 0 35,2 64,8 0 32,1 67,9 Itapecerica da Serra 840,19 6.339,41 0,2 0,3 3.501,05 22.975,76 0,3 0,5 0,4 24,4 75,2 0,1 15,4 84,4 Itapevi 919,78 5.542,33 0,2 0,4 5.145,93 25.617,71 0,4 0,7 - 35,3 64,7 - 19,8 80,2 Itaquaquecetuba 993,64 3.549,66 0,2 0,4 3.256,58 10.118,18 0,3 0,5 0,3 33,4 66,3 0,1 38,7 61,2 Jandira 533,53 5.694,62 0,1 0,2 1.650,31 15.219,19 0,1 0,2 - 36,5 63,5 - 39,1 60,9 Juquitiba 152,84 5.686,38 0 0,1 256,75 8.936,13 0 0 0,1 23,2 76,7 0,2 19,7 80,1 Mairiporã 330,76 5.385,53 0,1 0,1 1.186,37 14.660,98 0,1 0,2 0,1 23,6 76,3 0 34,8 65,2 Mauá 3.339,28 9.078,67 0,8 1,4 7.352,09 17.619,04 0,6 1 0 48 52 0 41 58,9 Mogi das Cruzes 2.518,84 7.542,97 0,6 1 8.810,33 22.751,54 0,7 1,3 1,8 35,5 62,7 1,2 32,1 66,7 Osasco 8.678,30 13.187,90 2 3,6 36.389,08 54.599,81 2,9 5,2 0 17,5 82,5 0 10,4 89,6 Pirapora do Bom Jesus 62,93 4.962,43 0 0 127,21 8.088,95 0 0 - 38,8 61,2 - 24,5 75,5 Poá 722,97 7.448,49 0,2 0,3 2.747,25 25.909,35 0,2 0,4 0 31,9 68 0 34,8 65,1 Ribeirão Pires 660,93 6.249,09 0,2 0,3 1.888,93 16.709,84 0,2 0,3 0,1 31,8 68,1 0 40,3 59,6 Rio Grande da Serra 142,05 3.782,27 0 0,1 487,3 11.053,79 0 0,1 0,2 34,5 65,3 0,1 45,9 53,9 Salesópolis 61,19 4.204,87 0 0 174,84 11.179,48 0 0 11,8 15 73,1 17,9 9 73,1 Santa Isabel 232,71 5.275,28 0,1 0,1 758,33 15.027,08 0,1 0,1 0,7 31,7 67,6 0,7 23,3 76 Santana de Parnaíba 852,64 11.040,85 0,2 0,4 3.641,22 33.444,02 0,3 0,5 0 27,8 72,2 0 25,6 74,4 Santo André 7.441,07 11.422,80 1,8 3,1 17.258,47 25.609,30 1,4 2,5 0 36,4 63,6 0 31,6 68,4 São Bernardo do Campo 11.060,48 15.534,56 2,6 4,5 35.578,59 46.495,62 2,9 5,1 0 44,4 55,6 0 45,5 54,5 São Caetano do Sul 3.478,12 24.923,12 0,8 1,4 11.009,31 73.605,89 0,9 1,6 - 34,6 65,4 - 44,2 55,8 São Lourenço da Serra 66,16 5.291,18 0 0 158,38 11.324,94 0 0 2 12,5 85,5 1,3 17,4 81,3 São Paulo 160.285,57 15.286,80 37,8 65,9 443.600,10 39.450,87 35,6 63,2 0 26,5 73,5 0 20,4 79,6 Suzano 2.759,05 11.830,86 0,7 1,1 5.759,76 21.936,27 0,5 0,8 0,2 57,6 42,2 0,2 52 47,8 Taboão da Serra 1.718,15 8.587,59 0,4 0,7 4.807,21 19.643,78 0,4 0,7 0 37,6 62,4 0 32 67,9 Vargem Grande Paulista 386,56 11.446,62 0,1 0,2 750,87 17.483,99 0,1 0,1 0,1 19,9 80 0,1 33,1 66,8

Fonte: PIB dos municípios paulistas, FSEADE, dez. 2012.

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1.3. EVOLUÇÃO DA MANCHA URBANA

A expansão da mancha urbana da RMSP ocorreu com o crescimento de seu núcleo principal – a cidade de São Paulo – e posterior espraiamento pelos de eixos de maior acessibilidade regional, incorporando os territórios vizinhos.

A estrutura primária do núcleo era apoiada especialmente nos acessos fluviais por meio dos rios Tietê e Tamanduateí. Depois disso, passou a se apoiar na rede ferroviária, que se constituiu no principal eixo indutor da evolução urbana desse período. São Paulo foi o ponto de origem desta estrutura ferroviária que se iniciou a partir da década de 1860, composta por cinco principais companhias: São Paulo Railway Company (Santos-Jundiaí), Companhia Paulista, Estrada de Ferro Sorocabana, Companhia Mogiana e Estrada de Ferro Central do Brasil. As ferrovias marcaram profundamente o território da RMSP e deram o necessário apoio e suporte aos primeiros movimentos de expansão urbana, voltada ao apoio das atividades industriais com o surgimento de vilas operárias e pequenos núcleos de atividades diversificadas de alcance local,especialmente nos arredores das estações.

Essa dinâmica de crescimento provocou a incorporação sucessiva de novas áreas ao tecido urbano, propiciando o surgimento de uma faixa continuamente urbanizada envolvendo parcelas de São Paulo, Osasco, São Caetano do Sul e Santo André. A partir de 1930 começa a se desenhar o primeiro setor significativo de expansão da mancha urbana, no sentido leste-oeste.

A partir da década de 1950, a RMSP passa a contar com uma nova estruturação da expansão urbana, mediante a indução promovida pelos melhoramentos das rodovias existentes e pela construção de outras, mais modernas, que dividem com as ferrovias o papel de eixos polarizadores da urbanização e da implantação industrial. Em função disso a mancha prossegue seu deslocamento para leste, seguindo as direções da Rodovia Presidente Dutra e da Estrada de Ferro Central do Brasil; para Sudeste, acompanhando a Estrada de Ferro Santos-Jundiaí; para o sul ao longo da Rodovia Anchieta. Vale observar que as rodovias Dutra e Anchieta facilitaram a ligação a São Bernardo do Campo e Guarulhos, então incluídos no processo de expansão industrial. Nas direções oeste e sudoeste, a ocupação inicial ocorreu de formadispersa e desordenada, tendo como seus principais vetores, respectivamente, a Estrada de Ferro Sorocabana e a Rodovia Régis Bittencourt.

Essas novas estruturas viárias permitiram uma mobilidade maior da população por meio do transporte público e individual motorizados. Novas avenidas e estradas são construídas e novos espaços são ocupados para fins urbanos. A expansão consolida-se e se espalha sem um planejamento adequado. Uma das poucas tentativas de ordenamento foi feita ainda na década de 1930 com o “Plano de Avenidas”, projetado pelo engenheiro Francisco Prestes Maia, que assumia uma estrutura radiocêntrica já existente e um sistema de avenidas diametrais e perimetrais. Tal plano serviu de base à estruturação das áreas mais centrais de São Paulo até a década de 1960.

Na década de 1970, o processo de desenvolvimento metropolitano intensificou-se na direção oeste devido à oferta de terras para o assentamento residencial das classes média-alta e alta, com a implantação de loteamentos que se situaram inicialmente nos eixos das rodovias Raposo Tavares e Régis Bittencourt e, posteriormente, no da rodovia Castelo Branco. Na porção norte a mesma situação repete-se na Serra da Cantareira.

A área urbana encontrou barreiras no processo de expansão – ao Norte, a Serra da Cantareira; ao sul, as represas Billings e Guarapiranga; a sudeste o relevo de Mares de Morros do rebordo da Serra do Mar. No entanto, tais limitantes não foram intransponíveis. A Serra da Cantareira e o entorno das represas foram objeto de intenso processo de ocupação irregular. Desse modo, o eixoleste-oeste se

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organizou como um vetor de expansão preferencial, abrindo-se “corredores” que atravessam as áreas de topografia mais acidentadas.

A dinâmica da expansão e consolidação do meio urbano na RMSP baseou-se, principalmente após a metade do século XX, em um padrão que apresentava uma área central e um centro expandido adensados, com infraestrutura urbana adequada, onde se concentrava e ainda se concentra a maior parte das ofertas de trabalho, o comércio e os serviços especializados. Além deste centro expandido, uma imensa área de urbanização periférica com pouca ou nenhuma infraestrutura, poucos equipamentos de apoio e sustentabilidade social e pouca oferta de empregos, onde a exclusão social reflete-se em um padrão de exclusão territorial representado pelas grandes extensões de maciça ocupação territorial marcada por padrões habitacionais precários.

O mapa da expansão da área urbanizada da RMSP é continuamente atualizado, visando monitorar o crescimento da Metrópole. Estão representados 12 períodos: 1881, 1914, 1929, 1949, 1962, 1974, 1980, 1985, 1992, 1997, 2002 e 2010. Até 1949 as informações foram coletadas de mapas antigos que não abrangiam a totalidade da região. A partir de 1962, as informações foram extraídas de fotos aéreas ou de imagens satélites recobrindo toda a área da região.

Os grandes fatores limitadores da expansão urbana da RMSP de origem topográfica localizam-se ao norte - Serra da Cantareira e ao sul - Represas Billings e Guarapiranga e a borda da Serra do Mar. A despeito de serem áreas protegidas por legislação ambiental, muitas dessas áreas encontram-se sob processo intenso de ocupação irregular, sendo que nas áreas ao sul, a ocupação irregular se fez tão intensa que abriga, atualmente, cerca de 2 milhões de pessoas.

A conformação topográfica da RMSP demonstra, portanto, situações mais favoráveis à ocupação no sentido leste-oeste, onde, de fato, ocorreu seu maior espraiamento, que ultrapassa a extensão de 90 km entre Amador Bueno, em Itapevi, e César de Souza, em Mogi das Cruzes. No sentido norte-sul, a conurbação ultrapassa a distância de 70km.

As áreas centrais, também favoráveis à ocupação, são aquelas onde a conformação topográfica, embora apresente ondulações e morros, caracteriza-se por grandes áreas consideradas adequadas ao assentamento urbano. Estas áreas, de relevo mais suave, encontram-se, principalmente, nas planícies aluviais dos Rios Tietê, Tamanduateí, Pinheiros, Aricanduva e outros cursos d’água menores.

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Mapa 1. Evolução da mancha urbana, 1891– 2010.

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Mapa 2. Mancha urbana e Assentamentos Precários, 2002/2010.

20 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum Mapa 3. Aptidão física para urbanização.

Fonte: Emplasa, IPT, 1986.

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2. ANÁLISE DAS FUNÇÕES PÚBLICAS DE INTERESSE COMUM

2.1. USO DO SOLO

2.1.1. HISTÓRICO E CARACTERIZAÇÃO DA GESTÃO DA FPIC

A Lei Complementar no 14 de 08/07/1973 criou a Região Metropolitana de São Paulo e estabeleceu, em seu artigo 5, o uso do solo metropolitano dentre os serviços comuns de interesse metropolitano, abrindo ao Estado a possibilidade de disciplinamento do uso e ocupação do solo, um dos pontos centrais do planejamento urbano.

Desde esse momento inicial da RMSP, os levantamentos e pesquisas da época apontam para a grande heterogeneidade não só quanto ao tipo de instrumento utilizado para o controle do uso do solo (leis de zoneamento, códigos de obras e edificações, planos diretores e leis regulamentadoras de usos), como também quanto aos tipos e mapeamentos de zonas definidas e ao nível de precisão de cada instrumento. Conclui-se, pois,que o controle exercido pelos municípios estava bem distante do que seria necessário, considerando o extremo dinamismo urbano da RMSP.

O Município de São Paulo, o de maior relevância urbana e territorial da RMSP, permaneceu por mais de 40 anos aplicando as normas de uso e ocupação do solo definidas no Código de Obras “Arthur Saboya”, de 1929, consolidadas em 1934, com inúmeras complementações, constituindo um emaranhado de normas específicas e casuísticas, que não acompanharam o expressivo crescimento urbano do período.

Em 1955 foi instituída a Lei no 4.615 que fez alterações, revogou dispositivos e aprovou três capítulos de novo Código de Obras. A primeira lei do Município de São Paulo, que tratou do parcelamento, uso e ocupação do solo separados dos aspectos da edificação, foi a Lei no 7.805 de 1972, que instituiu normas baseadas nas diretrizes do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado (PDDI).

Alguns municípios da região tiveram legislações de controle do uso do solo no período após 1960, mas a maior parte deles apoiou-se ou em leis isoladas disciplinando aspectos específicos do uso e ocupação ou em normas de seus Códigos de Obras, desvinculadas de um planejamento global.

É importante considerar que as normas estaduais da legislação sanitária estadual – Lei Estadual no 1.596 – foram incorporadas no Código Saboya, sendo também utilizadas nos instrumentos legais de vários municípios, de forma complementar ou substitutivamente às leis municipais de uso do solo e edificação. 5

5O Código Sanitário do Estado foi, para vários municípios da RMSP, o único instrumento legal de apoio no controle do uso do solo.

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Outro aspecto da vinculação do controle do uso do solo ao Estado diz respeito às normas instituídas para a preservação do meio ambiente que se sobrepõem às normas municipais, como é o caso da Legislação de Proteção aos Mananciais que estabelece restrições não contempladas pelos municípios.

No plano tributário, em função da legislação federal, é que é possível identificar os maiores efeitos sobre os instrumentos de controle do uso do solo locais devido à definição de zonas industriais (arrecadação de Imposto de Circulação de Mercadorias – ICM) e de perímetros urbanos e de expansão urbana (arrecadação de impostos / Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU).

As primeiras diretrizes metropolitanas relativas ao uso e ocupação do solo na RMSP foram aprovadas pela Resolução no 6/1976 do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Grande São Paulo (Codegran), com base no Plano Metropolitano de Desenvolvimento Integrado (PMDI). Em 1981, as diretrizes foram aperfeiçoadas com base em estudos elaborados pela Emplasa através da Resolução no 1/1983.

Em 1985, a Emplasa elaborou, o estudo “Políticas e Diretrizes para o Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo na RMSP” – Projeto 7410/002 Uso do Solo na RMSP – 1984, parte integrante do Plano Metropolitano de Desenvolvimento. Neste trabalho foi apresentado um conjunto de políticas e diretrizes para o ordenamento do uso e ocupação do solo, resultantes da sistematização dos principais estudos / informações disponíveis e dos problemas do uso e ocupação do solo na região, vislumbrando as possíveis ações estruturadoras da RMSP e de modo a propiciar seu efetivo controle nos aspectos de interesse metropolitano e em áreas específicas onde tal interesse é relevante. O trabalho avança em relação aos anteriores por localizar em cada parcela do território as repercussões de cada diretriz.

O Plano Metropolitano da Grande São Paulo – 1994 / 2010 foi elaborado pela Emplasa para ser um instrumento estratégico, formado por um conjunto de princípios, objetivos e diretrizes articuladas entre si, normatizando e orientando as ações de natureza metropolitana do Estado, dos municípios, dos agentes econômicos e dos cidadãos com foco no desenvolvimento desejável.

Em 2004, a Emplasa iniciou a elaboração da Agenda Metropolitana de Ações Estratégicas para a RMSP. Na formulação desta Agenda, foram desenvolvidos novos procedimentos metodológicos em vista do tratamento das questões técnicas de forma participativa, envolvendo os órgãos públicos federais, estaduais e municipais, institutos de pesquisa, universidades e segmentos da sociedade civil organizada (organizações patronais e de trabalhadores, associações de classe, movimentos sociais e organizações não governamentais). Esta Agenda foi criada para funcionar como um guia orientador das ações públicas e privadas necessárias para o equacionamento dos problemas e para o desenvolvimento das potencialidades da RMSP, identificando parcerias, definindo prioridades e origem dos recursos para a sua execução. A sua implementação resultaria na articulação e na integração de visões e ações setoriais, incluindo o Governo e a sociedade civil, de forma a minimizar conflitos e otimizar recursos.

2.1.1.1. ESTRUTURA INSTITUCIONAL E NORMATIVA a) Órgão de gestão

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Historicamente, é possível identificar o início do processo de planejamento e gestão do uso do solo metropolitano da RMSP nas décadasde 50 e 606, sendo um importante marco desse processo o seminário organizado pela seção paulista do Instituto de Arquitetos do Brasil – IAB, em 1964, denominado “O Homem e a Paisagem Paulistana - Critérios de encaminhamento do Planejamento Territorial da Região da Cidade de São Paulo”. O documento resultante desse evento defendia a “necessidade de atribuir função eminentemente técnica à entidade metropolitana, com o objetivo de excluir a natureza política da questão”. Obviamente era uma visão um tanto ingênua sobre a gestão urbana da Capital, talvez podendo ser ampliada no âmbito metropolitano.

Em 1967, foi criado o Grupo Executivo da Grande São Paulo (Gegran), vinculado à Secretaria de Economia e Planejamento do Governo do Estado de São Paulo (GESP), passando assim a RMSP a contar com uma entidade de gestão do seu processo de desenvolvimento.

Em 1970, foi concluída a elaboração do Plano Metropolitano de Desenvolvimento Integrado - PMDI - I, documento contendo Diretrizes e Proposições para o Desenvolvimento Urbano, Circulação e Transportes e Saneamento Básico da Região. Cabe destacar que no PMDI-I foi feito o primeiro levantamento sistemático sobre a questão da urbanização da área metropolitana, considerando as diferentes funções regionais. Nessa década foram criadas as empresas de planejamento e de transportes metropolitanos (Emplasa e EMTU), a Secretaria de Negócios Metropolitanos e o Sistema de Planejamento e Administração Metropolitano (SPAM), os Conselho de Desenvolvimento da Grande São Paulo (Codegran) e o Conselho Consultivo (Consulti) e o Fundo Metropolitano de Financiamento (Fumefi).

Logo no seu início, a Emplasa desenvolveu projetos baseados no PMDI-I, de adequação e classificação de aptidões do sítio metropolitano para o desenvolvimento urbano e uso do solo urbano e não urbano. Desta forma, elaborou o Estudo de Implementos Legais de Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo que deram origem às Leis Estaduais de Proteção aos Mananciais - LPM (898/1975) e de Zoneamento Industrial - LZI (1.817/1978).

Na revisão do Plano Metropolitano de Desenvolvimento Integrado da Grande São Paulo - PMDI - II, foi dada ênfase no conhecimento sobre o meio ambiente da região, com suas funções diferenciadas, bem como sobre a compreensão dos sistemas de funcionamento setorial do Estado. A revisão do Plano foi feita em quatro anos e concluída em 1982, sendo que sua versão preliminar foi aprovada pelo Codegran, sem, no entanto, ter sido apreciada.

A Constituição Federal de 1988 passou aos Estados a atribuição para criar unidades regionais – regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões – e definir políticas territoriais e novos procedimentos jurídicos e normativos, alterando o formato institucional anterior.

Em 1994, a Emplasa concluiu a elaboração de um novo Plano Metropolitano de Desenvolvimento para a RMSP - 1994/2010. Em 2011, a Emplasa deu início à elaboração do Plano de Ação da Macrometrópole - PAM e ao Plano Metropolitano de Desenvolvimento Habitacional - PMDH.

6 Esse tempo foi explorado no Relatório 1.1. dos Arranjos Institucionais.

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A época atual caracteriza-se por uma expressiva articulação político-institucional entre a entidade metropolitana e os municípios da Região Macrometropolitana, através da atuação da Emplasacomo Agência de Desenvolvimento da RMSP e de assessoramento à Casa Civil, notadamente com a atividade

Construindo a Governança Metropolitana, e da elaboração de Planos e Projetos no âmbito da Macrometrópole Paulista. b) Controle metropolitano

Grupo de Análise e Aprovação de Projetos Habitacionais

Desde sua criação a Emplasa participa da gestão do processo de parcelamento do solo na RMSP. Em 1991, o Governo do Estado criou o Grupo de Análise e Aprovação de Projetos Habitacionais (Graprohab), através do Decreto Estadual 33.499/1991, e reformulado pelo Decreto Estadual nº 52.053/2007, constituído por representantes da Secretaria de Estado da Habitação (SH), Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S/A (Emplasa) e Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee).

O principal objetivo do Graprohab é aglutinar todos os órgãos estaduais envolvidos com o parcelamento do solo urbano em um mesmo grupo, como Balcão Único, para centralizar e agilizar os procedimentos técnicos e administrativos de aprovação, pelo Estado, dos seguintes projetos de parcelamento do solo e de núcleos habitacionais urbanos a serem implantados:

• Loteamentos para fins habitacionais;

• Conjuntos habitacionais com abertura ou prolongamento de vias públicas existentes;

• Desmembramentos que resultem em mais de dez lotes não servidos por infraestrutura7;

• Condomínios residenciais que se enquadrem nas seguintes situações: → Condomínios horizontais e mistos (horizontais e verticais), com mais de 200 unidades ou área de terreno superior a 50.000 m2; → Condomínios verticais com mais de 200 unidades ou área superior a 50.000 m2, que não sejam servidos por infraestrutura; → Condomínios horizontais, verticais ou mistos (horizontais e verticais) localizados em áreas especialmente protegidas pela legislação ambiental com terreno igual ou superior a 10.000 m2.

A criação do Graprohab foi um enorme avanço em relação ao licenciamento do parcelamento do solo para fins habitacionais, racionalizando procedimentos do Estado, agilizando e tornando transparente o processo de anuência prévia, e, principalmente, estabelecendo prazos para a manifestação dos órgãos que compõem o Colegiado na análise dos projetos.

7Redes de água e de coleta de esgotos, guias e sarjetas, energia elétrica e iluminação pública.

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A Emplasa sempre participou do Graprohab, inclusive colaborando ativamente para sua criação através de apoio técnico (a Emplasa era o suporte técnico da SNM, depois SHDU, onde analisava os processos de parcelamento do solo, zoneamento industrial e proteção dos mananciais).

A atuação da Emplasa no Graprohab se dá nas regiões metropolitanas do Estado de São Paulo. Embora atualmente não aplique nenhuma lei, analisa a adequação do parcelamento do solo ou de

grandes empreendimentos habitacionais à legislação federal e estadual, frente aos aspectos de localização, acessibilidade, conformidade com os mapeamentos do SCM/IGC e a caracterização dos empreendimentos conforme a Lei Federal 6.766/79 e suas alterações pela Lei Federal 9.785/99.

Também realiza o mapeamento georreferenciado dos empreendimentos de parcelamento do solo para fins habitacionais que são analisados, utilizado para subsidiar as análises territoriais sobre a ocupação do solo e a expansão urbana.

Nos últimos quatro anos, foram analisados pela Emplasa na Região Metropolitana de São Paulo cerca de 328 empreendimentos habitacionais, entre parcelamentos do solo, condomínios e conjuntos, sendo 45 empreendimentos do Programa Minha Casa Minha Vida.

Quadro 1: RMSP – Empreendimentos habitacionais protocolados no Graprohab de 2009 a 2012.

Região Metropolitana de São Paulo

Ano Empreendimentos MCMV

2009 80 2

2010 93 19

2011 97 14

2012 58 10

Total 328 45

Fonte: DGP/Emplasa, 2012.

Para os anos de 2010 e 2011, a tabela de empreendimentos habitacionais mapeados pela Emplasa conforme mapa a seguir, considerando condomínios e parcelamentos do solo (loteamentos) por município, mostra um aumento significativo tanto em relação à área produzida (m2) quanto ao número de unidades habitacionais ou lotes.

No caso dos condomínios aprovados, observamos que houve um aumento de 27,52% em relação à área ocupada pelos empreendimentos, ao mesmo tempo em que o número de unidades habitacionais produzidas cresceu em 46,76%. Em 2010, os municípios de São Bernardo do Campo, Itaquaquecetuba e Mauá foram, nessa ordem, os de maior número de condomínios aprovados. Em 2011, foram Guarulhos, Mogi das Cruzes e, mais uma vez, São Bernardo do Campo.

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Em relação aos parcelamentos de solo para fins habitacionais, o aumento das áreas loteadas entre 2010 e 2011 foi de 50,55%, pouco mais do que o dobro, assim como quanto ao número de lotes, que passou de 4.405 para 9.053 no período. Os municípios de Mogi das Cruzes, São Bernardo do Campo e Vargem Grande Paulista foram os que apresentaram os maiores percentuais de área loteada em 2010. No ano de 2011, foram Cotia, Guarulhos e Santana de Parnaíba que, juntos, produziram mais de 6.000 lotes (6.194).

Empreendimentos Habitacionais (Graprohab) mapeados pela Emplasa – 2010/ 2011.

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Tabela 1: RMSP – Condomínios e Loteamentos Aprovados pelo Graprohab em 2010

RMSP – 2010

Condomínio Loteamento Município Área (m2) % UHs % Área (m2) % UHs %

Barueri 24.944,97 2,47 911 8,67 84.371,93 3,02 350 7,95

Caieiras - - - - 331.910,73 11,87 862 19,57

Cajamar - - - - 15.138,00 0,54 52 1,18

Carapicuiba - - - - 140.821,68 5,04 871 19,77

Cotia 27.864,13 2,75 308 2,93 - - - -

Diadema 16.676,01 1,65 342 3,26 25.146,62 0,90 248 5,63

Guararema - - - - 246.198,48 8,80 332 7,54

Itaquaquecetuba 199.642,36 19,73 1.217 11,59 - - - -

Mauá 107.270,46 10,60 420 4,00 - - - -

Mogi das Cruzes 36.581,61 3,62 636 6,06 581.553,58 20,80 759 17,23

Osasco 52.916,20 5,23 882 8,40 230.233,22 8,23 23 0,52

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Pirapora do Bom Jesus 40.339,05 3,99 400 8,81 - - - -

Santana de Parnaíba 61.571,68 6,08 212 2,02 - - - -

São Bernardo do Campo 336.428,46 33,25 3.434 32,70 494.341,00 17,68 50 1,14

São Paulo 80.146,42 7,92 1.606 15,29 251.381,00 8,99 31 0,70

Suzano - - - - 40.139,43 1,44 378 8,58

Vargem Grande Paulista 27.500,00 2,72 135 1,29 355.125,76 12,70 449 10,19

Total 1.011.881,35 100 10.503 100 2.796.361,85 100 4.405 100

Fonte: DGP/Emplasa, 2013.

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Tabela 2: RMSP – Condomínios e Loteamentos Aprovados pelo Graprohab em 2011

RMSP – 2011

Condomínio Loteamento Município Área (m2) % UHs % Área (m2) % UHs %

Arujá - - - - 357.457,88 6,32 415 4,58

Barueri 104.242,96 7,47 3.150 15,96 - - - -

Cotia 49.677,90 3,56 586 2,97 1.430.639,95 25,30 3.034 33,51

Diadema 42.801,36 3,07 823 4,17 - - - -

Embu-Guaçu 51.230,00 3,67 658 3,33 350.121,66 6,19 152 1,68

Francisco Morato 27.338,00 1,96 308 1,56 - - - -

Guararema - - - - 227.779,00 4,03 161 1,78

Guarulhos 284.161,43 20,35 3.496 17,72 1.027.173,00 18,16 1.885 20,82

Itapevi 103.718,95 7,43 1.200 6,08 - - - -

Itaquaquecetuba 25.019,35 1,79 336 1,70 - - - -

Mairiporã 25.564,00 1,83 12 0,06 - - - -

Mogi das Cruzes 215.412,55 15,43 3.048 15,45 497.551,98 8,80 728 8,04

Osasco 94.054,52 6,74 1.842 9,34 - - - -

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São Bernardo do Campo 190.552,52 13,65 1.264 6,41 - - - -

Santana de Parnaíba - - - - 970.088,05 17,15 1.275 14,08

São Paulo 128.128,89 9,18 2.324 11,78 155.139,00 2,74 628 6,94

Suzano 47.364,81 3,39 378 1,92 423.828,00 7,49 547 6,04

Taboão da Serra 6.888,31 0,49 306 1,55 122.047,00 2,16 111 1,23

Vargem Grande Paulista - - - - 93.326,00 1,65 117

Total 1.011.881,35 100 10.503 100 2.796.361,85 100 4.405 100

Fonte: DGP/Emplasa, 2013.

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LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO AOS MANANCIAIS / LPM – (LEI NO 898/75 E LEI NO 1.172/76 E DECRETO NO 9.714/77)

A proteção aos mananciais é definida atualmente pela Lei Estadual nº 9.866/97, que estabelece diretrizes e normas para a proteção e recuperação dos mananciais de interesse regional para o Estado de São Paulo e cria mecanismos para compatibilizar as ações voltadas à preservação dos mananciais de abastecimento público e à proteção do meio ambiente. A Lei Estadual n° 1.172/76, delimita as áreas de proteção relativa aos mananciais, cursos e reservatórios de água a que se refere o artigo 2° da Lei n° 898/75, e estabelece normas de restrição de uso do solo em tais áreas. O Decreto nº 9.714/77, aprova o Regulamento das Leis nº 898/75 e nº 1.172/76 e dispõe sobre o disciplinamento do uso do solo para a proteção aos mananciais da Região Metropolitana da Grande São Paulo.

Esta proteção deverá estar aliada ao desenvolvimento socioeconômico através da implementação da gestão integrada que envolve, além dos setores e instâncias governamentais, os agentes da sociedade civil e setor produtivo. Existem mecanismos de compensação financeira para os municípios mais atingidos pelas restrições.

A Emplasa está elaborando, juntamente com a FIPE, o estudo “Critérios para a Distribuição dos Recursos do Fundo de Desenvolvimento da RMSP” para a proposição de mecanismo de compensação socioambiental, adaptado para o FUMEFI.

A Legislação de Proteção aos Mananciais (LPM) disciplina e estabelece parâmetros de controle do uso e ocupação do solo objetivando garantir o abastecimento e a melhor qualidade da água, além de conter a poluição na fonte e de ampliar a oferta de água, como função estruturadora da metrópole.

No final da década de 1990, o governo federal instituiu o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Lei federal nº 9.433/97 e Lei estadual paulista nº 7.663/91) que possibilitou:

1. Criar os Comitês de Bacias Hidrográficas por UGRHI – unidades de gerenciamento de recursos hídricos. 2. Elaborar os Planos de Bacia como instrumento de planejamento e controle da qualidade dos recursos hídricos – sistema de gestão descentralizado. 3. Criar as APRMs(Áreas de Proteção e Recuperação dos Mananciais para o Estado), que são formadas por uma ou mais sub-bacias – manejo das águas. 4. ElaborarLeis Específicas – conjunto de diretrizes e normas que devem instituir orientações de uso e ocupação do solo pelas características socioambientais. 5. Elaborar Planos de Desenvolvimento e Proteção Ambiental (PDPAs).O PDPA da Bacia determina as políticas públicas e programas ambientais a serem implementados em cada uma. Estabelece as seguintes Áreas de Intervenção: Ocupação Dirigida / Restrição à Ocupação / Recuperação Ambiental. 6. Definir a bacia hidrográfica como Unidade de Planejamento.

Principais pontos da Lei Estadual nº 7.663/91:

• Bacia Hidrográfica como unidade de gestão e planejamento. • Integração com Política de Recursos Hídricos (comitês de bacia, gestão tripartite). • Abrangência para todos os mananciais do Estado de SP (APRMs).

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• Licenciamento e fiscalização (sistemas integrados) – SMA

Em 1997 foi instituída a Nova Lei dos Mananciais – que definiu as diretrizes, critérios e procedimentos para a proteção e recuperação dos mananciais para todas as áreas de mananciais por meio de leis específicas – não mais somente para a RMSP, mas para todo o Estado de SP. A revisão da LPM estabeleceu uma relação direta com o sistema de gestão de recursos hídricos (Comitês de Bacia) – Lei nº 9.866 de 28 de novembro de 1997.

Com a ausência de uma política metropolitana,o sistema de gestão de cada APRM articula suas estratégias de uso e ocupação do solo diretamente com os poderes públicos municipais.

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Quadro 2 : Classificação das Áreas dos Municípios, segundo a Lei de Proteção aos Mananciais p g

2 Área em APM Área em APM Municípios Área Total (km ) (%) (km2)

Franco da Rocha 133,33 5,02 6,70 Poá 17,48 5,72 1,00 Caieiras 96,85 19,52 18,90 Mauá 61,95 20,02 12,40 Diadema 30,76 23,41 7,20 Guarulhos 317,85 29,07 92,40 São Paulo 1.523,20 36,14 550,50 Cotia 324,71 39,70 128,60 Ferraz de Vasconcelos 29,57 41,59 12,30 Mogi das Cruzes 713,30 48,86 348,50 Arujá 96,27 50,59 48,70 São Bernardo do Campo 408,92 52,06 212,90 Santo André 174,39 54,93 95,80 Embu das Artes 70,35 57,85 40,70 Suzano 205,28 64,55 132,50 Mairiporã 321,02 80,56 258,60 Santa Isabel 363,26 81,71 296,80 Biritiba-Mirim 318,22 89,25 284,00 Salesópolis 423,55 98,48 417,10 Embu-Guaçu 154,98 100,00 154,98 Itapecerica da Serra 150,74 100,00 150,74 Juquitiba 522,27 100,00 522,27 Ribeirão Pires 99,65 100,00 99,65 Rio Grande da Serra 36,24 100,00 36,24 São Lourenço da Serra 186,97 100,00 186,97 Elaboração: Emplasa, 2013.

Localização dos Municípios em Relação aos Limites da APM

Até 50% do território em APM

De 50% a 99% em APM

100% em APM

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RMSP: PROTEÇÃO AOS MANANCIAIS X MANCHA URBANA

Legenda

Mancha Urbana

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RMSP: FAVELAS X PROTEÇÃO AOS MANANCIAIS

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LEGISLAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO INDUSTRIAL (LEI NO 1.817/78 E DECRETO NO 13.095/79)

A Legislação de Desenvolvimento e Zoneamento Industrial (1978) estabelece objetivos e diretrizes para a implantação industrial na RMSP e consolida os perímetros definidos pelos municípios para este uso. Principais pontos: • Estimula o desenvolvimento industrial metropolitano por meio de política seletiva de implantação, com provisão de infraestrutura e reserva de áreas adequadas – preservação do meio ambiente (PMDI). • Estimula a descentralização de estabelecimentos industriais que não tenham especialização ou de vocação metropolitana para outras regiões – Campinas, Vale do Paraíba, Sorocaba e Baixada Santista. • Busca melhor distribuição espacial dos empregos industriais – garantir a oferta de empregos com o crescimento da população • Compensação financeira aos Municípios da RMSP com base na população e na participação do município na arrecadação do Imposto de Circulação de Mercadorias – ICM

Zoneamento: critérios de porte, tipo, poluição – atendendo a LPM / restrições de cada zona (ZEI, ZUD, ZUPI 1 e ZUPI 2) por meio de índices urbanísticos (taxa de ocupação e coeficiente de aproveitamento), áreas construídas máximas e faixa de proteção.

Licenciamento: licença metropolitana de localização industrial (Secretaria dos Negócios Metropolitanos – SNM). Atualmente as atribuições do estado são quanto ao licenciamento e à fiscalização do funcionamento do uso industrial e estão a cargo da Secretaria do Meio Ambiente (SMA).

Conflitos: as zonas industriais são definidas por zoneamento urbano municipal

PLANO DIRETOR DE MINERAÇÃO (1970/1980)

O Plano Diretor de Mineração foi elaborado em 1982otendo por objetivo ordenar as atividades de extração mineral praticada na RMSP. Foi proposto um conjunto de diretrizes e instruções normativas que visavam ampliar o conhecimento existente e disciplinar a execução dessas atividades em relação aos demais usos do solo. Foram definidas diretrizes para minimizar os impactos ambientais e promover a recuperação de áreas degradadas por meio de projetos-piloto visando mitigar o passivo ambiental gerado por essa atividade. Foi pioneiro no Brasil. Na década de 1990, após 10 anos da sua elaboração, foi atualizado em relação ao uso e ocupação do solo da RMSP e, em particular, das áreas consideradas de potencialidade mineral, apontando-se possíveis alterações das diretrizes para mineração.

Gerou informações de base sobre as ocorrências minerais na Grande São Paulo (Mapas Geológico 1:50.000 e Mapa de Ocorrências Minerais que são conhecimentos válidos sobre a matéria. No momento

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as diretrizes para a atividade mineral, poderão ser utilizadas uma vez que, haverá uma reaplicação de recursos no Estado de São Paulo em razão da criação da Sub-Secretaria de Mineração na Secretaria Estadual de Saneamento e Energia.

O Plano Diretor de Mineração elaborado pela Emplasa não foi auto-aplicável– não foi regulamentado – não foi implementado. Resultou em diversos planos para orientação dos municípios da RMSP– (planos municipais de mineração para subsidiar os planos diretores dos municípios):

• Zoneamento Mineral: mapeamento de diretrizes para a atividade mineral por meio de normativa que integrou a mineração ao planejamento metropolitano – LPM e Lei de Zoneamento Industrial. A matriz normativa – definiu 4 situações em que se enquadram os conflitos de ordem mineral com o uso e a ocupação do solo. • Convênio DNPM e SNM e EMPLASA – carência de informações sobre a atividade extrativa • Identificar o universo da mineração na região e os diversos aspectos relativos ao planejamento territorial metropolitano, as informações determinarão prevalência dos usos do solo e os diversos níveis de restrição.

2.1.1.2. INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO

PLANO DE ORDENAMENTO TERRITORIAL METROPOLITANO

O Grupo Executivo da Grande São Paulo – GEGRAN foi criado em 1967 para preparar o plano da Grande São Paulo e estabelecer bases permanentes para seu planejamento. Foi sucedido em 1975 pelo Sistema de Planejamento e Administração Metropolitana – SPAM, criado pela Lei Complementar no 94 de 29/05/1974.

O entendimento do uso do solo na Grande São Paulo e a procura por explicações para os processos regionais, levou à elaboração de diversos estudos setoriais e planos integrados que contemplaram os aspectos dos impactos no território de investimentos em infraestrutura de transportes e saneamento, a exemplo de:

• Análise da Estrutura da Aglomeração Paulistana (SAGMACS – Sociedade para a Análise Gráfica e Mecanográfica Aplicada aos Complexos Socias, 1957/1958). Este trabalho abrange as estruturas espaciais, econômicas e sociológicas propondo uma divisão administrativa racional do espaço urbanizado do município de São Paulo.

• Desenvolvimento Global dos Recursos Hídricos das Bacias do Alto Tietê e Cubatão (Secretaria de Serviços e Obras Públicas, Consórcio Hibrace – DAEE – Coplat, 1966/1967). Trabalho contratado pelo DAEE com o objetivo de elaborar um plano diretor de obras abrangendo 37 municípios da Grande São Paulo e da Baixada Santista (limites não coincidentes com as atuais RMs). Plano de longo prazo, com a análise da situação e avaliação da sua evolução até o ano 2000; inclui inúmeras investigações socioeconômicas e territoriais – demografia, urbanismo, industrialização, agricultura, níveis de vida etc.

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Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

• Estudo de Viabilidade e Pré Projeto de Engenharia do Metrô de São Paulo (PMSP – H/M/D, Associação Hochtief-Montreal-Deconsult, 1967/68). Foi feita pesquisa origem-destino dos deslocamento dos habitantes de toda RM para determinar o traçado final das linhas do metrô.

• PUB – Plano Urbanístico Básico do Município de São Paulo (PMSP – ASPLAN/ Daly/Montreal/Wilbur Smith, 1968/69). Concebido como plano diretor, constitui-se em levantamento sistematizado de dados no município, estabelecendo diretrizes quanto ao uso e ocupação do solo através de zoneamento e densidades. Propõe intervenção do poder público no mercado fundiário urbano com a compra de terrenos; a descentralização de serviços e equipamentos; transporte coletivo em detrimento do individual; criação de um sistema de planejamento e participação da população na elaboração do plano.

• PMDI – Plano Metropolitano de Desenvolvimento Integrado (Secretaria de Estado dos Negócios da Economia e Planejamento, GEGRAN, ASPLAN/GPI/Neves &Paoliello, 1970/71)8

• Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado – PDDI do Município de São Paulo (Prefeitura do Município de São Paulo, 1971). As normas instituídas na Lei no 7.805, promulgada em 1972, que definiu o uso, a ocupação e o parcelamento do solo no município de São Paulo, baseiam- se nas diretrizes desse PDDI.

• Remodelação de serviço de subúrbios (FEPASA – Engevix/Sfrerail, 1972/74)

• Estudo de Implementos Legais de Ordenação do Uso e Ocupação do Solo na Grande São Paulo (Engeconsult/PLANASA. 1974)

• Estudos para a elaboração de lei estabelecendo as bases do controle do uso do solo metropolitano na Grande São Paulo sob a orientação da SNM e coordenação da EMPLASA (1974/75)

• Região Metropolitana de São Paulo – Diagnóstico 75 (Luiz Carlos Costa, São Paulo, 1975).

8ASPLAN S.A. – Assessoria de Planejamento; GPI – Grupo de Planejamento Integrado.

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PRINCIPAIS DIRETRIZES DO PLANO METROPOLITANO DE DESENVOLVIMENTO INTEGRADO PMDI: a. Intervenções prioritárias no transporte coletivo de massa, saneamento básico e desenvolvimento urbano; b. Promover um sistema metropolitano de grandes espaços abertos para proteger os recursos hídricos e garantir o abastecimento público de água (Norte, Sul e Sudeste) – restringir crescimento urbano (Norte, Sul e Sudeste); c. Orientar a expansão da mancha urbana na direção Leste (Mogi das Cruzes) e Nordeste (Guarulhos) – terrenos mais adequados à ocupação urbana (eixo Leste-Oeste). Restringir o crescimento na direção Norte, Sul e Sudeste; d. Descentralização da atividade industrial pesada e distribuição de população – Campinas, Vale do Paraíba, Sorocaba e Baixada Santista; e. Integração macro regional – Campinas, Vale do Paraíba, Sorocaba e Baixada Santista; f. Restringir o crescimento na direção Norte, Sul e Sudeste – a fins de proteger os recursos hídricos; g. Estimular a criação de atividades de hortifrutigranjeiros em áreas inadequadas a urbanização – abastecimento e espaços abertos; h. Distribuir habitação, emprego e transporte com a criação de centros terciários e áreas industriais descentralizadas e um sistema efetivo de transporte coletivo de massa; i. Descentralizar a atividade industrial pesada e distribuição de população – Campinas, Vale do Paraíba, Sorocaba e Baixada Santista; j. Estimular o desenvolvimento industrial na RMSP segundo política seletiva de implantação com provisão de infraestrutura e reserva de áreas adequadas; k. Integrar os planos municipais locais; l. Consolidar a posição de centro metropolitano de São Paulo favorecendo as atividades econômicas e culturais e aumentar a provisão de infraestrutura e com estímulo a renovação de áreas deterioradas; m. Criação de órgão metropolitano para implementar planejamento metropolitano:

• Sem ferir a autonomia municipal • Atualizando o processo de planejamento metropolitano • Criando um sistema cartográfico metropolitano • Criando um sistema de informações metropolitano • Coordenando recursos dos diversos órgãos na GSP

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Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

LEGISLAÇÃO DE USO DO SOLO ELABORADA PELA EMPLASA DE ACORDO COM AS DIRETRIZES RECOMENDADAS PELO PMDI:

I. Legislação de Proteção aos Mananciais (Lei no 898/75 e Lei no 1.172/76 e Decreto no 9.714/77)

II. Legislação de Desenvolvimento e Zoneamento Industrial (Lei no 1.817/78 e Decreto no 13.095/79)

III. Plano Diretor de Mineração (1970/1980)

IV. Legislação de Uso do Solo Metropolitano (desenvolvimento de estudos contemplando áreas de preservação ambiental, de preservação para garantia da produção rural, de preservação do acervo cultural e paisagístico regional e de expansão urbana metropolitana).

ÁREAS AMBIENTALMENTE PROTEGIDAS

Para proteger os ecossistemas, preservar a biodiversidade e promover o desenvolvimento de pesquisas que garantam o aproveitamento dos recursos naturais, foi promulgado o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, instituído pela Lei Federal no 9.985/00, que estabelece critérios e normas para criação, implantação e gestão dessas unidades. A lei define duas categorias de Unidades de Conservação (UCs), com características específicas.

• Unidades de Proteção Integral – Devem, obrigatoriamente, ser áreas públicas e têm por objetivo básico preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais.

• Unidades de Uso Sustentável – Destinam-se a compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela de seus recursos naturais. Elas podem permanecer sob domínio particular, desde que obedecidas as regras para a proteção ambiental da área.

Unidades de Conservação (UC) existentes na RMSP:

Área de Proteção Ambiental (APA) – Unidade de Uso Sustentável

• Cajamar: 13 400 ha • Haras São Bernardo: 35,30 ha • Mata do Iguatemi: 3 ha • Parque e Fazenda do Carmo: 867,60 ha • Serra do Mar (parcial): 489 000 ha • Sistema Cantareira: 249 200 ha • Várzea do Rio Tietê: 7 400 ha

Estação Ecológica (EE) – Unidade de Proteção Integral

• Itapeti: 89,47 ha

Reserva Biológica (REBIO) – Unidade de Proteção Integral

• Alto da Serra de Paranapiacaba: 336 ha

Parque Estadual (PE) – Unidade de Proteção Integral

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Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

• Alberto Loefgren: 174 ha • Cantareira: 7 900 ha • Fontes do Ipiranga: 543 ha • Jaraguá: 492,68 ha • Juquery: 1 927,70 ha • Serra do Mar: 315 390 ha

Além das áreas definidas como UCs, há um conjunto de espaços territoriais que são objeto de proteção especial, em função de suas características:

Parque Ecológico (PEC) – Espaço Territorial Especialmente Protegido

• Guarapiranga: 263,80 ha • Nascentes do Rio Tietê: 134,75 ha • Tietê: 1 450 ha • Várzea do Embu-Guaçu: 128,03 ha

Área sob Proteção Especial (Aspe): Espaço Territorial Especialmente Protegido

• Chácara da Baronesa: 34 ha

Reserva Estadual (RE) – Espaço Territorial Especialmente Protegido

• Morro Grande: 10 700 ha

Áreas Naturais Tombadas (ANTs) – Espaço Territorial Especialmente Protegido

• Caminho do Mar: Área indefinida • Chácara Tangará: Área indefinida • Haras São Bernardo: Área indefinida • Jardim da Luz • Nascentes do Tietê: Área indefinida • Parque da Aclimação • Parque da Água Branca • Parque Estadual do Jaraguá: Área indefinida • Parque do Ibirapuera • Parque Siqueira Campos (Parque Trianon) • Reserva Estadual da Cantareira e Parque Estadual da Cidade (PE Alberto Loefgren) • Reserva Estadual Morro Grande: 10 700 ha • Serra do Boturuna: Área indefinida • Serras do Japi, Guaxinduva e Jaguacoara: Área indefinida • Serras do Mar e Paranapiacaba: 1 300 000 ha

Terra Indígena (TI)

• Barragem • Jaraguá • Krukutu

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Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

RMSP: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

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Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

PLANOS DIRETORES MUNICIPAIS

O mapeamento e análise das diretrizes relativas ao ordenamento territorial estipuladas nos municípios é de suma importância para apreender no território metropolitano os possíveis reflexos dos seus planos diretores municipais quanto ao ordenamento do uso do solo, ao planejamento regional e as políticas setoriais.

Finalidades

I. Monitoramento dos processos de regulação do uso e ocupação do solo metropolitano voltado sobretudo para habitação, requalificação urbana e meio ambiente.

II. Contribuir na elaboração de diagnósticos consistentes e realistas dos limites e possibilidades na formulação de programas e projetos com impacto metropolitano dentro da regulação imposta pelos instrumentos urbanísticos previstos nos Planos Diretores.

III. Fornecer insumos para formulação e implementação de políticas metropolitanas a partir do foco e da visão regionais, identificando e aproveitando potencialidades bem como os dinamismos locais e regionais.

O levantamento e análise dos Planos Diretores Municipais realizado pela Emplasa possibilitou o agrupamento e mapeamento das zonas de uso do solo, enfocando basicamente as macrozonas e suas subdivisões, procurando sintetizar a leitura territorial numa leitura única com a seguintes macrozonas:

• Urbana de adensamento

• Urbana de requalificação

• Urbana de desenvolvimento

• Rururbana

• Ambiental

• Rural

Para o mapeamento dessas seis macrozonas o estudo elaborado pela Emplasa considerou os registros normativos e espacializados das leis dos Planos Diretores aprovados pelos municípios (ver Quadro a seguir) considerando:

• Macrozoneamento municipal e sub-divisões

• Zonas Especiais de Interesse Social

• Zonas Especiais de Interesse Ambiental

• Operações Urbanas

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Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

• Zonas de uso específico: institucional, comercial, industrial e outras.

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Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

QUADRO 1 RMSP - MUNICÍPIOS POR CODIGO E NÚMERO IBGE E SUBREGIÃO Instrumento Legal do Plano Diretor com Alterações/Substituições respectivos

SUB CÓDIGOS REGIÃO NOME INSTRUMENTO LEGAL ALTERA E/ SUBSTITUI UF MUNICÍPIO

35 50308 SÃO PAULO LEI nº 13.430 DE 13/09/2002 CENTRO

Lei Complementar Municipal nº 150 de 10/12/2004; 35 05708 BARUERI Lei Complementar Municipal nº 204 de 25/04/2008 Lei Complementar Municipal nº 175 de 12/12/2006 35 10609 CARAPICUIBA Lei Municipal n.º 2107 de 05/07/1999 VIGINDO? 35 13009 COTIA Lei Complementar Municipal nº 72 de 02/01/2007 35 22505 ITAPEVI Lei Complementar Municipal nº 1687 de 21/07/2007 35 25003 JANDIRA Lei Municipal nº 1603 de 31/10/2.006 35 34401 OSASCO Lei Complementar Municipal nº 152 de 09/10/2006 Lei Complementar Municipal nº 125 de 03/08/2004 OESTE 35 39103 PIRAPORA DO BOM JESUS 35 47304 SANTANA DE PARNAIBA Lei Complementar Municipal nº 1687 de 21/07/2007 LEI COMPLEMENTAR Nº 030, DE 17 DE NOVEMBRO 2006 VARGEM GRANDE 35 56453 PAULISTA Lei Complementar nº 11/97, de 27 de dezembro de 1997.

35 15004 EMBU Lei Complementar Municipal nº 2322 de 09/06/2008 Lei Complementar Municipal nº 72 de 23/12/2003 35 15103 EMBU-GUACU Projeto de Lei Complementar Municipal nº 002/2007 Substitutivo ao PROJETO DE LEI nº 014/2006 35 22208 ITAPECERICA DA SERRA Lei Municipal nº 1438 de 09/10/2006 Lei Complementar Municipal nº 125 de 03/08/2004 35 26209 JUQUITIBA Lei Complementar Municipal nº 1507 de 12/12/2007

35 49953 SÃO LOURENCO DA SERRA

SUDOESTE 35 52809 TABOÃO DA SERRA Lei Complementar Municipal nº 123 de 26/12/2006 35 3556453 VARGEM GRANDE PAULISTA Lei Complementar nº 014 de 12/12/2003

35 06607 BIRITIBA-MIRIM Lei Complementar Municipal n.º 05 de 26/11/2004 35 18305 GUARAREMA Lei Municipal nº 2385 de 16/10/2006

35 15707 FERRAZ DE VASCONCELOS Lei Complementar Municipal nº 175 de 18/10/2006 35 23107 ITAQUAQUECETUBA Lei Complementar Municipal nº 131 de 01/11/2006

LESTE 35 30607 MOGI DAS CRUZES Lei Complementar Municipal nº 046 de 17/11/2006 Lei Complementar Municipal nº 01 de 17/04/2000 35 39806 POA 35 45001 SALESOPOLIS Lei Complementar Municipal nº 03 de 02/07/2007 35 52502 SUZANO Lei Complementar Municipal nº 145 de 13/07/2004

35 13801 DIADEMA Lei Complementar Municipal nº 273 de 08/07/2008 35 29401 MAUA Lei Complementar Municipal nº 4153 de 23/06/2007 35 43303 RIBEIRAO PIRES Lei Complementar Municipal nº 4791 de 14/09/2004 35 44103 RIO GRANDE DA SERRA Lei Complementar Municipal nº 1635 de 05/10/2006 35 47809 SANTO ANDRE Lei Complementar Municipal nº 8696 de 17/12/2004 SÃO BERNARDO DO SUDESTE 35 48708 CAMPO Lei Complementar Municipal nº 5593 de 28/09/2006 35 48807 SÃO CAETANO DO SUL Lei Complementar Municipal nº 4438 de 09/10/2006

35 03901 ARUJA Lei Complementar Municipal nº 06 de 02/01/2007 35 18800 GUARULHOS Lei Municipal nº 6.055 de 30/12/2004 Lei Municipal nº 1.689 de 30 de dezembro de 1971 NORD 35 46801 SANTA ISABEL

35 09007 CAIEIRAS Lei Complementar Municipal nº 3896 de 10/10/2006 35 09205 CAJAMAR Lei Complementar Municipal nº 095 de 19/12/2007. 35 16309 FRANCISCO MORATO Lei Complementar Municipal nº 160 de 23/11/2006 35 16408 FRANCO DA ROCHA Lei Complementar Municipal nº 618 de 11/04/2007

NORTE Lei Complementar Municipal nº 297 de 35 28502 MAIRIPORA 06/11/2006

Fonte: Emplasa,2009.

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Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

RMSP: ZONAS DE INTERESSE ESPECIAL DEFINIDAS NOS PLANOS DIRETORES MUNICIPAIS

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Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

2.1.1.3. PROJETOS DE INVESTIMENTO E RECURSOS PARA O FINANCIAMENTO

Os investimentos federais através do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) na Região Metropolitana de São Paulo em 2012 totalizaram 615 empreendimentos distribuídos em 16 tipos, conforme o Quadro abaixo:

Quadro 1: RMSP - Empreendimentos PAC 2012.

Número de empreendimentos por tipo Tipo Total Urbanização de assentamentos precários 125 Saneamento 117 UBS 103 Creches e Pré Escolas 67 Prevenção em áreas de risco 64 Quadras Esportivas nas Escolas 44 Água em áreas urbanas 39 Praça dos Esportes e da Cultura 24 UPA 11 Pavimentação 7 Aeroporto 5 Petróleo e Gás Natural 3 Mobilidade Urbana 3 Ferrovia 1 Rodovias 1 Transmissão de Energia Elétrica 1 Total geral 615

A maior parte dos empreendimentos na RMSP, cerca de 56%, concentraram-se em três tipos: Urbanização de Assentamentos Precários, Saneamento e Saúde (Unidades Básicas de Saúde – UBS).

A distribuição desses empreendimentos na Região Metropolitana de São Paulo abrangeu a quase totalidade dos 39 municípios, ficando de fora apenas quatro: Embu das Artes, Rio Grande da Serra, Santa Isabel e Pirapora do Bom Jesus.

Os municípios mais beneficiados pelos recursos foram São Paulo, com 82 empreendimentos, seguido por Guarulhos e São Bernardo do Campo.

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Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Número de empreendimentos por Município da RM

Municipios SP Total geral

Arujá 3 3

Barueri 4 4

Biritiba-Mirim 4 4

Caieiras 5 5

Cajamar 3 3

Carapicuíba 21 21

Cotia 16 16

Diadema 39 39

Embu-Guaçu 4 4

Ferraz de Vasconcelos 15 15

Francisco Morato 18 18

Franco da Rocha 3 3

Guararema 2 2

Guarulhos 54 54

Itapecerica da Serra 8 8

Itapevi 18 18

Itaquaquecetuba 22 22

Jandira 15 15

Juquitiba 9 9

Mairiporã 1 1

Mauá 19 19

Mogi das Cruzes 34 34

Osasco 32 32

Poá 3 3

Ribeirão Pires 8 8

Salesópolis 1 1

Santana de Parnaíba 14 14

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Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Santo André 33 33

São Bernardo do Campo 59 59

São Caetano do Sul 1 1

São Lourenço da Serra 5 5

São Paulo 82 82

Suzano 23 23

Taboão da Serra 32 32

Vargem Grande Paulista 5 5

Total geral 615 615

2.1.1.4. CONTROLE SOCIAL Um dos maiores desafios a serem enfrentados pela política urbana é o controle do uso e ocupação do solo na RMSP. A mancha urbana avança em direção à periferia, comprometendo áreas de preservação e de proteção aos mananciais sujeitas a restrições ditadas por ampla legislação ambiental de âmbitos federal, estadual e municipal.

Os municípios que compõem a RMSP, em sua quase totalidade, possuem Planos Diretores aprovados recentemente, conforme as determinações do Estatuto da Cidade. Porém, eles carecem de um entendimento comum e critérios homogêneos para o estabelecimento do zoneamento municipal, o que leva a conflitos de uso nos limites entre eles.

Outro aspecto a ser destacado, diz respeito às tendências de transformação da ocupação decorrentes de investimentos estaduais e federais em curso e as restrições de ocupação vindas da regulação urbanística e da existência de Unidades de Conservação Ambiental.

Como detalhado no Relatório 1.1., a Lei Complementar Estadual nº 1.139/2011, que reorganiza a Região Metropolitana de São Paulo, define a composição do Conselho de Desenvolvimento Metropolitano da Região Metropolitana de São Paulo (CDM-RMSP), onde a Secretaria dos Transportes Metropolitanos (STM) tem assento. Além do CDM-RMSP, a STM também tem assento na Câmara de Desenvolvimento Metropolitano, criada em 2011 como colegiado de Estado para discutir as Funções Públicas de Interesse Comum em todo o território da Macrometrópole Paulista (Decreto Estadual nº 56.887/2011).

A Lei Complementar Estadual 1.139/2011 define também a possibilidade de criação de Conselhos Consultivos para cada sub-região, com participação social. O Conselho de Desenvolvimento e os Conselhos Consultivos poderão constituir Câmaras Temáticas, para as funções públicas de interesse comum e Câmaras Temáticas Especiais, voltadas a um programa, projeto ou atividade específica.

Na RMSP, além dessas organizações descritas anteriormente, existem os Consórcios Intermunicipais que ocupam um espaço importante de gestão regional de problemas comuns. Trata-se de iniciativa que vem sendo adotada por diversos municípios para lidar com problemas comuns,

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Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

amparadas na Lei Federal nº 11.107/2005 regulamentada pelo Decreto Federal nº 6.017/2007. No âmbito do trabalho realizado pela Emplasa quando da reorganização da RMSP em 2011, foram identificados e mapeados onze consórcios atuantes nesse território.

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Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

2.1.2. ANÁLISE DA EFETIVIDADE DO ARRANJO DE GESTÃO E DA GOVERNANÇA METROPOLITANA DO USO DO SOLO9

Quanto às estruturas de governança da função pública de interesse comum do uso do solo metropolitano, a RMSP possui um Conselho de Desenvolvimento Metropolitano (CDM-RMSP), uma Câmara de Desenvolvimento Metropolitano, como colegiado de Estado e os Conselhos Consultivos para cada sub-região, com participação social, para subsidiar a definição dos temas comuns à região. O Conselho de Desenvolvimento e os Conselhos Consultivos poderão constituir Câmaras Temáticas, para as Funções Públicas de Interesse Comum (FPICs)e Câmaras Temáticas Especiais, voltadas a um programa, projeto ou atividade específica. Além dessas organizações, existem os Consórcios Intermunicipais que ocupam um espaço importante de gestão regional de problemas comuns. Trata-se de iniciativa que vem sendo adotada por diversos municípios para lidar com problemas comuns, amparadas na Lei Federal nº 11.107/2005 regulamentada pelo Decreto Federal nº 6.017/2007. No âmbito do trabalho realizado pela Emplasa quando da reorganização da RMSP em 2011, foram identificados e mapeados onze consórcios atuantes nesse território.

Também foi elaborado pela Emplasa em 2013 proposta de criação de um Fundo de Compensação Socioambiental para os municípios integrantes da macrometrópole com menor dinamismo econômico e mais vulneráveis do ponto de vista ambiental. Esse projeto também constitui um instrumento de gestão e articulação da política metropolitana visando a conciliar preservação ambiental e desenvolvimento metropolitano nos municípios que integram a Áreas de Proteção dos Mananciais na RMSP. O projeto está em fase de análise das fontes de financiamento.

Gestão do Uso do Solo e Precariedade Habitacional

A insuficiência e a inadequação dos instrumentos de planejamento e gestão do uso do solo resulta, muitas vezes, na favelização e na ocupação de novas áreas nas periferias metropolitanas. Assim, no âmbito dos instrumentos de gestão do uso do solo urbano, observa-se, ainda, na legislação vigente, restrições de natureza institucional, técnica e burocrática que vêm se constituindo em obstáculos a gestão eficaz do uso do solo metropolitano. Tais restrições têm contribuído, também, para o aumento dos preços dos terrenos e para a elevação dos custos dos investimentos públicos e privados.

Sistemas de planejamento de gestão do uso do solo devem ser dinâmicos e assimilar processos sociais e econômicos urbanos, permitindo o atendimento das demandas habitacionais e do desenvolvimento urbano, visando evitar graves disfunções nas cidades. Tais disfunções se manifestam negativamente na cidadania, nos aspectos econômicos, socioambientais e físico-territoriais, tornando ineficazes os instrumentos de gestão do uso do solo como orientadores do desenvolvimento urbano e penalizando a população pobre que vive em assentamentos precários, à margem das normas, nas favelas, nos loteamentos clandestinos e nas moradias precárias de aluguel.

Assim, propor políticas públicas no âmbito do planejamento urbano e da gestão do uso do solo; avaliar o papel do planejamento e da gestão do uso do solo no equacionamento dos problemas urbanos; propor a adoção de novos parâmetros para as práticas de planejamento e gestão do uso do solo; e desenvolver estratégias urbanas com vistas ao atendimento e à solução das áreas urbanas informais são atividades necessárias para o avanço da política de desenvolvimento urbano em âmbito metropolitano. Portanto, o

9Do texto “Habitação e Desenvolvimento Metropolitano – Por que um Plano de Habitação deve estar na pauta de um órgão metropolitano?”do arquiteto urbanista Dr. Domingos Theodoro de Azevedo Neto, parte integrante do Relatório Preliminar do Plano Metropolitano de Desenvolvimento Habitacional, de fevereiro de 2012.

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Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

aperfeiçoamento de instrumentos de planejamento e a definição de estratégias para formulação e a execução de política de uso do solo inclusiva são necessários à superação desses problemas.

A ineficácia e a inadequação dos instrumentos de planejamento e gestão urbana podem contribuir para o estabelecimento de padrões irregulares e informais de ocupação e urbanização, em especial dos segmentos mais pobres da população, em alguns casos, ao induzir supervalorização de imóveis em algumas áreas e a forçar – por omissão ou inadequação – que grande contingente de população pobre tenha apenas acesso a formas irregulares de ocupação e habitação.

O acesso à habitação é nesses termos afetado pelo ambiente regulador, institucional e normativo. A habitação resultante desse processo é em geral não-autorizada, de baixos custo e padrão de qualidade, e situa-se em áreas restritivas à ocupação, que geralmente não são atendidas por serviços e infra- estrutura urbana.

Nesse entendimento destaca-se a expressiva população em situação de informalidade – em favelas e loteamentos clandestinos - e em desconformidade com a regulação urbana vigente na RMSP.

Na RMSP a necessidade de preservação de mananciais de água e outros recursos naturais em áreas densamente urbanizadas tem levado à delimitação de grandes áreas onde a ocupação e o uso do solo são alvo de restrições. No uso residencial, essas restrições atingem principalmente os assentamentos populares, pelas suas características de densidade. No entanto, em alguns casos, a impossibilidade de aproveitamento rentável desvaloriza as áreas protegidas, tornando-as propícias à ocupação pela população mais pobre, processo também viabilizado pela necessidade de políticas habitacionais dirigidas e falta de fiscalização. 10

Políticas públicas voltadas aos assentamentos precários - incluindo loteamentos clandestinos e favelas – constituem grande desafio da política metropolitana sendo prioridade do Plano Metropolitano de Desenvolvimento Habitacional - em fase de elaboração pela Emplasa e objeto de Contrato com a Secretaria da Habitação. Esse Plano prevê ações dirigidas aos assentamentos precários em suas diferentes tipologias, recomendando áreas e eixos estratégicos para a atuação da política metropolitana de habitação.

As estimativas das necessidades habitacionais no âmbito do Plano Estadual de Habitação - baseada na Pesquisa de Condições de Vida da Fundação Seade (2006) - mostra que a RMSP reúne cerca da metade dos domicílios do estado de São Paulo (47,8%). A RMSP concentra 52,7% do total do déficit habitacional do estado e 53,9% do total de domicílios inadequados, conforme tabelas a seguir (Tabelas 1 e 2).

Tabela 1. Distribuição dos Domicílios segundo as Necessidades Habitacionais - números absolutos - Estado de São Paulo e Regiões Metropolitanas, 2011.

Regiões metropolitanas Necessidades Habitacionais Total Baixada Vale do Paraíba São Paulo Campinas Santista e Litoral Norte

Total de Domicílios 13.546.131 6.477.788 554.553 918.058 690.691

10 IPEA, INFURB. Gestão do uso do solo e disfunções do crescimento urbano: instrumentos de planejamento e gestão urbana em Aglomerações Urbanas - uma análise comparativa. Brasília : IPEA, 2001. (p. 94).

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Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Déficit 1.159.435 610.613 61.644 79.048 32.471

Inadequado 3.190.543 1.719.431 159.177 131.375 113.706

Fonte: Plano Estadual de Habitação de São Paulo PEH-SP. Secretaria da Habitação, 2011.

Tabela 2. Distribuição dos Domicílios segundo as Necessidades Habitacionais - percentual - Estado de São Paulo e Regiões Metropolitanas, 2011.

Regiões Metropolitanas Necessidades Habitacionais Total Baixada Vale do Paraíba e São Paulo Campinas Santista Litoral Norte

Total de Domicílios (%) 100 47.8 4.1 6.8 5.1

Déficit (%) 100 52.7 5.3 6.8 2.8

Inadequado (%) 100 53.9 5.0 4.1 3.6

Fonte: Plano Estadual de Habitação de São Paulo PEH-SP. Secretaria da Habitação, 2011.

Para a elaboração do Plano de Ação da Macrometrópole e do Plano de Desenvolvimento Habitacional Metropolitano, foi realizado pelo Centro de Estudos da Metrópole (CEM, 2013) estudo sobre os assentamentos precários na RMSP. Esse trabalho foi desenvolvido a partir dos dados dos Censos do IBGE de 2000 e 2010. Os setores censitários não-especiais em condições similares àqueles classificados pelo IBGE como subnormais foram somados aos setores subnormais do IBGE com os setores precários identificados no trabalho do CEM, resultando naquilo que se denominou "assentamento precário".

Esses estudos indicam que, na RMSP, o número de pessoas residentes em assentamentos precários passou de 2.616.178 em 2000 para 2.821.820 em 2010, um aumento de 205.642, equivalente a 7,8%. Os maiores números em termos absolutos estão nas cidades de São Paulo com 468.023 domicílios em assentamentos precários, Guarulhos com 62.678, São Bernardo do Campo com 45.846 e Santo André com 29.990. Os maiores números em termos relativos estão nas cidades de Diadema com 22,3% de seus domicílios em assentamentos precários, São Bernardo do Campo com 19,5%, Embu das Artes com 19,1% e Mauá com 18,9% (Tabela 3 e Gráfico 1).

Como pode ser observado na Figura 1, que ilustra a localização dos setores urbanos censitários subnormais e precários, a precariedade habitacional ocorre de forma mais concentrada próxima aos limites municipais.

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Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Tabela 3.Número de Pessoas residentes em domicílios particulares permanentes por tipo de setor censitário e região.

Tipo de SetorCensitário

Total de % (Assentamentos SetoresSubnormais SetoresPrecários AssentamentosPrecários setores precários/Total de Região (A) (B) (A + B) censitários setores)

RMSP 2.169.502 652.318 2.821.820 19.456.367 14,5

RMBS 297.091 41.753 338.844 1.653.543 20,5

RMC 160.825 234.273 395.098 2.735.378 14,4

RMVPLN 18.522 123.947 142.469 2.131.448 6,7

AU de Jundiaí 22.949 79.917 102.866 664.361 15,5

Total da MacrometrópolePaulista 2.668.889 1.132.208 3.801.097 26.641.097 14,3

Fonte: Elaboração Cem (2013) a partir do Censo Demográfico IBGE (2010).

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Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Gráfico 1.Distribuição dos domicílios em setores subnormais e precários por município da RMSP (2010).

500000

450000

400000

350000

300000

250000

200000

150000

100000

50000

0

Domicílios em Setores Subnormais (A) Domicílios em Setores Precários (B) Fonte: Diagnóstico dos Assentamentos Precários da Macrometrópole Paulista. Centro de Estudos da Metrópole – CEM, 2013. Elaboração Emplasa.

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Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Figura 1. Setores censitários 2010 agrupados conforme a precariedade habitacional - RMSP

Fonte: Diagnóstico dos assentamentos precários da Macrometrópole Paulista. Centro de Estudos da Metrópole (Cem), 2013.

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Monitoramento do Uso do Solo

Para subsidiar as atividades de monitoramento do uso do solo metropolitano, em 2002 a Emplasa iniciou a estruturação do banco de dados corporativo, denominado SIGEmplasa, com a validação de uma base cartográfica com precisão de representação na escala de 1:25.000. Isso viabilizou a introdução de uma nova forma de mapear o uso e ocupação do solo urbano. Nesse Sistema, o mapeamento do uso e ocupação do solo urbano identifica a predominância do uso na quadra nas áreas urbanizadas e registra, nos usos isolados, o limite da área ocupada. Com isso, foi possível introduzir um elevado nível de detalhes e a quantificação dos diferentes tipos de uso. Esse sistema foi desenvolvido para favorecer associações de dados espaciais, econômicos e sociais, proporcionando múltiplas análises e várias escalas de abordagem que, certamente, contribuem para o planejamento e a gestão mais qualificada do território.

O mapeamento para a RMSP foi realizado com detalhe na escala 1:10.000, a partir de imagens de 2002/2003 obtidas pelo satélite Ikonos e de ortofotos para o ano de 2007, complementado com intenso trabalho de campo. Esse mapeamento vem sendo atualizado a partir das ortofotos do Projeto Mapeia São Paulo do Governo do Estado de São Paulo - 2010/2011, sediado na Emplasa.

O monitoramento do uso do solo tem como foco principal o uso urbano existente, as áreas comprometidas com a urbanização, que incluem as áreas com arruamentos e loteamentos em início de ocupação ou desocupados e as áreas destinadas a atividades econômicas isoladas com presença de indústrias, comércio e serviços. As áreas definidas como Em ocupação, Vertical, Misto (usos residencial horizontal e vertical) e Sem Ocupação identificam as possíveis áreas de expansão urbana. O uso Comércio e Serviço, com identificação dos shopping centers, hipermercados e atacadistas, centro de distribuição, depósitos e transportadoras, assim como o uso Industrial, com identificação do tipo de indústria e os Equipamentos de Infraestrutura indicam as áreas de maior dinamismo da atividade econômica na RMSP.

O crescimento e a alteração de uso são quantificados no banco de dados e permitem demonstrar as tendências de transformação de cada município e da própria região metropolitana. O resultado desse trabalho, apresentado na figura a seguir, é um retrato qualificado da ocupação na RMSP - porém com mais intensidade nos eixos das rodovias Raposo Tavares – SP 270 e Presidente Castello Branco SP 280 a oeste e da Presidente Dutra – BR116 e Ayrton Senna da Silva – SP 070 a leste.

Cabe ressaltar a elevada concentração dos usos Industrial, Comercial e Serviço nas áreas lindeiras aos eixos das principais rodovias. Destaca-se especialmente a localização do uso Comercial e Serviço nas proximidades do trevo de conexão da Rodovia Castello Branco com o trecho oeste do Rodoanel, particularmente em Barueri e no trecho inicial da Rodovia Anhanguera, em São Paulo. Essas concentrações são exemplos expressivos da modificação do uso do solo urbano, decorrente da implantação de via do porte do Rodoanel que tem a importante função de interligar as dez principais rodovias da RMSP.

Outros eixos importantes de concentração desses usos são as marginais do rio Tietê e Pinheiros, a avenida do Estado nos municípios de São Paulo e sua sequência no município de Santo André, além da ferrovia, especialmente nos municípios de Suzano e Mogi das Cruzes. A figura 7 mostra ainda que, em termos de crescimento urbano, a parte leste da RMSP é a que oferece as melhores condições de expansão, porque além de possuir mais áreas disponíveis, não está sujeita às fortes restrições ambientais que a parte norte e sul apresentam, a despeito de ainda ser carente de infraestrutura urbana e apresentar forte presença de uso precário.

A análise por Sub-Região mostra alguns aspectos interessantes do território. Na cidade de São Paulo é possível identificar os seguintes aspectos: exiguidade de áreas livres disponíveis para a expansão da cidade o que aumenta a pressão por ocupação em áreas precárias; fragilidade das áreas destinadas à preservação ambiental

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(proteção aos mananciais) localizadas ao norte e ao sul do município, que continuam sendo ocupadas de forma desordenada e com adensamento indesejado; expansão dos usos Assentamento Precário e Favela na periferia da cidade, especialmente ao sul nas proximidades das represas Billings e Guarapiranga e ao norte no limite da reserva da Serra da Cantareira. Na área de confluência dos rios Tietê e Tamanduateí é possível identificar edificações, quadras de esportes, piscinas, campos de futebol, etc., cadastradas no banco de dados, o que permite quantificar esses usos e produzir mapas temáticos.

A Sub-Região Sudeste apresenta seu território dividido em dois compartimentos bem diferenciados: uma área de urbanização total e uma área destinada à proteção ambiental que abrange mais de 50% de seu espaço territorial. Os sistemas rodoviário e ferroviário para transporte de passageiros e de carga que a servem, além da proximidade do porto de Santos, colocam-na como uma das mais privilegiadas do estado em termos de infraestrutura logística, fator que favoreceu, desde a década de 1950, o seu forte desenvolvimento econômico. Na área urbanizada há o predomínio do uso Residencial Horizontal, que sofre um acentuado processo de verticalização, especialmente nos municípios de Santo André e São Bernardo do Campo. Nota-se a expressiva presença de Favelas e Assentamentos Precários em Diadema, nas proximidades da rodovia dos Imigrantes, em São Bernardo do Campo entre a Via Anchieta e o limite de Santo André e em Mauá, nos arredores da refinaria de Capuava. Observa-se também a forte concentração dos usos Industrial e Comércio e Serviço, particularmente nas áreas limítrofes dos eixos da Via Anchieta (indústria automobilística) e Avenida dos Estados (indústrias químicas e petroquímicas pela proximidade da refinaria) históricos vetores de localização das indústrias ao longo do processo de implantação desse importante parque industrial da RMSP. No outro compartimento, localizam-se a represa Billings e um dos principais fragmentos de mata Atlântica do estado. A necessidade de preservação coloca essa sub-região sob severas restrições da legislação ambiental que passa a exercer papel fundamental na gestão municipal uma vez que os fatores de desenvolvimento estão intimamente ligados ao uso e à ocupação do solo.

A Sub-Região Oeste tem seu espaço territorial organizado inicialmente pela ferrovia (núcleos centrais de Osasco, Carapicuíba, Jandira, Barueri e Itapevi) e nas décadas mais recentes pelas rodovias Presidente Castello Branco e Raposo Tavares que induziram novas áreas de ocupação. A dispersão do uso Residencial nos tipos Horizontal, Condomínio Fechado Horizontal, Condomínio Fechado em Ocupação, Loteamento de Chácara e Loteamento de Chácara em Ocupação é a característica marcante da expansão urbana nesta sub-região, particularmente nos municípios de Cotia e Vargem Grande Paulista. Os usos Industrial e Comércio e Serviço estão concentrados no município de Osasco nos eixos das rodovias Anhanguera no limite com São Paulo e no trecho inicial da Castello Branco; no município de Barueri nos eixos das rodovias dos Romeiros e Castello Branco e no município de Cotia no eixo da Raposo Tavares. A atividade industrial de extração mineral também é expressiva e está localizada nos municípios de Santana de Parnaíba e Pirapora de Bom Jesus.

A Sub-Região Nordeste tem na rodovia Presidente Dutra um importante eixo organizador dessa porção do território metropolitano, com a instalação de plantas industriais em terrenos às suas margens ao longo da década de 1960. Mais recentemente, embora a marcante atividade industrial, há intenso crescimento da classe Comercial e Serviço pela presença de grandes depósitos e empresas de logística. Na área urbanizada, aparece intensamente o uso Misto (Residencial, Comercial e Serviço), no município de Guarulhos, onde também se encontra a maior concentração dos usos Assentamento Precário e de Favela ao norte do Aeroporto Internacional André Franco Montoro. Outra característica dessa sub-região é a expansão dos usos Loteamento de Chácara e Loteamento de Chácara em Ocupação especialmente nos municípios de Arujá, e Santa Isabel. Nota-se também intensa atividade industrial de extração mineral particularmente concentrada em Guarulhos e Santa Isabel.

A seguir apresenta-se uma representação espacial desse processo através da Figura 2 - Uso do solo da RMSP.

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Figura 2. Uso do solo da RMSP.

Fonte: Emplasa, 2013.

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Uso do Solo dos Municípios Metropolitanos

Os municípios que compõem a RMSP possuem Planos Diretores e Leis de Uso e Ocupação do Solo aprovados, sendo boa parte em período recente e, portanto, contemplando a participação social na sua concepção e aprovação. No âmbito dos processos de monitoramento do uso do solo metropolitano e de elaboração do Plano Metropolitano de Desenvolvimento Habitacional, em 2014 a Emplasageorreferenciou as informações sobre macrozonas e zonas da legislação municipal e de mananciais e agrupou em quatro macrozonas - urbana, rural, interesse ambiental e proteção integral, destacando as zonas especiais de interesse social e as áreas de proteção de mananciais da legislação estadual (Figura 3).

No âmbito do monitoramento do uso do solo, a Emplasageorreferencia as informações dos investimentos estruturadores do território metropolitano presentes nos PPAs e Orçamentos Estaduais, incluindo também os grandes investimentos federais, que subsidia a análise das tendências de transformação da ocupação, decorrentes desses investimentos previstos e em curso cotejando com as restrições de ocupação vindas da regulação urbanística e ambiental (Figura 4).

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Figura3.Macrozoneamento dos Municípios Metropolitanos, RMSP.

Fonte: Planos Diretores e Leis de Uso e Ocupação do Solo dos Municípios e Leis de Proteção aos Mananciais da RMSP. Elaboração Emplasa, 2014.

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Figura 4. Investimentos estruturadores - RMSP.

Fonte: GESP, PPA 2012 / 2014. Elaboração Emplasa, 2013.

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A Governança Metropolitana do Uso do Solo

A escala da Região Metropolitana de São Paulo exige, especialmente no âmbito do planejamento e da gestão do uso do solo, ações articuladas aos desafios de ordem social, econômica e institucional metropolitanos. Os desafios sociais incluem, especialmente, a pobreza.O econômico reside em aumentar a competitividade das cidades, melhorando a infra-estrutura e o transporte. O desafio institucional é a adequação de políticas e instrumentos de planejamento e gestão urbana às necessidades urbanas e da população.

Assim, os principais desafios metropolitanos a serem enfrentados são articular desenvolvimento territorial e urbanização inclusiva para:

• melhorar as condições de vida da população pobre, promovendo o combate à pobreza com foco nas áreas urbanas informais (favelas, loteamentos clandestinos e outras formas), promover melhorias habitacionais e provisão de habitação, promover urbanização progressiva; dotar de infra-estrutura, equipamentos e serviços públicos comunitários; e • promover ações e programas urbanos integrados - habitação, saneamento, transporte urbano, meio ambiente, saúde, educação, cultura, e segurança pública - com vistas a promover o desenvolvimento sustentável da RMSP.

Também devem ser considerados os desafios de ordem financeira e institucional, mobilizando recursos compatíveis com a escala dos investimentos necessários, e adotar mecanismos e instrumentos de planejamento e gestão garantidores da eficiência da atuação metropolitana.

Portanto, para o melhor desempenho do planejamento do uso do solo metropolitano são necessários:

• aperfeiçoar e fortalecer o planejamento e a gestão urbana – promover o fortalecimento municipal visando uma nova governança urbana inclusiva – contemplando uma abordagem holística de desenvolvimento urbano para superar deficiências legais, técnicas e burocráticas; aperfeiçoar a regulação urbana para refletir a realidade e as condições socioeconômicas da população; melhorar os sistemas de informação municipal; aumentar a agilidade na gestão urbana; e promover programas de capacitação das prefeituras e da gestão municipal. • instituir política fundiária para promover a titulação e a regularização de terras urbanas e rurais. • aumentar a capacidade de investimento dos municípios metropolitanos e a participação do setor privado no desenvolvimento urbano – com consórcios, parcerias e outros instrumentos.

Todos esses desafios integram o Plano de Ação da Macrometrópole Paulista (PAM 2013/2040). Enquanto instrumento de planejamento de médio e longo prazo, o mesmo constitui uma referência básica da formulação e implementação de políticas públicas e ações metropolitanas do Governo do Estado de São Paulo no território da MMP, possibilitando o desenvolvimento das principais potencialidades desse território e apontando diretrizes, metas e ações para superação dos principais gargalos ao desenvolvimento regional, de maneira a atingir o futuro desejado em 2040, com metas intermediárias para 2020.

O PAM destaca, ainda, a necessidade de articulação dos três níveis de governo, contemplando os seguintes princípios:

• Consenso social – envolvendo a adoção de mecanismos que garantam a participação na formulação e formação de consensos sobre propostas de ação definidas; • Articulação política – envolvendo a instituição de processos de consulta e de validação política permanente das metas e propostas do PAM e da Carteira de Projetos da MMP; • Envolvimento de agentes do desenvolvimento regional, já organizados institucionalmente, e formalizado por meio de consulta e participação dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento.

Assim, o enfrentamento de tais desafios exige não só ação colaborativa nas três esferas de governo, mas também a existência de política metropolitana com capacidade de coordenar o planejamento, a execução e o financiamento das funções públicas de interesse comum.

66 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

REFERÊNCIAS– USO DO SOLO

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2.2. SANEAMENTO AMBIENTAL

2.2. SANEAMENTO AMBIENTAL

2.2.1. DINÂMICA METROPOLITANA DA RMSP E A FPIC DE SANEAMENTO

No âmbito da FPIC Saneamento Metropolitano destacam-se, como importante elemento inovador de caráter regional e intersetorial, as análises constantes do recém elaborado Plano Diretor de Aproveitamento de Recursos Hídricos da Macrometrópole Paulista (PDARH/MMP, 2013) pela Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos do Governo do Estado de São Paulo, como importante subsídio à governança metropolitana11. Esse documento reúne as análises de viabilidade econômica dos arranjos estudados e as diretrizes gerais para ações de gestão de demanda e medidas não estruturais de controle. Constituem também conteúdos do PDARH/MMP, os processos de gestão conjunta de investimentos prioritários para a ampliação de vazões regularizadas. Estes componentes foram incorporados ao Plano de Ação da Macrometrópole Paulista (PAM - 2013 / 2040, Emplasa) uma vez que, por sua natureza, exigem integração territorial e setorial típica do Planejamento Metropolitano.

Os vetores de desenvolvimento dessa região, muito antes de seu reconhecimento formal, organizavam-se ao longo da porção leste da Bacia do rio Tietê, a partir dos principais centros urbanos, hoje polos metropolitanos - São Paulo, Campinas, Baixada Santista, São José dos Campos e Sorocaba. Embora nucleada por esses polos e organizada segundo os vetores que os interligam, a abrangência de interesses específicos para a integração das funções públicas de interesse comum varia segundo as necessidades de integração de cada uma delas. Na gestão dos recursos hídricos, esses limites correspondem aos vínculos que condicionam reciprocamente seu aproveitamento em benefício das áreas de desenvolvimento econômico.

Desde a vigência da Lei 7.663/1991, que criou o Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos no Estado de São Paulo, a gestão das águas foi organizada segundo uma lógica de planejamento por bacias. O principal vetor de desenvolvimento do Estado, que corta sua porção central de leste a oeste, organiza-se ao longo da bacia do rio Tietê. A Lei 7663/91 prevê que o Estado deve ser organizado em unidades hidrográficas para fins de gerenciamento, o que foi feito nos termos da Lei 9.034/94, que definiu a repartição do Estado em 22 Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHIs).

O Plano da Bacia da UGRHI Alto Tietê, a principal da RMSP, acolheu e enfatizou as diretrizes estratégicas de uso parcimonioso dos recursos hídricos e de melhoria institucional e operacional dos respectivos setores usuários. Os principais serviços de abastecimento de água mostram ganho de desempenho em controle de perdas e uso racional da água. Tem sido empreendido esforço importante na melhoria de qualidade da água, mediante ampliação das coberturas de esgotamento sanitário e controle das fontes difusas. Há um entendimento de que é necessário regularizar e ampliar a oferta de água na UGRHI Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), que abrange a RM de Campinas e as Aglomerações Urbanas de Jundiaí e Piracicaba, no interesse de toda a região da MMP.

O PDARH/MMP reconhece a interdependência do desenvolvimento econômico e social das regiões metropolitanas paulistas e respectivos parques de produção industrial e agrícola e, portanto, dos recursos hídricos no território da MMP, que concentra 83% do PIB e 75% da população do estado. A gestão da água, essencial para o abastecimento urbano, a segurança da população e o desenvolvimento das atividades econômicas da região, é estratégica para a região. Nessa perspectiva, é fundamental promover seu uso

11 Texto extraído do seguinte documento: Emplasa / Fundap. Plano de Ação da Macrometrópole Paulista: Componente Saneamento e Recursos Hídricos - Plano Diretor de Aproveitamento de Recursos Hídricos para a Macrometrópole Paulista e agenda comum Alto Tietê/PCJ. Diretrizes específicas para integração ao PAM. Relatório Técnico de Pesquisa. 2013.

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racional, bem como definir parâmetros de ampliação da oferta compatíveis com as necessidades de desenvolvimento do complexo macrometropolitano.

No complexo da Macrometrópole Paulista, a continuidade urbana não se verifica e nem é desejável que evolua para isso, e sim o planejamento e a gestão integrada de múltiplos núcleos regionais e urbanos. O PDARH/MMP desenhou um cenário tendencial que não leva em conta possíveis ganhos com o aprofundamento de medidas voltadas à gestão da demanda, incluindo controle de perdas, uso racional da água e reuso, em combinação com medidas não estruturais e controle de uso e ocupação do solo para proteção dos mananciais. Nesse cenário, a maior parte das falhas no atendimento projetadas para 2035 diz respeito a demanda urbana. Essas tendências apontam para a necessidade de um aporte significativo de água para o seu abastecimento. São áreas críticas em seu conjunto pertencentes à bacia hidrográfica do rio Tietê, que ultrapassam os territórios de atuação das UGRHIs e respectivos comitês que se organizam na bacia.

As projeções do PDARH/MMP indicam que a população deverá chegar a 37 milhões em 2035, elevando a densidade demográfica dos atuais 579 hab/km2 para 696 hab/km2. Das oito Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos que fazem parte da Macrometrópole, as que mais devem contribuir com esse crescimento são Alto Tietê (3,4 milhões de pessoas) e Piracicaba/Jundiaí/Capivari (1,2 milhão de pessoas), totalizando 75% do acréscimo populacional previsto.

No cenário tendencial, o crescimento da população e dos usos industrial e de irrigação incrementaria as demandas de água em cerca de 60 m³/s. Esse incremento tenderia a acentuar o estresse hídrico da região, além de gerar reflexos importantes no ordenamento territorial, na expansão das cidades e no equilíbrio ambiental.

O PDARH/MMP desenhou um cenário de "pleno desenvolvimento da gestão da demanda e controles associados", que corresponde à aplicação e medidas de controle operacional e de inibição do consumo, de acordo com projetos e ações já parcialmente em curso ou previstos. Nesse cenário, o incremento diminui de 60 para 32 m3/s, o que permite eliminar, no horizonte de planejamento considerado, os aproveitamentos de maior custo marginal.

Papel fundamental exerce a tarefa de atualização e aperfeiçoamento contínuos dos Planos de Bacias e do Plano Estadual de Recursos Hídricos PERH 2015-2018, dotados de instrumental para monitoramento da eficácia da gestão de demanda de água.

As soluções alternativas identificadas pelo PDARH/MMP mostraram que a questão hídrica exige investimentos elevados a médio e longo prazo e negociações complexas sob o ponto de vista ambiental, social, político, institucional e de equacionamento de conflitos.

Desde as versões 2004 e 2009, o Plano de Bacia do Alto Tietê (PAT) tem se caracterizado por uma ênfase nos componentes de Desenvolvimento Institucional, Planejamento e Gestão como elementos de integração entre usos dos recursos hídricos e entre o conjunto destes e os processos de desenvolvimento metropolitano, inclusive uso e ocupação do solo. Esta visão estratégica traz subjacente o reconhecimento da grande complexidade da gestão de recursos hídricos em um complexo densamente urbanizado como a Bacia do Alto Tietê, sujeita simultaneamente a escassez de água para uso urbano e a desafios crescentes no controle de inundações, associados a questões chave de qualidade das águas e de interações com resíduos sólidos.

A orientação estratégica do PAT reconhece a complexidade da relação entre a UGRHI AT e unidades hidrográficas vizinhas e, por isso, enfatiza o uso racional dos recursos hídricos como elemento chave de sua sustentabilidade. Com caráter de plano predominantemente indicativo, uma vez que em si mesmo maneja recursos financeiros muito inferiores aos que são objeto das ações fim nos setores usuários, o PAT estabelece diretrizes estratégicas de harmonização entre os diferentes setores usuários. No que respeita as necessidades de uso dos recursos para fins de abastecimento urbano, articula-se com o Plano Diretor de Abastecimento de Água da Sabesp, que opera o Sistema Adutor Metropolitano. Este beneficia não só os municípios operados

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pela Sabesp, mas a quase totalidade dos sistemas de abastecimento metropolitano, inclusive os serviços autônomos.

Ao definir diretrizes estratégicas e linhas de desenvolvimento institucional voltadas ao uso racional dos recursos hídricos, o PAT dá consistência e torna tangíveis os benefícios advindos de ações de controle de perdas, uso racional da água e reuso de efluentes tratados nesse contexto de escassez. O mesmo se aplica em relação a ações integradas com controle de inundações, qualidade da água (dos pontos de vista de poluição concentrada e difusa) e uso e ocupação do solo, ao buscar múltiplas medidas de alívio sobre os escassos recursos hídricos disponibilizados à UGRHI AT, articulando qualidade, quantidade e prevenção. Nessa perspectiva, o PAT articula suas metas de desenvolvimento com o Plano Diretor de Esgotos da Sabesp, com a Política Estadual de Resíduos Sólidos, com o Plano de Macrodrenagem da Bacia do Alto Tietê e com vários planos e programas setoriais e dos municípios da Bacia, com interação com o uso racional dos recursos.

As diretrizes estratégicas formuladas nas conclusões do PAT são claras quanto a seu compromisso com a gestão pelo lado da demanda, em sintonia com uma visão de uso parcimonioso dos recursos hídricos:

• integração entre os sistemas de gestão de recursos hídricos e a gestão territorial, responsável pelo controle de uso e ocupação do solo;

• integração da gestão dos sistemas urbanos: recursos hídricos, compreendendo todos os usos da água, inclusive o controle da drenagem urbana, habitação, viário e de transporte público;

• atuação do sistema de recursos hídricos junto a todos os usuários da água, com vistas à gestão da demanda de água para seu controle e racionalização;

• funcionamento integrado de todos os setores governamentais e privados que atuam na gestão do sistema, para que as ações preventivas e corretivas a serem adotadas sejam eficientes e eficazes.

71 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

2.2.2. CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO ATUAL

Abastecimento de Água

O sistema de abastecimento de água da RMSP é composto por um Sistema Integrado, operado pela Sabesp - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo,que fornece água tratada a 29 municípios da região, e por sistemas isolados, que atendem os demais municípios. Dos 29 municípios atendidos pelo Sistema Integrado, 23 tem atendimento direto pela Sabesp e 6 - Diadema, Guarulhos, Mauá, Mogi das Cruzes, São Caetano do Sul e Santo André - compram água por atacado da Sabesp, mas têm seus sistemas de abastecimento operados pela municipalidade. Dos demais 10 municípios da RMSP, atendidos por sistemas isolados de abastecimento de água, 9 são operados pela Sabesp e 1 diretamente pelo município (Santa Isabel) (Figura 1).

Figura 1: Situação Administrativa dos Sistemas de abastecimento de Água da RMSP

Fonte:PlanoDiretor de Abastecimento de Água da Região Metropolitana de São Paulo, São Paulo, março 2006.

O Sistema Integrado, responsável pelo atendimento de mais de 90% da demanda de água potável da região, é composto por 8 grandes sistemas produtores, destacando-se os sistemas Cantareira, Guarapiranga e Alto Tietê, com capacidades nominais de produção de água tratada de 33 m³/s, 14 m³/s e 10 m³/s, respectivamente, e um complexo de grandes adutoras e conjuntos de elevatórias que, integrados aos reservatórios setoriais, formam o Sistema Adutor Metropolitano – SAM.

O SAM é formado por 1.270 km de adutoras, 137 centros de reservação, 98 estações elevatórias, 24 boosters; abrangendo a área metropolitana conurbada e interligando os principais Sistemas Produtores da SABESP na região.As redes de distribuição de água totalizam uma extensão de 31.278 km.As ligações de água em 2010, segundo PIR (SABESP, 2001), totalizavam 3.895.773 unidades.

A figura, a seguir, ilustra a localização dos sistemas produtores que compõem o Sistema Integrado.

72 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Figura 2: Sistemas Produtores de Água da RMSP

1.

2. A

1 3.

4.

5.

6. A

2 7. 3

7 8. 4 8

6 5

Conforme dados do último Censo Demográfico (2010), dos 39 municípios da RMSP, 28 tem mais de 90% dos seus domicílios conectados à rede de distribuição de água. Os municípios com menor cobertura do serviço de abastecimento de água são Juquitiba e São Lourenço da Serra, na sub-região sudoeste, e Biritiba Mirim e Salesópolis, na sub-região Leste da RMSP.Os dados de domicílios atendidos por rede de água estão apresentados no quadro e no mapa a seguir.

73 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Quadro 1:Domicílios Conectados a Rede Geral de Distribuição de Água

Domicílios Permanentes - 2010 Municípios Total de Domicílios Conectados a Rede de Água (%)

Arujá 21.436 93,00

Barueri 71.790 99,30

Biritiba Mirim 8.400 65,60

Cairiras 25.411 96,40

Cajamar 19.269 90,80

Carapicuíba 108.592 98,10

Cotia 59.038 91,00

Diadema 117.344 99,40

Embu das Artes 68.225 98,00

Embu Guaçu 18.117 77,30

Ferraz de Vasconcelos 48.383 98,40

Francisco Morato 43.941 95,80

Franco da Rocha 36.267 94,90

Guararema 7.759 68,60

Guarulhos 360.540 97,60

Itapecerica da Serra 42.789 89,70

Itapevi 57.604 95,10

Itaquaquecetuba 89.670 96,70

Jandira 32.536 99,40

Juquitiba 8.803 58,60

Mairiporã 23.211 70,70

Mauá 125.348 99,30

Mogi das Cruzes 116.418 89,70

Osasco 201.894 99,10

Pirapora do Bom Jesus 4.384 100,00

Poá 30.570 98,90

Ribeirão Pires 33.844 95,20

Rio Grande da Serra 13.191 95,20

Salesópolis 4.680 62,90

74 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Santa Isabel 15.299 72,00

Santana de Parnaíba 31.610 90,90

Santo André 215.617 97,60

São Bernardo do Campo 239.174 98,10

São Caetano do Sul 50.492 100,00

São Lourenço da Serra 4.296 57,60

São Paulo 3.574.286 99,10

Suzano 74.764 92,30

Taboão da Serra 72.314 99,60

Vargem Grande Paulista 12.541 87,40

Total RMSP 6.089.847 95,20

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010.

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Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

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Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Esgotamento Sanitário

O sistema de esgotamento sanitário da RMSP é constituído por um Sistema Principal, operado pela Sabesp, na porção mais central e densamente ocupada do território e diversos Sistemas Isolados nas porções mais periféricas, operados pela Sabesp ou pelos próprios municípios. Estes possuem características bastante distintas quanto ao seu porte e complexidade.

A figura a seguir apresenta os municípios integrantes da RMSP, com a indicação do Sistema Principal e Sistemas Isolados, e dos não operados pela Sabesp.

Figura 3: Mapa dos Sistemas de Esgoto da RMSP

Fonte: Plano Diretor de Esgotos da Região Metropolitana de São Paulo – PDE – 2010

O Sistema Principal de esgotamento sanitário é constituído por cinco sistemas de esgotamento sanitário definidos em função de cinco grandes Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs): ABC, Barueri, Parque Novo Mundo, São Miguel e Suzano. Essas ETEs foram concebidas como lodos ativados convencionais,processo esse que oferece boa flexibilidade operacional, além de ser consideradobastante eficiente para estações de tratamento de grande porte. Atualmente a capacidade nominal das ETEs do Sistema Principal é de 18,0 m³/s, conforme mostra o quadro a seguir.

77 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Quadro 2: Sistema Principal de Tratamento de Esgoto - 2010

Capacidade Nominal Vazão Média Estação de Tratamento de Esgoto Ano de Implantação (m³/s) Tratada ( m³ / s)

ABC 1998 3,0 1,896

Barueri 1988 9,5 9,644

Parque Novo Mundo 1998 2,5 2,481

São Miguel 1998 1,5 0,805

Suzano 1982 1,5 0,848

Total - 18,0 15,674 Fonte: PIR (SABESP, 2010)

Na RMSP, de acordo com dados de 2010da SABESP, as redes coletoras contavam com 21.082 km de extensão e os coletores tronco perfaziam 1.050 km de extensão. Quanto aos interceptores/emissários, em 2010 existiam 179 km em operação no Sistema Principal, distribuídos pelos sistemas de esgotamento.

Os Sistemas Isolados contam com a implantação de sistema completo, com coleta, afastamento e tratamento localizado, sem integração física com o Sistema Principal (Cobrap/Concremat, 2010). Dos 39 municípios que compõem a RMSP, 26 deles, além do município de São Paulo, contam, integral ou parcialmente, com bacias de esgotamento que compõem os Sistemas Isolados.Nos Sistemas Isolados, diferentemente do Sistema Principal, ainda existem áreas atendidas com rede coletora, mas que não possuem estações de tratamento de esgoto (Cobrape/Concremat, 2010).

Além dos sistemas operados pela Sabesp, a RMSP conta com os sistemas autônomos nos municípios de Diadema, Guarulhos, Mauá, Mogi das Cruzes, Santa Isabel, Santo André e São Caetano do Sul. Desses municípios, São Caetano do Sul é o único município que o índice de esgoto tratado é 100% do esgoto coletado, os demais municípios apresentam índices de tratamento inferiores a 50%.

A seguir são apresentados os percentuais de domicílios atendidos por rede de esgotos, segundo os dados do último Censo Demográfico de 2010.

78 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Quadro 3:Domicílios Conectados a Rede Geral de Esgotamento Sanitário

Domicílios Permanentes - 2010 Municípios Total de Domicílios Conectados à Rede de Esgotos(%)

Arujá 21.436 56,30

Barueri 71.790 91,00

Biritiba Mirim 8.400 60,40

Cairiras 25.411 85,50

Cajamar 19.269 70,30

Carapicuíba 108.592 81,20

Cotia 59.038 52,90

Diadema 117.344 96,50

Embu das Artes 68.225 72,80

Embu Guaçu 18.117 40,70

Ferraz de Vasconcelos 48.383 83,30

Francisco Morato 43.941 49,90

Franco da Rocha 36.267 67,70

Guararema 7.759 44,10

Guarulhos 360.540 86,90

Itapecerica da Serra 42.789 35,50

Itapevi 57.604 74,40

Itaquaquecetuba 89.670 71,30

Jandira 32.536 83,50

Juquitiba 8.803 22,10

Mairiporã 23.211 35,40

Mauá 125.348 90,40

Mogi das Cruzes 116.418 77,00

Osasco 201.894 83,80

Pirapora do Bom Jesus 4.384 63,80

Poá 30.570 93,60

Ribeirão Pires 33.844 80,70

Rio Grande da Serra 13.191 61,25

Salesópolis 4.680 54,50

79 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Santa Isabel 15.299 54,90

Santana de Parnaíba 31.610 42,60

Santo André 215.617 94,50

São Bernardo do Campo 239.174 89,10

São Caetano do Sul 50.492 99,80

São Lourenço da Serra 4.296 41,00

São Paulo 3.574.286 91,90

Suzano 74.764 82,20

Taboão da Serra 72.314 90,80

Vargem Grande Paulista 12.541 46,80

Total RMSP 6.089.847 72,80 Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010.

Ao analisar os dados do Censo Demográfico de 2010, por municípios,verifica-se que dos 39 municípios daRMSP apenas 7 contam com mais de 90% dos domicílios conectados a rede geral de esgotamento: São Caetano do Sul (99,8%), Diadema (96,5%), Santo André (94,5%), São Paulo (91,9%), Barueri (91,0%), Taboão da Serra (90,8%) e Mauá (90,4%). Os municípios com índices abaixo de 50% são: Juquitiba,Mairiporã, Itapecerica da Serra, Mogi das Cruzes, Embu-Guaçu, São Lourenço daSerra, Santana de Parnaíba, Guararema, Vargem Grande Paulista e Francisco Morato.

Segundo relatório do Plano da Bacia do Alto Tietê, ano base 2011, a partir das análises dos dados dos Censos IBGE 2000 e 2010 para os domicílios da RMSP, a prestação do serviço de esgotamento sanitário não está universalizada na RMSP.

O Mapa a seguir ilustra o atendimento, no território, pela rede coletora de esgotos.

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Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

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Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo - CETESB, através doRelatório de Qualidade das Águas Superficiais no Estado de São Paulo, calcula osíndices de atendimento de coleta e tratamento de esgoto. Os resultados publicados nesse estudo mostram que os municípios com melhor índice de atendimento de esgoto tratado, ou seja, que alcançam 100%, são: Arujá, Biritiba-Mirim, Embu das Artes, Embu-Guaçu, Salesópolis e São Caetano do Sul. Entretanto, em apenas metade desses municípios o atendimento com coleta de esgoto supera os 90%.

O baixo índice de esgotos tratados (inferior a 50%) pode ser verificado em grande parte dos municípios que compõem a RMSP. Esse fato mostra a necessidade do investimento em obras para ampliar tanto a coleta como o tratamento dos esgotos gerados nos municípios.

O Relatório Síntese dos Planos Integrados Regionais - PIR (SABESP, 2011)apresenta dados do balanço de massa (vazão e cargas) das bacias que compõe oSistema Principal realizado para o ano de 2010. Verifica-se pelo estudo que 87% do esgoto é coletado, sendo que 43% é conduzido até as ETEs.

Resíduos Sólidos

Nos 39 municípios da RMSP predomina a administração pública direta do serviço de manejo e gestão dos resíduos sólidos. Em Santo André e São Paulo, a prestação é realizada por autarquias, o Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André - SEMASA e a Autoridade Municipal de Limpeza Urbana – AMLURB, respectivamente.

Com relação à situação da coleta dos resíduos sólidos nos municípios da RMSP, segundo o IBGE (2010), o destino do lixo foi classificado como coletado quando o lixo do domicílio é:

• Coletado diretamente por serviço de empresa pública ou privada;

• Depositado em uma caçamba, tanque ou depósito, fora do domicílio, para depois ser coletado por serviço de empresa pública ou privada.

82 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Quadro 4:Domicílios permanentes atendidos com coleta de lixo

Domicílios Particulares Permanentes Municípios Total Com coleta de lixo Domicílios atendidos (%)

Arujá 21.436 21.285 99,3

Barueri 71.790 71.734 99,9

Biritiba Mirim 8.400 7.937 94,5

Caieiras 25.411 25.350 99,8

Cajamar 19.269 19.078 99

Carapicuíba 108.592 108.022 99,5

Cotia 59.038 58.621 99,3

Diadema 117.344 116.888 99,6

Embu das Artes 68.225 67.758 99,3

Embu Guaçu 18.117 17.732 97,9

Ferraz de Vasconcelos 48.383 47.956 99,1

Francisco Morato 43.941 43.012 97,9

Franco da Rocha 36.267 35.620 98,2

Guararema 7.759 7.583 97,7

Guarulhos 360.540 359.271 99,6

Itapecerica da Serra 42.789 42.303 98,9

Itapevi 57.604 57.156 99,2

Itaquaquecetuba 89.670 88.604 98,8

Jandira 32.536 32.512 99,9

Juquitiba 8.803 7.628 86,7

Mairiporã 23.211 22.183 95,6

Mauá 125.348 125.103 99,8

Mogi das Cruzes 116.418 114.388 98,3

Osasco 201.894 200.461 99,3

Pirapora do Bom Jesus 4.384 4.255 97,1

Poá 30.570 30.443 99,6

Ribeirão Pires 33.844 33.682 99,5

Rio Grande da Serra 13.191 13.018 98,7

Salesópolis 4.680 4.520 96,6

83 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Santa Isabel 15.299 14.699 96,1

Santana de Parnaíba 31.610 31.444 99,5

Santo André 215.617 215.422 99,9

São Bernardo do Campo 239.174 238.777 99,8

São Caetano do Sul 50.492 50.490 100,00

São Lourenço da Serra 4.296 4.062 94,6

São Paulo 3.574.286 3.566.625 99,8

Suzano 74.764 73.866 98,8

Taboão da Serra 72.314 72.274 99,9

Vargem Grande Paulista 12.541 12.475 99,5

Total RMSP 6.089.847 6.064.237 99,3 Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010.

Ao analisar os dados do Censo, verifica-se que o município com menor atendimento foi Juquitiba com 86,7% em 2010. Os municípios com os maiores índices em 2010 foram: São Caetano do Sul, 100%, e Barueri, Jandira e Santo André, 99,9%. De maneira geral, verifica-se que o atendimento com coleta de resíduos sólidos nos municípios apresenta bons índices de cobertura, mais da metade está acima de 99%.

O Mapa a seguir apresenta o atendimento por coleta dos resíduos sólidos, na RMSP.

Coleta e situação da disposição final de resíduos sólidos na RMSP

A seguir é apresentado um quadro com volume e enquadramento dos municípios da RMSP quanto às condições de tratamento e disposição dos resíduos sólidos domiciliares.

84 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

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Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Quadro 5: Enquadramento dos municípios da Região Metropolitana de São Paulo quanto às condições de tratamento e disposição dos resíduos sólidos domiciliares

Município Lixo(ton./dia) IQR * Enquadramento ** Disposição

Arujá 29,2 7,8 A Santa Isabel – AP***

Barueri 145,9 9,1 A Santana de Parnaíba – AP

Biritiba Mirim 9,9 7,8 A Santa Isabel – AP***

Caieiras 34,2 9,4 A Caieiras - AP

Cajamar 25,5 9,4 A Caieiras - AP

Carapicuíba 229,9 9,1 A Santana de Parnaíba – AP

Cotia 123,1 9,6 A Itapevi - AP

Diadema 233,1 5,6 I Mauá - AP

Embu das Artes 145,6 4,3 I

Embu-Guaçu 24,6 9,4 A Caieiras – AP

Ferraz de Vasconcelos 81,3 9,6 A São Paulo – AP

Francisco Morato 77,9 9,4 A Caieiras - AP

Franco da Rocha 61,5 9,4 A Caieiras - AP

Guararema 9,0 7,9 A

Guarulhos 863,4 9,8 A

Itapecerica da Serra 76,5 9,4 A Caieiras - AP

Itapevi 122,2 9,6 A Itapevi - AP

Itaquaquecetuba 195,3 7,8 A Santa Isabel - AP

Jandira 54,8 9,6 A Itapevi - AP

Juquitiba 8,9 9,4 A Caieiras - AP

Mairiporã 28,9 9,4 A Caieiras - AP

Mauá 252,7 5,6 I Mauá - AP

Mogi das Cruzes 216,8 7,8 A Santa Isabel - AP

Osasco 467,5 4,6 I

Pirapora do Bom Jesus 6,4 9,1 A Santana de Parnaíba – AP

Poá 52,6 7,8 A Santa Isabel - AP

Ribeirão Pires 56,9 5,6 I Mauá - AP

Rio Grande da Serra 17,8 5,6 I Mauá - AP

Salesópolis 4,0 7,8 A Santa Isabel - AP

86 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Santa Isabel 16,0 7,8 A Santa Isabel - AP

Santana de Parnaíba 55,7 9,1 A Santana de Parnaíba – AP

Santo André 374,9 5,6 I Mauá - AP

São Bernardo do Campo 530,2 5,6 I Mauá - AP

São Caetano do Sul 75,0 5,6 I Mauá - AP

São Lourenço da Serra 5,1 9,4 A Caieiras - AP

São Paulo 4.850,0 9,4 A Caieiras - AP

Suzano 153,4 9,6 A São Paulo – AP

Taboão da Serra 148,9 9,4 A Caieiras - AP

Vargem Grande Paulista 17,5 9,6 A Itapevi - AP Fonte: “Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares 2011”, Cetesb. Notas: * IQR: Índice de Qualidade de Aterro de Resíduos.**Enquadramento:A- Condição Adequada; C- Condição Controlada; I- Condição Inadequada.***AP: Aterro Particular.

Segundo a Abrelpe (2009), na RMSP operam 8 aterros sanitários privados que recebem cerca de 13.500 toneladas por dia de resíduos sólidos urbanos, correspondendo a 57,5% do total destinado aos aterros privados do Brasil.

Com relação à coleta seletiva, em 2010, 29 municípios da RMSP (74,4%) contavam com coleta seletiva, e, em apenas 7, o sistema atendia a 100% da área urbana. A figura a seguir ilustra essa situação.

87 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Figura 4:Mapa da Coleta Seletiva na RMSP

Em 28 deles, essa era realizada em parceria com organizações de catadores. A coleta seletiva formal envolvia 2.206 catadores nesses 28 municípios, dos quais 1.045 atuavam em São Paulo e 1.161 nas outras 27 cidades. Embora o percentual de materiais recicláveis encaminhados às empresas recicladoras pelas organizações de catadores tenha aumentado, a maior parte ainda provém da catação informal realizada em condições precárias nas ruas das cidades (Besen, 2011).

Em 2010, 29 municípios da RMSP contavam com coleta seletiva, mas em apenas sete, o sistema atendia 100% da área urbana. Em 28 deles, a coleta era realizada em parceria com organizações de catadores. A maior parte realizada em condições precárias nas ruas das cidades.

88 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Macrodrenagem Urbana

A Região Metropolitana de São Paulo em sua maior parte situa-se na bacia hidrográfica do Alto Tietê (conforme mostra a figura a seguir).Além dessa bacia a região é formada por parte das bacias dos rios Paraíba, Juquiá, Sorocaba, Jundiaí, Médio Tietê e parte das bacias que compõem a vertente Atlântica.

Figura 5:A RMSP e a Bacia do Alto Tietê

Fonte: DAEE.

O sistema principal de macrodrenagem da RMSP é constituído pelos rios Tietê, Pinheiros e Tamanduateí. O rio Tietê encontra-se retificado e canalizado no trecho entre a barragem da Penha e o reservatório Edgard de Souza. Recentemente, com base no Plano Diretor de Macrodrenagem da Bacia do Alto Tietê,este trecho do rio Tietê foi objeto de uma obra do governo do Estado, executada pelo Departamento de Águas de Energia Elétrica – DAEE, de aprofundamento e ampliação de sua calha para aumentar a sua capacidade de escoamento das vazões de cheia da região.

O rio Pinheiros, totalmente retificado e canalizado, possui diversas estruturas hidráulicas – barragens, comportas e estações elevatórias – que permitem a inversão do fluxo das águas em direção ao reservatório Billings. Este sistema, operado pela Empresa Metropolitana de Águas e Energia – EMAE, implantado originalmente para geração de energia elétrica na Usina de Henry Borden, no município de Cubatão, é atualmente utilizado para o controle de cheias em ocasiões de chuvas excessivas.

O rio Tamanduateí encontra-se canalizado desde a sua foz no rio Tietê até a foz do ribeirão dos Meninos, na divisa dos municípios de São Paulo e São Caetano do Sul.

Desde 1998, o DAEE, com base no Plano Diretor de Macrodrenagem da Bacia do Alto Tietê, implantou 30 reservatórios de retenção de cheias, distribuídos em três sub-bacias da bacia hidrográfica do

89 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Alto Tietê – Alto Tamanduateí, Pirajuçara e Ribeirão Vermelho - na região metropolitana de São Paulo. Os reservatórios de retenção de cheias, conhecidos como “piscinões”, têm a função de acumular águas durante os eventos chuvosos, regularizando a vazão dos cursos d’água em níveis seguros, prevenindo a ocorrência de cheias a jusante desses reservatórios.

A prefeitura do município de São Paulo também implantou 15 reservatórios, a maioria na sub-bacia do rio Aricanduva, na zona leste da cidade. Outros cinco municípios da RMSP – Santo André, São Bernardo do Campo, Mogi das Cruzes, Francisco Morato e Ferraz de Vasconcelos – implantaram mais nove reservatórios.

O monitoramento, limpeza e segurança dos “piscinões” é responsabilidade das prefeituras onde se localizam, sendo que o maior número deles é administrado pela prefeitura do município de São Paulo.

2.2.3. HISTÓRICO E CARACTERIZAÇÃO DA GESTÃO PÚBLICA

Abastecimento de Água

Em 1971, diante da situação institucional precária do saneamento básico na maioria dos municípios brasileiros, o Banco Nacional de Habitação (BNH) criou o Plano Nacional de Saneamento (Planasa). Além de ter a missão de financiamento, o Banco assumiu a posição de órgão normativo e superior dos programas de saneamento básico em todos os municípios brasileiros, apoiando a ação executiva de uma companhia de saneamento básico em cada Estado. Assim, em 1973 foi criada a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) que passaria a ser a empresa responsável pelo saneamento básico do Estado de São Paulo e, em especial, da RMSP.

Com a criação da Sabesp, o saneamento na Região Metropolitana de São Paulo passou a ser gerenciado de forma integrada e pautado nas premissas básicas de manutenção e otimização dos mananciais já explorados e na utilização plena dos recursos hídricos da Bacia do Alto Tietê, adotando soluções de menor impacto no meio ambiente.

Dentro dessa visão foram desenvolvidos vários planos e projetos na RMSP voltados ao aproveitamento dos recursos hídricos para abastecimento público, a saber:

• Sistema Adutor Metropolitano – SAM. Sabesp, 1975. • Programa de Abastecimento de Água para a Região Metropolitana de São Paulo, 1975/1978. • Plano Integrado de Aproveitamento e Controle dos Recursos Hídricos das Bacias do Alto Tietê, Piracicaba e Baixada Santista -Hidroplan, 1995. • Revisão e Atualização do Sistema Adutor Metropolitano - SAM 75, 1995. • Plano Metropolitano de Água- PMA. Sabesp, 1996 a 1999. • Plano da Bacia do Alto Tietê, 2001.

Esgotamento Sanitário

A RMSP teve o seu primeiro exercício de planejamento do sistema de esgotamento sanitário entre os anos de 1952 e 1953 pela empresa norte-americana Greeley& Hansen, que determinou a construção de

90 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

duas estações de tratamento de esgotos, na cidade de São Paulo.Em 1968, o Consórcio Hibrace desenvolveria estudos para o Saneamento da RMSP.Quando da construção dessas estações o antigo departamento de Água e Esgotos de São Paulo contratou a empresa americana Hazen& Sawyer para desenvolver o Plano Diretor de Esgotos da Área Metropolitana de São Paulo, que avançou nas análises e alternativas, em relação ao Plano Hibrace.

Em 1975 foi elaborado o Programa de Obras de Saneamento e Controle de Poluições das Águas na Região Metropolitana de São Paulo, denominado Plano Diretor Sanegran. Este Plano concebia uma nova estrutura para o sistema de esgotamento sanitário na RMSP, propondo três estações de tratamento de esgotos de grande porte: Barueri, ABC e Suzano.O Plano foi adotado como a nova política de saneamento do governo do Estado.

No período de 1985 a 1988, realizou-se a primeira Revisão do Plano Diretor de Esgotos da RMSP pelo Consórcio Coplades, incluindo mais duas outras estações de tratamento de esgotos (ETEs) - Parque Novo Mundo e São Miguel.A implementação do Plano começou a apresentar resultados e, em 1989, a RMSP contava com 66% de seus esgotos coletados, sendo destes 24% tratados.

Com a crescente conscientização da população sobre as questões ambientais, em 1993, a poluição das águas do Rio Tietê, passou a fazer parte da agenda de governo, que por meio da Sabesp começou a empreender a 1ª Etapa do Projeto Tietê.

No período de 1997 a 1999, foi feita a Revisão do Plano Diretor de Esgotos da RMSP - PDE-2000. Destacam-se, como principais resultados desse estudo, a consolidação do Sistema Principal de Esgotos da RMSP, ou seja, a manutenção da configuração das cinco ETEs existentes, e a reversão de vazões de alguns Sistemas Isolados para o Sistema Principal.

Com a implantação da 1ª Etapa, em 2001, nas áreas atendidas pela Sabesp na RMSP, 79% dos esgotos gerados eram coletados e, destes, 63% eram tratados.

Em 2002, teve início a 2ª Etapa do Projeto Tietê, com a implantação de outros 1.400km de redes coletoras, 160km de coletores tronco, 38km de interceptores e a realização de 570mil novas ligações domiciliares de esgotos.

Em 2008, a Sabesp era responsável por 84% dos esgotos coletados e 69% destes eram tratados no território da RMSP.

91 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Macrodrenagem Urbana

De uma forma geral, o processo de urbanização não considerou o aspecto ambiental, com consequências para a população, especialmente no que se refere a enchentes. As medidas exigidas para o equacionamento desses problemas deparam sempre com os altos custos das obras corretivas, o que faz com que as soluções sejam adiadas com o consequente agravamento das inundações.

Para melhor compreensão da problemática das enchentes na RMSP, as mesmas podem ser classificadas em dois tipos, não totalmente independentes, quais sejam:

- aquelas que ocorrem ao longo dos Rios Tietê, Pinheiros e baixo Tamanduateí, ocupando extensas áreas e que trazem grandes transtornos à metrópole pela interdição das avenidas marginais desses rios, que se constituem das mais importantes do sistema viário metropolitano;

- aquelas que ocorrem ao longo dos córregos e ribeirões e que estão distribuídas em diversos pontos da malha urbana do território metropolitano.

Em virtude do agravamento dos problemas de inundações nas áreas urbanizadas da Região, em 1983, o Governo do Estado, por intermédio do Conselho Deliberativo da Grande São Paulo (Codegran), aprovou as diretrizes básicas do “Plano Imediato para Combate às Enchentes na RMSP”.

Nesta época, a Emplasa - órgão de Planejamento da Região Metropolitana de São Paulo - formulou as “Diretrizes Metropolitanas de Drenagem de Águas Pluviais” (1981) e executou diversos planos e projetos de drenagem de águas pluviais para os municípios da RMSP que procuravam integrar o planejamento amplo da bacia com a realidade socioeconômica da época.

Em 1984, a Emplasa elaborou o “Programa Emergencial de Controle de Enchentes na Região Metropolitana de São Paulo”, que buscou enfocar os problemas de inundações, propondo estruturas mais simples e baratas, juntamente com serviços de limpeza, desobstrução e desassoreamento que, se efetivados, reduziriam significativamente, o porte e as ocorrências de inundações na RMSP.

Esse Programa orientou uma série de medidas executadas pelo governo do Estado e pelos municípios, mas as ações implementadas se mostravam muito aquém das necessidades e deparavam com a ausência de uma articulação mais efetiva entre os entes envolvidos e com a precariedade da logística disponível.

Enquanto, por um lado, existiam iniciativas buscando tratar a questão da macrodrenagem de forma mais ampla e integrada, considerando os diversos aspectos que interferem substancialmente na dinâmica dos cursos d’água, por outro lado, persistia uma cultura de resolver pontualmente os problemas, com ações de combate às enchentes que se baseavam na simples ampliação dos canais e galerias, transferindo os pontos de inundação para outros locais, muitas vezes para municípios à jusante.

A partir de 1993 iniciou-se uma mudança de paradigma na adoção de soluções para o problema da macrodrenagem urbana, com ações centradas na retenção e amortecimento dos picos. As bacias deveriam controlar suas próprias enchentes, aliviando os pontos mais baixos e/ou bacias de jusante, ou ainda, trechos já canalizados que não poderiam ser ampliados. Entre 1993 e 1998, a Prefeitura Municipal de São Paulo projetou os seguintes piscinões: Pacaembú (75.000m³), Águas Espraiadas (300.000m³),Guaraú e Bananal (bacia do rio Cabuçu de Baixo, com 250.000m³ cada), Rio das Pedras (40.000m³), além de 5 piscinões (1.200.000 m³) no Aricanduva: Caguaçu, Aricanduva I, II e III e Limoeiro. O Governo do Estado, através do DAEE, projetou 54 piscinões, sendo 17 no Pirajuçara e 37 no Alto Tamanduateí.

Em 2008, em virtude da dinâmica do processo de urbanização e da morosidade na adoção de medidas eficazes, o DAEE deu início a primeira revisão e atualização do Plano - PDMAT-2, incorporando outras medidas recomendadas, tais como os parques lineares nas áreas junto às várzeas de cursos d’água e,

92 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

também, a uniformização dos procedimentos de análise hidráulica e hidrológica, a fim de possibilitar uma harmonização entre as ações dos vários órgãos das administrações estadual e municipal e das concessionárias responsáveis pelo gerenciamento da drenagem urbana nos vários municípios. Além disso, o Plano deu um maior enfoque nas medidas não estruturais, no tocante a implantação de programas de educação ambiental e de sistemas de monitoramento e de alerta contra inundações e a apresentação de propostas e recomendações relativas à legislação sobre uso e ocupação do solo.

Em 2011, o DAEE iniciou a segunda revisão do Plano Diretor de Macrodrenagem, ou seja, sua terceira versão – PDMAT 3, ainda em andamento.

Resíduos Sólidos

A Região Metropolitana de São Paulo, com seus 19,7 milhões de habitantes, dos quais 11 milhões moram no município de São Paulo, um dos maiores aglomerados urbanos do mundo, formado por 39 municípios, é responsável pela produção estimada de 16.233 toneladas por dia ou quase seis milhões de toneladas por ano de resíduos sólidos domiciliares. Essa quantidade corresponde a cerca de 10% do que é coletado no país, sendo o município de São Paulo responsável pela geração de mais de 62,5% dos resíduos da RMSP (Besen, 2011).

A ausência de uma estrutura de planejamento e gestão metropolitana dos resíduos é um dos fatores que dificultam uma ação integrada e coordenada entre os municípios e que poderia reduzir custos ambientais e financeiros.

Na Região Metropolitana de São Paulo os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) são encaminhados a aterros sanitários que, em sua maioria, têm as áreas destinadas à disposição e ao tratamento praticamente esgotadas ou previsão de esgotamento em curto prazo. Além disso, está cada vez mais difícil viabilizar a ampliação destas áreas e encontrar outras adequadas à implantação de novos aterros sanitários. A legislação está cada vez mais restritiva para localização, licenciamento e operação de novos aterros.

Outro fator que agrava a situação é a disposição inadequada desses resíduos ao longo das últimas décadas, legando, para muitos municípios, expressivos passivos ambientais, os quais comprometem significativamente a qualidade ambiental da Região.

Enfrentar este problema envolve alternativas e soluções cada vez mais complexas para todas as etapas – integradas e compartilhadas –, desde a geração dos resíduos, os tipos de coleta e tratamento, as áreas de transbordo, a reabilitação das áreas degradadas e recuperação daquelas contaminadas até a adequação dos recursos humanos, técnicos e financeiros às diferentes realidades municipais. Isto requer articulação de ações conjuntas entre os municípios, adotando-se como premissa a óptica regional, em face das características atuais e da dinâmica do processo de desenvolvimento regional.

Em uma hipótese muito conservadora, considerando que a média de resíduos gerados por município permaneça a mesma, a problemática quanto à disposição e tratamento dos resíduos tende a se agravar, trazendo reflexos danosos ao meio ambiente.

Nesse sentido, a gestão metropolitana de resíduos sólidos na RMSP deverá considerar a necessidade de implantação de um processo permanente de planejamento integrado da gestão regional dos RSUs, de forma articulada com os demais planos estadual e regionais de resíduos sólidos e estes com os planos de recursos hídricos, desenvolvimento metropolitano e saneamento básico, dentre outros. Isto se dá como condição essencial para potencializar o impacto dos investimentos a serem realizados com vista à melhoria significativa e crescente das condições ambientais.

93 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Além disso, as restrições ambientais em vigor que incidem em 54% do território metropolitano, em especial para as áreas de proteção aos mananciais, dificultam a instalação de equipamentos de tratamento ou de disposição final de resíduos e acarretam o transporte dos resíduos para áreas cada vez mais distantes, implicando custos maiores para as municipalidades. Dos 39 municípios da RMSP, 10 possuem mais de 75% de sua área territorial inserida em Área de Proteção aos Mananciais e 6 com mais de 50% (Jacobi &Besen, 2006).

Outro aspecto a ser considerado, e que necessita de análise para o seu equacionamento, é a sustentabilidade financeira dos serviços prestados, já que mais de 50% dos municípios não cobram pela limpeza urbana e, quando o serviço é cobrado, os valores são insuficientes. Para que esse quadro seja mudado é importante a conscientização e educação dos cidadãos para reduzir as quantidades de lixo gerado e o desperdício.

94 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

2.2.3.1. ESTRUTURA INSTITUCIONAL E NORMATIVA

A RMSP conta com os seguintes órgãos de gestão e regulação no setor de saneamento ambiental:

- Secretaria Estadual do Meio Ambiente - SMA

A Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SMA) foi criada em 1986, pelo Decreto nº 24.932, para promover a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental, coordenando e integrando atividades ligadas à defesa do meio ambiente. Em 1989, novas atribuições foram conferidas à pasta, que foi a responsável pela elaboração da Política Estadual de Meio Ambiente e pela sua implantação em 1997, que estabeleceu o Sistema Estadual de Administração da Qualidade Ambiental, Proteção, Controle e Desenvolvimento do Meio Ambiente e Uso Adequado dos Recursos Naturais – SEAQUA, do qual a SMA é o órgão central.

Em 2008, a SMA teve a sua estrutura reorganizada, conforme decreto estadual. Desde então, além de coordenar a formulação, aprovação, execução, avaliação e atualização da Política Estadual de Meio Ambiente, a secretaria também ficou responsável por analisar e acompanhar as políticas públicas setoriais que tenham impacto no meio ambiente, bem como articular e coordenar os planos e ações relacionados à área ambiental. Dessa maneira, as questões ambientais deixaram de integrar apenas a pasta de Meio Ambiente, para estarem presentes em diferentes órgãos e esferas públicas do Estado de São Paulo, que trabalham de maneira integrada com a SMA.

A secretaria também é responsável por executar as atividades relacionadas ao licenciamento e à fiscalização ambiental, além de promover ações de educação ambiental, normatização, controle, regularização, proteção, conservação e recuperação dos recursos naturais. Para isto, departamentos, coordenadorias e Fundações atuam vinculadas à SMA para exercer as atividades competentes à pasta.

Para agilizar a gestão ambiental no Estado, foram criados 10 eixos temáticos que trabalham agendas ambientais em diferentes áreas, como água, solo, resíduos sólidos, economia verde e planejamento ambiental, biodiversidade e unidades de conservação, fiscalização ambiental, cuidado animal, ar, licença ambiental. Tais eixos resultaram em 65 projetos/programas com variadas ações. A SMA trabalha integrada a outros órgãos do governo do Estado, além de firmar parcerias com prefeituras, setor privado, organizações não-governamentais e instituições de ensino e pesquisa.

A principal função do SIGAM – Sistema Integrado de Gestão Ambiental é registrar, controlar e fornecer informações (operacionais e gerenciais) sobre processos e documentos relacionados às atividades da SMA e seus órgãos vinculados.

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- Cetesb – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

Criada pelo Decreto nº 50.079/1968, a CETESB, com a denominação inicial de Centro Tecnológico de Saneamento Básico, incorporou a Superintendência de Saneamento Ambiental - SUSAM, vinculada à Secretaria da Saúde, que, por sua vez, absorvera a Comissão Intermunicipal de Controle da Poluição das Águas e do Ar - CICPAA que, desde agosto de 1960, atuava nos municípios de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Mauá.

Atualmente com a denominação de Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, a Cetesb é a agência do Governo do Estado responsável pelo controle, fiscalização, monitoramento e licenciamento de atividades geradoras de poluição, com a orientação de preservar e recuperar a qualidade das águas, do ar e do solo.

A Cetesbé um dos 16 centros de referência da Organização das Nações Unidas - ONU para questões ambientais, atuando em estreita colaboração com os 184 países que integram esse organismo internacional. É uma das 5 instituições mundiais da Organização Mundial de Saúde - OMS para questões de abastecimento de água e saneamento, além de órgão de referência e consultoria do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD, para questões ligadas a resíduos perigosos na América Latina.

Em 2009 entrou em vigor a Lei 13.542, que conferiu novas atribuições à Cetesbprincipalmente relacionadas ao processo de licenciamento ambiental no Estado, com o propósito desuperar o antigo modelo de comando e controle a partir da ótica da sustentabilidade.

Foi criada uma “porta única de entrada” para os pedidos de licenciamento ambiental, antes dispersas em quatro setores: Departamento Estadual de Proteção dos Recursos Naturais - DEPRN, Departamento de Uso do Solo Metropolitano – DUSM, Departamento de Avaliação de Impacto Ambiental - DAIA e a própria Cetesb.A unificação do licenciamento pretendeu tornar mais ágil a expedição do documento, reduzir tempo e baratear custos, atendendo reivindicação do setor produtivo e dosistema ambiental.

Além das funções fiscalizadoras e licenciadoras de atividades consideradas potencialmente poluidoras, a Cetesbcentraliza as atividades de licenciamento que impliquem no corte de vegetação e intervenções em áreas consideradas de preservação permanente e ambientalmente protegida. Essas atividades estão sendo desenvolvidas em 56 agências distribuídas pelo Estado que passaram a agregar em um único espaço as equipes da Cetesb, do DEPRN e do DUSM. Além disso, a Cetesb vem celebrando convênios com Prefeituras, ampliando o processo de descentralização do licenciamento de atividades e empreendimentos de pequeno impacto local.

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- Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo – SSRH

O Decreto Estadual nº 56.635/2011 transformou a antiga Secretaria de Saneamento e Energia em Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos (SSRH) e transferiu para a nova pasta importantes instrumentos para a gestão dos Recursos Hídricos: Plano Estadual de Recursos Hídricos - PERH, Fundo Estadual de Recursos Hídricos - FEHIDRO, Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SIGRH e seus colegiados decisórios - Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CRH) e os Comitês de Bacias Hidrográficas (CBHs).

Conforme definidos pela Lei Estadual 11.364/2003 e decretos 47.906/2003 e 51.460/2007, os campos funcionais e áreas de atuação da SSRH dizem respeito ao planejamento e a execução das políticas estaduais de recursos hídricos e de saneamento básico em todo o território do Estado de São Paulo, compreendendo as seguintes ações:elaboração de estudos e projetos e execução de serviços e de obras destinados ao aproveitamento integral de recursos hídricos; desenvolvimento, controle, regularização, proteção, conservação e recuperação dos recursos hídricos, superficiais e subterrâneos; captação, adução, tratamento e distribuição de água; coleta, afastamento, tratamento e disposição final de esgoto; coleta, transporte e disposição final de resíduos sólidos; elaborar, desenvolver e implementar planos e programas de apoio aos municípios do Estado nas áreas de sua atuação.

O artigo 62 da Lei Complementar 1.025/2007 autoriza a SSRH a atuar em conjunto com os titulares das demais pastas do governo do Estado de São Paulo, com a finalidade de integrar as políticas de saneamento básico com outras correlatas, em especial as de energia, meio ambiente, recursos hídricos, saúde pública, desenvolvimento urbano e defesa do consumidor.

A Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos apresenta a seguinte estrutura básica:

Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos

Conselho Estadual SABESP de Saneamento (CONESAN)

Conselho Estadual DAEE de Recursos Hídricos (CRH)

Comitês de Bacias Hidrográficas (CBHs) Ld

Ad Di t

Coordenadoria de Coordenadoria de Ad I di t Recursos Hídricos Saneamento (CRH) Ó ã Cl id

- Sabesp - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo

A Sabesp foi criada em 1973, a partir da fusão da COMASP - Companhia Metropolitana de Água, empresa de economia mista responsável pela captação, tratamento e adução de água potável para os

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municípios da Grande São Paulo, da SAEC – Superintendência de Água e Esgotos da Capital e da SANESP - Companhia Metropolitana de Saneamento, responsável pelo sistema de esgoto da Grande São Paulo.

A Sabesp -Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo é uma empresa estadual de economia mista, vinculada à Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos, responsável por planejar, executar e operar serviços de saneamento básico em todo o território do Estado de São Paulo, compreendendo a captação, tratamento e distribuição de água e a coleta, afastamento, tratamento e disposição final de esgotos.Atualmente, a Sabesp é a empresa responsável pelo fornecimento de água, coleta e tratamento de esgotos de 363 municípios do Estado de São Paulo.

Além dos serviços de saneamento básico no Estado de São Paulo, a Sabesp está habilitada a exercer atividades em outros Estados e países e atuar nos mercados de drenagem, serviços de limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos e energia.

Nos municípios onde a Sabesp não atua, os serviços de saneamento básico são operados pelas seguintes entidades:

• Diadema: SANED – Companhia de Saneamento de Diadema (empresa de economia mista);

• Guarulhos: SAAE – Serviço Autônomo de Água e Esgoto (autarquia municipal);

• Mauá: Sama – Saneamento Básico do Município de Mauá (autarquia municipal);

• Mogi das Cruzes: Semae – Serviço Municipal de Águas e Esgotos (autarquia municipal);

• Santa Isabel: DAE – Departamento de Água e Esgoto (administração municipal);

• São Caetano do Sul: DAE – Departamento de Água e Esgoto (autarquia municipal);

• Santo André: Semasa – Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André (autarquia municipal).

- Departamento de Águas e Energia Elétrica- DAEE

O Departamento de Águas e Energia Elétrica – DAEE é uma autarquia estadual criada pela Lei n° 1.350/1951, com o objetivo de promover o desenvolvimento regional mediante o aproveitamento múltiplo dos recursos hídricos no Estado de São Paulo. O arranjo organizacional inicial passou por uma primeira modificação em 1970 (Decreto 52.543), com a introdução do Centro Tecnológico de Hidráulica - CTH em sua estrutura organizacional para o desenvolvimento de trabalhos relacionados com a engenharia hidráulica.Em 1986, o DAEE foi novamente reorganizado, através do Decreto 26.479, descentralizandosuas atividades pelas principais bacias hidrográficas do Estado.

O DAEE, enquanto órgão gestor dos recursos hídricos do Estado de São Paulo, executa a Política de Recursos Hídricos do Estado e coordena o Sistema Integrado de Gestão de Recursos Hídricos, nos termos da Lei 7.663/1991, adotando as bacias hidrográficas como unidade físico - territorial de planejamento e gerenciamento. Além destas atribuições, o DAEE é responsável pela outorga da utilização de recursos hídricos na prestação de serviços públicos de saneamento básico, inclusive para disposição ou diluição de esgotos e outros resíduos líquidos e deve basear a concessão da outorga às metas progressivas de qualidade de água.

No município de São Paulo se localizam, além da sede central do DAEE, suasDiretorias de Apoio - Diretoria de Engenharia e Obras, Diretoria de Recursos Hídricos, Centro Tecnológico de Hidráulica, Diretoria de Administração e Sistema e Diretoria Financeira, bem como outras unidades de apoio, à disposição do usuário.

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O DAEE conta também com oito Diretorias Regionais, descentralizadas, chamadas Diretorias de Bacias do DAEE, que têm em seu organograma funcional unidades técnicas que desenvolvem várias atividades relativas aos recursos hídricos, resumidas a seguir:

• Centro de Gerenciamento de Recursos Hídricos - Outorga, fiscalização; planejamento; cadastramento; atuação, participação e suporte técnico-administrativo aos Comitês de Bacias Hidrográficas e suas Câmaras Técnicas; atendimento aos usuários de recursos hídricos.

• Centro Técnico - Assessoria técnica; elaboração de estudos e projetos; acompanhamento e fiscalização de obras; análise e acompanhamento dos projetos do FEHIDRO; coordenação de convênios com prefeituras.

• Unidades de Serviços e Obras - coordenação dos serviços de máquinas do DAEE, no campo dos recursos hídricos, realizados em parceria com as prefeituras.

- Conselho e Fundo Estadual de Saneamento

A Lei Complementar nº 1.025/2007 criou o Conselho Estadual de Saneamento (CONESAN), enquanto órgão consultivo e deliberativo, e o Fundo Estadual de Saneamento (FESAN), com o objetivo de coletar e administrar recursos para custear os programas aprovados pelo Estado, promover o desenvolvimento tecnológico, gerencial, institucional, de recursos humanos, do sistema de informações em saneamento e dos demais programas caracterizados como apoio, tudo a ser regulamentado por decreto.

- Agência Reguladora de Saneamento e Energia

Devido à forte presença do Estado na companhia prestadora dos serviços de saneamento (Sabesp) e a existência de serviços prestados diretamente por municípios, foi criada a Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo – ARSESP, entidade autárquica, pela Lei Complementar 1.025/2007 e regulamentada pelo Decreto 52.455/2007, para regular, controlar e fiscalizar, no âmbito do Estado, os serviços de gás canalizado e, preservadas as competências e prerrogativas municipais, de saneamento básico de titularidade estadual.

A sua criação está inserida no contexto de modernização da política estadual para o setor, bem como na sua adequação às leis federais 11.107/2005 e 11.445/2007, que estabelecem, respectivamente, as normas gerais de contratação de consórcios públicos e as diretrizes nacionais para o saneamento básico.

As principais atribuições da ARSESP na área de saneamento são: regular e fiscalizar os serviços de saneamento de titularidade estadual, assim como aqueles, de titularidade municipal, que venham a ser delegados à ARSESP pelos municípios paulistas que manifestarem tal interesse.

A nova legislação federal trouxe mudanças significativas na relação entre os entes federados para a prestação de serviços de saneamento. Foi estabelecida uma nova regulamentação para o trabalho conjunto de dois ou mais entes públicos, denominado na Constituição Federal como “gestão associada”. Para o caso da prestação conjunta de serviços públicos, criou-se uma nova figura jurídica para oficializar esta parceria, os chamados “contratos de programa”.

Nesta mesma lei foi expressamente vedado que estes contratos possam atribuir competências de regulação dos serviços aos responsáveis diretos por sua prestação. Ao contrário do que acontece com grande parte dos contratos de concessão vigentes, firmados na década de 70, que delegam à companhia estadual todas as funções relativas aos serviços, entre elas, a de planejamento e de regulação técnica e tarifária.

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Estas novas diretrizes, no entanto, exigem uma dinâmica diferente para a prestação dos serviços de saneamento básico em São Paulo, especialmente no caso dos serviços prestados pela Sabesp, concessionária estadual. Deste modo, não cabe mais ao prestador esta diversidade de funções, as quais deverão ser desempenhadas, de forma segregada, por atores distintos, estaduais ou municipais.

De acordo com a nova Lei, a regulação e a fiscalização deverão ser executadas por entidade independente, com autonomia administrativa, financeira e decisória, e com forte capacitação técnica para esta finalidade. A criação da ARSESP vem atender a esta necessidade,para a função de regulação e fiscalização dos serviços de saneamento de titularidade estadual, assim como aqueles de titularidade municipal, que venham a ser a ela delegados pelos municípios paulistas que manifestarem este interesse.

2.2.3.1.1. LEGISLAÇÃO VIGENTE

- Lei Federal 11.455 de 5 de janeiro de 2007

Em 2007, houve o novo marco legal do saneamento com a promulgação da Lei do Saneamento - Lei Federal 11.455/2007, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico. Essa lei define os princípios, conceitos e a titularidade do serviço em relação a sua implantação, regulação, participação e controle social, já previstasna Lei Estadual de Saneamento 7.750/1992. A inovação deste novo marco se deu no sentido de garantir a independência de quem presta o serviço e de quem planeja, fiscaliza e controla a prestação desse serviço.

Pelo art. 44 da Lei Federal 11.445/07, Lei Federal 9.433/97 e Resolução CONAMA 357/05, é necessária a definição de metas para a qualidade dos efluentes de unidade de tratamento de esgotos sanitários. As Resoluções do CONAMA 357/07 e 237/97 vinculam e licenciam a implantação do saneamento com metas progressivas.

A Lei Federal 11.445/2007 estabelece que os titulares dos serviços públicos de saneamento básico poderão delegar a organização, a regulação, a fiscalização e a prestação desses serviços. A prestação regionalizada de serviços públicos de saneamento básico e as atividades de regulação e fiscalização podem ser exercidaspor órgão ou entidade de ente da Federação a que o titular tenha delegado o exercício dessas competências por meio de convênio de cooperação entre entes da Federação e por consórcio público de direito público integrado pelos titulares dos serviços.A prestação regionalizada de serviços públicos de saneamento básico pode ser realizada porórgão, autarquia, fundação de direito público, consórcio público, empresa pública ou sociedade de economia mista estadual, do Distrito Federal, ou municipal.

Ainda que a Lei Federal 11.445/2007 exija a garantia de acesso a informação atualmente não existe informação disponível sobre parâmetros mínimos de qualidade de água que devem ser monitorados pelas prestadoras de serviço e agentes fiscalizadores, bem como informações sobre a rede de coleta e tratamento de esgoto e seus custos.O art. 19 da Lei prevê o Plano de Saneamento, que deve ser revisto no máximo a cada 4 anos e deve conter conteúdo mínimo:

• Diagnóstico da situação e de seus impactos nas condições de vida, utilizando sistema de indicadores sanitários, epidemiológicos, ambientais e socioeconômicos e apontando as causas das deficiências detectadas;

• Objetivos e metas de curto, médio e longo prazos para a universalização, admitidas soluções graduais e progressivas, observando a compatibilidade com os demais planos setoriais;

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• Programas, projetos e ações necessárias para atingir os objetivos e as metas, de modo compatível com os respectivos planos plurianuais e com outros planos governamentais correlatos, identificando possíveis fontes de financiamento;

• Ações para emergências e contingências;

• Mecanismos e procedimentos para a avaliação sistemática da eficiência e eficácia das ações programadas.

- Legislação de Proteção aos Mananciais

A aprovação dasleis estaduais 898/1975 e 1.172/1976, para a proteção e recuperação de mananciais da RMSP, não conseguiu conter o rápido e intenso crescimento populacional da região. Com o agravamento dessa situação, foi aprovada aLei Estadual nº 9.866/1997, com o objetivo não só de proteger, mas de recuperar a qualidade ambiental dos mananciais para abastecimento público. Essa Lei prevê tarifas, fundos e outros incentivos, para garantir o retorno necessário para a prestação do serviço e também que a população de baixa renda tenha acesso ao saneamento.

- Legislação de Resíduos Sólidos

A Política Nacional de Saneamento Básico, instituída pela Lei Federal 11.445/2007, considera saneamento básico um conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais relacionadas aos sistemas de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas. Assim, a gestão de resíduos sólidos é parte integrante dos planos de saneamento. No entanto, devido às suas especificidades, este tema mereceu uma legislação específica, sobre a qual trataremos a seguir.

A Lei nº 11.107/2005, que dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios públicos, permitiu a articulação de todos os entes federados, Estados, Distrito Federal, municípios e a União. Essa lei possibilitou, sobretudo aos municípios, a união de seus muitas vezes parcos recursos para o enfrentamento de problemas complexos, ao mesmo tempo que abriu possibilidades de articulações administrativas e políticas entre os entes federados. Esta possibilidade é vital num setor como o de gestão de resíduos sólidos, onde soluções regionalizadas, compartilhadas e integradas entre vários municípios são essenciais.

A Política Estadual de Resíduos Sólidos (PERS), instituída pela Lei Estadual no 12.300/2006 e regulamentada pelo Decreto Estadual 54.645/2009,tem como foco estratégico que a gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) seja integrada e compartilhada; para tal, poderá ser realizada mediante a cooperação intermunicipal, buscando soluções consorciadas e conjuntas dos municípios acerca dos problemas comuns. Assim, busca-se um formato de gestão institucional regional que respeite a responsabilidade sobre o gerenciamento e manejo de resíduos urbanos pelos municípios, mas que encontre um novo marco de regulação integrado e regionalizado, com a cooperação do Estado e a participação de organismos da sociedade civil. Este novo marco institucional e de regulação pressupõe a regulação pública sobre a gestão dos resíduos urbanos e a possibilidade de concessão de serviços à iniciativa privada, mas de forma a garantir a condução para a sustentabilidade ambiental, econômica e social no manejo e gestão de resíduos.

- Política Nacional de Resíduos Sólidos

Em 1988, com a promulgação da nova constituição federal, o município passou a ser um ente federativo autônomo, dotado de competências próprias, independência administrativa, legislativa e

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financeira e, sobretudo, com a prerrogativa de legislar sobre assuntos de interesse local, de forma a suplementar as legislações estaduais e federais. Cabem ainda ao município a organização e a prestação de serviços públicos de interesse local de caráter essencial, portanto, o município é o detentor da titularidade dos serviços de limpeza urbana e gestão e manejo dos resíduos sólidos.

O ano de 2010 foi importante para a gestão de resíduos sólidos, pois após 21 anos de tramitação no Congresso Nacional, foi sancionada a Lei 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, regulamentada pelo Decreto nº 7.404/2010. Embora já existissem normas para o setor, como resoluções do CONAMA e, no caso de São Paulo, a PERS, ainda não havia uma política nacional instituída.

A aprovação da PNRS marcou o início da articulação institucional entre os três entes federados – União, Estados e Municípios, o setor privado e a sociedade civil na busca de soluções para o setor.A PNRS resultou de uma ampla discussão com os órgãos de governo, instituições privadas, organizações não governamentais (ONGs) e sociedade civil, possibilitando-se que a política reunisse princípios, objetivos, instrumentos e diretrizes para a gestão dos resíduos sólidos de forma ampla, não atendendo somente a alguns setores envolvidos no processo de transformação, uso ou até recepção de resíduos.

A aprovação da PNRS trouxe um marco regulatório completo para o setor de resíduos sólidos, trazendo como inovação a distinção entre resíduo (o que pode ser reaproveitado ou reciclado) e rejeito (o que não é possível de reaproveitamento). Além disso, a lei aborda todo tipo de resíduo, seja ele doméstico, industrial, da construção civil, eletroeletrônico, lâmpadas de vapores mercuriais, agrossilvopastoril, da área de Saúde e perigosos.

Uma das principais metas estipuladas pela nova política é permitir a disposição final em aterros apenas dos rejeitos, isto é, os resíduos sem possibilidade de reutilização ou reciclagem, a partir de 2014. Entretanto, devido às enormes dificuldades para atingir esta meta, sobretudo nos estados mais pobres da federação, o governo federal trabalha com a meta de erradicação dos lixões em todo o território nacional até o ano de 2014, que deve constar nos planos estaduais. Isso significa substituir os depósitos a céu aberto por aterros sanitários com sistemas adequados de manejo. As vantagens ambientais e para a saúde são enormes: o depósito de lixo em terrenos não preparados causa poluição do solo, contamina os lençóis freáticos e propicia a proliferação de vetores de transmissão de doenças.

A PNRS tem como objetivos principais a proteção da saúde pública e da qualidade ambiental; a não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos; o estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços; a adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como forma de minimizar impactos ambientais; a redução do volume e da periculosidade dos resíduos perigosos; o incentivo à indústria da reciclagem, tendo em vista fomentar o uso de matérias-primas e insumos derivados de materiais recicláveis e reciclados; a gestão integrada de resíduos sólidos; a articulação entre as diferentes esferas do poder público e destas com o setor empresarial, com vistas à cooperação técnica e financeira para a gestão integrada de resíduos sólidos; a capacitação técnica continuada na área de resíduos sólidos; a regularidade, continuidade, funcionalidade e universalização da prestação dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, com adoção de mecanismos gerenciais e econômicos que assegurem a recuperação dos custos dos serviços prestados, como forma de garantir sua sustentabilidade operacional e financeira; a prioridade, nas aquisições e contratações governamentais, paraprodutos reciclados e recicláveis e bens, serviços e obras que considerem critérios compatíveis com padrões de consumo social e ambientalmente sustentáveis.

A PNRS tem como objetivo central agir na raiz do problema, ou seja, reduzir a produção e o consumo intensivos característicos do estilo de vida contemporâneo. Neste sentido, incorpora conceitos modernos de gestão de resíduos sólidos e traz novas ferramentas à legislação ambiental brasileira, dentre as quais se destacam, conforme demonstrado no Quadro a seguir:

102 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Quadro 1 - Ferramentas da Lei 12.305 de 02 de agosto de 2010 (PNRS)

Temas Conceito

Ato de natureza contratual firmado entre o poder público e fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, tendo em vista a implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto.

Responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos: conjunto de Acordo Setorial atribuições dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos pela minimização do volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como pela redução dos impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei.

Instrumento de desenvolvimento econômico e social, caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final Logística Reversa ambientalmente adequada;

Coleta seletiva: - coleta de resíduos sólidos previamente segregados conforme sua constituição ou composição;

Série de etapas que envolvem o desenvolvimento do produto, a obtenção de Ciclo de Vida do matérias-primas e insumos, o processo produtivo, o consumo e a disposição Produto final;

Tem como objetivo armazenar, tratar e fornecer informações que apoiem as funções ou processos de uma organização. Essencialmente é composto de dois Sistema de subsistemas, um formado por pessoas, processos, informações e documentos, e Informações sobre a Gestão dos outro composto por equipamentos e seus meios de comunicação; Resíduos Sólidos - Catadores de materiais recicláveis: diversos artigos abordam o tema, com o SINIR incentivo a mecanismos que fortaleçam a atuação de associações ou cooperativas, o que é fundamental na gestão dos resíduos sólidos. Fonte: Lei 12.305/2012.

2.2.3.2. INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO

- Plano Diretor de Abastecimento de Água da RMSP- PDAA

Em 2002, a Sabesp, contratou a Revisão e Atualização do Plano de Abastecimento de Água da Região Metropolitana de São Paulo – PDAA, elaborado pelo consórcio PDA 2025, Encibra-Hidroconsult. Este estudo teve como objetivo propor alternativas para o atendimento das demandas de água na RMSP, até 2025. Neste estudo o que se evidenciou como sendo a questão mais relevante e de maior impacto para o abastecimento da metrópole era as condições de renovação da outorga de uso das águas do Sistema Produtor Cantareira por parte da Sabesp, que venceria em agosto de 2004. Assim, em 2004, o Departamento de Água e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE) publicou a portaria de nº 1.213, onde estão definidas as novas condições de utilização compartilhada dos recursos hídricos do Sistema Cantareira.

103 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Este Plano Diretor – PDAA foi desenvolvido dentro do conceito de visão global do sistema de abastecimento de água, ou seja, cada alternativa de aumento de água tratada para a Região Metropolitana foi constituída por manancial, tratamento e adução, caracterizada por seus custos de investimentos, operação e manutenção, considerando sua capacidade de incremento de produção e transporte de água potável.

O PDAApreviu, à época, um conjunto de intervenções nos mananciais, captação e tratamento, sistema adutor e reservação, tanto para o Sistema Integrado quanto para os Sistemas Isolados da RMSP, totalizando investimentos de R$ 3,3 bilhões até 2025, sendo R$3,1 bilhões para o Sistema Integrado e R$ 200 milhõespara os Sistemas Isolados.

Atualmente a Sabesp está procedendo à licitação para a revisão e atualização do Plano Diretor de Água da RMSP, prevendo para agosto de 2015 a sua conclusão.

- Plano Diretor de Esgotos da RMSP- PDE 2010

Em 2006, a Sabesp contratou a revisão e atualização do Plano Diretor de Esgotos para a RMSP (PDE- 2010). Este estudo não teve como objetivo a rediscussão da concepção dos elementos do Sistema Principal, estruturado conforme orientado pelo COPLADES em 1988 e validado pelo Plano Diretor de Esgotos (PDE- 2000); mas sim a consolidação do sistema existente, mediante sua ampliação, definindo prioridades de ações a serem implantadas e estimando os custos para a universalização dos serviços, com horizonte de planejamento até 2030.

Este estudo considerou dois cenários de universalização dos serviços: cenário 1- universalização em 2018; e Cenário 2 - universalização em 2023.

Ambos os cenários consideram a necessidade de investimentos contínuos nos sistemas, para atender o crescimento vegetativo que ocorrerá entre a universalização e o horizonte final do Plano, que é 2030.

O conceito de universalização, definido pela Sabesp, adota como valores: atender com rede coletora, no mínimo, 90% dos domicílios de cada município e tratar 100% das vazões coletadas.

Para tanto, o Plano enfatiza a necessidade de adoção de ações integradas que otimizem a operação e manutenção dos ativos existentes, incluindo efetivação de ligações que aumentem a vazão encaminhada às Estações de Tratamento de Esgotos (ETE).

Outro condicionante importante considerado, para que as metas sejam atingidas, é a implantação de Programas Estruturantes, definidos pela Sabesp até 2015. Neste sentido, a Sabesp já contava com recursos ou com seu equacionamento financeiro encaminhado para uma série de programas. Dentre eles destacam- se: Projeto Tietê– 3ª Etapa, Programa Billings; Programa Mananciais e Programa Córrego Limpo.

- Projeto Tietê

O Projeto Tietê foi concebido em 1992, em decorrência de um movimento da sociedade a favor da despoluição do Rio Tietê. Seu objetivo é coletar e tratar os esgotos de cerca de 18 milhões de pessoas da Região Metropolitana de São Paulo, melhorando as condições ambientais e de saúde pública. O projeto consiste, basicamente, de um conjunto de obras destinadas a ampliar a capacidade de coleta, interceptação e tratamento dos esgotos desta Região. A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) ficou responsável pela coordenação e execução das principais obras deste projeto.

104 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

1ª Etapa do Projeto Tietê

A primeira fase do Projeto Tietê foi executada entre 1992 e 1998, totalizando investimentos da ordem de US$ 1,1 bilhão, aplicados principalmente na construção de três grandes estações de tratamento de esgotos: São Miguel, ABC e Parque Novo Mundo. Além disso, a Sabesp ampliou a capacidade de tratamento da Estação de Barueri de 7mil para 9,5 mil litros de esgotos tratados por segundo e implantou 1500 quilômetros de redes coletoras, 315 quilômetros de coletorestronco, 37 quilômetros de interceptores e mais 250 mil ligações domiciliares.

Como resultado desses investimentos os índices de coleta passaram de 63% em 1992 para 80% em 1998, e o tratamento, no mesmo período, saltou de 20% para 62%. A ampliação do serviço de coleta de esgotos atendeu a 250 mil famílias, com benefícios diretos para cerca de um milhão de pessoas na RMSP. Os benefícios do projeto também foram notados no interior do Estado, a partir do recuo de 120 quilômetros da mancha de poluição no curso médio do Rio Tietê e do retorno da pesca nestas regiões, indicando a importância das obras de saneamento ao desenvolvimento econômico e social.

Em janeirode 2000, a Sabesp colocou em operação o Emissário Pinheiros-Leopoldina, uma tubulação com quase três metros de diâmetro e 7,5 km de extensão que receberá os esgotos de quase toda a bacia do Rio Pinheiros para serem tratados na Estação de Barueri.

2ª Etapa do Projeto Tietê

A segunda etapa do Projeto, com investimentos de cerca de US$ 500 milhões, foi executada no período de 2002 a 2008 e compreendeu a construção de 198 km de interceptores e coletores tronco, 1400 km de redes coletoras, 290mil ligações domiciliares.

Essas obras possibilitarama estruturação do sistema de interceptação da Bacia do Rio Pinheiros, permitindo, inclusive, que os esgotos coletados e revertidos das bacias Guarapiranga e Billings fossem encaminhados para tratamento na ETE Barueri.

Na segunda etapa, foram investidos US$ 500 milhões, sendo US$ 300 milhões financiados pelo BID e US$ 200 milhões com recursos da Sabesp.

Com a conclusão dos empreendimentos dessa etapa tornou-se possível coletar e tratar o esgoto de cerca de 3,5 milhões de pessoas da Região Metropolitana de São Paulo. Com isso, os índices de coleta passaram de 80% para 84% e os índices de tratamento aumentaram de 62% para 70%do esgoto coletado na Região Metropolitana de São Paulo.

Assim, em 2008, quando foram concluídas a primeira e a segunda etapa, passou a ser enviado para tratamento o esgoto de 8,5 milhões de pessoas – o equivalente à população de Londres.

3ª Etapa do Projeto Tietê

A 3ª Etapa do Projeto, prevista para o período de 2009 a 2016, teve seu início em outubro de 2009, através do anúncio do empréstimo de US$ 600 milhões do BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento - para que a Sabesp - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - dê continuidade às obras do Projeto Tietê. A Sabesp entrará com US$ 200 milhões de contrapartida ao financiamento doBID. Ao todo, nesta etapa, será investido no projeto US$ 1,05 bilhão e os investimentos previstos para esta etapa são de cerca de US$ 2 bilhões com financiamentos concedidos pelo BID, pela CEF, pelo BNDES além de recursos próprios.

105 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Os investimentos previstos serão aplicados na construção de 580 km de coletores tronco e interceptores, na implantação de 1.250 km de redes coletoras e na efetivação de 200 mil ligações domiciliares. Serão também investidos recursos nas estações de tratamento de esgotos (ETEs) do sistema principal, que terão suas capacidades de tratamento ampliadas, num total de 10,5 m³/s,correspondendo a um aumento de quase 66% da capacidade atual de tratamento.

No período de 2009 a 2016, o Projeto Tietê prevê ampliar os índices de coleta de esgoto da Região Metropolitana de São Paulo de 84% para 87%, e os de tratamento desse esgoto coletado, dos atuais 70% para 84%.

Com a 3ª Etapa, o aumento da coleta de esgoto beneficiará diretamente mais 1,5 milhão de pessoas na Região Metropolitana, enquanto a ampliação do tratamento beneficiará diretamente mais 3 milhões de habitantes, contribuindo para a melhora da qualidade de vida dos habitantes da Grande São Paulo.

Todavia, para que haja diminuição na poluição do Rio Tietê, serão necessários investimentos contínuos e ininterruptos na expansão dos serviços de coleta e tratamento de esgotos, sempre com o objetivo de complementar o sistema de esgotamento sanitário, acompanhar o crescimento populacional e melhorar as condições ambientais e sanitárias da região.

Para tanto, a Sabesp já está estruturando a 4ª Etapa do Projeto Tietê, visando à universalização dos serviços de coleta e de tratamento de esgotos na sua área de concessão na RMSP. São previstos investimentos de cerca de US$ 2 bilhões nessa etapa.

- Programa de Saneamento Ambiental dos Mananciais do Alto Tietê - Programa Mananciais12

Nas áreas de mananciais da RMSP, residem precariamente cerca de 2,4 milhões de habitantes, com efeitos negativos sobre a saúde dessa população e a qualidade dessas águas. No período 1995-2000, o Governo do Estado desenvolveu o Programa Guarapiranga com a finalidade de recuperar o controle sobre a qualidade das águas dessa represa, que incluiu: urbanização de favelas, construção de conjuntos habitacionais, implantação de sistemas de esgotos e infra-estrutura urbana em diversos bairros. O dinamismo da Metrópole determinam a necessidade de um conjunto contínuo de medidas para a preservação das represas.

O Programa Guarapiranga foi sucedido pelo Programa Mananciais,como objetivo de dar continuidade à recuperação e proteção das represas, rios e córregos utilizados para o abastecimento de água da RMSP e melhorar a qualidade de vida da população residente em áreas de mananciais. Participam deste Programapelo Governo do Estado: Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos, Secretaria do Meio Ambiente, Sabesp e CDHU, e, as Prefeituras de São Paulo, de São Bernardo do Campo e de Guarulhos. A ênfase se dá em ações integradas que reduzam impactos de poluição e promovam a inclusão social, melhorando a relação hoje difícil entre a ocupação urbana e a manutenção dos mananciais para o objetivo do abastecimento público em grau compatível com as necessidades da região e da própria sustentabilidade econômica e ambiental da RMSP. O Programa Mananciais, com prazo de execução de 2008 a 2015, foi concebido para atender as seguintes metas:

• 43 favelas e loteamentos precários urbanizados nas bacias Guarapiranga e Billings, com obras de: drenagem; sistemas de água e de esgotos; contenção de encostas; canalização de córregos; sistema viário; remoções de áreas de risco ou de preservação ambiental; criação de parques e áreas de lazer.

12Fonte:“Programa Mananciais-Síntese”. Disponível em: http://www.saneamento.sp.gov.br/crbst_27.html.

106 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

• 50.000 famílias beneficiadas com obras de urbanização.

• 6.300 novas unidades habitacionais.

• Implantação de 62 ha de parques na orla da represa Guarapiranga.

• Implantação de sistemas de esgotos sanitários em Itapecerica da Serra, Cotia, Embu-Guaçu, São Bernardo do Campo, Bragança Paulista, Mairiporã, Suzano e São Paulo (Grajaú).

• Implantação da adutora Grajaú - Parelheiros.

- Programa Córrego Limpo

O Programa Córrego Limpo teve seu início em 2007 econstitui uma parceria do Governo do Estado de São Paulo e a Prefeitura do Município de São Paulo com o objetivo de reverter a degradação de alguns córregos afluentes dos grandes rios metropolitanos. São áreas estratégicas, cuja contaminação afeta outros cursos d'água, além da bacia hidrográfica como um todo. A sujeira acumulada compromete diretamente a saúde da população e ainda causa inundações na época das chuvas.

O Programa prevê o aprimoramento dos sistemas de esgotamento sanitário da bacia dos córregos. Para isso, a Sabesp irá executar obras para ampliar as redes existentes, eliminar os lançamentos clandestinos de esgotos nos córregos e galerias de águas pluviais e também melhorar os sistemas de envio de esgoto às estações de tratamento. Quando necessário, haverá a expansão das redes da Sabesp, aumentando o volume de esgotos coletados e tratados.

A Sabesp é responsável pela execução das obras de prolongamento de redes, coletores e interceptores, aumentar o número de ligações domiciliares de esgotos e realizar o monitoramento e a manutenção das ligações já existentes.

A Prefeitura deve criar condições para que a Sabesp execute os serviços de despoluição dos córregos, fazendo a manutenção das margens e dos leitos dos córregos, como limpeza mecânica e manual, contenção e manutenção nas margens e a verificação de eventuais interferências com a rede de microdrenagem (bocas-de-lobo e galerias). Deve ainda viabilizar a remoção de imóveis nos fundos de vale que impeçam a passagem da infraestrutura de esgotamento sanitário. Neste trabalho conjunto, as Subprefeituras também devem fiscalizar as ligações de esgotos, notificando e multando os imóveis que, de acordo com o resultado de inspeção feita pela Sabesp, não estiverem ligados à rede coletora, intimando o responsável a regularizar sua ligação.

Além do trabalho da Prefeitura e do Governo do Estado, a participação da comunidade é primordial para o sucesso do programa. Nesse sentido, o programa prevê ainda um Projeto de Educação Ambiental junto às comunidades das bacias dos córregos e a transformação das áreas lindeiras dos córregos, quando possível, em parques lineares, criando uma opção de lazer para a população que mora próximo destes córregos.

Até 2013 já foram realizados trabalhos em 152 córregos, dos quais 140 já foram concluídos, em uma área total de bacias igual a 175 km2, beneficiando 1,8 milhão de pessoas. A vazão total removida dos córregos atingiu 1,3 m3/s. Para isso foram investidos cerca de R$ 100 milhões pela Sabesp e R$ 340 milhões pela PMSP. Estes recursos são provenientes dos Programas Mananciais (GESP) e de Urbanização de Favelas (PMSP), sendo este último com financiamento do Fundo Municipal de Saneamento Ambiental e Infraestrutura (FMSAI).

Em 2013 o Programa Córrego Limpo agregou mais córregos para serem despoluídos até 2014, entre os quais o Ipiranga, o Mandaqui, o Tiquatira, o Traição, o Verde (Estádio da Copa) e o Pirituba, entre outros.

107 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

- Programa Se Liga na Rede

O Programa tem como objetivos:

• incentivar as famílias de baixa renda (até três salários mínimos, ser o morador/responsável pelo imóvel e assinar termo de adesão);

• enviar diariamente para o devido tratamento cerca de 10 toneladas de matéria orgânica ao final do programa;

• atender imóveis que já tenham a rede coletora instalada na rua.

Quando não existe a ligação domiciliar, o esgoto doméstico acaba sendo lançado in natura nos corpos d’água. A população, ao ligar seus imóveis à rede de esgoto, aumenta a eficiência dos programas de saneamento e ajuda a despoluir rios e córregos.O custo médio da ligação é de R$ 1.820,00, o que se torna um impeditivo para quem tem baixo poder aquisitivo. O Programa prevê executar 192 mil novas conexões em todo Estado, beneficiando cerca de 800 mil pessoas e 76,8 mil novas conexões na RMSP.

Metas anuais de ligação para RMSP

Ano Região 1 2 3 4 5 6 7 8

RMSP 8.292 8.573 9.358 9.964 11.331 11.299 11.583 6.448

Recursos:R$ 349,5 milhões ao longo de oito anos:80 % custeados pelo Governo do Estado e 20% restantes pela Sabesp.

- Programa de Recuperação das Várzeas da Bacia do Alto Tietê: Projeto Parque das Várzeas do Rio Tietê

O programa propõe tratar o problema das inundações no Rio Tietê de forma integrada, executando ações que garantam a utilização das obras já implantadas, em seu trecho de jusante, evitando ou minimizando gastos futuros. Consiste na melhoria de infraestrutura urbana, com objetivo de recuperar e preservar as várzeas para o amortecimeto natural de cheias, promovendo a sua ocupação com edificações compatíveis com as áreas recuperadas. O Projeto Parque Várzeas do Tietê faz parte do Programa de Recuperação das Várzeas da Bacia do Alto Tietê.

O Parque Várzeas do Tietê teve origem na assinatura de um protocolo de intenções, em 2009, firmado entre o Governador do Estado e os prefeitos dos municípios de São Paulo, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Poá, Suzano, Mogi das Cruzes, Biritiba Mirim e Salesópolis.

Com 75 km de extensão e 107 km2 de área, quando totalmente implantado, o Parque Várzeas do Tietê será o maior parque linear do mundo. O projeto apresentado pelo DAEE em 2010, teve início em 2011. O Parque Várzeas será implantado ao longo do rio Tietê e unirá o Parque Ecológico do Tietê (localizado na Penha) e o Parque Nascentes do Tietê (localizado no município de Salesópolis), conforme mostra a figura a seguir, beneficiando diretamente os oito municípios da Bacia do Alto Tietê acima referidos.

108 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Localização do Parque Várzeas do Tietê

Fonte: www.parquevarzeadotiete.com.br

O projeto do Parque inclui a recuperação de 3,8 milhões de m² de matas ciliares - área equivalente à ocupada por 380 campos de futebol - que servirão como proteção ao Rio, evitando-se assoreamento e a destruição de suas margens.Nele, serão construídos 33 núcleos distintos, os quais contarão com equipamentos de esporte, cultura e lazer, com 230 km de ciclovia, 77 campos de futebol e 129 quadras poliesportivas. Além da estrutura para esporte e lazer, esses núcleos também oferecerão atividades ligadas à educação ambiental.

O investimento previsto é de R$ 1,70 bilhão,para um prazo de 11 anos, entre 2009 e 2020. Além de gerar empregos diretos e indiretos, beneficiará diretamente 3 milhões de pessoas da Zona Leste da capital e, indiretamente toda a população da Região Metropolitana de São Paulo, levandotambém mais qualidade de vida à população.

O Parque será implantado em três etapas.

Na primeira etapa, de 2011 a 2016, o investimento previsto é de US$ 200 milhões, sendo 42% do Estado de São Paulo e 58% financiados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).As obras dessa primeira etapa serão realizadas em 25 km de extensão, às margens do Rio Tietê, da barragem da Penha até a divisa com Itaquaquecetuba.

A segunda etapa, com 11,3 km de extensão, e com previsão de término em 2018, abrange a várzea do Rio Tietê nas cidades de Itaquaquecetuba, Poá e Suzano.

A terceira etapa, de 38,7 km de extensão, abrange de Suzano até a nascente do Tietê, no município de Salesópolis, e deverá ser concluída até 2020. Nessa fase estão incluídos os municípios de Mogi das Cruzes e Biritiba Mirim.

Serão criadas unidades de conservação e desenvolvidas ações educativas voltadas à importância da recuperação e preservação da função das várzeas do Rio eda redução dos riscos de enchente na Região Metropolitana de São Paulo.

Além desses projetos, constitui importante instrumento para a gestão do saneamento ambiental, na RMSP, os Planos Diretores Municipais de Saneamento dos municípios com administração municipal dos serviços de saneamento.

- PlanosMunicipais de Saneamento:

Diadema

109 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

O Plano Municipal de Saneamento foi elaborado em agosto de 2012, definindo metas a serem atingidas nos próximos 30 anos para o sistema de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana,manejo de resíduos sólidos, drenagem urbana e manejo de águas pluviais.

Atualmente a cobertura de atendimento do sistema de abastecimento de água é de 100% e as metas para redução de perdas são de 37% no ano de 2020 e 25% para 2025.

A cobertura dos serviços de esgotamento sanitário é de 95% para a coleta de esgotos e 13% para o tratamento. As metas de universalização para a coleta e tratamento do esgotamento sanitário são de 100% para o ano de 2018.

Referente ao serviço de drenagem urbana e manejo de águas pluviais o município de Diadema está contemplado pelo Plano Diretor de Macrodrenagem da Bacia do Alto Tietê, desenvolvido em 1998, com um horizonte de 20anos. Entretanto, está sendo programado pelo município um Plano Diretor de Drenagem que contemple a concepção de soluções para áreas do município, prevendo medidas de controle na fonte e parques lineares com um horizonte de 20 anos.

Em relação à Limpeza Urbana e Manejo de Resíduos Sólidos, as metas a serem perseguidas no presente Plano são aquelas estabelecidas no PLANSAB, isto é: 100% de coleta domiciliar em 2020, sendo 37% de coleta seletiva em 2020 e 50% em 2030.

Guarulhos

O Plano elaborado em 2011 definiu metas até 2042, para os sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário, limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos, drenagem urbana e manejo de águas pluviais.

Atualmente o sistema de abastecimento de água atende 100% da população e as metas para redução de perdas são de 35% no período de 2013 a 2023 e 25% para 2023/2035.

O sistema de esgotamento sanitário coleta cerca de 75% dos esgotos gerados. As metas de universalização para a coleta e tratamento do esgotamento sanitário são de 100% para o ano de 2036.

O Plano estabelece como metas para os resíduos sólidos domésticos úmidos, redução em mais 40% na geração até 2014 e, como meta de longo prazo (2020), reduzir em 80% a massa de resíduos úmidos de responsabilidade do gerador público em aterro.

Em relação à limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, o Plano estabelece como meta ampliar a coleta para 100% dos resíduos secos gerados, em conjunto com a coleta do restante dos resíduos domiciliares.

Para os resíduos secos, o Plano define como metas a redução de 25%do volume destes resíduos dispostos em aterro para o período de 2013/2014 e redução de70% a ser atingida no período de 2019/2020.

Mauá

O município de Mauá possui uma população de 417.458 habitantes, densidade demográfica de 6.463,7 hab/km². Seu Plano de Saneamento foi elaborado em 2012, estabelecendo metas para o horizonte de 2040 para os sistemas de abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem urbana e resíduos sólidos.

110 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

O sistema de abastecimento de água atende 97,3% da população e a rede coletora de esgotos, 76,7%. A meta é atingir a universalização de 100% para água e 99% para esgoto em 2040.

Em relação à limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, as metas a serem atingidas são de 100% de coleta domiciliar em 2018.

São Caetano do Sul

O município de São Caetano do Sul já atingiu a universalização no atendimento relativo ao abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto.

Assim, o Plano de Saneamento preconiza a manutenção dos níveis de atendimento, com introdução de melhorias, referentes principalmente à manutenção dos sistemas, redução de perdas, automação, substituição de equipamentos, substituição de tubulações e ligações prediais, além da substituição dos hidrômetros em prazos adequados.

Mogi das Cruzes

O Plano Integrado de Saneamento Básico do Município de Mogi das Cruzes, concluído no final de 2010, foi elaborado com o objetivo de fornecer elementos para o planejamento integrado dos sistemas de saneamento básico do município no período de 2010 a 2040.

Atualmente a cobertura de atendimento do sistema de abastecimento de água é de 100% da área urbana.Porém, conforme dados analisados, o sistema de água de Mogi das Cruzes apresenta um déficit significativo em relação ao que se considera como adequado para o abastecimento da cidade, necessitando do fornecimento de água potável da Sabesp.

O Índice de perda de água atual é de 55%. O Plano estabeleceu como meta o índice de 20% para 2040.

Quanto ao sistema de esgotamento sanitário, o plano prevê as seguintes metas, visando à universalização do atendimento:

• coletar 90% de todo o esgoto gerado em Mogi das Cruzes até o ano de 2015;

• tratar 80% de todo o esgoto gerado em Mogi das Cruzes até o ano de 2015;

• coletar e tratar 100% de todo o esgoto gerado em Mogi das Cruzes até oano de 2030.

Santo André

Com o objetivo de otimizar a distribuição de água potável em função da expansão populacional e ainda da expansão industrial e comercial no município, foi elaborado o Plano Diretor de Abastecimento de Água – PDDA, em 1990. O diagnóstico apontava para uma série de planejamentos e obras a serem realizadas na distribuição de água.

Com base no Plano foram realizadas melhorias no sistema de abastecimento, como a construção de novos reservatórios, ampliando o volume de reservação de 76 milhões de litros para 102,4 milhões de litros, reduzindo risco de falta de água no município. Também foram executadasas seguintes obras: sobreposição do Rio Tamanduateí, para atender a demanda de grandes consumidores, como indústrias e comércios na

111 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Avenida dos Estados; remanejamento de rede primária e rede de distribuição que visavam a distribuição de água mais eficiente; reativação dos reservatórios elevados; modernização e instalação de boosters (bombas que recalcam a água distribuída) para atender locais com topografia elevada; eliminação de algumas derivações de adutoras e ressetorização das zonas de abastecimento, melhorando a eficácia do atendimento. Além das propostas contidas no PDDA, a Prefeitura vem atuando na automatização dos reservatórios com a implantação da Telemetria e Telecomando, detecção de vazamentos não visíveis e no controle de perdas de água.

Atualmente, o sistema de abastecimento de água atende 98% da população. O município tem seu abastecimento de água realizado através de duas fontes: a produção própria do Serviço Municipal de Saneamento - Semasa, por meio de captação do Sistema Pedroso, que fornece 5% da água consumida na cidade, e pela compra de 95% de água tratada da Sabesp. Por sua vez, o sistema de rede coletora de esgotos atende 96% dos esgotos gerados no município, sendo que apenas 40% desses são tratados.

Com relação às perdas no sistema de abastecimento, o município possui índice de 22%, que podem ser comparados aos níveis dos países mais desenvolvidos.Atualmente, o município está na fase final de elaboração de seu novo Plano Municipal de Saneamento, que deverá estar concluído até final de 2013.

Santa Isabel

O município de Santa Isabel está localizado na parte nordeste da Região Metropolitana de São Paulo e possui cerca de 50.500 habitantes, distribuídos numa área de 361,49km², com densidade de 139,60 hab/km².

O Plano Integrado de Saneamento Básico do Município de Santa Isabelfoi concluído no anode 2012 com foco na universalização dos quatro serviços de saneamento básico referente aos sistemas de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos urbanos e, por fim, aos serviços de drenagem e manejo das águas pluviais urbanas. A programação de investimentos para o alcance das metas estabelecidas foi dividida em caráter emergencial, curto prazo (2011-2014), médio prazo (2015-2018) e longo prazo (2019-2040).

Atualmente a cobertura de atendimento do sistema de abastecimento de água é de 80%, com meta de 100% de atendimento final para 2014. O Índice de Perda atual é de 53,9% com meta de 25% para 2040.

A cobertura dos serviços de esgotamento sanitário é de 65% para a coleta de esgotos, com projeção de 100% de atendimento de coleta para 2014. Atualmente não há o tratamento do esgotamento sanitário no município. O Plano estabeleceu a meta de 100% de esgotos tratados para o ano 2017.

A coleta dos resíduos sólidos domiciliares se estende a todo o território municipal e são encaminhados para o aterro sanitário da empresa Anaconda Ambiental Empreendimentos Ltda., localizada na Estrada Velha Santa Isabel - Mogi das Cruzes, km 03 - Município de Santa Isabel/SP.

A drenagem urbana do município apresenta sérios problemas de inundações principalmente nas regiões próximas ao Ribeirão Araraquara e Córrego Indaco, onde não existem reservatórios de retenção. Esses problemas são possivelmente oriundos do estrangulamento da calha desses rios devido às construções irregulares situadas em suas margens.

112 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

- Plano de Macrodrenagem da Bacia do Alto Tietê - PDMAT

A RMSP é uma região densamente ocupada. Esta ocupação se deu ao longo do tempo de forma desordenada e sem planejamento. Na década de 60, o processo de aceleração de áreas urbanas trouxe como consequência a impermeabilização do solo. Os espaços, antes destinados ao armazenamento natural das águas de cheias - as várzeas dos cursos d'água –, ficaram comprometidos, dando lugar às áreas urbanizadas e inundáveis.

Em função do agravamento dos problemas de inundações na RMSP, em 1998, o DAEE elaborou o primeiro PDMAT, adotando uma abordagem integrada dos problemas em todas as principais sub-bacias da bacia hidrográfica do Alto Tietê. O primeiro PDMAT buscou complementar as obras e ações de melhoria hidráulica dos rios Tietê e Tamanduateí, necessárias a um conjunto de soluções modulares, por sub-bacias, que permitiriam sua execução por etapas.

A dinâmica da RMSP, com seu crescimento desordenado e o surgimento de novas demandas na área de drenagem urbana, determinou que o horizonte de 20 anos, definido pelo 1º. PDMAT, fosse abreviado. Assim, em 2008 o DAEE realizou a primeira revisão do Plano.

O segundo Plano Diretor de Macrodrenagem – PDMAT 2, também sob a coordenação do DAEE e nos mesmos moldes do anterior, com o mesmo objetivo de minimizar as inundações e, numa fase final, solucionar o problema – ouviu as prefeituras e as principais entidades e órgãos ligados ao segmento de recursos hídricos, protagonistas da RMSP. Assim, além da revisão/atualização propriamente dita, constaram entre as medidas recomendadas, os chamados parques lineares nas áreas junto às várzeas de cursos d’água e introduziu-se a solução em polder, estrutura constituída de muro em concreto ou dique em solo, implantada ao longo das margens do rio, que atua como barreira contra o seu transbordamento. Foi sugerida, também, a uniformização dos procedimentos de análise hidráulica e hidrológica, a fim de possibilitar uma harmonização entre as ações dos vários órgãos das administrações estadual e municipal e das concessionárias responsáveis pelo gerenciamento da drenagem urbana nos vários municípios. Fora isso, um maior enfoque nas medidas não estruturais, no tocante a implantação de programas de educação ambiental e de sistemas de monitoramento e de alerta contra inundações, e a apresentação de propostas e recomendações relativas à legislação sobre uso e ocupação do solo.

Em 2011, iniciou-se a segunda revisão do Plano Diretor de Macrodrenagem, ou seja, sua terceira versão - o PDMAT 3, ainda em andamento. Essa versão, além da revisão e atualização dos planos anteriores, ampliou o seu escopo, abrangendo toda a Bacia do Alto Tietê.

O Plano montou uma consistente base de dados pertinentes às áreas de drenagem urbana e de recursos hídricos da Bacia do Alto Tietê, abrangendo os aspectos físicos, hidrológicos, hidráulicos, econômicos, sociais e institucionais. Adotou um modelo matemático consistente, associando à sua calibração a dados observados de precipitações, vazões e níveis d’água, disponíveis nos bancos de dados do radar meteorológico do DAEE e da rede telemétrica da Bacia do Alto Tietê. Com todos esses dados, praticamente contínuos no tempo, será possível a obtenção de resultados confiáveis nas simulações.

Como será aplicada modelação para bacia em geral, será possível avaliar a repercussão de uma intervenção num trecho de um determinado curso d’água, sobre todo o sistema de drenagem da bacia, ou seja, o modelo calibrado será uma eficiente ferramenta de avaliação de alternativas de solução. A partir dos resultados das simulações e os correspondentes diagnósticos da bacia, o plano indicará as ações propostas, envolvendo medidas estruturais e não estruturais.

Especial destaque é atribuído aos aspectos institucionais e de gestão da drenagem urbana, sendo propostos os chamados “distritos de drenagem” que comporão as bases do sistema de gestão a ser implantado. No contexto da importância das relações institucionais mobilizou-se, além das entidades e dos

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órgãos estaduais e municipais ligados a gestão de recursos hídricos, todos os municípios da Bacia do Alto Tietê, em especial com o município de São Paulo por meio de reuniões e “workshops”.

- Plano Diretor de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais do Município de São Paulo (PMAPSP)13

O Plano Diretor de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais do Município de São Paulo (PMAPSP) é um instrumento fundamental para a redução dos riscos de inundação e a melhoria da qualidade das águas no município de São Paulo.

Com o objetivo de buscar soluções inovadoras e sustentáveis, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano da Prefeitura de São Paulo (SMDU), com a assessoria da Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica (FCTH) - entidade de apoio ao Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Escola Politécnica da USP - decidiu elaborar o PMAPSP.

Iniciado em dezembro de 2010, o PMAPSP é composto por três módulos integrados:

• Módulo 1 - Plano Municipal de Gestão do Sistema de Águas Pluviais e Acompanhamento Técnico dos Programas de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais para Bacias Prioritárias.

• Módulo 2 - Programa de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais para bacias prioritárias.

• Módulo 3 - Programa de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais para as demais bacias.

O Módulo 1, em elaboração pelo FCTH, apresenta as diretrizes técnicas e gerenciais a serem aplicadas ao sistema de águas pluviais de todo o Município de São Paulo, incluindo as medidas não estruturais que darão sustentabilidade aos Programas de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais de cada bacia hidrográfica.

Os Módulos 2 e 3 (PROGRAMAS DE DRENAGEM) têm como objetivo a proposição de soluções estruturais (obras) e não estruturais específicas para cada bacia hidrográfica. O Módulo 2 abrange as bacias do Rio Aricanduva, Rio Cabuçu de Baixo, Córrego do Cordeiro, Córrego Morro do S, Córrego Verde, Córrego do Ipiranga, que equivalem a cerca de um quarto da área urbana atual da cidade.

O Módulo 3 será desenvolvido após a conclusão do Módulo 2, empregando a metodologia desenvolvida nos módulos anteriores.

- Plano da Bacia do Alto Tietê

O Plano tem como foco principal o recurso hídrico, razão pela qual foram consideradas todas as ações, estruturais e não estruturais, que afetem a disponibilidade e a demanda de água associado à qualidade.

O Plano do Alto Tietê tem um alcance que extrapola as fronteiras da Bacia, uma vez que abriga o maior contingente populacional e o maior pólo de geração de renda e emprego do Brasil, e,conseqüentemente, é palco de importantes conflitos pelo uso da água.

13Plano Diretor de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais do Município de São Paulo (PMAPSP). Disponível em: http://aguaspluviais.inf.br/internapadrao.aspx?id=2

114 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

O Alto Tietê é visto por todo o Brasil como uma referência para o sistema de gerenciamento dos recursos hídricos e fonte de experiência dos tipos de conflito que podem acontecer numa bacia e de soluções que podem ser adotadas para resolvê-los.

A Bacia do Alto Tietê a montante da barragem de Pirapora abrange uma área de drenagem de 5.720 km2, incluída a bacia integral do rio Pinheiros com as sub-bacias dos reservatórios Billings e Guarapiranga.

- Planos de Gestão de Resíduos Sólidos

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) prevê a elaboração dos seguintes Planos de Resíduos Sólidos:

• Plano Nacional e Estadual de Resíduos Sólidos a serem elaborados com ampla participação social, contendo metas e estratégias nacionais sobre o tema;

• Planos microrregionais, de regiões metropolitanas, planos intermunicipais;

• Planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos (PGIRS);

• Planos de gerenciamento de resíduos sólidos para geradores;

• Plano de Gerenciamento de Resíduos Perigosos pelos geradores e operadores.

Assim, com a promulgação da Política Nacional de Saneamento Básico (Lei n° 11.445/07) e da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei n° 12.305/10), os municípios passaram a contar com um conjunto de diretrizes para auxiliar na construção do gerenciamento integrado na elaboração dos seus Planos Municipais de Saneamento, incluindo os Planos Municipais de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.

Os planos de gerenciamento de resíduos sólidos são importantes ferramentas de gestão para os municípios, além de serem condição necessária para ter acesso aos recursos da União destinados à limpeza urbana e ao manejo de resíduos sólidos. Visando incentivar a aplicação da PNRS, o governo federal abriu linhas de financiamento para a elaboração dos planos municipais de resíduos sólidos, priorizando a liberação de recursos para aqueles municípios que se unam a outros, buscando soluções regionalizadas, integradas e compartilhadas.

- Plano Nacional de Resíduos Sólidos

O Plano Nacional de ResíduosSólidos (PNRS) contempla todos os tipos de resíduos gerados, apresentando alternativas de gestão e gerenciamento, bem como metas para diferentes cenários, programas, projetos e ações correspondentes.Em setembro de 2011, o governo federal apresentou sua versão preliminar para consulta pública através da internet e em audiências públicas - o Plano foi debatido em 5 audiências públicas regionais e uma audiência pública nacional. O Plano mantém estreita relação com os demais planos nacionais - Plano Nacional de Mudanças do Clima (PNMC), Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB) e Plano de Produção e Consumo Sustentável (PPCS).O PNRS apresenta as seguintes diretrizes: disposição final ambientalmente adequada de rejeitos; redução da geração de resíduos sólidos urbanos; redução dos resíduos sólidos urbanos secos dispostos em aterros sanitários e inclusão de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis; redução de resíduos sólidos urbanos úmidos dispostos em aterros sanitários, tratamento e recuperação de gases em aterros sanitários e qualificação e gestão dos diferentes resíduos sólidos.

A Lei nº 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, estabelece a possibilidade de elaboração, além do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, dos planos estaduais, regionais e municipais de

115 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

resíduos sólidos, de gestão integrada e de gerenciamento de resíduos sólidos. ODecreto nº 7.404/2010 orienta a elaboração dos planos regionais, entre eles os metropolitanos, com participação do Estado e de todos os municípios da RM na definição do conteúdo. Esse mesmo decreto faculta aos municípios a adoção de soluções consorciadas intermunicipais para gestão dos resíduos sólidos no lugar da elaboração de plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos, desde que esse plano regional obedeça a um conteúdo mínimo definido no decreto, que inclui: diagnóstico da situação dos resíduos sólidos gerados no respectivo território, contendo a origem, o volume, a caracterização dos resíduos e as formas de destinação e disposição final adotadas; identificação de áreas favoráveis para disposição final ambientalmente adequada de rejeitos, observado o plano diretor e o zoneamento ambiental; identificação das possibilidades de implantação de soluções consorciadas ou compartilhadas com outros Municípios; identificação dos resíduos sólidos e dos geradores sujeitos a plano de gerenciamento específico ou a sistema de logística reversa; procedimentos operacionais e especificações mínimas a serem adotados nos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, incluída a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos; indicadores de desempenho operacional e ambiental dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos; regras para o transporte e outras etapas do gerenciamento de resíduos sólidos; definição das responsabilidades quanto à sua implementação e operacionalização, incluídas as etapas do plano de gerenciamento de resíduos sólidos a que se refere o art. 20 a cargo do poder público; programas e ações de capacitação técnica voltados para sua implementação e operacionalização; programas e ações de educação ambiental que promovam a não geração, a redução, a reutilização e a reciclagem de resíduos sólidos; programas e ações para a participação dos grupos interessados, em especial das cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda, se houver; mecanismos para a criação de fontes de negócios, emprego e renda, mediante a valorização dos resíduos sólidos; sistema de cálculo dos custos da prestação dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, bem como a forma de cobrança desses serviços; metas de redução, reutilização, coleta seletiva e reciclagem, entre outras, com vistas a reduzir a quantidade de rejeitos encaminhados para disposição final ambientalmente adequada; descrição das formas e dos limites da participação do poder público local na coleta seletiva e na logística reversa, considerando o ciclo de vida dos produtos; meios a serem utilizados para o controle e a fiscalização, no âmbito local, da implementação e operacionalização dos planos de gerenciamento de resíduos sólidos; ações preventivas e corretivas a serem praticadas, incluindo programa de monitoramento; identificação dos passivos ambientais relacionados aos resíduos sólidos, incluindo áreas contaminadas, e respectivas medidas saneadoras; periodicidade de sua revisão.

O Plano Nacional de Resíduos Sólidos está em fase final de elaboração. Sua versão preliminar já foi discutida em audiências públicas por todo o país, restando incorporar eventuais propostas aprovadas.

- Plano Estadual de Resíduos Sólidos

A elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos do Estado de São Paulo está sob a responsabilidade da Secretaria do Meio Ambiente (SMA) e encontra-se na fase de elaboração do Diagnóstico. Uma primeira versão do Plano deverá estar concluída no final de 2013. O Plano Estadual de Resíduos Sólidos deverá estar finalizado em julho de 2014.

- Plano Metropolitano de Resíduos Sólidos

Atualmente a RMSP é responsável pela geração de 6 milhões de toneladas por ano de resíduos sólidos domiciliares. Essa quantidade corresponde a cerca de 10% do coletado no país, sendo o município de São Paulo responsável pela geração de mais de 60% desses resíduos.

116 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

O Plano Metropolitano de Resíduos Sólidos da RMSP está na fase de elaboração de Termos de Referência, sob responsabilidade da EMPLASA, e contempla as questões que devem ser enfrentadas regionalmente, envolvendo programas, projetos e ações de curto, médio e longo prazos, buscando um cenário futuro de gestão ambiental e financeiramente sustentável para a gestão e manejo de resíduos sólidos para os municípios da RMSP. Na elaboração do Plano devem ser considerados, além da legislação pertinente, os consórcios intermunicipais em vigor e em tratativas de institucionalização, bem como outras formas de organização para a gestão dos resíduos sólidos. O Plano Metropolitano, em sintonia com os PlanosNacional e Estadual, será elaborado com vigência de prazo indeterminado, horizonte de atuação de vinte anos e atualização ou revisão a cada quatro anos.

- Planos Municipais de Resíduos Sólidos

Segundo informações da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, dos 39 municípios da RMSP, apenas sete municípios, inscritos no programa Município Verde e Azul, entregaram Planos Municipais de Resíduos Sólidos -São Paulo, Santo André, São Bernardo do Campo, Guarulhos, Suzano, Ribeirão Pires e Mauá – descritos, a seguir.

Guarulhos tem uma área de 318 km², população de 1.221.979 habitantes (IBGE/2010), perdendo apenas para a capital, e densidade demográfica de 3.828,36 habitantes/km². É a maior cidade brasileira não capital de Estado. Encontra-se estrategicamente localizado entre duas das principais rodovias nacionais: a Via Dutra, eixo de ligação São Paulo - Rio de Janeiro e Rodovia Fernão Dias, que liga São Paulo a Belo Horizonte. Conta ainda com a Rodovia Ayrton Senna, uma das mais modernas do país, que facilita a ligação de São Paulo diretamente ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, e está a 108 km do Porto de Santos. Guarulhos tem o 2º maior PIB do estado de São Paulo, ficando atrás apenas da capital.

O Plano Diretor Integrado de Resíduos Sólidos de Guarulhos foi concluído em julho de 2011 em atendimento à Política Nacional de Resíduos Sólidos, contendo as seguintes metas e prazos:

• Reduzir em 80% o volume de RSD Úmidos dispostos em aterro até 2020.

• 2011/2013: Redução em 10% do volume de RSD Úmidos disposto em aterro.

• 2014/2016: Redução em 20% do volume de RSD Úmidos disposto em aterro.

• 2017/2018: Redução em 30% do volume de RSD Úmidos disposto em aterro.

• 2019/2020: Redução em 40% do volume de RSD Úmidos disposto em aterro.

• Reduzir em 70% o volume de RSD Secos dispostos em aterro até 2020.

• 2011/2012: Redução em 10% do volume de RSD Secos disposto em aterro.

• 2013/2014: Redução em 25% do volume de RSD Secos disposto em aterro.

• 2015/2016: Redução em 40% do volume de RSD Secos disposto em aterro.

• 2017/2018: Redução em 55% do volume de RSD Secos disposto em aterro.

• 2019/2020: Redução em 70% do volume de RSD Secos disposto em aterro.

Mauá localiza-se na Região do Grande ABC, parte integrante da Região Metropolitana da Grande São Paulo, possui um território de 62,22 Km², dos quais 12,44 km2 encontram-se em áreas de proteção e recuperação dos mananciais da sub-bacia do Rio Guaió, da Bacia Hidrográfica Billings-Tamanduateí.A cidade apresentou um grande crescimento populacional nas últimas três décadas, dobrando nos últimos trinta anos,

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passando de 205.740 habitantes em 1980 para 417.064 habitantes em 2010, apresentando uma taxa de densidade demográfica de aproximadamente 6.703,05 hab/Km2.

Em Mauá, a responsabilidade pelos serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos é da Secretaria de Serviços Urbanos, órgão da administração direta centralizada do Poder Público Municipal, cabendo à Secretaria de Meio Ambiente a implantação e gestão do Programa de Coleta Seletiva. Na década de 1990, Mauá teve oficialmente instituído o Programa de Coleta Seletiva de Lixo (Lei Municipal nº 2.502/93) e o Programa de Coleta Seletiva Mauá Reciclando (Decreto Municipal 5.972/99).

O Plano projetou a quantidade de resíduos sólidos (domiciliares e de serviços de limpeza urbana) que serão gerados entre 2012 e 2042 para subsidiar a previsão de instalações e equipamentos necessários para o manejo desses resíduos e seus respectivos custos de implantação e operação. A quantidade de resíduos sólidos a ser gerada nos próximos 30 anos foi feita a partir de estimativas sobre a evolução do crescimento da população e da geração per capita, entre outros. O Plano definiu metas de curto, médio e longo prazo, respectivamente para 4, 8 e de 8 a 30 anos, abrangendo o período de 2012 até 2042. Com base nas diretrizes e metas para o sistema de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, foram projetados os custos operacionais e de investimentos para a prestação dos serviços de limpeza urbana, incluindo custos para a reformulação dos serviços atualmente ofertados e dos novos a serem implantados, incluindo os programas de minimização e aproveitamento de resíduos.

Santo Andréé um dos municípios que compõe a região do ABC. Possui uma população total de 676.407 habitantes, área de 175 km² e densidade demográfica de 3.866 hab/km² (IBGE, 2010). Mais da metade da área do município encontra-se em áreas de proteção ambiental, integrantes da Área de Proteção aos Mananciais na Bacia Hidrográfica da Represa Billings (96 km²) e da vertente da Serra do Mar (12 km²), área tombada pelo Parque Estadual da Serra do Mar. As demais áreas localizam-se na Bacia Hidrográfica do Rio Tamanduateí, onde se concentram as principais atividades urbanas e industriais do Município.14

O Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de Santo André foi desenvolvido pela equipe do Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André –Semasa seguindo as diretrizes do PNRS 2011 e está em fase de revisão.

São Bernardo do Campoé um dos municípios que compõe a região do ABC. Possui uma população total de 765.463 habitantes, área de 409,47 km² e densidade demográfica de 1.872,59hab/km² (IBGE, 2010).

O Plano Diretor Integrado de Resíduos Sólidos de São Bernardo do Campo foi concluído em dezembro de 2010 e atende à Política Nacional de Saneamento Básico (2007). Para atingir as diretrizes impostas pela Lei nº 11.445/2007, o Plano Municipal de Resíduos Sólidos apresenta as metas de curto, médio e longo prazo (4, 8 e 30 anos, respectivamente) para a minimização de resíduos, considerando os programas de recuperação de materiais e o tratamento da fração orgânica dos resíduos.

14Sophia Picarelli. ESTUDO DE CASO: Santo André, Brasil.

Disponível em:

. Acesso em 01/08/2013.

118 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

São Paulopossui uma população total de 11.253.503 habitantes, área de 1.521 km² e densidade demográfica de 7.387,69 hab/km² (IBGE, 2010).

O Plano Diretor Integrado de Resíduos Sólidos de São Paulo foi concluído em 2012visando atender à exigência da Política Nacional de Resíduos Sólidos. O Plano adota as metas previstas pelo Plano Nacional de Resíduos Sólidos.

Suzanopossui uma população total de 262.480 habitantes, área de 206 km² e densidade demográfica de 1.270,37 hab/km² (IBGE, 2010).

O Plano Diretor Integrado de Resíduos Sólidos de Suzano atende à Política Nacional de Saneamento Básico (2007), definindo metas para 5, 10 e 20 anos, abrangendo os períodos de 2009-2014, 2014-2019 e 2019-2029.

Ribeirão Pirespossui uma população total de 113.902 habitantes, área de 99,18 km2 e densidade demográfica de 1.148,44 hab/km2 (Seade, 2011).

O Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Município de Ribeirão Pires, concluído em maio de 2012, foi elaborado em conformidade com o estabelecido na Lei Federal nº 12.305/2010. O Plano propôs, para o período de 2012 a 2016, programas, metas e ações objetivando a melhoria da gestão dos resíduos sólidos no município. O Plano será revisto a cada 4 anos, sendo que a revisão deverá seguir as diretrizes, metas e objetivos das políticas federais e estaduais de resíduos sólidos, de saneamento básico, de saúde pública e de meio ambiente e dos planos federais e estaduais de saneamento básico. A implantação e revisão do Plano deverá ser acompanhada por uma Comissão Integrada de Resíduos composta por funcionários públicos e sociedade civil, a ser criada.

2.2.3.3. PROJETOS DE INVESTIMENTOS E RECURSOS PARA O FINANCIAMENTO

Os investimentos, por parte da Secretaria Estadual de Saneamento e Recursos Hídricos (SSRH), na Região Metropolitana de São Paulo, são muito significativos, uma vez que se trata da principal região do Estado em termos de urbanização e concentração de atividades econômicas. Dentre os projetos em andamento destacam-se:

- Plano Diretor de Abastecimento de Água

O Plano de Abastecimento de Água da RMSP previu, à época, investimentos da ordem de R$ 3,1bilhões, no período de 2005 a 2025 para o Sistema Integrado de Abastecimento, incluindo produção, adução, e reservação. Para os Sistemas Isolados, o Plano prevê investimentos de R$ 200milhões.

Estes recursos serão financiados pela Caixa, BNDES, BIRD, Recursos Próprios, e ainda parte das obras serão feitas por meio de PPP – Parceira Público Privada.

- Projeto Tietê

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O Projeto Tietê, um dos maiores programas de saneamento já realizado no Brasil, está na sua terceira etapa, devendo chegar em 2016 a US$ 2bilhõesaplicados no aumento do saneamento básico na RMSP.

Até 2018, serão US$ 4 bilhõesde investimentos, no projeto que atende as cidades operadas pela Sabesp, incluindo a quarta etapa do programa.

- Programa de Saneamento Ambiental dos Mananciais do Alto Tietê - Programa Mananciaias15

O Programa contará com investimento de US$ 238,63 milhões, que estarão distribuídos entre os tomadores do governo do Estado e municípios, conforme mostra o quadro a seguir.

Total Financiamento Contrapartida Tomador (US$) (%) (US$) (%) (US$) (%) Estado 60,45 25,5 4,00 6,6 56,45 93,4 SSRH 19,77 - 3,00 - 16,77 - SMA 10,13 - 1,00 - 9,13 - CDHU 30,60 - 0,00 - 30,60 - SABESP 123,73 52,1 100,00 80,0 23,73 20,0 PMSBC 41,40 17,5 20,82 50,3 20,58 49,7 PMG 11,73 4,9 6,06 51,7 5,67 48,3 Sub-total 237,31 100 130,88 55,2 106,43 44,8 Recursos não alocados 1,32 0,5 - - 1,32 100 Total 238,63 100 130,88 54,8 107,75 45,2

O Programa Mananciais é composto por dois grandes contratos de aporte de recursos financeiros:

a)Guarapiranga e Billings (Programa de Recuperação Ambiental de Mananciais, Urbanização de Favelas e Melhorias Urbanas – Guarapiranga e Billings) - Contrato de Repasse OGU nº 0227.535-53/2007 firmado entre a União e o Governo do Estado com valor total de R$ 869,31 milhões aplicados em urbanizações nas bacias Guarapiranga e Billings, no município de São Paulo, com participação da Prefeitura de São Paulo.

b)Mananciais BIRD (Programa de Saneamento Ambiental dos Mananciais da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê), com valor total de US$ 235 milhões, dos quais US$ 130 milhões financiados pelo Banco Mundial/BIRD pelo empréstimo do Governo do Estado já assinado e em execução epelo empréstimo das Prefeituras de Guarulhos e de São Bernardo do Campo em fase de negociação com o Banco Mundial.

O Programa contempla investimentos em estruturação e recuperação urbana, preservação e recuperação ambiental, saneamento ambiental, bem como no aperfeiçoamento de instrumentos de gestão.

A Sabesp assinou seu Acordo de Empréstimo em 27/09/2009, efetivado em 24/03/2010, no valor de US$ 125 milhões, sendo US$ 100 milhões financiados.

15 Fonte:Programa Mananciais-Síntese. Disponível em: http://www.saneamento.sp.gov.br/crbst_27.html. Acesso em junho de 2013.

120 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

O Acordo com o Governo do Estado, com valor total de US$ 60,5 milhões, dos quais US$ 4 milhões financiados, foi assinado em 27/09/2010 com efetividade declarada em 21/12/2010. São executores a Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos, a Secretaria do Meio Ambiente e a CDHU(http://www.saneamento.sp.gov.br/crbst_27.html).

- Programa Córrego Limpo

No Programa Córrego Limpo, estima-se que, até 2012, foram investidos mais de

R$ 900 milhões, mas não existe informação oficial sobre esses investimentos.

- Programa se Liga na Rede

O Programa prevê executar 192 mil novas conexões em todo Estado, beneficiando cerca de 800 mil pessoas. Na RMSP serão 76,8 mil novas conexões. Serão investidos cerca de R$ 349,5 milhões ao longo de oito anos: 80% dos recursos custeados pelo Governo do Estado e os 20% restantes pela Sabesp.

A seguir são apresentados quadros,segundo as ações previstas no Plano Plurianual de 2008- 2011(PPA 2008-2011) para a Secretaria de Saneamento e de Recursos Hídricos (SSRH). Os quatros primeiroscontem o detalhamento da execução orçamentária, que incidem direta ou indiretamente, no território da Região Metropolitana de São Paulo e, em seguida, é apresentado um quadro, com o resumo dos investimentos do PPA 2008-2011, no âmbito da secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos.

121 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Execução - Física Código Programa Dotação Atual Liquidado % Execução (2) (1) 3904 Saneamento para Todos 0% 26.000,01 5.831,64 20,70% Saneamento Ambiental em Mananciais de 3906 70% 170.640,41 52.447,50 30,74% Interesse Regional Infra-Estrutura Hídrica de Saneamento e Combate 3907 64% 120.528,33 107.448,57 89,15% às Enchentes Planejamento e Administração dos Recursos 3913 250% 6.451,19 4.298,44 66,63% Hídricos 3921 Programa Estadual de Energia e Mineração 483% 482,09 193,62 40,16% 3925 Sistema de Geração de Energia Elétrica 65% 144.504,86 222.888,85 154,24% Execução e Gerenciamento de Obras e Gestão do 3929 65% 200,01 0,00 0,00% Patrimônio Imobiliário Fortalecimento das Competências Reguladoras do 3930 128% 21.669,67 7.360,16 33,97% Estado em Saneamento e Energia 3931 Gestão Administrativa em Saneamento e Energia 100% 255.462,00 231.529,77 90,63% 3932 Implantação da Política Estadual de Saneamento 22% 18.420,25 5.688,48 30,88% Universalização do Abastecimento de Água e 3933 86% 1.574.201,00 1.277.200,00 81,13% Esgotamento Sanitário Urbano

39000- SECRETARIA DE SANEAMENTO E RECURSOS HÍDRICOSAno 2009 3904 Saneamento para Todos 110,00% 49.265,05 22.567,51 45,81% Saneamento Ambiental em Mananciais de 3906 20,00% 99.224,77 97.212,94 97,97% Interesse Regional Infra-Estrutura Hídrica de Saneamento e Combate 3907 82,00% 288.143,14 157.609,20 54,70% às Enchentes Planejamento e Administração dos Recursos 3913 800,00% 7.247,36 3.663,02 50,54% Hídricos 3921 Programa Estadual de Energia e Mineração 50,00% 1.078,02 43,31 4,02% 3925 Sistema de Geração de Energia Elétrica 83,00% 208.650,00 207.831,00 99,61% Execução e Gerenciamento de Obras e Gestão do 3929 0,00% 0,00 0,00 0,00% Patrimônio Imobiliário Fortalecimento das Competências Reguladoras do 3930 69,00% 36.129,00 9.848,05 27,26% Estado em Saneamento e Energia 3931 Gestão Administrativa em Saneamento e Energia 87,00% 290.529,67 266.941,45 91,88% 3932 Implantação da Política Estadual de Saneamento 26,00% 12.033,37 3.054,24 25,38% Universalização do Abastecimento de Água e 3933 110,00% 2.133.683,00 1.645.209,00 77,11% Esgotamento Sanitário Urbano

39000- SECRETARIA DE SANEAMENTO E DE RECURSOS HÍDRICOS Ano 2008

122 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

39000- SECRETARIA DE SANEAMENTO E RECURSOS HÍDRICOS Ano 2010 3904 Saneamento para Todos 110,00% 39.626,30 19.496,73 49,20% Saneamento Ambiental em Mananciais de Interesse 3906 36,00% 107.230,50 102.273,72 95,38% Regional Infra-Estrutura Hídrica de Saneamento e Combate às 3907 182,00% 388.146,34 282.518,76 72,79% Enchentes 3913 Planejamento e Administração dos Recursos Hídricos 300,00% 4.210,05 1.631,74 38,76% 3921 Programa Estadual de Energia e Mineração 38,00% 5.058,92 2.824,18 55,83% 3925 Sistema de Geração de Energia Elétrica 79,00% 206.743,01 188.673,00 91,26% Execução e Gerenciamento de Obras e Gestão do 3929 0,00% 0,00 0,00 0,00% Patrimônio Imobiliário Fortalecimento das Competências Reguladoras do 3930 90,00% 46.032,94 10.533,43 22,88% Estado em Saneamento e Energia 3931 Gestão Administrativa em Saneamento e Energia 90,00% 325.587,47 295.272,16 90,69% 3932 Implantação da Política Estadual de Saneamento 121,00% 32.423,36 11.323,38 34,92% Universalização do Abastecimento de Água e 3933 107,00% 1.860.909,00 1.513.605,00 81,34% Esgotamento Sanitário Urbano

39000- SECRETARIA DE SANEAMENTO E RECURSOS HÍDRICOS Ano 2011 2611 Gestão dos Recursos Hídricos 0,00% 101.143,95 80.432,52 79,52% 3904 Saneamento para Todos 48,00% 77.493,33 49.082,91 63,34% Saneamento Ambiental em Mananciais de Interesse 3906 10,00% 91.784,79 80.015,67 87,18% Regional Infra-Estrutura Hídrica de Saneamento e Combate às 3907 82,00% 681.388,73 392.283,59 57,57% Enchentes 3913 Planejamento e Administração dos Recursos Hídricos 100,00% 8.800,02 1.942,62 22,08% 3921 Programa Estadual de Energia e Mineração 0,00% 0,00 0,00 0,00% 3925 Sistema de Geração de Energia Elétrica 50,00% 446.043,20 0,00 0,00% Execução e Gerenciamento de Obras e Gestão do 3929 0,00% 0,00 0,00 0,00% Patrimônio Imobiliário Fortalecimento das Competências Reguladoras do 3930 0,00% 2.346,57 2.346,56 100,00% Estado em Saneamento e Energia 3931 Gestão Administrativa em Saneamento e Energia 50,00% 323.112,73 316.612,56 97,99% 3932 Implantação da Política Estadual de Saneamento 19,00% 34.309,57 8.320,18 24,25% Universalização do Abastecimento de Água e 3933 97,00% 1.978.007,00 1.534.137,00 77,56% Esgotamento Sanitário Urbano Nota: (1) Média de Execução das Metas das Ações do Programa.

(2) Percentual Baseado na Relação Valores Liquidados / Dotação Atual das Ações dos Programas.

123 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Quadro 1 – Resumo dos Investimentos em Saneamento Ambiental – PPA 2008-2011 Valor (R$) Valor Investido Código Programa 2008-2011 (R$) Saneamento Ambiental em Mananciais de Interesse 3906 319.906.174 331.949,83 Regional Infra-Estrutura Hídrica de Saneamento e Combate às 3907 656.640.843 939.860,12 Enchentes 3913 Planejamento e Administração dos Recursos Hídricos 44.782.900 11.535,82 3921 Programa Estadual de Energia e Mineração 17.394.224 3.061,11 3925 Sistema de Geração de Energia Elétrica 538.958.927 619.392,85 Execução e Gerenciamento de Obras e Gestão do 3929 156.052.388 0,00 Patrimônio Imobiliário Fortalecimento das Competências Reguladoras do Estado 3930 92.462.128 30.088,20 em Saneamento e Energia 3931 Gestão Administrativa em Saneamento e Energia 909.315.218 1.110.355,94 3932 Implantação da Política Estadual de Saneamento 648.414.941 28.386,28 Universalização do Abastecimento de Água e 3933 22.605.004.344 5.920.151,00 Esgotamento Sanitário Urbano

A seguir é apresentado um quadro com os programas prioritários da Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos para o Plano Plurianual 2012-2015 (PPA 2012-2015).

124 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Secretaria de Saneamento e de Recursos Hídricos – PPA 2012-2015.

Recursos Código Programa Demais Recursos Total Orçamentários

3904 Saneamento para Todos 222.358.983,00 222.358.983,00

Saneamento Ambiental em Mananciais de 3906 4.051.187.617,00 4.051.187.617,00 Interesse Regional

Infra-Estrutura Hídrica de Saneamento e Combate 3907 1.482.855.668,00 1.000.000.000,00 2.982.855.668,00 às Enchentes

Planejamento e Administração dos Recursos 3913 39.530.576,00 0,00 39.530.576,00 Hídricos

Gestão Administrativa em Saneamento e 3931 1.338.417.895,00 0,00 1.338.417.895,00 Recursos Hídricos

Planejamento e Promoção do Saneamento no 3932 124.000.082,00 0,00 124.000.082,00 Estado

Universalização do Abastecimento de Água e 3933 4.492,00 44.740.987.767,00 44.740.992.259,00 Esgotamento Sanitário Urbano

3934 Gestão dos Recursos Hídricos 451.827.732,00 600.000,00 452.427.732,00

Na sequência, são apresentados os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento – PACpara os municípios da RMSP, que totalizam cerca de R$ 8 bilhões.

125 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Tabela 1 - Investimento em Saneamento Ambiental – PAC - RMSP - Região Metropolitana de São Paulo

Órgão de Valor Total dos Município Tipo de Empreendimento Executor Estágio acompanhamento Investimentos

Água em áreas urbanas Município Ministério das Cidades. Em obras 10.120.737,21

Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades. Em obras 3.463.074,00

Saneamento Município Ministério das Cidades. Em obras 2.661.629,56

Saneamento Município Ministério das Cidades. Em obras 422.345,94

Cooperativa de Reciclagem Cidade Fundação Nacional da Saneamento Ação preparatória Limpa Saúde.

Água em áreas urbanas Município Ministério das Cidades. Em obras 5.066.639,85

Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades. Em obras 13.109.709,58

Saneamento Município Ministério das Cidades. Em obras 34.674.035,83

Água em áreas urbanas Município Ministério das Cidades. Em obras 3.062.951,76 Diadema Saneamento Município Ministério das Cidades. Em obras 1.100.091,76

Água em áreas urbanas Município Ministério das Cidades. Em licitação de obra

Cooperativa Central de Catadores e Fundação Nacional da Saneamento Catadoras de Materiais Recicláveis Ação preparatória Saúde. do Grande ABC - COOPCENT

Água em áreas urbanas Município Ministério das Cidades. Em licitação de projeto

Água em áreas urbanas Município Ministério das Cidades. Em obras 5.800.835,46

Saneamento Município Ministério das Cidades. Em licitação de projeto

Saneamento Município Ministério das Cidades. Concluído 4.520.129,27

Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades. Em execução (plano, projeto, estudo, assist. 250.000,00

126 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

técnica, desv. Institucional)

Saneamento Município Ministério das Cidades. Em obras 5.080.727,84

Água em áreas urbanas Município Ministério das Cidades. Em obras 6.218.281,42

Saneamento Município Ministério das Cidades. Em licitação de projeto

Saneamento Município Ministério das Cidades. Em obras 4.900.000,00

Saneamento Município Ministério das Cidades. Em obras 5.506.090,61

Em execução (plano, projeto, estudo, assist. Saneamento Município Ministério das Cidades. 6.397.862,55 técnica, desv. Institucional)

Órgão de Valor Total dos Município Tipo de Empreendimento Executor Estágio acompanhamento Investimentos Saneamento Município Ministério das Cidades. Em obras 30.274.400,00 Ferraz Vasconcelos Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades. Ação preparatória

Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades. Ação preparatória

Saneamento Município Ministério das Cidades. Em obras 419.947,52 Francisco Morato Água em áreas urbanas Sabesp Ministério das Cidades. Ação preparatória

Saneamento Sabesp Ministério das Cidades. Em obras 55.323.910,41 Água em áreas urbanas Sabesp Ministério das Cidades. Em obras 7.917.294,60 Saneamento Sabesp Ministério das Cidades. Em obras 45.990.943,50 Saneamento Município Ministério das Cidades. Em obras 250.268,99 Franco da Rocha Água em áreas urbanas Sabesp Ministério das Cidades. Ação preparatória

Fundação Nacional da Saneamento Município Em obras 2.739.051,24 Saúde. Guararema Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades. Concluído 23.432.074,04

127 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Órgão de Valor Total dos Município Tipo de Empreendimento Executor Estágio acompanhamento Investimentos Em execução (plano, projeto, estudo, assist. Saneamento Município Ministério das Cidades. 13.045.973,10 técnica, desv. Institucional) Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades. Em obras 22.587.408,26 Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades. Ação preparatória

Saneamento Município Ministério das Cidades. Em obras 32.913.960,28 Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades. Em licitação de obra

Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades. Ação preparatória

Saneamento Município Ministério das Cidades. Em obras 46.088.145,13 Saneamento Município Ministério das Cidades. Em obras 72.072.093,76 Saneamento Município Ministério das Cidades. Em obras 94.440.863,02 Em execução (plano, projeto, estudo, assist. Saneamento Município Ministério das Cidades. 45.417.986,14 técnica, desv. Institucional) Guarulhos Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades. Em obras 132.505.861,87 Saneamento Município Ministério das Cidades. Ação preparatória

Saneamento Município Ministério das Cidades. Em obras 84.636.803,66 Saneamento Estado Ministério das Cidades. Em obras 67.628.892,78 Saneamento Município Ministério das Cidades. Em obras 143.207.577,55 Saneamento Município Ministério das Cidades. Em obras 126.476.166,34 Saneamento Município Ministério das Cidades. Em obras 12.601.400,00 Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades. Ação preparatória

Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades. Ação preparatória

Saneamento Município Ministério das Cidades. Em obras 31.334.676,76 Pavimentação Município Ministério das Cidades. Ação preparatória

128 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Órgão de Valor Total dos Município Tipo de Empreendimento Executor Estágio acompanhamento Investimentos

Prevenção em áreas de risco Em execução (plano, projeto, estudo, assist. Município Ministério das Cidades. 330.000,00 técnica, desv. Institucional)

Prevenção em áreas de risco Em execução (plano, projeto, estudo, assist. Município Ministério das Cidades. 110.000,00 técnica, desv. Institucional) Saneamento Itapecerica da Serra Município Ministério das Cidades. Em obras 732.084,13

Saneamento Fundação Nacional da Município Ação preparatória Saúde.

Saneamento CRIS - Cooperativa de Trabalho dos Fundação Nacional da Ação preparatória Recicladores de Itapecerica da Serra Saúde.

Saneamento Sabesp Ministério das Cidades. Ação preparatória

Pavimentação Município Ministério das Cidades. Em obras 10.055.780,28 Água em áreas urbanas Sabesp Ministério das Cidades. Concluído 1.618.211,36 Itapevi Pavimentação Município Ministério das Cidades. Em obras 11.453.753,43 Água em áreas urbanas Sabesp Ministério das Cidades. Em obras 5.600.000,00 Água em áreas urbanas Sabesp Ministério das Cidades. Em obras 5.600.000,00

Saneamento Em execução (plano, projeto, estudo, assist. Município Ministério das Cidades. 347.826,10 técnica, desv. Institucional) Itaquaquecetuba Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades. Ação preparatória

Saneamento Sabesp Ministério das Cidades. Em obras 27.132.000,00 Água em áreas urbanas Jandira Sabesp Ministério das Cidades. Em obras 2.400.000,00

129 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades. Ação preparatória

Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades. Ação preparatória

Saneamento Sabesp Ministério das Cidades. Ação preparatória

Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades. Em licitação de obra

130 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Órgão de Valor Total dos Município Tipo de Empreendimento Executor Estágio acompanhamento Investimentos Foz de Mauá S/A Saneamento Ministério das Cidades. Em obras 150.253.379,00

Município Em execução (plano, projeto, estudo, assist. Prevenção em áreas de risco Ministério das Cidades. 300.000,00 técnica, desv. Institucional) Mauá Município Prevenção em áreas de risco Ministério das Cidades. Em obras 22.504.859,94 Município Água em áreas urbanas Ministério das Cidades. Em licitação de projeto

Estado Prevenção em áreas de risco Ministério das Cidades. Ação preparatória

Município Água em áreas urbanas Ministério das Cidades Em obras 7.062.948,33 Município Prevenção em áreas de risco Ministério das Cidades Em obras 44.348.248,02 Município Prevenção em áreas de risco Ministério das Cidades Em obras 39.230.000,00 Município Saneamento Ministério das Cidades Em obras 15.784.417,88 Município Pavimentação Ministério das Cidades Em obras 5.819.240,53

Município Em execução (plano, projeto, estudo, assist. Saneamento Ministério das Cidades 380.000,00 técnica, desv. Institucional Mogi das Cruzes Município Água em áreas urbanas Ministério das Cidades Em obras 3.410.000,00

Urbanização de assentamentos Município Ministério das Cidades Ação preparatória precários

Urbanização de assentamentos Município Ministério das Cidades Em obras 1.175.473,41 precários Município Pavimentação Ministério das Cidades Em obras 6.913.249,66

Município Em execução (plano, projeto, estudo, assist. Saneamento Ministério das Cidades 120.000,00 técnica, desv. institucional

131 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Urbanização de assentamentos Município Ministério das Cidades Ação preparatória precários

Município Saneamento Ministério das Cidades Em obras 21.363.087,31

Urbanização de assentamentos Município Em execução (plano, projeto, estudo, assist. Ministério das Cidades 47.759,46 precários técnica, desv. institucional

132 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Órgão de Valor Total dos Município Tipo de Empreendimento Executor Estágio acompanhamento Investimentos Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades Em licitação de obra

Saneamento SABESP Ministério das Cidades Em obras 4.690.514,24 Água em áreas urbanas SABESP Ministério das Cidades Em obras 2.900.000,00 Urbanização de assentamentos precários Município Ministério das Cidades Em obras 22.827.976,60 Urbanização de assentamentos precários Município Ministério das Cidades Em obras 12.576.307,79

Água em áreas urbanas SABESP Ministério das Cidades Em obras 8.915.964,99 Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades Ação preparatória

Saneamento Município Ministério das Cidades Em obras 45.746.382,17 Urbanização de assentamentos Osasco precários Município Ministério das Cidades Em licitação de projeto

Saneamento SABESP Ministério das Cidades Em obras 1.450.402,63 Urbanização de assentamentos precários SABESP Ministério das Cidades Em licitação de obra

Saneamento Município Ministério das Cidades Em obras 70.947.843,85 Saneamento SABESP Ministério das Cidades Em obras 3.353.965,61 Saneamento Município Ministério das Cidades Em obras 28.310.806,17 Urbanização de assentamentos precários Município Ministério das Cidades Em licitação de obra

Cooperativa de Catadores Saneamento Fundação Nacional da Cooperando com a Natureza - Ação preparatória Saúde COOPERNATUZ

133 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Órgão de Valor Total dos Município Tipo de Empreendimento Executor Estágio acompanhamento Investimentos Urbanização de assentamentos Em execução (plano, projeto, estudo, assist. precários Município Ministério das Cidades 99.587,62 técnica, desv. institucional Pavimentação Município Ministério das Cidades Em obras 6.370.000,00

Cooperativa de Trabalho dos Ribeirão Pires Saneamento Fundação Nacional da Catadores de Materiais Recicláveis Ação preparatória Saúde de Ribeirão Pires - COOPERPIRES Saneamento Município Ministério das Cidades Concluído 327.891,27 Saneamento SABESP Ministério das Cidades Em obras 8.923.566,74 Saneamento SABESP Ministério das Cidades Ação preparatória

Prevenção em áreas de risco SABESP Ministério das Cidades Ação preparatória

Prevenção em áreas de risco Em execução (plano, projeto, estudo, assist. Município Ministério das Cidades 150.000,00 técnica, desv. institucional Urbanização de assentamentos precários Município Ministério das Cidades Concluído 79.945,04 Santana de Parnaíba Saneamento Em execução (plano, projeto, estudo, assist. Município Ministério das Cidades 326.086,96 técnica, desv. Inst Água em áreas urbanas SABESP Ministério das Cidades Em obras 5.180.000,00

Associação dos Catadores Saneamento Fundação Nacional da Autônomos de Materiais Recicláveis Ação preparatória Saúde da Vila Esperança Urbanização de assentamentos precários Município Ministério das Cidades Ação preparatória

Urbanização de assentamentos Santo André precários Estado Ministério das Cidades Ação preparatória

Urbanização de assentamentos Estado Ministério das Cidades Em obras 126.552.000,00

134 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

precários

Saneamento Fundação Nacional da Município Em obras 24.094,17 Saúde Saneamento SABESP Ministério das Cidades Em obras 10.000.000,00 Urbanização de assentamentos precários Estado Ministério das Cidades Em obras

Órgão de Valor Total dos Município Tipo de Empreendimento Executor Estágio acompanhamento Investimentos

Urbanização de assentamentos Município Ministério das Cidades Ação preparatória precários

Urbanização de assentamentos Município Ministério das Cidades Em obras 38.823.381,65 precários

Urbanização de assentamentos Município Ministério das Cidades Em obras 6.553.972,56 precários

Urbanização de assentamentos Município Ministério das Cidades Em obras 2.469.729,24 precários

Saneamento Município Ministério das Cidades Em obras 979.953,62 Santo André Em execução (plano, projeto, estudo, assist. Saneamento Município Ministério das Cidades 8.683.186,55 técnica, desv. Inst

Urbanização de assentamentos Município Ministério das Cidades Em obras 4.195.577,80 precários

Saneamento Município Ministério das Cidades Em obras 52.414.695,94

Urbanização de assentamentos Município Ministério das Cidades Ação preparatória precários

Urbanização de assentamentos Estado Ministério das Cidades Em obras 36.209.200,00 precários

135 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Saneamento Município Ministério das Cidades Em obras 13.124.570,13

Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades Concluído 4.389.644,47

Em execução (plano, projeto, estudo, assist. Saneamento Município Ministério das Cidades 7.630.000,00 técnica, desv. Inst)

Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades Em licitação de obra

Prevenção em áreas de risco Estado Ministério das Cidades Em obras 21.716.666,87

Saneamento Município Ministério das Cidades Em obras 68.222.445,73

Urbanização de assentamentos Município Ministério das Cidades Em obras 50.477.544,92 precários

Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades Concluído 7.777.944,63

Urbanização de assentamentos Município Ministério das Cidades Em licitação de projeto precários

Saneamento Município Ministério das Cidades Em obras 9.771.310,58

Saneamento Município Ministério das Cidades Em obras 16.005.097,50

Saneamento Município Ministério das Cidades Em obras 5.632.559,73

Órgão de Valor Total dos Município Tipo de Empreendimento Executor Estágio acompanhamento Investimentos Água em áreas urbanas SABESP Ministério das Cidades Concluído 13.379.135,84 Urbanização de assentamentos precários Município Ministério das Cidades Em obras 59.748.328,51

São Bernardo do Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades Em obras 15.596.031,33 Campo Urbanização de assentamentos precários Município Ministério das Cidades Em obras 81.153.829,90

Saneamento Município Ministério das Cidades Em obras 95.000.000,00

136 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Prevenção em áreas de risco Estado Ministério das Cidades Em licitação de obra Urbanização de assentamentos precários Município Ministério das Cidades Em obras 59.814.437,97

Associação de Catadores de Papel, Saneamento Papelão e Material Reciclável do Fundação Nacional da Ação preparatória Bairro Assunção e Adjacências - Saúde

REFAZENDO Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades Em obras 10.068.212,08 Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades Em obras 33.579.180,46 Saneamento SABESP Ministério das Cidades Em obras 14.452.921,24 Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades Em obras 35.553.478,09 Urbanização de assentamentos precários Município Ministério das Cidades Ação preparatória

Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades Em licitação de obra

Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades Em obras 27.017.347,30 Urbanização de assentamentos precários Município Ministério das Cidades Em obras 25.367.612,53

Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades Em obras 30.822.070,41 Urbanização de assentamentos precários Município Ministério das Cidades Em obras 14.803.523,81

Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades Ação preparatória Urbanização de assentamentos precários Município Ministério das Cidades Ação preparatória

137 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Órgão de Valor Total dos Município Tipo de Empreendimento Executor Estágio acompanhamento Investimentos Urbanização de assentamentos Em execução (plano, projeto, estudo, assist. precários Município Ministério das Cidades 673.140,00 técnica, desv. Inst Urbanização de assentamentos precários Município Ministério das Cidades Em obras 53.424.711,81 Urbanização de assentamentos precários Estado Ministério das Cidades Em obras 26.750.000,00 Urbanização de assentamentos precários Município Ministério das Cidades Ação preparatória

Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades Ação preparatória

Prevenção em áreas de risco São Bernardo do Município Ministério das Cidades Em obras 22.557.470,87 Campo Urbanização de assentamentos precários Município Ministério das Cidades Em obras 34.194.712,94

Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades Em obras 98.385.549,85 Urbanização de assentamentos precários Município Ministério das Cidades Concluído 81.245,04

Saneamento Município Ministério das Cidades Em obras 68.374.586,02 Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades Em obras 18.374.398,75 Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades Concluído 16.249.278,10 Urbanização de assentamentos precários Município Ministério das Cidades Em obras 44.820.687,40

Prevenção em áreas de risco São Caetano do Sul Município Ministério das Cidades Em obras 12.000.000,00 Urbanização de assentamentos Em execução (plano, projeto, estudo, assist. precários Município Ministério das Cidades 30.857,77 técnica, desv. Inst São Lourenço da Serra Água em áreas urbanas Em execução (plano, projeto, estudo, assist. Município Ministério das Cidades 943.200,00 técnica, desv. Inst

138 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Órgão de Valor Total dos Município Tipo de Empreendimento Executor Estágio acompanhamento Investimentos Saneamento Ministério das Cidades SABESP Em obras 17.349.000,00 Prevenção em áreas de risco Ministério das Cidades Município Em licitação de obra Urbanização de assentamentos Ministério das Cidades precários Município Em obras 105.996.063,97

Ferrovia Ministério dos Transportes ANTT Concluído 4.000.000,00 Mobilidade Urbana Ministério das Cidades Ação preparatória

Saneamento Ministério das Cidades SABESP Em obras 14.157.000,00 Saneamento Ministério das Cidades LOGA Concluído 28.697.542,11 Água em áreas urbanas Ministério das Cidades SABESP Em obras 27.800.000,00 Água em áreas urbanas Ministério das Cidades SABESP Ação preparatória

Água em áreas urbanas Ministério das Cidades São Paulo SABESP Ação preparatória Urbanização de assentamentos Ministério das Cidades precários Estado Em obras 951.374.198,86

Saneamento Ministério das Cidades Estado Em obras 94.130.644,61 Água em áreas urbanas SABESP Ministério das Cidades Em obras 25.000.000,00 Urbanização de assentamentos precários Estado Ministério das Cidades Concluído 2.126.223,35

Água em áreas urbanas SABESP Ministério das Cidades Ação preparatória

Saneamento Município Ministério das Cidades Em obras 6.920.666,58 Urbanização de assentamentos precários Estado Ministério das Cidades Em licitação de obra

Saneamento COOPERACAO - Cooperativa Fundação Nacional da Ação preparatória Regional de Coleta Seletiva e Saúde

139 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Reciclagem da Região Oeste

Urbanização de assentamentos Em execução (plano, projeto, estudo, assist. precários Estado Ministério das Cidades 1.004.104,35 técnica, desv. Inst Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades Em licitação de obra

Saneamento Município Ministério das Cidades Em obras 23.086.000,00 Saneamento SABESP Ministério das Cidades Em obras 1.032.641.864,00

Órgão de Valor Total dos Município Tipo de Empreendimento Executor Estágio acompanhamento Investimentos Água em áreas urbanas SABESP Ministério das Cidades Ação preparatória Urbanização de assentamentos precários Município Ministério das Cidades Em obras 238.276.403,81 Urbanização de assentamentos precários Estado Ministério das Cidades Em obras 80.561.400,00

Saneamento Município Ministério das Cidades Em obras 80.000.000,00 Saneamento SABESP Ministério das Cidades Em obras 15.937.369,51

Saneamento Fundação Nacional da FUNASA Concluído 44.125,19 Saúde São Paulo Saneamento Fundação Nacional da FUNASA Concluído 44.125,19 Saúde

Cooperativa de Produção, Coleta, Saneamento Triagem e Beneficiamento de Fundação Nacional da Ação preparatória Materiais Recicláveis Nova Saúde

Esperança - Projeto Pantanal Urbanização de assentamentos precários Estado Ministério das Cidades Em licitação de obra

Saneamento SABESP Ministério das Cidades Ação preparatória Urbanização de assentamentos precários Estado Ministério das Cidades Em obras 15.477.447,15

140 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Cooperativa de Trabalhadores de Saneamento Fundação Nacional da Reciclagem e Beneficiamento - Ação preparatória Saúde CRESCER Urbanização de assentamentos precários Estado Ministério das Cidades Em obras 93.958.467,81

Prevenção em áreas de risco Estado Ministério das Cidades Ação preparatória Urbanização de assentamentos precários Estado Ministério das Cidades Em obras 22.305.191,60

Mobilidade Urbana Ministério das Cidades Ação preparatória

Rodovias Governo do Estado de São Paulo Ministério dos Transportes Em licitação de obra

Órgão de Valor Total dos Município Tipo de Empreendimento Executor Estágio acompanhamento Investimentos Urbanização de assentamentos precários Estado Ministério das Cidades Em obras 15.846.710,64 Urbanização de assentamentos precários Estado Ministério das Cidades Em obras 15.846.710,64

Saneamento Município Ministério das Cidades Concluído 41.263.356,66 Urbanização de assentamentos precários Município Ministério das Cidades Concluído 188.685.665,42

Saneamento São Paulo Ecourbis Ministério das Cidades Em obras 113.528.051,91 Água em áreas urbanas SABESP Ministério das Cidades Em licitação de obra

Saneamento SABESP Ministério das Cidades Concluído 48.000.000,00 Água em áreas urbanas SABESP Ministério das Cidades Em obras 69.044.084,52 Água em áreas urbanas SABESP Ministério das Cidades Em obras 3.500.000,00 Água em áreas urbanas SABESP Ministério das Cidades Em obras 21.903.975,35

141 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Urbanização de assentamentos precários Estado Ministério das Cidades Em licitação de obra

Saneamento Município Ministério das Cidades Em obras 28.043.867,16 Urbanização de assentamentos precários Município Ministério das Cidades Em obras 89.750.892,00 Urbanização de assentamentos precários Município Ministério das Cidades Em obras 223.641.299,92

Saneamento Município Ministério das Cidades Em obras 26.636.813,44 Saneamento Município Ministério das Cidades Em obras 93.853.408,17 Urbanização de assentamentos precários Município Ministério das Cidades Em licitação de obra

Água em áreas urbanas SABESP Ministério das Cidades Em licitação de obra Urbanização de assentamentos precários Estado Ministério das Cidades Em obras 130.600.000,00

Água em áreas urbanas Fundação Nacional da FUNASA Concluído 38.496,71 Saúde Urbaniz. de assent. precários Estado Ministério das Cidades Ação preparatória

142 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Órgão de Valor Total dos Município Tipo de Empreendimento Executor Estágio acompanhamento Investimentos Saneamento Município Ministério das Cidades Em obras 29.537.201,79 Saneamento SABESP Ministério das Cidades Ação preparatória Urbanização de assentamentos precários Município Ministério das Cidades Em obras 10.182.344,39

São Paulo Saneamento SABESP Ministério das Cidades Em obras 28.000.000,00 Saneamento SABESP Ministério das Cidades Em licitação de obra

Cooperativa de Produção dos Saneamento Fundação Nacional da Trabalhadores em Materiais Ação preparatória Saúde Recicláveis de São Paulo Urbanização de assentamentos Em execução (plano, projeto, estudo, assist. precários Município Ministério das Cidades 74.985,04 técnica, desv. Inst Urbanização de assentamentos Em execução (plano, projeto, estudo, assist. precários Central Pro Moradia Suzanense Ministério das Cidades 45.132,90 técnica, desv. Inst Saneamento Município Ministério das Cidades Em obras 10.571.495,52 Urbanização de assentamentos USINA - Centro de Trabalhos para o precários Ministério das Cidades Concluído 45.486,86 Ambiente Habitado Suzano Água em áreas urbanas CAB SPAT Ministério das Cidades Concluído 396.579.628,00 Urbanização de assentamentos precários Município Ministério das Cidades Ação preparatória

Urbanização de assentamentos USINA - Centro de Trabalhos para o precários Ministério das Cidades Concluído 27.289,03 Ambiente Habitado Urbanização de assentamentos precários Município Ministério das Cidades Em obras 18.822.440,00

Urbanização de assentamentos Em execução (plano, projeto, estudo, assist. Taboão da Serra precários Município Ministério das Cidades 51.127,46 técnica, desv. Inst

143 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Urbanização de assentamentos Em execução (plano, projeto, estudo, assist. precários Município Ministério das Cidades 51.127,46 técnica, desv. Inst Saneamento Município Ministério das Cidades Em obras 1.260.000,00 Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades Em obras 27.244.791,79

Órgão de Valor Total dos Município Tipo de Empreendimento Executor Estágio acompanhamento Investimentos Urbanização de assentamentos precários Município Ministério das Cidades Em obras 8.417.451,49 Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades Em obras 5.931.173,35 Saneamento Município Ministério das Cidades Em obras 35.319.900,00 Urbanização de assentamentos Em execução (plano, projeto, estudo, assist. precários Município Ministério das Cidades 51.127,46 técnica, desv. Inst Saneamento SABESP Ministério das Cidades Ação preparatória

Urbanização de assentamentos Em execução (plano, projeto, estudo, assist. precários Município Ministério das Cidades 39.988,67 técnica, desv. Inst Saneamento Taboão da Serra SABESP Ministério das Cidades Em licitação de obra

Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades Concluído 10.195.100,40 Urbanização de assentamentos Em execução (plano, projeto, estudo, assist. precários Município Ministério das Cidades 96.798,67 técnica, desv. Inst Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades Ação preparatória

Urbanização de assentamentos Em execução (plano, projeto, estudo, assist. precários Município Ministério das Cidades 35.988,67 técnica, desv. Inst Urbanização de assentamentos Em execução (plano, projeto, estudo, assist. precários Município Ministério das Cidades 38.518,67 técnica, desv. Inst Saneamento Município Ministério das Cidades Concluído 456.579,95

144 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Urbanização de assentamentos precários Município Ministério das Cidades Ação preparatória

Urbanização de assentamentos Em execução (plano, projeto, estudo, assist. precários Município Ministério das Cidades 23.989,88 técnica, desv. Inst Saneamento Município Ministério das Cidades Concluído 950.500,00 Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades Em obras 67.767.351,09 Urbanização de assentamentos Em execução (plano, projeto, estudo, assist. precários Município Ministério das Cidades 38.518,67 técnica, desv. inst Saneamento SABESP Ministério das Cidades Em Obras 15.960.000,00 Prevenção em áreas de risco Município Ministério das Cidades Ação preparatória

Urbaniz.assent. precários Município Ministério das Cidades Em licitação de obra

145 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Órgão de Município Tipo de Empreendimento Executor Estágio Valor Total dos Investimentos acompanhamento Saneamento SABESP Ministério das Cidades Em obras 13.162.486,39 Vargem Paulista Urbanização de assentamentos Em execução (plano, projeto, estudo, precários Município Ministério das Cidades 67.985,04 assist. técnica, desv. inst

Total RMSP 7.887.917.605,49 7.887.917.605,49..605,49 9

Fonte: Ministério das Cidades: Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), 2012

146 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

2.2.3.4.CONTROLE SOCIAL

A gestão do saneamento e dos recursos hídricos no Estado de São Paulo conta com três estruturas colegiadas principais: o Conselho Estadual de Saneamento (CONESAN), o Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CRH) e os Comitês de Bacias Hidrográficas (CBHs), que desempenham o papel de controle social destas políticas.

O Conselho Estadual de Saneamento (CONESAN, Lei Complementar nº 1.025/07) é um órgão consultivo e deliberativo. A composição do CONESAN é paritária e possui 33 cadeiras divididas entre o estado, os municípios e a sociedade civil, todos com direito a voto. Do Estado participam as Secretarias de Saneamento e Recursos Hídricos, cujo Titular preside o colegiado, da Saúde, da Habitação, de Economia e Planejamento, do Meio Ambiente e de Desenvolvimento, a Procuradoria Geral do Estado, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP, a Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S.A. – EMPLASA, a Agência Metropolitana de Campinas – AGEMCAMP e a Agência Metropolitana da Baixada Santista – AGEM. Além desses, mais 11 representantes das Prefeituras, eleitos em conformidade com o agrupamento territorial estabelecido para a composição do segmento municipal do Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CRH. Da sociedade civil, 11 representantes: 1 de consumidores residenciais de serviços públicos de saneamento básico; 2 de organizações não governamentais sem fins lucrativos, dedicadas direta ou indiretamente à promoção do desenvolvimento urbano, do saneamento básico e da saúde pública ou à proteção, recuperação e preservação do meio ambiente; 1 de sindicatos de trabalhadores do setor de saneamento básico; 1 de entidades federativas comerciais ou industriais; 2 de entidades associativas de operadores de serviços públicos de saneamento básico; 2de entidades associativas de profissionais do setor de saneamento básico; 1 de entidades associativas de empresas de consultoria de meio ambiente e de construção de obras de saneamento básico; 1 de entidades associativas de empresas de fabricação e comercialização de produtos industriais utilizados em saneamento básico.

As principais atribuições do CONESAN, definidas noDecreto Estadual nº 54.644/2009, são as seguintes: discutir e aprovar as propostas do Plano Plurianual de Saneamento e do Plano Executivo Estadual de Saneamento; discutir e enviar ao Governador do Estado subsídios para a formulação de diretrizes gerais tarifárias para regulação dos serviços de saneamento básico de titularidade estadual; avaliar o relatório sobre a situação da salubridade ambiental no Estado; acompanhar a aplicação dos recursos financeiros do Fundo Estadual de Saneamento (FESAN).

O Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CRH) é o colegiado central do Sistema Integrado de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (SIGRH), cujo objetivo é promover a gestão descentralizada, integrada e participativa dos recursos hídricos. O CRH é o órgão de coordenação e de integração participativa instituído pelo Decreto estadual nº 27.576/1987 e tem como incumbências dar suporte à Política Estadual de Recursos Hídricos, à estruturação do SIGRH e à elaboração do Plano Estadual de Recursos Hídricos.

O CRH é composto por 33 conselheiros, sendo 11 representantes de cada segmento – estado, municípios e sociedade civil. Do Estado: Saneamento e Recursos Hídricos, que o preside; Meio Ambiente, que ocupa a Vice-Presidência; Educação; Planejamento e Desenvolvimento Regional; Agricultura e Abastecimento; Saúde; Logística e Transportes; Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia; Esportes, Lazer e Turismo; Fazenda; Energia. Dos Municípios: representantes de grupos de Bacias Hidrográficas. Da sociedade civil: usuários industriais de recursos hídricos; usuários agroindustriais de recursos hídricos; usuários agrícolas de recursos hídricos; usuários de recursos hídricos do setor de geração de energia; usuários de recursos hídricos para abastecimento público; associações especializadas em recursos hídricos, sindicatos ou organizações de trabalhadores em

147 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

recursos hídricos, entidades associativas de profissionais de nível superior relacionadas com recursos hídricos; entidades ambientalistas ou de defesa de interesses difusos. Outras entidades da sociedade civil e do próprio estado também podem ser convidadas a integrar o CRH, mas sem direito a voto.

As principais atribuições do CRH, definidas na Deliberação nº 01/1993 que estabeleceu o Regimento Interno, são as seguintes:discutir e aprovar propostas de projetos de lei referentes ao Plano Estadual de Recursos Hídricos, assim como as que devam ser incluídas nos projetos de lei sobre plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e orçamento anual do Estado;aprovar o relatório sobre a "Situação dos Recursos Hídricos no Estado de São Paulo";exercer funções normativas e deliberativas relativas à formulação, implantação e acompanhamento da Política Estadual de Recursos Hídricos;estabelecer critérios e normas relativos ao rateio, entre os beneficiados, dos custos das obras de uso múltiplo dos recursos hídricos ou de interesse comum ou coletivo;estabelecer diretrizes para formulação de programas anuais e plurianuais de aplicação de recursos do Fundo Estadual de Recursos Hídricos - FEHIDRO;efetuar o enquadramento dos corpos d’água em classes de uso preponderante, com base nas propostas dos Comitês de Bacias Hidrográficas - CBHs, compatibilizando-as em relação às repercussões interbacias e arbitrando os eventuais conflitos decorrentes;decidir, originariamente, os conflitos entre os Comitês de Bacias Hidrográficas, com recurso, em último grau, ao Chefe do Poder Executivo, no prazo de 30 (trinta) dias contados da data de publicação da decisão no Diário Oficial do Estado de São Paulo.

O SIGRH também possui colegiados regionais, denominados Comitês de Bacias Hidrográficas (CBHs), que também são tripartites. Esses fóruns deliberativos estabelecem prioridades de ações e investimentos, promovem a recuperação ambiental das bacias e o uso equilibrado dos recursos hídricos. A gestão dos recursos hídricos é realizada de forma descentralizada e adota a Bacia Hidrográfica como unidade de planejamento e gerenciamento, também denominada como Unidade de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (UGRHI).

O Estado de São Paulo possui vinte e duas Unidades Hidrográficas de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI), sendo que a Unidade de Gerenciamento da Bacia do Alto Tietê coincide quase integralmente com o território da RMSP. O Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (CBH-AT) é composto por trinta e quatro municípios, todos localizados na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). São eles: Arujá, Barueri, Biritiba Mirim, Caieiras, Cajamar, Carapicuíba, Cotia, Diadema, Embu das Artes, Embu-Guaçu, Ferraz de Vasconcelos, Francisco Morato, Franco da Rocha, Guarulhos, Itapecerica da Serra, Itapevi, Itaquaquecetuba, Jandira, Mairiporã, Mauá, Mogi das Cruzes, Osasco, Pirapora do Bom Jesus, Poá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Salesópolis, Santana do Parnaíba, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, São Paulo, Suzano e Taboão da Serra.

Na RMSP a gestão dos recursos hídricos é feita pelo CBH-AT, que tem sua estrutura composta pelo Plenário, Secretaria Executiva, Subcomitês e Câmaras Técnicas. Os subcomitês existentes no CBH- AT são: Cotia-Guarapiranga; Billings-Tamanduateí; Tietê-Cabeceiras; Juqueri-Cantareira; Pinheiros- Pirapora.

Além disso, o CBH-AT possui as seguintes Câmaras Técnicas para discussões temáticas: Planejamento e Gestão (CTPG); Saneamento Ambiental (CTSA); Drenagem, Aproveitamentos Hidráulicos e Regras Operativas (CTDR); Águas Subterrâneas (CTAS); Educação Ambiental (CTEA).De acordo com o Estatuto do CBH-AT, suas atribuições são, dentre outras:

• aprovar o Plano da Bacia Hidrográfica e os Planos de Desenvolvimento eProteção Ambiental – PDPAs;

148 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

• aprovar as propostas de delimitação das Áreas de Proteção e Recuperação dos Mananciais – APRMs;

• propor critériose aprovar a proposta de programas anuais e plurianuais de aplicação de recursos financeiros quando relacionados com recursos hídricos;

• propor critérios e valores a serem cobrados pela utilização dos recursos hídricos contidos na Bacia Hidrográfica do Alto Tietê;

• aprovar os planos e programas a serem executados com recursos obtidos da cobrança pela utilização dos recursos hídricos da bacia hidrográfica;

• aprovar a proposta de plano de utilização, conservação, proteção e recuperação dos recursos hídricos da bacia hidrográfica,

• deliberar sobre a proposta para o enquadramento dos corpos d’água em classes de uso preponderantes;

• manifestar-se sobre as propostas de criação de áreas de intervenção e respectivas diretrizes e normas ambientais e urbanísticas de interesse regional;

• recomendar diretrizes para as políticas setoriais dos organismos e entidades que atuam nas APRMs, promovendo a integração e a otimização das ações, bem como alterações em políticas, ações, planos e projetos setoriais a serem implantados nas APRMs;.

• acompanhar a execução da Política Estadual de Recursos Hídricos, na área de atuação do CBH-AT, formulando sugestões e oferecendo subsídios aos órgãos que compõem o SIGRH;

• propor a elaboração e implementação de plano emergencial de controle de qualidade e quantidade dos recursos hídricos da unidade hidrográfica, para garantir a qualidade dos recursos hídricos em sua área de atuação, se necessário;

• apreciar e manifestar-se, junto ao CRH, sobre a aplicação de recursos arrecadados em outras bacias, na Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, ou em ações e obras que possam afetar a mesma;

• acompanhar e participar da gestão das Áreas de Proteção e Recuperação dos Mananciais - APRMs - de acordo com o estabelecido na Lei Estadual nº 9.866/97.

Além da bacia do Alto Tietê, faz parte da RMSP as bacias dos rios Paraíba, Juquiá, Sorocaba, Jundiaí e Médio Tietê e, por parte das que compõem a Vertente Atlântica. Essas bacias fazem parte das Unidades Hidrográficas de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI) do Paraíba do Sul, Ribeira do Iguape-Litoral Sul,Tietê- Sorocaba e Baixada Santista, respectivamente.

Os municípios de Juquitiba e São Lourenço da Serra integram a UGRHI 11 – Ribeira de Iguape e Litoral Sul. Os municípios de Guararema e Santa Isabel integram a UGRHI 2 - Paraíba do Sul. O município de Vargem Grande Paulista integra a UGRHI 10 Tietê/Sorocaba. Todas essas unidades de gerenciamento tem o seu Comitê estruturado a exemplo do Comitê da Bacia do Alto Tietê. Os municípios que estão na RMSP, mas que no sistema de recursos hídricos, pertencem a outras bacias, têm sua gestão no âmbito do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê.

149 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

2.2.4. ANÁLISE DA EFETIVIDADE DO ARRANJO DE GESTÃO E DA GOVERNANÇAMETROPOLITANA RELATIVA À FPIC SANEAMENTO AMBIENTAL

2.2.4.1. ANÁLISE DA DINÂMICA SOCIOECONÔMICA E SUAS INTERFACES COM O SANEAMENTO AMBIENTAL

A RMSP por seu crescimento desordenado e concentrar importante parque industrial e de serviços do Estado vem, ao longo dos anos, enfrentando grandes desafios na adequação da infraestrutura de saneamento ao seu dinamismo socioeconômico.

Com o objetivo de suprir as deficiências dos sistemas das infraestruturas de saneamento, foram desenvolvidos Planos Diretores de Saneamento pela companhia (Sabesp) e autarquias responsáveis pelos serviços de água e esgotos.

A seguir serão apresentadas as metas preconizadas nos Planos Diretores de Saneamento para a RMSP.

- Plano Diretor de Abastecimento de Água para a RMSP, para os municípios operados pela Sabesp

A Sabesp opera 29 municípios da RMSP, mas é responsável pela produção de água potável para atender, parcial e integralmente, 38 dos 39 municípios da região.

Os principais objetivos do Plano Diretor de Abastecimento de Água – PDAA são:

• preparar e divulgar diagnóstico da situação atual dos sistemas produtores de água potável para a RMSP, considerando os planos e estudos anteriores para o setor, as últimas intervenções relativas à melhoria destes sistemas e ao aumento da oferta de água potável;

• projetar a evolução da demanda de água nos sistemas de abastecimento para identificação da equação oferta x demanda;

• propor ações de curto, médio e longo prazos de captação, tratamento, adução e reservação, tendo em vista garantir a oferta de água potável para o atendimento das demandas da RMSP, projetadas até o ano 2025;

• reconhecer e recomendar ações complementares para a preservação de mananciais existentes e para recuperação da qualidade de suas águas;

• identificar novas intervenções previstas para os sistemas existentes, de forma a promover a adequação e melhoria das estruturas e instalações.

O PDAA elaborou o seu estudo demográfico para a RMSP, para horizonte de projeto o ano de 2025, adotando o “Método dos Componentes Demográficos”. Esse método utiliza, em separado, as tendências de evolução das três variáveis básicas (mortalidade, fecundidade e migração) para compor a projeção de população. O estudo considerou dois tipos de projeção, a projeção do número de domicílios e a projeção do número de empregos na RMSP. Essa última foi realizada buscando orientar o

150 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

crescimento do número de economias e consumos não residenciais, especificamente nos setores industrial e de comércio/serviços.

Para o estudo de demanda, utilizou-se como parâmetro básico para o cálculo do consumo medido o “consumo por economia”, discriminado segundo as seguintes categorias de consumo: residencial, comercial, público e industrial. Esse estudo adotou o índice de atendimento dos sistemas de abastecimento de água da RMSP igual a 100% e considerou para o calculo de projeção das demandas dois cenários: Tendencial e Dirigido. No Tendencial, onde as novas demandas se incorporam às condições atuais e recentes de uso, perdas reais e reúso,a demanda média total da RMSP é de 84,4 m3/s, e no Dirigido, onde as novas demandas de racionalização de uso, reúso e tarifa são admitidas, além de investimentos mais significativos destinados ao controle de perdas físicas, a demanda é de 78,4m3/s, sendo que a projeção das demandas máximas para 2025, no cenário Tendencial, chega a 94,1 m3/s e, no Dirigido, a 88,0 m3/s.

O Plano propõe ações para os sistemas produtores, adutor e de reservação, de forma a atender as demandas projetadas para o horizonte do ano 2025, mas não apresenta análise e propostas de ações para o sistema de distribuição.

- Planos Diretores de Saneamento para os municípios não operados pela Sabesp:

Diadema

Abastecimento de Água

Diadema já atingiu a meta de universalização do sistema de abastecimento de água. Entretanto, o sistema ainda apresenta um índice alto de perdas de água. O Plano Municipal de Saneamento de Diadema (PMSD) apresenta as seguintes metas de redução de perdas de água a serem atingidas:

Índices de Redução de Perdas

Ano 2010 2020 2030 2035

Índice 41% 37% 30% 25%

Esgotamento Sanitário

O quadro a seguir apresenta as metas para a universalização dos serviços de coleta e tratamento dos esgotos sanitários no município de Diadema:

151 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Índices de Cobertura dos Serviços de EsgotamentoSanitário

Ano Tipo de Serviço 2010 2018

Coleta de Esgotos 95% 100%

Tratamento de Esgotos 13% 100%

Limpeza Urbana e Manejo de Resíduos Sólidos

Com relação à Limpeza Urbana e Manejo de Resíduos Sólidos, as metas estabelecidas no Plano são aquelas estabelecidas no PLANSAB, isto é:

• 100% de coleta domiciliar em 2020; e

• 37% de coleta seletiva em 2020 e 50% em 2030.

Guarulhos

Abastecimento de Água

O sistema de abastecimento público do município de Guarulhos apresenta irregularidade no seu atendimento. Isso ocorre em função do desequilíbrio entre oferta e demanda motivado pela deficiência dos sistemas de produção, adução, reservação e distribuição, e o índice de perdas de água elevado.

Para que o município atinja a universalização deve sanear os problemas relativos à disponibilidade hídrica, infraestrutura hidráulica inadequada e o alto índice de perdas de água verificado no sistema de abastecimento.

Assim, o Plano Diretor, para atender as demandas projetadas, estabeleceu as seguintes metas de atendimento até o ano 2042:

Atendimento de Abastecimento de Água (%)

Índice de Atendimento de Abastecimento de Água 2022 2032 2042

Ano 2013 2022 2032 2042

Índice 92% 96% 100% 100%

As ações estabelecidas para que sejam atingidas as metas são:

• Aumentar a produção própria em 500 L/s em curto prazo a médio prazo (até 2021);

• Aumentar para 100% a cobertura do abastecimento de água a longo prazo;

• Reduzir o índice de perdas global para 35% no curto prazo (2013/2023) e para 25% no médio prazo (2023/2035), mantendo-se esse valor até o final de plano (2042).

152 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

As ações e intervenções propostas no Plano buscam reduzir significativamente, no curto e médio prazo, as interrupções no abastecimento.

O Plano não faz menção nas suas análises às demandas dos grandes consumidores ou grandes empreendimentos.

Esgotamento Sanitário

Até 2010, Guarulhos apresentava índice de 73% de coleta de esgotos e não contava com nenhum tipo de tratamento para seus esgotos. Soma-se a isso o elevado número de ligações clandestinas e de interferências com a rede de águas pluviais.

O Plano tem como principal balizador o Termo de Acordo firmado entre o Ministério Público Estadual – MPE, o SAAE e o Município de Guarulhos, em 25 de outubro de 2006, posteriormente aditado em 13 de abril de 2009.

Esses documentos constituíram a base para o estabelecimento de um cronograma de intervenções para o desenvolvimento do sistema de esgotamento sanitário e a diminuição do passivo ambiental existente.

O Plano estabeleceuos seguintes índices de atendimento para os sistemas de coleta e tratamento de esgoto para o Município de Guarulhos:

Índice de Atendimento de Esgotamento Sanitário

Ano 2013 2017 2032 2036 2042

Índice 75 % 80% 80% 100% 100%

Para que os índices preconizados sejam atingidos, o PDAE estabeleceu as seguintes metas:

• Coletar e tratar 80% de todo o esgoto produzido em Guarulhos até 25 de dezembro 2017;

• Tratar 100% de todo o esgoto produzido em Guarulhos até 25 de outubro de 2036;

• Adequar a rede coletora para eliminar ligações clandestinas e interferências com a rede de águas pluviais.

Como forma de garantir a redução do passivo ambiental é proposto, também, um padrão de serviço para acompanhamento da qualidade do tratamento de esgotos efetuado, relacionado à eficiência do processo de tratamento de esgotos, que no curto prazo (2019) deve garantir 90%, no médio prazo (2029)95% e no longo prazo (2042) 97%.

153 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

São Caetano do Sul

As projeções das demandas de água foram estabelecidas com base na análise do histograma de consumo fornecido pelo DAE, nos dados relativos aos grandes consumidores de água e parâmetros indicados a seguir.

O município de São Caetano do Sul já atingiu a universalização no atendimento relativo ao abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto.

Assim, o Plano de Saneamento preconiza a manutenção dos níveis de atendimento, com introdução de melhorias, referentes principalmente à manutenção dos sistemas, redução de perdas, automação, substituição de equipamentos, substituição de tubulações e ligações prediais, além da substituição dos hidrômetros em prazos adequados.

O Plano estabeleceu as projeções das demandas de água com base na análise do histograma de consumo fornecido pela autarquia municipal denominadaDepartamento de Água e Esgoto (DAE), nos dados relativos aos grandes consumidores de água e parâmetros de Índice de Perda e Coeficientes de Variação de Consumo, Retorno e Vazão de Infiltração.

- Objetivos e metas de curto, médio e longo prazo para o Sistema de distribuição de água.

Em relação ao sistema de distribuição de água, objetiva-se principalmente a manutenção do nível de atendimento em 100% da população do município com melhoria contínua da qualidade dos serviços prestados, abrangendo entre outros aspectos: manutenção preventiva, ações para redução de perdas; automação das operações; substituição de tubulações, ramais prediais e cavaletes; substituição de hidrômetros, aprimoramento do atendimento ao usuário; etc.

- Objetivos e metas de curto, médio e longo prazo para o sistema de coleta de esgoto

Em relação ao sistema de coleta de esgoto sanitário, objetiva-se manter a universalização do atendimento da coleta, o qual, para efeito do Plano do Saneamento, considerou-se o equivalente a 98,5% da população. Soma-se a isso a constante melhora dos serviços, incluindo entre outros aspectos: manutenção preventiva; substituição de tubulações; substituição de equipamentos, operação remota das estações elevatórias de esgotos, agilização do atendimento às demandas de desobstruções na rede, etc.

- Programas, projetos e ações necessárias para atingir os objetivos e as metas

A seguir é apresentado um resumo das principais intervenções, projetos e ações necessárias para atingir os objetivos e as metas estabelecidas no Plano de Saneamento.

- Plano de obras de ampliação do sistema de distribuição de água

• implantação/remanejamento de 153km de rede e execução/substituição de 16.650 ligações de água;

• remanejamento/recuperação de 50km de redes primárias;

• substituição ao longo de 30 anos de 18.500 cavaletes e 178.200 hidrômetros (vida útil de 5 anos);

• implantação de sistema de supervisão e controle;

• programa de controle de perdas.

- Plano de Obras de Ampliação do Sistema de Coleta de Esgoto

154 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

• implantação/remanejamento de 81km de rede coletora;

• implantação/substituição de 9.090 ramais de esgoto;

• reabilitação das instalações elétricas das estações elevatórias de esgoto;

• implantação de sistema de supervisão e controle.

- Ações relativas à gestão

• aprimoramento do atendimento ao público;

• desenvolvimento de ferramentas GIS para a área operacional;

• aprimoramento da política de recursos humanos.

- Ações para emergências e contingências

Destacam-se como ações de emergências e contingências preconizadas no Plano:

• sistema de monitoramento e controle da qualidade da água com análise "on-line" (turbidez, cloro residual livre e fluoretos);

• implementação em acordo com a SABESP de um plano de manutenção e inspeção periódica dos reservatórios e "booster";

• plano de emergência com mapeamento das ruas onde estejam instaladas de grande diâmetro e pressão elevada;

• implantação de um programa de inspeção e manutenção das válvulas de modo a garantir sua atuação quando acionadas;

• plano de manutenção preventiva dos equipamentos instalados nas estações elevatórias de esgoto; - plano de inspeção de pontos críticos de tubulações de recalque;

• programa de limpeza periódica das redes coletoras que priorize as áreas de maior incidência de obstruções;

• ações relacionadas à educação ambiental para eliminação das contribuições indevidas e manutenção das instalações sanitárias;

• treinamento do pessoal e adequação dos equipamentos para fazer frente a ações emergenciais.

- Mecanismos e procedimentos de avaliação das ações programadas

De acordo com o Plano de Saneamento, serão utilizados os seguintes indicadores para avaliação da eficiência e eficácia das ações programadas:

• qualidade da água distribuída (IQAD);

• cobertura do sistema de abastecimento de água (CBA);

• continuidade do abastecimento de água (ICA);

• índice de perdas no sistema de distribuição (IPD);

• cobertura do sistema de esgotamento sanitário (CBE);

• eficiência da prestação de serviços e atendimento ao usuário (IESAP);

• índice de adequação do sistema de comercialização dos serviços (IACS);

155 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

• Nível de cortesia e de qualidade percebida pelos usuários na prestação dos serviços.

Mauá

Abastecimento de Água

O Plano Municipal de Abastecimento de Água - PMAA - Versão 2010 estabeleceu metas e ações para o horizonte até 2040.

As metas de prestação de serviços adequado do PMAA de Mauá estão apresentadas a seguir:

Índice de Cobertura do Sistema de Abastecimento da Água

Ano 2011 2012 2013 2014 a 2040

Índice 97,50% 99,00% 100,00% 100,00%

As ações estabelecidas para que sejam atingidas essas metas são:

• Índice de Qualidade da Água (IQA) maior que 90% no ano de 2011 e maior que 95% a partir de 2013;

• Índice de Continuidade de Abastecimento (ICA) maior que 98% a partir de 2013.

Em relação aos índices de perdas na rede o Plano definiu as seguintes metas:

Índice de Perdas na Rede de Água (IPD)

Ano 2010 2015 2020 2040

Índice 46% 40% 32% 25%

Investimentos no sistema de abastecimento de água

• produção de água potável: R$84.739.822,88.

• distribuição de água potável em Mauá: R$10.975.000.

• na operação, período de 2011-2040: R$28.036.413,95.

• em novas ligações de água: R$4.303.061,80.

• em novas redes de água: R$13.729.565,50.

• na renovação de ligações e redes de água: R$53.285.758,54.

O total de investimentosno sistema de abastecimento de água, no período de 2011 a 2040, será de R$ 195.069.622,67.

Esgotamento Sanitário

156 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

O Plano Municipal de Esgotamento Sanitário, concluído em agosto de 2011 definiu as seguintes metas para os sistemas de coleta e tratamento deesgoto.

A tabela a seguir mostra a proposição das metas de prestação de serviço adequado ao PMES de Mauá.

Índice de Cobertura dos Serviços de Esgotamento Sanitário

Atendimento de Esgoto Tratado Cobertura do serviço de esgoto Ano Coleta de Esgoto (%) (%) (%)

2011 87,79% 3,75% 3,29%

2012 88,56% 4,00% 3,54%

2013 89,32% 4,25% 3,80%

2014 89,66% 4,50% 4,03%

2015 90,00% 100,00% 90,00%

2016 90,71% 100,00% 90,71%

2017 91,42% 100,00% 91,42%

2018 92,14% 100,00% 92,14%

2019 92,85% 100,00% 92,85%

2020 93,57% 100,00% 93,57%

2021 94,28% 100,00% 94,28%

2022 a 2032 95,00% 100,00% 95,00%

2033 95,50% 100,00% 95,50%

2034 96,00% 100,00% 96,00%

2035 96,50% 100,00% 96,50%

2036 97,00% 100,00% 97,00%

2037 97,50% 100,00% 97,50%

2038 98,00% 100,00% 98,00%

2039 98,50% 100,00% 98,50%

2040 99,00% 100,00% 99,00%

As ações estabelecidas no Plano, para atingir essas metas, são:

• Índice de Qualidade do Esgoto (IQE) maior que 90% em 2015 e maior que 95% de 2017 em diante;

157 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

• Índice de Eficiência na Prestação de Serviço e Atendimento Público (IESAP) e Índice de Adequação da Comercialização dos Serviços (IACS) devem ser ótimos a partir de 2011.

Investimentos no sistema de esgotamento sanitário:

• plano de obras de esgoto: R$162.445.195,18, no período de 2012-2015;

• em novas ligações de esgoto: R$9.130.472,20, no período de 2011-2040;

• em novas redes de esgoto: R$39.826.574,43, no período de 2011-2040;

• na renovação de redes e ligações: R$12.738.420,00, no período de 2011-2040;

O total de investimento no sistema de esgotamento sanitário será de R$ 224.140.661,81, no período de 2011 a 2040.

2.2.4.2. GOVERNANÇA DO SANEAMENTO AMBIENTAL METROPOLITANO: A QUESTÃO DO SANEAMENTO AMBIENTAL E DA EXPANSÃO DA INFRAESTRUTURA URBANA

A rápida expansão urbana causada pela forte imigração para a Região Metropolitana de São Paulo levou à implantação de um sistema de abastecimento de água que mal conseguia atender a todas as demandas. A oferta equilibrada com a demanda é um ganho recente. O sistema foi implantado muito rapidamente, de forma que somente mais recentemente foram sendo tomadas medidas e ações próprias de gestão dos sistemas, visando reduzir perdas, aumentar a oferta de água potável e garantir sua qualidade.

Apesar dos esforços para universalizar o atendimento de água, o crescente aumento da população em áreas periféricas, além da existência de favelas e ocupação de áreas protegidas ambientalmente por moradias precárias e informais, dificultam a ampliação e adequação do sistema de abastecimento com a celeridade necessária para atingir um padrão adequado de saneamento e de qualidade de vida para a população da RMSP.

Na RMSP, os sistemas de abastecimento de água, apesar de registrar alto índice de atendimento, ainda apresentam graves deficiências. Algumas zonas são bem atendidas e outras ainda ocorre falta d’água, com presença constante de “rodízio”. É o caso da sub-região oeste da RMSP. Além disso, os sistemas de abastecimento dos municípios têm níveis discrepantes de eficiência, ou seja, as áreas centrais são bem dotadas e as periféricas ainda sofrem com a falta d’água.

Para que o sistema possa responder ao aumento de demanda, as concessionárias da RMSP, notadamente a Sabesp, vêm implementado o programa de controle de perdas e desenvolvendo esforços quanto ao reuso de água para fins industriais, deixando a água potável para fim mais nobre como o abastecimento dos usuários. Entretanto, essasações não tem sido implementadas no ritmo e abrangência que a realidade demanda.

Assim, para garantir a demanda atual e as demandas futuras da RMSP,a Sabesp realizou a Revisão e Atualização do Plano de Abastecimento Público da RMSP(Encibra / Hidroconsult, 2006).

158 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

A seguir são destacadas algumas das intervenções propostas pelo Plano para suprir as demandas da RMSP:

• “previu intervenções para ampliação do sistema do Alto Tietê, que foram divididas em duas etapas: a primeira com elevação da captação de água de 10 m³/s para 15 m³/s e a segunda para 20 m³/s. As intervenções para ampliação da primeira etapa tiveram início em 2009 e foram divididas em dois momentos. O primeiro com obras que resultaram no acréscimo de 2 m³/s, concluídas em novembro de 2010, e por fim aumento de 3 m³/s concluído em maio de 2011”.

• “propôs a implantação de um novo sistema, o Sistema São Lourenço. Foi então desenvolvido estudo para sua concepção intitulado “Relatório Síntese do Estudo de Concepção do Sistema Produtor São Lourenço”(ENCIBRA/ PRIME, 2011). A alternativa selecionada pelo estudo para abastecer a RMSP é através da reversão da bacia do Alto Juquiá, mas não definiu o cronograma para sua implantação. Este sistema busca suprir as falhas de atendimento da região oeste da RMSP que hoje são atendidos pelos Sistemas Cantareira, Alto Cotia e Baixo Cotia”.

Além dessas ações e propostas de intervenções até o ano de 2025, o Plano reforça a necessidade de programas de gestão de demanda, reuso da água e controle de perdas no abastecimento público como forma de postergar, o máximo possível, a necessidade de novas reversões.

Quanto aos sistemas de esgotamento sanitário, a área atendida pela rede coletora é significativamente menor que aquela coberta pela rede de distribuição de água, correspondendo às áreas de urbanização mais consolidadas e sua expansão é muito lenta.

Com relação à melhoria da qualidade da água dos principais rios e afluentes da Bacia do Alto Tietê, será necessário ainda muito investimento em coleta e tratamento de esgotos e em outros sistemas de recuperação da qualidade das águas superficiais. Apesar dos vultosos investimentos realizados pelo Governo do Estado neste sentido, a exemplo do Projeto de Despoluição do Rio Tietê – Projeto Tietê, a melhora efetiva da qualidade das águas é pouco perceptível, encontrando-se o Rio Tietê ainda bastante poluído.

Além da implantação do Projeto Tietê, é necessário adotar soluções localizadas que atendam comunidades que estão fora da região de cobertura do Tietê ou se encontram em áreas difíceis de serem interligadas ao sistema principal de esgoto. A plena recuperação da qualidade da água dos corpos d’água superficiais necessita também de outras ações, em razão da baixa capacidade de assimilação de cargas pelos cursos d’água que atravessam a região, devido às baixas vazões e velocidades que estes apresentam quando comparados com a carga poluidora remanescente do tratamento e as cargas difusas de poluição arrastadas nos episódios de chuva. Serão necessárias soluções que dêem conta do tratamento destas cargas difusas de poluição, como rever o projeto dos atuais “piscinões” para incrementá-los com medidas de redução dessas cargas.

A Sabesp, quando da revisãodo Plano Diretor de Esgotos da RMSP, estabeleceu ações e metas até o ano 2030. O Plano busca discutir a ampliação dos sistemas já implantados, definindo prioridades de ações a implantar e apresentando os custos envolvidos com a universalização dos serviços. O Plano define, como meta de atendimento até 2030, atender, no mínimo, 90% dos domicílios com coleta de esgotos e tratar 100% das vazões coletadas. As ações nele preconizadas estão em andamento e já apresenta uma melhora nas condições de qualidades dos recursos Hídricos na RMSP, mas ainda a RMSP está longe de atingir o nível de universalização para os sistemas de esgotamento sanitário.

Quanto à questão dos resíduos sólidos, cerca de 70% dos municípios da RMSP ainda não elaboram seu Plano Diretor de Resíduos Sólidos. O problema maior está na disposição e tratamento dos

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resíduos, em função da dificuldade de se ter áreas em locais adequados que atendam a legislação ambiental. Mais de 54% do território metropolitano encontra-se em área de proteção ambiental, impossibilitando que os resíduos sejam dispostos nessas áreas para serem tratados. Outro fator que dificulta a eficácia e abrangência dos serviços é sua sustentabilidade financeira, já que mais de 50% dos municípios não cobram pela limpeza urbana e, quando o serviço é cobrado, os valores são insuficientes. Outro aspecto importante diz respeito a necessidade de implementação de programas de educação ambiental para que seja reduzida a geração de lixo.

A RMSP é uma região extremamente populosa e se configura como um dos maiores centros econômicos, financeiros e tecnológicos do país. O grande crescimento populacional da região, especialmente ao longo da segunda metade do Século XX, ampliou o uso do solo de forma desordenada e irregular, que conduziram a uma situação de estresse hídrico na RMSP.

“A urbanização desordenada contribui substancialmente para o agravamento da poluição dos reservatórios de água bruta, da escassez das fontes hídricas e da vulnerabilidade ante as inundações. Estes aspectos são mais destacados onde há insuficiência ou inadequação de serviços urbanos e uso ineficiente da água, configurando-se como uma situação de forte desafio para as instituições que atuam na gestão da água” (Banco Mundial, 2012).

Dentro desse contexto, a gestão do saneamento e dos recursos hídricos em áreas altamente urbanizadas como a RMSP é um grande desafio que exige intensa integração e articulação entre os sistemas de infraestrutura e as diferentes jurisdições territoriais que compõem a região e colocam em cheque os tradicionais instrumentos setoriais e locais de gestão (SILVA, NUCCI, COSTA, 2012).

Há atualmente um movimento de expansão da cobertura de abastecimento de água e de esgotamento sanitário na RMSP, mas a escassez da água, o aumento da degradação ambiental e as constantes inundações nesta região ainda predominam. A causa destes problemas, no entanto, não está necessariamente nas falhas de cada um dos sistemas setoriais de gestão, mas sim nos problemas de articulação entre eles (SILVA, NUCCI, COSTA, 2012). Maior do que o imperativo para a realização de diagnósticos setoriais centrados em metas e objetivos para cada sistema de forma individual é a necessidade de sistematizar e enfrentar as falhas das interfaces entre os sistemas setoriais de gestão dos recursos hídricos, do saneamento e dos resíduos sólidos. Esta problemática só pode ser resolvida através da ação conjunta e regional entre os atores políticos, técnicos, acadêmicos e da sociedade civil.

Experiências recentes de planejamento e gestão integrada na RMSP se configuram como tentativas de integração da gestão setorial, como a revisão da lei de proteção aos mananciais (Lei Estadual nº 9.866/1997), o Projeto Guarapiranga, o Plano de Bacia do Alto Tietê e o Terceiro Plano Diretor de Macrodrenagem da Bacia do Alto Tietê – PDMAT 3, que buscam uma visão mais conjunta dos diversos problemas que se relacionam direta ou indiretamente com os recursos hídricos e com o saneamento na maior região metropolitana do país (SILVA, NUCCI, COSTA, 2012).

A legislação que incide sobre o tema do saneamento não contribui para a necessária integração com as demais políticas urbanas (Banco Mundial, 2012). A lei estadual de proteção aos mananciais (Lei nº 898/75) surtiu pouco efeito na contenção da ocupação dessas áreas, sendo muitas objeto de invasão por favelas, até por conta da carência de políticas de habitação de interesse social.

A RMSP carece ainda de regulamentação para reuso da água para fins não potáveis e de intensificação de programas de redução de perdas de água no sistema de distribuição especialmente por parte de municípios com estruturas autônomas muitas vezes pouco eficientes (Banco Mundial, 2012).

160 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Estes exemplos ilustramproblemas a serem superados nas interfaces entre os entes e atores que compõem o sistema de gestão da água e de saneamento.

O Programa Guarapiranga busca articular os principais atores institucionais, atribuindo à SABESP a responsabilidade pelas ações de saneamento,aos Municípios as suas interfaces com o zoneamento, a fiscalização do uso do solo e a gestão de resíduos sólidos, e à Cetesb a regulação dos efluentes industriais. Além disso, o Comitê de Bacia Hidrográfica do Alto Tietê agregou estes atores para a elaboração do Plano de Bacia, além de vincular a cobrança pelo uso da água à aprovação das leis específicas nas sub-bacias.

Para Silva, Nucci e Costa (2012), os principais elementos a serem contemplados na formulação de propostas voltadas ao aproveitamento conjunto das externalidades geradas pelos diferentes sistemas setoriais na RMSP são os seguintes: relação entre quantidade e qualidade da água, abrangendo as questões de disponibilidade, de demanda e dos processos de degradação na RMSP; relação entre os setores usuários (abastecimento, esgotos, inundações, energia, irrigação, navegação) e setores que não sejam diretamente usuários (uso do solo, urbanização, habitação, transporte urbano e sistema viário); relação entre bacias vizinhas, considerando as transferências de água (reversão/transposição), a descarga de poluentes e as inundações.

Além do planejamento conjunto, o desenvolvimento de soluções integradas e articuladas para enfrentamento das dificuldades relacionadas à gestão das águas e da infraestrutura hídrica na RMSP necessita de novas tecnologias e práticas gerenciais que viabilizem o aproveitamento de economias de escala e de escopo entre os diferentes sistemas setoriais, com enfoque sobre: o desenvolvimento do uso eficiente da água e da energia em ambiente de elevada escassez; a atualização de critérios e padrões de projeto das estruturas hidráulicas (em face dos fenômenos climáticos fora de estação e com persistência crescente); e o desenvolvimento e operação de sistemas multiobjetivos (caso do complexo hidroenergético Pinheiros-Billings) (SILVA, NUCCI, COSTA, 2012).

Mecanismos de financiamento nacionais e internacionais também podem se configurar como peça-chave para o desenvolvimento de ações multissetoriais. Segundo o Banco Mundial (2012), os recursos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) têm sido indutores de uma colaboração ativa entre as diversas entidades protagonistas na gestão das águas na RMSP, na medida em que as solicitações de recursos são realizadas de forma conjugada pela Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos, pela Prefeitura de São Paulo e dos demais municípios e pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado (CDHU), para ações conjuntas nas áreas de saneamento, urbanização de favelas e construção de moradias, resíduos sólidos e melhorias urbanas. Os financiadores internacionais também promovem este tipo de articulação, como o Banco Mundial, a Agência de Cooperação Internacional do Japão, o Banco Interamericano de Desenvolvimento, dentre outros.

O maior desafio para o desenvolvimento e aplicação de iniciativas articuladas, integradas e conjuntas na gestão da água ocorre no âmbito institucional, já que as dimensões regionais da RMSP extrapolam a forma tradicional de organização, do planejamento e da execução destas funções por cada setorial. Para Silva, Nucci e Costa (2012), a coordenação e articulação da gestão da água exigem hoje, além de uma concepção territorial mais flexível, um arcabouço institucional que promova essa flexibilidade territorial e a necessária articulação regulatória e gerencial entre os diversos setores, a União e os Municípios. Neste sentido, a recente reorganização da RMSP e do Sistema Estadual de Desenvolvimento Metropolitano pelo Governo do Estado de São Paulo é parte importante deste processo, fomentando a articulaçãodos diversos entes e atores da gestão da água e de seus usos na região, extrapolando papéis individuais de municípios e de órgãos setoriais, integrando os temas do saneamento ambiental.

161 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

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165 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

2.3. TRANSPORTES

2.3. TRANSPORTES

2.3.1. DINÂMICA METROPOLITANA DA RMSP E A FPIC DE TRANSPORTES METROPOLITANOS

No âmbito da FPIC de Transporte Metropolitano, destaca-se a importância do tema da mobilidade de pessoas e cargas pelo território da RMSP e da MMP, como elementos tanto de conectividade e competitividade quanto de coesão territorial 16. Os sistemas de infraestrutura rodoviária, enquanto eixos de desenvolvimento econômico e urbano do ESP e da MMP, articulam metrópoles e aglomerações urbanas, categorias superiores da rede urbana paulista. Os eixos de expansão econômica organizadores do território coincidem com o traçado axial da infraestrutura viária regional.

O território da RMSP foi fortemente definido pela implantação dos eixos ferroviários e rodoviários que convergiam para o município de São Paulo. As atividades agrícolas, o escoamento do café do interior paulista, as rotas por trilhos e, posteriormente, a industrialização, que acompanhou a consolidação do sistema rodoviário, a partir de meados do Século XX, intensificaram e ampliaram as conexões metropolitanas.

As rodovias que ligam a RMSP interna e externamente resultaram na configuração de um feixe de eixos regionais radiais que, em grande medida, estruturam o espaço metropolitano. Ao se conectarem com os sistemas viários locais, nas distintas regiões metropolitanas, esses eixos articularam-se às infraestruturas viárias locais, que têm distintos estágios de desenvolvimento, estruturando diferentes condições de conectividade e alguns gargalos expressivos para a fluidez do sistema de transporte e reduzindo a eficiência sistêmica do território.

Se no passado as rodovias conectavam os estados e os municípios em que predominava a circulação de mercadorias, ao longo das ultimas décadas passaram a atender a novas funções ligadas ao deslocamento cotidiano da população. A construção de vias marginais, trevos de acesso e novas faixas de tráfego em trechos específicos são obras públicas que complementam e adaptam o sistema aos usos derivados da intensa urbanização, especialmente nas regiões metropolitanas, promovendo a ligação de núcleos urbanos e possibilitando o deslocamento da população.

A dispersão urbana traz em seu bojo a intensificação da mobilidade pendular da população, que se desloca entre pontos do território para as atividades de trabalho, educação, lazer e consumo. O aumento das viagens entre diferentes municípios de uma mesma região metropolitana ou de regiões metropolitanas distintas, revela um aumento da mobilidade da população e uma grande articulação produtiva em escala regional. No caso da RMSP, comparando-se os dados dos Censos Demográficos de 2000 e 2010, houve uma variação de 1.108.691 para 1.942.001 pessoas que realizam esses movimentos cotidianamente, representando um aumento de 75%, sendo que em 2010 corresponde a 13% da PIA17.

16 Texto extraído do documento Emplasa / Fundap. Plano de Ação da Macrometrópole Paulista: Conectividade e competitividade econômica da MMP. Relatório Técnico de Pesquisa, 2013.

17Emplasa / Fundap. Plano de Ação da Macrometrópole - 2013 / 2014 (PAM): Movimentos pendulares na Macrometrópole Paulista. Relatório Técnico de Pesquisa. O dado censitário capta parte do fenômeno denominado na literatura internacional como “commuting”. Nesse trabalho, a pessoa que realiza o “movimento pendular” é maior de 15 anos de idade que estuda ou trabalha (na semana anterior ao Censo) em município distinto ao de

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Os dados evidenciam que o principal desafio da RMSP e da MMP é o desenvolvimento de um sistema de transporte intermunicipal de passageiros de maior abrangência e qualidade, no sentido de reverter a tendência de utilização do transporte individual, que cresce a taxas sempre mais elevadas que as do transporte coletivo. A elevação do deslocamento por transporte individual ocorre principalmente com a elevação da taxa de motorização, tendo como conseqüência o aumento da poluição e dos índices de congestionamentos. Por outro lado, o grande número de linhas de ônibus que cobrem o território metropolitano utilizam praticamente todo o sistema rodoviário pavimentado. As linhas formam um sistema interligado por terminais, que são pontos de acesso ao sistema nas cidades da RMSP.

Com a implantação completa do Rodoanel e a execução do elo sul do Ferroanel, a RMSP será a área mais bem servida de transporte de todo o território nacional, apresentando condições de conectividade que se equiparam às existentes nas maiores concentrações urbanas do mundo. Porém, essa porção do território da MMP ainda enfrenta grandes dificuldades no que respeita ao escoamento de pessoas e riqueza, tanto aquelas produzidas no ESP como as geradas em outras partes do país, desde aquelas que fazem a travessia do território da MMP em direção aos portos de Santos e São Sebastião, até a circulação de pessoas pelos aeroportos.

As ligações entre os polos portuário e produtivos sempre foi palco de grandes problemas para os empreendimentos tanto rodoviários, como ferroviários. Com a implantação da Rodovia dos Imigrantes, especialmente com a sua segunda pista – a descendente –, inaugurada em fins de 2002, e com o avanço das possibilidades derivadas da evolução da engenharia, foram superados desafios técnicos importantes nesse sentido. Foi esse avanço que embasou a decisão de não interferência nas encostas da Serra do Mar, privilegiando a utilização de túneis e viadutos na implantação dessa pista. Quanto aos principais aeroportos da RMSP - Congonhas e Guarulhos -, o acesso ainda é objeto de projeto de articulação com o sistema de transporte de passageiros por ferrovias.

A fluidez na RMSP também tem relação com o adensamento e a expansão da mancha urbana, fenômenos que transformaram a natureza das relações entre os centros urbanos e passaram a exigir maior integração dos sistemas e modais de transporte. A RMSP, que se configurou a partir das ligações viárias, viu essas ligações serem cada vez mais ocupadas pelos usos das cidades, que tiveram sua expansão impulsionada por investimentos imobiliários derivados dos melhores níveis de acessibilidade aos seus principais polos. Assim, as escalas regional e local de urbanização passaram a se comunicar de maneira quase direta, especialmente nos centros urbanos.

Nas últimas décadas, foram realizados expressivos investimentos públicos que alteraram os padrões de mobilidade e acessibilidade no espaço metropolitano e regional, com impactos também nas periferias metropolitanas. Foram geradas novas acessibilidades, na escala intra-urbana, como é o caso do interior da RMSP, dotado de avenidas que, do centro expandido, se estendem para a periferia. O mesmo ocorreu na escala regional, com a implantação de rodovias de nova geração, que estabelecem conexões mais eficientes entre importantes polos regionais, criando novas condições de acessibilidade e mobilidade e viabilizando a atuação do mercado imobiliário formal, tanto pela produção de edifícios, quanto pela instalação de grandes equipamentos de consumo de âmbito regional. Os processos de verticalização residencial, a construção de grandes equipamentos de consumo - shopping centers, grandes supermercados ou superlojas de materiais de construção e mobiliário -, e a multiplicação de

residência. Essa definição exclui todos aqueles que se movimentam dentro dos municípios muitas vezes cumprindo grandes distâncias e consumindo muito de seu tempo, o que implica que o dado aqui utilizado revela apenas parte de um fenômeno muito mais volumoso e intenso. Não foram considerados os movimentos desde e para outros países em função de sua ínfima importância numérica.

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condomínios e loteamentos residenciais fechados são indicadores da dinâmica urbana na direção das periferias.

Os investimentos públicos em infraestruturas de grande porte, como é o caso das rodovias regionais, se caracterizam pelo grande potencial articulador do território e, também, de abertura de novas fronteiras para a urbanização. Articulam-se ainda no seu bojo novos interesses em relação às periferias metropolitanas, especialmente aquelas derivadas da ação do mercado imobiliário que é voltado para a produção de tipologias residenciais para faixas de renda médias, na forma de condomínios e loteamentos fechados, dispersos no território regional, bem como de equipamentos regionais de consumo e serviços. Atendem a programas urbanos e padrões de ocupação distintos daqueles gerados pelos assentamentos populares e respondem a diferentes modos de vida, atendendo grupos sociais distintos.

A característica mais evidente dessa dinâmica é a produção de áreas urbanizadas dispersas conectadas aos principais centros de produção e de consumo localizados no território expandido, viabilizada pelos investimentos públicos em acessibilidade regional, onde o automóvel tem papel essencial. Se até os anos 80 a periferia era o lugar dos pobres nas metrópoles, as evidências apontam que, hoje, verifica-se um novo ciclo da urbanização. No contexto da urbanização contemporânea dispersa, as periferias metropolitanas respondem a um padrão urbano-regional periférico, do qual se destacam três características: i) é qualificado, isto é, dele resulta um território fragmentado e conectado; ii) é regular e legal, e produzido com participação ativa do mercado imobiliário e do capital financeiro; iii) é destinado a grupos sociais de maior renda.

As condições de competitividade da MMP, como principal polo de inserção da economia paulista na economia continental e mundial depende da disponibilidade, integração e eficiência das infraestruturas de logística e transporte.

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2.3.2. HISTÓRICO E CARACTERIZAÇÃO DA GESTÃO DA FPIC

2.3.2.1. ESTRUTURA INSTITUCIONAL E NORMATIVA

A questão do Transporte Metropolitano na Região Metropolitana de São Paulo está na origem de sua criação, desde os anos 70.

Antes disso, o Município de São Paulo aprovou a Lei Municipal nº 6.988 em 1966 que autorizou a constituição da Companhia do Metropolitano de São Paulo – METRÔ, empresa responsável pelo planejamento, projeto, construção e operação do sistema de transporte metropolitano naRegião Metropolitana de São Paulo.O metrô paulistano está em operação desde 14 de setembro de 1974 e a maior parte de seu controle acionário está associada ao governo do estado.

Conforme detalhado no Relatório 1.1, a RMSP foi criada pela Lei Complementar Federal nº 14/1973, institucionalizada pela Lei Complementar Estadual nº 94/1974 e regulamentada pelo Decreto Estadual nº 6.111/1975. Esse decreto criou e institucionalizou o Sistema de Planejamento e Administração Metropolitana – SPAM (reorganizado pelo Decreto Estadual nº 10.951/1977), estabeleceu o Conselho Consultivo Metropolitano de Desenvolvimento Integrado - CONSULTI e o Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Grande São Paulo - CODEGRAN. A Lei Complementar Estadual nº 144/1976 estabeleceu o Sistema Metropolitano de Transportes Urbanos e autorizou a criação da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo S.A. – EMTU, vinculado à Secretaria dos Negócios Metropolitanos, também criada nessa época.

A Lei Estadual nº 7.450/1991 criou a Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos e vinculou a esta pasta a Companhia do Metropolitano de São Paulo - METRÔ e a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos - EMTU/SP. O Decreto Estadual nº 34.184/1991 estabeleceu os campos funcionais da STM para a execução da política de transportes na Região Metropolitana de São Paulo, seu sistema viário metropolitano e os assuntos correlatos. A Lei Estadual nº 7.861/1992 criou a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos – CPTM, vinculada à STM.

O Decreto Estadual nº 39.895/1995 transferiu a Empresa de Planejamento da Grande São Paulo S.A. (EMPLASA - atual Empresa Paulista de Planejamento S.A.) e o Fundo Metropolitano de Financiamento (FUMEFI) à STM até 2003.

Em 2011 a Estrada de Ferro Campos do Jordão - EFCJ foi integrada à STM, através do Decreto Estadual nº 56.635.

Atualmente, a Secretaria dos Transportes Metropolitanos é responsável por uma das áreas de infraestrutura do governo do Estado - o transporte urbano metropolitano de passageiros nas regiões metropolitanas de São Paulo (RMSP), da Baixada Santista (RMBS), de Campinas (RMC) e do Vale do Paraíba (RMVP e LN).

Permanecem vinculadas à STM quatro empresas: Companhia Paulista de Trens Metropolitanos - CPTM, Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos - EMTU/SP, Companhia do Metropolitano de São Paulo – METRÔ e Estrada de Ferro Campos do Jordão – EFCJ (RMVP e LN).

A rede de transporte coletivo metropolitano sobre pneus é gerenciada pela EMTU/SP e operada por empresas privadas. A EMTU/SP é responsável pelos serviços comum, seletivo, fretamento metropolitano e fretamento metropolitano escolar.

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As linhas da CPTM foram estruturadas sobre as antigas linhas da FEPASA e da CBTU, superpostas ao transporte de cargas e passageiros de longo percurso que serviam a RMSP. As atuais linhas 8 e 9 são provenientes da Estrada de Ferro Sorocabana, depois incorporada à FEPASA. As linhas 7, 10, 11 e 12 são originárias da Rede Ferroviária Federal – RFFSA, posteriormente Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU, através da Superintendência de Trens Urbanos – STU/SP.

Com a criação da CPTM e a estadualização das linhas da CBTU, foi possível a implantação de um único sistema de trem metropolitano, centralizando o planejamento e a operação em uma só entidade.

2.3.2.2. INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO

Pesquisa Origem e Destino - OD

A primeira Pesquisa Origem e Destino (OD) foi realizada na Região Metropolitana de São Paulo - RMSP em 1967, visando inicialmente à obtenção de dados para os estudos e projetos da rede básica do METRÔ. A partir de então, tornou- se instrumento essencial de planejamento urbano na coleta de dados sobre o padrão de mobilidade da população, sendo realizada na RMSP a cada dez anos. As pesquisas OD realizadas permitiram atualizar as redes de transporte e ajudaram a elaborar os planos metropolitanos de transporte para a região. Síntese: 1967 - OD RMSP, realizada pelo Consórcio HMD - 18.000 domicílios em 15 municípios da RMSP. 1977 - OD RMSP, realizada pela EMPLASA – 29.000 domicílios em 27 municípios da RMSP. 1987 - OD RMSP, realizada pelo METRÔ – 30.000 domicílios em toda RMSP. 1997 - OD RMSP, realizada pelo METRÔ – 30.000 domicílios em toda RMSP. 2002 - OD RMSP, realizada pelo METRÔ – aferição da O/D 1997. 2007 - OD RMSP, realizada pelo METRÔ – 30.000 domicílios em toda RMSP.

170 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

I Plano Diretor de Transportes 1978 (I PDT) O início do planejamento das infraestruturas de transportes no Estado de São Paulo e de sua normatização, organizado de forma mais geral e sistemática, ocorreu com a implantação do I Plano Diretor de Transportes (I PDT), em 1978 - Sistema de Planejamento de Transportes do Estado de São Paulo (SPT).

Plano Diretor de Desenvolvimento dos Transportes do Estado de São Paulo – PDDT 1986 O PDDT, elaborado em 1986, fez um estudo dos antecedentes da evolução do papel do setor dos transportes no Brasil e do Estado de São Paulo. A estratégia fundamental deste PDDT se baseava na integração dos transportes por corredores, havendo diretrizes e programas setoriais de investimentos por modais de transporte, apontando como seriam efetuados, quais seriam os padrões de financiamento, bem como a proposta de usos e as fontes do plano diretor.

PDDT - Vivo 2000/2020 - Plano Diretor de Desenvolvimento dos Transportes de São Paulo O PDDT-Vivo visa um conjunto de estratégias capazes de buscar um sistema de transporte mais eficiente, reduzindo os chamados gargalos e os pontos críticos do sistema atual, capacitando-o a atender uma demanda futura de transportes. Para a Secretaria de Transportes, a principal prioridade é estabelecer uma política de transportes que contribua para o desenvolvimento da economia, promovendo a competitividade entre os modos de transportes, melhorando a qualidade e orientando ações no campo político, institucional e financeiro. Algumas das ações planejadas (ou já executadas) para o PDDT-Vivo 2000/2020 são: • Implantação do Rodoanel Mário Covas, com 170 km de extensão, ligando 10 rodovias; • Implantação do Ferroanel, interligando ferrovias que chegam à RMSP; • Expansão da capacidade da malha rodoviária e recuperação do pavimento de rodovias existentes; • Implantação dos CLI´s – Centros Logísticos Integrados.

Plano Integrado de Transportes Urbanos - PITU

O PITU é um processo permanente de planejamento, cujas propostas devem ser revisadas periodicamente, para ajustá-lo a mudanças de conjuntura, mantidos seus objetivos básicos.

Elaborado a partir de 1997, o PITU 2020 analisou os diversos cenários futuros da Região Metropolitana de São Paulo, com objetivos que atendiam a visão de uma metrópole competitiva, saudável, equilibrada, responsável e cidadã. As recomendações do PITU 2020 fazem parte das prioridades do Governo do

171 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Estado e sua metodologia e propostas se tornaram referência no planejamento dos transportes em Regiões Metropolitanas.

O PITU 2025 – Região Metropolitana de São Paulo é a atualização do PITU 2020. Após a edição do relatório do PITU 2020 foram publicados os resultados do Censo de 2000, que trouxe novas luzes para a compreensão da dinâmica de desenvolvimento da Região Metropolitana de São Paulo. Além disso, importantes mudanças ocorreram no marco jurídico da política urbana com a promulgação do Estatuto da Cidade, em julho de 2001, que traz nova diretriz e instrumentos para a gestão das cidades e seu financiamento.

172 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Região Metropolitana de São Paulo - Resumo das Proposições do PITU 2020 Investimento Investimentos Infra-estrutura Intervenção Característica total (R$ anos meta (R$ milhões) milhões) 2006 2010 2015 2020 Implantação de linhas metroviárias (metrô, metrô em Rede metroviária nível e metrô leve) 284 km em metrô 21.820 5.915 4.140 5.748 6.017 Trem especial dos Ligação dos aeroportos de Congonhas, Guarulhos e aeroportos Campo de Marte 44 km em trem especial 880 320 560 Trilhos Modernização das linhas: melhoria do material Trem aproximador rodante, via permanente, rede aérea e sis. sinalização 88 km de melhorias 440 264 176 Ligação da metrópole aos pólos de Campinas, 177 km em trem Trem regional Sorocaba e São José dos Campos reformulado 874 524 350 Implantação de corredores de ônibus e troncalização - 300 km de corredores Sistema metropolitano EMTU exclusivos 223 131 80 12 Sistema municipal - Construção de VLP e de corredores segregados (semi- 260 km de corredores Pneus PMSP canaletas) segregados 1.596 1.050 546 Criação de linhas circulares de microônibus no centro 200 km de itinerário em Sistema complementar expandido interligando o sistema à rede aberta pista simples 33 33 Plano viário Novas ligações, maior capacidade, cruzamentos em metropolitano desnível, pavimentação etc. 262 km de melhorias 226 135 91 Concessão das Obras de melhorias nas rodovias previstas nas rodovias privatizações 123 km de melhorias 519 519 Construção integral, complementando o trecho oeste Viário Rodoanel já considerado no viário essencial 121 km em pista dupla 2.562 818 818 682 244 Plano Mun. Tráfego e Continuidade de execução das obras que estão 149 km de melhorias Sist. Viário - PMSP previstas no PMTV-SP viárias 283 170 113 Incremento operacional Implementação de anéis de tráfego prioritário com 52 pontos (interseções) do viário - PMSP obras de médio porte nas principais interseções. 15 km melhorias viárias 527 316 211 Implantação no centro expandido, com a cobrança de 233 km2 de área Pedágio urbano uma tarifa de R$ 1,00 30pedagiada locais com 15 15 Gestão Estacionamentos Implantação de garagens subterrâneas na área do aproximadamente do centrais centro expandido 11.440 vagas 223 60 41 51 71 trânsito Estacionamentos Implantação de estacionamentos junto ao sistema de 40 locais com periféricos trilhos previsto na rede proposta aprox.26.300 vagas 91 24 17 21 29 Total 30.312 9.974 6.903 7.074 6.361 173 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

PITU 2025 Infraestrutura Básica Projeto Unidade PITU 2025 Total RMSP Metro km 110 168 Trem metropolitano Rede Rede convencional km global 260 metroferroviária urbana Expressos km 112 136 Trem Aeroporto km 28 28 Trem de Guarulhos km 18 18 EMTU – troncalização global global global Corredores – Via Livre km 100 178 Corredores Corredores – Passa Rápido km 110 220 convencionais e Expresso Tucuruví – Guarulhos km 21 21 especiais Expresso ABD / Cecap km 24 24 km 32 32 Corredores urbanísticos km 110 110 Terminais SP Trans global global global Terminais e Terminais EMTU unid 25 36 estacionamentos Pró-Polos / Terminais chave global global global Estacionamentos global global global SIVIM / SVE global global global Infraestrutura para o pedágio urbano global global global Sistema viário Outras melhorias viárias global global global Suporte ao transporte não motorizado global global global Nota: Não constam da tabela acima os projetos associados ao PITU, como Rodoanel, Ferroanel e os Centros Logísticos, que pertencem a outras jurisdições.

174 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

PITU 2025 - Quadro de Fontes (investimentos R$ milhões) Fontes 2006-2012 2013-2025 GESP – Aportes Tesouro 7.700 13.200 GESP – Financiamentos 600 2.800 Governo Federal – retorno impostos 1.000 2.000 Governo Federal – CIDE 600 1.200 PMSP – Retorno IPTU 300 1.000 PMSP – Financiamentos 300 0 PMSP – Pedágio urbano 0 3.000 Privado (PMSP e outras) – concessões urbanísticas 500 4.500 Privado – PPPs mistas estaduais/municipais 5.400 4.000 Privado – Margem operacional operadores 200 400 Totais 16.600 32.100 PITU - 2025

PITU 2025 - Participações por agente ($ milhões)Fonte Importância Percent Fonte Importância Percentagem GESP 26.650 54.7% Governo federal 4.800 9,90% PMSP 6.950 14,30% Setor privado 5.300 10,90% Concessões urbanísticas 5.000 10,30% Totais 48.700 100,00%

PITU - 2025

175 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

2.3.2.3. PROJETOS DE INVESTIMENTO E RECURSOS PARA O FINANCIAMENTO

PPA – Plano Plurianual

Os investimentos na Região Metropolitana de São Paulo contemplam a expansão e modernização do transporte metropolitano de alta e média capacidades – METRÔ, Trem e Corredores de Ônibus – tendo como premissa a adoção de soluções conjuntas entre o uso do solo, transportes e meio-ambiente. Nesta expansão está incluída a aquisição e renovação de grande parte do material rodante – trens, monotrilhos e ônibus – e um moderno sistema de sinalização metroferroviária.

A ênfase dos investimentos no METRÔ se dá na ampliação da conectividade da malha e na compatibilidade entre a oferta que propicia e a demanda que se propõe a atender. Além dos recursos do Governo do Estado, estão sendo mobilizadas fontes federal, municipais e da iniciativa privada, com apoio de agentes financiadores nacionais e estrangeiros. Em 2015, a rede de metrô planejada será de 91 km com 80 estações e a de monotrilho será de 45 km com 41 estações. Essa malha de transportes será articulada em 31 pontos de integração (metrô x monotrilho x trem metropolitano) e abrangerá todos os quadrantes da Capital Paulista, apontando ainda para a extensão de seus benefícios para importantes subpolos regionais, até então desatendidos, como o ABC, Guarulhos e Taboão da Serra.

O projeto de expansão e modernização da malha da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) tem o objetivo de conduzir a infraestrutura instalada ao limite de seu desempenho, a fim de tornar a oferta compatível com o potencial de demanda e atingir um padrão de excelência de serviço.

A proposta da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos - EMTU/SP prevê a construção, complementação e melhoramento de vários corredores metropolitanos de ônibus integrados ao sistema sobre trilhos.

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PPA - 2008 - 2011 Secretaria de Logística e Transporte (Antiga Secretaria dos Transportes do ESP) Programa 1601: Planejamento Estratégico de Transporte do Estado de São Paulo Ações: * Implantação de Centros Logísticos Integrados (implementados) * Estudo de viabilidade de implantação do Corredor de Exportação e de novas concessões (estudos realizados) Programa 1606: Ampliação, Recuperação e Modernização da Malha Rodoviária Ações: * Estradas vicinais: pavimentação e recuperação *Duplicação da BR 381 – Fernão Dias (BID) * Duplicação e Implantação de Rodovias Estaduais * Implantação e transposição de rodovias (Convenio DER/Dersa) Programa 1611: Transposição Rodo-ferroviária da RMSP Ações: * Execução da obra do Ferroanel – Tramo Sul * Não consta o Ferroanel – Tramo Norte no PPA 2008-2011

Secretaria dos Transportes Metropolitanos – CPTM Programa 3707: Expansão, Modernização e Operação do Transporte Ferroviário – PITU em marcha (CPTM) Ações: * Estudos e projetos para expansão e novos serviços sobre trilhos - Integração Centro * Julio Prestes – Amador Bueno (Linha B): modernização * Osasco-Jurubatuba (Linha C): modernização e expansão * Luz-Rio Grande da Serra (Linha D): modernização e implantação do Expresso ABC * Luz-Estudantes (Linha E): modernização e expansão do Expresso Leste * Bras-Calmon Viana (Linha F): modernização e expansão da oferta Linhas novas: O PPA 2008-2011 não propõe nenhuma linha nova

Secretaria dos Transportes Metropolitanos - METRÔ Programa 3708 – Expansão, Modernização e Operação do Transporte Metroviário – R$17.559.890.416 Ações: * Recapacitação e modernização das linhas: Azul, Verde, Vermelha e Lilás Extensões *Linha 4 - Amarela - Trecho Taboão da Serra-Luz: Fase I: Butantã, Pinheiros, Faria Lima, Paulista, República, Luz (em operação). Fase II: Vila Sônia, São Paulo-Morumbi, Fradique Coutinho, Oscar Freire, Higienópolis * Linha 5 – Lilás: Largo 13 – Chácara Klabin (implantação operacional)

Secretaria dos Transportes Metropolitanos - EMTU Programa 3706: Expansão e Gestão do Transporte de Baixa e média capacidade Ações: * Sistema Viário de Interesse Metropolitano – SIVIM * Programa de revitalização dos pólos de articulação metropolitana – PRO-PÓLOS * Corredor São Mateus-Jabaquara-Morumbi: eletrificação Novos * Corredor Metropolitano Guarulhos -Tucuruvi

177 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

PPA - 2012 - 2015 Secretaria de Logística e Transportes (antiga Secretaria dos Transportes do Estado de São Paulo) Programa 1607 - Modernização da infra-estrutura aeroportuária Ação: *Ampliação e modernização de aeroportos (aeroportos reformados) Programa 1611 - Transposição rodo-ferroviária da RMSP (Convênio DER/Dersa) Açõe s: *Execução da obra do Ferroanel – Tramo Sul (R$1.000,00) *Execução da obra do Ferroanel – Tramo Norte (21 milhões) *Execução das obras do Rodoanel – Trecho Norte ( R$1.487.501.000,00

Secretaria dos Transportes Metropolitanos – CPTM Programa 3707 - Expansão, Modernização e Operação do Transporte sobre Trilhos PITU em Marcha (CPTM) Açõe s: *Estudos para expansão e novos serviços sobre trilhos nas RMs e Aglomerados Urbanos (R$2.000.010) *Integração Centro (R$8.000.010,00) *Luz-Jundiaí (linha 7 – Rubi): modernização e expansão da oferta (R$101 milhões) *Julio Prestes – Amador Bueno (Linha 8 - Diamante): modernização (R$243 milhões)

Secretaria dos Transportes Metropolitanos - METRÔ Programa 3708 – Expansão, Modernização e Operação do Transporte Metroviário – R$4.901.602.812 (Orçamento de 2012) Ações *Recapacitação e modernização das linhas: *Trecho existente - Azul, Verde,Vermelha e Lilás *Linhas novas/extensões Linha 4 -Amarela Vila Sonia-Taboão (sem indicação de % de implantação) Vila Sonia-Luz : previsão para implantar 23% Linha 2 -Verde : prolongamento Vila Prudente-Tiradentes (monotrilho) Linha 5 – Lilás (extensão): Capão Redondo-Jd. Angela Linha 6 - Laranja: - trecho Brasilândia-São Joaquim - trecho São Joaquim-Cidade Lider - trecho Bandeirantes - Brasilândia Linha 15 - Branca: Vila Prudente- Dutra Linha 17 – Ouro: Jabaquara-São Paulo-Morumbi (monotrilho) Linha 18 – Tamanduateí (SP) – Alvarenga (SBC) (monotrilho)

Secretaria dos Transportes Metropolitanos - EMTU Programa 3706 Expansão e Gestão do Transporte de Baixa e Media Capacidade *Sistema Viário de Interesse Metropolitano - SIVIM *PRO-PÓLOS: melhoria e/ou construção de equipamentos urbanos de baixo custo terminais modulares, estações de embarque, calçadas, calçadões, bicicletários, ciclovias e passarelas *Corredor São Mateus-Jabaquara-Morumbi: complementação da eletrificação, modernização dos terminais metropolitanos e substituição da frota diesel por trolebus Novos *Corredor Metropolitano Guarulhos-Tucuruvi: execução das obras do trecho Taboão-Vila Galvão *Corredor Metropolitano Itapevi-São Paulo/Butantã *Corredor Metropolitano Itapevi-Cotia *Corredor Metropolitano Alphaville (Carapicuiba-Cajamar) ligando os municípios de Carapicuiba, Barueri, Santana do Parnaiba e Cajamar *Corredor Metropolitano Arujá-Itaquaquecetuba *Corredor Metropolitano Perimetral Leste: vai ligar o Corredor Metropolitano Guarulhos-Tucuruvi (Terminal CECAP) até o Corredor São Mateus –Jabaquara (Terminal S. Mateus), passando pela Av. Jacu-Pêssego.

178 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

37000- SECRETARIA DOS TRANSPORTES METROPOLITANOS Programas do Órgão Execução - Dotação % Execução Código Programa Liquidado Física (1) Atual (2) ANO 2008 Gestão Estratégia de Transportes Metropolitano - 77% 639.114,65 541.833,79 84,78% 3703 PITU-VIVO Expansão e Gestão do Transporte de Baixa e Média 100% 13.380,00 88.003,00 657,72% 3706 Capacidade - PITU em Marcha Expansão, Modernização e Operação do Transporte 85% 1.529.150,31 1.523.935,81 99,66% 3707 Ferroviário - PITU em Marcha Expansão, Modernização e Operação do Transporte 251% 2.175.038,50 1.543.236,50 70,95% 3708 Metroviário - PITU em Marcha ANO 2009 Gestão Estratégia de Transportes Metropolitano - 92,00% 1.163.701,73 715.385,72 61,48% 3703 PITU-VIVO Expansão e Gestão do Transporte de Baixa e Média 84,00% 78.335,00 54.426,00 69,48% 3706 Capacidade - PITU em Marcha Expansão, Modernização e Operação do Transporte 70,00% 1.807.734,06 1.786.768,94 98,84% 3707 Ferroviário - PITU em Marcha Expansão, Modernização e Operação do Transporte 325,00% 3.762.961,00 2.612.759,80 69,43% 3708 Metroviário - PITU em Marcha ANO 2010 Gestão Estratégia de Transportes Metropolitano - 27,00% 2.597.435,11 1.854.986,53 71,42% 3703 PITU-VIVO Expansão e Gestão do Transporte de Baixa e Média 84,00% 56.616,00 97.376,00 171,99% 3706 Capacidade - PITU em Marcha Expansão, Modernização e Operação do Transporte 77,00% 2.423.305,63 2.393.707,54 98,78% 3707 Ferroviário - PITU em Marcha Expansão, Modernização e Operação do Transporte 103,00% 4.142.518,00 1.839.658,50 44,41% 3708 Metroviário - PITU em Marcha ANO 2011 Gestão Estratégia de Transportes Metropolitano - 53,00% 1.250.986,42 882.448,88 70,54% 3703 PITU-VIVO Expansão e Gestão do Transporte de Baixa e Média 55,00% 112.831,47 52.658,00 46,67% 3706 Capacidade - PITU em Marcha Expansão, Modernização e Operação do Transporte 160,00% 2.522.017,28 2.365.719,19 93,80% 3707 Ferroviário - PITU em Marcha Expansão, Modernização e Operação do Transporte 52,00% 4.915.370,00 1.504.956,00 30,62% 3708 Metroviário - PITU em Marcha

Novos Rumos nos Velhos Trilhos 0,00% 16.318,14 12.962,55 79,44% 4108 (1) Média de Execução das Metas das Ações do Programa (2) Percentual Baseado na Relação Valores Liquidados / Dotação Atual das Ações dos Programas

179 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

RMSP - Investimento em Transporte - PAC RMSP Valor dos Tipo de Orgão de Valor Total dos Município Executor Estágio Investimentos Empreendimento acompanhamento Investimentos (2011-2014) Mobilidade Urbana Ministério das Cidades Ação preparatória

Empresa Brasileira de Aeroporto Concluído 86.000.000,00 86.000.000,00 Infraestruta Aeroportuária

Empresa Brasileira de Aeroporto Infraero Concluído 2.860.000,00 2.860.000,00 Infraestruta Aeroportuária Guarulhos Empresa Brasileira de Aeroporto Invepar Concluído 4.700.000.000,00 4.700.000.000,00 Infraestruta Aeroportuária

Empresa Brasileira de Aeroporto Infraero Concluído 45.370.000,00 45.370.000,00 Infraestruta Aeroportuária

Empresa Brasileira de Aeroporto Infraero Concluído 269.400.000,00 269.400.000,00 Infraestruta Aeroportuária.

Ferrovia ANTT Ministério dos Transportes Concluído 4.000.000,00 4.000.000,00

Mobilidade Urbana Ministério das Cidades Ação preparatória São Paulo Mobilidade Urbana Ministério das Cidades Ação preparatória

Governo do Rodovias Estado de São Ministério dos Transportes Em licitação de obra Paulo Investimentos Totais em Transporte do PAC 5.107.630.000,00

180 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Programa de Investimentos do Estado de São Paulo Principais Projetos da RMSP - Maio 2012 Secretaria de Transportes Metropolitanos - STM Projeto Metrô Linha 4 – Amarela – Fase 2 Investimentos R$ milhões 1.500,0 Implantação da Fase II (5 estações), com aquisição de 15 novos trens, Escopo passando a atender 970 mil passageiros/dia. Extensão 12,8 Km. Estágio Atual Obras Contratadas Projeto Metrô Linha 5 Lilás – Fase 2: Largo Treze – Chácara Klabin Investimentos R$ milhões 6.982,4 Interligação com as Linhas 9 - Esmeralda, da CPTM, e 1 - Azul, 2 - Verde e 17 - Ouro, do Metrô, com acréscimo de 11 estações e Escopo aquisição de 26 novos trens, passando a atender 700 mil passageiros/dia. Extensão 11,7 km Obras civil e material rodante contratados. Sistemas em processo de Estágio Atual licitação Projeto Metro Linha 2 Verde Trecho Vila Prudente – Cidade Tiradentes Investimentos R$ milhões 5.587,5 Implantação do prolongamento da Linha 2 – Verde no trecho Vila Prudente – Hospital Cidade Tiradentes, em sistema Monotrilho, com Escopo extensão de 24,5 km, 17 estações, 2 pátios de manutenção e estacionamento e 54 trens. Obras civis e material rodante contratados. Estações e sistemas em Estágio Atual processo de licitação. Projeto Metrô Linha 15 – Branca Trecho Vila Prudente – Dutra Investimentos R$ milhões 8.312,4 Implantação dos trechos Vila Prudente – Anália Franco e Anália Franco Escopo – Dutra, com extensão total de 13,6 km, 12 estações, 1 pátio de manutenção e 33 trens. Estágio Atual Projeto Básico em elaboração. Projeto Metrô Linha 17 – Ouro Trecho Jabaquara - Morumbi Investimentos R$ milhões 3.623,5 Implantação de linha de metrô, sistema monotrilho, ligando a Estação Jabaquara da Linha 1 - Azul até a Estação São Paulo/Morumbi da Linha Escopo 4 - Amarela, numa extensão de 17,7 km, 18 estações, 1 pátio de manutenção e 24 trens. Obras civis e material rodante contratados. Estações e sistemas em Estágio Atual processo de licitação. Projeto Modernização das Linhas do Trem Metropolitano da CPTM Investimentos R$ milhões 21.055,6 Modernização de estações, material rodante e sistemas, investimentos Escopo em aquisição de trens, expansão da oferta e acessibilidade, em todas as linhas atualmente operadas. Extensão 260,8 Km. Estágio Atual Parte em execução e parte em licitação. Conclusão: de 2014 a 2017 Expresso Aeroporto (STM) Linha 14 Ônix - Expresso Aeroporto Projeto Transporte ferroviário rápido que ligará o centro de São Paulo ao Aeroporto de Guarulhos por via expressa (28,3 km, em 20 min.). Investimento privado R$ milhões 1.560 Modelo de negócio concessão comum Licitação maior outorga Prazo 35 anos Estágio Atual Edital suspenso para ajuste no projeto e na modelagem em função TAV

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Transporte Público de Passageiros por Ônibus Área 5 (STM / EMTU) Serviços de transporte metropolitano de passageiros, por ônibus, com Projeto operação e manutenão da infraestrutura, na Área 5 da RMSP - lote único que reúne 8 municípios. Investimento R$ milhões 98 Modelo de negócio concessão comum Licitação maior oferta de outorga Prazo 10 anos Estágio Atual Em desenvolvimento uma nova modelagem para licitação Sistema de Arrecadação Centralizada do Bilhete Integrado (STM) Projeto Gestão da cobrança/tarifa Cartões Inteligentes Investimento R$ milhões 522 Modelo de negócio concessão administrativa Licitação menor contraprestação Prazo 30 anos Estágio Atual Em fase de revisão da modelagem Trem Expresso Bandeirantes (STM/CPTM) Implantação de serviço de trem de alto desempenho entre São Paulo – Projeto Jundiaí–Campinas (92,3 km), incluindo parada no Aeroporto de Viracopos. Projeto e modelagem integrado ao TAV Investimento privado R$ milhões 2.700 Modelo de negócio concessão patrocinada Licitação menor contraprestação Prazo 25 anos Parte da rede de Trens Expressos Metropolitanos em fase de revisão e Estágio Atual modelagem Expresso ABC - Linha 10 Turquesa (STM/CPTM) Extensão de 25,2 km, ligação expressa, com intervalos entre trens de 6 Projeto minutos, da Estação Mauá, região do ABC, com a Estação da Luz, em via paralela à Linha 10 - Turquesa, da CPTM e paradas intermediárias nas estações Santo André, São Caetano, Tamanduateí e Brás. Investimento privado R$ bilhão 1,50 Modelo de negócio concessão patrocinada Licitação menor tarifa de remuneração Prazo 30 anos Proposta Preliminar aprovada em junho/2011. Estudos técnicos de Estágio Atual viabilidade em desenvolvimento para aprovação da modelagem final. Metrô - Linha 6 Laranja (STM/Metrô) Extensão de 12,8 km, 14 estações e 24 trens (6 carros). Atendimento Projeto de 600 mil passageiros/dia. Ligando o bairro da Brasilândia ao centro (Estação São Joaquim). Investimento privado R$ bilhão 10,4 Modelo de negócio concessão patrocinada Licitação em estudo Prazo 35 anos MIP do setor privado e proposta preliminar aprovada em ago/2011. Estágio Atual Três estudos do setor privado em fase final de análise. Modelagem em preparação para apreciação do Conselho em junho/2012.

182 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Metrô - Linha 18 Bronze VLT São Paulo - SBC (STM/Metrô) Projeto Extensão de 18 km, 19 estações e 28 trens. Atendimento 400 mil passageiros/dia. Investimento privado R$ milhões 3.793 Modelo de negócio concessão patrocinada Licitação em estudo Prazo 35 anos Proposta preliminar aprovada em dez/2011. Chamamento publicado em Estágio Atual fev/2012, prazo para entrega dos estudos até jun/2012. Metrô Linha 20 Rosa Lapa-Moema (STM/Metrô) Projeto Ligação dos bairros da Lapa e de Moema com integração à Linha 5 Lilás, com 12,6 km de extensão e 13 estações. Investimento privado R$ milhões 7.500 Modelo de negócio concessão patrocinada Licitação em estudo Prazo 30 anos MIP do setor privado e proposta preliminar aprovada em março/2012. Estágio Atual Chamamento público a ser publicado em junho/2012.

Secretaria de Logística e Transporte Projeto Rodoanel – Trecho Norte Investimentos R$ milhões 6.515,0 Interligação das Rodovias Pres. Dutra e Ayrton Senna, pelo lado Oeste, e das Rodovias Bandeirantes, Castello Branco Raposo Tavares e Regis Escopo Bittencourt, pelo lado Oeste, com as Rodovias Anchieta e Imigrantes. Trecho com 44,2 Km. Licitação Internacional. Fase de pré-qualificação para obras civis (25 consórcios, 46 empresas com 18 estrangeiras). Fase final de Estágio Atual julgamento para projetos de engenharia e supervisão. Financiamento do BID aprovado em 22/05/2012. Projeto Viário da Zona Leste Investimentos R$ milhões 478,0 Intervenções na região de Itaquera, dentro do plano de investimentos paulistas para a Copa do Mundo de 2014, compreendendo redesenho e Escopo mudança no viário e acessos, melhorias para a movimentação de pedestres e ciclistas e tráfego de veículos em geral. Início do estudo funcional e de demanda. Em avaliação o modelo de Estágio Atual negócio. Projeto Ferroanel – Tramo Sul e Norte Investimentos R$ milhões 3.200,0 A implantação do Ferroanel, juntamente com as segregações na rede da CPTM a leste e a sudeste, permitirá uma melhora significativa na logística de transposição da carga nos diversos sentidos da Escopo Macrometrópole, principalmente no acesso ao Porto de Santos, na distribuição da carga na Região Metropolitana de São Paulo e na solução do conflito carga x passageiros. Início do estudo funcional e de demanda. Em avaliação o modelo de Estágio Atual negócio

183 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

2.3.2.4. CONTROLE SOCIAL

Como detalhado no Relatório 1.1, a Lei Complementar Estadual nº 1.139/2011, que reorganiza a Região Metropolitana de São Paulo, define a composição do Conselho de Desenvolvimento Metropolitano da Região Metropolitana de São Paulo (CDM-RMSP), onde a Secretaria dos Transportes Metropolitanos (STM) tem assento. Além do CDM-RMSP, a STM também tem assento na Câmara de Desenvolvimento Metropolitano, criada em 2011 como colegiado de Estado para discutir as Funções Públicas de Interesse Comum em todo o território da Macrometrópole Paulista (Decreto Estadual nº 56.887/2011).

A Lei Complementar Estadual 1.139/2011 define também a possibilidade de criação de Conselhos Consultivos para cada sub-região, com participação social. O Conselho de Desenvolvimento e os Conselhos Consultivos poderão constituir Câmaras Temáticas, para as funções públicas de interesse comum e Câmaras Temáticas Especiais, voltadas a um programa, projeto ou atividade específica.

Na RMSP, além dessas organizações descritas anteriormente, existem os Consórcios Intermunicipais que ocupam um espaço importante de gestão regional de problemas comuns. Trata-se de iniciativa que vem sendo adotada por diversos municípios para lidar com problemas comuns, amparadas na Lei Federal nº 11.107/2005, regulamentada pelo Decreto Federal nº 6.017/2007. No âmbito do trabalho realizado pela Emplasa quando da reorganização da RMSP em 2011, foram identificados e mapeados onze consórcios atuantes nesse território.

2.3.3. ANÁLISE DA EFETIVIDADE DO ARRANJO DE GESTÃO E DA GOVERNANÇA METROPOLITANA DOS TRANSPORTES

METRÔ

O METRÔ de São Paulo possui quatro linhas em operação, 65,3 km de rede, 58 estações e 150 trens.

Em 2010, foi inaugurado o primeiro trecho da Linha 4-Amarela, a primeira operada em regime de concessão pelo Consórcio Via Quatro através de uma PPP. Essa linha possui 6 estações, 8,9 km de extensão e 14 trens.

Com isso, a malha metroviária chega a 74,2 km de extensão e 64 estações.

Passageiros transportados

O METRÔ transportou no ano de 2012, 1.098 milhões de passageiros, sendo 3,75 milhões de passageiros em média nos dias úteis.

184 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

METRÔ - Demanda de Passageiros por Linha - 2012 Linha 1- Linha 2- Linha 3- Linha 5- DEMANDA Rede Az ul Verde Vermelha Lilás Total (Milhares) 304.469 144.504 353.509 74.690 877.171 Média dos dias úteis 1.039 515 1.191 254 2.999 Média dos Sábados 564 215 675 146 1.600 Média dos Domingos 321 116 406 71 913 Máxima Diária 1.149 560 1.295 306 3.261

Fonte: GOP/OPC/CTE

Metrô - Entradas e Passageiros Transportados - Média dos dias úteis - 2012 MDU Mês/2012 Entrada de passageiros Passageiros Transportados

Jan 2.592.874 3.339.568 Fev 2.993.347 3.736.825 Mar 3.114.962 3.889.740 Abr 3.131.589 3.909.716 Mai 3.089.721 3.856.900 Jun 2.994.769 3.739.560 Jul 2.792.883 3.488.055 Ago 3.046.345 3.797.680 Set 3.080.713 3.841.127 Out 3.076.330 3.834.274 Nov 3.153.602 3.929.421 Dez 2.920.155 3.634.465 Média de 2012 2.998.941 3.749.778 Fonte: Metrô Obs.:Não inclui a Linha 4 - Amarela, operada em regime de concessão pelo Consórcio Via Quatro

Integração Tarifária

O sistema está integrado à CPTM nas estações Luz, Pinheiros, Tamanduateí, Brás, Palmeiras-Barra Funda, Tatuapé, Corinthians-Itaquera e Santo Amaro, e aos outros modais de transporte na cidade de São Paulo.

O Bilhete Único Comum Integrado foi utilizado por 115 milhões de usuários e sua participação sobre o total de ENTRADAS foi de 13%.

185 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

METRÔ - Participação dos Bilhetes Integrados no total de passageiros integrados em mil % de Tipos de integração passageiros Participação Integração com Corredor ABD 1.779 0,68% Integração Linha 5 – Lilás com ônibus intermunicipal 13.342 5,07% Integração ônibus São Paulo (Bilhete Único) 114.764 43,65% Integração ônibus São Paulo (Bilhete Único) Vale Transporte 126.244 48,01% Tarifa do Madrugador Integrado 6.803 2,59% Integração com ônibus intermunicipal em Tamanduateí 28 0,01% Total 262.932 100%

Como um sistema ambientalmente sustentável e altamente eficiente, o METRÔ contribui para reduzir a poluição e diminuir o trânsito. O METRÔ também está engajado na promoção do transporte não motorizado, implementando ciclovias, bicicletários e paraciclos nas estações.

CPTM

A CPTM opera seis linhas, com 89 estações, 258,6 km de extensão e atende a 19 dos 39 municípios da RMSP, além de mais três municípios a noroeste, transportando cerca de 2,7 milhões de passageiros/dia (set/2012).

Passageiros transportados

CPTM - Passageiros transportados por linha (média dia útil - 2011) Linhas Usuários 7 - Luz – Jundiaí 391.272 8 - Júlio Prestes – Itapevi 430.564 9 - Osasco – Grajaú 364.486 10 - Luz – Rio Grande da Serra 366.155 11 - Luz – Estudantes 558.771 12 - Brás – Calmon Viana 208.717

Integração Tarifária

Das 89 estações, oito são integradas com o metrô e sete interligam as próprias linhas do trem metropolitano. Todas as linhas da CPTM possuem conexões físicas com as linhas do Metrô.

O Bilhete Único Comum Integrado foi utilizado em 2012 por 49 milhões de usuários e sua participação sobre o total de ENTRADAS atingiu 8%.

186 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

CPTM – Participação dos Bilhetes Integrados no total de passageiros integrados em 2012 Tipos de Integração % de Participação Integração com Corredor ABD 0,42% Integração com ônibus municipal de Itapevi e Barueri 1,55% Integração com ônibus intermunicipal em Rio Grande da Serra 0,10% Integração ônibus São Paulo (Bilhete Único) 41,87% Integração com ônibus intermunicipal em Tamanduateí 0,00% Integração ônibus São Paulo (Bilhete Único) Vale Transporte 53,61%

Em 20 anos de operação, a empresa modernizou a frota, investiu em capacitação técnica, construiu novas estações e remodelou antigas dentro de padrões de construção sustentável. O programa de investimentos e a integração com o metrô diminuíram os tempos de deslocamento.

Ao todo o SISTEMA METROFERROVIÁRIO da RMSP (METRO e CPTM) transportou 2.032,2 milhões de passageiros, sendo 6,9 milhões em média nos dias úteis.

Passageiros Transportados - Total Ano/Mês e Média Dia Útil SISTEMA METROFERROVIÁRIO METRÔ CPTM TOTAL Data Pa ssa ge iros Média Dia Pa ssa ge iros Média Dia Pa ssa ge iros Média Dia Transportados Útil Transportados Útil Transportados Útil jan 95,78 3,80 58,7 2,25 154,5 6,1 fev 96,12 4,28 58,6 2,45 154,7 6,7 mar 115,20 4,48 68,3 2,63 183,5 7,1 abr 104,14 4,52 61,6 2,60 165,7 7,1 mai 111,98 4,46 67,0 2,57 179,0 7,0 jun 103,29 4,34 62,0 2,54 165,2 6,9 jul 102,57 4,06 62,3 2,46 164,9 6,5 ago 116,53 4,42 70,3 2,65 186,8 7,1 set 104,86 4,47 62,9 2,68 167,8 7,2 out 114,36 4,47 68,7 2,68 183,1 7,1 nov 103,55 4,59 62,0 2,56 165,5 7,1 dez (*) 99,78 4,24 61,9 2,34 161,7 6,6 2012 1268,2 4,34 764,1 2,53 2032,3 6,88 Fonte: Cia. do Metropolitano de São Paulo - Intranet Cia. Paulista de Trens Metropolitanos - Intranet (*) Dados sujeitos à modificação (de 09/01/2013)

187 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

EMTU/RMSP

A EMTU gerencia, na RMSP, 570 linhas metropolitanas operadas por 4.933 veículos, que transportam em média 1.950.000 usuários por dia útil, envolvendo todos os tipos de serviço do sistema regular.

Passageiros transportados

Mensalmente, são transportados cerca de 50.800.000 de passageiros pela rede da EMTU na RMSP, sendo que os serviços são executados por 18 empresas permissionárias e cinco concessionárias.

Passageiros Transportados - Total Ano/Mês e Média Dia Útil SISTEMA SOBRE PNEUS RMSP Data Passageiros Transportados Média Dia Útil

jan 44,6 1,70 fev 45,6 1,89 mar 51,9 1,98 abr 46,4 1,93 mai 50,8 1,95 jun 46,2 1,87 jul 45,7 1,79 ago 52,2 1,95 set 47,0 1,96 out 51,2 1,97 nov 46,6 1,90 dez (*) 2012 528,2 1,90 Fonte: Cia. do Metropolitano de São Paulo - Intranet Cia. Paulista de Trens Metropolitanos - Intranet (*) Dados sujeitos à modificação (de 09/01/2013)

O Corredor Metropolitano São Mateus-Jabaquara (ABD) liga os bairros de São Mateus e Jabaquara, da cidade de São Paulo, passando pelos municípios de Santo André, Mauá, São Bernardo do Campo e Diadema. Possui uma frota de 282 ônibus e opera em viário segregado em praticamente toda a sua extensão de 45 km.

Em julho de 2010 entrou em operação a extensão Diadema - Morumbi do Corredor ABD, com 12 km de extensão.

A empresa também gerencia serviços especiais como o “Airport Service”, que liga os aeroportos Congonhas e Cumbica a diversos destinos.

Integração Tarifária

Os Bilhetes Integrados (Plataforma Edmonson) são utilizados nas integrações com o Metrô na Estação Jabaquara (Linha 1 – Azul), com a CPTM (Linha 10 – Turquesa, na Estação Santo André e Linha 9 – Esmeralda, nas Estações Morumbi e Berrini) e com linhas de ônibus intermunicipais da RMSP.

188 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

EMTU/SP – Corredor Metropolitano ABD - Participação dos Bilhetes Integrados no total de passageiros integrados em 2012 Tipos de Bilhete % de Participação Integração com o METRÔ 79,02% Integração com a CPTM 20,95% Integração com ônibus intermunicipal 0,03% Total 100,00%

SPTRANS

No total do transporte coletivo da RMSP o município de São Paulo responde por 53% da demanda de passageiros.

RMSP - Transporte Coletivo Competência do Município de Competência do Estado São Paulo 53% 47% Ônibus Metrô Trem Metropolitano Ônibus Metropolitano 53% 23% 14% 10% Monitoramento da demanda 2009- 2012 - CTC / STM

O sistema municipal de São Paulo (São Paulo Transportes – SPTRANS) transportou 2.917 milhões de passageiros em 2012, sendo 9,6 milhões de passageiros em média nos dias úteis.

PESQUISA ORIGEM E DESTINO

As pesquisas OD realizadas permitiram atualizar as redes de transporte e ajudaram a elaborar os planos metropolitanos de transporte para a região.

Tempo de Deslocamento Casa – Trabalho

RMSP - Tempo médio de deslocamento casa-trabalho - Pesquisa O/D - 2007 Viagens residência/trabalho e trabalho/residência Modo Número de viagens Tempo Médio (minutos) Coletivo 7.393.206 79 Individual 4.994.726 38 A pé 3.097.319 17 Bicicleta 208.654 28 TOTAL 15.693.904 Fonte: Metrô-Pesquisa OD 2007

189 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Tempos Médios de Viagem por Modo de Transporte - 1997 e 2007 Município de São Paulo e Região Metropolitana de São Paulo Tempo Médio (min.) Modo de Transporte Município S. Paulo RMSP 1997 2007 1997 2007 Coletivo 63 71 61 67 Individual 28 33 27 31 Fonte: Metrô/SP - Pesquisas ODs 1997 e 2007

RMSP Tempos Médios - Coletivo 2007

190 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Comprometimento da Renda com Transporte

RMSP - Tempo Médio das Viagens Diárias por Tipo e Renda Familiar Mensal - 2007 (em minutos) Tempo Médio das Viagens por Renda Familiar(*) MODO 760 1.520 3.040 mais de até 760 total a 1.520 a 3.040 a 5.700 5.700 Coletivo 68 70 66 62 58 67 Individual 29 32 31 32 31 31 A Pé 18 17 16 15 14 16 Bicicleta 28 27 24 20 22 26 Tempo Médio 38 41 41 38 34 39 Fonte: Metrô-Pesquisas OD 1997 e 2007 (*) Em reais de outubro de 2007

RMSP - Viagens Diárias por Modo Principal e Renda Familiar Mensal (em milhares) Viagens por Renda Familiar(*) MODO 760 1.520 3.040 mais de até 760 total a 1.520 a 3.040 a 5.700 5.700 Metrô 145 559 842 482 195 2.223 Trem 83 317 290 85 41 816 Ônibus 1.080 2.908 3.618 1.168 283 9.057 Fretado 38 106 216 116 24 500 Escolar 126 390 504 212 95 1.327 Auto 393 1.319 3.382 2.968 2.352 10.414 Táxi 5 14 23 21 28 91 Moto 44 216 290 130 31 711 Bicicleta 50 137 88 24 6 305 A Pé 2.071 4.697 4.217 1.237 450 12.672 Outros 11 39 37 25 7 119 Total 4.046 10.702 13.507 6.468 3.512 38.235 Fonte: Metrô-Pesquisas OD 1997 e 2007 (*) Em reais de outubro de 2007

191 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

RMSP Carência por Transporte Coletivo - 2007

Estudo estatístico recente, desenvolvido na Emplasa, sobre o potencial de atração de empregos na RMSP, mostrou que a distribuição espacial das atividades tem forte associação à oferta de transporte coletivo. Esta hipótese fundamenta-se nos resultados do estudo da correlação entre a densidade dos empregos (Figura 3) e a média dos custos generalizados de viagem, por zona de destino, utilizando o transporte coletivo (Figura 4), elaborado com informações da Pesquisa Origem Destino de 2007 (Gráfico 1). A curva de regressão, correspondente a esta correlação, estabelece que a densidade de empregosvaria inversamente a uma potência da média dos custos generalizados de viagem, por zona de destino, por transporte coletivo. Esta equação é compatível com as teorias econômicas que afirmam que as atividades se localizam em função dos custos de transporte que incidem na produção e na distribuição das mercadorias.

192 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Densidade dos Empregos na Região Metropolitana de São Paulo, em 2007.

Fonte: Emplasa, 2013.

193 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Média dos Custos Generalizados de Viagem, por Zona de Destino, por Transporte Coletivo, na Região Metropolitana de São Paulo, em 2007.

Fonte: Emplasa, 2013.

Variação da Densidade de Empregos em Função da Média dos Custos Generalizados de Viagem, por Zona de Destino, por Transporte Coletivo, na Região Metropolitana de São Paulo, em 2007.

Fonte: Emplasa, 2013.

194 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

As redes de circulação consideradas nesta análise compreendem o conjunto de linhas de transporte de alta capacidade (metrô, ferrovia), de média capacidade (VLT, BRT e corredores de ônibus), as linhas de ônibus intermunicipais e o sistema viário metropolitano.

A análise da inserção das redesde circulação objetiva evidenciar as áreas com maior acessibilidade em escala metropolitana. Em função do padrão de acessibilidade, as áreas envoltórias às linhas que compõem as redesestruturais de transporte coletivo – compostas pelas redes de alta e média capacidade – são as que apresentam maior potencial para garantir a mobilidade da população e a atração de empregos. Em particular, as estações e terminais de integração comuns a duas ou mais linhas de transporte de alta e média capacidade apresentam um potencial maior de acessibilidade, e portanto, suas áreas envoltórias têm maior propensão à atração de atividades econômicas e formação de pólos terciários.

A análise considera as redes estruturais de circulação atuais e futuras. Nela foi adotado inicialmente um raio de 2 quilômetros para a delimitação das áreas envoltórias às redes estruturais de circulação.

Em função do padrão de acessibilidade, as áreas envoltórias às linhas que compõem as redesestruturais de transporte coletivo - compostas pelas redes de alta e média capacidade - são as que apresentam maior potencial para garantir a mobilidade da população e a atração de empregos. Em particular, as estações e terminais de integração comuns a duas ou mais linhas de transporte de alta e média capacidade apresentam um potencial maior de acessibilidade, e portanto, suas áreas envoltórias têm maior propensão à atração de atividades econômicas e à formação de pólos terciários.

Para a delimitação das áreas envoltórias às redes estruturais de circulação foi adotado um raio de 2 quilômetros. A análise da inserção espacial das redesde circulação objetiva delimitar, com tais envoltórias, as áreas de maior acessibilidade atuais e futuras, em escala metropolitana, nelas apontando a presença de pólos existentes ou potenciais.

Assim, associa-se essas áreas envoltórias das vias estruturais de circulação aos estudos de uso e ocupação do solo, como importante ferramental que subsidia tomadas de decisão no âmbito da Governança metropolitana.

Redes de circulação atuais a) Envoltória de 2 km a partir da rede do Metrô, da CPTM, do Corredor ABD da EMTU e dos corredores da SPTrans

Essa envoltória abrange 20 pólos consolidados ou em formação cuja dinâmica está associada à acessibilidade. Ocupa todo o centro expandido e a região sudoeste do Município de São Paulo. Nelas se destacam as seguintes estações de integração: Sé, Brás, Luz, República, Barra Funda, Lapa, Consolação, Pinheiros, Paraíso e Ana Rosa. Demarca o território da RMSP fora do centro expandido:

• a norte, perpassando os municípios de São Paulo, Caieiras, Franco da Rocha, Francisco Morato; • a leste, percorrendo a várzea do rio Tietê entre os municípios de São Paulo, Poá, Itaquaquecetuba, Ferraz de Vasconcelos, Suzano e Mogi das Cruzes, com destaque para as estações de integração Tatuapé e Itaquera, ambas se constituindo como cerne de novos pólos, e Calmon Viana, em Poá, onde se integram duas linhas da CPTM; • a oeste, passando pelos municípios de São Paulo, Osasco, Carapicuíba, Barueri, Jandira e Itapevi, com destaque para as estações de integração em Presidente Altino e Osasco, este último constituindo um antigo pólo regional já consolidado;

195 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

• a sudeste, ao longo do rio Tamanduateí, unindo o município de São Paulo com São Caetano do Sul, Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, com destaque para as estações de integração Tamanduateí e Santo André, esta localizada na sede do município, tradicional pólo regional já consolidado; • a sul, no município de São Paulo, na área envoltória ao longo de linha de metrô destaca-se o Jabaquara, onde se integra o corredor ABD, de média capacidade, que por sua vez cruza com os corredores da SPTrans, no Brooklin. A área envoltória ao transporte de massa ainda se prolonga ao logo do rio Pinheiros, tendo como eixo uma linha da CPTM, que cruza a linha de Metrô em Santo Amaro, importante pólo consolidado de caráter regional. b) Envoltória de 2 km a partir dos eixos das linhas de ônibus intermunicipais gerenciados pela Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo S.A.

Essa envoltória se superpõe à área envoltória da rede de alta e média capacidade, como também a ultrapassa em todas as direções, atingindo os limites regionais em diversos pontos. Alguns pólos de atividades consolidados ou em processo de consolidação encontram-se nesta área envoltória, com destaque para Guarulhos, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Taboão da Serra, Cotia e Barueri. c) Envoltória de 2 km a partir do eixo do sistema viário principal definido no SIVIM – Sistema Viário de Interesse Metropolitano

Essa envoltória se superpõe àárea envoltória da rede de alta e média capacidade e das linhas de ônibus intermunicipais gerenciadas pela EMTU, e as ultrapassa em todas as direções, recobrindo quase toda a região metropolitana. Aárea envoltória decorrente apenas dos eixos do SIVIM não apresenta polaridades.

196 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Redede transporte e rede viária estruturais atuais da RMSP.

Redes de circulaçãofuturas

Envoltória de 2 km a partir da rede do Metrô, da CPTM e de corredores de ônibus de 2030

Essa envoltória abrange 60 novas estações de integração, aumentando consideravelmente a possibilidade da constituição de novos pólos na região. No centro expandido, haverá possibilidade de integração em: Sé, Brás, Luz, República, Barra Funda, Lapa, Consolação, Pinheiros, Paraíso, Ana Rosa, Imperatriz Leopoldina, Domingos de Moraes, Água Branca, Campos Elíseos, Pari, Cerro Corá, Correios, Pedro II, Higienópolis, São Joaquim, Bela Vista, Largo do Cambuci, São Carlos, Ipiranga, Jaguaré, Faria Lima, Brigadeiro, Chácara Klabin, Santa Cruz, São Judas, Moema e Hélio Pellegrino. Essa envoltória abrange o território da RMSP fora do centro expandido:

• a norte, perpassando os municípios de São Paulo, Caieiras, Franco da Rocha, Francisco Morato, com destaque para as estações de integração: Casa Verde, Dutra, Piqueri, Santana, Caieiras, Franco da Rocha e Francisco Morato;

• a leste, percorrendo a várzea do rio Tietê entre os municípios de São Paulo, Poá, Itaquaquecetuba, Ferraz de Vasconcelos, Suzano e Mogi das Cruzes, com destaque para as estações de integração: Tatuapé, Itaquera, Calmon Viana, Anália Franco, Engenheiro Goulart, Guaiaúna, Imperador, Penha, Penha de França, Sapopemba, Tiquatira, União de Vila Nova, Vila Prudente e Suzano;

197 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

• a oeste, passando pelos municípios de São Paulo, Osasco, Carapicuíba, Barueri, Jandira e Itapevi, com destaque para as estações de integração em Presidente Altino, Osasco, Antonio João, Barueri, Carapicuíba, Granja Viana, Monte Belo;

• a sudeste, ao longo do rio Tamanduateí, unindo o município de São Paulo com São Caetano do Sul, Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, com destaque para as estações de integração: Tamanduateí, Santo André, Afonsina, Mauá, Paço Municipal (São Bernardo), Pirelli, São Caetano do Sul;

• a sul, na área envoltória ao longo das linhas do Metrô, da CPTM e dos corredores da EMTU e SPtrans, destacam-se: Jabaquara, Brooklin, Santo Amaro, Campo Belo, Campo Limpo, Jurubatuba, Morumbi, São Paulo- Morumbi e Taboão da Serra.

Rede de transporte e rede viária estruturais futuras da RMSP.

REFERÊNCIAS - TRANSPORTES

198 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

São Paulo (Estado). Companhia do Metropolitano de São Paulo Pesquisa Origem e Destino 2007 - Região Metropolitana de São Paulo. São Paulo: METRÔ, dezembro 2008.

São Paulo (Estado). EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) Sumário Sivim 2012. São Paulo: EMTU – Coordenação do Programa SIVIM, 2012.

São Paulo (Estado). DERSA (Desenvolvimento Rodoviário S.A), “Plano Diretor de Desenvolvimento de Transportes - PDDT 2010/2030”. São Paulo: DERSA.

São Paulo (Estado). Companhia do Metropolitano de São Paulo, Legislação Organizada sobre Transporte Urbano de Passageiros. Edição Comemorativa dos Trinta Anos de Fundação 1968/1998.

São Paulo (Estado). Secretaria dos Transportes Metropolitanos, PITU 2025 - Plano Integrado de Transporte Urbanos, Síntese.

São Paulo (Estado). Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional do ESP, Plano Plurianual 2008/2011.

São Paulo (Estado). Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional do ESP, Plano Plurianual 2012/2015.

São Paulo (Estado), Secretaria dos Transportes Metropolitanos, Evolução dos passageiros transportados nas Regiões Metropolitanas de São Paulo, Campinas e Baixada Santista, por modo de transporte. 2009- 2012 - STM/CTC.

São Paulo (Estado), Programa de Investimentos do Estado de São Paulo Portfólio dos Principais Projetos do Estado - Maio/2012 Governo do Estado de São Paulo, Secretaria dos Transportes Metropolitanos. Disponível em.

Secretaria dos Transportes Metropolitanos, Metrô de São Paulo, 2012. Disponível em.

BRAGA, Vanderlei. Logística, planejamento territorial dos transportes e o projeto dos Centros Logísticos Integrados no Estado de São Paulo. Revista de Estudos Estratégicos do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp (NEE), Unicamp, 2008. Disponível em .

199 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

3. A GOVERNANÇA METROPOLITANA NA BERLINDA: A INTEGRAÇÃO DA GESTÃO DAS FPIC

AS FPICS NA RMSP

A governança metropolitana, enquanto sistema que abrange a formulação, gestão e financiamento de políticas, planos, projetos e ações destinados ao desenvolvimento de um território metropolitano, envolve não apenas a ação do setor público, mas, também, a participação do setor privado e da sociedade18. Governança inclui a análise da formulação, implementação e gestão das políticas e projetos prioritários para o desenvolvimento territorial, ordenamentos, ferramentas e instrumentos adequados para sua gestão - mecanismos e instrumentos de financiamento das políticas e projetos; discussão das possibilidades e limites de maior participação do setor privado; eo desenvolvimento dos processos de discussão pública e de validação política de propostas e projetos.

A complexidade da metropolização do território impõe a governança dos problemas urbanos mediante solução articulada e integrada de diferentes setores dos serviços urbanos e de infraestrutura mas, também, pelo fato de que as políticas metropolitanas têm caráter transversal exigindo a integração das políticas públicas setoriais. Uso do solo, Saneamento e Transportes Metropolitanos ultrapassam fronteiras municipais, devendo ser enfrentados por meio de cooperação entre os diferentes entes da federação que atuam nesse território – estado, municípios, União com a participação da sociedade.

O saneamento ambiental metropolitano está relacionado com o tema do uso do solo, pois a urbanização precária - constituída especialmente de favelas e loteamentos clandestinos - contribui para o agravamento da poluição dos reservatórios de água bruta, da escassez das fontes hídricas e da vulnerabilidade ante as inundações. Estes aspectos são mais destacados onde há insuficiência ou inadequação de serviços urbanos e uso ineficiente da água, configurando-se como uma situação de forte desafio para as instituições que atuam na gestão da água (Banco Mundial, 2012). A gestão do saneamento e dos recursos hídricos em áreas altamente urbanizadas como a RMSP é um grande desafio que exige intensa integração e articulação entre os sistemas de infraestrutura e as diferentes jurisdições territoriais que compõem a região e colocam em cheque os tradicionais instrumentos setoriais e locais de gestão. Uma importante causa destes problemas não está nas falhas de cada um dos sistemas setoriais de gestão, mas principalmente nos problemas de articulação entre eles (SILVA, NUCCI, COSTA, 2012).

Experiências recentes de planejamento e gestão integrada desses temas no território da RMSP se encontram no bojo de um conjunto de ações em curso e realizadas ao longo da última década, tais como: revisão da lei de proteção aos mananciais, Projeto Guarapiranga, Plano de Bacia do Alto Tietê, Terceiro Plano Diretor de Macrodrenagem da Bacia do Alto Tietê – PDMAT 3, Plano de Aproveitamento de Recursos Hídricos da Macrometrópole (2009) que buscam uma visão mais conjunta dos diversos problemas que se relacionam direta ou indiretamente com os recursos hídricos e com o saneamento na

18Emplasa. Plano de Ação da Macrometrópole Paulista (MMP): Relatório sobre Governança Metropolitana. 2013. A MMP abrange as cinco regiões metropolitanas paulistas (São Paulo, Campinas, Baixada Santista, Sorocaba e Vale do Paraíba e Litoral Norte), duas Aglomerações Urbanas (Jundiaí e Piracicaba) e a Microrregião Bragantina, num território de 50 mil km² (6% do ESP), com 30,5 milhões habitantes (74% do ESP e 15% do país) e que produz 83% do PIB do ESP e 28% do país.

200 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

maior região metropolitana do país.Além do planejamento conjunto, o desenvolvimento de soluções integradas e articuladas para enfrentamento das dificuldades relacionadas à gestão das águas e da infraestrutura hídrica na RMSP necessita de novas tecnologias e práticas gerenciais que viabilizem o aproveitamento de economias de escala e de escopo entre os diferentes sistemas setoriais, com enfoque sobre: o desenvolvimento do uso eficiente da água e da energia em ambiente de elevada escassez; a atualização de critérios e padrões de projeto das estruturas hidráulicas (em face dos fenômenos climáticos fora de estação e com persistência crescente); e o desenvolvimento e operação de sistemas multiobjetivos (caso do complexo hidroenergético Pinheiros-Billings). (SILVA, NUCCI, COSTA, 2012).

Mecanismos de financiamento nacionais e internacionais também podem se configurar como peça- chave para o desenvolvimento de ações multissetoriais. Segundo o Banco Mundial (2012), os recursos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) têm sido indutores de uma colaboração ativa entre as diversas entidades protagonistas na gestão das águas na RMSP, na medida em que as solicitações de recursos são realizadas de forma conjugada pela Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos, pela Prefeitura de São Paulo e dos demais municípios e pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado (CDHU), para ações conjuntas nas áreas de saneamento, urbanização de favelas e construção de moradias, resíduos sólidos e melhorias urbanas. Os financiadores internacionais também promovem este tipo de articulação, como o Banco Mundial, a Agência de Cooperação Internacional do Japão, o Banco Interamericano de Desenvolvimento, dentre outros.

O maior desafio para o desenvolvimento e aplicação de iniciativas articuladas, integradas e conjuntas na gestão da água ocorre no âmbito institucional, já que as dimensões regionais da RMSP extrapolam a forma tradicional de organização, do planejamento e da execução destas funções por cada setorial. Para Silva, Nucci e Costa (2012), a coordenação e articulação da gestão da água exigem hoje, além de uma concepção territorial mais flexível, um arcabouço institucional que promova essa flexibilidade territorial e a necessária articulação regulatória e gerencial entre os diversos setores, a União e os Municípios. Neste sentido, a recente reorganização da RMSP e do Sistema Estadual de Desenvolvimento Metropolitano pelo Governo do Estado de São Paulo é parte importante deste processo, fomentando a articulaçãodos diversos entes e atores da gestão da água e de seus usos na região, extrapolando papéis individuais de municípios e de órgãos setoriais, integrando os temas do saneamento ambiental.

O planejamento e gestão metropolitanos dos transportes na RMSP tem como importantes ações os investimentos na ampliação da rede de metrô, trens, ônibus e o processo de integração tarifária. As pesquisas origem-destino são importantes instrumentos de planejamento das redes de transporte e subsidiam a elaboração dos planos metropolitanos de transporte para a região.

GOVERNANÇA METROPOLITANA19

As Regiões Metropolitanas são lócus de dinamismo econômico e de concentração de população e atividades econômicas, reunindo funções com alto grau de complexidade e diversidade geradoras de riqueza, emprego e produtividade20. São também territórios em que o intenso processo de urbanização,

19Emplasa. Plano de Ação daMacrometrópole. 2013.

20 As chamadas economias de aglomeração - oportunidades que se abrem para cidades e regiões e que contribuem para a interconexão das metrópoles com outras aglomerações urbanas, não só no próprioPaís, mas também no

201 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

a diversidade econômica prevalente e a heterogeneidade dos níveis de desenvolvimento urbano ou regional interpõem grandes desafios a serem enfrentados pelas políticas públicas, desafios esses que se expressam, por exemplo, na crescente pressão pela provisão de serviços básicos e equipamentos sociais ou por novas e melhores infraestruturas urbanas.

A cooperação entre agentes do desenvolvimento em âmbito metropolitano enfrenta dificuldades de ordem político-institucional, que estão relacionadas à autonomia dos governos locais, ou à repartição formal de atribuições entre os entes da federação, no que respeita à solução de problemas que se estruturam como de interesse comum ou ainda à dificuldade de implementação de mecanismos e instrumentos que ensejem a participação do setor privado ou da sociedade.

Além das dificuldades político-institucionaisestão aquelas relacionadas ao financiamento de projetos metropolitanos que não contam com fontes de recursos específicos.Com a Constituição de 1988 houve um fortalecimento relativo da posição financeira dos municípios na repartição de tributos, mas ocorreu, em contrapartida, também um aumento de suas competências em função do processo de descentralização das políticas públicas. Face a essa realidade, a capacidade de investimento dos municípios21 é, em geral, baixa.

Além disso, a decisão de situar no nível dos Estados a criação das Regiões Metropolitanas não foi acompanhada das condições para o exercício dessa competência e nem mesmo de normatização acerca do financiamento dos projetos metropolitanos. Os estados, em geral, não preveem fontes de financiamento específicas para projetos metropolitanos, limitando-se a operar com mecanismos de financiamento frágeis, ao que se alia o fato de que o governo nacional passou, cada vez mais, a manter relações diretas com os municípios, o que dificultaainda mais a coordenação do financiamento de ações metropolitanas.

A Constituição de 1988, aprovada num contexto de descentralização política, teve como um dos seus desdobramentos importantes a transferência da atribuição de criação e gestão de unidades regionais – regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões - para os níveis estaduais de governo. Com isso, ocorreu um afastamento relativo do governo federal da discussão sobre a gestão das metrópoles no País22, ainda que se continue priorizando os territórios metropolitanos na destinação de investimentos em infraestrutura urbana e social 23.

De modo geral, a capacidade institucional dos municípios e de instituições estaduais tem se mostrado insuficiente para implementar e gerir a infraestrutura e os serviços em âmbito metropolitano. Por outro lado, o financiamento dos investimentos em projetos metropolitanos exige arranjos institucionais com maior capacidade de coordenação do que aquela que dispõem as estruturas de Estado criadas nos últimos anos. Dessa forma, as regiões metropolitanas têm enfrentado dificuldades para formular e implementar políticas e projetos eficientes para promover o desenvolvimento regional sustentável - incluindo-se o financiamento de projetos.

âmbito internacional, formando uma rede internacional de interdependências funcionais entre cidades e regiões metropolitanas (Soja, E.2000).

21Emplasa. FinançasPúblicas e Capacidade de Investimento da Macrometrópole Paulista. 2011.

22Consulte-se sobre o assunto Ipea. “Desafios contemporâneos na gestão das Regiões Metropolitanas”. Comunicados IPEA, nº 116, out., 2011.

23Uma iniciativa tomada pelo Governo Federal foi a proposição do Estatuto da Metrópole (PL nº 3.460/2004), em tramitação no Congresso Nacional, que estabelece uma regulação para organizar a ação dos entes federados, no que respeita ao compartilhamento de funções públicas de interesse comum. Op.Cit.pg.18.

202 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

A reduzida capacidade de investimento dos municípios, a necessidade dos estados de cumprirem a disciplina fiscal, o volume de recursos exigidos para projetos de infraestrutura - como os de saneamento, transporte, logística, drenagem e habitação, e outros – aliado ao fato de que investimentos dessa natureza ultrapassam mandatos governamentais, são fatores que demandam soluções inovadoras e eficientes visando o envolvimento do setor privado no financiamento do desenvolvimento metropolitano.

Nesse entendimento, destaca-se a diferençana capacidade de investimento dos municípios metropolitanos24,e entre esses e a do Estado e da União. Há que se considerar também os distintos níveis de capacidade de endividamento, particularmente dos municípios com menor dinamismo econômico, os quais, frequentemente, restringem as possibilidades de levantamento de empréstimo, para fazer face às eventuais cotizações para financiamento de projetos metropolitanos. Cabe, assim, a implementação de modelos de financiamento que considerem essa condição de desigualdade,bem como que leve em conta, ainda, a importância de incorporar os três níveis de governo no esforço de financiamento, com o sentido de equalizar as contribuições para os grandes projetos e/ou obras. Na prática, soluções para problemas dessa natureza envolvem, necessariamente, diferentes níveis de governo, o que significa a exigência de acomodação de interesses e demandas, nem sempre consensuais, ou passíveis de composição política. De qualquer forma, é importante registrar que o consenso e a conciliação de interesses devem sempre pautar-se pela clareza de objetivos e metas a serem alcançadas, bem como pela escolha das formas de financiamento a serem adotadas.

As estruturas de governança incorporam tradicionalmente mecanismos de financiamento via fundos financeiros, que têm se revelado insuficientespara dar conta de investimentosque assegurem a competitividade econômica e garantam o desenvolvimento sustentável e a qualidade de vidadas metrópoles.

Diante disso, a governança metropolitana deve ser orientada pela proposição e implementação de instrumentos inovadores de governança, pautados pelacolaboração entre atores públicos, privados, bem como de formas de financiamento que incorporem, não só o financiamento público, mas, também, alternativas de inclusão de recursos privados. Ademais disso, considerou também a exigência de participação de representantes do setor público, do mercado e da sociedade na discussão pública e validação política das metas e propostas por ele abrangidas.

GOVERNANÇA METROPOLITANA NO ESTADO DE SÃO PAULO

As estruturas institucionais, assim como as práticas de governança metropolitana, são elementos centrais de gestão da economia e da sociedade das áreas urbanas. “O urbanismo suplantou a indústria como motor de desenvolvimento capitalista, como cimento da sua expansão. O processo de urbanização é o novo indutor de industrialização, invertendo a relação clássica dominante nos séculos XIX e XX”25.

24 Consulte-se Emplasa, op. Cit., 2012.

25Vide estudo sobre governança metropolitana na Europa, realizado pelo Observatório das Metrópoles, Território, Coesão social e Governança Democrática, UFRJ, RJ, 2012, citando Ortega Varcácel, A geografia para o século XXI, Rio de Janeiro, 2004.

203 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

As cidades – e, sobretudo, as grandes metrópoles – os polos que estruturam e que conferem dinamismo aos processos de desenvolvimento socioeconômico e urbano de uma região, de um Estado ou, às vezes, mesmo de um País26.

As transformações observadas a partir dos anos 80 nas organizações física, funcional e espacial das metrópoles expressam as transformações nas condições de produção e consumo movidas pelas inovações tecnológicas e de acumulação de capital de âmbito global. As metrópoles atuais são os nós de uma economia em rede, centrada na inovação em que a metropolização se define pela dinâmica de concentração de funções econômicas ditas superiores, quais sejam aquelas ligadas, principalmente, à pesquisa e inovação, ao setor financeiro, ao comércio e às atividades de cultura, lazer e grandes eventos de escalas nacional e internacional 27.

Essa é uma característica marcante do territórioda RMSP que responde por 56% do PIB do ESP, bem como pela concentração de quase a metade de sua população (2010).

Desde os anos 60, o Estado de São Paulo tem buscado estruturar e implementar formas de gestão de suas áreas metropolitanas. A etapa mais recente desse processo data de 2011, com a criação do Sistema Estadual de Desenvolvimento Metropolitano (SEDM 28), além de articular a execução das funções públicas de interesse comum que se estruturam no território da Macrometrópole Paulista (MMP).

O objetivo principal do funcionamento do SEDM é promover o desenvolvimento sustentável e fomentar a cooperação dos órgãos estaduais que respondem por políticas e ações de interesse metropolitano, que têm em vista, sobretudo, otimizar a utilização dos recursos públicos e orientar e gerir a implantação de projetos e/ou ações de impacto metropolitano.

Como uma instância central do SEDM foi instituída a Câmara de Desenvolvimento Metropolitano (CDM), colegiado presidido pelo governador do Estado, e integrado por 11 Secretarias, que tem a atribuição dedecidir sobre a solução de questões de caráter metropolitano29.

A função de órgão técnico do Sistema é atribuída à Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S/A (Emplasa), criada em 1975, para incumbir-se, originalmente, do planejamento da Grande São Paulo. Atualmente, seu foco de atuação, é o território da MMP e sua função básica é apoiar a formulação e implementação de políticas, projetos e ações que visam a integração de políticas públicas e ações de governo, com prioridade para osprojetos metropolitanos voltados para equacionar questões de transporte e logística, mobilidade urbana, saneamento ambiental, habitação, etc.

O SEDM é integrado, ainda, por unidades político-institucionais que realizam a gestão das regiões metropolitanas e aglomerações urbanas institucionalizadas do ESP. Essas abrangem as RMs de São Paulo, Baixada Santista, Campinas, Vale do Paraíba e Litoral Norte e AUs de Jundiaí e Piracicaba. Os aparatos de gestão dessas unidades regionais apresentam um relativo paralelismo, incluindo:

26Essa posição é resultado de um processo que ganha corpo desde os anos 1960, e que é analisado por autores como Lefébvre, Jacobs, Harvey e Castells. 27SASSEN, Saskia. As cidades na economia mundial. São Paulo: Studio Nobel, 1998. 28Decreto Estadual nº 56.887/2011. 29 Além do governador e do secretário da Casa Civil, na condição de secretário-executivo do órgão, integram a Câmara os secretários de Fazenda, Meio Ambiente, Planejamento e Desenvolvimento Regional, Saneamento e Recursos Hídricos, Energia, Transportes Metropolitanos, Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Logística e Transportes e Habitação.

204 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

• Conselhos de Desenvolvimento Metropolitano – conselhos deliberativos compostos por representantes dos municípios dasRMs, por representantes do Estado nas áreas que correspondem à gestão das chamadas funções públicas de Interesse comum, e por representantes da Assembleia Legislativa Estadual; • Agências de Desenvolvimento Metropolitano - entidades autárquicas de caráter territorial, com a finalidade de integrar a organização, o planejamento e a execução das funções públicas de interesse comum; • Fundos de Desenvolvimento Metropolitano – destinados a dar suporte financeiro às ações de interesse comum entre o Estado e os municípios metropolitanos, para a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento socioeconômico das Regiões; • Conselhos consultivos – que prevêem a participação de representantes da sociedade civil, do Poder Legislativo Estadual, das Câmaras dos Municípios que integram a Região e dos Executivos Estadual e Municipais.

Além dessas estruturas institucionais, outras formas de organização que atuam nos territórios metropolitanos são os consórcios intermunicipais, forma de cooperação intermunicipal voltada à gestão regional de problemas comuns, principalmente em campos como gestão de saúde, bacias hidrográficas e resíduos sólidos30.

Os principais agentes articuladores no nível estadual são a Câmara de Desenvolvimento Metropolitano, a Casa Civil e a Emplasa, que é o órgão técnico do sistema.

Os principais desafios metropolitanos são de ordem econômica, social, urbana e institucional:

• Na área econômica, é necessário garantir a atratividade da RMSP e da MMP, e a competitividade dos seus centros urbanos, melhorando a infraestrutura em geral e, particularmente, as condições de transporte e logística e a mobilidade urbana. • Do ponto de vista social, devem ser promovidas ações voltadas para habitação, saneamento, infraestrutura, equipamentos e serviços públicos, além da geração de empregos. • No âmbito institucional, recomenda-se a adequação dos instrumentos de planejamento e gestão, superando deficiências legais, institucionais e técnicas para o atendimento das necessidades da população.

Enfrentar tais desafios requer:

• Estratégias integradas de desenvolvimento metropolitano focadas nas dimensões econômica, urbana e social, e ancoradas na integração das políticas e investimentos públicos e privados; • Foco em número restrito e direcionado de projetos e ações integradas, que articulem diferentes agentes do desenvolvimento regional, contribuindo para a efetividade das políticas públicas, e evitando a pulverização de recursos e a intervenção com enfoque exclusivamente setorial; • Definição e implementação de projetos estruturantes, que estabeleçam sinergias entre os centros urbanos, compondo novas linhas de atuação com foco no território;

30Os consórcios intermunicipais são instrumentos que vêm sendo adotados pelos municípios para lidar com problemas comuns. Sua constituição e funcionamento são amparados pela Lei Federal nº 11.107/2005, regulamentada pelo Decreto Federal nº 6.017/2007.

205 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

• Ações articuladas entre Secretarias de Estado, municípios, iniciativa privada e setores da sociedade, segmentos que deverão validar politicamente e apoiar a execução de projetos metropolitanos de forma integrada, incluindouso do solo, saneamento e transporte.

Todos esses desafios integram o Plano de Ação da MacrometrópolePaulista (PAM 2013/2040). Enquanto instrumento de planejamento de médio e longo prazo,o mesmo constitui uma referência básica da formulação e implementação de políticas públicas e ações metropolitanas do Governo do Estado de São Paulo no território da MMP, possibilitando o desenvolvimento das principais potencialidades desse território e apontando diretrizes, metas e ações para superação dos principais gargalos ao desenvolvimento regional, de maneira a atingir o futuro desejado em 2040, com metas intermediárias para 2020.

O PAM destaca, ainda, a necessidade de articulação dos três níveis de governo, contemplando os seguintes princípios:

• Consenso social – envolvendo a adoção de mecanismos que garantam a participação na formulação e formação de consensos sobre propostas de ação definidas; • Articulação política – envolvendo a instituição de processos de consulta e de validação política permanente das metas e propostas do PAM e da Carteira de Projetos da MMP; • Envolvimento de agentes do desenvolvimento regional, já organizados institucionalmente, e formalizado por meio de consulta e participação dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento.

Assim, o enfrentamento de tais desafios exige não só ação colaborativa nas três esferas de governo, mas também a existência de política metropolitana com capacidade de coordenar o planejamento, a execução e o financiamento das funções públicas de interesse comum.

DESAFIOS FINANCEIROS

O intenso processo de urbanização, a heterogeneidade do espaço territorial e a diversidade de status econômico, vêm gerando enormes desafios urbanos. Há uma pressão crescente para a provisão de serviços básicos, pela necessidade de novas e melhores infraestruturas e pela necessidade de solucionar grandes problemas sociais que estão concentrados nas regiões metropolitanas, como a carência de habitação, e elevados níveis de pobreza e degradação ambiental.

A complexidade das políticas urbanas exige para seu enfrentamento recursos de capital em volumes elevados e normalmente distribuídos de forma desigual no tempo. Em sua grande maioria, os municípios que integram as regiões metropolitanas não têm condições de arcar com tais volumes de capital exigidos, sendo que a execução das ações normalmente ultrapassa os mandatos políticos dos prefeitos.

Os arranjos institucionais metropolitanos assumem feições e estruturas variadas em distintos locais, dependendo da formação histórica, social e política do país. No Brasil, o modelo de federalismo fiscal adotado reservou para os municípios uma parcela da renda pública, que, no conceito de receita disponível, confere-lhes uma fatia de 18%, sendo que os demais 82% permanecem com a União e os Estados31. É fato, por outro lado, que esse ganho relativo em favor dos municípios veio acompanhado da

31A Constituição de 1988 e alguns atos legislativos posteriores proporcionaram aos municípios uma elevação significativa nessa participação, pois em 1960 esse porcentual era de 6%.

206 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

atribuição de maiores responsabilidades na prestação de serviços públicos à população, em particular nas áreas de saúde, educação, transporte urbano, habitação.

Além do aumento das atribuições, outras questões emergem como limitadoras do financiamento metropolitano. Em primeiro lugar, cumpre ressaltar a grande diferença de portes econômicos e populacionais dos municípios de uma mesma região metropolitana, que resulta em grandes assimetrias na base fiscal e, por consequência, diferenças marcantes na capacidade fiscal, administrativa e de planejamento do município-sede e de suas periferias32.

Outra questão refere-se às normas constitucionais legais vigentes, que impõem uma forte rigidez na composição dos gastos, o que dificulta o manejo dos orçamentos locais. Essa rigidez é representada pela necessidade de destinaçãode recursos para pagamento de despesas obrigatóriasou compulsórias, como gastos com pessoal e encargossociais, manutenção da iluminação pública, coleta e destinaçãofinal do lixo, limpeza e manutenção de logradourospúblicos, manutenção de parques, centros esportivos etc. Existe, ainda, a questão da vinculação constitucionalou legal de recursos, que consiste na separação de parteimportante das receitas municipais para ser empregada em determinadas áreas, programas e ações.

Também do lado do Estado, cabe lembrar a crise fiscal dos anos 90 que resultou em elevada rigidez fiscal, em função da necessidade de destinar parte da receita para pagamento da dívida decorrente do acordo com a União. Com isso, dificultou-se ainda mais o estabelecimento de instrumentos e mecanismos de financiamento metropolitano.

Também devem ser considerados os desafios de ordem financeira e institucional, mobilizando recursos compatíveis com a escala dos investimentos necessários, e adotar mecanismos e instrumentos de planejamento e gestão garantidores da eficiência da atuação metropolitana.

De acordo com Rojas (200833),“as dificuldades de gestão metropolitana têm origem, em grande parte, emestruturas obsoletas e ineficientes de relações intergovernamentais que definem aatribuição de responsabilidades e o acesso aos recursos correspondentes entrediferentes níveis de governo. Em muitos casos, as responsabilidades atribuídas aosníveis subnacionais de governo não são apoiadas por recursos suficientes (ou osincentivos para que governos locais gerem renda adequada são insuficientes), nem pelodesenvolvimento de capacidade e responsabilização institucionais efetivas na gestão dacoisa pública”.

É nesse contexto que a governança metropolitana sob o ponto de vista do financiamento se insere, uma vez que é cada vez mais visível que a estrutura fiscal, da qual decorrem as alternativas de financiamento das ações em território metropolitano, é parte essencial do desenho de soluções para os problemas metropolitanos.

Em função da importância de buscar alternativas viáveis ao financiamento metropolitano e da necessidade de que as regiões e as aglomerações urbanas possam, com a participação do Estado, promover o desenvolvimento regional, a Emplasa e a Fipe desenvolveram em 2011 uma metodologia

32 Furtado, B. A. Mation, L. F. & Monastério, L. M. Fatos estilizados das finanças públicas municipais metropolitanas brasileiras entre 2000 e 2010. In: Furtado, Krause & França. Território Metropolitano, Políticas Municipais. Ipea, pp.291-311 (2013). Os autores mostram as marcantes distorções que ocorrem entre município-sede e periferia nas regiões metropolitanas brasileiras.

33 Rojas, E. Governança de Regiões Metropolitanas da América Latina. In: Magalhães, F. (Ed.) Regiões metropolitanas no Brasil: um paradoxo de desafios e oportunidades. BID.

207 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

que viesse a auxiliar na avaliação da situação fiscal dos municípios integrantes das regiões metropolitanas e aglomerados urbanos da MMP. O intuito principal é avaliar a capacidade de investimento dos municípios, com o objetivo de evidenciar as potencialidades para o desenvolvimento e a execução de projetos regionais.

Com essa intenção,foram construídos dois indicadores, a saber: capacidade de investimento com recursos próprios e capacidade de investimento com recursos de terceiros. Com isso, foi possível ordenar as regiões metropolitanas, as aglomeraçõesurbanas e seus municípios, baseado na poupança efetivade recursos que eles podem destinar para investimentos. Assim, pretende-se ter uma medida sintética, que sejacapaz de identificar clara e rapidamente o potencial decontribuição de cada município, região ou aglomeraçãona execução de projetos comuns.

ÍNDICE DE CAPACIDADE DE INVESTIMENTO

O índice de capacidade de investimento com recursos próprios é definido a partir do princípio de orçamento equilibrado e corresponde à poupança efetiva de recursos do município que pode ser destinada aos investimentos, deduzidos os recursos líquidos necessários para amortizar a dívida fundada (IPCI-RP).

Além de utilizar os recursos próprios para tornar viáveisseus investimentos, os municípios podem recorrer às operaçõesde crédito. É importante observar que a capacidadede investimento com recursos de terceiros tem limites bemclaros. Uma vez que constituem simples antecipações decapacidade de investimento com recursos próprios futuros,implicam uma capacidade de investimento menor no futuro,uma vez que aumentam os gastos correntes mediantepagamentos de juros e elevam o valor das amortizações.Assim, um município que depende excessivamente derecursos de terceiros compromete fortemente sua capacidadede investir com recursos próprios no futuro34.

Para medir a capacidade com recursos de terceiros, foi utilizada a diferença entre o limite de 120% receita corrente líquida e o estoque da dívida consolidada atual (IPCI-RT).

Para que o ordenamento não fosse afetado pelotamanho do município, com municípios maiores obtendomelhores classificações devido apenas à dimensão desuas economias, os indicadores são calculados a partir da padronização dos valores calculados em reais (R$) per capita.

A primeira análise dos indicadores foi divulgada na publicação “Finanças Públicas e Capacidade de Investimento da Macrometrópole Paulista”, na qual se encontra a metodologia para a apuração do indicador e a divulgação de um ranking por regiões e por municípios, para o período 2007-2009. Esse indicador é atualizado anualmente. A estrutura básica de análise envolveu os três pilares da capacidade de investimento, quais sejam as receitas e as despesas, em particular as receitas e as despesas correntes, que determinam a capacidade de investir com recursos próprios, e o endividamento, que estabelece a capacidade de investir com recursos de terceiros35.

34Uma operação de crédito só ocorrerá: 1) se o município tiver recursos próprios que sirvam como“contrapartida”; 2) apresentar um grau de endividamento razoável; 3) estiver pagando corretamente suas dívidas, obrigações sociais e trabalhistas e destinando, para as áreas de educação e saúde, o montante estabelecido legalmente.

35Vale ressaltar que endividar-se não é um mal, ao contrário, se realizado de forma responsável, pode significar a rápida solução de problemas que, eventualmente, estejam afligindo a população; isto ainda que represente encurtar um pouco a margem para investimentos nos exercícios seguintes. A legislação, representada por

208 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

Os resultados para o ano de 2011 do índice de capacidade com recursos próprios (IPCI-RP) mostram que a AU de Jundiaí continua ocupando o primeiro lugar no ranking. Em seguida, encontra-se a RMVPLN que passou da 5ª posição em 2010 para a 2ª em 2011. A RMC também revela recuperação, subindo da 7ª para 4ª posição. Por outro lado, a RMSP, com a exclusão da capital, caiu de 3º para 6ª lugar.

Tabela 1 - IPCI-RP – Ranking das Regiões Metropolitanas e Aglomerações Urbanas – 2010 e 2011

Região/Aglomeração Urbana 2010 2011 AU de Jundiaí 1 1 RM do Vale do Paraíba e Litoral Norte 5 2 AU de Piracicaba 2 3 RM de Campinas 7 4 AU de Sorocaba 4 5 RM de São Paulo - exclui São Paulo capital (1) 3 6 RM de São Paulo 6 7 RM da Baixada Santista 8 8 Nota: (1) A exclusão do município de São Paulo do total da região tem por intuito demonstrar a influência da capital nos resultados agregados para a RMSP. IPCI-RP = Índice Paulista de Capacidade de Investimento com Recursos Próprios O ranking tem como base os 157 municípios que compõem as RMs e AUs da macrometrópole paulista.

A boa posição da AU de Jundiaí deve-se à elevação das receitas tributárias de alguns municípios da região, em boa parte explicada pelo crescimento do parque industrial e de importantes atividades de serviços nos últimos anos. Municípios como Louveira e Itupeva encontram-se entre as primeiras posições do índice no cômputo geral dos 157 municípios. Certamente, o incremento das receitas contribuiu para a poupança elevada e é o que elucida o primeiro lugar no ranking por dois anos seguidos.

No caso da RMVPLN, verificou-se importante aumento de receitas derivadas de royalties do petróleo para alguns municípios da região, o que explica em grande medida o avanço no ranking.

A variação nas posições relativas intermediárias noranking ao longo dos anos, constatada na ordenação da capacidade de investimento com recursos próprios, não serepete quando se analisa a capacidade de investimento com recursos de terceiros (IPCI-RT). A tabela 2 mostra pouca alteração no período 2010- 2011, cabendo apenas ressaltar a troca de posições entre a RMC e a AU de Sorocaba. É importante destacar que o interesseé simplesmente ordenar os municípios e regiões e não aconselhá-los a aumentar o seu endividamento pela distância entreo limite e o estoque efetivo da dívida. Como a análiseé relativa, importa menos se o limite está estritamentecorreto e mais como cada município ou região está emrelação a esse limite, qualquer que seja ele.

Os dados demonstram quea dívida dos municípios paulistas está em níveis muito confortáveis, com exceção do município de São Paulo, sendo que a relação dívida consolidada/receita corrente líquida situou-se em 30% para o agregado dos 156 municípios. Isso permite dizer que há espaço para a contratação deempréstimos para financiar projetos de desenvolvimento.

Os municípios de pequeno porte são os que apresentamos indicadores mais baixos, aquém da média.Provavelmente, isso se deve aos rigores impostos pelaLRF, ao difícil acesso às fontes de financiamento e à complexidade que caracteriza a preparação de projetos.

resoluções do Senado Federal, coíbe o endividamento exagerado, que possa comprometer o futuro das finanças municipais.

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Tabela 2 - IPCI-RT – Ranking das Regiões Metropolitanas e Aglomerações Urbanas – 2010 e 2011

Região/Aglomeração Urbana 2010 2011 RM da Baixada Santista 1 1 AU de Jundiaí 2 2 RM do Vale do Paraíba e Litoral Norte 3 3 AU de Piracicaba 4 4 RM de Campinas 6 5 AU de Sorocaba 5 6 RM de São Paulo - exclui São Paulo capital (1) 7 7 RM de São Paulo 8 8 Nota: (1) A exclusão do município de São Paulo do total da região tem por intuito demonstrar a influência da capital nos resultados agregados para a RMSP. IPCI-RT = Índice Paulista de Capacidade de Investimento com Recursos de Terceiros O ranking tem como base os 157 municípios que compõem as RMs e AUs da macrometrópole paulista.

Do lado das receitas, os principais resultados encontrados para o ano de 2011 confirmam os fatos já conhecidos sobre as finanças municipais:

• É expressiva a participação das transferências no total das receitas correntes. Para mais de 90% dos municípios, essa participação situa-se em porcentuais superiores a 50%. Para 30%, as transferências representam mais de 80% das receitas. Nesse caso, são municípios de baixa atividade econômica e diminuta população. • As receitas próprias têm participação mais significativa nos grandes municípios, em municípios litorâneos e num pequeno número de municípios com forte e desenvolvido setor de serviços. • A receita tributária per capita teve crescimento nominal de 14% para o conjunto dos municípios da macrometrópole, bem acima da inflação de 6,5% medida pelo IPCA-IBGE. Conforme se verifica no quadro a seguir, exceto para a RMVPLN, todas as regiões apresentaram crescimento acima de 10%. Ressalta-se que tal evolução ocorreu a despeito do aumento de apenas 2,7% do PIB do país no período. Acima da média da MMP (R$ 891) situam-se apenas a RMSP e RMBS.

EVOLUÇÃO DA RECEITA TRIBUTÁRIA PER CAPITA Em R$

REGIÕES 2010 2011 Var % nominal RMSP 884,5 1007,8 13,9 RMBS 971,5 1135,6 16,9 RMC 626,5 714,0 14,0 RMVPLN 479,0 520,1 8,6 AU Jundiai 582,5 669,3 14,9 AU Sorocaba 410,8 483,2 17,6 AU Piracicaba 380,9 439,3 15,3 MMP 782,3 891,5 13,9

As receitas de transferências correntes cresceram 9,7% para a MMP, notando-se maior variação apenas para a RMVPLN. Isso se explica pelo maior número de municípios de pequeno porte populacional e reduzida base de atividade econômica existentes nessa região.

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EVOLUÇÃO DAS TRANSFERÊNCIAS CORRENTES LIQUIDAS PER CAPITA Em R$

REGIÕES 2010 2011 Var % nominal RMSP 953,6 1.041,4 9,2 RMBS 1.211,1 1.324,3 9,4 RMC 1.362,5 1.474,3 8,2 RMVPLN 1.310,1 1.485,6 13,4 AU Jundiai 1.453,2 1.585,8 9,1 AU Sorocaba 1.162,5 1.291,5 11,1 AU Piracicaba 1.247,2 1.381,3 10,8 MMP 1.068,0 1.171,5 9,7

O IPTU per capita aumentou 11,5% nominais na comparação 2010-2011. Verifica-se que municípios com pequeno número de habitantes enfrentam mais dificuldades para cobrar o IPTU, com exceção de alguns situados no litoral, em que a existência de boas praias atrai investimentos imobiliários. É o caso da RMBS, particularmente do município de Bertioga.

EVOLUÇÃO DO IPTU PER CAPITA Em R$

REGIÕES 2010 2011 Var % nominal RMSP 270,6 301,4 11,4 RMBS 428,5 491,6 14,7 RMC 190,1 208,1 9,5 RMVPLN 149,3 172,3 15,4 AU Jundiai 161,4 175,0 8,4 AU Sorocaba 120,7 127,0 5,2 AU Piracicaba 135,3 151,3 11,8 MMP 246,9 275,4 11,5

As receitas com a arrecadação de ISS representaram cerca de 50% do total da receita tributária dos 157 municípios em 2011, com média de 43%. Para a MMP, o crescimento no período foi de 14% nominais, cabendo ressaltar o avanço entre 19% e 22% para 3 regiões, conforme quadro abaixo. É importante salientar a queda de 0,6% verificada para a RMVPLN, fruto de recuos expressivos na arrecadação de ISS para vários municípios, incluindo crescimento nulo para o município sede.

EVOLUÇÃO DO ISS PER CAPITA Em R$

REGIÕES 2010 2011 Var % nominal RMSP 466,5 532,5 14,1 RMBS 300,1 357,1 19,0 RMC 284,3 324,8 14,3 RMVPLN 219,5 218,1 -0,6 AU Jundiai 253,1 301,0 19,0 AU Sorocaba 171,7 209,1 21,8 AU Piracicaba 156,5 184,4 17,9 MMP 388,6 442,9 14,0

211 Relatório 1.2. Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: Análise Comparativa das Funções Públicas de Interesse Comum

O resultado do estudo mostra que há uma grande disparidade fiscal e financeira entre os municípios. A análise desagregada revela uma posição privilegiada de algumas cidades, normalmente municípios-sede da RM ou com atividade econômica intensa. Mais do que isso, depreende-se que o federalismo fiscal do país não está pronto para lidar com as questões metropolitanas36.

Por outro lado, os fundos metropolitanos necessitam de maior volume de recursos para fazer frente à complexidade dos problemas urbanos de infraestrutura.

Dessa forma, um dos desafios que se encontra no Eixo 3 do PAM significa a ação de apoiar o governo na identificação e desenvolvimento de mecanismos de financiamento que permitam a expansão dos investimentos nas regiões metropolitanas.

A participação do setor privado mostra-se fundamental nesse processo de planejamento das ações para um horizonte de 26 anos ao qual o PAM se propõe. Não por acaso, a experiência recente do Estado de São Paulo tem conferido alto grau de relevância ao formato de parceria caracterizado pelas PPPse pelas concessões. O aspecto mais visível do novo arranjo institucional reside na ampliação das condições de obtenção de recursos financeiros para o investimento. Há vários projetos no portfólio de investimentos do Estado, que prevêem sua viabilização por meio de PPPs, grande parte situados na MMP.

Também é fundamental a exploração de outras estruturas institucionais, tais como os consórciosintergovernamentais (estados e municípios) ou autarquias municipais consorciadas, baseadas na Lei dos Consórcios e regulada pelo regime de direito público, e que sejam reconhecidos como entes federativos, recebendotransferências governamentais, e eventualmente com acesso a financiamento (interno eexterno). A alternativa de consórcios públicos, com a participação do Estado ainda se mostra pouco explorada, e poderá ser um importante instrumento para viabilizar algumas ações da carteira de projetos do PAM. Os consórcios podem representar o compartilhamento das soluções e dos custosassociados, dentro de um quadro de segurança jurídica.

Também há possibilidades de promoção de ações compartilhadas intermunicipais por meio da utilização de instrumentos de uso, concessão e transferência de direitos urbanísticos dos municípios para o financiamento de projetos urbanos, incluindo aspectos da questão habitacional e, particularmente, para a viabilização de projetos de urbanização em áreas públicas e/ou privadas pré-definidas, localizadas em mais de um município.

O PAM poderá auxiliar na construção de um arranjoinstitucional que permita sustentar e operacionalizar uma agenda para 2040, articulada de forma transversal e contendo ações em vários horizontes temporais, médio e longo prazo.

36 Outro interessante estudo de análise fiscal no âmbito metropolitano encontra-se em “Território metropolitano, políticas municipais: por soluções conjuntas de problemas urbanos no âmbito metropolitano”, (IPEA, 2013).

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