José Reinaldo De Lima (Depoimento, 2012)
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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS CENTRO DE PESQUISA E DOCUMENTAÇÃO DE HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA DO BRASIL (CPDOC) Proibida a publicação no todo ou em parte; permitida a citação. A citação deve ser textual, com indicação de fonte conforme abaixo. LIMA, José Reinaldo. José Reinaldo de Lima (depoimento, 2012). Rio de Janeiro, CPDOC/FGV, 2012. 33p. JOSÉ REINALDO DE LIMA (depoimento, 2012) Rio de Janeiro 2014 Transcrição Nome do entrevistado: José Reinaldo de Lima Local da entrevista: São Paulo - SP Data da entrevista: 16 de agosto de 2012 Nome do projeto: Futebol, Memória e Patrimônio: Projeto de constituição de um acervo de entrevistas em História Oral. Entrevistadores: José Paulo Florenzano (Museu do Futebol) e Bernardo Buarque (CPDOC/FGV) Transcrição: Liris Ramos de Souza Data da transcrição: 11 de setembro de 2012 Conferência da transcrição : Maíra Poleto Mielli Data da conferência: 14 de novembro de 2012 ** O texto abaixo reproduz na íntegra a entrevista concedida por José Reinaldo de Lima em 16/08/2012. As partes destacadas em vermelho correspondem aos trechos excluídos da edição disponibilizada no portal CPDOC. A consulta à gravação integral da entrevista pode ser feita na sala de consulta do CPDOC. Bernardo Buarque - Boa tarde, 16 de agosto de 2012, Nova Lima, Minas Gerais, depoimento de José Reinaldo de Lima para o Museu do Futebol dentro do Projeto Futebol Memória e Patrimônio que é uma parceria da Fundação Getúlio Vargas com o Museu do Futebol. Dentro do Pojeto Futebol, Memória e Patrimônio,que é uma parceria da Fundação Gentulio Vargas com o Museu do Futebol. Participam dessa entrevista José Paulo Florenzano, da PUC, São Paulo, Bernardo Buarque da Fundação Getúlio Vargas. B.B. - Boa tarde, Reinaldo, muito obrigado por acolher o nosso convite para esse depoimento, por nos receber tão carinhosamente aqui no estádio Nova Lima e agora no seu próprio clube. Reinaldo, gostaria que você começasse falando um pouquinho das suas lembranças de infância, da sua cidade natal, conta um pouquinho para gente da sua família, enfim. 2 Transcrição Reinaldo Lima - Eu, José Reinaldo de Lima, sou mineiro de Ponte Nova, zona da mata, comecei a jogar bola na minha cidade já com... desde que eu aprendi a correr eu já jogava bola na rua. Meus irmãos mais velhos sempre jogaram futebol, inclusive um deles jogava no Botafogo, a gente tinha uma ligação muito forte com o Rio de Janeiro. E desde pequeno eu sonhei em ser jogador de futebol, joguei pelada minha vida toda lá, tive a felicidade também de estudar num colégio de padres salesianos que incentivavam muito o futebol, o esporte e tinha dois campos. A minha cidade sempre teve muito campo de futebol. Já com nove anos de idade eu já fui para o futebol de campo mesmo, para o 1º de Maio, foi meu primeiro clube e já no primeiro campeonato eu já me revelei como artilheiro, como um jogador de grande talento, já era famoso na minha cidade desde pequeno, todo mundo me conhecia lá como Zé Taburé e eu fazia [inaudível]. Tive a felicidade de na minha cidade também, o Dom Miguel Clicham, que era um espanhol, que logo cedo observou as minhas qualidades de jogador e foi me preparando. E no dia 7 de setembro de 1971 o Atlético foi jogar em Ponte Nova e o DomMiguel Clichan me indicou, o Biajo também, que era um suíço, e o Renato Marinho me indicaram para o treinador do Atlético, o Barbatana1, e eu vim para Belo Horizonte, não conhecia a capital de Minas, não conhecia BH, vim para BH e no primeiro treino que eu realizei aqui no Atlético foi justamente contra o time que foi campeão brasileiro de 1971. Eu, um garoto de 14 anos, sem conhecer a capital, já fui enfrentando logo os jogadores profissionais do Atlético que era comandado pelo Telê Santana, na época, e eu entrei no treinamento e sem imaginar, sem responsabilidade nenhuma, acabei fazendo dribles, fazendo gols, isso despertou a atenção do Telê Santana e do Barbatana que imediatamente após o treinamento mandaram assinar o contrato, me contrataram. Daí eu fiz a minha carreira, a minha trajetória no futebol aqui dentro do Atlético até 1986. B.B. - Conta um pouquinho da sua família, fala um pouquinho dos seus pais, como eles viram o futebol, já tinha na família pessoas que jogavam ou você foi daqueles que pela primeira vez se aventurou no futebol, e um pouquinho da sua cidade, Ponte Nova, o que você lembra de como era a cidade? 1 João Lacerda Filho. 3 Transcrição R.L. - Ponte Nova, cidade da zona da mata, do interior de Minas, estava um Brasil ainda tropical do chá chá chá, a cidade era um polo de usina de açúcar com grandes festas e muito futebol, grande carnaval, era uma cidade bastante alegre, cidade bonita. E minha família era uma família simples, porque meu pai era ferroviário e minha mãe professora. Pelo fato dele ser ferroviário, naquela época a gente podia viajar de trem, ia para o Rio de Janeiro todas as férias. Eu conheci o mar primeiro do que Belo Horizonte, férias no meio do ano ia para o Rio de Janeiro, no final do ano ia para o Rio de Janeiro. E já garoto, meu irmão jogava no Botafogo, já garoto eu frequentava General Severiano, quando eu tive oportunidade de ali conhecer Zagalo, Jairzinho, Paulo Cesar, Carlos Roberto, Roberto, Leônidas, aquele grande time do Botafogo de 66, 67, 68, eu já convivia ali no meio deles, assistia o treino ali. Meu irmão ia me levar para o Botafogo para mim fazer teste. Ocorre que eu não tinha tirado a quarta série ainda, estava na quarta série, no final do ano eu ia para o Rio, mas o Atlético foi lá em 77, aí desviou a história aí, acabou sendo bom para mim. B.B. - Então na família já tinha seu irmão... quantos irmãos eram? R.L. - Minha família é de oito irmãos. Quatro mulheres, quatro homens. B.B. - Esse seu irmão que jogava futebol ou tinha mais alguém? R.L. - Todos os meus irmãos jogavam futebol, mas que foi de carreira de futebol foi esse meu irmão Mário, que foi para o Botafogo, jogou no Botafogo durante um bom tempo lá e que quando ia a Ponte Nova falava que ia me levar para o Botafogo. B.B. - Então seu pai chamava-se Mário Lima e a mãe Maria Coeli? R.L. - É, Maria Coeli. Meu pai foi o meu grande incentivador porque ele desde o meu primeiro treino até ele falecer ele me acompanhou e ele delirava com os meus gols, com as minhas jogadas, era um grande incentivador e também muito exigente. Às vezes eu marcava dois, três gols e ele sempre pedia mais gols. [riso] Mas ele era muito divertido, meu pai era uma pessoa muito alegre. B.B. - Na escola você também já jogava e você completou o primário, o secundário? R.L. - Em Ponte Nova eu fiz o primário e a quarta série. Depois em Belo Horizonte eu estudei o científico, na época, formei o segundo grau e depois parei. Depois mais tarde, 4 Transcrição agora, com 40 anos, aí eu voltei a estudar e me formei em jornalismo. Então eu tive minha formação acadêmica, uma base boa do colégio lá de Ponte Nova e depois aqui na capital. B.B. - Conta um pouquinho desse início no Atlético, como foi chegar, não apenas viver na cidade de Belo Horizonte, mas também chegar num clube de grande expressão, como foi esse início do futebol, profissionalização, a partir de que momento você de fato percebeu que seria um jogador, um ídolo, e que seria esse o seu futuro de vida? R.L. - Ah, foi muito rápido. Foi maravilhoso porque foi rápido a minha projeção no futebol. Eu cheguei em 7 de setembro, no dia 8 eu já treinei contra o profissional, no dia 8 mesmo eu já fui contratado pelo Atlético. Só isso já era motivo de grande orgulho, grande honra. E como eu tinha 14 anos, eu fiz o teste pelo juvenil, na época não existia júnior, o juvenil era até 18 anos, eu tinha 14, aí o técnico do infantil me convidou para que eu viesse disputar o campeonato pelo infantil, pela minha idade. E por sorte minha esse campeonato era transmitido pela TV Itacolomi, antiga TV Itacolomi que transmitia para toda Minas Gerais não, mas para várias cidades do estado, e que os comentaristas era Roberto Drummond, grande Roberto Drummond, o Cafunga, pessoas de grande expressão aqui na imprensa de Minas. E nesse primeiro campeonato de dente de leite, lá em Ponte Nova eu jogava no meio de homem, de adulto, eu vim aqui disputar com os meninos de apartamento, aí eu já fui artilheiro, e era transmitido, o Roberto Drummond já colocou um apelido de Baby Craque, eu passei a ser Baby Craque, passei a ser famoso, ganhava prêmio de uma loja Mesbla, ganhava bicicleta, ganhava tudo, então esse final de ano de 71, de setembro até o final do ano foi só sucesso, fiquei famoso assim do dia para a noite. Já em 72 eu já fui para o infanto-juvenil. Disputei o campeonato infanto-juvenil, fui artilheiro também; no dente de leite, no infantil, eu fiz 38, no infanto juvenil eu fiz 32. Aí fui para Taça Cidade de São Paulo, no final de 72, disputei a Taça Cidade São Paulo lá, perdemos na primeira fase. No final do ano voltei de férias, fui para Ponte Nova passar as férias lá, quando o pessoal do Atlético me ligou, que estava acontecendo o Torneio do Povo, naquela época, então o time principal do Atlético ia jogar contra o Flamengo, e o time misto que era profissional com juvenil que ia disputar a Taça Minas Gerais.