DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA REVISÃO E REDAÇÃO

SESSÃO: 147.1.52.O

DATA: 20/08/03

TURNO: Vespertino

TIPO DA SESSÃO: Ordinária - CD

LOCAL: Plenário Principal - CD

INÍCIO: 14h

TÉRMINO: 19h04min

DISCURSOS RETIRADOS PELO ORADOR PARA REVISÃO

Hora Fase Orador 14:20 PE LUIZ BASSUMA

Incluídos os seguintes discursos: do Deputado Antonio Carlos Mendes Thame proferido na Sessão Ordinária da Câmara dos Deputados nº 022, realizada em 24 de julho de 2003; do Deputado Antonio Carlos Mendes Thame proferido na Sessão Ordinária da Câmara dos Deputados nº 026, realizada em 30 de julho de 2003; dois do Deputado Paes Landim proferidos na Sessão Ordinária da Câmara dos Deputados nº 144, realizada em 18 de agosto de 2003. CÂMARA DOS DEPUTADOS

Ata da 147ª Sessão, em 20 de agosto de 2003 Presidência dos Srs......

ÀS 14 HORAS COMPARECEM OS SRS.: João Paulo Cunha Inocêncio Oliveira Luiz Piauhylino Geddel Vieira Lima Severino Cavalcanti Nilton Capixaba Ciro Nogueira Gonzaga Patriota Wilson Santos Confúcio Moura João Caldas CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

I - ABERTURA DA SESSÃO

O SR. PRESIDENTE (Ciro Nogueira) - A lista de presença registra na Casa o comparecimento de 409 Srs. Deputados.

Está aberta a sessão.

Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamos nossos trabalhos.

O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da sessão anterior.

II - LEITURA DA ATA

O SR. CLAUDIO CAJADO, servindo como 2º Secretário, procede à leitura da ata da sessão antecedente, a qual é, sem observações, aprovada.

O SR. PRESIDENTE (Ciro Nogueira) - Passa-se à leitura do expediente.

O SR...... , servindo como 1º Secretário, procede à leitura do seguinte

III - EXPEDIENTE

401 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (Ciro Nogueira) - Finda a leitura do expediente, passa- se ao

IV - PEQUENO EXPEDIENTE

Concedo a palavra ao Sr. Deputado Dr. Heleno.

402 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. DR. HELENO (PP-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, a TV Globo exibiu, no último dia 10 de julho do corrente, em seu programa Fantástico, uma reportagem na qual abordou um grave problema relacionado com veículos que, após perda total, são “esquentados”, voltando a trafegar livremente em todo o território nacional. Naquela oportunidade, o programa mostrou documentos e imagens comprobatórias do fato, enfatizando que esses veículos, antes de serem regularizados, sofrem inspeções por órgão credenciado pelo INMETRO.

Por várias vezes tenho assumido a tribuna desta Casa para relatar o excelente trabalho desenvolvido pelo INMETRO, que acompanho de perto, e que tem à sua frente o excelente Dr. Armando Mariante, um grande empreendedor, responsável pelo trabalho de ponta que vem sendo desenvolvido naquela organização. Aquele órgão, inclusive, foi recentemente visitado por autoridades americanas, que teceram inúmeros elogios acerca do trabalho ali desenvolvido.

Por essa razão, gostaria de esclarecer que a competência do INMETRO se restringe ao aspecto relativo à capacidade técnica do organismo de inspeção credenciado — OIC, e não abarca qualquer responsabilidade pelo registro e pelo licenciamento do veículo, o que na reportagem do Fantástico não ficou claro; na verdade, ficou parecendo que o INMETRO seria o responsável pela verificação de eventuais adulterações no registro e no licenciamento de veículos.

É de bom alvitre, portanto, que se esclareça que o organismo de inspeção credenciado é uma empresa à qual o INMETRO reconhece competência para executar serviços de inspeção de segurança veicular; ou seja, o credenciamento do

INMETRO indica para a sociedade quais as empresas que estão capacitadas,

403 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 tecnicamente, a executar esses serviços. Portanto, requisitos de identificação dos veículos, previstos no art. 114 do Código de Trânsito Brasileiro, não fazem parte do escopo das atividades dos organismos de inspeção, sendo competência exclusiva da autoridade estadual responsável pelo registro e pelo licenciamento do veículo.

Faz-se necessário este esclarecimento, Sr. Presidente, visto que o INMETRO,

órgão detentor de tão alto conceito no cenário nacional e internacional, não pode ser maculado pela imprensa com o envolvimento em notícias dessa natureza.

Era o que eu tinha a dizer.

404 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. LINCOLN PORTELA (Bloco/PL-MG. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é com muito pesar que venho à tribuna desta Casa para relatar uma tragédia que envolve o mercúrio, um dos metais mais pesados e tóxicos do planeta. Está acontecendo em Minas um fenômeno inédito, nunca registrado no País: mercúrio em forma metálica começou a sair da terra em uma área rural do Município de Descoberto, a 370 quilômetros de Belo Horizonte. O metal já contaminou o solo e possivelmente atingiu os cursos d’água da região.

A situação é bastante preocupante, pois quem come peixes contaminados pode desenvolver doenças neurológicas irreversíveis, crises renais agudas, e para as grávidas o perigo é ainda maior: o metal causa deformação dos fetos.

O fenômeno foi notado pela primeira vez em dezembro, por uma moradora da região, após a remoção de uma rocha por uma máquina, simplesmente para alargar o caminho. O mercúrio estava debaixo da rocha e fatalmente escorreu, devido à inclinação do terreno. Medidas imediatas foram tomadas pelas autoridades locais; o perigo, porém, ainda é enorme.

Sr. Presidente, passa por aquela região o Córrego Rico, mais precisamente a

15 metros do foco de contaminação, e 300 metros adiante ele deságua no Ribeirão

Grama, cujas águas abastecem as populações de Descoberto e São João

Nepomuceno, seguindo para o Rio Novo, que corre para a represa Maurício, freqüentada por pescadores.

Srs. Deputados, saibam que os solos que apresentam concentrações de mercúrio acima de 25 miligramas por quilograma são considerados contaminados.

Pois bem, a análise do solo da região, feita pela Fundação Estadual do Meio

405 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Ambiente, indicou concentrações de mercúrio que variam de 269 a 936 miligramas por quilograma, o que realmente assusta e preocupa a todos.

Para o biofísico Olaf Malan, da UFRJ, não há motivo para alarme se os peixes não estiverem contaminados, mas os exames ainda não estão prontos.

Outro projeto já foi preparado pelas Universidades do , de Juiz de Fora e de São Paulo para examinar os moradores do local. O que nos resta é torcer para que essa população esteja totalmente livre do mercúrio, o solo seja imediatamente tratado e as águas tenham sido poupadas dos efeitos brutais desse metal.

É o que tenho a dizer.

406 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. LAEL VARELLA (PFL-MG. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, vários países estão reformando suas previdências. A França, depois de muitos confrontos e manifestações, acabou de aprovar a sua reforma. A Alemanha está em fase de discussão. No Brasil, já aprovamos mudanças em primeiro turno de votação. Importantes pontos foram modificados para equilibrar as contas da Previdência Social e também harmonizar as diferenças entre os inativos do serviço público e os da iniciativa privada.

Para melhor compreensão dessas modificações, apresento aqui um resumo de seus principais pontos.

Primeiro, quanto à aposentadoria integral, os atuais servidores mantêm esse direito, ou seja, receberão na aposentadoria o mesmo salário da ativa, mas terão de preencher 3 requisitos: idade mínima de 55 anos as mulheres e 60 anos os homens, tempo de contribuição de 30 anos as mulheres e 35 anos os homens, e 20 anos de trabalho no serviço público.

Com a reforma, acaba a aposentadoria integral para os futuros servidores.

Quanto à paridade, os atuais servidores terão esse direito parcialmente garantido, ou seja, o reajuste será igual para os salários dos servidores da ativa e os proventos dos aposentados, e a lei definirá que vantagens pecuniárias ficarão de fora.

Com a reforma, acaba também a paridade para os futuros servidores.

O abono de permanência, para o servidor que se aposentar antes de atingir a nova idade mínima, de 55 anos para a mulher e 60 anos para o homem, até 31 de dezembro de 2005, ficará sujeito a um redutor de 3,5% por ano de antecipação da

407 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 aposentadoria. Para quem se aposentar antecipadamente depois de 1º de janeiro de

2006, o redutor será de 5%.

Os servidores que cumprirem os requisitos para se aposentar pelas regras de hoje, ou seja, idade mínima de 48 anos as mulheres e de 53 anos os homens e tempo de contribuição de 30 anos as mulheres e 35 anos os homens, mas resolverem permanecer trabalhando, não pagarão a contribuição previdenciária de

11%.

Instituiu-se o teto previdenciário. Os futuros servidores receberão no máximo

R$ 2.400,00 na aposentadoria. A reforma prevê a criação de fundos de previdência complementar fechados, com contribuição definida, para os servidores que quiserem receber acima desse limite. Foi criada também a cobrança de contribuição previdenciária para os servidores aposentados e para os pensionistas. Nos Estados e Municípios, os inativos que ganham até R$ 1.200,00 ficarão isentos do pagamento de contribuição; na União, a faixa de isenção é de até R$ 1.440,00.

Estabeleceu-se ainda um teto salarial. O valor máximo para os salários pagos pelo Poder Público na União será o do subsídio dos Ministros do STF, hoje correspondente a R$ 17.300,00. Haverá também subtetos salariais nos Estados. O limite dos salários dos desembargadores é de 90,25% da remuneração dos

Ministros do STF, ou seja, R$ 15.613,25. E foram incluídos no subteto salarial do

Poder Judiciário os Procuradores estaduais. Para os servidores do Executivo estadual o limite é a remuneração dos Governadores, e os funcionários dos

Legislativos nos Estados não poderão ganhar mais do que os Deputados estaduais.

Quanto às pensões, para os futuros pensionistas do serviço público, haverá pagamento integral até o limite de R$ 2.400,00. A parcela que exceder esse valor

408 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 sofrerá um desconto de 30%. Os servidores que morrerem em atividade, antes de se aposentarem ou de cumprirem as novas regras estabelecidas pela reforma, também deixarão pensões integrais de até R$ 2.400,00, com o mesmo redutor.

Para o INSS, ou seja, para a aposentadoria dos trabalhadores da iniciativa privada, o teto sobe de R$ 1.869,34 para R$ 2.400,00.

Sr. Presidente, esperamos que essa emenda seja aprovada na próxima semana, em segundo turno, na Câmara, e depois, conforme acordo, no Senado

Federal, sem novas modificações. Os direitos dos atuais inativos foram preservados, uma regra de transição garante os direitos dos atuais servidores, e as novas regras servirão para aqueles que ingressarem no serviço público.

Feito esse esclarecimento, passo a outro assunto.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o estatuto que prevê o desarmamento

é uma proposta equivocada, e resultará numa lei de falsa utilidade, que só desarmará os homens honestos, cumpridores da lei, e deixará livres os bandidos, para continuarem cometendo crimes.

Especialistas do setor de segurança, como os Secretários estaduais, alertam para os malefícios desse projeto, e também o Promotor de Justiça Marcelo Ribeiro, que o classifica de “estatuto de rendição do cidadão diante do criminoso”.

O Dr. Ribeiro, de 54 anos, acostumou-se a bater de frente com a criminalidade. Nos últimos 16 anos vem combatendo implacavelmente os acusados de crimes na 2ª Vara do Júri de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Recentemente obteve a condenação de um traficante de drogas a 39 anos de prisão por homicídio qualificado. Com mais de 1.000 júris em seu currículo, é intransigente quando se trata de proteger os cidadãos honestos. Talvez por isso seja mais uma voz que se

409 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 levanta contra o chamado estatuto do desarmamento. A nova lei, aprovada preliminarmente no Senado, poderá decretar a morte de ainda mais inocentes daqui para a frente, na medida em que torna quase impossível para os homens de bem se protegerem com uma arma de fogo, quando se sabe que os criminosos não respeitam qualquer restrição quando o assunto é usar armas para violentar a lei e a sociedade. Numa entrevista, na coluna de DiegoCasagrande.com.br, o Dr. Ribeiro explica suas razões:

“...ele inverte a ordem das coisas. Desarma o cidadão, e nós

sabemos que o criminoso não será desarmado. Por sua vez, ele cria

uma expectativa maior de sucesso para o criminoso, que vai ter a

quase certeza, no mínimo, de que o cidadão estará desarmado. E nós

sabemos muito bem que o pior agressor é racional, e portanto vai

contar com essa possibilidade de encontrar homens desarmados. A

expectativa dele vai ser maior. E com isso vai se sentir mais estimulado

à prática de delitos, como, por exemplo, delitos contra o patrimônio,

que hoje preocupam bastante.

DiegoCasagrande.com.br: O senhor então acredita que os

crimes vão aumentar?

Marcelo Ribeiro: Em primeiro lugar, os crimes contra o

patrimônio, em especial o latrocínio. Nós temos uma reportagem aqui

na revista Veja que nos dá exatamente esta dimensão. Está aqui:

“roubo seguido por morte — taxa por 100 mil habitantes”, Porto Alegre

e Porto Velho estão em primeiro lugar. Então, essa lei vai fazer com

que esses índices de crimes contra o patrimônio, principalmente os

410 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

crimes violentos, com violência e grave ameaça à pessoa, aumentem

consideravelmente. Primeiro, por desarmar o cidadão; isso eu acho o

mais grave. Uma coisa interessante é que nós temos um índice

assustador de mortes no trânsito e nem por isso vem uma lei dizendo

que não vão mais fabricar automóveis no Brasil. Nós temos uma lei que

prevê os crimes de trânsito e que é um absurdo de frouxa, quando

deveria ser muito mais rigorosa, para diminuir esses índices de

mortalidade no trânsito, que são assustadores no Brasil. Mas não há

preocupação com isso. Que interessante! O automóvel é uma arma,

pior que o revólver para matar. Eu costumo dizer que o sujeito pode se

ver livre de um assaltante, mas dificilmente vai escapar das mãos de

um motorista alcoolizado, dirigindo em excesso de velocidade. Mas o

poder público não está preocupado com isso. Então eu só posso

entender que exista um interesse maior por trás dessa lei do

desarmamento. Principalmente porque uma categoria vai poder andar

armada, afora outras previstas em lei, que seriam aqueles que

trabalham nas empresas privadas de segurança. Entende? Eu acho

que existe um interesse maior por trás disso.

DiegoCasagrande.com.br: Existe alguma estatística, algum

indício fático, real, de que o criminoso vai deixar de usar arma, na

medida em que o porte ilegal for criminalizado?

Marcelo Ribeiro: Não existe isso. Até porque não existe

controle da grande maioria das armas circulantes nas mãos dos

criminosos. Não há como fiscalizar isso, não há como desarmar o

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criminoso, porque existe todo um tráfico de armas por trás disso tudo.

Então, não há como controlar. Vai ser mais fácil controlar o cidadão, o

homem de bem que tem uma arma. Eu quero grifar o seguinte: ter uma

arma não significa que se vá delinqüir. O homem de bem que tem uma

arma não a tem para delinqüir, mas somente para defender a sua

família. Bem diferente do criminoso, que tem uma arma que é o seu

instrumento de trabalho. Trabalho entre aspas. Veja bem, eu acho que

nós deveríamos ter uma lei que mantivesse na cabeça do criminoso a

concepção de que a atividade dele é uma atividade de risco, porque

pode encontrar um cidadão armado que poderá matá-lo. A lei deveria

ser para isso. Mas não, nós vamos ter uma lei com uma posição

completamente contrária, que vai pregar a capitulação diante do

criminoso. Porque em desarmando o cidadão só resta para o cidadão

uma coisa: entregar-se para o criminoso.

DiegoCasagrande.com.br: Caso seja aprovado como está esse

estatuto do desarmamento, os cidadão vão respeitar essa lei?

Marcelo Ribeiro: Eu acho que nós vamos ter um índice

altíssimo de desobediência. Porque o cidadão, consciente de que a

Constituição Federal lhe assegura o direito de defesa, e a legítima

defesa pressupõe o uso dos meios de que disponha o cidadão no

momento em que atacado injustamente, consciente de que a

Constituição lhe dá esse direto, vai continuar a andar armado. Até

mesmo porque, se estiver ilegalmente portando uma arma e matar uma

pessoa em legítima defesa, o crime de porte ilegal de arma fica

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absorvido pelo homicídio. E se ele vier a ser absolvido, por legítima

defesa, a excludente de ilicitude cobre todos os delitos. Se ele portar

ilegalmente uma arma e matar uma pessoa em legítima defesa, ele vai

responder só por homicídio, ficando absorvido o porte de arma, porque

seria um crime-meio, em relação ao crime-fim, que foi praticado em

legítima defesa. Então, ele vai acabar sendo absolvido. E mesmo

considerando que existe uma conduta punível, que é possuir uma

arma, que seria anterior ao porte, pelo qual ele poderia pagar, eu

duvido, com a experiência que tenho de promotor no júri, que os

cidadãos que compõem o conselho de sentença condenem uma

pessoa, absolvam-na do homicídio e condenem por possuir arma

ilegalmente. Duvido que isto ocorra”.

Essa entrevista foi publicada em 15 de agosto de 2003.

Sr. Presidente, a população deseja atitudes concretas contra o crime, e não medidas que terminem facilitando o crime. O Estado do Rio de Janeiro aplicou essa política de desarmamento dos homens honestos e os criminosos só fazem festejar e aterrorizar a população.

Atitudes concretas seriam mudanças no Estatuto da Criança e do

Adolescente, agilização da Justiça e modernização das polícias.

Tenho dito.

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O SR. CARLOS NADER (PFL-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, regularmente, o Rio de Janeiro tem sido exposto à opinião pública nacional como um Estado onde impera a violência, a desordem, o crime organizado. É dever das autoridades fluminenses combater com inteligência e rigor as diversas faces do crime que amedrontam a população; todavia, é preciso frisar que o Rio vem pagando um alto preço pela ineficiência dos

órgãos federais, como a Polícia Federal, por exemplo, no combate ao tráfico de drogas, ponto de partida da escalada de violência que aterroriza os habitantes do

Estado e da Capital, em particular.

As autoridades do Rio de Janeiro costumam defender-se alegando que o

Estado não produz maconha, não produz cocaína nem armas de grosso calibre, como as que são encontradas em poder dos traficantes. As drogas chegam ao Rio por via terrestre, marítima ou aérea, e todos estamos cansados de saber que fiscalizar nossas fronteiras, identificar e combater as rotas utilizadas pelos traficantes são atribuições da Polícia Federal.

No início desta semana, ficou claro que as drogas chegam ao Estado do Rio vindas de várias partes do País, principalmente das Regiões Sul e Centro-Oeste. Na tarde de domingo, policiais rodoviários de Penedo, em Itatiaia, próximo à divisa com o Rio de Janeiro, apreenderam cerca de 20 quilos de maconha e 7 de cocaína num carro com placa de São Paulo. Menos de 12 horas depois, nova apreensão, no mesmo posto: quase 50 quilos de maconha, e outra vez num carro com placa de

São Paulo. Nos 2 casos, as drogas destinavam-se a traficantes do Rio de Janeiro.

Não custa lembrar, Sr. Presidente, que, antes de ser descoberta, a droga passou por pelo menos meia dúzia de postos da Polícia Rodoviária Federal, e se

414 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 não fossem os patrulheiros de Itatiaia provavelmente teria chegado ao seu destino, pois dali para frente há apenas 3 postos antes da chegada ao Rio de Janeiro.

O episódio mostra também a quantidade de drogas que, só pela via terrestre, só pela Via Dutra, é enviada todos os dias para a Capital fluminense. E, vale ressaltar, tem sido exemplar a conduta dos patrulheiros do trecho da estrada no sul fluminense, onde se registram as maiores apreensões em toda a extensão da rodovia.

Por isso, Sr. Presidente, estamos aqui para cobrar mais eficiência da Polícia

Federal. É muito simples responsabilizar o Rio de Janeiro por suas deficiências, mas

é preciso também estabelecer o grau de responsabilidade que os órgãos federais têm pela insegurança que cotidianamente sente o povo do nosso Estado.

A Polícia Federal não tem efetivo suficiente para um trabalho eficaz em nossas fronteiras, sabemos disso, mas também sabemos que, enquanto essa desculpa estiver valendo para justificar a ineficiência, cidadãos fluminenses estarão pagando um preço além da conta por um problema que não tem origem no Estado.

Esperamos, sinceramente, que o Governo Federal assuma a sua responsabilidade perante o Rio, e contribua, de forma decisiva e o mais brevemente possível, para inibir a ação do tráfico fora dos domínios do Estado.

Peço a autorização de V.Exa. para que este pronunciamento seja divulgado pelos órgãos de comunicação da Casa.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. CLAUDIO CAJADO (PFL-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, com muito orgulho assistimos, durante 2 semanas, à atuação vitoriosa da equipe brasileira que participou dos Jogos Pan-

Americanos de .

Ao apagar da pira, no complexo olímpico Juan Pablo Duarte, a delegação brasileira havia conseguido cumprir o que se havia proposto. Superou as 101 medalhas — 25 de ouro — , obtidas em , em 1999.

Além disso, a participação brasileira no evento teve o mérito de revelar atletas e modalidades que não eram conhecidas. Isso, graças à Lei Agnello/Piva, que destinou verbas públicas às diversas confederações olímpicas, o que beneficiou todas as modalidades esportivas nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo e provocou a democratização na distribuição de medalhas. Foi o melhor Pan de todos os tempos para o Brasil. O Brasil investiu US$ 6 milhões nesses jogos.

Em Santo Domingo (2003), primeira competição de grande porte de que o

Brasil participa desde que os repasses da lei começaram a chegar às entidades dirigentes do esporte, em fevereiro de 2002, modalidades que não haviam subido ao pódio em Winnipeg, em 1999, puderam fazê-lo. Outras observaram aumento significativo em número de medalhas. Na maioria dos casos, a relação entre o melhor desempenho e as verbas repassadas às confederações é direta.

Natação e atletismo, tradicionais e principais fontes de prêmios nesse tipo de competição, conquistaram várias medalhas para o País. Entretanto, nos últimos

Jogos Pan-Americanos, luta, pentatlo moderno, tae kwon do, futebol e saltos ornamentais, que em Winnipeg, em 1999, não haviam subido ao pódio, ganharam um entre os três melhores lugares em pelo menos uma das disputas. Isso sem

416 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 computar conquistas inéditas, como medalhas na força olímpica feminina do tiro ou na ginástica rítmica individual.

Nos Jogos Pan-Amaricanos de 1999, brasileiros de 25 modalidades diferentes foram contemplados com medalhas. Em 2003, esse número subiu para 30 entre as

37 competições em que o País esteve representado.

O número de esportes nacionais que ganharam pelo menos uma medalha de ouro também cresceu de 11 para 13. Apesar de não termos conquistado premiação em algumas modalidades em que éramos favoritos, compensamos em outras, como a canoagem, o futebol, a patinação artística e o tênis de mesa, que fizeram o Hino

Nacional tocar na República Dominicana.

Outras modalidades que haviam conquistado medalhas em Winnipeg (1999) puderam observar melhora quantitativa em seu desempenho, como é o caso do remo — de 1 medalha de prata passo para 3 de prata e 3 de bronze; da ginástica artística — de 1 medalha de prata e 2 de bronze para 5 de prata e 5 de bronze; e do tênis de mesa — de 2 medalhas de bronze para 1 de ouro, 2 de prata e 1 de bronze.

Em 2002, a Lei Agnello/Piva destinou cerca de R$ 19 milhões às confederações que participaram do Pan. Neste ano, até julho, R$ 16 milhões já haviam sido repassados à Confederação Olímpica Brasileira. A previsão inicial, que deve ser superada pelo aumento na arrecadação das loterias — fonte dos recursos da lei —, era de que as entidades receberiam R$ 25 milhões este ano.

A evolução no desempenho de remo, canoagem, ginástica, saltos ornamentais, tênis de mesa e judô pode ser, em grande parte, atribuída a esse dinheiro. O remo, enfim, formou uma equipe olímpica permanente ao ter condições de proporcionar uma infra-estrutura aos atletas — importou 44 remos e três barcos

417 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 da Espanha. Para isso, contou com R$ 900 mil da Lei Agnello/Piva e mais R$ 200 mil do Ministério dos Esportes, em 2002.

Quero, na condição de Presidente da Frente Parlamentar em Defesa da

Atividade Física, parabenizar toda a delegação brasileira pela brilhante atuação nos

Jogos Pan-Americanos em 2003, em especial os atletas baianos que se destacaram em várias modalidades.

Para tanto, gostaria de informar que estou dando entrada, hoje, em requerimento para que a Câmara dos Deputados possa fazer a entrega da Medalha de Mérito Legislativo ao Presidente do Comitê Olímpico, Sr. Carlos Arthur Nuzman e ao atleta Hudson de Souza — destaque brasileiro no atletismo, representantes legítimos de toda a equipe que participou dos Jogos Pan-Americanos de Santo

Domingo em 2003.

Eis o teor do requerimento:

“Sugiro a concessão de Medalha de Mérito

Legislativo da Câmara dos Deputados ao Presidente do

Comitê Olímpico Brasileiro, Sr. Carlos Arthur Nuzman, e

ao atleta Hudson de Souza”.

Sr. Presidente, nos termos do art. 114, caput, do Regimento Interno da

Câmara dos Deputados, sugiro a V.Exa.— apoiado no inciso II do art. 5º do Ato da

Mesa nº 16, de 1983 — a concessão da Medalha de Mérito Legislativo da Câmara dos Deputados ao Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Sr. Carlos Arthur

Nuzman, e ao atleta Hudson de Souza, pelas razões que acabo de expor.

Passo a abordar outro assunto, Sr. Presidente. Estamos há 7 meses assistindo atemorizados ao Governo Federal cometer várias contradições,

418 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 desencontros e outros desregramentos políticos, sem que haja por parte do

Presidente Lula posicionamento mais efetivo acerca da real postura que o Chefe do

Executivo assumirá diante dessas distorções.

E quando as coisas começam a dar errado, nem uma, nem duas, nem dez trocas de Ministro terão efeito se aquele que manda nos Ministros não assumir posição mais clara diante da situação.

Vimos assistimos diariamente à radicalização e à escalada de violência de movimentos sociais, como o MST e os sem-teto. Uma verdadeira afronta ao Estado

Democrático de Direito.

E é do Presidente Lula que aquela fatia da população, que anda assustada com esses últimos acontecimentos, espera uma afirmação mais clara — em palavras e gestos — de que a lei será cumprida e a ordem garantida.

É certo, e até louvável, que Lula seja fiel a suas raízes no movimento sindical e social. Muito natural que queira evitar ao máximo o confronto com as origens.

Afinal, é sempre duro ver no companheiro de ontem o adversário de hoje.

Mas o mesmo Lula que veste o boné do MST soube fazer as alianças necessárias ao centro para, finalmente, na quarta tentativa, ganhar a eleição. E compôs seu Governo também com representantes dessas forças.

O Presidente sabe que este não é um Governo só do PT, que não ganhou a eleição sozinho. É um Governo do PT e de outros setores que a ele se aliaram e ali estão representados.

Com praticamente 7 meses de Governo, portanto, não se trata mais de se indagar de que lado do balcão está o Presidente.

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Essa preliminar foi, ou deveria ter sido, superada lá atrás. Ao se eleger e constituir o Governo de centro-esquerda que formou, Lula tornou-se necessariamente o árbitro de um conjunto diversificado de forças. Pode, às vezes, pender para lá, às vezes, para cá, mas não deve perder nunca o norte das promessas de campanha de um Governo voltado para o social e para a distribuição da renda.

E é por aí que, numa Esplanada com tal diversidade de forças e de opiniões, arriscada sempre a emitir mensagens dúbias à população, a palavra e a orientação moderadora do Presidente adquirem tanto peso nessas horas delicadas. Afinal, qual a posição do Governo e quem fala por ele?

No caso dos movimentos sociais, a dupla sinalização oscila do alarmismo ao jogo do faz-de-conta que nada está acontecendo. Nem uma nem outra atitude levam a lugar algum, assim como não resolve mais deixar a cargo de Ministro — por mais fortes que sejam —, o recado de que a lei será cumprida e a ordem garantida.

Esperamos do Presidente Lula a derradeira e moderada palavra para enfim dirimir toda incerteza e insegurança que hoje paira no cenário nacional.

Para finalizar, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero dizer que foi com muito pesar que recebemos, no início desta tarde, a notícia do falecimento do diplomata brasileiro e Chefe da Missão das Nações Unidas no Iraque, Sérgio Vieira de Mello.

Nascido no Rio de Janeiro em 15 de março de 1948, Mello era doutor em

Filosofia, Letras e Ciências Humanas pela Universidade de Paris I. Filho de diplomata, falava fluentemente inglês, francês, espanhol e italiano.

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A carreira na ONU se iniciou em 1969, quando assumiu o cargo de editor assistente de secretariado de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra

(Suíça).

No início dos anos 70, foi oficial de campo em Bangladesh e no Paquistão.

Nos anos seguintes, passou pelo Chipre, Sudão, Moçambique, Peru e Líbano. Em

1983 voltou a Genebra, onde permaneceu até 1993.

Em outubro do mesmo ano, foi enviado à Bósnia como representante especial do secretariado geral para a antiga Iugoslávia. Depois de um breve retorno a Genebra, passou alguns anos nos EUA, na sede mundial da ONU em Nova York.

Já em 1999, foi ao Kosovo como representante especial do secretariado-geral das Nações Unidas. De outubro do mesmo ano a maio de 2002, foi enviado ao

Timor Leste como representante da ONU na transição governamental do país.

Nesse período, ele chegou ao ponto mais alto da estrutura de direitos humanos da entidade, substituindo a irlandesa Mary Robinson.

Em maio de 2003, o brasileiro foi designado para a missão no Iraque pelo

Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan. Sua principal tarefa seria trabalhar a construção de um governo de transição o mais rápido possível, como a primeira etapa para um governo legítimo e representativo no Iraque — destruído depois do conflito com os EUA.

Com mais esta absurda e descabida ação terrorista, perdemos não só um importante representante brasileiro nas Nações Unidas, mas também um homem digno, ousado, defensor dos direitos humanos e que tinha pela frente o maior de todos os desafios: reconstruir um país. Muito Obrigado.

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O SR. JOSUÉ BENGTSON (PTB-PA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, é com muito entusiasmo que anunciamos, para este mês de agosto, o tão esperado lançamento do Pólo de Fruticultura da Amazônia, em nosso Estado, o

Pará, em evento de projeção nacional, que contará com a presença do Presidente

Luiz Inácio Lula da Silva.

O Pólo, que deverá impulsionar de maneira inédita a agricultura da região, é a expansão de uma pioneira e bem sucedida iniciativa da Central de Cooperativas

Nova Amafrutas, que desde o ano 2000 reúne trabalhadores agroindustriais, produtores rurais e agricultores familiares, e vem funcionando com o apoio integrado de instituições federais e internacionais e do Governo do Pará. Atualmente, a Nova

Amafrutas agrega 1.033 famílias de produtores rurais, em 14 Municípios do

Nordeste do Pará; com a implantação do Pólo, esse número deverá crescer para 4 mil famílias, distribuídos em mais de 100 núcleos, implantados em 29 Municípios da mesma região. A expectativa é de que sejam produzidas na região mais de 86 mil toneladas de frutas tropicais, como maracujá, laranja, abacaxi, acerola, manga, limão, tangerina, caju e goiaba, entre outras.

É importante salientar, Sr, Presidente, que a Nova Amafrutas já assinou contrato com o Banco da Amazônia, em Belém, para financiar a aquisição dos equipamentos que vão compor a nova unidade de produção. A indústria, que este ano deverá processar 12 mil toneladas de maracujá para chegar a mil toneladas de suco concentrado, deverá diversificar seu foco, a partir da produção do Pólo.

Incorporará o processamento das várias frutas mencionadas, em projeto que deverá ser executado até 2008, com custo previsto de R$ 13 milhões, a serem financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social — BNDES, pelo

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Banco do Brasil e pela Agência de Desenvolvimento da Amazônia. A partir de então, estima-se que a produção de suco concentrado atingirá o patamar de 70 toneladas/ano, e o faturamento da Central de Cooperativas, que está estimado este ano em R$ 7,4 milhões, deverá atingir a marca de R$ 34,5 milhões em 2008.

Gostaríamos de lembrar, Sr. Presidente, que todo esse sucesso decorreu da adoção de uma solução alternativa, de caráter eminentemente solidário e sustentável, para resolver a questão originada com a falência da Amafrutas Ltda., uma empresa localizada no Município de Benevides, no Pará, cujo fechamento levaria ao desemprego dezenas de trabalhadores e traria sérios prejuízos a 800 famílias de agricultores locais, envolvidas no cultivo de maracujá. A gravidade da situação ensejou a intervenção do ex-Governador Almir Gabriel, no sentido de desenvolver um plano de apoio à formação da Nova Amafrutas. O compromisso, reiterado pelo atual Governador, Simão Jatene, à época Secretário Especial de

Produção, foi fundamental para o sucesso do projeto, que hoje instaura uma nova fase na fruticultura regional.

O Estado continuará, aliás, participando ativamente da implantação, oferecendo um apoio essencial em termos de assistência técnica e crédito agrícola, além de investir na recuperação das estradas de acesso às comunidades produtoras.

São excelentes, pois, as perspectivas trazidas pela implantação do Pólo, tanto econômica quanto socialmente. Gostaríamos, em especial, de destacar a função modelar aí configurada, exemplo prático de viabilidade para projetos solidários e auto-sustentáveis na agricultura nacional. No caso, a Central de

Cooperativas atua na agroindústria — segmento prioritário no plano estadual —,

423 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 assegurando a verticalização interna da produção local. Ali, todos os agricultores serão integrados às cooperativas que formam a Nova Amafrutas, e serão também donos da empresa, garantindo-se assim preços justos para a produção.

Esperamos que o exemplo da Nova Amafrutas literalmente frutifique, conquistando os mercados agrícolas da Amazônia e de todo o País, na certeza de que aí se encontra a melhor solução para o desenvolvimento justo, seguro e auto- sustentável.

Sr. Presidente, solicito que este meu pronunciamento seja divulgado nos meios de comunicação da Casa e no programa A Voz do Brasil.

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O SR. RUBENS OTONI (PT-GO. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, parabenizo a Comissão de Agricultura e Política Rural da

Casa pela audiência pública de alto nível realizada nesta manhã, na qual foi debatida a implantação do biodiesel no País. Lá estiveram presentes representantes do Ministério da Ciências e Tecnologia e do setor alcooleiro, além de técnicos e cientistas da Universidade de São Paulo, que nos colocaram a par do grande desafio de fazer com que o biodiesel se torne economicamente viável para o Brasil.

Esse combustível ecologicamente correto, não poluente e renovável pode livrar-nos da dependência do petróleo. O Governo Lula demonstrou sensibilidade, ao assinar o decreto que instituiu um grupo de trabalho para elaborar uma proposta viável para o biodiesel no País.

Aproveito a oportunidade para registrar, com muito orgulho e muita honra, um importante evento que se realizará neste final de semana no meu Estado. Na próxima sexta-feira acompanharemos, na cidade de Goianésia, a inauguração da primeira central termoelétrica de Goiás para co-geração de energia a partir do bagaço da cana-de-açúcar. Trata-se de uma importante iniciativa, que, para nosso orgulho, contou com o investimento da segunda maior usina do Estado, a Jales

Machado, que não mediu esforços para que esse empreendimento se tornasse realidade.

Isoladamente, essa central de energia termoelétrica exigiu um investimento da ordem de R$ 28 milhões. Desde 2002, outros R$ 24 milhões, em valores aproximados, vêm sendo investidos na ampliação e na modernização da usina, que ainda deverá receber uma injeção de mais R$ 14 milhões no próximo ano, a serem distribuídos entre as áreas de moenda, evaporação, secagem de açúcar, cozimento

425 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 e empacotamento. No total, a usina investirá quase R$ 70 milhões, entre recursos próprios e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social — BNDES, que entrará com cerca de R$ 38 milhões.

Sr. Presidente, a implantação desse projeto, que deverá ser concluído em

2004, obedece ao planejamento estratégico definido há cerca de 3 anos, quando a unidade atingiu a plena capacidade de produção. O investimento permitirá que a usina amplie sua capacidade em 54% até 2008, passando das pouco mais de 1,3 milhão de toneladas de cana-de-açúcar moídas na safra 2002/2003 para cerca de 2 milhões de toneladas. Trata-se de um considerável avanço. E a Usina Jales

Machado, que completa 23 anos em novembro próximo, espera produzir em 2008

2,6 milhões de sacas de 50 quilos de açúcar, algo ao redor de 180.000 toneladas, num salto de quase 64%, na comparação com o volume produzido na safra

2002/2003, quando respondeu por aproximadamente um quarto da produção do

Estado de Goiás.

Sr. Presidente, a inauguração que deverá acontecer nesta sexta-feira é motivo de júbilo para o nosso Estado e exemplo para o País. Nunca será demais ressaltar: vamos inaugurar a primeira central termelétrica do Estado de Goiás, para a geração de energia a partir do bagaço de cana-de-açúcar.

Era o que tinha a dizer.

Durante o discurso do Sr. Rubens Otoni, o Sr. Ciro

Nogueira, 4º Secretário, deixa a cadeira da presidência,

que é ocupada pelo Sr. Colbert Martins, § 2º do art. 18 do

Regimento Interno.

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O SR. PRESIDENTE (Colbert Martins) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado

Leônidas Cristino.

O SR. LEÔNIDAS CRISTINO (PPS-CE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, em primeiro lugar, felicito V.Exa. por ocupar a Presidência. Fico feliz com o fato de um representante do PPS estar ocupando a direção dos nossos trabalhos.

Sras. e Srs. Deputados, é com muita alegria que ocupo a tribuna desta Casa para registrar um grande trabalho de extensão que vem sendo realizado pela

Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Trata-se de uma nova versão do

Projeto Rondon, uma experiência renovada e sintonizada com os novos tempos, mas que conserva o mesmo espírito de solidariedade que caracterizou o projeto original, que incorporou o imaginário de integração e desenvolvimento nacional e acabou extinto no ocaso da década de 1980.

Todos nós sabemos a importância da extensão universitária, tanto para a melhoria da qualidade de ensino e o aperfeiçoamento da formação sócio-profissional dos estudantes através da aplicação da teoria aprendida na sala de aula, proporcionando aos alunos uma vivência prática de seu conhecimento, quanto para a aproximação e integração da Universidade com a sociedade, para que se cumpra sua função social.

Em outras oportunidades, aqui mesmo desta tribuna, já destaquei a importância do papel desempenhado pela Universidade Estadual Vale do Acaraú

(UVA) para toda região norte do Ceará, como pólo de excelência, tanto para o desenvolvimento cultural e científico, nos vários campos das Ciências, quanto para a formação técnica de educadores para todas as instâncias do ensino, desde a escola infantil até a pós-graduação.

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As ações extensionistas da UVA a que me refiro neste instante vêm sendo postas em prática por meio do Campus Avançado Marechal Rondon, instalado em maio de 2002 no Município de Reriutaba, na região noroeste do Estado, e que é resultado da parceria entre a Universidade e a Associação Rondonista do Ceará.

Hoje, os frutos desse trabalho já podem ser percebidos pelas comunidades atendidas, que sentem de perto a real participação da Universidade em suas vidas, manifestada pelas atividades desenvolvidas nos diversos campos do conhecimento científico.

São vários projetos setoriais já em funcionamento, nascidos da própria necessidade e demanda das comunidades, dentre os quais podem ser destacados:

• O Projeto de Hipertensão e Diabetes, desenvolvido pelos alunos do Curso de

Enfermagem, que atende mais de 1.200 pessoas;

• O Projeto Ovinocaprinocultura, em que os alunos do Curso de Zootecnia atendem famílias de baixa renda e fornecem orientação e treinamento a pequenos pecuaristas sobre higiene, manipulação, manejo e cuidados sanitários dos animais;

• O projeto de Apicultura Familiar, também desenvolvido pelos estudantes do

Curso de Zootecnia, que, além de distribuir colméias, indumentária e utensílios apícolas, realiza treinamento com os apicultores;

• O Projeto Educação Ambiental, desenvolvido por alunos do Curso de

Geografia, que beneficia várias escolas;

• O Projeto de Informática, que oferece cursos básicos de computação;

• O projeto Alimentação Alternativa, desenvolvido pelos alunos do Curso de

Química, que busca oferecer novas opções alimentares às comunidades, como, por

428 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 exemplo, o aproveitamento de resíduos de cascas de frutas consumidas pela população;

• O Projeto Pró-Água, também desenvolvido pelos estudantes do Curso de

Química, que analisa a qualidade da água consumida pela população, procurando oferecer melhores condições de saúde;

• O Projeto Farmácia Viva, desenvolvido pelos estudantes do Curso de Biologia, que busca difundir o valor terapêutico das plantas com comprovada eficácia medicinal;

• O projeto desenvolvido pelos alunos do Curso de Medicina, voltado para a detecção, transmissão, tratamento e prevenção da hanseníase, doença com grande incidência no Município e vizinhanças, e que contempla também o treinamento de

Agentes de Saúde e o trabalho de educação e esclarecimento à população.

Como se pode perceber, Sr. Presidente, esse é um trabalho amplo e produtivo da Universidade, que presta um serviço comunitário relevante, ocupando o espaço social muitas vezes esquecido pelas políticas públicas.

Quero, portanto, nesta oportunidade, renovar meu irrestrito apoio à

Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) e congratular-me com o seu Reitor,

Prof. José Teodoro Soares, com os Coordenadores do Projeto Rondon e com os corpos docente e discente pelo trabalho exemplar que vêm realizando.

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O SR. MAURO BENEVIDES (PMDB-CE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, depois do aplaudido pronunciamento do

Presidente do Banco Central, em São Paulo, perante a elite empresarial do País, indicando a retomada gradual do crescimento econômico, espera-se que, na reunião do COPOM, nas próximas horas, seja anunciada expressiva redução na taxa SELIC, abrindo perspectivas bem mais auspiciosas para os que desejam investir em nosso

País.

Especialistas em mercado financeiro admitem que a diminuição tão aguardada possa alcançar, pelo menos, 2 pontos percentuais, o que direcionaria a tendência para próximas decisões sob o mesmo aspecto, até chegar-se a um patamar compatível com nossas aspirações, embasando a vitalização de nossas atividades produtivas.

Há entre os que debatem as oscilações da nossa política de juros o entendimento de que poderá o Brasil chegar ao final do exercício com um limite ao redor de 20%, embora o Sr. Henrique Meirelles não haja confirmado essa auspiciosa versão, que se insere num prognóstico perfeitamente exeqüível pelas nossas autoridades da área econômica.

O Vice-Presidente, José Alencar, bem mais contido em suas declarações sobre o tema, não tem persistido em situar-se nesse novo contexto, deixando que o

BACEN, sem pressão de sua parte, delibere a respeito, a não ser a investida do próprio empresariado, expressado por entidades como a FIESP, dirigida pelo Sr.

Horacio Lafer Piva.

Em meio a tudo isso, o Congresso apresta-se a apreciar, amanhã, nesta

Casa, o parecer do Deputado Virgílio Guimarães sobre a reforma tributária, com

430 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 flexibilizações que teriam sido recomendadas pelo Ministro Antonio Palocci, menos intransigente diante das postulações naturais dos segmentos diretamente interessados na magna questão.

Sabe-se que o compartilhamento da CPMF continua sendo um caminho indicado pelos Governadores, além, naturalmente, da CIDE, cuja arrecadação estimada, no exercício de 2004, pode chegar a 12 bilhões de reais.

Na simultaneidade dessas duas temáticas — redução de juros e reformulação de nossa sistemática de tributação —, caminham Legislativo e Executivo, numa conjugação de esforços que se espera possa resultar benéfica para o povo brasileiro.

O parecer do Deputado Virgílio Guimarães — a exemplo do que ocorreu com o do Deputado José Pimentel, na Previdência — também experimentará reajustes inevitáveis, num processo de diálogo, que terminará ao recomendar reestudos parciais que não podem ser comparadas à processualística fatiada, como tem sido alardeado pelos veículos de comunicação social.

Recorde-se que, na Legislatura passada, essa tentativa chegou a ser sugerida pelo Ministro Pedro Malan, encontrando rejeição imediata por parte dos

Deputados Germano Rigotto e Mussa Demes, que então exerciam a Presidência e a

Relatoria da Comissão Especial respectiva.

Esses dois fatos — a aguardada redução de juros e a decisão em torno do parecer do Deputado Virgílio Guimarães — passam a ocupar as atenções dos círculos políticos, financeiros e administrativos, em razão da inquestionável relevância de que se revestem itens tão polêmicos e complexos.

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O COPOM deve divulgar, até amanhã, o novo percentual, e espera-se que se confirme o sibilino palpite, engenhosamente embutido no discurso do dirigente máximo do Banco Central do Brasil.

O SR. PRESIDENTE (Colbert Martins) - Também temos essa esperança,

Deputado Mauro Benevides.

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O SR. PRESIDENTE (Colbert Martins) - Concedo a palavra ao Deputado Luiz

Bassuma.

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DISCURSO DO SR. DEPUTADO LUIZ BASSUMA QUE, ENTREGUE À

REVISÃO DO ORADOR, SERÁ POSTERIORMENTE PUBLICADO.

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O SR. JOSÉ CARLOS ELIAS (PTB - ES. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras e Srs. Deputados, a globalização teve papel preponderante para a evolução e aperfeiçoamentos dos veículos de comunicação.

Os veículos de comunicação se diversificaram e proporcionaram maior aproximação e intercâmbio a todos os segmentos econômicos e sociais. O volume de informações a que a sociedade tem acesso cria um sentimento de alegria, tristeza, perplexidade e, muitas vezes, alguns se questionam e fazem julgamentos sem conhecer os verdadeiros fatos.

A história da comunicação nos revela inúmeros fatos: uns com fundamentos, outros conduzidos aleatoriamente, produzindo interpretações e questionamentos sem nenhum respaldo científico e profissional.

As notícias apresentadas à sociedade devem ser levantadas, analisadas e cuidadosamente elaboradas, e o princípio é estabelecer a verdade e evitar dúvidas de dupla interpretação.

As observações ora apresentadas têm como objetivo a reflexão sobre fatos de que todos os dias temos conhecimento. Muitas das vezes, cometemos erros e, tomados por impulsos, damos início a julgamentos e interpretações precipitadas, o que produz conseqüências desastrosas a pessoas ou instituições que sempre primaram pela boa imagem e honradez.

Julgo necessário e oportuno exemplificar fato recentemente ocorrido no

Município de Jaguaré, localizado no norte do Espírito Santo, quando de uma auditoria realizada na Prefeitura deste Município pela Controladoria Geral da União.

Na síntese do relatório de fiscalização, constatou-se que recursos financeiros no valor de R$297.000,00, destinados originalmente à recuperação de estradas e

435 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 distribuição de materiais de construção, foram aplicados em objeto diferente do pactuado em convênio de recuperação da Barragem Jundiá.

Sobre a aplicação de recursos federais na construção da Barragem no

Córrego Jundiá, não houve erro da Prefeitura e, sim, do SIAFI — Sistema Integrado de Administração Financeira, da União, que, segundo a própria Controladoria, não procedeu à alteração do objeto do convênio firmado entre a Prefeitura e o Ministério da Integração Nacional.

O convênio objetivou reconstruir trecho de estrada e distribuição de material de construção com a alteração autorizada pelo Governo Federal. Objetivou-se priorizar a construção de barragem que havia sido destruída pelas enchentes de

2001 e, com isso, garantir a normalidade no abastecimento de água tratada à população da cidade.

Porém, veículos de comunicação, na busca de informações, encontraram no site da Procuradoria a síntese do relatório, em que estava inserida a situação levantada, e produziram a notícia com o seguinte título: “Auditoria aponta irregularidades na Prefeitura de Jaguaré”.

Tal notícia coloca a Prefeitura e seu gestor em situação extremamente delicada e os expõe a julgamentos e interpretações maliciosas.

Perguntamos: se for constatada a veracidade dos fatos, após conclusão final do relatório da Procuradoria, será que os veículos de comunicação que anteciparam os fatos irão esclarecer a verdade e se retratar junto a opinião pública? Será que os leitores desses veículos de comunicação e os munícipes que hoje questionam o passado e o presente do atual Prefeito, Sr. Evilázio Sartório Altoé, terão acesso às novas informações? Como terão certeza da honestidade de um cidadão, político e,

436 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 sobretudo, chefe de família, que durante sua trajetória de vida procurou trilhar o caminho da verdade e da justiça?

É importante ressaltar que o Sr. Evilázio Sartório Altoé, Prefeito Municipal de

Jaguaré, por meio de uma gestão austera e desenvolvimentista, conseguiu elevar a economia do Município da 36ª colocação para 11ª colocação no Estado do Espírito

Santo, fato extremamente significativo pelo curto espaço de tempo, além de ter sua

Administração aprovada pelos munícipes por unanimidade.

O que podemos fazer para repararmos erros dessa natureza? Como podemos ter certeza de que os munícipes irão acreditar na nova versão dos fatos?

Estas e outras perguntas fazem parte de um conjunto de prerrogativas que devem prevalecer, quando buscamos os erros e acertos e, principalmente, quando temos a responsabilidade em divulgar os fatos.

Outro assunto, Sr. Presidente. O Governo Federal tem dado sinais de que pretende criar alternativas de combate ao desemprego no Brasil. Uma delas, sem dúvida nenhuma, que considero das mais importantes, é o incentivo às cooperativas, principalmente àquelas de funcionários de empresas com dificuldades financeiras.

Segundo o Ministro do Trabalho, Jaques Wagner, "o desemprego é um problema mundial; daí que o cooperativismo também é uma forte tendência do mundo inteiro”. Segundo ainda o Ministro, “há uma disposição do Governo para com a manutenção dos postos de trabalho e o apoio aos trabalhadores que queiram se organizar para evitar que as empresas fechem”.

Segundo dados da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), o Brasil tem hoje 147 cooperativas de produção criadas a partir de empresas que estavam em dificuldades financeiras, nos diversos setores produtivos.

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Além de oferecer condições para criação de cooperativas, o Governo também estuda medidas para renegociações de dívidas, de empréstimos, e ainda de qualificação profissional.

Sr. Presidente, diante das incertezas econômicas mundiais, a organização da mão-de-obra ociosa, de modo a propiciar, no mínimo, sua sobrevivência, surge como medida salutar, capaz de desonerar os governos dos cuidados com sua sustentação, manutenção e proteção. Depois de requerer uma ação governamental normativa, modesto suporte financeiro e alguma orientação técnica, depois disso, a adoção do cooperativismo se encarregaria de resgatar a auto-estima das pessoas e sua capacidade produtiva.

Assim tem sido no Espírito Santo, em que a força do cooperativismo contagia com iniciativas bem-sucedidas na área educacional, rural, com as indústrias etc.

No Espírito Santo, o cooperativismo não é tratado como solução mágica, mas

é tido como uma frutífera estratégia de incentivo ao desenvolvimento econômico.

Por tudo isso, Sras. e Srs. Parlamentares, é que acredito na força das cooperativas e na iniciativa do Governo Federal em resgatar essa importante atividade. Lembro que em alguns países da Europa 8% do PIB saem do sistema cooperativista.

Parabéns ao Governo por desenvolver projetos para estimular os trabalhadores a se organizarem em cooperativas!

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O SR. EDISON ANDRINO (PMDB-SC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, tenho retornado insistentemente a esta tribuna para destacar a urgência na adoção de medidas para a recuperação do setor pesqueiro em nosso País. Visivelmente longe de explorar todo seu potencial, o

Brasil, com mais de 8 mil quilômetros de costa, é apenas o 26º no ranking mundial da produção do pescado.

Vejamos, Sr. Presidente, os desafios por que passa a indústria atuneira no

Brasil.

O atum é o peixe comercialmente mais rentável no mundo, e a variedade albacora-laje, capturada principalmente pela frota baseada em Itajaí, Santa Catarina, está entre as mais importantes. Não fazendo jus à enorme disponibilidade da espécie, a frota atuneira nacional é inadequada e insuficiente. O atraso na sua modernização vem impedindo o crescimento mais acelerado do ritmo de produção, a despeito da tendência mundial de colocar em destaque a produção oriunda da pesca de tunídeos como produto de exportação por excelência.

Estima-se que, atualmente, das 150 embarcações que operam dentro da

Zona Econômica Exclusiva (ZEE), entre as 12 e 200 milhas náuticas da costa, cerca de 47 são legitimamente brasileiras, e todas fabricadas originalmente para atividades costeiras, adaptadas mas tecnologicamente defasadas, com níveis de rentabilidade muito baixos. A frota ideal seria de 250 barcos, que os estaleiros nacionais poderiam construir em até 3 anos, com financiamento adequado do Fundo de Marinha Mercante, numa conta que ficaria em torno de US$600 milhões. Ou seja, estamos deixando de operar satisfatoriamente na Zona Econômica Exclusiva, justamente onde se abriga um dos maiores potenciais de produção de atuns e afins,

439 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 espécies altamente migratórias que encontram nas águas tépidas da Corrente do

Brasil, ambiente favorável para reprodução e alimentação.

Sr. Presidente, o Brasil corre o risco de perder o direito de pescar em suas próprias águas, se não investir na construção de uma frota legitimamente nacional.

Pelas regras da Convenção das Nações Unidas sobre Direitos do Mar, o país que não tiver condições de pescar em suas próprias águas deverá, obrigatoriamente, ceder esse direito de pesca a outras nações.

Situação peculiar e que demonstra a crise da produção atuneira foi a ocorrida no início deste ano, quando o Conselho Nacional de Pesca — CONEPE solicitou a redução do imposto de importação de atum congelado para a indústria conserveira, cuja alíquota é de 11,5%. O argumento baseou-se na pequena oferta do produto pelos barcos brasileiros, insuficiente para o crescente consumo de atum. A frota de isca viva, primordial na captura das espécies de atum utilizadas para a conserva, tende a diminuir em face do agravamento do conflito que passou a existir entre os pescadores de atum e os pescadores de sardinha. A constante presença das embarcações atuneiras nas áreas da pesca artesanal tem causado problemas, tais como a redução dos estoques marinhos e a conseqüente diminuição da renda para a subsistência das comunidades das regiões de entorno, onde as embarcações capturam iscas, predominantemente a sardinha. Esta é a principal espécie pescada no Brasil, mas seu volume de pesca anual teve uma diminuição de 90%, comparado ao dos anos 1970. Uma das propostas apresentadas recentemente aos pescadores catarinenses, para evitar o risco de colapso nos estoques, foi a de que os próprios pescadores artesanais ficassem responsáveis pela pesca e venda do produto para a indústria atuneira.

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Ou seja, Sr. Presidente, em face desses e inúmeros outros problemas, a indústria de conserva de atum não tem matéria-prima suficiente e necessita da importação do produto. Ou aumentamos a produção nacional ou haverá a estagnação do setor. Sem a redução das tarifas, os países do Pacto Andino, que estão isentos da taxação, serão os nossos fornecedores preferenciais. E, mesmo com a isenção que possibilitará a busca em outros mercados, como a África do Sul e

Tailândia, estaremos criando empregos nesses países, empregos que poderíamos estar viabilizando aqui, em nosso País.

Sr. Presidente, a produção nacional continua nos mesmos níveis do passado.

A pesca nacional parou no tempo. Enfatizo os problemas da alta tributação da produção nacional, a falta de subsídio para o óleo diesel marítimo e a falta de pesquisa, responsáveis pela atual crise na captura de atum.

Nobres colegas, integrante da Frente Parlamentar da Pesca nesta Casa há quase 10 anos, percebo que a dinâmica dos recursos pesqueiros depende da existência de informações consistentes. Deposito minhas esperanças, Sras. e Srs.

Deputados, na nova Secretaria Especial de Pesca e Aqüicultura e no recente anúncio do Presidente Lula do repasse de R$2,3 bilhões para modernizar o setor de pesca no País.

Ao Poder Público, ilustres Parlamentares, cabe promover o desenvolvimento sustentável da atividade pesqueira como fonte de alimentação, emprego e renda, conciliando a sustentabilidade da pesca com a obtenção de melhores resultados econômicos e sociais. E tenho a certeza, Sr. Presidente, de que, com a renovação e modernização da frota, a criação de linhas de crédito para as empresas pesqueiras, os cuidados que o pescado exige desde a sua captura até o seu beneficiamento e a

441 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 estratégia a ser adotada para estimular o consumo, o setor pesqueiro nacional estará em breve situado entre os mais produtivos do mundo, contribuindo significativamente para a geração de empregos e renda no Brasil.

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O SR. NELSON MARQUEZELLI (PTB-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo a tribuna no dia de hoje, 20 de agosto, para prestar minha homenagem à Maçonaria pelo transcurso do Dia

Internacional do Maçom. Assim, cumprimento todos os irmãos maçons, em especial os que aqui no Parlamento trabalham para que este País se transforme no Brasil que todos desejamos, com mais desenvolvimento e menos criminalidade.

Diz-se que não se pode falar de política e Maçonaria, mas toda a história de nossa Fraternidade é sustentada por ações políticas. Entre nós não se pode discutir política partidária, mas política dentro dos mais elevados princípios maçônicos é nossa obrigação discutir. Na época dos essênios e dos Cavaleiros Templários, as ordens iniciáticas tinham por objetivo a evolução de seus membros, mas, principalmente, contribuir com a evolução de toda a humanidade. Na verdade, essa

é a essência de toda organização que tem verdadeiramente Deus como sua luz e objetivo.

Nossa ordem sabidamente é marcada por realizações em prol dos povos, como a Revolução Francesa, a Independência dos Estados Unidos da América, a

Inconfidência Mineira e a Independência do Brasil, para falar apenas de algumas.

Mas hoje é preciso que façamos mais para tornar mais feliz o nosso povo, acuado pelo crime organizado e pelos desmandos de administrações públicas corruptas que transferem para a população seus desatinos através da cobrança de taxas e impostos, exatamente como na antiga Roma. É hora, companheiros, de aproximarmo-nos do Grande Oriente do Brasil, do irmão Laelso Rodrigues, Grão-

Mestre Geral, e, em pé e em ordem, formar fileiras e efetivamente contribuirmos para que os diversos trabalhos que lá estão se desenvolvendo tenham nossa

443 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 participação pessoal. Destaco, no momento, o Projeto Maçonaria Contra as Drogas, um projeto em favor da vida que se vem desenvolvendo com a parceria da

Secretaria Nacional Antidrogas — SENAD, da Presidência da República, e mantém convênio com a Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas —

ABEAD.

Com crédito do Grande Oriente do Brasil, seriedade e competência do trabalho preventivo, o Projeto envolve todos os Grandes Orientes Estaduais e mais de 2.200 Lojas Maçônicas, além de integração com Prefeituras Municipais,

Secretarias de Saúde e Educação, com espaço nos Conselhos Estaduais de

Entorpecentes. Trata-se de trabalho que foi distinguido e reconhecido pela SENAD, com homenagem especial.

Senhores, a Maçonaria brasileira desempenha papel preponderante na melhoria da qualidade de vida do ser humano. Sob a orientação do Grande Oriente do Brasil, devemos nos integrar a esse Projeto até porque é opinião unânime, entre os especialistas e estudiosos dos problemas de drogas, que o melhor combate ao seu uso é a ação preventiva.

Ao finalizar meu pronunciamento, convoco todos os irmãos e Deputados, bem como os muitos irmãos que fazem parte do Poder Executivo e do Poder

Legislativo a colaborar com o Projeto Maçonaria Contra as Drogas, para que uma vez mais possamos atuar de forma convincente, agora contra este monstro que dilacera famílias e corrói a sociedade. É urgente pois que unamos esforços para manter a bandeira de prevenção ao uso de drogas sempre presente em cada lar brasileiro.

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Deixo um tríplice abraço a todos os irmãos maçônicos brasileiros e expresso meu desejo de construirmos um país melhor para que as futuras gerações honrem o nosso trabalho.

Muito obrigado.

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A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB-RJ. Sem revisão da oradora.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, este País perdeu 2 destacados brasileiros.

O Embaixador Sérgio Vieira de Mello precisa receber de todos nós as mais altas homenagens, na medida de seu esforço humanitário e de sua história. O que mais me chamou a atenção em sua vida e carreira diplomática foi sua atuação no

Timor-Leste, por cuja independência vários Parlamentares lutaram. O Deputado

Aldo Arantes, do meu partido, coordenava o trabalho em favor da independência e redemocratização daquele país e em oposição ao genocídio perpetrado pela

Indonésia contra aquele povo. Todo esforço foi feito e aquela população de língua portuguesa finalmente conseguiu seu espaço.

Foi exatamente Sérgio Vieira de Mello, Alto Comissário das Nações Unidas, que coordenou o trabalho de reconstrução do Timor-Leste. Com uma equipe integrada também por outros brasileiros, Sérgio Vieira de Mello ajudou a elaborar a

Constituição daquele país. Esse fato marcou muito sua trajetória e atraiu para si a simpatia do mundo inteiro, além de ter marcado sua coragem, coerência política e visão pacifista nos confrontos com atitudes de arbitrariedade e injustiça em várias localidade do mundo.

Pareceram-me de grande acinte as declarações de George W. Bush e Tony

Blair de solidariedade à família de Sérgio Vieira de Mello, em nome da paz e contra o terrorismo, dadas como se não tivessem nenhuma responsabilidade sobre o acontecimento, com a trágica morte de Sérgio Vieira de Mello e de outras pessoas, assassinadas pelo terrorismo de estado norte-americano, que tem como coadjuvante o Governo inglês. Sinceramente, todos devemos condenar de forma veemente o terrorismo, mas devemos afirmar que o maior terrorista do mundo, que

446 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 tem como meio de cultura o terrorismo de estado oficial, é exatamente o império norte-americano.

Chamo a atenção para o seguinte fato: como, ao lado de um prédio rodeado por um muro de 3 metros e meio, com seguranças do exército norte-americano, pôde estacionar um caminhão-bomba, e bem embaixo da janela do diplomata brasileiro? Isso nos intriga. É bom que se reflita sobre o fato, que certamente já está sendo investigado, porque Sérgio Vieira de Mello era um homem que batalhava por um governo civil no Iraque, eleito pelo povo. Sendo essa sua bandeira, e sua proteção estando entregue ao Exército norte-americano, como pôde ocorrer esse atentado, furando um esquema de segurança, em tese, eficaz?

Minhas homenagens ao destacado brasileiro — que era carioca, sua mãe mora no Rio de Janeiro —, manifestando nossa solidariedade a sua família.

Ao mesmo tempo, ressalto a preocupação com esse atentado, que ainda não está esclarecido e que deve ser melhor apurado, principalmente a responsabilidade do Governo norte-americano.

A segunda homenagem que presto é a outro destacado brasileiro que o País perdeu recentemente, Sérgio Arouca, que hoje faria 62 anos de idade.

Ele foi defensor não só no Brasil, mas na América Latina, da saúde pública.

Coordenou a criação dos serviços de saúde da Nicarágua no período pós- revolucionário e atuou em Cuba. Trata-se de pessoa que deu contribuição enorme à saúde pública, e não só no Brasil. Eu disse, no dia do seu velório, que se ia o homem errado, na hora errada. Afinal, todo o seu acúmulo de experiências daria imensa contribuição ao País neste momento histórico que vivemos. Mas ele foi embora.

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A forma que temos para homenagear Sérgio Arouca é continuar a luta que é sua e nossa, construída ao longo dos anos, que deixou muitos herdeiros e muitas novas gerações.

Neste momento, digo em alto e bom tom que não podemos aceitar, inclusive em nome dessa histórica luta, o veto à Lei de Diretrizes Orçamentárias aposto pelo

Governo, relativamente ao § 2º do art. 59. Depois de tanta batalha por uma verba constitucionalmente destinada à saúde. Pelo veto da LDO, os recursos podem ser usados não apenas em ações de serviço de saúde, mas serem dirigidos para outros destinos, que podem ter relação enorme com saúde. Mas não se trata de ações e serviços de saúde, porque são retirados direitos de programas, resultantes de uma luta na qual teve enorme participação o ex-Deputado e sanitarista Sérgio Arouca, ex-

Presidente da FIOCRUZ e Coordenador da 8ª Conferência Nacional de Saúde, onde se discutiu, de forma culminante e democrática, o Sistema Único de Saúde, impresso no texto constitucional.

Infelizmente, temos de registrar nossa insatisfação com a reforma tributária.

Não é admissível que, a esta altura da vida e da luta política, tenhamos mais uma desvinculação de recursos da Seguridade Social, no caso a CPMF, criada para a saúde, que depois ganhou percentual para a Previdência e para o combate à pobreza, mas que neste momento se desvincula integralmente desses objetivos. As outras contribuições rubricadas da Seguridade foram retidas este ano do Tesouro, numa média de 50%, desvinculando-as inclusive da sua atividade-fim.

O apelo que faço ao Governo, ao Relator e a esta Casa é no sentido de que não permitam essa violência contra a população brasileira. Quando discutimos saúde, discutimos direito à vida, direito fundamental da cidadania. Não podemos, em

448 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 nome do superávit e do ajuste fiscal profundo, colocar em risco a vida de seres humanos.

Portanto, Sr. Presidente, manifesto minha indignação ao atentado que resultou na morte de Sérgio Vieira de Mello, meu pesar pelo passamento do sanitarista Sérgio Arouca, e meu protesto por essa violência que se comete contra a

área de saúde em momento tão importante da vida nacional.

Durante o discurso da Sra. Jandira Feghali, o Sr.

Colbert Martins, § 2º do art. 18 do Regimento Interno,

deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr.

Geraldo Resende , § 2º do art. 18 do Regimento Interno.

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O SR. PRESIDENTE (Geraldo Resende) - Concedo a palavra ao Sr.

Deputado Antonio Cambraia.

O SR. ANTONIO CAMBRAIA (PSDB-CE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na segunda-feira passada, ocorreu a leitura incompleta do relatório da proposta de reforma tributária. Amanhã, quinta-feira, será iniciada sua discussão.

Mas, ao se analisar o substitutivo do Relator, chega-se à conclusão de que não atende aos interesses nacionais. Atende apenas ao Governo Federal, na medida em que constitucionaliza a CPMF, tão criticada pelo PT no passado, tornando-a permanente, e prorroga a chamada Desvinculação da Receita da União

— DRU até 2007. E também prevê aumento de impostos e contribuições, haja vista a tributação das importações de mercadorias e serviços, inclusive com a COFINS.

Por outro lado, a proposta de reforma não atende aos Governos Estaduais e

Municipais, que não participarão dessa famigerada contribuição, nem de outros tributos, exceto o Imposto de Renda e o IPI, que compõem o Fundo de Participação dos Estados e o Fundo de Participação dos Municípios. Os Estados também perdem os incentivos fiscais, que são instrumentos de propulsão do desenvolvimento das regiões mais pobres deste País.

Os Estados também não têm a garantia da compensação sobre a desoneração das exportações. Os Estados exportadores que trazem divisas para o

País, uma vez sendo essas exportações desoneradas, precisam ser compensados.

Mas não o serão totalmente, pois, de forma bastante tímida, a proposta remete o assunto para a lei complementar, e apenas com base no IPI, diminuindo ainda mais a participação dos Estados e Municípios do bolo da arrecadação tributária.

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O setor produtivo também não está sendo atendido. Sua grande reivindicação, que é desonerar a produção de máquinas, de equipamentos industriais e agrícolas, não foi contemplada de forma satisfatória no substitutivo do

Relator.

O discurso do Governo do PT é de que irá desonerar a produção por ser a

única forma de desenvolver o País, de gerar emprego e renda, mas, na prática, não está correspondendo ao discurso. E quem perde é a população brasileira. Na medida em que a carga tributária vai ser aumentada, ela vai passar a pagar mais impostos, se é que ainda se pode pagar mais imposto neste País.

Em suma, Sr. Presidente, é isso que está no substitutivo do Relator, que praticamente transcreveu a proposta do Governo.

Por outro lado, estabelecer que a Câmara dos Deputados deve aprovar a proposta tal como veio do Executivo e deixar para o Senado a tarefa de modificar o texto é tirar a principal atribuição desta Casa elaboradora de leis, cuja atribuição não podemos diminuir ou relegar a segundo plano.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. LUIZ SÉRGIO (PT-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na terça-feira, utilizando-se do Grande Expediente, o Deputado

João Caldas contestou a licitação da PETROBRAS e usou toda uma argumentação para defender uma empresa que sequer citou o nome, mas que é a Marítima. S.Exa. disse que essa empresa tem 25 anos de serviços prestados à PETROBRAS, o que

é verdade. Só que não foram na construção de plataformas. A Marítima, do Sr.

German Efromovich, prestava serviços apenas de apoio à PETROBRAS.

O que mais nos chama a atenção é que o nobre Deputado disse que é uma companhia 100% brasileira, o que não é verdade. Na 5ª licitação da Agência

Nacional de Petróleo, a Marítima foi desqualificada porque sua controladora, a empresa Sinergy Group Corp., sediada na Ilha de Niue, não se enquadrou dentro das exigências da ANP. Na 4ª licitação, ela era controlada pela empresa Rainier

Engineering Limited, com sede nas Ilhas Virgens Britânicas.

O que nos chama mais a atenção é que a Marítima tinha um capital da ordem de 1 milhão de dólares, mas chegou a acumular contratos com a PETROBRAS da ordem de 2 bilhões de dólares; ou seja, no passado recente, a PETROBRAS mandou construir 11 plataformas de petróleo no exterior, e o Sr. German Efromovich estava direta ou indiretamente ligado a esse processo de licitação, pois venceu praticamente os 11 contratos, sendo que muitos deles nem tiveram carta-convite, como a construção da P-36, a maior de todas. Ele foi convidado, ganhou e teve seu contrato assinado. Em nenhum desses contratos entregou as plataformas no prazo determinado e pelo valor estipulado no contrato. Tanto é assim que, no caso da P-

36, a PETROBRAS teve de desembolsar mais 40 milhões de dólares, fora do contrato, para receber a plataforma num prazo menor. Mesmo na gestão passada,

452 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 quando Hartung era o Presidente da PETROBRAS, a empresa precisou romper com a Marítima o contrato para construção de 2 plataformas porque não tinham sido entregues no prazo. A Marítima entrou na Justiça contra a PETROBRAS.

Ora, nada mais natural que a PETROBRAS deixar de convidar uma empresa que a esteja processando na Justiça por estar defendendo seus interesses e dos seus acionistas, uma vez que a Marítima não conseguia cumprir seus contratos.

Quero parabenizar a PETROBRAS, seus diretores, o Diretor de Produção,

Guilherme Estrela, e a Ministra Dilma Rousseff pela postura diante do assunto.

É preciso relembrar que a construção de plataformas de petróleo esteve no centro da disputa presidencial, quando, no final do Governo Fernando Henrique, foi feita a licitação para construção da P-50, que ocorreu em Cingapura. O então candidato Lula assumiu o compromisso diante da Nação de, se eleito, estabelecer um percentual de nacionalização dessas plataformas, para que pudessem ser construídas no Brasil, gerando empregos aqui. Assim foi feito. Tão logo assumiu, a nova diretoria da PETROBRAS modificou os editais de licitação estabelecendo percentual de nacionalização. O BNDES, colocando na ordem do dia o “S” do Social, abriu uma carteira de 1,2 bilhões de dólares para financiar a construção dessas plataformas.

Sr. Presidente, estamos assistindo, acima de tudo, à materialização do compromisso do candidato Lula de que passaríamos a construir as nossas plataformas de petróleo.

Quero também frisar que o BNDES acabou de liberar o financiamento para a construção de 4 navios petroleiros e mais uma série de 22 outros. É o início da renovação da FRONAPE, que está praticamente sucateada.

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O argumento do Deputado João Caldas não se justifica, portanto. Longe de tentar anular esta licitação, este Parlamento tem de apoiar a iniciativa porque representa um gesto concreto de fé no Brasil, nos trabalhadores brasileiros. Assim, teremos condições de reerguer a construção naval neste País a partir da postura corajosa do Presidente Lula, que se materializou nas ações concretas dos diretores da PETROBRAS.

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O SR. SIMÃO SESSIM (PP-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, todos os anos, sempre no mesmo mês de agosto, sou tomado pela forte emoção que domina o meu já cansado coração, num momento como este em que presto minhas sinceras e honrosas homenagens aos

56 anos de emancipação político-administrativa de Nilópolis, cidade berço da minha infância, que me embalou desde criança e de onde guardo até hoje doces inesquecíveis lembranças.

Falar do mais de meio século de Nilópolis é reviver a minha própria vida como cidadão, como homem e chefe de família que goza da felicidade de ter sido amado por uma mulher maravilhosa, mãe extraordinária, que infelizmente já não nos priva da sua companhia, do seu afago, do seu carinho e do seu amor; mas que deixou os nossos frutos crescidos e amadurecidos nas figuras de nossos filhos e netos, com quem compartilho momentos diários de felicidade e ternura.

Tenho dito, sempre nesta ocasião, que a minha emoção é duplamente gratificante. Afinal, foi nesta terra que vi levantar o alicerce a sustentar minhas fantasias, aventuras e projetos de adolescente; da mesma forma que é esta mesma terra que hoje deposita sobre os meus ombros a importante e dignificante tarefa de defender os interesses dos meus irmãos conterrâneos na mais alta tribuna das discussões desta Nação, que é o Congresso Nacional, em Brasília.

Já tive a oportunidade de agradecer de público a manifestação de carinho e confiança que recebi nas urnas em 2002, quando a população da minha querida

Nilópolis me distinguiu pela 7ª vez consecutiva como seu mandatário na Câmara dos

Deputados, honraria, aliás, que se sucede desde que fui escolhido também como seu Prefeito, em 1972.

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Tudo isso, e muito mais, Sr. Presidente, se confunde de tal maneira com as lembranças da cidade de Nilópolis, a ponto de me dar a certeza de que não há no mais íntimo de nós mesmos presença maior do que a do chão em que viemos ao mundo, da família em que nascemos e do povo a que pertencemos. Desse modo, torno-me também testemunha viva da luta, do sofrimento, das esperanças, sonhos e conquistas em busca do desenvolvimento da cidade de Nilópolis, que hoje é motivo de orgulho do seu povo ordeiro, trabalhador, destemido e, sobretudo, vencedor.

Nada melhor para retratar Nilópolis do que a letra do seu próprio hino, de autoria do nosso querido Cláudio Aragão da Guia, para quem esta cidade tem um

“povo forte, varonil, marco de esperança neste imenso chão-Brasil”, tornando-se com isso “um povo hospitaleiro e feliz”. Povo, aliás, que tem nomes como João e

Manuel Alves Mirandela, Franklin de Carvalho, Manoel Reis, Maestro Djalma do

Carmo, Ernesto Cardoso, Anacleto de Queiroz e tantos outros anônimos que tocaram o desenvolvimento desta cidade, acreditando num futuro promissor para todos os seus irmãos que nela habitam e prosperam.

Nilópolis pode até ser o menor Município brasileiro. Mas, com certeza, é um gigante na sua generosidade. De nada adiantou nos tirar um pedaço enorme de terra, como os 13 quilômetros quadrados de ameaças e medo para a população vizinha a Gericinó. Até porque, nos 9 quilômetros quadrados que nos restaram vive um verdadeiro exército de guerreiros, lutadores destemidos, que usam a arma da cidadania para transformar a nossa querida Nilópolis numa trincheira contra as injustiças.

Hoje, somos uma cidade modelo, bela, charmosa, atraente e famosa dentro e fora do País; seja pelo encanto da nossa Beija-Flor, pela qualidade de vida de seus

456 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 filhos, que tem acesso pleno à Educação, além de esgoto, pavimentação, água encanada e iluminação pública em praticamente 100% de seus logradouros.

Não resta a menor dúvida de que no decorrer desses 56 anos de emancipação político-administrativa de Nilópolis, nos fizemos conhecidos pelo amor

à cidade, pela disposição para a luta, pela solidariedade humana, pelo espírito fraterno com que nos empenhamos em favor do desenvolvimento econômico e da prosperidade social.

Por isso mesmo, Sr. Presidente e nobres deputados, pesam sobre mim, como homem público de Nilópolis, tanto a tradição do passado quanto o desafio do futuro.

Obriguei-me, na prefeitura e na Câmara Federal, a ombrear com meus antecessores e fazer-me digno do exemplo de trabalho, de dedicação e de perseverança com que concorreram para o progresso de Nilópolis. E, assim sendo, vejo, sem falsa humildade, as realizações com que venho contribuindo, embora modestamente, para a grandeza da minha terra e para o bem-estar do meu povo.

Saneamento, pavimentação, iluminação, construção de viaduto e de praças, estação de transferência de lixo, terminal rodoviário, Escola Técnica Federal são exemplos de obras realizadas. E para isso lutei com todas as minhas forças, certo de que não tenho feito mais do que a minha obrigação, como político e, principalmente, como cidadão nilopolitano.

O nosso empenho em trazer mais benefícios para Nilópolis não pára por aí.

Aguardamos ainda a liberação de dinheiro, fruto de emenda de minha autoria ao

Orçamento da União, prevista ainda para este ano, e que visa à aquisição de unidade móvel de saúde, construção, ampliação e modernização de creches, à construção de uma quadra poliesportiva, além de outros benefícios.

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Muita coisa ainda está por fazer. Mas, com certeza, Nilópolis, a partir de agora, haverá de conhecer um novo tempo de realizações para o seu povo, acompanhando o fluxo de modernização do mundo, nas áreas de saúde, educação, cultura, serviços públicos, transporte e meio ambiente, inclusive no tocante ao funcionalismo público municipal.

Ao Prefeito Farid Abrão, ao Vice-Prefeito Oswaldo Costa — nosso querido

Ratinho; ao Presidente da Câmara Municipal, Vereador Roberto Carneiro, a minha manifestação de fé no sentido de vê-los lutando cada vez mais para que Nilópolis conquiste o seu espaço em busca do progresso e do desenvolvimento; ao povo de

Nilópolis, enfim, resta dizer o meu muito-obrigado pelo carinho, pela confiança e o estímulo para que eu possa continuar dando a minha modéstia contribuição na luta em defesa dos ideais do meu povo que clama por paz, felicidade e justiça social.

Muito obrigado!

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O SR. LUCIANO ZICA (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, assomo à tribuna emocionado para tratar de assunto que não queria mencionar: o debate sobre o papel da empresa Marítima, seus negócios com a PETROBRAS no passado e as situações denunciadas por outros Deputados que me antecederam.

Em primeiro lugar, resgato algumas considerações. Infelizmente, o companheiro João Caldas, em pronunciamento realizado desta tribuna no período do Grande Expediente de terça-feira, cometeu uma série de equívocos que precisam ser esclarecidos. Uma das acusações feitas pelo Deputado à direção da

PETROBRAS, que o faz tentar inviabilizar as licitações em curso na empresa, é o fato de ela estar cometendo incoerência e ilegalidade ao realizar o processo licitatório por carta-convite. É importante resgatarmos esse ponto, uma vez que debatemos o tema após a aprovação da Lei nº 9.478 e durante o processo de quebra do monopólio do petróleo. Como poderíamos assegurar à PETROBRAS a atuação no mercado aberto, mas tendo de se submeter às regras da Lei de Licitação nº 9.666?

No mercado aberto a empresa pública é tolhida na sua agilidade se tiver de se submeter àquela norma legal, importante para o serviço público, mas descabida para um ramo de negócio como aquele.

Diante dessa questão, o próprio Governo Fernando Henrique Cardoso, baseado na Emenda Constitucional nº 9, no art. 67 da Lei nº 9.478, que regulamenta a quebra do monopólio, estabelecido pelo Decreto nº 2.745, de 24 de agosto de

1998, flexibilizou o critério das licitações para a PETROBRAS e deu tratamento que permitisse à empresa trabalhar no mercado competitivo com a devida agilidade.

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O compromisso assumido pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva inclui o crescimento do Brasil com vistas a economizar divisas, gerar empregos, dar garantia de acompanhar a execução dessas obras, de forma a garantir a segurança das operações.

No processo de licitação das Plataformas P-51 e P-52, 11 empresas se apresentaram. Destas, 3 foram desqualificadas. Apesar de a empresa Marítima ter conseguido participar do processo por meio de liminar, ela foi desqualificada por absoluta falta de sustentação de seus documentos. Apresentou como garantia para um negócio milionário um capital de 50 milhões de dólares. A outra empresa desqualificada apresentou os mesmos documentos, na velha tradição da Marítima anteriormente, associando-se a grandes maracutaias para abocanhar negócios e transferir aos estaleiros estrangeiros a construção dessas plataformas.

É importante lembrar que debatemos fortemente o assunto aqui por ocasião do triste acidente que levou ao fundo do mar a P-36. Esta Casa foi unânime no sentido de que a grande responsabilidade pelo acidente com a P-36 foi da Marítima.

O desaparecimento de 9 companheiros no fundo do mar, a 1.800 metros, tem a marca da irresponsabilidade dessa empresa, que, felizmente, a PETROBRAS desqualificou da concorrência.

Cumprimento a direção da PETROBRAS pela iniciativa de exigir índice de nacionalização na construção das plataformas, de investir no conhecimento, na capacidade do povo brasileiro e de eliminar aqueles que querem enriquecer com a desgraça do nosso povo.

Para concluir meu pronunciamento, apelo ao amigo Deputado João Caldas para que analise esses documentos e não cometa o equívoco de defender o

460 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 representante dessa empresa, Sr. German Efromovich, que hoje deveria estar na cadeia pelos crimes que cometeu contra nosso País e pelas vidas que ceifou, conseqüência da irresponsabilidade da sua empresa.

Deputado João Caldas, V.Exa. é homem sério, conhecedor do nosso papel nesta Casa, e bem poderia analisar a situação e rever sua posição. Com certeza,

V.Exa. estará prestando um grande serviço ao País.

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O SR. PRESIDENTE (Geraldo Resende) - Esta Presidência gostaria de registrar a ilustre presença no plenário desta Casa da Senadora Cecília Romero, do

México. (Palmas.)

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O SR. PRESIDENTE (Geraldo Resende) - Concedo a palavra ao nobre

Deputado João Batista.

O SR. JOÃO BATISTA (PFL-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o período de contribuição e a idade mínima para aposentadoria têm gerado muita polêmica, em virtude da visão do que seja aposentadoria. A princípio, é o próprio cidadão quem paga sua aposentadoria.

Ninguém paga aposentadoria do amigo ou do vizinho. Existem entidades capacitadas, preparadas para calcular os períodos de carência para que uma quantia monetária, aplicada de forma inteligente, possa render um montante desejado ao final de um tempo determinado.

Para que isso corra, basta estabelecer os prazos de contribuição do assegurado e o valor futuro de sua aposentadoria. Dessa forma, desaparece a celeuma criada em torno desses e de outros temas controversos, tais como aposentadorias privilegiadas, tempo de contribuição etc.

É de justiça que períodos diferenciados de contribuição correspondam a contribuições diferenciadas. Assim, para o mesmo valor de aposentadoria, a contribuição de quem vai se aposentar aos 25 anos de recolhimento deve ser maior do que a de quem vai se aposentar aos 30 anos, que, por sua vez, deve pagar mais do que aquele que vai se aposentar aos 35 anos de serviços prestados.

É de se observar que todas as pendengas e privilégios são banidos com essa perspectiva. Por exemplo, os magistrados e os servidores poderão se aposentar, após determinado tempo, desde que contribuam mensalmente de forma a que suas contribuições rendam, no final do período, os proventos almejados. Isso porque os

463 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 demais trabalhadores e contribuintes não são obrigados a arcar com a aposentadoria de magistrado ou de servidor algum.

A verdade é que os recursos da Previdência não têm sido administrados como uma poupança que o contribuinte confia ao Estado, ao Governo, para gerenciá-la economicamente, de tal forma que possa render, ao final do período de integralização, os dividendos necessários ao pagamento de sua aposentadoria.

Por isso mesmo, o Governo, que, ao longo de décadas, não administrou a

Previdência e pulverizou seus recursos em tantos outros projetos (construção de

Brasília, Ponte Rio–Niterói, por exemplo), está na obrigação de arcar com o ônus de sua omissão. Assim sendo, todas as aposentadorias, e muito especialmente aquelas já concretizadas ou prestes a se concretizar, são de responsabilidade do Governo.

Não cabe aos aposentados nem aos contribuintes responsabilidade alguma pela escassez dos recursos que compete ao Governo administrar.

Era o que tinha a dizer.

Durante o discurso do Sr. João Batista, o Sr.

Geraldo Resende, § 2º do art. 18 do Regimento interno,

deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr.

Leônidas Cristino, § 2º do art. 18 do Regimento Interno.

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O SR. PRESIDENTE (Leônidas Cristino) - Concedo a palavra ao Sr.

Deputado João Matos.

O SR. JOÃO MATOS (PMDB-SC. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, hoje darei entrada, junto à Mesa desta Casa, a projeto de lei que, após competente tramitação, transformar-se-á na Lei Nacional de Adoção. Na elaboração do projeto contribuíram diversas autoridades, sobretudo do Judiciário, além de estudiosos no assunto da adoção. De maneira especial, destaco a participação dos membros da Comissão de Apoio à Convivência Familiar, formada por representantes de diversas Unidades da Federação, como Pernambuco, São

Paulo, Santa Catarina, Distrito Federal, entre outros.

Quero objetivamente apresentar os pontos que coloquei na justificativa do projeto de lei.

A recente vigência do novo Código Civil implicou mudanças profundas no ordenamento jurídico brasileiro, seja aperfeiçoando, seja trazendo novos problemas

à vida do cidadão comum. No caso do instituto da adoção, lamentavelmente, ocorreu a segunda das hipóteses: aí configura-se um verdadeiro retrocesso legislativo, porque dispositivos estão eivados de inconstitucionalidade, talvez por seu texto básico ser anterior à Constituição Federal e ao Estatuto da Criança e do

Adolescente.

Os juristas são unânimes em louvar as qualidades do Estatuto da Criança e do Adolescente na parte que diz respeito à adoção, merecendo apenas alguns ajustes microlocalizados. Além da excelência da qualidade do referido estatuto, o fato é que esse ramo do direito, incluído na Constituição Federal, vem se tornando paulatinamente instituto de Direito Público, sendo um subsistema jurídico totalmente

465 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 autônomo, não fazendo sentido sua inclusão no corpo do Código Civil recém- aprovado.

Resumidamente, apresento algumas inovações que serão introduzidas na legislação após aprovado o novo projeto. Dentre outras, o projeto apresenta as seguintes propostas:

1) definição conceitual do instituto da adoção, não existente no ECA nem no novo Código Civil;

2) hipóteses em que a adoção pode ser concedida, colocando-se o instituto como um direito do adotando e uma possibilidade para o adotante, desde que não seja possível a manutenção na família natural;

3) assegura o direito à revelação da condição de adotivo, retomando o conceito do ECA de ser lavrado novo registro civil;

4) define quem pode adotar e quem pode ser adotado;

5) obriga a criação de cadastros de adotantes e adotáveis em todas as

Comarcas, com um banco de dados estadual e outro nacional, estabelecendo-se prazos para sua implantação e sanção para os recalcitrantes;

6) restringe as hipóteses de dispensa de prévio cadastramento e fixa regras claras para o Estágio de Convivência;

7) distingue regras para adoção de crianças e adolescentes das aplicáveis aos adultos;

8) disciplina a adoção internacional, como manda a Constituição Federal e a

Convenção de Haia;

9) retoma os conceitos básicos da perda do poder familiar que estavam contidos no Estatuto e foram prejudicados com o novo Código Civil;

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10) regula os procedimentos das diversas ações respeitantes à adoção, à perda do poder familiar, assim como disciplina um adequado sistema recursal;

11) prevê obrigatoriedade de alocação de recursos públicos em favor de projetos direcionados para a convivência familiar e comunitária, além da permanente qualificação dos operadores do sistema;

12) prevê a possibilidade de criação de organismos credenciados para fomentar as adoções nacionais;

13) impõe a existência de uma Guia de Abrigamento como fórmula de minorar o excessivo número de institucionalizações desnecessárias que ocorrem em todo o

País;

14) obriga os Conselhos Tutelares a disporem de um cadastro das crianças e adolescentes por eles abrigadas, punindo-se as pessoas físicas e jurídicas que não nortearem suas ações segundo os princípios dessa lei;

15) obriga a preservação de informes sobre os abrigados em instituições por

50 anos, legitimando os dirigentes dos abrigos para que proponham ações de decretação da perda do poder familiar, nos casos de omissão de quem detenha legítimo interesse ou do Ministério Público;

16) institui o subsídio-adoção;

17) amplia o auxílio maternidade;

18) cria o auxílio-paternidade para pais adotivos solteiros;

19) prevê incentivo no Imposto de Renda para adotantes de casos particularmente difíceis, como os de grupos de irmãos, crianças portadoras do vírus

HIV, e outros casos considerados especiais.

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Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, essas as considerações acerca do projeto de lei, que em boa hora dá entrada para tramitação nesta Casa e que disciplinará num único instrumento legal todas as tratativas, requisitos e encaminhamentos a respeito da adoção no Brasil.

Era o que tinha a dizer.

468 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. SEBASTIÃO MADEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Leônidas Cristino) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. SEBASTIÃO MADEIRA (PSDB-MA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, estou dando entrada a projeto de lei que dispõe sobre o uso da água. Esse ativo, hoje cada vez mais raro em alguns países, no Brasil, graças a Deus, é ainda abundante, mas se requer racionalidade em seu consumo.

Nas habitações coletivas, o consumo da água, diferentemente do uso da energia, cuja medição é individual, é rateado entre os moradores. Então, este projeto dispõe sobre a obrigatoriedade de medição individual do consumo de água em unidades residenciais localizadas em edifícios ou outras edificações coletivas e dá outras providências. Os prédios construídos a partir da aprovação deste projeto serão já adequados à nova lei e os prédios antigos terão, segundo o projeto, o prazo de 5 anos para se adequarem.

469 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (Leônidas Cristino) - Concedo a palavra ao Sr.

Deputado Casara.

O SR. CASARA (PSDB-RO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna para parabenizar o Sr. Governador do

Estado de Rondônia pela atitude e iniciativa de nomear, para assumir o Comando da

Policia Militar do Estado de Rondônia, no dia 19/08/2003, a Coronel PM Angelina dos Santos Correa Ramires, em substituição ao Coronel PM Clademir Faller. Ela irá comandar um efetivo composto por quase 5 mil policiais militares, entre homens e mulheres. O mais importante é que entre as ações que a nova Comandante pretende implantar está a valorização do policial militar, com sua recondução a cargos e funções, direcionando o efetivo para a atividade operacional com a nova redistribuição nas áreas, a par da restruturação e organização da corporação.

Torna-se de relevância essa nomeação pelo fato de a Coronel Angelina dos

Santos ser a primeira mulher a assumir um comando efetivo da Polícia Militar no

País.

Na corporação, a oficial PM já exercera diversas funções, tais como:

Comandante da Companhia Independente Feminina, Comandante do Batalhão

Feminino, Assessora Militar do Tribunal de Contas do Estado de Rondônia,

Diretora Executiva da ASTIR e Diretora de Pessoal e Coordenadora Administrativa.

Desejamos à Comandante Angelina dos Santos pleno êxito nessa sua nova jornada!

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O SR. COLBERT MARTINS (PPS-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, neste 20 de agosto o mundo comemora o Dia

Internacional do Maçom. Por mais que se tenham muitos estudiosos debruçado sobre as pegadas históricas da Maçonaria, sempre lhes foi impossível precisar a data ou, pelo menos, a época exata de seu surgimento. Os rituais, a partir dos iniciáticos, procuram ligá-la ora aos egípcios, ora aos caldeus, mas também aos fenícios, aos gregos e romanos. Nada disso: trata-se de um movimento de busca de identidade do homem, ali quando, em épocas passadas, a humanidade entendeu necessário definir-se ou, melhor dizendo, encontrar-se.

Maçom é a palavra francesa para pedreiro. Não por acaso muitos de seus símbolos estão entre aqueles instrumentos utilizados pelos mestres de maçonaria, aqueles que, até a Idade Média, eram os grandes construtores daquelas catedrais que, até os dias de hoje, são demonstração cabal da capacidade do ser humano de criar beleza, harmonia, fraternidade.

Esta, talvez, a palavra chave: fraternidade. Ela decorre, possivelmente, do corporativismo obreiro que é a característica da essência maçônica.

Ordem de caráter iniciático, ali os que chegam se iniciam como Aprendizes, passam, depois, a Companheiros e, por último, a Mestres, exatamente como naquelas corporações de ofício que caracterizam a organização do trabalho medieval.

Mas a tolerância é outra definição. A Maçonaria não impede qualquer de seus membros de pesquisar a verdade, o conhecimento das coisas terrenas ou do que entenderem mais além. É preciso, antes de mais nada, que se tenha a fé absoluta em um Ser Superior, aquele que os maçons denominam o Grande Arquiteto do

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Universo, denominação ainda radicada na origem corporativa, maçônica, desse grande movimento.

Essa variedade de sentires e fazeres, de agir no mundo em meio de sua sociedade pode ser exemplificada com exemplos bem concretos. Entre os grandes expoentes da política, no mundo, encontramos os maçons Lincoln, Roosevelt e

Kamal Artaturc, o fundador da moderna Turquia. Nas artes, Shakespeare e Chaplin,

Mozart e Lizt, Voltaire, com seu virulento anticlericalismo. Na política brasileira, desde o Imperador Pedro I, Caxias, Osório, o Barão de Rio Branco, Deodoro da

Fonseca, o Proclamador da República, Joaquim Nabuco, Benjamim Constant, até os tempos mais modernos, com Nereu Ramos, Adhemar de Barros e Jânio Quadros.

Esse mosaico imenso de posicionamentos políticos, de interpretações do mundo pela arte, de decisões de caráter nacional e internacional que, ao fim e ao cabo, influenciaram toda a humanidade, tudo isso pode estar refletindo, de alguma forma, a maneira de agir, o comportamento fraterno dos chamados pedreiros livres

— livres para pensar e para agir.

É assim pensando que queremos, em nome da bancada do Partido Popular

Socialista nesta Câmara, saudar e louvar os maçons do Brasil e do mundo, a todos agradecendo o que, dia a dia, ano a ano, século após século, vêm fazendo em prol da humanidade.

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O SR. CARLOS ALBERTO LERÉIA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Leônidas Cristino) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. CARLOS ALBERTO LERÉIA (PSDB-GO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero registrar que, no último dia 15, acompanhando o

Governador Marconi Perillo e vários Parlamentares desta Casa, inclusive dos

Deputados Leandro Vilela e Vilmar Rocha, aqui presentes, participamos da inauguração da igreja do povoado de Muquém, Município de Niquelândia, na região da Serra da Mesa, do norte goiano, perto de Uruaçu, tendo à frente o Bispo D. José

Chaves. O evento foi transmitido pela Rede Vida, que é uma rede de televisão católica, e a Rede Católica de Rádio.

A romaria a Muquém realiza-se há mais de 100 anos, tendo sido iniciada na

época da escravidão, e todo 15 de agosto, dia de Nossa Senhora da Abadia, milhares de pessoas vão àquele povoado.

Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Leônidas Cristino) - Concedo a palavra ao nobre

Deputado Leandro Vilela.

O SR. LEANDRO VILELA (PMDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, acabo de participar em Goiânia do Dia de

Mobilização dos Produtores Rurais, organizado pela Federação da Agricultura do

Estado de Goiás, a FAEG. Foi um ato em favor da paz no campo e pela produção, e contra as invasões irregulares promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem

Terra.

A manifestação reuniu representantes de 125 sindicatos e milhares de produtores rurais, além de representantes de outros segmentos do setor produtivo.

Participaram ainda do evento a Organização das Cooperativas do Brasil e a

Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura.

Na ocasião, os produtores rurais puderam manifestar sua justa revolta contra as invasões irregulares de terras. Somente em Goiás, de janeiro para cá, houve 13 invasões de fazendas produtivas e 88 acampamentos foram montados na beira de estradas, reunindo mais de 7.500 famílias.

Incorporei-me à manifestação convicto de que o aumento das invasões e o tom agressivo adotado pelo MST não contribuem em nada com o projeto de reforma agrária, que entendo justo e necessário. Manifestações como a organizada pela

FAEG são importantes para alertar e estimular o Governo Federal a agir com mais rigor contra a ilegalidade. Sempre fui favorável à justiça no campo e à reforma agrária em terras improdutivas, mas isso não se faz desrespeitando-se a lei, o direito

à propriedade, e utilizando-se de mecanismos como a violência e a intimidação.

Essas atitudes devem ser repudiadas e combatidas com vigor, em nome do respeito

474 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 aos direitos civis e ao Estado Democrático. Como disse o próprio Presidente Lula, notório defensor da justiça no campo, “reforma agrária não se faz na marra”. É preciso, no entanto, que S.Exa. transforme essa retórica em ação de Governo, para coibir a intolerável ilegalidade praticada hoje pelo Movimento dos Sem-Terra.

A omissão das forças oficiais serve como estímulo a outros movimentos, como já ocorre em São Paulo com o Movimento dos Sem-Teto. Hotéis e apartamentos em construção são invadidos sem a menor cerimônia, como se fosse a coisa mais normal do mundo, resultado da omissão e da impunidade de que têm desfrutado os invasores de terra. O Governo, quando deixa impune o elemento que invade uma terra que não é sua, dá o aval para que um integrante do Movimento dos Sem-Teto entre na sua casa e passe a dormir na sua cama como se fosse a dele. Amanhã serão os sem carro que nos expulsarão dos nossos automóveis para com eles passearem livremente, como se fossem seus proprietários. Do ponto de vista legal, não há diferença entre esses exemplos.

Os acampamentos irregulares cresceram assustadoramente: 148% apenas nos primeiros 6 meses deste ano. Em todo o Brasil, são mais de 600 mil pessoas acampadas, nada menos do que 1.300 acampamentos irregulares em 22 Estados e no Distrito Federal, uma situação altamente preocupante.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, cumprimento a FAEG, a OCB e a

SGPA pela mobilização que iniciaram em Goiás. Que ela possa ajudar a sensibilizar o Governo. É preciso que as forças oficiais enxerguem esse problema com a preocupação que ele inspira, dando à sociedade uma resposta rápida.

A reforma agrária é importante, desde que feita dentro dos limites da legalidade e com métodos eficientes. Mas, antes da implantação de qualquer

475 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 modelo, é preciso estabelecer normas que impeçam a proliferação das invasões.

Apresentei uma sugestão a esta Casa: um projeto que proíbe o assentamento de famílias que façam parte de acampamentos irregulares. Seria uma forma de inibir a adesão das famílias realmente interessadas em cultivar a terra a esses movimentos que partem para a ilegalidade. Não tenho dúvida de que a reforma agrária é importante para o Brasil, mas ela só alcançará seus objetivos se for enérgica com os fora-da-lei e eficiente na criação de condições para aqueles que realmente querem a terra para produzir.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, já estive nesta tribuna para falar do vigor econômico e dos encantos naturais de Chapadão de Céu, cidade situada no extremo sudoeste de Goiás, na divisa com o Mato Grosso do Sul, e agora, às vésperas de seu aniversário de fundação, não poderia deixar de homenagear mais uma vez aquele próspero Município, que me adotou como filho.

Amanhã, 21 de agosto, a concretização do maior sonho do saudoso Alberto

Rodrigues da Cunha completa 21 anos. São 2 décadas de vitórias, de desenvolvimento, de eficiência nos serviços públicos, de qualidade de vida para a população e muitas alegrias.

Chapadão do Céu, Município que, de acordo com a Organização das Nações

Unidas, tem o maior Índice de Desenvolvimento Humano entre os do Estado e é um dos 100 maiores do Brasil, é hoje um oásis de prosperidade e beleza no interior deste País. A juventude não o impede de ser atualmente o maior produtor brasileiro de girassol e oscilar entre o terceiro e o quinto lugar no ranking dos Municípios goianos que mais produzem grãos, com destaque para a soja e o milho. E com sua

476 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 imensa vocação para o ecoturismo e o turismo rural, Chapadão do Céu é um dos principais portais de entrada para o Parque Nacional das Emas.

Algumas cidades nascem de um feliz acaso. Chapadão do Céu surgiu do desejo e da coragem de Alberto Rodrigues da Cunha, e fortaleceu-se graças ao trabalho de seus pioneiros habitantes. No início da década de 80, motivado pelo desprendimento, Alberto Rodrigues decidiu compartilhar toda a beleza daquelas terras com outras pessoas, e pediu à arquiteta Marta Garcia Cunha, sua filha, que projetasse o loteamento que deu origem ao Município. Em poucos anos, o projeto, que começou com algumas casas, um posto de gasolina, um poço semi-artesiano, um reservatório de água e a Usina Hidrelétrica do Rio Formoso, transformou-se em uma cidade bonita, moderna, agradável, dotada de toda a infra-estrutura básica.

Ainda em 1982, o lugar ganhou sua primeira escola, denominada Fruto da Terra; 2 anos depois foi construído o primeiro posto de saúde, e em 1985 o primeiro armazém graneleiro.

Os produtores rurais e os empresários locais desempenharam um papel fundamental para a consolidação do Município, especialmente com a Associação

Pró-Desenvolvimento de Chapadão do Céu, criada em 1987. A emancipação política tornou-se uma conseqüência inevitável de todo aquele dinamismo econômico e social. Em 1991 foi assinado o decreto que desmembrava Chapadão do Céu de

Aporé, mas apenas em 1993, com a posse do primeiro Prefeito, Alberto Rodrigues da Cunha, deu-se a instalação oficial do Município.

Sob o comando de seu fundador, Chapadão do Céu passou a viver um período de intenso e acelerado desenvolvimento, que perdura até os dias atuais. Os sucessores de Alberto Rodrigues da Cunha mantiveram com brilhantismo o ritmo de

477 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 realizações. Pedro Guerrini, Joênio Alves de Araújo e atualmente Eduardo Peixoto souberam administrar com planejamento e probidade absoluta, estimulando a vocação local para o turismo e a agricultura, dotando o Município da infra-estrutura necessária e priorizando o atendimento aos menos favorecidos. Graças ao trabalho de todos eles, hoje Chapadão do Céu tem 100% do seu esgoto tratado, usina de reciclagem de lixo e todas as suas crianças na escola.

Merece destaque a administração ecologicamente correta, moderna e arrojada de Eduardo Peixoto. Digno do comando dessa belíssima cidade, marcada por uma arquitetura dinâmica e criativa e por uma arborização ostensiva, Eduardo

Peixoto tem feito vultosos investimentos em saúde e educação, visando à melhora da qualidade de vida da população. O Projeto Florescer, que, por meio de atividades como artes, artesanato e esportes, mantém mais de 200 crianças longe das ruas, é um dos frutos do senso de responsabilidade social aguçado de tão valoroso Prefeito.

Aproveito a oportunidade para cumprimentar os habitantes de Chapadão do

Céu, seus pioneiros, produtores rurais, empresários e valorosos líderes, pela coragem de trabalhar diuturnamente na construção de seu paraíso terreno. Saibam que poderão sempre contar com minha atenção e meu empenho.

Aos presentes, que ainda não tiveram o prazer de conhecer tão belo

Município, fica o convite: visitem Chapadão do Céu.

Encerro este pronunciamento usando a frase escrita de improviso na placa da primeira escola do Município, que resume tudo que aqui foi dito: “Maravilhoso é o sonho que se torna realidade”.

Muito obrigado.

478 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. COSTA FERREIRA (PFL-MA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero manifestar minha dor e meu sentimento de pesar às famílias das vítimas do atentado terrorista ocorrido ontem em Bagdá,

Capital do Iraque, em especial à família do embaixador brasileiro Sérgio Vieira de

Mello. E meu repúdio ao terrorismo e a toda sorte de violência.

O saldo aterrador que registrou até ontem, segundo os noticiários, vinte mortos e uma centena de feridos, deu seqüência ao círculo vicioso que torna a vida humana insignificante.

Entre as vítimas inocentes estava o embaixador Sérgio Vieira de Mello, de 55 anos, enviado especial da ONU ao Iraque. Ele se notabilizou pelo excelente trabalho desenvolvido em áreas deflagradas e como a melhor opção em meio à discórdia. No

Kosovo, sua gestão imparcial e agregadora foi de vital importância à manutenção da ordem, num quadro de grave instabilidade, depois do banho de sangue promovido pela campanha Sérvia de “limpeza étnica”. No Timor Leste, o cenário também era grave: massacres promovidos por milícias indonésias armadas, êxodo em massa das populações urbanas assombradas, saques constantes e total falência administrativa, desencadeada pela proclamação de independência do Timor Leste da Indonésia.

Vieira de Mello arregimentou forças que permitiram à nova nação dar com segurança seus primeiros passos de independência. Concluiu bem a transição político-administrativa que evoluiu para o governo legitimamente eleito do nativo

Xanana Gusmão.

Para o Iraque, portanto, o nome de Sérgio Vieira de Mello figurava como a opção mais recomendável. As páginas recentes de seu curriculum histórico, que fez

479 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 coro ao testemunho de amigos e colegas de profissão, atestam sua competência.

Infelizmente, a sanha sanguinária dos terroristas cegou-os para essa realidade.

Vieira de Mello foi confundido com o embargo ao Iraque e, talvez, como agente infiel a ser eliminado — uma convicção comum no discurso dos terroristas.

Os iraquianos perderam, com a morte do embaixador brasileiro, o melhor instrumento para seu recomeço. O Brasil, um dos mais expressivos cidadãos fora do mundo esportivo. Que sua morte, no holocausto dos escombros da sede da ONU, sirva para uma evolução humana em meio a essa violência sem propósito.

Muito obrigado.

480 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. BISMARCK MAIA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Leônidas Cristino) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. BISMARCK MAIA (PSDB-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, impõe-me o dever de justiça registrar minha alegria em ver V.Exa. na

Presidência dos trabalhos desta Casa, pois também representa o povo do Ceará, mais especificamente a zona norte do Estado, o nosso querido Município maior,

Sobral, e certamente poderá dirigir os destinos daquela cidade muito em breve, se

Deus quiser.

Outro assunto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados. Uma danosa ação contra os interesses dos produtores brasileiros de caju está prestes a ser perpetrada. Corre esse segmento extremamente ativo da economia brasileira, em especial da Região Nordeste, cujo produtor mais importante é o Estado do Ceará, um sério risco. O perigo de assistir à exportação in natura de castanha de caju, matéria-prima que, por mais absurdo que possa parecer, vai abastecer, inclusive, países que concorrem diretamente com o Brasil, como a Índia e o Vietnã.

Se essa ameaça de fato se concretizar, o Brasil vai perder competitividade no mercado mundial. Essa história, no entanto, não é nova para aqueles que vivem da produção agrícola. Conhecem-na, e profundamente, os produtores de café.

Tornou-se o Brasil um fornecedor, no passado, do melhor arábica do mundo, exportado in natura para os grandes atravessadores do mercado mundial.

Empresários que, conscientes de que melhor do que produzir e exportar em bruto é beneficiar o produto, agregar valores, atingiram níveis absurdos de lucratividade; enquanto o cafeicultor brasileiro continua a lutar com imensas dificuldades.

481 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

É uma equivocada estratégia de comercialização estimular a exportação de matéria-prima. Principalmente por parte de um setor que tem consistência e relevo em nossa pauta de exportação. E, também, por sua notável capacidade de absorção de mão-de-obra primária.

Por isso, encareço, Sr. Presidente, ao Ministro Luiz Fernando Furlan que determine aos técnicos do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Exterior realizar o melhor dos seus esforços para reavaliar o assunto.

Afinal, terá início, em setembro, a safra do caju, e se não for revertida a decisão que vai possibilitar enormes lucros a quem não produz, a quem, na verdade, se beneficia do esforço do produtor nordestino, estaremos voltando a incidir em um pecado que o Brasil já cometeu e que não legou ao País, de fato, nenhum benefício.

Era o que tinha a dizer.

482 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (Leônidas Cristino) - Concedo a palavra ao Deputado

Eduardo Gomes.

O SR. EDUARDO GOMES (PSDB-TO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a reforma tributária tem sido responsável por críticas injustas aos Governadores brasileiros. A culpa é do Governo Federal, que insiste num modelo que atende seus interesses, mas impõe sacrifícios a Estados e

Municípios.

As reivindicações dos Governadores acabam sendo mal interpretadas. É lamentável, porque eles estão lutando por uma reforma tributária melhor para todos os brasileiros.

Os Governadores não são ambiciosos. Não se trata de aumentar a fatia no bolo dos impostos. Eles não defendem seus próprios interesses. O que os

Governadores querem é estancar a sangria na arrecadação dos Estados. Uma sangria imposta unicamente pelo Governo Federal. Em 1988, 80% dos recursos arrecadados pela União eram compartilhados com Estados e Municípios. Apenas

20% do que a União arrecadava eram isentos de partilha. Quinze anos depois, apenas 47% são compartilhados. A União agora embolsa 53%. São duas vezes e meia o que arrecadava em 1988.

A carga tributária correspondia, naquele ano, a 24% do PIB. Hoje, chega a

36%. Novos tributos criados sob a rubrica de "contribuições" estão na origem dessas distorções. Eles não são compartilháveis, e estão portanto excluídos da receita a ser rateada.

A última grande má notícia para os Estados está na redução do percentual de cobrança do IPI dos automóveis. Afetou-se a receita de Estados e Municípios

483 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 quando se poderia conceder o benefício com a redução da COFINS. Só a União seria impactada.

Moral da história: os Governadores brasileiros não são os vilões; são as vítimas. A arrecadação da União cresceu demais, e a de Estados e Municípios despencou. O Presidente Lula é o primeiro a reconhecer que eles estão quebrados.

A reforma tributária em discussão manipula a cobrança do ICMS. Ela sugere uma legislação única, que reduz de 44 para 5 as alíquotas do imposto, e retira dos

Governadores a autonomia de legislar sobre um tributo estadual. O pretexto é o de sempre: acabar com a "guerra fiscal".

É um pretexto surrado para uma desculpa esfarrapada.

Outra proposta é a de manter a Desvinculação da Receita da União, que torna 20% das receitas inacessíveis ao compartilhamento. São incluídos também tributos legalmente vinculados, como os destinados à saúde e à educação.

Uma terceira proposta é transformar a CPMF em imposto permanente, com alíquota idêntica à cobrada atualmente.

Diante de um quadro que torna as dificuldades ainda mais agudas, o mínimo que os Governadores poderiam propor era que a CPMF passasse a ser compartilhada. O Governo Federal resiste, fala grosso. A questão é que, se a CPMF não se tornasse permanente, a receita que arrecada deixaria de existir em 2004.

Neste caso, por que não dividir o que agora se tornará real e definitivo? Por que não dividir hoje o que amanhã estaria fadado a desaparecer?

O Governo fala em Fome Zero e em recursos para a área social. É muito nobre. Neste caso, até se poderia pensar em abrir mão desta ou daquela receita.

Não seria novidade, porque é o que mais têm feito Estados e Municípios. Mas e

484 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 quando os recursos são usados para produzir superávit primário? E quando os recursos têm como objetivo o aplauso do FMI? E quando os recursos se destinam a cobrir os custos recordes dos juros das dívidas interna e externa?

A verdade é que Estados e Municípios não podem mais depender da caridade do Governo Federal. Caridade é coisa nobre. Assistência é coisa nobre. Mas nobre

é caridade com os necessitados, com os famintos, com os miseráveis. Caridade com o FMI é uma coisa. Caridade para pagar juros obscenos é outra. É caridade com o chapéu alheio para quem não merece. Os Governadores não querem o aplauso do

FMI ou da comunidade financeira internacional. Esses apoios até são importantes, mas os governadores e o Congresso Nacional precisam é do aplauso de sua gente.

É para eles que se deve olhar.

Tirar receita dos Estados é um crime contra a economia popular. É impedir o

Executivo de realizar programas com os quais se comprometeu. É trafegar na contramão do social.

O Governo Lula acaba de produzir o maior superávit primário da história do

Brasil, e ele ainda é insuficiente para pagar os juros praticados no País.

O Congresso Nacional e os Governadores também esperam, como toda a sociedade, pela redução expressiva dos juros. Se o Banco Central reduzir em 1% a taxa de juros, economizará os 6 bilhões de reais que Estados e Municípios teriam direito a repartir se o Governo Federal aceitasse compartilhar a CPMF.

Um pouco de bom senso não faria mal neste momento. Olhar para o próprio umbigo nunca é bom. Principalmente quando este umbigo é o de um governo supostamente ancorado no social. Está na hora de provar que o social é mais do que uma ferramenta de marketing. Está na hora de olhar para o conjunto da

485 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 população, para Estados e Municípios que vivem hoje à beira da insolvência. Ou se faz isso agora, ou será muito tarde.

O Congresso Nacional tem a responsabilidade de produzir este alerta e de se associar à angústia de Governadores e Prefeitos em todo o Brasil. Todos viemos de um Estado ou Município aos quais devemos nossos mandatos e nossa lealdade.

Isso está acima de diferenças político-partidárias. A reforma tributária que aí está não serve para o Brasil. Vamos lutar para mudá-la. Em nome do povo brasileiro.

Por último, Sr. Presidente, solicito a V.Exa. a transcrição nos Anais desta

Casa de artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo, de autoria do Governador de

Sergipe, João Alves Filho, muito bem escrito, que aborda de forma transparente para a população brasileira que a reforma deve ser para todos os brasileiros, e não apenas uma reforma que reforce o poder do Governo Federal de arrecadar impostos

à custa do povo brasileiro.

Muito obrigado.

ARTIGO A QUE SE REFERE O ORADOR

486 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINAS 487 A 487-B)

487 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. GONZAGA PATRIOTA (PSB-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, uma das principais características de nossa gente é sua religiosidade. A religião cristã católica cultivada por grande parte da população brasileira é um forte elemento de coesão de nossa gente pacífica e trabalhadora. Por toda parte onde passamos neste grande País vemos as manifestações de fé de nosso povo, unido em uma mesma religião cristã, com manifestações variadas e múltiplas que enriquecem e enaltecem nossa cultura com diversidade, mas também com harmonia e respeito.

Dentro desse espírito saúdo a Diocese de Petrolina pela organização das festividades que dão início ao jubileu de 80 anos da fundação da Diocese de

Petrolina e de 75 anos de construção da Catedral, tão importante para a devoção das famílias. Ressalto sobretudo as homenagens que são diariamente feitas à

Padroeira local, Nossa Senhora Rainha dos Anjos. É maravilhoso ver, Sr.

Presidente, como o local de culto é freqüentado pelo grande e pelo humilde, pelo culto e pelo iletrado. Ali todos são bem recebidos, todos são iguais, todos são irmãos, todos ouvem a mesma palavra que deve ser praticada em todos os outros espaços da sociedade.

É preciso lembrarmos também do maravilhoso trabalho realizado por todas as pastorais, movimentos eclesiásticos e sociais, grupos de oração, pelos poderes constituídos de toda a sociedade petrolinense, bem como por todas as famílias católicas.

Nossa homenagem sincera e fraterna a toda a comunidade católica de

Petrolina na pessoa de seu Bispo, Dom Paulo Cardoso da Silva, um verdadeiro

488 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 pastor das ovelhas, cujo lema é Evangelizare Pauperibus (evangelizar os pobres), e que tem feito um belo trabalho em nome do Grande Pastor, Jesus Cristo.

Era o que tinha a dizer.

489 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PAULO FEIJÓ (PSDB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na condição de Deputado Federal, tenho o compromisso de acompanhar atentamente os rumos do País, principalmente no que se refere ao processo econômico, e, com igual preocupação, verificar a implementação de programas por parte do Governo Federal que se disponham a intervir, de forma positiva, na melhoria da qualidade de vida dos brasileiros.

Consideramos, Sr. Presidente, que o Governo Federal ainda não conseguiu efetivamente imprimir uma marca particular que possa identificar o atual mandato, notadamente no que se refere às agendas social e econômica do Brasil. As iniciativas até aqui dotadas não representam potencial de transformação da realidade brasileira, pelo menos em curto prazo, e não sensibilizam a sociedade, por não trazerem em seu bojo o mesmo contexto de transformação com o qual o PT massificou a população, durante todo o período em que esteve na Oposição e no decorrer da campanha eleitoral de 2002.

Nos últimos dias, assistimos ao surgimento de várias declarações do

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que alega ser possível para o Brasil encerrar o segundo semestre de 2003 dentro do que se convencionou chamar, nas rodas palacianas, de “espetáculo de crescimento”. Trata-se de afirmação de otimismo que gostaríamos que se materializasse em resultado positivo para o País, na medida em que, como cidadão brasileiro não posso me furtar a torcer pelo êxito da administração federal, em benefício da sociedade, que está desejosa de que se tenha início, realmente, o processo de recuperação da economia nacional.

Na condição de Deputado, com origens arraigadas no interior do Estado do

Rio de Janeiro, tenho pleno conhecimento do quanto é importante para a vida de

490 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 centenas de milhares de pessoas que estas possam contar com o apoio do Governo

Federal, em parceria com entidades filantrópicas, com Prefeituras Municipais, para que se tornem concretos projetos nas áreas, por exemplo, de saúde, de educação, ou para realização de investimentos em saneamento e em infra-estrutura.

As verbas federais, em grande parte, são necessárias, na forma de contrapartida ou de aporte principal, para que as Prefeituras de menor capacidade de arrecadação, com menor estrutura financeira, consigam viabilizar atendimentos fundamentais às suas populações. Este tipo de presença da União nas comunidades não representa favor, é bom que se registre, mas obrigação do Estado para com o munícipe, que paga seus impostos e contribui com o desenvolvimento da Nação.

O cidadão comum quer que os postos de saúde ligados ao SUS de seu

Município prestem serviços de qualidade; quer ter assegurado o acesso para seus filhos, para sua família, a uma rede pública de atendimento à saúde, sem desejar saber se ela é viabilizada por recursos de ordem federal, estadual ou municipal. Isso

é um direito que lhe cabe e sobre o qual não é preciso identificar responsáveis para que seja exercido.

Entretanto, é preciso destacar com certa apreensão a informação divulgada por veículos de comunicação de respeitabilidade no País e que aponta para um corte dramático do Governo em investimentos na área social, principalmente com o contingenciamento de recursos, tendo em vista o cumprimento de acordos assumidos com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

O Governo Federal está retendo recursos importantes que deveriam ser aplicados na área social, adotando a argumentação do controle da estabilidade econômica, mas com uso de referências extremamente recessivas, que podem

491 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 afetar o desempenho da cadeia produtiva nacional, com ondas de recessão ainda mais intensas do que as sinalizadas até agora. A contenção dos investimentos nasce do compromisso do Governo do PT em alcançar, ao final de 2003, superávit de 4,5% do PIB.

A opinião externada neste pronunciamento nasce da observação do fato de que o empresariado brasileiro, o micro e o pequeno empreendedor passam por um período crítico, em que são forçados a registrar perdas incomparáveis de ordem financeira, o que requer ação imediata do Governo Federal, no sentido de estabelecer incentivos para a retomada do desenvolvimento.

Era o que eu tinha a dizer.

492 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. DR. HÉLIO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Leônidas Cristino) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. DR. HÉLIO (PDT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, em primeiro lugar, quero associar-me aos oradores que me antecederam nas manifestações de pesar pelo falecimento do Sr. Nelson Schincariol

— um trágico episódio que é do conhecimento de todo o Brasil — e nos votos de solidariedade aos familiares do empresário.

A mesma comoção que se abate sobre a cidade de Itu e arredores verifica-se em Campinas, onde assistimos ao crescimento da violência, com novos casos de seqüestro a cada dia. Campinas está cansada de estar nas páginas policiais, de ser conhecida como uma das capitais do seqüestro.

É por isso que chamo a atenção das nossas autoridades federais, estaduais e municipais para a necessidade de maior combate ao crime organizado. Temos um

índice de homicídios cada vez maior na nossa região, e cito, com pesar, essa última ação na região de Itu, que levou a vida de um empresário de reconhecido valor.

Era o registro que tinha a fazer, chamando a atenção das nossas autoridades para o aumento da violência na região de Campinas.

493 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (Leônidas Cristino) - Concedo a palavra ao nobre

Deputado Nilson Mourão.

O SR. NILSON MOURÃO (PT-AC. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero registrar nos Anais desta Casa importante encontro realizado no último domingo, dia 17 de agosto, em Rio Branco, no Acre, por iniciativa deste Parlamentar, em parceria com o Movimento Fé e

Política e com o Movimento Político pela Unidade.

Sob o tema A Fraternidade na Política, cristãos ligados a várias denominações religiosas que militam em diversos partidos políticos se reuniram num fórum para discutir a participação e a contribuição dos cristãos no mundo da política.

Participaram dos debates cerca de 80 pessoas, representantes de diversas entidades do movimento social e do Estado.

O Movimento da Unidade, expressão político-social do Movimento dos

Focolares, ligado à Igreja Católica, foi representado pelas Sras. Márcia Baraúna

Pinheiro, da Coordenação Nacional, sediada em Vargem Grande Paulista, São

Paulo, e Maria de Nazaré Marques, da Coordenação da Região Norte, com sede em

Manaus, Amazonas.

O encontro, de caráter estadual, foi preparativo ao III Encontro Nacional do

Movimento Fé e Política, que acontecerá nos dias 20 e 21 de setembro, em Goiânia, com a participação, entre outras autoridades, da Ministra do Meio Ambiente, Marina

Silva, e do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Nessa oportunidade, militantes cristãos de todo o Brasil estarão reunidos para celebrar a dimensão política da fé, fortalecendo a caminhada rumo à construção de uma sociedade justa e solidária.

494 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Entre as decisões tomadas no último final de semana, ficou acertada a participação de alguns companheiros que representarão o Acre no III Encontro, em

Goiânia.

Sr. Presidente, na condição de homem de fé, cristão católico, de formação espiritual e política oriundos das Comunidades Eclesiais de Base, tenho mandato reconhecidamente identificado com a luta dos movimentos sociais e dos cristãos do meu Estado, porque acredito nas potencialidades libertadoras do Evangelho de

Jesus, como caminho capaz de realizar as aspirações mais profundas do homem.

Minha militância nos movimentos sociais e na política foi despertada pelas mensagens do Evangelho. Dessa forma, venho atuando e incentivando a participação dos cristãos na vida partidária, inclusive com candidaturas, que podem ampliar nossas forças no combate à exclusão social e na construção de uma sociedade que garanta oportunidades iguais, paz, justiça e harmonia entre os homens.

Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que determine a divulgação deste pronunciamento pelos meios de comunicação da Casa.

Era o que tinha a dizer.

495 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. CORONEL ALVES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Leônidas Cristino) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. CORONEL ALVES (Bloco/PL-AP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, venho a esta tribuna neste momento para registrar, com muita satisfação, que amanhã, na cidade de Belém do Pará, acompanharemos a comitiva do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva na solenidade de posse dos novos dirigentes da Agência de Desenvolvimento da Amazônia — ADA, criada para substituir a SUDAM. O órgão será importante para o desenvolvimento da região amazônica.

Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que autorize a divulgação do meu pronunciamento nos meios de comunicação da Casa e no programa A Voz do Brasil.

496 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (Leônidas Cristino) - Concedo a palavra ao Deputado

Zezéu Ribeiro.

O SR. ZEZÉU RIBEIRO (PT-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, mais uma vez dirijo-me a este Plenário para denunciar o desvio de recursos públicos em proveito próprio, por meio da prática recorrente de improbidade administrativa, da corrupção e da total ausência de transparência no trato da coisa pública.

Refiro-me, Sr. Presidente, ao Prefeito de Conceição do Coité, na Bahia, o Sr.

Wellington Passos de Araújo, do PFL, que, conforme matéria divulgada pelo jornal A

Tarde, de Salvador, edição de 18 de agosto de 2003, financiou a construção de uma fábrica para a sua própria família com recursos públicos do Município e incentivos do

Governo do Estado. A inauguração da fábrica contou inclusive com a participação do

Governador Paulo Souto.

No momento em que esta Casa está debruçada sobre as reformas de que o

País necessita para voltar a crescer com distribuição de renda, quero ressaltar, Sras. e Srs. Parlamentares, que a fiscalização e o combate à corrupção são pré-requisitos para o uso correto dos recursos públicos. Se hoje faltam recursos para educação, saneamento, estradas etc., em Conceição do Coité um dos maiores responsáveis por isso é a própria administração municipal, que assalta os cofres públicos.

A matéria do Jornal A Tarde relata que tudo começou no ano de 2000, quando uma área de 6 hectares foi desapropriada pelo então Prefeito Ewerton Rios de Araújo Filho, primo de Wellington Passos de Araújo, o atual Prefeito. Na época, a

Prefeitura indenizou os proprietários da área desapropriada, alegando que nesse terreno seriam construídas casas populares para beneficiar centenas de famílias

497 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 carentes da região do sisal. Resumindo, Sr. Presidente, esse projeto foi engavetado e o terreno foi doado para 2 fábricas: a Via Uno, de calçados, e a Cotesi, têxtil, sendo essa última de propriedade do pai do atual Prefeito, do próprio Prefeito e de seus irmãos.

Documentos disponíveis comprovam a apropriação de bens da Prefeitura, que incluem não apenas o terreno, mas também os recursos para custear a construção da fábrica. Só de terraplanagem foram gastos R$ 378 mil. A informação que temos é de que o custo total da fábrica foi de R$ 4 milhões, dos quais mais de

R$ 3 milhões vieram do Governo estadual. Portanto, Srs. Parlamentares, trata-se de um caso clássico de desvio dos recursos públicos e de uso do poder político em proveito particular.

Não temos dúvidas, Sr. Presidente, de que estamos diante de um caso que requer a cassação do mandato do Prefeito e, a fim de que se restabeleça o correto uso do dinheiro público, a imediata devolução ao Erário dos recursos desviados.

Para tanto, as lideranças políticas locais, com amplo apoio da sociedade, estão representando junto ao Ministério Público para que se instaure uma ação civil pública objetivando resguardar os recursos do Município e do Estado da Bahia.

Por fim, Sr. Presidente, no cumprimento dos meus deveres como Parlamentar, estarei acompanhando mais esse caso de corrupção, conclamando meus pares para se somarem no trabalho de erradicação da corrupção, a fim de construirmos um País em que a gestão pública se paute pela transparência, pela eficiência e pela correta aplicação dos recursos públicos na solução dos graves problemas do nosso povo. Muito obrigado.

498 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. SERAFIM VENZON (PSDB-SC. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, a atividade agropecuária pinta de ouro a coroa do Governo Fernando

Henrique, quando houve um incremento extraordinário da agricultura e da pecuária.

O grande aumento das exportações, seja da soja, do milho, do frango, seja da carne suína depende muito de tarifas e do empenho fitossanitário do Governo. Por isso tenho certeza de que o Ministério da Agricultura também continuará a se empenhar para que o Brasil possa exportar. Tenho certeza de que cada dólar exportado significa, acima de tudo, empregos para mais pessoas aqui.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, embora as exportações mundiais de carne estejam aumentando, o Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) também identificou o crescimento paralelo das restrições impostas pelos maiores mercados importadores do produto. Estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos indicam o crescimento de 4% nas exportações mundiais de carne bovina em 2003, comparado ao ano 2002, passando para 6,62 milhões de toneladas em equivalente carcaça. No entanto, dois grandes importadores, Rússia e Japão, estão criando obstáculos às compras externas do produto, impondo quotas tarifárias e aumentando as alíquotas de importação.

A previsão do USDA para as importações japonesas, este ano, é de 850 mil toneladas em equivalente carcaça, o que significa 25% de aumento sobre o volume importado em 2002, totalizando 40% da elevação das compras mundiais de carne bovina em 2003.

As fortes importações no primeiro trimestre do ano fiscal 2003/2004 levaram o

Japão a impor medidas de salvaguarda, a partir de 1º de agosto de 2003 e até 31 de

499 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 março de 2004, elevando o imposto de importação de 38,5% para 50%. As importações japonesas de carne bovina in natura fresca/refrigerada superaram as

63,5 mil toneladas no primeiro trimestre do ano fiscal, mas a medida deverá reduzir as compras externas até o final do ano.

Quanto às importações de carne congelada, o volume ainda não ultrapassou o nível que dispara o gatilho das medidas de salvaguarda e permanecerão com alíquota de 38,5%.

A restrição imposta pelo Governo japonês deverá provocar aumentos no preço do produto, dificultando o crescimento das compras externas. Apesar da reação dos países exportadores, o Japão alegou que a decisão está de acordo com as normas da OMC.

O Governo russo estabeleceu, a partir de abril, a implementação de quota tarifária para importação de carne bovina, fixada em 420 mil toneladas, com cobrança de imposto de 15%, não inferior a 150 euros por tonelada. Importações acima da quota tarifária estão sujeitas à tarifa de 60%, não inferior a 600 euros por tonelada.

A quota tarifária para importações de carne bovina congelada deve vigorar até

2010. Para maio a dezembro de 2003, a quota foi fixada em 315 mil toneladas, sendo 90% alocados aos importadores com base no volume importado entre

2000/2002 e os 10% restantes para leilões abertos.

As exportações brasileiras de carne bovina para a Rússia alcançaram US$

45,9 milhões em 2002. De janeiro a junho de 2003, as vendas atingiram US$ 34,6 milhões, devendo fechar o ano em cerca de US$ 70 milhões.

500 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

A quota tarifária para carne bovina da Rússia é livre, podendo ser disputada pelos exportadores, beneficiando o Brasil, que tem forte competitividade frente à

União Européia.

De janeiro a julho, as vendas externas de carne bovina in natura e industrializada somaram US$ 765,7 milhões, com um aumento de 31,3% sobre o mesmo período de 2002. Em volume, as vendas externas totalizaram 726,5 mil toneladas, com aumento de 44,3%. Os preços médios da carne bovina in natura, em julho, foram de US$ 1.893 por tonelada, superiores em 22% à média de janeiro, que foi de US$ 1.549. No caso da carne industrializada, o aumento do preço médio, no mesmo período, foi de 8%, subindo para US$ 2.046 por tonelada.

Por último, Sr. Presidente, quero informar a V. Exa. e aos demais membros desta Casa que, às 15h, a Frente Parlamentar da Saúde reúne-se para discutir os efeitos do veto ao § 2º do art. 59, cujo efeito prático é a diminuição dos investimentos na saúde.

Era o que tinha a dizer.

501 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. ZÉ GERALDO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Leônidas Cristino) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ZÉ GERALDO (PT-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, com muita honra, quero registrar nesta Casa que amanhã farei parte da comitiva do Presidente da República que estará em Belém para anunciar a recriação da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia. Recriaremos a SUDAM para coordenar o planejamento na Amazônia e investir recursos na área econômica e social de que aquela região tanto precisa.

O Presidente Lula também visitará a Nova Amafruta, empresa que estava falida, mas que daqui a 2 anos beneficiará 4 mil famílias que produzirão frutas.

Transformaremos aquela região no maior pólo de fruticultura do Estado do Pará.

Precisamos aproveitar as frutas da Amazônia, além das já produzidas no Estado do

Pará.

O SR. PRESIDENTE (Leônidas Cristino) - A Mesa divulgará o pronunciamento de V.Exa. nos meios de comunicação da Casa.

502 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (Leônidas Cristino) - Concedo a palavra ao Deputado

Milton Cardias.

O SR. MILTON CARDIAS (PTB-RS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, conviver com a dura realidade do aumento nos

índices de violência tem sido infeliz constante da nossa geração. Já me manifestara em outras ocasiões alertando as autoridades sobre alguns dos motivos que tem levado a essa situação, pois várias são as origens e as formas da prática da violência entre nós. Uma delas tem sido o anúncio escandaloso da oferta de sexo publicado abertamente por muitos jornais brasileiros que tem como vítimas as nossas crianças e adolescentes.

Devemos atentar com muita seriedade para essa circunstância, Sr.

Presidente, pois constitui função institucional do Ministério Público da União a defesa dos direitos e interesses coletivos, especialmente da criança e do adolescente, cabendo-lhe também zelar pelo efetivo respeito dos serviços de relevância pública e dos meios de comunicação social aos princípios, garantias, condições, direitos, deveres e vedações previstos na Constituição Federal e na lei relativos à comunicação social (art. 5º, incisos III, “e”, e IV, da Lei Complementar n.º

75/93).

É competência também do Ministério Público da União promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos interesses individuais indisponíveis, difusos e coletivos, inclusive os relativos à criança e ao adolescente, nos termos do art. 6º, VII, “c”, do Estatuto dessa instituição.

Na propositura da ação fundada nos arts. 201, V e VIII, e 212 do Estatuto da

Criança e do Adolescente, deve-se, portanto, atentar-se para a condição peculiar da

503 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 criança e do adolescente, procurando-se evitar que a personalidade deles sofra influências indevidas que possam ocasionar, no futuro, indesejáveis desvios de caráter.

Diante desse quadro, parece-nos inequívoco que os jornais publicados no

País têm desobedecido aos mandamentos do Estatuto da Criança e do Adolescente, ao permitirem que o Caderno de Classificados veicule textos de livre acesso ao menor, com teor provocativo e estimulador do sexo fácil, levando muitas crianças à utilização do telefone para satisfazer o interesse despertado, já que são comuns os anúncios de “favores sexuais”.

Tal situação a que não raro são expostos nossos adolescentes tem gerado intensa preocupação por parte dos pais, porque seus filhos, ainda em estágio incompleto de desenvolvimento, são colocados em contato com um mundo de inúmeros riscos, inclusive para a sua saúde mental e física.

Aliás, a conduta de tais jornais, ao veicularem referidas publicações sem qualquer restrição ao seu acesso, parece subsumir-se ao tipo previsto no art. 78 da

Lei n.º 8.069/90, que trata da prevenção especial relativa ao lazer e à cultura e dispõe:

“Art. 78. As revistas e publicações contendo

material impróprio ou inadequado a crianças e

adolescentes deverão ser comercializadas em

embalagem lacrada, com a advertência de seu conteúdo”.

Ademais, é proibida a venda à criança ou ao adolescente de revistas e publicações a que alude o art. 78, conforme determina o art. 81, inciso V, do

Estatuto da Criança e do Adolescente.

504 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Ao infringir tais normas, estão os editores de jornais a praticar infração administrativa sancionada pelo art. 257 desse Estatuto, sujeitando-se à pena de multa de até 20 salários de referência, podendo a mesma ser duplicada em caso de reincidência, sem prejuízo da apreensão da revista ou publicação.

Do exposto, Sr. Presidente e nobres pares desta Casa de Leis, informo-lhes que encaminhei ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios representação noticiando tais Irregularidades, e espero, como cidadão e pastor evangélico, sejam apurados os fatos mencionados e tomadas as providências pertinentes para que cesse tal prática e restem observadas as disposições da Lei n.º 8.069/90.

Em nome dos bons costumes e apetecendo por um Brasil feliz, repleto de valores morais, com um futuro sem violências e seguro às nossas crianças, agradeço a atenção de todos desejando que Deus, em Cristo Jesus, nos abençoe.

Meu muito obrigado.

505 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. NELSON BORNIER (PSB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a economia popular, sustentáculo das populações de baixa renda, continua sofrendo duros golpes no seu dia-a-dia graças aos desacertos da política governamental voltada para os mais diferentes setores de atividades, na maioria dos casos sem o mínimo conhecimento da realidade brasileira.

Isso, Sr. Presidente, apesar dos constantes anúncios feitos pelo Governo dando conta de que a inflação está sob controle, de que o Brasil tem uma economia estável e outras formas de convencimento que não conferem com o orçamento familiar de cada um.

De nada adiantam estatísticas oficiais indicando que a inflação no mês está abaixo do esperado, assim como as de que a do semestre passado não passou de um percentual imaginário, quando, em verdade a situação é bem outra.

Sobem os preços dos combustíveis e, em conseqüência, dos produtos produzidos por aqueles que deles dependem. Ou seja, a corda sempre acaba arrebentando do lado mais fraco.

Como se isso não bastasse, Sr. Presidente, o Governo passado, por conta do descaso, obrigou a população a reduzir o consumo de energia elétrica. Hoje temos o absurdo de constantes majorações na tarifa, como se isso não tivesse reflexo negativo na população como um todo.

Ora, Sr. Presidente, não nos esqueçamos de que a tarifa de energia elétrica aumentou, nos últimos sete anos, mais de 140%, o que corresponde a mais ou menos 20% por ano.

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Agora temos mais uma contradição em que se envolvem os tecnocratas da administração pública, que estão definindo um novo modelo institucional para o setor elétrico do País. Mas temos um pequeno problema, Sr. Presidente.

Com este novo modelo proposto, o Ministério de Minas e Energia enfrentará grandes riscos, dos quais o primeiro é a inadimplência. Não é preciso ser um experto para saber que nossa carga tarifária do setor elétrico é elevada.

E o pior, Sr. Presidente, é que o tal novo modelo não prevê qualquer alteração deste quadro.

Sr. Presidente, concordamos plenamente com a preocupação das autoridades na busca de soluções que procurem amenizar nossos problemas no setor energético, principalmente num país como o nosso, onde mais se desperdiça energia elétrica. Mas os resultados iniciais precisam ser, de certo modo, alentadores, para que não se use de soluções mais drásticas como o apagão.

Ideal seria, Sr. Presidente — e aqui fica a sugestão —, que os usuários ficassem em primeiro plano, para que não se fique cometendo asneiras contra os direitos do consumidor. Serviço prestado ao público de modo geral é coisa séria e não pode ficar avaliando o consumidor.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. FERNANDO GONÇALVES (PTB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a cidade de Nova Iguaçu estará realizando a

1ª Feira de Reciclagem da Baixada Fluminense e a 7ª Semana de Meio Ambiente, eventos da maior importância porque têm o objetivo de sensibilizar a população para as questões ligadas ao lixo e ao meio ambiente e de propor alternativas para a utilização de material reciclável.

Inaugurada ontem pelo Prefeito Mário Marques, a Feira estará aberta ao público até o próximo domingo, 23 de agosto, com exposição de equipamentos, de artesanato e objetos para casa feitos com vidro, papelão, garrafas pet e outros materiais, além de palestras sobre esse palpitante assunto.

Sr. Presidente, a iniciativa adquire dimensão de caráter nacional, uma vez que estão confirmadas as presenças não apenas do Vice-Governador do Rio de

Janeiro, Luiz Paulo Conde; do gerente de Meio Ambiente da FIRJAN, Luiz Augusto

Carneiro Azevedo; do gerente regional do SEBRAE, Décio Lima; do Coordenador do

Programa de Coleta Seletiva de Belo Horizonte, Itamar Gomes Cabral; de representantes da Associação Brasileira da Indústria de Vídeo, Sefan David, da

Universidade Federal Fluminense, Carmem Lúcia Roquete Pinto e de inúmeras empresas e outras entidades.

Integram a parceria com a Prefeitura Municipal de Nova Iguaçu, na organização do evento, o SESC, em cuja sede se realiza a Feira, o SEBRAE, o

Instituto Nova Iguaçu, a S.A. Paulista e o Carrefour.

É importante destacar também, Sr. Presidente, os temas constantes da pauta do ciclo de palestras e debates: Evolução da coleta seletiva em nível municipal e no

Brasil; Central de Tratamento de Resíduos de Nova Iguaçu, aspectos técnicos e

508 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 ambientais; Experiências para gestão de políticas em reciclagem; Experiências de catadores: o exemplo de Jacutinga; Reciclagem de resíduos da agroindústria com tecnologia limpa.

Uma novidade muito interessante será a apresentação da empresa sueca

MRT Systems, mostrando os riscos de contaminação de mercúrio, diante da prática tão comum de serem jogadas as lâmpadas nos chamados lixões.

Congratulo-me com os idealizadores e organizadores da 1ª Feira de

Reciclagem da Baixada Fluminense, que demonstram a crescente preocupação conjunta do Poder Público e da iniciativa privada em estudar e aplicar as medidas necessárias, mediante o uso de modernas tecnologias, visando melhorar a qualidade de vida em nossas cidades.

Nova Iguaçu e a Baixada Fluminense afirmam-se, com tais iniciativas, na vanguarda desse tema de extraordinária importância para a definição de políticas públicas, de ações governamentais e de empreendimentos do setor privado, que devem obedecer aos princípios do interesse maior da sociedade, qual seja, o bem- estar coletivo.

Estou certo de que esta semana de exposição e de debates a respeito do meio ambiente constituirá um marco não apenas para a Baixada Fluminense e o

Estado do Rio de Janeiro, mas como verdadeira referência para o adequado tratamento de lixo nas áreas urbanas de todo o País.

Era o que tinha a dizer.

509 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. JOSÉ MENDONÇA BEZERRA (PFL-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há duas semanas assumi esta tribuna para protestar e demonstrar minha grande preocupação com a situação de calamidade econômica que vivem os Municípios e os Estados da Federação, que vêm sofrendo com a queda nunca antes vista do FPM e FPE.

Pois bem, Sr. Presidente, acho que esta nossa preocupação vem tomando corpo e, para minha felicidade, o meu partido, o PFL, realizou na última quinta-feira, dia 14 de agosto, um grande evento, que se denominou Encontro Nacional de

Prefeitos. Esse evento veio demonstrar que o Partido da Frente Liberal não tem a intenção tão-somente de questionar o atual Governo, mas, sim, de apresentar propostas que possam buscar a melhoria da qualidade de vida da população brasileira.

Foi um encontro delineado no início de julho, quando começaram a surgir as primeiras queixas dos Prefeitos com a queda dos repasses do FPM e das cobranças para receber parte das contribuições concentradas no Poder Federal. Com uma participação expressiva de Deputados, Senadores, de mais de quatrocentos

Prefeitos e ainda Vereadores eleitos pela nossa legenda, o assunto principal do evento foi questionar a melhor distribuição da CPMF, da CIDE, dentre outros impostos, o cumprimento do pacto federativo e, ainda, uma política que possa definir uma justa distribuição dos recursos entre quem tem mais (União) e os que têm menos (Municípios e Estados).

Sr. Presidente, é conhecida de todos a importância vital de que se reveste o

FPM para a grande maioria dos Municípios brasileiros, pois acreditem, desses recursos repassados aos Municípios, 60% são para o pagamento da folha de

510 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 funcionários, cerca de 13% vão para o pagamento das dívidas com a União, 12% para a saúde e algo em torno de 25% para educação. Perguntamos: o que sobra?

Nada. Como os Prefeitos e Governadores podem fazer alguma coisa pela população? Como se vai investir em saúde, segurança e melhorias para os mais carentes? Não tem outra fórmula, é dividindo o bolo tributário com igualdade. A

Constituição de 1988 estabeleceu que a receita tributária seria dividida de forma que a União ficaria com 40%, os Estados com 40% e os Municípios com 20%. Mas hoje as receitas estão cada dia menores para os Estados e Municípios, enquanto a União permanece com 60% do que o País arrecada. Se fosse possível comparar, é o mesmo que ocorre com a Confederação Brasileira de Futebol, que cada vez fica mais rica, enquanto os clubes vivem à míngua. A continuar assim, o Sistema

Federativo será completamente desmontado. O nosso déficit público vai ficar como sempre, incontrolável, e o pior, os Estados e Municípios continuarão servindo sempre como meros instrumentos de administração da estabilidade financeira.

Sr. Presidente, Sra. e Srs. Deputados, é chegada a hora e temos que decidir.

Não vai haver lugar para indefinição. Estamos com uma excelente oportunidade política em nossas mãos, que acredito ser única. É este o momento de mudanças constitucionais, mais precisamente a reforma tributária, onde precisamos redefinir os critérios a serem adotados com relação especialmente à CPMF e à CIDE.

Sabemos que será uma batalha árdua, mas temos que nos preparar e trabalhar muito para aprovar as normas que distribuam receitas da mesma forma como são repassados os recursos do Fundo de Participação dos Municípios e dos

Estados.

511 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Ao aplaudir entusiasticamente o Encontro Nacional dos Prefeitos, realizado pelo meu partido, quero aproveitar esta oportunidade para também registrar com regozijo e aplausos a criação pelos Srs. Senadores da Frente Parlamentar Pró-

Municípios, que será com certeza um grande movimento político em defesa da melhor distribuição da arrecadação tributária nacional. Quero aqui, neste momento,

Sr. Presidente, conclamar os meus nobres pares a também subscreverem o documento que criou a referida Frente e assim torná-la um movimento em defesa de toda a sociedade brasileira.

Hoje, lendo os jornais, não me surpreendi com as notícias de que a repercussão dessa movimentação pró-Municípios e Estados tem conseguido o entusiasmo de muitos brasileiros. Observei com orgulho que a bandeira dos

Municípios, que foi levantada pelo PFL na semana passada, está se tornando um movimento com a participação de outros grandes partidos, como o PSDB e PMDB, que entendem a necessidade de transformar essa frente na voz dos Prefeitos e

Governadores, que, sem dúvida, irá ecoar fortemente na defesa de uma reforma tributária que garanta o equilíbrio dos entes federados.

Por fim, Sr. Presidente, faz-se indispensável que a discussão em curso da reforma tributária seja encaminhada em função dos interesses efetivos da Nação brasileira e que os recursos advindos dessa arrecadação se revertam em benefícios e serviços de boa qualidade para a população.

Muito obrigado.

512 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. ANTÔNIO CARLOS BIFFI (PT-MS. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o esporte de Mato Grosso do Sul está em festa. A população do Estado recebe a nadadora Ana Carolina Muniz, medalha de prata nos Jogos Pan-americanos de Santo Domingo. A atleta conquistou o segundo lugar na prova de revezamento 4x200 junto com as atletas ,

Mariana Brochado e Paula Baracho.

Ana Carolina chegou ontem a Campo Grande e desfilou em carro aberto do

Corpo de Bombeiros pelas principais ruas da cidade, recebendo todo o carinho da população, que ficou orgulhosa em ver uma sul-mato-grossense no pódio de uma competição tão importante.

Este bom resultado se deve, além do talento e da dedicação da atleta, à política de fortalecimento do esporte desenvolvida nos últimos quatro anos pelo

Governo Zeca do PT. O técnico José Gehilson da Silva, que treina a atleta há oito anos, ressalta que Ana Carolina está numa boa fase por que hoje tem tranqüilidade para treinar. Ela conta com o apoio do Governo do Estado. Aos 19 anos, Ana

Carolina chegou a sair de Campo Grande para se dedicar ao esporte, foi contratada pelo Corinthians e pelo Vasco, mas em 2001 a atleta voltou a defender as cores de

Mato Grosso do Sul. Graças ao patrocínio da Fundação Estadual de Esporte, da

UNIMED, da Mace e da UNIDERP, a nadadora consegue manter os treinamentos.

Quero destacar que o exemplo de Ana Carolina Muniz é fruto das ações que o Governo Popular vem realizando ao gerir a política pública de esporte em Mato

Grosso do Sul. A medalha da atleta recompensa todo o esforço em reconhecer e apoiar os atletas sul-mato-grossenses. E é com grande orgulho que presencio o trabalho desenvolvido no meu Estado causar alegria a toda a Nação brasileira.

513 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Ana Carolina é só um entre os grandes valores do esporte de Mato Grosso do

Sul. Temos a certeza que, com o respeito oferecido pelo Governo do Estado, logo outro sul-mato-grossense será motivo de festa para o povo brasileiro.

Muito obrigado.

514 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PFL-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a notícia da privatização possível do abastecimento de água da cidade de Petrolina, no sertão de Pernambuco — e pólo de uma das regiões agrícolas mais desenvolvidas do Nordeste, nos dias de hoje —, traz à reflexão o problema do abastecimento de água potável em todo o Brasil, pois o País tem o maior potencial hídrico do planeta, mas não se pode dar ao luxo de negligenciar o planejamento da sua utilização, com vistas ao futuro.

Vale a pena recordar que o Brasil é, também, o terceiro País do mundo em capacidade instalada de geração hidroelétrica. Água e energia, como bem reconhece a ANA no seu relatório mais recente “O Estado das Águas no Brasil —

2001/2002”, têm historicamente uma forte interdependência. Todavia, o desequilíbrio regional na disponibilidade da água — temos de concordar com os autores desse estudo — “exprime-se por secas recorrentes na Região Nordeste, acrescido da rápida elevação da demanda e da degradação dos rios na Região Sudeste”.

A preocupação com o uso e preservação dos mananciais estendem-se a todos os segmentos da sociedade brasileira, hoje em dia. E está refletida no recente ensaio de José Galizia Tundisi, publicado no mês passado: “Água no Século XXI —

Enfrentando a Escassez”.

O Poder Público tem sido pouco eficiente nesse campo, apesar dos mananciais e das fontes existentes à disposição das nossas populações; e, cedo ou tarde, a iniciativa privada vai querer avançar sobre esse campo, assenhoreando-se de um mercado nada desprezível, pois, tanto quanto a energia elétrica, a água é um bem indissociável do ser humano e da nossa vida cotidiana e fator determinante da fixação ou migração dos grupos humanos ao longo da história.

515 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Nos Estados Unidos, campeões da livre iniciativa e da economia de mercado, os serviços de abastecimento d’água permanecem em poder das autoridades, autarquias dependentes dos Governos municipais e/ou estaduais, a exemplo de muitos portos fluviais e marítimos daquele país.

A ANA — Agência Nacional de Águas, ligada ao Ministério do Meio Ambiente no Brasil, ainda não definiu o modelo ou os modelos de exploração e gerenciamento dos serviços de abastecimento de água, mas sabemos que está em elaboração uma

“política nacional de recursos hídricos”, que inclui a “gestão descentralizada e participativa”. Resta saber quais os limites desse projeto de gestão e participação, que podem levar a situações críticas, a exemplo do que ocorreu na África do Sul, na

Argentina e na Bolívia — indicações que me chegam pela mídia —, ou a pontos de estrangulamento, como vem ocorrendo no caso das empresas distribuidoras de energia elétrica em vários Estados do Brasil, depois das privatizações do setor.

A gestão dos chamados “corpos d’água” em nosso País vem sendo pautada, em anos recentes, pela Agência Nacional de Águas, Conselho Nacional de

Recursos Hídricos (criado em 1998) e Secretaria Nacional de Recursos Hídricos

(SRH), no âmbito do Ministério do Meio Ambiente.

Se já existe um arcabouço jurídico para o setor (Lei das Águas — Lei nº

9.433/97), falta uma definição da política governamental que defina os tipos de exploração, em benefício dos consumidores. Nesse caso, cabe ao Congresso um papel da maior relevância no encaminhamento da discussão, para que não se repitam os desacertos cometidos quando da privatização dos setores de telecomunicações e de energia elétrica, que se refletem, hoje, sobre toda população.

516 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Tome-se um exemplo recente de abusos do setor em Pernambuco: a CELPE

(do grupo Iberdrola) iniciou uma fiscalização dos medidores de energia elétrica de residências, exigindo que os usuários substituam as caixas onde são colocados esses instrumentos por novas caixas padrão CELPE, em policarbonato, além de disjuntores, fabricadas por empresa que — segundo informações que me chegam —

é ligada à concessionária. Uma caixa custa, em média, 105 reais, o disjuntor monofásico situa-se na faixa de preço entre 10 e 15 reais e o disjuntor trifásico situa- se na faixa de preço entre 35 e 45 reais. Trata-se de um custo adicional insuportável para o orçamento, já sacrificado, de uma família da classe média.

Venho alertar, desta tribuna, o Governo para evitar que ocorra, no setor de abastecimento de água, qualquer medida que possa sobrecarregar, seja a nível de taxa ou contribuição, o orçamento já tão pesado dos contribuintes brasileiros, na consciência de que água é um bem essencial a nossa vida. É obrigação do Estado o seu suprimento e fornecimento aos cidadãos.

Muito obrigado.

517 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

A SRA. SELMA SCHONS (PT-PR. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nesta semana estivemos acompanhando a visita do Ministro da Saúde, Humberto Costa, ao Paraná para formalizar o credenciamento de 208 novos leitos de UTI em 17 hospitais do Estado. O Paraná contava com 28.500 leitos, sendo que apenas 2,8% são de UTI. Com os novos credenciamentos chegaremos a 3,42% dos leitos, bem próximo da meta do

Ministério, que é de 4% por Estado. Até o final deste semestre o Ministério da Saúde irá credenciar 2.233 novos leitos e atender à demanda do SUS em todo o País.

Essa é uma necessidade urgente para o País e sobretudo para a cidade de

Ponta Grossa. Nos meses de junho e julho, aquele Município foi notícia no Brasil inteiro devido às mais de 38 mortes, em decorrência da falta de leitos disponíveis pelo SUS em nossa rede hospitalar.

A visita do Ministro da Saúde a Curitiba atende a uma orientação do

Presidente Lula. Demonstra a sensibilidade deste Governo e o compromisso em solucionar com a maior rapidez os problemas que afetam esse setor. Isto é um alívio para nós que estivemos intermediando diversas audiências nas quais o Prefeito da minha cidade, Péricles Holleben, os Secretários Municipais e Estaduais de Saúde, com outros Deputados, estiveram em Brasília, para relatar a necessidade de novos credenciamentos e a situação caótica que estávamos vivendo.

A situação, de tão dramática, chamou a atenção do Ministério Público

Federal, que interpelou ação exigindo a transferência de pacientes em situação de terapia intensiva para outras cidades do Estado.

Com essas medidas tenho confiança de que não veremos mais nosso povo morrer por falta de leitos de UTI em nossos hospitais públicos.

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Mas, Sr. Presidente, quero registrar ainda que a ida do Ministro Humberto

Costa ao nosso Estado também tem relação com o importante lançamento do

Programa de Combate à AIDS nas Escolas em nosso Estado.

Esse programa, um convênio entre os Ministérios da Saúde e o da Educação,

é fundamental para o sucesso do combate à Síndrome da Imunodeficiência

Adquirida em todo o mundo. A formação de nossas crianças e jovens, com a orientação correta sobre os riscos das doenças sexualmente transmissíveis e sobre a prevenção à gravidez precoce, que é a base desse programa, demonstra o empenho do Governo Federal em reduzir as estatísticas dessas ocorrências entre jovens em idade escolar.

Assumindo o Programa de Combate à AIDS nas Escolas, o Paraná está unindo esforços pela erradicação da AIDS no mundo. Até que a ciência, com todo o seu empenho, encontre em breve a vacina ou a cura total, a prevenção ainda é o melhor caminho para livrar nossa sociedade dessa chaga.

Muito obrigada.

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O SR. SANDES JÚNIOR (PP-GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, permitam-me trazer ao conhecimento desta

Casa artigo do renomado jornalista Washington Novaes, publicado na edição de quinta-feira passada, dia 14 de agosto, no jornal O Popular, o mais importante diário de Goiás. O jornalista, um respeitado ambientalista, afirma o seguinte:

“A cada dia tornam-se mais desconfortáveis a

posição e a tarefa de quem se interessa e/ou trabalha

com a dita questão ambiental (que na verdade abrange

tudo). As notícias são sempre mais preocupantes. Mas

como não se conseguem regras sem instituições capazes

de mudar os padrões insustentáveis de produção e

consumo no mundo — porque países, setores

econômicos e pessoas não querem abrir mão do que têm

como se pudessem escapar sozinhos das conseqüências

—, a tendência é de que tudo siga pelos velhos caminhos.

E se apontem os preocupados com essas questões como

“negativistas”, “catastrofistas”. Como se o problema

estivesse na visão deles, não na realidade e nas

informações sobre esta.

A área que parece a cada dia mais preocupante é a

das mudanças climáticas. Quem lê jornal e vê TV tem

acompanhado os dramas do verão no Hemisfério Norte.

Dezenas de mortos na Europa por causa das altas

temperaturas próximas ou até acima de 40 graus

520 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

centígrados, incêndios devastadores, rios quase secando,

geleiras desmoronando, o verão mais quente na Noruega

desde 1925 e na França desde 1945, a mais alta

temperatura nos Alpes suíços em 250 anos, China e Índia

com temperaturas de até 50 graus em algumas regiões (e

milhares de pessoas morrendo), escassez de energia,

falta de água. A França se vê obrigada a resfriar com

água gelada os reatores nucleares, temendo acidentes. A

Inglaterra diminui a velocidade dos trens, para evitar fogo

no atrito com os trilhos. A Áustria chega a recomendar

aos casais que baixem o risco de acidentes cardíacos,

reduzindo a atividade sexual.

Sir John Houghton, ex-presidente do Painel

Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC),

afirma não ter dúvida de que ‘as mudanças climáticas já

estão acontecendo’ e acusa o primeiro-ministro Tony Blair

de ‘omisso’. Sua visão é compartilhada por Wilhelm

Gerstengabe, do Instituto de Pesquisas do Clima em

Potsdam, Alemanha. Segundo a Organização

Meteorológica Mundial, maio foi o mês mais quente na

Terra desde quando se registram temperaturas, em 1880.

Porque ‘mudanças profundas’ estão acontecendo no

clima.

521 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

John Schellnhuber, do Centro Tyndalll na área de

mudanças climáticas, entende que as variações estão

acontecendo muito mais rapidamente do que se

esperava. O que se acreditava viria em 20 ou 30 anos já

está acontecendo. E o Centro Hadley da Grã-Bretanha,

muito conceituado na área, assegura que a atual onda de

calor no hemisfério norte não se explica por ‘causas

naturais’, nem por manchas solares ou atividade

vulcânica. É conseqüência da ação humana.

E provavelmente ainda vai piorar. Relatório de um

comitê científico França-Bélgica-Espanha para a União

Européia assegura (New Scientist, 24 de maio) que a

concentração de carbono na atmosfera planetária vai

dobrar em 30 anos, porque o mundo estará mais

dependente de combustíveis fósseis e se reduzirá a

participação de energias renováveis na matriz energética,

de 13% para 8% do total, porque não haverá mais lenha

para consumir nos países mais pobres, suas populações

passarão a usar gás e se urbanizarão, consumindo mais

energia (a cada dia, mais 160 mil pessoas se incorporam

às áreas urbanas do mundo!).

Os Estados Unidos, nesse período, aumentarão em

50% seu consumo de energia; a Europa, em 18%. China

e Índia triplicarão suas emissões de CO². Com isso tudo,

522 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

as emissões de gases que intensificam o efeito estufa

nessas três décadas aumentarão 2,1% ao ano (hoje,

1,8%). E por isso tudo, diz a Academia Sueca de

Ciências, o aumento da temperatura terrestre ao longo do

século 21 pode ultrapassar as possibilidades apontadas

pelo IPCC (1,4 a 5,8 graus centígrados).

Ao longo da década de 90, os Estados Unidos,

maiores emissores de poluentes, aumentaram em 14%

sua “contribuição”; a Austrália (maior exportador de

carvão mineral), em 18%; o Japão, em 11%. Só a União

Européia reduziu as suas emissões, em 3,5%.

A entrada em vigor do Protocolo de Kyoto, que

obrigaria os países industrializados a reduzir suas

emissões em 5,2% até 2012, pela média (o IPCC

recomenda redução de 60%), continua emperrada, à

espera da adesão da Rússia, que provavelmente a está

retardando para ter tempo de vender seus ‘direitos de

emissão de poluentes’ para outros países (porque seu

PIB caiu 50% desde 1990 e, com ele, as emissões; o

Protocolo lhe permite vender esses ‘direitos’ para outros

países).

Os Estados Unidos sequer admitem que haja

certezas nessa área das mudanças climáticas. Ainda no

mês passado, o governo Bush anunciou um plano para

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coordenar as pesquisas de 13 agências federais nessa

área — mas não lhes destinou recursos financeiros.

Poucas semanas antes, o mesmo governo mandara

suprimir de um relatório da Agência de Proteção

Ambiental trechos que admitiam ser o aquecimento global

influenciado por ações humanas. Chegou a substitui-los

por trechos de outro documento, financiado pelo Instituto

Americano do Petróleo, que dizia o contrário. Mas acabou

suprimindo ambos.

O Brasil precisa cuidar muito mais dessa área.

Embora ainda emita relativamente pouco (3% do total de

gases que intensificam o efeito, para uma população que

representa 3% da população mundial), nossa participação

está crescendo por causa do desmatamento e das

queimadas, que significam dois terços do que emitimos.

Por outro lado, estudos da Federação Internacional

da Cruz Vermelha mostram que somos um dos países

mais afetados por ‘desastres naturais’, como inundações,

secas, contaminações por poluentes, acidentes etc.

Foram quase 12 milhões de pessoas atingidas em uma

década, com duas 2 mortes (no mundo, 2,4 bilhões de

pessoas atingidas, contra 1,6 bilhão na década anterior).

E já começamos a sentir também no campo

econômico as conseqüências do aquecimento global.

524 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Estudo da UNICAMP mostra que o Estado de São Paulo

— que teve no café sua principal base econômica — já

não pode plantá-lo, a não ser em altitudes elevadas

(Campos do Jordão), onde as temperaturas são mais

baixas. Porque a temperatura mais alta impede a floração

completa do cafeeiro e reduz sua produção e qualidade

do produto.

A conclusões idênticas chegou para o Paraná,

onde a cultura do café foi e é muito importante. Na área

antes mais favorável, Norte e Noroeste, o aumento da

temperatura está inviabilizando a cultura, que terá de se

transferir para mais ao Sul, onde a umidade maior

prejudicaria muito a qualidade. E, aponta o estudo, poderá

haver prejuízos muito fortes também para o milho, frutas

cítricas e cana-de-açúcar.

Enfim, estudos, advertências e evidências não

faltam. Quando começaremos a mudar?”

O referido artigo alerta para o fato de que o Brasil precisa se preparar o quanto antes para enfrentar o problema do aquecimento global. A agricultura mundial já sente diretamente os reflexos nocivos desse aquecimento. E o nosso País, como um grande celeiro mundial, não pode fechar os olhos para este grave problema. Sr. Presidente. Agradeço a atenção a mim dispensada pelos nobres pares desta Casa. Era o que tinha a dizer. Muito obrigado.

525 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. MARCELO ORTIZ (PV-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é com grande emoção que venho a esta tribuna na data de hoje. No momento em que esta Casa de Leis passa por um dos períodos de maior exposição de toda sua história, os trabalhos momentaneamente cessam para que todos nós, Parlamentares, prestemos as justas homenagens aos Clérigos

Regulares de São Paulo no Brasil, os padres barnabitas, pelo transcurso de seu centenário de atuação.

Como cristão católico apostólico romano, não posso ser apenas espectador e ouvinte das falas que em sua homenagem são proferidas. Sinto, como paulista, por gratidão e apreço, a necessidade de unir-me a todos os brasileiros e com eles lembrar os ensinamentos e os feitos por essa maravilhosa ordem, fundada pelo abnegado missionário Santo Antônio Maria Zacarias, eletrizante pregador, profundo humanista, apaixonado pela humanidade, exemplar discípulo da fé e admirável homem de ação.

Os Clérigos Regulares de São Paulo logo passaram a ser conhecidos como barnabitas, porque a primeira comunidade se reunia na igreja dedicada aos apóstolos Paulo e Barnabé. Daí as pessoas os chamarem de "os padres de São

Barnabé". Assim, para barnabitas foi um passo.

Num tempo de relaxação geral, Santo Antônio Maria Zacarias reavivou a fé promovendo uma intensa vida de renovação interior, centrada no Crucificado e no culto da Eucaristia, cerne da vida da Igreja.

Para ganhar mais almas para Cristo, no dia 21 de agosto de 1903, desembarcaram simultaneamente em Recife e Belém os primeiros padres barnabitas. Em Belém assumiram a direção do Seminário Diocesano, e os que

526 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 desembarcaram em Recife ficaram em Olinda por três meses, depois seguiram para

Petrolina, onde se estabeleceram.

Em 1906 os barnabitas chegaram ao Rio de Janeiro e assumiram a direção das Paróquias de Santa Cruz e Guaratiba. Em 1921, os barnabitas tomam posse da

Paróquia Nossa Senhora de Loreto, em Jacarepaguá.

Sr. Presidente, ressalto o valoroso trabalho missionário desempenhado na

Província do Sul. Em São Paulo, os padres barnabitas exercem o ministério cristão na paróquia dedicada a São Rafael; lá se encontram os padres barnabitas Teodósio e João. Na Comunidade de Belo Horizonte, exercem três atividades, em três locais: no Colégio Pe. Machado, no Seminário e na Paróquia Cristo Crucificado, onde estão

Pe. Sebastião, Pe. Luiz Antônio, Pe. Fernando Capra e Pe. Fernando Negreiros.

No Rio de Janeiro mantém a do Catete, comunidade mais antiga, de 1909, onde fica o Colégio Zaccaria, a segunda, desde 1921, é o Loreto, comunidade paroquial, e a terceira é a comunidade de Copacabana, a Paróquia S. Paulo

Apóstolo e o Colégio Guido de Fontgalland, com a obra social de Miguel Pereira.

Finalizando, Sr. Presidente, peço a Deus que dê força aos barnabitas para que não se sintam cansados, nem desanimados pelos empreendimentos que foram plantados pelos seus antecessores, e que exigem sempre mais empenho e coragem dos que hoje exercem a obra do Pai em nosso Brasil.

Parabéns ao Padre Victor Baderacchi, Supervisor Provincial. Que nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todo o Povo de Deus, possibilitando que os barnabitas continuem a levar sua palavra às nações de todo o mundo. Era o que tinha a dizer. Muito obrigado.

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O SR. FÁBIO SOUTO (PFL-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna saudar o Governador da

Bahia, Paulo Souto, pela verdadeira revolução que vem promovendo na agricultura do Estado.

Uma das suas bem-vindas inovações é a implantação do Programa de

Revitalização da Produção Agrícola na Região Nordeste da Bahia. Lançado no dia 2 de maio deste ano, o programa contará com um aporte de recursos de R$ 12,7 milhões, oriundos da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional e da

Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola — EBDA, coordenadoras do programa, mais 10% de contrapartida das associações comunitárias beneficiadas.

A região nordeste da Bahia é responsável pela totalidade da safra de inverno do Estado, e por esta razão foi escolhida para receber esses investimentos na revitalização de sua produção. O programa irá beneficiar 22 Municípios da região, por meio da concessão de tratores com implementos agrícolas e garagem coletiva, kits de produtividade, contendo sementes certificadas e insumos, bem como assistência técnica especializada para a formação de bancos de sementes comunitários.

Outra louvável iniciativa do Governador Paulo Souto foi o início do plantio comercial de trigo na Bahia, na Chapada Diamantina, Município de Ibicoara. O projeto é plantar, inicialmente, cerca de 500 hectares, utilizando variedades desenvolvidas pela EMBRAPA e já testadas com sucesso pela EBDA.

O trigo irrigado rendeu na região 5 mil quilos/hectare, enquanto a média nacional é de somente 4 mil quilos/hectare. Além dos 500 hectares plantados pela

528 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 iniciativa privada, a EBDA manterá uma área experimental de 2 hectares, onde trabalhará com novas variedades do grão.

A Bahia possui clima e solo muito favoráveis a esse tipo de plantio, e a introdução do trigo na sua pauta agrícola poderá representar uma mudança radical no perfil produtivo do Estado, que consome 450 mil toneladas anuais do produto.

Com o Programa de Produção e Comercialização de Trigo no Estado, os produtores da região da Chapada Diamantina, que hoje vivem principalmente do cultivo da batata, vão poder utilizar o cereal para a rotação de cultura no inverno, diminuindo a ociosidade das terras.

Sr. Presidente, nobres colegas, é uma grande satisfação para mim acompanhar o empenho do Governador Paulo Souto em impulsionar a agricultura da

Bahia.

Quero, pois, parabenizar o Governador Paulo Souto por sua competência e largueza de horizontes, e reafirmo minha plena disposição em apoiar todas as medidas que contribuam para o fortalecimento do setor agrícola na Bahia e no

Brasil.

Obrigado.

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O SR. MOREIRA FRANCO (PMDB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, apesar de reconhecer a seriedade de propósitos do nobre Deputado José Roberto Arruda, que, por meio do Projeto de Lei nº 875, pretende mudar a sede da Agência Nacional de Petróleo do Rio de Janeiro para

Brasília, tenho certeza de que se tal mudança for efetivada estaremos cometendo um erro sem precedentes.

Não foi por acaso que a ANP organizou sua sede no Rio. As inúmeras oportunidades de negócios surgidas com o fim do monopólio da PETROBRAS e a desregulamentação do setor de petróleo e gás natural têm atraído novos investidores, tanto de origem estrangeira quanto nacional. Resultado: o Rio de

Janeiro é hoje um caso raro em que uma única cidade abriga a sede de todas as empresas de um mesmo setor. As empresas petrolíferas recém-estabelecidas no

País transformaram o Rio em “capital brasileira do petróleo”.

Justamente por sua importância no cenário nacional e internacional, a cidade foi escolhida como sede do XVII Congresso Mundial de Petróleo, realizado em setembro de 2002. Por sua vez, a exposição Rio Oil & Gas, montada a cada 2 anos, já está consagrada como um dos maiores e mais importantes eventos mundiais do setor.

O Rio de Janeiro destaca-se como importante centro produtor de petróleo — a Bacia de Campos produz 90% do que é consumido no Brasil — e consumidor de derivados, além de contar com a terceira maior refinaria do País, a REDUC, com capacidade para processar 242 mil barris/dia. De acordo com dados da Organização

Nacional da Indústria de Petróleo — ONIP, também com sede no Estado do Rio,

530 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 cerca de 45% das empresas nacionais capacitadas para fornecer materiais e equipamentos para o setor estão localizadas no Rio.

A ANP, Srs. Deputados, é uma autarquia integrante da Administração Pública

Federal que tem por finalidade promover a regulação, a contratação e a fiscalização econômica integrada da indústria do petróleo. O órgão regulador, de acordo com seu estatuto, buscará satisfazer a demanda atual da sociedade mantendo com ela uma integração efetiva. Para cumprir seu papel de forma eficiente, é natural que a agência reguladora fique sediada no maior Estado produtor, principalmente porque é lá que estão as empresas a serem reguladas e fiscalizadas.

Em seu projeto de lei, o Deputado José Roberto Arruda defende que, se a sede mudasse para Brasília, a ANP ficaria eqüidistante de pressões regionais que podem colocar em risco a eficiência do órgão. Ora, não é a localização geográfica que determina a tarefa da ANP de estabelecer regras que propiciem a criação de um mercado mais competitivo e conseqüentemente tragam vantagens ao Brasil e aos consumidores. Para o País, essas vantagens poderiam ser traduzidas numa maior arrecadação fiscal e na diminuição das importações de petróleo; para os consumidores, na melhora na qualidade dos derivados de petróleo e em uma política de preços que reflita o comportamento do mercado internacional. Acredito que tais preceitos estão sendo cumpridos pela agência de forma transparente.

Ainda de acordo com a justificativa do projeto de lei, a transferência da sede para Brasília contribuiria para a perfeita integração e o permanente contato entre a agência e os órgãos da Administração Federal. Cabe destacar que a ANP mantém em Brasília as seguintes áreas: Procuradoria Geral, Setor de Análises e

Julgamentos de Processos, Unidade Regional de Fiscalização da Região Centro-

531 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Oeste e Norte, Centro de Pesquisas e Análises Tecnológicas e Assessoria

Parlamentar. Não tenho dúvidas de que todas essas áreas foram instaladas na

Capital do País justamente para que pudessem integrar-se às demandas da

Administração Federal, sem que para isso fosse necessária a presença da Diretoria.

Srs. Deputados, quanto custaria à Administração, e particularmente às empresas de petróleo, hoje instaladas no Rio, a transferência da sede da ANP para

Brasília? Por estar sediada na mesma cidade das empresas que fiscaliza, a agência tem condições de cumprir de forma ágil e eficaz o seu trabalho. Se sua sede for transferida, corremos o risco de gerar um enorme gasto e criar mais demandas burocráticas sem obter os resultados esperados.

Faço, portanto, um apelo ao nobre Deputado José Roberto Arruda, tão combativo representante do povo de Brasília, no sentido de que reavalie sua posição.

Sr. Presidente, passando a outro assunto, a Câmara Brasileira da Indústria da

Construção — CBIC enviou ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na semana passada, um Programa Emergencial de Obras que, se implementado pelo Governo

Federal, terá um impacto positivo imediato na economia do País. O programa prevê a contratação de 26 mil unidades habitacionais e a retomada de centenas de obras contratadas em 2002, cujos recursos foram suspensos.

De acordo com o CBIC, se for implantado, o projeto implicará os seguintes benefícios imediatos: geração de cerca de 243 mil empregos diretos e indiretos, incremento de R$ 496 milhões na massa de salários e de R$ 205 milhões no recolhimento de impostos.

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A falta de crédito para o setor de construção civil trouxe como conseqüência, nos últimos 12 meses, a redução de aproximadamente 70 mil empregos no Brasil.

Segundo a Fundação Getúlio Vargas, a atividade, somados todos os serviços e operações industriais que integram sua cadeia produtiva, emprega diretamente cerca de 5,5 milhões de trabalhadores. Esse contingente representa 9% do total do pessoal ocupado na economia brasileira. E a cada 100 empregos diretos criados nessa área surgem automaticamente outros 21 indiretos.

Cabe ressaltar que a construção civil absorve um grande contingente de trabalhadores com pequena qualificação. Amplia-se, portanto, a importância social e econômica do setor, uma vez que no Brasil grande parte da população economicamente ativa ainda possui baixo nível de instrução. Nos últimos 8 anos, a partir do lançamento do Plano Real, os trabalhadores da construção civil acumularam um ganho da ordem de 9,23% acima da inflação, ganho real. E em relação ao tamanho das empresas, vale lembrar que 96% delas se caracterizam como pequenos e microemprendimentos.

Sr. Presidente, o imenso débito com os brasileiros carentes de moradia, um dos principais itens da dívida social brasileira, vem acumulando-se principalmente entre as famílias mais pobres, residentes em áreas urbanas, com maior gravidade na Região Nordeste. As famílias que ganham até 3 salários mínimos são as mais atingidas, e as que estão nessa faixa de renda correspondem a 83% do déficit habitacional brasileiro.

O Programa Emergencial de Obras é o resultado do reconhecimento de carências, de demandas sociais e econômicas e de oportunidades expressas nas definições de prioridades do Governo. Do ponto de vista da cadeia produtiva da

533 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 construção, a expectativa é atingir, em 2004, uma demanda da habitação igual à de

2000, e de saneamento e infra-estrutura no mesmo nível de 1998 — ou seja, inversão da tendência de queda.

Para concluir, Srs. Deputados, estamos esperando com grande expectativa a retomada do crescimento econômico. Não é preciso inventar a roda. As obras que constam no Programa Emergencial de Obras proposto pela CBIC correspondem a projetos já aprovados, para os quais já existem recursos carimbados, demandas priorizadas e estruturas de acompanhamento e fiscalização implantados. A implementação depende de decisão política.

Obrigado.

534 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. VANDER LOUBET (PT-MS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a omissão também tem merecido destaque especial e negativo na atual conjuntura. Por causa disso e daqueles que não conhecem a verdadeira política, a Nação sempre está nesse beco, diante de constantes problemas, aparentemente insolúveis. Muitos criticando, poucos apontando soluções.

O atual Governo, tenham certeza disso, parte decididamente, com qualificação e competência, em busca de um desenvolvimento sustentável e garantidor de um futuro compatível com a grandeza deste País; no entanto, é preciso convencer e conscientizar os omissos no sentido da verdadeira destinação de um povo, de uma nação. É preciso o concurso de todos, cada qual ciente e consciente de que lhe cabe uma tarefa para conduzir e realizar.

Ao povo, os seus reais direitos: educação, saúde, alimentação, vestuário, liberdade, segurança, justiça e vida com dignidade e honra.

Se temos, porém, esses e outros tantos direitos, temos também deveres e obrigações a zelar e cumprir. E ou nos ajustamos às verdades e aos princípios democráticos, ou falecerá toda a objetividade.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a ciência política ensina que são partidos políticos os legitimamente criados e representativos do pensamento nacional; são os que conquistam a democracia, todos os dias. As ideologias bem assentadas às nossas tradições e à nossa gente definirão de vez os rumos a seguir e os objetivos a serem alcançados.

As ideologias de força não se assentam às nossas convicções de ordem moral, ética, social e religiosa. Estamos no plano das idéias e das convicções, nos

535 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 alicerces mais profundos da verdadeira política. Longe, portanto, de criticar esse ou aquele partido, é direito e dever de nossa geração a busca dos fins verdadeiros por meios e formas também verdadeiros. Aos que pensam o contrário, isto é, os que pensam que os meios justificam os fins, cabe perguntar sobre os seus propósitos, seus princípios, de que forma buscam o beneplácito popular e de que maneira se conduzem politicamente.

Acima dos partidos está a Nação brasileira. Acima das idéias está o caráter.

A própria imprensa, não raras vezes, tem caracterizado a classe política por sua passividade, por sua omissão, haja vista que questões importantes para a vida nacional, que deveriam ser discutidas neste Parlamento, são debatidas por ela mesma, a imprensa, assim como pela OAB, pela CNBB, pelos Sindicatos, pelos cientistas, pelos professores etc.

Precisamos, pois, produzir mais, adentrar mais a fundo em todos os campos de atividade humana e reconhecer também que a base de tudo está no próprio homem, fundamento primeiro de toda a ordem jurídica e social.

Muito obrigado.

536 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. ANTONIO NOGUEIRA (PT-AP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ontem esta Casa viveu um momento histórico: a aprovação do Programa Primeiro Emprego, que vai criar, somente neste ano, mais de 150 mil empregos, e em 2004 outros 260 mil, estimulando a contratação de jovens entre 16 e 24 anos pelas pequenas, médias e grandes empresas.

Esse antigo anseio da juventude brasileira, Sr. Presidente, veio a se concretizar somente no Governo de um partido que mostra coerência e fidelidade ao que sempre pregou antes de se tornar Governo. É uma conquista que vem trazer para as estruturas da União o que já vem sendo feito pelos Estados e Municípios administrados pelo PT.

Lembro, Sr. Presidente e nobres pares, que ainda na adolescência, como liderança secundarista, e mais tarde na Universidade Federal do meu Estado, liderei diversos movimentos no sentido de se propor às Câmaras Municipais e ao Governo estadual esse atendimento à juventude. Infelizmente não logramos êxito, porque à

época governantes retrógrados não admitiam a inclusão de nossa juventude no mercado de trabalho.

Eu não tive, quando jovem, Sr. Presidente, assim como milhares de outros brasileiros hoje adultos, a oportunidade de ser agraciado com um primeiro emprego em que pudesse firmar-me profissionalmente e que me possibilitasse ajudar minha família. Tenho a grande convicção que a aprovação desse projeto somente foi possível graças à luta dos milhões desses jovens brasileiros do passado, que em passeatas, proposições e cobranças tornaram a proposta madura e viável para ser implementada pelo Governo Federal, depois de ampla discussão neste Congresso.

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Mas, Sr. Presidente, se nós jovens de ontem não tivemos a oportunidade de ser contemplados pelo programa, nossa maior satisfação agora será ver nossos filhos e irmãos mais novos poderem usufruir de tão importante medida, que vai empregar anualmente mais de 250 mil jovens brasileiros.

De parabéns estão o Sr. Presidente Lula, o Congresso Nacional e principalmente a juventude brasileira, que há muito aguardava o fruto de tantas batalhas.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. LUIZ BITTENCOURT (PMDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna da Câmara dos Deputados lamentar a morte do diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello e manifestar o mais veemente repúdio por todo e qualquer ato de terrorismo, que sempre representa o império da barbárie e da insensatez. Foi uma violência perpetrada contra a civilidade e mais ainda contra a própria humanidade.

O brutal atentado que vitimou o Embaixador Sérgio Vieira de Mello, representante especial da Organizações das Nações Unidas no Iraque, revela a face sangrenta do fanatismo político, que deve ser condenado e combatido com todas as nossas forças. O mundo assistiu atônito à explosão de um carro-bomba lançado contra a sede da ONU em Bagdá, num gesto extremo que mereceu de todos nós a mais profunda indignação. Foi um atentado contra uma instituição que, acima de tudo, prega a paz e pratica ações humanitárias, o que torna ainda mais absurdo e execrável o ato terrorista.

Sérgio Vieira Mello, morto no triste episódio, tinha apenas 55 anos, e apesar da pouca idade já havia sido guindado ao patamar das grandes personalidades da diplomacia no mundo. Fluente em diversas línguas, notadamente em inglês e francês, estudou no Instituto Rio Branco e tinha doutorado em filosofia e ciências sociais pela Universidade de Paris. Experiente e reconhecido pela elegância, pelo trânsito e pela habilidade com que atuava no universo diplomático, foi destacado em maio de 2003 pelo Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan, para chefiar a missão da instituição voltada para a reorganização nacional do Iraque. A indicação coroava anos de atuação em favor da paz e da reestruturação de países destruídos pelo flagelo da guerra.

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Credenciado pelo êxito do trabalho desenvolvido em missões delicadas em inúmeros países, o Embaixador brasileiro conhecia como poucos os efeitos devastadores da intolerância política. A maior parte de sua carreira foi dedicada ao

Alto Comissariado da ONU para Refugiados, em Genebra, na Suíça, tendo exercido funções em Bangladesh, Sudão, Chipre, Moçambique e Peru. Entre 1981 e 1983, foi o principal assessor da ONU no Líbano, país que na época enfrentava a invasão de

Israel. Atuou na proteção de civis na antiga Iugoslávia nos momentos mais críticos da guerra da Bósnia. Serviu ainda em Ruanda, onde comandou o trabalho de assistência humanitária às vítimas do maior genocídio já registrado no continente africano.

Em 1998, Sérgio Vieira de Mello foi escolhido para dirigir o Escritório de

Assuntos Humanitários da ONU. No ano de 1999, mediou a pacificação política e a declaração de independência do Timor Leste, tendo sido em seguida nomeado administrador para a reconstrução do território arrasado pela guerra. Também em

1999, imediatamente após a entrada das tropas da Organização do Tratado

Atlântico Norte — OTAN e a retirada dos sérvios nos Balcãs, foi convocado pela

ONU para administrar provisoriamente a conflagrada região de Kosovo.

Trata-se, portanto, de uma grande perda para o Brasil e para o mundo. O embaixador Sérgio Vieira de Mello era, sem dúvida alguma, uma das principais figuras da diplomacia, e sua densa atuação no campo humanitário fez seu nome ser lembrado para diversos cargos internacionais. Seguramente, ele vai fazer muita falta.

Ao concluir este pronunciamento, tomo a iniciativa de sugerir ao Presidente da Câmara dos Deputados, o Deputado João Paulo Cunha, que esta Casa lance o

540 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 nome do diplomata tragicamente morto no Iraque, o Embaixador Sérgio Vieira de

Mello, para a próxima edição do Prêmio Nobel da Paz, encampando uma grande campanha junto a outras instituições nacionais para conferir-lhe uma homenagem póstuma pela dimensão do trabalho que realizou em vida, sobretudo em favor das causas humanitárias.

Lamento, mais uma vez, a morte tão precoce desse admirável diplomata, que sempre esteve a serviço da paz no planeta, e apresento neste momento de grande dor e revolta as mais profundas condolências, minhas e de todo o povo de Goiás, à família do Embaixador Sérgio Vieira de Mello.

Era o que tinha dizer, Sr. Presidente.

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O SR. JOSÉ CHAVES (PTB-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o que diferencia um pessimista de um otimista?

Poderia citar diversos aspectos, mas vou ficar com apenas um, o suficiente para me enquadrar no segundo grupo: o otimista, por pior que seja a situação, acredita na capacidade de superação do ser humano.

É sob essa perspectiva que subo hoje à tribuna para defender a adoção imediata de medidas pelo Governo Federal que incentivem a construção civil.

Não falo aqui do Plano Plurianual, que planeja os investimentos públicos para os próximos 4 anos. Falo dos projetos de infra-estrutura que estão em andamento pelo País afora, obras de habitação, saneamento e transportes. São ações que podem e devem ser ampliadas, pois melhoram as condições de vida da população de baixa renda, geram empregos, movimentam a economia.

Como alertou a Confederação Nacional da Indústria, não dá mais para esperar. Não dá mais para retardar os investimentos em infra-estrutura e os incentivos ao crédito, sob pena de não somente perdermos 2003, mas comprometermos seriamente o ano de 2004.

Reconheço que a redução da taxa básica de juros e do imposto compulsório indica que esse bom caminho começa a ser trilhado pela equipe econômica. Mas será suficiente?

Recentemente, o Governo também anunciou a redução do Imposto sobre

Produtos Industrializados, o IPI, para o setor automobilístico. O objetivo foi impedir que as montadoras fizessem demissões por causa da queda nas vendas. Não vou aqui afirmar que era uma medida desnecessária, pois sei da importância que esse segmento tem. No entanto, Sr. Presidente, o que defendo é a adoção de medidas

542 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 semelhantes em outras áreas, que enfrentam um período mais amplo de encolhimento das atividades.

É o caso da indústria da construção civil, com indicadores extremamente preocupantes. Além disso, trata-se de um setor que se encaixa nos princípios defendidos pelo Governo Federal, pois tem uma tremenda capacidade de empregar mão-de-obra e pouca dependência de insumos importados, não pesa na balança de pagamentos e une esforços do setor público e privado para melhorar a infra- estrutura social e econômica do País.

Mas vamos aos números: em julho, pelo quarto mês consecutivo, o índice de produção física de materiais de construção, o ICC, caiu, em comparação com igual período do ano passado. A retração atingiu 11%. Com esse resultado, a queda acumulada no primeiro semestre do ano foi de 6,55%.

Merece destaque a indústria de cimento. Também em junho, a produção de cimento, que tem um grande peso no ICC, declinou 12,84%. Na comparação dos primeiros 6 meses com o mesmo período de 2002, a retração foi de 12,75%. Esses números refletem a retração do consumo, que, nessa mesma comparação, registrou uma redução de 9,8%.

Esses dados envolvem um aspecto funesto, que está longe da mera paralisação da obra de pedra e cimento. Falo do desemprego. Os segmentos de atividades que mais fecharam postos de trabalho no Brasil foram: o de infra- estrutura, que encolheu 9,20%; o de edificações, que caiu 3,73%, e o de montagem industrial, com redução de 3,26%. Esse desempenho reflete diretamente a retração do investimento público e privado no Brasil. Talvez nenhum outro setor tenha como

543 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 o de construção civil condições de aplacar a “obsessão de criar empregos”, citada exemplarmente pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu discurso de posse.

Sr. Presidente, na minha terra, no Recife, o IVV, índice que mede o comportamento das vendas do mercado imobiliário, mostrou que o setor teve uma queda de 33%, no primeiro semestre deste ano. A situação é tão grave que os empresários da área admitem será um resultado favorável se a queda no final deste ano for de 20% em comparação com 2002. O estoque de imóveis novos no Recife é o maior já registrado pelo estudo desde agosto de 1995, quando a Federação das

Indústrias de Pernambuco deu início ao levantamento mensal do IVV.

A construção civil é o principal termômetro do crescimento: 67% de tudo o que se investe no Brasil acaba passando, direta ou indiretamente, pelo setor. Apoiá- lo significa gerar novos empregos e manter os que já existem. De acordo com entidades da construção civil, mesmo com poucas obras, o setor emprega 4 milhões de pessoas.

Como bem lembrou meu amigo Luís Roberto Ponte, ex-presidente da Câmara

Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o setor deve ser utilizado para iniciar um processo de desenvolvimento, tal qual aconteceu nos Estados Unidos, com

Franklin Delano Roosevelt e seu New Deal. Trata-se de um princípio simples:

Roosevelt colocou a construção para trabalhar. Além de resolver problemas básicos, como moradia e saneamento, plantou as sementes do desenvolvimento. É evidente que não vivemos a mesma situação dos Estados Unidos após o crash de 1929, mas talvez seja necessário fazer uma releitura de John Maynard Keynes para este Brasil do início do Século XXI.

544 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, para encerrar, gostaria de lembrar o que disse um dia o Presidente Tancredo Neves: “Enquanto houver, neste País, um só homem sem trabalho, sem pão, sem teto, sem letras, toda a prosperidade será falsa”.

É esse País idealizado por Tancredo que precisamos construir.

Era o que tinha a dizer.

545 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. SIMPLÍCIO MÁRIO (PT-PI. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em sua luta incansável pela implementação de projetos de desenvolvimento sustentado para o Piauí, o Governador do Estado, companheiro Wellington Dias, esteve hoje mais uma vez visitando diversos órgãos federais sediados em Brasília. Dentre outros, gostaria de destacar as reuniões na

Secretaria de Segurança Pública do Ministério da Justiça (SENASP) e no Ministério do Meio Ambiente, nas quais tive a honra de acompanhar o Governador e outras autoridades do Estado do Piauí.

Em ambos os casos, foram tratados de assuntos da mais alta relevância para o Estado do Piauí.

Por exemplo, com a Secretaria Nacional de Segurança Pública, o Governador reiterou a necessidade de levar adiante o Plano Estadual de Segurança Pública, já apresentado à SENASP, que prevê aporte do Governo Federal da ordem de R$ 39 milhões. Lembrou ainda que o Piauí é governado pelo mesmo partido do Presidente

Lula, razão por que as exigências da população e da própria opinião pública é maior em relação ao êxito das políticas públicas no âmbito estadual. Ainda mais quando tais políticas, como no caso da segurança pública, são exatamente a materialização das propostas contidas no Programa de Governo do Presidente Lula.

Ainda se não fosse necessário esse importante lembrete, claro está que as políticas públicas do Estado do Piauí necessitam de uma urgente atenção, já que se encontram em processo acelerado de sucateamento. Isso é resultado do abandono dos últimos anos, em que o Piauí esteve imerso numa grave crise política, que resultou inclusive na cassação de um governador, situação que tem deixado a população refém do abandono.

546 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

A segurança pública, como se sabe, constitui uma missão indelegável do

Estado. Assim sendo, é imprescindível recompor a capacidade de investimento do

Estado nessa área, o que quer dizer — ao fim e ao cabo — garantir o funcionamento pleno das instituições democráticas, o que resultará na pacificação da sociedade.

Realmente, Sr. Presidente e nobres colegas, não se quer que haja necessidade de transformar o Estado brasileiro num Estado policialesco, até mesmo porque as demandas de investimentos seriam de tal monta que inviabilizariam o tratamento de outros problemas graves, em especial os referentes à saúde e à educação. Lembro, a propósito, que essas são áreas que não devem de forma alguma ser esquecidas por qualquer governo, ainda mais um Governo de base popular como o nosso.

O segundo órgão visitado pelo Governador Wellington Dias foi o Ministério do

Meio Ambiente, ocasião em que foi celebrado o Acordo de Cooperação Técnica para

Elaboração do Macrozoneamento Econômico e Ecológico da Bacia do Rio Parnaíba.

O convênio, além do próprio Ministério do Meio ambiente, envolve ainda a

Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba

(CODEVASF) e o Governo do Piauí, através da Secretaria de Meio Ambiente e

Recursos Hídricos.

O evento, que contou com a presença da Ministra do Meio Ambiente, Marina

Silva, aponta a diretriz correta para uma visão de desenvolvimento matizada pelo conceito da sustentabilidade. Em síntese, o imperativo da sustentabilidade requer a consciência da tensão existente entre o desenvolvimento econômico e os limites dos recursos naturais. No caso do convênio em foco, o principal recurso natural que está

547 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 em jogo é, na minha opinião, o que tem o sentido mais relevante e é o mais valioso, que é exatamente a água.

Não é à toa que o Brasil é considerado um país de uma riqueza natural ímpar, já que possui água potável em abundância. Isso não quer dizer que seja inesgotável, razão por que se deve levar em consideração a necessidade urgente de sua preservação, ainda mais no Estado do Piauí, que tem boa parte do seu território incluída na região do semi-árido. Assim sendo, pode-se vislumbrar o alcance do convênio que ora se celebra, o que revela mais uma vez a sensibilidade do nosso

Governo, tanto em âmbito federal quanto estadual, para incidir sobre o que é de fato relevante para o desenvolvimento.

Era isso, Sr. Presidente e nobres colegas, o que eu gostaria de registrar no momento.

Muito obrigado.

548 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. ELISEU PADILHA (PMDB-RS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, uma das grandes referências do Rio Grande do

Sul e do País em termos de ensino, num processo de socialização e formação do ser humano a partir de uma visão cristã, a Universidade Luterana do Brasil —

ULBRA comemorou, neste final de semana, seu 31º aniversário.

A instalação do curso de Administração em 16 de agosto de 1972 marca o início da atuação da ULBRA na área da graduação e, nesta ainda recente trajetória de 31 anos de atividade, inúmeras são as conquistas alcançadas que ultrapassam a própria esfera da educação.

A ULBRA tem amplo lastro de atuação, desde o ensino infantil ao doutorado, mas com forte atuação nas áreas da saúde, da tecnologia e no esporte. Atualmente são mais de 76 mil alunos matriculados, distribuídos nas 19 escolas em seis Estados brasileiros, oferecendo educação infantil, ensino fundamental, médio e técnico. Mas o principal destaque, sem dúvida, está nos cursos de graduação e pós-graduação, que respondem por mais de 63 mil pessoas matriculadas, quer no Rio Grande do

Sul, quer nas unidades do Norte e Centro-Oeste brasileiros.

Para alcançar esse avanço elogiável, acima de tudo, é preciso ter uma base sólida. E a ULBRA encontra seu suporte de confiabilidade, sua inspiração filosófica e teórica na fé cristã dos imigrantes alemães, que em 1911 implantaram a Escola São

Paulo, que tinha por objetivo imediato educar seus filhos. Daquela instituição de ensino paroquial surge a Universidade Luterana do Brasil.

Quero salientar, colegas Parlamentares, o principal diferencial da ULBRA, qual seja o de oportunizar o conhecimento baseado nos mais importantes parâmetros da verdade de Deus e na construção de uma sociedade com maior

549 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 justiça, mais humana e solidária. Neste sentido, a Universidade Luterana oferece aos alunos, professores, colaboradores e a toda a comunidade diversos exemplos de valorização da vida.

Os princípios que caracterizam a ULBRA como instituição de ensino se renovam em diversas ações práticas que a universidade apresenta. Da sua unidade principal, no Município de Canoas, a Universidade Luterana do Brasil buscou aproximar o ensino superior de diferentes regiões do Rio Grande do Sul, em respeito

às vocações locais. Com esta visão, a ULBRA implantou unidades em mais 22 cidades gaúchas. Igualmente, a ULBRA atua nos Estados do Amazonas, Pará,

Rondônia, Tocantins e no Distrito Federal, bem como em Portugal e no Uruguai.

A ULBRA também assumiu um estágio de referência em termos de atendimento na área da saúde, com uma gama de serviços ambulatoriais e de diagnóstico de alta resolução. É preciso também elogiar a atuação da ULBRA na

área hospitalar, responsável que é por dois hospitais em Porto Alegre e outro na cidade de Tramandaí. Com a chegada do Hospital Universitário em Canoas, em fase de implantação, o complexo hospitalar ULBRA poderá ultrapassar a capacidade de

800 leitos de internação.

Todos nós, sem dúvida, já acompanhamos as vitórias das equipes da ULBRA em diferentes modalidades esportivas. Os times de vôlei, de futebol de salão, de handebol, de basquete, de futebol, do atletismo e da ginástica são detentores de inúmeros títulos estaduais, nacionais e internacionais. Apenas para exemplificar: a equipe de futebol de salão da ULBRA já foi campeã da Liga Mundial em 1997, bicampeã da Copa Intercontinental e, neste ano, alcançou o tricampeonato da Liga

Nacional de Futsal.

550 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O apoio ao esporte se constitui numa insubstituível demonstração da ULBRA de valorização da vida, buscando criar referências positivas para os nossos jovens.

Reflete, Sras. e Srs. Deputados, os princípios básicos da educação e da formação do ser humano.

Por esta razão quero saudar, na figura do Reitor Ruben Eugen Becker, todos os seus professores, alunos e funcionários, para que saibam e registrem o quanto a

ULBRA é motivo de orgulho para todos nós e o quanto é merecedora da nossa homenagem pela passagem de seus 31 anos.

Muito obrigado.

551 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. JOSÉ IVO SARTORI (PMDB-RS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a comunidade de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, comemora neste mês de agosto o transcurso de uma data que merece registro nesta Casa. Trata-se dos 90 anos do Hospital Nossa Senhora da Pompéia, o primeiro estabelecimento de saúde construído no Município, fruto da coragem e da determinação de um grupo de senhoras denominado Pio Solidário das Damas de

Caridade, que hoje é comandado pela Sra. Maria Tereza Spaldim Verdi, a quem prestamos a nossa homenagem.

Esse grupo de senhoras vem realizando ao longo do tempo uma reconhecida e louvável ação em defesa dos mais necessitados. Sua participação e envolvimento vão além de participar da administração do hospital, refletindo no trabalho voluntário de acompanhamento aos doentes mais necessitados.

Voltando-se basicamente para as ações de caridade e solidariedade, o grupo direcionou seus esforços para a criação de um hospital. No dia 24 de junho de 1920, o Hospital Nossa Senhora da Pompéia era solenemente inaugurado.

Em 1951, a Associação Damas de Caridade, adaptando-se à legislação canônica, passou a denominar-se Pio Sodalício Damas de Caridade. Mas os objetivos prosseguiram idênticos.

O Hospital Pompéia é referência em urgência/emergência e em tratamento de alta complexidade para uma população potencial de 1 milhão de pessoas. Realiza cirurgias cardíacas, neurológicas, transplantes renais, retirada de múltiplos órgãos, dentre outras. Possui um centro de diagnóstico composto por equipamentos de alta resolutividade, como ecógrafos com doppler, tomografia computadorizada helicoidal, ressonância magnética, medicina nuclear, litotripsia extracorpórea, serviço de

552 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 hemodinâmica e hemodiálise, além de UTI para adultos e pediátrica. Conta com 317 leitos, sendo que 62% desses destinam-se ao atendimento prestado pelo Sistema

Único de Saúde — SUS.

A gestão do Hospital Pompéia é constituída por um conselho de administração, denominado Pio Sodalício das Damas de Caridade, composto por 35 representantes, tendo na Direção Executiva uma presidente e uma vice-presidente com mandato de dois anos.

Desde março de 1990, Francisco Soares Ferrer exerce o cargo de Diretor-

Geral.

Para comemorar as nove décadas de existência do Hospital Pompéia, entidade e comunidade programaram diversas programações internas e externas.

São ações voltadas à instalação de quiosques de doações de órgãos e à inauguração da nova sede da Escola de Educação Profissional em Saúde, o que comprova o trabalho de um hospital preocupado, comprometido e voltado também para a formação e qualificação dos profissionais de saúde.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, gostaríamos também de lembrar, em memória, uma figura muito querida em nossa comunidade, a Dona Paulina Moretto.

Mãe do atual Bispo da Diocese de Caxias do Sul, Dona Paulina dedicou 50 anos de sua vida ao trabalho incansável de defesa do Hospital Pompéia, tendo sido sua presidente por 27 anos, até o seu falecimento.

Quero lembrar também que o Hospital Pompéia é vencedor do Prêmio

Qualidade RS 2003, o que comprova a competência e a qualidade de uma entidade que, há 90 anos, vem prestando serviços a toda a comunidade.

553 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Portanto, Sr. Presidente, fica o registro e nossa homenagem a todos que nesses 90 anos deram sua contribuição para que o Hospital Pompéia se tornasse referência no atendimento à saúde dos habitantes de Caxias do Sul e toda a região.

Permita-me citar alguns nomes, como forma de homenagear a direção do Hospital, seu corpo clínico, servidores e colaboradores: o Diretor-Geral do Hospital Nossa

Senhora da Pompéia, Sr. Francisco Soares Ferrer; a Presidente da mantenedora Pio

Sodalício das Damas de Caridade, Sra. Maria Tereza Spalding Verdi; a Vice-

Presidente da mantenedora, Sra. Zita Rech; a Gerente de Enfermagem, Sra. Marli

Baierle; o Gerente do Serviço de Atendimento ao Cliente, Sr. Hugo Pan.

Fica, portanto, nosso reconhecimento e a nossa gratidão aos homens e mulheres, muitos anônimos, que ao longo de 90 anos deram sua parcela de contribuição para salvar vidas e amenizar a dor alheia, principalmente da camada da sociedade mais desassistida e desamparada.

Muito obrigado.

554 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. EDSON DUARTE (PV-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há cerca de 20 dias, ruralistas do Rio Grande do

Sul afirmaram publicamente que a soja transgênica seria plantada na marra. Em resposta, o Chefe da Casa Civil, Ministro José Dirceu, afirmou que a lei seria cumprida. Pois bem, Sr. Ministro, Sr. Presidente da República, a lei não está sendo cumprida, sua palavra não vale. Órgãos deste Governo não fazem cumprir a lei.

Nem mesmo a Lei nº 10.688/03, fruto da famigerada MP nº 113, que liberou a soja transgênica ilegal, está sendo cumprida.

Neste momento, os ruralistas do Sul festejam a omissão dos órgãos do

Governo e novamente orientam os produtores a plantarem soja transgênica ilegalmente. Festejam a vitória da ilegalidade sobre a legalidade. Como fizeram antes, estão plantando soja Roundup Ready na marra e obrigando o povo brasileiro a engolir. Eles estão divulgando no Rio Grande que a decisão — equivocada — da

Juíza Selene é o bastante para liberar o plantio. E não é. Todos nós sabemos que não é. O Governo sabe que não é. Ou seja, eles estão escancaradamente pregando a desobediência civil — e isso é crime, Sr. Presidente da República.

No passado fizeram isso e tivemos que engolir nesta Casa uma MP legalizando o crime. Não se quis, tampouco, identificar e punir os criminosos. Foi um caso raro na história de haver crime e não haver criminoso. Como se vê, o crime compensa, tanto que os mesmos estão em ação. O mesmo tipo de crime está sendo perpetrado e nada acontece.

Enquanto isso, a Monsanto, principal interessada, atua discretamente para garantir a contaminação da safra nacional com sua soja alienígena. Proprietária hegemônica da patente da soja RR, de qualquer modo ela sabe que lucra com a

555 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 atividade: vai cobrar royalties desses produtores de transgênicos — quer produzam na legalidade ou na ilegalidade.

Que a Monsanto queira e estimule o crime, até entendemos. O que não entendemos é como o Governo se mantém apático diante do que está acontecendo.

Lemos no jornal Brasil de Fato, edição de 3 de agosto de 2003, que o Decreto nº 4.680/03, que determina a rotulagem de todo alimento que contenha pelo menos

1% de OGM, não está sendo cumprido. O decreto é de abril, estamos praticamente em setembro, e não se encontra um só produto no supermercado indicando a presença de transgênico como manda a lei. Diz na matéria que a ANVISA, responsável pela fiscalização dos produtos, nada fez, nada faz. O consumidor está levando para casa um produto que não respeita a legislação, porque a ANVISA se omite.

Também com relação à rotulagem, o Ministério da Agricultura, conforme o mesmo jornal, nada faz. O MAPA alega que falta a regulamentação do decreto. O nome disso é omissão.

Mas as omissões do Governo não param por aí. Encaminhamos um requerimento de informações ao MAPA, indagando sobre as ações deflagradas para o cumprimento da MP nº 113 (Lei nº 10.688). E as respostas nos deixaram horrorizados. O MAPA não esta segregando a soja transgênica, não está estimulando sua exportação, nem mesmo adotou medidas que impeçam seu uso como semente.

Sras. e Srs. Deputados, o que temos aqui é um caso explícito de improbidade administrativa. Por isso, junto com o IDEC, Greenpeace e demais entidades que

556 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 compõem a “Campanha por um Brasil Livre de Transgênicos”, estamos entrando com ação contra o Sr. Ministro da Agricultura.

Entraremos com ação idêntica contra o Ministério da Saúde, por causa da omissão da ANVISA. E ainda contra o Ministério da Justiça. Sim, porque nem a

Polícia Federal está agindo para coibir o contrabando de soja ilegal. Há pelo menos

5 anos que entra semente de soja transgênica no Rio Grande do Sul. O fato tem sido alardeado pela imprensa; todo mundo sabe onde existe plantio. É crime, mas a

Polícia Federal não acha. Enviamos requerimento de informações ao Ministro da

Justiça, sobre as ações da Polícia Federal. Perguntamos, inicialmente, sobre as investigações desenvolvidas pela PF para apurar a entrada de soja contrabandeada.

A resposta: não foi feita nenhuma investigação sobre a entrada de soja. E no Rio

Grande do Sul, em 6 anos de ação (omissão), foco do contrabando, a PF só conseguiu apreender 246 sacas.

Perguntamos ao MAPA quantos fiscais estão envolvidos na fiscalização da soja transgênica. A resposta enviada é evasiva, tenta nos confundir ao dizer que a questão está inserida entre os procedimentos de rotina. Não há motivo para uma fiscalização especial por parte dos fiscais federais agropecuários. Em outros termos, se aparece um foco de aftosa, que é perigoso para o gado, o MAPA se mobiliza; mas se aparece soja transgênica, que é bom para a Monsanto e muito ruim para a saúde da população e o meio ambiente, o caso é de rotina.

Indagamos ainda ao MAPA — dentro das ações “de rotina” — quanto de soja transgênica, ilegal, foi apreendida a partir de 1996, quando começaram as denúncias de contrabando na área. O Ministério informa que esta informação “não

557 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 está sistematizada para pronto atendimento”. Indagamos aqui se o Ministério é desorganizado ao ponto de não ter a informação ou se se trata de má fé.

Sras. e Srs. Deputados, gostaríamos de enviar um recado ao Sr. Presidente da República, a quem o povo colocou no Governo para que fizesse mudanças e não para manter o que havia antes.

Companheiro Lula, lamentavelmente, vamos ao Ministério Público Federal pedir abertura de processo contra seus Ministros por não cumprirem a lei e deixarem o povo brasileiro exposto aos interesses da Monsanto e suas parceiras de crime.

Infelizmente, Presidente, seu Governo ainda não aprendeu o que são os transgênicos e o que eles representam como símbolo do modelo perverso de agricultura que existe no Brasil. Nós até admitimos que alguns Ministros e assessores defendam os transgênicos e os interesses da Monsanto, mas não aceitaremos jamais que o companheiro Lula se torne defensor desses interesses e

— como Fernando Henrique Cardoso — coloque o Estado ao lado deles e contra o povo brasileiro. Ao omitir-se na questão dos transgênicos, ao permitir que criminosos ajam abertamente contra a lei existente, o Governo Luiz Inácio Lula da Silva iguala- se a todos os outros que passaram por aqui.

Obrigado.

558 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (Leônidas Cristino) - Passa-se ao

V - GRANDE EXPEDIENTE

Concedo a palavra ao primeiro orador inscrito, Sr. Deputado Silas Câmara,

PTB do Amazonas, e que dispõe de até 25 minutos.

559 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. SILAS CÂMARA (PTB-AM. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, inicio minha participação hoje na Câmara dos Deputados parabenizando o Sr. Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, que, no próximo dia 21, estará fazendo justiça com um gesto de extrema relevância para a região amazônica: a recriação da SUDAM. O Governo que ora comanda a Nação brasileira merece nosso aplauso nesse sentido.

Ameaças inéditas de paralisação povoaram o noticiário nacional nas 2 primeiras semanas deste mês de agosto: a primeira veio do Poder Judiciário, tanto no âmbito federal quanto estadual; a segunda foi anunciada por Prefeitos do País inteiro, em especial os das pequenas e médias cidades brasileiras. Além de fechar as portas das Prefeituras, muitos dirigentes municipais adotaram medidas ainda mais drásticas para compensar a queda no repasse de verbas federais para os

Municípios, como a demissão em massa de funcionários e até mesmo o corte do cafezinho, do combustível e do uso do telefone.

O motivo para tanta inquietação dos Prefeitos foi a crise deflagrada pelo corte de 1 bilhão de reais nos repasses da União aos Municípios nos meses de maio e junho, em conseqüência da queda da arrecadação federal no período. Esse montante, acompanhado do encolhimento no valor das transferências registrado nos outros meses do primeiro semestre deste ano, resultou em uma perda total de arrecadação de 2,4 bilhões de reais para as Prefeituras brasileiras em comparação com o mesmo período do ano passado.

Isso não é tudo. De acordo com o Presidente da Confederação Nacional dos

Municípios, além de a receita do ICMS ter sofrido neste ano uma queda real de 3% a

5% ao mês, as projeções do Tesouro Nacional anunciam um quadro pouco

560 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 alentador para as Prefeituras ainda nesse segundo semestre, por conta de nova queda na arrecadação federal, que deverá acontecer já no mês que vem. Tudo indica, portanto, que no fim do ano, quando às despesas normais de uma Prefeitura se acrescentam outras, como as do 13º salário e férias, os Prefeitos enfrentarão com certeza dificuldades ainda maiores para honrar seus compromissos.

O FPM, que corresponde a um percentual de 22,5% da arrecadação do

Imposto de Renda e do Imposto de Produtos Industrializados, como sabemos, é a principal fonte de recursos orçamentários dos Municípios brasileiros, uma vez que representa, em média, cerca de 75% de toda a receita municipal no País. Os repasses da União para as Prefeituras, feitos nos dias 10, 20 e 30 de cada mês, são atrelados, porém, ao volume da arrecadação federal. Ao mesmo tempo, o valor da verba repassada é proporcional ao tamanho da população de cada Município. Isso faz com que a crise financeira nacional repercuta, com toda a sua força, sobre os pequenos e médios Municípios brasileiros.

Sr. Presidente, aproveito para registrar as reclamações quase que coletivas dos Municípios brasileiros contra o censo populacional levantado pelo IBGE, um verdadeiro desastre para alguns Municípios brasileiros, principalmente do Estado do

Amazonas, que têm tido perdas constantes dada a irresponsabilidade no levantamento feito na região.

A redução da atividade econômica é apontada pelo Presidente da

Confederação Nacional dos Municípios como a principal causa do aperto pelo qual passam os Prefeitos brasileiros no momento. Só no que respeita ao IPI dos automóveis, a queda nos primeiros 6 meses do ano foi de cerca de 23%. Mas isso ainda não é o que afeta significativamente a economia dos pequenos Municípios.

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Sobre estes, o que pesa mesmo é a redução no repasse do FPM, uma vez que, além de quase não possuírem produção industrial, nem atividades de peso que possibilitem uma participação significativa no bolo do ICMS, eles apresentam baixos níveis de arrecadação também em relação aos impostos de natureza tipicamente local, como é o caso do IPTU e do ISS.

No caso do Estado do Amazonas, por exemplo, se formos levar em conta as estatísticas oficiais, a arrecadação tributária no interior, ou seja, no espaço territorial fora da Capital, Manaus, cresceu aproximadamente 110% no período entre 1996 e

2000, girando em torno de algo como 20 milhões de reais. Mas esse crescimento deveu-se, em grande parte, ao incremento da arrecadação nos Municípios de Coari e Presidente Figueiredo, relacionada à exploração do petróleo e da cassiterita. No ano de 2000, por exemplo, dos 39 milhões arrecadados de ICMS em todo o interior do Estado, aproximadamente 30 milhões vieram desses 2 Municípios, enquanto os outros 52 arrecadaram apenas 34% do total, ou seja, 9 milhões de reais.

A participação dos recursos próprios na receita dos Municípios amazonenses

é, portanto, quase nula, tendo em vista a baixa arrecadação de tributos municipais.

As arrecadações do Imposto Sobre Serviços, o ISS, do Imposto Predial e Territorial

Urbano, o IPTU, e do Imposto sobre Transmissão de Bens Inter Vivos, o ITBI, são itens que constam das prestações de contas das Prefeituras, porém apenas de forma figurativa, pois seus valores quase nunca são preenchidos, e, quando são, podem ser considerados insignificantes. Já no que respeita ao repasse das verbas federais para o Estado do Amazonas, dados do IBGE relativos ao ano 2000 demonstram que essa área estratégica, que abriga o maior Estado brasileiro, possui

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Municípios que passam anos sem receber recursos federais, salvo os obrigatórios, por força constitucional.

O exemplo do Estado do Amazonas é emblemático, Sr. Presidente, e repete- se por várias outras regiões do Brasil. Por outro lado, a recessão que hoje se abate sobre o País apresenta a particularidade de, além de atingir duramente a arrecadação municipal, contribuir para onerar ainda mais os custos de oferta e manutenção dos serviços prestados localmente pelas Prefeituras, já que, com o orçamento mais apertado, uma maior quantidade de pessoas passa a recorrer com mais freqüência a serviços públicos como creches e postos de saúde.

Mas a origem desse verdadeiro caos que se abateu sobre as finanças municipais brasileiras, Sras. e Srs. Deputados, tem endereço sabido e conhecido.

Ela reside na falta de sensibilidade que vem sendo demonstrada por todos os

Governos que o Brasil já teve até hoje para com o maior dos flagelos que se abate sobre a população brasileira, o desemprego. O desemprego, Sr. Presidente, não apenas antecede a fome, como também contribui para perpetuá-la. A brutal recessão que toma conta do País atualmente só vem comprometer ainda mais os abalados alicerces do crescimento e da prosperidade, tanto no âmbito da União quanto dos Estados e dos Municípios. A estes últimos resta então, a esta altura, muito pouco o que cobrar, uma vez que já cortaram todas as gorduras possíveis e fizeram tudo o que podiam para ajustar-se à Lei de Responsabilidade Fiscal.

Quanto às críticas constantes do Governo Federal aos Municípios, essas apenas demonstram, na nossa opinião, a tradicional insensibilidade dos governantes para com a população brasileira, em favor de interesses distantes, fora do alcance e

563 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 da compreensão do cidadão comum, para o qual a mais importante das batalhas é a própria sobrevivência e a dos seus dependentes.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, são muitos os compromissos e as obrigações que o Congresso Nacional tem para com a população brasileira. Mas entre eles destacam-se a permanente vigilância e a atuação incisiva na luta incessante para corrigir distorções e desvios que ameaçam o bem-estar dos cidadãos.

Ainda para este mês, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística — IBGE

— deverá confirmar oficialmente o que já vem sendo evidenciado há bastante tempo: o Brasil mergulhou na recessão. Nós estamos vivendo, neste momento, o segundo trimestre consecutivo de retração econômica no País. O Produto Interno

Bruto nacional, que representa a soma de todas as riquezas produzidas internamente, encolheu pelo menos 1% entre abril e junho deste ano. E o recado do

IBGE é claro: ou se criam agora condições para a retomada do crescimento, ou o

Governo perderá o controle sobre a inquietação social que já se faz notar não só nas cidades, mas também no campo.

Não cabe, portanto, no momento atual, Sras. e Srs. Deputados, culpar as

Prefeituras pela crise fiscal e tributária que se abate sobre a Nação brasileira. As razões dessa crise são mais profundas, e suas causas e conseqüências devem ser enfrentadas sem meias palavras. A concentração territorial da riqueza no Brasil é brutal. Hoje, 84% da arrecadação dos impostos municipais, ou seja, ISS, IPTU e

ITBI, são gerados em cerca de 30 das maiores cidades do País. Às pequenas, resta compor receitas com recursos repassados para os fundos de participação, cuja

564 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 arrecadação vem caindo progressivamente, por conta do desaquecimento da atividade econômica no País.

Ouço com muito prazer o aparte do Deputado Valdenor Guedes.

O Sr. Valdenor Guedes - Deputado Silas Câmara, quero parabenizá-lo por esse importante pronunciamento que V.Exa. faz hoje, em que mostra acima de tudo as dificuldades pelas quais passam os Municípios brasileiros. Há poucos dias, realizou-se um encontro de Prefeitos do nosso Estado, em Macapá, quando debatemos o problema dos Municípios, que estão morrendo. A Constituição de 1988 repassou muitos encargos para o Município e, em contrapartida, não lhe deu as condições necessárias para suportá-los. Hoje, o Município tem tantos encargos, como cuidar do ensino infantil, creches, escolas, transporte escolar, que já não agüenta mais. É nele que essas necessidades acontecem. Muitos Municípios, não só os do seu Estado, mas os da Amazônia e os das outras regiões do Brasil, estão com a arrecadação do ISS e do IPTU quase chegando a zero. Ou seja, não arrecadam nada, a não ser o Fundo de Participação do Município, que cada vez mais diminui. O FPM depende do Imposto de Renda e do IPI. Isso, logicamente, traz grandes dificuldades para o Município. Vemos, nobre Deputado Silas Câmara, que a preocupação de V.Exa. procede. E. no entanto, a reforma tributária poderá trazer ainda maiores dificuldades sociais e jurídicas. O nosso Partido Progressista até fez uma emenda propondo que 10% da CPMF fossem destinados aos Municípios, mas, por ser uma contribuição, talvez não seja possível. Tenho certeza absoluta de que o

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva atentará para a distribuição de renda no nosso

País, a começar pelos Municípios, para que milhares de pessoas que moram no meio rural não saiam do campo para inchar a capital, gerando enormes problemas

565 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

— a mão-de-obra do interior chega barata e desqualificada nas capitais. Parabéns,

Deputado, pelo brilhante pronunciamento. Se o nobre Relator da reforma tributária,

Deputado Virgílio Guimarães, tiver ouvido o pronunciamento de V.Exa., certamente o acatará em muitos pontos importantes. Muito obrigado.

O SR. SILAS CÂMARA - Obrigado, Deputado Valdenor Guedes. Incorporo com muito prazer o aparte de V.Exa. ao meu pronunciamento, ao mesmo tempo em que lhe retribuo os elogios. V.Exa. é um dos Deputados que demonstram grande preocupação com os Municípios brasileiros. Mas falta conscientizar boa parte das autoridades brasileiras sobre a realidade de que o local em que o povo vive, do qual depende, é o Município. Por isso, deve ser abençoado com distribuição mais justa e adequada de renda.

Ouço com prazer o nobre Deputado Dr. Hélio.

O Sr. Dr. Hélio - Nobre Deputado Silas Câmara, quero fazer um breve aparte para deixar registrado o orgulho que temos em ter V.Exa. presente na Comissão de

Ciência e Tecnologia, Deputado sempre atuante na defesa da causa e das necessidades do Amazonas. V.Exa. tem sido intransigente nessa luta. O pronunciamento de V.Exa. é profundo e chama a atenção do Congresso Nacional, em particular desta Casa, para assuntos da mais alta relevância como as reformas previdenciária e tributária. Cabe a nós resguardar a credibilidade da Câmara dos

Deputados quando estamos diante de uma CPI, como a do BANESTADO. Por certo, a população brasileira espera que todos os fatos sejam passados a limpo, que se dêem respostas prontas e claras à sociedade sobre todo o dinheiro mandado para fora do País e, ao fim, que ele retorne e seja aplicado como bem público. Parabéns

566 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 a V.Exa. pelo brilhantismo da sua atuação neste plenário e na Comissão de Ciências e Tecnologia.

O SR. SILAS CÂMARA - Agradeço a V.Exa. o aparte, Deputado Dr. Hélio, que incorporo na íntegra ao meu pronunciamento.

Não é difícil, portanto, Sr. Presidente, entender a crise que se instalou em mais de 4.400 dos 5.561 Municípios brasileiros nos últimos anos. O principal motivo para isso pode ser atribuído à dependência de verbas da União por parte da maioria das Prefeituras de todo o País.

Sr. Presidente, tenho falado freqüentemente ao Plenário desta Casa a respeito da urgente necessidade de o Governo Federal liberar as emendas individuais dos Deputados e das emendas das bancadas estaduais, que beneficiam as Prefeituras brasileiras, principalmente as que têm até 30 mil habitantes, cuja arrecadação é apequenada, achatada. Essas emendas existem para dinamizar a economia dos Municípios.

Estamos chegando praticamente ao mês de setembro, e os recursos ainda não foram encaminhados aos Municípios. Alguns deles, com obras licitadas, empenhadas, contratadas e executadas em até 70%, não receberam um centavo sequer para pagar os fornecedores, empregados, empreiteiros, o que geraria renda, emprego e dignidade para a população local.

Ainda estou muito esperançoso porque o Governo Lula foi eleito por pregar a distribuição de renda e manifestar preocupação com a Nação brasileira. E qual seria a grande preocupação social com a Nação brasileira se não a construção da dignidade e da capacidade de gerar investimentos nos Municípios brasileiros? O

567 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Poder Executivo e o poder municipal convivem, diariamente, com as mesmas dificuldades que a população menos favorecida do País enfrenta.

A Lei de Responsabilidade Fiscal foi um avanço para o País, mas engessou as pequenas Prefeituras. O que antes fazia parte da área social, hoje pertence a outros setores. E as verbas são engessadas, têm de ser direcionadas a serviços determinados, que certamente precisam de tais investimentos. Porém, entre a vida do Munícipe e construções de concreto, por força da lei, o Prefeito é obrigado a escolher o concreto e desprezar a vida humana, a saúde, o bem-estar social da população.

Por isso, Sr. Presidente, os Prefeitos dependem de repasses federais para pagar salários, para manter a máquina administrativa funcionando e dar dignidade ao seu povo. Existe uma diferença muito simples de entender: na década de 80, os

Municípios brasileiros chegavam a receber 23% do bolo tributário nacional.

Atualmente, apesar de o Brasil ter passado da carga tributária de 27% do PIB, ela chegou a quase 42%, os Municípios recebem apenas 13% da arrecadação total do

País. O que quer dizer isso? Cresceram os volumes de arrecadação do Governo

Federal, dos Governos Estaduais, e os Municípios continuaram no mesmo patamar da década de 80. Os serviços que o Governo Federal transferiu para os Municípios estão totalmente desestruturados. A saúde não funciona. A educação subsiste por causa do FUNDEF, e olhe lá. Em alguns Municípios, nem isso acontece.

Os Prefeitos estão totalmente amarrados, porque estão diante da Lei de

Responsabilidade Fiscal que os obriga a transformar seus recursos em determinados segmentos. Além disso, não houve acréscimo de nenhum centavo do

568 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 dinheiro repassado para os Municípios, embora o Governo Federal tenha crescido, em muito, o bolo da arrecadação — isso também ocorre nos Estados.

É nosso dever, neste momento de discussão das reformas, em especial da tributária, sermos sentinelas do povo — não apenas para que não haja crescimento real da tributação no Brasil.

A arrecadação tributária precisa passar por uma transformação que beneficie quem quer produzir e gerar emprego. Os recursos não devem ficar apenas com o

Governo Federal ou Estadual, têm de ser repassados para os Municípios.

O Governo Lula tem de acabar com uma situação que se repete: a vinda de

Prefeitos a Brasília, de pires na mão, para pedir pelo amor de Deus dinheiro para seus Municípios investirem. A distribuição do que é arrecadado pela União e pelos

Estados tem de ser justa.

Temos de tirar os Prefeitos, que também são autoridades do Poder Executivo, que lidam diretamente com o povo, da mão de terceiros. Eles não podem continuar sendo humilhados e manipulados politicamente nos períodos de campanha eleitoral.

É nosso dever lançar desta tribuna veemente protesto contra a política recessiva que aí está. Afinal ela não apenas ameaça jogar por terra as aspirações mais urgentes e justas dos brasileiros por um futuro digno, como imobiliza Estados e

Municípios na tarefa de lutar pela melhoria da qualidade de vida da população.

As reformas fiscal e tributária em andamento podem ser até o caminho viável para atingir esse objetivo, mas a Nação precisa estar convencida disso. Esse convencimento só virá se o Governo Federal mostrar que é capaz de passar do discurso à ação, adotando medidas urgentes que permitam a retomada do

569 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 crescimento no País, garantindo não apenas comida no prato do brasileiro, mas também emprego e, portanto, dignidade.

Muito obrigado.

Durante o discurso do Sr. Silas Câmara, o Sr.

Leônidas Cristino , § 2º do art. 18 do Regimento Interno,

deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr.

João Caldas, 4º Suplente de Secretário.

570 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. FRANCISCO APPIO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. FRANCISCO APPIO (PP-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, peço a V.Exa. que considere como lida a manifestação que faço sobre os Hospitais Filantrópicos e as Santas Casas, especialmente as do meu

Estado, o Rio Grande do Sul e, no caso da minha região, o Hospital Nossa Senhora da Oliveira, cuja situação está cada vez mais grave pela falta de recursos.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - A Mesa recebe a solicitação de V.Exa.

DOCUMENTO A QUE SE REFERE O ORADOR

571 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINA 572)

572 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Dando continuidade ao Grande

Expediente, concedo a palavra ao nobre Deputado José Pimentel.

O SR. JOSÉ PIMENTEL (PT-CE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, na próxima terça-feira, dia 26, votaremos em segundo turno a PEC nº 40, que trata da reforma da Previdência.

Vamos então manter a exigência de 30 anos de contribuição para a mulher e

35 anos para o homem, independentemente da idade, para a aposentadoria. Nessa regra estão incluídos todos os trabalhadores assalariados da indústria, do comércio, do setor de serviços, os autônomos, como também os servidores públicos municipais, estaduais e federais e das estatais, a exemplo dos do Banco do Brasil, da PETROBRAS e dos Correios. Esse segmento de trabalhadores representa 94% dos que hoje estão de alguma forma vinculados ao sistema previdenciário.

Seguindo a mesma sistemática, vamos manter a aposentadoria especial dos trabalhadores da educação básica — ensino infantil, fundamental e médio. Nestas condições, uma professora vinculada ao regime geral terá uma redução de 5 anos no tempo de contribuição. Ou seja, aposenta-se com 25 anos de contribuição; o professor, aos 30, ambos independentemente da idade. E todos aqueles que ingressarem no regime geral terão o mesmo tratamento.

Também estamos mantendo os trabalhadores da agricultura familiar, do setor extrativista e artesanal da pesca na categoria especial. Nesse segmento, as aposentadorias serão por idade: a mulher, aos 55 anos; o homem, aos 60, independentemente de tempo de contribuição.

Estamos assim agindo por entender fundamental uma política de transferência de renda da cidade para o campo, até porque hoje 82% da população

573 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 brasileira vive na área urbana e apenas 18% na área rural. Na cidade, podemos até não ter carro para passear ou bicicleta para andar, mas se na nossa panela não tiver o arroz e o feijão não teremos como sobreviver. E só teremos esses alimentos se houver gente trabalhando na roça. A esses trabalhadores, portanto, devem ser dadas condições de permanecer com dignidade no campo — a eles e às respectivas famílias. A maneira que nós, da área urbana, encontramos para retribuir o que eles nos dão é exatamente transferindo riqueza da cidade para o campo.

Neste ano, com a fixação do salário mínimo em 240 reais, o que atinge 6 milhões e 900 mil aposentados e pensionistas da área rural, vamos destinar mais de

20 bilhões de reais para garantir o pagamento dos benefícios. Quem é reside em qualquer cidade do interior, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, sabe que em cada uma delas, do dia 1º do mês ao dia 15, o comércio é muito forte. E o principal fator de alavancagem das atividades comerciais são os trabalhadores e trabalhadoras pensionistas e aposentados do regime geral vinculados à área rural.

Ouço, com prazer, o nobre Deputado Coriolano Sales.

O Sr. Coriolano Sales - Deputado José Pimentel, é um prazer vê-lo na tribuna expender suas idéias sobre a reforma da Previdência. Pergunto a V.Exa acerca d emenda que apresentei à PEC nº 40. Com o propósito de criar a renda mínima para a terceira idade, propus o seu estabelecimento para homens com mais de 65 anos de idade e mulheres acima de 60 anos, mesmo para os que não tenham contribuído para a Previdência Social, tempo diminuído em 5 anos quando se tratasse de trabalhador rural ou de pessoa na atividade artesanal ou pesqueira. Ao entrar no plenário, lembrei-me dessa proposição, mas não sei qual o destino que

V.Exa deu a ela. Esse programa não era demagógico; ele preconizava a criação de

574 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 renda mínima responsável que interferiria na base da sociedade, sobretudo na população de baixa renda, porque alcançava aqueles que não contribuíram para a

Previdência Social e que hoje são verdadeiros párias da sociedade, pois vivem de esmolas dos Governos Federal, Estaduais e Municipais ou de setores assistenciais da sociedade brasileira. A minha emenda tinha a finalidade de criar a renda mínima de maneira responsável — repito — para proteger aqueles que estão chegando à terceira idade, ou que nela já estão, mas que não têm acesso aos benefícios da

Previdência Social. Gostaria de saber qual o destino que V.Exa. deu a essa emenda.

O SR. JOSÉ PIMENTEL - Deputado Coriolano Sales, a preocupação de

V.Exa. diz respeito a 57% da população brasileira economicamente ativa, que produz a riqueza nacional, mas não têm nenhuma proteção social, nem mesmo previdenciária. A exemplo da emenda de V.Exa, uma série de outras enriqueceu o debate nesta Casa. A idéia foi acolhida por ampla maioria, constitucionalizando o direito de as pessoas de baixa renda se integrarem à previdência pública brasileira com uma contribuição diferenciada. Grupo de trabalho constituído no Ministério da

Previdência já definiu que a contribuição será de 8% sobre o salário mínimo — atualmente a contribuição é de 20%. Vamos reduzir a contribuição mensal, hoje de

48 reais, para R$19,20 — redução de 60% —, exatamente para criar condições a fim de que 57% da nossa população economicamente ativa, que não conta com nenhuma proteção previdenciária, possa futuramente estar incluída no sistema. É verdade que a inclusão de todo esse contingente tem como pressuposto a adoção de um modelo de crescimento econômico com justiça social, mas é indispensável que demos à Previdência condições para que esse contingente seja efetivamente incluído.

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Temos 18 milhões e 700 mil brasileiros com mais de 18 anos de idade com renda superior a um salário mínimo — queremos incluí-los no sistema ainda no

Governo Lula. Exatamente por isso, no § 12 do art. 201 da Constituição Federal, estamos constitucionalizando a inclusão da população de baixa renda, a fim de que no dia de amanhã não tenhamos mais no Brasil cidadãos de primeira, segunda ou terceira classes no nosso sistema previdenciário.

Ouço, com prazer, o nosso companheiro do Estado da Paraíba, Deputado

Wilson Santiago.

O Sr. Wilson Santiago - Nobre Deputado, no decorrer dos debates na

Comissão Especial, V.Exa. conquistou muitos admiradores pelo bom trabalho que desenvolveu. Acompanhei de perto seu trabalho na Relatoria da PEC nº 40 e ratifico minha admiração a V.Exa. por ter sempre defendido o direito dos pequenos, dos mais sacrificados, dos oprimidos, daqueles que todos os dias buscam amparo no

Poder Público. Por exemplo: apesar de muitas tentativas em contrário, V.Exa. assegurou, desde o início, os direitos do pequeno trabalhador do campo, especialmente do semi-árido nordestino. Não preciso estender-me, pois V.Exa. tem recebido elogios por onde tem andado. Mas faz-se necessário neste instante registrar o empenho de V.Exa. na defesa dos pequenos deste País, que no Nordeste representam 95% da população. Sempre estive a seu lado, porque reconheço, como de resto todos os brasileiros, seu trabalho, que há de ficar como exemplo na história do Brasil. Parabéns a V.Exa.

O SR. JOSÉ PIMENTEL - Obrigado, nobre Deputado Wilson Santiago.

Destaco o trabalho por V.Exa. realizado na reforma previdenciária , em especial relativamente à Defensoria Pública, que atende os mais sofridos e os excluídos,

576 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 principalmente aqueles que lutam para ter seus benefícios previdenciários reconhecidos e assegurada sua inclusão no sistema de proteção, que é fundamental.

Por isso quero registrar o desempenho que V.Exa. teve na Comissão

Especial, principalmente para que fosse acolhido o pleito da Defensoria Pública ao lado das reivindicações do Ministério Público — duas faces de sistema judiciário brasileiro.

Ouço, com prazer, o nobre Deputado Adelor Vieira, que muito tem trabalhado a respeito da questão previdenciária.

O Sr. Adelor Vieira - Nobre Deputado José Pimentel, desejo também de deixar registrado meus aplausos ao brilhante trabalho que fez desenvolveu na relatoria da PEC nº 40. Hoje, neste período da sessão, ao trazer alguns esclarecimentos que julgo fundamentais sobre a matéria, V.Exa. continua contribuindo não só com o Governo, mas com toda a sociedade brasileira, ainda perplexa com o desenrolar dos fatos. Muitos foram atingidos; outros, talvez até mal intencionados, procuram fazer mobilizações e distorcer a verdade. No início do seu pronunciamento, ao falar sobre os professores, disse V. Exa. que os professores do regime geral continuam tendo aqueles 5 anos de diferenciamento no tempo de serviço, que são justos, pelas especificidades da função que desempenham. De igual forma, certamente V.Exa. também vai adentrar na questão do professor servidor público. Essa categoria, que tanto trabalha no ensino de crianças, de adolescentes e de adultos, se for bem informada, conforme V.Exa. agora está fazendo e esta Casa tem procurado fazer, certamente transmitirá nas salas de aula a verdade sobre essa reforma que trará grandes benefícios para nossa sociedade.

577 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Ao finalizar, repito: realmente V.Exa. fez um trabalho que gratifica a todos nós,

Parlamentares, e muito nos honra ter tido V.Exa. como Relator da Proposta de

Emenda à Constituição nº 40.

O SR. JOSÉ PIMENTEL - Nobre Deputado Adelor Vieira, agradeço a V. Exa. o aparte.

Quero registrar que no serviço público temos, somente na União, 952 mil aposentados e pensionistas. Para esses servidores já era garantida, no texto original da Proposta de Emenda à Constituição nº 40, a paridade nos exatos termos da decisão do Supremo Tribunal Federal, além da extensão de todo e qualquer reajuste, toda e qualquer promoção, todo e qualquer benefício concedido aos servidores em atividade a. É o que está previsto no art. 8º do substitutivo aprovado nesta Casa.

Cento e dois mil servidores públicos federais que já preencheram os requisitos para aposentadoria. Em qualquer tempo que eles requererem aposentadoria, a concessão se dará de acordo com a lei da época em que eles cumpriram o tempo para obtenção dos benefícios — é o diz o art. 3º do substitutivo

—, mantendo-se a integralidade e a paridade. Se tivermos, Deputado Adelor Vieira, qualquer norma mais vantajosa, esta será estendida a esses servidores.

Por outro lado, 750 mil servidores da União ainda não preencheram as condições para aposentadoria. Para esses, a proposta inicial não mantinha nem a integralidade nem a paridade. No debate feito na Casa, que contou com a participação do Presidente João Paulo Cunha e a mediação da Comissão Especial, na qual foram ouvidas entidades representativas do movimento de servidores, como a Central Única dos Trabalhadores, além de outras, asseguramos a integralidade da

578 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 remuneração do dia da aposentadoria a todos aqueles que tomaram posse no serviço público até dezembro de 1998.

Para que fique registrado nos Anais, desejo enfatizar que no mundo só dois países mantêm a integralidade nas aposentadorias do serviço público: Portugal e Brasil. A média mundial é entre 70% e 75%.

Para os futuros servidores estamos aplicando programa do Governo Lula, que contém previdência pública básica com piso de um salário mínimo e teto de 2 mil e

400 reais. As regras são iguais para o trabalhador da iniciativa privada da indústria, do comércio ou do setor serviços e autônomo e do serviço público. A partir desse teto, há previdência complementar.

Para o servidor público, a previdência complementar é feita por fundação pública estatal. Fizemos assim para permitir a autocrítica daqueles que ontem diziam ter a proposta como objetivo a privatização da Previdência, porque no texto,

Deputado Adelor Vieira, não há uma única palavra que leve à privatização da

Previdência. Aliás, estamos sendo muito criticados pelos lobistas do Parlamento e da sociedade por ter estatizado o seguro por acidente de trabalho. Com a estatização, criamos condições para a adoção de política que vise reduzir o alto

índice de acidente de trabalho que hoje permeia as atividades laborais, em especial a construção civil.

Exatamente por isso, temos consciência da necessidade da construção de uma Previdência pública fortalecida, o que é feito por meio desta reforma, que promove reparos em outras, anteriores, que haviam contribuído para o enfraquecimento da Previdência pública brasileira.

Ouço o Deputado Alceu Collares, nosso companheiro de Comissão Especial.

579 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O Sr. Alceu Collares - Nobre Deputado José Pimentel, que não sejam as minhas primeiras palavras de justificação da discordância com as posições de

V.Exa., que tantos elogios recebeu por ter cumprido seu dever de Relator — tenho uma concepção de homem público: o homem público que cumpre os deveres do seu cargo não merece elogios, quando muito, merece registro —, quanto pelo encaminhamento dessa tentativa de reforma da Previdência... (Pausa.)

O SR. JOSÉ PIMENTEL - Estou lhe ouvindo, Deputado Alceu Collares.

O Sr. Alceu Collares - Tenho dificuldade para falar quando o interlocutor não me ouve. É um problema meu, não dos Deputados.

O SR. JOSÉ PIMENTEL - Até porque o registro de V.Exa. fez parte dos trabalhos da Comissão.

O Sr. Alceu Collares - A democracia se faz com o contraditório, com as divergências, com os conflitos. E V.Exa...

O SR. JOSÉ PIMENTEL - Claro. Tanto é verdade que, no meu tempo de exposição, estou concedendo aparte a V.Exa., com todo o carinho.

O Sr. Alceu Collares - Pois é, posso fazer exatamente esta cobrança: o PT e o PDT votaram contra o PL-9. O projeto atual o adotou na sua totalidade e ainda lhe acrescentou idéias. Só falta pedir nas ruas que apóiem o PL-9 de Fernando

Henrique Cardoso. Vou tentar limitar o aparte, que não pode ser discurso paralelo.

Lamentavelmente, os membros do PT cometeram um erro muito grande no momento em que estabeleceram que a previdência complementar de natureza pública teria contribuição definida. V. Exa., estudioso que é, Ricardo Berzoini e principalmente Luiz Gushiken, doutor em previdência social, sabem que esse caminho afasta o Estado de qualquer responsabilidade pelos erros nos

580 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 investimentos feitos com os recursos daqueles que porventura entrarem num fundo de pensão com contribuição definida. Nos Estados Unidos, 92% dos fundos são de contribuição definida. Estão com um prejuízo de provavelmente 60%, a partir da fraude contábil de empresas. Deixo claro a V.Exa. que estamos argumentando com dados técnicos. Essa forma de fundo de pensão vai colocar o PT na direção dos fundos de pensão de todas as estatais, como, aliás, já ocorre hoje. A PREVI e a

PETROS estão nas mãos do PT. Lamentavelmente, todos os fundos apresentam grandes furos, grandes déficits, e querendo passar a usar — na PREVI, inclusive — o INPC na atualização dos benefícios, hoje é feita pelo IGP-M, e pagar ao beneficiário um valor menor. Chamo a atenção de V.Exa., pois há tempo ainda de fazer a correção. Com o respeito que tenho a V. Exa., afirmo que se trata de um assalto aos recursos financeiros.

O SR. JOSÉ PIMENTEL - Obrigado, Deputado Alceu Collares, pela participação e registro.

O Sr. Alceu Collares - V.Exa. está cortando a minha palavra.

O SR. JOSÉ PIMENTEL - O tempo é meu.

O Sr. Alceu Collares - V.Exa. tem direito de cortar a palavra, mas deve dizer: corto sua palavra.

O SR. JOSÉ PIMENTEL - É uma deferência conceder o aparte a V.Exa.

(O Sr. Presidente faz soar as campainhas.)

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - A palavra está assegurada ao orador.

O SR. JOSÉ PIMENTEL - Deputado Alceu Collares, V.Exa. foi Governador do

Rio Grande do Sul e os gaúchos sabem o Estado que administrou.

Ouço, com prazer, o nobre Deputado Zé Geraldo.

581 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O Sr. Zé Geraldo - O Deputado Alceu Collares deve ter outro motivo para estar tão revoltado com a reforma da Previdência. Precisamos descobrir qual é. O povo brasileiro, certa vez, elegeu Presidente da República um candidato que disse que ia acabar com os marajás. Isso será possível com a reforma que aprovamos..

Com ela, essa história de aposentado receber 30 mil, 40 mil, 50 mil reais por mês vai acabar. Talvez esteja aí a razão da grande revolta do Deputado Alceu Collares, que chegou a dizer que a reforma era um assalto ao servidor. S.Exa. deve ter seus motivos. Mas estamos governando para que todos os trabalhadores tenham garantida a aposentadoria no futuro. Deputado José Pimentel, participei ativamente dos debates e das votações da proposta e acompanhei passo a passo o belíssimo trabalho que V.Exa. realizou. Estamos oferecendo justiça social por meio de uma reforma que, com certeza, foi a possível . Parabenizo V.Exa. Daqui para a frente caberá a nós esclarecer à sociedade a proposta que acabamos de votar na Casa.

O SR. JOSÉ PIMENTEL - Agradeço o aparte a V.Exa., Deputado Zé Geraldo.

Concedo, com prazer, aparte à nobre Deputada Selma Schons.

A Sra. Selma Schons - Deputado José Pimentel, parabenizo V.Exa. pelo trabalho imenso que realizou e pela forma democrática com que tem conseguido conduzir a relatoria dessa proposta, já votada em primeiro turno, que, entre outras intenções, pretende incluir no sistema 40 milhões de brasileiros — bóia-frias, serventes de pedreiro, etc. —, hoje sem qualquer perspectiva, pois só conseguiram contribuir para a Previdência por 2 ou 3 anos. Parabéns, repito, pela forma como

V.Exa. conduziu esse processo. No segundo turno votaremos novamente a favor da proposta, para assegurar mais justiça social ao povo brasileiro.

O SR. JOSÉ PIMENTEL - Obrigado, Deputada.

582 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Registro que, pela primeira vez em sua história, o Brasil fixa um teto máximo de remuneração: 17. 343 reais, equivalente a 70 salários mínimos, para o servidor público federal. O conjunto de pessoas que recebe aposentadoria e pensão superiores a esse valor, no dia seguinte ao da promulgação dessa emenda terá de se submeter ao redutor.

Sr. Presidente, diversos Deputados tiveram a grandeza de registrar que não poderiam votar o projeto em face de algumas particularidades. Outros, porém, que sempre defenderam uma Previdência diferenciada, não puderam dizer o mesmo, porque o somatório de suas aposentadorias ou pensões, lamentavelmente, supera os 17.343 reais. Aqueles que divergiram e registraram seu posicionamento têm meu respeito. Quanto àqueles que simplesmente utilizaram a tribuna para tentar manter seus privilégios, lamento muito... Mas isso faz parte do Estado democrático.

Muito obrigado.

DISCURSO ENCAMINHADO PELO GABINETE

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, o Regime Geral de Previdência

Social – RGPS, cujo plano de benefícios regula-se pela Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, fornece proteção aos seus segurados, os quais se classificam em obrigatórios e facultativos. O RGPS possui 21,1 milhões de beneficiários, dos quais

13,8 milhões, ou seja, quase 66% do total, recebe benefício de até um salário mínimo. São 7,1 milhões na clientela urbana e 6,7 milhões na clientela rural.

O plano de benefícios do RGPS contempla as seguintes prestações:

583 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

1 – aposentadoria por tempo de contribuição: renda mensal igual a 100% do salário-de-benefício, sendo concedida após 30 anos de contribuição, para as mulheres, e 35 anos de contribuição, para os homens;

2 – aposentadoria especial: renda mensal igual a 100% do salário-de- benefício, sendo concedida após 15, 20 ou 25 anos de exercício de atividade considerada prejudicial à saúde e à integridade física;

3 – aposentadoria por idade: renda mensal igual a 70% do salário-de- benefício, mais 1% por ano de contribuição até o máximo de 100%, sendo concedida após cumprida carência de 15 anos de contribuição (para os segurados urbanos, o benefício é concedido após 60 anos, se mulher, ou 65 anos, se homem; e para os segurados rurais, os limites de idade são de 55 anos, se mulher, e de 60 anos, se homem);

4 – aposentadoria por invalidez: renda mensal igual a 100% do salário-de- benefício (sofre majoração de 25% quando o segurado necessita de ajuda permanente de outra pessoa);

5 – auxílio-doença: renda mensal igual a 91% do salário-de-benefício, sendo concedido aos incapacitados para o trabalho por período superior a 15 dias consecutivos;

6 – pensão por morte: renda mensal igual a 100% da aposentadoria, sendo concedida, independentemente de carência, aos dependentes do segurado falecido

(cônjuges ou companheiros e filhos menores de 21 anos ou inválidos — sem comprovação de dependência econômica — e irmãos menores de 21 anos ou inválidos e pais — com comprovação de dependência econômica);

584 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

7 – salário-maternidade: renda mensal igual à remuneração da segurada com duração de 120 dias;

8 – auxílio-reclusão: mesmas condições estabelecidas para as pensões;

9 – auxílio-acidente: renda mensal igual a 50% do salário-de-benefício , sendo concedido a título de indenização ao segurado que retorna ao trabalho, mas o executa com dificuldade em razão de seqüelas resultantes de acidente;

10 – salário-família: valor de R$ 13,48 por filho menor de 14 anos ou inválido, devido aos segurados empregados e avulsos que possuam remuneração inferior a

R$ 560,81 (valores válidos a partir de 1º de junho de 2003).

Pelas regras de transição previstas na Emenda Constitucional nº 20/98, os segurados do RGPS, filiados anteriormente a 1998, ainda podem aposentar-se por tempo de contribuição em termos proporcionais, mas devem comprovar idade superior a 48 anos, se mulher, ou 53 anos, se homem. Adicionalmente devem cumprir com um tempo equivalente a 40% da diferença entre os 30 anos ou 25 anos de serviço, exigidos pela legislação anterior, e o tempo de serviço que possuíam na data da publicação da referida Emenda Constitucional.

Plano de Custeio

O RGPS é um regime de repartição simples, ou seja, é fundamentado na solidariedade intergeracional. Vários são os países que possuem regimes previdenciários com igual natureza, como, por exemplo, a Alemanha, a França e os

Estados Unidos.

Contribuintes

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD, 2001, revelam que dos 70,6 milhões de trabalhadores brasileiros (exclusive estatutários e

585 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 militares) apenas 30 milhões contribuem para a Previdência Social. Ou seja, 40,6 milhões não possuem cobertura alguma de regime previdenciário. Desses 40,6 milhões, 18,7 milhões de pessoas possuem rendimento mensal acima de um salário mínimo e podem ser considerados como economicamente capazes de contribuir e ter, em contrapartida, direito ao plano de benefícios, desde que sejam implementadas algumas medidas de estímulo a sua adesão ao regime.

A contribuição previdenciária segue a seguinte sistemática:

1 – empregados, inclusive domésticos, e trabalhadores avulsos

Salário-de-contribuição (R$) Alíquotas (%)

Até 560,81 7,65

De 560,82 até 720,00 8,65

De 720,01 até 934,67 9,00

De 934,68 até 1.869,34 11,00

(Valores válidos a partir de 1º de junho de 2003)

2 – contribuintes individuais e facultativos — 20% sobre a remuneração ou o salário declarado (facultativos) até o limite de R$ 1.869,34;

3 – empregadores

3.1 – empregadores em relação a seus empregados;

. 20% sobre a remuneração (as instituições financeiras pagam 22,5% sobre a remuneração);

.1%, 2% ou 3% sobre a remuneração, a depender do grau de risco da atividade preponderante (essas alíquotas são acrescidas de 12, 9 ou 6 pontos percentuais, incidindo, porém, sobre a remuneração dos segurados que possuem

586 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 direito à aposentadoria especial após 15, 20 ou 25 anos de contribuição, respectivamente);

3.2 – empregadores em relação à prestação de serviços de cooperados —

15% sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura da prestação do serviço (mais 9%,

7% ou 5% sobre a mesma base, em relação a atividades que autorizem aposentadoria especial após 15, 20 ou 25 anos de contribuição, respectivamente);

3.3 – empregadores em relação à prestação de serviços contratados com cessão de mão-de-obra ou de empresas de trabalho temporário — 11% sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura da prestação do serviço (mais 4%, 3% ou 2% sobre a mesma base, em relação a atividades que autorizem aposentadoria especial após 15, 20 ou 25 anos de contribuição, respectivamente);

3.4 – empregadores em relação à prestação de serviços de contribuintes individuais — parcela patronal: 20% sobre a remuneração a eles paga — parcela do contribuinte individual recolhida pelo empregador: 11% sobre a remuneração obedecido o teto de R$ 1.869, 34;

4 – empregadores domésticos — 12% sobre a remuneração a eles paga;

5 – produtores rurais pessoas físicas e trabalhadores rurais em regime de economia familiar (segurados especiais) — 2,1% sobre a comercialização da produção;

6 – produtores rurais pessoas jurídicas e consórcios simplificados de produtores rurais — 2,6% sobre a comercialização da produção;

7 – associações desportivas — 5% da receita bruta;

8 – SIMPLES — as empresas optantes contribuem com alíquotas variáveis sobre o faturamento, a depender de faixas de faturamento estabelecidas em lei. (A

587 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996, instituiu o SIMPLES para microempresas e empresas de pequeno porte, substituindo o IRPJ, PIS/PASEP, CSLL, CONFINS, IPI e contribuição previdenciária sobre a folha de salários pelo pagamento mensal unificado com base no faturamento.)

Mudanças propostas na PEC 40/2003 e substitutivo

As três mudanças fundamentais constantes dos textos da reforma da

Previdência são: 1 - elevação do teto de contribuição e de benefícios, passando de

R$ 1.869,34 para R$ 2.400,00; 2 - reforço ao caráter exclusivamente público do seguro de acidentes do trabalho, reinserindo-o no conjunto dos eventos cobertos pelo regime geral de previdência social; 3 - previsão de sistema especial de inclusão para atender aos trabalhadores de baixa renda, garantindo-lhes acesso a benefícios no valor de um salário mínimo.

A primeira medida expressa a recomposição do valor teto de 10 salários mínimos fixado nas Leis nºs 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, e abrangerá cerca de 3,5 milhões de contribuintes com remuneração acima do teto atual. As despesas com benefícios, por sua vez, sofrerão, em contrapartida, uma elevação gradual.

A segunda medida visa assegurar proteção mais efetiva ao segurado do regime geral nos eventos de acidentes do trabalho, sem que tenha de contribuir adicionalmente para que seguradoras privadas lhe proporcione essa cobertura.

E, finalmente, a terceira mudança tem por objetivo criar as condições necessárias para que os trabalhadores de baixa renda possam se filiar à Previdência

Social. A lei disciplinadora da matéria irá, portanto, prever mecanismos de estímulo

à adesão ao regime de geral de previdência social, por intermédio da aplicação de

588 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 alíquota mais reduzida de contribuição, bem como do estabelecimento de carência mais flexível para fins de acesso à aposentadoria por idade, quando se tratar de benefício de valor igual ao do salário mínimo.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD,

2001, cerca de 40,6 milhões de trabalhadores brasileiros não contribuem para a

Previdência Social, sendo que 18,7 milhões possuem rendimento mensal acima de um salário mínimo e podem ser considerados como economicamente capazes de aderirem ao regime geral de previdência social.

A alteração promovida no texto constitucional dirige-se, portanto, a esse contingente de pessoas e busca criar as condições para que lei possa definir regras que estimulem sua integração à Previdência Social.

Recomendações de mudanças infraconstitucionais

A reforma constitucional de 1998 enfatizou o caráter contributivo do regime geral de previdência social. Agora, cumpre realçar o seu caráter redistributivo, de modo que o seu fortalecimento expresse a efetiva redução dos níveis de desigualdade e pobreza do País.

Política de transferência de renda da área urbana para a rural

A importância social e o impacto distributivo da concessão dos benefícios rurais reclamam uma abordagem diferenciada. Entende-se que a necessidade de financiamento dos benefícios pagos à clientela rural deve ser explicitada e devidamente coberta com recursos provenientes de outras contribuições sociais.

Política de distribuição de renda por meio de aumentos reais

concedidos ao salário mínimo

589 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

A recuperação do piso de benefícios expressa a necessidade de reforçar as medidas de combate à exclusão na terceira idade e de redução da pobreza. A importância da previdência como mecanismo de redução da pobreza é confirmada pela dimensão de sua abrangência. Segundo o IBGE, para cada beneficiário da

Previdência Social existem 2,5 pessoas beneficiadas indiretamente. Desse modo, a

Previdência Social atingiu, em 2002, com o pagamento de seus benefícios, 74 milhões de pessoas, ou seja, 41,2% da população brasileira.

Combate à sonegação e à fraude

O fortalecimento institucional da Previdência Social requer o reaparelhamento do Instituto Nacional do Seguro Social e da Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social – DATAPREV, introduzindo-lhes novas tecnologias e controles para que seja possível alcançar melhores resultados nas ações de combate à sonegação e à fraude.

Isenções tributárias e compensação previdenciária

As isenções ou subsídios garantidos pela legislação tributária e que afetem a arrecadação previdenciária devem ser necessariamente compensados, a fim de que sejam cumpridos os compromissos assumidos pelo RGPS com seus segurados.

Ampliação do esforço de recuperação de créditos

É necessário ampliar as ações de recuperação dos créditos previdenciários para assegurar um fluxo mais intenso de receitas para o regime geral de previdência social.

Revisão na sistemática de partilha dos recursos arrecadados via SIMPLES

590 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

A arrecadação das contribuições via SIMPLES tem resultado em prejuízo para o INSS, relativamente à situação anteriormente em vigor. É preciso rever a sistemática de partilha de recursos.

Fiscalização das instituições filantrópicas

As entidades filantrópicas que gozam de isenção da contribuição previdenciária precisam ser rigorosamente fiscalizadas, a fim de seja garantido o cumprimento de suas finalidades e justificada a manutenção do tratamento fiscal privilegiado de que desfrutam.

Acordos judiciais e contribuições previdenciárias.

Nos acordos judiciais dos quais resultem contribuições previdenciárias a recolher deve-se registrar em separado seus valores e providenciar o imediato repasse ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Esses valores atualmente são recolhidos à Secretaria da Receita Federal, sendo, em seguida, repassados ao

INSS.

Melhoria nos serviços de atendimento

Significativa melhoria dos serviços somente será alcançada com a implementação da gestão quadripartite, a qual deve ser aplicada às estruturas das

Superintendências Regionais.

Compromissos de manutenção de direitos

Além das recomendações anteriormente apresentadas, cumpre ressaltar alguns compromissos que merecem constar como direitos dos segurados do regime geral de previdência, cuja manutenção se justifica pelas características próprias da sociedade brasileira.

591 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Manter diferenciados os limites de tempo de contribuição e de idade para homens e mulheres

Segundo o IBGE, em sua “Síntese dos Indicadores Sociais - 2002”, a diferença salarial é presente em todas as faixas de instrução quando se segmenta o mercado de trabalho segundo o sexo. As mulheres que possuem até o segundo grau ganham 57,1% da remuneração recebida por homem com mesmo grau de instrução.

Manter a aposentadoria por tempo de contribuição sem limite de idade

Tendo em vista a aplicação do fator previdenciário na determinação do valor do benefício, não há razão para que seja exigido limite de idade para acesso à aposentadoria por tempo de contribuição.

Manter a aposentadoria especial dos professores

Também devem ser resguardados os direitos previdenciários especiais dos professores do ensino fundamental e médio, como reconhecimento da importância da educação para o desenvolvimento econômico e social do País.

Manter idade reduzida dos trabalhadores rurais para efeito de aposentadoria por idade

Os trabalhadores rurais devem continuar sendo protegidos como “segurados especiais”, em razão da especificidade de sua atividade, marcada pelo árduo exercício do trabalho e, também, pela intermitência do fluxo de renda dele proveniente.

Manter a imunidade constitucional dos aposentados e pensionistas do RGPS

592 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Os aposentados e pensionistas do RGPS permanecerão isentos da contribuição previdenciária, conforme previsto no art. 195, II, da Constituição

Federal.

Regime Próprio de Previdência - Futuros servidores

Os servidores que vierem a ser admitidos a partir da promulgação da futura emenda constitucional estarão integralmente submetidos às regras permanentes constantes do art. 40 da Constituição. Nessas condições tais servidores:

a) terão as aposentadorias pelo regime próprio dos servidores limitadas ao teto dos benefícios do regime geral da previdência social - RGPS, ora fixado em R$

2.400,00, desde que o ente a que preste serviço tenha instituído regime de previdência complementar para seus servidores;

b) as aposentadorias voluntárias serão concedidas aos 60 anos de idade e 35 de contribuição, para os homens, e aos 55 anos de idade e 30 de contribuição, para as mulheres, à exceção de situações especiais (professores do ensino fundamental e médio, atividades exercidas em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física), desde que tenham cumprido tempo mínimo de 10 anos de efetivo exercício no serviço público e 5 anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria;

c) os proventos de aposentadoria serão calculados com base nas contribuições vertidas aos regimes previdenciários a que o servidor tenha estado vinculado, devidamente atualizadas, na forma da lei;

d) a pensão por morte será igual ao valor dos proventos do servidor falecido após a aposentadoria, ou ao valor da remuneração do servidor ainda em atividade à

593 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 data de seu falecimento, até o limite de R$ 2.400,00, acrescido de 70% da parcela excedente a este limite;

e) os proventos e as pensões serão reajustados para preservar seus valores reais, conforme critérios estabelecidos em lei;

f) a contribuição previdenciária sobre os proventos, quando aposentados, e sobre as pensões, quando falecidos, incidirá apenas sobre a parcela que exceder o teto de benefícios do RGPS (R$ 2.400,00);

g) o servidor que tenha completado as exigências para a aposentadoria voluntária e optar por permanecer em exercício fará jus a abono de permanência no valor de sua contribuição previdenciária até completar 70 anos de idade.

Atuais servidores que ainda não tenham cumprido

todos os requisitos para a aposentadoria

Os que tenham ingressado no serviço público antes da promulgação da futura emenda constitucional e que não tenham ainda implementado os requisitos exigidos para qualquer tipo de aposentadoria poderão:

1 – optar pelas regras permanentes constantes do art. 40 da Constituição, acima apresentadas;

2 – optar pela aposentadoria de acordo com as condições definidas pelo art.

7º do texto aprovado em 1º turno, nas seguintes condições:

a) a aposentadoria será concedida aos 60 anos de idade e 35 de contribuição, para os homens, e aos 55 anos de idade e 30 de contribuição, para as mulheres, desde que tenham cumprido 20 anos de efetivo exercício no serviço público, 10 anos de carreira e 5 anos de efetivo exercício no cargo em que se dará a aposentadoria;

594 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

b) os proventos serão integrais e calculados com base na remuneração do cargo efetivo em que se dará a aposentadoria;

c) os proventos de aposentadoria serão revistos na mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores em atividade, na forma da lei.

3 – Se admitidos no serviço público até 16 de dezembro de 1998 (data da publicação da Emenda Constitucional nº 20), optar pela aposentadoria de acordo com as regras estabelecidas pelo art. 8º da Emenda Constitucional nº 20, de 1998, com a redação alterada pelo art. 2º da futura emenda constitucional, nas seguintes condições:

a) a aposentadoria será concedida aos 53 de idade, para os homens, e aos

48 anos de idade, para as mulheres, desde que tenham cumprido 5 anos de efetivo exercício no cargo em que se dará a aposentadoria e que tenham tempo de contribuição de 35, para os homens, e de 30 anos, para as mulheres, acrescido de

“pedágio” igual a 20% do tempo que faltava para atingir tais limites em 16 de dezembro de 1998;

b) os proventos de aposentadoria serão calculados com base nas contribuições vertidas aos regimes previdenciários a que o servidor tenha estado vinculado, devidamente atualizadas, na forma da lei, que serão reduzidos em 5% para cada ano antecipado em relação aos limites de idade estabelecidos pela regra permanente (60 anos para os homens e 55 anos para as mulheres), ou em 3,5% para cada ano antecipado, em se tratando de servidores que venham a implementar os requisitos para a aposentadoria até 31 de dezembro de 2005;

595 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

c) os proventos de aposentadoria serão reajustados para preservar seus valores reais, conforme critérios estabelecidos em lei;

d) o servidor que tenha completado as exigências para a aposentadoria voluntária e optar por permanecer em exercício fará jus a abono de permanência no valor de sua contribuição previdenciária até completar 70 anos de idade.

Atuais servidores que tenham cumprido os requisitos para a aposentadoria.

Os servidores que tenham implementado os requisitos exigidos para algum tipo de aposentadoria, com base nos critérios da legislação então vigente, estarão, de acordo com os arts. 3º, 4º e 8º do substitutivo, sujeitos às seguintes condições:

a) exercer o direito à aposentadoria, a qualquer tempo, com proventos calculados de acordo com a legislação vigente à época em que tenham implementado tais requisitos ou nas condições da legislação vigente;

b) os proventos de aposentadoria serão revistos na mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores em atividade, assegurada ainda a extensão de quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidos aos servidores em atividade (denominada regra da paridade);

c) o servidor que tenha completado as exigências para a aposentadoria voluntária nessas condições, desde que conte com, no mínimo 25 anos de contribuição, se mulher, ou 30 anos de contribuição, se homem, e que venha a optar por permanecer em exercício, fará jus a abono de permanência no valor de sua contribuição previdenciária até completar 70 anos de idade;

d) a contribuição previdenciária sobre os proventos, quando aposentados, e sobre as pensões, quando falecidos, incidirá apenas sobre a parcela que exceder

50% do teto de benefícios do RGPS (R$ 1.200,00) no âmbito dos Estados, do

596 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Distrito Federal e dos Municípios, e sobre a parcela que exceder 60% do teto de benefícios do RGPS (R$ 1.440,00) no âmbito da União.

Atuais aposentados e pensionistas

Os inativos e os pensionistas já em gozo de benefícios estarão, de acordo os arts. 4º e 8º do substitutivo, sujeitos às seguintes condições:

a) os proventos de aposentadoria e as pensões continuarão a ser revistos na mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores em atividade, assegurada ainda a extensão de quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidos aos servidores em atividade (denominada regra da paridade);

b) passarão a recolher contribuição previdenciária sobre os proventos e sobre as pensões, que incidirá apenas sobre a parcela que exceder 50% do teto de benefícios do RGPS (R$ 1.200,00) no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios, e sobre a parcela que exceder 60% do teto de benefícios do RGPS (R$

1.440,00) no âmbito da União.

Muito obrigado.

597 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. FERNANDO FERRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. FERNANDO FERRO (PT-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, esta Casa brevemente será palco de importante debate sobre a questão dos transgênicos. Ontem, em reunião na Casa Civil, colhemos informações sobre o andamento da matéria no Executivo, que deverá ser o responsável pela elaboração de projeto de lei a ser encaminhado a esta Casa.

O Brasil terá de participar do debate mundial acerca do assunto. Temos de ter competência para promover uma discussão científica, com responsabilidade, a fim de não nos envolver em polêmica puramente ideológica ou emocional, o pior dos caminhos para tratar de tema tão importante. O País deve ter competência para aproveitar seus quadros técnicos, as informações disponíveis e participar responsavelmente desse debate.

A propósito da questão, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero expressar minha preocupação com a recente decisão do juíza Selene Maria de

Almeida que, a pedido da Monsanto, cassou liminar que proibia a comercialização de produtos geneticamente modificados em todo o território nacional.

Lembro que o cultivo e a venda estavam proibidos desde 1999, por decisão do Juiz da 6ª Vara de Brasília, Antônio Prudente, em ação civil pública movida pelo

IDEC. Segundo a Advocacia-Geral da União, a decisão da juíza não suplanta legislação recente sobre transgênicos que exige o estudo de impacto ambiental e o registro no Ministério da Agricultura da semente geneticamente modificada.

Com essa atitude, no entanto, a juíza mina a forma madura e democrática que o Governo estava adotando na elaboração de projeto de lei sobre o cultivo e a

598 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 comercialização de transgênicos no Brasil, forma esta que vinha permitindo ampla discussão da qual participavam os Ministérios envolvidos na questão, bem como técnicos que há muito vêm estudando o assunto.

Por outro lado, sinaliza que a Monsanto pode se preparar para a venda de sementes destinadas à safra que terá início em setembro próximo sem o disciplinamento quanto à cobrança de royalties sobre o produto e sobre as comercialização de sementes pelos agricultores.

A decisão da eminente juíza reabre a possibilidade da liberação desses produtos sem a devida precaução científica, sem o contexto institucional resolvido e sem a necessária informação aos consumidores relativamente ao tipo de produto estão usando.

Sr. Presidente, em hipótese alguma sou contra o avanço da biotecnologia. Em hipótese alguma sou contra a pesquisa de novos processos que permitam combater a fome, a desnutrição e outros males decorrentes da ausência ou insuficiência de alimentos. Tanto que recentemente participei de viagem de estudos sobre o assunto aos Estados Unidos e à África do Sul. Aliás, com referência a essa viagem, estou entrando com uma ação de reparação contra certo jornalista que publicou matéria caluniosa contra mim.

Sr. Presidente, a decisão da juíza não garante o avanço da biotecnologia comprometida com os reais interesses humanos. Na verdade, criará confusão no setor e poderá permitir a disseminação incontrolável, sem a necessária vigilância sanitária e ambiental, de sementes geneticamente modificadas. Irá, pois, servir apenas aos interesses de mercado.

599 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Quero, portanto, alertar os meus companheiros de Governo para o fato de que urge seja elaborado e encaminhado a esta Casa projeto de lei que discipline o uso dessa tecnologia, assegurando-se a mais ampla e democrática discussão do assunto.

Neste sentido, convém lembrar a exortação do Sumo Pontífice João Paulo II em pronunciamento a respeito das biotecnologias, por ocasião do Jubileu da

Agricultura Mundial, no sentido de que elas devam ser submetidas ao mais rigoroso controle científico e ético, para garantir que não dêem origem a desastres prejudiciais ao ser humano e ao futuro do planeta Terra.

Na ocasião do Jubileu, ficou também claro a preocupação com os excessos que possam ser cometidos com no que concerne ao estabelecimento dos direitos de propriedade intelectual que podem ser prejudiciais às nações em desenvolvimento.

Sr. Presidente, quero encerrar trazendo a recomendação do Sumo Pontífice no que diz respeito ao exame da segurança do desenvolvimento de novos cultivares.

Os métodos utilizados nesses exames devem ser rigorosamente documentados, e tantos os métodos quanto os resultados devem ser abertamente discutidos e minuciosamente investigados pela comunidade científica internacional.

Para o bem de nosso povo e de nosso País, julgo que a decisão da senhora juíza deve ser revista e prudentemente recomendar o mais rápido disciplinamento legal da questão por meio de envio, pelo Executivo, de projeto de lei ao Congresso

Nacional.

600 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. MANATO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MANATO (PDT-ES. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, diante da decisão tomada pela Agência Nacional de

Petróleo de excluir 162 blocos da Bacia do Espírito Santo do leilão que realizará nos próximos dias 19 e 20 de agosto para exploração de petróleo, às vésperas de um evento para o qual certamente dezenas de empresas petrolíferas se preparavam para participar, junto-me à entidade Espírito Santo em Ação, movimento empresarial criado para defender com ética e democracia o desenvolvimento sustentado de nosso Estado, e desta tribuna manifesto publicamente o inconformismo com essa atitude da ANP.

Não é admissível que uma organização ambiental internacional como a

Conservation International tenha o poder de interferir na soberania de um país como o Brasil, baseada em argumentos discutíveis, com graves reflexos na economia de 2

Estados como o Espírito Santo e a Bahia, que vêem bloqueadas suas possibilidades de crescimento e de criar um futuro melhor para seus habitantes, afetando, sem dúvida, e economia do nosso País.

O Brasil ainda não atingiu a necessária e almejada auto-suficiência em petróleo. Por isso, é tão importante aproveitar todas as possibilidades de explorar novos campos, em terra ou no mar, que permitirão reduzir a dependência externa de nosso País.

É inconcebível que uma preocupação ambiental com o Parque Nacional

Marinho de Abrolhos, digno de toda atenção e cuidado em sua preservação, exclua blocos que se situam a 200 km de distância e sem qualquer influência ambiental

601 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 sobre a área que se pretende proteger. O processo já era detentor de toda gama de aprovação por parte dos órgãos ambientais nacionais, não existindo assim explicação plausível para a repentina decisão.

Assim, Sr. Presidente, todos, a bancada do Espírito Santo, a população capixaba, o movimento Espírito Santo em Ação, conclamamos para que essa decisão seja revista em tempo hábil, permitindo a participação de blocos da Bacia do

Espírito Santo na quinta rodada de leilões da ANP. Portanto, solicitamos o empenho de V.Exa. na ajuda pela revisão imediata dessa decisão, que, além de ferir nossa soberania, compromete o futuro do Brasil e do Espírito Santo.

Era o que tinha a dizer.

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A SRA. ALICE PORTUGAL - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB-BA. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, estou encaminhando requerimento de informações ao

Ministro dos Transportes para obter esclarecimentos sobre a privatização das ferrovias brasileiras ocorrida no Governo privatista do ex-Presidente Fernando

Henrique Cardoso, um processo eivado de suspeitas e sem a mínima preocupação em resguardar os interesses nacionais.

As metas anuais de transporte e de produção estabelecidas nos contratos de concessão não foram cumpridas pelas concessionárias, que, ao contrário de receber multas e punições, terminaram tendo suas metas revistas para baixo pela Secretaria de Transportes Terrestres, do Ministério dos Transportes, no curso do Governo anterior.

Apesar de ter havido aumento médio de 23% no volume transportado desde

1996, quando começou a desestatização do setor, as concessionárias não cumpriram o mínimo previsto nos contratos. Alegavam em sua defesa que as metas foram superestimadas e que o País enfrentava uma recessão econômica.

Fernando Henrique Cardoso vendeu as malhas oeste, centro-leste, sudoeste,

Teresa Cristina, nordeste, sul e paulista da Rede Ferroviária S.A., entre março de

1996 e novembro de 1998. A mais cara foi a malha sudoeste, que custou 2,2 bilhões de reais, entre o valor da concessão e do arrendamento — uma espécie de aluguel

—, e foi adquirida pela MRS Logística S.A.

Sr. Presidente, a exemplo das concessionárias de serviços de energia e de telecomunicações, os grupos privados que exploram as ferrovias estão forçando

603 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 nosso Governo a redefinir os contratos que assinaram, a alterar a política tarifária, a financiar seus investimentos e até mesmo a voltar a ser sócio das ferrovias privatizadas, obviamente, com a participação minoritária e sem poder de decisão.

Na Bahia, o sindicato dos ferroviários tem feito reiteradas denúncias em relação à Ferrovia Centro-Atlântica, mas, lamentavelmente, a situação continua dramática, com desemprego e desassistência.

Peço ao Ministro dos Transportes que, em breve tempo, me responda às seguintes perguntas: quais as metas estabelecidas nos contratos firmados com cada uma das concessionárias que exploram as ferrovias privatizadas? Todas as concessionárias cumpriram tais metas? As que não cumpriram, em que percentuais deixaram de honrar os termos pactuados e quais penalidades sofrerão? Quantas linhas ferroviárias de transporte de carga e de passageiros haviam antes da privatização e quantas há hoje?

Muito obrigada.

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O SR. MURILO ZAUITH - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MURILO ZAUITH (PFL-MS. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ao fazer uso da palavra, não poderia deixar de registrar meu pesar, e creio de toda a Casa, pela morte do

Embaixador Sérgio Vieira de Mello, um nome de destaque da nossa diplomacia, que, com sua atuação nas mais importantes missões patrocinadas pela

Organização das Nações Unidas, contribuía para mostrar ao mundo a importância do Brasil no cenário político internacional, sobretudo em defesa da paz e do não- intervencionismo.

Feito isto, gostaria de chamar a atenção desta Casa para as discussões em torno da reforma tributária. O que estamos vendo é o Governo, mais uma vez, querendo impor sua vontade.

Num primeiro momento, vemos o Presidente Lula chamando os 27

Governadores para trazer ao Congresso uma proposta de reforma tributária elaborada com o apoio destes. Num segundo momento, assistimos o Governo retalhando o texto e os próprios Governadores, diante disso, se recusando a se reunir com os Ministros, formando o início de uma ofensiva contra o relatório do

Deputado Virgílio Guimarães.

O texto da reforma tributária, como aconteceu com o da reforma da

Previdência, mais uma vez foi produzido no Palácio do Planalto. Nele prevalece a vontade quase que exclusiva da equipe econômica do Governo. Para isso, foram deixados de lado os compromissos assumidos com os Governadores, que já se

605 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 queixam que, se for aprovada como está proposto no relatório, a reforma tributária deixará os Estados numa situação pior do que a que se encontram.

Faço um apelo aos nobre pares para que nos unamos a fim de garantir que os Estados e Municípios sejam ouvidos. Não podemos permitir que o "rolo compressor" do Palácio do Planalto volte a funcionar e assistamos nossos Estados e

Municípios se aprofundando em uma crise que, ao final, penalizará toda a população, que, fatalmente, será chamada a pagar a conta. Nosso povo não agüenta mais isso.

Temos uma carga tributária das mais pesadas do mundo. E estamos discutindo uma proposta que nada ameniza essa situação. O Governo acha mais fácil cobrar mais impostos do que melhorar o desempenho da máquina arrecadadora, prefere sempre sacrificar a classe média a pôr em prática mecanismos administrativos e legais para combater a sonegação.

Não podemos permitir que mais um assunto da maior importância para o País seja tratado à revelia da vontade dos segmentos interessados. O Governo precisa assimilar que os Governadores e Prefeitos querem contribuir para o desenvolvimento do País. Ninguém está pensando na sua situação isoladamente, mas na possibilidade de encontrar um caminho de melhor distribuição da carga tributária para que a Nação perceba de volta seu imposto, transformado-o na prestação de serviços que garanta uma melhor qualidade de vida para todos.

Sr. Presidente, solicito que meu pronunciamento seja divulgado no Programa

A Voz do Brasil.

Muito obrigado.

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O SR. SANDRO MATOS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. SANDRO MATOS (PSB-RJ. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, venho à tribuna informar à Casa que me filiei ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro, o PMDB. Tomei essa decisão, acompanhando nosso ex-Governador e atual Secretário de Segurança Anthony Garotinho e nossa

Governadora Rosinha Garotinho, pensando em criar condições políticas para a bancada defender melhor nosso Estado do Rio de Janeiro, principalmente neste momento em que tramita no Legislativo a proposta de reforma tributária que abre oportunidade única de se corrigir a questão da distribuição tributária nas 3 esferas da Federação: municipal, estadual e federal. Distribuição essa que vem sendo altamente desvantajosa aos interesses de nosso Estado, principalmente no que se refere à cobrança do ICMS na ponta do consumo de petróleo, quando deveria ser na origem de produção. Só aí o Tesouro do Estado deixa de arrecadar mais de 1 bilhão de reais. Agora, com o crescimento da bancada do PMDB, que passa a ser a segunda maior desta Casa, temos condições de procurar reverter essa injustiça.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, muito me honra estar defendendo a legenda do PMDB, partido que nasceu do antigo MDB, um movimento que reuniu todas as forças da sociedade civil organizada para combater o regime militar, que havia se implantado no País em 1964. O MDB nasceu 1 ano depois, em 1965, com a extinção de todos os partidos políticos existentes naquela época. É um partido que, entre outras lideranças, teve no Dr. Ulysses Guimarães um verdadeiro D.

Quixote da política brasileira, pois era feito, conforme definiu San Thiago Dantas, em um ensaio sobre a obra de Cervantes, de fé intangível, de pureza perfeita, de

607 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 fidelidade, amor, coragem, renúncia, dignidade e determinação, e de um atributo que a todos define o dom de si mesmo. Assim, Sras. e Srs. Deputados, era o grande patrono do meu partido.

Portanto, Sr. Presidente, não posso deixar de ressaltar o grande partido que me acolheu de braços abertos, com a maior dignidade e apoio, o Partido Socialista

Brasileiro, partido de grandes nomes, como João Mangabeira, Jamil Haddad,

Miguel Arraes e Roberto Amaral, a quem quero dar o testemunho de exemplo de homem público à frente do Ministério da Ciência e Tecnologia. Agradeço também aos meus companheiros do PSB de São João de Meriti, que tanto me ajudaram dando um grande apoio nessa luta em prol das causas do Município.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, como uma linha reta é composta pela interligação de vários pontos, a vida é feita pelo somatório de decisões. Saber decidir é uma virtude que distingue os homens de sucesso dos outros. Para vencer, temos que ser e fazer, todos os dias.

Como muito bem disse Romain Rolland, autor francês, Prêmio Nobel de literatura, no início do século passado, em seu livro A história de uma consciência:

“Não que eu atribua à minha consciência uma importância exagerada neste universo de rapinas, mas por pouco que sejamos, por pouco que façamos, devemos sê-lo e fazê-lo”.

Meus pares, sempre sou e sempre faço, por isso estou aqui nesta tribuna.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. JOÃO FONTES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOÃO FONTES (PT-SE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, amanhã a Comissão Especial da Reforma Tributária votará o relatório do

Deputado Virgílio Guimarães.

Não posso acreditar, Sr. Presidente — e V.Exa. é de Alagoas, Estado produtor de petróleo —, que Deputados do Nordeste, de Sergipe, de Alagoas, da

Bahia possam votar a reforma tributária conforme apresentada pelo Relator. Parece- nos que esse relatório veio voando do Gabinete Civil para que o Deputado Virgílio

Guimarães apenas o assinasse.

Sr. Presidente, S.Exa. se comprometeu em nosso Estado a cobrar o ICMS do petróleo em 2 para 1, ou seja, dois terços no destino e um terço na origem. Voltaram atrás nesse acordo. Lembro aos Deputados e Senadores de Sergipe que, antes dos interesses de seus partidos políticos, estão os dos Estados e os do Brasil.

Os Estados e Municípios estão quebrados. É preciso uma reforma tributária justa. É inadmissível que a União fique com toda a arrecadação da CPMF, prevista em 25 bilhões de reais este ano, e nada dê aos Estados e Municípios.

Portanto, fica registrado nosso apelo para que os Deputados do Nordeste se irmanem nessa luta por uma reforma tributária justa, que proporcione distribuição de renda.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. LUIZ ALBERTO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. LUIZ ALBERTO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em primeiro lugar, associo-me às homenagens prestadas ao Embaixador Sérgio Vieira de Mello. Conheci-o quando assumiu o cargo de Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, em substituição à Dra. Mary Robinson, e também encontrei-o em Brasília na posse do

Presidente Lula.

Sérgio Vieira de Mello cumpriu importante papel não só na diplomacia brasileira, mas também na internacional. Se sua vida não tivesse sido interrompida, seria indicado para receber o Prêmio Nobel da Paz, em virtude das tarefas que desempenhou para a promoção da paz em âmbito internacional. Provavelmente também seria guindado à condição de próximo Secretário-Geral das Nações Unidas.

Sr. Presidente, aproveito a oportunidade para também render homenagem a outro brasileiro menos conhecido, dirigente sindical da Associação dos Funcionários

Públicos da Universidade Federal da Bahia, que faleceu recentemente. Refiro-me ao companheiro Daniel Mateus, de 45 anos, cuja vida foi interrompida de forma absurda, lutando em prol dos trabalhadores.

Sr. Presidente, não há dúvidas de que o Brasil vive um momento decisivo.

Neste novo contexto, destaca-se um símbolo do novo modelo de gestão: a

PETROBRAS. Quero deixar registrado meu posicionamento sobre os ataques dos

últimos dias e das últimas horas ao processo licitatório que a PETROBRAS recentemente encaminhou.

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Não preciso defender esse processo, uma vez que a PETROBRAS sempre se comportou de forma legal. Contudo, alguns ainda não aceitaram a idéia de que a

PETROBRAS não pode ser utilizada como moeda política, por interesse de grupos políticos, como era feito antes do Governo Lula. E defender uma empresa como a

Marítima naquele processo licitatório é defender o crime. A Marítima sempre se portou na base da ilegalidade nos processos que envolvem a PETROBRAS.

Então, respondendo ao Deputado José Carlos Aleluia, que está se especializando em atacar a direção da PETROBRAS, afirmo que se esta aceitasse a

Marítima, estaria trilhando uma gestão temerária. Prefiro falar dos feitos dos últimos

6 meses, em que a PETROBRAS bateu recorde histórico obtendo lucro de mais de 9 bilhões de reais. Isso, sim, deve ser mostrado ao povo brasileiro.

A recente divulgação dos resultados obtidos pela empresa, no primeiro semestre do Governo Lula, confirmam o que eu afirmei aqui, há algumas semanas: a nova administração da empresa preenche todos os requisitos e competências necessários para o sucesso no setor petrolífero brasileiro. Não resta dúvida de que os nomes escolhidos para preencher as funções de maior relevância agregam experiência na área, além de amplo trânsito nas questões sociais, um norte para este Governo.

O lucro líquido consolidado da estatal, nestes primeiros 6 meses da nova gestão, foi o maior registrado em toda a história da PETROBRAS: mais de

9 bilhões 370 milhões de reais. Este valor significa aumento de cerca de 223% sobre o mesmo período de 2002. Além disso, há o crescimento de 10,7% na produção total de óleo e gás natural da companhia, conjugando os resultados obtidos no Brasil e no exterior.

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No primeiro semestre de 2003, as importações de petróleo foram 6,7% menores, ao passo que as exportações de petróleo e derivados cresceram 3%. Por conta desses números, no primeiro semestre de 2003, a empresa brasileira transpôs mais uma fronteira, ao destinar parcela maior de sua produção ao mercado externo.

Através deste procedimento, sem prejuízo do abastecimento interno, a

PETROBRAS obteve seu primeiro superávit comercial em seus quase 50 anos de existência.

A exuberante performance da PETROBRAS fez com que seu valor de mercado passasse de 15,5 bilhões de dólares para 20,7 bilhões de dólares. Esta valorização compatibiliza a empresa com as principais companhias petrolíferas do mundo.

Ao mesmo tempo, a empresa continua primando pela responsabilidade social, mantendo-se como a maior contribuinte fiscal do País. Neste primeiro semestre, entre impostos, contribuições, royalties e participações governamentais, contabilizou um total de mais de 25 bilhões e 900 milhões de reais. Estes números significam aumento de arrecadação da ordem de 49%, em comparação com os 6 primeiros meses de 2002. O pagamento de royalties e participações governamentais cresceu mais de 88%, e o de impostos e contribuições, mais de 42%.

Esta expansão não reflete apenas o aumento dos preços nos mercados interno e externo ou o crescimento da produção de petróleo, mas indica de forma incontestável que a classe trabalhadora pode ser gestora bem-sucedida do patrimônio público. Esta administração da PETROBRAS no Governo Lula é exemplo de que o povo brasileiro tem competência para gerir suas riquezas e ocupar com grande sucesso os espaços que até então lhe eram negados. Era o que tinha a dizer.

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O SR. MAURO PASSOS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MAURO PASSOS (PT-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, inicialmente, também me solidarizo com a família do Embaixador

Sérgio Vieira de Mello, morto ontem de forma violenta. S.Exa. realizou brilhante trabalho na diplomacia brasileira em prol da paz.

Aproveito para informar a Casa da audiência pública ocorrida hoje na

Comissão de Ciência e Tecnologia, que culminou com o debate que se vem desenvolvendo na nossa Capital sobre o software livre. Trata-se de assunto com o qual todos teremos de nos envolver em virtude da sua importância mundial. Só a redução de royalties no País será da ordem de 2 bilhões de reais por ano.

Portanto, é imperativo que esta Casa e o próprio Governo Federal assumam o software livre como uma das grandes projeções futuras para a ciência e para o desenvolvimento nacional.

Obrigado, Sr. Presidente.

613 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

A SRA. YEDA CRUSIUS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. YEDA CRUSIUS (PSDB-RS. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) -

Sr. Presidente, requeiro à Presidência desta Casa que o Projeto de Lei nº 922, de

1999, que trata da política de apoio à agricultura familiar, seja analisado também na

Comissão de Economia, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados.

Obrigada.

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A SRA. DRA. CLAIR - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. DRA. CLAIR (PT-PR. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, gostaríamos, neste momento, de manifestar nossa satisfação em receber mensagem do Governo Federal que retira de tramitação o Projeto de Lei nº 4.302, de 1998, que trata das terceirizações do serviço público e do contrato de trabalho.

Esta mensagem contou com apoio da Ordem dos Advogados do Brasil e da

Associação dos Advogados Trabalhistas. Esse projeto precarizava as relações de trabalho, uma vez que o contrato temporário, hoje de 3 meses, passaria para 9 meses, podendo ser ampliado, o que o tornaria permanente, além de permitir a terceirização na atividade-fim da empresa e universalizar as relações de trabalho.

Muito obrigada.

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O SR. ARY VANAZZI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ARY VANAZZI (PT-RS. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em nome do Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM), a Central das Cooperativas Habitacionais do Rio Grande do

Sul, o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), o Movimento dos

Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento dos Trabalhadores

Desempregados (MTD), organizadores da primeira Marcha pela Moradia no Estado do Rio Grande do Sul, vimos manifestar nossa estranheza pelo descumprimento, por parte do Ministério da Fazenda, do acordo firmado para a publicação da 5º Portaria do PSH, conforme segue.

Primeiro, tenho certeza de que é dispensável tecer maiores comentários a respeito da problemática urbana das cidades brasileiras, fruto da política desenvolvida pelos governos neoliberais, subordinados ao capital especulativo internacional.

Segundo, a eleição de um Governo democrático e popular é a esperança de podermos reconstruir um Brasil para todos.

Terceiro, a criação do Ministério das Cidades é um sinalizador concreto da vontade deste Governo em apontar políticas públicas para amenizar a dura realidade urbana.

Quarto, o direito a moradia está consagrado na nossa Constituição Federal, como um direito social fundamental aos cidadãos brasileiros.

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Quinto, a situação das cidades é precária e atinge principalmente as pessoas mais pobres. Exemplo disso é o déficit habitacional, quando as famílias que ganham até 5 salários mínimos representam 85% desse déficit.

Com intuito de contribuir na busca de solução para o grave problema apontado, desde o início do Governo Lula, vimos apresentando as experiências das cooperativas habitacionais no Rio Grande do Sul como uma forma de amenizar o grande déficit habitacional. Propomos que as cooperativas, como agentes promotores da política habitacional, estabeleçam parcerias com os governos, principalmente os comprometidos com a questão social.

Para reforçar essa política e evitar o apadrinhamento da velha política clientelista e assistencialista da maioria das Prefeituras, propusemos como pauta central da Marcha pela Moradia, realizada no início do mês de julho, que o Ministério da Fazenda publicasse, imediatamente, a 5º Portaria do PSH, possibilitando às cooperativas, urbanas e rurais, acessar diretamente o PSH.

No dia 9 de julho, durante a ocupação do prédio do Ministério da Fazenda do

Rio Grande do Sul, houve muita negociação em Brasília, com a representação da

Marcha pela Moradia e o Governo Federal, representado pelo Ministério da Fazenda e das Cidades. Nessas negociações ficou acordado que seria possibilitado às cooperativas, urbanas e rurais, acessar o PSH diretamente.

Causou-nos indignação e revolta, quando tivemos conhecimento, dia 11 de agosto de 2003, da publicação da portaria do PSH, que acabou excluindo as cooperativas habitacionais urbanas de acessar diretamente o programa. Esse recuo do Ministério da Fazenda forçosamente fará com que os movimentos populares retomem as mobilizações com muito mais intensidade nos próximos dias.

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Nesse sentido, venho manifestar nosso descontentamento pelo descumprimento do acordo. Solicitamos ao Ministério da Fazenda que estude a possibilidade de mudança imediata da portaria publicada.

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O SR. CORIOLANO SALES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. CORIOLANO SALES (PFL-BA. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, cada vez mais cresce a convicção de que a proposta de reforma tributária aumenta a carga tributária, já bastante elevada.

Ademais, consolida-se a concentração tributária no Brasil com o controle do

ICMS pela União. A transferência do ITR — cobrança e arrecadação — para os

Estados favorece alguns Estados e, para outros, nada ou muito pouco representará.

Os Estados serão beneficiados com o imposto sobre transmissão de bens causa mortis e doações, em caráter progressivo, de acordo com os graus de parentesco.

A concentração tributária é manifesta em face do monopólio da arrecadação da CIDE e da CPMF, esta transformada em imposto sobre movimentação financeira, cuja partilha a União se recusa a admitir. Esta é uma questão de fundo da reforma tributária, que, em verdade, é mais uma “meia-sola” do que propriamente uma reforma verdadeira do sistema tributário, que é alterado única e exclusivamente para beneficiar o caixa da União.

Com a pseudo-reforma, a carga tributária passará para mais de 40% do PIB, o que é uma violência contra os contribuintes. É, portanto, imprescindível que seja dividida a arrecadação da CIDE e da CPMF entre União, Estados e Municípios.

Enquanto não é feita uma reforma tributária profunda, não há dúvida de que os entes federativos precisam participar da arrecadação da CIDE e da CPMF, que são impostos de larga possibilidade arrecadatória. Não é, pois, justo que apenas a União

619 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 seja beneficiada com a CIDE e com a CPMF, que cumularão os cofres do Tesouro

Nacional com grandes somas.

Outro aspecto da falsa reforma tributária é o que restringe a aplicação dos benefícios fiscais a um prazo de 8 anos, mesmo os anteriormente concedidos. Isso é inaceitável. Os Estados do Nordeste, do Norte e até do Centro-Oeste carecem dos incentivos fiscais. E os benefícios fiscais já concedidos? Essa limitação protege os

Estados ricos contra os interesses dos Estados pobres ou mais pobres, que não conseguiram industrializar-se e, portanto, criar massa salarial em decorrência de um grande volume de empregos e de melhoria da renda individual.

A proposta de reforma tributária, na versão do último parecer, é ruim, porque pune Estados e Municípios, favorece a União e amplia a escorcha sobre os contribuintes. É preciso modificá-la.

620 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. REINALDO BETÃO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. REINALDO BETÃO (Bloco/PL-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna para manifestar minha indignação com a atitude da Prefeita do Município de Magé, no Rio de Janeiro, onde fui eleito e sou domiciliado. Numa demonstração de perseguição política, ontem, ela chegou ao cúmulo de mandar tampar, com tinta preta, meu nome em uma homenagem que fiz, num outdoor, ao meu finado pai, além de destruir as faixas de manifestação que espalhamos na cidade, relacionadas às atividades sociais e culturais do Município. E a Prefeita pretende se filiar ao PT, partido do

Presidente da República, o qual vê com veemência tal atitude. Mas ela é ditadora e vem nos perseguindo politicamente.

Já protocolei representação contra a Prefeita do Município por abuso de poder. Magé, cidade que tem quase 138 anos, é o lugar onde resido, mantenho negócios e é a região pela qual fui eleito, mas não posso me manifestar publicamente lá a favor das atividades sociais e culturais promovidas no Município.

Era o que tinha a dizer.

621 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PAULO MAGALHÃES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PAULO MAGALHÃES (PFL-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há algum tempo, a sociedade brasileira clama por reformas. Nós, do PFL, usando da coerência que norteia o partido, não nos furtamos em um só momento a apoiar decisivamente a reforma previdenciária. Tínhamos convicção de sua importância para o País, e o povo a cobrava desta Casa.

Hoje, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, defrontamo-nos com a reforma tributária, um texto que só beneficia a União, em detrimento de Estados e

Municípios. Como nós, que apoiamos e fomos decisivos para a aprovação, em primeiro turno, da reforma previdenciária, podemos manter a mesma posição, se estamos assistindo à revolta de Estados e Municípios, por terem sido esquecidos em reforma tão importante ao País?

A CPMF foi aprovada e, de provisória, tornou-se permanente. Aliás, vale ressaltar, eles eram contra a CPMF, mas hoje são a favor dela; nós, que éramos a favor e a aprovamos, na época, queremos continuar com o mesmo posicionamento.

Mas precisamos alertar o Governo, o Ministro José Dirceu, tão importante mentor das ações governamentais, para que olhe os Municípios com mais carinho e mais atenção; para que permita que os Estados participem efetivamente da divisão do bolo e, também, segundo dispõe a Constituição, dos 25% da CIDE.

Ora, como nós, nordestinos, que tanto ajudamos o Governo, podemos aceitar que nossos Estados fiquem sem incentivos fiscais, que atraem emprego e empresas aos nossos Estados, o que gera renda e ajuda a melhorar a qualidade de vida do

622 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 povo da Bahia, por exemplo? E não podemos aceitar que se retirem da CPMF os recursos do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza — proposta do Senador

Antonio Carlos Magalhães —, que é uma marca do Congresso Nacional e que tem sido elemento importante para que o Governo cumpra os compromissos sociais, que ainda são muitos. É com os recursos desse fundo que o Governo tem resgatado parte da grande dívida social.

Por isso, venho a esta tribuna rogar ao Governo e ao grande Presidente Lula que não tiremos a esperança do povo brasileiro, que continua acreditando no

Presidente, mas cobra dele os compromissos de campanha.

Neste momento, nós todos, do Congresso Nacional, unidos, alertamos o

Presidente e os Ministros para o fato de que não podemos aceitar que Municípios,

Estados e o povo brasileiro sejam esquecidos.

Muito obrigado.

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O SR. LOBBE NETO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. LOBBE NETO (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, quero fazer uma reclamação, nos termos dos arts. 96 e 137 do

Regimento Interno da Câmara dos Deputados.

Consulto V.Exa. sobre se esta Casa recebeu a Mensagem nº 309, de 4 de julho do corrente, que dispõe sobre o encaminhamento ao Congresso Nacional do texto de projeto de lei que altera dispositivos da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de

1990, que dispõe sobre o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das Autarquias e das Fundações Públicas Federais. Foi feita a publicação no Diário

Oficial da União no dia 7 de julho de 2003 e também em outro jornal.

Espero que a Mesa possa nos responder por que isso ainda não foi publicado na Casa e em que fase de tramitação está o projeto.

624 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Esta Presidência registra a presença na

Câmara dos Deputados do Deputado Andrés Guzmán, da Bolívia, representante do

Grupo Interparlamentar Boliviano-Brasileiro. (Palmas.)

625 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. CARLOS MOTA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. CARLOS MOTA (Bloco/PL-MG. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, apresentei à Casa ontem o

Projeto de Lei nº 1.745, que torna obrigatória a calibração de instrumentos, equipamentos e sistemas utilizados na realização de exames médicos ou emissão de laudos por prestadores de serviço, de natureza pública ou privada, tais como laboratórios, hospitais, clínicas, consultórios e postos de saúde e profissionais das

áreas médica e odontológica.

A proposição objetiva a proteção da sociedade no que tange à utilização de instrumentos, equipamentos e sistemas empregados em exames e diagnósticos médicos, odontológicos e fisioterapêuticos, bem como para emissão de laudos e relatórios dos mais diversos prestadores de serviços, públicos e privados, físicos e jurídicos, como os descritos acima.

No meu entendimento — e acredito que grande parte da sociedade concorda comigo —, é de suma importância que se torne obrigatório o controle metrológico sobre instrumentos, equipamentos e sistemas utilizados para emissão de diagnósticos, pois a metrologia, ciência que estuda a confiabilidade das medições e dos resultados emitidos por esses aparelhos e sistemas estabelece que todos eles trazem consigo um erro intrínseco inerente à qualidade dos materiais empregados em sua construção e, portanto, devem ficar sujeitos a fiscalização e controle metrológico quanto a sua utilização e grau de qualidade.

No Brasil, o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade

Industrial — INMETRO, autarquia federal vinculada ao Ministério do

626 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Desenvolvimento, criada pela Lei n.º 5.966, de 11 de dezembro de 1973, primeiramente denominado Instituto Nacional de Pesos e Medidas — INPM, com sede em Brasília e com o Laboratório Nacional de Metrologia situado no Município de Duque de Caxias, Rio de Janeiro, é o órgão executor central do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, que tem por finalidade a execução, em todo o território nacional, da política de metrologia legal, científica e industrial, de normalização industrial e de certificação de qualidade de produtos industriais, de acordo com as normas baixadas pelo Conselho Nacional de

Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial — CONMETRO, conforme dispõe o

Decreto no 74.206, de 4 de fevereiro de 1977.

A Resolução no 01/82, de 27 de abril de 1982, do CONMETRO, em seu

Capítulo III, preceitua que os instrumentos de medir que tenham sido objeto de ato normativo, quando forem utilizados na concretização ou na definição do objeto de atos e negócios jurídicos de natureza comercial, civil, trabalhista, fiscal, parafiscal, administrativa e processual, deverão, obrigatoriamente, ter o seu modelo aprovado pelo INMETRO, corresponder ao modelo aprovado e sujeitar-se a calibrações periódicas.

Pelo proposto, a obrigatoriedade acerca das calibrações periódicas refere-se, de forma sucinta, aos instrumentos médico-hospitalares e odontológicos e insere os casos de análises químicas e biológicas realizadas pelos mais diversos prestadores de serviços instalados no País. Portanto, o que se propõe aqui é que haja atuação mais eficaz do Governo Federal, por intermédio dos seus órgãos de fiscalização, sobre instrumentos, equipamentos, sistemas, processos etc., utilizados para

627 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 emissão de laudos ou relatórios que servirão de base para diagnósticos na área médica e odontológica.

Analisando o tema em pauta, podemos observar no nosso dia-a-dia que em tudo temos de fazer pequenos ajustes para a devida correção. E muitos seriam os exemplos a mencionar, nas mais distintas áreas de atuação, com ou sem fiscalização do Governo, tais como: calibrar o pneu do carro, ajustar o relógio, calibrar a balança, o taxímetro, a bomba de gasolina, o medidor de energia elétrica, o hidrômetro, o bafômetro, o tacômetro (medidor de velocidade), o voltímetro, o amperímetro, o bloco padrão, o metro, a rosca etc. Inclusive, pode ser observado que, comparativamente, de todos os instrumentos hoje controlados e fiscalizados pelo Governo Federal, talvez os instrumentos médicos e odontológicos sejam os mais importantes, em termos de significado e repercussão socioeconômica, porque já foi verificada a ocorrência de aparelhos de esfigmomanômetro (medidor de pressão) com erro de aproximadamente 50%. Ou seja, o paciente vai se consultar com um médico, encontra-se com a pressão normal, mas é analisado por um instrumento deficitário, o que pode resultar em tratamento indevido, chegando-se, até mesmo, a risco de vida.

Portanto, Sras. e Srs. Parlamentares, a aprovação desta proposição traz bem incomensurável para toda a sociedade, principalmente para a população mais carente, protegendo a vida humana. Não é justo que, por falta de iniciativa do

Congresso Nacional, o Estado mantenha a omissão diante de fato de natureza tão relevante para a proteção da vida humana e que reduz os custos de tratamentos médicos e odontológicos, evita erros médicos — como os casos recentemente

628 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 noticiados envolvendo UTIs, incubadoras neonatal, tratamento de hemodiálise, entre outros — e responde aos clamores da sociedade.

Entre outros equipamentos, instrumentos, sistemas ou processos que seriam fiscalizados e controlados poderíamos citar: o esfigmomanômetro, o eletrocardiograma, o aparelho de encefalograma, a tomógrafo, o aparelho de Raios

X, o aparelho para prova de função pulmonar, os aparelhos utilizados nos mais diversos exames químicos e biológicos (para análise de sangue, urina, fezes, biópsia), as incubadoras etc., o que sem dúvida vai proporcionar maior confiabilidade aos resultados, além de proporcionar aos profissionais da área de saúde (médicos, dentistas, enfermeiros, bioquímicos, fisioterapeutas) diagnóstico seguro para o seu paciente.

Por fim, acrescento que todos serão beneficiados com a aprovação desta proposição: o Congresso Nacional, beneficiado pela tutela da saúde da população; o

Governo Federal, pelo desempenho social e econômico alcançado pela proposta, com suporte na confiabilidade das instituições prestadoras de serviço; a sociedade, pela garantia da qualidade dos serviços prestados; e os profissionais de saúde, pela confiabilidade dos diagnósticos constantes dos resultados a serem analisados.

Conto com o empenho e a dedicação dos nobres pares desta Casa para a aprovação deste projeto do lei.

Muito obrigado a todos.

629 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. ROBSON TUMA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ROBSON TUMA (PFL-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, venho à tribuna, na condição de Parlamentar brasileiro preocupado com os incidentes na área de segurança ocorridos nos últimos dias no País, mais especificamente em Itu, no meu Estado, São Paulo, onde foi assassinado o empresário Nelson Schincariol, parabenizar a Polícia por já ter prendido um suspeito, o que mostra que atua com eficiência.

Mas quero deixar clara a minha preocupação e a dos meus pares com o assassinato desse grande empresário paulista. Não basta simplesmente prendermos aqueles que o mataram. A Schincariol atravessava grande processo de mudança de marca, sob o comando do grande marqueteiro Eduardo Fischer. Tal processo de mudança, é claro, pode ter levado ao assassinato do grande empresário.

Estamos à disposição da Polícia Civil do Estado de São Paulo para todo e qualquer apoio político. Sei que o Governador e o Secretário de Justiça já tomaram todas as providências para prender quem matou o empresário e os mandantes do crime. Os indícios são óbvios de que não se trata apenas de simples tentativa de assalto.

Muito obrigado.

630 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. ALMIR MOURA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ALMIR MOURA (Bloco/PL-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, solidarizo-me com o Deputado Reinaldo

Betão, que teve a memória de seu pai aviltada em um outdoor em Magé. Esse fato mostra que a política da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, ainda é feita nos moldes da truculência. Há pessoas na região que querem mostrar poder e que têm preocupação política.

Sr. Presidente, externo ainda minha tristeza com a mudança do músico

Hermeto Pascoal do bairro Jabour, no Rio de Janeiro, para Curitiba. Segundo o músico, ele não suporta mais os tiroteios, a guerra do tráfico na região. Em uma localidade próxima, denominada Sapa, existe uma guerra entre o Comando

Vermelho e o Terceiro Comando.

Lamento, porque era um orgulho para a zona oeste ter Hermeto Pascoal como residente, sobretudo para a comunidade do Bairro Jabour. Fui vizinho de

Hermeto Pascoal, que está de mudança porque não suporta mais os tiroteios na região. Isso é triste para nós, do Rio de Janeiro.

Apelo para a Governadora do Estado e para o Secretário de Segurança, a fim de que, quem sabe, garantam a segurança de Hermeto Pascoal e de sua família, para que ele permaneça naquele bairro, do qual já se tornou referência, e se manifestem pela imprensa a respeito desse episódio.

631 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PASTOR REINALDO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PASTOR REINALDO (PTB-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, inicialmente congratulo-me com a população da cidade de Santo

Ângelo, no Rio Grande do Sul, onde nos próximos dias será realizada a Feira

Nacional do Milho. Parabenizo o Prefeito Municipal, Dr. José Lima Gonçalves, e toda a sua equipe pela realização do evento.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a exemplo de outras vezes, compareço a esta tribuna para manifestar indignação. Lembro a todos que a realidade só pode ser transformada se diante dela nos indignamos e conseguimos agir de forma lúcida a partir deste sentimento.

Fato ocorrido em São Paulo, nos últimos dias, deixou-me a princípio pasmo e, logo depois, indignado. Não se trata da indignação irresponsável de quem sai atirando pedras, mas daquela capaz de levar a consciência humana à reflexão, ao repensar de suas práticas, ao redirecionamento de suas atitudes.

Sras. e Srs. Deputados, o jornal Diário do Comércio estampou em primeira página, no último dia 31 de julho, a foto de um homem ensangüentado, boquiaberto, de olhar perdido. “O que poderia ter acontecido a ele?” — poderíamos perguntar diante da foto.

Respostas, muitas seriam possíveis num país em que a violência ganha proporções assustadoras. Mas a que vimos naquelas páginas, nobres colegas, é no mínimo surpreendente. Jorge Galvão, o homem ensangüentado, é dono de uma lanchonete e foi agredido por não fechar as portas de seu comércio para atender às determinações dos camelôs da Rua 25 de Março, em São Paulo. Os camelôs que ali

632 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 atuam ? de forma ilegal, é bom que se diga ? reagiram duramente diante da ação da Prefeitura em defesa dos comerciantes legalizados, determinando a interrupção do comércio de rua naquele local.

Poderíamos, de forma incauta, alegar que os camelôs têm direito de se manifestar, afinal só querem trabalhar. Mas conclamo todos para uma necessária reflexão: é justa e legítima a manifestação daquelas pessoas sem trabalho, muito embora o trabalho informal certamente não contribua para melhorar as condições dos brasileiros tanto quanto a atividade formal. Há de se buscar uma solução, pois, assim como aqueles que exercem o comércio formal, os camelôs precisam manter sua família. Mas é necessário que a solução não seja conivente com a pirataria, com a sonegação, com ilicitudes que, fomentando a economia informal, colocam em risco a situação das pessoas.

Portanto, a manifestação é compreensível e convém. Mas não convém a todos, e isso não foi compreendido por aqueles que atiraram latas e garrafas no comerciante da foto. Cabe aqui a sabedoria das palavras do apóstolo Paulo, em sua primeira Epístola aos Coríntios: “Tudo é permitido, mas nem tudo convém; tudo é permitido, mas nem tudo edifica”.

O País atravessa momento difícil. São muitas as manifestações, e são naturais porquanto o povo tem pressa. Foram-lhe usurpados, nas últimas décadas, direitos elementares. De um lado, uma minoria com muito; de outro, uma maioria quase sem nada.

Diante disso, são de extrema importância os movimentos sociais, as manifestações da vontade popular a apontar as direções necessárias e o novo jeito de caminhar. Afinal, toda e qualquer manifestação, todo e qualquer protesto é lícito,

633 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 pois a liberdade de expressão nos é garantida pela Lei Magna do País. Mas é bom lembrar que, ainda que convenha a alguns, a manifestação pode não convir a outros. E, na medida em que não convenha a todos, o direito de se manifestar ou não deve caber a uns e outros, distintamente.

Entretanto, o fato ocorrido nos últimos dias em São Paulo mostra que nem todos sabem fazer essa distinção. Fica claro ali que não está sendo garantido o direito supremo de calar, de se manter à margem desta ou daquela manifestação. E isso não edifica, não constrói, nobres colegas.

É por esta razão que aqui venho manifestar minha indignação e clamar por discernimento. Que todos aqueles que me ouvem repensem suas atitudes, compreendam a magnitude da expressão “respeito ao próximo”. Que saibamos todos distinguir o que é permitido, o que convém e o que edifica. Só assim poderemos construir uma nação de fato livre, justa e solidária, como prevê a Carta

Magna.

Muito obrigado.

634 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. JOÃO GRANDÃO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOÃO GRANDÃO (PT-MS. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Mato Grosso do Sul tem a segunda maior população indígena País, com mais de 50 mil pessoas, e com isso grandes problemas que afetam grande parte das aldeias, principalmente as dos guarani-kaiowá, no sul do Estado.

Além da fome, da desnutrição, do suicídio e da falta de terra para todas as famílias, o trabalho nas usinas de álcool e açúcar sempre despertou polêmica, devido à forma como são elaborados os contratos de trabalho.

Para resolver o problema da exploração da mão-de-obra indígena nas usinas de álcool está sendo realizada, pela primeira vez em uma reserva indígena do País, audiência pública, contando com a participação do Ministro Lélio Bentes, do Tribunal

Superior do Trabalho. Ao todo são 66 audiências entre os usineiros que empregam os indígenas e que estão com questões pendentes na Justiça.

Esta audiência é um indicativo de que a problemática indígena tem solução, pois a luta iniciada há décadas pelo líder Marçal de Souza, assassinado em 1983, não foi em vão.

Apesar das condições em que vivem os índios do Mato Grosso do Sul, temos muito a comemorar, como a demarcação da área do Panambizinho, que definitivamente vai para as mãos dos índios, e, por último, a aprovação da lei que cria o sistema de cotas para índios na Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul

(UEMS). Inclusive, quero destacar a aprovação pela Comissão de Educação e

Cultura desta Casa de nosso pedido para a realização de audiência pública para

635 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 discutir a política de cotas para as universidades públicas brasileiras, contemplando todos os índios do País.

O Estado do Mato Grosso do Sul está dando exemplo positivo para toda a

Nação, ao possibilitar o ingresso na UEMS das minorias excluídas pelo vestibular, que privilegia as pessoas com maior poder aquisitivo e que têm a oportunidade de estudar em escolas particulares e freqüentar cursinhos pré-vestibulares.

Já no próximo vestibular da UEMS, marcado para acontecer em dezembro, está reservada cota de 20% das vagas em todos os cursos para negros e 10% para

índios. Esta conquista está prevista na Lei Estadual 2.605, de autoria do Deputado

Estadual Pedro Kemp, do PT, luta esta que acompanhamos desde o inicio, quando hipotecamos nosso apoio à luta pela inclusão das minorias raciais e étnicas na universidade.

Na condição de membro do Núcleo de Parlamentares Negros desta Casa, aproveitamos para ressaltar a importância desta conquista, que não é só do Mato

Grosso do Sul, mas também de todos os movimentos sociais ligados às questões raciais e étnicas.

Queremos também registrar a criação pela Universidade de uma comissão de estudos para regulamentar a reserva das vagas, a fim de evitar problemas como os que ocorreram na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), que também adotou o sistema de cotas, mas esteve envolvida na polêmica sobre a identificação da cor da pele, que era feita por declaração do próprio candidato.

Com a aprovação do sistema de cotas na UEMS, o Mato Grosso do Sul, que tem importante parcela de sua população com descendência africana, várias comunidades de quilombolas e população indígena que supera 50 mil pessoas, sem

636 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 sombra de dúvidas, dá um grande exemplo para as demais universidades estaduais e federais do País.

Ressalto que a comissão criada para avaliar as inscrições dos negros é composta por representantes do Movimento Negro, indicados pelo Conselho

Estadual de Defesa dos Direitos do Negro e pelo Fórum Permanente de Entidades do Movimento Negro do Mato Grosso do Sul, e, no caso dos índios, haverá a participação da FUNAI, que fornecerá declaração de descendência indígena e étnica em conjunto com uma Comissão Étnica criada em cada comunidade.

Este é um momento de comemoração, porque a democracia racial e étnica está se concretizando no Mato Grosso do Sul, Estado que temos o orgulho de representar nesta Casa.

Sr. Presidente, solicito que o meu pronunciamento seja divulgado pelos

órgãos de comunicação da Casa

Muito obrigado.

637 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. ZICO BRONZEADO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ZICO BRONZEADO (PT-AC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, quero, inicialmente, saudar o Deputado boliviano que nos visita hoje e que vem de uma cidade boliviana próxima da minha cidade. S.Exa. é da cidade de

Cobija, na Bolívia, e eu sou de Brasiléia, no Acre. É com muita satisfação que recebo o Deputado boliviano, porque somos da mesma região, a Amazônia, e somos vizinhos.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é chegada a hora de o Governo

Federal honrar a dívida histórica que tem com o Estado do Acre. Durante muitos anos nosso Estado foi quase que esquecido pela União. Digo quase porque, para não dizer que o Estado estava totalmente abandonado, minguados recursos da

União eram para lá carreados, como forma de barganhar interesses políticos em troca de votos dos Parlamentares acreanos para viabilizar a manutenção da força hegemônica das regiões mais desenvolvidas de nosso País.

Como meus pares nesta Casa são sabedores, o desenvolvimento de uma região e a diminuição das desigualdades socioeconômicas somente são viabilizados com investimento planejado em setores estratégicos, como forma de alavancar o setor produtivo gerador de emprego e renda, que promove a inserção social e econômica das pessoas, melhorando a qualidade de vida da população.

Sr. Presidente, temos plena convicção de que o Presidente Lula resgatará essa dívida e desempenhará papel importante na liberação de recursos para o Acre, pois nosso Presidente conhece bem os problemas enfrentados pelo povo do nosso

638 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Estado, porque lá esteve por dezenas de vezes, constatando in loco a nossa realidade.

Nesse sentido, em recente audiência no Ministério do Planejamento,

Orçamento e Gestão, realizada em Brasília, com a bancada parlamentar federal do

Acre, contando ainda com a presença da maioria dos Prefeitos acreanos, o Ministro

Guido Mantega anunciou, em primeira mão, que estarão contemplados no Plano

Plurianual de investimentos do Governo Lula, entre os anos de 2004 e 2007, investimentos importantes em obras de infra-estrutura no Acre, dentre elas o asfaltamento da BR-364, de Rio Branco a Cruzeiro do Sul, rodovia que corta o

Estado de leste a oeste; o asfaltamento da BR-317, no trecho compreendido entre

Rio Branco e Boca do Acre, no Estado do Amazonas; a construção das pontes internacionais de Brasiléia, ligando o Brasil à Bolívia, e de Assis Brasil, ligando o

Brasil ao Peru; e a construção da terceira ponte de Rio Branco, que vai ligar o anel viário da BR-364 entre os dois distritos da Capital acreana.

Sr. Presidente, em Estados como o Acre, onde a iniciativa privada ainda é incipiente, o Governo Federal tem papel indispensável e fundamental no estabelecimento de uma infra-estrutura básica de transportes e energia, que, aliada a uma política de incentivos, garanta as condições para que os setores produtivos possam crescer e prosperar, rumo ao desenvolvimento sustentável da região.

A base planificada para a alavancagem do desenvolvimento já se encontra disponível no Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado do Acre, onde estão definidas as áreas potenciais e os principais indicativos para os investimentos e execução de atividades produtivas, vislumbrando a otimização dos recursos naturais, materiais e humanos existentes.

639 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Juntamente com as forças da União, o Governo do Acre, na pessoa esforçada e competente do Governador Jorge Viana e de sua equipe, com certeza dará novos rumos ao tão sonhado desenvolvimento sustentável de nosso Estado.

Era o que tinha a dizer.

640 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

A SRA. ALMERINDA DE CARVALHO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. ALMERINDA DE CARVALHO (PSB-RJ. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, durante a convocação extraordinária desta Casa, tivemos a oportunidade de discutir inúmeros projetos, muitos deles voltados para a questão da violência, em especial o projeto que trata do desarmamento, do porte de armas.

Porém, de uma hora para outra, o que era extremamente urgente e necessário, por questões outras, entram em compasso de espera, dando-se especial destaque a outros projetos, como se a causa da violência não fosse deveras preocupante.

Ora, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é claro que as reformas da

Previdência, tributária e política são urgentes, porém essas matérias encontram-se tramitando há muito tempo, e seus méritos não guardam relação estreita com a preservação e a defesa do maior bem que o Estado tem a tutelar: a vida do cidadão.

Por causa dos números alarmantes da violência em nosso País, venho a esta tribuna apelar para V.Exa., Presidente desta Casa, e para todos os Parlamentares, a que nos mobilizemos no sentido de dar tratamento prioritário na votação das matérias que visem coibir a violência em nosso País, pois seu mérito não tem caráter econômico e financeiro e sim de preservação e de proteção da vida de tantos inocentes.

641 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O Sr. João Caldas, § 2º do art. 18 do Regimento

Interno, deixa a cadeira da presidência, que é ocupada

pelo Sr. Inocêncio Oliveira, 1º Vice-Presidente.

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O SR. ROMEL ANIZIO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ROMEL ANIZIO (PP-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, destaco a importante contribuição do Partido

Progressista no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, pelo qual passaram nossos companheiros Francisco Turra e Pratini de Morais. Mesmo não sendo do nosso partido, o Ministro Roberto Rodrigues realiza brilhante trabalho à frente daquela Pasta, dando tudo de si para que o setor de agricultura e pecuária continue evoluindo.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nestes 12 anos de mandato, na condição de membro integrante da Comissão de Agricultura e Política Rural, temos participado intensamente dos debates e atividades do Colegiado, sempre com o propósito de apoiar e fortalecer a atividade econômica rural, sobretudo as populações que dela dependem.

Venho a esta tribuna hoje salientar que nosso trabalho não tem sido em vão: dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro cresceu 5,3% de janeiro a maio, enquanto que o da indústria retraiu-se em 0,1%. Ademais, projeções da

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apontam PIB de R$446,7 bilhões para o agronegócio no final do ano, o que equivale ao dobro do apurado até o mês de maio do ano 2002.

De acordo com matéria intitulada Agricultura Salva Economia, publicada no jornal Estado de Minas, em 13 de agosto último, assinada por Ciara Albernaz, “a agropecuária salvou a economia brasileira no primeiro semestre. Puxado pelas

643 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 exportações de soja (grãos, farelo e óleo), que cresceram 76,6% nos primeiros 7 meses do ano, o agronegócio impediu que a recessão se agravasse no Brasil.

Apenas o valor negociado da soja até julho corresponde a um quarto dos US$16,2 bilhões de produtos agropecuários vendidos pelo País, conforme informou a

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)”.

E acrescenta: “O valor bruto de produção do grão cresceu 54,8% durante o primeiro semestre, devido à colheita recorde de 51,2 milhões de toneladas este ano.

A estimativa para o produto é fechar o ano com um valor de R$32 bilhões ou 20,46% do total estimado para o setor. O grão ainda renderá mais US$4 bilhões ao País até o final do ano, uma vez que a previsão é encerrar dezembro com US$8 bilhões de soja exportada, o que equivalerá a um crescimento de 33%, comparado ao resultado de 2002”.

Com base no desempenho da nossa balança comercial, o Chefe do

Departamento de Assuntos Internacionais e de Comércio Exterior da CNA, Antônio

Donizeti, prevê que em 2003 o Brasil se firmará como o principal exportador mundial de carne e de soja.

Ademais, Sr. Presidente, Sras. Srs. Deputados, relatório elaborado pela ONU indica que o Brasil tem potencial para se tornar o maior produtor agrícola nos próximos 12 anos. Segundo o documento, o Brasil dispõe de 90 milhões de hectares de terras aráveis, virgens, que podem ser utilizadas sem que se tenha de cortar uma só árvore. No setor de carnes bovinas, a ONU salienta que “a tradicional competição entre os Estados Unidos e a Europa foi abalada pela chegada de novos atores na cena, vindos da América do Sul, em particular do Brasil”.

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De 1990 para cá, o volume da produção agrícola brasileira aumentou em

90%, e os investimentos no setor, em 99%. Todo esse investimento fez com que o

Brasil tivesse neste ano safra recorde de 115 milhões de toneladas de grãos colhidos. A agropecuária brasileira é, sem dúvida, o setor mais estratégico para a estabilização de nossa economia.

Como bem salientou o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,

Roberto Rodrigues, “a agricultura, a pecuária e o agronegócio são hoje o eixo da roda econômica”. Aliás, valemo-nos da oportunidade para destacar a forma dinâmica e eficiente de atuação do titular desta que consideramos uma das mais importantes

Pastas ministeriais do Governo Lula. Neste semestre que se encerrou verificamos que o Ministro deu provas suficientes de competência para dirigir o agronegócio brasileiro.

Era o que tínhamos a dizer.

Muito obrigado.

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O SR. SILAS BRASILEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. SILAS BRASILEIRO (PMDB-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, encaminho à Mesa substitutivo da Comissão Especial sobre o

Estatuto do Idoso, que está concluso, aprovado por unanimidade e em condições de ser votado.

Muito obrigado.

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O SR. FRANCISCO TURRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. FRANCISCO TURRA (PP-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, segundo pesquisas sobre o desempenho do agronegócio no Brasil, de cada 10 empregos criados 6 advêm do setor. E tudo que está ligado ao agronegócio sustenta hoje a economia do País, proporcionando crescimento extraordinário.

Motivos é que não faltam este ano para o agronegócio brasileiro festejar. A

Safra 2002-2003 atingiu 120 milhões de toneladas, antecipando em 1 ano a meta prevista para o próximo ano. Pela primeira vez, as exportações do complexo soja do

Brasil — grão, farelo e óleo — superaram as exportações do complexo soja norte- americano. Nosso País ultrapassou a Austrália e já é o primeiro exportador de carne bovina do mundo.

Relatório divulgado pela UNCTAD, órgão subordinado à ONU, prevê que o

Brasil será, num prazo de 12 anos, o maior produtor agrícola do mundo. No início do ano, trabalho elaborado pela Secretaria de Agricultura dos Estados Unidos apontou futuro extraordinário para a agropecuária brasileira. Os resultados superam de longe o mais otimista dos relatórios já feitos por especialistas brasileiros acerca do potencial de expansão do nosso agronegócio. As atividades que giram em torno do campo exercem papel altamente estruturante sobre a economia nacional.

A ampliação da produção agrícola e pecuária exige aumento da produção de sementes, adubos e defensivos, manutenção e construção de rodovias e ferrovias, armazéns, modernização dos portos. Tudo isso implica aumento da produção de

647 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 cimento, energia, comunicações, aço, para atender à fabricação de mais caminhões, trilhos, navios etc.

Vale salientar que cada R$1,00 de renda gerada dentro da porteira resulta em mais R$2,42 de renda nos demais setores da economia, ou seja, na indústria de insumos e de processamento de produtos agropecuários e nos serviços agregados a essas atividades.

Na esteira de cenários tão favoráveis, não passa um dia sem que alguma empresa ligada ao agronegócio anuncie investimentos na instalação ou ampliação de indústrias para atender à demanda do setor. De olho nas oportunidades que se abrem no campo, empresas nacionais e estrangeiras manifestam interesse em aumentar seus investimentos no setor. A indústria gaúcha Kepler Weber, por exemplo, terceira maior fabricante mundial de silos, armazéns e terminais portuários, anunciou que vai instalar nova fábrica em Campo Grande. Com isso, pretende se ajustar ao aumento da demanda nos próximos anos.

Para se ter idéia do que isso representa, o Plano de Safra deste ano aumentou os financiamentos para a construção de silos e armazéns a nível de fazenda de R$100 milhões para R$500 milhões.

A empresa Case New Holand, subsidiária da Fiat para fabricação de máquinas e tratores agrícolas, vai transferir sua unidade australiana de fabricação de colheitadeiras de cana-de-açúcar para o Brasil. A capacidade de produção da indústria já existente em Piracicaba será ampliada das 100 máquinas colheitadeiras atuais por dia para 500, num prazo de 3 anos. O mercado externo será o destino de

70% do total da produção, embora a Case New Holand aposte também na

648 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 modernização das lavouras de cana-de-açúcar internamente, já que apenas 20% de sua produção são colhidas por máquinas.

Resolução do CONAMA dispõe que até 2007 o sistema de produção da cana- de-açúcar deverá abolir o processo de queima da plantação para a colheita. O motivo é que esse processo gera intensa degradação do solo e poluição ambiental.

São bastante alvissareiras as perspectivas para o álcool no mercado internacional, pois há interesse muito grande de diversos países na importação do produto do Brasil. A Suíça já anunciou seu interesse de importar 500 milhões de litros de álcool por ano. Os suíços estão interessados, inclusive, em financiar a produção de álcool no Brasil. O Japão pretende importar álcool para misturar à gasolina e com isso reduzir a emissão de gás carbônico na atmosfera. Grupo japonês está interessado em financiar não só a produção de álcool, mas também a construção de destilarias.

Há também muito interesse no biodiesel, como forma de reduzir a poluição atmosférica. Está mais do que comprovado que a adição de 5% de óleo vegetal ao diesel pode reduzir significativamente a poluição. Aí também são excelentes as chances de participação do Brasil no mercado mundial.

Não existe nenhum país em condições de competir com o nosso na produção de óleos vegetais. A variedade desses óleos é grande, podendo ser extraído especialmente da mamona, do dendê e da soja. Na medida em que crescem em todo o mundo as pressões para a melhoria do ar das grandes cidades, aumentam proporcionalmente as chances do biodiesel brasileiro. Para atender ao crescimento dessa demanda, que deverá ser explosiva nos próximos anos, temos parte dos 90 milhões de hectares do cerrado ainda não ocupada.

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Para assegurar a expansão da produção agrícola e dos negócios que giram ao seu redor, é fundamental que o Brasil continue apostando no desenvolvimento tecnológico. O apoio à pesquisa e às novas tecnologias garantiu o fantástico aumento da produtividade agrícola que vem sendo registrado e que não encontra paralelo em nenhum outro país e em nenhuma outra atividade econômica em nosso

País. Condições favoráveis é o que não nos faltam. Temos terras em abundância, a maior reserva de água doce do mundo, Sol o ano inteiro e gente competente para tocar o agronegócio.

Para que o Brasil conquiste de fato o espaço que a natureza e o homem lhe reservaram, só falta investir pesada e continuamente na geração de pesquisas e inovações tecnológicas.

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O SR. BISPO WANDERVAL - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. BISPO WANDERVAL (Bloco/PL-SP. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, uso esta tribuna para manifestar meu descontentamento com a atitude do Sr. Ministro do Trabalho e Emprego,

Jaques Wagner, que, num ato ímpar, destrinchou as “qualificações para o exercício profissional da prostituição” em nosso País, na contramão do que determina a Bíblia

Sagrada e da defesa do direito civil das pessoas, especialmente das mulheres.

Creio que todos os gabinetes receberam o texto que solicito se faça inserir nos Anais desta Casa, o qual vem nos chama a atenção, bem como das autoridades de saúde do País, na pessoa do Sr. Ministro da Saúde, Humberto Sérgio Costa

Lima, pelo proselitismo permissivo e desenfreado da chamada visão moderna de mundo e de suas relações.

Fico preocupado, pois se a moda pegar, a morte, já banalizada em nosso

País, tomará status e terá direito de ser regulamentada pelas autoridades, criando condições locais e forma de exercício da profissão para o meliante.

O texto que inicia aqui, com algumas inserções que tomei a liberdade de fazer, tem a intenção de apresentar e alertar as autoridades pertinentes para a gravidade do assunto de que aqui tratamos.

Prostituição, tráfico de mulheres, escravidão e criminalidade.

1. Uma realidade alarmante.

O tráfico de seres humanos e, de forma particular, de mulheres, para sua exploração sexual, é fenômeno que está adquirindo, por desgraça, dimensões alarmantes na Europa e também em nosso País. A proliferação em nossa sociedade

651 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 destas novas formas de escravidão constitui, para nós, motivo de grave preocupação.

A sociedade em geral toma consciência do drama moral e humano que representa o tráfico de mulheres, privadas de todas as garantias e direitos, entregues, aproveitando-se sua situação de pobreza e dependência, a casamentos servis e introduzidas nas redes que controlam o lucrativo negócio da prostituição.

Calcula-se que este negócio movimente anualmente mais de 7 bilhões de dólares no mundo. Um negócio tão florescente, administrado freqüentemente pelas mesmas redes de drogas e de lavagem de dinheiro, o que fez aumentar, de forma extraordinária e preocupante, o tráfico de seres humanos em todos os continentes.

2. As causas desta situação.

O tráfico de mulheres é fenômeno que, ao menos em sua causa, guarda estreita relação com os fluxos migratórios.

A primeira causa do tráfico de mulheres é a pobreza que as impede de satisfazer e atender suas necessidades vitais e, por isso, se vêem “obrigadas” a ganhar a vida desta maneira.

Podemos citar como outra causa determinante a sociedade consumista em que vivemos, dominada pelas leis do mercado, e a banalização da sexualidade.

Estas circunstancias são aproveitadas por pessoas sem escrúpulos para organizar a vergonhosa atividade do tráfico de mulheres para a prostituição.

Entre outras causas, não podemos deixar de falar do “cliente” como fator chave. Sempre se fala das vítimas e dos traficantes e se esquece que o “cliente” — este em potencial — é colaborador fundamental para manter este degradante negócio.

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Também há certa tolerância social e legal com as redes de tráfico. Os meios de comunicação e as modernas tecnologias, como Internet, ao mesmo tempo que desempenham a tarefa de informar e denunciar estas situações degradantes da pessoa humana, contribuem também para favorecê-las mediante a publicidade dos anúncios de ofertas sexuais e pornografia. Convertem-se, assim, em função dos ganhos, em cúmplices deste mercado de seres humanos. Seria um bom sintoma de recuperação moral cuidar deste tipo de mensagens que circulam por tão poderosos meios.

3. As vítimas do tráfico.

Como advertimos, são muitas as pessoas que lucram com o tráfico de mulheres e, contudo, a opinião pública não reage suficientemente ante esta miséria humana.

A vida cotidiana destas mulheres é, em muitos casos, mais grave do que a antiga escravidão. Não é raro que permaneçam presas nos lugares onde exercem a prostituição e que vivam privadas de documentação, o que as faz irrelevantes para a sociedade.

Quando essas mulheres decidem retornar a uma vida digna e livre, seu caminho de volta está cheio de dificuldades, pela coação das redes mafiosas e por não terem conseguido o sonho do bem-estar e a saída da miséria. Em geral, sofrem de sérios problemas psicológicos, provocados pelos traumas emocionais e pela experiência vivida.

4. Atentado grave contra os direitos humanos.

O tráfico de mulheres, propiciado por uma cultura exploradora e materialista, que esqueceu o caráter sagrado e a dignidade da pessoa humana, criada à imagem

653 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 de Deus (Gen. 1,27), é uma das mais escandalosas formas de redução do ser humano a mera mercadoria.

Temos que reconhecer que o problema existe, ainda que boa parte das mulheres prostituídas das redes de tráfico tenham perdido seus direitos mais elementares. A entrada nesse mal social só vem aprofundar a marginalização em que já viviam. A mulher, autenticamente “vendida” nestas redes, vive numa situação de extremada pobreza.

Fatalmente, essa flagrante injustiça destrói os valores éticos de nossa sociedade, pois um ser humano jamais poderia ser tratado como mercadoria, objeto utilizável, instrumento de satisfação, como uma coisa.

Insistimos na urgente necessidade de educação da sociedade numa cultura assentada firmemente em valores como os elencados abaixo:

I - a dignidade insubornável de todos os seres humanos;

II - respeito a seus direitos;

III - reprovação ética e social de comportamentos degradantes ou que fomentem atos contra o ser humano, que o rebaixem da condição em que foram criados;

É certo que no âmbito internacional existem instrumentos legais, subscritos pela maior parte dos Estados, que conferem a estes a responsabilidade de proteger as vítimas do tráfico de pessoas. Porém, Sr. Presidente, são poucos os Estados que se comprometeram decidida e eficazmente com a luta contra este mal.

É, por isso, urgente exigir a aplicação dos instrumentos legais, como a efetiva cooperação internacional e a necessária incorporação à legislação interna dos

Estados. Atos que constranjam a ação do Governo e das autoridades afetas ao

654 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 problema devem ser abraçados, constantemente, por aqueles que são a favor dos direitos humanos. E nosso País, convém lembrar, é subscritor da Carta Universal dos Direitos Humanos.

Não podemos nos calar, de forma alguma, diante de tão grave situação.

Creio, firmemente, numa proposta que corrija este desvirtuamento do comportamento humano.

Muito obrigado.

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O SR. JOÃO ALFREDO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOÃO ALFREDO (PT-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, registramos nosso repúdio à violência patrocinada pelo dono do Supermercado Do Povo, no Estado do Ceará. Diretores do

Sindicato dos Comerciários de Fortaleza foram vítimas da fúria violenta do Sr. Paulo

Novais quando realizavam manifestação pacífica na frente do supermercado, situado no Bairro Henrique Jorge. Um motoqueiro encapuzado se aproximou e disparou 5 tiros de revólver contra os manifestantes. Apavorados, os mesmo se deitaram no asfalto para se proteger e, por extrema felicidade, conseguiram sair ilesos do episódio. As marcas da violência ficaram no veículo da entidade: 5 marcas de bala.

O Sindicato abrirá inquérito na Polícia Federal contra o Sr. Paulo Novais, proprietário do supermercado, principal suspeito de ser o mandante do crime. A moto utilizada pelo pistoleiro (uma Cargo com placa coberta) era igual às que estavam estacionadas em frente ao supermercado. Segundo alguns moradores do bairro, é comum a utilização da violência naquele estabelecimento. Além disso, o

Sindicato também responsabilizará publicamente a ACESU (Associação Cearense de Supermercados) pela conivência com esse tipo de atitude.

O motivo da manifestação era justamente a interferência patronal na livre organização dos trabalhadores. Ou seja, os donos dos Supermercados Do Povo,

Lagoa, Pinheiro e Cometa, com o incentivo e o apoio da ACESU, inventaram um sindicato paralelo para “representar” os trabalhadores dos supermercados e, assim, fugir das obrigações trabalhistas previstas na Convenção Coletiva de Trabalho

656 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 assinada entre o Sindicato dos Comerciários e as entidades representativas dos comerciantes de Fortaleza.

Prova disso é que a diretoria que eles compuseram é formada pôr gerentes, chefes e prepostos das empresas acima citadas. A sociedade cearense não pode aceitar que atitudes tão atrasadas nas relações de trabalho continuem prevalecendo entre nós. Atos como este se assemelham aos praticados pelos patrões no século

XVIII e sujam profundamente a imagem do empresariado que tanto fala em modernidade no nosso Estado.

Fazemos um apelo para que a sociedade se manifeste em favor da apuração dos fatos e da punição dos culpados e nos solidarizamos com os manifestantes. É um absurdo que ocorram na Capital do Estado do Ceará atos de violência dessa natureza.

Muito obrigado.

657 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. ZÉ GERALDO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ZÉ GERALDO (PT-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Srs. Deputados, no dia 5 de julho o nosso Governo encaminhou à

Comissão Mista de Orçamento desta Casa projeto de crédito suplementar de 1 bilhão de reais para o Ministério dos Transportes, dos quais 700 milhões de reais serão destinados à recuperação e conservação das rodovias federais.

Mas até agora o projeto não foi aprovado. Por isso, peço encarecidamente ao

Relator e aos Deputados que o aprovem. Ele deveria começar a tramitar no dia 5 de agosto e já ter sido votado. O mês de setembro se aproxima. Na região amazônica ainda há Sol, mas temos apenas 120 dias para trabalhar.

A Comissão Mista de Orçamento não pode mais segurar o projeto, porque as rodovias do País estão esburacadas e devem ser recuperadas. É o que cobra do

Governo o povo brasileiro.

658 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PAULO ROCHA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PAULO ROCHA (PT-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero registrar a decisão do COPOM de reduzir a taxa de juros básicos em 2,5%, definindo-a em 22% ao ano.

Esta importante decisão terá grande repercussão na economia do nosso País.

O Presidente da CUT se manifestou, dizendo que o COPOM vinha tomando atitude conservadora, mas agora apresenta posição mais ofensiva, o que incentivará a nossa economia a voltar a crescer e o Governo, a cumprir o seu programa, ou seja, incluir os pequenos e médios produtores no processo de desenvolvimento do nosso

País.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

659 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. ELIMAR MÁXIMO DAMASCENO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ELIMAR MÁXIMO DAMASCENO (PRONA-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, estou apresentando 2 requerimentos de informação. O primeiro é para solicitar informações do Sr. Ministro da Justiça a respeito das classificações etárias dos programas de televisão e filmes.

As constantes reclamações do público em geral em relação à inadequação do conteúdo das novelas e dos programas, no que diz respeito ao horário de exibição e a classificação etária, justificam tal iniciativa.

O segundo requerimento é endereçado à Secretária Especial de Políticas para as Mulheres, Sra. Emília Fernandes, acerca do relatório apresentado à

Organização das Nações Unidas em razão do Protocolo Facultativo à Convenção

(CEDAW), indagando sobre o porquê da defesa do aborto na ONU.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao nobre

Deputado Neucimar Fraga, por 3 minutos.

Em seguida, concederei a palavra aos Deputados Dr. Rosinha, Eduardo

Valverde, Luiz Couto e Ivan Valente, também por 3 minutos.

O SR. NEUCIMAR FRAGA (Bloco/PL-ES. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, as Igrejas Batistas do nosso Estado comemoram neste ano marco importante na história do povo evangélico do Espírito Santo e do Brasil, porque são festejados 100 anos de atividades de proclamação do Evangelho em solo capixaba.

Gostaria de deixar registrado nos Anais desta Casa um pouco da história das

Igrejas Batistas e da Convenção Batista do Estado do Espírito Santo.

A história dos batistas capixabas teve início em 21 de agosto de 1903, data em que os missionários Zacarias C. Taylor e A. Z. Dunstan fundaram, com 60 pessoas, a Igreja Batista em Alto Firme, na cidade de Brejetuba. Nessa mesma data também chegou ao Estado o missionário americano Loren Reno, fundador do

Colégio Americano Batista de Vitória. Ainda nessa data, em 1903, destacamos a história da Primeira Igreja Batista de Vitória, fundada em 02 de setembro de 1903, pastoreada pelo Pastor Francisco José da Silva, pioneiro, primeiro pastor batista capixaba.

A Primeira Igreja Batista de Vitória, além de ser parte integrante e fundamental da história dos batistas capixabas, também está em festa neste ano devido ao seu centenário de fundação, que ocorreu em 02 de setembro de 1903.

O significado da palavra “convenção” é bem abrangente. Significa combinação, pacto, convênio, trato e acordo. Com base nestes significados percebe-

661 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 se que o termo usado pelos batistas do Estado do Espírito Santo transmite exatamente a proposta dos batistas, pois todas as igrejas se reúnem em torno de um mesmo ideal: a proclamação do nome de Jesus Cristo como Senhor e Salvador do homem. Dois princípios norteiam essa ação conjunta das igrejas batistas: a autonomia da igreja local e a cooperação das igrejas locais entre si.

A partir da cooperação das igrejas surge a Convenção, que se reúne anualmente em assembléia para decidir assuntos do interesse de todas as Igrejas

Batistas a ela filiadas. Esta assembléia tem a participação dos membros das igrejas, que são enviados para a mesma, na condição de mensageiros, de um representante autorizado pela igreja para votar as matérias que forem apresentadas na assembléia.

Mas não é somente de história que vivem as Igrejas Batistas do Estado do

Espírito Santo. A Convenção, juntamente com todas as igrejas que a compõe, tem atuado de forma edificante junto à sociedade capixaba. Dentre diversos trabalhos, deixo aqui destacado a junta de Ação Social, que realiza projetos sociais buscando amenizar a dor e o sofrimento de pessoas carentes; o Lar Batista Albertine Meador, localizado em Laranjeiras, na Serra, formado por casas-lares que recebem crianças

órfãs do sexo feminino; Lar Batista de Aribiri, casa-lar situada em Vila Velha, que abriga crianças órfãos do sexo feminino; Lar Espírito-Santense da Criança; Casa da

Esperança, de apoio a adultos portadores do vírus HIV; Casa Vida; Centro de Apoio

à Criança e ao Adolescente, que atende meninos e meninas em situação de risco social, e Centro de Apoio ao Marinheiro.

Destacamos também a participação da Juventude Batista Capixaba, que faz um trabalho com a juventude do Estado.

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Neste tempo, em que infelizmente boa parte de nossa juventude tem sofrido com as mazelas provocadas pelas drogas e pela violência, a Convenção dedica total atenção à juventude batista capixaba, pois acredita que já passou o tempo em que a afirmativa “o futuro é dos jovens” era algo novo. Hoje não é mais o futuro, mas, sim, o presente que é dos jovens. Conscientes de que sua ação deve ser eficaz e efetiva, a JUBAC empreende suas atividades voltas para o treinamento e assistência na

área de liderança, sem esquecer do seu comissionamento maior, que é atender positivamente ao “ide e pregai” de Jesus. Para tanto, realiza projetos missionários que oferecem grandes oportunidades no sentido de que os jovens coloquem em prática a aprendizagem adquirida em retiros, congressos, clínicas e simpósios de lideranças, nas juventudes regionais e nas uniões de jovens nas igrejas locais, preenchendo assim o lugar no coração desta juventude, fechando a porta para as drogas e demais males que assolam nossa juventude.

Quero parabenizar o Presidente da Convenção Batista Capixaba, Pastor

Oliveira de Araújo, que, por desígnio de Deus, também é o Pastor Presidente da

Primeira Igreja Batista de Vitória, que, nesta data também comemora os seus 100 anos de fundação.

Sr. Presidente, aproveito a oportunidade para parabenizar também a comunidade batista capixaba, todos os pastores e líderes que conduzem os trabalhos batistas no Estado e, em especial, o Secretário-Executivo da Convenção

Batista do Estado do Espírito Santo, Pastor Ilton Pereira.

Antes de encerrar meu pronunciamento, quero citar um versículo da palavra de Deus: “Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará sem dúvida com alegria, colhendo os seus molhos”.

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Que Deus abençoe a todo o povo do Espírito Santo! Que Deus abençoe esta

Casa!

Muito obrigado.

O Sr. Inocêncio Oliveira, 1º Vice-Presidente, deixa

a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. João

Paulo Cunha, Presidente.

664 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. DR. ROSINHA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. DR. ROSINHA (PT-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, permaneci mais 2 dias em Montevidéu depois da sua partida, na semana passada. A repercussão da nossa visita na imprensa e nos meios políticos foi a melhor possível.

Mas pedi a palavra também para registrar o nosso pesar pela morte do

Embaixador Sérgio Vieira de Mello. Tenho percebido na imprensa internacional uma espécie de busca aos responsáveis pelo atentado. Ora, pelo menos um deles é muito fácil encontrar: está na Casa Branca e chama-se Bush, o primeiro a desrespeitar a Organização das Nações Unidas. O desrespeito a um órgão internacional faz com que qualquer outra força, terrorista ou não, sinta-se à vontade para desrespeitá-lo também. A Casa Branca não só desrespeitou a ONU, mas também destinou seu próprio Exército para atuar como guardião do hotel onde ficava o escritório da Organização.

Diga-se de passagem, na ocasião em que nós Parlamentares brasileiros nos reunimos em Bagdá com inspetores da ONU, por coincidência no mesmo local onde houve o atentado, a segurança era feita pelo Exército iraquiano e não pelo Exército norte-americano.

Os Estados Unidos invadiram o Iraque, guerrearam, declararam-se vitoriosos, mantêm política de ocupação daquele território e até hoje cometem vários atos de violência por lá. É lógico que isso gera descontentamento político e cultural em toda a população iraquiana.

665 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Sr. Presidente, repito: os Estados Unidos são o principal responsável pelo atentado que matou o Embaixador brasileiro, bem como por diversos outros atos que ceifaram dezenas, centenas de vidas de soldados, fora a de civis, que continuam sendo assassinados pelo Exército norte-americano, responsável também pela morte de um jornalista da Agência Reuters.

Ainda que o atentado tenha sido cometido pela organização Al Qaeda ou por qualquer outra organização terrorista, por trás de tudo está a provocação dos

Estados Unidos.

Em artigo publicado na edição de hoje do jornal Folha de S.Paulo, Clóvis

Rossi comenta a diferença desse tipo de guerra para as outras. Diz que a diferença

é a fronteira, porque o terrorismo está no mundo todo, não tem limite.

Mas os Estados Unidos a provocam, portanto são os maiores culpados.

666 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

A SRA. YEDA CRUSIUS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. YEDA CRUSIUS (PSDB-RS. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em suas edições de hoje os principais jornais do País registram declarações dos Ministros Waldir Pires e José Dirceu de que foram identificadas irregularidades em mais da metade dos gastos do Governo

Federal no ano passado.

É preciso que fique claro que o Governo Fernando Henrique nunca teve compromissos com o erro e a corrupção. Foi exatamente para combater o desvio e o mau uso do dinheiro público que o então Presidente Fernando Henrique criou a

Corregedoria-Geral da União, depois transformada em Controladoria-Geral da

União. Assim, os Ministros Waldir Pires e José Dirceu não detêm a patente da invenção da roda.

Na administração passada, Ministros envolvidos em denúncias de irregularidades e corrupção tiveram de pedir demissão. Já não podemos dizer o mesmo em relação a alguns Ministros do atual Governo.

Se o PT está mesmo interessado em combater a corrupção, deveria também investigar as denúncias contra a Prefeitura de Santo André e a administração do PT no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro.

O combate à corrupção e às irregularidades na administração pública não é monopólio, muito menos virtude do PT. É um dever de todos os cidadãos.

Por fim, Sr. Presidente, gostaria de dizer que não devemos buscar, pela cor das casas, os responsáveis pelo trágico assassinato do nosso Embaixador Sérgio

Vieira de Mello. Quem o matou guiava um caminhão cheio de explosivos, e todos

667 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 aqueles que o lideram devem ser responsabilizados pelo ato terrorista, que repudiamos.

668 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. LUIZ COUTO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. LUIZ COUTO (PT-PB. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, registro a presença na Casa dos Promotores de

Justiça do Estado da Paraíba Dr. João Manoel de Carvalho e Dr. Marinho Mendes

Machado, que prestaram depoimento sobre a exploração sexual de crianças e adolescentes em nosso Estado durante audiência pública realizada na Comissão

Parlamentar Mista de Inquérito que investiga o assunto.

Também quero informar a todos que participei do Fórum Internacional de

Combate à Exploração Sexual na América Latina, realizado na Cidade do México.

Dada a gravidade da situação, em breve farei pronunciamento especificamente sobre o assunto, oportunidade em que apresentarei relatórios sobre aquele evento.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, passo agora a abordar o tema principal deste meu pronunciamento.

Ao longo de sua história, a região do semi-árido nordestino sofre com a seca que periodicamente maltrata as populações pobres nas áreas rurais, destruindo lavouras, matando animais e levando a fome a milhões de famílias do campo, sendo responsável por uma das maiores vergonhas brasileiras: a famigerada indústria da seca.

Temática constante dos discursos de gerações e gerações de políticos nordestinos, essa chamada indústria, que é a face mais cruel e desumana da seca no semi-árido, continua — e todos sabemos disso, nobres colegas — alimentando o clientelismo político e os currais eleitorais no Nordeste.

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Aqueles que de alguma forma se contrapõem ao poder político das oligarquias pagam pela sua insubmissão, muitas vezes, com a vida de seus filhos, porque não são contemplados com a água distribuída nos programas oficiais de emergência controlados pelos coronéis.

Também é notório o fato de que a maior parte das verbas destinadas a minimizar os efeitos da escassez de água em nossa região nunca chegou aos seus legítimos beneficiários. Muito dinheiro se perdeu nos caminhos da corrupção. Nada disso é novidade, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados.

Muitos podem estar cansados de ouvir os incontáveis discursos que já se fizeram desta e de outras tribunas, País a fora, sobre os problemas da seca no semi-

árido. Podem até ter razão. Muito se falou e muito se ganhou com a seca no

Nordeste, mas pouco, muito pouco foi feito até hoje.

É por isso que não podemos deixar de registrar nesta Casa a louvável iniciativa do Governo Federal, de implantação, nesta quarta-feira, de um programa que prevê soluções para o problema. Não se trata de combater a seca no semi-

árido, porque a seca é a realidade climática da região e não se combate o clima. Ou alguém já ouviu falar de programa de combate à neve durante o inverno no Canadá, como já disse o Presidente Lula?

O programa que o Governo Federal lançou hoje, por intermédio do Ministério

Extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome, em parceria com os

Ministérios da Defesa e da Integração Nacional, constitui amplo combate à indústria da seca. Prevê a construção de cerca de 1 milhão de cisternas e outras pequenas obras hídricas durante este Governo, em mais de mil Municípios localizados na região do semi-árido nordestino, começando imediatamente pelas localidades que

670 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 hoje se encontram em estado de emergência reconhecido pelo Ministério da

Integração Nacional. A intenção do Governo é levar água a quem precisa e garantir a independência dos moradores dessas regiões, que não vão depender da boa vontade dos donos do poder local.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, está com os dias contados a prática assistencialista da distribuição de água em carros-pipa. Este Governo não vai compactuar com a formação de currais eleitorais a partir da miséria e do sofrimento do povo nordestino.

As cisternas serão construídas pela Articulação do Semi-Árido (ASA), e os recursos para as obras virão do Ministério Extraordinário da Segurança Alimentar e

Combate à Fome, da FEBRABAN e do Fundo de Combate e Erradicação da

Pobreza. A população também será diretamente envolvida nestas pequenas obras.

Cada cisterna vai atender a uma família ou a um grupo maior de famílias.

O Ministério da Defesa participa do programa por meio do competente trabalho técnico e operacional do Exército Brasileiro, que realiza o mapeamento das

áreas onde as obras serão realizadas. Sr. Presidente, o Exército é uma instituição que conta com a justa credibilidade da sociedade para fazer trabalho técnico, livre das eventuais intervenções danosas de oligarquias locais.

Diferentemente dos anos anteriores, o Governo vai analisar a situação de cada Município para inibir a ação daqueles que ganham com a indústria da seca. O

Ministério da Integração Nacional vai fornecer às Forças Armadas a lista de

Municípios onde foi declarado estado de emergência, para a implantação imediata do programa.

671 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O Exército vai deslocar suas unidades de geoprocessamento e iniciar o trabalho nos Municípios em estado de emergência. Certamente, nobres colegas, será difícil para um político da região recomendar aos oficiais de Engenharia que as benfeitorias devem ser feitas em suas terras ou na de seus apadrinhados.

Além do mapeamento e da construção das cisternas nestas localidades, o

Governo também vai distribuir água, em caráter emergencial, isso porque, evidentemente, vivemos as conseqüências de planejamentos passados. Mas a partir do ano que vem milhares de famílias já poderão contar com a água que captaram durante os meses de chuva.

A água vai chegar a quem precisa, diminuindo sensivelmente os índices de mortalidade infantil e o sofrimento de milhões de brasileiros. Com a água, entre outros benefícios, também chega a possibilidade do plantio, e a agricultura familiar é fortalecida.

Fiz questão de registrar este fato porque a assinatura, hoje, deste acordo de parceria entre 3 importantes Ministérios do Governo Federal marca o início do desmonte da indústria da seca.

Era o que tinha a dizer.

672 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. EDUARDO VALVERDE - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra. Diga-se de passagem, V.Exa. ficou até tarde ontem na reunião da CPMI do BANESTADO.

O SR. EDUARDO VALVERDE (PT-RO. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- É verdade, Sr. Presidente, tivemos muito trabalho ontem.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, farei breve homenagem à Comissão

Pastoral da Terra (CPT) de Rondônia, que hoje comemora 20 anos de atividades no

Estado. Além de estimular o aparecimento de novos movimentos sociais e a manifestação de grupos muitas vezes sem voz em nossa sociedade, a CPT vem mostrando aos trabalhadores rurais que é possível resistir e lutar pela garantia de seus direitos e de sua dignidade.

Rondônia é área de ocupação recente em nosso País, que vivenciou, ao longo das décadas de 70 e 80, a criação de diversos projetos de assentamento.

Muitas destas políticas atraíram populações de outras regiões, evidenciando brutal diferença entre os migrantes. Aqueles que possuíam capital financeiro e influência política se apropriaram de áreas bem localizadas e de terras férteis e, assim, puderam expandir seus negócios. Aqueles mais humildes que se deslocaram para

Rondônia com o sonho de plantar e ter um pedaço de chão acabaram por valorizar as terras com o seu trabalho e depois sofreram com ações de grileiros e fazendeiros.

É nesse cenário conflituoso que a CPT assumiu papel fundamental na conscientização da massa camponesa e na conquista de direitos para a população rural sem terra. Denunciando o trabalho escravo, a grilagem de terras, o trabalho infantil, assassinatos de lideranças, a CPT vem trazendo luz às discussões que

673 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 envolvem as questões do campo em nosso País, em especial no Estado de

Rondônia.

A construção de um Brasil mais justo envolve, de maneira inadiável, a democratização e o acesso à terra. Tenho certeza de que o Governo Lula fará todo o possível e talvez o impossível para realizar a reforma agrária, urgente e histórica.

Estou certo também de que a CPT estará presente na elaboração e na aplicação desta reforma que mudará os rumos do Brasil para sempre.

Cumprimento os integrantes da Comissão Pastoral da Terra de Rondônia e espero que continuem ao lado do trabalhador rural, na luta por mais justiça social.

674 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. IVAN VALENTE - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. IVAN VALENTE (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero registrar matéria do jornal O Estado de S.

Paulo, intitulada “Estrangeiros querem comprar universidades”, que diz:

“Investidores americanos, canadenses e europeus

que aplicam seus dólares em fundos de investimentos

estrangeiros — e nunca tiveram contato com o setor

educacional — estão perto de se transformar nos novos

donos de universidades e faculdades brasileiras”.

A reportagem em si já é uma denúncia. Eles consideram o setor extremamente lucrativo, porque movimenta 15 bilhões de reais e cresceu 157% nos

últimos 9 anos, particularmente durante o Governo Fernando Henrique Cardoso. A reportagem mostra que o objetivo dos investidores é mesmo o lucro.

O ex-Ministro da Educação, Paulo Renato Souza, que exerceu o cargo durante 8 anos, fundou a empresa de serviços Paulo Renato Souza Consultores e é um dos interessados em intermediar com os fundos estrangeiros a compra de universidades brasileiras. Diz a matéria que não há barreira legal para investimentos desse tipo. Palavras do Ministro: “Em 1997, a LDB (Lei de Diretrizes e Bases) abriu essa possibilidade e nós a regulamentamos. Até então, o ensino superior não podia ter fins lucrativos.”

Na Organização Mundial do Comércio, os Estados Unidos pressionam para que o setor educacional seja considerado serviço e assim possibilitar a entrada de capital estrangeiro na educação. Não só a compra de universidades, mas também a

675 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 venda de serviços de pós-graduação se materializariam completamente na lógica comercial do lucro e da abertura de mercado. Para cá inclusive viriam universidades estrangeiras. Respeitando qual currículo exatamente? Respeitando qual ideário? O ideário da colonização do País. Além de transformar a educação em atividade puramente mercadológica recolonizaríamos o País.

Não podemos aceitar que isso passe. Se a LDB permitiu isso, ela precisa ser mudada. Na Organização Mundial do Comércio não podemos aceitar, em hipótese alguma, que se abra o País para tal tipo de comércio.

Mais do que nunca lastimamos profundamente que um ex-Ministro, que ficou

8 anos à testa do Ministério da Educação, possa comandar essa intermediação e ganhar dinheiro com esse tipo de processo.

Oportunamente voltaremos ao assunto nesta tribuna.

Muito obrigado.

676 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. CHICO ALENCAR - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. CHICO ALENCAR (PT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero deixar registrados, como muitos colegas já o fizeram, a nossa dor e o nosso pesar pelo atentado de ontem, no Iraque, mas também não posso deixar de dizer que essa situação de guerra é fruto de uma ocupação. A ONU, destruída ontem, foi aquela destruída pelos Estados Unidos, por

Bush e Blair, quando se opôs a essa invasão e ocupação.

Sr. Presidente, enquanto o Iraque estiver ocupado, as desgraças continuarão.

Os Estados Unidos e seus aliados do neo-imperialismo são cúmplices na morte do nosso Embaixador Sérgio Vieira de Mello e de todas as pessoas das Forças de Paz da ONU, desprezada nas suas deliberações contra a invasão. Para muitos iraquianos o inimigo invasor é todo aquele que não fala sua língua. Na sua compreensão de povo humilhado e de nação ocupada, a ONU, que não conseguiu evitar os bombardeios, não pode reconstruir um país controlado pelas forças bélicas norte-americanas. Onde estão as bombas de destruição em massa e as armas químicas que justificariam a dominação? A mentira foi explodida inúmeras vezes nesta guerra, como em todas. As tragédias só acabarão no Iraque quando, com o apoio da comunidade internacional, o próprio povo iraquiano se tornar protagonista da reconstrução coletiva de seu país. Até lá, a irracionalidade prevalecerá.

Na Semana Santa, em Roma, perante o Papa e toda a Cúria reunida na

Basílica de São Pedro para a liturgia da Sexta-Feira Santa, o Padre Cantalamessa relembrou, como aviso a George Bush, filho, a fórmula usada por seu predecessor

Abraham Lincoln para ganhar guerras. Àqueles que o reprovavam por ser fraco

677 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 demais com os inimigos, Lincoln respondeu: “Eu os destruo ao transformá-los em amigos”. Padre Cantalamessa continuou: “Há uma paz que não é como a Pax

Romana do imperador Augusto, alcançada por vitórias militares”.

Não há paz no Iraque. A vitória de Bush e Blair foi uma vitória de Pirro. Cada vida que se perde na nação ocupada é uma denúncia candente da estupidez da ocupação. A humanidade exige respeito às diferenças e à soberania dos povos, como o Embaixador Vieira de Mello tanto defendeu.

Sr. Presidente, reitero que sou e continuarei vinculado ao Partido dos

Trabalhadores, ao qual tenho muita honra de pertencer. A estrelinha não vai sair do peito tão fácil assim. Vamos continuar lutando pela democracia, o socialismo, a participação popular e por um Brasil justo, junto com o PT.

Muito obrigado.

678 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. DAVI ALCOLUMBRE - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. DAVI ALCOLUMBRE (PDT-AP. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, encerrados os Jogos Pan-

Americanos, na República Dominicana, estamos ainda extasiados com o desempenho de nossos atletas, sobretudo pelo grande número de medalhas conquistadas por jovens talentos.

Entretanto, para nós, do pequeno Estado do Amapá, essa satisfação vem de forma ainda mais significativa. Pela primeira vez, em nossa recente história, um atleta amapaense, aos 21 anos, de nome Jáder de Souza, foi medalhista, e de ouro, inserindo seu nome na galeria dos grandes nomes do esporte brasileiro.

Ainda recordamos a angústia deste rapaz pela incerteza de sua viagem, apesar de ter conseguido índice para competir nos Jogos Pan-Americanos, por não ter um patrocínio que lhe garantisse um mínimo de tranqüilidade para treinar e competir.

O Governo do Estado do Amapá, através do Governador Waldez Góes, apostou no potencial deste atleta e patrocinou sua viagem e seu treinamento.

De forma inconteste, Jáder de Souza nos brindou com uma medalha de ouro, mas que certamente é também de orgulho, de luta, de dedicação, e mostra ao Brasil que não conhece o Brasil o nosso Amapá e o nosso potencial.

Mais significativo do que a medalha foi para todos nós o gesto de simplicidade e de humildade por ele demonstrado ao lado de grandes nomes do esporte brasileiro. Em nenhum momento se esqueceu de enaltecer e elevar o nome de sua

679 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 terra, seu berço, que, dentro de um País imenso e injusto, clama também por seu espaço, por seu crescimento, por seu povo.

Assim como Jáder de Souza, nossa luta nesta Casa será também no sentido de levar o Amapá ao pódio. Será a luta do desenvolvimento, da geração de empregos, da busca de alternativas e políticas públicas que possam devolver ao nosso povo todo o ouro que produzimos e toda a riqueza que geramos para este

País.

Ao atleta, nossos parabéns, por nos encher de orgulho e emoção. Ao

Governador Waldez Góes, nossos agradecimentos por acreditar em nossos valores.

Pois o Amapá é isso: surpresa, capacidade e brilhantismo.

Muito obrigado.

680 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. JOÃO HERRMANN NETO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOÃO HERRMANN NETO (PPS-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ontem sofri a perda de um grande amigo. Quero partilhar com esta Casa a passagem deste homem no processo de construção da paz no mundo.

Desde Kosovo, onde estivemos juntos, Sérgio Vieira de Mello correspondia aos anseios dos que procuravam construir uma nova ordem social no mundo, baseada e lastreada na justiça e na paz. Com Sérgio, passei em Kosovo momentos dificílimos, quando não havia nenhuma cobertura internacional tampouco forças de paz que nos mantivessem a integridade.

A amizade foi crescendo. Voltamos a nos encontrar em Dili, no Timor Leste, onde fui representar a Organização das Nações Unidas para a construção da retirada das forças indonésias que trucidavam o povo de Maumere. Em Dili era impossível, de toda sorte, haver ordem. Não havia força de segurança, até porque os indonésios faziam de tudo para que as forças de libertação do povo timorense, trucidado em mais de 20 anos de luta, pudesse ter paz. Até que chegou Sérgio

Vieira de Mello no comando da força da ONU.

Junto com a Igreja Católica, com canadenses, franceses e um enorme número de brasileiros construímos uma nação que buscava a língua portuguesa, conseguimos a construção da primeira nação livre e independente do século XXI: o

Timor Leste.

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Sérgio e eu passamos a conviver em uma intimidade que pouco tive em minha vida, até porque a política não nos deixa aproximar severamente das pessoas. Senti nele não um brasileiro, mas um globetrotter, alguém que buscava fora do Brasil, representando o País, no fórum apropriado, a construção de uma nova ordem mundial, ordem que a Organização das Nações Unidas não soube, durante a breve existência deste companheiro, após o fim da bipolaridade União

Soviética e Estados Unidos, desempenhar.

Enquanto havia o Conselho de Segurança e os vetos da União Soviética e dos Estados Unidos, a Organização das Nações Unidas ainda pôde triunfar. A partir daí, a ONU vem perdendo o seu papel. O Secretário-Geral da ONU, Koffi Annan, não soube conduzir corretamente os destinos da Organização, principalmente depois do império socialista dentro da Europa e, agora, em relação ao Iraque. Foi tíbia a posição da ONU em relação à hegemonia que os Estados Unidos da América buscavam perante o mundo.

Portanto, neste instante, quando morre em combate Sérgio Vieira de Mello, brasileiro voltado para o mundo, quando a ONU deixa de fazer o seu papel e sucumbe aos interesses de uma potência estrangeira, quero que, pela primeira vez, dentro da concessão do Prêmio Nobel da Paz, junto à ONU seja concedido, post mortem, o Prêmio Nobel da Paz a Sérgio Vieira de Mello, brasileiro, homem do mundo, que protagonizou a construção de uma nova ordem, batalhou pela paz e, acima de tudo, um brasileiro que engrandece aqueles que desejam justiça, paz e solidariedade. Que Sérgio Vieira de Mello, morto em combate, seja reconduzido a um lugar onde guardam a paz; que o Prêmio Nobel da Paz, post mortem, lhe seja concedido. Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. FERNANDO DE FABINHO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. FERNANDO DE FABINHO (PFL-BA. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, os trabalhadores e os produtores deste País estão sendo sufocados por uma carga tributária excessiva. O

Brasil está sufocado sob o peso dos tributos.

A arrecadação federal continua a bater recordes em relação ao mesmos meses do ano passado. Isso significa, trocando em miúdos, que o País está produzindo menos, o povo está ganhando menos, mas o tamanho da fatia do

Governo na riqueza total não cessa de aumentar.

Sr. Presidente, o Governo está matando a galinha dos ovos de ouro. O País não suporta mais o peso dos tributos. Os recursos do País estão sendo crescentemente esterilizados nas mãos do Governo, no pagamento de juros, em lugar de serem aplicados em investimentos produtivos, para multiplicar empregos, para gerar renda e bem-estar.

Enquanto o Governo arrecada mais para pagar juros, para locupletar os banqueiros e os rentistas nacionais e estrangeiros, o IBGE mostra que o desemprego aumenta, a renda da população diminui, a desigualdade e a pobreza continuam intactas, a produção fica estagnada, as vendas desabam, o País não cresce.

Nossa carga tributária, que, no ano de 2002, já beirava os 37% do PIB, poderá, em 2003, chegar a cerca de 40% do PIB, segundo as estimativas de

683 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 especialistas de vários órgãos, como o IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento

Tributário), inclusive do CONFAZ.

Se isso acontecer, o Brasil ficará situado junto dos mais ricos países europeus campeões de carga tributária no mundo, mas sem que nosso bem-estar possa comparar-se nem de longe ao deles.

Nossa carga tributária, que vai passando dos 37% do PIB, já é o dobro das do

México e da Argentina e é mais de 20% mais elevada que as cargas tributárias dos

Estados Unidos, do Japão e da Suíça, as quais estão por volta de 30%.

Não é só a carga tributária total que é excessiva. Ela é também distorcida, porque, no Brasil, mais de dois terços da carga tributária oneram a produção e o consumo, portanto, oneram os preços e o custo de vida, enquanto a renda e o patrimônio são pouco tributados, exatamente o contrário do que acontece na maioria dos países mais desenvolvidos.

Esse peso excessivo dos tributos não recai igualmente sobre todos os brasileiros. Sabemos que a informalidade é grande neste País, e a sonegação é elevada, alcançando no mínimo 30%, numa estimativa conservadora, ou, mais provavelmente, perto de 50% da base contributiva potencial.

Isso significa que os contribuintes formais estão suportando uma sobrecarga ainda maior, pois eles estão pagando também pelos outros, por aqueles que se evadem do dever fiscal ou simplesmente sonegam.

Não quero aqui incriminar os que praticam evasão e os sonegadores, pois compreendo que a maioria dos empresários e trabalhadores fogem do Fisco não porque gostem desse esporte perigoso, mas por um imperativo de sobrevivência.

684 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Temos, então, que mudar esse estado de coisas, esse sistema tributário falido que temos, obsoleto, injusto, mal repartido, confuso, um sistema tributário que pune o trabalho e a produção e encarece os preços, um sistema tributário que tem custos altíssimos de administração tanto para as empresas, quanto para o Governo e é ineficiente e iníquo.

No entanto, uma revolução tributária viável está atualmente em nossas mãos.

Podemos ter um sistema tributário simples, barato, quase “insonegável”, no qual todos paguem, para que todos possam pagar menos. É o tributo eletrônico sobre movimentações financeiras, leve, suave, moderno, eficiente, automático, sem obrigações, sem declarações, sem papelada, sem burocracia, sem horas perdidas com inúteis providências fiscais.

O imposto único federal sobre movimentações financeiras é um modelo alternativo de reforma tributária que é viável para o País neste momento e está pronto para ser submetido à votação, pois a Comissão Especial que examinou a

PEC nº 474, de 2001, já o aprovou por unanimidade no final do ano de 2002.

Quero conclamar meus ilustres pares a nos debruçarmos sobre essa magnífica oportunidade que temos agora de implantar, na esfera federal, uma ampla experimentação com o tributo eletrônico sobre movimentações financeiras.

Vamos substituir, com um imposto eletrônico sobre movimentações financeiras, essa parafernália de tributos imprestáveis, complicados e injustos que temos aí, eliminando o IPI, o Imposto de Renda, a CSLL, eliminando todas as contribuições patronais sobre a folha de salários, estimulando o emprego formal, simplificando a vida de todos, aliviando e suavizando a carga fiscal individual, repartindo entre todos o encargo tributário, tudo isso sem prejuízo da simplificação

685 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 do ICMS, que é o principal objeto da reforma tributária proposta pelo Governo

Federal.

O Brasil está preparado para essa revolução tributária, porque tem um sistema eletrônico de processamento bancário que é reconhecidamente um dos mais avançados do mundo. Não precisamos ter complexo de inferioridade, não precisamos ficar esperando que outros países experimentem antes do que nós uma medida boa que está ao nosso alcance e não está ainda ao alcance deles. Não é porque não existe lá fora que deixaremos de fazer o que é bom para nós, não é porque não vicejam lá fora que deixaremos de saborear os frutos de nossa terra, que são bons para nós e estão ao nosso alcance.

Os empresários e trabalhadores deste País aspiram à redenção tributária que nos pode trazer rapidamente justiça tributária e prosperidade econômica. Está ao alcance dos Parlamentares desta Casa ouvir essas aspirações e debater e votar a proposta do imposto único federal.

Em nome da população brasileira, dos cidadãos contribuintes deste País, dos empresários e trabalhadores do Brasil, quero manifestar repúdio contra a maneira como o Governo do PT está encaminhando a questão da reforma tributária.

Todos esperavam um alívio da carga tributária, uma redução de tributos, uma simplificação da parafernália tributária, mas o que estamos vendo na PEC nº 41, que

é a proposta do Governo, é uma reforma sem imaginação, uma reforma pífia, que não simplifica nada, que só mexe em aparências e penduricalhos, que não conserta a injustiça tributária que tem de ser consertada.

A proposta de reforma tributária do Governo é apenas um disfarce para a voracidade do Governo, que objetiva, essencialmente, apenas duas coisas: uma, a

686 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 continuidade da DRU, que é a desvinculação das receitas, que o Governo deseja que fique ainda maior do que os 20% atuais, aumentando sua margem de manobra sobre os recursos financeiros do País; e outra, a eternização da CPMF, que é agora transformada e imortalizada em CMF permanente.

Quero lembrar, Sr. Presidente, Srs. Deputados, a ferocidade com que o PT, quando era partido da oposição, protestava contra a CPMF — até puniu seus

Parlamentares que a ela foram favoráveis — e como o PT condenava a desvinculação das receitas em 20%. Agora, vem vorazmente cobiçar percentual ainda maior.

Quero denunciar e registrar o oportunismo, a hipocrisia e o descaramento com os quais essas vestais da ética na política, do PT e associados vêm fazer agora exatamente o que condenavam com estridência quando estavam na Oposição.

O Governo anterior investiu ingentes esforços na condução da reforma tributária, com o Presidente Germano Rigotto e o Relator Mussa Demes — projeto de reforma que o PT ajudou a engavetar. Pois agora vem o Governo do PT, como se tivesse nascido agora, como se estivesse agora descobrindo a pólvora, apresentar uma cópia aguada do projeto do Governo anterior. É uma cópia pífia, decepcionante, franzina, medrosa, um simulacro mutilado, que não faz jus à grande envergadura do projeto anterior, no qual se inspirou.

O Governo do PT alega que diminuiu a envergadura do projeto anterior para evitar maiores discussões e facilitar o consenso, mas, na verdade, debaixo da aparência de uma reforma que é meramente ornamental, não disfarça seu objetivo

único de fabricar maiores receitas em proveito próprio, esfolar mais ainda o

687 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 contribuinte brasileiro, já sobrecarregado, cobrar mais ainda do mesmo contribuinte que já está pagando.

O Governo do PT, surpreendendo a Nação com uma voracidade sem fim, está matando a galinha dos ovos de ouro, está sufocando o País sob o peso de uma nova derrama fiscal.

Ao conduzir a votação da Medida Provisória nº 107, o Governo do PT, contrariando todas as convicções anteriores do partido, cedeu vergonhosamente facilidades inacreditáveis para sonegadores de tributos, premiando bandidos que se apropriam de tributos e contribuições retidos sobre salários e sobre vendas, ao mesmo tempo que chicoteia os contribuintes honestos, fazendo aprovar um inédito, discriminatório e inflacionário aumento de tributação sobre o setor de serviços e sobre o setor financeiro.

Agora, com a PEC nº 41, o Governo do PT completa seu intento de seqüestrar a riqueza do País para servir ao Governo, pleiteando uma DRU inchada, uma CMF permanente e seduzindo Governadores e Prefeitos, para captar seu apoio, acenando com uma festa de aumentos de tributos para todos.

A PEC nº 41 aumentará a tributação nefasta sobre o faturamento das empresas, aumentará a tributação do setor financeiro, que se traduz em aumento do custo do dinheiro, aumentará substancialmente o ICMS, aumentará o ITR, o ITCD, o

ITBI, numa festa em que os governantes ganham em todas as esferas e ninguém se preocupa em dar satisfações ao contribuinte, que deverá pagar o ônus dessa derrama.

O Governo do PT está paralisando a produção industrial, aumentando o desemprego, reduzindo a renda da população, estagnando o crescimento do País,

688 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 garroteando a riqueza da Nação para financiar a festa dos governantes e a multiplicação desenfreada de Ministérios, Secretarias, cargos e programas governamentais inócuos.

Como já disse, jocosamente, um ilustre Parlamentar — eu vejo essa imagem com seriedade e preocupação —, o Governo do PT está levando as empresas à falência, os servidores ao estrangulamento e a população à inanição, de tal maneira que, logo mais, seremos todos nós, no Brasil inteiro, clientes do Fome Zero, seremos todos miseráveis e viveremos da caridade patrocinada pelo Governo do

PT.

Esta é a perspectiva que nos espera: se não reagirmos logo, vamos todos inscrever-nos no Fome Zero!

Sr. Presidente, é por todos reconhecido que a carga tributária praticada no

Brasil é uma das mais elevadas do planeta.

A elevada incidência dos tributos emperra o desenvolvimento econômico, com prejuízo para toda a sociedade. Deve-se ressaltar igualmente que, além de ter que pagar impostos altíssimos, o contribuinte brasileiro é obrigado a satisfazer a denominada “obrigação tributária acessória”, que consiste em interpretar a legislação tributária, escriturar os fatos tributáveis ocorridos, manter contabilidade nos termos exigidos pelas normas tributárias, calcular o tributo devido e pagá-lo no prazo. Qualquer erro que o infeliz contribuinte venha a praticar, mesmo que decorra da confusa legislação, acarretará pagamento a menor dos tributos que são devidos

(de acordo com a interpretação do Fisco) e o sujeita ao pagamento de multas exacerbadas, além de juros (altíssimos).

689 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

A carga tributária no Brasil não somente é elevadíssima, como não é adequadamente distribuída pela população. Com efeito, tributa-se no Brasil mais gravosamente o rendimento do trabalho do que o do capital. Concedem-se excessivas isenções, muitas delas não plenamente justificáveis. Há abusos por parte de entidades ditas filantrópicas. E, por todo lado, verifica-se uma imensa sonegação, enquanto grande parte da economia esconde-se na “informalidade”, nome pelo qual

é designada a criminosa atitude de sonegação de tributos.

Estamos diante de um círculo vicioso. O empresário muitas vezes sonega, para poder sobreviver no mundo da competição, quando percebe que seus concorrentes estão sonegando. Aumentando-se o número de sonegadores, o Fisco torna-se mais faminto, ao perceber que a arrecadação tributária tende a cair.

Imediatamente, o “leão” ruge e exibe suas garras legislativas: aumentam-se alíquotas ou criam-se novas exações.

Recentemente, vimos surgir no País a temporada das “contribuições”: é a

CPMF (Contribuição sobre Movimentação Financeira), é a CIDE (Contribuição de

Intervenção no Domínio Econômico), incidente sobre a importação e a comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool etílico combustível, é a contribuição para custeio do serviço de iluminação pública nos Municípios e no Distrito Federal.

A Nação já não suporta mais.

A reforma tributária que o povo exige é aquela que reduza a alta carga tributária e torne mais equânime a distribuição da carga tributária entre os diversos segmentos da população brasileira.

690 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

A grande quantidade de leis tributárias não é sinônimo de riqueza. Muito pelo contrário, representa um caos normativo que a todos confunde.

Precisamos de menos leis, menos impostos (sem o disfarce de denominá-los de contribuição) e mais justiça fiscal. Sem dúvida, é preciso uma luta sem tréguas contra os sonegadores, porém somente sairemos vitoriosos dessa luta se conseguirmos ter uma ordem tributária mais justa.

Cabe a este Congresso realizar a sua parte. Como representantes do povo, como representantes daqueles que pagam os impostos, não podemos mais permitir que a iniciativa das leis tributárias permaneça de fato nas mãos do Poder Executivo.

Não podemos mais permitir que somente consigam sobreviver ao processo legislativo os projetos encaminhados pelo Poder Executivo, vale dizer, pelo próprio

Fisco.

O Poder Executivo acaba de encaminhar ao Congresso Nacional os projetos de reforma tributária e de reforma previdenciária. Tais projetos embutem aumento da carga tributária: é o Imposto sobre Grandes Fortunas, são as alíquotas do futuro

ICMS, que fugirá ao controle do Poder Legislativo, é a contribuição que se pretende cobrar dos funcionários públicos aposentados, etc.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, impõe-se a cada um de nós a vigilância cívica, para evitar que, a pretexto de realizarem-se as necessárias reformas de que o Brasil necessita, não se acabe por aumentar mais ainda a elevada carga tributária.

Sr. Presidente, passo a abordar outro assunto. A Bahia ganhou, no dia 31 de julho próximo passado, o Centro de Reprodução Animal. Trata-se do laboratório

691 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 destinado à fertilização in vitro, o primeiro do Norte e do Nordeste a dispor dessa técnica.

O primeiro laboratório de fertilização in vitro (FIV) do Norte e do Nordeste e o quarto do País foi inaugurado pelo Governador Paulo Souto e pelo Secretário da

Agricultura, Pedro Barbosa. Sediado na Central de Laboratórios da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), em Ondina, o Centro de Reprodução Animal

é resultado de um convênio entre Governo do Estado e EMBRAPA e contou com um investimento de R$ 500 mil. O novo laboratório representa um salto para a pecuária seletiva do Estado, porque facilita o acesso dos produtores baianos à tecnologia para reprodução e ao material genético de alta qualidade.

O centro tem capacidade instalada para produzir 300 embriões por mês. Já no primeiro ano de instalação, devem ser produzidos mil embriões, mas a expectativa é de que esse número dobre a partir do segundo ano. A unidade baiana será gerida pela Associação Baiana dos Expositores (ABEXPO), entidade formada para esse fim, e começa a funcionar em agosto.

De acordo com o Secretário da Agricultura, Dr. Pedro Barbosa, "O laboratório vai colocar a Bahia no front da seletividade. Será um importante instrumento para garantir a rapidez no processo de multiplicação de material genético de qualidade.

Vale lembrar que o estado tem um dos principais rebanhos seletivos do país".

A produção in vitro é utilizada para a multiplicação de animais de elevado padrão zootécnico, com características desejáveis, como precocidade e ganho de peso. A técnica tem crescido nacional e internacionalmente e vem se difundindo cada vez mais entre os grandes plantéis baianos. Uma das vantagens que apresenta é o alongamento da vida produtiva das fêmeas. Podem ser utilizados

692 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 bezerras pré-púberes, vacas em início de gestação, com problemas de fertilidade e até mesmo animais senis.

Para o Diretor da ABEXPO Ronaldo Oliveira Bittencourt, a comercialização através dos leilões de embriões produzidos in vitro tem movimentado quantias consideráveis. Ele afirmou que "o preço médio alcançado por cada embrião é de R$

20 mil, mas a depender do produto ele pode custar até R$ 200 mil".

O produtor interessado em comprar produtos FIV ou serviços como coleta e implantação de embriões deve procurar a ABEXPO, onde será cadastrado para receber a visita dos técnicos. A Associação está fazendo a avaliação de custos para definição dos preços. Segundo o Diretor da Associação, "o custo dos produtos será menor que os encontrados hoje no mercado brasileiro. Até porque o criador não precisará viajar para outros estados e o risco de perda do material por atraso na entrega ou problemas no translado é menor".

Para se obterem produtos FIV, é preciso a aspiração dos ovários da fêmea e a manipulação dos gametas (células sexuais) fora do organismo materno. O sêmen utilizado na fertilização é oriundo de touros selecionados e passa por uma preparação antes de ser colocado junto com o material extraído das fêmeas, os ovócitos. Depois dessa etapa, a fecundação propriamente dita, os embriões são transferidos para o cultivo, onde permanecem por 7 dias, até atingir o estágio de transferência para úteros de diversas vacas receptoras, que levarão a gestação a termo.

A inseminação artificial, surgida em meados do século passado, foi o primeiro grande salto que os trabalhos de reprodução deram em favor do melhoramento genético dos animais. O objetivo dessa técnica é aproveitar ao máximo o sêmen dos

693 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 melhores touros. O bezerro é o resultado do material genético do pai e da mãe. Em tese, um bezerro herda 50% das características de cada um. Se o touro for bom, imagina-se que pelo menos metade das características do bezerro que ele produzir terá boa qualidade.

A FIV pretende aproveitar, em maior escala, o material genético da mãe. Com a técnica, retiram-se as células reprodutivas da vaca (ovócitos) e realiza-se a inseminação no laboratório, utilizando o sêmen de touros provados. A monta natural permite que uma vaca tenha, no máximo, um bezerro por ano. Com a FIV, a mesma vaca poderá produzir mais de 50 bezerros/ano. Para isso são necessárias as chamadas barrigas de aluguel: vacas que receberão os embriões produzidos nos laboratórios.

Realmente, as Regiões Norte e Nordeste do País há muito necessitam experimentar novas tecnologias, principalmente no meio rural, onde a concentração humana é maior naquelas áreas. Todos sabemos dos grandes problemas que vivem os nossos ruralistas e sertanejos, agricultores e pecuaristas, que, além de conviver com as agruras da seca, ficam à margem dos avanços tecnológicos experimentados e implementados nas demais regiões do Brasil.

O Governo da Bahia mais uma vez proporciona às Regiões Norte e Nordeste a possibilidade de ter maior proximidade com os avanços científicos que beneficiam a todos, produtores, trabalhadores e estudiosos.

Sr. Presidente, ocupo também esta honrosa tribuna para registrar o sesquicentenário da morte de Maria Quitéria de Jesus, a mulher-soldado, a primeira numa unidade militar e Patrono do Quadro Complementar de Oficiais do Exército

Brasileiro.

694 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Maria Quitéria nasceu em São José de Itapororocas, no ano de 1797, na antiga Província da Bahia.

Em 1822, sob o ideal de liberdade, o Recôncavo Baiano lutava contra o dominador português, que se negava a reconhecer a Independência do Brasil.

Nesse clima, surge a figura de Maria Quitéria. A necessidade de efetivos fez com que a Junta Conciliadora de Defesa, sediada em Cachoeira, na Bahia, conclamasse os habitantes da região a se alistar para combater os portugueses.

Maria Quitéria, uma humilde sertaneja baiana, atende ao chamado, motivada pelos ideais de liberdade que envolviam seus conterrâneos. Ante a posição contrária do pai, foge de casa e, com o uniforme de um cunhado, incorpora-se inicialmente ao

Corpo de Artilharia e, posteriormente, ao de Caçadores, com nome de soldado

Medeiros. O seu batismo de fogo ocorre em combate na foz do Rio Paraguaçu, ocasião em que ficam evidenciados seu heroísmo invulgar e sua real identidade.

Em fins de 1822, a intrépida baiana, já com saiote tipo highlander escocês sobre o uniforme militar, incorpora-se ao Batalhão dos Voluntários de D. Pedro I, tornando-se, desse modo, oficialmente a primeira mulher a assentar praça numa unidade militar em terras brasileiras.

De armas na mão, participando de combates como o da Pituba e o de Itapuã, torna-se merecedora das mais honrosas citações de bravura, valor e intrepidez, passando a constituir-se em referência do heroísmo da mulher brasileira.

Finda a campanha baiana, Maria Quitéria embarca para o Rio de Janeiro.

A sua presença na Corte é cercada de muito respeito, em face da fama de sua coragem e da grande curiosidade decorrente das características de seu uniforme, por demais ousado para a época.

695 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

No dia 20 de agosto de 1823, D. Pedro I confere à gloriosa guerreira a honra de recebê-la em audiência especial. Sabedor da bravura e da maneira correta com que sempre se portara entre a soldadesca, num gesto de profunda admiração, concede-lhe o soldo de Alferes de Linha e a condecoração de Cavaleiro da Ordem

Imperial do Cruzeiro, em reconhecimento à bravura e à coragem com que lutara contra os inimigos da Pátria.

Maria Quitéria, no entanto, não se deixou levar pela vaidade e pelo fulgor da glória que conquistara. Depois de encerrada a guerra, a heroína recolheu-se ao silêncio do lar, falecendo no dia 21 de agosto de 1853, num "doloroso anonimato".

Finalmente, em 28 de junho de 1996, Maria Quitéria de Jesus, por decreto do

Presidente da República, passou a ser reconhecida como Patrono do Quadro

Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro.

Sr. Presidente, nessa etapa da vida política da nação independente, as forças imperiais lutaram nas guerras pela consolidação da independência nas províncias da

Bahia, do Maranhão, da Cisplatina e do Pará. Nesse contexto, o Exército mostrou bravura e coragem para incluir o Brasil no círculo das nações organizadas e soberanas.

Na Bahia, os comandados do Tenente Luís Alves de Lima e Silva triunfaram com o Batalhão de Voluntários do Príncipe Dom Pedro, em que se assentou Maria

Quitéria de Jesus, a soldado Medeiros, primeira mulher numa unidade militar. A nossa heroína da independência.

Sr. Presidente, no Brasil atual, independente e livre, estamos vivendo momento de grande tensão. Com a ascensão do Sr. Lula da Silva à Presidência da

República, o País que tinha medo julgou ter esperança, porém o que vemos é

696 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 aumentar o temor. Estamos vivenciando a anarquia no campo, com invasões irracionais e patrocinadas, com conflitos armados beirando a guerra civil. Chegamos ao ponto de ter esta Casa, seio da democracia e do diálogo, invadida por forças armadas, por ordem expressa de dirigentes que um dia estiveram na trincheira do ideal libertário. A situação do País é de proliferação crescente de miséria, desemprego e violência. Os jornalistas e repórteres, que outrora morriam na divulgação das barbáries das guerras, hoje são assassinados em praça pública, por estarem desvendando a violência urbana, do tráfico de drogas, as invasões da terra.

É chegada a hora de nos unirmos, sem vinculação político-partidária, apenas imbuídos do resgate da ordem e do progresso, da união coesa em favor do Brasil, em benefício da população, da democracia, do crescimento e do desenvolvimento e da manutenção de nossa soberania. É chegada a hora de esta Casa apresentar ao

País uma proposta de paz e de liberdade. Temos a missão precípua de ordenar legalmente o destino dessa Nação.

À nossa heroína o nosso reconhecimento e nosso orgulho. É de espíritos como o de Maria Quitéria que o nosso País está carente. Precisamos nos unir em torno do ideário independente que moveu nossos heróis do passado. Precisamos nos libertar de vez da angústia, da violência e da criminalidade, da fome, do desemprego, do analfabetismo, da subserviência internacional. Somos, cada um de nós, responsáveis pela construção digna deste País maravilhoso, acolhedor e constituído por heróis, que se sobrepõem diuturnamente às agruras do Brasil, a seca nordestina, a violência e a criminalidade dos grandes centros do Sul e do Sudeste, a devastação amazônica, etc. Também somos heróis possuidores de grande beleza e riquezas naturais, de belas praias, rios e cascatas, do Pantanal mato-grossense.

697 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Enfim, precisamos manter vivo em nossas mentes e ações que este País e este povo maravilhoso devem perpetuar os ideais libertários de nossos guerreiros.

Viva Maria Quitéria! Viva a liberdade!

Sr. Presidente, também quero, com muita tristeza, registrar nos Anais desta

Casa o falecimento de Monsenhor Francisco Dalto, ocorrido no último dia 7 de julho, no Hospital Espanhol, em Salvador, aos 67 anos, por insuficiência renal. O corpo foi velado na Igreja Matriz do Sagrado Coração de Maria, na sua terra natal, onde era pároco. Na tarde do mesmo dia, foi celebrada santa missa das exéquias, presidida pelo Arcebispo Metropolitano D. Itamar Vian, concelebrada pelo Bispo Emérito D.

Silvério Albuquerque e por muitos sacerdotes das Arquidioceses de Feira de

Santana e de Salvador. Após a missa, uma grande multidão acompanhou o cortejo fúnebre até o Cemitério de Coração de Maria, onde foram sepultados os restos mortais do saudoso sacerdote.

Monsenhor Dalto, luz que não se apagou, choram todos, a Igreja de Feira de

Santana, as Paróquias de Santa Bárbara, Pedrão, Conceição do Jacuípe, Biritinga e

São Gonçalo, seus amigos, afilhados, irmãos e filhos na fé. A luz não se apagou, passou a refulgir nas planícies celestes.

Homem culto, de enorme piedade e grande devoção, por onde passou imprimiu um timbre pessoal indelével. Venerava Nossa Senhora e guardava profunda fidelidade e adoração a Jesus Cristo.

Deixou-nos inúmeros ensinamentos na sua frutuosa vida sacerdotal! Pregador convincente, grande formador, estimulou muitas vocações sacerdotais, acolhendo em sua casa dezenas de jovens vocacionados, cujo testemunho de vida levou até

Jesus.

698 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Frágil na aparência física, foi marcado pela doença, que lhe acompanhou por muitos anos. Mas, no que se refere às coisas da fé, o monsenhor era um valente, destemido e fiel soldado do Evangelho.

Monsenhor Francisco João Dalto nasceu em Coração de Maria, na Bahia, no dia 11 de julho de 1935, concluiu os estudos de Filosofia e Teologia no Seminário

Central da Bahia, em Salvador, e foi ordenado sacerdote em 15 de agosto de 1963.

E, em 1988, recebeu o título de Monsenhor (Capelão de Sua Santidade), concedido pela Papa João Paulo II.

Monsenhor Dalto ou Padre Chiquito, como era conhecido por muitos, foi um bom pastor, um sacerdote fiel e obediente à Igreja. Nos seus quase 40 anos de sacerdócio, serviu com zelo e honra as diversas funções a ele designadas em Santa

Bárbara, na Cidade Nova (Feira de Santana). Foi vigário paroquial em Lamarão e

Biritinga, administrador paroquial em Pedrão e São Gonçalo dos Campos, pároco em Coração de Maria, sua terra natal, e na Senhor dos Passos (Feira de Santana).

Foi chamado a assumir cargos importantes, sendo, por muitos anos, Vigário Geral, chanceler e membro do Conselho Presbiteral da Arquidiocese de Feira de Santana.

Foi professor de Sociologia, Educação Moral e Cívica, História, Psicologia,

Relações Humanas e Religião.

Sr. Presidente, nós, que tivemos o privilégio de conviver com Monsenhor

Dalto — no meu caso especial, tive a honra de participar da Santa Eucaristia e de comungar pela primeira vez pelas mãos abençoadas de Monsenhor Dalto, quando ele viveu em Santa Bárbara e exerceu a atividade de Pároco do Município —, somos testemunhas da grande obra que ele realizou. Por isso, neste momento de profunda dor, pedimos a Maria Santíssima que acolha seu filho, cobrindo-o de bênçãos, para

699 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 que possamos continuar nossa missão aqui, amparados pelo seu exemplo de fé e determinação cristã.

Que Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora das Graças nos abençoe e nos proteja.

Muito obrigado.

700 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. TARCISIO ZIMMERMANN - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. TARCISIO ZIMMERMANN (PT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Brasil finalmente começa a cuidar do direito da juventude ao trabalho. Através da aprovação do Projeto de Lei nº

1.395, de 2003, que cria o Programa de Estímulo ao Primeiro Emprego, o Governo

Federal passa a contar com um importante instrumento para a inclusão produtiva da juventude, sobretudo aquela em situação de maior necessidade e pobreza.

A aprovação se dá justamente numa semana de grandes iniciativas do

Governo: a retirada do Projeto nº 4.302, da Precarização do Trabalho e a decisão que tomou hoje o COPOM de reduzir em 2,5% a taxa de juros. São boas notícias para este País que acredita no futuro.

Desnecessário dizer da importância desta iniciativa. As estatísticas indicam que 54 milhões de brasileiros vivem na mais profunda miséria, com renda inferior a

R$ 70,00 por mês. O modelo econômico concentrador e excludente determina que os 10% mais ricos da população detenham 47,5% da renda produzida no País, enquanto que os 50% mais pobres ficam com apenas 12,5%. Essa realidade nacional se manifesta com maior intensidade sobre a juventude. Cerca de 30% dos

12 milhões de desempregados são jovens. São 3,6 milhões de pessoas na faixa etária dos 16 aos 24 anos, muitos vivendo em situação de pobreza e já com responsabilidades de chefe de família.

A cada ano essa situação torna-se mais grave, uma vez que mais de um 1 milhão de jovens ingressam no mercado de trabalho e, não encontrando empregos

701 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 formais, passam a engrossar as estatísticas do subemprego e do desemprego. A falta de perspectiva de futuro faz com que muitos tornem-se alvos fáceis do crime organizado ou vítimas do consumo de drogas ou do álcool, ou, ainda, sejam lançados à condição de desalento e desespero.

O programa apresentado é simples, bom e generoso. Assegura emprego formal, com carteira assinada e direitos trabalhistas, dando prioridade aos jovens pobres; apóia, preferencialmente, as micro e pequenas empresas através da transferência de R$ 200,00 mensais por jovem contratado; estimula a escolarização da nossa juventude e, finalmente, fortalece a parceria com Estados e Municípios e com a sociedade na sua implantação. O programa prevê ainda apoio financeiro a jovens em situação de risco engajados em atividades sociais comunitárias ou em programas de preparação para o trabalho.

O relatório que acompanhou a tramitação do projeto reconhece a importância da experiência desenvolvida no Rio Grande do Sul, durante o Governo Olívio Dutra.

Afirma: “Ressalte-se que a proposição reúne um grande número de contribuições provenientes do PL nº 7.060, de 2002, do Deputado Tarcísio Zimmermann, que trouxe, com essa proposição, a experiência consolidada em programa similar que instituiu e implementou no Rio Grande do Sul. “

O Programa Primeiro Emprego do Rio Grande do Sul possibilitou, ao longo de pouco mais de 3 anos de execução, o acesso a empregos formais, com todos os direitos trabalhistas e previdenciários, a mais de 20.500 jovens sem nenhuma ou com muito pouca experiência profissional.

Registramos, com alegria e entusiasmo, a aprovação do projeto de lei do primeiro emprego. No entanto, agora começa a etapa decisiva em que serão

702 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 fundamentais os empresários e a mobilização do conjunto da sociedade. Nossa juventude precisa de esperança e de oportunidades. Nossa juventude precisa da certeza de que nosso País é solidário com suas angústias e tem a generosidade dos que sabem que o futuro é agora e que neste futuro queremos todos os brasileiros como cidadãos.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

703 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PAULO LIMA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PAULO LIMA (PMDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, peço que seja inserido nos Anais desta Casa manifesto a favor da abertura do processo de venda de gás no País.

A SINDIGÁS detém 96% do oligopólio e as pequenas empresas associadas à

ANGÁS estão sufocadas. Gostaria que o Ministério de Minas e Energia olhasse com atenção este assunto relativo à liberdade de mercado, para poder abaixar o custo do gás.

Sr. Presidente, aproveito a oportunidade para parabenizar os atletas olímpicos, campeões no Pan-Americano de Santo Domingo, de Presidente

Prudente, patrocinados pela Prefeitura Municipal de Presidente Prudente e pela

Universidade do Oeste Paulista, em especial o técnico da Seleção Brasileira, Prof.

Jaime Neto.

MANIFESTO A QUE SE REFERE O ORADOR

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(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINAS 705 A 705-B)

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O SR. FRANCISCO DORNELLES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. FRANCISCO DORNELLES (PP-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Câmara dos Deputados começa a discutir amanhã o relatório da PEC da reforma tributária. O projeto está bem desenhado, tem aspectos positivos, como a unificação da legislação do ICMS, a unificação das alíquotas, a tentativa de se acabar com a guerra fiscal, desonerar a exportação e a produção. Mas existem 2 pontos para os quais quero chamar a atenção de todos os Srs. Deputados.

O primeiro deles é o que muda a sistemática de distribuição do ICMS dos

Estados aos Municípios.

Atualmente os Estados distribuem aos Municípios pequenas parcelas do

ICMS, de acordo com o local em que o imposto é pago, de acordo com a lei estadual. O Governo e o Relator querem modificar essa sistemática, de forma que lei complementar federal venha a estabelecer os critérios de distribuição do ICMS de

Estados e Municípios.

A União Federal deveria ficar fora desse processo, porque se trata de problema dos Estados e dos Municípios.

Considero também um absurdo a progressividade do imposto de transmissão, já que o contribuinte é o comprador. Não faz sentido o comprador, no momento da compra o imóvel, pagar imposto de transmissão progressivo.

Eram essas as considerações que gostaria de fazer sobre a proposta de reforma tributária do Governo. Espero que a Comissão faça as correções

706 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 necessárias para aprovarmos esse projeto dentro das linhas e condições que possibilitem que se resolvam os maiores problemas do País.

Obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. MAURO BENEVIDES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MAURO BENEVIDES (PMDB-CE. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Associação dos Prefeitos do

Estado do Ceará continua a mobilizar os seus integrantes para a luta em prol da recomposição das parcelas do Fundo de Participação dos Municípios, reduzidas substancialmente em detrimento dos interesses das comunas brasileiras.

Recentemente, no plenário da Assembléia Legislativa, aquela prestigiosa entidade promoveu amplo debate em torno da reforma tributária, com a presença dos Deputados Mussa Demes e Virgílio Guimarães, aos quais foram transmitidas veementes solicitações destinadas a corrigir distorções no processo arrecadatório, em prejuízo de nossas Edilidades.

Agora, num desdobramento regionalizado de encontros com idêntico objetivo, a APRECE programou outras iniciativas, conforme expediente enviado à bancada cearense no Congresso Nacional.

Eis o texto da circular da APRECE:

“Senhor Deputado, atualmente a grande maioria

dos Municípios brasileiros passa por uma grave crise

financeira. Faltam recursos até mesmo para aplicar nos

setores básicos, o que compromete a qualidade de vida

de nossas populações.

Dando continuidade à nossa justa e legítima

mobilização no sentido de restabelecer o poder dos

Municípios, vimos comunicar ao Exmo. Sr. Deputado que

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a APRECE irá realizar 3 assembléias regionais para

reafirmar as nossas reivindicações quanto à reforma

tributária.

As referidas assembléias regionais obedecerão ao

seguinte cronograma:

- dia 22 de agosto, de 2003, em Sobral, com os

Municípios da Zona Norte;

- dia 29 de agosto, de 2003, em Juazeiro do Norte,

com os Municípios do Cariri;

- dia 1º de setembro, de 2003, em Fortaleza, com

os demais Municípios do Estado.

Estas assembléias regionais a serem realizadas

pela APRECE têm como principal objetivo reunir todos os

Prefeitos e seus legítimos representantes no Congresso

Nacional para esclarecimentos sobre a real situação em

que se encontram os nossos Municípios, e assim o total

comprometimento de todos com a repartição mais justa

do bolo tributário arrecadado pela União, e contar com o

apoio de nossa bancada federal durante a votação do

texto da reforma tributária.

Nesse sentido, vimos convidar o ilustre Deputado

para participar da assembléia regional da APRECE a ser

realizada no Município de Sobral, no Auditório da

Prefeitura Municipal, no próximo dia 22 de agosto, às 9

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horas, ocasião em que estarão presentes os Prefeitos dos

Municípios da Zona Norte, especialmente os contidos na

lista em anexo, e os Srs. Deputados Federais apoiados

por estes respectivos Prefeitos. Caso V.Exa. tenha tido,

para sua eleição, o apoio de algum desses Prefeitos, sua

presença é indispensável.

Esta associação espera, mais uma vez, contar com

a presença de V.Exa., ao mesmo tempo em que aguarda,

veementemente, por um apoio justo e legítimo. O

movimento municipalista agradece a sua atenção.

Cordialmente,

Júlio César Lima Batista

Prefeito de Aratuba e

Presidente da A PRECE”.

Sr. Presidente, esperam os Prefeitos cearenses, em perfeita sintonia com os colegas de outros Estados, que se restaure, integralmente, os repasses atingidos pelo contingenciamento procedido agora, o que há trazido inconformismo para aqueles administradores que cumprem, com exação, os seus encargos funcionais.

Confio em que o Executivo Federal encontre uma alternativa capaz de restabelecer, sem deduções injustificáveis, os quantitativos devidos às nossas municipalidades.

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VI - ORDEM DO DIA

PRESENTES OS SEGUINTES SRS. DEPUTADOS:

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - A lista de presença registra o comparecimento de 337 Senhores Deputados.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Concederei a palavra entre uma votação e outra, se houver, aos Deputados Lindberg Farias, Josué Bengtson, Luiz

Bassuma, Darcísio Perondi, Dr. Ribamar Alves, Henrique Fontana, Sandes Júnior,

Moroni Torgan e Claudio Cajado.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Passa-se à apreciação da matéria que está sobre a mesa e da constante da Ordem do Dia.

Item 1.

Continuação da votação, em turno único, do

Projeto de Lei nº 4.572, de 1998, que cria o Programa de

Estímulo ao Primeiro Emprego — PEPE e dá outras

providências.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Sobre a mesa requerimento da bancada do PDT que requer destaque de votação em separado de emendas ao substitutivo do Relator do PL nº 1.394, de 2003, no seguinte teor:

“Requeremos, nos termos do Regimento Interno,

destaque para votação em separado da Emenda nº 24 ao

substitutivo do Relator do PL nº 1.394, de 2003”.

Assinam Deputados Leonardo Mattos, do PV, Neiva Moreira e outros.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Votação da Emenda nº 24, destacada.

O Deputado Leonardo Mattos está presente?

O SR. MARCELO ORTIZ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem a palavra V.Exa.

O SR. MARCELO ORTIZ (PV-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o Deputado Leonardo Mattos está vindo, mas vamos desistir.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Vai desistir, Deputado Marcelo

Ortiz?

O SR. MARCELO ORTIZ - Vamos retirar o requerimento.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Fica esclarecido que a retirada é pertinente por se tratar de uma emenda.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Destaque de bancada, do PFL, nos seguintes termos:

“Requeiro, nos termos do art. 161, § 2º do

Regimento Interno, destaque para votação em separado

da Emenda nº 3, de autoria do Deputado Paes Landim,

apresentada ao Projeto de Lei nº 1.394, de 2003.

Sala das Sessões, em 19 de agosto de 2003”.

Assina Deputado José Carlos Aleluia, Líder do PFL.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - A Emenda nº 3 diz o seguinte:

“Substituir, no art. 2º, a expressão ‘meio salário

mínimo’ por ‘um salário mínimo’”.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Concedo a palavra ao nobre

Deputado Murilo Zauith, para encaminhar contra.

O SR. MURILO ZAUITH (PFL-MS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, estamos em processo de votação do Projeto de Lei nº

1.394, de 2003, que cria o Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego.

Este projeto ainda precisa ser discutido, pois há várias emendas e destaques a serem votados.

Quem não quer criar emprego para os jovens neste País, quando é sabido que, dia a dia, aumentam os índices de desemprego? O Governo lança o Programa

Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego, mas este projeto precisa ser pensado mais profundamente.

De acordo com o projeto do Governo, só se pode contemplar com o primeiro emprego a família que tiver renda per capita de meio salário mínimo. Meio salário mínimo é muito pouco, Sr. Presidente. Precisamos contemplar outras famílias, para que seus filhos tenham condições de ingressar no mercado de trabalho e vislumbrar um futuro melhor. Queremos inserir famílias que percebem um salário mínimo per capita — o que aumentará o rol de beneficiados — e que também têm parentes ligados a elas, que vivem sob o mesmo teto, para que tenham oportunidade de trabalhar.

Por isso, reivindicamos encaminhamento melhor ao projeto, que se compõe de muitos artigos. Vai ser complicado para a empresa contratar um jovem, porque o texto impõe várias condições para tal. Há proposta mais adequada para encaminhar a matéria. Existem projetos que desoneram várias obrigações para que a empresa disponibilize vagas de trabalho.

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Outro ponto falho refere-se à existência ou não de vínculo empregatício. As emendas baixam para 2% o recolhimento, da parte do empregador, do Fundo de

Garantia, e o projeto não prevê nada disso. Queremos saber a opinião do Relator sobre este assunto e sobre como ficaria o caso de rapazes que deverão assumir o primeiro emprego.

Estamos propondo o aumento da renda per capita de meio salário mínimo para um salário mínimo, a fim de elevar o poder aquisitivo das famílias brasileiras.

Esta é a proposta do PFL.

Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Para encaminhar, concedo a palavra ao Deputado Tarcisio Zimmermann, que falará contra a matéria.

O SR. TARCISIO ZIMMERMANN (PT-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, essa emenda é adequada para um outro País, não para o Brasil, que tem mais de 35 milhões de pessoas vivendo na mais absoluta pobreza. Infelizmente, a Nação não consegue prover o mínimo necessário para quase 50 milhões de pessoas.

Quando um projeto como o Primeiro Emprego propõe prioridade clara para o jovem pobre, efetivamente busca combater a desigualdade social. Se fizermos boa reforma tributária, se o País voltar a crescer 7%, 8% ao ano e se pudermos garantir melhor distribuição de renda, no futuro talvez possamos criar um programa de

Primeiro Emprego que atenda a jovens que não sejam oriundos de famílias tão pobres.

Portanto, quero pedir à bancada do PFL que dê prioridade nesse programa ao jovem pobre, ao excluído. Este precisa ter a certeza de que não disputará recursos com aqueles que podem se manter.

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O SR. MURILO ZAUITH - Sr. Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MURILO ZAUITH (PFL-MS. Questão de ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o art. 192, § 7º, do Regimento Interno, diz:

“Art. 192......

§ 7º No encaminhamento da votação de emenda

destacada, somente poderão falar o primeiro signatário, o

autor do requerimento de destaque e o Relator...”.

O Regimento não diz que outros Deputados possam fazer uso da palavra. Fui eu que encaminhei pelo requerimento de destaque e não há como contraditar.

Portanto, o encaminhamento não está sendo feito conforme determina o

Regimento Interno.

O Sr. Tarcisio Zimmermann - No caso há dupla falta. Quem encaminhou a matéria não foi seu autor e quem a contraditou não foi o Relator.

O SR. MURILO ZAUITH - O PFL é o autor do destaque, nobre Deputado.

V.Exa. precisa ler o Regimento Interno.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Deputado Murilo Zauith, como

V.Exa. está sempre atento ao Regimento Interno, observou bem que, de acordo com o § 7º do art. 192, o Deputado Tarcisio Zimmermann não poderia encaminhar.

Penitencio-me perante V.Exa. Se quiser usar a palavra para reparar parte da fala do

Deputado Tarcisio Zimmermann, poderá fazê-lo.

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O SR. MURILO ZAUITH - Sr. Presidente, quero apenas enaltecer o trabalho de V.Exa. nesta Casa e a forma democrática como tem conduzido as sessões, sendo escravo do Regimento Interno, do qual todos nós o somos.

Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação a Emenda nº 3, destacada pelo PFL.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Os Srs. Deputados que forem favoráveis à emenda permaneçam como se encontram. (Pausa.)

REJEITADA.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Sobre a mesa requerimento da bancada do PSDB, no seguinte teor:

“Requeiro, nos termos do art. 161, II, e § 2º,

combinado com o art. 117, IX do Regimento Interno,

destaque para votação da Emenda nº 4, oferecida ao

Projeto de Lei nº 1.394, de 2003, para inclusão no

substitutivo ao Projeto de Lei nº 4.572, de 1998, que ‘cria

o Programa de Estímulo ao Primeiro Emprego – PEPE e

dá outras providências’, oferecido pelo Relator designado

em substituição à Comissão Especial”.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - A emenda do Deputado Walter

Feldman diz o seguinte:

“Serão atendidos pelo Programa Nacional do

Primeiro Emprego os jovens cadastrados no SINE —

Sistema Nacional de Emprego —, assim como todos os

jovens cadastrados no sistemas estaduais e municipais

de intervenção na empregabilidade de jovem nas

condições expostas nesta lei”.

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O SR. ANTONIO CARLOS PANNUNZIO - Sr. Presidente, como autor do destaque, gostaria de manifestar-me.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ANTONIO CARLOS PANNUNZIO (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, a emenda tem por objetivo aperfeiçoar o projeto do Governo.

O Deputado Walter Feldman, autor da emenda, acaba de chegar. Se o nobre

Presidente permitir, passarei a palavra a S.Exa, para fazer a defesa da emenda.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem a palavra o Deputado Walter

Feldman, para encaminhar a votação.

O SR. WALTER FELDMAN (PSDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, apressamo-nos em debater a questão no plenário, tendo em vista o envolvimento de muitos Deputados e bancadas na questão da reforma tributária, que passará pela primeira apreciação na reunião convocada para amanhã, quando será apreciado o relatório do Deputado Virgílio

Guimarães.

Apresentamos a emenda e a discutimos com o Relator, Deputado Reginaldo

Lopes, e com nossa bancada, tendo em vista a experiência que já se acumulou, não apenas em São Paulo, mas também em outros Estados brasileiros, sobre programas relativos à incorporação da juventude no início da sua profissionalização.

Acreditamos, portanto, que já há experiência acumulada. Há, muitas vezes, por parte de alguns governantes, no plano nacional, estadual e municipal, um equívoco: ao iniciar o mandato, imaginam que estão redescobrindo a história, ou a roda da história, e que o acúmulo acorrido anteriormente ao seu mandato deve ser literalmente descartado.

A sociedade brasileira passa por um grave período de crise, notadamente pela falta de emprego. Os índices alarmantes dos últimos meses constatam percentual próximo de 13% no plano nacional. Nas regiões metropolitanas, particularmente nas 6 que sofreram processo estatístico de avaliação, os índices são superiores a 20%, caracterizando, portanto, que de cada 10 cidadãos em plena capacidade produtiva e econômica, 2 estariam desempregados. Talvez seja um dos

índices de desemprego mais elevados na história brasileira.

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Tendo em vista a impossibilidade nos tempos atuais do tão esperado espetáculo do crescimento, reconhecemos o esforço feito, porém, com certa dilatação no tempo proposto do início da implantação do Programa Primeiro

Emprego, dando vazão, pelo menos parcialmente, à demanda não apenas da sociedade como um todo, mas particularmente das estruturas das entidades e das associações que representam a juventude.

Argumentamos, através de várias emendas apresentadas quando da tramitação, baseados em experiências anteriores já consolidadas — e cito aqui a experiência do Estado de São Paulo —, sobre a conveniência de se realizar convênios e aproveitar os cadastros já elaborados nos sistemas públicos, estaduais e municipais, de cadastramento da população.

Apresentamos outra emenda que permite que organizações populares —

ONGs, sindicatos e associações de bairros, que também têm-se esforçado, com muito espírito comunitário — cadastrem a população desempregada. A partir daí, poderiam fazer movimentos e gestões próprias ou relacionadas aos órgãos públicos.

A Emenda nº 4, apresentada por nós, tem por finalidade atender aos jovens cadastrados já inscritos nos sistemas estaduais e municipais. O Relator, Deputado

Reginaldo Lopes, acredita que isso já teria sido incorporado em seu parecer, na medida em que existe artigo que relaciona a possibilidade de convênios com órgãos públicos estaduais e municipais.

Na nossa opinião, estamos dando uma definição mais apropriada. O PSDB, em sua reunião ordinária, considerou importante que apresentássemos este destaque a fim de que viesse ao Plenário para a apreciação dos Srs. Parlamentares. Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação a emenda.

O SR. ANTONIO CARLOS PANNUNZIO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ANTONIO CARLOS PANNUNZIO (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, pedi a palavra como autor do destaque para justificar perante a Casa o nosso procedimento de ontem, quando tentamos fazer a

Câmara dos Deputados votar o Projeto nº 98, de 1999, que nos parecia ideal. Não foi possível, perdemos e, democraticamente, nos submetemos ao resultado.

Com relação a essa emenda, repito o que todos disseram: temos pressa para gerar empregos. Daí a razão do destaque do Deputado Walter Feldman, que vai se utilizar não só dos cadastros do Sistema Nacional de Empregos, como também dos cadastros municipais e estaduais.

Dessa forma, acredito que ficará mais fácil, ou menos penoso, chegarmos à marca dos 10 milhões de empregos, promessa feita pelo então candidato Lula.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Antes de passar a palavra ao

Relator, para encaminhar contra, registro a presença, na Câmara dos Deputados, do

Deputado Andrés Guzmán, do Parlamento boliviano, em visita oficial ao País.

(Palmas.)

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Concedo a palavra ao nobre

Deputado Reginaldo Lopes, Relator da matéria.

O SR. REGINALDO LOPES (PT-MG. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a emenda do PSDB é contraditória à emenda de plenário que o Relator acolheu e que está no substitutivo. Queremos dar transparência ao Programa de Estímulo ao Primeiro Emprego. Aprovamos a divulgação, semestralmente, pela Internet, das estatísticas do Programa, feitas pelo

Ministério do Trabalho e Emprego — jovens beneficiados, jovens cadastrados, idade, gênero, raça, e jovens atendidos por Estado. Portanto, essa emenda vem na contramão da proposta de plenário que todos aprovamos ontem.

Existe também dificuldade operacional. Queremos que o procedimento seja padronizado, para atender à inscrição e ao encaminhamento dos jovens. O substitutivo também prevê que as entidades estaduais e municipais conveniadas ao

SINE possam operar o Programa.

O Congresso Nacional, se acatássemos esta emenda, perderia o poder de fiscalizar o Programa.

Meu parecer é pela rejeição.

Obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação a Emenda nº 4, destacada.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Os Sr. Deputados que a aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)

REJEITADA.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Sobre a mesa requerimento da bancada do PSDB, no seguinte teor:

“Requeiro, nos termos do art. 161, II, e §2º,

combinado com o art. 117, IX do Regimento Interno da

Câmara dos Deputados, destaque para votação da

Emenda nº 6, oferecida ao Projeto de Lei nº 1.394, de

2003, para inclusão no substitutivo ao Projeto de Lei nº

4.572-A, de 1998, que ‘cria o Programa de Estímulo ao

Primeiro Emprego — PEPE e dá outras providência”.

Assina o Deputado Eduardo Paes.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Concedo a palavra ao Deputado

Antonio Carlos Pannunzio, autor da matéria.

O SR. ANTONIO CARLOS PANNUNZIO (PSDB-SP. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, sustentando a emenda do companheiro

Eduardo Paes, nós, do PSDB, temos como objetivo conceder aos jovens que já se cadastraram no SINE, que atenderam a todos os pré-requisitos para concorrer ao primeiro emprego, a possibilitar de uma ajuda de custo 3 vezes maior que a do

Bolsa-Escola — limitada em 45 reais — até que ele seja contratado. Em função da estrutura burocrática que o sistema envolve, até que ele seja concretizado, teremos milhares de jovens na fila de espera.

Sr. Presidente, quero agora usar o mesmo argumento que utilizei no destaque anterior: todos temos pressa em criar empregos. Por isso mesmo, àqueles jovens que não puderem ainda estar enquadrados no Programa, não por falta de vontade, nem pela falta da inscrição, mas pela burocracia inerente ao projeto de lei já aprovado no seu corpo principal nesta Casa, tentaremos ajudar com o nosso voto.

E, repito, faremos um esforço para ajudar o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva a realizar sua promessa de campanha de gerar 10 milhões de empregos em 4 anos.

Votamos pela aprovação da Emenda nº 6.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Concedo a palavra ao nobre

Deputado Eduardo Paes, autor da matéria.

O SR. EDUARDO PAES (PSDB-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, ontem, neste plenário, estabelecemos um acordo para votação desta importante matéria. Analisando como um todo o projeto mostra um pouco da incoerência deste Governo ao fazer uma reforma tributária sem olhar para o emprego, para a produção. O Governo apresenta um projeto tímido, que busca atender a uma parcela significativa da população brasileira, hoje sujeita aos problemas que a nossa sociedade enfrenta.

Na noite de ontem, estabelecemos acordo para votar este projeto com toda tranqüilidade, observando as questões relevantes, que merecem ser incorporadas ao texto, que precisam ser discutidas.

A emenda que proponho, Sr. Presidente, é muito simples. O Projeto de

Estímulo ao Primeiro Emprego estabelece uma série de regras e critérios para que uma empresa contrate um jovem, que basicamente deve estar inscrito no Sistema

Nacional de Empregos até que seja contemplado.

Chamo a atenção do Plenário, especialmente do Deputado Professor

Luizinho, que se comprometeu a ouvir com muita atenção esta proposta. A emenda que apresentei, que agora destacamos com o intuito de aprová-la, propõe que os inscritos no SINE, enquanto não forem incluídos no PEPE, façam jus a receber um valor pequeno, básico, a fim de que não sofram as tentações de ofertas fáceis, que aumentam os problemas que nossa sociedade, muito especialmente nossa juventude, enfrenta.

738 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Sr. Presidente, o Governo passado, do PSDB, de Fernando Henrique

Cardoso, avançou muito no foco dos programas sociais. Quando digo avançou no foco, chamo a atenção para o importante fato de que as políticas públicas na área social, tendo em vista a exigüidade de recursos que há no Orçamento, fundamentalmente devem atingir aqueles que realmente precisam.

Obviamente, esta emenda representa um custo a mais para a sociedade brasileira, para o Governo, mas significa a possibilidade de dirigir recursos à área social, atingindo, de maneira eficiente, eficaz e efetiva, o grupo sujeito aos problemas que a sociedade enfrenta. Essa é a questão fundamental.

Se eu tivesse de fazer uma grande crítica ao Governo do PT, não seria pela recessão econômica que estamos sofrendo; não seria pela reforma tributária — que olha para o aumento da carga de tributo — que está sendo apresentada à Casa; certamente não seria pela traição aos servidores públicos e ao Estado brasileiro. Se eu tivesse de fazer uma grande crítica ao Governo do PT, ela se voltaria para as políticas sociais.

Querem, por simples perseguição de ordem eleitoral e política, destruir o sistema de políticas sociais desenvolvido no Governo anterior, que não era o sistema ideal, merecia avanços, mas tinha esta característica: eram políticas sociais que buscavam incorporar e alimentar os ativos — capital físico, humano e social — que cada um de nós, cidadãos, temos a nossa disposição e que precisam de políticas públicas competentes para serem incorporados.

Portanto, o PT daria um passo enorme, Deputado Professor Luizinho, se incorporasse esta emenda, que pode beneficiar segmento importante de nossa sociedade, uma quantidade enorme de jovens, Deputado Lindberg Farias, que

739 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 ficarão fora do Programa de Estímulo ao Primeiro Emprego. Estes jovens receberiam valor 3 vezes maior que o pago pelo Bolsa-Escola.

Agradeço a atenção aos Srs. Parlamentares.

740 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Concedo a palavra ao Relator da matéria, Deputado Reginaldo Lopes.

O SR. REGINALDO LOPES (PT-MG. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, nobres Sras. Deputadas e Deputados, a emenda de autoria do

Deputado Eduardo Paes tem boas intenções, mas não aponta de onde sairão os recursos para atender aos 2 milhões de jovens que têm possibilidade de se inscrever no programa.

Para atender à solicitação do nobre colega, acatamos a emenda apresentada pelo Deputado Tarcisio Zimmermann, que permite que 4,2 milhões de jovens que estão na inatividade, não estudam nem procuram emprego, sejam incluídos no programa, estabelecido em 2 incisos: concede prazo de 90 dias para que se matriculem em escola regular e lhes permite participar de programas de educação de jovens e adultos.

Somando os jovens na inatividade e desempregados, que estão matriculados em escola regular de ensinos médio e fundamental, temos 7 milhões e 600 mil. O mérito e o objetivo deste programa é não associar a educação ao trabalho e permitir que o jovem tenha acesso ao trabalho formal por tempo indeterminado.

Então, proponho a rejeição desta emenda, porque o mérito está garantido: acesso ao trabalho formal. O Brasil, com todo o espetáculo de crescimento, precisa garantir, na lógica de Estado, a inserção do jovem no mercado de trabalho, que tem de ser protegido por um projeto de Nação, e este inicia a discussão e propõe políticas de juventude pela lógica de Estado.

Então, o parecer é pela rejeição.

741 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação a Emenda nº 6, destacada.

742 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Para orientar a bancada, concedo a palavra ao Deputado Moroni Torgan.

O SR. MORONI TORGAN (PFL-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, este é um dos destaques em que frisamos o aperfeiçoamento da legislação.

No mérito, somos favoráveis ao Programa de Estímulo ao Primeiro Emprego, mas, na verdade, não seriam necessários muitos recursos, se o objetivo é propiciar ao jovem acesso ao primeiro emprego.

Acredito que o destaque do Deputado Eduardo Paes aprimora o Programa de

Estímulo ao Primeiro Emprego e dá aos jovens a garantia de que, uma vez se inscrevendo, vão ter na prática a chance do primeiro emprego, e não vai ficar só na teoria essa possibilidade.

Por essa razão, o PFL aprova o destaque, vota favoravelmente a ele, a fim de dar a todos os jovens brasileiros a oportunidade de acesso ao primeiro emprego.

743 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação a emenda.

744 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Aqueles que foram favoráveis permaneçam como se encontram. (Pausa.)

REJEITADA.

745 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Destaque da bancada do PV, com apoio do PFL, requerendo, nos termos do Regimento Interno, destaque para votação em separado da Emenda nº 25 ao substitutivo do Relator do Projeto de Lei nº 1.394, de 2003.

A emenda diz o seguinte:

“Art. 1º - Fica acrescido ao art. 2º do substitutivo do

Relator ao Projeto de Lei nº 1.394, de 2003, o seguinte

parágrafo:

§ - ficam garantidos, no mínimo, 5% das vagas do

Programa Nacional do Primeiro Emprego às pessoas

portadoras de deficiência, definidas como tal na forma da

lei”.

746 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação.

747 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Para encaminhar, concedo a

palavra ao nobre Deputado Leonardo Mattos, que falará a favor da matéria.

O SR. LEONARDO MATTOS (PV-MG. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, primeiro, cumprimento o Governo, pela iniciativa, e o Relator, Deputado

Reginaldo Lopes, meu companheiro de Minas Gerais.

A princípio, o conteúdo deste projeto preocupou-me bastante, porque em nenhum momento visava atingir segmento substantivo de nossa sociedade: os portadores de deficiência, que procuro representar nesta Casa. Depois de conversar com o Deputado Reginaldo Lopes, consegui que S.Exa. absorvesse a minha preocupação e incluísse esse importante segmento no formato final do projeto.

Portanto, peço a retirada da emenda, pela decisão do Sr. Relator de incluí-la no projeto.

Muito obrigado.

748 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Destaque de bancada do PFL requerendo, com base no Regimento Interno da Casa, para votação em separado da

Emenda nº 10, de autoria do Deputado Paes Landim, apresentada ao Projeto de Lei nº 1.394, de 2003.

Assina o nobre Líder José Carlos Aleluia.

A emenda diz o seguinte:

“Substituir no inciso II, parágrafo único, art. 6º, a

expressão ‘até 20%’ por ‘até 25%’”.

749 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação.

750 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Para encaminhar, concedo a palavra ao nobre Deputado Murilo Zauith, que falará contra a matéria.

O SR. MURILO ZAUITH (PFL-MS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Srs. e Srs. Deputados, este projeto, que tem o objetivo de criar emprego para os jovens brasileiros, possui nada mais nada menos do que 13 artigos, fora parágrafos e incisos. É muito complicado. O Relator ainda não disse se haverá garantia de registro em carteira, se vai haver vínculo empregatício.

Vou citar alguns aspectos deste projeto: criação de postos de trabalho para jovens, a fim de prepará-los para o mercado de trabalho e ocupações alternativas geradoras de renda; qualificação de jovens entre 16 e 24 anos para o mercado de trabalho, e incentivo social, sem vínculo empregatício anterior, com renda per capita familiar de meio salário, matriculados em escolas de 1º e 2º graus. Esses jovens têm de participar de um cadastro nacional nos Municípios, e suas famílias não podem receber subvenção governamental, a exemplo de Bolsa-Escola, Auxílio-Desemprego ou outros benefícios do Governo Federal.

O Executivo diz que vai subsidiar o programa, se houver disponibilidade de recursos. Quer dizer, nada promete. Inclui no projeto de lei que a empresa vai ser ressarcida de certo valor, se houver dinheiro.

Sr. Presidente, toda essa complicação é para gerar o primeiro emprego.

Conheço um programa chamado Bolsa-Estágio, lei aprovada nesta Casa que contempla quem está fazendo o 3º grau. Qualquer empresa pode oferecer o primeiro emprego ao universitário, não há vínculo empregatício, a empresa estabelece se pagará 1 ou meio salário, é válido por 1 ano e renovável por mais 1. É muito importante, porque é um contrato. Esse programa de primeiro emprego para o jovem

751 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 universitário funciona muito bem no País. As empresas do Governo são as que mais empregam estagiários de nível universitário. Caixa Econômica Federal, Banco do

Brasil, Prefeituras, Governos de Estado dão oportunidade aos universitários de participar do programa porque ele é muito simples. Do aluno só se exige o compromisso de fazer a faculdade.

Quando o Governo fala em primeiro emprego, em preparar o jovem para o mercado de trabalho, no fundo tenta proporcionar um estágio ao jovem que não consegue obter uma profissão. Poderia ser muito mais simples, Sr. Presidente. Do jeito que o Governo propõe, vai ser muito difícil a empresa se enquadrar no programa.

Precisamos melhorar o projeto para que a empresa se sinta estimulada a receber o jovem da periferia que esteja cursando o 1º ou o 2º graus, cuja família realmente esteja lutando para que o filho tenha qualificação profissional, um estágio preparatório para a vida.

752 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Concedo a palavra ao nobre

Relator, Deputado Reginaldo Lopes.

O SR. REGINALDO LOPES (PT-MG. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, vamos aos dados. Pesquisa encomendada pelo BNDES em 2001, na qual foram entrevistadas 178 mil empresas, entre micro, pequenas, médias e grandes, revelou que o vínculo empregatício, em qualquer situação da nossa economia, é garantido pelas microempresas.

Portanto, este projeto avança mais do que a emenda. É pura matemática. Se a empresa contar com 4 empregados em seu quadro de pessoal, tem direito a contratar 1 jovem; se contar com 5 a 9 empregados, tem direito a contratar 2 jovens.

Multiplicando-se 5 empregados por 25%, dá 1,25. Fração igual ou superior a meio reduz. Portanto, passa para 1. Se forem 7 empregados, multiplicando esse número por 25%, dá 1,4. Reduz para 1. Para a emenda empatar com nosso substitutivo, a empresa precisaria ter 8 funcionários: 8 vezes 25% dá 2.

Nossa proposta é mais avançada e, por isso, somos pela rejeição da emenda.

Quero também responder a outra questão levantada pelo nobre colega. No art. 2º, § 6º, o PNPE não abrange o trabalho doméstico, nem o contrato de trabalho por prazo determinado, inclusive o de experiência previsto na CLT. É trabalho formal, por tempo indeterminado.

753 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação a Emenda nº 10.

754 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Os Srs. Deputados que a aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)

REJEITADA.

755 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. RAFAEL GUERRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. RAFAEL GUERRA (PSDB-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, peço um minuto da atenção do Plenário para fazer abordagem que reputo da maior importância.

A Frente Parlamentar da Saúde fez hoje reunião de emergência. Há sempre alguém neste País que acredita estar o setor de Saúde muito bem e que se podem retirar recursos dele. Não podemos concordar com isso.

Neste momento, temos duas preocupações. Uma refere-se ao relatório da reforma tributária, que propõe a criação da CMF, contribuição não mais provisória e sem vinculação com a área de saúde. Ora, Sr. Presidente, o País e esta Casa aceitaram a CPMF com a condição de que os recursos fossem destinados para a saúde. Politicamente, a decisão é muito prejudicial. A Emenda nº 29 garante gasto mínimo com o setor. Por isso, não é correto desvincular essa contribuição da área de saúde.

A Frente Parlamentar, na reunião de hoje, que contou com a presença de todos os partidos, tomou a decisão de trabalhar para que esse item seja retirado do relatório da reforma tributária.

Sabemos que haverá reunião do Colégio de Líderes daqui a pouco, talvez até com a presença de V.Exa., Sr. Presidente, e aproveito para fazer apelo aos Líderes do Governo e ao Relator, Deputado Virgílio Guimarães, para que revejam a posição e mantenham a vinculação da CPMF com a área de saúde na proposta de reforma tributária.

756 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Outro ponto que nos preocupa e que também não foi suficientemente avaliado e estudado é o veto aposto pelo Presidente Lula a artigo da LDO de 2004, segundo o qual os recursos da saúde só podem ser aplicados em ações e serviços do setor.

Há pouco mais de 15 dias, o Ministro da Saúde baixou resolução que estabelece as ações e os serviços de saúde. Esses recursos têm de ser aplicados num sistema

único, descentralizado, universal e hierarquizado. Não há por que vetar esse artigo que está na LDO há muitos anos. O veto abre a possibilidade de haver efeito em cascata para Estados e Municípios, fato ainda mais preocupante. Daqui a pouco poderá ser incluído na Lei de Diretrizes Orçamentárias dos Estados dispositivo incluindo esporte e saneamento no setor de Saúde. E, então, para onde vão os recursos do Sistema Único de Saúde?

Então, apelo aos Líderes da base do Governo aqui presentes para que negociem a possibilidade de derrubada desse veto, a fim de que a saúde tenha seus recursos preservados na reforma tributária e no Orçamento de 2004. Caso o acordo não seja possível, vamos nos mobilizar de todas as formas para impedir a retirada de recursos do setor.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

757 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Concedo a palavra ao nobre

Deputado Nelson Pellegrino, para uma Comunicação de Liderança, pelo Partido dos

Trabalhadores.

O SR. NELSON PELLEGRINO (PT-BA. Como Líder. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, Sr. Deputado Rafael Guerra, no que diz respeito à justa preocupação de V.Exa. com o relatório do Deputado Virgílio Guimarães, devo dizer que a redação do artigo que cria o novo imposto que substituirá a CPMF não mantém a anterior. Isso não quer dizer, Deputado Rafael Guerra e demais colegas que me ouvem, que o Governo não esteja disposto a manter a fórmula de destinação dos recursos para a saúde e para o Fundo de Combate à Pobreza, já que o Relator mantém a vinculação para a Seguridade Social.

Conversamos ontem com o Ministro Antonio Palocci, que deixou bem claro não ser intenção do Governo retirar recursos da saúde. Também conversamos com o Deputado Virgílio Guimarães, e S.Exa. afirmou não ter intenção de retirar recursos da CPMF vinculados à saúde e ao combate à pobreza.

Debatemos o assunto na Comissão Especial, que posteriormente será trazido ao plenário. Não há, pelo tom das conversas, obstáculos por parte do Governo

Federal e muito menos por parte do Relator em relação à vinculação de recursos para a saúde. Temos de precisar no texto da reforma constitucional essa vinculação,

à qual sou favorável.

Portanto, sugiro principalmente aos Deputados que fazem parte da bancada da saúde e que estão preocupados com esse aspecto da reforma tributária que fiquem absolutamente tranqüilos, porque não é intenção do Relator Virgílio

Guimarães e muito menos do Presidente Lula criar mecanismo de retirada de

758 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 recursos da saúde. Pelo contrário: as notícias são de que o setor terá aumento de receita orçamentária no ano que vem. O Governo se esforça nesse sentido, apesar das limitações orçamentárias, mas o ajuste é necessário e está sendo feito. Quando

é preciso, o Governo realiza cortes, mas sempre na tentativa de preservar as áreas sociais, a exemplo de quando contingenciou em 14 bilhões o Orçamento.

Aproveito também para registrar decisão de hoje do COPOM, que reduziu em

2.5% a Taxa SELIC. Trata-se de decisão muito importante, uma vez que desde 1999 não havia corte tão acentuado nos juros básicos da economia. Se somarmos a redução da taxa de juros que o COPOM realizou nos meses de junho, julho e agosto, veremos que é seguramente a maior desde 1999. O Conselho tomou atitude arrojada, muito além das expectativas do mercado, que contava com redução de

1,5%, enquanto os mais otimistas falavam em 2%. Com isso, a taxa básica cai para

22%.

Não é a taxa ideal, longe disso. Reconhecemos que a SELIC ainda está alta

Levando-se em consideração o Risco País e a inflação projetada para o futuro, a taxa deveria ser muito mais baixa. Entretanto, foi mais uma vitória da política econômica do Presidente Lula e um indicador de êxito no combate à inflação, na redução do Risco País, na estabilização macroeconômica. Isso demonstra que o

Brasil está na rota do ajuste e é um país seguro para investimentos estrangeiros.

Todo esse esforço empreendido pelo Governo do Presidente Lula não é em vão. O objetivo é recuperar a capacidade de investimento do Estado brasileiro.

Desse modo poderemos fomentar a economia e, principalmente, fazer substantivos investimentos nas áreas de saúde, educação, saneamento e no combate à violência.

759 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O Governo tem buscado esses objetivos e debatido a necessidade de retomada do crescimento econômico do País. Prova disso é a redução da taxa básica de 26,5% para 22%, queda de 4,5%, o que seguramente implicará retomada do crescimento econômico.

A redução da Taxa SELIC não é o único fator para a retomada do crescimento econômico. Paralelamente, adotamos uma série de medidas no sentido de melhorar a renda, distribuí-la de forma mais justa e reativar o crédito. O Governo obtém vitórias no programa de microcrédito, que dispõe de 4 bilhões e 200 milhões de reais. A medida provisória que reduz o compulsório foi recentemente aprovada pela Câmara, sem falar que os bancos públicos reduzem as taxas de juros. A iniciativa positiva do Governo já começa a surtir efeito para os bancos públicos que quiserem aplicar 15% no microcrédito. Os bancos privados também começam a oferecer crédito mais barato ao consumidor e às empresas.

Tenho certeza de que a redução da Taxa SELIC será acompanhada de outros cortes. Por exemplo: nos juros do crédito pessoal e de empresas, nas taxas bancárias e nos juros cobrados no mercado.

Sr. Presidente, não poderia deixar de registrar a importante decisão do

COPOM de reduzir a taxa básica em 2,5%. Tenho certeza de que este viés de baixa dos juros continuará sendo a tônica dos próximos meses. A nossa expectativa é de que cheguem a patamares aceitáveis, de tal modo que permitam a retomada do crescimento econômico do País.

Cabe-me lembrar ao Deputado Rafael Guerra e a todos os que estão preocupados com esses fatos que não foi intenção do Relator Virgílio Guimarães, muito menos do Governo do Presidente Lula, retirar recursos destinados à saúde ou

760 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 ao combate à pobreza. O Congresso Nacional certamente construirá uma saída eficaz para os brasileiros e fará aprimoramentos no texto da reforma tributária. O

Relator ajudará a aprimorá-lo.

No que respeita à nova Contribuição sobre Movimentações Financeiras, os esclarecimentos serão feitos no parecer do Deputado Virgílio Guimarães, em reunião da Comissão Especial ou em plenário.

761 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. MORONI TORGAN - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MORONI TORGAN (PFL-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, poderemos votar rapidamente os destaques caso o PT não faça mais obstruções.

762 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Requerimento de destaque para votação em separado da Emenda nº 29.

763 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação a Emenda nº 29.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Os Srs. Deputados que a aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)

REJEITADA.

765 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Requerimento de destaque para votação em separado da Emenda nº 17.

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação o destaque da bancada do PSDB à Emenda nº 17, apresentada ao Projeto de Lei nº 1.394.

767 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Para encaminhar, concedo a

palavra ao Deputado Lobbe Neto.

O SR. LOBBE NETO (PSDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Parlamentares, cumprimento o Relator, Deputado Reginaldo Lopes, pelo brilhante parecer ao projeto do Poder Executivo que cria o Programa de

Estímulo ao Primeiro Emprego. A proposta foi aperfeiçoada pelos Deputados da

Casa.

O Relator Reginaldo Lopes também é Presidente da Comissão Especial de

Assuntos para a Juventude desta Casa. Inicialmente, não havíamos entendido o motivo pelo qual foi criada nova Comissão para estudar e elaborar o relatório final da matéria. Depois, compreendemos tal atitude, porque o Relator do projeto ora em debate assumiu a Presidência da Comissão de Assuntos para a Juventude.

Essa Comissão promove várias audiências e avança em suas propostas. Seu

Relator, Deputado Benjamin Maranhão, dedica-se firmemente para formalizar um projeto para a juventude brasileira.

Encaminhamos essa emenda e um projeto, que foi apensado à proposta de criação do Programa de Estímulo ao Primeiro Emprego, de autoria do Governo

Federal, como ocorreu com tantas outras propostas desta Casa e do Senado da

República.

Apresentamos emenda e pedimos este destaque porque entendemos que se faz necessário estender os benefícios do primeiro emprego ao jovem aprendiz, ao que está numa escola técnica ou é empregado familiar. Por isso, o Governo deve dar sua contribuição e diminuir as alíquotas da Previdência em 2% e 4% para o empregador e para o empregado. Dessa forma, haveria mais empregos, o que

768 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 ajudaria muito as entidades governamentais e não-governamentais, principalmente as ONGs, que fazem grande trabalho no Brasil, no atendimento ao menor carente.

Mas infelizmente o Governo não atende todos.

Dessa maneira, com a emenda, podemos empregar o aprendiz. Assim, ele poderia ter seu primeiro emprego.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, não entendemos como um

Governo, que fez proposta durante o período eleitoral de criar mais de 10 milhões de empregos, veta a emenda que inclui os aprendizes no primeiro emprego. Há incoerência do Governo em relação ao assunto. Também não entendemos a proposta do Relator, que não incluiu os aprendizes no seu texto.

Votamos a reforma previdenciária no primeiro turno. Na terça-feira que vem, haverá mais uma votação. Se queremos gerar emprego, se queremos ter mais postos de trabalho, por que o Governo quer impedir que o servidor se aposente mais cedo para, assim, surgirem mais vagas de trabalho?

Por um lado, segura novos empregos; por outro, traz o primeiro emprego. São incoerências governamentais e de propostas. Durante o período eleitoral, o

Presidente agia de uma maneira; agora, caminha em outro rumo.

Votamos, sim, contra a reforma da Previdência, porque achamos que, mesmo na questão do primeiro emprego, podemos deixar os trabalhadores se aposentarem com menos tempo e, com isso, mais postos de trabalho teríamos. Esse foi um dos motivos pelos quais votamos contrariamente a essa proposta, além de tantos outros, como as maldades que o Governo Federal vem fazendo com os trabalhadores públicos do País.

769 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Sr. Presidente, peço aos nobres Parlamentares que votem favoravelmente à

Emenda nº 17, para que os aprendizes possam ter direito ao seu primeiro emprego.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Anuncio a presença entre nós do

Deputado Estadual do PT de São Paulo, companheiro Mauro Menuchi. (Palmas.)

770 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação a Emenda nº 17, destacada pelo PSDB.

771 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Aqueles que forem favoráveis permaneçam como se encontram. (Pausa.)

REJEITADA.

772 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Destaque solicitado pela

Liderança do PFL à Emenda nº 20, de autoria do Deputado Paes Landim, apresentada ao PL nº 1.394, de 2003.

773 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação a Emenda nº 20.

774 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Aqueles que forem pela aprovação permaneçam como se encontram. (Pausa.)

REJEITADA.

775 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Agora, há um requerimento de destaque para supressão do inciso II do art. 2º do substitutivo.

Primeiro, vamos votar o requerimento de destaque simples. Se aprovado, votaremos o destaque. Se rejeitado o requerimento, automaticamente, o destaque estará rejeitado.

Requerimento do Deputado Leonardo Picciani.

776 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. LEONARDO PICCIANI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. LEONARDO PICCIANI (PMDB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, vou retirar o requerimento. Mas quero manifestar, primeiro, nossa posição de concordância com o projeto, que vem ao encontro da necessidade da juventude brasileira, que anseia pela primeira oportunidade de emprego.

Apenas solicitei ao Relator que retirasse a limitação de meio salário mínimo de renda familiar per capita, para que um número maior de jovens brasileiros pudesse se habilitar. Argumentei com S.Exa. para que estendesse o valor da limitação para um salário mínimo, pois, segundo seu próprio argumento, isso dobraria o número de jovens a serem habilitados. O Relator disse que não tinha possibilidade de nos atender.

Então, peço a retirada do requerimento e saúdo o Projeto do Primeiro

Emprego, que vem em boa hora. Esperamos que tenha todo sucesso possível e atenda o jovem brasileiro.

Obrigado, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Obrigado pela compreensão,

Deputado Leonardo Picciani.

777 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Há sobre a mesa e vou submeter a votos a seguinte

REDAÇÃO FINAL:

778 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Os Srs. Deputados que a aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)

APROVADA.

A matéria retorna ao Senado Federal.

779 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Há sobre a mesa requerimento de urgência subscrito por todos os Srs. Líderes, nos termos do art. 151 do Regimento

Interno, requerendo regime de urgência para a apreciação do Projeto de Resolução nº 66/2003, de autoria da Mesa Diretora, que convalida atos relativos à organização administrativa da Câmara dos Deputados, funções comissionadas e cargos em comissão praticados pela Mesa de 19 de dezembro até a presente data.

780 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação a urgência.

781 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Os Srs. Deputados que a aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)

APROVADA.

782 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Projeto de Resolução nº 66.

Discussão, em turno único, do Projeto de

Resolução nº 66, de 2003, que convalida atos relativos à

organização administrativa da Câmara dos Deputados,

funções comissionadas e cargos em comissão, praticados

pela Mesa.

783 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em discussão. (Pausa.)

784 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. GILMAR MACHADO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. GILMAR MACHADO (PT-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, estamos pedindo todos os atos da Mesa, pois não os tínhamos. Só gostaria de uma informação. Aqui entram todas as questões, não só os comissionados, mas também aqueles funcionários de gabinete, os SPs, regularizando todas as modificações que foram feitas?

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Todos os atos foram publicados no Boletim da Casa. Estão sobre a Mesa.

Pelo Ato da Mesa nº 150, foram transformadas as três funções comissionadas de assessor técnico-jurídico, nível 7, na forma do anexo. E houve restruturação da

Secretaria de Comunicação Social: a FC-6 foi transformada em FC-7.

Deputado Gilmar Machado, no caso dos SPs, votamos projeto de resolução específico, mas todos estão aqui, caso V.Exa tenha interesse em consultar.

785 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - NÃO HAVENDO MAIS

ORADORES INSCRITOS, DECLARO ENCERRADA A DISCUSSÃO.

786 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação o Projeto de

Resolução nº 66, de 2003.

787 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Os Srs. Deputados que o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)

APROVADO.

788 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Há sobre a mesa e vou submeter a votos a seguinte

REDAÇÃO FINAL:

789 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Os Srs. Deputados que a aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)

APROVADA.

A matéria vai à promulgação.

790 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - CONSIDERO PROMULGADA NA

PRESENTE SESSÃO A PRESENTE RESOLUÇÃO, ASSIM COMO A RESOLUÇÃO

Nº 5, DE 2003, QUE INSTITUI O GRUPO PARLAMENTAR BRASIL–ARGENTINA.

791 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA (PFL-BA. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, o voto que demos de apoio a este projeto foi porque confiamos na

Mesa e nos sentimos plenamente representados pelos Deputados Inocêncio Oliveira e Ciro Nogueira.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Deputado José Carlos Aleluia, agradeço, em nome da Mesa, o voto de confiança, mas todos os atos estão disponíveis na Mesa e nas publicações da Casa.

792 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA - Sr. Presidente, peço a palavra como Líder do PFL.

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA (PFL-BA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, faço um apelo aos meus companheiros, sobretudo à base do Governo e ao Deputado Aldo Rebelo. Fomos surpreendidos, segunda-feira à noite, com o relatório sobre o projeto de reforma tributária, que apresenta uma série de possibilidades de aumento de impostos, desconsidera os entendimentos em marcha com Governadores e Prefeitos e pretende implantar no Brasil um Estado unitário.

Não há dúvida de que, ao se discutir a reforma tributária, não se pretende, de forma ampla, discutir a Federação, mas a proposta apresentada pelo Relator é nitidamente uma afronta à Federação, à sociedade.

Alerto o Governo para o fato de que conseguiu aprovar a reforma da

Previdência Social porque contou com o apoio dos partidos da base, de empresários, Prefeitos, Governadores e de uma parcela da sociedade. Os únicos partidos organizados e representados no Congresso Nacional que se dispuseram a votar contra o texto, em que pese fossem favoráveis à reforma da Previdência, foram o PFL, o PRONA e o PDT.

Neste caso específico, apelo para a base do Governo e para o Líder Aldo

Rebelo, a fim de que não seja colocado em discussão o texto do Relator Virgílio

Guimarães amanhã. Não temos a menor condição de votá-lo, porque traz inúmeras inconveniências, as quais o PFL teve o cuidado de listar para facilitar o entendimento dos seus membros, da imprensa e da sociedade em geral.

793 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Onde estão os problemas? Falando de autonomia, o texto praticamente impede que Estados e Municípios possam desenvolver qualquer programa de incentivo a pequenas e microempresas. Ele impede, por exemplo, que Estados e

Municípios desenvolvam projetos semelhantes ao que acabamos de aprovar referente à geração de emprego. Chega-se ainda ao absurdo de propor a criação de empréstimo compulsório por medida provisória para tratar de assuntos que nem sempre são relevantes. A definição não é clara, fala apenas na possibilidade de se criar empréstimo compulsório para questões ambientais.

Ora, se a PETROBRAS derramar novamente óleo na Baía de Guanabara, este Governo poderia editar uma simples medida provisória e criar um empréstimo compulsório para todos os consumidores de combustíveis do Brasil.

O apelo do PFL é para que o Governo veja que não podemos discutir um texto como esse.

Aprovamos a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) sobre os combustíveis com o objetivo de melhorar a estrutura dos transportes no

Brasil. O Governo, no relatório do Deputado Virgílio Guimarães, propõe que a base da CIDE seja estendida como se fosse um imposto de importação, incidindo sobre os combustíveis e sobre todos os outros bens, talvez até serviços, importados.

Deputado Aldo Rebelo, pedágio é algo contra o que a sociedade reage. O PT tem essa experiência. A derrota do Governador Olívio Dutra no Rio Grande do Sul se deu após um somatório de erros, e um deles foi o pedágio. O povo não gosta de pedágio. Pois o Governo do Presidente Lula está criando um pedágio sem estrada.

Agora, para pagar pedágio não será mais preciso passar pela estrada. Certamente,

794 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 vão querer ressuscitar o selo-pedágio que o Supremo Tribunal Federal livrou o brasileiro de pagar.

A noventena é um prazo entre a criação do tributo e o seu efetivo pagamento.

As pessoas, as famílias, as empresas, todos têm que se organizar para pagar um novo tributo, e o Governo está propondo o fim da noventena.

Vamos enumerar mais. Por que ampliar as possibilidades de tributar exportação de serviços? Quem imagina que o Estado possa tributar a exportação de serviços? O sonho de todo Estado é exportar serviços. Todos os Estados organizados do mundo sonham em exportar serviço, e o Governo do Presidente Lula cria a possibilidade de tributar a importação e a exportação de serviços.

Vejamos o IPI sobre bens de capital. A lógica desse projeto é a seguinte: o que é bom vem no futuro; o ruim, no presente. Ora, é evidente que a desoneração do IPI dos bens de capital é favorável, mas é preciso entender que isso exige uma rearrumação do Fundo de Participação dos Estados e dos Municípios, porque o

Governo se dedicou a fazer incentivos com recursos alheios.

Criação de IPVA para aeronaves e embarcações. Para que isso? O sistema aéreo nacional está seriamente comprometido, e a navegação no Brasil praticamente não existe.

A questão do CONFAZ é um problema à parte. As unanimidades são sempre difíceis de atingir. Portanto, temos de aperfeiçoar o texto nesse ponto.

Há um ponto que todos nós — e o Deputado Roberto Brant, que foi Relator, já me falava isso — não podemos aceitar, sobretudo o PFL, que lutou para criar o

Fundo de Combate à Pobreza e que sustentou praticamente todos os programas sociais implantados no Governo passado: Bolsa-Escola, Bolsa-Renda, Erradicação

795 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 do Trabalho Infantil. Nós, que acreditávamos que o PT faria um grande programa social, jamais imaginaríamos que viesse a desvincular os recursos da CPMF.

Deputado Aldo Rebelo, é isto que está no texto! Não estou falando nada que não esteja no texto. V.Exa. pode até consultar o nobre Deputado Roberto Brant, que foi o Relator e que está em plenário. É por isso que o texto não pode ser discutido.

V.Exa., que é um homem de bem, duvida do que estou falando, mas o que estou falando está no texto.

O meu apelo é para que não se prossiga a discussão, para que se dê um prazo, a fim de que os Governadores sejam ouvidos, porque não queremos que o

Congresso Nacional assuma o ônus de ser contra a reforma tributária. Somos contra o relatório do Deputado Virgílio Guimarães, mas somos favoráveis, por exemplo, ao antigo relatório do Deputado Mussa Demes.

Sr. Presidente, foi um equívoco estender a base tributária de modo ilimitado, certamente achando que, se o Governo passar de 40% do PIB na coleta dos impostos, resolverá os dramas da economia brasileira.

Sr. Presidente, repassarei os outros itens com um pouco mais de rapidez. Por exemplo, o Fundo de Compensação de Exportação é um drama para aos Estados.

Ainda ontem conversava com o Governador do Pará, onde existem créditos no valor,

Deputado Inocêncio Oliveira, de 300 milhões de reais. Se for aprovada a constitucionalização da Lei Kandir, qualquer tribunal decidirá que o Pará terá de pagar à vista os 300 milhões de reais, o que levará à falência o Estado do Pará, o que não queremos.

Não quero mais me estender, mas peço a V.Exa., Presidente João Paulo

Cunha, que é um homem sensível, e ao Deputado Aldo Rabelo, que façam um apelo

796 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

à organização política do Governo para que não haja essa violência contra a

Câmara dos Deputados.

Não queremos usar nosso poder regimental para impedir que essa votação e essa discussão sejam iniciadas. Acredito que a inteligência de V.Exa., do Deputado

Aldo Rebelo e dos Líderes do Governo já aponta no sentido de não iniciarmos a discussão amanhã. Tenho certeza de que meu apelo será atendido.

797 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Concedo a palavra ao nobre

Deputado Aldo Rebelo, para uma Comunicação de Liderança, pelo Governo.

O SR. ALDO REBELO (PCdoB-SP. Como Líder. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esperei que o discurso do Líder do PFL, homem não apenas de partido, mas de Estado, fosse iniciado com uma saudação a um êxito importante do nosso País, uma vitória da sociedade brasileira consagrada no dia de hoje pela decisão tomada pelo COPOM de reduzir em 2,5 pontos percentuais a taxa de juros, trazendo para o índice de 22% a taxa SELIC, a mais baixa praticada no Brasil desde outubro do ano passado.

A decisão do Governo, através do Ministério da Fazenda e do Banco Central, deve ser saldada não só como uma vitória, mas também como a celebração de uma esperança que o povo brasileiro depositou na vitória do Presidente Lula, no Governo do Presidente Lula e no esforço que esse Governo tem feito para enfrentar o desafio de criar ambiente econômico, político e social que propicie a retomada do crescimento da economia.

Para aqueles que diziam, diante das medidas drásticas que fomos obrigados a adotar no início de nossa gestão, que o atual Governo defendia e praticava uma política financeira ortodoxa, a resposta não poderia ser mais contundente e clara: o

Governo sempre buscou na queda da taxa de juros a possibilidade de realização do seu programa ou de parte fundamental dele, que é exatamente o crescimento da economia, o progresso econômico, um valor a ser defendido pelo Governo e pela sociedade.

798 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Cumprimentamos, em nome da base do Governo e, creio, desta Casa, a decisão sábia e corajosa do Banco Central de reduzir a taxa de juros em 2,5 pontos percentuais e de estabelecer a taxa SELIC em 22%.

Retomo agora o comentário do Líder do PFL sobre o relatório do Deputado

Virgílio Guimarães. Todos nós testemunhamos o acordo realizado entre o

Presidente Lula e os Governadores dos 26 Estados brasileiros e do Distrito Federal em 3 longas reuniões e em outras tantas que se fizeram necessárias para que o acordo fosse celebrado e realizada a reforma tributária centrada em 3 objetivos: primeiro — e mais importante —, estimular os investimentos na economia brasileira; segundo, ampliar as possibilidades de exportação da economia brasileira; e, terceiro, estabelecer uma estratégia de redução da carga tributária.

Gostaria de lembrar ao Deputado Aleluia que a carga tributária no Brasil foi mesmo elevada em 10 pontos percentuais nos últimos 10 anos — 1 ponto percentual para cada ano.

Nos últimos 8 anos — e V.Exa. deve rememorar esse período, porque ocupava funções de destaque nos Governos passados; hoje ocupa posição de destaque na Oposição —, a carga tributária brasileira subiu 1 ponto percentual ao ano. Estava em 25,8% há 10 anos e foi alçada ao percentual, de fato exagerado, de

35,8% do nosso Produto Interno Bruto. Na opinião do nosso Governo, essa carga tributária é insuportável e deve ser retirada, pelo menos parte dela, dos ombros da sociedade e do setor produtivo.

Deputado José Carlos Aleluia, não podemos, em 10 dias, em 10 semanas ou em 10 meses, reduzir uma taxa que foi composta em 10 anos.

799 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

As medidas que preparam o País para a redução da carga tributária estão no relatório do Deputado Virgílio Guimarães, que consagra a proposta de reforma tributária entregue pelo Presidente da República, acompanhado de 27

Governadores, de diversos partidos — PT, PDT, PSB, PSDB, PMDB, PFL —, ao

Presidente da Câmara, João Paulo Cunha, e ao Presidente do Senado Federal,

José Sarney.

Compreendo que, não sendo atendidas 100% das suas aspirações e expectativas — mais do que isso, das suas necessidades —, os Governadores pressionem a União a resolver os desafios de Estados e Municípios, num momento de queda da arrecadação, quando não há crescimento acentuado da economia.

É compreensível também que o setor produtivo queira ver diminuída em 7 meses de Governo do Presidente Lula a carga tributária ampliada em 10 pontos percentuais nos últimos 10 anos, e eu diria que principalmente nos últimos 8 anos. A reivindicação é legítima, mas, mesmo diante dessa pressão, temos de ter responsabilidade pública, espírito público.

Esta é a reforma que nós pudemos fazer, a essência daquilo que foi pactuado com os Governadores e com o setor produtivo e que está sendo, naturalmente, na sua fase final, negociada também com o Congresso, neste momento com a Câmara dos Deputados.

Sr. Presidente, o relatório do Deputado Virgílio Guimarães ainda pode ser, em certa medida, negociado e aperfeiçoado, se não em Comissão Especial, neste plenário, como aconteceu com o texto da reforma da Previdência. Esse papel cabe à

Câmara dos Deputados, a todos os 513 Deputados, principalmente, pelo papel que exercem, aos Líderes partidários, tanto da base do Governo quanto da Oposição.

800 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

Não podemos é aceitar um julgamento pessimista para o grande trabalho realizado até agora, principalmente para o relatório que nos apresentou o Deputado

Virgílio Guimarães.

O apelo que eu lanço aos Líderes partidários, em particular ao Líder José

Carlos Aleluia, que se pronunciou há pouco sobre o tema, é este: vamos negociar, conversar, discutir, dar um passo adiante, acender uma vela para ajudar a iluminar ainda mais nosso caminho, e não amaldiçoar a escuridão que estamos deixando para trás.

Muito obrigado.

O Sr. João Paulo Cunha, Presidente, deixa a

cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Inocêncio

Oliveira, 1º Vice-Presidente.

801 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Apresentação de proposições.

Os Senhores Deputados que tenham proposições a apresentar queiram fazê-lo.

APRESENTAM PROPOSIÇÕES OS SRS.:

802 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

VII - ENCERRAMENTO

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Nada mais havendo a tratar, vou encerrar a sessão, lembrando que amanhã, quinta-feira, dia 21 de agosto, haverá sessões solenes às 9h30min, em homenagem ao bicentenário de nascimento de

Luís Alves de Lima e Silva, Duque de Caxias, Patrono do Exército Brasileiro, e às

11h, em homenagem à Comunidade Muçulmana do Brasil.

803 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - COMPARECEM MAIS OS SRS.:

804 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

DEIXAM DE COMPARECER OS SRS.:

805 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Encerro a sessão, designando para amanhã, quinta-feira, dia 21 de agosto, às 14h, a seguinte

ORDEM DO DIA

806 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

(Encerra-se a sessão às 19 horas e 4 minutos.)

DISCURSO PROFERIDO PELO SR. DEPUTADO ANTONIO CARLOS MENDES

THAME NO PERÍODO DESTINADO AO GRANDE EXPEDIENTE DA SESSÃO

ORDINÁRIA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Nº 022, REALIZADA EM 24 DE

JULHO DE 2003 — RETIRADO PELO ORADOR PARA REVISÃO:

O SR. ANTONIO CARLOS MENDES THAME (PSDB-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Ministro Antonio

Palocci declarou recentemente que o espetacular desempenho da agricultura brasileira tem sido fundamental para a economia do País. Na verdade, não é bem isso. É muito mais do que isso.

O Governo do PT recebeu uma herança bendita e colhe os louros de uma extraordinária safra recorde sem que quase nada tenha sido plantado neste ano. É safra cujo plantio, com exceção da safrinha de milho, ocorreu todo em 2002. Serão quase 120 milhões de toneladas de grãos na presente safra, segundo o IBGE.

Os números do campo impressionam. A agropecuária já responde por 27% do PIB, cria 37% dos empregos e é responsável por 40% das exportações brasileiras. Além disso, é o único setor que gera superávit na nossa balança comercial. O superávit é de mais de 20 bilhões de dólares. Não fosse o agronegócio, o País estaria em situação crítica. Mário Henrique Simonsen dizia que a inflação aleija, mas o déficit no balanço de pagamentos mata.

O que está por trás desse extraordinário sucesso? Ao nosso ver, 4 fatores: a securitização das dívidas dos agricultores, a pesquisa agrícola, o programa de financiamento MODERFROTA e a relativa segurança de que as propriedades não

807 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 seriam invadidas ou desapropriadas para fins de reforma agrária com base em critérios meramente políticos.

Vou falar sobre os 4 fatores. O primeiro é a securitização das dívidas.

A virada no fortalecimento da agricultura começou em 1996 com a repactuação, por prazos que superam 20 anos, das dívidas de mais de 300 mil agricultores — há quem diga que passam de 500 mil agricultores —, dívidas estas herdadas do período de superinflação, quando os indexadores econômicos corrigiram os débitos dos contratos dos agricultores com os bancos em percentuais muito acima da variação dos valores recebidos pela venda da produção, gerando descasamento que tornou impagáveis os empréstimos.

Pressionados pelas dívidas e sem acesso a novos financiamentos bancários, os agricultores estavam impossibilitados de investir nas lavouras, o que mantinha a safra brasileira estagnada em torno de 70 milhões de toneladas de grãos.

Securitizadas e repactuadas as dívidas ano a ano, o campo passou a dar respostas positivas.

O segundo fator é a pesquisa agrícola.

Não é de hoje que a pesquisa agrícola vem dando extraordinário suporte ao desenvolvimento da nossa agricultura. Não fosse ela, nossa indústria citrícola não existiria; os pomares teriam sido destruídos nos anos 40; os canaviais teriam sido eliminados pelo carvão e pelo mosaico nos anos 50, os cafezais teriam sido dizimados pela ferrugem nos anos 60. Também não teríamos o milho híbrido e o melhoramento do algodão e da soja.

Quando adveio a crise do petróleo nos anos 70, o Brasil foi o único país a responder com uma fonte alternativa de energia advinda da biomassa. No entanto,

808 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 se não fossem as pesquisas, a produção de álcool carburante não teria tido tamanhos ganhos de produtividade que permitem sua sobrevivência hoje sem nenhum dos generosos subsídios que viabilizaram sua implantação há quase 30 anos. Por outro lado, sem a pesquisa agrícola, não teríamos conseguido incorporar as terras de cerrado, e estaríamos com a fronteira agrícola esgotada. O cerrado transforma o Brasil hoje na mais vigorosa agricultura tropical do planeta.

O terceiro fator é o programa MODERFROTA.

A agricultura brasileira registrou nos últimos anos notável crescimento, não somente na produção por hectare, mas também na área cultivada pelo homem. O uso de sementes modernas, adubos e defensivos, conjugado com melhor manejo da terra, explica o aumento da produção por hectare, mas não explica o aumento da

área por homem, que está diretamente ligado ao MODERFROTA, uma linha de financiamento do BNDES criada para que os produtores, com juros subsidiados entre 9,75% e 12,5% ao ano e prazos entre 5 e 6 anos para pagamento, pudessem adquirir tratores, implementos, colheitadeiras e equipamentos para secagem e beneficiamento de grãos. De março de 2000 a dezembro de 2002, foram aplicados

5,6 bilhões no financiamento da aquisição de quase 50 mil tratadores e mais de 12 mil colheitadeiras.

Notem que aqui começa haver a diferença, e é onde entra a importância da ação política, a correlação e a ilação com os dias de hoje, nessa questão do

MODERFROTA e das invasões.

No que se refere à questão do MODERFROTA, foram aplicados 5,6 bilhões para adquirir 50 mil tratores e 12 mil colheitadeiras. No entanto, os gastos com subsídios foram de apenas 191 milhões, porque no MODERFROTA o Governo só

809 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 subvenciona a diferença entre os custos de captação e os de aplicação dos recursos.

E o mais extraordinário é que estes subsídios foram quase totalmente compensados pelo aumento da arrecadação do IPI incidente sobre tratores, colheitadeiras, cultivadores motorizados e retroescavadeiras, que cresceu 390% depois que foi implantado o MODERFROTA, evoluindo de 31 para 152 milhões de reais. Subsídios na equalização: 191 milhões.

Na outra mão estão os impostos arrecadados com aquilo que foi vendido graças a subsídios: R$ 152 milhões. Quase 80% dos incentivos voltaram, foram compensados com esses impostos arrecadados.

Pois bem, há 6 meses produtores rurais e urbanos e pequenos empresários pedem o MODERCARGA, uma extensão do MODERFROTA para pequenos, médios e grandes caminhões. O Governo poderia fazer o mesmo e com isso incentivar o emprego na indústria de caminhões. E não o faz. Não há desculpa, não há nenhuma justificativa, pois nem o modelo é preciso criar; é só copiar o MODERFROTA.

No entanto, o que estamos observando é que 600 mil pessoas perderam o emprego nos 6 meses e algumas semanas de Governo Lula. A renda do trabalhador industrial caiu 7%. Não sei o que o Governo está esperando. Diz que não pode abaixar os impostos da venda dos automóveis porque haverá renúncia fiscal. Mas renúncia fiscal do que? Qual é o imposto que entra do automóvel que fica no pátio e não é vendido? É imposto zero, não arrecada nada.

Quarto e mais grave fator: a questão fundiária. O quarto fator, que foi uma das razões do grande sucesso do agronegócio, é a relativa tranqüilidade de que os

810 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 agricultores não teriam, nos últimos 8 anos, suas terras invadidas ou desapropriadas com base em critérios meramente políticos.

Essa relativa tranqüilidade só foi conseguida em parte graças a vigoroso esforço do Governo anterior de assentar famílias sem terra. Em segundo lugar, devido à edição de uma medida provisória, transformada em lei por esta Casa, que impede, por 2 anos, a desapropriação de áreas invadidas e exclui os invasores cadastrados — e que deveriam continuar sendo — de assentamentos em outras

áreas. Em terceiro, por causa do cabal e rápido cumprimento das decisões judiciais para reintegração de áreas invadidas.

A reforma agrária feita no Governo anterior foi o mais ambicioso plano de distribuição de terra já executado, de forma democrática, em todo o mundo. O

Governo FHC destinou 13,2 bilhões de reais para retalhar quase 20 milhões de hectares — área maior que o Uruguai —, e neles assentou 588.000 famílias. Quase

2 milhões de brasileiros receberam terras do Governo entre 1995 e 2002.

O Sr. Luis Carlos Heinze - Permite-me V.Exa. um aparte?

O SR. ANTONIO CARLOS MENDES THAME - Com prazer, Deputado.

O Sr. Luis Carlos Heinze - Cumprimento V.Exa. pela retrospectiva do sucesso da agricultura brasileira. Sua preocupação é também a nossa com relação

à crescente onda de invasões dos sem-terra, dos sem-teto. Os acontecimentos das

últimas semanas preocupam o Brasil. V.Exa. afirmou que o Governo passado pôs freio a esse processo. Vou fazer algumas observações importantes. Membros do

MST assassinaram no Rio Grande do Sul, na Praça da Matriz, em pleno coração de

Porto Alegre, um soldado da Brigada Militar; assassinaram um produtor rural em um assentamento, na frente da sua família, porque ele não quis pagar a comissão,

811 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 quando discutíamos esses aspectos da medida provisória que V.Exa. mencionou. A

Fazenda Ana Paula foi invadida e 534 cabeças de gado foram roubadas ao longo de um ano. Não só no Município de Herval, onde houve grande número de assentamentos, mas em outros, a quantidade de ocorrências policiais aumentou muito depois da chegada do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. As declarações de ontem do líder do MST, Sr. João Pedro Stédile, que participou de reunião no interior do Rio Grande do Sul com mais de mil produtores — o nobre

Deputado Francisco Turra já abordou o assunto nesta Casa há alguns instantes — sugerem uma pregação de luta armada. Vejam bem, Sr. Presidente, Deputado

Inocêncio Oliveira, e Deputado Antonio Carlos Mendes Thame, dizem que há 27 mil produtores no Brasil com mais de 2 mil hectares, e que há 23 milhões de trabalhadores, e que esses 23 milhões vão fazer a luta armada. Essa é nossa preocupação, Deputado Antonio Carlos Mendes Thame. Tudo isso mostra que o

MST é um movimento guerrilheiro. Nada tem a ver com as constantes ondas de invasões de propriedades, pólos de pedágio, saques de caminhões, o que está ocorrendo com os sem-teto, movimento guerrilheiro semelhante às FARC, da

Colômbia. É bom que a sociedade brasileira faça uma ligação dos fatos. A revista

Época fez uma reportagem há alguns dias sobre isso. Para surpresa nossa, ontem ocorreu o assassinato de um fotógrafo da revista Época. Será que essas coisas não se ligam? O Ministro da Justiça e o Presidente da República têm de tomar providências com relação a essa gente, e não recebê-los acaloradamente, como o

Presidente fez há 3 semanas no Palácio do Planalto. Este é o registro que gostaria de fazer neste momento. O MST pode colocar o Brasil a perder. V.Exa. e eu somos

812 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 agrônomos e conhecemos o potencial do País. Essa gente pode determinar o fim do grande potencial de sucesso da Nação brasileira.

O SR. ANTONIO CARLOS MENDES THAME - Agradeço ao Deputado Luis

Carlos Heinze as judiciosas e oportunas observações.

Concedo um aparte ao nobre Deputado Waldemir Moka.

O Sr. Waldemir Moka - Deputado Antonio Carlos Mendes Thame, tive o privilégio e o prazer de conhecê-lo nesta Legislatura. V.Exa. integra a Comissão de

Agricultura e Política Rural e é, sem dúvida nenhuma, um dos Parlamentares mais brilhantes daquela Comissão, para a qual empresta seu talento, inteligência, responsabilidade e determinação no trato daqueles que ajudam a construir a riqueza deste País, do segmento agropecuário. Junto ao Governo anterior, esses companheiros da Comissão de Agricultura e Política Rural participaram da renegociação, da securitização, e ajudaram a construir a medida provisória que impede, por 2 anos, a vistoria de terras invadidas. Sempre houve nesta Casa um grupo de Parlamentares que atua às vezes até de forma anônima, para construir ou ajudar a construir a riqueza do campo. Ontem, o Presidente, acompanhado do

Ministro da Agricultura, do Ministro Chefe da Casa Civil e do Ministro Luiz Dulci, recebeu 17 ou 20 entidades representativas do segmento denominado agronegócio.

O Presidente garantia que as invasões e a reforma agrária seriam tratadas à luz da legalidade. Mas hoje, o mesmo jornal que noticia a fala do Presidente Lula traz também notícias como: “MST bloqueia estrada”, “MST impede a Prefeitura” etc. Meu receio é a falta de autoridade. Não podemos conviver com isso. O campo é muito sensível e suscetível a essa insegurança. Sou um daqueles que torço, assim como

V.Exas., para que este País realmente continue crescendo e se desenvolvendo com

813 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 o trabalho e o suor do homem do campo. Todos queremos a reforma agrária.

Contudo, não podemos admitir o descumprimento das leis, das liminares. Isso está prejudicando o País. Temos que ter posição muito firme em relação a esse tipo de coisa, que hoje lamentavelmente traz insegurança ao homem que produz a riqueza deste País.

O SR. ANTONIO CARLOS MENDES THAME - Agradeço ao nosso

Presidente da Comissão de Agricultura e Política Rural, Deputado Waldemir Moka, as judiciosas e oportunas observações.

Eu dizia que quase 2 milhões de brasileiros receberam terras do Governo

FHC entre 1995 e 2002. Se boa parte dos assentados ainda não prosperou, obviamente foi porque só assentar não foi suficiente: faltou crédito (mesmo os vultosos R$ 14,5 bilhões em 7 anos de PRONAF foram insuficientes); faltaram recursos técnicos para cultivar o solo de maneira produtiva; também faltou, em muitos casos, vocação para a vida e o árduo trabalho no campo.

Apesar disso, podemos dizer que os assentamentos, do ponto de vista da adesão, foram bem-sucedidos, já que o percentual de lotes que permanecem ocupados de forma regular (pelos próprios donos) ou irregular (por terceiros) é de

96%, o que significa que esses assentamentos precisam continuar. Eles são uma forma de dar condições de sobrevivência aos assentados.

A grande maioria dos analistas políticos afirma que o Governo FHC estava absolutamente certo quando privilegiou, em primeiro lugar, a quantidade dos assentamentos e não a qualidade, porque precisava correr contra o relógio, para desafogar a tensão no campo e criar, por outro lado, condições para que a agricultura tradicional e o agronegócio prosperassem.

814 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O que estamos vendo hoje no Governo Lula? O que mudou? Em primeiro lugar, parou de assentar. A meta inicial do Governo do PT era assentar 37 mil famílias neste ano, embora o Presidente Lula tivesse prometido beneficiar 60 mil, durante o Grito da Terra, mas o dinheiro disponível no Orçamento é de 250 milhões de reais, o que só dá para assentar 27 mil. Meio ano já se passou, e o Governo praticamente assentou ninguém. Somente iniciou a desapropriação de 197 mil hectares de terras, nas quais, quando concluídos os processos, poderão ser assentadas apenas 6 mil famílias.

Em segundo lugar, o Governo criou tácitos estímulos às invasões de terras, ao sinalizar que nada fará para impedi-las, ou seja, não aplicará as leis atinentes à matéria. Aliás, a mesma posição foi explicitada pelo Procurador-Geral da República.

Em outras palavras, enquanto, por um lado, o Ministério do Desenvolvimento Agrário perde a iniciativa da reforma agrária, ao parar de assentar, por outro, intensificam-se as ocupações de terras, invasões de pedágios e obstruções de rodovias e prédios públicos, sob pretexto de “enviar um recado ao Presidente Lula”.

O Governo FHC mostrou que é possível promover no País ampla reforma agrária, com dimensões continentais, sem desrespeitar as leis, sem ruptura com o

Estado de Direito, superando com competência administrativa os difíceis trâmites e os longos entraves burocráticos que começam com as vistorias e vão até a imissão na posse de uma área para nela proceder ao assentamento de famílias. Além disso, mostrou que não são excludentes as políticas de apoio ao agronegócio e à agricultura familiar. Ao contrário, podem e devem coexistir.

Hoje, se por um lado o Ministro Antonio Palocci reconhece a importância do agronegócio, por outro, vão muito mal as políticas de levar segurança e dar

815 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 estabilidade ao campo, para que se possa trabalhar em paz e continuar a produzir.

Nenhum Governo tem condições de impedir completamente as invasões, mas pode desestimulá-las, acelerando os assentamentos, aprimorando as condições de vida dos que já foram assentados, zelando pelo aprimoramento das condições de vida dos assentados e pelo cumprimento das leis e das decisões judiciais.

A omissão do atual Governo pode significar tremendo retrocesso e colocar a perder um processo de desenvolvimento social que já está transformando o Brasil num dos principais celeiros de um mundo que tem fome.

Hoje o Brasil utiliza apenas 5% de seu território para a agricultura: 41 milhões de hectares. Temos 845 milhões de hectares, uma expansão potencial para alcançarmos 170 milhões de hectares, ou seja, dá para multiplicar por 4 nossa área cultivada. Multiplicar por 4, chegar a 170 milhões de hectares, é chegar ao que os

Estados Unidos já plantam hoje. Podemos fazê-lo e transformar realmente numa grande ou na maior potência agroindustrial de todo o mundo.

Essencialmente por isso, não podemos colocar a perder essa herança bendita que o atual Governo recebeu do anterior, por falta de política agrícola consistente, orientada e decisiva, dizendo o que se quer e aonde se quer chegar.

Muito obrigado.

DISCURSO PROFERIDO PELO SR. DEPUTADO ANTONIO CARLOS MENDES

THAME NO PERÍODO DESTINADO À ORDEM DO DIA DA SESSÃO ORDINÁRIA

DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Nº 026, REALIZADA EM 30 DE JULHO DE 2003

— RETIRADO PELO ORADOR PARA REVISÃO:

816 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

O SR. ANTONIO CARLOS MENDES THAME (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em abril de 2002, através do Decreto nº 137, o Uruguai instituiu uma série de medidas de proteção contra produtos argentinos, sobretaxando os produtos importados daquele país. Os uruguaios tomaram gosto e recentemente decidiram estender a cobrança aos produtos importados do Brasil e do Paraguai, como se o MERCOSUL não existisse.

A razão alegada pelo Uruguai para essas medidas são situações genéricas.

Cita preços distorcidos por uma conjuntura regional, sem explicar quais são essas distorções. Simplesmente fez uma lista com os produtos e impunemente impôs uma taxa.

O Paraguai também criou uma lista de 369 produtos a fim de retaliar a

Argentina. Ora, para aonde vai o MERCOSUL? Não deixam entrar o açúcar brasileiro lá na Argentina, e não fazemos nada. Se continuarmos a não fazer nada, corremos o risco de o Governo ser caracterizado como fraco. Pior ainda. Se temos um projeto aqui para votar, que dá o troco à Argentina pela retaliação contra o nosso açúcar, e não votamos por imposição do Governo, mais fraco ainda é quem se curva a um Governo fraco.

Nos jornais de hoje diz Eliane Cantanhêde:

“Ontem, uma pressão daqui, outra dali. Hoje, uma

concessão aqui, outra ali. Amanhã, mais pressão, mais

concessão. É o governo tentando agradar a todos ao

mesmo tempo”.

Não chegaremos a lugar nenhum. Precisamos reagir.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

817 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

DISCURSO PROFERIDO PELO SR. DEPUTADO PAES LANDIM NO PERÍODO

DESTINADO AO PEQUENO EXPEDIENTE DA SESSÃO ORDINÁRIA DA

CÂMARA DOS DEPUTADOS Nº 144, REALIZADA EM 18 DE AGOSTO DE 2003

— RETIRADO PELO ORADOR PARA REVISÃO:

O SR. PAES LANDIM (PFL-PI.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, tive, no último dia 3 de agosto, em pleno domingo ensolarado, a grande alegria e satisfação de participar da festa de formatura da turma de adultos que se alfabetizaram em 3 meses no Município de São Raimundo Nonato, em pleno sertão piauiense, que se realizou na Fundação Museu do Homem Americano —

FUMDHAM, dirigida pela Profa. Niède Guidon, que ali se encontrava presente, assim como o Prefeito Avelar Ferreira, o Bispo e Diocesano Dom Pedro Brito

Guimarães e a Secretária de Assistência Social do Piauí, a ilustre Profa. Rosângela

Souza, no ato, representando o Governador do Estado.

Essa aula magna de cidadania e dignidade social brotou do idealismo, da fé cívica e da extraordinária coragem daqueles que integram o Grupo de Estudos sobre

Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação — GEEMPA, tendo à frente a destemida Profa. Esther Grossi, que tanta falta vem fazendo a esta Casa, onde já exerceu por 2 vezes o mandato de Deputada Federal pelo Rio Grande do Sul, tendo, inclusive, presidido a Comissão de Educação e Cultura.

Sr. Presidente, este Parlamentar presenciou um instante mágico e inesquecível: homens e mulheres, todos adultos, pobres e marcados por anos e anos de exclusão social, estampando um semblante vitorioso, uma emoção

818 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 incontida e uma alegria rara ao exibirem seus certificados de conclusão do curso de alfabetização.

No Município de São Raimundo Nonato, foram alfabetizados, em 3 meses,

150 pessoas. Em todo o Piauí — aqui incluídos os Municípios de Guaribas e Acauã

—, esse número totaliza 350 pessoas. É extraordinário, Sr. Presidente. E também é, por via indireta, um exemplo vergonhoso do descaso com o qual as elites dirigentes do País, com as honrosas exceções de sempre, vêm tratando a educação pública ao longo de nossa história. Para debelar a chaga do analfabetismo no Brasil, basta haver vontade política dos nossos dirigentes.

Creio que o Brasil vive agora uma oportunidade única no sentido de que a

União tenha, por fim, vontade política e determinação para levar às últimas conseqüências a luta contra o analfabetismo no País. O Presidente Lula conhece como poucos o sofrimento dos excluídos sociais que não tiveram a oportunidade da escola. E tenho a certeza inabalável de que S.Exa. deixará à Nação o legado memorável de ter extirpado dos corações e das mentes de milhões de brasileiros a situação vexatória do analfabetismo.

No entanto, para que esse sonho se torne realidade, é fundamental que o caminho apontado pela Profa. Esther Grossi e sua dedicada equipe se multiplique por todo o País, em especial pelo Nordeste brasileiro, mobilizando toda a sociedade, entidades governamentais e não-governamentais, empresariado, entidades de classes, etc.

Sr. Presidente, devo mencionar ainda que, mesmo naquela hora em que se festejava o êxito dos trabalhos desenvolvidos em São Raimundo Nonato, Guaribas e

Acauã; mesmo quando pairava a indescritível sensação de vitória pelo dever

819 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 cumprido, percebi, naquela solenidade, certa angústia na nossa querida Profa.

Esther Grossi e em sua equipe, fruto da incerteza gerada pela falta de recursos que garantam a continuidade de sua patriótica ação por outros Municípios brasileiros.

Desejaria, aliás, registrar a presença no evento da eminente professora universitária Antônia Félix, Coordenadora do GEEMPA no Ceará, que anunciou já ter alfabetizado, em seu Estado, cerca de 25 mil adultos, em parceria com o

Governo Estadual e Prefeituras cearenses.

Pelas razões expostas, apelo para o Presidente Lula no sentido de que não deixe faltar dinheiro para essa obra gigantesca que a Profa. Esther Grossi e outros grandes brasileiros se propõem a empreender pelos sertões nordestinos, levando cidadania e dignidade social a milhares de lares brasileiros. Congratulo-me, assim, com essa guerreira da cidadania, a Profa. Esther Grossi.

Gostaria, ainda, de destacar a presença em São Raimundo Nonato da vibrante assessora especial do Ministro Cristovam Buarque, a Profa. Maria José

Rocha Lima, apaixonada pelas idéias de Anísio Teixeira, conhecedora profunda dos problemas educacionais brasileiros, ex-Deputada Estadual pela Bahia, uma mulher extraordinária, cuja presença no Ministério da Educação nos traz a certeza de que o

Brasil real estará presente nas decisões do Ministro da Educação, não só na alfabetização de adultos, mas sobretudo naquilo que era muito caro a Anísio

Teixeira, a educação do pré-escolar e dos alunos do chamado 1º Grau e das escolas de nível médio ou técnicas.

Congratulo-me também com a supervisora estadual de educação daquele

Município, Profa. Francisca Paes Santana, e toda a equipe de professores, que, sob a orientação de Esther Grossi, participaram, com idealismo e dedicação, da

820 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 alfabetização dos adultos. Faço questão de citar as Profas. Mariléia, Maria Costa,

Jaciara, Helen, Rosenilde, Simone, Maria do Rosário, Maria da Paz, Lúcia Araújo,

Shirlei dos Santos e Maria das Mercês.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

DISCURSO PROFERIDO PELO SR. DEPUTADO PAES LANDIM NO PERÍODO

DESTINADO ÀS COMUNICAÇÕES PARLAMENTARES DA SESSÃO ORDINÁRIA

DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Nº 144, REALIZADA EM 18 DE AGOSTO DE

2003 — RETIRADO PELO ORADOR PARA REVISÃO:

O SR. PAES LANDIM (PFL-PI.) - Sr. Presidente, ouvi atentamente as palavras do eminente Vice-Líder do Governo, Deputado Vicente Cascione, quando se reportava ao Ministro Luiz Gushiken, da Secretaria de Comunicação do

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desejo, modestamente, apoiar as palavras expressas por S.Exa. em nome da Liderança do Governo, até porque fui colega por

2 mandatos de Luiz Gushiken.

A impressão que S.Exa. me deixou, independentemente da sua posição ideológica, foi a de uma pessoa absolutamente correta, a de um homem honrado que jamais se aproveitaria do poder para exacerbações pessoais. Modesto, religioso, até místico, uma figura zen, sabemos pela imprensa, aliás, que foi após muita insistência do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva que ele aceitou o convite para participar de sua campanha e, depois, servir ao Governo de S.Exa.

A imagem que construí do então Deputado Gushiken, durante a Constituinte e na Legislatura seguinte, foi a de um político correto, idealista, a de um grande expert em matéria previdenciária. Talvez poucos tenham o alcance e o conhecimento de

821 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171

S.Exa. sobre a Previdência Social em nosso País. Possivelmente em função de seu estado de saúde, que exige maiores cuidados médicos, o Presidente Lula não o tenha incumbido da missão de comandar diretamente o Ministério da Previdência

Social, o que exigiria além de sua reconhecida competência, esforço físico inusitado

— o que caracteriza, por sinal, nosso colega aqui da Câmara, o Ministro Ricardo

Berzoini.

Sr. Presidente, Luiz Gushiken é homem da maior seriedade. Há anos que não o vejo, mas aquela figura mística, aquele japonês budista, no bom sentido da expressão, uma figura zen, é a de um homem altamente correto, competente, estudioso, de grande raciocínio matemático, com uma noção raríssima de cálculos atuariais.

S.Exa. é um grande auxiliar deste Governo. Moderado, sensato, tenho certeza de que ele representa um ponto de equilíbrio para o Governo Federal, e é importante que esteja junto ao Presidente Lula para que a sua sensatez, seu desprendimento e sua espiritualidade ajude nas reflexões do dirigente máximo da

República.

Portanto, associo-me às palavras do Vice-Líder do Governo externando a grande impressão que Luiz Gushiken deixou da sua passagem por esta Casa, impressão que reitero com admiração e apreço que sempre tive por S.Exa., independentemente de eventuais divergências ideológicas. Sobretudo fiquei impressionado com sua competência, com a firmeza de suas convicções em matéria previdenciária, raríssima nesta Casa. Em todos os esquadrões partidários, talvez ninguém tenha tanta competência e lucidez sobre essa matéria. Tenho certeza de

822 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: Ordinária - CD Data: 20/08/03 Montagem: 4171 que S.Exa. é, e sempre será, o grande auxiliar do Governo Federal. É importante para o País que assim o seja.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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